Magia e religião levi strauss

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MAGIA E RELIGIÃO

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MAGIA E RELIGIÃO

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Daniele Alves dos SantosHana Izumi WatanabeRaquel Perazzi de CastroRodrigo Ferreira do Nascimento

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IX. O feiticeiro e sua magia

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• Crença do feiticeiro + crença do doente + confiança da opinião coletiva = espécie de campo de gravitação do sistema

• Ligação do sistema nervoso simpático com a simulação

• Veracidade da simulação• Exemplo (vídeo)

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• Quesalid – Zuñi• Complexo xamânico = dois pólos

experiência do xamã

consenso coletivo

relação entre indivíduo e o grupo, gerando um espetáculo

5 verbos do conhecimento

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• Vídeo (exemplo)• "Quesalid não se tornou um grande xamã

porque curava seus doentes, curava seus doentes porque se tornara um grande xamã“

• Ab-reação

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ABAB--REAREAÇÇÃO?????ÃO?????

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Pensamentonormal

Pensamentopatológico

sentido das coisas, exigível, sofre uma deficiência no significado

interpretações e aplicação, disponível, excedente de significante

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• Explicação da cura• Relação doente-feiticeiro• Diferença entre psicanálise e xamanismo• “O valor do sistema não está mais

baseado em curas reais[…], mas sim no sentimento de segurança infundido no grupo pelo mito fundador da cura[…], seu universo se verá reconstituído."

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X. A eficácia simbólica

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• Holmer & Wassen 1947• Seu tema é um encantamento dos xamãs

da tribo cuna, indígenas que vivem no território da República Panamá.

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• Foi coletado de Guillermo Haya, um índio cuna e velho informante de sua tribo

• Haya enviou um texto deste encantamento escrito na língua original, junto com uma tradução em espanhol, para o dr. Wassen, por ser ele sucessor de Erland Nordenskiöld. Holmer se encarregou da revisão

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• Início do canto• Descrições• Preparativos• Imagens sagradas: os nuchu

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• Couple de nuchu. Provenance de l’île Ubigandup, Kuna Yala. Panama, 1999.

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• Carved Figure or Nuchu (Kuna), late 19th-early 20th century. Wood, pigment, 16 1/2 x 3 1/4 x 2 7/8 in. (41.9 x 8.3 x 7.3 cm). Brooklyn Museum, Gift of Mr. and Mrs. Cedric H. Marks, 70.154.1.

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• Nuchu são pegos pela cabeça para serem levados até a morada de Muu

• Muu é a causadora do parto difícil• Torneio do xamã e com seus espíritos

protetores e Muu com suas filhas (as muugan), com a ajuda de chapéus mágicos cujo peso elas não conseguem suportar

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• Derrota de Muu • Purba da paciente é descoberto e

libertado• O parto se realiza• Cuidados tomados para que Muu não

escape atrás de seus visitantes • Muu não é uma inimiga• Relações tornam-se amigáveis

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• Muigala, ou seja, “o caminho de Muu”, e a morada de Muu não são, no pensamento indígena, um itinerário e uma morada míticos, mas representam literalmente a vagina e o útero da mulher grávida

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Purba

Niga

Pode ser traduzido como “duplo ” ou “alma”.

Possu ído por humanos, animais, plantas, pedras e

cadáveres, e pode ser tirado do seu possuidor.

Pode ser traduzido como “força vital”. Possu ído

somente por humanos e animais, e não pode ser tirado do seu possuidor.

Nas crian ças, o niga só se desenvolve com a idade.

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• Cada parte do corpo possui seu purba próprio

• Niga parece de fato ser, no plano espiritual, equivalente à noção de organismo

• “Força vital”: cooperação harmoniosa de todos os purba

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• Forças do útero desviaram as demais “almas” de diferentes partes do corpo

• Muu não é uma força fundamentalmente má

• Cuidados para impedir que ela escape

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A paciente jaz em sua rede, diante de vocês;seu tecido branco está estirado, seu tecido branco

se move levemente.O corpo fraco da paciente está estirado;quando eles iluminam o caminho de Muu, este

jorra, como que sangue;o jorro escoa debaixo da rede, como sangue, bem

vermelho;o tecido branco interno desce até o fundo da terra;no meio do tecido branco da mulher, desce um ser

humano(pp. 84-90).

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“Caminho de Muu ” corresponde a vagina da paciente.

“Morada de Muu ”, ao útero.

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• Destaque entre as curas xamânicasgeralmente descritas

• É preciso definir como uma cura psicológica combate um male fisiológico

• Contribuição a esse impasse

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• Repetição nas preliminares:A paciente diz à parteira: “Na verdade,

estou vestindo a roupa quente da doença”;

A parteira responde à paciente: “Você, na verdade, está vestindo a roupa quente da doença, assim escutei-a eu também” (pp. 1-2).

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• Os gestos também são bastante repetidos:A parteira dá uma volta dentro da casa;a parteira procura contas;a parteira dá uma volta;a parteira coloca um pé diante do outro;a parteira toca o solo com o pé;a parteira coloca o outro pé adiante;a parteira abre a porta de sua casa; a porta de sua

casa estala;a parteira sai...(pp. 7-14).

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• A paciente está menos consciente da realidade e mais sensível

• O xamã tenta levá-la a reviver de modo muito preciso e intenso uma situação inicial e a perceber mentalmente seus mínimos detalhes

• A partir dessa situação que as mudanças no corpo e órgãos internos da paciente devem ocorrer

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• Esse mito deve percorrer o corpo interno da paciente, carregando vivacidade e caráter de expressão vivida. O xamã se encarregará de usá-lo a favor do estado patológico da paciente, por meio de técnica apropriada

A realidade mais banal torna -se mito

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• Imagens da mulher deitada em sua rede ou na posição obstétrica indígena

• Chamados nominais aos espíritos• Os nuchu sangram abundantemente• Dores da paciente assumem proporções

cósmicas.• Espírito e seus equipamentos mágicos

são detalhadamente descritos

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• A penetração da vagina é proposta em termos míticos, mas concretos e conhecidos

• “Muu” é até mesmo citada como útero duas vezes, e não como força espiritual

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Os chapéus dos nelegan brilham, os chapéus dos nelegan se tornam

alvos;os nelegan ficam chatos e baixos (?), como

pontas, bem retos;os nelegan começam a ser ameaçadores (?), os

nelegan começam a ser muito ameaçadores (?);para o bem do nigapurbalele da paciente(p. 230-

33).

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Os nelegan se põem a caminho, os nelegan seguem em fila o longo

caminho de Muu, até a Montanha Baixa;os n., etc., até a Montanha Curta;os n., etc., até a Montanha Longa;os n., etc., até Yala Pokuna Yala (não traduzido);os n., etc., até Yala Akkwatallekun Yala (id.);os n., etc., até Yala Ilamisuikun Yala (id.);os n., etc., até o centro da Montanha Plana;os neleganse põem a caminho, os neleganseguem em fila

o longo caminho de Muu(pp. 241-48).

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• Dores são personificadas por animais ferozes e monstros fantásticos do mundo uterino

• Fibras, cordas, fios tesos e sucessivas cortinas, das mais variadas formas e cores

• Paredes mucosas do útero

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• Reforços: os Donos-dos-animais-furadores-de-madeira

• Torneio dos chapéus mágicos • Começo da descida, o parto• Novos reforços: Donos-dos-animais-

cavadores

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• O xamã vai a montanha com pessoas da aldeia para colher plantas medicinais

• O xamã que imita o pênis, penetrando na “abertura de muu”

• Povo arqueiro• Fim do canto

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• Construção de um conjunto sistemático• Tornar pensável uma situação dada

inicialmente em termos afetivos, e aceitáveis, pelo espírito, dores que o corpo se recusa a tolerar

• O fato da mitologia do xamã não corresponder a uma realidade objetiva não tem importância

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Tanto em xamanismo, quanto em psican álise:

• Propõe-se trazer à consciência conflitos e resistências que até então haviam permanecido inconscientes

• Conhecimento torna possível uma experiência específica, na qual os conflitos se realizam numa ordem e num plano que permitem seu livre desenrolar e conduzem ao seu desenlace

• Ambas buscam provocar uma experiência, e conseguem fazê-lo reconstituindo um mito que o paciente deve viver, ou reviver

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• A cura xamânica parece ser de fato um exato equivalente da cura psicanalítica, mas com uma inversão de todos os termos

• Xamanismo: mito social • Psicanálise: mito individual

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• Desoille • Sechehaye • Cura da psicanálise x cura xamânica• Aparente sugestão de Freud: a descrição

em termos psicológicos da estrutura das psicoses e neuroses deva um dia desaparecer

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• Única diferença que sobreviveria a tal descoberta

• Provável oposição de psicanalistas• O valor terapêutico da cura decorre do

caráter real das situações rememoradas?• De onde resulta o poder traumatizante de

situações

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• Conjunto de estruturas: inconsciente• A última diferença entre xamanismo e

psicanálise é eliminada• Subconsciente x Inconsciente• Vocabulário x Estrutura

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XI. A estrutura dos mitos

Cena do filme Hércules, disney. 1997.

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Introdução:

“Os universos mitológicos estão fadados a serem pulverizados assim que se formam,

para que, novos universos nasçam de seus destroços. “

• Cada sociedade expressa em seus mitos sentimentos (vídeo)

• A mitologia é um reflexo da estrutura social

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O reflexo na estrutura social

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Qual o objetivo dos mitos?

• Exemplo (vídeo)A derivação dos sentimentos mais recalcados.

• Tudo pode acontecer em um mito“O crescimento do mito é continuo, ao

contrário da sua estrutura, que édescontinua”

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A estrutura do mito

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O mito como linguagem:

“ O mito é uma linguagem de nível elevado, pois se descola do fundamento linguístico, no qual inicialmente rodou”

• O mito é uma linguagem superior, mais complexa.

• O mito é um sistema temporal que combina língua e fala, sempre se referindo ao passado.

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Mito

FalaLíngua

Estrutural

Tempo Reversível

TempoIrreversível

Estatístico

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O mito na história

• Seu valor sempre permanece• Período Homérico: Ilíada e a Odisseia

O período homérico da civilização grega, entre os séculos XII a.C. e VIII a.C., foi assim denominado pela falta de fontes históricas de seus estudos além dos poemas Ilíada eOdisseia, escritos pelo poeta grego Homero . Os dois poemas, escritos provavelmente no século VI a.C., narram o último ano da Guerra de Troia e o retorno de Odisseu (conhecido também como Ulisses) para seu reino após a guerra. Os poemas foram escritos por Homero a partir de histórias orais transmitidas durante séculos pelos povos que habitavam a Hélade (como era conhecida a Grécia).

• Um mito continua sendo um mito, enquanto for percebido como tal.

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C’est fini

Cena do filme Hercules. Disney, 1997.

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XII- Estrutura e Dialética

• Mito e rito se complementam

Mito = ORIGEM

Ritual = REFLEXO DO MITO

Exemplo: vídeo

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Oferenda para Iemanjá

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Lévy Strauss

• Qual era sua intenção?- Propõe a desconstrução do pensamento automático de que um mito consequentemente gera um ritual, ou vice e versa.

• Exemplo ‘menino grávido’

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O mito Pawnee“ Grandes olhos negros, luzidios como a noite, mãos finas, traços finos, a criança tocava corpos

que se animavam. no fundo da pele a mágica se misturava com as incertezas de seu impossível. talvez não soubesse como, mas curava. e de todas as certezas talvez nenhuma lhe fosse válida. certo dia, velho feiticeiro desceu a montanha, com suas barbas longas e grandes olhos vermelhos, vinha com ele sua esposa, mulher com cabelos trançados como serpentes. os dois eram como animais noturnos, se esgueirando entre mil segredos e mil armadilhas."diga-me como fazes tuas curas e te ensinarei todos os meus segredos", disse o velho bruxo. a pequena criança não queria saber, o medo do velho era grande como o medo que tinha de maus sonhos e pesadelos.o velho nada conseguiu junto ao menino, manda sua mulher trazer seu velho cachimbo. nele misturou folhas secretas e palavras de ordem.

dia seguinte o casal presenteia a criança com o cachimbo.mil feitiços acometeram o menino. enfeitiçado se descobre grávido. vergonha. vergonha. vergonha. a criança deixa a aldeia para encontrar a morte junto as feras da floresta. porém, os malvados animais choram com a degraça do garoto e resolvem ajudá-lo. curam seu feitiço, extraem da ampla barriga sustentada pelo corpo magro do garoto o feto, e contam-lhe seus segredos mágicos. o rapaz aos poucos se recupera. vingança. vingança.vingança. a criança volta a aldeia, pede sangue. sua alma de besta-fera exige. com seus novos poderes mágicos mata o velho bruxo. a fera dentro de si se acalma. bom curandeiro ele se torna. algumas estrelas ainda contam sua história.”

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Construção por oposição:1- Xamã iniciado X Xamã não iniciado

2- Criança X Ancião

3- Confusão dos sexos X Distinção dos sexos

4- Fertilidade X Esterilidade

5- Informação X Abstenção

6- Magia vegetal X Magia Animal

7- Magia por introdução X Magia por extração

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Pawnee Star Hausband Hako

Feiticeiro (pai) Comprador (pai) Aliança entre grupos

Mulher do feiticeiro (mãe)

Mulher do comprado (mãe)

Permutam entre si em busca dos personagens

Jovem feiticeiro (filho) Comprado (filho) Criança

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Hako

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Dialética

• Dialética é um debate onde há ideias diferente, onde um posicionamento édefendido e contradito logo depois. Para os gregos, dialética era separar fatos, dividir as ideias para poder debatê-las com mais clareza.

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Conclusão:

Conclui-se que, tanto em mitologia quanto em linguística procura-se a mesma questão; Sentido.