Manual biosseguranca
-
Upload
james-camposano -
Category
Documents
-
view
4.341 -
download
33
Transcript of Manual biosseguranca
Programa de Educação Continuada a Distância
Manual de
Biossegurança
EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados
1 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Manual de Biossegurança
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na bibliografia consultada.
2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
SUMÁRIO
Introdução à Biossegurança
Biossegurança em Estabelecimento Assistencial de Saúde
(EAS)
Processamento de artigos
Limpeza, desinfecção, descontaminação e esterilização
Limpeza do ambiente
Higienização das mãos
Equipamentos de proteção individual e coletiva
Descarte e destinação de resíduos em serviços de saúde
Considerações Finais
Glossário
Bibliográfica Consultada
4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA
O estudo da biossegurança é amplo e sempre deve ser renovado e atualizado, de
acordo com o desenvolvimento de novas tecnologias e descobertas de novos patógenos
e microorganismos.
Biossegurança significa: vida (propriedade que caracteriza os organismos cuja
existência evolui do nascimento até a morte) + segurança (estado, qualidade ou condição
de uma pessoa ou coisa que está livre de perigos, de incertezas, assegurada de danos e
riscos eventuais, afastada de todo mal), segundo as definições descritas por Houaiss
(2001). Com isso, pode ser conceituada como a vida livre de perigos (Cavalcante et al,
2003). Hirata (2002) define biossegurança como “conjunto de ações voltadas para a
prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, riscos que
podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade
dos trabalhos desenvolvidos.”
Para se ter uma idéia da amplitude das normas relacionadas à Biossegurança, foi
elaborado um esquema didático, simplificado e generalista para que o aluno possa
visualizar (Figura 1). Pode-se observar que os temas em biossegurança podem relacionar
mais de uma finalidade ou assunto, resultando em normativas conjuntas com os outros
órgãos ou ministérios.
Figura 1: Representação esquemática dos diversos órgãos brasileiros que regulamentam assuntos
relacionados com a biossegurança.
Consideram-se infinitos os estudos acerca da biossegurança que as pessoas
devem realizar em cada setor de trabalho, de estudo, de pesquisa, de ensino, ou mesmo
na manipulação de alimentos, fármacos, plantas e animais, aplicados ou não à saúde dos
humanos. Com isso, é uma tarefa difícil explanar em um manual sobre biossegurança os
aspectos gerais que a norteiam, sem especificar uma área (medicina, odontologia,
farmácia, enfermagem, etc.), tipo de estabelecimento (hospitais, laboratórios, biotérios,
clínicas, fábricas, restaurantes, etc.) ou assunto específico (biotecnologia; saúde humana
ou animal; fabricação de alimentos, fármacos ou produtos para a saúde; pesquisa clínica
ou laboratorial, manipulação gênica, etc.).
5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Para atingir esse objetivo, serão abrangidos aspectos gerais essenciais para o
entendimento da biossegurança no seu significado mais pleno e amplo, como define
genericamente Cavalcante et al (2001): “vida livre de perigos”. Posteriormente, cada aluno
poderá entender de forma mais clara as normas e informações sobre biossegurança de
sua área.
De acordo com Cavalcante et al (2001), as medidas de biossegurança contribuem
para a segurança da vida, no dia-a-dia das pessoas, como por exemplo, a utilização de
cinto de segurança, e a travessia na faixa de pedestres.
Assim, normas de biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar:
1) Riscos físicos:
a) Radiação;
b) Temperatura;
c) Pressão atmosférica;
d) Umidade;
e) Vibrações;
f) Ruídos, etc.
2) Riscos químicos:
a) Substâncias tóxicas ou mutagênicas;
b) Descarte de químicos;
3) Riscos biológicos:
a) Agentes infecciosos;
b) Organismos modificados geneticamente (OGMs);
4) Riscos ergonômicos:
Posturas de trabalho.
5) Riscos psicológicos:
Estresse.
7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Hirata (2002) divide didaticamente os riscos como: físicos, biológicos, químicos,
ergonômicos e de acidentes. O risco de acidentes pode ocorrer por desatenção ou
descuido do manipulador, falta de manutenção de equipamentos, falta capacitação
profissional por parte do trabalhador, falta de instrução do empregador, chefe ou
responsável, para o subalterno, entre outras inúmeras possibilidades. Inicialmente, é
necessário que todas as pessoas sigam conselhos universais para a elaboração de
qualquer trabalho ou atividade profissional.
A Norma Regulamentadora n° 09 – Programa de prevenção de riscos ambientais
- aprovada pela Portaria nº 3.214 do Ministério do Trabalho, define:
“9.1.5.1 Consideram-se agentes físicos as diversas formas de
energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído,
vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes,
radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som.
9.1.5.2 Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos
ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas
formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos
pelo organismo através da pele ou por ingestão.
9.1.5.3 “Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos,
bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.”
O Anexo 1 da Regulamentadora n° 32 classifica os agentes biológicos em classes
de risco e de acordo com cada espécie de microorganismo:
Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e
para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser
humano.
Classe de risco 2 : risco individual moderado para o trabalhador
e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem
causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios eficazes
de profilaxia ou tratamento.
Classe de risco 3 : risco individual elevado para o trabalhador e
com probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar
doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre
existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
Classe de risco 4 : risco individual elevado para o trabalhador e
com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade.
Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro.
Podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais não
existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
Segundo Freire et al (2001), todo profissional que trabalha com substâncias
químicas perigosas, com material biológico que esteja sujeito a contaminações com
patógenos, a radiações ou que manipule material pérfuro-cortante ou, ainda,
equipamentos com bases de funcionamento físico (microondas, ultra-som, autoclaves
etc.) deve:
8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
1) “Estar atento e não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio,
autocontrole e comportamento;
2) Ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos
operacionais padrão do setor;
3) Agir com tranqüilidade e sem pressa;
4) Prevenir-se de eventuais acidentes utilizando, de acordo a sua
necessidade, os equipamentos de proteção individual e coletivo (jaleco,
avental, óculos, protetor facial, cabelos presos, luvas, botas, máscara,
avental de chumbo, câmara de exaustão, cabina de segurança biológica
e química).”
Guimarães Júnior (2001) elaborou, de forma didática e resumida, todas as
atividades que uma comissão de controle de infecção hospitalar ou de um profissional de
controle de infecção deve possuir, servindo como um valioso guia resumido para todos os
profissionais que trabalham na área de saúde, de pesquisa, de ensino ou qualquer outro
que possa servir de contaminação. Baseando-se em suas considerações, foram
adaptadas as informações contidas em seu livro para esse manual:
9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Administrativa: elaboração de manual em biossegurança para cada laboratório,
hospital, consultório, fábrica, farmácia, clínica, restaurante, etc.
Atribuição das responsabilidades para controle de infecção hospitalar ou do
estabelecimento.
Vigilância epidemiológica: monitoramento das infecções, métodos de controle e
identificação.
Investigação, pesquisa e aperfeiçoamento das atividades prestadas.
Arquitetura do estabelecimento de saúde, de alimentação e outros.
Educação continuada e aconselhamento.
Planejamento, implementação e avaliação das medidas de controle e manutenção da
biossegurança.
Investigação e acompanhamento epidemiológico.
Identificação dos processos de doenças infecciosas: como ocorre a infecção, qual
patógeno está associado, etc.
Rotina de limpeza, desinfecção, esterilização e demais itens de biossegurança,
visando remover as fontes e reservatórios potenciais de infecção e bloquear as vias
de transmissão.
Supervisão de todos os laboratórios de pesquisa, análise e ensino, principalmente
aqueles que manipulam materiais biológicos com ou sem microorganismos
patogênicos ou não.
Tratamento e/ou encaminhamento de pacientes infectados.
Racionalização do uso de fármacos e antibióticos usados terapêutica ou
profilaticamente.
Prevenção através da imunização de todos os funcionários.
Realizar a notificação de doenças infecciosas de notificação compulsória.
Melhoria da qualidade da atenção aos pacientes.
Atualização de conhecimentos e normas e divulgação dos mesmos para todo o
pessoal.
Dirimir os conflitos causados pelo processo de autovigilância.
Garantir sua autoridade e autonomia nos assuntos de biossegurança.
10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
BIOSSEGURANÇA EM ESTABELECIMENTO ASSISTENCIAL DE SAÚDE (EAS)
As áreas de trabalho de um estabelecimento de saúde podem ser didaticamente
divididas em críticas, semi-críticas e não críticas (Freire et al, 2001; Freire, 2001):
Um dos primeiros detalhes que devem ser estudados em biossegurança é a
construção do estabelecimento de saúde. A Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de
2002, que “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação,
11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde”
incluindo empresas públicas e privadas. Entre as informações presentes nessa resolução
estão:
• Listagens das atividades e sub-atividades do estabelecimento de saúde;
• Aspectos espaciais estritamente relacionados com as diversas atribuições e
atividades;
• Aspectos relacionados com o ambiente externo ao estabelecimento de
saúde;
• Os sistemas de controle ambiental nos EAS abrangem duas dimensões:
→ A endógena - que considera o edifício em sua finalidade de criar
condições desejáveis de salubridade através do distanciamento das
pessoas das variáveis ambientais externas;
→ A exógena - que observa os impactos causados pelas construções
no meio ambiente externo alterando, de forma positiva ou negativa,
suas condições climáticas naturais.
• Critérios para projetos arquitetônicos de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde visando seu bom desempenho quanto a condições ambientais que
interferem no controle de infecção de serviços de saúde:
→ O componente de procedimentos nos EAS, em relação a pessoas,
utensílios, roupas e resíduos (RSS);
→ O componente arquitetônico dos EAS, referente a uma série de
elementos construtivos, como: padrões de circulação, sistemas de
transportes de materiais, equipamentos e resíduos sólidos; sistemas
de renovação e controle das correntes de ar, facilidades de limpeza
das superfícies e materiais; e instalações para a implementação do
controle de infecções.
É extremamente importante que a arquitetura dos Estabelecimentos Assistenciais
de Saúde auxilie na prevenção das infecções de serviços de saúde. Segundo a Portaria
do Ministério da Saúde GM n° 2616 de 12/05/98, publicada no DOU de 13/05/98, Anexo
II:
"Infecção Hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que
se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser
relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares”. “Infecção
Comunitária é aquela constatada ou em incubação no ato da admissão do
paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo
hospital".
Essa Portaria limita-se à prevenção e controle de infecção de origem interna ao
estabelecimento, no que se refere a todo tipo de material, objeto ou resíduo que teve
contato com algum paciente, tais como: água, esgoto, roupa, resíduos, alimentos, ar
condicionado, equipamento de esterilização, destilador de água etc.
A RDC 50 ainda define as precauções que se deve ter para evitar a contaminação
em estabelecimento de saúde. Segundo essa resolução, as precauções padrão constituem-se de barreiras e ênfase nos cuidados com certos procedimentos, visando
evitar que a equipe de assistência tenha contato, direto ou indireto, com os diversos
líquidos corporais, agulhas, instrumentos e equipamentos encontram-se inclusos nos
contatos indiretos. O mais recente progresso na prevenção e controle de infecção de
serviços de saúde é o isolamento simplificado, que consta de duas práticas:
a) Prática geral: aplicação das precauções universais (PU) a todos os pacientes,
durante todo o período de internação, independentemente do diagnóstico do paciente;
b) Prática específica: aplica-se sempre que o paciente apresentar doença
infecciosa, com possibilidade de transmissão de pessoa a pessoa e/ou colonização por
germes multirresistentes, conforme listagem organizada pela CDC. Consiste em
suplementar as precauções universais com isolamento de bloqueio (IB) e com precauções
com materiais infectantes (PMI). O isolamento de bloqueio consiste na utilização de
barreiras físicas e cuidados especiais, para impedir que os germes envolvidos se
transmitam.
13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
PROCESSAMENTO DE ARTIGOS
O processamento de artigos de maneira correta é de extrema importância e
compreende a limpeza e a desinfecção e/ou esterilização de artigos, devendo seguir o
fluxo descrito no quadro abaixo (Ferreira et al, 2006):
LIMPEZA, DESINFECÇÃO, DESCONTAMINAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
Para evitar a infecção é necessário que todos os equipamentos, materiais, pisos,
paredes, e quaisquer objetos que sejam manipulados no estabelecimento de saúde sejam
14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
criteriosamente limpos, descontaminados, desinfectados ou esterilizados. Alguns termos
devem ser definidos para posterior entendimento, sendo que segundo a ANVISA (2000):
• Limpeza é o procedimento de remoção de sujidade e detritos para manter em estado
de asseio os artigos, reduzindo a população microbiana, devendo preceder a
desinfecção ou esterilização;
• Descontaminação tem por finalidade reduzir o número de microorganismos presentes
nos artigos sujos, de forma a torná-los seguros para manuseá-los;
• Desinfecção é o processo de eliminação ou destruição de todos os microorganismos
na forma vegetativa, independente de serem patogênicos ou não, presentes nos
artigos e objetos inanimados. A destruição de algumas bactérias na forma esporulada
também pode ocorrer, mas não se tem o controle e a garantia desse resultado;
• Anti-sepsia é o procedimento no qual se utiliza substâncias providas de ação letal ou
inibitória da reprodução microbiana, de baixa causticidade e hipoalergênica,
destinados a aplicações em pele e mucosa.
São inúmeros os Princípios Fundamentais para evitar a contaminação em
procedimentos de atendimento ao paciente (Lopes e Freire, 2001):
1. Cuidados Gerais:
a. Lavagem das Mãos;
b. Anti-sepsia;
c. Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
2. Cuidados Específicos:
a. Esterilização do material;
b. Controle de esterilização;
c. Uso de antimicrobianos;
d. Profilaxia para acidentes.
A identificação do agente que causa uma doença, o entendimento sobre as suas
propriedades biológicas e a forma como a doença se propaga são fundamentais pra o
desenvolvimento de uma estratégia apropriada de descontaminação. Uma limpeza
16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
preliminar por escovação mecânica das superfícies, por exemplo, é imprescindível antes
da utilização de qualquer desinfetante químico (Australian Veterinary Emergency Plan,
2000).
Diversos produtos químicos podem ser utilizados para a descontaminação e
desinfecção de objetos, superfícies, equipamentos e materiais, assim como na lavagem
de mãos e preparo de local cirúrgico. Cada um possui indicações específicas e possui
mecanismos de ação distintos (Quadro 1), assim como necessita de cuidados específicos
no seu armazenamento, manipulação e descarte (Quadro 2).
Diversos fatores podem interferir na eficácia do procedimento de desinfecção e
esterilização, como: a natureza do microorganismo, a concentração do agente químico e
tempo de exposição, o pH, a temperatura, a umidade, a presença ou não de materiais
orgânicos. De maneira geral, quanto mais concentrado o produto, maior a eficácia e
menor o tempo para a destruição dos microorganismos (Mamizuka e Hirata, 2002). No
entanto, é recomendável que seja feita uma criteriosa avaliação do tipo e concentração do
produto com a finalidade de não causar danos à superfície, aos objetos ou mesmo à pele,
quando utilizado para lavagem de mãos ou preparo do campo cirúrgico.
17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 1: Agentes químicos utilizados para descontaminação e desinfecção de materiais, objetos, equipamentos e superfície, lavagem das mãos e preparo de local cirúrgico, de acordo com os tipos de microorganismos , velocidade de ação e inativação por materiais biológicos, utilizando-se como referência Heath Canada
(2000) e Mamizuka e Hirata (2002).
Grupo e sub-grupo
Bactéria gram positiva
Bactéria gram negativa
Myco-bacte-rium Tubercu-losis
Fungos Vírus Velocida-de de ação contra uma bactéria sensível
Inativa-ção por muco ou proteínas
Comentários
Alcoóis Boa Boa Boa Boa Boa Rápida Moderada Ação ótima a 70% até 90% com adição de emolientes (glicerina), mas não é recomendado para limpeza física da pele e sim para anti-sepsia e para
preparação de local cirúrgico. Utilizado também para limpeza de
superfícies laboratoriais e médicas. Clorexidina 2% e 4% (aquosa)
Boa Boa Médio Médio Boa Interme-diária
Mínima Possui efeito persistente, bom para lavagem das mãos e local cirúrgico.
Não utilizar perto de mucosas, possui efeito tóxico em ouvidos e olhos.
18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Hexacloro-feno 3% aquoso
Boa Ruim Ruim Ruim Ruim Lenta Mínima Promove persistência e atividade acumulativa depois de usos contínuos (lavagens com álcool reduz a ação de persistência), pode ser tóxico quando absorvido pela pele especialmente em
crianças prematuras; bom para lavagem das mãos, mas não para preparação de locais cirúrgicos; espectro da atividade
microbiana limitado. Compostos iodados em
álcool
Boa Boa Boa Boa Boa Rápida Marcado Causa “queimadura” de pele, sendo mais incomum em soluções a 1%,
especialmente se é removido depois de alguns minutos; muito irritante para
lavagem de mãos, mas excelente para preparação de locais cirúrgicos.
Iodóforos Boa Boa Médio Boa Boa Interme-diária
Moderada Menos irritante para a pele do que o iodo, bom para a lavagem de mãos e
preparação cirúrgica; rapidamente neutralizado na presença de materiais
orgânicos como o sangue ou saliva/escarro.
Triclosan Boa Boa Médio Ruim Boa Interme-diária
Mínima Comumente utilizado em sabonetes, sabões e detergentes líquidos para
desinfecção de mãos. Compostos
liberadores de cloro ativo
Boa Boa Boa Boa Boa Rápida Mínima Indicados para desinfecção de materiais ou objetos não metálicos, por ser
corrosivo, devendo ser utilizado na concentração de 1000 ppm por 10
minutos de contato para desinfecção e
19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
descontaminação, diminuindo a sua concentração até 10000 ppm por 30 minutos para materiais não críticos.
É tóxico e na forma de gás pode levar à tosse e choque. É instável quando utilizado com detergente catiônico.
Formaldeí-do Boa Boa Boa Boa Boa Interme-diária
Mínima Indicados para desinfecção de materiais ou objetos com ou sem materiais
orgânicos. É pouco ativo a temperaturas menores que 20°C. Para desinfecção utiliza-se o produto a 4% (v/v) por 30 minutos, para esterilizações, 8% em
solução alcoólica, ou 10% em solução aquosa, ou produtos comerciais por 18
horas. É extremamente tóxico e carcinogênico.
Quadro 2: Produtos químicos utilizados na limpeza, desinfecção e esterilização em estabelecimentos de saúde e suas propriedades físicas, os riscos para a saúde e de incêndio,
recomendações de precauções, produtos incompatíveis e outros riscos. Fonte: OMS, 2004.
20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Diversos processos de limpeza, desinfecção e esterilização são
indicados para equipamentos não críticos, semi-críticos e críticos (Canada
Health, 2000), cabendo ao profissional, avaliar qual tipo de processo é mais
adequado para o equipamento que manipula (Quadro 4):
Esterilização é o processo físico ou químico que destrói todas as
formas de vida microbiana, ou seja, bactérias nas formas vegetativas e
esporuladas, fungos e vírus (Resolução RDC nº 302, de 13 de outubro de
2005). Diversos tipos de esterilização são utilizadas e de acordo com Health
Canada (2000), todos eles possuem vantagens e desvantagens (Quadro 3),
devendo escolher o melhor método de esterilização para cada tipo de material
ou equipamento.
Não críticos: aqueles que tocam pele intacta, mas não mucosa, ou
não entram em contato diretamente com o paciente;
Semi-críticos: itens que entram em contato com a pele ou mucosa
intacta, mas não as penetram;
Crítico: instrumentos e equipamentos que entram em contato com
tecidos estéreis como o sistema vascular. Itens críticos apresentam
alto risco de infecção se estiverem contaminados com qualquer
microorganismo, incluindo esporos bacterianos.
22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 3: Métodos de esterilização segundo suas indicações, vantagens e desvantagens (Lopes e Freire, 2001; Canada Health, 2000) Esterilização Método Utilização / Vantagens Desvantagens Autoclave Temperatura de 121°C para autoclaves normais e 133°C para
autoclaves rápidas, sob pressão e ambiente úmido. O tempo varia de acordo com o tipo de material e de instrumento, variando na maioria das vezes entre 20 e 30 minutos.
Instrumentos tolerantes ao calor Linho Não é caro Rápido Eficiente Não tóxico Pode ser utilizado em líquidos esterilizáveis
Não recomendado para óleos, pós, instrumentos sensíveis a calor Algumas autoclaves necessitam de um ciclo de secagem em estufa, aumentando o tempo de esterilização.
Gás óxido de etileno (EtO)
A sua concentração deve estar baseada na recomendação do fabricante. Temperatura: variável Umidade 50% Tempo: muitas horas – 03 a 12 horas
Itens sensíveis ao calor É caro ao ser comparado com a autoclave. Deve ser substituído, pois elimina CFCs, que é tóxico para o meio ambiente. Tóxico para humanos. Altamente inflamável e explosivo.
Calor seco Temperaturas – tempo 171°C – 60 min. 160°C – 120 min. 149°C – 150 min. 141°C – 180 min. 121°C – 12 h.
Óleos Pós Vidros Não é corrosivo e não possui efeito residual Não é caro
Ciclos longos de aquecimento e penetração. Altas temperaturas podem deteriorar o material Limita o empacotamento dos materiais. Temperaturas e tempo de exposição variam dependendo do instrumento a ser esterilizado.
Glutaraldeído Tempo e temperatura devem ser constantes. Itens estéreis devem ser enxaguados com água estéril. Itens estéreis devem ser manipulados de maneira a se evitar contaminação após o processo de esterilização e antes do uso. Bactericida, fungicida e viruscida – 10 minutos Tuberculicida – 20 a 30 minutos Esporicida – 05 a 18 horas
Itens sensíveis ao calor Não permite a monitoramento da esterilização. Manipulação permite a contaminação. A remoção de resíduos com água estéril deve ser feita por repetidas vezes. Alta toxicidade para as pessoas que a manipulam. Processo lento (6-18 horas)
Formaldeído Tempo e temperatura devem ser constantes. Itens estéreis devem ser enxaguados com água estéril. Itens estéreis devem ser manipulados de maneira a se evitar contaminação após o processo de esterilização e antes do uso. Bactericida, tuberculicida, fungicida – 10 a 15 minutos Esporicida – 18 horas
Itens sensíveis ao calor Não permite a monitoramento da esterilização. Manipulação permite a contaminação. A remoção de resíduos com água estéril deve ser feita por repetidas vezes. Alta toxicidade para as pessoas que a manipulam. Processo lento (6-18 horas)
Fervura Não recomendado Não recomendado Pode ser utilizado somente em domicílio, para instrumentos utilizados somente por uma pessoa.
23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 4: Processos de limpeza, desinfecção e esterilização de equipamentos não críticos, semi-críticos e críticos (Canada Health, 2000)
Processo Equipamento Exemplo de itens Produtos ou métodos recomendados Limpeza Alguns itens podem precisar de desinfecção de baixo nível
Todos os equipamentos reutilizáveis
Superfícies de parede que não entram em contato diretamente com fluidos biológicos Estetoscópio Superfícies de cadeiras
Remoção física da sujeira. Limpeza normalmente realizada com água e sabão, detergentes ou agentes enzimáticos. Componentes amoníacos quaternários. Peróxido de hidrogênio a 3%
Limpeza seguida de nível intermediário de desinfecção
Alguns itens semi-críticos
Superfícies de laboratório, consultório odontológico e médico que tenham contato indireto com o paciente ou com materiais biológicos. Termômetros de vidro e eletrônicos.
Álcool 70% Soluções de hipoclorito Iodóforos
Limpeza seguida de alta desinfecção
Itens semi-críticos Superfícies de laboratório, consultório odontológico e médicos que tenham contato direto com paciente e com materiais biológicos. Equipamentos que tenham contato indireto com o paciente, não tendo contato com materiais biológicos e não são descartáveis.
Esterilização por óxido de etileno Pasteurização Glutaraldeído a 2% Peroxido de hidrogênio a 6% Compostos clorados
Limpeza seguida de esterilização
Itens críticos Todos os itens e equipamentos que entram em contato diretamente com o paciente e seus fluidos biológicos como aqueles utilizados em cirurgias, procedimentos odontológicos, biópsias, anestesias, etc.
Calor sob pressão em autoclave. Calor seco. Gás de óxido de etileno. Glutaraldeído a 2% Peroxido de hidrogênio a 6% - 25% Formaldeído 6-8%
LIMPEZA DO AMBIENTE
O ambiente de trabalho - seja em um estabelecimento de saúde ou não - mas que
necessita de cuidados para evitar infecções deve ser mantido sempre limpo. As paredes,
os tetos, as janelas e portas devem ser limpas periodicamente, de acordo com a área e o
tipo de manipulação realizada. Os pisos devem ser diariamente limpos e as superfícies
como mobiliário, gavetas, mesas devem ser limpas semanalmente, ou antes, se exposto à
sujidade. Diversas recomendações são necessárias para a limpeza adequada (Martins et
al, 2006):
Iniciar a área menos contaminada para a mais contaminada, para não
“esparramar” a contaminação;
Limpar as paredes de cima para baixo, em sentido único;
Esfregar as paredes com água e sabão, utilizando esponja ou pano;
Se houver necessidade, passar um pano umedecido com hipoclorito 1% e
deixar agir por pelo menos 10 minutos;
Enxaguar com pano limpo umedecido em um balde com água limpa.
Secar com pano limpo;
Limpar os pisos do fundo para a porta;
Utilizar um rodo, dois baldes, panos limpos ou carrinhos próprios para
limpeza, água e sabão;
Colocar água e sabão em um dos baldes e água limpa no outro;
Afastar os móveis e equipamentos;
Esfregar os pisos com rodo e pano umedecido em água e sabão;
Enxaguar com pano umedecido em um balde com água limpa;
Secar com pano limpo envolto no rodo;
Limpar os móveis e equipamentos de cima para baixo;
Lavar os panos de limpeza, esfregões, baldes e luvas de borracha após o
uso.
30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
A limpeza de mãos é realizada com a utilização de agentes anti-sépticos definidos
anteriormente. Os anti-sépticos devem atender aos seguintes requisitos, segundo
descreve a ANVISA (2001): amplo espectro de ação microbiana; ação rápida; efeito
residual cumulativo; não absorção sistêmica; não causar hipersensibilidade e outros
efeitos indesejáveis como ressecamento, irritação e fissuras; odor agradável ou ausente;
boa aceitação pelo usuário; baixo custo; e veiculação funcional em dispensadores ou
embalagens de pronto uso.
A Portaria n° 930/92 do Ministério da Saúde recomenda a utilização de anti-
sépticos com princípios ativos:
Soluções alcoólicas (álcool etílico e isopropílico);
Soluções iodadas (iodo em álcool);
Iodóforos (polivinilpirrolidona I-PVPI);
Clorohexidina (biguanida);
Solução aquosa de permanganato de potássio;
Soluções aquosas à base de sais de prata;
Outros princípios com comprovada eficácia frente à S. aureus, S.
choleraesuis e P. aeruginosa.
Para a limpeza das mãos, é necessário seguir algumas recomendações para
evitar a contaminação e não permitir que resíduos e bactérias permaneçam após a
lavagem. Apesar de existirem recomendações, não há uma norma ou um melhor método
a ser utilizado, pois irá depender do tipo, intensidade e seqüência da atividade realizada
anteriormente, o grau de contaminação na pele e a susceptibilidade de infecção do
procedimento realizado (Health Canada, 1998) (Quadro 5):
31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
32
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 5: Procedimentos realizados para a lavagem adequada das mãos com a finalidade de remover microorganismos.
Procedimento Explicação
Remover jóias e relógios das mãos e braços.
Podem reter microorganismos.
Não utilize esmalte nas unhas ou unhas postiças.
Pode impossibilitar a visualização de sujeira debaixo das unhas e retenção de microorganismos.
Enxágüe as mãos com água corrente. Permite a suspensão de microorganismos.
Utilize sabonete líquido para friccionar as mãos, cobrindo toda a superfície e as unhas.
A duração mínima é de 10 segundos, podendo ser aumentada em caso de contaminação ou sujidade. Utilizar de 3 a 5 de agente anti-séptico.
Utilize escovas apropriadas para a escovação das mãos e unhas (opcional: principalmente para cirurgias).
Permite uma melhor remoção física das sujeiras e dos microorganismos.
Enxágüe com água corrente. Para enxaguar e remover microorganismos e excesso de anti-séptico.
Seque as mãos com papel toalha ou secador de mãos.
Pele seca diminui a chance de proliferação de microorganismos. Toalhas reutilizáveis não são indicadas, pois são fontes de contaminação.
Se for necessário, feche a torneira com o papel ou utilize torneiras acionadas automaticamente ou com os pés.
Para evitar a recontaminação.
33
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA
Segundo a NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI, da
Portaria n° 3214, de 8 de junho de 1978, considera-se Equipamento de Proteção
Individual (EPI), “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho.” Também podem ser denominadas de barreiras mecânicas. Como por exemplo:
luvas, avental, touca, propé, capacete, macacão, botas, óculos de proteção, protetor
facial, entre outros.
No entanto, para ser eficaz, é necessário que algumas recomendações sejam
seguidas, tais como:
→ Lavar bem as mãos antes de utilizar qualquer luva;
→ Trocar luvas quando houver a troca de pacientes ou quando houver
alguma perfuração na luva;
→ Vestir a luva por cima do punho do avental, para que o mesmo não entre
em contato com a luva;
→ Há diversos tipos de luvas no mercado para diversas finalidades, tais como
para procedimentos, para cirurgia, para manipulação de produtos químicos,
de produtos perigosos, etc.;
→ Utilizar avental somente no ambiente de trabalho para que a contaminação
não saia do consultório, hospital ou clínica (Figura 1);
→ Desinfectar o avental com hipoclorito de sódio antes de lavá-lo, realizando
sua lavagem em lavanderias hospitalares ou separadamente das demais
roupas domésticas;
→ Utilizar uma máscara para cada paciente, ou trocá-la a cada 1 a 2 horas
quando estiver atendendo um mesmo paciente por mais tempo, para
manter a qualidade de proteção da máscara;
→ As máscaras não devem ficar penduradas no pescoço ou na testa, não
devem ser tocadas após sua colocação e se o profissional espirrar também
deverá ser trocada;
→ Os cabelos, barbas e bigodes também são fonte de contaminação,
devendo ser cobertos durante os procedimentos, principalmente os
cirúrgicos. Para os cabelos, utilizam-se gorros ou toucas que permitem
cobrir todo o cabelo;
→ Para proteger os olhos, necessita-se de óculos de proteção específico para
o tipo de material a ser manipulado (líquidos, produtos químicos, material
biológico, pós, resíduos sólidos, etc.);
Figura 1: Campanha de conscientização do uso correto do avental distribuído pelo campus da USP-SP. Disponível em http://cucacoletiva.googlepages.com
34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
35
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
→ O protetor facial não substitui a utilização da máscara facial, mas auxilia na
proteção das partes expostas do rosto que não são cobertos pela máscara
e pelos óculos de proteção;
→ Existem diversos tipos de macacões, botas, capacetes, cintos e outros
equipamentos para a proteção de todos os tipos de trabalhadores. Cabe ao
empregador fornecer todos os tipos de EPIs aos seus trabalhadores.
Já o equipamento de proteção coletiva pode ser definido por dispositivo ou
equipamento utilizado para prevenção de acidentes e proteção de profissionais e
cidadãos em áreas de trabalho e arredores dos setores e unidades executores de
atividades de risco. O mesmo que DPC (Dispositivo de Proteção Individual) (Freire, 2001).
Alguns exemplos de EPC são: câmara de exaustão, fluxo laminar, sinalizações, materiais
e sistemas de limpeza e descontaminação, etc. (Nascimento et al, 2001). Os EPCs
podem ser divididos didaticamente em:
Sinalização de ambientes (descrito anteriormente no capítulo “identificação,
simbolização e rotulagem”);
Equipamentos de segurança biológica coletiva, tais como cabines de
biossegurança, capela de manipulação de produtos químicos, etc.
o Cabine de Segurança Biológica: evita que aerossóis se propaguem.
o Tipos – de acordo com o nível de contenção biológica (Quadros 5, 6 e
7 - Baseados com informações adquiridas em Richmond e
Mackinney, 2000; Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de
2002 e Ministério da Saúde - Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos, 2006).
Equipamentos de proteção contra incêndio.
36
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 5: Recomendações segundo os agentes etiológicos, práticas de segurança, equipamento de segurança e instalações e tipos de cabines de segurança para contenção em nível de biossegurança 1.
Nível de
biossegurança Agentes
biológicos Práticas de segurança Equipamentos de segurança
(barreiras primárias) Instalações (barreiras secundárias) Tipo de cabine de
segurança
1 Não são conhecidos por
causarem doenças em adultos sadios
Boas práticas de laboratório Recomendado uso de aventais ou uniformes
Uso de luvas Óculos protetores para a execução
de procedimentos que podem borrifar líquidos.
Portas de controle de acesso Pia para lavagem das mãos Projetado para fácil limpeza Superfícies impermeáveis à água e resistente ao
calor moderado e solventes orgânicos, ácidos e álcalis utilizados para descontaminação.
Não é necessário
37
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 6: Recomendações segundo os agentes etiológicos, práticas de segurança, equipamento de segurança e instalações e tipos de cabines de segurança para contenção em nível de biossegurança 2 e 3.
Nível de
biossegurança (NB)
Agentes biológicos
Práticas de segurança Equipamentos de segurança
(barreiras primárias)
Instalações (barreiras secundárias)
Tipo de cabine de segurança
Velocidade frontal e
padrão do fluxo de ar
da cabine de segurança
Radionuclídeos/ substâncias
químicas
Níveis de biossegurança
Classe I com a frente aberta
75 Frontal; atrás e acima do filtro HEPA*
Não 2, 3 2 Associados com doenças,
sendo que existe um risco
se houver a exposição da membrana mucosa.
NB1 + Treinamento adequado de todo
pessoal envolvido Descontaminação e desinfecção das
superfícies, materiais utilizados e bancadas.
Esterilização dos instrumentos e materiais utilizados.
Inativação de substâncias potencialmente contaminadas com microorganismos
Estabelecimento de normas pelo diretor do laboratório
Imunização dos participantes Utilização do símbolo de risco
biológico na porta, assim como o plano de riscos
Cuidados adequados quanto à manipulação e descarte de objetos perfuro-cortantes
Desinfecção apropriada para cada tipo de agente biológico
NB1 + As cabines
de segurança são exigidas.
Equipamento de proteção individual adequado (protetores faciais, máscaras e óculos de proteção, luvas e aventais)
NB1 + Acesso ao laboratório
limitado ou restrito. Pias com acionamento
automático ou com os pés.
Disponibilidade de lava olhos
Classe II tipo A
75 70% de ar recirculado através do
HEPA*; exaustão
através do HEPA*
Não 2, 3
3 (Figura 3)
Agentes microbiológicos com potencial de transmitir a
doença via aerossol. A
doença pode ter conseqüências
NB2+ Elaboração de manual de
biossegurança obrigatório para todos os participantes
NB2+ Utilização de
respiradores
NB2+ Acesso ao laboratório
restrito com duas portas, para não permitir a entrada quando o trabalho estiver sendo realizado.
Eliminação do ar do laboratório para fora da
Classe II tipo B1
100 30% de ar recirculado através do
HEPA*; exaustão
através do HEPA*
Sim (níveis baixos /
volatilidade)
2, 3
38
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Classe II tipo B2
100 Nenhuma
recirculação do ar; total
exaustão via HEPA* e
dutos
Sim 2, 3
* Filtro Hepa – “high efficiency particulate air” ou filtro de alta eficiência, feito de tecido e fibra de vidro com 60μ de espessura, sustentada por lâminas de alumínio. As fibras do filtro são feitas de uma trama tridimensional, que remove as partículas de ar que passam por ele por inércia, intercessão e difusão. O filtro Hepa tem capacidade para filtrar partículas com eficiência igual ou maior que 99,99%. Quadro 7: Recomendações segundo os agentes etiológicos, práticas de segurança, equipamento de segurança e instalações e tipos de cabines de segurança para
contenção em nível de biossegurança 4.
Nível de biosseguran
ça
Agentes biológicos
Práticas de segurança Equipamentos de segurança (barreiras primárias)
Instalações (barreiras secundárias) Tipo de cabine de segurança
Velocidade frontal e padrão do fluxo de ar da
cabine de segurança
Radionuclídeos/ substâncias
químicas
Níveis de biossegurança
4 Agentes microbiológicos perigosos que fornecem alto
risco de doenças que ameaçam a
vida. Ocorrem por
infecções transmitidas por
aerossol ou relacionadas a
agentes desconhecidos de
transmissão.
NB3+ Todo lixo deve ser
descontaminado por autoclavação antes de ser desprezado para dentro do laboratório.
NB3+ Utilização de
cabines de segurança nível III ou de classe II com associação de roupas de proteção pessoal com pressão positiva e ventilada por sistema de suporte de vida.
Troca de roupa antes de entrar e ao sair.
NB3+ Existem 2 tipos de laboratórios:
- Cabine: cabine de segurança biológica tipo III. - Escafandro: cabine de segurança biológica tipo II com roupas de proteção
Ambos necessitam de câmaras de entradas e saídas para troca de roupas, sistema de autoclave de 2 portas, tanque de imersão contendo desinfetante, câmara de fumigação.
Edifício separado ou área isolada
Classe III Não há. Entrada e saída do ar através do filtro HEPA* 2
sim 3, 4
* Filtro Hepa – “high efficiency particulate air” ou filtro de alta eficiência, feito de tecido e fibra de vidro com 60μ de espessura, sustentada por lâminas de alumínio. As fibras do filtro são feitas de uma trama tridimensional, que remove as partículas de ar que passam por ele por inércia, intercessão e difusão. O filtro Hepa tem capacidade para filtrar partículas com eficiência igual ou maior que 99,99%
ELABORAÇÃO DE MAPAS E PLANO DE CONTENÇÃO DO RISCO BIOLÓGICO EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE.
A Norma Regulamentadora n° 5 – Comissão interna de Prevenção de Acidentes -
aprovada pela Portaria nº 3.214 do Ministério do Trabalho recomendam a elaboração de
um esquema representativo das áreas de risco que os trabalhadores estão expostos,
através de círculos de diferentes tamanhos e de cores que variam segundo o tipo de
risco. Para isso, é necessário definir:
• Grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada;
• Número de trabalhadores expostos ao risco, que será disposto no interior do
círculo;
• A especialização do risco;
• A identidade do risco, representada de acordo com a gravidade.
Gravidade pequena Gravidade média
Gravidade grande
Os riscos serão dispostos em cada sala e/ou ambiente do estabelecimento, como
descrito no quadro 3:
40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 3: Cores representativas dos riscos segundo o grupo a que pertence.
Cor do grupo Cor verde Cor vermelha Cor marrom Cor amarela Cor azul
Grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Tipo de risco Riscos físicos Riscos químicos
Riscos biológicos
Riscos ergonômicos
Riscos de acidentes
Ruído Poeiras Bactérias Levantamento e transporte manual de
peso
Arranjo físico inadequado
Calor Fumos Fungos Monotonia Iluminação inadequada
Frio Gases Vírus Repetitividade Incêndio e explosão
Pressões Névoas Protozoários Responsabilidade
Eletricidade
Umidade Neblinas Parasitas Ritmo excessivo
Máquinas e equipamentos sem proteção
Radiações ionizantes
Vapores Insetos Posturas inadequadas de trabalho
Quedas
Radiações não-ionizantes
Produtos químicos
líquidos ou sólidos
Trabalho em turnos
Animais peçonhentos
Vibrações
Exemplos de riscos
Outros Outros
Outros
Outros Outros
O risco deverá ser definido para cada área como demonstra o exemplo a seguir:
Para ambientes com riscos ergonômicos, de acidente, biológicos, físicos de alta gravidade. Para ambientes com risco ergonômicos e de acidente de média gravidade.
41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
42
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
DESCARTE E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE
Os resíduos produzidos por qualquer estabelecimento é de responsabilidade do
mesmo, incluindo a separação dos produtos, inativação e a destinação final dos mesmos.
A Resolução RDC n° 306, de 07 de dezembro de 2004, emitida pela ANVISA consta de
um “Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, em
Anexo a esta Resolução, a ser observado em todo o território nacional, na área pública e
privada. (...).”
Essa RDC ainda define:
1 - MANEJO: O manejo dos RSS é entendido como a ação de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a disposição final, incluindo as seguintes etapas: 1.1 - SEGREGAÇÃO - Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos. 1.2 - ACONDICIONAMENTO - Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. (...) 1.3 - IDENTIFICAÇÃO - Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.
Segundo a mesma RDC, os resíduos em serviço de saúde são divididos em
grupo A, B, C e D, como disposto anteriormente. Para facilitar a visualização foram
dispostos, em um quadro, todos os tipos de resíduos em serviço de saúde conforme a
RDC (Quadro 23).
43
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Quadro 23: Classificação dos resíduos em serviços de saúde segundo a RDC 306, de 07 de dezembro de 2004 e Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005:
A1
- Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. - Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. - Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. - Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
A2
- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.
A3
- Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares.
GRUPO A
Resíduos com a possível
presença de agentes
biológicos que, por suas características
, podem apresentar
risco de infecção.
A4
- Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. - Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. - Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. - Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. - Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. - Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica. - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações. - Bolsas transfusionais vazias, ou com volume residual, pós-transfusão.
44
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
A5
- Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons.
GRUPO B
Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
- Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações.
- Resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.
- Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).
- Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas.
- Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
GRUPO C
Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.
- Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05.
GRUPO D
Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
- papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;
- sobras de alimentos e do preparo de alimentos;
- resto alimentar de refeitório;
- resíduos provenientes das áreas administrativas;
- resíduos de varrição, flores, podas e jardins;
- resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.
GRUPO E
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.
45
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
A mesma resolução do CONAMA ainda determina a metodologia de segregação de cada resíduo produzido por algum estabelecimento de saúde:
Art. 14. É obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento da
geração, de acordo com suas características, para fins de redução do volume dos
resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção da saúde e do meio
ambiente.
Art. 15. Os resíduos do Grupo A1, constantes do anexo I desta Resolução, devem
ser submetidos a processos de tratamento em equipamento que promova redução de
carga microbiana compatível com nível III de inativação microbiana e devem ser
encaminhados para aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para
disposição final de resíduos dos serviços de saúde.
Art. 16. Os resíduos do Grupo A2, constantes do anexo I desta Resolução, devem
ser submetidos a processo de tratamento com redução de carga microbiana compatível
com nível III de inativação e devem ser encaminhados para:
I - aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final
de resíduos dos serviços de saúde, ou
II - sepultamento em cemitério de animais.
Parágrafo único. Deve ser observado o porte do animal para definição do
processo de tratamento. Quando houver necessidade de fracionamento, este deve ser
autorizado previamente pelo órgão de saúde competente.
Art. 17. Os resíduos do Grupo A3, constantes do anexo I desta Resolução,
quando não houver requisição pelo paciente ou familiares e/ou não tenham mais valor
científico ou legal, devem ser encaminhados para:
I - sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente
do Município, do Estado ou do Distrito Federal; ou
II - tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento
devidamente licenciado para esse fim.
Parágrafo único. Na impossibilidade de atendimento dos incisos I e II, o órgão
ambiental competente nos Estados, Municípios e Distrito Federal pode aprovar outros
processos alternativos de destinação.
Art. 18. Os resíduos do Grupo A4, constantes do anexo I desta Resolução, podem
46
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
ser encaminhados sem tratamento prévio para local devidamente licenciado para a
disposição final de resíduos dos serviços de saúde.
Parágrafo único. Fica a critério dos órgãos ambientais estaduais e municipais a
exigência do tratamento prévio, considerando os critérios, especificidades e condições
ambientais locais.
Art. 19. Os resíduos do Grupo A5, constantes do anexo I desta Resolução, devem
ser submetidos a tratamento específico orientado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA).
Art. 20. Os resíduos do Grupo A não podem ser reciclados, reutilizados ou
reaproveitados, inclusive para alimentação animal.
Art. 21. Os resíduos pertencentes ao Grupo B, constantes do anexo I desta
Resolução, com características de periculosidade, quando não forem submetidos a
processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento
e disposição final específicos.
§ 1o As características dos resíduos pertencentes a este grupo são as contidas
na Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).
§ 2o Os resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em
aterro de resíduos perigosos - Classe I.
§ 3o Os resíduos no estado líquido não devem ser encaminhados para disposição
final em aterros.
Art. 22. Os resíduos pertencentes ao Grupo B, constantes do anexo I desta
Resolução, sem características de periculosidade, não necessitam de tratamento prévio.
§ 1o Os resíduos referidos no caput deste artigo, quando no estado sólido, podem
ter disposição final em aterro licenciado.
§ 2o Os resíduos referidos no caput deste artigo, quando no estado líquido,
podem ser lançados em corpo receptor ou na rede pública de esgoto, desde que atendam
respectivamente as diretrizes estabelecidas.
Art. 23. Quaisquer materiais resultantes de atividades exercidas pelos serviços
referidos no art. 1o desta Resolução que contenham radionuclídeos em quantidades
superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN-NE-6.02 –
Licenciamento de Instalações Radiativas, e para os quais a reutilização é imprópria ou
47
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
não prevista, são considerados rejeitos radioativos (Grupo C) e devem obedecer às
exigências definidas pela CNEN.
§ 1o Os rejeitos radioativos não podem ser considerados resíduos até que seja
decorrido o tempo de decaimento necessário ao atingimento do limite de eliminação.
§ 2o Os rejeitos radioativos, quando atingido o limite de eliminação, passam a ser
considerados resíduos das categorias biológica, química ou de resíduo comum, devendo
seguir as determinações do grupo ao qual pertencem.
Art. 24. Os resíduos pertencentes ao Grupo D, constantes do anexo I desta
Resolução, quando não forem passíveis de processo de reutilização, recuperação ou
reciclagem, devem ser encaminhados para aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos,
devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente.
Parágrafo único. Os resíduos do Grupo D, quando for passível de processo de
reutilização, recuperação ou reciclagem devem atender às normas legais de higienização
e descontaminação e a Resolução CONAMA n° 275, de 25 de abril de 2001.
Art. 25. Os resíduos pertencentes ao Grupo E, constantes do anexo I desta
Resolução, devem ter tratamento específico de acordo com a contaminação química,
biológica ou radiológica.
§ 1o Os resíduos do Grupo E devem ser apresentados para coleta
acondicionados em coletores estanques, rígidos e hígidos, resistentes à ruptura, à
punctura, ao corte ou à escarificação.
§ 2o Os resíduos a que se refere o caput deste artigo, com contaminação
radiológica, devem seguir as orientações contidas no art. 23, desta Resolução.
§ 3o Os resíduos que contenham medicamentos citostáticos ou antineoplásicos,
devem ser tratados conforme o art. 21, desta Resolução.
48
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A biossegurança é primordial para qualquer tipo de serviço a ser realizado, seja
na área de saúde ou não. O que diferencia são os tipos de riscos que as pessoas podem
ser submetidas, assim como a forma de prevenção, manipulação e descarte (se
necessário).
Agindo corretamente, de acordo com os princípios da biossegurança, consegue-
se minimizar a chance de adquirir doenças, sejam elas causadas por microorganismos,
produtos químicos ou outros fatores como ergonomia e estresse.
Outro ponto importante é que o indivíduo estará exercendo sua responsabilidade
profissional e social quando se preocupa e incorpora tais princípios, não só para se
cuidar, mas para cuidar dos outros.
49
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
SÍMBOLOS E GLOSSÁRIO
Aflatoxinas Substância tóxica e cancerígena produzida por alguns tipos de fungos, eventualmente encontrada em produtos agrícolas estocados.
ABNT Associação brasileira de normas técnicas, órgão designado pelo COMMETRO como o responsável pela normalização técnica no país.
Aerossol Suspensão de partículas sólidas, ou mais freqüentemente líquidas, num meio gasoso.
AnGMS Animais geneticamente modificados.
Anti-séptico Germicida químico formulado para ser usado na pele ou tecido.
ANVISA Agência nacional de vigilância sanitária.
Biotecnologia Conjunto de conhecimentos, técnicas e métodos que permite a utilização de seres vivos como parte integrante e ativa do processo de produção industrial de bens e serviços.
Biotério Viveiro em que se conservam animais em condições adequadas à utilização em experimentos científicos ou produção de vacinas e soros.
Carcinogenicidade Capacidade carcinogênica de uma determinada droga, produto ou substância.
Carcinogênico Droga, produto ou substância capaz de induzir direta ou Indiretamente o câncer. Pode ocorrer exemplo de drogas que induzem o câncer de forma transplacentária.
CDC Centro de Controle de Doenças Americano.
Citostáticos Que evita a multiplicação e o crescimento das células.
CONAMA Conselho nacional de meio ambiente.
50
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Homogeinização Ato, processo ou efeito de homogeneizar(-se), de tornar(-se) algo homogêneo.
Inalação Absorção por via respiratória.
Ingestão Ato de ingerir; engolir, deglutição.
Inoculação Fazer entrar ou entrar; introduzir (-se).
Mutagenicidade Capacidade de um determinado produto, droga ou composto de induzir mutação. Geralmente são compostos que causam danos e depleção à medula óssea em doses não tóxicas, inibição da espermatogênese em doses não tóxicas, inibição da mitose em doses máximas toleradas. Drogas que causam alteração no DNA.
NB Nível de biossegurança. Nível de segurança biológica recomendável para um dado setor que desenvolve atividade de risco para o profissional e comunidade. Pode ser classificado em 4 níveis: NB-1, NB-2, NB-3 E NB-4 referentes aos riscos de contaminação e conseqüente infecção. Recomenda-se ler o capítulo referente à classificação dos riscos biológicos.
NBR É a sigla de norma brasileira aprovada pela ABNT, de caráter voluntário, e fundamentada no consenso da sociedade. Torna-se obrigatória quando essa condição é estabelecida pelo poder público.
Norma Modelo, padrão, aquilo que se estabelece como base ou unidade para a realização ou avaliação de alguma coisa.
NR Norma regulamentadora.
NSBIA Níveis de segurança biológica e instalações para animais.
Oncogênico Relativo à oncogenia; que causa ou leva ao surgimento de uma neoplasia.
Organismo Toda entidade biológica capaz de reproduzir e ou transferir material genético. Exemplo: vírus, bactérias, animais, etc.
51
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Parentérica Que se faz por outra via que não a digestiva (diz-se da ministração de água, glicose, medicamento etc.)
Patogenicidade Modo de origem ou de evolução de qualquer processo mórbido.
POP “Procedimento Operacional Padrão”. Conjunto de normas de operação padronizadas e de conhecimento para aplicação por todos os membros do grupo / equipe de trabalho.
Profilaxia Utilização de procedimentos e recursos para prevenir e evitar doenças.
Resíduo Qualquer material para o qual não há mais uso futuro.
Resíduos de serviços de saúdes (RSS)
Resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimento gerador, classificado de acordo com regulamento técnico da ANVISA sobre gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
Soroconversão Surgimento de um anticorpo específico no soro sangüíneo de um paciente.
Teratogênicas Formação e desenvolvimento no útero de anomalias que levam a malformações.
Toxina Proteína sintetizada por um organismo e que é tóxica para seres vivos de outras espécies.
WHO = OMS “world health organization” = Organização Mundial da Saúde.
* Glossário formulado com referências citadas ao longo do curso
52
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Procedimentos Operacionais da REBLAS / Critérios para a Habilitação de Laboratórios Segundo os Princípios das Boas Práticas de Laboratório (BPL). 2001. 35p.
AUSTRALIAN VETERINARY EMERGENCY PLAN (AUSVETPLAN). Operational Procedures - Manual Decontamination. v.2.1, mai. 2000. 87p.
BRASIL. Portaria do Ministério da Saúde GM n° 2616 de 12/05/98 Expede diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. Publicada no D.O.U de 13/05/98.
BRASIL. Portaria n.° 3.214, 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Publicado D.O.U. 06/07/78.
BRASIL. RDC n° 306 de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Publicado D.O.U. 10/12/2004.
BRASIL. RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Publicado D.O.U. 20/03/2002.
BRASIL. Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Publicado D.O.U. 04/05/2005.
BRASIL. Resolução RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005. Dispõe sobre Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Publicada no D.O.U de 14/10/2005.
CAVALCANTE, N.J.F.; MONTEIRO, A.L.C.; BARBIERI, D.D. Biossegurança. São Paulo: Programa estadual DST/AIDS da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. 2001. 78p.
FERREIRA, E.L.; FERREIRA, I.R.C.; SANMARTIN, J.A.; VEROTTI, M.P.; MARTINS, S.T. Fluxo e processamento de artigos. In: Serviços odontológicos – prevenção e controle de risco. Brasília: Editora ANVISA. 2006. 75-88.
53
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
FREIRE, A. N. M.; NASCIMENTO, I; SCHAER, R.; MEYER, R.; FREIRE, S. M. Biossegurança em estabelecimentos de saúde. In Manual de Biossegurança. Secretaria da Saúde da Bahia. Salvador: Secretaria da Saúde da Bahia. 2001. p. 92-105
FREIRE, S.M. Abreviaturas e glossário utilizados em biossegurança. In Manual de Biossegurança. Secretaria da Saúde da Bahia. Salvador: Secretaria da Saúde da Bahia. 2001. p. 18-39.
FREIRE, S.M. Abreviaturas e glossário utilizados em biossegurança. In Manual de Biossegurança. Secretaria da Saúde da Bahia. Salvador: Secretaria da Saúde da Bahia. 2001. p. 18-39.
GUIMARÃES JÚNIOR, J. Biossegurança e controle de infecção cruzada em consultórios odontológicos. São Paulo: Ed. Santos. 2001. 536p.
HEALTH CANADA. Infection Control Guidelines - Hand Washing, Cleaning, Disinfection and Sterilization in Health Care. Canada Communicable Disease Report. Ontario: Health Canada. v. 24S8. Dez. 1998. 55p.
HIRATA, M.H. O laboratório de ensino e pesquisa e seus riscos. In: HIRATA, M.H.; MANCINI-FILHO, J. Manual de Biossegurança. 1a Ed. São Paulo: Ed. Manole. 2002. 1-19p.
HOUAISS, A. DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS. Ed. 1. São Paulo: Editora Objetiva. 2001.
LOPES, A.R.C.; FREIRE, A.N.M. Segurança profissional durante procedimentos cirúrgicos. In Manual de Biossegurança. Secretaria da Saúde da Bahia. Salvador: Secretaria da Saúde da Bahia. 2001. p. 166-174.
MAMIZUKA, E.; HIRATA, M.H. Manuseio, controle e descarte de produtos biológicos. In: HIRATA, M.H.; MANCINI-FILHO, J. Manual de Biossegurança. 1a Ed. São Paulo: Ed. Manole. 2002. 87-120
MARTINS, S.T.; FERREIRA, E.L.; FERREIRA, I.R.C. Processamento de superfícies, linhas de água, rouparia e limpeza geral. In: Serviços odontológicos – prevenção e controle de risco. Brasília: Editora ANVISA. 2006. p. 89-98.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Manual de segurança biológica em laboratório. 3a ed. Genebra: OMS. 2004. 203p.
RICHMOND, J.Y.; MCKINNEY, R.W. Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia. Organizado por SANTOS, A.R.; MILLINGTON, M.A.; ALTHOFF, M.C. Brasília: Ministério da Saúde (Fundação Nacional da Saúde), 2000. 290 p.
54
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
---------------------------------- FIM ------------------------------------