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Professora Clarisse Normann & Equipe do 4º ano
Mandalas: A ARTE DO ENCONTRO
Mandalas são círculos de concentração de energia que simbolizam integração e harmonia.
Colégio João XXIII
Porto Alegre - RS
O Colégio João XXIII, uma Escola única.
A Escola, nos diferentes componentes curriculares, tem como
proposta a formação dos alunos na perspectiva do ser, do conviver, do
saber e do saber fazer. O trabalho interdisciplinar promove o
desenvolvimento integral dos alunos, congregando a importância das
narrativas singulares com a experiência coletiva. Os alunos participam
de assembleias e rodas de conversa que pressupõem a cultura do
encontro para pensar e aprender conjuntamente, encontrando a Arte
como potencializadora dessa força.
Desde o início, a história da Escola revela a perspectiva de Educação Integral, destacando-se por uma
atuação, por um colocar-se, por um entender a educação como meio e lugar de posicionamentos. Iniciando suas
atividades em plena ditadura, em 1964, o João XXIII colocou-se como uma alternativa às propostas vigentes. Por
meio de um anúncio no jornal, congregou famílias que desejavam construir uma experiência comunitária em
educação.
Fundado por um grupo de professores, o João XXIII não objetivava fins lucrativos. Apresentou-se como
uma escola laica, democrática, aberta para a participação da comunidade, num cenário em que a maioria das
escolas particulares eram confessionais. A relação com a comunidade e o seu entorno, com a vida, tornou-se uma
marca da Escola. Essa premissa se traduz, até hoje, em ações e crenças que a Instituição mantém: um espaço
aberto para as pessoas da comunidade, não só oferecendo cursos profissionalizantes, apoio à creche do bairro e
um espaço de formação docente, mas também realizando cursos para educadores infantis de escolas públicas e
comunitárias. Desde a sua fundação, traz a plena humanidade como condição e obrigação.
Professores Fundadores
1964
Desenvolver um currículo de Arte numa Escola com os pressupostos teóricos e a história do Colégio João XXIII, muito
mais do que um desafio, mostrou-se uma possibilidade.
Anualmente, o componente curricular de Arte participa conjuntamente de reuniões de planejamento semanais com a
equipe pedagógica das diferentes séries dos Anos Iniciais. A Instituição possui um plano de Estudos de Arte, com alguns
projetos e conteúdos previamente pensados pelos professores, mas, essencialmente, com habilidades e competências a serem
desenvolvidas a partir de diferentes temáticas. Foi em uma dessas reuniões que, a partir de uma observação realizada nos
murais das turmas do 4º ano, iniciou o projeto: MANDALAS: A ARTE DO ENCONTRO.
Ao ver uma produção dos alunos sobre o conteúdo de
simetria no componente curricular de Matemática, tivemos a
certeza de que era o momento de trazer o estudo das mandalas
para os alunos - um desejo antigo, fonte de consulta ao longo de
alguns anos, de um projeto com o qual já imaginavámos muitas
possibilidades - colaborando com as discussões e construções que
estavam sendo realizadas.
Foi em nossa reunião de planejamento do 4º ano que as mandalas passaram a ter um significado para além da Arte e
da Matemática. As professoras regentes relataram seus estudos sobre a cultura africana e indígena, bem como sobre os textos
informativos, narrativos e poéticos que estavam lendo sobre o jeito de ser e viver desses povos. Os encontros dessas culturas
através da dança, do círculo, da roda, trouxeram a História para o projeto, que ganhava, a cada momento, novos contornos.
Nas reuniões seguintes, mais engajamentos. A professora de Música trouxe a possibilidade da dança circular, como um
conteúdo que viria ao encontro do desenvolvimento integral na área de Arte. Conjuntamente, as assembleias realizadas nas
turmas, como uma prática para a construção dos conteúdos atitudinais e dos princípios filosóficos da Escola, garantiram a
roda, o círculo e o encontro. As mandalas por toda parte!
Objetivos... A INTENÇÃO, UM OLHAR!
Documento comprobatório - Apresentação do projeto, vídeo 1.
Os objetivos do projeto nas aulas de Arte envolveram a construção de elementos da linguagem dentro de uma
abordagem que privilegiou a produção cultural, num tempo e
num espaço, tendo como premissas a expressão, a apreciação
e a criação.
Para o desenvolvimento dessas competências foi
construído um processo que contemplou a aquisição de
habilidades.
• Analisar criticamente as manifestações e produções artísticas e culturais
próprias e do grupo.
• Explorar e utilizar os materiais plásticos e artísticos em suas produções
buscando desenvolver as várias técnicas e linguagens.
• Reconhecer o próprio corpo como instrumento de composição, bem como
objetos e situações do cotidiano, relacionando-os ao estudo das mandalas.
• Identificar, em manifestações culturais individuais e/ou coletivas, elementos
históricos e sociais.
• Reconhecer o valor da diversidade artística como meio de explicar diferentes
culturas, padrões estéticos e preconceitos artísticos (leitura de imagem).
A formação dos alunos na perspectiva atitudinal também permeou os objetivos de ensino e aprendizagem, revelando
a importância de cada indivíduo perceber-se como peça fundamental para o seu grupo. A concepção desse trabalho e a
seleção desses conteúdos de aprendizagem desvendam o modo de agir da Escola diante da necessidade de trabalharmos com
nossos alunos a sensibilidade, a percepção e o prazer em aprender, usando o coletivo para mostrar a importância de cada
um.
Ao longo do projeto, a equipe de professores e as diferentes turmas de 4º ano foram todos um só, carregados de
narrativas singulares na construção do coletivo.
Mapa conceitual do Componente Curricular de Arte
Construção pela Equipe de Arte da Escola – 2012.
AUTOCONHECIMENTO
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Arte, “Apenas um ensino criador, que favoreça a integração entre a aprendizagem
racional e estética dos alunos, poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho, no qual conhecer é também maravilhar-se,
divertir-se, brincar com o desconhecido (...) e alegrar-se com descobertas. ”
PCNs, 1997, p.35.
Planejando... CAMINHOS POSSÍVEIS!
Os encontros iniciais serviram
como momentos de explanação das
ideias e conteúdos com a utilização
de uma apresentação de Mandalas
no Datashow, com o objetivo de
lançar aos alunos as primeiras
problematizações.
As primeiras imagens,
mostrando a presença da forma
Mandala na natureza, começaram a
revelar a curiosidade e o interesse das
crianças neste assunto nunca
explorado. Aos poucos foram
surgindo diversos questionamentos e
relações com situações do cotidiano,
com objetos das famílias, vivências
em viagens e pequenas observações e
percepções do dia a dia.
Comentários diversos
trouxeram para a sala de Arte um
movimento de empolgação e
vontade de aprender cada vez mais.
Ah, então isso é
uma mandala?!
Eu tenho uma em
casa, feita de
conchas!
Profe, então um
filtro de sonhos
também é uma
mandala?
Quando apreciamos a
fotografia da Mandala
humana de uma tribo
africana, questionei a eles
que material tinha sido
utilizado nesta construção.
Breve silêncio seguido da
resposta:
-“Só o corpo!”
E em seguida a pergunta
com brilho no olhar:
- “Profe, nós vamos fazer?”
Mandala humana de tribo africana
Fonte: google imagens
MANDALAS: A ARTE DO ENCONTRO iniciou com as mesmas problematizações para as
cinco turmas do 4º ano do Ensino Fundamental. Em cada turma, diferentes respostas, mas,
principalmente, diferentes perguntas surgiam dos alunos. Em cada grupo, possíveis caminhos de
produção surgiam a partir da ideia inicial:
“Nenhum projeto escolar começa do nada, do vazio. As crianças, de uma forma ou de outra, trazem um repertório de ideias, de noções, de hipóteses,
de experiências nas linguagens da arte. É a partir daí, da investigação do mundo real e simbólico dos alunos que se começa a caminhar. O primeiro passo,
então, é elaborar um diagnóstico do nosso grupo, conhecer nossos alunos; esse é o nosso chão! ”
O ensino de Arte nas séries iniciais – ciclo I, 2006, p. 23.
O planejamento de conteúdos procedimentais e conceituais foram definidos pelos professores, contemplando cada
uma das áreas de estudo. Na Matemática, conteúdos como simetria, proporção, composição e perspectiva. Na área de
História, o reconhecimento das formas de ser e viver dos povos indígenas e africanos. Na Música e na Dança, o
desenvolvimento da corporeidade. Na Arte, uma ação pedagógica que promovesse conhecer o conceito de mandala na
História e na Arte, a identificação em objetos e situações do cotidiano, o reconhecimento de diferentes formas presentes na
mandala e a presença ou não da simetria, a natureza como Arte, além dos conteúdos atitudinais presentes em todos os
componentes.
Os referenciais para a construção do projeto foram buscados em documentos curriculares nacionais de
Educação, bem como nas produções de matrizes curriculares do governo do Rio Grande do Sul e São Paulo.
Ao final desse projeto, bibliografias que traduzem a concepção de Arte aqui revelada são listadas, bem como
autores de textos que foram parte da formação continuada dos professores em nossos estudos na Escola, tais
como Larrosa, Yves de La Taille e Bauman. O ensino de Arte na complexidade envolve olhar para a vida dos
alunos como objeto de conhecimento.
Mandalas são círculos de concentração de energia que simbolizam universalmente integração e harmonia; são também diagramas geométricos rituais: alguns deles correspondem concretamente a determinado atributo
divino, e outros são a manifestação de certa forma de encantamento, como mantras.
O Relógio de sol é um instrumento que mede a passagem do tempo pela observação da posição do Sol... e também é uma Mandala.
A organização do tempo didático foi feita partindo da ideia de que cada turma
possui seu ritmo próprio e o seu tempo de processo, tanto para as discussões, como
principalmente, para a organização e o desenvolvimento prático das atividades propostas.
Os trabalhos foram realizados como uma teia, a ser tecida sem pressa e sem a limitação
do tempo do término de uma etapa e do início de outra. A duração de todo o nosso
percurso, de agosto a dezembro de 2013, envolveu aproximadamente vinte aulas de Arte,
que aconteciam semanalmente, com a duração de uma hora e vinte e cinco minutos cada.
Em algumas situações, aconteceram também aulas na modalidade de docência
compartilhada, contemplando uma atuação de diferentes professores para enriquecer as
discussões.
Turma 4º ano B modelando Mandalas de argila,
na Sala de Arte.
Turma 4º ano A : criando mandalas de elementos
naturais. Neste dia choveu, então a produção
ocorreu dentro da sala de Arte.
Nas aulas de Arte, inicialmente foi problematizado com os alunos o que
é uma mandala, sua origem e seus significados a partir de uma seleção prévia apresentada
aos grupos, o que se desmembrou em uma aula expositiva ricamente dialogada e
participativa. Os alunos trouxeram suas hipóteses e descobertas - como a presença da
mandala em algumas frutas partidas ao meio – e, a cada nova explicação dos colegas, surgiam
muito mais perguntas do que respostas.
“O ser humano sempre organizou e classificou os fenômenos da natureza, o ciclo das estações, os astros no céu, as diferentes plantas e animais, as
relações sociais, políticas e econômicas, para compreender seu lugar no universo, buscando a significação da vida.”
(PCNs 1997, p. 33)
Paralelamente, com as professoras regentes, o estudo sobre os povos
africanos e indígenas acontecia a partir de imagens, leituras e vídeos e a leitura
de obras do índio Daniel Munduruku, problematizavam com os alunos a Teia
da Vida e a nossa relação com o presente:
Executando... O ENCANTAMENTO DO FAZER - A CONSTRUÇÃO!
“Descobri que não precisa ser xamã ou pajé para chacoalhar o
maracá, basta colocar-se na atitude harmônica com o todo, como se
estivéssemos seguindo o fluxo do rio, que não tem pressa... mas sabe aonde
quer chegar. Entendi, então, a lógica da teia. Tudo e cada um é responsável
por essa harmonia. Entendi que cada um dos elementos vivos segura uma
ponta de fio da vida, e o que fere, machuca a Terra, machuca também a
todos nós, os filhos da Terra”.
Excerto retirado de “Não somos donos da Teia da Vida, mas um de seus fios”
Cada turma foi desafiada a pensar o que eles precisavam - enquanto grupo e também individualmente - para conseguir
formar uma mandala humana.
MANDALA HUMANA OU MANDALA QUE NOS TORNOU MAIS HUMANOS?
Organização! Atenção? As aulas iniciaram com discussões envolvendo combinações
e arranjos sobre as cores do uniforme e como poderíamos
“brincar” com esses elementos nas trocas de formações. Nessa
brincadeira de criar e projetar, os alunos perceberam a
possibilidade de ter, em alguns momentos, um colega como centro
da mandala (ver sequência de formações na página seguinte,
imagem 4). Durante este encontro, os alunos participaram muito,
com um entusiasmo que a cada instante parecia não caber mais
em cada corpo, literalmente: eram necessários vários corpos em
sintonia, conectados. Víamos nos olhos de cada um o quanto isso
tudo era inédito e desafiador - inclusive para a professora de Arte
e sua auxiliar que acompanhavam os alunos nesse encontro.
Partimos então para a concretização
deste momento. Escolhemos o pátio
pedagógico da Etapa de 1º ao 5º ano, pois nos
ofereceu a possibilidade de fazer o registro
fotográfico visto de cima, contemplando
todos os alunos de cada turma.
Turma 4º ano A
Pátio Pedagógico
da Etapa de 1º ao 5º ano
Sequência de formações da turma 4º ano F:
Os grandes desafios foram a busca da simetria, assim como da
formação circular que, em alguns momentos, precisava de uma
atenção especial. A troca de posição exigia concentração, olhar-se,
perceber-se.
Fizemos uma pausa para apreciar as fotos, e cada um deles foi
percebendo o que poderíamos modificar, melhorar.
As primeiras fotos mostradas em cada turma geraram
sentimentos como admiração: “- Nossa, deu certo!”; união (alguns se
abraçaram ao ver a imagem), alegria, e também muita vontade de
criar novas formações!
Segundo Larrosa (2002), “A experiência é o que nos passa, o
que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que
acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas; porém,
ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que
se passa está organizado para que nada nos aconteça... Nunca se
passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara.”
1
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Quando concluímos as mandalas humanas, começamos a pensar na possibilidade e
na organização de mandalas de elementos naturais. Cada aluno deveria trazer da sua casa ou coletar no
pátio da Escola alguns materiais que considerassem interessantes para essa atividade, desde que fossem
materiais naturais, como sementes, pinhas, folhas secas e pequenos galhos. Tudo deveria ser coletado
do chão. O nosso olhar ambiental, já estudado em temáticas anteriores, envolvendo os resíduos com a obra de Vik Muniz,
ganharam espaço e potência em nossas reflexões.
Os alunos se envolveram muito e trouxeram uma grande quantidade de elementos naturais.
Combinamos então, que a proposta seria feita em grupos, e que cada pequeno grupo criaria uma
mandala somente com esses elementos, diretamente no solo, também natural, seguindo os critérios
discutidos: a circunferência, a simetria, a composição e a organização do espaço a partir das formas
e cores.
Alunos criando a mandala de elementos naturais...
e se divertindo também!
ENCONTRarte
NATUREZA !
Alguns grupos, buscando mais possibilidades, saíram pela Escola em busca de elementos
“diferentes”, como cascas de bergamota e flores murchas caídas no chão, buscando acrescentar um
colorido a mais na composição. Ao observá-los, percebemos o quanto é necessário este contato
com o natural, que valoriza o simples, que vê possibilidades de criar e brincar mesmo com aquilo
que facilmente se deteriora. A natureza que preenche os caminhos da Escola transformada em arte;
a arte como destino. O que veio da “mãe natureza” retorna a ela, mas antes passa pelas pequenas
mãos criadoras desse tão prazeroso fazer. Foi observando esse momento que nos veio a expressão
“ENCONTRarte Natureza” - o encontro da arte e da natureza consigo mesmas.
Desafios dessa etapa? Um em especial, outro elemento natural: o vento. Ele vinha, em alguns
momentos, varrer a composição já criada, fazendo com que o trabalho precisasse ser recomeçado,
recriado.
O próprio solo fazendo parte desta construção
Após o registro fotográfico do “ENCONTRarte Natureza” seguimos para a modelagem das
mandalas de argila, que foram criadas em duplas ou trios. A argila, por si só, sempre é um material
muito bem-vindo entre as crianças, e a ideia de transformá-la em uma mandala foi bastante
convidativa.
Áreas verdes da
Escola
A escolha da argila foi intencional: a ideia era proporcionar aos alunos o desenvolvimento de outras habilidades
essenciais nos Anos Iniciais - a motricidade fina através da modelagem, os grafismos na argila e o acabamento final de
pintura, a percepção visual e táctil, a concentração e a sensibilidade.
A argila, material totalmente maleável, tornou-se frágil e quebradiço após a secagem. Esse foi um processo analisado
conjuntamente. Percebemos que essa transformação faz parte da natureza desse material e que precisaríamos considerá-la
um novo desafio ao nosso trabalho.
Lidar com a frustração diante de uma mandala que rachou na secagem também foi uma vivência e um aprendizado.
À medida que as diversas mandalas iam surgindo nos encontros de Arte, a percepção da necessidade de desenvolver a
dança circular se tornou unânime na equipe. Nesse momento, entrou o componente curricular de Música, trazendo a
sintonia do movimento e proporcionando a experiência e a vivência de um coletivo, em que, nas palavras da professora
de Música Ana Maestri, “- (...) o todo é muito mais do que a soma de todas as partes, mas um exercício de perceber-se e
de perceber o outro. ”.
“A atividade da dança na escola pode desenvolver na criança a compreensão de sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de
como seu corpo funciona. Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade.”
(PCNs 1997, p.67)
DANÇA CIRCULAR
Atividade de Finalização do 4º ano
Apresentação do Projeto Intedisciplinar
Documento comprobatório – Mandala humana, vídeo 2.
Anna Barton, em um dos seus registros, descreve a sua história
pessoal sobre seu encontro com Bernhard Wosien e a sua entrega ao
trabalho de pesquisa com os grupos de estudo de dança circular.
“...A Dança reúne, cura, inclui, unifica, ensina, emociona, transcende. É uma
parte essencial da Nova Era. Sua influência pode se expandir e ajudar a transformar o
mundo.”
(Barton, 2006)
Segundo pesquisas, as funções e os benefícios da dança
circular incluem trazer leveza, alegria, beleza, serenidade e
bem-estar; proporcionar o trabalho em grupo, sem a perda da
individualidade; mostrar a diferença entre as pessoas;
desenvolver o apoio mútuo, a integração, a comunhão e a
cooperação; trazer musicalidade e ritmo para a vida diária;
equilibrar o corpo físico, mental, emocional e espiritual e
ampliar a percepção, a concentração e a atenção.
Exposição do Projeto:
MANDALA – A ARTE DO ENCONTRO
Quando falamos em avaliação, estamos falando em processo de aprendizagem, em apropriar-
se do saber. E avaliar, no ensino da Arte, nos exige ainda “cuidados redobrados, uma vez que os
produtos do fazer artístico do aluno expressam sua cultura e subjetividade” (ARSLAN, IAVELBERG, 2009, p. 79).
Nessa perspectiva, pensamos que seria interessante proporcionar um momento em que as crianças pudessem falar sobre
as atividades realizadas, elencando o que aprenderam, o que funcionou, o que poderia ter sido melhor e principalmente
suas sensações e desejos frente a toda a construção proposta. Entre cada etapa realizada - mandalas Humanas, ENCONTRarte
NATUREZA e mandalas de argila – reservamos um tempo-espaço para essas pequenas mas valiosas reflexões. As diferentes
etapas do projeto traziam instrumentos de avaliação diferenciados, compondo um olhar sobre o aprender.
Com o término de todas as atividades práticas desenvolvidas nas aulas de Arte, propusemos
aos alunos a realização de uma produção textual sobre o projeto das
mandalas. A finalidade dessa proposta foi revelar, através do registro,
as percepções e os sentimentos vivenciados pelos alunos durante esse
período, assim como o conteúdo compreendido/apreendido e as
repercussões disso na vida de cada um – dentro e fora do ambiente
escolar.
Não mencionamos que o registro seria uma “avaliação”, e sim que
seria um momento no qual eles poderiam descrever “como foi estudar
mandalas e desenvolver tais atividades”. Os estudantes expressaram-se
de forma livre, através de poesia, texto, desenhos, entre outras
possibilidades. Dando a dimensão do vivido, surgiram poesias, acrósticos, textos ilustrados e até
um rap. O formato livre acabou despertando ainda mais a vontade de expressar os diferentes
pontos de vista de cada um sobre o conteúdo trabalhado. Nesse momento eles manifestaram também suas preferências e
sensações acerca dos materiais, bem como das propostas e dinâmicas utilizadas.
A Avaliação como parte e todo de um processo!
“Se a experiência não é o que acontece, mas o que nos acontece, duas pessoas, ainda que enfrentem o
mesmo acontecimento, não fazem a mesma experiência. O acontecimento é comum, mas a experiência
é para cada qual sua, singular e de alguma maneira impossível de ser repetida. O saber da experiência é um
saber que não pode separar-se do indivíduo concreto em quem encarna. Não está, como o conhecimento
científico, fora de nós, mas somente tem sentido no modo como configura uma personalidade, um caráter, uma
sensibilidade ou, em definitivo, uma forma humana singular de estar no mundo, que é por sua vez uma ética
(LARROSA, 2002, p. 21) (um modo de conduzir-se) e uma estética (um estilo).”
O estudo das mandalas ampliou, e muito, o repertório artístico e cultural dos alunos: na mandala humana a união, a
organização, a sincronia de movimentos e a sensibilidade dos alunos evidenciaram sua capacidade de criar e produzir a partir
do próprio corpo. Com os elementos naturais, os alunos demonstraram encontrar prazer nas pequenas coisas, na
simplicidade, no reaproveitamento, através da arte, do que muitas vezes é facilmente descartado. A percepção visual e táctil,
bem como a motricidade fina, desenvolvidas na ação com argila, junto aos desafios inerentes a este material e as reflexões
e registros, foram utilizados como critérios durante o processo avaliativo, enquanto os registros fotográficos e de vídeo nos
auxiliaram não só na documentação, mas também na apreciação do todo.
Na revelação das aprendizagens, bem como na apresentação de finalização do ano para a comunidade escolar, mais
um momento de avaliação se concretizou. Compartilhar o aprendizado, atuar com alunos de diferentes turmas, organizar
uma exposição com todos os produtos finais de cada etapa da criação de mandalas colocaram em cena a Matemática, a
Arte, a História, a Dança, a Música. Em cena, o currículo vivo.
O Colégio João XXIII, desde a sua fundação, tem como forte característica a valorização da
Arte nas suas diversas manifestações, o que proporciona ao aluno, desde a Classe Bebê até o Ensino
Médio, a sua formação integral. Cabe ressaltar que também como forma de valorização do
Componente Curricular de Arte, a Escola oportuniza aos alunos um período e meio semanal, com a
presença de uma auxiliar contratada para acompanhar todas as aulas do ano letivo conjuntamente
com a professora especialista.
“O ser humano que não conhece Arte tem uma experiência de aprendizagem limitada, escapa-lhe a
dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das
criações musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida.”
(PCNs 1997, p.21)
Apresentação para a comunidade:
MANDALA – A ARTE DO ENCONTRO
No ano seguinte ao projeto, 2014, nossa Escola completou 50 anos! Contagiados pelo projeto das mandalas, pela
ideia de parte e todo, duas ações se apresentaram como desdobramento desse trabalho:
O final de um projeto trouxe um novo começo...
A possibilidade de fazer novamente o trabalho com as mandalas no 4º ano, pensando
novos suportes, técnicas, experimentando outros
caminhos.
A ideia de homenagear a Escola com uma obra que revelasse parte e todo, alunos, turmas, os
Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Um mosaico criando o logotipo da Escola. Cada aluno, um azulejo! E lá vem novamente a Matemática, a História da nossa Escola...
Documentos comprobatórios – Jornal da Comunidade Escolar: FALA JOÃO!, 2014.
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http://www.efdeportes.com/efd184/dancas-circulares-tradicionais-brasileiras.htm
Anelori Lange – Direção Geral
Maria Tereza Coelho – Vice-Direção
Mirian Zambonato – Supervisão Pedagógica
Ianne Ely Godoi Vieira - Coordenação Pedagógica
Rosa Elisabeth Leal Berrutti – Orientação Educacional
Maria Fernanda Hennemann - Psicologia
Professoras Regentes do 4º ano
Rosane Rodriguez – 4º ano A
Silvana Stefani Meireles – 4º ano B
Melissa Klein de Abreu – 4º ano D
Cristiane Lucena Prado – 4º ano F
Mariana Araújo Montano – 4º ano H
Professora Ana Isabel Oliveira Maestri – Música
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