Manual Escotista Ramo Pioneiro23.01.2011

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Un mtodo de educao no formal para jovens de 18 a 21 anos

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Titulo Original: Gua para Dirigentes de La Rama Rover. Primeira Edio: 2.000 exemplares. Outubro de 2007. Chile Todos os direitos reservados. Os direitos de publicao em lngua portuguesa foram cedidos pelo Escritrio Mundial do Movimento Escoteiro para a Unio dos Escoteiros do Brasil. Nenhuma parte desta publicao pode ser traduzida ou adaptada a nenhum idioma, nem ser reproduzida, armazenada ou transmitida por nenhum meio ou maneira, incluindo as ilustraes e o desenho das capas, sem permisso prvia e por escrito do Escritrio Escoteiro Mundial, Regio Interamericana. A reserva de direitos aqui mencionada vale, igualmente, para as Associaes Escoteiras Nacionais membros da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro. Registro de Propriedade Intelectual: 177502 ISBN: 978-956-8057-22-0 Primeira Edio: 1.000 exemplares, Abril de 2012

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Presentacin Captulo 1 A adultez emergente Captulo 2 Valores e mtodo escoteiroOs valores escoteiros, o perfil dos que saem e a Lei Escoteira O marco simblico O clima educativo: Os componentes do mtodo escoteiro

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Captulo 3 reas de desenvolvimento, objetivos educativos, competncias e 63 plano de desenvolvimento pessoalreas de desenvolvimento e objetivos educativos A proposta de competncias e o Projeto Pessoal 65 69

Captulo 4 Atividades e projetosObjetivos e atividades O projeto Os projetos nos campos de ao prioritrios As competncias Unio dos Escoteiros do Brasil Rua Coronel Dulcdio, 2107 80250-100 Curitiba - PR Tel. (+55) 41 3353-4732 Fax (+55) 41 3353-4733 www.escoteiros.org.br2 3

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Captulo 5 A equipe de interesse, O Cl e os EscotistasA equipe de interesse O Cl Pioneiro Os Escotistas Os pais e a formao de redes

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131 133 157 170 182 Esta Gua es un nuevo testimonio del trabajo que en la ltima dcada se ha desarrollado a nivel regional en el rea de Programa de Jvenes. Ha sido elaborada por la Oficina Scout Mundial, Regin Interamericana, con la activa participacin de muchas personas y organizaciones scouts nacionales, como tambin con los aportes de la sede central de la Oficina Scout Mundial. De ah que representa un valioso esfuerzo histrico de trabajo en comn. La Gua est destinada a los dirigentes scouts que trabajan con jvenes en las Comunidades Rovers, como tambin a cualquier otro adulto que desee iniciarse en esta labor educativa. En su contenido, se rescata la esencia del pensamiento que nuestro fundador, Robert Baden-Powell, plasm en sus diferentes textos y publicaciones, el que se ha enriquecido con los conocimientos y experiencias actuales en campos como la educacin, la psicologa, el liderazgo, el trabajo en equipo y el desarrollo de proyectos. La elaboracin de esta Gua, al igual que las anteriores, si bien presenta innovaciones apropiadas a la adultez emergente, ha estado marcada por la preocupacin de mantener coherencia con la lnea central de las publicaciones para las Ramas Lobatos y Lobeznas, Scouts y Caminantes. De esta manera, se es fiel a los requerimientos de la edad a la vez que se completa el eje educativo establecido en el mtodo de actualizacin y creacin permanente del programa, conocido como MACPRO y aprobado como poltica regional por la Conferencia Scout Interamericana en 1995. La Gua es por tanto el instrumento que viene a completar el desarrollo de la aplicacin del mtodo y el programa scout de manera progresiva y ordenada, a travs del conjunto de objetivos educativos que culminan en el perfil del hombre y la mujer a que aspiramos. Es digno de resaltar el hecho que, por primera vez en la historia del Movimiento Scout, se cuenta a nivel regional con una propuesta de programa integral y coherente para todas las Ramas. Los dirigentes de las Comunidades Rovers encontrarn en este libro la mayora de los elementos que necesitan para apoyar a los jvenes en el logro de sus Proyectos Personales, que es la estrategia educativa propia de esta Rama. Diseados por los mismos jvenes de acuerdo a sus aptitudes e intereses y a las propuestas del Movimiento, estos Proyectos integran en sus vidas los valores que ellos se han comprometido a vivir. Creemos firmemente que de esta manera se consolida su personalidad, se fortalece su conciencia tica y se preparan para ejercer el liderazgo que hoy la sociedad necesita para la construccin de un mundo mejor, tal como la Misin del Movimiento Scout nos pide.

Captulo 6 O ciclo de programaAvaliao dos planos de desenvolvimento pessoal e decises dobre atividades e projetos Definio e preparao de atividades e projetos Desenvolvimento e avaliao de atividades e projetos Avaliao da progresso pessoal

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Glosario

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De ah que la publicacin de esta obra ser exitosa en la medida en que los dirigentes de la Regin apliquen sus recomendaciones en la vida diaria de sus Comunidades. Para eso no slo hay que conocer y comprender las propuestas de esta Gua en toda su amplitud, sino tambin realizar el esfuerzo de disear cada Comunidad Rover de acuerdo a esas recomendaciones, a las caractersticas de sus jvenes y a la realidad del entorno en que actan. Slo as podremos valorar sus resultados. Es el desafo que esta Gua pone en las manos de los dirigentes Rovers a todos los niveles y en todas las asociaciones de nuestra Regin. Al finalizar expresamos nuestro agradecimiento a quienes participaron y colaboraron en la elaboracin de este valioso material, especialmente a las personas y asociaciones que a los distintos niveles se han comprometido permanentemente en su elaboracin, formulacin y aplicacin. A ellas y a ellos, muchas gracias.

Loreto Gonzlez Gabriel Oldenburg Directora de Programa de Director Regional (en funciones) Jvenes Oficina Scout Mundial - Regin Interamericana Santiago, enero de 2009

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LA ADULTEZ EMERGENTE

Hoje a adolescncia comea antes e termina depoisNa atualidade a adolescncia comea bem antes do que comeava h um sculo, j que devido aos avanos da nutrio e cuidados com a sade, na maioria dos pases a puberdade comea mais cedo. Do mesmo modo, se definirmos o final da adolescncia como o momento em que os jovens assumem papis de adulto, tais como: casamento, paternidade, e trabalho estvel, a adolescncia termina depois. Devido principalmente ao prolongamento da educao, muitos jovens ultrapassam essas transies por pelo menos at a metade da segunda dcada de sua vida. Assim, a faixa etria tradicionalmente considerada como adolescncia, que se estimava entre os 10 e os 18 anos, tem se estendido a um perodo que se denominou adultez emergente, e que se prolonga entre os 18 e 25 anos1. Por isto que hoje em dia, se tende a reconhecer na adolescncia trs perodos: Primeira adolescncia, dos 10 aos 14 anos; Adolescncia mdia, dos 15 aos 18 anos; e adolescncia tardia ou adultez emergente, dos 18 at aproximadamente aos 25 anos. Idades que por certo so relativas e dependem dos ritmos individuais.2

1 O autor do conceito Jeffrey Jensen Arnett, professor investigador do Departamento de Psicologia da Universidade de Clark, Worcester, Massachussets, autor de Adolescence and Emerging Adulthood: A Cultural Approach, Person/Prentice Hall, 2007. Terceira edio em espanhol por Pearson Educacin, Mxico, 2008. 2 Por ser a idade que interessa para o Cl Pioneiro, este Manual se centra na apresentao de um panorama da adolescncia tardia ou adultez emergente. Para a anlise da Primeira adolescncia, se pode consultar o Manual do Escotistas do Ramo Escoteiro, OSM RI, 2001, captulo 1 pgina 7 a 24. A adolescncia mdia, a identidade pessoal, as condutas de risco e os fatores protetores em relao com o mtodo escoteiro se analisem no Manual do Escotistas do Ramo Snior, OSM-RI, 2007, captulo 1, pgina 7 a 64

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Durante a adultez emergente continua a explorao de identidadeNesta fase ainda no culmina a explorao de identidades, se mantm a instabilidade e o enfoque em si mesmo, o jovem se sente aqum de suas possibilidades. Por outro lado, se deve lembrar que o sentido da identidade nunca se consegue nem se mantm de uma vez s e para sempre. Como assinala Erikson, a quem devemos o conceito de identidade pessoal, constantemente se perde e se recupera, inclusive entre os adultos. Inclusive se exploram vrias possibilidades de amor e trabalho medida que fazem escolhas mais duradoura. Neste perodo os jovens tiram concluses de quem so, quais so suas capacidades, e limitaes, quais so suas idias e valores e que lugar ocupa na sociedade. Estas exploraes acontecem em uma idade em que ainda h muita instabilidade. Tambm uma idade em que o jovem se mantm centrado em si mesmo, o que normal, saudvel e temporal. Progressivamente, os jovens aceleram seu processo de descentrao e tomam perspectiva dos demais.

Apesar dessa sensao, a idade das possibilidades, porque so possveis muitos futuros distintos, pois so poucas as coisas que so decididas com certeza a respeito da direo da vida. Tende a ser uma idade de grandes esperanas e expectativas, devido em parte a que so poucos os sonhos juvenis que realmente se realizam. Nesta poca comum escutar os jovens dizerem: estou muito seguro que algum dia chegarei onde quero estar na vida, sem imaginar que o futuro tambm lhe aguarda com trabalhos montonos ou rupturas afetivas amargas ou problemas com os filhos ou de sade. Neste momento parece possvel a realizao de todos os desejos, e que para a maioria dos jovens a margem para tomar suas decises de como viver maior que antes e tambm maior do que ser no futuro1. provvel que em algum momento desta etapa os jovens deixem suas famlias de origem, porm isto no necessariamente significar que tenham se comprometido com uma nova rede de relaes e obrigaes.

Mesmo que os jovens se sintam na metade do caminho, esta a idade das possibilidadesOs jovens se sentem no meio: No so considerados adolescentes nem to pouco plenamente adultos. Quando lhes perguntam se alcanaram a maturidade, a maioria dos jovens desta idade no responde sim ou no, isto , sempre do uma resposta ambgua, em alguns sentidos sim, mas em outros no.

1 Arnett, obra citada.

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A existncia e o prolongamento desta etapa dependem de diferentes culturasA adultez emergente no verificada claramente em todas as culturas. Depende das idades em que se espera que os jovens amaduream plenamente e assumam responsabilidades adultas, como o casamento e a paternidade. Costuma ser mais freqente medida que as culturas sejam mais industrializadas e mais integradas em uma economia global. provvel que acontea mais comumente no mundo durante este sculo XXI. claro que a adultez emergente se inicia entre os 17 e 18 anos, quando a maioria dos jovens tenha terminado a educao bsica, mas no to claro o momento em que esta fase termina. Como uma pessoa ir saber se completou sua transio para a idade adulta? A resposta complexa, pessoal e varia notavelmente entre as culturas; inclusive num mesmo pas, conforme o setor socioeconmico, meio rural ou urbano, sexo e outros fatores.

Na adultez emergente surgem o pensamento dialtico e o juzo reexivoNa adolescncia, e especialmente na adultez emergente, o desenvolvimento cognitivo funciona como um ncleo organizacional que afeta todas as reas do pensamento sem importar o tema. Por isto o analisaremos antes de examinar outras caractersticas prprias deste perodo. Nas etapas anteriores da adolescncia os jovens praticam o pensamento dualista, pelo que tendem a ver as situaes e os problemas em termos polarizados: um ato correto ou equivocado, sem meio termo; uma afirmao verdadeira ou falsa, independentemente dos matizes ou da situao em que se aplica. Isto reflete uma estimativa exagerada da eficcia do pensamento lgico na vida real. Por volta dos 18 anos a situao tende a mudar. O pensamento passa a ser mltiplo, e os jovens comeam a tomar conscincia de que para cada questo h dois ou mais lados, dois ou mais pontos de vista legtimos, e que pode ser difcil justificar uma posio como a nica certa e exata. Na adultez emergente o jovem valoriza por igual todos os pontos de vista, chegando ao limite de afirmar que impossvel fazer qualquer juzo considerando se um ponto de vista mais vlido que outro. Esta maneira de pensar implica adaptar o pensamento lgico e as restries prticas das situaes reais. o que se denomina pensamento dialtico, que inclui uma conscincia crescente de que os problemas no tm uma soluo nica e que as estratgias ou ponto de vista contrrios tm seus respectivos mritos. Ao pensamento dialtico segue o juzo reflexivo, que outra qualidade cognitiva da adultez emergente, e que consiste na capacidade para avaliar a preciso e coerncia lgica de provas e argumentos.

De qualquer forma, os jovens deixam o Cl Pioneiro por volta dos 21 anosIndependentemente do prolongamento da adolescncia at prximo aos 25 anos, o mtodo escoteiro e o programa Pioneiro no tem respostas para todas as necessidades que surgem na adultez emergente. Da que uma idade prxima aos 21 anos foi colocada como limite para o que jovem atue no Movimento. Chega o momento em que o jovem dever tomar sua prpria canoa e remar, como dizia o nosso fundador, e isto com certeza acontecer por volta dos 21 e no dos 25 anos. No momento de sua Partida, o jovem ser capaz de demonstrar que pode continuar fora do Cl enfrentando seu futuro. Como veremos mais adiante, a estratgia educativa do Projeto Pessoal o tornar apto para esse desafio.

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Tambm aparecem o pensamento crtico e a capacidade de comprometimentoNa adultez emergente, surge tambm uma capacidade maior: o pensamento crtico. Trata-se do pensamento que no s implica memorizar a informao, como tambm analis-la, fazer juzo sobre seu significado, relacion-la com outra informao e considerar porque vlida ou invlida. O pensamento crtico requer uma base de habilidades e conhecimentos obtidos na infncia, junto com um ambiente educativo na adolescncia que o promova e o valorize. Por este motivo, quem tem uma educao universitria ou superior mostra maiores avanos no pensamento crtico do que aqueles que no tm. Tambm mais freqente nas culturas que valorizam o pluralismo. A promoo do pensamento crtico requer grupos pequenos para exercitar o dilogo e um sistema educativo que fomente a tolerncia a diferentes pontos de vista. Que outro local mais adequado que o Cl Pioneiro, onde se promove o dilogo focado em problemas reais? Qual sistema educativo mais pertinente que o mtodo escoteiro, que atravs do clima educativo incentiva a criatividade e promove o pensamento original? tarefa dos educadores zelarem para que o pensamento crtico no desemboque em um relativismo crnico ou, pior ainda, tenda ao pensamento anrquico. Para evitar isto, temos que induzir o pensamento crtico de que a pessoa assume aqueles pontos de vista que considera mais vlido, mantendo-se aberta a reavaliar suas opinies se lhe apresentarem novas evidncias.

Diluem-se os egocentrismosOs modos de pensar descritos nos pargrafos anteriores influenciam por sua vez a forma com que os jovens pensam sobre as outras pessoas e das relaes e instituies sociais. medida que aprendem a considerar ou a adotar a perspectiva dos demais, os adolescentes se tornam menos egocntricos, intensificando-se o processo de descentrao que os cerca nesta idade. Cada vez mais os jovens compreendem que a outra pessoa tem uma perspectiva que diferente da sua, e se d conta tambm que as outras pessoas entendem que eles tm uma perspectiva que diferente da delas. Considerando que o processo de auto descentrao inicia-se na primeira adolescncia como antdoto mais ou menos exitoso dos egocentrismos que surgem na mesma poca, somente na adultez emergente o jovem tem a perspectiva do sistema social e convencional, percebendo que seus pontos de vista e o dos outros so influenciados no s por suas interaes, como tambm por seus papis na sociedade de um modo geral. Um dos egocentrismos que tende a diluir-se nesta idade a audincia imaginria. Como no incio da adolescncia, os jovens pensam muito nos demais e no distinguem entre sua prpria perspectiva e a dos outros, crem que tambm os demais pensam muito neles: imaginam uma audincia embelezada diante de sua aparncia e comportamento. Sobre a audincia imaginria se constri a fbula pessoal, que consiste na crena dos jovens de que h algo nico e especial neles. uma convico na singularidade de suas experincias e de seu destino pessoal. Esta descentrao no transcorre da noite para o dia, varia de uma pessoa para outra, conforme seus ritmos de amadurecimento e ocorre progressivamente entre os 12 e os 20 anos, acelerando-se na adultez emergente. Segundo o psiclogo David Elkind, o egocentrismo diminui com a idade, mas no desaparece com a adultez. Relaciona-se com estes fenmenos o denominado otimista distorcido, que parte da fbula pessoal, e que consiste na tendncia de supor que mais provvel que os acidentes, doenas e outras desgraas s acontecem com os outros e no com ns mesmos. Este um fenmeno muito importante a considerar nas atividades escoteiras, j que determina nos jovens certa propenso ao risco. Em todo caso, prximo dos 18 anos, o otimista distorcido se atenua e os jovens se tornam mais prudentes.

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Melhora a auto-estimaA auto-estima o sentido de apreo e bem estar que uma pessoa tem de si mesmo. Imagem pessoal, conceito pessoal e auto percepo so termos muito relacionados que se referem forma como as pessoas se vem e avaliam. Sabemos que na adolescncia, comparado com a infncia, os pares adquirem um considervel poder sobre a auto-estima e sua presso pode ser muito dura. No obstante, as relaes dos jovens com seus pais seguem sendo cruciais. Se eles lhe do amor e alento, a auto-estima aumenta, mas se o menosprezam ou mostram indiferena, os adolescentes respondem com menor autoestima. Na adultez emergente os jovens j passaram por difceis mudanas da puberdade e se sentem mais confortveis com seu aspecto, sendo que na maioria dos casos a auto-estima dos jovens aumenta. Geralmente j deixaram a escola e a companhia do grupo de amigos prximos passa a ser mais gratificante. Ao mesmo tempo melhora a relao com os pais e os conflitos diminuem. Alm de tudo, agora h um maior controle dos contextos sociais da vida cotidiana: no precisa ir para escola, no recebe presso por causa de suas notas, podem alternar trabalho e estudo. Acompanhando o aumento da auto-estima, estes fatores contribuem para que no se sintam solitrios, torpes, nervosos, ignorados ou mal humorados.

Os jovens desta idade dedicam mais tempo para conversas sobre temas importantes do que a atividades compartilhadas. Com o grupo mais seletivo e reduzido de amigos existe mais nfase na intimidade e em qualidades como a confiana e a lealdade. A base a semelhana, quer seja na idade, valores ou perspectivas. Por isto que o Ramo Pioneiro trabalha com as Equipes de Interesse para compartilhar interesses em atividades comuns .

A relao com a famlia se estrutura mais horizontalmenteNa adultez emergente aumenta a capacidade dos jovens para entender seus pais. medida que amadurecem e se sentem mais adultos, so mais capazes de compreender a forma como seus pais vem as coisas. Tambm os pais mudam a maneira como vem seus filhos e na forma de se relacionar com eles. Diminui a relao de controle da conduta e se modificam as regras na casa, o que produz uma relao mais relaxada e amvel. Nasce uma nova intimidade com um sentido de respeito mtuo. Com certeza, sempre h excees, como os pais que acham difcil aceitar que seu filho cresa, ou os jovens que se mostram relutantes a aceitar a responsabilidade de converterem-se em adultos auto-suficientes. No entanto, evidente que nesta idade h uma maior aproximao e menos sentimentos negativos entre pais e filhos. Esta tendncia se percebe claramente no caso daqueles jovens que por estudo, coabitao com uma parceira ou simples desejo de independncia, se mudam da casa dos pais. Estes jovens tendem a se dar melhor com os pais do que se permanecessem em casa, onde influenciam diversos fatores: a distncia permite que mutuamente se apreciem mais; mais simples receber e dar carinho porque j no experimentam atritos dirios prprios da vida em comum; ambas as partes podem controlar a freqncia e o tempo de seus encontros e se encontram quando desejam e o desfrutam.

A relao com os pares ganha em intimidade e conanaOs pares nunca deixam de influenciar no desenvolvimento durante a adolescncia. Na adultez emergente, por diferentes causas, isto acontece diferente: diminui como presso de grupo e aumenta como fonte de conselho pessoal e apoio emocional. Pelo fato de serem mais seletivos para escolher seus amigos, sendo estes os nicos em quem confiam a presso dos pares, forte na escola e em outras idades da adolescncia, em vez de ser negativa passa a ser positiva em termos de apoio e cuidado mtuo. O sarcasmo e o ridculo, mais comum entre os escolares em outras idades da adolescncia, tende a diminuir. Tambm diminui a popularidade baseada nas habilidades sociais, na inteligncia ou no atrativo fsico.16

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Entre a obstinao e o amor romnticoRobert Stenberg, psiclogo americano, professor da Universidade de Yale, autor de uma teoria segundo a qual as diversas variedades de amor apresentam trs qualidades fundamentais: paixo, intimidade e compromisso. 1 A paixo tanto emocional quanto fsica, inclui o desejo sexual e pode dar origem a emoes como a ansiedade, o prazer, a ira e os zelos. A intimidade um sentimento de aproximao e apego, que compreende o entendimento, o apoio mtuo e a troca de confidncias que no se abordam com outras pessoas. O compromisso a promessa de amar algum por um longo perodo, sendo a qualidade que sustenta uma relao duradoura atravs das flutuaes da paixo e a intimidade. Segundo Stenberg, a combinao destas trs qualidades d origem a sete formas de amor:

Descrevemos brevemente a teoria de Stenberg para nos ajudar a observar que na maior parte das relaes amorosas entre adolescentes difcil que o compromisso exista, e se existe vacilante. Mesmo que algumas relaes se prolonguem, a maioria durar pouco tempo. No significa que os jovens no sejam capazes de comprometer-se, o que faro somente ao final da adultez emergente, quando comearem a procurar algum com quem podem ter uma relao amorosa para a vida, desenvolvendo apegos e estabelecendo relaes duradoras e srias. Com certeza, conhecemos excees, algumas exitosas e outras nem tanto. Excluindo a cortesia, que somente se aplica aos amigos, a ausncia de compromisso nos indica ento que s h dois tipos de amor que podem ser aplicados aos adolescentes: a obstinao e o amor romntico. Os primeiros e os novos amores se aproximam da obstinao e, por sua intensidade, os jovens tomam a paixo como prova de amor. Ao experimentar intimidade e manter a aproximao, se combinam paixo e intimidade para dar origem ao amor romntico. A intimidade cresce com a adultez emergente e ao final desta fase j muito prximo da plenitude adulta, poderia agregar-se o compromisso. Antes deste momento, raras vezes os amores adolescentes passaro ao amor consumado. O que no significa que no pode ocorrer, mas raro, especialmente nas geraes atuais, com uma idade to alta para concluir os estudos formais e iniciar um trabalho estvel.

tempo de questionar os esteretipos de gneroEm quase todas as culturas, como maior ou menor intensidade, meninos e meninas recebem desde que nascem uma socializao diferencial por gnero, que consiste na socializao do homem e da mulher de acordo com as diferentes expectativas sobre as atitudes e condutas que essa cultura estima apropriada para cada gnero. As presses para conformar-se s expectativas de gnero fazem parte do ambiente, s vezes so sutis ou menos formais, mas no menos poderosas, e provm da famlia, dos pares, dos professores, dos meios de comunicao, da publicidade. Na adolescncia, estas diferentes condutas entre homens e mulheres so mais pronunciadas, j que se intensificam as presses para seguirem papis de gnero pr-estabelecidos pela cultura. Esta presso, mais que as mudanas biolgicas da puberdade, a que produz as maiores diferenas entre homens e mulheres medida que avana a adolescncia. Tendemos a organizar nossas percepes do mundo de acordo com os esquemas de masculinidade e feminilidade, e categorizar sobre esta base uma ampla gama de condutas, objetos e traos como especificamente masculinos ou femininos.19

A cortesia, que somente intimidade, sem paixo nem compromisso. Este tipo de amor caracteriza a maior parte das amizades que vo e vem no curso da vida. A obstinao, que s paixo. H uma grande atividade fisiolgica e emocional e um intenso desejo sexual, mas sem intimidade nem compromisso. O amor vazio s compromisso, sem paixo nem intimidade. D-se em vrios casos, como so o dos pares que permanecem juntos muitos anos, mas que tem perdido a paixo e a intimidade. O amor romntico, que combina paixo e intimidade, mas sem compromisso. Experimenta-se com intensidade e felicidade, mas raro que dure. O amor de companhia combina intimidade e compromisso, mas sem paixo. Pode-se verifica casais que vivem a muito tempo juntos, que tem diminudo sua paixo, mas tem mantido outras qualidades de seu amor. Tambm se verifica na amizade casual prxima. O amor caprichoso tem paixo e compromisso sem intimidade, tpico dos idlicos envolvidos, entre pessoas que no se conhecem bem, se enamoram com paixo e s vezes rapidamente se casam ou vivem juntos. O amor consumado, que integra na relao as trs qualidades do amor.

1 Citado por Arnett, obra referida.

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Dado que a socializao diferencial por gnero se intensifica na adolescncia, no deve surpreender-nos que na adultez emergente os jovens tenham expectativas de gnero diferentes para homens e mulheres que respondem a subsistncia de esteretipos de gnero. Estes esteretipos se fundem aos esquemas anteriormente mencionados e so crenas que atribuem certas caractersticas s pessoas s pelo fato de serem homem ou mulher. Um esteretipo, por exemplo, consiste em avaliar o desempenho laboral das mulheres de maneira menos positiva que o dos homens; ou em considerar que a mulher deve ser encarregada do cuidado dos filhos e o homem responsvel por prover e proteger; ou crer que os homens no choram; ou que a mulher deve ser terna e doce enquanto se espera que o homem seja rude e vigoroso. No obstante que em muitas culturas tem ocorrido mudanas considerveis e que hoje as crenas de gnero so mais frgeis que no passado, devemos considerar no processo educativo dos jovens que os esteretipos tendem a ser duradouros. Em parte, porque uma vez estabelecidos, os esquemas de gnero so resistentes a mudanas; e em parte porque os papis sociais do homem e da mulher parecem confirmar os esteretipos sobre as diferenas de gnero. um assunto estreitamente vinculado: subsistem os esteretipos porque subsistem os esquemas e estes por sua vez subsistem porque se continua sociabilizando por gnero. No entanto, diferentes estudos sugerem que os esteretipos de gnero tendem a diminuir na adultez emergente. Provavelmente porque este um perodo em que so comuns as exploraes da viso do mundo e em que as habilidades do pensamento crtico esto mais desenvolvidas que nas etapas anteriores da adolescncia. Consideramos que um momento apropriado para que o Cl Pioneiro se apie em questionamentos das expectativas de gnero da prpria cultura. Porque se d tanto valor conformidade com os papis de gnero dados os aspectos negativos associados com eles e dadas s limitaes que impe ao desenvolvimento dos jovens? Esta pergunta, elaborada para o Cl, representa um desafio para o juzo reflexivo dos Pioneiros.

Nesta idade o trabalho relevanteAo estender-se a adolescncia aumenta a importncia que o trabalho tem para o desenvolvimento dos jovens. parte de sua identidade e adquire relevncia na perspectiva de sua futura ocupao adulta. Alm do que, em quase todas as culturas um trabalho relativamente estvel considerado como sinal de maturidade. Para grande parte dos jovens dos pases industrializados, este tema s consiste em revisar a variedade de possveis ocupaes existentes, e escolher uma que esteja ao seu alcance e seja satisfatria em termos de salrio e realizao pessoal. Nos pases em desenvolvimento o problema encontrar trabalho, mesmo tendo uma qualificao. Fruto da globalizao, as antigas economias esto desaparecendo ou mudando, e cada vez se requerem novas habilidades. Para os jovens que depois de sua educao fundamental comeam a trabalhar em perodo integral no lugar de cursar uma universidade ou adquirir uma qualificao profissional atravs de um curso profissionalizante, as perspectivas tm sido reduzidas medida que os bons empregos, aqueles que pagam bem, para trabalho pouco qualificado so muitos escassos. Por isto, a maioria dos adultos emergentes que trabalham, mudam de emprego durante vrios anos enquanto buscam um que no s lhe oferea um bom salrio, como tambm coincida com sua identidade. Suas exploraes de trabalho so a mido, irregulares e assistemticas. Por este mesmo motivo o desemprego entre os jovens cada vez maior, especialmente nos pases em desenvolvimento. Nos pases industrializados e em classes com melhor poder aquisitivo dos pases em desenvolvimento, os adultos emergentes passam mais tempo nas universidades, porque o trabalho um assunto ainda longe de suas necessidades e cumpre um papel secundrio nas suas vidas. No entanto, entre estes jovens, so freqentes os empregos temporrios e parciais que no guardam relao com seu eventual trabalho adulto, seno para financiar uma vida recreativa mais ativa. Este tipo de trabalho tambm freqente nos pases em desenvolvimento e nos setores mais pobres dos todos os pases, mas por outros motivos: se trabalha para ajudar no sustento da famlia ou para pagar sua prpria educao. Dada a importncia do trabalho nesta idade, em qualquer um dos casos apresentados, nossos Cls Pioneiros no podem se esquecer da preparao para o trabalho ou da orientao vocacional ou profissional que se necessita proporcionar. Por certo que esta tarefa depender da realidade e possibilidades de cada Cl, mas no se deve esquecer que um Cl Pioneiro bem posicionado na comunidade local, tem maior capacidade de estabelecer alianas estratgicas com outras organizaes ou criar redes que lhe facilitem a tarefa. Por este motivo, ao falar dos projetos, se inclui como prioritrio o campo de ao do trabalho, em diferentes formas que analisaremos mais adiante. 11 Ver captulo 4

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Os meios de comunicao inuenciam para o bem ou para o malHoje os jovens crescem imersos em um mundo miditico e para a maioria deles este um tema essencial e fascinante. Este mundo contempla a televiso, a msica, o cinema, a publicidade, os jogos de computadores, internet, as novas geraes de telefones celulares. Estas mdias tendem a usar os jovens como usurios ativos e no como receptores passivos. Por sua vez, os jovens escolhem os diversos meios e reagem de maneira diferente a estas experincias, fazendo uso deles como entretenimento, busca de sensaes, formao de identidade ou identificao com a cultura juvenil. Diante da influncia dos diversos meios, o debate est polarizado: de um lado encontram-se os que culpam os meios de comunicao por todos os danos sociais; e do outro lado, aqueles que descartam por completo seus efeitos negativos como no verificveis. Enquanto o debate continua, nos pases ocidentais os adolescentes dedicam aproximadamente 8 horas dirias diante das mdias citadas, e a grande maioria deles possui telefone celular. Em que pese a internet ser uma ferramenta popular entre os jovens, muito importante para a democratizao da informao e para a prtica de habilidades sociais, aumenta a preocupao de que esta gigantesca rede virtual coloque os adolescentes em risco de explorao, sedentarismo, perda de contato com a natureza e isolamento social. Sem dvida alguma as mdias so uma poderosa fora na globalizao dos adolescentes. Mas em qualquer coisa em que se ocupe 8 horas dirias muito tempo. E a tendncia atual aumentar cada vez mais este tempo. Estas mdias esto ficando cada vez mais portteis: pode-se escutar msica enquanto caminha, corre ou anda de nibus. Este prprio Manual pode ser folheado, lido, copiado, analisado e discutido no dia seguinte a sua edio, em qualquer parte do mundo, sem a necessidade de que o leitor o adquira, ou que seja difundido pela sua Associao. Ainda, enquanto estvamos escrevendo, poderamos ter sido fotografados atravs do computador e nossa imagem pode aparecer de imediato no telefone celular de qualquer leitor. E mais ainda, se perdeu a capacidade do assombro, isto , nada mais ou quase nada mais nos assusta hoje em dia.

O que nos surpreende que este tema recebe to pouca ateno nos textos de psicologia e educao, considerando sobre tudo que medida que suas sociedades se desenvolvem, os jovens passam todos os dias mais tempo utilizando estas mdias, do que na escola, ou interagindo com sua famlia ou seus amigos. Quaisquer que sejam as derivaes do debate sobre o tema indiscutvel que o uso destas mdias pode ter tanto implicaes positivas como negativas para o desenvolvimento dos jovens. Por isto que os escotistas, especialmente no ramo Pioneiro, no podem esquecer este aspecto. importante estar atento o que produzindo nestas mdias e como so usadas pelos jovens, especialmente porque os produtores esto mais motivados pela ganncia do que pelo bem geral.

O enfoque na cultura refora a necessidade de denir nosso ClNa caracterizao que temos dado a adultez emergente nos pargrafos anteriores, o leitor poder perceber que se tem acentuado o enfoque nos fundamentos culturais do desenvolvimento mais do que em suas pautas psicolgicas universais. Ao compreender a diversidade cultural de usos, costumes e idias que influenciam os jovens, expandimos nossa concepo sobre a variedade de suas possibilidades de desenvolvimento. Isto obriga que nossos escotistas aprendam a pensar culturalmente, isto , aprendam a examinar os aspectos do desenvolvimento adolescente a partir de seus fundamentos culturais. A adolescncia, e especialmente a adultez emergente, uma construo cultural, no um puro fenmeno psicolgico e biolgico. Dizer isto significa que varivel a forma como as culturas definem o status adulto e o contedo das funes e responsabilidades adultas que os jovens aprendem a cumprir. E mesmo que parea um exagero, isto no ocorre somente de um pas para outro. Tambm de uma cidade para outra e entre vizinhos. Especialmente em pases com uma composio cultural que reconhece fontes diversas. Por isto quando falamos do papel dos Escotistas, dizemos que sua principal tarefa como organizadores consiste em desenhar o Cl, adaptando o modo de apresentao dos valores e da aplicao do mtodo escoteiro realidade cultural dos diferentes ambientes em que atuam os jovens. 11 Ver captulo 5

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A globalizao produz uma identidade bi culturalCom relao ao dito anteriormente, parece irnico que hoje se preste mais ateno s influncias culturais sobre a adultez emergente, em circunstncias que vivemos um momento em que se debilitam constantemente os limites que separavam as diversas culturas. At os lugares mais longnquos so arrastados inexoravelmente a uma cultura mundial comum, fazendo com que os adolescentes vivam em um mundo menor e mais homogneo. Como conseqncia, os jovens de todas as culturas experimentam ambientes cada vez mais parecidos. Crescem enquanto escutam a mesma msica, assistem ao mesmo filme, bebem os mesmos refrigerantes e usam as mesmas marcas de jeans. O atrativo de estar conectado a uma cultura global parece ser maior entre os adultos emergentes, mais capazes que as crianas de buscar informaes alm de suas fronteiras e menos comprometidos que os adultos com uma determinada forma de vida. Apesar destas reflexes, a globalizao no significa que a identidade cultural seja a mesma em todas as partes do mundo. O que parece, o padro cultural mais comum, como assinala Jeffrey Jensen Arnett, que a identidade dos jovens est passando a ser cada ver mais bi cultural, com uma identidade para a participao em sua cultura local e outra para a participao na cultura global.1 Tambm muitos jovens se mantm resistentes a globalizao ou esto na vanguarda em defesa de suas razes culturais. O importante no perder a perspectiva das vantagens e riscos, que ainda podem ser muitos num futuro prximo. Em qualquer caso, o rpido ritmo das mudanas culturais e da globalizao est determinando que os jovens se desenvolvam em uma cultura que muito diferente daquelas que seus pais cresceram o que apresenta tantas promessas e tantos problemas.1 Arnett, obra citada.

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VALORES Y MTODO SCOUT

Captulo 2

Valores para a vida dos jovensComo todos os sistemas educativos, o Movimento Escoteiro est baseado em um conjunto de convices relevantes. Em ateno a estas convices, o Movimento procura fazer com que os jovens as aceitem e as integrem em suas vidas. Estas convices permeiam toda a educao escoteira e tem suas razes na viso de homem, de sociedade e do mundo transmitidas pelo prprio Baden-Powell. Depois de cem anos de vida e aps serem experimentadas em diversas culturas, elas so enriquecidas e consolidadas, convertendo-se no sistema de valores escoteiro. Assim define a Declarao da Misso do Movimento Escoteiro, aprovada pela conferncia Escoteira Mundial:

Mediante um sistema de valores baseado em princpios espirituais, sociais e pessoais, que se expressam na Lei e na Promessa, nossa misso contribuir com a educao dos jovens para que participem na construo de um mundo melhor, onde as pessoas se desenvolvam plenamente e tenham um papel construtivo na sociedade.1Este aspecto central no processo da educao escoteira, pois a aceitao e vivncia dos valores fortalecem o governo tico da conduta e contribui para definir a personalidade, entendida como o singular e especfico modo de ser de cada pessoa. Sobre qualquer outra considerao, os resultados do Movimento devem ser medidos pela dignidade e profundidade dos valores que os jovens Pioneiros sejam capazes de viver.1 35 Conferncia Escoteira Mundial, Durban, frica do Sul, Julho de 1999

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Valores que se articulam em um marco coerenteQuando o organismo mximo da Organizao Mundial do Movimento Escoteiro expressa que nossa misso contribuir com a educao dos jovens para que participem na construo de um mundo melhor, onde as pessoas se desenvolvam plenamente assinalando tambm que isto se conquista mediante um sistema de valores baseado em princpios espirituais, sociais e pessoais, nos permite estabelecer certas dimenses que servem de marco referencial ao sistema dos valores escoteiros:

Conseguir o melhor de si mesmoCada pessoa uma promessa e para que esta se concretize deve esforar-se por conseguir o melhor de si mesmo. Por volta dos 21 anos, culminando com sua ltima etapa no Movimento, os jovens passam a ser mais independentes e tambm mais autnomos. Trata-se de usar progressivamente sua liberdade para assumir a si mesmo, discernir, decidir e enfrentar as conseqncias de suas decises e de seus atos. A conscincia de sua dignidade, a fidelidade palavra empenhada, a lealdade, a honestidade, o vigor, a coerncia, so alguns dos valores pessoais mais apreciados pelo Movimento e se espera que os jovens os incorporem em seu Projeto Pessoal.

Ser solidrio com os demaisA pessoa consegue o melhor de si mesmo quando utiliza sua liberdade para a prestao de servio e solidariedade para com os demais, integrando-se em sua comunidade local, nacional e internacional, sem prejuzos, racismos nem excluses sociais de qualquer tipo. O respeito pelos direitos dos demais, a defesa da democracia, a lealdade ao seu pas, a promoo da paz, a justia social, a superao da pobreza, a igualdade de direitos entre homens e mulheres, o apreo pela famlia, a integrao da sexualidade com o amor, o sentido do humor, da amabilidade, so parte essenciais dos valores sociais propostos aos jovens.

Desenvolvimento integral da pessoaReconhecendo a pluralidade da natureza humana, o Movimento Escoteiro se interessa no ser humano por completo, contribuindo para formar as diversas dimenses da personalidade dos jovens. Esta harmonia integradora compreende o desenvolvimento do corpo, o estmulo criatividade, a formao do carter, a orientao dos afetos, o sentimento com os outros e o encontro com Deus. Esta particularidade diferencia o Movimento Escoteiro de outras iniciativas educativas ou organizaes, geralmente focadas em um ou outro aspecto do desenvolvimento da pessoa, mas sem uma real ateno para o desenvolvimento integral. E este propsito no uma mera declarao, j que reflete nas reas de crescimento , nos objetivos educacionais e nas competncias que o mtodo prope aos jovens.

Construir um mundo melhorO Movimento Escoteiro, inspirado por seu fundador, cr que o ser humano est chamado a continuar e completar no mundo a obra criadora de Deus. Por isso seus valores sociais no s se relacionam com os outros, como tambm com o mundo que habitamos. O respeito pela integridade e preservao do mundo natural, o apreo pela cincia e pela tcnica, a capacidade de reaprender e reinventar, o gosto pelo belo e pela arte, a aspirao a excelncia, o trabalho bem feito, a independncia ante as coisas criadas, formam parte deste tipo de valores sociais que o Movimento deseja que os jovens interiorizem entre suas convices mais apreciadas.

Auto-educao permanenteO ser humano nunca para de entrar na vida, de renascer continuamente, pois sua existncia um processo de aprendizagem que nunca se encerra. Como desejamos que os jovens tenham um papel construtivo na sociedade, preciso que o desenvolvimento atingido durante o processo de formao escoteira se projete em um interesse permanente da pessoa por sua auto-educao e aperfeioamento. Isto particularmente mais importante depois dos 18 anos, quando os jovens estabilizam com certa coerncia lgica sua maneira de pensar e seus atos. Tambm a poca histrica de forte globalizao e relativismo que assistimos, uma vez que se a pessoa no renova ou atualiza sua adeso quelas convices que a identificam, corre o risco de seus valores se reduzirem a um conjunto simptico de lembranas afetivas ou anedticas.28

Estabelecer uma relao pessoal com DeusFrente profundidade do mistrio sobre nossa origem, natureza e destino, o Movimento convida aos jovens a transcender o mundo material e caminhar na busca de Deus, descobrindo-O em si mesmo, nas coisas criadas e nos demais Propomos que sejam fieis a sua f, dando testemunho dela atravs de sua conduta e vivendo-a em sua comunidade. Os convidamos a faz-lo com alegria, sem hostilidade para os que buscam ou vivem respostas diferentes diante de Deus, com abertura compreenso e ao dilogo com as opes religiosas dos demais.29

Os valores definem o perl do jovem adulto que egressa o Movimento EscoteiroOs valores escoteiros, que se articulam dentro do marco anteriormente assinalado, se apresentam como um perfil de sada dos jovens ao terminar sua participao no Ramo Pioneiro e se expressam em um texto que utiliza palavras com certa hierarquia. Este texto foi aprovado pela Conferencia Escoteira Interamericana como parte do projeto educativo do Movimento Escoteiro: 1

A Lei Escoteira anuncia o sistema de valores escoteirosA Lei Escoteira teve origem com a fundao do Movimento e resume o sistema de valores escoteiros. Desde o momento que um jovem ingressa no Ramo Escoteiro, por volta dos 11 anos, a Lei apresentada como um extrato da conduta esperada ( no Ramo Lobinho temos a lei do lobinho) . Sua fora est nesta dupla continuidade: pertencer histria do Movimento e a histria pessoal de cada jovem. Por causa da preciso e da simplicidade de suas palavras foi possvel manter a mesma Lei para os Ramos Escoteiro , Snior e Pioneiro , mesmo que o texto tenha sido pensado para o Ramo Escoteiro. Entre o perfil de sada e a Lei Escoteira existe uma estreita relao. Ambos expressam os mesmos conceitos. Enquanto o perfil proclama com maior desenvolvimento a futura conduta adulta, a Lei uma sinopse que anuncia o perfil de sada e ajuda a escolher e orientar o caminho para esta conduta. Tanto a Lei Escoteira como este perfil, uma proposio e no uma imposio. Uma proposio inteiramente positiva, no arbitrria, expressa em uma linguagem prpria para os adolescentes, desde a puberdade at a adultez emergente.

Desejamos que os jovens que tenham sido Escoteiros faam o seu melhor possvel para ser:Um homem ou uma mulher reto de carter, limpo de pensamento, autntico na forma de agir, leal, digno de confiana. Um homem ou uma mulher capaz de tomar suas prprias decises, respeitar o ser humano, a vida, e o trabalho honrado; alegre, e capaz de compartilhar sua alegria; leal ao seu pas, mas construtor da paz em harmonia com todos os povos. Um homem ou uma mulher lder a servio do prximo. Integrado ao desenvolvimento da sociedade, capaz de dirigir, de acatar leis, de participar, consciente de seus deveres sem descuidar de seus deveres. Forte de carter, criativo, esperanoso, solidrio, empreendedor. Um homem ou uma mulher amante da natureza, e capaz de respeitar sua integridade Guiado por valores espirituais

1 19 Conferncia Escoteira Interamericana, Cartagena das ndias, Colmbia, Setembro de 1995.

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lealA lealdade a persistncia da nossa f naquilo que realmente importa. viver dentro do reconhecimento do permanente, do durvel, do que vale a pena. a perpetuao sem o fim do combate contra o esquecimento ou a negao. a crena ativa na constncia de nossos valores. uma consagrao consciente e completa a causa do bem.

uma pessoa digna de confiana leal Serve aos demais Compartilha com todos amvel Protege a vida e a natureza Organiza-se e no faz nada pela metade Enfrenta a vida com alegria Cuida das coisas e valoriza o trabalho uma pessoa limpa em pensamentos, palavras e aes

No se trata de ser fiel a qualquer coisa: ser leal ao pior pior que renegar a ele. A lealdade depende dos valores a que se fiel. Por isto, lealdade ao mal uma pssima lealdade. A fidelidade a bobagens uma bobagem a mais. No se troca de amigo, como se troca de camisa, e seria to absurdo ser fiel a uma camisa como seria ridculo no ser fiel aos amigos. Somente na lealdade possvel para os Pioneiros terem um plano de vida, projetando seu compromisso presente com uma forma de vida futura.

Serve aos demaisAssim como a cada instante influenciamos os demais seres humanos, com a mesma freqncia nossa vida est sendo transformada pela presena de outros homens e mulheres. Vivemos numa inevitvel relao de mtua dependncia. Como em um contrato, podemos limitar essa relao em uma simples coexistncia pactuada, porm tambm podemos enriquec-la atravs do servio e da solidariedade, dando mais do que recebemos e recebendo mais do que damos. Para servir necessrio afastar o olhar de si mesmo, aprender a escutar, descobrir o outro, aceit-lo com respeito e desenvolver a sensibilidade de atender suas necessidades da melhor maneira que pudermos. A prtica permanente do servir nos transforma em pessoas solidrias, que tem aprendido a estar e sentir com os outros sendo um com eles. Todas as atividades do Ramo Pioneiro, desde o pequeno gesto da boa ao at os grandes projetos de servio e interveno social, so um chamado solidariedade, como expresso em seu lema: SERVIR!

uma pessoa digna de confianaUma pessoa digna de confiana quando seus atos e suas palavras so coerentes com o que pensa e sente. O homem e a mulher em quem se pode confiar dizem o que crem e crem no que dizem. a sinceridade, a franqueza, a autenticidade, a coerncia, a boa f. o inverso da hipocrisia, da mentira, das agendas secretas, da inconseqncia, da m f. Para ser digno de confiana preciso amar a verdade e ser fiel ao verdadeiro. no mentir ao outro nem a si mesmo. saber que mais vale uma tristeza autntica do que uma alegria falsa. Um verdadeiro Pioneiro, homem ou mulher, no pe sua honra no dinheiro, no nome, no sucesso ou no poder. Toda sua honra reside em que os demais confiam nele ou nela.

Compartilha com todosServir aos demais compartilhar com todos e perceber que somos as duas faces de uma mesma moeda. Como podemos servir aos demais sem compartilhar com eles? Por sua vez, como podemos compartilhar com os demais sem que este encontro se converta em servio e generosidade? Compartilhar implica desprendimento pessoal e abertura a outras formas de ver o mundo e viver a vida. Os jovens estando prximos de concluir seu processo de formao no Movimento Escoteiro so desafiados pela proposta Pioneira a vencer seus medos e a descobrir os outros e a si mesmo, passando por cima de qualquer tipo de excluso e prejuzos sociais.33

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amvelA amabilidade a capacidade de acolher o outro porque s lhe deseja o bem. A amabilidade com os humildes se aproxima da generosidade; com os desaventurados bondade, com os culpados pode ser indulgncia e compreenso. fora de paz, coragem sem violncia, valentia sensvel. o contrrio da guerra, da brutalidade, da agressividade. A amabilidade est unida a solidariedade e ao amor. Como se poderia servir aos demais e compartilhar com todos sem ser amvel? A amabilidade dever marcar os jovens Pioneiros em sua entrada na vida adulta. uma marca prpria daqueles que tenham sido escoteiros. Ser amvel de verdade, l de dentro, sem estratgias nem poses. Amabilidade um dom prprio, e que no pode ser fingida pelo desejo sedutor, interesse prprio ou busca de xito. Amabilidade transforma as pessoas porque uma disposio profunda da alma.

Organiza-se e no faz nada pela metadeCom freqncia consideramos a capacidade de organizao como um valor menor, ligado a ordem e presente nas pessoas muito especiais. Desta perspectiva, se toleram com excessiva condescendncia promessas que jamais se realizam, projetos incompletos e palavras que so somente palavras. Esta proposta do Movimento pretende superar esta conformidade medocre apelando para nossa capacidade de compromisso. Quando um Pioneiro se compromete temos como conseqncia: cumpre o prometido, porque digno de confiana, completa o que comea porque valoriza o trabalho. Quem se compromete organiza seu tempo para atingir o objetivo a que se props, respeita a necessidade dos outros, cumpre suas tarefas e olha para frente. Faz porque havia dito que faria, sem vangloriar-se por ter concludo uma tarefa que havia se comprometido a assumir.

Protege a vida e a naturezaA vida um fenmeno extraordinrio, surpreendente e nico. A vida o espao e o tempo dos nossos sonhos, esperanas, paixes, esforos e conquistas. A vida o comeo de nossa histria e nossa histria o encontro com a vida. A vida faz o ser humano e o ser humano chamado a respeitar a vida. Respeitar e proteger a vida prover o ser humano, homem e mulher, criana, jovem, adulto ou idoso, sem importar-se com a origem, raa, credo, pensamento poltico ou condio social, reconhecendo-os possuidores de uma dignidade intrnseca e de direitos inalienveis que permitam a todos os membros da famlia humana viver em liberdade, justia e paz e em um ambiente natural preservado e protegido. O respeito a esta convico um sinal fundamental que permite reconhecer e distinguir um jovem Pioneiro egresso do Movimento Escoteiro.

Enfrenta a vida com alegriaBaden-Powell recomendava ver o lado luminoso das coisas e no o sombrio. Talvez tenha dito isto porque a alegria a expresso da felicidade e o fundador do escotismo considerava que o verdadeiro xito a felicidade. Quem sabe, por isto mesmo, a vida com alegria tem sabor de triunfo e transmite a sensao de que se est extraindo o suco da existncia. A alegria no comicidade passageira, uma atitude permanente. No rir de qualquer coisa, isto seria gargalhada vazia, humor vo. Alegria no rir dos outros, isto sarcasmo, chacota, ironia, que destroem e no constroem. importante rir com os demais e no dos demais. A alegria de viver no impede a responsabilidade nem a seriedade, porm, a seriedade no deve confundir-se com gravidade. A pessoa alegre nunca se considera demasiadamente importante, porque no teme rir de seus prprios erros.

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Cuida das coisas e valoriza o trabalhoA mudana, o progresso, e o desenvolvimento passam pelo pensamento, corao e pelas mos de milhares de homens e mulheres. Nada seria possvel sem o trabalho e o esforo humano. o trabalho que tem permitido curar enfermidades, erguer cidades, comunicarmo-nos de diversas maneiras, conhecermos o mundo e o espao, industrializar os processos de produo, criar riquezas. Em suma, pelo trabalho realizamos nossos sonhos, melhoramos nossa qualidade de vida e nos integramos de maneira til ao mundo. Porque valorizam o ser humano e respeitam os sacrifcios e sonhos de milhares de homens e mulheres que se esforam dia a dia, os jovens Pioneiros valorizam o trabalho e cuidam das obras que so produtos destes esforos

Atitude mais crtica e assimilao mais profundaAt os 11 anos de idade a moral convencional. A criana adapta seu comportamento ao rol que corresponde s expectativas de seus pais ou ao grupo social, segundo percebe como conduta prpria de um bom menino ou uma boa menina. Iniciado na adolescncia, medida que se desenvolve o pensamento formal e a conscincia moral, a criana adere progressivamente etapa da autonomia tica e comea a julgar por si mesmo seus prprios atos e dos demais. Na adolescncia mdia, aproximadamente entre os 15 e os 17 anos, o jovem acessa os conceitos de valores universais, tais como justia, reciprocidade, igualdade e dignidade. Os valores se conectam a um ideal social mais do que se percebe na realidade da sociedade, o que gera os questionamentos prprios desta faixa etria. o comeo do acesso progressivo ao conceito adulto da lei, porm subsiste a tendncia de ver as situaes e os problemas em termos polarizados: um ato correto ou equivocado, sem pontos intermedirios; uma afirmao verdadeira ou falsa, independente dos matizes ou da situao a que se aplica (pensamento dualista). Como j analisamos, na adolescncia tardia, entre 17 e 21 anos ou mais, o jovem no somente capaz de raciocinar logicamente, como tambm tem uma conscincia crescente de que os problemas no tm uma soluo nica e que dois pontos de vista contrrios tm seus respectivos mritos (pensamento dialtico). Ao mesmo tempo, tem desenvolvido sua capacidade para avaliar a preciso e coerncia lgica de provas e argumentos (juzo reflexivo).

uma pessoa limpa em pensamentos, palavras e aesEsta ltima proposta da Lei Escoteira, que Baden-Powell agregou ao seu texto original posteriormente, se refere a integridade e a pureza e no pretende agregar nada novo aos anteriores. Somente tem por objetivo ajudar a cada jovem para que persiga a retido de esprito que tenha acordado e viver todas as outras propostas. Algo puro quando se encontra livre de toda e qualquer coisa que possa alterar sua natureza. Assim, a pureza entendida como retido de corao ou retido de conscincia, se ope a tudo aquilo que fazemos de m vontade ou com outras intenes, a toda sordidez com que um pode contaminar, profanar ou corromper o sentido do que se pensa e faz. impuro dizer a verdade somente quando nos convm simular a lealdade, utilizar os outros fazendo de conta que est servindo-os, compartilhar somente com aqueles com quem podemos obter algum proveito, amar o outro como se fora um objeto, disfarar a mentira com humor, fazer as coisas por cumprir. Por isto, esta ltima proposta convida a examinar-se, a planejar-se constantemente a respeito de quanta integridade existe no que pensamos, dizemos e fazemos. Eis uma pergunta crucial que nos confronta com o sentido profundo do nosso compromisso: os valores que persigo, so o que parecem ser?36

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Estas novas formas de pensar, prprias do adulto que emerge, proporcionam aos adolescentes uma capacidade maior para desenvolver seu pensamento crtico, o que implica analisar a informao, avaliar as condutas, fazer juzo sobre significados, cotejar posies, avaliar coerncias e ter uma opinio pessoal sobre o que vlido ou no No final da adolescncia, e junto com o desenvolvimento de seu pensamento crtico, a maioria dos jovens alcana uma etapa em que se comprometem com certos pontos de vista que consideram mais vlidos, e tambm se mantm abertos a reavaliar suas opinies se aparecerem novas evidncias. Recordemos que estes processos no transcorrem da mesma forma para todos os jovens de uma mesma faixa etria. Com certeza que dependem da maturidade fsica e psicolgica, porm tambm influenciam as diferenas individuais entre pessoas que marcam tempos e intensidades diferentes. Tambm, certo que as realidades culturais em que se vive, determinam quais valores devem ser apreciados de distintas formas. Este processo no s afeta ao que poderamos chamar de operaes cognitivas como tambm a elaborao e aceitao das normas pessoais da vida. o momento apropriado para que conjuntamente com o pensamento crtico se desenvolva a conscincia tica com base em valores pessoalmente aceitos. um processo paralelo que forma o governo moral da conduta. Por isto dizemos que os valores sero julgados com maior esprito crtico, o compromisso adotado ser mais profundo que os assumidos nas etapas anteriores da adolescncia.

O movimento escoteiro oferece um marco simblico para as distintas etapas de crescimento prprio do Movimento Escoteiro oferecer aos jovens diversas vises simblicas, que vo substituindo umas s outras nos diferentes Ramos para ajustarse s diferentes faixas etrias. Estas representaes da realidade, que chamamos de marcos simblicos e que caracterizam cada Ramo, oferecem aos jovens uma motivao apropriada ao seu processo de amadurecimento e acompanham seu crescimento desde a etapa do pensamento imaginrio e a moral convencional at a idade do pensamento crtico, a conscincia tica e o compromisso.

bos O povo livre dos loAtravs de contos e representaes, Lobinhos e Lobinhas se familiarizam com as dezenas de histrias do Livro do Jngal, a centenria fbula de Rudyard Kipling. O processo de aquisio de hbitos e valores se refora mediante o contraste entre dois povos que representam estilos muito diferentes e formas de ser, que simbolizam atitudes que nos assediam continuamente na vida e diante das quais devemos optar. A alcatia de Seeonee uma sociedade reconhecida na selva por sua capacidade de organizao. Em oposio aos Bandar-logs, o povo sem lei dos macacos, os lobos tem uma sociedade baseada no pertencimento a uma Alcatia e no cumprimento da lei, o que faz deles um povo respeitado pelos demais. Sem ordem, sem solidariedade, sem metas claras e sem constncia para chegar at suas metas no se pode ser livre: Assim so os Bandar-logs. E ser Bandar-log coisa muito diferente, viver sempre com a cabea no ar, e desde os galhos das rvores criticarem sem participar, fazer barulho, tecer intrigas, porm nunca pisar em terra firme, jamais assumir responsabilidades. No tem como errar, melhor ser como o povo livre dos lobos que tem uma lei.

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Explorar novos territrios co m um grupo de amigosEntre 11 e 15 anos, o marco simblico proposto para os Escoteiros guarda uma estreita relao com o dinamismo que eles experimentam e expressam atravs de suas atividades espontneas: conhecer o mundo (explorar), apropriar-se de novos espaos (novos territrios) e vincular-se cada vez mais com seu grupo de pares (com um grupo de amigos). A expresso explorar novos territrios com um grupo de amigos um ambiente de referncia que refora a vida em comum na patrulha e na Seo Escoteira, contribuindo para dar coerncia a tudo o que se faz. Este ambiente permite apresentar os valores de maneira atrativa, incentiva a imaginao, desenvolve a sensibilidade, refora o pertencimento, marca um mesmo propsito e motiva e d importncia conquista de objetivos pessoais.

O Marco simblico dos Pioneiros: Tenho um projeto para minha vidaO conceito Superar seus prprios Desafios, smbolo dos Seniores, passa a ser mais pessoal e desafiante no Ramo Pioneiro. Assim como o jovem e a jovem transcorrem desde a busca e descobrimento da identidade pessoal at a ocupao de um espao na sociedade, a continuidade do smbolo vai da superao de desafios construo de um projeto para a vida.

Tenho um projeto para minha vida, expresso simblica que o mtodo prope aos Pioneiros, coincide com a proposta do fundador do escotismo para os jovens desta idade: toma tua prpria canoa e rema. J no se trata de viver uma aventura que em parte individual e parte em equipe. Mais ou menos prximo de definir sua identidade pessoal, agora o tempo em que o jovem dever comear paralelamente a definir um propsito para sua vida. E a equipe que est presente, porm de um modo diferente, pode ajudar muito nesta tarefa. No entanto, a responsabilidade individual. Ningum poder viver pelo jovem a vida que ele ou ela comearo a viver a partir desta etapa.Ento, tem que ter um projeto para a vida. A expresso no puramente simblica: na prtica, a grande tarefa dos Pioneiros no Cl a construo, desenvolvimento, avaliao e reformulao contnua, por escrito, de um Projeto Pessoal. Como neste Ramo no existe objetivos intermedirios, os jovens devem desenhar os objetivos de seu Projeto Pessoal a partir dos objetivos finais do processo educativo escoteiro. A diferena que desta vez eles e elas devero faz-lo por si mesmos e de acordo com estes dois componentes: a proposta de valores contida nos objetivos finais e aquilo que decidiram ser.

rprios Superar seus p DesafiosNa faixa etria do Ramo Snior o jovem se depara com o desafio de buscar a formao da identidade pessoal. J no se trata apenas de descobrir o mundo, mas tambm de identificar o espao que se ocupar neste mundo. A explorao muda de propsito: no basta andar por a vendo como fazem o mundo, tem que se preparar para faz-lo. chegada a hora Superar seus prprios Desafios .

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No se espera que nesta etapa Pioneira um jovem desenhe completamente o que ser seu projeto durante sua vida adulta. O que se espera que se acostume com o exerccio de se propor um futuro e comear a caminhar em direo a ele. O amadurecimento prprio desta idade e a experincia no cumprimento progressivo do Projeto iro determinar suas mudanas, que sem dvida sero muitas. De fato, em sua etapa Pioneira, os jovens reformulam vrias vezes seu Projeto Pessoal, j que to importante quanto o Projeto o processo, isto , a aprendizagem e interiorizao da idia de ter sempre uma viso de si, de saber quanto se est avanando no caminho de ser o que se quer ser. No Ramo Pioneiro onde mais se unificam o smbolo e a vida de todos os dias. O Projeto Pessoal motiva o jovem para ter uma perspectiva de futuro, para que direcione seu olhar alm dos acontecimentos que se avizinham em sua vida. O Projeto Pessoal provoca o interesse no futuro, e o mostra possvel, o que gera certa tenso entre realidade atual e futuro. Esta tenso motiva os jovens para atuarem em prol do que desejam. Instalada esta tenso criativa, diminui fortemente a necessidade de empurr-los ou apar-los. Basta acompanh-los para que o interesse no diminua.1 No se espera que esta prtica de formular por escrito seu Projeto, o jovem a mantenha na sua vida adulta. No cremos que algum adulto o faa, nem sequer os que consideram que melhor atingiram seus Projetos Pessoais. somente uma estratgia educativa que promove que os jovens antecipem o futuro desejado para si mesmos, e vejam que possvel alcan-lo mediante a execuo de um Projeto Pessoal. Alm de ser um smbolo, uma forma de refletir que coincide com a tendncia da adultez emergente, em que os jovens sentem que todas as possibilidades esto abertas para eles. Entre todas estas possibilidades necessita fazer escolhas, pois todas no so possveis. E para alcanar o futuro escolhido tem que adquirir certa disciplina pessoal. Isto se busca com o Projeto Pessoal.

Um caminho simblico marca o avano dos jovensQuatros momentos simblicos marcam o transcurso de um jovem ou de uma jovem pelo Cl Pioneiro: A passagem,a Promessa , a Investidura e a Partida. Todos eles esto relacionados com o Projeto Pessoal.

A Passagem determinada pelo momento do ingresso de um jovem no Cl Pioneiro. A Passagem necessita um momento simblico especial que destaque o fato de se passar da vivencia da Superao de Desafios construo de um projeto pessoal para a vida. A Superao de Desafios se converte em projeto. A celebrao que se realiza deve contribuir para que se tome conscincia de que chegou a hora de tomar sua prpria canoa e remar. O contedo da cerimnia variar de um Grupo para outro, mas o sentido deve ser sempre o mesmo. O distintivo do Ramo Pioneiro entregue ao final do perodo introdutrio, como se detalha no captulo 6.

1 Um maior desenvolvimento do conceito pode ser visto no captulo 5 deste Manual.

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O compromisso est representado pela formulao da Promessa Escoteira ou sua renovao, o que depender se o jovem j formulou sua promessa anteriormente ou no. Em qualquer caso, esta responsabilidade se adota nesta idade de uma maneira mais reflexiva, prpria da forma de pensar dos jovens na adultez emergente, mas seu contedo e suas palavras so as mesmas empregadas nos ramos anteriores

O servio ao seu pas que o jovem promete um ato de reconhecimento de sua identidade com a terra que o viu nascer e com sua herana cultural. mais que uma simples declarao de nacionalidade. uma manifestao de orgulho no agressivo que vai desde o compromisso com a proteo de seu meio ambiente at o afeto pela cultura que faz parte de sua identidade. Como ao pas o integra tambm um povo, a Promessa se estende ao trabalho pela paz. Compromisso com a justia como fundamento da paz, com a defesa dos direitos dos que mais sofrem, dos pobres, dos marginalizados, dos segregados. Servir o pas trabalhando pela paz significa tambm abrir-se s realidades internacionais, valorizar a diversidade, compreender as outras culturas e superar os prejuzos racistas ou nacionalistas. A Promessa se refere tambm a vivncia da Lei Escoteira. Viver a Lei Escoteira no recit-la sem erros; nem cumpri-la como se fosse uma lei de trnsito. Viver a Lei Escoteira integr-la as nossas convices e nossa forma de ser como se fosse parte da nossa corrente sangunea. Se os valores se encarnam desta maneira, a Lei se refletir em nossa personalidade e em todos nossos atos, de maneira natural, sem necessidade de mortificar-se ou aparentar. A promessa para toda a vida adulta, no s para esta etapa. Por isto costumamos dizer que uma vez escoteiro, sempre escoteiro.

Pela minha honra fazer o melhor possvel para: Cumprir meus deveres para com Deus e a Ptria; Ajudar o prximo em toda e qualquer ocasio; E obedecer a Lei Escoteira

A Promessa feita quando o jovem o solicita. O nico requisito que esta solicitao acontea aps o Pioneiro cumprir os itens do Perodo Introdutrio. Normalmente a Promessa feita junto com a Cerimnia de Integrao , caso isto no acontea por deciso do Pioneiro os Escotistas devero atuar para que ele faa sua promessa em perodo futuro, que recomenda-se que no seja superior a dois meses. A cerimnia de Promessa, como todas as cerimnias escoteiras, simples e solene. O jovem tem uma participao ativa em determinar a forma, o lugar e o momento em que ela acontecer.

A Promessa um ato voluntrio assumido para si mesmo, para os demais e para Deus. um oferecimento e no um juramento. Atravs do Promessa se adere a um modo de ser. No se renega de nada nem se faz um voto de carter militar ou religioso. A presena de Deus na Promessa parte da relao pessoal que cada jovem estabelece com Ele. Invocando a Deus como testemunho um jovem d valor a sua Promessa e se prope a intensificar sua amizade com Ele.

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A Partida simboliza o momento em que um jovem deixa o Cl e demonstra estar preparado para seguir s seu caminho pelo mundo adulto. determinada pela presena de vrios fatores que provvel que aconteam conjuntamente, alguns mensurveis outros apenas observveis: Ter aproximadamente 21 anos. Demonstra em sua conduta que tenha interiorizado a preocupao por seu Projeto Pessoal e est no caminho para alcan-lo em termos que tornem possvel sua obteno, quer seja com referncia ao estudo, ao trabalho ou a vida afetiva. As atividades que desenvolve no campo em que atua lhe exigem dedicao e tempo, o que torna cada vez mais difcil sua participao no Cl. Tem manifestado ou insinuado o interesse por partir.

Como se poder apreciar pela natureza dos fatores mencionados, todos eles concorrem a perfilar um certo nvel de maturidade, pois no h uma regra fixa que determine com exatido o momento da Partida. So os escotistas, com seu bom senso que devem avaliar a forma com que estes fatores interagem a respeito de um jovem ou uma jovem em particular. A idade um elemento importante, mas no determinante. Como analisamos, a adultez emergente pode prolongar-se bastante alm dos 21 anos. No entanto, o Movimento no est preparado para dar respostas a todas as necessidades que determina esse prolongamento, por isto h um limite para que o jovem atue no Movimento que de 21 anos. Geralmente, a Partida ser individual. No entanto, por diferentes circunstncias impossveis de se prever em um livro como este, no se poderia negar a possibilidade de que partam ao mesmo tempo todos os membros de uma equipe ou vrios deles. Muitos Cls costumam simbolizar a Partida com a entrega ao jovem de uma lembrana valiosa que pode permanecer com ele a maior parte de seu tempo. Pode ser um cordo, um anel, uma pulseira, um distintivo ou outro elemento discreto e de bom gosto. Em alguns casos pode estar gravado com seu nome. O importante que permanea o mais prximo a ele como um chamado: Meu Compromisso para a vida, porque uma vez escoteiro, sempre escoteiro. Como todas as cerimnias escoteiras, a Partida solene e simples. Para o jovem ser a ltima e a guardar sempre em sua lembrana.

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O caminho simblico e o conjunto da progresso Pioneira

A Misso do Movimento se alcana aplicando o mtodo escoteiro

No Ramo Pioneiro seguem vigentes o lema e a boa aoO caminho simblico dos Pioneiros se complementa com o lema e a boa ao, que esto presentes em todos Ramos. Como sempre, para momentos importantes: o incio de um projeto, o final de uma avaliao, o incio de um dia, o trmino de um acampamento. Dizemos que mediante um sistema de valores baseado em princpios espirituais, sociais e pessoais, a Misso do Movimento Escoteiro, segundo declarou a Conferncia Escoteira Mundial, consiste em contribuir com a educao dos jovens para que participem da construo de um mundo, onde as pessoas se desenvolvam plenamente e desempenhem um papel construtivo na sociedade. Acrescenta a declarao da Conferncia Escoteira Mundial, que esta misso se cumpre aplicando o mtodo escoteiro, que conduz o jovem como principal agente de seu desenvolvimento, de maneira que chegue a ser uma pessoa autnoma, solidria, responsvel e comprometida. 1

O lema dos Pioneiros um grito de identidade, que lembra um elemento essencial de seu compromisso:

A boa ao, que os escoteiros so convidados a fazer todos os dias, no perde sua vigncia nesta idade. Pode ser que os pequenos servios no sejam muito significativos para resolver problemas complexos, mas tanto em sua etapa Pioneira, como em sua vida adulta, serviro para manter nos jovens uma disposio permanente para com os demais, at converter-se em uma parte de sua identidade.48 8

1 35 Conferncia Escoteira Mundial, Durban, frica do Sul, Julho de 1999.

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A aplicao do mtodo escoteiro cria um clima educativoO mtodo escoteiro um sistema de auto-educao progressiva, complementar da famlia e da escola, que se baseia na interao de diversos componentes articulados entre si, vrios dos quais procedem do sistema dos valores escoteiros. O Mtodo Escoteiro, com aplicao eficazmente planejada e sistematicamente avaliada nos diversos nveis do Movimento, caracteriza-se pelo conjunto dos seguintes pontos: a) Aceitao da Promessa e da Lei Escoteira: Todos os membros assumem, voluntariamente, um compromisso de vivncia da Promessa e da Lei Escoteira. b) Aprender fazendo: Educando pela ao, o Escotismo valoriza: - o aprendizado pela prtica; - o treinamento para a autonomia, baseado na autoconfiana e iniciativa; - os hbitos de observao, induo e deduo. c) Vida em equipe, denominada nas Tropas Sistema de Patrulhas, incluindo: - a descoberta e a aceitao progressiva de responsabilidade; - a disciplina assumida voluntariamente; - a capacidade tanto para cooperar como para liderar.

d) Atividades progressivas, atraentes e variadas, compreendendo: - jogos; - habilidade e tcnicas teis, estimuladas por um sistema de distintivos; - vida ao ar livre e em contato com a Natureza; - interao com a Comunidade; - mstica e ambiente fraterno. e) Desenvolvimento pessoal com orientao individual considerando: - a realidade e o ponto de vista dos jovens; - a confiana nas potencialidades de cada jovem; - o exemplo pessoal do adulto; - Sees com nmero limitado de jovens e faixa etria prpria. A aplicao parcial de um ou vrios destes componentes produz resultados educativos que no so desprezveis, mas a plena eficcia do mtodo escoteiro s atingida mediante a aplicao articulada de todos estes componentes. S assim se cria progressivamente uma atmosfera que chamamos de vida de grupo ou clima educativo. A interao de tudo o que ocorre no Cl Pioneiro, como resultado da aplicao articulada do mtodo escoteiro, produz um clima educativo: o apoio que um jovem recebe de sua equipe, a excelncia da tarefa realizada pelo grupo de trabalho, a atitude acolhedora dos escotistas, o atrativo dos projetos comuns que se realizam, o desafio que representa os Projetos Pessoais, o compromisso com a Lei e a Promessa, o sentido de propsito que aporta o marco simblico, a atrao para a vida ao ar livre, a satisfao obtida atravs do servio aos demais, a aventura e o descobrimento que proporcionam as grandes viagens, as experincias adquiridas nos primeiros trabalhos conectados atravs do Cl, a participao e os mecanismos democrticos utilizados para as tomadas de decises, o significado das celebraes, dos jogos, das canes, enfim, todas as experincias que se vivem e compartilham. O clima educativo um contexto grupal que gera e promove estmulos contnuos que facilitam a atividade educativa. Estes estmulos provem das atividades, dos processos, dos estilos e dos atores envolvidos. Em um clima educativo as possibilidades se ampliam ao mximo e as presses se minimizam, gerando uma espcie de educabilidade inevitvel, que desenvolve nos jovens sua capacidade de mudar e adquirir novas condutas. um ambiente em que tudo se converte em agente educativo e a relao educativa se estabelece entre todos: entre os jovens, entre os escotistas e os jovens, entre os prprios escotistas, e entre o Cl e seu entorno familiar e social. Do ponto de vista cognitivo, o clima educativo permite que o Cl Pioneiro se estruture em uma trama de comportamentos e dilogos que facilitem o aprendizado. Da perspectiva tica, desenvolve a conscincia moral e facilita a formao de uma escala pessoal de valores. A particularidade que aporta o clima educativo consiste em que os jovens aprendem e formam seus valores sendo parte de um processo que efetivamente est ocorrendo e que tem a eles como protagonistas. Imersos nesta atmosfera, os jovens assimilam a aprendizagem e vivem os valores. O conhecimento e a conscincia se ampliam sem a necessidade de formalizar isto. muito mais que uma adeso intelectual ou afetiva. um estilo de vida que se incorpora, isto , que passa para o corpo, marcando o modo de ser de cada jovem.

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O clima educativo tambm importante na viso dos jovens. Esta atmosfera tem tal fora que quem ingressa no Cl Pioneiro percebe que est situado num local diferente do qual vale a pena fazer parte. Esta percepo essencial para a permanncia dos jovens e para seu compromisso com seu Projeto Pessoal. A existncia deste clima desenvolve nos jovens identificaes poderosas e nunca passar por suas mentes a idia de abandonar o Cl antes do momento certo. Este um dos aportes mais valiosos do mtodo escoteiro para a educao dos jovens e a educao de um modo geral.

Primeiro, as pessoas: os jovens, os escotistas e a qualidade da relao entre elesNo vrtice superior do desenho ficam os jovens; e na inferior, em uma linha de mtua relao com estes, esto os escotistas.

O clima educativo depende da aplicao articulada de todos os componentes do mtodo escoteiro freqente que os componentes do mtodo escoteiro sejam analisados de maneira isolada, sem destacar o resultado que produz quando se aplicam relacionados uns com os outros. No grfico abaixo, no qual se observam os componentes do mtodo escoteiro como um todo, se representa a forma em que a interao entre eles gera um clima educativo

Isto representa: A importncia que o mtodo escoteiro outorga aos interesses e necessidades dos jovens, representada nesta idade pela conquista de seus Projetos Pessoais. A presena estimulante dos escotistas adultos ou jovens adultos maiores de 25 anos que aparecem na parte inferior, significando desta maneira sua atitude de sustentao dos projetos dos jovens. O aporte que os jovens proporcionam ao clima educativo quer seja individualmente ou atravs de suas equipes e grupos de trabalhos; como tambm os estmulos que recebem do clima educativo existente. A relao interativa, de colaborao educativa e aprendizagem mtua, existente entre jovens e entre jovens e escotistas.

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Segundo, o que as pessoas querem conquistar: o Projeto Pessoal e as atividades e projetos que contribuem para suas conquistas

Terceiro, a forma de como queiram conquistar: os demais componentes do mtodo escoteiro

Nos vrtices laterais ficam de um lado as atividades e projetos comuns e no outro o Projeto Pessoal de cada jovem, em uma linha de relao que vai das atividades e projetos at Projetos Pessoais. Isto significa: Que de acordo com o princpio de aprendizagem pela ao, tudo se realiza mediante atividades e projetos, quer sejam individuais, por equipes de Interesses ou com o Cl, fora ou dentro dele. Que os jovens constroem um Projeto Pessoal que define os objetivos que cada um se prope, de acordo aos objetivos finais e suas expectativas, como tambm os projetos e atividades em que se prope participar. Que as atividades e projetos suscitam nos jovens experincias pessoais, cuja seqncia progressiva e paulatina, com a participao mediadora de seus amigos e dos escotistas, contribui para a conquista de competncias e de seu Projeto Pessoal. No interior do desenho em um crculo em contnuo movimento e relao, ficam os outros componentes do mtodo escoteiro: A Lei Escoteira, que expressa os valores que guiam o Movimento Escoteiro. E o Compromisso, que manifesta a vontade dos jovens de viver conforme estes valores. O marco simblico, representado no Cl Pioneiro pelo convite para atingir um Projeto Pessoal e pelo caminho simblico que vai da Passagem at a Partida. O sistema de equipes, que organiza o dinamismo do grupo informal em apoio ao Projeto Pessoal de seus membros e que permite ao cl

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e as equipes de interesse para desenvolver os projetos comuns. A vida de servio, que neste Ramo constitui um campo de ao prioritrio onde os jovens devem desenvolver um projeto relevante. A vida na natureza, que um dos quatro campos prioritrios que so apresentados neste ramo para o desenvolvimento de projetos. O jogo, presente em todas as idades da adolescncia e inclusive na vida adulta e que permite aos jovens o conhecimento de suas aptides, facilita sua integrao com os demais e motiva seu interesse por explorar, aventurar e descobrir.

No Ramo Pioneiro os componentes do mtodo escoteiro apresentam particularidades especiais

Um resultado nal: o clima educativoOs componentes do mtodo escoteiro, que esto presentes em todos os Ramos do Movimento, oferecem na etapa Pioneira algumas particularidades que se ajustam a faixa etria dos jovens.

Componente do mtodoSistema progressivo de objetivos, competncias e atividadesO mtodo apresenta aos jovens uma proposta de objetivos educativos e competncias apropriados idade e aos valores escoteiros, onde eles modificam, complementam e ajustam s suas expectativas e necessidades, construindo desta maneira seus objetivos pessoais de crescimento. Mediante atividades, que so indicadores de conquista das competncias obtm experincias que contribuem para a conquista destas competncias.

Particularidade Pioneira Cada jovem constri um Projeto Pessoal, que contem seus objetivos e as atividades e projetos que deseja realizar durante um perodo. medida que avaliado, o Projeto Pessoal experimenta mudanas, at que cada jovem interiorize o hbito de ter um projeto para seu futuro

Quando todos os componentes do mtodo interagem na forma representada no grfico, se gera e se mantm o clima educativo que estamos analisando.

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Componente do mtodoAprendizagem pela aoComo resultado de um programa centrado na ao, os jovens aprendem por si mesmos, atravs da observao, descobrimento, elaborao, inovao e experimentao. Isto permite passar da passividade receptiva de algum considerado com destinatrio, criatividade de quem colocado em situao de realizar algo. Desta perspectiva, o conhecimento e as habilidades adquiridas se intensificam e consolidam, as regras novas substituem as regras impostas e a disciplina interior substitui a disciplina exterior.

Particularidade Pioneira Ao se ampliar a projeo do jovem no mundo, as atividades variveis e externas se incrementam em detrimento s atividades fixas e internas. Ao inserir progressivamente o jovem na complexidade social, os projetos passam a ser mais freqentes e na sua grande maioria as atividades esto integradas em projetos ou tem direta relao com eles. As atividades isoladas se resumem as atividades fixas ou as tarefas individuais dentro de um projeto comum. Por ser o ltimo Ramo que o Movimento Escoteiro oferece aos jovens, o mtodo assegura que o jovem no saia sem ter experimentado um projeto relevante prprio do estilo escoteiro e coincidente com as necessidades da faixa etria. Por isto que cada jovem deve participar de um projeto significativo, de livre escolha e formato e deve elaborar e executar um projeto de Relevncia Social

Componente do mtodoAdeso Promessa e LeiA lei escoteira uma proposta positiva que resume o sistema de valores do Movimento e que se oferece aos jovens como um cdigo de conduta que oriente sua vida. Pela Promessa Escoteira um jovem aceita livremente, diante de si mesmo e dos demais, fazer tudo o que dele depender para amar Deus, servir seu pas, trabalhar pela paz e viver a Lei Escoteira.

Particularidade Pioneira Na idade do juzo reflexivo e do pensamento crtico, os jovens Pioneiros so convidados a considerar mais profundamente o contedo da Lei. a oportunidade para confrontar-se como perfil de sada proposto projeto educativo do Movimento. Como resultado desta confrontao e mais prximo da maturidade, tambm o momento de formular pela primeira vez ou renovar a Promessa Escoteira de forma mais reflexiva.

Componente do mtodoMarco Simblico

Particularidade PioneiraSuperar seus prprios Desafios, expresso simblica que no Ramo Snior motivo os jovens busca de sua identidade, acontece agora de forma mais pessoal e desafiante. Nesta idade se procura encontrar um espao na sociedade, para que a proposio simblica se manifeste com a expresso tenho um projeto para minha vida. Isto no puramente simblico, j que na prtica a grande tarefa dos Pioneiros a formulao, por escrito, de um Projeto Pessoal, o que determina que os Pioneiros sejam os jovens escoteiros que mais unificam o simbolismo com a vida do dia a dia.

Componente do mtodoPresena estimulante do adultoO escotista, educador, adulto voluntrio, permanecendo plenamente adulto, se incorpora ao dinamismo juvenil, d testemunho dos valores do Movimento, contribui para articular o programa, sustenta o projeto dos jovens e os ajuda na descoberta de pontos que para eles permaneceriam ocultos.

Particularidade PioneiraNo Cl Pioneiro se requer duas caractersticas especiais dos escotistas: Ser adulto; ou um jovem adulto maior de 35 anos, que se certifique que j tenha superado as ltimas etapas da adolescncia, para ser o chefe de seo e acima dos 21 anos para ser assistente. Alm de ser responsvel por funes do tipo organizativas, deve desenvolver habilidades pessoais para servir de conselheiro, tutor ou assessor, o que constitui sua principal tarefa.

Lei e Promessa se reforam com um marco simblico que contribui para dar uma imagem visvel ao significado que tem os valores assumidos. Esta viso simblica varia em cada Ramo para ajustar-se s diferentes faixas etrias. Ela estimula a imaginao, adere em torno dos valores compartilhados, d sentido de pertencimento a um grupo de iguais e brinda paradigmas que se oferecem como modelos a imitar.

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Componente do mtodoAprendizagem pelo servioNo cerco de Mafeking, durante a guerra dos Boers, crianas e jovens colaboraram com Baden-Powell em diferentes servios, obtendo xitos memorveis. Esta experincia determinou que o compromisso com os demais est entre os valores mais apreciados dos escoteiros e que o servio tenha sido empregado pelo seu mtodo como uma ferramenta educativa privilegiada. Alm de resolver um problema ou aliviar uma dor, o servio uma forma de explorar a realidade, de conhecer a si mesmo, de descobrir outras dimenses culturais, de aprender a respeitar os outros, de experimentar a aceitao e o reconhecimento do meio social, de construir uma auto-imagem positiva e de estimular a iniciativa para mudar e melhorar a vida em comum.

Particularidade Pioneira A importncia que o servio tem como campo de ao, tanto no mtodo como no estilo escoteiro, determina que neste Ramo se atribua o carter de campo de ao prioritrio. Os campos prioritrios so quatro: Comunitrio, natureza, viagem e profissional. Antes de sua Partida, os jovens devem participar de projetos em um destes campos. Caso se tratar de um projeto individual, o prprio jovem escolher o campo prioritrio. Se for um projeto comum, este campo dever ser determinado pela equipe, grupo de trabalho ou o prprio Cl, dependendo do nvel que ser organizado, de sua envergadura e do nmero de Pioneiros interessados. Como as atividades e projetos so escolhidos pelos jovens, sempre existe a possibilidade remota de que, por diversas razes, um dos jovens ainda no tenha participado em um projeto de servio significativo, tanto para ele como para a comunidade envolvida. Por isto que o mtodo procura assegurar-se que o jovem Pioneiro tenha esta experincia antes da sada do Movimento.

Componente do mtodoSistema de equipes

Particularidade Pioneira

No Ramo Pioneiro , alm do Cl existem as Equipes de Interesses Temporrias que As equipes de amigos aceleram a freqentemente se constituam somente socializao, identificam a seus membros para projetos. com os objetivos comuns, ensinam No entanto, quando o jovem buscar seu a estabelecer vnculos profundos prprio caminho, inevitvel a nfase com outras pessoas, entregam no individual que nesta etapa a realidade responsabilidades progressivas, do da vida lhes impe s preocupaes confiana em si mesmo e criam um e aos dilogos entre os jovens, o que ambiente educativo privilegiado para se percebe no ambiente interno do crescer e desenvolver-se. Os pequenos Cl Pioneiro, o que nem por isto deixa grupos representam as clulas primrias de manter seu esprito de grupo. O de uma verdadeira sociedade de Projeto Pessoal e os projetos no campo jovens que se estrutura em todos os prioritrio Profissional simbolizam e nveis do Movimento. Nesta sociedade materializam esta realidade. se observam rgos do governo e Pelo mesmo motivo, os organismos espaos de participao, assemblias e do Cl atuam com menor freqncia conselhos que ensinam a administrar as e formalidade, salvo nos projetos do discrepncias e a obter os consensos, Cl, como uma viagem ou um projeto organismos de tomada de decises comunitrio de certa envergadura, coletivas e individuais, equipes executivas coexistam durante um longo tempo um que impulsionam a ao e fazem com interesse comum. que as coisas aconteam. Trata-se de Paralelamente, as tarefas do conselho ou uma escola ativa de participao dos da tutoria dos escotistas se intensificam jovens, que integra vida de todos os na relao bilateral entre escotistas e dias a aprendizagem da convivncia, a jovens. democracia e a eficincia.

Componente do mtodoVida na NaturezaEste outro campo de ao privilegiado das atividades escoteiras, qui o mais conhecido e o que tem mais contribudo para divulgar a imagem do Movimento. Os desafios da natureza permitem aos jovens equilibrar seu corpo, desenvolver suas capacidades fsicas, fortalecer sua sade, estender suas aptides criativas, exercer espontaneamente sua liberdade, criar vnculos profundos com outros jovens, compreender as exigncias bsicas da vida na sociedade, valorizar o mundo, formar seus conceitos estticos, descobrir e maravilhar-se diante da ordem da Criao.

Particularidade PioneiraA mesma importncia que tem o servio, o mtodo atribui vida na natureza, pois este tambm um campo de ao prioritrio dos projetos do Ramo Pioneiro. Para este componente so necessrios os mesmos requisitos j mencionados no caso do servio.

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Componente do mtodoAprendizagem atravs do JogoO jogo otimiza as oportunidades de experimentar, aventurar, imaginar, sonhar, projetar, construir, criar e recriar a realidade. Por isto o mtodo escoteiro o privilegia como um momento de experincias em que o jovem o ator principal. No jogo desempenhar papis diversos, descobrir regras, se asso