Mal me quer, bem me quer livro virtual

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Mal me quer, bem me quer Autores: Carol e seu pai Janeiro de 2011

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Mal me quer, bem me quer

Autores: Carol e seu paiJaneiro de 2011

Era uma vez...bem, era uma vez não, porque já não sou mais criança, mas...o que seria então?Certo momento, em um lugar em que todos nós podemos estar num belo dia, o CONANMAR - Conselho de Anciões das Margaridas estava reunido. O assunto era sério: não davam mais valor às margaridas! Nem mesmo para brincar de mal me quer, bem me quer! Nenhuma mulher ensinava as suas filhas sobre a brincadeira e nenhuma das filhas brincava com suas coleguinhas.

Se ninguém ao menos brincava, não precisava ter mais margaridas. Até porque se ninguém conhecia a brincadeira, parece que não conhecia a flor. Não havia mais margaridas nos quintais das casas. Não havia mais margaridas nos terrenos baldios. Não havia mais margaridas nos parques. Nem mesmo o jardineiro do colégio plantava mais margaridas.

Parece que não havia mais sementes de margaridas e a flor da margarida não atraía mais as pessoas, nem mesmo para uma brincadeira, tão romântica, quanto de bem me quer, mal me quer!

O mais velho do Conselho dos Anciões das Margaridas falou:

- As pessoas precisam reconhecer a beleza de uma margarida. Para isso é preciso nascer a mais bela margarida de todas, para encantar as mulheres e crianças. Deve ser capaz de atrair a atenção das pessoas!Todos os outros anciões se entreolharam. Como se faria aquilo? O que seria necessário.

-Vamos alimentar uma semente com a geléia mágica das margaridas, que tem a fórmula de crescimento e beleza dos nossos antepassados e que só deve ser usada em ocasiões especiais.

Um dos mais experientes dos anciões revela ao conselho que a geléia mágica não tem sido utilizada há muitos anos e que antes cada uma das sementes de margaridas recebia um pouco da geléia.

-Talvez por isto as pessoas não queiram mais brincar com as margaridas!

A reunião do Conselho virou uma verdadeira bagunça, todos falavam ao mesmo tempo! 

Durante três dias e noites, a bagunça continuou. O conselho fervia, as margaridas do conselho buscavam entender o que representava as sementes de margaridas não terem a geléia mágica. Alguns até questionavam o que era a geléia mágica e quem tinha o controle sobre o estoque. - Quem foi que aprovou não ter mais geléia mágica nas sementes de margaridas? No final da terceira noite, depois de muita discussão: um consenso. O controle da geléia mágica era feito pela mais antiga das margaridas. Ela não fazia parte do Conselho. É considerada uma Deusa por uns e uma bruxa por outros. Em algum momento do passado, a resolução de não ter mais geléia mágica nas sementes foi aprovada. - Ela foi expulsa do Conselho porque a brincadeira de “mal me quer, bem me quer” estava acabando com as margaridas, estava ameaçando a espécie.  O Conselho então decidiu procurar a Maga Arlinda – a Deusa, a bruxa - e lançar uma série de sementes com geléia mágica para que todas as pessoas pudessem ter de novo a visão da beleza das margaridas. - Mas o que vamos fazer com a ameaça da brincadeira “Mal me quer, bem me quer” se a brincadeira voltar, como antes?

O Conselho procurou a Maga Arlinda e exigiu que ela utilizasse a geléia mágica em um lote de sementes de margaridas. Eles queriam testar qual seria o resultado neste lote, como se fosse um projeto de experiência. Se desse certo, se as pessoas passassem a se interessar pelas margaridas estaria aprovado.  - Tudo o que você tem que fazer é colocar a geléia mágica nas sementes e daí nascerem as flores mais lindas de margaridas! Maga Arlinda, então, procurou nas suas coisas um livro muito antigo, folheou várias páginas e com os olhos bem arregalados falou: - Está aqui. Não existe geléia mágica. Existe o amor. A geléia mágica foi uma invenção antiga para que as margaridas percebessem que é o amor que as faz lindas: uma pitada de geléia mágica, uma pitada de amor. E a simbologia de colocar a geléia mágica nas sementes fazia com que essa cultura se reproduzisse e as margaridas se sentissem lindas e atraentes aos olhos das pessoas. Todos ficaram boquiabertos, se perguntando: E por que não temos mais tantas margaridas? E por que não existe mais a brincadeira?  

Após algum tempo de reflexão coletiva, o decano ancião, com o semblante de reconhecimento a Maga Arlinda e com voz altiva aos membros do Conselho, do alto de sua sabedoria, maviosamente, disse: - Nós temos que reproduzir a espécie e para isso temos que voltar a exalar o cheiro do amor que perdemos depois que não foi mais colocada a geléia mágica nas sementes, depois que perdemos a cultura do amor. Agora nós sabemos que podemos tocar o coração das pessoas, e encantar mulheres e crianças em todas as regiões porque a nossa flor representa o amor, basta nos querermos transmitir isso. A brincadeira vai voltar e a reprodução desse amor, por meio do “mal me quer, bem me quer” não vai deixar que as margaridas se acabem. Dali em diante toda semente de margarida gerava uma planta e uma flor exalando muita beleza e amor. Não foi mais preciso geléia mágica. E mesmo que a brincadeira não volte como antigamente, sempre vai ter um apaixonado oferecendo a sua amada um buquê de margaridas brancas.

Fim