Manual Recuperacao Florestas de Galeria

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    RECUPERAO DE MATAS DE GALERIA

    J eanine Maria FelfiliJ os Felipe Ribeiro

    Christopher William FaggJ os Wagner Borges Machado

    EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuria

    Embrapa Cerrados

    M inistrio da A gricult ura e do A bastecim ento

    Doc. - Embrapa Cerrados Planaltina n.21 p.1-45 Dez. 2000

    ISSN 1517-5111

    Apoio: PRONABIO/PROBIO/MMA/CNPq/Bird-GEF

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    Copyright !Embrapa 2000Embrapa Cerrados. Documentos, 21

    Exemplares desta publicao podem ser solicitados a:Embrapa CerradosBR 020, km 18, Rodovia Braslia/FortalezaCaixa Postal 08223CEP 73301-970 Planaltina, DFTelefone (61) 388-9898 Fax (61) 388-9879

    Tiragem: 100 exemplares

    Comit de Publicaes:Ronaldo Pereira de Andrade (Presidente), Maria Alice Bianchi, Leide Rovnia Mirandade Andrade, Carlos Roberto Spehar, J os Luiz Fernandes Zoby e Nilda Maria da CunhaSette (Secretria-Executiva).

    Coordenao editorial: Nilda Maria da Cunha Sette

    Reviso gramatical: Maria Helena Gonalves Teixeira

    Normalizao bibliogrfica: Maria Alice Bianchi

    Diagramao e arte-final: J ussara Flores de Oliveira

    Capa: Chaile Cherne S. Evangelista

    Impresso e acabamento: J aime Arbus Carneiro / Divino Batista de Souza

    Todos os direitos reservados.A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte,

    constitui violao do Copyright !(Lei n 9.610).

    Felfili, J eanine Maria.Cerrado: manual para recuperao de Matas de Galeria. / J eanine

    Maria Felfili, J os Felipe Ribeiro, Christopher William Fagg, J os WagnerBorges Machado. Planaltina : Embrapa Cerrados, 2000.

    45p. (Documentos / Embrapa Cerrados, ISSN 1517-5111 ; n.21)

    1. . 2. .I.Ribeiro, J os Felipe. II. Fagg, Christopher William. III. Machado, J os Wag-ner Borges. IV. Ttulo. V. Srie.

    xxx.xx - CDD 21

    Xxxx

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    SUMRIO

    RESUMO ......................................................................... 5

    ABSTRACT ...................................................................... 6

    INTRODUO .................................................................. 6

    CARACTERIZAO E DINMICA NATURAL ........................ 7

    PLANEJ AMENTO PARA RECUPERAO ............................. 15Legislao .................................................................... 15

    Caracterizao do local a ser recuperado ......................... 16

    Ambiente fsico ............................................................ 17

    Vegetao: florstica e fitossociologia.............................. 17

    Escolha das espcies ..................................................... 19

    COLETA E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES ....................... 30

    PRODUO DE MUDAS .................................................... 33

    PLANTIO NO CAMPO........................................................ 34

    MODELOS PARA RECUPERAO ....................................... 36

    CONSIDERAES FINAIS .................................................. 40

    AGRADECIMENTOS .......................................................... 40

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................... 40

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    RECUPERAO DE MATAS DE GALERIA

    J eanine Maria Felfili1; J os Felipe Ribeiro2;

    Christopher William Fagg3; J os Wagner Borges Machado4

    RESUMO Esse manual para recuperao de Matas de Galeria da regio doBrasil Central enfatiza que os plantios devem utilizar espcies nativas dolocal a ser reabilitado, respeitando as condies ali encontradas, tais comoumidade, fertilidade do solo e luminosidade. As sugestes propostasprocuram reestruturar o ambiente de forma que este retorne o mais rpidoe semelhante possvel s condies originais, buscando atender crescentedemanda da sociedade e do governo que solicitam subsdios para recuperarmatas que foram degradadas por causa das presses do desenvolvimento

    econmico. O manual foi elaborado com base na experincia dos autorescom pesquisas de campo e de laboratrio, alm de sintetizar informaesdisponveis na literatura. O texto busca auxiliar na elaborao e na execuode projetos de revegetao, fornecendo, por exemplo, elementos para aescolha das espcies e as tcnicas mais adequadas de plantio. Assim, oambiente Mata de Galeria conceituado em seus dois tipos: inundvel e noinundvel com suas principais espcies. Em seguida, discutem-se aspectosda estrutura e da dinmica da vegetao e fatores a serem considerados narecuperao dessas matas. fornecida tambm a listagem de 90 espcieslenhosas, ressaltando suas caractersticas em relao luz, ao porte, fer-

    tilidade e drenagem do solo, seus usos mais comuns e poca de matura-o de frutos para a coleta das sementes. Recomendam-se plantios emcurva de nvel, procurando respeitar a ocorrncia original das espcies namata, em relao ao regime hdrico dos rios e suas margens. So aindafornecidos subsdios para coleta de sementes e produo de mudas emviveiro e ainda trs modelos de plantio definitivo no campo, com a distribui-o esquemtica das espcies e recomendaes para a sua manuteno.

    Palavras-chave: recuperao de reas degradadas, ecossistemas riprios,vegetao ribeirinha.

    1 Departamento de Engenharia Florestal, Cx. potal 04357, Universidade de Braslia,CEP 70919-970, Braslia, DF. [email protected]

    2 Embrapa Cerrados. [email protected] Departamento de Ecologia, UnB. [email protected] Departamento de Engenharia Florestal, UnB.

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    RECLAMATION OF GALLERY FORESTS

    ABSTRACT This manual gives general guidelines for reclaiming disturbed

    and degraded gallery forests in central Brazil. The basic assumption is thatthe reclaiming techniques should mimic nature. It is based on the experienceof the authors in the field and experimental research and also summarizespublished information available. The main goal is to help governmentalagencies, farmers and other people interested in planning and conductingprojects, selecting species and choosing techniques for recovery of degradedforests. Gallery forests structure and dynamics, seed collecting, nursery andtree planting techniques are discussed. A total of 90 woody species areclassified by their light and soil requirements, information on their uses andtime for seed production are also supplied. Guidelines and models for forest

    recovery on different disturbed conditions are given.Key words: land recuperation, riparian ecosystems, riverine vegetation.

    INTRODUO

    A reabilitao de ambientes degradados consiste em procurarrestaurar suas caractersticas originais e difere do reflorestamento,onde o objetivo principal obter uma cobertura florestal. Para tanto,devem-se adotar plantios consorciados de espcies nativas j adapta-das s condies do ambiente natural, visando a criar microclima eoferta de recursos similares s condies anteriormente encontradas.A reabilitao das Matas de Galeria, na regio do Brasil Central, especialmente necessria, pois alm de apresentarem o ambiente demaior complexidade estrutural do bioma Cerrado, so responsveispela manuteno da gua, fator essencial para todas as espcies vi-vas. Essas matas abrigam a maior diversidade de espcies da flora e

    da fauna (Felfili & Silva J nior, 1992; Felfili et al., 1994; Felfili, 1995)entre todas as fitofisionomias do Bioma. Essa vegetao protege asmargens dos corpos dgua, evitando seu assoreamento, regulari-zando sua vazo e fornecendo abrigo e alimentao para a faunanativa. Apesar da importncia, o aumento da presso urbana e agrco-la, devido ao desenvolvimento econmico acelerado e inobservnciada legislao que as protegem, as Matas de Galeria vm sendo degra-dadas em ritmo acelerado, gerando a necessidade de reabilit-las.

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    A recuperao dessas matas degradadas j figura entre asmaiores preocupaes da sociedade, principalmente por causa dasameaas aos mananciais hdricos. Apesar da existncia de projetos

    de recuperao, em vrios locais, tem-se observado dificuldades nasua implantao, principalmente devido baixa disponibilidade deinformaes tcnicas sobre o qu, quando e como plantar s mar-gens dos rios e crregos do Brasil Central. Este manual para recupe-rao de Matas de Galeria baseia-se em dados de pesquisa e delaboratrio, alm de sintetizar informaes disponveis na literatura.O objetivo principal embasar tcnicos ou mesmo membros dascomunidades interessadas na elaborao de projetos de revegeta-

    o, fornecendo informaes sobre as espcies adequadas e astcnicas de plantio para a recuperao de Matas de Galeria degra-dadas. Alm disso, muitas dessas informaes podem tambm au-xiliar o planejamento de projetos, buscando apenas reflorestamentocom espcies nativas.

    CARACTERIZAO E DINMICA NATURAL

    De maneira geral, Matas de Galeria so as formaes florestaiss margens de linhas de drenagem, localizadas nos fundos dos valesou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de gua ainda noescavaram o canal definitivo (Ratter et al., 1973). Essa fisionomia noapresenta queda de folhas evidente durante a estao seca, sendoquase sempre margeada por faixas de vegetao no florestal (Ribeiro& Walter, 1998).

    Em vrios contextos, o termo Mata de Galeria tem sido usadocomo sinnimo de Mata Ciliar, no entanto, Mata Ciliar diz respeito

    vegetao florestal s margens dos grandes corpos dgua e somais abrangentes que o termo Mata de Galeria. Para a regio dobioma Cerrado, Mata Ciliar caracteriza a vegetao florestal presen-te s margens dos grandes rios, onde as copas das rvores de umamargem no tocam as da outra margem (Figura 1), permitindo amaior influncia da luz sobre as espcies mais prximas ao rio doque nas Matas de Galeria (Figura 2) (Ribeiro, Walter & Fonseca,1999).

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    FIG. 1. Mata de Galeria: Diagramas de perfil (1) e cobertura arbrea (2)representa faixa de 80 metros de comprimento por 10 m de largura.

    Cobertura Arbrea

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    Perodo Seco 1

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    Fonte Ribeiro e Walter 1998

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    Cobertura Arbrea

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    20 40 60 80

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    Perodo chuvoso

    Perfil

    Perfil

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    FIG. 2. Mata Ciliar: Diagrama de perfil (1) e cobertura arbrea (2) represen-tando faixa de 80 metros por 4 m de largura nos perodos secos(maio a setembro) e chuvosos (outubro a abril).

    A - Mata de Galeria Inundvel

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    Cobertura Arbrea

    Altura Mdia (m): 20-30

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    Fonte Ribeiro e Walter 1998

    B - Mata de Galeria No Inundvel

    Cobertura Arbrea

    Altura Mdia (m): 20-30

    Crrego

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    20 40 60 80

    Crrego

    Perfil

    Perfil

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    Em funo de condies ambientais, como topografia e varia-o na altura do lenol fretico ao longo do ano, a Mata de Galeriapode ser Inundvel e No-Inundvel, apresentando espcies tpicas

    para cada condio.A Mata de Galeria no inundvel (Figura 1a) ocorre em solos

    bem drenados e, geralmente, contm entre 100 e 200 espcies lenho-sas com dimetro igual ou superior a 5 cm. O nmero de rvores, porespcie, bastante desigual, com espcies mais abundantes apresen-tando pouco mais do que 5% do nmero total encontrado na mata.Em geral, uma espcie abundante apresenta de 30 a 150 indivduosarbreos com dimetro superior a 5 cm por hectare, enquanto o

    total, por hectare, de indivduos arbreos fica entre 600 e 1000/ha.Aproximadamente a metade dos indivduos da mata pertencem aapenas 20% das espcies encontradas enquanto a maioria estrepresentada somente por um ou dois indivduos, por hectare. Aproporo de indivduos jovens (mudas) para rvores adultas mui-to grande no ambiente natural devido grande mortalidade dos

    jovens por competio (Felfili, 1993, 1994, 1995, 1997; Silva J -nior, 1995; Walter, 1995).

    J a Mata de Galeria inundvel (Figura 1b) apresenta nmerode espcies inferior, mas com dominncia acentuada de espciestpicas indicadoras de reas midas como a jaca-brava (Richeriagrandis) e a pindaba-do-brejo (Xylopia sericea) com maior nmerode rvores finas do que as matas em solos bem drenados.

    A estrutura dessas matas geralmente formada por:

    a)um estrato arbreo composto de poucas espcies emergentes quepodem atingir mais de 20 m de altura, como Copaifera langsdorf ii,

    Lamanonia tomentosaeCallisthene major

    ;

    b)grande quantidade de espcies formadoras do dossel que na suamaioria atinge de 15 a 20 m de altura, como Amaioua guianensis,Xylop ia sericea e Metrodorea stipularis;

    c)nmero relativamente menor de espcies de pequeno porte, comaltura inferior a 10 m, como Cheiloclinium cognatum eMaytenusalaternoides. No caso das matas inundveis, os buritis so emer-gentes e aumentam a proporo de espcies hidrfilas formadoras

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    do dossel como aquelas do gnero Protium, Talaumae Xylopia(Felfili,1993, 1998a; Silva J nior, 1995; Walter, 1995).

    Em quaisquer dos dois subtipos, a diversidade e a riqueza dasespcies herbceas na Mata de Galeria so inferiores quando com-paradas com outras fitofisionomias do bioma. Em vrias matas noDistrito Federal, o nmero total dessas espcies variou entre 15 e20 (Felfili et al., 1994). O baixo nmero de espcies e indivduos noestrato herbceo indicativo de bom estado de conservao dasmatas. Matas degradadas geralmente so invadidas por gramneas,(bambus) e samambaias, (especialmente do gnero Pteridium)querecobrem o solo, dificultando o estabelecimento de plntulas das

    espcies florestais na fase inicial da sucesso. Essa cobertura vegetalcria condies para o restabelecimento do solo, de modo que futura-mente a mata possa se recompor naturalmente. Dentre as espciesherbceas e arbustivas de ocorrncia natural nas Matas de Galeria,destacam-se: Acacia martusiana (Steud.) Burk. (Leguminosae) tre-padeira-arranha-gato; Aristida riparia Trin. (Gramineae) erva-ta-quari; Olyra c iliatif olia Raddic. (Gramineae) bambu-taquarinha.Essas espcies recobrem o solo, retendo-o e evitando a eroso,criando condies favorveis ao sombreamento e umidade para odesenvolvimento inicial das plntulas das espcies arbreas.

    O crescimento das espcies lenhosas varia com a espcie eainda conforme o posicionamento do indivduo, a competio porluz, nutrientes e umidade, (Felfili, 1993, 1994, 1995). Para rvoresadultas, nas Matas de Galeria, o crescimento mdio em dimetropor ano, est na ordem de 0,30 cm, sendo similar ao de outrasflorestas tropicais. Porm, alguns indivduos podem crescer at2 cm/ano dependendo da espcie e da condio em que se encon-

    tram (Felfili, 1993, 1994, 1995). Quando a competio pequena,em condies naturais, algumas plantas jovens crescem entre 0,5 e1 m de altura por ano, sugerindo que vrias espcies de Matas deGaleria tm potencial para crescer rapidamente caso liberadas daintensa competio que naturalmente ocorre no ambiente natural.Em processos de recuperao natural, deve-se considerar tambmque os padres de crescimento venham a diferir entre espcies.Vrias delas podem investir inicialmente em crescimento radicular e

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    diamtrico nos primeiros dois anos aps o estabelecimento no campo,para depois, crescer mais rapidamente em altura.

    Exemplos de espcies lenhosas que crescem rpido em condi-es naturais, so mostrados na Tabela 1. Considera-se como cres-cimento rpido a mdia de 0,5 cm de dimetro por ano.

    TABELA 1. Espcies de rpido crescimento em reas naturais deMatas de Galeria (baseado em Felfili, 1993, 1994).

    Alchornia iricurana Hymenaea stilbocarpa Pouteria ramiflora

    Andira paniculata Inga alba Protium heptaphyllum

    Apuleia leiocarpa Ixora warmingii Pseudomedia laevigata Callisthene major Lamanonia tomentosa Qualea dichotoma

    Callophylum brasiliense Machaerium acutifolium Qualea multiflora

    Cariniana estrellensis Metrodorea pubescens Schefflera morototoni

    Cecropia pachystachya Miconia punctata Sclerolobium paniculatum

    Chrysophyllum marginatum Micropholis venulosa Solanum guianensis

    Copaifera langsdorffii Myrcine coriacea Styrax guianensis

    Cryptocarya aschersoniana Nectandra mollis Tapirira guianensis

    Emmotum nitens Persea fusca Terminalia argentea

    Eriotheca gracilipes Piptocarpha macropoda Terminalia brasiliensis

    Virola sebifera

    Alm das espcies lenhosas, ainda ocorrem espcies de palmei-ras nas Matas de Galeria tais como: Acronom ia sclerocarpa (Chocru)Mart. - macaba: em matas bem drenadas;A recast rum romanzoff ia-num Becc. - jeriv arbreo: em mata bem drenada e encharcada;But ia leiopatra (Mart.) Becc. - vassoura arbustiva: em mata bem

    drenada e mida; Eut erpe edulis Mart. - palmito arbreo: em matabem drenada e mida; Guilielma gasipaes (HBK) Bailey - pupunhaarbrea; Maurit ia vinif era (Maurit ia flexuosa) Mart. - buriti arbreo:em mata mida. A incluso de algumas espcies de palmeiras noprocesso de recuperao poder tambm, futuramente, agregar renda propriedade, pois o palmito de Euterpe, J eriv, Pupunha e ainda odoce de Buriti so exemplos de produtos comercializados na regio.No entanto, o manejo adotado para esse aproveitamento deve ser

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    A Mata de Galeria apresenta o ambiente mais diverso do biomaCerrado, comportando 30% das suas espcies apesar da sua redu-zida dimenso em relao s outras fitofisionomias desse bioma

    (apenas 5% da rea) (Felfili, 2000). Assim, apesar de fisionomica-mente homognea, variaes no ambiente fsico e na distribuiode espcies dentro da Mata de Galeria so marcantes. Gradientesde umidade e luz (Felfili, 1993, 1995; Silva J nior, 1995; Walter,1995) so os principais determinantes da distribuio espacial dasespcies sob a mesma condio de fertilidade do solo. Essas matasocorrem sobre diferentes classes de solo, como Latossolos, Cam-bissolos e Podzlicos e no apenas sobre os hidromrficos como

    preconizado por muitos autores no passado (Haridasan, 1998; Reatto,1998).

    Apesar de no ser to evidente quanto para a fitofisionomiaCerrado, a estacionalidade climtica tambm exerce grande influn-cia na dinmica dessas matas, notadamente em relao aos ritmosfenolgicos e ao estabelecimento de plantas. Assim, os principaisdeterminantes dessa diversidade de ambientes e de espcies sorelativos ao tempo (sazonal) e ao espao. Essas variaes, agindocomo fator de seleo natural, devem agrupar espcies que possuam

    caractersticas semelhantes e dessa maneira possam ter mais sucessode florao, frutificao, disperso, germinao e estabelecimentoem situaes e locais particulares nesse ambiente (Ribeiro & Schia-vini, 1998). A distribuio agrupada de algumas espcies, em por-es da mata, um reflexo das condies fsicas e das interaesbiticas e esse conhecimento pode e deve ser levado em conta emplantios com espcies nativas para a recuperao de reas degra-dadas.

    Gouveia & Felfili, 1998 estudaram a fenologia de uma comu-nidade de Mata de Galeria e constataram que os eventos reproduti-vos parecem ocorrer mais distribudos ao longo do ano se compara-dos com a fisionomia Cerrado sentido restrito, indicando que oambiente florestal sofre menor influncia da estacionalidade clim-tica. Esses autores tambm observaram que as espcies mais abun-dantes da mata dispersam suas sementes na estao seca, indicandoser essa uma caracterstica que parece assegurar o sucesso dessas

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    espcies. Existe umidade suficiente no ambiente para a germinaodas sementes, o estabelecimento e desenvolvimento das plntulasque ainda so beneficiadas pelo perodo chuvoso seguinte.

    A recomposio de Matas de Galeria deve partir de um plane-jamento prvio que considere os seguintes aspectos: caracteriza-o do local a ser recuperado, legislao, espcies a serem planta-das a poca e os modelos de plantio. A seguir so discutidos algunsdesses aspectos a serem considerados nesse planejamento.

    PLANEJ AMENTO PARA RECUPERAO

    O planejamento para recuperao deve considerar a microba-cia hidrogrfica, procurando identificar e controlar os fatores fsicose qumicos que possam estar interferindo na rea a ser recuperada.O enfoque deve ser sistmico, ou seja: envolver o maior nmero defatores que vai influenciar seu sucesso. Dessa maneira, deve consi-derar as atividades agrcolas ou assemelhadas, feitas na vizinhanae avaliar como elas podem estar influenciando a degradao dasMatas ou mesmo o estabelecimento e o desenvolvimento dasmudas usadas para sua recuperao. Com isso, a primeira atividade,nesse processo, identificar as causas da degradao e elimin-las,caso no sejam eliminadas, a degradao ocorrer novamente.

    Legislao

    Toda Mata de Galeria classifica-se, na legislao, como rea

    de preservao permanente. A Lei (no

    7.511 de 07/07/1986) prevas seguintes situaes:

    - 30 m de cada margem, para rios com at 10 m de largura;

    - 50 m de cada margem, para rios de 10 a 50 m de largura;

    - 150 m de cada margem, para cursos dgua com largura entre 50e 100 m;

    - 150 m de cada margem, para rios entre 100 e 200 m de largura;

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    - igual distncia entre as margens, para rios acima de 200 m delargura.

    Entretanto, nem sempre a legislao est adequada s Matasde Galeria. Essas Matas muitas vezes ocorrem ao longo de crregosmais estreitos do que 10 metros, mas sua extenso lateral , emgeral, maior que 100 metros. O tipo de manejo efetuado no entornodas reas de preservao permanente tem grande influncia namanuteno do equilbrio da mata. Outras vezes, as faixas de mataso estreitas, sendo margeadas por campos midos que tambmdeveriam ser preservados pois exercem papel importante no equil-brio dessas matas. Assim, justifica-se a incluso dos campos mi-

    dos como parte das reas de preservao permanente. Polticos,fazendeiros e a comunidade devem entender que a existncia dereas de Preservao Permanente necessria no apenas para aconservao das espcies vegetais e da fauna nativa, mas tambmpara a manuteno da qualidade e quantidade da gua que benefi-cia o prprio ser humano. Wiedmanne & Dornelles (1999) abordamo tema, sobre a legislao ambiental aplicada a ambientes ribeiri-nhos e concluem que embora ela seja ainda fragmentada e confli-tante, os plantios de recuperao devem, pelo menos, respeit-la.

    Caracterizao do local a ser recuperado

    Nos locais com alta declividade, recomenda-se plantio em curvade nvel em toda a encosta, principalmente se assim tivesse sido acobertura florestal no passado. Nesse plantio, aconselha-se deixaruma faixa de vegetao maior do que a prevista pela legislao, j

    que a elevada declividade pode agravar a eroso e possveis ativida-des agropecurias no so indicadas nesse local.

    As condies do solo exercem influncia fundamental naseleo das espcies a serem utilizadas na recuperao. Aspectosligados fertilidade, susceptibilidade eroso e profundidadedo solo devem ser considerados. Os plantios s podem ser inicia-dos quando a eroso do solo, em toda a microbacia hidrogrfica,estiver controlada (enfoque sistmico). Alm desse aspecto, a

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    coletar todo o material em flor e fruto para a identificao e registrodas espcies e o depsito do material botnico em herbrio.

    Um mtodo fitossociolgico de amostragem eficiente para asMatas de Galeria tem sido o sistemtico, com o estabelecimento delinhas de amostragem (transeco) eqidistantes umas da outras eperpendiculares a linhas de drenagem (crrego, riacho) principal.Essas linhas so subdivididas em parcelas de 10 x 20 m onde rvoresa partir de 10 cm de dimetro so medidas. Subparcelas de 2 x 2 m,5 x 5 m e 10 x 10 m so ento alocadas, aleatoriamente, dentro decada parcela de 10 x 20 m para amostragem da regenerao natu-ral, subdividida nas seguintes classes de tamanho: plntulas at

    1 m de altura (consideradas como no estabelecidas); plantas entre1 m de altura e 5 cm de dimetro (plantas jovens em fase de esta-belecimento) e para plantas entre 5 e 10 cm de dimetro (j estabe-lecidas) (Felfili, 1993, 1994, 1995, 1997; Felfili et al., 1994). Destaforma, tem-se uma malha de parcelas que abrange a variabilidadeda distribuio das espcies tanto perpendicular como paralela aocurso dgua. A vantagem na utilizao de subparcelas de diferen-tes tamanhos a uniformizao da intensidade de amostragem,

    pois em uma mata existem muitos indivduos pequenos e poucosindivduos grandes.

    A existncia de microsstios dentro da mata indica a necessi-dade de amostragem estratificada. reas permanentemente inun-dadas ou com diferentes estdios de degradao devem ser delimi-tadas e amostradas separadamente. Em cada uma das estratifica-es, devem ser realizadas amostras aleatrias ou sistemticas.Resultados detalhados, para cada segmento, podem ser consegui-dos, assim como um resultado geral para toda a Mata de Galeria.

    Em quaisquer desses inventrios, a caracterizao de cadaplanta em funo da exposio radiao solar muito importante,pois fornecer subsdios para a classificao da espcie em relaoa sua resposta e a sua posio na sucesso quanto luminosidadedurante a maior parte do dia. As categorias propostas so: plantasque recebem luz de todos os ngulos; apenas na copa; somente nalateral e; completamente sombreada (Felfili, 1993, 1997).

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    Escolha das espcies

    Como foi discutido anteriormente, verifica-se que algumas

    espcies ocorrem amplamente e so comuns mesmo entre matasem regies distantes (Oliveira-Filho et al., 1990; Felfili, 1995; Rezen-de et al., 1997; Felfili et al., 1998b). Alm disso, existem tambmespcies preferenciais de determinadas condies ambientais sejamelas reas midas (J oly & Crawford, 1982; Felfili, 1993, 1995;Oliveira-Filho & Ratter, 1995; Walter, 1995; Silva J nior, 1995)e/ou para reas secas. Para o bioma Cerrado, Mendona et al.,1998 compilaram uma listagem de espcies vasculares para as Matasde Galeria enquanto Silva J nior et al. (1998) fizeram uma anlisepara o Distrito Federal, com indicaes sobre o ambiente preferen-cial de ocorrncia de diversas espcies. Vrios outros trabalhos comoos de Schiavini (1992), Felfili (1993, 1995, 1998a),Silva J nior(1995), Silva J nioret al. (1998), Oliveira-Filho (1990), Oliveira-Filho & Ratter (1995) , Walter (1995) e Ribeiro, Walter & Fonseca(1999), tambm produziram resultados nesse sentido. Espcies deocorrncia ampla, ou seja, freqentes em um grande nmero deMatas de Galeria da regio, descritas em Felfili et al. (1994), Harida-

    san et al. (1997), Resende et al. (1997), Silva J nior et al. (1998)podem ser utilizadas para formar a estrutura inicial da mata em umprocesso de recuperao. Espcies caractersticas de clareiras de-vem ser plantadas no incio e aquelas preferenciais de ambientesmidos e alagveis devero povoar bordas dos rios e crregos.

    As seguintes espcies arbreas podem formar o povoamentoinicial nos processos de reabilitao das matas s margens dos crre-gos e rios do Brasil Central: Cecropia pachystachya, Piptocarphamacropododa, Cabralea canjerana, Sclerolobium paniculatum var.rubiginosum que so espcies colonizadoras de clareiras (Tabela 2);Amaioua guianensis, Copaifera langsdorf fii, Cryptocaria aschersoniana,Hymenaea st ilbocarpa, Matayba guianensisque so espcies for-madoras de dossel e desenvolvem bem sob condies intermediriasde luz e Calophy llum brasiliense, Cyat hea spp., Euterpe edulis,Ferdinandusa speciosa, M aurit ia flexuosa, M iconia chamissois,

    Richeria grandis, Talauma ovatae Xylopia emarginata em ambien-tes mais midos (Tabela 3).

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    TABELA 2. Espcies lenhosas mais comuns nas Matas deGaleria do Brasipor categoria de exigncia luminosa (pleno sol, sombra parcial

    Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sol Acacia paniculataWilld. Leguminosae ago/set Angiquinho Mdio Solos ricos Fg(>

    Sol Acacia polyphyllaDC. Leguminosae ago/set Angiquinho, Monjolo Mdio Indiferentes Fb

    Sol Agonandra brasiliensisBenth. & Opiliaceae out/dez Pau-marfim Mdio Solos pobres MHook. f.

    Sol Alchornea iricuranaCasar Euphorbiaceae set/out Tapi Grande Solos pobres MSol Alibert ia edulis (L. C. Rich.) A. Rubiaceae dez/jan Marmelada Mdio Indiferentes A

    Rich. ex. DC. s

    gSol Anadenanthera colubrina (Vell.) Leguminosae jul/ago Angico-vermelho Grande Solos ricos M

    Brenan. (sa

    Sol Apeiba tiboubou Aubl. Tiliaceae set/out Pente-de-macaco Grande Indiferentes Ma(4

    Sol Apuleia leiocarpa(Vog.) Macbr. Leguminosae nov/dez Garapa, Azedinha Grande Indiferentes Ma

    Sol Astronium fraxinifoliumSchott. Anarcardiaceae ago/out Gonalo-alves Mdio Solos ricos Me

    Ga

    Sol Brosimum rubescensTaub. Moraceae jul/out Pau-brasil do interior Grande Solos ricos Fe(>

    Sol Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Meliaceae jul/ago Canjerana Grande Solos pobres F

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    TABELA 2. Continuao.Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sol Calophyllum brasilienseCamb. Guttiferae set/out Landim Grande Solos pobres MG3

    Sol Cecropia pachystachyaTrec. Cecropiaceae mai/jun Embaba Mdio Indiferentes Fc

    Sol Copaifera langsdorf fiiDesf. Leguminoseae jul/ago Copaba Grande Indiferentes McbG1

    Sol Cordia glabrata (Mart.) A..DC. Cordiaceae out/nov Louro-preto Mdio Solos ricos Ma

    Sol Cordia sellowiana(Cham.) Cordiaceae set/out Louro-mole Mdio Solos pobres MSol Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Cordiaceae ago/out Louro-pardo Grande Solos ricos M

    Steud. aSol Dilodendron bipinnatumRadlk. Sapindaceae set/nov Mamoninha, Mulher- Grande Solos ricos P

    pobre cccc

    Sol Dypterix alataVog. Leguminosae jul/set Baru Grande Solos ricos Ace

    Sol Emmotum nitens(Benth.) Myers Icacinaceae set/nov Aderno, Sobre Grande Solos pobres F

    (>Sol Guazuma ulmifoliaLam. Sterculiaceae set/out Mutamba Mdio Solos ricos M

    fc

    Sol Inga alba (Sw.) Willd. Leguminosae out/nov Ing Mdio Solos pobres M(>

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    TABELA 2. Continuao.

    Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sol Luehea grandifloraMart & Zucc. Tiliaceae ago/out Aoita-cavalo grado Mdio Indiferentes MSol Luehea paniculataMart. & Zucc. Tiliaceae ago/out Aoita-cavalo Mdio Solos pobres M

    Sol Machaerium acutifoliumVog. Leguminosae jul/set Gro-de-cavalo Grande Solos pobres M

    Sol Machaerium scleroxylonTul. Leguminosae jun/set Jacarand, Pau-ferro Grande Indiferentes M

    Sol Myracrodruon urundeuva Fr. Allem Anacardiaceae ago/out Aroeira Grande Solos ricos M

    c

    G

    1

    Sol Piptocarpha macropoda (DC.) Baker Compositae out/nov Corao-de-negro Grande Solos pobres M

    Sol Plathypodium elegansVog. Leguminosae jul/set Canzileiro Mdio Indiferentes M

    a

    Sol Pseudobombax longif lorum (Mart. & Bombacaceae jul/set Embiruu Mdio Indiferentes OZucc.) A. Robyns s

    c

    (>

    Sol Qualea dichotoma(Mart.) Warm. Vochysiaceae ago/set Jacar Grande Solos pobres M

    aSol Rapanea guianensis Aubl. Myrsinaceae out/dez Capororoca Mdio Solos pobres F

    a

    Sol Rhamnidium elaeocarpusReiss. Rhamnaceae jan/mai Cafezinho Mdio Solos ricos F

    Sol Schefflera morototoniAubl. B. Araliaceae jul/out Mandioco Mdio Indiferentes M

    Maguire, Steyerm& D.C. Frodim a

    Sol Sclerolobium paniculatumVog. Leguminosae jul/set Carvoeiro Grande Indiferentes MG

    1

    Sol Simaruba amaraAubl. Simaroubaceae nov/dez Mata-cachorro Grande Indiferentes M

    c

    a

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    TABELA 2. Continuao.

    Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sol Sterculia striata St. Hil. & Naud. Sterculiaceae ago/set Chich Mdio Solos pobres P

    Ma

    Sol Tabebuia impetiginosa (Mart. ex Bignoniaceae jul/set Ip-roxo Grande Indiferentes MDC.) Standl. p

    t(>

    Sol Tabebuia roseo-alba(Ridley) Sandw. Bignoniaceae set/out Taipoca Grande Indiferentes Dle

    Sol Vochysia tucanorumMart. Vochysiaceae fev/mar Pau-de-tucano Mdio Solos pobres Mlo3

    Sol Zanthoxylum rhoifoliumLam. Rutaceae mar/jun Mamica-de-porca Mdio Indiferentes MGa

    Sombra Alibert ia sessilis (Vell.) K. Schum. Rubiaceae nov/dez Marmelada Solos pobres ASombra Byrsonima laxif lora Griseb. Malpighiaceae jan/fev Murici Mdio Indiferentes ASombra Cheiloclinium cognatum(Miers) Hippocrateaceae dez/jan Bacupari Pequeno Solos pobres F

    A.C. Smith aSombra Chrysophyllum marginatum(Hook Sapotaceae out Peroba-branca Grande Solos pobres F

    & Arn.) Radlk.Sombra Coussarea hydrangeaefolia Benth. Rubiaceae mai/jul Fruta-de-anta Grande Indiferentes F

    & Hook. f.Sombra Diospyros hispidaA.DC. Ebenaceae. dez/fev Diospiros, Olho-de-boi Pequeno Solos pobres F

    aSombra Guettarda viburnoidesCham. & Rubiaceae jan/mar Anglica Mdio Indiferentes A

    Schlecht. Ga

    Sombra Maytenus alaeternoides Celastraceae jan/mar Bacupari Pequeno Solos pobres FSombra Prunus brasiliensis Schott. ex Rosaceae set/out Pessegueiro Mdio Solos pobres F

    Spreng.

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    TABELA 2. Continuao.

    Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sombra parcial Alibert ia macrophyllaK. Schum. Rubiaceae set/out Marmelada Mdio Indiferentes As

    Sombra parcial Amaioua guianensisAubl. Rubiaceae nov/dec Marmelada Mdio Indiferentes Doa

    Sombra parcial Amburana cearensis (Fr. Allem.) Leguminosae ago/out Amburana Grande Solos ricos MA.C. Smith. M

    aG1

    Sombra parcial Andira paniculataWilld. Leguminosae jul/out Angelim Mdio Solos pobres FSombra parcial Aspidosperma cylindrocarpon Apocynaceae ago/set Peroba, Guatambu Grande Indiferentes M

    M. Arg. fSombra parcial Aspidosperma subincanumMart. Apocynaceae ago/out Peroba, Guatambu Grande Indiferentes D

    A(>

    Sombra parcial Calisthene major Mart. Vochysiaceae ago/set Tapicuru Grande Solos pobres FSombra parcial Cariniana strellensis (Raddi)Kuntze Lecythidaceae jul/set Jequitib Grande Indiferentes D

    cf(>

    Sombra parcial Cedrela fissilisVell. Meliaceae jul/ago Cedro Grande Solos ricos Ma

    Sombra parcial Cryptocaria aschersonianaMez Lauraceae fev/abr Louro-precioso Grande Solos pobres F

    Ga

    Sombra parcial Cupania vernalisCamb. Sapindaceae ago/nov Camboat-vermelho Mdio Solos pobres F(>

    Sombra parcial Eriotheca gracilipes(K. Schum.) Bombacaceae ago/out Paineira-do-campo Mdio Solos pobres MA. Robyns

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    TABELA 2. Continuao.

    Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sombra parcial Genipa americanaL. Rubiaceae set/jan Jenipapo Grande Solos ricos Afc(>

    Sombra parcial Hirtella glandulosaSpreng. Chrysobalanaceae set/out Sem-nome Mdio Solos pobres FSombra parcial Hymenaea stilbocarpa L. Leguminosae ago/set Jatob-da-mata Grande Indiferentes A

    MfmG1

    Sombra parcial Lamanonia ternataVell. Cunoniaceae jun/ago Salgueiro-do-mato Grande Solos pobres FSombra parcial Licania apetala (E. Meyer) Fritsch. Chrysobalanaceae jan/mar Oiticica, Rap Grande Solos pobres MSombra parcial Maprounea guianensis(Aubl.) Euphorbiaceae set/out Cascudinho Grande Solos pobres M

    M. Arg.Sombra parcial Matayba guianensisAubl. Sapindaceae jan/fev Camboat Grande Solos pobres F

    G1

    Sombra parcial Miconia sellowianaNaud. Melastomataceae dez/fev Quaresmeira Pequeno Solos pobres FSombra parcial Myrcia rostrata DC. Myrtaceae dez/jan Folha-mida Solos pobres ASombra parcial Myrcia tomentosa (Aubl.)DC. Myrtaceae dez/jan Ara, Goiabinha Mdio Indiferentes A

    FSombra parcial Nectandra mollisNess Lauraceae out Canela Grande Solos pobres F

    Sombra parcial Ouratea castaneaefolia (DC.) Engl. Ochnaceae nov/dez Farinha-seca Grande Solos pobres MSombra parcial Piptadenia gonoacantha (Mart.) Leguminosae set/out Angico Solos ricos M

    Macbr. Ga

    Sombra parcial Plathymiscium floribundumVog. Leguminosae out/dez Feijo-cru Grande Solos ricos Ma

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    TABELA 2. Continuao.

    Exigncia Produoluminosa Espcie Famlia sementes Nome comum Porte Fertilidade U

    Sombra parcial Pouteria ramif lora (Mart.) Radlk Sapotaceae ago/nov Abiu-do-cerrado, Mdio Solos pobres Acurriola G

    aSombra parcial Protium heptaphyllum (Aubl.) Burseraceae nov/dez Breu, Almecega Grande Indiferentes D

    March. aSombra parcial Pseudobombax tomentosum Bombacaceae ago/out Paineira Grande Indiferente D

    (Mart. & Zucc.) A. Robyns G1

    Sombra parcial Salacia elliptica (Mart.) G.Don Hippocrateaceae nov/jan Bacupari Pequeno Solos pobres F(>

    Sombra parcial Swartzia multijuga Vog. Leguminosae set/nov Banha-de-galinha, Indiferentes Fgro-de-bode

    Sombra parcial Talauma ovataSt. Hil. Magnoliaceae jun/ago Magnlia-do-brejo Mdio Solos pobres M(>

    Sombra parcial Tapirira guianensisAubl. Anacardiaceae jan/mar Marinheiro, Pau- Mdio Indiferentes Fpombo G

    aSombra parcial Terminalia argenteaMart. Combretaceae mai/jul Macru, Capito Grande Indiferentes M

    & Zucc. aSombra parcial Terminalia fagifoliaMart. & Zucc. Combretaceae jun/jul Capito Grande Indiferentes M

    (>Sombra parcial Tibouchina condolleana(DC.) Melastomataceae set/out Quaresmeira Pequeno Solos pobres F

    Cogn.

    Sombra parcial Virola sebiferaAubl. Myristicaceae jul/set Ucuuba-vermelha, Grande Solos pobres FVirola a

    Sombra parcial Vitex polygamaCham. Verbenaceae jan/abr Barana Grande Solos pobres FSombra parcial Vochysia pyramidalisMart. Vochysiaceae fev/mar Gomeira-de-macaco Mdio Solos pobres M

    (>

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    TABELA 3. Lista preliminar de espcies vasculares preferenciais (prefer. no inundvel), indiferentes e exclusivas (exclus. inundvel e exaos diferentes nveis de lenol fretico que ocorrem nas Matas Central.

    Exclusivas (inundvel) Preferenciais (inundvel) Indiferentes Preferenciais (no inundvel)

    Calophyllum brasiliense Alchornea glandulosaPoepp. Cecropia pachystachiaTrc. Alibertia macrophyllaK. Schum.

    Camb. &Endl.

    Cedrela odorataL. Aniba heringerii Vatt. Panicum sellowii Nees Apuleia leiocarpa (Vog.)

    Macbr.

    Cestrum megalophyllum Blechnum serrulatumRich. Protium heptaphyllum Bauhinia rufa (Bong.) Steud.

    Dunal (Aubl.) March.

    Costus spiralis (Jacq.) Clusiaspp. Protium pilosissimumEngl. Byrsonima laxifloraGriseb.

    RoscoeCybianthus glaber Euplassa inaequalis(Pohl) Psychotria carthagenensis Chorisia pubiflora (St. Hil.)

    A. DC. Engl. Jacq. Dawson

    Cyatheaspp. Erythroxylum amplifolium Pteridium aquilinum(L.) Coussarea hydrangeifolia

    Fritsh. & Mey. ex E. Schulz. Kunh. Mart. & Zucc. ex Schultes

    & Schultes

    Dendropanax cuneatum Gaylussacia brasiliensis Schefflera morototonii Emmotum nitens (Benth.)

    (DC.) Decne & Planch. (Spreng.) Meissn. (Aubl.) B. Maguire, Steyerm Miers.

    & D. C. Frodin

    Euterpe edulisMart. Gurania spinulosa(Poepp. & Styrax camporumPohl Endlicheria paniculata

    Endl.) Cogn. (Spreng.) Macbr.

    Ferdinandusa speciosa Ilex affinisGard. Symplocos nitens(Pohl) Guarea guidonia(L.)

    Pohl Benth. Sleumer

    Ficus insipidaWilld. Ilex integrifoliaHort. ex Gard. Tapirira guianensisAubl. Guatteria sellowianaSchlecht.

    Geonoma pohlianaMart. Lamanonia ternataVell. Machaerium acutifoliumVog.

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    TABELA 3. Continuao.

    Exclusivas (inundvel) Preferenciais (inundvel) Indiferentes Preferenciais (no inundvel)

    Guarea macrophylla Laplacea fruticosa Maprounea guianensisAubl.

    Vahl.ssp. tuberculata (Schrader) Kobuski(Vell.) Pennington

    Hedyosmum brasiliense Maurit iella armata (Mart.) Miconia cuspidataNaud.

    Mart. exMiq. Burret.

    Hyeronima alchorneoides Miconia hirtellaCogn. Ocotea aciphylla(Nees) Mez

    Fr. Allem.

    Mauritia flexuosaL. f. Miconia chartaceaTriana Ocotea velloziana(Meissn.)var. miquelianaCogn. Mez

    Macropeplus ligustrinus Myrcia laroutteanaCamb. Olyra ciliatifoliaRaddi

    (Tul.) Perk.

    Miconia chamissoisNaud. Piper hispidumMart. & Gal. Ormosia arborea (Vell.) Harms.Miconia elegansCogn. Piptocarpha oblongaBaker Ouratea castaneifolia(DC) Engl.

    Myrcia deflexaDC. Posoqueria latifolia (Rudge) Platypodium elegansVog.Roem. & Schult.

    Piper arboreumAubl. Protium almecegaMarch. Pseudobombax longiflorum

    (Mart. & Zucc.) A. Robyns.

    Prunus chamissoana Psychotria mapourioidesDC. Pseudolmedia laevigataTrc.

    KoehneRenealmia exaltataL. f. Siparuna cuyabana(Mart.) Qualea dichotoma (Mart.)

    A. DC Warm.Richeria grandisVahl. Tabebuia serratifolia (Vahl.) Sclerolobium aureum(Tul.)

    Nicholson Benth.

    Talauma ovataSt. Hil. Tibouchina candolleana(DC.) Sloanea guianensis (Aubl.)

    Cogn. Benth.

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    Exclusivas (inundvel) Preferenciais (inundvel) Indiferentes Preferenciais (no inundvel)

    Virola urbanianaWarb. Tococa formicariaMart. Unonopsis lindmanii R. E. FriesXylopia emarginataMart. Tapura amazonicaPoepp.

    & Endl.

    Virola sebiferaAubl.

    Vismia glaziovii Ruhl.

    Zanthoxylum rhoifoliumLam.

    Fonte. Ribeiro et al., 1999.

    TABELA 3. Continuao.

    Altura Mdia (m): 20-30

    0

    4

    8

    24

    12

    28

    20

    32

    36

    40

    16

    20 40 60

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    copas se entrelaam. Recomenda-se, na coleta, o uso de podescom cabos encaixveis, escadas e equipamento para subida emrvores.

    Deve-se evitar a coleta de sementes de indivduos que estofrutificando fora de poca em relao a outros da mesma espcie,no mesmo local. Esses indivduos podem estar frutificando devido aalgum estresse ou doena e, geralmente, produzem sementes pobrese abortadas. Sempre que possvel, as sementes devem ser coleta-das em condies similares e o mais prximo possvel do lugar a serrecuperado.

    A coleta deve ser iniciada aps a seleo dos indivduos e da

    retirada dos frutos velhos do solo embaixo da copa. Se possvel, usarvara, escada ou podo para derrubar os frutos dos galhos mais cen-trais da copa, pois so os que produzem as melhores sementes. Casosejam coletados frutos do cho, repetir o procedimento por vriosdias, procurando colet-los logo aps sua queda evitando que sejamprejudicados por insetos ou pela umidade. rvores altas tornam mui-tas vezes a coleta difcil. importante ento, a marcao de rvoresmatrizes ao longo de trilhas para coletar os frutos no cho.

    Existem pelo menos onze tipos diferentes de frutos nas esp-cies de Mata de Galeria (Lopes & Ribeiro, 2000), os quais podemser separados em dois grandes grupos: os secos e os carnosos. Ossecos apresentam sementes usualmente dispersas pelo vento, comoo angico. J os carnosos podem cair das rvores e so comidos poranimais que dispersam suas sementes, como o jenipapo. Algunsfrutos como o da pinha-do-brejo, que so coloridos e brilhantes, odo jatob que tem polpa adocicada em volta da semente atraem, porsuas caractersticas, pssaros, animais.

    Frutos secos e carnosos freqentemente mudam de cor quandomaduros e esta a melhor ocasio para colet-los. Os secos podem,entretanto, ser coletados de vez e colocados, para amadurecer,sobre uma bancada ou uma peneira. Com isso, evita-se o risco daperda das sementes, que seriam dispersas pelo vento, quando osfrutos abrem naturalmente. A alternativa envolver alguns galhoscom uma malha fina de modo que as sementes sejam retidas quandoda abertura natural dos frutos. Se as sementes forem coletadas na

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    estao das chuvas, elas podem precisar de secagem. Para tal, devemser espalhadas ao ar livre, por duas ou trs horas sob o sol e a seguirpodem ser estocadas em condies frescas e secas assombreadas.

    Os frutos carnosos necessitam ser beneficiados. As sementesdevem ser despolpadas e secadas sombra sobre uma bancada ouuma peneira por, no mximo, cinco dias at o momento da semea-dura. Aps a coleta dos frutos e da extrao das sementes, acon-selhvel mant-las secas at o plantio. As sementes no devem serestocadas em sacos plsticos, pois esses retm a umidade originadada perda de gua pelas sementes que ficam midas e podem apo-drecer. Caso seja necessrio, o armazenamento deve ser feito em

    sacos de papel ou de tecido, evitando o apodrecimento delas. Alemdisso, recomenda-se anotar a data e o local da coleta das semen-tes, estocando-as em lugar seco, fresco e ventilado.

    Pelo menos parte dessas sementes, deve ser semeada imediata-mente aps o beneficiamento, pois algumas espcies perdem o po-der germinativo rapidamente (sementes recalcitrantes); outra pos-suem dormncia e podem ficar muito tempo, no solo, aguardandocondies apropriadas de luz, de umidade ou de outros fatores paragerminar. Muitas espcies da famlia leguminosae tm dormncia,apresentando um tegumento (casca) duro. Esse tegumento no deixaa umidade atingir o embrio, inviabilizando a germinao.

    Existem vrios tratamentos pr-germinativos para quebra dedormncia. Para sementes com tegumento duro como o J atob(Hymenaea courbaril), sugere-se lix-la (escarificao mecnica), oumesmo imergi-la em gua por duas ou mais horas. Muitas espciesnativas levam mais de um ms para comear a germinar e sua germi-nao irregular estendendo-se por at dois meses, caso no sejam

    submetidas a nenhum tratamento pr-germinativo. Recomenda-se testaralguns dos vrios tratamentos sugeridos na literatura conforme ascaractersticas das sementes ( Eira & Netto, 1998). A escarificaodeve ser feita do lado oposto a qualquer depresso ou protubernciano tegumento, pois estas so evidncias de proximidade do embrio,o que deve ser evitado. No viveiro, sempre recomendvel o uso deferramentas para beneficiamento de sementes como tesouras depodas, diferentes tipos de lixas ou mesmo um esmeril.

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    Como, em geral, as mudas de espcies nativas permanecemem viveiro por at 12 meses, sugere-se o uso de recipientes comporte suficiente para permitir o desenvolvimento adequado das razes.

    A recomendao que sejam utilizados, sacos plsticos de 15 cmde dimetro 25 cm de profundidade. Alm disso, mensalmente, necessria a mudana de posicionamento dos saquinhos, nos can-teiros, operao chamada remoo. Essa prtica evita que as razessaiam do saquinho pelo fundo e possam penetrar no solo. Quandoisso acontece, a muda pode ser prejudicada porque ela pode nosuportar o traumatismo do corte da raiz ao ser transplantada.

    O sombreamento das mudas muito importante para algu-mas espcies, principalmente aquelas naturalmente presentes emambiente clmax. Sombreamento de 50% a 70% pode ser conse-guido com cobertura de sombrite ou de palha. Irrigao pela manhe no final da tarde so recomendveis durante a produo de mudas.No ltimo ms, deve-se endurecer a muda, ou seja: diminuir airrigao e exp-la gradualmente ao sol. No entanto, deve-se sem-pre monitorar a reao das plantas a essas mudanas.

    Experimentos conduzidos no viveiro florestal da Fazenda guaLimpa (Rezendeet al., 1998; Salgado et al., 1998; Mazzei et al.,

    1997, 1998) esto demonstrando que as espcies de Mata de Galeriaapresentam bom desenvolvimento em condies intermedirias deluz (de 50% a 70% de sombreamento).

    Durante a produo da muda, devem-se observar sinais decarncia de nutrientes, ataques de insetos e patgenos. Esses sin-tomas devem ser combatidos to logo sejam identificados. Infor-maes adicionais tambm podem ser conseguidas em Fonseca &Ribeiro (1998), mas procedimentos simples como canteiros bemdistribudos, movimentao peridica das mudas, irrigaes regularese controle de pragas e doenas, j evitam a maioria dos problemas.

    PLANTIO NO CAMPO

    O preparo do solo vai depender da condio de perturbao aque a mata foi submetida. importante caracterizar e delimitar area a ser recuperada, considerando os gradientes de umidade e ostipos de solo encontrados. Essas condies variam do Campo Limpo

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    para a borda do crrego ou rio. Caso a mata tenha sido totalmenteretirada e substituda por pastagens cultivadas ou invasoras agres-sivas como capins, essas espcies devem ser retiradas do local de

    plantio da muda, principalmente ao seu redor (coroamento), paraevitar competio por luz, gua e nutrientes. Porm, cabe lembrarque reas com declividade acentuada no devem ser desnudadastotalmente, por causa do risco de eroso na poca das chuvas.Recomenda-se verificar os caminhos feitos pelas enxurradas eprocurar corrigi-los com barreiras e curvas de nvel. Barreiras devemser construdas com pedras ou mesmo com entulhos de constru-o, aproveitando material que de outra maneira serviria para poluiro meio-ambiente. Os plantios devem sempre levar em conta a decli-vidade do terreno, portanto, mesmo que o espaamento seja teori-camente regular, as linhas de plantio devem ser deslocadas uma daoutra, (Figura 3), procurando formar, com o crescimento da mudauma barreira enxurrada e ao vento, como ocorre na natureza.

    Caso o solo tenha sido completamente retirado, importantereconstitui-lo antes do plantio. Essa reconstituio deve ser feita gra-dualmente e com prticas que evitem a poluio do curso dgua.Focos de eroso devem ser corrigidos com o estabelecimento de bar-

    reiras, terraceamento e plantios em espaamentos irregulares. Nesseaspecto, aconselhvel a cobertura rpida do solo com espcies her-bceas e arbustivas, por meio da semeadura direta de leguminosas,gramneas nativas e outras ervas e arbustos no perenes.

    No plantio, recomenda que as covas tenham as seguintes me-didas: 40 x 40 x 40 cm, caso a rea seja bem drenada ou bastantedegradada e covas menores no caso de reas midas ou poucodegradadas. A necessidade de adubao deve ser observada nolocal e, se ainda existir matria orgnica disponvel, a adubao

    ser desnecessria, pois as espcies sugeridas so adaptadas aessas condies. Ao contrrio dos casos de reas altamente pertur-badas, em que se recomenda adubao orgnica com a adio de30% de adubo de origem animal curtido ao solo, retirado da cova.Se a adubao no for necessria, a cova deve ser a menor poss-vel, ou seja: o suficiente para introduzir a muda.

    fundamental a monitorao peridica do plantio para verifi-car a necessidade de limpeza o que deve ser feito na forma de

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    coroamento, ou seja: de um crculo de cerca 1 m em volta da muda,efetuada de preferncia no incio da poca das chuvas para permitirque a planta aproveite ao mximo a estao de crescimento, com

    menor competio por luz, gua e nutrientes. O material cortadopode ser colocado sobre a rea capinada, como cobertura morta.Esse procedimento ajuda a manter umidade e a temperatura maisamena durante a estao seca. A limpeza de toda a rea desacon-selhvel, pois o solo desnudo mais suscetvel eroso e tambmporque, em alguns casos, a camada herbcea que ajuda a produ-zir o microclima necessrio para o desenvolvimento das rvorespioneiras de Matas de Galeria.

    As tcnicas de espaamento e de distribuio das mudas, nocampo, fazem parte de modelos de recuperao. As Figuras de 3 a5 apresentam alternativas de modelos com sugestes para plantiosde recuperao de reas nas margens de crregos onde a Mata deGaleria foi degradada ou perturbada.

    MODELOS PARA RECUPERAO

    Vrios modelos tm sido propostos para a recuperao dereas degradadas e/ou perturbadas nas margens de rios. A seguir,so apresentadas algumas sugestes de modelos para recuperaode Matas de Galeria degradadas.

    O modelo 1 esquematizado na Figura 3 sugere, no primeiroano, o plantio alternado de espcies pioneiras e intermedirias exi-gentes de intensa luminosidade paralelos linha de drenagem (linhade gua). Nesse plantio, deve-se usar o maior nmero possvel de

    espcies, alternando aquelas que apresentam indivduos adultos degrande e de pequeno portes (Tabela 2). Nas proximidades das mar-gens do crrego ou riacho ou mesmo nas reas midas, devem serplantadas espcies tolerantes a essas condies de umidade nosolo. Nos anos subseqentes, devem-se ter mudas suficientes parareplantar as falhas por mortalidade, podendo incluir espcies inter-medirias, aproveitando as condies parcialmente sombreadas,criadas pelas espcies plantadas inicialmente.

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    aquil i ferum por exemplo. Assim, os plantios podem ser feitos,usando mudas formadas (Figura 5 A) ou mesmo de sementesbeneficiadas ou recm-germinadas (Figura 5 B). Devem ser plan-

    tadas espcies de sol nas falhas e, nas reas sombreadas, espci-es intermedirias e de sombra. No caso da Figura 5 B, devem-sealternar plantios de mudas (50%) e semeadura direta (50%), uti-lizando, pelo menos, duas sementes beneficiadas por cova. Oespaamento aleatrio, podendo ser de apenas um (1) metrono caso das sementes. O desbaste pode ser realizado mais tardepara selecionar as rvores com as melhores caractersticas.

    FIG. 5. Plantio, em locais perturbados, com remanescentes da vegetao na-tiva original. Espcies de sol devem ser plantadas, nas falhas e, nasreas sombreadas, espcies intermedirias e de sombra (Tabela 2).Espcies plantadas mais prximas linha de drenagemdevem ser tolerantes ao encharcamento.A) Plantio inclui apenasmudas e B)tambm a utilizao de sementes, duas por cova.

    CRREGO

    CRREGO

    Mudas de espcie de sol

    Mudas de espcie de sombra parcial (intermedirias)Mudas de espcie de sombra

    rvores Remanescentes rvores Remanescentes

    A

    B

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    CONSIDERAES FINAIS

    Esse manual procurou tornar disponveis informaes bsi-cas sobre a recuperao de Matas de Galeria de modo a contri-buir para o futuro da qualidade da gua e para a conservao dabiodiversidade no Brasil Central. Nesse assunto, Durigan & No-gueira, 1990;Machado, 1992; Lorenzi, 1992 & Carvalho, 1994 j haviam sepreocupado com esse tema e tambm trazem informaes teissobre vrias espcies nativas e tcnicas de plantio. Alm disso,algumas organizaes ambientais, como por exemplo, o Clube da

    Semente de Braslia fornecem quantidades limitadas de sementesaos interessados.

    De maneira geral, sugere-se usar o bom senso e sempre pro-curar imitar o que ocorre na natureza, tentando adaptar essas infor-maes escala do plantio e s condies existentes na rea a serrecuperada.

    AGRADECIMENTOS

    Ao CNPq, FAPDF, FINEP/PROGRAMA PRONEX-2, e aoPRONABIO/PROBIO/MMA/CNPq/Bird-GEF que vm apoiando proje-tos relacionados a este trabalho. Aos tcnicos Djalma J . S. Pereira,

    J oaquim Fonseca Filho, J oo Batista dos Santos, Natlia Pedrosade Souza F. Vazquez, Nelson de Oliveira Paes, Newton Rodrigues,pelo apoio constante nos trabalhos de campo e tambm aos estu-dantes e colegas que de uma maneira ou outra tm participadodeste programa de pesquisas.

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