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MANUAL DO PROFESSOR PNLD LITERÁRIO

Histórias pelo avesso

Lia Neiva (texto) e Elisabeth Teixeira (ilustração)

Karina Baldo Favaro (manual)

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CARO EDUCADOR,

É com prazer que a Edipar apresenta aqui este Manual do Professor Digital para a obra Histórias pelo avesso. Trata-se de uma proposta que visa contribuir para a formação de leitores autônomos, críticos e apaixonados pela leitura, contando com a sua mediação e a da escola.

Acreditamos que ler é uma prática que se aprende e se ensina, dado que não é um ato natural como a fala, por exemplo. Um leitor não nasce pronto, precisa ser formado. A aprendizagem da leitura envolve a aquisição de uma série de competências e habilida-des que devem ser trabalhadas na escola por meio de estratégias e projetos que possibili-tem a compreensão da leitura pelas crianças e pelos jovens como uma prática social, uma ferramenta que lhes possibilitará não só a comunicação com aqueles com quem se relacio-nam, mas a compreensão de si próprios e do mundo em que vivem.

Este Manual é um convite à EDUCAÇÃO LITERÁRIA, aquela que, como define o educador espanhol Carlos Lomas, “se orienta não só para o conhecimento das obras e dos autores e autoras mais significativos do cânone literário, mas, também e sobretudo, para a aquisição de hábitos de leitura e de capacidades de análise dos textos, para o fomento da experiência literária em torno de diferentes tipos de texto e, inclusivamente, para o estímu-lo da escrita criativa de intenção literária”.

Entendemos que a educação literária é algo que começa na mais tenra idade, em casa e em família, e se estende por toda a vida do indivíduo, inclusive a vida escolar, pois acreditamos que aprender a ler é muito mais que aprender a decifrar palavras. Nessa pers-pectiva, este Manual será sempre uma dentre as inúmeras possibilidades de trabalho para a construção de um leitor autônomo.

Sendo assim, convidamos você, caro educador, a tomar o livro Histórias pelo avesso como um ponto de partida para sua programação do ensino da leitura em sua escola. Dis-ponibilizamos sugestões de atividades para poder oferecer aos seus alunos razões e opções para ler, multiplicando e diversificando situações de leitura que, sabemos, são infinitas. Quanto mais ricas e variadas elas forem, mais chances as crianças e os jovens terão de aprender por meio dos textos que leem.

Apostamos no papel fundamental do professor e da escola como mediadores de leitura e entendemos que também é nossa função, como editores, fortalecer e estimular as relações estabelecidas entre o livro e o leitor, porque acreditamos na condição formativa da

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literatura, não só no contexto didático-pedagógico, mas como possibilidade de desenvol-vimento da imaginação e da criatividade do ser humano.

Esperamos que este Manual se constitua numa ferramenta de acesso à língua escrita e compreensão leitora, elementos essenciais tanto para a apropriação de todas as matérias do currículo escolar como para a construção de cidadãos atuantes na sociedade em que vivemos.

Edipar

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Histórias pelo avesso foi escrito por Lia Neiva, que já teve livros premiados pela Fun-dação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), tendo recebido em 1994 também o prêmio de Melhor Livro Infantil da Associação Paulista de Críticos de Arte. A obra é ilus-trada por Elisabeth Teixeira, que já ganhou o prêmio Jabuti na categoria Ilustração, além do prêmio O Melhor para a Criança e o selo Altamente Recomendável da FNLIJ.

Histórias pelo avesso é composto de quatro contos, os quais apresentam uma vi-são bem-humorada dos tradicionais contos de fada. O leitor dos anos iniciais do Ensino Fundamental (4º e 5º ano), ao longo das histórias, bem ilustradas, vai confirmando as situações imprevisíveis.

À medida que as personagens vão aparecendo, o leitor é convidado a preencher os sentidos do texto, ativando o seu repertório de leituras de contos de fada. A diversão é marca registrada dessa obra em que a ironia, a irreverência e a recontextualização apare-cem, contando com a presença ativa do leitor.

A obra permite ainda um trabalho interdisciplinar com a área de Tecnologias Di-gitais, possibilitando que a criança crie uma outra linguagem para a história lida. Cabe ressaltar aqui que é importante tratar na escola as novas tecnologias, do ponto de vista ético, estético e crítico, uma vez que, segundo a BNCC (2018), é cada vez mais urgente que usuários da web lidem de forma responsável com os conteúdos que criam ou que compartilham.

Este manual se insere no eixo Leitura/Escrita e pretende desenvolver as seguintes habilidades:

EIXO HABILIDADES Leitura/escu-ta no campo artístico-lite-rário

• Ler e compreender, com certa autonomia, narrativas ficcionais que apresentem cenários e personagens, observando os elemen-tos da estrutura narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso direto e indireto.

• Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.

• Inferir informações implícitas nos textos lidos.

• Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas no texto lido, com base no contexto.

• Perceber diálogos em textos narrativos, observando o seu efeito de sentido.

• Diferenciar voz do narrador e voz da personagem nos textos lidos.

• Reconhecer marcas da tradição dos contos de fada nos textos lidos.

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Produção de Texto

• Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais, tais como ortografia, regras básicas de concordância nominal e verbal, pontuação (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgulas em enumerações) e pontuação do discurso direto, quando for o caso.

• Organizar o texto em unidades de sentido, dividindo-o em pa-rágrafos segundo as normas gráficas e de acordo com as caracte-rísticas do gênero textual.

• Roteirizar e produzir um vídeo, adequando-se ao lido.

ETAPAS DA LEITURA EM SALA DE AULA

PRÉ-LEITURA

APRESENTAÇAO DO LIVRO

Sobre a capaProfessor, apresente o livro de forma sugestiva, chamando a atenção para as ima-

gens, para as personagens e situações, despertando a curiosidade pelo enredo das quatro histórias.

Lance as seguintes questões:

O que você vê na capa do livro?É importante destacar o título e as quatro figuras.

O que seria uma história pelo avesso? Utilize a experiência dos alunos perguntando-lhes se alguma vez já colocaram uma

meia ou uma camisa pelo avesso. Após ouvir possíveis acontecimentos, aproveite para per-guntá-los o que seria uma história pelo avesso.

Observe as figuras. Você identifica alguma personagem?Conforme demonstrado na quarta capa, o livro dialoga com a tradição dos contos

de fadas, propondo uma releitura. Assim, é imprescindível a recuperação das caracterís-ticas intrínsecas a esse gênero. Aproveite para destacar personagens comuns a ele: reis, príncipes, bruxas e animais.

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DURANTE A LEITURA

1ª HISTÓRIA: O CASAMENTO DE ROMUALDO

Por que era difícil procurar uma esposa para Romualdo?Era difícil porque Romualdo já tinha recusado três candidatas.

Na página 8, o príncipe Romualdo rejeita três princesas. Pela descrição que ele faz delas, você é capaz de se lembrar a que histórias originalmente elas pertencem?

Observe a intertextualidade presente nas falas do príncipe Romualdo. Elas dialogam com as personagens de contos de fadas clássicos Branca de Neve, Cinderela e Rapunzel. Aproveite o momento para relembrar os contos e de que maneira aqui eles aparecem pelo avesso.

A princesa Docemel era feia. O nome dela parece confirmar isso?As palavras doce e mel têm como traço distintivo a “docilidade”. O aluno, ativando

seu conhecimento prévio das princesas dos contos de fadas, notórias por sua beleza, per-ceberá a incompatibilidade entre o nome e a feiura dela. Aqui é momento de relembrar o que está no título da obra — avesso — e mostrar ilustração da página 11.

Por que Romualdo acha Docemel uma bela mulher?Romualdo achava Docemel uma bela mulher porque ele enxergava mal.

O rei Dadivoso I e sua corte decidem fazer uma festa de casamento que fosse superior à de quais personagens dos contos de fadas?

Professor, recupere mais uma vez o dialogismo com as obras clássicas dos contos de fadas: Branca de Neve e Rapunzel.

Observe o seguinte trecho da página 12 e responda o que se pede:Dadivoso I, com a sua habitual bondade, mandou sortear, entre o povo, quatro sú-

ditos para assistirem à festança, encarapitados no muro que cercava o castelo.— Esses privilegiados poderão se regalar com os aromas das comilanças e se alegrar com a

alegria dos convidados. Não é justo privá-los de tanto prazer — disse satisfeito.

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Na sua opinião, o rei realmente foi bondoso com os quatro súditos?Da mesma maneira que o nome Docemel contradiz com o que de fato ela é, o nome

Dadivoso parece estar em franca contradição com atitude dele, já que na realidade os súditos convidados só poderão ficar sentados no muro se regalando “dos aromas”. Eles não poderão nem comer as iguarias.

Por que a bruxa Perversa ficou ofendida?Aproveite para recuperar o imaginário das bruxas nos contos de fadas e de suas cons-

tantes oposições aos heróis e heroínas dessas histórias.

Como é o ataque da bruxa contra Romualdo?A narradora utiliza a imagem de um dragão da dúvida que ataca o príncipe, levan-

do-a à indecisão sobre o casamento. Pergunte se seus alunos alguma vez foram “atacados” por esse dragão.

Observe a ilustração da página 14. Observe o rosto das pessoas. Como elas estão? Por quê?

As pessoas estão assustadas porque ouviram os gritos do príncipe Romualdo, que foi atacado pelo terrível dragão da dúvida.

Quando chega a caravana trazendo a princesa Docemel, qual a atitude de Romualdo? Você considera essa atitude parecida com a das histórias de casamento entre príncipes e princesas?

Leve o aluno a perceber o humor da história, que surge do total desacordo que existe com o presumido das histórias tradicionais dos contos de fadas: o casamento não ocorre.

Por qual motivo o rei Dadivoso I fez uma segunda festa?O rei Dadivoso I fez uma segunda festa porque queria apresentar o seu filho adotivo,

Felizardo, para o reino.

Por que desta vez foi feito um convite para bruxa Perversa? E por que ela ficou irritada durante a festa?

O rei mandou convidar a bruxa Perversa porque não queria que ela atrapalhasse a vida de Felizardo. Ela ficou irritada durante a festa porque todos a estavam tratando bem. Professor, cite também as frases que foram usadas para agradar a bruxa.

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O rei Dadivoso I e Felizardo resolvem fazer uma terceira festa. Quem se lamenta de não ter participado dela?

É provável que seu aluno tenha dúvidas ao responder a essa questão. Uns dirão que não encontram na narrativa uma personagem que poderia ter dito isso; outros dirão que é a escritora Lia Neiva e, talvez, poucos dirão que é o narrador. Após ouvir as respostas dos alunos, converse com eles sobre a diferença entre narrador (ser ficcional, que conta história) e autor (ser em carne e osso que escreveu a história, criou o enredo, personagens e, inclusive, o narrador).

2ª HISTÓRIA: BRUNILDA E O PRÍNCIPE ENCANTADOÉ importante antes contar a história da Princesa e o sapo, que possui algumas versões

segundo Bettelheim (2017, p. 393), e mostrar aos alunos a abordagem que a autora realiza apropriando-se da tradição.

Esta atividade permite trabalhar noções de personagem, cenário e tempo da narrativa.

Observe as seguintes ilustrações da história e escreva em poucas palavras o que aconteceu em cada cena.

Brunilda vai à praia. Olha para o robalo que está com os pescadores, e acredita ter descoberto o príncipe que precisa ser desencantado. Ela então o beija.

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O peixe é levado para o quarto de Brunilda e colocado numa piscina de mármore. Ela espera que ele logo se transforme no seu príncipe desejado.

Brunilda se lembra de que o sapo de sua tia Melafina tinha se desencantado após ser partido. Ela então leva o peixe ao chef, para que ele o corte, esperando que assim o peixe também se desencante.

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Depois de se lembrar do rei de rubi na testa, Brunilda pede que o chef prepare o peixe assado com batatas. Levante hipóteses: por que a menina tomou essa atitude?

Auxilie o aluno a inferir que o convite de Brunilda feito ao rei pode ser uma es-tratégia sua de aceitar o pedido de casamento feito anteriormente, já que não ocorreu o desencantamento do robalo. Aproveite para uma discussão com toda a turma.

Lemos que Brunilda passou a procurar bichos para tratar. Faça um vídeo criativo para ajudá-la nesta tarefa.

Ajude o aluno a explorar a criatividade dele na produção de um pequeno vídeo que o permita ressignificar o conteúdo da história. Em sala de aula, planejem um roteiro e, depois, marquem um dia para gravar. Pode ser com qualquer dispositivo eletrônico, como câmera, celular e máquina fotográfica. Cabe aqui um trabalho interdisciplinar com infor-mática e artes para elaboração de cenários e vestimentas.

3ª HISTÓRIA: A VINGANÇA DE MALIGNA

Leia o seguinte trecho, observe a ilustração e depois responda às perguntas:

A ilustração no livro infantil não é apenas um suporte para o texto, ela possui uma linguagem própria. Faça seu aluno observar a diferença dos trajes das personagens, o posi-cionamento, o tamanho, a gestualidade e a expressão facial, associando isso à questão das bolhas e de seus respectivos recheios.

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Lemos que no reino de Urguinda cada pessoa era envolvida “por uma bolha invisível, cujo tamanho dependia do prestígio de seu dono”. Na imagem acima, quem você acha que deve possuir bolhas maiores e bolhas menores?

A mulher e o homem do centro da imagem devem possuir bolhas maiores, pois eles estão vestindo roupas elegantes e seus gestos indicam que possuem posição hierárquica superior. Os outros dois rapazes estão vestindo roupas simples e seu semblante demonstra subserviência, por isso devem possuir bolhas menores.

Qual o recheio devia ter cada uma das bolhas?As bolhas dos rapazes deviam ser feitas de “desculpe, foi sem querer”. Já as bolhas do

homem e da mulher deviam ser feitas de “eu quero, eu exijo”, “eu posso, eu faço” e “sabe com quem está falando?”.

Quando os dedos de Maligna Cruel viraram galhos que furavam as bolhas, os nobres do reino minguaram, murcharam e desapareceram. Na sua opinião, por que isso aconteceu?

Isso aconteceu porque todo o prestígio deles dependia de suas bolhas. E agora que já não as possuíam mais, suas vidas perderam sentido. Professor, utilize essa questão para dis-cutir a importância que muitas vezes as pessoas dão à sua posição profissional e econômica.

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Que coisa surpreendente teria acontecido com o pajem? Crie uma continuação para história utilizando personagens conhecidas dos contos de fadas.

Auxilie o aluno na criação da continuidade da história. Discuta a questão das per-sonagens, enredo e também a utilização do discurso direto. Apresente também opções de personagens dos contos de fadas tradicionais, por exemplo: João e Maria, Cinderela, entre outros.

4ª HISTÓRIA: O CAVALEIRO DESMANTELADO

Enriqueça essa história contando para seus alunos sobre os cavaleiros medievais (seus códigos e suas aventuras). Pode também citar o humor com o nome da personagem histórica Ricardo Coração de Leão e as semelhanças de Desmantelado com Dom Quixote.

Quais são os nomes dos cavaleiros dos dois reinos?Rodolfo Coração de Bode e Desmantelado.

Esses nomes transmitem a ideia de coragem e força, sentimentos esperados em cavaleiros?Não. Os dois nomes são o contrário daquilo que se espera de cavaleiros lutadores.

Professor, reforce o título do livro.

A partir da resposta anterior, transcreva trechos da história que caracterizem os dois cava-leiros:

Exemplos:Rodolfo Coração de Bode: “Rodolfo Coração de Bode não está bom dos braços.”

(p. 52)Desmantelado: “Desmantelado significa desconjuntado, desalinhavado, desarruma-

do.” (p. 52)

No final da história, os cavaleiros revelam que a verdadeira riqueza que havia no bosque era um pomar de suculentas maçãs. Você imaginava esse final?

Ouça a resposta dos alunos e ressalte que o livro, sendo de “histórias pelo avesso”, tanto quebra as expectativas dos leitores como das próprias personagens, que só poderiam imaginar riquezas como ouro, prata e pedras preciosas.

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BIBLIOGRAFIA

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano. 34ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de

produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.

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