Manoel de Barros e as Gramáticas: Implicações No Ensino Da Língua Materna

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em toda parte, partes de um todo. ISSN 1678-8419 P@rtes (São Paulo) A Revista Partes conta com o aplicativo WhatsApp Menssenger, Os leitores e colaboradores podem enviar mensagens pelo celular 55-11 – 94213- 9665. O número pode ser utilizado para encaminhar denúncias, opiniões, vídeos, sugestões, criticas e reclamações. Livros Agenda Ecossocial O Grito Do Ipiranga Resenha Cida Mello Gilda E. Kluppel Margarete Hülsendeger Nair Lucia De Britto Gilberto Da Silva Filosofia Em Trânsito Edições 01 A 55 2005 A 2011 Livros Entre São Paulo 460 Assédio Moral Sobre Menu Da Partes Contribua Turismo ALEXANDRA PIRES DO PRADO YARI* RESUMO Este artigo tem como objetivo discutir as implicações do conceito de gramática que se impõe no contexto escolar sob a luz das produções Manoel de Barros e as gramáticas: implicações no ensino da língua materna partes15 07/10/2013 Educação No Comment Home Conselho Editorial Normas Quem Somos 2005 A 2011 Edições 01 A 55 Educação Crônicas Cultura Reflexão Notícias Assédio Moral Ecossocial Em Questão Política E Cidadania Reportagem

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Manoel de Barros e as Gramáticas: Implicações No Ensino Da Língua MaternaRelações com o ensino do léxico

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em toda parte, partes de umtodo. ISSN 1678-8419 P@rtes(São Paulo) A Revista Partesconta com o aplicativoWhatsApp Menssenger, Osleitores e colaboradorespodem enviar mensagenspelo celular 55-11 – 94213-9665. O número pode serutilizado para encaminhardenúncias, opiniões, vídeos,sugestões, criticas ereclamações.

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ALEXANDRA PIRES DO PRADO YARI* 

 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo discutir as implicações do conceito degramática que se impõe no contexto escolar sob a luz das produções

Manoel de Barros e asgramáticas: implicaçõesno ensino da línguamaterna partes15       07/10/2013      Educação      No Comment

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OPerigo Invisível O PerigoInvisível é um grito de alertapara auxiliar os vitimadospelo assédio moral, massequer imaginam que estãosendo lenta e imoralmenteminados e destruídos

Amor Fundamental –Histórias, Fábulas e Artigospara TreinamentoCompilação de textos,artigos, histórias reais efábulas para uso emTreinamento &Desenvolvimento.

Confundezas com a LínguaPortuguesa – Trasduzindo

poéticas de Manoel deBarros. Busca-se discutir aslimitações do ensino que sepauta em uma gramáticanormativa e apresentar aimportância deconhecermos a gramáticainternalizada com intuito deampliarmos a compreensãoleitora dos alunos desde aalfabetização de forma queeles percebam a produçãode sentido que se buscautilizar em diferentescontextos interativos.

PALAVRAS-CHAVE:Gramática; Ensino; Língua;Leitura.

 

RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo

discutir las implicaciones del

concepto de la gramática que se impone en el contexto escolar a la luz de las

producciones poéticas de Manoel de Barros. El artículo analiza las limitaciones de la

enseñanza que se orientan en una gramática normativa y presentar la importancia de

conocer la gramática interiorizada con el fin de ampliar la comprensión de lectura de

los estudiantes desde la alfabetización para que comprendan la producción de sentido

que pretende utilizar en diferentes contextos interactivos.

PALABRAS­CLAVE: Gramática, Educación, Lenguaje, Lectura.

 

[...] VI Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas. Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gostoesquisito. Eu pensava que fosse um sujeito escaleno. - Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me

Alexandra Pires do Prado Yari -Mestre em Linguística pela UnBe aluna especial do Doutoradoem Educação da UniversidadeCatólica Dom Bosco. [email protected]

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Rolf Geissinger

Econotas – (impresso)Essas pequenas notasecológica refletem apreocupação fundamentalcom o meio ambiente e aqualidade de vida dapopulação.

Econotas – (impresso) Essaspequenas notas ecológicarefletem a preocupaçãofundamental com o meioambiente e a qualidade devida da população.

AProstituta de Todos O livrovisa estimular, aprimorar equalificar professores,alunos, gestores e demaisprofissionais da educaçãopara uma leitura crítica ereflexiva da realidadesocioambiental

O olhar de quem nunca meconheceu Poesias

disse. Ele fez um limpamento em meus receios. O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o resto da vida um certogosto por nadas… E se riu. Você não é de bugre? – ele continuou. Que sim, eu respondi. Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas - Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e osariticuns maduros. Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de gramática. [...]

(Mundo Pequeno do livro – “O Livro das Ignorãças”)

1-  INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo discutir a concepção de gramáticanas obras Livro de pré-coisas, Compêndio para uso dos pássaros,Livro sobre nada e Arranjos para assobio de Manoel de Barros.Portanto, faz-se necessário dizer com qual conceito de gramáticaestamos trabalhando em um primeiro enfoque[1]: a gramáticanormativa/prescritiva – aquela que é ainda utilizada pela escolacom suas regras e exceções. 

Tal gramática tida como referência no ensino da língua maternadesde a alfabetização e que, durante muito tempo, nos fez crer naconcepção de que “saber português”, “saber uma língua”, é omesmo que saber a gramática dessa língua, ou mesmo, “sabergramática” é geralmente privilégio para poucos, segundo nosapresenta Perini (1999). Somos levados a acreditar que falamos“de qualquer jeito”, “somos descuidados com relação àlinguagem”, portanto, o ensino nos inculcou, durante longos anos,que não conhecemos a nossa própria língua, repetidos eram osfracassos nas redações exercícios e provas (novidade: nóssabemos a nossa língua; faço um limpamento em nossos receios).Dessa forma, ficou em nossa mente a questão do erro, nosperseguindo e nos limitando.

2-  ALGUNS CONCEITOS

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Jornalismo Verde Marrom: AAmazônia e as perspectivasda cobertura jornalísticaambiental na Sociedade doEspetáculo Pretendemos comesse trabalho discutir como atemática ambiental apareceno jornalismo brasileiro,sobretudo o impresso, tendocomo principal exemplo otema Amazônia e suaveiculação nos órgãosrepresentativos decomunicação de massa

Um diálogo improvávelMargarete Hülsendegerpremia seu leitor com seusegundo livro Um diálogoimprovável – Homens emulheres que fizeramhistória

 

No contexto de ensino da língua materna “há que apenas errarbem o seu idioma”, assim nos ensina Manoel de Barros. Talassertiva também nos leva a seguinte reflexão – se sabemos falar,significa que sabemos uma língua; saber uma língua significasaber uma gramática (toda língua tem uma gramática); saber umagramática não significa saber de cor regras que se aprendem naescola, ou saber fazer análises morfológicas e sintáticas, é maisque isso. Segundo Possenti (2001) é um conhecimento intuitivoque os falantes têm sobre a sua língua.

Com base na afirmação feita anteriormente, estamos nosenveredando pelo caminho do conhecimento que os falantes têmde uma língua, ou seja, a “competência gramatical ou linguística” –que é a capacidade que tem todo usuário da língua (falante,escritor/ouvinte, leitor) de gerar sequências linguísticasgramaticais, isto é, consideradas por esses usuários comosequências próprias e típicas da língua em questão. Aqui, nãoentram julgamentos de valor, mas verifica-se se a sequência(orações, frases) é admissível, aceitável como uma construção dalíngua. Conhecimento que não é aprendido na escola, e sim nasinterações sociais (NEGRÃO; SCHER, VIOTTI, 2006). Esseconhecimento faz parte de outro tipo de gramática, chamadagramática internalizada, e é dessa gramática que estamos falandoquando citamos Manoel de Barros.

         É a nossa gramática internalizada que faz com quereconheçamos novas construções de frases, novas palavras[2],como pertencentes à nossa língua e, consequentemente,atribuímos sentidos a elas, ou seja, avaliamos formas e conteúdosconstantemente.

Eis aí universo de Manoel de Barros, brincar com a nossacompetência linguística.  Há, em toda a sua construção poética, ogosto pelo desvio ou o gozo de palmilhar o não sabido paraextrair a essência do que conhece e ao mesmo tempo desconhececomo podemos ver no seguinte excerto: “Veja que bugre só pegapor desvios, não anda em estradas – Pois é nos desvios queencontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.”. Trata-se, a rigor, de uma aprendizagem às avessas: desaprender para,assim, ter condições de que apalpar o invisível; desse modo,ignorando as coisas pode, enfim, reencontrá-las.

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Aqui, podemos apresentar algumas categorias da estilística[3]:desvio e escolha (Martins, 1989). O uso individual da línguaimplica em escolhas e estas por sua vez podem ou não apresentardesvios, portanto, “A tensão entre o espírito criador e as normasgramaticais é que explica o fenômeno do estilo, na sua gênesemais profunda” (ELIA, 1978). Dessa forma, o efeito estilísticoresulta, não raro, da singularidade, do desvio em relação aopadrão normativo e da escolha diante das virtualidadesoferecidas pelo sistema.

Nas palavras do autor:

[...]

VI

Então se a criança muda a função de um

verbo, ele delira.

E pois.

Em poesia que é voz de poeta, que

[é voz de poeta, que é a voz

de fazer nascimentos –

o verbo tem que pegar delírio.

[...]

(O livro das ignorãças – ‘Uma didática da invenção’)

Nesse excerto, como em outros, observa-se que as palavrasgravitam as altas zonas da linguagem, à semelhança dos pontosprivilegiados que a magia discerne e une misteriosamente nomundo: a ‘criança’, ao mudar ‘a função de um / verbo’, não delira,mas, sim, o próprio ‘verbo’, tocado, agora, pela transformação; porisso, o poético reside em ‘fazer nascimentos’, em entregar aspalavras ao delírio.

E para entregar-se à criação, ou a “um inauguramento de falas”,

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desempenho

90 anos do Primeiro de Maiono Brasil

Especialistas afirmam queracismo prejudica eleição deparlamentares negros

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diz o poeta que se instala uma agramaticalidade quase insana.

Mas o que significa ser agramatical? É quando um enunciado nãoé reconhecido como fazendo parte de um sistema linguístico.Sendo que tal conceito foi difundido pela gramática tradicionalquando o assunto estava relacionado a tudo que desviasse danorma, ou seja, a tudo que fosse estranho à norma padrão.

Acreditamos que Manoel de Barros sinta a força da ideologiaveiculada pela escola sobre o que é ser agramatical, comopodemos observar no trecho a seguir:

[...]

VI No que o homem se torne coisal,

corrompem-se nele os veios comuns do entendimento.

Um subtexto se aloja.

Instala-se uma agramaticalidade quase insana,

que empoema o sentido das palavras.

Aflora uma linguagem de defloramentos, um inauguramento defalas

Coisa tão velha como andar a pé

Esses vareios do dizer.

[...]

(Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nadade “O Guardador de Águas”)

Entretanto, segundo o escritor, corromper, produzir um subtexto,tornar-se agramatical, de posse dos “vareios de dizer” são fatoresque “empoemam” o sentido das palavras.

Acreditamos, então, que uma gramática que explicita[4] como se

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da modernidade-mundo” de

Octávio Ianni

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Dia Nacional do Livro |Vitrine do Giba on Prefáciopara Madalena Carvalho

dá o uso da língua (com suas divisões de estudo – fonética,morfológica, sintática) e o ensino da língua podem andar de mãosdadas, pois as transformações em estruturais frasais, naformação das palavras, flexões, passam pela descrição da língua enão podem ser catalogados em um compêndio gramatical, masdevem ser observados em seu uso singular, como em Manoel deBarros, como valores expressivos, ou seja, possibilidades deconstrução e reconstrução da língua.

Falemos agora um pouco sobre as palavras em Manoel de Barros,pois segundo Martins (1989) elas despertam em nossa menteuma representação, visto que elas têm significaçãoextralinguística ou externa, ou seja, nos remetem a algo que estáfora da língua e que faz parte do mundo físico, psíquico e social.

São elas também responsáveis pela renovação no léxico de umalíngua, um inventário aberto em que se formam constantementenovas palavras ou se tomam emprestadas palavras de outraslínguas.

Cabe à morfologia fazer a descrição da formação das palavras deuma língua; e é nesse processo que existe o enriquecimentolexical, para atender as necessidades expressivas de falantes eescritores.

Observemos alguns processos de formação de palavras que sãoutilizados por Manoel de Barros.

Derivação prefixal: “quando acrescentamos um prefixo aoradical” (MONTEIRO (1991), p.36) – processo que segundo Martins(1989) oferece menos possibilidades expressivas, pois grandeparte dos prefixos é de natureza erudita (gregos e latinos), sendode uso maior na linguagem científica ou culta.

“As coisas tinham para nós uma desutilidade poética.

Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber”((Livro sobre nada – I)

“O olho vê, a lembrança revê, a imaginação transvê.

 É preciso transver o mundo – isto seja – Deus deu a forma. Osartistas deformam.”   

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Filosofia Cotidiana DoTrânsito

A mais odiada (e amada) deSampa

Micronarrativas de espera

Não há espaço. Sufocamos

No metrô, o corpo segue semalma

O trânsito a transformou, outeria sido a vida?

O trânsito nosso de cada dia

Porta de escola

Travessia incompleta

Institucional

A revista é fruto de umavontade de alguns amigos emproduzir uma reflexão sobrevários aspectos da sociedade.Estamos, porém,conclamando todos osleitores, admiradores ecolaboradores da nossa linhaeditorial a se engajarem emtorno de uma campanha dedoação para a revista Partes.Vá até uma agência do Bancodo Brasil e utilize os caixaseletrônicos, Banco: 001 -Banco do Brasil Agência:1203-3 Conta-Corrente:26668-X Fone: DDD e telefonepara contato Valor: valor dasua doação Se você temconta no Itaú: Banco: 341 -Itaú Agência: 0249 Conta-Corrente: 81076-3

Assédio Moral

 (Livro sobre nada – Os outros: o melhor de mim sou Eles)           

“O despropósito é mais saudável do que o solene.” (Livro sobrenada – 4)

“Isso é fazer natureza. Transfazer .”(Anúncio – Livro de pré-coisas)

Composição: configura-se como um processo autônomo deformação de palavras em português, consiste na união de duasou mais palavras e que forma outra de sentido diferente, ou seja,juntam-se duas bases preexistentes na língua e o falante podecriar um novo vocábulo, dito composto. Os componentesgraficamente podem estar ligados (aguardente, passatempo),hifenizados (vira-lata, franco-suíço).

“ – O que é o que é? (como nas adivinhas populares)

Escorre na pedra amareluz.

Faz parte de árvore. É acostumado

Com uma parede na cara.

Escuta fazerem a lama como um canto.” (Arranjos para assobio –Sabiá com trevas – VIII)

“As coisas que não têm dimensões são muito importantes.

Assim, o pássaro tu-you-you[5] é não importante por seuspronomes do que por seu   

tamanho de crescer.” (Livro sobre nada – 10)

  Derivação sufixal: “quando acrescentamos um sufixo ao radical”(MONTEIRO (1991), p.34) – processo de maior vitalidade segundoMartins (1989), quer pelo número de sufixos da língua (mais deuma centena), quer pela variedade de conotações que muitosdeles permitem sugerir. Um aspecto interessante a ressaltar éque o uso dos sufixos muda a classe das palavras a que se ligam.

“Eu queria avançar para o começo,

chegar ao criançamento das palavras.

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Assédio Moral

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OCTOBER 2013

Lá onde elas ainda urinam nas pernas.

Antes mesmo que sejam modeladas pelas mãos.

Quando criança garatuja o verbo para falar o que não tem.” (Livrosobre nada – II)

            “As Nações já tinham casa, máquina de fazer pano,

            de fazer enxada, fusil, etc.

            Foi uma criançada mexeu na tampa do vento

            Isso que destelhou as Nações” (Arranjos para assobio –Exercícios cadaveos – 6)

“Prefiro as máquinas que servem para funcionar: quando cheiasde areia de formiga e 

 musgo – elas  podem um dia milagrar flores.” (Livro sobre nada –II)

Nesse exercício de metalinguagem, o poeta aborda, com extremaagudeza, a problemática do que a poesia comunica, cuja natureza,como se vê, é, essencialmente, inefável. O estado poético,portanto, comporta a desintegração das coisas, a decomposiçãoda crosta que as envolve: ‘Desaprender oito horas por dia ensinaos princípios’. Em outras palavras, o estado poético consiste emmergulhar no avesso das coisas, em descascar o que há muito jáse encontra cristalizado pela cultura. Ser poeta é inverter. Serpoeta é transgredir.

E, vale ressaltar que o programa: “Desaprender oito horas por dia…” apresenta o surgimento do vocábulo “desaprender” que nosleva a uma formulação muito frequente (e profícua) no texto: ouso do prefixo “des”. Do vendaval de ocorrências citam-se pormais expressivas: “desinventar”, “desagero”, “desmorrer”. Estacolagem, aparentemente comum, provoca um jogo semânticofebril: o lexema entra em conflito, o sentido inverte, subverte,reverte, trambolha, como diz o autor o que dá prazer não é “abeleza das frases, mas a doença delas.” Não surpreende que apartir daqui, ou daí, o “des” e técnicas similares são utilizadas eabusadas por todo poeta, poetinha e poetastro.

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3-  REFLEXÕES FINAIS

Se aprender língua portuguesa não é aprender gramática, comono primeiro enfoque apresentado, o objetivo do ensino de línguamaterna deveria ser o de propiciar o desenvolvimento dacompetência linguística do aluno, ou seja, de sua gramáticainternalizada. Desenvolver a competência linguística significaoportunizar o exercício, a leitura dos mais variados tipos deconstruções linguísticas, pois nossos alunos irão se deparar aolongo de suas atividades acadêmicas, sociais ou profissionais comsituações de comunicação as mais diversas possíveis. Os níveis eos registros requeridos serão múltiplos e não há modelo a serseguido, nem mesmo a ser condicionado.

E, conforme nos lembra Travaglia (2006) é necessário perceberque muitas vezes, para produzir efeitos de sentido desejados emuma determinada situação de interação comunicativa, é precisosaber usar os recursos da língua de uma forma que poderia serconsiderada inaceitável por contrariar recomendações feitas pelagramática que ensinamos na escola e que muitas vezes provêmde uma visão reducionista e distorcida ou mesmo preconceituosado que seja a gramática de uma língua. Acreditamos que Manoelde Barros alerta de forma literária para esse aspecto em questão.

Portanto, possibilitar novas leituras abre um caminho para odespertar da sensibilidade linguística e o gosto literário do aluno,além de motivar e tornar menos árido o estudo da matériagramatical.

“V Escrever nem uma coisa Nem outra –

A fim de dizer todas

Ou, pelo menos, nenhumas.

Assim, Ao poeta faz bem

Desexplicar - Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.”

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Os primeiros dias da criançana escola: dicas de adaptação

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Promessas de ano novo:agora vai?

(Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nadade “O Guardador de Águas”)

4-  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

           

BARROS, Manoel de. Livro de pré-coisas. Rio de Janeiro; [Cuiabá]:Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, 1985.

         __________________ . Compêndio para uso dos pássaros. Riode Janeiro. Livraria São José, 1960.

           ___________________ . Livro sobre nada. Rio de Janeiro:Record, 1996.

           ___________________ . Arranjos para assobio. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1982.

 

ELIA, Sílvio. Orientações da linguística moderna. Rio de Janeiro:Ao Livro Técnico, 1978.

PERINI, Mário. Sofrendo a gramática: ensaios sobre a linguagem.São Paulo: Ática, 1999.

ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas doportuguês. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola.Campinas: Mercado de Letras, 2001.

MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: aexpressividade na língua portuguesa. São Paulo: T. A. Queiroz,1989.

MONTEIRO, José Lemos. Morfologia Portuguesa. Campinas:Pontes, 1991.

NEGRÃO, Esmeralda; SCHER, Ana; VIOTTI, Evani. A competêncialinguística. In: Introdução à linguística: objetos teóricos. São

Método Kumon- PortuguêsMétodo AutodidataQue Prepara SeuFilho Para a Escolae Para a Vida.

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Um caminhar é um simplescomeço, um desafio émuito mais que começar. Éinvestir naspotencialidades dosindivíduos. Procurar novoscaminhos é avançar nonovo, é rumo, partes,começo, semente. É partir erepartir novamente.

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Paulo: Contexto, 2006.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma propostapara o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2006.

* Aluna Especial do Programa de Doutorado em Educação daUniversidade Católica Dom Bosco e Coordenadora de GestãoAcadêmica do centro de Ciências Humanas e Sociais da UFMS eMestre em Linguística pela UnB.

[1] Entretanto, existem outros tipos de gramática, entre elas cito:gramática de usos, gramática do português falado e gramáticagerativa.

[2] Segundo Rocha (1998), quando se trata do reconhecimento de

novas palavras usa-se o termo competência lexical, um aspecto aser considerado dentro da competência gramatical. “Conheceruma língua é saber usá-la, tanto para produzi-la, quanto paraentendê-la. Conhecer o léxico significa saber usar os itens lexicaise poder estabelecer relações entre eles.” (ROCHA (1998), p. 35)

[3] Estilística é uma disciplina linguística que estuda os recursosafetivo-expressivos da língua e tem como objeto de estudo oestilo.

[4] Note-se que aqui já estamos falando em outro tipo degramática que segundo Travaglia (2006) denomina-se gramáticaexplícita ou teórica que é representada por todos os estudoslinguísticos que buscam, por meio de uma atividademetalinguística sobre a língua, explicitar sua estrutura,constituição e funcionamento. Assim todas as gramáticasnormativas e descritivas são gramáticas explícitas ou teóricas,podendo ser entendidas como uma explicitação do mecanismodominado pelo falante e que lhe permite usar a língua e que seriarepresentado basicamente pelo conjunto das unidadeslinguísticas de todos os níveis e tipos e as regras e princípios, parasua constituição e/ou utilização.

[5] Note-se que nesse exemplo não se cria uma nova palavra, masaproveita-se da sonoridade de pronomes da língua portuguesa eda língua inglesa para a formação do nome de um pássaro que éconsiderado o símbolo do Pantanal, o Tuiuiú, maior ave voadora

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« Conchinha Pensar: de como resistir a

barbárie »

da planície pantaneira.

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