MANEJO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO UTILIZANDO TÉCNICAS DE...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA MANEJO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO UTILIZANDO TÉCNICAS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Daniel Hoerbe Santa Maria, RS, Brasil 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

MANEJO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO

UTILIZANDO TÉCNICAS DE AGRICULTURA DE

PRECISÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Daniel Hoerbe

Santa Maria, RS, Brasil 2009

MANEJO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO

UTILIZANDO TÉCNICAS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO

por

Daniel Hoerbe

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Agronomia, Área de Engenharia Rural da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Reges Durigon

Santa Maria, RS, Brasil

2009

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Jussara e Fernando Hoerbe

pela minha formação até os dias de

hoje, pelo incentivo, pela compreensão e

pela confiança em mim depositada.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar no

mundo, pelas dádivas concedidas e pela força de poder lutar pelos objetivos.

Aos meus pais, Jussara e Fernando Hoerbe, e à minha família, agradeço todo

o amor, carinho, compreensão, respeito e educação que me ensinaram.

A minha namorada Renata Dickow pela paciência, carinho, amor,

companheirismo e compreensão nos momentos em que mais precisei.

Ao grande profissional e amigo professor Dr. Reges Durigon pela paciência e

orientação durante a realização do trabalho de conclusão de curso (TCC). Uma

pessoa a ser seguida pela ética, pelo conhecimento técnico e respeito ao próximo.

Agradeço também a Universidade Federal de Santa Maria pelo conhecimento

adquirido nestes anos de estudos.

E a todos aqueles que não foram lembrados, mas que direta ou indiretamente

contribuíram para a realização do TCC e do curso de agronomia, os meus sinceros

agradecimentos.

RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Graduação em Agronomia

Universidade Federal de Santa Maria

MANEJO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO UTILIZANDO TÉCNICAS

DE AGRICULTURA DE PRECISÃO

Autor: Daniel Hoerbe

Orientador: Reges Durigon

Data: Santa Maria, 9 de novembro de 2009

A obtenção de alto rendimento de grãos de arroz irrigado depende de vários

fatores, entre eles destaca-se a adubação. Enquanto que na adubação tradicional a

variabilidade dos atributos químicos de solos não é considerada, na agricultura de

precisão este fator é considerado.

O presente trabalho objetivou confirmar e identificar a presença de

variabilidade espacial de atributos químicos do solo mesmo em áreas consideradas

homogêneas pelo produtor; fazer a recomendação e a adubação em zonas de

manejos conforme as variações químicas existentes no solo; utilizar algumas etapas

da agricultura de precisão com os equipamentos, implementos e produtos existentes

na propriedade; comparar os custos da adubação tradicional com a adubação por

zonas de manejo. Dessa forma, realizou-se um experimento em uma lavoura

comercial de arroz irrigado utilizando-se técnicas da agricultura de precisão. A

metodologia utilizada baseou-se na elaboração de mapas de atributos químicos do

solo visando à aplicação a taxa variável da adubação e também a colheita em vários

pontos da gleba para desenvolvimento do mapa de produtividade. Os resultados

mostraram que existiu variabilidade química no solo e também na produtividade,

sendo possível a realização da adubação de precisão com maquinários existentes

na propriedade sem, necessariamente, a aquisição de máquinas de grandes custos.

Palavras-chave: Arroz irrigado, agricultura de precisão, variabilidade espacial

ABSTRACT

Course Conclusion Work

Graduation Course of Agronomy

Federal University of Santa Maria

MANAGEMENT OF CULTURE OF RICE USING TECHNOLOGY

FOR PRECISION AGRICULTURE

Author: Daniel Hoerbe

Advisor: Reges Durigon

Date: Santa Maria, 9th november 2009

Achieving high yield of rice depends on several factors, among them stands out

fertilization. While in traditional fertilization variability of chemical attributes of soil is

not considered in precision agriculture, this factor is considered.

This study aimed to confirm and identify the presence of spatial variability of soil

chemical properties even in areas considered to be homogeneous by the producer,

make the recommendation and fertilization managements in areas as chemical

changes in the soil, use some stages of precision farming with equipment,

implements and products in the property, compare the costs of traditional fertilization

fertilization by zone management.

Thus, there was an experiment in a commercial farming of rice using techniques

of precision agriculture. The methodology used was based on mapping of soil

chemical properties in order to apply variable rate fertilizer and also harvest in

various parts of the estate for the development of yield mapping.

The results showed that there was variability in soil chemistry and also in

productivity, is possible to perform the fertilization of precision without necessarily the

acquisition of machinery, major costs.

Key words: irrigaded rice, precision agriculture, spatial variability

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Ciclo da AP ......................................................................................19

FIGURA 2 – Mapa do Estado do Rio Grande do Sul com a localização do município

de Cachoeira do Sul .........................................................................................................28

FIGURA 3 – GPS de navegação da marca GARMIM – Legend .............................30

FIGURA 4 – Mapa do contorno da área do experimento..................................... 30

FIGURA 5 – Mapa da malha de amostragem com os pontos georreferenciados para

coleta de amostras de solos............................................................................................31

FIGURA 6 – Mapa de P, utilizado para determinação das zonas de

manejos........................................................................................................... 33

FIGURA 7 – Balizas delimitando as zonas de manejos....................................... 33

FIGURA 8 – Mapa com as diferentes zonas de manejo .......................................34

FIGURA 9 – Amostras colhidas.....................................................................................40

FIGURA 10 – Debulha manual das amostras de arroz.............................................40

FIGURA 11 – Tratores com semeadoras pendulares................................................41

FIGURA 12 – Mapa com estimativa de produtividade de arroz irrigado...............44

FIGURA 13 – Produtividade média de arroz obtida no município de Cachoeira do

Sul – RS (fonte IRGA), no experimento e a diferença entre

elas..........................................................................................................................46

FIGURA 14 – Mapa de matéria orgânica.....................................................................49

FIGURA 15 – Mapa da população de plantas por metro quadrado ........................50

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Quantidade de adubo e de nutrientes em cada zona de manejo..... ....38

TABELA 2 - Coeficiente de Variação (CV) encontrado na estimativa de produtividade

de arroz irrigado.........................................................................................................45

TABELA 3 - Estimativa de produtividade de arroz irrigado em cada ponto da malha

de amostragem e média do experimento...................................................................45

TABELA 4 - Correlação entre atributos químicos do solo e a estimativa de

produtividade de arroz irrigado...................................................................................47

TABELA 5 - Plantas por metro quadrado e estimativa de produtividade em cada

ponto amostral............................................................................................................51

TABELA 6 - Custo da adubação a taxa fixa...............................................................52

TABELA 7 - Custo da adubação por zonas de manejos............................................53

TABELA 8 - Custos da aplicação de calcário a taxa fixa...........................................54

TABELA 9 - Custos da aplicação de calcário por zonas de

manejos......................................................................................................................54

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE 1 - Características agronômicas do IRGA 422CL..................................62

APÊNDICE 2 - Recomendação de adubação e calagem para valores médios dos

pontos da análise da agricultura de precisão...............................................................63

APÊNDICE 3 - Análises de solos ...................................................................................64

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................13

1.1 Caracterização do problema..................................................................13

1.2 Justificativa............................................................................................14

1.3 Objetivos................................................................................................14

1.4 Hipótese.................................................................................................15

2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................16

2.1 Variabilidade espacial de atributos de solo........................................... 16

2.2 Agricultura de precisão (AP) ................................................................ 17

2.3 Ciclo da AP............................................................................................18

2.4 Benefícios da AP................................................................................... 19

2.5 Dificuldades da AP................................................................................ 20

2.6 Equipamentos utilizados em AP........................................................... 21

2.7 População de plantas............................................................................ 22

2.8 Mapas de produtividade........................................................................ 23

2.9 Técnicas geoestatísticas utilizadas em agricultura de precisão............24

2.10 Correlações entre atributos de solo e produtividade........................... 25

2.11 Zonas de manejos............................................................................... 26

2.12 Aplicação de insumos a taxa variável................................................. 26

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................28

3.1 Localização da área experimental.........................................................28

3.2 Mapeamento da área e georreferenciamento das amostras................ 29

3.3 Determinação de atributos químicos do solo........................................ 31

3.4 Determinação da zona de manejo........................................................ 32

3.5 Manejo da cultura do arroz....................................................................34

3.5.1 Sistema de cultivo e preparo do solo.......................................34

3.5.2 Característica e escolha da cultivar.........................................35

3.5.3 Dessecações........................................................................... 35

3.5.4 Época de semeadura...............................................................35

3.5.5 Densidade de semeadura e população de plantas................. 36

3.5.6 Adubação de base...................................................................36

3.5.7 Controle de plantas daninhas.................................................. 37

3.5.8 Adubação de cobertura........................................................... 38

3.5.9 Irrigação................................................................................... 39

3.6 Amostragem de plantas de arroz para estimativa da produtividade da

cultura.......................................................................................................... 39

3.7 Aplicação de insumos por zonas de manejos ...................................... 40

3.8 Elaboração e correlação de modelos digitais........................................41

3.9 Determinação da diferença de custo entre a adubação à taxa fixa e por

zonas de manejos....................................................................................... 42

3.10 Diferença de custo entre a aplicação de calcário a taxa fixa e por zonas

de manejos.................................................................................................. 43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................44

4.1 Estimativa de produtividade de arroz irrigado....................................... 44

4.2 Correlações entre atributos químicos do solo e estimativa de produtividade

de arroz irrigado.......................................................................................... 47

4.3 Correlações entre plantas por metro quadrado e estimativa de

produtividade de arroz irrigado....................................................................50

4.4 Diferença de custo entre a adubação à taxa fixa e a por zonas de

manejos....................................................................................................... 52

4.5 Aplicação de calcário com taxa fixa e por zonas de

manejo........................................................................................................ 53

4.6 Verificação da viabilidade da agricultura de precisão com os

equipamentos existentes na propriedade................................................... 54

5 CONCLUSÕES..............................................................................................................56

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................57

7 APÊNDICE .....................................................................................................................62

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização do problema

Na agricultura tradicional a adubação, assim como os demais tratos culturais

são feitos em grandes áreas que são consideradas homogêneas, sendo que no caso

da análise de solos são feitas várias coletas e posteriormente misturadas, ou seja,

faz-se uma recomendação média. Com isso, existem partes da lavoura que recebem

uma adubação inferior, outras superiores e algumas recebem a quantidade

recomendada pela pesquisa. Neste sistema não se leva em consideração a

variabilidade espacial dos atributos químicos do solo.

O manejo localizado, também conhecido genericamente como “agricultura de

precisão” é um manejo de solo-planta-atmosfera, baseado em princípios de

gerenciamento agrícola de informações sobre variabilidade espacial e temporal dos

fatores de produção e da própria produtividade (DURIGON, 2007).

Esta técnica denominada como agricultura de precisão visa aumentar a

eficiência do manejo da lavoura, permitindo a identificação da variabilidade bem

como o seu manejo específico. Baseia-se na utilização de máquinas, e

equipamentos especiais como o GPS (Global Positioning System). As principais

vantagens da agricultura de precisão são: a uniformização da fertilidade da gleba

após algumas safras, o uso racional e de forma mais bem distribuída dos insumos

químicos utilizados na lavoura, além de ajudar na conservação do meio ambiente.

Sabe-se que tanto a deficiência como o excesso de nutrientes em uma

lavoura são prejudiciais, por exemplo: a deficiência de potássio (K) em uma lavoura

de arroz pode causar redução de produtividade, assim como o excesso de nitrogênio

(N) que além de tornar a planta mais susceptível à doenças, pode provocar

acamamento o que dificulta a colheita mecânica e conseqüentemente causa uma

redução na produtividade e até mesmo na qualidade do grão colhido.

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG), utilizados para confeccionar

cartas e mapas, auxiliam a representação espacial de distribuição dos dados

adquiridos e registrados, sob a forma de um sistema de coordenadas. Diferentes

14

informações podem ser registradas e representadas, como produtividade da lavoura

e os atributos do solo, produzindo-se diferentes mapas, os quais são úteis para o

gerenciamento agrícola e ambiental, fornecendo importantes modelos agronômicos

para tomada de decisão (DURIGON, 2007).

Nestes sistemas são possíveis a elaboração de mapas, bem como a

administração e a gestão de toda a empresa rural.

1.2 Justificativa

Nota-se durante o desenvolvimento e a colheita da lavoura de arroz irrigado que

partes da lavoura apresentam colorações, porte de plantas e produções diferentes,

mesmo em áreas que apresentam médias de produção altas. Com isso, buscou-se

através do uso de técnicas de agricultura de precisão, a identificação e a aplicação a

taxa variável de fertilizantes, visando uma adubação mais equilibrada e mais

precisa.

Muitos técnicos e empresas associam a adubação de precisão a altos custos

com elevados investimentos, principalmente em máquinas e equipamentos

agrícolas. Dessa forma, buscou-se no trabalho a aplicação de técnicas de agricultura

de precisão com os equipamentos e máquinas já existentes na propriedade.

1.3 Objetivos

O trabalho teve como objetivos:

- confirmar e identificar a presença de variabilidade espacial de atributos

químicos do solo, mesmo em áreas consideradas homogêneas pelo produtor;

- fazer a recomendação e a adubação de forma parcelada (zonas de

manejos) conforme as variações químicas existentes no solo;

- utilizar etapas da agricultura de precisão, como a adubação à taxa variável

com os equipamentos e implementos e produtos existentes na propriedade;

15

- comparar os custos da adubação tradicional com a adubação por zonas de

manejos;

1.4 Hipótese

Existe variabilidade em atributos químicos do solo mesmo em áreas

consideradas homogêneas pelo produtor.

16

2 REVISÃO DE LITERATURA

A obtenção de alto rendimento de grãos de arroz irrigado depende de vários

fatores, alguns dos quais se tem controle outros não. A interação desses vários

fatores, que atuam no sistema produtivo como um todo, é que determinará o

rendimento, a qualidade de grãos e o retorno econômico esperado. Entre os

principais fatores destacam-se: a adequação do solo, a época de semeadura,

manejo da adubação, controle precoce de plantas daninhas, manejo da irrigação e

manejo de pragas e doenças (MENEZES, 2004).

Na lavoura orizícola a adubação destaca-se como sendo um dos principais

componentes no custo de produção. Na safra 2007/2008, o custo médio com

adubação no Rio Grande do Sul, representou 8,38 % do custo total, sendo o terceiro

custo variável, perdendo apenas para o custo de secagem (11,37%) e de

combustíveis para preparo da lavoura (9,37%) (IRGA, 2008). Dessa forma, o

impacto de uma adubação bem realizada está diretamente relacionado com a

lucratividade e com o custo de produção.

A adubação baseia-se na análise de solos, esta geralmente representa

grandes áreas, as quais o produtor acredita ser homogêneas. No entanto, Durigon

(2007) propõe que existe grande variabilidade em diversos atributos, tais como tipo

de solo, características físicas, produtividade e necessidade de nutrientes.

2.1 Variabilidade espacial de atributos de solo

A variabilidade do solo é conseqüência de complexas interações dos fatores e

processos de sua formação. Além dos fatores e processos, práticas de manejo do

solo e da cultura são causas adicionais de variabilidade. Áreas pedologicamente

idênticas podem apresentar variabilidade distinta em atributos, quando submetidas

às diferentes práticas de manejo. Da mesma forma, áreas pedologicamente

diferentes, quando submetidas ao mesmo manejo, podem apresentar-se

semelhantes em seus atributos. O manejo pode alterar atributos químicos, físicos,

17

mineralógicos e biológicos, com impacto principalmente nas camadas superficiais do

solo (CORÁ et al, 1997).

As lavouras, em geral, apresentam manchas com produtividades

extremamente variadas (MOLIN, 2004). A solução utilizada pela maioria dos

produtores é a de enfocar grandes áreas e entendê-las como homogêneas, levando

ao conceito da necessidade média para a aplicação dos insumos (fertilizantes,

defensivos, água, etc). Isto faz com que, por exemplo, a mesma formulação e/ou

quantidade do fertilizante seja utilizada para toda a área, atendendo apenas as

necessidades médias e não considerando, desta forma, as necessidades

específicas de cada parte do campo. O mesmo acontece para os demais insumos,

causando como resultado uma lavoura com produtividade não uniforme (CAPELLI,

1999).

Tentativas de dividir a lavoura em parcelas e tratá-las de forma diferenciadas

já foram propostas e testadas, mas apenas recentemente, com o desenvolvimento

de tecnologias apropriadas, tem sido possível realizar este tipo de procedimento de

forma mais simples e rápida (LAMPARELLI et al., 2001).

2.2 Agricultura de precisão (AP)

A Agricultura de Precisão (AP) apresenta-se como uma excelente ferramenta

para auxiliar o produtor rural na definição das melhores estratégias a serem

adotadas para aumentar a eficiência do gerenciamento agrícola. A AP tem como

principal conceito aplicar no local correto, no momento adequado, as quantidades de

insumos necessários à produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais

homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o permitam

(DODERMANN & PING, 2004).

Campo (2000) considera que agricultura de precisão é o conjunto de técnicas

e procedimentos que permite conhecer, localizar geograficamente e delimitar áreas

de diferentes produtividades, através do emprego da informática, programas

específicos, sensores, controladores de máquinas e sistemas de posicionamento

global (GPS).

18

A AP permite identificar a variabilidade existente na área e a partir disto

investigar fatores limitantes (físicos, químicos e biológicos) e propor alternativas de

manejo diferenciadas de acordo com a necessidade de cada área. Com base nesta

variabilidade podem-se prescrever interferências de manejo visando corrigir aqueles

atributos que estão comprometendo o rendimento, permitindo, assim, a elevação do

potencial produtivo (DELLAMEA et al., 2007).

A AP visa o gerenciamento mais detalhado do sistema de produção agrícola

como um todo, não somente das aplicações dos insumos ou de mapeamentos

diversos, mas de todos os processos envolvidos na produção e até mesmo o plantio

mecanizado da cultura utilizando algum sistema de orientação via satélite

(ANTUNIASSI et al., 2007).

2.3 Ciclo da AP

A AP é constituída de um ciclo (Figura 1). Este se baseia na amostragem

intensiva e georeferenciada do solo, geração de mapas com a distribuição espacial

dos atributos químicos analisados, interpretação e prescrição localizada de insumos,

aplicação à taxa variável de insumos, geração de mapas de rastreabilidade,

acompanhamento da lavoura durante o ciclo das culturas, geração de mapas de

produtividade, investigação das relações de causa e efeito, análise econômica e

replanejamento das atividades de manejo visando à otimização dos recursos

(AMADO et al., 2007).

19

Figura 1 - Ciclo da AP

2. 4 Benefícios da AP

Em termos econômicos, a utilização da agricultura de precisão possibilita a

priorização de investimentos em áreas onde o potencial de produção seja mais

efetivo, garantindo maior retorno econômico. Do ponto de vista ambiental, a

racionalização e a redução do uso de insumos devem ser analisadas como um dos

principais benefícios da agricultura de precisão (ANTUNIASSI et al.,2007).

Milani et al. (2006) relatam que o manejo localizado tendeu a apresentar

produtividades mais homogêneas e superiores ao manejo uniforme. Tal aplicação,

no entanto, requer acompanhamento e análise de mapas de produtividade,

considerando um histórico de várias safras e de diferentes culturas para que sejam

contempladas as variabilidades temporais e espaciais (BLACKMORE et al., 2003).

A agricultura de precisão está tornando cada vez mais o produtor rural um

empresário rural, por controlar cada vez mais a linha de produção (TSCHIEDEL &

FERREIRA, 2002).

20

2.5 Dificuldades da AP

Os mapas de produtividade são considerados como a alternativa mais

completa para discriminar a variabilidade espacial das lavouras (MOLIN, 2002). No

entanto, a geração de mapas de produtividade confiáveis exige cuidados

operacionais e de tratamento dos dados.

A coleta de dados de produtividade pela colhedora deve ser acompanhada de

cuidados operacionais, uma vez que fatores como a largura efetiva de corte da

plataforma, entrada e saída da lavoura, número de manobras e a limpeza do sensor

de rendimento estão entre os mais importantes para a obtenção de dados confiáveis

(AMADO et al., 2007).

A colhedora deve possuir um sensor para registro da umidade dos grãos. A

importância do registro de umidade dos grãos na qualidade dos mapas de

produtividade foi anteriormente destacada por Pierce et al. (1997). Estes autores

relataram que a cultura do milho, na mesma lavoura e no mesmo dia de colheita,

apresentou variação de 10 a 15% no teor de umidade.

Outra dificuldade da AP na geração de mapas confiáveis está no sensor

utilizado. Os sensores acionados por impacto quando submetidos a grãos de

culturas com alta abrasividade, como a do arroz irrigado, tem sua vida útil diminuída

e mascaram o resultado de produtividade da lavoura. Trabalhos com sensores óticos

estão em desenvolvimento para determinação da produtividade para culturas

abrasivas onde o sensor por impacto não é confiável (DURIGON, 2009 -

comunicação pessoal).

Segundo Molin (2004), a falta de definições de direção do mercado com

relação ao nível tecnológico a se adotar e fragilidade em alguns parâmetros de

recomendação, especialmente ligados à inconsistência da variabilidade espacial e

temporal nas lavouras e baixas correlações entre possíveis causas e efeito, têm

levado muitos empreendimentos a serem revistos ou mesmo encerrados.

Ainda conforme o autor acima os monitores de produtividade, controladores

de taxa variada, receptores de GPS, etc, em nosso meio têm um custo adicional por

serem importados. Este tem sido um dos entraves da adoção dessas tecnologias,

por se tratar de valores, por vezes irreais, em função da baixa escala de produção e

de comercialização no país, bem como de custos agregados associados às longas

21

distâncias que, por sua vez, são associadas à instalação e assistência técnica

desses equipamentos. Custo tem sido um dos grandes entraves e, em alguns dos

segmentos, a falta de parâmetros para balizar o benefício, tem sido o outro limitador

da adoção.

2.6 Equipamentos utilizados em AP

Uma vez que o conceito de agricultura de precisão contempla o

gerenciamento localizado ou em zonas distintas na gleba, segundo seus atributos,

há a necessidade de técnicas para se efetuar a análise espacial dos atributos e as

definições geográficas dessas zonas. A análise espacial é possível com a evolução

e a popularização de técnicas de georreferenciamento, a exemplo dos Sistemas de

Navegação Global por Satélites (SNGS), Sistemas de Informações Geográficas

(SIG) e de coleta automática de dados georreferenciados com os monitores de

produtividade (MOLIN, 2001).

Segundo Tavares et al. (2002) os instrumentos utilizados na agricultura de

precisão são:

? GPS - Sistema de Posicionamento Global - é um sistema de navegação

baseado em satélites que permite a identificação da posição de um objeto em um

determinado espaço através de coordenadas.

? Sensores: são os equipamentos necessários para a obtenção de dados em

tempo real para gerar os mapas de produtividade. Dentre os principais, pode-se

destacar: Sensores de Fluxo de massa com placa de impacto e potenciômetro;

Sensores de fluxo de massa com placa de impacto com célula de carga; sensores

de fluxo de massa volumétrico com luz infravermelha; e Sensor de fluxo de massa

com fonte radioativa.

? Receptor - sistema de antenas que recebe os sinais dos satélites do GPS e o

sinal de correção, que servirão para localizar instantaneamente a colhedora.

? Sensor de umidade - mede a umidade dos grãos que estão sendo colhidos

naquele ponto.

22

? Sensor de massa - mede a quantidade de grãos que estão sendo colhidos

naquele ponto.

? Processador - recebe os três dados citados acima correlacionando-os e

registrando-os em um cartão magnético (similar a um disquete). Os dados

armazenados no cartão magnético são transferidos a um computador e tratados por

um software específico, que elaborará então o mapa de produtividade. Neste mapa,

cada local (site) será representada por um ponto que receberá uma coloração de

acordo com a produtividade específica nele encontrada (por exemplo, pontos com

maiores produtividades representados pela cor verde e com menores pela cor

vermelha).

2.7 População de plantas

A produtividade das culturas é influenciada por vários fatores sendo a

população de plantas um destes.

Segundo Zanine (2004) as plantas podem competir entre si (intraespecífica) e

com outras plantas (interespecíficas) pelos recursos do meio (luz, água, nutrientes,

CO2, etc.).

Gomes et al. (2002) em trabalho realizado na cultura do arroz, afirmam que

altas populações de plantas não garantem altas produtividades, pois nesta condição

embora o numero de panículas possa ser maior, estas são constituídas por um

numero menor de espiguetas.

Marzari et al. (2007) afirmam que com populações de plantas elevadas, a

competição intraespecífica pode ocorrer desde o estabelecimento inicial das

plântulas, determinando o número de plântulas sobreviventes, anulando seu efeito

sobre o rendimento de grãos ao final do cultivo.

A baixa densidade de semeadura pode afetar a população de plantas no seu

estabelecimento, no entanto, o arroz apresenta característica de plasticidade. De

acordo com Souza et al. (1999), a plasticidade está associada ao maior número de

panículas por área sob populações de plantas mais elevadas e ao maior tamanho

das panículas nas populações menores.

23

No que tange à densidade de semeadura, o recomendado para o cultivo do

arroz irrigado na Região Sul do Brasil, para o sistema de semeadura em linha, é de

400 a 500 sementes aptas por metro quadrado, a fim de garantir população inicial de

200 a 300 plantas por metro quadrado, uniformemente distribuídas (SOSBAI, 2007).

2.8 Mapas de produtividade

O mapa de produção é apenas uma etapa de todo o processo que envolve o

manejo localizado e representa o efeito combinado de diversas fontes de

variabilidade espacial e temporal. Uma parte desta variabilidade pode ser atribuída a

fatores que são constantes ou variam lentamente, enquanto outros fatores são

transitórios, mudando em sua importância e distribuição espacial e temporal de uma

safra para outra (CAPELLI, 2003).

O método que permite a geração dos mapas detalhados de produtividade

exige uma certa sofisticação para a obtenção dos dados essenciais. Inicialmente

assume-se que o mapa de produtividade de um talhão é um conjunto de muitos

pontos. Cada ponto representa uma pequena porção da lavoura (MOLIN, 2008).

Ao interpretar um mapa de produção com a finalidade de futuro

gerenciamento localizado do campo, deve-se levar em conta principalmente as

causas consistentes de variabilidade, já que para as que não persistem no tempo

pode-se ter pouco ou nenhum controle. Aqui aparece uma das primeiras dificuldades

que consiste na identificação e na separação de cada uma dessas classes de

variabilidade (BORÉM et al., 2000).

Ainda neste sentido, a próxima dificuldade encontra-se na investigação das

causas consistentes. Estas causas só podem ser compreendidas acompanhando-se

e analisando-se os possíveis fatores que influenciam na variabilidade durante safras

seguidas. Com esta metodologia esperam-se resultados a partir da terceira safra e

solução do problema da uniformidade da produção possivelmente após a quinta

colheita (DURIGON, 2007).

24

2.9 Técnicas geoestatísticas utilizadas em agricultura de precisão

As técnicas da geoestatística trabalham com problemas de espacialização de

variáveis e representam uma promissora ferramenta para trabalhos em Sistema de

Informação Geográfica em três aplicações básicas: (a) estimativas: para inferir

atributos em pontos diferentes daqueles originais, isto é, onde estes não foram

coletados; (b) previsões: para detectar tendências e locais de máximos e mínimos;

(c) desenhos de experimentos: para otimizar a segmentação da área em unidades

de espaço (VALERIANO & PRADO, 2001).

Segundo Bourennane et al. (2004), as técnicas geoestatísticas multivariadas,

como a análise de krigagem, são satisfatórias em fornecer medidas quantitativas de

interações complexas entre propriedades de solo e pode ser particularmente útil

para formulação de hipóteses da causa da variabilidade. Deste modo, um melhor

manejo da variabilidade espacial e temporal associado com todos os aspectos do

manejo localizado, torna-se possível melhorar o desempenho da cultura e a

qualidade ambiental.

A krigagem é um método que permite estimar o valor desconhecido associado

a um ponto, área ou volume, a partir de um conjunto de n dados disponíveis

(MOLIN, 2007).

Ainda conforme o mesmo autor, a krigagem é o procedimento que permite

calcular os ponderadores para uma dada configuração, com mínima variância de

krigagem.

A krigagem é feita após a conclusão dos estudos geoestatísticos, os quais

poderão, inclusive, indicar a não aplicação desse método se o comportamento da

variável regionalizada for totalmente aleatório. Os estudos geoestatísticos levam à

definição de um modelo de variograma, que servirá para inferir os valores de

variância e covariância que serão utilizados pelos métodos geoestatísticos de

interpolação (OLEA, 1999).

Outro método para analisar as correlações espaciais e determinar a escala de

dependência espacial entre propriedades do solo é executar a análise de co-

regionalização. Esta técnica geoestatística descreve e resume as relações espaciais

das propriedades do solo selecionadas. Estudos prévios mostraram claramente que

25

uma análise de co-regionalização seria mais esclarecedora que uma análise

geoestatística univariada (BOCCHI et al. 2000).

A escala de variação do rendimento da cultura pode ser relacionada às

propriedades de solo. Isso tem implicações importantes para o manejo localizado no

sentido de que dados auxiliares como o rendimento, o qual é facilmente obtido por

muitos produtores, poderia fornecer informação sobre a escala de variação das

propriedades de solo (DURIGON, 2007).

2.10 Correlações entre atributos de solo e produtividade

O manejo localizado difere do manejo agrícola tradicional por tentar identificar

e mostrar a variabilidade espacial do solo e exigências da cultura em escala dentro

do campo (DURIGON, 2007).

As propriedades do solo que limitam o rendimento podem ser manejáveis ou

não manejáveis. As propriedades manejáveis podem ser alteradas para evitar que

as mesmas limitem o rendimento. Os fatores não manejáveis praticamente não

podem ser alterados e determinarão o potencial máximo de rendimento atingível em

um local. Como as exigências da cultura variam com o rendimento, as necessidades

específicas de manejo mudarão, dependendo dos potenciais de rendimentos, por

exemplo, o requerimento de fertilizante pode ser reduzido em áreas de baixo

rendimento (SHATAR & MCBRATNEY, 1999).

Em trabalho realizado com a cultura do arroz com manejo localizado, na safra

2004/2005, Durigon (2007) obteve correlações positivas entre os nutrientes cálcio e

magnésio com a produtividade de arroz irrigado, sendo estas correlações de 38% e

36%, respectivamente.

Ainda segundo o mesmo autor, as maiores correlações negativas entre a

produtividade de arroz irrigado e os atributos químicos do solo, analisados na safra

2004/2005, foram verificados para o alumínio trocável e para a saturação de

alumínio, as quais foram de -20% e -38%, respectivamente.

26

2.11 Zonas de manejos

O solo é um sistema complexo onde sua qualidade, segundo Vezzani (2001),

é considerada alta quando a interação entre os subsistemas minerais, plantas e

microorganismos estão organizados em nível alto de ordem. Como a interação entre

as características químicas, físicas e biológicas não são constantes em todos os

pontos de uma lavoura, isso pode refletir nas diferenças de produtividade dentro de

uma propriedade.

Haja vista a heterogeneidade na área objetiva-se com ferramentas de

Agricultura de Precisão, como mapas de produtividade, definir diferentes zonas de

manejo a fim de otimizar a produção através de intervenções que levem em conta as

necessidades e potencialidades de cada zona. (SCHENATO et al., 2004).

Segundo Londero et al. (2007) as zonas de manejo ou zonas de aplicação de

insumos, no contexto da AP, são referentes a regiões geográficas que possuem

características químicas de solo com menor heterogeneidade.

2.12 Aplicação de insumos a taxa variável

A aplicação de fertilizantes à taxa variável baseado na variabilidade nas

propriedades do solo de um campo tem o potencial para reduzir sub e super

aplicações de fertilizantes, e assim melhorar a eficiência de uso de fertilizantes, o

rendimento das culturas e o lucro líquido da propriedade (FIEZ et al., 1994).

Na solução dos impasses de fertilidade, a aplicação de fertilizantes a taxa

variável é, hoje, uma necessidade, razão por que se desenvolvem tecnologias para

aplicações em taxa variada atuando-se diretamente sobre as variações espaciais e

temporais; para isto, são montados dispositivos em máquinas de aplicação que

comandam as decisões de variação da aplicação, processando os dados dos

sensores (TDP, velocidade, posição no campo etc) e os dados inseridos pelo

usuário aplicando-se, portanto, a dose necessária (DALLMEYER & SCHLOSSER,

1999).

27

O controle da aplicação dos insumos é feito por dispositivos responsáveis

pela variação da vazão, montados em equipamentos especializados para aplicação,

principalmente de produtos sólidos, ou mesmo em semeadoras-adubadoras, e

normalmente acionados por potência hidráulica (MOLIN et al., 2006).

Durigon (2007) em trabalho realizado com aplicação de calcário à taxa

variável na cultura do arroz irrigado, verificou que é viável economicamente aplicar

as técnicas de manejo localizado na cultura do arroz irrigado, pois a receita obtida

com a economia em calcário, somada ao aumento de produtividade de grãos,

resultou em uma receita total de R$ 143,40 ha-1, enquanto o custo total foi de

R$41,30 ha-1. Isto proporcionou um lucro de R$ 102,10 ha-1, o que equivale a

aproximadamente 308 Kg. ha-1 de arroz e uma lucratividade de 71% com a aplicação

de calcário à taxa variável.

28

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização da área experimental

O presente trabalho foi realizado no município de Cachoeira do Sul, localizado

na Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul (figura 2), distante 196 km de

Porto Alegre e 110 km de Santa Maria, em uma lavoura comercial de arroz irrigado,

com coordenadas 30º 12’ 01” de latitude sul e 52º 57’25” de longitude oeste,

pertencente a agropecuária Harmonia. O clima da região segundo a classificação de

Köeppen é Cfa.

Figura 2 - Mapa do Estado do Rio Grande do Sul com a localização do

município de Cachoeira do Sul

29

A área total utilizada no experimento foi de 26.84 hectares, em solo do tipo

Planossolo Hidromórfico Eutrófico Típico pertencente a unidade de mapeamento

Vacacaí, a qual caracteriza-se por apresentar as seguintes características: fertilidade

baixa a moderada, apresentando normalmente baixos teores de matéria orgânica e

de fósforo, presença de um horizonte B textural, com incremento no teor de argila do

horizonte E para o B.

3.2 Mapeamento da área e georreferenciamento das amostras

Utilizou-se para a medição da área o GPS de navegação da marca GARMIM

– Legend (figura 3), com o qual os vértices da área foram demarcados (figura 4). A

malha de amostragem utilizada foi de 3,35 hectares, ou seja, realizou-se a

amostragem de cada ponto com um espaçamento de 183,16 x 183,16 metros, sendo

dessa forma realizados 8 pontos amostrais (figura 5).

Para a geração da malha de amostragem utilizou-se o software “Sistema

Agropecuário CR – Campeiro 6 “ criado pelo setor de Geomática do Departamento

de Engenharia Rural da Universidade Federal de Santa Maria.

30

Figura 3 - GPS de navegação da marca GARMIM – Legend

Figura 4 - Mapa do contorno da área do experimento

31

Figura 5 - Mapa da malha de amostragem com os pontos

georreferenciados para coleta de amostras de solos

3.3 Determinação de atributos químicos do solo

A amostragem de solo foi realizada através da coleta de 3 sub-amostras por

ponto da malha de amostragem, com uma pá de corte na profundidade de 0 - 0,2

metros, para compor a amostra enviada para o Laboratório de Análise de Solos da

UFSM, integrante da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solos (ROLAS). A

coleta das amostras de solos ocorreu no dia quatorze de abril de dois mil e sete

(14/04/2007).

Após a coleta, o solo foi destorroado manualmente e colocado a sombra e em

local ventilado para que a amostra transformasse em terra final seca ao ar (TFSA).

No dia quatorze de maio de dois mil de sete (14/05/2007) as amostras foram

levadas ao laboratório de análise de solos da UFSM.

No dia trinta de maio de 2007 (30/05/2007) o laudo das análises foi emitido.

32

A interpretação dos dados foi feita com base nas recomendações técnicas do

V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e XXVIII Reunião da Cultura do Arroz

Irrigado (SOSBAI, 2007) e no Manual de Adubação e Calagem para os Estados do

Rio Grande do Sul e Santa Catarina (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO

RS/SC, 2004).

Os resultados da análise de solo foram usados para elaborar os modelos

digitais (mapas) específicos para cada atributo químico do solo.

Como testemunha somou-se e dividiram-se todos os nutrientes dos oito

resultados das análises para a composição de uma análise média da lavoura, para

simular uma única análise. Esta foi utilizada para o cálculo da adubação e calagem a

taxa fixa.

3.4 Determinação da zona de manejo

A escolha das diferentes zonas de manejo baseou-se na variabilidade do

atributo químico fósforo (P). Segundo o Manual de Adubação e Calagem para os

estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (2004), o fósforo, no sistema de

semeadura em solo seco, para a cultura do arroz irrigado, deve ser aplicado e

incorporado todo na semeadura. Isso porque o P é um elemento pouco móvel no

solo e com a sua incorporação este fica mais disponível às plantas.

Apesar de o fósforo ser o décimo segundo elemento químico mais abundante

na crosta terrestre (SCHULZE, 1989), é o segundo elemento que mais limita a

produtividade nos solos tropicais. Esse comportamento é conseqüência de sua

habilidade em formar compostos de alta energia de ligação com os colóides,

conferindo-lhe alta estabilidade na fase sólida. Assim, mesmo que os teores totais

do elemento no solo sejam altos em relação aos necessários para as plantas,

apenas uma pequena fração deste tem baixa energia de ligação que possibilita sua

dessorção e disponibilidade às plantas.

Através do software Campeiro 6, delimitaram-se as coordenadas das

diferentes zonas de manejo com base no mapa de P (figura 6) e adicionou-se ao

GPS. Após isto as zonas de manejos foram delimitadas no nível de campo com

balizas (figura 7).

33

Figura 6 - Mapa de P, utilizado para determinação das zonas de manejos

Figura 7 - Balizas delimitando as zonas de manejos

34

Dessa forma, dividiu-se a área em quatro zonas de manejo (figura 8) sendo

elas: zona 1 ( com Fósforo no nível alto), duas zonas 2 (com fósforo no nível médio)

e zona 3 (área com fósforo no nível baixo).

A zona 1, que apresentava P no nível alto, abrange uma área de 20,65

hectares; a zona 2, que apresentava P no nível médio, abrange uma área de 4,84

hectares; já a zona 3, que apresentava P no nível baixo, abrange uma área de 1,35

hectares.

Figura 8 - Mapa com as diferentes zonas de manejo

3.5 Manejo da cultura do arroz

3.5.1 Sistema de cultivo e preparo do solo

35

O sistema de preparo do solo utilizado foi o cultivo mínimo. O solo foi

preparado no período de verão, durante o período de pousio da área, durante os

meses de janeiro e de fevereiro de 2007.

Utilizaram-se grades niveladoras e posteriormente a plaina para correção do

micro relevo.

3.5.2 Característica e escolha da cultivar

A cultivar de arroz utilizada foi IRGA 422 CL, a qual possui tolerância ao

herbicida Only, sendo recomendada exclusivamente para o sistema de produção

Clearfield, cujo principal objetivo é o controle do arroz vermelho. As principais

características da cultivar IRGA422CL são apresentadas no apêndice 1.

A escolha deste sistema de produção foi devido a alta infestação de arroz

vermelho existente na área.

3.5.3 Dessecações

Foram realizadas duas dessecações seqüenciais antes da semeadura para

controle de plantas daninhas, sendo a primeira realizada no dia 12 de setembro de

2007 e a segunda no dia 26 de outubro de 2007.

O produto utilizado foi o Glyfosato sendo nas duas aplicações colocadas 2,67

litros por hectare.

3.5.4 Época de semeadura

A época de semeadura obedeceu às Recomendações Técnicas para a

Cultura do Arroz Irrigado: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil

IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado XXVI Reunião da Cultura do Arroz Irrigado.

36

A semeadura foi realizada no dia 26 de Outubro de 2007, dentro do período

recomendado pela pesquisa para obtenção de alta produtividade. Realizou-se esta

em linha e em solo seco, utilizando-se uma semeadora de fluxo contínuo, cujo

mecanismo dosador de sementes é um cilindro acanalado, com espaçamento

entrelinhas de 0,17 metros.

3.5.5 Densidade de semeadura e população de plantas

A densidade de semeadura foi de 100 Kg ha-1, o que proporcionou

aproximadamente 345 sementes por metro quadrado e 58 sementes por metro

linear.

A emergência completa do arroz ocorreu dia 14 de novembro de 2007, 19

dias após a semeadura. O atraso na emergência ocorreu devido ao solo estar frio.

A avaliação do número médio de plantas por metro linear foi realizada quando

a cultura encontrava-se no estádio vegetativo com três folhas (V3).

Utilizou-se para a determinação da população de plantas uma régua com 98

centímetros de comprimento. A contagem foi feita em seis linhas de semeadura

espaçadas entre si em 0,17 metros e nos 98 centímetros, totalizando um metro

quadrado.

3.5.6 Adubação de base

A recomendação de adubação baseou-se nas recomendações de adubação

da Sociedade Sul - Brasileira de Arroz Irrigado (SOSBAI) 2007 e no Manual de

Adubação e Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina

(2004). No experimento adubou-se visando um incremento de produtividade de

quatro toneladas por hectare.

Quanto ao nitrogênio, não foi aplicado diferentes doses na lavoura, pois

todas as zonas de manejo apresentavam matéria orgânica considerada baixa. O

total que foi aplicado desse nutriente foi de 120 kg ha-1.

37

Para o fósforo a quantidade total aplicada deste nutriente variou conforme a

zona de manejo, sendo aplicado 40 kg ha-1 de P2O5- na zona de manejo 1, 50 kg ha-1

de P2O5- nas zonas de manejo 2 e 60 kg ha-1 de P2O5

- na zona de manejo 3.

Para suprimento do potássio considera-se além da quantidade de K na

amostra, a CTC ph7. Na área experimental metade dos pontos amostrados foram com

CTCpH7 acima de 15 cmolc dm-3 e a outra metade abaixo de 15 cmolc dm-3. No

entanto, estes apresentam valores muito próximos a 15 e dessa forma, considerou-

se todos os pontos com CTCpH7 acima de 15 cmolc dm-3. Com isso, o total de K20-

aplicado na lavoura não variou entre as zonas de manejo, pois toda a área foi

considerada com potássio no nível baixo e a dose deste nutriente aplicado foi de 110

kg ha-1 de K20-.

Utilizou-se a fórmula 04-17-27 (Turbo Extra 455-Sul). A adubação de base

variou conforme a zona de manejo. Na zona de manejo 1 (com fósforo no nível alto)

foi colocado 235 kg ha-1, nas zonas 2 (com fósforo no nível médio) adicionou-se 294

kg ha-1 e na zona 3 (com fósforo no nível baixo) foi colocado 353 kg ha-1 do adubo

acima citado.

Devido à variação da doses na semeadura, como se utilizou apenas uma

fórmula para adubação de base, onde foi colocado mais fósforo adicionou-se

também mais nitrogênio e mais potássio.

A necessidade de P foi suprida toda na semeadura e as de nitrogênio e de

potássio foram supridas posteriormente durante a aplicação a lanço.

3.5.7 Controle de plantas daninhas

A aplicação de herbicida foi realizada no dia 1 de dezembro de 2007. Utilizou-

se o herbicida Only (Imazetapyr + Imazapic) como pós-emergente, na dose de 1 litro

por hectare. No momento da aplicação a planta encontrava-se com três folhas, ou

seja, em V3.

38

3.5.8 Adubação de cobertura

Utilizou-se na adubação de cobertura a uréia (46-00-00) como fonte de

nitrogênio e o Cloreto de Potássio (00-00-60) como fonte de potássio. Esta

suplementação foi feita visando suprir as doses de potássio e nitrogênio que

variaram na semeadura. Para aplicação destas utilizou-se dois tratores com dois

distribuidores pendulares.

Foram realizadas duas suplementações, sendo que na primeira foi adicionada

toda a quantidade que restava para suprir potássio e foi aplicado também parte do

nitrogênio. Estas aplicações ocorreram no dia primeiro de dezembro de 2007,

quando as plantas de arroz encontravam-se no estádio vegetativo com três folhas

(V3).

Posteriormente no dia oito de janeiro de 2008 foi feita a última aplicação de

nitrogênio, quando a planta encontrava-se com nove folhas (V9), desta vez com taxa

única, utilizando-se a aviação agrícola.

Tabela 1 - Quantidade de adubo e de nutrientes em cada zona de manejo

Zonas de manejo 1 (P alto) 2 (P médio) 3 (P

baixo) Quantidade

(kg ha-1) 235 294 353

N 9 12 14 P2O5

- 40 50 60 Adubo de base

K2O- 63 79 95

N 79 76 74 1a Adubação de cobertura (V3)

K2O- 47 31 15

2a Adubação de cobertura (V9) N 32 32 32

N 120 120 120 P2O5

- 40 50 60 Total

K2O- 110 110 110

39

3.5.9 Irrigação

O início da irrigação foi no dia 2 de dezembro de 2007, 18 dias após a

emergência, quando a planta encontrava-se no estádio V3. A supressão da irrigação

ocorreu no dia 7 de março de 2009.

3.6 Amostragem de plantas de arroz para estimativa da produtividade

da cultura

Para a amostragem de plantas de arroz irrigado para estimativa da

produtividade da cultura utilizou-se a mesma malha utilizada para a amostragem de

solo, ou seja, uma amostra de produtividade a cada 3,35 hectares, totalizando oito

amostras. Estas foram feitas através da coleta manual de três sub-amostras de

plantas por ponto em uma área de um metro quadrado, totalizando uma área colhida

de três metros quadrado por ponto. Utilizou-se para a determinação da área de

coleta das panículas uma régua com 98 centímetros de comprimento. A coleta foi

feita no dia 16 de março de 2008, em seis linhas de semeadura espaçadas entre si

em 0,17 metros e nos 98 centímetros, totalizando um metro quadrado.

Depois de colhidas as amostras foram colocadas em sacos de plástico com a

referida identificação (figura 9). Após foi feita a debulha manual (figura 10) de cada

amostra, realizada a retirada de impurezas através de peneiras e com o uso de um

ventilador. Após limpas as amostras foi feita a pesagem e a determinação da

umidade, e a correção da umidade dos grãos para 13% de umidade. Os resultados

obtidos foram utilizados para a determinação do mapa de produtividade da cultura.

40

Figura 9 - Amostras colhidas

Figura 10 - Debulha manual das amostras de arroz

3.7 Aplicação de insumos por zonas de manejo

Um dos objetivos do trabalho foi de utilizar técnicas de agricultura de precisão

em lavoura de arroz irrigado com a mínima aquisição de equipamentos. Com isso

utilizou-se a semeadora existente na propriedade (Semeato TDNG 320). Esta

semeadora não proporciona a aplicação à taxa variável, no entanto a variação nas

41

doses de nutrientes baseou-se na aplicação de diferentes doses de adubo por

hectare.

Como se utilizou apenas uma fórmula de adubação de base, variando as

doses, variou também as quantidades de outros nutrientes.

As doses de adubo foram supridas de forma a fornecer toda a quantidade de

P na base. Com isso, onde foram colocadas doses maiores de P na base, por

conseqüência adicionou-se também doses maiores de outros nutrientes como, por

exemplo, nitrogênio (N) e potássio (K).

Para o fornecimento das doses desejadas destes nutrientes foi feita a

aplicação de cobertura de N e de K à lanço nas diferentes zonas de manejos. As

fontes utilizadas para suplementação destes nutrientes foram a uréia (46-00-00) e o

cloreto de potássio (00-00-60). Como veículo para a distribuição utilizou-se 2

distribuidores pendulares acopladas no sistema hidráulico de dois tratores (figura

11).

Figura 11 - Tratores com semeadoras pendulares

3.8 Elaboração e correlação de modelos digitais

Os resultados das análises de atributos do solo, de variáveis de população de

plantas e de produção da cultura do arroz irrigado foram utilizados para a elaboração

42

de modelos digitais (mapas) através do software “Sistema Agropecuário CR –

Campeiro 6”.

O método geoestatístico de interpolação utilizado na elaboração dos modelos

digitais foi a krigagem, com raio máximo de pesquisa de 250 metros. Este método

geoestatístico de interpolação é um processo de estimação de valores de variáveis

distribuídas no espaço a partir de valores, sendo bastante importante e utilizado

quando a densidade de pontos amostrais é pequena e para variáveis de custo

elevado ou de difícil determinação (DURIGON, 2007).

As correlações entre os modelos digitais foram determinadas baseadas no

método de correlação de Pearson, ao nível de probabilidade de 5%, através do

software “Sistema Agropecuário CR – Campeiro 6”. Para tanto, os modelos digitais

selecionados para gerar correlações entre si eram espacialmente idênticos, isto é,

com a mesma origem, mesmo espaçamento e mesmo numero de linhas e de

colunas.

3.9 Determinação da diferença de custo entre a adubação à taxa fixa e

a por zonas de manejos

A análise econômica foi realizada apenas na parte da adubação e calagem,

pois nos demais tratos culturais o manejo foi igual. O custo das análises de solos foi

incluído juntamente com os de adubação, desta forma não incluindo estes na

calagem.

A comparação dos custos entre a adubação a taxa fixa e variável foi feito

com base no resultado das análises de solos. Como recomendação da análise a

taxa fixa considerou-se a média de cada elemento nas oito amostragens e utilizou-

se esta como testemunha. Para determinação dos custos na aplicação por zonas de

manejo considerou-se a análise de solo de cada zona.

Segundo a média das análises de solos as necessidades de nutrientes pela

cultura na taxa fixa seriam de: 120 kg de N, 40 kg de P2O5- e 110 kg ha-1 de K2O.

Estes seriam supridos por 235 kg ha-1de adubo (04-17-27), 240 kg ha-1 de

uréia (46-00-00) e 78 kg ha-1 de cloreto de potássio.

43

Na adubação por zonas de manejo, as necessidades de nutrientes pela

cultura foram: 120 kg ha-1 de N, 40, 50 e 60 kg ha-1 de P2O5- e 110 kg ha-1 de K2O.

O preço do adubo, da uréia e do cloreto de potássio adquiridos pelo produtor

foram, respectivamente, 756, 742 e 618 reais a tonelada.

3.10 Diferença de custo entre a aplicação de calcário a taxa fixa e por

zonas de manejos

Não foi realizada a calagem porque quando as análises de solos foram

recebidas do laboratório de análise de solos a área já se encontrava preparada,

pronta para a semeadura.

No entanto, foi realizada a estimativa de calcário a taxa fixa comparada com a

por zonas de manejos.

Para a comparação entre a diferença de custo entre a aplicação de calcário a

taxa fixa e por zonas de manejos utilizou-se o índice SMP das análises de solos e

calculou-se a necessidade de calcário para elevar o pH até 5,5. Para a taxa fixa

utilizou-se a média das oito análises de solos.

Para a calagem a taxa variável dividiu-se a área em 4 zonas de manejos

segundo o índice SMP. Este variou de 5,1 a 5,9, dessa forma as zonas de manejo

foram: zona de manejo de calcário 1: 5,1 a 5,2 ; zona de manejo de calcário 2: 5,3 e

5,4; zona de manejo de calcário 3: 5,5 e 5,6; zona de manejo de calcário 4: 5,7, 5,8

e 5,9.

O preço do calcário em junho de 2007 foi de 35 reais a tonelada do calcário

dolomítico e utilizaram-se estes valores para realização do cálculo de calagem.

44

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Estimativa de produtividade de arroz irrigado

Os dados de estimativa de produtividade da cultura de arroz irrigado

mostraram variabilidade espacial (Figura 12).

Figura 12 - Mapa com estimativa de produtividade de arroz irrigado

A produtividade mínima verificada foi de 7000 kg ha-1, a média 8454 kg ha-1 e

a máxima de 9000 kg ha-1, apresentando um Coeficiente de Variação (CV) entre os

pontos amostrais de 7,3% (Tabela 2).

45

Tabela 2 – Coeficiente de Variação (CV) encontrado na estimativa de

produtividade de arroz irrigado.

Ponto kg ha-1 204 8666 205 7000 302 8666 303 8666 304 8300 402 8666 403 9000 502 8666

Média 8454 DP 617 CV(%) 7.3

Tabela 3 - Estimativa de produtividade de arroz irrigado em cada ponto da malha de amostragem e média do experimento.

Pontos Produtividade (kg ha-1) 204 8666 205 7000 302 8666 303 8666 304 8300 402 8666 403 9000 502 8666

Média 8454

Verificou-se que a área com manejo da cultura do arroz irrigado utilizando

técnicas de agricultura de precisão, proporcionou uma produtividade de arroz

superior a média do município de Cachoeira do Sul (Figura 13).

46

Figura 13 - Produtividade média de arroz obtida no município de

Cachoeira do Sul – RS (fonte IRGA 2008), no experimento e a diferença entre elas.

Vários fatores contribuíram para a diferença de produtividade entre o

experimento e a média do município. Destacam-se entre os principais fatores, a

semeadura dentro da época preconizada pela pesquisa quando grande parte das

lavouras do município de Cachoeira do Sul ainda é semeada fora da época

preferencial. Como a lavoura do experimento foi semeada dentro da época

recomendada, pode aproveitar melhor a radiação solar nos períodos que a planta

mais necessita.

Outro fator muito importante foi o controle precoce de plantas daninhas, em

especial o do arroz vermelho, que causa perdas muito grandes na produtividade da

cultura orizícola. Quanto mais cedo as plantas daninhas são controladas, maior é a

eficiência no seu controle e maior é a produtividade da cultura.

47

4.2 Correlações entre atributos químicos do solo e estimativa de

produtividade de arroz irrigado

As correlações entre os atributos químicos do solo e a estimativa de

produtividade de arroz variaram, encontrando-se valores positivos e negativos

(Tabela 4).

Tabela 4 - Correlação entre atributos químicos do solo e a estimativa de produtividade de arroz irrigado1.

Atributos do solo Correlação com a produtividade de arroz irrigado (%)

MO 83,6 Zn 82,8 P 77,4

Cu 56,6 B 37,9 S 36,7

Al% 25,8 CTCpH7 25,4

Al 14,9 PH 13,8 Ca 12,7 K -40,9

SMP -43,2 V% -49,2

Argila -60 Mg -73,4

1Correlações obtidas com 8 pontos amostrais pelo método de Pearson ao nível de probabilidade de 5%

O nutriente que apresentou maior correlação positiva com a produtividade foi

a matéria orgânica (MO), sendo esta de 83,6%. O nutriente que apresentou maior

correlação negativa com a produtividade foi o magnésio, sendo esta de 73,4%.

A matéria orgânica do solo é a principal fonte no solo de nitrogênio para as

plantas. Este elemento é considerado como o mais importante para as plantas da

família gramínea, atuando principalmente no estímulo ao perfilhamento.

48

Além de ser a principal fonte de nitrogênio no solo a matéria orgânica

proporciona outras vantagens como a estabilidades dos agregados, aumenta a

infiltração e a retenção de água no solo, aumenta a capacidade de trocas de cátions

(CTC) e disponibilidade de nutrientes, além de aumentar a atividade biológica do

solo.

Segundo Gomes & Magalhães Jr. (2004), o nitrogênio disponível do solo é

praticamente todo proveniente da decomposição e mineralização da matéria

orgânica, realizada por microrganismos que transformam o N orgânico nas formas

amoniacais (NH4+) e nítricas (NO3

-), aproveitáveis pelas plantas. Diante disso, uma

avaliação simplista do grau de disponibilidade de nitrogênio no solo é baseada na

análise do teor de matéria orgânica do solo.

Trabalho realizado por Machado (1993) relacionando os teores de matéria

orgânica do solo e produtividade em arroz irrigado não encontrou um bom

ajustamento na relação das variáveis estudadas. Isto porque o processo de

liberação do nitrogênio das formas orgânicas do solo varia em função da quantidade

e da qualidade da matéria orgânica; da quantidade e da natureza de compostos

oxidados; da presença de substâncias tóxicas; das condições ambientais; de outros

atributos do solo, como textura, disponibilidade de nutrientes e pH e de práticas de

manejo, que determinam a atividade dos microrganismos decompositores e

mineralizadores da matéria orgânica (GOMES & MAGALHÃES JR., 2004).

Ressalta-se que a maioria dos trabalhos relacionando o teor de matéria

orgânica e produtividade da cultura do arroz disponíveis na literatura foram

realizados nas décadas de 80 e 90, quando os tetos de produtividades e

principalmente o manejo era diferenciado do atual.

Contudo, mesmo que os trabalhos de pesquisa afirmem que não existe

correlação entre o teor de matéria orgânica do solo e a produtividade, não devemos

ignorá-la, pois esta além do fornecimento de nitrogênio para as plantas interfere

também em outros fatores diretamente ligados à produtividade da cultura do arroz,

como por exemplo, população de microorganismos do solo, estruturação do solo,

capacidade de trocas de cátions entre outros.

O atributo químico de solo que apresentou a maior correlação negativa foi o

magnésio. Este elemento é responsável pela ativação enzimática, estabilidade de

ribossomos, fotossíntese e faz parte da clorofila.

49

Todos os pontos amostrais do magnésio encontravam-se acima do teor

crítico. No entanto, estes níveis não eram tão altos a ponto de causar diminuição da

produtividade.

O fato de o magnésio ter sido o atributo químico de solo com maior correlação

negativa pode ser explicado pelo fato de o ponto que apresentou maior teor de Mg

no solo coincidir com o ponto de menor produtividade. No entanto, verificou-se no

decorrer da lavoura que a produtividade neste ponto foi muito influenciada por outro

fator que foi a lâmina d’água, o que mascarou o efeito de outros atributos de solo

afetando negativamente principalmente no magnésio.

Durigon (2007) em trabalho realizado encontrou correlação positiva de 36%

entre a produtividade de arroz e o teor de magnésio no solo na safra 2004/2005 e de

31% na safra 2005/2006.

Figura 14 - Mapa de matéria orgânica

50

4.3 Correlações entre plantas por metro quadrado e estimativa de

produtividade de arroz irrigado

A produtividade de arroz irrigado mostrou correlação positiva de 86,5% com a

população de plantas, indicando que áreas com menores populações de plantas

resultaram em menores produtividades da cultura (Figura 15).

Figura 15 - Mapa da população de plantas por metro quadrado

Obteve-se em média 248 plantas por metro quadrado. Isto significa que a

população de plantas ficou dentro do esperado, já que a SOSBAI (2007) afirma que

o ideal é obter uma população inicial de 200 a 300 plantas por metro quadrado.

Observa-se no experimento (Tabela 5) que no único ponto amostrado que

teve população de plantas menor do que o ideal foi onde se obteve a menor

produtividade na área.

O que pode ter provocado a diminuição de produtividade na parte do

experimento com menor número de plantas foi que este local é a parte mais baixa

da área, e durante o ciclo da cultura quando ocorriam precipitações esta parte da

51

área ficava com uma lamina d’água muito alta. Neste experimento não se avaliou a

altura da lâmina d’água, mas observou-se que esta pode ter contribuído para que a

capacidade de perfilhamento das plantas de arroz fosse menor.

Oelke & Mueller (1969) verificaram redução na produção de grãos mediante o

uso de lâminas de água de 8 e 18 cm, não ocorrendo o mesmo com lâminas de 4

cm.

Durigon (2007), em trabalho realizado com arroz irrigado encontrou uma

correlação negativa de 18% entre a altura da lâmina de água e número de panículas

por metro quadrado.

Segundo a Embrapa (2005) a altura da lâmina de água deve variar entre 7,5 e

10 cm. Lâminas de água mais altas (>10 cm) aumentam o consumo de água, reduz

o número de perfilhos, as plantas de arroz se tornam mais altas, o que facilita o

acamamento, aumentam as perdas de água por percolação e infiltração lateral e

requerem maior consumo de água (> 10 mil m3 ha-1, para um período de 90 dias de

irrigação). Ainda segundo o mesmo autor o excesso de água na lavoura nas fases

iniciais de desenvolvimento do arroz prejudica a germinação, afoga as plântulas e

inibe o perfilhamento.

Tabela 5 - Plantas por metro quadrado e estimativa de produtividade em cada ponto amostral

Pontos Plantas por

metro quadrado

Estimativa de produtividade

(kg ha-1)

204 247 8666 205 198 7000 302 276 8666 303 265 8666 304 235 8300 402 259 8666 403 247 9000 502 253 8666

52

4.4 Diferença de custo entre a adubação à taxa fixa e a por zonas de

manejos

Ocorreu diferença no custo entre a adubação à taxa fixa (Tabela 6) e a por

zonas de manejo (Tabela 7). A adubação por zonas de manejo apresentou um custo

maior do que a adubação por zonas de manejo, sendo valor de 393,36 R$, ou seja,

de 14,66R$ ha-1. No entanto, cabe ressaltar que a adubação a taxa fixa não

suplementaria toda a necessidade de nutrientes requeridos em alguns pontos da

área o que pode afetar a produtividade da área.

Verificou-se ainda que ocorreu pouca variação na área sendo esta

considerada bastante homogênea, pois os níveis de potássio encontravam-se todos

no teor baixo, e os de fósforo estavam na maior parte da área no nível alto.

Tabela 6 - Custo da adubação a taxa fixa

Adubação a taxa fixa

Quantidades

(kg.ha-1) Área (ha) Total

Preço (R$/t)

Custo total(R$)

Adubo 235 26.84 6307.4 756 4768.39 Uréia 240 26.84 6441.6 742 4779.67

Cloreto de

Potássio 78 26.84 2093.52 618 1293.80

10841.86 Análise de solo 1 30 30.00

TOTAL 10871.86

53

Tabela 7 - Custo da adubação por zonas de manejos

Adubação por zonas de manejos

Quantidades

(kg.ha-1) Área (ha) Total Preço (R$/t)

Custo total(R$)

Adubo 235 20.65 4852.8 756 3668.68 Uréia 240 20.65 4956 742 3677.35

Zona de manejo

1 Cloreto de Potássio 78 20.65 1610.7 618 995.41

Adubo 294 4.84 1423 756 1075.76 Uréia 235 4.84 1137.4 742 843.95

Zona de manejo

2 Cloreto de Potássio 51 4.84 246.84 618 152.55

Adubo 353 1.35 476.55 756 360.27

Uréia 230 1.35 310.5 742 230.39 Zona de manejo

3 Cloreto de Potássio 25 1.35 33.75 618 20.86

11025.22

Análise de

solos 8 30 240.00

TOTAL 11265.22

4.5 Aplicação de calcário com taxa fixa e por zonas de manejo

Os resultados mostram que a aplicação de calcário com taxa fixa necessita

menor quantidade de calcário e conseqüentemente proporciona um custo menor

(852,92 R$ ou 31,71 R$ ha-1) do que na calagem por zonas de manejos. No

entanto, verifica-se que na aplicação de calcário a taxa fixa que existem partes da

lavoura que seriam super-calcariadas e outras que seriam sub-calcariadas,

causando em partes das lavouras excessos e em outras deficiências de nutrientes e

problemas como a acidez, saturação de bases e saturação de alumínio.

As tabelas 8 e 9 detalham mais os custos com a calagem.

54

Tabela 8 - Custos da aplicação de calcário a taxa fixa

Calcário a taxa fixa (SMP 5.5)

Quantidade (t ha-1)PRNT

100%

Quantidade (t ha-1)

PRNT 68%

Área (ha)

Total (t)

Preço (R$ t-1)

Custo total(R$)

3.7 5.44 26.84 146.04 35 5111.4

Tabela 9 - Custos da aplicação de calcário por zonas de manejos

Calcário por zonas de manejos

Quantidade (t ha-1)PRNT

100%

Quantidade (t ha-1)

PRNT 68%

Área (ha)

Total (t)

Preço (R$ t-1)

Custo total(R$)

Zona de manejo 1 (SMP 5.1

e 5.2)

6 8.82 4.83 42.618 35 1491.6

Zona de manejo 2 (SMP 5.3

e 5.4)

4.8 7.06 8.5 60 35 2100

Zona de manejo 3 (SMP 5.5

e 5.6)

3.7 5.44 9.19 50.004 35 1750.2

Zona de manejo 4 (SMP 5.7, 5.8 e 5.9)

2.8 4.12 4.32 17.788 35 622.59

5964.4

4.6 Verificação da viabilidade da agricultura de precisão com os

equipamentos existentes na propriedade

Concluiu-se que é possível a utilização de algumas técnicas de agricultura de

precisão com os equipamentos existentes na propriedade. Neste trabalho a variação

da taxa foi entre as zonas de manejos e verificou-se que apesar de proporcionarem

maior trabalho manual para delimitação destas é uma alternativa viável para a

55

realização de algumas técnicas da agricultura de precisão, como a adubação por

zonas de manejos.

Molin et al., (2006) afirmaram que para o caso de mapas com base em

unidades de gerenciamento ou mesmo unidades de aplicação, a presença do

controle automatizado não é obrigatória, pois as vazões de insumo serão alteradas

apenas na transição entre unidades.

56

5 CONCLUSÕES

Mesmo em áreas consideradas homogêneas pelo produtor confirmou-se a

hipótese que existe variabilidade nos atributos químicos do solo, mesmo que no

trabalho esta seja considerada baixa.

Através dos mapas elaborados através de mais de uma amostragem por

gleba é possível a recomendação e adubação de forma parcelada conforme as

variações químicas existentes no solo.

Verificou-se que é possível realizar algumas etapas da agricultura de

precisão, como a adubação a taxa variável, através do uso de zonas de manejos e

que esta não necessita de aquisições de equipamentos de grandes custos.

Tanto os custos da adubação quanto os da calagem a taxa fixa foram

inferiores aos da por zonas de manejo. No entanto, na adubação a taxa fixa existem

partes da área em que a fertilidade é subestimada e na calagem a taxa fixa partes

que são sub e superestimadas.

57

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMADO et al. Variabilidade espacial e temporal da produtividade de culturas sob sistema plantio direto Pesq. agropec. bras., Brasília, v.42, n.8, p.1101-1110, ago. 2007. ANTUNIASSI, U. R. ; BAIO, Fabio Henrique Rojo ; SHARP, T. C. . Agricultura de precisão. In: Eleusio C. Freire. (Org.). Algodão no Cerrado do Brasil. 1 ed. Brasilia/DF: ABRAPA, 2007, v. 1, p. 889-918. BLACKMORE, B.S.; GODWIN, R.J.; FOUNTAS, S. The analysis of spatial and temporal trends in yield map data over six years. Biosystems Engineering, v.84, p.455-466, 2003. BORÉM, A. et al.; Agricultura de precisão. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 467p. BOURENNANE, H. et al.; Exploring the Spatial Relationships Between Some Soil Properties and Wheat Yields in Two Soil Types. Precision Agriculture, v.5, p. 521-536, 2004. CAMPO, P. do. Agricultura de precisão. Inovações no campo. Piracicaba. 2000. CAPELLI, N.L. Agricultura de precisão - Novas tecnologias para o processo produtivo. LIE/DMAQAG/ FEAGRI/UNICAMP, 1999. Disponível em: <http://wwwbases.cnptia.embrapa.br/cria/gip/gipap/capelli.doc> Acesso em 16 Jun. 2009. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC. Manual de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004. 394p. CORÁ, J.E. The potential for site-specific management of soil and yield variability induced by tillage. East Lansing, Michigan State University, 1997. 104p. (Tese de Doutorado) DELLAMEA R.B.C. et al. Agricultura de precisão voltada à melhoria da fertilidade do solo no sistema plantio direto In: XXXVI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2007, Gramado,RS.

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62

7 APÊNDICES

Apêndice 1: Características agronômicas do IRGA 422CL

Cultivar IRGA 422CL Origem: Cruzamento: 1996 Genealogia: IRGA 22-7 Parentais imediatos: IRGA 417/93AS3510 Método de Seleção: Retrocruzamento Características morfológicas das plantas: - Estatura média: 81 cm -Folhas curtas eretas e pilosas -Panícula parcialmente protegida pela folha bandeira -Grãos longos, finos, pilosos e com aristas Características fisiológicas e agronômicas das plantas: - Vigor inicial: alto - Acamamento: resistente no sistema convencional - Capacidade de afilhamento: alta - Ciclo: - Primórdio da panícula: 55 dias - Pleno florescimento: 85 dias - Maturação: 121 dias - Esterilidade: em torno de 10% - Resistência à degranação: intermediária - Reação à toxidez por ferro: suscetível - Reação à doenças: - Brusone: moderadamente suscetível - Mancha dos grãos: moderadamente suscetível Características físico-químicas dos grãos: - Dimensões dos grãos polidos: - Comprimento(mm): c/casca: 9,94 descascado: 7,11 polido: 6,72 - Largura(mm): c/casca: 2,39 descascado: 2,21 polido: 2,16 - Espessura(mm): c/casca: 1,98 descascado: 1,84 polido: 1,77

63

- Relação comp/largura: c/casca: 4,16 descascado: 3,22 polido: 3,11 - Classe: longo fino - Aparência: vítrea - Teor de amilose: alto - Temperatura de gelatinização: baixa - Peso de 1000 grãos com casca: 29,0 g Produtividade: - Depressão Central: 8,8 t ha - Fronteira Oeste: 13,3 t ha - Campanha: 8,7 t ha - Litoral: 5,3 t ha Comportamento Industrial: - Renda do benefício: 67% - Rendimento de grãos inteiros: 61% - Farelo: entre 8,5% - Casca: entre 21% Recomendações de Cultivo: - Época de semeadura: - Zona Sul: 11 de outubro a 20 de novembro - Demais zonas: conforme zoneamento agroclimático - Área de adaptação: todas as regiões de cultivo de arroz irrigado do RS

Apêndice 2: Recomendação de adubação e calagem para valores médios dos pontos da análise da agricultura de precisão

Média das 8 análises de solos pHágua= 4,8

Ca= 5,1 Cmolc dm-3 Textura= 2

Mg= 2,7 Cmolc dm-3 S= 12,2 mg dm-3

Al= 1,7 Cmolc dm-3 P-Mehlich=6,3 mg dm-3

H+Al= 8,0 Cmolc dm-3 K= 0,1 Cmolc dm-3

CTCefetiva= 9,6 Cmolc dm-3 CTCpH7=15,9 Cmolc dm-3

Saturação por bases (V%)= 51% K= 41,5 mg dm-3

Saturação por alumínio (Al%)= 17,5% Cu= 1,8 mg dm-3

Índice SMP= 5,5 Zn= 3,3 mg dm-3

%MO= 1,8% B= 0,2 mg dm-3 % Argila= 42,9%

64

Apêndice 3: Análises de solos

65