Mahalo Press

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09 Mahalo Press | Ano 1 | #1 | Distribuição gratuita www.mahalo.com.br Yuri Soledade O baiano que chegou de mansinho, conquistou os havaianos e se tornou cidadão das ondas grandes Meio ambiente Surfista conta como foi a ação que denunciou sujeira nos mares de Salvador após o Carnaval Fernando de Noronha Os melhores tubos, as competições e tudo que rolou em fevereiro na Esmeralda do Atlântico

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Revista do grupo Mahalo

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Yuri SoledadeO baiano que chegou de mansinho, conquistou os havaianos e se tornou cidadão das ondas grandes

Meio ambienteSurfista conta como foi a ação que denunciou sujeira nos mares de Salvador após o Carnaval

Fernando de NoronhaOs melhores tubos, as competições e tudo que rolou em fevereiro na Esmeralda do Atlântico

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Fala do editor

Bate pronto

De olho na série

Dica do Top

Só sei que foi assim

Perspectivas WT

Conceito

Looks

Fala do mestre

Mundo Mahalo

Você tem fome de quê?

Skate

Shaper room

Sons, filmes e afins

Interface

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Foto de capa: Yuri Soledade extrapola os limites da temida onda de Maverick’s (Foto: Fred Pompermayer)

Yuri SoledadeConheça mais sobre o baiano que conquistou

o Hawaii, surfando ondas gigantes 26

Esmeralda do Atlântico Competições e muitas ondas boas marcam o mês de fevereiro em Fernando de Noronha

Ameaça aos maresSurfista baiano Bernardo Mussi denuncia quantidade de lixo na Barra, em Salvador, após o Carnaval

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Yordan Bosco

Viva a arte da retribuiçãoEm um alerta meio descompromissa-

do, mais muito bem-humorado, em re-lação ao cuidado com o meio ambiente, Raul Seixas compôs, em 1974, o verso “Buliram muito com o planeta/ E o pla-neta como um cachorro eu vejo/ Se ele já não aguenta mais as pulgas/ Se livra delas num sacolejo”. Trecho da canção As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor, a frase pode ser também uma metáfora com a Lei de Newton, que diz que “toda ação corresponde a uma re-ação”, e com o famoso dito popular “é dando que se recebe”.

Portanto, assim como a reação da na-tureza aos maus-tratos do homem vem em forma de catástrofes ambientais e climáticas, as consequências das ações positivas que realizamos são revertidas em coisas boas no futuro. Sintonizado com o recado de Raulzito, com a Lei de Newton e com o velho dito popular, o grupo MAHALO apresenta seu mais novo produto, a revista MAHALO PRESS.

Além de estreitar a comunicação com o público consumidor e de oferecer ao segmento do surf e dos esportes de ação uma alternativa editorial bacana, a revis-ta MAHALO PRESS representa um proces-so ousado de semeadura, que tem como principal objeto de colheita o crescimento cultural do mercado. Mais que isso, este projeto nasce do espírito de agradecimen-to e retribuição com todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o nosso sucesso ao longo dos anos. Não à toa, Mahalo, que é uma palavra ha-vaiana, significa agradecimento.

Com distribuição gratuita, conteúdo editorial rico e diversificado, projeto grá-fico arrojado e material de primeiríssima qualidade, chegamos para propor aos

leitores informações que traduzam nos-so estilo de vida praieiro, despojado e conectado com o mundo. Através de lu-gares fantásticos, de ondas perfeitas, de histórias e personagens bacanas e das re-flexões dos nossos colunistas, esperamos que você viaje por nossas páginas.

O caraE, por falar na Lei de Newton, o surfis-

ta baiano Yuri Soledade, radicado há 17 anos no Hawaii, foi recompensado com uma vida de sonhos, por todas as suas ações de dedicação, trabalho e coragem. Depois de passar por muitos perrengues e perseverar bastante, o baiano é reco-nhecido como um dos melhores surfistas de ondas grandes do planeta. Ele viaja pelo mundo, tem uma linda família e ain-da é sócio de um dos restaurantes mais badalados da ilha de Maui, onde reside.

Em uma matéria mais que especial, mostramos a fantástica história de vida de Soledade. Ele nos conta como foi a chegada ao Hawaii, com 18 anos de idade, US$ 50 no bolso e sem saber fa-lar inglês; explica sobre suas conquistas empresariais; e detalha toda a evolução nas ondas grandes.

Preparamos, ainda, uma viagem ao ar-quipélago de Fernando de Noronha, que será contada, nesta edição, sob diversos ângulos. Fomos ainda às praias da Barra, em Salvador, e descobrimos que um gru-po de surfistas está chamando a atenção para a quantidade de lixo que é jogada no oceano e realizando ações constantes de retirada de resíduos do fundo do mar. Enfim, o menu está pronto e agora é com você. Boa leitura!

Mahalo!

A revista MAHALO PRESS é uma publicação bimensal do grupo Mahalo, Wave Beach, Edye e Asa Classic Wear e tem tiragem de 30 mil exemplares. A revista é produzida pelo Departamento de Comunicação das empresas.

Edição e produção: Yordan Bosco (DRT–BA 2992); Projeto gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Alexandre Karr; Revisão: Socorro Araújo; Assessoria comercial: Fabiano Gonçalves; Colunistas: Fábio Tihara, Gabriel Almeida, Lucius Gaudenzi, Luiz Augusto Pinheiro e Tony Almeida; Colaboraram nesta edição: (textos) Bernardo Mussi, Fábio Gouveia e Guilherme Guimarães; (fotos) Andrew Kemp, Bruno Veiga, Daniel Smorigo, Diego Freire, Erik Aeder, Fabriciano Júnior, Francisco Pedro, Fred Pompermayer, James Thisted, José Augusto, Lucios Gaudenzi, Sandro Sanper, Stuart Gibson e Tracy Kraft Leboe; Produção Look Mahalo: Sandro Sanper e Gabriel Almeida; Impressão: Vox Editora.

Os textos assinados reproduzem as opiniões dos seus autores e não necessariamente do veículo e do grupo.

Contatos por e-mail: [email protected] e comunicaçã[email protected]. Telefone: (71) 3443-1540. Correspondências: Avenida Tancredo Neves, nº 2915 - Loja 75 - Salvador Shopping, Caminho das Árvores - Salvador – BA - CEP 40 820 021

[email protected]

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“Quase sem conseguir falar de tanto frio, ele me olhou nos olhos e disse: Falei para os outros empresários que já tinha patrocínio”

Era um dia chuvoso de junho, no comeci-nho dos anos 90, e ventava forte na praia de Stella Maris, em Salvador. Assistia ao Sea Club / Wave Beach de Surf, um even-to profissional que era, na verdade, a pri-meira grande competição que nossas lojas patrocinavam. No meio daquele agito todo e de surfistas profissionais renomados no cenário nacional, me chamou a atenção um moleque franzino, de 13 anos.

À medida que ele passava as baterias, alguns empresários o assediavam, para pa-trociná-lo. Antes da semifinal, lembro que chovia e ventava muito e ele aguardava sentado na areia, sem camisa e tremendo de frio, a disputa começar. Então, peguei uma toalha de praia grande com minha mulher, fui até ele, abracei e o cobri. Quase sem conseguir falar de tanto frio, ele me olhou nos olhos e disse: “falei para os ou-tros empresários que já tinha patrocínio”.

Começou naquele momento uma par-ceria e uma grande amizade, que já dura cerca de 20 anos. Estou falando do surfista de ondas grandes, empresário, pai de fa-mília, amigo e, acima de tudo, do grande homem que é Yuri Soledade Souto Maior. Não por acaso, a minha felicidade foi imensa quando na primeira reunião sobre as pautas da MAHALO PRESS me foi apre-sentado um perfil com Soledade.

Acho que nenhum outro atleta no Brasil, e talvez no mundo, represente tanto a filo-sofia e a história de uma marca como este ilheense tem feito com a MAHALO. A histó-

Tony Almeida

Diretor-presidentedo Grupo MAHALO

As recompensas de Yuriria de vida de Yuri, como você pode conferir na reportagem desta edição, é marcada de luta, determinação, dedicação, simplicida-de, honestidade, muito trabalho, conquis-tas e sucesso. Ele e o nosso grupo trilharam, lado a lado, um caminho muito parecido.

Portanto, ver a matéria de Yuri editada em nossa revista, com ele surfando ondas gigantes e contando suas aventuras, me deu um orgulho muito grande. Sentimento se-melhante ao que tive quando li, anos atrás, uma reportagem no jornal A Tarde mostran-do o surfista que havia passado em primeiro lugar, se eu não me engano, no vestibular para Engenharia Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Lembro que a ma-téria era ilustrada com uma foto grande em que ele aparecia com livros e uma prancha.

Sempre que Yuri vem ao Brasil, conversa-mos muito, trocamos ideias e celebramos a vida. E uma das coisas que mais me im-pressionam é que Yuri não mudou quase nada em relação àquele moleque franzino de 13 anos, que conheci tremendo de frio em Stella Maris. Continua com a mesma sensibilidade, o mesmo humor, o mesmo carisma e a mesma dedicação.

A história de Yuri serve de exemplo e ins-piração pra muita gente. Um cara que traçou seus sonhos e foi em busca deles com hones-tidade, determinação e perseverança e con-seguiu vencer todas as suas dificuldades com inteligência, bom humor e a cabeça erguida. Por isso me sinto feliz e orgulhoso de tê-lo como atleta e como amigo há tantos anos.

Arquivo pessoal

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Vice-campeão nordestino e batizado de “rei do nordeste” em 2010, o surfista baiano Bernardo “Bino” Lopes começou com tudo na disputa do regional deste ano. Segundo colocado no ranking, após duas etapas, Bino mostrou que será difícil alguém lhe tirar o caneco dessa vez. Ele fez um pódio em Pa-racuru (CE), na abertura do circuito, e outro em Fernando de Noronha (PE), na segunda prova. Em Paracuru, o baiano ficou na ter-ceira colocação e foi superado apenas pelo potiguar Jhon Max e pelo cearense Arthur Silva. Já em Noronha, onde defendeu o tí-tulo, Bino arrebentou, passou todas as ba-terias em primeiro, mas na decisão perdeu o ritmo e ficou em quarto lugar na prova, vencida pelo cearense Pablo Paulino.

A Quiksilver e a Association of Surfing Professio-nals (ASP) anunciaram o Quiksilver Pro New York, marcado para acontecer entre os dias 4 e 15 de setembro em Long Beach, Nova York. Válido como a sexta etapa do ASP World Tour 2011, o Quiksil-ver Pro New York é a primeira competição do cir-cuito mundial a ser realizada na Costa Leste dos EUA. O evento distribuirá um total de US$1 milhão em premiação, valor inédito no surf profissional. O Quiksilver Pro New York faz parte da expansão do Quiksilver Pro Global Series, que também inclui a etapa de abertura do World Tour, o Quiksilver Pro Gold Coast na Austrália (que rolou no início de março) e o The Quiksilver Pro France, que acontece em Hossegor, França (4 a 15 de outubro).

Cores de Noronha é o nome da exposição que o fotógrafo baiano Bruno Veiga realizou em Fernan-do de Noronha entre os meses de fevereiro e mar-ço. A mostra, patrocínio cultural da MAHALO, ASA CLASSIC WEAR e EDYE, é baseada em imagens pro-duzidas pelo fotógrafo nos últimos três anos. São 20 imagens que retratam a beleza da ilha e ima-gens de surfe. Veiga explica que a ideia de fazer uma exposição de Noronha, em Noronha, partiu porque já havia acumulado muito material bacana sobre o lugar e queria dividir isso com as pessoas.

A terceira edição da Megarampa, maior evento de skate brasileiro, está marcada para os dias 1º a 3 de julho, no Sambó-dromo do Anhembi, na capital paulista. A Megarampa brasileira é a única insta-lada no Hemisfério Sul. A pista tem mais de 100 metros de extensão e quase 30

Bino começa Nordestino com tudo Bruno Veiga expõe em Noronha

Nova York terá prova milionária de surf

metros de altura - equivalente a um prédio de nove andares. O skatista Bob Burnquist partici-pou da reunião para confirmar a realização do evento. “Estou muito feliz com a volta desse show. Não vejo a hora de retornar a São Pau-lo e andar na pista outra vez”, comemora Bob Burnquist, bicampeão do evento.

Megarampa agita Sampa em julho

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Arquivo pessoal

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Um dos circuitos mais organizados do Nordeste, o Tchuk Jhones Apresenta: 1ª Etapa do Circuito MAHALO Alagoano de Surf 2011 começou a todo vapor nos dias 19 e 20 de fevereiro. Patrocinada pela MAHALO e or-ganizada pela Federação de Surf do Estado de Alagoas (Fesea), a competição terá seis etapas, até o final do ano, que definirão os campeões estaduais de 10 cate-gorias. A próxima prova acontece nos dias 30 de abril e 1º de maio na paradisíaca Praia do Francês. A expecta-tiva dos organizadores é que, assim como na etapa de abertura, participem atletas de outros estados. Os cam-peões da primeira etapa foram: Open: Joabson Santos (PE); Grommets: Matheus Oscar (AL); Mirim: Thiago da Silva (PE); Iniciante: 1) Júlio César (AL); Junior: 1) Welid Santos (AL); Open: Joabson dos Santos (PE); Feminino: Ana Paula (PE); Longboard: Robson Fraga (SE); Grand--Master: Fábio Nascimento (AL); Master: Klinger Peixo-to (AL); Senior: Klinger Peixoto (AL).

O surfista, chef e colunista da MAHALO PRESS Lucius Gaudenzi se une às chefs pau-listas Paula Labaki e Luana Budel e às baia-nas Elibia Portela e Lena Labaki Catering para realizar, no dia 16 de abril, em Salvador, Uma Noite de Aromas, Sabores, Cores e Arte Culinária na Bahia. O evento reunirá aman-tes da gastronomia e da arte culinária em um ambiente alegre e descontraído. Com caráter beneficente, o encontro destinará parte da sua renda ao Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer (Naspec). Gaudenzi mora na Aus-trália, viaja pelo mundo e estuda alta gastro-nomia em universidades como a Hostec, na Austrália, e a Le Cordon Bleu, em Paris.

A Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp) divulgou o calendário do circuito nacional de surf profissional, o Brasil Surf Pro 2011. Serão cinco etapas. A abertura será em junho, no Cupe, em Pernambuco, e o encer-ramento será na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em dezembro. O Brasil Surf Pro defi-ne os campeões brasileiros da temporada. O catarinense Jean da Silva defende o caneco masculino e a paulista Suelen Naraísa defen-de o título feminino. O ilheense Bruno Galini brigou até a última etapa pelo título e ficou em terceiro lugar no ranking de 2010.

Calendário BSP 2011

8 a 12 de junho – Praia do Cup – Ipojuca – PE

13 a 17 de julho – Praia Geribá – Búzios – RJ

14 a 18 de setembro – Praia de Itamambuca – Ubatuba – SP

2 a 6 de novembro – Praia da Joaquina – Florianópolis – SC.

14 a 18 de dezembro – Prainha ou Barra da Tijuca – Rio de Ja-neiro – RJ

Ian Costa é da equipe MAHALO

Chef surfista realiza encontro gastronômico em Salvador

Brasil Surf Pro começa em junho

Alagoano de surf começa forte

Salvador, 12/1/2011 - Uma das maiores revelações do surf baiano, o jovem Ian Costa, 16 anos, é o mais novo integrante do time de surfistas da equipe MAHALO. O atleta se junta agora aos profissionais Bino Lopes, Ulisses Meira e Bruno Galini; ao big ri-der (surfista de ondas grandes) Yuri Soledade; e a Renata Tambon para defender a bandeira de uma marca que está entre as que mais crescem e se for-talecem no Brasil. O surfista possui também os títu-los baiano e estudantil das categorias Iniciante (até 14 anos) e Mirim (até 16 anos).

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Basílio Ruy / Brasil Surf Pro

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Para descansar da desgastante temporada passada e buscar inspiração para as competi-ções deste ano, o campeão nordestino e ter-ceiro melhor surfista do circuito brasileiro de 2010, Bruno Galini, se mandou para o Peru no final de janeiro, onde passou dez dias. Na sua segunda viagem ao país, o ilheense se concen-trou na região de Punta Hermosa, onde sur-fou em picos como Cabaleros, Puerto Viejo, Señoritas, Puntas Rocas e Pico Alto.

De acordo com o atleta, o melhor swell rolou no fim da barca. “Um dia antes do meu retorno, Punta Rocas quebrou com três metros per-

feitos. Mas, no último dia, surfei Pico Alto pela primeira vez e peguei altas ondas com uma prancha de 10 pés, empresta-

da de Oscar Morante”, conta Galini. “Foi lá

onde tomei mi-nha maior série

Galini faz temporada de treinos no Peruna cabeça, com ondas de mais de quatro metros. Mas foi em Pico Alto também, nesse dia, que fiz uma das melhores sessões de surf da minha vida”, detalha.

De acordo com o surfista, foram dez dias inten-sos de treino no Peru. Ele conta que concentrou bastante suas energias no surf, já que não havia muita coisa pra fazer por lá. Galini revela ainda que gosta muito da cultura peruana, que é com-pletamente diferente do modo de vida aqui do Brasil, sobretudo da Bahia. “O mais impressio-nante é que não chove”, observa.

Já na volta ao Brasil, Galini enfrentou duas com-petições de cara. Participou da abertura e da se-gunda etapa do nordestino profissional, em Para-curu (CE) e em Fernando de Noronha (PE). As duas provas aconteceram em fevereiro e, em ambas, o ilheense parou nas quartas-de-final. “Não foi um começo muito bom para quem tem o objetivo de conquistar o bicampeonato. Mas o circuito está apenas começando e vamos com tudo para me-lhorar no ranking”, explica o atleta, que ocupa a nona colocação na classificação do regional.

Punta Rocas foi um dos picos que Galini mais aproveitou durante os

dez dias que esteve no Peru

Fotos: Arquivo pessoal

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Ulisses Meira indica a Prainha, no RioUm dos lugares mais mágicos da Cidade Maravilhosa, o parque ecológico tem altas ondas e natureza exuberante

Radicado no Rio de Janeiro desde 2002,

o surfista profissional Wlisses Meira indica,

como um programa bacana, passar o dia

no Parque Municipal Ecológico da Prainha,

na Cidade Maravilhosa. Além de ser uma

das ondas mais consistentes do Rio, a Prai-

nha é um local maravilhoso para contem-

plar a natureza durante o dia inteiro. O pa-

raibano mora no Recreio dos Bandeirantes

e costuma ir à Prainha de duas a três vezes

por semana, de bicicleta, com a mulher, Ca-

tarina, e com a filha Sarah, de 2 anos.

“Pedalamos uns 40 minutos e quando

descemos a última serra nos deparamos

com aquele visual maravilhoso. As on-

das são fortes, consistentes e tem um ambiente

maravilhoso fora d’água. Costumamos ficar no

quiosque do Pedrão, que é um cearense muito

gente boa. Gostamos do sanduíche natural e da

torta de banana que ele faz”, explica Meira.

O Parque Municipal Ecológico da Prainha é

uma conquista dos surfistas do Rio de Janeiro,

que se mobilizaram para impedir que fosse cons-

truído um condomínio no local nos anos 90. O

parque foi criado em 1999 e tem área delimita-

da pela orla da Prainha e pelos morros do Caeté,

Boa Vista e Pedra dos Cabritos. A área tem pre-

dominância de Mata Atlântica e ainda é possível

encontrar espécies de árvores primárias, como a

carrapateira e as figueiras.

Fotos Ulisses Meira

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Foto: Fabriciano Júnior

O Parque Ecológico da Prainha foi criado em 1999 e é uma con-

quista dos surfistas cariocas

Ulisses gosta de ir à Prainha com a mulher, Catarina, e a filha, Sarah, de 2 anos

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Jojó vai pra galera em Huntington BeachJojó de Olivença conta o episódio em que foi aclamado pelos americanos por ser o primeiro surfista negro a chegar a uma final do tradicional OP Pro, em 1993

O ano foi 1993 e o local Huntington Bea-

ch, Califórnia, EUA. Em seu primeiro ano de

dedicação total ao circuito World Qualifyng

Series (WQS), para conquistar uma vaga

para o World Championship Tour (WQS), lá

estava o baiano Jojó de Olivença no even-

to mais tradicional do circuito, o OP Pro.

A segunda colocação conquistada, em uma

final contra Sunny Garcia, foi determinante

para o baiano ingressar na divisão de elite

de 1994 e ficar lá por cinco temporadas. Na

prova, derrotou estrelas do quilate de Kelly

Slater, Shane Beschen, Rob Machado, Mar-

tin Potter e Richie Collins.

Porém, apesar de toda a badalação da

prova e do sucesso a cada bateria, um fato inu-

sitado chamou a atenção de Jojó e de outros

brasileiros que estavam em Huntington. O que

aconteceu, então, Jojó?

“Foi um dos momentos mais inesquecíveis da

minha carreira. Eu era ovacionado pelo públi-

co americano a cada apresentação e não en-

tendia nada, porque sabia que quase ninguém

me conhecia. Bom, mas fui surfando, vencendo

e recebendo o apoio da galera. Só depois do

pódio fui saber o porquê de toda aquela acla-

mação e constatei que era por causa de minha

etnia. Na verdade, eu fui o primeiro surfista

negro que eles viram chegar tão longe em uma

competição daquele porte”.

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“Hoje vivo para superar os meus limites”Um dos surfistas mais respeitados do planeta quando o assunto é surf em ondas gigantes, o baiano Yuri Soledade trilha um caminho muito especial, desde quando partiu de Salvador para o Hawaii, há 17 anos. Chegou à ilha de Maui com passagem conquistada em um campeonato e teve de se virar com US$ 50 no bolso. Passou dificuldades, trabalhou como lavador de pratos e se dedicou, durante todo esse período, a surfar ondas grandes. O tempo passou, as dificuldades foram superadas e hoje, aos 35 anos, o baiano de Ilhéus constituiu família, é sócio do restaurante onde lavou pratos e goza do sonho de “ser feliz, puxando os limites do esporte que tanto ama”.

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Por Yordan Bosco

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Sorrisão fácil, gozador ao extremo e um astral

sempre lá em cima. Essas características, trazidas

desde os tempos da adolescência, continuam for-

tes em Yuri Souto Maior Soledade. Reconhecido

internacionalmente como um dos melhores sur-

fistas de ondas gigantes do mundo, Soledade pas-

sou por um processo de transformação, conquis-

tas e amadurecimento muito grande, durante as

quase duas décadas que mora no Hawaii.

As responsabilidades de administrar um dos res-

taurantes mais badalados da ilha de Maui, de cui-

dar dos três filhos, junto com a mulher, Maria So-

ledade, e de ter que estar sempre preparado para

encarar as ondas mais cabulosas do planeta não

mudaram o humor desse ilheense. O carisma e a

maneira simples e divertida de viver são os mes-

mos de quando era moleque, em Olivença e em

Salvador. O próprio surfista é quem garante que

o Yuri empresário, pai de família e big rider famo-

so não difere quase nada do moleque franzino,

que, junto com os amigos, bagunçava no fundo

dos ônibus que levavam a garotada da Uniclubes

para competir, aos domingos, no circuito

colegial, no Litoral Norte baiano.

Soledade se define como um homem re-

alizado. “Tenho uma família linda, meu

próprio negócio, minha casa e os melhores

amigos que alguém pode desejar”. Porém,

para chegar a esse patamar, ele não teve

vida fácil. Desembarcou no Hawaii aos 18

anos e, embora tivesse as referências do

tio Paulo Magulu e do amigo Fábio Balboa

nas ilhas, teve que se virar sozinho para so-

breviver e conquistar seu espaço.

“A chegada foi muito difícil. Cheguei com

US$ 50 no bolso, sem falar inglês e muito

menino. Passei muitos momentos difíceis

e, em muitos dias, não tinha dinheiro para

comer. Pensava em voltar o tempo todo”,

conta Soledade. O surfista explica que um

dos fatores que contribuíram para que ele

não desistisse de tudo no meio do caminho

foi a chegada no Hawaii dos amigos baia-

nos Danilo Couto, Márcio Freire e Maurício

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“Existe sempre é um respeito muito grande pelo oceano. Aquele frio na barriga sempre dá, mas no dia que estiver com medo paro de surfar essas ondas, pois, se você está com medo, lá não é seu lugar”.

Apesar de surfar em Maverick’s com muita frequência, Soledade confessa que ainda tem muito o

que aprender sobre esta onda(nesta foto e ao lado)

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“Jojoba” Abreu. “Aos poucos, fui criando

raízes e hoje posso dizer que ajudei muita

gente a realizar o sonho de conhecer e até

de morar no Hawaii”, declara.

E sobre os seus próprios sonhos, Soleda-

de não titubeia ao afirmar que o maior

deles está dentro de casa. “É ter a minha

família nesse paraíso. Devo muito a mi-

nha mulher, Maria, que sempre está do

meu lado e me ajuda a realizar todos os

outros sonhos”, destaca o surfista, pai de

Kaipo, de 12 anos, Kiara, 8, e Koa, 3.

Quando não está com a família, dentro

d’água ou viajando, Soledade, com certe-

za, pode ser encontrado no restaurante

Paia Fish Market. “É uma atração aqui da

ilha de Maui. Todo mundo conhece e sem-

pre vai prestigiar”, orgulha-se. Assim como

o respeito adquirido junto aos havaianos

por surfar ondas grandes, a aquisição de

parte do estabelecimento também foi um

processo de conquista muito gradual.

“Comecei trabalhando no cargo mais baixo,

lavando os pratos. Depois, fui subindo, até che-

gar à gerência. Logo depois surgiu a oportuni-

dade de comprar uma parte. Tenho duas sócias

e me dou superbem com elas”, declara. Em re-

lação a conciliar as atividades empresariais com

o surf, o big rider explica que as sócias tam-

bém trabalham e o ajudam. “Quando estou em

Maui, sou eu que faço tudo, mas quando pre-

ciso viajar elas entram em ação. Também devo

muito aos meus funcionários, pois eles seguram

qualquer problema. Lá funciona como uma fa-

mília e existe uma divisão de lucros. Todos são

responsáveis pelo bem-estar do restaurante”.

A ilha de Maui é conhecida pelas ondas gi-

gantes e pelo vento forte. Por essas caracterís-

ticas, é um local bem propício para a prática de

esportes de vento. “Aqui tem altas ondas, mas

muitos dos melhores picos são secretos e você

tem que morar aqui para poder ir surfar neles”,

Momento relax nas Ilhas Fiji

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explica Soledade. Ele destaca ainda uma se-

melhança entre Maui e Bahia, devido ao clima

bem parecido e ao povo que é bem tranquilo.

“Quando cheguei aqui, me senti em casa”.

Ondas gigantes

Há muito tempo, Yuri Soledade não precisa pro-

var mais nada pra ninguém, quando o assunto são

as ondas gigantes. É figura carimbada todos os

anos nos três picos mais temidos por surfistas de

todo o planeta: Jaws (Hawaii), Mavericks (EUA) e

Teahupoo (Tahiti). E sempre se destaca nessas on-

das, seja de tow-in (puxado por um jetski) ou na

remada. No dia 16 de janeiro deste ano, junto com

Danilo Couto e Márcio Freire, protagonizou um

capítulo importante na história do surf de ondas

grandes, ao surfar, na remada, ondas de quase 10

metros em Jaws (veja box).

É lógico que todo o know-how de Soledade

nas ondas grandes foi construído ao longo dos

17 anos que mora no Hawaii. Porém, o baiano

começou a descobrir o feeling para essa ativi-

dade, considerada coisa de maluco por muitos,

bem antes de pensar em se mandar para o pa-

raíso do surf mundial. “Sempre gostei das ondas

grandes, mas foi durante uma etapa do circuito

baiano amador, em Itacaré, que pude sentir o

feeling de tentar superar os meus limites. De-

pois desse dia, fiquei viciado e nunca mais parei.

Hoje vivo para superar os meus limites”, declara.

Ladeira abaixo em Jaws, em sessão de town-in

“Continuo o mesmo Yuri de sempre. Tentando sempre ser um exemplo para as novas gerações, tanto como pessoa quanto como atleta.”

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Maverick’s e Jaws são as ondas preferi-

das de Soledade. Jaws, considerada a onda

mais desafiadora do mundo pelos espe-

cialistas, fica praticamente no quintal de

casa. Lá, o baiano tem a oportunidade de

testar todas as condições de mar em todas

as épocas do ano. “Durante várias tem-

poradas treinei muito em outros lugares,

até chegar em Jaws. Mas, quando fui pela

primeira vez, senti que lá era o meu lu-

gar”, confessa. “Durante a temporada de

2004/2005, realmente comecei a encarar

a vida de um atleta profissional e, desde

então, venho me aperfeiçoando nas on-

das grandes, seja na remada ou no tow-in.

Mas, com ênfase em Jaws, que virou um

objetivo de vida”, detalha.

Não menos cabulosa, a onda de Mavericks

também mexe muito com os nervos do sur-

fista. “Fui várias vezes para lá no ano passa-

do. Fiz tow-in e peguei na remada. Fiquei

feliz com as minhas performances lá. Duran-

te o campeonato de Mavericks, peguei altas

ondas na remada, mas acredito que tenho

muito a aprender com aquela onda”.

Embora sempre mencione a palavra limi-

te, Soledade parece que ainda não conhe-

cer os seus. Pelo menos no surf. Quando

perguntado se alguma vez já se deparou

com condições extremas de ondas e teve de

“puxar o bico” enquanto outros surfavam,

ele respondeu, com a maior simplicidade:

“Ainda não. Espero que demore a aconte-

cer, mas sei os meus limites e, no dia que

chegar, vou ser o primeiro a dizer que não

vai dar”. E em relação ao medo? “Existe

sempre é um respeito muito grande pelo ocea-

no. Aquele frio na barriga sempre dá, mas, no dia

que estiver com medo, paro de surfar essas ondas,

pois, se você está com medo, lá não é seu lugar”.

Exímio praticante do tow-in, Soledade deixa ex-

plícito que sua maior adrenalina é mesmo descer

as ondas na remada, a depender da condição do

mar, claro. “O tow-in é um surf de dupla, então

depende muito do parceiro. No fundo, é ele quem

escolhe a onda e o lugar por você. Na remada, é

só você e o mar, não depende de ninguém. Com

certeza, na remada é mais desafiador e emocio-

nante”. No tow-in, Soledade iniciou durante a

temporada 98/99. “Como Maui tem vários outer-

reefs (ondas que quebram distante da costa), com-

prei o meu primeiro jet com o intuito de surfar na

remada. Vale ressaltar que era totalmente contra

o tow-in, mas, como a atividade estava crescendo

muito, acabei entrando na onda”, revela.

Trio de ferro

Quando Yuri Soledade partiu para morar no

Hawaii, ele era patrocinado pelas lojas Wave

Beach, era bastante conhecido no cenário regio-

nal amador e começava a participar de provas

Com toda monstruosidade, a onda de Jaws é um dos locais onde Yuri

mais se sente em casa

O surfista em três momentos:Com Danilo Couto e Márcio Freire,

com a família e no Paia Fish Market

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profissionais. Tinha acabado de entrar na

faculdade de Engenharia Química, na Uni-

versidade Federal da Bahia (UFBA), mas sa-

bia que seu destino seria outro.

Para viajar, Soledade contou com a ajuda

do empresário Tony Almeida, que até hoje

é seu patrocinador, através da MAHALO.

Quando chegou no Hawaii, o baiano pas-

sou parte do seu primeiro Inverno em Oahu

e parte em Maui. Quando a temporada aca-

bou, ele resolveu ficar em Maui para tentar

um trabalho e poder esperar o próximo in-

verno. Segundo ele, na época, não havia

crowd em Maui e muitas vezes tinha que

surfar sozinho. “Por isso, comecei a chamar

os meus amigos de infância para me visita-

rem. Então, atletas como Mauricio Abreu,

Danilo Couto e Marcio Freire vieram na se-

quência e estão aqui ate hoje”.

Batizados pelos havaianos de Mad Dogs

(Cachorros Loucos), Soledade, Couto e Frei-

re têm histórias muito parecidas. Amigos

de adolescência e competidores na Bahia

nos anos 90, eles sempre se ajudaram e es-

tão juntos nos maiores desafios. “Somos

amigos de infância. Quando mudei para o

Hawaii, a única coisa que faltava eram os

amigos. Portanto, fui convidando eles para

morar aqui e eles vieram. Hoje somos to-

dos irmãos, buscando o mesmo objetivo de

vida, que é ser feliz puxando os limites do

esporte que tanto amamos”.

“Hoje, posso dizer que sou um homem

realizado. Tenho uma família linda, meu

próprio negócio, minha casa e os melhores amigos que alguém

pode desejar.”Fo

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Fotos: Arquivo Pessoal

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Idade: 35 anos

Início no surf: aos 11 anos de idade

Como competidor: há 13 anos

Títulos: campeão baiano mirim; vice-cam-

peão nordestino júnior; bicampeão profis-

sional no circuito de Maui; vice-campeão

nos campeonatos de tow in (North- Shore

e Oregon, Hawaii, e Maresias, São Paulo).

Tempo no Hawaii: 17 anos

Tempo de ondas grandes: 15 anos

Tempo de tow in: 15 anos

Som: Bob Marley

Cidade: Maui

Ídolo: Jojó de Olivença

Prato preferido: Filé à parmegiana.

Viver é: Usar intensamente cada segundo

de nossas vidas.

Surf é: Estilo de vida

Família é: Felicidade

Futuro: A Deus pertence

No dia 16 de janeiro deste ano, Yuri Sole-dade, Márcio Freire e Danilo Couto escreve-ram seus nomes na história do surf. No maior swell da temporada até então, as boias mar-cavam séries acima dos 25 pés em Jaws e ape-nas surfistas “locais”, puxados por Jetski, es-tavam no mar. Mas o trio, acompanhado pelo “local” Francisco Porcella e pelo carioca Tiago Candelot, remou para o out side e desceu as maiores ondas do dia, na remada.

Soledade descreve que, naquele dia, Danilo veio de Oahu e se juntou a ele e a Freire. “Já sabíamos que ia bombar, pois as boias estavam altas e a condição perfei-ta, com pouco vento e direção de oeste”, comenta. De acordo com o atleta, foi uma emoção incrível descer aquelas “bombas” ao lado dos melhores amigos, puxando o li-mite do surf de ondas grandes. “Aquela ses-são mudou o que se pensava a respeito do limite da remada. E o melhor de tudo é que fomos nós que mostramos para o mundo”.

A atitude, considerada suicida por muitos, repercutiu internacionalmente e os baianos foram tratados como heróis, inclusive pelos havaianos. “O reconhecimento da mídia in-ternacional e da comunidade local é muito gratificante, pois estamos colhendo os frutos daquilo que lutamos a vida toda”, agradece.

Os havaianos passaram a chamar o trio baiano de Mad Dogs. “Eles não acreditam como podemos ter tanta coragem, sem ser-mos havaianos. O comentário foi de que mu-damos toda a geração do surf de ondas gran-des para sempre. Vamos entrar para a história como os pioneiros de Jaws”, comemora.

A saga dos Mad Dogs

Surfista versátil, Soledade mostra, nas Ilhas Fiji, que também é bom

nas manobras modernas

A sessão na remada em Jaws, no dia 16 de janeiro, entrou

para a história do surf

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A combinação do Verão do Nordeste bra-sileiro com ondas fortes, tubulares e gran-des faz do arquipélago de Fernando de Noronha um dos destinos mais cobiçados pelos surfistas brazucas durante o período. Acrescente a isso paisagens deslumbrantes, águas cristalinas, público selecionadíssimo e uma das provas mais importantes do cir-cuito mundial de acesso (World Qualifyng Series –WQS) e você pode ter ideia do que foi o mês de fevereiro nas ilhas.

Foi um período de altas ondas, com a in-vasão dos melhores surfistas do país, como Adriano Mineirinho, Jadson André, Heitor Alves e Alejo Muniz. Marcaram presença também as estrelas internacionais C.J. e Da-mien Hobgood, Brett Simpson e Fredrick Pa-tacchia, entre outros. Além dos sete dias de

prova do Hang Loose Pro Contest, que valeu como etapa Prime do mundial e distribuiu US$ 250 mil, rolou a segunda etapa do circuito Nordestino Pro.

Só de profissionais, Noronha recebeu quase 200 atletas entre os dias 10 e 20 de fevereiro. Sedenta por pontos e dólares, mas, sobretudo, por bons tubos, a tropa se espalhou pelos poucos picos de surf da ilha, porém a maioria esmagadora se con-centrou nas ondas mais constantes da Cacimba do Padre e na Laje do Bode, que ficam praticamente coladas, e no Boldró, um pouco mais afastado.

E foi justamente na Cacimba onde rolaram as competições e onde se posicionaram os fotógra-fos. Profissionais como os baianos Bruno Veiga, que se mandou para Noronha no início de janei-ro, e Fabriciano Júnior, que ficou apenas uns 10 dias, mas trouxe na bagagem ou, melhor, no HD do seu lap top centenas de imagens. “Noronha

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Fevereiro de tubos, disputas e agitoO mês de fevereiro foi bastante intenso para os surfistas e fotógrafos que estiveram em Fernando de Noronha. Sob o sol escaldante de sempre, a Esmeralda do Atlântico ferveu com muita badalação e altas ondas. Nas águas da Cacimba do Padre e do Boldró, a presença dos melhores surfistas do país e de estrelas internacionais Vila dos Remédios

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é um lugar fantástico para trabalhar porque re-úne uma luz maravilhosa, águas cristalinas, pai-sagens exuberantes e a presença de surfistas de ponta”, comemora Fabriciano Júnior.

Sobre a IlhaLocalizado a 360 quilômetros do litoral do Rio

Grande do Norte, o arquipélago de Fernando de Noronha pertence ao estado de Pernambuco e é formado por 21 ilhas e ilhotas. A principal delas e única habitada é a que também leva o nome de Fernando de Noronha. Com apenas 17 quilô-metros quadrados e cerca de 2 mil habitantes, o local tem como principal fonte de renda o tu-rismo, que é desenvolvido de forma sustentável, segundo informações da administração da ilha. Atualmente, existem dois voos diários para a No-ronha. Um de Recife e outro de Natal.

Fevereiro foi um mês de festa para o surf brasileiro. Fernando de Noronha recebeu, entre os dias 14 e 20, os melhores surfistas do país e estrelas internacionais para celebrar o 25° ano do evento de surf mais tra-dicional da América Latina. E quem comemorou em melhor estilo mais uma edição do Hang Loose Pro Contest foi o jovem catarinense Alejo Muniz, de 21 anos. Novo integrante da elite do surf mundial, Mu-niz conquistou uma vitória fantástica na prova, que começou em 1986, na Joaquina, em Santa Catarina, passou pelos litorais paulista e pernambucano e des-de o ano 2000 é disputado na Esmeralda do Atlântico.

Com a vitória sobre o australiano Dion Atkinson (AUS), Muniz embolsou US$ 40 mil e passou a ser o 14º brasileiro a figurar na galeria dos campeões, nas 28 edições do Hang Loose Pro Contest (em 1999 e em 2000 foram realizadas duas competições). A partir deste ano, o evento ganhou status de Premium. Ofe-receu premiação de US$ 250 mil e beneficiou o cam-peão com 6.500 pontos no ranking unificado da ASP.

“Vencer é o melhor sentimento de todos. E este é o maior campeonato do Brasil. No ano passado, che-guei bem perto (parou na semifinal), mas agora deu tudo certo e começar o ano assim não poderia ter sido melhor. Vencer aqui em Fernando de Noronha é demais”, comemorou Alejo Muniz, logo após subir ao pódio, montado na praia da Cacimba do Padre.

Alejo fez a festa no Hang Loose Pro

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O baiano Bruno Galini em intimidade com as ondas

da Cacimba do Padre

O jovem Ícaro Lopes mostra disposição

Cearense Heitor Alves foi semifinalista do Hang Loose Pro Ulisses Meira à vontade em

sua primeira temporada

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A data oficial do descobrimento de Fernando de Noronha é 10 de agosto de 1503. O arquipélago foi descoberto pelo navegador e escritor Américo Vespúcio, que comandava uma das embarcações da frota de seis navios da expedição. Em 1505 e1506, Vespúcio descreve as ilhas e

relata o acidente ocorrido com a nau-capitânia comandada por Gonçalo Coelho, que afundou próximo ao arquipélago. Antes de se tornar o paraíso turístico e ecológico, Noronha foi um presídio, de 1737 a 1942, sendo que de 1938 em diante recebia apenas presos políticos do Estado Novo.

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Bino Lopes frequenta Noronha há sete anos e por isso tem intimidade com as ondas locais

Bino Lopes cumprimenta o fotógrafo Bruno Veiga

Bruno Galini (à esquerda) e Bino Lopes checam o mar antes de entrar

O japonês Masatoshi Ohno brinca de esconde-esconde

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A minha primeira temporada, agora em feverei-ro, me rendeu bons materiais, bons resultados e elogios dos amigos pelas performances. As ondas são fortes, cavadas, velozes e perfeitas. Durante os 16 dias que permaneci, as melhores sessões foram no Boldró, com uns dois metros, e na Cacimba, com ondas de dois metros e meio. A ilha é linda e tem muita coisa legal pra fazer. Além do surf, é claro, o mergulho por lá é alucinante.

Mas tem coisas que devem melhorar na adminis-tração. Além da coleta de lixo ineficiente, acho que deveriam instalar mais lixeiras. Quem tá de fora tem a impressão que é tudo perfeito por lá, mas, de per-to, se percebe os problemas. Muitas coisas são caras pela dificuldade de transporte e logística, mas tem preços que são abusivos, a exemplo da gasolina, que custa R$ 4 o litro, e do pão francês, que custa R$ 0,50 a unidade. Sem falar na taxa de preservação ambien-tal, que custa R$ 40 a diária. (Por Ulisses Meira)

A primeira vez de Ulisses

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O havaiano Fredrick Patacchia protagonizou bons momentos

Itim Silva, do Ceará, entra seco no expresso da Cacimba

Adriano Mineirinho foi uma das estrelas

internacionais em Noronha

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O fundo da folia

Bernardo Mussi

Surfista desde 1977

Surfista e ambientalista, Bernardo Mussi comenta sobre a experiência de retirar, junto com amigos, milhares de latinhas de bebida no mar da Barra, em Salvador, após o Carnaval do ano passado

A lembrança do carnaval da Bahia traz momentos mágicos para muitos. Porém, para a vida marinha das praias da Barra, o resultado é catastrófico

Se tem uma coisa que me enche de orgulho como surfista é poder pensar e agir naturalmente em favor do meio ambiente. É um sentimento sincero e tão verdadeiro que só pode ser expli-cado por causa da relação visceral que tenho com esta atividade. Para mim, o surf é um grande estilo de vida. Ele me alimenta com uma alegria contagiante, me faz praticar saúde e me surpreende com fortes emo-ções. Sinto-me um cara politicamente

avançado, socialmente solidário e reli-giosamente múltiplo. Talvez por estas

qualidades e pela devoção espiri-tual que todo surfista reserva à

natureza é que me sinto ain-da um cara ecologicamente apaixonado. E vou citar uma experiência pessoal.

Ano passado, logo após o Carnaval de Salvador, me reuni com alguns amigos li-gados ao surf para mergulhar

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Está aí um dos motivos do amor e da luta de Bernardo “Bonga” Mussi pelo

bem-estar das praias da Barra

O Fundo da Folia poderá ser acessado no blog do autor:http://bbmussi.wordpress.com

na área do Farol da Barra e retirar centenas de la-tinhas de cerveja e refrigerante do fundo do mar. Fizemos aquilo por instinto, sem qualquer moti-vação política ou econômica. Fizemos aquilo pela tristeza ao ver nosso santuário surrado pela alegria de uma festa que pensa na sustentabilidade muito mais com uma visão promocional do que real.

As fotos e as imagens em vídeo foram traduzi-das em uma matéria que foi batizada com o título O Fundo da Folia. Sua repercussão atravessou as fronteiras do Brasil e continua gerando muitas po-lêmicas. Por conta do impacto na mídia, recebemos ao longo do ano diversas propostas para realizar outras ações desse tipo em conjunto com algumas empresas. Mesmo sabendo que existe uma contri-buição direta para o meio ambiente, senti na maio-ria dos convites que havia um objetivo muito mais institucional, de autopromoção, do que social.

E esta não é nossa essência. Preferimos fazer nossa ação sem compromissos “empresariais”, já que nosso desejo sempre foi por medidas que pudessem evitar que os resíduos cheguem até o fundo do mar. Acreditamos na necessidade de atacar as causas, muito mais que os efeitos deste

problema, através de ações que gerem po-líticas sociais sustentáveis.

Por isso creio que O Fundo da Folia se tornou motivo de orgulho e uma gran-de referência para nós surfistas ao de-

monstrar nossa relação verdadeira com

o meio ambiente. A paixão sincera e gra-tuita pela natureza nos manteve indepen-dentes para seguir firmes na ideia da mu-dança de comportamento, na melhora da educação das pessoas e na crença de que as empresas de qualidade devam manifes-tar suas responsabilidades neste processo junto com a iniciativa pública.

Até hoje, procuro compartilhar a expe-riência dessa ação, sempre que encontro alguma oportunidade. Fico muito feliz por revelar meus sentimentos sinceros sobre o assunto, enfatizando a influência do surf na formação da minha consciência ecológica.

E nada melhor que fazer parte do primei-ro número desta que promete ser uma re-vista extremamente importante para sacra-mentar este sentimento. Uma honra...

Surf, meio ambiente e mahalo a todos!

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A abertura ASP World Title (WT), na Gold Co-ast, Austrália, no começo de fevereiro, tinha tudo para marcar uma nova era no esporte, so-bretudo pela força da nova geração e pela pos-sível aposentadoria do decacampeão Kelly Sla-ter nessa temporada. Mas o “Careca” resolveu embolar tudo, com uma vitória sensacional no Quiksilver Pro, após derrotar a eterna promessa australiana, Taj Burrow, na grande final.

Com a vitória do norte-americano, a dúvida sobre sua presença ou não no resto do mundial praticamente é zerada. As perspectivas de mu-dança no cenário e o possível surgimento de um novo nome na galeria dos campeões mun-diais também começaram a cair no descrédito dos especialistas. Embora o atual vice mundial Jordy Smith (AFR), 23 anos, e os estreantes

Alejo Muniz, 21, e Matt Wilkinson (AUS), 22, tenham chegado entre os cinco com muitos méritos, o domí-nio do Quiksilver Pro foi mesmo de Slater, 39, Burrow, 32, e do portuga Tiago Pires, 31.

O fato é que, embora Jordy Smith, Jeremy Flores (23), Adriano Mineirinho (24) e Julian Wilson (22) apareçam com força total e com grandes possibilidades de reno-vação na linha de frente do Tour, as estatísticas mos-tram que nos últimos 20 anos apenas três surfistas com idade abaixo de 24 conquistaram o caneco da ASP. Kelly Slater imperou aos 20, aos 22, aos 23 e aos 24 anos, em 1992, 1994, 1995 e 1996; C.J. Hobgood venceu aos 22, em 2001; e Andy Irons foi o melhor do mundo aos 24, em 2002. Com isso, fortalece a possibilidade de vetera-nos como o próprio Slater (se continuar), Joel Parkson (AUS), Mick Fenning (AUS), Dane Reynolds (EUA) e Taj Burrow chegarem na frente no final do ano.

O brasileiro Alejo Muniz mostrou força na estreia e ficou em quinto lugar na primeira etapa

Slater começa vencendo e renovação parece distanteCom uma vitória na abertura do Tour 2011, na Austrália, é muito pouco provável que Kelly Slater se aposente nesta temporada. Além da supremacia do “Careca”, a história dos últimos 20 anos mostra que apenas três foram campeões mundiais com menos de 24 anos de idade

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Foto: Kirstin Scholtz / ASP Images

Por Yordan Bosco

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pas da temporada. Vai ser suspense o ano todo!”, acredita Carvalho.

Marcelo Sá Barreto também aposta que a aposentadoria de Slater neste ano passa ne-cessariamente pela sua participação nas tradi-cionais etapas australianas, que abrem o ASP World Title. “Caso inicie 2011 com o pé direi-to, pode ter certeza que ele vai estar no circui-to, com a faca entre os dentes, louco pela 11ª taça”, comenta. “Mas, se pudesse dar um con-selho ao “Slats”, diria: vai curtir a vida e se apo-senta dessa bagaça em grande estilo”, brinca.

Mick Fanning, por exemplo, só conseguiu seus títulos mundiais aos 26 e aos 28 anos (em 2007 e 2009). Sunny Garcia só desencantou em 2000, aos 30, e Mark Occhilupo, um dos maiores de todos os tempos, só cravou seu nome na galeria dos campe-ões aos 33, em 1999, após retornar às competições, depois de um longo período afastado. Em 1993, o título foi para quem menos se esperava: o havaiano Derek Ho, com 30 anos na época. Dos 10 títulos de Slater, em quatro ele tinha mais de 33 anos de idade.

Novos rumosComentarista de surf dos canais ESPN, o jornalista

Edinho Leite aposta que o cenário será outro nesta temporada, devido ao novo (e confuso) sistema de pontuação no ranking mundial unificado – World Ranking (WT e WQS). “Um ano em que novas peças vão se encaixar num tabuleiro mais dinâmico e com menos casas disponíveis. Acredito que seja o poente de uma geração que conseguiu se manter na elite por conta das contas”, explica o jornalista, dias an-tes de Slater vencer o Quiksilver Pro.

Para o jornalista esportivo do Jornal do Commercio (PE) Marcelo Sá Barreto, o abismo entre as pontua-ções do WT e do WQS sempre impossibilitou a oxige-nação da elite mundial. “Isso é ruim para um esporte que tem uma legião de praticantes em todo o mun-do, porque faz estacionar a competição nos mesmos nomes”, critica. Para este ano, o jornalista pernam-bucano acredita que “o WT deve seguir a mesma li-nha ascendente, técnica e financeiramente falando, de temporadas anteriores. Mas não vai ser, certamen-te, o melhor dos últimos tempos”, defende. “Não há novidades suficientes para abalar as estruturas”.

O “Careca” fica ou não?Além do formato de classificação e permanência

na elite, o fenômeno Slater foi o grande responsável pela escassez de renovação na galeria dos campeões nas duas últimas décadas, devido a sua hegemonia no tour. A permanência ou não do ídolo na batalha daqui pra frente será preponderante para definir os rumores do circuito. De acordo com o assessor de im-prensa da ASP South America e um dos maiores es-pecialistas sobre o assunto no mundo, João Carvalho, a possibilidade do “Careca” permanecer na disputa por mais essa temporada é grande.

“A vida dele é competição e ele permanece sur-fando no mesmo nível da molecada. Dando aéreo, rabetada, sempre com manobras modernas no re-pertório. Ele já deixou a dúvida no ar na primeira coletiva de imprensa do ano, na Gold Coast, e, se começar bem, quem sabe embala, apesar de con-fessar não saber ainda se vai disputar todas as eta-

Foto: Steve Robertson / ASP Images

Adaptado ao circuito e bastante respeitado pelos “gringos”, Mineirinho está cada vez

mais à vontade. Este pode ser o seu ano

1991 - Damien Hardman (AUS) - 26 anos1992 - Kelly Slater (EUA) - 20 anos 1993 - Derek Ho (HAW) - 30 anos 1994 - Kelly Slater (EUA) - 22 anos 1995 - Kelly Slater (EUA) - 23 anos1996 - Kelly Slater (EUA) - 24 anos 1997 - Kelly Slater (EUA) - 25 anos 1998 - Kelly Slater (EUA) - 26 anos) 1999 - Mark Occhilupo (AUS) - 33 anos 2000 - Sunny Garcia (HAW) - 30 anos 2001 - C.J. Hobgood (EUA) - 22 anos 2002 - Andy Irons (HAW) - 24 anos2003 - Andy Irons (HAW) - 25 anos 2004 - Andy Irons (HAW) - 26 anos 2005 - Kelly Slater (EUA) - 33 anos2006 - Kelly Slater (EUA) - 34 anos2007 - Mick Fanning (AUS) - 26 anos 2008 - Kelly Slater (EUA) - 36 anos 2009 - Mick Fanning (AUS) - 28 anos2010 - Kelly Slater (EUA) - 38 anos

Galeria dos campeões mundiais dos últimos 20 anos

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“Inspirada nos momentos de descontração e diversão dos havaianos durante os dias de chuva e grandes ondas, a MAHALO criou uma coleção com modelagens que valorizam o conforto e o bem-estar, sem perder o estilo despojado e sofisticado”

Nova coleção MAHALO apresenta conforto, tendência e estilo

Através de produtos, eventos e ações de comunicação, a marca MAHALO ex-pressa toda sua filosofia surfwear. Com um longo histórico de ações de fomento ao esporte e à cultura e de concretização do seu conceito, a marca vem se solidifi-cando entre as líderes do mercado brasi-leiro do segmento. São inúmeros patro-cínios a campeonatos e atletas de surf e a eventos musicais; produtos confeccio-nados com tecnologias para melhorar o desempenho dos praticantes do esporte; e uma linha de vestuário caracterizada pela qualidade, durabilidade e visual tão valoroso quanto os atributos citados.

Além disso, a marca vem, a cada dia, atentando para as tendências e, através de pesquisas e do feeling da equipe de criação, dita a moda por onde passa, sem deixar de lado a alma surf. Para funda-mentar tudo isso, podemos conferir nas melhores lojas de moda surf as novidades sobre a coleção da MAHALO de Inverno 2011, que já se encontra nos pontos de vendas espalhados por todo o Brasil.

Inspirada nos momentos de descontra-ção e diversão dos havaianos durante os dias de chuva e grandes ondas, a MAHA-LO criou uma coleção com modelagens que valorizam o conforto e o bem-estar, sem perder o estilo despojado e sofistica-

do. Confecção constituída entre modelos de bermudas, que valorizam o desempe-nho nos esportes aquáticos, bermudas com tecidos ecologicamente corretos, camisas de manga comprida cheias de es-tilo, regatas, camisetas e moletons, jeans, mochilas, acessórios, entre outros. Todos com cortes diferenciados, proporcionan-do conforto dentro do estilo freestyle.

Além de proteger do frio, a MAHALO criou modelos que proporcionam ventila-ção, porque não podemos esquecer que, mesmo no Inverno, existe momentos de muito calor. A combinação de cores das estampas, utilizando tons sobre tons, e com cores mais quentes nas malhas, deu a cara de uma coleção de Inverno, sem perder a identidade de uma marca de alma surf, litorânea (lifestyle).

A MAHALO veste bem, de uma manei-ra atual, sem perder a essência do surf style, e valoriza a cultura surfwear. As roupas e acessórios da marca te fazem integrante de um grupo de pessoas que se importam com a preservação do meio ambiente, utilizando produtos que não agridem o ecossistema na sua produção. Também conta com artigos ecologica-mente corretos e estampas de conscien-tização, confeccionados através de reci-clagem e reaproveitamento de materiais.

Foto: Stuart Gibson

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Produção

Sandro Sanper e Gabriel Almeida

Fotografias

Diego Freire

Maquiagem

Produtora de Moda Supernova

Modelos

Yuri Van Roger, Fernando Carvalho,

Caroline Falcão

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Fábio Gouveia

Um dos principais ídolos do surf nacional de todos

os tempos e o maior “quebrador” de tabus

internacionais pra “nóis”

“Penso que é nos momentos de vacas gordas que o atleta precisa trabalhar mais seu lado pessoal e profissional, fazendo as coisas corretas e arcando com seus compromissos, tendo uma boa postura perante marca, mídia e todos em geral”.

Educar para crescerNinguém nasce sabendo, mas, uma vez ten-

do aprendido, certas ações podem ser chama-das de vacilo. No último Espécie Fia (coluna do site Waves) falei do investimento a longo pra-zo das empresas e dos atletas que encerravam suas carreiras, algumas vezes prematuramente, por falta de apoio. Também falei dos que de-dicavam uma vida no surf competição e finali-zaram suas carreiras sem ter tido oportunidade de fazer outra coisa dentro das marcas que os patrocinaram por algum período.

A profissão de esportista não é nova, porém, no surf, este ramo vem carregado ainda de aprendizado, ou seja, cada vez mais se profissio-nalizando. Agora é a vez de analisarmos tam-bém a postura de alguns (ou muitos) perante a necessidade de se ter uma carreira duradoura e novas oportunidades pós-pendurada de lycras de competição e até mesmo da prancha.

De longe, não sou o dono da verdade e cada um tem, em certa altura, a noção de saber o que faz. Para fazer coisas corretas também errei, erro e, mesmo em fase de aprendizado, procurar o bom-senso facilita as coisas.

Muitos no meio do surf não têm um con-trato com as empresas que os patrocinam, porém, aos que têm esta cláusula de “zelar o nome da marca onde quer que esteja”, faz--se necessário embutir a obrigação da postura do atleta. Leia-se: estar fazendo coisa errada carregando a “farda” do patrocinador. Isso mesmo. Igual aos tempos de colégio, quando moleque era pego fazendo arruaça fora da escola com a identificação da instituição.

Geralmente, a primeira fase de explosão de um atleta é quando o cara ainda é bastan-te jovem, na casa dos 16 pra 20 anos. Com o corpo em ebulição, a dosagem do ego ainda está para se estabilizar, logo é normal aquela frase: “O cara tá estrelinha, tá se achando”. Nesse período, a paciência talvez não seja ainda uma virtude, pois moleque quer saber mais é de apenas surfar, de se divertir, sem

prestar atenção no que está à sua volta.Depois é a fase do “de repente, pô! tenho de

baixar a minha bola”... Ou, então, claro, as coi-sas vão sendo amenizadas no decorrer do tem-po, pois, muitas vezes, sentimos que o buraco é mais embaixo. Fase boa é muito bom, mas muitos esquecem da fase ruim. Se tratando de juventude, muitos nem tiveram tempo de co-nhecer o outro lado da moeda.

Penso que é nos momentos de vacas gordas que o atleta precisa trabalhar mais seu lado pes-soal e profissional, fazendo as coisas corretas e arcando com seus compromissos, tendo uma boa postura perante marca, mídia e todos em geral.

Perante a marca, leia-se também facilitar a vida de outros profissionais dentro da empresa, seja atendendo solicitações para trabalhos de marketing ou utilizando adequadamente seus produtos, uma coisa que muitos, muitas vezes, não levam a sério. Já vi “n” vezes atletas não usando corretamente a “farda” do patrocinador, até mesmo usando produtos de outras marcas e, muitas vezes, de concorrentes em locais públicos.

Perante a mídia, existe aquele lance do cara ficar amarradão de estar saindo nas pa-radas, de estar sendo propagado. Quando é uma TV e um grande veículo impresso, en-tão... Claro que, dentro do profissionalismo, é preciso ter uma dosagem, mas, no geral, precisa-se atender bem a todos, ser solícito, pois “eles” também fazem os seus trabalhos.

Trabalhos esses que podem botar o atleta lá em cima, como também lá pra baixo, como mui-tas vezes acontece. Então, boa postura, paciên-cia e disponibilidade são passos para o período de “vacas magras”. Esse sim é o mais difícil e é onde muitos veem suas carreiras começar a declinar, ou seja, a luz se distanciando do fim do “tubo”. Depois, não adianta chorar, mesmo tendo colega de profissão querendo defender.

Este texto é uma reprodução da coluna Espé-cie Fia, do site waves.com.br

Kelly Slater é um dos maiores exemplos de conduta profissional no meio esportivo

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Viaje com a gente nesse mundo

Não fique ai parado e venha fazer parte da família MAHALO

PRESS. Para tornar nossa revista mais bacana ainda, contamos

com a sua participação, através de sugestões de pauta, críti-

cas e opiniões. Aceitamos elogios também, é claro. Para fazer

parte do nosso mundo, entre em contato através do e-mail

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Lucius Gaudenzi

Chefe e surfista, mora na Austrália e

viaja pelo mundo em busca de ondas e de

novos sabores

Esporte, vida e saúdeFui atleta profissional por dez anos e

até hoje pego onda pelo mundo. Ba-seado neste princípio de viagens cons-tantes e sempre buscando uma alimen-tação balanceada, que dê energia para o surf, os estudos e o trabalho, irei falar aqui neste espaço e passar umas receitas bem bacanas e fáceis.

Para ter um equilíbrio alimentar é muito simples. Comer carboidratos (ar-roz, feijão, macarrão), proteínas (car-ne, peixe, frango, ovo), vegetais, frutas e, claro, tomar muito líquido. Sabemos que é muito mais simples ir a um res-taurante e pedir algo. Mas, no final, com a vida corrida, horários desbalan-ceados e tal, terminamos optando por fastfoods. Porém, pequenos detalhes podem mudar isso e te proporcionar mais energia para o dia a dia.

Tudo bem. Vai ao Mac? Que tal um frango grelhado com sala-da? Um copo de suco e um milkshake? Vai comer um PF ou um buffet por qui-lo? Vamos lá: carboidrato, proteína, salada, suco. Vai num restaurante bacana? Escolhe bem a entrada, o prato principal e a sobremesa. Porém, se quiser fazer algo espe-cial pra você, antes de mais nada, dê um pulinho na feira, no mercado ou então abra a geladeira que terá opções bem simples para fazer uma bela refeição.

Em Sydney, devia estar fazendo uns 40 graus. Cheguei no restaurante e não pensei duas ve-zes em colocar no especial do dia saladas bem leves. Então, comecei fazendo a maionese: cinco gemas de ovo, 100 ml de azeite extravir-gem, 500 ml de óleo vegetal, 20 ml de vinagre de vinho branco e suco de um limão.

A receita: Coloca as gemas no liquidifica-dor com o vinagre e bate em rotação quase máxima. Vai adicionando o óleo bem de-vagar, até se incorporar e virar maionese. Adiciona cinco anchovas, 20 gramas de al-caparras, o suco do limão, sal e pimenta a gosto, e começa a adicionar o azeite.

Mistura com uns camarões cozidos, no vapor ou na panela, com um fio de azei-te e umas gotinhas de limão; 500 gramas de fuzile (ou macarrão de sua escolha) ao dente (em torno de cinco minutos na água fervente), previamente cozido e gelado.

Acrescente uma folha inteira de alface e pica as outras para servir de base. À salada de maionese, acrescente folhinhas de rúcula

temperadas com azeite e pimenta preta e fatias bem finas de pera. Carboidrato,

proteína, vegetais e frutas. Não es-quecer de acertar o sal e, se quiser, ainda pode colocar um queijo de búfala, cabra ou parmesão.

Toque

A combinação de frutas e verduras na salada não tem li-

mites. Eu, particularmente, ado-ro. Folhas verdes com morango e

abacaxi, castanha de caju, enfim, vale criar e usar o que está na época. Pode fazer um molho com uma parte de vinagre bal-sâmico, 5 de azeite de oliva e um pouco de açúcar mascavo, para quebrar a acidez. Se quiser apenas de frutas, aí vale fazer com suco de laranja e leite condensado!!!

SE LIGUE:

Fotos: Arquivo pessoal

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Skatistas agitam centro de Salvador

Vencedor da categoria Amador 1, Joseval Tapó foi uma das estrelas do evento

Pedro Costa recebe premiação de Rodrigo Santil pela vitória na Mirim

Iran Rodrigo só não superou Jefinho, na categoria Amador 2

Em meio aos ensaios de Verão e à conta-

gem regressiva para o Carnaval, o centro de

Salvador parou para assistir, durante os dias

19 e 20 de fevereiro, o EDYE Apresenta

2ª Etapa do Circuito Socioeducativo de Ska-

te. O evento reuniu os melhores atletas da

Bahia e de Sergipe na Pista dos Barris e foi

um verdadeiro presente para a galera, que

lotou as arquibancadas de uma das melho-

res arenas para a prática do skate do país.

Segundo a organização do evento, 2 mil

pessoas foram ao local prestigiar cerca de

100 atletas, de cinco categorias. Quem

fez bonito foi Pedro Costa, melhor na Mi-

rim; Walter Neto, campeão Iniciante; Dan-

dara Novato, a melhor entre as meninas;

Jefinho, melhor na Amador 2; e Joseval

Tapó, a grande estrela na Amador 1.

“A intenção do Circuito Socioeducativo de Skate

é mostrar para jovens, atletas, crianças e público em

geral que o skate, além de ser um esporte mara-

vilhoso, é uma importante ferramenta de transfor-

mação social”, explica o skatista e um dos organiza-

dores, Rodrigo Santil. “O evento foi muito bom e o

público veio em peso. Muito alto-astral”, comemora.

Mirim1) Pedro Costa2) Lélo“Quiboa”3) Felipe Lancelote4) Maurício “Ratazana”5) Darlan “de Menor”

Iniciante1) Walter Neto2) Fabinho3)“Amendoim”4) Beatriz Campos5)“Rato”

Feminino1) Dandara Novato2) Daniele3) Roberta Santos4) Tamara Barbeira

Amador 21) Jefinho 2) Iran Rodrigo3) “Madruga”4) Lucas Valente5) Dedivan Costa

Amador 1 1) Joseval Tapó2) Jailson Café3) Alison “Cabeça”4) Carlos “Sem Noção”5) Araújo

Resultados

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O skatista profissional Wagner Ramos é natural de Cascavel, Paraná, e teve seu pri-meiro contato com o skate aos 8 anos de idade. Hoje, com 31, é um dos skatistas mais respeitados no Brasil e no exterior. Wag-ner é conhecido pela grande facilidade em acertar manobras muito difíceis em pouco tempo, o que já lhe rendeu boas colocações em campeonatos mundiais, como o X-Ga-mes, em Los Angeles, por exemplo, e en-trevistas em diversas mídias internacionais, tanto americanas quanto europeias.

Hoje, ele representa as marcas Vibe, Hurley, Type-S e Santa Cruz. Há seis anos, escolheu morar com a família em Florianópolis, Santa Catarina, devido à tranquilidade e qualidade de vida que a ilha proporciona. “Nos dias de sol, sempre rola uma praia! Quando o calor ameniza, faço um rolê na Trindade com a galera local: Marcelo Garcia, Brasília, Kinha, Vitinho e vários outros”, conta. E quando o assunto é bowl, Wagner também gosta de

andar na Hi Adventure e na pista do Pedro Bar-ros, junto com seu irmão, Gugu, Vi e Léo Kakinho, Pedro e Kosake. “Gosto de lá porque, sempre que rola sessão, tem churrasco depois!” (risos).

Além de skatista, o paranaense também é um exímio cozinheiro e se dá muito bem com a culi-nária japonesa. Já rodou o mundo em cima do skate e lembra bem da viagem que fez ao Japão. “Caí e levei uns pontos na cabeça, mas valeu a pena, pois a comida era ótima! A última viagem que fiz pra Argentina também foi muito legal. Na real, todas as viagens são memoráveis! Se pa-rar pra lembrar, sempre acontece algo especial em cada uma delas!”, ressalta.

Wagner se diz muito satisfeito com a vida que leva e não pretende mudar nada. As únicas pre-tensões que tem é continuar evoluindo no skate, não parar de viajar pelo mundo e conhecer cada vez mais lugares e pessoas interessantes. Mas, e fora do skate? “Cara, na verdade, eu gosto mes-mo é de assistir filmes, comer muito e jogar sinu-ca!”, finaliza, sempre com bom humor.

O paranaense Wagner Ramos, 31 anos, é umas das estrelas do

skate internacional

“Não troco por nada a vida que levo como skatista” Por Guilherme Guimarães

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DSD, a plaina do presente

Com 29 anos de shaper, eu posso fa-lar que iniciei minha carreira, aos 17 anos de idade, usando, como ferra-mentas, apenas um sulforme (espécie de ralador), algumas lixas e um taco de madeira. Quando fiz meu primeiro shape foi em uma garagem, sem es-trutura apropriada para tal. Mas, após essa experiência, eu passei a procurar equipamentos e técnicas mais aprimo-rados, que me oferecessem uma quali-dade precisa nas minhas pranchas.

Do velho sulforme, passei a utilizar a plaina elétrica Makita (queixo duro), depois as famosas plainas Skil 100 e, por último, a Hitachi, da extinta Clark Foam. Atualmente, utilizo a melhor de todas as ferramentas existentes, a Digital Surf Desginer (DSD). Uma criação nacional, do shaper paulista Luciano Leão, que ganhou o mundo e hoje é utilizada pe-los melhores shapers do mundo, como Al Merrick, Rusty, Xanadu, Tokoro, Pat Rawson e muitos outros.

Essa tecnologia veio para auxiliar os bons shapers a fazerem seu traba-lho com maior precisão e uma maior qualidade no seu produto final, pois a máquina depende de um bom de-signer, para que ele, com seu conhe-cimento adquirido durante anos de trabalho dentro de uma sala de sha-per, desenvolva suas curvas e formas. A DSD conta com um programa com-putadorizado, o Surfcad, desenvol-vido para que os designers possam,

através de medidas precisas, fazer in-finitos modelos de pranchas.

Basta o shaper ter uma boa ideia e colocá-la em prática que o programa irá produzir um arquivo, denominado máster. No design visualizado na tela do computador, o profissional trabalha suas formas. Alcançado o projeto dese-jado, o máster é transformado em Cut, que é o arquivo de leitura da máquina DSD. A máquina reconhece e executa o shape automaticamente, com 100% de precisão no pré-shape, que é finalizado pelo shaper artesanalmente.

A máquina, na verdade, funciona como uma impressora. “O que é im-portante é você ter um bom programa para fazer o seu design. Cada shaper faz suas criações para aquilo que tem na cabeça se tornar uma prancha. A máquina só vai cortar a ideia que ele teve”, explica Luciano Leão.

Luciano Leão lançou a DSD em 1994. Po-rém, seu trabalho de pesquisa começou a partir de uma leitura da revista especiali-zada americana Surfer, em 1986, quando soube de uma máquina computadoriza-da de fazer pranchas. Em 1991, Leão foi à Califórnia conhecer de perto a novidade. Mesmo sem ter acesso ao equipamento, Leão identificou o funcionamento dela a partir de um pré-shape. Naquele momen-to, ele começou a trabalhar e aperfeiço-ar o que, através de suas mãos, passou a ser a grande revolução na fabricação de pranchas no mundo, a DSD.

Luiz Augusto Pinheiro

Designer dasPranchas MAHALO

Foto: Yordan Bosco

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Uma câmera na mão e um filme na cabeça

Na transmissão pela internet do WQS em Noronha, mandei uma pergunta para o jornalista Júlio Adler, que estava fazendo a locução do evento, sobre a série Cambi-to, que, para quem não sabe, foi um marco para os filmes de surf no Brasil. Quem tem seus 20 e poucos anos talvez não tenha visto ou nem saiba sobre o tal filme. Com a faci-lidade que temos com a internet, minha pergunta foi justamente o porquê de um fil-me tão importan-te como Cambito até hoje não ter sido disponibilizado para download. A resposta foi de que seu autor, Pepê Ce-zar (produtor de Fá-bio Fabuloso), nunca autorizou os direitos do filme. Júlio Adler também participou do projeto, como editor.

Em minha mente, o impacto desse fil-me teve proporções parecidas com a que a juventude atual teve com o famigerado Modern Collective e sua geração voadora de Dane Reynolds e Jordy Smith. Era me-ados de 1996, eu estava acostumado a ver filmes e surfistas gringos e, de re-pente, me aparece um filme nacional, com surfistas brasileiros e surfando on-das no Brasil. Finalmente me sentia um surfista, porque até então o surf pare-cia distante, assim como as ondas no Hawaii e na Indonésia.

Renatinho Wanderley, Binho Nunes e Neco Padaratz encabeçavam a série que teve três filmes. A trilha sonora é um

caso para ser contado à parte, pois não me passava pela cabeça um filme de surf com bandas nacionais. Os desconhecidos Raimundos e Mundo Livre S/A me fize-ram compreender que existia um mundo além de Bad Religion e Pennywise. Um

trabalho com uma esté-tica e conceitos que fi-caram adormecidos por muito tempo e que hoje esboçam uma reação, visto o nível das produ-çõaes atuais. Vimos a fracassada tentativa de se fazer um filme de surf para o grande pú-blico nas salas de cine-ma. Surf Adventures provou que filmes de surf devem ser feitos exclusivamente para surfistas.

“Para enquadrar-mos os heróis, te-mos que deslocar os cenários” disse Fred 04 e justifica perfeitamente a introdução desse

texto. Se antes ansiávamos pelos lan-çamentos do Taylor Steele, hoje vivemos a realidade de bons diretores, como Rafael Mellin (Samba, Trance & Rock and Roll e Quintal de Casa) e talentos como Pablo Aguiar (Bonjour). Além disso, estamos presenciando a era da instantaneidade, da velocidade da informação, do compar-tilhamento de arquivos e das redes sociais.Ou seja, se no passado tínhamos que espe-rar aquele amigo voltar da “gringa” para trazer aquele filme em VHS, o presente é mais rápido e a velocidade está apenas em um clique. E, quem sabe, num clique, um dia dê um google e encontre escrito: ‘Cambito, clique aqui para baixar’.

Fábio Tihara

Jornalista, especializado em sons e vídeos

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To m m y Guerrero - Lifeboats and FolliesPara quem não sabe, Tommy Guerre-ro foi um dos pioneiros da lendária equipe de skate Bones Brigade, nos idos dos anos 80, na efervescente Califórnia. Boas influências imagino que não faltaram. Vide o talento que o cara demonstra com a guitar-ra. Feito por um skatista, mas que agrada aos surfistas, modernistas

ou simplesmente pessoas que gostam de boa música.

Difícil definir suas melodias, ora passeando pelo jazz, outras pelo rock, deslizando pelo funk e pela soul music, tratando com esmero os instrumentos que passam por suas mãos. Lifeboats and Follies é o quinto disco de sua carreira e conta com partici-pações especiais de Money Mark, Alfredo Ortiz e Marc Capelle.http://www.tommyguerrero.com/http://www.myspace.com/tommyguerrero

Ghostface Killah - Apollo KidsMembro de um dos mais importantes grupos de rap do mundo (Wu-Tang Clan), Dennis Coles, mais conhecido como Ghostface Killah, começa 2011 lançando um petardo pesado, com o hit 2getha Baby, que já é obrigatório em qualquer ba-lada que se preza. Beats pesados, samples de soul e R&B e um flow de quem nasceu para a coisa. Jun-te nomes como GZA, BustaRymes e Method Man e veja no que dá. Apollo Kids não é um clássico, mas satisfaz os mais exigentes. Num mundo cheio de pose e ati-tudes fake (Eminem, 50 Cents...), comprove o que é atitude com estilo e elegância gangsta.http://www.ghostfacekillah.comhttp://www.myspace.com/ghostface

Mount Kimbie - Crooks and LoversDominic Maker e Kai Campos é o duo denominado Mount Kimbie. Os ingleses lançaram seu primeiro disco Crooks and Lovers em 2010 e embalam a nova onda do eletrônico mun-

dial. Com um computador, alguns ins-trumentos e muitas ideias na cabeça, os ingleses reinventam a cena eletrônica e artistas como The XX e James Blake aparecem como novas boas promessas da terra da rainha. Crooks and Lovers é o chamado “eletrônico com cérebro” com o tom minimalista dando lugar ao bate estaca das raves, junto com a pista de dança que cede espaço para aquele sofá confortável, num clima mais ambiente e relaxado.

http://www.myspace.com/mountkimbie

Bonjour - Pablo Aguiar

A versão tupiniquim para o concei-to Modern Collective

Podcast do mês (as mais ouvidas da redação)

Cut Copy - Take Me Over

Surf, sol e ondas

Sia - You´ve Changed

O pop é pop

Ghostface Killah - 2getha Baby

Meu nome é night

Tame Impala – Solitude is Bliss

O bom rock australiano

Four Tet - Sing

Barulhinho bom

Eu Mesmo Faria - Pablo Aguiar, Henrique Daniel, Gustavo Cama-

rão, Marcelo Dada e Rafael Mellin

Um surfista, cinco diretores e um filme

Nalu - Rafael MellinUm sonho de família

PARA OuvIR

PARA AssIsTIR

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Moacyr Soares Filho – Na MAHALO do Salvador Norte Shopping

Estilo bacana - Moacyr Soares Filho, técnico de informática, surfis-

ta e skatista, esteve na loja MAHALO do Salvador Norte Shopping

para comprar um shape de skate da marca Tracker. Ele aproveitou

e comprou também umas parafinas para seu uso e para a escoli-

nha da Igreja Batista de Villas do Atlântico, onde dá aulas como

voluntário. “As lojas têm um estilo muito bacana e um ótimo

atendimento. A montagem das vitrines nos empolga e temos que

ter cuidado pra não estourar o orçamento”, brinca.

Adailton dos Santos Sales – Na WAVE BEACH do Aeroclube Plaza Show

MAHALO na pele - Frequentador assíduo da loja Wave Beach do

Aeroclube Plaza Show, Adaílton dos Santos Sales, de 39 anos, é o con-

sumidor de roupas exclusivas da MAHALO. Sales tem no seu guarda-

-roupas mais de 70 peças e fez até duas tatuagens com a logo da

grife. Trajando camisa, bermuda, boné e calçado MAHALO, Adailton

diz que há cinco anos só usa vestimentas da marca. “Rapaz, gosto de

vestir porque me sinto bem e porque as roupas e acessórios têm mui-

to estilo. Compro mais bermudas de tactel e camisetas, tanto pra mim

quanto pra meus dois filhos”, explica o cliente, que tem 12 bonés e

compra uma média de duas peças por semana.

Ricardo Abubakir e família – Na MAHALO da Praia do Forte

De rolé na Praia do Forte - Campeão baiano de longboard por

diversas vezes e corretor de imóveis, Ricardo Abubakir ficou im-

pressionado ao conhecer, com a família, a loja MAHALO da Praia

do Forte. De rolé pela famosa vila com a mulher, Andréa, e com

os filhos, Caio e Diogo, durante o sábado de Carnaval, Abubakir

entrou no estabelecimento para comprar óculos Mormaii, modelo

Acqua. “Fiquei muito surpreso e impressionado com a estrutura

da loja, o tamanho e com o mix de produtos”, elogia o surfista,

membro de uma família de pioneiros do surf na Bahia.

Na sessão Interface, conheceremos melhor as pessoas que frequentam as lojas da rede MAHALO / WAVE BEACH. Faremos um tour por algumas lojas, a cada edição, para saber quem são, o que pensam e o que andam comprando.

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