Manejo de Plantas Daninhas

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ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA A DISTÂNCIA – ABEAS/UFV Curso: Proteção de Plantas Módulo 3 - Manejo de plantas daninhas 1  PROTEÇÃO DE PLANTAS Módulo 3 Manejo de plantas daninhas Tutores: Profº Dr.  Antonio Alberto da Silva (UFV-MG) Profº Dr. José Ferreira da Silva (FUA-AM)  Profº Dr. Francisco Affonso Ferreira (UFV-MG) Profº Dr.  Lino Roberto Ferreira (UFV-MG) Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS Universidade Federal de Viçosa - UFV Centro de Ciências Agrárias Departamento de Fitopatologia Brasília - DF 2006

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Módulo 3 - Manejo de plantas daninhas 1

 PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 3Manejo de plantas daninhas

Tutores:Profº Dr. Antonio Alberto da Silva (UFV-MG)

Profº Dr. José Ferreira da Silva (FUA-AM) Profº Dr. Francisco Affonso Ferreira (UFV-MG)

Profº Dr. Lino Roberto Ferreira (UFV-MG)

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Ficha Catalográfica

É proibida a reprodução total ou parcial deste móduloDireitos reservados a ABEAS e ao autor

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASControle de plantas daninhas. Tutores: Antônio Alberto da Silva; [e outros];

colaboração de José Ferreira da Silva, Francisco Affonso Ferreira, Lino RobertoFerreira - Brasília, DF: ABEAS; Viçosa, MG: UFV; 2006.268.: il (ABEAS. Curso Proteção de Plantas. Módulo 3 - 3.1;3.2;3.3;3.4;3.5,3.6).

Inclui bibliografia.

1. Plantas daninhas - controle. I.Silva, Antônio Alberto, 1950 - II. Silva, JoséFrancisco da. III.Ferreira, Francisco Afonso. IV.Ferreira, Lino Roberto. V.Silva,José Ferreira da. VI. Oliveira Júnior, Rubem Silveríco de. VII. Vargas, Leandro.VIII. Universidade Federal de Viçosa. IX. Título

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Módulo 3 - Manejo de plantas daninhas 3

 

Sumário

Módulo 3.1 – Biologia e métodos de controle, 04

Módulo 3.2 – Herbicidas: classificação e mecanismos de ação, 48

Módulo 3.3 – Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas, 102

Módulo 3.4 – Herbicidas: comportamento no solo, 135

Módulo 3.5 – Herbicidas: resistência de plantas, 196

Módulo 3.6 – Manejo de plantas daninhas em pastagens, 235

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Módulo 3 - Manejo de plantasdaninhas3.1 - Biologia e métodos de controle

Tutores:

Profº. Antonio Alberto da SilvaProfº. Francisco Affonso Ferreira Profº. Lino Roberto Ferreira Profº. José Barbosa dos Santos

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viçosa - UFV

Centro de Ciências AgráriasDepartamento de Fitopatologia

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Sumário

Introdução, 06

1 - Planta daninha, 07

1.1 - Prejuízos causados pelas plantas daninhas, 08 

1.1.1 - Prejuízos diretos, 08 

1.1.2 - Prejuízos indiretos, 09 

1.2 - Origem, estabelecimento e propagação das plantas daninhas, 10 

1.3 - Classificação das plantas daninhas, 15 1.3.1 - Características práticas para reconhecimento das principais famílias de plantas

daninhas, 16 

1.4 - Características de agressividade das plantas daninhas, 18 

2 - Competição entre plantas daninhas e culturas, 19

2.1 - Fatores do ambiente passíveis de competição, 20 

2.1.1 - Competição por água, 23 

2.1.2 - Competição por luz, 25 

2.1.3 - Competição por CO2, 28 

2.1.4 - Competição por nutrientes, 28 

3 – Alelopatia, 30

3.1 - Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas e plantas daninhas, 31 

3.2 - Alelopatia entre culturas, 32 

3.3 - Alelopatia das coberturas mortas, 32 

4 - Competição e período crítico de competição, 33

5 - Métodos de controle de plantas daninhas, 36

5.1 - Controle preventivo, 36 

5.2 - Controle cultural, 37 5.3 - Controle mecânico ou físico, 37 

5.4 - Controle biológico, 39 

5.5 - Controle químico, 40 

6 - Manejo integrado de plantas daninhas (mipd), 42

Referências bibliográficas, 45

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Introdução

Para um leigo, o controle de plantas daninhas, usando métodos manuais, mecânicos ou

químicos, é extremamente simples. Na verdade, é uma ciência multidisciplinar que depende de

conhecimentos de botânica, biologia, mecanização agrícola, física e química do solo, química

orgânica, bioquímica, fisiologia vegetal, climatologia, fitotecnia, técnicas de biologia molecular e

sensoriamento remoto.

Como toda ciência, o estudo das plantas daninhas é dinâmico. Novas técnicas estão sempre

sendo pesquisadas e incorporadas. Assim, com ajuda da física, o ultra-som, a eletricidade, as

microondas e o raio laser estão sendo avaliados como futuros métodos de controle; isoenzimas e

RAPD (biotecnologia) e sensoriamento remoto também são úteis na identificação de plantas

daninhas. Muitos estudos estão sendo conduzidos em genética, visando o melhoramento de culturas

  para resistência a herbicidas; como exemplos, estão sendo desenvolvidos trabalhos objetivando a

criação de cultivares de soja resistentes ao glyphosate; de milho, ao imazaquin; de arroz, ao

amônio-glufosinato, etc. Todavia, toda e qualquer técnica de manejo de plantas daninhas somente

terá sucesso se for aplicada levando-se em conta conhecimentos detalhados da biologia das plantas

infestantes da área, envolvendo principalmente conhecimentos nas áreas de morfologia e fisiologia.

Os novos herbicidas estão cada vez mais seguros para o ambiente e o homem, sendo mais

eficientes no controle de plantas daninhas específicas e com doses cada vez mais baixas. Os estudos

de ecologia e da toxicologia humana e animal são conduzidos, simultaneamente, antes do

lançamento de qualquer herbicida.

A demanda cada vez maior de alimentos, fibras e energia, para uma população crescente de

consumidores e decrescente de produtores, destaca a importância da eficiência do controle de

 plantas daninhas. Cerca de 92% da população, na região produtora de alimentos do Brasil, vive hoje

nas cidades, e a mão-de-obra rural existente é escassa e de baixa qualidade. Em razão disso, o

 produtor deve ser mais eficiente, ou seja, deve utilizar menos mão-de-obra para produção de maior quantidade de alimentos.

Com relação aos defensivos agrícolas, o Brasil dispõe de um dos maiores mercados do

mundo, sendo um dos primeiros no "ranking" de vendas de agrotóxicos, em que os herbicidas

correspondem a mais de 50% do volume total comercializado (ANDEF, 2005). Em termos médios,

cerca de 20-30% do custo de produção refere-se ao controle de plantas daninhas. Em algumas

culturas, como cana-de-açúcar, esse percentual é ainda maior.

Devido à dificuldade de se encontrar mão-de-obra no campo, no momento preciso e na

quantidade necessária, além da eficiência e, principalmente, economicidade do controle químico, ouso de herbicidas tornou-se prática indispensável. São necessários, entretanto, cuidados técnicos

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 para atingir a máxima eficiência com o mínimo impacto negativo ao solo, à água e aos organismos

não-alvos. Deve-se ressaltar que o herbicida é considerado apenas uma ferramenta a mais no

manejo de plantas daninhas, sendo recomendado sempre um programa de controle integrado. Neste

  programa, para se obter um controle que seja eficiente, econômico e que preserve a qualidade

ambiental e a saúde do homem, associam-se os diversos métodos disponíveis (preventivo,mecânico, físico, cultural, biológico e químico), levando-se em consideração as espécies daninhas

infestantes, o tipo de solo, a topografia da área, os equipamentos disponíveis na propriedade, as

condições ambientais e o nível cultural do proprietário. Segundo Rodrigues e Almeida (2005), o

controle químico de plantas daninhas, hoje, é um típico setor de tecnologia de ponta e, por isso

mesmo, um campo no qual está muito presente o desafio maior do agronegócio brasileiro, que é o

de conciliar, no seu processo, os conceitos de competitividade, sustentabilidade e eqüidade.

1 - Planta daninha

Definir planta daninha nem sempre é fácil, devido à evolução e complexidade que

atualmente atingiu a Ciência das Plantas Daninhas. Entretanto, todos os conceitos baseiam-se na sua

indesejabilidade em relação a uma atividade humana. Uma planta pode ser daninha em determinado

momento se estiver interferindo negativamente nos objetivos do homem, porém esta mesma planta

 pode ser útil em outra situação. Como exemplos, podem-se citar espécies altamente competidoras

com culturas sendo extremamente úteis no controle da erosão, promovendo a reciclagem de

nutrientes, servindo como planta medicinal, fornecendo néctar para as abelhas fabricarem o mel,

etc. Uma planta cultivada também pode ser daninha se ela ocorrer numa área de outra cultura, como

a presença do milho em cultura da soja e da aveia em cultura do trigo. Por esse motivo, são vários

os conceitos de planta daninha: Shaw (1956), citado por Fischer (1973), afirma que planta daninha é

qualquer planta que ocorre onde não é desejada. Para Beal, citado por Marinis (1972), é uma planta

fora de lugar. Cruz (1979) salienta que é uma planta sem valor econômico ou que compete, com o

homem, pelo solo. Fischer (1973) apresenta duas definições: “plantas cujas vantagens ainda nãoforam descobertas” e “plantas que interferem com os objetivos do homem em determinada

situação”. Na verdade, num conceito mais amplo, uma planta só deve ser considerada daninha se

estiver direta ou indiretamente prejudicando uma determinada atividade humana, como, por 

exemplos, plantas interferindo no desenvolvimento de culturas comerciais, plantas tóxicas em

 pastagens, plantas ao lado de refinarias de petróleo, plantas estranhas no jardim, etc. Numa cultura,

  por exemplo, qualquer planta estranha que vier a afetar a produtividade e, ou, a qualidade do

  produto produzido ou interferir negativamente no processo da colheita é considerada daninha.

Embora não se possa dizer que uma planta, na sua essência, seja daninha, pois estas, emdeterminadas situações, podem ser extremamente úteis, algumas têm sido consideradas plantas

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daninhas comuns e outras plantas daninhas verdadeiras. As comuns são aquelas que não possuem

habilidade de sobreviver em condições adversas. Por exemplo, num plantio rotacional trigo/soja, as

  plantas de trigo que surgirem das sementes remanescentes no solo passam a ser consideradas

daninhas à cultura da soja.

As consideradas verdadeiras possuem características especiais que permitem fixá-las comoinfestantes ou daninhas, como:

a) Não são melhoradas geneticamente.

  b) Crescem em condições adversas.

c) São rústicas quanto ao ataque de pragas e doenças. Possuem habilidade de produzir 

grande número de sementes por planta, geralmente com facilidade para disseminação pelo vento,

água, pêlo de animais, etc. Exemplo: Desmodium totuosum, que produz até 42.000 sementes por 

 planta, as quais são facilmente dissemináveis por animais, por máquinas, por misturas de sementes,

etc. d) Apresentam dormência e germinação desuniformes, que são atributos que facilitam a

 perpetuação da espécie, pois, se todas as sementes germinassem de uma só vez, seria fácil erradicar 

uma espécie daninha. Muitas espécies de plantas daninhas são, ainda, capazes de se multiplicar por 

diversas maneiras (sementes, rizomas, bulbos, tubérculos, folhas, raízes, etc.)

1.1 - Prejuízos causados pelas plantas daninhas

1.1.1 - Prejuízos diretos

As plantas daninhas, na realidade, furtam energia do homem. Em média, cerca de 20-30%

do custo de produção de uma lavoura se deve ao custo do controle das plantas daninhas. Esses

valores tornam-se ainda mais significativos na agricultura moderna, onde se exige perfeito controle

das plantas para melhor eficiência das máquinas colheitadeiras. Além da redução da produtividade

das culturas, as plantas daninhas causam outros prejuízos diretos, por exemplo:

a) Reduzem a qualidade do produto comercial. São exemplos a presença de sementes de

 picão-preto (Bidens pilosa) junto ao capulho do algodão, sementes de capim-carrapicho (Cenchrusechinatus) junto ao feno, sementes de carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum) aderidas

à lã, tubérculos de tiririca se desenvolvendo dentro tubérculos de batata (Fig. 1), etc.

  b) São responsáveis pela não-certificação das sementes de culturas, quando estas são

colhidas junto com sementes de determinadas espécies de plantas daninhas proibidas, como leiteiro

(Euphorbia heterophylla), arroz-vermelho (Oryza sativa), capim-massambará (Sorghum halepense)

e feijão-miúdo (Vigna ungiculata). É comum, também, impedirem a certificação de mudas em

torrão, como é o caso de mudas cítricas produzidas em viveiro infestado com tiririca (Cyperus

rotundus).

c) Podem intoxicar animais domésticos, quando presentes em pastagens. Por exemplo:

cafezinho (Palicourea marcgravii), oficial-de-sala (Asclepias curassavica), cavalinha (Equisetum

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 piramidale), flor-das-almas (Senecio brasiliensis), samambaia (Pteridium aquilinium), algodoeiro-

  bravo (Ipomoea fistulosa), chibata (Arrabidae bilabiata) e outras que podem causar a morte de

animais.

d) Algumas espécies exercem o parasitismo em citros, milho e plantas ornamentais. São

exemplos a erva-de-passarinho (Phoradendron rubrum) em citros e a erva-de-bruxa (Striga lutea)em milho. Esta última é a pior invasora para milho, ainda não introduzida no Brasil. Ela produz

cerca de 5.000 sementes por planta, que germinam e parasitam as raízes do milho; dois meses mais

tarde as plantas aparecem na superfície do solo, florescem rapidamente e iniciam novamente o ciclo

 parasitário.

Figura 1 - Dano em batata inglesa devido à penetração e ao desenvolvimento de tuberculos de tiririca

1.1.2 - Prejuízos indiretos

As plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas de pragas e doenças, como omosaico-dourado do feijoeiro, causado por um vírus à cultura do feijão, que é transmitido pela

mosca-branca após ter se “alimentado” de espécies do gênero Sida (Sida rhombifolia, Sida

glaziovii, Sida micrantha, Sida santaremnensis, Sida cordifolia, etc.); os nematóides: mais de 50

espécies de plantas daninhas hospedam Meloydogyne javanica e Heterodera (nematóide-do-cisto da

soja). Outro exemplo é o capim-massambará (Sorghum halepense), que é hospedeiro do vírus do

mosaico da cana-de-açúcar.

Algumas espécies, além dos prejuízos diretos que causam às culturas, podem, ainda,

 prejudicar ou mesmo até impedir a realização de certas práticas culturais e a colheita. São exemplosdestas espécies a corda-de-viola (Ipomoea grandifolia, Ipomoea aristolochiaefolia, Ipomoea

 purpurea e outras desse gênero). Estas diminuem a eficiência das máquinas e aumentam as perdas

durante a operação da colheita até mesmo quando em infestação moderada nas lavouras. Capim-

carrapicho (Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acathospermum hispidum), arranha-gato

(Acassia plumosa) e outras plantas espinhosas podem até impedir a colheita manual das culturas.

Outro exemplo de espécie de planta daninha que causa prejuízos diretos e indiretos é a Mucuna

  pruriens, infestante comum em lavouras de milho, feijão e cana-de-açúcar; esta espécie daninha

dificulta tremendamente a colheita manual, pois, durante a operação da colheita, os tricomas de suasfolhas se rompem a um leve contato e liberam toxinas que causam inflamação na pele do

trabalhador.

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As plantas daninhas, também, podem ser altamente inconvenientes em áreas não-cultivadas:

áreas industriais, vias públicas, ferrovias, refinarias de petróleo. Nestas áreas não é desejável a

 presença de plantas daninhas vivas ou mortas. Causam, também, problemas sérios em ambientes

aquáticos, onde podem dificultar o manejo da água, aumentando o custo da irrigação, prejudicando

a pesca, dificultando a manutenção de represas, o funcionamento de usinas hidrelétricas, etc.Exemplos: taboa (Typha angustifolia), aguapé (Eichornia crassipes), etc.

Outras espécies de plantas daninhas podem ainda reduzir o valor da terra, como a tiririca

(Cyperus rotundus) e a losna-brava (Artemisia verlotorum). Estas, quando presentes em áreas com

culturas que apresentam pequena capacidade competitiva, como as olerícolas de modo geral, os

 parques e os jardins, têm o custo de controle muito elevado, tornando-se inviável economicamente.

1.2 - Origem, estabelecimento e propagação das plantas daninhas

De acordo com Musik (1970) e Fischer (1973), as plantas daninhas originaram-se,

inicialmente, dos distúrbios naturais, como glaciação, desmoronamentos de montanhas, ação de rios

e mares, etc. Existem duas grandes teorias: a hidrosere, que afirma que a vida originou-se no meio

líquido, e a xerosere, segundo a qual a vida teve origem em terra firme. Na verdade, devido ao

  próprio conceito de planta daninha, elas começaram a aparecer quando o homem iniciou suas

atividades agrícolas, separando as benéficas (denominadas plantas cultivadas) das maléficas

(denominando-as de plantas daninhas). Estas são encontradas onde está o homem, porque ele é

quem cria o ambiente favorável a elas. Musik (1970) salienta que o homem é, provavelmente, oresponsável pela evolução das plantas daninhas, como o é, também, pelas plantas cultivadas.

As plantas daninhas podem ser disseminadas por diversos meios. Vários são os diásporos,

  pelos quais as plantas podem perpetuar-se tanto por via seminífera como por via vegetativa. Por 

outro lado, a disseminação das plantas daninhas pode ser feita por vento, água, animais, incluindo o

homem, que se constitui num grande disseminador de tais plantas. Todavia, o estabelecimento de

uma determinada planta daninha envolve os aspectos ecológicos da agregação e migração, além da

competição pelos recursos do meio.

Do ponto de vista morfofisiológico, o estabelecimento envolve o processo de germinação dasemente, crescimento e desenvolvimento da planta, envolvendo os complexos aspectos

morfogênicos e edafoclimáticos. A propagação vegetativa é um mecanismo de sobrevivência de

grande importância nas plantas daninhas perenes. Os propágulos podem ser raízes, rizomas,

tubérculos, etc., que apresentam duas características essenciais: dormência e reservas alimentícias.

 Normalmente, as plantas daninhas produzem muitas sementes, o que assegura alta taxa de dispersão

e restabelecimento de uma infestação.

O estudo do processo germinativo das sementes é de fundamental importância para quem

trabalha com o manejo de plantas daninhas, pois a semente é uma das vias de entrada dos

herbicidas, além das partes das plântulas, como hipocótilo, radícula, caulículo, etc. Além disso,

muitos herbicidas atuam, ou seja, possuem seus mecanismos de ação ligados ao processo

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germinativo, impedindo que a planta se estabeleça. Se a semente não estiver em estado de

dormência e houver condições ambientais favoráveis, como adequado suprimento hídrico,

temperatura, concentração de oxigênio e presença ou ausência de luz, conforme ela seja fotoblástica

  positiva ou negativa, ela entrará em processo de germinação (PROPINIGIS, 1974; METIVIER,

1986; FERRI, 1985).A germinação da semente é a reativação dos pontos de crescimento do embrião que haviam

sido paralisados nos estágios finais da maturação morfisiológica da semente. Do ponto de vista

fisiológico, a germinação consiste no processo que se inicia com o suprimento de água à semente

seca e termina quando o crescimento da plântula se inicia, ou seja, ocorre a ruptura do tegumento e

saída da radícula. O processo da germinação inicia-se, portanto, com o ressurgimento das atividades

 paralisadas ou reduzidas por ocasião da maturação da semente, e para isso são necessários alguns

requisitos fundamentais: estarem as sementes viáveis e as condições ambientais serem favoráveis.

Para que uma semente viável (condição intrínseca) possa germinar, são necessárias as seguintescondições ambientais favoráveis: água em quantidade suficiente, temperatura adequada à espécie,

atmosfera apropriada à espécie (concentração de CO2 e O2) e luz (comprimento de onda e

intensidade). Essas necessidades são definidas para cada espécie e estão relacionadas com o habitat

de origem e com a melhor forma de preservar a espécie (normalmente as espécies daninhas somente

germinam quando existem condições para sobrevivência).

A água é necessária para que ocorra a reidratação das sementes, que perdem muita umidade

 por ocasião de sua maturação e secagem. A quantidade de água necessária para reidratação, para a

maioria das espécies, é de duas a três vezes o peso da semente. Entretanto, em fases seguintes à

reidratação, é necessário o suprimento contínuo de água, para o desenvolvimento do eixo

embrionário em plântula independente. A embebição das sementes é um processo físico que ocorre

tanto nas sementes vivas quanto nas mortas, sendo dependente dos seguintes fatores: composição

química da semente, permeabilidade do tegumento à água e presença de água na forma líquida ou

gasosa. As características físico-químicas das substâncias coloidais das sementes irão comandar o

  potencial da água nas sementes. Com a embebição, aumenta-se o potencial de pressão interna na

membrana que envolve a semente (pressão de embebição), o qual pode atingir centenas de

atmosferas, provocando o rompimento do tegumento, por onde sairá a radícula. As principais

substâncias responsáveis pela embebição são as proteínas, a celulose e as substâncias pécticas. Aembebição também é influenciada pela temperatura (temperaturas mais elevadas, menor tempo para

embebição). Outro fator que pode influenciar a embebição é a permeabilidade do tegumento da

semente à água. É comum entre as espécies a presença do tegumento totalmente impermeável à

água, dando origem ao que se chama de semente dura. Estas sementes permanecerão dormentes

enquanto o tegumento estiver impermeável (semente dura).

 Normalmente, cada espécie requer uma temperatura ideal para germinação. A temperatura

ótima é aquela que permite a obtenção da maior percentagem de emergência no menor espaço de

tempo. Em temperaturas abaixo da ótima, a velocidade da germinação é menor, o que resulta numadiminuição do estande, porque as sementes ficam por períodos prolongados nos estágios iniciais da

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germinação e, nessas condições, ficam mais suscetíveis ao ataque de microrganismos patogênicos.

Temperatura acima da ótima tende a aumentar, em demasia, a velocidade da germinação, causando

crescente desorganização do mecanismo germinativo e impossibilitando que as sementes menos

vigorosas completem a emergência. A temperatura ótima está relacionada com as atividades das

enzimas que participam dos diversos processos metabólicos que ocorrem durante a germinação ecujas ações somente se tornam eficientes em temperaturas específicas. Há espécies cujas sementes

somente germinam em regime de alternância de temperatura, como a grama-seda (Cynodon

dactylon). Sementes desta espécie dificilmente germinam totalmente no escuro, em regime de

temperatura constante entre 25 e 30 °C; entretanto, passam a germinar rapidamente se ocorrer 

alternância de temperaturas alta e baixa. Em algumas espécies tem-se observado, também, uma

interdependência entre temperatura e outros fatores externos. Como exemplo desta

interdependência podem-se citar as espécies do gênero Amaranthus, em que a luz pode promover a

germinação mesmo em temperaturas desfavoráveis.A germinação, por se tratar de um processo que ocorre em células vivas, necessita de

energia, obtida por meio do processo de oxidação na presença do oxigênio, isto é, respiração. A

respiração envolve trocas de gases, razão por que a germinação das sementes é influenciada pela

composição do ar atmosférico que as envolve. Em condições normais, as sementes germinam em

atmosferas com 20% de O2 e 0,03% de CO2. O efeito do CO2 é normalmente contrário ao do O2,

 pois sementes de muitas espécies não conseguem germinar quando a concentração de CO2 é muito

elevada. Através de concentrações elevadas de CO2 consegue-se evitar a germinação e auxiliar na

conservação de sementes. Todavia, esta prática não é utilizada para conservação de sementes,

 porque uma atmosfera rica em nitrogênio parece ser mais econômica e eficiente. As necessidades e

quantidades de 02 para germinação são influenciadas por outros fatores, como: a) altas

temperaturas, que aumentam a necessidade de oxigênio pelo embrião, devido à maior atividade

metabólica; e b) fatores do solo, como porosidade, profundidade de semeadura, porcentagem de

matéria orgânica, atividade microbiana e teor de umidade. Além destes, a fase gasosa do solo

apresenta uma série de substâncias voláteis que são produzidas pelas plantas, podendo, em alguns

casos, ser inibidoras ou promotoras da germinação.

Existem espécies de plantas daninhas que somente germinam no escuro, outras em luz

contínua, outras necessitam de breve iluminação e outras são indiferentes; esse fenômeno ésemelhante ao fotoperiodismo observado para o florescimento. A necessidade de luz pode variar 

também em função do armazenamento. Em algumas espécies a necessidade de luz ocorre somente

após a colheita e em outras por um longo período (por um ano ou mais). É importante salientar que

a sensibilidade das sementes à luz é maior quando a semente está embebida. O período de

exposição pode ser curto, como em sementes de alface (alta percentagem de germinação em

exposição por um a dois minutos), ou muito curto, apenas flash de 0,001 segundo (sementes de

fumo), ou, ainda, longo e de forma cíclica. Neste caso, as reações envolvem o fitocromo.

O processo de germinação inicia-se, portanto, com uma rápida absorção de água pelos biocolóides, ocorrendo a embebição de todos os tecidos da semente e uma expansão do tegumento

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envolvente; ao mesmo tempo, o embrião passa a sintetizar e liberar giberelinas que se movem

através do endosperma, havendo formação de α-amilase e outras enzimas. Esta fase da embebição

coincide com o aumento da atividade metabólica, primeiramente na região da radícula do embrião,

que é observada pelo aumento da respiração, que envolve a oxidação da matéria orgânica da

semente com formação de ATP e substâncias intermediárias necessárias ao processo anabólico dagerminação. Isso ocorre porque durante o processo da embebição a enzima β-amilase, presente na

semente seca, é reativada e a enzima β-amilase é sintetizada de novo por estímulo hormonal

(giberelinas) às expensas de aminoácidos originados de proteínas hidrolisadas e com a energia

oriunda das atividades das fosforilases, da glicólise e da respiração.

Em cereais, verifica-se inicialmente a ativação do m-RNA preexistente, acompanhada pelo

aumento da síntese protéica no embrião. Aumenta-se, também, o número de ribossomos+RNA que

incorporam os aminoácidos às proteínas, incrementando-se a respiração e o alongamento celular.

 Nas primeiras 12 a 16 horas após o início da embebição, observa-se aumento nas sínteses de DNA eRNA, iniciando-se o crescimento celular e a mitose; e, nas primeiras 24 horas iniciais, ocorrem a

divisão e o alongamento celular, os quais dependem do uso de aminoácidos, lipídeos e carboidratos

solúveis armazenados no embrião. Durante esta fase o ácido giberélico (giberelinas) estimula a

ativação e, ou, síntese das amilases, que elevam a produção de glucose, frutose e maltose, as quais

são essenciais para o desenvolvimento do embrião.

Em conseqüência do aumento das atividades de diversas enzimas durante o processo de

embebição, ocorrem o metabolismo e a mobilização das reservas das sementes. O amido, pela ação

das enzimas amilases, é transformado em açúcares redutores e sacarose; os lipídeos, pela ação das

lipases, são transformados em ácidos graxos (em oleaginosas, as gorduras são convertidas em

sacarose pelo ciclo do glioxilato, através da ação de duas enzimas: isocitrase e sintetase do malato);

as proteínas, pela ação das enzimas proteolíticas, são transformadas em aminoácidos; e a fitina, por 

ação das fitases, é transformada em inositol e fósforo inorgânico.

Outro aspecto relacionado com a semente é a quiescência, que é o repouso metabólico da

semente devido a condições externas desfavoráveis; a quiescência é confundida, por alguns autores,

com a dormência. Um grande volume de sementes de plantas daninhas encontra-se, no solo, em

estado da quiescência. O simples revolvimento do solo, a drenagem de áreas encharcadas e as

irrigações de solos secos podem estimular a germinação dessas sementes.Uma outra razão é dormência, que é devida a condições intrínsecas inerentes à própria

semente, podendo ser física, mecânica ou fisiológica. No caso da dormência, a semente não

germina, mesmo que as condições ambientes sejam favoráveis. Neste caso, as sementes, para

germinarem, necessitam que a dormência seja superada de alguma forma. Propinigis (1974) cita

como exemplo marcante a dormência das plantas daninhas comparada à das plantas cultivadas, nas

quais o melhoramento genético reduziu ou mesmo suprimiu tal atributo. É o caso das aveias

silvestre e cultivada, que são plantas muito semelhantes e apresentam ciclos vegetativos

  praticamente iguais, porém a cultivada já não consegue viver sem ajuda do homem, enquanto asilvestre sobrevive por vários séculos sem a ajuda humana; pelo contrário, o homem sempre

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 procurou erradicá-la, mas sem sucesso. A aveia cultivada amadurece no verão e suas sementes, sem

dormência, germinam todas; e o inverno violento pode matar as plântulas. Já a aveia silvestre, por 

apresentar dormência, não germina de forma uniforme, sobrevivendo no solo por muito tempo,

sendo considerada uma espécie de planta daninha importante.

Dormência pode ser definida como qualquer estágio no ciclo da vida no qual o crescimentoativo é suspenso por um período de tempo. Segundo diversos autores, podem ser várias as causas da

dormência: embrião imaturo; tegumento da semente impermeável à água e, ou, ao oxigênio; e

 presença de algum inibidor fisiológico.

Os diversos tipos de dormência podem ser agrupados em:

a) “Dormência primária”, também chamada de dormência inata, endógena, inerente ou

natural; seria aquela que a semente adquire quando ainda está ligada à planta-mãe, durante o

 processo de maturação, e persiste por longo tempo após completada a maturação.

  b) “Dormência secundária”, também chamada de induzida; seria aquela que a sementeadquire devido ao ambiente desfavorável. No retorno ao ambiente favorável, a semente permanece

dormente (sementes com tegumento impermeável, por exemplo), requerendo condição especial para

quebra da dormência.

A dormência, nas várias formas, é um dos mais importantes mecanismos indiretos de

dispersão, sendo um meio necessário de sobrevivência entre as plantas daninhas. Através deste

mecanismo a espécie consegue sobreviver em estações desfavoráveis, aumentando a sua população

quando as condições retornam à sua normalidade. Como a dormência não é a mesma em todas as

sementes de uma planta, pode ocorrer germinação durante meses ou até anos, garantindo a

 perpetuação da espécie. O amplo conhecimento da dormência poderá, no futuro, contribuir para o

desenvolvimento de métodos mais eficientes de controle de plantas daninhas. Como exemplos de

espécies de plantas daninhas que apresentam mecanismos de dormência podem-se citar: a) erva-

formigueira (Chenopodium album): produz sementes com tegumentos normal e duro. Por esta

razão, mesmo sob intenso controle sempre haverá no solo sementes desta espécie. Acredita-se que

muitas outras espécies de plantas daninhas apresentam mecanismos semelhantes; b) língua-de-vaca

(Rumex cryspus): germina melhor na presença de luz; e c) quinquilho (Datura stramonium):

germina melhor no escuro. O leiteiro (Euphorbia heterophylla), por ser indiferente à luz, é capaz de

germinar até a profundidade de 25 cm no solo (VARGAS et al., 1998).O solo agrícola é um banco de sementes de plantas daninhas contendo entre 2.000 e 50.000

sementes/m2/10 cm de profundidade. Do total dessas sementes, em um dado período, apenas 2 a

5% germinam; as demais permanecem dormentes. Por isso, uma avaliação da composição florística

de uma área em uma única época do ano não representa o potencial de infestação desta área. Certas

espécies necessitam de condições especiais para germinarem. Isso pode ocorrer pela simples

movimentação do solo, que pode expor as sementes à luz (mesmo por frações de segundos),

 provocar mudança nos teores de umidade, na temperatura e na composição atmosférica do solo ou

até mesmo acelerar a liberação de compostos estimulantes da germinação, como os nitratos.

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A maior germinação foi observada (Quadro 1) no tratamento com (aração + enxada rotativa

+ ligeira compactação do solo), possivelmente pelo maior teor de umidade junto às sementes (maior 

contato entre as sementes e o solo). Isto pode ser observado facilmente em condições de campo,

onde no rastro da roda do trator observa-se cerca de 10% a mais de emergência de plantas daninhas.

Outro fator extremamente importante na germinação das sementes é a profundidade em que elasse encontram no solo. Espécies que produzem sementes grandes, como as dos gêneros Ipomoea e

Euphorbia, podem germinar até a profundidades superiores a 15 e 25 cm, respectivamente

(VARGAS et al., 1998); entretanto, espécies que produzem sementes pequenas, como Eleusine

indica, somente germinam quando estão até a profundidade de 1,0 cm, sem o revolvimento do solo.

Quadro 1 - Influência do tipo do preparo do solo na germinação de sementes de plantas daninhasTipo de Preparo do Solo No de Sementes Emergidas m-2

1. Uma Aração 1032. Uma Aração + Uma Gradagem 1343. Uma Aração + Enxada Rotativa 2064. Uma Aração + E. Rotativa + Compactação 3285. Sem Cultivo 80

As características físico-químicas do solo também influenciam a profundidade de

emergência das sementes; assim, em solos muito compactados, a emergência ocorre em menores

  profundidades, quando comparada com solos pouco compactados. Outro fator que influencia a

 profundidade de emergência é o sistema de cultivo, como é o caso de Brachiaria plantaginea, que

germina até a profundidade de 3,0 cm no plantio convencional e somente até 1,5 cm no sistema de plantio direto.

1.3 - Classificação das plantas daninhas

Em certos casos, a seletividade de alguns herbicidas baseia-se em diferenças morfológicas e

fisiológicas existentes entre as espécies de plantas daninhas e cultivadas. Por estes e outros motivos

é necessário conhecimento mais amplo das espécies de plantas daninhas, de suas formas dereprodução e ciclo de vida para se desenvolver um bom programa de manejo integrado.

As plantas que produzem sementes englobam as monocotiledôneas e dicotiledôneas, com

aproximadamente 170.000 espécies. Este grupo abrange quase todas as plantas consideradas

daninhas (cerca de 30.000 espécies). Destas, cerca de 1.800 são consideradas mais nocivas em razão

de suas características e seu comportamento, causando a cada ano grandes perdas na agricultura. O

Quadro 2 apresenta as 12 famílias mais importantes do mundo.

Quanto ao ciclo de vida, as plantas daninhas podem ser anuais, bianuais e perenes. As anuais

completam seu ciclo de vida (semente-semente) em um ano ou menos. Estas podem ser anuais de

inverno (que germinam no outono ou inverno, crescem na primavera e produzem frutos e morrem

em meio ao verão) e anuais de verão (que germinam na primavera, crescem no verão e

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madurecem e morrem no outono). Em certas regiões do Brasil, principalmente no sul, onde as

estações do ano são bem definidas, há nítida observância desses fatos. As plantas bianuais

vivem mais do que um, porém menos do que dois anos. Durante a primeira fase de crescimento, as

  plântulas se desenvolvem vegetativamente até o estágio de roseta; há necessidade de um período

frio para florescimento e frutificação, e depois ocorre maturação e morte, como no caso de cenourae alface silvestres.

Quadro 2 - Famílias de plantas daninhas e números de espécies mais importantes por família,

segundo Holm (1978)Famílias No Espécies % Total de Espécies DaninhasGramineae 44 37%Compositae 32 43%Cyperaceae 12Poligoniaceae 8

Amaranthaceae 7Cruciferae 7Leguminosae 6 68%Convolvulaceae 5Euphorbiaceae 5Chenopodiaceae 4Malvaceae 4Solanaceae 4

As plantas perenes são aquelas que vivem mais de dois anos e são caracterizadas pela

renovação do crescimento ano após ano a partir do mesmo sistema radicular. Estas podem ser classificadas em: a) perenes herbáceas simples - exemplo: dente-de-leão (Taraxacum officinale) ,

que se reproduzem por sementes e podem também reproduzir-se vegetativamente se injuriadas ou

cortadas; b) perenes herbáceas mais complexas, que se reproduzem por sementes e por mecanismos

vegetativos; exemplos: Cynodon dactylon, Cyperus rotundus, Imperata brasilensis, etc.; e c) perenes

lenhosas, que são plantas cujos caules têm crescimento secundário, com incremento anual;

exemplo: Senna obtusifolia.

Para facilitar a correta identificação da espécie, deve-se primeiramente saber se a planta é

mono ou dicotiledônea, se as pétalas estão ausentes ou presentes, livres ou unidas, a posição doovário (inferior ou superior), o número de estames ou pétalas, a simetria das pétalas, o tipo de fruto,

etc. Caso a planta esteja sem sementes, há uma lista enorme de características vegetativas que

levam às famílias.

1.3.1 - Características práticas para reconhecimento das principais famílias de

 plantas daninhas

Graminae - talo cilíndrico, com nós e entrenós; entrenós com talo oco; bainha normalmente

aberta; lígula normalmente presente. Exemplos: Digitaria sanguinalis, Eleusine indica, Echinocloacrusgalli, Echinocloa cruspavonis e Bracharia plantaginea.

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Compositae - Inflorescência em capítulo (flores muito pequenas e em dois tipos: tubulares e

ligulares); estames livres e anteras unidas; cálice transformado em papus, fruto em aquênio; etc.

Exemplos: Bidens pilosa, Acanthospermum australe, Ageratum conyzoides, Melampodium

 perfoliatum, Sonchus oleraceus e Xanthium cavanillesii.

Cyperaceae - talo triangular sem nós; bainha fechada sem lígula. Exemplos: Cyperusesculentus e Cyperus rotundus.

Polygonaceae - presença de serocina; nós dos talos inchados ou protuberantes; seiva ácida e

 penetrante. Exemplos: Rumex crispus - língua-de-vaca.Amaranthaceae - flores muito pequenas e de

cor verde; brácteas espinhosas; inflorescências condensadas. Exemplos: Amaranthus hybridus e

Amaranthus viridis.

Cruciferae - estames tetradínamos (quatro comprimidos para dentro e quatro curvados para

fora); o fruto é uma síliqua, dividido em dois lóculos. Exemplos: Brassica rapa, Raphanus

raphanistrum e Lepidium virginicum.Leguminosae - é subdividida em subfamílias:

Subfamília I - Mimosaceae - corola actinomorfa; estames quatro a infinito; folhas bipenadas

ou penadas. Exemplo: Mimosa e Acácia.

Subfamíla II - Cesalpinaceae - corola irregular com estandarte interno; estames 3-12

inseridos no cálice; em geral as folhas são penadas. Exemplos: Senna obtusifolia.

Subfamília III - Papilionaceae - corola com estandarte interno; estames 10, geralmente (9) +

1, inseridos na corola; folhas nunca bipenadas. Exemplos: Desmodium e Phaseolus.

Convolvulaceae - trepadoras com folhas alternadas e sem estípulas; corola em forma de

tubo; flores vistosas, hermafroditas e actinomorfas; cinco estames de tamanho desigual; estames

inseridos no fundo do tubo polínico; o fruto é uma capsula. Exemplos: Ipomoea sp., Convolvulus

arvensis e Cuscuta sp.

Chenopodiaceae - folhas de disposição alternadas, sem estípulas; flores muito pequenas e de

cor verde; talo estriado; planta com escamas. Exemplo: Chenopodium album.

Malvaceae - flores vistosas com cálice e corola pentâmeros, usualmente anuais, com seiva

mucilaginosa e talos fibrosos, com muitos estames em androceu tubular; o fruto muitas vezes é uma

cápsula ou um policoco. Exemplos: Sida spp.

Solanaceae - possuem cinco estames; anteras agrupadas ao redor do estilete; folhas e caules,muitas vezes, com odor forte e característico; folhas irregularmente recortadas; talos e folhas muitas

vezes com espinho. Exemplos: Solanum, Physalis e Datura.

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1.4 - Características de agressividade das plantas daninhas

As características das plantas daninhas verdadeiras fazem com que estas sejam maisagressivas em termos de desenvolvimento e ocupação rápida do solo; com isso, dominam as plantas

cultivadas, caso o homem não interfira, usando os métodos de controle disponíveis. Essas

características de agressividade são:

a) Elevada capacidade de produção de dissemínulos (sementes, bulbos, tubérculos,

rizomas, estolões, etc.). Exemplos: Amaranthus retroflexus com 117.400 sementes por planta;

Artemisia biennis: 107.500 sementes por planta; e Cyperus rotundus: apenas um tubérculo, em 60

dias, produz 126 tubérculos, e cada tubérculo possui cerca de dez gemas que, quando separadas,

cortadas, no momento do cultivo do solo, podem gerar mais dez plantas; além de tudo isso, esta

 planta produz centenas de sementes viáveis.

  b) Manutenção da viabilidade mesmo em condições desfavoráveis. Exemplo:

Convolvulus arvensis, cujas sementes permanecem viáveis mesmo após 54 meses, submersas em

água ou após passarem pelo aparelho digestivo do porco ou boi; e mantém alguma viabilidade após

 passarem pelo aparelho digestivo de ovinos e eqüinos e só perdem o poder germinativo passando

 pelo aparelho digestivo das aves.

c) Capacidade de germinar e emergir a grandes profundidades. Exemplos: Avena fatua

(aveia-brava) germina até a 17 cm; Ipomoea sp. (corda-de-viola), a 12 cm; e Euphorbia heterophylla

(amendoim-bravo), a 20 cm. Esta característica, muitas vezes, é a causa do insucesso dos herbicidasaplicados ao solo.

d) Grande desuniformidade no processo germinativo. Isso ocorre devido aos inúmeros e

complexos processos de dormência, sendo uma das estratégias de sobrevivência das plantas

daninhas.

e) Mecanismos alternativos de reprodução. Muitas plantas daninhas apresentam mais de

um mecanismo de reprodução. Exemplos: Sorghum halepense (capim-massambará): reproduz por 

sementes e rizomas; Cynodon dactylon (grama-seda): por sementes e estolões; e Cyperus rotundus

(tiririca), por sementes e tubérculos.f) Facilidade de distribuição dos propágulos a grandes distâncias. Isto ocorre pela ação

de água, vento, animais, homem, máquinas, etc. Há duas situações distintas: 1) Disseminação

auxócora (externa): Acanthospermum australe (carrapicho-de-carneiro) - adere à lã das ovelhas, e

este foi o motivo de sua introdução no Brasil pela importação de animais ou lã; Echinoclhoa

crusgali (capim-arroz) foi introduzido junto com as sementes importadas; e Bidens pilosa (picão-

  preto) é transportado a longas distâncias nos pêlos de animais ou roupas dos operadores de

máquinas, etc. 2) Disseminação zoócora (interna): as sementes ingeridas pelos animais passam pelo

intestino e, através das fezes, são distribuídas em outras áreas. Exemplos: Phoradendron rubrum(erva-de-passarinho), Momordica charantia (melão-de-são-caetano) e Paspalum notatum (grama-

 batatais).

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g) Rápido desenvolvimento e crescimento inicial. Muitas plantas daninhas crescem e se

desenvolvem mais rápido que muitas culturas. Na cultura da cebola, por exemplo, as plantas

daninhas germinam e crescem muito mais rápido, dominando facilmente a cultura, quando esta é

conduzida por semeadura direta. Em soja, Brachiaria plantaginea tem grande facilidade para

dominar a área quando o controle não é efetuado no momento oportuno.h) Grande longevidade dos dissemínulos. Observações com 107 espécies de plantas

daninhas, cujas sementes foram enterradas em cápsulas porosas, a 20-100 cm de profundidade,

mostraram que 71 delas estavam viáveis um ano após, 68 após 10 anos, 57 após 20 anos, 44 após 30

anos e 36 após 38 anos, nessas condições (KLINGMAN et al., 1982). Observações usando 14C

mostraram que a semente do lótus da índia pode ser viável por 1.040 anos, e a da ançarinha-branca,

 por 1.700 anos. Essa grande longevidade se deve a inúmeros e complexos processos de dormência.

2 - Competição entre plantas daninhas e culturas

Para germinar, crescer e reproduzir-se, completando seu ciclo de vida, toda planta necessita

de água, luz, temperatura, gás carbônico e oxigênio em quantidades adequadas. À medida que a

  planta se desenvolve, esses fatores do ambiente tornam-se limitados, podendo ser agravados pela

  presença de outras plantas no mesmo espaço, que também lutam pelos mesmos fatores de

crescimento, gerando, assim, uma relação de competição entre plantas vizinhas, seja da mesma

espécie ou de espécies diferentes. Decandole (1820) foi quem primeiro conceituou competição,

afirmando que todas as plantas de um determinado lugar estão em estado de guerra entre si. Daí em

diante vários outros conceitos foram emitidos. Para Weaver e Clements (1938), a competição seria a

luta que se inicia entre indivíduos quando uma planta está em um grupo de outras plantas, ou

quando esta é rodeada pelos seus descendentes, ou seja, envolve os aspectos da migração e

agregação, respectivamente. Já Odum (1969) afirma que competição significa uma luta por um

fator, e, em nível ecológico, a competição torna-se importante quando dois ou mais organismos

lutam por algo que não existe em quantidade suficiente para todos. Locatelly e Doll (1977) definemcompetição como a luta que se estabelece entre a cultura e as plantas daninhas por água, luz,

nutrientes e dióxido de carbono disponíveis em um determinado local e tempo; esses autores

salientam que, em razão de a competição envolver vários fatores diretos e indiretos, muitas vezes é

 preferível falar-se em interferência de uma comunidade de plantas, daninhas ou não, sobre outras.

Do exposto, depreende-se que, numa situação de competição, ambos os indivíduos são

  prejudicados. Contudo, nos ecossistemas agrícolas, as plantas daninhas sempre levam vantagem

competitiva sobre as plantas cultivadas, pois nos programas de melhoramento genético tem-se

  procurado desenvolver cultivares que, com pequeno porte e pouco crescimento vegetativo,apresentem grande acúmulo de material em sementes, frutos, tubérculos ou outras partes de

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interesse econômico; quase sempre esse acréscimo na produtividade econômica da espécie

cultivada é acompanhado por decréscimo no potencial competitivo (PITELLI, 1985). Outro aspecto

importante é a grande agressividade, ou seja, a grande capacidade de sobrevivência das plantas

daninhas. Estas se estabelecem rapidamente, diminuindo ou impedindo que as plantas cultivadas

tenham acesso aos fatores de crescimento, comprometendo, assim, a produtividade das culturas e aqualidade dos produtos colhidos.

2.1 - Fatores do ambiente passíveis de competição

A competição entre plantas é diferente daquela que ocorre entre animais. Devido à falta de

mobilidade dos vegetais, a competição entre plantas é de natureza aparentemente passiva, não sendo

visível no início do desenvolvimento das plantas. Sabe-se, entretanto, que as plantas cultivadas,

devido ao refinamento genético a que foram e ainda são submetidas, não apresentam, em sua

maioria, capacidade de competir vantajosamente com as plantas daninhas verdadeiras, caso não haja

interferência humana, fazendo o controle das plantas invasoras.

Em ecossistemas agrícolas, a cultura e as plantas daninhas desenvolvem-se juntas na mesma

área. Como ambas possuem suas demandas por água, luz, nutrientes e CO2 e, na maioria das vezes,

estes fatores de crescimento (ou pelo menos um deles) estão disponíveis em quantidade insuficiente,

até mesmo para o próprio desenvolvimento da cultura, estabelece-se a competição, a qual ocorre

  porque, nessas circunstâncias, qualquer planta daninha que se estabeleça na cultura vai usar parte

dos fatores de produção, já limitados no meio, reduzindo não somente a produtividade da cultura,mas também a qualidade do produto colhido. Radosevich et al. (1996) dividem os fatores do

ambiente que determinam o crescimento das plantas e influenciam a competição em “recursos” e

“condições”.

Recursos são os fatores consumíveis, como água, gás carbônico, nutrientes e luz. A resposta

das plantas aos recursos segue uma curva-padrão: é pequena se o recurso é limitado e é máxima

quando o ponto de saturação é atingido, podendo declinar se houver excesso do recurso (ex: toxidez

devido a excesso de Zn no solo). Para Santos et al. (2003), a superioridade das plantas daninhas na

competição por esses recursos, algumas vezes observada no em realação às culturas, pode ser devido à ocorrência de alta densidade dessas invasoras na área.

Condições são fatores não diretamente consumíveis, como pH do solo, densidade do solo,

etc., cuja dependência é muito grande, em razão da influência extrema que estes exercem sobre a

utilização dos recursos pelas plantas. A condição pode limitar a resposta da planta tanto pela

carência quanto pela abundância, até que um nível ideal seja alcançado. Todavia, a competição

somente se estabelece quando a intensidade de recrutamento de recursos do meio pelos

competidores suplanta a capacidade do meio em fornecer aqueles recursos, ou quando um dos

competidores impede o acesso por parte do outro competidor, como acontece, por exemplo, emcondições de sombreamento (PITELLI, 1985).

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A maioria dos estudos sobre competição entre plantas daninhas e culturas tem focalizado

somente a ocorrência e o impacto da competição na produção da cultura, sem examinar as

características das plantas e os mecanismos que estão associados à competitividade (Radosevich et

al., 1996). Contudo, trabalhos mais recentes têm apresentado algumas justificativas para a baixa

 produtividade observada para as culturas quando em competição com espécies de plantas daninhas:Bidens pilosa e Leonurus sibiricus, desenvolvendo-se juntamente com plantas de café em fase

inicial, podem reduzir o conteúdo relativo de N-P-K nos tecidos dessa cultura para 28-39-28% e 14-

29-21% do total, respectivamente (RONCHI et al., 2003). Para Procópio et al. (2005), a elevada

capacidade competitiva da espécie Desmodium tortuosum nas culturas da soja e do feijão pode ter 

como contribuição o maior acúmulo de nutrientes por essa planta daninha, principalmente o fósforo.

Shainsk e Radosevich (1992), citados por Radosevich (1996) sugeriram que o mecanismo de

competição por recursos deve ser demonstrado por depleção dos recursos associados à presença e

abundância de plantas vizinhas; mudanças morfológicas e fisiológicas nas respostas de crescimentoque estejam associadas com variações nos recursos; e correlações entre a presença de vizinhos, a

depleção nos recursos e as respostas de crescimento. Portanto, os mecanismos de competição

consistem tanto do efeito que as plantas exercem sobre os recursos quanto da resposta das plantas às

variações dos recursos (GOLDBERG, 1990, citado por RADOSEVICH et al., 1996). Embora a

maioria das definições atuais sobre competição englobe o critério de Goldberg, várias outras teorias

têm sido desenvolvidas para explicar a importância relativa dos componentes da competição e das

características das plantas que lhes conferem competitividade superior. Radosevich et al. (1996)

afirmam que duas dessas teorias (a de Grime e a de Tilman) têm recebido maior atenção do meio

científico; e é desses autores a descrição que se segue.

De acordo com Grime, a competição é a tendência de plantas vizinhas utilizarem os mesmos

recursos, e o sucesso na competição é fortemente determinado pela capacidade da planta em

capturar recursos. Assim, um bom competidor apresenta alta taxa de crescimento relativo, podendo

utilizar os recursos disponíveis rapidamente.

Para Tilman, sucesso competitivo é a habilidade para extrair recursos escassos e para tolerar 

essa escassez de recursos. Portanto, nessa teoria, um bom competidor poderia ser a espécie com

menor requerimento de recursos.

Apesar de os debates continuarem a respeito da validade e relevância dessas duas teorias,ambas ajudam a explicar como espécies de plantas competem por recursos limitados e como as

características das plantas influenciam sua habilidade competitiva. Com base nessas teorias, pode-se

concluir que determinadas plantas são boas competidoras por utilizarem um recurso rapidamente ou

 por serem capazes de continuar a crescer, mesmo com baixos níveis do recurso (RADOSEVICH et

al.,1996).

A base fisiológica que explica as vantagens que levam as plantas daninhas a ganhar a

competição é muito complexa, não estando, ainda, totalmente esclarecida. Na realidade, a

competição entre a planta daninha e a cultivada afeta ambas as partes, porém a espécie daninhaquase sempre supera a cultivada. Os fatores que determinam a maior competitividade das plantas

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daninhas sobre as culturas são o seu porte e sua arquitetura; a maior velocidade de germinação e

estabelecimento da plântula; a maior velocidade do crescimento e a maior extensão do sistema

radicular; a menor susceptibilidade das espécies daninhas às intempéries climáticas, como veranico

e geadas; o maior índice de área foliar; e a maior capacidade de produção e liberação de substâncias

químicas com propriedades alelopáticas.A competição entre plantas daninhas e culturas é um fator crítico para o desenvolvimento da

cultura quando a espécie daninha se estabelece junto ou primeiro que a cultura (RADOSEVICH,

1996). Todavia, se a cultura se estabelecer primeiro, em função da espécie cultivada, do seu vigor,

da velocidade de crescimento inicial e da densidade de plantio, ela poderá cobrir rapidamente o

solo, podendo excluir ou inibir significativamente o crescimento das plantas invasoras. No entanto,

se a população de plantas da cultura por área for baixa ou o estande desuniforme, as plantas

daninhas poderão vencer a competição pelos substratos ecológicos.

A competição pode ser intra-específica, ocorrendo entre indivíduos de uma mesma espécie,seja ela daninha ou não, e, também, interespecífica, envolvendo indivíduos de espécies diferentes.

Entretando, ocorre também a competição intraplanta ou endocompetição, em que cada órgão ou

 parte da planta luta pelo fotoassimilado produzido nas fontes.

Com base nos pontos descritos, várias generalizações podem ser inferidas sobre os aspectos

competitivos entre as culturas e as plantas daninhas:

a) A competição é mais séria quando a cultura está na fase jovem, isto é, nas primeiras

seis a oito semanas após sua emergência.

  b) As espécies daninhas de morfologia e desenvolvimento semelhantes ao da cultura,

comumente, são mais competitivas se comparadas com aquelas que apresentam desenvolvimento

diferente.

c) As espécies daninhas competem por água, luz, nutrientes e espaço, podendo, ainda,

liberar toxinas no solo, que podem inibir a germinação e, ou, desenvolvimento da cultura.

d) Uma infestação moderada de plantas daninhas em lavouras pode ser tão danosa

quanto uma infestação pesada, dependendo da época de seu estabelecimento, entre outros fatores.

As plantas daninhas apresentam certas características que lhes conferem grande capacidade

competitiva, como: germinação fácil em condições ecológicas variáveis; desenvolvimento e

crescimento rápido de uma grande superfície fotossintética mesmo, ainda, na fase plantular; grandenúmero de estômatos por área foliar; e sistema radicular muito desenvolvido, apresentando muitas

raízes fasciculadas nas camadas superficiais do solo e raízes principais com penetração profunda.

Cardenas (1972) salienta que a competição deve-se a condições específicas quanto ao

ambiente e ao solo, que são capazes de prover quantidades limitadas dos fatores essenciais ao

desenvolvimento das plantas. Com base nesse conceito, as características que fazem com que uma

espécie de planta seja altamente competitiva são as seguintes:

•  Ciclo de vida semelhante ao da cultura.

•  Desenvolvimento inicial rápido das raízes e, ou, parte aérea.•  Plasticidade fenotípica e populacional.

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•  Germinação desuniforme no tempo e no espaço (presença de dormência).

•  Produção e liberação no solo de substâncias alelopáticas.

•  Produção de um elevado número de propágulos por planta.

•  Adaptação às mais variadas condições ambientais.

Para que se faça o manejo adequado de plantas daninhas em uma cultura, o profissionalnecessita ter o conhecimento profundo da cultura e da vegetação daninha infestante da área a ser 

cultivada. O princípio básico da competição baseia-se no fato de que as primeiras plantas que

surgem no solo, pequenas ou grandes, tendem a excluir as demais, pois se estabelecem primeiro.

Desse modo, no manejo da cultura, as condições para que a cultura se estabeleça devem ser 

fornecidas antes do surgimento da vegetação daninha. Disso resulta a importância do preparo do

solo, da profundidade de plantio, da percentagem de germinação e vigor das sementes, do cultivar 

adequado para a região, da época correta de plantio, etc., que são métodos culturais de controle de

 plantas daninhas. Conhecendo tais fatores, torna-se fácil o manejo da cultura de modo que esta levevantagem sobre o complexo daninho, minimizando assim a competição ou até mesmo eliminando-a

com a ajuda de outros métodos de controle, como o método químico, mecânico ou biológico,

realizando, dessa forma, o chamado manejo integrado de plantas daninhas.

2.1.1 - Competição por água

As plantas daninhas são verdadeiras bombas extratoras de água do solo; por isso, é normal

em alguns agroecossistemas, especialmente nos trópicos, em dias quentes, as plantas da cultura

ficarem completamente murchas e as plantas daninhas túrgidas, sem qualquer sinal de déficithídrico. Normalmente, a competição por água leva a planta a competir ao mesmo tempo por luz e

nutrientes, especialmente nitrogênio e carbono. Vários fatores influenciam a capacidade competitiva

das espécies por água. Dentre esses fatores destacam-se a taxa de exploração de volume do solo

 pelo sistema radicular; as características fisiológicas das plantas, como capacidade de remoção de

água do solo, regulação estomática e capacidade das raízes de se ajustarem osmoticamente;

magnitude da condutividade hidráulica das raízes; etc. (RADOSEVICH et al., 1996).

Em trabalho realizado por Procópio et al. (2004b), ficou constatado que a planta daninha

Bidens pilosa é capaz de extrair água do solo em tensões três vezes maiores do que as alcançadas pela soja e pelo feijão (Fig. 2). A razão da elevada capacidade de sobrevivência de B. pilosa com

  pouca água no solo pode estar relacionada com o fato de que, na fase inicial de seu

desenvolvimento, esta espécie drena grande parte de fotoassimilados para a produção de raízes

(baixa relação parte aérea/raiz) as quais promovem, em fases posteriores de desenvolvimento, maior 

exploração do solo em busca de água (PROCÓPIO et al., 2002).

Certas espécies de plantas são capazes de usar menos água por unidade de matéria seca

 produzida que outras, ou seja, apresentam alta eficiência no uso da água (EUA = g de matéria seca

 produzida/g de H2O utilizada). É de se esperar, portanto, que essas plantas com baixo requerimentode água sejam mais produtivas durante o período de limitada disponibilidade de água que as plantas

com alto requerimento em água e, portanto, mais competitivas (RADOSEVICH et al.,1996).

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Todavia, algumas espécies de plantas daninhas podem apresentar diferentes valores de EUA ao

longo do ciclo, podendo competir melhor por este recurso em diferentes estádios fenológicos da

cultura. Alguns exemplos são apresentados no Quadro 3.

Outra maneira de se estimar o consumo de água pelas plantas é através da eficiência

transpiratória, que correlaciona a água transpirada com a biomassa seca produzida, chamada decoeficiente transpiratório (CT = volume água transpirado em mL/produção de biomassa seca, em

gramas). O coeficiente transpiratório das diferentes espécies de plantas varia de 25 a 700. O

abacaxi, por ser uma planta xerófila e apresentar uma rota fotossintética específica (CAM), tem um

coeficiente transpiratório extremamente baixo. A maioria das culturas (feijão, soja, algodão, trigo,

etc.) apresenta coeficiente transpiratório entre 500 e 700 (Quadro 4), pois são espécies que realizam

o metabolismo C3 (plantas ineficientes). Por outro lado, algumas culturas de gramíneas, como

milho, sorgo e cana-de-açúcar e grande número de espécies daninhas em nossas condições (Cyperus

rotundus, Cenchrus echinatus, Cynodon dactylon, Panicum maximun, Brachiaria plantaginea,Digitaria horizontalis, Amaranthus retroflexus, etc.), por realizarem o metabolismo C4, apresentam

um coeficiente transpiratório entre 150 e 350 (Quadro 4).

Figura 2 - Potencial hídrico no solo, cultivado com diferentes espécies vegetais, no ponto de murcha permanente

Quadro 3 – Valor máximo do uso eficiente da água (UEA) por diferentes espécies vegetaisValores antes do florescimento Valores após o florescimento

Espécie vegetal-------UEA – biomassa seca em g kg

-1de água fornecida-------

Phaseolus vulgaris 0,073 0,316Glycine max 0,168 2,088

 Euphorbia heterophylla 0,015 0,250 Bidens pilosa 0,017 1,367 Desmodium tortuosum 0,112 0,963

Fonte: Procópio et al. (2002).

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Essa diferença na eficiência do uso da água é um fator importante na agressividade da

espécie, porém o uso eficiente da água não é o único mecanismo utilizado para sobreviver à

competição por água. Pearcy et al. (1981, citados por Radosevich et al., 1996), observaram que a

diferença na eficiência de uso da água entre Chenopodium album (C3) e Amaranthus retroflexus

(C4) influenciou pouco a relação entre elas. Provavelmente a espécie C3 contornou a deficiênciahídrica pelo controle estomatal, já que sua EUA é baixa. Já A. retroflexus, mesmo crescendo com

outras espécies em condição imposta de estresse hídrico, não foi eliminado, com certeza devido à

sua alta EUA. Observam-se, nesse exemplo, dois mecanismos diferentes para sobreviver à

competição por água: habilidade para utilizar um recurso rapidamente (espécie C4) e habilidade

 para continuar a desenvolver-se mesmo com baixos níveis do recurso (planta C3).

Quadro 4 - Volume de água transpirada (em mL) para acúmulo de 1 g de biomasa seca, para

diferentes espécies de plantasEspécie vegetal Coeficiente transpiratório Fonte

 Amarantus hybridus* 152Glycine max 700Gossypium hirsutum 568Phaseolus vulgaris 700Panicum maximum* 267Oryza sativa 682

 Zea mays* 174Sorghum vulgare* 153

Blanco, 1977

 Brachiaria brizantha* 265 Silva et al., 2004 Eucalipto 282 Silva et al., 2004

* Espécies que realizam o mecanismo C4.

2.1.2 - Competição por luz

Para alguns autores, como Locatelly e Doll (1977), a competição pela luz não é tão

importante como a competição por água e por nutrientes, chegando inclusive a citar exceções, como

a de Sesbania exaltata, que compete vantajosamente por este fator de crescimento com a cultura do

arroz. Esses autores salientam que, uma vez que a cultura tenha formado sombreamento completo, a

competição das plantas daninhas pela luz deixa de existir. Para outros autores, o melhoramento

genético imposto às culturas possibilitou a seleção de plantas com elevada capacidade de utilizaçãoda luz, as quais, quando avaliadas isoladamente das plantas daninhas, apresentam maiores valores

 para o uso eficiente da radiação (UER). Santos et al. (2003) avaliaram o UER das culturas da soja e

do feijão e das espécies de plantas daninhas Euphorbia heterophylla, Bidens pilosa e Desmodium

tortuosum, verificando que as culturas foram capazes de produzir maior quantidade de biomassa por 

unidade de radiação captada. Os autores afirmam que, apesar de as plantas daninhas avaliadas

apresentarem menor eficiência na utilização da radiação fotossinteticamente ativa, a maior 

capacidade competitiva delas, observada em campo, pode ser devida à maior população e melhor 

utilização de outros recursos, como água e nutrientes.

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Sabe-se que a competição pela luz é complexa sendo sua magnitude influenciada pela

espécie, ou seja, se ela é umbrófila ou heliófila e, também, se a rota fotossintética que ela apresenta

é C3, C4 ou se realiza o mecanismo ácido das crassuláceas (CAM). As diferenças entre as rotas

fotossintéticas C3 (plantas ineficientes), C4 (plantas eficientes) e CAM estão nas reações

 bioquímicas que ocorrem na fase escura da fotossíntese.As plantas de rotas fotossintéticas do tipo C3 apresentam apenas o ciclo de Calvin e Benson,

responsável pela fixação do CO2, de modo que o primeiro produto estável da fotossíntese é um

composto de três carbonos (ácido 3-fosfoglicérico). A enzima responsável pela carboxilação

 primária do CO2 proveniente do ar é a ribulose 1-5 bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco), a

qual apresenta atividades de carboxilase e oxigenase. Esta enzima apresenta baixa afinidade pelo

CO2 e, por ser ambígua quanto ao substrato, catalisa a produção do ác. 3 fosfoglicérico e, também,

do glicolato, substrato inicial da respiração. Em conseqüência da ação desta enzima, as plantas C3 

fotorrespiram intensamente, apresentam baixa afinidade pelo CO2 e possuem elevado ponto decompensação para CO2, baixo ponto de saturação luminosa, baixa eficiência no uso da água e

menor taxa de produção de biomassa, quando comparadas com plantas de metabolismo do tipo C4 

(Quadro 5).

As plantas C4 possuem duas enzimas responsáveis pela fixação do CO2 . Estas plantas, além

do ciclo de Calvin e Benson, que ocorre em todas as plantas superiores, possuem ainda o ciclo de

Hatch e Slack. Essas plantas não apresentam fotorrespiração detectável, logo, não desassimilam o

CO2 fixado. A enzima primária de carboxilação é a PEP-carboxilase, localizada nas células do

mesófilo foliar, a qual carboxiliza o CO2 absorvido do ar via estômatos, no ácido fosfoenolpirúvico,

formando o ácido oxaloacético (AOA). Este AOA é convertido em malato ou aspartato,

dependendo da espécie vegetal, e, em seguida, por difusão, é transportado para as células da bainha

vascular das folhas, onde estes produtos são descarboxilados, liberando no meio o CO2 e o ácido

  pirúvico. Este CO2 liberado é novamente fixado, agora pela enzima ribulose 1,5 difosfato

carboxilase, ocorrendo o ciclo de Calvin e Benson; o ácido pirúvico, por difusão, retorna às células

do mesófilo, onde é fosforilado, consumindo 2 ATPs, regenerando a enzima PEP-carboxilase e

recomeçando o ciclo.

É muito comum imaginar que as espécies de metabolismo C4 são sempre mais eficientes que

as plantas C3; entretanto, isso só é verdade em determinadas condições. As plantas C4, por apresentarem dois sistemas carboxilativos, requerem maior energia para produção dos

fotoassimilados, pois precisam recuperar duas enzimas para realização da fotossíntese. É sabido que

a relação molécula de CO2 fixado/ATP/NADPH é de 1:3:2 para as plantas C3, sendo esta relação

 para as plantas C4 de 1:5:2. Este fato evidencia que as plantas C4 necessitam de mais energia para

 produção dos fotoassimilados. Como toda esta energia é proveniente da luz, se se reduzir o acesso à

luz, estas plantas passarão a perder a competição com as plantas C3. Todavia, a enzima responsável

  pela carboxilação primária nas plantas C4 (PEP-carboxilase) apresenta algumas características,

como: alta afinidade pelo CO2; atua especificamente como carboxilase; atividade ótima emtemperaturas mais elevadas; e não satura em alta intensidade luminosa. Em função destas e outras

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características (Quadro 5), quando plantas estão se desenvolvendo em condições de temperaturas

elevadas, alta luminosidade e até mesmo déficit hídrico temporário, as espécies C4 dominam

completamente as C3, chegando a acumular o dobro de biomassa por área foliar no mesmo espaço

de tempo. Isso acontece porque, nessas condições, a enzima carboxilativa das plantas C 3 encontra-

se saturada quanto à luz, e, em temperatura acima da ótima para a ribulose 1,5-bifosfatocarboxilase-oxigenase (25oC), esta passa a atuar mais como oxidativa, liberando CO2. Além disso,

é comum, nestas condições, os estômatos estarem parcialmente fechados (horas mais quentes do

dia). Este fato faz com que a concentração do CO2 no mesófilo foliar caia a níveis abaixo do

mínimo necessário para atuação desta enzima, levando a planta a atingir o ponto de compensação

rapidamente.

 No caso das plantas C4, mesmo que a concentração de CO2 no mesófilo foliar atinja níveis

muito baixos, ainda assim essas plantas continuam acumulando biomassa, porque a enzima

responsável pela carboxilação primária nestas plantas (PEP-carboxilase) apresenta alta afinidade  pelo CO2 (baixo Km) (Quadro 5). Isso é possível porque este grupo de plantas não apresenta

fotorrespiração detectável.

Como a maioria das culturas agronômicas das regiões tropicais e subtropicais (algodão,

arroz, cana-de-açúcar, feijão, milho, mandioca, soja, etc.) são cultivadas nos meses do ano que

coincidem com períodos de elevada intensidade luminosa e temperatura, torna-se evidente que

 plantas daninhas C4 serão aquelas que exercerão maior competição com as culturas. Considerando

todas as áreas do globo terrestre, estima-se que, entre as dez espécies de plantas daninhas mais

nocivas do mundo, oito são plantas C4 anuais ou perenes: Cyperus rotundus, Cynodon dactylon,

Sorghum halepense, Imperata cilindrica, Panicum maximum, Echinochloa colonum, Echinochloa

crusgalli e Eleusine indica.

Quadro 5 - Características diferenciais entre plantas com rotas fotossintéticas C3 e C4 Característica Fotossíntese C3 Fotossíntese C4 

01. FotorrespiraçãoPresente: 25 a 30 % do valor dafotossíntese

Presente: não mensurável pelométodo de troca de gases com oambiente

02. Primeiro produto estável Ácido 3-fosfoglicérico Ácido oxaloacético03. Ponto de compensação Alto: 50-150 ppm de CO

2Baixo: 0,0 a 10 ppm de CO

04. Anatomia foliar Ausência bainha vascular;quando presente, semcloroplastos

Presença de bainha vascular comcloroplastos; existem exceções.

05. Enzima primáriacarboxilativa

RuDP-carboxilase (Km ≅ 20μMde CO2)

PEP-carboxilase (Km ≅ 5μM de CO2)

06. Efeito do oxigênio (21%)sobre a fotossíntese.

Inibição Sem efeito

07. Relação CO2 : ATP:NADPH 1 : 3 : 2 1 : 5 : 208. Fotossíntese x intensidadeluminosa

Satura com 1/3 da luminosidademáxima

 Não satura com aumento daluminosidade.

09. Temperatura ótima para a

fotossíntese Próxima de 25

o

C Próxima de 35

o

C10. Taxa de fotossíntese líquidacom saturação de luz

15 a 35 mg CO2 dm-2 h-1 40 a 80 mg CO2 dm-2 h-1 

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Característica Fotossíntese C3 Fotossíntese C4 

11. Coeficiente transpiratório450 a 1.000 g H2O / g biomassaseca

150 a 350 g H2O / g biomassa seca

11. Conteúdo de N na folha paraatingir fotossíntese máxima

6,5 a 7,5 % da biomassa seca 3,0 a 4,5 % da biomassa seca

Fonte: Ferri (1985).

2.1.3 - Competição por CO2 

Com relação ao CO2, o aspecto competitivo não é comumente discutido e geralmente é

considerado não-significante. Todavia, considerando as diferentes rotas fotossintéticas apresentadas

  por espécies de plantas daninhas e culturas, a concentração de CO2 no mesófilo foliar necessária

 para que uma determinada espécie passe a acumular matéria seca é diferente. Como a eficiência na

captura de CO2 proveniente do ar é diferente entre plantas C3 e C4 (Quadro 5) e se sua concentração

  pode variar, por exemplo, dentro de uma população mista de plantas, ele pode ser limitante, principalmente, para as espécies de plantas C3.

Outro ponto a ser considerado é a “Interação Radicular Passiva”. Sob condições normais, a

atmosfera edáfica contém menos oxigênio e mais CO2 do que o ar acima do solo. Isso acontece

devido ao consumo do oxigênio pelos microrganismos do solo e em razão de sua renovação lenta,

em conseqüência da “tortuosidade” da matriz do solo, que oferece resistência à difusão e ao fluxo

de massa, que são os dois processos principais de renovação da atmosfera do solo. Determinadas

espécies de plantas são mais sensíveis ao excesso de CO2 e, ou, deficiência de oxigênio e, assim,

  podem levar desvantagem na competição com espécies mais tolerantes em tais situações; por exemplo, Molinia caerulea é mais tolerante a alta taxa de CO2 do que Erica tetralix, em condições

de solo encharcado.

2.1.4 - Competição por nutrientes

As plantas daninhas possuem grande capacidade de extrair do ambiente os elementos

essenciais ao seu crescimento e desenvolvimento e, em conseqüência disso, exercem forte

competição com as culturas pelos nutrientes essenciais, os quais quase sempre estão em quantidades

inferiores às necessidades das culturas em nossos solos.

Devido à grande variação em termos de recrutamento dos recursos minerais do solo

apresentada pelas diferentes espécies de plantas daninhas, a competição por nutrientes depende, em

alto grau, da quantidade e das espécies presentes. Por exemplo, Richardia brasiliensis acumula 10

vezes menos N, 20 vezes menos P e cinco vezes menos K compara à soja (PEDRINHO JÚNIOR et

al., 2004). No entanto, a alta infestação dessa planta daninha em lavouras de soja implica maior 

remoção desse nutriente para a massa total da espécie infestante.

Quando se trata de analisar a capacidade de uma espécie de planta daninha em competir por 

nutrientes, deve-se considerar, com muito maior ênfase, a quantidade extraída do que os teores queela apresenta na matéria seca. Procópio et al. (2005) observaram que Desmodium toruosum é capaz

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de acumular até 2,4 vezes mais P por g de massa seca comparada à soja em mesma condição de

recursos. Além disso, os autores observaram que Bidens pilosa, em competição com o feijoeiro, é

capaz de formar três vezes mais matéria seca por unidade de P absorvida do solo, evidenciando

elevada eficiência na utilização desse nutriente.

Além da capacidade em extrair nutrientes do solo, outras espécies são competidoras tambémna utilização desse recurso. Bidens pilosa e Euphorbia heterophylla apresentam maior eficiência na

utilização do N absorvido no solo, comparadas à soja e ao feijão (PROCÓPIO et al., 2004a). Pode-

se afirmar que, em campo, o manejo inadequado de nutrientes, com adição de subdoses, poderá

favorecer espécies vegetais que utilizam mais eficientemente esse recurso.

Em lavoura de arroz de sequeiro, desenvolvida na presença da comunidade infestante, Pitelli

(1985), estudando a distribuição dos nutrientes extraídos pelas plantas daninhas e pela cultura, por 

ocasião do florescimento da cultura, observou que a matéria seca acumulada foi equivalente para a

cultura e as plantas daninhas. Cerca de 80% do cálcio foi imobilizado pelas plantas daninhas, e docontrário ocorreu com o manganês (85% imobilizado pela cultura). Isso demonstra que, além do

acúmulo de matéria seca, a competição depende do nutriente. Os acúmulos de cálcio e manganês no

arroz foram reduzidos em 40 e 28%, respectivamente, pela interferência imposta pela comunidade

infestante.

Ronchi et al. (2003), avaliando os períodos de convivência e acúmulo de nutrientes de

diferentes plantas daninhas e o cafeeiro, verificaram que as espécies infestantes, mesmo em baixas

densidades, acarretaram decréscimos consideráveis no conteúdo relativo de nutrientes de plantas de

café, sendo C. diffusa a planta daninha que causou a maior diminuição no conteúdo relativo de

nutrientes no cafeeiro (Quadro 6). Para os autores, o grau de interferência varia consideravelmente

com a espécie e com a densidade das plantas daninhas.

Quadro 6 - Conteúdo relativo* de nutrientes na parte aérea de plantas de café cultivadas em vasos

(12 L de substrato), competindo com uma espécie/planta por vasoConteúdo relativo* de nutrientesEspécie Vegetal PTC*

*   N P K Ca Mg S Cu Zn B Mn Fe Na Bidens pilosa 77 59 72 67 67 74 97 106 66 76 59 54 69Commelina diffusa 180 30 42 37 45 48 69 69 37 54 19 41 35

 Leunurus sibiricus 82 35 33 38 36 40 41 66 37 41 30 57 39 Nicandra physaloides 68 37 62 68 72 76 86 114 69 101 50 107 68 Richardia brasiliensis 148 49 61 57 53 50 67 43 51 63 57 61 59Sida rhombifolia 133 97 83 105 90 88 98 93 77 138 102 80 106

*Relativo ao conteúdo verificado na testemunha (cafeeiro sem competição).

** Período total de convivência da planta daninha com a muda de café no vaso

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3 - Alelopatia

As plantas superiores desenvolveram notável capacidade de sintetizar, acumular e secretar 

uma grande variedade de metabólitos secundários, denominados aleloquímicos, que não parecem

relacionados diretamente com nenhuma função do metabolismo primário, mas provavelmente estão

associados com mecanismos ou estratégias químicas de adaptação às condições ambientais. Os

aleloquímicos, quando lançados no ambiente, promovem uma interação bioquímica entre plantas,

incluindo microrganismos. Os efeitos podem ser deletérios ou benéficos sobre outra planta, sobre a

 própria planta ou microrganismos ou vice-versa. Assim, os compostos secundários que, lançados ao

ambiente, afetam o crescimento, o estado sanitário, o comportamento ou a biologia da população de

organismos de outra espécie são de interesse da alelopatia. Existe ainda a auto-alelopatia, ou seja,

metabólitos secundários podem inibir a própria planta que os produziu, após serem transferidos para

o ambiente (RICE, 1984).

A primeira demonstração científica de auto-alelopatia foi feita em feijão-miúdo (Vigna

unguiculata), quando cultivado sucessivamente na mesma área. Em fruteiras (pessegueiros,

macieiras e citros) também ocorre a auto-inibição do desenvolvimento em plantios na mesma área,

após muitos anos de cultivo da mesma espécie no solo.

As plantas são hábeis em produzir aleloquímicos em todos os seus órgãos, (folhas, caules,

raízes, flores, frutos e sementes). A quantidade dos compostos produzidos e a composição destes

dependem da espécie e das condições ambientais. Essas substâncias alelopáticas são liberadas dos

tecidos da planta para o ambiente de diferentes formas, através de volatilização, exsudação

radicular, lixiviação e decomposição dos resíduos da planta.

A maioria dos aleloquímicos voláteis são compostos terpenóides, principalmente

monoterpenos e sesquiterpenos (RICE, 1984).

Uma vez volatilizados, os aleloquímicos podem ser absorvidos diretamente pela cutícula das

 plantas vizinhas, por meio dos próprios vapores, ou condensados no orvalho, ou ainda alcançar osolo, onde são absorvidos pelas raízes (ALMEIDA, 1988).

As plantas podem exsudar naturalmente uma série de compostos orgânicos, em raízes

intactas, geralmente da ordem de 0,1 a 0,4% do carbono fotossintetizado (ROVIRA, 1969).

Milhares de compostos secundários sintetizados por espécies vegetais estão isolados e

estimasse que outros milhares existam na natureza. Provavelmente, a maioria dos metabólitos

secundários liberados pelas plantas está envolvida em interações com outros organismos, como

outras plantas, insetos, fungos e herbívoros, ou seja, apresentam potencial para exercer alelopatia

em agroecossistemas, existindo forte relação de dependência entre a produção destes metabólitos e

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as condições de ambiente (EINHELLIG, 1996), o que dificulta a interpretação de resultados a

campo.

Uma variedade de compostos químicos pode ser carreada da parte aérea das plantas por 

meio de chuva, neblina e orvalho, entre estes os ácidos, açúcares, aminoácidos e as substâncias

 pécticas. Os aleloquímicos podem ser liberados das células vivas ou mortas também pela ação daágua. Os alcalóides, alguns terpenos e muitos compostos fenólicos podem ser lixiviados. A inibição

sobre o desenvolvimento de plantas de pimentão por extratos de eucalipto é um exemplo. O

eucalipto produz substâncias cuja presença é variável com as espécies, e sua persistência no solo

varia com as variações do ambiente.

As perdas da permeabilidade seletiva da membrana citoplasmática ocorrem pouco tempo

após a morte da planta. Assim, os aleloquímicos podem ser liberados através dos resíduos. Com a

liberação direta dos compostos pelos tecidos, microrganismos podem metabolizar polímeros

  presentes e produzir substâncias tóxicas. O fungo Penicillium urticae produz fitotoxina patulinadurante a decomposição dos resíduos do trigo, em sistema de plantio direto, que promove

toxicidade na cultura que o sucede (Almeida, 1988).

O mecanismo de ação dos aleloquímicos não está ainda bem esclarecido. Os principais

  processos vitais afetados, segundo Almeida (1988), são: assimilação de nutrientes, crescimento,

fotossíntese, respiração, síntese de proteínas, permeabilidade da membrana celular, atividade

enzimática, etc.

3.1 - Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas e plantas daninhas

A interferência que as plantas daninhas causam sobre as culturas é decorrente da competição

 pelos fatores comuns (água, nutrientes, luz, espaço físico, CO2, etc.) e dos efeitos das substâncias

alelopáticas que estas produzem. O capim-marmelada (Brachiaria plantaginea) afeta o

desenvolvimento da soja tanto no crescimento quanto na capacidade de nodulação (ALMEIDA,

1988). O desenvolvimento do tomateiro foi afetado por extratos de várias plantas daninhas, como

tiririca, capim-massambará, grama-seda, etc.

O efeito alelopático das culturas sobre plantas daninhas é menos comum, e essa deficiênciade defesa das plantas cultivadas é atribuída à seleção a que estas têm sido submetidas ao longo do

tempo, para outras características que não as de agressividade para com outras plantas. Por 

exemplo, ao melhorar o paladar e diminuir a toxicidade, foram eliminados genótipos possuidores de

substâncias alelopáticas, como taninos, alcalóides, etc.

Restos culturais de algumas culturas, como nabo forrageiro, colza, aveia e centeio,

apresentam razoável efeito alelopático, reduzindo a intensidade de infestação de algumas plantas

daninhas, como Brachiaria plantaginea, Cenchrus echinatus e Euphorbia heterophylla, na cultura

seguinte.

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3.2 - Alelopatia entre culturas

A possibilidade de se desenvolverem efeitos alelopáticos benéficos ou maléficos entreculturas tem interesse agronômico, especialmente no que diz respeito às técnicas de rotação e

consorciação. A colza, por exemplo, provoca redução do estande da cultura da soja plantada

imediatamente após a sua colheita, o que tem contribuído para que os agricultores do sul deixem de

cultivar colza. Segundo Barbosa (1996), exsudato radicular proveniente de plantas de sorgo reduziu

a área foliar de plantas de alface em 68,4%, quando cultivadas em casa de vegetação, usando

solução nutritiva circulante entre os vasos de sorgo e alface.

Quanto a possíveis efeitos alelopáticos do material incorporado ao solo, sabe-se que o

 processo de decomposição do material vegetal é variável com a qualidade dos tecidos, os tipos de

solo e as condições climáticas, podendo os resíduos de plantas de mesma espécie dar origem a

compostos diferentes, com efeitos biológicos e toxicidade diversos. Por isso, os efeitos alelopáticos

 provocados pela incorporação de resíduos vegetais no solo são muitos variáveis.

  Normalmente, o material fresco, como as adubações verdes, provoca efeitos alelopáticos

 pouco acentuados e por períodos curtos, inferiores a 25 dias. Em condições de baixas temperaturas,

os resíduos secos podem causar fitotoxicidade mais severa. Os efeitos alelopáticos são transitórios;

  por isso, a incorporação dos resíduos deve ser feita com certa antecedência da semeadura das

culturas.

3.3 - Alelopatia das coberturas mortas

 No plantio direto, a cobertura morta pode prevenir a germinação, reduzir o vigor vegetativo

e provocar amarelecimento e clorose das folhas, redução do perfilhamento e até morte de plantas

daninhas durante a fase inicial de desenvolvimento. Essa cobertura é essencial para o sucesso do

 plantio direto, hoje disseminado no Brasil por todos estados produtores de grãos. A cobertura morta

da cultura do inverno, normalmente cereais, forma-se no final desta estação ou início da primavera,quando começa a época chuvosa. A taxa de decomposição é alta e a liberação dos compostos

alelopáticos é, conseqüentemente, também rápida. Se a cultura de verão for implantada com algum

intervalo após a colheita desta cultura de inverno, possivelmente não ocorrerão problemas de

fitotoxicidade. Nas culturas de verão, os resíduos no solo são escassos e a temperatura e umidade no

solo são suficientes para manter a atividade microbiana alta, degradando os aleloquímicos.

Atualmente, várias pesquisas estão sendo conduzidas visando identificar os compostos

alelopáticos, a fim de avaliar suas atividades sobre as diferentes espécies de plantas daninhas. Estes

estudos irão contribuir de maneira decisiva para o manejo de plantas daninhas no sistema de plantio

direto, assim como poderá ser um ponto de partida para síntese de novos compostos com atividade

herbicida. Outros pesquisadores avaliam e colecionam germoplasmas de plantas alelopáticas,

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objetivando o melhoramento genético. No futuro, o controle biológico de plantas daninhas também

  poderá ser uma opção no manejo integrado, e, para o sucesso deste método, o conhecimento das

 propriedades alelopáticas das plantas será fundamental.

Em trabalho realizado por Erasmo et al. (2004), as espécies Mucuna aterrima, M. pruriens e

S. bicolor, utilizadas como cobertura vegetal, foram eficientes no controle das espécies daninhas D.horizontalis, H. lophanta e A. spinosus. Os autores constataram elevada concentração de taninos

condensados, esteróides livres e ogliconas esteróides, sendo a possível causa dos efeitos

alelopáticos. 

4 - Competição e período crítico de competição

De acordo com Pitelli (1985), os efeitos negativos observados no crescimento, no

desenvolvimento e na produtividade de uma cultura, devidos à presença de plantas daninhas, não

devem ser atribuídos exclusivamente à competição imposta por estas, mas resultante das pressões

ambientais de ação direta (competição, alelopatia, interferência na colheita e outras). A este efeito

global denominou-se “interferência”, referindo-se, portanto, ao conjunto de ações que recebe uma

determinada cultura em decorrência da presença da comunidade infestante num determinado local.

De maneira geral, pode-se dizer que, quanto maior for o período de convivência múltipla (cultura-

  plantas daninhas), maior será o grau de interferência. No entanto, isto não é totalmente válido,

  porque dependerá da época e do ciclo da cultura em que esse período ocorrer. O grau de

interferência entre plantas cultivadas e comunidades infestantes depende das manifestações de

fatores ligados à comunidade infestante (composição específica, densidade e distribuição), à própria

cultura (espécie ou variedade, espaçamento e densidade de plantio) e à época e extensão da

convivência, podendo ser alterado pelas condições de solo, clima e manejo. Essa idéia foi

originalmente apresentada por Bleasdale (1960) e mais tarde modificada por Blanco (1972), ambos

citados por Pitelli (1985), sendo o esquema apresentado na Figura 3.

O manejo de plantas daninhas altera a cronologia natural dos eventos, favorecendo autilização de recursos pela planta cultivada, gerando menor intensidade de interferência na

  produtividade econômica. Geralmente, quanto menor o período de convivência entre cultura e

 plantas daninhas, menor será o grau de interferência. Contudo, uma infestação moderada de plantas

daninhas poderá ser tão danosa à cultura quanto uma infestação pesada, dependendo da época de

seu estabelecimento, entre outros fatores. Esse fato justifica, portanto, o estudo da época ideal de

controle de plantas daninhas em cada cultura, visando o mínimo possível de redução na

 produtividade, mas sem prejudicar também o ambiente.

Pitelli e Durigan (1984) sugeriram terminologia para períodos de convivência de plantasdaninhas em culturas, os quais são descritos a seguir.

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“Período total de prevenção da interferência” (PTPI) é o período, a partir do plantio ou da

emergência, em que a cultura deve ser mantida livre da interferência de plantas daninhas, para que a

 produção não seja afetada quantitativa e, ou, qualitativamente. Na prática, este deve ser o período

que as capinas ou o poder residual dos herbicidas devem cobrir. É importante esclarecer o

significado deste período em termos de competição: as espécies daninhas que emergirem neste período, em determinada época do ciclo da cultura, terão atingido tal estádio de desenvolvimento

que promoverão uma interferência sobre a espécie cultivada, capaz de reduzir significativamente

sua produtividade econômica. Após esse período, a própria cultura, através, principalmente, do

sombreamento, impede o desenvolvimento das plantas daninhas. Desse modo, toda e qualquer 

 prática cultural que incremente o crescimento inicial da cultura pode contribuir para um decréscimo

no período total de prevenção da interferência, permitindo menos cultivos ou o uso de herbicidas de

menor poder residual.

Grau de

interferência     C    u     l     t    u    r    a

 É p o c a D u 

r a ç ã o 

E   s   p  é   c  i   e  s  

D  en si     d  a d  e

Período de con vi vência

  C  u   l   t   i

  v  a  r

     E    s    p    a    ç    a    m    e    n     t    o

D   e  n   s   i   d   

a   d   e  

Ambiente

   D   i  s   t  r   i   b  u

   i ç   ã  o

S o l  o 

ClimaM a n

 e j  o

 

Grau de

interferência     C    u     l     t    u    r    a

 

Grau de

interferência

 

Grau de

interferência     C    u     l     t    u    r    a

 É p o c a D u 

r a ç ã o 

E   s   p  é   c  i   e  s  

D  en si     d  a d  e

Período de con vi vência

  C  u   l   t   i

  v  a  r

     E    s    p    a    ç    a    m    e    n     t    o

D   e  n   s   i   d   

a   d   e  

Ambiente

   D   i  s   t  r   i   b  u

   i ç   ã  o

S o l  o 

ClimaM a n

 e j  o

 Figura 3 - Modelo esquemático dos fatores que influenciam o grau de interferência entre cultura e comunidades infestantes

Aquele espaço de tempo, após a semeadura ou o plantio, em que a cultura pode conviver 

com a comunidade de plantas daninhas antes que a interferência se instale de maneira definitiva ereduza significativamente a produtividade da lavoura é denominado “período anterior à

interferência” (PAI). O limite superior deste período indica a época em que a interferência

compromete irreversivelmente a produtividade econômica da cultura. A aplicação de certas práticas

culturais contribui para diminuição deste período. Por exemplo, a fertilização incrementa o

crescimento inicial da cultura e das plantas daninhas, permitindo que a competição por recursos

outros que não a adubação se instale de maneira mais rápida. Teoricamente, o final do período

anterior à interferência seria a época ideal para o primeiro controle da vegetação infestante, pois a

comunidade teria acumulado energia e matéria orgânica que retornariam ao solo, contribuindo para

o próprio desenvolvimento da cultura. No entanto, na prática este limite não pode ser considerado,

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 pois a cultura e, ou, as plantas daninhas podem ter atingido um estádio tal de desenvolvimento que

inviabilize o uso de práticas mecânicas ou o controle químico.

Do ponto de vista prático, a cultura deverá ser mantida livre das plantas daninhas no período

compreendido entre o final do PAI até o momento em que as plantas daninhas que vierem a emergir 

não mais irão interferir na produtividade da cultura. Este seria o “período crítico de prevenção dainterferência” (PCPI).

Em diversos trabalhos de pesquisa visando avaliar os efeitos da interferência de plantas

daninhas em culturas (Quadro 7), os períodos PTPI, PAI e PCPI, encontrados pelos diversos

autores, não são idênticos para as mesmas culturas. Isso é normal, porque as condições em que

foram conduzidas as pesquisas, os cultivares utilizados e as composições específicas das

comunidades infestantes foram diferentes.

Recentemente foi proposto o Período Anterior ao Dano no Rendimento Econômico

(PADRE), baseado na hipótese de que aspectos econômicos como o custo de controle e o valor monetário dos grãos devem ser utilizados como critério para determinar o período aceitável de

interferência das plantas daninhas antes de se decidir pelo seu controle (VIDAL et al., 2005).

Considerando a diversidade de fatores que influenciam o grau e os períodos de interferência

apresentados, torna-se extremamente importante a pesquisa nesta área, nas diferentes condições

envolvendo solo, clima, espécies daninhas e culturas, visando realizar com eficiência o manejo

integrado das plantas daninhas.

Quadro 7 - Períodos de convivência e de controle de plantas daninhas em diversas culturas anuais e

 bianuaisDias Após Semeadura ou Plantio

(d)CulturaPTPI PAI PCPI

Fonte

Algodão 66 d 08 d 08 - 66 d Salgado et al. (2002)80 d --- --- Souza et al. (1981)Alho100 d 20 d 20 –100 d Mascarenhas et al. (1980)

Girassol 30 d 21 d 21 – 30 d Brighenti et al. (2004)Cebola - 42 d - Soares et al. (2003)

40 d 30 d 30 - 40 d Alcântara et al. (1982)Arroz de sequeiro

60 d 45 d 45 - 60 dOliveira e Almeida(1982)

Cana-de-açúcar ( plantio de ano ) 90 d 30 d 30 - 90 dRolin e Cristofolleti(1982)

Cana-de-açúcar (plantio de ano e meio) 127 d 74 d 47 – 127 Kuva et al. (2003)Feijão 30 d 20 d 20 - 30 d Victoria Filho (1994)Café (após plantio das mudas no inverno) 88 d 15 d 15 – 88 d Dias et al. (2005)Café (após plantio das mudas no verão) 38 d 22 d 22 – 38 d Dias et al. (2005)Milho 42 14 14 - 42 d Ramos e Pitelli (1994)

30 d 21 d 21 - 30 d Spadotto et al. (1994)Soja30 d 20 d 20 - 30 d Martins (1994)

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5 - Métodos de controle de plantas daninhas

Os métodos de controle de plantas daninhas usados são os mais variados possíveis e,

atualmente, verifica-se grande evolução destes. Eles abrangem desde o arranque das plantas com as

mãos até o uso de sofisticados equipamentos de microondas para exterminar as sementes no solo. A

redução da interferência das plantas daninhas, considerando uma cultura, deve ser feita até um nível

no qual as perdas pela interferência sejam iguais ao incremento no custo do controle, ou seja, que

não interfiram na produção econômica da cultura.

5.1 - Controle preventivo

O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir a

introdução, o estabelecimento e, ou, a disseminação de determinadas espécies-problema em áreas

ainda por elas não infestadas. Estas áreas podem ser um país, um estado, um município ou uma

gleba de terra na propriedade.

Em níveis federal e estadual, há legislações que regulamentam a entrada de sementes no país

ou estado e sua comercialização interna. Nestas legislações encontram-se os limites toleráveis decada semente de planta daninha e também a lista de sementes proibidas por cultura ou grupo de

culturas.

Em nível local, o controle é de responsabilidade de cada agricultor ou cooperativas, visando

 prevenir a entrada e disseminação de uma ou mais plantas daninhas, que poderão se transformar em

sérios problemas para a região. Em síntese, o elemento humano é a chave do controle preventivo.

As medidas que podem evitar a introdução onde a espécie ainda não ocorre são: utilizar 

sementes de elevada pureza; limpar cuidadosamente máquinas, grades e colheitadeiras; inspecionar 

cuidadosamente mudas adquiridas com torrão e também toda a matéria orgânica (esterco ecomposto) proveniente de outras áreas; limpeza de canais de irrigação; quarentena de animais

introduzidos; etc.

A falta desses cuidados tem causado ampla disseminação das mais diversas espécies. Como

exemplo, tem-se a tiririca (Cyperus rotundus), que possui sementes muito pequenas e tubérculos

que infestam novas áreas com grande facilidade, por meio de estercos, mudas com torrão, etc., o

 picão-preto (Bidens pilosa) e o capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), além de outras espécies, se

espalham por novas áreas por meio de roupas e sapatos dos operadores, pêlos de animais, etc. Já o

capim-arroz (Echinochloa sp.) e o arroz-vermelho (Oryza sativa) são distribuídos junto com assementes de arroz.

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5.2 - Controle cultural

O controle cultural consiste no uso de práticas comuns ao bom manejo da água e do solo,como rotação de cultura, variação do espaçamento da cultura, uso de coberturas verdes, etc. Essas

 práticas contribuem para impedir o aumento exagerado de determinadas plantas daninhas. Consiste,

então, em usar as próprias características ecológicas das culturas e plantas daninhas, visando

 beneficiar o estabelecimento e desenvolvimento das culturas.

Rotação de culturas: cada cultura agrícola geralmente é infestada por espécies daninhas que

  possuem exigências semelhantes às da cultura ou apresentam os mesmos hábitos de crescimento;

exemplos: capim-arroz (Echinoclhoa sp.), em lavouras de arroz; apaga-fogo (Alternanthera tenella),

em lavouras de milho; mostarda, em lavouras de trigo; e caruru-rasteiro (Amarantus deflexus), em

cana-de-açúcar. Quando são aplicadas as mesmas técnicas culturais seguidamente, ano após ano, no

mesmo solo, a interferência destas plantas daninhas aumenta muito. Quando o principal objetivo é o

controle de plantas daninhas, a escolha da cultura em rotação deve recair sobre plantas com habito

de crescimento e características culturais bem contrastantes.

Variação do espaçamento: a variação do espaçamento entre linhas ou da densidade de

 plantas na linha pode contribuir para a redução da interferência das plantas daninhas sobre a cultura,

dependendo da arquitetura das plantas cultivadas e das espécies infestantes. A redução entre linhas

geralmente proporciona vantagem competitiva à maioria das culturas sobre as plantas daninhas

sensíveis ao sombreamento.Coberturas verdes: as coberturas verdes são culturas geralmente muito competitivas com as

 plantas daninhas. Tremoço, ervilhaca, azevém anual, nabo, aveia e centeio são usadas na região Sul

do Brasil. Nas regiões subtropicais predominam mucuna-preta, crotalárias, guandu, feijão-de-porco

e lablabe. O principal efeito é a melhoria das condições físico-químicas do solo; entretanto, estas

 plantas possuem também poder inibitório sobre outras e podem reduzir as infestações de algumas

daninhas após serem incorporadas ao solo.

5.3 - Controle mecânico ou físico

São métodos mecânicos de controle de plantas daninhas o arranque manual, a capina

manual, a roçada, a inundação, a queima, a cobertura morta e o cultivo mecanizado.

O arranque manual, ou monda, é o método mais antigo de controle de plantas daninhas.

Ainda hoje é usado para o controle em hortas caseiras, jardins e na remoção de plantas daninhas

entre as plantas das culturas em linha, quando o principal método de controle é o uso de enxada.

A capina manual feita com enxada é muito eficaz e ainda muito utilizada na nossa

agricultura, principalmente em regiões montanhosas, onde há agricultura de subsistência, e para

muitas famílias, esta é a única fonte de trabalho. Contudo, numa agricultura mais intensiva, em

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áreas maiores, o alto custo da mão-de-obra e a dificuldade de encontrar operários no momento

necessário e na quantidade desejada fazem com que este método seja apenas complementar a outros

métodos, devendo ser realizado quando as plantas daninhas estiverem ainda jovens e o solo não

estiver muito úmido.

Em pomares e cafezais, a roçada manual ou mecânica é um método muito importante paracontrolar plantas daninhas, principalmente em terrenos declivosos, onde o controle da erosão é

fundamental. O espaço das entrelinhas é mantido roçado e, por meio de outros métodos de controle,

a fileira de plantas, em nível, é mantida no limpo. Também em terrenos baldios, beiras de estradas e

 pastagens a roçada é um método de controle de plantas daninhas dos mais importantes.

Em solos planos e nivelados, a inundação é um efetivo método de controle de plantas

daninhas, como nos tabuleiros de arroz. Espécies perenes de difícil controle, como tiririca (Cyperus

rotundus), grama-seda (Cynodon dactylon), capim-kikuio (Penisetum clandestinum)), além de

muitas plantas daninhas anuais, são totalmente erradicadas sob inundação prolongada, apenas nãoapresentando efeito sobre as plantas daninhas que se desenvolvem em solos encharcados, como o

capim-arroz (Echinochloa sp.), bem como sobre as plantas aquáticas. A inundação mata as plantas

sensíveis, em virtude da suspensão do fornecimento de oxigênio para suas raízes. Os fatores

limitantes deste método, na maioria dos casos, são o custo do nivelamento do solo e a grande

quantidade de água necessária para sua implantação.

A cobertura do solo com restos vegetais em camada espessa ou com lâmina de polietileno é

um meio físico-mecânico de controle das plantas daninhas. É restrito a pequenas áreas de hortaliças.

 No plantio direto, a cobertura do solo com restos vegetais da cultura anterior é de grande utilidade.

Este sistema de plantio é usado em extensas áreas de plantio de soja, milho e trigo. A cobertura

  provoca menor amplitude nas variações e no grau de umidade e da temperatura da superfície do

solo, estimulando a germinação das sementes das plantas daninhas da camada superficial de solo,

que são posteriormente mortas devido à impossibilidade de emergência. A cobertura morta ainda

  pode apresentar efeitos alelopáticos úteis no controle de certas espécies daninhas, além de outros

efeitos importantes sobre as culturas implantadas na área.

Outra técnica utilizada para o controle de plantas daninhas é a solarização. Esta deve ser 

feita antes do plantio, utilizando filme de polietileno sobre a superfície do solo. Provoca aumento de

temperatura e, em solo úmido, as sementes das plantas daninhas germinam e morrem em seguida,devido à temperatura excessivamente alta principalmente até 5 cm de profundidade.

Quanto à queima das plantas daninhas com lança-chamas, esta técnica é de uso limitado no

Brasil, em razão do custo do combustível. Todavia, já foi utilizada em algodão, através de

adaptação de queimadores especiais em cultivadores tratorizados, para uso dirigido nesta cultura.

O cultivo mecanizado, feito por cultivadores tracionados por animais ou tratores, é de larga

aceitação na agricultura brasileira, sendo um dos principais métodos de controle de plantas daninhas

em propriedades com menores áreas plantadas. As principais limitações deste método são: a)

dificuldade de controle de plantas daninhas na linha da cultura; e b) baixa eficiência: quandorealizado em condições de chuva (solo molhado), é ineficiente para controlar plantas daninhas que

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se reproduzem por partes vegetativas. No entanto, todas as espécies anuais, quando jovens (2-4

 pares de folhas), são facilmente controladas em condições de calor e solo seco. O cultivo quebra a

relação íntima que existe entre raiz e solo, suspende a absorção de água e expõe a raiz às condições

ambientais desfavoráveis. Dependendo do tamanho relativo das plantas cultivadas e daninhas, o

deslocamento do solo sobre a linha, através de enxadas cultivadoras especiais, pode causar oenterrio das pequenas plântulas e, com isso, promover o controle das plantas daninhas na linha.

5.4 - Controle biológico

O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais (fungos, bactérias, vírus, insetos,

aves, peixes, etc.) capazes de reduzir a população das plantas daninhas, reduzindo sua capacidade

de competir. Isso é mantido por meio do equilíbrio populacional entre o inimigo natural e a planta

hospedeira. Deve também ser considerada como controle biológico a inibição alelopática de plantas

daninhas exercida por outras plantas, daninhas ou não (este assunto já foi discutido em módulo à

 parte). No Brasil, o controle biológico de plantas daninhas com inimigos naturais não tem sido, até

o momento, praticado com fins econômicos. Para que este tipo de controle seja eficiente, o parasita

deve ser altamente específico, ou seja, uma vez eliminado o hospedeiro, ele não deve parasitar 

outras espécies. De modo geral, a eficiência do controle biológico é duvidosa quando ele é usado

isoladamente, porque pode controlar uma espécie e uma outra ser favorecida, o que é uma tendência

normal em condições de campo.

O controle biológico de plantas daninhas é muito complexo e seu estudo dever ser feito emetapas sucessivas, desde a pesquisa até a prática do controle biológico:

a) Seleção de espécies de plantas daninhas a serem controladas.

  b) Seleção de inimigos naturais mais eficientes.

c) Estudo e avaliação da ecologia dos vários inimigos naturais.

d) Determinação da especificidade dos hospedeiros.

e) Acompanhamento da introdução e do estabelecimento do agente biocontrolador no

campo.

f) Avaliação da efetividade em diferentes épocas do ano, a fim de correlacionar osníveis de infecção com a redução da densidade populacional do hospedeiro.

Entre os diversos exemplos de controle biológico no mundo, podem-se citar: na Austrália, o

controle do cactus ou figo-da-índia (Opuntia spp.) com as larvas do inseto Cactoblastis cactorum; e,

no Havaí, o cambará-de-espinho (Lantana camara) foi controlado pelos insetos Agromisa lantanae e

Crocidosema lantanae.

 Nos Estados Unidos, o fungo Coletotrichum gloeosporeoides pode ser usado para controlar 

o angiquinho (Aeschynomene virginica) em soja e milho; o herbicida natural é registrado como

Collego. E, nos pomares de citros, para controlar Morrenia odorata, foi já usado o fungoPhythophthora palmivora, com o nome de Devine.

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Módulo 3.1 - Biologia e métodos de controle40

  No Brasil, isolados de Fusarium graminearum vêm sendo estudados como agente de

controle biológico de Egeria densa e de Egeria najas, plantas aquáticas submersas que causam

 problemas em reservatórios de hidrelétricas. Já se sabe que o fotoperíodo influencia a eficiência de

controle das espécies de plantas daninhas pelo fungo, e temperaturas acima de 30 oC têm

 proporcionado melhor controle de Egeria (BORGES NETO et al., 2005).O uso de tilápias, carpas e outros peixes herbívoros é possível para controle de outras

 plantas aquáticas. Miyazaki e Pitelli (2003) verificaram controle de até 100% das espécies aquáticas

Egeria densa, Egeria najas e Ceratophyllum demersum pelo pacu (Piaractus mesopotamicus).

A eficiência do controle biológico é duvidosa, quando se pensa em seu uso como o único

método de controle. Isso porque o parasita deve ser altamente específico, não podendo parasitar 

outras espécies; quando se controla uma espécie de planta daninha, sempre uma outra é favorecida,

indicando a necessidade de uso de outro método de controle. O controle biológico é eficiente, então,

quando associado a outros métodos de controle e será recomendado para espécies de plantasdaninhas de controle comprovadamente difícil por métodos mecânicos e, ou, químico.

5.5 - Controle químico

As pesquisas visando o controle químico de plantas daninhas foram iniciadas entre 1897 e

1900, quando Bonnet (França), Shultz (Alemanha) e Bolley (EUA) evidenciaram ação dos sais de

cobre sobre algumas folhas largas. Em 1908, o sulfato ferroso foi avaliado por Bolley, nos Estados

Unidos, para controle de folhas largas na cultura do trigo.Somente em 1942, Zimmerman e Hitchock, nos EUA, descobriram o 2,4-D. Este herbicida é

a base de muitos outros produtos sintetizados em laboratório (2,4-DB; 2,4,5-T, etc.) e marcou o

início do controle químico de plantas daninhas em escala comercial.

A partir de 1950, novos grupos químicos de herbicidas surgiram: Amidas (1952),

Carbamatos (1951), Triazinas simétricas (1956), etc.

Devido ao grande desenvolvimento da área de controle químico de plantas daninhas, em

1956, nos Estados Unidos, foi criada a Weed Science Society of América - WSSA, e, em 1963, no

Brasil, foi fundada a Sociedade Brasileira de Herbicidas e Plantas Daninhas (SBHPD), hojeSociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD), que se reúne de dois em dois anos

em congresso nacional, para discutir os avanços da área de plantas daninhas e seu controle. Ainda,

no Brasil, ocorrem reuniões anuais de pesquisadores de herbicidas no cerrado (REPEC), e os

trabalhos científicos sobre o assunto são publicados em revistas especializadas da SBCPD (Planta

Daninha e Revista Barsileira de Herbicidas).

O objetivo das pesquisas em nível mundial é obter herbicidas mais eficazes com doses

menores, mais seguro para o homem e para o ambiente. Também são áreas de interesse, entre

outras, o controle biológico, a alelopatia, bem como a tecnologia de aplicação de herbicidas, quetem evoluído muito nos últimos anos.

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Módulo 3.1 - Biologia e métodos de controle 41

O consumo de herbicida no Brasil representa 7-9% do consumo total do mundo. Este valor,

em milhões de dolares, evoluiu de 546,6 em 1990 para 1.214,8 em 1997 (ANDEF/SINDAG, 2005).

A tendência ainda é de aumento, uma vez que esta tecnologia, que era quase exclusivamente

utilizada por grandes e médios produtores, hoje está se tornando prática comum entre os pequenos.

Atualmente estão sendo comercializadas no mercado brasileiro em torno de 200 marcas comerciaisde herbicidas (RODRIGUES e ALMEIDA, 2005).

Pode se atribuir essa grande aceitação do uso de herbicidas pelos produtores ao fato de o

controle químico das plantas daninhas proporcionar as seguintes vantagens:

1. Menor dependência da mão-de-obra, que é cada vez mais cara, difícil de ser 

encontrada no momento certo, na quantidade e qualidade necessária.

2. Mesmo em épocas chuvosas, o controle químico das plantas daninhas é mais

eficiente.

3. É eficiente no controle de plantas daninhas na linha de plantio e não afeta o sistemaradicular das culturas.

4. Permite o cultivo mínimo ou plantio direto das culturas.

5. Pode controlar plantas daninhas de propagação vegetativa.

6. Permite o plantio a lanço e, ou, alteração no espaçamento, quando for necessário.

É importante considerar que todo herbicida é uma molécula química que tem que ser 

manuseada com cuidado, havendo perigo de intoxicação do aplicador, principalmente. Pode ocorrer 

também poluição do ambiente - água (rios, lagos e água subterrânea), solo e alimentos quando

manuseados incorretamente. Há necessidade de mão-de-obra especializada para aplicação dos

herbicidas, sendo essa a causa de cerca de 80% dos problemas encontrados na prática. O

conhecimento da fisiologia das plantas, dos grupos aos quais pertencem os herbicidas e da

tecnologia de aplicação é fundamental para o sucesso do controle químico das plantas daninhas. Os

riscos de uso existem, mas devem ser conhecidos, perfeitamente controlados e evitados.

O emprego do controle químico de plantas daninhas deve ser feito juntamente com outras

 práticas de controle, sendo a de maior importância o controle cultural, uma vez que este possibilita

as melhores condições de desenvolvimento e permanência das culturas, cabendo ao controle

químico apenas auxiliar quando necessário. O emprego do controle químico como único e

generalizado implica a inviabilidade econômica da prática agrícola e sério desequilíbrio no sistemade produção. Portanto, o herbicida é uma ferramenta muito importante no manejo integrado de

 plantas daninhas, desde que utilizado no momento adequado e de forma correta.

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Módulo 3.1 - Biologia e métodos de controle42

6 - Manejo integrado de plantas daninhas (mipd)

Cada vez mais o manejo integrado de pragas vem ganhando reforços em todos os setores

agrícolas, tendo, no Brasil, sua base reforçada no campo da entomologia quando pioneiros

 promoveram o estudo dos problemas do algodoeiro no Nordeste do país, propondo uma série de

medidas que se enquadraram no conceito de integração (CONCEIÇÃO, 2000). Desse modo, a

maneira integrada de cultivo, em que se levam em conta todos os fatores que podem proporcionar à

 planta maior e melhor produção, permite a esta aproveitar eficientemente os recursos do meio.

Um bom programa de manejo de plantas daninhas pode ser resumido em três situações

  básicas: máxima produção no menor espaço de tempo, máxima sustentatibilidade de produção e

mínimo risco.

Dez palavras-chave descrevem os processos recomendados, e elas são um bom guia para o

 programa de manejo:

1. Monitorar sementes e espécies da área de produção.

2. Identificar as espécies-problema e suas densidades.

3. Estudar os métodos usados na propriedade.

4. Conhecer as espécies dominantes e suas interações.

5. Prever populações e mudanças de populações de plantas daninhas.

6. Decidir quando o controle deve ser feito.

7. Escolher a(s) tecnologia(s) de controle compatível(is) com sistema.

8. Considerar os recursos e as necessidades do fazendeiro.

9. Integrar os processos com as medidas de proteção das culturas.

10. Avaliar os impactos ambiental, social e econômico a curto e a longo prazo.

O nível de controle das plantas daninhas obtido em uma lavoura dependerá da espécie

infestante, da capacidade competitiva da cultura, do período crítico de competição, dos métodos

empregados, das condições ambientais, etc. Muitas vezes faz-se necessária a associação de dois oumais métodos para se atingir o nível desejado, constituindo-se, esse fato, no controle integrado.

A integração de diversos métodos de controle dentro do sistema de produção pode dificultar 

o crescimento e desenvolvimento de populações de espécies daninhas de difícil controle. Desse

modo, o manejo integrado de plantas daninhas, que consiste em “um sistema ambiental do campo

onde são usados todos os conhecimentos e ferramentas disponíveis para a produção das culturas

livres de danos econômicos da vegetação competitiva”, pode reduzir a dependência do uso de

herbicidas e atrasar ou prevenir o aumento de espécies perenes geralmente associadas a sistemas de

cultivo. Considerando as condições brasileiras, fica evidente que, para culturas anuais, as quais possuem seu ciclo ou parte dele na época das águas, os métodos culturais se apresentam como os

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Módulo 3.1 - Biologia e métodos de controle 43

mais adequados para integração com o controle químico, visando a redução do número de

  propágulos de espécies de difícil controle em áreas agrícolas, evitando assim sua disseminação e

seu rápido crescimento.

Um bom exemplo da aplicação do Manejo Integrado pode ser observado pelo excelente

manejo da tiririca na cultura do milho e do feijão graças à utilização do sistema de plantio direto econhecimentos da biologia das espécies envolvidas. Quando a finalidade de uso do solo é para

milho grão, toda a palhada da cultura permanece na área à superfície, no plantio direto, ou

incoporada ao solo, no plantio convencional. Ao contrário, no milho para silagem toda palhada da

cultura anterior e retirada da área.

 No plantio direto, com uso de herbicidas sistêmicos usados como dessecantes, aliado ao fato

de não revolver o solo, independentemente se para produzir milho para grão ou para silagem, têm-

se observado excelentes resultados no manejo da tiririca. Em dois anos nesse sistema, é possível

obter redução nos níveis populacionais da tiririca a favor do plantio direto, em relação ao plantioconvencional, tanto para a cultura do milho quanto para o feijoeiro, da ordem de 90 a 95%, sendo

que em três anos a redução no banco de tubérculos no solo pode chegar a mais de 90%

(JAKELAITIS et al., 2003).

Os maiores benefícios do sistema de plantio direto no manejo integrado da tiririca são

obtidos devido à integração do controle químico proporcionado pelo uso do herbicida sistêmico

  para dessecação da vegetação em pré-plantio, ao controle cultural exercido pela falta de

revolvimento do solo e conseqüente ausência de fragmentação das estruturas vegetativas da tiririca

e à adoção de culturas altamente competitivas, principalmente por luminosidade, como a cultura do

milho e feijão. Dessa forma, os níveis populacionais da tiririca podem ser diminuídos,

  principalmente no período de desenvolvimento das culturas sensíveis à interferência das plantas

daninhas, ou seja, 45 dias após a emergência, a ponto de não acarretar reduções de produção das

culturas infestadas (Fig. 4). Além disso, a capacidade de brotação dos tubérculos de tiririca

coletados sob solo no sistema integrado é diminuída com o passar do tempo, permanecendo

dormentes (Fig. 5).

Dessa forma, com a adoção do sistema de plantio direto utilizando herbicidas sistêmicos

  para dessecação, aplicados no momento correto, aliado ao controle cultural, consegue-se ótimo

manejo integrado da tiririca, transformando esta espécie daninha extremamente problemática emuma espécie comum. Outro exemplo de manejo integrado de plantas daninhas tem sido praticado

em diversas regiões do Brasil quando se adota o sistema integrado agricultura-pecuária. Neste

sistema, a forrageira cultivada em consórcio com a cultura principal reduz a interferência de muitas

espécies de plantas daninhas, tornando o sistema menos dependente do controle químico

(JAKELAITIS et al., 2004) e também mais estável do ponto de vista ambiental (SANTOS et al.,

2005)

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Módulo 3.1 - Biologia e métodos de controle44

Figura 4 - População de tiririca nas culturas de milho e feijão nos sistemas de plantios convencional e direto (após dois anos deadoção do manejo integrado de plantas daninhas –MIPD) aos 30 DAP

Figura 5 – Brotação de tubérculos de tiririca coletados em campo em áreas de plantio convencional e em área onde se adotou o

 plantio direto com o manejo integrado dessa espécie infestante, após três anos de adoção

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação48

PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 3 - Manejo de plantasdaninhas3.2 - Herbicidas: classificação emecanismos de ação

Tutores:Profº. Antonio Alberto da Silva

Profº. Francisco Affonso Ferreira Profº. Lino Roberto Ferreira Profº. José Barbosa dos Santos

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viçosa - UFV

Centro de Ciências AgráriasDepartamento de Fitopatologia

Brasília - DF2006

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 49

 

Sumário

Introdução, 51

1 - Quanto à seletividade, -51

2 - Quanto à época de aplicação,52

3 - Quanto à translocação,53

4 - Quanto aos mecanismos de ação, 53

4.1 - Herbicidas auxínicos ou mimetizadores de auxina, 54

4.1.1 - Seletividade, 55

4.1.2 - Problemas causados pela utilização incorreta de herbicidas auxínicos, 554.1.3 - Caracterização de alguns herbicidas auxínicos, 56

4.2 - Herbicidas inibidores da fotossistama II, 58

4.2.1 - Mecanismo de ação, 58

4.2.2 - Características gerais dos inibidores do fotossistema II, 60

4.2.3 - Mecanismos de seletividade, 61

4.2.4 - Caracterização de Alguns Herbicidas Inibidores do Fotossistema II, 62

4.3 - Herbicidas inibidores da Protox, 68

4.3.1 - Principais características, 684.3.2 - Mecanismo de ação, 68

4.3.3 - Caracterização de alguns herbicidas inibidores da PROTOX, 70

4.4 - Herbicidas inibidores do arranjo dos microtúbulos, 73

4.4.1 - Mecanismo de ação, 73

4.4.2 - Principais características, 73

4.4.3 - Caracterização de alguns herbicidas inibidores dos microtúbulos, 74

4.5 - Inibidores da síntese de ácidos graxos de cadeias muito longas (VLCFA), 75

4.5.1 - Principais características, 75

4.5.2 - Mecanismo de ação das cloroacetanilidas, 76

4.5.3 - Características de algumas cloroacetanilidas, 77

4.6 - Herbicidas Inibidores do Fotossistema I, 79

4.6.1 - Características gerais, 79

4.6.2 - Mecanismo de ação, 79

4.6.3 - Principal herbicida do grupo, 80

4.7 - Herbicidas inibidores da acetolactato sintase, 80

4.7.1 - Algumas sulfoniluréias, 83

4.7.2 - Algumas imidazolinonas, 854.8 - Herbicidas inibidores da EPSPs, 88

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação50

4.8.1 - Mecanismo de ação, 88

4.8.2 - Características gerais, 89

4.9 - Herbicidas inibidores da ACCase, 91

4.9.1 - Principais características, 91

4.9.2 - Mecanismos de ação, 924.9.3 - Caracterização de alguns inibidores da ACCase, 93

4.10 - Herbicidas inibidores de carotenóides, 95

Referências bibliográficas, 99

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 51

 

Introdução

Os herbicidas podem ser classificados de diversas maneiras, de acordo com as características

de cada um. Essas características individuais permitem estabelecer grupos afins de herbicidas com

 base em sua seletividade, época de aplicação, translocação, estrutura química e mecanismo de ação

(WARREN; HESS, 1995a).

1 - Quanto à seletividade

Herbicidas seletivos

São aqueles que, dentro de determinadas condições, são mais tolerados por uma determinada

espécie ou variedade de plantas do que por outras. Como exemplo, tem-se 2,4-D para a cana-de-

açúcar; atrazine para o milho; fomesafen para o feijão; imazethapyr para a soja; etc. Todavia, a

seletividade é sempre relativa, pois depende do estádio de desenvolvimento das plantas, dascondições climáticas, do tipo de solo, da dose aplicada, etc. Para soja, por exemplo, o metribuzin é

seletivo apenas quando aplicado em pré-emergência, e mesmo assim a dose tolerada é dependente

das condições edafoclimáticas.

Herbicidas não-seletivos

São aqueles que atuam indiscriminadamente sobre todas as espécies de plantas.

 Normalmente são recomendados para uso como dessecantes ou em aplicações dirigidas. Exemplos:diquat, paraquat, glyphosate, etc. Todavia, por meio da biotecnologia, é possível tornar um

herbicida não-seletivo a seletivo para determinada espécie; exemplo: a soja trasgênica resistente ao

glyphosate.

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação52

2 - Quanto à época de aplicação

Pré-plantio

Quando o herbicida é muito volátil, de solubilidade muito baixa em água e, ou,

fotodegradável, ele necessita ser incorporado ao solo; por esta razão, deve ser aplicado antes do

 plantio, como é o caso do trifluralin. Quando aplicado após o preparo do solo e incorporado a este

antes do plantio, diz-se que este herbicida é aplicado em PPI, ou seja, aplicado em pré-plantio e

incorporado. Também, no sistema de plantio direto (cultivo mínimo), alguns herbicidas devem ser 

aplicados antes do plantio. Esses produtos normalmente são não-seletivos, apresentam curto efeito

efeito residual e quase sempre são utilizados como dessecantes, visando facilitar o plantio e

 promover cobertura morta do solo; exemplos: glyphosate, paraquat, etc. Contudo, pode-se também

misturar, a estes, especialmente ao glyphosate, outros que possuem maior efeito residual no solo.

Estes podem ou não auxiliar na dessecação das plantas, porém têm como objetivo principal garantir 

o controle inicial das plantas daninhas na implantação da lavoura; exemplos: flumioxazin,

imazaquin, clorimuron-ethyl, imazethapy, metribuzin, etc.

Pós-plantio

Dependendo da atividade dos herbicidas sobre as plantas, eles devem ser aplicados em pré

ou em pós-emergência das culturas ou das plantas daninhas. Quando são absorvidos apenas pelas

folhas, eles somente devem ser aplicados em pós-emergência das plantas daninhas, pois muitas

vezes, apesar penetrarem também pelas raízes, quando atigem o solo, são desativados (sorvidos).

Estes produtos podem, ainda, ser não-seletivos para a cultura e, neste caso, estes devem ser 

aplicados antes da emergência (pré-emergência) desta ou de forma dirigida, como é o caso do

glyphosate e paraquat aplicados no plantio direto de milho, trigo, feijão, etc; ou, em aplicaçãodirigida, em culturas perenes como fruteiras, reflorestamento e lavouras de café. Entretanto, se o

herbicida é seletivo para a cultura, ele pode ser aplicado em pós-emergência de ambas (plantas

daninhas e culturas); exemplo: sethoxydim em tomate, feijão e soja, nicosulfuron em milho,

metsulfuron-methyl em trigo, etc.

Se o herbicida é absorvido pelas folhas e raízes, a sua aplicação em pré ou pós-emergência

vai depender da tolerância da cultura e, também, das condições nas quais ele apresenta melhor 

desempenho, como é o caso do metribuzin, que pode ser usado em tomate em pré e em pós-

emergência tardia ou após o transplante. Todavia, na cultura da soja somente pode ser usado em pré-emergência, pois em pós-emergência, até mesmo em subdoses, ele é muito tóxico à soja. Outro

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exemplo seria o herbicida atrazine, recomendado para as culturas de milho e sorgo. A este produto,

quando utilizado em pós-emergência, deve-se adicionar à calda óleo mineral visando solubilizar 

 parte da cera epicuticular, aumentando a sua penetração pelas folhas.

3 - Quanto à translocação

Os herbicidas podem ser de contato quando atuam próximo ou no local onde eles penetram

nas plantas; exemplos: paraquat, diquat, lactofen, etc. O simples fato de um herbicida entrar em

contato com a planta não é suficiente para que ele exerça sua ação tóxica. Ele terá necessariamente

que penetrar no tecido da planta, atingir a célula e posteriormente a organela, onde atuará para que

seus efeitos possam ser observados. Os herbicidas também podem se movimentar (translocar) nas

 plantas pelo xilema, pelo floema ou por ambos. Quando o movimento (translocação) do herbicida é

via floema ou floema e xilema, ele é considerado sistêmico. Estes herbicidas sistêmicos são capazes

de se translocarem a grandes distâncias na planta, como é o caso de 2,4-D, glyphosate, imazethapyr,

flazasulfuron, nicosulfuron, picloram, etc. Estes produtos, quando usados em doses muito elevadas,

 podem apresentar ação de contato. Neste caso, a ação do produto pode ser mais rápida, porém com

efeito final menor, porque a morte rápida do tecido condutor (floema) limita a chegada de dose letal

do herbicida a algumas estruturas reprodutivas das plantas.

4 - Quanto aos mecanismos de ação

É interessante que se faça distinção entre os termos usados rotineiramente quando se refere a

herbicida: “modo e mecanismo de ação de herbicida”. “Modo de ação” refere-se à seqüência

completa de todas as reações que ocorrem desde o contato do produto com a planta até a sua morteou ação final do produto; já a primeira lesão bioquímica ou biofísica que resulta na morte ou ação

final do produto é considerada “mecanismo de ação”. É importante lembrar que um mesmo

herbicida pode influenciar vários processos metabólicos na planta, entretanto a primeira lesão que

ele causa na planta pode caracterizar o seu mecanismo de ação (ASHTON; CRAFTS, 1973; LIEBL,

1995; THILL, 2003a).

Quanto ao mecanismo de ação, os herbicidas podem ser classificados em: mimetizadores de

auxinas (auxínicos), inibidores do fotossistema II, inibidores da PROTOX, inibidores do arranjo dos

microtúbulos, inibidores do fotossistema I, inibidores da ALS, inibidores da EPSPs, Inibidores daGS, inibidores da ACCase, inibidores da síntese de carotenóides, etc. (WARREN;HESS, 1995).

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4.1 - Herbicidas auxínicos ou mimetizadores de auxina

Esta classe de herbicidas é uma das mais importantes em todo o mundo, sendoextensivamente utilizada em culturas de arroz, milho, trigo e cana-de-açúcar e em pastagens.

Historicamente, o 2,4-D e o MCPA são os mais importantes, porque eles marcaram o início do

desenvolvimento da indústria química (THILL, 2003a).

Os herbicidas auxínicos, quando aplicados em plantas sensíveis, induzem mudanças

metabólicas e bioquímicas, podendo levá-las à morte. Estudos sugerem que o metabolismo de

ácidos nucléicos e os aspectos metabólicos da plasticidade da parede celular são seriamente

afetados. Acredita-se que estes produtos interfiram na ação da enzima RNA-polimerase e,

conseqüentemente, na síntese de ácidos nucléicos e proteínas (ASHTON; CRAFTS, 1973). Estes

herbicidas induzem intensa proliferação celular em tecidos, causando epinastia de folhas e caule,

além de interrupção do floema, impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas para o

sistema radicular. Esse alongamento celular parece estar relacionado com a diminuição do potencial

osmótico das células, provocado pelo acúmulo de proteí¬nas e, também, mais especificamente, pelo

efeito destes produtos sobre o afrouxamento das paredes celulares. Essa perda da rigidez das

 paredes celulares é provocada pelo incremento na síntese da enzima celulase. Após aplicações de

herbicidas auxínicos, em plantas sensíveis, verificam-se rapidamente aumentos significativos da

enzima celulase, especialmente da carboximetilcelulase (CMC), notadamente nas raízes. Por esse

motivo, as espécies sensíveis têm seu sistema radicular rapidamente destruído. Em conseqüênciados efeitos desses herbicidas, verifica-se crescimento desorga¬nizado, que leva estas espécies a

sofrer, rapidamente, epinastia das folhas e retorcimento do caule, engrossamento das gemas

terminais e morte da planta (Fig. 1), em poucos dias ou semanas.

Figura 1 - Sintomas leves de intoxicação de plantas de algodão (A) e ação final do produto sobre plantas de Raphanus raphanistrum

(B) 

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 4.1.1 - Seletividade

A seletividade dos herbicidas auxínicos pode ser dependente de diversos fatores:

1. Arranjamento do tecido vascular em feixes dispersos, sendo estes protegidos peloesclerênquima em gramíneas (monocoti¬ledôneas). Essa característica especial das

monocotiledôneas pode prevenir a destruição do floema pelo crescimento desorganizado das

células, causada pela ação de herbicidas auxínicos.

2. Aril hidroxilação do 2,4-D para 2,5 dicloro-4 hidroxifenoxiacético e 2,3-D-4-OH,

sendo esta a principal rota para o metabolismo do 2,4-D. É comum a aril hidroxilação resultar na

 perda da capacidade auxínica destes herbicidas, além de facilitar a sua conjugação com aminoácidos

e outros constituintes da planta.

3. Algumas espécies de plantas podem excretar estes herbicidas para o solo através de

seu sistema radicular (exsudação radicular).

4. Estádio de desenvolvimento das plantas; exemplos: para arroz e trigo deve-se usar o

2,4-D após o perfilhamento e antes do emborrachamento. Na cultura do milho (4-6 folhas), deve-se

usar 0 2,4-D apenas em aplicação dirigida. Nas culturas de arroz e trigo, se aplicado fora do estádio

de desenvolvimento recomendado, e na cultura do milho, se aplicado em pós emergência total

ocorrem sérios problemas de fitotoxicidade.

4.1.2 - Problemas causados pela utilização incorreta de herbicidas auxínicos

Todos os herbicidas auxíncos são derivados de ácidos fracos e podem ser formulados nos

seus respectivos ácidos, sais ou ésteres, podendo, cada um dos diferentes princípios ativos, ser 

comercializado isoladamente ou em misturas, recebendo nomes comerciais diversos. Alguns desses

 produtos podem permanecer ativos no solo por longo período, exigindo cuidados especiais para se

realizar rotação de culturas. Por exemplo, derivados do ácido picolínico podem causar 

fitotoxicidade, em doses extremamente baixas, em uva, tomate, fumo, algodão, etc., que são

espécies altamente sensíveis. Deriva, resíduos deixados em pulverizadores mal lavados e

contaminação de água de irrigação por estes herbicidas, em condições de campo, podem causar sérios problemas técnicos, comprometendo de maneira severa o rendimento de culturas e a

qualidade do ambiente.

As seguintes medidas são recomendadas para reduzir problemas com a utilização destes

herbicidas:

a) Evitar o uso de formulações que apresentam elevada pressão de vapor (muito

voláteis), principalmente em aplicações aéreas.

  b) Usar maior tamanho de gotas, se praticável.

c) Usar baixa pressão para aplicação.

d) Evitar a aplicação quando o vento estiver em direção às culturas.

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e) Tomar cuidado especial com a lavagem do pulverizador após as aplicações. Usar,

além de detergente, amoníaco ou carvão ativado.

4.1.3 - Caracterização de alguns herbicidas auxínicos

2,4-D

Sal ou éster amina do ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D) foi o primeiro herbicida

seletivo descoberto para o controle de plantas daninhas latifoliadas anuais. É recomendado para

  pastagens, gramados e culturas gramíneas (arroz, cana-de-açúcar, milho, trigo, etc.). As

formulações ésteres e ácidas são prontamente absorvidas pelas folhas, e aquelas à base de sal sãorapidamente absorvidas pelo sistema radicular das plantas.Em ambos os casos o 2,4-D se transloca

 por toda a planta pois se movimenta tanto pelo xilema quanto pelo xilema. Apresenta solubilidade

de 600 mg L-1, pka de 2,8 e Koc médio de 20 mg g-1 de solo para formulações ácido ou sais e de

100 mL g-1 de solo para ésteres (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). As formulações aminas são

mais adsorvíveis no solo do que as de éster e, porque são altamente solúveis, mais lixiviáveis,

enquanto as de éster são praticamente insolúveis e, portanto, com menor movimentação. Apresenta

 persistência curta a média nos solos. Em doses normais, a atividade residual do 2,4-D não excede a

quatro semanas em solos argilosos e clima quente. Em solos secos e frios, a decomposição éconsideravelmente reduzida. Movimenta-se pelo floema e, ou, xilema, acumulando-se nas regiões

meristemáticas dos pontos de crescimento. Transloca-se com grande eficiência em plantas com

elevada atividade metabólica, sendo esta a condição para ótima atividade do produto. Em geral,

  plantas ganham maior tolerância com a idade; entretanto, durante o florescimento, a resistência a

estes herbicidas hormonais é reduzida. É muito utilizado em misturas com inibidores da fotossíntese

na cultura da cana-de-açúcar, e com glyphosate, para uso no plantio direto e em aplicações

dirigidas, em fruteiras e lavouras de café. Em mistura com o picloram, é usado para controlar 

  plantas daninhas perenes, em pastagens. O 2,4-D, no mercado brasileiro, é encontrado emdife¬rentes formulações e marcas comerciais. Cada formulação pode apresentar características

físico-químicas diferentes, conferindo ao produto características dife¬renciais quanto à seletividade,

volatilidade, toxicidade, persistência no ambiente, etc.

Dicamba

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O sal de dimetilamina do ácido 3, 6-dicloro-2-metoxibenzoico (dicamba) é facilmente

translocado pelas plantas via floema e, ou, xilema. Apresenta maior efeito sobre dicotile¬dôneas,

sendo recomendado de modo semelhante ao 2,4-D para o controle de plantas em culturas de cana-

de-açúcar, milho e trigo e em pastagens. É muito utilizado para controlar algumas espécies de

dicotiledôneas tolerantes ao 2,4-D, como o cipó-de-veado (Polygonum convolvulus L.), comuns emlavouras de trigo, na região Sul do Brasil. Apresenta solubilidade de 720.000 mg L -1; pka: 1,87;

Kow: 0,29; e koc de 2 mg g-1 de solo. É muito pouco adsorvido pelos colóides de argila e mais pela

matéria orgânica do solo. Sendo um herbicida de alta solubilidade em água, está sujeito a lixiviação,

dependendo da intensidade, do movimento capilar da água e, ou, da evaporação.

Picloram

O ácido 4-amino 3,5,6 tricloro-2-piridinacarboxílico (picloram) é um produto extremamente

ativo sobre dicotiledôneas, sendo muito utiliza¬do em misturas com o 2,4-D, formando o Tordon,

Dontor ou Manejo, e também com fluroxypyr formando o Plenum, para controlar arbustos e

árvores. Apresenta pka: 2,3; Kow: 1,4 a pH 7,0 e 83,2 a pH 1; e Koc médio de 16 mg g -1 de solo. É

fracamente adsorvido pela matéria orgânica ou argila. Apresenta longa persistência (meia-vida de

20 a 300 dias) e fácil mobilidade no solo, podendo se acumular no lençol freático raso, em solos detextura arenosa. Também, em razão de sua longa persistência no solo (dois a três anos), pode

  permanecer ativo na matéria orgânica proveniente de pastagens tratadas com este produto

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Deve ser observado o período residual para o cultivo de

espécies altamente sensíveis (videira, fumo, tomate, pimentão, algodão, etc.), que podem apresentar 

severos sintomas de intoxicação, até mesmo quando cultivadas em solos adubados com esterco

 proveniente de pastagens tratadas com picloram e pastoreadas logo depois. A mistura (picloram +

2,4-D) é muito utilizada em pastagens para o controle de plantas daninhas anuais, perenes e de

árvores. Esta mistura pode ser usada em área total ou em áreas localizadas, considerando o controle

de plantas daninhas herbáceas e arbustivas. Para o controle de árvores, pode ser feito o

  pincelamento ou a pulveri¬zação dos tocos, para evitar a rebrota de espécies-problema como o

leiteiro (Peschiera funchsiaefolia) e outras. Quando aplicação é feita no toco é fundamental que esta

seja realizada imadiatamente após o corte da árvore, antes que se inicie o processo de cicatrização, o

que dificulta a absorção e translocação do herbicida até as raízes (SILVA et al., 2001). O picloram,

na planta, apre¬senta efeito lento, porém extremamente persistente (a planta não consegue

metabolizar rapidamente o picloram).

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Triclopyr

O ácido [(3,5,6-tricloro-2-piridinil) oxi] acético (triclopyr) apresenta ação semelhante ao

 picloram, porém é rapidamente degradado no solo; sua meia-vida é de 20 a 45 dias, dependendo do

tipo de solo e das condições climáticas. Apresenta solubilidade em água de 23 mg L -1; pressão de

vapor de 1,26 x 10-6 mm Hg a 25 oC, pka: 2,68; Kow: 2,64 a pH 5 e 0,36 a pH 7; e Koc médio de

20 mL g-1 de solo. Seu grau de adsorção depende do pH do solo. Em solos leves, sob condições de

alta pluviosidade, pode haver lixiviação (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É recomendado para

uso em pós-emergência, em aplicação foliar, em área total para controle de plantas daninhas em pastagens e arroz. É também muito eficiente e seletivo para controlar dicotiledôneas infestantes de

áreas cultivadas com gramas: jardins, açudes, campo de futebol, etc., (FREITAS et al., 2004). A

aplicação poderá ser por equipamentos terestres ou por avião quando as áreas estiverem infestadas

densamente por plantas daninhas de pequeno e médio porte. Deve ser aplicado de outubro a março

(no período chuvoso), com as plantas em pleno vigor vegetativo, com ventos de 0 a 6 km h -1,

umidade relativa >  50% e temperatura < 30  °C. Nunca fazer aplicações aéreas a menos de 2.000 m

de culturas sensíveis. O vento deverá estar soprando da cultura sensível para a área de aplicação.

Interromper imediatamente as aplicações se houver mudança na direção do vento.

4.2 - Herbicidas inibidores da fotossistama II 

São de grande importância na agricultura brasileira e mundial, sendo largamente utilizados

nas cultu¬ras de grande interesse econômico, como arroz, feijão, milho, cana-de-açúcar, soja,

algodão, fruteiras, hortaliças, entre outras (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).

4.2.1 - Mecanismo de ação

Os pigmentos, as proteínas e outras substâncias químicas envolvi¬das na reação da

fotossíntese estão localizados nos cloroplastos. Nas condições normais, sem a interferência de

inibidores do fotossistemoa II, durante a fase luminosa da fotossíntese, a energia luminosa

capturada pelos pigmentos (clorofila e carotenóides) é transferida para um “centro de reação”

especial (P680), gerando um elétron “excitado”. Este elétron é transferido para uma molécula de

  plastoquinona presa a uma mem¬brana do cloroplasto (Qa). A molécula da plastoquinona “Qa”

transfere o elétron, por sua vez, para uma outra molécula de plastoquinona, chamada “Qb”, também presa na proteína. Quando um segundo elétron é transferido para a plastoquinona “Qb”, a quinona

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reduzida torna-se protonada (dois íons de hidrogênio são adicionados), formando uma

  plastoidroquinona (QbH2), com baixa afinidade para se prender na proteína. De maneira

simplificada, como pode ser visto na Fig.  2, a função da plastohidroquinona é transferir elétrons

entre os fotossis¬temas II (P68O) e I (P7OO), (HESS, 1995a; WELLER, 2003).

Muitos herbicidas inibidores do fotossistema II (derivados das triazinas, das uréiassubstituídas, dos fenóis, etc.) causam essa inibição prendendo-se na proteína, no sítio onde se

  prende a plastoquinona “Qb”. Essa proteína é chamada D-1, sendo conhecida também como

  proteína 32 kilodaltons. Estes herbicidas competem com a plastoquinona “Qb” parcialmente

reduzida (QbH) pelo sítio na proteína D-1, ocasio¬nando a saída da plastoquinona e interrompendo

o fluxo de elétrons entre os fotossistemas. Além da competição em si pelo sítio na proteí¬na, os

herbicidas apresentam maior tempo de residência no sítio do que a plastoquinona “Qb”, o que

aumenta o efeito inibitório destes. A proteína D-1 é hoje muito conhecida. Sabe-se, por exemplo,

que ela tem uma configuração de cinco hélices que atravessam a membrana do cloroplasto(tilacóide) e duas hélices paralelas que se interligam. O sítio, ou bolso, onde a plastoquinona “Qb”

se prende e onde os herbicidas vão se prender também, fica entre a quarta e quinta hélices que

atravessam as membranas dos cloroplastos e a hélice paralela que liga as duas.

Figura 2 - Esquema do transporte de elétrons na fotossíntese.Fonte: Warren e Hess (1995)

Os derivados das triazinas e das uréias substituídas são conhecidos por se prenderem

  justamente ao sítio dos elétrons da proteína D-1. De modo geral, esta proteína é destruída

rapidamente pela ação da luz. Estes herbicidas, quando se prendem à proteína, aumentam a

estabilidade desta na presença da luz, impedindo sua destruição. A associação com a proteína se dá

com aminoácidos diferentes no sítio para cada biótipo. Isso impede que uma mudança na sequência

de aminoácidos da proteína (mutação) tornando esse biotipo resistente aquele herbicida, seja válida

 para outros produtos desse mesmo grupo químico.

Herbicidas derivados do fenol (dinoseb, bromoxynil e ioxynil), por alguma razão não

conhecida, não evitam a destruição da proteína D-1 pela luz, como fazem os “clássicos”. Diversos

análogos do fenol foram descritos como inibidores fotossistema II, prendendo-se, também, ao sítio

da plastoquinona “Qb”. Alguns exemplos: piridonas, quinolonas, naftoquinonas, benzoquinonas,

 pironas, dioxobenzotiazoles e cianoacrilatos.

Plantas suscetíveis tratadas morrem mais rapidamente quando pulverizadas na presença da

luz do que quando pulverizadas e colocadas no escuro. Esse fato demonstra que algo mais que asimples inibição do fotossistema II está ocorrendo. Atualmente, sabe-se que a clorose foliar que

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ocorre após o tratamento é devida a rompimentos na membrana dos pigmentos causados pela

 peroxidação de lipídios (ácidos graxos insaturados) da membrana (Fig. 3).

Figura 3 - Estrutura esquemática da membrana de um cloroplastoFonte: Warren e Hess (1995)

Quando a clorofila aceita um elétron, ela sai do estado neutro (sem carga) e vai para um

estado de energia simples, que é normalmente transferido para o centro de reação (P680). Esta

clorofila não retorna ao estado anterior quando o fluxo de elétrons é interrompido pela ação do

herbicida que se prendeu ao sítio da plastoquinona “Qb”. Essa molécula de clorofila, no estado de

energia simples, não podendo transferir o elétron ao centro de reação P680 (fotossistema II), torna-

se ainda mais carregada e mais reativa (estado de energia tríplice). Em casos nor¬mais, para que a

clorofila não se destrua, a carga é repassada aos carotenóides. Na presença do herbicida, o sistema

de prote¬ção, dado pelos carotenóides, é sobrepujado pelo excesso de clorofila no estado de alta

energia. Esse excesso de energia (clorofila triple) causa o início da peroxidação de lipídios por dois

mecanismos: a: formação direta de radical lipídico nos ácidos graxos insatura¬dos da membrana do

cloroplasto; e b: a clorofila de carga tríplice também reage com oxigênio e produz um oxigênio

reativo (oxigênio singlet). Essa molécula de oxigênio carregada contribui para o processo de

formação dos radicais lipídicos nos ácidos graxos insaturados da membrana. Essas reações dão

início ao processo de peroxidação das membranas, aparecendo os sinais de necrose foliar 

(WELLER, 1995).

4.2.2 - Características gerais dos inibidores do fotossistema II 

•  A taxa de fixação de CO2 pelas plantas sensíveis, tratadas com esses herbicidas,

declina poucas horas após o tratamento.

•  Estes herbicidas não provocam nenhum sinal visível de intoxicação no sistema

radicular das plantas.

•  Aparentemente, todos eles podem ser absorvidos pelas raízes; entretanto, a

velocidade de absorção foliar é diferente para cada produto deste grupo.

•  Todos eles translocam-se nas plantas apenas via xilema; por esse motivo, plantas

 perenes somente são eliminadas por esses herbicidas quando tratadas via solo.

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•  Quando esses herbicidas são usados em pós-emergência, necessita-se de boa

cobertura foliar da planta e, ainda, de adição de adjuvante (estes produtos podem

apresentar difícil penetração foliar e não são sistêmicos).

•    Normalmente, estes herbicidas não apresentam problemas de deriva por 

volatilização, pois possuem pressão de vapor muito baixa.•  Plantas que estão se desenvolvendo em condições de baixa lumino¬sidade são

mais suscetíveis a esses herbicidas. Elas apresentam menor barreira cuticular à

 penetração dos herbicidas e, ainda, menor reserva de carboidratos.

•  Tem sido observado, com relativa freqüência, o aparecimento de novas espé¬cies

de plantas daninhas resistentes a estes herbicidas (atuam em sítio de ação

específico). Por este motivo, torna-se necessário fazer rotação com outros

herbicidas que apresentam mecanismo de ação diferente.

• 

Em geral, estes herbicidas são muito adsorvidos pelos colóides orgânicos eminerais do solo. Apresentam pouca ou média mobilida¬de no perfil do solo. Por 

estas razões, as doses recomendadas, quando aplicadas diretamente no solo, são

variáveis para cada tipo de solo.

•  A persistência agronômica destes herbicidas no solo é extremamente variável,

 podendo ser curta para alguns produtos (< 30 dias) ou muito longa (> 720 dias)

 para outros.

•  É comum ocorrer efeito sinérgico quando se aplicam inibidores do fotostema II

em mistura com outros herbicidas, inseticidas ou fungi¬cidas inibidores da

colinesterase. Neste caso, pode se verificar perda de seletividade do herbicida.

•  Todos os herbicidas inibidores do fotossistema II apresentam toxicidade muito

 baixa para mamíferos.

4.2.3 - Mecanismos de seletividade

As causas pelas quais os herbicidas inibidores do fotossistema II são seletivos são diversas e

variam de cultura para cultura (WELLER, 1995).

Alguns herbicidas deste grupo apresentam seletividade “toponômica” ou seletividade por  posição. Como exemplo, tem-se a seletividade do diuron para a cultura do algodão. Na realidade, o

diuron não causa intoxicação à cultura do algodão quando utilizado em pré-emergência, porque este

 produto é muito pouco móvel no perfil do solo, não atingindo o local de sua absor¬ção pela planta

(sistema radicular). Todavia, se o diuron for incorporado mecanicamente ao solo, ou se for aplicado

em solo de textura arenosa e com baixo teor de matéria orgânica, ele poderá entrar em contato com

o sistema radicular do algodão e causar severa intoxicação à cultura, podendo levá-la à morte.

  Absorção diferencial por folhas e raízes - este fato pode ser devido à anatomia e, ou,

morfologia das folhas e raízes e, também, ao tipo de formulação utilizado, podendo garantir aseletividade de determi¬nadas espécies. Neste caso, o herbicida não será absorvido em quantidade

suficiente para intoxicar a cultura.

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Translocação diferencial das raízes para as folhas - isto ocorre devido à presença de

glândulas localizadas nas raízes e ao longo do xilema, que adsorvem estes produtos, impedindo que

sejam translo¬cados até seus sítios de ação, localizados nos cloroplastos.

 Metabolismo diferencial - algumas espécies de plantas, em suas raízes ou em outras partes,

  possuem enzimas que são capazes de metabolizar as moléculas de determinados herbicidas,transformando-os rapida¬mente em produtos não-tóxicos para as plantas. Como exemplo, pode-se

citar o milho e o sorgo, que apresentam em suas raízes teores elrvados de benzoxazinonas. Estes

compostos podem promover rápida degradação da molécula de atrazine por meio de reações de

hidroxilação, dealquilação, ou ainda a conjugação dessa molécula com polipetídeos naturais,

tornando estas culturas tolerantes a este herbicida. Outro exemplo seria a seletividade da cultura de

arroz ao herbicida propanil. Esta cultura apresenta concentrações de dez a trinta vezes da enzima

arilacilamidase em realação às principais gramíneas infestantes do arroz. Elevadas concetrações da

arilacilamidase, nas folhas de arroz, garantem a degradação do propanil antes que estes atinjam oscloroplastos (sítio de ação primário deste herbicida), o que não ocorre com as gramíneas infestantes

dessa cultura.

4.2.4 - Caracterização de Alguns Herbicidas Inibidores do Fotossistema II 

Atrazine

O 6-cloro-N-etil-N’-(1-metiletil)-1,3,5-triazina-2,4-diamina (atrazine) apresenta solubilidade

em água de 33 mg L-1, pka: 1,7, kow: 481; e koc médio de 100 mg g-1 de solo (Rodrigues; Almeida,

2005). É moderadamente adsorvido pelos colóides da argila e da matéria orgânica, tanto mais

quanto maior o seu teor no solo; o processo é reversível, dependendo da umidade, da temperatura e

do pH do terreno. É lixiviável, sendo comum ser encontrado nos solos cultivados em profundidade

superior a 30 cm e também em águas subterrâneas. Sua degradação no solo é, em parte, microbiana,

mas também química e física. Apresenta meia-vida no solo média de 60 dias e persistência média a

longa nos solos nas doses recomendadas de 5 a 7 meses. Em solos tropicais e subtropicais sua persistência pode também ser maior que 12 meses se usado em doses elevadas em condições de pH

do solo elevado, clima frio e seco. Em diversas regiões do Brasil, em campo, tem sido observada

intoxicação da aveia semeada até 150  dias após aplicação de atrazine na cultura do milho. É muito

utilizado na cultura do milho, sendo, também, recomendado para cana-de-açúcar, café, fruteiras,

cacau, pimenta-do-reino, etc. Fumo e trigo são muito sensíveis ao atrazine. Quando aplicado em

 pós-emergência, tem-se observado ótima eficiência de controle das plantas daninhas mesmo com a

redução da dose aplicada. Todavia, para isso, é necessário adicionar à calda óleo mineral, sendo

mais eficiente para controlar plantas daninhas recém-emergidas (plantas com 1-2 pares de folhas). É

muito utilizado em misturas com outros herbicidas em culturas de milho, cana-de-açúcar, fruteiras e

outras. As plantas de milho e sorgo possuem a capacidade de metabolizar o atrazine absorvido,

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transformando-o por meio de reações de hidroxilação, dealquilação e conjugação, por ação de

 benzoxazinonas presentes nestas espécies, em compostos não-tóxicos. O atrazine é muito eficiente

no controle de dicotiledôneas, porém apresenta eficiência apenas regular para controle de diversas

monocotiledôneas. Na cultura do milho, é muito utilizado em pré-emergência, quando em mistura

com o metolachlor, formando o “Primestra”, e também em pós-emergência precoce, quando emmistura com óleo mineral (Primóleo) para controle de dicotiledôneas e em mistura no tanque com o

nicosulfuron ou outras sulfoniluréias (foramsulfuron + idosulfuron-methyl), em áreas com

infestação mista (JAKELAITIS et al., 2005).

Simazine

O 6-cloro-N,N`-dietil-1,3,5-triazina-2,4-diamina (simazine) apresenta solubilidade em água

de 3,5 mg L-1, pka: 1,62, kow: 122; e koc médio de 130 mg g-1 de solo. É adsorvido pelos colóides

da argila e da matéria orgânica e tanto mais quanto maior o seu teor no solo; o processo é reversível,

dependendo da umidade, da temperatura e do pH do terreno. É pouco lixiviável, não sendo comum

ser encontrado nos solos cultivados em profundidade superior a 10 cm. Sua degradação no solo é,

em parte, microbiana, mas também química, ocorrendo hidrólise, com formação de hidroxisimazine

e dealquilação do grupo amino. Apresenta persistência média no solo nas doses recomendadas de 5a 7 meses em condições tropicais e subtropicais, podendo ser maior que 12 meses se usado em

doses elevadas.

Pode ser usado em pré-emergência das plantas daninhas nas culturas de café, cana-de-

açúcar, alfafa, fruteiras, etc., para controle de dicotiledôneas e algumas gramíneas. Em doses

maiores que 10  kg ha-1 do p.c., pode ser usado usado para limpeza de cercas e áreas industriais. É

absorvido basicamente pelo sistema radicular das plantas, sendo pouco móvel no solo. É utilizado

em misturas com o atrazine, visando minimizar efeitos do clima, principalmente oscilações pluviais,

e também para aumentar o espectro de controle de espécies de plantas daninhas.

Ametryn

O N-etil-N`-1(metiletil)-6-(metiltio)-1,3,5-triazina-2,4-diamina (ametryn) apresenta

solubilidade em água de 200 mg L-1; pka: 4,1; kow: 427; e koc médio de 300 mg-1 de solo. É

medianamente lixiviável nos solos arenosos (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Sua degradação no

solo é, em maior parte microbiana, mas também química, por processos de oxidação e hidrólise.

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação64

Apresenta persistência média no solo nas doses recomendadas de 4 a 6 meses em condições

tropicais e subtropicais, podendo ser maior que nove meses se usado em doses elevadas,

dependendo do clima e tipo de solo (meia-vida média no solo é de 60 dias). É reco¬mendado para

as culturas de cana-de-açúcar, banana, café, abacaxi, citros, milho e videira, para controle de mono

e dicotiledôneas. Pode ser absorvido facilmente pelas raízes e folhas de plantas. É pouco móvel nosolo, por ser muito adsorvido por colóides orgânicos e minerais. Sua adsorção pelos colóides é

muito influenciada pelo pH. Também pode apresentar adsorção negativa (dessorção), ocorrendo

liberação para as plantas de moléculas anteriormente inativadas pelos colóides do solo. É muito

utilizado em misturas com os herbicidas diuron, tebuthiuron, atrazine, trifolysulfuron-sodium, 2,4-

D, etc; principalmente quando recomen¬dado para de cultura da cana-de-açúcar (PROCÓPIO et al.,

2003). É pouco lixiviado no solo, permanecendo na maioria das condições na camada superior 

(primeiros 30 cm).

Prometryne

O N,N`-bis(1-metiletil)-6-(metiltio)-1,3,5-triazina-2,4-diamina (prometryne) apresenta

solubilidade em água de 48 mg L-1; pka: 4,09; kow: 1.212; e koc médio de 400 mg g -1de solo. É

  pouco lixiviado em solos de textura média a argilosa, sendo facilmente degradado por 

microrganismos que o utilizam como fonte de energia. Apresenta persistência média no solo nasdoses recomendadas de 1 a 3 meses em condições tropicais e subtropicais, dependendo das

condições de solo, do clima e da dose utilizada. Sua absorção é feita pelas folhas e raízes, sendo

mais utilizado em pré-emergência. É recomendado para as culturas de quia¬bo, aipo, cenoura, alho,

salsa, cebola, ervilha, etc. A cultura da cebola apresenta maior tolerância ao prometryne quando este

é aplicado antes do transplante. Não apresenta seletividade para a cultura da cebola em semeadura

direta.

Metribuzin

O 4-amino-6-(1,1-dimetiletil)-metiltio-1,2,4-triazina-5-(4H)-ona (metribuzin) apresenta

solubilidade em água de 1.100 mg L-1; kow: 44,7; e koc médio de 60 mg g-1 de solo (RODRIGUES;

ALMEIDA, 2005). É moderadamente adsorvido em solos com alto teor de matéria orgânica e, ou,

argila. É um herbicida muito dependente das condições edafoclimáticas para seu bomfuncionamento. Quando aplicado na superfície de solo seco e persistir nesta condição por sete dias,

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é desativado por fotodegra¬dação (SILVA, 1989). O metribuzin é também facilmente lixiviado no

solo, não sendo recomendado seu uso em solo arenoso e, ou, com baixo teor de matéria orgânica. É

absorvido tanto pelas folhas quanto pelas raízes. Controla diversas espécies de dicotiledôneas e

algumas gramíneas. É recomendado para aplicação em pré-emergência nas culturas de batata,

tomate, soja, café, cana-de-açúcar e mandioca para o controle de diversas infestantes dicotiledôneas. Não apresenta nenhum controle sobre Euphorbia heterophylla. Na cultura do tomate conduzida em

semeadura direta, deve ser usado exclusivamente em pré-emergência, logo após a semeadura. No

tomate transplantado, poderá ser usado também em pós-emergência, até dez  dias após o transplante

das mudas. É utilizado em misturas com outros herbicidas, especial¬mente com trifluralin e

metolachlor, na cultura da soja.

Linuron

O N-(3,4-diclorofenil)-N-metoxi-N-metiluréia (linuron) é um herbicida derivado do grupo

das uréias, que apresenta solubilidade em água de 75 mg L-1, pka: zero; kow: 1.010; e koc médio de

400 mg g-1 de solo. É adsorvido principalmente em solos com alto teor de matéria orgânica e, ou,

argila, sendo pouco lixiviável nestes tipos de solo, apresentando persistência de 2 a 5 meses. É

recomendado para uso em soja, algodão, milho, batata, cenoura, rabanete, alho, cebola, etc.,

  principalmente para aplicações em pré-emergência. Nas culturas de cenoura e de cebola, pode

também ser usado em pós-emergência, quando as plantas daninhas estiverem com 1-2 pares de

folhas. É mais facilmente absorvido pelas raízes, tendo a sua atividade muito influenciada pelas

caracterís¬ticas físico-químicas do solo (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).

Diuron

O N`-(3,4-diclorofenil)-N,N-dimetiluréia (diuron) apresenta solubilidade em água de 42 mg L -1;

 pka: zero; kow: 589; e koc médio de 480 mg g-1 de solo e uma meia-vida média no solo de 90 dias

com persistência de 4-8 meses (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É muito adsorvido pelos

colóides orgânicos e minerais, sendo sua atividade altamente influenciada pelas características

físico-químicas do solo; por esta razão, é pouco móvel no perfil do solo. Esta característica garante

a “seletividade toponômica” do diuron para o algodão e outras culturas em solos de textura média a

 pesada. Todavia, em solos de textura arenosa e com baixo teor de matéria orgânica, o diuron podeatingir o sistema radicular das culturas, tornando-as sensíveis. É recomendado para as culturas de

algodão, cana-de-açúcar, citros, abacaxi, mandioca, seringueira, pimenta-do-reino, cacau, etc., para

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação66

o controle de gramíneas e dicotiledôneas, sendo facilmente absorvido pelas raízes das plantas. O

diuron, também, é muito recomendado em misturas com diversos herbicidas (paraquat, ametryn,

2,4-D, tebuthiuron, atrazine, MSMA, etc.), para uso em plantio direto, em aplicações dirigidas em

diferentes culturas, em sistemas de plantio direto e convencional.

Tebuthiuron

O N-[5-(1,1-dimetiletil)-1,3,4-tiadiazol-2-il]-N,N’-dimetiluréia (tebuthiuron) possui

solubilidade em água de 2.570 mg L-1; pka: zero; kow: 671 e koc médio de 80 mg g -1 de solo. É

adsorvido pelos colóides orgânicos e minerais, apresentando média lixiviação no perfil do solo.

Quando usado em doses elevadas em cana-de-açúcar, recomenda-se não cultivar culturas sensíveis

ao tebuthiuron, como feijão, amendoim e soja por um período inferior a dois anos e a três anos

quando aplicado em pastagem. A persistência do tebuthiuron em regiões de elevada precipitação

 pluvial é de 12 a 15 meses; todavia, esta persistência é muito maior em regiões sujeitas a déficits

hídricos prolongados. No Brasil, é recomendado para uso em cana-de-açúcar, pastagens e áreas não-

cultivadas. Controla largo espectro de dicotiledôneas e monocotiledôneas anuais e perenes. É

formulado como pó-molhável e suspensão concentrada. É recomendado para uso em pré-

emergência na cultura da cana-de-açúcar, em aplicação isolada ou em misturas com outros produtos

  para o controle de plantas daninhas de folhas estreitas e largas que se propagam por sementes(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Também pode ser usado para eliminar árvores ou arbustos em

 pastagens. Neste caso, apresenta efeito lento, podendo demorar de 3 a 12 meses para eliminar a

 planta.

Bentazon

O 3-(1-metiletil)-(1H)-2,1,3-benzotiodiazinona-4(3H)-ona 2-dióxido (bentazon) apre-senta

solubilidade em água de 500 mg L-1; kow: 0,35; e koc médio de 34 mg g-1 de solo. É adsorvido

 pelos colóides orgânicos e minerais do solo, mostrando potencial de lixiviação muito reduzido, não

sendo encontrado em profundidades superiores a 20 cm. Apresenta curta persistência no solo

(inferior a 20 dias), não se observando efeito residual em culturas sucessoras (RODRIGUES;

ALMEIDA, 2005). É registrado no Brasil para as culturas de amendoim, arroz, feijão, milho, soja e

trigo. É utilizado exclusivamente em pós-emergência, devido à reduzida absorção radicular.

Recomenda-se adição de um adjuvante oleoso à calda, para lhe facilitar a absorção por algumas

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 67

espécies de plantas daninhas, exceto para a cultura do feijão onde a adição do adjuvante não é

recomendada pois pode causar fitotoxicidade. A eficácia é maior a temperaturas altas e reduz

quando abaixo de 16 oC, razão pela qual, no inverno, o uso de óleo mineral torna-se mais

necessário. Controla diversas espécies de folhas largas anuais, entre elas Acanthospermum australe,

Bidens pilosa, Ipomoea grandifolia, Rhaphanus raphanistrum, Commelina benghalensis, além deoutras. Contudo é totalmente ineficiente no controle de Euphorbia heterophylla e Amaranthus sp.

Deve ser aplicado sobre plantas daninhas no estádio de 2 a 4 folhas, estando estas com bom vigor 

vegetativo, evitando períodos de estiagem e umidade relativa do ar inferior a 60%. É comum ser 

utilizado em mistura, no tanque, com herbicidas recomendados para controlar plantas daninhas de

folhas largas, quando a infestação do terreno incluir espécies que lhe são tolerantes. Não atua sobre

gramíneas, visto que são comuns as combinações com graminicidas pós-emergentes; nestas

condições, aplica-se, preferencialmente, primeiro o graminicida e, em um intervalo de três dias, o

 bentazon. A aplicação simultânea induz efeito antagônico.

Propanil

O N-(3,4-diclorofenil) propanamida (propanil) apresenta solubilidade em água de 500 mg

L-1; pka: zero; kow: 193; e koc médio de 149 mg g-1 de solo. É fracamente adsorvido pelos colóides

orgânicos e minerais. Apresenta persistência muita curta no solo, de apenas três dias, sendodecomposto basicamente por microrganismos. É compatível com a maioria dos herbicidas. Todavia,

as misturas com fungicidas, inseticidas e fertilizantes foliares podem quebrar-lhe a seletividade para

a cultura do arroz, pois inibem a enzima arilacilamidase responsável pelo rápido metabolismo do

  propanil nas plantas de arroz. Deve ser usado em aplicações seqüenciais com inseticidas: com os

organofosforados observar intervalo mínimo entre as aplicações de 15 dias e, para os carbamatos,

30 dias. Não utilizá-lo em lavouras onde as sementes foram tratadas com carbofuran

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É recomendado em pós-emergência da cultura do arroz e das

 plantas daninhas, com estas, preferencialmente, no início do desenvolvimento (2 a 3 folhas). Deveser aplicado com as plantas daninhas com bom vigor vegetativo, evitando períodos de estiagem,

horas de calor, umidade relativa do ar inferior a 70% e excesso de chuva, ou com a cultura em

 precárias condições vegetativas, fitossanitárias ou cobertas de orvalho. Não se adiciona surfatante à

calda. Requer um período de seis horas sem chuva, após as aplicações, para assegurar sua absorção

 pelas plantas. Controla com eficiência diversas espécies de gramíneas, dicotiledôneas e ciperáceas.

É muito comum o uso do propanil em mistura com outros herbicidas, visando aumentar o espectro

de controle das plantas daninhas.

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação68

4.3 - Herbicidas inibidores da Protox

4.3.1. Principais características

As principais características dos herbicidas inibidores da Protox (WARREN; HESS, 1995)

são:

•  Herbicidas deste grupo podem penetrar pelas raízes, pelos caules e pelas

folhas de plantas jovens.

•  Há muito pouca ou praticamente nenhuma translocação nas plantas tratadas.

•  A atividade herbicida acontece na presença da luz, ou seja, no escuro, os

herbicidas deste grupo não têm ação.

•  As partes tratadas da planta que são expostas à luz morrem rapidamente(dentro de um a dois dias). Como estes herbicidas não se movimentam dentro da

  planta, as necroses foliares têm o formato e a intensidade das gotículas de

  pulverização. É preciso que haja boa cobertura da planta, para que ela seja

efetivamente controlada.

•  Os difeniléteres são fortemente adsorvidos pela matéria orgânica do solo e

muito pouco lixiviados.

•  A ação tóxica dos herbicidas inibidores da Protox, quando aplicados em pré-

emergência, se manifesta nas plantas próximo da superfície do solo, durante aemergência das plântulas

•  A incorporação ao solo diminui a ação destes herbicidas, em razão da maior 

sorção destes aos colóides do solo.

•  A persistência no solo varia consideravelmente entre os herbicidas deste

grupo, podendo variar de alguns dias a vários meses. É comum ocorrer danos em

culturas sucedâneas quando não se observa o período residual recomendado, que

 pode variar com a dose aplicada, tipo de solo e condições climáticas.

•  São poucos os relatos na literatura sobre o aparecimento de plantas daninhas

que adquiriram resistência a estes herbicidas, em decor¬rência do uso repetido

destes.

•  A toxicidade para pássaros e mamíferos é baixa, enquanto para peixes ela

varia de baixa a moderada.

4.3.2 - Mecanismo de ação

A atividade destes herbicidas é expressa por necrose foliar da planta tratada em pós-

emergência, após 4-6 horas de luz solar. Os primeiros sintomas são manchas verde-escuras nasfolhas, dando a impressão de que estão encharcadas pelo rompimento da membrana celular e

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 69

derramamento de líquido citoplasmático nos intervalos celulares (Fig. 4A). A estes sintomas iniciais

segue-se a necrose. Quando estes herbicidas são usados em pré-emergência, o tecido é danificado

 por contato com o herbicida, no momento em que a plântula emerge. Similarmente à aplicação pós-

emergência, o sintoma característico é a necrose do tecido que entrou em contato com o herbicida

(WARREN; HESS, 1995).

Figura 4 – Sintomas de intoxicação em plantas de pepino tratadas com fomesafen (A) e efeito residual no solo (carryover) em folhasde milho (B)

Após a absorção e pequena translocação destes herbicidas até o local de ação, a luz é sempre

necessária para a ação herbicida. Experiências realizadas por vários autores mostraram que o uso de

um herbicida inibidor do transporte de elétrons na fotossíntese (diuron), ou mesmo de um mutante

de planta amarelo (não-fotossintetizante), não reduziu o dano ocasionado pela aplicação de um

difeniléter. Estas experiências demonstraram que o requerimento de luz para a atividade herbicida

dos difeniléteres não está relacionado com a fotossíntese.  No período de 1988-89, surgiram vários trabalhos que ajudaram no entendimento do

mecanismo de ação desses herbicidas. Primeiramente foi mostrado que, tratando-se cloroplastos

com um herbicida do grupo difenil-éter, houve a formação de grande quantidade de oxigênio

singleto (O2), reconhecidamente capaz de iniciar o processo de peroxidação de lipídios. Em

seguida, outras publicações comprovaram que o pigmento envolvido era a protoporfirina IX, um

 precursor da clorofila. Foi mostrado que a protoporirina IX é acumulada fora dos plastídios, em

tecidos tratados com os difeniléteres. Esse pigmento interage com o oxigênio e a luz para formar o

oxigênio singleto (O2). Foi descoberto também que substâncias capazes de inibir a síntese da protoporfirina IX (gabaculina, ácido levulênico, ácido 4,6-dioxoheptanóico) serviam de proteção

contra os difeniléteres. Finalmente, foi mostrado que a enzima inibida pelos herbicidas do grupo dos

difeniléteres era a protoporfirinogênio oxidase, conhecida simples¬mente pela abreviatura Protox.

Ficou então uma questão crucial para ser respondida: se a Protox é inibida, como é que a

  protoporfirina IX estaria sendo acumulada? Num trabalho de 1993, foi verificado que o

  protoporfirinogênio IX, precursor da protoporfirina IX, sai do centro de reação do cloroplasto

quando a Protox é inibida e se acumula no citoplasma. A oxidação enzimática ocorre então no

citoplasma, e o produto formado não serve de substrato para a enzima Mg-quelatase, responsável

  pela formação da Mg-protoporfirina IX. A protoporfirina IX formada no citoplasma, sem Mg,

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação70

interage com o oxigênio e a luz para formar o oxigênio singleto (‘O2) e iniciar o processo de

 peroxidação dos lipídios da plasmalema.

Uma explicação final deve ser dada sobre o fato de que a protopor¬firina IX se acumula

muito rapidamente em células de plantas tratadas com um difeniléter ou oxadiazon, daí o

aparecimento de necroses de forma tão rápida (4-6 horas). A acumulação rápida da protoporfirinaIX sugere um descontrole na rota metabólica de síntese desta. A explicação mais plausível é a

inibição da síntese do grupo heme, precursor na planta dos citocromos, que é sintetizado a partir da

  protoporfirina IX com a interferência da Fe quelatase. O grupo heme é conhecido pela ação de

controle na síntese do ácido aminolevulínico (ALA), a partir do glutamato. Com a inibição da

 protox no cloroplasto, a síntese de heme é também inibida, deixando de haver o controle sobre a

síntese de ALA. As conseqüências do descontrole são o aumento rápido do protoporfirinogênio IX,

a saída para o citoplasma, a oxidação pela Protox no citoplasma, a formação da protoporfirina IX, o

aparecimento do oxigênio singleto (forma reativa do oxigênnio) e a peroxidação dos ácidos graxosinsaturados da plasmalema (WARREN; HESS, 1995).

Vale a pena salientar que a enzima protoporfirinogênio oxidase (protox) ocorre também nos

mitocôndrios de células animais e que a enzima encontrada nos mitocôndrios é mais sensível aos

herbicidas difeniléteres do que a enzima encontrada nos cloroplastos. A acumula¬ção de

 protoporfirina em células humanas é conhecida por estar associada com algumas doenças, como a

  protoporfiria. Oxadiazon, por exemplo, quando adicionado na dieta de ratos, provoca níveis

elevados de porfirina. O padrão de acumulação é o mesmo observado na doença Porfiria variegata.

Esse fato sugere um manuseio bem cuidadoso desses herbicidas.

4.3.3 - Caracterização de alguns herbicidas inibidores da PROTOX 

Fomesafen

O 5-(2-cloro-4-(trifluorometil) fenoxi-N-(metilsulfonil)-2-nitrobenzamida (fomesafen)apresenta solubilidade em água de 50 mg L-1 (ácido); pka: 2,83; kow: 794; e koc médio de 60 mg

g-1 de solo. Persistência alta no solo na dose recomendada, variando de dois a seis meses

(ALMEIDA; RODRIGUES, 2005). Recomenda-se observar um intervalo mínimo de 150 dias entre

a aplicação do fomesafen e a semeadura de milho e, ou, sorgo. É registrado no Brasil para as

culturas de soja e feijão. Controla grande número de espécies de folhas largas anuais, entre elas

Acanthospermum australe, Amaranthus hybridus, Euphorbia heterophylla, Bidens pilosa, Ipomoea

grandifolia, além de outras. É recomendado para uso em pós-emergência das plantas daninhas

estando estas no estádio de 2 a 4 folhas. Deve ser aplicado com as plantas daninhas com bom vigor vegetativo, evitando períodos de estiagem, horas de muito calor e umidade relativa do ar inferior a

60%. Deve-se adicionar à calda o adjuvante recomendado pelo fabricante. Requer uma hora sem

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 71

ocorrência de chuvas após a aplicação, para assegurar a absorção pelas plantas daninhas. É comum

ser utilizado em mistura com o fluazifop-p-butil, para o controle em pós-emergência de plantas

daninhas dicotiledôneas e gramíneas e também com outros herbicidas, visando aumentar espectro

de controle de plantas daninhas.

Lactofen

O 2-etoxi-1-metil-2-oxoetil-5-[2-cloro-4-(trifluorometil)fenoxi-2-nitrobenzoato (lactofen)

apresenta solubilidade em água de 0,1 mg L-1; pka: zero e koc médio de 10.000 mg g-1de solo. É

fortemente adsorvido pelos colóides orgânicos e minerais, apresentando muito baixa lixiviação no  perfil do solo (ALMEIDA; RODRIGUES, 2005). O lactofen tem meia-vida no solo de três dias

sendo completamente dissipado em menos de 30 dias, não afetando as culturas em sucessão. É

registrado no Brasil para as culturas de soja, arroz e amendoim. Controla grande número de

espécies de folhas largas anuais, incluindo algumas espécies-problema, como Euphorbia

heterophylla, Sida rhombifolia, Commelina benghalensis, além de outras. É recomendado para uso

em pós-emergência das plantas daninhas, no estádio de 2 a 4 folhas. O produto provoca intoxicação

à cultura da soja, com clorose e necrose foliar e redução e crescimento, mas a cultura se recupera. É

comum ser utilizado em mistura no tanque com outros herbicidas, visando aumentar o espectro decontrole de plantas daninhas de folhas largas e, também, para inibir o aparecimento de biótipos

resistentes a herbicidas.

Oxyfluorfen

O 2-cloro-1-(3-etoxi-4-nitrofenoxi)-4-(trifluorometil)benzeno (oxyfluorfen) apresenta

solubilidade em água < 0,1 mg L-1; pka: zero; kow: 29.400; e koc médio de 100.000 mg g-1de solo.

É fortemente adsorvido pelos colóides orgânicos e minerais e, por isso, é resistente à lixiviação no

  perfil do solo. Sua degradação no solo é essencialmente por fotólise e insignificante por 

microrganismos. Apresenta meia-vida de 30 a 40 dias e persistência média de seis meses no solo;

  podendo, esta, ser ainda maior em viveiros, devido às condições de umidade e sombreamento

(ALMEIDA; RODRIGUES, 2005). É registrado no Brasil para as culturas de algodão, café, arroz,

cana-de-açúcar, citros, eucalipto e pinho, sendo utilizado em outros países, também, nas culturas de

nogueira, videira, milho e amendoim. É utilizado em pré e pós emergência precoce, dependendo da

exigência da cultura. Controla gramíneas e algumas espécies de dicotiledôneas, ambas anuais. Em

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razão da sensibilidade à fotodecomposição, exige umidade no solo no momento da aplicação para

  penetrar neste, quando usado em pré emergência, evitando a ação dos raios solares. Quando

utilizado em pós-emergência, recomenda-se usar adjuvantes na calda. Em algodão, é usado quando

a cultura atinge desenvolvimento superior a 50 cm de altura, em aplicação dirigida, de forma a não

atingir o algodoeiro. Usar, se necessário, protetores de bicos. Aplicar após o cultivo, em pré-emergência das plantas daninhas, ou, no máximo, quando estas atingirem a fase de duas folhas; com

elas mais desenvolvidas, aplicá-lo em mistura com o MSMA. Em arroz irrigado, pode ser usado em

  pré ou pós-emergência das plantas daninhas, porém antes da emergência do arroz. Em café, é

utilizado tanto em viveiros quanto em cafezais jovens e adultos. Em viveiros, aplica-se logo após a

semeadura ou até cinco dias depois, após a rega. Em cafezais jovens, deve ser aplicado em pré-

emergência das plantas daninhas, em jato dirigido, de forma a não atingir a folhagem, podendo ser 

feitas duas aplicações anuais. Em cafezais adultos, deve ser aplicado logo após a arruação ou

esparramação, em pré-emer¬gência das plantas daninhas. Em plantações de eucalipto e pinho,aplica-se logo após o plantio, em pré-emergência das plantas daninhas, em solo úmido, na faixa de

  plantio, podendo ser pulverizado sobre as plantas, exceto nas variedades de eucalipto de folha

  pilosa, em que se faz em jato dirigido. Quando usado em pós-emergência, provoca o fechamento

dos estômatos e deterioração das membranas celulares, ocasionando colapso das células. Em pré-

emer¬gência, age sobre o hipocótilo das plantas em germinação e nos meristemas foliares. Não tem

ação sobre os tecidos radiculares, atuando unicamente sobre órgãos da parte aérea. Não é

metabolizado nas plantas, sendo pouco absorvido pelo sistema radicular e, também, pouco móvel.

Oxadiazon

O 3-[4,2-dicloro-5(1-metiletoxi)fenil]-5-(dimetietil)-1,3,4-oxadiazol-2-(3H)-ona (oxadiazon)

apresenta solubilidade em água de 0,7 mg L-1 ; pka: zero; kow: 63.100; e koc médio: 3.200 mg g -1 

de solo. É fortemente adsorvido pelos colóides orgânicos e minerais do solo; por esta razão e devido

à sua baixa solubilidade em água, apresenta lixiviação e movimentação lateral insignificantes. Sua

  persistência no solo é de dois a seis meses, dependendo da dose aplicada, do tipo de solo e das

condições climáticas (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). No Brasil, é recomendado para as culturas

de arroz, alho, cebola, cenoura e cana-de-açúcar. Na cultura do arroz, preferencialmente, é utilizado

em pré-emergência das plantas daninhas. Em cenoura, deve ser aplicado logo após a semeadura,

antes da emergência das plantas daninhas, em solo úmido. O alho e a cebola e, de maneira geral, as

culturas que se reproduzem por bulbo são bastante tolerantes ao oxadiazon. Nestas culturas deve ser 

utilizado em pré-emergência, logo após o plantio, podendo se reaplicar depois que as referidas

culturas atinjam a fase de três folhas. Em cana-de-açúcar, aplica-se logo após o plantio, com as  plantas daninhas ainda não emergidas, e, na cana-soca, logo após o corte, também em pré-

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emergência das invasoras. É comum aplicar o oxadiazon em misturas com herbicidas residuais

(diuron, ametryn, simazine, etc.) na cultura de cana-de-açúcar.

4.4 - Herbicidas inibidores do arranjo dos microtúbulos

4.4.1 - Mecanismo de ação

Estes herbicidas pertencem ao grupo das dinitroanilinas (trifluralin, pendimethalin e

oryzalin). Interferem em uma das fases da mitose, que corresponde à migração dos cromossomas da

  parte equatorial para os pólos das células. Todos estes compostos (grupo das dinitroanilinas)

interferem no movimento normal dos cromos¬somas durante a seqüência mitótica. O fuso

cromático é formado por proteínas microtubulares denominadas tubulinas. Estas proteínas são

contráteis, semelhantemente à actimiosina encontrada nos músculos dos animais, e responsáveis  pela movimentação dos cromossomas para os pólos da célula. As dinitroanilinas inibem a

 polimerização destas proteínas e, conseqüentemente, a formação do fuso cromático e movimentação

dos cromossomas na fase da mitose (Figs. 5 e 6).

O efeito direto é sobre a divisão celular, tendo como conseqüência o aparecimento de células

multinucleadas (aberrações). Estes herbicidas inibem o crescimento da radícula e a formação das

raízes secundárias. São eficientes apenas quando usados em pré-emergência, porque a sua ação

  principal se manifesta pelo impedimen¬to da formação do sistema radicular das plantas. Eles

 provocam a ruptura da seqüência mitótica (prófase > metáfase > anáfase > telófase) já iniciada(HESS, 1995b).

4.4.2 - Principais características

•  Paralisam o crescimento das raízes.

•  Possuem pouca ou nenhuma atividade foliar.

•  Apresentam de moderada a muito baixa movimentação no solo.

•  Repetidas aplicações não resultam na maior degradação microbioló¬gica.

•  Todos os herbicidas deste grupo apresentam de moderada a baixa toxicidade para

mamíferos.

•  Apresentam ótima ação no controle de gramíneas.

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Figura 5 - Seqüência normal da mitose 

Figura 6 - Mitose interrompida pela ação de herbicidas derivados das dininitoanilinas

4.4.3 - Caracterização de alguns herbicidas inibidores dos microtúbulos

Trifluralin

O 2,6-dinitro-N-N-dipropil-4-(trifluorometil) benzoamina (trifluralin) é um herbicida que

apresenta excelente ação sobre as gramíneas anuais e perenes oriundas de sementes, sendo

recomendado para as culturas de soja, algodão, feijão, ervilha, alfafa, quiabo, cucurbitá¬ceas,

 brássicas, tomate, pimentão, alho, cebola, beterraba, e outras. Por ser um produto volátil (pressão de

vapor de 1,1x10-4 mm Hg a 25 °C), sensível à luz e de solubilidade em água extremamente baixa

(0,3 mg L-1 a 25 °C), necessita ser incorporado mecanicamente ao solo logo após a sua aplicação

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É fortemente adsorvido pelos colóides da matéria orgânica e pouco pelos da argila; em solos ricos em matéria orgânica, a forte adsorção pode impedir a absorção

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do trifluralin pelas raízes das plantas, motivo pelo qual não é aconselhável seu uso nestas condições.

A lixiviação, assim como o movimento lateral no solo, é muito reduzida. Apresenta pka: zero; kow:

118.000; e koc médio de 7.000 mg g-1 de solo. É absorvido principalmente pela radícula e

 praticamente não se transloca na planta. A dose recomendada varia de acordo com as características

fisico-químicas do solo. Apre¬senta degradação lenta no solo, podendo, em alguns casos de rotaçãode culturas (feijão/milho) em áreas de baixa fertilidade e mal manejadas, causar danos à cultura

sucessora, provocando inibição do crescimento radicular desta (SILVA et al., 1998).

Pendimethalin

O N-(1-etilpropil)-3,4-dimetil-2,6-dinitrobenzenoamina (pendimethalin) é registrado no

Brasil para controle de gramíneas nas seguintes culturas: algodão, alho, amendoim, arroz, café,

cana-de-açúcar, cebola, feijão, milho, soja, tabaco e trigo. É recomendado para uso em pré

emergência da planta daninha e da cultura ou em PPI. É um herbicida de média volatilidade

(pressão de vapor de 9,4x10-5 mm Hg), sensível à luz e pouco móvel no solo, motivo pelo qual a

incorporação é recomendável em condições de solo seco e com período de estiagem. O

 pendimethalin apresenta solubilidade de 0,3 mg L-1; pka zero; kow: 152.000; e koc médio de 17.200

mg g-1 de solo. É fortemente adsorvido pelos colóides do solo; por esta razão, sua lixiviação é muito

 baixa e as doses recomendadas se dão em função das características físico-químicas do solo. Sua persistência no solo varia de 3 a 6 meses de acordo com o solo, a dose aplicada e as condições

climáticas (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).

4.5 - Inibidores da síntese de ácidos graxos de cadeias muito longas (VLCFA)

4.5.1 - Principais características

As cloroacetanilidas têm sido um dos grupos de herbicidas mais usados no mundo, desde o

lançamento do primeiro herbicida desse grupo, em 1954 (CDAA) (SLIFE, 1995). Nos Estados

Unidos da América do Norte, depois do glyphosate é o grupo de herbicida mais utilizado, por causa

do uso extensivo em soja e milho. Apesar do uso contínuo por tantos anos, não existem ainda

relatos do aparecimento de gramí¬neas que tenham adquirido resistência a esses herbicidas. Não há

relatórios também sobre aumento de biodegradação no solo. As princi¬pais características dos

herbicidas do grupo das cloroacetamidas são:

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•  Controlam plântulas de muitas espécies de gramíneas anuais e algumas

dicotiledôneas antes da emergência ou mesmo plantinhas, logo após a emergência.

Em áreas tratadas com cloroacetanilidas, as sementes iniciam o processo de

germinação, mas não chegam a emergir, e, quando o fazem, exibem crescimentoanormal. Em combinação com outros herbicidas, as cloroacetanilidas podem

auxiliar no controle de dicotiledôneas, porém, isoladamente, o controle não é

consistente. O maior uso das cloroacetanilidas está ligado ao controle, em pré-

emergência, de espécies daninhas gramíneas e comelináceas.

•  Em razão de os efeitos desses herbicidas estarem ligados somente as plântulas, é

muito difícil o estudo de translocação. Os dados existentes indicam translocação

muito pequena.

• 

As cloroacetanilidas são aparentemente absorvidas pelas raízes (dicotiledôneas) e pelas partes acima da semente epicótilo (principal¬mente gramíneas).

•  Gramíneas mostram inibição da emergência da primeira folha do coleóptilo;

ciperáceas mostram inibição da parte aérea; em dicotiledôneas (por exemplo, o

algodoeiro), o efeito inibitório causado pelo alachlor é maior sobre as raízes.

•  Cada cloroacetanilida que apareceu no mercado depois do herbicida CDAA

apresentou características um pouco diferentes das outras. De maneira geral, as

doses têm sido reduzidas, o efeito residual no solo tem aumentado e a dependência

dos fatores do solo tem diminuído. Devido a problemas de tolerância, é um dos

grupos mais estudados e com o qual mais se têm usado os protetores de herbicida.

Exemplo deste uso é a proteção do sorgo contra cloroacetanilidas, possibili¬tando

a utilização desses herbicidas nesta cultura, naturalmente sensível a eles.

•  As cloroacetanilidas apresentam normalmente pressão de vapor de média a alta,

mas, pelo fato de não terem ação pós-emergente, não há registros de problemas

com deriva.

•  A mobilidade no solo varia entre os herbicidas deste grupo e depende das

condições de umidade e do teor de matéria orgânica do solo. De modo geral, as

cloroacetanilidas apresentam de baixa a média mobilidade nos solos.•  A toxicidade das cloroacetanilidas a peixes, pássaros e mamíferos é muito baixa.

4.5.2 - Mecanismo de ação das cloroacetanilidas

Apesar de ter sido estudado extensivamente, o mecanismo bioquí¬mico primário de ação

das cloroacetanilidas ainda não é bem conhecido. A hipótese mais aceita atualmente é a inibição de

ácidos graxos de cadeias muito longas. Muitos efeitos diferentes sobre vários processos

 bioquímicos já foram mostrados. As cloroacetanilidas estão relacionadas com a inibição da sín¬tesede lipídios, ácidos graxos, terpenos, flavonóides e proteínas. Há relatórios que as relacionam com a

inibição da divisão celular e interferência com controle hormonal (SLIFE, 1995).

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A maioria dos efeitos bioquímicos e fisiológicos relatados sobre o modo de ação destes

herbicidas pode ser interpretada com base na inibição da síntese de proteínas. As cloroacetanilidas

 podem também alquilar aminoacil tRNAs específicos e, com isso, inibir a síntese de proteínas. As

cloroacetanilidas são conhecidas como agentes alquilantes e podem agir alquilando nucleófilos

  biológi¬cos. A retirada do nucleófilo pode acontecer entre o halogênio das cloroacetanilidas e onucleófilo, sendo este transferido (por exemplo, o grupo amino do metionil-tRNA inicial).

Os efeitos das cloroacetanilidas sobre a síntese de gorduras podem ser atribuídos à

interferência no metabolismo da CoA, sendo esta enzima o ponto de começo de muitas rotas

metabólicas, incluindo lipídios, ácidos graxos, terpenos, etc. Pelo menos “in vitro”, já foi mostrado

que o herbicida alachlor é capaz de alquilar CoA.

4.5.3 - Características de algumas cloroacetanilidas

Alachlor

O 2-cloro-2,6-dietil-N-(metoximetil)acetanilida (alachlor) é recomendado para controle de

diversas espécies de gramíneas e comelináceas, sendo usado em pré-emergência, logo após a

semeadura da cultura, estando o solo com boas condições de umidade. Apresenta solubilidade emágua de 242 mg L-1; pka: zero; kow 794; e koc médio de 120 mg g -1 de solo (RODRIGUES;

ALMEIDA, 2005). É adsorvido pelos colóides do solo, possuindo média a baixa mobilidade no solo

e persistência de 6 a 20 semanas, variável com o tipo de solo e as condições climáticas. Quando

aplicado em solo seco, a eficácia do produto reduz, se não chover no prazo de até cinco dias. Em

algodão, amendoim e girassol, não se deve utilizá-lo em solos arenosos. Em café, aplicá-lo após a

arruação ou esparramação, antes da emergência das plantas daninhas. Em café novo ou recepado,

  pode-se cultivar milho, soja ou amen¬doim no terreno tratado. Em cana-de-açúcar, deve ser 

utilizado logo após o plantio, podendo ser misturado com ametryn, diuron ou atrazine. Em milho, écomum misturá-lo com atrazine ou cyanazine. Em soja, em condições de alta infestação de

Brachiaria plantaginea, recomenda-se a mistura com graminicidas ou aplicação em seqüência ao

trifluralin incorporado; se a infestação for de Bidens pilosa, Richardia brasiliensis ou Sida sp.,

mistura-se com metribuzin, exceto em solos arenosos e, ou, com baixo teor de matéria orgânica.

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S-metolachlor

O 2-cloro-N-(2-etil-6-metilfenil)-N-[(1S)-2-metoxi-1-metiletil)]acetanilida (s-metolachlor) é

registrado no Brasil para cana-de-açúcar, feijão, milho e soja, sendo usado em outros países,

também, para culturas de amendoim, batata, girassol, sorgo e plantas ornamentais. Controla

essencialmente gramíneas anuais e algumas perenes de reprodução seminal, as comelináceas e um

número reduzido de latifoliadas. Para aumentar o espectro de ação sobre estas espécies, é comum

misturá-lo com latifolicidas, como atrazine, cyanazine, metribuzin, etc. Em razão de sua absorçãofoliar ser quase nula, é utilizado apenas em pré-emergência das plantas daninhas. Pelo fato de sua

absorção ser quase total pelo coleóptilo das gramíneas e pelo epicótilo das dicotiledôneas, é

essencial que sua aplicação seja feita antes da completa emergência das plantas. Apresenta

solubilidade em água de 488 mg L-1; pka: zero; kow: 3,05; e koc médio de 200 mg g -1 de solo. É

sorvido pelos colóides de argila e matéria orgânica; por esta razão, sua lixiviação é fraca a

moderada, exceto em solos arenosos. Devido à sensibilidade do s-metolachlor, à fotodegradação e à

volatilização, a sua eficácia ficará comprometida se aplicado em solo seco e não ocorrer uma chuva

de intensidade superior a 10  mm no espaço de cinco dias (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Emfeijão, não deve ser utilizado em solos arenosos, por provocar inoxicação à cultura. Em milho, é

largamente utilizado em mistura com o atrazine.

Acetochlor

O 2-cloro-N-(etoximetil)-N-(2-etil-6-metilfenil) acetanilida (acetochlor) é recomendado para

uso em pré-emergência das plantas daninhas, devendo ser aplicado em seguida à semeadura, mas no

  prazo máximo de três dias após a ultima gradagem. A terra deve estar bem preparada, livre de

torrões, restos de culturas e em boas condições de umidade. Apresenta solubilidade em água de 223

mg L-1; pka zero e kow 300. É adsorvido pelos colóides orgânicos e minerais do solo, sendo pouco

lixiviado, apresentando persistência de 8 a 12 semanas, dependendo da dose utilizada, das

condições climáticas e do tipo de solo. Em café, deve ser aplicado logo após a arruação e, ou,

esparramação. Em cana-de-açúcar, usa-se em cana-planta, logo depois do plantio, antes da

emergência das plantas daninhas e da cultura, sendo comum a mistura com outros herbicidas. Em

milho, recomenda-se sua aplicação logo após a semeadura, podendo ser misturado, entre outros,

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com atrazine ou cyanazine. Em soja, aplica-se logo após a semeadura, antes da emergência das

 plantas daninhas e da cultura, podendo ser misturado, entre outros, com metribuzin, exceto em solos

arenosos e, ou, com baixo teor de matéria orgânica.

4.6 - Herbicidas Inibidores do Fotossistema I 

São herbicidas derivados da amônia quaternária (paraquat e diquat), sendo largamente

utilizados como dessecantes no “plantio direto”, em aplicações dirigidas em diversas culturas, em

várias partes do mundo e, também, como dessecantes, em pré-colheita para diversas culturas.

4.6.1 - Características gerais

•  São altamente solúveis em água e, por isso, formulados em solução aquosa.•  São cátions fortes.

•  São rapidamente adsorvidos e inativados pelos colóides do solo.

•  São rapidamente absorvidos pelas folhas; chuvas após 30 minutos de sua

aplicação não mais influenciam a eficiência de controle das plantas daninhas.

•  A ação destes herbicidas é muito mais rápida na presença da luz do que no

escuro.

•  Usualmente, a morte das plantas devido à ação destes herbicidas é tão rápida na

 presença da luz que não dá tempo de eles se translocarem na planta.•  A toxicidade do diquat é alta e a do paraquat é muito alta, para mamíferos.

4.6.2 - Mecanismo de ação

Poucas horas após a aplicação destes herbicidas, na presença de luz, verifica-se severa

injúria nas folhas das plantas tratadas (necrose do limbo foliar). Estes compostos possuem a

capacidade de captar elétrons provenientes da fotossíntese (no fotossistema I) e formarem radicais

livres. O local de captura dos elétrons está próximo a ferredoxina e sua velocidade de ação depende

da intensidade luminosa. Estes radicais livres formados pelos herbicidas paraquat e diquat não são

os agentes responsáveis pelos sintomas de intoxicação observados. Estes radicais são instáveis e

rapidamente sofrem a auto-oxidação. Durante o processo de auto-oxidação são produzidos radicais

de superóxidos, os quais sofrem o processo de dismutação, para formarem o peróxido de

hidrogênio. Este composto e os superóxidos, na presença de Mg, reagem, produzindo radicais

hidroxil. Esta substância promove a degradação rápida das membranas (peroxidação de lipídios),

ocasionando o vazamento do conteúdo celular e a morte do tecido. Vale ressaltar que este não é o

único sítio de ação destes herbicidas, porque pequena atividade destes produtos é observada,

também, no escuro. Nesta condição, estes herbicidas capturam os elétrons provenientes darespiração, para formarem os radicais tóxicos. (WELLER; WARREN, 1995a).

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4.6.3 - Principal herbicida do grupo

Paraquat

O 1,1’-dimetil-4,4’-dicloreto de piridilio íon (paraquat) é um herbicida altamente solúvel em

água (620.000 mg L-1); pka: zero; kow: 4,5; e koc estimada de 1.000.000 mg g -1 de solo. É

inativado ao entrar em contato com o solo, por completa adsorção do cátion à argila. Esta ocorre

devido à dupla carga positiva da molécula do paraquat, formando complexos com os locais de carga

negativa, de onde não é removido mesmo com lavagens de solução saturada de sais, só sendo

recuperado por fragmentação da argila com ácido sulfúrico 18 N. Por esta razão, sua lixiviação é

nula e sua decomposição microbiana no solo é muito lenta. O paraquat pode ser usado para:

•  Dessecante em “plantio direto”. Para este fim, o paraquat é muito utilizado em

mistura com o diuron, formando o Gramocil.

•  Em pré-emergência de culturas, porém em pós-emergência das plantas daninhas.

•  Aplicações dirigidas em culturas de milho, algodão, café, fruteiras e outras.

•  Dessecante, em pré-colheita, para diversas culturas, visando viabilizar colheita

mecânica e melhor qualidade fisiologia de sementes (DOMINGOS et al., 2001).

•  Para limpeza de áreas não-cultivadas.

4.7 - Herbicidas inibidores da acetolactato sintase

Os herbicidas derivados das sulfoniluréias, comercializados pela primeira vez em 1982,

apresentam alto nível de atividade em doses muito pequenas. Atualmente, há vários herbicidas deste

grupo no mercado. Através de pequenas modificações na estrutura química, a seletividade pode ser 

alterada de uma cultura para outra. Exemplos de culturas que são tolerantes a um ou mais herbicidas

desse grupo químico são trigo, soja, arroz, milho, feijão, batata, beterraba, algodão, coníferas, cana-

de-açúcar, etc. As sulfoniluréias inibem a síntese dos chamados aminoácidos ramificados (leucina,

isoleucina e valina), através da inibição da enzima Aceto Lactato Sintase (ALS); esta inibição

interrompe a síntese protéica, que, por sua vez, interfere na síntese do DNA e no crescimento

celular. As plantas sensíveis tornam-se cloróticas, definham e morrem, no prazo de 7 a 14 dias após

o tratamento. Essa enzima é inibida, também, pelos herbicidas dos grupos químicos imidazolinonas,

triazolopyrimidines ou sulfonamidas e pyrimidinyl-oxybenzoatos (THILL, 1995; THILL, 2003a;

BRIDGES, 2003c). Apesar do pouco tempo de uso, a literatura já registra muitas espécies de

 plantas daninhas que desenvolveram resistência aos inibidores da ALS.

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As principais características das sulfoniluréias são:

•  Alguns são ativos em doses extremamente baixas; exemplo: o metsulfuron-

methyl, que apresenta atividade na dose de 2 g ha-1

 •  A maioria das sulfoniluréias apresenta bom controle de muitas espécies de folhas

largas (dicotiledôneas); todavia, algumas possuem, também, ótima atividade

contra gramíneas.

•  A toxicidade aguda para mamíferos é muito baixa (5.500–6.500 mg kg-1 em

ratos) para o herbicida chlorsulfuron, o mais estudado. Para outros análogos, a

toxicidade é mais baixa ainda.

•  As sulfoniluréias são ativas tanto em aplicações foliares quanto em aplicações no

solo.

Apesar de quimicamente diferentes, as imidazolinonas têm o mesmo mecanismo de ação das

sulfoniluréias, ou seja, inibem a enzima AHAS ou ALS. As principais caracte¬rísticas deste grupo

são:

•  As imidazolinonas são recomendadas para controle em pré-emergência e em pós-

emergência de muitas folhas largas e gramíneas em cereais, soja e em áreas não-

agrícolas.

•  Estes herbicidas são potentes inibidores do crescimento vegetal. Plantas tratadas

 param de crescer quase que imediatamente após a aplicação. Dois a quatro dias

após a aplicação desses herbicidas o ponto de crescimento (meriste¬ma apical)

das plantas tratadas torna-se clorótico e, depois, necrótico e morre. A morte

completa da planta vai ocorrer sete a dez dias após o tratamento. Plantas de

maior porte podem levar mais tempo para morre¬r, mas a paralisação do

crescimento é imediata.

•  Todos estes herbicidas são sistêmicos, ou seja, translocam pelo floema. Uma vez

dentro do floema, por causa do pH alcalino, estes herbicidas, que são ácidos

fracos, se dissociam e os ânions têm dificuldade para deixar o floema.•  As imidazolinonas apresentam persistência de moderada a longa no solo. Maior 

sorção e, conseqüentemente, maior persistência ocorrem quando decrescem a

umidade do solo, o pH e a temperatura e, também, quando os teores de matéria

orgânica, óxidos de ferro e de alumínio no solo aumentam.

•  A dissipação no solo é, via de regra, por meio da degradação microbiana. Em

condições de solo mais seco, mais herbicida é preso nos colóides do solo e

menos produto é disponível para biodegra¬dação ou absorção pelas plantas, o

que implica maior persistência e possível "carryover". As imidazolinonas são

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação82

sensíveis à fotólise, mas esse processo de dissipação não é importante no solo. A

fotólise é mais importante no meio aquático.

•  Pouca lixiviação tem sido reportada em condições de campo, apesar de os

estudos de laboratório indicarem mobilidade moderada destes herbicidas no solo.

•  As imidazolinonas apresentam muito baixa ou nenhuma toxicidade paramamíferos. Esta toxicidade baixa pode ser explicada pela enzima-alvo, que não

ocorre em animais, e também pelo fato de a excreção desses herbicidas ser muito

rápida em animais-teste.

Além das sulfoniluréias e das imidazolinonas, outros herbicidas, de grupos químicos

diferentes, apresen¬tam o mesmo mecanismo de ação, ou seja, inibem a enzima ALS ou AHAS e,

com isso, paralisam o crescimento das plantas (HESS, 1995c). Dente esses grupos químicos,

 podem-se destacar as triazolopirimidinas, ou sulfonamidas, e os piridinil-oxibenzoatos.

As principais características do herbicida N - (2,6-diflluorofenil) - 5 - metil (1,2,4) triazolo[1,5a] pirimidina - 2 - sulfonamida (flumetsulan) e N-[2,6-diclorofenil] - 5 - etoxi - 7 - fluoro(1,2,4)

triazolo – [(1,5c)] pirimidina - 2 - sulfonamida (diclosulan) são:

Flumetsulan  Diclosulan 

•  Apresentam ação pré-emergente sobre amplo espectro de plantas daninhas de

folhas largas. As gramíneas, de maneira geral, são resistentes devido ao

metabolismo mais rápido. Entre as culturas de folhas largas, a soja é tolerante.

•  Possuem absorção radicular, mas a translocação é sistêmica, ou seja, translocam-

se tanto pelo floema quanto pelo xilema.

•  A sorção no solo e a persistência aumentam quando o pH decresce e quando a

matéria orgânica aumenta. A persistência no solo é mediana, não havendo casos

relatados de "carryover".•  A dissipação no solo é devida ao ataque de microrganismos. Condições que

favorecem a ação microbiana aceleram a dissipação destes herbicidas no solo.

•  Possuem mobilidade no solo moderada, não se antevendo problemas de

contaminação de depósitos subterrâneos de água.

•  A toxicidade para mamíferos é muito baixa (Faixa Verde: DL50 > 6.000  mg/kg

em ratos).

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 4.7.1 - Algumas sulfoniluréias

Metsulfuron-Methyl

O ácido 2-[[[[(4-metoxi-6-metil-1,3,5-triazina-2-il)amino]carbonil]amino]sulfonil] benzóico

(metsulfuron-methyl) apresenta solubilidade em água de 270 mg L-1; pka: 3,3; kow: 1,0 a pH 5 e

0,018 a pH 7; e koc médio de 35 mg g-1g de solo. É pouco sorvido e muito lixiviado no solo,

dependendo da textura e do teor de matéria orgânica. Sua persistência (meia-vida) no solo varia de

30 a 120 dias (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É registrado no Brasil para controle de plantas

  daninhas de folhas largas nas culturas de trigo, arroz, cana-de-açúcar, aveia, cevada, manejo deinverno e pastagens. Entre as espécies sensíveis encontram-se Raphanus raphanistrum, Raphanus

sativus, Acanthospermum australe, Bidens pilosa, Ipomoea grandifolia, além de muitas outras. É

recomendado para uso em pós-emergência, devendo ocorrer intervalo de seis horas sem chuva após

a sua aplicação. A ação do produto nas plantas daninhas sensíveis pode ser observada através da

clorose das folhas e morte das gemas apicais, com evolução para morte das plantas até 21 dias após

aplicação. Em espécies menos sensíveis, observa-se paralisação de seu desenvolvimento. Culturas

como trigo e arroz, para as quais é seletivo, conseguem metabolizá-lo rapidamente a compostos

não-fitotóxicos.

Nicosulfuron

O 2-[[[[(4,6-dimetoxi-2pirimidinil)amino]carbonil]amino]sulfonil]-N,N-dimetil-3-

 piridinacarboxamida (nicosulfuron) apresenta solubilidade em água de 360 mg L-1

a pH 5 e 12.200a pH 6,85; pka: 4,3; kow: 0,44 a pH 5 e 0,018 a pH 7; e koc médio de 30 mg g -1 de solo a pH 6,5.

Quanto à sua persistência em condições de Brasil, sabe-se que culturas de soja, girassol, algodão e

feijão poderão ser semeadas 30 dias após a aplicação do nicosulfuron; trigo, arroz e batata, 45 dias

após a aplicação; e tomate, 60 dias (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). No Brasil, está registrado

  para a cultura do milho, sendo utilizado em pós-emergência em área total. Controla gramíneas,

inclusive o capim-massambará (Sorghum halepense), e diversas espécies de dicotiledôneas. No

momen¬to da aplicação, as plantas de milho devem estar com duas a seis folhas; as plantas

daninhas dicotiledôneas, com duas a seis folhas; e as gramíneas, com até dois perfilhos. A aplicaçãodeve ser feita estando o solo úmido e com as plantas daninhas em pleno vigor vegetativo. A

ocorrência de chuvas uma hora após a aplicação não afeta a eficiência deste herbicida. A mistura do

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nicosulfuron com o atrazine no tanque do pulverizador aumenta o espectro de controle de plantas

daninhas. Existem diferentes níveis de tolerância entre os híbridos de milho disponíveis no mercado

 brasileiro ao nicosulfuron. Por isso, antes de aplicar esse herbicida em cultura do milho consulte a

lista de híbridos e variedades tolerantes a esse herbicida. A mistura desse herbicida com inseticidas

carbamatos ou fosforados pode torná-lo não-seletivo ao milho (SILVA et al., 2005)

Halosulfuron

O metil-3-cloro-5-(4,6-dimetoxipirimidin-2-carbomoilsulfamoil)-1-metillpirazole-4-

carboxilato (halosulfuron) é registrado no Brasil para cana-de-açúcar, para controle de Cyperus

rotundus. Apresenta solubilidade em água de 15 mg L-1 a pH 5,0 e 1.650 a pH 7,0; pka: 3,5; kow:

47 a pH 5,0 e 0,96 a pH 7,0; e koc médio de 93,5 mg g -1 de solo. Apresenta baixa adsorção no solo.

Possui meia-vida média no solo em torno de 16 dias, variando com o tipo de solo e as condições

climáticas (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Sua aplicação deve ser feita em pós-emergência das

 plantas daninhas, sendo o melhor período 30 a 40 dias após o plantio da cana-de-açúcar, quando as

 plantas daninhas deverão estar no final da fase vegetativa ou início do florescimento. As plantas de

Cyperus rotundus devem estar em boas condições de desenvolvimento, sem efeito de estresse

hídrico ou de baixa temperatura.

Chlorimuron-ethyl

O ácido 2-[[[[(4-cloro-6-metoxi-pirimidinil)amino]carbonil]amino]sulfonil]benzóico

(chlorimuron-ethyl), no Brasil, encontra-se registrado para a cultura da soja, sendo usado em pós-

emergência. Apresenta solubilidade em água de 450 mg L-1 a pH 6,5; pka: 4,2; kow de 320 a pH 5,0e 2,3 a pH 7,0; e koc médio de 110 mg g -1 de solo (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). No solo,

apresenta adsorção e lixiviação moderadas e meia-vida de 7,5 semanas. A persistência é maior em

solos com pH mais elevado; em solos ácidos e com clima quente, a persistência é baixa. Manter 

intervalo de 60 dias entre a aplicação do chlorimuron-ethyl e a semeadura de trigo, milho, feijão e

algodão. Para as outras culturas, fazer antes um bioensaio. Controla essencialmente espécies anuais

de dicotiledôneas, sendo mais efetivo quando estas se encontram na fase inicial de crescimento (até

seis folhas). Entre as espécies sensí¬veis encontram-se Desmodium tortuosum, Acathospermum

australe, Ipomoea grandifolia, Bidens pilosa, além de outras. É comum misturá-lo com outros

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 85

herbicidas, para controle de dicotiledôneas em soja, porém não deve ser misturado com

graminicidas.

Flazasulfuron

O 1-(4,6-dimetoxipirimidin-2-il)-3-(3-trifluorometil-2-piridilsulfonil) uréia (Flazasulfuron)

apresenta solubilidade em água de 27.000 mg L-1 a pH 5,0 e 2.100 a pH 7,0; pka, kow e koc não

disponíveis. Sua mobilidade no solo é inversamente proporcional ao teor de matéria orgânica; é

facilmente lixiviável no solo. Sua degradação no solo é por ação microbiana e química, sendo

influenciada pela temperatura e pelo pH do solo (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Apresenta

meia-vida variando de 9 a 120 dias. Pode ser usado em pré ou em pós-emergência inicial das

  plantas daninhas, estando o solo em boas condições de umidade. Quando usadas em pós-

emergência, as gramíneas devem ter no máximo três perfilhos; as dicotiledôneas, seis folhas; e a

tiririca (Cyperus rotundus), de 5 a 8 folhas e em pleno desenvolvimento vegetativo, evitando-se

aplicar em períodos de estiagem e umidade relativa do ar inferior a 60% (SILVA et al., 1999). O

flazasulfuron deve ser aplicado em cobertura total das plantas daninhas e da cultura; as plantas de

cana-de-açúcar devem possuir no máximo quatro folhas, para se evitar o efeito “guarda-chuva”. Na

cultura da cana, para maior espectro de controle, pode ser misturado no tanque do pulverizador com

outros herbicidas (ametryn, diuron, etc.); todavia, se objetivo for controlar a Cyperus rotundus, este

herbicida deve ser aplicado isoladamente.

4.7.2 - Algumas imidazolinonas

Imazaquin

O ácido 2-[4,5-dihidro-4-metil-4-(1-metiletil)-5-oxo-1H-imidazol-2-il]-3-quinolina

carboxílico (imazaquin) apresenta solubilidade em água de 60 mg L -1; pka: 3,8; kow: 2,2; e valor 

médio de koc de 20 mg g-1 de solo a pH 7,0 (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É fracamente

adsorvido em solo com pH alto, porém esta adsorção aumenta em pH baixo. Sua persistência no

solo é alta (meia-vida de sete meses), podendo afetar culturas de inverno que seguem à soja tratada

com o produto (SILVA et al., 1998). O milho é muito sensível a resíduo de imazaquin no solo,exigindo intervalo de segurança acima de 180 dias após sua aplicação, não sendo recomendável

cultivá-lo na modalidade de “milho safrinha” no mesmo ano agrícola da soja, em alguns tipos de

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solo. É registrado no Brasil para a cultura da soja, sendo utilizado em pré-plantio incorporado ou em

  pré-emergência das plantas daninhas. Controla essencialmente plantas daninhas dicotiledôneas,

entre as quais Euphorbia heterophylla, Ipomoea grandifolia, Sida rhombifolia, além de outras.

Imazethapyr

O ácido 2-[4,5-dihidro-4-metil-4-(1-metiletil)-5-oxo-1H-imidazol-2-il]-5-etil-piridina

carboxílico (imazethapyr) apresenta solubilidade em água de 1.400 mg L-1; pka: 3,9; e kow: 11 a pH

5,0 e 31 a pH 7,0. É fracamente adsorvido em solo com pH alto, mas esta adsorção aumenta em pH  baixo, sendo, também, pouco lixiviado (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Apresenta lenta

degradação no solo (meia-vida de 60 dias), podendo causar toxicidade a algumas culturas de

inverno que forem cultivadas em sucessão à soja tratada com este herbicida (SILVA et al., 1999). O

milho e o sorgo são muito sensíveis ao resíduo de imazethapyr no solo. É registrado no Brasil para

uso exclusivo na cultura da soja. Recomenda-se a aplicação em pós-emergência precoce, estando as

dicotiledôneas, no estádio cotiledonar, com até quatro folhas, e as monocoti¬ledôneas, entre uma e

quatro folhas, o que geralmente acontece entre 5 e 15 dias após a semeadura da soja. Controla com

eficiência diversas espécies de plantas daninhas: Euphorbia heterophylla, Bidens pilosa, Hyptissuaveolens, Ipomoea grandifolia, além de outras.

Imazamox

O ácido nicotínico 2-(4-isopropil)-4-metil-1-metiletil-(1-metil-5-oxo-2-imidazolin-2-il)-5-

(metoximetil) (imazamox) apresenta solubilidade em água de 4.413 mg L -1 e Kow: 5,36

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É pouco adsorvido pelos colóides do solo e, também, pouco

lixiviado. Apresenta rápida degradação no solo, essencialmente microbiana (meia-vida de 15 dias).

Estudos preliminares têm demonstrado que este herbicida apresenta rápida degradação em

condições de solos brasileiros (SILVA et al., 1999). É registrado no Brasil para cultura da soja e do

feijão. Recomenda-se sua aplicação em pós-emergência das plantas daninhas dicotiledôneas,

estando estas com até quatro folhas e de monocotiledôneas, entre um a três perfilhos, o quegeralmente acontece entre 15 e 20 dias após a semeadura do feijão. Controla, com eficiência,

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diversas espécies de plantas daninhas, entre estas Euphorbia heterophylla, se aplicado em pós-

emergência precoce.

Pyrithiobac-sodium

O sódio 2-cloro-6-[(4,6-dimetoxipirimidina-2-il) tio]- benzoato (Pyrithiobac-sodium)

apresenta solubilidade em água de 1610 mg L-1, Kow: 0,6, pka: 2,34 e meia-vida no solo de dois

meses (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É pouco adsorvido pelos colóides do solo e, também,

  pouco lixiviado. Apresenta degradação no solo essencialmente microbiana É registrado no Brasil para o controle de dicotiledôneas, em pós-emergência precoce na cultura do algodão.

Imazapyr

O ácido (+-)-2-[4,5-dihidro-4-metil-4-(1-metietil)-5-oxo-1H-imidazol-2-il]-3-piridina

carboxílico (imazapyr) apresenta solubilidade em água de 11.272 mg L-1 a pH 7,0 e pka: 1,9 a 1,36

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É fracamente adsorvido pelos colóides do solo. Apresenta lenta

degradação no solo, essencialmente por via microbiana, em condições aeróbicas, não se

  processando em condições anaeróbicas. Em campo, a persistência biológica é dependente,

sobretudo, da dosagem e dos fatores ambientais, com degradação mais rápida em clima quente e

úmido. Estudos de laboratório indicam que imazapyr tem alto potencial de se mover no perfil do

solo, podendo ocorrer lixiviação positiva (para baixo) ou negativa (reversa –para cima), dependendo

do movimento capilar da água no perfil do solo (FIRMINO, 2001). Aplicações em altas doses para

capinas de ruas pode intoxicar árvores utilizadas na arborização do ambiente (Fig. 7). Também

quando aplicado no tronco do eucalipito visando eliminar rebrota após a derrubada, pode ser 

exsudado pelas raízes, vindo intoxicar as novas mudas plantadas para renovação da floresta,

  principalmente em solos arenosos. Sua persistência no solo é longa (três a sete meses em solos

tropicais e seis meses a dois anos em clima temperado.

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Figura 7 – Árvores mortas pela ação do imazapyr quando aplicado para capina química de rua (A). Plantas normais cultivadas emsolo sem resíduos de herbicidas (a) e plantas com sintomas de intoxicação do imazapyr (b), cultivadas em solo coletado à margem darua tratada com o herbicida

4.8 - Herbicidas inibidores da EPSPs

4.8.1 - Mecanismo de ação

Logo após a aplicação, plantas tratadas com estes herbicidas param de crescer. Há redução

acentuada, nas plantas tratadas, nos níveis desses aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e

triptofano). Por outro lado, foi observado aumento acentuado na concentração de shikimato,

 precursor comum na rota metabólica dos três aminoácidos aromáticos. Verificou-se, então, que o

  ponto de ação era a enzima EPSP sintase (5 enolpiruvilshikimato-3-fosfato sintase). Glyphosate

inibe a EPSP sintase por competição com o substrato PEP (fosfoenolpi¬ruvato), evitando a

transformação do shikimato em corismato. A enzima EPSP sintase é sintetizada no citoplasma e

transportada para dentro do cloroplasto onde atua. O glyphosate se liga a esta enzima pela carboxila

do ácido glutâmico (glutamina) na posição 418 da seqüência de aminoácidos (HESS, 1995c;

SHANER; BRIDGES, 2003). Alguns autores acham que a simples redução de aminoácidos e a

acumulação de shikimato não seriam suficientes para a ação herbicida; acreditam que adesregulação da rota do ácido shikímico resulta na perda de carbonos disponíveis para outras

reações celulares na planta, uma vez que 20% do carbono das plantas é utilizado nesta rota

metabólica, pois fenilalanina, tirosina e tryptofano são precursores da maioria dos compostos

aromáticos nas plantas.

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação 89

 4.8.2 - Características gerais

Glyphosate

O N-(fosfonometil) glicina (glyphosate) possui as seguintes características (BRIDGES,

2003c).

• 

Apresentam espectro de controle muito amplo; praticamente não há seletividade.•  Translocação simplástica em gramíneas e folhas largas.

•  A morte da planta ocorre lentamente: de 7 a 14 dias após a aplicação, em plantas

anuais

•  Baixa vazão e menores gotículas são mais eficientes do que alta vazão e

gotículas grandes.

•  A translocação é facilitada em condições de alta intensidade luminosa.

•  Durante a primeira semana após a aplicação a folhagem não deve ser cortada,

 para melhor eficiência de translocação para o sistema radicular.

•    Não apresentam atividade no solo, por causa de sua conjugação com

sesquióxidos de ferro e alumínio.

•  Águas de pulverização contendo muitos sais solúveis (Ca e Mg) diminuem a

atividade destes herbicidas.

•  Através da engenharia genética, já foram obtidas culturas resistentes a

glyphosate, como a soja e o algodão. Quanto à resistência adiquirida pela pressão

de seleção (aplicações repetidas do ghyphosate), poucas espécies de plantas

daninhas foram identificadas como resistentes a estes herbicidas.

•  Como a enzima afetada é exclusiva de plantas, apresenta, de maneira geral,muito pouca toxicidade para animais.

•  Formulações usadas no meio aquático não contêm surfatantes, para não causar 

 problemas de toxicidade para peixes.

•  Requerem uma semana para matar plantas anuais (efeito final) e tempo ainda

maior para espécies perenes.

•  A translocação é melhor em plantas expostas à luz e que estejam com alta

atividade metabólica.

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•  A absorção destes produtos pelas plantas é lenta. A ocorrência de chuva em

intervalo de tempo menor que 4-6 horas pode reduzir a eficiência destes

herbicidas. O efeito varia com a formulação.

  No Brasil, o glyphosate está sendo comercializado com diferentes formulações: salisopropilamina, utilizado em diversas marcas comerciais, englobando o Roundup original e o

Roundup Transorb; sal de amônia, utilizado nas formulações granulares, Roundup WDG e Roundup

Multiação; e sal potássico, cujo representante é o Zap Qi. As formulações Roundup Transorb e Zap

Qi se diferenciam das demais por apresentar penetração foliar mais rápida do que as demais

existentes no mercado brasileiro. A não-ocorrência de chuvas até quatro horas após as aplicações

garante absorção do glyphosate, formulado como Roundup Transorb ou Zap Qi, em Brachiaria

decumbens e Digitaria horizontalis em quatro horas (Fig. 8), enquanto para as demais formulações,

o tempo mínimo sem chuvas após aplicação para se garantir a absorção foliar desse herbicida é deseis horas (JAKELAITIS et al., 2001). Quando aplicado sobre plantas em condições de déficit

hídrico prolongado, esse tempo para penetração do glyphosate via foliar é maior (PIRES et al.,

200).

Figura 8 – Eficiência de formulações de glyphosate em diversos períodos de simulação de chuva após a aplicação

Atualmente o ghyphosate é o herbicida mais utilizado no mundo, sendo recomendado para

diversas atividades agrícolas e não-agrícolas. No Brasil, as suas principais recomendações são:

•  Para controle de plantas daninhas em áreas não-cultivadas (rodovias, ferrovias,

ruas, parque de industrias, etc.).

•  Como dessecantes, para implantação do plantio direto de culturas.

•   Na renovação de pastagens.

•  Para aplicações dirigidas em culturas perenes (café, fruteiras, reflorestamento e

outras).

•  Para controle seletivo de plantas daninhas em culturas geneticamente

modificadas.

•  Para o controle de plantas daninhas aquáticas

•  Como regulador de florescimento em cana-de-açúcar.

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4.9 - Herbicidas inibidores da ACCase

4.9.1 - Principais características

Os compostos deste grupo apareceram no mercado de herbicidas a partir de 1975 e, até hoje,

novos produtos estão sendo desenvolvidos. São muito utilizados para o controle de gramíneas

anuais e perenes. As principais características deste grupo de herbicidas (THILL; WELLER, 1995)

são:

•  São utilizados exclusivamente em pós-emergência, para controle de gramíneas

anuais e perenes.

•  A seletividade varia entre espécies de gramíneas, tanto para plantas daninhas

quanto para culturas.•  As espécies não-gramíneas são todas tolerantes.

•  São prontamente absorvidos pela folhagem das plantas. A translocação varia

entre espécies, mas ocorre tanto pelo floema quanto pelo xilema.

•  Para a atividade máxima ser atingida, há sempre necessidade da adição de um

surfatante ou adjuvante.

•  São muito efetivos quando aplicados sobre plantas não-estressadas, em fase de

rápido crescimento; a eficiência diminui quando as gramíneas estão se

desenvolvendo em condições de déficit hídrico.•  A morte das gramíneas suscetíveis é lenta, requerendo uma semana ou mais para

a morte completa. Os sintomas incluem rápida parada do crescimento das raízes

e da parte aérea e troca de pigmento nas folhas dentro de dois a quatro dias,

seguida de necrose, a qual começa nas regiões meristemáticas e se espalha pela

 planta toda.

•  Apresentam lenta degradação no solo.

•  Em doses normais, os herbicidas deste grupo não apresentam atividade

suficiente para o controle de gramíneas em pré-emergência. Somente diclofoptem registro para uso no solo. De maneira geral, para que haja ação no solo, é

necessária uma dose três vezes maior que a requerida para a ação em pós-

emergência.

•  Misturas no tanque desses graminicidas específicos com latifolicidas têm trazido

uma série de problemas de antagonismo. Entre os herbicidas que já mostraram

ação antagônica, podem ser citados: sulfoniluréias, imidazolinonas, MCPA, 2,4-

D, 2,4-DB, dicamba, acifluorfen, bromoxynil, bentazon e metribuzin;

 provavelmente eles afetam a absorção foliar. Espaçando-se as pulverizações por 

alguns dias, o problema é minimizado e, até mesmo, eliminado.

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•  Apesar do pouco tempo de uso, já existem plantas daninhas que adquiriram

resistência aos inibidores da biossíntese de lipídios. O caso mais relatado é o

ocorrido na Austrália com a espécie Lolium rigidum, que mostrou resistência ao

diclofop-methyl e resistência cruzada a outros graminicidas específicos, às

sulfoniluréias e ao trifluralin.•  A enzima afetada por estes herbicidas ocorre também nas células animais; por 

isso, de maneira geral, eles são tóxicos para mamíferos (classe toxicológica de I a

III, predominância da classe II) e, também, para peixes.

4.9.2 - Mecanismos de ação

Muitos dos estudos já realizados sobre o mecanismo de ação dos arilofenoxipropionatos

foram feitos com o herbicida diclofop-methyl. Este herbicida é rapidamente absorvido pelas folhas

e atinge os meristemas da planta, apesar de a quantidade que atinge a área meristemática ser muito

  pequena em relação ao que é aplicado. A translocação ocorre pelo xilema e pelo floema. Em

algumas horas, o crescimento de raízes e parte aérea é paralisado. O tecido meristemático em gemas

e nós torna-se clorótico e, depois, necrótico. Após alguns dias da aplicação, quando o tecido

meristemático decai, fica aparente a disfunção de membrana. As folhas mais velhas apresentam

sinais de senescência e mostram troca de pigmento.

Estudos feitos com sethoxydim mostraram que este herbicida inibe o crescimento e a

acumulação de clorofila. Ademais, ele causou declínio na atividade respiratória, resultando no

aumento dos níveis de açúcar e antocianina. Foi verificado também que a divisão celular foi prejudicada por causa da inibição da formação da parede celular, surgindo células binucleadas.

A partir de 1981, trabalhos realizados com diclofop-methyl começaram a desvendar o modo de ação

dos graminicidas específicos. Foi verificado que este herbicida inibe fortemente a incorporação de

14C-acetato em lipídios quando pontas de raízes de milho foram tratadas por 24 horas, nas

concentrações de 0,5 a 0,5 μM. Como não houve interferência na absorção de acetato, o problema

era na síntese de lipídios.

A diferença na tolerância entre espécies de gramíneas e folhas largas é muito grande.

Enquanto 0,1 μM de haloxyfop provocou 42% de inibição da incorporação de acetato em células demilho, para causar 50% de inibição em células de soja foi necessária uma concentração 47 vezes

maior. Há diferenças também entre a atividade de isômeros e as formulações. No caso de diclofop-

methyl, por exemplo, a formulação ácida é mais ativa que a formulação éster e o isômero “D” é

muito mais ativo que o “L”.

A inibição da ACCase explica perfeitamente a redução no crescimento, o aumento na

 permeabilidade de membrana e os efeitos ultra-estruturais observados nas células. Foi descoberto,

em 1987, que a ação dos graminicidas específicos era sobre a enzima Acetil Coenzima-A

Carboxilase (ACCase). Esta enzima, encontrada no estroma de plastídios, converte o AcetilCoenzima A (Acetil-CoA) em Malonil Coenzima A (Malonil-CoA) pela adição de uma molécula de

CO2 ao Acetil-CoA. Esta é uma reação-chave no início da biossíntese de lipídios, e muitos autores

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  julgam ser esta reação a que dosa o ritmo da biossíntese de lipídios. A falta de lipídios provoca

despolarização da membrana celular (THILL; WELLER, 1995).

A enzima Acetil Coenzima A Carboxilase (ACCase) é, na realidade, um complexo de três

domínios: uma biotina carboxilase que promove a carboxilação da biotina com carbonato (CHO3), o

qual é uma reação dependente de ATP; a transcarboxilase, que transfere o CO2 da biotina para oAcetil-CoA; e a proteína transporte da biotina (BCP), a qual é ligada covalentemente ao grupo da

  biotina por um espaçador móvel, que permite à biotina se mover entre os dois centros catalíticos

(HESS, 1995). A ACCase de milho já foi isolada, purificada e parcialmente caracterizada. Quando

o substrato Acetil-CoA é substituído por Proprionil-CoA, a enzima funciona, mas a eficiência

diminui pela metade.

4.9.3 - Caracterização de alguns inibidores da ACCase

Fluazifop-p-butil

O ácido (R)-2-[4-[[5-(trifuorometil)-2-piridinil]oxi]fenoxi] propanóico (fluazifop-p-butil)

apresenta solubilidade em água de 1,1 mg L-1; pka: 3,1, kow: 4,5; e koc médio de 5.700 mg g-1 de

solo. Não apresenta mobilidade no solo, tendo uma persistência média de 30 dias (RODRIGUES;

ALMEIDA, 2005). É registrado no Brasil para as culturas de alface, algodão, cebola, cenoura, soja,

feijão, tabaco, tomate, café, eucalipto, citros, pinho, roseira e crisântemo. Controla grande número

de espécies de gramíneas anuais no estádio de até 4 perfilhos e algumas perenes. É recomendado

  para uso em pós-emergência, devendo ser aplicado no início do desenvolvimento das plantas

daninhas. Deve ser aplicado com as plantas em bom estado de vigor vegetativo, evitando períodos

de estiagem, horas de muito calor e umidade relativa do ar inferior a 70%. Não deve ser misturado

com herbicidas que controlam dicotiledôneas, a não ser o fomesafen, por incompatibilidade

fisiológica (efeito antagônico), devendo ser utilizado seqüencialmente, com intervalo superior a

cinco dias.

Clethodim

O (E,E)-(+/-)-2-[1-[[(-cloro-2-propenil)oxi]imino]propil]-5-[2-(etiltio)propil]-3-hidroxi- 2-

ciclohexeno-1-ona (clethodim) apresenta solubilidade em água de 5.520 mg L-1, kow: 15000 e persistência muito curta no solo, dois a três dias (RODRIGUES; ALMEIDA 2005). É um herbicida

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Módulo 3.2 - Herbicidas: classificação e mecanismos de ação94

graminicida, sistêmico, altamente seletivo para a cultura da soja e outras dicotiledôneas, como

algodão, amendoim, feijão, ervilha, cebola, cenoura, soja, tabaco, tomate, café, eucalipto, citros,

  pinho e outras. Destaca-se pelo seu amplo espectro de ação no controle de gramíneas anuais,

  perenes e tigüera de culturas gramíneas, comuns em rotação de culturas com a soja, tais como:

azevém, milho, aveia e trigo. É recomendado para uso em pós-emergência, devendo ser aplicado noinício do desenvolvimento das plantas daninhas (4 folhas até 6 perfilhos, quando provenientes de

sementes, e com 10 a 40 cm, quando provenientes de rizomas). Deve ser aplicado com as plantas

daninhas em bom vigor vegetativo, evitando períodos de estiagem, horas de muito calor e umidade

relativa do ar inferior a 60%.

Haloxifop-methyl

O ácido 2-[4-[[ (3-cloro-5-(trifluorometil)-2-piridinil]oxi]fenoxi] propiônico (haloxyfop-

methyl) apresenta solubilidade em água de 9,3 mg L-1; pka: 4,3; kow: 11,7; e koc médio de 33 mg

g-1 de solo. É moderadamente adsorvido pelos colóides do solo; em solos leves, em condições de

alta pluviosidade, pode haver lixiviação do produto. A ação residual do produto na lavoura é de 30 a

40 dias. É utilizado, no Brasil, para as culturas de soja, feijão e eucalipto. Quando usado na dose de

120 g ha-1, controla gramíneas anuais, de reprodução seminal, desde jovem até adiantado estádio

de desenvolvimento. Em doses altas (120-360 g ha-1, tem ação sobre rebentos de gramíneas anuais

que tenham sido roçadas, como é o caso normal em culturas perenes. Nas doses de 360 - 600 g

ha-1., controla gramíneas perenes, como Cynodon dactylon e Sorghum halepense, podendo requerer 

reaplicação no caso de rebrotas (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). É rapidamente absorvido pelas

folhas, não sendo prejudicada sua eficácia por chuvas que ocorram uma hora após sua aplicação. É

compatível com outros herbicidas usados em pós-emergência para controle de folhas largas, como

  bentazon, acifluorfen, fomesafen e lactofen, permitindo a aplicação dos dois numa só operação,

com exceção do 2,4-D; neste caso, há que observar um intervalo de dez dias entre o emprego de um

e outro. Quando misturado com herbicidas recomendados para uso em pós-emergência quecontrolam plantas daninhas de folhas largas e que já contenham em sua formulação um

adjuvante, não se deve adicionar óleo mineral à calda, pois aumenta-lhe a fitotoxicidade.

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Sethoxydim

O 2-[1-etoximina)butil] - 5 – [2-(etiltio)propil]-3-hidroxi-2-ciclohexeno-1- ona (sethoxydim)

apresenta solubilidade em água a pH 4,0 de 25 ppm e a pH 7,0 de 4.700 mg L-1; pka: 4,16; kow:

45,1; e koc médio de 100 mg g-1 de solo (RODRIGUES ; ALMEIDA, 2005). Tem uma meia-vida

no solo de 4 a 11 dias, dependendo das condições climáticas e do tipo de solo. Não prejudica as

culturas suscetíveis que sejam instaladas no terreno 30 dias após o tratamento. É um herbicida

registrado no Brasil para algodão, eucalipto, feijão, girassol, gladíolo, soja e tabaco; encontra-se em

fase de registro para abacaxi, cenoura, linho e mandioca. Em outros países, é recomendado,também, para as culturas de alfafa, amendoim, colza, gergelim, café, banana, citros, macieira e em

hortícolas (batata, melancia, melão e morango). Supõe-se que seja seletivo para todas as culturas

que não são gramíneas. Controla gramíneas anuais e algumas perenes, como Cynodon dactylon, se

  bem que exija doses mais altas de aplicação. Deve ser aplicado em pós-emergência das plantas

daninhas, por ser a foliar a principal via de absorção do produto. É necessário adicioná-lo à calda

adjuvante, o que acelera sua absorção, não sendo prejudicada a ação do sethoxydim por uma chuva

que ocorra uma hora depois de sua aplicação. Apresenta curta persistência no solo, não

  prejudicando culturas sensíveis que sejam instaladas no terreno um mês após o tratamento.

4.10 - Herbicidas inibidores de carotenóides

Os grupos químicos izoxazolidinona e piridazinonas compõem a classe de herbicidas

chamada inibidores de carotenóides. As plantas suscetíveis a estes herbicidas perdem a cor verde

após o tratamento com estes herbicidas (BRIDGES, 2003a). O sintoma evidenciado pelas plantas

tratadas é a produção de tecidos novos totalmente brancos (albinos), algumas vezes rosados ou

violáceos. Estes tecidos são normais, exceto pela falta de pigmentos verdes (clorofila) e amarelos

(Fig. 9).

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Figura 9 – Sintomas de intoxicação de plantas de milho e feijão pelo clomazone. 

Os herbicidas inibidores destes pigmentos agem na rota de biossíntese de carotenóides,

resultando no acúmulo de phytoeno e phytoflueno, com predomínio do phytoeno, que são dois

 precursores, sem cor, do caroteno (MORELAND, 1980). A produção dos novos tecidos albinos, pelas plantas tratadas, não implica que estes herbicidas inibam diretamente a síntese de clorofila. A

  perda da clorofila é resultado da sua oxidação pela luz (foto-oxidação), devido à falta de

carotenóides que a protegem da foto-oxidação.

Após a síntese da clorofila, esta se torna funcional e absorve energia, passando do estado

singlet para o estado triplet, mais reativo. Em condições normais, a energia oriunda da forma triplet

é dissipada através dos carotenóides. Assim, quando os caratenóides não estão presentes, a clorofila

que está no estado triplet não dissipa energia e inicia reações de degradação, nas quais ela é

destruída (ABERNATHY, 1994). A inibição da síntese de carotenóides leva à decomposição da

clorofila pela luz, como resultado da perda da fotoproteção fornecida pelos carotenóides à clorofila

(MORELAND, 1980). Devido a este processo, a clorofila não se mantém sem a presença dos

carotenóides, que a protegem, dissipando o excesso de energia.

O local de ação mais estudado é onde atua a enzima phytoeno desidrogenase. A inibição

desta enzima provoca o acúmulo de phytoeno. O herbicida clomazone parece ter um único local de

ação e não causa acúmulo de phytoeno, mas sim de gossipol e hemigossipol. A inibição da enzima

IPP (isopentyl pirophosphato isomerase) é o local provável da ação (Abernathy, 1994). Outras

alterações provocadas por estes produtos são: redução da síntese protéica, perda de proplastídios e

degradação dos ribossomos 70S. Estes produtos também possuem efeitos sobre a reação de Hill(MORELAND, 1980).

O crescimento da planta continua por alguns dias; contudo, devido à falta de clorofila, ela

não consegue se manter. Assim, o crescimento cessa e começam a surgir manchas necróticas. É

importante salientar que estes herbicidas não têm efeito sobre carotenóides sintetizados antes da sua

aplicação. Desse modo, tecidos formados antes da aplicação do herbicida não se mostram brancos

imediatamente, porém, devido à necessidade de renovação dos carotenóides, eles desenvolvem

manchas cloróticas que progridem para necrose (ABERNATHY, 1994).

Os herbicidas inibidores de pigmento são usados para controle seletivo de plantas daninhasgramíneas, anuais e perenes, e de folhas largas nas culturas de algodão, arroz, cana-de-açúcar, fumo

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e soja. Também são empregados em plantas daninhas aquáticas e no controle total da vegetação. No

Brasil, são mais comercializados, o clomazone e o norflurazon.

O 2 – [(2 - clorofenil) metil]-4,4 - dimetil - 3 - isoxazolidinona (clomazone) e o 4-cloro-5-

(metilamino)-2-3-[(trifluorometil)]fenil-3(H)-m-toluil) piradazinona (norflurazon) translocam-se na

 planta via xilema, apresentam atividade de solo e podem persistir, afetando culturas sucessoras. Oclomazone apresenta alta solubilidade:1.192 mg L-1; pka: zero; koc: 300 mg g-1; e persistência no

superior a 150 dias. Quando aplicado sobre a superfície do solo, pode lixiviar e atingir camadas

  profundas, chegando às raízes das culturas, causando danos naquelas sensíveis (RODRIGUES;

ALMEIDA, 2005). A dose recomendada varia com a cultura e o tipo de solo.

Clomazone Norflurazon

Esta classe herbicida apresenta baixa toxicidade para animais, e não existem casos

registrados de plantas daninhas resistentes (ABERNATHY, 1994).

A seletividade às culturas se dá pela translocação reduzida pela destoxificação das moléculas

herbicidas. A seletividade do clomazone ao algodão pode ser aumentada com adição de um

inseticida organofosforado (ABERNATHY, 1994). O inseticida funciona com “safener” protetor e

 pode ser usado no tratamento da semente ou em aplicação no sulco de semeadura.

Mesotrione

O 2-(4-mesil-2nitrobenzoil) ciclohexano-1,3-diona (mesotrione) é um herbicida seletivo de

ação sistêmica indicado para o controle em pós-emergência de plantas daninhas na cultura do

milho. Controla diversas espécies de plantas dicotiledôneas e algumas gramíneas. Apresenta

solubilidade de 168,7 mg L-1, pka: 3,07 e koc variando de 19 a 387 mg g -1 e curta persistência no

solo sendo degradado rapidamente por microrganismos (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). O

mesotrione inibe a biossíntese de caroteníodes, através da interferência na atividade da enzima

HPPD (4-hidroxifenil-piruvato-dioxigenase) nos cloroplastos – classificação nos grupos F2

(HRAC) e 28 (WSSA). Os sintomas envolvem branqueamento das plantas daninhas sensíveis, com

 posterior necrose e morte dos tecidos vegetais em cerca de 1 a 2 semanas.

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Isoxaflutole

O 5-ciclopropil-4-metilsufonil-4-trifluorometilbenzoil)-isoxazole (isoxaflutole) é um

herbicida recomendado para as culturas de cana-de-açúcar, milho, mandioca e algodão para o

controle de diversas gramíneas e algumas dicotiledôneas. Com exceção da cultura do algodão onde

é recomendado em jato dirigido, nas demais culturas deve ser aplicado em pré emergência.

Apresenta baixa solubilidade em água: 6,0 mg L-1 a 20 °C; baixa a média mobilidade nos solos

dependendo de suas características ficas e químicas; e meia-vida média de 28 dias (ALMEIDA;

RODRIGUES, 2005). O isoxaflutole pertence ao grupo dos herbicidas inibidores da biossíntese docaroteno. Inibe a biossíntese de carotenoides, que são essências para proteger a clorofila contra a

decomposição pela luz solar através da interferência na atividade da enzima HPPD (4-hidroxifenil-

  piruvato-dioxigenase), responsável pela biossíntese da quinona, que é um co-fator chave para

síntese de pigmentos carotenóides e para o transporte de elétrons. Os sintomas envolvem

 branqueamento das plantas daninhas sensíveis, com posterior necrose e morte dos tecidos vegetais

em cerca de 1 a 2 semanas.

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas102

PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 3 - Manejo de plantasdaninhas3.3 - Herbicidas: absorção,translocação, metabolismo, formulaçãoe misturas

Tutores:Profº. Francisco Affonso Ferreira

Profº. José Ferreira da Silva Profº. José Francisco da Silva

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viçosa - UFV

Centro de Ciências AgráriasDepartamento de Fitopatologia

Brasília - DF2006

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 103

 

Sumário

1 - Absorção de herbicidas, 104

1.1 – Introdução, 104

1.2 - Interceptação, retenção e absorção de herbicida pela folha, 104

1.3 - Penetração pelo caule, 111

1.4 - Penetração pelas raízes, 112

1.4.1 - Fatores que influenciam a absorção através das raízes, 112

1.4.2 - Mecanismo de absorção de herbicidas, 113

2 - Translocação de herbicidas, 116

2.1 - Conceito de movimento simplástico e apoplástico, 116

2.1.1 - Movimento descendente, 117

2.1.2 - Movimento ascendente, 117

2.1.3 - Translocação de alguns herbicidas, 118

3 - Metabolismo dos herbicidas nas plantas, 120

4 – Formulação, 125

4.1 - Veículo de aplicação (água), 126

4.2 - Tipos de formulações, 1274.2.1 - Formulações sólidas, 127

4.2.2 - Formulações líquidas, 128

5 - Misturas de herbicidas, 129

5.1 - Vantagens das misturas ou combinações de herbicidas, 129

5.2 – Incompatibilidade, 130

5.3 - Interações entre herbicidas, 130

5.4 - Interações de herbicidas com inseticidas em mistura, 131

Referências bibliográficas, 133

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas104

1 - Absorção de herbicidas

1.1 - Introdução

A atividade biológica de um herbicida na planta é função da absorção, da translocação, do

metabolismo e da sensibilidade da planta a este herbicida e, ou, a seus metabólitos. Por isso, o

simples fato de um herbicida atingir as folhas da planta e, ou, ser aplicado no solo onde se

desenvolve esta planta não é suficiente para que ele exerça a sua ação. Há necessidade de que ele

 penetre na planta, transloque e atinja a organela onde irá atuar. A atrazina, por exemplo, quando

aplicada ao solo, penetra pelas raízes, transloca até as folhas e, aí, atinge e penetra nos cloroplastos,

onde atua, destruindo-os. Por outro lado, o 2,4-DB precisa ser absorvido, translocado e, ainda,

metabolizado para exercer sua ação herbicida.

Os herbicidas podem penetrar nas plantas através das suas estruturas aéreas (folhas, caules,

flores e frutos) e subterrâneas (raízes, rizomas, estolões, tubérculos, etc.), de estruturas jovens como

radículas e caulículo e, também, pelas sementes. A principal via de penetração dos herbicidas na

 planta é função de uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos (ambientais).

Quando os herbicidas são aplicados diretamente na parte aérea da planta (pós-emergência),

as folhas são a principal via de penetração. Por sua vez, as raízes, as estruturas jovens das plântulas(radícula e caulículo) e as sementes são as vias de penetração mais importantes para os herbicidas

aplicados e, ou, incorporados ao solo. O caule (casca) de árvores ou arbustos pode também ser uma

via de penetração de herbicidas, principalmente quando se deseja controlar apenas algumas plantas,

dentro de uma população mista, ou quando, em um reflorestamento, se deseja que as cepas das

árvores não rebrotem após a derrubada.

A absorção de herbicidas pelas raízes ou pelas folhas é influenciada pela disponibilidade dos

 produtos nos locais de absorção e com fatores ambientais (temperatura, luz, umidade relativa do ar 

e umidade do solo), que influenciam também a translocação destes até o sítio de ação.

1.2 - Interceptação, retenção e absorção de herbicida pela folha

A absorção foliar de um herbicida requer que o produto seja depositado sobre a folha e

  permaneça ali por um período de tempo suficiente, até ser absorvido. A interceptação da gota

 pulverizada é função do método de aplicação e da distância entre o alvo e o bico do pulverizador,

que serão discutidos no item referente à tecnologia de aplicação. Além disso, também, a morfologia

da planta e as condições ambientais exercem grande influência.

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 105

A morfologia da planta influencia a quantidade de herbicida interceptada e retida. Dentre os

aspectos relacionados com a morfologia da planta destacam-se o estádio de desenvolvimento (idade

da planta), a forma e a área do limbo foliar, o ângulo ou a orientação das folhas em rela¬ção ao jato

de pulverização e as estruturas especializadas, como tricomas (pêlos). Também o nú¬mero e a

abertura dos estômatos exercem pequena influência sobre a penetração dos herbicidas.Após a interceptação, para cada herbicida, deve haver um período crítico sem ocorrência de

chuvas até que ocorra absorção de quantidade suficiente deste. A perda do herbicida ou de sua

atividade depende da ocorrência de chuva (intensidade e duração) neste intervalo, do método e da

tecnologia de aplicação, das condições climáticas e das espécies de plantas envolvidas (BRIDGES;

HESS, 2003; PIRES et al., 2000.; JAKELAITIS et al., 2001). A influência da chuva sobre a

eficiência dos herbicidas está também relacionada à formulação. Por exemplo, 2,4-D amina requer 

um período muito mais longo sem chuva do que o 2,4-D ester para causar a mesma toxicidade em

várias espécies sensíveis (BEHRENS; ELAKKAD, 1981). A chuva pode causar perdasconsideráveis de herbicidas das folhas das plantas. Sais aniônicos (cargas negativas), por exemplo

sais de sódio, não penetram rapidamente, não são absorvidos pela superfície da cultícula e são

solúveis em água e podem ser lavados caso ocorra chuva até mais de 24 horas após. Sais catiônicos

(carregados positivamente), como o paraquat, são solúveis em água, mas são rapidamente

absorvidos e, por isso, menos sujeitos a lavagem pela chuva. Herbicidas lipofílicos (usualmente

formulados como CE ou flowable) são pouco solúveis em água, porém são rapidamente absorvidos

nos lipídios da cutícula e pouco lavados pela chuva.

O corte transversal de uma folha está representado na Figura 1. As folhas, como todas as

estruturas aéreas das plantas, são recobertas por uma camada morta (não-celular), lipofílica,

denominada cutícula. Embora em menor proporção, esta existe também nas raízes, razão pela qual

muitos fatores influenciam, igualmente, tanto a penetração dos herbicidas pelas folhas quanto pelas

raízes.

Figura 1 - Corte transversal de uma folha (esquemático), mostrando células-guarda, poros estomáticos, cavidade estomática, célulasda bainha do feixe, xilema e floema Fonte: Mengel e Kirkby (1982)

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas106

A cutícula recobre todas as células da epiderme da planta, incluindo as células-guarda dos

estômatos e as células que envolvem a câmara subestomática. A cutina é o principal componente

estrutural da cutícula. Externamente, a cutícula é recoberta por uma camada de cera. Esse conjunto,

freqüentemente, é referido como camada cuticular (Figura 2).

Entre a camada cuticular e a membrana citoplasmática tem-se a parede celular, que éformada de fibrilos de celulose impregnados de pectina. O padrão de superfície da camada cuticular 

é bastante variável. Ela pode ter a forma de grânulos, de prato (ou disco), de camadas superpostas e,

ainda, pode ser semifluida ou fluida. A composição química do revestimento epicuticular é muito

variável entre as espécies de plantas (Quadro 1), porém alguns componentes são comuns. Em geral,

essa camada é uma complexa mistura de alcanos de longas cadeias (21 37 carbonos), álcoois,

cetonas, aldeídos, ésteres, ácidos graxos, etc. (FERREIRA, et al., 2005). Em consequência da

variabilidade de seus componentes o grau de polaridade das cutículas varia muito. A camada cerosa

que envolve a cutícula é mais rica em compostos menos polares do que a cutina, a qual possuigrupos de polaridade variáveis (Figura 2), funcionando como uma resina de troca de cátions. Em

  presença de água, acredita-se que a cutina aumente de volume (por embebição), separando as

 partículas de cera, aumentando, assim a sua permeabilidade.

Figura 2 - Representação esquemática dos principais componentes da camada cuticular e o seu grau lipofílico

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 107

É conhecido o fato de que há uma interação bastante complexa entre a natureza química do

 produto aplicado e a superfície foliar. Existem dois tipos principais de superfícies: uma facilmente

molhável (rica em álcoois) e outra de molhagem mais difícil (rica em alcanos). As características da

solução aplicada, a polaridade do composto, a tensão superficial da calda, etc. são importantes nessa

interação.

Quadro 1 - Percentagem de compostos apolares e polares e pH do revestimento epicuticular de

diversas espécies de plantas daninhas

Espécies daninhasCompostos Não-

PolaresCompostos Polares

pH

Cyperus rotundus 82 17 7,2 Avena fátua 10 90 7,0 Brachiaria plantaginea 17 82 7,0Cynodon dactylon 12 88 6,4

 Digitaria sanguinalis 37 62 7,0 Echinochloa crus-galli 27 72 6,8Panicum dichotomiflorum 17 82 7,0Poa annua 29 71 7,0Sorghum halepense 6 93 7,0

 Amaranthus retroflexus 44 55 8,0Capsella bursa-pastoris 32 68 7,2Chenopodium album 32 66 7,0

 Datura stramonium 92 7 6,6 Ipomoea purpurea 32 68 8,2Poligonum lapathifolium 12 86 7,5

Portulaca oleracea 37 63 6,6Senna obtusifolia 7 93 6,8Sida spinosa 85 14 8,2Sinapsis arvensis 47 52 8,3Solanum nigrum 88 11 8,4Stellaria media 9 91 6,8

 Xhathium orientale 58 41 6,5Fonte: Sandoz Agro Ltda. (1991), citado por Kissmann (1997).

  No momento em que os herbicidas entram em contato com a superfície foliar, podem

acontecer os pressupostos que se seguem (Figura 3). As folhas das plantas apresentam muitas

 barreiras à penetração dos herbicidas, tanto aos polares quanto aos não-polares. Apesar das barreiras

existentes (como a camada cuticular), tanto os herbicidas polares quanto os não-polares penetram

nas folhas das plantas. Uma hipótese citada por Klingman e Ashton, (1975), sobre a penetração dos

herbicidas pelas folhas, é que essas barreiras não são totalmente rígidas e distintas. A maior barreira

à penetração de um herbicida no citoplasma das células é a membrana citoplasmática. Entretanto, o

herbicida, após atravessar a camada cuticular e a parede celular, pode penetrar no citoplasma, via

simplasto, através dos plasmodesmas.

A camada cuticular funciona como uma barreira à perda de água e também como uma

  barreira à entrada de pesticidas e microrganismos na planta. O processo de absorção de umherbicida é complicado em razão da espessura, composição química e permeabilidade da cutícula,

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas108

que variam em função da espécie, da idade da folha e do ambiente sob o qual a folha se desenvolve.

Todos esses fatores podem influenciar a absorção de herbicidas.

Figura 3 - Diagrama hipotético, representando os aspectos: volatilizar e perder para atmosfera ou ser lavado pela chuva (1);  permanecer sobre a superfície como um líquido viscoso ou na forma de cristal (2); penetrar, mas permanecer absorvido noscomponentes lipofílicos da cutícula (3); penetrar na cutícula, na parede celular e então translocar antes de atingir o simplasto - esta échamada translocação apoplástica, que inclui o movimento no xilema (4) e penetrar na cutícula, na parede celular e atingir o interior da célula (pela plasmalema) – é a translocação simplástica, que inclui o movimento no floema (5)Fonte: Hess (1995)

Uma grande diversidade de herbicidas, que diferem em estrutura e polaridade, atravessa a

camada cuticular. O exato mecanismo de penetração não é totalmente conhecido para todos os

herbicidas, mas admite-se que os compostos não-polares sigam uma rota lipofílica e os compostos

 polares, a rota hidrofílica.

A absorção de herbicida não está necessariamente relacionada à espessura ou ao peso da

cutícula, mas sim à constituição lipídica e ao grau de impedimento da passagem de solutos. Há

evidências de que a penetração de herbicidas decresce com o aumento da idade da folha (GROVER;

CESSNA, 1991). Apesar de a constituição física e química e a espessura poderem ser praticamente

a mesma, a cutícula de folhas nova é mais permeável à água do que a de folhas velhas. Schmidth et

al. (1981) atribuíram isto à maior polaridade da cutina encontrada nas folhas novas.A passagem de uma molécula de herbicida através da camada cuticular é um processo físico

que pode ser influenciado por uma série de fatores, como: potencial hidrogeniônico (pH), fatores

ambientais (luz, temperatura, umidade relativa), tamanho das partículas e concentração do

herbicida, espessura da cutícula, cerosidade e pilosidade da folha, uso de agentes ativadores de

superfícies (surfatantes) e outros. Para os herbicidas orgânicos, derivados de ácidos fracos, o pH

mais baixo aumenta a absorção do herbicida, porque reduz sua polaridade. Para os herbicidas não-

dissociáveis (amidas, ésteres, etc.), o pH da solução tem pouco ou nenhum efeito sobre a

 penetração.

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 109

Os fatores ambientais, em conjunto, como temperatura do ar, umidade relativa, luz e teores

de umidade no solo e na planta, influenciam a atividade dos herbicidas nos aspectos de absorção,

translocação e grau de detoxificação. É difícil ou mesmo impossível afirmar qual dos processos é

mais influenciado pelas mudanças nas condições do ambiente. Condições de alta temperatura e

luminosidade, ou baixa umidade relativa do ar e umidade do solo, geralmente promovem aformação de cutículas mais impermeáveis.

O grau de impermeabilidade da cutícula pode ser atribuído ao incremento de sua espessura,

à alteração na composição das ceras ou ao aumento na formação de ceras epicuticulares. A natureza

da resposta para as diferentes condições ambientais varia com a espécie vegetal. Uma a duas

semanas antes da aplicação, em condições de alta luminosidade e estresse hídrico no solo, o

haloxyfop teve sua atividade reduzida de 92% para 12%, comparando pulverizações feitas em

  plantas de capim-massambará (Sorgum halepense) sem estresse e estressadas. Nas plantas

estressadas, tanto a absorção quanto a translocação são menores (HESS, 1995). Segundo Pires et al.;2001 o glyphosate e o sulfosate apresentam máxima atividade em plantas não-estressadas. Nestas,

um intervalo sem chuvas de menos quatro e seis após a aplicação, respectivamente, para o sulfosate

e glyphosate, foi suficiente para ótimo controle das plantas tratadas. Nas plantas estressadas (déficit

hídrico no solo), houve rebrota acentuada da maioria delas, mesmo quando o período sem chuva foi

de até seis horas.

A umidade relativa do ar tem efeito mais consistente sobre absorção de herbicidas, havendo

maior absorção dos produtos polares com aumento da umidade (HESS, 1995). A elevação da

umidade relativa aumenta o tempo de evaporação da gotícula pulverizada, aumenta a hidratação da

cutícula, favorece a abertura dos estômatos e pode aumentar o transporte de solutos na planta.

Alta temperatura pode melhorar a absorção, por provocar maior fluidez dos lipídios da

camada cuticular e da membrana celular e, conseqüentemente, mais rápida absorção do herbicida.

Todavia, também pode apresentar efeitos negativos devido à maior rapidez do secamento da gota

 pulverizada, provocando a cristalização do herbicida na superfície foliar.

Como os herbicidas atravessam a cutícula? A resposta para essa pergunta ainda não está

 bem esclarecida. Supõe-se que os herbicidas lipofílicos se solubilizam nos componentes lipofílicos

da camada cuticular e se difundem através da cutícula. Com relação aos herbicidas hidrofílicos,

admite-se que a cutícula tenha estrutura porosa, que se mantém hidratada, dependendo dascondições ambientais, sendo essa água de hidratação da cutícula a rota de penetração destes

herbicidas.

Os estômatos podem estar envolvidos, de duas formas, com a penetração de herbicidas nas

folhas. Primeiro, a cutícula sobre as células-guarda parece mais fina e mais permeável a substâncias

do que a cutícula sobre outras células epidérmicas. Em segundo lugar, a solução pulverizada

  poderia, em tese, mover-se através do poro de um estômato aberto para dentro da câmara

subestomática, e daí para o citoplasma das células do parênquima foliar. Entretanto, a infiltração

 pelos estômatos não é possível, a menos que a tensão superficial da solução pulverizada seja muitoreduzida pelo uso de surfatantes na formulação ou no tanque do pulverizador. A maioria dos

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surfatantes atualmente em uso atua aumentando a penetração cuticular e não consegue reduzir a

tensão superficial adequadamente para permitir a penetração estomática. Recentemente, no entanto,

o desenvolvimento de surfatantes à base de organossilicones proporcionou avanço nesse ponto. Este

surfatantes são capazes de reduzir a tensão superficial ao ponto de a infiltração pelo estômato

ocorrer. Eles podem também induzir um fluxo de massa da solução pulverizada através do poroestomatal e também aumentar a penetração cuticular. Alguns trabalhos têm demonstrado que esse

tipo de surfatante pode aumentar inclusive a translocação relativa do produto aplicado (KNOCHE,

1994).

Os herbicidas são raramente aplicados na forma pura, mas preparados em soluções,

emulsões, etc., às quais alguns ingredientes são adicionados. Destes, os mais importantes são os

agentes ativadores de superfície, ou surfatantes, que têm vários propósitos. Eles geralmente são

compostos de moléculas grandes, contendo parte hidrofílica e lipofílica, e podem ser catiônicos,

aniônicos ou não-iônicos. Vários autores afirmam que os surfatantes melhoram a penetração e, ou,atividade do herbicida. Entretanto, a eficiência do surfatante depende de sua natureza, do herbicida

em questão, da presença de outros aditivos e das espécies das plantas. Por exemplo, a atividade do

glyphosate é melhorada por surfatantes com alto balanço lipofílico-hidrofílico que pelos surfatantes

hidrofílicos que são não-iônicos ou catiônicos (TURNER; LOADER, 1980). No entanto, quando

sulfato de amônio é adicionado à solução, o surfatante lipofílico é eficiente. A função primária do

surfatante é reduzir a tensão superficial da gota, melhorando a retenção e o espalhamento desta

sobre a folhagem. Em alguns casos o surfatante pode provocar parcial solubilização da cera

epicuticular, favorecendo mais ainda a penetração do herbicida.

Diversos produtos químicos, além de surfatantes e óleos, têm sido usados como aditivos nas

  pulverizações, para melhorar a penetração ou atividade dos herbicidas aplicados às folhagens.

Sulfato de amônio, na concentação de 1 a 10% (p/v), tem sido usado para melhorar a atividade de

númerosos herbicidas, incluindo picloram, glyphosate e sethoxydim. No caso do sethoxydim, a

melhoria só ocorre se o surfatante também estiver presente. A adição somente do sal provoca

decréscimo da atividade em aveia. Sulfato de amônio não melhora atividade do paraquat e na,

 proporção de 20% p/v, provoca efeito antagônico com glyphosate (TURNER; LOADER, 1980). Os

resultados dos experimentos de campo, em geral, não têm sido suficientemente positivos ou

consistentes para adição de tais aditivos na calda de pulverização e para se tornar uma práticarecomendada.

Finalmente, a absorção de um herbicida pode ser influenciada pela presença de outro

herbicida misturado na calda. A estimulação da absorção pode ser causada pelo surfatante adicional

ou por outros aditivos presentes nas duas formulações misturadas. Também podem ocorrer 

interações negativas entre os dois herbicidas.

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1.3 - Penetração pelo caule

A absorção de herbicidas pode ocorrer pelo caule das plantas jovens (durante emergência) edas adultas. Nas plantas jovens, é um sítio de entrada importante para muitos herbicidas aplicados

ao solo que são ativos em sementes e durante a germinação e na emergência das plântulas (Quadro

2). O caule da plântula durante a emergência tem uma cutícula muito pouco desenvolvida,

desprovida da camada de cera, tornando-a mais permeável aos herbicidas, sendo esta uma rota de

entrada de herbicidas em muitas espécies de gramíneas. Além do mais, a barreira que a estria de

Gaspary representa na raiz não está presente nestes tecidos.

Quadro 2 - Grupos químicos de herbicidas e exemplos de ingredientes ativos que podem ser 

absorvidos do solo pelas radículas ou partes aéreas emergentes das plântulasFamílias de herbicidas Exemplo de produto

Acetanilidas acetochlor, alachlor, butachlor, metolachlor Ácidos ftálicos DCPADifeniléteres oxyfluorfenDinitroanilinas trifluralin, pendimethalinTiocarbamatos butylate, molinate

A penetração de herbicidas através da casca de plantas lenhosas é outra opção que pode ser 

aproveitada na prática. Entretanto, o periderma é um tecido protetor que substitui a epiderme, após a

morte de suas células. As células do periderma contêm tanino e são altamente suberizadas. Outros

constituintes comumente encontrados nestas células são ácidos graxos, lignina, celuloses e terpenos.

Baseado na sua estrutura e composição, o periderma deve apresentar baixa permeabilidade à água e,

também, aos herbicidas aplicados na parte aérea, principalmente os polares. Lenticelas são

estruturas que atravessam o periderma, sendo, portanto, rotas importantes para a penetração de

herbicidas pelo caule. O crescimento do caule, em diâmetro, causa pequenas rupturas na casca, que

facilitam a penetração de herbicidas.

Para atuação de herbicidas aplicados à casca das árvores, eles são preparados emformulações lipofílicas, usando-se óleo como veículo, além de serem aplicados em altas

concentrações (5-10%). Estes produtos são pulverizados ou pincelados no caule da planta.

Alternativa prática mais eficiente seria injetar o herbicida com equipamento próprio com uma

  pistola injetora, até a região do câmbio (xilema, e, ou, floema). Neste caso, o herbicida será

mecanicamente introduzido através da casca. Este processo está sendo implantado em algumas

empresas de reflorestamento, usando imazapyr 20 a 30 dias antes da derrubada das árvores de

eucalipto, visando evitar a rebrota das cepas.

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1.4 - Penetração pelas raízes

Muitos herbicidas aplicados ao solo são absorvidos pelas raízes. A entrada dos herbicidas pelas raízes não é tão limitada quanto pelas folhas, uma vez que nenhuma camada significativa de

cera ou cutícula está presente nas partes das raízes onde a maior parte de absorção de herbicidas

ocorre. A rota mais importante de entrada é a passagem do herbicida junto com a água através dos

 pêlos radiculares existentes nas extremidades das raízes. Os pêlos radiculares são responsáveis por 

aumento significativo da área disponível para a absorção de água e de herbicidas (Fig. 4).

A disponibilidade dos herbicidas para as raízes é função das propriedades físico-químicas

dos herbicidas e do solo e da distribuição espacial destes compostos e das raízes no solo. Os

herbicidas têm que entrar em contato com a raiz, o que pode ocorrer pelo crescimento desta ou pela

difusão do herbicida no estado gasoso e, ou, em solução com a água, até a zona de absorção das

raízes. Muitos herbicidas com estruturas moleculares, tamanhos e solubilidades diferentes são

 prontamente absorvidos pelas raízes.

O sistema radicular das plantas superiores apresenta uma superfície de absorção

extremamente grande, com alta permeabilidade à água e a solutos (sais). Embora raízes jovens

sejam também cobertas por uma camada cerosa e as mais velhas sejam fortemente suberizadas,

ocorre, normalmente, a penetração de água e solutos. Nas raízes jovens, a principal zona de

absorção está entre 5 e 50 mm de sua extremidade. Apesar de não existir nenhuma barreira cuticular 

na zona dos pêlos radiculares, há uma barreira lipídica localizada na endoderme da raiz. Naendoderme, todas as paredes radiais contêm uma banda fortemente impregnada com suberina (estria

de Gaspary), e esta barreira é conhecida por ser impermeável à água. Na endoderme ou antes dela, a

água que se move em direção ao xilema deve entrar no simplasto. O que acontece aos herbicidas

nesse ponto não está completamente claro.

1.4.1 - Fatores que influenciam a absorção através das raízes

A absorção de herbicidas pelas raízes é caracterizada por uma fase inicial de elevada taxa de

absorção durante os 30 primeiros minutos até 2 horas, seguida por uma fase de absorção mais lenta.

Por exemplo, para o 2,4-D, a taxa de absorção aumenta rapidamente logo após a aplicação e,

depois, ocorre decréscimo nesta taxa até ela se tornar nula, passando em seguida à negativa (perda

 por exsudação).

Tem sido observado decréscimo na taxa de absorção de herbicidas devido ao abaixamento

da temperatura. Esse fenômeno pode, em grande parte, estar relacionado com a viscosidade da água

(sob condições de baixa temperatura) e com reações químicas (absorção ativa). Também a

concentração hidrogeniônica, próxima à zona de absorção radicular, pode influenciar a absorção de

herbicidas pelas raízes, principalmente quando o composto é sujeito à ionização. Se o herbicida for 

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absorvido em solução com a água, o pH que aumenta a sua polaridade beneficia também a sua

absorção e penetração pelas raízes.

Quanto à concentração do herbicida, dentro de determinados limites, existe uma relação

linear entre a concentração do produto disponível e a sua penetração pela raiz. A linearidade é

  perdida quando o herbicida exerce efeito tóxico sobre a planta. Embora alguns trabalhosdemonstrem estreita relação entre transpiração e absorção, há evidências contrárias. A absorção de

herbicidas pela raiz também pode ser limitada por ligações ou adsorção do herbicida nos

componentes celulares. Triazinas e uréias, por exemplo, podem ser adsorvidas, em parte, pelas

raízes. A correlação entre transpiração e absorção é válida para os herbicidas polares, entretanto,

existem herbicidas não-polares que são, também, prontamente absorvidos pelas raízes.

Para os herbicidas polares, translocados via xilema, a corrente transpiratória correlaciona-se

com o transporte destes para a parte aérea da planta, estabelecendo um gradiente de concentração

entre a parte externa da raiz (solução do solo) e a interna da planta (corrente de assimilados). Altatemperatura e irradiância, baixa umidade relativa do ar, alta temperatura do solo e alto potencial de

água no solo são condições que favorecem a transpiração e, conseqüentemente, a absorção de

herbicidas polares. Também as propriedades físico-químicas dos herbicidas, como lipofilicidade e

 pka, além do pH da solução do solo, influenciam a absorção. De modo geral, segundo Donaldson et.

al., (1973) a taxa de absorção de herbicida correlaciona-se com o coeficiente de partição óleo/água,

sendo os herbicidas mais lipofílicos absorvidos mais rapidamente.

1.4.2 - Mecanismo de absorção de herbicidas

A primeira fase de absorção é independente de energia metabólica, o que geralmente não é o

caso da segunda fase. Donaldson et al. (1973) listam os seguintes critérios para a absorção ser ativa

ou dependente de energia: Q10 ≥ 2; requerimento de oxigênio; taxa de absorção não é função linear 

da concentração externa, mas hiperbólica; absorção bloqueada por inibidores metabólicos; e

acumulação contra um gradiente de concentração. Essas condições foram satisfeitas para absorção

de 2,4-D, mas não o foram para monuron, indicando que o 2,4-D é acumulado ativamente e o

monuron, passivamente. Também atrazine e amitrole tiveram absorção passiva. A segunda fase de

absorção, para picloram, atrazine e napropamide, também é ativa ou dependente de energia. Não há dados suficientes para o entendimento completo de mecanismo de absorção de todos

os herbicidas. Os herbicidas solúveis na água, inicialmente, se difundem nos espaços livres das

células da epiderme do córtex da zona de absorção. Até aí, é um processo passivo a puramente

físico e, portanto, dependente da concentração, apresentando baixo Q10. A segunda fase da

absorção, que consiste em atravessar a membrana citoplasmática (plasmalema), é um processo ativo

de absorção, portanto, demanda energia. Esta fase tem um Q10 maior que a fase inicial e é sensível a

inibidores metabólicos. Sendo os herbicidas, em geral, inibidores metabólicos, a energia necessária

à manutenção da seletividade da plasmalema é inibida, podendo, então, o produto atravessá-lalivremente. Uma vez dentro do citoplasma das células, dependendo das características do produto,

ele pode penetrar no floema e, ou, no xilema, de onde se transloca até seu sítio de ação. Como a

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translocação via xilema é muito mais rápida que a translocação via floema, há tendência de aqueles

herbicidas que são capazes de passar livremente do floema para o xilema serem de baixa ou

nenhuma translocação via floema.

• - Moléculas de herbicidas capazes de penetrar nas paredes celulares translocam-se via

apoplasto, difundem-se através das estrias de Caspary e atingem o xilema.o - Moléculas de herbicidas capazes de entrar no protoplasma via simplasto (passam de célula

em célula através dos plasmodesmatas) e atingem o floema.

x - Moléculas de herbicidas capazes de penetrar no xilema e, ou, floema por ambas as vias

(simplásticas ou apoplásticas).

Figura 4 - (a) Secção transversal de uma raiz, mostrando suas principais estruturas, por Mengel e Kikby (1982); (b) Diagramahipotético, representando a absorção de herbicidas pelas raízes

Durante a fase de absorção dependente de energia, os herbicidas podem ser acumulados

contra um gradiente de concentração, e há várias explicações para isso. Estas incluem ligações nos

tecidos do citoplasma, partição nos lipídios do citoplasma ou metabolismo a produtos polares que

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são menos hábeis para se difundir através da plasmalema. Normalmente, os produtos de maior 

afinidade por substâncias lipofílicas (lipofilicidade) atravessam mais facilmente a plasmalema. Esta

é a explicação alternativa para a acumulação de ácidos fracos, como 2,4-D. Uma vez que o pH no

citoplasma é uma a duas unidades maior que o pH do meio externo da célula, os ácidos fracos se

dissociam mais e entram no citoplasma. Essas moléculas dissociadas (ânions) são menos capazes deatravessar a plasmalema do que as moléculas neutras, acumulando-se no interior da célula (Figura

5).

Os herbicidas não-polares seguem uma rota lipofílica até atingirem a plasmalema, onde,

 provavelmente, impedem a ação seletiva desta. Várias classes de importantes compostos, como os

derivados do ácido fenóxico acético, fenilacético, benzóico ou picolínico, são exsudadas pelas

raízes, quando aplicadas nas folhas das plantas. A exsudação é um fenômeno limitado apenas às

raízes integrais (sem cortes) e vivas, evidenciando que ela se dá por processo metabólico. A

exsudação também está relacionada com a detoxificação da planta, podendo ser um dos fatoresresponsáveis pela tolerância desta ao herbicida. A zona da raiz mais ativa na exsudação é a zona de

alongamento, correspondendo à zona de absorção.

Figura 5 - Acumulação de herbicidas (ácidos fracos) no interior da célula (a) e sítios de dissociação dos herbicidas (b): bentazon,chlorsulfuron, 2,4-D, imazethapyr e sethoxydinFonte: Stelling (1994)

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2 - Translocação de herbicidas

Há várias razões pelas quais é importante o estudo de translocação de herbicidas. Plantas

 jovens. que não são capazes de se regenerar através de seus órgãos subterrâneos, podem ser mortas

  por herbicidas de contato, quando ocorre completa cobertura da parte aérea pela calda herbicida

 pulverizada. Entretanto, aquelas plantas que são capazes de se regenerar através de bulbos, rizomas,

estolons, tubérculos, etc. necessitam que determinada quantidade do produto seja capaz de

translocar e atingir estes orgãos de recuperação, para que produza controle eficiente. Por outro lado,

considerando que não é fácil atingir toda a superfície foliar de uma planta, principalmente de

arbustos e árvores, e tendo em vista que há diferença de penetração de herbicida nas diferentes

  posições da parte aérea da planta, o aumento na translocação de um produto aumentará a sua

eficiência. Para a maioria dos herbicidas aplicados ao solo, a translocação é também de grande

importância. Muitos herbicidas são absorvidos pelas raízes ou pelas partes subterrâneas do caule e

são translocados para outras áreas, como ponto de crescimento, cloroplastos, etc., para exercerem a

sua efetiva ação herbicida. Se a translocação de um herbicida pode ser aumentada, então as doses

aplicadas deste produto podem ser reduzidas; conseqüentemente, menores serão os custos de

aplicação e os riscos de causar prejuízos ao meio ambiente.

2.1 - Conceito de movimento simplástico e apoplástico

Simplástico - foi definido por Crafts e Crisp, em 1971, citados por Hay (1976), como a

massa total de células vivas de uma planta, formando um conjunto contínuo através das

intercomunicações do citoplasma, denominado plasmodesmas. Íons e moléculas podem

movi¬mentar-se de célula para célula através dessas estruturas, até atingirem as células

companheiras, de onde são transpostos para o floema, sem atravessar as barreiras à permeabilidade,que são as membranas citoplasmáticas. O floema é o principal componente do simplasto.

Transporte a longa distância ocorre através dos tubos crivados (floema), com velocidade de 60 a

100 vezes maior que o movimento no sentido radial.

Apoplástico - contrariamente ao simplasto, é formado pelo conjunto de células mortas,

incluindo as paredes celulares, os espaços intercelulares e o xilema, os quais formam um sistema

contínuo no qual a água e os solutos se movimentam livremente.

O movimento de solutos e assimilados no interior das plantas superiores pode ser definido,

 basicamente, em dois sentidos, como visto a seguir.

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 2.1.1 - Movimento descendente

Os assimilados e solutos se movem a uma distância média correspondente a 2,5 vezes o

diâmetro da célula, antes de alcançar os vasos menores do floema. Parte dessa distância ocorre pelosistema apoplástico. Uma vez que estes assimilados se movem para dentro desses vasos, em direção

contrária ao gradiente de concentração, assume-se que esse movimento ocorra à custa de energia

metabólica. As células companheiras e as células parenquematosas, que acompanham as células do

floema, estão envolvidas no fluxo de carregamento destes vasos. As células com protoplasma muito

denso e com pontuações na parte interna da parede celular permitem maior superfície de contato

entre o sistema simplástico e o apoplástico. Estas células são conhecidas como células de

transferências e parecem funcionar no carregamento dos vasos do floema e na transferência do

floema para o xilema.

Citoplasmas das células do mesófilo, das células de transferência e das células companheiras

estão diretamente intercomunicados, mas somente as células companheiras estão diretamente

ligadas ao floema. O movimento para dentro do floema (carregamento) deve ser um processo ativo,

 porém o mecanismo desse carregamento, para muitas substâncias, é ainda desconhecido.

A teoria do transporte pelo fluxo de massa baseia-se na elevação da concentração de

assimilados (açúcares, principalmente sacarose) dentro dos vasos, causando elevação do potencial

osmótico e, conseqüentemente, penetração de água dentro destas células. A alta pressão de turgor,

nestes vasos, força o fluxo em massa do conteúdo nele existente.O decréscimo da concentração dos

assimilados ao longo dos vasos, à medida que se distancia da fonte, suporta essa teoria. A hipótesedo transporte pelo fluxo de massa envolve uma corrente de solutos movendo-se da fonte (folhas,

caules ou outros órgãos fotossintetizantes) para o dreno (áreas meristemáticas, flores e frutos em

desenvolvimento, raízes e tecidos ou órgãos de reserva). Acredita-se que herbicidas e outras

substâncias se movimentem juntamente com esse fluxo. As folhas, inicialmente, são um dreno e,

quando amadurecem, se transformam em uma fonte. Substâncias fotossintetizadas nas folhas da

 base da planta são transportadas para as raízes, enquanto as produzidas nas folhas da parte superior 

da planta são transportadas para as folhas novas e os brotos terminais. Os assimilados, para se

translocarem das folhas para a parte superior da planta, têm, primeiro, que descer até atingir o caule,após o que podem subir pelo floema ou penetrar no xilema e se translocar com a corrente

transpiratória.

2.1.2 - Movimento ascendente

Íons e moléculas podem difundir-se pelos espaços intercelulares e paredes celulares do

córtex. O movimento por esta rota para o interior da raiz é bloqueado pelas paredes longitudinais

das “estrias de Gaspary”, na endoderme. Contudo, de alguma forma ainda não definida, supunha-se

que as substâncias (íons ou moléculas) rompiam essa barreira e penetravam no sistema simplástico

das células. Sabe-se, hoje, no entanto, que a estria de Gaspary não está presente nos ápices

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radiculares de células endodérmicas jovens e na região basal das raízes laterais em desenvolvimento

(LUXOVÁ; CIAMPOROVÁ, 1992), o que pode representar importante rota de passagem dos

herbicidas do apoplasto para o simplasto. Essas substâncias podem, então, mover-se de célula para

célula, pelo sistema simplástico, ou vazar para o xilema parenquimatoso e ser transportadas no

sentido acrópeto pela corrente transpiratória. Em geral, as condições ambientais favoráveis àtranspiração (umidade relativa baixa, elevadas temperaturas e adequado suprimento de água no

solo) são também favoráveis à translocação dos produtos que se movimentam pelo sistema

apoplástico.

2.1.3 - Translocação de alguns herbicidas

 Dicamba - é altamente móvel na planta. Aplicado nas raízes ou nas folhas, ele se acumula

nos pontos de crescimento. Pequena acumulação ocorre nas raízes, apesar de ser bastante móvel no

sentido basípeto da planta. Exsuda-se, em grande proporção, pelas raízes, podendo causar danos às

  plantas adjacentes às tratadas. A presença de folhas jovens na planta aumenta a translocação do

 produto para as raízes. A morte ou injúria das raízes reduz a sua exsudação, indicando ser este um

 processo que requer energia. A adição do ácido 2-cloroetil-fosfônico (ethrel) ao dicamba aumenta a

sua translocação, no sentido descendente.

 Derivados do ácido fenóxico - os representantes deste grupo translocam-se pelo floema e,

ou, xilema e acumulam-se nos pontos de crescimento (tecido meristemático). Apesar de se

translocarem no sentido descendente, não se acumulam na raiz por causa do fenômeno da

exsudação. O 2,4-D move-se do floema para o xilema e retorna à folha tratada, espalhando-serapidamente por toda a planta. A elevação da umidade relativa pode aumentar o movimento

descendente do 2,4-D, talvez por inibir o movimento junto à corrente transpiratória.

Picloram - quando aplicado em solução nutritiva, é rapidamente absorvido e translocado

 para todas as partes da planta. Ele transloca-se, principalmente, para folhas e pontos de crescimento

da planta. Se a planta é retirada da solução com herbicida e colocada numa solução sem herbicida, a

concentração do produto diminui nas raízes e nas folhas fotossintetizadoras e se concentra nas

regiões meristemáticas desta. Se o produto é aplicado nas folhas, também ocorre acumulação nas

folhas jovens, nos pontos de crescimento e nas raízes. A sua pequena acumulação nas raízes está,até certo ponto, relacionada com sua exsudação por elas. Apesar de apresentar pequena acumulação

na raiz, semelhante ao 2,4-D, o picloram é, aproximadamente, 10 vezes mais tóxico às raízes que o

2,4-D. O uso deste herbicida no raleamento de floresta, visando reduzir o sombreamento de culturas

como o cacau, pode danificar a cultura quando ele for injetado em algumas espécies que são

capazes de excretá-lo através de suas raízes.

2,3,6-TBA - parece movimentar-se prontamente em ambos os sistemas (apoplásticos e

simplásticos). Aplicado nas folhas das plantas, pode ser exsudado pelas raízes, podendo, neste caso,

ser absorvido por plantas vizinhas não-tratadas. Aplicado nas folhas do milho, ele se transloca até asraízes e, sendo exsudado, pode controlar uma séria invasora do milho, que é a striga (erva-de-

 bruxa).

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Uréias - os derivados da uréia substituída são translocados exclusivamente via apoplástica.

Contudo, de alguma forma, penetram no simplasto, principalmente nos cloroplastos, onde atuam.

Aplicados às raízes, espalham-se por toda a planta, concentrando-se nas extremidades das folhas,

onde, inicialmente, aparecem os sintomas de toxidez. Aplicados às folhas, eles não se translocam de

uma folha para outra. Fatores que reduzem a transpiração da planta reduzem também a suatranslocação. Algumas uréias, principalmente diuron, fluometuron e linuron, são bastante toleradas

 pelos citros e pelo algodão. Altas concentrações destes produtos são encontradas em glândulas ricas

em óleo (verdadeira barreira à translocação destes herbicidas) localizadas ao longo do caule e nas

folhas da planta, principalmente.

Triazinas - a maioria das triazinas são mais facilmente absorvidas pelas raízes, sendo todas

elas translocadas exclusivamente via xilema. Algumas, como metribuzin, ametryn e atrazine, são

também absorvidas pelas folhas, porém se translocam apenas do ponto de aplicação para as

extremidades da parte da planta onde foram aplicadas. Quando aplicadas às raízes das plantas, emsolução nutritiva, dentro de 30 minutos elas podem ser detectadas no topo da planta. A taxa de

absorção decresce algum tempo após a aplicação, por causa do fechamento dos estômatos (redução

na taxa de transpiração). Os estômatos fecham-se porque o herbicida, ao inibir a fotossíntese,

  promove o acúmulo de CO2 na câmara subestomática. As triazinas também se acumulam em

glândulas ricas em óleos, em plantas de algodão, atingindo, em menor proporção, os cloroplastos.

 Bipiridílios – são considerados, na prática, como herbicidas não translocáveis nas plantas.

Aparentemente, a pequena translocação do produto ocorre pelo sistema apoplástico. Quando o

 paraquat é aplicado no escuro, parece que ele atinge o xilema antes de necrosar o tecido e se move

com a corrente transpiratória tão logo a planta seja exposta à luz. Alguns trabalhos mostram que a

translocação é aumentada pela redução da umidade relativa (elevação da transpiração). Outros

autores admitem que a translocação ocorrida na planta seja por difusão causada pelo rompimento

das células. Na prática, portanto, eles são considerados herbicidas de contato, em razão de sua

rapidez de ação, principalmente quando aplicados durante o dia, sob forte intensidade luminosa. A

sua velocidade de ação é proporcional à intensidade luminosa.

 Imidazolinonas - estes herbicidas são absorvidos por folhas, caules e raízes e se trans¬locam

via floema ou xilema até os pontos de crescimento, onde inibem a síntese de aminoácidos. O sítio

de ação dos herbicidas deste grupo é a enzima AHAS (ácido aceto hidroxi sintase), que éconcentrada nos tecidos meristemáticos. A translocação das raízes para os caules parece estar 

relacionada com a lipofilicidade das imidazolinonas. Assim, quanto mais lipofílica for a

imidazolinona, mais rápida é absorvida pelas raízes e mais rápida é a translocação para o caule.

Entretanto, a translocação da folha para o caule parece não estar relacionada com a lipofilicidade.

A diferença de translocação do imazaquin pode ser a causa das diferenças na

susceptibilidade entre as espécies. Imazaquin é muito ativo no milho, mas pouco ativo em Avena

fatua. Ocorre paralisação da translocação em aveia uma hora após o tratamento, enquanto a

translocação no milho continua por muito tempo.

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3 - Metabolismo dos herbicidas nas plantas

A seletividade dos herbicidas pode ser atribuída a numerosos fatores, incluindo absorção,

translocação, metabolismo, etc. Para vários grupos de herbicidas (ex.: auxínicos, inibidores da ALS

e da ACCase), metabolismo o da molécula é uma das principais causas da seletividade. É muito

importante saber se o herbicida é metabolizado ou não, na planta. As agências governa¬mentais

estabelecem limites de tolerância de resíduos dos produtos na planta, na época da colheita das

estruturas utilizadas para a alimentação. Uma das maneiras pelas quais as plantas se livram destes

  produtos é através do metabolismo destes. É importante saber não só que o herbicida é

metabolizado, mas, também, conhecer os seus metabólitos e a forma como são metabolizados.

Embora os herbicidas venham sendo usados há mais de 50 anos, o estudo de seus metabolismos é

relativamente recente.

Tratar-se-á, aqui, do metabolismo dos herbicidas nas plantas apenas em relação à sua

detoxificação.

Derivados dos ácidos fenóxicos

Há três mecanismos básicos envolvidos no metabolismo dos derivados do ácido fenóxido

acético (Figura 6):

•  degradação da cadeia do ácido acético;

•  hidroxilação do anel aromático; e

•  conjugação do composto com constituintes da planta.

A maioria das plantas degrada a cadeia do ácido acético, mas somente algumas espécies o

degradam em velocidade suficientemente rápida para aumentar ou proporcionar a sua tolerância ao

 produto. A hidroxilação na posição ‘para’ inativa o produto. A hidroxilação na posição ‘3’ e a sua

conseqüente conjugação com glucose e, ou, aminoácidos também são mecanismos de inativação do2,4-D. Os compostos geralmente encontrados em conjugação com 2,4-D são: ácido aspártico, ácido

glutâmico, alanina, valina, leucina, fenilalanina e triptofano.

A transferência do cloro da posição '4' para a posição '3' e a passagem do cloro da posição '5'

 para posição ‘6’ do 2,4,5 T, formando o 2,3,6 T, também o inativam. Normalmente, na passagem do

cloro de uma posição para outra, há hidroxilação na posição anterior do cloro, com conseqüente

conjugação desta hidroxila com constituintes da planta, causando a inativação do herbicida.

O 2,4-DB também é metabolizado por algumas plantas (Figura 7), transformando-se em

composto tóxico (2,4-DB → β oxidação → 2,4-D). Algumas leguminosas, como a alfafa, o toleram,

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 porque não o transformam em 2,4-D ou o fazem muito lentamente, dando tempo para que outros

 processos metabólicos realizem a sua degradação, antes da saturação dos sítios de ação do produto.

Figura 6 - Biotransformação e rotas metabólicas do 2,4-D em plantas superiores

Figura 7 – β oxidação do 2,4-DB a 2,4-D em plantas superiores

Triazinas

Algumas plantas, principalmente gramíneas como milho, sorgo e cana-de-açúcar, são

altamente tolerantes às clorotriazinas (atrazine e simazine). A taxa de degradação das triazinas em

  plantas superiores varia grandemente com as diferentes espécies. Em espécies tolerantes, elas sãorapidamente degradadas (Figura 8), enquanto em espécies suscetíveis (feijão e pepino) a degradação

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é mais lenta. O metabolismo do metribuzin nas plantas superiores pode ser observado na Figura 9.

Portanto, a taxa de degradação das triazinas parece ser, primariamente, a base de seletividade destes

herbicidas às plantas.

Figura 8 - Biotransformação e rotas metabólicas de atrazine em plantas superiores

Os processos de inativação ocorrem pela hidroxilação, demetoxilação e dealquilação na posição ′ N′ e por conjugação com peptídeos. Extratos das raízes e da parte aérea do milho são

capazes de hidroxilar as clorotriazinas. A substância catalisadora dessa reação foi identificada como

 benzoxazinona. Esta substância ocorre em toda a planta de milho, mas a hidroxilação é mais intensa

nas raízes, indicando que nestas a benzoxazinona é mais ativa. Também pode ocorrer conjugação

das triazinas com peptídeos, o que favorece a tolerância das plantas a estes herbicidas. Glutation-S-

transferase é a enzima envolvida nessa conjugação. A N-dealquilação é outra rota do metabolismo

das triazinas.

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 Figura 9 - Biotransformação e rotas metabólicas do metribuzim em plantas superiores

Derivados dos ácidos benzóico

A hidroxilação do anel aromático e a sua conjugação com outros constituintes da planta são

demonstradas na prática. Entretanto, não se demonstrou, ainda, a ruptura do anel. Entre os

compostos deste grupo, o 2,3,6-TBA é considerado um herbicida estável, tanto na planta quanto no

solo. É um produto não-seletivo e de elevada eficiência no controle de plantas daninhas perenes,

incluindo as de raízes profundas.

Derivados da uréia

As principais rotas do metabolismo das uréias substituídas estão relacionadas com a

demetilação e, ou, demetoxilação e deaquilação, formando a correspondente anilina, e também com

a conjugação com os constituintes da planta.

Propanil

É uma exceção entre as amidas. Enquanto estas inibem raízes e pontos de crescimento, o  propanil inibe o fotossistema II. É considerado um herbicida completamente metabolizado pelas

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  plantas tolerantes (Figura 10). A velocidade de sua metabolização influencia decisivamente a

tolerância da planta.

Figura 10 - Hidrólise do propanil em plantas de arroz

O metabólito 3-4-dicloroanilina formado pode ser conjugado com constituintes da planta,

  principalmente com diversos tipos de carboidratos. O 3-4-diclorolactoanilida é um composto

intermediário e instável nas plantas tolerantes, como o arroz. Nas plantas sensíveis, como o capim-

arroz, ele se acumula e inibe a reação devido à menor atividade da enzima que o degrada, razão pela

qual o arroz é tolerante e o capim-arroz, sensível. A enzima envolvida nesse processo

(arilacilamidase) é 10 a 20 vezes mais ativa no arroz que no capim-arroz. Esta enzima é sensível aos

inseticidas carbamatos e fosforados orgânicos, podendo a mistura do propanil com estes compostos

causar sensível redução na tolerância do arroz ao propanil ou até perda total de seletividade do

 propanil a essa cultura.

Picloram:

É um produto altamente estável na planta e no solo. A sua alta atividade como arbusticida e

arborecida está relacionada com a sua estabilidade na planta. Trabalhos realizados por Redemann e

outros, citados por Foy (1976), em trigo, mostraram que somente 17% do picloram tinha sido

metabolizado três meses após a sua aplicação.

Comparando a atividade do 2,4-D com a do picloram (em algumas espécies de plantaslatifoliadas), por unidade de tempo, observou-se que o 2,4-D é mais ativo que o picloram.

Entretanto, considerando-se o tempo de ação, o picloram é mais de 10 vezes mais ativo, por causa

de sua lenta degradação.

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4 - Formulação

Formular um herbicida consiste em preparar seu ingrediente ativo na concentração

adequada, adicionando substâncias coadjuvantes, tendo em vista que o produto final deve ser usado

em determinadas condições técnicas de aplicação, para poder cumprir eficazmente sua finalidade

 biológica, mantendo essas condições durante o armazenamento e transporte (ARAÚJO, 1997).

A formulação é a etapa final da industrialização. O mesmo ingrediente ativo, às vezes, é

comercializado em formulações diferentes em várias regiões do mundo, mas a tendência atual,

segundo Kissmann (1997), é uma formulação universal que possa ser usada em diversos países.

  Na legislação federal sobre produtos fitossanitários, no Brasil, ingrediente ativo é o

composto com atividade biológica, e os ingredientes inertes são os outros compostos adicionados na

formulação. Qualquer substância ou composto sem propriedade fitossanitária, exceto água, que é

acrescida na preparação de defensivos para facilitar a aplicação ou aumentar a eficiência ou

diminuir os riscos é classificada como adjuvante.

Entre as classes de adjuvantes podem-se citar: emulsificantes (compatibilizam frações

 polares e apolares); dispersantes (impedem a aglomeração de partículas); espessantes (aumentam a

viscosidade); solventes (dissolvem o ingrediente ativo); molhantes (permitem rápida umectação do

 produto em contato com a água); quelatizantes (tiram reatividade de moléculas e íons); tamponantes

(deixam o pH dentro de uma faixa desejada); corantes (dão coloração ao produto formulado);

adesivos (melhoram a aderência do produto com a superfície tratada); e surfatantes (agentes

ativadores de superfície).

Os óleos não-fitotóxicos também têm grande uso como adjuvante, seja como molhantes,

espalhantes, penetrantes, antievaporantes e, ou, adesivos. Eles podem ser: minerais (formulados

com predominância de frações parafínicas de hidrocarbonetos), vegetais (apresentam porções

variadas de ácidos graxos) e vegetais metilados (sofrem esterificação metílica). Os minerais

também podem servir como veículo para aplicação de herbicidas.Os surfatantes ou tensoativos são também adjuvantes. Estes compotos causam redução da

tensão superficial, servindo de interface entre as superfícies, por possuírem porções lipofílicas e

hidrofílicas na mesma molécula. Os surfatantes são classificados de acordo com sua carga elétrica

ou tendência de ionizar a porção hidrofílica da molécula. Eles podem ser aniônicos (carregados

negativamente), catiônicos (carregados positivamente) e não-iônicos (neutros), que não alteram o

equilíbrio eletrolítico nas formulações e nas caldas. Recentemente surgiram os surfatantes à base de

organossilicones, que são capazes de reduzir muito a tensão superficial e até induzir um fluxo de

massa da solução pulverizada através do poro estomatal, fazendo com que o herbicida penetre,também, pelos estômatos.

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Além da redução da tensão superficial, os surfactantes favorecem o espalhamento uniforme

da calda na superfície foliar, aumentam a retenção e melhoram o contato da gotícula. Também,

 podem solubilizar substâncias não-polares da folha, causando desnaturação enzimática ou disfunção

das membranas e, assim, favorecer mais a penetração do herbicida (RADOSEVICH, 1997).

Os sufatantes podem, também, assumir conotações negativas em certos casos, como sendofitotóxicos, por diminuírem ou eliminarem a seletividade de alguns herbicidas e até favorecerem

ataques de fungos pela remoção da camada cerosa protetora ou por espalharem os esporos pela

superfície vegetal (Kissmann, 1997).

A escolha da formulação a ser usada baseia-se, segundo Ozkan (1995), nos seguintes

fatores: características físicas e biológicas da planta daninha-alvo, equipamento de aplicação

disponível, perigo de deriva e lixiviação, possível injúria na cultura, custo, necessidade de

armazenagem e tipo de ambiente em que a aplicação é feita.

Uma formulação de herbicida pode ser considerada de boa qualidade se atender aosseguintes requisitos: ser letal à planta daninha ou, no mínimo, danosa a ela; e não afetar os

microrganismos benéficos e a cultura, caso esta já esteja instalada. Além disso, deve apresentar bom

espalhamento, boa retenção na superfície da folha, e penetração foliar eficiente. Deve também

 permitir a associação de produtos, tem que ser compatível, tanto física (sem absorção ou repulsão

entre os ingredientes) como química (sem alteração dos compostos) ou biologicamente (a mistura

deve ser eficiente para o controle) e ser estável, ou seja, permanecer ativa por um longo período.

4.1 - Veículo de aplicação (água)

O veículo mais importante para diluir formulações de produtos fitossanitários a serem

aplicados por pulverização ou imersão é a água, que deve ser de boa qualidade. Argilas e compostos

orgânicos em suspenão na água podem absorver alguns tipos de ingredientes ativos, tornando-os

indisponíveis. Um exemplo claro dessa ação ocorre com os compostos catiônicos (paraquat e

diquat), que são inativados parcial ou totalmente.

A água quase sempre apresenta sais em dissolução, especialmente os de Ca++ e de Mg++, que

são os principais causadores da dureza da água. Deve-se salientar que essa dureza é calculada emfunção do teor de CaCO3 .

Quadro 3 - Classes de dureza da águaClasses ppm de CaCO3 

Água muito branda 71,2Água branda 71,2-142,4Água semidura 142,4-320,4Água dura 320,4-534,0Água muito dura > 534,0

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 127

A dureza da água interfere na qualidade das caldas dos herbicidas de duas maneiras:

 Nas formulações - na presença de tensoativos aniônicos contendo Na+ ou K +, os elementos

responsáveis pela dureza da água Ca++ e Mg++ podem substituí-los, formando compostos insolúveis,

com conseqüente perda da função desses surfatantes.

  Nos ingredientes ativos - ingredientes ativos à base de ácidos ou sais podem reagir na  presença dos cátions Ca++ e Mg++ , com possíveis substituições e formações de compostos

insolúveis, descaracterizando sua ação biológica.

A dureza da água pode ser corrigida, segundo Kissmann (1997), de duas maneiras:

acrescentando um surfatante não-iônico, o que reduziria a tensão superficial dos líquidos, ou

acrescentando um quelatizante na água, o que isolaria a carga elétrica e suprimiria a reatividade de

íons desta.

As indústrias geralmente já formulam seus produtos para serem compatíveis com 20 até 320

 ppm de carbonato de cálcio, que representa água semidura.Outro fator muito importante que pode influir na estabilidade dos herbicidas e nos resultados

é o pH da água. Muitos produtos que ficam preparados em água por muito tempo, antes da

aplicação, podem sofrer degradação por hidrólise, cuja velocidade depende do pH. Muitas

moléculas sofrem dissociação quando em solução, e a constante de dissociação também é

dependente do pH. Valores extremos de pH podem afetar a estabilidade das caldas. Geralmente, as

caldas fitossanitárias apresentam mais estabilidade numa faixa de pH entre 6,0 e 6,5.

4.2 - Tipos de formulações

As formulações apresentam-se, basicamente, nas formas sólida e líquida.

4.2.1 - Formulações sólidas

Pó molhável (PM): esta formulação é definida pela ABNT como formulação sólida de pó,

  para aplicação, sob a forma de suspensão, após dispersão em água. É obtida pela moagem do

ingrediente ativo absorvido em material inerte (sílica, vermiculita, etc). Adiciona-se geralmenteuma substância dispersante, para evitar floculação e aumentar a establilidade da suspensão. Durante

a aplicação, precisa-se de uma agitação contínua no tanque. Geralmente, possui 50 a 80% de

ingrediente ativo (ex: Sencor BR, 700 g kg-1 de metribuzin).

Pó solúvel (PS): nesta formulação o ingrediente ativo é totalmente solúvel em água, não

requerendo agitação durante aplicação.

Grânulos dispersíveis em água (GRDA ou dry flowable): é uma formulação sólida

constituída de grânulos, para aplicação sob a forma de suspensão após desintegração e dispersão em

água. O ingrediente ativo sólido está na forma de grânulos, e este, adicionado em água, transforma-

se numa suspensão. Possui a vantagem de ter, no produto comercial, maior concentração de

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 princípios ativos, requerendo, com isso, menor volume de calda para aplicação (ex: Scepter 70 DG,

700 g kg-1 de imazaquin).

Granulados (GR): os grânulos são constituídos de veículos minerais, como a vermiculita, e

de princípio ativo, cuja concentração varia de 2 a 20%. Em geral, dispensam o uso da água, são

mais seletivos, podem ser aplicados em locais de difícil acesso, têm maiores custos e dependem deequipamentos adequados para aplicação e de umidade no solo para liberar o ingrediente ativo (ex.:

Ordran 200 GR, 200 g kg-1 de molinate).

Pellets ou pastilhas: possuem ampla similaridade com os granulados, diferindo-se por 

 possuírem partículas de maior tamanho.

4.2.2 - Formulações líquidas

Soluções (S): esta mistura é de natureza homogênea, composta do soluto, que é o

ingrediente ativo, e do solvente, que pode ser água, álcool, acetona, etc. Seu processo de obtenção é

o mais simples e barato. Para que um produto seja formulado como solução, ele deve ser solúvel em

 pelo menos 25% por litro do solvente. Devido à sua pouca penetração foliar, adiciona-se geralmente

um surfatante (ex.: DMA 806 BR, 670 g L-1 de 2, 4-D).

Concentrado emulsionável (CE): é uma formulação líquida homogênea, para aplicação após

diluição em água, sob a forma de emulsão. Emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis

que consistem em dois líquidos imiscíveis, sendo um deles disperso como glóbulos de pequeno

tamanho dentro do outro. O concentrado emulsionável conta, basicamente, com um solvente não-

  polar (o ingrediente ativo), dissolvido no solvente, e um agente emulsificante. A solubilidademínima necessária é de 12%. Possui maior penetração foliar, permanece por longos períodos em

suspensão (mistura mais homogênea) e provoca menos desgaste nos bicos (ZAMBOLIM; VALE,

1997) (ex.: Dual 960 CE, 960 g L-1 de metolachlor).

Suspensão concentrada (S) ou “flowable”: é uma formulação constituída por uma suspensão

estável de ingrediente(s) ativo(s) num veículo líquido, que pode conter outro(s) ingrediente(s)

ativo(s) para aplicação após a diluição. Neste tipo de formulação, o princípio ativo sólido

(micropartículas) é mantido suspenso em água. Como vantagens estão a ausência do pó, a baixa

toxicidade e o fácil manuseio (ex.: Karmex 500 SC, 500 g L-1 de diuron).Emulsões concentradas: esta formulação é uma emulsão de ingrediente ativo de baixo ponto

de fusão ou líquido, sendo uma alternativa ao concentrado emulsionável (ex.: Podium, 110 g L-1

de fenoxaprop-p-ethyl).

Suspo-emulsão: é uma formulação fluida e heterogênea, constituída de uma dispersão

estável de ingredientes ativos na forma de partículas sólidas e de finos grânulos na fase aquosa, para

aplicação após a diluição em água. A importância desta formulação reside na possibilidade de poder 

compatibilizar dois tipos de formulações diferentes.

Microemulsão: é um caso específico de emulsão. Esta formulação contém as fases ‘oleosa’(contendo o ingrediente ativo e o solvente orgânico surfatante) e ‘aquosa’ (que também pode conter 

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 129

ingrediente ativo solúvel em água, além de surfatante). A aparência é de um líquido transparente,

homogêneo (ex.: Robust: 200 g de fluazifop-p-butil + 250 g L-1 de fomesafen).

5 - Misturas de herbicidas

O controle de plantas daninhas visa, entre outros aspectos, reduzir ou eliminar a competição

destas com a cultura É importante lembrar que existem centenas de espécies de plantas daninhas e

que estas apresentam as mais variadas características morfológicas e fisiológicas, que lhes conferem

comportamento diferenciado (susceptibilidade, tolerância ou resistência) em relação aos herbicidas

utilizados. Além desse fato, a necessidade de reduzir os custos de produção da cultura tem levado os

 produtores, bem como os fabricantes, a preparar misturas de herbicidas com diferentes princípios

ativos, ou mesmo com outros agroquímicos/pesticidas.

Houve grande expansão no uso de misturas e na aplicação sequencial de vários herbicidas

em um único ciclo cultural; entretanto, o manejo de herbicidas, especialmente as misturas, requer 

grande cuidado, além do conhecimento a respeito das interações entre os produtos, visando obter o

máximo de controle de plantas daninhas e minimizar injúrias às culturas. Deve-se dar preferência às

misturas prontas.

5.1 - Vantagens das misturas ou combinações de herbicidas

A aplicação de misturas de herbicidas pode oferecer vantagens, quando comparadas com

aplicação de um princípio ativo isoladamente, como:

•  Controle de maior número de espécies de plantas daninhas e redução do risco

de aparecimento de genótipos resistentes.

•  As misturas foram primeiramente usadas para o controle não-seletivo e seu usocontínuo tornou-se importante. A idéia de combinação de herbicidas para controlar 

seletivamente plantas daninhas em culturas desenvolveu-se posteriormente.

•  Aumento da segurança da cultura, devido ao uso de doses menores de cada

herbicida misturado. É mais efetiva que uma única dose de um herbicida. Há menor 

chance de a cultura ser injuriada.

•  Redução de resíduos na cultura e no solo devido ao uso de doses menores,

especialmente dos componentes mais persistentes.

• 

Redução de custos: o menor custo de aplicação, o controle mais efetivo de  plantas daninhas e as menores quantidades de herbicidas aplicadas geralmente

reduzem o custo total do manejo.

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•  Controle por um período maior, pela adição de outro herbicida mais efetivo

sobre determinada espécie de planta daninha predominante.

•  Melhores resultados em campos com variados tipos de solos.

•  Pode melhorar o controle de plantas daninhas pela ampliação da seletividade,

em razão da possível ação sinergística na planta daninha e ação antagônica sobre acultura.

5.2 - Incompatibilidade

Quando dois ou mais herbicidas são combinados, eles podem ser aplicados separadamente

(um após o outro), juntos (misturados no tanque) ou ainda podem ser formulados juntos

(comercializados numa mesma embalagem). Estes herbicidas pré-misturados ou em misturas no

tanque do pulverizador podem ser mais eficientes ou não, dependendo do modo como foi feita a

mistura.

Menor desempenho da mistura pode ser resultado de qualquer incompatibilidade física ou

  biológica. A incompatibilidade física é usualmente causada pela formulação e suas interações,

resultando em formação de precipitados, separação de fase, etc., de modo que sua aplicação não

  pode ser executada. Fatores como solubilidade, complexação, carga iônica e outros parâmetros

físicos são responsáveis pela redução do desempenho dos produtos, causada pela incompatibilidade.

A incompatibilidade denota a inabilidade de dois ou mais herbicidas em serem usados

simultaneamente.A mistura de um herbicida formulado como pó-molhável, por exemplo, com outro

formulado como concentrado emulsionável tem elevada tendência a apresentar incompatibilidade

física, que resulta numa rápida sedimentação dos componentes da mistura. Por isso, uma das

vantagens da mistura formulada, em relação à de tanque, é evitar possíveis incompatibilidades dos

componentes da formulação.

5.3 - Interações entre herbicidas

O termo interação descreve a ação conjunta dos herbicidas nas plantas. É a relação da

efetividade de um material com o outro. Quando dois ou mais herbicidas são aplicados juntos,

 podem ser observados os seguintes efeitos sobre as plantas:

•  Efeitos sinérgicos: quando o efeito dos herbicidas aplicados juntos é maior que a

soma dos efeitos isolados.

•  Efeitos aditivos: quando o efeito dos herbicidas em mistura é igual à soma dos

seus efeitos quando aplicados separados.

•  Efeitos antagônicos: quando o efeito dos herbicidas em mistura é menor que a

soma dos seus efeitos quando aplicados separadamente.

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas 131

É interessante lembrar que esses efeitos podem ser diferentes entre espécies de plantas. Do

  ponto de vista prático, seria ideal que a mistura apresentasse efeitos antagônicos para a cultura e

sinergísticos para as plantas daninhas.

Várias misturas sinergísticas de herbicidas têm sido reportadas. As bases para essa interação

 podem ser: aumento da penetração foliar dos herbicidas aplicados em pós emergência, aumento datranslocação, inibição do metabolismo, interações dos mecanismos de ação dos herbicidas

envolvidos, etc.

O antagonismo em misturas de tanque acontece quando uma reação adversa ocorre entre os

herbicidas na solução. É o antagonismo químico, por exemplo, entre o paraquat e o MCPA

dimetylamina, principalmente quando a formulação éster do MCPA é usada. Também pode ocorrer 

a redução da penetração foliar; por exemplo, os inibidores de lipídios não devem ser misturados

com 2,4-D, MCPA, bentazon, chlorsurfuron, chlorimuron, imazaquin, imazethapyr, etc. O

antagonismo do fenoxaprop com MCPA éster aumentou a tolerância do trigo sem reduzir o controleda aveia-brava (JORDAN; WARREN, 1995). A redução da penetração pela raiz pode resultar em

antagonismo e aumentar a seletividade da cultura. É o caso do trifluralin e diuron em algodão e

trifluralin e metribuzin em soja, etc. O antagonismo também ocorre quando um herbicida de contato

é aplicado com glyphosate ou com herbicidas auxínicos. A absorção e a translocação do glyphosate

ficam prejudicadas, resultando em menor efeito dos herbicidas sistêmicos.

O efeito da interação entre dois herbicidas pode ser estimado pela equação a deguir:

em que:

X = percentagem de inibição do crescimento pelo herbicida A e p L ha-1;

Y = percentagem de inibição do crescimento pelo herbicida B e q L ha-1; e

E = percentagem ‘esperada’ de inibição do crescimento pelos herbicidas

A+B a p+q L/ha.

Então, X+(100-Y) é a toxicidade esperada da mistura.

•  Se a resposta observada for maior que a esperada, a mistura é sinérgica.

•  Se a resposta observada foi menor que a esperada, a mistura é antagônica.•  Se a resposta observada for igual à esperada, a mistura é aditiva.

5.4 - Interações de herbicidas com inseticidas em mistura

Em geral, a fitotoxicidade de alguns herbicidas tem mostrado ser influenciada por alguns

inseticidas organofosforados ou metilcarbamatos. Inseticidas organoclorados não têm apresentado

interações com herbicidas. Organofosforados estão envolvidos com interações com nicosulfuron(SILVA et al., 2005) A tolerância do milho a este herbicida é devido ao rápido metabolismo deste;

entretanto, inseticidas organofosforados podem inibir, ou reduzir, este metabolismo, induzindo o

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Módulo 3.3 - Herbicidas: absorção, translocação, metabolismo, formulação e misturas132

surgimento de sintomas de intoxicação nas plantas da cultura. O organofosforado terbufos

(Counter) tem causado maiores problemas na prática.

É interessante ressaltar o antagonismo entre phorate (Thimet), disulfoton (Disyston) e o

clomazone em algodão. Os inseticidas protegem o algodão de alguma toxicidade do clomazone. A

aplicação do terbufos em milho é antagonística aos resíduos do imazaquin no solo e tem dadoconsiderável proteção ao milho. Os mecanismos dessa interação não são bem conhecidos.

5.5. Interações de herbicidas com fertilizantes em mistura

Os herbicidas em misturas com fertilizantes, às vezes, são usados por alguns produtores,

  porém sem nenhuma base científica. A aplicação de molibdênio na cultura do feijão, em mistura

com os herbicidas fluazifop-p-butil+fomesafen, bentazon, fomesafen e imazamox, em ensaios

  preliminares apresentou efeitos aditivos. Esses resultados, se confirmados, viabilizam a aplicação

desses insumos de uma só vez.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 135

 PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 3 - Manejo de plantasdaninhas3.4 - Herbicidas: comportamento nosolo

Tutores:Profº. Antonio Alberto da Silva

Profº. Jose Barbosa dos Santos

Profº. Rafael Vivian

Profº. Rubem Sillvério de Oliveira Júnior 

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viçosa - UFV

Centro de Ciências AgráriasDepartamento de Fitopatologia

Brasília - DF2006

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo136

Sumário

Introdução, 138

1 - Importância do estudo de herbicidas no solo, 139

2 - Processos de retenção, 140

2.1 – Precipitação, 141

2.2 – Absorção, 141

2.3 – Adsorção, 141

2.4 – Sorção, 142

2.4.1 - Estimativa da sorção, 144

2.4.2 - Isotermas de sorção, 147

2.5 - Principais propriedades do solo que influenciam a sorção de herbicidas, 150

2.5.1 - Importância da matéria orgânica do solo na sorção de herbicidas, 150

2.5.2 - Textura e mineralogia, 154

2.5.3 - pH do solo, 155

2.6 - Principais propriedades físico-químicas dos herbicidas que interferem na sua sorção no

solo, 158

2.6.1 - Coeficiente de partição octanol-água (Kow), 158

2.6.2 - Capacidade de dissociação eletrolítica (pKa), 158

2.7 – Dessorção, 160

3 - Processos de transporte, 161

3.1 - Escorrimento superficial (run-off) e sub-superficial (run-in), 162

3.2 – Volatilização, 162

3.2.1 - Fatores que influenciam a volatilização, 162

3.2.2 - Alternativas para redução de perdas por volatilização, 164

3.2.3 - Pressão de vapor (P), 1643.2.4 – Solubilidade, 166

3.2.5 - Relação entre PV e S, 166

3.2.6 - Relação entre KH e incorporação de herbicidas, 167

3.3 - Absorção pelas plantas, 167

3.4 – Lixiviação, 167

4 - Processos de transformação, 170

4.1 – Persistência, 170

4.2 - Degradação química, 1754.3 - Degradação biológica (microbiana) ou biodegradação, 175

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 137

4.4 - Fotodecomposição ou fotólise, 177

5 – Fitorremediação, 178

5.1 - A fitorremediação como mecanismo de biorremediação, 179

5.2 - Problemas relacionados aos herbicidas residuais, 182

5.3 - Estratégias para o sucesso da fitorremediação, 1836 - Considerações finais, 186

Referências bibliográficas, 188

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo138

Introdução

O uso do controle químico em plantas daninhas, atualmente, constitui-se prática

indispensável para a agricultura em larga escala, tornando-se indiscutível a utilização de herbicidas

no sistema agrícola. No entanto, é fundamental que eles sejam adequadamente aplicados, para que

seja preservada a qualidade final dos produtos colhidos, assim como dos próprios recursos naturais

que sustentam a produção, especialmente o solo e a água.

 Nos últimos anos, observa-se maior preocupação quanto à contaminação do ambiente e a

utilização racional dos recursos hídricos e do solo. As práticas agrícolas, entretanto, são

responsáveis por grande parte da degradação desses recursos. Outro fator relevante é que 60 a 70%

do total dos pesticidas aplicados nos campos agrícolas não atingem a superfície alvo de interesse

(LAW, 2001) e acabam alcançando direta ou indiretamente o solo, o qual atua como o principal

receptor e acumulador desses compostos.

Ao atingirem o solo, inicia-se o processo de redistribuição e degradação dos herbicidas

aplicados, o qual pode ser extremamente curto, como o que ocorre para algumas moléculas simples

e não-persistentes, ou perdurar por meses ou anos, para compostos altamente persistentes. O seu

tempo de permanência no ambiente depende, entre outros fatores, da capacidade de sorção do solo,

da dinâmica do fluxo hídrico e do transporte de solutos, além da sua taxa de degradação, a qual está

relacionada à atividade microbiológica, biodisponibilidade e recalcitrância do herbicida.

Embora escassos, os estudos envolvendo a sorção de herbicidas em solos brasileiros sob

condições de clima tropical são também fundamentais para avaliação da eficiência de controle das

  plantas daninhas do local, pois elevados índices de sorção podem comprometer a eficiência do

herbicida. Com isso, cresce a importância do entendimento do destino final dessas moléculas e do

estudo do comportamento no ambiente onde são aplicados.

 Neste capítulo são apresentados os principais conceitos relacionados ao comportamento de

herbicidas no solo, juntamente com os processos envolvidos na dissipação desses compostos noambiente. Os exemplos apresentados destacam os estudos mais relevantes com herbicidas em solos,

 permitindo maior compreensão da dinâmica desses compostos no ambiente.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 139

 

1 - Importância do estudo de herbicidas no solo

O estudo do comportamento de herbicidas no solo e no ambiente visa pelo menos dois

objetivos principais: primeiramente, conhecer os fatores do ambiente, além do próprio herbicida,

que afetam direta ou indiretamente a eficiência no controle de uma planta daninha; segundo, uma

vez que o herbicida é uma substância exógena ao meio, procura-se descobrir as interações do

herbicida com os componentes do solo, de modo a minimizar os eventuais efeitos negativos que a

sua presença possa causar ao ambiente.

Outro fator relevante é que o solo atua na manutenção dos processos vitais, sendo

responsável pelo suporte físico e de armazenagem dos nutrientes para as plantas. Promove a

retenção e o movimento da água, suportando as cadeias alimentares. É responsável também pela

ciclagem dos nutrientes, atividade e diversidade microbiana, além da remediação e imobilização de

 poluentes (GRANATSTAIN; BEZDICEK, 1992).

 No entanto, embora a capacidade de permanência do herbicida e sua degradação no solo

sejam um processo-chave na determinação do fato que este terá ou não efeito na qualidade

ambiental (Hinz, 2001), a sua avaliação é de difícil mensuração e repetibilidade, em razão de o solo

ser considerado um ambiente heterogêneo sob influência de diversos fatores, onde interagem

inúmeros processos de ordem física, química e biológica (DORAN; PARKING, 1994).

Atualmente, o estudo do comportamento de herbicidas no ambiente tem sido realizado

através de estimativas das tendências a que estes estão sujeitos em função de três principais

 processos: retenção, transformação e transporte (Figura 1), que interagem entre si, embora esses

 processos sejam descritos de forma isolada.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo140

Figura 1 - Representação esquemática da interação entre processos de retenção, transporte e transformação de um herbicida aplicadoao solo

2 - Processos de retenção

O solo é um sistema aberto e dinâmico no qual os seus constituintes podem, constantemente,

movimentar-se ou sofrer transformação física, química e biológica. Como os herbicidas movem-se,

normalmente, a partir da superfície do solo na forma de solução, a compreensão dos fatores que

regulam as interações de retenção é essencial para entender o comportamento dessas substâncias no

solo.Sabe-se que as moléculas dos herbicidas, quando em contato com o solo, estão sujeitas aos

  processos de movimento, transporte e retenção, o que resulta na dissipação destas. Entretanto, o

 processo de retenção constitui-se num dos processos mais importantes para prever a movimentação

dos herbicidas no solo e sua taxa de degradação (física, química e biológica), assim como conhecer 

qual a eficiência quando estes forem aplicado para o controle de plantas daninhas.

A retenção refere-se à habilidade do solo de reter um pesticida ou outra molécula orgânica,

evitando que ela se mova tanto dentro como para fora da matriz do solo. Entretanto, o processo de

retenção, por sua vez, pode ser entendido como um processo geral de sorção de herbicidas no solo,que engloba mecanismos específicos de dissipação dos herbicidas: absorção, precipitação e

adsorção. A distinção entre adsorção verdadeira (na qual camadas moleculares se formam na

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 141

superfície de uma partícula de solo), precipitação (na qual tanto uma fase sólida separada se forma

nas superfícies sólidas como ligações covalentes com a superfície da partícula de solo acontecem) e

absorção dos herbicidas pelas plantas e organismos é difícil. Na prática, a adsorção é usualmente

determinada apenas através do desaparecimento da substância química da solução do solo; em razão

disso, o termo adsorção é normalmente substituído por um outro mais geral, denominado de sorção(KOSKINEN; HARPER, 1990).

2.1 - Precipitação

A formação de precipitados entre as moléculas de herbicidas pode ocorrer pela junção das

 partículas dos argilominerais com o herbicida por ligações covalentes de alta força, ou, ainda, pela

formação de uma fase sólida separada na superfície de uma partícula sólida do solo.

2.2 - Absorção

O termo absorção é usado especificamente quando as moléculas do herbicida são absorvidas

 pelo sistema radicular e outras partes subterrâneas das plantas. Dificilmente ocorrerá a absorção de

herbicidas por partículas minerais ou orgânicas do solo.

2.3 - Adsorção

A adsorção caracteriza-se por um fenômeno temporário pelo qual uma substância dissolvida

se fixa a uma superfície sólida ou líquida. Essa fixação ocorre por interação de forças da superfície

do adsorvente (solo) e do adsorvato (herbicida). Dependendo do sentido dessa força, o herbicida

  pode ser adsorvido às partículas coloidais (orgânicas e minerais) do solo ou sofrer repulsão,

resultando num aumento da concentração na solução do solo. Segundo Gevao (2000), a adsorção de

herbicidas no solo depende das propriedades deste e do composto aplicado, as quais incluem

tamanho, distribuição, configuração, estrutura molecular, funções químicas, solubilidade,

 polaridade, distribuição de cargas, natureza ácido/base dos herbicidas, entre outros. As quantidades

do herbicida adsorvido aos constituintes do solo são diretamente proporcionais à superfície

específica do material coloidal e decresce geralmente com o aumento da temperatura, provocado

  pelo incremento da energia cinética das moléculas. Contudo, a velocidade das reações químicas

aumenta com a elevação da temperatura, podendo favorecer, em alguns casos, a adsorção por 

ligações químicas, principalmente com os constituintes orgânicos do solo. Esta é a razão pela qual

os estudos de adsorção conduzidos em laboratório são realizados em condições de temperatura

constante, obtendo-se as curvas denominadas de isotermas de adsorção, abordadas posteriormente.Além disso, o processo adsortivo de herbicidas, seja ele avaliado em condições laboratoriais ou em

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo142

campo, depende do tempo de equilíbrio alcançado pelo material adsorvente (solo) e o adsorvido

(herbicida), o qual varia em função do mecanismo e da velocidade das reações envolvidas (Figura

2).

2.4 - Sorção

Sorção refere-se a um processo geral, sem distinção entre os processos específicos de

adsorção, absorção e precipitação. O processo individual de sorção é profundamente complexo, em

virtude da heterogeneidade do solo e da sua continuidade com sistemas biológicos, atmosféricos e

aquáticos.

Figura 2 - Representação da determinação do tempo de equilíbrio necessário nos estudos de adsorção de herbicidas em solos

As forças responsáveis pelas reações de sorção dos herbicidas no solo incluem: forças

físicas, pontes de hidrogênio, ligações hidrofóbicas, ligações eletrostáticas, reações de coordenação

e ligações de troca, entre outras.

Entre as forças físicas, a mais importante é a força de Van der Waals, envolvendomole¬culas sem dipolo permanente, devido a um sincronismo no movimento eletrônico,

expressando a atração elétron-núcleo. Essa força é extremamente fraca e de curtíssima distância,

ocorrendo comumente em moléculas grandes de herbicidas, com alta massa

(SCHWARZENDBACH et al., 1993).

As pontes de hidrogênio caracterizam-se por formar uma interação dipolo-dipolo, podendo

ocorrer interação entre uma molécula polar e outra apolar, com força muita fraca. As pontes de

hidrogênio são produzidas pelas atrações eletrostáticas entre o núcleo eletropositivo do hidrogênio e

 pares de elétrons expostos de átomos eletronegativos. Esse tipo de ligação é muito mais importante

nas ligações das moléculas dos herbicidas sobre a superfície da matéria orgânica do que pela

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 143

superfície das argilas e ocorre com compostos contendo grupos >C=O + grupos –NH (ou –COOH, -

OH, >C=O ou – NH2) (Figura 3).

Figura 3 - Interação entre atrazine e substâncias húmicas por pontes de hidrogênio.Fonte: Senesi (1992).

Ligações hidrofóbicas estão associadas com a sorção de herbicidas apolares, os quais

competem com as moléculas de água pelos sítios sortivos. Muitas das moléculas de herbicidas,

  principalmente os aromáticos, halogenados, fenóis e bifenóis, com baixa solubilidade em água,

 podem ligar-se à superfície das argilas por meio de ligações hidrofóbicas. Estas ligações são muitofavorecidas quando são adicionados ao solo resíduos orgânicos naturais, aumentando o número de

sítios hidrofóbicos de ligação.

As ligações eletrostáticas envolvem cargas elétricas de superfície, formadas por complexas

reações de adsorção, as quais podem ocorrer por adsorção por moléculas de água, por cátions, por 

troca aniônica e por compostos orgânicos naturais. A adsorção por troca aniônica é importante para

solos pouco intemperizados de clima temperado. Contudo, em condições de solos brasileiros,

desenvolvidos em condições de clima tropical e subtropical, predominam argilominerais (1:1) e

elevados teores de óxidos de ferro e alumínio, com baixa capacidade de formar este tipo de ligação.As reações por coordenação envolvem ligações covalentes, de curta distância, e com

sombreamento dos orbitais. São ligações muito fortes e a energia depende do número de elétrons

em orbitais moleculares ligantes ou antiligantes. Essas ligações estão presentes, por exemplo, entre

os prótons dos grupos funcionais de superfície e os átomos de hidrogênio (Fe-OH, Al-OH, COOH)

e N2 (NH2). Esse tipo de ligação, formando complexos de esfera interna, torna difícil a separação e

distinção entre o colóide e a molécula do herbicida.

A protonação nada mais é que a formação de complexos de transferência de cargas na

superfície mineral. Ocorre quando um grupo funcional forma um complexo com a superfície de um  próton. O complexo pode ser extremamente estável, desenvolvendo sorção praticamente

irreversível. Esse tipo de ligação ou mecanismo tem sido válido para herbicidas do grupo das s-

triazinas, as quais se tornam catiônicas através da protonação, tanto na solução do solo como

durante o processo de adsorção (Figura 4) (SCHWARZENDBACH et al., 1993).

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo144

Figura 4 - Interação entre atrazine e substâncias húmicas por protonação do herbicidaFonte: Senesi (1992)

2.4.1 - Estimativa da sorção

A avaliação da sorção é feita normalmente por meio da estimativa de coeficientes,

denominados coeficientes de partição, coeficientes de partição solo-água, coeficientes de sorção ou

constantes de adsorção. Neste capítulo será adotado o termo coeficiente de sorção para denominar a

relação entre as concentrações de herbicida em solução e aquelas sorvidas ao solo.

O coeficiente de sorção, Kd, pode ser estimado pela relação:

O Kd representa a relação entre a concentração do herbicida que permanece sorvido ao soloCs (μg g-1) e a concentração do herbicida encontrada na solução de equilíbrio Cw (μg mL-1), para

uma determinada quantidade específica do herbicida adicionado.

Entretanto, como o teor de carbono orgânico, aparentemente, tem representado melhor a

capacidade adsortiva dos herbicidas nos solos, principalmente para os compostos de caráter básico

ou não-iônicos (KARICKHOFF, 1981; OLIVEIRA JR. et al., 1999), tem-se corrigido o Kd em

relação ao teor de carbono orgânico do solo. A partir dessa normalização do Kd, obtém se o Koc, o

qual permite a comparação da sorção entre diferentes solos e é um índice muito utilizado em

métodos de classificação de mobilidade e em modelos de simulação do comportamento de pesticidas no solo. A normalização do Kd para o teor de carbono orgânico é feita pela relação:

Em que Koc representa o coeficiente de sorção normalizado para o teor de carbono orgânico

do solo (L kg-1) e foc indica o teor (% ou dag kg-1) de carbono orgânico do solo, o qual é obtido

dividindo-se o percentual de matéria orgânica por 1,72.

Oliveira Jr. (1998), estudando a correlação entre as propriedades dos solos, verificou que os

coeficientes de sorção (Kd e Koc) de diferentes herbicidas determinados em solos brasileiros

correlacionaram-se significativamente com o teor de carbono orgânico e CTC dos solos para a

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 145

maior parte dos herbicidas. De modo geral, os herbicidas ácidos fracos (imazethapyr, metsulfuron,

nicosulfuron e sulfometuron) foram os que apresentaram menor sorção, ao passo que os herbicidas

 básicos fracos (atrazine, hexazinone, simazine) e não-iônicos (alachlor) foram os mais sorvidos.

 No Brasil, o Koc tem sido amplamente utilizado para predizer a capacidade de sorção de

diversos herbicidas no solo; também é utilizado juntamente com a textura para recomendar asdosagens dos herbicidas. Entretanto, a padronização do Kd em relação ao carbono orgânico do solo

não é consenso entre os pesquisadores da área, pois a sorção de herbicidas à matéria orgânica do

solo ocorre de forma heterogênea, em função dos mecanismos e da fração orgânica envolvida no

 processo sortivo, cujos índices podem não representar a realidade. Ao mesmo tempo, o Kd e Koc

nem sempre são suficientemente exatos para descrever a sorção de um pesticida em uma faixa

considerada de concentração. As relações entre as concentrações em solução e na fase sólida

 podem, então, ser descritas por isotermas, descritas no item 3.4.2.

As estimativas dos coeficientes sortivos apresentados (Kd e Koc) geralmente são conduzidasem condições laboratoriais, empregando-se a cromatografia líquida e gasosa como técnicas

analíticas na determinação das concentrações dos herbicidas nas fases sólida (solo) e líquida

(solução do solo) propriamente ditas. Entretanto, devido aos custos envolvidos nessas análises,

outras formas de estimar a capacidade de sorção desses compostos no solo podem ser utilizadas.

Entre elas, a técnica de bioensaio representa um método simples e de grande valia na determinação

da capacidade sortiva e de resíduos de herbicidas no solo.

Inicialmente, para a utilização dessa técnica, são feitas curvas de dose-resposta para cada

composto, utilizando-se plantas indicadoras específicas ao mecanismo de ação de cada herbicida.

As curvas de dose-resposta devem ser feitas no solo a ser estudado e em material inerte,

 preferencialmente areia lavada, isentos de qualquer resíduo. Após a aplicação de doses conhecidas

do herbicida, são realizadas avaliações nas plantas indicadoras, as quais incluem fitoxicidade, altura

da planta, comprimento de raiz, massa seca da parte aérea e raízes (Figura 5). Após as avaliações,

utilizam-se modelos de regressão não-linear, como o proposto por Seefeldt et al. (1995):

em que D e C representam os limites superior e inferior da curva, respectivamente; b, adeclividade da curva; e C50, a dose correspondente a 50% de resposta. O limite superior da curva D

corresponde à respota média da testemunha e o limite inferior da curva C é a resposta média das

 plantas que receberam os herbicidas. O b descreve a declividade da curva em torno do C50.

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Figura 5 - Curva de dose-resposta para massa seca da parte aérea (% em relação à testemunha) de Sorghum vulgare, em função dedoses crescentes de sulfentrazone (X) em Argissolo Vermelho-Amarelo (– – –) e em areia (____)

Fonte: Vivian et al. (2005)

A partir dos dados obtidos de (C50) em solo e areia, utiliza-se a equação a seguir para

expressar a relação de adsorção (RA) do solo em relação à resposta obtida em areia para a espécie

indicadora (SOUZA, 1994). Considera-se que valores de RA elevados indicam maior capacidade de

sorção do herbicida estudado no solo e, conseqüentemente, menor potencial de lixiviação do

composto no perfil do solo. Um exemplo de curva de dose-resposta utilizada para o herbicida

trifloxysulfuron-sodium em solo e areia pode ser observado na Figura 6.

RA = C50solo – C50 areiaC50 areia 

Figura 6 – Curva de dose-resposta em solo (a) e areia (b) para trifloxysulfuron-sodium

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 2.4.2 - Isotermas de sorção

Quando se deseja estudar o comportamento dos herbicidas em diferentes concentrações no

solo, deve-se observar que a sua sorção geralmente não ocorre de forma linear com o aumento do

herbicida adicionado. Isso é devido à capacidade limitada de formar ligações com o material

coloidal e a variação do coeficiente de sorção com a temperatura e umidade do solo.

Para a determinação de uma isoterma de sorção, é necessário determinar o Kd em diferentes

concentrações iniciais do herbicida em solução. As isotermas utilizadas para descrever o

comportamento de herbicidas no solo, em diferentes concentrações iniciais, podem ser classificadas,

conforme o seu comportamentodo, em S, H, C e.

Tipo S: é uma curva não-linear e convexa em relação à abscissa. Inicialmente a adsorção é

 baixa, mas com o aumento da concentração do adsorvato na superfície adsorvida, ocorre aumento

na adsorção pela associação entre as moléculas. Isso ocorre em razão da baixa afinidade doadsorvato pela interferência de outras substâncias. A água é um forte competidor na adsorção à

superfície coloidal, e, com o aumento na concentração do soluto, essa competição se reduz.

Tipo H: ocorre quando o adsorvato possui altíssima afinidade pelo adsorvente, e a máxima

adsorção ocorre em baixas concentrações. Desse modo, até que não ocorra a máxima adsorção, não

será possível detectar as moléculas na solução. Esse tipo de adsorção ocorre com moléculas

extremamente catiônicas ou compostos orgânicos catiônicos, adsorvendo-se nos minerais das

argilas.

Figura 7 – Comportamento das isotermas de sorção

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Tipo C: a adsorção ocorre de forma linear conforme aumenta a concentração do adsorvato.

  Novos grupos funcionais são criados no processo de adsorção, permitindo a continuidade do

 processo.

Tipo L: apresenta-se como uma curva côncava em relação à abscissa, de forma não linear. É

o tipo de adsorção mais comum que ocorre com os herbicidas no solo; assim que a concentração

deste aumenta, verifica-se que o incremento decresce na adsorção. Existem dois modelos muito

utilizados que descrevem o comportamento das moléculas dos herbicidas conforme a sua

concentração.

Entre os modelos mais utilizados e que descrevem o comportamento das moléculas dos

herbicidas no solo, em função da sua concentração, verifica-se melhor ajuste pelos modelos de

Freundlich e Langmuir, descritos a seguir:

a) O modelo de Freundlich, embora empírico, considera que a afinidade inicial é alta e,

conforme aumenta a cobertura da superfície, diminuem a afinidade e declividade, reduzindo aenergia de interação proporcionalmente ao recobrimento da superfície. Esse modelo tem sido

amplamente utilizado na determinação dos coeficientes de adsorção dos herbicidas no solo para

uma determinada temperatura (CLEVELAND, 1996). A seguir, pode-se observar a equação

empírica utilizada para descrever a isoterma de Freundlich e sua representação gráfica (Figura 8):

  Na equação, Cs representa a quantidade do herbicida adsorvido no solo (mg g-1); Caq a

concentração de equilíbrio do herbicida na solução do solo (mg mL-1

); Kf, o coeficiente de adsorçãoda isoterma de Freudlich; e 1/n é um fator de linearização, determinando a intensidade da adsorção.

Quando n for igual a 1, o coeficiente de adsorção Kf aumenta linearmente conforme aumenta a

concentração do herbicida, e a curva passa a ser de formato linear do tipo C. De forma análoga ao

Koc, a normalização do coeficiente de Freundlich em relação ao teor de carbono orgânico também

 pode ser calculada, dando origem ao Kfoc.

Figura 8 - Comportamento adsortivo do herbicida Clomazone, usando regressão linear e não-linear (isotermas de Freundlich) a 25ºC, em solo argilo-siltosoFonte: Mervosh (1995)

Segundo o manual de testes para avaliação da ecotoxicidade de agentes químicos, definido

 pelo Ibama para o Brasil, o coeficiente de adsorção Kf é considerado nas análises de capacidade de

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 149

adsorção de herbicidas no solo. Sua classificação varia de pequena a elevada e reflete parcialmente

a capacidade de movimento e persistência do composto no ambiente (Quadro 1). Entretanto, por 

haver inúmeros interferentes nos estudos de adsorção a campo e em laboratório, verifica-se que

outras avaliações são necessárias para definição do real comportamento de herbicidas no solo.

Quadro 1 – Classificação da capacidade de adsorção de agentes químicos no soloKf Classificação da Adsorção

0 – 24 Baixa25 – 29 Média

50 – 149 Grande> 150 Elevada

  b) O modelo de Langmuir baseia-se na adsorção em superfícies planas que apresentam

número fixo de grupos funcionais e que cada um interagirá com uma molécula. Quando todos os

grupos funcionais estiverem preenchidos, tem-se a adsorção máxima. A energia de adsorção é a

mesma para todos os sítios e independe da cobertura de superfície (Figura 9). Esse modelo é

expresso pela seguinte equação:

em que Cm representa a quantidade máxima do herbicida adsorvido (mg g-1), Ce é a

concentração de equilíbrio do herbicida na solução (mg mL-1) e K1 é o coeficiente de adsorção para

o modelo de Langmuir.

Figura 9 - Modelo da energia de adsorção em função da superfície de cobertura, segundo as isotermas de Langmuir e Freundlich

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2.5 - Principais propriedades do solo que influenciam a sorção de herbicidas

Em geral, a sorção de herbicidas ao solo aumenta com o incremento da CTC (capacidade detroca catiônica), da área superfícial específica das partículas coloidais da fração argila e,

  principalmente, dos teores de carbono orgânico do solo (VELINI, 1992). No entanto, em certos

casos, o pH, assim como a mineralogia do solo em questão, também são importantes na sua sorção,

os quais serão abordados a seguir.

2.5.1 - Importância da matéria orgânica do solo na sorção de herbicidas

Em solos tropicais e subtropicais altamente intemperizados, a matéria orgânica tem grande

importância para os processos de retenção de cátions e complexação de elementos tóxicos e demicronutrientes. É responsável também pela estabilidade da estrutura do solo e infiltração de água,

aeração e atividade da biomassa microbiana, constituindo-se num componente fundamental na sua

capacidade produtiva (SANTOS; CAMARGO, 1999).

Segundo Viera et al. (1999), o teor de matéria orgânica no solo desempenha importante

 papel quando se trata de contaminantes ambientais, como herbicidas e metais pesados. Isto pode ser 

observado segundo os valores de Kf (Quadro 2) para o herbicida 2,4-D, no solo contendo matéria

orgânica.

Quadro 2 - Constantes de Freundlich obtidas a partir dos dados de adsorção de 2,4-D em soloarenoso

Adsorção DessorçãoKf 1/n Kf 1/n

Solo calcinado 39,28 ± 0,30 1,23 ± 0,09 22,16 ± 0,23 0,80 ± 0,05Solo com MO 88,48 ± 0,08 1,23 ± 0,07 20,12 ± 0,03 0,87 ± 0,05

MO = matéria orgânica

Fonte: Viera et al. (1999)

A matéria orgânica é o principal componente que influencia a atividade dos herbicidasregistrados para uso em solos tropicais. Ela interfere em todos os processos sortivos que possam

ocorrer, principalmente para aqueles recomendados em pré-emergência de característica não-iônica

ou para os catiônicos. Thompson et al. (1984), avaliando a persistência do herbicida 2,4-D no solo,

verificaram que em solos com alto teor de matéria orgânica e baixo pH a lixiviação deste herbicida

foi menor, caracterizando a grande influência da matéria orgânica na adsorção de herbicidas ácidos.

Mallawatantri e Mulla (1992) demonstraram que pelo menos 80% do incremento da sorção

observada para metribuzin, diuron e 2,4-D, ao compararem solos com diferentes propriedades,

estava relacionado ao aumento do conteúdo de carbono orgânico. Já Faloni (1999), estudando o

comportamento do herbicida atrazine em Latossolo Roxo sob dois sistemas de manejo

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 151

(convencional e direto), também percebeu que a matéria orgânica é a principal responsável pela

adsorção deste herbicida.

 No caso dos solos brasileiros, as propriedades que mais se correlacionam com a sorção de

herbicidas básicos e não-iônicos são a CTC e o teor de carbono orgânico (OLIVEIRA JR. et al.,

1999). Uma vez que a maior parte da CTC nos nossos solos está relacionada à matéria orgânica,essa característica pode ser considerada a mais importante para esses herbicidas.

Para alguns herbicidas, notadamente os não-iônicos, não-polares como o alachlor, é possível

obter uma predição dos valores de Kd com base nos teores de carbono orgânico do solo (Figura 10),

 podendo-se ainda estimar a sorção de diversos herbicidas com base nos teores de carbono orgânico

(Figura 11).

Figura 10 - Sorção de alachlor (expressa pelo coeficiente de sorção, Kd) em função do teor de carbono orgânico do solo.Fonte: Oliveira Jr. et al. (1998b)

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Figura 11 - Relação entre o coeficiente de sorção (Kd) e o teor de carbono orgânico do solo para herbicidas ácidos (linhas cheias) e para herbicidas básicos ou não-iônicos (linhas tracejadas) em solos brasileirosFonte: Oliveira Jr. et al. (1999)

Teoricamente, a matéria orgânica do solo encontra-se dividida em substâncias humificadas enão-humificadas. A parte humificada é composta pelos ácido fúlvicos, húmicos e humina, os quais

representam a fração mais ativa da matéria orgânica do solo (NETO et al., 999).

Diversos estudos mostraram que a fração húmica apresenta maior correlação com a sorção

dos herbicidas, em relação ao teor de matéria orgânica total do solo. Dentre os componentes da

fração humificada, também foram demonstradas especificidades na sorção dos herbicidas.

Herbicidas iônicos (em faixa de pH com baixa dissociação) e os não-ônicos, normalmente,

correlacionam-se melhor com os teores de humina do que os de ácidos húmicos ou fúlvicos da

matéria orgânica do solo (PROCÓPIO et al., 2001).

Entretanto, existe grande complexidade e variabilidade da matéria orgânica presente em

diferentes solos. Essas diferenças podem interferir não só na retenção dos herbicidas, mas também

na transformação e transporte destes (CORREIA, 2000). A fonte orgânica, o clima, os minerais do

solo e a população microbiana podem proporcionar a formação da diversidade de características dos

compostos orgânicos do solo, os quais variam conforme sua polaridade, aromaticidade,

disponibilidade de sítios hidrofóbicos e grupos funcionais. As mudanças conformacionais

 provocadas nas moléculas da matéria orgânica, pela variação do pH do meio, são citadas como um

dos principais fatores que podem influenciar a sua capacidade de adsorção de pesticidas (WANG et

al., 1990; TRAGHETTA et al., 1997). A disponibilização de maior ou menor número de sítios

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 153

hidrofóbicos pelas mudanças conformacionais das moléculas também pode influenciar a sorção de

herbicidas lipofílicos (PROCÓPIO et al., 2001)

Outras características do solo também podem afetar a sorção de herbicidas à matéria

orgânica: o material de origem do solo, os tipos de minerais predominantes na fração argila, a

 presença de íons saturantes dos grupos funcionais da matéria orgânica e a especificidade dos íons(PIRES, 1994). Além destes, a quantidade de matéria orgânica quimicamente protegida, formando

complexos argilo-orgânicos, entre outros, é responsável pelas variações nos coeficientes de sorção

de herbicidas encontrados na literatura, como pode ser verificado na Figura 12.

Figura 12 - Simulação da adsorção de atrazine no modelo complexo de muscovita-ácido húmico.Fonte: Adaptado de Akim e Bailey (1998)

Embora se verifique extrema quantidade de interferentes nas características de sorção de

herbicidas à matéria orgânica, sabe-se que sorção herbicida-matéria orgânica é mais estável do que

aquela resultante da ligação com componentes minerais do solo. Dessa forma, os solos com altos

teores de matéria-orgânica apresentam menor tendência geral de lixiviação dos herbicidas,

representando menor risco de contaminação dos lençóis freáticos (COX, 1998).

Entretanto, devido à proteção física e química das moléculas do herbicida na matéria

orgânica, pode ocorrer menor ação microbiana na degradação dessas moléculas, podendo

representar maior permanência desta no meio ambiente. Contudo, na maioria dos trabalhos

verificados, a adição de matéria orgânica ao solo acelera a degradação dos herbicidas,

 principalmente para aqueles cuja ação microbiana é a principal forma de degradação. Prata (2001)

também constatou que adição de vinhaça ao solo faz que o processo de mineralização do ametryn

seja acelerado.

Atualmente, a relação da textura do solo com a quantidade de matéria orgânica presente, é o principal parâmetro levado em consideração na recomendação da dosagem de herbicidas aplicados

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo154

em pré-emergência. Apesar de existir grande possibilidade de os solos mais argilosos apresentarem

maiores teores de matéria orgânica, uma elevação nas dosagens recomendadas para estes solos nem

sempre é correta.

A presença de argilas de baixa atividade, os erros de estimação dos teores de matéria

orgânica e o desconhecimento da sorção específica de herbicidas por alguns argilominerais presentes são um dos inúmeros fatores que devem ser considerados para a adequação nas dosagens

dos herbicidas atualmente recomendados. Em relação aos erros de estimação, citam-se a

superestimação dos teores de matéria orgânica efetivamente capazes de adsorver as moléculas dos

herbicidas e a profundiade de coleta (0-20 cm) utilizada na determinação dos teores de matéria

orgânica do solo.

2.5.2 - Textura e mineralogia

O conteúdo de areia, silte e argila presente no solo é responsável pela classificação das

diferentes classes texturais dos solos. Por sua vez, a textura é ainda o atual parâmetro utilizado para

recomendação da dose dos herbicidas aplicados em pré-emergência ou pré-plantio incorporado.

Entretanto, a riqueza de variação das argilas e a formação de compostos argilominerais representam

diferentes possibilidades de adsorção dos herbicidas a essas partículas. Em diversos casos

observados, não ocorre correlação entre o comportamento do herbicida e as concentrações de argila,

como no caso dos herbicidas ácidos ou em altas concentrações de carbono orgânico. Prata (2002),

avaliando a adsorção e dessorção do glyphosate em três solos brasileiros com diferentes atributosmineralógicos, observou que a sorção do glyphosate é instantânea, extremamente elevada e está

relacionada, principalmente, à fração mineral do solo, e a matéria orgânica desempenha papel

secundário no caso de solos oxídicos.

Sabe-se, também que, minerais de argila expansíveis (2:1) e de maior área superfical

específíca, como a montmorilonita e vermiculita, possuem maior capacidade de adsorção de

herbicidas (Quadro 3). Essas propriedades originam forças de atração de grande intensidade,

contribuindo significativamente para o aumento na sorção desses compostos (Quadro 4). A

formação de cargas nos minerais 2:1 ocorre pela substituição isomórfica nas camadas tetraédrica eoctaédrica. Esses minerais apresentam fraca atração dos cátions entre as camadas expansíveis,

  permitindo que água, herbicidas e outras moléculas penetrem entre os planos basais e provoquem

grande expansão do material. Já minerais 1:1, como a caulinita, são característicos de regiões muito

intemperizadas, de clima tropical e subtropical, como o Brasil, e não possuem a capacidade de

expandir-se. Suas cargas podem ser geradas nas bordas do mineral pela dissociação de prótons H+ 

dos grupos OH- , podendo reter cátions.

Os óxidos de ferro e alumínio também atuam na sorção de diversos herbicidas,

  principalmente naqueles com capacidade de doação de prótons com carga aniônica (herbicidasácidos fracos). Existem também dados demonstrando que os óxidos de ferro possuem maior 

capacidade de adsorver os herbicidas em relação aos óxidos de alumínio (Quadro 5), e ambos

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 155

encontram-se presentes em grandes concentrações na maioria dos solos brasileiros, principalmente

em solos muito intemperizados, como os latossolos, contribuindo em relação à capacidade sortiva

nesses solos.

Quadro 3 - Características de alguns minerais de argila importantes nos estudos de sorção deherbicidas em solo

CaracterísticaMontmorilonit

aVermiculita Ilita Caulinita

Tipo de camada 2:1 2:1 2:1 1:1Capacidade de Expansão

Expansível Expansão limitada Não-expansível

 Não-expansível

CTC (cmolc dm-3) 80-120 120-200 15-40 2-10Área Superficial Específica (m2 g-1) 700-750 500-700 75-125 25-50

Quadro 4 – Sorção de imazaquin em diferentes minerais de argilaMineral de Argila pH

Partição do Imazaquin (Sólido/Líquido)(μG/g:μG/mL)

H-montmorilonita 3,3 2326:1H-ilita 3,8 238:1Al-montmorilonita 4,6 40:1H-caolinita 5,0 2:1H-vermiculita 6,7 0:1

Fonte: Dolling (1985).

Quadro 5 - Sorção de imazaquin em diferentes hidróxidos (Fe e Al)Tipo de Hidróxido Constante de Freundlich (Kf )

Hidróxido-Fe 2.653

Hidróxido-Al 174

Fonte: Shaner (1989).

2.5.3 - pH do solo

O pH é uma medida muito importante que pode interferir nos processos de sorção dos

herbicidas, principalmente nos daqueles com grande capacidade de inonizarem-se (catiônicos e

aniônicos). A influência do pH do solo no processo de retenção e degradação dos herbicidas está

estritamente relacionada à capacidade de dissociação eletrolítica - pKa dos compostos, a qual será

abordada com mais detalhes no item 3.1.3.3 - Dissociação eletrolítica.

Entretanto, pode-se verificar na Figura 13, para 2,4-D, que à medida que o pH do solo

aumenta (2,5 a 6,0), menor é a quantidade sorvida do herbicida no material coloidal, o qual

 permanece disponível na solução do solo.

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Figura 13 – Sorção do herbicida 2,4-D em função do aumento do pH do solo

 No caso de imidazolinonas aplicadas ao solo, por exemplo, Goetz (1986) demonstrou que a

quantidade de imazaquin que se liga a diferentes tipos de solo era diretamente relacionada ao pH

(Quadro 6). Verifica-se, novamente, que a quantidade sorvida do herbicida aumenta à medida que o

  pH diminui, devido ao fatop que o pH influenciar fortemente a ligação das imidazolinonas às

frações húmica e mineral do solo.

Quadro 6 –Sorção de imazaquin sob diferentes pHs em dois solosTipo de solo pH Sorção (%)

5,6 536,3 53Franco-arenoso6,6 04,7 625,2 40Franco-siltoso5,5 25

Fonte: Goetz (1986)

Em trabalho similiar realizado com imazethapyr (Figura 14), verifica-se novamente o

decréscimo do coeficiente sortivo (Kd) do herbicida com o aumento do pH do solo.

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 Figura 14 - Coeficiente de sorção (Kd) constatado para o herbicida imazetaphyr, em função do aumento do pH do solo.Fonte: Oliveira Jr. (1998)

Para herbicidas de maior persistência, a diminuição da sua capacidade sortiva com o

acréscimo do pH do meio pode, também, resultar em maior lixiviação do composto no perfil do

solo, conforme verificado na Figura 15, além de possibilitar maior efeito do herbicida em culturas

 posteriormente instaladas no local. Nesse caso, solos ácidos, de modo geral, têm maior capacidade

de sorção desses herbicidas e operações como a calagem podem afetar significativamente o seu

comportamento, especialmente em termos de lixiviação desses herbicidas.

Figura 15 – Efeito do pH na lixiviação do herbicida imazaquin em colunas de soloFonte: Inoue et al. (2002)

O pH pode também influenciar diversos outros processos envolvidos na degradação dosherbicidas no solo: a lixiviação de chlorsulfuron, por exemplo, é maior em solos com pH alto e

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo158

 baixo teor de matéria orgânica, embora a degradação do referido produto seja mais rápida em solos

ácidos (GOMEZ DE BARREDA et al., 1993).

2.6 - Principais propriedades físico-químicas dos herbicidas que interferem na sua sorçãono solo

As principais propriedades físico-químicas de um herbicida que influenciam o seu

comportamento são: coeficiente de partição octanol-água (Kow), solubilidade, capacidade de

dissociação eletrolítica quando em solução aquosa (pKa), pressão de vapor (P) e constante da Lei de

Henry (H). Embora algumas propriedades estejam mais distintamente relacionadas aos processos

específicos de retenção, transformação e transporte, o conhecimento das características moleculares

dos herbicidas é muito utilizado no estudo do seu comportamento no ambiente.

2.6.1 - Coeficiente de partição octanol-água (Kow)

Esta propriedade indica a afinidade que a molécula do herbicida tem em relação à fase polar 

(representada pela água) e apolar (representada pelo octanol). Quanto mais polar for o herbicida,

diz-se que maior é a sua hidrofilicidade. Ao contrário, herbicidas com características apolares são

considerados lipofílicos.

Entretanto, a maioria dos herbicidas possui em sua molécula uma região polar e outra

apolar. Os valores de Kow são adimensionais, expressos normalmente na forma logarítmica (logKow). A polaridade é muito importante para penetração das moléculas dos herbicidas pela cutícula

das folhas e também interfere nos processos sortivos com o solo. Geralmente os herbicidas apolares

ou lipofílicos (Kow >10.000) possuem maior potencial de se adsorverem a parte orgânica dos

colóides do solo. Já os herbicidas polares, os hidrofílicos (Kow <10), possuem maior afinidade às

 partes argilosa e mineral do solo.

2.6.2 - Capacidade de dissociação eletrolítica (pKa)

O pKa representa a capacidade de dissociação que uma molécula do herbicida possui emágua com diferentes pH. O comportamento dos herbicidas é muito influenciado pelo seu pKa,

 podendo ser encontrados na forma dissociada (ionizada) e não-dissociada (não-ionizada ou neutra).

Conforme a fórmula molecular e pKa dos herbicidas eles, podem ser classificados da seguinte

forma:

a) Herbicidas ácidos fracos: são os herbicidas cujas formas moleculares apresentam

capacidade de doar prótons e formar íons carregados negativamente. Essa definição está restrita

apenas à definição clássica de Brönsted-Lowry, a qual tem sido utilizada para substâncias presentes

em solução aquosa, e se adapta perfeitamente aos herbicidas em solução do solo. Quanto maior for o pKa do herbicida, menor será seu caráter ácido e menor a sua capacidade de ficar aniônico. Para

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 159

esses herbicidas, quando o pH do solo for igual ao seu pKa, a molécula estará 50% na sua forma

molecular ou neutra e 50% na forma dissociada (aniônica). Quanto menor o pH do solo em relação

ao pKa do herbicida, maior será a tendência de o herbicida estar na sua forma molecular (neutra) e

maior será sua capacidade de se adsorver nas partículas coloidais do solo. Nesse caso, seu

comportamento será semelhante ao das moléculas não-iônicas. Quando o pH do meio for superior ao pKa do herbicida, este será prontamente dissociado e sua capacidade de ficar retido no solo será

muito menor. O 2,4-D, por exemplo, pode liberar íons hidrogênio numa solução básica ou neutra

(Figura 16). Alguns outros compostos que reagem semelhantemente ao 2,4-D são dicamba,

 picloram e demais herbicidas pertencentes ao grupo das sulfoniluréias e imidazolinonas.

Figura 16 - Comportamento de ionização de um herbicida ácido (2,4-D, pKa = 2,8)

  b) Herbicidas bases fracas: são os herbicidas que apresentam a capacidade de receber 

  prótons e formar íons carregados positivamente, podendo competir com os sítios de adsorção denutrientes no solo. Da mesma forma que os herbicidas ácidos, quando o pH do solo for igual ao seu

 pKa, as concentrações da formas dissociada e neutra serão iguais. Entretanto, quando o pH do solo

for inferior ao seu pKa, maior será a tendência destes herbicidas de permanecer na sua forma

dissociada ou protonada, podendo facilmente ser adsorvidos às partículas de argila e aos grupos

funcionais que formam a CTC do solo. Quando o pH do solo for superior ao pKa destes herbicidas,

sua forma molecular será favorecida, podendo reduzir sua capacidade de adsorção (KOGAN;

PÈREZ, 2003; OLIVEIRA JR.; CONSTANTIN, 2001).

Herbicidas pertencentes a essa classificação, como atrazine, podem atrair íons hidrogênioem uma solução ácida, passando a apresentar carga líquida positiva (Figura 17). Alguns herbicidas

de comportamento similar são simazine, cyanazine (PIRES et al., 1995) e hexazinone. Existe ainda

um outro grupo de herbicidas tão básicos que possuem cargas positivas para todos os valores de pH

verificados no solo (LEAVITT, 1980), como o que ocorre para o paraquat e o diquat, sendo

sorvidos ao solo de forma irreversível.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo160

Figura 17 - Comportamento de ionização de um herbicida base fraca (atrazine, pKa = 1,7)

c) Herbicidas não-iônicos: os herbicidas que não doam nem recebem prótons na solução do

solo são considerados não-iônicos, permanecendo em sua forma molecular na solução do solo. Osherbicidas não-iônicos não reagem com a água e não carregam uma carga elétrica líquida. Entre

esses herbicidas estão incluídos trifluralin, alachlor, metolachlor, EPTC e diuron. Embora sejam

não-iônicos, muitos deles podem ser polares e, em função dessa condição, ser afetados pelo pH do

solo e ficar retidos aos complexos argilominerais e ao material orgânico do solo. Contudo, esses

efeitos são geralmente de menor intensidade, comparativamente aos herbicidas iônicos. Alguns

exemplos de herbicidas e sua classificação encontram-se no Quadro 7.

2.7 - Dessorção

A dessorção representa a liberação da molécula do herbicida anteriormente sorvida. A

intensidade da dessorção reflete o grau de reversibilidade do processo sortivo, podendo ocorrer, em

alguns casos, altíssima dessorção do herbicida. Em outros, a sorção é praticamente irreversível e

não ocorre retorno do herbicida à solução do solo, dando origem ao fenômeno denominado

histerese (H). Conforme Southwick et al. (1993), elevados índices de histerese indicam maior 

dificuldade de o herbicida sorvido retornar para a solução do solo, possibilitando maior 

 permanência deste no ambiente. Neste caso, as isotermas de sorção e de dessorção diferem entre si,como observado por Pusino et al. (2003) (Figura 18). O índice H de histerese pode ser obtido pela

equação H= na/nd, em que na e nd representam as curvaturas obtidas nos ensaios de adsorção e

dessorção, respectivamente.

A informação da capacidade dessortiva do herbicida no solo pode ser muito importante, por 

relacionar o seu efeito residual e persistência no solo, embora se tenham verificado poucos estudos

referentes a ensaios de dessorção na literatura.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 161

Quadro 7 - Herbicidas e sua classificação conforme fórmula e grupos funcionaisHERBICIDAS

 Iônicos Catiônicos Diquat, paraquatBásicos Ametryn, atrazine, cyanazine, prometone, metribuzin, propazine, simazine

Ácidos Dicamba, 2,4-D, MCPA, triclopyr, trifloxysulfuron-sodium, picloram,imazaquin, imazapyr, imazetaphyr, chlorimuron-ethylDiversos Bromacil, MSMA, DSMA

Não-iônicos Organofosforados Methoxychlor Dinitroanilidas Trifluralin, oryzalin, isopropalinCarbamatos Chlorprophan, swep, prophanBenzonitrila DichlobenilÉsteres Isopropyl éster de 2,4-DAnilidas Alachlor, metolachlor, propanil, propachlor Uréias Linuron, diuron, chloroxuron

Diversas explicações têm sido propostas no intuito de elucidar a não-singularidade das

isotermas de dessorção, porém as mais aceitas, segundo Pignatello (1989), são:

•  transformações químicas ou biológicas que o composto em questão pode

sofrer;

•  falhas no estabelecimento do equilíbrio; e

•   problemas inerentes à metodologia de determinação.

Figura 18 - Curvas de adsorção ( ) e dessorção ( ) observadas para triasulfuron em três solos com diferentes teores de argila emateria orgânica. Pusino et al. (2003)

3 - Processos de transporte

O transporte de herbicidas no solo representa um dos processos envolvidos na dissipação

desses compostos no ambiente e se destaca, principalmente, por influenciar a capacidade de

contaminação dos recursos hídricos subsuperficiais. Embora freqüentes, os problemas de

contaminação de aqüíferos no território brasileiro têm despertado pouco interesse dos  pesquisadores. Além disso, a demanda hídrica para o abastecimento urbano, industrial e agrícola

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo162

tem se elevado nos últimos anos e poucos estudos são conduzidos com o objetivo de retardar o

transporte de herbicidas sob condições tropicais.

Dentre as principais formas de transporte nos estudos de herbicidas em solo, destaca-se o

escorrimento superficial, a volatilização e a lixiviação.

3.1 - Escorrimento superficial (run-off) e sub-superficial (run-in)

Os termos run-off e run-in representam o movimento ou escorrimento em superfície e

subsuperfície, respectivamente, dos herbicidas no solo, de áreas pulverizadas para aquelas que não

receberam diretamente o produto. O arraste das partículas coloidais, juntamente com as moléculas

dos herbicidas, é mais pronunciado quando o produto é aplicado e logo após ocorre chuva intensa

no local.

O maior potencial de movimento de herbicidas por escorrimento superficial ocorre logo

após a aplicação, especialmente no caso de herbicidas aplicados em pré-emergência. A intensidade

de perdas depende muito do sistema de plantio adotado (SETA et al., 1993; BOWMAN et al.,

1994), das práticas culturais, da natureza e dose das aplicações e da declividade da área, além, é

claro, do tipo de solo em questão. No entanto, na maior parte dos casos, a quantidade total de

herbicida que pode ser perdida por meio desse processo normalmente não excede 1% do total

aplicado (Tabela 6). Todavia, em certas situações, as perdas podem ser altas, como no caso do

metolachlor (BUTTLE, 1990), para o qual se verificou perda do herbicida aderido aos sedimentos

variando entre 9 e 58% do total aplicado ao solo.

Quadro 8 - Perdas de herbicidas no solo por diferentes processos de transporteTipo de transporte % de perda do i.a aplicado Referência

Volatilização <2 - 90 Taylor (1995)Lixiviação <1 - 5 Flury (1996)Run-off <0,001 – 0,25 Vicary et al (1999a)Fluxo preferêncial 1 - 9 Vicary et al (1999b)

Em certos casos, mesmo quando a quantidade total transportada é pequena, o somatório dediferentes pesticidas carreados simultaneamente para uma mesma bacia hidrográfica pode

comprometer a qualidade da água em relação ao seu aproveitamento posterior (DOMAGALSKY,

1996; CARTER, 2000).

Entre alguns trabalhos citados na literatura, Keese et al. (1994) relataram a detecção de

resíduos de herbicidas (oryzalin, pendimethalin e oxyfluorfen) em reservatórios de água, na

Carolina do Sul, em áreas irrigadas com intensa atividade agrícola. Os autores constataram que a

maior parte da contaminação era proveniente do escorrimento superficial de áreas irrigadas

 pulverizadas e que a maior concentração de resíduos ocorria nos primeiros 15 minutos da água. Já

Pfeuffer e Rand (2004) monitoraram os pesticidas entre 1992 e 2001 no sul da Flórida, constatando

que os herbicidas ametryn e atrazine foram os compostos mais comumente encontrados em águas

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 163

superficiais. Estudos apresentados por Rand (2004), também mostraram que ametryn, juntamente

com DDD e DDE foi o composto detectado com maior freqüência em sedimentos de rios de áreas

agrícolas na Flórida, EUA.

3.2 - Volatilização

A volatilização é o processo pelo qual o herbicida presente na solução do solo passa para a

forma de vapor, podendo se perder para a atmosfera por evaporação.

3.2.1 - Fatores que influenciam a volatilização

Vários fatores influenciam diretamente a volatilização de herbicidas presentes no solo, mas,

de modo geral, esta é aumentada por:

a) Elevação da temperatura: a temperatura do solo afeta a volatilização de produtos em

função da alteração da pressão de vapor. É por isso que, para efeito de comparação da PV de dois

 produtos distintos, os valores devem ser determinados à mesma temperatura. No caso do clomazone

(Quadro 9), as perdas podem aumentar significativamente em função do aumento de temperatura,

sendo o efeito mais pronunciado quanto maior for a PV do herbicida.

Além disso, a elevação da temperatura aumenta a taxa de evaporação da água presente no

solo.

Quadro 9 - Efeitos da temperatura de incubação na distribuição de 14C-clomazone (PV=1,44 x 10-

4 mm Hg, 25 °C) aos 84 dias após a aplicação ao solo14C Recuperado (% do Total de 14C-Clomazone Aplicado)

Temperatura de Incubação (°C)5 15 25 35 DMS5% 

Volatilizado 1,4 2,1 3,3 7,2 0,8Mineralizado 2,8 9,8 15,4 15,0 0,5Total extraído do solo 92,8 78,4 68,4 60,0 4,4

  Não extraído (resíduos ligados) 1,1 5,5 9,7 10,8 4,5Total recuperado 98,1 95,7 96,8 93,0 NS

Fonte: Mervosh et al. (1995)

  b) Aumento da umidade do solo: o aumento da disponibilidade de água no solo facilita a

 perda de vapor; solos úmidos perdem mais herbicida por volatilização que um solo seco, já que a

água funciona como uma interfase entre a molécula e as partículas do solo. Em solos secos, existe

maior probabilidade de o herbicida ser sorvido diretamente às partículas de solo (Quadro 10).

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo164

Quadro 10 - Efeito da temperatura na perda de EPTC após a aplicação de 3,4 kg ha -1 à superfície

do soloPerda de EPTC em 24 h, % do Total Aplicado

Temperatura do ar (°C)Solo Úmido(14% de Umidade) Solo Seco(1% de Umidade)

0 62,4 12,0

4,4 67,0 12,2

15,5 81,0 9,2

26,6 80,8 12,2

37,7 75,3 15,7

Fonte: Gray e Weierich (1965)

A volatilização pode ser tão significativa para alguns produtos que, depois de sua aplicação,eles precisam ser incorporados imediatamente ao solo para que não haja redução substancial de sua

eficiência, o que, sem dúvida, é a conseqüência de maior importância imediata da volatilização no

que diz respeito às atividades agrícolas.

Existem, no entanto, algumas alternativas que podem reduzir a volatilização e manter a

eficiência desses herbicidas.

3.2.2 - Alternativas para redução de perdas por volatilização

a) Incorporação de herbicidas ao solo: a incorporação pode ser feita tanto com implementosquanto pelo uso de irrigação após a aplicação do herbicida. A escolha da forma de incorporação

depende, neste caso, principalmente da solubilidade do composto em questão. Herbicidas mais

solúveis, como o EPTC (S=370 mg L-1, a 20 °C), podem ser incorporados com uma irrigação

adequada, ao passo que herbicidas menos solúveis, como o trifluralin (S = 0,3 mg L -1, a 25 °C),

necessitam ser mecanicamente incorporados ao solo.

 b) Formulação do produto: para muitos herbicidas com maior potencial de volatilização têm

sido desenvolvidas novas formulações com adjuvantes, com a função de reduzir a evaporação.

Além disso, o uso de formulações granuladas em vez das líquidas pode contribuir para diminuir as perdas por volatilização. No caso do EPTC, a formulação granulada pode reduzir entre 60 e 100%

as perdas por volatilização (GRAVEEL; TURCO, 1994).

O potencial de volatilização de um herbicida geralmente pode ser estimado indiretamente,

 por meio de suas propriedades químicas, como a estrutura, o peso molecular e, principalmente, a

 pressão de vapor (P).

3.2.3 - Pressão de vapor (P)

A pressão de vapor é a pressão exercida por um vapor em equilíbrio com um líquido, a uma

determinada temperatura, sendo expressa normalmente em mm de Hg. É uma indicação da

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 165

tendência da substância química em escapar na forma de gás. Portanto, quanto maior a pressão de

vapor, mais provável que um líquido vaporize-se. Além do valor específico da pressão de vapor, a

intensidade e a velocidade de volatilização de um herbicida dependem também da intensidade e

velocidade de movimento até a interface (normalmente a superfície do solo) onde ocorre o

 processo. No Quadro 11 encontram-se valores de pressão de vapor de alguns herbicidas aplicadosao solo. Nota-se que o problema de volatilização é particularmente importante para alguns grupos

químicos, como as dinitroanilinas e os tiocarbamatos. Grupos químicos de desenvolvimento mais

recente, como as sulfoniluréias, imidazolinonas e sulfonamidas, já não apresentam esses problemas,

normalmente em razão da melhoria na qualidade de suas formulações, as quais muitas vezes

incorporam adjuvantes com a finalidade de reduzir a volatilização. Perdas por volatilização são

muito variáveis, podendo ser de 10 a 90%, comparada a uma perda típica de 0 a 4% por lixiviação e

0-10% por escorrimento superficial (GRAVEEL; TURCO, 1994).

Quadro 11 - Pressão de vapor (PV) e potencial de volatilização de alguns herbicidasGrupo Químico ePrincípio Ativo

PV (mm Hg,25 oC)

Potencial de Volatilização

Cloroacetamidas

Acetochlor 3,4 x 10-8 Muito baixoAlachlor 1,6 x 10-5 Baixo a moderadoButachlor 4,5 x 10-6 BaixoMetolachlor 3,1 x 10-5 Baixo, podendo aumentar sob certas condições. Dinitroanilinas

Trifluralin 1,1 x 10-4 Volátil, podendo ser perdido em quantidades significativas quando

não incorporado ou em solo úmido.Isopropalin* 3,0 x 10-5 Pequeno, mas pode ser significativo se não incorporado.

Oryzalin < 1,0 x 10-8 Perdas mínimas que não reduzem a eficácia do produto não-

incorporado.

Pendimethalin 9,4 x 10-6 Moderado. Perdas pequenas podem ocorrer sob alta temperatura, solo

úmido e vento.Tiocarbamatos

Butylate* 1,3 x 10-2 Muito alto. Perdas ainda maiores se não incorporados e, ou, em solos

úmidosEPTC* 3,4 x 10-2 IdemMolinate 5,6 x 10-3 IdemVernolate* 1,1 x 10-2 Idem

Sulfoniluréias

Chlorimuron-ethyl

4,0 x 10-12 Muito baixo

  Nicosulfuron 1,2 x 10-16 Muito baixoOxasulfuron <1,5 x 10-8 Muito baixo Imidazolinonas

Imazamethabenz* 1,1 x 10-8 Muito baixoImazapyr < 1,0 x 10-7 Muito baixoImazaquin < 2,0 x 10-8 Muito baixoImazethapyr < 1,0 x 10-7 Muito baixoImazamox < 1,0 x 10-7 Muito baixo

 Piridazinonas  Norflurazon 2,9 x 10-8 Perdas significativas quando não incorporado.Triazolopirimidin Muito baixo

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo166

Grupo Químico ePrincípio Ativo

PV (mm Hg,25 oC)

Potencial de Volatilização

 as

Flumetsulam 2,8 x 10-15 DesprezívelCloransulam-metil

3,0 x 10-16 Muito baixo

 Derivados dauréia

Linuron 1,7 x 10-5 Insignificante, exceto quando solo está quente e não é ativado pela

chuva por vários dias após a aplicação.

Diuron 6,9 x 10-8 Insignificante, exceto quando é exposto a condições quentes e secas

 por vários dias.* Atualmente não registrados para uso no BrasilFontes: Adaptado de Ahrens (1994), Hatzios (1998) e Rodrigues e Almeida (2005)

3.2.4 - Solubilidade

A solubilidade (S) de um herbicida em água é, por definição, a quantidade máxima de

herbicida que se dissolve em água pura a uma determinada temperatura. Acima dessa concentração,

duas fases distintas existirão, dependendo se o herbicida for um sólido ou um líquido na

temperatura do sistema: uma fase saturada de solução aquosa e uma fase líquida ou sólida do

herbicida (LAVORENTI, 1996). Seu valor geralmente é expresso em mg L -1 (normalmente a 25

°C) e é um reflexo da polaridade da substância química. Quanto maior a quantidade de grupos

hidrofílicos na molécula do herbicida (mais polares), maior será a sua afinidade por água, logo,

maior a sua solubilidade.Dos vários parâmetros que afetam o destino e o transporte de herbicidas, a solubilidade em

água é um dos mais importantes. Moléculas altamente solúveis são rapidamente distribuídas no

ciclo hidrológico, em razão de apresentarem coeficientes de sorção para solos e sedimentos

relativamente baixos. Outros meios de degradação (ex: fotólise, hidrólise e oxidação) e transporte

(ex: volatilização da solução e lavagem da atmosfera pela água da chuva) também são afetados pela

extensão da solubilidade em água dos herbicidas.

De modo geral, dentro de um mesmo grupo químico, a solubilidade de um herbicida e sua

sorção no solo estão inversamente correlacionadas, isto é, maior solubilidade resulta em menor sorção. Em geral, quanto mais iônico, mais provável que o composto em questão seja solúvel. Por 

sua vez, o aumento no peso molecular diminui a solubilidade; moléculas orgânicas grandes, sem

carga, são, portanto, pouco ou não solúveis. No entanto, há casos em que moléculas de elevada

massa molecular apresentam baixa solubilidade, mesmo quando forem iônicas (KOGAN; PÈREZ,

2003).

3.2.5 - Relação entre PV e S

A combinação de PV e S pode ser expressa através de uma constante denominada KH, ou

constante da lei de Henry. O KH é um coeficiente de partição entre o ar e a água (solução do solo),

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 167

sendo semelhante ao coeficiente de sorção (Kd) usado para descrever a sorção ao solo. O KH é

muito importante para os herbicidas na fase líquida do solo, podendo ser usado também como

indicativo do potencial de volatilização de determinados herbicidas, cujos valores elevados de KH

indicam que os solutos são altamente voláteis A constante da lei de Henry é definida pela equação:

KH e PV são constantes proporcionais; portanto, KH também pode ser usado como indicativo do

 potencial de volatilização de determinado herbicida.

3.2.6 - Relação entre KH e incorporação de herbicidas

A aplicação de um herbicida na superfície gera uma alta concentração numa fina camada de

solo. Como a perda por volatilização é dada pelo produto de KH por concentração, mesmo

compostos considerados não ou pouco voláteis podem apresentar certa perda, em virtude da alta

concentração numa fina camada superficial do solo. Quando se realiza a incorporação do herbicida,

ocorre a diluição da concentração, podendo reduzir as suas perdas. Além disso, a distância torna a

difusão para a superfície do solo mais difícil.

Uma revisão bastante completa acerca das bases termodinâmicas e da determinaçãoexperimental de K¬H pode ser encontrada em Suntio et al. (1988).

3.3 - Absorção pelas plantas

A porcentagem de herbicida que a planta absorve do solo é difícil de ser medida.

Experimentos em vaso demonstraram que as plantas podem absorver de 1 a 10% do total de

herbicida disponível, dependendo da densidade de plantas, das espécies presentes, do volume de

solo, etc. Trabalhos feitos com outros herbicidas no campo mostram que as plantas podem remover 

de 2 a 5% do total de herbicida no solo (SHANER, 1989). Portanto, a absorção pelas plantas

 participa com pequena porcentagem na remoção do total presente no solo.

3.4 - Lixiviação

O destino de herbicidas aplicados ao solo depende muito das propriedades químicas da

substância em questão. As duas propriedades mais importantes no que diz respeito ao processo delixiviação são a sorção e a persistência do produto. A sorção regula o potencial de um herbicida ser 

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo168

  perdido com sedimentos ou por lixiviação. A solubilidade é de importância secundária, embora

solubilidades muito baixas possam limitar o transporte com a água.

Em condições normais, a quantidade do herbicida perdido pela movimentação no perfil do

solo é geralmente entre 0,1 a 1% do total aplicado, mas, em determinadas circunstâncias, esse

 percentual pode ser igual ou superior a 5% (Carter, 2000). Alguns estudos, como o realizado pelo National Center for Ecotoxicology and Hazardous Substances, do Reino Unido apontaram alguns

dos herbicidas com excesso de resíduos nas amostras de águas avaliadas (Quadro 12).

Quadro 12 – Percentual de amostras de águas avaliadas no Reino Unido que excederam o limite de

resíduos permitidoHerbicidas com % amostras excedendo 0,1 mg L-1 

Águas de superfície Águas subterrâneasIsoproturon 19,5 Atrazine 4,8

Mecoprop 12,5 Isoproturon 1,1Diuron 10,6 Diuron 1,0CMPA 7,4 Mecoprop 0,9Simazine 5,9 Chlorotoluror 0,42,4-D 5,4 Linuron 0,4Chlorotoluron 3,7Atrazine 2,6Benazolin 2,1Bromoxynil 1,8Bentazone 1,6Terbutryn 1,1Dichlobenil 1,1

Fonte: Environment Agency, 1999

Além das avaliações in locu, com o objetivo de verificar a contaminação das reservas

hídricas por pesticidas, alguns estudos têm sido realizados com o intuito de prever o potencial

desses compostos de atingir rios, lagos e águas em profundidade. Embora empíricos, esses modelos

têm contribuído na redução dos custos de análise e também na prevenção de desastres ambientais.

Entre os estudos realizados, Cohen et al. (1984) propuseram uma relação entre o Koc e a meia-vida

(t ½ vida) dos herbicidas, para classificá-los como lixiviadores (Koc < 300 (L kg-1) e t ½ vida > 21dias) e não-lixiviadores (Koc > 500 (L kg-1) e t ½ vida < 14). Em 1986, Widerson e Kim (1986)

simplificaram essa caracterização e definiram que os herbicidas que possuíssem valor de Koc

menor que 512 (L/kg) e meia-vida (t  ½ vida) superior a 11 dias seriam classificados como

lixiviadores, cujo critério é ainda utilizado pelo California Department of Food and Agriculture

(CDFA).

Entre os critérios mais divulgados e aceitos para a classificação de herbicidas conforme seu

 potencial de lixiviação está o índice GUS (Groundwater Ubiquity Score), proposto por Gustafson

(1989), cuja equação a seguir estabelece que herbicidas com índice GUS<1,8 são considerados

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 169

como não-lixiviáveis, ao passo que índices superiores a 2,8 representam produtos lixiviáveis.

Aqueles com valores entre 1,8 e 2,8 são considerados de potencial lixiviador intermediário:

GUS = log t½ * (4 – log Kfoc)

A equação utiliza os valores de t½ vida do herbicida e o coeficiente de sorção normalizado

 para teor de carbono orgânico do solo, sendo adotada por inúmeros estudos que buscam relacionar o

 potencial de lixiviação dos herbicidas no solo com a contaminação de lençóis freáticos. Entretanto,

além de possuir t ½ vida elevada, para que um herbicida seja lixiviado, ele deve estar na solução do

solo ou adsorvido a pequenas partículas, como argila, ácidos fúlvicos e húmicos de baixo peso

molecular, aminoácidos, peptídeos e açúcares, entre outros, para que o fluxo hídrico consiga carrear 

o herbicida pelo perfil do solo (OLIVEIRA JR., 2001).

Recentemente, Kogan e Allister (2004) propuseram o IRA – Índice de Risco Ambiental,cujo resultado representa, além da capacidade de lixiviação do herbicida, o seu efeito sobre o meio

ambiente. O índice é definido pela soma de inúmeros fatores: P (persistência), M (mobilidade), D

(dose), V (volatilidade) e IT (índice toxicológico), cujo resultado final permite elencar os

compostos em relação ao maior ou menor risco para o meio ambiente (Quadro 13).

Quadro 7 - Relação de herbicidas classificados conforme somatório obtido pelo IRA – Índice de

Risco AmbientalHerbicida P D V M IT IRA

Trifluralin 2 4 4 1 4 15Hexazinona 3 1 1 4 2 15Paraquat 4 3 1 1 2 11Imazapyr 3 1 1 4 2 11Triclopyr 1 1 2 4 2 11Oxyfluorfen 2 2 2 1 3 10Linuron 2 1 2 2 3 10Sulfentrazone 2 1 1 4 2 10Isoxaflutole 2 1 1 4 2 10Haloxyfop 1 1 1 3 3 9Oryzlain 1 3 1 1 3 9

Glyphosate 1 3 1 1 2 8Fluazifop 1 1 1 1 3 7Amônio-glufosinato 1 1 1 1 2 6Sethoxydim 1 1 1 1 2 6

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo170

4 - Processos de transformação

Os processos de transformação das moléculas de herbicidas presentes no solo e água são

decorrentes da degradação dessas moléculas em compostos secundários, até a sua completa

mineralização.

De forma geral, a degradação refere-se a um conjunto de transformações físicas, químicas e

  biológicas que levam à formação de metabólitos ou à completa mineralização das moléculas,

obtendo-se como produto final água, CO2 e compostos inorgânicos (MELTING, 1993). A

degradação de moléculas de herbicidas no solo e o conhecimento dos principais mecanismos

responsáveis pela aceleração ou pelo retardamento do processo influenciam diretamente a

 persistência desses compostos no ambiente.

4.1 - Persistência

De forma prática, considera-se que resíduos de herbicidas no solo sejam quaisquer 

substâncias resultantes da sua aplicação. Essas substâncias podem incluir produtos de degradação

(metabólitos), além da própria molécula do herbicida.A persistência desses compostos é normalmente medida pela meia-vida ( t ½ vida), a qual é

extremamente importante para predizer o risco de contaminação de lençóis freáticos. A t ½ vida é

definida como o tempo necessário para que ocorra a dissipação de 50% da quantidade inicial do

herbicida aplicado. O seu cálculo deriva do modelo de primeira ordem definido pela equação:

Ln C0/Ct = K * t

em que C0 é a concentração inicial do herbicida; Ct a concentração no tempo t; e K, aconstante de degradação. A equação anterior admite que a taxa de degradação diminui linearmente

com o decréscimo da concentração, e, por análise de regressão linear, pode-se estimar a t ½ vida.

Essa equação pode ainda ser simplificada assumindo que, quando C0/Ct for igual a 2, o ln será igual

a 0,693, conforme fórmula que segue: t 1/2= 0,693/K 

Entretanto, normalmente utilizam-se equações não-lineares de regressão (bi-exponen¬ciais)

 para o cálculo da t ½ vida de herbicidas no solo, como a apresentada a seguir, em que Ct representa

a concentração no tempo t, Co a concentração inicial e k, a constante de degradação. Para modelos

lineares, nos quais somente uma linha de dissipação é apresentada, os intervalos de tempo

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 171

considerados podem fornecer estimativas e interpretações errôneas da t  ½ vida de herbicidas

(BLUMHORST, 1996).

C  t =C0 * e -kt 

Sabe-se que valores altos de t ½ vida contribuem, em muitos casos, para que o herbicida

atinja e contamine águas superficiais e subsuperficias. No entanto, ao aumentar a dose de aplicação

do herbicida, dentro dos limites de uso agrícola, a t ½ vida poderá ser alterada e maior quantidade

do herbicida estará disponível no ambiente. Por outro lado, embora a t ½ vida sirva de parâmetro

 para avaliação do tempo de permanência do herbicida no ambiente, sua persistência é basicamente

dependente de quatro fatores: solo (teor de carbono orgânico, pH e textura), população de

microrganismos presentes, ambiente (temperatura e precipitação) e práticas culturais (sistema de

 plantio e doses aplicadas).

Assim, a classificação de um herbicida como “persistente” ou “não-persistente” varia de

acordo com o propósito da classificação. No Quadro 14 encontram-se exemplos de classificações

adotadas na Inglaterra e no Brasil. No Quadro 15 são mostrados os valores de meia-vida de alguns

herbicidas em solos do Brasil.

Quadro 14 - Exemplos de classificações de herbicidas quanto à persistência no soloInglaterra Brasil (IBAMA)Classe t1/2 (dias) Classe t1/2 (dias)

  Não-persistente <5 Não-persistente <30Levemente persistente 5-21 Medianamente persistente 30-180Moderadamente persistente 22-60 Persistente 180-360Muito persistente >60 Altamente persistente >360

Fonte: Adaptado de Roberts (1996) e Foloni (1997)

Quadro 15 - Valores de meia-vida (t ½ vida) observados para alguns herbicidas em solos do BrasilTipo de solo

HerbicidaClasse

Prof.(cm)

Argila(%)

Areia(%)

 pH(H2O)

MO(%)

t1/2 (dias)

Referência

Latossolo Vermelho-Escuro - 45 40 5,4 3,6 54

 Nakagawa et al.

(1995)AtrazineGlei húmico - 28 63 4,6 3,6 56

 Nakagawa et al.(1995)

Simazine Podzolico Vermelho-Amarelo 0-10 17 72 5,8 0,7 22 Blanco et al. (1997)

Metribuzin - 0-14 39 20 6,6 2,3 9-12Campanhola et al.(1982)

Trifluralin Latossolo roxo 0-10 47 48 4,8a 1,7 54-63 Novo et al. (1993)Latossolo Vermelho-Amarelo 0-30 44 46 5,7 2,3 7-21 Ravelli et al. (1997)Latossolo Vermelho-Amarelo 50-200 47 44 4,8 0,6 8-13 Ravelli et al. (1997)Latossolo Vermelho-Escuro 0-40 48 28 4,4 9,2 10-16 Ravelli et al. (1997)

Latossolo Eermelho-Escuro100-

200

61 27 5,4 1,1 5-29 Ravelli et al. (1997)

Latossolo Vermelho-Escuro 0-15 48 27 5,2 7,3 8-21 Ravelli et al. (1997)

Chlorsulfur on 

Latossolo Vermelho-Escuro 70-150 56 24 5,2 1,0 8-26 Ravelli et al. (1997)

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo172

  Nas Figuras 19 e 20 são encontrados exemplos de comportamentos de persistência de

herbicidas em um Latossolo Roxo distrófico (LRd). Observa-se que os herbicidas tendem a persistir 

  por período mais prolongado quando lixiviam mais rapidamente para horizontes subsuperficiais.

Isso ocorre principalmente para compostos cuja degradação é fortemente influenciada pelaatividade microbiológica do solo, a qual é reduzida à medida que se afasta da camada superficial do

solo. É o caso do imazaquin em relação ao trifluralin.

Herbicidas com maior persistência podem resultar no fenômeno denominado carryover, que

  pode ser definido como sendo os resíduos fitotóxicos que permanecem no solo e que venham a

afetar culturas sensíveis plantadas em rotação após aquelas culturas em que foi utilizado o

herbicida. Eventuais alternativas para minimizar o problema de carryover incluem a redução das

doses (pode não resolver o problema em certos tipos de solos) e a aplicação em faixas ou dirigida

em vez de em área total (reduz a quantidade total de herbicida aplicado).Entre as principais formas pelas quais os herbicidas são degradados, podem-se citar, as que

seguem.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 173

 Figura 19 - Toxicidade visual (parte aérea) em plantas de milho cultivadas em amostras de solo coletadas aos 120 (A), 150 (B) e 180(C) DAA, provenientes de áreas que receberam a aplicação de doses de imazaquinFonte: Silva et al. (1998)

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo174

Figura 20 - Toxicidade visual (parte aérea) em plantas de milho cultivadas em amostras de solo coletadas aos 120 (A), 150 (B) e 180(C) DAA, provenientes de áreas que receberam a aplicação de doses de trifluralinFonte: Silva et al. (1998)

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 175

 

4.2 - Degradação química

A degradação ou decomposição de herbicidas no solo por meio de reações químicas e não-  biológicas são comuns para diversas moléculas, cujos principais mecanismos envolvidos são a

oxirredução e hidrólise desses compostos. A hidrólise representa um processo geral de reação do

herbicida com a água, no qual ocorre a quebra de pontes químicas das moléculas herbicidas devido

à substituição de um ou mais átomos por íons hidroxil da água (OH -). Esse fenômeno pode ocorrer 

em solos extremamente secos embora seja facilitada naqueles cuja condição se aproxima da sua

capacidade de campo e com temperaturas elevadas. O pH do solo também auxilia na velocidade da

reação.

Embora para a grande maioria dos herbicidas aplicados ao solo os processos de degradação

mediados por microrganismos sejam mais importantes, a hidrólise química é responsável, em geral,

 pelo início de uma série de atividades degradativas que ocorrem no solo e torna-se indispensável

 para os processos de transformação das moléculas de herbicidas no solo. As imidazolinonas, por 

exemplo são extremamente estáveis nas faixas de pH normalmente encontradas no solo e

apresentam t ½ vida normalmente maior que seis meses. A estabilidade desses herbicidas sugere

que a hidrólise química não é um mecanismo importante na sua degradação no solo (SHANER,

1989).

4.3 - Degradação biológica (microbiana) ou biodegradação

O termo biodegradação refere-se à transformação biológica de um composto químico

orgânico em outra forma. Essa transformação pode ser primária, envolvendo mudanças estruturais

na molécula, como uma oxidação, redução ou perda de um grupo funcional, ou mais complexa,

envolvendo várias reações seqüenciais, implicando a perda ou alteração da toxidez da molécula.

Estudos mais detalhados indicam que a biodegradação pode ser por:

 Alteração não-tóxica: conversão de uma molécula não-tóxica, mas com potencialidade deativação e toxidez, em um produto não-tóxico e desativado.

 Ativação: conversão, por ação enzimática, de um substrato não-tóxico em uma molécula

com ação biocida.

 Detoxificação: conversão de uma molécula tóxica em um produto menos tóxico ou atóxico.

Conjugação: quando o substrato torna-se mais complexo pela adição ou complexação com

metabólicos microbianos, podendo se tornar recalcitrante e mais tóxico. O fenômeno da

recalcitrância (baixa degradabilidade no solo) é bastante complexo e regulado por outros fatores,

entre eles:

•  características estruturais do composto: quantidade de substituição e natureza do

grupo introduzido no núcleo central da molécula;

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•  desativação de sistemas enzimáticos responsáveis pelas alterações na molécula

do produto no solo;

•  inacessibilidade do substrato às enzimas ou células microbianas capazes de

 promover a sua degradação;

•  ausência de fatores de crescimento ou condições favoráveis para osmicrorganismos decompositores e

•  ausência de microrganismo(s) com capacidade metabólica (enzima) capaz de

degradar o produto.

Simples degradação: transformação de uma substância tóxica complexa em produtos mais

simples.

 Mineralização: considerado sinônimo de degradação, embora os produtos finais sejam CO2,

H2O, NH3 e íons inorgânicos.

 Alteração do espectro de toxidez: alteração no composto que provoca alteração do grupo deorganismos específicos sensíveis à sua ação.

Além disso, os processos de biodegradação podem ocorrer em função da atuação de uma ou,

mais comumente, de várias espécies de microrganismos do solo. Estes microrganismos podem

utilizar os herbicidas tanto como substratos, fornecendo nutrientes, como fonte de energia

(metabolismo), ou, ainda, a ação microbiana pode modificar a estrutura química do produto, sem

fornecimento de energia para o seu crescimento (co-metabolismo) (MONTEIRO, 1996).

Quando a biodegradação é acelerada, diz-se que ocorreu um processo natural de adaptação

metabólica, sendo um dos maiores mecanismos envolvidos na degradação de herbicidas. Diversas

dessas moléculas têm sido descritas como condicionadoras da microbiota do solo para sua

degradação (FELSOT; SHELTON, 1993). Entretanto, esse fenômeno tem sido questionado a partir 

de duas considerações: a primeira é de que a degradação acelerada seria resultado do aumento do

número de microrganismos selecionados pelo herbicida e, a segunda, de que essa degradação seria

devido ao aumento da atividade enzimática com maior ação degradativa sobre esses compostos.

Hole et al. (2001) observaram a biodegradação acelerada de carbetamida por microflora adptada,

com utilização do composto como fonte de carbono e energia. Já Sanyal e Kulshrestha (1999)

observaram a ação de diversos microrganismos na degradação acelerada de metolachlor, utilizando

esse composto como fonte de C e N. Contudo, os estudos ainda não permitem uma definição sobrea modificação ou atividade mircrobiana envolvida na degradação acelerada de herbicidas, pois

outros fatores ambientais precisam ser considerados na interpretação desses resultados.

Sabe-se, entretanto, que a população microbiana, representada principalmente por fungos e

  bactérias, é mais abundante nas camadas superficiais do solo, diminuindo com a profundidade.

Vários autores, avaliando a degradação de pesticidas em várias profundidades, observaram que a

taxa de degradação diminui com a profundidade (VEEH et al., 1996; RAVELLI et al., 1997).

Portanto, se um herbicida é lixiviado rapidamente da camada superficial do solo, onde tem maiores

chances de ser biodegradado, ele pode acabar tornando-se mais persistente, uma vez que está menosexposto ao contato direto com a microbiota do solo. A rota primária de degradação das

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imidazolinonas, por exemplo, parece ser a microbiana. Estudos de dissipação no campo mostram a

 perda rápida das imidazolinonas a partir do solo, particularmente sob condições de alta umidade e

temperatura.

Fatores do ambiente (temperatura, umidade, vento e luz solar) podem afetar a transformação

dos herbicidas tanto na água quanto no solo. Além disso, propriedades do solo (pH, superfíciemineral, disponibilidade de nutrientes, estado de humificação da matéria orgânica, aeração e

micro/macrofauna) e as técnicas de aplicação, cultivo e irrigação, além das próprias culturas, podem

afetar a persistência dos herbicidas.

4.4 - Fotodecomposição ou fotólise

A radiação solar na faixa do ultravioleta (290-450 nm) contém energia suficiente para causar 

transformações químicas dos herbicidas, as quais podem levar à sua inativação. Apenas aqueles

herbicidas na ou próximos à superfície do solo ou sobre plantas serão passíveis de sofrerem

fotodecomposição, uma vez que a penetração de luz UV no solo é bastante limitada. Exemplos de

herbicidas que sofrem fotodecomposição incluem o trifluralin, paraquat, diquat, clethodim,

 bentazon e atrazine em solução aquosa.

Dentres as principais reações fotoquímicas, as de maior ação sobre os herbicidas são: a

hidrólise, a desalogenação, a oxidação, a isomerização e a polimerização, sendo a desalogenação a

reação fotoquímica mais comum. Uma reação que também ocorre a partir da substituição de um

halogênio de benzeno por uma hidroxila, na presença de um agente nucleofílico em solução aquosa,é a reação fotonucleofílica de hidrólise. Outros exemplos de reações fotoquímicas comuns ocorrem

nas bifenilas policloradas (PCBs), uréias substituídas (diuron, triasulfuron, monuron) e em

 pentaclorofenóis.

O processo de fotodecomposição, ou decomposição pela luz, começa quando a molécula do

herbicida absorve a energia luminosa. Isso causa a excitação de elétrons e pode resultar na quebra

ou na formação de ligações químicas. Geralmente a luz apresenta um papel de catalisador de

reações químicas, como hidrólise, oxirredução, etc., e os produtos da transformação resultantes

dessas reações, algumas vezes, são os mesmos que os encontrados em decorrência de processosenzimáticos.

A maioria dos herbicidas apresenta coloração que tende ao branco, ou próximo disso, e

  possui picos de absorção de luz na faixa do UV, a qual depende da insaturação eletrônica,

normalmente como os elétrons deslocados (cromóforos). Compostos amarelados, como as

dinitroanilinas, possuem picos de absorção por volta de 370 nm. Embora a energia solar que chega à

superfície do solo na faixa abaixo de 295 nm seja considerada desprezível, a energia luminosa pode

ser absorvida por uma molécula intermediária e transferida à molécula do herbicida por colisão.

Portanto, o comprimento de onda efetivo na fotodegradação de herbicidas pode estar fora doespectro de absorção específico do composto.

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Considera-se que os produtos da fotodegradação sejam similares aos produzidos por 

 processos químicos e biológicos de degradação. A Figura 21 exemplifica as estruturas químicas de

 produtos de fotodegradação do metolachlor.

Herbicidas aplicados à superfície do solo são freqüentemente perdidos, especialmente se um

  período prolongado de seca acontece após a aplicação. É possível que parte das perdas estejarelacionada ao processo de fotodegradação. No entanto, outros fatores podem estar envolvidos. A

volatilização, acentuada pela temperatura elevada na superfície do solo, a degradação química e

 biológica e a sorção são alguns fatores que devem ser considerados para explicar o desaparecimento

dos herbicidas do solo.

Figura 21 - Estruturas químicas de quatro produtos de fotodegradação do metolachlor Fonte: Kochany e Maguire (1994)

5 - Fitorremediação

Recentemente, tem-se mostrado que a atenuação natural monitorada pode contribuir 

significativamente para o controle e a redução da contaminação de solos e águas subterrâneas

(FURTADO, 2005). Mais especificamente, nos últimos dez anos, surgiram nos EUA e em grande

  parte da Europa inúmeras companhias que exploram a chamada “fitorremediação” para finslucrativos, como a norte-americana Phytotech e a alemã BioPlanta, e indústrias multinacionais,

como Union Carbine, Monsanto e Rhone-Poulanc, que se beneficiam do emprego da

fitorremediação em suas áreas de produção e de pesquisa (GLASS, 1998; DINARDI et al., 2003).

Esta alternativa - que consiste simplesmente em manejar ao longo de um certo tempo a

degradação dos contaminantes que ocorre por meio de processos naturais - tem-se mostrado viável

nos casos em que ocorrem condições biogeoquimicamente favoráveis e pode ser efetiva na

remediação de solos e águas subterrâneas quando utilizada paralelamente a outras tecno¬logias, ou

isoladamente, se comprovada ao longo de um período de monitoramento.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 179

Dentre os compostos de difícil degradação no solo, os herbicidas de longo efeito residual

apresentam-se como principal problema à possibilidade de contaminação de culturas plantadas em

sucessão e ao problema ambiental ocasionado por sua lixiviação direta ou de seus metabólitos para

camadas mais profundas no perfil do solo, podendo atingir cursos de águas subterrâneas.

 No Brasil, algumas empresas estatais e privadas, bem como instituições de pesquisa, entreelas a Embrapa (2005), Petrobrás (2006) e Unicamp (FEA, 2005), pesquisam e exploram métodos

de biorremediação, os quais incluem a fitorremediação, principalmente, de ambientes contaminados

  por metais pesados e derivados de petróleo. Contudo, é no Departamento de Fitotecnia da

Universidade Federal de Viçosa que se intensificam os estudos na área da fitorremediação de solos

contaminados por herbicidas. Nesses estudos, já se sabe que as espécies Stizolobium aterrimum e

Canavalia ensiformis são, comprovadamente, eficientes na descontaminação de áreas tratadas com

os herbicidas trifloxysulfuron-sodium e tebuthiuron e que o provável mecanismo envolvido na

descontaminação seja a interação da fitoestimulação e da fitodegradação.A pesquisa referente à biorremediação (biodegradação) de áreas contaminadas por 

herbicidas é relativamente ampla e já bem consolidada, incluindo o desenvolvimento de vários

microrganismos comprovadamente eficientes na biodegradação de alguns compostos (BELLINASO

et al., 2003; VROUMSIA et al., 2005; YU et al., 2005).

Dessa maneira, este trabalho abordará especificamente aspectos da técnica da utilização das

  plantas e sua microbiota associada, visando a descontaminação de ambientes (fitorreme¬diação)

que apresentam resíduos de herbicidas em quantidade suficiente para causar interferência negativa

nas diferentes atividades agrícolas ou comprometer a sustentabilidade ambiental.

5.1 - A fitorremediação como mecanismo de biorremediação

A biorremediação é o processo de remediação in situ de áreas contaminadas que emprega

organismos vivos (microrganismos e plantas, principalmente) capazes de se desenvolverem em

meio contendo o material poluente, reduzindo-o ou até mesmo eliminando sua toxicidade. A técnica

é bem utilizada para remediação de áreas contaminadas com metais pesados (FRANCO, 2004;

QUEROL et al., 2006), solventes halogenados, compostos nitroaromáticos e, mais recentemente,herbicidas (PIRES et al., 2003; PROCÓPIO et al., 2005; SANTOS et al., 2004a, b).

  No processo de biorremediação in situ dito “tradicional”, microrganismos do solo, em

  particular bactérias, são estimulados a degradar os contaminantes seja por utilização da molécula

como fonte de nutrientes ou por co-metabolismo. As condições necessárias para essa degradação

incluem a existência de receptores de elétrons, de nutrientes e de substrato, incluindo compostos

químicos aplicados para as diferentes atividades agrícolas.

Portanto, o termo biorremediação é amplamente utilizado para o processo de

descontaminação de ambientes por microrganismos. Quando se trata da descontaminação pelautilização de plantas isoladas ou estimulando a microbiota associada às suas raízes, tem-se a

fitorremediação (ACCIOLY; SIQUEIRA, 2000).

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo180

Quando comparada com técnicas tradicionais, como bombeamento e tratamento, ou

remoção física da camada contaminada, a fitorremediação tem sido considerada vantajosa,

  principalmente por sua eficiência na descontaminação e pelo baixo custo (PERKOVICH et al.,

1996; CUNNINGHAM et al., 1996). Apesar de ser utilizada em solos contaminados com

substâncias orgânicas ou inorgânicas, como metais pesados, elementos contaminantes,hidrocar¬bonetos de petróleo, agrotóxicos, explosivos, solventes clorados e subprodutos tóxicos da

indústria (CUNNINGHAM et al., 1996), só recentemente tem-se apresentado como promissora

técnica para descontaminação de áreas tratadas por herbicidas residuais (PIRES et al., 2003;

PROCÓPIO et al., 2004; SANTOS et al., 2005).

Apesar das facilidades observadas, duas limitações, entre outras, devem ser consideradas

 para o emprego da fitorremediação em áreas contaminadas por herbicidas:

• 

são contaminantes orgânicos que apresentam diversidade molecular; e•  apresentam complexidade de análise diante das constantes transformações a

que estão sujeitos; o contaminante, no caso herbicida, é desenvolvido como agente

 para o controle do descontaminante, no caso, as plantas.

A utilização da fitorremediação para descontaminação de ambientes com resíduo de

herbicidas é baseada na seletividade, natural ou desenvolvida, que algumas espécies exibem a

determinados compostos ou mecanismos de ação. Esse fato é de ocorrência comum em espécies

agrícolas e daninhas, tolerantes a certos herbicidas. A seletividade deve-se ao fato de que os

compostos orgânicos podem ser translocados para outros tecidos da planta e, subseqüentemente,

volatilizados; podem ainda sofrer parcial ou completa degradação ou ser transformados em

compostos menos tóxicos, especialmente menos fitotóxicos, combinados e/ou ligados a tecidos das

 plantas (compartimentalização) (ACCIOLY; SIQUEIRA, 2000; SCRAMIN et al., 2001).

Contudo, um importante mecanismo de diminuição do herbicida por ação do

fitorremediador parece ser a fitoestimulação, na qual há o estímulo à atividade microbiana,

  promovido pela liberação de exsudatos radiculares, que atuam degradando o composto no solo, o

que caracteriza, em algumas plantas, a aptidão rizosférica para a biorremediação desses compostos.

Em trabalho realizado por Pires et al. (2005), foi comprovado que o solo proveniente da

rizosfera de diversas espécies de leguminosas, entre elas C. ensiformis e S. aterrimum, contaminadocom o tebuthiuron, apresentou maior atividade microbiana, comparado ao solo não vegetado. Em

trabalho realizado por Arthur et al. (2000), constatou-se que, em solos rizosféricos de Kochia

scoparia, a meia-vida do atrazine foi de 50 dias, e em solos não vegetados, de 193 dias. Outros

trabalhos relatam a contribuição das plantas, estimulando o efeito rizosférico na aceleração da

mineralização de alguns herbicidas, principalmente atrazine e metolachlor (ANDERSON et al.,

1994; ANDERSON; COATS, 1995; PERKOVICH et al., 1996; BURKEN; SCHNOOR, 1996).

Citam-se ainda outros mecanismos, como a capacidade de metabolização do herbicida a um

composto não-tóxico (ou menos tóxico) à planta e ao ambiente, conhecido como fitodegradação,entre outros.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 181

Segundo Burken e Schnoor (1996), a absorção de compostos orgânicos, como os herbicidas,

  pelas plantas é afetada pelas propriedades químicas do composto, pelas condições ambientais e

  pelas características da espécie vegetal. Para ser translocado, o produto químico deve passar pelo

simplasto da endoderme. Para certas características das plantas e condições ambientais, a absorção

radicular de xenobióticos da água (em solução) está diretamente relacionada ao logaritmo docoeficiente de partição octanol-água (Kow) do composto; além dessa característica, interferem

ainda a constante de acidez (pKa) e a sua concentração (ALKORTA; GARBISU, 2001). Em revisão

feita por Pires et al. (2003a) e de acordo com Brigss et al. (1982), o fluxo transpiratório,

fundamental para promover o carreamento do herbicida absorvido para a parte aérea das plantas,

levando à fitodegradação, é maior quando o Log Kow do pesticida varia de 0,5 a 3,0, sendo maior a

absorção quando o valor de Log Kow é de 2,1. Compostos que são mais hidrofóbicos, com Log

Kow > 2,1, ligam-se às membranas lipídicas das raízes antes de entrarem no xilema. Compostos

que são menos hidrofóbicos, com valores de Log Kow < 2,1, não passam através das membranaslipídicas associadas com as camadas da epiderme das raízes. Essa ligação ou exclusão leva a menor 

fluxo transpiratório sob valores de Log Kow que se distanciam de 2,1 (PIRES et al., 2003).

 Nas condições tropicais em que os solos são altamente intemperizados com predomínio de

óxidos e hidróxidos de Fe e Al e argilas silicatadas 1:1, de baixa reatividade (caulinita), a matéria

orgânica constitui o principal contribuinte para a CTC. Dos componentes da matéria orgânica do

solo, as substâncias húmicas são relatadas como as principais responsáveis pela sorção de

herbicidas (PUSINO et al., 1992; CELIS et al., 1997).

Maior conteúdo de matéria orgânica reduz as amplitudes de variação da temperatura e

umidade do solo; logo, incrementam-se também a biomassa e atividade microbiana e a

 biotransformação das moléculas dos herbicidas no solo (WEED et al., 1995; REDDY et al., 1995),

ampliando dessa forma, os efeitos benéficos nos processos de fitorremediação de herbicidas.

Outras propriedades do solo podem intervir na fitorremediação e, conseqüentemente, no

 papel eficiente das plantas, como, por exemplo, o conteúdo de argila. Solos com alto conteúdo deste

mineral apresentam reduzida mineralização de atrazine, apesar de ter valores de pH mais altos que

6,5 (HOUOT et al., 2000). Para atrazine verificou-se que sua mineralização aumentava rapidamente

com o aumento do pH (HOUOT et al., 2000). Walker et al. (1996) estudaram a degradação de

isoproturon, diuron e metsulfuron-metil na solução do solo e na fração adsorvida em dois tipos desolos e encontraram que a meia-vida destes produtos foi menor em solução que na fração adsorvida,

com exceção do diuron em um dos solos. Além disso, é sabido que valores de pH fora da faixa de

neutralidade comprometem a atividade da microbiota do solo prejudicando diretamente os

 processos de fitorremediação.

Dessa maneira, além do mecanismo de ação, persistência e concentração do herbicida,

vários outros fatores poderão influenciar a capacidade descontaminadora de espécies vegetais em

 programas de fitorremediação. Todavia, as pesquisas devem direcionar esforços para obtenção de

melhores resultados para as áreas contaminadas com os herbicidas que apresentam longo efeitoresidual no solo.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo182

5.2 - Problemas relacionados aos herbicidas residuais

Atualmente, as propriedades procuradas em um herbicida são sua pronta degradabilidade,eficiência em doses baixas, especificidade e baixa toxicidade para os organismos não-alvos,

existindo uma conscientização dos problemas ambientais ou de saúde que podem ocorrer devido à

má utilização desses compostos químicos (SANTOS et al., 2005).

Problemas resultantes dos processos de poluição e degradação dos recursos naturais por 

herbicidas têm recebido atenção especial, principalmente em sistemas agrícolas que necessitam

utilizar esses produtos no manejo integrado de plantas daninhas (JAKELAITIS et al., 2005;

SANTOS et al., 2005).

Mesmo possibilitando o controle efetivo de plantas daninhas por um período de tempo

maior, reduzindo com isso o número de aplicações, os herbicidas que apresentam longo efeito

residual no solo proporcionam a ocorrência de toxicidade em culturas sensíveis (carryover)

 plantadas após sua utilização. Existe ainda o impacto ambiental negativo ocasionado pela lixiviação

dessas moléculas ou de seus metabólitos para camadas mais profundas no perfil do solo, podendo

atingir lençóis subterrâneos e se mover para outros ambientes com provável contaminação de outros

ecossistemas.

Produtos como o trifloxysulfuron-sodium, que é utilizado em mistura com o ametryn na

cultura da cana-de-açúcar ou puro na cultura do algodão em pós-emergência inicial, apresenta

  problemas de carryover na cultura do feijão cultivado em seqüência. Mesmo sendo recomendadoem concentrações baixas (em torno de 7,5 g ha-1) (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005), o período de

espera, para o plantio de culturas sensíveis, é de aproximadamente oito meses, a contar da data de

sua aplicação.

Também o tebuthiuron, que é recomendado para uso em pré-emergência na cultura da cana-

de-açúcar, apresenta longo período residual, causando intoxicação às culturas de amendoim, feijão e

soja quando cultivadas até dois anos após a sua aplicação. Sua persistência no solo pode variar de

11 a 14 meses em Latossolo Vermelho-Amarelo em lavouras de cana-de-açúcar (BLANCO;

OLIVEIRA, 1987) de 15 a 25 meses em solo argiloso (MEYER; BOVEY, 1988) ou mesmoestender-se por mais de sete anos, quando simulada a reunião de todas as condições ambientais que

favoreçam sua persistência (EMMERICH et al.,1984). Além disso,este herbicida apresenta elevada

mobilidade em solos com baixos teores de argila e de carbono orgânico, sendo, portanto, fonte

 potencial para contaminação de aqüíferos, principalmente como resultado de aplicações seqüenciais

ao longo dos anos na mesma área (CERDEIRA, 1999).

Outros herbicidas, como picloram e imazapyr, apresentam considerado efeito residual no

solo, podendo chegar a até três anos o intervalo para o plantio de culturas sensíveis, como algodão,

tomate, batata, soja, entre outras (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Áreas contami¬nadas por estese outros herbicidas persistentes no solo são prioritárias nos programas de fitorremediação. Contudo,

  para que se obtenha resultados satisfatórios, é essencial conhecer o tempo total necessário para a

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 183

descontaminação, que, as vezes é muito longo, além dos procedimentos para o correto emprego da

técnica; daí a necessidade do conhecimento de estratégias que acelerem o processo de remediação.

5.3 - Estratégias para o sucesso da fitorremediação

O sucesso no emprego da fitorremediação como técnica para descontaminação de áreas

tratadas por herbicidas depende da natureza química e das propriedades do composto, além da

aptidão ecológica da espécie vegetal a ser empregada. São conhecidas espécies que se desenvolvem

 bem em todos os ambientes, solo seco, pedregoso, com elevada umidade, de clima quente ou frio,

entre outros fatores. Dessa forma, a técnica pode apresentar algumas limitações de aplicação, sendo

importante ressaltar algumas delas, visando efetivar e diminuir o tempo de descontaminação.

Com base nas análises apresentadas por diversos autores (FERRO et al., 1994;

PERKOVICH et al., 1996; CUNNINGHAM et al., 1996; NEWMAN et al., 1998; ACCIOLY;

SIQUEIRA, 2000; VOSE et al., 2000, PIRES et al., 2003), algumas características devem ser 

consideradas na escolha da espécie vegetal a ser utilizada em programas de remediação de áreas

contaminadas por herbicidas:

•  capacidade de absorção, concentração e/ou metabolização e tolerância ao

herbicida;

•  retenção do herbicida nas raízes, no caso da fitoestabilização, como oposto à

transferência para a parte aérea, evitando sua manipulação e disposição;

•  sistema radicular profundo e denso;•  alta taxa de crescimento e produção de biomassa;

•  capacidade transpiratória elevada, especialmente em árvores e plantas perenes;

•  fácil colheita, quando necessária a remoção da planta da área contaminada;

•  elevada taxa de exsudação radicular;

•  resistência a pragas e doenças;

•  fácil aquisição ou multiplicação de propágulos;

•  fácil controle ou erradicação; e

•  capacidade de desenvolver-se bem em ambientes diversos.O ideal seria reunir todas essas características numa só planta, porém, aquela que for 

selecionada deve reunir o maior número delas. Outro aspecto a ser observado é que, embora a

maioria dos testes avalie plantas isoladas, várias espécies podem, como sugerido por Miller (1996),

ser usadas em um mesmo local, ao mesmo tempo ou subseqüentemente, para promoverem maior 

descontaminação.

Em essência, a espécie vegetal ideal para remediar um solo contaminado por herbicidas seria

uma cultura de alta produção de biomassa, que tanto pode tolerar como acumular o produto. Dessa

forma, a escolha de plantas que apresentem tolerância ao herbicida é o primeiro passo na seleção deespécies potencialmente fitorremediadoras.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo184

  Nos trabalhos realizados até o momento no Brasil, visando a seleção de espécies vegetais

com potencial para emprego em programas de fitorremediação de herbicidas (PIRES et al., 2003a,

  b, 2005; PROCÓPIO et al., 2004, 2005b; SANTOS et al., 2004b), algumas especies vegetais

utilizadas como cobertura do solo foram selecionadas (Figura 22), destacando-se a mucuna-preta

(Stizolobium aterrimum) e o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) (Figura 23).  Nos trabalhos realizados por Procópio et al. (2004), após a seleção de diversas espécies

vegetais, feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e mucuna-preta (Stizolobium aterrimum)

  promoveram a fitorremediação de solo contaminado pelo herbicida trifloxysulfuron-sodium,

 possibilitando o posterior desenvolvimento de plantas de milho e feijão, semelhante ao solo isento

do herbicida (Figura 24). Essas culturas são sensíveis à presença desse herbicida (RODRIGUES;

ALMEIDA, 2005), comprovando a eficiência na descontaminação. Também Pires et al. (2005)

verificaram que, das várias espécies testadas tolerantes ao herbicida tebuthiuron, as leguminosas C.

ensiformis e Lupinus albus possibilitaram o pleno desenvol¬vimento de Avena strigosa, utilizadacomo bioindicadora da presença do herbicida.

Além dos fatores mencionados, outros mecanismos podem ser implementados no programa

de fitorremediação visando maior eficiência no processo. Procópio et al. (2005) verificaram que o

aumento da densidade populacional de S. aterrimum promoveu maior descontaminação da área

tratada com trifloxysulfuron-sodium. Em outro trabalho, a permanência ou retirada da parte aérea

das plantas de C. ensiformis e S. aterrimum da área contaminada com trifloxysulfuron-sodium, após

o período de remediação, não interferiu no desenvolvimento posterior de plantas de feijão,

indicando que o produto pode estar sendo degradado internamente nos tecidos (fitodegradação) ou

inativado por outros mecanismos rízosféricos, sendo, provavelmente, a fitoestimulação da

microbiota associada à rizosfera (PROCOPIO et al., 2006). Santos et al. (2006) observaram que o

solo proveniente da rizosfera de S. aterrimum, tratado com o trifloxysulfuron-sodium, apresentou

maior atividade microbiana, evidenciada pelo maior desprendimento de dióxido de carbono,

comparado ao mesmo solo não tratado com o herbicida, evidenciando a contribuição da microbiota

no processo de descontaminação.

Belo et al. (2006) constataram que a adição de composto orgânico ao solo contaminado com

trifloxysulfuron-sodium e tebuthiuron, além de melhorar o desenvolvimento das espécies vegetais

S. aterrimum e C. ensiformis, possibilitou maior eficiência no processo de remediação por essasleguminosas.

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 Figura 22 – Etapa de seleção de espécies vegetais tolerantes ao trifloxysulfuron-sodium e ao tebuthiuron, visando a fitorremediaçãode solos contaminados por esses herbicidas

Figura 23 – Desenvolvimento de mucuna-preta (Stizolobium aterrimum) (A) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) (B), em soloscontaminados pelos herbicidas trifloxysulfuron-sodium e tebuthiuron

Figura 24 – Desenvolvimento de plantas de milho e de feijão em solo tratado com o herbicida trifloxysulfuron-sodium (0,0, 7,5 e15,0 g ha-1) (não-seletivo a essas culturas), posteriormente cultivado (B) ou não (A) com mucuna-preta (Stizolobium aterrimum),visando a remediaçãoFonte: Procópio et al. (2004)

Para Accioly e Siqueira (2000), para o sucesso da fitorremediação, o programa deve

envolver, além do emprego de plantas e sua microbiota associada, amenizantes como a matéria

orgânica do solo, os quais, associados às práticas agronômicas, agiriam em conjunto, removendo,

imobilizando ou tornando os contaminantes inofensivos ao ecossistema.

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Manejo da irrigação, incremento na população e número de espécies vegetais, além da

  possibilidade de inoculação de microrganismos junto à semeadura das plantas, nos programas de

fitorremediação de herbicidas, são pesquisas já iniciadas e fornecerão dados para maior eficiência

nos processos de descontaminação de áreas que apresentam resíduos de outros herbicidas

comprovadamente persistentes no ambiente, como o picloram e outros.Em se tratando de ambientes aquáticos, o sucesso do tratamento empregando planta

aquáticas vai além do baixo custo, havendo possibilidades de reciclagem da biomassa produzida,

  podendo ser utilizada como fertilizante, ração animal, geração de energia, fabricação de diversos

 produtos, como papel, e até proteínas para usos em rações (DINARDI et al., 2003; GLASS, 1998).

Entre os herbicidas, o atrazine oferece elevado risco de contaminação de aqüíferos, devido às suas

características físico-químicas. Este herbicida apresenta alta persistência no solo, sendo comumente

detectado após um ano, hidrólise lenta, absorção moderada à matéria orgânica e argila, baixa

  pressão de vapor, alto potencial de escoamento, solubilidade de baixa para moderada em água(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). Contudo, apesar de já ser bem conhecido o processo de

  biodegradação do atrazine por diversos microrganismos (BEKHI et al, 1993; BEKHI; KHAN,

1986), poucos são os trabalhos que apontam soluções para fitorremediação deste composto em

ambientes aquáticos (MARCACCI, 2005).

6 - Considerações finais

O comportamento de herbicidas no ambiente, principalmente no solo, depende do somatório

de diversos processos envolvidos, os quais são responsáveis pelo destino final desses compostos. O

resultado dos processos de transporte, retenção e transformação que ocorrem com as moléculas

representa a capacidade de contaminação e persistência destas no meioambiente, e uma abordagem

detalhada da sua dinâmica seria difícil diante dos diversos interferentes relacionados ao seu

comportamento. O que se observa é que o conhecimento teórico das propriedades dos compostos do

solo, dos fatores climáticos envolvidos e dos mecanismos de interação herbicida–ambiente nemsempre representa o comportamento constatado em condições naturais a campo. Esse fato denota a

importância de pesquisas, principalmente em solos brasileiros, com o objetivo de prevenir quanto

aos possíveis distúrbios ambientais provocados por esses compostos. Nessa área, a fitorremediação

surge como opção para o tratamento eficiente de solo e água contaminados por herbicidas de difícil

decomposição nesses ambientes. O tema cresce em complexidade na medida em que se tenta

selecionar espécies vegetais que apresentem, além da capacidade remediadora, outros benefícios

  para o agricultor. Contudo, graças à atual preocupação na viabilidade das técnicas integradas de

manejo, que visam o menor impacto negativo ao ambiente, espera-se maior aceitação de métodos dedescontaminação in situ, por perturbarem menos o ambiente. Além disso, essa técnica é

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 187

relativamente barata, comparada a outros processos de descontaminação, podendo ser aplicada a

grandes áreas. Embora o tema seja muito abrangente, quando todos os fatores envolvidos interagem,

este é, sem dúvida, um dos motivos pelo qual deve ser mais estudado. As implicações são claras:

entendendo como os herbicidas e outros pesticidas aplicados ao solo se comportam, torna-se

  possível sua utilização com eficiência técnica e econômica, a identificação dos problemas decontaminação e as opções de recuperação do ambiente afetado.

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Módulo 3.4 - Herbicidas: comportamento no solo 193

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas196

PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 3 - Manejo de plantasdaninhas3.5 - Herbicidas: resistência de plantas

Tutores:Profº. Antonio Alberto da SilvaProfº. Leandro Vargas

Profº. Evander Alves Ferreira

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viçosa - UFV

Centro de Ciências AgráriasDepartamento de Fitopatologia

Brasília - DF2006

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 197

 

Sumário

Introdução, 198

1 - Mecanismos que conferem resistência, 200

1.1 - Alteração do local de ação, 200

1.2 – Metabolização, 201

1.3 – Compartimentalização, 201

1.4 - Absorção e translocação, 202

2 - Resistência cruzada, 202

3 - Resistência múltipla, 2034 - Evolução da resistência, 204

5 - Fatores que favorecem o surgimento da resistência, 208

5.1 - Pressão de seleção, 208

5.2 - Variabilidade genética, 209

6 - Diagnóstico da resistência a campo, 209

7 - Como confirmar a resistência, 210

8 - Como evitar a resistência, 211

9 - Manejo da resistência a herbicidas, 21210 - Características da resistência por grupos herbicidas, 213

10.1 – Auxinas, 213

10.2 – Bipiridílios, 214

10.3 - Derivados da glicina, 214

10.4 – Dinitroanilinas, 215

10.5 - Inibidores de ACCase, 215

10.6 - Inibidores de ALS, 216

10.7 – Triazinas, 21710.8 - Uréias/amidas, 218

11 - Seleção de biótipos resistentes por diferentes mecanismos de ação herbicida, 218

12 - A resistência de plantas daninhas no Brasil, 219

13 - Resistência do azevém (lolium multiflorum) ao glyphosate, 221

14 - Culturas transgênicas e plantas daninhas resistentes a herbicidas, 225

14.1 - Culturas transgênicas, 225

15 - Plantas daninhas resistentes em culturas transgênicas, 229

16 - Comentários finais, 230

Referências bibliográficas, 231

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas198

Introdução

O controle de plantas daninhas com uso de herbicidas é prática comum na agricultura

mundial, e a tendência de uso desses compostos é de aumento, uma vez que essa tecnologia, que era

quase exclusivamente utilizada por grandes e médios produtores, hoje está se tornando prática

comum até entre os pequenos. Na atualidade, os agricultores depositam confiança excessiva no

controle químico das plantas daninhas. No que se refere aos defensivos agrícolas, o Brasil é um dos

maiores mercados do mundo, sendo o quinto no "ranking" de vendas de agrotóxicos, onde os

herbicidas correspondem a mais de 50% do volume total comercializado (ANDEF 2005).

Atualmente estão sendo comercializadas no mercado brasileiro em torno de 200 marcas comerciais

de herbicidas (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).

O largo uso de herbicidas deve-se, principalmente, ao fato de que o controle químico tem

sido eficiente, possui custo atrativo, está prontamente disponível e profissionalmente

desen¬volvido. Dessa maneira, os demais métodos de controle têm sido deixados de lado,

  principalmente por grandes agricultores. Uma das conseqüências do uso indiscriminado desses

métodos tem sido o desenvolvimento de muitos casos de resistência a tais compostos por diversas

espécies daninhas.

O uso repetido de um herbicida exerce uma pressão de seleção que leva ao aumento do

número de indivíduos resistentes na população. Em conseqüência, a população de plantas

resistentes pode aumentar até o ponto de comprometer o nível de controle (HRAC, 1998a).

A constatação da resistência de plantas daninhas aos herbicidas começou em 1957 com a

identificação de biótipos de Commelina difusa, nos Estados Unidos, e Daucus carota, no Canadá,

resistentes a herbicidas pertencentes ao grupo das auxinas (WEED SCIENCE, 1998). Já em 1970,

no estado de Washington (EUA), foram descobertos biótipos de Senecio vulgaris resistentes a

simazine (RYAN, 1970). Estudos posteriores demonstraram que esta espécie era resistente a todas

as triazinas, devido a uma mutação nos cloroplastos (RADOSEVICH et al., 1979). Depois disso,várias outras espécies, com resistência a triazinas, foram descritas em gêneros como Amaranthus e

Chenopodium, em diferentes países (RADOSEVICH, 1977)

Em menos de 30 anos, após o primeiro caso de resistência, havia mais de 100 espécies

reconhecidamente resistentes em aproximadamente 40 países (HEAP, 1997). Muitos outros casos

foram relatados em diferentes locais do mundo e, atualmente, há aproximadamente 284 biótipos de

 plantas daninhas que apresentam resistência a um ou mais mecanismos herbicidas (Quadro 1). Esses

  biótipos pertencem a 171 espécies e estão distribuídos em 59 países. Destes biótipos, 28,9%

resistem aos herbicidas inibidores da ALS, 22,9% às triazinas, 11,6% aos inibidores da ACCase,7,7% aos bipiridílios, 8,1% às auxinas sintéticas, 7% às uréias e amidas, 3,5% às dinitroanilinas e os

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ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA A DISTÂNCIA – ABEAS/UFVCurso: Proteção de Plantas

Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 199

10,3% restantes aos demais grupos de herbicidas. Em 1983, 67% dos casos de resistência

documentados eram de biótipos resistentes às triazinas; 13%, aos bipiridílios; 12%, aos auxínicos; e

os demais mecanismos somavam 8%. Essas proporções mudaram com a introdução no mercado dos

novos grupos herbicidas inibidores de ALS e ACCase. Acredita-se que o maior número de biótipos

resistentes aos herbicidas dos grupos inibidores de ALS, das triazinas e existentes atualmente, sedeve à alta especificidade, à eficiência e à grande área onde são empregados.

 Não foram encontradas citações de plantas daninhas resistentes aos herbicidas perten¬centes

aos grupos ariltriazolinonas, benzotiadiazinas e ftalimidas. As razões do não-surgimento de plantas

daninhas resistentes, até o momento, a estes grupos de herbicidas, apesar do longo tempo de

introdução no mercado, não são claras, porém acredita-se que esteja relacionado com o seu modo de

ação.

A resistência de plantas daninhas a herbicidas assume grande importância, princi¬palmente

quando não existe ou existem poucos herbicidas alternativos para serem usados no controle dos biótipos resistentes. Isso ocorre para diversos biótipos de grande ocorrência em diversas partes do

mundo tornando cada vez mais difícil e oneroso o controle desses biótipos. A ocorrência de

resistência múltipla agrava ainda mais o problema, já que, neste caso, são dois ou mais os

mecanismos que precisam ser substituídos. Assim, o controle dos biótipos resistentes com uso de

herbicidas é seriamente comprometido, restringindo esta prática a outros métodos menos eficientes.

Quadro 1 – Ocorrência de biótipos de plantas daninhas resistentes a diferentes grupos herbicidasGrupo de herbicida Mecanismo de ação Exemplo de

herbicida

Total

ocorrênciaInibidores da ALS Inibição da acetolactato sintase (ALS) Clorsulfuron 82Inibidores do FotossistemaII

Inibição da fotossíntese nofotossistema II

Atrazine65

Inibidores da ACCaseInibição da acetil carboxilase(ACCase)

Diclofop-methyl33

Bipiridílios Aceptores de eletrons do FSI Paraquat 22Auxinas sintéticas Ação semelhante ao ácido indolacético 2,4-D 23Uréias e amidas Inibição da fotossíntese no FS II Chlorotoluron 20Dinitroanilinas e outros Inibição da formação dos microtúbulos Trifluralin 10

Thiocarbamatos e outrosInibição da síntese de lipídios – não da

ACCase

Trialate8

Triazoles, uréias eisoxazolidionas

Branqueamento – inibição da biossíntese de carotenóides

Amitrole4

Glicinas Inibição da EPSP sintase Glyphosate 6

ChloracetamidasInibição da divisão celular (inibição deácidos graxos de cadeias longas)

Butachlor 2

Outros Diversos Diversos 7Total de biótipos de plantas daninhas observados no mundo 284

Fonte: Adaptado de Retzinger, citado por HRAC (2004)

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ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA A DISTÂNCIA – ABEAS/UFVCurso: Proteção de Plantas

Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas200

1 - Mecanismos que conferem resistência

1.1 - Alteração do local de ação

As informações genéticas de um organismo estão contidas em seu material genético (DNA).

A grande maioria das alterações que ocorrem no DNA, que não provoquem a morte do indivíduo,

serão repassadas aos seus descendentes. O DNA é uma dupla hélice formada por bases nitrogenadas

 púricas (adenina e guanina) e pirimidicas (timina e citosina) que formam os genes. Os genes, longas

e específicas seqüências de bases nitrogenadas, são responsáveis pela codificação das proteínas. O

DNA é um cordão de genes (SUZUKI et al., 1992).

As etapas para produção de uma proteína são a transcrição, que é a cópia do DNA pela

enzima DNA polimerase, formando o RNA mensageiro (RNAm), e a tradução do RNAm com a

montagem da proteína pelo ribossomo. Na tradução do RNAm, cada trinca de bases nitrogenadas

codifica um aminoácido que comporá a futura proteína. A seqüência linear de nucleotídios em um

gene determina a seqüência linear de aminoácidos de uma proteína (SUZUKI et al., 1992).

A probabilidade de ocorrer erros na replicação do DNA, multiplicação do material genético,

durante o crescimento do indivíduo é de cerca de 10-4, e cai para 10-9 pela ação das enzimas

reparadoras (SUZUKI et al., 1992); contudo, a possibilidade de erro, mesmo remota, existe. Oserros de replicação e as lesões espontâneas geram a maior parte das mutações por substituição de

 base e mudança da matriz de leitura (SUZUKI et al., 1992). A ocorrência de erros na replicação ou

transcrição da fita do DNA, na tradução do RNAm, e a ocorrência de mutações que provoquem

inserção, deleção ou substituição de uma base nitrogenada podem alterar um ou mais aminoácidos

da proteína a ser formada, resultando em uma proteína mutante.

Mutação foi definida por De Vries como mudanças repentinas e hereditárias; teoricamente, é

  preferível restringir, afirmando que são “aquelas mudanças bruscas hereditárias que alteram a

atividade, porém não a posição do gene individualmente” (BREWBAKER, 1969). A mutação é um processo biológico que vem ocorrendo desde que há vida no planeta; entretanto, a maioria delas é

deletéria e a evolução só é possível porque algumas delas podem ser benéficas em determinadas

situações (SUZUKI et al., 1992).

A alteração de uma base nitrogenada, mutação de ponto, pode originar uma enzima com

características funcionais distintas ou não da original. Biótipos resistentes podem ocorrer em uma

  população de plantas daninhas como resultado de mutações que provocam alterações no local de

ação do herbicida (BETTS et al., 1992). A atividade da enzima pode ou não ser modificada, estando

na dependência de qual aminoácido foi alterado. Caso ele componha o centro ativo da enzima, a  probabilidade de as suas características cinéticas serem modificadas é grande. Se o aminoácido

alterado for o ponto ou um dos pontos de acoplamento de uma molécula herbicida, este produto

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 201

 pode perder a atividade inibitória sobre esta nova enzima. Uma pequena alteração no polipeptídio

  pode resultar em um grande efeito sobre a afinidade com a molécula herbicida (BETTS et al.,

1992).

A resistência de Arabidopsis thaliana às imidazolinonas se deve à alteração de um

aminoácido da enzima ALS, conforme relatam Sathasivan et al. (1991). Desse modo, um herbicidaque anteriormente era eficiente em inibir uma determinada enzima deixa de ter efeito sobre esta, e a

 planta torna-se resistente àquele herbicida e a outros que se ligam da mesma forma àquela enzima.

Logicamente que, se o herbicida possuir mais de um mecanismo de ação, a planta pode morrer pela

ação do(s) outro(s) mecanismo(s), a não ser que ela apresente outros mecanismos de resistência, ou

seja, resistência múltipla.

Alteração do local de ação significa que a molécula herbicida diminui sua capacidade de

inibir esse ponto, devido a uma ou mais alterações na estrutura deste local. Contudo, em uma

  população de biótipos resistentes ocorrem diferentes níveis de resistência ou de susceptibilidade,que podem estar relacionados com o tipo de mutação ocorrida, com as formas alélicas do gene, tipo

de molécula e, ou, o tipo de mecanismo que está proporcionando a resistência.

Fontes externas de radiação, como o sol, podem provocar mutações no DNA. A luz

ultravioleta e o oxigênio são mutagênicos (BREWBAKER, 1969). Acredita-se que os herbicidas

não sejam capazes de provocar mutações, já que estes produtos, antes de serem lançados no

mercado, são avaliados quanto à sua capacidade mutagênica. Não há evidências, e é muito

improvável, que a mutação possa ocorrer por ação de algum herbicida ou outro defensivo agrícola

(KISSMANN, 1996). Como exemplo, têm-se plantas daninhas resistentes aos inibidores de ALS.

1.2 - Metabolização

A planta resistente possui a capacidade de decompor, mais rapidamente do que plantas

sensíveis, a molécula herbicida, tornando-a não-tóxica. Esse é o mecanismo de tolerância a

herbicidas apresentado pela maioria das culturas, como é o caso da resistência de Lolium rigidum a

triazinas e inibidores de ACCase.

1.3 - Compartimentalização

A molécula é conjugada com metabólitos da planta, tornando-se inativa, ou é removida das

  partes metabolicamente ativas da célula e armazenada em locais inativos, como o vacúolo (ex.:

 plantas resistentes ao paraquat).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas202

1.4 - Absorção e translocação

A absorção e a translocação são alteradas e, assim, a quantidade de herbicida que atinge olocal de ação é bastante reduzida, não chegando a ser suficiente para controlar a planta (ex.: plantas

resistentes aos bipiridílios).

Esses mecanismos podem, isoladamente ou associados, proporcionar tolerância ou

resistência a herbicidas, mesmo que pertencentes a diferentes grupos químicos. Desse modo, uma

 planta daninha pode ser sensível, tolerante ou resistente a um herbicida.

Uma planta é sensível a um herbicida quando o seu crescimento e desenvolvimento são

alterados pela ação do produto; assim, uma planta sensível pode morrer quando submetida a uma

determinada dose do herbicida. Já a tolerância é uma característica inata de uma espécie, em que as

 plantas são capazes de sobreviver e se reproduzir após o tratamento herbicida, mesmo sofrendo

injúrias. Relaciona-se com a variabilidade genética natural da espécie. Em uma população de

  plantas vão existir aquelas que, naturalmente, toleram mais ou menos um determinado herbicida.

Por outro lado, a resistência é a capacidade adquirida de alguns biótipos, de uma população de

  plantas, de sobreviver a determinados tratamentos herbicidas que, sob condições normais,

controlam os membros da população. A resistência pode ocorrer naturalmente (seleção) ou ser 

induzida com uso de técnicas de engenharia genética, cultura de tecidos ou de agentes mutagênicos.

A resistência pode ser cruzada ou múltipla. A resistência cruzada ocorre quando um biótipo

é resistente a dois ou mais herbicidas, devido a apenas um mecanismo de resistência; e a resistênciamúltipla, quando as plantas resistentes possuem dois ou mais mecanismos distintos que conferem

resistência. Assim, são resistentes a herbicidas de diferentes grupos químicos e com diferentes

mecanismos.

2 - Resistência cruzada

A resistência cruzada pode ser conferida a um biótipo por qualquer dos mecanismos que

conferem resistência.

A resistência cruzada conferida pelo local de ação ocorre quando uma mudança bioquímica,

no ponto de ação de um herbicida, também confere resistência a outras moléculas de diferentes

grupos químicos, que agem no mesmo local na planta (POWLES; PRESTON, 1998).

A resistência cruzada não confere, necessariamente, resistência a herbicidas de todos os

grupos químicos que possuem o mesmo local de ação. Também podem existir variações no nível deresistência cruzada dos biótipos a herbicidas de grupos diferentes. Biótipos de Lolium rigidum e

Kochia scoparia, que possuem resistência cruzada a herbicidas inibidores de ALS, apresentam

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 203

diferentes níveis de resistência aos diferentes grupos herbicidas que agem inibindo a ALS. Isso se

deve a pequenas diferenças de ligação entre a enzima e a molécula herbicida e a diferentes

mutações que ocorrem no gene que codifica a enzima ALS (POWLES; PRESTON, 1998). As

mutações já analisadas mostram substituição, no centro ativo A da ALS, da prolina 173. Conrudo,

  já foram encontradas outras alterações na ALS tanto no centro ativo A como em outras partes daenzima (POWLES; PRESTON, 1998).

Biótipos de Lolium rigidum resistentes aos herbicidas inibidores de ACCase, selecionados

com uso de herbicidas dos grupos ariloxifenoxipro-pionato ou cicloexanodiona, apresentam maior 

nível de resistência aos herbicidas do primeiro grupo do que aos do segundo. O diferente nível de

resistência pode ser resultado das diferentes mutações ocorridas no gene que codifica a enzima

ACCCase e do tipo de alelo do gene (POWLES; PRESTON, 1998).

A resistência cruzada, devido a outros mecanismos, é exemplificada por biótipos de Lolium

rigidum, encontrados na Austrália, resistentes aos herbicidas inibidores de ACCase, que não exibemalterações na enzima, mas apresentam pequenos aumentos no metabolismo do herbicida diclofop.

Acredita-se que as moléculas não-metabolizadas sejam imobilizadas ou armazenadas de forma a

evitar sua ação sobre a enzima. O metabolismo de herbicidas inibidores de ACCase e ALS é

realizado pelo Cyt P450, de forma semelhante à que ocorre na cultura do trigo, que é resistente a

vários herbicidas inibidores da ALS, devido à rápida metabolização da molécula por aril-

hidroxilação catalisada pelo Cyt P450 monoxigenase. A conjugação da molécula herbicida com

glicose também foi encontrada. Foi detectado, em biótipos de Lolium rigidum resistentes aos

herbicidas inibidores do FSII, aumento da taxa de metabolismo dos herbicidas (POWLES;

PRESTON, 1998).

3 - Resistência múltipla

A resistência múltipla é o maior problema atual, e futuro, relacionado a resistência de

  plantas daninhas a herbicidas. Nos casos mais simples, dois ou mais mecanismos conferemresistência à apenas um herbicida ou a um grupo de herbicida. Já os casos mais complexos são

aqueles em que dois ou mais mecanismos conferem resistência à diversos herbicidas de diferentes

grupos químicos; um exemplo são biótipos de Alopecurus myosuroides encontrados na Austrália,

que resistem a 15 herbicidas diferentes, entre eles diclofop, imazamethabenz, pendimethalim e

simazine. Além disso, as dificuldades de controle dos biótipos resistentes aumentam ainda mais

quando os mecanismos que conferem a resistência estão relacionados com o local de ação e com

outros mecanismos como o metabolismo. Para controlar estas plantas daninhas, é necessário

empregar misturas de herbicidas que não tenham sua atividade afetada pelos mecanismos de

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas204

resistência em questão. Há poucos casos registrados de plantas com resistência múltipla (POWLES;

PRESTON, 1998).

Biótipos de Lolium rigidum e Alopecurus myosuroides constituem casos complexos.

Existem biótipos de Lolium rigidum resistentes a herbicidas inibidores de ALS, devido a alterações

na enzima, e resistentes a chlorsulfuron, devido ao metabolismo. Os biótipos de A. myosuroidesmetabolizam chlorotoluron e alguns herbicidas inibidores de ACCase e apresentam ACCase

mutada. Contudo, o caso mais complicado de resistência múltipla, encontrado na Austrália, é de

  biótipos de Lolium rigidum que metabolizam herbicidas inibidores da ACCase, ALS e FSII e

 possuem ACCase e ALS mutadas (POWLES; PRESTON, 1998).

4 - Evolução da resistência

A teoria da evolução de Darwin, através da seleção natural, pode ser resumida em três

  princípios: o da variação: existem variações morfológicas, fisiológicas e de comportamento entre

indivíduos, dentro de qualquer população; o da hereditariedade: a prole parece mais com seus pais

do que com indivíduos não-aparentados; e o da seleção: algumas formas apresentam maior sucesso

na sobrevivência e reprodução do que outras, em determinado ambiente (SUZUKI et al., 1992).

Darwin postulava que a espécie como um todo vai mudando porque os seus indivíduos

evoluem na mesma direção, e, assim, a população da próxima geração terá uma freqüência elevada

dos tipos que tiveram maior sucesso em sobreviver e se multiplicar nas condições ambientais

vigentes. Desse modo, as freqüências dos vários tipos, dentro da população, irão mudar com o

tempo e os indivíduos mais bem adaptados ao ambiente tornam-se predominantes (SUZUKI et al.,

1992). O surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas é um exemplo de evolução de

  plantas como conseqüência de mudanças no ambiente provocadas pelo homem (MAXWELL;

MORTIMER, 1994).

O uso repetido de herbicidas para controle de plantas tem exercido alta pressão de seleção,

 provocando mudanças na flora de algumas regiões. Em geral, espécies ou biótipos de uma espécieque melhor se adaptam a uma determinada prática são selecionados e multiplicam-se rapidamente

(HOLT; LEBARON, 1990). Muitas evidências sugerem que o aparecimento de resistência a um

herbicida, em uma população de plantas, é devido à seleção de um biótipo resistente preexistente

que, por causa da pressão de seleção exercida por repetidas aplicações de um mesmo herbicida,

encontra condições para multiplicação (BETTS et al., 1992) (Quadro 2).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 205

 

Quadro 2 - Tempo para evolução da uma população de biótipos de plantas daninhas resistentes

AnoNo de PlantasResistentes

No de PlantasSensíveis

% de Controle Evolução

0 1 1.000.000 99,9999 Imperceptível

1 1 100.000 99,999 Imperceptível2 1 10.000 99,99 Imperceptível3 1 1.000 99,9 Imperceptível4 1 100 99,0 Imperceptível5 1 10 90,0 Pouco perceptível6 1 5 80,0 Perceptível7 1 2 50,0 Evidente

Fonte: Kissmann (1996)

A utilização de herbicidas que são altamente efetivos no controle de uma planta daninha

específica por um longo período de tempo induz uma grande pressão de seleção quandocomparados com outras práticas de controle. A intensidade dessa pressão de seleção sobre uma

  população de plantas daninhas, assim como as diferentes características biológicas, determinam a

  probabilidade do desenvolvimento de resistência das plantas daninhas a herbicidas. Assim,

conforme a Figura 1, a aplicação do mesmo herbicida, que apresenta 90% de eficácia de controle do

  biótipo suscetível, vai selecionando os indivíduos resistentes e aumentando a sua freqüência na

 população. É evidente que a intensidade de seleção na prática não é tão intensa como mostrada na

figura, pois no campo existe o banco de sementes, que funciona como um reservatório de sementes

suscetíveis e, assim, aumenta esse tempo de aparecimento.Os biótipos resistentes podem apresentar menor adaptação ecológica nesses ambientes e

tornam-se predominantes devido à eliminação das plantas sensíveis. Em condições de seleção

natural, biótipos com maior adaptação ecológica apresentam, em média, maior produção que

 biótipos menos adaptados (SAARI et al., 1994). Biótipos de Amaranthus retroflexus L. (CONARD;

RADOSEVICH, 1979) e Chenopodium album (PARKS et al., 1996), sensíveis às triazinas,

apresentaram maiores área foliar, altura e produção de sementes. A menor capacidade competitiva,

o crescimento e a produtividade de plantas resistentes a triazinas podem estar relacionados com a

sua capacidade fotossintética limitada (STOWE; HOLT, 1988). Por outro lado, não foramdetectadas diferenças na capacidade competitiva de Abutilon therphrasti resistente a triazina

(GRAY et al., 1995).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas206

Figura 1 - Aumento da freqüência do biótipo resistente devido a aplicações repetidas e anuais do mesmo herbicida

A maior questão ecológica associada com a evolução da resistência aos herbicidas envolve o

entendimento das relações entre adaptação, freqüência gênica, herança e fluxo gênico

(MAXWELL; MORTIMER, 1994).

A ocorrência de variações genéticas, capazes de serem transmitidas hereditariamente, e a

seleção natural favorecem o surgimento e a evolução da resistência. Aplicações repetidas de

herbicidas, com o mesmo mecanismo de ação, em uma população de plantas exerce alta pressão de

seleção, provocando uma seleção direcional e progressiva de indivíduos que possuem genes de

resistência. As plantas que expressam o gene de resistência são selecionadas, tornando-se

 predominantes rapidamente na área. A resistência está ligada a fatores genéticos e é hereditária

(KISSMANN, 1996).

O tempo e a proporção de plantas resistentes em um local variam com a freqüência de uso

do herbicida e dos seus efeitos biológicos, podendo ser bastante curtos, como três anos após a

introdução comercial (TARDIF; PAWLES, 1993), ou levar muitos anos, como no caso do

glyphosate, inibidor da EPSPs (Quadro 3). Foram identificados biótipos de plantas daninhas

resistentes a sulfoniluréias após quatro a cinco anos de uso contínuo de herbicidas deste grupo

(MALLORY-SMITH et al., 1990). Na Austrália, foram selecionados biótipos de Lolium rigidum

resistentes ao diclofop-methyl em três gerações, partindo de uma população sensível e usando-se

dose normal do herbicida.

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Quadro 3 – Tempo de evolução da resistência para diferentes mecanismos de açãoHerbicida Introdução Resistência Local

2,4-D 1948 1957 EUA e CanadáTriazinas 1959 1970 EUAPropanil 1962 1991 EUAParaquat 1966 1980 JapãoInibidores da EPSPs 1974 1996 AustráliaInibidores da ACCase 1977 1982 AustráliaInibidores da ALS 1982 1984 Austrália

Fonte: Weed Science (1998)

A indústria sempre buscou moléculas herbicidas com alto grau de segurança, ou seja, alta

eficiência e baixa toxicidade para o homem e o ambiente. O objetivo foi atingido e surgiram os

herbicidas modernos (inibidores de ALS e ACCase), altamente eficientes e específicos, que agemem pontos únicos nas rotas metabólicas das plantas. Contudo, herbicidas com essas características

exercem alta pressão de seleção e, assim, possuem grandes possibilidades de selecionar biótipos

resistentes, uma vez que uma alteração no seu ponto de ação (enzima) pode provocar a perda de sua

atividade sobre as plantas e, conseqüentemente, o surgimento de plantas resistentes.

Há seis fatores relacionados à população de plantas que interagem e determinam a

  probabilidade e o tempo de evolução da resistência. São eles: o número de alelos envolvidos na

expressão da resistência; a freqüência do(s) alelo(s) da resistência na população inicialmente

sensível; o modo de herança do(s) alelo(s) da resistência (citoplasmática ou nuclear); ascaracterísticas reprodutivas da espécie; a pressão de seleção; e a taxa de cruzamentos entre biótipos

resistentes e sensíveis (MORTIMER, 1998).

Um gene é formado por um par de alelos. O número de alelos que conferem a resistência é

importante, pois, quanto maior, mais genes podem estar envolvidos (poligênica) e mais lenta será a

evolução da resistência. As características poligênicas dependem da associação dos genes corretos.

Por outro lado, quando dois alelos estão envolvidos, significa que somente um gene é responsável

 pela resistência (monogênica) e a evolução será rápida.

A freqüência do(s) alelo(s) da resistência na população sensível geralmente está entre 1 em

1016 e 1 em 106 (MORTIMER, 1998), e quanto maior for a freqüência destes alelos, maior será a

 probabilidade de seleção de um biótipo resistente.

O tipo de herança do(s) alelo(s) da resistência é ponto crucial no estabelecimento da

resistência em uma população de plantas. Há dois tipos de herança: a citoplasmática (materna) e a

nuclear. Herança citoplasmática é aquela em que os caracteres hereditários são transmitidos via

citoplasma; assim, somente a planta-mãe poderá transmitir a resistência para os filhos, como é o

caso de plantas resistentes a triazinas. Por sua vez, se a herança for nuclear, a transmissão será via

cromossômica e, dessa forma, tanto o pai como a mãe podem transmitir a resistência, como é o caso

de plantas resistentes aos inibidores de ALS. Desse modo, características como herança do tipo

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas208

nuclear disseminam-se, via pólen, com maior rapidez no ambiente do que as do tipo citoplasmática

(materna).

As características reprodutivas, como dispersão de pólen e número de propágulos

 produ¬zidos, influenciam diretamente a dispersão das plantas resistentes. A dispersão da resistência

via pólen é influenciada pela eficiência de dispersão e longevidade do pólen (MULUGETA et al.,1994). A taxa de cruzamento entre os biótipos resistentes e sensíveis determina a dispersão dos

alelos de resistência na população. O intercâmbio de pólen, entre plantas resistentes e sensíveis,

 permite a dispersão da resistência principalmente em plantas com alta taxa de fecundação cruzada;

 já a contribuição do movimento de sementes é relativamente pequena (SAARI et al., 1994). O fluxo

gênico apresenta correlação com o fluxo de distribuição de pólen e varia com a espécie, o

mecanismo de polinização e as condições climáticas durante a floração (STALLINGS et al., 1995).

A alta pressão de seleção, favorecimento de um indivíduo em relação a outros, imposta

sobre uma população sensível proporciona espaço para o crescimento e desenvolvimento dos  biótipos resistentes. O uso de herbicidas altamente eficientes e com residual longo exerce alta

  pressão de seleção. A alta eficiência dos herbicidas provoca a eliminação rápida dos biótipos

sensíveis, favorecendo o desenvolvimento da população resistente. Já os herbicidas com residual

longo agem durante tempo maior, controlando as plantas sensíveis em diversos fluxos germinativos.

Resumidamente, o processo da evolução da resistência a herbicidas passa por três estádios:

eliminação dos biótipos altamente sensíveis, restando apenas os mais tolerantes e resistentes;

eliminação de todos os biótipos, exceto os resistentes, e seleção destes dentro de uma população

com alta tolerância; e intercruzamento entre os biótipos sobreviventes, gerando novos indivíduos

com maior grau de resistência, que serão selecionados futuramente devido segregação e

recombinação de genes (MORTIMER, 1998).

5 - Fatores que favorecem o surgimento da resistência

5.1 - Pressão de seleção

Os fatores intensidade de seleção e sua duração contribuem para a pressão de seleção

exercida pelos herbicidas. A intensidade de seleção é a resposta da população de plantas às

repetidas aplicações de herbicidas, que é medida pela eficiência de controle das plantas daninhas-

alvo e pela relativa redução da produção de sementes das plantas remanescentes, que será

 proporcional à dose e, ou, ao tempo. A duração da seleção é medida pelo tempo no qual o herbicida

  permanece com residual. A intensidade e a duração da seleção interagem, provocando variações

sazonais que podem ser observadas nas espécies, de acordo com sua fenologia e seu crescimento(MORTIMER, 1998). O uso repetido de um mesmo herbicida ou de herbicidas com mesmo

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 209

mecanismo de ação, altamente específicos e com longo residual, produz alta pressão de seleção e

aumenta a possibilidade de seleção de biótipos resistentes.

5.2 - Variabilidade genética

A variabilidade genética das plantas daninhas, associada à adequada intensidade e duração

de seleção, torna inevitável o surgimento de plantas resistentes. O(s) gene(s) que conferem a

resistência a um determinado herbicida pode(m) estar presente(s) em uma população antes mesmo

que este herbicida seja lançado no mercado. Toda população natural de plantas daninhas contém

  biótipos resistentes a herbicidas, que se apresentam indiferentes à aplicação de algum herbicida

(HRAC, 1998a).

Geneticamente, há dois caminhos para o aparecimento de plantas resistentes: a ocorrência de

um gene ou de genes que conferem a resistência em freqüência muito baixa na população ou através

de uma mutação (MORTIMER, 1998). O gene ou os cromossomos mutantes são a fonte essencial

de toda a variação genética (BREWBAKER, 1969).

A seleção altera as proporções entre as plantas sensíveis e resistentes. A possibilidade de

ocorrer resistência em uma população, devido à mutação, é resultado da relação entre a freqüência

da mutação e o tamanho da população. Características das plantas daninhas como alta diversidade

genética, baixa dormência das sementes, grande produção de polén e propágulos, aliadas ao

monocultivo e ao uso repetido do controle químico, contribuem grandemente para o surgimento de

 plantas resistentes.

6 - Diagnóstico da resistência a campo

A resistência é um fenômeno que evolui em uma lavoura durante vários anos. O controle

insatisfatório de plantas daninhas não significa necessariamente que seja resistência. SegundoHRAC (1998a), quando se suspeitar da ocorrência de resistência, inicialmente, deve-se responder às

seguintes perguntas:

a) Produto, dosagem, época ou estádio de aplicação, calibração, volume de calda,

adjuvantes, tipo de bicos e condições ambientais foram adequados?

  b) As falhas de controle foram para uma espécie apenas?

c) As plantas não são resultado de reinfestação?

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas210

Se as respostas a estas perguntas forem afirmativas, deve-se iniciar a investigação dos

fatores que levam à resistência.

a) Ultimamente tem-se reptido aplicação de um mesmo herbicida ou herbicidas com

mesmo mecanismo de ação?  b) O herbicida em questão vem perdendo eficiência?

c) Há casos de plantas resistentes a este herbicida?

d) O herbicida não perdeu eficiência sobre outras espécies?

Se a resposta a uma ou mais destas perguntas for afirmativa, existe a possibilidade de ser 

resistência, devendo-se realizar testes para confirmação.

7 - Como confirmar a resistência

O método mais comum e recomendado pelo HRAC (1998b) é colher sementes das plantas

suspeitas de resistência e de plantas sensíveis, semear em vasos e tratar com doses crescentes do

herbicida em questão.

Para se ter certeza de que as plantas colhidas representam a população, deve-se colher em

torno de 40 plantas ou 1.000 sementes. Para servir como padrão sensível, devem-se colher sementes

de plantas em locais que nunca receberam aplicação daquele herbicida.

As condições de aplicação devem seguir aquelas recomendadas pela empresa fabricante. As

doses a serem aplicadas são: metade da recomendada, dose recomendada, duas e quatro vezes a

dose recomendada. Após duas e quatro semanas, avaliar o controle e a produção de matéria fresca.

Os resultados podem indicar se a resistência é devido à alteração no local de ação ou à

metabolização da molécula. Se a diferença de controle entre os biótipos resistentes e sensíveis for 

grande, indica que o possível mecanismo de resistência está relacionado com o local de ação. Por 

outro lado, se a diferença de controle for pequena, indica que o provável mecanismo envolvido émetabolismo da molécula.

As diferenças entre biótipos resistentes e sensíveis de uma espécie podem ser 

quantitativamente expressas comparando-se as doses de herbicidas necessárias para reduzir 50% da

 população (DL50), da biomassa (GR50) ou da atividade da enzima (I50), das plantas tratadas com

herbicida em comparação com as não-tratadas (MAXWELL; MORTIMER, 1994).

Análises bioquímicas, para identificar o mecanismo exato da resistência, podem ser 

realizadas em nível de laboratório. Existem metodologias para estudo da maioria dos casos de

resistência. No Brasil, Ponchio (1997) isolou a enzima ALS e avaliou a sua resposta a diferentesdoses de herbicidas que agem sobre ela.

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 211

A empresa fabricante deve ser informada e, juntamente com esta, devem-se realizar os testes

e determinar medidas de manejo. O acompanhamento e a avaliação da eficiência das medidas

adotadas para combate à resistência são indispensáveis para garantir o sucesso da prática.

Em caso de confirmação da resistência, deve-se, em primeiro lugar:

a) Erradicar imediatamente as plantas remanescentes, para reduzir o acréscimo desementes ao banco.

  b) Colocar em prática o programa de manejo da resistência.

c) Evitar a disseminação.

8 - Como evitar a resistência

Antes que as falhas de controle apareçam na lavoura, algumas práticas podem ser 

implantadas, a fim de minimizar o risco do surgimento de plantas resistentes (Quadro 4). São elas:

reduzir a pressão de seleção e controlar os indivíduos resistentes antes que eles possam se

multiplicar. Isso pode ser conseguido com adoção das seguintes práticas:

a) Usar herbicidas com diferente mecanismo de ação.

  b) Realizar aplicações seqüenciais.

c) Usar mistura de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e de detoxificação.

d) Realizar rotação de mecanismo de ação.

e) Limitar aplicações de um mesmo herbicida.

f) Usar herbicidas com menor pressão de seleção (residual e eficiência).

g) Rotacionar o plantio de culturas.

h) Rotacionar os métodos de controle de plantas daninhas.

i) Acompanhar mudanças na flora.

  j) Usar sementes certificadas.

k) Controlar plantas em áreas adjacentes (terraços, pós-colheita).

l) Rotacionar o método de preparo do solo.

A adoção dessas práticas visa reduzir a pressão de seleção. A mistura de produtos com

diferentes mecanismos de ação proporciona controle eficiente por maior número de anos do que

ambos aplicados de forma isolada, já que a probabilidade de uma planta daninha tornar-se resistente

aos dois mecanismos, simultaneamente, é pequena. Para minimizar os riscos de resistência, os

herbicidas que compõem a mistura devem controlar o mesmo espectro de plantas daninhas e ter 

 persistência similar e diferente mecanismo de ação e de detoxificação. As práticas culturais visam

aumentar o número de possibilidades de controle das plantas daninhas, através de diferentesmétodos de controle e mecanismos herbicidas.

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Quadro 4 – Risco de evolução da resistência, de acordo com as práticas de cultivoRisco de resistênciaOpção de manejo

Baixo Médio AltoMecanismo herbicida usado Mais que dois Dois mecanismos Um mecanismo

Mistura de herbicidas Mais que dois mecanismos Dois mecanismos Um mecanismoMétodo de controle

Cultural, mecânico equímico

Cultural e químico Químico

Rotação de cultura Completa Limitada NenhumaInfestação Baixa Média AltaControle nos últimos três anos Bom Declinando Ruim

Fonte: Adaptado de HRAC (1998d)

9 - Manejo da resistência a herbicidas

As estratégias de manejo vêm sendo discutidas continuamente por cientistas da área. As

várias opções que vêm sendo sugeridas estão baseadas em somente dois processos biológicos:

alteração da pressão de seleção e, ou, seleção reversa, favorecendo os alelos sensíveis

(MORTIMER, 1998).

A redução na pressão de seleção, no caso de a resistência ser monogênica, pode ser 

conseguida com redução na dose do herbicida que selecionou as plantas resistentes, uso de misturasde herbicidas, rotação de culturas e métodos de controle e usando-se herbicidas com diferentes

mecanismos de ação. Desse modo, as plantas que não são controladas com uso de herbicidas

alternativos podem contribuir para a disseminação e o aumento da freqüência gênica dos alelos

sensíveis, e com o passar do tempo a população de plantas resistentes será reduzida (MORTIMER,

1998). Por outro lado, se a resistência for uma característica poligênica, essas medidas podem

agravar o problema. As características poligênicas dependem da associação dos genes corretos;

assim, a redução na pressão de seleção aumenta a probabilidade de associação desses genes em um

 biótipo. A baixa pressão de seleção poderá, neste caso, selecionar biótipos altamente resistentes. Ouso de altas doses pode intensificar a seleção, mas reduzirá o número de genes na população

capazes de associarem-se (MORTIMER, 1998).

A seleção reversa ocorre na ausência da seleção herbicida. O comportamento de uma

  população de plantas pode ser altamente modificado, e os biótipos mais adaptados tendem a

dominar o ambiente. Biótipos de Senecio vulgaris, resistentes às triazinas, são menos competitivos

do que biótipos sensíveis. A taxa de cruzamento entre os biótipos resistentes é reduzida. Essa tática

somente será eficiente na redução da população dos biótipos resistentes em casos em que as

diferenças de adaptabilidade entre os biótipos resistentes e sensíveis forem grandes (MORTIMER,

1998).

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Considerando que a resistência é um problema que pode afetar intensamente o mercado de

herbicidas, as indústrias tomaram a iniciativa, através do GCPF (Federação Global de Proteção de

Plantas), de constituir um grupo permanente de cientistas para estudar o assunto e propor soluções.

Este grupo chama-se HRAC (Herbicide Resistance Action Committee) e é formado por três

subgrupos que estudam triazinas, inibidores de ALS e inibidores de ACCase, por serem os trêsgrupos de produtos com maiores problemas (KISSMANN, 1996).

As empresas fabricantes de herbicidas, responsáveis pelo HRAC, estão empenhadas em

desenvolver técnicas e estratégias para identificação, manejo e monitoramento dos casos de

resistência, financiando pesquisas e com iniciativas educativas que visam esclarecer aspectos sobre

a resistência e o modo de ação de cada herbicida.

O conhecimento do modo de ação dos herbicidas é fundamental na adoção de técnicas de

manejo, fortemente defendidas pelas empresas, que incluem mistura de herbicidas, rotação de

mecanismos de ação e adoção de práticas culturais específicas, que visam prolongar a vida útil dasmoléculas envolvidas na resistência.

10 - Características da resistência por grupos herbicidas

10.1 - Auxinas

As auxinas sintéticas 2,4-D e MCPA revolucionaram o controle de espécies daninhas de

folha larga em cereais na década de 1940 e têm sido usadas largamente desde então. Considerando

o tempo e o uso extensivo destes herbicidas, poucas plantas daninhas evoluíram resistência até hoje.

Os três primeiros casos de resistência identificados foram a esta classe herbicida. Em 1957, foram

identificados biótipos de Commelina diffusa, nos Estados Unidos, e de Daucus carota, no Canadá,

resistentes ao 2,4-D. O terceiro caso foi em 1964, quando biótipos resistentes de Convolvulus

arvensis foram identificados nos Estados Unidos (WEED SCIENCE, 1998)

O uso extensivo de 2,4-D e MCPA em trigo selecionou Sinapis arvensis, no Canadá,Papaver rhoeas, na Espanha, e Matricaria perforata, na França. O herbicida quinclorac, considerado

uma auxina e usado para controle de gramíneas em arroz, selecionou biótipos resistentes de

Echinocloa crus-galli na Espanha. Os biótipos resistentes assumem importância, devido ao largo

uso destes herbicidas para controlar grande número de espécies e ao restrito número de herbicidas

com potencial para substituí-los (HEAP, 1997).

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10.2 - Bipiridílios

Os herbicidas bipiridílios são herbicidas não-seletivos aplicados em pós-emergência, não-translocáveis (de contato) e com baixa persistência biológica no solo. Após duas décadas de uso,

foram identificadas, no Egito, plantas de Conyza bonariensis resistentes ao paraquat (PRESTON,

1994). Depois disso, em 1980, foram identificados, no Japão, biótipos de Erigeron philadelphicus,

Erigeron sumatrensis e Youngia japonica resistentes a estes herbicidas. Aplicações de paraquat e

diquat selecionaram 25 e duas espécies resistentes, respectivamente. Dentre estas, 20 são

dicotiledôneas e sete são monocotiledôneas (HEAP, 1997).

Os mecanismos que conferem resistência aos bipiridílios são redução na translocação e

compartimentalização da molécula (PRESTON, 1994).

Devido à pequena área infestada e ao número de herbicidas alternativos, os biótipos

resistentes a este grupo herbicida não são considerados de grande importância (HEAP, 1997).

10.3 - Derivados da glicina

O herbicida glyphosate é o produto mais usado deste grupo. Por apresentar mais de um

mecanismo de ação, limitado metabolismo pelas plantas e baixo poder residual, é considerado um

  produto com baixa probabilidade de selecionar espécies resistentes. Contudo, os herbicidas  bipiridílios, que apresentam baixo residual, selecionaram 26 espécies resistentes, e os herbicidas

auxínicos e inibidores de ACCase, que apresentam, como o glyphosate, mais de um mecanismo de

ação, selecionaram, cada um, 17 espécies resistentes. O argumento mais convincente, de que o

glyphosate apresenta baixo risco para selecionar biótipos resistentes, é o longo tempo em que este

vem sendo usado, em uma vasta área, com surgimento de apenas uma espécie resistente (HEAP,

1997).

Em 1996 foram identificados, na Austrália, biótipos de Lolium rigidum, resistentes ao

glyphosate, em lavouras que usaram o produto para controlar plantas daninhas em pré-plantio, pelomenos, dez vezes nos últimos 15 anos. Atualmente existem comprovados no mundo seis casos de

resistência ao glyphosate. Trabalhos realizados por Pratley et al. (1997) demonstraram que os

  biótipos resistentes de Lolium rigidum foram dez vezes mais tolerantes ao glyphosate do que os

  biótipos sensíveis. Os biótipos também apresentaram-se resistentes ao diclofop e sensíveis aos

demais herbicidas graminicidas usados para seu controle.

Lorraine-Colwill et al. (2002) trabalhando com Lolium rigidum, não encontraram nenhuma

diferença em nível da expressão gênica no alvo do herbicida e na síntese de EPSPs. Segundo esses

autores, entre plantas resistentes e suscetíveis as enzimas são igualmente sensíveis ao glyphosate em

ambas as populações.

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 215

Esses trabalhos também demonstraram que não existem diferenças de absorção,

translocação, metabolismo e sensibilidade da EPSPS ao glyphosate, entre os biótipos resistentes e

sensíveis; assim, acredita-se que estes mecanismos não são as causas principais da resistência dos

 biótipos a este herbicida. A única diferença entre os biótipos foi o maior nível de RNAm encontrado

nos biótipos resistentes, em resposta ao tratamento com glyphosate. Desse modo, a maior quantidade de EPSPs sintetizada poderia ser a causa da resistência. Biótipos de Festuca rubra,

resistentes ao glyphosate, foram selecionados artificialmente (MORTIMER, 1998).

A identificação de biótipos resistentes ao glyphosate indica que a resistência a este produto

deve ser prevenida. Dessa forma, os cultivares de soja resistentes ao glyphosate, recentemente

desenvolvidos, devem ser usados com rotação de culturas e de herbicidas. O uso de misturas

herbicidas e emprego de mais de um método de controle, além do químico, devem ser adotados.

10.4 - Dinitroanilinas

Os herbicidas do grupo dinitroanilinas, como trifluralin, oryzalin e pendimethalin, são

usados em pré-emergência para controlar plantas daninhas gramíneas em culturas oleaginosas.

Apesar do tempo de uso e do seu longo período residual, somente cinco monocotiledôneas e uma

dicotiledônea apresentam resistência a este grupo herbicida (HEAP, 1998). Biótipos de Lolium

rigidum apresentam resistência cruzada às dinitroanilinas, devido ao metabolismo dessas moléculas

(MOSS, 1990; POWLES; HOWAT, 1990). Nos Estados Unidos, biótipos de Eleusine indica,

Sorghum halepense e Amaranthus palmeri evoluíram resistência à trifluralin após 15 a 20 anos deuso em cereais e leguminosas. Os herbicidas inibidores de ACCase são o primeiro grupo herbicida

alternativo para controlar biótipos resistentes aos herbicidas do grupo dinitroanilina, e isso fez com

que fossem selecionados biótipos de Setaria viridis com resistência múltipla a estes mecanismos

(HEAP, 1997).

10.5 - Inibidores de ACCase

Este grupo herbicida foi introduzido na década de 1970, para controle de gramíneas. Essas

moléculas agem sobre a enzima ACCase e controlam com eficiência gramíneas em culturas mono e

dicotiledôneas. Há 17 espécies monocotiledôneas resistentes aos inibidores da ACCase, em 16

 países. Lolium rigidum e Avena fatua são as espécies com maior importância. Estima-se que haja,

na Austrália, mais de 3.000 locais com Lolium rigidum resistente e, no Canadá, mais de 500 locais

com Avena fatua (HEAP, 1998).

Entre as plantas resistentes, considera-se que aquelas que resistem aos herbicidas inibidores

de ACCase tenham a maior importância econômica, em razão da área infestada e do número restrito

de mecanismos alternativos para controle dos biótipos resistentes (HEAP, 1997).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas216

Biótipos de Lolium rigidum, resistentes aos herbicidas inibidores de ACCase, selecionados

com uso de herbicidas dos grupos ariloxifenoxipro-pionato ou cicloexanodiona, apresentam maior 

nível de resistência aos herbicidas do primeiro grupo do que aos do segundo. O diferente nível de

resistência pode ser resultado das diferentes mutações ocorridas no gene que codifica a enzima

ACCase e do tipo de alelo do gene (POWLES; PRESTON, 1998). A despolarização das membranasé um segundo mecanismo de ação atribuído aos herbicidas deste grupo. A manutenção do potencial

é vital para a sobrevivência da célula. Assim, plantas resistentes aos herbicidas inibidores de

ACCase devem possuir mais de um mecanismo que proporcione a resistência, um relacionado com

a ACCase e outro com a membrana plasmática. Em biótipos de Lolium rigidum, a repolarização das

membranas ocorre independentemente da presença da ACCase mutada e existem muitas diferenças

entre as membranas dos biótipos resistente e sensível (HEAP, 1997).

10.6 - Inibidores de ALS

A introdução no mercado dos herbicidas inibidores de ALS ocorreu em 1982, com o

lançamento da molécula chlorsulfuron para uso em cereais (SAARI et al., 1994). Estes herbicidas

são largamente usados devido a sua baixa toxicidade para animais, alta seletividade para as culturas

e alta eficiência com emprego de doses baixas (HESS, 1994; AHRENS, 1994). Os herbicidas

classificados como inibidores de ALS tornaram-se uma ferramenta de grande importância para

agricultura, em razão da sua eficiência e do reduzido impacto ambiental (SAARI et al., 1994).

Essas características contribuíram para o surgimento rápido da resistência.Aproxi¬madamente cinco anos após o início do uso dos herbicidas inibidores de ALS, surgiu a

  primeira espécie resistente (SAARI et al., 1994). Atualmente, há 50 espécies de plantas daninhas

resistentes a estes produtos, em 14 países. Dentre estas, 41 são dicotiledôneas e nove são

monocotiledôneas. Nos últimos dez anos, este grupo herbicida vem apresentando o maior número

de registros de plantas resistentes. Entre as espécies descritas estão Kochia scoparia, Amaranthus

strumarium e Sorghum bicolor (HEAP, 1997).

Os herbicidas inibidores da ALS apresentam alta freqüência de casos de resistência de

 plantas daninhas, o que se deve a vários fatores, como: 1) a amplitude de recomendações possíveis,que vai desde a cultura da soja até área de produção de arroz irrigado e florestas implantadas, bem

como a seu grande espectro de controle de plantas daninhas, desde gramíneas até dicotiledôneas e

 plantas daninhas perenes como a tiririca e a grama-seda; 2) alta eficácia da maioria dos herbicidas

inibidores da ALS - esses herbicidas podem atingir níveis de controle próximos a 100%; 3) muitos

herbicidas inibidores da ALS apresentam residual prolongado no solo e conseqüentemente

aumentam a pressão de seleção para biótipos resistentes; 4) a resistência aos herbicidas inibidores

da ALS é determinada geneticamente por lócus simples e semidominante e alta freqüência inicial -

em todos os casos de resistência estudados até o momento, a resistência aos inibidores da ALS temsido atribuída a mudanças na seqüência de aminoácidos; 5) trabalhos têm mostrado que os biótipos

resistentes apresentam a mesma adaptabilidade ecológica que os biótipos sucetíveis dos inibidores

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 217

da ALS; e 6) a maioria dos casos de resistência aos inibidores da ALS estudados apresenta

resistência cruzada aos diversos grupos químicos de herbicidas que tem este mecanismo de ação

(VARGAS et al., 2004).

A resistência a imidazolinonas e sulfoniluréias é conferida por um gene dominante nuclear 

(MAZUR; FALCO, 1989; SAARI et al., 1994). A causa da resistência aos herbicidas inibidores deALS está em mutações que ocorrem no DNA e no metabolismo da molécula herbicida.

O gene que codifica a enzima ALS nas espécies resistentes pode apresentar diferentes

mutações, entre elas a substituição, no centro ativo A da ALS, da prolina 173 por uma alanina,

glutamina, histidina, serina ou treonina, que conferem alterações funcionais na enzima ALS

(POWLES; PRESTON, 1998). Além da prolina, outros aminoácidos da ALS podem ser 

substituídos e produzir plantas resistentes com características distintas. Essas mutações não alteram

a função biológica da ALS; assim, até o momento, não foram encontrados biótipos resistentes que

apresentem alteração na taxa de crescimento ou na capacidade competitiva.O metabolismo das moléculas herbicidas é outro mecanismo usado por plantas daninhas

 para resistir a estes herbicidas. A rápida inativação metabólica é a base para a resistência do biótipo

SR4/84 de Lolium rigidum ao chlorsulfuron (COTTERMAN; SAARI, 1992). Christopher et al.

(1992) identificaram biótipos de Lolium rigidum resistentes ao herbicida chlorsulfuron, porém a

atividade da ALS, em um dos biótipos resistentes, respondeu igualmente a um biótipo sensível ao

herbicida; dessa forma, a resistência deste biótipo se deve à rápida metabolização do herbicida. Já

um segundo biótipo apresentou resistência devido à insensibilidade da enzima ALS ao inibidor;

contudo, não está descartada a hipótese de que o metabolismo da molécula também esteja

envolvido.

10.7 - Triazinas

A maioria das plantas daninhas resistentes às triazinas foram localizadas em lavouras de

milho na Europa e América do Norte. Entre as plantas resistentes relatadas existem nove espécies

de Amaranthus, cinco de Polygonum e quatro de Chenopodium. As espécies mais freqüentes são

Chenopodium album, em 16 países, Amaranthus retroflexus e Senecio vulgaris, em dez países, eSolanum nigrum, em nove países. Estima-se que a área infestada no mundo com plantas daninhas

resistentes aos herbicidas triazinas seja superior a três milhões de hectares. As plantas daninhas

resistentes têm sido controladas com eficiência, usando-se herbicidas alternativos (HEAP, 1997).

Alterações na proteína D1 são as principais causas da ocorrência de plantas resistentes aos

herbicidas que agem no fotossistema II, como as triazinas e uréias substituídas. A mutação na D1

 provoca alto nível de resistência aos herbicidas do grupo triazinas, mas não a todos os herbicidas do

grupo das uréias. Os diferentes níveis de resistência são atribuídos às diferenças na estrutura do

centro de reação da D1 entre às espécies, já que, até o momento, foi identificada somente umamutação na proteína D1: a substituição da serina 264 por uma glicina. Esta mutação afeta o fluxo de

elétrons no FSII; assim, biótipos resistentes apresentam menor crescimento do que biótipos normais

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas218

(POWLES; PRESTON, 1998). A mutação responsável pela resistência às triazinas ocorreu no

genoma do cloroplasto; dessa forma, a resistência não é transmitida hereditariamente via pólen, mas

sim via herança materna.

Os biótipos de plantas daninhas resistentes às triazinas são controlados com eficiência, em

muitos países, com uso de herbicidas alternativos (HEAP, 1998).

10.8 - Uréias/amidas

A primeira espécie a apresentar resistência às uréias foi Alopecurus myosuroides no Reino

Unido, em 1982, e na Alemanha, em 1983. Atualmente, mais de 40 espécies apresentam resistência

a este grupo e duas ao propanil, que pertence ao grupo das amidas. Biótipos de Alopecurus

myosuroides, resistentes a chlorotoluron, apresentam sérios problemas de controle, por possuírem

capacidade de metabolizar herbicidas com diferentes mecanismos de ação. O herbicida propanil é

usado para controlar Echinocloa colona e E. crusgalli em lavouras de arroz. A ocorrência destes

 biótipos resistentes inviabiliza o uso deste herbicida em lavouras da Colômbia, da Costa Rica e dos

Estados Unidos (HEAP, 1997).

11 - Seleção de biótipos resistentes por diferentes mecanismos de ação herbicida

Os herbicidas selecionam biótipos resistentes com diferentes mecanismos de resistência

(Quadro 5) e em diferentes períodos de tempo (Quadro 3). As diferenças se devem à variabilidade

genética das espécies envolvidas, ao tamanho da área e ao tempo em que este produto é usado na

área, além da facilidade que as espécies possuem de evoluir resistência para o herbicida e do

número de mecanismos envolvidos. Os herbicidas triazinas e auxina sintéticas vêm sendo usados

em milhões de hectares há mais de 30 anos, com e sem rotação. Até o momento existem 64 espécies

resistentes às triazinas e 17 resistentes aos auxínicos. Isso demonstra que as triazinas apresentammaior risco de seleção de biótipos resistentes que as auxinas sintéticas (HEAP, 1997). As diferenças

relacionadas ao mecanismo de ação destes herbicidas podem ser a resposta para essa questão.

Quadro 5 - Mecanismos de resistência de plantas daninhas a herbicidas pertencentes a diferentes

grupos químicosHerbicida Mecanismo

Triazinas Local de ação alterado/metabolismoDinitroanilina Local de ação alterado

Inibidores da ALS Local de ação alteradoInibidores da ACCase Local de ação alteradoPropanil Metabolismo2,4- D Desconhecido

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 219

Os herbicidas dos grupos cloroacetamidas e inibidores da EPSPs (glyphosate), apesar de

serem considerados de baixo risco, selecionaram biótipos resistentes devido ao seu emprego em

vastas áreas (HEAP, 1997). O glyphosate esta sendo usado intensivamente na agricultura há mais de

25 anos, até o presente momento, um número limitado de populações de plantas daninhas sofreu

  pressão de seleção suficiente para o aparecimento de biótipos resistentes (CHRISTOFOLETI;LÓPEZ-OVEJERO, 2003). O primeiro caso de resistência de plantas daninhas ao herbicida

glyphosate foi registrado em 1996. Até hoje foram constatados casos de resistência em 6 espécies

de plantas daninhas, são elas: Lolium rigudum, Eleusine indica, Conyza canadensis, Lolium

multiflorum, Conyza banariensis e Plantago lanceolata (WEED SCIENCE, 2006).

  Nos últimos dez anos foram identificadas mais espécies resistentes para os inibidores de

ALS do que para qualquer outro mecanismo de ação. A alta freqüência inicial de indivíduos

resistentes na população, a vasta área tratada, a alta especificidade e eficiência e o longo período

residual contribuem para a evolução rápida da resistência aos herbicidas que agem inibindo asenzimas ALS e ACCase. Em razão de suas características, estes herbicidas apresentam alto

 potencial para selecionar plantas resistentes.

Somente com o uso de todos os métodos de controle disponíveis conjuntamente, poderão ser 

evitados o surgimento de novos casos de resistência e o surgimento de plantas com resistência

múltipla, que é um problema muito maior do que a resistência cruzada.

12 - A resistência de plantas daninhas no Brasil

Atualmente são reconhecidos 15 casos de plantas daninhas resistentes no Brasil. (Quadro 6).

O primeiro caso de resistência, relatado oficialmente, foi o da planta daninha Bidens pilosa L. aos

herbicidas inibidores de ALS. A enzima ALS, dos biótipos resistentes, mostrou-se menos sensível a

estes herbicidas e, desse modo, constitui-se na mais provável causa da resistência (PONCHIO,

1997). Estes biótipos foram encontrados em lavouras dos estados do Rio Grande do Sul e Mato

Grosso do Sul e apresentam resistência cruzada aos herbicidas inibidores de ALS, mas são sensíveisaos herbicidas alternativos sulfentrazone, bentazon, lactofen, fomesafen e acifluorfen (PONCHIO,

1997; VARGAS et al., 1999).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas220

Quadro 6 - Espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas ocorrentes no Brasil e seu

 provável mecanismo

Biótipos resistentes Nome comum Mecanismo de ação ao qualadquiriu resistência

 Bidens pilosa Picão-preto Inibidores da ALS Bidens subalternans Picão-preto Inibidores da ALS Brachiaria plantaginea Capim-marmelada Inibidores da ACCaseCyperus difformis Junquinho Inibidores da ALS

 Echinochloa colonum Capim-arroz Auxina sintética Digitaria ciliaris Capim-colchão Inibidores da ACCase Echinochloa crusgalli var. crusgalli Capim- arroz Auxina sintética Echinochloa crus-pavonis Capim- arroz Auxina sintética Eleusineiíndica Capim-pé-de-galinha Inibidores da ALS Euphorbia heterophylla Leiteiro Inibidores da ALS Euphorbia heterophylla  Leiteiro Inibidores da ALS e PPO

Sagitaria montevidensis Flecha Inibidores da ALSFimbristylis miliacea Cuminho Inibidores da ALS

 Lolium multifolium Azevém Inibidores da EPSPsParthenium hysterophorus Losna-branca Inibidores da ALS

 Raphanus sativus   Nabiça Inibidores da ALS

Fonte: Wees Science (2006)

Biótipos de Euphorbia heterophylla, resistentes aos herbicidas inibidores de ALS, e

Brachiaria plantaginea, resistentes aos herbicidas inibidores de ACCase, foram identificados em

lavouras de soja nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, onde estes produtos são empregados hámais de cinco anos. O uso repetido destes herbicidas pode ser a principal causa da seleção dos

 biótipos resistentes.

Estudos relacionados a inibidores da ALS em condições de laboratório e de campo,

referentes à resistência em Euphorbia heterophylla L., estão sendo realizados na Universidade

Federal de Viçosa. Os resultados deste trabalho indicam que a resistência é conferida por um gene

dominante nuclear e que os biótipos apresentam resistência cruzada aos herbicidas inibidores de

ALS, porém são sensíveis a herbicidas com outros mecanismos de ação. Os biótipos resistentes

sobreviveram ao tratamento com dose 16 vezes maior que a dose de campo (de rótulo). Não houve

diferenças entre os biótipos resistentes e sensíveis relacionadas à taxa de germinação e à

  profundidade de germinação e emergência. Estudos relacionados à capacidade competitiva e ao

comportamento das sementes no solo não indicam, até o momento, diferenças entre os biótipos

resistentes e sensíveis.

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 221

 

13 - Resistência do azevém (lolium multiflorum) ao glyphosate

Lolium multiflorum é uma espécie anual ou bianual, morfologicamente muito variável,

ereta, herbácea, densamente perfilhada, glaba, de 30 a 90 cm de altura. Originária do sul da Europa,

 propaga-se apenas por sementes (LORENZI, 2000).

O primeiro caso de Lolium multiflorum resistente ao glyphosate foi relatado por Perez e

Kogan (2002). Este biótipo resistente foi identificado em pomares no Chile, que vinham recebendo,

em média, três aplicações de glyphosate por ciclo durante os últimos 8 a 10 anos.

  No Brasil, foram identificados biótipos de azevém (Lolium multiflorum) resistentes ao

glyphosate em lavouras de culturas anuais e em pomares (ROMAN et al., 2004). Em todos esses

casos a aplicação repetida e continuada de glyphosate para controle da vegetação é considerada a

 principal causa da seleção dos biótipos resistentes.

Vargas et al. (2004), trabalhando com biótipos sucetíveis e resistentes de azevém (Lolium

multiflorum), observaram que aproximadamente 80% das plantas avaliadas resistiram a dose de até

1.440 g ha-1 de glyphosate e, aproximadamente, 20% a doses de até 11.520 g ha-1. Nesse mesmo

trabalho, a dose de 360 g ha-1 foi suficiente para controlar o biótipo sensível.

Com relação ao Lolium rigidum, o mecanismo que confere resistência ao glyphosate ainda

não foi determinado com clareza. Lorraine-Colwill et al. (2002) não encontraram nenhuma

diferença em nível da expressão gênica no alvo do herbicida e na síntese de EPSPs. Nas plantas

resistentes e suscetíveis, as enzimas foram igualmente sensíveis ao glyphosate em ambas às

 populações. As plantas resistentes e suscetíveis foram igualmente capazes de absorver o herbicida

aplicado. A diferença marcante entre populações resistentes e suscetíveis foi encontrada no

translocação do glyphosate. Depois do tratamento com glyphosate os autores observaram

acumulação do produto nas raízes de plantas suscetíveis e nas pontas das folhas de plantas

resistentes (Quadro 7).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas222

Quadro 7 - Translocação foliar do 14glyphosate aplicado em plantas resistentes e suscetíveis, em

 biótipos de L. rigidum após o pré-tratamento com glyphosate isopropilamina (450 g ha -1)14 C (% total absorvido)

Horas BiótiposAcima do LA LA Abaixo do LA Raízes

S 30 ± 2 13 ± 1 55 ± 2 02 ± 02R 28 ± 4 11 ± 1 58 ± 5 02 ± 0S 40 ± 3 11 ± 1 44 ± 3 05 ± 1

4R 42 ± 4 10 ± 1 44 ± 4 04 ± 0S 36 ± 5 11 ± 2 45 ± 3 08 ± 1

8R 48 ± 5 10 ± 2 37 ± 3 05 ± 1S 19 ± 3 08 ± 1 53 ± 3 20 ± 2

24R 42 ± 5 10 ± 1 43 ± 4 05 ± 1S 15 ± 2 10 ± 2 55 ± 3 20 ± 4

48R 50 ± 1 11 ± 1 33 ± 3 06 ± 1

Lorraine-Colwill et al. (2002).

Os valores mostrados são a médias de 10-15 plantas dos biótipos resistente e suscetível, com erros-padrão. LA: local da aplicação.

Baerson et al. (2002) observaram inicialmente que numa população de Lolium rigudum

existiam plantas com diferentes níveis de resistência ao glyphosate e assim classificaram estes

  biótipos como suscetível, intermediário , resistente e altamente resistente. Os autores isolaram a

enzima EPSPS e realizaram testes in vitro de sua atividade na presença de glyphosate em todas as

 populações. Os resultados do trabalho indicados no Quadro 8 mostram que a atividade da EPSPS

das plantas resistentes é similar à atividade das plantas suscetíveis, dessa forma, a hipótese de

alteração da EPSPS no sítio de ação é descartada.

Quadro 8 – Inibição da EPSPS em teste in vitro% de inibição por glyphosate

População0 hora após a aplicação 48 horas após a aplicação

Suscetível 42,9 ± 4,0 38,3 ± 7,4Intermediário 44,3 ± 3,0 42,4 ± 8,8Resistente 42,2 ± 2,5 43,6 ± 2,9Altamente resistente 36,6 ± 6,5 44,5 ± 2,8

Fonte: BAERSON et al. (2002)

Esses autores observaram superprodução da EPSPS induzida pela aplicação do glyphosate e

também expressivo aumento no nível de EPSPS nas plantas resistentes e altamente resistentes.

Segundo Kogan e Pérez (2003), é muito pouco provável que os maiores níveis de expressão da

EPSPs dos indivíduos resistentes expliquem completamente a maior tolerância ao produto,

sugerindo que o mecanismo de resistência não esta completamente baseado no sítio de ação.

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 223

 Figura 2 - Evolução da intoxicação provocada por glyphosate sobre biótipos sensível (A), resistente (B) e de resistênciaintermediária (C) de Lolium multiflorumFonte: Ferreira et al. (2006a)

Em recente trabalho realizado por Ferreira et al. (2006a) com três biótipos de Lolium

multiflorum (biótipos sensível, intermediário e resistente ao herbicida glyphosate), observou-se que

doses de até 3.200 g ha-1 de glyphosate não controlaram os biótipos resistentes e de resistência

intermediária. Tanto o biótipo resistente quanto o intermediário apresentaram elevados níveis de

intoxicação (80%) aos 14 dias após a aplicação dos tratamentos (Fig. 3 B e C. Todavia, em ambos

os biótipos (resistente e com resistência intermediária) de L. multiflorum observou-se redução na

  produção de massa seca da parte aérea. Essa queda de produção foi mais severa no biótipo

intermediário do que no resistente (Fig. 4). A dose de 200 g ha-1 foi suficiente para controlar 100%

das plantas sensíveis (Fig. 3A).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas224

Figura 3 - Porcentagem de produção de massa seca dos biótipos resistente e intermediário tratados com glyphosate em relação àtestemunhaFonte: Ferreira et al. (2006a)

Figura 4 - Biótipos resistente (R) e sensível (S) de L multiflorum cinco dias após tratamento com 800 g ha -1 de glyphosate(FERREIRA et al., 2006a)

O possível caso da resistência de L. multiflorum pode estar ligado a translocação diferencial

deste herbicida pelos diferentes biótipos. Ferreira et al. (2006) verificaram que tanto o suscetível

quanto o resistente absorveram o glyphosate na mesma intensidade (Fig. 2A). Todavia observaram

diferença marcante na translocação do 14glyphosate entre os biótipos resistente (R) e sensível (S).

O biótipo R apresentou maior acúmulo de 14glyphosate na folha aplicada às 64 horas enquanto no

suscetível observaram maior acúmulo desse herbicida nas raízes (Fig. 5). Esses resultados se

assemelham aos encontrados por Lorraine-Colwill et al. (2002) em Lolium rigudum, que

constataram maior acúmulo do produto marcado nas raízes do biótipo resistente.

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 Figura 5 – Concentrações de glyphosate avaliadas em diferentes tempos após aplicação. (A) – na água de lavagem, (B) - na folhaonde foi aplicado, (C) – na parte aérea e (D) - nas raízes de biótipos de L. multiflorum resistente (R) e sensível (S)Fonte: Ferreira et al. (2006b)

14 - Culturas transgênicas e plantas daninhas resistentes a herbicidas

14.1 - Culturas transgênicas

Cultivares de soja e de outras culturas foram lançados recentemente no mercado. Depois

disso, milhares de hectares cultivados com culturas transgênicas já foram incorporados no processo

  produtivo. O Brasil é hoje o terceiro produtor de transgênicos, com uma área plantada de 9,4

milhões de hectares de sementes, perdendo apenas para Argentina e Estados Unidos (Quadro 9). No

mundo, a área de produção de transgênicos passou de 81 milhões de hectares em 2004 para 90

milhões, correspondendo a um aumento de 11% em 2005 no total de 21 países onde o plantio de

transgênicos é permitido (JAMES, 2005).

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Quadro 9 - Superfície global de cultivos transgênicos em 2005 (em milhões de hectares)Superfície

Ordem País(milhões de ha-1)

Culturas transgênicas

1 EUA 49,8 Soja, milho, algodão, canola e mamão2 Argentina 17,1 Soja, milho e algodão

3 Brasil 9,4 Soja4 Canadá 5,8 Soja, milho e canola5 China 3,3 Algodão6 Paraguai 1,8 Soja7 Índia 1,3 Algodão8 África do Sul 0,5 Soja, milho e algodão9 Uruguai 0,3 Soja e milho10 Austrália 0,3 Algodão11 México 0,1 Soja e algodão12 Romênia 0,1 Soja

13 Filipinas 0,1 Milho14 Espanha 0,1 Milho15 Colômbia < 0,1 Algodão16 Irã < 0,1 Arroz17 Honduras < 0,1 Milho18 Portugal < 0,1 Milho19 Alemanha < 0,1 Milho20 França < 0,1 Milho21 Rep. Checa < 0,1 Milho

Fonte: James (2005)

Em 2005, dos 21 países produtores de transgênicos, 11 são países em desenvolvimento e 10

industrializados (Fig. 2).

A soja tolerante a herbicida é atualmente a cultura geneticamente modificada dominante,

comercialmente disponível em nove países em 2005 (Quadro 9) que, em ordem decrescente de área

cultivada, são: EUA, Argentina, Brasil, Paraguai, Canadá, Uruguai, Romênia, África do Sul e

México. Ela ocupa 48,4 milhões de hectares, representando 60% da área mundial destinada às

 plantas geneticamente modificadas em 90 milhões de hectares. Importante destacar que o milho Bt,

ocupou um total de 15,0 milhões de hectares, com crescimento de 22% no ano de 2003, quandoforam cultivados 12,3 milhões de hectares. A terceira cultura geneticamente modificada mais

cultivada foi o algodão Bt, sexta colocação em 2003, e que ocupou 4,5 milhões de hectares,

equivalente a 6% da área mundial com lavouras geneticamente modificadas. O algodão Bt foi

  plantado em oito países, que, em ordem decrescente de área cultivada, foram: China, Índia,

Austrália, EUA, México, Argentina, África do Sul e Colômbia. Outras cinco culturas listadas no

Quadro 10 ocuparam entre 2% e 5% da área mundial cultivada com plantas derivadas da

 biotecnologia e incluem, em ordem decrescente de área: milho tolerante a herbicida, cultivado em

4,3 milhões de hectares (5%) em quatro países: EUA, Canadá, África do Sul e Argentina; canola

tolerante a herbicida, cultivado em 4,3 milhões de hectares (5%) em dois países: Canadá e EUA;

milho Bt tolerante a herbicida, cultivado em 3,8 milhões de hectares (4%) em dois países: EUA e

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Canadá; algodão Bt e tolerante a herbicida cultivado em 3 milhões de hectares (4%) em três países:

EUA, Austrália e México; e algodão tolerante a herbicida cultivado em 1,5 milhão de hectares (2%)

em 3 países: EUA, Austrália e África do Sul (JAMES, 2005).

Figura 2 – Evolução da área de cultivo de transgênicos no mundo, em milhões de hectares, de 1996 a 2005

O Quadro 10 mostra, em ordem crescente por área, os países produtores de culturas

trangênicas em 2005.

Quadro 10 – Princiapais lavouras geneticamente modificada em 2005Culturas % em relação ao total de áreas cultivadas

Soja tolerante a herbicida 60Milho Bt 14Algodão Bt 06Milho tolerante a herbicida 05Canola tolerante a herbicida 05Milho Bt/tolerante a herbicida 04Algodão Bt/tolerante a herbicida 04Algodão tolerante a herbicida 02

Fonte: James (2005)

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A descoberta das leis da hereditariedade, bem como da natureza química do material

genético, e a decifração do código genético foram condições primordiais para o surgimento da

  biotecnologia moderna, que, por meio de desenvolvimento de métodos refinados com o uso de

técnicas de biologia molecular, permitiram a manipulação do material genético, hoje conhecidacomo tecnologia do DNA recombinante ou engenharia genética (VALOIS, 2001).

A biotecnologia agrícola utiliza a transgenia como uma ferramenta de pesquisa agrícola

caracterizada pela transferência de genes de interesse agronômico (e, conseqüentemente, de

características desejadas) entre um organismo doador (que pode ser uma planta, uma bactéria, um

fungo, etc.) e plantas, com segurança (MONSANTO, 2005).

  No melhoramento tradicional, cruzam-se as espécies sexualmente compatíveis e ocorre a

combinação simultânea de vários genes. Já a transgenia é uma evolução desse processo, com o

objetivo de acelerá-lo e de ampliar a variedade de genes que podem ser introduzidos nas plantas.Além disso, a transgenia, como ferramenta da biotecnologia agrícola, oferece maior precisão do que

os cruzamentos, uma vez que permite a inserção de genes cujas características são conhecidas com

antecedência, sem que sejam introduzidos outros genes, como ocorre no melhoramento genético

clássico (no cruzamento ocorre a "mistura" de metade da carga genética de cada variedade

 parental).

Quadro 11 –Área total de lavouras geneticamente modificadas no mundo entre os anos de 1996 e

2005Ano Hectares (em milhões)1996 1,71997 11,01998 27,81999 39,92000 42,22001 52,62002 59,72003 67,72004 81,12005 90,0

Fonte: James (2005)

A transgenia permite um melhoramento "pontual" através da inserção de um ou poucos

genes e da conseqüente expressão de uma ou poucas características desejáveis (MONSANTO,

2005). Assim, surgiram as plantas que carregam em seu genoma a adição de DNA oriundo de uma

fonte diferente de germoplasma paternal, denominadas de transgênicas.

O Quadro 11 mostra a evolução do cultivo de plantas geneticamente modificada e tolerante

a herbicidas durante o o período de 1996 a 2005. Nessse período, a área cultivada com lavouras

transgênicas cresceu mais de 47 vezes (JAMES, 2005).

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Módulo 3.5 - Herbicidas: resistência de plantas 229

 

15 - Plantas daninhas resistentes em culturas transgênicas

Os métodos de controle das plantas daninhas não sofrerão alteração; somente haverá, em

alguns casos, a substituição das moléculas herbicidas que vinham sendo usadas por outra. Esse fato

  poderá levar a uma situação extrema, em que a maioria da área cultivada empregará a mesma

molécula herbicida, o que significa alta pressão de seleção, que é um requisito para a seleção de

  plantas resistentes. O risco do surgimento de casos de plantas daninhas resistentes é maior para

aqueles herbicidas que já apresentam biótipos resistentes, como é o caso dos herbicidas para os

quais estão sendo desenvolvidas culturas resistentes.

Em 2005 a soja transgênica foi oficialmente liberada para plantio no país. Dessa forma,

espera-se a ocorrência de profundas mudanças nos sistemas de controle, tendo em vista que vários

  produtos ou combinações de produtos utilizados atualmente serão substituídos por um único

ingrediente ativo, o glyphosate (GAZZIERO, 2005).

 No Brasil, as plantas daninhas apresentam composição e dinâmica de um país tropical, em

que fatores como a intensidade e a rapidez da mudança na composição de uma comunidade são

acentuados e inevitavelmente influenciados pelas práticas agrícolas e pela ação humana. A

dinâmica e o estabelecimento das plantas daninhas nos levam a antever uma provável mudança na

composição das plantas infestantes, se o manejo das plantas daninhas não for adequadamente

utilizado na soja transgênica. No início serão observados apenas os benefícios da nova tecnologia,

  porém com o decorrer dos anos existirá uma grande possibilidade de surgir problemas como a

seleção das espécies consideradas tolerantes ou mesmo espécies resistentes (GAZZIERO, 2005).

Os produtos e as combinações de produtos utilizados na soja convencional serão

substituídos pelo glyphosate; dessa forma, será utilizado um único ingrediente ativo. Espécies

altamente sensíveis a esse produto serão eliminadas, e outras consideradas tolerantes apresentam a

 possibilidade de disseminação e conseqüente aumento de infestação nas áreas cultivadas com soja

transgênica.Espécies como Commelina benghalensis, Borreria latifolia e Tridax procumbens são plantas

consideradas tolerantes ao glyphosate; essas plantas apresentam grande potencial de se tornarem um

sério problema de controle. C. benghalensis, por exemplo, é uma espécie que se adapta com

facilidade a diferentes ambientes e apresenta intensa resposta à calagem e adubação do solo, sendo

hospedeira de pragas e moléstias. É uma planta perene que se reproduz por sementes aéreas,

subterrâneas e multiplica-se também a partir do enraizamento de porções do caule (ROCHA 1999;

ROCHA et al., 2000).

Muitos produrores de soja transgênica no Rio Grande do Sul preferem controlar as plantasdaninhas com aplicação de pós-emergência feita na cultura, deixando de fazer o controle das plantas

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que germinam antes da semeadura da soja. Na maioria dos casos, em condições semelhantes, ao se

realizar a aplicação, o processo de competição entre a cultura e as plantas daninhas já se iniciou,

trazendo prejuízos a cultura (THEISEN citado po GAZZIERO, 2003).

Vargas (2004), observou em pomares de maça tratados com glyphosate a seleção de

Richardia brasiliensis, Euphorbia heterophylla, Commelina benghalensis, além da resistência deazevém ( Lolium sp.), sobre os quais tem sido aplicada doses de 16 L ha-1 do produto comercial sem

sucesso. Nas áreas com mais de 15 anos de uso têm sido feitas três aplicações/ano em doses que

variam de 2 a 8 L ha-1.

Biótipos de azevém (  Lolium multiflorum) resistente ao glyphosate se tornaram um grave

  problema nas lavouras de soja transgênica no Rio Grande do Sul, levando a um considerável

aumento nos custos de produção.

Desse modo, agricultores que empregarem extensivamente, e em anos seguidos, o mesmo

herbicida ou herbicidas, com mesmo mecanismo de ação, estarão sujeitos à seleção de plantasdaninhas resistentes. Para que isso seja evitado, devem ser adotadas as práticas de manejo

adequadas, como: uso de misturas de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e rotação

destes mecanismos.

16 - Comentários finais

A resistência de plantas daninhas a herbicidas é um fato consumado no Brasil. Sabe-se que

sua evolução em uma área é dependente da pressão de seleção, da variabilidade genética da espécie

daninha, do número de genes envolvidos, do padrão de herança, do fluxo gênico e da dispersão de

  propágulos. O conhecimento desses pontos é importante para embasar previsões de proporções

futuras entre plantas resistentes, tolerantes e sensíveis em áreas afetadas e para eleger métodos de

manejo e controle das plantas tolerantes e resistentes que permitam impedir a multiplicação e a

disseminação desse(s) gene(s) para outras populações. Contudo, poucos cientistas estão se

dedicando a essa área no Brasil, e as informações de que se dispõe são relacionadas a casos deoutros países, em outras espécies, que poucas vezes podem ser generalizados para as nossas

condições. Estudos aprofundados sobre essa questão devem ser realizados com urgência no país,

 para que se possa entender e estabelecer estratégias específicas para os nossos casos.

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Módulo 3.6 - Manejo de plantas daninhas em pastagens 235

 PROTEÇÃO DE PLANTAS

Módulo 3 - Manejo de plantasdaninhas3.6 - Manejo de plantas daninhas empastagens

Tutores:Profº. Antonio Alberto da Silva

Profº. Lino Roberto Ferreira

Profº. Ricardo Camara Werlang

Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viçosa - UFV

Centro de Ciências AgráriasDepartamento de Fitopatologia

Brasília - DF2006

 

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Sumário

Introdução, 237

1 - Competição entre plantas daninhas e forrageiras, 238

1.1 - Fatores do ambiente passíveis de competição, 239

1.1.1 - Competição por água, 243

1.1.2 - Competição por luz, 244

1.1.3 - Competição por nutrientes, 246

1.2 - Integração da agricultura e pecuária, 246

1.3 - Plantas tóxicas, 2472 - Controle de plantas daninhas, 252

2.1 - Controle preventivo, 252

2.2 - Controle cultural, 253

2.3 - Controle mecânico ou físico, 257

2.4 - Controle químico, 258

2.4.1 - Uso de herbicidas na reforma e formação de pastagens, 259

2.4.2 - Uso de herbicidas na recuperação de pastagens, 260

2.4.3 - Uso de herbicidas na manutenção de pastagens, 261Referências bibliográficas, 267

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Módulo 3.6 - Manejo de plantas daninhas em pastagens 237

 

Introdução

Atualmente, a humanidade coloca em segundo plano os tratados e previsões que

fundamentaram a “revolução verde” e busca, diante das transformações que vêm se processando,

formas de produção que, além de produtivas, possibilitem convivência harmoniosa com a natureza.

Com relação aos sistemas de produção agrícolas, em geral, e na pecuária, em particular, isto é

sinônimo de estabelecimento de sistemas sustentáveis, ou seja, sistemas economicamente viáveis,

socialmente justos, ambientalmente corretos, capazes de ser conservadores de recursos, como solo,

água e recursos genéticos animais e/ou vegetais, e produtivos, competitivos e eficientes.

As mudanças que vêm ocorrendo nos sistemas de produção são reflexos de transformações

econômicas, sociais e políticas. A tomada de decisão na pecuária, nesse contexto, deve considerar os

vários pontos determinantes dos segmentos envolvidos no setor, como política, economia, social,

consumidor, indústria, produtor, eficiência, qualidade, competitividade e sustentabilidade

(EUCLIDES FILHO, 1996)

A pecuária brasileira está sendo influenciada pelo processo de globalização em andamento no

mundo. É importante ressaltar que, apesar de esse processo estar sendo propalado como a

globalização da economia, essa tendência é muito mais complexa e envolve modificações muito mais

 profundas, que são responsáveis pela reestruturação desde níveis e formas de informação, passando

 por mudança do estágio de conhecimento e culminando com o estabelecimento de um novo padrão de

comportamento da sociedade como um todo. Conseqüentemente, espera-se, em última instância, a

formação do que pode ser denominado um novo status de cultura global (EUCLIDES FILHO, 1997).

Dessa forma, a atividade pecuária tende a se tornar cada vez mais uma atividade empresarial,

afastando-se cada vez mais do modelo extrativista, representado pela pecuária extensiva, e

aproximando-se, em maior ou menor grau, dependendo de cada caso, da intensificação total.

Os últimos dez anos têm sido decisivos para a economia brasileira, em especial para a

  pecuária. Nesse período, parte expressiva do setor se distanciou da prática extrativista que por muitos anos caracterizou a atividade e tem sido um exemplo de capacidade de ajustes e adaptação à

realidade do mercado atual, que penaliza os setores não-competitivos e ineficientes (EUCLIDES

FILHO, 1997).

Uma das características que faz com que a atividade pecuária no Brasil seja altamente

competitiva é o fato de o País possuir grandes áreas de pastagens e condições adequadas para o

desenvolvimento destas. As pastagens, nesse contexto, assumem dois aspectos fundamentais. O

 primeiro é que elas viabilizam a competitividade brasileira, e o segundo é o fato de possibilitarem o

atendimento da grande demanda mundial por alimento produzido de forma natural, com respeito aoambiente e aos animais.

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Diante da importante função assumida pela pastagem no contexto de pecuária empresarial e

competitiva, é lógico que o sucesso desse setor está estreitamente relacionado com a manutenção

das pastagens em condições adequadas. No entanto, a prática demonstra outra realidade.

Pastagem degradada se constitui, atualmente, em um dos maiores problemas dos sistemas de

 produção de bovinos no Brasil Central. Estima-se que 80% dos quase 60 milhões de hectares daárea de pastagens na região de Cerrados apresentam algum estágio de degradação (MACEDO et al.,

2000). Além dos impactos negativos na produção e desvalorização do patrimônio, agravam-se os

efeitos ambientais pela erosão dos solos e assoreamento dos mananciais de água.

Degradação de pastagens é um processo evolutivo de perda de vigor e produtividade da

forrageira, sem possibilidade de recuperação natural, que afeta a produção e o desempenho animal e

culmina com a degradação do solo e dos recursos naturais em função de manejos inadequados.

Causada por diversos fatores, entre eles má escolha da espécie forrageira, má formação inicial, falta

de adubação de manutenção e manejo da pastagem inadequado, a degradação precisa ser revertida para garantir a produtividade e a viabilidade econômica da pecuária (MACEDO et al., 2000).

1 - Competição entre plantas daninhas e forrageiras

Pastagens produtivas significam pastagens bem formadas, bem manejadas e livres de plantas

daninhas. Nas Figuras 1 e 2 são apresentadas algumas das principais espécies de plantas daninhas

das pastagens. A presença delas em pastagens reduz a produtividade, devido à elevada capacidade

competitiva das plantas daninhas. Essa competição se dá principalmente por luz, mas também por 

espaço, água e nutrientes.

Em razão do porte arbustivo, e até mesmo arbóreo, de muitas espécies de plantas daninhas

infestantes de pastagens em condições brasileiras, pode-se considerar a luz como o principal fator 

(recurso) de competição destas com as forrageiras. Isso ocorre porque a maioria das gramíneas

forrageiras cultivadas no Brasil tem a sua eficiência fotossintética altamente dependente da

intensidade da luz, pois são espécies que apresentam o metabolismo C4. Essas forrageiras, sesombreadas, até mesmo parcialmente, têm a sua taxa de fotossíntese líquida altamente reduzida e,

nestas condições, é facilmente dominada pelas plantas daninhas.

Assim, a presença de plantas daninhas em pastagens reduz a sua capacidade de suporte

(unidade animal por ha), por diminuir o potencial de formação de pasto pelas forrageiras,

ocasionado pela competição com as plantas daninhas, e aumenta o tempo de formação das áreas

reformadas, uma vez que estas plantas competem por luz, espaço, nutrientes e água, reduzindo a

disponibilidade desses fatores para as forrageiras, além de ser um ambiente propício para o

desenvolvimento de parasitas, as quais dificultam o processo de produção pecuária. As plantasdaninhas podem, ainda, ocasionar danos físicos aos animais, como ferimentos no úbere das vacas,

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causados por espécies com espinhos, ou até mesmo levá-los à morte, caso eles se alimentem de

 plantas tóxicas, muito comuns em pastagens brasileiras.

A seguir serão abordados os principais fatores envolvidos na competição entre as plantas

daninhas e as forrageiras.

1.1 - Fatores do ambiente passíveis de competição

Em ecossistemas agropastoris, a forrageira e as plantas daninhas desenvolvem-se juntas na

mesma área. Como ambas possuem suas demandas por água, luz, nutrientes e CO2 e, na maioria das

vezes, esses fatores de crescimento (ou pelo menos um deles) estão disponíveis em quantidade

insuficiente, até mesmo para o próprio desenvolvimento da forrageira, estabelece-se a competição.

Isso ocorre porque, nessas circunstâncias, qualquer planta daninha que se estabeleça na pastagem

vai usar parte dos fatores de produção, já limitados no meio, reduzindo a produtividade da

forrageira. Radosevich et al. (1996) dividem os fatores do ambiente que determinam o crescimento

das plantas e influenciam a competição em “recursos” e “condições”.

Recursos são os fatores consumíveis, como água, gás carbônico, nutrientes e luz. A resposta

das plantas aos recursos segue uma curva-padrão: é pequena se o recurso for limitado e máxima

quando o ponto de saturação for atingido, podendo declinar se houver excesso do recurso (ex.:

toxidez devido a excesso de Zn no solo).

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Figura 1 – Principais plantas daninhas das pastagens (a) assa-peixe branco (Vernonia polyanthes), (b) leiteiro (Peschierafuchsiaefolia), (c) mata-pasto (Eupatorium maximilianii), (d) assa-peixe roxo (Vernonia glabrata), (e) ciganinha (Memora peregrina),(f) fedegoso (Senna ocidentalis), (g) guanxuma (Sida glaziovii) e (h) lobeira (Solanum lycocarpum)

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 Figura 2  – Principais plantas daninhas das pastagens - (a) camboatá (Tapirira guianensis), (b) arranha-gato (Acacia plumosa), e

 plantas tóxicas - (c) guizo-de-cascavel (Crotalaria spectabilis), (d) cafezinho (Palicourea marcgravii), (e) cambará (Lantana camara),(f) algodão-bravo (Ipomoea carnea sbsp. fistulosa), (g) mamona (Ricinus communis), (h) ximbuva (Enterolobium contortisiliquum) e(i) samambaia (Pteridium aquilinum)

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Módulo 3.6 - Manejo de plantas daninhas em pastagens242

Condições são fatores não diretamente consumíveis, como pH do solo, densidade do solo,

etc., cuja dependência é muito grande, em razão da influência extrema que eles exercem na

utilização dos recursos pelas plantas. A condição pode limitar a resposta da planta tanto pela

carência quanto pela abundância, até que um nível ideal seja alcançado. Todavia, a competiçãosomente se estabelece quando a intensidade de recrutamento de recursos do meio pelos

competidores suplanta a capacidade do meio em fornecer aqueles recursos, ou quando um dos

competidores impede o acesso por parte do outro competidor, como acontece, por exemplo, em

condições de sombreamento (PITELLI, 1985).

A maioria dos estudos sobre competição entre plantas daninhas e culturas tem focalizado

somente a ocorrência e o impacto da competição na produção da cultura, sem examinar as

características das plantas e os mecanismos que estão associados à competitividade

(RADOSEVICH et al., 1996). Os mecanismos de competição consistem tanto do efeito que as  plantas exercem sobre os recursos quanto da resposta destas às variações dos recursos

(GOLDBERG, 1990, citado por RADOSEVICH et al., 1996).

Determinadas plantas são boas competidoras por utilizarem um recurso rapidamente ou por 

serem capazes de continuar a crescer, mesmo com baixos níveis do recurso no ambiente

(RADOSEVICH et al., 1996).

A base fisiológica que explica as vantagens que levam as plantas daninhas a ganhar a

competição é muito complexa, não estando, ainda, totalmente esclarecida. Na realidade, a

competição entre a planta daninha e a cultivada afeta ambas as partes, porém a espécie daninha

quase sempre supera a cultivada. Os fatores que determinam a maior competitividade das plantas

daninhas em relação às culturas são o seu porte e sua arquitetura; a maior velocidade de germinação

e estabelecimento da plântula; a maior velocidade do crescimento e a maior extensão do sistema

radicular; a menor suscetibilidade das espécies daninhas às intempéries climáticas, como veranico e

geadas; o maior índice de área foliar; e a maior capacidade de produção e liberação de substâncias

químicas com propriedades alelopáticas. Entretanto, em áreas de pastagens degradadas a capacidade

competitiva das plantas daninhas é ainda maior.

A competição entre plantas daninhas e forrageiras é um fator crítico para o desenvolvimento

da pastagem quando a espécie daninha se estabelece junto ou primeiro que a forrageira. Contudo, sea forrageira se estabelecer primeiro, dependendo da espécie cultivada, do seu vigor, da velocidade

de crescimento inicial e da densidade de plantio, ela poderá cobrir rapidamente o solo, podendo

excluir ou inibir significativamente o crescimento das plantas invasoras. No entanto, se a população

de plantas da forrageira por área for baixa ou o estande for desuniforme, caracterizado pela

 pastagem degradada, as plantas daninhas poderão vencer a competição pelos substratos ecológicos.

A competição pode ser intra-específica, ocorrendo entre indivíduos de uma mesma espécie,

seja ela daninha ou não, e, também, interespecífica, envolvendo indivíduos de espécies diferentes.

Várias generalizações podem ser inferidas sobre os aspectos competitivos entre as forrageiras e as  plantas daninhas, como: a competição é mais séria nos períodos iniciais de desenvolvimento da

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forrageira; as espécies daninhas de morfologia e desenvolvimento semelhantes ao da forrageira,

comumente, são mais competitivas se comparadas com aquelas que apresentam desenvolvimento

diferente; as espécies daninhas de maior porte do que as forrageiras exercem grande potencial

competitivo com estas, principalmente se a forrageira possui metabolismo C4, devido ao

sombreamento, e as espécies daninhas competem por água, luz, nutrientes e espaço, podendo, ainda,liberar toxinas no solo, que podem inibir a germinação e ou desenvolvimento da forrageira.

As plantas daninhas apresentam certas características que lhes conferem grande capacidade

competitiva, como: germinação fácil em condições ecológicas variáveis; desenvolvimento e

crescimento rápido de grande superfície fotossintética mesmo ainda na fase de plântula; grande

número de estômatos por área foliar; e sistema radicular muito desenvolvido, apresentando muitas

raízes fasciculadas nas camadas superficiais do solo e raízes principais com penetração profunda.

Para que se faça o manejo adequado de plantas daninhas em uma pastagem, o profissional

necessita ter o conhecimento profundo da forrageira e da vegetação daninha infestante da área a ser formada. O princípio básico da competição baseia-se no fato de que as primeiras plantas que

surgem no solo, pequenas ou grandes, tendem a excluir as demais, pois se estabelecem primeiro.

Desse modo, no manejo da forrageira, as condições para que ela se estabeleça devem ser fornecidas

antes do surgimento da vegetação daninha. Disso resulta a importância do preparo do solo, da

  profundidade de plantio, da percentagem de germinação e vigor das sementes, da escolha da

forrageira adequada para a região, da época correta de plantio, das condições adequadas de pastejo e

manejo adequado da forrageira, etc., que são métodos culturais de controle de plantas daninhas.

Conhecendo esses fatores, torna-se fácil o manejo da forrageira, fazendo com que esta leve

vantagem sobre o complexo de plantas daninhas. Assim a competição é mais facilmente

minimizada ou até mesmo eliminada com a integração de outros métodos de controle, como o

químico ou mecânico, realizando, dessa forma, o chamado manejo integrado de plantas daninhas.

1.1.1 - Competição por água

As plantas daninhas são verdadeiras bombas extratoras de água do solo; por isso, é normal

em alguns agroecossistemas, especialmente nos trópicos em dias quentes, que as plantas forrageirasfiquem completamente murchas e as plantas daninhas túrgidas, sem qualquer sinal de déficit

hídrico. Normalmente, a competição por água leva a planta a competir ao mesmo tempo por luz e

nutrientes, especialmente nitrogênio e carbono. Vários fatores influenciam a capacidade competitiva

das espécies por água. Dentre esses fatores destacam-se a taxa de exploração de volume do solo

  pelo sistema radicular (maior profundidade do sistema radicular – ex.: assa-peixe, ciganinha e

outras); as características fisiológicas das plantas, como capacidade de remoção de água do solo,

regulação estomática e capacidade das raízes de se ajustarem osmoticamente; magnitude da

condutividade hidráulica das raízes; etc. (Radosevich et al., 1996).

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1.1.2 - Competição por luz

A competição pela luz é muito complexa e sua magnitude é influenciada pela espécie, ou

seja, se ela é umbrófila ou heliófila e, também, se a rota fotossintética que ela apresenta é C3, C4 ouse realiza o mecanismo ácido das crassuláceas (CAM). As diferenças entre as rotas fotossintéticas

C3 (plantas ineficientes), C4 (plantas eficientes) e CAM estão nas reações bioquímicas que ocorrem

na fase escura da fotossíntese.

As plantas C3 apresentam apenas o ciclo de Calvin e Benson, responsável pela fixação do

CO2, de modo que o primeiro produto estável da fotossíntese é um composto de três carbonos

(ácido 3-fosfoglicérico). A enzima responsável pela carboxilação primária do CO2 proveniente do

ar é a ribulose 1-5 bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco), a qual apresenta atividades de

carboxilase e oxigenase. Esta enzima apresenta baixa afinidade pelo CO2 e, por ser ambígua quantoao substrato, catalisa a produção do ác. 3-fosfoglicérico e, também, do glicolato, substrato inicial da

respiração. Em conseqüência da ação desta enzima, as plantas C3 fotorrespiram intensamente,

apresentam baixa afinidade pelo CO2 e possuem elevado ponto de compensação para CO2, baixo

  ponto de saturação luminosa, baixa eficiência no uso da água e menor taxa de produção de

  biomassa, quando comparadas com plantas C4, considerando ambos os grupos em condições

ótimas.

As plantas C4 possuem duas enzimas responsáveis pela fixação do CO2. Essas plantas, além

do ciclo de Calvin e Benson, que ocorre em todas as plantas superiores, possuem ainda o ciclo deHatch e Slack. Elas não apresentam fotorrespiração detectável, logo, não desassimilam o CO2 

fixado. A enzima primária de carboxilação é a PEP-carboxilase, localizada nas células do mesófilo

foliar, a qual carboxiliza o CO2 absorvido do ar via estômatos, no ácido fosfoenolpirúvico,

formando o ácido oxaloacético (AOA). Este AOA é convertido em malato ou aspartato,

dependendo da espécie vegetal, e, em seguida, por difusão, é transportado para as células da bainha

vascular das folhas, onde esses produtos são descarboxilados, liberando no meio o CO2 e o ácido

  pirúvico. Este CO2 liberado é novamente fixado, agora pela enzima ribulose 1,5 difosfato

carboxilase, ocorrendo o ciclo de Cavin e Benson; o ácido pirúvico, por difusão, retorna às células

do mesófilo, onde é fosforilado, consumindo 2 ATPs, regenerando a enzima PEP-carboxilase e

recomeçando o ciclo.

A maior eficiência das plantas C4 em relação a C3 em condições adequadas de luminosidade

e temperatura é o principal fator da superioridade de produção forrageira em condições tropicais

(maioria C4), comparado a regiões temperadas. Entretanto, a superioridade das forrageiras utilizadas

no Brasil (C4 em sua grande maioria) é dependente de certas condições, como a luminosidade

adequada. As plantas C4, por apresentarem dois sistemas carboxilativos, requerem maior energia

  para produção dos fotoassimilados, pois precisam recuperar duas enzimas para realização da

fotossíntese. É sabido que a relação, molécula de CO2 fixado/ATP/NADPH é de 1:3:2 para as plantas C3, sendo esta relação para as plantas C4, de 1:5:2. Esse fato evidencia que as plantas C4 

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necessitam de mais energia para produção dos fotoassimilados. Como toda essa energia é

 proveniente da luz, se for reduzido o acesso à luz, estas plantas passarão a perder a competição com

as plantas C3. Todavia, a enzima responsável pela carboxilação primária nas plantas C4 (PEP-

carboxilase) apresenta algumas características, como: alta afinidade pelo CO2; atua especificamente

como carboxilase; atividade ótima em temperaturas mais elevadas; e não satura em alta intensidadeluminosa. Em função destas e de outras características, quando plantas estão se desenvolvendo em

condições de temperaturas elevadas, luminosidade alta e até mesmo déficit hídrico temporário, as

espécies C4 dominam completamente as C3, chegando a acumular o dobro de biomassa por área

foliar no mesmo espaço de tempo. Isso acontece porque, nessas condições, a enzima carboxilativa

das plantas C3 encontra-se saturada quanto à luz e, em temperatura acima da ótima para a ribulose

1,5-bifosfato carboxilase-oxigenase (25oC), esta passa a atuar mais como oxidativa, liberando CO2.

Além disso, é comum, nessas condições, os estômatos estarem parcialmente fechados (horas mais

quentes do dia). Esse fato faz com que a concentração do CO2 no mesófilo foliar caia a níveisabaixo do mínimo necessário para atuação desta enzima, levando a planta a atingir o ponto de

compensação rapidamente.

 No caso das plantas C4, mesmo que a concentração de CO2 no mesófilo foliar atinja níveis

muito baixos, ainda assim elas continuam acumulando biomassa, porque a enzima responsável pela

carboxilação primária nestas plantas (PEP-carboxilase) apresenta alta afinidade pelo CO2 (baixo Km).

Isso é possível porque esse grupo de plantas não apresenta fotorrespiração detectável.

Como a maioria das forrageiras das regiões tropicais e subtropicais - espécies de Brachiaria 

(CORSI et al., 1994), gênero Panicum (RODRIGUES; REIS, 1995), gênero Cynodon (SILVA et

al., 1998) e Pennisetum purpureum (RODRIGUES et al. 1999) - são plantas C4, as condições de

luminosidade e temperatura serão preponderantes no desenvolvimento adequado das forrageiras.

Portanto, a ocorrência de sombreamento por plantas daninhas implica redução drástica do potencial

competitivo dessas forrageiras.

A luz como fonte de energia de todos os processos biológicos na forrageira é o componente

  principal na produção da pastagem; conseqüentemente, ocorre a necessidade de controle de

invasoras, a fim de evitar o sombreamento.

Cada espécie de forrageira possui um padrão genético de crescimento e expansão foliar 

(determinado por suas características morfogênicas - alongamento de folha, aparecimento de folha eduração da folha) que, aliado a outros fatores, indica o potencial de produção de uma pastagem.

Essas características são genéticas, porém são influenciadas por fatores externos, como água,

temperatura, luminosidade e nutrientes.

A combinação das características morfogênicas determina as três principais características

estruturais das forrageiras: tamanho de folha, densidade de perfilhos e número de folhas por 

 perfilho, que são diretamente correlacionadas com a quantidade e qualidade da luz.

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1.1.3 - Competição por nutrientes

As plantas daninhas possuem grande capacidade de extrair do ambiente os elementos

essenciais ao seu crescimento e desenvolvimento e, em conseqüência disso, exercem fortecompetição com as forrageiras pelos nutrientes essenciais, os quais quase sempre estão em

quantidades inferiores às necessidades das forrageiras em nossos solos.

Devido à grande variação em termos de recrutamento dos recursos minerais do solo

apresentada pelas diferentes espécies de plantas daninhas, a competição por nutrientes depende, em

alto grau, das espécies presentes. Quando se trata de analisar a capacidade de uma espécie de planta

daninha em competir por nutrientes, deve-se considerar, com maior ênfase, a quantidade extraída do

que os teores que ela apresenta na matéria seca.

1.2 - Integração da agricultura e pecuária

A degradação das pastagens, a queda na produtividade das lavouras, o empobrecimento da

fertilidade do solo, a baixa retenção de água no solo e o aumento do processo erosivo são sintomas

do manejo inadequado que prejudicam o meio ambiente. As tecnologias para recuperação e manejo

sustentável dos solos degradados dos Cerrados, tanto para as áreas de pastagens como de

agricultura, visam melhoria das propriedades do solo, evitando a erosão e quebra do equilíbrio, que

facilitam a ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas. Essas tecnologias também  proporcionam maior diversificação das atividades econômicas no meio rural (KICHEL;

MIRANDA, 2001).

É notório que o setor agropecuário brasileiro está passando por um processo de transição

socioeconômica e agroambiental; apesar de esse processo ser lento e silencioso, observam-se a

expansão do plantio direto, a consorciação de lavouras e forrageiras, a preocupação da utilização

racional de água e agroquímicos e a necessidade de maior competitividade e sustentabilidade

(COBUCCI, 2001).

  Nesse sentido, tem sido proposto recentemente, como alternativa de recuperação de pastagens degradadas, a utilização de culturas anuais em cultivos seqüenciais ou simultâneos como

formas de sistemas de produção. A venda de grãos das culturas, o aproveitamento da adubação

residual e o preparo do solo mais elaborado podem ser vantajosos na redução dos custos e na

eficiência de recuperação das pastagens degradadas (Macedo et al., 2000; Portes et al., 2000), além

da quebra do ciclo de pragas e doenças, melhoria das propriedades físicas do solo, maior eficiência

no uso de máquinas, diversificação do sistema produtivo e de aumento da produtividade do

empreendimento agrícola, tornando-o sustentável em termos econômicos e ecológicos (KICHEL et

al., 2000).

A integração agricultura e pecuária não será abordada em maior detalhe, por constituir-se

em tema complexo e não ser objetivo do presente trabalho.

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1.3 - Plantas tóxicas

Calcula-se que 12% das mortes de bovinos são causadas por sementes, folhas ou raízes de plantas que possuem grande quantidade de elementos químicos nocivos ao gado (AFONSO; POTT,

2002).

O conceito sobre plantas tóxicas é relativo. Segundo Howes (1933), citado por Hoehne

(1939), plantas tóxicas não são somente vegetais que provocam verdadeiros envenenamentos e

intoxicações agudas, mas também aquelas que provocam direta ou indiretamente perturbações na

saúde do animal.

Tokarnia et al. (2000) definem planta tóxica de interesse pecuário a que é ingerida por 

animais domésticos de fazenda, em condições naturais, e causa danos à saúde ou morte, com

comprovação experimental. Portanto, consideram-se tóxicas todas as plantas que, ingeridas

espontânea ou acidentalmente pelo animal, podem provocar danos que se refletem na sua saúde ou

vitalidade.

A maioria das plantas tóxicas é consumida pelos animais em razão da escassez de alimentos

nas pastagens e da mudança de animais famintos para pastagens que possuem plantas tóxicas

(FREITAS et al., 1991).

Além da fome, há outros fatores que também propiciam intoxicações, os quais podem estar 

relacionados ao animal ou à planta. No caso da espécie bovina, certas raças toleram mais, outras

menos, certos venenos. Na mesma raça há fatores ligados ao próprio indivíduo, como idade, peso,sexo, estado sanitário e nutricional, além do grau de sensibilidade do animal a um princípio tóxico

(AFONSO; POTT, 2002).

Com relação à planta, deve-se considerar a sua fase vegetativa, como brotação, floração e

frutificação, pois às vezes ela provoca intoxicações apenas em uma dessas fases. Existem também

 plantas com princípio tóxico cumulativo, que o animal, ingerindo pequenas quantidades diárias, vai

retendo no seu organismo, até atingir a dose letal (AFONSO; POTT, 2002).

Por outro lado, a ingestão de certas plantas em pequenas quantidades leva o animal a

adquirir resistência ou tolerância ao princípio tóxico, como é o caso das mandiocas-do-mato( Manihot spp.). O tipo de solo também pode influenciar na toxidez de uma planta, visto algumas

serem tóxicas em uma região e em outra não (AFONSO; POTT, 2002).

Os biomas Pantanal e Cerrado possuem floras ricas em espécies, muitas das quais ingeridas

 pelo gado, sendo algumas, tóxicas. Várias provocam sinais que podem ser confundidos com picada

de cobra, raiva ou outra doença. A mais temível do Brasil é a erva-de-rato ou cafezinho (Palicourea

marcgravii) (POTT; AFONSO, 2000).

Algumas plantas cultivadas também são consideradas tóxicas, como  Brachiaria decumbens,

que causa fotossensibilização ("orelha frita"), principalmente em bezerros; e braquiária-d´água ou"tanner grass" ( B. subquadripara = B. arrecta), que pode causar anemia devida a nitratos/nitritos.

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São várias as espécies de plantas tóxicas presentes nas pastagens no Brasil. Na Figura 2

estão apresentadas e no Quadro 1 listadas as de maior ocorrência e importância no Brasil, com um

resumo das suas principais características.

Quadro 1 – Principais plantas tóxicas encontradas no Brasil

Espécie -Família

Princípioativo

Informações sobre a planta

DL(dose letal considerando 100 kgde peso vivo do animal), sinais

clínicos da intoxicação erecomendação de controle da

planta tóxica.

Erva de rato;cafezinho 

(Palicoureamarcgravii)Rubiaceae

Figura 2 d

Ácidomonoflúor-acético, afeta ociclo de Krebs

Arbusto responsável pela maioriadas mortes de bovinos causadas

 por plantas tóxicas em terra firme.Possui distribuição ampla, sendoencontrada em todo o País, com

exceção do extremo sul e do sertãonordestino. Ocorre em terra firme,em áreas sombreadas das beirasdas matas, capoeiras e em pastosrecém-formados. Possui boa

  palatabilidade, sendo ingerida emqualquer época do ano. São tóxicasas folhas e as sementes.

DL (100 g de folhas verdes). Nos  bovinos, iniciam poucas horas apósser completada a ingestão da doseletal. Causa a síndrome da mortesúbita; os sintomas consistem emqueda repentina do animal ao chão,sobrevindo a morte dentro de poucosminutos. Às vezes o animal mostra,antes de cair, desequilíbrio do trem

  posterior, tremores musculares,respiração ofegante.Controle: erradicar as plantas,cercar as matas e as capoeiras ondeexistir a planta, uso de herbicidas.

Algodão-bravo,canudo-de-pita ( Ipomoea

carnea subsp.

 fistulosa)Convolvulaceae

Figura 2 f  

Alcalóidesderivados doácido lisérgico(LSD)

Arbusto aquático, trepador, de 1 a4 m de altura. Perene, flor esemente praticamente durante o

ano todo. A semente pilosa(origem do nome algodão) éespalhada pela água. A principalforma de propagação é vegetativa;os ramos que encostam no chãoenraízam. Rebrota após cortes efogo, exceto se for afogado depois.Cresce somente em solo de barro(argiloso), muito alagável. É muitocomum em lagoas rasas, nas

  planícies de inundação dos rios  Negro, Abobral e Paraguai.

Aumenta em campos com excessode gado ou perto de porteiras,cochos e aguadas.

DL (9 kg de folhas verdes por dia,durante semanas, o que é difícil deocorrer no campo, havendo pasto).

Inicialmente os sinais apresentadossão de emagrecimento progressivo,lassidão e pêlos ásperos. Com aevolução da intoxicação o animalapresenta sinais de origem nervosa,ou estado de embriaguez. O seuandar se torna desequilibrado (comose estivesse embriagado), com as

  pernas traseiras abertas einstabilidade no trem posterior,caindo com facilidade. A evoluçãoda intoxicação é crônica e não há

recuperação do animalControle: erradicação, controlequímico

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Espécie -Família

Princípioativo

Informações sobre a planta

DL(dose letal considerando 100 kgde peso vivo do animal), sinais

clínicos da intoxicação erecomendação de controle da

planta tóxica.

Cambará,chumbinho oucamará ( Lantana

camara)Verbenaceae

Figura 2 e 

Triterpenóides(lantadene A elantadene B)

Arbusto ou subarbusto écosmopolita. Sob condiçõesnaturais, os bovinos ingerem a

  planta somente em circunstânciasespeciais, principalmente quandotransferido, com fome, para áreasinfestadas. No tratamento osanimais devem ficar na sombra.Deve-se administrar glicose,extrato hepático e purgante oleoso

e medicar as lesões na pele. Já nafase aguda, utilizar ungüentosantiinflamatórios.

DL (variada). Consistem nas

manifestações de fotossensibilidadehepatógena. Inicialmente, os animaisapresentam anorexia e diminuiçãoou parada dos movimentos dorúmen; quando expostos ao solo,manifestam fotossensibilidade sobforma de eritema e edemainflamatórios nas partes menos

 pigmentadas da pele e inquietação à  procura de sombra, fezesressequidas e, em pequenaquantidade, eventualmente diarréias

enegrecidas. Muitos animaismorrem nessa fase.Controle: erradicar as plantas(herbicidas) e não transferir animaiscom fome para pastagens infestadas.

Samambaia (Pteridium

aquilinum)Dennstaedtiaceae

Figura 2 i 

Substânciaradiomiméticae tiaminase

Planta tóxica de importância noBrasil e no mundo. A fome faz o

animal ingerir a planta, que fazcom que este, depois de comê-la

 por algum tempo, se habitue a elae, mesmo cessada a fome, continuea procurá-la. A planta toda étóxica, sendo a brotação a porçãomais tóxica das partes aéreas. As

  plantas ocorrem em solo ácido,sendo a correção e aração deste ummétodo cultural de controle destaespécie.

DL (1.000 g de folhas verdesingerido durante três semanas a

  poucos meses, para provocar sintomas de intoxicação aguda, queaparece de repente, devido ao efeitoacumulativo). Os animais

apresentam andar incerto, trôpego,tem incordenação ao andar,apresentam tremores musculares,convulsões, sonolência, falta deapetite. Ingestão em menoresquantidades ocasionam hematúriaintermitente, anemia,emagrecimento, culminando namorte. Causa febre alta, hemorragiana pele e nas mucosas visíveis. Oanimal sangra prolongadamente por qualquer ferimento. Em eqüinos

causa deficiência de vitamina B1.Controle: erradicação da planta,controle cultural (calagem e araçãodo solo) e químico

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Espécie -Família

Princípioativo

Informações sobre a planta

DL(dose letal considerando 100 kgde peso vivo do animal), sinais

clínicos da intoxicação erecomendação de controle da

planta tóxica.

Mamona ( Ricinus

communis)Euphorbiaceae

Figura 2 g 

Ricinina

(alcalóide) nafolha e ricina(toxoalbumina)na semente.

Arbusto pouco lenhoso, com copa,ereto, de 1 a 4 m de altura. Háformas de folhas verdes e outrasarroxeadas. Perene, mas de ciclocurto, com flor e semente emgrande parte do ano. O frutoestoura ao sol e lança as sementesa vários metros de distância.Comum em áreas ruderais como

 beira de estrada, taperas, depósitos

de lixo, etc., geralmente nãoinundáveis, em solos argilosos ouarenosos, geralmente férteis.Possui ampla distribuição. É

  palatável; tanto as folhas como assementes são tóxicas. A torta demamona não bem detoxicada pelocalor também é tóxica. O consumorepetido de pequenas quantidadesde semente pode dar imunidade,mas das folhas não.

DL (2.000 g de folhas frescas ou

200 g de sementes, os animais maisnovos são mais sensíveis - umquarto dessa dose no caso de

 bezerro). A intoxicação pelas folhasé aguda, causando perturbaçãonervosa. Os sinais apresentados têm

  predominância neuro-muscular. O  bovino apresenta andar desequilibrado, com tremoresmusculares, e dificuldade decaminhar longas distâncias,

  procurando ficar deitado. Ocorre

também eructação excessiva (arroto)acompanhada por sialorréia (baba).Já a intoxicação pelas sementesvaria de aguda a subaguda, com oanimal apresentando fraqueza, apatiae diarréia sanguinolenta, por irritação do tubo digestivo. Controle: É facilmente eliminadacom mais de uma roçada, antes daformação de sementes. Deve-seatentar para o seu aparecimento em

leiras, onde o solo é mais fértil. A parte aérea morre com a queima, quefavorece a germinação. Uso deherbicidas.

Guizo-de-

cascavel,chique-chique (Crotalaria

spectabilis)Leguminosae

Figura 2 c 

Alcalóides dogrupo das

 pirrolizidinas

Planta ereta, de 50 a 100 cm dealtura. Anual, com flor e frutoquase durante o ano todo. Comumem áreas mexidas, leiras

  provenientes de desmatamento e  pastagens cultivadas, em solos devários tipos, geralmente férteis. NoBrasil existem mais de 40 espéciesde Crotalaria, sendo umas mais,outras menos tóxicas. Há relatos deque o princípio tóxico desta plantase concentra mais nas flores e nassementes. Embora conste como

  pouco palatável, as folhas foramobservadas bem pastadas por 

  bovinos no Pantanal, ingerindotambém flores e frutos,

  principalmente em situações de

fome.

DL (5.500 g de folhas verdes ao diaforam suficientes para levar os

  bovinos à morte).  É tóxica aofígado. Os principais sinais naintoxicação por  Crotalaria iniciam-se por contrações abdominais, perdade apetite, perturbações digestivas,

  perda do equilíbrio ao caminhar e

alteração do sistema nervoso sobforma de excitação ou depressão.Após apresentar estes sinais,dificilmente o animal se recupera.Controle: Pode ser praticamenteeliminada com roçadeira (rebrota

  pouco), antes que forme sementes,as quais são o meio de propagação.Morre na queimada, mas retorna por semente, que germina melhor após ofogo, e a plântula encontracondições mais favoráveis na

 pastagem rapada e rala (degradada).Controle com herbicida.

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Espécie -Família

Princípioativo

Informações sobre a planta

DL(dose letal considerando 100 kgde peso vivo do animal), sinais

clínicos da intoxicação erecomendação de controle da

planta tóxica.

Ximbuva,tamboril ( Enterolobium

contortisiliquum

) Leguminosae

Figura 2 h 

Saponina dotipo esteroidal

Árvore de 8 a 18 m de altura, copalarga, perde as folhas na estaçãoseca. Floresce de setembro anovembro, produz fruto de agostoa novembro. Semente espalhada

  pela fauna. Comum em matas ecerradões, solos arenosos ou

argilosos, geralmente férteis.Encontrado em todo o Brasil,especialmente no Nordeste eTriângulo Mineiro. A parte tóxicaimportante desta planta são os seusfrutos, que amadurecem e caem no

  período da seca e apresentam boa palatabilidade para os bovinos.

DL (1.300 a 1.500 g de favas que

leva um bovino à morte naintoxicação experimental). O quadrode intoxicação se manifesta poucashoras após a ingestão das favas e asua evolução é aguda. Causa lesõesno tubo digestivo. Os principaissinais apresentados pelo animalintoxicado se caracterizam por lassidão, diminuição ou até perdatotal do apetite. Em seguida provocadiarréia de coloração amarelada efétida, acompanhada de outras

  perturbações digestivas. Ocorreretração acentuada dos globosoculares e, próximo à morte, oanimal faz movimentos de

  pedalagem com os membrostraseiros e dianteiros. Há citações deque as favas provocam aborto emvacas, mesmo em pequenas porções,embora, neste caso, não causemoutros sinais de intoxicação.Controle: É facilmente eliminada

com anelamento (descascar em voltado tronco). Uso de herbicidas.

Gibata ouchibata ( Arrabidaea

bilabiata)Bignoniaceae

Glicosídeo dotipo esteróidecardioativo

Trepadeira, planta tóxica maisimportante das regiões de várzeada bacia amazônica. Os bovinosingerem a planta somente quandoestão com fome; aparentemente, a

 planta não tem boa palatabilidade.

DL (250 a 1.500 g de folhas verdes).Os sintomas iniciam-se,aproximadamente, de 6 a 24 horasapós a ingestão da planta. Osanimais, quando movimentados,caem ou deitam-se

  precipitadamente. Ficam logo emdecúbito letal, fazendo movimentosde pedalagem; às vezes, cerramfortemente as pálpebras, berram e

morrem.Controle: Pastagens em abundânciae erradicação da espécie.

Fonte: Freitas et al. (1991); Afonso e Pott (2002)

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2 - Controle de plantas daninhas

Os métodos de controle de plantas daninhas usados são os mesmos empregados em outros

sistemas de produção agrossilvopastoril, sendo muito variados. Atualmente, recomenda-se o

“manejo integrado das plantas daninhas”, que consiste num sistema ambientalmente correto no

campo, onde são usados todos os conhecimentos e ferramentas disponíveis para produção das

culturas livre de danos econômicos da vegetação daninha competitiva. A redução da interferência

das plantas daninhas, considerando uma forrageira, deve ser feita quando as perdas forem

superiores ao incremento no custo devido ao controle, ou seja, quando não há redução da sua produtividade econômica. Um bom programa de manejo de plantas daninhas pode ser resumido em

três situações básicas: máxima produção no menor espaço de tempo, máxima sustentatibilidade de

 produção e mínimo risco (SILVA et al., 2005).

O nível de controle das plantas daninhas, obtido em uma pastagem, dependerá da espécie

infestante, da capacidade competitiva da forrageira, do período crítico de competição, dos métodos

empregados, das condições ambientais, etc. Muitas vezes faz-se necessária a associação de dois ou

mais métodos para se atingir o nível desejado, constituindo-se, esse fato, no controle integrado. Os

métodos de controle podem ser: preventivo, cultural, mecânico ou físico, biológico e químico.

Atualmente, com o advento da chamada agricultura economicamente sustentável, tem sido

 preconizado o manejo integrado de plantas daninhas, com o objetivo de reduzir as perdas causadas

  por estas plantas, os custos de controle, a energia gasta com tratos culturais, além de outras

operações e a erosão do solo causada por água e vento. Visa, ainda, assegurar a produção adequada

de alimentos, mantendo a qualidade ambiental com a maximização de lucro para o agricultor.

Dessa forma, segundo Victoria Filho (2000), o manejo de plantas daninhas pode ser definido

como a combinação racional de medidas preventivas associadas a medidas de controle e de

erradicação, se necessárias, em um determinado agroecossistema.

O controle ideal é aquele que, economicamente, elimina os prejuízos causados pelas plantasdaninhas, resguarda os seus aspectos benéficos e não causa danos à forrageira, aos animais e ao

solo. Isso pode ser possível se o pecuarista proceder à absoluta racionalização do controle de plantas

daninhas, por meio de métodos e equipamentos usados oportunamente.

2.1 - Controle preventivo

O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir aintrodução, o estabelecimento e, ou, a disseminação de determinadas espécies-problema em áreas

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ainda por elas não infestadas. Essas áreas podem ser um país, um estado, um município ou uma

gleba de terra na propriedade.

Regionalmente, o controle é de responsabilidade de cada agricultor ou cooperativas, visando

 prevenir a entrada e disseminação de uma ou mais plantas daninhas, que poderão se transformar em

sérios problemas para a região, como a ciganinha ( Memora peregrina). Em síntese, o elementohumano é a chave do controle preventivo.

As medidas que podem evitar a introdução onde a espécie ainda não ocorre são: utilização

de sementes de elevada pureza; limpeza cuidadosa de máquinas, grades; inspeção cuidadosamente

de mudas adquiridas com torrão e também de toda a matéria orgânica (esterco e composto)

  proveniente de outras áreas; limpeza de canais de irrigação; e, principalmente, a quarentena de

animais introduzidos em outras áreas; etc.

2.2 - Controle cultural

O controle cultural reúne todas as práticas disponíveis para o estabelecimento das forragens

em condições adequadas ao seu desenvolvimento e à sua persistência com boa produtividade,

qualidade, palatabilidade e longevidade. Proporciona, ainda, condições favoráveis para a forrageira

em relação às demais espécies presentes na área (plantas daninhas) e possibilita a vantagem

competitiva da forrageira em relação às plantas daninhas.

A escolha de espécies forrageiras adequadas para cada área e objetivo de pastejo é um

importante componente do sucesso da atividade. Quando da escolha dessa espécie, os seguintes procedimentos devem ser observados: diagnóstico da área - realizado por meio de análise química e

física do solo, tipo de solo, clima (déficit hídrico e ocorrência de queimadas), topografia, pragas,

  banco de sementes de plantas daninhas, impedimentos físicos ou mecânicos, histórico da área e

outros; análise da produtividade desejada; o nível tecnológico a ser adotado; objetivo da produção; e

época de utilização da espécie.

Outro componente importante do controle cultural é a formação adequada da pastagem, que

deve começar antes da implantação, com uma limpeza adequada da área, eliminando-se rebrota do

cerrado de porte alto, arbustos, capoeiras, tocos, pedaços de tronco e galhadas.A conservação do solo é outro ponto importante, devendo-se realizar a construção de

terraços ou curvas de nível quando a área apresentar suscetibilidade ou risco de erosão ou até

mesmo escorrimento superficial da água das chuvas, impedindo, assim, ou mesmo reduzindo os

efeitos erosivos. A correção da acidez do solo e o fornecimento de cálcio e magnésio a este (quando

necessária), bem como a aplicação de adubos fosfatados, devem ser realizados no momento correto.

As quantidades desses produtos dependem da espécie forrageira e do nível de produtividade

desejado.

O preparo do solo deve ser feito de modo a proporcionar ótima germinação eestabelecimento da forrageira. A intensidade e os equipamentos a serem utilizados no preparo de

solo dependem do tipo deste, da quantidade e das espécies de plantas daninhas e de forrageira a ser 

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implantada; esta deve ser considerada como uma cultura que vai produzir por muitos anos. Portanto,

o preparo do solo deve ser igual, ou melhor, ao daquele utilizado para plantio de soja, algodão,

milho e outros, isto é, poucos torrões, solo nivelado e livre de plantas daninhas, com pouca palha.

Em áreas que apresentarem alta quantidade de palhada, deve-se realizar o preparo do solo no

mínimo 120 dias antes do plantio no período das águas, para que ocorra a decomposição desta seminterferir na germinação da forrageira.

Em áreas que apresentarem alta infestação de plantas daninhas ou outras forrageiras, o

 preparo do solo deve ser escalonado, para favorecer a germinação e eliminação delas, retardando o

  plantio da forrageira. Deve-se, no entanto, evitar o preparo excessivo do solo, ou seja, a sua

 pulverização, principalmente nos solos mistos e arenosos.

A correção adequada de nutrientes do solo é outro fator que melhora as condições de

estabelecimento, produção e longevidade da forrageira. A correção de fósforo, potássio, enxofre e

micronutrientes, quando necessária, deve ser realizada em quantidades recomendadas, levando emconsideração o resultado da análise de solo, a exigência de cada espécie forrageira e o nível de

  produtividade desejado. Podem ser aplicados antes do plantio ou em cobertura, exceção feita aos

fosfatos naturais reativos, que, quando recomendados, devem ser antes do plantio e incorporados.

Outro componente do controle cultural muitas vezes desprezado é a quantidade e a

qualidade das sementes das forrageiras, como: pureza, ou seja, livres de sementes de plantas

daninhas e possuindo qualidade fisiológica (vigor e germinação). A quantidade de sementes a ser 

utilizada depende da espécie forrageira, da germinação e do vigor. As sementes devem possibilitar a

formação de estande adequado e uniforme, proporcionando, assim, o estabelecimento mais rápido

da forrageira na área, sendo este um fator importante na dinâmica competitiva da forrageira com as

 plantas daninhas. Comumente, tem vantagem competitiva a espécie que se estabelece primeiro na

área. Em áreas com infestação elevada de plantas daninhas é recomendada a utilização de até 50% a

mais da quantidade de semente.

O plantio na época correta e de forma correta é fator preponderante no estabelecimento

adequado da forrageira. Para a maioria das forrageiras, a época do plantio é muito ampla em quase

todo o território nacional, começando com as primeiras chuvas em setembro até março. Entretanto,

de modo geral, a melhor época é de novembro a janeiro, podendo variar em certas regiões. Deve-se

considerar para isso a disponibilidade hídrica e temperatura para cada região, além das exigênciastérmicas, hídricas e de fotoperíodo da forrageira.

O plantio pode ser realizado a lanço sobre o solo devidamente preparado com uma grade

leve, parcial ou totalmente fechada, para incorporar as sementes de 0,5 a 4 cm de profundidade

(dependendo do solo e da forrageira), exceto para estilosantes ou andropógon. Logo após a última

gradagem (niveladora), as sementes devem ser distribuídas na área e, posteriormente, deve-se

 passar o rolo compactador, com maior peso no solo arenoso, peso médio no misto e peso leve no

argiloso, evitando, assim, a compactação da camada superficial deste, que impõe restrição à

emergência das plântulas. Deve-se evitar a utilização do rolo em solo com excesso de umidade, paraque o solo não fique aderido nele. O plantio com semeadeira deve seguir as mesmas exigências do

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  plantio a lanço, com espaçamento entre linhas de 13 a 40 cm, dependendo do equipamento e da

espécie forrageira, com profundidade de 0,5 a 4 cm, podendo-se realizar, na mesma operação, a

adubação da pastagem ou consórcio com outras espécies. Se a semeadeira não possuir sistema de

compactação, deve-se passar o rolo compactador após o plantio.

Já o plantio direto exige as mesmas condições do plantio direto de grãos (soja, milho), isto é,  boa cobertura do solo, distribuição uniforme da palhada, sem limitações químicas e físicas, sem

erosão, compactação, trilheiros, cupins, tocos, plantas daninhas de difícil controle por herbicidas e

outros. Esse sistema de plantio exige máquinas e equipamentos adequados. Após a dessecação,

realiza-se o plantio de linhas espaçadas de 13 a 40 cm, colocando-se 10 a 20% a mais de sementes

do que o sistema tradicional, para garantir o estande adequado e uniforme.

A manutenção da pastagem em condições ideais com o controle adequado de pragas também

é componente do controle cultural de plantas daninhas, por melhorar as condições desta. As pragas

mais importantes na formação de pastagens são: lagartas, cupins subterrâneos e formigas. Toda vezque o nível de infestação for significativo, ele deve ser controlado com defensivos específicos para

cada tipo de praga. O não-controle dessas pragas pode comprometer a formação e a persistência da

 pastagem, favorecendo o surgimento e estabelecimento de plantas daninhas.

A realização de adubações de cobertura nitrogenadas melhora as condições de

desenvolvimento e estabelecimento da forrageira. Para gramíneas forrageiras de média a boa

 produtividade, o nitrogênio é muito importante, principalmente em solos de baixo teor de matéria

orgânica. Estando todos os nutrientes corrigidos, o nitrogênio é o que proporciona o maior efeito no

aumento de produtividade. Na formação de pastagem, recomenda-se a aplicação de nitrogênio de 30

a 40 dias após a emergência ou após o manejo de formação (primeiro pastejo), com o objetivo de

auxiliar na boa formação da pastagem. A dose aplicada vai depender da análise de solo, espécie

forrageira e produtividade desejada. A adubação nitrogenada possibilita maior rapidez e quantidade

de área foliar, fechando o dossel mais rápido, implicando o sombreamento e abafamento das plantas

daninhas.

O manejo de formação da pastagem, também chamado de pastejo de uniformização, tem

como objetivo contribuir para a boa formação da pastagem. A princípio, deve-se iniciar o pastejo de

60 a 100 dias após a emergência da pastagem, ou antes da emissão da inflorescência (sementeira),

desde que o plantio seja realizado na época recomendada para cada região. Devem-se utilizar, de  preferência, animais jovens com alta lotação, por curto período de tempo (10 a 30 dias). As

vantagens desse manejo são: evitar o acamamento; diminuir a competição interespecífica,

eliminando o excesso de plantas; eliminar a maior parte das gemas apicais, reduzindo assim a

  produção de semente e translocação de nutrientes para estas, estimulando a emissão de novos

 perfilhos e raízes; antecipar a utilização da forragem, aproveitando o maior valor nutritivo, com boa

  produção de carne/hectare; e proporcionar a mais rápida e perfeita cobertura de solo,

 proporcionando, dessa forma, maior sombreamento para plantas daninhas.

O manejo da pastagem estabelecida é, possivelmente, o método de controle cultural de plantas daninhas mais importante, uma vez que vai garantir a longevidade e qualidade da pastagem,

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ou seja, maior aproveitamento do investimento empregado até o momento. Este manejo pode

facilitar o desenvolvimento da espécie forrageira ou das espécies de plantas daninhas; portanto, o

  beneficiamento da forrageira vai depender do manejo correto. A melhoria das condições para o

desenvolvimento das plantas daninhas ocorre quando o manejo empregado reduz as reservas e a

capacidade competitiva e de restabelecimento da forrageira. Isso ocorre quando há pastejoexcessivo (superpastejo), excesso de lotação (carga animal excessiva), pisoteio demasiado e

arranque de plantas.

O manejo correto consiste na utilização de lotação adequada, épocas corretas de entrada e

retirada dos animais (altura de pastejo), sendo o manejo específico para cada região, condições da

  propriedade (solo e clima), finalidade de pastejo, espécie forrageira, etc. A altura de pastejo

depende da espécie forrageira, como exemplo: tanzânia e mombaça (40 a 50 cm); marandu e

andropógon (30 cm);  Brachiaria decumbens (20 cm); Humidícola e Dictioneura (15 cm); e tifton

(15 cm).De modo geral, o pastejo pode ser classificado de três maneiras: contínuo - o animal fica

sempre na mesma invernada ou pastagem; alternado - o animal explora duas invernadas

alternadamente, com 28 a 36 dias de pastejo, e com o mesmo período de descanso; e rotacionado -

o animal usa de 3 a 40 piquetes ou invernadas, com período de pastejo de 1 a 15 dias, com período

de descanso de 24 a 39 dias, dependendo da espécie forrageira, nível de adubação ou fertilidade

natural do solo, época do ano, categoria animal, sistema de produção e outros. O tamanho e o

número de piquetes dependem, exclusivamente, do potencial produtivo da forrageira, da intensidade

de pastejo e do número de animais.

Uma das principais causas da degradação das pastagens é a redução da fertilidade do solo,

em razão dos nutrientes perdidos no processo produtivo, que pode chegar a mais de 40% do total de

nutrientes ingeridos pelo animal em pastejo, principalmente nitrogênio e fósforo. A pastagem

degradada não oferece condições à forrageira de competir com as plantas daninhas, tornando a

infestação da área uma questão de tempo. A adubação de manutenção é, portanto, um fator 

importante no controle integrado de plantas daninhas.

A quantidade de adubação de manutenção, utilizada anualmente, está diretamente

relacionada com a produtividade da pastagem. De maneira geral, recomenda-se devolver às

  pastagens 20% da receita bruta anual. A utilização da adubação de manutenção é extremamenteeconômica desde que seja escolhida a espécie de forrageira adequada às condições de clima e solo e

que ela esteja bem formada e com manejo adequado.

Outro método cultural de controle de plantas daninhas é a manutenção de animais oriundos

de outras pastagens em área isolada por 24 a 48 horas, evitando assim a infestação da pastagem com

sementes de plantas daninhas presentes no trato digestivo desses animais. Esta prática também é

considerada um método preventivo, por evitar a entrada de plantas daninhas na pastagem.

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2.3 - Controle mecânico ou físico

São métodos mecânicos de controle de plantas daninhas o arranque manual, a capinamanual, a roçada, a inundação, a queima, a cobertura morta e o cultivo mecanizado.

A utilização do fogo é um método pouco eficiente, pois reduz a quantidade de matéria

orgânica do solo, afeta a atividade microbiana deste, expondo-o à ação da erosão, e disponibiliza de

forma desorganizada os nutrientes armazenados nos vegetais, ocorrendo perda de nutrientes e

degradação da fertilidade do solo. Este método, além de controlar as plantas daninhas, também

controla a espécie forrageira, e na maioria dos casos a forrageira é mais suscetível à ocorrência de

queimadas do que as plantas daninhas.

O arranque manual, ou monda, é o método mais antigo de controle de plantas daninhas.

Ainda hoje é usado no controle em hortas caseiras, jardins e na remoção de plantas daninhas entre

as plantas das culturas em linha, quando o principal método de controle é o uso de enxada. No

controle de plantas daninhas em pastagens, é um método pouco eficiente e ineficaz. Serve para

controlar plantas gramíneas, por possuir sistema radicular menos profundo e mais fácil de ser 

arrancado. Entretanto, para plantas daninhas perenes a manutenção de parte do sistema radicular no

solo possibilita a rebrota e o seu restabelecimento. Este método de controle exige muita mão-de-

obra e possui baixo rendimento operacional, acarretando, assim, elevado custo de controle; no

entanto, possui a vantagem se ser altamente seletivo quanto à planta controlada.

Um dos métodos mais utilizados no controle de plantas daninhas em pastagens é a roçadamanual com foice. Seu rendimento operacional é maior do que o arranque, porém possui baixa

eficiência e eficácia. As plantas roçadas podem rebrotar logo após a realização desta prática, e

algumas ainda perfilham, aumentando a infestação. É um método relativamente seletivo, ou seja,

agride pouco a forrageira e pode ser empregado em locais de difícil acesso com máquinas

(roçadeira); contudo, possui custo elevado, por demandar muita mão-de-obra.

Outro método muito empregado entre os pecuaristas é a roçada mecanizada, que possui

rendimento operacional elevado e necessita de pouca mão-de-obra. O custo é relativamente inferior 

ao da roçada manual, porém demanda equipamentos apropriados, como o trator e a roçadeira, osquais requerem manutenção adequada. Possui baixa eficiência e eficácia, devido à rebrota e ao

restabelecimento das plantas daninhas. É um método não-seletivo, por também cortar a forrageira,

danificando assim o sistema radicular e reduzindo o vigor da forrageira. Esta prática, bem com a

roçada manual, deve ser repetida periodicamente, uma vez que a maioria das plantas se restabelece

logo após o corte.

Assim, as espécies de plantas daninhas perenes que possuem reservas no sistema radicular 

rebrotam ou, ainda, rebrotam e perfilham, induzindo o aparecimento de reboleiras, esta tem a

tendência de aumentar a cada roçada. A parte aérea das plantas cortada ao entrar em contato com asuperfície do solo vai desencadear os processos de decomposição e degradação. No entanto, como a

maior parte desse material vegetal é constituída por tecidos de elevada relação C/N (na maioria

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gramíneas), os microrganismos do solo demandam nitrogênio, e este será imobilizado do solo,

reduzindo, assim, a quantidade disponível deste nutriente no solo em um momento em que a

forrageira dele necessita para seu restabelecimento.

A roçada é uma prática que controla plantas daninhas sem reservas no sistema radicular e as

demais espécies, quando for adotada juntamente com outros métodos de controle, como o cultural equímico. Deve-se salientar que, após a realização da roçada, os animais devem ser retirados da área,

 para garantir o restabelecimento da forrageira e o seu poder de competição com as plantas daninhas.

2.4 - Controle químico

  No controle químico utilizam-se herbicidas que, em concentrações convenientes, têm a

finalidade de inibir o desenvolvimento ou provocar a morte das plantas daninhas. As vantagens do

uso do controle químico podem ser enumeradas:

•  Menor dependência da mão-de-obra, que possui custo elevado; em certas regiões

é difícil de ser encontrada no momento certo e na quantidade necessária.

•  Maior rendimento na operação de controle de plantas daninhas.

•  Mesmo em épocas chuvosas, o controle é mais eficiente, proporcionando menor 

rebrota das plantas daninhas.

•  É eficiente no controle de plantas daninhas na pastagem sem afetar o sistema

radicular da forrageira.

•  Permite o menor revolvimento do solo - plantio direto.•  Pode controlar plantas daninhas perenes e de propagação vegetativa.

O herbicida deve ser considerado uma ferramenta a mais e não como o único método de

controle. São necessárias pessoas capacitadas para uso correto dos herbicidas, observando-se as

normas técnicas, as instruções dos fabricantes e as leis governamentais que regulamentam o seu

uso.

Todo herbicida é uma molécula química que tem que ser manuseada com cuidado, havendo

 perigo de intoxicação do aplicador, principalmente. Pode ocorrer também poluição do ambiente -

água (rios, lagos e água subterrânea), solo e alimentos - quando manuseados incorretamente. Hánecessidade de mão-de-obra especializada para aplicação dos herbicidas, sendo essa a causa de

cerca de 80% dos problemas encontrados na prática. O conhecimento da fisiologia das plantas, dos

grupos aos quais pertencem os herbicidas e da tecnologia de aplicação é fundamental para o sucesso

do controle químico das plantas daninhas. Os riscos de uso existem, mas devem ser conhecidos,

 perfeitamente controlados e evitados.

A utilização de herbicida seletivo no controle de plantas daninhas em pastagens tem

demonstrado várias vantagens. Por possuir seletividade, tanto fisiologicamente como quando

aplicado de forma localizada, ele causa menor dano à forrageira. É eficiente no controle de plantasdaninhas anuais e perenes e possui alto rendimento operacional, sendo o tempo de recuperação da

área relativamente rápido, uma vez que reduz ou elimina a competição entre estas e a forrageira. Na

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maioria dos casos, a utilização de herbicidas no controle de plantas daninhas tem se mostrado uma

 prática economicamente viável, possuindo retorno rápido e certo, desde que inserida em um manejo

adequado de controle de plantas daninhas e recuperação da pastagem.

O emprego do controle químico deve ser feito juntamente com outras práticas de controle,

sendo a de maior importância o controle cultural, uma vez que este possibilita as melhorescondições de desenvolvimento e permanência da forrageira, cabendo ao controle químico apenas

auxiliar quando necessário. O emprego do controle químico como único e generalizado implica a

inviabilidade econômica da prática agrícola e sério desequilíbrio no sistema de produção. Portanto,

o herbicida é uma ferramenta muito importante no manejo integrado de plantas daninhas, desde que

utilizado no momento adequado e de forma correta.

São necessários alguns fatores para o sucesso da utilização do controle químico no manejo

integrado de plantas daninhas, como: conhecimento das condições de degradação da pastagem e

decisões conjuntas para sua recuperação; identificação correta das plantas daninhas (espécie,  biologia, estádio de desenvolvimento, atividade metabólica e densidade de infestação);

conhecimento do tipo da forrageira; e distribuição de plantas daninhas (localizada ou não).

A seguir será abordado o manejo de plantas daninhas em pastagens utilizando-se herbicidas.

2.4.1 - Uso de herbicidas na reforma e formação de pastagens

  Na reforma de pastagens ocorre a necessidade da destruição da vegetação da área, com

  posterior implantação da forrageira. A eliminação da vegetação pode ocorrer pelo emprego de

 práticas mecânicas ou por meio de controle químico com herbicidas, sendo estes de amplo espectrode ação e baixa persistência no ambiente (dessecantes). Os principais herbicidas utilizados com essa

finalidade são glyphosate, paraquat, diquat, paraquat + diuron e 2,4-D, sendo comum a mistura

entre alguns destes. Os herbicidas a serem utilizados, bem como suas misturas, são dependentes das

 plantas daninhas presentes na área e de seu desenvolvimento no momento da aplicação (Quadro 2).

Os demais sistemas de plantio devem ser realizados em solo com preparo adequado, não

  possuindo torrões e tocos, sendo para isso realizada a destoca e gradagens. A gradagem é um

método mecânico de controle de plantas daninhas, porém não controla as espécies que possuem

órgãos de reserva, sendo necessário o emprego conjunto do controle químico com herbicidassistêmicos (Quadro 2).

Quando a forrageira (monocotiledônea) estiver se estabelecendo na área e surgirem plantas

daninhas dicotiledôneas, também em estádios iniciais de desenvolvimento, o emprego do controle

químico se faz necessário. O objetivo deste controle é reduzir a competição das plantas daninhas e

  possibilitar condições ideais ao rápido estabelecimento e desenvolvimento da forrageira. Nesse

caso, o emprego de reguladores de crescimento, em pequenas doses, é prática viável, uma vez que

estes produtos são seletivos às gramíneas (Quadro 2).

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2.4.2 - Uso de herbicidas na recuperação de pastagens

A recuperação de pastagens é caracterizada pelo retorno às condições de produção destas

sem ocorrer destruição da forrageira ou mesmo o revolvimento do solo. É dependente da populaçãoadequada de plantas forrageiras na área e da viabilidade do seu sistema radicular, ou seja, presença

de comprometimento da fertilidade do solo com manutenção da integridade da forrageira. A prática

da recuperação é dependente, ainda, da espécie da forrageira, do nível de infestação de plantas

daninhas, das espécies de plantas daninhas presentes na área e do nível tecnológico empregado pelo

 pecuarista.

A recuperação da pastagem demanda menor custo e possibilita a obtenção mais rápida de

  pasto, quando comparada à formação ou mesmo à reforma, uma vez que implica disponibilizar 

condições adequadas ao restabelecimento e desenvolvimento da forrageira já implantada na área.

 Na prática da recuperação das pastagens, o primeiro passo é a eliminação da competição

 pelas plantas daninhas, o que pode ser realizado pelo emprego de herbicidas, como: 2,4-D, 2,4-D +

 picloram, fluroxipir + picloram, triclopyr e tebuthiuron (Quadro 2). Eles possibilitam condições de

rápida recuperação da pastagem e melhor aproveitamento do adubo e da calagem pela forrageira.

Práticas culturais adequadas, como adubação e calagem, são componentes fundamentais no sucesso

do manejo de plantas daninhas e na recuperação da forrageira. A ausência da complementação do

controle químico com o controle cultural inviabiliza essa tecnologia, mesmo que os herbicidas

sejam eficazes no controle das espécies infestantes. A ausência de condições adequadas ao

desenvolvimento da forrageira proporciona o restabelecimento das plantas daninhas na área. Deve-se manter a pastagem sem pastoreio por um período de tempo após as práticas suficiente para

recuperação desta, a fim de proporcionar condições adequadas de restabelecimento da forrageira.

2.4.3 - Uso de herbicidas na manutenção de pastagens

O manejo adequado da pastagem é o principal fator responsável por sua longevidade e

  produtividade, por possibilitar condições adequadas ao desenvolvimento da forrageira, tornando

esta competitiva e dificultando o estabelecimento de plantas daninhas. Dentre os várioscomponentes do manejo de pastagens, o controle de plantas daninhas é fundamental para a

sustentabilidade do sistema de produção. Os herbicidas podem ser utilizados para eliminar as

  plantas daninhas, através de produtos seletivos às gramíneas, como o 2,4-D, 2,4-D + picloram,

fluroxipir + picloram e triclopyr (Quadro 2).

A eliminação de reboleiras de plantas daninhas perenes e arbustivas pode ser realizada com

aplicação localizada nas folhagens, no meristema apical (ex.: na pindoba) ou mesmo no toco recém-

cortado de arbustos e árvores, utilizando-se para isso o picloram, 2,4-D + picloram, fluroxipir +

  picloram e triclopyr (Quadro 2). Entretanto, os arbustos com muitos espinhos, que impõem

dificuldades na pulverização ou mesmo no corte, podem ser eliminados pela utilização de produtos

granulados espalhados no solo na projeção da copa, como o tebuthiuron (Quadro 2).

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Deve-se atentar para a manutenção da pastagem livre de pastoreio no momento e também

 por um período de tempo após a aplicação dos herbicidas, objetivando a recuperação da forrageira.

Esta prática também reduz a contaminação do esterco dos animais com esses herbicidas, que

  possuem persistência neste e no solo, podendo causar sérios danos a culturas sensíveis adubadas

com o esterco, como tomate, alface e outras hortaliças, ou cultivadas em área tratada por um período inferior à sua carência.

Quadro 2 – Principais herbicidas recomendados na cultura das pastagensNome

técnicoNome

comercialObservações

2,4-D Diversos

Aplicação (pós-emergência) em área total em forrageiras monocotiledôneascontrolando seletivamente as espécies dicotiledôneas. Deve ser aplicado

 preferencialmente nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas daninhas,visando redução das doses e maior eficiência de controle. Controla plantas de

folhas largas anuais e algumas perenes. Utilizar pontas de pulverização especiais para reduzir o efeito da deriva e proporcionar boa cobertura das plantas daninhas.  Na dessecação para o sistema de plantio direto, em infestações mistas (degramíneas e dicotiledôneas), usá-lo em mistura no tanque do pulverizador, comglyphosate, glyphosate potássico ou sulfosate. Não aplicar em plantas daninhas

 perenes adultas, devendo ser aplicada a mistura de 2,4-D com picloram, devidoao rápido metabolismo do 2,4-D nessas plantas, não ocasionando a morte delasem aplicação isolada. No controle em área total procede-se, previamente, ao

  pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantasdaninhas ao herbicida que será aplicado. Deve-se atentar para o efeito da deriva

 para culturas altamente sensíveis próximo à área de pulverização, como: algodão,tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. Plantas daninhas controladas:

amendoim-bravo ( Euphorbia spp), beldroega (Portulaca oleracea), caruru( Amaranthus sp.), carrapicho-de-carneiro (  Acanthospermum hispidum), cordão-de-frade ( Leonotis spp.), corriola (lpomoea spp), dente-de-leão (Taraxacum

officinale), erva-moura (maria preta) (Solanum nigrum), flor-roxa ( Echium

 plantagineum), guanxuma (Sida spp.), joá (Solanum spp.), jurubeba (Solanum

 paniculatum), mamona (  Ricinus communis), mastruço (mentruz) (Coronopus

didymus), melão-de-são-caetano (  Momordica charantia), mentrasto ( Ageratum

conyzoides), Mostarda ( Brassica campestre),  Nabiça ( Raphanus raphanistrum),

  Nabo-bravo (  Brassica rapa),  picão-branco (Galinsoga parviflora),  picão-preto( Bidens pilosa), poaia ( Richardia spp.), serralha (Sonchus oleraceus), trapoeraba(Commelina spp.) e aguapé ( Eichornia crassipes) 

Diuron + paraquat

Gramocil

Utilizado na renovação das pastagens, em área total, para matar as plantas

daninhas anuais (monocotiledôneas e dicotiledôneas), porém não elimina as plantas perenes. Também é utilizado na dessecação para o plantio direto em pós-emergência das plantas daninhas, estando estas em estádio inicial dedesenvolvimento. Controla várias espécies de gramíneas e dicotiledôneas anuais,que não se reproduzem por partes vegetativas. Por ser herbicida não-seletivo, deação por contato, não pode ser aplicado sobre a forrageira. Recomenda-se aplicá-lo com ponta de pulverização que produza boa cobertura foliar.

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Nometécnico

Nomecomercial

Observações

2,4-D + picloram

Mannejo

Utilizar surfatantes 0,3% v.v. Aplicação em pós-emergência em área total oulocalizada. É utilizado na reforma e recuperação da pastagem no controle de

 plantas daninhas dicotiledôneas herbáceas e semi-arbustivas; a aplicação deve ser realizada cerca de 40 dias após a emergência das plantas daninhas, em pleno

vigor vegetativo. Caso contrário, deve-se roçar as plantas daninhas e esperar arebrota vigorosa e bem enfolhada (30 a 40 cm para plantas herbáceas e 1 m parasemilenhosas) para posterior aplicação. Utilizar doses maiores em plantasdaninhas adultas que tenham sofrido várias roçadas anteriormente ou quando játenham terminado seu desenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso).Em aplicações em área total deve-se evitar o plantio de culturas suscetíveis naárea por 2 a 3 anos. Utilizar pontas de pulverização especiais para reduzir o efeitoda deriva e proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. Deve-se atentar parao efeito da deriva para culturas altamente sensíveis próximo à área de

 pulverização, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. Nocontrole em área total procede-se, previamente, ao pastoreio da área, com afinalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantas daninhas ao herbicida que

será aplicado. Em aplicações em área total deve-se evitar o plantio de culturassuscetíveis na área por 2 a 3 anos. Plantas daninhas controladas: assa-peixe

 branco (Vernonia polyanthes), cheirosa ( Hyptis suaveolens), malva-branca (Sida

cordifolia), guanxuma (Sida rhombifolia), fedegoso (Senna obtusifolia), canela-de-perdiz (Croton glandulosus) e mata-pasto ( Eupatorium maximilianii) e outras. 

2,4-D + picloram

Tordon2,4-D

Utilizar surfatantes (0,20 a 0,25% v.v Aterbane ou 0,2 a 0,3% de óleo mineral). Éutilizado no controle de plantas herbáceas tolerantes ao 2,4-D e para controlar arbustos e árvores. No primeiro caso, pulveriza-se por via terrestre ou aérea todaa área ou as reboleiras mais infestadas. No segundo caso, na erradicação dearbustos ou árvores isoladas utiliza-se o método da pulverização da copa ou,

  preferencialmente, o de aplicação no toco recém-roçado. No controle em área

total procede-se, previamente, ao pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem e expor as plantas daninhas ao herbicida que será aplicado. Deve ser realizado durante a estação das chuvas, quando as plantas se encontram em plenovigor vegetativo. Deve-se atentar para o efeito da deriva, principalmente em

  pulverizações aéreas que devem ser realizadas no mínimo a 2.000 metros dedistância de culturas sensíveis, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja, café,entre outras. Utilizar doses maiores em plantas daninhas adultas que tenhamsofrido várias roçadas anteriormente ou quando já tenham terminado seudesenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso). Em aplicações em áreatotal deve-se evitar o plantio de culturas suscetíveis na área por 2 a 3 anos.Utilizar pontas de pulverização especiais para reduzir o efeito da deriva e

  proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. Plantas daninhas controladas

(*aplicação no toco recém-roçado): amendoim-bravo (  Euphorbia paniculata),arranha-gato* ( Acacia sp. e Sharnkya sp.), aguapé ( Eichordia crassipes), assa-

  peixes (Vernonia spp.), buva ( Erigeron bonariensis), cajussara (Solanum spp.),cambarazinho (  Eupatorium laevigatum), capixingui (Croton floribundus),

caraguatá ( Erygium spp), carqueja ( Bacharis trimera), erva-de-bicho (Polygonum

 punctatum), erva-lanceta (Solidago microglossa), espinilho (Fagara praecox),

fumeiro (Solanum sp), guanxumas (Sida spp.), joá (Solanum sisymbrifolium),

 jurubeba (Solanum paniculatum), leiteiro* (Peschiera fuchsiaefolia), maria-mole(Senecio brasiliensis), mio-mio (  Baccharis coridifolia),  picão-preto ( Bidens

 pilosa), samambaia (Pteridium aquilinum), timbó* (Serfania sp), tojo (Ulex

europaeus) e trançagem (Plantago major).

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Nometécnico

Nomecomercial

Observações

Fluroxipir + picloram

Plenum

Utilizar surfatante 0,3% v.v ou óleo mineral 0,2 a 0,5% v.v. Aplicação em pós-emergência em área total ou localizada; controla plantas daninhas dicotiledôneasherbáceas semi-arbustivas e arbustivas. As plantas daninhas devem estar em

  pleno desenvolvimento vegetativo. Evitar deriva deste produto para culturas

altamente sensíveis, como: algodão, tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras.Utilizar doses maiores em plantas daninhas adultas que tenham sofrido váriasroçadas anteriormente, plantas de cerrado ou quando já tenham terminado seudesenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso). No controle em área total

  procede-se, previamente, ao pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a  pastagem e expor as plantas daninhas ao herbicida que será aplicado. Emaplicações em área total deve-se evitar o plantio de culturas suscetíveis na área

 por 2 a 3 anos. Utilizar pontas de pulverização especiais para reduzir o efeito daderiva e proporcionar boa cobertura das plantas daninhas. Plantas daninhascontroladas: assa-peixe-branco (Vernonia polyanthes), assa-peixe-roxo (Vernonia

westiniana), mata-pasto (  Eupatorium maximilianii), vassourinha (Sida

santaremnensis), malva branca (Sida cordifolia), guanxuma (Sida rhombifolia),

 joá (Solanum viarum), malvão (Triunfetta bartramia), guatanbú* ( Aspidospermasp.), assa-peixe branco do cerrado* (Vernonia ferruginea), mamica-de-porca*(Fagara rhoifolium), roseta* (  Randia armata, Bauhinia variegata), aroeirinha*(Schinus terebenthifolius), angiquinho* (Parapiptadenia sp). (*Em algumascondições ocorre a exigência de repasse no segundo ano com a aplicação de

 picloram no toco recém-roçado).

Glyphosate diversos

Aplicar em pós-emergência das plantas daninhas, jovens ou adultas, estando estasem boas condições metabólicas. Controla de forma não-seletiva plantas daninhasmono e dicotiledôneas. A dose recomendada depende das espécies e do estádio dedesenvolvimento destas. Em pastagem, usa-se para destruí-la, quando se pretenderenová-la, ou reverter o terreno para outras culturas. Por ser um herbicida

sistêmico, controla plantas daninhas perenes e com órgãos de reserva, evitando arebrota destas após o revolvimento do solo. Pode ser utilizado, ainda, emaplicações localizadas para controlar plantas em reboleiras. Neste caso, deve-seevitar o contato com as forrageiras, por não ser seletivo a elas. Requer período de4-6 horas sem chuvas após sua aplicação, para assegurar sua absorção,dependendo da formulação utilizada. É comum sua mistura ao 2,4-D,

 principalmente para uso em áreas infestadas por plantas de difícil controle. Esteherbicida não impõe restrições quanto à escolha das culturas subseqüentes, por ser fortemente sorvido ao solo e não possuir efeito residual.

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Módulo 3.6 - Manejo de plantas daninhas em pastagens264

Nometécnico

Nomecomercial

Observações

Triclopyr Garlon

Controle eficiente da pindoba (Orbinea speciosa) – 10 mL da solução 4,0% v.vde Garlon em óleo diesel para cada metro de altura desta planta. Para plantasvelhas, roçadas várias vezes, que apresentam engrossamento visível próximo àsuperfície do solo, devem-se aplicar 15 a 20 mL por planta, mesmo que a altura

esteja abaixo da roçada recente. A aplicação deve ser realizada diretamente nomeristema apical da planta, localizado no centro da projeção das folhas maisnovas. Controle de guatambu ( Aspidosperma sp.) pata-de-vaca ( Bauhinia

variegata e Parapiptadenia sp.) e outras brotações de cerrado - aplicação deGarlon 5,0% v.v em óleo diesel a baixa pressão no terço final do caule,aproximadamente 30-40 cm acima do nível do solo (cerca de 20 mL por planta),cuidando para atingir o mínimo possível as folhas da forrageira. Na aplicação emárea total não se deve utilizar óleo diesel; esta pode ser aérea ou terrestre, em

  pastagens infestadas densamente por plantas daninhas de pequeno, médio egrande porte. Aplicar o produto molhando bem e uniformemente toda a folhagemda planta. Evitar deriva deste produto para culturas altamente sensíveis, como:algodão, tomate, batata, feijão, soja, café, entre outras. Utilizar pontas de

  pulverização especiais para reduzir o efeito da deriva e proporcionar boacobertura das plantas daninhas. No controle em área total procede-se,

  previamente, ao pastoreio da área, com a finalidade de rebaixar a pastagem eexpor as plantas daninhas ao herbicida que será aplicado. A aplicação deve ser realizada em plantas com desenvolvimento adequado. Plantas daninhascontroladas: erva-quente ( Borreria alata), cambará ( Lantana camara), assa-peixe(Vernonia polyanthes), espinilho (  Acacia farnesiana),  jurubeba (Solanum

 paniculatum) e outras. O produto é rapidamente degradado, apresentando meia-vida no solo de 20 a 45 dias, dependendo do tipo de solo e das condiçõesclimáticas, não impondo restrições quanto a culturas subseqüentes.

Picloram Padron

 Não adicionar óleo diesel nem surfatantes. Aplicação deve ser localizada no toco

recém-roçado. Roçar as plantas daninhas a serem controladas com foice o mais próximo possível do solo. Em plantas já roçadas anteriormente, deve-se fazer ocorte abaixo do engrossamento da raiz da última roçada. Os caules mais grossosdevem ser rachados em cruz para proporcionar a maior absorção do produto.Deve-se utilizar ponta de pulverização do tipo cone cheio, que deve ficar o mais

  próximo possível no momento da aplicação, para evitar perda do produto. O produto deve ser aplicado imediatamente após o corte, molhando bem todo o tocoaté atingir o ponto de escorrimento. Em plantas que possuem engrossamento docaule abaixo do nível do solo (ex.: ciganinha), deve-se corta-las com enxadãoabaixo do nível do solo e posteriormente aplicar o produto em caule e raízesdecepadas até o ponto de encharcamento. Em plantas com toco de diâmetroinferior a 3 cm, deve-se aplicar o produto sobre o solo ao redor do toco,

objetivando-se atingir o seu sistema radicular. Não realizar aplicação em plantassecas e com atividade metabólica reduzida (estresse hídrico acentuado,queimada). Utilizar doses maiores em plantas daninhas adultas que tenhamsofrido várias roçadas anteriormente, plantas de cerrado ou quando já tenhamterminado seu desenvolvimento vegetativo (final do período chuvoso). Plantasdaninhas controladas: arranha-gato (  Acacia plumosa), leiteiro (Peschiera

 fuchsiaefolia), aroeirinha (Schinus terebenthifolius), espinho-agulha ( Barnadesia

rosea), camboatá (Tapirira guianensis), mamica-de-porca ( Machaerium

aculeatum), pata-de-vaca ( Bauhinia variegata) e ciganinha ( Memora peregrina).

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Módulo 3.6 - Manejo de plantas daninhas em pastagens 265

Nometécnico

Nomecomercial

Observações

Tebuthiuron

Graslan

Formulação granulada aplicada a lanço, com granuladeira ou por via aérea,devendo, em ambos os casos, o aplicador proteger-se com equipamento de

 proteção adequado (luvas impermeáveis e outros). Usa-se em cobertura total doterreno, ou localizada nas reboleiras de infestantes que se pretende eliminar, ou,

ainda, embaixo da copa dos arbustos indesejáveis (plantas com espinhos eoutras), distribuindo-se os grânulos na projeção da copa. A distribuição do

 produto deve ser uniforme na área, para reduzir os efeitos negativos à forrageira.Em caso de lesões ocasionadas principalmente pela maior concentraçãolocalizada do produto, os danos tendem a desaparecer num período de 6 a 12meses. É aplicado em dose única em qualquer época do ano. No entanto,resultados mais rápidos e eficientes serão obtidos quando a aplicação for realizada pouco antes (ou no início) do período chuvoso (julho a dezembro nasregiões Sul e Centro-Oeste). Devido ao modo de absorção e translocação doherbicida, os arbustos devem apresentar bom desenvolvimento foliar; portanto, aaplicação não deve ser feita em arbustos roçados ou queimados recentemente.Após a aplicação deste produto não se recomenda eliminar a parte aérea doarbusto de que se deseja o controle, pois esta é importante para melhor absorçãodo herbicida e conseqüentemente agilizará o processo de morte desse arbusto.Deve-se evitar a aplicação sobre ou perto de culturas anuais suscetíveis, comosoja, feijão, tomate, algodão, fumo, pepino e outras, bem como de árvoresfrutíferas. Não aplicar o produto em florestas ou reservas naturais. No caso deaplicação em área total, as culturas rotacionais poderão ser plantadas no mínimo 3anos após a aplicação do herbicida, entretanto, quando em aplicação localizada,seu efeito restringe-se ao local de aplicação. Mantenha afastados das áreas deaplicação crianças, animais domésticos e pessoas desprotegidas por um períodode 7 dias após a aplicação do produto. É recomendado para solos arenosos eareno-argilosos. Plantas daninhas controladas: gramão ou grama-batatais

(Paspalum notatum), assa-peixe, assa-peixe-do-pará, folha-de-santana (Vernonia ferruginea), assa-peixe-roxo (Vernonia scabra), carqueja (  Bacharis trimera),

chirca (  Eupatorium bonifolium),  jurubeba (Solanum fastigiatum), roseta oulimãozinho-de-goiá ( Randia armata), taboca (Guadua angustifólia), assa-peixe-

 branco, assa-peixe-do-cerrado (Gochnatia polymorpha), café-de-bugre (Solanum

caavurana), capa-bode (  Melochia tomentosa), cega-jumento ou cajussara(Solanum rugosum), fumo-bravo (Solanum verbascifolium), lobeira (Solanum

lycocarpum), malícia ou dorme-dorme (  Mimosa invisa), mangueirinha oucamboatá-do-cerrado (Tapirira guianensis), arranha-gato ou unha-de-gato(  Acacia plumosa), cansanção ou urtigão (Cnidosculus urens), cipó-prata(  Banisteria metalicolor), esporão-de-galo (Pisonea aculeata), esporão-de-galo(Celtis glycicarpa), leiteiro (Peschiera fuchsiaefolia), limão-bravo (Soliva

sessilis),   pereiro (  Aspidosperma eburneum), veludo-vermelho (Chomelia pohliana), aroeirinha (Schinus terebinthifolius), cruzeta (Strychnos parvifolia),

espinho-agulha (Chuquiragua tomentosa), espinho-agulha (  Barnadesia rósea),

leiteiro-vermelho (Chrysophyllum marginatum), limãozinho ou juvu(  Acanthocladus brasiliensis), mamica-de-porca (Fagara hiemalis) e  tarumã(Vitex sp.).

São várias as maneiras de aplicação de herbicidas em pastagens, sendo elas dependentes das

condições de infestação, operação na ocasião do controle (reforma, formação, recuperação e

manutenção), espécie infestante, nível tecnológico do pecuarista e herbicida utilizado.

A aplicação foliar pode ser localizada ou em área total. A localizada é denominada catação econstitui-se na eliminação de arbustos agrupados; a área é caracterizada pela infestação menor do

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que 40% e disposta em reboleiras. Os pulverizadores utilizados são o costal tracionado por uma

  pessoa, o pulverizador tracionado por animal, denominado Burro Jet, ou mesmo um pulverizador 

tratorizado adaptado com várias saídas de pontas, direcionadas por trabalhadores que acompanham

o trator.

A aplicação em área total é feita em áreas com infestação acima de 40% e está condicionadaà topografia adequada da área, permitindo a mecanização com o trator. Essa forma de pulverização

 possui alto rendimento operacional e exigência baixa de mão-de-obra, podendo ser realizada com

 pulverizador de barra, canhão ou avião (aérea).

A aplicação aérea é recomendada em grandes áreas que possuem obstáculos à pulverização

tratorizada. Esta prática demanda maior nível tecnológico do pecuarista, pelas exigências quanto a

monitoramento sistemático das condições meteorológicas, necessidade de pista de pouso próximo à

área e topografia adequada à pulverização aérea. Deve-se cuidar quanto à deriva próximo a áreas

agrícolas, uma vez que a maioria das culturas anuais e perenes é altamente sensível aos herbicidasreguladores de crescimento utilizados em pastagens. A principal vantagem da aplicação aérea é o

alto rendimento operacional, podendo pulverizar até 300 ha por dia.

Outra forma de aplicação de herbicidas é em toco recém-roçado, tendo como objetivo

aumentar a suscetibilidade das plantas daninhas aos herbicidas. Todavia, em condições que impõem

restrições à aplicação foliar ou ao corte dos arbustos, pode-se realizar a aplicação basal,

caracterizada pela deposição do herbicida granulado no solo na projeção da copa da planta daninha.

É utilizado no controle de arbustos com espinhos e com arquitetura de galhos bem fechados.

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