Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

26
 A SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO Manual do Formando Rita Genésio 30 de outubro de 2015

Transcript of Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

Page 1: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 1/26

A SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO

Manual do Formando

Rita Genésio

30 de outubro de 2015

Page 2: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 2/26

1. Resumo

Atualmente a indústria do alumínio ocupa uma posição fundamental no mercadode produção de metais, devido às propriedades de resistência, baixa densidade edurabilidade do material, que lhe conferem uma ampla versatilidade.

Desde utensílios de comida, a embalagens de bens de consumo, a transportes eaeroespacionaves, o alumínio tornou-se presente no dia-a-dia da humanidade.

Não obstante o seu reconhecido estatuto de metal multifunções, a indústria doalumínio enfrenta presentemente adversidades que advêm do custo crescente daenergia elétrica, fundamental para o processo de eletrólise a partir do qual se obtémo alumínio líquido. É justamente a energia, conjuntamente com os impactes daexploração da bauxite, o ónus da produção deste metal.

Num contexto de desenvolvimento sustentável, muitas são as ideias para aimplementação de metodologias de poupança de eletricidade e de minoração dosimpactes sociais e ambientais negativos decorrentes desta atividade. No entanto, ooligarquia estabelecida na indústria impede, muitas vezes, que o interesse públicoseja de facto salvaguardado, dando-se primazia à acumulação de riqueza.

O ponto de viragem encontra-se precisamente quando à vantagem económicase junta a vantagem ambiental, como se verifica para a reciclagem do alumínio.

Efetivamente, este metal tem níveis de reciclagem muito altos, já que este processoapresenta custos globais substancialmente menores face aos de produção dealumínio primário.

O sucesso da implementação da reciclagem deste material representa um bomcaso de estudo, porquanto possa influenciar governos e sociedades a adquirirhábitos de consumo mais sustentáveis.

Palavras chave:

Alumínio, bauxite, sustentabilidade, impactes ambientais.

Page 3: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 3/26

3

INDICE REMISSIVO

1. Resumo ............................................................................................ II

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................. 4

ÍNDICE DE GRÁFICOS ........................................................................... 4

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................. 4

1. Introdução .......................................................................................... 5

2. Objectivos Gerais ........................................................................... 6

3. Objectivo Especifico ....................................................................... 6

4. Caracterização técnico-económica ............................................... 6 4.1 O alumínio primário ........................................................................... 6

4.2 O alumínio secundário ..................................................................... 10

5. Impactes ambientais e sociais da produção do alumínio ........ 13

5.1 Impactes ambientais ........................................................................ 13

5.2 Impactes sociais .............................................................................. 15

6. Desafios e oportunidades da sustentabilidade no setor .......... 16

6.1 Tendências internacionais para a sustentabilidade ......................... 16

6.2 Desafios para o setor no marco da sustentabilidade ....................... 18

• Melhorias na produção –maior eficiência energética .................................18 • Mineiração da bauxite ...............................................................................19

6.3 Oportunidades para o alumínio no marco da sustentabilidade ........ 20

• Versatilidade em diversas aplicações ........................................................20

• Transportes ...............................................................................................21

• Construção civil .........................................................................................21

• Eletricidade ...............................................................................................21

• Reciclagem do alumínio ............................................................................21

• Redução da pegada ecológica dos países ................................................24

7. Conclusão ...................................................................................... 25

Page 4: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 4/26

4

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Principais compostos de alumínio obtidos a partir da bauxite. Adaptado de (Constantino 2002). ...... 7

Figura 2. Principais fases de produção de alumina em refinarias (ABAL 2007) .................................................... 8 Figura 3. Representação do processo de eletrólise (ABAL 2007). .......................................................................... 8

Figura 4. Mina de bauxite na floresta Amazónica (How stuff works s.d.). ............................................................ 15

Figura 5. Os três capitais associados ao desenvolvimento sustentável. Adaptado de (Olsson 2004). ............ 16

Figura 6. Blocos de latas de alumínio condensados para reciclagem (MEC s.d.). ............................................. 23

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Principais países produtores de alumínio primário em 2010 (Statistics 2010). ..................................... 9

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Consumoper capita de alumínio ............................................................................................................. 10

Tabela 2. Principais resíduos originados na produção de alumínio reciclado (The Aluminium Association2011). ............................................................................................................................................................................ 11

Tabela 4. Emissões de Gases de Efeito Estufa por país produtor (Institute s.d.). .............................................. 13

Page 5: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 5/26

5

1. Introdução

Governos e empresas revelam uma crescente preocupação com a

sustentabilidade na elaboração das respetivas agendas estratégicas. Reflexos destaatitute manifestam-se globalmente na economia, paralelamente às ocorrênciassingulares de sucesso. A tendência está firmada, restando incentivá-la até que osresultados obtidos sejam plenamente satisfatórios.

A questão da sustentabilidade não se põe de forma idêntica para todos ossetores da economia, embora haja aspetos transversais a ter em conta,designadamente a redução de custos imposta pela competição económica e aeficiência na utilização de recursos ditada pela sustentabilidade. Cabe aos governosestabelecer apoios que incentivem a prevalência da componente de sustentabilidadesobre a de resultados económicos imediatos nas estratégias de ação das empresas.

Na metalurgia, é notório o papel cada vez mais destacado da produção doalumínio face à problemática das alterações climáticas decorrentes dos gasescausadores do efeito estufa. O alumínio “verde” (cuja produção assenta numa matrizenergética limpa e renovável)1, reforça as naturais propriedades de ilimitadareciclabilidade, indubitavelmente a mais importante das vantagens ambientaisrelativamente a outros materiais pois, só em 2010, 28% do alumínio produzido anível mundial como matéria prima de produtos transformados teve origem nareciclagem do metal.

A estas vantagens acrescenta-se a leveza, a ductilidade e a resistência à

corrosão que, no seu conjunto, se mostram presentes nos produtos derivados,contribuindo assim para a sustentabilidade de toda a fieira industrial deste metal,como são os casos da sua utilização em embalagens, construção civil, eletricidade,meios de transporte e numa infinidade de utensílios e aparelhos de uso comum.

A importância do fator peso manifesta-se nos custos operacionais de transporte(redução da tara) e nos fretes (redução da carga útil dos produtos e/ou dasembalagens), ao repercutir-se no consumo de energia e consequentemente nasemissões de gases nocivos.

Depreende-se assim que a questão da sustentabilidade do alumínio abrange a

sua produção, utilização e a reciclagem. É sobre a sustentabilidade ambiental daprodução do alumínio, nesta perspectiva mais abrangente, envolvendo a utilização ea reciclagem, que versa o presente trabalho.

Page 6: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 6/26

6

2. Objectivos Gerais

Objetivo geral: No final da apresentação os participantes, a partir do

desenvolvimento de um teste escrito, deverão ser capazes de identificar osprocessos de fabrico do alumínio; identificar as etapas pela qual este passa;reconhecer os processos subjacentes a fabricação deste; reconhecer os impactosambientais deste; e identificar as oportunidades e os desafios que o aliminio criampara um futuro proximo.

Pré-requisitos: Os formandos exerçam, ou venham a exercer funções deserralharia ou funções similares com a vertente para o metal em questão, oalumínio.

3. Objectivo Especifico

No final desta apresentação pretende-se que cada formando, após estesconceitos estejam apto a:

• Identificar os materiais que compõem o aluminio;• Identificar os aspetos mais importantes no processo de fabrico e pós

fabricação do alumínio;• Propor soluções alternativas, apresentar sugestões de estratégias para a

sustentabilidade do alumínio;• Exercitar competências de análise para o futuro do alumínio e a sua

importância para o futuro com todos os seus prós e contras.

4. Caracterização técnico-económica

Neste tópico serão desenvolvidos os temas técnicos e económicos relacionadoscom a produção industrial do alumínio, que servem de base para a análise daproblemática da sustentabilidade, tema central deste trabalho.

4.1 O alumínio primário

Devido à sua grande reatividade química, o alumínio não se apresenta emestado puro na natureza, estando no entanto presente na crosta terrestre sob aforma de centenas de compostos.

O principal minério constituinte da forma mineral do hidrato de alumínio (Al(OH)3)é a bauxite, originária da localidade de Les Baux, França. A bauxite está na base deum grande número de compostos de alumínio (Figura 1), embora a sua composição

Page 7: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 7/26

7

esteja associada a impurezas, sobretudo óxidos de ferro e de titânio e silicato dealumínio, as quais devem ser eliminadas no seu tratamento (Maina 1989).

Figura 1. Principais compostos de alumínio obtidos a partir da bauxite. Adaptado de (Constantino 2002).

A bauxite é muito difusa pelo mundo, sendo no entanto mais comum em paísesde climas tropicais ou subtropicais, graças à ação das intempéries sobre osaluminossilicatos.

A sua mineração é geralmente feita a céu aberto e a uma profundidade de cincoa vinte metros. A extração é feita por motoescavadoras que carregam o minério paracamiões que o transportam até à central de beneficiamento para britagem, moagem,lavagem, classificação granulométrica e secagem. Posteriormente é transportadopara fábricas de alumina ou diretamente para exportação.

Através deste minério obtém-se a alumina (Al2O3) com recurso ao processo deBayer : Neste processo a bauxite é misturada, numa solução de soda cáustica, atéocorrer a dissolução da alumina, que é então precipitada por arrefecimento na formade hidrato e enviada a um forno de calcinação para se transformar em aluminacalcinada. Como resultado, origina-se um pó branco que é a matéria-prima para aprodução de alumínio primário. Sumariamente, todo o processo de obtenção daalumina é complexo; contudo, este pode ser descrito pelas fases de moagem,digestão, filtração/evaporação, precipitação e calcinação (Figura 2).

Page 8: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 8/26

8

O alumínio primário é produzido por meio de eletrólise no processo conhecidocomo Hall-Héroult . A eletrólise processa-se num tanque catódico de ferro revestidocom carbono no qual se deposita e aquece fluoreto de alumínio e sódio (criolite) a800ºC, com ânodos de carbono. O oxigénio libertado pela eletrólise combina-se como carbono dos ânodos formando moléculas de dióxido de carbono, enquanto o

alumínio se deposita no fundo do tanque (Figura 3).

Figura 2. Principais fases de produção de alumina em refinarias (ABAL 2007)

Figura 3. Representação do processo de eletrólise (ABAL 2007).

Page 9: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 9/26

9

Ambos os processos requerem um gasto elétrico total de cerca de 14,500-15,000kWh por tonelada de alumínio produzida, aos quais acrescem os custos daexploração mineira, uma vez que para a mesma tonelada de alumínio sãonecessários aproximadamente duas toneladas de alumina, a que correspondem 4toneladas de bauxite (Maina 1989).

Apesar da antiguidade destes processos, não têm sido feitas inovaçõessignificativas, já que estes constituem o método mais económico para a obtenção dometal. Outras formas de se obter o alumínio, designadamente a partir de sienitosnefelínicos, não se têm revelado competitivas.

Os maiores produtores de alumínio primário a nível mundial em 2010 foram aChina, o Canadá e a Rússia (Gráfico 1).

No caso chinês é patente a falta de regulamentação ambiental no que concerneà exploração mineira, que, associado às baixas remunerações da mão-de-obra,resulta num preço final muito atrativo para os países importadores. O desnível depreço é tão significativo que o alumínio primário chinês torna-se mais barato que o

alumínio secundário produzido noutros países.Os números da produção contrastam fortemente com os do consumo, pois osmaiores consumidores são, grosso modo, os países europeus, de climas mais frios emenores reservas de bauxite. Entre estes, destacam-se a Noruega, com 65,6Kghab-1ano-1, seguida da Islândia e da Áustria (Tabela 1). Estas discrepâncias denúmeros justificam-se, porém, com a reciclagem do alumínio efetuada nestes paísese que será abordada no subtópico seguinte.

0

2

4

6

8

10

12

14

P r o

d u ç

ã o

( 1 0 6

t )

Principais países produtores

Produção de alumínio primário em 2010(Total mundial: 41,1 x 106 t)

Gráfico 1. Principais países produtores de alumínio primário em 2010 (Statistics 2010).

Page 10: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 10/26

10

4.2 O alumínio secundário

Tal como visto anteriormente, a cadeira produtiva geral do alumínio passa pelosseguintes pontos:

1. A extração e beneficiamento da bauxite;2. A produção de óxido de alumínio (alumina);3. A obtenção do metal primário em lingotes (alumínio a 99,7%);4. A fabricação de produtos semimanufaturados;5. A fabricação de produtos manufaturados finais;6. A reciclagem.

A última etapa fecha a cadeia de valor, partindo principalmente da sucata dasindústrias transformadoras de alumínio (sucata nova) e em menor escala darecuperação do metal a partir de objetos desativados (sucata velha). Desta forma, oalumínio reciclado (designado de alumínio secundário) é utilizado como matériaprima de novos produtos.

A reciclagem da sucata velha envolve procedimentos complexos, pois énecessário desmantelar os objetos, separar o alumínio dos outros materiais eremover os contaminantes. Do rigor destes procedimentos depende a qualidade doproduto final.

O desmantelamento e a separação do alumínio compõem a etapa de triagem.Segue-se a trituração que visa reduzir as dimensões da sucata para retirada do ferro

PaísesConsumo

(kg x hab -1 x ano -1)

Noruega 65,6Islândia 42,4Áustria 30,2Suiça 28,8Japão 25,7Bélgica 25,7Austrália 23,3Itália 23,1Estados Unidos 22,4Canadá 21,9Suécia 18,3

Reino Unido 17,2China 14,2Irlanda 12,7França 12,1Finlândia 12Brasil 6,9Argentina 5,3

Tabela 1. Consumoper capita de alumínio

(2010) (The Aluminium Association 2011)

Page 11: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 11/26

11

através de separadores magnéticos e a descontaminação (retirada derevestimentos, sugidades e matéria orgânica).

Depois de passar por um processo de secagem, a matéria-prima é fundida a900ºC para obtenção do alumínio, cuja qualidade depende da pureza do materialutilizado. Para garantir osstandards de qualidade, é feita uma afinação do produto(adição de outros metais), após a qual é finalmente feita a moldagem.

Estima-se que 75% do alumínio produzido até ao presente a nível mundial aindaesteja a ser utilizado. Esta sobrevida provém não apenas da durabilidade do metal,mas também da sua reciclagem, pois cerca dos 28% do alumínio produzidomundialmente em 2010 tiveram como matéria-prima a sucata recuperada. Aimpulsionar esta tendência para a reutilização está também o fator económico: aeconomia de energia elétrica relativamente à produção de alumínio primário édeterminante. Apenas a supressão da etapa eletrolítica de produção do alumínioprimário acarreta uma poupança de 95% de eletricidade.

A reciclagem do alumínio tem ainda impactes positivos no ambiente ao reduzir aquantidade de energia que seria necessária para a extração de mais bauxite e aoreaproveitar o recurso, diminuindo a produção de resíduos. A redução por esta viaestá na proporção de quatro toneladas de minério por cada tonelada de alumínioreciclado, com a diminuição dos inerentes impactes negativos sobre o ambiente, taiscomo as emissões de óxidos de azoto, dióxido de enxofre e produção de lamascontaminadas.

Para além destes fatores, a reciclagem permite a redução das importações dometal por parte dos países com défice de produção. Este ponto torna-se mais

evidente quando se tem presente a produção mundial – 41,1 x 106 t em 2010(Statistics 2010) – e que um só país – a China – responde por 40% desse total

(Gráfico 1).

Tabela 2. Principais resíduos originados na produção de alumínio reciclado (The Aluminium Association 2011).

Page 12: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 12/26

12

Por outro lado, a reciclagem não é isenta de efeitos negativos (Error! Referencesource not found. ): dá origem à produção de resíduos perigosos como as escórias,ricas em cloro, sódio e cálcio que facilmente se transformam em lixiviados perigosospara os lençóis freáticos. A sua eliminação faz-se por incineração ou inertização porser inviável economicamente a sua reciclagem. O menor rendimento na fundição e adependência de um sistema eficiente de recolha de sucata são desvantagenseconómicas também a apontar.

Page 13: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 13/26

13

5. Impactes ambientais e sociais da produção do alumínio

Neste tópico serão abordados os impactes ambientais e sociais da produção do

alumínio, decorrentes das atividades de produção exploradas anteriormente. Estaanálise permitirá, no tópico seguinte, clarificar as medidas de sustentabilidade quetêm vindo a ser tomadas pelos países produtores do metal, de modo a minimizar assuas consequências negativas.

5.1 Impactes ambientais

O IAI –International Aluminium Institute – estima que a produção de alumínioprimário seja responsável por 1% das emissões mundiais de gases de efeito estufacom origem nas atividades humanas, incluindo as emissões produzidas na geraçãoda energia elétrica utilizada no processo produtivo.

No entanto, devido à falta de informação disponível sobre as emissões de paísescomo a China e a Índia, estes valores serão difíceis de quantificar numa baseverosímil (Tabela 3).

Tabela 3. Emissões de Gases de Efeito Estufa por país produtor (Institute s.d.).

Page 14: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 14/26

14

Comparativamente a outros metais, é muito elevado o consumo de energiaelétrica na produção do alumínio. Aproximadamente 1% de toda a eletricidade domundo é utilizada na indústria (Switkes 2005).Contudo, ao ter-se em conta o ciclo devida dos diversos metais ou mesmo doutros materiais, o alumínio recupera avantagem graças aos elevados níveis de reciclagem obtidos.

A produção eletrolítica do alumínio primário é a etapa que demanda o maiselevado consumo de energia elétrica em todo o processo produtivo. A eletricidadeconstitui o principalinput da indústria de alumínio primário, etapa em que a produçãodo metal é eletrointensiva. Nas demais etapas da cadeia produtiva, o consumo deenergia elétrica é reduzido, comparável a qualquer processo industrial.

De forma a minimizar os impactes ambientais decorrentes da utilização intensivada eletricidade, a indústria do alumínio mundial tem vindo a melhorar a eficiênciaenergética dos seus processos. No entanto, em consequência da deterioraçãosignificativa da qualidade do coque de petróleo (combustível derivado da hulha)utilizado nos ânodos, estes consumos têm registado pequenos aumentos.Recentemente, com a expansão global acentuada da indústria do alumínio, emparticular na China, os fornecedores de coques de boa qualidade(anode grade )sofreram um exaurimento, pelo que foi necessário recorrer à utilização de outros dequalidade inferior e a custos substancialmente mais elevados.

Existem duas tecnologias de produção de alumínio primário, baseadas noprocesso de Hall-Héroult : a Soderberg e a Prebaked , sendo que esta última éresponsável por aumentar a eficiência energética com menor volume de emissões,tanto de CO2 como de PFCs. No entanto, devido aos elevados custos de

implementação, somente as novas instalações de produção de alumínio utilizam atecnologiaPrebaked , que difere da Soderberg pelo tipo de ânodo utilizado.Outro grande impacte provocado globalmente pela produção deste metal é a desflorestação originada pela indústria mineira dabauxite. Em consequência do facto de as maiores reservas deste minério encontrarem-se em zonas tropicais ou subtropicais,

grandes áreas verdes estão a ser desflorestadas para a sua obtenção, nomeadamente na Amazónia (

Figura 4).

Page 15: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 15/26

15

Figura 4. Mina de bauxite na floresta Amazónica (How stuff works s.d.).

A extração da bauxite em minas superficiais implica a remoção completa davegetação e da camada superior do solo, o que resulta em grandes perdas a nívelde fauna e flora, contribuindo também para um grande número de resíduos. Aprodução de alumina gera entre 700 a 900 kg de resíduos por tonelada, sendo estesresíduos alcalinos com partículas sólidas, que exigem cuidados na sua disposiçãopara evitar a contaminação de águas superficiais e subterrâneas.

Mesmo que a camada superior do solo seja restaurada após o término daatividade mineira, este perde a capacidade de reter água, o que inviabiliza aprodução agrícola.

Apesar dos grandes impactes ambientais decorrentes destas atividades, grandesáreas de floresta na Austrália, Brasil, Índia e Jamaica continuam a ser desbastadas,o que é favorecido pelo oligopólio praticado na indústria: de facto, cerca de um terçoda produção deste metal a nível mundial é o resultado da atividade de três empresas – Alcoa, Alcan e Rusal (Switkes 2005).

5.2 Impactes sociais

A alocação de grandes territórios para a exploração de bauxite em enormescomplexos industriais tem implicado a deslocação de comunidades nativas,habitualmente consagradas à agricultura, que por esta via perdem o seu meio desustento e parte da sua herança cultural.

Embora a exploração deste minério crie empregos, a verdade é que as minassão altamente automatizadas, sendo que os empregos gerados (maioritariamentepor terciarização) não são significativos a uma escala macro (Switkes 2005).

Em casos mais recentes de estudo, como o é a evolução social verificada na

Amazónia, os complexos mineiros resultaram na criação de instalações precárias nasua periferia onde os trabalhadores passaram a viver em condições deploráveis. Ocrescimento destes bairros de lata fomentou ainda o aumento da prostituição,toxicodependência e alcoolismo.

Para além destes impactes, a produção do alumínio também acarreta gravesconsequências para a saúde dos operários. De entre as doenças mais comuns,derivadas do contacto prolongado com hidrocarbonetos policíclicos aromáticos,monóxido de carbono, poeiras de fluoretos, fluoreto de hidrogénio e dióxido deenxofre estão a asma, a doença obstrutiva pulmonar crónica, cancro de pulmão e de

bexiga e fibrose pulmonar (Sim e Benke 1993).

Page 16: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 16/26

16

6. Desafios e oportunidades da sustentabilidade no setor

Neste tópico serão expostas as tendências internacionais para a sustentabilidade

na produção do alumínio, bem como as medidas que vêm sido tomadas pelosgovernos e indústrias para a mitigação dos impactes anteriormente analisadose queconstituem os desafios e as oportunidades da sustentabilidade.

6.1 Tendências internacionais para a sustentabilidade

Nos últimos anos, o conceito de sustentabilidade ou desenvolvimentosustentável tem vindo a alargar-se, sendo portanto pertinente clarificar algunsconceitos a si relacionados e que são utilizados neste trabalho.

À semelhança de outras abordagens de desenvolvimento, o desenvolvimentosustentável refere-se à melhoria da condição humana, dando ênfase ao equilíbrioentre as suas dimensões ambiental, económica e social, ilustradas na Figura 2. Deforma a tornar o conceito mais tangível, a cada uma destas dimensões estãoassociados capitais: (1) capital natural (associado ao ambiente; composto porrecursos naturais, serviços de ecossistema e capital estético/beleza natural); (2)capital manufacturado (associado à economia; representa bens que servem paraproduzir outros bens e serviços); e (3)capital humano e social (ambos relativos àdimensão social; o primeiro contempla o bem-estar do indivíduo, enquanto o

segundo incide no bem-estar humano em sociedade, promovendo a participaçãopública) (Olsson 2004) (Daly 1990) (CE 2002).

Figura 5. Os três capitais associados ao desenvolvimento sustentável. Adaptado de (Olsson 2004).

Page 17: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 17/26

17

Tendo em conta as recentes evoluções no conceito de sustentabilidade, asprincipais tendências internacionais para o setor do alumínio têm-se dado sempreem direção a uma economia verde, que contempla os três capitais dedesenvolvimento sustentável e são apoiadas por uma perspetiva de análise de ciclode vida. As linhas gerais atualmente defendidas passam pelo seguinte:

1. Incremento do uso do alumínio em produtos nos quais esta medida poderácontribuir para uma economia de energia no ciclo de vida do produto, o quevai requerer uma concentração de esforços em conhecer o uso de energia eas emissões no ciclo de vida dos produtos;

2. Incremento da utilização da energia gerada por hidreletricidade, emdetrimento de fontes de energia fósseis;

3. Aumento das taxas de reciclagem;4. Busca de maior eficiência energética, seja através de modernização de

tecnologia (retrofit ) ou utilização de melhores práticas operacionais;5. Aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias.

Estas tendências são o resultado de uma evolução da democracia e dacomunicação em todo o mundo, que culminam numa maior consciencialização porparte da sociedade face aos problemas ambientais colocados pela indústria. Daquiemergem novas exigências em relação às empresas que atualmente têm de cumprirleis ambientais, demostrar a adoção de uma postura ética horizontal que abracetodo o ciclo de vida dos produtos, mas também todo o capital humano dentro e forada empresa – incluindo, inclusivamente, as comunidades adjacentes ao local da

atividade. Tudo isto sem prejuízo da preservação do ambiente e do progressoeconómico, colmatando assim todos os pilares do desenvolvimento sustentável.Devido ao porte das instalações de produção de alumínio ou até mesmo das

mineirações de bauxite, tem-se revelado cada vez mais fundamental a autorizaçãoda sociedade para dar o início às operações em determinado território. Estaautorização é garantia com maior facilidade se ficar patente a adoção, por parte daempresa, da sustentabilidade como fator integrante e imperativo da sua estratégiade negócios.

Medidas mais concretas para a obtenção destes apoios passam pelo diálogo

com as comunidades, a participação ativa dos funcionários em ONGs humanitárias eações de preservação dos recursos naturais, nomeadamente a redução tanto daemissão dos gases com efeito estufa, como da quantidade de água utilizada naprodução do alumínio.

Ainda no âmbito da proteção ambiental, desta feita mais vocacionada para oconsumo dos materiais, convém relembrar que é fundamental a implementação depolíticas que obdeçam à lógica dos “3R”: Redução, Reciclagem e Reutilização. Nocaso do alumínio, embora a reutilização seja impraticável em muitas situações, temcrescido uma tendência para a redução e reciclagem do metal, fomentados pelaeconomia do mercado. Segundo dados do Instituto Internacional do Alumínio – IAIdivulgados pela comunicação social em maio de 2013, a produção de alumínioprimário a nível mundial desceu, no período compreendido entre 2011 e 2012, de

Page 18: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 18/26

18

2,122 para 2,038 milhões de toneladas (The Aluminium Association 2011).Contrastando com esta redução, temos o aumento da produção do alumínio chinês,que como já foi observado, dá-se muitas vezes à rebelia das boas práticas dedesenvolvimento sustentável.

No entanto, esta diminuição do uso do recurso está associada ao aumento dautilização dos materiais compósitos em setores chave onde o alumínio anteriormentedominava. São eles a indústria aeronáutica, naval, civil e de transportes em geral,que obtêm vantagens competitivas na utilização destes novos materiais,nomeadamente no que toca à redução da tara, fator muito importante para oaumento da eficiência energética nos transportes.

Em termos de políticas de reciclagem, este ponto foi já abordado no tópico 2.2,cabendo aqui apenas salientar que a produção do alumínio secundário permite acriação de mais valias a nível da poupança de recursos naturais e energéticos,salvaguardando ainda a possibilidade de países não produtores poderemestabelecer as suas próprias empresas de recolha e reciclagem, o que geraemprego local e fomenta o hábito da reciclagem em outros setores de atividadeonde tal não era prática corrente.

6.2 Desafios para o setor no marco da sustentabilidade

Embora seja de súmula importância a aplicação de princípios de sustentabilidadepara a manutenção dos capitais natural, manufacturado e humano, por vezes a sua

implementação é ameaçada por fortes poderes e interesses económicos ousimplesmente por rotinas industriais que são difíceis de alterar e ultrapassar.São estes os pontos que serão agora desenvolvidos.

• Melhorias na produção –maior eficiência energética

A crescente indústria do alumínio tem enfrentado, na atual conjuntura dosmercados, obstáculos para o seu desenvolvimento sustentável devido ao facto debasear-se na produção de um recurso finito. Este aspeto fez com que emergissem

novos métodos produtivos, que reduzissem desperdícios e fomentou a reciclagem,descrita no tópico seguinte.Verificou-se, em anos recentes, um aumento constante dos preços da energia

elétrica, penalizada por avultados impostos decorrentes de investimentos emenergias renováveis ou penalizações relativas à emissão de gases com efeito deestufa. Estes sucessivos aumentos têm sido danosos para a indústria, que temprocurado alternativas energéticas mais económicas.

Neste sentido, e de forma a manter as suas indústrias competitivas, osprodutores de alumínio primário têm investido na autogeração de energiahidrelétrica, nomeadamente no Brasil e na Noruega, na tentativa de garantir umaparcela do seu consumo. Esta mudança para um paradigma de energia verde,

Page 19: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 19/26

19

fomentado por uma política de economia de meios, tem várias vantagens ambientaise sociais, acarretando, no entanto, custos elevados cujo retorno só é previsto amédio-longo prazo.

Em países com legislação ambiental mais permissiva, como o caso da China, aenergia gasta na produção do alumínio é obtida através do carvão, com grandesimplicações a nível do volume de emissões de gases nocivos. Contudo, mesmo aquia indústria não está livre de submeter-se a novas restrições de proteção ambiental,motivadas pela decadência da qualidade de vida no país face à poluição existente.

No ramo das tecnologias, o emprego da metodologia Prebaked (anteriormemente mencionada no tópico 4.1) para a produção de alumínio primário éapenas viável em instalações novas.

A alternativa que está a ser implementada em instalações Soderberg é amodernização do equipamento sem alteração da tecnologia existente. A mudançapassa assim pela aplicação do sistema de alimentação point feeder dos fornosPrebaked , modificando parte dos equipamentos, mas mantendo-se os prédios,fornos, barramentos e ânodos nas suas características originais. No entanto, amanutenção da dimensão dos fornos e a amperagem de trabalho resulta emreduzidos os ganhos de eficiência, pelo que este é um investimento considerávelnão é comummente feito. A nova tecnologiaPrebaked justifica-se somente emnovas instalações, com dimensão suficiente para ter um impacto significativo. Porestes motivos, estes investimentos seriam viáveis a curto prazo apenas caso sedesse a ocorrência de incentivos económicos.

Outra atividade realizada com vista à melhoria da eficiência na fabricação do

alumínio é a utilização dos resíduos para outras atividades e produtos. Estesresíduos são utilizados como combustíveis para fornos das indústrias cimenteiras esão obtidos dos calcinadores, do revestimento das cubas de eletrólise, sendo queaté mesmo os resíduos de carbono podem ser utilizados. Outros resíduos,nomeadamente a escória do alumínio primário podem, ante processamento, terrecuperado o alumínio contido.

No entanto, a transição para uma economia verde requer vários investimentos eprofundas investigações e desenvolvimentos, que modificação amplamente astecnologias de produção.

• Mineiração da bauxite

Embora seja uma atividade de cariz temporário, a mineiração provoca danospermanentes à paisagem, que mesmo sendo palco de ações de reabilitação, nãoconsegue restabelecer o seu equilíbrio inicial após o encerramento das minas.

A reabilitação das florestas tem sido, de facto, a linha programática de muitosgovernos no que concerne à indústria mineira, não obstante ser um dever exclusivodas empresas mineradoras. Esta ação assume particular importância quando se temem conta que as florestas tropicais figuram entre os ecossistemas mais ameaçadosdo planeta.

Page 20: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 20/26

20

Neste âmbito, a indústria do alumínio contribui para:

• Uma taxa global de destruição das florestas tropicais de 80.000 km2 /ano;• A alteração profunda da paisagem e da biodiversidade, causados pela

remoção e restabelecimento da vegetação;• O desgaste dos solos através da erosão e drenagem superficial pelaretirada de rochas e terras;

• Distúrbios hidrológicos relacionados com a alteração do curso, qualidade edistribuição das águas;

• A produção de resíduos nocivos no solo e nos recursos hídricos;• A poeira e ruídos causados pela mineração e transporte;• O desmatamento e a caça ilegais, além de outras atividades ilícitas

promovidas pela abertura de novas áreas desflorestadas.

6.3 Oportunidades para o alumínio no marco da sustentabilidade

A indústria de alumínio vem tentanto acompanhar e aproveitar as oportunidadesda nova economia de consumo, cada vez mais consciente para os problemasambientais. Desta forma, tem dado maior ênfase à sustentabilidade no ciclo de vidados produtos fabricados a partir do alumínio, nomeadamente em importantes setoresda economia: automóvel, alimentação, construção civil e transportes.

• Versatilidade em diversas aplicações

O alumínio pode ser transformado para suprimir diversas necessidades, o quepode contribuir para limitar a utilização de materiais mais nocivos ou poluentes. Osderivados de alumínio são produtos leves, duráveis e resistentes à corrosão,características estas que lhe conferem grande versatilidade na satisfação dasnecessidades humanas em termos de objetos e equipamentos de uso comum, comdestaque para os utensílios domésticos.

Devido ao facto de ser atóxico, bom protetor contra a luz, humidade e impurezas,o alumínio é usado em embalagens que aumentam a vida útil dos produtosembalados, fazendo com que estes sejam mais facilmente acessíveis à população.Para além destes aspetos, contribui ainda para a manutenção da integridade dealimentos, bebidas, medicamentos e cosméticos durante o seu transporte,armazenagem e consumo.

Outras aplicações do alumínio no dia-a-dia passam por bicicletas, louças,utensílios de cozinha, móveis, objetos de decoração, luminárias, antenas, aparelhosde ar condicionado, eletrodomésticos, escadas, ferramentas, bijuterias einstrumentos musicais, entre outros.

Page 21: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 21/26

21

• Transportes

A expansão de diversos tipos de transportes, nomeadamente aeronáutico, naval,ferroviário e viário deu-se parcialmente graças às propriedades químicas e físicas doalumínio. As suas baixa densidade e alta resistência contribuem significativamentepara a produção de veículos mais económicos, seguros e com baixos índices deemissão de gases poluidores. Por ser muito mais leve que o aço e o ferro fundido, ouso do alumínio promove importantes reduções no consumo de combustível e nodesgaste e manutenção de peças. Estas propriedades do metal possibilitam que atecnologia se alie à segurança nos meios de transportes, sem aumentarsignificativamente a tara dos veículos.

Em média, cada quilo de alumínio aplicado em substituição a um materialpesado pode evitar a emissão de até 20 kg de CO2 durante a vida útil de umautomóvel, 28 kg de CO2 em camiões, e 40 kg a 45 kg de CO2 em autocarros.

• Construção civil

A utilização do alumínio encontra-se atualmente generalizada a quase todos oselementos das construções, desde estruturas, fachadas cortinas, caixilharias,persianas, coberturas a tetos falsos, entre outros. Esta ampla aplicação do alumíniona construção civil deve-se à sua leveza, reciclabilidade, durabilidade e reduzidamanutenção. Combinadas, estas propriedades fazem com que o uso do alumínioviabilize soluções técnicas que vão ao encontro da sustentabilidade nas

construções. Para além deste aspeto, o transporte de materiais para obra é menosoneroso, devido ao baixo peso do metal, o que contribui para a redução de emissõesde gases poluentes.

• Eletricidade

A alta condutibilidade térmica e elétrica do alumínio favorece a sua utilização emcabos e fios, na transmissão e distribuição de energia. As linhas de cobre,susceptíveis a roubos frequentes em resultado do elevado valor de venda do metal,

estão a ser atualmente trocadas por linhas de alumínio em países como a China.Não obstante o desempenho elétrico ser mais baixo, o alumínio é uma solução maiseconómica para os governos a longo prazo, uma vez que requer menor substituiçãodos materiais.

• Reciclagem do alumínio

A indústria da reciclagem compõe uma parte cada vez mais importante do ciclode vida do alumínio. Atualmente a quantidade de metal reciclado está a tornar-se

progressivamente maior e os recicladores encontram, a cada dia, novas maneiras deminimizar as emissões causadas pela fusão do metal usado.

Page 22: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 22/26

22

É objetivo da indústria aumentar a participação de alumínio reciclado (provenienteda sucata de obsolescência e de processos industriais) na matriz de suprimentodoméstico do metal.

Historicamente, verificou-se que desde 1980 a produção anual de metalreciclado e comercializado quadruplicou de 5 para 20 milhões de toneladas métricas,enquanto que a produção anual de metal primário aumentou de 15 para 44 milhõesde toneladas métricas (Hydro s.d.).

Grande parte da sucata utilizada na reciclagem do alumínio provém da indústriaautomóvel. Somente na Europa, cerca de 95 % da sucata de alumínio oriunda deautomóveis já vem sendo reciclada. Este fator é fundamental para a sustentabilidadedeste setor, uma vez que esta indústria absorve aproximadamente 25% de todo oalumínio produzido no mundo (Hydro s.d.).

A versatibilidade do alumínio permite que o produto reciclado sejacompletamente diferente do original. Para além dos automóveis, grandes fontes dereciclagem são os aviões, bicicletas, barcos, computadores, aparelhos domésticos,cabos e latas, entre outros.

Na construção civil, cerca de 13 milhões de toneladas de alumínio são usadasanualmente. Após a demolição de uma construção, o alumínio, em oposição aosoutros materiais de construção, pode ser reciclado de forma sustentável tanto emtermos económicos como ambientais. As taxas de coleta de alumínio em contruçõesna Europa são elevadas, variando entre 96 e 98 % (Hydro s.d.).

A nível de embalagens, tanto as flexíveis, semirígidas e rígidas constituem boasfontes de reciclagem, sendo que as latas de alumínio para bebidas representam a

maior parte das embalagens semirrígidas globalmente. Graças à grande quantidadede sucata de alumínio deste tipo, o seu valor no mercado é bastante elevado.Já no caso das embalagens flexíveis, a concentração de alumínio em resíduos é

baixa, pois a embalagem por si só é muito fina e usualmente é laminada com papelou plástico. Contudo, existem também técnicas de extração do metal quepossibilitam também a sua reciclagem.

No que concerne ao volume de embalagens coletado em cada país, estedepende de vários fatores, nomeadamente de iniciativas governamentais, sistemasde depósito, despesas de reciclagem e, até mesmo, publicidade às medidas desustentabilidade. No entanto, a média europeia por país ronda os 70%, enquantoque para as embalagens rígidas este número é menor, totaliza 50% (Hydro s.d.).

A alta concentração de material reciclado é valorizada por governos eassociações ambientais, que sempre demonstraram o desejo de criar “selos verdes”para sinalização de produtos. Todavia, a indústria teme uma discriminação face aosprodutos não reciclados e face a outros materiais, dado que a sucata de alumínioexiste em quantidade limitada.

O elevado valor comercial alumínio é sinónimo de que quase toda a sua sucatasempre será utilizada para reciclagem, ao invés de ser depositada em aterrrossanitários ou lixeiras. Daqui advém uma vantagem ambiental muito grande, aoassegurar-se a minimização dos resíduos de alumínio e a preservação dos recursosde bauxite.

Page 23: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 23/26

23

Figura 6. Blocos de latas de alumínio condensados para reciclagem (MEC s.d.).

Apesar de complexo, dado os relativamente baixos consumos energéticos(designadamente quando comparados com os da produção do alumínio primário), onegócio da reciclagem do alumínio torna-se muito rentável. As indústriaspreocupam-se, aquando da reciclagem, em:

• Manter a alta qualidade do alumínio, aumentanto a quota de metalreciclado nos produtos;

• Reduzir as perdas de metal no processo de fusão;• Recuperar energia de materiais de revestimento orgânicos;• Evitar emissões nocivas e melhorar todo o ciclo de produção;• Desenvolver novas ligas que facilitem a reciclagem.

A logística de reciclagem do alumínio é bastante grande, englobando:• Refinadores, com equipamentos que possibilitam a produção ligas

segundo as especificações do cliente;• Fábricas que produzem os mesmos tipos de produtos que reciclam (como

por exemplo latas de bebidas);• Coletores, desmontadores, comerciantes de metal e processadores de

sucata (mão-de-obra não qualificada) que participam na coleta e notratamento da sucata.

Os benefícios da reciclagem do alumínio contemplam também o âmbito social,uma vez que permite a criação de empregos e fontes de renda para mão-de-obra

Page 24: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 24/26

24

não qualificada, injetando recursos nas economias locais através de novasinstalações produtivas e outros negócios adjacentes que surgem.

A nível da consciencialização da sociedade, promove um comportamentoambientalmente sustentável e responsável não só no seio de cidadãos, comotambém de empresas e governos.

• Redução da pegada ecológica dos países

A utilização do alumínio contribui para a substituição das importações deprodutos com maior pegada ecológica, fomentando o aumento da fabricação localde items com maior valor agregado. Tendo em conta que grandes produtores comoo Canadá e o Brasil usam maioritariamente energias renováveis no processo defabricação industrial de alumínio, verifica-se efetivamente uma redução dramáticanas emissões de gases com efeito de estufa.

Page 25: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 25/26

25

7. Conclusão

Uma das vias mais frequentes para a prossecução da sustentabilidade ambiental

numa cadeia de produção é a reciclagem. Esta opção implica a implementação deum sistema de recolha seletiva de resíduos ou mesmo a introdução da logísticareversa para o desmantelamento, seleção e destinação final dos componentes deprodutos fora de uso.

Porém, a introdução do fator de sustentabilidade ambiental numa cadeiaprodutiva nem sempre é bem acolhida pelas empresas, isto porque muitas vezesconflita com a vertente económica. Daí que a logística reversa seja frequentementeuma consequência de imposições legais e a recolha seletiva de resíduos seja dainiciativa das administrações públicas.

Tal não é o caso da produção do alumínio, em que a reciclagem assume umpapel de destaque na satisfação das preocupações ambientais. Isto porque areciclagem é mais atrativa do ponto de vista técnico-económico quando o produtoreciclado apresenta estabilidade nas suas propriedades físicas e químicas, como é ocaso do alumínio, que tem ilimitada reciclabilidade e custos mais baixos do produtoreciclado relativamente ao primário.

A diferença económica advém da forma como o alumínio é produzido a partir daalumina: A eletrólise é responsável por um elevadíssimo consumo de energiaelétrica. A forma como a energia elétrica é produzida ou seja, a sua pegadaecológica, também é de ter em conta na aferição da sustentabilidade ambiental.

Surge assim o conceito de alumínio “verde”: aquele cuja produção assenta numamatriz energética limpa e renovável (energia elétrica produzida por fontesrenováveis), com utilização intensa de matéria-prima reciclada.

Prevê-se que de facto o futuro passe por uma ainda maior reciclagem doalumínio, com grandes vantagens comerciais para a indústria e benefícios sociais eambientais para as populações.

Page 26: Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

7/24/2019 Manual do Formando_A sustentabilidade do alum+¡nio

http://slidepdf.com/reader/full/manual-do-formandoa-sustentabilidade-do-alumnio 26/26

Bibliografia

ABAL, Associação Brasileira do alumínio. “Fundamentos e aplicação do alumínio.” 2007.

CE. Thematic evaluation of the contribution of the structural funds to sustainable development: a

synthesis report. Bruxelas: DG Regio, 2002.

Constantino, Vera et al. “PREPARAÇÃO DE COMPOSTOS DE ALUMÍNIO A PARTIR DA BAUXITA:CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ASPECTOS ENVOLVIDOS EM UM EXPERIMENTODIDÁTICO .”Química Nova vol.25 no.3 , Maio de 2002.

Daly, H. E.Towards some operational principals of sustainable development. 1990.

How stuff works. s.d. http://ciencia.hsw.uol.com.br/aluminio2.htm (acedido em 10 de dezembro de

2013).

Hydro. s.d. http://www.hydro.com (acedido em 20 de dezembro de 2013).

Institute, International Aluminium.World Aluminium. s.d. http://www.world-aluminium.org/ (acedido em20 de desembro de 2013).

Maina, G, Muccio, C.Conoscere i serramenti d'alluminio. Milano: EDIMET, 1989.

MEC, Ministério da Educação do Brasil.Banco internacional de objetos educacionais. s.d.

objetoseducacionais2.mec.gov.br (acedido em 20 de dezembro de 2013).

Olsson, J., Hiding-Rydevik, T., Aalb,u H. e Bradley, K.Indicators for sustainable development. Cardiff:European Regional Network on Sustainable Development, 2004.

Sim e Benke, . “World at Work, Hazards and Controls in aluminium potrooms.” 1993.

Statistics, World Bureau of Metal.World Metal Statistics. dezembro de 2010. http://www.world-bureau.com/ (acedido em 20 de dezembro de 2013).

Switkes, Glenn Ross. “Impactos ambientais e sociais da cadeia produtiva de Alumínio na Amazónia -Ferramentas para os trabalhadores, as comunidades e os ativistas.” 2005.

The Aluminium Association, . “Aluminium Statistical Review.” 2011.

World Metal Statistics, . dezembro de 2010.