Mais valor ao café brasileiro
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A G R O P E C U Á R I O
E S T A D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 2 5 D E A B R I L D E 2 0 0 5
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AARRTTIIGGOO
Mais valor ao café brasileiroMARA LUIZA GONÇALVES FREITAS
Especialista em cafeicultura empresarial,
analista do Centro de Inteligência em
Mercados Agropecuários da UFLA
Muito tem se falado sobre aagregação de valor ao café. Estetema ganhou maior importân-cia, principalmente nos anos 90,com a extinção do Instituto Bra-
sileiro do Café – IBC, conduzindoo mercado cafeeiro brasileiro adesenvolver ou adotar ferramen-tas de elevação da competitivida-de, como por exemplo, o fortale-cimento das ações de marketing.
Embora no Brasil o marke-ting seja confundido com umade suas ferramentas, a comuni-cação, o seu significado diz res-peito ao processo de gestão pelo
qual os indivíduos e grupos ob-têm o que querem, por meio dacriação, oferta e troca de produ-tos e valores por outros. De acor-do com professor e especialistaem marketing Marcos Fava Ne-ves, da Faculdade de Economia,Administração e Contabilidadeda USP de Ribeirão Preto, apósdeterminar-se os segmentos-al-vo da empresa ou propriedade,parte-se para a diferenciaçãodos produtos e serviços, tornan-do-os perceptíveis frente aosconsumidores. Para isso, lança-se mão, no caso do café, da apa-rência visual, origem, sanidade,qualidade, sabor, teor de ingre-dientes, desempenho, durabili-dade, estilo, freqüência e formade entrega, instalação, treina-mento do consumidor, desen-volvimento de credibilidade, re-putação, entre outros.
Considerando a dinâmica domercado, o marketing é o ele-mento que responde pela orga-nização das informações ofereci-das pelo processo de agregaçãode valor realizada pelos agentesque compõem um determinadoagronegócio. A organização aqui,acompanha as variáveis produto,preço, praça e promoção, de for-ma a gerar uma especificidadedaquilo que é fisicamente ofere-cido ao consumidor, perceptívelno produto propriamente dito.Conforme Philip Kotler & Arms-trong, os produtos podem ser or-ganizados em três níveis distin-tos: básico, real e ampliado. Oproduto básico, diz respeito aosbenefícios básicos que o consu-midor está comprando (café). Oproduto real ocorre a partir dobásico. Ele apresenta cinco parti-cularidades: nível de qualidade,
características, design, marca eembalagem (café gourmet enva-sado a vácuo e acondicionadoem embalagem cartonada). E oterceiro e último nível, o produ-to ampliado, surge a partir doproduto básico e do produto real,responde pela oferta de serviçose benefícios adicionais ao consu-midor (busca de uma recordação,por meio do aroma e do sabor.Por exemplo, cheiro de fazenda).
Especificamente, na constru-ção do produto real, além das in-formações do mercado e respec-tivos nichos de atuação, levam-seem consideração critérios decriação dos atributos do produto,marca, embalagem, rótulo e ser-viço de apoio ao cliente.
Neste sentido, o cafeicultorpode ser considerado o principalcontribuinte para a geração deinformações para o agronegóciocafé, as quais, por meio da açãoindustrial, atingem o consumi-dor. A agregação de valor ao cafédepende da conectividade entrecada processo existente ao longoda cadeia agroindustrial. Permeia
as condições edafoclimáticas (al-titude); origem; tipos de cultiva-res (Bourbon, por exemplo); sis-tema de produção (orgânico, tra-dicional); método de preparo(natural, cereja descascado oudesmucilado); classificação física(tipos 2, 2/3, 4, peneiras 16 ac,17/18); classificação sensorial(bebidas estritamente mole, mo-le, apenas mole e dura); mesclasde grãos; ponto de torra; certifi-cados; serviço; modo de preparo(percolação, expresso).
A variedade de aromas e sa-bores, tanto em território brasi-leiro como no mercado interna-cional, a infinidade de misturaspossíveis no ambiente indus-trial, as formas de processamen-to, envase e distribuição geramespecificidades pelas quais de-terminados estratos de consu-midores estão dispostos a pagarmais. Ao estar predisposto, o ní-vel de exigência do consumidorem relação à informação au-menta, devido à ampliação donível de confiança no produto.Tem-se aí um “contrato” nemsempre verbal, mas que, após asedução na gôndola, se efetivano caixa do supermercado. De-pendendo do desempenho doproduto em relação à sua capaci-dade de suprir as expectativasdo consumidor, gera-se uma re-lação comercial freqüente.
Agregar valor ao café é umaarte que supera o aporte técnico,contratual e institucional. É umdelicado tear, comparável ao darenda de bilro, cuja beleza e no-breza são enaltecidas pelos ele-mentos do marketing. Esse com-plexo forma o ambiente ideal pa-ra a condução à sustentação fi-nanceira do agronegócio.
O produtor pode
ser considerado
o principal
contribuinte
para a geração
de informações
para o
agronegócio café