Manual do Transplante Hepático Infantil

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Orientações para pais e pacientes Manual do Transplante Hepático Infantil Educação em Saúde VOL. 118 PUBLICAÇÃO AUTORIZADA

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Orientações para pais e pacientes

Manual do TransplanteHepático Infantil

Educaçãoem SaúdeVOL. 118PUBLICAÇÃOAUTORIZADA

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Manual do Transplante Hepático Infantil:

Orientações para pais e pacientes

Janete Pires de Oliveira (1)Camila Luana Oliveira Reuter (2)

Evelize Maciel de Moraes (3)

(1) Mestre em Gastroenterologia e Hepatologia UFRGS

(2) Acadêmica de Enfermagem do Curso de Graduação da Escola de Enfermagem da UFRGS

(3) Enfermeira do Programa de Transplante Hepático Infantil / Grupo de Enfermagem / Serviço de Enfermagem Pediátrica / Unidade de Internação Pediátrica Sul

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SumárioCONHECENDO ESTE MANUAL 6

RESPONDENDO ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE TRANSPLANTE DE FÍGADO 7

Como é e onde se localiza o fígado? 7O que faz e como funciona o fígado? 7O que é transplante de fígado? Por que ele é feito? 8Quais as doenças que indicam transplante de fígado? 8Que tipos de transplante de fígado existem? 8Qual o tempo na lista de espera? 9De onde vem o fígado doado no transplante com doador falecido? 9Um adulto pode doar o fígado para uma criança? 9Um adulto pode doar o fígado para uma criança? 10Qual o tempo de cirurgia? 10Como é a cicatriz da cirurgia? 11O que fazer quando for chamado ao hospital para o transplante? 11Onde é feito e quem realiza o transplante? 11Onde é feita a recuperação após o transplante? 12Para onde irá quando receber alta da UTIP? 12O que poderá fazer durante a internação? 13O que acontecerá quando receber alta? 14Como reconhecer as complicações? 14Quais os cuidados com as medicações? 15Por que precisará tomar remédios para rejeição? 15Que remédios são usados para prevenir ou tratar as infecções? 18Como devem ser os cuidados de higiene? 20Como deve ser a limpeza da casa? 21Como será a alimentação em casa? 21Por que é tão importante o cuidado com a alimentação? 21Como será o dia-a-dia em casa? 22Poderá receber visitas? 23É possível viajar após o transplante? 23Como poderemos tentar evitar infecções? 23Quando poderá retornar a escola? 24

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MANUAL DO TRANSPLANTE HEPÁTICO INFANTIL

CONHECENDO ESTE MANUAL

Este manual tem o objetivo de fornecer a vocês, pais, crianças e adolescentes do Transplante Hepático Infantil (THI), o maior número de informações sobre o transplante e seus cuidados na tentativa de diminuir seus medos e anseios, obter uma melhor colaboração para os procedimentos e prepará-los para enfrentar esta nova situação.

Sabemos que o desconhecido gera preocupações e dúvidas e muitas vezes dificulta, inclusive, a formulação de perguntas acerca dos momentos que vivemos.

Portanto, o manual foi elaborado na forma de perguntas e respostas organizando as informações desde a inclusão da criança em lista de espera para o transplante, até o período posterior ao procedimento cirúrgico e alta hospitalar.

Esperamos, com estas informações, contribuir para que vocês sintam-se mais seguros e capacitados para assumir os cuidados que precisam continuar sendo realizados em casa, possibilitando, assim, uma melhor recuperação de seu filho para que ele possa manter-se mais tranquilo e feliz.

Janeiro, 2020

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MANUAL DO TRANSPLANTE HEPÁTICO INFANTIL

RESPONDENDO ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE TRANSPLANTE DE FÍGADO

Como é e onde se localiza o fígado?

O fígado é a maior glândula do organismo. Localiza-se abaixo das cos-telas, no lado direito da cavidade abdominal.

O que faz e como funciona o fígado?

O fígado é considerado uma fábrica quí-mica, pois funciona como purificador e regulador do sangue transformando substâncias tóxicas em inofensivas, remo-vendo as células mortas, e coagulando o sangue.

Absorve e armazena os nutrientes provenientes dos alimentos trans-formando-os em substâncias usadas em outros locais do organismo.

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É responsável por secretar e armazenar a bile, substância que é armaze-nada na vesícula biliar e auxilia no processo de digestão das gorduras.

Atua ainda na regulação hormonal, no armazenamento de glicogênio e de vitaminas.

O que é transplante de fígado? Por que ele é feito?

É um procedimento cirúrgico que consiste na retirada do fígado doen-te, incapaz de realizar suas funções básicas e na substituição por outro saudável. Existem algumas doenças crônicas e progressivas que com-prometem este órgão, e para as quais não existe um tratamento clínico capaz de curar ou controlar a evolução da doença, sendo o transplante o único tratamento disponível.

Quais as doenças que indicam transplante de fígado?

As crianças também apresentam doenças que acometem o fígado, im-pedindo que este tenha um bom funcionamento.

As doenças mais comuns são: atresia biliar, cirroses, deficiência de alfa--1-antitripsina, insuficiência hepática, colangite esclerosante, tirosine-mia e outras.

Que tipos de transplante de fígado existem?

Existem dois tipos de transplante: doador falecido e inter vivos.

O transplante de doador não vivo é aquele em que o fígado é retirado de uma pessoa que está em morte cerebral.

No transplante inter vivos é retirado apenas uma parte do fígado do doador (familiar) geralmente pai, mãe ou irmão. Apenas o adulto pode ser doador.

Atualmente são realizados os dois tipos de transplante em nossa ins-tituição.

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Qual o tempo na lista de espera?

O tempo na lista de espera é imprevisível, po-dendo ser longo, pois além de depender do número de doadores, do tamanho do fígado doado, do grupo sanguíneo, ainda deve levar em conta o estado nutricional do receptor, a gravidade de sua doença, e a presença ou não de infecção no dia do transplante.

De onde vem o fígado doado no transplante com doador falecido?

O fígado pode ser doado por um adulto ou uma criança. Este doador está em morte cere-bral, ou seja, o cérebro não desempenha mais suas funções, mas o restante dos outros órgãos são mantidos funcionando temporariamente através de medicamentos e aparelhos.

A morte cerebral é confirmada por alguns exa-mes e exaustivas avaliações médicas.

O fígado só poderá ser retirado do doador após o consentimento da família.

Para que o transplante tenha mais chances de sucesso o doador deve ter o mesmo tipo de sangue de quem vai re-ceber o fígado. Pode ser usado inteiro, apenas uma parte ou ainda ser dividido para dois receptores.

Um adulto pode doar o fígado para uma criança?

Caso o doador seja um adulto e o receptor uma criança muito pequena é possível fazer o transplante utilizando somente uma parte do fígado, chama-se transplante de fígado reduzido.

No transplante inter vivos somente o adulto é doador. Também neste tipo de transplante o grupo sanguíneo precisa ser compatível.

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Um adulto pode doar o fígado para uma criança?

Caso o doador seja um adulto e o receptor uma criança muito pequena é possível fazer o transplante utilizando somente uma parte do fígado, chama-se transplante de fígado reduzido.

No transplante inter vivos somente o adulto é doador. Também neste tipo de transplante o grupo sanguíneo precisa ser compatível.

Qual o tempo de cirurgia?

O fígado após ser retirado, é mantido resfriado em uma solução de pre-servação até o momento do transplante.

O tempo do procedimento cirúrgico pode variar de 6 a 12 horas de-pendendo muito das condições clínicas da criança, indução anestésica, cirurgias anteriores e intercorrências durante o procedimento.

No caso de transplante inter vivos uma parte do fígado é retirado do doador e implantado quase que imediatamente no receptor. Também é um procedimento de várias horas.

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Como é a cicatriz da cirurgia?

É feito um corte na região abdominal, chamado in-cisão de Mercedes. Quando são realizados pontos na FO estes devem permanecer em torno de 20 a 25 dias, e após liberação da equipe da cirurgia, são retirados intercaladamente É usada uma solução antisséptica para a higiene da ferida operatória, en-quanto os pontos forem mantidos.

O que fazer quando for chamado ao hospital para o transplante?

Ao receber o telefonema de aviso para o transplante a criança não deverá receber mais nenhum tipo de alimento ou beber água.

Procurar mantê-la tranquila, explicando que preci-sará ir ao hospital fazer alguns exames e que talvez precise ficar internada e realizar a cirurgia.

Lembrem de seguir as outras orientações que rece-beram ao conversar com a médica no momento em que foram chamados e as combinações feitas du-rante as consultas de avaliação para o transplante.

Onde é feito e quem realiza o transplante?

O transplante é feito no bloco cirúrgico no 12º andar do hospital. É realizado pela equipe de cirurgiões do transplante hepático pediátrico, anestesistas, enfer-magem e equipes de apoio (laboratório, banco de sangue, farmácia, etc.)

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Onde é feita a recuperação após o transplante?

A recuperação da criança será na Unida-de de Internação Pediátrica (UTIP), pois nos primeiros dias após o transplante é necessário cuidados intensivos. Logo que acaba a cirurgia a criança ainda respira com ajuda de aparelhos, recebe muitos soros e medicações, têm sondas no estômago e na bexiga, não pode rece-ber alimentação, e necessita de um rigo-roso controle de seus batimentos cardía-cos, movimentos respiratórios, pressão e temperatura corporal.

Neste local a criança será recebida por uma equipe de médicos intensi-vistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem que irão acomodá-la em um box específico, onde receberá os cuidados necessários.

Será avaliado frequentemente seu estado geral, fará exames de con-trole, e receberá medicações. Tão logo seja possível a equipe liberará a entrada dos pais para acompanhar a criança, colaborando, assim, com sua recuperação.

Os pais devem seguir alguns cuidados:

• Lavar as mãos sempre antes de tocar na criança;

• Vestir o avental ao entrar no box;

• Usar máscara caso esteja gripado, resfriado, com tosse ou alguma in-disposição.

Para onde irá quando receber alta da UTIP?

Quando a criança estiver em melhores condições, não necessitando mais de cuidados intensivos será transferida para a unidade de inter-nação 10º sul.

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Na internação ficará em quarto individual, sempre acompanhada por um familiar.

As visitas ainda serão limitadas. É impor-tante tranquilizá-la, pois seu tratamento terá todos os cuidados médicos e de en-fermagem necessários. Na unidade dará continuidade ao tratamento e começará a receber todas as orientações necessárias para os cuidados que deverá ter no seu dia a dia após o transplante. Será orientada sobre as medicações que deverá usar para prevenir a rejeição e infecções.

Os cuidados com alimentação, higiene, sono, eliminações e lazer tam-bém farão parte do tratamento. Estes cuidados, uma vez bem com-preendidos, contribuirão para sua pronta recuperação e o bom funcio-namento do fígado novo.

O que poderá fazer durante a internação?

Após o transplante a criança não frequentará a sala de recreação, mas terá acompanhamento recreativo no quarto.

Durante o período de internação é fundamental que continue brincan-do, porém deverá tomar alguns cuidados:

• Os brinquedos deverão ser de materiais lisos e laváveis, preferente-mente de plástico.

• Quando um brinquedo cair no chão, este deverá ser lavado imediata-mente antes de ser devolvido para a criança.

• Não é permitido que brinque sentado no chão do quarto.

• Revistas e gibis podem ser oferecidos desde que sejam novos.

• Os brinquedos necessitam ser mantidos organizados e limpos.

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O que acontecerá quando receber alta?

Uma vez em condições de alta a criança passará a receber acompanhamento ambu-latorial com retornos semanais, quinzenais, mensais e conforme a evolução e a necessi-dade de cada caso. Estas revisões têm o ob-jetivo de fazer uma avaliação clínica e labo-ratorial, buscando identificar precocemen-te qualquer sinal ou sintoma de infecção ou rejeição, fazer alterações nas dosagens de medicações, além de revisar e reforçar orientações que são importantes para sua recuperação e que vão assegurar um retor-no tranquilo e progressivo às suas ativida-des cotidianas.

Para maior proteção de seu filho, traga-o com máscara para as revisões e coleta de exames. Evite ficar próximo de pessoas tossindo e espirran-do.

Como reconhecer as complicações?

Com o uso diário das medicações imunossupressoras que são usadas para prevenir a rejeição, estes pacientes acabam ficando com suas de-fesas muito baixas favorecendo assim, a instalação de infecções. Outras complicações também podem surgir, decorrentes dos efeitos colate-rais destes medicamentos.

Portanto, após o transplante, é importante ficar atento a algumas al-terações como: diarreia, vômitos, febre, dor de cabeça, dor na barriga, sangramentos, aumento da barriga, pele amarelada, dificuldade para urinar ou evacuar, inchaço nos pés, diminuição do apetite, feridas na boca ou no corpo, etc...

Caso ocorra alguma dessas alterações é importante comunicar imedia-tamente a equipe médica.

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Quais os cuidados com as medicações?

Mesmo após ter feito o transplante, será necessário seguir usando algumas medica-ções. Elas deverão ser tomadas diariamen-te, sempre no mesmo horário, procurando manter os mesmos horários da internação. É importante e aconselhável ter sempre um pequeno estoque das medicações, pois sua falta prejudicará o tratamento.

Leve sempre as medicações nos dias das consultas, em passeios, para a escola e hos-pital, caso precise internar.

Caso ocorra vômito após a administração das medicações, estas poderão ser repeti-das, até uma hora após ter recebido a medi-cação. A equipe deve ser comunicada se os vômitos se repetirem.

A Ciclosporina comprimidos pode ser tomada com água.

As cápsulas de Tacrolimus também podem ser tomadas com água. Caso a criança não consiga engolir as cápsulas, o conteúdo das mes-mas pode ser diluído em água. É necessário observar um jejum de 1 hora ANTES de receber o Tacrolimus e 1 hora APÓS receber. Este cuida-do é muito importante para que a medicação tenha o efeito esperado, pois os alimentos diminuem o efeito da medicação.

Nenhum outro medicamento ou vacina deve ser dado sem o conheci-mento do médico.

Por que precisará tomar remédios para rejeição?

O sistema imunológico (defesa do corpo) reconhece o fígado novo como estranho e vai tentar rejeitá-lo. Por isto é necessário tomar medi-cações para evitar que aconteça a rejeição, estas medicações chamam--se imunossupressoras.

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Algumas medicações imunossupressoras: Ciclosporina, Tacrolimus, Prednisona, Azatioprina, Micofenolato.

Abaixo são listados alguns medicamentos que poderão ser utilizados, siga as orientações do seu médico.

Ciclosporina ou Ciclosporina Neoral

A Ciclosporina é usada para prevenir a rejeição do órgão transplanta-do. Esta medicação será usada por toda vida.

É disponibilizada na forma de líquido ou cápsulas e deverá ser tomada de 12/12 horas. A equipe do THI prescreverá a dose recomendada.

Precauções:

• Serão coletados exames laboratoriais para avaliar o nível da medica-ção no sangue e assim poder avaliar seu efeito e possíveis complica-ções.• Quando vier para as revisões não dê a medicação antes de coletar o sangue.• Após aberta, a Ciclosporina tem validade de dois meses.• Converse com a equipe antes de dar algum medicamento novo, pois pode interferir no efeito desta medicação.

Efeitos colaterais:

Dores de cabeça, tremores nas mãos, pressão alta, crescimento de pêlos, aumento ou inchaço das gengivas e falta de sono.

Tacrolimus

Tacrolimus é usado para prevenir ou tratar rejeição do órgão transplan-tado. É usado para imunossupressão por longo tempo.

A dose prescrita será dividida em duas tomadas de 12/12 horas. Esta dose será determinada pelo peso, testes de laboratório e possíveis efei-tos colaterais.

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Precauções:

• Para controlar a eficácia e os efeitos colaterais da medicação, frequen-temente será coletado exames de sangue para controle.• No dia em que tiver coleta de controle, a dose da manhã de Tacroli-mus não deve ser administrada antes da coleta.• Guardar a medicação em temperatura ambiente.• Observar o jejum de 1 hora antes e 1 hora depois da medicação.

Efeitos Colaterais:

Dor de cabeça, náusea, diarreia, tremores, aumento de nível de açúcar no sangue, aumento dos níveis de potássio, diminuição dos níveis de magnésio, alteração da função renal, queda de cabelo, insônia, dor-mência e formigamento nas mãos e pés.

Prednisona

É um corticosteróide que auxilia da prevenção e tratamento da rejeição de órgãos transplantados. Usado por um longo tempo. No início do tra-tamento é usado em doses mais elevadas que serão reajustadas com o passar do tempo.

No tratamento da rejeição é usada em altas doses. Os comprimidos de-verão ser tomados 1 vez ao dia. Melhor tomar próximo das refeições. A equipe prescreverá a dose que deve ser administrada.

Efeitos colaterais:

Inchaço principalmente nas pernas, aumento do açúcar no sangue, fra-queza muscular, osteoporose, úlcera de estômago, demora na cicatri-zação de feridas, espinhas, oscilação de humor.

Azatioprina

É usado com outros imunossupressores para auxiliar na prevenção da rejeição do fígado novo. Pode ser usado para imunossupressão por

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muito tempo. A equipe do transplante determinará a dosagem apro-priada.

Precauções:

A azatioprina pode diminuir as células brancas no sangue e o número de plaquetas. Comunique qualquer ferimento incomum ou sangra-mento.

Micofenolato Mofetil

Este medicamento pode ser usado para prevenir ou tratar rejeição.

Efeitos colaterais:

Diarreia, náuseas, dispepsia, dor abdominal, cefaleia e diminuição dos glóbulos brancos no sangue.

Que remédios são usados para prevenir ou tratar as infecções?

As medicações usadas para prevenir a rejeição reduzem a habilidade normal do organismo para combater bactérias, vírus e outros microor-ganismos. Como resultado é maior o risco de contrair infecções. Al-gumas medicações serão usadas para prevenir tais infecções e outras para tratá-las.

Para cada tipo de infecção, há um ou mais medicamentos apropriados.

Abaixo são listados alguns medicamentos que poderão ser utilizados, siga as orientações do seu médico.

Sulfametoxazol/Trimetoprima ou SMZ/TMP

O bactrim é usado para prevenir ou tratar pneumonias por Pneumo-cistis Carinii e outras infecções. O risco de pneumocistis é aumentado para pacientes transplantados por causa das medicações usadas para prevenir a rejeição as quais reduzem a habilidade do organismo para combater a infecção.

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Este medicamento é tomado por Via oral (VO) e é disponível em líquido ou comprimidos. A equipe de transplante determinará a dosagem e o tempo de tratamento.

Precauções:

• Comunicar se for alérgico a sulfa.

Efeitos colaterais:

Náusea, vômito, diarréia, estomatite, vermelhidão pelo corpo, coceira e diminuição do apetite.

Ganciclovir

É utilizado para prevenir ou tratar infecção por citomegalovírus (CMV) ou herpes.

Ganciclovir é disponível para uso injetável. As primeiras doses são da-das no hospital. A equipe de transplante determinará a dose apropria-da e a duração do tratamento.

Precauções:

Ganciclovir pode diminuir o número de células brancas do sangue e contribuir para aumentar o risco de infecções.

Efeitos colaterais:

Redução do número de células brancas, plaquetas, função renal alte-rada, febre, vermelhidão pelo corpo, dor de cabeça e confusão mental.

Aciclovir

Usado no tratamento ou prevenção da herpes zoster ou simples. Tam-bém pode ser usado para diminuir a severidade das infecções por CMV. Para reduzir problemas do estômago é aconselhável tomar o aciclovir junto com as refeições.

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Efeitos colaterais:

Náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, dor de cabeça, vermelhidão pelo corpo, aumento do risco de infecções.

Antifúngicos

Por causa da baixa imunidade, é maior o risco de contrair infecções por fungos.

Muitas drogas são usadas para tratar ou prevenir infecções fúngicas.

Apresentação:

• líquido: bochechar e engolir

• pastilhas

• Injetável

Efeitos colaterais:

Náusea, vômito, diarreia, gosto metálico e sensação desagradável na boca.

Como devem ser os cuidados de higiene?

O banho, a escovação dos dentes, a lavagem das mãos e a limpeza do ambiente ajudarão a evitar infecções.

É muito importante tomar banho diariamente, dando atenção especial aos genitais.

As mãos devem ser lavadas antes das alimen-tações, e após usar o banheiro. Secar bem as regiões entre os dedos, evitando que fiquem úmidas e provoquem lesões na pele. Manter as unhas curtas e limpas. Escovar os dentes com escova macia e creme dental no mínimo 4 ve-

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zes ao dia. Os lençóis e fronhas devem ser trocados 2 vezes na semana. A roupa do corpo, toalhas de banho e rosto devem ser trocadas diaria-mente.

Como deve ser a limpeza da casa?

A casa precisa ser mantida limpa. Evitar o acúmulo de pó, mofo, ou qualquer sujeira.

Podem ser usados produtos de limpeza comuns (sabão, detergentes).

Evite que a criança permaneça na peça da casa que estiver sendo lim-pa.

Mantenha janelas abertas, para que o ar seja constantemente renova-do no ambiente.

Como será a alimentação em casa?

No momento da alta a nutricionista conver-sará com a família explicando quais os ali-mentos permitidos e quais os proibidos.

Evite oferecer alimentos que não foram pre-viamente combinados com a nutricionista.

Procure oferecer os alimentos com mais fre-quência e em menores quantidades para evitar assim distensão abdo-minal.

Os alimentos devem ser preparados com boas condições de higiene para evitar problemas intestinais. Frutas e verduras devem ser lavadas em muita água corrente. As frutas devem ser descascadas.

É importante tomar líquidos durante o dia.

Por que é tão importante o cuidado com a alimentação?

Alimentar-se de maneira correta e equilibrada é parte importante do processo de recuperação.

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A dieta deve conter uma variedade de alimentos, fornecendo assim to-dos os tipos de nutrientes necessários para uma alimentação saudável.

Porém, esta dieta deve ser orientada pela nutricionista que acompa-nha os transplantados, pois alguns alimentos devem ser evitados nos primeiros meses.

O sal, gorduras e açúcar devem ser consumidos com muita moderação quando liberados. O sal pode provocar aumento na pressão e provocar retenção de líquidos (inchaço).

Alguns medicamentos que estão sendo usados, podem aumentar o açúcar no sangue, sendo necessário em alguns momentos controlar o açúcar na alimentação, evitando que comam em exagero: balas, chi-cletes, chocolates, refrigerantes, bolos, doces, pudins, cremes, mel e outros.

É importante também evitar frituras, carnes gordas, maionese, creme de leite e outros alimentos muito gordurosos.

Como será o dia-a-dia em casa?

Estimule seu filho a retomar suas atividades diárias com tranquilidade e sem medos. Explique que nos primei-ros meses serão liberadas as brincadeiras mais leves que não exijam tanto esforço, ou riscos de quedas. Atividades físicas são fundamentais para o bem estar físico e mental. Também é importante para auxiliar na diminuição dos efeitos colaterais da Prednisona que causa fraqueza muscular. A me-dida que vai acontecendo sua recuperação ele poderá voltar a fazer todas as coisas que gostava antes do transplante.

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Poderá receber visitas?

As visitas deverão ser liberadas com muita prudência, tendo-se o cui-dado de evitar contato com pessoas com dor de garganta, febre, res-friados e outras infecções.Em caso de dúvida para proteção da criança é recomendável o uso de máscara para contato com outras pessoas.Evite ambientes fechados e com muita aglomeração de pessoas (ôni-bus, clube, cinema, shopping, igreja) nos primeiros meses após o trans-plante.

É possível viajar após o transplante?

Nos primeiros meses após o transplante não é recomendável viajar, pois além de estar em fase de recuperação, as medicações estão sendo ajustadas, é necessário vir com frequência ao hospital para as revisões e coleta de exames.

Converse com a equipe para saber quando poderá ser liberado viagens e passeios, e as atividades que pode ou não realizar.

Em passeios evite exposição ao sol ou use sempre filtro solar, pois transplantados possuem uma tendência maior ao câncer de pele e lá-bios, além de queimaduras na pele.

Como poderemos tentar evitar infecções?

Alguns cuidados básicos de higiene serão importantes a fim de evitar infecções.

A higiene corporal, das mãos, dentária e do ambiente são fundamen-tais.

Outro cuidado muito importante é manter todas as pessoas com infec-ções ou com suspeita, afastadas da criança. Se os pais ou irmãos apre-sentarem algum tipo de infecção não devem ficar em contato durante este período. É aconselhável o uso de máscara pela criança.

Animais domésticos também devem ser afastados do convívio com a criança, pois poderão transmitir doenças.

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Ambientes fechados, com muitas pessoas representam grande risco de adquirir uma infecção, portanto, evite supermercados, shopping, igre-jas, clubes.

Quando poderá retornar a escola?

O retorno às atividades escolares normalmente acontece após seis me-ses de transplante, se tudo estiver bem.

A professora deverá ser comunicada com antecedência, para orientar os colegas sobre os cuidados que deverão ter. Todos devem estar com-prometidos em ajudar, facilitando assim um retorno tranquilo, seguro e acolhedor.Caso algum dos colegas esteja resfriado, com dor de garganta, tosse, lesões na pele não deverá ter contato com a criança.

Na sala de aula sentar-se sempre próximo a janela, em local bem are-jado.

Como poderemos entrar em contato com a equipe do transplante?Em caso de necessidade ou alguma dúvida, tente contato com a equi-pe que cuida de seu filho.Bip do THI .......................................................................................... 992478565

Ambulatório do THI e EHI ................................................... 3359.82565ª feira - 12h - zona 4

Unidade de Internação 10º sul .................................................. 3359.8396 3359.7610

Dicas importantes:

Não faltar às consultas ambulatoriais nem deixar de coletar os exames de controle.

Não deixar de tomar os medicamentos após a coleta de sangue.

Trazer as medicações de uso no domicílio quando vier para a consulta ambulatorial.

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SERVIÇO DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Rua Ramiro Barcelos, 2350 Largo Eduardo Z. FaracoPorto Alegre/RS 90035-903 Fone 51 3359 8000 Fax 51 3359 8001www.hcpa.edu.br

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