Mamãe quero ser modelo e-book

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Mamãe,quero ser modelo!

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DESENHO DE CAPA

Helena Sanches

DESIGN DE CAPA

Carlos N. Andrade

Luciana Heuko

DIAGRAMAÇÃO

Hudson Túlio Machado Silva

REVISÃO E COPIDESQUE

Iracema Urman

Simone Mourão

Muito zelo e empenho foram empregados na edição deste livro. No entanto, podem

ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses,

solicitamos a comunicação ao nosso autor no e-mail: [email protected] para que

possa esclarecer ou encaminhar a questão.

O autor empenhou-se para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os

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acertos caso, inadvertidamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida.

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Mamãe,quero ser modelo!

O que toda mãe deveria saber antes de levarsua criança para iniciar uma carreira de modelo.

Carlos N. Andrade

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Andrade, Carlos N.

Mamãe, quero ser modelo! : O que toda mãe

deveria saber antes de levar sua criança para

iniciar uma carreira de modelo / Carlos N.

Andrade - - São Paulo : Scortecci, 2010.

Bibliografia

ISBN 978-85-366-1697-1

1. Adolescentes 2. Crianças 3. Menores -

Trabalho 4. Modelo (Pessoas) como profissão

I. Título.

Copyright© Carlos Neves de Andrade

5107/1 – 1000 – 184 – 2010

Scortecci Editora

Caixa Postal 11481 - São Paulo - SP - CEP 05422-970

Telefax: (11) 3032-1179 e (11) 3032-6501

www.scortecci.com.br

[email protected]

09-12742 CDD-659.152023

Índices para catálogo sistemático:

1. Modelo como profissão 659.152023

2. Profissão : Modelo 659.152023

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Livraria e Loja Virtual Asabeça

www.asabeca.com.br

Grupo Editorial Scortecci

O conteúdo desta obra é de responsabilidade do(a) autor(a),

proprietário(a) do Direito Autoral.

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Dedico à minha mãe Luzia, que sempre

me apoiou em tudo que fiz e à minha filha

Betina (minha eterna modelo).

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Agradeço à Anely, que muito

colaborou com suas leituras e

comentários.

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APRESENTAÇÃO

Ser artista é um dos sonhos mais comuns na infância e

adolescência.

Fazer novela, comerciais de televisão, desfilar, fotografar...

Quem não se encanta com tudo isso?

Já pensou seu filho na capa de uma revista?

Todo mundo tem o direito de sonhar.

Tanto as crianças, quanto os seus pais.

Mas para que este sonho se torne realidade, é preciso entender

a profissão.

É preciso ter consciência de que não é um sonho fácil de

realizar.

Exige investimento da parte dos pais, dedicação e disciplina da

parte dos filhos.

Ser artista é muito mais do que aparecer.

É gostar tanto do que se faz.

É querer do fundo do coração.

É saber das dificuldades e dos inúmeros nãos que virão.

É querer aprender sempre mais e se superar, independentemen-

te do tempo que demorar.

É ter sempre a certeza de que um dia tudo vai dar certo.

E se não der, mesmo assim, valeu à pena.

Este livro foi escrito para quem pretende escolher, entender ou

simplesmente conhecer essa profissão.

Mas, acima de tudo, foi escrito por alguém que entende e

respeita os nossos sonhos.

Dig Dutra

Atriz

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Dig Dutra

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PREFÁCIO

Algumas mães, a maioria talvez, movidas pela vaidade de

ver o seu filho aparecer em algum comercial de TV ou foto publi-

citária, nem imaginam o que fazer para transformar seu sonho

em realidade. Então, como proceder? Por onde começar? Qual a

idade adequada para este início? Será que as agências aceitam

qualquer criança? Minha filha leva jeito? São muitas perguntas e

dúvidas sobre esse mundo desconhecido, onde a mídia transfor-

ma pessoas normais em super-heróis.

Neste livro, vamos procurar tirar as dúvidas mais frequen-

tes, responder a maioria das perguntas que nos são feitas todos

os dias, em minha agência.

O livro foi feito para as mães que pensam em colocar

seus filhos numa agência de modelos, mas acredito que conte-

nha informações muito úteis, mesmo para quem já começou a

carreira. Os tipos de testes, os profissionais que trabalham com

propaganda, como se escolhe os elencos, poses para treinar,

direitos e deveres; todas estas informações são muito úteis para

quem pretende trabalhar ou já trabalha como ator/atriz ou mo-

delo, seja publicitário ou não.

Coloquei, no livro, algumas outras informações interes-

santes, como os atores que conseguiram manter uma boa

performance desde o começo de suas carreiras, ainda crianças,

ou aqueles que prometiam muito, mas que não conseguiram

manter o mesmo sucesso. Outra curiosidade abordada é sobre

as regulamentações da propaganda para crianças no mundo. Já

que estão querendo mudá-la aqui no Brasil, é bom saber como

são as leis em outros países.

Carlos N. Andrade

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SUMÁRIO

Introdução ......................................................................................... 15

Por onde começar? ........................................................................... 19

O que é avaliado? ............................................................................ 21

O que as agências querem encontrar ................................ 21

O que as agências não querem encontrar ........................ 22

E a timidez? ...................................................................................... 25

Desconfianças ................................................................................... 29

Agentes virtuais ................................................................................ 33

Qual a idade adequada? .................................................................. 35

Quais os requisitos necessários? ................................................... 41

Como a agência escolhe suas indicações? ................................... 51

Onde levar? ....................................................................................... 57

O caminho da propaganda ............................................................. 59

Quem é quem ................................................................................... 61

A criança na propaganda ................................................................ 67

Regulamentação brasileira ................................................... 72

Regulamentações internacionais ........................................ 73

Entrevista com especialistas ............................................... 79

Propagandas inesquecíveis ............................................................. 83

Os testes ............................................................................................ 85

Tipos de testes ....................................................................... 86

Como ir vestido? ................................................................... 87

Evitem..................................................................................... 88

As meninas devem evitar também .................................... 88

E depois é só aguardar ......................................................... 88

Os trabalhos ...................................................................................... 89

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Desfiles ................................................................................... 89

Modelo fotográfico ............................................................... 90

Comerciais para TV .............................................................. 91

Novelas e programas de TV ............................................... 91

Longa-metragem.................................................................... 91

O pagamento ......................................................................... 91

O trabalho que dá ............................................................................ 93

Ferramentas de trabalho ................................................................. 97

E o nome artístico? ............................................................... 98

Cursos ............................................................................................... 101

Exercícios ............................................................................. 101

Que pose eu faço? .......................................................................... 105

A carreira ......................................................................................... 125

Eis alguns exemplos de crianças prodígios, seus sucessos

e fracassos ............................................................................. 125

Concursos ........................................................................................ 139

Direitos, deveres e documentações ............................................ 141

Lei Nº 8.069/1990 ............................................................. 142

Portaria Nº 07/2003 ........................................................... 146

Conclusões ........................................................................... 153

Anexo I – Modelo de autorização .................................... 155

Uma passada pela Lei Nº 6.533 ....................................... 156

Entendendo os contratos .................................................. 160

Os deveres e o comportamento profissional ................. 161

Cachês ......................................................................................... 165

Mais Dúvidas............................................................................. 169

Tabelas ........................................................................................ 170

Conclusão ................................................................................... 177

Referências bibliográficas ....................................................... 179

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INTRODUÇÃO

Antes de ser proprietário de agências de modelos e atores

infantis, trabalhei por alguns anos como produtor de elenco. Mi-

nha carreira começou em 1983, acompanhando e aprendendo o

ofício com Denise Algaves, na época, produtora de elenco da

antiga VT Center, produtora house1 da Mesbla. Nossa dupla evo-

luiu e, em pouco tempo, começamos a pegar trabalhos free lancers2.

No início na própria VT Center, que também produzia comerci-

ais para outros clientes e, depois, o nosso trabalho se extendeu

para várias produtoras cariocas.

Meu grande passo aconteceu em 1986, quando Rogério, en-

tão diretor de produção da Globotec (que acabara de contratar

Carlos Manga como diretor exclusivo de comerciais) me ligou, em

um sábado, para que eu fizesse o orçamento de um filme que teria

como diretor o próprio Carlos Manga, com fama de grande profis-

sional, mas também de ser uma pessoa muito exigente e de tempe-

ramento forte. Nós conhecíamos a dupla de produtores de elenco

que trabalhava com ele na época; Leila e Paula, consideradas as

melhores do Rio, porém, tinham acabado de pedir demissão, após

a gravação de um comercial para Casas Pernambucanas, porque

tiveram um desentendimento com ele.

Como todos tinham receio de trabalhar com o Manga, in-

clusive eu, passei ao Rogério um orçamento muito caro, para ser

recusado mesmo, enquanto a Denise, minha sócia, abanava a

mão, querendo dizer para descartar o trabalho, pois ela não topa-

ria fazer o filme. Para espanto geral, Rogério, depois de reclamar,

dizendo que o orçamento estava muito caro, não só o aceitou,

1 Produtora da casa, a VT Center foi concebida, inicialmente, para fazer as produções

dos comerciais da Mesbla, grande anunciante da época.

2 Sem vínculo com as empresas.

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Carlos N. Andrade

como já deixou a reunião marcada para segunda-feira. Não tinha

mais jeito, não havia como voltar atrás...

Mesmo sem minha sócia, dirigi-me à reunião, na qual fui

apresentado ao Carlos Manga e toda a entourage3: dupla de criação

da J. W. Thompsom, diretores de produção, cenógrafo, figurinista,

etc... Era um comercial para Editora Rio Gráfica sobre um livro,

intitulado “Os Sete Minutos”, de Irwin Wallace. Nesta reunião,

entregaram-me uma fita com um trecho do filme, baseado no

livro. Era um filme inglês, antigo, com a cena de um julgamento,

onde os atores principais encenavam os advogados de defesa, de

acusação e o juiz. Tinha também os jurados, figuras muito

marcantes e caricatas, além de todo o público que assistia ao

julgamento. A idéia, muito original, era fazer o comercial parecer

um pedaço do filme e onde, no final, os atores mostrariam o li-

vro. Para que isso fosse possível, a tarefa que me coube foi de

achar atores desconhecidos, com os mesmos tipos físicos do fil-

me, que contracenassem em inglês, isto é, tivessem o domínio da

Língua para serem dublados pelos profissionais aos quais estáva-

mos habituados a ouvir nos filmes na TV.

Seria realmente um trabalho de pesquisa que passaria pelo

crivo do Diretor, desde os atores principais até o guarda que es-

taria na última fila da platéia do tribunal. Não era uma tarefa

fácil, vi que teria de inovar.

Nesta época, existiam poucas agências de atores e mode-

los e cada produtor de elenco tinha o seu próprio cadastro, inclu-

indo desde crianças até idosos. Mas este não era um elenco para

se fazer com cadastros. Tive de sair para rua. Seguindo uma indi-

cação, fui até a Escola Britânica em Botafogo, pois soube que lá

havia um grupo amador de teatro que interpretava em inglês. Ali,

pude verificar que a sorte estava do meu lado: a peça que fui ver,

3 Comitiva.

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Mamãe, quero ser modelo!

deste grupo amador, era encenada por excelentes atores e com as

características físicas que tinham me pedido. Até um ator pareci-

do com o Boris Karloff pude achar! E teve mais: sortearam, na

platéia, dois ingressos para um rafting4 no rio Paraibuna, e adivi-

nha quem ganhou? Eu, ali, comecei a acreditar que poderia fe-

char este elenco.

A pesquisa não se resumiu só a esta passada na Escola

Britânica para assistir a uma apresentação do “The Players”, este

grupo maravilhoso que existe até hoje, mas foi resolvida basica-

mente ali. Para o teste dos atores convoquei todas as indicações

que achei, mas os papéis de promotor, advogado de defesa e juiz,

saíram do “The Players”.

Minha segunda prioridade eram os jurados, tipos diferentes

que também não se achariam em cadastro de modelos, embora em

meu arquivo houvesse alguns que servissem. Pedi auxílio a algumas

agências que trabalhavam com figurantes, mas que nunca tinham

feito trabalho para comerciais. Foi uma estréia de oportunidades e

assim conseguimos fechar o elenco deste filme que foi um marco

muito importante para minha carreira: “Tribunal” ganhou muitos

prêmios em festivais de publicidade, incluindo o Gran Prix, no VIII

Festival Brasileiro do Filme Publicitário, com direito a destaque em

Casting5 e o mais importante pra mim, foi o 1° Prêmio Colunista

Produção, em 1987, prêmio que por estar no seu primeiro ano, fez

uma retrospectiva dos melhores trabalhos produzidos no Brasil du-

rante o período de 1967 a 1986. “Tribunal” ganhou em várias cate-

gorias, entre elas, a de melhor ator e melhor produção de elenco.

Na reunião que houve na Globotec após o filme ser tão

premiado, Manga veio me cumprimentar pelo meu elenco e pela

minha audácia, cobrando um cachê quase igual ao dele. Fiquei

4 Esporte que consiste em descer de bote uma corredeira de um rio.

5 Elenco.

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Carlos N. Andrade

morto de vergonha, não tinha nem idéia disto, mas, neste en-

contro, surgiu nosso segundo trabalho: um novo livro para Edi-

tora Record, “Expresso do Oriente”, que também ganharia

muitos prêmios.

Então, trabalhamos juntos durante quatro anos até Carlos

Manga ir para outra produtora, a Tycoon, de Cyl Farney e Paulo

Lomba. Na Tycoon, já existia uma produtora de elenco, a Frida

Richter, hoje produtora de elenco da TV Globo e um assistente

de elenco, Luis Antônio Rocha, hoje também produtor de elenco

da TV Globo. Como já eram produtores da casa e ótimos produ-

tores, logo assumiram os elencos do Manga.

Em 1990, quando nasceu minha filha, tive uma proposta

para abrir a primeira agência infantil do Rio: a Funny Faces. A

grande diferença entre fazer produção de elenco e ter uma agên-

cia de modelos é que o produtor de elenco é responsável pela

descoberta e contratação de toda parte artística de um filme ou

vídeo, enquanto a agência não tem esta responsabilidade: ela

possui um cadastro a oferecer, mas não tem a obrigação de ter o

que o cliente procura. Menos cobranças e menos estressante.

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POR ONDE COMEÇAR?

Mamãe, quero ser modelo!

O que faz com que 5% das meninas entre 6 e 11 anos, das

classes A, B e C, residentes em grandes centros urbanos no Brasil,

desejem se tornar modelos? Talvez o mesmo motivo que leve 14%

dos meninos desejarem ser jogadores de futebol6: a busca pelo reco-

nhecimento, pela fama e pelo dinheiro, que pode parecer fácil para

muitos. Mas não é. Na verdade, é uma carreira com todos os percal-

ços e caminhos difíceis, igual a muitas outras. Porém, encontra, na

mídia, uma grande aliada e uma constante exposição da imagem

daqueles que, em proporção muito pequena, conseguiram vencer.

Até mais ou menos os cinco anos de idade, as crianças

entram no mundo da propaganda, em sua maioria, movidas pela

vaidade dos pais. É lógico que, quando a criança é muito peque-

na, não tem a mínima idéia do que é propaganda. Mas, se não

fossem estes pais, não teríamos bebês participando delas.

A idéia também pode surgir de parentes, conhecidos ou de

algum profissional da área – um produtor de elenco ou um booker7

de agência. O que mais escuto de mães é que todos elogiam o

seu filho na rua, no shopping e perguntam “Por que você não

leva sua filha para uma agência? Ela é tão linda!”.

Quando a idéia ou o convite parte de alguém do ramo, pas-

sa a ser mais tentadora, podendo ser levada mais a sério e a ex-

pectativa passa a ser real.

O mundo da propaganda e da televisão, no Brasil, é por

demais glamourizado; as pessoas que não têm acesso, imaginam

6 Fonte: pesquisa Multifocus – Kiddo’s – Latin América Kids Study 2003.

7 Profissional das agências de modelos, responsável pela escolha dos modelos para

apresentação aos clientes.

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Carlos N. Andrade

uma vida de sonhos para os artistas, não tendo a mínima idéia do

trabalho que dá. Aliás, isso é papo para um capítulo à parte.

Considero uma prática muito saudável dos pais dar op-

ções de conhecimento aos filhos, enquanto ainda são muito jo-

vens. Isto acontece quando os colocam para praticar um espor-

te, aprender um instrumento musical, aprender uma dança ou

qualquer atividade esportiva ou artística. A maioria não segui-

rá, profissionalmente, as iniciações ou os aprendizados desta

época, mas as lições adquiridas ajudarão a construir suas per-

sonalidades. As aulas de teatro e modelo não garantem a for-

mação de um excelente profissional, mas o aprender a comuni-

car-se, certamente, será proveitoso em qualquer profissão que

eles possam escolher adiante.

O primeiro passo é procurar uma agência séria e apresen-

tar seu filho ou filha para o profissional responsável. Esta análise

poderá ser feita de várias maneiras: uma simples olhada, uma

conversa, um teste de vídeo ou fotográfico, que poderá avaliá-lo

com maior ou menor precisão, dependendo dos objetivos de quem

a aplica. É uma primeira avaliação das possibilidades da criança

ou adolescente vir a trabalhar como modelo ou ator/atriz.

O erro mais comum entre os responsáveis é fazer fotos da

criança antes da escolha da agência. Dificilmente, estas fotos

servirão para um cadastro, já que o trabalho com crianças é bem

diferente do feito com os adultos, neste aspecto. Assim, como

cada fotógrafo tem sua visão de como realizar as fotos, cada agên-

cia também tem a sua maneira de apresentar seus modelos.

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O QUE É AVALIADO?

Além do tipo físico – a avaliação leva em conta vários deta-

lhes físicos, como uma perfeita dentição, manchas na pele, alguma

cicatriz, cor dos olhos, tipo do cabelo. Timidez, atitude, simpatia,

carisma, talento e vontade são outros aspectos considerados.

O que as agências querem encontrar:

• dentes alinhados, sadios, com trocas na idade certa;

• sorrisos bonitos e fáceis (muita gente têm dificuldade em

dar um sorriso natural, quando se pede);

• cabelos com corte e limpos;

• aparência de criança saudável;

• simpatia;

• obediência;

• extroversão;

• vontade de participar dos trabalhos;

• tipos físicos comerciais (aqueles tipos muito pedidos pe-

los contratantes);

• bom astral (sempre é um facilitador, em qualquer idade).

Na minha época de produtor de elenco, tive muitos

trabalhos em que sabia que entraríamos, madrugadas adentro,

gravando. Principalmente nestes trabalhos, eu me preocupava em

colocar no elenco pessoas com bom astral. Sabe aquele tipo de

pessoa que está sempre sorrindo? De bom humor? Elas são

agregadoras, conseguem fazer um grupo inteiro esquecer que já

estão 12 horas no estúdio, levam violão, contam piadas e muitas

histórias. Gostam de ser o centro das atenções e divertem todos,

sem deixarem de cumprir com suas responsabilidades. Este tipo

de pessoa é sempre bem querida nas filmagens pois consegue,

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Carlos N. Andrade

muitas vezes, manter todo um elenco bem, diferentemente

daquelas que reclamam o tempo todo; estas ninguém quer ter

por perto. E atenção, mamães, isso vale para os acompanhantes

que reclamam muito também.

Certa vez, em uma filmagem, havia uma mãe muito

“reclamona” que, ao invés de conversar com o produtor de elenco

ou a agência da sua filha sobre a questão que a estava importunando,

ficou reclamando alto e com todos que passassem perto. O diretor

do filme chegou para mim, que era na época o produtor de elenco

e pediu-me para nunca mais chamar aquela criança, pois não queria

mais ver aquela mãe pela frente. Passados alguns meses, estava eu

apresentando uma seleção para este mesmo diretor em outro

trabalho, onde ele tinha gostado muito de um menino e me

perguntou pelo seu nome. Quando falei o nome e sobrenome do

garoto, ele lembrou que o sobrenome era o mesmo da menina

daquele caso anterior e me perguntou se eram parentes:

– É irmão dela, falei. Fiquei muito surpreso com a lembrança

dele. Está certo que era um sobrenome estrangeiro, diferente,

mas mesmo assim... Não preciso dizer que ele não escolheu o

garoto que mais tinha gostado para o filme por culpa da mãe que,

para ele, era uma chata e sinônimo de problemas.

O que as agências não querem encontrar:

• dentes tortos, cariados, escuros ou uma falta de dente

fora de época (que podem adiar por um bom período as chances

de trabalho da criança);

• cabelos mal pintados (pintar cabelos de crianças, já acho

uma coisa bem estranha, mas, vá lá, se for bem feito e que não dê

para perceber a pintura... Agora, raízes aparentes com outra cor,

luzes ou mechas... é muito feio mesmo);

• cabelos sem corte;

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Mamãe, quero ser modelo!

• uma aparência desleixada, anêmica ou cansada;

• crianças muito magras;

• crianças muito gordas.

Crianças gordinhas têm, sim, seu espaço na propaganda,

notadamente mais, os gordinhos do que as gordinhas. Certa-

mente, não terão vez, quando o assunto for moda. Após os cin-

co anos de idade, deixamos de vê-los como fofinhos e engraça-

dinhos para vê-los como gordos. Vai ter sempre papel para o

gordinho da turma, mas a gordinha ficará mais limitada em

seus papéis como modelo. Em novelas, é diferente: as atrizes

gordinhas estão ganhando cada vez mais seu espaço, porém é

importantíssimo, neste caso, a qualidade da interpretação. Para

as agências, é sempre bom ter essas opções em seus cadastros,

mas os modelos gordinhos não devem ter muitas expectativas

de trabalho, a não ser que se tornem atores/atrizes, podendo

até continuarem mais tarde, quando adultos, o que é difícil de

ocorrer com modelos gordos;

• crianças altas demais, muito maiores do que as crianças

de sua idade. Elas vão ficar deslocadas nas seleções da sua ida-

de e não vão poder acompanhar as seleções para crianças mais

velhas. O mesmo não acontece com as crianças que aparentam

menos idade, pois podem concorrer com crianças mais novas e

ampliar suas chances de trabalho. Às vezes, perguntam-me, se

é necessário ser alto para desfilar. Para crianças, não, já que o

que irão vestir são roupas de crianças. Quanto aos adolescentes

que são muito altos e, com isto, já conseguiram trabalhos de

moda e desfiles, eles não trabalham mais como crianças, pois já

vestem roupas de adulto e com isso já passam a pertencer aos

castings e agências de adultos;

• crianças desobedientes;

• crianças muito tímidas ou envergonhadas;

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• crianças com muitas feridas pelo corpo;

• crianças com alguma deficiência física muito visível.

Obs.: os aparelhos nos dentes atrapalham, mas não impe-

dem o trabalho, além do mais, é muito melhor consertar logo as

dentes enquanto se é jovem do que ficar adiando.

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E A TIMIDEZ?

Numa simples conversa com a criança – se for uma criança

que já converse, naturalmente – podemos visualizar todos os as-

pectos físicos, além de quase todos os aspectos comportamentais

como: atitude, simpatia e timidez.

Quanto à timidez, existem vários níveis. Existem aqueles

que não suportam ser o centro da atenção – não querem ou não

conseguem superar a timidez, – os tímidos que conseguem supe-

rar este medo, por ter um desejo maior a realizar, e outros que

são tímidos para conversar, mas quando atuam conseguem supe-

rar a timidez. A atriz Malu Mader que se confessa tímida, já me

contou que, quando atua, ela passa a ser outra pessoa e se esta

outra pessoa é desinibida, ela se desinibe, porque não é ela que

está ali, é a outra. Simples, né?

O que temos de analisar é: a criança curte estar ali? Para

ela pode ser, muitas das vezes, uma brincadeira gostosa ou uma

tortura. Tem talento? Um tipo físico comercial em que valha a

pena insistir? Se ela for um tipo comum e não demonstrar algum

talento ou vocação para o trabalho, não se deve insistir. Mas se

tiver um tipo muito comercial e demonstrar algum interesse,

mesmo que pequeno, pode-se trabalhar isso, já que um possível

sucesso poderá acarretar o despertar da vontade que não existia

e, com isso, um maior prazer em fazer coisas que antes recusara.

Várias vezes, os próprios pais se enganam sobre as possi-

bilidades dos filhos. Numa dessas ocasiões, chegou, na agên-

cia, uma mãe com duas filhas. A mãe veio me contar que a filha

mais velha era ótima, muito extrovertida, contava piadas etc e

tal. Curioso, fui perguntar sobre a filha mais nova que, naquele

instante, estava sentada numa cadeira, toda quietinha. A mãe,

logo, falou:

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Carlos N. Andrade

– “Essa aí não serve pra nada, é muito tímida e só veio

acompanhando a irmã.”

Então, perguntei para a tímida, se ela gostaria de fazer um

teste de interpretação. Os olhos da menina brilharam, aceitando

fazer o tal teste. E, para surpresa, principalmente da mãe, foi

muito melhor que a “extrovertida”, que não tinha talento ne-

nhum para interpretar.

Portanto, é comum a confusão entre extroversão e talento.

Assim, como a vocação (leia-se: vontade) também não tem ne-

nhuma ligação com o talento. Mas quem tem vontade e determi-

nação em fazer algo já é um bom início, não é?

A timidez pode ser uma falta de segurança, um medo de

uma repreensão ou reprovação. Ninguém é tímido sozinho no seu

quarto. Se a pessoa tem a certeza de que o que ela faz será elogiado

ou bem visto por quem estará assistindo, mesmo sendo tímida, ela

conseguirá superar seu medo de fazer aquilo em público. Na mai-

oria dos casos, as crianças se saem melhor sem a presença dos pais

olhando, porque eles representam a cobrança, principalmente se o

nível de exigência deles for muito alto, podendo assim até causar

um recolhimento, com um aumento de sua insegurança.

No entanto, a presença de alguém conhecido ao lado

(pode ser um amigo ou parente) pode gerar maior segurança e

permitir uma apresentação na frente de pessoas desconhecidas.

A melhor maneira de saber como deixá-los mais à vontade é

perguntar, observar e, se possível, pedir à outra pessoa para

questionar, pois muitos poderão ficar desconfortáveis em falar

com a mãe, que não querem que ela fique no estúdio, quando

forem gravar ou fotografar.

Sei de vários exemplos, onde as aulas de interpretação

melhoraram e até curaram a timidez. E uma das chaves disto é o

melhor uso ou o desenvolvimento da inteligência emocional. É

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Mamãe, quero ser modelo!

sempre muito bom e prazeroso acompanhar o progresso dessas

crianças, que entram na agência escondendo-se atrás das mães e

saem de uma maneira bem mais positiva. Sinto que participamos

efetivamente do desenvolvimento dessas crianças.

Eis algumas definições sobre a inteligência emocional:

“Inteligência emocional é um tipo de inteligência que envolve

as habilidades para perceber, entender e influenciar as

emoções.”

(Wikipédia)

“A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades

tais como motivar a si mesmo e persistir mediante frustrações;

controlar impulsos, canalizando emoções para situações

apropriadas; praticar gratificação pror rogada; motivar

pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e

conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns”.

(Gilberto Vitor)

“A inteligência emocional melhora a capacidade de se fazer a

leitura correta das próprias emoções e das emoções de terceiros,

através de suas reações mais sutis”.

(J. B. Drummond)

“A Inteligência emocional age em cinco áreas de habilidade:

1. Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento

enquanto ele ocorre.

2. Controle Emocional – habilidade de lidar com seus

próprios sentimentos, adequando-os para a situação.

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Carlos N. Andrade

3. Auto-Motivação – dirigir emoções a serviço de um objetivo é

essencial para manter-se caminhando sempre em busca.

4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.

5. Habilidade em relacionamentos inter-pessoais”.

(Daniel Goleman).

Até o momento, as escolas tradicionais só têm dado valor

à inteligência racional, mas já surge uma escola moderna onde a

inteligência emocional também tem sido alvo de atenção pelos

educadores, assim como as entrevistas de emprego, que já, há

bastante tempo, tem dado muita atenção a este aspecto.

A timidez pode, é certo, atrapalhar ou adiar o início de uma

carreira artística, mas acredito que se a vontade e determinação

for maior, ela será superada.

É comum vermos atores e professores de teatro que inicia-

ram o contato com esta arte justamente por serem muito tímidos e

terem sido aconselhados por psicólogos; é fácil uma criança tímida

se encantar com o mundo do teatro e entendemos o por que: fazer

teatro, em inglês, significa “to play”, ou seja, jogar, brincar. E tea-

tro nada mais é do que brincar de faz de conta, não é? É muito

mais fácil uma criança entender isso do que um adulto.

Page 30: Mamãe quero ser modelo e-book

29

DESCONFIANÇAS

Como saber se a agência aonde você quer levar seu filho é

uma agência séria? Se ela realmente tem trabalho? Se não é so-

mente uma agência de fachada para tomar seu dinheiro?

De fato, existem várias empresas que se intitulam agências

de modelos, mas que, na verdade, não passam de captadoras de

alunos para seus cursos ou clientes para seus estúdios fotográfi-

cos, não prestando nenhum serviço de agenciamento.

Infelizmente, temos muitos casos assim, relatados pelos

próprios pais, enganados, na expectativa do sucesso de seus fi-

lhos. Os mais corriqueiros são as empresas que cobram um preço

bem elevado para a confecção das fotos das crianças (chamadas

de book8). Algumas “agências” tiram, como isca, uma foto grátis,

mas aproveitam para tirar muitas outras fotos para depois vendê-

las aos pais que não conseguem resistir à compra. Têm geralmen-

te uma forte retaguarda de marketing, anúncios na televisão, rá-

dios e jornais, iludem os incautos, fazendo parecer que são em-

presas pertencentes ao ramo, mas não estão preocupadas em con-

seguir trabalhos para as crianças; estão preocupadas em ganhar

dinheiro, rapidamente. Esse tipo de empresa causa um estrago

enorme na credibilidade geral das agências infantis.

Há, também, o caso de pessoas que se fazem passar por

produtores, professores ou descobridores de talentos e têm ou-

tras formas de agir. Uma delas é a oferta de cursos grátis em

anúncios, principalmente cursos de moda que vêm geralmente

seguidos de venda de mesas para um desfile. Vemos mais esta

prática em cidades pequenas, onde a vontade de trabalhar e pou-

8 Expressão em inglês que corresponde a livro e sinônimo de álbum fotográfico dos

modelos.

Page 31: Mamãe quero ser modelo e-book

30

Carlos N. Andrade

cas ofertas de trabalho fazem aumentar as expectativas em quem

lê um tipo de anúncio como este.

Mesmo as agências, estabelecidas em grandes cidades tra-

dicionais na produção publicitária, podem estar usando de algu-

mas dessas práticas agressivas para obterem algum lucro, já que a

sobrevivência somente das comissões dos cachês de crianças é

uma tarefa realmente muito difícil e rara para aquelas que traba-

lham exclusivamente com crianças, fora da cidade de São Paulo.

Os cachês das crianças, em geral, são muito baixos, em com-

paração com os cachês dos adultos: elas recebem de 1/2 a 1/5 do

valor destes, para o mesmo trabalho. A concorrência é enorme e,

nas cidades com pouco investimento publicitário, há dificuldade de

mercado ou de trabalho. A cidade de São Paulo possui 34% do in-

vestimento do mercado publicitário brasileiro9 e, se somarmos com

o interior do estado, chegamos a 42%. O Rio de Janeiro vem em

segundo lugar, no mercado publicitário, com 13%, mas é o primeiro

no “mercado de novelas”. É o estado onde ainda se produz a maio-

ria das novelas brasileiras e isto gera possibilidades de trabalho para

os atores mirins e adolescentes. Outras cidades, por ordem de inves-

timentos: Belo Horizonte (4%), Porto Alegre (4%), Curitiba (3%) e

Recife (3%). Observe que estou apenas citando grandes capitais.

Em relação às pequenas cidades ou ao interior do Brasil, pratica-

mente não existe mercado para candidatos a modelos ou atores.

As agências de modelos, localizadas em pequenas cidades,

com pouco investimento em publicidade e que dependem exclu-

sivamente de produções locais para as contratações de modelos

e atores, geralmente têm de trabalhar com criatividade para su-

prir o pouco trabalho local.

Como saber, então, se não estão querendo enganá-la?

O que se deve fazer é pesquisar, perguntar a outros pais,

9 Fonte: pesquisa Almanaque IBOPE de 2007 www.almanaqueibope.com.br.

Page 32: Mamãe quero ser modelo e-book

31

Mamãe, quero ser modelo!

de crianças agenciadas, a quantos testes já foram, quantos traba-

lhos já realizaram. Se já fizeram algum trabalho, verificar se rece-

beram pelo trabalho. Procurar saber com quem contrata (produ-

toras de comerciais, fotógrafos, emissoras de TV), sobre as agên-

cias com as quais trabalham e se tem alguma para indicar. As

melhores agências mantêm também um site na Internet e nele

colocam alguns de seus trabalhos. Mas lembre-se que qualquer

um pode colocar um site na Internet com as informações que

quiser. Não tenha isso como uma verdade definitiva, mas, sim,

um ponto de partida para sua pesquisa.

É um direito dos responsáveis conhecer as opções de agên-

cias para verificar qual delas será a melhor para seu filho. Não

procure determinada agência somente por ela estar no seu bairro

e ser mais cômodo para você. Não se deixe levar por elogios

fáceis e promessas de trabalhos; o mercado é muito competitivo

e não se pode garantir trabalhos a ninguém, a não ser as agências

de figuração, que contratam por quantidade, não submetendo seus

figurantes a uma seleção mais rígida e criteriosa com os clientes.

Tenha em mente que, com um material fotográfico pouco

adequado ou defasado, será difícil a criança ser aprovada.

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branca

Page 34: Mamãe quero ser modelo e-book

33

AGENTES VIRTUAIS

A Internet mudou muito o modo de comunicação e

interação de algumas pessoas. Os sites de relacionamentos,

como o Orkut, Facebook, MySpace, Hi5, Beltrano, UolK e

outros, já fazem parte do dia a dia de algumas crianças e mui-

tos adolescentes. Neles, já pode-se encontrar produtores vir-

tuais em busca de novos modelos ou atores. Assim como, na

vida real, é necessário que se tome alguns cuidados, pois es-

ses sites se tornaram uma ferramenta útil para alguns produ-

tores reais, mas também se transformaram em uma maneira

fácil de receber fotos com telefones e contatos de pessoas

bonitas para diferentes finalidades. Saia do mundo online e

faça contato no mundo offline. Ligue, informe-se e, se possí-

vel, vá visitar pessoalmente.

A inventividade das pessoas é muito grande e já soube

de casos de gente se fazendo passar por caça-talentos ou por

produtores e pedindo para algumas meninas ligarem a webcam

e fazer um teste online pela câmera. Imagine: é truque para

ver a menina de biquíni ou até sem roupa.

Outro dia, um rapaz do interior de Goiás me ligou per-

guntando se eu conhecia determinada agência de modelos do

Rio que ele tinha conhecido no Orkut. Um representante des-

ta suposta agência tinha gostado dele e chamou-o para gravar

o comercial de um refrigerante no Rio e fazer um teste para

outro comercial. Eu falei que ninguém era aprovado sem fa-

zer um teste e ele me explicou que era uma figuração. Pergun-

tei, então, o valor do cachê e ele me falou que era R$ 900,00.

Respondi que, com este valor de cachê, certamente, haveria

um teste, ainda mais para um comercial de refrigerante. Acon-

tece que ele já tinha pago uma taxa no valor de R$ 87,00 e

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34

Carlos N. Andrade

que, segundo ele, o dinheiro pago seria devolvido, se ele não

chegasse atrasado. É claro que era um golpe, que esta taxa

não existe, que a agência não existia e muito menos não tinha

gravação nenhuma para fazer.

Page 36: Mamãe quero ser modelo e-book

35

QUAL A IDADE ADEQUADA?

Não existe uma idade adequada para a criança começar a

trabalhar como modelo ou fazer apenas um trabalho como mo-

delo, mesmo porque existem trabalhos para todas as idades em

propaganda. Mas existe sim, faixas etárias mais complicadas, com

menos oferta de trabalho.

Vamos falar um pouco das idades, com suas dificuldades e

facilidades.

Veja algumas das características comuns a cada faixa etária:

Bebês: neste ramo, são considerados bebês, crianças de até

1 ano, no máximo, 1 ano e meio. Eles têm uma carreira bem cur-

ta, se considerarmos que, até os 5 meses, poucos trabalhos apa-

recem para eles. Porém, após os 6 meses, quando já conseguem

ficar sentados sozinhos e acordados por um período maior, au-

menta-se os pedidos para comerciais. Não se pode exigir muito

de um bebê: eles não interpretam nem posam para fotos. Na

maioria das vezes, vão compor uma família e tem-se que aguar-

dar a seleção dos “pais” para seguir o mesmo tipo físico. Nesta

idade, o que se deve fazer, então, é observar alguns aspectos no

bebê. É bonito? É algum tipo especial? Não chora quando fica

com pessoas estranhas?

Nos trabalhos, onde os bebês são os artistas principais e

estão sozinhos na cena, aí, sim, os tipos mais comerciais vão ser

mais exigidos e requisitados, observados pela aparência saudá-

vel e voltada para a classe social a que se quer atingir, dependen-

do do que se está anunciando.

Na maioria das vezes em que se necessita de um bebê, é

usual ficarem outros de stand by, isto é, chamam-se dois ou três a

Page 37: Mamãe quero ser modelo e-book

36

Carlos N. Andrade

mais para permanecerem no set10

de filmagem, recebendo um cachê

menor, no caso do bebê escolhido estar num dia de mau humor

ou se cansar na hora da gravação. Se for necessário trabalhar com

algum dos bebês que estão aguardando, este passa, então, a ser o

bebê contratado, recebendo o cachê integral.

Costuma-se, também, em caso de dúvida, filmarem com dois

ou três bebês, para depois escolherem aquele que se saiu melhor.

Neste caso, tem-se que esperar até a edição do comercial, isto é, a

montagem final, onde se selecionam as melhores cenas dentre to-

das as que foram filmadas, para saber quem foi o escolhido.

Os bebês se cansam rapidamente, dormem muito e, por isso,

têm pouco tempo aproveitável para as fotos ou filmes. Quando há

um trabalho com mais de um bebê juntos, certamente, deve-se ter

mais paciência, pois, nem sempre, eles têm sono e fome nos mes-

mos horários, podendo haver uma redução bem grande de oportu-

nidade em que a dupla ou o grupo esteja desperto junto.

Certa vez, montei um elenco com bebês que estavam co-

meçando a andar (deveriam ser uns 10 bebês, por volta, dos 9

meses a um ano). A cena era bem simples: tratava-se de uma

vinheta de Ano Novo para uma emissora de TV e consistia em

filmar imagens destes bebês só de fraldas, em um estúdio todo

branco. Simples, né? Foi marcada a chegada das crianças para as

9 horas da manhã. Às 9 horas e 30 minutos, já com todos no

local, cada qual, evidentemente, com seu responsável no cama-

rim, chega a notícia de que houve uma pane elétrica no estúdio e

ficamos sem energia até umas 16 horas. Imagine, agora, um ca-

marim, sem ar condicionado, com 10 bebês, deitados em improvi-

sados colchonetes, várias fraldas, amontoadas numa lixeira, al-

gumas mães reclamando, outras, abandonando o local... Até que,

10 Local da filmagem. Pode ser no estúdio, numa externa, isto é, na rua ou numa locação

como uma casa alugada, por exemplo.

Page 38: Mamãe quero ser modelo e-book

37

Mamãe, quero ser modelo!

às 18 horas, começamos a gravação, que foi bem rápida. Quan-

do terminamos, uma das mães, mãe de um bebê oriental, veio

até mim, falar que não devia mais chamar seu filho, pois a expe-

riência fora muito ruim e que só tinha ficado até àquela hora

por respeito ao meu trabalho e à sua própria palavra. Pois bem.

Uma semana se passou e a vinheta entrou no ar, com um close

enorme do bebezinho oriental, lindo por sinal. Efeito imediato:

a mãe dele me liga emocionada, desculpando-se e pedindo-me

pra chamar seu filho para o próximo trabalho. Esta historinha

serve de ilustração para os papais e mamães que são muito an-

siosos e sem paciência: imprevistos sempre acontecem; os tra-

balhos em filmes ou vídeos, na maioria das vezes, são muito

demorados.

Quando o produtor comentar que o cachê é baixinho por-

que vai ser super rápido, não acredite. Fique sempre esperando o

pior e, se acontecer de acabar cedo, surpreenda-se com esta no-

vidade boa. O contrário é sempre muito ruim: esperar uma fil-

magem seja rápida e ela demorar.

De 1 ano e meio a 3 anos e meio – essas idades são críti-

cas. Já estão andando; são, em sua maioria, irrequietos, incons-

tantes, imprevisíveis e aprontam muito. Se não for uma criança

fora de série, é melhor esperar os 4 anos.

De 4 a 6 anos – são idades muito interessantes para traba-

lhar-se. Já entendem o que lhes é pedido e são espontâneas, pois

tudo é brincadeira para elas. E consegue-se ótimos sorrisos com

os dentinhos de leite. São idades, onde se revelam muitos talen-

tos para publicidade.

De 7 a 10 anos – idade das trocas de dentes. Crianças que

atuavam muito até os seis anos, podem perder muitos trabalhos

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38

Carlos N. Andrade

depois das trocas dos dentes, principalmente, se nascerem tortos.

É, porém, uma faixa de idade bastante procurada porque a criança

já sabe ler, já pode frequentar algum curso de interpretação, e tem

uma compreensão bem elaborada do que lhe é pedido. É também

uma faixa em que se descobrem muitos novos talentos. A esta

altura, a criança começa a ter consciência de que ela está traba-

lhando, não brincando, e que o trabalho pode lhe render algumas

coisas como dinheiro e fama.

De 11 a 12 anos – puberdade. Começam as transforma-

ções, mudanças de interesses e mudanças físicas. É uma faixa

etária um pouco encrencada. Esta fase é mais problemática nos

meninos, onde se iniciam as alterações na voz, aparecimento

de barba e mudança nas feições, como alargamento do nariz.

Nas meninas, temos uma variação muito grande também, de-

pendendo da constituição física de cada uma; podemos encon-

trar meninas que ainda mantêm o corpo de criança, e meninas,

já com busto e um corpo mais feminino. Os trabalhos diminu-

em bastante neste período.

De 13 a 19 anos – adolescentes. É um mercado cada vez

mais em expansão. Roupas, bebidas, cosméticos, programas de

TV, temos, cada vez mais, mercado para este grupo que se forta-

lece a cada dia que passa. Li, em uma matéria, uma definição

ótima para eles:

“Os adolescentes são, em sua maioria, inseguros pois estão

prestes a se tornarem adultos e não sabem direito como fazer ;

são uma espécie de estagiários da vida. Por isso, procuram se

fortalecer em grupos em que eles se identifiquem. Existem

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39

Mamãe, quero ser modelo!

vários tipos de grupos e eles se identificam por meio de

vestimentas, corte de cabelos e gírias”.

Não me recordo de quem escreveu isto, mas, pra mim, é

uma descrição perfeita. Nesta fase de busca de afirmação, os jo-

vens procuram reconhecimento do grupo a que pertencem ou do

qual gostariam de pertencer. A opinião da “tribo” é mais valoro-

sa do que a, dos seus pais. É normal, nesta fase, mudanças re-

pentinas de vontades: não querem mais ser modelo para serem

roqueiros ou, então, que comecem a tentar a carreira só agora,

pois antes, estavam querendo fazer outras coisas.

Resumindo: os bebês trabalham, normalmente, dos 6 me-

ses, (quando já estão sentando sozinhos) a 1 ano e 2 meses. É um

período curto com rápidas transformações. Não que não haja tra-

balho para idades menores de 6 meses, mas é menos comum. As

crianças com 4 anos começam a ter um mercado muito bom e

vão até os 6 anos com os dentes de leite. Com 7 anos, geralmen-

te, os dentes da frente já foram trocados e estão desparelhos com

o resto dos dentes. Passam, então, por uma fase instável. O sor-

riso muda e aparecem muitos problemas com dentes tortos que

devem ser corrigidos. Quando os dentes definitivos emparelham

novamente, retomamos os trabalhos até a puberdade que, nova-

mente, é um período em baixa até a adolescência.

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branca

Page 42: Mamãe quero ser modelo e-book

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QUAIS OS REQUISITOS NECESSÁRIOS?

Se um dia aparecerem na minha agência duas crianças,

uma, muito talentosa, mas com um tipo físico difícil de encai-

xar-se em algum trabalho, e outra criança muito tímida, mas

com um tipo físico muito solicitado e pedirem-me para esco-

lher somente uma delas, adivinha qual será a escolhida? O tipo

físico é muito importante, porque tudo começa por ele e, quan-

to à timidez, tem como ser muito melhorada. Todo pedido de

novo elenco começa pelo tipo físico.

O talento é o dom natural que algumas pessoas possuem

de conseguir fazer algo com facilidade; isto não se ensina, verda-

de, mas pode-se treinar o que tem de ser feito.

Se desejássemos fazer uma escala de pré-requisitos para o

sucesso, poderíamos considerar os seguintes ingredientes; tipo

físico, talento, vocação, carisma, estrela, profissionalismo e dis-

ponibilidade. Vamos ver a importância de cada um deles.

1) Tipo físico: é o requisito de maior importância para a

carreira de modelo e de ator, na área publicitária. É por onde tudo

começa, com o pedido do cliente quando descreve sexo, idade e

tipo físico dos modelos ou atores para o trabalho. Uma pessoa muito

talentosa, mas com um perfil físico pouco solicitado, dificilmente

trabalhará, mas outra, que tenha um tipo físico muito procurado,

mas nenhum talento, certamente conseguirá, nem que seja um tra-

balho mais simples ou uma participação muito pequena.

As pessoas sem talento acabam aprendendo a fazer alguns

trabalhos corretamente, desde que tenham outros requisitos, sendo

a vocação um deles.

Em propaganda, temos os tipos mais pedidos, os quais

chamo de “tipos comerciais” e podemos elencar, entre eles, os

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Carlos N. Andrade

seguintes: o garoto com cara de levado, com cara de anjinho,

com cara de “nerd” ou cientista, o bonito e o feio engraçado.

Entre as meninas, incluímos também a levada, a engraçada e a

bonita do bairro.

Existem outros tipos especiais como os ruivos e os orien-

tais, que são raros, por isso, preciosos. Os ruivos, quando tam-

bém são sardentos, passam a ter característica de levados. Quan-

to aos orientais, podem ser japoneses, coreanos ou chineses. Eles

fazem sucesso na publicidade, principalmente, compondo tur-

mas, e também em papéis caricatos de gênios da eletrônica ou

lutadores de artes marciais.

As agências de modelos devem ter em seus elencos todos

os tipos possíveis para não desapontarem seus clientes, mas isto

é um fato bastante difícil de acontecer em agências infantis por

trabalharem com faixas de idades e tipos característicos muito

abrangentes: índios, mulatos, orientais, negros, ruivos, brancos,

sardentos, olhos pretos, olhos azuis, cabelos cacheados, cabelos

crespos, cabelos castanhos ou louros, boca grande, nariz afilado

ou batatudo, cara de rico, classe média... Nossa, parecem

infindáveis as possibilidades! Mas uma agência infantil teria que,

teoricamente, possuir em seu cadastro todas essas variações de

crianças com 6 meses, 1 ano, 2 anos, 3 anos... Mas é quase im-

possível ter de tudo: já me pediram uma menina mulata com olhos

verdes e, detalhe, com 15 dias de nascida para fazer o papel da

Chica da Silva em uma novela. Vou citar outro exemplo bem

simples para vocês terem uma idéia desta dificuldade: para um

especial da Angélica, pediram-me crianças de 9 meses a 12 anos,

em sequência, que se parecessem com a Apresentadora para uma

retrospectiva. No briefing11

, constavam as seguintes característi-

cas: pele branca, cabelos louros e olhos claros, verdes ou azuis.

Parece um pedido bem simples de atender mas, na verdade, eu

11 Descrição do pedido.

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Mamãe, quero ser modelo!

tinha até quatro opções em determinadas faixas etárias e nenhu-

ma, em outras. Se o cliente não tivesse procurado em mais de

uma agência, não conseguiria fazer seu programa.

Outro detalhe importante para ser colocado neste capítulo

diz respeito à discriminação, que é bem diferente do preconceito

que ocorre com os adultos. Quando se realiza um trabalho com

diversas crianças, na maior parte das vezes, procura-se utilizar

variedades raciais: negros, mulatos, orientais etc. Na verdade, o

que existe é escassez de modelos e atores negros infantis.

Então, mesmo que sejam pouco solicitados determinados

tipos físicos, eles são interessantes para compor o elenco da agên-

cia, mesmo as meninas de cabelos curtos (muito raro de serem

procuradas em relação a crianças) e meninos de cabelos compri-

dos, a não ser que a agência se especialize em determinados tipos.

2) Talento: podemos chamar de talento a facilidade que

se tem em fazer determinada coisa. O talento é fundamental

em certos trabalhos, pois, sem ele, estes ficariam deficientes,

falhos ou inapropriados. Uma pessoa sem talento consegue,

em funções mais simples, ter um desempenho parecido ao, de

pessoas talentosas, talvez demorando mais tempo ou obtendo

menos perfeição.

O talento é também um grande diferencial, é para onde o

melhor papel vai, onde a direção do trabalho (o diretor artístico)

vai buscar apoio e é para onde o sucesso vai e se sente confortável.

O talento causa um efeito multiplicador, se vier associado

ao tipo físico comercial. Aliás, nenhum pré-requisito desses faz

nada sozinho.

3) Vocação: a palavra vocação é originária do latin:

vocatione, que significa ato ou efeito de chamar. Nos dicionários

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Carlos N. Andrade

temos vários significados para ela e à que me refiro aqui é um

significado do dicionário Houaiss:

“Disposição natural e espontânea que orienta uma pessoa no

sentido de uma atividade, uma função ou profissão; pendor,

propensão, tendência”.

Portanto, considero, a palavra vocação como uma junção

de interesse e vontade de fazer, desassociando-a de talento, que

também é uma das interpretações de seu significado. A vocação

vem acompanhada, muitas vezes, de determinação, e quando há

esta combinação – interesse com vontade e determinação – al-

cança-se um ponto muito importante, quando se deseja realmen-

te uma coisa.

Uma pessoa determinada e sem talento poderá ter mais su-

cesso do que uma pessoa talentosa, mas que não tenha nenhum

interesse ou vontade de praticar aquilo em que se sobressai.

Mas há um problema: a vontade demasiada, às vezes, pode

cegar e fazer com que a pessoa não perceba que, mesmo dese-

jando muito participar da seleção de futebol do Brasil, se não

souber jogar futebol direito, ela não conseguirá. Nesses casos, a

opinião de pessoas abalizadas ajudará a decidir se alguém deve

continuar insistindo ou, então, se deve redirecionar sua vonta-

de para outra área. Um ditado popular fala em “Dar murro em

ponta de faca”...

É importante diferenciar determinação e persistência de

teimosia. Diz outro ditado que “A diferença entre determinação

e teimosia é apenas o resultado”. Portanto, existe uma linha mui-

to tênue entre o sucesso conseguido por teimosia ou uma deter-

minação muito forte.

No começo de sua carreira, Gisele Bündchen ficou em se-

gundo lugar na etapa brasileira do concurso da agência Elite e

Page 46: Mamãe quero ser modelo e-book

45

Mamãe, quero ser modelo!

entre as dez colocadas na final mundial. Depois do concurso,

Gisele, então com 14 anos, relata no seu site12

sua determinação

em vencer numa carreira que não pensava em exercer:

“Após o concurso, que confirmou a existência de um biotipo para

a profissão, era preciso definir o que fazer.

A opção pela carreira implicaria deixar minha família em

Horizontina e a vida tranqüila do interior para encarar as

dificuldades da profissão, de viver sozinha e a saudade.

Na capital paulista, comecei a fazer inúmeros testes em busca de

trabalhos. Após muitos “nãos”, as coisas começaram a acontecer.

Encarei o não como desafio e não me dei por vencida só porque

algumas pessoas diziam que não servia para capa de revista

porque tinha o nariz muito grande. Tive muita disciplina e

persistência e estava determinada a provar que eu realmente

poderia fazer aquilo”.

Gisele, em 1999, com 19 anos, ganhou o prêmio “Model

of the Year” (Modelo do Ano) no Vogue Fashion Awards e não

parou mais. Já fez mais de 400 capas de revistas até hoje. Mas, só

se aventurou nessa carreira, após analisada e aprovada por espe-

cialistas em um concurso que teve como principal finalidade a

descoberta de novas top models de sucesso.

4) Carisma: voltemos ao dicionário Houaiss:

“Conjunto de habilidades e/ou poder de encantar, de seduzir,

que faz com que um indivíduo (p.ex., um cantor, um ator) desperte

de imediato a aprovação e a simpatia das massas”.

12 www.giselebundchen.com.br

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Carlos N. Andrade

Carisma é um certo tipo de simpatia e independe se a pessoa

é extrovertida ou tímida. O carisma causa uma empatia imediata

com o público consumidor e é muito importante para conquistar a

preferência do público. Ser carismático não é uma característica

fundamental, mas sempre pesa na escolha de um elenco.

O carisma é percebido logo quando se conhece uma pes-

soa, diferente da “estrela” dela.

5) Estrela: ter estrela é estar no lugar certo, na hora certa.

Quem tem estrela consegue pegar um melhor papel ou pegar

um papel que normalmente não seria seu. É uma característica

difícil de ser percebida, num primeiro contato. Percebe-se, no de-

correr de uma carreira, mas é um ponto muito importante para

obter-se sucesso.

As coisas, normalmente, acontecem para quem tem estrela.

É lógico que, se a pessoa tiver só estrela, não vai adiantar muito,

mas, se for acompanhada de outros pontos favoráveis, vai ser muito

benéfico; o que já não acontece com quem tem alguns pontos favo-

ráveis, mas não tem estrela.

6) Profissionalismo: é ótimo quando somos amadores e fa-

zemos tudo por amor. Mas esta fórmula só é válida, quando não há

compromissos com ninguém, o que não acontece em publicidade,

onde existe uma enormidade de pessoas envolvidas numa mesma

produção; é um verdadeiro trabalho de equipe, cada qual com a sua

tarefa a cumprir e, para que funcione, é necessário profissionalismo.

As crianças são as únicas de quem não podemos cobrar

profissionalismo. Mas, se houver uma falha com uma criança

num trabalho, a produção irá cobrar, em primeiro lugar, do pro-

dutor de elenco, que é o profissional responsável pela

contratação da área artística numa produção. Este, então, irá

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47

Mamãe, quero ser modelo!

cobrar da agência à qual a criança está vinculada, que por sua

vez, cobrará dos seus responsáveis.

Ser profissional é saber quais são suas obrigações e procu-

rar sempre cumprí-las da melhor forma possível, assim como co-

nhecer, também, seus direitos.

Ter profissionalismo, nesta área, é perguntar tudo a respei-

to dos trabalhos, antes de ir a um teste: que tipo de trabalho vai

ser; o que vai ser exigido da criança ou adolescente; qual o clien-

te e produto a ser anunciado; qual o tempo de veiculação e tipo

de mídia; quanto é o cachê e em quanto tempo prometeram o seu

pagamento; quando vai acontecer o teste e, se for aprovado, quan-

do acontecerá o trabalho.

Não assuma compromissos para um teste e, principalmen-

te, com trabalhos que não poderá cumprir posteriormente. Obe-

deça aos horários estabelecidos e não leve para os testes e tra-

balhos, pessoas não autorizadas pela produção, como parentes

e amigos.

Da mesma forma, se você agir com profissionalismo, po-

derá exigir profissionalismo das pessoas que trabalham com você.

7) Disponibilidade: as crianças não dependem delas mes-

mas para entrarem numa agência, irem para um teste ou não fal-

tarem a um trabalho. Já vi carreiras, que estavam começando

muito bem, serem abreviadas pela falta de tempo dos responsá-

veis para levarem os pequeninos aos testes ou não haver mesmo

ninguém para levá-los, por morarem muito longe ou não terem

dinheiro para pegar uma condução. Portanto, sem disponibilida-

de, não se consegue trabalhar.

Você, que vai colocar sua filha apenas porque ela lhe pede

muito e quer, então, verificar como o mercado reage à sua

presença, fique preparada para um possível sucesso. Se você não

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Carlos N. Andrade

tem tempo, disposição e nenhum parente que possa levá-la aos

testes, é melhor não iniciar, então, este processo.

Uma mãe apareceu com um garotinho na agência; ele, com

3 anos e meio, uma idade em que, já percebemos, não existe muitas

chances de trabalho. Ela nos disse que não era muito ligada nisto,

que nunca tinha pensado em levá-lo a uma agência, mas as pessoas

lhe falavam tanto que deveria levá-lo, que, então, resolveu arriscar.

E lá estava o pequeno César com uma cara mansa e meiga. O

César nos foi uma grata surpresa; não era o mais bonito de sua

idade e nem o mais talentoso, mas descobrimos que ele tinha

outras qualidades. Era carismático, simpático, obediente,

profissional e tinha uma estrela enorme. Em cada dez seleções

em que o César ia, era aprovado em nove, quando o normal seria

o contrário: ir a dez seleções para ser aprovado em uma. Nós

tínhamos um ranking13

de trabalho na agência, nesta época, e o

César, geralmente, ficava em primeiro ou em segundo lugar. A

cada ranking que ele ganhava, a agência lhe dava fotos novas e

uma bolsa de um curso de interpretação, e o menino que, nesta

época, não pegava trabalhos bons por não ser ator, foi aprendendo

a atuar até que passou no seu teste mais importante: o do

personagem “Pedrinho” na volta do Sítio do Pica Pau Amarelo,

na televisão.

César Cardadeiro cresceu e, depois que saiu do programa,

participou da novela “Malhação” até 2006, quando já estava com

15 anos e, mais recentemente, em 2008, atuou também como

um dos protagonistas na versão moderna de “Capitu”, minissérie

da TV Globo. Se você perguntasse para ele, quando tinha 10

anos, o que ia ser quando crescesse, não titubeava: “vou ser ator”,

dizia cheio de orgulho.

13 Pontuação para se medir os agenciados mais produtivos, era uma conta que levava em

consideração o número de trabalhos e os valores dos cachês.

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49

Mamãe, quero ser modelo!

Para ilustrar um pouco do profissionalismo precoce deste

garoto, vou contar uma historinha: aos 6 anos de idade, César foi

aprovado para fazer um comercial de um doce. Era um elenco

grande, onde se ia reproduzir, em estúdio, o picadeiro de um circo

e ele ficaria com outras crianças e adultos na platéia. O elenco

foi marcado e chegou às 6 horas da manhã no estúdio, mas houve

um problema com o cenário e o início da gravação só se deu por

volta das 18 horas. Isso mesmo: 12 horas de atraso.

Começou-se a gravar, durante a noite e entramos pela

madrugada. Às 4 horas da madrugada, a produtora de elenco,

Rosa Fernandes, depois de comunicar-me que ainda havia algumas

cenas para terminar, e que, pelo adiantado da hora, não poderia

exigir que o elenco ficasse, mas que o César participaria ainda de

duas cenas de continuidade, perguntou-me se ele ficaria. Respondi

que ela deveria perguntar à Elizabeth, mãe do César. Foi o que

fizemos: explicamos a situação a todos, que o César ainda tinha

as duas cenas, mas que, se eles quisessem, poderíamos continuar

no dia seguinte.

Consultei a mãe do César que, por sinal, sempre foi

considerada uma mãe exemplar por todos na agência, que me

respondeu: “Perguntem pra ele”. E sabem qual foi a resposta do

César? “Ta bom, mas eu quero tomar um banho antes de

continuar”. E assim foi: César, então com apenas 6 anos de idade,

tomou a decisão de ficar, tomou seu banho e continuou a gravação

até as 6 horas da manhã.

Para pensar: Segundo Malcolm Gladwell o escritorde �Fora de Série, a História do Sucesso�, ter talento nãobasta para vencer. Também é preciso apoio, trabalho e sorte.

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branca

Page 52: Mamãe quero ser modelo e-book

51

COMO A AGÊNCIA ESCOLHE SUAS

INDICAÇÕES?

Por que minha filha, tão linda, não é chamada e outras, não

tão bonitas, fazem tantos trabalhos? Esta é uma pergunta que a

maioria das mães tem na ponta da língua. Para a maior parte dos

pais, seus filhos serão sempre os mais bonitos, mais talentosos,

mais engraçados e tudo o mais que os filhos dos outros.

As indicações para os trabalhos são feitas, obedecendo-se

a critérios inteiramente subjetivos e, neste caso, há sempre diver-

gências, quanto ao resultado. É por isso que concursos de beleza

geralmente causam tanta polêmica e discórdia, assim como prê-

mios de melhor ator ou atriz ou de melhor música ou melhor

cantor ou melhor banda.

Pode acontecer que prêmios, resultantes de votos obtidos atra-

vés de um júri, fiquem diferentes do resultado obtido através dos

votos populares e ainda diferentes da sua opinião Não é verdade?

Quando era produtor de elenco, verifiquei que uma das

atribuições do cargo é a de abster-se do gosto pessoal para en-

tender e captar o gosto do cliente, e isto é muito difícil. E como,

na maior parte das vezes, as informações são passadas e repas-

sadas através de toda uma hierarquia funcional, muitas delas,

importantes, perdem-se no caminho. O próprio produtor de elen-

co trata com o assistente de direção, que repassa uma idéia do

diretor cinematográfico, que conceitua todo um filme na idéia

dos criadores da agência de publicidade. Ainda acontece de al-

guns produtores de elenco não transmitirem todas as informa-

ções necessárias para as agências de modelos e atores, por pres-

sa ou por acharem que elas não precisam das tais informações.

Mas estas informações são muito valiosas para uma perfeita

Page 53: Mamãe quero ser modelo e-book

52

Carlos N. Andrade

compreensão do elenco, não só do tipo físico mas, se possível,

da classe social, do perfil psicológico e comportamental, assim

como, do que vai ser exigido do modelo/ator no trabalho.

Quando me pedem um garoto com cara de levado, posso

imaginar esta criança como sendo ruiva, cabelos enrolados e

com sardas no rosto. Mas esta imagem que faço do levado pode

não ser a mesma que o cliente faz. Ele pode fazer a imagem do

garoto levado, como um garoto de cabelos castanhos, lisos e

com franjinha. Quem está certo? Quem está certo é o cliente,

mas podemos mostrar mais opções para sua criação. Já vi pes-

soas, crianças e adultos, aparecerem num teste completamente

fora do padrão pedido e acabarem ficando com o papel do fil-

me, ou por ter uma atuação tão convincente que fez com que o

diretor mudasse seu ponto de vista com relação ao personagem

ou, simplesmente, por sugerir outra opção física ao diretor em

que ele não havia pensado. Mas isso não é o comum. Acontece,

somente, quando é dada essa liberdade ao produtor de elenco

que tem, no conhecimento da capacidade do seu elenco, a vi-

são destas possibilidades.

Em muitos dos testes que acompanhei como produtor de

elenco e em que participava das escolhas dos atores e modelos

para a edição que seria mostrada aos clientes, elegia, secretamente,

os meus favoritos para os papéis. Na reunião de aprovação do elen-

co, verificava que havia, muitas vezes, divergências entre minhas

escolhas, as escolhas dos clientes e entre os próprios clientes, tam-

bém, cabendo a todos defenderem suas opiniões. No caso do Dire-

tor Carlos Manga, com quem trabalhei durante alguns anos, era

sempre a dele que prevalecia. O Manga sempre foi muito convin-

cente e sabia, como ninguém, defender seu ponto de vista. Afinal,

o filme fica na mão da direção e, se esta não acredita no seu elenco,

dificulta tudo. Não é à toa que o diretor artístico tem participação

Page 54: Mamãe quero ser modelo e-book

53

Mamãe, quero ser modelo!

sobre o direito autoral da peça publicitária que dirige, pois é ele

quem concretiza a ideia dos criadores do comercial. Nas indica-

ções de elenco, o lado subjetivo é muito grande, tanto no aspecto

físico quanto no quesito da interpretação.

Vamos imaginar uma escala de zero a dez, onde temos no

zero, pessoas muito feias ou péssimos atores e no dez, pessoas

muito bonitas ou ótimos atores.

É possível que se tenha uma unanimidade quanto ao zero

e ao dez, mas para o restante da escala entre o um e o nove,

existem muitas diferenças de opiniões: onde vejo uma mulher

bonita, outra pessoa pode vê-la como um pouco menos bonita

ou até linda. Na parte de interpretação, acontece da mesma ma-

neira: alguns atores são, indubitavelmente, ótimos e outros, mui-

to ruins, mas o meio termo é mais questionável, à medida que

nos deslocamos para o centro da escala, ao número cinco.

As indicações para trabalho obedecem a requisitos dos cli-

entes que são chamados de briefing.

O primeiro requisito, para mim, sempre foi o físico e por aí,

poderemos incluir ou eliminar os possíveis candidatos ao papel ou

personagem que está sendo pedido. Então, começa-se a contar pela

foto do modelo ou ator: é por ela que vão ser selecionados os tipos

mais adequados ao trabalho para enviar ao cliente.

Page 55: Mamãe quero ser modelo e-book

54

Carlos N. Andrade

O que é verificado? Sexo, idade, altura, cor de cabelo, cor

dos olhos, cor da pele, situação dos dentes, corte de cabelo, tudo

isso são indicações físicas que também podem determinar clas-

ses sociais ou estereótipos delas.

Vamos aos exemplos: quando se tem um pedido para que

um garoto de 12 anos faça o ator José Mayer nesta idade, deve-se

obedecer às características físicas do José Mayer, para selecionar

as crianças. Neste caso, leva-se em conta: o tipo do cabelo, cor

dos olhos, tom de pele, formato do nariz, formato da boca, for-

mato de rosto e a semelhança no todo.

Mas o que “esta criança” irá fazer no trabalho? Se for para

interpretar um personagem numa novela, por exemplo, conside-

ra-se, então, o segundo item de nossos pré-requisitos para as

indicações: o talento que, de acordo com o tipo de trabalho, é tão

importante quanto o tipo físico. Dependendo do que vai ser fei-

to, procura-se observar qual deles seria capaz de fazer o que está

sendo pedido pelo cliente.

O talento, como já vimos antes, é a maneira com a qual

algumas pessoas fazem bem algo. Nesse caso, do garoto para

interpretar o personagem do José Mayer mais novo em uma no-

vela, deve-se de saber o quanto dele será exigido. Se for para

uma cena, onde o personagem está se recordando de um mo-

mento da sua infância e esta cena se passa, rapidamente sem

nenhum texto para a criança decorar, não se precisa de nenhum

grande ator, bastando, aí, uma criança bem parecida com o ator

José Mayer. Mas, se esse personagem tem um grande papel, apa-

rece em vários capítulos com muito texto para falar, além de

ter, obrigatoriamente, uma semelhança física, deverá, necessa-

riamente que ser bom ator.

Então, voltando à pergunta da mãe ansiosa no começo deste

capítulo: vimos que as agências têm de indicar as opções, seguin-

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55

Mamãe, quero ser modelo!

do os pedidos dos clientes, e também vimos que essa beleza que

a mãe vê em sua filha, além de subjetiva, não determina que seu

biotipo deva estar em todos os pedidos para trabalhos. Constata-

se que somente a altura e cor de cabelos podem não ser

determinantes para uma seleção.

Vamos exemplificar melhor com mais um pedido. Garoto

de 15 anos, tipo surfista, com cabelos loiros, compridos, para

anúncio de refrigerante.

Neste caso, já elimina-se, de cara, os gordinhos, não que

eles não possam pegar surfe mas não é a imagem que o cliente

quer passar. O garoto deve ser magro, mas não muito, deve ter

uma musculatura definida pela prática do esporte. Não adianta

indicar os praticantes de musculação, não é o caso. Hoje em dia,

os surfistas já não têm aquela imagem de cabelos compridos como

antigamente e acho que, até a sua maioria já não tem os cabelos

assim, mas como o cliente pede, tem que se obedecer.

A descrição da cena ou do seu trabalho também é muito

importante. No pedido acima, podemos criar algumas opções.

Opção 1) Cena: saindo da água com uma prancha, coloca

a prancha na areia e bebe o refrigerante. No caso, não precisa ser

ator, nem saber pegar onda, basta ter a aparência e ser “descola-

do”, isto é, não ser muito tímido.

Opção 2) Cena: a cena começa com uma manobra radical

na onda, segue com ele saindo da água e comentando,

superanimado com um grupo de amigos, sua performance na onda

e falando que surfar lhe dava o mesmo prazer de estar bebendo o

seu refrigerante favorito, quando sente sede. Neste caso, além de

surfista, ele precisa ser ator. Tem-se, também, a opção de fazer a

cena do surfe com um dublê e a cena da areia com o ator.

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Page 58: Mamãe quero ser modelo e-book

57

ONDE LEVAR?

Temos que avaliar, primeiramente, que tipos de trabalhos

você quer que seu (sua) filho (a) faça.

Existe uma variedade de tipos de agências, sendo que, cada

uma tem seu mercado de trabalho e suas particularidades:

1) agências mistas (até os anos 80, todas eram assim, mas

o mercado se segmentou, aparecendo agências especializadas).

Estas agências trabalham com todas as faixas etárias, dos bebês à

terceira idade e possuem, em seu elenco, figurantes, modelos e

atores. Realizam filmes, figuração de novelas e comerciais. As agên-

cias mistas continuam trabalhando, principalmente, em longa

metragem e figuração, mas algumas também atuam na publicida-

de. Pode ser a única opção para seu filho, se, na sua cidade, não

existem agências especializadas em crianças;

2) agências de figuração (trabalham com todas as idades

e têm, em seu mercado principal, novelas, programas de auditó-

rio e filmes). Pagam pouco, mas, normalmente, fazem muitos

trabalhos, em sua maioria, desgastantes e cansativos, porém, ser-

vem como experiência.

Alguns atores tiveram seu começo de carreira como figuran-

tes. Não podemos levar este fato como regra ou necessidade básica

da profissão. Se a intenção é progredir e passar a um diferente está-

gio como modelo ou ator, não fique muito tempo trabalhando como

figurante. O diretor Carlos Manga costumava dizer que um figuran-

te tem como principal característica de trabalho ignorar sempre a

câmera, enquanto que um ator publicitário deve, na maioria das ve-

zes, contracenar com ela, e que esses modos diferentes de lidarem

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58

Carlos N. Andrade

com a câmera dificultam essa mudança de comportamento, se esta

característica (olhar ou não a câmera) já tiver se tornado um hábito;

3) agências de modelos adultos. Dividem-se em agênci-

as de modelos para moda e modelos para publicidade.

As agências para moda são as mais famosas e algumas, in-

clusive, existem em vários países, como a Ford e a Elite, e são

fornecedoras de modelos para os desfiles, para editoriais de moda

e também fazem as grandes campanhas publicitárias, onde a be-

leza é o requisito fundamental.

Outras agências trabalham com modelos adultos, mas não

visam o mercado fashion, não exigindo alguns pré-requisitos como

altura, por exemplo. Abre-se, então, campo para trabalhos publi-

citários menores, onde não se aplicam grande verbas para a

contratação dos modelos;

4) agências de recepção. Como o próprio nome diz, con-

tratam promotores e recepcionistas, no caso, maiores de 18 anos;

5) agências de atores. A maioria das agências que traba-

lha com atores, oferecem modelos também, mas existem algu-

mas agências específicas de atores com clientes, principalmente,

fora do eixo Rio-São Paulo;

6) agências infantis e infanto-juvenis. É o segmento que

cuida, com exclusividade, das crianças e adolescentes. Existem

agências que não trabalham nem com adolescentes; essas são

ainda mais específicas. As agências que trabalham com crianças

têm uma constante mudança no seu elenco, em virtude de uma

mudança física muito rápida de seus agenciados. A busca por

novas descobertas e novos agenciados é muito mais dinâmica,

neste tipo de agência: criança, quanto menor, mais rápido muda.

Page 60: Mamãe quero ser modelo e-book

59

O CAMINHO DA PROGANDA

Como são criados os anúncios? Quem são as pessoas que

trabalham com isto? Quantos profissionais estão envolvidos numa

propaganda para TV e numa foto para um cartaz? Muitos. A rela-

ção de profissionais é extensa e você já deve ter reparado na

quantidade de nomes (créditos) que aparecem nas letrinhas, quan-

do termina um filme de cinema. O número de profissionais que

trabalham num filme para um comercial é bem extensa, também.

Num estúdio de fotografia, menos profissionais estão en-

volvidos, e, são os mesmos que trabalham na produção.

Vou apresentar uma pequena ideia deste mundo fantástico

que está por trás dos bastidores.

Tudo começa com o cliente, não é? O cliente é quem está

querendo anunciar, divulgar um produto, um serviço ou mesmo

uma ideia sobre sua empresa, seus serviços ou produtos. Este cli-

ente, ou já tem uma agência de propaganda ou contrata uma para

solucionar seus problemas de comunicação com o seu público.

Como a agência de propaganda oferece muitos tipos de

serviços para estes clientes, aqui vamos falar do mais conhecido,

que é a propaganda.

Nas agências de propaganda, profissionais específicos cap-

tam do cliente suas necessidades de comunicação e traçam um

diagnóstico e uma proposta que, normalmente, são ações de co-

municação que vão resultar em criação de campanhas e anúncios.

Estes anúncios podem ter várias mídias14

conjugadas ou uma só.

14Meios de comunicação.

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60

Carlos N. Andrade

As equipes de criação da agência de propaganda – normal-

mente, compostas por duplas formadas por um redator e um di-

retor de arte – são, então, encarregadas de criar o comercial que

você vê na televisão e nas peças impressas.

Com a peça publicitária criada, passa-se a vez para quem

irá produzi-la, no caso de uma peça para televisão, um filme pu-

blicitário ou um vídeo; contrata-se uma produtora de comerciais.

Caso a peça seja uma foto, contrata-se um fotógrafo.

Na produtora de comerciais, forma-se uma equipe, onde o

diretor cinematográfico é o profissional a quem compete passar

aquela idéia dos criadores para a tela da tevê. Uma equipe de

filmagem é formada de acordo com a complexidade ou necessi-

dade do filme, onde o cargo de produção pode ter algumas espe-

cialidades, como: produtor executivo, produtor de set, produtor

de locação e produtor de elenco.

O produtor de elenco é o profissional responsável pela cap-

tação de toda mão-de-obra artística, necessária para o filme; lida

diretamente com os atores, modelos e figurantes do filme. Geral-

mente, é quem mais requisita trabalhos para uma agência de

modelos e atores.

Page 62: Mamãe quero ser modelo e-book

61

QUEM É QUEM

Basicamente, os profissionais envolvidos na produção e fil-

magem são os seguintes (definidos pelo decreto nº: 82.385/78):

• diretor cinematográfico – cria a obra cinematográfica,

supervisionando e dirigindo sua execução, utilizando recursos

humanos, técnicos e artísticos; dirige, artisticamente e

tecnicamente, a equipe e elenco; analisa e interpreta o roteiro

do filme, adequando-o à realização cinematográfica sob o ponto

de vista técnico e artístico; escolhe a equipe técnica e o elenco;

supervisiona a preparação da produção; escolhe locações,

cenários, figurinos, cenografias e equipamentos; dirige ou

supervisiona montagem, dublagem, confecção da trilha musical

e sonora e todo o processamento do filme até a cópia final;

• assistente de diretor cinematográfico – assiste o dire-

tor cinematográfico em suas atividades, desde a preparação da

produção até o término das filmagens; coordena as comunica-

ções entre o diretor de produção cinematográfico e o conjunto

da equipe e do elenco; colabora na análise técnica do roteiro, do

plano e da programação diária de filmagens ou ordem do dia;

supervisiona o recebimento e distribuição dos elementos requi-

sitados na ordem do dia; coordena e dinamiza as atividades, vi-

sando o cumprimento da programação estabelecida;

• diretor de fotografia – interpreta, com imagens, o rotei-

ro cinematográfico, sob a orientação do diretor cinematográfico;

mantém o padrão técnico e artístico da imagem. Durante a pre-

paração do filme, seleciona e aprova os equipamentos adequa-

dos ao trabalho, indicando e/ou aprovando os técnicos sob sua

Page 63: Mamãe quero ser modelo e-book

62

Carlos N. Andrade

orientação, o tipo de negativo a ser adotado, os testes de equipa-

mento; examina e aprova locações interiores e exteriores, cenári-

os e vestuários; nas filmagens; orienta o operador de câmera,

assistente de câmera, eletricista, maquinista; e supervisiona o

trabalho do continuísta e do maquiador, sob o ponto de vista

fotográfico. No acabamento do filme, quando conveniente ou

necessário, acompanha a cópia final, em laboratório, durante a

marcação de luz;

• diretor de arte – cria, conceitua, planeja e supervisiona

a produção de todos os componentes visuais de um filme ou es-

petáculo; traduz, em formas concretas, as relações dramáticas,

imaginadas pelo diretor cinematográfico e sugeridas pelo roteiro;

define a construção plástico-emocional de cada cena e de cada

personagem dentro do contexto geral do espetáculo; verifica e

elege as locações, as texturas, a cor e os efeitos visuais deseja-

dos, junto ao diretor cinematográfico e ao diretor de fotografia;

define e conceitua o espetáculo, estabelecendo as bases sob as

quais trabalharão o cenógrafo, o figurinista, o maquiador, o téc-

nico em efeitos especiais cênicos, os gráficos e os demais profis-

sionais necessários, supervisionando-os durante as diversas fa-

ses de desenvolvimento do projeto;

• diretor de produção cinematográfica – mobiliza e admi-

nistra recursos humanos, técnicos, artísticos e materiais para a reali-

zação do filme; racionaliza e viabiliza a execução do projeto, medi-

ante análise técnica do roteiro, em conjunto com o diretor cinemato-

gráfico ou seu assistente; administra, financeiramente, a produção;

• ator – cria, interpreta e representa uma ação dramática,

baseando-se em textos, estímulos visuais, sonoros e outros previa-

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63

Mamãe, quero ser modelo!

mente concebidos por um autor ou criados, através de improvisa-

ções individuais ou coletivas; utiliza-se de recursos vocais, corpo-

rais e emocionais, apreendidos ou intuídos, com o objetivo de trans-

mitir ao espectador o conjunto de ideias e ações dramáticas pro-

postas; pode utilizar-se de recursos técnicos para manipular bone-

cos, títeres e congêneres; pode interpretar sobre a imagem ou a voz

de outrem; ensaia, buscando aliar a sua criatividade à, do diretor;

atua em locais, onde são apresentados espetáculos de diversões

públicas e/ou nos demais veículos de comunicação;

• figurinista – cria e projeta os trajes e complementos usa-

dos pelo elenco e figuração, executando o projeto gráfico dos

mesmos; indica os materiais a serem utilizados; acompanha, su-

pervisiona e detalha a execução do projeto;

• maquiador de cinema – encarrega-se da maquiagem ou

caracterização do elenco e figuração de um filme, sob orientação

do diretor cinematográfico, em comum acordo com o diretor de

fotografia; indica os produtos a serem utilizados em seu trabalho;

• cenógrafo – cria, projeta e supervisiona, de acordo com

o espírito da obra, a realização, e montagem de todas as

ambientações e espaços necessários à cena; determina os materi-

ais necessários; dirige a preparação, montagem e remontagem das

diversas unidades de trabalho. Nos filmes de longa-metragem,

exerce, ainda, as funções de diretor de arte;

• cenotécnico – planeja, coordena, constrói, adapta e exe-

cuta todos os detalhes de material, serviços e montagens dos

cenários, segundo maquetes, croquis e plantas fornecidas pelo

cenógrafo;

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64

Carlos N. Andrade

• aderecista – monta, transforma ou duplica, utilizando-se

de técnicas artesanais, objetos cinematográficos e de indumentária,

segundo orientação do cenógrafo e/ou figurinista;

• continuista de cinema – assistente do diretor cinema-

tográfico, no que se refere ao encadeamento e continuidade da

narrativa, cenários, figurinos, adereços, maquiagem, penteados,

luz, ambiente, profundidade de campo, altura e distância da

câmera; elabora boletins de continuidade e controla os de som e

de câmera; anota diálogos, ações, minutagens, dados de câmera

e horário das tomadas; prepara a claquete; informa a produção

dos gastos diários de negativo e fita magnética;

• eletricista de cinema – encarrega-se da guarda, manu-

tenção e adequada instalação do equipamento elétrico e de ilu-

minação do filme, distribuindo de acordo com as indicações do

diretor de fotografia; determina as especificações dos geradores

a serem utilizados;

• técnico em efeitos especiais cênicos – realiza e/ou

opera, durante as filmagens, mecanismos que permitem a reali-

zação de cenas exigidas pelo roteiro cinematográfico, cujos efei-

tos causam ao espectador convencimento da ação pretendida pelo

diretor cinematográfico;

• técnico de som – realiza a interpretação e o registro,

durante as filmagens, dos sons requeridos pelo diretor cine-

matográfico, indica o material adequado ao seu trabalho e à

equipe que o assiste; examina e aprova, do ponto de vista so-

noro, as locações internas e externas, cenários e figurinos; ori-

enta o microfonista; acompanha o acabamento do filme, a

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65

Mamãe, quero ser modelo!

transcrição do material gravado para magnético perfurado, a

mixagem e a transcrição ótica;

• maquinista de cinema – encarrega-se do apoio direto

ao operador de câmera, assistente de câmera e eletricista, no que

se refere ao material maquinária; instala e opera equipamentos,

destinados à fixação e/ou movimentação de câmera;

• operador de câmera – opera a câmera cinematográfica

a partir das instruções do diretor cinematográfico e do diretor de

fotografia; enquadra as cenas do filme; indica os focos e os movi-

mentos de zoom e câmera;

• operador de vídeo – responsável pela qualidade de ima-

gem no vídeo, operando os controles, aumentando ou diminuin-

do o vídeo e pedestal, alinhando as câmeras, colocando os filtros

adequados e corrigindo as aberturas de diafragma;

• figurante – participa, individual ou coletivamente, como

complementação de cena.

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67

A CRIANÇA NA PROPAGANDA

David Ogilvy, um dos mais respeitados publicitários americanos

de todos os tempos não relutou em apontar a figura do bebê

como um poderoso motivador de vendas, “Para atingir a mulher,

coloque um bebê”, afirmou. “Enquanto bebê ele é único. Depois

de crescer, torna-se mais um vulgar membro da família”.

A identidade que existe entre as crianças criou, a partir deste

conceito, a idéia de que quase tudo pode ser vendido por elas:

de pasta de dentes a automóveis, quase todos os anúncios são

dirigidos principalmente para as crianças. A exceção fica por

conta das fraldas e outros produtos para bebê que, evidentemente

ainda não possuem percepção visual para serem motivados. E

é quase sempre a figura infantil – somada aos apelos de frases

sugestivas ou jingles de fácil assimilação a grande responsável

pelo sucesso de vendas deste ou daquele produto.

A criança cresceu no meio do desenvolvimento da sociedade de

consumo, e por isso é menos desconfiada em relação aos anúncios

que recebeu diariamente e aceita sem problemas as mensagens

publicitárias. E, na medida que aprende musicas, repete frases

e imita os pequenos artistas que vê, provoca nos pais a imediata

simpatia em relação ao produto. Segundo uma pesquisa

francesa, realizada no último ano, 78% dos pais entrevistados

afirmaram ser influenciados pelos filhos nas horas das compras

e 75% preferem comprar produtos que ofereçam prêmios – ou

possibilidades de – aos seus filhos.

Os pesquisadores franceses vão mais além: as crianças adoram

a publicidade, que as transforma em rainhas durante os

segundos que compõem o filme publicitário.

Essa sensação de poder, de domínio, segundo os técnicos, vai

crescendo à medida em que as agências promovem entrevistas

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68

Carlos N. Andrade

para conhecer o mundo infantil e suas possibilidades comerciais.

E a identificação se faz a tal nível que, quando uma criança é

convidada a fazer a publicidade deste ou daquele produto, ela

esta simplesmente realizando um sonho: o de aparecer no vídeo,

identificando-se com “n” outras crianças.

Essas pesquisas publicitárias modelaram vários protótipos,

todos amplamente utilizados no mundo inteiro: a criança que

recomenda as crianças alvo, a criança-álibi. Mas todos eles

vendem, ou atingem o objetivo proposto. Em outras palavras:

a criança e a publicidade gostam um do outro, mas o prejuízo

ou a satisfação – tudo depende do caso – fica por conta dos

adultos. Mas, de qualquer forma, resta o consolo de saber que

uma criança não engana: se uma delas aparece usando uma

marca de sabonete, isto quer dizer que aquele produto não é

nocivo para os adultos.

Dessa forma, as crianças vão tomando conta de um meio de

comunicação que, até pouco tempo, pertencia aos adultos. Se

antes a propaganda procurava atingir as donas-de-casa –

principais consumidoras da família - hoje ela pretende atingir

os filhos, que servem também de justificativa para os excessos

que eventualmente possam ser cometidos dentro de um

supermercado: em última analise, tal produto foi comprado

para atender ao pedido de uma criança, e não para satisfazer

a necessidade de consumo de um adulto.

E é neste sentido que surge uma observação de Flavio Farias:

os próprios supermercados conscientes deste domínio infantil

nas compras, estão empregando uma técnica de vendas

extremamente funcional: “Em qualquer supermercado, ou

grande loja pode-se notar esta mudança. Os produtos cuja

publicidade é dirigida às crianças estão colocados em alturas

mais baixas, exatamente ao alcance destes consumidores.

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69

Mamãe, quero ser modelo!

Bolachas, brinquedos, sabonetes e até curativos antissépticos

podem ser apanhados facilmente pelas crianças e colocados no

carrinho de compras da mãe”.

(Matéria publicada em 14/05/1977,

no Jornal Folha da Manhã e divulgada no site Memória da

Propaganda www.memoriadapropaganda.org.br)

Vemos, aqui, neste artigo, que a influência exercida pelas

crianças no consumo de bens e produtos, mesmo nos não desti-

nados a ela, já era, nos anos 70, uma preocupação dos publicitá-

rios. O mais formidável é que pesquisas recentes, realizadas em

2007 e 2008, por diferentes institutos e em vários países, confir-

mam, praticamente, os mesmos dados.

Crianças desinibidas ou com disposição para representar sempre

tiveram espaço na televisão, no cinema e na propaganda. O tru-

que é antigo: a criança enternece o adulto, desperta nele bons

sentimentos. “A imagem da criança carrega uma percepção de

afeto e de carinho que toca o consumidor”.

(Simone Varandas Campos, diretora de planejamento

da agência de publicidade DM-9, em reportagem para

Revista Época.)

Simone criou a campanha do leite Parmalat com as crian-

ças fantasiadas de mamíferos em 1996, campanha que elevou as

vendas da empresa em 20%, tornando-se o maior case15

mundial

de sucesso nas indústrias de laticínios.

15 Casos, histórias marcantes de negócio, geralmente, relacionadas a um grande sucesso

ou um grande fracasso.

Page 71: Mamãe quero ser modelo e-book

70

Carlos N. Andrade

Também nos anos 90, a revista Veja publicou uma pesquisa

sobre a propaganda, que conferiu à criança o status de principal

item que causa maior índice de confiabilidade e recall16

ao produto

anunciado em uma propaganda. Em segundo lugar, veio o

animalzinho de estimação (estão lembrados dos anúncios com o

cachorrinho da Cofaf?) e em terceiro, a mulher bonita.

Em documentário exibido no final de 2008 no canal GNT,

retiramos alguns dados interessantes também vistos a seguir:

• data de 1947, a primeira propaganda infantil na TV ame-

ricana; até então, a criança não era considerada como consumi-

dora pelas mídias da época. Nos anos que se seguiram, houve

muitas mudanças de comportamento e percepção sobre esses con-

sumidores mirins;

• anos 60, a criança é introduzida na propaganda, fazendo

parte do contexto de família perfeita e feliz;

• anos 70, a mulher vai para o mercado de trabalho e preci-

sa expressar melhor a atenção aos filhos no pouco tempo que lhe

sobra para isso. Surgem, nessa época, os desenhos animados e as

empresas começam a sentir o potencial real do mercado infantil.

Nasce, então, a criança consumidora;

• anos 90, pesquisas se aprimoram em entender o compor-

tamento infantil, seus desejos e anseios.17

Várias pesquisas são realizadas até hoje para conhecer

melhor este mercado potencial, com os estudos apresentados em

Brand Child, IBGE-InterSience 2003, Nickelodeon Business

Solution Research 2007, Kiddo’s 2003, Millward Brow, Dossie

MTV, Kid Power Brasil 2008, etc. Crianças, adolescentes e os

tweens18

que nós chamamos de pré-adolescentes, (8 aos 12 anos)

16 Lembrança.

17 Fonte: GNT.Doc.

18 Palavra americana, originada de between (entre em português), por referir-se a um

grupo de idade entre os kids – crianças, e os teens – adolescentes.

Page 72: Mamãe quero ser modelo e-book

71

Mamãe, quero ser modelo!

são estudados, e com isso, consegue-se entender um pouco dessa

geração que está mudando muitos conceitos comportamentais.

Eis alguns dados para vocês:

• as crianças influenciam, em 80%, as compras da casa

(38%, fortemente, e 42%, um pouco). Só não participam do pro-

cesso decisório da compra de produtos de limpeza, combustível

e seguros de saúde e de vida;19

• só a partir dos 9 anos, aproximadamente, a criança come-

ça a entender o que é caro e o que é barato. Neste momento,

pode planejar como gastar seu dinheiro;20

• 74% das crianças dizem se preocupar com o meio ambi-

ente. Elas se informam sobre esse assunto através da TV, escola,

Internet, revistas e amigos;21

• a internet está se tornando uma mídia mais importante

do que as revistas;22

• 75% das crianças brasileiras são preocupadas com a se-

gurança;23

• 100% valorizam a instituição família;24

• 80% valorizam regras;25

• 90% valorizam a segurança;26

Surpreende vocês que as crianças modernas são tradicio-

nais nesses pontos?

• 99% querem ser felizes;27

19 Fonte: IBGE – InterSience 2003.

20 Idem.

21 Idem.

22 Idem.

23 Fonte: Pesquisa Nickelodeon Business Solution Research (2007).

24 Fonte: Pesquisa Milward Brow 2007.

25 Idem.

27 Idem.

Page 73: Mamãe quero ser modelo e-book

72

Carlos N. Andrade

• 84% acham importante fazer parte de um grupo;28

• 85% rejeitam produtos que prejudicam o meio ambiente;29

De alguma forma, parece que nossas crianças são

desinformadas?

28 Fonte: Pesquisa Milward Brow 2007.

29 Idem.

Regulamentação brasileira

“Em recente projeto de lei, a Comissão de Defesa do Consumidor

aprovou em Julho de 2008 proposta que proíbe qualquer tipo de

publicidade e de comunicação mercadológica dirigida à criança,

em qualquer horário e por meio de qualquer suporte ou mídia,

seja de produtos ou serviços r elacionados à infância ou

relacionados ao público adolescente e adulto. Ou seja, a

publicidade de qualquer produto ou serviço deve sempre ser

dirigida ao público adulto. A medida consta do substitutivo da

deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG) ao Projeto de Lei

5921/01, do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). O

projeto, que tramita em caráter conclusivo, segue para a Comissão

de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Conforme o texto aprovado, a publicidade e a comunicação

mercadológica dirigida à criança é aquela que se vale, dentre

outros, de algum dos seguintes atributos: linguagem infantil, efeitos

especiais e excesso de cores; trilhas sonoras de músicas infantis

ou cantadas por vozes de criança; representação de criança; pessoas

ou celebridades com apelo ao público infantil; personagens ou

apresentadores infantis; desenho animado ou de animação;

bonecos ou similares; promoção com distribuição de prêmios ou

de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil; e

promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

Page 74: Mamãe quero ser modelo e-book

73

Conforme o projeto, a comunicação mercadológica abrange, dentre

outros, a própria publicidade, anúncios impressos, comerciais

televisivos, “spots” de rádio, “banners” e “sites” na internet,

embalagens, promoções, “merchandising” e disposição dos

produtos nos pontos de vendas.

O texto aprovado também proíbe qualquer tipo de publicidade

ou de comunicação mercadológica na televisão, na internet ou no

rádio 15 minutos antes, 15 minutos depois e durante a

programação infantil ou a programação cuja audiência seja, na

sua maioria, constituída pela criança.

Também fica proibida a participação da criança em qualquer

tipo de publicidade ou de comunicação mercadológica (exceto

campanhas de utilidade pública referentes a informações sobre

boa alimentação, segurança, educação, saúde, entre outros itens

relativos ao melhor desenvolvimento da criança no meio social).”

(Fonte: Agência Câmara)

Até a data desta edição, a lei acima mencionada ainda não

tinha sido aprovada pela Comissão de Justiça e de Cidadania.

Mas, como são as leis que tratam deste assunto em outros

países?

Regulamentações internacionais30

Comunidade Européia

Artigo 16 da diretiva Televisão sem fronteiras:

30 Fonte: Prof. Dr. Edgard Rebouças – UFPE.

Page 75: Mamãe quero ser modelo e-book

74

“A publicidade de televisão não deve causar prejuízo moral ou

físico aos menores e deve, dessa forma, respeitar os seguintes

critérios para sua proteção:

a. Não deve incitar os menores para compra de um produto ou

serviço, explorando sua inexperiência e credulidade;

b. Não deve incitar os menores a insistir com os pais para que

comprem um produto ou serviço.”

Dinamarca

• Proibida a publicidade durante programas infantis, cinco

minutos antes do início do programa e cinco minutos depois do

término destes.

Grécia

• Proibida a publicidade de brinquedos entre 7h e 22h.

Irlanda

• Proibida qualquer publicidade durante programas infan-

tis em TV hertziana.

Itália

• Proibida a publicidade de qualquer produto ou serviço

durante desenhos animados.

Noruega

Proibida a publicidade de produtos e serviços, direcionados

a crianças com menos de 12 anos;

• proibida a publicidade durante programas infantis.

Page 76: Mamãe quero ser modelo e-book

75

Mamãe, quero ser modelo!

Suécia

• Proibida qualquer publicidade durante programas infan-

tis, nem imediatamente antes ou depois;

• proibida a publicidade de produtos para crianças de até

12 anos.

Inglaterra

• Proibido o uso de mascotes em publicidade de alimentos;

• comerciais com desenhos animados que mostrem junk

food31

só podem ser exibidos após as 20h;

• proibido o uso de efeitos especiais para insinuar que o

produto faz mais do que pode;

• proibido o uso de cortes rápidos e ângulos diferentes para

não confundir a criança;

• os acessórios devem ser descritos como tal, com a indica-

ção de que o produto ficará mais caro;

• quando o produto custar mais de £25 (cerca de R$ 70,00),

o preço deve ser exposto na publicidade;

• proibido o uso das expressões “apenas” ou “somente”;

• se o produto for de uso manual, deve ficar claro para a

criança que não funciona sozinho;

• o tamanho do produto deve ser comparado com objetos

conhecidos;

• a velocidade de carrinhos não deve ser exagerada;

• proibido insinuar que a criança será inferior a outra se

não usar o produto ou serviço anunciado;

• a criança/ator não pode comentar sobre as característi-

cas do produto ou serviço além daquilo que uma criança de sua

idade falaria;

• proibida a publicidade para crianças que oferecem

31 Comidas com baixo valor nutricional e alto teor calórico.

Page 77: Mamãe quero ser modelo e-book

76

Carlos N. Andrade

produtos ou serviços por telefone, correio, Internet, celular etc;

• proibido encorajar a valentia.

Austrália

• Nenhuma publicidade pode levar uma criança a acreditar

que vencerá ou será superior a outra, e que uma pessoa que com-

pra um produto ou serviço para uma criança é mais generosa do

que outra;

• a criança mostrada deve ter a idade adequada para o uso

do produto;

• o tamanho do produto tem de estar claro, com a exibição

de algo que a criança reconheça como parâmetro;

• prêmios e brindes: a publicidade deve dar mais ênfase ao

produto que ao brinde.

Canadá

• Não pode agir no inconsciente da criança;

• não pode haver exagero sobre tamanho, velocidade etc;

• o termo “novo” não pode figurar por mais de um ano;

• não pode haver publicidade de produtos não destinados

a crianças em programas infantis;

• proibida a publicidade de medicamentos e produtos far-

macêuticos, exceto pasta de dente com flúor;

• não pode sugerir a compra pela criança nem que leve a

pedir aos pais que compre;

• proibida a sugestão de compra por telefone ou correio em

publicidade para crianças;

• proibida a exibição de um mesmo produto em menos de

meia hora;

• não pode haver publicidade com bonecos, pessoas ou per-

sonagens conhecidos, exceto para campanhas sobre boa alimenta-

ção, segurança, educação, saúde, etc;

Page 78: Mamãe quero ser modelo e-book

77

Mamãe, quero ser modelo!

• proibido usar a expressão “somente”, “o mais barato”, etc;

• proibido mostrar cenas de risco e imagens de fogo;

• não pode mostrar uso inadequado do produto (como jogar

uma bala para cima para pegar com a boca);

• alimentos: deve ser mostrado o real valor nutritivo do ali-

mento e jamais apresentá-lo como substituto de uma refeição;

• a televisão pública não exibe nenhuma publicidade duran-

te programas infantis, nem imediatamente antes ou depois.

Província de Quebec

• Proibida qualquer publicidade de produtos, destinados a

crianças de até 13 anos, em qualquer mídia.

Estados Unidos

• Limite de 10min 30s de publicidade por hora nos finais

de semana;

• Limite de 12min de publicidade por hora nos dias de

semana;

• Proibida a exibição de programas comerciais;

• Proibido o merchandising testemunhal32

;

• Proibida a publicidade de adoção de crianças em leis de

19 estados;

• Projeto de Lei do senador Ted Kennedy – 14 de abril de

2005.

“Prevention of Childhood Obesity Act” prevê:

• a realização de um estudo sobre a publicidade de alimen-

32 Espécie de propaganda disfarçada, inserida dentro dos programas e não nos intervalos

comerciais.

Obs. Segundo Alvaro de Moya, um dos primeiros merchandisings que se tem notícia foi

na década de 20, quando o governo americano com o objetivo de escoar uma superpro-

dução de espinafre, inseriu o produto nos quadrinhos do Popeye, associando o produto

à força e conseguiu acelerar o seu consumo pelas crianças. (Fonte: A história e evolução

do merchandising na televisão brasileira. Flávia Souto Ferreira e Admir Roberto Borges).

Page 79: Mamãe quero ser modelo e-book

78

Carlos N. Andrade

tos e atividades físicas.

• a proibição de publicidade de alimentos de baixo valor nu-

tritivo nas escolas, exemplo: fast food, refrigerantes, doces e balas;

• criação de mecanismos para incentivar os jovens a reduzi-

rem o tempo diante da TV nos horários após as aulas e nas férias.

Podemos ver que a maioria das leis segue basicamente duas

linhas de pensamento; a que proíbe propaganda para crianças como

Dinamarca, Grécia, Finlândia, Itália, Noruega, Suécia, Província de

Quebec, a qual o Brasil pretende seguir com o projeto de lei; e a

outra linha, que regulamenta o que as propagandas infantis possam

conter como acontece na Inglaterra, Austrália e Estados Unidos.

Mas uma coisa me deixa curioso: se tirarmos, no Brasil, as

propagandas para crianças dos horários em que elas possam ver e

não retirarmos também as demais propagandas dos meios de co-

municação, restará a elas somente propaganda para adultos. Isto

estará certo? Será que as crianças passarão a desejar produtos

que não são desenvolvidos para elas? Se observarmos a legisla-

ção do Canadá, encontraremos o seguinte artigo: “Não pode ha-

ver publicidade de produtos não destinados a crianças em pro-

gramas infantis.” Será que esta forma não é a mais coerente?

Como vimos no capítulo anterior, a influencia, hoje, das

crianças nas compras de casa não se limita aos brinquedos e à

alimentação. As crianças influenciam muito sobre todos os se-

guimentos, pois as informações que chegam a elas não sofrem

nenhum tipo de filtro.

Elas reconhecem a marca da Coca-Cola, mesmo antes de

saberem ler. 70% das crianças de 3 anos reconhecem o símbolo do

McDonald´s, mas apenas metade sabe seu próprio sobrenome.33

Adquirem informações dos amiguinhos da escola, dos

33 Fonte: Commercialisation of Childhood-Compass, Reino Unido, dezembro de 2006.

Page 80: Mamãe quero ser modelo e-book

79

Mamãe, quero ser modelo!

familiares, das lojas por onde andam e dos cartazes de rua.

Todo o seu redor se traduz em informações de produtos de

consumo e basicamente não nos preocupamos com nenhum

tipo de filtros para isso. Somente tornam-se relevantes e cau-

sam-nos preocupações os produtos identificados como preju-

diciais a elas, como o álcool, as drogas e o sexo.

Questiono-me, às vezes, sobre a proibição das propagan-

das para as crianças, baseadas nos estudos sobre a má alimenta-

ção e a obesidade infantil, pois esses alimentos são facilmente

encontrados nas prateleiras dos mercados. O certo não seria uma

lei que alertasse os consumidores quanto aos perigos causados

por eles? Será que os pais não pensam que, se é permitido aos

alimentos estarem expostos nos supermercados, eles não seriam

tão prejudiciais à saúde assim?

A atuação de crianças em comerciais é maléfica para eles?

Traz algum prejuízo à sua educação ou é benéfica para seus

aprendizados ou para suas vidas na sociedade?

A minha experiência indica que tudo depende de como ela

encara os testes e trabalhos. As crianças mais ansiosas ou filhas

de pais muitos ansiosos sofrem quando não são aprovadas nos

testes (os pais passam, na maioria das vezes, suas ansiedades aos

filhos). Em contrapartida, aquelas, que se dedicam, principal-

mente, ao aprendizado em cursos de teatro e de interpretação,

saem com uma bagagem, como comunicabilidade e aprendizado

no trabalho em grupo, que carregam para qualquer carreira que

possam seguir no futuro.

Entrevista com especialistas

Com a palavra, alguns profissionais da área, que respon-

derão às perguntas a seguir:

Page 81: Mamãe quero ser modelo e-book

80

Carlos N. Andrade

Paola Fernandes Pepe – pedagoga, supervisora educacional

na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Niterói – RJ.

Gláucia Gomes da Silva – psicopedagoga e diretora escolar

(Centro de Educação Infantil Cei El Shadai), em São Paulo – SP.

Narda Tebet – psicóloga e terapeuta de família.

Com que idade as crianças percebem que não estão brincando e,

sim, trabalhando?

Gláucia – Isso depende muito. Pois para a criança perce-

ber que está trabalhando, o adulto tem que dar indício que isso

está acontecendo. Por volta dos sete anos, ela tem mais clareza

de compreender situações.

Paola – A idade é relativa. Quando o trabalho é prazeroso,

a idéia de estar brincando se estende por mais um tempo. Caso

contrário, percebem logo cedo que estão trabalhando.

Como os pais devem proceder para proteger seus filhos das ansie-

dades, competições, frustrações, sucessos e fama que transitam por esta

área artística?

Gláucia – Evitar que as crianças conheçam isso é um

erro. Os pais devem conversar e dialogar com seus filhos. Criar

um vínculo de reflexão acima do que é oferecido pelos meios

de comunicação.

Devemos trabalhar com as crianças diversas situações do

mundo real de forma simbólica para, desde pequena aprenderem

a lidar com seus sentimentos e emoções.

Paola – Os pais devem tentar administrar estes sentimen-

tos, o que não é fácil, pois existem pais que agem e sentem todas

estas emoções e transmitem para os filhos. Cabe aos pais traba-

lhar estes sentimentos em conjunto, para que a criança não sofra.

Page 82: Mamãe quero ser modelo e-book

81

Mamãe, quero ser modelo!

Talvez a maioria delas precise da ajuda de terapias para lidar

melhor com todas essas emoções.

Narda – Na verdade, os pais as colocam nesse meio, por-

que eles têm orgulho de ver seus filhos nas revistas e TVs, além

de que, algumas, também, aumentam o orçamento familiar.

Quem é competitivo: a criança ou seus responsáveis? Quem

fica ansioso e triste se o filho/a não passar naquele teste?

Importante lembrar que são crianças, então, além do colé-

gio e das atividades extracurriculares como natação, inglês,

informática, ainda existem horas de gravação. Em que momento

ela brinca?

Seguir as formas já conhecidas como horários e cuidados;

não estimular comportamento “adulto”, não mostrar desaponta-

mento no insucesso; elogiar os ganhos e não fazer comparações.

As crianças, que têm, desde cedo, conhecimento de maneiras diferen-

tes de expressão como interpretações de vários personagens, podem se bene-

ficiar com isso?

Gláucia – Sim. Na verdade, desde os primeiros meses de

vida, a criança deve ter contato com diferentes linguagens. Ter

acesso às diversas linguagens proporciona, no fundo, um adulto

letrado com compreensão do que lê e escreve, desenvolvendo

sua percepção.

Mas tudo isso depende muito do meio onde esse indivíduo

está inserido

Paola – Sim, pois conseguem administrar melhor na hora

de interpretar seu personagem, porque, na leitura do texto, vão

saber como devem agir, de acordo com o que se pede nele. O

trabalho artístico também é um beneficio na escola com relação

à melhor interpretação de um texto.

Page 83: Mamãe quero ser modelo e-book

82

Carlos N. Andrade

Narda – De modo geral ajudam muito à criança no seu

desenvolvimento e na sua socialização, inclusive, às mais tímidas.

No caso das que vão seguir carreira, claro que o dom já é

percebido. Todas as formas de expressão ajudam.

Dê sua opinião sobre a importância do trabalho com crianças.

Gláucia – Acredito que, se o trabalho tiver como

prioridade, o respeito pelas necessidades e limitações da criança,

englobando nesse trabalho o lúdico e o prazer de uma forma

saudável e educativa, não vejo problemas.

Paola – Por um lado, as crianças dominam algumas áreas

do conhecimento com mais facilidade. Por outro, a família tem

que acompanhar suas atividades para que não deixe de estudar,

de ir à escola e de brincar, também. A criança tem que saber

conciliar todas as atividades.

Narda – Sua atuação deve ser apenas um pedaço de sua

vida, ou seja, uma atividade que deva ser encarada naturalmente,

dentro da sua família, comunidade e escola.

Page 84: Mamãe quero ser modelo e-book

83

PROPAGANDAS INESQUECÍVEIS

De tempos em tempos, aparece algum comercial

protagonizado por criança que consegue cativar o público. Estes

são alguns exemplos.

“Garoto Francês” (o que falava “geladerra”) – Danone (1972)

Sorriso – Seagram (1973)

Primeiro Soutien – Valisere (1981)

Page 85: Mamãe quero ser modelo e-book

84

Carlos N. Andrade

“Mamíferos” – Parmalat (1996)

Claro dia dos pais (2006)

Delícia (2007) com Klara Castanho

Page 86: Mamãe quero ser modelo e-book

85

OS TESTES

Os testes são imprescindíveis para a carreira de modelo e

ator. Então, o que acontece e como se portar nestes testes tão

importantes para os trabalhos?

Lembretes importantes, ao chegar para uma seleção:

a) apresentar-se à pessoa encarregada pelo elenco para esta

anotar a sua ordem de chegada;

b) manter sempre o bom humor, apesar da demora que

poderá haver para chegar a sua vez;

c) estar arrumado(a) adequadamente;

d) nunca esquecer o seu nome artístico nem o nome de sua

agência;

e) manter a calma. É normal ficar tenso e nervoso no seu

primeiro teste. Pode-se ficar tão nervoso que já vi criança esque-

cer o seu próprio nome. Ficar tranquilo é um comportamento

que vão ter de adquirir, pois faz parte da carreira de atores e

modelos conviver com testes;

Em todas as profissões, encontramos bons e maus profis-

sionais e com os produtores de elenco (que são os profissionais

responsáveis pela parte artística de um filme ou um vídeo) é as-

sim também: existem os organizados e os desorganizados.

Quando um produtor marca horários com a agência e esta

marca um horário para seu filho (a), todos ganham com isso, evi-

tando-se tumultos desnecessários; mas, quando o produtor de

elenco deixa a critério da agência enviar para a seleção aquelas

crianças por ela escolhidas, algumas das agências extrapolam no

numero de crianças chamadas, ou por quererem mostrar serviço

aos pais ou por não saberem quem indicar.

Um recadinho super importante para os responsáveis: não

levem para os testes quem não foi chamado: irmãos, só em últi-

Page 87: Mamãe quero ser modelo e-book

86

Carlos N. Andrade

mo caso, se não tiverem com quem deixá-los. De forma nenhu-

ma, chame a amiga para levar sua filha também para o teste,

mesmo que ela também esteja cadastrada na mesma agência, seja

da mesma idade e tenha o mesmo tipo físico que sua filha. Se ela

não foi chamada, é porque o cliente não escolheu. Os produtores

pedem sempre para a criança ir somente com um responsável;

não há necessidade de comparecerem mãe e pai, e principalmen-

te, tias, avós ou outros parentes ou amigos, nas gravações, já que

transporte e alimentação são contados. Não “pague este mico” e

evite broncas e caras feias.

Como se escolhe um elenco para um trabalho?

Dependendo do nível de exigência deste elenco, existem

algumas formas para isso.

Tipos de testes:

Por fotos – quando é um elenco muito simples, onde não há

muita exigência em relação à seleção dos modelos ou figurantes, ou

não se tem verba de produção para fazer um teste de vídeo, mas

necessita-se ter certeza sobre a aparência atual do elenco.

Quando se quer observar atuações, interpretações, reações

ou mesmo empatia com o personagem, simpatia ou timidez em

uma seleção, faz-se um teste de vídeo. No teste de vídeo, geral-

mente o produtor de elenco, em alguns casos assessorado pelo

assistente de direção, realiza uma triagem para mostrar ao diretor

cinematográfico os melhores para cada personagem.

Os testes de vídeo podem ser:

– só para ver a aparência e neste caso, apenas um sorriso é

necessário;

– para ver as expressões: expressões, com uso de palavras

(carinho, raiva, susto etc.), seguidas de sons ou músicas (gravam-

se as reações que causam);

Page 88: Mamãe quero ser modelo e-book

87

Mamãe, quero ser modelo!

– entrevistas: verificam-se simpatia, nervosismo, aparência...

– improviso: pode-se pedir para contar uma história ou pe-

dir para a criança falar um pouco de si mesmo;

– em grupo: um teste em grupo é para observar, além do

tipo físico, integração, timidez, improviso, a reação da criança ao

colocar-se uma música, para ela dançar, caso o papel peça isso;

– interpretação / monólogo: deve-se interpretar um texto

previamente decorado, da maneira que a direção do teste pedir;

– interpretação / dupla: deve-se contracenar o texto previ-

amente decorado, com outro ator ou com alguém da produção,

da maneira que a direção do teste solicitar.

Como ir vestido?

Em primeiro lugar, procure saber como é o personagem, se

existe alguma característica especial. Não é conveniente ir muito

arrumado se, por exemplo, o personagem é um garoto simples,

de família humilde. Quando o personagem requer alguma carac-

terização especial, o produtor de elenco passa esta informação

para a agência, que deverá instruí-la. Se nada for falado ou co-

mentado, prepare a criança para ir arrumada, mas sem excessos.

Pense em uma roupa que se usa para dar uma volta no shopping,

por exemplo. Tenha em mente que querem seu filho(a), e não,

sua roupa. Na dúvida, uma calça jeans, uma camiseta de malha

lisa colorida e um tênis vai sempre ser uma opção correta.

Procure usar uma cor de roupa que caia bem com o tom de

pele; se a criança for muito branquinha, não vista nela uma camisa

cor de palha ou amarelo claro, pois não haveria nenhum contraste.

Se for moreno(a), não use marrom e procure uma cor contrastante

com o seu tom de pele; cores vibrantes e cítricas são bem-vindas.

As meninas, da mesma forma: calça ou saia jeans, blusa de

malha ou baby look lisa e uma sapatilha ou sandália baixa. Batons

cor-de-boca ou gloss, uma base clarinha e corretivo, se necessitar.

Page 89: Mamãe quero ser modelo e-book

88

Carlos N. Andrade

Evitem:

– roupas brancas (normalmente, os estúdios de testes são

brancos também, causando, na pele, uma aparência mais escura

que a de verdade);

– listras finas horizontais (as imagens na TV são compos-

tas de listrinhas horizontais e roupas listradas podem causar um

efeito indesejado);

– estampas muito pequenas (podem causar uma confu-

são visual);

– atrasos. Ser pontual em testes e em trabalhos é muito

importante. Mesmo que o teste atrase, também é importante man-

ter o bom humor.

As meninas devem evitar também:

– acessórios que chamem muita atenção como laços de

fita, brincos grandes, assim como, maquiagem excessiva, princi-

palmente, crianças com sombra nos olhos e batom vermelho, que

são sempre mal vistas nas seleções;

–blusas “tomara-que-caia” (em cenas de “close” 34

onde não

aparece a blusa, a ausência de alças sugere um nu);

– saltos e roupas espalhafatosas.

E depois é só aguardar...

Após feito o teste, é só aguardar o resultado. Lembre que

as agências e os produtores de elenco só vão ligar para aqueles

aprovados. Uma ansiedade pela resposta é normal, mas excesso

de preocupação não é aconselhável. Se for melhor para você,

ligue para a agência e pergunte se o resultado do teste já saiu. Se

a resposta for afirmativa e não te ligaram, é sinal que seu filho(a)

não foi aprovado(a).

34 Quando a câmera só capta a imagem dos ombros e rosto da modelo.

Page 90: Mamãe quero ser modelo e-book

89

OS TRABALHOS

Importante, ao chegar para um trabalho:

a) ler e conferir se os dados do contrato contêm as mesmas

informações que lhe foram passadas pela agência;

b) ser pontual. Por mais que demore, desde a sua chegada

até que se comece o trabalho, mantenha a calma e não incomode

ninguém; imprevistos acontecem. Posteriormente, comunique à

agência sobre as horas trabalhadas. Não chegue antes do horário,

apenas seja pontual;

c) estar trajando uma roupa confortável. A criança poderá

ficar com ela durante muitas horas;

d) estar com os cabelos limpos e soltos, sem nenhuma

maquiagem e com as unhas bem cuidadas;

e) quando precisar se ausentar do set de filmagem, para

beber água ou ir ao banheiro ou necessitar de qualquer outra in-

formação, dirija-se ao produtor de elenco: este é o profissional

contratado para cuidar exclusivamente dos modelos e atores.

Desfiles

O mercado profissional de desfiles infantis é bem peque-

no: as maiores feiras de moda do País reservam pouquíssimo es-

paço às grifes infantis. O mais comum com crianças é a troca da

prestação de serviço de manequim em desfile por uma peça de

roupa da loja ou confecção para quem se está desfilando. Os

cachês, quando existem, são muito pequenos, mas, geralmente,

os desfiles são muito concorridos, principalmente, porque as

meninas adoram desfilar e seus pais adoram vê-las desfilando.

Já é tempo de realizarem-se mais feiras de moda infantil,

pelo menos, nos grandes centros de consumo do País. Crianças

Page 91: Mamãe quero ser modelo e-book

90

Carlos N. Andrade

não param de crescer e necessitam de roupas novas, basicamen-

te, por necessidade, pois crescem e perdem a roupa, e não apenas

para estarem na moda. Dados da Associação Brasileira do Vestu-

ário (Abravest) de setembro de 2008, mostram que o segmento é

responsável por 23% da produção de roupas no Brasil, ficando

atrás somente do mercado de roupas femininas adultas (57%) e à

frente do, de vestuário masculino (20%).

“A moda infantil é a mais constante do setor, nunca dá problema.

E, normalmente, ainda cresce todo ano um pouquinho”, afirma

o presidente da associação, Roberto Chadad. Com um

faturamento anual de US$ 5,5 bilhões, o segmento emprega

200 mil pessoas em 4 mil empresas espalhadas pelo País e

cresce de 7% a 10%. “Praticamente todos os estados brasileiros

possuem um parque industrial têxtil. No caso das roupas

infantis, a maioria das empresas é formada por fábricas de

pequeno porte, comandadas por mulheres”.

(fonte:http://empreendedor.uol.com.br/

?secao=Noticias&categoria=167&codigo=9130.

Acessada em 11/01/2009)

Modelo fotográfico

É um mercado bem amplo para os modelos: a mídia im-

pressa é muito extensa e os locais para veiculação aumentam a

cada dia. Hoje temos propaganda em ônibus, metrô, paradas de

ônibus, relógios digitais, bancas de jornais, enfim, todo o mobi-

liário urbano, folhetos, cartazes, Internet, mala direta, fora os

meios tradicionais, como: revista, catálogos, jornais e outdoors.

As fotos são muito mais fáceis de fazer que os comerciais

para a TV, são mais rápidas e estão pagando melhor que estes

comerciais, se formos contabilizar a proporção de clientes que o

anúncio impresso atinge em comparação com a TV.

Page 92: Mamãe quero ser modelo e-book

91

Mamãe, quero ser modelo!

Comerciais para TV

Continua sendo a rainha da mídia, a comunicação de massa,

onde se atinge o maior número de pessoas e por isso a mais cara

para o anunciante.

Pelos comerciais de TV, são descobertos muitos talentos

para novelas e outros programas de TV que, depois de atingirem

uma fama maior, voltam a emprestar sua empatia e credibilidade

junto ao público de comerciais, só que agora num patamar mais

elevado.

Os comerciais de TV se utilizam muito das crianças, sen-

do o melhor campo de trabalho das agências de modelos e atores.

Novelas e programas de TV

A novela é o mercado que dá reconhecimento público ao

ator no Brasil, principalmente, se o personagem é um bom papel.

Aí, o reconhecimento vem rápido. Porém, deve haver continui-

dade de trabalhos em novelas, porque o telespectador esquece

quem não está no ar.

Longa-Metragem

O mercado de filmes tem crescido muito, nos últimos anos,

e a participação infantil, acompanhado este crescimento. Filmes

lançados em 2007, como “2 Filhos de Francisco” e “O Ano em

que Meus Pais Saíram de Férias” são bons exemplos, onde crian-

ças atuaram, protagonizando de maneira muito correta.

O pagamento

Os cachês em publicidade, normalmente, são pagos em 30

dias, após o término do trabalho. Detalharemos mais sobre este

assunto no capítulo CACHÊS (pág. 165).

Page 93: Mamãe quero ser modelo e-book

branca

Page 94: Mamãe quero ser modelo e-book

93

O TRABALHO QUE DÁ

Em uma entrevista para Roberto D’Ávila, no programa

Conexão Internacional, Marcello Mastroiani, grande ator italia-

no, revelou que passou, cerca de 70% de sua longa carreira, espe-

rando pela maquiagem, iluminação, cenário, diretor.... enfim, para

ser ator é preciso ter muita paciência.

Pois é, as pessoas, que nunca participaram de uma produ-

ção para um comercial de TV, não têm ideia do trabalho que dá

para colocar, no ar, um comercial de 30 segundos. Para quem

trabalha nesta área, não existem feriados, fins de semana, nem

horários normais de trabalho.

Você já pensou que, para a gravação de um comercial em um

shopping, deve-se aguardar o shopping fechar, normalmente, às 22

horas? E que esta gravação tem que terminar às 10 horas do dia

seguinte, pois o shopping abre neste horário? As filmagens, depen-

dendo da sua complexidade e do diretor cinematográfico (uns são

mais detalhistas ou inseguros que outros), podem ser demoradas ou

muito demoradas: não tem como fugir. Tive a sorte de trabalhar, por

alguns anos, com o diretor Carlos Manga: ele sabia, sempre, o que

queria e era bem rápido nas suas filmagens. Certa vez, fizemos cinco

filmes em três horas: está certo que foi usado o mesmo cenário, mes-

ma iluminação e só mudava-se o elenco, que contracenava em um

banco de praça. Mas vamos combinar: foi um recorde! Outros dire-

tores repetem a cena dezenas de vezes, ou por excesso de cuidado

(querendo que o ator use a forma certa de colocar os lábios no garga-

lo da garrafa ao beber um refrigerante, por exemplo), ou por deseja-

rem repetir a cena, usando a câmera em outro ângulo, ou por não

terem gostado da atuação de alguém do elenco.

A responsabilidade é grande, os valores de produção são

muito altos também e qualquer erro passa a ser um grande erro.

Page 95: Mamãe quero ser modelo e-book

94

Carlos N. Andrade

Em 1994, a Brahma reformulou o sabor de seu guaraná e

de sua embalagem e, para comunicar isto ao público, lançou uma

campanha com comerciais muito bem produzidos. O primeiro

deles chamava-se Guaranáu e era a história de uma dupla de vi-

lões que roubaram o papagaio da vovó de uma garotinha que,

então, reunia sua turminha, composta de um garoto bonitão, um

gordinho (Selton Melo, que estava meio cheinho nesta época),

um nerd, tipo cientista maluquinho, e ela, a garota bonitinha.

Para vocês terem uma ideia, só a pré-produção para este primei-

ro filme durou três meses de trabalho; foram necessários sete

dias de filmagem, incluindo-se uma viagem à Angra dos Reis,

onde foram feitas as cenas externas. Tudo isso para serem grava-

dos três minutos, que é considerado o tempo máximo para um

primeiro comercial de uma campanha. Estes filmes tiveram a di-

reção de Mário Textor e foram produzidos na Zohar Filmes, com

a minha produção de elenco junto com a Denise Algaves.

Elenco no estúdio.

Transporte marítimo em Angra.

(Fotos: Carlos N. Andrade)

Page 96: Mamãe quero ser modelo e-book

95

Mamãe, quero ser modelo!

Pintura no vidro para construir a casa da

vovó.

Os Vilões Henrique Cookerman e César

Pezzuoli.

Um barco banheira para se chegar na ilha da

vovó

(Fotos: Carlos N. Andrade)

Page 97: Mamãe quero ser modelo e-book

96

Carlos N. Andrade

Cenas na água...

e o descanso de Selton Mello e elenco

É muito normal, em uma filmagem para um comercial, não

sabermos a hora que terminará; tudo demora muito: o cenário, a

iluminação, a maquiagem, os ensaios... Se você é uma pessoa

com compromisso para depois da filmagem, desmarque um dos

dois. Se não tiver paciência, se não puder ou não souber esperar,

então não vá, pois certamente vai demorar.

(Fotos: Carlos N. Andrade)

Page 98: Mamãe quero ser modelo e-book

97

FERRAMENTAS DE TRABALHO

Em todas as profissões, deve-se aprender bem o ofício,

adquirir experiência, ter e saber utilizar suas ferramentas de tra-

balho para obter melhor proveito.

Nos atores e modelos, o corpo é a principal ferramenta des-

te trabalho e todo aprendizado é voltado para a melhor utilização

dele, da sua expressividade, assim como da expressividade da voz.

Os cuidados básicos com as suas ferramentas de trabalho são:

• pele – cuidar das acnes e cravos, proteger-se do excesso

de sol e contra possíveis arranhões ou machucados;

• unhas – devem estar sempre limpas e aparadas como se

fossem levar um close;

• cabelos – manter, sempre que possível, um corte. Se mu-

dar, refaça suas fotos;

• dentes – o sorriso é sempre bom em qualquer circunstân-

cia, mas aqui, é especialmente importante. Um dente torto,

cariado, escuro, faltando, fora da época de troca da dentição, irá

causar um aspecto ruim e dificultar muito uma contratação;

• fotos – além do corpo e voz, não podemos esquecer das

fotos. Elas são o cartão de visita do modelo ou ator. Mais do que

isso: sem fotos, não vale nem a visita, pois não tem nem como a

agência mostrá-lo para o cliente.

Fotos de crianças e adolescentes são bem diferentes de fo-

tos dos modelos adultos. Quanto menor a criança, mais rápido

varia o seu aspecto físico, pois as crianças estão sempre mudando:

crescem, engordam, emagrecem, o cabelo muda, os dentes caem,

tudo muda e rápido. Não compensa fazer fotos muito caras nem

composites35

; fotos em papel, também, não são mais necessárias.

35 Cartão impresso com fotos e dados dos modelos e atores, usados para os clientes os

conhecerem.

Page 99: Mamãe quero ser modelo e-book

98

Carlos N. Andrade

Hoje, as agências passam suas indicações de elenco aos

produtores, via Internet. Se o produtor necessitar de cópia em

papel, ele mesmo imprimirá as fotos que recebeu por correio ele-

trônico. É mais rápido, não é preciso esperar um portador para

levá-las e, depois, buscá-las.

O modelo infantil não deve ter fotos muito produzidas;

seu material de trabalho tem de retratar o mais próximo de seu

dia a dia. Não queira que suas crianças pareçam aquilo que não

são. Quando chamarem seu filho para um teste, é porque dese-

jam ver aquela criança que aprovaram na foto; por isso, as fotos

não podem ser antigas. Não funciona olharem uma foto de uma

criança com 2 anos e terem de imaginar como ela estará agora

com 4 anos.

As crianças pequenas, abaixo de 4 anos, precisam ter suas

fotos renovadas, pelo menos de 4 em 4 meses. As maiores, de 5/

6 anos, este intervalo de tempo pode ser um pouco maior.

E o nome artístico?

Ele fará parte do seu marketing pessoal; é o nome que será

escolhido para você ser conhecido no meio artístico. Não adian-

ta escolher um nome como João Pedro ou Ana Maria (pouco

originais), pois é fácil aparecerem outras crianças com o mesmo

nome que o seu. Na minha agência, peço para escolherem um

nome com um sobrenome e, mesmo assim, é provável acontecer

de duas crianças optarem pelo mesmo nome artístico. Uma

Camila, ao fazer o seu cadastro na Agência, verificou que o nome

dela, mesmo usando-se os seus dois sobrenomes, já estavam ca-

dastrados. Ela poderia aproveitar o sobrenome emprestado da

mãe quando solteira (sugestão da própria), mas a menina foi bem

mais original: inverteu o nome dela, de trás pra frente, inventan-

do seu nome artístico Camila Alimac36

. Bem bonito, não acham?

36 Alimac é Camila, escrito de trás para frente.

Page 100: Mamãe quero ser modelo e-book

99

Mamãe, quero ser modelo!

O importante é nunca esquecer o nome que escolheu ou

inventou, pois a partir daquele instante, todos os seus registros

na agência terão o nome escolhido.

Gostaria de contar uma história sobre confusão com no-

mes, para ilustrar a importância de não se esquecer um nome

artístico. Havia, na Agência, dois meninos com nomes muito

parecidos e como não me lembro, exatamente, dos nomes, usarei

nomes fictícios. Um deles se chamava Guilherme Rosa Rodrigues

e escolheu se cadastrar como Guilherme Rodrigues. Depois apa-

receu outra criança, cujo nome era Guilherme de Almeida Rosa

e este se registrou como Guilherme Rosa. O primeiro foi envia-

do para um teste, só que, quando perguntaram para ele o seu

nome, ele falou o nome inteiro, Guilherme Rosa Rodrigues e o

assistente de elenco só anotou Guilherme Rosa. Ele fez um bom

teste e foi aprovado para o trabalho. Quando o produtor ligou

para a agência para dar a lista dos aprovados, passou o nome de

Guilherme Rosa. A funcionária da agência não verificou que o

Guilherme Rosa nem tinha ido ao teste: ligou para ele (o segun-

do Guilherme) e avisou-lhe que tinha sido aprovado para um

trabalho. Pronto, a confusão estava formada! Quando este outro

Guilherme (o cadastrado como Guilherme Rosa) chegou no lo-

cal da gravação, viram que não era ele o menino que tinha sido

aprovado no teste. Era mais velho dois anos, mas, por coinci-

dência das coincidências, os dois eram ruivos e usavam óculos.

E tem mais: o diretor adorou o Guilherme errado, que acabou

fazendo o filme, sem nem ter feito o teste. O Guilherme certo

que fôra ao teste e tinha sido aprovado nunca soube desta confu-

são, (pode ser que saiba agora). E... perdeu sua chance por não

ter dito seu nome artístico corretamente.

Page 101: Mamãe quero ser modelo e-book

branca

Page 102: Mamãe quero ser modelo e-book

101

CURSOS

O aprendizado é importante em qualquer profissão; aqui

também é. Tanto os cursos livres, com poucas horas de aulas,

como os cursos profissionalizantes são importantes, principal-

mente, para uma carreira de ator. Aliás, os atores continuam

sempre estudando e não devem parar nunca de estudar, pois, em

cada novo personagem que interpretam, deparam-se, muitas

vezes, com situações de novos aprendizados como: patinar,

dançar, falar espanhol ou pegar surfe. Aliás, a atriz Malu Mader

me contou, certa vez, que esta foi uma das razões pela qual optou

pela carreira de atriz. Ela me disse que, assim, tem a oportunidade

de vivenciar várias vidas e profissões, “um dia sou aeromoça e

noutro policial”. Realmente é bastante enriquecedor.

Estudar as muitas técnicas de interpretação é o mais

importante, assim como, um médico continuará sempre estudando

novos métodos de tratamento e os advogados, também, que não

param nunca de estudar. Os estudos são necessários a todos, dão

o respaldo e a segurança para uma melhor prática da profissão.

Alguns problemas na fala, podem prejudicar a intenção de

carreiras que necessitem da voz, como ator, locutor, apresentador

etc, mas, que, se tratados logo, em muitos casos por fonoaudió-

logos, pode-se conseguir uma boa recuperação.

Exercícios

Alguns exercícios, como o popular trava-língua, podem

ajudar a perceber problemas com dicção.

Os trava-línguas são versos ou frases, colocados de forma

a tornar difícil sua pronúncia. A articulação se torna difícil porque

as palavras devem ser pronunciadas de forma rápida ou três vezes

Page 103: Mamãe quero ser modelo e-book

102

Carlos N. Andrade

seguidas. Lidas, devagar, perde-se a graça. Eles podem ajudar o

desenvolvimento da linguagem através de ritmo, entonação de

voz e também podem ser utilizados como exercício vocal em

teatro.

Passe alguns destes exemplos com seus filhos e divirta-se

um pouco.

Pedro tem o peito preto; o peito de Pedro é preto; quem disser que o

peito de Pedro é preto, tem o peito mais preto que o peito de Pedro.

Pinga a pipa dentro do prato, pia o pinto e mia o gato.

Um tigre, dois tigres, três tigres.

Se o Arcebispo-Bispo de Constantinopla a quisesse descons-

tantinoplizar, não haveria desconstantinoplizador que a descons-

tantinoplizasse desconstantinoplizadoramente.

Um ninho de carrapatos, cheio de carrapatinhos, qual o bom

carrapateador, que o descarrapateará?

A mulher barbada tem barba boba, babada e um barbado bobo

todo babado!

A aranha arranha a rã.

Rã arranha a aranha.

Nem a aranha arranha a rã.

Nem a rã arranha a aranha.

Não confunda ornitorrinco com otorrinolaringologista, ornitorrinco

com ornitologista, ornitologista com otorrinolaringologista, porque

Page 104: Mamãe quero ser modelo e-book

103

Mamãe, quero ser modelo!

ornitorrinco é ornitorrinco, ornitologista é ornitologista e otorrinolaringolo-

gista é otorrinolaringologista.

A babá boba bebeu o leite do bebê.

Bote a bota no bote e tire o pote do bote.

Eu congelo a água gelada com gelo que tem selo à prova d’água.

Essa pessoa assobia, enquanto amassa e assa a massa da paçoca

de amendoim.

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branca

Page 106: Mamãe quero ser modelo e-book

105

QUE POSE EU FAÇO?

Neste capítulo, vamos mostrar algumas variedades de po-

ses para crianças e adolescentes, feitas por alguns dos modelos

da Top Kids & Teens, levando-se em conta que a espontaneida-

de e expressividade são fundamentais para conseguir-se boas fo-

tos. Nossos pretendentes à carreira de modelo podem ir se fami-

liarizando com algumas das poses que, certamente, ajudarão em

futuros trabalhos.

Notem a importância do sorriso (mesmo com dentes fal-

tando) e o papel das mãos nas fotos, elas ajudam e, muito, nas

expressões pretendidas. Fotos, onde as mãos não aparecem, de-

verão ter expressões mais fortes para causar o mesmo entendi-

mento pretendido.

Tanto os atores como os modelos devem ter um comporta-

mento observador. Os atores observam como as pessoas falam,

gesticulam, vestem-se etc; assim, conseguem construir muitos per-

sonagens. Os modelos devem observar como posar, onde colocar

as mãos, como parecer alegres ou com frio (mesmo estando com

muito calor), enfim, como desfilar e, também, todas as atitudes

necessárias para o bom desempenho da carreira. Em minhas ob-

servações sobre o desempenho dos modelos iniciantes em fotos,

verifico que muitos meninos e meninas se preocupam sobre qual

pose fazer, quando na verdade, deveriam pensar não nas poses,

mas sim, nas atitudes, enquanto fotografam. O resultado acaba

resultando em poses sem sentimento.

A modelo Débora Pucci, que iniciou a carreira de modelo

aos 9 anos, comigo, na agência Top Kids, sempre teve muita

naturalidade em seus trabalhos como modelo fotográfica. Débora,

hoje, com 25 anos, mora, atualmente, em Londres, onde atua como

modelo e apresentadora de um programa para TV local. Mas quando

estava com 16 para 17 anos, passou uma temporada a trabalho, no

Page 107: Mamãe quero ser modelo e-book

106

Carlos N. Andrade

Para conseguir demonstrar expressões como: surpresa,

nervosismo, raiva e alegria, quanto mais natural forem estes

sentimentos, mais real e convincente a foto vai ficar. É lógico que

existem truques e técnicas que se aprendem para simular situações

ou expressões. Estas técnicas são necessárias, pois não é sempre

que estamos com vontade de rir, quando nos exigem isso para um

trabalho, assim como, quando também temos que mostrar ao cliente

diferentes tipos de emoções. Alguns modelos da Top Kids & Teens

foram convidados para ajudar a vocês com algumas poses,

mostrando sentimentos e emoções variados.

Observem as sugestões nas primeiras fotos, depois, brin-

que de dar nomes às demais. Tente também repetir com as crian-

ças, algumas poses na frente do espelho. Verá que se tornará uma

brincadeira bem divertida. Posteriormente, passe para outra fase,

onde você dirá as expressões para que as crianças possam mostrá-

las em poses.

Japão, onde teve que aprimorar muito a variedade e rapidez nas

poses que fazia. Ela me contou que, neste período, havia muitos

testes por dia, com fotógrafos que exigiam muitas poses por minuto.

Esta prática lhe rendeu um grande repertório e rapidez no seu

desempenho. Então, a dica é: praticar muito e sempre.

(fotos: Carlos N. Andrade)

Débora Pucci

Page 108: Mamãe quero ser modelo e-book

107

Mamãe, quero ser modelo!

Bruno Gonçalves Giovanna Simões

Arthur Dias Iago Flores Kadu Pires

Marcella São Paio

Matheus Gabriel Leo CasaresMaria Eduarda

Saraiva

Consegui... Fiz alguma besteira... Sou levada...

Page 109: Mamãe quero ser modelo e-book

108

Carlos N. Andrade

Kaike Martins Larissa Moura Pablo Bezzoco

Tairini Dantas Annalice Sauerbronn

Bebel Pinheiro Igor Quintanilha Rafaella Sueth

Carol Ribeiro

Page 110: Mamãe quero ser modelo e-book

109

Mamãe, quero ser modelo!

Letícia Rangel Jorge Brendow

João Gabriel Costa Vitor da Costa Juan Gonzalez

Eduarda Modena Dudu Marques Arthur Rocha

Vivian Braz

Page 111: Mamãe quero ser modelo e-book

110

Carlos N. Andrade

Mauro Goulart Camila Nunes

Victor França Thais Oliveira Daniela Guimarães

Andressa Werneck Carol Hoffmeister

Anna Paula

Rodrigues

Juliana Totti

Page 112: Mamãe quero ser modelo e-book

111

Mamãe, quero ser modelo!

Vinicius Tuller Arthur Fontenele

Rafael de Oliveira Renan Gonzalez Johnny Pacheco

Sara Caciator Eduarda Marra Tamara Fernandes

Dandara Vera Cruz

Page 113: Mamãe quero ser modelo e-book

112

Carlos N. Andrade

Pedro Sol Artur José Daniel Bernardo

Gabriel Redua Juan Pedro Maciel Tiago Conversano

Matheus Paes Leme Reuel Ramos Victor Miranda

Page 114: Mamãe quero ser modelo e-book

113

Mamãe, quero ser modelo!

Brunna Vaucher Camila Brito

Thaisa Nevega Lucas de Souza

Diogo Quintana Amanda Fucher Thais Machado

Dhomenique

Lourenço

Anna Julia

Page 115: Mamãe quero ser modelo e-book

114

Carlos N. Andrade

Lívia Alves

Ivair Neto Franco Manosso Thays Junger

Cauã Luz Cauã Mendes Giovanna Carvalho

Thayani Campos Jennifer Aline

Page 116: Mamãe quero ser modelo e-book

115

Mamãe, quero ser modelo!

Marcella Montenegro César Lima Lucas Carramona

Julia Correa Anthony Lobo Julia Catharino

Alef Yuri Mayara Cristina Fernanda Kuperman

Page 117: Mamãe quero ser modelo e-book

116

Carlos N. Andrade

Manuela Alves Juliana Senna Camila Carvalho

Betina Andrade Gabriela Medina Carolina Fortes

Bruno Sheven Thatiane Carvalho Débora Mendo

Page 118: Mamãe quero ser modelo e-book

117

Mamãe, quero ser modelo!

Larissa Alves Cauê Sabino Enzo Ayupp

Andrey Assunção Bruna Ribas

Emerson Leal Katharine Ferreira Matheus Asfora

Daniel Klinfuss

Page 119: Mamãe quero ser modelo e-book

118

Carlos N. Andrade

Gabriela Cunha Gabriela Lins Guilherme Ribeiro

Gabriela Affonso Eloah Nascimento

Isadora Duarte

Pedro Henrique

Raposo

Mariuana Waknin

João Carlos Silva

Page 120: Mamãe quero ser modelo e-book

119

Mamãe, quero ser modelo!

Giovanna Wogel João Gabriel de

Carvalho

Laryssa Brenda

Lorrayne Beatriz Leo Kurtz

Nicolle Daflon Pedro Lessa Victória Andrade

Gabriel Meyer

Page 121: Mamãe quero ser modelo e-book

120

Carlos N. Andrade

Kamille Ramos Paulo César Martins Renata Zeenhuse

Gabrielle Zurlo Maria Eduarda

Araújo

Raika Melo

Leonardo Miranda Thais Parrilha Letícia Ridolph

Page 122: Mamãe quero ser modelo e-book

121

Mamãe, quero ser modelo!

Samir Cotrim Suellen Benigno

Isadora Figueiredo Marina Martins Natalia Lima

Gabriela Nascimento Priscilla Andrade Carolina Fonseca

Filipe Sol

Page 123: Mamãe quero ser modelo e-book

122

Carlos N. Andrade

Ricardo Trindade Matheus Monteiro Lucas Ferroni

Daniel Macedo Daniel Castilho Tarcisio Junior

Karine Brito Dudu Miranda Kaiky Gonzaga

Page 124: Mamãe quero ser modelo e-book

123

Mamãe, quero ser modelo!

Agora é com vocês, pratiquem, façam exercícios na frente

do espelho, movimentem-se, mesmo que parados e vamos à ação.

Page 125: Mamãe quero ser modelo e-book

branca

Page 126: Mamãe quero ser modelo e-book

125

A CARREIRA

A carreira, para quem começa muito cedo, é longa e com

muitas mudanças pelo caminho, principalmente, as mudanças físi-

cas. As crianças passam por grandes transformações até tornarem-

se adultas. É muito raro um bebê muito bonito, que consiga se

manter com o mesmo padrão durante todas as etapas e mudanças

que sofre. Em contrapartida, existem bebês, que, não foram tão

bonitos, e tornaram-se crianças lindas, assim como crianças lindas

que viraram adolescentes desajeitados. Enfim, do bebê ao adulto,

uma criança passa por muitas fases: bebê – criança – adolescente –

adulto, podendo mudar muito, com a passagem do tempo.

Acompanhando todas essas mudanças físicas, a oscilação

na carreira é praticamente certa.

No cinema, temos alguns exemplos bem conhecidos desta

dificuldade de conseguir passar da etapa de criança prodígio para

a condição de estrela adulta. Muitos poucos resistiram e supera-

ram o deslumbramento com a fama e as facilidades que o dinhei-

ro traz. Manter o mesmo carisma de criança, depois de adulto, é

uma tarefa árdua, mesmo porque os papéis são bem diferentes.

O público sente dificuldade em aceitar que a menina cresceu e,

muitas vezes, rejeita um papel mais sexy para ela, da mesma for-

ma que os meninos têm que se livrar da ingenuidade dos papéis

que faziam quando crianças.

Eis alguns exemplos de crianças prodígios, seus

sucessos e fracassos.

Jackie Coogan (1914 – 1984) iniciou sua carreira bem cedo:

com 3 anos, já atuava em peças de teatro e tornou-se o primeiro

grande astro infantil do cinema ao participar do filme clássico

Page 127: Mamãe quero ser modelo e-book

126

Carlos N. Andrade

“O Garoto” com Charles Chaplin, quan-

do tinha 7 anos de idade.

Foi um ator bem sucedido durante

o período entre a infância e a adolescên-

cia, com contratos milionários, mas não

teve uma carreira linear. Ao todo, partici-

pou de 6 filmes e só voltou a ter alguma

notoriedade aos 50 anos de idade, quan-

do fez o personagem Tio Funéreo, da Fa-

mília Addams.

Mickey Rooney (1920 – ) começou a atuar em 1922 e

continuou até os dias atuais (2009). Entrou com pedido ao

Guinness Book para ser registrado como o ator de carreira mais

longa.

Sua filmografia contém 174 filmes entre os anos de 1927 e

2008.

Foi contemporâneo de Judy Garland, Shirley Temple e

Elizabeth Taylor.

(foto: Getty Images)

Mikey Rooney em 2008e com Judy Garland

(foto: Getty Images)

Jackie Coogan

Page 128: Mamãe quero ser modelo e-book

127

Mamãe, quero ser modelo!

Judy Garland (1922 – 1969). Sua carreira começou aos

6 anos, mas só ficou famosa aos 17, quando estrelou “O Má-

gico de OZ”, pelo qual recebeu um Oscar especial (miniatura

da estatueta).

Nesta época, seu estúdio, MGM, colocou uma cláusula em

seu contrato proibindo-a de engordar e perder a voz, e, através

de um médico do próprio estúdio, passou a tomar anfetaminas.

Judy foi, talvez, a primeira vítima da carreira com um início pre-

coce, trazendo-lhe fama, mas sem nenhuma preocupação dos que

geriam sua carreira sobre os malefícios que esta poderia ocasio-

nar. Descontrole de trabalho, consumo de drogas ou de álcool

fazem de qualquer artista um profissional derrotado. Ninguém

aguenta, por muito tempo, uma situação como esta.

Judy se casou 5 vezes, fez 33 filmes, recebeu um Oscar

como melhor atriz em 1954, aos 32 anos, pelo filme “Nasce uma

Estrela” e outro, em 1961, aos 39 anos, como atriz coadjuvante

em “Julgamento de Nuremberg”.

Judy morreu, por overdose, aos 47 anos.

Judy Garland

(foto: Getty Images)

Page 129: Mamãe quero ser modelo e-book

128

Carlos N. Andrade

Shirley Temple (1928 – ) começou a ter aulas de dança

aos 3 anos de idade e ganhou um Oscar especial (miniatura da

estatueta) por sua contribuição ao entretenimento em 1934, aos

6 anos de idade.

Com 15 filmes em sua filmografia, alguns de grande

bilheteria, dos 6 aos 9 anos de idade. Seu último filme data de

1948, aos 20 anos (“Forte Apache – Sangue de Heróis”), quando,

então, se aposentou da carreira artística.

Shirley Temple

(foto: Getty Images)

Elizabeth Taylor (1932 – ), filha de pais americanos, mas

nascida na Inglaterra, chegou em Los Angeles, Estados Unidos,

em 1939, com a mudança da família e iniciou sua carreira em

1942, aos 10 anos, no filme “There’s One Born Every Minute”.

Foi indicada ao Oscar 8 vezes, como melhor atriz, e, ven-

cedora por 2 vezes (“Disque Butterfield 8”- 1960 e “Quem Tem

Medo de Virginia Wolf ”- 1966). Homenageada, mais uma vez,

pelas suas atividades de caráter filantrópico, principalmente, pelo

levantamento de fundos para o combate à AIDS, com o prêmio

“Jean Hersholt Humanitarian Award”. Em sua filmografia cons-

tam 23 filmes, sendo “Os Flinstones”, uma produção de 1994,

sua última atuação e seu maior cachê, estimado em U$ 2.500.000.

Page 130: Mamãe quero ser modelo e-book

129

Mamãe, quero ser modelo!

Dean Stockwell (1936 – ) começou a trabalhar aos 7 anos,

mas, na telona, sua estreia foi aos 9 anos, em “The Valley of

Decision”. Foi considerado o melhor ator infantil na década de 40,

recebendo, em 1948, um prêmio especial (melhor ator juvenil) no

Globo de Ouro pela sua atuação em “Gentleman’s Agreement”

(1947) e tornou-se o único ator a ganhar, por duas vezes, o prêmio

de melhor interpretação masculina no Festival de Cannes; “Longa

Jornada Noite a Dentro” (1962) e “Compulsion” (1959).

Dean conseguiu passar “ileso” pelas transformações da

idade, continuando a atuar na adolescência em, por exemplo,

“Anos Felizes” (1950), com 14 anos, e foi indicado ao Oscar de

melhor ator coadjuvante, em 1989, por sua performance em “De

Caso com a Máfia”, então com 53 anos.

Ao todo, foram quase 200 participações em filmes e séries

de TV.

Elizabeth Taylor

(foto: Getty Images)

Page 131: Mamãe quero ser modelo e-book

130

Carlos N. Andrade

Jodie Foster (1962 – ) nasceu com o nome de Alicia

Christian. Começou a carreira aos 3 anos, em 1 comercial da

Coppertone e foi ao estrelato aos 12 anos, em “Táxi Driver”.

Jodie, que falava desde 1 ano de idade e já lia aos 2, tinha

a responsabilidade de “sustentar” a mãe e o irmão, empobreci-

dos com a separação desgastante dos pais.

Revelada como grande atriz por Martin Scorcese, em “Taxi

Driver” (onde foi indicada ao Oscar), Jodie conseguiu construir

uma carreira segura, de grandes personagens e grandes interpre-

tações, como: “O Silêncio dos Inocentes”, “Acusados”, “Nell” e

“Contato”. Vencedora de dois Oscars, a atriz, também, envere-

dou pela produção e direção, conseguindo recuperar-se de um

problema sério de obesidade e depressão que enfrentou na déca-

da de 80.

Jodie Foster

(foto: Getty Images)

Page 132: Mamãe quero ser modelo e-book

131

Mamãe, quero ser modelo!

Tatum O’Neil (1963 – ). Filha do ator Ryan O’Neal e da

atriz Joanna Moore, Tatum recebeu um Oscar como melhor atriz

coadjuvante aos 10 anos por sua atuação no filme “Lua de Pa-

pel” e é, até hoje, o mais jovem recebedor da estatueta.

Tatum teve 14 filmes em sua filmografia até 2008, mas

nunca repetiu o sucesso de sua estréia.

Em 1986, casou-se com o tenista John McEnroe e sepa-

rou-se em 1994, perdendo a guarda dos filhos pela sua compro-

vada dependência com drogas, o que ela mesma relata em sua

autobiografia chamada “Uma Vida de Papel”.

Drew Barrymore (1975 – ). Sua carreira começou aos 5

anos e foi revelação aos 7, em “E.T. – O Extraterrestre”.

Alcoólatra aos 9, dependente de cocaína aos 12, interna de

uma clínica de reabilitação aos 13, e protagonista de todo tipo de

pequeno escândalo, Drew Barrymore é um dos poucos casos de

reabilitação da moral e da fama e hoje, em 2009, aos 34 anos,

deu a volta por cima, como atriz de sucesso e produtora.

Drew Barrymore

(foto: Getty Images)(foto: Getty Images)

Page 133: Mamãe quero ser modelo e-book

132

Carlos N. Andrade

Anna Paquin (1982 – ) foi ganhadora do Oscar de melhor

atriz coadjuvante em sua primeira participação no cinema com o

filme “O Piano”, em 1993, aos 11 anos, tornando-se a segunda

atriz mais jovem a ganhar este prêmio. Voltou a estar em evidência

em “X-Men – O Confronto Final”, com 22 anos.

Haley Joel Osment (1988 – ), o garotinho dos filmes

“Sexto Sentido” e “A.I. Inteligência Artificial”, entre outros,

começou a carreira aos 5 anos, num comercial para Pizza Hut e

tinha tudo para dar certo com uma carreira longa e brilhante.

Depois de ter sido indicado para o Oscar e para o Globo de Ouro

de melhor ator coadjuvante aos 11 anos de idade por sua atuação

em “Sexto Sentido”, Haley, fez seu último filme quando tinha 13

anos e então não foi chamado mais para nenhum papel.

Anna Paquin (foto: Getty Images)

Page 134: Mamãe quero ser modelo e-book

133

Mamãe, quero ser modelo!

Em 2007, com 19 anos, Haley foi acusado e preso por dirigir

embriagado e por posse de drogas.

Macaulay Culkin(1980 – ), astro da sequência “Esquece-

ram de Mim”. No primeiro filme da série, tinha 10 anos e, no

segundo, 12 anos.

Estreou, em 1988, no filme “O Rochedo de Gibraltar”,

aos 8 anos. Aos 14, teve que enfrentar, além das mudanças naturais

de adolescente, uma briga familiar entre seus pais que disputavam

a gestão da sua fortuna.

Ficou sem filmar de 1994 a 2003, quando, então, já adulto,

retomou a carreira artística.

(foto: Getty Images)

Macaulay Culkin

(foto: Getty Images)

Haley Joel Osment

(foto: Getty Images)

Page 135: Mamãe quero ser modelo e-book

134

Carlos N. Andrade

Hoje, estamos acompanhando a carreira de duas grandes

promessas, Dakota Fanning e Abigail Breslin.

Dakota Fanning (1994 – ) foi a mais jovem atriz a ser

indicada ao Screen Actors Guild Award, com 8 anos de idade, ao

interpretar “Uma lição de amor” ao lado de Sean Penn, em 2001

e não parou mais: entre 2001 e 2008, fez 20 filmes.

Dakota aprendeu a ler com 2 anos e foi descoberta fazen-

do teatro na escola. Em seguida, passou a fazer comerciais com

5 anos de idade e, depois, foi contratada para participar de seria-

dos para TV como: “E.R. - Serviço de Urgência”, “Ally MacBeal”,

“C.S.I” e “Spin City”.

Dakota Fanning

(foto: Getty Images)

Page 136: Mamãe quero ser modelo e-book

135

Mamãe, quero ser modelo!

Abigail Breslin (1996 – ) começou a carreira em comerci-

ais aos 3 anos e, no cinema, em 2003, com 7 anos, em “Sinais”.

Recebeu uma indicação ao Oscar e ao BAFTA de melhor atriz

coadjuvante, por “Pequena Miss Sunshine” (2006), uma indica-

ção ao MTV Movie Awards de melhor revelação, e ganhou tam-

bém o prêmio de melhor atriz no Festival de Tóquio, também por

“Pequena Miss Sunshine”.

Abigail, amiga de Dakota, já tem 13 filmes em sua curta

carreira, de 2001 a 2008. Na TV, atuou em seriados como: Law

and Order; Special Victims Unit, Navy N.C.I.S., What I Like

About You e Grey’s Anatomy.

(foto: Getty Images)

Abigail Breslin

Page 137: Mamãe quero ser modelo e-book

136

Carlos N. Andrade

Aqui no Brasil, temos o exemplo da apresentadora, atriz e

cantora Angélica Ksyvickis (1973 – ) que começou a carreira

com 4 anos de idade, vencendo um concurso de beleza nacional,

mantendo-se sempre ativa e bela até os dias de hoje.

Angélica poderia ter começado como bebê, pois foi também

um bebê muito lindo, assim como Brooke Shields (1965 – ), que

iniciou sua carreira com 11 meses de idade, também num concur-

so de beleza, para um sabonete infantil.

Glória Pires (1963 – ) e Selton Mello (1972 – ) são al-

guns dos raros exemplos brasileiros de carreira, começada na in-

fância e ainda seguida com sucesso.

Glória Pires, filha de pai ator, conheceu muito cedo ainda

os bastidores da carreira de atriz, acompanhando o pai nos estú-

dios. A sua carreira se deu início aos 6 anos. Fez sua estreia em

novelas, aos 9 anos, em “Selva de Pedra”, e teve seu primeiro

sucesso aos 15, na novela “Dancing Days”. Glória Pires talvez

seja a única atriz brasileira que conseguiu manter-se por mais

tempo, quase 3 décadas, na graça do público e crítica, com 23

novelas e séries, e 10 filmes, realizados até 2008.

Selton Mello começou a carreira artística cantando em pro-

grama de calouros por volta dos sete anos. Logo foi chamado

para fazer comerciais e depois, aos 11 anos, foi selecionado para

sua primeira novela na TV Globo, a “Corpo a Corpo”. Selton

sempre fala, em suas entrevistas, da importância que o apoio de

sua família teve no seu desenvolvimento profissional. Sua famí-

lia, que morava em Minas Gerais, resolveu então mudar-se para

o Rio de Janeiro para que ele pudesse prosseguir na carreira esco-

lhida, ao contrário da maioria dos pais que tenta encaminhar os

filhos para profissões ditas como “mais tradicionais”. Este caso

é raro, mas não único, tem-se outros exemplos de famílias que

Page 138: Mamãe quero ser modelo e-book

137

Mamãe, quero ser modelo!

mudaram de vida para dar apoio a um filho ou filha na carreira

artística. Como já vimos noutro capítulo que falava das verbas

publicitárias das cidades no Brasil, se um grande talento nasce

em uma cidade sem mercado, a mudança se faz necessária ou

não se progride na profissão.

Mas acontece que, no período da adolescência, Selton não

foi mais chamado para trabalhos na TV Globo, e mesmo os co-

merciais escassearam. Dedicou-se, então, ao ofício da dubla-

gem por muitos anos, até que com, aproximadamente, 20 anos,

voltou para a TV. Esta dedicação e perseverança também é co-

mum na história de muitas pessoas que chegaram ao sucesso.

Não é à toa que coloco a vocação e perseverança como fatores

essenciais e determinantes.

A atriz Dig Dutra, que atualmente é contratada da TV Glo-

bo, onde interpreta a personagem “Abadia” do programa Zorra

Total, também é um exemplo de determinação. Dig nasceu e ini-

ciou sua carreira em Curitiba e após ter uma carreira local conso-

lidada, largou tudo e não se importou de recomeçar do zero no

Rio de Janeiro, onde não conhecia ninguém, para tentar alçar um

vôo maior, com possibilidade de ser contratada por uma emisso-

ra de TV e ter seu trabalho reconhecido nacionalmente. Dig con-

seguiu, mas a custo de muito trabalho, talento e determinação.

Foram 2 anos de trabalho e espera para ter sua chance na TV.

Em 2008, surge no Brasil, mais um grande talento infantil;

Maisa Silva. Com 5 anos, conseguiu, em pouco tempo de televi-

são, bater a líder de audiência do horário, por vários anos conse-

cutivos, ninguém menos que a Xuxa.

Maisa foi descoberta aos 3 anos de idade no programa Raul

Gil, em um concurso de dublagem. Encantado com o desemba-

raço da menina, Raul contratou-a para ser uma atração perma-

nente no seu programa. Ela, então, despontou como ótima apre-

Page 139: Mamãe quero ser modelo e-book

138

Carlos N. Andrade

sentadora, atraindo boa audiência para o programa, indo, depois,

para o SBT, que cuidou de sua aparência para ser como uma

Shirley Temple brasileira.

Maisa e Shirley Temple

Page 140: Mamãe quero ser modelo e-book

139

CONCURSOS

Como já vimos nos casos da Angélica e da Brooke Shields,

o concurso de beleza foi um ponto de partida para o início de

suas carreiras. Não que a partir deles houvesse uma divulgação

ou contrato que tivessem impulsionado as carreiras delas, mas

serviram de parâmetro para a percepção de uma possível acei-

tação do mercado. Diferentemente dos concursos de beleza para

adolescentes, patrocinados por grandes agências, que alavancam

carreiras com grandes contratos, os concursos infantis de bele-

za são feitos, basicamente, para a vaidade dos pais que podem,

com seus resultados, sentirem-se estimulados a experimentar,

iniciar ou prosseguir um “passeio” com seu(sua) filho(a) no

mundo publicitário.

A publicidade sempre está em busca dos tipos interes-

santes, e a procura por estes tipos físicos será sempre uma ma-

neira de separarem-se os tipos mais desejados e raros dos mais

comuns. Mas, o tipo não é tudo. A atitude, o comportamento, a

vontade, o desprendimento e o talento também precisam ser

considerados. Por isso, gosto mais dos concursos de interpreta-

ção, onde pode-se verificar tudo isto, além do físico, tornando o

resultado mais próximo do trabalho e não, apenas, julgando-se

a beleza.

Alguns cuidados devem ser observados pelos responsáveis.

O concurso de beleza infantil, sem nenhum objetivo prático, pode

estimular, nas crianças, uma competitividade pela beleza, com

grandes desapontamentos para as perdedoras. Os responsáveis

devem estar atentos e cientes dos efeitos que podem estar cau-

sando nos seus filhos. Não podem se esquecer que a felicidade

não deve ser baseada em beleza e fama.

Page 141: Mamãe quero ser modelo e-book

140

Carlos N. Andrade

“As crianças que pensam que dinheiro suficiente e popularidade

trazem felicidade correm um risco maior de depressão do que

aquelas que acreditam que o dinheiro pode ser uma coisa boa de

ter, mas que sua felicidade vem de seu desenvolvimento pessoal.”

(Dra. Helen Street)

A Dra. Helen Street realizou pesquisa com 402 crianças

australianas, com idades entre 9 e 12 anos.

Os pais devem, também, segundo a especialista, ajudar seus

filhos a acharem o que os façam mais felizes na vida e que nem

tudo gira em torno de fama e dinheiro.

Page 142: Mamãe quero ser modelo e-book

141

DIREITOS, DEVERES E

DOCUMENTAÇÕES

Quais são os direitos e os deveres dos modelos e atores

infantis?

Na maior parte dos municípios brasileiros, como em São

Paulo, os trabalhos, com crianças, transcorrem de uma maneira

simples e descomplicada, bastando, na maioria das vezes, uma

simples autorização dos responsáveis, como me reportou Nyna

Azevedo, a proprietária da agência Best Kids de São Paulo. “Aqui

só exigem autorização dos pais, que fica de posse das produto-

ras”. Pede-se também a inscrição desta criança ou adolescente

em um sindicato de modelos ou atores, como me passou a agên-

cia Vogue, também de São Paulo. Em São Paulo, essas duas cate-

gorias profissionais (atores e modelos) são representadas pelo

mesmo sindicato, o Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetá-

culos de Diversão (SATED). A criança então, deve ser inscrita

na categoria artista- mirim do SATED SP, que cobra uma contri-

buição anual no valor de 50% do salário mínimo.

Cumprida esta exigência que, normalmente, é uma tarefa

das agências de modelos e atores infantis, a criança ou adolescente

já está apta a trabalhar em comerciais e filmes publicitários.

No Rio de Janeiro, existe uma diferença: o SATED cui-

da dos atores e técnicos de teatro e shows e o Sindicato dos

Modelos Profissionais do Rio de Janeiro (SINDMODEL) cui-

da dos modelos.

A criança e o adolescente do Rio de Janeiro (pelo estatuto

da criança e adolescente – ECA, no seu art. 2º, diz: “Considera-

se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa de até 12 anos de

idade incompletos, e adolescente, aquela entre 12 e 18 anos de

Page 143: Mamãe quero ser modelo e-book

142

Carlos N. Andrade

idade) já têm bem mais complicações que as paulistas. Não podem

participar de nenhum trabalho ou evento público, sem uma autori-

zação do Juizado de Menores, através da expedição de um alvará. O

Juiz Ciro Darlan, quando titular da 1ª Vara da Infância e da Juventu-

de do Rio de Janeiro, tentou proteger, ao máximo, a criança da explo-

ração pelo trabalho infantil e deixou essa regulamentação para o

município do Rio de Janeiro bem diferente da que vigora no restante

do País. Porém, só não conseguiu evitar que as crianças continuas-

sem a ser exploradas em trabalhos ilegais. Por exemplo: as mães que

alugam seus filhos para trabalharem nos sinais de trânsito não preci-

sam tirar alvará; elas não são perturbadas pela fiscalização como

aquelas que permitem que seus filhos trabalhem em publicidade.

Se existe uma lei federal (Lei Federal nº 8.069 – Estatuto da

Criança e do Adolescente - ECA) que proíbe o trabalho infantil, como

pode uma criança ser contratada para trabalhar como atriz em

uma novela, por seis meses? Estas exceções (as permissões para

os trabalhos infantis), concedidas pelo Juizado de Menores sem-

pre quando há necessidade de contratarem-se crianças ou ado-

lescentes para gravações em novelas, comerciais ou qualquer tra-

balho artístico, já deveriam ter uma regulamentação própria. A

falta desta regulamentação faz com que não exista nenhuma di-

ferenciação para os adultos sobre as condições de trabalho des-

tas crianças, como: diminuição da carga de horários, regalias so-

bre horários de alimentação etc.

Então, como se vê, em cada município existe uma

normatização diferenciada. Vamos falar mais do Rio de Janeiro,

onde as exigências são maiores.

Lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990.

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente

e dá outras providências.

Page 144: Mamãe quero ser modelo e-book

143

Mamãe, quero ser modelo!

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio-

no a seguinte Lei:

Título I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança

e ao adolescente.

Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a

pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela

entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se

excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte

e um anos de idade.

Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direi-

tos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da

proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por

lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a

fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, es-

piritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade

em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,

a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimenta-

ção, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cul-

tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência famili-

ar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer

circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou

de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas

sociais públicas;

Page 145: Mamãe quero ser modelo e-book

144

Carlos N. Andrade

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas

relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de

qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, vio-

lência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer

atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 6º. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os

fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os

direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da

criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Capítulo V

Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze

anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regula-

da por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-

profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legisla-

ção de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos

seguintes princípios:

I – garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino

regular;

II – atividade compatível com o desenvolvimento do ado-

lescente;

III – horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é asse-

gurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,

são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.

Page 146: Mamãe quero ser modelo e-book

145

Mamãe, quero ser modelo!

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegu-

rado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime

familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entida-

de governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:

I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia

e às cinco horas do dia seguinte;

II – perigoso, insalubre ou penoso;

III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao

seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

IV – realizado em horários e locais que não permitam a

freqüência à escola.

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho

educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou

não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao ado-

lescente que dele participe condições de capacitação para o exer-

cício de atividade regular remunerada.

§ 1º. Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral

em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pes-

soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

§ 2º. A remuneração que o adolescente recebe pelo traba-

lho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu

trabalho não desfigura o caráter educativo.

Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à

proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre

outros:

I – respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvi-

mento;

II – capacitação profissional adequada ao mercado de

trabalho.

Page 147: Mamãe quero ser modelo e-book

146

Carlos N. Andrade

Como pode-se ver, a lei existe, mas para as emissoras de

televisão e propaganda, é como se não existisse. Crianças

trabalham em horários escolares e à noite, sem nenhuma

diferenciação dos adultos. No Rio de Janeiro, cria-se uma portaria

para se regulamentar o que é proibido.

A PORTARIA Nº 07/2003 da Primeira Vara da Infância e

Juventude do Rio de Janeiro é que regulamenta a participação de

crianças e adolescentes, seguindo o princípio de proteção integral

à criança e ao adolescente preconizado na Constituição da

República Federativa do Brasil, de 05/10/88, e na Lei Federal nº

8.069, de 13/07/90, (o Estatuto da Criança e do Adolescente).

Dele comentamos alguns itens. Vocês não precisam saber de cor

todas as leis, mas é bom conhecerem alguns aspectos ou artigos

dessas leis. Vejamos:

Portaria Nº 07/2003

EMENTA: Disciplina a entrada e a permanência de crian-

ças e adolescentes em locais de diversão, e sua participação em

espetáculos públicos, certames de beleza, eventos artístico-cul-

turais, ensaios e gravações e dá outras providências.

O Dr. SIRO DARLAN DE OLIVEIRA, Exmo. Sr. Dr. Juiz

de Direito Titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude da

Comarca da Capital, no uso de suas atribuições legais, e

CONSIDERANDO o princípio de proteção integral à cri-

ança e ao adolescente preconizado na Constituição da República

Federativa do Brasil, de 05/10/88, e na Lei Federal nº 8.069, de

13/07/90;

CONSIDERANDO que é dever de todos prevenir a ocor-

rência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adoles-

cente;

CONSIDERANDO que a criança e o adolescente têm di-

reito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetácu-

Page 148: Mamãe quero ser modelo e-book

147

Mamãe, quero ser modelo!

los, produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de

pessoa em desenvolvimento;

CONSIDERANDO que a participação de crianças e ado-

lescentes até 16 anos em espetáculos públicos só é tolerada por

tratar-se de atividade artística e cultural;

CONSIDERANDO que os pais são os administradores dos

bens dos filhos (artigos 385 do Código Civil e 22 do Estatuto da

Criança e do Adolescente) e devem exercer esse múnus no interesse

das crianças e adolescentes;

CONSIDERANDO que todas as ações da família, do poder

público e da sociedade devem levar em conta na interpretação da lei

os fins sociais, as exigências do bem comum, os direitos e deveres

individuais e coletivos, a condição peculiar da criança e do adoles-

cente como pessoas em desenvolvimento, e sobretudo o interesse

superior das crianças e adolescentes;

CONSIDERANDO a necessidade de adaptar o texto dessa

portaria aos fatos novos e visando a dar maior celeridade aos feitos;

CONSIDERANDO o caráter meramente exemplificativo das

hipóteses previstas no artigo 149 nº I e II da Lei Federal nº 8.069, de

13/07/90, dentre outros,

RESOLVE Revogar as Portarias nº 12/2002 e 04/2003:

Vamos então aos capítulos que interessam ao conteúdo deste

livro:

Capítulo VI

Dos Pedidos de Alvará Judicial

Art. 23. Os requerimentos de alvará devem ser formula-

dos por advogado e dirigidos ao Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da

1ª Vara da Infância e da Juventude com antecedência mínima de

10 (dez) dias úteis.

Page 149: Mamãe quero ser modelo e-book

148

Carlos N. Andrade

Seção I

Do Alvará para Entrada e Permanência

Art. 24. O requerimento de alvará para entrada e perma-

nência de crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou

responsáveis legais, em locais de diversão, deve ser instruído com

as seguintes informações e documentos:

I – Procuração para o advogado;

II – Qualificação completa do promotor do evento, jun-

tando-se cópia da identidade e, em se tratando de pessoa jurídi-

ca, cópia do cartão de inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional de

Pessoa Jurídica);

III – Local, data e horário de início e término do evento;

IV – Natureza do evento;

V – Faixa etária pretendida.

VI – Laudo técnico previsto nos artigos 6º, 7º, 9º parágrafo

1º da presente Portaria, quando for o caso.

Seção II

Do Alvará para Participação

Art. 25. O requerimento de alvará para a participação de

crianças e adolescentes, independentemente de estarem acom-

panhados dos pais ou responsáveis legais, em espetáculos públi-

cos, certames de beleza, eventos artístico-culturais, ensaios, gra-

vações e outros deve ser instruído com as seguintes informações

e documentos:

I – Procuração para o advogado;

II – Qualificação completa do promotor do evento, jun-

tando-se cópia da identidade e, em se tratando de pessoa jurídi-

ca, cópia do cartão de inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional de

Pessoa Jurídica);

III – Local, data e horário de início e término do evento,

inclusive dos ensaios e gravações;

Page 150: Mamãe quero ser modelo e-book

149

Mamãe, quero ser modelo!

IV – Autorização para participação da criança ou do adoles-

cente no evento requerido e declaração contendo a série, grau e

estabelecimento em que o participante está matriculado e freqüen-

tando aulas, bem como que o mesmo possui atestado médico com

informação de estar em perfeitas condições de saúde física e men-

tal (anexo I - exclusivamente assinada pelo pai, ou mãe, ou tutor

ou guardião, conforme o caso);

V – Sinopse, especificando a participação da criança e/ou

adolescente, quando for o caso;

VI – Cópia do Registro Civil de Nascimento do participan-

te e cópia da carteira de identidade ou CNPJ do promotor do

evento;

VII – Laudo técnico previsto nos artigos 6º, 7º, 9º parágrafo

1º da presente Portaria, quando for o caso;

VIII – O contrato contendo o valor acertado como paga-

mento da participação da criança/adolescente no espetáculo de-

verá ficar arquivado com o promotor do evento, podendo o Juízo

ou o Ministério Público requisitá-lo a qualquer tempo;

IX – Declaração firmada pelo responsável da criança/adoles-

cente de que se compromete a depositar 40% (quarenta por cento)

do valor total do contrato relativo a participação da criança ou ado-

lescente no espetáculo, em conta poupança em nome do mesmo.

§ 1º. O responsável pela criança/adolescente ou o promotor

do evento deverá juntar aos autos do processo, no prazo de 30

(trinta) dias, após a realização do espetáculo, comprovante do de-

pósito em conta poupança efetivado em nome da criança/adoles-

cente, sob as penas da lei.

§ 2º. O valor depositado na forma do inc. IX deste artigo,

somente poderá ser levantado por autorização judicial, após ouvi-

do o órgão do Ministério Público, mediante alvará ou com o ad-

vento da maioridade da criança/adolescente.

Page 151: Mamãe quero ser modelo e-book

150

Carlos N. Andrade

§ 3º. A participação de crianças e adolescentes em ma-

térias jornalísticas, bem como quando estas forem transeun-

tes, não dependerá de alvará judicial, respeitando-se, todavia,

a legislação vigente.

§ 4º. As emissoras de televisão ao requererem alvará para

participação de crianças e adolescentes como figurantes deverão

juntar listagem nominal dos participantes e exigir das agências for-

necedoras de figurantes infanto-juvenis, com as quais contrata-

rem, que as mesmas mantenham arquivo atualizado acerca da re-

gularidade da situação de saúde e escolaridade das referidas crian-

ças e adolescentes, além da autorização dos seus responsáveis.

§ 5º. Na impossibilidade de formular requerimento de alvará

com 10 (dez) dias de antecedência, no caso de figuração de crian-

ças e adolescentes, será suficiente a protocolização de petição in-

formando a gravação de cena de que participarão as mesmas, 48

(quarenta e oito) horas antes de sua realização, com descrição das

cenas, local e horário das mesmas, devendo ainda as emissoras de

televisão, manter à disposição, no local da gravação, a documenta-

ção mencionada no parágrafo anterior.

§ 6º. Os programas de televisão, tais como telenovelas e

minisséries, os quais são escritos ao longo da exibição, mesmo quan-

do autorizados por alvará judicial mediante apresentação de si-

nopse, não poderão permitir a participação de crianças e adoles-

centes em cenas inadequadas exibidas na referida programação,

sob pena de autuação pelo Serviço de Fiscalização deste juízo.

§ 7º. As emissoras de televisão deverão comunicar a este

Juízo a ocorrência de qualquer modificação posterior à concessão

do alvará judicial, relativa ao local, hora e dia de gravação, da qual

participem crianças e adolescentes.

§ 8º. As emissoras de televisão cuidarão para que suas gra-

vações e ensaios não prejudiquem o horário escolar e o lazer de

Page 152: Mamãe quero ser modelo e-book

151

Mamãe, quero ser modelo!

crianças e adolescentes que deles participem, bem como não ul-

trapassem o horário das 22:00 (vinte e duas) horas.

X – As medidas protetivas prevista nos incisos IX, pará-

grafos 1º e 2º também se aplicarão aos jovens atletas que não

tenham completado 18 (dezoito) anos e se encontrarem na con-

dição de amador, sem vínculo contratual com os clubes firmado

diretamente com a representação ou assistência de seus repre-

sentantes legais.

§ 1º. Não terão validade as procurações outorgadas nas quais

os pais transfiram os poderes inerentes ao exercício do poder

parental, bem como direitos fundamentais ligados à pessoa hu-

mana, tais como os direitos da personalidade, que são

intransmissíveis e irrenunciáveis.

§ 2º. Os jovens atletas oriundos de outras Comarcas so-

mente poderão permanecer nos Clubes se apresentarem autori-

zação escrita dos pais e ficarem hospedados na sede do Clube

contratante ou em hospedagem sob a supervisão de funcionário

do mesmo, fato que deverá ser comunicado à autoridade judiciá-

ria no prazo de 5 (cinco) dias de sua chegada.

§ 3º. Os adolescentes permanecerão sob a supervisão de

um assistente social e, obrigatoriamente, matriculados na rede

de ensino fundamental, observadas as regras do artigo 92 do

Estatuto da Criança e do Adolescente...

[...]

Art. 42. A não observância do disposto nesta Portaria sujei-

ta o infrator às sanções previstas na Lei 8.069, de 13/07/90.

Art. 43. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publi-

cação, revogadas as disposições em contrário, em especial a Por-

taria Nº 12/2002 e a 04/2003, expedidas por este Juízo.

Page 153: Mamãe quero ser modelo e-book

152

Carlos N. Andrade

Art. 44. Comunique-se o inteiro teor da presente Portaria

aos Excelentíssimos Srs. Desembargadores Presidentes do Egrégio

Tribunal de Justiça e do Conselho da Magistratura, Corregedor-

Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Governador do

Estado do Rio de Janeiro, Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro,

Coordenadores das Varas da Infância e da Juventude e das

Promotorias da Infância e da Juventude, Defensor Público Geral

do Estado, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil / RJ,

Secretário de Estado de Esporte, Secretário de Ação Social e

Cidadania, Esporte e Lazer, Procurador Geral da Justiça,

Secretário de Estado de Segurança Pública, Secretário de Estado

de Justiça e Direito dos Cidadãos, Presidentes dos Conselhos

Estadual e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,

Conselhos Tutelares, Federação de Futebol do Estado do Rio de

Janeiro, Associação dos Clubes do Estado do Rio de Janeiro,

solicitando a publicação da mesma no órgão de divulgação, e

demais autoridades, encarecendo a necessidade, no interesse do

serviço público, da mais estreita cooperação com a Justiça da

Infância e da Juventude.

Art. 45. Dê-se ciência da presente Portaria às 1ª, 2ª, 3ª, 4ª,

5ª , 6ª , 7ª , 8ª, 9ª, 10ª e Coordenadoria das Promotorias de Justiça

da Infância e da Juventude e aos Defensores Públicos lotados

junto à 1ª Vara da Infância e da Juventude.

REGISTRE-SE, PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE.

Rio de Janeiro, 22 de abril de 2003

Siro Darlan de Oliveira

Juiz de Direito

1ª Vara da Infância e da Juventude

Page 154: Mamãe quero ser modelo e-book

153

Mamãe, quero ser modelo!

Conclusões:

Mesmo que as crianças ou adolescentes estejam acompa-

nhadas dos seus responsáveis, o alvará será obrigatório para: es-

petáculos públicos, certames de beleza, eventos artístico-cultu-

rais, ensaios, gravações e outros.

Os contratantes e responsáveis pela produção ficam en-

carregados de solicitar as documentações e providenciar o alvará.

Eles normalmente têm seus modelos próprios de autorizações e

declarações que repassam para as agências de modelo que, por

sua vez, repassam para o elenco.

Os documentos pedidos aos responsáveis, no Rio de Ja-

neiro, são: cópias da identidade e do cadastro de pessoa física

(C.P.F.) do responsável; autorização de participação e declaração

de depósito em poupança (como você poderá ler melhor no

explicativo abaixo). Da criança ou adolescente, será pedido uma

cópia da certidão de nascimento, um atestado médico recente

(com menos de 3 meses) e, se a criança tiver mais de 6 anos, uma

declaração de escolaridade fornecida pelo estabelecimento de

ensino, onde ela está matriculada. Como algumas escolas cobram

para a emissão desta declaração, aconselhamos não entregar a

original, e sim cópias, para os diferentes trabalhos.

Estes pedidos de documentação acontecerão em todos os

trabalhos que as crianças fizerem, mesmo sendo para o mesmo

contratante, não importando se o período entre uma produção e

outra for muito curto. Os documentos vão para o juizado e não

serão reaproveitados para outras oportunidades, o que se pode

tornar, em certas ocasiões, uma verdadeira gincana pelo curto

espaço de tempo que se tem em determinados casos, entre a de-

cisão dos aprovados e o início do trabalho.

Algumas produtoras do Rio pedem pela documentação

antes de saberem quem foram os aprovados: se num elenco com,

Page 155: Mamãe quero ser modelo e-book

154

Carlos N. Andrade

digamos, 50 crianças, uma delas não entregar qualquer um dos

documentos exigidos para ela, o filme não entrará no ar e isso

seria um prejuízo muito grande para o anunciante. Portanto, dei-

xe, sempre prontas, cópias dos documentos que não vão mudar

com o tempo, como: identidade e CPF do responsável, certidão

de nascimento da criança e, no início do ano, já peça à escola a

declaração de escolaridade.

No anexo 1, expomos um modelo de autorização cedido

pelo Juizado de Menores do Rio de Janeiro, tendo, neste mesmo

documento, uma autorização de participação e uma declaração

de escolaridade e de aptidão física, embora os advogados afir-

mem que a assinatura desta declaração não exclui a

obrigatoriedade de entrega da declaração de escolaridade da es-

cola que a criança frequenta e de um atestado médico.

A declaração do compromisso dos responsáveis pelo de-

pósito do valor exigido pela lei, em caderneta de poupança no

nome da criança, fala que: de todo cachê bruto recebido por

menores de idade, deverá ser depositado o equivalente a 40% do

total do cachê em caderneta de poupança em nome da criança ou

adolescente, devidamente comprovado, só podendo ser retirado,

quando a criança ou adolescente tiver mais de 18 anos. Aos res-

ponsáveis, é justo que caiba o restante do cachê, descontados os

encargos e taxas de agenciamento, para cobrir os gastos que eles

tiveram com cadastros, fotos, cursos, transportes etc... Esta lei é

ótima, por criar um parâmetro, onde os responsáveis saberão as

porcentagens que lhes cabe dos cachês dos filhos e podem ser

ressarcidos por isto, sem crises de consciência por estarem usan-

do uma parte do dinheiro dos filhos.

Pena que não se tenha uma fórmula prática para fiscalizar

estes depósitos e a manutenção deles, enquanto as crianças não

completam a maioridade.

Page 156: Mamãe quero ser modelo e-book

155

Anexo I – Modelo de autorização/declaração para

participação (Art. 25, IV)

Page 157: Mamãe quero ser modelo e-book

156

Carlos N. Andrade

Uma passada pela lei Nº 6.533

Da lei nº 6.533, sobre a regulamentação das profissões de

artistas e de técnicos em espetáculos de diversões.

Alguns artigos:

Art. 2º. Para os efeitos desta lei, é considerado:

I – Artista, o profissional que cria, interpreta ou executa

obra de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de

exibição ou divulgação pública, através de meios de comunica-

ção de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de di-

versão pública;

Art. 7º. Para registro do Artista ou do Técnico em Espetá-

culos de Diversões, é necessário a apresentação de:

I – diploma de curso superior de Diretor de Teatro, Coreó-

grafo, Professor de Arte Dramática, ou outros cursos semelhan-

tes, reconhecidos na forma da Lei; ou

II – diploma ou certificado correspondentes às habilita-

ções profissionais de 2º Grau de Ator, Contra-regra, Cenotécnico,

Sonoplasta, ou outras semelhantes, reconhecidas na forma da

Lei; ou

III – atestado de capacitação profissional fornecido pelo

Sindicato representativo das categorias profissionais e, subsidia-

riamente, pela Federação respectiva.

Art. 8º. O registro de que trata o artigo anterior poderá ser

concedido a título provisório, pelo prazo máximo de 1 (um) ano,

com dispensa do atestado a que se refere o item III do mesmo

artigo, mediante indicação conjunta dos Sindicatos de emprega-

dores e de empregados.

Art. 14. Nas mensagens publicitárias, feitas para cinema,

televisão ou para serem divulgadas por outros veículos, constará

do contrato de trabalho, obrigatoriamente:

I – o nome do produtor, do anunciante e, se houver, da

Page 158: Mamãe quero ser modelo e-book

157

Mamãe, quero ser modelo!

agência de publicidade para quem a mensagem é produzida;

II – o tempo de exploração comercial da mensagem;

III – o produto a ser promovido;

IV – os veículos através dos quais a mensagem será exibida;

V – as praças onde a mensagem será veiculada;

VI – O tempo de duração da mensagem e suas características.

Art. 17. A utilização de profissional contratado por agên-

cia de locação de mão-de-obra, obrigará o tomador de serviço

solidariamente pelo cumprimento das obrigações legais e

contratuais, se caracterizar a tentativa, pelo tomador de serviço,

de utilizar a agência para fugir às responsabilidades e obrigações

decorrentes desta Lei ou de contrato.

Art. 18. O comparecimento do profissional na hora e no

lugar da convocação implica a percepção integral do salário,

mesmo que o trabalho não se realize por motivo independente

de sua vontade.

Art. 19. O profissional contratado por prazo determinado

não poderá rescindir o contrato de trabalho sem justa causa, sob

pena de ser obrigado a indenizar o em pregador dos prejuízos que

desse fato lhe resultarem.

Parágrafo único. A indenização de que trata este artigo

não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado em

idênticas condições.

Art. 21. A jornada normal de trabalho dos profissionais de

que trata esta Lei, terá nos setores e atividades respectivos, as

seguintes durações:

I – Radiodifusão, fotografia e gravação: 6 (seis) horas diá-

rias, com limitação de 30 (trinta) horas semanais;

II – Cinema, inclusive publicitário, quando em estúdio: 6

(seis) horas diárias;

III – Teatro: a partir de estréia do espetáculo terá a dura-

Page 159: Mamãe quero ser modelo e-book

158

Carlos N. Andrade

ção das sessões, com 8 (oito) sessões semanais;

§ 4º. Será computado como trabalho efetivo o tempo em

que o empregado estiver à disposição do empregador, a contar

de sua apresentação no local de trabalho, inclusive o período

destinado a ensaios, gravações, dublagem, fotografias, caracteri-

zação, e todo àquele que exija a presença do Artista, assim como

o destinado a preparação do ambiente, em termos de cenografia,

iluminação e montagem de equipamento.

§ 5º. Para o Artista, integrante de elenco teatral, a jorna-

da de trabalho poderá ser de 8 (oito) horas, durante o período

de ensaio, respeitado o intervalo previsto na Consolidação das

Leis do Trabalho.

Art. 23. Na hipótese de trabalho executado fora do local

constante do contrato de trabalho, correrão à conta do emprega-

dor, além do salário, as despesas de transporte e de alimentação e

hospedagem, até o respectivo retorno.

Art. 24. É livre a criação interpretativa do Artista e do

Técnico em Espetáculos de Diversões, respeitado o texto da obra.

Art. 26. O fornecimento de guarda-roupa e demais recur-

sos indispensáveis ao cumprimento das tarefas contratuais será

de responsabilidade do empregador.

Art. 27. Nenhum Artista ou Técnico em Espetáculos de

Diversões será obrigado a interpretar ou participar de trabalho

possível de pôr em risco sua integridade física ou moral.

Art. 28. A contratação de figurante não qualificado profis-

sionalmente, para atuação esporádica, determinada pela necessi-

dade de características artísticas da obra, poderá ser feita pela

forma da indicação prevista no artigo 8º.

Art. 30. Os textos destinados à memorização, juntamente

com o roteiro de gravação ou plano de trabalho, deverão ser en-

tregues ao profissional com antecedência mínima de 72 (setenta

Page 160: Mamãe quero ser modelo e-book

159

Mamãe, quero ser modelo!

e duas) horas, em relação ao início dos trabalhos.

Art. 33. As infrações ao disposto nesta Lei serão punidas

com multa de 2 (duas) a 20 (vinte) vezes o maior valor de refe-

rência previsto no artigo 2º, parágrafo único da Lei nº 6.205, de

29 de abril de 1975, calculada à razão de um valor de referência

por empregado em situação irregular.

Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou

resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com

o objetivo de fraudar a Lei, a multa será aplicada em seu valor

máximo.

Desta lei, aprendemos preciosas lições:

1) a criança não pode se profissionalizar como modelo ou

ator antes dos 14 anos de idade, não sendo, então, necessário nem

possível o registro profissional para exercer essas profissões. Após

esta idade, já pode requerer o seu registro profissional, através de

comprovantes de trabalhos (contratos, programas de peças etc).

Com três comprovações de trabalho, já se pode requerer o registro

profissional no sindicato da categoria. O somatório de cursos tam-

bém conta, mesmo que sejam cursos eletivos;

2) o sindicato também pode conceder um registro profissio-

nal provisório com validade de um ano; neste período, a pessoa

terá que comprovar trabalhos para fazer jus ao registro definitivo;

3) um contrato sempre é necessário, tanto para quem con-

trata como para o contratado; é uma garantia para os dois lados;

4) não existe uma lei específica para o trabalho de crianças

em filmes, fotos, desfiles ou propagandas (costuma-se levar em

consideração o estatuto da criança e do adolescente – ECA e a

convenção 138 da Organização Internacional do Trabalho – OIT,

ratificado no Brasil, que permite à autoridade competente, no caso

Page 161: Mamãe quero ser modelo e-book

160

Carlos N. Andrade

o Juizado de Menores, conceder por meio de permissões individu-

ais, exceções à proibição da Lei.). Mas já que trabalham e são mui-

to importantes para a publicidade mundial, por que não regula-

mentar? Então assim, ficamos sujeitos ao bom senso da produção;

5) em publicidade, onde imprevistos sempre acontecem,

são estipuladas, no máximo, 6 horas de trabalho, em estúdio e

locação e, 8 horas, em externas, com tolerância de até 2 horas.

Ainda encontramos muitos produtores que obrigam crianças

pequenas a trabalharem 12 horas seguidas, sem nem ao menos

cogitarem o pagamento de horas extras, mesmo terminando a

filmagem de madrugada.

Não existe uma carga horária diferenciada da, dos adultos,

assim como nenhuma preferência na fila do almoço. Alguns

produtores ainda exigem que as crianças cheguem junto com as

modelos adultas, que perdem horas em maquiagem e cabelos,

enquanto as crianças geralmente não necessitam de nada disso.

Entendendo os contratos.

Quais são as cláusulas que não podem faltar em um contrato?

1) Identificação das partes com as devidas responsabilida-

des, isto é, de um lado, quem assina pelas empresas contratantes

e, de outro, quem assina e responde legalmente pelo menor, caso

o contratado seja menor de idade.

2) Objeto do contrato: este deverá conter:

i. função: ator, modelo etc;

ii. tempo de duração do trabalho (normalmente em publi-

cidade e filmes são dias de gravações; para novelas, pode ser

meses e, em teatro, pode ser por temporadas, dias ou meses);

iii. praça, tempo de veiculação e mídias são sempre menci-

onados em contratos de publicidade, pois são fundamentais para

Page 162: Mamãe quero ser modelo e-book

161

Mamãe, quero ser modelo!

a determinação dos cachês. A praça é onde o comercial vai ser

exibido (município, estado, país..);

iv. tempo de veiculação: como o nome já diz, é o tempo em

que o anúncio estará visível ou audível aos prováveis clientes;

v. tipo de mídia: é o formato da publicidade no qual a ela é

veiculada.

3)Remuneração: quanto se vai receber pelos serviços pres-

tados, (separada em porcentagem, sendo 30% pelo dia de trabalho

e 70%, pelo uso de imagem, o que já fica claro sobre as quantias

que receberá em caso de reveiculação de seu trabalho), o prazo e a

responsabilidade do pagamento, também são itens indispensáveis.

É muito importante frisar novamente que os contratos são

uma garantia para os dois lados: primeiro, que o trabalho vai ser

realizado conforme o combinado e segundo, que tudo que foi acer-

tado irá ser cumprido. Se uma das partes falta ou não cumpre o

prometido, fica realmente muito mais fácil de chegar-se a um acor-

do, se um contrato tiver sido assinado, para ser consultado. Sem

falar que os contratos são comprovantes de trabalhos que a lei

exige para pleitear-se o registro profissional como ator ou modelo.

Em todo caso, você deve sempre ser orientada(o) pela sua

agência, que fará uma verificação de todo o conteúdo do contrato

e pedirá as alterações ao cliente, caso sejam necessárias.

Os deveres e o comportamento profissional

1. Quando chamado para uma seleção ou trabalho, tirar

todas as dúvidas antes de apresentar-se (cliente, veiculação, ho-

rário, cachê, prazo de pagamento, roupa adequada etc.).

2. Procurar manter sempre uma aparência agradável: corte

de cabelos, unhas e pele limpas e roupas adequadas são funda-

mentais.

Obs.: Já vi criança ser barrada no dia da gravação de um

Page 163: Mamãe quero ser modelo e-book

162

Carlos N. Andrade

anúncio de refrigerante pelo fato de sua mãe ter cortado

seu cabelo depois do teste de vídeo; o cliente tinha apro-

vado a criança justamente por ter um corte de cabelo

diferente. Tiveram de chamar, às pressas, outra criança

para aquele papel.

3. Sempre que possível, atualizar as fotos; delas dependem

o seu trabalho. Quanto menor for a criança, mais cedo deverá ser

a atualização (caso ocorra alguma mudança radical neste perío-

do, como corte de cabelos, por exemplo, esta renovação também

se fará necessária, independente da idade). Um modelo ou ator

com fotos antigas, diminui muito suas chances de trabalho, pois

as crianças e adolescentes mudam muito e a agência não tem

certeza de como eles se apresentarão para uma seleção ou para

um trabalho.

4. Documentação: como já vimos neste capítulo, no Rio

de Janeiro, a portaria nº 16/95 da Vara de Menores, que entrou

em vigor em 07/12/95, resolve, no seu artigo 16, que os pais ou

responsável pela criança ou adolescente, para que ele possa par-

ticipar de qualquer evento artístico, deverão apresentar uma sé-

rie de documentos à empresa contratante para que esta provi-

dencie o pedido de alvará, com antecedência de no mínimo 10

dias. São eles: fotocópia do registro civil de nascimento da crian-

ça ou adolescente, comprovante de escolaridade e aproveitamento

escolar, atestado de saúde, autorização dos pais ou responsável e

declaração firmada pelo responsável, comprometendo-se a de-

positar 40% do valor total do contrato relativo à participação da

criança ou adolescente, em conta poupança em nome do mesmo.

Esta documentação será necessária para cada trabalho re-

alizado pelo ator ou modelo. Alguns destes documentos poderão

Page 164: Mamãe quero ser modelo e-book

163

Mamãe, quero ser modelo!

ser previamente providenciados como: atestado escolar, cópia

da certidão de nascimento e identidade e CPF do pai e da mãe. A

autorização é específica para cada trabalho e o atestado médico

tem validade de apenas 3 meses.

5. Ao chegar para uma seleção:

a) apresentar-se à pessoa encarregada pelo elenco, para

anotarem na ordem de chegada;

b) manter sempre o bom humor, apesar da demora que

poderá haver para chegar a sua vez;

c) nunca esquecer o seu nome artístico, nem o nome de sua

agência;

d) estar arrumado(a) adequadamente.

6. Ao chegar para um trabalho, é importante sempre lembrar:

a) ler e conferir se os dados do contrato contêm as mesmas

informações que lhe foram passadas pela agência;

b) ser pontual. Por mais que demore, desde a sua chegada

até que se comece o trabalho, mantenha a calma e não incomo-

de ninguém. Posteriormente, comunique à agência sobre as

horas trabalhadas;

Não chegue antes do horário, apenas seja pontual.

c) estar trajando uma roupa confortável; a criança poderá

ficar com ela durante muitas horas;

d) estar com os cabelos limpos e soltos, sem nenhuma

maquiagem e com as unhas bem cuidadas;

e) quando precisar se ausentar do set, para beber água ou ir

ao banheiro ou necessitar de qualquer outra informação, dirija-se

ao produtor de elenco: este é o profissional contratado para cui-

dar exclusivamente dos modelos e atores.

Page 165: Mamãe quero ser modelo e-book

164

Carlos N. Andrade

7. O modelo/ator deve ser de uma única agência, para evi-

tar problemas entre as agências envolvidas e os responsáveis pelo

agenciado.

8. Ao ser indicado para um teste ou trabalho, a criança fará

contato com produtores e clientes, que poderão chamá-lo direta-

mente para outros testes ou trabalhos. Nesses casos, o correto é

comunicar à sua agência, já que o primeiro contato foi feito por

ela, e, sendo assim, ela tem direito à sua comissão.

Page 166: Mamãe quero ser modelo e-book

165

CACHÊS

Cachê é o nome que se dá ao dinheiro recebido pelo artista

para o pagamento pelo seu trabalho eventual.

Existem trabalhos que pagam à vista, neste caso, quando o

cliente quer negociar um cachê menor. Mas a maioria é paga em

30 dias da data da finalização da produção e sofre deduções da

taxa de agenciamento e encargos. As taxas de agenciamento são,

em média, 20% do valor do cachê, e os encargos, por volta de

15%, porém podem variar, de agência para agência, como tam-

bém de acordo com o tipos de modelo, dentro da mesma agência.

O que determina o valor do cachê para um trabalho de

ator/modelo é, principalmente, a exposição de sua imagem, que

tem peso de 70% do cachê. Esta exposição vai variar dependen-

do dos seguintes fatores:

• o tipo de papel na atuação: protagonista, coadjuvante

ou figuração;

• a mídia utilizada – televisão, internet, outdoor etc. A

mídia contratada é um dos determinantes do público

que vai ter acesso à propaganda. Uma propaganda, vei-

culada na TV aberta, terá, provavelmente, mais público

que outra, que só passa numa TV a cabo. Vai depender

também dos horários em que for veiculada, da quanti-

dade de vezes (inserções) e de quais localizações (pra-

ças) atingidas;

• tempo de veiculação – quanto maior o tempo de ex-

posição de imagem do artista durante um mesmo traba-

lho, este deverá ser mais bem remunerado. Ex.: 6 meses

de veiculação pagará mais que 1 mês de exposição;

• a praça (local ou locais, onde vai ser veiculado), Rio

de Janeiro, Região Norte ou todo Brasil, por exemplo. A

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166

Carlos N. Andrade

veiculação em uma localidade de maior população, deverá

pagar mais que em outra, de menor população. Ex.: como

São Paulo é mais populoso, o trabalho veiculado nesta ci-

dade, deverá ser mais bem pago do que em Recife;

• os figurantes, como não têm imagem para veicular,

recebem somente pelo dia de trabalho;

• os contratos de publicidade, como falado acima, são

divididos em dia de trabalho e direitos conexos, isto é,

30% do cachê, os modelos e atores recebem pelo traba-

lho de estarem ali atuando, e 70%, pela autorização para

veicular sua imagem. Portanto, quando é necessário cal-

cularem-se horas extras trabalhadas, este cálculo será

somente sobre os 30% referentes ao dia trabalhado.

Exemplo: cachê de R$ 1.000,00, com 6 horas extras, ima-

ginando-se que, dessas 6 horas extras, 2 horas foram trabalhadas

após as 22 horas.

Para calcular estas horas extras, é necessário verificar so-

bre que valor será feito este cálculo. Isto é: 30% de R$ 1 mil = R$

300,00, que serão divididos por 6 horas = R$ 50,00, por cada

hora. Mas, das seis horas trabalhadas, teve 2 horas após as 22

horas; estas sofrem um acréscimo de 25% de insalubridade e pas-

sam a valer R$ 62,50.

Cachê R$ 1.000,00

4 horas extras normais R$ 50,00 X 4 = R$ 200,00

2 horas extras noturnas R$ 62,50 X 2 = R$ 125,00

Total = R$ 1.325,00

Agora, quando é feito um contrato e este tem de ser reno-

vado, calcula-se o valor desta renovação tendo-se por base os

Page 168: Mamãe quero ser modelo e-book

167

Mamãe, quero ser modelo!

70%, referentes aos direitos conexos, isto é, R$ 700,00 reajus-

tados monetariamente até a data da renovação, calculando-se

que esta renovação será pelo mesmo período e praças do con-

trato original.

Importante: quando seu filho for chamado para uma sele-

ção ou trabalho, tirar todas as dúvidas antes de apresentar-se (cli-

ente, veiculação, horário, cachê, prazo de pagamento, roupa ade-

quada etc.).

Page 169: Mamãe quero ser modelo e-book

branca

Page 170: Mamãe quero ser modelo e-book

169

MAIS DÚVIDAS

Crianças portadoras de necessidades especiais po-

dem ser modelos?

No dicionário, a palavra modelo quer dizer: “Tudo que ser-

ve para ser imitado. Pessoa exemplar”. O que se procura exibir

em propaganda é, geralmente, uma imagem que se identifique

com o seu consumidor em potencial, com o que ele gostaria de

ser ou com o que ele acha que se parece. Por isso, o aspecto físico

é tão valorizado na propaganda e na moda. Pessoas que sofrem

de alguma deficiência física visível não seriam tipos de modelo a

ser seguidos.

Mas existem comerciais, onde são pedidas crianças porta-

doras de necessidades especiais e os produtores de elenco não

recorrem à agências de modelos e, sim, a locais de tratamento ou

escolas especiais, onde podem encontrar material humano em

quantidade suficiente para uma seleção.

Minha filha fez uma filmagem para um comercial. No

fim, com os descontos, o cachê ficou muito baixo. Gostaria

de saber se não existe uma tabela de honorários como em

algumas categorias?

Existem tabelas elaboradas por alguns sindicatos e por

alguns órgãos independentes, assim como, alguns contratan-

tes têm suas tabelas próprias e alguns produtores de elenco

também tem as suas.

Vamos mostrar algumas, lembrando que a maioria destas

tabelas é elaborada para adultos profissionais e as crianças, por

mais que tenham um trabalho similar a um profissional adulto,

certamente não vão receber igual.

Page 171: Mamãe quero ser modelo e-book

170

Carlos N. Andrade

Tabela 1 – SATED RJ

PISOS SALARIAIS PARA ARTISTAS TRABALHADORES

EM EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO (TV)

Valores válidos a partir de 01 de novembro de 2006. Em R$:

Tabela 2 – SATED SP

TABELA PUBLICIDADE MÍDIA ELETRÔNICA

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Page 172: Mamãe quero ser modelo e-book

171

Mamãe, quero ser modelo!

Tabela 3 – SATED SP

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Page 173: Mamãe quero ser modelo e-book

172

Carlos N. Andrade

Tabela 4 – SATED SP

TABELA DESFILE 2004

Tabela 5 – Caras do Reclame SP

Valores Referenciais

Mídia Eletrônica • Atores • Modelos • Atores Mirins

Classificação de Produtos

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Page 174: Mamãe quero ser modelo e-book

173

Mamãe, quero ser modelo!

Detalhes de corpo (nariz, mão, boca, perna, olhos e pés.) R$

700,00+ 20% – Nudez (sob consulta)

CONSIDERAÇÕES GERAIS

ATORES MIRINS O cachê equivale a 40% dos respectivos

valores/categorias.

• Todos os valores referem-se a 01 diária com 08 horas

consecutivas de trabalho, + 30% do total para cada diária

adicional.

• O Ator-mirim corresponde à faixa etária de até 14 anos.

• Os valores referem-se à exclusividade apenas para PRODUTO

concorrente. Para cada produto adicional, acrescer 70%.

• Cachê teste obrigatório, no valor de R$ 30,00 ator, modelo e

ator-mirim, mediante apresentação de DRT.

• FIGURAÇÃO: A imagem não pode ser identificada. Figuração

“A” – R$ 250,00 + 20%. Multidão – R$ 150,00 + 20% por diária

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Page 175: Mamãe quero ser modelo e-book

174

Carlos N. Andrade

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Page 176: Mamãe quero ser modelo e-book

175

Mamãe, quero ser modelo!

Notem que as tabelas são feitas para profissionais com re-

gistro profissional (DRT).

As crianças estão previstas na tabela 4 com porcentagem de

40% dos valores inseridos na tabela, mas esta proporção não é fixa.

Em alguns casos, poderemos encontrar a seguinte sugestão

de ganho: bebês até 3 anos, 30%; crianças até 12 anos, 50%; ado-

lescentes, 70%, do cachê de um profissional. Vai do bom senso do

contratante e da agência da criança não permitir que seu modelo

ou ator trabalhe por cachês muito inferiores aos usuais do merca-

do. Na verdade, a lei da oferta e procura funciona bem neste mer-

cado: onde a procura é bem grande, a oferta pode ser pequena.

Muitas vezes, os próprios responsáveis pelas crianças são os

causadores desse desnível e achatamento dos cachês infantis. Em

várias ocasiões, presenciei atitudes em que a agência era contra o

cachê oferecido, o responsável passou por cima da agência, crian-

do uma indisposição, para aceitar o trabalho.

Fiz um book caríssimo para minha filha; agora nenhu-

ma agência aceita. Por quê?

As agências de modelos infantis normalmente trabalham com

um padrão de foto que é bem diferente da maioria das fotos feitas

pelos estúdios que mais anunciam nos jornais e televisão. As crian-

ças mudam muito e não faz nenhum sentido pagar caro para ter

fotos que logo perderão sua principal função: mostrar como esta

criança está agora. Mas nunca confunda preço alto com qualidade:

as fotos para trabalhos devem ser feitas por profissionais

especializados e, normalmente, as agências trabalham com fotó-

grafos que já conhecem a maneira como elas gostam das fotos.

Meu filho fez uma foto para um encarte. Recebi o

cachê dele, mas a sua foto não foi publicada. Posso proces-

sar a agência ou o contratante?

Page 177: Mamãe quero ser modelo e-book

176

Carlos N. Andrade

Não. O contratante pode utilizar a imagem do contratado

mas não é obrigada a isto e a agência de modelos é apenas um

intermediador, não é o contratante. E por isso não tem nenhum

direito sobre o uso desta imagem.

Existe algum órgão a que eu possa recorrer para sa-

ber sobre idoneidade de uma agência de modelos?

Infelizmente não. Mas deveria haver, já que abusos são

cometidos, diariamente, envolvendo empresas que se passam por

agências apenas para enganar pessoas e tirar seu dinheiro.

Marcaram um teste para minha filha às 14 horas e ela

só foi atendida às 18 horas. Não é um absurdo? Como devo

proceder?

Atrasos acontecem, mas muitos dos produtores de elenco

são desorganizados, não marcam hora ou são inseguros quanto à

aprovação do seu elenco e podem, por isso, convocar mais pes-

soas que o razoável.

Se você tem mais alguma dúvida sobre o trabalho, poderá

escrever para o e-mail [email protected] ou entrar no blog

do livro www.querosermodelo.blog.br e postar sua pergunta

onde temos uma página para suas dúvidas, terei imenso prazer

em responder.

Page 178: Mamãe quero ser modelo e-book

177

CONCLUSÃO

Nesses anos todos em contato com tantas crianças e seus

pais, percebi que todas elas são muito especiais e insubstituíveis

em seus corações e independentemente do perfil físico, emoci-

onal ou desenvolvimento artístico, o amor por elas não é dimi-

nuído por isso.

Os sonhos interrompidos, daqueles pais que não consegui-

ram seguir um caminho próprio, demonstram, ao tentar transferi-

los a seus filhos, que marcaram suas vidas por muitos anos. Estes

atos reafirmam a importância, que nós pais, temos em apoiar

nossos filhos em seus sonhos, e não confundi-los, com os nossos.

Sonhar faz parte da vida, principalmente, para as crianças

que vivem em mundinhos especiais, não se importando, se de

fato, irão seguir esta carreira. Digo-lhes, também pela minha ex-

periência, da gratificação e emoção sentida ao compartilhar e

assistir, o orgulho que algumas crianças sentem em poder de-

monstrar a seus pais, que venceram ou conseguiram realizar aquilo

que sempre sonharam.

Uma certa vez, com o carro parado num sinal de trânsito,

fui abordado por um entregador de folhetos. Era uma propagan-

da de um candidato a deputado que tinha em seu verso uma lista

com 10 itens para se viver bem. Não me lembro de nenhum ou-

tro item, a não ser o décimo, que dizia o seguinte: “Nunca tire o

sonho de ninguém, pois pode ser a única coisa que ela tenha na

vida”. Aquela mensagem caiu como uma pedra em cima de mim.

Naquela época, a minha agência fazia avaliações e eu reprovava

aquelas crianças que, ao meu ver, tinham pouquíssimas chances

de trabalharem em comerciais. A partir daquela data, apenas alerto

sobre suas possibilidades de trabalho naquele momento e, se for

o caso, as oriento sobre como melhorar, mas a decisão de querer

Page 179: Mamãe quero ser modelo e-book

178

Carlos N. Andrade

tentar ou não, passou a ser deles, da criança junto com seus res-

ponsáveis. Vi que poderia estar interrompendo o sonho de mui-

tas crianças e que podemos nos surpreender com a superação de

algumas delas.

O trabalho com crianças é assim, surpreendente e muito

gratificante. A sinceridade, espontaneidade, risadas gostosas, bir-

ras, choros... ficam sempre registrados nas nossas memórias.

Nosso trabalho de agente ou mesmo de produtor de elenco,

tem uma característica muito gostosa que é a “missão” de dar boas

notícias para os aprovados nos testes. Nós, desta forma, nos senti-

mos muito próximos e agraciados, quando conseguimos participar

e colaborar diretamente, na realização de milhares de sonhos.

Page 180: Mamãe quero ser modelo e-book

179

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Page 185: Mamãe quero ser modelo e-book

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