Manejo integrado da vassoura fernando

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O USO DE UM SISTEMA DE MANEJO INTEGRADO PARA CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO (Moniliophthora perniciosa) ISSN 0102-5511 Cleber Novais Bastos BOLETIM TÉCNICO Nº 24 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Superintendência do Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do Pará 2011

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O USO DE UM SISTEMA DE MANEJO

INTEGRADO PARA CONTROLE DA

VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO

(Moniliophthora perniciosa)

ISSN 0102-5511

Cleber Novais Bastos

BOLETIM TÉCNICO Nº 24

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Superintendência do Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do Pará

2011

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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Ministro: Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

Diretor: Jay Wallace da Silva e Mota

Superintendência de Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do

Pará

Chefe: Raymundo da Silva Mello Júnior

Serviço de Pesquisa - SEPES

Chefe: Augusto Olímpio da Silva Santos

Serviço de Extensão - SEREX

Chefe: José Raul dos Santos Guimarães

Serviço de Administração - SECAD

Chefe: Irecê Souza da Silva

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3

O USO DE UM SISTEMA DE MANEJO

INTEGRADO PARA CONTROLE DA

VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO

(Moniliophthora perniciosa)

Cleber Novais Bastos

BOLETIM TÉCNICO N 24

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Superintendência do Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do Pará

2011

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4

Endereço para correspondência:

BOLETIM TÉCNICO

CEPLAC/SUEPA – Caixa Posta 1801

Rodovia Augusto Montenegro, km 7

66635-110 Belém – Pará – Brasil

Telefone: 91 30841800

Fax: 91 30841816 Tiragem:

F

633.7442

B 327

BASTOS, C. N. O uso de um sistema de manejo

integrado para controle da vassoura-de-bruxa

do cacaueiro (Moniliophthora perniciosa) (Belém

(PA): CEPLAC/SUEPA/ERJOH.

Boletim Técnico n24, 2011.

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SUMÁRIO

1. RESUMO 6

2. ABSTRACT 7

3. INTRODUÇÃO 8

O Patógeno e a doença 10

Princípios do Manejo Integrado 12

Controle cultural 13

Controle Genético 15

Controle Químico 17

Controle Biológico 18

4. CONCLUSÃO 20

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22

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O USO DE UM SITEMA DE MANEJO

INTEGRADO PARA CONTROLE DA

VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO

(Moniliophthora perniciosa)

Cleber Novais Bastos

1. RESUMO

A vassoura-de-bruxa do cacaueiro causada pelo fungo

Moniliophthora (Crnipellis) perniciosa é considerada a

doença mais destrutiva das plantações de cacau,

ocasionando grandes perdas para a economia dos países

produtores, onde já foi constatada sua ocorrência. Na

composição deste trabalho foi dada ênfase aos princípios

que devem nortear as práticas de manejo integrado a serem

adotadas para o controle da vassoura-de-bruxa. É

apresentada também a descrição do fungo, a sintomatologia

da doença e, resultados de pesquisas que embasam a

necessidade da integração de várias medidas de controle tais

como genética, cultural e biológica para que se reduzam as

perdas causadas pelo patógeno. A integração de métodos

tem sido uma forma eficiente para o controle de doenças de

plantas, com resultados satisfatórios.

Palavras-chave: cacau, medidas de controle,

integração, doença.

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2.ABSTRACT

The use of one system of integrated

management for the control of the cocoa

witches’ broom disease (Moniliophthora

perniciosa)

Witches’ broom of cocoa caused by the fungus

Moniliophthora perniciosa is considered the most

destructive disease of the cocoa plantations causing big

losses to the economy of the producing countries where its

was verified. In the composition of this paper it was given

emphasis to the principles which must guide the methods of

integrated management to be followed for the control of

witches’ broom disease. The description of the fungus is

presented as well as the the symptomathology of the disease

and the results of researches which show the need of

integration of several methods of control such as genetic,

cultural, and biological ones for reducing the losses caused

by the pathogen. The integration of mehods has been an

efficient manner to control the plant diseases wih good

results.

Keywords: cocoa, control measures, integration,

disease

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8

3. INTRODUÇÃO

A vassoura–de-bruxa do cacaueiro causada pelo

fungo Moniliophthora perniciosa, é considerada a doença

mais destrutiva das plantações de cacau, ocasionando

grandes perdas para a economia dos países produtores, onde

já foi constada a sua ocorrência. Os danos provocados por

esta doença refletem diretamente na produção e, em alguns

casos, o ataque é tão severo que chega a dizimar totalmente

as plantações.

Na Região Amazônica brasileira já foram registradas

perdas superiores a 70% (ALMEIDA & ANDEBRHAN,

1987; LAKER & RAM, 1992). Na região sul da Bahia, após

o seu aparecimento em 1989 (Pereira et al., 1989), a doença

atingiu proporções epidêmicas, ocasionando em pouco

tempo um desastre socioeconômico, evidenciado pelo

fechamento e abandono de várias fazendas de cacau.

O patógeno ataca principalmente os tecidos

meristemáticos em desenvolvimento, tais como: gemas

vegetativas, almofadas florais e frutos jovens, provocando

sintomas característicos que se manifestam em forma de

hipertrofias e outras anomalias, como resultado de um

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9

desequilíbrio hormonal na interação patógeno-hospedeiro.

De um modo geral os sintomas podem ser encontrados em

mudas, lançamentos, flores e almofadas florais (Fig. 1).

FIG 1. Basidioma e sintomatologia da vassoura de bruxa em cacaueiro,

causada por Moniliophora perniciosa. (A) basidiomas, (B) vassoura em

plântula, (C) vassoura vegetativa de almofada floral e frutos anormais

em forma de morango e cenoura, (D) vassoura vegetativa seca, (E) fruto

com podridão negra e dura, (F) fruto com maturação precoce.

A B

C D

E F

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10

O patógeno e a doença

O agente causal da vassoura-de-bruxa descrito

anteriormente como Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer e

atualmente, denominado Moniliophthora perniciosa (Stahel)

Aime & Phillips-Mora pertence à classe Holobadiomycetes,

ordem Agaricales, tribo Marasmiae e família

Tricholomataceae (AIME & PHILLIPS-MORA, 2005). O

fungo possui um ciclo de vida hemibiotrófico, com uma fase

biotrófica (parasítica) e outra necrotrófica (saprofítica)

(EVANS, 1980). Durante a fase saprofítica o fungo produz

nos tecidos mumificados e necróticos corpos frutíferos, os

basidiomas (basidiocarpos) de coloração rosada e de

tamanho variável, entre 5 mm e 25 mm de diâmetro (Fig. 1).

Na parte inferior do píleo ou chapéu dos basidiomas, sobre

basídias dispostas no himênio, são produzidos os

basidiósporos hialinos, elipsóides medindo de 7– 9x4 – 4,8

m (SINGER, 1976).

A frequência e duração da chuva são fatores

importantes na produção de basidiomas, sendo as condições

ideais para o fungo uma precipitação anual entre 1500 mm e

2000 mm, temperatura de 24C e 26C e umidade relativa

do ar de 80% a 90%. Precipitações mensais menores que

100 mm e maiores que 300 mm reduzem a produção de

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basidiomas (ANDEBRHAN, 1985a). Chuvas contínuas e

fortes ou períodos secos prolongados inibem a produção de

basidiomas (THOROLD, 1975).

A liberação e disseminação dos basidiósporos

ocorrem freqüentemente durante a noite (18:00 h às 6:00 h),

quando a umidade relativa do ar é elevada (80% a 90%) e a

temperatura é mais baixa (24C a 26C) (BAKER &

HOLLIDAY, 1957). Quando liberados, os basidiósporos são

facilmente disseminados pelo vento e pela chuva, e ao

atingirem os sítios de infecção (tecidos jovens), germinam e

seus tubos germinativos penetram nos tecidos do

hospedeiro, diretamente ou através dos estômatos

(SREENIVASAN, 1989; BAKER & HOLLIDAY, 1957).

Nos lançamentos vegetativos infectados do

hospedeiro desenvolvem-se os sintomas conhecidos como

vassoura, que é inicialmente chamado de vassoura verde e

que, após algumas semanas sobrevém à morte das células e

necrose generalizada dos tecidos. Nos tecidos necrosados

(frutos e vassouras secas), após um período de dormência

durante o qual o micélio saprofítico cresce e acumula

energia, dá-se o aparecimento dos basidiomas.

Na Amazônia Brasileira, o período de frutificação do

cacaueiro coincide com a esporulação do fungo, ou seja, o

período de suscetibilidade dos frutos é coincidente com a

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maior presença de inoculo no ambiente. Os frutos são mais

suscetíveis até aos 3 meses de idade (ANDEBRHAN,

1985a) e a maior concentração de frutos neste estádio ocorre

normalmente no período de fevereiro a abril. Os maiores

picos de infecção nos brotos vegetativos (vassouras), nas

almofadas florais e nos frutos ocorrem nos meses de junho a

agosto, e os picos de produção de basidiomas nos meses de

fevereiro a maio (ANDEBRHAN, 1985 b).

Princípios do Manejo Integrado

Embora uma doença possa em certos casos ser

controlada por uma única medida de controle, a

complexidade de fatores envolvidos requer o uso de mais de

um método para alcançar controle adequado da mesma

(ZAMBOLIM et al., 1997). Daí a necessidade de concentrar

esforços visando à integração de várias medidas de controle,

para que se obtenha otimização na redução de intensidade

das doenças e, consequentemente, se alcance o máximo em

produtividade sem reflexos no meio ambiente.

As doenças de plantas ocorrem sempre que existe

um patógeno virulento, um hospedeiro suscetível e um

ambiente favorável ao patógeno e/ou desfavorável ao

hospedeiro. Para se obter um controle adequado das doenças

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de plantas, são postos em prática um ou mais dos seguintes

princípios fitopatológicos: Exclusão; erradicação; proteção;

resistência e terapia. O manejo integrado das fitomoléstias,

compreende, portanto, a utilização de tais princípios

conjuntamente com práticas que visam aumentar o vigor do

hospedeiro, reduzir o inoculo do patógeno e tornar o

ambiente desfavorável à multiplicação e disseminação do

patógeno e à infecção do hospedeiro.,

Para o manejo integrado da vassoura-de-bruxa do

cacaueiro inclui o uso racional de fungicidas cúpricos e

sistêmicos, controle cultural ou poda fitossanitária (remoção

de tecidos infectados), controle genético e controle

biológico.

Controle cultural

O controle cultural corresponde àquelas práticas que

visam a sanificação das plantações e principalmente a poda

fitossanitária que consiste na remoção de todos os tecidos

infectados do cacaueiro, interrompendo o ciclo do patógeno

e consequentemente, eliminando ou reduzindo a quantidade

de fontes de produção de inoculo. Esta prática deve seguir

um cronograma, de acordo com o ciclo do patógeno,

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visando obter resultados eficazes. Na Região Amazônica,

recomendam-se duas podas anualmente, dependendo do

índice de infecção das plantas. A primeira, considerada a

principal, deve ser feita na época de maior emissão de

vassouras secas no campo, que ocorre entre os meses de

agosto a setembro, coincidindo com o período seco. A

segunda poda ou de repasse deve ser feita 2 a 3 meses após

principal, para remover vassouras remanescentes ou tardias,

coincidindo com o início das chuvas (novembro a

dezembro).

Na Bahia, são necessárias pelo menos quatro

remoções ao ano, realizadas normalmente, nos meses de

fevereiro, maio, agosto e novembro (LUZ et al., 2006).

No viveiro, devem-se usar sementes provenientes de

frutos sadios, inspecionar periodicamente as plantas e

eliminar aquelas que apresentarem sintomas da doença.

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Controle genético

A resistência genética, embora sendo a medida de

controle mais simples e mais limpa a ser adotada pelo

agricultor, o seu uso é ainda limitado, em decorrência,

principalmente, da pequena disponibilidade de cultivares

com esta característica. Seria a medida ideal de controle por

ser mais durável, eficiente e de baixo custo para o produtor.

O desenvolvimento de variedades resistentes à vassoura-de-

bruxa requer grandes investimentos em pesquisa, tanto em

instalações e equipamentos quanto em recursos humanos,

demandando bastante tempo na condução das pesquisas.

Entretanto, algumas pesquisas já foram realizadas e vários

materiais foram selecionados como resistentes, destacando-

se alguns da série CCN, TSH e CAB (ALBUQUERQUE et

al., 1999).

As variedades híbridas de cacaueiro distribuídas

atualmente pela CEPLAC, já apresentam em sua

composição genótipos com níveis aceitáveis de resistência

às principais doenças que afetam esta cultura. No caso de

resistência à vassoura–de-bruxa, as variedades de cacau

distribuídas atualmente são muito mais resistentes a esta

doença que as variedades “Comum” e “Catongo”, que foram

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largamente empregadas no passado, principalmente na

região Sul da Bahia.

O programa de melhoramento genético da CEPLAC

vem desenvolvendo a mais de 30 anos, pesquisas no sentido

de detectar e desenvolver novas fontes de resistentes às

principais doenças que afetam o cacaueiro, tendo como

maior ênfase a vassoura-de-bruxa. Novas fontes de

resistência a esta doença vem sendo testadas no Sul da

Bahia, como clones de cacaueiros selecionados dentro da

série TSH, TSA e seleções em plantas comerciais da série

VB.

Na Amazônia, a CEPLAC tem uma das maiores

coleções de genótipos de cacaueiros com 1186 acessos

clonais distribuídos nas estações experimentais de Marituba,

PA (Estação de Recursos Genéticos José Haroldo –

ERJOH), em Medicilândia, PA (Estação Experimental Paulo

Morelli – ESPAM) e de Ouro Preto D´Oeste (Estação

Experimental de Ouro Preto – ESEOP). Nesta coleção estão

preservados diferentes genótipos coletados ao longo de 30

anos em vários pontos da Amazônia Brasileira. Alguns

clones nativos vêm demonstrando altos níveis de resistência

à vassoura-de-bruxa, tanto na Amazônia como na região Sul

da Bahia. Dentre estas novas fontes de resistência destacam-

se os clones da série CAB (Cacau da Amazônia Brasileira)

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CAB208, CAB214 e CAB270 e das séries RB (Rio Branco)

como RB36 (Albuquerque et al., 2010). Estas novas fontes

de resistência já estão em estudo para se determinar quais

serão as melhores combinações híbridas a serem distribuídas

para os agricultores.

Controle químico

Nos trópicos úmidos, devido à freqüente alta

precipitação, a eficácia dos fungicidas é geralmente

limitada. Aliado a isto, as dificuldades de proteção adequada

dos lançamentos foliares do cacaueiro, que se expandem

rapidamente, e a ausência de fungicidas sistêmicos eficazes

para erradicar o micélio do fungo uma vez estabelecido

constituem os principais fatores limitantes. Para se manter

uma lâmina de fungicida protetivo sobre os frutos durante o

crescimento, quando a superfície de área aumenta

rapidamente durante a estação chuvosa, são necessárias

pulverizações freqüentes e intervalos curtos de tempo.

Fungicidas à base de cobre podem reduzir as perdas de

frutos, desde que as aplicações sejam efetuadas na época

adequada (EVANS, 1981), embora não se verifique

eficiência na proteção dos lançamentos foliares. Na região

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Amazônica 4 a 6 aplicações de fungicidas cúpricos na

dosagem 3g i. a /l diminui o índice de infecções de frutos

para níveis aceitáveis. Entretanto, a viabilidade econômica

desta prática está diretamente ligada ao custo da aplicação e

preço do cacau ao produtor.

De um modo geral, embora existam princípios ativos

que controlam a vassoura-de-bruxa, o uso de fungicidas não

tem sido adotado com freqüência para o controle desta

enfermidade no campo. A baixa eficiência das aplicações

em árvores adultas e o alto custo dos fungicidas são os

motivos freqüentemente alegados para a não adoção desta

técnica de controle para a maioria dos agricultores (LUZ et

al., 2006).

Controle biológico

O controle biológico envolvendo fungos antagonistas

a M. perniciosa constitui uma linha promissora de pesquisa

para o controle da vassoura-de-bruxa do cacaueiro e, uma

alternativa viável num programa de manejo integrado desta

enfermidade. Atualmente, vários antagonistas têm sido

estudados como potenciais agentes para o biocontrole do

patógeno, dentre os quais são incluídos: Cladobrotyum

amazonense, Clonostachys spp. Trichoderma spp.,

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Gliocladium catenulatum e Trichoderma stromaticum

(BASTOS, 1986; BASTOS et al., 1981, INGLIS et al.,

1999). Os fungos C. amazonense e T. stromaticum,

possuem, respectivamente, a capacidade de destruir e

suprimir a formação de basidiomas em vassouras secas

(BASTOS, 1979; BASTOS, 1996).

O fungo T. stromaticum teve seu potencial

antagônico evidenciado no controle do inoculo de M.

perniciosa, por meio de experimentos em condições

controladas e de campo, na Região Amazônica e na região

cacaueira da Bahia (BASTOS, 2000; COSTA et al., 2000).

A partir de T. stromaticum, foi formulado o Tricovab,

produto comercial desenvolvido pela Unidade de

biocontrole do CENTRO DE PESQUISA DO CACAU

(CEPEC) da CEPLAC, em Itabuna, BA, que está sendo

empregado como parte do pacote de controle integrado da

vassoura-de-bruxa do cacaueiro na Bahia.

Os fungos endofíticos Clonostachys spp.

(recentemente classificados como C. rosea, C. rhizophaga e

C. rosea f. rosea) passaram a ser considerados como

antagonistas potenciais a M. perniciosa, para o biocontrole

da vassoura-de-bruxa do cacaueiro. Em experimentos de

casa de vegetação e de campo, esses antagonistas

apresentaram ação protetiva contra infecções e,

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20

possivelmente, podendo agir por antagonismo direto como

ativando mecanismo de defesa da planta hospedeira

(BASTOS, 2003; BASTOS, 2004; BASTOS, 2009). Os

antagonistas parece penetrarem e crescerem endofiticamente

(no interior) nos tecidos verdes, protegendo-os da infecção

pelo patógeno. A habilidade destes agentes de biocontrole

de crescerem endofiticamente em tecidos verdes, sem causar

danos ao hospedeiro, confere aos antagonistas importante

vantagem competitiva em relação ao patógeno na

colonização dos tecidos vivos.

Outra estratégia que vem sendo explorada de forma

promissora é a utilização de produtos não convencionais de

origem vegetal tais como o óleo essencial e o subproduto da

planta Piper aduncum (pimenta de macaco), resíduo foliar,

obtido após a extração do óleo, que age tanto como

biofungicida e como biofertilizante (BASTOS, 1997;

BASTOS, 2007; BASTOS, 2009).

4.Conclusão

A estratégia de integração de métodos tem sido uma

forma eficiente para o controle de doenças de plantas, com

resultados satisfatórios. Devido à constante adaptação dos

patógenos às cultivares e aos agroecossistemas, as soluções

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21

para controle precisam acompanhar com rapidez o

surgimento de novos problemas (JÚNIOR, 2008).

Moniliophthora perniciosa é um fitopatógeno de

difícil controle, principalmente, devido a sua capacidade de

atacar uma ampla gama de hospedeiros e de adaptar-se às

diferentes condições climáticas e ecológicas e, sob

condições favoráveis, de frutificar rapidamente e

abundantemente. Daí, a integração de uma série de práticas

culturais (adubação, desbrota, tratos fitossanitários, poda de

rebaixamento), o uso de variedades resistentes e produtivas,

aplicação de fungicidas e de agentes biocontroladores é um

caminho mais realista e racional para manejo da vassoura-

de-bruxa do cacaueiro.

Page 22: Manejo integrado da vassoura fernando

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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