Manejo integrado da vassoura fernando
-
Upload
fernando-mendes -
Category
Documents
-
view
216 -
download
0
description
Transcript of Manejo integrado da vassoura fernando
O USO DE UM SISTEMA DE MANEJO
INTEGRADO PARA CONTROLE DA
VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO
(Moniliophthora perniciosa)
ISSN 0102-5511
Cleber Novais Bastos
BOLETIM TÉCNICO Nº 24
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Superintendência do Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do Pará
2011
2
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Ministro: Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
Diretor: Jay Wallace da Silva e Mota
Superintendência de Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do
Pará
Chefe: Raymundo da Silva Mello Júnior
Serviço de Pesquisa - SEPES
Chefe: Augusto Olímpio da Silva Santos
Serviço de Extensão - SEREX
Chefe: José Raul dos Santos Guimarães
Serviço de Administração - SECAD
Chefe: Irecê Souza da Silva
3
O USO DE UM SISTEMA DE MANEJO
INTEGRADO PARA CONTROLE DA
VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO
(Moniliophthora perniciosa)
Cleber Novais Bastos
BOLETIM TÉCNICO N 24
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Superintendência do Desenvolvimento da Região Cacaueira no Estado do Pará
2011
4
Endereço para correspondência:
BOLETIM TÉCNICO
CEPLAC/SUEPA – Caixa Posta 1801
Rodovia Augusto Montenegro, km 7
66635-110 Belém – Pará – Brasil
Telefone: 91 30841800
Fax: 91 30841816 Tiragem:
F
633.7442
B 327
BASTOS, C. N. O uso de um sistema de manejo
integrado para controle da vassoura-de-bruxa
do cacaueiro (Moniliophthora perniciosa) (Belém
(PA): CEPLAC/SUEPA/ERJOH.
Boletim Técnico n24, 2011.
5
SUMÁRIO
1. RESUMO 6
2. ABSTRACT 7
3. INTRODUÇÃO 8
O Patógeno e a doença 10
Princípios do Manejo Integrado 12
Controle cultural 13
Controle Genético 15
Controle Químico 17
Controle Biológico 18
4. CONCLUSÃO 20
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
6
O USO DE UM SITEMA DE MANEJO
INTEGRADO PARA CONTROLE DA
VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO
(Moniliophthora perniciosa)
Cleber Novais Bastos
1. RESUMO
A vassoura-de-bruxa do cacaueiro causada pelo fungo
Moniliophthora (Crnipellis) perniciosa é considerada a
doença mais destrutiva das plantações de cacau,
ocasionando grandes perdas para a economia dos países
produtores, onde já foi constatada sua ocorrência. Na
composição deste trabalho foi dada ênfase aos princípios
que devem nortear as práticas de manejo integrado a serem
adotadas para o controle da vassoura-de-bruxa. É
apresentada também a descrição do fungo, a sintomatologia
da doença e, resultados de pesquisas que embasam a
necessidade da integração de várias medidas de controle tais
como genética, cultural e biológica para que se reduzam as
perdas causadas pelo patógeno. A integração de métodos
tem sido uma forma eficiente para o controle de doenças de
plantas, com resultados satisfatórios.
Palavras-chave: cacau, medidas de controle,
integração, doença.
7
2.ABSTRACT
The use of one system of integrated
management for the control of the cocoa
witches’ broom disease (Moniliophthora
perniciosa)
Witches’ broom of cocoa caused by the fungus
Moniliophthora perniciosa is considered the most
destructive disease of the cocoa plantations causing big
losses to the economy of the producing countries where its
was verified. In the composition of this paper it was given
emphasis to the principles which must guide the methods of
integrated management to be followed for the control of
witches’ broom disease. The description of the fungus is
presented as well as the the symptomathology of the disease
and the results of researches which show the need of
integration of several methods of control such as genetic,
cultural, and biological ones for reducing the losses caused
by the pathogen. The integration of mehods has been an
efficient manner to control the plant diseases wih good
results.
Keywords: cocoa, control measures, integration,
disease
8
3. INTRODUÇÃO
A vassoura–de-bruxa do cacaueiro causada pelo
fungo Moniliophthora perniciosa, é considerada a doença
mais destrutiva das plantações de cacau, ocasionando
grandes perdas para a economia dos países produtores, onde
já foi constada a sua ocorrência. Os danos provocados por
esta doença refletem diretamente na produção e, em alguns
casos, o ataque é tão severo que chega a dizimar totalmente
as plantações.
Na Região Amazônica brasileira já foram registradas
perdas superiores a 70% (ALMEIDA & ANDEBRHAN,
1987; LAKER & RAM, 1992). Na região sul da Bahia, após
o seu aparecimento em 1989 (Pereira et al., 1989), a doença
atingiu proporções epidêmicas, ocasionando em pouco
tempo um desastre socioeconômico, evidenciado pelo
fechamento e abandono de várias fazendas de cacau.
O patógeno ataca principalmente os tecidos
meristemáticos em desenvolvimento, tais como: gemas
vegetativas, almofadas florais e frutos jovens, provocando
sintomas característicos que se manifestam em forma de
hipertrofias e outras anomalias, como resultado de um
9
desequilíbrio hormonal na interação patógeno-hospedeiro.
De um modo geral os sintomas podem ser encontrados em
mudas, lançamentos, flores e almofadas florais (Fig. 1).
FIG 1. Basidioma e sintomatologia da vassoura de bruxa em cacaueiro,
causada por Moniliophora perniciosa. (A) basidiomas, (B) vassoura em
plântula, (C) vassoura vegetativa de almofada floral e frutos anormais
em forma de morango e cenoura, (D) vassoura vegetativa seca, (E) fruto
com podridão negra e dura, (F) fruto com maturação precoce.
A B
C D
E F
10
O patógeno e a doença
O agente causal da vassoura-de-bruxa descrito
anteriormente como Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer e
atualmente, denominado Moniliophthora perniciosa (Stahel)
Aime & Phillips-Mora pertence à classe Holobadiomycetes,
ordem Agaricales, tribo Marasmiae e família
Tricholomataceae (AIME & PHILLIPS-MORA, 2005). O
fungo possui um ciclo de vida hemibiotrófico, com uma fase
biotrófica (parasítica) e outra necrotrófica (saprofítica)
(EVANS, 1980). Durante a fase saprofítica o fungo produz
nos tecidos mumificados e necróticos corpos frutíferos, os
basidiomas (basidiocarpos) de coloração rosada e de
tamanho variável, entre 5 mm e 25 mm de diâmetro (Fig. 1).
Na parte inferior do píleo ou chapéu dos basidiomas, sobre
basídias dispostas no himênio, são produzidos os
basidiósporos hialinos, elipsóides medindo de 7– 9x4 – 4,8
m (SINGER, 1976).
A frequência e duração da chuva são fatores
importantes na produção de basidiomas, sendo as condições
ideais para o fungo uma precipitação anual entre 1500 mm e
2000 mm, temperatura de 24C e 26C e umidade relativa
do ar de 80% a 90%. Precipitações mensais menores que
100 mm e maiores que 300 mm reduzem a produção de
11
basidiomas (ANDEBRHAN, 1985a). Chuvas contínuas e
fortes ou períodos secos prolongados inibem a produção de
basidiomas (THOROLD, 1975).
A liberação e disseminação dos basidiósporos
ocorrem freqüentemente durante a noite (18:00 h às 6:00 h),
quando a umidade relativa do ar é elevada (80% a 90%) e a
temperatura é mais baixa (24C a 26C) (BAKER &
HOLLIDAY, 1957). Quando liberados, os basidiósporos são
facilmente disseminados pelo vento e pela chuva, e ao
atingirem os sítios de infecção (tecidos jovens), germinam e
seus tubos germinativos penetram nos tecidos do
hospedeiro, diretamente ou através dos estômatos
(SREENIVASAN, 1989; BAKER & HOLLIDAY, 1957).
Nos lançamentos vegetativos infectados do
hospedeiro desenvolvem-se os sintomas conhecidos como
vassoura, que é inicialmente chamado de vassoura verde e
que, após algumas semanas sobrevém à morte das células e
necrose generalizada dos tecidos. Nos tecidos necrosados
(frutos e vassouras secas), após um período de dormência
durante o qual o micélio saprofítico cresce e acumula
energia, dá-se o aparecimento dos basidiomas.
Na Amazônia Brasileira, o período de frutificação do
cacaueiro coincide com a esporulação do fungo, ou seja, o
período de suscetibilidade dos frutos é coincidente com a
12
maior presença de inoculo no ambiente. Os frutos são mais
suscetíveis até aos 3 meses de idade (ANDEBRHAN,
1985a) e a maior concentração de frutos neste estádio ocorre
normalmente no período de fevereiro a abril. Os maiores
picos de infecção nos brotos vegetativos (vassouras), nas
almofadas florais e nos frutos ocorrem nos meses de junho a
agosto, e os picos de produção de basidiomas nos meses de
fevereiro a maio (ANDEBRHAN, 1985 b).
Princípios do Manejo Integrado
Embora uma doença possa em certos casos ser
controlada por uma única medida de controle, a
complexidade de fatores envolvidos requer o uso de mais de
um método para alcançar controle adequado da mesma
(ZAMBOLIM et al., 1997). Daí a necessidade de concentrar
esforços visando à integração de várias medidas de controle,
para que se obtenha otimização na redução de intensidade
das doenças e, consequentemente, se alcance o máximo em
produtividade sem reflexos no meio ambiente.
As doenças de plantas ocorrem sempre que existe
um patógeno virulento, um hospedeiro suscetível e um
ambiente favorável ao patógeno e/ou desfavorável ao
hospedeiro. Para se obter um controle adequado das doenças
13
de plantas, são postos em prática um ou mais dos seguintes
princípios fitopatológicos: Exclusão; erradicação; proteção;
resistência e terapia. O manejo integrado das fitomoléstias,
compreende, portanto, a utilização de tais princípios
conjuntamente com práticas que visam aumentar o vigor do
hospedeiro, reduzir o inoculo do patógeno e tornar o
ambiente desfavorável à multiplicação e disseminação do
patógeno e à infecção do hospedeiro.,
Para o manejo integrado da vassoura-de-bruxa do
cacaueiro inclui o uso racional de fungicidas cúpricos e
sistêmicos, controle cultural ou poda fitossanitária (remoção
de tecidos infectados), controle genético e controle
biológico.
Controle cultural
O controle cultural corresponde àquelas práticas que
visam a sanificação das plantações e principalmente a poda
fitossanitária que consiste na remoção de todos os tecidos
infectados do cacaueiro, interrompendo o ciclo do patógeno
e consequentemente, eliminando ou reduzindo a quantidade
de fontes de produção de inoculo. Esta prática deve seguir
um cronograma, de acordo com o ciclo do patógeno,
14
visando obter resultados eficazes. Na Região Amazônica,
recomendam-se duas podas anualmente, dependendo do
índice de infecção das plantas. A primeira, considerada a
principal, deve ser feita na época de maior emissão de
vassouras secas no campo, que ocorre entre os meses de
agosto a setembro, coincidindo com o período seco. A
segunda poda ou de repasse deve ser feita 2 a 3 meses após
principal, para remover vassouras remanescentes ou tardias,
coincidindo com o início das chuvas (novembro a
dezembro).
Na Bahia, são necessárias pelo menos quatro
remoções ao ano, realizadas normalmente, nos meses de
fevereiro, maio, agosto e novembro (LUZ et al., 2006).
No viveiro, devem-se usar sementes provenientes de
frutos sadios, inspecionar periodicamente as plantas e
eliminar aquelas que apresentarem sintomas da doença.
15
Controle genético
A resistência genética, embora sendo a medida de
controle mais simples e mais limpa a ser adotada pelo
agricultor, o seu uso é ainda limitado, em decorrência,
principalmente, da pequena disponibilidade de cultivares
com esta característica. Seria a medida ideal de controle por
ser mais durável, eficiente e de baixo custo para o produtor.
O desenvolvimento de variedades resistentes à vassoura-de-
bruxa requer grandes investimentos em pesquisa, tanto em
instalações e equipamentos quanto em recursos humanos,
demandando bastante tempo na condução das pesquisas.
Entretanto, algumas pesquisas já foram realizadas e vários
materiais foram selecionados como resistentes, destacando-
se alguns da série CCN, TSH e CAB (ALBUQUERQUE et
al., 1999).
As variedades híbridas de cacaueiro distribuídas
atualmente pela CEPLAC, já apresentam em sua
composição genótipos com níveis aceitáveis de resistência
às principais doenças que afetam esta cultura. No caso de
resistência à vassoura–de-bruxa, as variedades de cacau
distribuídas atualmente são muito mais resistentes a esta
doença que as variedades “Comum” e “Catongo”, que foram
16
largamente empregadas no passado, principalmente na
região Sul da Bahia.
O programa de melhoramento genético da CEPLAC
vem desenvolvendo a mais de 30 anos, pesquisas no sentido
de detectar e desenvolver novas fontes de resistentes às
principais doenças que afetam o cacaueiro, tendo como
maior ênfase a vassoura-de-bruxa. Novas fontes de
resistência a esta doença vem sendo testadas no Sul da
Bahia, como clones de cacaueiros selecionados dentro da
série TSH, TSA e seleções em plantas comerciais da série
VB.
Na Amazônia, a CEPLAC tem uma das maiores
coleções de genótipos de cacaueiros com 1186 acessos
clonais distribuídos nas estações experimentais de Marituba,
PA (Estação de Recursos Genéticos José Haroldo –
ERJOH), em Medicilândia, PA (Estação Experimental Paulo
Morelli – ESPAM) e de Ouro Preto D´Oeste (Estação
Experimental de Ouro Preto – ESEOP). Nesta coleção estão
preservados diferentes genótipos coletados ao longo de 30
anos em vários pontos da Amazônia Brasileira. Alguns
clones nativos vêm demonstrando altos níveis de resistência
à vassoura-de-bruxa, tanto na Amazônia como na região Sul
da Bahia. Dentre estas novas fontes de resistência destacam-
se os clones da série CAB (Cacau da Amazônia Brasileira)
17
CAB208, CAB214 e CAB270 e das séries RB (Rio Branco)
como RB36 (Albuquerque et al., 2010). Estas novas fontes
de resistência já estão em estudo para se determinar quais
serão as melhores combinações híbridas a serem distribuídas
para os agricultores.
Controle químico
Nos trópicos úmidos, devido à freqüente alta
precipitação, a eficácia dos fungicidas é geralmente
limitada. Aliado a isto, as dificuldades de proteção adequada
dos lançamentos foliares do cacaueiro, que se expandem
rapidamente, e a ausência de fungicidas sistêmicos eficazes
para erradicar o micélio do fungo uma vez estabelecido
constituem os principais fatores limitantes. Para se manter
uma lâmina de fungicida protetivo sobre os frutos durante o
crescimento, quando a superfície de área aumenta
rapidamente durante a estação chuvosa, são necessárias
pulverizações freqüentes e intervalos curtos de tempo.
Fungicidas à base de cobre podem reduzir as perdas de
frutos, desde que as aplicações sejam efetuadas na época
adequada (EVANS, 1981), embora não se verifique
eficiência na proteção dos lançamentos foliares. Na região
18
Amazônica 4 a 6 aplicações de fungicidas cúpricos na
dosagem 3g i. a /l diminui o índice de infecções de frutos
para níveis aceitáveis. Entretanto, a viabilidade econômica
desta prática está diretamente ligada ao custo da aplicação e
preço do cacau ao produtor.
De um modo geral, embora existam princípios ativos
que controlam a vassoura-de-bruxa, o uso de fungicidas não
tem sido adotado com freqüência para o controle desta
enfermidade no campo. A baixa eficiência das aplicações
em árvores adultas e o alto custo dos fungicidas são os
motivos freqüentemente alegados para a não adoção desta
técnica de controle para a maioria dos agricultores (LUZ et
al., 2006).
Controle biológico
O controle biológico envolvendo fungos antagonistas
a M. perniciosa constitui uma linha promissora de pesquisa
para o controle da vassoura-de-bruxa do cacaueiro e, uma
alternativa viável num programa de manejo integrado desta
enfermidade. Atualmente, vários antagonistas têm sido
estudados como potenciais agentes para o biocontrole do
patógeno, dentre os quais são incluídos: Cladobrotyum
amazonense, Clonostachys spp. Trichoderma spp.,
19
Gliocladium catenulatum e Trichoderma stromaticum
(BASTOS, 1986; BASTOS et al., 1981, INGLIS et al.,
1999). Os fungos C. amazonense e T. stromaticum,
possuem, respectivamente, a capacidade de destruir e
suprimir a formação de basidiomas em vassouras secas
(BASTOS, 1979; BASTOS, 1996).
O fungo T. stromaticum teve seu potencial
antagônico evidenciado no controle do inoculo de M.
perniciosa, por meio de experimentos em condições
controladas e de campo, na Região Amazônica e na região
cacaueira da Bahia (BASTOS, 2000; COSTA et al., 2000).
A partir de T. stromaticum, foi formulado o Tricovab,
produto comercial desenvolvido pela Unidade de
biocontrole do CENTRO DE PESQUISA DO CACAU
(CEPEC) da CEPLAC, em Itabuna, BA, que está sendo
empregado como parte do pacote de controle integrado da
vassoura-de-bruxa do cacaueiro na Bahia.
Os fungos endofíticos Clonostachys spp.
(recentemente classificados como C. rosea, C. rhizophaga e
C. rosea f. rosea) passaram a ser considerados como
antagonistas potenciais a M. perniciosa, para o biocontrole
da vassoura-de-bruxa do cacaueiro. Em experimentos de
casa de vegetação e de campo, esses antagonistas
apresentaram ação protetiva contra infecções e,
20
possivelmente, podendo agir por antagonismo direto como
ativando mecanismo de defesa da planta hospedeira
(BASTOS, 2003; BASTOS, 2004; BASTOS, 2009). Os
antagonistas parece penetrarem e crescerem endofiticamente
(no interior) nos tecidos verdes, protegendo-os da infecção
pelo patógeno. A habilidade destes agentes de biocontrole
de crescerem endofiticamente em tecidos verdes, sem causar
danos ao hospedeiro, confere aos antagonistas importante
vantagem competitiva em relação ao patógeno na
colonização dos tecidos vivos.
Outra estratégia que vem sendo explorada de forma
promissora é a utilização de produtos não convencionais de
origem vegetal tais como o óleo essencial e o subproduto da
planta Piper aduncum (pimenta de macaco), resíduo foliar,
obtido após a extração do óleo, que age tanto como
biofungicida e como biofertilizante (BASTOS, 1997;
BASTOS, 2007; BASTOS, 2009).
4.Conclusão
A estratégia de integração de métodos tem sido uma
forma eficiente para o controle de doenças de plantas, com
resultados satisfatórios. Devido à constante adaptação dos
patógenos às cultivares e aos agroecossistemas, as soluções
21
para controle precisam acompanhar com rapidez o
surgimento de novos problemas (JÚNIOR, 2008).
Moniliophthora perniciosa é um fitopatógeno de
difícil controle, principalmente, devido a sua capacidade de
atacar uma ampla gama de hospedeiros e de adaptar-se às
diferentes condições climáticas e ecológicas e, sob
condições favoráveis, de frutificar rapidamente e
abundantemente. Daí, a integração de uma série de práticas
culturais (adubação, desbrota, tratos fitossanitários, poda de
rebaixamento), o uso de variedades resistentes e produtivas,
aplicação de fungicidas e de agentes biocontroladores é um
caminho mais realista e racional para manejo da vassoura-
de-bruxa do cacaueiro.
22
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AIME, M. C. & PHILLIPS-MORA, W. The causal agents
of witches’ broom and frosty pod rot of cacao (chocolate
Theobromaa cacao) form a new lineage of Marasmiaceae.
Mycologia 97:1012-1022. 2005.
ALBUQUERQUE, P. S. B.; BASTOS, C. N.;
NAKAYAMA, L. H. I.; SILVA, S. D. V. M. & LUZ, E. D.
M. N. “Screening” para obtenção de genótipos de cacaueiros
resistentes à Crinipellis perniciosa. Summa
Phytopathologica 25:19-20. 1999.
ALBUQUERQUE, P. S.B.; SILVA, S. D. V. M.; LUZ, E.
D. M.; PIRES, J. L., VIEIRA, A. M.; DEMÉTRIO, C. G.
B.; PASCHOLATTI, S. F. & FIGUEIRA, A. Novel sources
of witches’ broom resistance (causal agent Moniliophthora
perniciosa) from natural populations of Theobroma cacao
from the Brazilian Amazon. Euphytica 172:125-138. 2010.
ALMEIDA, L. C. de. & ANDEBRHAN, T. Recuperação de
plantações de cacau altamente atacadas por vassoura-de-
bruxa na Amazônia brasileira. In: X Conferência
Internacional de Pesquisa em Cacau. Santo Domingo,
Rep. Dominicana, pp. 337-339. 1987.
ANDEBRHAN, T. Epidemiologia da vassoura-de-bruxa nos
pólos cacaueiros da Amazônia brasileira. In:
CEPLAC/DEPEA, Belém, PA, Informe de Pesquisa pp.
46-56. 1985a.
ANDEBRNAH, T. Studies on the epidemiology and control
of witches’ broom disease of cocoa in Brazilian Amazon. In:
9th
International Cocoa Research Conference, Lomé,
23
1984. Actes. Lagos, Cocoa Producers’ Alliance, pp. 395-
402. 1985b.
BAKER, R. S. D. & HOLLIDAY, P. Witches’ broom
disease of cacao (Marasmius perniciosus) Stahel, Kew,
Surrey. England. Commonwealth Mycological Institute.
Phytopathological Paper Nº. 2, 42p. 1957.
BASTOS, C. N. Hiperparasitismo de Dactyclium sp. a
Crinipellis perniciosa, em “vassoura-de-bruxa” do
cacaueiro. Revista Theobroma 9:197-200. 1979.
BASTOS, C. N. Efeito do óleo de Piper aduncum sobre
Crinipellis perniciosa e outros fitopatógenos. Fitopatologia
Brasileira 22:441-443. 1997.
BASTOS, C. N. Mycoparasitic nature of the antagonism
between Trichoderma viride and Crinipellis perniciosa.
Fitopatologia Brasileira 21:50-59. 1986.
BASTOS, C. N. Potencial de Trichoderma viride no
controle da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa) do
cacaueiro. Fitopatologia Brasileira 21:509-512.. 1996.
BASTOS, C. N. Trichoderma stromaticum sp. nov. na
produção de basidiomas e infecções de ramos e almofadas
florais do cacaueiro por Crinipellis perniciosa. Agrotrópica
12;59-62. 2000.
BASTOS, C. N. Estratégias de controle biológico de
fitopatógenos do cacaueiro. VIII Reunião de Controle
Biológico de Fitopatógenos, 7. Ilhéus. 2003. Anais. Ilhéus,
Ceplac/Cepec, pp. 25-27. 2003.
24
BASTOS, C. N. Biocontrole da vassoura-de-bruxa do
cacaueiro pelo uso de Clonostachys sp. Fitopatologia
Brasileira 29 (Suplemento):37-38. 2004.
BASTOS, C. N. Fungitoxicidade in vitro e ação protetora e
curativa de óleos essenciais contra Crinipellis perniciosa.
Revista de Ciências Agrárias, Belém. Nº. 47:137-148.
2007.
BASTOS, C. N. Efeito da incorporação de resíduos foliares
de Piper aduncum ao solo no controle da vassoura-de-bruxa
do cacaueiro em casa de vegetação. Agrotrópica 21:127-
132. 2009.
BASTOS, C. N. Avaliação do potencial de Clonostachys sp.
no biocontrole da vassoura-de-bruxa do cacaueiro. In: 16a
Conferência Internacional de Investigação Sobre o
Cacau. Denpasar, Bali- Indonésia 2009. Resumos. p. 64.
2009.
BASTOS, C. N.; EVANS, H. C. & SAMSON, R. A. A new
hyperparasite fungus, Cladobotryum amazonense for the
control of fungi phathogens of cocoa. The Transactions
British Mycological Society 77:273-278. 1981.
COSTA, J. C. B.; BEZERRA, J. L. & BASTOS, C. N. Ação
antagonista de Trichoderma stromaticum sobre produção de
basidiomas de Crinipellis perniciosa. Fitopatologia
Brasileira 25 (Suplemento):366. 2000.
EVANS, H. C. Pleomophism of Crinipellis perniciosa,
causal agent of witches’ broom disease of cocoa.
Transactions of the British Mycological Society 74:515—
523. 1980.
25
EVANS, H. Witches’ broom disease: a case study. Cocoa
Growers’ Bulletin 32:5-19. 1981.
INGLIS, P. W.; QUEIROZ, P. R. & INGLIS, M. C. V.
Transformation with green fluorescent protein of
Trichoderma harzianum 1051, a strain with biocontrol
activity against Crinipellis perniciosa, the agent of witches’
broom disease of cocoa. The Journal of General Applied
Microbiology 45:63-67. 1999.
JÚNIOR, M. L. Manejo cultural e biológico de doenças
causadas por patógenos habitantes do solo, na cultura do
feijoeiro comum. Tropical Plant Pathology 33
(Suplemento): 29-31. 2008.
LAKER, J. L. & RAM, A. Investigation on integrated
control of witches’ broom disease of cocoa in Rondonia
State, Brazil. Tropical Pest Management 38:354-358.
1992.
LUZ, E. D. M. N.; SOUZA, J. T., OLIVEIRA, M. L.;
BEZERRA, J. L. & ALBUQUERQUE, P. S. B. Vassoura-
de-bruxa do cacaueiro: novos enfoques sobre uma velha
doença. In: LUZ, W. C. (ed.) RAPP – Revisão Anual de
Patologia de Plantas vol. 14. Passo Fundo, RS. 403p. 2006.
PEREIRA, J. L.; RAM, A.; FIGUEIREDO, J. M. de. &
ALMEIDA, L. C. Primeira ocorrência de vassoura-de-bruxa
na principal região produtora de cacau do Brasil.
Agrotrópica 1:79-81. 1989.
SINGER, R. Flora Neotropica. Monogaphic No. 17.
Marasmiae (Basidiomycetes – Tricholomataceae). 1976.
347p.
26
SREENIVASAN, T. N. Modes of penetration of young
cocoa leaves by Crinipellis perniciosa. Plant Disease
73:478-483. 1989.
THOROLD, C. A. Diseases of cocoa. Oxford: Clarendon
Press. 1975.
ZAMBOLIM, L., VALE, F. X. & COSTA, H. Controle
integrado das doenças de hortaliças. Viçosa, MG. 1997.
122p.