Manual de Paisagismo-Norte Do Brasil-Sebrae

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MANUAL TCNICO INSTRUCIONAL PARA A PRODUO E COMERCIALIZAO DE PLANTAS ORNAMENTAIS PARA PAISAGIMO E JARDINAGEM

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(Srie Manuais Tcnicos Instrucionais para o Setor de Floricultura e Plantas Ornamentais)

REGIO NORTE DO BRASIL

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SUMRIO APRESENTAO..................................................................................................................................8 ESTUDO DO MERCADO.................................................................................................................................9 O mercado para as plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem...................................................9 Formas de comercializao prevalecentes no mercado atacadista brasileiro de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem..........................................................................................................................15 Formas de comercializao prevalecentes no varejo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem no Brasil .....................................................................................................................................20 a) Varejo tradicional .......................................................................................................................................20 b) Varejo supermercadista...............................................................................................................................20 c) Garden centers ...........................................................................................................................................21 O consumo brasileiro de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem .....................................21 Tendncias e perspectivas para o desenvolvimento do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, no Brasil e na Regio Norte.............................................................................22 Comrcio exterior de flores e plantas ornamentais pelo Brasil...................................................................25 Exportaes .......................................................................................................................................................25 Importaes .......................................................................................................................................................32 PLANO DE NEGCIO ..................................................................................................................................36 O cultivo de plantas ornamentais como investimento......................................................................................36 Plano de negcios ..............................................................................................................................................36 Planejamento da produo ...........................................................................................................................38 Diversificao.............................................................................................................................39 Concorrncia..............................................................................................................................40 Associativismo e cooperativismo .................................................................................................................40 FICHA TCNICA DO NEGCIO ...............................................................................................................41 Plantas Ornamentais para Paisagismo e Jardinagem: conceitos e definies ...............................................41 Forraes...................................................................................................................................41 rvores.......................................................................................................................................44 Arbustos.....................................................................................................................................45 Palmeiras e Cycas ............................................................................................................................................45 Gramas .................................................................................................................................................................48 Outras plantas ornamentais.............................................................................................................................48 PRODUO COMERCIAL DE MUDAS DE PLANTAS ORNAMENTAIS: ASPECTOS TCNICOS DA PRODUO .....................................................................................................................................................53 1. Infra-estrutura ..............................................................................................................................................53 Escolha da rea ............................................................................................................................................53 Campo de matrizes.......................................................................................................................................54 Sementeira e propagador ...............................................................................................................................55 Viveiros ................................................................................................................................................................56 Depsito de adubo orgnico ...........................................................................................................................60 Barraco ..............................................................................................................................................................61 rea de exposio e vendas (show room)....................................................................................................62 Insumos ..............................................................................................................................................................62 Substrato....................................................................................................................................62 Condicionador de solo ..................................................................................................................................64 Esterilizao do solo e dos substratos.............................................................................................................65 Solarizao .........................................................................................................................................................65

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Adubos e corretivos ............................................................................................................................................65 Irrigao ................................................................................................................................................................69 Servios ................................................................................................................................................................70 Assistncia Tcnica ............................................................................................................................................70 Procedimentos culturais.....................................................................................................................................70 Solos .......................................................................................................................................................................70 Propagao por sementes...................................................................................................................................72 Propagao vegetativa .....................................................................................................................................74 Diviso de touceiras.............................................................................................................................................74 Manuteno das mudas.....................................................................................................................................83 Acondicionamento e transporte ...................................................................................................................83 Imagem do produtor no mercado.................................................................................................................84 Ateno total e satisfao do cliente ...........................................................................................................84 PRODUO INTEGRADA DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS NO BRASIL.........................86 ASPECTOS LEGAIS DA ATIVIDADE.........................................................................................................88 Lei de Sementes e Mudas (Lei n. 10.711, de 5 de agosto de 2003)...............................................................88 Normatizao e fiscalizao do comrcio e trnsito de vegetais .................................................................89 Lei da Biodiversidade.........................................................................................................................................89 Uso Correto e Seguro de Produtos Fitossanitrios ....................................................................................90 ASPECTOS ECONMICOS E FINANCEIROS...........................................................................................91 Investimento...............................................................................................................................91 Custos........................................................................................................................................91 Formao dos preos de venda .........................................................................................................................92 a) Clculo da Margem de Contribuio (MC) expressa em porcentagem..........................................................93 b) Calculo da Taxa de Marcao (TM) ...........................................................................................................94 c) Clculo dos Preos de Venda (PV) dos Servios ou da Receita Operacional (RO) ............................94 Apurao e demonstrao de resultados .......................................................................................................95 Lucro .....................................................................................................................................................................96 ndice de Lucratividade (IL).............................................................................................................................96 Ponto de Equilbrio (PE) .................................................................................................................................97 Retorno do Investimento.................................................................................................................................97 Fluxo de caixa......................................................................................................................................................98 Pay back time ...................................................................................................................................................98 Valor Presente Lquido (VPL) ........................................................................................................................98 Gesto do empreendimento ..........................................................................................................................98 ESTUDO DE UM MDULO PADRO PARA A PRODUO DE PLANTAS ORNAMENAIS PARA PAISAGISMO E JARDINAGEM NA REGIO NORTE DO BRASIL.........................................100

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Seleo das espcies a serem cultivadas (composio do mix de produtos)....................................................100 Mdulo-padro da rea de produo.................................................................................................................106 Resultados obtidos .........................................................................................................................................110 Rentabilidade .......................................................................................................................................................115 Bibliografia citada e consultada.......................................................................................................................117 Glossrio de termos tcnicos ......................................................................................................................119 RECOMENDAES ESPECFICAS DE CULTIVO PARA AS PRINCIPAIS ESPCIES DE PLANTAS ORNAMENTAIS PARA PAISAGISMO E JARDINAGEM UTILIZADAS NA REGIAO NORTE DO BRASIL, EM 2009..............................................................................................................................................121 FEIRAS E EVENTOS DE NEGCIOS NO SETOR DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS NO BRASIL .................................................................................................................................................................129

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LISTA DE TABELAS TABELA 1. Principais espcies de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem comercializadas na Regio Norte do Brasil, em 2009...................................................................................... 11 TABELA 2. CEASA CAMPINAS - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008. .......................................................................................................................................... 13 TABELA 3. CEAGESP/ ENTREPOSTO TERMINAL DE SO PAULO - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008. ...................................................................... 14 TABELA 4. BRASIL: REGIO NORTE. Produo anual da floricultura, por segmento, segundo Estados, na Amaznia, em 2007......................................................................................................................... 15 TABELA 5. ESTADO DE SO PAULO- Formas de comercializao vigentes nos principais mercados atacadistas de flores e plantas ornamentais, em 2009. .................................................................................... 19 TABELA 6. BRASIL Exportaes dos produtos da floricultura, em US$ FOB, no perodo de 2003 ao primeiro semestre de 2009.................................................................................................................................. 27 TABELA 7. BRASIL Balana comercial dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB, em 2008........................................................................................................................................................................ 28 TABELA 8. BRASIL. Balana comercial dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB, no primeiro semestre de 2009.................................................................................................................................. 28 TABELA 9. BRASIL Balana comercial dos produtos da floricultura, por grupos de produtos, em valores US$ FOB, em 2008.................................................................................................................................. 30 TABELA 10. BRASIL Balana comercial dos produtos da floricultura, por grupos de produtos, em valores US$ FOB, no primeiro semestre de 2009. ........................................................................................... 30 TABELA 11. BRASIL - Principais pases de destino das exportaes dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB e em participao percentual relativa no total nacional, no perodo de 2006 a 2008........................................................................................................................................ 31 TABELA 12. BRASIL Principais Estados de origem das exportaes dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB e em participao percentual relativa no total nacional, no perodo de 2006 a 2008........................................................................................................................................ 32 TABELA 13. BRASIL Pases de origem das importaes dos produtos da floricultura, em US$ FOB, no perodo de 2006 a 2008.................................................................................................................................. 34 TABELA 14. BRASIL Pases de origem das importaes dos produtos da floricultura, em US$ FOB, no primeiro semestre dos anos de 2007 a 2009. .............................................................................................. 35 TABELA 15. Classificao das principais espcies de forraes utilizadas na Regio Norte do Brasil, segundo a importncia ou interesse ornamental das flores. .......................................................................... 42 TABELA 16. Classificao das principais espcies de forraes utilizadas na Regio Norte do Brasil, segundo tolerncia ou exigncia em luminosidade. ....................................................................................... 43 TABELA 17. Classificao das principais espcies de forraes utilizadas na Regio Norte do Brasil, segundo o porte.................................................................................................................................................... 43 TABELA 18. Passos e operaes necessrios para o transplante de palmeiras de grande porte. ............. 47 TABELA 19. Principais espcies de plantas trepadeiras utilizadas em paisagismo na Regio Norte do Brasil, em 2009..................................................................................................................................................... 49 TABELA 20. Principais tipos de material de propagao vegetal empregados na produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem..................................................................................................... 74 TABELA 21. Principais tipos de estacas utilizadas na propagao vegetativa de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem............................................................................................................................ 75

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TABELA 22. Seqncia de passos e operaes necessrios para a enxertia pelo mtodo de garfagem................................................................................................................................................................. 79 TABELA 23. Seqncia de passos e operaes necessrios para a enxertia pelo mtodo de borbulhia. ............................................................................................................................................................. .81 TABELA 24. Sugesto de composio de mix e de distribuio relativa da produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem para os Estados da Regio Norte do Brasil. 101 TABELA 25. Especificaes dos tipos de materiais e das dimenses padronizadas de sacos, vasos e embalagens recomendadas para a produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem pelos Estados da Regio Norte do Brasil. ................................................................................... 106 TABELA 26. Diviso da rea no mdulo-padro recomendado, segundo a funo a ser desempenhada, com as especificaes de construes e equipamentos correlatos para a produo de flores e plantas ornamentais envasadas pelos Estados da Regio Norte do Brasil..................................................................................................................................................................... 107 TABELA 27. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms: Investimentos em construes, mquinas e equipamentos agrcolas, agosto de 2009................................................................................................................................................................. 110 TABELA 28. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms: Investimentos em construes, mquinas e equipamentos agrcolas, agosto de 2009................................................................................................................................................................. 111 TABELA 29. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms. Quadro resumo dos investimentos necessrios em construes, mquinas e equipamentos agrcolas, agosto de 2009....................................................................................................... 112 TABELA 30. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms. CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE), agosto de 2009. .......................................... 113 TABELA 31. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms. CUSTO OPERACIONAL TOTAL (COT), agosto de 2009. ............................................. 114 TABELA 32. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms. CUSTO TOTAL DE PRODUO (CTP), agosto de 2009................................................ 115 TABELA 33. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms. FLUXO DE CAIXA E TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR), para ciclo de investimento em 4 anos, agosto de 2009. ....................................................................................................... 116 TABELA 34. Estudo do custo de produo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, na Regio Norte do Brasil. Mdulo de produo de 2 hectares, para produo de 130 mil unidades/ms. INDICADORES DA LUCRATIVIDADE DO NEGCIO, agosto de 2009. ...................116

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LISTA DE ILUSTRAES ILUSTRAO 1. CEASA CAMPINAS - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008. ....................................................................................................................................... 12 ILUSTRAO 2. CEAGESP/ ENTREPOSTO TERMINAL DE SO PAULO - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008.................................................................................. 13 ILUSTRAO 3. Viveiro de plantas ornamentais conduzido a sol pleno na Regio Norte do Brasil (Floricultura Yamanaka, Santo Antonio do Tau, PA, 2006)....................................................................... 58 ILUSTRAO 4. Viveiro de palmeiras conduzido sob a proteo de telados na Regio Norte do Brasil ( Floricutura Yamanaka, Santo Antonio do Tau, PA, 2006)....................................................................... 59 ILUSTRAO 5. Viveiro de plantas ornamentais conduzido sob a proteo de estufas na Regio Norte do Brasil (Floricutura Yamanaka, Ananindeua, PA, 2006). ............................................................. 60 ILUSTRAO 6. Preparao de substratos base de caroo de aa na Regio Norte do Brasil (Castanhal, PA, 2007). ...................................................................................................................................... 64 ILUSTRAO 7. Triturador de matria orgnica para o preparo de compostagem, sob proteo de telhado. ............................................................................................................................................................... 68 ILUSTRAO 8. Seqncia das estapas de produo de mudas pelo mtodo de alporquia. ................ 78 ILUSTRAO 9. Seqncia das estapas de produo de mudas pelo mtodo de mergulhia. ............... 82 ILUSTRAO 10. Forraes de folhagem. ................................................................................................. 102 ILUSTRAO 11. Folhagens ornamentais. ................................................................................................ 103 ILUSTRAO 12. Cordylines e crtons. .................................................................................................... 104 ILUSTRAO 13. Palmeira fnix (Phoenix roebelinii) ............................................................................ 105 ILUSTRAO 14. Croqui do empreendimento de produo de plantas ornamentais para paisagismo de 2 hectares. ................................................................................................................................................... 108

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APRESENTAO O mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais crescente e vigoroso, exibindo, ao longo dos ltimos anos, taxas de crescimento da ordem de 9,0% a 10,0% ao ano em valor e de 8,0% a 12,0% nas quantidades movimentadas. Apesar disso, o consumo per capita ainda considerado bastante baixo frente aos padres internacionais, o que denota sua alta capacidade de desenvolvimento e de crescimento produtivo e comercial futuro. A produo interna tem crescido e se diversificado, incorporando no apenas novos produtos e produtores, mas tambm novas regies de cultivo, o que vem permitindo uma relativa descentralizao do papel concentrador at o momento exercido pelo Estado de So Paulo e particularmente, as regies dos municpios de Holambra, Campinas e Atibaia. Atento a essas novas oportunidades de negcios, o SEBRAE, atravs da sua unidade estadual no Tocantins, no mbito do Projeto Estruturante da Floricultura da Amaznia, publica o presente Manual Tcnico Instrucional para a Produo e Comercializao de Plantas Ornamentais para Paisagismo e Jardinagem. O mesmo tem como o objetivo dar suporte e apoio tcnico a este segmento especfico da horticultura ornamental na Regio Norte do Brasil, visando gerao, adaptao e difuso de conhecimentos tecnolgicos, gerenciais e comerciais para o planejamento da produo com foco no mercado, para a anlise da viabilidade tcnica, econmica e financeira dos empreendimentos setoriais, para a modernizao tecnolgica, bem como para uma eficiente gesto dos negcios. O SEBRAE espera que uma leitura atenta do seu contedo represente a chave de acesso a um novo mundo de oportunidades e que a adoo das tcnicas, normas e procedimentos aqui apontados traga o pleno sucesso aos empreendedores que vierem a se dedicar ao promissor segmento da produo e comercializao das plantas ornamentais para o paisagismo e a jardinagem.

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ESTUDO DO MERCADO O mercado para as plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem No Brasil, hoje, como em muitos pases, a crescente valorizao do bem-estar e da melhor qualidade de vida consolida um importante mercado para as plantas ornamentais, tanto no segmento voltado para o paisagismo e jardinagem, quanto no de plantas em vasos para ambientes interiores. Diversas pesquisas conduzidas nos Estados Unidos da Amrica, na Europa e tambm j no Brasil comprovam que as plantas ornamentais representam um dos melhores aliados na melhoria da produtividade do trabalho, na reduo do estresse, na valorizao dos imveis e, acima de tudo, no aumento da sensao individual de bem-estar. Entre os nmeros e os indicadores relevantes para o setor obtidos e publicados a partir desses estudos, destacam-se: Um projeto paisagstico pode aumentar em at 14% o valor de revenda de um imvel e acelerar sua venda em at 6 semanas, frente a um outro imvel similar, sem jardins (Associated Landscape Contractors of Amrica); Projetos paisagsticos bem desenvolvidos podem reduzir os gastos domsticos com energia em aquecimento ou refrigerao entre 15% e 25% (U.S. Department of Energy, 1995 e Arizona Public Service Company, 1999); A produtividade do trabalho pode ser acrescida em at 12% quando o ambiente interior provido de plantas. Alm disso, os efeitos anti-estresse desses elementos so facilmente comprovveis (Washington State University, 1996); As folhas das plantas cultivadas em ambientes interiores podem remover compostos orgnicos volteis, como o monxido de carbono e formaldedos, enquanto suas razes e microorganismos associados podem, ainda, remover altas concentraes de numerosos compostos qumicos txicos (NASA National Aeronautics and Space Administration); As rvores e as plantas em geral desempenham importantes contribuies ambientais, desde o combate eroso dos solos, at a filtragem de poluentes do ar, da gua e do solo, aumento da capacidade da infiltrao das guas no solo e reduo dos riscos de enchentes, reduo da poluio sonora e melhoria das condies e do conforto climtico urbano.

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O mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais crescente e vigoroso, exibindo, ao longo dos ltimos anos, taxas de crescimento da ordem de 9,0% a 10,0% ao ano em valor e de 8,0% a 12,0% nas quantidades movimentadas. Apesar disso, o consumo per capita ainda considerado bastante baixo frente aos padres internacionais, o que denota sua alta capacidade de desenvolvimento e de crescimento produtivo e comercial futuro. A produo interna tem crescido e se diversificado, incorporando no apenas novos produtos e produtores, mas tambm novas regies de cultivo, o que vem permitindo uma relativa descentralizao do papel concentrador at o momento exercido pelo Estado de So Paulo e particularmente, as regies dos municpios de Holambra, Campinas e Atibaia. Atento a essas novas oportunidades de negcios, o SEBRAE, atravs da sua unidade estadual no Tocantins, no mbito do Projeto Estruturante da Floricultura da Amaznia, publica o presente Manual Tcnico Instrucional para a Produo e Comercializao de Plantas Ornamentais para Paisagismo e Jardinagem. O mesmo tem como o objetivo dar suporte e apoio tcnico a este segmento especfico da horticultura ornamental na Regio Norte do Brasil, visando gerao, adaptao e difuso de conhecimentos tecnolgicos, gerenciais e comerciais para o planejamento da produo com foco no mercado, para a anlise da viabilidade tcnica, econmica e financeira dos empreendimentos setoriais, para a modernizao tecnolgica, bem como para uma eficiente gesto dos negcios. O SEBRAE espera que uma leitura atenta do seu contedo represente a chave de acesso a um novo mundo de oportunidades e que a adoo das tcnicas, normas e procedimentos aqui apontados traga o pleno sucesso aos empreendedores que vierem a se dedicar ao promissor segmento da produo e comercializao das plantas ornamentais para o paisagismo e a jardinagem.

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TABELA 1. Principais espcies de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem comercializadas na Regio Norte do Brasil, em 2009.

rvores, arbustos, cycas e palmeiras Ixora (Ixora coccnea) Mussaenda (Mussaenda alicia; M. erytrophilla e M. philippica) Ficus (Ficus benjamina e outros) Palmeira-fnix (Phoenix roebelini) Palmeira-rfis (Rhaphis excelsa) Cycas (Cycas revoluta) Schefflera (Schefflera arboricola) Clusia (Clusia sp.)

Forraes

Outras plantas ornamentais

Mini-ixora (Ixora coccnea) Pingo-de-ouro (Duranta sp.) Tagetes, ou cravo-dedefunto (Tagetes sp.) Singnio (Syngonium angustatum ) Crossandra (Crossandra infundibuliformis) Abacaxi-roxo (Tradescantia spathacea) Clorofito (Clorophitum sp.) Barba-de-serpente; Liriopes (Ophiopogon jaburan; Liriope muscari )

Helicnia (Heliconia psittacorum e outras) Dracena (Dracaena fragrans e outras.) Bromlia (Vriesea sp; Neoregelia sp e outras) Jibia (Epipremnum pinnatum) Filodendro (Philodendron) Comigo-ningum-pode (Dieffenbachia sp) Samambaia (Nephrolepsis sp e outros) Cordyline (Cordyline terminalis)

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, 2009.

O mercado brasileiro de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, a preos pagos pelo consumidor final, atualmente avaliado em R$ 1,6 milho por ano, o que representa 48,6% do mercado global dos produtos da floricultura no Pas. Participam deste grupo, os sub-setores das rvores, arbustos, cycas e palmeiras (com 52,7% de participao relativa), outras plantas ornamentais (35,1%), forraes (8,0%) e gramas ornamentais (4,2%). Os principais centros atacadistas de concentrao da oferta e de comercializao de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem no Brasil esto localizados no Estado de So Paulo, sendo constitudos pelo Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da CEASA de Campinas (Campinas, SP), pelo mercado de flores e plantas da CEAGESP Entreposto Terminal de So Paulo (So Paulo, SP) e pela Cooperativa Veiling Holambra (Holambra, SP).

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Os dois primeiros apresentam-se notoriamente especializados na comercializao dessas espcies ornamentais, recebendo produtos no apenas do prprio Estado de So Paulo, mas tambm de outros cultivadores, especialmente Minas Gerais, Gois, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. J a Cooperativa Veiling Holambra mostra especializao mais concentrada no segmento das flores e folhagens envasadas, muitas das quais bastante procuradas para a decorao e o paisagismo de interiores, com especial destaque para: ficus, schefflera, crton, samambaia, kalanchoe, calandiva, filodendro, comigo-ningum-pode (Dieffenbachia), entre outras. Especificamente em relao ao Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da CEASA de Campinas, os principais grupos de plantas ornamentais utilizados em paisagismo e jardinagem comercializados em 2008 foram, pela ordem decrescente de importncia relativa: rvores, arbustos e palmeiras; forraes; outras plantas ornamentais e, finalmente, gramas (Ver Figura e Tabela apresentadas em seqncia).

ILUSTRAO 1. CEASA CAMPINAS - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008.

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, a partir de dados da CEASA CAMPINAS / Departamento de Flores, 2009.

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TABELA 2. CEASA CAMPINAS - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008.

Produtos

Plantas para paisagismo e jardinagem rvores, arbustos, palmeiras Outras Plantas Forraes Gramas

Valor da Comercializao (R$) 27.967.084,73 21.250.009,49 1.092.464,76 5.252.143,57 372.466,91

% 100,00 75,98 3,91 18,78 1,33

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, a partir de dados da CEASA CAMPINAS / Departamento de Flores, 2009.

J em relao aos principais grupos de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem comercializados em 2008 no mercado de flores e plantas da CEAGESP / ETSP foram, pela ordem de importncia decrescente: rvores, arbustos e palmeiras; outras plantas ornamentais; forraes e gramas (Ver Figura e Tabela apresentadas a seguir).

ILUSTRAO 2. CEAGESP/ ENTREPOSTO TERMINAL DE SO PAULO - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008.Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, a partir de dados da CEAGESP / Departamento de Economia e Desenvolvimento (vrios anos).

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TABELA 3. CEAGESP/ ENTREPOSTO TERMINAL DE SO PAULO - Participao percentual relativa dos principais grupos de produtos na comercializao total do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, em 2008.

Produtos

Valor da Comercializao ( R$ ) 30.453.105,52 24.733.204,97 740.376,32 1.724.351,27 3.255.172,97

% 100,00 81,22 2,43 5,66 10,69

Plantas para paisagismo e jardinagem rvores, arbustos, palmeiras Outras Plantas Forraes Gramas

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, a partir de dados da CEAGESP / Departamento de Economia e Desenvolvimento, 2009.

A regio Norte detm, ainda, uma modesta participao nestes resultados. Segundo diagnstico sobre a cadeia produtiva da floricultura da Amaznia, elaborado no mbito do Projeto Estruturante da Floricultura do SEBRAE, para o ano de 2007, a produo de flores e plantas ornamentais para o mercado de paisagismo e jardinagem na Amaznia obteve o total de 2.417.642 mudas. Teve a maior participao relativa o Estado do Par (54,4%), que atingiu uma rea de 26,28 hectares cultivados, envolvendo o trabalho de 34 produtores, seguido pelo Acre (16,8%), Tocantins (13,3%), Amazonas (7,6%) e Amap (4,9%).

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TABELA 4. BRASIL: REGIO NORTE. Produo anual da floricultura, por segmento, segundo Estados, na Amaznia, em 2007

Fonte: SEBRAE, dados primrios coletados em pesquisa de campo, 2007. Elaborao: Hrtica Consultoria e Treinamento. ( * ) valores inexpressivos do ponto de vista comercial.

Ressalta-se que as possibilidades produtivas e comerciais neste mercado so imensas e diversificadas, especialmente considerando que a flora nativa da Regio Norte do Brasil apresenta potencial ainda praticamente inexplorado para a produo de plantas ornamentais tanto para o consumo interno, quanto para as exportaes, representando uma das melhores oportunidades para a horticultura empresarial nas prximas dcadas. Formas de comercializao prevalecentes no mercado atacadista brasileiro de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem

Uma comercializao eficiente exige logstica adequada, incluindo tcnicas e operaes de transporte, estocagem, comunicao com os clientes e compradores e a transferncia de posse das mercadorias. Na cadeia de suprimento nacional de flores e plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, predominam, ainda, importantes estrangulamentos, especialmente no que se refere a transporte e acondicionamento das mercadorias, alm de depsitos inadequados. Ressalta-se, finalmente, a falta de mo-de-obra especializada e de conhecimentos sobre as necessidades e exigncias no prepardo, acondicionamento e manuseio adequados desses produtos, de natureza delicada. No existe uma nica e melhor forma de comercializao. Cada pas, de acordo com sua cultura e seu mercado, adota um modelo. A Holanda, como maior centro produtor e exportador do mundo, comercializa mais de 80 % de sua produo atravs de leiles dirios (Veiling), tornando-se assim o principal centro formador de preos do mercado europeu. J nos EUA, que importam cerca de 40 % do que consomem, a comercializao direta destes importadores para os pontos de venda e, quase sempre, redes de supermercados fecham contratos com grandes produtores nacionais e/ou internacionais. No Brasil, os principais formatos de atacado atualmente vigentes so os seguintes:

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a) Leilo O sistema de vendas via leiles largamente difundido na Holanda no Brasil, at o ano de 2007, ocorria somente junto Cooperativa Veiling Holambra (Holambra / SP), responsvel por cerca de 35 % do comrcio atacadista nacional de flores e plantas ornamentais. Apenas a partir do ms de abril de 2008, passou a ser adotado tambm pela Cooperativa Agrcola Flores de So Paulo (SP Flores), situada no municpio de Aruj, tambm no Estado de So Paulo. A introduo dos leiles que reproduzem o modelo Veiling holands no Brasil foi feita pela Cooperativa Agropecuria Holambra em 1989 e costuma receber a denominao popular de KLOK. um sistema que permite uma mais justa formao de preos e a venda de grandes quantidades de produtos em um curto espao de tempo , com manuteno da qualidade dos produtos. Totalmente informatizado, possibilita transparncia nas transaes comerciais, agregando mercadorias de 279 produtores scios e no-scios, entre aqueles do prprio municpio de Holambra e outros estabelecidos nas cidades de Atibaia, Aruj, Ibina e Paranapanema, todas no Estado de So Paulo. Distribui, tambm, mercadorias de produtores de Munhoz e Andradas, cidades do Estado de Minas Gerais e de Macei, do Estado de Alagoas, entre outras. Os produtos da Cooperativa Veiling Holambra so comercializados para 433 revendedores de pequeno, mdio e grande portes, que distribuem os seus produtos para todo o Pas e MERCOSUL. A cooperativa constitui-se em referncia de preos para todo mercado nacional. No ms de agosto de 2009, a entidade transferiu-se para as suas novas instalaes situadas s margens da rodovia que d acesso ao municpio de Santo Antonio de Posse, adjacente a Holambra. Nesse processo, ampliou consideravelmente a sua rea til de comercializao, estendendo a climatizao para todo o espao ocupado. Nos ltimos anos, os atacadistas ligados ao Veiling que revendem os produtos para floriculturas e feiras vm respondendo por 49% dos negcios de flores e plantas ornamentais da Cooperativa, enquanto centrais de abastecimento como a CEAGESP, empatando com os supermercados, ficam com 23% cada uma. O restante dividido entre garden centers, decoradores e importadores.

Em mdia, um lote adquirido a cada intervalo de 1,67 a 1,80 segundo.

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b) Contratos de intermediao (formais e informais) Atualmente, cerca de 44% dos produtos comercializados pela Cooperativa Veiling Holambra passam pela intermediao, com venda operacionalizadas atravs da Central de Vendas Intermediao CVI. um sistema onde produtores e distribuidores fecham contratos de curto, mdio ou longo prazos, formais ou informais. Os preos, caractersticas do produto e prazos de entrega so acertados no fechamento dos contratos. Funciona como uma espcie de garantia, pois o produtor pode programar melhor sua produo, enquanto o cliente pode antecipadamente fixar seus preos para o varejo, principalmente em perodos que antecedem as principais datas de venda do setor, como Dia das Mes, Dia dos Namorados, Finados e Natal. c) Comercializao virtual Funciona basicamente como um banco de dados informatizado sobre os produtos disponveis. O sistema alimentado por produtores, que disponibilizam informaes sobre quantidade, qualidade, preo e prazo de entrega. Os clientes, por sua vez, consultam estas informaes atravs da Internet ou ento via terminais fixos, ficando informados sobre vrias ofertas e podendo fechar negcios. Sistema atualmente operando na Cooperativa Veiling Holambra e na Floranet/Cooperflora.

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d) Centrais de Abastecimento S/A (Ceasas) A comercializao de flores e plantas ornamentais via Ceasas iniciou-se no Brasil com a criao da Companhia de Entrepostos e Armazns Gerais do Estado de So Paulo (CEAGESP), em 1969. Posteriormente, outros centros atacadistas foram introduzidos no interior do Estado de So Paulo, nesta mesma empresa. Trata-se do sistema de comercializao mais antigo e tradicional, onde os produtores ficam um ao lado do outro, oferecendo sua produo aos clientes. Este sistema conhecido como venda na pedra. So espaos de 20 a 50 m cada, onde os produtos ficam expostos sob condies precrias. Operam entre uma a duas vezes por semana na pedra e outras uma ou duas vezes ao ar livre, ou sobre caminhes, atendendo tanto clientes atacadistas e varejistas, como consumidores finais. O Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da Ceasa de Campinas diferencia-se deste modelo por introduzir melhores condies tcnicas e operacionais, alm de constitui-se numa atividade que, como o prprio nome indica, realizada diariamente. e) Centrais de Distribuio e Comercializao de Flores e Plantas Ornamentais Compem-se de equipamentos surgidos nos ltimos anos e que visam suprir as necessidades da comercializao atacadista setorial em estados ou municpios onde no existem Ceasas ou onde estas no possuam este tipo de atacado nas suas estruturas funcionais prprias. Em alguns casos, representam a iniciativa de grupos de produtores, associaes ou cooperativas interessados em ofertar e gerir a comercializao atacadista (e eventualmente tambm varejista) de seus produtos. Esses entrepostos ou centrais tm sido criados e administrados autonomamente, pelo setor privado, ou implantados e co-geridos pela administrao pblica, geralmente contando com a participao das Ceasas dos estados onde se instalam. So exemplos das iniciativas contempladas no primeiro caso: O Mercaflor (Joinville / SC) e a Central de Negcios SP Flores, da Cooperativa Agrcola Flores de So Paulo (Aruj/SP); e do segundo: a Central de Distribuio e Comercializao de Flores e Plantas Ornamentais do Rio Grande do Sul (Porto Alegre/RS). Ressalte-se que alguns equipamentos comerciais criados ou estimulados por associaes de produtores acabaram efetivamente se estabelecendo no ramo varejista. So os casos, por exemplo, da Central Flores, administrada pela Associao Brasiliense dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais (Braslia/DF) e do Mercado do Ogunj, em Salvador/BA, resultado de uma ao conjunta entre o Governo do Estado da Bahia e a Associao Baiana dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais (ASBAFLOR).

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TABELA 5. ESTADO DE SO PAULO- Formas de comercializao vigentes nos principais mercados atacadistas de flores e plantas ornamentais, em 2009.

Formas de comercializao

Mercado Atacadista Leilo Venda virtual

Atacado tradicional

Intermediao

Venda na pedra

CooperativaVeiling Holambra Cooperflora Ceasa Campinas CEAGESP So Paulo SP Flores - Aruj

X

X X

X

X X X X X

X X X

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, a partir de atualizao de informaes da Cmara Setorial de Floricultura do Estado de So Paulo, 2009.

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Formas de comercializao prevalecentes no varejo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem no Brasil a) Varejo tradicional representado principalmente pelas floriculturas, presentes em praticamente todas as cidades do Pas. Completam o rol desses canais as feiras-livres, que so particularmente importantes no municpio de So Paulo e o comrcio ambulante. Na Regio Norte do Brasil, principalmente nas capitais e cidades de maior porte, comum que as floriculturas incorporem simultaneamente a comercializao de produtos e a oferta de servios os segmentos de paisagismo e jardinagem. Geralmente, utilizam para isso a mesma rea comercial, ou ento espaos contguos loja destinada venda de flores cortadas, vasos e arranjos florais. Muitas vezes, surgem, tambm, estabelecimentos especializados no comrcio e prestao de servios de plantas ornamentais, paisagismo e jardinagem, quase sempre localizados nas margens das principais rodovias de acesso s maiores cidades da regio. Geralmente, esses empreendimentos so denominados de viveiros ou floras. Em alguns Estados da Amaznia comum encontrar ambulantes percorrendo as cidades vendendo plantas ornamentais dispostas sobre carrinhos tracionados por fora humana (popularmente chamados de burro-sem-rabo), alm de oferecerem pequenos servios de jardinagem b) Varejo supermercadista As principais lojas e redes de supermercados em todo o Pas j oferecem flores e plantas ornamentais em suas lojas. O crescimento anual estimado das vendas atravs deste canal, nos ltimos anos, tem se situado na faixa entre 10% e 20%. Os preos praticados nos supermercados so considerados altamente competitivos e a exposio de flores e plantas logo na entrada das lojas favorece as compras por impulso, caracterstica importante no consumo dessas mercadorias. Como o auto-servio age como um estimulador de novos hbitos de consumo e os brasileiros ainda no so grandes consumidores de flores e plantas ornamentais, o setor tem grandes expectativas para o futuro. Nos supermercados, os produtos podem ser expostos em diversas situaes, com diferentes valores agregados (embalagens decorativas, cachepots e outros acessrios, por exemplo), servindo ao cross merchandising e/ou impulsionadores de vendas nas datas comemorativas. Acredita-se que, nos prximos anos, o segmento de auto-servios no apenas conquistar os clientes que j possuem hbitos de consumir regularmente flores e plantas, mas que tambm desenvolver novos consumidores, porque oferece produtos diferenciados a preos acessveis a todas as classes sociais, proporcionando aumento no valor do ticket mdio de compra.

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c) Garden centers Constitudos por lojas especializadas na comercializao de flores e plantas ornamentais e todos os demais itens necessrios s atividades do paisagismo e da jardinagem. Costumam incluir uma ampla e diversificada gama de mercadorias como vasos, substratos, adubos, ferramentas, mobilirios e acessrios para jardins e decorao de interiores e exteriores, fontes, pedras, esttuas etc. Normalmente, agregam tambm a oferta de servios de paisagistas, jardineiros profissionais, decoradores, tcnicos em irrigao e outros, prprios e/ou conveniados com as lojas. Parte do recente e ampliado sucesso desses equipamentos comerciais est na oferta, alm dos servios, tambm de comodidades e convenincia, como grandes espaos para estacionamento de veculos e movimentao de cargas. O consumo brasileiro de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem No Brasil, o consumo de flores e plantas ornamentais foi avaliado, em 2008, em R$ 17,46 per capita/ano, ou o equivalente a US$ 7,49 per capita/ano. Desse total, a maior parcela direcionada ao consumo de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem (R$ 8,48 ou US$ 3,64 per capita/ano), seguido do consumo de flores de corte (R$ 5,22 ou US$ 2,24 per capita/ano); de flores e folhagens envasadas (R$ 3,49 ou US$ 1,50 per capita /ano) e, finalmente, de folhagens de corte (R$ 0,26 ou US$ 0,11 per capita/ano). Observam-se diferenas significativas nos ndices de consumo per capita entre os principais Estados brasileiros e o Distrito Federal, o que se deve formao e s heranas culturais bastante diversificadas entre as regies, s diferenas nos indicadores scio-econmicos relevantes como faixas mdias de rendimentos familiares e de escolaridade e, tambm, a importantes divergncias quanto aos aspectos da produo regional e da logstica interna da distribuio das flores e plantas ornamentais no mercado interno. Os maiores ndices de consumo de plantas ornamentais no Brasil so observados para as populaes dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, So Paulo e Minas Gerais, alm do Distrito Federal. Ainda assim, tais indicadores evidenciam nveis de consumo ainda bastante baixos quando comparados com padres mundiais.

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Tendncias e perspectivas para o desenvolvimento do segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, no Brasil e na Regio Norte O mercado interno de plantas ornamentais no Brasil, especialmente na Regio Norte, deve ser entendido no contexto dos padres de consumo dos pases em desenvolvimento, nos quais, como foi visto, predominam as seguintes caractersticas principais compartilhadas com outras naes da Amrica Latina, sia e frica: a) baixo ndice de consumo per capita; b) mercado com pequeno nmero relativo de compradores freqentes; c) compras centradas em produtos bastante tradicionais e d) forte concentrao sazonal da demanda em datas especiais e comemorativas, como Dia das Mes, Finados, Namorados, entre poucas outras.

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Entre as tendncias mais marcantes para as prximas dcadas, citam-se as seguintes previses: a) descentralizao produtiva, com o surgimento, consolidao e fortalecimento de novos plos regionais de produo e comercializao de plantas ornamentais; b) maior diversificao do consumo, com introduo de espcies e cultivares mais adaptadas aos gostos e s culturas regionais; c) diminuio do papel centralizado hoje ocupado pelos plos produtivos paulistas, especialmente de Holambra e Campinas, que continuaro, no entanto, exercendo total liderana setorial, tanto nos aspectos estritamente comerciais, quanto institucional e poltico; d) maior otimizao dos custos logsticos de transporte e movimentao de mercadorias, condicionando maior diversificao e incorporao das produes regionais, especialmente no caso das plantas envasadas, mais volumosas, de alta cubagem e baixa relao custo x benefcio nas operaes comerciais de larga distncia, e e) crescimento das vendas no canal supermercadista e pelo varejo on line.

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Ressalta-se que o fortalecimento do comrcio dos produtos da floricultura brasileira, tanto no mbito do mercado interno, quanto para o exterior, constitui-se em uma ao absolutamente vital para a garantia de um grande nmero de empregos, tanto no meio rural, quanto nas cidades e, mesmo, para a sobrevivncia de inmeras propriedades e empresas agrcolas. Representa, desta forma, uma alternativa altamente eficiente e eficaz para o desenvolvimento econmico e social sustentvel e equnime entre as diversas macrorregies geogrficas do Pas. Os principais desafios que compem o novo cenrio para os empresrios da floricultura brasileira podem ser resumidos nas seguintes demandas e necessidades principais:

a). impulsionar o crescimento do consumo, de maneira permanente e sustentvel para garantir o escoamento da produo crescente em todo o Pas; b) inovar, especializar e segmentar. Nas relaes comerciais contemporneas, qualidade e padronizao j no so diferenciais, mas, sim, itens obrigatrios. A permanncia e o sucesso na atividade passam agora mais do que nunca a serem ditados mais pela capacidade de inovao em tecnologias, produtos e servios ao mercado consumidor. A segmentao, especializao e regionalizao dos mercados consumidores sero fenmenos que tendero a se acentuar rapidamente. Os produtores devero analisar cuidadosamente a sua insero atual e avaliar as suas metas futuras com muito critrio, discernimento e objetividade, redefinindo focos, prioridades e novas parcerias, conforme os mercados que pretende atingir e os canais com os quais pretende atuar; c) profissionalizar a produo, comercializao e distribuio, buscando o favorecimento das aes cooperativas e/ou consorciadas, a conquista e preservao do seu poder de barganha nas negociaes e a sua crescente participao no fluxo de troca de informaes com a clientela final; d) adequar custos, pois os preos finais sero, cada vez mais, ditados pelo cliente no mercado; e) fortalecer as aes associativistas e cooperativistas, pois a complexidade e abrangncia das aes necessrias faro com que o produtor tenha, cada vez menos, capacidade de atuar isoladamente no mercado e encontrar a adequada soluo para os seus problemas; f) prover ateno total ao cliente, j que o diferencial entre o sucesso e o fracasso dos empreendimentos produtivos e comercias ser, cada vez mais, definido pela satisfao, atendimento e encantamento dos clientes finais; g) promover comercialmente a floricultura e o aumento do consumo per capita de flores e plantas ornamentais no Brasil, com a colaborao de entidades de classe, governamentais e instituies de apoio e fomento, como a nica maneira eficiente e eficaz de encontrar vazo para a crescente produo interna. h) incrementar as exportaes, pela superao dos entraves logsticos, burocrticos e tributrios atuais, bem como da maior profissionalizao dos produtores e agentes exportadores.

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Comrcio exterior de flores e plantas ornamentais pelo Brasil Exportaes O Brasil no se constitui em um tradicional ou importante exportador de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem. Embora o Pas detenha uma participao crescente no mercado internacional dos produtos da floricultura, sua atuao tem se limitado historicamente a produtos de propagao vegetal tais como estacas de crisntemo e bulbos de gladolos, amarlis, caladium (tinhoro) e outros. Tal fato, contudo, no limita iniciativas futuras de expanso comercial neste setor especfico de comrcio, sendo amplamente reconhecida a aptido brasileira para a produo e exportao de plantas tropicais nativas ou exticas adaptadas, especialmente palmeiras e suas sementes, dracenas e cordylines, entre outras espcies. Para ingressar na explorao desses segmentos o produtor dever analisar com ateno as reais demandas e necessidades dos compradores internacionais (qualidade, quantidade, prazos e condies de pagamento), os perodos do ano em que existem lacunas no abastecimento internacional (janelas) e, especialmente, as imposies de natureza legal e fitossanitria s exportaes e os nveis de preos praticados no mercado mundial.

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O mercado mundial de flores e plantas ornamentais est, atualmente, avaliado em 75 bilhes anuais, sendo que, deste total, 60 bilhes advm do setor de flores e plantas, 14 bilhes do mercado de mudas e o restante da produo e circulao de bulbos. O fluxo no comrcio internacional dos produtos da floricultura, por sua vez, est estimado em US$ 13,6 bilhes anuais, hoje concentrados em pases como a Holanda, Colmbia, Itlia, Dinamarca, Blgica, Qunia, Zimbbue, Costa Rica, Equador, Austrlia, Malsia, Tailndia, Israel, EUA (Hava) e outros. Nesse total, as flores e botes cortados frescos representam, em mdia, 49,5%; plantas ornamentais, mudas e bulbos, 42,3% e as folhagens, folhas e ramos cortados frescos, 8,2%. Trata-se de um mercado altamente concentrado, com a Holanda representando, isoladamente, pouco mais de 48% de toda a movimentao internacional. O segundo colocado, a Colmbia, j fica com apenas pouco mais de 6% de participao. O restante do mercado disputado entre aproximadamente outros 100 pases que participam do fluxo internacional de flores e plantas ornamentais. O Brasil vem mantendo um desempenho crescente no mercado internacional de flores e plantas ornamentais, exportando valores recordes sucessivos desde o incio da dcada de 2000. Apenas a partir de 2008, devido ao incio da crise financeira que abalou o mercado mundial, especialmente dos pases maiores consumidores de flores e plantas ornamentais na Europa e nos EUA, os valores embarcados com destino ao exterior comearam a mostrar um efetivo arrefecimento e somaram US$ 35,50 milhes, com um modesto crescimento de apenas 0,64% em relao ao ano de 2007.

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TABELA 6. BRASIL Exportaes dos produtos da floricultura, em US$ FOB, no perodo de 2003 ao primeiro semestre de 2009.

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TABELA 7. BRASIL Balana comercial dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB, em 2008.

TABELA 8. BRASIL. Balana comercial dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB, no primeiro semestre de 2009.

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Tradicionalmente, na pauta de exportaes da floricultura brasileira, os produtos mais importantes so aqueles compreendidos pelos grupos que comportam materiais de propagao vegetal, tais como mudas de plantas ornamentais (especialmente estacas de crisntemos) e bulbos (amarilis, gladolo, caladium e outros). Em 2008, os valores exportados nestas categorias foram de respectivamente: US$ 15,78 milhes em bulbos, tubrculos e rizomas em repouso vegetativo (que representaram 44,44% do total dos valores exportados) e US$ 14,637 milhes em mudas de plantas ornamentais (que representaram 41,23% do total das exportaes). O terceiro grupo em importncia econmica nas exportaes da floricultura brasileira representado pelas flores de corte, que, em 2008, atingiu o total de US$ 2,385 milhes, com peso relativo de 6,72% no total dos valores exportados. As principais espcies enviadas para o exterior so as rosas, lisianthus, grberas e as flores tropicais, entre outras. J, o quarto grupo constitudo pelas folhagens frescas de corte, com 4,31% de participao, seguido pelo das folhagens secas de corte, com 1,36%. A anlise dos dados relativos ao primeiro semestre do ano de 2009 mostra que os diferentes grupos de produtos mantiveram suas mesmas posies no ranking nacional das exportaes. As principais mercadorias exportadas foram aquelas includas entre mudas de plantas ornamentais, que somaram o valor aproximado de US$ 8,10 milhes, ou o equivalemente a 57,60% do total das exportaes. Em segundo lugar vieram os bulbos, tubrculos e rizomas, com vendas de US$ 3,95 milhes no mercado internacional, que repreentaram 28,08% do comrcio exterior da floricultura brasileira no perodo. As flores cortadas frescas mostraram resultado comercial de vendas de US$ 883,85 mil, com participao de 6,29% no total, enquanto que as folhagens cortadas frescas ficaram com 4,31% de participao e um resultado de US$ 605,57 mil.

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TABELA 9. BRASIL Balana comercial dos produtos da floricultura, por grupos de produtos, em valores US$ FOB, em 2008.

TABELA 10. BRASIL Balana comercial dos produtos da floricultura, por grupos de produtos, em valores US$ FOB, no primeiro semestre de 2009.

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Os principais pases de destino das exportaes brasileiras dos produtos da horticultura ornamental so: Holanda, Estados Unidos da Amrica, Itlia, Blgica, Japo, Alemanha, Canad e Portugal entre outros de menor expresso econmica. TABELA 11. BRASIL - Principais pases de destino das exportaes dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB e em participao percentual relativa no total nacional, no perodo de 2006 a 2008.

Por outro lado, os principais Estados de origem das exportaes brasileiras de flores e plantas ornamentais do Brasil, por ordem de importncia decrescente so: So Paulo, Cear, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina, entre outros.

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TABELA 12. BRASIL Principais Estados de origem das exportaes dos produtos da horticultura ornamental, em US$ FOB e em participao percentual relativa no total nacional, no perodo de 2006 a 2008.

Importaes

Entre os produtos da horticultura ornamental importados pelo Brasil, os maiores valores so anualmente despendidos com a aquisio de material de propagao vegetal, tais como bulbos, mudas e matrizes. Em 2008, os valores gastos com a importao dessas mercadorias atingiram um total de US$ 11,10 milhes, equivalendo a 79,24 % do total importado. Desse montante, US$ 4,69 milhes corresponderam s aquisies internacionais de bulbos, tubrculos, rizomas e similares em repouso vegetativo (que representaram 33,69% do total das importaes), seguidos por mudas de orqudeas (US$ 2,38 milhes, ou o equivalente a 17,11%); mudas de outras plantas (US$ 2,23 milhes; 16,00%) e mudas de outras plantas ornamentais (US$ 1,72 milhes; 12,37%), entre outros itens de menor importncia econmica relativa.

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As importaes brasileiras de flores e plantas ornamentais diretamente para consumo no so historicamente relevantes. Em 2008, o valor global gasto com a aquisio dessas mercadorias somou apenas cerca de US$ 2,9 milhes, ou o equivamente a 20,76% do total adquirido no comrcio internacional da floricultura. Desse montante, a maior parcela referiu-se aquisio de flores e botes cortados frescos, que somaram compras no valor de US$ 2,76 milhes, representando 19,81% do total das importaes nacionais. Outros grupos de produto neste segmento foram as folhagens cortadas secas (US$ 55,15 mil, ou 0,40%), musgos e liquens (U$ 43,92 mil; 0,32%), outras plantas vivas (US$ 17,51; 0,13%) e flores e botes cortados secos (US$ 16,39 mil; 0,12%). Os principais pases de origem das importaes brasileiras de produtos da floricultura constituem-se, pela ordem de importncia decrescente: Holanda, Colmbia, Chile e Argentina, que se destacam num conjunto composto por 25 pases fornecedores. A Holanda concentra uma parcela de participao que vem oscilando, nos ltimos trs anos, na faixa de 55,96% a 57,33% do total importado, o que representa compras entre US$ 6 milhes (2007) e US$ 7,79 milhes (2008).

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TABELA 13. BRASIL Pases de origem das importaes dos produtos da floricultura, em US$ FOB, no perodo de 2006 a 2008.

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TABELA 14. BRASIL Pases de origem das importaes dos produtos da floricultura, em US$ FOB, no primeiro semestre dos anos de 2007 a 2009.

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PLANO DE NEGCIO O cultivo de plantas ornamentais como investimento Atualmente, o cultivo comercial de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem representa um dos segmentos mais promissores para a horticultura ornamental. A produo e o comrcio neste segmento tendem a resultar em empreendimentos de sucesso, desde que o produtor siga alguns passos fundamentais no planejamento de seus investimentos, delineando muito bem o perfil da empresa e a sua adequao s reais necessidades e demandas levantadas junto aos mercados consumidores, tanto atuais, quanto potenciais. Para que o produtor possa iniciar-se na atividade em termos adequados, torna-se, j de incio adotar alguns procedimentos e decises bem fundamentadas, para a realizao dos quais, o instrumento recomendado o Plano de Negcios. Plano de negcios A realizao prvia do plano de negcios para a explorao comercial da produo e comercializao de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem um passo fundamental para o planejamento e sucesso do empreendimento. Atravs desse instrumento, o produtor poder explorar antecipadamente as caractersticas, necessidades tcnicas, financeiras e operacionais e o potencial de retorno do seu futuro negcio, diminuindo, com isso, as incertezas e riscos. Pode, ainda, representar o documento tcnico necessrio para uma eventual obteno de financiamento, bem como base para estabelecer o envolvimento e o comprometimento de funcionrios, colaboradores e fornecedores em geral com o sucesso do empreendimento. Esse manual visa oferecer as informaes bsicas preliminares para que o futuro investidor possa iniciar a elaborao do seu prprio plano de negcios. Para tanto, agrega informaes sobre as caractersticas e tendncias do mercado, necessidades e demandas gerenciais e legais afetas ao tipo de empreendimento, e tambm contedos tcnicos fundamentais sobre o cultivo e a comercializao das plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem, com foco na Regio Norte do Brasil.

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O Plano de Negcios definido em relao aos seguintes pontos principais: a) definio da pauta de produtos a serem cultivados e comercializados, que ser obtida a partir de pesquisas sobre a dimenso, caractersticas e tendncias do(s) mercado(s) consumidor(es) que se pretende obter, as expectativas e necessidades da clientela (atendidas e no atendidas), o conhecimento da concorrncia, seus pontos fortes e fracos, entre outros aspectos afins; b) planejamento da produo, incluindo as projees quantitivas adequadas das diferentes espcies a serem cultivadas, suas quantidades anuais e sazonais para o abastecimento dos mercados-alvos; c) localizao do empreendimento, incluindo o atendimento s necessidades de acesso, proximidade e adequao aos mercados-alvo pretendidos; d) levantamento das necessidades e definio das tecnologias que sero empregadas, as quais sero definidas a partir da seleo das espcies a serem cultivadas e suas necessidades agronmicas, bem como das necessidades e demandas do mercado, em termos de qualidade, preos, quantidades, perodos do ano etc.; e) avaliao da disponibilidade dos materiais de propagao e demais insumos necessrios, modos e condies para a sua obteno nos prazos necessrios, identificao, localizao e contato com seus fornecedores locais, regionais ou externos, prazos e condies de pagamento, definies quanto s necessidades de constituio de estoques para o abastecimento contnuo, disponibilidade e acessibilidade a luz eltrica, gua, telefonia e internet; f) implantao da infra-estrutura bsica para a produo e a comercializao; g) certificao a respeito da disponibilidade, seleo, contratao e treinamento da mo-de-obra necessria, incluindo o dimensionamento do seu custo regional, benefcios, concorrncia com outros empreendimentos, fontes e agentes para a capacitao e treinamento; h) aquisio de conhecimentos tcnicos, administrativos, gerenciais e comerciais necessrios para a produo e a comercializao das plantas ornamentais; definindo o nvel e a intensidade dos conhecimentos demandados e as fontes de sua obteno; i). dimensionamento dos investimentos necessrios, incluindo as formas e condies para sua obteno, taxas de juros, prazos de retorno e rentabilidade; j) polticas de formao de preos; incluindo a definio das sistemticas e instrumentos de registros, controles, acompanhamento de preos de insumos, operaes, taxas, margens, comportamento da concorrncia, de modo a viabilizar a mais justa, eficiente e competitiva prtica de formao de preos da empresa no mercado; k) previso dos resultados econmico-financeiros, os quais definiro no apenas a viabilidade, mas a prpria atratividade do negcio frente a outros empreendimentos possveis; l) gesto, acompanhamento e avalio permanente do empreendimento, incluindo a definio dos mecanismos e instrumentos de apurao dos resultados projetados.

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Planejamento da produo Trata-se do ponto fundamental para o estabelecimento do porte do negcio e dos investimentos necessrios. A partir da prospeco das demandas e necessidades da clientela, o produtor dever decidir antecipadamente a respeito das espcies e variedades que ir cultivar, bem como das quantidades de mercadorias, suas formas de apresentao e acondicionamento e os perodos do ano em que dever oferec-las para comercializao e consumo. Ainda que as plantas ornamentais destinadas ao paisagismo e jardinagem no sigam os mesmos ciclos de mercado das flores cortadas e envasadas cujas vendas se concentram em datas especiais como o Dia das Mes, Dia dos Namorados, Dia Internacional da Mulher, Finados e outros no deixam de ter demandas tambm sazonais, as quais preciso conhecer no mbito do mercado de atuao de cada empreendimento em particular.

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Em regies onde a primavera e o vero so estaes bem determinadas, costuma-se intensificar a jardinagem domstica nestes perodos. Para os Estados da Regio Norte, contudo, as estaes do ano so em geral menos demarcadas, e constituem-se apenas no vero e no inverno, sendo este o perodo de maior ndice de chuvas. Observa-se que, em toda esta rea, existem perodos do ano que so mais favorveis s compras de plantas para a reforma ou instalao de novos jardins que se caracterizam principalmente como o perodo das frias do incio e do meio do ano J em relao oferta de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem para o mercado empresarial ou institucional, convm que o produtor mantenha-se permanentemente atualizado sobre suas tendncias, ciclos, conjuntura e alteraes de hbitos. Deve-se levar em conta, especialmente, o comportamento da construo civil, o ritmo da expanso do mercado imobilirio local, os lanamentos de novos condomnios, as reformas e ampliaes das praas e equipamentos pblicos, iniciativas de reflorestamentos e compensaes ambientais com plantio de essncias nativas, enfim, de todos os acontecimentos que possam significar reais oportunidades de vendas. A observao atenta dos perodos de maior consumo poder levar o produtor a buscar solues tecnolgicas e iniciativas empresariais especficas e especializadas para o atendimento do mercado, as quais podero representar o diferencial definitivo para o seu sucesso. Diversificao A explorao comercial do cultivo de flores e plantas ornamentais admite que o produtor concilie mais de um segmento, o que pode lhe proporcionar maior nvel de segurana quanto s oscilaes das preferncias dos mercados e dos preos das mercadorias. Porm, no aconselhvel que o produtor venha a se dedicar ao cultivo de um nmero muito grande de espcies ou segmentos diferentes, pois poder se inviabilizar a obteno das escalas mnimas desejveis de oferta de mercadorias, alm de prejudicar a especializao dos produtores.

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Concorrncia As plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem produzidas pelos Estados da Regio Norte do Brasil sofrem uma difcil concorrncia das mercadorias originrias das Regies Sul e Sudeste, mais tradicionais no ramo e tecnicamente melhor atendidas pela indstria de insumos, pela pesquisa e pela assistncia tcnicas e, tambm, mais prximas dos maiores e mais exigentes mercados consumidores. Associativismo e cooperativismo O sucesso comercial dos empreendimentos em floricultura e plantas ornamentais tendem a ser mais bem sucedidos quando inseridos no mbito de plos geogrficos especializados. Tal situao garante a oferta diversificada e em grandes volumes das mercadorias desejadas pelo mercado consumidor, o que favorece a atrao de compradores tanto para o mercado local, quanto estadual, regional, nacional, e at mesmo internacional. Para que essa condio, que j uma realidade presente nos principais centros de produo e comercializao de flores e plantas ornamentais do Brasi como Holambra, Atibaia, Campinas, Mogi das Cruzes, Paranapanema e Vale do Ribeira, em So Paulo, e outras regies em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Gois possa existir tambm nos novos plos emergentes de produo, a instalao do associativismo e do cooperativismo tornam-se necessidades prioritrias.

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FICHA TCNICA DO NEGCIO Plantas Ornamentais para Paisagismo e Jardinagem: conceitos e definies As plantas ornamentais so normalmente divididas em grupos de acordo com seu aspecto morfolgico, hbito de crescimento e, do ponto de vista comercial e mercadolgico, principalmente pelo seu tipo de uso mais freqente em projetos de paisagismo e jardinagem. Essa classificao bastante varivel, mas basicamente contempla os seguintes sub-grupos principais: rvores, arbustos, palmeiras, forraes, gramas e outras plantas ornamentais. Este ltimo grupamento, dependendo da fonte de referncia, pode apresentar-se sub-dividido em: trepadeiras, plantas entouceirantes, plantas aquticas, bromlias, suculentas e ainda outras. Forraes Constitui-se em um grupo de plantas de pequeno porte, que atingem em mdia at 20 cm de altura, normalmente herbceas, utilizadas em grande quantidade e com espaamento adensado em projetos de paisagismo e jardinagem com as seguintes finalidades principais: Dar acabamento aos jardins e canteiros, em composio com espcies de maior porte; Revestir o solo, evitando a ocorrncia de reas nuas, as quais podem sofrer efeitos erosivos, alm de poderem vir a constituir focos de lama ou poeira; Quebrar a monotonia dos projetos, especialmente quando intercaladas a gramados; Recobrir o solo, em locais onde h impossibilidade de instalao de gramados; Manter a umidade do solo; Evitar ou minimizar a incidncia de plantas invasoras ou plantas daninhas .

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Dependendo da espcie, o hbito de crescimento das forraes pode ser tanto horizontal, quanto vertical. De modo geral, prevalece o crescimento horizontal mais acentuado que o vertical, devido ao fato de boa parte das espcies utilizadas para essas finalidades perfilharem com intensidade, quer seja atravs da emisso de rizomas e estoles, que por meio de brotaes laterais ou de caules rastejantes. O grupo de plantas utilizado como forrao inclui tanto espcies florferas, quanto aquelas cultivadas pela beleza de sua folhagem. Para essas ltimas, normalmente as flores ou so inexistentes ou possuem interesse ornamental secundrio. Inclui espcies adaptadas tanto a sol pleno, quanto meia-sombra, sombra e at mesmo obscuridade. Para efeito de classificao funcional, pode-se aplicar a seguinte categorizao para as forraes: TABELA 15. Classificao das principais espcies de forraes utilizadas na Regio Norte do Brasil, segundo a importncia ou interesse ornamental das flores.Tipo Nome comum Forraes florferas Anuais/ bianuais Tagetes (cravo-de-defunto) Znia (capito) Perenes Mini-ixora Rabo-de-gato Vinca Forraes de Pingo-de-ouro folhagem Calatea, Ctenanthe e Maranta Exemplos Nome cientfico

Tagetes patula Zinnia elegans Ixora coccinea Acalypha reptans Catharanthus roseus Duranta sp. Calathea carlina; Calathea backemiana; Calathea aemula; Calathea argyraea; Calathea eximia, Calathea insignis; Calathea leopardina; Ctenanthe burlemarxii; Ctenanthe setosa e outras. Hedera canariensis; Hedera helix.

HeraFonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, 2009.

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SIMES, Fernanda Cristiane et alii. Plantas ornamentais utilizadas em paisagismo. Universidade Federal de Lavras UFLA.

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TABELA 16. Classificao das principais espcies de forraes utilizadas na Regio Norte do Brasil, segundo tolerncia ou exigncia em luminosidade.Tipo Nome comum Forraes de sol pleno Onze-horas Gaznia Forraes de meia- Clorofito sombra Dlar; Hera-sueca Forraes de sombra Lambari Grama-pretaFonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, 2009.

Exemplos Nome cientfico Portulaca grandiflora; Portula oleracea Gazania rigens Chlorophytum comosum Plectranthus nummularius Tradescantia zebrina Ophiopogon japonicus

TABELA 17. Classificao das principais espcies de forraes utilizadas na Regio Norte do Brasil, segundo o porte.

Tipo Nome comum Forraes de pequeno Ajuga porte (at 15 -20 cm) Azulzinha Gota-de-orvalho Forraes de mdio Abacaxi-roxo porte (maiores do que Planta-vela 15-20cm a at 35-40 cm) Orelha-de-lebre Forraes de grande Canoinha (capimporte (acima de 40 cm) palmeira) Penta

Exemplos Nome cientfico Ajuga reptans Evolvulus glomeratus Evolvulus pusillus Tradescantia sp. Plectranthus coleoides Stachys buzantina Curculigo capitata Pentas lanceolata

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, 2009.

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Atualmente, tem sido cada vez mais freqente o uso de adubos verdes como forraes. Trata-se de plantas da famlia das Leguminosas, tanto de porte herbceo quanto arbustivo, que apresentam em suas razes pequenos ndulos onde situam-se bactrias do gnero Rhizobium, capazes de fixar no solo o nitrognio contido no ar. Representa, pois, um fenmeno importante de fertilizao do solo. Entre essas plantas, as que mais se destacam na atualidade so duas espcies de amendoim-rasteiro (Arachis repens e Arachis pintoi), nativas do Brasil, de crescimento rasteiro, rpido e vigoroso e consistncia herbcea. A principal diferena entre elas que a A. repens possui flores midas amarelas ou alaranjadas, abundantes durante todo o ano, enquanto que na A. pintoi as flores so mais gradas e em quatro tonalidades diferentes como branco, creme, amarelo ou laranja, com picos de floradas mais concentrados e distribudos ao longo do ano. O porte dessas plantas atinge de 10 a 20 cm de altura, com textura delicada. O seu plantio feito por diviso de touceiras ou enraizamento de estacas de ramos que j apresentam pequenas razes. rvores So as espcies vegetais lenhosas, geralmente sem bifurcaes na base do caule, com portes variados e diferentes formatos de copas. Dividem-se em espcies de grande porte (quando atingem mais de 8 metros de altura); mdio porte (quando atingem entre 5 e 8 metros de altura), ou pequeno porte (quando no ultrapassam 5 metros de altura). Quanto ao formato da copa, so normalmente classificadas em: colunar, globosa, pendente e umbeliforme. As rvores, alm da sua grande contribuio esttica, so utilizadas em projetos de paisagismo e jardinagem tambm com as seguintes finalidades: Conferir proteo contra ventos fortes; Eliminar ou minimizar rudos; Propiciar isolamento e privacidade em determinados locais; Fornecer sombra e melhores condies climticas, reduzindo o impacto das altas temperaturas. So exemplos das principais rvores cultivadas com finalidade ornamental nos Estados da Regio Norte do Brasil: ficus (Ficus benjamina), oitizeiro (Licania tomentosa), accia (Senna siamea), castanhola (Terminalia catappa), flamboyant (Delonix regia), jambeiro (Eugenia malaccensis), algodo arbreo (Hibiscus tiliaceus), entre outras.

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LORENZI, Harri et al. Palmeiras brasileiras e exticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2004.

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Arbustos Constituem-se de espcies vegetais lenhosas, com ramificaes desde a base e altura mdia de at 4 metros de altura. Inclui espcies de diferentes necessidades em relao intensidade luminosa, indo desde aquelas exigentes de condies de pleno sol, at outras adaptadas a meia-sombra e sombra. De um modo geral, so plantas que toleram bem as podas, o que harmoniza e facilita a sua conduo, permitindo obter formatos ajustados s necessidades de cada projeto paisagstico ou jardim. Quando trabalhadas com cortes para a promoo de figuras geomtricas ou desenhos so chamadas de topiarias. So utilizados com diferentes finalidades nos jardins, podendo ser os elementos dominantes em determinadas reas, servirem como cercas-vivas, serem utilizados como elementos isolados, ou formando pequenos grupos, associados a outras espcies ou outros tipos de vegetao. Os principais exemplos de arbustos bem adaptados ao paisagismo na Regio Norte do Brasil so: mussaenda (Mussaenda alicia; M. erythrophylla; M. philipiica) ixoras (Ixora coccinea), frangipani (Plumeria pudica), clsia (Clusia sp.), crton (Codiaeum variegatum), acalifa (Acalypha wilkesiana), alamanda (Allamanda laevis) entre outros. Palmeiras e Cycas So plantas monocotiledenas, pertencentes famlia Arecaceae (Palmae), amplamente utilizadas em projetos paisagsticos e na jardinagem em geral, quer em cultivos isolados, quer em conjunto, ocupando sempre posio visual e esttica dominante. Constituem-se nas espcies preferidas quando o efeito pretendido criar um ambiente de aspecto tropical. So representadas por cerca de 2.600 espcies reunidas em mais de 240 gneros . As palmeiras so normalmente classificadas em: Palmeiras monocrpicas no ramificadas; Palmeiras policrpicas no ramificadas; Palmeiras ramificadas; Palmeiras de caules solitrios com ramificao dicotmica.

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As palmeiras podem ser cultivadas facilmente a partir de sementes. Entre as mais conhecidas e procuradas na regio Norte do Brasil encontram-se: aa (Euterpe oleracea), areca-bambu (Dypsis lutescens), jeriv (Syagrus romanzoffiana), palmeira-tringular (Dypsis decary), Palmeira-rabo-de-peixe (Caryota urens e Caryota mitis), Palmeira-fnix (Phoenix roebelini), coqueiro (Cocos nucifera) e a palmeira-rfis (Raphis excelsa). Todas essas espcies devem ser cultivas a sol pleno, com exceo da areca-bambu, que pode exigir alguns cuidados de proteo para que a planta no fique amarelada, especialmente as plantas jovens ou quando se pretende tambm colher suas folhas para comercializao enquanto folhagem de corte. Outros cuidados que o produtor deve tomar ao cultivar palmeiras so: no cultivar espcies de folhas muito delicadas, ou em formato de leque em regies sujeitas a ventos fortes e constantes; no cultivar espcies de grande porte em locais onde no tenham espao suficiente para o crescimento, evitando a deformao da planta e tambm prximas a telados, construes, muros e telhados que possam ser danificados pela queda de folhas, brcteas e infrutescncias. As palmeiras so consideradas adultas quanto atingem as alturas de 3 metros (palmeira-fnix, palmeira-rfis), 4 metros (areca-bambu), 5 metros (palmeira-triangular, palmeira-rabo-de-peixe) ou 6 metros (jeriv). No caso do aa, a palmeira j possui efeito ornamental a partir dos 2,5 metros de altura, existindo, tambm, uma cultivar an (BRS Par), desenvolvida pela Embrapa Amaznia Oriental em 2004. O transplante de palmeiras adultas de grande porte uma tarefa especializada, que exige a utilizao de guindaste. Para suportar, as plantas devem ter altura mxima de 12 metros, sendo que o transplante deve ser executado em cinco passos.

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TABELA 18. Passos e operaes necessrios para o transplante de palmeiras de grande porte.

Ordem Passo n. 1 Passo n. 2

Passo n. 3

Passo n. 4 Passo n. 5

Operao Descrio Planejamento Deve ser realizado com cerca de 30 a 45 dias de antecedncia da operao de transplante. Desmame Representa o corte de 70% das razes em torno da base. O restante ser suficiente para alimentar a planta durante todo o ms seguinte. Retirada Sofrer o corte dos 30% das razes restantes. A palmeira, com o torro dever ser embalado em juta. As folhas devero ser amarradas em um feixe central para minimizar a sua desidratao. Transplante O torro ser plantado no local definitivo, em uma cova de 1x1mx1m, contendo substrato rico em matria orgnica. Tutoramento Fixao da palmeira no centro da cova, com o caule ereto e recebendo escoras para defesa contra o tombamento por ventos. Necessrio por pelo menos 90 dias aps o transplantio.

Fonte: HRTICA CONSULTORIA E TREINAMENTO, 2009.

Cycas So cultivadas comercialmente duas espcies: Cycas revoluta e Cycas circinalis. Ambas possuem desenvolvimento lento. A primeira no ultrapassa 2 metros de altura e tem folhas rgidas. J a C. circinalis atinge at 6 metros e possui folhas mais flexveis de at 2 metros de comprimento. Devem ser cultivadas a sol pleno, em solo frtil e bastante permevel. Para a sua propagao podem se utilizar tanto as sementes, quanto os filhotes que crescem ao redor da planta-me. O produtor interessado na produo de sementes dessas plantas deve observar que nas duas espcies os indivduos so sexualmente separados, em plantas diferentes. Ou seja, existem cycas macho e cycas fmea. Desta forma, para que haja fecundao e produo de frutos e sementes ser necessrio cultivar os dois tipos conjuntamente.

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Gramas Os gramados representam, em geral, entre 60% a 80% do total das reas ajardinadas. Para a sua instalao, podem ser utilizadas tanto a semeadura direta, quanto mudas obtidas por vrios processos e oferecidas ao mercado em diferentes opes. As mudas mais freqentemente utilizadas so: tapetes, plugs, sprigs ou maxi-rolo. Os tapetes so os formatos mais utilizados para mdias e grandes reas, seguido pelos plugs (obtidos de sementes pr-germinadas). Os sprigs so utilizados j h muitos anos principalmente nos EUA para o estabelecimento de grandes reas, como os campos de golfe. No Brasil, em anos recentes, passou a ser procurado para a instalao de campos de futebol, golfe e plo. Neste caso, as espcies mais utilizadas por apresentarem bom ndice de pegamento pelo processo, so: grama-bermudas (Cynodon dactylon) e gramas Seashores (Paspalum vaginatun). J o sistema maxi-rolo consiste na aplicao de tapetes de dimenses de 0,75 m x 40 m, onde cada unidade cobre uma rea de 30 metros quadrados. Suas grandes dimenses minimizam o problema das emendas entre tapetes e so particularmente indicados para a instalao de gramados esportivos. Outras plantas ornamentais Trepadeiras Constitui-se no grupo de espcies vegetais perenes, de caule semi-lenhoso ou mesmo herbceo, que necessita de um suporte (natural ou tutorado) para se desenvolver. Como seu crescimento pode ser conduzido, as trepadeiras geralmente so utilizadas na formao de cercas-vivas, separao de ambientes, revestimento de muros ou paredes, formao de prgolas, arcos e trelias. Contribuem para o fornecimento de sombra, criao de espaos e ambientes com privacidade e de barreiras contra a poeira e rudos. As trepadeiras, de acordo com o modo como elas se fixam nas superfcies, so normalmente classificas nos seguintes tipos: Volveis: quando os ramos se enrolam em espiral ao longo dos suportes ou tutores de forma espontnea; no possuem outro tipo de fixao, e, portanto, no conseguem crescer em paredes ou muros por si ss, necessitando dos suportes adequados a essa finalidade; Sarmentosas: quando possuem estruturas de fixao como gavinhas, espinhos curvos, razes adventcias, etc. Com o apoio dessas estruturas, conseguem subir em praticamente todos os tipos de suporte; Cips: no possuem qualquer tipo de rgo de fixao e nem sempre so volveis. Possuem caules rgidos que conseguem subir a vrios metros de altura, sem apoio, at que se vergam devido ao prprio peso sobre algum suporte; Escandentes: plantas de porte arbustivo que, quando