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Capítulo 1 Macroeconomia e Economia Brasileira Questão 1. (Cespe/UnB – Analista em Gestão – Prefeitura Vitória – 2008) A teoria macroeconômica estuda a mensuração e o comportamento dos grandes agregados econômicos. Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue os itens subsequentes. a) O produto interno bruto (PIB) constitui uma forma plausível de se mensu- rar o desempenho econômico do país porque, além de mensurar o valor de mercado dos bens e serviços finais, leva em conta a composição do produto e a distribuição de renda entre os diferentes indivíduos de deter- minada economia. b) No Brasil, nos últimos anos, a poupança interna bruta corresponde a menos de 40% da renda nacional bruta. c) No Brasil, tradicionalmente, a conta financeira do balanço de pagamen- tos é deficitária, o que indica que o país é importador líquido de capital. d) Em 2006, a redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) apli- cada a determinados itens de materiais de construção, por ter aumenta- do a renda disponível da economia brasileira, provocou um deslocamen- to ao longo da curva IS da economia brasileira. e) O uso extensivo de caixas eletrônicos desloca a curva LM para baixo e para a direita. f) Políticas monetárias expansionistas elevam a oferta monetária, reduzem as taxas de juros e, no curto prazo, deslocam a curva de demanda agre- gada para cima e para a direita. g) No Brasil, o aumento expressivo da carga tributária provoca um deslo- camento ao longo da curva de oferta agregada da economia brasileira, o que contribui para elevar o nível de preços. h) Se a expansão dos gastos públicos, por reduzir a poupança doméstica, eleva as taxas de juros e reduz o impacto do multiplicador keynesiano, então, ocorre efeito deslocamento (crowding-out).

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Macroeconomia e Economia Brasileira

Questão 1. (Cespe/UnB – Analista em Gestão – Prefeitura Vitória – 2008) A teoria macroeconômica estuda a mensuração e o comportamento dos grandes agregados econômicos. Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue os itens subsequentes.

a) O produto interno bruto (PIB) constitui uma forma plausível de se mensu-rar o desempenho econômico do país porque, além de mensurar o valor de mercado dos bens e serviços fi nais, leva em conta a composição do produto e a distribuição de renda entre os diferentes indivíduos de deter-minada economia.

b) No Brasil, nos últimos anos, a poupança interna bruta corresponde a menos de 40% da renda nacional bruta.

c) No Brasil, tradicionalmente, a conta fi nanceira do balanço de pagamen-tos é defi citária, o que indica que o país é importador líquido de capital.

d) Em 2006, a redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) apli-cada a determinados itens de materiais de construção, por ter aumenta-do a renda disponível da economia brasileira, provocou um deslocamen-to ao longo da curva IS da economia brasileira.

e) O uso extensivo de caixas eletrônicos desloca a curva LM para baixo e para a direita.

f) Políticas monetárias expansionistas elevam a oferta monetária, reduzem as taxas de juros e, no curto prazo, deslocam a curva de demanda agre-gada para cima e para a direita.

g) No Brasil, o aumento expressivo da carga tributária provoca um deslo-camento ao longo da curva de oferta agregada da economia brasileira, o que contribui para elevar o nível de preços.

h) Se a expansão dos gastos públicos, por reduzir a poupança doméstica, eleva as taxas de juros e reduz o impacto do multiplicador keynesiano, então, ocorre efeito deslocamento (crowding-out).

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i) De acordo com a visão keynesiana, a política fiscal afeta a economia me-diante variações na demanda agregada e no PIB, obtidas por meio do multiplicador keynesiano.

j) O fato de, atualmente, no Brasil, os depósitos nas cadernetas de poupan-ça superarem as retiradas é consistente com o aumento dos agregados monetários M1 e M2.

k) A venda de títulos públicos por meio das operações de mercado aberto constitui exemplo de política monetária restritiva, utilizada para comba-ter processos inflacionários.

l) A idéia de que políticas fiscais e monetárias expansionistas reduzem as taxas de desemprego às expensas do aumento das taxas de inflação é consistente com a existência de uma curva de Phillips de curto prazo positivamente inclinada.

m) Para se atingirem o pleno emprego, a estabilidade dos preços e o cresci-mento econômico, os adeptos do monetarismo se opõem à regra do or-çamento equilibrado e preconizam o uso de políticas fiscais e monetárias discricionárias.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque o PIB constitui uma ferramenta de mensuração do crescimento econômico, monetário da coletividade, não abarcando temas como a composição do produto e a distribuição dos fluxos de rendas entre os membros da coletividade. Por isso, deve ser visto com cau-tela pelos analistas de mercado e gestores públicos, sempre acompanhado de indicadores sociais e de bem-estar como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e coeficiente de Gini (que mede a concentração de renda).

A assertiva B está correta porque os ganhos observados nas contas nacionais recentes têm sido creditados ao consumo das famílias. O consumo das famílias (principal impulso ao crescimento nos últimos três anos) repre-sentava mais na estrutura do que as estatísticas demonstravam, num com-portamento mais coerente e consistente com o observado nos outros países, onde as famílias pesam mais na economia. A poupança, imagem espelho do consumo, refletiu esse revés, sinalizando um governo altamente despoupador.

A assertiva C está incorreta porque tradicionalmente a conta finan-ceira (antiga conta de capitais autônomos) é superavitária (Investimento doméstico > poupança doméstica), sendo requerida a poupança do resto do mundo para financiar os gastos em conta-corrente a maior. Dessa forma, o país é importador líquido de capital.

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A assertiva D está incorreta porque a redução da tributação indireta promoveu um alívio fiscal para produtores e consumidores, que tiveram uma renda disponível maior, aumentando os gastos com consumo e investimento, o que expandiu a demanda agregada por bens e serviços, deslocando a curva IS para a direita.

A assertiva E está correta porque a maior utilização de caixas eletrô-nicos aumenta a capacidade de multiplicação dos meios de pagamento, isto é, a moeda manual do público aumenta graças a essa inovação tecnológica. Ocorre um deslocamento da curva LM para baixo e para a direita, retratando a política monetária expansionista.

A assertiva F está correta porque um aumento na oferta de moeda na economia (política monetária expansionista) desloca a curva LM para baixo e para a direita, provocando queda nos juros, incentivando mais in-vestimento privado e público, ampliando a demanda agregada e combatendo o desemprego.

A assertiva G está incorreta porque aumento de impostos (política fiscal contracionista) desloca a curva IS para baixo e para a esquerda. A curva de oferta agregada (mercado de trabalho) também é afetada em função do menor nível de contratações, dado o vetor tributário na equação de rentabi-lidade da empresa.

A assertiva H está correta porque a expansão dos gastos públicos (G), medida de cunho expansionista, eleva as taxas de juros da economia, o que impele menores gastos dos atores privados e reduzidas taxas de investimento privado, que serão substituídas, pelo apetite do setor público por maiores gastos e investimentos públicos. É o efeito deslocamento ou crowding-out.

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A política fiscal, visando controlar a demanda agregada, atua de forma anticíclica, correspondendo às necessidades da economia (combater o desem-prego ou a inflação de forma a se apurar a estabilidade econômica).

Assim, ampliação nos gastos do governo e/ou uma redução no nível dos impostos (política fiscal expansionista) desloca a curva IS para a direita, o que aquece a economia, incrementando a demanda agregada, via maiores contratações, mais investimento privado e mais crédito para as famílias com mais renda. A taxa de juros se eleva também em função da maior demanda por transações e oferta de moeda constante, o que sinaliza escassez. É o fa-moso efeito crowding-out ou efeito deslocamento em que os gastos públicos ocupam o espaço dos gastos privados.

A assertiva I está correta porque a macroeconomia keynesiana roga que a política fiscal é o único instrumento capaz de reativar a economia, por intermédio de expansão da demanda agregada via multiplicador keynesiano. O impulso aos gastos governamentais, investimentos públicos ou exportações é capaz de reacender uma economia com insuficiência de demanda.

A assertiva J está incorreta porque os agregados monetários MI e M2, em seu conjunto, não se alteram, uma vez que depósitos nas poupanças aumentam M2 e saques reduzem M2, mas aumentam MI, na mesma mag-nitude. Dessa forma, em bloco, não há aumento dos agregados monetários expostos a seguir:

M1 = PMP + DVbcM2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança

+ títulos públicos.A assertiva K está correta porque a venda de títulos públicos no

mercado aberto sinaliza que o Bacen está disposto a enxugar liquidez da economia para evitar futuro repique inflacionário. Ao realizar a venda de títulos, retira moeda de circulação, reduzindo o efeito de expansão e giro creditício dos bancos comerciais.

A assertiva L está incorreta porque a noção de que políticas fiscais e monetárias expansionistas reduzem desemprego às custas de mais inflação se torna consistente com a existência de uma curva de Phillips de curto prazo negativamente inclinada, em que se opera o trade-off desemprego/inflação. Assim, seria uma questão de preferência do condutor da política econômica escolher qual a composição de desemprego e inflação com que a sociedade deve conviver: inflação baixa com desemprego alto, inflação alta com desemprego baixo ou uma combinação intermediária.

A assertiva M está incorreta porque os adeptos do monetarismo acreditam que o uso das regras reduz a intervenção do governo na econo-

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mia e mantém a estabilidade da economia. Uma política é implementada de acordo com regras quando as autoridades de política econômica anunciam com antecedência a reação que deverá ser adotada frente a várias situações econômicas e assumem o compromisso de que é estabelecido. Já, na política discricionária, as autoridades de política econômica podem agir de acordo com a circunstância e adotar o procedimento que considerar mais adequado à situação.

Gabarito: ECEECCECCECEE

Questão 2. (Cespe/UnB – Controlador de Recursos – Prefeitura Vitória – 2008) A teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes agregados econômicos. Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue os itens que se seguem.

a) A alta do Ibovespa em 2007, por elevar os níveis de investimento da eco-nomia brasileira, aumenta o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil.

b) As quotas de fundos de renda fixa, a exemplo dos depósitos de poupança, fazem parte do agregado monetário M2.

c) A redução da alíquota do IPI que incide sobre bens de capital, que passará de 3,5% para 2%, anunciada recentemente pelo governo, se concretiza-da, provocará um deslocamento ao longo da curva de demanda agregada da economia brasileira e conduzirá à expansão do nível de atividade.

d) O fato de que, no longo prazo, aumentos da taxa de inflação não alteram a taxa de desemprego é consistente com a hipótese de uma curva de oferta agregada vertical.

e) Tradicionalmente, no Brasil, a conta de serviços e renda, que integra a conta-corrente, é superavitária, o que contribui para reduzir os desequi-líbrios externos.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque os ganhos obtidos sem acúmulos de contrapartida na prestação de algum serviço ou fornecimento de bem à sociedade não devem ser considerados no cálculo do produto. Dessa forma, os ganhos auferidos na revenda de ações, por exemplo, não devem ser incluídos na apuração da renda nacional. Os resultados são exclusivos de alterações no sistema de preços relativos e constituem ganhos ou perdas de capital, não podendo ser incluídos na apuração da renda nacional, sob o risco da super ou subestimação de resultados. Não repercutem, portanto, no cômputo do PIB do Brasil.

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A assertiva B está incorreta porque, conforme roteiro abaixo, as quotas de fundos de renda fixa fazem parte do agregado monetário M3.

M1 = PMP + DVbcM2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança

+ títulos públicosM3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas

registradas no Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia)M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez ( Letras do Tesouro Nacional,

Notas do Banco Central).A assertiva C está incorreta porque os deslocamentos da curva de

demanda de um bem/serviço e na curva de demanda dependem essencial-mente dos fatores:

i) preços dos bens;ii) peso dos impostos;iii) gostos/preferências/moda;iv) hábitos de consumo.Na análise da redução de impostos sobre o produto, a queda da tributação

nos bens de capital desloca a curva de demanda agregada da economia para a direita e para cima, refletindo em toda a cadeia de produção. Deslocamentos na curva de demanda agregada acontecem se e somente se os preços dos bens de capital sofrerem modificação direta.

Em resumo: os fatores que provocam deslocamentos da curva da demanda agregada são quaisquer aumentos ou diminuições na demanda que ocorrem independentemente de variações nos preços, como variações autônomas nos componentes da demanda (consumo, investimento, gastos governamentais, exportações líquidas) e na oferta monetária.

A assertiva D está correta.No longo prazo, o nível do produto é determinado pelas quantidades de

capital e de trabalho e pela tecnologia disponível. Não depende, portanto, do nível de preços. A curva de oferta agregada de longo prazo, OALP, é vertical.

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FIGURA . A CURVA DE OFERTA AGREGADA NO LONGO PRAZO.

A curva de oferta vertical atende à dicotomia clássica, uma vez que o nível de produto é independente da demanda agregada e, portanto, da oferta de moeda. Este nível de produto de longo prazo, Y, é chamado de nível de produto de pleno emprego: é o nível de produto no qual os recursos da economia estão plenamente empregados, ou, de forma mais realista, em que o desemprego está em sua taxa natural. A redução na demanda agregada afeta o nível de preços, mas não o nível do produto.

A assertiva E está incorreta porque, de acordo com as diretrizes do BP, de fato, serviços e rendas estão no grupamento da conta-corrente. Con-tudo, tradicionalmente, tem sido deficitária e não superavitária em função dos royalties, juros e rendas enviados ao exterior em montante bem superior às cifras recebidas pelo país.

NOVO BALANÇO DE PAGAMENTOS

A) Balança ComercialB) Balança de Serviços e RendasDe acordo com a classificação adotada na metodologia na 5a edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI, o agrupamento serviços foi alterado quanto a sua composição. Itens anteriormente alocados como serviços migraram para outras contas. Como exemplo, pode-se citar os salários e ordenados que passaram a compor o item rendas e operações com deriva-tivos que ganharam uma categoria própria inserida na conta financeira. C) Transferências Unilaterais ( donativos em divisas ou mercadorias)D) Saldo em conta-corrente do Balanço de Pagamentos = A + B + C

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E) Contas de Capitais ou Conta FinanceiraTransferências unilaterais de capital (receita e despesa) compreendem os ingressos e remes-sas para o exterior a título de transferências de patrimônio de migrantes.Anteriormente à 5a edição do Manual de Balanço de Pagamentos, esses valores eram aloca-dos em transferências correntes.Bens não financeiros não produzidos relacionam-se com a venda ou compra de marcas ou patentes. Esta série iniciou-se em 2000, quando foram criados os códigos de natureza das operações para a cessão de marcas e patentes. Anteriormente, só existia a codificação para a licença de uso de marcas e patentes (alocadas em serviços – royalties e licenças).E.1) Investimentos diretos líquidosRepresenta o somatório dos valores líquidos de investimento brasileiro direto no exterior e investimento estrangeiro direto no Brasil. Compõem os investimentos diretos a participação no capital de empresas e os empréstimos intercompanhia.E.2) Investimentos em carteirasRegistra os fluxos líquidos de ativos: (Investimento brasileiro em carteira – IBC) e passivos (Investimento estrangeiro em carteira – IEC), constituídos por valores mobiliários comumente negociados em mercados secundários de títulos.E.3) DerivativosRegistra os fluxos financeiros relativos à liquidação de haveres e obrigações decorrentes de operações de swap, opções e futuros e os fluxos relativos aos prêmios de opções. Não inclui os fluxos de depósitos de margens de garantia vinculados às operações em bolsas de futuros, alocados em outros investimentos de curto prazo.E.4) Outros investimentosRepresenta o somatório dos valores líquidos dos ativos e passivos relacionados a créditos comerciais, empréstimos e financiamentos, moeda e depósito e outros ativos e passivos a curto e a longo prazos. Compreendem outros investimentos brasileiros e outros investimentos estrangeiros. F) Erros e OmissõesG) Saldo do Balanço de Pagamentos ( D + E + F)H) Haveres da Autoridade MonetáriaRepresenta a variação das reservas internacionais do país, no conceito de liquidez internacio-nal, deduzidos os ajustes relativos a valorizações/desvalorizações das moedas estrangeiras em relação ao dólar americano e os ganhos/perdas relativos a flutuações nos preços dos títulos e do ouro. Um sinal negativo indica aumento nos haveres.

Gabarito: FFFVF

Questão 3. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) A respeito da mensu-ração de agregados macroeconômicos no âmbito da contabilidade nacional, assinale a opção correta.

a) O produto interno bruto (PIB), que constitui um estoque de bens e servi-ços, representa uma forma de mensuração da riqueza de um país.

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b) Nos países em desenvolvimento, o produto nacional bruto (PNB) é su-perior ao PIB porque as empresas multinacionais, que produzem uma parcela expressiva da oferta de bens e serviços nesses países, repatriam seus lucros para o país de origem.

c) Impostos e subsídios são contabilizados na renda nacional porque não representam contrapartida de bens e serviços.

d) Transferências realizadas no âmbito de programas redistributivos para famílias de baixa renda elevam a renda disponível da economia.

e) As compras de bens e serviços dos turistas norte-americanos no Rio de Janeiro são registradas na contabilidade nacional, simultaneamente, como despesa de consumo e como importação de mercadorias.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque o produto interno bruto (PIB) representa uma forma de mensuração da riqueza de um país, mas não constitui um estoque de bens e serviços e sim um fluxo. O produto agre-gado (PIB,PNB) será tido sempre como uma “variável fluxo” porque é mensurado em um período de tempo ao passo que reservas internacionais, por exemplo, constituem “variável estoque”, pois podem ser medidas em um determinado momento, num ponto do tempo, assim como é o caso do número de trabalhadores em uma empresa e do valor dos ativos em geral. A renda, o investimento, o consumo e o déficit, por exemplo, são também medidas “ fluxo”.

A assertiva B está incorreta porque nos países em desenvolvimen-to, o produto nacional bruto (PNB) é inferior ao PIB já que as empresas multinacionais, que produzem uma parcela expressiva da oferta de bens e serviços nesses países, repatriam seus lucros para o país de origem. A produção dessas empresas faz parte do PIB do país em desenvolvimen-to, pois está sendo gerada no citado território, mas será computada no PNB do país sede em razão dos fatores de produção serem provenientes daquele país sede. Países em desenvolvimento como o Brasil apresentam um PNB menor que o PIB em razão da renda enviada ao exterior pro-veniente dos lucros, royalties e dividendos obtidos pelas multinacionais em solo brasileiro serem infinitamente maiores que as rendas recebidas do exterior pelos cidadãos brasileiros. Ou seja, sempre que a renda lí-quida enviada ao exterior for positiva, o produto interno será maior que o produto nacional.

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A assertiva C está incorreta porque impostos e subsídios são conta-bilizados na renda nacional (produto nacional) e não representam contra-partida de bens e serviços. O erro da assertiva está em estabelecer esse nexo de causalidade entre os argumentos.

QUADRO – PRINCIPAIS AGREGADOS DA CONTABILIDADE NACIONAL

Gasto ( demanda agregada) Origem (oferta agregada)Consumo privado Agicultura(+)Gastos Governo (+) Indústria(+)Formação bruta capital fixo (+) Serviços(+)Variação de estoques = PIB c.f.(+)Exportação(-)Importação=PIB p.m.(-) Impostos indiretos(+) Subsídios(=) PIB c.f.

A assertiva D está correta porque a renda disponível (Yd) representa o somatório de todas as remunerações recebidas pelos agentes econômicos (salários, juros, aluguéis e lucros) mais as transferências recebidas pelos agentes econômicos e após a quitação de todas as obrigações fiscais (tributá-rias) nas esferas federal, estadual e municipal. Dessa forma, os programas de transferência de renda como o bolsa família e o bolsa escola, ao transferirem renda para as famílias de baixa renda, agregam valor à renda disponível da coletividade.

A assertiva E está incorreta porque os gastos de turistas norte-americanos no Brasil, para efeitos de contas nacionais, são registrados como exportações e não como importação de mercadorias. As exportações (X) são as vendas ao mercado externo, ou seja, as compras de bens e serviços nacionais pelo resto do mundo. Geram divisas para o país, isto é, entrada de recursos. Já as importações refletem as compras de produtos e serviços estrangeiros pelos residentes, pelos nacionais. Acarretam saída de divisas, isto é, saem recursos nacionais (Reais) para adquirir mercadorias do resto do mundo. Cabe repisar que as importações (M) entram com sinal negativo porque representam vazamentos da despesa nacional, pois estamos gastando menos com os produtos locais, nacionais, em benefício do gasto mais acentuado com produto gerado no resto do mundo, o que contribui com a despesa nacional dos outros países que transacionam com o Brasil.

Gabarito: D

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Questão 4. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) O consumo, a poupança e o investimento são importantes agregados macroeconômicos. Em relação a essas variáveis, assinale a opção correta.

a) Na visão keynesiana, o principal determinante do consumo das famílias é a renda permanente obtida pelas famílias ao longo do ciclo de vida.

b) Um aumento no nível de preços reduz tanto a poupança como o consumo agregado da economia.

c) Quando a taxa esperada de retorno de determinado investimento é inferior à taxa de juros de mercado, as empresas aumentam seus estoques de capital.

d) O fato de que as decisões de investimento tendem a se relacionar com os lucros esperados dos negócios realizados é consistente com o caráter autônomo dos investimentos.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque, na visão keynesiana, o de-terminante do consumo das famílias é a renda atual (corrente) obtida pelas famílias. Somente no estudo da economia intertemporal, com o avanço do pensamento microeconômico na macroeconomia, é que o nível de consumo desejado passa a ser entendido como função não só da renda corrente, mas também da renda futura esperada, da taxa de juros e do estoque de riqueza.

A assertiva B está incorreta porque um incremento no nível de pre-ços acarreta perturbação nas variáveis econômicas como na poupança e no consumo. Contudo, sabemos que Y = C + S, ou seja, os rendimentos prove-nientes da ótica da renda do PIB (salários, juros aluguéis e lucros) podem ser utilizados para o consumo ou para a poupança. Aquilo que não é consumido, será poupado e, obviamente, o que não for poupado, será utilizado no consu-mo. Dessa forma, qualquer movimentação nos preços da economia provoca alterações em sentidos opostos no consumo e na poupança.

A assertiva C está incorreta porque segundo o corolário de James Tobin: é inequívoca a relação direta existente entre o mercado de ações e o agregado macroeconômico investimento. O problema do empresário, do empreendedor tende a ser facilitado, segundo o q de Tobin, pois o preço das ações sinaliza às empresas qual o julgamento que o mercado realiza de cada unidade de capital, ou melhor, qual o valor atribuído a cada unidade de ca-pital já operando.

O cálculo agora é trivial: reside na comparação do preço de aquisição de uma unidade adicional de capital a ser instalado com o preço que o mercado está valorando a unidade respectiva.

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Se o valor julgado pelo mercado superar o preço da aquisição da máqui-na, o empresário adquire a unidade de capital, viabilizando o investimento.

Por outro lado, se o valor que o mercado está disposto a pagar pela uni-dade instalada for inferior ao custo de aquisição, o investimento perde sua viabilidade e não será concretizado.

E, ainda, se o valor estimado pelo mercado acionário for exatamente igual ao custo de reposição da unidade de capital instalado, o investidor é indiferente ao novo empreendimento.

Essa variável que interliga o valor acionário de uma unidade de capital em relação ao seu custo de aquisição é que se denomina “q” tendo ficado conhecida como “q de Tobin”.

A conclusão é clara: tanto os investimentos quanto o mercado de ações estão diretamente vinculados aos mesmos fatores: lucros futuros esperados e taxas de juros.

O q de Tobin é assim mensurado:

Valor de Mercado do Capital Instalado/ Custo de Reposição do Capital Instalado.

Se q é maior do que 1, o mercado de ações considera que o capital ins-talado vale mais do que seu custo de reposição. Neste caso, os empresários poderiam aumentar o valor de mercado de suas empresas comprando mais capital. De forma análoga, se q é menor do que 1, o estoque de capital é menor do que seu custo de reposição. Neste caso, os empresários não substituiriam o capital à medida que este se desgastasse.

A assertiva D está correta porque o caráter autônomo dos investimen-tos representa que o modelo keynesiano é o genérico sem derivação, isto é, o investimento é independente, não é induzido pela taxa de juros. O modelo keynesiano generalizado é aquele em que o I = I0. Já o modelo keynesiano derivado é aquele em que I = I0 + dY, onde:

I = função investimentoI0 = investimento autônomod= propensão marginal a investirO investimento está diretamente associado a três variáveis fundamen-

tais, a saber: a taxa de juros, as perspectivas empresariais sobre a atividade (expectativas dos agentes) e o nível da capacidade instalada da economia (instalações produtivas das empresas).

O custo do dinheiro (preço do dinheiro dado pela taxa de juros) regula as novas decisões de investimento. O nível de investimento só será viabili-zado quando restar comprovado que o retorno esperado do investimento for superior ao custo do dinheiro. Ou seja, se o empreendimento for mais ren-tável que deixar o capital aplicado no sistema financeiro, o investimento é viabilizado, novas contratações irão surgir e o nível de atividade aumentará.

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Quando as expectativas dos empresários sinalizam no sentido de prosperi-dade e bons ventos para a economia, então, o investimento se concretizará.

Ao mesmo tempo, se a capacidade produtiva das empresas ainda não chegou a seu limite, isto é, existe capacidade ociosa, através de máquinas subutilizadas e trabalhadores sem emprego, não há estímulo a novos investi-mentos. Por outro lado, se os trabalhadores encontram colocação, há capital disponível e as máquinas estão no seu limite de produção, o investimento será viabilizado o mais rápido possível.

Gabarito: D

Questão 5. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) Assinale a opção cor-reta com relação à política fiscal, que constitui importante meio de o governo atenuar as flutuações econômicas.

a) Se, no âmbito da reforma tributária atualmente em discussão no Brasil, houver aumento do imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas, então a curva de demanda agregada da economia brasileira se deslocará para baixo e para a esquerda.

b) De acordo com os economistas clássicos, as políticas fiscais expansio-nistas são particularmente eficazes para reduzir a taxa de desemprego no longo prazo.

c) Em presença de uma curva de oferta agregada positivamente inclina-da, a expansão da demanda agregada, decorrente das despesas públicas realizadas no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento, será superior àquela gerada pelo multiplicador keynesiano.

d) Do ponto de vista do impacto sobre o PIB, um aumento de R$ 1.000.000,00 nos gastos públicos com investimentos em infraestrutura é equivalente à expansão, da mesma magnitude, dos gastos no âmbito do programa Bolsa Família.

e) O fato de um aumento de R$ 200,00 nas exportações autonomias elevar o PIB em R$ 1.000,00 é incompatível com uma propensão marginal a poupar igual a 0.20.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está correta porque um aumento do imposto de renda para PF e PJ constitui instrumento de política fiscal contracionista, que reduz a renda das famílias, o apetite por novos projetos industriais, comerciais e de serviços além de implicar na queda do crédito público. A demanda agregada da economia sofre os impactos negativos da menor renda disponível da cole-tividade. Os componentes da demanda agregada (C, I, G) são negativamente

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impactados. Dessa forma, a demanda agregada diminui e a curva de DA se desloca para baixo e para a esquerda.

A assertiva B está incorreta porque, em consonância com os economis-tas clássicos, as políticas fiscais não são eficazes para reduzir a taxa de desem-prego. No longo prazo, o nível do produto é determinado pelas quantidades de capital e de trabalho e pela tecnologia disponível. Não depende, portanto, do nível de preços. A curva de oferta agregada de longo prazo, OALP, é vertical.

A curva de oferta vertical atende à dicotomia clássica, uma vez que o nível de produto é independente da demanda agregada e, portanto, da oferta de moeda. Este nível de produto de longo prazo, Y, é chamado de nível de produto de pleno emprego: é o nível de produto no qual os recursos da economia estão plenamente empregados, ou, de forma mais realista, em que o desemprego está em sua taxa natural. A redução na demanda agregada afeta o nível de preços, mas não o nível do produto.

A assertiva C está incorreta porque, em um contexto de curva de DA positivamente inclinada, a expansão da DA, decorrente das despesas públicas realizadas no âmbito do PAC, será idêntica àquela gerada pelo multiplicador keynesiano em que se tem:

K = 1/ 1 – c onde:K = multiplicador keynesiano simplificado para uma economia fechada

(DA = C + G + I).c = propensão marginal a consumir.A assertiva D está incorreta porque o impacto no PIB decorrente das

duas medidas observadas (incremento nos investimentos públicos e gastos com Bolsa Família) são distintos. A mudança na variável investimento afeta a cadeia produtiva para trás e para frente, ou seja, possui efeitos multiplica-dores em todos os segmentos da cadeia ao passo que a alteração nos gastos com a política de subsídios do Bolsa Famílias (programa de assistencialismo) não tem o impacto tão significativo na composição da demanda agregada.

A assertiva E está incorreta porque o fato de um aumento de R$ 200,00 nas exportações autônomas (X) elevar o PIB em R$ 1.000 é compatível com uma propensão marginal a poupar de 0,2. Senão vejamos:

Se a PMgS (s) é igual a 0,2, então, a PMgC (c) é igual a 0,8. Daí, temos que as propensões marginais a consumir e a poupar são complementares (PMgS + PMgC = 1). O multiplicador das exportações autônomas para essa economia é igual a K = 1/ 1 – c, logo, K = 1/ 1 – 0,8 = 1/0,2 = 5. Uma elevação de R$ 200,00 nas vendas externas acarreta um acréscimo no PIB de R$ 1.000,00.

Gabarito: A

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Questão 6. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) Considerando os prin-cípios básicos da teoria monetária e da inflação, assinale a opção correta.

a) Quando um indivíduo transfere fundos de sua conta de poupança para a sua conta-corrente, a redução decorrente do agregado monetário M1 é compensada exatamente pelo aumento do agregado M2.

b) Na presença de excesso de reservas, o multiplicador monetário se eleva, aumentando, assim, as possibilidades de expansão monetária.

c) Retiradas em espécie da conta-corrente para financiar as despesas de consumo dos correntistas de um banco comercial não alteram as reser-vas do sistema bancário como um todo.

d) Um surto inflacionário provocado pela expansão das exportações, em de-corrência de um aumento exógeno da renda do resto do mundo, constitui exemplo típico de inflação de demanda.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque quando um indivíduo transfere fundos de sua conta de poupança (M2) para a sua conta-corrente (M1) a redução decorrente do agregado monetário M2 é compensada pelo aumento do agregado M1.

Em regra, adotam-se pela autoridade monetária, o BC, as seguintes categorias:

M1 = PMP + DVbcM2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança

+ títulos públicosM3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas

registradas no Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia)M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez ( Letras do Tesouro Nacional,

Notas do Banco Central).A assertiva B está incorreta porque há uma relação inversa entre

o multiplicador e as taxas de retenção de moeda pelo público e de reservas bancárias. A decisão do público de reter mais moeda em seu poder, não depo-sitando nos bancos comerciais, bem como o incremento da taxa de reservas requeridas pelos bancos comerciais diminui a quantidade de recursos na rede bancária para os bancos emprestarem.

O agregado monetário M1 (soma de moeda em circulação e depósitos à vista) depende tanto do estoque da base monetária quanto de dois outros elementos: a razão reservas/depósitos dos bancos comerciais e a razão moeda em circulação/depósitos em poder da população.

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Um aumento na razão reservas/depósitos diminui o multiplicador, por-que reduz o montante de novos empréstimos que o sistema bancário pode fornecer a partir de um depósito inicial. Isto, por sua vez, reduz o valor dos novos depósitos subsequentes feitos pelo público.

A assertiva C está incorreta porque retiradas em espécie da conta-corrente (Dv) para financiar as despesas de consumo dos correntistas de um banco comercial alteram as reservas do sistema bancário para cima, uma vez que as reservas são dadas pela razão r = encaixes bancários/DV ao passo que uma queda no denominador provoca aumento do quociente.

A assertiva D está correta porque quando a demanda global cresce mais depressa do que a oferta global e a economia chega perto do “pleno em-prego”, os trabalhadores aumentam sua capacidade de organização e passam a exigir aumentos reais de salários acima dos ganhos de produtividade (inflação de demanda). Desvios da inflação com relação à meta podem ser explicados fundamentalmente por choques de demanda, que se resumem por reações de um ou mais componentes da demanda agregada acima ou abaixo do que se imaginava inicialmente. É considerada o caso mais tradicional de inflação e corresponde exatamente ao excesso de moeda na economia.

A política usada comumente em situações desse tipo tem sido aquela ancorada em instrumentos que reduzam o apetite da demanda agregada por bens e serviços. O setor público tem à disposição a redução dos gastos do governo (despesas correntes e despesas de capital), que tem um efeito multi-plicador ferrenho na economia, desencorajando o consumo e o investimento privado. Além disso, pode-se utilizar do aumento da carga tributária sobre o consumo e a produção de sorte a reduzir a renda disponível da coletividade. Sem mencionar o manejo monetário com o instrumento sempre ativo da taxa de juros, reduzindo as possibilidades de giro creditício e expansão da renda.

Gabarito: D

Questão 7. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) As políticas monetá-rias influenciam, significativamente, o desempenho da economia. A respeito desse assunto, assinale a opção correta.

a) Quanto maior for o custo de oportunidade de detenção de moeda, mais elevada será a demanda monetária.

b) Aumentos da taxa de redesconto e do coeficiente de reservas são consis-tentes com a adoção de políticas monetárias restritivas.

c) O uso de regras fixas para a expansão da oferta de moeda é consistente com a visão keynesiana da política monetária.

d) O Banco Central pode utilizar a política monetária para estabilizar, si-multaneamente, as taxas de juros e a oferta monetária.

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e) De acordo com a teoria quantitativa da moeda, a velocidade de circulação da moeda, no curto prazo, é fortemente influenciada por variações não antecipadas na renda dos agentes econômicos.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque quanto maior for o custo de opor-tunidade de detenção de moeda, menos elevada será a demanda monetária.

A demanda especulativa da moeda é a face da demanda por moeda que se relaciona com a taxa de juros nominal de forma inversa, isto é, quanto mais alta a taxa de juros, menor a demanda por moeda. A taxa de juros serve, então, de balizador do custo de oportunidade observado na demanda por encaixes reais versus demanda por títulos. Será mais interessante para o agente da economia investir seu estoque de riqueza (suas disponibilidades orçamentá-rias) preponderantemente em títulos, que rendem juros, em detrimento dos encaixes reais (moeda).

Dessa forma, se o custo de oportunidade for alto de investimento em moeda, já que os títulos pagam uma taxa bastante atraente em razão de elevação da taxa de juros, a demanda por moeda será reduzida.

A assertiva B está correta porque são instrumentos de política mone-tária contracionista ou elementos de decréscimo da base monetária:

i) operações de venda de títulos públicos;ii) aumento da taxa de recolhimento dos compulsórios;iii) aumento do redesconto;Acompanhem pelo quadro abaixo todas as possibilidades de expansão/

retração da base monetária

Expansão da oferta monetária Instrumento de Política Mo-netária/ componente da base monetária

Retração da oferta monetária

Compra/resgate de títulos públicos

Operações de mercado aberto Venda de títulos públicos

Queda compulsórios Recolhimento compulsórios Elevação compulsóriosQueda redesconto Redesconto Elevação redesconto

A assertiva C está incorreta porque a fixação de regras para a con-dução da política monetária, contribuindo para reduzir as instabilidades macroeconômicas, é preceito dos adeptos da visão monetarista e não da keynesiana. Para os primeiros, as regras mantêm a estabilidade da economia e reduzem a intervenção do governo na economia. Em tempo: uma política é implementada com regras quando as autoridades de política econômi-ca anunciam com antecedência a reação que deverá ser adotada a várias

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situações econômicas e assumem o compromisso de que é estabelecido. Já na política discricionária, as autoridades de política econômica podem agir de acordo com a circunstância e adotar o procedimento que considerar mais adequado à situação. Além disso, cabe também repisar que a política pode ser implementada segundo regras e, ao mesmo tempo, ser passiva ou ativa. Por exemplo, se o governo especificar uma regra de expansão monetária de 5% ao ano, tem-se uma política monetária definida segundo o critério de regras mas de execução passiva. Mas, de outra parte, se o governo estabe-lecer como regra o seguinte critério: crescimento da oferta monetária em 5% para uma taxa de desemprego de 10%, mas para cada ponto percentual de desemprego menor a oferta de moeda deve crescer também de um ponto percentual, tem-se, então, uma regra ativa.

A assertiva D está incorreta porque sobre a posição e os desloca-mentos da curva LM, é criterioso observar que a posição da citada curva depende da oferta de meios de pagamentos da economia, ou seja, depende intrinsecamente da oferta de moeda na economia ou do comportamento da liquidez da economia. É a tida política monetária utilizada para controlar a demanda agregada, variável crucial na ótica keynesiana que determina o nível de produção da economia.

Um aumento na oferta de moeda na economia (política monetária expan-sionista) desloca a curva LM para baixo e para a direita, provocando queda nos juros, incentivando mais investimento privado e público, ampliando a demanda agregada e combatendo o desemprego.

Na outra ponta, uma redução na oferta de moeda (política monetária contracionista ou restritiva) desloca a curva LM para cima e para a esquerda,

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ocasionando aumento da taxa de juros, o que determina a queda do inves-timento privado e das compras públicas, gerando mais desemprego e redu-zindo a demanda agregada. Por outro lado, combate a espiral inflacionária, procurando resgatar a estabilidade de preços e salários.

A assertiva E está incorreta porque o primeiro sustentáculo da TQM é a aceitação da teoria quantitativista, na qual a moeda é neutra. Alterações no quantitativo de moeda só produzem resultados nas variáveis nominais, não interferindo nas variáveis reais. A relação entre o aumento na quantidade de moeda e a elevação dos preços está contida na chamada teoria quantitativa da moeda (TQM). A TQM ( M.V = P.Q) roga que, no curto prazo, tanto a velocidade da moeda (V) como o nível do produto (Q) são constantes e que qualquer variação na quantidade de moeda (M) repercute em variação idêntica no nível de preços (P). Em resumo: o nível de preços é função da quantidade de moeda da economia. É a teoria monetarista da inflação. A versão clássica roga crescimento dos preços e nenhum efeito sobre a produção, pois o salário nominal ajusta-se à variação do preço, mantendo constantes o salário real, o emprego e a produção.

Gabarito: B

Questão 8. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) Assinale a opção correta em relação ao processo de crescimento e desenvolvimento econômico.

a) Nos países em desenvolvimento, tanto a existência de um expressivo se-tor informal quanto os elevados níveis de consumo de subsistência con-tribuem para superestimar o PIB desses países.

b) A ajuda externa contribui para elevar, de forma expressiva, os níveis de desenvolvimento nos países destinatários dessa ajuda, porque ela, ine-quivocamente, complementa a poupança privada desses países.

c) Nas nações mais pobres, a inexistência de um sistema confiável de direi-tos de propriedade e contratos, fundamental para o desenvolvimento das modernas economias de mercado, constitui uma restrição importante para o desenvolvimento desse setor.

d) A produtividade do trabalho tende a ser mais elevada nos países indus-trializados porque, embora os níveis da relação capital/trabalho sejam baixos, as inovações tecnológicas tendem a ocorrer nesses países.

� COMENTÁRIOS:

A assertiva A está incorreta porque, nos países em desenvolvimento, tanto a existência de um expressivo setor informal quanto os elevados níveis

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de consumo de subsistência contribuem para subestimar o PIB desses países. São números (estatísticas) de grande dimensão, que ficam ocultas das contas nacionais, repercutindo em péssima formatação de políticas públicas.

A assertiva B está incorreta porque a ajuda externa (poupança exter-na, do resto do mundo, que vem para financiar os gastos a maior do país) per-mite maior nível de investimento nacional. Contudo, faz-se necessário obter gigantescos saldos comerciais futuros para que possa ocorrer o pagamentos dos juros e encargos sobre o principal (dívida externa), isto é, a estratégia se torna algo extremamente perigoso e arriscado.

A assertiva C está correta porque, além de um sistema de direitos de contratos e de propriedade confiável e seguro, existem outros procedimentos necessários para o pleno e transparente desenvolvimento do setor: 1. Preços baixos para os consumidores; 2. Permitir uma receita que permita à firma obter um lucro razoável; 3. Incentivar o desenvolvimento de infraestrutura; 4. Atendimento a todos consumidores (alcance do serviço); 5. Eficiência econô-mica; 6. Gerar um ritmo rápido de inovação tecnológica; 7. Assegurar serviço confiável e sem quedas; 8. Providenciar um processo regulatório estável; 9. Aceitação pública das decisões regulatórias; 10. Fomentar competição.

A assertiva D está incorreta porque a produtividade do trabalho tende a ser mais elevada nos países industrializados porque os níveis da re-lação capital/trabalho são altos e as inovações tecnológicas tendem a ocorrer nesses países.

Gabarito: C

Questão 9. (Cespe/UnB – TCE – AC – Economista – 2008) Acerca do balanço de pagamentos, instrumento que registra as transações de um país com o resto do mundo, assinale a opção correta.

a) Quando brasileiros que trabalham no exterior remetem parte de suas economias para suas famílias que residem no Brasil, essas transações são contabilizadas na conta financeira do balanço de pagamentos brasi-leiro.

b) Mesmo considerando-se que a rubrica erros e omissões seja nula, o ba-lanço de pagamentos de um país pode apresentar déficit ou superávit.

c) Aumentos dos gastos públicos, por reduzirem a poupança nacional, con-duzem à depreciação da moeda nacional e, portanto, reduzem as impor-tações líquidas.

d) Os desequilíbrios na balança de transações correntes refletem, inequi-vocamente, a existência de desequilíbrios internos.

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