Manual Do Cultivo Da Teca-Caceres Florestal

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Manual do Cultivo da Teca1 edio setembro, 1997 1.000 exemplares 2 edio fevereiro, 2000 1.000 exemplares 3 edio novembro, 2002 1.000 exemplares Verso eletrnica atualizada em janeiro de 2006 Desenhos por Rosana Schmitt Silva DIREITOS AUTORAIS: As informaes constantes desta publicao no podero ser copiadas, transcritas ou divulgadas, no seu todo ou em parte, sem a autorizao por escrito da Cceres Florestal S/A.Manual do cultivo da teca - 2

ndice Assunto 1. INTRODUO rvore de grande porte Madeira de qualidade Uso mltiplo Preos firmes e crescentes Mercado - produtores e consumidores Perspectivas do mercado Tradio centenria no reflorestamento A introduo da teca no Brasil 2. REQUISITOS AMBIENTAIS Climticos Edficos (relativos ao solo) Topogrficos 3. A SEMENTE DA TECA Caractersticas Uma questo de qualidade As sementes da Cceres Florestal Pgina

10. TRATOS CULTURAIS 11. PROTEO Controle da formiga Outras pragas e doenas Controle do fogo 12. MANEJO FLORESTAL Brotao mltipla da muda Poda de ramos ou derrama Desbastes Inventrio florestal - cubagem 13. PRODUO 11 12 13 14. CUSTO E RECEITA Custo Receita 15. GLOSSRIO Ateno: constam do glossrio os termos apresentados em itlico no texto

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4. INDUO GERMINAO 5. PRODUO DE MUDAS Muda toco Muda em recipiente individual Semeadura direta 6. PRODUO DE MUDAS ATRAVS DA REPICAGEM 7. PREPARO DO TERRENO 8. CORREO E ADUBAO 9. PLANTIO

17 19 20 20 21 21 22Manual do cultivo da teca - 3 Manual do cultivo da teca - 4

1. INTRODUO rvore de grande porte A teca, Tectona grandis, nativa das florestas tropicais de mono do Sudeste Asitico (ndia, Mianmar [antiga Birmnia], Tailndia e Laos). Sua rea de ocorrncia natural ampla, estendendo-se entre os paralelos de 09 N e 25 N, compreendendo regies situadas desde o nvel do mar at mil metros de altitude, sujeitas a precipitaes anuais entre 500 e 5.000 mm e a temperaturas absolutas entre a mnima de 2 C e a mxima de 48 C (figura 1).

cerca de um ms aps as primeiras chuvas, estendendo-se por mais de 60 dias.

Figura 2.

Inflorescncia (segundo H. Keiding)

Figura 3. Flor ( segundo H. Keiding)

O fruto uma drupa, mede de 1 a 2 cm de dimetro e pode conter at quatro sementes. A teca uma espcie de hbito pioneiro, isto , que ocupa com velocidade as clareiras abertas na floresta; tambm uma planta helifita, ou seja, que exige plena exposio luz solar, no tolerando qualquer forma de sombreamento. Seu crescimento inicial em altura muito rpido, chegando aos trs metros no primeiro ano e aos cinco metros, ou mais, no segundo. Madeira de qualidade A madeira da teca goza de boa reputao e forte procura no mercado internacional, por suas boas qualidades. madeira: moderadamente pesada - Pesa cerca de 650 quilos por metro cbico, situando-se portanto entre o cedro e o mogno; de boa resistncia em relao ao peso - Sua resistncia trao, flexo e outros esforos mecnicos semelhante do mogno brasileiro. um aspecto da maior importncia na produo de mveis, especialmente cadeiras, permitindo que sejam leves e, ao mesmo tempo, resistentes; estvel - Praticamente no empena e pouco se contrai durante a secagem. Da mesma forma, no sensvel s variaes na umidade do ambiente. Trata-se de uma propriedade essencial no caso de portas, janelas e gavetas, permitindo que abram, fechem e corram sem maior dificuldade;Manual do cultivo da teca - 6

A ndia B Mianmar C Tailndia D Laos Figura 1. Regies de ocorrncia natural da teca (segundo A. Kaosa Ard)

rvore de grande porte, podendo alcanar 2,50 metros de dimetro e mais de 50 metros de altura. Seu tronco habitualmente retilneo, de seo circular e reduzida conicidade. A casca gretada e de cor cinza ou marrom; embora no seja grossa (cerca de 15mm), parece ser termo-isolante, conferindo elevada resistncia ao fogo. Suas folhas, de insero oposta, despertam a ateno pelo tamanho, que pode alcanar 60 x 80 cm, e por serem caducas, isto , carem por ocasio da estao seca. As flores, de cor creme, so pequenas, numerosas e encontram-se reunidas em inflorescncias do tipo pancula (figuras 2 e 3). A florao intensa e iniciaManual do cultivo da teca - 5

durvel - O cerne da teca no atacado por cupins, carunchos ou outros insetos (figura 4). Igualmente, imune ao dos fungos apodrecedores de madeira, pelo que pode ser enterrado, exposto ao tempo ou gua do mar, sem sofrer maior dano. A durabilidade do cerne deve-se tectoquinona, um preservativo natural contido nas clulas da madeira. Na Europa bastante comum o uso de bancos e outros mveis de jardim produzidos em teca, que ficam permanentemente expostos ao tempo, sem a proteo de leo, tinta ou verniz. A madeira da teca, nessas condies e com o passar do tempo, toma uma agradvel colorao cinza. O alburno da teca oferece todas as boas propriedades do cerne, exceto a durabilidade; de forma que, o alburno pode ser utilizado sem restrio em obras internas; no caso do seu emprego exposto ao tempo ou enterrado, recomendvel impregn-lo com um produto preservativo. A impregnao no oferece maior dificuldade, pois o alburno permevel. A viabilidade de seu uso aumenta consideravelmente o aproveitamento da madeira do reflorestamento. Tanto o alburno, como o cerne da teca, contm outra substncia, denominada caucho, uma espcie de ltex que reduz a absoro de gua e lubrifica as superfcies, reduzindo a abraso. Outrossim, a madeira de teca bastante resistente a cidos e protege o ferro (pregos e parafusos) da corroso;

esmerado. colagem.

A despeito de sua natureza oleosa, no apresenta dificuldades na

muito decorativa - O cerne recm cortado esverdeado, alterando para amarelo-dourado ou marrom quando exposto luz e ao ar. Pode apresentar veios escuros, de bom efeito decorativo. O alburno, de cor brancoamarelada, bem destacado. Os anis de crescimento so visveis. Uso mltiplo As boas propriedades da madeira de teca lhe conferem mltiplas aplicaes. No mercado internacional, onde seu preo elevado, o uso se restringe s aplicaes mais nobres, concentrando-se em: mveis para uso externo (varanda e jardim), pisos (assoalho, parquet, etc), decorao interior e exterior (painis de lminas faqueadas e lambris) e construo naval - com destaque para o revestimento do convs de veleiros e iates. No entanto, nos pases onde a teca nativa ou plantada, seu uso bem mais abrangente, incluindo o emprego generalizado da madeira de pequeno dimetro dos desbastes e do alburno. Painis de sarrafos colados, contendo madeira de cerne e de alburno, so largamente utilizados na fabricao de mveis, portas, na decorao interna e na produo dos mais variados artigos. A madeira de pequeno dimetro dos desbastes, na forma rolia ou simplesmente serrada, tem amplo uso na edificao de construes rsticas, seja como vigamento, esteio ou madeiramento do telhado. O cerne da teca to durvel quanto o da aroeira, pelo que empregado no meio rural como poste, moiro, esticador, vara de curral, etc. Postes de teca, incluindo alburno tratado com preservativo, encontram boa colocao na transmisso de energia eltrica, por serem leves, resistentes e durveis. A incluso do alburno impregnado permite a produo de postes de bom tamanho em prazo relativamente curto. Preos firmes e crescentes A madeira de teca, mais conhecida por teak, teakholz ou teck, seu nome comercial em ingls, alemo e francs respectivamente, tem mercado certo no

casca alburno cerne

Figura 4. Corte transversal de uma tora

fcil de trabalhar - De textura mdia, gr direita e superfcie lustrosa, a madeira da teca pode ser serrada, aplainada, lixada e furada sem maior dificuldade. Ela praticamente no racha ou trinca e permite um acabamento

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exterior, onde seu preo significativamente maior do que o de qualquer outra espcie de madeira. Segundo o Boletim n 2/11 da Organizao Internacional de Madeiras Tropicais - OIMT, o preo mdio de venda alcanado nos leiles ocorridos nos dias 20 e 23 de janeiro de 2006, em Mianmar, para toras de teca da classe de qualidade denominada 4th veneer quality, que pode ser traduzida por 4a classe para faqueao, com medidas mnimas de 2,40m para o comprimento e de 0,48m para o dimetro, foi de 3.346 por tonelada Hoppus, equivalentes a US$2.283/m3, na medida geomtrica. No mesmo local e datas, o preo mdio alcanado pelas toras da 4a classe de qualidade para serraria (Sawing Quality Grade 4) foi de 1.064 por tonelada Hoppus, equivalentes a US$726/m3 na medida geomtrica. O mesmo Boletim registra que em janeiro de 2006, na Guatemala, toras de teca de desbaste, de plantao, com dimetros mdios de 16 cm e acima, destinadas ao mercado indiano, alcanaram preo mdio de US$230/m3 FOB porto. Mercado - produtores e consumidores A produo mundial estimada em cerca de trs milhes de metros cbicos/ano. Os maiores produtores so Indonsia, Mianmar, ndia e Sri Lanka. A maior parcela desta madeira consumida pelo mercado interno dos pases produtores. Aproximadamente 500 mil metros cbicos/ano so comercializados no mercado internacional. Entre os importadores destacam-se Alemanha, Arbia Saudita, Austrlia, Dinamarca, Emirados rabes, Estados Unidos, Holanda, Itlia, Japo e Reino Unido. Hong Kong e Cingapura so importantes centros de manufatura e reexportao da teca originria de Mianmar. ndia e Tailndia, que at recentemente eram exportadores de teca, passaram a import-la. O consumo de teca nesses dois pases grande e abre a perspectiva para a colocao da madeira de pequeno dimetro dos desbastes, seja em toras ou serrada. Perspectivas do mercado A procura por madeira de teca dever continuar ampliando por conta de: o aumento do consumo, decorrente da elevao do padro de vida nos pases do Sudeste Asitico, onde o uso da teca tradio arraigada; a disponibilidade decrescente das outras madeiras tropicais de qualidade, todas elas originrias da explorao da floresta natural;Manual do cultivo da teca - 9

a crescente conscientizao ambiental do consumidor europeu e norteamericano, preocupado com a preservao da floresta tropical e o mercado brasileiro que, por si, oferece um grande potencial de consumo futuro. Os estoques de madeira de maior qualidade e valor da Amaznia, como o caso do mogno, do cedro, da cerejeira e do freij, foram explorados exausto. Tambm as espcies de valor secundrio, como o caso entre outros - do ip, do cumaru e da itaba, esto com os dias contados; seus estoques no devero perdurar por mais que 5 anos. Portanto, o suprimento do mercado interno depender progressivamente da oferta de madeira oriunda de plantaes. Do lado da oferta, vale registrar que no Sudeste Asitico e em outras regies onde a Teca era tradicionalmente plantada, no existe mais disponibilidade de terras para a ampliao dos plantios. Outrossim, por serem regies com grande densidade populacional, as terras disponveis para o plantio de rvores so de qualidade inferior e sujeitas a freqentes incndios, condies que reduzem a produtividade e obrigam extenso do ciclo de corte, para at 100 anos. Obviamente, tais plantaes no podero competir com os plantios de ciclo curto, viveis no Brasil. Tradio centenria no reflorestamento O reflorestamento da teca tem longa tradio no Sudeste Asitico, tendo sido inicialmente desenvolvido como um sistema agro-silvicultural, para recompor reas abandonadas pela agricultura itinerante. Na segunda metade do sculo XIX, os colonizadores europeus deram incio ao plantio sistemtico e em larga escala da teca, com o propsito de assegurar a disponibilidade sustentada da madeira, ento de estratgica importncia para a construo de navios mercantes e de guerra. A rea atual das plantaes de teca superior a 2,5 milhes de hectares, concentrando-se na ndia, Indonsia, Mianmar e Tailndia. Existem tambm extensas plantaes da espcie na Oceania, na frica, no Caribe e em nosso Pas. A despeito de estas plantaes terem sido estabelecidas em formaes homogneas, cobrindo reas extensas e contnuas, a teca mostrou ser pouco sujeita a pragas e doenas. Outrossim, a disperso geogrfica destas plantaes demonstra tratar-se de espcie de boa adaptabilidade.

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A introduo da teca no Brasil As plantaes mais antigas e de maior expresso do pas encontram-se estabelecidas na regio de Cceres, no estado de Mato Grosso. A introduo da teca deu-se em 1968, atravs da Cceres Florestal S/A. Na poca, a empresa desenvolvia um amplo programa de pesquisa, com o objetivo de identificar as essncias madeireiras mais promissoras para o plantio na regio. Ao lado do mogno e de outras espcies nativas de valor, foram testadas algumas exticas. A teca sobressaiu pela rusticidade e rpido crescimento em altura; contriburam tambm para sua escolha o excelente histrico constante da literatura e o elevado preo de sua madeira no mercado internacional. O plantio em escala comercial teve incio em 1971. Uma inovao marcante que caracteriza os plantios da Cceres Florestal o curto prazo do ciclo de corte, de apenas 30 anos. Na maior parte das plantaes de teca do Sudeste Asitico, o ciclo de corte varia entre 60 e 100 anos. O curto ciclo de corte , sem dvida, um passo essencial viabilizao econmica do plantio comercial da teca. As plantaes da Cceres Florestal demonstram - atravs da boa forma e do porte de suas rvores, bem como da qualidade da madeira colhida - o acerto da escolha e das tcnicas silviculturais desenvolvidas pela empresa. O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas da Universidade de So Paulo), realizou ensaios com madeira de teca colhida nas plantaes da Cceres Florestal e concluiu serem suas propriedades fsicas e mecnicas semelhantes quelas da madeira do Sudeste Asitico. Foi somente em 1989 que a Cceres Florestal S/A deu incio divulgao dos seus bons resultados no plantio da teca. Desde ento, a cada ano, um nmero crescente de produtores rurais, madeireiros e investidores vm plantando a espcie. Estima-se que a rea plantada com teca em territrio brasileiro tenha ultrapassado os cem mil hectares em janeiro de 2006.

precipitao anual: entre 1.250mm e 2.500 mm; perodo seco: um perodo seco de trs a cinco meses favorece a qualidade da madeira. O perodo seco deve coincidir com o perodo de temperaturas mais baixas; temperatura mdia anual: acima de 22 C. preciso ter em conta que o calor favorece o crescimento da teca. Kaosa Ard e outros pesquisadores da Tailndia verificaram que as mudas de teca crescem melhor sob temperaturas diurnas de 27 a 36 C e temperaturas noturnas de 22 a 31 C; temperatura mnima: a teca sensvel geada. Edficos (relativos ao solo) O solo deve ser profundo, permevel, com razovel capacidade de reteno de gua e de fertilidade mediana ou melhor. Por solo profundo entende-se aquele que no apresenta impedimentos ao livre desenvolvimento das razes at a profundidade de um metro. Entre os impedimentos mais comuns vale citar o p de arado, subsolo compactado por pisoteio de gado ou pela passagem repetida de trator ou outro maquinrio, subsolo com piarra ou cascalho, laje ou lenol fretico superficiais. Permeabilidade a propriedade de o solo permitir a passagem de ar e gua. Capacidade de reteno a propriedade de o solo reter gua. A capacidade de reteno de gua est ligada textura do solo, ou seja, se o mesmo mais arenoso, siltoso ou argiloso. Os solos de textura mdia, com predominncia de areia sobre argila, so os mais indicados. A teca no se desenvolve bem em solos muito midos, nem naqueles muito secos. A fertilidade representada pela presena de nutrientes (nitrognio, fsforo, potssio, clcio, magnsio, etc.) no solo, de forma disponvel s plantas. No resultado da anlise de solo, um dos parmetros indicativos da fertilidade a saturao de bases, representada por V%, cujo valor deve ser maior que 50%. Outro parmetro o pH; no caso da teca, recomendam-se solos com pH igual ou maior que 5,5. A presena do alumnio, que um elemento txico maioria das plantas, diminui o pH e causa a indisponibilidade de vrios nutrientes. importante lembrar que - comparativamente s culturas agrcolas, especialmente as plantas de ciclo anual - as rvores exploram os recursos do solo de uma forma mais intensiva; sendo o prazo da ao bem mais longo, permite que ocorram simbioses e outras interaes com os microorganismos do solo, o que facilita e amplia sobremaneira a capacidade de utilizao dos nutrientes. De forma que, em termos de fertilidade, pode-se dizer que oManual do cultivo da teca - 12

2. REQUISITOS AMBIENTAIS Como j mencionado, a teca espcie rstica e de boa adaptabilidade, vingando e crescendo em condies ambientais bastante variadas. No entanto, sendo o objetivo do empreendimento a produo de madeira de qualidade, com dimenses para serraria e laminao, necessrio que os seguintes requisitos sejam atendidos: Climticos O clima mais indicado o tropical mido, com vero chuvoso e inverno seco, observados os seguintes parmetros:Manual do cultivo da teca - 11

cultivo de rvores para a produo madeireira menos exigente que a agricultura. De um modo geral, as terras originalmente revestidas por florestas (desde que tenham boa drenagem) oferecem condies fsicas (permeabilidade, capacidade de reteno, etc.) adequadas ao florestamento da teca. J os solos de campo natural e de cerrado, na maioria das vezes apresentam fortes limitaes fsicas (pouca profundidade e compactao) ou qumicas (baixa fertilidade, elevada acidez, presena de alumnio, etc.) prejudiciais ao desenvolvimento de vegetao de maior porte, pelo que seu uso no reflorestamento da teca deve ser precedido de criteriosa experimentao. Condies de solo menos propcias ensejam produo menor e madeira de qualidade inferior. Ainda assim, tendo em vista as boas caractersticas silviculturais da teca, bem como a qualidade e o valor de sua madeira, seu plantio eventualmente possa ser a melhor alternativa econmica. Topogrficos Devem ser evitados os terrenos de maior declividade, por serem mais sujeitos eroso. Se for o caso de utiliz-los, recomenda-se a construo de curvas de nvel, terraos e outras obras de conservao do solo. Sugere-se, tambm, o estabelecimento de plantas de cobertura (ex.: leguminosas rasteiras, como o calopognio), para conter o corrimento superficial das guas.exocarpo mesocarpo endocarpo loco com semente

Figura 5. Fruto da teca - aspecto externo

fruto da teca - corte transversal

Os frutos vendidos pela Cceres Florestal no apresentam o exocarpo (membrana externa), que removida durante o beneficiamento. Um quilo contm de 900 a 1.500 frutos (mdia de 1.200 frutos). O tamanho dos frutos e seu percentual de germinao variam de acordo com a procedncia ou origem geogrfica das rvores matrizes, o tipo de solo, as condies climticas que ocorreram durante a frutificao e a maturao dos frutos, a intensidade da frutificao, a idade da rvore, etc. Frutos menores no indicam, necessariamente, menor capacidade de germinao. Para reflorestar um hectare de teca no espaamento de 3,00 x 2,00 metros so necessrios cerca de 4 quilos de frutos. Essa quantidade inclui a proviso das mudas para o replantio. Em Cceres, o fruto da teca colhido entre os meses de julho e outubro e fica disponvel para comercializao a partir de dezembro. Pode ser armazenado por vrios meses, sem prejuzo do ndice de germinao, desde que o local seja seco, fresco e ao abrigo do sol e da luz. A armazenagem por perodos mais longos requer o controle de umidade e temperatura. Uma questo de qualidade: A qualidade da semente fundamental para o resultado de uma plantao estabelecida com objetivos industriais. A qualidade no se limita ao percentual de germinao; to ou mais importante o conjunto das caractersticas da rvore matriz, transmitidas pela semente para seus descendentes. A pesquisa mostrou que vrias caractersticas de importncia econmica so fortemente transmissveis ou hereditrias, destacando-se:

3. A SEMENTE DA TECA Caractersticas: O material utilizado como semente , na realidade, o fruto da teca. O fruto constitudo por um caroo duro (endocarpo), revestido por um material de textura semelhante ao feltro (mesocarpo) e envolvido por uma membrana fina, inflada, de fcil remoo (exocarpo). Dentro do caroo existem quatro cavidades, denominadas locos, onde podem estar alojadas at quatro sementes (figura 5). As sementes da teca so pequenas e delicadas, da a dificuldade do seu emprego como material de propagao.

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o encurvamento do tronco. Encurvamento o termo tcnico usado para definir se um tronco retilneo ou encurvado. O encurvamento um aspecto importante para a indstria madeireira, pois afeta o rendimento na converso industrial, bem como a qualidade e dimenses das tbuas, pranchas ou lminas produzidas; o comprimento do tronco. O comprimento do tronco determinado pela altura de ocorrncia da primeira bifurcao. Verificou-se que a florao precoce, um carter fortemente hereditrio, induz a bifurcao a baixa altura. O uso de sementes colhidas de rvores de florao precoce aumenta a probabilidade de seus descendentes terem troncos curtos. Para evitar essa condio indesejvel, recomenda-se eliminar as rvores de florao precoce por ocasio do desbaste do reflorestamento; a derrama natural. A derrama natural tambm est associada florao precoce. Sabe-se que a florao reduz a produo da auxina, um hormnio que inibe a brotao das gemas situadas ao longo do tronco, favorecendo a ramificao; a seo transversal do tronco. A indstria madeireira d preferncia aos troncos de seco circular, pois deformaes tais como sapopemas e caneluras prejudicam a qualidade e o rendimento na industrializao; o vigor de crescimento e a resistncia frente a eventuais pragas e doenas. So tambm caracteres hereditrios; a qualidade da madeira. O preo da teca no mercado no depende apenas da forma e das dimenses das toras, mas tambm da densidade, cor e outras propriedades da madeira. Os comerciantes valorizam a madeira de determinadas regies, por oferecer um melhor conjunto de propriedades desejveis. De forma que, importante conhecer a procedncia das rvores utilizadas na produo de sementes, bem como as propriedades que caracterizam sua madeira. Assim sendo, na os exemplares apresentem boa procedncia seja seleo das rvores matrizes devem ser considerados apenas de tronco retilneo, comprido e de seo regular, que derrama natural, que demonstrem vigor e sanidade, e cuja conhecida e reconhecida.

As sementes da Cceres Florestal Para iniciar seus plantios, a Cceres Florestal importou sementes das melhores procedncias de teca, escolhidas tanto pela boa forma e vigor de crescimento das rvores, como pela qualidade de sua madeira. Posteriormente, ao dar incio produo de sementes, a empresa selecionou e reservou para tanto as melhores reas dentre suas plantaes de teca. As reas de Produo de Sementes (APS) em questo tm mais de 15 anos de idade e foram submetidas a repetidos desbastes seletivos, de forma que as sementes comercializadas pela Cceres Florestal oferecem o melhor potencial gentico disponvel no mercado. As sementes da Cceres Florestal so produzidas em conformidade com as Normas para a Produo de Sementes Fiscalizadas de Espcies Florestais, sob controle do Servio de Fiscalizao e Fomento Vegetal da Delegacia Federal de Agricultura em Mato Grosso. Seus percentuais de pureza e germinao so garantidos por anlise desenvolvida em laboratrio credenciado (Laboratrio Oficial de Anlise de Sementes do INDEA/MT).

4. INDUO GERMINAO A germinao da semente da teca demorada e irregular. Para aceler-la e uniformiz-la, sugere-se mergulhar os frutos em gua corrente por um perodo de 24 horas. Para tanto, deve-se coloc-los dentro de um saco de aniagem ou juta, juntamente com um peso, de forma que permaneam submersos. No dispondo de gua corrente, necessrio troc-la a cada 6 horas. Concludo o tratamento, os frutos estaro prontos para serem semeados. No entanto, alm da umidade, a semente da teca necessita de muito calor para germinar. Caso o fruto seja umedecido e faltar calor, a semente apodrecer. Portanto, quando a temperatura do solo (onde os frutos sero semeados) encontrar-se abaixo de 25C, ser conveniente estimular a germinao, atravs de tratamento trmico complementar. Para tanto, deve-se embrulhar o saco com os frutos pr-umedecidos numa lona plstica preta e exp-lo ao sol forte, por um ou dois dias. Vale lembrar que o solo mido perde calor com a evaporao. Na regio de Cceres, nos meses mais frios do ano (de maio a agosto), a temperatura do solo mido pode permanecer abaixo de 20C, mesmo que nas horas mais quentes do dia a temperatura do ar alcance 30C ou mais. Essa condio resulta em baixo ndice de germinao.

Por outro lado, considerando que as rvores necessitam de uma certa idade para poder exteriorizar essas caractersticas, H. Keiding e A. Kaosa Ard, respectivamente pesquisadores do Danida Forest Seed Centre (da Dinamarca) e do Teak Seed Centre (do Departamento Real de Florestas da Tailndia), recomendam que as rvores matrizes de teca tenham mais de 15 anos de idade.

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5. PRODUO DA MUDA A muda mais utilizada no caso da teca do tipo toco. No entanto, nada impede produzi-la em recipiente individual (saco plstico ou jac). Muda toco: a muda recomendada na propagao da teca, por ser prtica e econmica. Sua nica desvantagem o maior prazo de produo, que se estende por 4 a 11 meses, exigindo, pois, uma programao antecipada. A muda toco nada mais que uma parte da muda de raiz nua, devidamente podada, compreendendo cerca de 10 a 20 cm da raiz pivotante e 2 a 3 cm do caule. Desta forma, dispensa recipiente (saco plstico ou jac), aspecto que facilita a produo, o transporte e o plantio. muda de bom pegamento e muito resistente a veranicos. Procedimentos na produo: a melhor poca para iniciar a produo da muda toco em janeiro/fevereiro, ocasio em que as chuvas so freqentes e a umidade e temperatura elevadas. Nas regies no sujeitas ao frio do inverno, a produo das mudas poder ser iniciada mais tarde. A largura ideal para o canteiro de mudas de 1,20m, pois facilita a semeadura, as capinas e o arrancamento. O solo deve estar bem preparado. O canteiro deve ser construdo de maneira que tenha uma boa drenagem, mas que no fique sujeito eroso. O canteiro de mudas deve receber sol pleno e direto, sem qualquer sombreamento. Os frutos - devidamente tratados - devem ser semeados no compasso de 10 x 15 cm ou 15 x 15 cm, de forma bastante superficial, para que fiquem aflorando (figura 6). conveniente que o fruto fique com o umbigo para baixo (figura 6), condio que facilita o desenvolvimento da radcula. Aps a semeadura, deve-se cobrir o canteiro com uma fina camada de terra peneirada ou de casca de arroz.Figura 6. Profundidade da semeadura e fruto com umbigo para baixo. Figura 7. Germinao e desenvolvimento da plntula

Em princpio, se a semeadura ocorrer na fora da estao das guas, no haver necessidade de irrigao. No entanto, conveniente semear os frutos em etapas, de forma que, no caso de um veranico forte, os canteiros possam ser molhados por alguns dias, at que as mudinhas encontrem-se bem estabelecidas. No faltando gua ou calor, a maior parte das sementes viveis dever germinar no prazo de trinta dias (figura 7). No entanto, algumas sementes podero vir a germinar bem mais tarde, at mesmo no ano seguinte. Um razovel percentual de frutos ir dar origem a mais de uma muda; preciso escolher a melhor delas e remover as excedentes, que podero ser replantadas naqueles locais onde houver falha de germinao. Com o fim das chuvas, o crescimento das mudas reduz-se, podendo culminar no auge da seca - com a queda das folhas. A partir de setembro-outubro, com o retorno das chuvas, as mudas voltam a enfolhar-se e a crescer. De novembro em diante, as mudas estaro prontas para serem arrancadas e podadas. Preparo da muda toco: (figuras 8, 9 e 10) arrancamento da muda: arrancar a muda a mo, puxando-a pelo caule. Caso se encontre muito enraizada, usar um enxado para solt-la e para cortar a raiz pivotante numa profundidade de 20 a 25 cm;

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poda da parte area: cortar o caule cerca de 2,5 cm acima do colo; poda do sistema radicular: cortar a raiz pivotante com 20 cm de comprimento (ou menos, caso apresente algum dano ou bifurcao), eliminando a extremidade no rgida; aparar tambm as razes laterais.

desenvolvimento do sistema radicular rpido, recomenda-se utilizar recipiente com 20 cm ou mais de profundidade. Existe um outro tipo de recipiente individual que vem dando bons resultados. Trata-se do tubeto, semelhante ao tubete utilizado na propagao de eucalipto e pinus, porm de tamanho bem maior. As vantagens oferecidas pelo tubeto frente ao saco plstico e ao jac so o maior desenvolvimento do sistema radicular, aspecto que impede a perda da terra por ocasio da remoo do recipiente, e a poda da raiz pivotante atravs da ao da luz. As desvantagens no seu uso esto no elevado custo de aquisio dos tubetes e uma certa dificuldade na sua irrigao, devido ao tamanho das folhas da teca. Semeadura direta: Se o tempo for insuficiente preparao das mudas, pode-se praticar a semeadura direta no campo. No caso, a necessidade de sementes (frutos) ser bem maior: cerca de 10 quilos/ha.

6. PRODUO DE MUDAS ATRAVS DA REPICAGEM Tendo em vista que um bom percentual de frutos produzem mais de uma muda, foram desenvolvidas tcnicas para melhor aproveit-las atravs da repicagem.Figuras 8, 9 e 10: Aspecto da muda no canteiro (dimetro do colo: de 0,7 a 2,5 cm)

Poda da muda

Aspecto da muda toco

As melhores mudas toco so aquelas com dimetros do caule entre 1,25 cm e 3,00 cm. Se necessrio, a muda toco poder ser armazenada por alguns dias, desde que conservada em saco de aniagem ou juta e em local seco, fresco e abrigado do sol e da luz. Muda em recipiente individual: A muda produzida em recipiente individual (jac ou saco plstico), tem como principal vantagem o menor prazo de produo, podendo ser levada a campo 30 a 45 dias aps a germinao. Entre as desvantagens desse tipo de muda citam-se o maior custo de produo, as dificuldades inerentes ao seu transporte e a necessidade da remoo da embalagem previamente ao plantio. Procedimentos na produo: semear os frutos tratados nos recipientes, observando os mesmos cuidados referidos para a muda toco. Uma vez que oManual do cultivo da teca - 19

Aps receberem o tratamento preconizado no captulo 4, os frutos so semeados em caixas ou canteiros de germinao, de terra peneirada e limpa ou, preferencialmente, de areia lavada. No h necessidade de observar um espaamento regular dos frutos, bastando que sejam enterrados de maneira superficial, para que fiquem aflorando. A vantagem da areia lavada frente terra est no fato de secar com maior rapidez e, por isso, aquecer mais durante o dia. O canteiro ou caixa de germinao deve receber sol pleno e direto, sem qualquer sombreamento. Molhar bem a cada dia, no final da tarde. A medida em que as sementes germinarem, retirar as mudinhas com cuidado e transplant-las para os canteiros de mudas toco ou para as embalagens individuais (jac, saco plstico, tubeto, etc.). A repicagem pode ser retardada at que as mudinhas apresentem duas ou mesmo quatro folhas verdadeiras (no considerando os cotildones). O espaamento das mudas repicadas para o canteiro de mudas pode variar entre 15 x 15 cm e 20 x 20 cm. Recomenda-se abrir uma pequena cova de formato cnico, com 8 a 10 cm de profundidade (com o auxlio de uma esptula), e acomodar a plntula de forma que sua raiz fique estendida e na

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vertical, e seu colo ao nvel do solo. Em seguida, chegar terra e compact-la suavemente, eliminando possveis bolses de ar junto raiz. necessrio sombrear as plntulas aps sua repicagem, com Sombrite 50%, e irrig-las por uma ou duas semanas. Recomenda-se aplicar um fungicida como preventivo contra o tombamento. Passada essa fase de aclimatao, o canteiro das mudas deve ficar exposto a pleno sol. Caso no chova, ser preciso irrigar as mudas at que apresentem quatro pares de folhas, ou mais.

9. PLANTIO A poca ideal para o plantio o incio do perodo de chuvas freqentes; regio de Cceres o ms mais indicado dezembro. na

O terreno que ir receber as mudas dever estar bem preparado, livre de gramneas e outras ervas daninhas; o solo deve encontrar-se macio, permevel e sem impedimentos ao bom e fcil desenvolvimento das razes. O espaamento recomendado de 3,00 x 2,00 metros, exigindo 1.667 mudas por hectare. Instalar uma muda por cova, observando que o seu colo no fique fundo ou raso, mas ao nvel do solo. No caso de muda toco, cuidar para no plant-la invertida, ou seja, com a raiz para cima. Sendo a muda do tipo embalada, ser preciso remover a embalagem. O replantio das mudas que falharam deve ocorrer sem demora. No caso da muda toco, o percentual de falhas normalmente pequeno, inferior a 10%. Se o solo for de boa qualidade e frtil, pode-se plantar milho, amendoim ou feijo nas entrelinhas (no ano da implantao), desde que mantido um espaamento adequado, de forma a no sombrear as mudas de teca.

7. PREPARO DO TERRENO Conforme j informado no captulo dos requisitos, para seu bom desenvolvimento a teca requer solo profundo, permevel, de boa capacidade de reteno de gua e de fertilidade mediana ou melhor. Previamente escolha da rea de plantio, recomendvel realizar um cuidadoso levantamento dos solos, para verificar sua capacidade de uso e conferir se os requisitos da teca esto sendo atendidos. O levantamento dos solos compreende a tomada de amostras da terra, coletadas com ajuda de um trado ou cavadeira, em pelo menos quatro profundidades do seu perfil (0-20 cm, 21-40cm, 41-60 cm e 61-80 cm). As anlises fsica e qumica dessas amostras permitiro, juntamente com as informaes obtidas durante sua coleta no campo, uma adequada avaliao do potencial do solo. Cada trecho do terreno que apresentar solo de aspecto diferenciado dever ser objeto de amostragem.

10. TRATOS CULTURAIS A teca particularmente sensvel competio de gramneas e outras ervas daninhas, tanto no que se refere disponibilidade de gua, como de nutrientes e at de luz. Durante o primeiro ano necessrio manter o terreno bem carpido; no segundo ano, o sombreamento proporcionado pela teca evitar em boa parte o desenvolvimento do mato, reduzindo a necessidade de capinas e roadas; de um modo geral, a partir do terceiro ano, esses tratos culturais podem ser dispensados. O controle das gramneas e ervas daninhas poder ser mecnico (gradagem, roada) ou qumico (com herbicidas). O sistema radicular da teca pouco profundo, concentrando-se nos primeiros 40 cm, de forma que a gradagem dever ser superficial. Por outro lado, preciso evitar que os discos externos da grade promovam a amontoa (da terra) junto ao p das mudas de teca, causando o indesejvel afogamento do colo. No controle qumico podero ser utilizados herbicidas seletivos (que controlam apenas plantas de folha estreita, isto , as gramneas) e no seletivos (que matam tanto as plantas de folha estreita como as de folha larga). Na aplicao de herbicidas no seletivos que agem via foliar, sejam eles sistmicos ou de contato, recomenda-se o uso de coifa, para evitar que o defensivo atinjaManual do cultivo da teca - 22

8. CORREO E ADUBAO A correo e adubao de solos originalmente frteis e que se encontrem parcialmente exauridos no deve oferecer maiores dificuldades. No entanto, no caso de solos muito cidos, pobres em nutrientes e com elevados teores de alumnio, como acontece com freqncia nas terras de campo natural e de cerrado, a correo e adubao podero requerer investimentos pesados. Outra dificuldade verificada a incorporao do calcrio no subsolo, uma vez que a ao misturadora da grade limita-se profundidade de 20/30 cm. Portanto, qualquer iniciativa neste sentido dever ser precedida de criteriosa experimentao.

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as folhas da teca. No devem ser utilizados herbicidas no seletivos que penetram via solo e razes, pois certamente afetaro a teca.

12. MANEJO FLORESTAL Brotao mltipla da muda Algumas mudas de teca podero emitir mais de um broto, que tomar a direo vertical e competir com o caule principal (vide figura 11). preciso pod-lo antes que engrosse muito e comprometa o alinhamento e a resistncia da planta. Eventualmente ser necessrio um repasse, decorridos 90 dias.

11. PROTEO Controle da formiga (quenqum e sava) Previamente ao plantio das mudas convm realizar um levantamento dos formigueiros existentes na rea de plantio e na sua imediao, e combat-los. Embora as formigas cortadeiras tenham preferncia por outras espcies vegetais, encontrando-se o terreno bem carpido e limpo, certamente atacaro as mudas de teca. Recomenda-se o controle anual dos formigueiros sobreviventes e das novas infestaes. Com o passar do tempo e no havendo disponibilidade de outra vegetao atrativa e em quantidade, as formigas passaro a dar preferncia teca. A prtica de desbastes precoces e espaamentos maiores induz formao de um sub-bosque espontneo, aspecto favorvel no controle do ataque das formigas. Outras pragas e doenas (parasitas - erva de passarinho) A teca uma planta pouco sujeita a pragas e doenas. Em Cceres no foi registrado qualquer problema de significncia. Nas plantaes situadas prximas a florestas naturais se tem observado certa incidncia de plantas parasitas, do tipo erva de passarinho, que se instalam na copa das rvores de teca. Recomenda-se, por ocasio do desbaste, eliminar as rvores fortemente infestadas por parasitas do gnero. Controle do fogo Embora a rvore de teca seja bastante resistente ao fogo, o mesmo deve ser evitado a todo custo. De um lado, o fogo causa leses na casca e no cmbio, prejudicando a qualidade das rvores e de sua madeira; do outro lado, o fogo carboniza as razes superficiais, degrada o cho da floresta, queimando o folhedo (tapete de folhas, ramos, sementes, etc. que caem a cada ano), acelerando a decomposio da matria orgnica, volatilizando importantes nutrientes e destruindo a micro-fauna e micro-flora do solo. Por ser a folha da teca grande e caduca, durante a estao seca o solo fica coberto por espesso folhedo, de fcil combusto. Recomenda-se a construo e manuteno de aceiros perimetrais e divisrios e, nos dias de maior risco de incndio, a presena de uma equipe treinada para apagar eventuais focos.

Figura 11.

Brotao mltipla

Poda do broto

Poda de ramos ou derrama De um modo geral, a teca apresenta uma razovel derrama natural. No entanto, o amplo espaamento requerido para o rpido crescimento das rvores estimula a emisso de ramos, conferindo maior vigor e persistncia aos mesmos. Tendo em vista que o propsito do reflorestamento a produo de madeira limpa, sem ns, a poda ou derrama artificial indispensvel. A poda dos ramos no deve exceder um tero da altura da planta. A primeira poda deve ser efetuada um ano aps o plantio; recomenda-se o uso de serrote. O ramo deve ser cortado rente a sua insero no tronco, procurando no danificar a casca (figura 12).

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Ao longo do ciclo de vida das rvores da plantao devero ser realizados seguidos desbastes, at que as rvores remanescentes alcancem a dimenso programada para o corte raso ou final do povoamento. O primeiro desbaste deve ocorrer quando a altura mdia das rvores dominantes (as 100 rvores mais altas de um hectare) alcanar oito metros. Nos melhores stios essa altura atingida aos trs ou quatro anos; em stios de qualidade inferior somente alcanada aos cinco, seis ou mais anos. Caso a altura mdia das rvores dominantes de um determinado stio, aos seis anos, for inferior a oito metros, recomenda-se direcionar o manejo da floresta para a produo de postes (eventualmente, esse tipo de atividade possa ser to rentvel como produzir madeira para serraria e laminao). Considerando o espaamento inicial de 3,00 x 2,00 m, o primeiro desbaste deveria ser sistemtico, com intensidade de 50%, cortando-se cada segunda rvore. Os desbastes posteriores no tm data marcada; a oportunidade da interveno dever ser definida pelo incremento mdio anual do dimetro das rvores. Os desbastes devem ocorrer de forma que esse incremento no sofra reduo. Para a obteno de toras com dimenses para serraria e laminao, num ciclo de corte de 30 anos, o incremento mdio do dimetro das rvores deveria ser da ordem de 17mm (dezessete milmetros) ao ano. Desta forma, por ocasio do corte final o dimetro mdio das rvores seria de aproximadamente 50cm (cinqenta centmetros). Em stios de qualidade inferior possvel que, a despeito de existir amplo espaamento entre as rvores, o incremento diamtrico fique abaixo do desejado. No caso, uma alternativa seria estender o ciclo de corte. Um critrio prtico na determinao da capacidade de produo de um stio a rea basal. Denomina-se rea basal individual a rea da seo do tronco da rvore, medida altura do peito, ou seja a 1,30 m. do solo. Atravs da somatria das reas basais individuais obtm-se a rea basal do agrupamento arbreo considerado ou, simplesmente, rea basal. A rea basal expressa em m/ha. Alceu de Arruda Veiga conceituou rea basal como sendo ... uma expresso que indica o momento ou idade em que as plantas do povoamento fazem uso de uma capacidade mxima de utilizao dos fatores limitantes do seu crescimento (luz, umidade, nutrientes), capacidade essa condicionada ao stio em questo. A rea basal no depende do espaamento, sendo atingida ao se alcanar a idade de estagnao. Esta, sim, funo do compasso florestal.

antes Figura 12. Poda do ramo

aps

Em princpio, de quatro a seis podas, espaadas de dois a trs anos, so suficientes para o ciclo de corte de 30 anos. De uma maneira geral, a poda deve ser realizada aps o desbaste. Do cho, munido de um serrote instalado numa vara longa, possvel cortar ramos situados at seis metros de altura. Por razes de ordem econmica, no se recomenda podar ramos situados mais acima. Condies inadequadas de solo, competio de gramneas e outras ervas daninhas, desfolhamento por formigas ou lagartas, veranicos fortes, perda do ponteiro, desbastes intensos em povoamentos adensados, entre outros, estimulam a brotao das gemas que existem latentes (adormecidas) ao longo do tronco, exigindo podas adicionais. Desbastes medida que cresce, a rvore necessita de mais espao; em termos de solo, para satisfazer suas crescentes necessidades de gua e nutrientes; em termos areos, para desenvolver a copa e, assim, poder realizar a fotossntese e a transpirao. O desbaste ou raleamento tem por propsito reduzir o nmero das rvores do reflorestamento, de forma que as remanescentes disponham de mais espao para continuarem crescendo. No caso de plantaes de madeira para serraria e laminao, o ganho das rvores em dimetro deve ter prioridade sobre o incremento em altura. O objetivo dos desbastes, no caso, promover o maior incremento em volume, distribudo pelo menor nmero de rvores, no menor tempo possvel.

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Para se determinar a rea basal de um determinado stio, basta acompanhar a evoluo do seu incremento anual. Quando esse incremento tender a zero, pode-se dizer que a rea basal daquele stio foi alcanada. Inventrio florestal / cubagem Para saber como a floresta est se desenvolvendo e quando praticar o prximo desbaste, preciso medir periodicamente o dimetro e a altura das rvores. Atravs dessa medio possvel apurar os incrementos, ou seja, os ganhos em altura e em dimetro e, a partir da, calcular o incremento em volume das rvores e da floresta. O levantamento e o processamento dessas informaes denominado inventrio florestal. Para evitar a medio de todas as rvores do reflorestamento, so escolhidas parcelas de amostragem, distribudas ao acaso por todo o povoamento, mas de maneira a bem representar os diferentes crescimentos das rvores, na proporcionalidade de sua ocorrncia. Habitualmente, os inventrios so realizados a cada dois anos. Uma vez que o objetivo da plantao a produo de madeira para serraria e laminao, na apurao do dimetro, da altura e do volume das rvores devem ser considerados os critrios de cubagem adotados pela indstria, a saber: dimetro. O dimetro da rvore medido altura do peito (DAP), isto , a 1,30 m. do solo. O dimetro pode ser medido sobre ou sob a casca, sendo ento respectivamente denominado com casca (c/c) ou sem casca (s/c). No comrcio os toras so comprados sem casca, pelo que o volume comercial da floresta deveria ser calculado tendo por base o dimetro sem casca (DAP s/c); altura. A altura considerada a denominada altura comercial (Hc), que leva em conta o comprimento do tronco, medido do nvel do solo at o incio da copa. fator forma. O tronco da rvore tem forma cnica, ou seja, seu dimetro diminui com a altura da rvore. Para compensar essa conicidade preciso aplicar um fator de correo, denominado fator forma (Ff); cubagem. A cubagem do tronco pode ser feita pelo sistema geomtrico, tendo por base a frmula do volume do cilindro e levando em conta o DAP s/c, a Hc e o Ff. A frmula : Vc = (DAP s/c) 2 /4 x 3,1416 x Hc x Ff , onde Vc o

13. PRODUO Entende-se por produo o volume de madeira, de valor comercial, colhido nos desbastes e no corte final de um reflorestamento. No clculo da estimativa da produo futura de um reflorestamento devem ser considerados: a produtividade, ou seja, o incremento mdio anual em volume das rvores e o ciclo de corte, isto , o prazo que se estende do plantio das mudas at o corte raso da plantao. A produtividade de uma plantao de teca, considerando condies adequadas de semente, stio, implantao, manuteno e manejo, deve situar-se acima de 10 m/ha/ano. No entanto, cabe lembrar que tal parmetro diz respeito ao volume da madeira em p. O volume comercial disponvel para venda, cubado na forma de tora, menor, pois com o corte da rvore, sua madeira passa a secar e a encolher, determinando reduo na medida da circunferncia e conseqente reduo de volume. O encolhimento maior na casca e no alburno, que so os tecidos que contm mais gua ou umidade. Assim, quanto maior o percentual de casca e alburno, como comum nos fustes de rvores jovens, de menor dimetro e ou submetidas a um manejo que objetive a colheita precoce, maior a quebra. Por outro lado, os valores para o fator forma habitualmente utilizados no clculo do volume da madeira em p, tm mostrado ser elevados. A prtica vem mostrando que mesmo no caso do corte raso aos 30 anos, o volume colhido e cubado como tora significativamente menor que o volume inventariado para a madeira em p. Mesmo em sendo utilizados parmetros conservadores, essa diferena varia entre 15% e 20%. No passado, a empresa estimava serem necessrios apenas 25 anos para a produo de fustes com DAP mdio de 50 centmetros. No entanto, com o passar dos anos e a maior idade de seus povoamentos, verificou ser preciso estender o ciclo por mais cinco anos para obter maior percentual de madeira de cerne. O prazo para que um anel de crescimento recm-formado passe a integrar o cerne de cinco a seis anos. Assim, estima-se que o ciclo requerido formao de fustes de menor conicidade e com maior percentual de cerne deva ser o dobro do prazo decorrido entre o plantio e o derradeiro desbaste, acrescido dos cinco anos necessrios maturao do cerne.Manual do cultivo da teca - 28

volume comercial em m3. O volume da floresta representado pela soma do volume de cada uma de suas rvores.Manual do cultivo da teca - 27

Mais de 60% da produo total da plantao so colhidos por ocasio do corte raso, ao final do ciclo de corte. Considerando a produtividade, as quebras e o percentual referidos nos pargrafos anteriores, pode-se estimar o volume comercial do corte raso, em tora, para uma plantao de teca bem estabelecida e manejada, em cerca de 150 m/ha. Embora os volumes colhidos nos desbastes sejam menores e a qualidade de sua madeira inferior quela do corte final, sua utilizao, comercializao e industrializao so viveis e pode gerar um bom retorno. A madeira do primeiro desbaste, colhida a partir do terceiro ano, vem sendo mais utilizada como lenha, na secagem de gros e queima de tijolos. No segundo desbaste, que deve ocorrer a partir do sexto ano, os dimetros so maiores e permitem que sua madeira seja empregada na forma rolia, como moires, escoras, varas, esteios, ou vigamento para construes rsticas, etc.. Os toretes do terceiro desbaste podem ser serrados em pontaletes, caibros e vigotas, prestando-se tambm produo de sarrafos, lambris e, especialmente, de painis de sarrafos colados. A partir do terceiro desbaste pode-se considerar a exportao de toras in natura, uma vez que a ndia oferece um bom mercado para peas rolias e com casca com dimetros mdios (medidos ao meio do comprimento) a partir de 15 centmetros. Vale registrar que a industrializao da madeira dos desbastes uma atividade simples e no requer investimento de monta. A indstria brasileira fabrica diversos tipos de serrarias, especificamente construdas para o desdobramento da madeira de reflorestamento, de baixo custo e boa produtividade. A serragem da madeira do desbaste nas imediaes do reflorestamento reduz consideravelmente os custos de produo e transporte, viabilizando sua colocao no mercado a preos muito competitivos.

Tal custo no inclui o valor da terra, despesas maiores com o preparo do terreno (derrubada, destoca, subsolagem, etc,), despesas maiores com a correo e adubao do solo, nem as despesas na administrao (overhead) do empreendimento; tambm no inclui as despesas com o corte das rvores, seja por ocasio dos desbastes ou do corte final. Mais de 60% deste total so despendidos nos primeiros dois anos. Receita A receita se d com a venda da madeira colhida nos desbastes e no corte final do reflorestamento. Para tanto, os troncos das rvores colhidas devem ser recortados em toras, a serem baldeadas (transportadas) para um local de fcil acesso. O preo da tora varia de acordo com sua qualidade e dimenses, especialmente o dimetro. Toras de maior dimetro, retilneas, sadias e isentas de galhos, de ns e de calombos, alcanam preo elevado, pois permitem a produo de madeira serrada ou faqueada de boa qualidade e rendem mais na converso industrial.

15. GLOSSRIO alburno: parte perifrica e mais nova da madeira do tronco das rvores, formada de clulas vivas que conduzem a gua das razes para a copa. Suas clulas vivas contm materiais de reserva, como o amido; geralmente de colorao mais clara e de menor durabilidade que o cerne. O alburno mais propenso ao empenamento e contrao, e mais sujeito ao ataque de insetos e ao apodrecimento. O alburno da maioria das madeiras desprezado. tambm chamado de brancal. rvore matriz: rvore selecionada e, na maioria das vezes, reservada para a produo de sementes. Tambm conhecida como rvore porta-semente ou rvore-me. cerne: parte do lenho da rvore, formada de clulas mortas e sem substncias nutritivas de reserva; fica no centro do tronco e quase sempre mais escura que o alburno ou brancal. Tambm chamado de durame. colo: zona de transio entre a raiz e o caule, j manifesta em plantas jovens. cotildones: primeiro par de folhas do embrio da semente. Apresentam forma arredondada, semelhante do feijo novo, diferenciando-se das folhas produzidas em seguida, cuja borda serrilhada.

14. CUSTO E RECEITA Custo Com base em trabalho desenvolvido no ano de 2001, por um grupo de plantadores de teca do Estado de Mato Grosso, sob a coordenao da Federao das Indstrias (FIEMT), para instruir um programa de financiamento do Banco do Brasil, pode-se estimar o custo direto na implantao e manuteno de um reflorestamento de teca em cerca de R$7.000,00 por hectare.

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correo: adio de um corretivo, geralmente calcrio, com o propsito de reduzir a acidez do solo, neutralizar o alumnio e disponibilizar Clcio, um importante nutriente para as plantas. cubagem: avaliao do volume de material lenhoso do tronco de uma rvore, ou de um ou mais toras ou peas de madeira. derrama natural: a supresso natural dos ramos inferiores da copa. Tratase de caracterstica transmissvel, mas tambm condicionada ao compasso, ou seja distncia entre as rvores. Compassos menores induzem o sombreamento dos ramos inferiores da copa, promovendo sua morte e supresso. desbaste: ou raleamento. Interveno silvicultural destinada a reduzir o nmero de rvores de uma floresta. Atravs do desbaste aumenta-se a taxa de crescimento individual das rvores remanescentes, pode-se melhorar a composio do povoamento, gera-se matria-prima, etc. drupa: fruto carnoso provido de ncleo (caroo) muito duro. florao precoce: enquanto a maioria das rvores de teca somente floresce aps o sexto ano, algumas j o fazem aos trs ou quatro anos de idade, sendo por isso classificadas como de florao precoce. A florao precoce prejudicial na medida em que desvia energia que deveria ser concentrada no crescimento da planta. helifita: planta que vive completamente exposta ao sol. incremento mdio anual do dimetro: trata-se da variao verificada ao longo de um ano no dimetro mdio das rvores de um reflorestamento, tomado altura do peito, ou seja a 1,30 metros do solo. mogno: tambm conhecida por araputanga, caoba ou aguano, rvore de grande porte da floresta amaznica. Sua madeira de excelente qualidade e tem boa procura e preo elevado tanto no mercado interno, como no exterior. O nome botnico da espcie Swietenia macrophylla; pertence famlia das meliceas. pancula: tipo de inflorescncia racemosa, na qual os ramos decrescem da base para o pice, pelo que assume forma aproximadamente piramidal. perodo seco: o perodo do ano sujeito a precipitaes mensais mdias inferiores a 50 mm. pioneira: espcie vegetal capaz de invadir reas desnudas, a persistindo at ser deslocada com o prosseguimento da sucesso. plntula: nome que toma o embrio da semente, no primeiro estgio de desenvolvimento, durante a germinao.Manual do cultivo da teca - 31

procedncia: localizao geogrfica e ambiental das rvores ou povoamentos fornecedores de material reprodutivo (sementes, plen, propgulos). radcula: raiz rudimentar que existe no embrio da semente. repicagem: consiste na mudana das plantas dos canteiros onde foram semeadas para outros, onde ficaro at completarem o estgio de muda. sapopema: tambm conhecida por canelura ou raiz escora, uma raiz tabular que se estende acima da terra, ao longo do tronco, formando cristas. stio: ou localidade. De acordo com C.Garcia-Piquera a unidade fundamental de meio ambiente, considerada segundo os fatores ecolgicos (clima, solo, topografia, etc), com referncia ao poder regenerativo arbreo. Segundo A.A. Veiga a resultante das influncias positivas e negativas dos fatores limitantes ao crescimento das rvores de um povoamento, os quais se acham sob pura interao. tombamento: morte ou destruio de mudas por fungos que causam o apodrecimento dos caulculos e das pequenas razes. tora: tronco de rvore abatida, ainda com casca. veranico: estiada durante a estao chuvosa, com dias de intenso calor e insolao.

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