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Manual de Temas Formativos e Práticas para os Mensageiros

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Manual de Temas Formativos e Práticas para os Mensageiros

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Temas formativos e práticaspara os mensageiros 

Bibliografia básica recomendada: “A Mensagem de Silo” e “Comentários à Mensagem de Silo”.

Temas Formativos. Estão articulados por um grupo de conferências e pequenos desenvolvimentos. Destacam­se entre eles: “A cura do sofrimento”; “O fracasso”; “A reconciliação”; “A fé”; “A religião”; “A transcendência”; “Unidade e contradição”; “A ação válida”; “Os princípios de ação válida” e “A Regra de Ouro”. Esta lista não esgota a temática da bibliografia recomendada.

Práticas sugeridas. Agrupam­se em base a seminários e retiros. Destacam­se entre eles: “A configuração do Guia Interno”; “A Força I”; “A Força II”; “A reconciliação”; “A mudança profunda e essencial”; “A direção e os aforismos”; “O pedido”; “A Regra de Ouro e as ações transformadoras”.

As Práticas e Temas Formativos estão pensados para ser desenvolvidos nos Centros de Trabalho dos parques de estudo e reflexão. Quando não se dispõe de um de nossos parques nas proximidades, as salas e salinhas das Comunidades são lugares adequados para estas atividades.

Karen Rohn ­ Marcos Pampillón. Recopiladores dos Temas Formativos e das Práticas sugeridas.

Centro de Estudos de Punta de Vacas. 15/03/2008

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Documentos do Manual de Temas Formativos e Práticas para os Mensageiros

Temas formativos 

1. A cura do sofrimento 5

2. O fracasso 8

3. A reconciliação 11

4. A fé 14

5. A religião 16

6. A transcendência 20

7. Unidade e contradição 26

8. A ação válida 27

9. Os Princípios de Ação Válida 33

10.A Regra de Ouro 40

Seminários e retiros1 

1. Seminário sobre a configuração do Guia Interno 44

2. Seminário sobre A Força I 51

3. Seminário sobre a reconciliação 54

4. Seminário sobre a mudança profunda e essencial 57

5. Seminário sobre a direção e os aforismos 61

6. Seminário sobre o pedido 66

7. Seminário sobre a Regra de Ouro e as ações transformadoras 70

8. Retiro sobre A Força II 73

1 Todo seminário é de um dia de duração, enquanto que os retiros são de vários dias.

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Primeira Parte – Temas formativos 

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Tema formativo Nº 1 

A Cura do Sofrimento

Silo ­ Punta de Vacas, Mendoza, Argentina ­ 4 de maio de 1969

Se vieste escutar um homem de quem se supõe que transmite a sabedoria, enganaste­te no caminho, porque a real sabedoria não se transmite por meio de livros nem de discursos; a real sabedoria está no fundo da tua consciência como o amor verdadeiro está no fundo do teu coração.

Se vieste empurrado pelos caluniadores e os hipócritas para escutar este homem, a fim de que o que escutas te sirva depois como argumento contra ele, enganaste­te no caminho, porque este homem não está aqui para te pedir nada, nem para te usar, porque não precisa de ti.

Escutas um homem desconhecedor das leis que regem o Universo, desconhecedor das leis da História,   ignorante das relações que regem os povos. Este homem dirige­se à   tua consciência a muita distância das cidades e das suas ambições enfermas. Lá nas cidades, onde cada dia é um afã truncado pela  morte,  onde  ao amor  sucede o  ódio,  onde ao perdão sucede a  vingança;   lá  nas cidades dos homens ricos e pobres;  lá  nos imensos campos dos homens, pousou um manto de sofrimento e de tristeza. 

Sofres quando a dor morde o teu corpo. Sofres quando a fome se apodera do teu corpo. Mas não sofres   apenas   pela   dor   imediata   do   teu   corpo,   pela   fome   do   teu   corpo.   Sofres   também   pelas consequências das enfermidades do teu corpo.

Deves distinguir dois tipos de sofrimento. Há um sofrimento que se produz em ti mercê da doença (e   esse   sofrimento   pode   retroceder   graças   ao   avanço   da   ciência,   assim   como   a   fome   pode retroceder,  mas graças ao  império  da  justiça).  Há  outro  tipo de sofrimento que não depende da doença do teu corpo, mas que deriva dela: se estás impedido, se não podes ver, ou se não ouves, sofres; mas ainda que este sofrimento derive do corpo, ou das doenças do teu corpo, tal sofrimento é da tua mente.

Há  um tipo de sofrimento que não pode retroceder frente ao avanço da ciência nem frente ao avanço da justiça. Esse tipo de sofrimento, que é estritamente da tua mente, retrocede frente à fé, frente à alegria de viver, frente ao amor. Deves saber que este sofrimento está sempre baseado na violência que há na tua própria consciência. Sofres porque temes perder o que tens, ou pelo que já perdeste, ou pelo que desesperas alcançar. Sofres porque não tens, ou porque sentes temor em geral... Eis os grandes inimigos do homem: o temor à doença, o temor à pobreza, o temor à morte, o temor   à   solidão.   Todos  estes   são   sofrimentos   próprios   da   tua  mente;   todos   eles  denunciam   a violência  interna,  a violência que há  na tua mente. Repara que essa violência deriva sempre do desejo. Quanto mais violento é um homem, mais grosseiros são os seus desejos.

Gostaria de te propor uma história que aconteceu há muito tempo.

Existiu  um viajante que  teve que  fazer uma  longa  travessia.  Então, atou o seu animal  a uma carroça e empreendeu uma longa marcha rumo a um longínquo destino e com um limite fixo de tempo. Ao animal chamou­lhe Necessidade, à carroça Desejo, a uma roda chamou­lhe Prazer e à outra Dor. Assim então, o viajante levava a sua carroça para a direita e para a esquerda, mas sempre rumo ao seu destino. Quanto mais velozmente andava a carroça, mais rapidamente se moviam as rodas do Prazer e da Dor, ligadas como estavam pelo mesmo eixo e transportando como estavam a carroça do Desejo. Como a viagem era muito longa, o nosso viajante aborrecia­se. Decidiu então 

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decorá­la, ornamentá­la com muitas belezas, e assim foi fazendo. Porém, quanto mais embelezou a carroça do Desejo mais pesado se tornou para a Necessidade. De tal maneira que nas curvas e nas encostas empinadas,  o pobre animal desfalecia,  não podendo arrastar a carroça do Desejo.  Nos caminhos arenosos as rodas do Prazer e do Sofrimento enterravam­se no solo. Assim, desesperou um dia o viajante porque era muito longo o caminho e estava muito longe do seu destino. Decidiu meditar   sobre   o   problema   nessa   noite   e,   ao   fazê­lo,   escutou   o   relincho   do   seu   velho   amigo. Compreendendo a mensagem, na manhã seguinte desbaratou a ornamentação da carroça, aliviou­a dos  seus pesos e muito  cedo  levou  o seu animal  a   trote,  avançando   rumo ao seu destino.  No entanto,   tinha perdido um tempo que  já  era  irrecuperável.  Na noite  seguinte,  voltou a meditar  e compreendeu, por um novo aviso do seu amigo, que tinha agora de acometer uma tarefa duplamente difícil porque significava o seu desprendimento. Muito de madrugada, sacrificou a carroça do Desejo. É certo que ao fazê­lo perdeu a roda do Prazer, mas com ela também a roda do Sofrimento. Montou o animal da Necessidade e, em cima do seu lombo, meteu­se a galope pelas verdes pradarias até chegar ao seu destino.

Repara como o desejo te pode encurralar. Há desejos de diferente qualidade. Há desejos mais grosseiros e há  desejos mais elevados.  Eleva o desejo,  supera o desejo,  purifica o desejo,  que haverás certamente de sacrificar com isso a roda do prazer, mas também a roda do sofrimento.

A violência no homem, movida pelos desejos, não fica só como doença na sua consciência, antes atua no mundo dos outros homens, exercitando­se com o resto das pessoas. Não creias que falo de violência referindo­me apenas ao  fato armado da guerra, em que uns homens destroçam outros homens. Essa é uma forma de violência física. Há uma violência econômica: a violência econômica é aquela que te faz explorar outro; a violência econômica dá­se quando roubas outro, quando já não és irmão do outro, mas sim ave de rapina para o teu irmão. Há, além disso, uma violência racial: achas que não exercitas a violência quando persegues outro que é de uma raça diferente da tua, achas que não exerces violência quando o difamas por ser de uma raça diferente da tua? Há uma violência religiosa:  achas que não exercitas a violência quando não dás trabalho, ou fechas as portas, ou despedes alguém, por não ser da tua mesma religião? Achas que não é violência cercar por meio da difamação aquele que não comunga os teus princípios; cercá­lo na sua família, cercá­lo entre a sua gente  querida,  porque  não  comunga a   tua   religião?  Há  outras   formas  de  violência  que  são  as impostas pela moral filistéia.  Tu queres  impor a tua forma de vida a outro,  tu deves  impor a tua vocação a outro... mas quem te disse que és um exemplo que se deve seguir? Quem te disse que podes impor uma forma de vida porque a ti te apraz? Onde está o molde e onde está o tipo para que tu o imponhas?... Eis outra forma de violência. Só podes acabar com a violência em ti e nos outros e no mundo que te rodeia pela fé interior e pela meditação interior. Não há falsas portas para acabar com a violência. Este mundo está prestes a explodir e não há forma de acabar com a violência! Não procures falsas portas! Não há política que possa solucionar este afã de violência enlouquecido. Não há partido nem movimento no planeta que possa acabar com a violência no mundo... Dizem­me que os jovens em diferente latitudes estão a procurar falsas portas para sair da violência e do sofrimento interior. Procuram a droga como solução. Não procures falsas portas para acabar com a violência.

Irmão meu: cumpre com mandamentos simples, como são simples estas pedras e esta neve e este sol que nos bendiz. Leva a paz em ti e leva­a aos outros. Irmão meu: além, na História, está o ser humano  mostrando  o   rosto  do   sofrimento,   olha   esse   rosto   do  sofrimento...   mas   recorda   que  é necessário seguir adiante e que é necessário aprender a rir e que é necessário aprender a amar. 

A ti, irmão meu, lanço esta esperança, esta esperança de alegria, esta esperança de amor, para que eleves o teu coração e eleves o teu espírito, e para que não te esqueças de elevar o teu corpo.

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Bibliografia• Livro “Fala Silo” – Arenga da Cura do Sofrimento• Vídeo Comentários de Silo – Cap. 3: “A Mensagem” – www.silo.net 

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Tema formativo Nº 2 

O Fracasso

 “...Em muitos dias descobri este grande paradoxo: aqueles que levaram o fracasso em seu coração puderam vislumbrar o último triunfo, aqueles que se sentiram triunfadores ficaram no caminho como vegetais de vida difusa e apagada.” 

de O Olhar Interior

De Psicologia I, Apontamentos de Psicologia

A consciência frente ao mundo tende a compensá­lo estruturadamente mediante um complexo sistema de respostas. Algumas respostas chegam ao mundo objetal diretamente (expressadas através dos centros), mas outras ficam na consciência e chegam ao mundo indiretamente por alguma manifestação de conduta. Estas compensações da consciência tendem a equilibrar o meio interno em relação ao externo. Tal vinculação se estabelece por exigências, encontrando o indivíduo urgido a responder a um mundo complexo: natural, humano, social, cultural, técnico, etc. Surge o “núcleo de devaneio” como uma resposta compensatória importante e os “sonhos secundários” como respostas particulares a essas exigências. Os sonhos são visualizáveis como imagens, não assim o núcleo que se percebe como um clima alusivo enquanto se vai conformando com o tempo e vai ganhando em poder de direção das tendências, das aspirações pessoais. Na etapa de desgaste do núcleo de devaneio, quando cessa de dirigir ao psiquismo, podem­se observar as formas e imagens que adotou. Por isso, o núcleo é mais fácil de registrar tanto ao começo como ao fim de seu processo, não assim em sua etapa meia que é aquela na qual mais dirige a atividade psíquica. Dá­se a paradoxo de que o ser humano não percebe aquilo que mais determina sua conduta, ao estar operando o núcleo como transfundo que responde totalizadoramente às múltiplas exigências da vida cotidiana.O núcleo de devaneio rege as aspirações, ideais, e ilusões que em cada etapa vital vão mudando. Depois destas mudanças ou variações no núcleo, a existência se orienta em outras direções e se produzem concomitantemente mudanças na personalidade. Este núcleo se desgasta individualmente, como se desgastam os sonhos epocais que dirigem a atividade de toda uma sociedade. Enquanto que por uma parte o núcleo dá uma resposta geral às exigências do meio, por outro compensa as deficiências e carências básicas da personalidade, imprimindo uma determinada direção à conduta. Esta direção pode ponderar­se conforme se encaminhe ou não na linha da adaptação crescente. Os sonhos e o núcleo imprimem à consciência sua sugestionabilidade produzindo esse característico bloqueio da crítica e autocrítica próprio dos níveis infravigílicos. Por isso é inútil toda confrontação ou oposição direta à sugestão do núcleo de devaneio já que este termina reforçando sua compulsão. A possibilidade de produzir uma mudança de direção para uma linha evolutiva, está em realizar modificações graduais. O núcleo pode retornar ou pode fixar­se. No primeiro caso o psiquismo volta para etapas anteriores, aumentando os desacordos entre processos e situação no meio. No segundo caso, quando o núcleo se fixa, vai desvinculando ao indivíduo de seu meio produzindo uma conduta que não se ajusta à dinâmica dos acontecimentos. O núcleo de devaneio lança ao ser humano em perseguição de miragens que ao não cumprir­se produzem estados dolorosos (desilusões), enquanto que os cumprimentos parciais produzem 

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situações prazenteiras. Assim descobrimos que na raiz do sofrimento psicológico estão os sonhos e seu núcleo. 

É nos grandes fracassos, ao cair as expectativas e desvanecer­se as miragens, quando surge a possibilidade de uma nova direção de vida. Em tal situação fica ao descoberto esse “nó de dor”, esse nó biográfico que durante tanto tempo sofreu a consciência.

Este momento crucial na vida e, em particular, no trabalho evolutivo de uma pessoa, é descrito com ajuda de alegorias no capítulo “Os estados internos”, do livro “O Olhar Interior”:

 “...De fracasso em fracasso podes chegar ao próximo descanso que se chama “morada do desvio”.  Cuidado com as duas vias que tens agora em diante: ou tomas o caminho da resolução, que te leva à geração, ou tomas o do ressentimento que te faz descender novamente para a regressão. 

Ali estás diante de um dilema: ou te decides pelo labirinto da vida consciente (e o fazes com resolução), ou regressas ressentido a tua vida anterior. São numerosos os que não havendo alcançado se superar cortam ali suas possibilidades.”

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Desde outra perspectiva, em sua intervenção de 4 de maio de 2004 em Punta de Vacas, Silo colocou o tema do fracasso em sua projeção em direção ao trabalho de transformação social:

“Temos fracassado... Mas insistimos!

Temos fracassado, mas insistimos no nosso projeto de humanização do mundo.

Temos fracassado e seguiremos fracassando uma e mil vezes porque montamos nas asas de um pássaro chamado “intento” que voa sobre as frustrações, as debilidades e as pequenezes.

É a fé no nosso destino, é a fé na justiça de nossa ação, é a fé em nós mesmos, é a fé no ser humano, a força que anima nosso vôo.

Porque não é o fim da História, nem o fim das idéias, nem o fim do homem, porque não é tampouco o 

triunfo definitivo da maldade e da manipulação, é que podemos tentar sempre mudar as coisas e 

mudarmos a nós mesmos.”

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Bibliografia • O Olhar Interior. Humanizar a Terra. Obras Completas I• Psicologia I. Apontamentos de Psicologia

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• Palavras de Silo por motivo da primeira celebração anual de A Mensagem de Silo, Punta de Vacas. 4 de Maio de 2004. www.silo.net 

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Tema formativo Nº 3 

A Reconciliação

1 Extrato das palavras de Silo nas Jornadas de Inspiração Espiritual em Punta de Vacas, 3, 4 e 5 de maio de 2007

“...Peregrinamos a este lugar desolado buscando a Força que alimente nossa vida, buscando a Alegria do fazer e buscando a Paz mental necessária para progredir neste mundo alterado e violento. Nestas Jornadas estamos revisando nossas vidas, nossas esperanças e também nossos fracassos com o objetivo de limpar a mente de toda falsidade e contradição. Ter a oportunidade de revisar aspirações e frustrações é uma prática que ainda que acontecesse somente uma vez na vida, deveria fazer todo aquele que busca avançar em seu desenvolvimento pessoal e em sua ação no mundo. Estes são dias de inspiração e reflexão. Estes são dias de Reconciliação. Reconciliação sincera com nós mesmos e com aqueles que nos feriram. Nessas relações dolorosas que padecemos,  não estamos tentando perdoar nem ser perdoados. Perdoar exige que uma das partes coloque­se a uma altura moral superior e que a outra parte se humilhe diante daquele que perdoa. E é claro que o perdão é um passo mais avançado que o da vingança, mas não é tanto como o da reconciliação.

Tampouco estamos tentando esquecer os agravos que aconteceram. Não é o caso de operar a falsificação da memória. É o caso de tentar compreender o que aconteceu para entrar no passo superior de reconciliar. Nada de bom se consegue pessoal ou socialmente com o esquecimento ou o perdão. Nem esquecimento nem perdão! porque a mente deve ficar fresca e atenta sem dissimilações, nem falsificações. Estamos considerando agora o ponto mais importante da Reconciliação que não admite adulterações. Se é que buscamos a reconciliação sincera conosco e com aqueles que nos feriram intensamente é porque queremos uma transformação profunda de nossa vida. Uma transformação que nos tire do ressentimento no qual, em definitiva, ninguém se reconcilia com ninguém e nem sequer consigo próprio. Quando conseguimos compreender que em nosso interior não habita um inimigo mas um ser cheio de esperanças e fracassos, um ser no qual vemos em curta sucessão de imagens, momentos bonitos de plenitude e momentos de frustração e ressentimento. Quando conseguimos  compreender que nosso inimigo é um ser que também viveu com esperanças e fracassos, um ser que teve bonitos momentos de plenitude e momentos de frustração e ressentimento, estaremos colocando um olhar humanizador sobre a pele da monstruosidade.

Este caminho para a reconciliação não surge espontaneamente, do mesmo modo que não surge espontaneamente o caminho para a não­violência. Porque ambos requerem de uma grande compreensão e da formação de uma repugnância física pela violência.

Não seremos nós que julgaremos os erros, próprios ou alheios,  para isso estará a retribuição humana e a justiça humana e será a altura dos tempos que exercerá seu domínio, porque eu não quero julgar­me nem julgar... quero compreender em profundidade para limpar minha mente de todo ressentimento.

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Reconciliar não é esquecer nem perdoar, é reconhecer tudo o que ocorreu e é propor­se sair do círculo do ressentimento. É passear o olhar reconhecendo os próprios erros e os dos outros. Reconciliar a si próprio é propor­se não passar pelo mesmo caminho duas vezes, mas dispor­se reparar duplamente os danos produzidos. Mas está claro que àqueles que nos tenham ofendido não podemos pedir que reparem duplamente os danos que nos ocasionaram. Contudo, é uma boa tarefa fazer­lhes ver a cadeia de prejuízos que vão arrastando em suas vidas. Ao fazer isso nos reconciliamos com quem tenhamos sentido antes como um inimigo, ainda que isso não faça com que o outro se reconcilie conosco, mas isso já é parte do destino de suas ações sobre as quais nós não podemos decidir.

Estamos dizendo que a reconciliação não é recíproca entre as pessoas e também que a reconciliação consigo próprio não traz como conseqüência que outros saiam de seu círculo vicioso embora se possa reconhecer os benefícios sociais de semelhante postura individual.

O tema da reconciliação tem sido central em nossas jornadas mas seguramente outros muitos avanços teremos conseguido ao peregrinar fisicamente numa paisagem desconhecida que  terá despertado paisagens profundas. E isto sempre será possível se o Propósito que nos leva a peregrinar é uma disposição para a renovação, ou melhor ainda, uma disposição para a transformação da própria vida.

Nestes dias passamos em revista as situações que consideramos mais importantes em nossa vida. Se localizamos tais momentos e passeamos por eles, com a reconciliação limpando os ressentimentos que nos atam ao passado, fizemos uma boa peregrinação até a fonte da renovação e a transformação.”

2 Extrato das palavras de Silo no Ato Público de Madri, 1981

 “...Como vencerá o ser humano a sua sombra? Por acaso fugindo dela? Por acaso enfrentando­a em incoerente luta? Se o motor da história é a rebelião contra a morte, rebela­te agora contra a frustação e a vingança. Deixa, por primeira vez na história de buscar culpados. Uns e outros são responsáveis do que uma vez fizeram, mas ninguém é culpado do que sucedeu. Tomara que neste juízo universal se possa declarar: “não existem culpados”, e se estabeleça como obrigação moral para cada ser humano, reconciliar­se com seu próprio passado. Isso começará aqui hoje em ti e serás responsável de que isto continue entre aqueles que te rodeiam, assim até chegar ao último rincão da Terra.Se a direção de tua vida não tem mudado, necessitas fazê­lo; mas se já mudou necessitas fortalecê­la. 

Para que tudo isso seja possível, acompanha­me em um ato livre, valente e profundo que seja além disso um compromisso.

Coloquemo­nos de pé, e frente a nosso próprio futuro, perguntemos: É necessário, para mim e para outros que mude ou se fortaleça a direção de minha vida? Então, em silêncio, escutemos a voz, a voz interna que surge em nós.

É necessário para mim e para outros que mude ou se fortaleça a luz, a direção de minha vida?

Tenho fé em que mudará ou se fortalecerá a direção de minha vida?

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Então, que brote em ti a força e a luz da vida?

Hoje e não amanhã, veja a reconciliação, beija a teu cônjuge e a teu filho, a tua mãe e a teu pai, abraça a teu amigo e a teu inimigo e diga­lhes com o coração aberto: “Algo grande e novo aconteceu em mim”. E explica­lhes em seguida o que aconteceu, a fim de que eles também possam levar esta mensagem. 

Para todos: PAZ, FORÇA E ALEGRIA!”

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Bibliografia• Jornadas de Inspiração Espiritual – 3, 4 e 5 de maio de 2007 – www.silo.net • Livro “Fala Silo” ­ Ato Público, Pavilhão dos Esportes, Madri, Espanha, 27 de setembro de 

1981• Vídeo: Silo, Recopilação de Conferências ­ Ato Público de Madri, 1981

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Tema formativo Nº 4

A fé

 “Quando encontres uma grande força, alegria e bondade em teu coração, ou quando te sintas livre e sem contradições, imediatamente agradece em teu interior. Quando te suceda o contrário pede com fé e aquele agradecimento que acumulaste voltará convertido e ampliado em benefício”.

Extrato do livro “O Olhar Interior”, Silo.

1 Capítulo XIV de “A Paisagem Interna”

1. Sempre que escuto a palavra “fé”, uma suspeita brinca em meu interior.2. Cada vez que alguém fala da “fé”, me pergunto para quê serve isso que se anuncia.3. Tenho visto a diferença que há entre fé ingênua (também conhecida como “credulidade”) 

e aquela outra violenta e injustificada que dá lugar ao fanatismo. Nenhuma das duas é aceitável já que enquanto uma abre a porta ao acidente, a outra impõe sua paisagem fervorosa.

4. Porém algo importante há de ter essa tremenda força capaz de mobilizar a melhor causa. Que a fé seja uma crença cujo fundamento esteja colocado em sua utilidade para a vida!

5. Se se afirma que a fé e a ciência se opõem, replicarei que hei de aceitar a ciência desde que não se oponha à vida.

6. Nada impede que a fé e a ciência, se têm a mesma direção, produzam o avanzo auxiliando o entusiasmo ao sustentado esforço.

7. E quem queira humanizar, que ajude a levantar os ânimos assinalando a possibilidade futura. Serve acaso à vida a derrota antecipada do cético? Poderia a ciência haver se sustentado sem a fé?

8. Eis aqui um tipo de fé que vai contra a vida, esta fé que afirma: “a ciência destruirá nosso mundo!”. Bem melhor será colocar a fé em humanizar a ciência a cada dia e atuar para que triunfe a direção com a qual foi dotada já desde seu nascimiento.

9. Se uma fé abre o futuro e dá sentido à vida, orientando­a desde o sofrimento e a contradição para toda ação válida, então sua utilidad é manifesta.

10. Essa fé, assim como aquela que se deposita em si mesmo, nos demais e no mundo que nos rodeia, é útil à vida.

11. Ao dizer: “a fé é útil!”, seguramente haverá de molestar algum ouvido particularmente sensível, porém isso não deve te preocupar já que esse músico, se se examina um pouco, reconhecerá quão útil é tambiém para ele a fé ainda que provenha de um instrumento distinto ao que tocas.

12. Se alcanças fé em ti mesmo e no melhor daqueles que te rodeiam, fé em nosso mundo e na vida sempre aberta ao futuro, diminuirá todo problema que até hoje te pareceu invencível.

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2 Os aforismos

Uma boa ajuda para desenvolver no cotidiano um tipo de fé útil à vida são estas frases breves a quais chamamos «aforismos».

O primeiro diz assim: “os pensamentos produzem e atraem ações”. O que quer dizer “os pensamentos produzem ações”? Quer dizer que de acordo com as coisas que sinto, ou recordo, ou imagino, assim atuo na vida. É evidente que qualquer atividade que desenvolva, irei faze­la segundo o que tiver exercitado antes, e isso funcionará em relação à clareza que eu tenha sobre o que vou fazer. Se os meus pensamentos são confusos, é muito possível que os meus atos sejam confusos, e assim por diante. Quanto a afirmação de que os pensamentos “atraem ações”, é evidente que se vão produzindo atos de confusão, se criará confusão em minhas atividades e nas pessoas às quais me dirija. Como consequência, voltarão para mim resultados desse tipo. Se penso com ressentimento e atuo desse modo, seguramente criarei ressentimentos e atrairei para mim essas ações por parte das outras pessoas. Basta que uma pessoa acredite em sua “má sorte” para que as suas ações e as dos demais acabem produzindo fatos ou situações desafortunadas.

O aforismo seguinte diz assim: “os pensamentos com fé produzem e atraem ações mais fortes”. “Fé” quer dizer convicção, sentimento forte, segurança de que uma coisa é assim como creio. Pensar com dúvidas não é o mesmo que pensar com a força das emoções. Basta ver o que é capaz de mover um sentimento forte como o amor, para compreender o que estamos dizendo.

O terceiro aforismo enuncia­se assim: “os pensamentos repetidos com fé, produzem e atraem o máximo de força nas ações”.

Quanto mais se repete uma ação ou um pensamento, mais se grava na memória, mais fortes se fazem os hábitos e mais nos predispomos a ações futuras nessa direção. Se alguém pensa continuamente com fé que está doente, terminará adoecendo com mais possibilidades do que se pensasse fugazmente ou sem convicção. O exposto vale para os projetos que tenho na vida. Devem ser pensados com clareza, com fé, e devem ser considerados repetidamente. Então, minhas ações irão nesta direção e criarei respostas a partir do meu meio e das pessoas que me rodeiam na direção que me interessa.

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Bibliografia• A Paisagem Interna, Humanizar a Terra. Obras Completas I.• O Livro da Comunidade ­ Temas formativos.

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Tema formativo Nº 5

A Religião

“Quando se falou das cidades dos deuses, as quais quiseram alcançar numerosos heróis de diferentes povos; quando se falou de paraísos, em que deuses e homens conviviam em original  natureza transfigurada; quando se falou de quedas e dilúvios, foi dita uma grande verdade interior.

Depois   os   redentores   trouxeram   suas   mensagens   e   chegaram   a   nós   em   dupla   natureza   para  restabelecer  aquela  nostálgica  unidade  perdida.  Também, então,   se  disse  uma grande  verdade interior.Não obstante, quando se disse tudo aquilo, colocando­o fora da mente, errou­se ou se mentiu.Inversamente,  o  mundo  externo,   confundido   com  o  olhar   interior,   obriga   este   a   recorrer   novos  caminhos.Assim, hoje voa até às estrelas o herói desta idade. Voa através de regiões antes ignoradas.Voa para fora de seu mundo e, sem sabê­lo, vai impulsionado até o interno e luminoso centro”.

Extrato do livro “O Olhar Interior”, Silo.

1 Do Capítulo XII, “A religião”, de “A Paisagem Humana” 

3. De Deus nada pode dizer­se. Só se pode dizer­se do dito sobre Deus. São muitas coisas ditas  sobre ele e muito o que se pode dizer­se sobre estes dizeres sem que por isso avancemos sobre  o tema de Deus enquanto a Deus mesmo se refere. 

4. Independentemente destes trava­linguas, as religiões podem ser de interesse profundo somente se pretendem mostra a Deus e não dizer sobre ele.

5. Mas as religiões mostram o que existe em suas respectivas paisagens. Por isso, uma religião não é nem verdadeira nem falsa porque seu valor não é lógico. Seu valor se radica no tipo de registro interior que suscita, no acordo de paisagens entre o que se quer mostrar e o que efetivamente é mostrado.

6. A literatura religiosa pode estar ligada a paisagens externas e humanas, não escapando a essas paisagens as características e os atributos de seus deuses. Não obstante, ainda quando as paisagens externas e humanas se modifiquem, a literatura religiosa pode avançar a outros tempos. Isso não é estranho já que outro tipo de literatura (não religiosa), também pode ser seguida com interesse e com viva emoção em épocas muito distantes. Tampouco diz muito sobre a “verdade” de um culto sua permanência no tempo, já que formalidades legais e cerimônias sociais passam de cultura em cultura e se seguem observando ainda desconhecendo seus significados de origem.

7. As religiões irrompem em uma paisagem humana em um tempo histórico e se pode dizer então que Deus se “revela” ao homem. Mas algo passou na paisagem interna do ser humano para que nesse momento histórico se aceite tal revelação. A interpretação dessa mudança se fez geralmente desde “fora” do homem, colocando a mudança no mundo 

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externo ou no mundo social e com isso se ganhou em certos aspectos mas se perdeu em compreensão do fenômeno religioso enquanto registro interno.

8. Mas também as religiões se apresentaram como externalidade e com isso prepararam o campo às interpretações mencionadas.

9. Quando falo de “religião externa” não estou me referindo às imagens psicológicas projetadas em ícones, pinturas, estátuas, construções, relíquias (próprias da percepção visual). Tampouco menciono a projeção em cânticos, orações (próprias da percepção auditiva) e a projeção em gestos, posturas e orientações do corpo em determinadas direções (próprias da percepção cinestésica e cenestésica). Por último, tampouco digo que uma religião seja externa porque conte com seus livros sagrados ou com sacramentos. Nem sequer assinalo a uma religião como externa porque à sua liturgia se agregue uma igreja, uma organização, umas datas de culto, um estado físico ou uma idade dos crentes para efetuar determinadas operações. Não, essa forma em que os partidários de uma ou outra religião lutam mundanamente entre si, atribuindo ao outro bando diverso grau de idolatria pelo tipo de imagem preferencial com a que uns e outros trabalham, não faz a substância do assunto (aparte de mostrar a total ignorância psicológica dos contendores).   

10. Chamo “religião externa” a toda religião que pretende dizer sobre Deus e a vontade de Deus no lugar de dizer sobre o religioso e sobre o íntimo registro do ser humano. E ainda o apoio de um culto externalizado teria sentido se com tais práticas os crentes despertassem em si mesmo (mostrassem) a presença de Deus.

11. Mas o fato de que as religiões tenham sido até hoje externas, corresponde à paisagem humana em que nasceram e foram se desenvolvendo. No entanto, é possível o nascimento de uma religião interna ou a conversão das religiões à religião interna se é que aquelas vão sobreviver. Mas isso ocorrerá na medida em que a paisagem interna esteja em condições de aceitar uma nova revelação. Isto, por sua vez, começa a vislumbrar­se naquelas sociedades em que a paisagem humana está experimentando mudanças tão severas que a necessidade de referências internas se faz cada vez mais imperiosa.  

12. Nada do dito sobre as religiões pode manter­se hoje em pé, porque os que fizeram apologia ou detração faz tempo que deixaram de advertir a mudança interna no ser humano. Se alguns pensavam as religiões como adormecedoras da atividade política ou social, hoje enfrentam a elas por seu poderoso impulso nesses campos. Se outros as imaginavam impondo sua mensagem, encontram com que sua mensagem mudou. Aqueles que acreditavam que iriam permanecer para sempre, hoje duvidam de sua eternidade e aqueles supunham sua desaparição em curto prazo, assistem com surpresa a irrupção de formas manifestas ou larvadamente místicas.

13. E nesse campo muito poucos são os que intuem o que depara o futuro porque são escassos os que se lançam à tarefa de compreender em que direção marcha a intencionalidade humana que, definitivamente, transcende ao indivíduo humano. Se o homem quer que algo novo se “mostre” é porque aquilo que tende a mostrar­se já está operando em sua paisagem interna. Mas não é pretendendo ser representante de um deus como o registro interno do homem se converte em habitação ou em paisagem de um olhar (de uma intenção) transcendente.

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2 De “A religiosidade no mundo atual”, 6 de junho de 1986

“...Eu opino:

1º. Que um novo tipo de religiosidade começou a se desenvolver desde as últimas décadas. 

2º. Que esta religiosidade tem por verdadeira intenção uma difusa rebelião.

3º   Que   como   conseqüência   do   impacto   desta   nova   religiosidade   e,   naturalmente,   como conseqüência das mudanças vertiginosas que estão se produzindo nas sociedades, é possível que as   religiões   tradicionais   sofram   em   seu   seio   reacomodações   e   adaptações   de   substancial importância.

4º.   Que   é   altamente   provável   que   as   povoações   em   todo   o   planeta   sejam   sacudidas psicossocialmente, intervindo nisso o novo tipo de religiosidade mencionada como fator importante.

Por outro lado, e embora pareça contrária à opinião dos observadores sociais, não creio que as religiões tenham perdido dinâmica, não creio que se estejam afastando cada vez mais do poder de decisão política, econômica e social e tampouco creio que o sentimento religioso tenha deixado de comover a consciência dos povos...”

“...Parece­nos claro que a religiosidade está em avanço. Aqui, nos Estados Unidos, no Japão, no mundo árabe e no campo socialista: trate­se de Cuba, Afeganistão, Polônia ou a U.R.S.S. A dúvida que temos é se as religiões oficiais poderão adaptar este fenômeno psicossocial à nova paisagem urbana, ou se serão transbordadas. Poderia acontecer que uma religiosidade difusa fosse crescendo em pequenas e caóticas agrupações sem constituir uma igreja formal, de maneira que não fosse fácil compreender o fenômeno na sua real magnitude. Embora a comparação não seja completamente legítima, me permito recordar um antecedente distante: todo tipo de culto começou a chegar à Roma Imperial e toda superstição dos arredores, ao tempo que a religião oficial perdia convicção. E um desses insignificantes grupos, terminou depois se convertendo em igreja universal... Hoje é claro que esta difusa religiosidade para avançar deverá combinar a paisagem e a linguagem da época (uma linguagem de programação, de tecnologia, de viagens espaciais), com um novo Evangelho social.”

3 De “O tema de Deus”, 29 de outubro de 1995

“...Se é que Deus não está morto, então as religiões tem responsabilidades que cumprir para com a humanidade. Hoje tem o dever de criar uma nova atmosfera psicossocial, de dirigir­se a seus fiéis em atitude docente e erradicar todo resquício de fanatismo e fundamentalismo. Não podem ficar indiferentes frente à fome, à ignorância, à má fé e à violência. Devem contribuir fortemente à tolerância e propender ao diálogo com outras declarações e com todo aquele que se sente responsável pelo destino da humanidade. Devem abrir­se, e peço que não se tome isto como uma irreverência, às manifestações de Deus nas diferentes culturas. Estamos esperando delas esta contribuição à causa comum em um momento muito difícil.

Se, por outro lado, Deus está morto no coração das religiões podemos estar seguros de que há de reviver em uma nova morada como nos ensina a história das origens de toda civilização, e essa nova morada estará no coração do ser humano muito longe de toda instituição e de todo poder.”

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_____________________________Bibliografia

• Livro “Humanizar a Terra” – A Paisagem Humana.• Livro “Fala Silo” – Conferências.• Vídeo: Silo, Recopilação de Confereências – “A religiosidade no mundo atual”, “O tema de 

Deus”.• Vídeo: Comentários de Silo – 2: “A Experiência”.

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Tema formativo Nº 6

A Transcendência

 “Não há sentido na vida se tudo termina com a morte.” 

O Olhar Interior

1 Capítulo XIII de “A Paisagem Interna” – “Os sentidos provisórios”

1. Quando movido pela pendular compensação busco sentidos que justifiquem minha existência, dirijo­me ao que necessito ou creio necessitar. Em todo caso, se não consigo aquilo, ou melhor se o consigo, o que acontecerá com meu sentido (quanto movimento em uma direção)?

2. Estes sentidos provisórios, necessários para o desenvolvimento da atividade humana, não fundamentam minha existência. Por outra parte, se me afirmo em uma particular situação o que sucederá quando o acidente a desarticule?

3. A menos que se queira reduzir a existência ao esgotamento ou a frustração, será míster descobrir um sentido que nem ainda a morte (se fosse o acidente), pode esgotar ou frustrar.

4. Não poderá justificar a existência se coloca como seu fim o absurdo da morte. Até agora fomos companheiros de luta. Nem tu, nem eu, quisemos curvar­nos diante de deus algum. Assim gostaria de te recordar sempre. Por que, então, me abandonas quando vou desobedecer à morte inexorável? Como é que dissemos: “Nem ainda os deuses estão por cima da vida!”, e agora te ajoelhas diante da negação da vida? Tu faças como queiras, mas yeu não abaixarei a cabeça diante de nenhum ídolo ainda que se apresente “justificado” pela fé na razão.

5. Se a razão deve estar em função da vida, que sirva para fazer­nos saltar sobre a morte. Que a razão, então, elabore um sentido isento de toda frustração, de todo acidente, de todo esgotamento.

6. Não aceitarei por meu lado ao que projete uma transcendência por temor mas sim a quem se lance em rebelião contra a fatalidade da morte.

7. Por isso amo os santos que não temen mas que verdadeiramente amam. Quero aos que com sua ciência e sua razão vencem diariamente a dor e o sofrimento. E, na verdade, não vejo diferença entre o santo e aquele que alenta a vida com sua ciência. Que melhores exemplos, que guias superiores a esses guias? 

8. Um sentido que queira ir mais longe que o provisório não admitirá a morte como o fim da vida, mas sim afirmará a transcendência como máxima desobediência ao aparente Destino. E aquele que afirme que suas ações desencadeiam acontecimentos que se continuam em outros, tem tomado entre suas mãos parte do fio da eternidade.

2 Fragmento de “Comentários à Mensagem de Silo”. 

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“Em quase todas as cerimônias estão presentes duas realidades que tratadas explicitamente ou não, mostram sua importância pelos profundos significados que têm para a vida. Estas realidades, que admitem diferentes interpretações, conhecemos sob as designações de “a Imortalidade” e “o Sagrado”. A Mensagem concede a maior importância a esses temas e explica que se deve contar com o pleno direito para crer ou não crer na Imortalidade e no Sagrado porque de acordo a como se posicione uma pessoa frente a isso, assim será a orientação de sua vida.

A Mensagem assume as dificuldades de examinar abertamente as crenças fundamentais, chocando com a censura e a autocensura que inibem o pensamento livre e a boa consciência. No contexto da livre interpretação que propicia a Mensagem, admite­se que para algumas pessoas a Imortalidade se refira às ações realizadas em vida, mas seus efeitos continuam no mundo físico, apesar da morte física.   Para   outras,   a   memória   que   se   conserva   nos   seres   queridos,   ou   ainda   em   grupos   e sociedades, garante a persistência depois da morte física. Para outras, a Imortalidade é aceita como persistência pessoal em outro nível, em outra “paisagem” de existência.

Seguindo com a livre interpretação. Alguns sentem o Sagrado como o motor do afeto mais profundo. Para eles, os filhos e outros seres queridos representam o Sagrado e possuem um máximo valor que não deve ser aviltado por nenhum motivo. Há aqueles que consideram Sagrado o ser humano e seus direitos universais. Outros, experimentam a divindade como a essência do Sagrado.

Nas comunidades que se formam em torno da Mensagem, considera­se que as diferentes posturas assumidas frente à   Imortalidade e o Sagrado não devem ser simplesmente “toleradas”,  mas sim genuinamente respeitadas.

O   Sagrado   se   manifesta   desde   a   profundidade   do   ser   humano,   daí   a   importância   que   tem   a experiência da Força como fenômeno extraordinário que podemos fazer surgir no mundo cotidiano. Sem a experiência tudo é duvidoso, com a experiência da Força temos evidências profundas. Não necessitamos da fé para reconhecer o Sagrado. A Força se obtém em algumas cerimônias como o Ofício e a Imposição. Também nas cerimônias de Bem­estar e Assistência, podem ser percebidos os efeitos da Força.

O contato com a Força provoca uma aceleração e um aumento da energia psicofísica, sobretudo se cotidianamente se realizam atos coerentes que, por outro lado, criam unidade interna orientada para o crescimento espiritual.”

3 Da conferência “O sentido da vida”, 10 de outubro de 1980. México.

“...O ser humano em seu desenvolvimento, vai encontrando resistências. E ao encontrar resistências se fortalece, e ao fortalecer­se integra dificuldades, e ao integrá­las as supera. E então todo este sofrimento que foi surgindo no ser humano em seu desenvolvimento, foi também um fortalecimento do ser humano por cima de tudo isso. De modo que em etapas anteriores isto do sofrimento contribuiu ao desenvolvimento, no sentido de criar condições justamente para superá­lo.

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Nós não aspiramos ao sofrimento. Nós aspiramos a reconciliar­nos inclusive com nossa espécie, que tanto tem sofrido, e graças à qual nós podemos fazer novos desdobramentos. Não foi inútil o sofrimento do homem primitivo. Não foi inútil  o sofrimento de gerações e gerações que estiveram limitadas por essas condições. Nosso agradecimento é para aqueles que nos antecederam contudo seu sofrimento, porque graças a eles podemos tentar novas libertações.

Este   é   o   ponto   a   respeito   de   como   o   sofrimento   não   nasceu   subitamente,   mas   sim   com   o desenvolvimento   e   a   ampliação   do   homem.   Mas   é   claro   que   nós   não   aspiramos,   como   seres humanos, a seguir sofrendo, mas sim avançar sobre essas resistências integrando um novo caminho neste desenvolvimento.

Mas dissemos que encontraremos a solução para o problema do sofrimento no sentido da vida, e definimos esse sentido como a direção ao futuro que dá coerência, que permite enquadrar atividades e que justifica plenamente a existência. Esta direção ao futuro é de máxima importância posto que, segundo examinamos, se esta via da imaginação é cortada, esta via do projeto, esta via do futuro, a existência humana perde a direção e isso é fonte de inesgotável sofrimento.

É  claro para todos que a morte aparece como o máximo sofrimento do futuro.  É  claro, nessa perspectiva,   que   a   vida   tem   caráter   de   algo   provisório.   E   é   claro   que,   nesse   contexto,   toda construção humana é uma inútil construção rumo ao nada. Por isso, talvez, distanciar o olhar do fato da morte  tenha permitido mudar a vida  como se  a  morte não existisse...  Quem pensa que  tudo termina   para   si   com   a   morte,   poderá   animar­se   com   a   idéia   de   que   será   lembrado   por   suas esplêndidas ações, que não se esquecerão dele seus entes queridos ou, talvez, as gerações futuras. E,   ainda   que   isto   fosse   assim,   todos   caminhariam   finalmente   rumo   a   um   nada   absurdo   que interromperia toda lembrança. Também se poderia pensar que o que alguém faz na vida não é nada mais que responder às necessidades do melhor modo possível.  Pois bem, já  se acabarão essas necessidades com a morte e haverá perdido sentido toda luta por sair do reino da necessidade. E se poderá  dizer  que a  vida  pessoal  carece de  importância  na vida  humana,  que  portanto  a  morte pessoal não tem significado. Se fosse este o caso, tampouco teria significado a vida nem as ações pessoais.   Não   se   justificaria   nenhuma   lei,   nenhum   compromisso,   e   não   haveria,   em   essência, maiores diferenças entre as ações benéficas e as malvadas.

Nada tem sentido se tudo termina com a morte. E, se esse é o caso, o único recurso possível para transitar pela vida, é animar­se com sentidos provisórios, com direções provisórias às quais aplicar nossa energia e nossa ação. Tal é o que sucede habitualmente, mas para isso é necessário proceder negando a realidade da morte, é necessário fazer como se ela não existisse.

Se alguém é  perguntado que sentido  tem a vida para ele,  provavelmente responderá  por sua família, ou pelo próximo, ou por uma determinada causa que segundo ele justifique a existência. E, esses sentidos provisórios, haverão de conferir­lhe direção para enfrentar a existência, mas logo que surjam problemas com os entes queridos, logo que se produza uma desilusão com a causa adotada, logo que algo se modifique no sentido escolhido, o absurdo e a desorientação voltarão por sua presa.

Por último, sucede com os sentidos ou as direções provisórias da vida que no caso de alcançar­se já perdem referência e, portanto, deixam de ser úteis para mais adiante e, no caso de não se alcançar, deixam de ser úteis como referência. É certo que após o fracasso de um sentido provisório sempre fica a alternativa de por um novo sentido provisório, talvez em oposição ao que fracassou. Assim, de sentido em sentido se vai apagando, à medida que passam os anos, todo rastro de coerência e com isso aumenta a contradição e, portanto, o sofrimento.

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A vida não tem sentido se tudo termina com a morte. Mas, é certo que tudo termina com a morte? É certo que não se pode conseguir uma direção definitiva que não varie com os acidentes da vida?, como se situa o ser humano frente ao problema de que tudo termina com a morte? Examinemos, logo após discutir o que foi dito até aqui.

(Intervalo e discussão)

Assim  como  destacamos   as   três  vias  do  sofrimento   observamos   também cinco  estados  com referência ao problema da morte e a transcendência. Nestes cinco estados se pode situar qualquer pessoa.

Existe um estado em que uma pessoa tem evidência incontestável dada por própria experiência, não por educação ou ambiente. Para ela é evidente que a vida é um trânsito e que a morte é um escasso acidente.

Outros tem a crença de que o ser humano vai a não sei que transcendência, e esta crença a têm dada por educação, dada pelo ambiente, não por algo sentido, experimentado, não por algo evidente para eles, mas sim por algo que lhes ensinaram e que eles aceitam sem experiência alguma.

Existe um terceiro tipo de posição frente ao sentido da vida e é o daquelas pessoas desejosas de ter uma fé ou ter uma experiência. Os senhores devem ter­se encontrado com muitas pessoas que dizem:   “Se  eu  pudesse  acreditar  em certas  coisas,  minha  vida  seria  diferente”.  Existem muitos exemplos  a  mão.  Pessoas  às  quais   lhes  ocorreram muitos  acidentes,  muitas  desgraças,  e  que superaram esses acidentes, essas desgraças, porque ou tem fé ou tem um registro de que tudo isto, por transitório ou provisório, não é o próprio esgotamento da vida mas em todo caso uma prova, uma resistência que de algum modo faz crescer no conhecimento.  Inclusive podem haver encontrado pessoas que aceitem o  sofrimento  como um  recurso de  aprendizagem.  Não  é  que  procurem o sofrimento   (não   como   outros,   que   parece   que   tiveram   uma   especial   fixação   pelo   sofrimento). Estamos falando daqueles que simplesmente, quando se dá tal coisa, tiram o melhor partido dela. Pessoas que não andam buscando o sofrimento, todo o contrário, mas sim que dada a situação o assimilam, o integram e o superam.

Bem. Existem pessoas, então, que se situam nesse estado: não tem fé, não tem nenhuma crença, mas desejaram ter algo que  lhes desse ânimo e desse direção a sua vida.  Sim,  essas  pessoas existem.

Existem também aqueles que suspeitam intelectualmente a possibilidade de que exista um futuro depois da morte, que exista uma transcendência. Simplesmente o consideram possível e não têm nenhuma experiência  de  transcendência  nem  tampouco  têm nenhum  tipo  de  fé,  nem  tampouco aspiram a ter experiência nem a ter fé. Seguramente conhecem essas pessoas.

E   há,   por   último,   aqueles   que   negam   toda   a   possibilidade   de   transcendência.   Também   os senhores reconhecerão aqui pessoas, e provavelmente entre vocês existem muitos, que pensam assim.

De maneira que com diferentes variantes cada um pode efetivamente situar­se como aqueles que têm evidência e para eles é indubitável isto da transcendência, ou bem como aqueles que têm fé porque assim a assimilaram quando pequenos, ou bem aqueles outros que quiseram ter uma experiência ou uma fé, ou aqueles outros mais que a consideram uma possibilidade intelectual sem causar­se maiores problemas, e estes outros que a negam.

Mas aqui  não terminamos com o ponto de  localização  frente ao problema da  transcendência. Existe,   ao   que   parece,   diferentes   profundidades   nisto   de   situar­se   frente   ao   problema   da 

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transcendência. Existem os que inclusive dizem que tem uma fé, o afirmam, mas isto que dizem não corresponde ao que efetivamente experimentam. Nós não dizemos que eles mentem, mas sim que isto é dito superficialmente. Dizem ter uma fé, mas amanhã podem não tê­la.

Assim é que observamos diferentes graus de profundidade nestas cinco posturas e, portanto, na mobilidade ou na firme convicção com relação ao que se postula. Conhecemos pessoas que eram grandes   devotas,   crentes   de   uma   fé,   e   ao   morrer   um   familiar,   ao   morrer   um   ente   querido, desapareceu toda a fé que diziam ter e caíram no pior dos sem sentidos. Essa fé era uma fé de superfície,  uma fé  de  fachada,  uma  fé  periférica.  Por outro  lado,  aqueles  outros que superaram grandes catástrofes e afirmaram precisamente sua fé, tudo lhes resultou diferente.

Conhecemos pessoas que estavam convencidas da inexistência total da transcendência. Alguém morre e desaparece. Dizendo assim, eles tinham fé em que tudo se acabava com a morte. É claro que em alguma ocasião,  caminhando perto de um cemitério  apressaram o passo e se sentiram inquietos... como se compatibiliza tudo isto com a certa convicção de que tudo termina com a morte? Desse modo, existem pessoas que inclusive na negação da transcendência estão localizadas em uma situação muito superficial.

Deste modo, alguém pode situar­se em qualquer destes estados, mas também pode situar­se em distintas profundidades. Em certas épocas de nossa vida acreditamos em uma coisa a respeito da transcendência, e logo em outra. Mudou, isto é instável. Isto não é algo estático. Não somente em épocas distintas de nossa vida mas  também em situações.  Muda nossa situação e muda nossa crença com respeito ao problema da transcendência. E mais: muda de um dia para o outro. Às vezes pela manhã estou acreditando numa determinada coisa, e pela tarde não. E isto que parece ser de suma importância porque orienta a vida humana, é algo demasiado variável. E ao fim provocará um desconcerto na vida cotidiana.

Nesses cinco estados e graus se coloca o ser humano, mas qual deveria ser a correta colocação? Existe por acaso uma correta colocação, ou estamos simplesmente descrevendo problemas sem dar solução? Podemos sugerir qual é a melhor colocação frente ao problema?

Alguns dizem que a fé é algo que está ou não está nas pessoas, que brota ou que não brota. Mas observem esse estado de consciência.  Alguém pode não ter   fé  em absoluto,  mas também pode desejar, sem fé e sem experiência, obter isso. Pode inclusive compreender intelectualmente que tal coisa  é   interessante,  que  pode  valer  a  pena  orientar­se  nessa  direção.  Pois  bem,  quando   isso começa a acontecer é porque algo já está se manifestando nessa direção.

Os  que  alcançam essa   fé  ou  experiência   transcendente,  ainda  que  não  possam defini­la  em termos precisos como não se pode definir o amor, reconhecerão a necessidade de orientar a outros nesse sentido, mas jamais tratarão de impor sua paisagem a quem não a reconheça.

E  assim,   coerentemente  com o  enunciado,  declaro  ante  vocês  minha   fé  e  minha  certeza  de experiência a respeito de que a morte não detém o futuro, que a morte, pelo contrário, modifica o estado provisório  de nossa existência  para  lançá­la  em direção à   transcendência   imortal.  E não imponho   minha   certeza   nem   minha   fé,   e   convivo   com   aqueles   que   se   encontram   em   estados diferentes   a   respeito   do   sentido,   mas   me   obrigo   a   oferecer   solidariamente   a   mensagem   que reconheço fazer feliz e livre o ser humano. Por nenhum motivo descarto minha responsabilidade de expressar   minhas   verdades   ainda   que   estas   fossem   discutíveis   por   quem   experimenta   a provisoriedade da vida e o absurdo da morte.

Por outro lado, jamais pergunto a outros por suas crenças particulares e, em todo caso, ainda que defino   com   clareza   minha   posição   a   respeito   deste   ponto,   proclamo   para   todo   ser   humano   a 

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liberdade de acreditar ou não em Deus e a liberdade de crer ou não na imortalidade. Entre milhares e milhares de mulheres e homens que  lado a  lado,  solidariamente,   trabalham conosco,  se somam ateus e crentes, pessoas com dúvidas e com certezas e a ninguém se pergunta por sua fé e tudo se dá como orientação para que decidam por si mesmos a via que melhor esclareça o sentido de suas vidas.

Não é corajoso deixar de proclamar as próprias certezas, mas é indigno da verdadeira solidariedade tratar de impô­las.”

_____________________________Bibliografia

• Livro “Humanizar a Terra” – A Paisagem Interna.• Comentários à Mensagem de Silo • Livro “Fala Silo” – Conferência “O sentido da vida”, México D.F., 10 de outubro de 1980.

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Tema formativo Nº 7

Unidade e Contradição

Quase todos os atos que realizamos diariamente tem um caráter rotineiro e, em grande parte, se apoiam em hábitos adquiridos por sua repetição durante muito tempo.Efetuamos também, os atos que em lugar de nos deixar indiferentes como aqueles que repetimos continuamente, nos deixam uma sensação de plenitude ou de mal­estar.Há ações que nos deixam uma boa sensação e que depois, ao recordá­las, gostaríamos de repeti­las novamente. Além disso, têm a característica de serem coisas que não aborrecem, mas sim que, ao efetuá­las, deixam o registro de melhora, de crescimento interno. Comer um manjar agradável nos dá uma sensação de prazer; poderíamos, porém, sentir aversão se passássemos certos limites. Além disso, ao recordar o manjar em um momento de fome, desejaríamos tornar a comê­lo; porém, cada vez que o conseguíssemos teríamos a sensação de saciedade, não de melhora pessoal ou de crescimento interno.Outro tipo de ações nos deixam uma sensação agradável no momento, porém, ao recordá­las nos produzem mal estar. Se, por exemplo, para aliviar nossas tensões momentâneas agredimos alguém, é possível que, nesse momento, registremos uma liberação interna; porém, depois surgirá algo parecido com arrependimento e compreenderemos que não será bom repetir tal coisa. Percebemos, também que essa forma de atuar não nos faz crescer internamente, não nos melhora.Os atos que dão unidade interna sempre tem estas qualidades: 1º) causam um bom registro ao efetuá­los; 2º) gostaríamos de repeti­los; 3º) sentimos uma melhora pessoal. Se algum desses três requisitos estiver ausente, é porque estamos em presença de ações habituais, necessárias para a vida, porém um tanto neutras, ou então, de ações prazerosas momentâneas; ou, por último, em presença de ações contraditórias.Os atos unitivos ou contraditórios sentem­se no momento, recordam­se de um modo característico e predispõem futuras condutas. De maneira que evitar a contradição e reforçar os atos de unidade interna é de suma importância. A disposição para conseguir uma vida unitiva, marca o começo de um verdadeiro sentido e de uma nova orientação na conduta diária. A reflexão sobre os princípios de Ação Válida orienta a uma conduta coerente, afastando­nos da contradição.

Assim, por exemplo, o “Princípio da acumulação das ações” diz assim:

“Os atos unitivos e contraditórios se acumulan em ti. Se repetes teus atos de unidade interna já nada poderá deter­te”.

_____________________________

Bibliografia

O Livro da Comunidade.

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Tema formativo Nº 8

A Ação Válida

Qual é  a ação válida? A esta pergunta se respondeu, ou se  tratou de responder,  de distintos modos e quase sempre levando em conta a bondade ou a maldade da ação. Tratou­se de responder ao válido da ação. Quer dizer, deram­se respostas ao que desde antigamente tem sido conhecido como o ético ou o moral. Durante muitos anos nos preocupamos em consultar a respeito do que era o moral, do que era o imoral, o bom e o mau. Mas, basicamente, nos interessou saber o que era o válido  na ação.  Foram nos  respondendo  de distintos  modos.  Houve   respostas   religiosas,  houve respostas   jurídicas,  houve   respostas   ideológicas.  Em  todas essas   respostas  nos  diziam que  as pessoas deviam fazer as coisas de um modo e também evitar fazer as coisas de outro modo. Para nós era muito importante obter uma clara resposta sobre este ponto. Era de muita importância em relação à atividade humana que, segundo tenha uma direção ou tenha outra, desenvolve também uma forma de vida distinta. Tudo se acomoda na vida humana segundo a direção. Se minha direção a futuro é de um tipo, meu presente se acomoda também a ele. De modo que estas perguntas em torno ao válido, ao inválido, ao bom, ao mau, afetam não só o futuro do ser humano, mas também seu presente. Afetam não só o indivíduo, afetam os conjuntos humanos, afetam os povos.

Diferentes   posturas   religiosas   davam   sua   solução.   Assim,   para   os   crentes   de   determinadas religiões, havia que cumprir com certas leis, com certos preceitos inspirados por Deus. Isso era válido para  os  crentes  dessas   religiões.  E  mais:  distintas   religiões  davam distintos  preceitos.  Algumas indicavam   que   não   se   deviam   realizar   determinadas   ações   para   evitar   certo   retorno   dos acontecimentos;   outras   religiões   o   indicavam   para   evitar   um   inferno.   Às   vezes   não   coincidiam tampouco estas religiões que a princípio eram universais; não coincidiam em seus preceitos e em seus mandatos.  Porém, o mais preocupante de tudo  isto,  consistia em que ocorria  em áreas do mundo onde muitíssimos desses habitantes não podiam cumprir, ainda querendo de muito boa fé, não podiam cumprir com esses preceitos porque não os sentiam. De maneira que os não crentes (que também para as religiões são filhos de Deus), não podiam cumprir esses mandatos, como se tivessem sido abandonados pela mão de Deus. Uma religião, se é universal, deve sê­lo não porque ocupe geograficamente o mundo. Basicamente, deve ser universal porque ocupe o coração do ser humano,   independentemente   de   sua   condição,   independentemente   de   sua   latitude.   Assim,   as religiões, em sua resposta ética, nos apresentavam certas dificuldades.

Consultamos então outros formadores de conduta: os sistemas jurídicos. Estes são formadores, são moldadores de conduta. Os sistemas jurídicos estabelecem de algum modo aquilo que se deve fazer ou se deve evitar no comportamento de relação, no comportamento social. Existem códigos de todo o tipo para regulamentar as relações. Há até códigos penais, que prevêem a punição para determinados delitos, ou seja, para comportamentos considerados não sociais, ou associais, ou antisociais. Os sistemas jurídicos também trataram de dar sua resposta à conduta humana, no que se refere ao bom ou mau comportamento. E assim como as religiões deram sua resposta, e está bem para seus crentes, também os sistemas jurídicos deram sua resposta, e está bem para um momento histórico dado, está bem para um tipo de organização social, mas nada dizem ao indivíduo que deve cumprir com uma determinada conduta. Porque as pessoas razoáveis sem dúvida advertem que é interessante que exista uma regulamentação da conduta social a fim de evitar um caos total. Mas esta é uma técnica de organização social, não é uma justificativa da moral. E por certo que segundo seu desenvolvimento e segundo sua concepção, as distintas comunidades humanas têm normas de conduta juridicamente regulamentadas, que às vezes se opõem. Os sistemas jurídicos não têm valides universal. Servem para um momento, para um tipo de estrutura, mas não servem para todos os seres humanos, nem servem para 

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todos os momentos e todas as latitudes; e, o mais importante de tudo, nada dizem ao indivíduo sobre o bom e do mau.

Também  consultamos  as   ideologias.  As   ideologias  são  mais  amigas  dos  desenvolvimentos  e bastante mais vistosas em suas explicações que os chatos sistemas legais, ou talvez os preceitos e as  leis trazidas das alturas. Algumas doutrinas explicavam que o ser humano é  uma espécie de animal de rapina, é um ser que se desenvolve a custa de tudo e que deve abrir caminho apesar de tudo, apesar inclusive dos outros seres humanos. Uma espécie de vontade de poderio é a que está por trás dessa moral. De algum modo essa moral, que pode parecer romântica, todavia só valoriza o êxito, e nada diz ao indivíduo em relação ao fato de que as coisas lhe saiam mal em suas pretensões de vontade de poderio.

Há outro tipo de ideologia que nos diz: porque tudo na natureza está em evolução e o próprio ser humano é produto desta evolução, e o ser humano é o reflexo das condições que se dão em um momento dado, seu comportamento vai mostrar o tipo de sociedade em que vive. Assim, uma classe vai ter um tipo de moral e outra vai ter outro tipo de moral. Desta maneira, a moral está determinada pelas condições objetivas, pelas relações sociais e pelo modo de produção. Não há que preocupar­se muito pelo que alguém faz o que mecanicamente está impulsionado a fazer, ainda que, por razões publicitárias, se fale da moral de uma classe e da moral de outra. Limitando­nos ao desenvolvimento mecânico, eu faço o que faço porque estou impulsionado em tal sentido. Onde está o bom e onde está o mau?... Há somente um choque mecânico de partículas em marcha.

Outras singulares ideologias nos diziam coisas como estas: a moral é uma pressão social que serve para  conter  a   força dos  impulsos  e  esta  contenção que efetua é  uma espécie  de super­consciência, esta compreensão que faz no caldeirão da consciência permite que aqueles impulsos básicos se vão sublimando, vão tomando certa direção...

De modo que nosso pobre amigo,  que vê  passar uns e outros com suas  ideologias,  senta­se rápido na calçada e diz: «o que é que eu devo fazer, porque aqui me pressiona um conjunto social, eu tenho impulsos e parece que estes se podem aperfeiçoar, sempre quando for engenhoso. De outro modo, ou me coloco no sofá  do psicanalista ou  terminarei  neurótico».  Assim, a moral,  em realidade,   é   uma   forma   de   controle   destas   pressões   que,   todavia,   às   vezes   transbordam   do caldeirão.

Outras ideologias, também psicológicas, explicaram o bom e o mau segundo a adaptação. Uma moral  de  conduta  adaptativa,  algo  que permite  encaixar  em um conjunto  e,  na  medida em que alguém se desencaixa desse conjunto, tem problemas. Assim que mais vale andar «direitinho» e encaixar­se bem no conjunto. A moral nos diz o que é o bom e o que é o mau de acordo com a adaptação que deve estabelecer o indivíduo, de acordo com o encaixe que o indivíduo tenha em seu meio. E está bem... é outra ideologia.

Mas nas épocas das grandes fadigas culturais, como ocorreu já repetidamente em outras civilizações, surgem as respostas curtas, imediatas, a respeito do que se deve fazer e do que não se deve fazer. Estou me referindo às chamadas «escolas morais da decadência». Em distintas culturas (já em seu fim), surgem espécies de moralistas que muito rapidamente tratam de acomodar seus comportamentos como melhor podem, a fim de dar uma direção a sua vida. Estão alguns que dizem mais ou menos isto: «A vida não tem nenhum sentido, e como não tem nenhum sentido, posso fazer o que quiser... se posso». Outros dizem: «Como a vida não tem muito sentido (riso), devo fazer aquelas coisas que me satisfazem, que me fazem sentir bem, às custas de todos os outros». Finalmente, alguns afirmam: «Já que estou em uma má situação e até a própria vida é sofrimento, devo fazer as coisas guardando certas formas, certo desinteresse, certa impassibilidade. Devo fazer as coisas como um estóico». Assim se chama esta última escola da decadência: as escola estóicas.

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Por trás destas escolas, ainda que sejam respostas de emergência, há também ideologia. Esta, parece, a ideologia básica de que tudo perdeu sentido e se responde de urgência a essa perda de sentido. Atualmente, por exemplo, pretende­se justificar a ação com uma teoria do absurdo, onde aparece de contrabando o “compromisso”. Ocorre que estou comprometido com algo e portanto devo cumprir.   Trata­se   de   uma   espécie   de   coação   bancária.   É   difícil   compreender   que   se   possa estabelecer um compromisso se o mundo em que vivo é absurdo e termina no nada. Por outro lado, isto não outorga nenhuma convicção a quem declama tal postura.

Assim,   as   religiões,   os   sistemas   jurídicos,   os   sistemas   ideológicos,   as   escolas   morais   da decadência, trabalharam para dar resposta a este sério problema da conduta, para estabelecer uma moral,   para   estabelecer   uma  ética,   porque   todos  eles  alertaram  para  a   importância  que   tem  a justficativa ou não justificativa de um ato.

Qual é a base da ação válida? A base da ação válida não está dada pelas ideologias, nem pelos mandamentos   religiosos,  nem pelas  crenças,  nem pela   regulamentação  social.  Ainda  que   todas estas coisas sejam de muita importância, a base da ação válida não está dada por nenhuma delas, senão   que   está   dada   pelo   registro   interno   da   ação.   Há   uma   diferença   fundamental   entre   a valorização que parece provir do exterior e esta valorização que se faz da ação pelo registro que o ser humano tem do que precisamente faz.

E qual é o registro da ação válida? O registro da ação válida é aquele que se experimenta como unitivo; é aquele que dá ao mesmo tempo sensação de crescimento interno e é, por último, aquele que se deseja repetir porque tem sabor de continuidade no tempo.

Examinaremos estes aspectos de modo separado.

O registro de unidade interna por um lado e a continuidade no tempo por outro lado.

Frente a uma situação difícil, posso eu responder de um modo ou de outro. Se sou provocado, por exemplo, posso responder violentamente e frente a essa irritação que me produz o estímulo externo e   esta   tensão   que   me   provoca,   posso   distender­me,   posso   reagir   violentamente   e   ao   fazê­lo experimentar   uma   sensação   de   alívio.   Distendo­me.   Assim   pois,   aparentemente,   cumpriu­se   a primeira condição da ação válida: frente a um estímulo irritante, tiro­o da frente, e ao fazê­lo distendo­me, e ao distender­me tenho um registro unitivo.

A ação válida não pode justificar­se simplesmente pela distensão nesse instante, porque não se continua no tempo, mas produz o contrário. No momento A produzo a distensão ao reagir do modo comentado; no momento B não estou nada de acordo com o que fiz. Isto me produz contradição. Essa distensão não é unitiva enquanto o momento posterior contradisser o primeiro. É necessário que   cumpra,   além   disso,   com  o   requisito  da  unidade  no   tempo,   sem  apresentar   fissuras,   sem apresentar  contradição.  Poderíamos apresentar  numerosos exemplos onde  isto da ação válida  é para um instante e não é para o seguinte e o sujeito não pode, cabalmente, tratar de prolongar esse tipo de atitude, porque não registra unidade, mas contradição.

Porém, há outro ponto: o do registro de uma espécie de sensação de crescimento interno. Há numerosas   ações   que   todos   efetuamos   durante   o   dia,   determinadas   tensões   que   aliviamos distendendo.   Estas   não   são   ações   que   tenham   a   ver   com   a   moral.   Nós   as   realizamos   e   nos distendemos e nos provoca um certo prazer, mas aí ficam. E se novamente surgisse uma tensão, novamente a descarregaríamos como essa espécie de efeito condensador, onde sobe uma carga e, ao chegar  a certos  limites,  se descarrega.  E assim,  com este efeito condensador  de carregar e descarregar, nos dá a impressão de que estivéramos metidos em uma eterna roda de repetição de atos, onde no momento em que se produz esta descarga de tensão, a sensação resulta prazerosa, 

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mas nos deixa um estranho sabor de perceber que se a vida fosse simplesmente isso, uma roda de repetições, de prazeres e dores; esta não passaria do absurdo. E hoje, diante desta tensão, provoco esta descarga. E amanhã do mesmo modo... sucedendo­se a roda das ações, como o dia e a noite, continuamente,   independentemente   de   toda   intenção   humana,   independente   de   toda   escolha humana.

Há ações, todavia, que talvez muito poucas vezes realizamos em nossas vidas. São ações que nos dão grande unidade no momento. São ações que nos dão, além disso, o registro de que algo melhorou em nós quando fizemos isso. E são ações que nos dão uma proposta a futuro, no sentido de que se pudéssemos repeti­las algo iria melhorando. São ações que nos dão unidade, sensação de crescimento interno, e continuidade no tempo. Esses são os registros da ação válida.

Nós nunca dissemos que isto seja melhor ou pior, ou que se deva obrigatoriamente fazer: damos as propostas e os sistemas de registros que correspondem a essas propostas. Falamos das ações que criam unidade ou criam contradição. E, por último, falamos do aperfeiçoamento da ação válida, pela   repetição  desses  atos.   Como   que   para   fechar   um  sistema   de   registros   de   ações   válidas, dissemos: «Se repetes teus atos de unidade interna, nada poderá deter­te». Este último fala não só do   registro   de   unidade,   da   sensação   de   crescimento,   da   continuidade   no   tempo.   Isso   fala   do melhoramento da ação válida. Porque, é claro, nem todas as coisas nos saem bem nas tentativas. Muitas vezes tratamos de fazer coisas interessantes e não saem tão bem. Nos damos conta que essas coisas podem melhorar. Também a ação válida pode aperfeiçoar­se. A repetição daqueles atos que dão unidade e crescimento e continuidade no tempo, constituem o melhoramento da própria ação válida. Isto é possível.

Nós,   em  princípios  muito  gerais,   demos   os   registros   da  ação   válida.   Há   um  princípio  maior, conhecido como A Regra de Ouro. Este princípio diz assim: «trata os outros como gostaria de ser tratado». Este princípio não é coisa nova, tem milênios. Suportou o passo do tempo em distintas regiões, em distintas culturas. É um princípio universalmente válido. Tem se formulado de distintas maneiras; foi considerado por seu aspecto negativo, dizendo algo assim como: «Não faças a outros o que não queres que façam a ti». É outro enfoque da mesma idéia. Ou então se disse: «Ama a teu próximo como a ti mesmo». É outro enfoque. Claro, não é exatamente o mesmo que dizer «trata os outros como gostaria de ser tratado». E está bem, e há muito tempo se fala deste princípio. É o maior dos princípios morais. É o maior dos princípios da ação válida. Mas, como quero que tratem a mim? Porque se dá  por certo que será  bom tratar  os demais como eu gostaria  que  tratassem a mim mesmo. E como quero que me tratem? Terei que responder a isso dizendo que se me tratam de um modo me fazem mal e, se me tratam de outro, me fazem bem. Terei que responder a respeito do bom e do mau. Terei que voltar à eterna roda de definir a ação válida, segundo uma ou outra teoria, segundo uma ou outra religião. Para mim será uma boa coisa, para outra pessoa não será o mesmo. E não faltará alguém que tratará muito mal a outro, aplicando o mesmo princípio; porque ocorre que gostaria que o tratassem mal.

Está muito bem este Princípio que fala assim do tratamento do outro, segundo o bom para mim, mas será melhor saber o que é bom para mim. Desse modo, nos interessa ir à base da ação válida, e a base da ação válida está no registro que se obtém dela.

Se digo: «Devo tratar os outros como gostaria de ser tratado», imediatamente me pergunto: «Por que?». Haverá algum processo em mim mesmo, haverá alguma forma no funcionamento da mente que cria problemas em mim quando trato mal os outros. E como pode ser esse funcionamento? Se eu vejo alguém numa condição muito ruim, ou vejo alguém que levou um corte, ou uma ferido, algo ressoa em mim. Como pode ressoar em mim algo que está ocorrendo a outro? É quase mágico! 

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Ocorre que alguém sofre um acidente e experimento quase fisicamente o registro do acidente no outro. Vocês são estudiosos desses fenômenos, sabem bem que a toda percepção corresponde uma imagem, e compreendem que algumas imagens podem tensionar certos pontos, enquanto outras podem   distendê­los.   Se   a   toda   percepção   vai   correspondendo   uma   representação   e   dessa representação se  tem,  por sua vez,   registro,   isto é,  uma nova sensação, então não é   tão difícil entender   como,   ao   perceber  um   fenômeno,  e   ao   corresponder­se   a   imagem   interna   com  esse fenômeno (ao mobilizar esta imagem), tenha por sua vez sensação em distintas partes de meu corpo ou  de  meu   intracorpo,   que  se  modificaram  por  ação  da   imagem anterior.  Sinto­me  identificado quando alguém sofre um corte, porque à percepção visual de tal fenômeno corresponde um disparo de imagem visual, e correlativamente um disparo de imagens cinestésicas e táteis das quais, além disso, tenho uma nova sensação que termina provocando em mim o registro do corte do outro. Não será bom que trate eu aos demais de maneira má, porque ao efetuar este tipo de atividade tenho o correspondente registro.

Falaremos quase tecnicamente. Para isso vamos simular o funcionamento de circuitos por passos, ainda quando saibamos que a estrutura da consciência procede como uma totalidade. Bem, uma coisa   é   o   primeiro   circuito   que   corresponde   à   percepção,   representação,   nova   tomada   da representação e sensação interna. E outra é o segundo circuito, que tem a ver com a ação, e que significa algo assim: de toda ação que lanço ao mundo, tenho também registro interno. Essa tomada de realimentação é, por exemplo, a que me permite aprender fazendo coisas. Se não houvesse em mim uma tomada de realimentação dos movimentos que estou fazendo, jamais poderia aperfeiçoá­los. Eu aprendo a escrever à máquina por repetição, isto é, vou gravando atos entre acerto e erro. Posso gravar atos unicamente se os realizo. De tal modo que é a partir do fazer que tenho registro. Permitam­me uma divagação. Há um preconceito grande que às vezes tem invadido o campo da pedagogia. Segundo esta crença, aprende­se por pensar em vez de fazer. Certamente, aprende­se porque se tem a recepção de dados, mas tais dados não ficam simplesmente memorizados, mas que sempre correspondem a uma  imagem que,  por sua vez,  mobiliza  uma nova atividade:  compara, rechaça, etc., e isto mostra a contínua atividade da consciência e não uma suposta passividade na qual   se   alojam   simplesmente   os   dados.   Esta   realimentação   é   a   que   nos   permite   dizer:   «Me equivoquei   de   tecla».   Assim   vou   registrando   a   sensação   do   acerto   e   do   erro;   assim   vou aperfeiçoando o registro do acerto, assim se vai fluidificando, e assim se vai automatizando a correta ação do escrever à máquina. Estamos falando de um segundo circuito. O primeiro se referia à dor no outro que eu registro em mim; o segundo circuito fala do registro que tenho da ação que produzo.

Vocês   conhecem   as   diferenças   que   existem   entre   os   atos   chamados   catárticos   e   os   atos transferenciais. Os atos catárticos referem­se basicamente às descargas de tensões e aí ficam. Os atos transferenciais, diversamente, permitem transladar cargas internas, integrar conteúdos e facilitar o bom funcionamento psíquico. Sabemos que ali onde há ilhas de conteúdos mentais, conteúdos que não se comunicam entre si, há dificuldades para a consciência. Se se pensa em uma direção, por exemplo, mas se sente em outra e, finalmente se atua em outra diferente, compreendemos que isto não encaixa e que o registro não é pleno. Parece que unicamente quando temos pontes entre os conteúdos   internos,   o   funcionamento   psíquico   se   integra   e   permite   avançar   uns   passos   mais. Conhecem­se   técnicas   transferenciais   muito   úteis   que   mobilizam   e   transformam   determinadas imagens   problemáticas.   Um   exemplo   desta   técnica   está   apresentada   em   forma   literária   nas Experiências Guiadas. Mas também sabemos que ação, e não só  o  trabalho das  imagens, pode operar fenômenos transferenciais e fenômenos autotransferenciais. Não será o mesmo um tipo de ação   que   outra.   Haverá   ações   que   permitam   integrar   conteúdos   internos   e   haverá   ações tremendamente desintegradoras. Determinadas ações produzem no ser humano tal carga de pesar, 

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tal arrependimento e divisão interna, tal profundo desasossego, que esta pessoa jamais gostaria de voltar a repeti­las. E, desafortunadamente, ficaram tais ações ligadas ao passado. Ainda que não se repetissem tais ações no futuro, seguiriam pressionando desde o passado sem serem resolvidas, sem rendição, sem permitir que a consciência translade, transfira, integre seus conteúdos e permita ao sujeito essa sensação de crescimento interno da qual falamos anteriormente.

Não é indiferente a ação que se realiza no mundo. Há ações das quais se têm registro de unidade e ações que dão registro de contradição, de desintegração. Se se estuda isto cuidadosamente, à luz do que se sabe em matéria de fenômenos catárticos e transferenciais, este assunto (da ação no mundo, no que se refere à integração e desenvolvimento dos conteúdos), ficará muito mais claro. Mas, desde logo, toda esta simulação dos circuitos para compreender o significado da ação válida é um tema complicado. Entretanto, nosso amigo segue dizendo: «E eu, que faço?». Nós registramos como unitivo e valioso levar a esse que está sentado na calçada (sem referência em sua vida), estas coisas que minimamente conhecemos, mas em palavras e em fatos simples. Se ninguém faz isto por ele, nós o faremos (como tantas outras coisas que permitirão superar a dor e o sofrimento). Ao proceder assim, trabalharemos também para nós mesmos. 

 

Las Palmas de Gran Canaria. 29/09/78.

Revisado pelo autor em 10/10/96.

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Tema formativo Nº 9

Os Princípios de Ação Válida

(Capítulo XIII, Os Princípios, do livro O Olhar Interior e O Livro da Comunidade)

Introdução

Tal como provam até nossos mais remotos testemunhos históricos, sempre parece ter havido um interesse vital em distinguir acerto e erro, bem e mal, pensamento e conduta, corretos e incorretos. Em poucas palavras, toda cultura colocou muito cuidado em definir para seus membros o que considerava o código moral correto.

Os códigos morais não são um tema reservado aos filósofos, são algo vital para nossa existência; nosso ponto de vista sobre o bem e o mal não apenas afeta diretamente nossa situação atual, mas também a direção de nossa vida.

Para nós, que estamos interessados no crescimento interno, é muito importante ter um conjunto de valores, um código moral que ressoe com as leis da vida e não vá em direção contrária a elas. Pautas universais, válidas para todo ser humano. 

Para nós, essas pautas são Os Princípios.

Os Princípios nos ajudam a eleger a atitude e a ação mais adequada diante das distintas situações que a vida nos oferece, a fim de ir melhorando pessoalmente, melhorando nossas relações cotidianas, e construindo um mundo de acordo a nossas aspirações mais sentidas.

Desenvolvimento

“Distinta é a atitude frente à vida e às coisas quando a revelação interna fere como o  raio.

Seguindo os passos lentamente, meditando o dito e por dizer ainda, podes converter o sem­sentido  em sentido. Não é indiferente o que faças com tua vida. Tua vida, submetida a leis, está exposta  diante de possibilidades a escolher. Eu não te falo de liberdade. Falo­te de liberação, de movimento,  de processo. Não te falo de liberdade como algo quieto, senão de liberar­se passo a passo, como vai  se liberando do necessário caminho percorrido aquele que se aproxima de sua cidade. Então, “o que  se deve fazer” não depende de uma moral distante, incompreensível e convencional, mas sim de leis: leis de vida, de luz, de evolução.

Eis aqui os chamados “Princípios” que podem ajudar na busca da unidade interior.

1. Ir contra a evolução das coisas é ir contra si mesmo.

2. Quando forças algo para um fim, produzes o contrário.

3. Não te oponhas a uma grande força. Retrocede até que ela se debilite; então,     avança com resolução.

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4. As coisas estão bem quando avançam em conjunto, não isoladamente.

5. Se para ti estão bem o dia e a noite, o verão e o inverno, superastes as     contradições.

6. Se persegues o prazer, te acorrentas ao sofrimento. Mas, contanto que não     prejudiques tua saúde, goza sem inibição quando a oportunidade se      apresentar a ti.

7. Se persegues um fim, te acorrentas. Se tudo o que fazes, realizas como se     fosse um fim em si mesmo, te liberas.

8. Farás desaparecer teus conflitos quando os entendas em sua  última raiz, não     quando queiras resolvê­los.

9. Quando prejudicas os demais, ficas acorrentado. Mas, se não prejudicas a       outros, podes  fazer quanto queiras com liberdade.

10. Quando tratas aos demais como queres que te tratem, te liberas.

11. Não importa em que  bando os acontecimentos te colocaram. O que importa       é que compreendas que tu não  escolhestes nenhum bando.

12. Os atos contraditórios ou unitivos se acumulam em ti; se repetes  teus atos       de unidade interna, já nada poderá deter­te.

Serás  como uma  força da Natureza  que não  encontra   resistência  a  sua  passagem.  Aprende  a distinguir aquilo que é dificuldade, problema ou inconveniente, daquilo que é contradição. Se aqueles  te movem ou te incitam, esta te imobiliza num círculo fechado.

Quando encontres uma grande força, alegria e bondade em teu coração, ou quando te sintas livre e  sem contradições, imediatamente agradece em teu interior. Quando te suceda o contrário, pede com fé e aquele agradecimento que acumulaste voltará convertido e ampliado em benefício.

Recomendação para trabalhar com Os Princípios:

Sugere­se a leitura da Introdução e, primeiramente, o conhecimento de todos os Princípios.

Depois, abordar cada um, e meditar ao longo de um período de tempo (minimamente uma semana).

Desde já, o intercâmbio com outros é de fundamental importância.

Exemplos de reflexão1.  Examinar momentos da vida nos quais não tivemos conhecimento do Princípio e, portanto, 

atuamos contrariamente, ilustrará convenientemente sobre o significado do mesmo.

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2.  Será mais interessante ainda refletir sobre o momento que estamos vivendo e estudar as consequências de sofrimento para nós e para nossas pessoas mais próximas, no caso de não levar em conta o Princípio.

3.  Depois de trabalhar com um Princípio, por exemplo na reunião semanal, trate de refletir sobre ele alguns minutos por dia, antes de dormir. Pense nas dificuldades que teve durante o dia e trate de relacioná­las com o Princípio no qual esteja trabalhando. 

Deste modo o recordará nas futuras situações nas quais apareça o mesmo problema e o superará mais eficazmente. Também pense nos elementos positivos do dia e veja se colocou em prática um dos Princípios.

4. A medida que se avança na compreensão dos Princípios, poderia tomar uma situação dada e refletir acerca dela à luz de todos os Princípios, detendo­se naqueles que melhor esclareçam tal situação.

1° Princípio da adaptação. 

“Ir contra a evolução das coisas é ir contra si mesmo”.Este princípio salienta que, quando com antecipação se sabe o desenlace de um acontecimento, a atitude correta é a de aceitá­lo com a maior profundidade possível, tratando de tirar vantagem mesmo do desfavorável. Examinar momentos da vida em que não tivemos conhecimento deste princípio e portanto atuamos de forma contrária, nos ilustrará convenientemente sobre o significado do mesmo. Será ainda mais interessante refletir sobre o momento que estamos vivendo e estudar as conseqüências de sofrimento para nós mesmos e para as pessoas que nos cercam em caso de não levarmos em conta o princípio.Estamos explicando que as coisas às quais não devemos nos opor, são aquelas que têm um caráter inevitável. Se o ser humano, por exemplo, tivesse acreditado que as enfermidades eram inevitáveis, a ciência médica jamais teria avançado. Graças à necessidade de resolver problemas e à possibilidade de fazê­lo, a humanidade progride.Se uma pessoa fica sozinha no deserto, é inevitável que morra? Essa pessoa fará o esforço de encontrar saídas para a sua situação e, com efeito, encontrará um oásis, ou talvez a encontrem com mais facilidade, se tiver utilizando todos os recursos possíveis para fazer­se ver a distância. Assim é que este princípio se baseia na situação do inevitável, para que seja aplicado corretamente.

2° Princípio de ação e reação. 

“Quando forças algo para um fim, produzes o contrário”.Este princípio salienta que as pessoas e as coisas têm determinados comportamentos, que dificultam ou facilitam nossos projetos se atuamos adequadamente. Quando, movidos por impulsos irracionais e pressionamos algo contra seu comportamento próprio, observamos que pode ceder diante de nossas exigências, mas as conseqüências, a curto ou longo prazo serão tais que resultarão efeitos diferentes dos que queríamos conseguir.O ser humano é forjador de acontecimentos, dá direção às coisas, tende a planejar e executar projetos. Em suma, dirige­se a fins. Mas as perguntas são: como ele se dirige a esses fins? Como se faz para que outra pessoa entenda a solução de um problema presente: violentando­a ou persuadindo­a?Se a violenta, agora ou depois, terá reação. Se a persuade, agora ou depois, vão somar forças.

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Muitas pessoas pensam que “o fim justifica os meios” e comportam­se forçando tudo ao seu redor conseguindo, muitas vezes, êxito nos resultados. Nesse caso, a dificuldade aparece depois. O fim foi alcançado, mas não pode ser mantido por muito tempo.

O princípio que estamos comentando refere­se a duas situações distintas. Em uma, obtém­se o fim desejado, porém, as conseqüências são opostas ao esperado. Em outra, por forçar situações, obtém­se um “rebate” desfavorável.

3° Princípio da ação oportuna. 

“Não  te oponhas a uma grande força. Retroceda até que ela se debilite. Então, avança com resolução”.Este princípio não recomenda que retrocedamos diante dos pequenos inconvenientes ou diante dos problemas que tropeçamos diariamente. Só devemos retroceder, segundo o princípio, diante de forças irresistíveis, aquelas que indubitavelmente vão nos superar se tentarmos enfrentá­las. Retroceder diante das pequenas dificuldades debilita as pessoas, tornando­as pusilânimes e temerosas. Não retroceder diante de grandes forças, torna as pessoas propensas a todo tipo de fracassos e acidentes.O problema surge quando não se sabe antecipadamente quem tem mais força, se a pessoa ou a dificuldade. Isso vai se comprovar mediante pequenas “amostras”, fazendo pequenas confrontações que não comprometam totalmente a situação e que deixem espaço livre para mudar de postura se esta for insustentável. Antigamente, falava­se de prudência, uma ideia muito próxima da que estamos explicando.Mas há outros pontos: como avançar? Em que momentos o inconveniente reduz sua força, ou melhor, em que momentos nós temos ganhado  força? Vale também aqui a mesma ideia das “amostras”, obtidas de distintos momentos e oportunidades, fazendo pequenas tentativas não definitivas.

Quando a força está a nosso favor e o inconveniente se debilitou, o avanço deve ser total. Guardar reservas em tal situação é comprometer o triunfo, porque não se vai adiante com toda a energia disponível.

4° Princípio da proporção. “As coisas estão bem quando marcham em conjunto, não isoladamente”Isso quer dizer que, se impulsionados por um objetivo desordenamos toda nossa vida, a  obtenção do resultado buscado será submetida a numerosos acidentes e, caso for conseguido, o resultado terá amargas conseqüências.Se, para obter dinheiro ou prestígio, desatendemos nossa saúde, sacrificamos as pessoas queridas, nos despreocupamos de outros valores, etc., é possível que surjam acidentes e que não consigamos o resultado almejado. Ou também, pode ser que o obtenhamos, mas já não haverá saúde para desfrutá­lo, nem seres queridos com quem compartilhar, nem outros valores que nos deem sentido.

“As coisas estão bem quando marcham em conjunto” e isto é assim, porque nossa vida é um conjunto que requer equilíbrio e desenvolvimento adequado, não parcial. Embora haja coisas mais importantes que outras, cada pessoa deveria ter uma verdadeira escala de valores para que o primário, o secundário, o terciário, pudessem ser cumpridos proporcionalmente. Com a força que se deve aplicar a cada coisa, de acordo com a importância fixada, todas andariam em verdadeiro conjunto.

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5° O Princípio da conformidade"Se para ti estão bem o dia e a noite, o verão e o inverno, tem superado as contradições".

Este Princípio destaca de forma figurada a oposição das situações. Contudo, tal oposição poderá ser conciliada se for modificado o ponto de vista a respeito do problema. 

O excessivo calor de verão faz pensar compensatoriamente no frio de inverno e vice­versa. Toda situação difícil faz evocar ou imaginar o seu antagônico, mas uma vez nela, volta a disconformidade. Então, a compensação nos leva a seu ponto oposto. Ali onde apareça o sofrimento, a compensação se colocará em marcha, mas nem por isso o sofrimento em si mesmo será vencido. É muito distinto o ponto de vista e o comportamento frente às dificuldades, por parte de quem está orientado por um sentido de vida definido. 

Se alguém crê que sua vida tem um sentido e que tudo o que lhe sucede serve a sua aprendizagem e aperfeiçoamento nessa direção, os problemas que lhe apareçam não tenderão a ser eludidos compensatoriamente, mas sim que os assumirá descobrindo também neles alguma utilidade. O frio do inverno será aproveitável e também o calor do verão e quando cada um se apresente, essa pessoa dirá: "Em que se opõem as estações, se ambas me servem?"

6° O Princípio do prazer"Se persegues o prazer te acorrentas ao sofrimento. Porém, se não prejudicas tua saúde, goza sem inibição quando a oportunidade se apresente".

Este Princípio pode resultar chocante em uma primeira leitura, porque pode se pensar que se está dizendo: "Goza ainda que prejudiques a outros, já que o único freio é tua saúde pessoal". Pois bem, isso não se está dizendo. Em realidade se explica que é absurdo a deterioração da saúde pelo exercício de prazeres exagerados ou diretamente nocivos. Porém além disso, destaca­se que a negação preconceituosa do prazer produz sofrimento; o que o exercício do prazer com problemas de consciência, também é prejudicial. Enfim, a ideia principal é aquela de não perseguir o prazer, mas sim de exercitá­lo de forma simples quando se apresenta, já que buscar quando não esteja presente o objeto prazenteiro ou negá­lo quando aparece, sempre são feitos acompanhados de sofrimento.

A este princípio (como a todos os outros), não há que sacá­lo do conjunto ou interpretá­lo de maneira que se oponha a outros. Deste modo, há outro Princípio que diz: "Quando tratas aos demais como quer que te tratem, te liberas". Por conseguinte, o sentido muda quando se exercita o conjunto, não um Princípio isolado.

7° O Princípio da ação imediata"Se persegues um fim te acorrentas. Se tudo o que faz o realizas como se fosse um fim em si mesmo, te liberas”.

Ensina a obter benefício de toda situação intermediária que nos leva ao alcance de um objetivo. Não diz que não devam existir fins, já que a planificação de qualquer atividade se realiza com base a fins. Se está explicando que dado um fim qualquer, todos os passos que levam a ele devem ser considerados do modo mais positivo possível. De outro modo, qualquer atividade anterior ao alcance do fim produz sofrimento e, portanto, sé é que o fim é alcançado, perde sentido pelo custo vital que representa o sofrimento investido nos passos.

8° O Princípio da ação comprerendida"Farás desaparecer teus conflitos quando os entendas em sua última raiz, não quando queiras resolvê­los."

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Convida a evitar a improvisação movida por impulsos irracionais. Não diz que não tenha que fazer algo, diante de um problema, mas sim que simultaneamente ao fazer, deve se compreender. Quase todas as pessoas, diante de um conflito e movidas por sua ansiedade, se lançam a solucioná­lo sem comprendê­lo em sua raiz. Dessa maneira, complica­se ainda mais o problema e este motiva a outro, em uma cadeia inesgotável.

9° O Princípio da liberdade"Quando prejudicas aos demais, ficas acorrentado. Porém, se não prejudicas a outros, pode fazer quanto queiras com liberdade".

Logo de início se explica que criar problemas aos demais tem por consequência que os outros os criem para nós. Além disso, diz que não há motivo para deixar de fazer o que se quer se ninguém se prejudica com tal ação.

10° O Princípio da solidaridade"Quando tratas aos demais como queres que te tratem, te liberas".

Este Princípio é de grandes consequências porque leva a uma abertura, a uma comunicação positiva com os outros seres humanos. Sabemos que o fechamento em si mesmo gera problemas mais ou menos graves. O chamado "egoísmo" pode se reduzir precisamente a um problema de fechamento e falta de comunicação. O Princípio outorga importância ao fato de ir positivamente até os outros e complementa o Princípio anterior que recomenda: "Não prejudiques a outros", mas a diferença entre ambos, é grande.

11° O Princípio da negação dos opostos"Não importa em que bando tenham te colocado os acontecimentos; o que importa é que compreendas que tu não tenhas escolhido nenhum bando".

Aqui não se explica que tenha que abandonar todo bando. Aqui se sugere considerar a posição em que cada um se encontra, como resultado de fatores alheios à própria eleição; fatores educacionais, de ambiente, etc. Tal atitude faz retroceder o fanatismo, ao mesmo tempo que permite compreender os bandos e as posições que assumem outras pessoas. 

Evidentemente, esta forma de considerar o problema dos bandos contribui à liberdade da mente e cria uma ponte fraterna, em direção às demais pessoas ainda quando estas não coincidam com minhas ideias, ou aparentemente se oponham a minhas ideias. 

Este Princípio, ao mesmo tempo que reconhece a falta de liberdade nas situações que cada um não tem construído, afirma a liberdade de negar as oposições se são parte das mesmas situações. 

12° O Princípio da acumulação das ações."Os atos contraditórios ou unitivos se acumulan em ti. Se repetes teus atos de unidade interna, já nada poderá te deter".

Aqui se quer dizer que todo ato que se realiza fica gravado na memória e desde ali influi nas outras vias. Portanto, a repetição de atos que dão unidade interna ou que geram contradição, vão formando uma conduta que condiciona as ações posteriores em algum dos dois sentidos. Repetir os atos de unidade interna significa exercitar os Princípios na vida diária. Também se dá a entender que não se trata da repetição de um ato (ou de um Princípio isolado), mas sim de um conjunto de atos de unidade interna. 

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Sem dúvida que ao exercitar todos os Princípios nos encontramos com uma disciplina integral, capaz de ir transformando nossa condição sofrente em uma nova forma de vida de crescente unidade interna e, portanto, de crescente felicidade.

Às vezes, somando atos contraditórios se constrói a vida de uma pessoa ou de um conjunto humano. Também sucede que podem aparecer muitos resultados exitosos durante um tempo, porém antes ou depois se produzirá a catástrofe porque a base de toda essa vida é falsa. 

Muitas pessoas veem somente as anedotas exitosas, porém não consegue compreender o processo dessa vida e, sobretudo, seu absurdo final. 

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Tema formativo Nº 10

Comentários sobre a Regra de Ouro

Ultimamente, a frase “trata aos demais como queres que te tratem” foi motivo de boa comunicação com muitas pessoas que andam por aí perdidas entre suas contradições. Pessoas que,  além disso, aumentam a contradição entre os que as rodeiam. Os comportamentos hoje são cada vez mais erráticos e ninguém sabe a que ater­se com outros , ao mesmo tempo em que os outros tampouco sabem o que esperar de nós mesmos.

Em algumas ocasiões aludimos a “moral”. Semelhante palavra hoje, parecida a falsidade, como acontece com tantas outras que foram manuseadas e utilizadas com as piores intenções. O que é hoje a moral senão um peso obsoleto na qual ninguém acredita? Nossa moral nada tem a ver com a farsa instituída. Nós nos apoiamos em um grande princípio de comportamento que foi chamado de  a “Regra de Ouro”. É claro que para aqueles que conhecem o pensamento humanista, a Regra de Ouro não apresenta nenhuma dificuldade. Sua coincidência com a visão que temos do ser humano é perfeita. Não obstante, alguns comentários podem ajudar a difundir um comportamento no qual se afirma e se justifica o esforço por erradicar a dor e o sofrimento na sociedade em que vivemos. Quando falamos de anti­discriminação, de respeito pela diversidade e de escolha das condições de vida que aspiramos para nós e para os demais, esta moral está ressoando! 

No Vocabulário Humanista escreve­se sobre a Regra de Ouro: “Princípio moral, muito difundido entre diversos povos, revelador da atitude humanista”. A seguir damos alguns exemplos. Rabino Hillel: “O que não queiras para ti, não faças a teu próximo”. Platão: “Que me seja dado fazer para outros o que eu gostaria que fizessem a mim.” Confúcio: “Não faças a outro o que não gostaria que fizessem a você”. Máxima jainista: “O homem deve esforçar­se para tratar a todas as criaturas como ele gostaria que o tratassem”. No cristianismo: “Todas as coisas que você gostaria que os homens fizessem com você, assim também faça você com eles”. Entre os sikhs: “trata aos demais como você gostaria que te tratassem”. A existência da Regra de Ouro foi comprovada por Heródoto em diferentes povos da antiguidade.

No Humanismo se diz: “Trata aos demais como queres te tratem”. No Movimento Humanista, muitas pessoas entendem, praticam e/ou tentam praticar esse princípio de conduta. Elas partem de uma sensibilidade, de uma apreciação do outro, diferente da que se impôs até agora nesta época de desestruturação das relações humanas. O entendimento cabal deste princípio parte da compreensão da estrutura da vida humana em sua totalidade. Esta compreensão é diferente da habitual. No Movimento se desconfia da sinceridade de outros quando dizem que a compartilham, porque sua visão do ser humano é freqüentemente oposta a do Humanismo. Se habitualmente não se trata ao vizinho em base a esse princípio, o que pode ficar para os que falam da mudança da sociedade e do mundo? Em que se fundamenta realmente sua luta para melhorar as condições de vida do ser humano?

Vejamos as dificuldades...

“Trata aos demais como queres que te tratem”. Nessa relação de conduta há dois termos: o tratamento que a própria pessoa quer dos demais e o tratamento que ela está disposta a dar aos demais.

A. O tratamento que a própria pessoa quer dos demais

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A aspiração comum dirige­se a receber um tratamento sem violência e a reclamar ajuda para melhorar a própria existência. Isso é válido mesmo entre os maiores violentos e exploradores que reclamam colaboração de outros para a manutenção de uma ordem social injusta. O tratamento requerido é independente do que se está disposto a dar aos demais.

B. O tratamento que a própria pessoa está disposta a dar aos demais

Pode­se tratar aos demais utilitariamente como se faz com diversos objetos, com as plantas e com os animais. Não falamos do extremo do tratamento cruel porque, depois de tudo, não se destrói aos objetos que se deseja utilizar. Em todo caso, tende­se a cuidar deles sempre que sua conservação gratifique ou renda alguma utilidade presente ou futura. No entanto, há alguns “outros” um tanto perturbadores: são os chamados “seres queridos”, nos que seu sofrimento e sua alegria nos produzem fortes comoções. Neles reconhece­se  algo de si mesmo e tendemos a tratá­los do modo que gostaríamos de ser tratados. Há então um salto entre os seres queridos e aqueles outros nos quais não nos reconhecemos.

C. As exceções

Com referência aos “seres queridos”, tende­se a dar­lhes um tratamento de ajuda e cooperação. Também acontece com aquelas pessoas estranhas em quem se reconhece algo de si mesmo, porque a situação em que o outro se encontra faz recordar a própria situação, ou porque se calcula uma situação futura na que o outro poderia se converter em fator de ajuda para si mesmo. Em todos esses casos trata­se de situações específicas que não igualam a todos os “seres queridos” e que não se estendem a todos os estranhos.

D. As simples palavras não fundamentam nada

Uma pessoa deseja receber ajuda, mas porque haveria de dar ajuda a outros? Palavras como “solidariedade” ou “justiça” não são suficientes; são ditas com um transfundo de falsidade, são ditas sem convicção. São palavras “táticas” que podem se utilizar para promover a colaboração de outros, mas sem dar a outros. Isso pode se levar mais além ainda, até outras palavras táticas como “amor”, “bondade”, etc. Porque se haveria de amar a alguém que não é um ser querido? É contraditória a frase: “amo ao que não amo”, e é redundante dizer: “amo ao que amo”. Por outro lado, os sentimentos que aparentam representar essas palavras se modificam continuamente e posso comprovar que amo mais ou amo menos ao mesmo ser querido. Por último, as camadas desse amor são diversas e complexas e isso aparece em frases como: “Amo a X, mas não o suporto quando não faz o que eu quero”.

E. A aplicação da Regra de Ouro desde outras posições

Se alguém diz: “Ama a teu próximo como a ti mesmo por amor a Deus”, se apresentam pelo menos duas dificuldades.

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1. Devemos supor que se pode amar a Deus e admitir que esse “amor” é humano, então a palavra não é adequada; ou amamos a Deus com um amor que não é humano, em cujo caso a palavra tampouco é adequada, e 2. Não se ama ao próximo diretamente, mas por meio do amor a Deus. Duplo problema: desde uma palavra que não representa bem a relação com Deus, devemos traduzi­la aos sentimentos humanos.

Desde outras posições se dizem coisas como essas: “Luta­se pela solidariedade de classe”, “luta­se por solidariedade com o ser humano”, “luta­se contra a injustiça para liberar ao ser humano”. Aqui seguimos com a falta de fundamento: Porque teria que lutar por solidariedade ou para liberar a outros? Sim, a solidariedade é uma necessidade, não é uma questão que possa escolher, em cujo caso pouco importa que o faça ou não o faça já que não depende de minha escolha. Mas, se é uma escolha, porque deveria escolher essa opção?

Outros dizem coisas mais extraordinárias, como por exemplo: “no amor ao próximo nos realizamos”, ou: “o amor ao próximo sublima os instintos de morte”. O que poderíamos dizer disso quando a palavra “realizar­se” não está clara se não se apresenta o objetivo, quando a palavra “instinto” e a palavra “sublimação” são metáforas de uma Psicologia mecanicista e hoje já claramente insuficiente?

E não faltam os mais brutais que predicam: “Você não pode trabalhar fora da Justiça estabelecida que está feita para que todos nos protejamos mutuamente”. Nesse caso, não se pode reclamar desde essa “Justiça” nenhuma atitude moral que a sobreponha.

Enfim, ficam alguns que falam de uma Moral Natural zoológica, e ainda outros que definindo ao ser humano como “animal racional” pretendem que a moral se derive do funcionamento da razão de dito animal.

Para todos os casos anteriores, não se encaixa bem a Regra de Ouro. Não podemos estar de acordo com eles mesmo quando nos digam que, com outras palavras, estamos falando da mesma coisa. Está claro que não estamos falando da mesma coisa.

Que sentido farão nos diferentes povos e momentos históricos todos aqueles que fizeram da Regra de Ouro o princípio moral por excelência? Essa fórmula simples, da que pode derivar­se uma moral completa, brota da profundidade humana simples e sincera. Através dela, nos revelamos a nós mesmos nos demais. A regra de Ouro não impõe uma conduta, oferece um ideal e um modelo a seguir ao mesmo tempo que nos permite avançar no conhecimento de nossa própria vida. Tampouco a Regra de Ouro pode converter­se em um novo instrumento de uma moralidade hipócrita, útil para medir o comportamento dos outros. Quando uma tabela “moral” serve para controlar em lugar de ajudar, para oprimir em lugar de  liberar, deve ser quebrada. Mais além de toda tabela moral, mais além dos valores de “bem” e “mal” alça­se o ser humano e seu destino, sempre inacabado e sempre crescente.

  Silo, Mendoza, 17/12/95.

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Segunda Parte ­ Seminários e retiros

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1. Seminário sobre a configuração do Guia Interno

Este seminário tem a duração de um dia e a chegada ocorre pela manhã.

Cerimônia de Ofício

Enquadre do Trabalho – Objetivos, formas de trabalho, atitudes, práticas.

O objetivo de nosso trabalho é entrar no tema do Guia Interno e, na melhor hipótese, configurar nosso Guia Interno e aprofundar a relação com ele ou ela se já existe. Trabalharemos com as práticas de reflexões e experiências guiadas, intercâmbio em grupos e reflexão pessoal. 

Como sempre, a melhor forma de trabalhar juntos é manter uma relação amistosa e de comunicação. Este retiro dura um dia inteiro, então o melhor é relaxar, esquecermos de todos os outros temas e abrir­nos ao tema do retiro.

Introdução

Todos sabem que estamos vivendo em tempos de crise, de um mundo que está em uma grande mudança em direção a um futuro diferente do que conhecemos. A experimentamos em nossas próprias vidas e nas vidas das pessoas ao nosso redor. Nestas situações de grande necessidade todas as pessoas buscam orientação de verdadeiros guias, e a Mensagem de Silo nos leva a olhar dentro de nós mesmos. Por isso, o trabalho de configuração do Guia Interno é um trabalho pessoal importante e valioso que nos ajudará a aprofundar e a avançar em nossas aspirações de uma vida coerente e com sentido, baseada na integração interna e expansão em direção ao mundo dos outros com o melhor das qualidades humanas; sabedoria, bondade e força.

Em 7 de maio de 2005, Silo disse:

“Afastar a contradição é o mesmo que superar o ódio, o ressentimento, o desejo de vingança. Afastar a contradição é cultivar o desejo de reconciliação com outros e consigo mesmo. Afastar a contradição é perdoar e reparar duas vezes cada mal que se tenha infligido a outros. É esta a atitude que cabe cultivar. Então, à medida que o tempo passe, compreenderás que o mais importante é conseguir uma vida de unidade interna que frutificará quando o que penses, sintas e faças vá na mesma direcção. A vida cresce pela sua unidade interna e desintegra­se pela contradição. E acontece que o que fazes não fica só em ti, mas chega aos demais. Portanto, quando ajudas outros a superar a dor e o sofrimento fazes crescer a tua vida e contribuis com o mundo. Inversamente, quando aumentas o sofrimento de outros, desintegras a tua vida e envenenas o mundo. E a quem deves ajudar? Em primeiro lugar a quem está mais próximo, mas a tua acção não se deterá neles.”

Sabemos que nossas qualidades internas não estão apenas dentro de nós mesmos, em nossa própria “paisagem interna”. Estas qualidades se transmitem a todos os que nos rodeiam através de nossas ações, nossas idéias e nossos sentimentos. Dito de outra forma, a expressão de nosso mundo interno se manifesta na “paisagem humana”, afetando os outros. A “paisagem humana” humana é uma mistura contínua de influências mútuas das “paisagens internas” de cada um. Muito frequentemente sentimos o impacto da violência e da incoerência dentro de nós e em quem nos rodeia. Como podemos avançar em um mundo que não escolhemos, mas que é o que herdamos? Reconhecemos a necessidade de orientação, reconhecemos nosso desejo de ajudar aos outros e aspiramos a que nossa influência no mundo seja positiva. Por tudo isto, a relação com nosso Guia Interno é um grande recurso para poder levarmos adiante esta aspiração.

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Primeiro trabalho em grupos 

Leitura dos diferentes textos relacionados com o Guia Interno:

1. A Paisagem Interna, Humanizar a Terra, Obras Completas I. Capítulos XVI e XVII. 

Estes textos esclarecem a diferença entre o guia interno e os “modelos” profundos que operam dentro de nós. O guia é configurável e aprimorável e sobre isto vamos trabalhar.

XVI. OS MODELOS DE VIDA.

Em tua paisagem interna há uma mulher ou um homem ideal que buscas na paisagem externa através de tantas relações, sem poder jamais tocar.

Salvo o curto período em que o amor completo deslumbra com sua faísca, essas pederneiras não coincidem num ponto preciso.

2. Cada qual, e ao seu modo, lança sua vida para a paisagem externa buscando completar seus modelos ocultos.

3.Mas, a paisagem externa vai impondo leis próprias e quando decorre um tempo, o que foi o mais acariciado sonho resulta numa imagem pela qual agora se experimenta vergonha ou, quando menos, uma esfumada lembrança.

Não obstante, existem profundos modelos que dormem no interior da espécie humana esperando seu momento oportuno.

Esses modelos são a tradução dos impulsos que entrega o próprio corpo ao espaço de representação.

4. Não discutiremos agora a origem nem a consistência de tais modelos; nem tampouco falaremos da complexidade do mundo em que se encontram. Haveremos simplesmente de anotar sua existência, destacando que sua função é compensar necessidades e aspirações que, por sua vez, motivam a atividade na paisagem externa.

5. As culturas e os povos dão sua singular resposta à paisagem externa, sempre tingida por modelos internos que o próprio corpo e a historia tem ido definindo.

6. É sábio quem conhece seus modelos profundos e mais sábio ainda quem pode os por ao serviço das melhores causas. 

XVII. O GUIA INTERNO.

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1. Quem é tão admirado por ti que gostarias ter sido ele?...

2. Perguntarei mais suavemente: Quem te resulta exemplar, de tal maneira que desejes incorporar em ti algumas de suas virtudes?...

3. Por acaso alguma vez, em teu pesar ou confusão, tens apelado à lembrança de alguém que, existente ou não, acudiu como reconfortante imagem?...

4. Estou falando de particulares modelos, aos que podemos chamar de “guias” internos e que às vezes coincidem com pessoas externas.

5. Estes modelos que desejaste seguir desde pequeno foram mudando somente na capa mais externa de teu diário sentir.

6. Tenho visto como as crianças brincam e falam com seus imaginários companheiros e seus guias.

Também tenho visto às pessoas de diferentes idades conectarem com eles em orações feitas com sincera unção. 

7. Quanto mais fortemente se fizeram as chamadas, desde mais longe acudiram estes guias, que trazeram o melhor sinal.

Por isso soube que os guias mais profundos são os mais poderosos. No entanto, somente uma grande necessidade pode despertá­los de seu letargo milenar.

8. Um modelo desse tipo “possui” três importantes atributos: força, sabedoria e bondade.

9. Se quiseres saber mais de ti mesmo observa quais características têm aqueles homens ou mulheres que admiras. E repara em que as qualidades que mais aprecias deles obram na configuração de teus guias internos. Considera que, embora tua referencia inicial tenha desaparecido com o tempo, no teu interior fica uma “pegada” que seguirá motivando­te para a paisagem externa.

10. E se quiseres saber como se interpenetram as culturas, estuda, ademais do modo de produção de objetos, o modo de difusão dos modelos.

11. Importa pois que dirijas tua atenção às melhores qualidades das demais pessoas, porque impulsionarás para o mundo o que tenhas terminado de configurar em ti.

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Descanso

Segundo trabalho – A Condição

Meditação breve, anotações (sem intercâmbio)

Condição interna para começar a buscar ou encontrar­se com o Guia: Necessidade de contatar com um guia, que não se traduz em uma tensão ou compulsão, senão mais bem em um reconhecimento dos próprios limites; Sinceridade da busca, que há de ser aberta, sem pressa, respeitando este trabalho, e certa Fé ou Confiança de que a gente pode chegar a ter contato com o Guia Interno.

Prática: Reflexão

Precisão dos registros de Necessidade, Sinceridade e Fé.

Me pergunto em silêncio ……

Por que necessito de um Guia Interno? ………. Repito, Por que necessito de um Guia Interno?

Qual é minha atitude que guiará esta busca? ………

Onde reside minha fé em que meu guia pode ser descoberto? ……..

(Repetir esta reflexão se necessário)

Anotações pessoais

Terceira prática – As três qualidades

Meditação breve e anotações

Prática: Reflexão pessoal

Parar nos pontos incertos (….). Isso permitirá que os participantes se conectem e sintam as palavras que são ditas.

O que é para mim a Força, a Bondade e a Sabedoria? Conectar­se internamente com cada uma destas palavras, uma por uma.

O que é para mim a Força? ….. É a força imensa dos deuses..... É a água que abranda a pedra?..... Que Força exatamente almejo?...... Quem que conheço tem esta qualidade?

Quem tem Sabedoria?..... Como se expressa esta sabedoria?

O que é a Bondade para mim?… Quem me trata com bondade?……

Cada um faz suas anotações pessoais.

Intercâmbio em grupo

Almoço (uma hora)

Quarta prática – Configuração do Guia Interno (2 horas)

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O Guia Interno como imagem sintética

Em nosso trabalho de configuração do Guia vemos que usamos nossa memória para encontrar referências anteriores das qualidades que estamos buscando; as imagens traduzidas de nossos sentidos para dar forma a estas qualidades (presença cenestésica, sons, imagens visuais, etc.) e nossa imaginação funciona. Tudo isto se mescla em uma nova forma. O Guia é uma nova síntese de uma multiplicidade de registros que temos distribuído em nossos “arquivos internos”. Juntamos tudo isto em uma imagem que é tremendamente significativa y cujo potencial aumenta á medida que nossa relação com esta imagem vai se aprofundando através da comunicação repetida com ela.

Sabemos que as imagens internas podem configurar­se como signos, símbolos ou alegorias. Seguindo o que se diz em Psicología II, Anotações de Psicología, sobre alegorias: “As alegorias são aglutinações de conteúdos diversos em uma só representação... são narrações transformadas nas que se fixa o diverso... onde se concretiza o abstrato, etc.”, podemos dizer que um Guia Interno bem configurado é uma alegoria que a consciência tem feito concretizando certos atributos específicos: bondade, sabedoria e força. 

O Guia Interno da gente é muito pessoal. Pode ser o Deus de um; pode ter um contexto religioso ou sagrado, ou não; pode ser uma pessoa santa; alguém que conhecemos ou temos conhecido na vida; pode ser uma figura histórica; pode ser uma presença inspiradora, uma força inspiradora, uma imagem inspiradora… pode ser muitas coisas, mas mais que tudo é pessoal e não é pertinente a ninguém julgar o Guia Interno do outro. 

Ainda quando cada um de nos configura um guia com sua própria paisagem pessoal, há elementos comuns a uma imagem bem configurada: é uma imagem que “tem vida própria”, que tem movimento e mobilidade, precisão e brilho, que tem profundidade e que sempre aparece da mesma forma. O contato com esta imagem produz um “encaixe”, uma comoção positiva dentro de mim, tem significado psíquico para mim. Obviamente não é importante se esta imagem é visual, uma presença ou um sonido, etc. O que é importante é que a relação cresça com meu guia, que eu registre o impacto destes atributos em meu desenvolvimento interno, que eu registre proteção, orientação,  sensibilidade em relação aos demais e uma coerência crescente em minha expressão no mundo. [1]

Prática: Experiência de Paz e Configuração do Guia Interno

Estas duas experiências devem ser lidas com calma e sem interrupções nem em uma nem na outra.

Experiência de Paz

1. Relaxa plenamente teu corpo e aquieta a mente. Então, imagina uma esfera transparente e luminosa que, descendo até ti, termina por alojar­se em teu coração. Reconhecerás nesse momento que a esfera deixa de aparecer como imagem para transformar­se em sensação dentro do peito.

2. Observa como a sensação da esfera se expande lentamente desde teu coração para fora do corpo,  ao  mesmo  tempo em que   tua   respiração  se  faz  mais  ampla  e  profunda.  Ao  chegar  a sensação aos limites do corpo, podes deter ali toda a operação e registrar a experiência de paz interior.  Nela  podes permanecer  o  tempo que  te pareça adequado.  Então,  faz retroceder  essa expansão anterior (chegando, como no começo, ao coração) para desprender­te de tua esfera e concluir o exercício calmo e reconfortado. 

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Experiência guiada: Configuração do Guia Interno

Estou numa paisagem luminosa, na qual alguma vez senti uma grande felicidade (*)

Consigo  ver  o  sol  que  se   torna  cada  vez  maior.  Observo­o  sem  incomodo algum.  De  maneira  notável, dois raios se desprendem dele, pousando sobre minha cabeça e meu coração.

Começo a  sentir­me muito  leve  e percebo que estou sendo atraído pelo  astro.  Dessa maneira,  seguindo os raios luminosos, dirijo­me a ele.

Do disco enorme, que se converte numa esfera gigantesca, recebo esse calor suave e benéfico.

Já no interior do sol, aspiro e expiro ampla e profundamente. A luz que me rodeia se introduz no meu  corpo ao ritmo da respiração, dando­me cada vez mais energia.

Sinto­me sereno e radiante. Então, peço com meus melhores sentimentos, que se apresente ante  mim o guia interno, e que o faça do modo mais propício. (*)

Ele me diz que representa a minha Força interna, a minha energia; e que se souber como usá­lo,  terei direção na vida, terei inspiração e terei proteção, mas que devo fazer esforços para vê­lo bem,  ou para sentir sua presença com intensidade. (*)

Peço ao guia que pouse suas mãos na minha testa e as mantenha assim alguns instantes.

Começo a sentir que do centro de meu peito cresce uma esfera transparente, que acaba abrangendo a ambos. (*)

Digo ao guia que faça renascer em mim um profundo amor por tudo que existe e que me acompanhe  na vida, dando­me alegria e paz.(*)

Pergunto pelo sentido da via e espero sua resposta. (*)

Pergunto o que é realmente a morte e espero sua resposta. (*)

Pergunto pelo valor de minha vida e espero sua resposta. (*)

Pergunto reflexivamente por uma situação especial de minha vida e espero sua resposta. (*)

Peço ao guia  que esteja  sempre ao meu  lado nos momentos  de dúvida  e  aflição,  porém, que  também me acompanhe na alegria.

O guia se afasta de mim e se converte em uma grande flor de pétalas abertas, que contrasta em suas cores com o fundo luminoso do sol.

Depois a flor vai mudando de forma e de tom, como se fosse um harmonioso caleidoscópio.

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Então, compreendo que ele atenderá meus pedidos.

Começo a afastar­me do brilhante sol, pleno de vida e fortaleza.

E pelos dois raios luminosos desço à  linda paisagem, reconhecendo no meu interior uma grande  bondade que procura se expressar no mundo de minha gente. (*)

Anotações pessoais

Trabalho em grupos de 3 a 4 pessoas

Intercâmbio entre todos os participantes, comentários e/ou testemunhos de diferentes experiências com o Guia.

Descanso (30 minutos)

Fechamento com a Cerimônia de Oficio

Abraços de amizade.

Arrumar o lugar e despedida.

_____________________________

Bibliografia

Livro A Mensagem de SiloApontamentos de Psicologia. Psicologia II. Obras Completas II, Silo.

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2. Seminário sobre a Força I

Este seminário tem a duração de um dia e a chegada das pessoas é de manhã.

Cerimônia de Ofício

Enquadre

A experiência da Força é o pilar central da Experiência da Mensagem. É o tema primordial nas descrições de O Olhar Interior e pode ser experimentada nas Cerimônias de Experiência de Ofício, Imposição, Bem Estar e Assistência. O tema da Força merece estudo e reflexão, relacionando a própria experiência com as diversas explicações e descrições que se encontram nos escritos de Silo. Esta é uma atividade altamente recomendada, para realizar com calma e quando surge em si a necessidade de compreender.

Um seminário de um dia dedicado à Força limita nossas possibilidades de estudo em profundidade. De qualquer maneira, seguramente poderemos avançar em nossa experiência e compreensão, e provavelmente também incrementar nosso caudal de perguntas. O interesse deste seminário não é o de chegar a nenhuma conclusão técnica, mas melhor que isso: 1) deixar nossa experiência interna no campo da inspiração e experimentação pessoal, e 2) aumentar nosso contexto de compreensão da Força estudando e refletindo sobre passagens selecionadas das obras de Silo.

Se bem que podemos estudar o fenômeno da Força desde diferentes ângulos, continuaremos aquele que se menciona na página introdutória de A Mensagem de Silo:

 “A Experiência está proposta através de oito cerimônias capazes de produzir inspiração espiritual e mudanças positivas na vida diária.”

Celebraremos várias cerimônias de Experiência e também estudaremos e intercambiaremos sobre textos tomados de O Olhar Interior, do livro A Mensagem de Silo, que se relacionam com a Força e os Princípios de Ação Válida. 

Sabemos que a livre interpretação é um dos principais pilares de A Mensagem e isto deve guiar nosso trabalho. A comunicação aberta e fluída entre nós, expressando livremente nossa experiência e tendo a oportunidade de escutar a outros, é o que enriquece nossa compreensão como conjunto.

Primera parte ­ A Força e O Olhar Interior (2 horas)

O Olhar Interior trata sobre a conversão do sem sentido em sentido. Em sua divisão de 20 capítulos, 11 estão diretamente relacionados com descrições da Força. Os primeiros capítulos tratam sobre a atitude correta desta busca e descrições do Sem Sentido. No Capítulo V começa a Suspeita do Sentido, e já no Capítulo VII se abre o tema com Presença da Força, seguido pelo Controle da Força, Manifestações da energia e chegar à afirmação, no Capítulo X, da Evidência do Sentido, e no Capítulo XI, ao Centro Luminoso. No Capítulo XII, Os Descobrimentos, ocorre uma mudança e se descreve a circulação da energia, a natureza da Força e sua relação com evidências históricas do sagrado. Os capítulos seguintes consideram procedimentos, a projeção e diversas ações da Força, e as diferentes situações mentaiss descritas em A Guia do Caminho Interno, Os Princípios, Os Estados Internos e A Realidade Interior.

Obviamente que é nas descrições, reflexões e orientação que encontramos em O Olhar Interior que nos referimos a nossa experiência da Força. Seu estilo de prosa poética nos permite encontrar a postura interna apropriada relacionada com seu tema de evolução interna.

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De todo o livro tomaremos para estudar o Capítulo XV, A Experiência de Paz e A Passagem da Força; o Capítulo XVI, Projeção da Força; e o Capítulo XVII, Ação e Reação da Força.

No Capítulo XV, A Experiência de Paz e a Passagem da Força, encontramos descrições de diferentes procedimentos. A experiência não se apresenta no formato cerimonial com o qual estamos familiarizados.

Leitura e reflexões de cada parte em grupos

­ Parágrafos 1 e 2. Experiência de Paz. 

­ Parágrafos 3 ao 7. Experiência da Força. 

­ Parágrafo 8. Consideraões gerais.

­ Parágrafo 9. Relação da experiência de Força com a vida diária.

Cada grupo faz um resumo de suas reflexões  sobre a leitura.

Leitura em conjunto dos escritos de cada grupo. Intercâmbio.

Breve descanso

Situação Interna

Para começar, como em todas as coisas, cada um tem que considerar a situação interna prévia à experiência da Força. Tomamos contato com a Força através de Cerimônias, e dessa maneira se dá em nós uma “atitude cerimonial” que é vital para a Experiência. Não estamos aqui para fazer uma definição precisa sobre o que é a “atitude cerimonial”, porém sabemos que celebramos cerimônias, e “celebrar” tem a conotação de algo especial, algo inspirador, aberto e beneficioso, um acontecimento positivo, seja para nós ou com outros. Neste primeiro parágrafo do Capítulo XIV há uma boa descrição disso:

“Se compreendeu o explicado até aqui bem podes experimentar, mediante um simples trabalho, a manifestação da Força. 

Agora bem, não é igual que observes uma posição mental mais ou menos correta (como se tratasse de uma disposição ao afazer técnico), a que assumas um tom e uma abertura emotiva próxima a que inspiram os poemas.” 

Celebramos nossas cerimônias com outros e nossa relação com “esses outros” é fundamental para a experiência. Sabemos que as relações positivas e afetuosas, como aquelas que se dão entre amigos, membros de familia e seres queridos, dão potencial à Força. Não é difícil entender por que estas relações de calidez humana estabelecem uma situação interna apropriada para a abertura interna e o bem estar. Não é nada difícil, tampouco, sentir e projetar esta conexão com todos os outros que compartilham comigo a celebração de qualquer cerimônia, o que de fato é o sentimento central que se encontra na cerimônia de Imposição. 

Ofício

Almoço (uma hora)

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Relação da Força com a unidade interna (2 horas)

Vejamos alguns exemplos que se dão em O Olhar Interior relacionando a unidade interna com a experiência de passagem da Força.

No Capítulo X, Evidência do Sentido, se diz:

“A real importância da vida desperta tornou­se patente a mim.

A real importância de destruir as contradições internas me convenceu.

A real importância de manejar a Força, a fim de alcançar unidade e continuidade, preencheu­me de um alegre sentido.”

E depois, no último parágrafo do Capítulo XV, se diz:

“Se trabalhou observando o recomendado pode acontecer, não obstante, que não tenha alcançado a passagem. Isso não pode se converter em foco de preocupação mas sim em indicador de falta de “soltura” interior, o que poderia refletir muita tensão, problemas na dinâmica da imagem e, em suma, fragmentação no comportamento emotivo... Coisa que, por outra parte, estará presente em tua vida cotidiana.”

Aproveitamos a oportunidade que temos hoje para investigar a experiência da Força, com a finalidade de intercambiar e refletir juntos sobre nossa conduta na vida cotidiana (conosco mesmos e com outros), e sua possível relação com nossa experiência da Força. Por isso estudamos no Capítulo XIII, Os Princípios, que “podem ajudar na busca da unidade interior”.

Leitura e intercâmbio em grupos de três do Capítulo XIII, Os Princípios.

Intercâmbio em conjunto sobre as reflexões 

Descanso 

Comentários

No Capítulo XVIII, Ação e Reação da Força, explica­se outro procedimento: aquele do “agradecimento”. Estamos familiarizados com o Pedido, com o contato com nosso guia interno ou deus interno ou uma imagem inspiradora quando necessitamos orientação ou proteção. Mas também há momentos nos quais experimentamos a necessidade de dirigir e expressar a experiência de nosso agradecimento e consciência de nossa “boa fortuna”.

Leitura e intercâmbio entre todos

Capítulo XVIII

Cerimônia de encerramento: Imposição

Breve descanso

Comentários gerais e conclusões com todo o grupo.

Ágape de amizade

_____________________________Bibliografia

A Mensagem de Silo

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3. Seminário sobre a reconciliação

Duração: um dia. Chegada ao Centro de Trabalho pela manhã. 

Cerimônia de Ofício

A. Introdução 

Este seminário aponta inicialmente — antes de pensar em se reconciliar— a meditar sobre esta experiência tratando que transcenda o psicológico para posicioná­la em um nível de espiritualidade profunda. Trata­se de um desafio não menor porque define a condição necessária da localização mental para um bom trabalho de reconciliação. Além disso, propõe criar um aforismo pessoal que concentre uma grande carga emotiva positiva para facilitar o processo de reconciliação progressiva.

Inicia­se com a projeção do vídeo do discurso de Silo em Punta de Vacas em 5 de maio de 2007. Os participantes vão tomando nota daquelas partes da alocução que considerem de importância. 

Nota: A duração do trabalho tomará umas 7 horas, dependendo do número de participantes. O ideal  é não fixar tempos para cada parte do seminário e que cada um os regule segundo a necessidade.

Exercício 1 — Trabalho em grupos 

Formam­se grupos de três para ler e estudar o discurso, para o qual se requer dispor de tantas fotocópias quantos sejam os participantes. 

Exercício 2 — Trabalho individual

Resumir e sintetizar por escrito o discurso.

B. Enquadre sobre o posicionamento pessoal a respeito da reconciliação como experiência espiritual profunda

Depois de ter lido e estudado em pequenos grupos o material, intenta­se individualmente uma reflexão inicial acerca da reconciliação como experiência espiritual profunda. Isso deve compreender a busca de um registro de disposição interna que comova fortemente todo nosso ser, que conecte com aquelas aspirações e necessidades mais sentidas pela liberdade interior e a grande coerência que implicam. Em outras palavras, esta reflexão deveria ser feita desde e para o mais fundo do coração, com elevado espírito de entrega interior sem reservas, para alcançar a profundidade interna adequada, e a fim de não dar lugar a possíveis resistências que, provenientes talvez do oculto ressentimento ou de racionalismos céticos, possam relativizar esta ou qualquer outra experiência espiritual profunda.

Exercício 3 — Trabalho individual

Reflexão sobre a dimensão da reconciliação como experiência espiritual profunda, conectando com aquela interioridade mais comovedora. Tomar nota.

Exercício 4 — Trabalho em conjunto de prática guiada

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Sento­me comodamente e relaxo minha musculatura externa, buscando dissolver toda tensão localizada ou generalizada… continuo com o interior do corpo, deixando­me ir para a suavidade das sensações e afrouxando todo tipo de tensões… desde minha garganta até a base do tronco, passando por todos meus órgãos… em seguida, relaxo progressivamente minha cabeça, desde o mais externo até o mais interno… repetidas vezes… … … … agora, trato de sentir minha reconciliação como se fosse uma ave migratória que recorre milhares e milhares de quilômetros, incansavelmente, sabendo onde tem que chegar… o que tem que fazer… … guia­me a rebelião contra o sofrimento… 

Exercício 5 — Trabalho individual

Busco relações de registros, de vivências, entre o Exercício 3 e o Exercício 4. Tomar nota.

Exercício 6 — Trabalho em grupos

Intercâmbio sobre as experiências do Exercício 3 e do Exercício 4. Tomar nota das conclusões de cada grupo. 

Exercício 7 — Trabalho em conjunto

Intercâmbio sobre as conclusões dos grupos.

C. Enquadre sobre o aforismo pessoal da reconciliação

Gostaria de nos propor a definir internamente um aforismo que nos ajude a impulsionar um trabalho progressivo de reconciliação, um trabalho que nos facilite ir nos desprendendo da raiz de todo ressentimento para transformar nossas vidas. 

Exercício 8 — Trabalho individual

Reflexão sobre imagens positivas mobilizadoras que possam se decantar em um aforismo. Trabalhar fazendo uma lista de possíveis esperanças, certezas ou ideias­força potentes até alcançar encaixe com uma palavra ou oração breve final. Também podemos nos apoiar em uma imagem que nos comova. 

Para construir esse aforismo é preciso considerar que nossa reconciliação deve estar fundada em uma aspiração de comovedora carga emocional positiva, que pudesse ser, por exemplo, um almejado estremecimento de bondade consigo mesmo e com os demais. Somente assim, ao que parece, o reconciliar­se chegaria a se converter em uma experiência espiritual profunda. Tomar nota.

D. Enquadre sobre de que nos reconciliamos

A reconciliação que buscamos pode ter a ver com aceitar as frustrações vividas, admitir os fracassos, reconhecer os erros, debilidades, deficiências ou carências. Relaciona­se, também, com as ações incoerentes que tenhamos feito provocando sofrimento nos demais, e com o maltrato de outros que nos tenha ferido profundamente. Assim mesmo, pode nos permitir a reflexão sobre estados de ânimo de desesperança pela grave situação mundial, tão carregada de violência e intolerância, com a finalidade de mudar nosso olhar, apostando no processo de humanização da Terra e liberação do espírito. 

Manual de Temas Formativos e Práticas para os Mensageiros 55

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Exercício 9 — Trabalho individual

Sento­me comodamente e relaxo minha musculatura externa, buscando dissolver toda tensão localizada ou generalizada... continuo com o interior do corpo, deixando­me ir até a suavidade das sensações e afrouxando todo tipo de tensões… desde minha garganta até a base do tronco, passando por todos meus órgãos… em seguida, relaxo progressivamente minha cabeça, desde o mais externo até o mais interno… repetidas vezes… … … … agora busco esse olhar compreensivo… esse olhar que reconheça nos grandes erros, a soma de uma série de fatores que sobrepassaram minha capacidade de resposta… e trato de admitir que minha ignorância… minha incapacidade… e a força das circunstâncias… dificilmente teriam me permitido superar esse jogo de forças adversas que desencadearam situações de sofrimento… repasso as situações que mais ressentimento me causaram… … … … e me esforço por admitir humildemente minha incapacidade de melhores respostas para não fazer sofrer a outros… minha ignorância para superar conflitos sofrentes… do mesmo modo, busco aceitar a ignorância e os temores daqueles que me causaram sofrimento… … … … agora, trato de reconhecer em mim os valiosos momentos de esperanças… de acertos… de coerência que tenho vivido… trato de reconhecer nesses momentos os estados de plenitude e liberdade interior que experimentei… assim, busco equilibrar a balança de minha vida para dotá­la de sentido luminoso ao qual aspiro… e com isso transformar o meio em que vivo…

Exercício 10 — Trabalho em grupos

Intercâmbio em grupos de três sobre o trabalho individual anterior. Tomar nota.

Exercício 11 — Resumo e síntese individual

Resumir e sintetizar por escrito todo o trabalho pessoal realizado.

Exercício 12 — Intercâmbio em conjunto 

Livre intercâmbio em conjunto sobre o trabalho do dia.

Encerramento 

Preferencialmente na Sala, agradece­se pelas comprensões alcançadas e pede­se pela reconciliação progressiva.

Dá­se por terminado o seminário com um ágape de amizade e afeto. 

_____________________________Bibliografia

Vídeo e texto sobre A Reconciliação. Silo, Punta de Vacas. 05.05.2007

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4. Seminário sobre a mudança profunda e essencial

Esse seminário tem duração de 1 dia e a chegada das pessoas ocorre na parte da manhã.

Cerimônia de ofício

Enquadre:O presente trabalho está feito a partir de perguntas baseadas nas ideias principais da carta de resposta de Silo a David Roberts que circulou em janeiro de 2008, e vai na direção de criar uma condição de reflexão pessoal e intercâmbio nos grupos sobre o assunto da mudança profunda e essencial. As perguntas podem se responder desde o entendimento ou por intuição. Também se pretende formular um propósito pessoal meditando e tomando como referência o assunto dos 5 estados do sentido da vida, fragmento da nota 4 do antigo Livro da Comunidade.Tais cartas e dita nota se anexam afim de que todos os participantes contem com fotocópias para seu estudo.Sugere­se não fixar tempos para as diferentes partes do trabalho a realizar, e que tudo se proceda por auto­regulação.

Exercício 1 – Trabalho individual por escritoA mudança profunda e essencial, a mudança das condições mentais, é possível por uma intenção da consciência humana.

O que entendo ou intuo por mudança profunda e essencial?O que não seria uma mudança profunda e essencial, ou, o que poderia estar “disfarçado” de 

mudança essencial?O que entendo ou intuo por mudança das condições mentais?O que não seria uma mudança das condições mentais?       Não é possível a mudança essencial sem uma direção clara nesse sentidoO que entendo ou intuo por uma intenção da consciência humana sobre si mesma?O que entendo ou intuo por uma direção clara nesse sentido?O que significa para mim converter minha vida de acordo a uma mudança mental profunda?O que entendo ou intuo por decidir­me pela necessidade de converter minha vida em tal sentido?

Exercício 2 – Trabalho em grupos de 3 pessoasIntercâmbio sobre o trabalho individual. Tomar notas.

Exercício 3 – Trabalho em conjuntoIntercâmbio aberto sobre o assunto, de acordo com o trabalho individual ou em grupo. Tomas notas.

Exercício 4 – Formulação de propósitos pessoaisEm primeiro lugar trata­se de meditar desde onde, de que “lugar” interno cada um formularia propósitos de mudança profunda e essencial, se não os tivesse claros. Em tal sentido, é bom considerar que as aspirações mais sentidas que movem para aquela Conversão não nascem de compensações ilusórias que sutil e inadvertidamente para nós pudessem estar condicionando­nos. Tomar notas.

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Em segundo lugar, é recomendável estudar a nota 4 (anexada) do antigo Livro da Comunidade para refletir e esclarecer­se melhor sobre o estado interno atual no qual se possa estar com relação ao sentido da vida. Tomar notas.

Exercício 5 – Trabalho em grupos de 3 pessoasIntercambiar sobre o trabalho individual.

Exercício 6 – Trabalho em conjuntoIntercambiar sobre as compreensões logradas no trabalho individual e em conjunto.

Exercício 7 – Resumo e síntese individualResumir e sintetizar por escrito todo o trabalho pessoal realizado.

EncerramentoDe preferência na Sala, se agradece pelas compreensões logradas e se pede pela concretização das aspirações mais sentidas.

Se dá por terminado o seminário.

Anexos

Fragmento da nota 4 do antigo Livro da Comunidade

...7º ­ O reconhecimento de que nem tudo termina com a morte, o que é igual a transcendência mais além da morte, admite as seguintes posturas: a) A evidência indubitável (ainda que seja indemonstrável e intransferível a outros) dada pela própria experiência; b) A simples crença dada pela educação ou pelo ambiente como se fosse um dado indubitável da realidade; c) O desejo de possuir a experiência ou a crença; d) A suspeita intelectual da possibilidade de sobrevivência sem experiência, sem crença e sem desejo de possuí­las.8º ­ Essas 4 posturas e uma quinta que nega toda possibilidade de transcendência, são chamadas “os 5 estados do sentido da vida”. Cada estado admite diferentes graus de profundidade ou definição. Tanto os estados como os graus são variáveis, mas em um momento dado da vida, permitem definir a coerência ou contradição da própria existência e, portanto, o nível de liberdade ou submissão ao sofrimento. Este é, além disso, um ponto prático, porque se pode examinar qualquer momento da vida passada localizando­o no estado que lhe correspondia, comprovando como a vida se organizava de acordo a ele. Logicamente, esse exame vale para compreender o momento atual.9º ­ Qualquer que seja o estado e o grau em que se encontra uma pessoa, pode avançar ou aprofundar nele, graças ao trabalho mantido (permanente)  na direção que propõe a Doutrina.Resumindo: A doutrina da Comunidade explica que o verdadeiro sentido da vida está relacionado com a afirmação da transcendência mais além da morte; que a descoberta desse sentido transforma a vida influindo nas 3 vias do sofrimento e que toda pessoa pode conseguir ou aperfeiçoar esse sentido, qualquer que seja o estado ou grau em que se encontra.

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Cartas de David e Negro

14 de janeiro de 2008

Oi Negro,Lhe envio um cálido abraço desde Sacramento.Hoje lhe escrevo porque há algo que me preocupa pelos comentários que ouvi que você fez. Segundo me informaram, tais comentários foram feitos há uns 10 dias. E como não circulou nenhuma explicação, pelo que sei até o momento, pensei em perguntar diretamente a você.A questão é que, segundo me disseram,  (de segunda mão), em uma conversa que teve com alguns amigos (creio que em um jantar em Manantiales), você disse que o ser humano não poderia (realmente) mudar. E que você fez alguns comentários a respeito que negavam a possibilidade de uma “mudança verdadeira” no ser humano. Interpretei que você havia chegado a uma NOVA conclusão segundo a qual agora mantinha que os humanos não são capazes de um nível de mudança essencial e profunda. Que diferente é pensar isso! E que distância do que foi nossa corrente de pensamento.Bem, suponho que você disse o que foi informado...mas me pergunto: É O QUE VOCÊ QUIS DIZER? E como eu/nós entendemos isso?Pensando em mim diria que devo enfrentar o fato (se é um fato) de que nós, os humanos, não somos capazes do tipo de Mudança Humanizadora verdadeira (transformação): situação que todos trabalhamos para propagar durante muitos anos... e que de repente me DETÉM... e busco e me pergunto que é então o que estou fazendo (por outros) e em que tenho fé.Como escutei esses comentários e pensei neles, coloquei todos os meus projetos em espera, incluída minha série “Siloisms”, até que seja capaz de ENTENDER. Todos confiamos no seu pensamento  e juízo em sentido superlativo  e portanto devo perguntar se todo o Relato/História mudou (?).Obrigado Negro por considerar meus questionamentos...e dizer uma vez mais que você sempre está em meus pensamentos.Um grande abraço, David

(algumas horas depois)

Oi David.

Sim, aproximadamente há uns 10 dias houve uns lindos jantares em Manantiales, e, em um deles, falamos sobre isso que me parece oportuno considerar.É possível a mudança profunda e essencial no ser humano? Sim, assim creio, mas distingo entre essa mudança inegável, mas lenta, que começou nos primeiros hominídeos e a possibilidade de mudança essencial não devido a uma simples mecânica evolutiva, nem tampouco a acidentes “naturais”, mas sim devida a uma direção, a uma intenção de consciência humana sobre si mesma.O ponto está em que as mudanças periféricas estão fazendo muita gente acreditar que essas são as mudanças às quais se deve aspirar. Deve­se ir mais além da Ciência e da Justiça para entender essa mudança.De fato, como destacamos em várias ocasiões, aqueles que trabalham pelo avanço da Ciência e da Justiça, fazem o melhor esforço para facilitar a superação da dor e do sofrimento facilitando as 

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condições da mudança. Mas é claro que até a Justiça e a Ciência vão se curvando em uma parábola apressada na que a busca da mudança está se orientando objetalmente, desconhecendo o mais importante da mudança essencial. Esse esquecimento de si, esse desconhecimento de superação da mecânica mental, leva­nos a questionar as possibilidades de mudança... E aqui chegamos no ponto dessa inquietante mas saudável noite, na qual pudemos expressar: Não é possível a mudança essencial sem uma direção clara nesse sentido. E a época está fechando o horizonte dessa direção mental.

Aqueles que seguiram nossa trajetória de vários anos comprovaram que nossos trabalhos orientaram­se na direção da “mudança simultânea” e no Humanismo isso cobrou grande potência. No entanto, o esforço para a mudança das condições mentais foi, às vezes débil, e às vezes intermitente.

Coloco os argumentos de um modo um pouco brutal: Tudo o que foi feito até esse momento tem um grande sentido,  mas não bastará até que as pessoas (mesmo a mais amável e bondosa) se decidam por Converter suas vidas percebendo a necessidade de uma mudança mental profunda. É disso que fala nosso trabalho em sua última fase; é disso que fala a Mensagem.

Creio que se na situação atual em que está vivendo a humanidade (e claro, nós mesmos), não se trabalha superando toda a censura e autocensura lançando­nos nos significados e nos trabalhos da Mensagem não será possível a mudança essencial. A direção deve ir para O Profundo da consciência para conectar com os significados que estão impulsionando lentamente  a evolução do ser humano. Agora é urgente e já não temos como dar a conhecer esse impulso.

Quando nesse jantar falamos das dificuldades que a mente humana enfrenta, um “descoraçonamento” correu como um vento gelado entre os assistentes. Ficou a sensação de que assim como estamos submersos em nossa humanidade, não penetramos no Profundo e se isso acontece não é possível a Mudança.Essa foi a parte mais triste do discurso onde se contestou com um certo estoicismo:“Não dá muitas esperanças o que você diz!”

No entanto, mais além da piada, creio que contamos com alguma conexão interna que se pode comunicar e isso é possível porque em todos nós existe essa fonte insondável do Profundo, da qual temos que beber suas águas.

Meu querido David, acredito que muitos captaram a gravidade do momento atual e a sua carta é um reflexo daquilo que aconteceu e não se deteve.

Envio­te o mais afetuoso abraço, Negro.

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5. Seminário sobre a Direção e os Aforismos     

Este seminário tem a duração de um dia e a chegada das pessoas ocorre pela manhã.

Cerimônia de Ofício

Primeira parte: Introdução (1 hora)

Plano de trabalho: trabalha­se com o texto dos Aforismos (O Livro da Comunidade) e algumas reflexões guiadas. Este trabalho está organizado para nos ajudar a experimentar com cada um dos Aforismos e, desde nossa própria experiência pessoal, entender as diferenças entre eles. Vamos nos concentrar em um Aforismo pessoal que corresponda à direção básica de nossas vidas. 

A melhor maneira de trabalhar juntos é a de estar relaxados, em tema e nos concentrar no que estamos fazendo. A atitude adequada é a de um "investigador"; tratando de entender, prestando atenção e sem expectativas. Trata­se de um trabalho simples que se realiza com gosto.

O que são "os Aforismos” e por que vamos trabalhar com eles?

Sabemos que quando vamos fazer algo que é importante para nós necessitamos ter claridade nos pensamentos e imagens, ter fé e convicção de que o que estamos fazendo sairá bem e realizar as tarefas que são necessárias para alcançar o que queremos. Esse "algo" pode ser muito interno; pode ser a busca de um trabalho; ajudar a outra pessoa; um projeto que inclua a outros, como a colocação em marcha de uma nova comunidade da Mensagem; pode ser a construção geral de minha vida. Seja como for, necessitamos o máximo de coerência entre nossos pensamentos, sentimentos e ações. Os Aforismos trabalham precisamente em torno a estes pontos.

Nossos Aforismos são formulados em três níveis de profundidade. Eles são:(1) Os pensamentos produzem e atraem ações. (2) Os pensamentos realizados com fé, produzem e atraem ações mais fortes.(3) Os pensamentos repetidos com fé, produzem e atraem o máximo de força nas ações. 

Um Aforismo Pessoal é uma frase, uma imagem, uma construção mental simples que dirige meus pensamentos, sentimentos e ações em uma direção dada. A função e potencial de um Aforismo é exatamente essa, a de clarificar e transformar minhas ideias e sentimentos em ações conscientes e intencionais. Cria energia e cria futuro. Um Aforismo pode ser pessoal ou coletivo. Em todos os casos, os indicadores de que está bem construído e que corresponde a uma verdade interna, são que o futuro se abre e que crece a coerência pessoal. Neste sentido, o trabalho interno com os Aforismos pode ser considerado um passo para um entendimento mais claro de nosso funcionamento interno.

Um Aforismo pessoal pode ser obviamente algo mais imediato e não é necessariamente um trabalho sómente sobre a parte central de minha vida. Aqui estamos explorando e aprendendo sobre os Aforismos e temos tomado a direção de nossas vidas como nosso objeto de estudo. Se nos compenetramos neste trabalho, seguramente incorporaremos uma nova ferramenta pessoal que será útil em muitas situações e possivelmente fundamental para a construção da vida a qual aspiramos.

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A Direção

O potencial energético positivo de um Aforismo pessoal se encontra em sua proximidade com a direção central ou sentido que tem minha vida. Isso é importante, já que a medida que minhas ações cotidianas coincidem (ou não coincidem) com minha direção mental, minha vida crescerá em coerência ou em sofrimento, tanto para mim como para os que me rodeiam. Dentro de mim há uma direção que me empurra para adiante, ou que me guia de uma maneira e não de outra (sem importar como tenham em certas ocasiões resultado as coisas). Isso pode ser sentido como uma espécie de imã no futuro que me atrai, ou como um motor interno que me impulsiona... de diferentes maneiras, porém de qualquer modo está ali operando.

Por alguma razão nossas vidas nos levaram a estar aqui juntos hoje. Ainda quando os detalhes de nossas vidas sejam muito diferentes, há algo em comum em nossa direção. Cada um de nós pode sentir esse "algo" de maneira diferente, expressado de um modo distinto, mas de alguma forma as aspirações de A Mensagem de Silo coincidem com nossas próprias aspirações para nossas vidas e aquilo que desejamos para outros. Há uma imagem interna atuando aqui que tem certas características comuns: por um lado uma busca que nos impulsiona para o profundo e sagrado em nós mesmos e também uma direção centrífuga que se dirige para outros; um interesse que abre a comunicação e supera a discriminação e a violência. Existe a suspeita ou a certeza que a vida sim tem um sentido, que nem tudo termina com a morte, e isso determina como construo minha vida. Existe o desejo de superar o sofrimento em mim e nos demais. Esta direção é importante para nós e pode ser considerado como o leme de uma embarcação. Não se vê o leme, porém é o que permite à embarcação chegar a seu destino. Sem leme a embarcação gira em círculos a mercê das marés e das correntes, das forças externas. Nosso interesse é connhecer esse leme, fazê­lo explícito para nós e manifesto em nossas vidas.

Aspirações

Como podemos saber quais são nossas aspirações reais? Seguramente que temos muitas coisas diferentes que queremos, desejamos e necessitamos que atuam ao mesmo tempo, desde o mais mundano até o mais exaltado. Algumas delas nos levam em uma direção válida e outras nos levam ao sofrimento. A chave para descobrir nossas aspirações profundas tem a ver com a comoção emocional positiva que se sente quando tomamos contato com elas. Há muitas coisas que queremos ou que gostaríamos que acontecessem, mas sem esta conexão emotiva são simplesmente divagações, boas ideias, mas não têm a profundidade de algo importante para nossas vidas.

A medida que sinto que aumenta minha coerência e unidade interna, que minha vida está tomando um significado válido (ao menos para mim), então sei que estou em um caminho de profundidade e verdade dentro de mim mesmo. Há uma experiência de reconhecimento no contato com esta aspiração profunda que está atuando ainda quando não seja tão clara, manifesta ou explícita.

Nosso interesse neste trabalho com os Aforismos é tratar de nos aproximar a esta aspiração interna que é como uma corrente subterrânea que atua em mim, guiando minha vida em uma certa direção, para que depois possa guiar minhas ações diárias com maior coerência.

Primeiro trabalho ­ Aforismo pessoal (1 hora)

A. Reflexão:

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Relaxamento externo e interno guiado ...... Busco imagens que tenham o registro de algo ao qual aspiro ... ideias ou imagens de pessoas e situações que me mobilizam.... busco significados.... O que é o que sinto quando tomo contato com essa aspiração?...... Posso sentir que isso cresce sem limites? ... Posso reconhecer este sentimento em outros momentos de minha vida?...... Em diferentes situações de minha vida? ..... Recorro aos diferentes momentos e situações da vida com este registro, guiado por este sentimento......

Chegar a conclusões por escrito (sem intercâmbios).

Escrever a própria experiência. Se não se sente que tomou contato com esta emoção, trabalhar com um registro inspirador. 

B. Reflexão:

Relaxo .... retomo este sentimento.... Com este sentimento reflito sobre meus pensamentos e ações...... Observo através de minha vida os momentos nos quais este sentimento era mais manifesto.... quando estava ausente..... Recordo os pensamentos e ações de minha vida nos momentos em que este sentimento estava ausente.... retomo o sentimento de minha aspiração.... Recordo os pensamentos e ações que se relacionavam com este sentimento nesses momentos.... vejo meu futuro.

Tomar nota das própias conclusões

C. Medite internamente e comece a construir um Aforismo pessoal sobre como se pode expressar esta aspiração na própria vida. Este aforismo pessoal pode ser uma frase, uma imagem, uma forma de expressar somente para si mesmo este sentimento. Isso é como uma afirmação interna, criada de uma maneira intuitiva mais que de uma maneira lógica. Pode ser que não reflita exatamente a própria aspiração, mas pode se aproximar. O ponto é que quando cada um tome contato com esta frase ou imagem sinta a força deste sentimento.

D. Reflexão:

Relaxo minhas tensões........... Sinto meu Aforismo atuando.... e ganhando vida dentro de mim ..... ganhando vida dentro de mim…..

Intercâmbio em grupos de três (1 hora)

Descanso ­ Almoço (uma hora)

Segunda parte: Os Aforismos (Livro da Comunidade) (2 horas)

Nº 1: "Os pensamentos produzem e atraem ações"

O que quer dizer “os pensamentos produzem ações”? Quer dizer que de acordo com as coisas que 

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sinto, ou recordo, ou imagino, assim atuo na vida. É evidente que qualquer atividade que desenvolva, irei faze­la segundo o que tiver exercitado antes, e isso funcionará em relação à clareza que eu tenha sobre o que vou fazer. Se os meus pensamentos são confusos, é muito possível que os meus atos sejam confusos, e assim por diante. Quanto a afirmação de que os pensamentos “atraem ações”, é evidente que se vão produzindo atos de confusão, se criará confusão em minhas atividades e nas pessoas às quais me dirija. Como consequência, voltarão para mim resultados desse tipo. Se penso com ressentimento e atuo desse modo, seguramente criarei ressentimentos e atrairei para mim essas ações por parte das outras pessoas. Basta que uma pessoa acredite em sua “má sorte” para que as suas ações e as dos demais acabem produzindo fatos ou situações desafortunadas.

Reflexão: Relaxo minhas tensões.......... Conecto com meu Aforismo pessoal....... Sinto meu Aforismo.... Vejo as imagens que aparecem .......... Onde estou eu situado nas imagens?.......... Quais são meus pensamentos? ....... Quais são minhas ações?........ Onde terminam minhas ações? 

Escrever os pensamentos e ações. Quais ações foram produzidas e quais ações foram atraídas? Considerar as consequências destas ações.

Comentários

Nº 2: "Os pensamentos realizados com fé, produzem e atraem ações mais fortes".

"Fé" quer dizer convicção, sentimento forte, segurança de que uma coisa é assim como creio. Não é  o mesmo pensar com dúvida, que com a força das emoções. Basta ver o que é capaz de mover um sentimento forte como o amor, para compreender o que estamos dizendo.

Reflexão: Relaxo minhas tensões..... respiro profundamente.... Agora retomo as mesmas imagens..... os mesmos sentimentos..... Vejo­os claramente.... meus pensamentos..... minhas ações.....  sinto esta emoção dentro de mim..... aumento este sentimento..... o faço mais profundo..... ponho fé e certeza neste sentimento.....como são meus pensamentos...... como são minhas ações.... Continuo aumentando minha fé em meu Aforismo.....

Tomar nota da experiência. Quais diferenças você observou com os pensamentos da reflexão do Aforismo Nº 1? Quais foram tuas ações e quais foram suas consequências?

Comentários

Nº 3: "Os pensamentos repetidos com fé, produzem e atraem o máximo de força nas ações".

Quanto mais se repete uma ação ou um pensamento, mais se grava na memória, mais fortes se fazem os hábitos e mais nos predispomos a ações futuras nessa direção. Se alguém pensa continuamente com fé que está doente, terminará adoecendo com mais possibilidades do que se pensasse fugazmente ou sem convicção. O exposto vale para os projetos que tenho na vida. Devem ser pensados com clareza, com fé, e devem ser considerados repetidamente. Então, minhas ações irão nesta direção e criarei respostas a partir do meu meio e das pessoas que me rodeiam na direção que me interessa.

Manual de Temas Formativos e Práticas para os Mensageiros 64

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Como repito com fé meu Aforismo pessoal? Com meditação diária, com intenção, fazendo­o central em cada dia, incorporando­o às atividades de cada dia. Se tenho um Guia Interno, posso fazer pedidos para fortalecer meu Aforismo.

O Guia e o Pedido: Se tenho um Guia Interno, então o melhor será incorporar a meu Guia (com sua Força, Sabedoria e Bondade), a meu trabalho com meu Aforismo. Posso chamar a meu Guia para que me acompanhe, para que reforce e guie meu Aforismo, para lhe pedir conselhos sobre como avançar nas diferentes situações. Desta maneira "infundo" a meu Aforismo os atributos do Guia. Incorporo a força do Pedido em meus pensamentos e minhas ações.

Reflexão: Retomo as mesmas imagens com fé.... me vejo a mim mesmo na vida diária.... minhas atividades... meus pensamentos.... continuo repetindo internamente o contato com meu Aforismo........ conectando mais profundamente com esta verdade interna....... observo meus pensamentos.... a força de minhas ações.... vejo as consequências de minhas ações....

Tomar nota das imagens, pensamentos, ações e consequências.

Intercâmbio em grupos de três 

Escrever as conclusões e síntese pessoal.

Intercâmbio final em conjunto.

Breve descanso

Ofício

Ágape de despedida

_____________________________Bibliografia

O Livro da Comunidade

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6. Seminário sobre o Pedido

Este seminário tem duração de um dia, e a chegada das pessoas é no próprio dia, na parte da manhã.

Cerimônia de Ofício

Enquadre

Este seminário é dedicado ao trabalho com o Pedido, complementando com a reflexão pessoal, o estudo e o intercâmbio em grupos. Além disso, celebraremos cerimônias.

Primeira parte – Reflexão pessoal e intercâmbio ( uma hora e meia)

Nossa primeira reflexão será de caráter pessoal sobre nosso crescimento interno ao enfrentar as dificuldades da vida durante os últimos tempos. Tomaremos alguns minutos para meditar sobre esses momentos e depois intercambiaremos em grupos de 3 pessoas.

Segunda parte – Estudo (uma hora e meia)

Cerimônia de Bem Estar – Comentários de Silo

Estudo em grupos, escrever as próprias reflexões e compreensões.

“Uma   terceira   cerimônia,   conhecida   como   de   “Bem   estar”,   também   se   realiza   a   pedido   dos assistentes.   Sem   dúvida,   trata­se   de   uma   posição   mental   na   que   uma   ou   várias   pessoas   são evocadas tratando de rememorar do modo mais vívido possível sua presença e seus tons afetivos mais  característicos.  Busca­se compreender  do modo mais   intenso possível  as  dificuldades  que nesses   momentos   podem   estar   vivendo   aqueles   que   são   evocados.   A   partir   daí,   passa­se   a considerar  uma melhora na situação de maneira  que se possa experimentar o registro de alívio correspondente.Esta cerimônia coloca em destaque um certo mecanismo de “bons desejos” ou “boas intenções” com os quais nos expressamos quase espontaneamente e com muita freqüência. Dizemos: “Que tenhas um dia  feliz”,   “que cumpras muitos e bons aniversários”,   “que vá  bem em sua prova”,  ou    “que superes a dificuldade atual”, etc. É claro que nesta cerimônia se fazem os “Pedidos” desde uma boa disposição mental na que se enfatizam os registros afetivos intensos. O “Pedido” de benefícios para outros,   realizado   nas   melhores   condições,   nos   coloca   em   uma   posição   mental   na   qual   nos predispomos   a   dar   as   ajudas   necessárias   e,   além   disso,   melhoram   nossas   direções   mentais fortalecendo em nós as possibilidades de comunicação com os demais.

Um ponto muito importante a considerar com os “Pedidos” é o de efetuá­los a fim de que outros possam superar as dificuldades e restabelecer suas melhores possibilidades. Sobre isso, não deve haver confusão. Vejamos um caso. Se poderia supor que um Pedido pelo restabelecimento da saúde de alguém moribundo é o mais adequado já que se está tratando de subtrair a dor e o sofrimento da pessoa afetada, mas ao enfocar esse Pedido se deve ser cuidadoso porque não se trata de pedir o melhor para si mesmo que gostaria de manter o afetado com boa saúde e perto de nós. O pedido 

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correto deveria ir na direção do melhor para esse moribundo e não do melhor para nós mesmos. Nesta situação, na que estamos ligados pelo afeto a esse moribundo sofredor talvez deveríamos considerar  que  essa  pessoa  pode  desejar   sair   de   sua  situação   reconciliada  e  em paz  consigo mesma. Neste caso, o Pedido é “pelo melhor para a pessoa afetada” e não pelo melhor para mim, que gostaria de reter a outra pessoa a todo custo. Assim é que o Pedido pelo outro, deve considerar o que é o melhor para o outro e não para mim.

Esta cerimônia termina, para aqueles que assim o desejem, em fazer sentir a presença daqueles seres muito queridos que “ainda que não estejam aqui, em nosso tempo e em nosso espaço” se relacionam ou se relacionaram conosco na experiência do amor, da paz e da cálida alegria.

Finalmente,   com   esta   cerimônia   se   pretende   criar   uma   corrente   de   bem   estar   para   todos   os presentes que estejam orientados em uma mesma direção.

Leitura dos escritos de cada grupo e intercâmbioBreve descansoCerimônia de OfícioCerimônia de Bem EstarAlmoço (1 hora)

Terceira parte – O Pedido (duas horas)

Para nós o Pedido é uma atitude transformadora e um procedimento com o qual podemos esclarecer nossas necessidades e concentrar a energia na consecução de nossas aspirações. Obviamente que “minhas necessidades” não estão só reservadas para minha própria situação pessoal, mas para meu “mundo” também, que inclui a meus seres queridos e outros, todos aqueles cuja presença existe dentro de mim e que contribuem para a conformação de meu mundo interno.

Há  muitos  casos em nossas  Cerimônias  onde  pedimos  explicitamente,  como na  de  Bem estar, Proteção, Ofício, Imposição, e também outras cerimônias onde estão implícitos   nossos melhores desejos para o logro das aspirações de outros, como nas de Assistência, Matrimônio e Morte.

O Pedido implica dois momentos, um no qual meditamos sobre o que necessitamos realmente e o outro onde solicitamos seu cumprimento.

Em um primeiro momento,  relacionado com essa breve meditação, Silo   falou em sua Exposição Inaugural no dia 07 de maio de 2005 em La Reja:

“Como hoje estamos numa celebração (e em algumas celebrações as pessoas trocam presentes), gostaria de te dar uma prenda que tu verás se merece ser aceite. Trata­se, na realidade, da recomendação mais fácil e prática que sou capaz de oferecer. É quase uma receita de cozinha, mas confio em que irás além do que assinalem as palavras...

Em algum momento do dia ou da noite, aspira uma golfada de ar e imagina que levas esse ar ao teu coração. Então, pede com força por ti e pelos teus entes mais queridos. Pede com força para te afastares de tudo aquilo que te traz contradição; pede que a tua vida tenha unidade. Não destines muito tempo a 

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esta breve oração, a este breve pedido, porque bastará interromperes um instante o que vai sucedendo na tua vida para que, no contacto com o teu interior, se clarifiquem os teus sentimentos e as tuas ideias.

Afastar a contradição é o mesmo que superar o ódio, o ressentimento, o desejo de vingança. Afastar a contradição é cultivar o desejo de reconciliação com outros e consigo mesmo. Afastar a contradição é perdoar e reparar duas vezes cada mal que se tenha infligido a outros.   É esta a atitude que cabe cultivar. Então, à medida que o tempo passe, compreenderás que o mais importante é conseguir uma vida de unidade interna que frutificará quando o que penses, sintas e faças vá na mesma direcção. A vida cresce pela sua unidade interna e desintegra­se pela contradição. E acontece que o que fazes não fica só em ti, mas chega aos demais. Portanto, quando ajudas outros a superar a dor e o sofrimento fazes crescer a tua vida e dás o teu contributo ao mundo. Inversamente, quando aumentas o sofrimento de outros, desintegras a tua vida e envenenas o mundo. E a quem deves ajudar? Em primeiro lugar a quem está mais próximo, mas a tua acção não se deterá neles.  

Com aquela “receita” não termina a aprendizagem, antes começa. Naquela “receita” diz­se que temos que pedir, mas a quem se pede? Segundo o que creias será ao teu deus interno, ou ao teu guia, ou a uma imagem inspiradora e reconfortante. Por último, se não tens a quem pedir, também não terás a quem dar e então o meu presente não merece ser aceito”. 

Intercâmbio sobre o texto em grupos de 3 pessoasIntercâmbio em conjuntoDescanso

Reflexão Pessoal

Em silêncio, cada um medita internamente sobre o que necessita realmente. Não é a mesma coisa meditar sobre  “o que eu quero” ou “o que eu gostaria que acontecesse” que meditar sobre “o que eu necessito realmente”.

Aqui, o contexto da expressão “o que necessito realmente” é muito claro e também o contexto de “a quem peço”, e cada um vai levando adiante este Pedido a sua maneira.O “procedimento” do Pedido tem que ver com concentrar esse desejo em nossos corações. É aí, em nossos corações, onde conectamos com a Força. Ali está a energia, produzida pelos sentimentos fortes que estão entrelaçados intimamente  com nossas necessidades reais e que é capaz de impulsionar seu cumprimento. Em nossos corações é onde encontramos a Força capaz de satisfazer nossas reais necessidades.

Citando novamente aquele texto, temos o seguinte:“Em algum momento do dia ou da noite, aspira uma golfada de ar e imagina que levas esse ar ao teu coração”Como levo isso ao meu coração? Tomo um bocado de ar profundo e vou concentrando, pressionando este ar “para dentro de meu coração”. Posso me ajudar apoiando a mão sobre meu coração, sentindo seu palpitar. Então vou concentrando me pedido, repetindo­o mom minha “voz interna” ou em voz alta, concentrando­o em meu coração. Convém que seja breve e com Força.

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Prática

Dar alguns minutos para que cada um possa meditar sobre o que necessita realmente.Depois, todos de pé...Minha mente  está inquieta (o conjunto repete)Meu coração sobressaltado (o conjunto repete)Meu corpo tenso (o conjunto repete)Afrouxo meu corpo, meu coração e minha mente (o conjunto repete)(Pedido) Aspira um bocado de ar profundo e leve­o ao coração...Pressiona o ar dentro de teu coração...Levemente pressiona tua mão no coração...Toma contato com teu Guia e pede com Força...Pede com força por aquilo que necessitas realmente...Pede com força com tua voz interna ou em voz alta...Pede pelo que necessitas realmente...Repetir o Pedido 3 ou 4 vezes, sem deter­se entre um e outro.

Descanso

Fechamento do dia: Cerimônia de Ofício

Ágape de amizade (opcional)

_____________________________Bibliografia

Livro A Mensagem de SiloPalavras de Silo na inauguração do Parque La Reja, 07.05.2005Comentários a “Mensagem de Silo”

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7. Seminário sobre a Regra de Ouro e as ações transformadoras

Este seminário tem a duração de um dia e a chegada das pessoas ocorre pela manhã

Cerimônia de Ofício

Enquadre

Este dia de trabalho estará dedicado ao estudo, reflexão e intercâmbio sobre a regra de ouro e as ações transformadoras no mundo, que repercutem nas pessoas próximas e em nós mesmos e cuja influência é interminável. Hoje investigaremos mediante a própria experiência, o estudo, a reflexão e o intercâmbio, sobre a regra de ouro em nossa vida pessoal e, também, como esse princípio de ação válida se traduz em orientação de nossa ação social com a mensagem de silo. Para este trabalho faremos algumas de nossas cerimônias de experiência e estudaremos o tema formativo a regra de ouro.Primeiro trabalhoLeitura e intercâmbio em grupos: Tema formativo a regra de ouro.

Descanso

Segundo trabalho A Regra de OuroNosso princípio ético guia para as ações é aquele que diz: Trata os demais como queres que te tratem. para nós não existe uma moral mais elevada capaz de orientar a conduta humana, tanto pessoal como socialmente. Quando aplicamos conscientemente, nos colocamos de imediato como par do outro, não por cima nem por baixo. E tal posicionamento mental é o que permite a verdadeira solidariedade e igualdade para coexistir. “Eu” não sou o centro do mundo, “Nós” existimos e a conduta violenta, em todas suas formas, se faz difícil lançar raizes nesta atmosfera mental. Este prncicípio orienta nossa aspiração de coerência pessoal, unindo nossos pensamentos, sentimentos e ações. Permite­nos superar nossas contradições pessoais e dá lugar a novos pensamentos, novas emoções e novas ações, seja no campo das relações pessoais ou no campo do social. Se trata de uma postura moral frente a vida e sua justificação universal é  registro de unidade interna que todas as pessoas experimentam quando suas ações são verdadeiramente orientadas por esta compreensão.Na Mensagem de Silo temos a oportunidade de aprofundar nossa experiência interna mediante as cerimônias, mediante a livre interpretação e o intercâmbio com outros sobre diversos temas, tais como a morte, a imortalidade, o sagrado e o sentido da vida, entre outros. Estas experiências parecem ir formando parte de uma sorte de “atmosfera interna”, uma nova forma de experimentar­se a si mesmo e a vida em geral, e é desde o próprio mundo interno onde nossas ações se estendem e terminarão em outros. Algumas de nossas cerimônias, como a do Ofício e a de Imposição, são relativas à experiência interna. Outras, como as de Bem­Estar, Proteção, Matrimônio, Assistência e Morte são, além disso, sociais e têm a ver com nossa forma de tratar a outros. Por sua vez, a cerimônia de Reconhecimento consiste em uma experiência pessoal de declaração de princípios, mas esta declaração tem a ver também com um compromisso social para com o mundo ao qual aspira.

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A regra de ouro é orientação clara de nossa relação com outros e se as ações transformadoras  nos interessam, temos de considerar que todas as ações dirigidas aos demais se configuram dentro de meu mundo interno que está tingido por minha atmosfera mental, em tal sentido, segundo sejam meus pensamentos e sentimentos, minhas ações se configurarão e expressarão de determinada maneira no mundo, exercendo sua influência sobre aqueles que são “receptores” delas. Minha forma de tratar a outros termina neles, seja que os beneficie ou não, e suas ações terminarão em outros mais e assim seguindo. Também eu mesmo experimento minhas ações em relação aos demais e esse registro fica em minha memória influenciando com essa atmosfera mental que sempre estou construindo, de forma positiva ou negativa. Parece que todos influenciamos e somos influenciados por outros, o que é importante considerar. Não é indiferente como levamos nossas vidas já que nossas ações não terminam em si mesmas senão que continuam em outros e em nós mesmos.Isso é muito claro na Cerimônia de Morte. Ali estamos, a vida do ser querido cessou a atuação em seu corpo. Não mais “ações” esse corpo realizará e, no entanto, podemos sentir e reconhecer a influência viva de suas ações em nós mesmos. Tratemos de imaginar essa situação.

Experiência Fechemos os olhos. Recordemos a um ser querido que já partiu.Em seguida se Lê a Cerimônia de Morte.Intercâmbio com os que queiram falar.

ComentáriosAqui podemos ver como o trato do outro para conosco e o trato experimentado em nossa relação com esse outro nos mudou e continua agindo em nós, transformando nossas ações para com outros. Nesse sentido podemos ver como a História, o grande acumulador e transformador das ações realizadas por aqueles que nos prescederam, continua hoje em nós. Compreender isso pode despertar em nós uma nova compaixão e tolerância. E assim como “ninguém” há de ser culpado pela desgraça atual tão estendida, cada pessoa assumirá, ou não, como responsabilidade pessoal o ajudar a transformar os processos destrutivos em forças que favoreçam a vida.

Cerimônia de Bem­estar 

Almoço (1 hora) 

Terceiro trabalho

Vimos algo sobre o Princípio de Solidariedade ou Regra de Ouro que diz: Trata os demas como queres que te tratem. Vimos como isso das ações  é um mundo complexo e que sua influência não tem fim, segue na paisagem humana em constante transformação.Também vimos como existem ações que beneficiam aos demais no melhor sentido e outras que não. Na Mensagem de Silo temos esse princípio traduzido e elevado a uma afirmação compartilhada de experiência, ideais, atitudes e procedimentos. Isso se observa na cerimônia de Reconhecimento e à 

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luz de nosso interesse é muito apropriado seu estudo.

Estudo e intercâmbio em grupos: Cerimônia de ReconhecimentoAnotações do grupoLeitura e intercâmbio em conjunto.

Descanso 

Cerimônia de OfícioCerimônia de Reconhecimento Ágape de amizade._____________________________BibliografiaLivro de A Mensagem de SiloTema Formativo A Regra de Ouro

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8. Retiro sobre a Força II

Duração: 3 dias.Chegada ao Centro de Trabalho na tarde prévia ao dia 1.

Durante a tarde:Chegada e boas vindas. Acomodações nos ambientes. Jantar

Enquadre:Explica­se que o sentido desse Retiro é ter uma experiência profunda com o trabalho da Força, além de estudar, refletir e intercambiar sobre O Olhar Interior e o documento Comentários sobre A Mensagem de Silo.

Recomendações sobre o posicionamento pessoal

Aqui o único assunto é o trabalho pessoal. A atitude adequada é a amabilidade, o bom humor e a sinceridade interna. Por tratar­se de um retiro sobre a Força, as relações entre nós são muito importantes: amáveis, leves e abertas. O importante é tomar contato consigo mesmo e aprender com o outro.

Cerco mental

O cerco mental é nossa forma de gerar um “espaço mental” diferente onde podemos trabalhar. O cerco produz um limite no espaço e no tempo. Esse limite concentra e eleva o nível de atenção. Somente com mais atenção podemos aprender mais sobre nós mesmos e os demais.

Explicações sobre o funcionamento do Retiro

No retiro todos participamos nas mesmas condições. Recomenda­se pontualidade no início de todas as atividades, ao levantar­se e ao dormir. O tempo livre pode ser usado para passear, intercambiar, terminar ou repassar trabalhos, etc. mas não implica em sair do cerco mental ou do assunto. Reforçar que apesar do trabalho ser concentrado, haverá tempo suficiente para fazer tudo com profundidade e sem pressa. É importante concentra­se bem em cada um dos trabalhos, desenvolvê­los bem, intercambiar com outros, fazer observações e tirar conclusões.

Revisão de horários

Breve descanso

Leitura em conjunto

Baseada em: Comentários sobre A Mensagem de Silo e A Mensagem de SiloPrimeira parte dos “Comentários sobre A Mensagem de Silo” até o capítulo II.

Descanso

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Ofício

Tempo livre

01:00 Final do dia.

Dia 1

09:00 Despertar

10:00 Café da manhã

11:00 Explicações sobre o objetivo e recomendações para o trabalho do retiro

Nesse retiro trataremos de aprofundar em nossa experiência pessoal e na compreensão da Mensagem de Silo, concentrando­nos em dois assuntos: um deles é a experiência da Força dentro do contexto cerimonial do Ofício e a Imposição e o outro é a reflexão sobre alguns capítulos selecionados de A Mensagem de Silo e Comentários. Compreendemos que esse é só um interesse parcial e particular referido à Mensagem de Silo, mas é o que desenvolveremos durante esses dois dias.Graças ao fato de estarmos em uma situação de “retiro” em um Centro de Trabalho, temos as melhores condições para aprofundar em nós mesmos. Aqui estamos afastados das rotinas e obrigações diárias, não temos pressa nem um lugar para onde ir e não estamos interessados na eficiência. Essas são as condições ideais para o trabalho interno.

A Força

Para tomar contato com a Força há uma certa condição mental e predisposição afetiva que são favoráveis e que correspondem a um bom trabalho. O contexto cerimonial do Ofício e a Imposição nos afasta do aspecto  técnico e nos convida a uma abertura interna mais poética com nós mesmos. Ainda que isso se manifeste em cada um de nós de maneira pessoal, o comum é que existe um grande afeto e um interesse inspirado em nosso trabalho, e o fato de que façamos isso entre amigos aumenta essa atmosfera mental.

Nesse retiro trabalharemos repetidamente com a Força e isso  dará a oportunidade a cada um de anotar e de refletir sobre a experiência. Aí quem sabe entenderemos mais sobre nós mesmos: como nos posicionamos internamente ao entrar nesse trabalho, as facilidades e dificuldades que temos em diferentes momentos ao seguir as indicações que são dadas. Isso não é colocar uma ótica técnica sobre o trabalho cerimonial, mas perceber que a realização e repetição de experiências é uma oportunidade pouco freqüente que nos permite aprofundar, aprender e familiarizarmos mais com a Força. Cada um de nós tem energia e Força e nosso interesse é tomar contato com a Experiência da Força.

Talvez uma coisa que temos em comum é que cada vez que fazemos um Ofício nossa experiência da Força é diferente. Isso se deve a que nós mesmos estamos mudando constantemente. Algumas vezes estamos muito inspirados, outras vezes estamos cansados ou cheios de ruído interno, algumas vezes tudo se move em conjunto harmoniosamente e outras vezes não. Seja como for, 

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podemos entrar humildemente em cada experiência sem expectativas (sabendo que sempre é diferente), conectando internamente e seguindo as frases que são lidas, sairemos da experiência mudados e fortalecidos internamente.

Estudo, reflexão e intercâmbio

Estudaremos e intercambiaremos sobre A Mensagem de Silo: sobre a Primeira Parte nos capítulos introdutórios de O Olhar Interior e os capítulos que tem a ver com a Força, e a Segunda Parte que contém as cerimônias de Experiência. Começaremos com os textos, complementando­os com as observações de Silo no documento Comentários e intercambiaremos entre nós. As reflexões selecionadas para o Ofício serão as de “O Caminho”. Nas refeições conjuntas diárias haverá leitura de Mitos Raízes Universais. Além desses textos, esse retiro é uma excelente oportunidade para a reflexão pessoal sobre todos os textos que se encontram na Mensagem de Silo e Comentários. Sabemos que a Mensagem se fundamenta no princípio da livre interpretação, o que nos brinda a oportunidade de respeitar e aprender com os demais.

11:30    Café

12:00    Leitura e intercâmbio: O Olhar Interior, capítulos VI e VII.

             Ofício

             Anotações pessoais

14:00    Almoço

             Descanso

15:30    Intercâmbio sobre o trabalho da manhã.

Nos “Comentários”, a orientação sobre a experiência da Força é a seguinte:

“Os assuntos da Força, o Centro Luminoso, a Luz Interna, o Duplo e a Projeção da Energia, admitem duas visões diferentes. Primeira: Considerá­los como fenômenos de experiência pessoal e, portanto, mantê­los em uma relativa incomunicação com aquelas pessoas que não as registraram, limitando­os no melhor dos casos a descrições mais ou menos subjetivas. Segunda: Considerá­los dentro de uma teoria maior que os explique, sem apelar à prova da experiência subjetiva. Tal teoria maior que poderíamos considerar como derivada de uma Psicologia Transcendental, é de uma complexidade e profundidade impossível de expor nesses simples “Comentários sobre a Mensagem de Silo”.

                Leitura e intercâmbio: O Olhar Interior, capítulos VIII, IX, X

                Ofício

                Anotações pessoais

                Breve descanso

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                Intercâmbio

17:00       Café

17:30      Estudo em grupos: Materiais: Comentários sobre A Mensagem de Silo, A Mensagem de Silo               Grupo 1: Capítulos II, III e IV               Grupo 2: Capítulos V e VI               Grupo 3: Capítulo XIII               Cada grupo estuda, intercambia e escreve suas reflexões.               Leitura dos escritos de cada grupo em conjunto.

   Tempo livre

21:30      Jantar com leitura (Mito a escolher do livro Mitos Raízes Universais)

22:30      No texto do Ofício encontramos essas frases:

“Relaxa plenamente teu corpo e aquieta a mente...Então, imagine uma esfera transparente e luminosa que descendo até você, termina alojando­se em seu coração. Reconhecerás que a esfera começa a se transformar em uma sensação expansiva dentro do seu peito...”

Aqui, a imagem visual da esfera descansa dentro do nosso coração e começa a se transformar de uma imagem visual em uma imagem cenestésica, uma sensação que se expande. Essa transformação de um sentido em outro é importante e é o que seguiremos com nossa atenção... essa sensação expansiva.

            Leitura e intercâmbio: O Olhar Interior, capítulos XI, XII            Ofício            Anotações pessoais

23:30   Café e intercâmbio

01:00   Fim do dia

Dia 2

08:30   Despertar

09:30   Café da manhã

10:00   Intercâmbio sobre o dia anterior.

11:00   Café

11:30   Estudo: Leitura e intercâmbio em conjunto

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            Material: Comentários sobre A Mensagem de Silo            Segunda parte, Introdução

            Descanso

            Leitura e intercâmbio. O Olhar Interior, capítulos XV e XVI

            Ofício ou Imposição

            Anotações pessoais

14:00   Almoço

            Descanso

15:30   Intercâmbio sobre a experiência e impedimentos com a Força

            Descanso

            Leitura e intercâmbio: O Olhar Interior, capítulo XVII            Ofício            Anotações pessoais

18:00   Café

            Tempo livre

21:00   Jantar com leitura (Mito a escolher do livro Mitos Raízes Universais)

23:00   Leitura e intercâmbio: O Olhar Interior, capítulo XVIII            Ofício de agradecimento            Anotações pessoais

01:00   Fim do dia

Dia 3

09:00   Despertar

10:00   Café da manhã

11:00   Trabalho pessoal: sínteses do retiro (descobertas, compreensões e reflexões)            Incorporo as perguntas: Quem sou? ;  Para onde vou?

12:00   Intercâmbio livre em conjunto das sínteses pessoais

            Descanso 

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14:00   Leitura: O Olhar Interior, capítulo XX            Ofício ou Imposição

15:00   Almoço de confraternização

            Fim do cerco mental

            Ordenar os ambientes e partida

            Bibliografia                        Livro “A Mensagem de Silo”            Comentários sobre A Mensagem de Silo            Mitos Raízes Universais. Obras Completas I. Silo 

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