Manual de Instalacao de Novos Povoamentos Com Sobreiro Aplicacao de Boas Praticas Nas Regioes Da C

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© 2007 - ISA, ERENA, ANSUB, ACHAR

Coordenação: Augusta Costa e Cristina Pereira

Supervisão: Helena Pereira

Colaboradores: João Pedro Azevedo Gomes (ANSUB), Isabel Pais (ACHAR), Miguel Coelho (ERENA)

Design e Maquetação: Naturlink (www.naturlink.pt)

Fotografias (da esquerda para a direita e de cima para baixo): Capa-António Nora, António Nora, ANSUB, 03-ANSUB; 04-MarquesVelentim, ANSUB; 05-Luís Gordinho, Augusta Costa, Augusta Costa; 06-Augusta Costa; 07-Augusta Costa, Augusta Costa; 08-Marques Valentim,Marques Valentim; 09-ANSUB; 10-ANSUB; 11-Augusta Costa, ANSUB; 12-Augusta Costa, Augusta Costa, 13-Augusta Costa; 14-ANSUB,ANSUB, Augusta Costa; 15-Augusta Costa; 16-Augusta Costa, Augusta Costa; 17-Augusta Costa; 18-Augusta Costa; 19-ANSUB, AugustaCosta, ANSUB; 20-Augusta Costa; 21-Augusta Costa; 22-Miguel Coelho, Augusta Costa, ANSUB; 23-Augusta Costa; 24-António Nora; 25-Augusta Costa; 26-Augusta Costa, Marques Valentim.

Agradecimentos: Fernando Lopes, SSA - Sociedade de Serviços Agrícolas, Lda. (Casal Velho), F.A. Neto - SociedadeAgrícola, Lda. (Casal do Junco), Dr. João Luis Falcão Neves (Casal das Corvas), Dr. António Escrevente da Silva Pombas(casal do Pego da Curva), Maria Antónia Mendes Lince e Joaquim Henriques Pereira Bessone, Pereira Agro Pecuária

Depósito Legal:

Citação Recomendada: Costa, A. & Pereira, C. (2007). Manual de Instalação de Novos Povoamentos com Sobreiro.Aplicação de Boas Práticas nas Regiões da Chamusca e de Alcácer do Sal. ISA , ERENA, ANSUB, ACHAR, L i sboa .

Manual de Instalação denovos povoamentos com

SOBREIROAplicação de Boas Práticas nas

Regiões da Chamusca e de Alcácer do Sal

Esta publicação foi elaborada no âmbito do projecto“Gestão Florestal Sustentável em novos montados de sobro - sua demonstração e divulgação”

Medida 8 - Desenvolvimento Tecnológico e DemonstraçãoAcção 8.1 - Desenvolvimento Experimental e Demonstração (DE&D)

ÍNDICE

NOTA PRÉVIA 4

ECOLOGIA DO SOBREIRO 6

NOVOS POVOAMENTOS COM SOBREIRO 10

INSTALAÇÃO DE NOVOS POVOAMENTOS 11

Técnicas de Preparação do Terreno 11

Repovoamento 16

SILVICULTURA EM POVOAMENTOS JUVENIS 25

Modelos de Silvicultura 25

Técnicas de Intervenção Produtiva 25

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O montado de sobro nacional temuma importância ecológica e socialreconhecida. Localizado a Sul dor i o Te j o , pa r t i c u l a r m e n t e n oA l e n t e j o , e m r e g i õ e s c o mespec i f i c i dades soc ia i s mu i tosensíveis derivadas da estruturafundiár ia e dos usos da ter ra ,c o n s t i t u i u m d o s p r i n c i p a i secossistemas mediterrânicos pelab iod ivers idade da sua fauna eflora.A sustentabi l idade ecológica dom o n t a d o d e s o b r o n a c i o n a ld e p e n d e , n o e n ta n t o , q u a s etotalmente da sua explorabilidadeeconómica e da sua capacidadeprodutiva. Actualmente, a cortiçaé o produto mais valioso, apesard a m u l t i f u n c i o n a l i d a d ecaracterística deste ecossistemae d a s r e l a ç õ e s d ecomplementar idade com outrascomponentes de uso directo, comoa pecuária e a agrícola.

A sustentabi l idade ecológica domontado de sobro tem v indo adeteriorar-se pela degradação dasua estrutura, relacionada com aalteração natural das condiçõesc l imát icas e edáf icas e com apressão da actividade humana, porv e z e s a s s o c i a d a a p r á t i c a sc u l t u r a i s i n a d e q u a d a s . Aregeneração ou renovação destesecossistemas florestais tornou-seu m o b j e c t i v o importante pa r ag a r a n t i r a s u s t e n t a b i l i d a d eprodutiva de cortiça a médio prazo.

A a d m i n i s t r a ç ã o c e n t r a l t e mincent ivado o aumento da áreanacional do sobreiro, através dea p o i o s f i n a n c e i r o s a orepovoamento com esta espécie.

No entanto, constata-se algumai n e f i c i ê n c i a d e s t a s m e d i d a srelacionada com um conjunto defactores dos quais se salientam: amá adap tação da espéc ie emc o n d i ç õ e s e d a f o - c l i m á t i c a sdesfavoráveis que d i f icu l tam aregene ração na tu ra l ; as máscondições do material vegetal derepovoamento; a desadequaçãodas técnicas silvícolas uti l izadasna instalação e na condução dosnovos povoamentos nos primeirosanos de vida.

N e s t a f a s e d e a p o i o àsustentabil idade do ecossistemaflorestal do sobreiro, é importantea demonstração e a divulgação det é c n i c a s a d e q u a d a s p a r a ainstalação de novos povoamentos,e a t r a n s m i s s ã o d o sconhecimentos técnico-científicose experimentais aos intervenientesno delineamento e implementaçãodas políticas de desenvolvimentorural.

E s t e d o c u m e n t o , M a n u a l d eInstalação de Novos Povoamentoscom Sobreiro – Aplicação de BoasPráticas nas Regiões de Chamuscae de Alcácer do Sal (MINPS), reúneinformação técnica relevante parau m a u m e n t o d a c a p a c i d a d eprodu t i va e da e f i c iênc ia nasp r á t i c a s d e i n s t a l a ç ã o d o spovoamentos de sobreiro assimc o m o s o b r e a c o n d u ç ã o d o spovoamentos ins ta lados a té àidade juvenil, próximo da primeiraextracção de cortiça aos cerca de20 a 25 anos. Ut i l iza-se comoexemplo prático a observação depovoamentos juvenis nas regiõesda Chamusca e de Alcácer do Sal,

NOTA PRÉVIA

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c u j a e x p e r i ê n c i a p o d e r á s e rgeneralizada a outras áreas comcaracter íst icas edafo-c l imát icassimilares e com o mesmo problemad e g a r a n t i r o s u c e s s o d o srepovoamentos.

Neste manual, resumem-se comoi n t r o d u ç ã o , a s p r i n c i p a i sc a r a c t e r í s t i c a s b o t â n i c a s eecológicas da árvore para conheceras suas exigências de clima e desolos e enquadram-se as condiçõesdas regiões estudadas para traçar

uma linha de adequação da espécieà estação. Descrevem-se depois,p o r o r d e m c r o n o l ó g i c a , a so p e r a ç õ e s c u l t u r a i s d e s d e ainstalação dos novos povoamentoscom sobreiro até ao início da suae x p l o r a b i l i d a d e e c o n ó m i c a .

Este manual reúne informação deprodutores, técnicos e gestoresf l o r e s t a i s , e s p e c i a l i s t a s ei n v e s t i g a d o r e s . P a r a a s u ae l a b o r a ç ã o p a r t i c i p a r a m o sseguintes organismos:

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ISA/CEFInst i tu to Super ior de Agronomia, Centro de Estudos Floresta is

ERENAOrdenamento e Gestão de Recursos Natura is , Lda

ANSUBAssociação de Produtores F loresta is do Vale do Sado

ACHARAssociação dos Agr icu l tores de Charneca

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ECOLOGIA DO SOBREIRO

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O sobreiro (Quercus suber L.) éu m a á r v o r e o r i g i n á r i a ec a r a c t e r í s t i c a d a r e g i ã omediterrânica ocidental (Fig. 1),q u e p e r t e n c e à f a m í l i a d a sFagaceae e ao género Quercus. Osobreiro dist ingue-se dos outros

carvalhos por possuir uma camadaespessa de cortiça na parte exteriorda casca, a revestir tronco e ramos,e pela faci l idade em a regenerarapós a sua extracção na operaçãode descortiçamento.

Fig 1 - Distribuição actual mundial do sobreiro

Trata-se de uma árvore de grandelongevidade, que pode alcançar3 0 0 a n o s , e a t i n g i r e n o r m e sproporções. A sua forma natural éentroncada com fuste cil indrico eram i f i cações ba i xas , f o r tes e

abertas, mas em povoamentos comd e n s i d a d e s e l e v a d a s p o d emodificar-se, tornando-se esguiae com uma copa menos globosa(Fig. 2).

b) em povoamento denso, esguio, com copa reduzida e ramificações fechadas

Fig 2 - Forma e porte do sobreiroa) isolado, atingindo um grande porte com ramificações abertas;

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O sistema radicular é caracterizadopor uma raiz profundante principale por um desenvolvimento lateralsecundár io das raízes (F ig. 3) .V e r i f i c a - s e u m a v i g o r o s arebentação de toiça e os rebentosapresentam crescimentos iniciaiselevados em altura e em diâmetro.

O sobreiro é uma espécie resistenteao fogo, pois a cortiça é ignífuga eum isolante térmico. Na maioria dosc a s o s , a á r v o r e r e b e n t av igorosamente após o incêndio(Fig. 4). No entanto, a capacidadede auto-regeneração do sobreirop o d e e s t a r e m c a u s a s e ap e r i o d i c i d a d e d o s f o g o sreincidentes for muito pequena, ou

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Fig 3 - Representação esquemática do sobreiroadulto em produção. porte arbóreo e sistema radicular

Fig 5 - Diagrama ombrotérmico típico do climamediterrânico do Alentejo litoral, com um períodoseco de Junho a Setembro

s e a s á r v o r e s t i v e r e m s i d odescortiçadas há pouco tempo (porexemplo, nesse ano ou no anointer ior) , ou ainda se o fogo formuito intenso.

O sobreiro é uma espécie termófilae xe ró f i l a , i nd i cando-se comovalores ópt imos de temperaturamédia anual entre 15 e 19 ºC e deprecipitação anual entre 600 e 800mm. É de excluir a arborização coms o b r e i r o e m r e g i õ e s c o mprecipitação média anual inferior a400 mm ou onde as temperaturasinvernais desçam abaixo de -5 ºC.

A distribuição da precipitação e datemperatura ao longo do ano émuito importante (Fig. 5) e tem deser considerada localmente para aimplementação de um projecto dearborização com sobreiro. A fortesecura estival costuma ser uma dasmaiores limitações ao sucesso dainstalação de novos povoamentoscom sobreiro.

O sobreiro é pouco exigente emso los , com g rande t o l e rânc iaquanto à sua composição químicae ev idencia grande capacidadepara tirar partido de quase todosos tipos de solo, desde graníticosa x i s t osos ou a renáceos . Noentanto, evita os solos calcários(com calcário act ivo) e os solose x c e s s i v a m e n t e a r g i l o s o s ,compactos, salinos e hidromórficos,assim como os que apresentami m p e r m e s ( s u s c e p t í v e i s d eencharcamento).

Fig 4 - Rebentação vigorosa do sobreiro após umfogo na região da Chamusca

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O sobreiro encontra as melhorescondições de vegetação em solos comtextura leve, profundos e com subsolopermeável que permitam uma grandeexpansão radicular e arejamento. Osobreiro vegeta pior em solos com fracacapacidade de retenção de água, comono caso das texturas arenosas, comelementos grosseiros e sem matériaorgânica.

O pH dos solos pode situar-se entre 4,5e 7,5 sendo o pH ideal entre 5,5 e 7,0.

As situações de encosta são maisfavoráveis do que as situações de baixadevido principalmente à estrutura edrenagem do solo. De facto, as maioresdesfolhas e mortalidade das árvores sãodetectadas em zonas onde se verificamá drenagem.

Também o pisoteio excessivo do gado(principalmente bovino) contribui para adegradação das condições de vegetaçãodas árvores, po is promove acompactação do solo e diminui oarejamento e a capacidade de infiltraçãoda água. Para a maior parte dosmontados de sobro recomendam-seencabeçamentos de 0,6-1 ovinos porhectare ou 0,1-0,2 bovinos por hectare.

O sobreiro é uma espécie de meia-luz,e nos primeiros anos de vida a sombraé importante para esta espécie. Asexposições Norte e Este favorecem, emgeral, o estado vegetativo das árvores.

O sobreiro é actualmente a segundaespécie florestal nacional com maiorárea de vegetação, ocupando cerca de737 mil hectares (DGRF 2005/06) empovoamentos puros ou mistos,dominantes e jovens, localizando-se asmaiores manchas contínuas no Ribatejoe Alentejo Central e Litoral, ou seja, naregião Basal Submediterrânea de acordocom a simplificação da Carta Ecológicade Portugal (Fig. 6).

Os concelhos da Chamusca e de Alcácerdo Sal são exemplos de regiões com

importantes áreas florestadas comsobreiro.

Concelho da Chamusca

O concelho da Chamusca apresenta umclima mediterrânico com dois períodossazonais dominantes: um Invernochuvoso e frio e um Verão quente e seco(Fig. 7). A precipitação média anual nestaregião é de 700 a 800 mm e atemperatura média mensal de 16-17 ºC.

Os solos dominantes pertencem à ordemdos solos podzolizados, sendo tambémimportantes os solos argiluviados poucoinsaturados, os solos litólicos e os soloshidromórficos. De um modo geral, ossolos são pouco a moderadamenteevoluídos, com graus de fertilidadediferenciados, em que a maior parteapresenta uma fertilidade fraca. Os solosricos, geralmente situados no fundo dos

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Fig 6 - Área de distribuição nacional do sobreirosegundo dados de cobertura aérea de 1995

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vales, são constituídos por materiaisaluvionares incluindo aluviossolos,coluviossolos e solos hidromórficos. Ossolos pobres incluem os mediterrânicosvermelhos, os solos litólicos e os podzóis(com ou sem surraipa).

Concelho de Alcácer do Sal

O concelho de Alcácer do Sal apresentaum clima mediterrânico com um Verãoseco e um Inverno relativamente amenoe chuvoso com uma estação seca entre4 a 5 meses (Fig. 8). O risco de geadaé fraco a moderado. A precipitação médiaanual é de 600–700 mm e a temperaturamédia mensal é de 15–16 ºC.

A zona de charneca de Alcácer do Salé constituída por solos derivados de

formações sedimentares de areias doperíodo Plio-Plistocénico, de reacçãoácida, com grau de saturação baixo ereduzida capacidade utilizável, nos quaisum regime hídrico mais desfavorávelacentua o deficit hídrico logo a partir dosprimeiros meses da Primavera. De ummodo geral, os solos são pouco amoderadamente evoluídos e a maiorparte apresenta uma fertilidade fraca,um teor baixo em matéria orgânica eníveis baixos de fósforo e potássioassimiláveis pelas raízes que podemcomprometer o crescimento das plantas.Os solos mais representados nacharneca de Alcácer do Sal pertencemàs famílias dos podzóis (com e semsurraipa), dos regossolos, dos soloslitólicos e dos solos mediterrânicos, quesão solos pobres, ácidos e muitoarenosos.

Fig 7 - Distribuição da precipitação e datemperatura ao longo do ano no concelho daChamusca - Diagrama ombrotérmico

Fig 8 - Distribuição da precipitação e datemperatura ao longo do ano no concelho deAlcácer do Sal - Diagrama ombrotérmico

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NOVOS POVOAMENTOS COM SOBREIRO

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A área de sobreiro tem vindo aaumentar desde a publicação daCarta da Distribuição Nacional doSobreiro, em 1960 (Fig. 9). Nosúltimos 20 anos, são responsáveisp o r e s t e a u m e n t o o s n o v o sp o v o a m e n t o s f l o r e s t a i s c o msobreiro que foram realizados comincentivos financeiros públicos aoabr igo de vár ios programas de

f lorestação inseridos na polí t icaagrária da União Europeia. Estesp r o g r a m a s c o m p r e e n d e r a m aarborização, a rearborização deáreas ard idas e a benef ic iação(adensamento) de áreas florestais(Fig. 10), incentivando a florestaçãoem áreas agrícolas ou em áreas deincultos com elevada densidade dematos.

Fig 9 - Evolução dos valores estimados para a área nacional de sobreiro

Fig 10 - Áreas arborizadas e beneficiadas com sobreiro entre 1965 e 2000

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INSTALAÇÃO DE NOVOS POVOAMENTOS

O futuro dos povoamentos de sobreirodepende muito das técnicas deinstalação dos novos povoamentos e daqualidade da estação. O sucesso dainstalação destes novos povoamentospode ser restringido por condiçõeslimitantes de fisiografia do terreno, decompactação e de degradação do soloe de condições micro-climáticasadversas.

As principais componentes a considerarno repovoamento f lorestal são:

1) a ecologia da espécie;2) as características da estação;3) a preparação do solo; e4) o tipo de repovoamento.

Estas componentes encontram-serelacionadas de modo directo (Fig. 11).Por exemplo, é necessário que apreparação do solo seja adequada àscaracterísticas da estação e que o tipode repovoamento seja adequado àscaracteríst icas da estação e àpreparação do solo.

Fig 11 - Enquadramento das diferentes componentes da técnica dorepovoamento florestal

A preparação do terreno, através dassuas diferentes técnicas de controlo devegetação espontânea e de mobilizaçãodo solo, destina-se a criar condiçõesfísicas que permitam uma boa instalaçãoda planta.

C o n t r o l o d a Ve g e t a ç ã oEspontânea - limpezas de mato

A vegetação espontânea compete pelaágua, nutrientes e luz com as jovens

plantas a instalar, dificulta os trabalhosde mobilização do solo e a execuçãodas sementeiras e plantações, pelo quese torna necessário fazer o seu controlo.

O c o n t r o l o d a v e g e t a ç ã oespontânea pode ser executadoc o m i n t e n s i d a d e v a r i á v e l , n atotal idade da área, por faixas oumanchas, ou de forma localizadas ó n o l o c a l d e p l a n ta ç ã o o usementeira.

TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO DO TERRENO

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Caso de Estudo

Na Herdade do Casal das Corvas(Chamusca), após a instalaçãodo povoamento por plantaçãonão se efectuaram limpezas dematos : de 625 árvores/ha nainstalação restam 326 árvores/haapós 10 anos, com uma alturamédia de apenas 1,1 m tendo amaioria altura inferior a 50 cm.

Fig i - Distribuição das árvorespor classes de altura na Herdadedo Casal das Corvas, naChamusca 10 anos após aplantação

A limpeza de matos deve ser feitaperiodicamente após a instalação dospovoamentos pois, se não foremcontrolados, os matos podem destruirpor completo as instalações.

A m a n u t e n ç ã o d e p a r t e d av e g e t a ç ã o e s p o n t â n e a éaconselhável uma vez que é umimportante factor de protecção dosolo contra a erosão e, no caso dasjovens plantas, funciona tambémcomo protecção contra a insolação,o vento e a geada. Esta operação,n a s c o n d i ç õ e s d e c l i m amediterrânico, deve ser feita nosfins da Primavera ou no Outono.

No entanto, as limpezas de mato nemsempre são necessárias. Por exemplo,em pousios recentes com poucavegetação espontânea é desnecessáriaa operação de controlo da vegetação,podendo efectuar-se imediatamente asmobilizações do solo.

Por outro lado, em zonas onde o riscode erosão é muito elevado, seráconveniente manter a totalidade, ou uma

parte significativa, da vegetaçãoespontânea, por exemplo, nas faixasadjacentes às linhas de água (de larguramínima de 10 m).

Em áreas onde existe pastoreio poderãoser os animais a realizar o controlo davegetação, embora acautelando a nãodestruição da regeneração natural quedeve ser protegida, assim como asplantas a instalar (protectoresindividuais).

A marcação e piquetagem das curvasde nível, que consiste na marcação daslinhas de plantação segundo umcompasso previamente definido, é umaoperação que permite que as limpezasde matos e mobilizações de solo sejamefectuadas acompanhando as curvasde nível e assim minorar alguma erosãodo solo.

A marcação e piquetagem pode serdispensada em terras planas ou comdeclives suaves.

O controlo da vegetação espontânea(Quadro 1) pode ser efectuada pordiferentes métodos: limpeza de matosmanual, com corta matos ou porgradagem.

A limpeza de mato manual é utilizadaonde não é possível o uso de meiosmecânicos, por exemplo em áreas comelevada pedregosidade e declivesacentuados.

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Caso de Estudo

A limpeza de matos por faixascom gradagem e manual emdeclives mais acentuadosconstitui uma medida desilvicultura preventiva de riscosde incêndios na área dedemonstração da Herdade deCasal Velho (Chamusca). Estepovoamento foi instalado em1994, ardeu em 2003 e em2005, apresenta mais de 900árvores por hectare, com umaaltura média de 2 m. Adistribuição de alturas dasárvores most ra g randeirregularidade em consequênciada diferença de idades existenteentre as plantas.

Fig. ii - Distribuição das alturasem sobreiros em povoamentojuvenil de sobreiro ardido emárea de demonstração naChamusca (Herdade de CasalVelho)Fig 12 - Utilização do destroçador aquando da

desrama de povoamento juvenil misto de sobreiroe pinheiro manso (Alcácer do Sal)

A limpeza de mato com corta matosmecânico não é muito utilizada nainstalação dos novos povoamentos.Pode ser feita com corta matos de facas,de correntes e com destroçadores.

No caso dos montados de sobro, au t i l i zação de co r ta ma tos decorrentes é uma boa prática culturalp a r a c o n t r o l o d a v e g e t a ç ã oespontânea pois actuando apenasa o n í v e l d a p a r t e a é r e a d avegetação, não se danifica a parter a d i c u l a r e s i m u l t a n e a m e n t eproporc iona cond ições pa ra oapa rec imen to da regene raçãonatural.

A u t i l i zação de des t roçadorespermite o corte e destroçamentodo mater ia l lenhoso, f icando omesmo depositado no local. Estaoperação reduz o risco de incêndio,pe la e l im inação da b i omassavegetal e o risco de erosão, pelap r o t e c ç ã o e f i c a z d o s o l o ,d i m i n u i n d o o e s c o r r i m e n t osuperficial e absorvendo o impactoda chuva.

A uti l ização do destroçador podeainda ser feita aquando da desramad o p o v o a m e n t o , d e m o d o adestroçar o material cortado (Fig.12).

A limpeza de mato por gradagemé o método mais f requente nains ta lação de povoamentos desobro, possibilitando a destruiçãodas raízes e da parte aérea davegetação espontânea, com umasimultânea mobi l ização do solo.As grades de d iscos cor tam eenterram parcialmente a vegetação,sendo muito ef icazes sobretudoc o m v e g e t a ç ã o h e r b á c e a o ua r b u s t i v a p o u c o d e n s a e d epequeno porte.

A l impeza de mato por gradagempode ser realizada a profundidadevar iáve l e , no caso das zonasdecl ivosas, segundo a curva denível.

Antes da realização das operaçõesm e c a n i z a d a s d e c o n t r o l o d av e g e t a ç ã o d e v e s e r f e i t a aidentificação das jovens plantas desobreiros, por exemplo com f i taba l izadora , de modo a que aso p e r a ç õ e s f l o r e s t a i s n ã odanifiquem a regeneração natural.

As ope rações de con t ro l o devegetação que se executam nainstalação dos novos povoamentosd e s o b r e i r o r e p e t e m - s eperiodicamente durante a sua vida.Após a instalação de povoamento,o controlo da vegetação deverá serf e i t o c o m u m a m o b i l i z a ç ã os u p e r f i c i a l d o t e r r e n ocomplementada com mondas àvolta das jovens plantas.

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Mobilização do Solo

A mobilização do solo consiste nap r e p a r a ç ã o d o t e r r e n o p a r aaumentar a capacidade de retençãode água e dos elementos minerais,a u m e n t a r a v e l o c i d a d e d ainfiltração da água no perfil do soloe consequentemente reduz i r oescorrimento superficial. Promoveo arejamento do solo e aumenta asua profundidade úti l, eliminandohorizontes impermeáveis.

N a i n s t a l a ç ã o d e n o v o spovoamentos com sobreiro, dadasas características dos solos e clima,as técn icas de p reparação doter reno mais p ra t i cadas são alavoura superficial, a ripagem e aarmação em vala e cômoro (Quadro2).

LavouraA lavoura pode ser executada natota l idade da super f íc ie ou emfaixas, segundo a curva de nível,

a uma profundidade de trabalho de30 cm em solos arenosos e 40 cmem solos francos.

Esta mobilização do solo não deveser efectuada nem na estação secanem quando o solo se apresentademasiado encharcado.

RipagemA ripagem é uma operação que realizauma ruptura dos horizontes do solo, sema inversão dos mesmos. Esta técnicaexecutada segundo linhas paralelas entresi e à curva de nível, aumenta aprofundidade do solo, favorece ainfiltração da água e proporciona ummeio adequado ao desenvolvimento dasraízes com bom arejamento e quebrade impermes superficiais.

A ripagem adequa-se particularmente asolos com uma camada compacta emprofundidade, tendo uma profundidadede trabalho entre os 50 e 70 cm; o denteripper rompe o solo e a plantação é feitanas linhas ripadas.

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Caso de Estudo

Na área de demonstração daHerdade da Courela (Alcácer doSal) os solos fundos e semc a m a d a s d e i m p e r m e spermitiram uma mobilização dosolo só com uma lavoura comduas passagens de charrua.

Quadro 1 - Síntese da aplicabilidade dos métodos de controlo da vegetaçãoespontânea no caso da instalação de novos povoamentos com sobreiro deacordo com informação dos Serviços Florestais (DGRF)

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A época de execução mais eficaz paraesta operação é o Verão, quando o solose encontra seco.

Armação em Va la e CômoroA técnica de mobil ização do soloem armação em vala e cômoroconsiste na abertura com charruade um ou dois regos cont ínuospara le los , segundo a curva denível. As extremidades das valasdevem ficar abertas e desimpedidasde obstácu los , a f im de ev i ta rexcessivas acumulações de água.As valas deverão interromper-senas linhas de água para facilitar oescorrimento superficial da água.A p l an tação ou semen te i r a éefectuada no talude do cômoro,geralmente a 1/2 ou 1/3 da suaaltura total. A sua execução é feitada base para o cimo da encosta.

Nos adensamentos de montadosde sobro a realização da armaçãode vala e cômoro deve restringir-s e à á r e a f o r a d a p r o j e c ç ã ohorizontal da copa dos sobreirospara protecção do sistema radiculardas árvores e da regeneraçãonatural existente.

Caso de Estudo

Na área de demonstração daHerdade do Casal do Pego daCurva (Chamusca) os solos detextura mediana, de baixo fundode fertilidade e com baixacapacidade de armazenamentotiveram uma mobilização do solocom uma ripagem seguida delavoura e armação em vala ecômoro.

Fig iii - Distribuição das alturasde sobreiros em povoamentojuvenil instalado em 1996(Herdade do Pego da Curva), naregião da Chamusca

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Na área de demonstração daHerdade do Monte da Cegonha(Alcácer do Sal) a ripagem foiuti l izada para promover odesenvolvimento radicular emprofundidade pois os solos erammuito delgados.

O sucesso dos repovoamentos comsobreiro depende de vários factores,entre os quais se destacam ascaracterísticas das plantas, ou seja, asua adequação às condições climáticas,topográficas, litológicas e edáficas daestação (Fig. 13). Em geral, a utilizaçãode espécies e de proveniênciasdominantes presentes na região é o maisaconselhável pois garante um máximode adaptação às condições existentes.Por outro lado, a criação de condiçõesmicro-ambientais para reduzir o stresspós-transplante da planta através daaplicação de técnicas eco-tecnológicascomo a instalação de tubos protectores,a aplicação de gel hidrofílico ou deinóculos micorrízicos, podem contribuirdecisivamente para a re-introdução dasquercíneas em áreas com algumaslimitações climáticas, edáficas e bióticas.

No repovoamento há a considerar omater ia l vegeta l e o t ipo derepovoamento (regeneração naturalassistida, sementeira ou plantação).

Material de Repovoamento

A qualidade da semente afecta asobrevivência dos repovoamentos e aprodução de plantas de qualidade emviveiro.

A semente deve ser recolhida empovoamentos ou bosquetes puros esaudáveis, devendo evitar-se a recolhaem árvores isoladas e em povoamentosrarefeitos.

A semente para os novos repovoamentosterá de ser disponibilizada em quantidadee em qualidade de modo a assegurar

Quadro 2 - Síntese da aplicabilidade dos métodos de mobilização do solo deacordo com informação dos Serviços Florestais (DGRF)

REPOVOAMENTO

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Caso de Estudo

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as elevadas densidades de instalaçãoe deverá ser proven iente depovoamentos situados em zonasecológicas o mais próximo e semelhantepossíveis à região que se pretendearborizar - regiões de proveniência (Fig.14).

As p lantas se lecc ionadas emdeterminado ambiente desenvolvem-semelhor nesse ambiente do que outrasprocedentes ou seleccionadas de outraregião geográfica ou ecológica.

Na instalação de novos povoamentoscom sobreiro há que utilizar sempresementes (e plantas) de qualidade.

Os factores que influenciam a qualidadeda semente são a sua maturidade e asua viabilidade (Fig. 15). Se a sementenão estiver madura, a sua taxa degerminação vai ser fraca, e seránecessário uma conservação cuidadosada semente após a sua colheita (Quadro3).

Fig 13 - Factores dos quais depende o sucesso do repovoamento florestal comsobreiro

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Fig 14 - Mapa das regiões de proveniência do Quercus suber L. para Portugal

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Tipo de Repovoamento

Regeneração natural assistidaA regeneração natural assistida é umprocesso pouco dispendioso e maisseguro do ponto de vista técnico paracriar novos sobreirais. Neste processoas plantas estão bem adaptadas ao locale desenvolvem sistemas radiculares

equilibrados e profundos além de que apreparação do solo não é necessária.

A protecção da regeneração natural comprotectores ou o afolhamento dopastoreio do gado são métodos aconsiderar por constituirem umaalternativa ao repovoamento artificialcom vantagens económicas e ao nívelda conservação do solo e doaproveitamento de material genéticobem adaptado à estação.

Quando a constituição e sustentabilidadede povoamentos de sobreiro com asdensidades adequadas não se conseguesó à custa do chaparral nascediço, entãohá que recorrer ao repovoamentoartificial, por plantação ou sementeira.

Fig 15 - Factores de que depende a qualidade da semente

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Quadro 3 - Qualidade do material de repovoamento para a sementeira ouplantação

Caso de Estudo

Na área de demonstração daHerdade do Casal do Junco(Chamusca) a regeneraçãonatural assistida foi o processode repovoamento utilizado. Nãose fez mobilização de solo emarcaram-se as jovens plantasantes de uma limpeza de matosmecânica e manual em declivessuperiores a 25%. Esta áreaapresenta menores densidadesde instalação e as árvores com8 anos apresentam crescimentosrelativamente elevados, comuma altura média de 3,3 m.

Fig iv - Distribuição das alturasde sobreiros com 8 anos emp o v o a m e n t o j u v e n i l d eaproveitamento de regeneraçãon a t u r a l e m á r e a d edemonstração na região daChamusca (Herdade do Casaldo Junco)

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Caso de Estudo

Na Herdade de Monte daCegonha (Alcácer do Sal) orepovoamento foi feito comsemente i ra manua l emcompassos de 6x2m. NaHerdade da Courela (Alcácerdo Sal) o repovoamento foi feitopor sementeira manual desobreiro e plantação de pinheiromanso nos compassos de 8x1,5m e 8x2m, respectivamente. Asd u a s e s p é c i e s e s t ã oconsociadas com linhas deseparação.

Fig 18 - Consociação do sobreiro com pinheiromanso, com linhas de separação.. Linhas isoladas de sobreiros separadas por 8 m, comlinhas de pinheiro manso no espaçamento interior

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Fig 16 - Bolota com espigão

Fig 17 - Sementeiras em linhas e localizada. sementeira com profundidade 5-10cm, em linhas

. sementeira localizada por covachos

SementeiraRecorre-se à sementeira quando ascondições edafo-climáticas da estaçãoo permitem, ou seja, quando hátemperatura e humidade favoráveis àgerminação das sementes e aodesenvolvimento das plântulas e os solossão de textura ligeira que permita oenraizamento fácil.

A sementeira deve ser realizada entreNovembro e Dezembro (nas zonas deverões mais secos) ou entre Janeiro eFevereiro.

A sementeira que se realiza no Outonogermina na Primavera, e a de Primaveragermina após 4-5 semanas (Fig. 16).

A sementeira no cedo, no fim do Outono,traz menos problemas de conservaçãoda semente e protege mais a planta daestiagem do que a sementeira no finaldo Inverno e princípio de Primavera.Durante os primeiros meses após agerminação, o sobreiro alimenta-sebasicamente das reservas nutritivascontidas na semente, e é mais ou menosantes do primeiro Verão, quando seesgotam estas reservas, que a plantase torna mais dependente do meioenvolvente e começa a competir pelaágua e nutrientes.

A sementeira pode ser feita a lanço, emlinhas ou localizada, sendo a modalidadeseleccionada em função das condiçõesespecíficas do local, de modo aeconomizar semente e facilitar asoperações culturais posteriores (Fig. 17).No caso da sementeira em linhas ou

localizada, ao covacho, o número desementes por local de enterramento nãodeve ultrapassar as 2-3, podendoeliminar-se depois plantas se todasgerminarem (não antes do 3º ano apósa instalação).

A profundidade ideal para o enterramentodas sementes não é fixa: para solos detextura argilosa pode enterrar-se asemente a 3-6 cm, em solos de texturafranca a profundidade pode ser 4-8 cme em solos de textura arenosa aprofundidade é maior, de 8-12 cm.

A consociação com outras espéciesflorestais poderá ser feita com linhas deseparação, ou seja, devem utilizar-seespaçamentos entre linhas isoladas, oupares de linhas, de sobreiro de 8-10 me preencher o espaçamento interior comlinhas de outras espécies florestais.

O pinheiro manso, por exemplo, constituiuma consociação globalmente vantajosapara o sobreiro (Fig. 18).

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Fig 19 - Sistema radicular equilibrado e bemdesenvolvido de planta produzida em contentor

A sementeira é um método de fácilexecução e sem grandes custos. Perde-se, no entanto, a lgum tempor e l a t i v a m e n t e à p l a n t a ç ã o ,correspondente ao tempo que a sementeleva a germinar e a atingir a altura dasplantas que são normalmente instaladasno campo durante a plantação.

A recolha das sementes deve ser feitaentre Novembro e Dezembro, ou seja,logo após a maturação da segundacamada de frutificação e antes dasprimeiras geadas. A quantidade desemente disponível deve ser abundantecom uma alta capacidade germinativa.

A sementeira com bolotas poderá ter deincluir trabalhos de protecção contraataques de animais tais como ratos,coelhos e javalis que são bastanteintensos, sobretudo em áreas de matosou que vinham sendo semeadas comcereal.

PlantaçãoA arborização com plantas emcontentores, produzidas em viveiros, éuma técnica muito generalizada para aintrodução de espécies de quercíneas.No entanto, o custo da plantação éelevado e, se houver muitas falhas nainstalação, o custo da retancha tambémé apreciável.

A qualidade da planta é um factorfundamental para o sucesso daplantação. A definição de qualidadebase ia -se em ca rac te r í s t i casdendrométricos das plantas tais como a

altura total, o diâmetro basal e biomassada parte aérea e das raízes.

Para a maioria das estações onde sefazem repovoamentos com sobreiro,devem-se concentrar esforços em obterplantas com sistemas radicularesequilibrados e bem desenvolvidos dadaa elevada correlação positiva entre acapacidade de sobrevivência e abiomassa radicular (Fig. 19).

Entre as múltiplas causas das elevadasmortalidades no campo das plantaçõesrecen tes sa l ien ta -se o ba ixodesenvolvimento do sistema radicular,em particular da raiz pivot profundanteque impede a planta de aceder ahorizontes profundos do solo antes dachegada da secura estival. Se o choquepós-transplante que as plantasexperimentam quando são transferidasdo viveiro para o campo for superado,o desenvolvimento radicular é maior emuito mais rápido do que o crescimentoda parte aérea.

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Quadro 4 - Vantagens e inconvenientes da regeneração natural assistida,da sementeira e da plantação

Em geral, há vantagens em que osistema radicular do sobreiro apresentealgumas raízes grossas, que constituemlocais de acumulação de reservas,capazes de favorecer uma rápidaformação de raízes a seguir à plantação,e a forma em cabeleira, com raízeslaterais concentradas perto do colo.

A época ideal para a plantação é entreOutubro/Fevereiro.

Os compassos utilizados, geralmentequadrados, variam consoante osobjectivos de produção de 5x5 m paraprodução de cortiça (fustes maiores emais direitos) a 6x6 ou 6x4 m paramontados explorados em regime silvo-pastoril.

A plantação pode ser mecanizada, emlinhas, ou manual, em covas/covachos.A dimensão dos covachos dependerádo tamanho das raízes ou dos torrões.O covacho ou cova de plantação deveser feito sempre no terreno previamentepreparado.

As plantas são colocadas no covachoem posição vertical, tendo o cuidado de

não dobrar o seu sistema radicular.Durante e após o enchimento docovacho, aconchega-se a terracuidadosamente e sem calcamentoexcessivo, a fim de encostar bem a terraàs raízes e não permitir a formação debolsas de ar. Para verificar se a plantase encontra bem enterrada deve dar-seum pequeno est icão à planta.

Comparação de regeneração naturalassistida, sementeira e plantaçãoDe uma forma geral podem apontar-sevantagens e inconvenientes em cadauma das modalidades de repovoamentonatural e artificial, sementeira e plantação(Quadro 4).

A plantação ou sementeira com sobreiropodem comportar taxas de insucessoelevadas. No entanto, este facto não écausado porque sejam más modalidadespara o repovoamento com sobreiro masporque alguns dos factores dos quaisdepende a sobrevivência das plantaspoderem ter sido decisivos, como porexemplo o clima no ano da instalaçãoou a má qualidade da semente ou daplanta.

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Quadro 5 - Valores de quantidades de nutrientesem função da análise de terras [A gestão domontado de sobro na charneca de Ponte de Sôr,2001]

Caso de Estudo

O s s o l o s n a á r e a d edemonstração da Herdade daCourela (Alcácer do Sal), detextura grosseira, com baixacapacidade de retenção de água,pouco ácidos (pH igual a 6), semcalcário, necessitaram de umafertilização à instalação comfósforo.

Quadro i - Resultado da análisede terras no povoamento juvenilna região de Alcácer do Sal(Herdade da Courela)

Caso de Estudo

A fertilização à instalação naárea de demonstração daHerdade de Casal das Corvas(Chamusca) foi de fósforo e depotássio pois as análises da terrarevelaram baixos teores destesnutrientes.

Quadro ii - Resultado da análisede terras no povoamento juvenilna região da Chamusca(Herdade de Casal das Corvas)

FertilizaçãoA fertilização em algumas estações maispobres em matéria orgânica podemelhorar a capacidade de sobrevivênciadas jovens plantas e favorecer o seucrescimento.

Os adubos normais tradicionais contêmazoto, fósforo e potássio, e as doses deaplicação de nutrientes dependemprincipalmente da análise prévia de terra.

Alguns valores indicativos para aaplicação de fertilizante dependente daanálise de terras estão sumarizados noQuadro 5.

A fertilização deve ser efectuadalocalmente nas plantas durante a suainstalação, junto ao covacho, podendoser regada posteriormente. É importanteo fertilizante não estar em contacto como sistema radicular da planta.

Além da fertilização na instalação podemexecutar-se fertilizações periódicas no2º e 5º ano de crescimento, tambémcom aplicação local.

MicorrizaçãoA micorrização é a relação de simbioseentre plantas e fungos colonizadores

das raízes que não causam danos, antespe lo con t rá r io , bene f i c iam odesenvolvimento e a nutrição mineralda planta.

A micorrização é decisiva quando asplantas se destinam a um solo pobre emelementos minerais, com pouca águadisponível, ou seja, em solos mais oumenos degradados. Nestes casos, umamicorrização adequada equivale a umafertilização biológica uma vez quemelhora a eficácia fisiológica da árvorenos seguintes aspectos:

a) aumento de disponibilidade de águae nutrientes pela maior superfície deabsorção e pelo maior volume de soloexplorado;

b) aumento da resistência a agentespatogénicos do solo;

c) maior tolerância a situações de stresshídrico, e outros agentes abióticos.

A micorrização pode ser feita em viveiro,para produção de plantas micorrizadas,e pode ser feita no campo.

A micorrização no campo realiza-se àinstalação do povoamento, durante oinício do desenvolvimento radicular daplanta na nova estação e a sua aplicaçãodepende de se tratar de semente, plantade raiz núa ou planta em contentor(Quadro 6).

Protecção com protectores individuaisA utilização de protectores individuaistem sido generalizada nas instalaçõesdos novos povoamentos com sobreiro,por plantação ou por sementeira e nocaso de regeneração natural assistida.

Os tubos protectores funcionam comoprotecção contra roedores e gado e,dependendo do modelo, podem atenuara adversidade do clima, vento e radiaçãosolar directa, aumentam a temperatura(em média o aumento de temperaturapode rondar os 5 ºC, o que no Verãopode ser fatal para a planta), aumentama humidade do ar e a concentração de

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CO2. Os tubos protectores têm ainda avantagem de estimular o crescimentodas plantas em altura: estudos realizadossugerem aumentos de 22%, embora aresistência das plantas às intempériesdo tempo, como o vento, possa serprejudicada.

Os modelos dos protectores individuais(altura, perfurações e largura) devemser criteriosamente escolhidos edependem das necessidades (Quadro7).

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Quadro 7 - Tipologia e utilização de protectores individuais

Quadro 6 - Métodos de micorrização no campo discriminados por tipo de materialde repovoamento

Os protectores devem colocar-secentrados de modo a conter as jovensplantas no seu interior e enterram-seligeiramente no solo só o suficiente paraassegurar a sua estabilidade mecânica.Nas áreas de regeneração naturalassistida, em plantas já de alguma idade,os contentores devem ser colocados emredor das plantas e presos com estacasde ferro ou madeira (Fig. 20).

Fig 20 - Protectores presos com estacas eem redor de plantas de regeneração naturalassistida

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Caso de Estudo

As retanchas na área dedemonstração da Herdade doMonte da Cegonha (Alcácer doSal) desde o ano a seguir ainstalação dos povoamentos atéaos 5 anos têm taxas superioresa 50%. O povoamento, com 5anos, tem uma altura média de70 cm, com uma densidade de617 árvores/ha.

Fig v - Distribuição das alturasde sobreiros em povoamentosjuvenil com 5 anos em área dedemonstração na região deAlcácer do Sal (Herdade doMonte da Cegonha)

Sacha e amontôaA sacha e amontoa é uma operação deacompanhamento do povoamentorecentemente instalado que se deveefectuar durante os primeiros 2-3 anos.Consiste no controlo da vegetação quemais directamente compete com a árvoreque, se não for controlada, tapa e abafaa pequena planta.

A sacha e amontoa deve ser executadasó quando há concorrência, em redordos sobreiros num raio de 30 a 50 cmainda antes do primeiro Verão. Avegetação destruída deve ser deixadano local para proteger o solo e diminuirperdas de água por evaporação.

A sacha, ao ser complementada com aamontoa que permite assegurar ascondições no solo para uma expansãoradicular e um desenvolvimento saudáveldas raízes, deve ser feita com cuidadopara não danificar o sistema radicularda planta.

RetanchaPode acontecer que passado um ou doisVerões sobre a instalação dospovoamentos existam locais desementeira ou plantação em que nãosobreviveu nenhuma planta e sejanecessário efectuar uma retancha, ouseja, a reposição do material derepovoamento.

A retancha deverá ser feita a partir doprimeiro ano a seguir à instalação dopovoamento até se atingir a densidadeadequada para o modelo de gestãopreconizado.

RegaDadas as alterações climáticas, que sevêm sentindo ao nível global, torna-secada vez mais importante realizar acçõesque permitam garantir a viabilidade dospovoamentos recém instalados.

Dependendo da estação e das condiçõesatmosféricas, a rega pode serfundamental nos primeiros 3 anos apósa instalação do povoamento, de formaa disponibilizar humidade suficiente paraa planta nos períodos de maior carênciadesta.

Apesar de ser uma acção ainda poucoestudada existem alguns exemplos deplantações com sobreiro regadas e queobtiveram uma taxa de sucesso naordem dos 95 %. O sistema de rega aadoptar pode ser desde o sistema gota-a-gota, principalmente em áreas dearborização bem definidas, ao tradicional“joper” que percorre as linhas deplantação sendo este último maisa d e q u a d o pa r a o c a s o d o sadensamentos.

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SILVICULTURA EM POVOAMENTOS JUVENIS

O modelo de silvicultura seguido nosactuais povoamentos juvenis de sobreiro,com densidades de instalação e decondução muito elevadas para potenciaro crescimento de fustes direitos e altostem como objectivo principal a futuraprodução de cortiça. Caracteriza-se poruma condução do povoamento baseadaem técnicas de intervenção produtivaque proporcionem uma melhoria daprodutividade do trabalho de extracção

de cortiça, tanto ao nível da produçãoindividual por árvore como de rendimentode trabalho.

Nos povoamentos juvenis, o modelo desilvicultura até à desbóia contempla duaspodas de formação e dois desbastes.As limpezas de mato tem periodicidadede 5 anos, podendo realizar-se até quatroa cinco limpezas de mato antes dadesbóia (Quadro 8).

Quadro 8 - Modelo geral de silvicultura de povoamentos juvenis de sobreirocom cronologia de actividades

Podas de formação

Os sobreiros jovens ramificam desde abase do tronco, o que obriga à realizaçãode desramações, ou corte de ramosvivos, para que se proporcione, na idadeadulta, uma forma do tronco adequadaà produção e extracção de cortiça. Estaforma ideal corresponde a um troncosem ramos, direito, com 2 a 3 m dealtura, com pernadas bem distribuídas,e uma copa bem arredondada e arejada(Fig. 21).

A primeira poda de formação oudesramação deve ser executada commoderação e o máximo de cuidado, poiseste corte pode debilitar os sobreiros eatrasar o seu crescimento em diâmetro.De cada vez que se intervém não se

deve tirar mais de 1/3 dos ramos vivosnem se deve desprover de ramos vivosmais de 1/3 da altura total da árvore.

A primeira poda de formação realiza-sequando o chaparro está praticamenteainda em moita, nos primeiros 3 a 6 anosde idade, até uma altura de 1 a 1,5 msuprimindo os ramos ao longo do tronco(Fig. 21). A segunda poda de formação,executada entre os 10 e os 15 anos,quando o sobreiro atinge 3 m de altura,assegura a limpeza do fuste até 1,5 ma 2 m de altura, mas exigindo-se sempreque a poda não atinja mais do 1/3 daaltura total. A segunda poda de formaçãopode coincidir com um primeiro desbaste do povoamento juvenil para supressãode árvores raquí t icas ou malconformadas.

MODELOS DE SILVICULTURA

TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO PRODUTIVA

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Fig 21 - Descrição esquemática das podas de formação em sobreiros. 1ª poda de formação ou desramação; 2ª poda de formação e 3ª poda de formação.

A terceira poda de formação, entre os20 e os 25 anos do sobreiro, pode ocorrerantes ou depois da desbóia. Esta podapromove já a selecção dos ramos queirão ser as futuras pernadas, abre umpouco a copa pelo corte de ramosinternos pois que a copa nesta fase dosobreiro é esguia e muito fechada,pretende fazer a limpeza das pernadase braças e a remoção de todos os ramoslaterais até 3 m do altura.

A execução das podas está sujeita aautorização por parte da Direcção Geraldos Recursos Florestais, no período legalpara a sua realização, entre 1 deNovembro e 31 de Março. A suaexecução tem algumas condicionantestécnicas que aconselham a que sejafeita por pessoal especializado eacompanhada por técnicos comformação adequada.

Os materiais resultantes da poda deformação devem ser retirados dopovoamento, de modo a diminuir o riscode incêndio, pragas ou doenças ou entãodestroçados, ficando a cobrir o solo,como fertilizante orgânico.

Como regras de boas práticas deexecução de podas de formação podemenumerar-se as seguintes:

a) cortar os ramos ao longo do troncode modo a torná-lo o mais alto possível.O tronco deve estar formado antes dadesbóia;

b) efectuar cortes não muito rentes aoramo sobre o qual se insere, lisos einclinados, sem esgalhar e ferir a árvore;

c) cortar preferencialmente os ramosverticais e dominados, de dimensõesiguais ou inferiores àqueles onde estãoinseridos, favorecendo a dominânciaapical;

d) não cortar ramos em altura sem aexistência de qualquer ramo lateral;

e) cortar ramos secos ou doentes edesinfectar o equipamento de trabalho;

f) não cortar ramos grossos e nem osramos mais altos da copa;

g) não podar árvores muito jovens eutilizar equipamentos adequados, comomotoserra ou tesoura;

h) não cortar mais do que um terço dovolume da copa em cada poda.

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Desbastes

A d e n s i d a d e ó p t i m a d o spovoamentos juvenis de sobreirodepende da qualidade da estaçãoe i n f l u e n c i a d i r e c t a m e n t e opotencial produt ivo futuro. Estadensidade óptima, ou seja, aquelaque permite um desenvolvimentoequ i l i b rado e sus ten táve l dasárvores ao longo da sua vida e queresulta de uma boa condução dosdesbastes , depende a inda dosobject ivos de gestão. Para umpovoamen to de sob re i r o cu j oob jec t i vo é a op t im i zação daprodução de cortiça, a densidadeé claramente superior à densidadeóptima para o mesmo povoamentom a s c u j o o b j e c t i v o s e j a oaproveitamento multifuncional daspastagens e do pastoreio, da florasilvestre e da caça, entre outros.

As recentes arbor izações comsobreiro têm sido realizadas comdensidades de instalação muitoelevadas, o que implica um planod e d e s b a s t e s e s p e c í f i c o s n aperspectiva da sustentabilidade do

povoamento e da periodicidade dep r o d u ç ã o . O s c o m pa s s o s d einstalação de 4x3, 8x2 m e 4x4 msão alguns dos mais uti l izados aque correspondem densidades deinstalação superiores a 500-800árvores por hectare. O programade desbastes nestes povoamentosj u v e n i s é i n t e n s o e r e d u z adens idade de i ns ta lação pa rametade nos primeiros 20 anos devida das árvores, ou seja, antes deentrar em produção ou antes dad e s b ó i a . O s d e s b a s t e s n o spovoamentos juvenis deverão teruma periodicidade elevada e devemser pouco intensos para ret i rargradualmente o material lenhoso.

A selecção fenotípica inicial que sefaz com os desbastes proporcionacond i ções de desa fogo e umdesenvolvimento normal e são àsplantas. E l iminando as árvoresmortas, dominadas, doentes e asmal conformadas ou más produtorascontr ibui-se para a melhor ia daqualidade média da futura cortiçaproduzida.

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As densidades elevadas iniciais dospovoamentos juvenis propic iamainda o crescimento das árvoresem altura com fustes mais direitos,c o m m e n o s r a m i f i c a ç õ e s ,contrar iando a forma natural dosobreiro.

A densidade absoluta óptima parapovoamentos regulares de sobreiroem função da idade (ou dimensãomédia do perímetro) mostra que à

m e d i d a q u e a s á r v o r e s v ã oengrossando o seu número porhectare diminui gradualmente (Fig.22).

A área de coberto do montado desobro nacional apresenta o valor médiode 5800 m/ha e um coeficiente dee s pa ç a m e n t o d e 1 , 2 5 , o q u es i g n i f i c a u m a s u p e r f í c i e d eocupação igual a aproximadamentemetade do raio médio do copado.

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Fig 22 - Evolução da densidade absoluta de povoamentos regulares de sobreiroem função do perímetro sobre cortiça a 1,30 m do solo.. a laranja está a curva de densidade preconizada para o montado de sobro nacional

Caso de Estudo

Na área de demonstração daHerdade da Courela (Alcácerdo Sal), numa consociação desobreiro com pinheiro mansocom 13 anos de idade, foiefectuado o 1º desbaste eretiraram 15% dos sobreiros e20% dos p inhei ros comdestroçamento do materialsobrante para incorporação dematéria orgânica no solo. Adistribuição das alturas dopovoamento mostram uma alturamédia dos sobreiros de 2 m.

Fig vi - Distribuição das alturasde sobreiros em povoamentojuvenil misto com pinheiro mansocom 13 anos em área dedemonstração na região deAlcácer do Sal

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GLOSSÁRIO

Adensamento - Aumento da densidade de um povoamento, ou seja, a plantação de novas plantas de formaa aumentar o número já existente

Agentes abióticos - designação dada ao conjunto de factores ambientes, como precipitação, insolação,etc.

Agentes patogénicos - designação dada aos organismos que provocam doenças/morte às plantas.

A r b o r i z a ç ã o - i n s t a l a ç ã o d e p o v o a m e n t o s f l o r e s t a i s , a t r a v é s d e s e m e n t e s o u p l a n t a s

Beneficiação - acção de melhorar as condições de vegetabilidade e de explorabilidade de povoamentosflorestais existentes. Exemplos: podas, rolagem, etc

Erosão - Arrastamento progressivo de partículas do solo de tamanho variável, provocado pela acção daágua, do vento, do Homem ou dos animais.

Estação - Termo utilizado em silvicultura para designar o conjunto de condições físicas e factores inorgânicosque caracterizam um determinado local.

Inóculo - designação dada ao composto que contem o fungo que vai ser transmit ido às plantas (namicorrização).

Horizontes do solo - Fracções do solo dispostas mais ou menos paralelamente à superfície do terreno,q u e s e d i s t i n g u e m e n t r e s i p e l o f a c t o d e a p r e s e n t a r e m c a r a c t e r í s t i c a s d i f e r e n c i a d a s .

Micélio - parte filamentosa dos fungos que penetram nos hospedeiros.

Micorrização - relação de beneficio mútuo entre fungos e as raízes de certas plantas. O fungo torna-separte integrante da raiz, desenvolvendo um micélio externo que explora a rizosfera e ajuda a planta a adquirirmais nutrientes e água, por sua vez a planta proporciona ao fungo compostos provenientes da fotossíntese.

Montado - sistema cultural mantido pela acção do homem através de pastoreio ou controlo da vegetaçãoespontânea, constituido sobretudo por comunidades vegetais de herbáceas (com pequenos arbustos) e coma presença de sobreiros ou azinheiras dispersos. Sem intervenção humana os montados tendem a transformar-se lentamente em sobreirais ou azinhais (formações vegetais com maior número de árvores e sem um estratoherbáceo marcado)

Monda - destruição ou arranque das ervas prejudiciais às culturas

pH - quantidade de iões de hidrogénio presentes num determinado composto que determinam se este éácido, básico ou neutro.

Rearbor i zação - I n s ta l ação de povoamen tos f l o res ta i s em á reas onde es tes j á ex i s t i r am .

Regeneração natural - Capacidade natural de perpetuação dos povoamentos por via de semente, sem queseja necessária qualquer intervenção do Homem.

Retancha - trabalho que consiste na substituição de plantas mortas ou sementes que não germinaram numaarborização

Rizosfera - região do solo explorada pelas raízes

Simbiose - relação de dois seres vivos, que os beneficia a ambos.

Sobreiral - Ecossistema que se caracteriza pela existência de um elevado número de sobreiros e com apresença de um estrato arbustivo muito desenvolvido

Te r m ó f i l a - e s p é c i e c o m p r e f e r ê n c i a p o r a m b i e n t e s c o m t e m p e r a t u r a s e l e v a d a s .

Toiça ou touça - porção de t ronco e as raízes que permanecem na terra e v ivem após o abate.

Vegetação espontânea - É a vegetação que não resulta de acções levadas a cabo com o propósito depromover o seu aparecimento e desenvolvimento.

Xerófila - espécie com preferência por ambientes secos.

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Despacho n.º 18316/2006, 8 de Setembro:Cria o Programa de Acção para Recuperação da Vital idade dos Montados de Sobro e Azinho.

Decreto-lei 178/2006, de 5 SetembroRegula a gestão de resíduos, incluindo resíduos florestais.

Decreto-lei nº 50/2005, de 25 de FevereiroRegula as prescrições mínimas de segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de trabalho.

Decreto-lei nº 156/2004, de 30 de JunhoOrientações para o encaminhamento a dar aos resíduos de exploração.

Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de JunhoAltera o Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, que estabelece as medidas de protecção ao sobreiro e à azinheira.

Decreto-lei nº 169/2001, de 25 de MaioEstabelece medidas de protecção ao sobreiro e à azinheira.

Portaria n.º 918/98, de 21 de OutubroAprova o Regulamento de Admissão de Material de Base e da Comercialização de Material de Reprodução de Sobreiro(Quercus suber L.). Revoga as Portarias n.°s 78/98 de 19 de Fevereiro e 975/95 de 11 de Agosto.

Lei n.º 33/96, de 17 de AgostoLei de Bases da Política Florestal.

Decreto-Lei n.º 27776, de 24 de Junho de 1937Regula a extracção da cortiça, bem como o desbaste, corte ou arrancamento das respectivas árvores.

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