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    No fcil aprender os segredos da fotografia. A informao , muitas vezes, difcil de encontrar

    e os melhores livros e cursos so bastante caros. Resolvi, por isso, aproveitar o meu esforo pessoal

    de aprendizagem e colocar disposio de todos uma introduo s principais tcnicas defotografia.

    Nota impor tante:Este manual foi escrito e colocado online em Janeiro de 2001. Reflecte, por isso,as tecnologias ento disponveis, ignorando completamente a fotografia digital que estava a dar osprimeiros passos. Tenho o projecto de rever estes textos em breve. Quando o fizer, vou adicionar

    novas seces sobre mquinas fotogrficas digitais, scanners, tratamento de imagem e revelao depelcula a preto-e-branco. S no prometo quando vou conseguir fazer isso! :)

    O mais importante para captar boas imagens numa pelcula fotogrfica no ter oequipamento mais caro e mais moderno. Aquilo que realmente importa saber usar amquina fotogrfica, seja ela qual for, com uma esttica apurada e dominando as

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    tcnicas necessrias para que o filme receba a luz necessria para obter o resultadopretendido.

    Castelo de Arraiolos(Nikon F50, Nikkor 35-80mmf/4.5-5.6, Fuji G-100) Para obter este resultado abstracto, controlei a exposio deforma a que a muralha aparecesse com esta tonalidade muito escura.

    Apesar de hoje em dia quase todas as mquinas possurem um modo automtico,

    fundamental que qualquer fotgrafo perceba aquilo que a mquina est a fazer para que a

    possa corrigir sempre que necessrio. Mesmo as mquinas mais sofisticadas se enganam em

    certas condies de iluminao e s dominando a exposio do filme luz se pode determinar

    o aspecto de cada fotografia.

    Mas dominar a exposio no significa conseguir a exposio objectivamente correcta. Isso

    no existe. Expor correctamente apenas obter o resultado que o fotgrafo pretendia, seja ele

    qual for. Ao determinar as variveis da exposio podemos fazer escolhas conscientes que

    alteram completamente o aspecto final da fotografia. Por exemplo, fotografamos uma plancie

    alentejana sob um cu limpo com um tom mdio de azul e queremos que o cu fique

    exactamente com essa cor. Se o filme for menos exposto do que o necessrio (subexposio),

    o cu vai ficar mais escuro do que vimos na realidade; se o filme receber mais luz do que a

    necessria (sobrexposio), o cu vai ficar mais claro.

    Para se tirar uma fotografia preciso definir a quantidade de luz que se deixa passarpara o filme e o tempo durante o qual essa luz passa. Estas so as duas variveis que

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    determinam a exposio e designam-se abertura do diafragma e tempo de exposio. Aabertura referese quantidade de luz que passa num dado instante para o filme, o tempode exposio expressa o tempo durante o qual o filme recebe essa quantidade de luz.Podemos obter a mesma exposio com diferentes combinaes de abertura e tempo deexposio: se se aumentar a abertura pode-se expor durante menos tempo e vice-versa.

    Quer a abertura quer o tempo de exposio so expressas em escalas logartmicas, nasquais cada ponto da escala deixa passar metade da luz do que o seguinte. O tempo deexposio expressa em segundos e fraces de segundo que correspondem ao tempodurante o qual o obturador abre para deixar passar a luz para o filme. A maior parte dasmquinas fotogrficas permite utilizar os seguintes tempos de exposio: 1 segundo,1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/30, 1/60, 1/125, 1/250, 1/500 e 1/1000 de segundo. Estes temposde exposio so usualmente apresentadas de forma abreviada, mostrando apenas odenominador da fraco (1, 2, 4, 8, 16, 30, 60, 125, 250, 500 e 1000).

    Nikon FE2Selector do tempo de exposio.

    A abertura expressa pela relao entre a distncia focal da objectiva e o dimetro daabertura do diafragma que deixa entrar a luz. Assim, uma objectiva de 50mm que deixe

    passar a luz por uma abertura de 25mm de dimetro tem um abertura igual distncia

    focal (f) a dividir por 2, ou seja f/2. Frequentemente, representa-se a abertura apenaspelo denominador desta fraco, apresentando-se neste caso o nmero 2 para se referiresta abertura. Compreendese assim facilmente que, quanto menor for o nmero daabertura, mais luz passa atravs da objectiva. comum encontrar escalas de aberturacom os seguintes valores: 2, 2.8, 4, 5.6, 8, 11, 16 e 22. Tambm nesta escala cada valordeixa passar metade da luz do que o precedente, pelo que se pode fazer uma tabela deconjugaes de abertura e tempo de exposio para se obter exactamente a mesmaexposio:

    Tempodeexposio

    1/2 1/4 1/8 1/16 1/30 1/60 1/125 1/250 1/500 1/1000

    Abertura 32 22 16 11 8 5.6 4 2.8 2 1.4

    Mas no indiferente escolher qualquer uma destas combinaes. Por um lado, preciso escolher cuidadosamente o tempo de exposio, de forma a congelar omovimento daquilo que se est a fotografar ou, pelo contrrio, deixar que essemovimento se veja na fotografia. Por outro, a abertura que se escolher determina a

    profundidade de campo, a distncia frente e atrs do plano de focagem em que os

    objectos ficam razoavelmente focados.

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    Sagrada Famlia, Barcelona(Nikon FE2, Nikkor 55mmf/2.8 Micro, Kodak Portra 160VC) Uma pequena profundidade de campo permite

    distinguir claramente o primeiro plano do fundo.

    A profundidade de campo inversamente proporcional em relao abertura. Quantomaior for a abertura, menor ser a profundidade de campo e vice-versa. Muitosfotgrafos amadores deixam-se confundir porque uma abertura maior significa ter umnmero de abertura menor. Por exemplo, com uma abertura de 1.4 a profundidade decampo muito menor do que aquela que se obtm com uma abertura de 11.

    A escolha da profundidade de campo uma das opes mais importantes quando sedefine a abertura e o tempo durante o qual que se expe um fotograma. Por exemplo,quando se fotografa uma pessoa podemos querer isol-la do fundo, usando a menor

    profundidade de campo possvel. Pelo contrrio, ao fotografar uma paisagem grandiosapodemos querer que tudo o que vemos fique focado, desde os objectos mais prximosat ao infinito, para o que devemos usar a maior profundidade de campo possvel. Mas

    ateno, porque quanto menor for a abertura, mais tempo se ter que expor a pelcula emaior ser o risco de tremer a fotografia. Para que isso no acontea, podemos usar umbom trip ou seguir a regra simples segundo a qual possvel obter fotografias ntidassegurando a mquina com as mos desde que se use um tempo de exposio igual ouinferior ao inverso da distncia focal da objectiva (em milmetros). Assim, poderemossegurar mo tranquilamente uma mquina com uma objectiva de 50mm desde que otempo de exposio seja no mximo de 1/50 de segundo ou, usando o ponto da escalamais prximo, 1/60.

    Para alm das variveis de exposio que se controlam para cada fotografia (a abertura eo tempo de exposio) tambm temos que considerar a sensibilidade do filme que est

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    na mquina. A emulso de um filme fotogrfico pode ser mais ou menos sensvel luz,necessitando por isso de uma maior ou menor exposio.

    Praa do Giraldo, vora(Nikon F50, Sigma 28-70mmf/2.8-4, AGFA APX400) Utilizando um filme rpido de 400 ISO consegui captaresta imagem nocturna sem precisar de trip.

    A sensibilidade das pelculas expressa numa escala ISO (anteriormente designadaASA). Tambm esta escala logartmica, pelo que um filme com uma sensibilidade de400 ISO precisa de metade da luz do que um rolo de 200 ISO para produzir a mesmaexposio. Usando filmes mais sensveis (mais rpidos) podemos usar menoresaberturas para obter maiores profundidades de campo. Mas na fotografia nada se obtmde graa. Quanto maior for a sensibilidade de um filme menor ser a sua definio emais gro ter a fotografia. A menor definio e o gro sero tanto mais visveis quantomais se ampliar a imagem.

    A gama de filmes disponveis em quase todas as lojas de fotografia abarca as seguintessensibilidades: 25, 50, 100, 200, 400 e 800 ISO. Tambm se encontram filmes comvalores intermdios de sensibilidade, por exemplo 160 ISO (2/3 de ponto mais rpidodo que um filme de 100 ISO). Mas a sensibilidade de cada filme apenas um indicadorda exposio para a qual um filme foi concebido. Pode-se escolher na mquina outrondice de exposio que no a sensibilidade indicada para o filme. Se as condies deiluminao o exigirem, e no tivermos um filme mais rpido connosco, podemospuxar qualquer rolo em at 2 pontos, ou seja, por exemplo, podemos fotografar comum rolo de 200 ISO como se ele fosse de 400 ou 800 ISO (regulando manualmente ondice de exposio da mquina). Tambm esta facilidade tem o seu preo e obteremosfotografias com mais gro e maior contraste. Mas ateno, para que um rolo puxado

    seja correctamente revelado temos que informar o laboratrio do ndice que utilizmospara o expor.

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    Para podermos escolher o tempo de exposio e a abertura com que vamos tirar umafotografia temos que poder medir a luz existente. para isso que todas as mquinas quehoje se vendem esto equipadas com um fotmetro mais ou menos sofisticado, com

    base no qual sugerem (ou escolhem, em modo automtico) uma determinada exposio.

    S se pode utilizar adequadamente um fotmetro se se perceber o que ele faz. E o quequalquer fotmetro faz simplesmente indicar a exposio correcta no caso de estarmosa fotografar um carto cinzento que reflecte 18% da luz que nele incide, o tom mdio

    perfeito. Comprovar isto muito simples, basta seleccionar o modo de exposioautomtica, colocar frente mquina, cobrindo todo o enquadramento, uma folhacinzenta e fotografar. Em seguida fotografa-se uma folha branca e depois uma folha

    preta. Depois de revelado o filme, pode-se constatar que a mquina fez com que as trsfolhas parecessem iguais: expondo correctamente a cinzenta, subexpondo a branca esobrexpondo a preta.

    Como nem tudo o que podemos querer fotografar cinzento, nem reflecte 18% da luz,precisamos de saber interpretar a informao que nos fornecida para tomar decisescorrectas de exposio. Os fotmetros medem a luz que reflectida pelos objectos queesto dentro do enquadramento, dando frequentemente uma ponderao de 60% ou 75%da leitura ao crculo central do visor. Como uma superfcie branca reflecte mais luz doque uma rea escura, temos que tomar isso em considerao quando tomarmos decises

    baseadas na leitura da luz reflectida. Por exemplo, se fotografarmos uma paisagemcoberta de neve branca no podemos utilizar simplesmente a exposio sugerida, porqueobteramos uma neve cinzenta na fotografia. Temos que compensar essa leituraaumentando um ponto a abertura ou o tempo de exposio. Da mesma forma, sequisermos que uma fotografia tirada depois do pr do Sol capte a atmosfera escura quese v temos diminuir em cerca de um ponto a exposio sugerida.

    Uma forma simples de obter uma exposio correcta fazer a leitura de exposioapontando para algo que se queira que fique registado como tom mdio e que esteja areceber a mesma luz do que o assunto que vamos fotografar. Por exemplo, parafotografar uma paisagem com iluminao uniforme podemos fazer a leitura deexposio apontando para as erva verde do cho, um exemplo clssico de tom mdio,aps o que podemos enquadrar e fotografar. Como a palma da nossa mo cerca de um

    ponto mais clara do que o cinzento de 18%, quando no houver um tom mdio que sepossa utilizar podemos colocar a nossa mo frente da objectiva (desde que receba a

    mesma luz do que o assunto a fotografar) bastando depois aumentar em um ponto aexposio sugerida, aumentando a abertura ou o tempo de exposio.

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    Tourega, Alentejo(Nikon FE2, Nikkor 55mmf/2.8 Micro, Fuji Provia 100F) Para obter uma exposio equilibrada apontei a objectiva para

    a erva do cho e regulei a exposio com base nessa leitura.

    H uma situao em que se pode dispensar o fotmetro. Quando fotografamos algo queesteja a receber a luz directa do Sol num dia sem nuvens, um tempo de exposio igualao inverso da sensibilidade da pelcula para uma abertura de f/16 resulta numaexposio que capta as tonalidades tal como se vem. Por exemplo, utilizando um filmecom uma sensibilidade de 100 ISO podemos utilizar uma exposio de 1/125 (o pontomais prximo de 1/100 na escala de tempos de exposio) para uma abertura de f/16 ouqualquer exposio equivalente: 1/250 paraf/11, 1/500 paraf/8 ou 1/60 paraf/22.

    Os nossos olhos conseguem distinguir muito mais diferenas de tonalidade do quequalquer filme. Conseguimos olhar para um pr do Sol sobre o horizonte distinguindo

    desde o Sol brilhante at aos detalhes do cho j na penumbra. Nenhum filme tem umaamplitude tonal que se compare dos nossos olhos, que se estima que seja entre 12 e 13pontos de exposio. Temos que saber que um filme negativo tem um amplitude de 7pontos de exposio e um filme de diapositivos de apenas 5 pontos.

    Este conceito de amplitude tonal til para percebermos que quando fotografamos umdiapositivo s se conseguiro distinguir as tonalidades at 2 pontos acima e abaixo daexposio escolhida. Tudo o que estiver acima desse intervalo ser retratado como

    branco e o que estiver abaixo como preto. S tendo isto em conta podemos decidir quaisos tons que queremos que se possam distinguir e quais aqueles que so dispensveis.Por exemplo, cheguei um dia a Burano, uma pequena ilha junto a Veneza, j depois do

    pr do Sol. O cu encoberto estava muito mais luminoso do que as belas casas da ilha,mas como dificilmente l voltaria era uma oportunidade fotogrfica a no perder. Medi

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    a luz e defini a exposio considerando apenas as casas, reenquadrei e fotografei,sabendo que conseguiria captar as cores vivas das casas mas que o cu surgiria comoum fundo branco, sem textura.

    Burano, Itlia(Nikon F50, Sigma 28-70mmf/2.8-4, Kodak Gold 400) Apesar de ter sido fotografada depois do pr do Sol, esta imagemconseguiu reproduzir as cores vivas das casas, sacrificando os detalhes do cu.

    Uma forma de visualizar a gama tonal que um filme de diapositivo pode registar recorrer ao quadro seguinte:

    + 2 pontos: branco puro

    + 2 pontos: muito claro

    + 1 pontos: mais claro

    + 1 ponto: claro

    + ponto: levemente claro

    Valor da exposio: tom mdio

    - ponto: levemente escuro

    - 1 ponto: escuro

    - 1 pontos: mais escuro

    - 2 pontos: muito escuro

    - 2 pontos: negro puro

    Quem tiver uma mquina fotogrfica com medio pontual (spot) pode medir o ponto

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    mais escuro daquilo que vai fotografar e o mais claro. Se a diferena de exposio entreos dois pontos for superior amplitude tonal do filme que estiver a utilizar vai ter queoptar entre perder detalhe nas sombras ou nas partes mais claras da imagem. Sabendoisto podemos determinar com grande exactido o aspecto final de cada fotografia quetiramos.

    Muitos fotgrafos tendem a ficar fanticos do equipamento. Que fotografias fantsticaseu faria com uma 600mm f/2.8 ou tenho que trocar as minhas objectivas todas porumas novas com estabilizao de imagem so delrios que se podem ouvir comfrequncia junto de apaixonados pela fotografia. Mas sucumbir tentao de comprartodas as mquinas, objectivas e filtros disponveis algo que est acima de quase todasas bolsas e que, sejamos realistas, est longe de ser necessrio. Uma mquina razovel,um conjunto de objectivas que abarque as principais distncias focais, alguns filtros eum bom trip chegam (e muitas vezes sobram) para realizar o talento da maior parte dos

    fotgrafos amadores.

    Ericeira(Nikon FE2, Nikkor 55mmf/2.8 Micro, Kodak BW+ 400) Para conseguir esta imagem bastou uma mquina manual com mais de20 anos e uma objectiva normal com a mesma idade.

    Quase todas as mquinas reflexpara filme de 35mm actualmente venda oferecem umaqualidade razovel. Desde as mais modernas cmaras com focagem automtica atslidos modelos mais antigos que se encontram no mercado de usados, com qualquer

    uma se podem tirar belas fotografias. Afinal, o corpo de uma mquina apenas umacaixa que no deixa entrar luz seno quando se quer e pelo tempo que se escolher.

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    As mquinas reflex so largamente preferveis em relao s compactas, porque

    permitem ver no visor exactamente aquilo que se vai fotografar, podem usar vriasobjectivas e admitem quase sempre a regulao manual dos parmetros de exposio.Isso no quer dizer que um pequena compacta no seja muito til para tirar fotografias

    de aniversrios ou para alguma viagem em que o espao escasseie. Algumas dessasmquinas tm excelentes objectivas com boas aberturas mximas. Por exemplo, aOlympus mju-II tem uma objectiva de 35mm f/2.8 com uma excelente qualidade pticae pesa pouco mais de 200 gramas...

    Nikon FE2uma slida mquina clssica dos anos 80 que continua actual, tal como a Nikon FM2n, que ainda se fabrica e vende.

    Uma escolha importante a fazer ao ponderar a compra de uma mquina a quantidadede ajudas electrnicas que se quer ter: focagem manual ou automtica, medio de luz

    ponderada ao centro ou matricial. Uma mquina como a Nikon F5 simplifica muito otrabalho do fotgrafo porque tem uma focagem ultra-rpida e at distingue as cores doque se vai fotografar, acertando (dizem) em 99% das sugestes de exposio. Mas estascaractersticas pagam-se caro e se so muito importantes para um fotojornalista, que temque aproveitar cada oportunidade de fotografia que surge num instante, j sero menoscruciais para um amador com tempo que queira compor calmamente a sua fotografia.

    Se j tiver uma mquina reflexuse-a bem antes de pensar em comprar outra. Mas, se vaimesmo comprar uma mquina, saiba que opes o que no falta. As marcas commaior quota de mercado, a Nikon e a Canon, oferecem uma excelente qualidade e umaenorme variedade mas tambm se fazem pagar (e bem) pela imagem de marca. Outrosfabricantes, como a Minolta ou a Pentax, oferecem uma qualidade semelhante pormenos dinheiro. Mas se quiser comprar uma mquina usada com mais de dez anos melhor escolher entre os modelos da Nikon e da Canon: ter mais acessrios aindadisponveis e as probabilidades de conseguir resolver alguma avaria so maiores.Mesmo no mercado de usados, os corpos Nikon so bastante mais caros, mas uma F2,F3, FM2n ou FE2 em bom estado vale bem o dinheiro que custa. A Canon tem oatractivo de ter tambm produzido boas mquinas fotogrficas nos anos 70 e 80, como aexcelente F1 ou as boas AE1 ou AT1, que se conseguem por um preo mais moderado

    uma vez que a marca mudou o sistema de montagem das objectivas quando investiu nafocagem automtica.

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    H recursos que devemos exigir nossa mquina: fotmetro, possibilidade de escolhamanual da abertura e do tempo de exposio, compensao da exposio automtica,

    previso da profundidade de campo e uma boa gama de tempos de exposio, pelomenos entre os 4 segundos e 1/1000 de segundo. Para alm destas caractersticas,

    tambm til dispor de medio atravs das lentes (TTL) para oflash, de medio de luzpontual (spot) e da possibilidade de trocar os crans de focagem. A focagem automticatornou-se muito comum, mas quem no quiser tirar fotografias de aco ou de animaisem movimento pode dispensar esse recurso.

    Cada objectiva definida pela sua distncia focal e pela sua abertura mxima. Adistncia focal (expressa em milmetros) determina o ngulo que coberto pelaobjectiva, a ampliao. Uma distncia focal mais curta inclui um ngulo maior noenquadramento, uma distncia focal mais longa amplia o que se est a ver, reduzindo o

    ngulo de cobertura. A abertura mxima corresponde quantidade mxima de luz podepassar atravs da objectiva. Assim, quanto maior for a abertura mxima, menor ser otempo durante o qual se dever expor a pelcula com a mesma luz. Considera-se queuma objectiva rpida se tiver uma abertura mxima maior ou igual a 2.8 e lenta se essaabertura for igual ou inferior a 5.6.

    Actualmente, o tipo mais comum de objectivas so as chamadaszoom, que cobrem umintervalo de distncias focais. A objectiva zoommais vulgar deve ser a 35-80mm, quecobre todas as distncias focais entre os 35mm e os 80mm. At aos anos 90, este tipo deobjectivas oferecia uma qualidade ptica muito inferior que se obtinha com objectivasde apenas uma distncia focal. Hoje j no assim e podem-se comprar excelentesobjectivaszoom. No entanto, proliferam no mercado produtos baratos que sacrificam aqualidade ptica e, sobretudo, a abertura mxima. A qualidade paga-se e basta ver adiferena de preo entre umzoom80200mmf/2.8 e outro 80200mmf/4-5.6...

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    Monsaraz, Alentejo(Nikon FE2, Nikkor 55mmf/2.8 Micro, Kodak T-Max 400CN) A qualidade ptica das objectivas normais permite

    captar imagens com uma definio extraordinria.

    A escolha de uma objectiva no se resume a distncia focais e aberturas mximas. Antesde mais, temos que decidir se preferimos ter um sistema de focagem manual ouautomtica. Se optarmos pela focagem automtica, podemos ainda ponderar a hiptesede comprar uma das novas objectivas com estabilizao electrnica da imagem (IS

    Image Stabilisation da Canon ou VR Vibration Reduction da Nikon), sistema quepermite quebrar a regra j referida segundo a qual no se deve segurar mo a mquinapara tempos de exposio superiores ao inverso da distncia focal da objectiva. Comuma objectiva de 300mm equipada com este sistema pode-se fotografar com nitidezcom exposies de at 1/30 de segundo. Sem a estabilizao, qualquer exposio maislonga que 1/300 resultaria numa reduo visvel da nitidez.

    Para uma distncia focal igual diagonal do filme, a perspectiva igual da nossa

    viso. Em filmes de 35mm (onde cada fotograma tem 24mm x 36mm), essa distncianormal de 43,27mm. Por conveno, chamam-se normais objectivas entre 50 e60mm. Abaixo desse intervalo temos as grandes angulares, que expandem a perspectiva,e acima as teleobjectivas, que comprimem a perspectiva. Antes da era dos zooms, cadacorpo de mquina costumava vir com um objectiva de 50mm razoavelmente rpida(f/1.8 ou mesmof/1.4), mas hoje em dia o mais comum recebermos com uma mquinanova uma objectivazoom3580mm. Por se fabricarem em grandes quantidades h muitotempo, as objectivas normais de distncia focal fixa costumam ter uma qualidadeptica extraordinria, pelo que de lamentar que sejam muitas vezes menosprezadas.

    Em espaos apertados ou para transmitir a vastido de uma paisagem necessria uma

    grande angular, seja uma objectiva de 20, 24, 28 ou 35mm ou um zoomque chegue aessas distncias focais. Mas esta atractiva gama de distncias focais coloca problemas

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    de composio precisamente por incluir tanta coisa: s vezes as fotografias perdemvida por no se perceber o que o fotgrafo quer mostrar. So, por isso, necessrioscuidados redobrados com o enquadramento e a composio de cada imagem. Umacaracterstica importante das grandes angulares consiste na ampliao das distnciasaparentes entre os objectos prximos e afastados, alterando a perspectiva, o que pode

    ser utilizado para composies fortemente tridimensionais.

    Barragem da Tourega, Alentejo(Nikon FE2, Nikkor 24mmf/2.8, Fuji Provia 100F) Uma tcnica clssica de composio com objectivasde grande angular consiste em fotografar muito perto do primeiro plano, includo na profundidade de campo, para acentuar o carcter

    tridimensional da imagem.

    A primeira objectiva adicional que muitos fotgrafos amadores compram umateleobjectiva curta, geralmente um zoom 80-200mm ou 70-210mm. So objectivasrelativamente baratas e que permitem uma maior selectividade no enquadramento.Reduzem tambm as distncias aparentes entre os objectos, comprimindo a perspectiva,sendo adequadas para quase todos tipos de fotografia, incluindo a de natureza.

    As boas teleobjectivas acima dos 300mm custam caro mas so uma necessidade paraquem quiser fotografar pequenos mamferos, pssaros ou animais selvagens a umadistncia segura. Uma soluo de compromisso mais econmica costuma ser comprarum zoomque chegue aos 300mm. O problema que estas objectivas so geralmentelentas, com aberturas mximas iguais ou superiores a f/5.6, mas mesmo assimconseguem captar belas imagens.

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    Baleal(Nikon F50, Sigma 70-300mmf/4-5.6, Kodak Gold 200) Esta fotografia, tirada ao fim do dia com uma distncia focal de 300mm,

    conseguiu captar uma atmosfera quase monocromtica num filme a cores.

    Uma forma popular de aumentar a distncia focal das objectivas utilizar umteleconversor, um conjunto adicional de lentes que multiplicam por 1.4, por 2 oumesmo por 3 a distncia focal das objectivas. O problema destes dispositivos quereduzem a qualidade ptica da imagem e multiplicam pela mesma razo a aberturamxima. Os teleconversores foram concebidos para aumentar de forma flexvel adistncia focal de teleobjectivas longas e rpidas. Por exemplo, uma objectiva de300mm com a abertura mxima de f/2.8 torna-se, com um conversor de 2x, numa600mm com uma abertura mxima de f/5.6. Usar um teleconversor num zoom lento

    pouco aconselhvel: uma objectiva 70300mmf/4-5.6 com um conversor de 2x tambmatinge os 600mm, mas com uma abertura mxima de f/11!

    Outra tendncia recente a construo de objectivas zoomque abarcam desde a grande

    angular at teleobjectiva. Encontram-se com agora facilidade objectivas 28-200mm oumesmo 28-300mm. Uma gama to grande de distncias focais conseguida custa daabertura mxima e da qualidade ptica. Para alm disso, quem dependa de apenas umaobjectiva est sujeito a que ela se avarie arruinando a meio uma sesso fotogrfica...

    Para obtermos uma grande profundidade de campo ou fotografarmos com pouca luztemos que expor o filme durante mais tempo. Se quisermos segurar a mquina moseremos obrigados a utilizar um filme muito rpido, com menor nitidez e muito gro.Com um bom trip podemos quebrar este ciclo vicioso, pois permite-nos expor durante

    vrios segundos, se necessrio, e assim usar o melhor filme, com mais definio emenos gro. verdade que andar com um trip atrs no propriamente um ideal de

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    comodidade, mas os resultados compensam, pois para alm de permitir exposies maislongas, uma trip obriga-nos a compor a imagem com mais cuidado e d-nos a

    possibilidade de ajustar pequenos detalhes minuciosamente.

    Barragem da Tourega, Alentejo(Nikon FE2, Nikkor 24mmf/2.8, Fuji Provia 100F) Para que tudo ficasse focado, desde o primeiro planoat ao infinito, necessitei de uma enorme profundidade de campo. A exposio longa s possvel utilizando um trip.

    Nem todos os trips so, obviamente, iguais. Pouco se pode esperar de um frgil tripde plstico, barato mas incapaz de garantir uma sustentao solida mquina e pouco

    prtico de manusear. Um trip slido de alumnio (ou fibra de carbono) um excelenteinvestimento na qualidade das fotografias. Fabricantes como a Gitzo ou a Manfrottooferecem gamas completas, com preos relativamente razoveis (sobretudo no caso daManfrotto).

    Quando falamos de trip estamos apenas a referir-nos s trs pernas de sustentao, poisem produtos de qualidade podemos escolher a cabea onde se fixa a mquina em

    separado. Basicamente, h dois tipos de cabea de bola ou com controlos separadospara cada um dos trs planos de movimento (inclinao horizontal, vertical e rotao).

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    As cabeas de bola permitem movimentos muito rpidos em qualquer plano, pelo queso especialmente adequadas para fotografar alvos em movimento. As cabeas com trs

    planos de movimento permitem composies mais minuciosas. A escolha entre estesdois tipos de cabea uma opo pessoal, em funo dos assuntos que se pretendafotografar, mas em qualquer dos casos muito conveniente que tenha um sistema de

    libertao rpida, para fixar e libertar a cmara sem que seja necessrio estar sempre aaparafus-la.

    Quem queira fotografar a cores pode escolher entre dois tipos de filme: negativos ediapositivos (slides). Os negativos tm uma maior amplitude tonal e permitem obter

    provas impressas rapidamente e de forma econmica. Os diapositivos tm, contudo,uma enorme vantagem: apresentam exactamente o que o fotgrafo captou, semintermedirios, compensaes de cor ou erros de impresso. Olhando para um slide

    podemos ver se a exposio foi a pretendida, se focagem foi adequada e se as cores tm

    uma boa saturao, examinando um negativo pouco se consegue concluir.. Os filmesdiapositivos lentos (50 ISO) oferecem ainda uma definio extraordinria, o que ostorna na escolha de muitos fotgrafos.

    Quanto menor for a sensibilidade de um filme, maior ser a definio que oferece, peloque convir utilizar o rolo mais lento utilizvel em cada situao. Mas tudo relativo e,

    por vezes, pode-se utilizar um filme com gro para alterar o aspecto da imagem, dandotextura, por exemplo, neve. Em diapositivos, o Fuji Velvia (de 50 ISO) parece lideraras escolhas profissionais, seguido pelo Fuji Provia 100F e pela gama Kodachrome. Emnegativos, os Kodak Portra 160VC e NC disputam com o Fuji Reala o mximo dedefinio, mas h vrios filmes at aos 400 ISO com uma definio razovel e coresrealistas.

    A fotografia a preto-e-branco, com o seu aspecto intemporal, continua a atrair muitosinteressados que, por vezes, esbarram nas dificuldades da revelao em casa ou no custode a mandar fazer num bom laboratrio. Os filmes a preto-e-branco cromogniosvieram amenizar esses inconvenientes, pois revelam-se atravs do mesmo processoque os filmes a cores. Quer o Ilford XP2 Super quer o Kodak T-Max 400CN oferecemexcelentes resultados, apesar de no terem a mesma longevidade que um filmemonocromtico convencional. frequente, contudo, que os laboratrios menoscuidadosos faam a impresso das provas em papel para fotografia a cores,

    apresentando resultados confrangedores. que as impresses devem ser feitas em papelmonocromtico, o que permite obter excelente definio e contraste. Os filmes parapreto-e-branco clssico continuam disponveis na maior parte das lojas de fotografia,sendo de recomendar as linhas Delta da Ilford, T-Max da Kodak e APX da AGFA (oAGFA APX 25 ISO especialmente interessante, pois tem uma definio extraordinriae muito pouco gro).

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    Solar Monfalim, vora(Nikon F50, Sigma 28-70f/2.8-4, Kodak Gold Zoom 800) S com um filme extremamente rpido foi possvel

    captar esta fotografia apesar da pouca luz existente.

    Utilizam-se filtros para alterar a imagem que captada, tornando-a artificial ou, pelocontrrio, mais fiel ao que o fotgrafo viu com os seus prprios olhos. fcil cair emimagens artificias de gosto duvidoso com os chamados filtros de efeitos especiais,

    pelo que vale mais a pena que nos centremos nos filtros que alteram a imagem sem aadulterar.

    Provavelmente o filtro mais utilizado o polarizador, um filtro circular que se roda paraeliminar uma determinada polaridade de luz. Consegue-se assim atenuar (ou mesmoeliminar) reflexos em superfcies no metlicas e acentuar o azul do cu. Mas deve-seusar com cautela, pois muito fcil escurecer em excesso o azul do cu, tornando-oartificial. O polarizador tambm muito til para fotografar paisagens naturais, pois ao

    eliminar os reflexos luminosos das folhas das plantas faz com que a sua cor se veja com

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    mais intensidade. Encontram-se venda polarizadores lineares e circulares, mas emmquinas com focagem automtica s se devem usar estes ltimos.

    La Pedrera, Barcelona(Nikkon FE2, Nikkor 24mmf/2.8, Kodak Gold 100, Polarizador) Utilizei o polarizador para acentuar o contrasteentre a escultura e o cu, mas o efeito foi claramente excessivo.

    Os nossos olhos ignoram com facilidade pequenas diferenas na cor da luz existente aque os filmes so muito sensveis. Por exemplo, um dia encoberto tem uma luz fria,azulada, e a iluminao artificial tende para o vermelho. Os filtros de correco de cor

    permitem corrigir estes efeitos facilmente, estando disponveis em diversasintensidades. Vale a pena ter, pelo menos, o filtro mbar de aquecimento mais suave (o81A) para os dias nublados. Caso fotografe frequentemente com luz artificial deincandescncia, um filtro 82A (ou B) ser tambm um acessrio indispensvel paratornar mais realistas as imagens.

    Na fotografia a preto-e-branco o filtro de longe mais til o vermelho. Em paisagensatenua a neblina e escurece o cu, salientando o recorte das nuvens; no retrato depessoas disfara pequenas imperfeies da pele, favorecendo os modelos. Os outrosfiltros para fotografia monocromtica (verdes, azuis, amarelos...) parecem-me teismenos frequentemente, mas o seu funcionamento muito simples: tornam mais clarasas coisas da sua cor e mais escuros os objectos de cores complementares.

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    Jardim em Lisboa(Nikon FE2, Nikkor 55mmf/2.8 Micro, Fuji Sensia-II, 81B) A luz difusa do cu encoberto dava uma dominante azulada

    que se compensou facilmente com um filtro de aquecimento.

    Outros filtros que vale a pena experimentar so os graduados de densidade neutra.Permitem, por exemplo, fotografar um cu brilhante sem perder os detalhes do cho,escurecendo o cu, reduzindo dessa forma a amplitude tonal da cena aos limites dofilme.

    O domnio das tcnicas fotogrficas apenas uma ferramenta ao servio da esttica.Saber controlar a exposio, escolher a mquina, a objectiva e, eventualmente, o filtro apenas o incio de uma boa fotografia. O que distingue um grande fotgrafo de um merocurioso a capacidade para ver coisas que no so evidentes, para ordenar a realidadede forma a transmitir emoes.

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    Terena, Alentejo(Nikon F50, Sigma 28-70mm f/2.8-4, Fuji Press 800) Aproveitando um cu especialmente belo, tudo nesta fotografia foi

    ordenado de forma consciente: a abertura e o tempo de exposio, a posio da azinheira solitria e a linha do horizonte junto ao limiteinferior da imagem.

    Uma imagem com demasiados pontos de interesse acaba por no atrair a ateno paranenhum. Por isso uma composio simples muitas vezes mais eficaz para transmitiruma ideia ou sensao do que uma panormica confusa que mostra tudo sem realarnada. A seleco consciente daquilo que se vai incluir numa fotografia um passofundamental para obter um bom resultado. Um fotgrafo tem que ser capaz de articularaquilo que quer mostrar. Se no conseguir explicar porque quer tirar uma determinadafotografia mais vale pensar melhor e escolher outro enquadramento.

    Depois de definir com exactido o que se vai fotografar, preciso escolher a mquina, ofilme e a objectiva. Alguns assuntos ficam melhor a preto-e-branco, para outros a cor fundamental e preciso um filme que a reproduza fielmente. A escolha da objectivatambm importante, pois determina a perspectiva da fotografia: as objectivas degrande angular aumentam as distncias aparentes e as teleobjectivas reduzem-nas. Emseguida, h que escolher o local a partir do qual se fotografa. Qual ser o melhor pontode vista, ao nvel dos olhos, da cintura ou junto ao cho? Nas pelculas de 35mm

    podemos ainda escolher a orientao da imagem, na horizontal ou na vertical. Apesar deser mais fcil fotografar com a imagem horizontal, todos os comandos da mquinaforam feitos a pensar nessa posio, vale muitas vezes a pena experimentar a outraopo, pois o ambiente da fotografia resulta muito diferente.

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    Perto de vora(Nikon FE2, Nikkor 55mmf/2.8, Ilford XP2 Super) A colocao do horizonte sobre a linha que delimita o tero inferior da

    imagem, com a casa chegada direita, refora a expressividade da fotografia.

    Por ltimo, preciso posicionar os objectos dentro do rectngulo. Muitas vezes, aprimeira tendncia colocar aquilo que vai fotografar ao centro. onde as mquinasmodernas tm o sensor de focagem automtica e a composio mais simples,

    puramente descritiva. Mas uma fotografia viva no se limita a descrever, interpreta, peloque devem ser exploradas outras hipteses de posicionamento. Uma pista geralmentetil consiste em colocar as linhas da imagem sobre linhas imaginrias que dividem afotografia em trs partes horizontais e verticais. A linha do horizonte, por exemplo,

    pode ser colocada sobre a linha que delimita o tero superior ou inferior doenquadramento, e no ao meio. Um posicionamento assimtrico do assunto obriga aolhar ao longo da fotografia e contribui para que quem v sinta aquilo que o fotgrafoquis mostrar.

    A regra dos terosColocar as linhas da imagem ao longo das linhas imaginrias que dividem o enquadramento em trs partes horizontaise verticais pode ser um bom ponto de partida mas no deve limitar a imaginao do fotgrafo.

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    Mesmo com as melhores tcnicas, qualquer fotografia limita-se a captar luz num filme.A luz a matria prima essencial da fotografia e sem boa iluminao no h uma boaimagem. Um fotgrafo deve aprender a conhecer e interpretar a luz: a sua cor, a suadireccionalidade e o seu carcter. Fotografar pintar com luz numa tela qumica.

    A direco da luz resulta da sua posio em relao ao fotgrafo e ao assunto. Quando aorigem da luz se localiza por trs da objectiva, temos uma situao de iluminaofrontal, que reduz as sombras do que se est a fotografar e reduz a noo detridimensionalidade. Permite, contudo, uma excelente reproduo de cores vivas. Se aluz surge por trs do assunto da fotografia estamos numa situao de contra-luz. Ofotgrafo pode regular a exposio de forma a captar os detalhes que ficam na sombraou, pelo contrrio, reduzir o objecto a uma silhueta contra um fundo expressivo. Ailuminao pode ainda ser lateral, o que acentua a noo de volume e pode dar textura,atravs das sombras, a superfcies como a areia ou a neve.

    Independentemente do local de onde provenha, a luz pode atingir os objectos de forma

    dura, desenhando sombras de contornos precisos, ou difusa, quase no se distinguindosombras. Este carcter da luz influencia tambm o ambiente retratado, tal como a cor da

    prpria luz. Antes do nascer do Sol ou quando o cu est encoberto, a cor dominante azul. uma luz fria, muito eficaz para fotografias que queiram transmitir sensaes deisolamento e angstia. Logo aps o nascer do Sol e ao fim do dia a luz quente, dedominante prxima do vermelho. Muitas vezes a neblina torna especialmente visvel atonalidade da luz, criando ambientes envolventes e misteriosos.

    Veneza(Nikon F50, Sigma 28-70 f/2.8-4, Kodak Gold 400) A luz de Inverno, ao entardecer, criou uma atmosfera mgica que domina afotografia, tornando-a quase monocromtica.

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    A luz est sempre a mudar. A pacincia uma virtude frequentemente recompensadaquando as nuvens deixam passar um raio de Sol para iluminar precisamente a rvoreque queramos fotografar ou quando diferentes tipos de iluminao dentro doenquadramento produzem contrastes inesperados. A nica soluo estar atento e

    pronto para captar qualquer a imagem nica num instante fugaz.

    Quando um local ou objecto parece interessante, um erro comum fotograf-lorapidamente e passar ao prximo. As boas fotografias exigem tempo e esforo. H queexplorar diversos ngulos, diferentes iluminaes. Porque no experimentar vriasobjectivas diferentes, reinterpretando o assunto. Muitas vezes preciso esperar pela luzcerta, a expresso facial irrepetvel ou o acontecimento inesperado para conseguir umafotografia excepcional.

    natural que, enquanto esses momentos nicos no chegam, muitos metros de filme

    sejam expostos. essa a sorte dos laboratrios de fotografia e temos que nos resignar aessa contingncia. Mas a composio cuidada, a utilizao de um trip slido, boastcnicas fotogrficas e um conhecimento profundo do assunto que se quer fotografar sorequisitos que ajudam a aumentar o nmero de fotografias muito boas. Mesmo assim,quando a oportunidade surgir, no devemos poupar nos rolos de filme. Afinal so muitomais baratos do que todas as mquinas, objectivas, trips e filtros que j comprmos...

    Monsaraz, Alentejo(Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Kodak T-Max 400CN) Um dos stios mais fotografados do Pas ainda ofereceimagens inesperadas, desde que se escolham ngulos pouco usuais.