Manual Do Bom Combatente

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A esgrima (do antigo provençal escrima do vocábulo germânico skirmjan, "proteger") é um desporto que evoluiu da antiga forma de combate, em que o objectivo é tocar o adversário com uma lâmina ao mesmo tempo que se evita ser tocado por ele.

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Manual do bom combatente

Língua: Português

FUNDAMENTOS TÉCNICOS DA ESGRIMA MEDIEVALMANUAL DO BOM COMBATENTE

____________________________________________________________

JOSÉ MANUEL NUNES VILAR

José Manuel Nunes Vilar

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Fundamentos técnicos da esgrima medieval

Ordem do Alto Minhoescola de armas medievais

http://ordemdoaltominho.wordpress.com/[email protected]

Autor:José Manuel Nunes Vilar

Desenho e impressão:CópiasRonda das Mercedes, 1927002 de Lugo, Galiza982 242 070

ÍNDICE:I. UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

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Manual do bom combatente

I.I. Origem da esgrimaI.II. As fontes documentais da esgrima na Idade MédiaI.III. As novas sociedades de esgrima medieval

II. FUNDAMENTOS BÁSICOS

II.I. A pegada ou agarre II.II. As principais armasII.II.1. A espadaII.II.2. O pauII.II.3. A facaII.II.4. A lançaII.II.5. A alabardaII.II.6. O maçoII.II.7. A maçaII.II.8. O mangalII.II.9. O martelo de guerraII.II.10. O arcoII.II.11. A bestaII.II.12. O machado de guerraII.II.13. A foucinhaII.II.14. A guitaII.II.15. O escudoII.II.16. O tridente

III. MOTRICIDADE

III.I. A motricidadeIII.II. O equilíbrioIII.III. A coordenaçãoIII.IV. O ritmo

IV. PRINCÍPIOS DE COMBATE

IV.I. Os alvosIV.II. As forçasIV.III. Os deslocamentosIV.IV. As guardasIV.V. Os Ataques e defesas

I. UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

I.I. Origem da esgrima:

Em termos gerais pode-se entender como esgrima a qualquer modalidade de combate com implementos, especialmente com armas brancas. A palavra esgrima procede do termo germânico skermjan que

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Fundamentos técnicos da esgrima medieval

significa defesa ou proteção. As primeiras manifestações de esgrima provavelmente tiveram lugar na pré-história, quando os homens começaram a usar instrumentos quer para caçar, quer para manipular os alimentos, quer para atacar e defender-se. É assim que o precedente da esgrima com espada está no uso de paus, paus que com o tempo complementam-se com pedras cortantes e que, com o descobrimento dos metais, tornam-se em lança, albarda ou espada.

I.II. As fontes documentais da esgrima na Idade Média:

Na Idade Média, a diferença do que vai a acontecer em séculos posteriores, a cultura está monopolizada pela Igreja. A maior parte da população é analfabeta e ainda não existem meios efetivos de difusão da cultura nem interesse nenhum por esse fim. Os únicos estudos e documentais que há sobre qualquer disciplina do conhecimento ou da arte são obras de monges e clérigos que dedicam boa parte da sua vida ao estudo da botânica, da ornitologia, da filosofia, etc.. Neste cenário é de esperar que os tratados sobre a esgrima e métodos de treino marcial sejam pouco menos que anedóticos ainda quando a guerra era uma das principais ocupações dos governos durante a Idade Média. Os principais tratados de esgrima durante esta época são os da escola alemã e os da escola italiana:

a) A escola alemã: é a escola que oferece informação relacionada com a esgrima no mundo ocidental durante a Idade Média. Foi Johannes Liechtenauer quem escreve o denominado Manuscrito 3227, intitulado A arte de cercar com espada longa. Deste modo Liechtenauer dá forma a um método marcial de esgrima, método no que sintetiza todo o aprendido durante as múltiplas viagens que faz por muitas terras aprendendo e aperfeiçoando a sua técnica. Os discípulos deste estilo mantiveram vivo o nome de Johannes Liechtenauer provavelmente até o século XV, coincidindo com a fundação em Frankfurt da Sociedade de São Marcos ou Marxbrüder, uma das primeiras escolas europeias de esgrima.

b) A escola italiana: nesta escola acham-se alguns dos documentos mais antigos referidos à esgrima. Um dos mais conhecidos é o Flos Duellatorum, de Fiore dei Liberi. É um dos tratados mais completos sobre esta disciplina, analisando o combate sem e com armas, com espada curta ou duma mão, com espada de mão e meia, com mão-dobre, com alabarda, etc.. Em qualquer caso, quer no da escola alemã, quer no da escola italiana, resulta difícil obter uma interpretação fiel do método ao se tratar apenas de dicas e ilustrações bidimensionais de baixa qualidade gráfica.

I.III. As novas sociedades de esgrima medieval

A Idade Média é fonte de muitos e símbolos dum grande atrativo para muitas pessoas. Um elevado número de romances e filmes históricos ou de fição estão ambientados neste período. Alguns dos temas mais recorrentes para novelistas e guionistas de cinema foram o Robin Hood ou a lenda do rei Arturo. Também chegou à sétima arte a história de William Wallace num filme baseado na sociedade de fins do século XIII. Mas este interesse pelo medieval vai mais longe do que

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romances, filmes ou jogos de roll. A medievalofília é responsável também de sociedades de recriação histórica onde se aprendem não só métodos de luta com as armas da época, senão também técnicas próprias dos ofícios mais habituais da época como a ferraria. Deste modo acham-se agrupações medievalistas como a Ordem de Cavalaria do Sagrado Portugal ou o Círculo de Esgrima Medieval Valherjes no Estado espanhol.

Estas sociedades criadas por volta da medievalofília achegam um valioso contributo quanto à pesquisa de informação relacionada com as artes marciais ocidentais deste período. É, pois, que existe neste sentido um vácuo que deve ser superado com novos métodos de treino que na medida do possível reconstruam os estilos próprios dos séculos medievais. Respondendo a esta necessidade torna-se importante orientar a arte de guerra a uma atividade desportiva e até mesmo de competição onde a graduação do aluno quanto ao seu conhecimento não responda a uma nomenclatura militar, mas a uma classificação puramente pedagógica como pode ser a sugerida pela nossa escola de armas, isto é, aspirante, aprendiz, veterano, auxiliar, instrutor e mestre.

II. FUNDAMENTOS BÁSICOS

I I.I. A pegada ou agarre

a) Pegada prono: denomina-se de pegada prono ao agarre com o punho fechado onde as palmas das mãos olham para abaixo.

b) Pegada supina: denomina-se de pegada supina ao agarre com o punho fechado onde as palmas olham para arriba.

c) Pegada alterna: denomina-se de pegada alterna ao agarre a duas mãos onde uma delas segura com pegada prono e a outra com pegada supina. Pode ser a mão direita com pegada prono e a canhota com pegada supina ou ao invés.

d) Pegada neutra ou de martelo: denomina-se de pegada neutra ou de martelo, também chamada pegada de meia pronação, a um agarre onde as palmas das mãos estão enfrentadas como, por exemplo, quando se seguram duas armas, uma com cada mão, e se apresentam em paralelo uma a respeito da outra.

II.II. As principais armas

II.II.1. A espada:

A espada na Idade Média apresenta três variantes fundamentais quanto ao tamanho e peso: a espada duma mão, a espada de mão e média e a espada a duas mãos ou mão-dobre. Também cumpre ter presente que a magnitude do seu tamanho e peso variava dependendo de cada zona, do país ou da época.

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a) Espada duma mão: ela é a espada mais habitual desde a Antiguidade até a Baixa Idade Média. De duplo gume, acostumava ter uma lâmina decrescente acabando em ponta. Era usada mais com o acompanhamento de escudo do que soa. Com respeito à medida mais frequente, a espada curta acostumava medir um quinto menos do que a espada de mão e média.

b) Espada de mão e média: é uma espada de dobre gume cuma lâmina reta cuja longitude oscila entre os 90 e 120 cm. O nome de espada de mão e meia vem da necessidade de auxiliar com uma segunda mão durante o seu manejo.

c) Espada a duas mãos ou mão-dobre: é a espada mais longa da família das espadas medievais. Acha-se que a sua origem está nos sax nórdicos próprios da Baixa Idade Média. Em forma é similar à espada de mão e média, mas a longitude do mão-dobre oscila entre os dous metros e os dous metros e médio.

Quanto às partes da espada medieval esta consta em essência de punho e lâmina.

a) Punho ou empunhadura: pomo, cabo e guarda-mão.

b) Lâmina: chapa de reforço, sulco ou vinco, forte, gume, saliência central, fraco e ponta.

II.II.2. O pau

O pau é provavelmente a primeira arma não projétil usada pelo homem. É ademais fácil de fabricar e muito eficiente em combate. Com dous paus curtos podem-se lograr ataques simultâneos compostos ou simples, isto é, atacar/defender com os dous a um tempo ou defender com um e atacar com o outro.. No caso do bastão e do pau longo, sendo o primeiro mais curto do que o segundo, pode-se manter ao adversário ou adversários afastados a uma distância prudencial e ademais é possível executar ataques e defesas.

II.II.3. A faca:

A faca ou cutelo, comum a qualquer época, é uma arma fácil de ocultar, cujos movimentos são pouco previsíveis, lançável, muito cortante e pungente. À frente duma espada de qualquer tamanho, pau ou lança, fica em desvantagem, mas pode resultar fatal contra mão vazia. Num enfrentamento onde ambos combatentes portam cutelos o habitual é esperar graves feridas pelas duas partes.

II.II.4. A lança:

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A lança é em origem um pau, um pau ao que se lhe adicionou uma mortífera ponta. É assim que o manejo da lança especializa-se em espetar ao adversário, mas isso não exclui a esta arma de executar os mesmos movimentos do que o pau. Quanto ao seu tamanho temos a lança curta, apropriada para distâncias reduzidas, e a lança longa, destinada a ser usada a cavalo ou na infantaria apoiada no ombro do companheiro da frente com o objetivo de investir ao inimigo.

II.II.5. A alabarda:

A alabarda é uma lança cuja ponta incorpora quer um gancho, quer uma folha cortante que pode ser dupla ou simples. Dependendo da zona e da época há muitos tipos de alabarda, mas em qualquer caso o objetivo desta arma e incrementar a capacidade marcial da ponta com elementos de corte e ou agarre. Em função do seu tamanho, forma e peso o manejo desta arma pode variar.

II.II.6. O maço:

O maço, devido ao seu tamanho e à necessidade duma manipulação veloz no combate, é habitualmente constituído em madeira. Funciona como um martelo de grandes dimensões efetivo para abater ao adversário ou adversários com um golpe capaz de fraturar ossos.

II.II.7. A maça:

A origem da maça está no basto. Com o percurso do tempo a sua cabeça foi reforçada incorporando peças metálicas com a finalidade de perfurar e cortar.

II.II.8. O mangal:

O manga, também conhecido com o nome de malhal, é a evolução bélica da ferramenta que os camponeses usavam para malhar os cereais. Devido a esta adaptação com fins marciais, o pau de agarre foi reduzido para o manejo a uma só mão. Consta, pois, dum mango, duma cadeia ou no seu defeito duma corda a modo de articulação e duma pequena barra ou bola de espinhos. É geralmente usada em companhia dum pequeno escudo, pois não é uma boa arma defensiva.

II.II.9. O martelo de guerra:

Trata-se duma arma que consta dum mango longo que pode ser usado a duas mãos e cuja cabeça é metálica incorporando um extremo pungente e outro plano para golpear.

II.II.10. O arco:

O arco, cuma origem pré-histórica, é uma arma presente em quase todas as culturas do mundo e cujo uso sobrevive durante milhares de anos até que as armas de fogo causam o seu detrimento. O arco é uma arma ligeira, de relativa precisão e silenciosa. Hoje o tiro com arco é uma disciplina desportiva e mesmo uma modalidade de caça.

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II.II.11. A besta:

A besta é um arco de grande resistência inserido num mecanismo automatizado de disparo. Deste modo ganha-se em potência e precisão.

II.II.12. O machado de guerra:

O machado é uma das muitas ferramentas do agro às que o povo recorria em revoltas ou conflitos bélicos. Devido ao seu elevado peso é uma arma difícil de usar pelo que mesmo se chegou a fazer modelos mais ligeiros, especialmente pensados para a luta, mas ainda assim resulta um instrumento que dota os seus movimentos duma grande lentidão. No entanto, a sua capacidade marcial é elevada podendo transpassar a chapa de muitas armaduras e capacetes.

II.II.13. A foucinha:

A foucinha é mais um exemplo de ferramenta agrícola usada como arma pelos camponeses durante revoltas ou guerras. O seu leve peso e feitura dotam à foucinha dum grande potencial bélico. Neste sentido pode ser usada em companhia doutra arma ou escudo.

II.II.14. A guita:

Denomina-se de guita a uma ferramenta agrícola feita duma cana de árvore, habitualmente de carvalho ou castanho, com forma de pequena forquilha de dous dentes e mango curto. Esta ferramenta foi pensada para assentar e segurar os talos dos matos para serem cortados com a foucinha. Na dimensão marcial a guita pode ser usada por livre ou acompanha de foucinha, espada curta ou faca. É ideal para bloquear ataques imobilizando a arma do adversário assim como para contestar golpeando e picando.

II.II.15. O escudo:

Mais uma vez, dependendo da cronologia e da zona, podem-se achar escudos de múltiplas formas, tamanhos e pesos. A grandes rasgos podem-se classificar os escudos em circulares ou longitudinais sendo estes últimos aqueles que oferecem uma maior área defensiva ainda sendo um bocado mais pesados. Ademais, além da função defensiva, o escudo pode ser usado para empurrar e até mesmo para golpear ainda que esta seja apenas uma função secundária. A ofensiva é, pois, a especialidade da arma que acompanha ao escudo: espada curta, lança, etc.. Por vezes, a mão que segura o escudo pode ocultar uma faca que resulta útil nos momentos em que se reduze a distância.

II.II. 16. O tridente:

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O tridente, ao igual que outros instrumentos agrícolas parecidos em tamanho e peso, resulta uma arma um bocado torpe para o combate devido ao excessivo lastre do útil metálico situado num dos extremos do mango e a que os ataques com a sua zona metálica limitam-se unicamente a picar ou a arranhar. Caso diferente é o da forquilha inteiramente de madeira.

III. A MOTRICIDADE

III.I. Orientação:

A orientação é o princípio que rege a organização no espaço. No desenrolo do combate é fundamental dominar a distância e ter plena consciência de cada passo que se dá. É assim que o bom combatente examina com detalhe o entorno no que tem lugar a luta para usá-lo no seu benefício. Do mesmo modo também se adapta aos movimentos e ritmos do seu adversário ou adversários, formulando a sua estratégia de combate.

Outro aspeto a ter em conta quanto à orientação é o plano multidirecional do combate. Para o profano na matéria o exercício do combate pode acabar sendo bidirecional, avançando e recuando, mas é necessário transitar as oito coordenadas fundamentais: adiante, atrás, esquerda, direita e as correspondentes diagonais.

III.II. Equilíbrio:

O equilíbrio é a faculdade que permite conceder estabilidade à posição e ao movimento. Ele é fundamental para compensar qualquer deslocamento do ponto de gravidade e para tornar da máxima eficiência todo ataque e defesa.

III.III. Coordenação:

A coordenação é a capacidade de relacionar a execução duns movimentos com outros em sequência ou em simultâneo. Deve-se procurar dotar ao exercício marcial de harmonia, precisão e velocidade.

III.IV. Ritmo:

O desenvolvimento do combate exige mudanças na velocidade e na intensidade, adaptando-se à natureza do espaço físico e à estratégia do adversário ou adversários.

IV. PRINCÍPIOS DE COMBATE

VI.I. Os alvos:

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Nas disciplinas bélicas conhecem-se como alvos às principais vias pelas que se pode atacar e pelas que o lutador pode ser vulnerado. Estes alvos são:

a) Frontal e Anterior b) Superior e Inferior c) Lateral direita e Lateral esquerda

IV.II As forças:

Para obter um ótimo rendimento durante o combate é imprescindível usar todo o potencial físico do corpo humano. É deste modo como na luta são aplicadas cinco forças que acostumam ser combinadas durante qualquer ofensiva ou defesa. Estas forças são:

a) Força Ascendente e Descendente b) Força de Penetração e de Absorção c) Força Centrípeta e Centrífugaf) Força de reação¹

1. Cumpre adicionar a estas cinco outra força mais, a força de reação. Ela consiste na projeção de duas energias paralelas em sentido contrário com a finalidade de aumentar a contundência numa ofensiva ou defesa. Contudo esta força não é aplicável se as duas mãos estiverem ocupadas na fixação da espada, lança ou qualquer outra arma. Por este motivo, a presença da força de reacão reduze-se a exercícios nos que os braços trabalham por separado.

IV.III. Os deslocamentos:

É dito que quem domina o espaço domina o combate. Deste modo o bom combatente mede os seus movimentos com precisão quer para avançar, quer para recuar.

a) Passo cortado: dá-se ajuntando um pé ao outro para avançar ou recuar.

b) Passo deslocado: dá-se pisando com o primeiro pé e arrastando o segundo. Para recuar pisa-se com o pé atrasado e desliza-se para atrás o dianteiro.

c) Passo cruzado: dá-se ao avançar ou recuar sobrepassando um pé por diante do outro.

IV.IV. As guardas:

A guarda é a posição de alerta da que se parte para iniciar uma ofensiva ou uma defensiva e compreendem-se principalmente de perfil com o motivo de reduzir a vulnerabilidade.

a) Guarda de descanso: sem perder a atitude de alerta, toma-se uma pausa para recuperar o alento e descontrair a musculatura dos braços. As pernas estão ligeiramente flexionadas cuma

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separação igual a um largo de ombros. O corpo deve estar ligeiramente inclinado para a frente, com as cadeiras buscando o perfil. A mão hábil¹ na empunhadura e a auxiliar² no começo da lâmina.

b) Guarda baixa: Sempre sem perder de vista ao adversário ou adversários, a ponta da lâmina busca o chão, caindo em diagonal. As duas mãos ficam firmes na empunhadura, geralmente com a mão hábil¹ por diante e a auxiliar² por detrás.

c) Guarda média: A diferença da guarda baixa, na guarda média a ponta da lâmina olha em diagonal para o céu, com a pegada perto, mas separada do abdominal.

d) Guarda alta: com as duas mãos na empunhadura, geralmente a hábil¹ por diante e a auxiliar² por detrás, a espada fica erguida por acima da cabeça, com a lâmina ligeiramente inclinada para trás.

1. A mão hábil: denomina-se de mão hábil à direita no destro e à esquerda no canhoto.2. A mão auxiliar: denomina-se de mão auxiliar à direita no canhoto e à esquerda no destro.

IV.V. Ataques e defesas

Segundo a sua trajetória um ataque ou uma defesa pode ser interior, partindo de fora para dentro, e exterior, partindo de dentro para fora, mas também homónimos das forças que os dirigem:

a) Ascendente e Descendenteb) Centrípeto e Centrífugo ou Circular Interior e Circular Exteriore) Penetração (empurrando ao adversário) e Estático (golpeando sem deslocar o centro de gravidade no endereço do adversário).

Ademais, os ataques e defesas também se classificam dependendo do alvo que atacam ou defendem e da altura à que se destinam como, por exemplo, um ataque em caída à cabeça denomina-se de “golpe descendente frontal a zona alta”.

IV.VI. Atitude em combate

O combate acha a sua origem num enfrentamento entre dous ou mais indivíduos e cujas conseqüências podem resultar fatais. É por isto que o caminho da virtude traça-se longe da violência, do qual se deduze como primeira norma evitar o conflito. Ora bem, se não é possível a evasão deve-se fazer uso das habilidades previamente adquiridas por meio do treino. Sentir medo é algo do mais natural, é um mecanismo instintivo de supervivência, mas cá a lógica faz sua a expressão galega “de molhados ao rio”. Ao não haver hipótese de

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fugida deve-se assumir a derrota e, daquela, o temor desaparece para dar passo à lucidez mental.

V. MODOS DE LUITA

Os modos de luta classificam-se em envolventes, de recondução e de contato, mas é própria da natureza da luta combiná-los durante a solvência do enfrentamento.

V.I. Luita envolvente:

A luita envolvente é aquela forma de combate fundamentada no agarre e o controlo do adversário por meio de luxações, estrangulações e derribas.

V.II. Luita de recondução:

É o sistema que aplica o conhecido princípio de aproveitar a força do oponente na sua contra. Trata-se de adiantar-se aos ataques para desequilibrar ao adversário com movimentos sutis.

V.III. Luita de contato:

A luita de contato é aquela que faz uso de jutos e pancadas estrategicamente executadas para derrotar ao adversário.

Língua: Galego ILG-RAG

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Autor:José Manuel Nunes Vilar

Deseño e impresión:CópiasRonda das Mercedes, 1927002 de Lugo, Galiza982 242 070

ÍNDICE:I. UNHA PEQUENA INTRODUCIÓN

I.I. Orixe da esgrimaI.II. As fontes documentais da esgrima na Idade MediaI.III. As novas sociedades de esgrima medieval

II. FUNDAMENTOS BÁSICOS

II.I. A pegada ou agarre II.II. As principais armasII.II.1. A espadaII.II.2. O pauII.II.3. A dagaII.II.4. A lanzaII.II.5. A alabardaII.II.6. O mazoII.II.7. A mazaII.II.8. O mangalII.II.9. O martelo de guerraII.II.10. O arcoII.II.11. A besta II.II.12. O machado de guerraII.II.13. A fouciñaII.II.14. A guitaII.II.15. O escudo

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II.II.16. O tridente

III. MOTRICIDADE

III.I. A motricidadeIII.II. O equilibrioIII.III. A coordinaciónIII.IV. O ritmo

IV. PRINCÍPIOS DE COMBATE

IV.I. Os albosIV.II. As forzasIV.III. Os desprazamentosIV.IV. As gardasIV.V. Os Ataques e defensas

I. UNHA PEQUENA INTRODUCIÓN

I.I. Orixe da esgrima:

En termos xerais pódese entender como esgrima a calquera modalidade de combate con implementos, especialmente con armas brancas. A palabra esgrima procede do termo xermánico skermjan que significa defensa ou protección. As primeiras manifestacions de esgrima probabelmente tiveron lugar na Prehistoria, cando os homes comezaron a usar instrumentos quer para cazar, quer para manipular os alimentos, quer para atacar e defenderse. É así que o precedente da esgrima con espada está no uso de paus, paus que co tempo compleméntase con pedras cortantes e que, co descubrimento dos metais, tórnanse en lanza albarda ou espada.

I.II. As fontes documentais da esgrima na Idade Média:

Na Idade Media, a diferenza do que vai a acontecer en séculos posteriores, a cultura está monopolizada pola Igrexa. A maior parte da poboación é analfabeta e aínda non existen medios efectivos de difusión da cultura nen interese ningún por esa fin. Os únicos estudos e documentais que hai sobre calquera disciplina do coñecemento ou da arte son obras de monxes e clérigos que adican boa parte da súa vida ao estudo da botánica, da ornitoloxía, da filosofía, etc.. Neste escenario é de esperar que os tratados sobre a esgrima e métodos de adestramento marcial sexan pouco menos que anecdóticos aínda cando a guerra era unha das principais ocupacións dos gobernos durante a Idade Media. Os principais tratados da esgrima durante esta época son os da escola alemá e os da escola italiana:

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a) A escola alemá: é a escola que ofrece información relacionada coa esgrima no mundo occidental durante a Idade Media. Foi Johannes Liechtenauer quen escribe o denominado Manuscrito 3227, titulado A arte de cercar com espada longa. Deste modo Liechtenauer dá forma a un método marcial de esgrima, método no que sintetiza todo o aprendido durante as múltiplas viaxes que fai por moitas terras aprendendo e perfeccionando a súa técnica. Os discípulos deste estilo mantiveron vivo o nome de Johannes Liechtenauer probablemente até o século XV, coincidindo coa fundación en Frankfurt da Sociedade de San Marcos ou Marxbrüder, unha das primeiras escolas europeas de esgrima.

b) A escola italiana: nesta escola encóntranse algúns dos documentos máis antigos referidos á esgrima. Un dos máis coñecidos é o Flos Duellatorum, de Fiore dei Liberi. É un dos tratados máis completos sobre esta disciplina, analizando o combate sen e con armas, con espada curta ou dunha man, con espada de man e media, con man-dobre, con alabarda, etc.. En calquera caso, quer no da escola alemá, quer no da escola italiana, resulta difícil obter unha interpretación fiel do método ao se tratar apenas de dicas e ilustracións bidimensionais de baixa calidade gráfica.

I.III. As novas sociedades de esgrima medieval

A Idade Media é fonte de moitos e símbolos dun grande atractivo para moitas persoas. Un elevado número de romances e filmes históricos ou de ficción están ambientados neste período. Algúns dos temas máis recorrentes para novelistas e guionistas de cinema foron o Robin Hood ou a lenda do rei Arturo. Tamén chegou á sétima arte a historia de William Wallace nun filme baseado na sociedade de fins do século XIII. Mas este interese polo medieval vai máis lonxe do que romances, filmes ou xogos de roll. A medievalofilia é responsábel tambén de sociedades de recreación histórica onde se aprenden non só métodos de loita coas armas da época, senón tamén técnicas propias dos oficios máis habituais da época como a ferraria. Deste modo atópanse agrupacións medievalistas como a Ordem de Cavalaria do Sagrado Portugal ou o Círculo de Esgrima Medieval Valherjes no Estado espanhol.

Estas sociedades criadas por volta da medievalofília achegan un valioso contributo canto á pesquisa de información relacionada coas artes marciais occidentais deste período. É, pois, que existe neste sentido un vácuo que debe ser superado cos novos métodos de adestramento que na medida do posíbel reconstrúan os estilos propios dos séculos medievais. Respondendo a esta necesidade tórnase importante orientar a arte de guerra a unha actividade deportiva e até mesmo de competición onde a graduación do alumno canto ao seu coñecemento non responda a unha nomenclatura militar, senón a unha clasificación puramente pedagóxica como pode ser a suxerida pola nosa escola de armas, isto é, aspirante, aprendiz, veterano, auxiliar, instrutor e mestre.

II. FUNDAMENTOS BÁSICOS

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I I.I. A pegada ou agarre

a) Pegada prono: denomínase pegada prono ao agarre co puño fechado onde as palmas das mans ollan para abaixo.

b) Pegada supina: denomínase pegada supina ao agarre co puño fechado onde as palmas ollan para arriba.

c) Pegada alterna: denomínase de pegada alterna ao agarre a dúas máns onde unha delas segura con pegada prono e a outra con pegada supina. Pode ser a man dereita con pegada prono e a zurda con pegada supina ou ao revés.

d) Pegada neutra ou de martelo: denomínase de pegada neutra ou de martelo, tamén chamada pegada de media pronación, a un agarre onde as palmas das mans están enfrontadas como, por exemplo, cando se seguran dúas armas, unha con cada man, e se presentan en paralelo unha a respecto da outra.

II.II. As principais armas

II.II.1. A espada:

A espada na Idade Media presenta tres variantes fundamentais canto ao tamaño e peso: a espada dunha man, a espada de man e media e a espada a dúas mans ou man-dobre. Tamén cómpre ter presente que a magnitude do seu tamaño e peso variaba dependendo de cada zona, do país ou do século.

a) Espada dunha man: ela é a espada máis habitual desde a Antigüidade até a Baixa Idade Media. De duplo gume, acostumaba ter unha lámina decrecente acabando en punta. Éra usada máis co acompañamento de escudo do que soa. Con respecto á medida máis frecuente, a espada curta adoitaba medir un quinto menos do que a espada de man e media.

b) Espada de man e media: é unha espada de dobre gume cunha lámina recta cuxa lonxitude oscila entre os 90 e 120 cm. O nome de espada de man e media ven da necesidade de auxiliar cunha segunda man durante o seu manexo.

c) Espada a dúas mans ou man-dobre: é a espada máis longa da familia das espadas medievais. Cóidase que a súa orixe está nos sax nórdicos porpios da Baixa Idade Media. En forma é similar á espada de man e media, pero a lonxitude do man-dobre oscila entre os dous metros e os dous metros e medio.

Canto ás partes da espada medieval esta consta en esencia de puño e lámina.

a) Puño ou empuñadura: pomo, cabo e garda-man.

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Fundamentos técnicos da esgrima medieval

b) Lámina: chapa de reforzo, gabia ou vinco, forte, gume, saliencia central, fraco e punta.

II.II.2. O pau

O pau é probablemente a primeira arma non proxectil usada polo home. É ademais fácil de fabricar e moito eficiente en combate. Con dous paus curtos pódense lograr ataques simultáneos compostos ou simples, isto é, atacar/defender cos dous a un tempo ou defender cun e atacar co outro.. No caso do bastón e do pau longo, sendo o primeiro máis curto do que o segundo, pódese manter ao adversario ou adversarios afastados a unha distancia prudencial e ademais é posíbel executar ataques e defensas.

II.II.3. A daga:

A daga ou coitelo, común a calquera época, é unha arma fácil de ocultar, cuxos movementos son pouco previsíbeis, guindábel, moito cortante e punxente. Á fronte dunha espada de calquera tamaño, pau ou lanza, fica en desvantaxe, pero pode resultar fatal contra man valeira. Nun enfrontamento onde ambos combatentes portan coitelos o habitual é esperar graves feridas polas dúas partes.

II.II.4. A lanza:

A lanza é en orixe un pau, un pau ao que se lle engadiu unha mortífera punta. É así que o manexo da lanza especialízase en espetar ao adversario, pero iso non exclúe a esta arma de executar os mesmos movementos que o pau. Canto ao seu tamaño temos a lanza curta, apropiada para distancias reducidas, e a lanza longa, destinada a ser usada a cavalo ou na infantaría apoiada no ombro do compañeiro da fronte co obxectivo de investir ao inimigo.

II.II.5. A alabarda:

A alabarda é unha lanza cuxa punta incorpora quere un gancho, quer unha folla cortante que pode ser dupla ou simple. Dependendo da zona e da época há moitos tipos de alabarda, pero en calquera caso o obxectivo desta arma e incrementar a capacidade marcial da punta con elementos de corte e ou agarre. En función do seu tamaño, forma e peso o manexo desta arma pode variar.

II.II.6. O mazo:

O mazo, debido ao seu tamaño e á necesidade dunha manipulación veloz no combate, é habitualmente constituído en madeira. Funciona coma un martelo de grandes dimensións efectivo para abater ao adversario ou adversarios cun golpe capaz de fracturar osos.

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II.II.7. A maza:

A orixe da maza está no basto. Co percurso do tempo a súa cabeza foi reforzada incorporando pezas metálicas coa finalidade de perforar e cortar.

II.II.8. O mangal:

O mangal, tamén coñecido co nome de mallal, é a evolución bélica da ferramenta que os campesiños usaban para mallar os cereais. Devido a esta adaptación con fins marciais, o pau de agarre foi reducido para o manexo a unha só man. Consta, pois, dun mango, dunha cadea ou no seu defecto dunha corda a modo de articulación e dunha pequena barra ou bola de espiños. É xeralmente usada en compañía dun pequeno escudo, pois non é unha boa arma defensiva.

II.II.9. O martelo de guerra:

Trátase dunha arma que consta dun mango longo que pode ser usado a dúas mans e cuxa cabeza é metálica incorporando un extremo punxente e outro plano para golpear.

II.II.10. O arco:

O arco, cunha orixe prehistórica, é unha arma presente en case tódalas culturas do mundo e cuxo uso sobrevive durante millares de anos até que as armas de fogo causan o seu detrimento. O arco é unha arma lixeira, de relativa precisión e silenciosa. Hoxe o tiro con arco é unha disciplina deportiva e mesmo unha modalidade de caza.

II.II.11. A besta:

A besta é un arco de grande resistencia inserido nun mecanismo automatizado de disparo. Deste modo gáñase en potencia e precisión.

II.II.12. O machado de guerra:

O machado é unha das moitas ferramentas do agro ás que o pobo recorría en revoltas ou conflitos bélicos. Devido ao seu elevado peso é unha arma difícil de usar polo que mesmo se chegou a facer modelos máis lixeiros, especialmente pensados para a loita, pero aínda así resulta un instrumento que dota os seus movementos dunha grande lentitude. No entanto, a súa capacidade marcial é elevada podendo traspasar a chapa de moitas armaduras e capacetes.

II.II.13. A fouciña:

A fouciña é máis un exemplo de ferramenta agrícola usada como arma polos campesiños durante revoltas ou guerras. O seu leve peso e feitura dotan á fouciña dun grande potencial bélico. Neste sentido pode ser usada acompañía doutra arma ou escudo.

II.II.14. A guita:

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Denomínase guita a unha ferramenta agrícola feita dunha cana de árbore, habitualmente de carballo ou castaño, con forma de pequena forquilla de dous dentes e mango curto. Esta ferramenta foi pensada para asentar e segurar os talos dos matos para seren cortados coa fouciña. Na dimensión marcial a guita pode ser usada por libre ou acompañada de fouciña, espada curta ou faca. É ideal para bloquear ataques inmobilizando a arma do adversario así como para contestar golpeando e picando.

II.II.15. O escudo:

Unha vez máis, dependendo da cronoloxía e da zona, pódense achar escudos de múltiplas formas, tamaños e pesos. A grandes rasgos pódense clasificar os escudos en circulares ou lonxitudinais sendo estes últimos aqueles que ofrecen unha maior área defensiva aínda sendo un bocado máis pesados. Ademais, alén da función defensiva, o escudo pode ser usado para empurrar e até mesmo para golpear aínda que esta sexa apenas unha función secundaria. A ofensiva é, pois, a especialidade da arma que acompaña ao escudo: espada curta, lanza, etc.. Por veces, a man que segura o escudo pode ocultar unha faca que resulta útil nos momentos en que se reduce a distancia.

II.II. 16. O tridente:

O tridente, ao igual que outros instrumentos agrícolas parecidos en tamaño e peso, resulta unha arma un bocado torpe para o combate devido ao excesivo lastre do útil metálico situado nun dos extremos do mango e a que os ataques coa súa zona metálica limítanse unicamente a picar ou a rabuñar. Caso diferente é o da forquilla enteiramente de madeira.

III. A MOTRICIDADE

III.I. Orientación:

A orientación é o principio que rexa organización no espazo. No desenvolvemento do combate é fundamental dominar a distancia e ter plena consciencia de cada paso que se dá. É así que o bon combatente examina con detalle o entorno no que ten lugar a loita para usalo no seu proveito. Do mesmo modo tamén se adapta aos movementos e ritmos do seu adversario ou adversarios, formulando a súa estratexia de combate.

Outro aspecto a ter en conta canto á orientación é o plano multidireccional do combate. Para o profano na materia o exercicio do combate pode acabar sendo bidireccional, avanzando e recuando, pero

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é necesario transitar as oito coordenadas fundamentais: adiante, atrás, esquerda, dereita e as correspondentes diagonais.

III.II. Equilibrio:

O equilibrio é a facultade que permite conceder estabilidade á posición e ao movemento. El é fundamental para compensar calquera desprazamento do punto de gravidade e para tornar da máxima eficiencia todo ataque e defensa.

III.III. Coordinación:

A coordinación é a capacidade de relacionar a execución duns movementos cos outros en secuencia ou en simultáneo. Débese procurar dotar ao exercicio marcial de harmonía, precisión e velocidade.

III.IV. Ritmo:

O desenvolvemento do combate esixe mudanzas na velocidade e na intensidade, adaptándose á natureza do espazo físico e á estratexia do adversario ou adversarios.

IV. PRINCIPIOS DE COMBATE

VI.I. Os albos:

Nas disciplinas bélicas coñécense como albos ás principais vías polas que se pode atacar e polas que o loitador pode ser vulnerado. Estes albos son:

a) Frontal e Anterior b) Superior e Inferior c) Lateral dereita e Lateral esquerda

IV.II As forzas:

Para obter un óptimo rendemento durante o combate é imprescindíbel usar todo o potencial físico do corpo humano. É deste modo como na loita son aplicadas cinco forzas que acostuman ser combinadas durante calquera ofensiva ou defensa. Estas forzas son:

a) Forza Ascendente e Descendente b) Forza de Penetración e de Absorción c) Forza Centrípeta e Centrífugaf) Forza de reacción¹

1. Cómpre engadir a estas cinco outra forza máis, a forza de reacción. Ela consiste na proxección de dúas enerxías paralelas en sentido contrario coa finalidade de aumentar a contundencia nunha

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ofensiva ou defensa. Con todo, esta forza non é aplicábel se as dúas mans están ocupadas na fixación da espada, lanza ou calquera outra arma. Por este motivo, a presenza da forza de reacción redúcese a exercicios nos que os brazos traballan por separado.

IV.III. Os desprazamentos:

É dito que quen domina o espazo domina o combate. Deste modo o bon combatente mide os seus movementos con precisión quer para avanzar, quer para recuar.

c) Paso cortado: dase axuntando un pé ao outro para avanzar ou recuar.

d) Paso arrastrado: dase pisando co primeiro pé e arrastrando o segundo. Para recuar písase co pé atrasado e deslízase para atrás o dianteiro.

c) Paso cruzado: dase ao avanzar ou recuar sobrepasando un pé por diante do outro.

IV.IV. As gardas:

A garda é a posición de alerta da que se parte para iniciar unha ofensiva ou unha defensiva e compréndense principalmente de perfil co gallo de reducir a vulnerabilidade.

a) Garda de descanso: sen perder a actitude de alerta, tómase unha pausa para recuperar o alento e descontraer a musculatura dos brazos. As pernas están lixeiramente flexionadas cunha separación igual a un ancho de ombros. O corpo debe estar lixeiramente inclinado para diante, coas cadeiras buscando o perfil. A man hábil¹ na empuñadura e a auxiliar² no comezo da lámina.

b) Garda baixa: Sempre sen perder de vista ao adversario ou adversarios, a punta da lámina busca o chan, caendo en diagonal. As dúas mans fican firmes na empuñadura, xeralmente coa man hábil¹ por diante e a auxiliar² por detrás.

c) Garda media: A diferenza da garda baixa, na garda media a punta da lámina olla en diagonal para o ceo, coa pegada perto, pero separada do abdominal.

d) Garda alta: coas dúas mans na empuñadura, xeralmente a hábil¹ por diante e a auxiliar² por detrás, a espada fica erguida por riba da cabeza, coa lámina lixeiramente inclinada para trás.

1. A man hábil: denomínase como man hábil á dereita no diestro e á esquerda no zurdo.2. A man auxiliar: denomínase como man auxiliar á dereita no zurdo e á esquerda no destro.

IV.V. Ataques e defensas

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Segundo a súa traxectoria un ataque ou unha defensa pode ser interior, partindo de fóra para dentro, e exterior, partindo de dentro para fóra, pero tamén homónimos das forzas que os dirixen:

a) Ascendente e Descendenteb) Centrípeto e Centrífugo ou Circular Interior e Circular Exteriore) Penetración (empurrando ao adversario) e Estático (golpeando sen desprazar o centro de gravidade no enderezo do adversario).

Ademais, os ataques e defensas tamén se clasifican dependendo do albo que atacan ou defenden e da altura á que se destinan como, por exemplo, un ataque en caída á cabeza denomínase como “golpe descendente frontal a zona alta”.

IV.VI. Actitude en combate

O combate encontra a súa orixe nun enfrontamento entre dous ou máis individuos e cuxas consecuencias poden resultar fatais. É por isto que o camiño da virtude trázase lonxe da violencia, do cal se deduce como primeira norma evitar o conflito. Agora ben, se non é posíbel a evasión débese facer uso das habilidades previamente adquiridas por medio do adestramento. Sentir medo é algo do máis natural, é un mecanismo instintivo de supervivencia, pero aquí a lóxica fai súa a expresión galega “de mollados ao río”. Ao non haber hipótese de fuxida débese asumir a derrota e, daquela, o temor desaparece para dar paso á lucidez mental.

V. MODOS DE LOITA

Os modos de loita clasifícanse en envolventes, de recondución e de contacto, pero é propia da natureza da loita combinalos durante a solvencia do enfrontamento.

V.I. Loita envolvente:

A loita envolvente é aquela forma de combate fundamentada no agarre e o control do adversario por medio de luxacións, estrangulacións e derribas.

V.II. Loita de recondución:

É o sistema que aplica o coñecido principio de aproveitar a forza do opoñente na súa contra. Trátase de adiantarse aos ataques para desequilibrar ao adversario con movementos sutís.

V.III. Loita de contacto:

A loita de contacto é aquela que fai uso de golpes de puño e patadas estratexicamente executadas para derrotar ao adversario.

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