Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

download Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

of 36

Transcript of Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    1/36

    Madame Pommery e aintertextualidade com

    Machado de Assis

    IsabelKelly

    MarinaSilo

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    2/36

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    3/36

    Tipos de leituraNeste ponto, preciso distinguir dois gneros detemperamentos. Alguns h, cuja imaginao

    vagueia s soltas em tais momentos. Fazemromances das histrias. Tm asas: pertencem aognero dos leitores-pssaros.Outros, e so estes osdo segundo grupo, parece que tm o crebro

    composto, maneira dos dromedrios, dosbfalos e dos carneiros. O que receberam daprimeira vez tornam a remoer e a reengolirsegunda e terceira, e isso justamente em horas demaior descanso. So os leitores-ruminantes.

    (MP, Cap IV, pg 57)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    4/36

    As altas e maravilhosasaventuras de Mme.Pommery

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    5/36

    O preo da virgindade

    "Se desonrar algum algumavirgem, lhe dar um dote e casarcom ela.

    Se o pai da virgem no quiser ocasamento, pagar ao pai tantodinheiro quanto s virgens secostuma dar a ttulo de dote."

    (x. XXI, 16, 17)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    6/36

    Os amantes de Pommery

    1. Pinto Gouveia: comissrio docaf; 60 anos; comerciante.

    2. Dr. Mangancha: tesoureiro daCompanhia Paulista de Teatros ePassatempos; cirurgio; por voltade 40 anos.

    3. Bacharel Romeu de Camarinhas:almoxarife da Intendncia.

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    7/36

    O Paradis Retrouv tornou-se o ponto de encontro daelite financeira. L se fechavam os negcios quemoviam So Paulo. Passar pelo bordel de Mme.Pommery era sinnimo de prestgio e de elegncia. Emcontrapartida, as meninas de Pommery e a prpriacafetina passaram a freqentar as sesses docinematgrafo, novidade da fidalguia local. A cortess,antes confinadas, agora podiam participar dasociedade, mostrar suas caras ao pblico em geral,compartilhar de momentos com esposas e filhosdaqueles homens que eram clientes do ParadisRetrouv. O mundo respeitvel das senhoras esenhoritas de famlia se punha em contato com o

    mundo da prostituio, que, desde a chegada deMme. Pommery j no era mais vergonhoso. As moasque iriam se casar passaram at a receber cursos noParadis Retrouv!

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    8/36

    Intertextualidade

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    9/36

    Pardia Parfrase

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    10/36

    O ttulo Madame Pommery

    1. Pardia de Madame Bovary2. Pomme (francs) ma3. Abreviao de Pommerykowsky4. Champagne Pommery

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    11/36

    O autor Hilrio Tcito

    Hilrio: aquilo que provoca riso. Tcito: subentendido, silencioso,

    implcito.

    Publius Cornlius Tacitus

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    12/36

    Jos Maria de Toledo Malta

    Lima.Sinto muito no ser o autor da Pommery,

    que uma obra deliciosa de finura, estiloe humorismo. Infelizmente no certa ainformao que te deram no botequim(pouah!). O outro Hilrio porque ri eTcito porque faz histria. Deve atrsdele existir um engenheiro que talvez sechame Jos Maria, porque as obras finais

    vm sempre dos Zs Marias (Ea,Machado etc).

    (Barreto, 1956, t.2, p.75)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    13/36

    Obras Prefcio ao romance Vida Ociosa, de GodofredoRangel; Artigo Primeira e ltima Morada de Lobato; Duas crnicas para o Estado de S. Paulo; Traduo:

    obras de Horcio passagens de Lucrcio (De Natura Rerum); Seleta dos Ensaios de Montaigne;

    Lajes, Vigas e Pilares de Cimento Armado; Cimento Armado Clculo Rpido e Projeto de

    uma Barragem de Concreto Armado em PooPreto;

    Obras do Rio Claro.

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    14/36

    Tudo quanto o homem pode pensar jfoi pensado, dito e escrito.,escarafunchado, contradito e rebatidopor milhes de sujeitos, h milhares de

    anos, pelos gregos, pelos hebraicos,pelos hindus, pelos caldeus, pelos persas,pelos chineses... E no serei eu quem vaiagora descobrir nenhum mel-de-pau.

    (Vaz, 1961. p.IX-X)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    15/36

    Capa

    Madame Pommery, 1 EdioSeleta dos ensaios deMontaigne

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    16/36

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    17/36

    Folha de rosto

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    18/36

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    19/36

    contexto histrico

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    20/36

    Contexto mundial

    O sculo XIX foi o sculo dasCincias.

    Belle poque europeia

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    21/36

    Contexto brasileiro

    Transformaes lingusticas

    Oh! meusenh! Fico; rtura no

    qu diz nada, no, senh...; e Eu vaio um galo, sim, senh.

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    22/36

    Socioculturais

    Pancracio aceitou tudo; aceitou

    at um peteleco que lhe dei nodia seguinte, por me no escovarbem as botas; effeitos da

    liberdade [...]. Elle continuava livre,eu de mu humor; eram doisestados naturaes, quasi divinos

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    23/36

    Poltico-econmicas.

    Por isso digo, e juro se necessario

    fr, que toda a historia desta leide 13 de maio estava por mimprevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates,

    tratei de alforriar um molecote quetinha, pessoa dos seus dezoitoannos, mais ou menos.

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    24/36

    Socioculturais

    Naquele tempo tudo era diferente! Os bondes eltricosconstituam ainda uma novidade, cujas vantagens seencareciam diariamente nas palestras. Um automvelque passasse por uma rua sossegada fazia abrir

    repentinamente todas as janelas, cheias no instante decaras assustadas e curiosas(p. 19)

    Vendia-se cerveja, arvorada em bebida de gente fina, adois mil-ris a garrafa. E achavam caro! O champanha,considerado um luxo de nababos, venerava-se nos

    armrios com cerimoniosa devoo; e apenas desciadeles em datas inesquecveis, com estrondosescandalosos, cujos ecos, dilatados pela fantasia dos

    sobreviventes, se repetiam por largo tempo nasimaginaes e nas conversas.(p. 21.)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    25/36

    Poltico-econmicas

    Mmd. Pommery jantou depressa e mal, sem ateno, nem apetite. Comia, num silnciopensabundo, os pratos de Mr. Defer lhe encomendava. Mas, tanto que Zoraida selevantou e saiu, mais o sujeito, dirigindo-se ao garon discretamente, pediu notciasdo casal: como se chamava o cavalheiro, donde vinha?

    E o criado, obsequioso: o Coronel Fidncio Pacheco Isidro com sua senhora. De So Paulo. Muita influncia...

    Que dice Usted? Es coronel el caballero? Pero no tena el uniforme...No preciso... Aqui, quando um fregus no doutor, coronel. Coronel qualquer

    fregus de respeitoquando paga tudo. H doutores, at, que so coronis. Ah !... Y l paga todo el coronel... Como se llama?Coronel Pacheco Isidro; certo que paga tudo. Tem cinco fazendas! Deputado. Chefe

    poltico de Butucuara. Diretor de partido... Mardita sea! Y la seora?Dona Zoraida, espanhola como vossa senhoria. Muito generosa... e estimada... Si?... Pero, digame Usted? los hay ac muchos coroneles, muchos dotores-coroneles?Oh, se h!!... Est assim!!... (e mostrava os dez dedos apinhados)Uma fartura!... Dios mio, caramba !... qu tierra tan bonita! (p.63)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    26/36

    A INTERTEXTUALIDADE EMMACHADO DE ASSIS

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    27/36

    CAPTULO LXXIV / HISTRIA DED. PLCIDA

    (...) era filha natural de um sacristo da Se de uma mulher que fazia doces parafora. Perdeu o pai aos dez anos. Jento ralava cco e fazia no sei queoutros trabalhos de doceira, compatveiscom a idade. Aos quinze ou dezesseiscasou com um alfaiate, que morreutsico algum tempo depois, deixando-lheuma filha.

    (Cubas,cap.LXXIV,p.96)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    28/36

    (...)Dona Plcida jurou-me que no esperavafidalgo nenhum. Era gnio. Queria ser casada.Sabia muito bem que a me o no fora, econhecia algumas que tinham s o seu moo

    delas; mas era gnio e queria ser casada. Noqueria tambm que a filha fosse outra coisa.Trabalhava muito, queimando os dedos aofogo, e os olhos ao candieiro, para comer eno cair. Emagreceu, adoeceu, perdeu ame, enterrou-a por subscripo, e continuoua trabalhar.

    (Cubas,cap.LXXIV,p.96)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    29/36

    CAPTULO LXXV / COMIGO

    (...) assim, pois, o sacristo da S, um dia, ajudando missa, viu entrar a dama, que devia ser suacolaboradora na vida de Dona Plcida. Viu-aoutros dias, durante semanas inteiras, gostou,disse-lhe alguma graa, pisou-lhe o p, aoacender os altares, nos dias de festa. Ela gostou

    dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunode luxrias vadias brotou Dona Plcida. E de crerque Dona Plcida no falasse ainda quandonasceu, mas se falasse podia dizer aos autores deseus dias: -- Aqui estou. Para que me chamastes?

    (...)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    30/36

    (...)

    eo sacristo e a sacrist naturalmente lhe responderiam:-- Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, osolhos na costura, comer mal, ou no comer, andar deum lado para outro, na faina, adoecendo e sarando,

    com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, tristeagora, logo desesperada, amanh resignada, massempre com as mos no tacho e os olhos na costura,at acabar um dia na lama ou no hospital; foi para issoque te chamamos, num momento de simpatia.

    (Cubas, p.97)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    31/36

    CAPTULO XIV / O PRIMEIROBEIJO

    (...) era filha de um hortelo das Astrias;disse-mo ela mesma, num dia de

    sinceridade, porque a opinio aceita que nascera de um letrado de Madri,vtima da invaso francesa, ferido,encarcerado, espingardeado, quandoela tinha apenas doze anos. Coisas deEspan. Quem quer fosse, porm, o pai,letrado ou hortelo, a verdade que

    Marcela no possua a inocncia rstica,e mal chegava a entender a moral docdigo.

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    32/36

    (...) era boa moa, lpida, sem

    escrpulos, um pouco tolhida pela

    austeridade do tempo, que lheno permitia arrastar pelas ruas os

    seus estouvamentos e berlindas;

    luxuosa, impaciente, amiga dedinheiro e de rapazes.(Cubas,cap.XIV.p 38)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    33/36

    QUEM MADAME POMMERY?DE ONDE VEIO?

    Duasnaes, a Espanha cavalharesca ea Polnia das baladas, disputam-se aglria de lhe ter sido o bero. Pois parece

    averiguado que foi seu pai um polacoisraelita de nome Ivan Pomerikowsky, deprofisso lambe feras num circo deciganos. Sua me era espanhola.

    Chamava-se Consuelo Sanchez e foinovia em um convento de Crdoba.(Tcito,p.31)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    34/36

    (...) como quer que seja, Consuelo Sanchez fugiu doconvento com Ivan Pomerikowsky. O nascimento deMme. Pommery estava, portanto, assegurado.

    (...) a influncia materna sobre Mme. Pommery limita-se, por conseguinte, aos caracteres contraditrios que

    lhe infundiu pela hereditariedade: disposio para adisciplina (resduo atvico de clausuras antepassadas)e taras patolgicas de insofrvel concupiscncia.

    A parte do pai, judeu polaco, bem mais considervel.Transmitiu-lhe o nariz adunco, estigma da raa e,

    concomitantemente, o gosto das finanas, a cupidez eo faro mercantil.(Tcito,cap.III p. 32-33)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    35/36

    OS CONTOS DE RIS

    ... Marcela amou-me durante quinze meses e 11contos de ris;nada menos.

    (Cubas, cap.XVII.P.42)

    Ah! Se algum amigo tivesse confiananela...concluiu Mme. Pommerye lhe empretassepor a uns dez contos para a experincia.Ocheque no era de dez contos: era s deseis...Quatro contos a menos!...

    Mas chega.

    (Tcito,cap.V.p.59-61)

  • 7/27/2019 Madame Pommery e a Intertextualidade Com Machado De

    36/36

    APLAUSOS