Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria...

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ANDRÉ VINÍCIUS NUNES TEIXEIRA GUILHERME GERALDO DE FREITAS MARQUES PAULA CRISTINA PASSOS GOULART MANUFATURA ENXUTA: APLICAÇÃO DE CONCEITOS EM UMA UNIDADE DE CARROCERIAS DE UMA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BELO HORIZONTE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA 2008

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Manufatura Enxuta, Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística, case de sucesso descrito sucintamente para estudantes de engenharia, administração e logística em geral

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ANDRÉ VINÍCIUS NUNES TEIXEIRA GUILHERME GERALDO DE FREITAS MARQUES

PAULA CRISTINA PASSOS GOULART

MANUFATURA ENXUTA: APLICAÇÃO DE CONCEITOS EM UMA UNIDADE DE CARROCERIAS DE UMA INDÚSTRIA

AUTOMOBILÍSTICA

BELO HORIZONTE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

2008

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ANDRÉ VINÍCIUS NUNES TEIXEIRA GUILHERME GERALDO DE FREITAS MARQUES

PAULA CRISTINA PASSOS GOULART

MANUFATURA ENXUTA: APLICAÇÃO DE CONCEITOS EM UMA UNIDADE DE CARROCERIAS DE UMA INDÚSTRIA

AUTOMOBILÍSTICA

Monografia apresentada a PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialização em Pós-graduação Lato Sensu em Gestão de Processos Industriais de Fabricação. Orientador: Professor Ricardo Takahashi.

BELO HORIZONTE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

2008

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Dedicamos este trabalho às nossas

famílias pelo apoio incondicional e por

confiarem em nós durante toda a nossa

extensa e contínua jornada acadêmica e

profissional.

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AGRADECIMENTOS Ao nosso orientador, Professor Ricardo Takahashi, pelo aceite em auxiliar-

nos nessa caminhada, durante o nosso trabalho de Monografia;

Agradecemos também a todos os amigos e colegas da Unidade Carroceria

que não mediram esforços em nos auxiliar na elaboração deste trabalho, com

preciosas informações e incondicional apoio;

Às nossas famílias por constituírem um modelo a ser seguido, ainda aos

nossos pais por sempre incentivar e apoiar incondicionalmente a nossa extensa e

contínua jornada acadêmica e profissional e por nos proporcionar o incrível dom da

vida.

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"Não basta ensinar ao homem uma

especialidade, porque se tornará assim

uma máquina utilizável e não uma

personalidade. É necessário que adquira

um sentimento, um senso prático daquilo

que vale a pena ser empreendido, daquilo

que é belo, do que é moralmente correto".

(Albert Einstein)

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RESUMO

Atualmente todas as organizações industriais enfrentam um mercado extremamente

exigente e competitivo, onde a disputa pelos clientes é acirrada. Para garantir a

permanência neste mercado, é necessário buscar constantemente a melhoria de

seus processos, aumentando a qualidade e reduzindo os custos de produção.

Diante deste cenário a filosofia Lean Manufacturing ou Manufatura Enxuta, surge

como uma metodologia fundamental às empresas, uma vez que focaliza a redução

de desperdícios e perdas ao mesmo tempo em que aumenta a flexibilidade da

produção sem perder o nível de qualidade dos produtos e / ou serviços prestados. O

presente trabalho tem como objetivo mostrar as vantagens da implantação das

ferramentas ligadas a Manufatura Enxuta em um processo industrial. Tal trabalho foi

elaborado devido a existência da necessidade de eliminar constantes perdas na

produção, que têm ocasionado atrasos de entregas de pedidos ao cliente final.

Trata-se de uma pesquisa-ação, que contou com o auxílio de um time de trabalho

que era composto por colaboradores da empresa e da referência bibliográfica sobre

o assunto, para levantar as possibilidades reais de melhoria e propor ações para

alcançá-las. A Manufatura Enxuta possibilita à empresa atender de maneira

competitiva e eficiente as necessidades de cada cliente, reduzindo os custos da

produção, buscando garantir também a qualidade de seus produtos e / ou serviços

através da melhoria continua, assim, a metodologia não garante a perfeição, mas

sim, torna a mesma uma meta a ser perseguida constantemente pela organização.

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ABSTRACT

Nowadays all industrial organizations deal with an extremely demanding and

competitive market, where wining new customers is hard. To ensure the remaining of

the company in this market, seeking constantly improvement of its processes is

necessary, increasing quality and reducing production costs. Facing this scenario,

the Lean Manufacturing philosophy arises as a fundamental approach to business,

once it focuses on the losses and wastes reduction while it increases production

flexibility without losing the products quality and / or service levels. The aim of this

paper is to show the advantages of the deployment of tools associated with the Lean

Manufacturing in an industrial process. This study was realized due to the need of

eliminating constant losses and wastes from the industrial process, which have

caused delays in delivering orders to the final customer. The research was supported

by a work team of employees of the company and from the reference literature on the

subject, to come up with real improvement possibilities and proposed actions to

achieve them. The Lean Manufacture enables the company to achieve the needs of

each customer competitively and efficiently, reducing production costs, also seeking

the guarantee of its products quality through continuous improvement. Therefore, the

methodology does not ensure perfection, but rather, turns it into a goal constantly

being persecuted by the organization.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Mecanismos e processos de produção..................................................24

Figura 2.2 – Exemplo de Jidoka.................................................................................41

Figura 4.1 – Mapa de operações na Montagem de Carrocerias................................58

Figura 4.2 – Aspecto visual da célula sob estudo......................................................61

Figura 4.3 – Aspecto de segurança da célula sob estudo..........................................61

Figura 4.4 – Dispositivo com área de difícil acesso na célula sob estudo.................63

Figura 4.5 – Abastecimento de peças na célula sob estudo......................................64

Figura 4.6 – Lay-out atual da célula sob estudo........................................................66

Figura 4.7 – Desenvolvimento do time de trabalho da célula sob estudo..................69

Figura 4.8 – Treinamento da metodologia 5’S...........................................................70

Figura 4.9 – Aplicação da ferramenta Bota Fora na célula sob estudo.....................71

Figura 4.10 – Sistema de Auditoria da metodologia 5’S na célula sob estudo..........72

Figura 4.11 – Eliminação das Fontes de Sujeira nos dispositivos da Célula

Modelo.......................................................................................................................73

Figura 4.12 – Melhorias de Segurança e Ergonomia realizadas na Célula Modelo..74

Figura 4.13 – Exemplos de Atividades sem Valor Agregado (NVAA).......................75

Figura 4.14 – Gestão a vista da célula modelo.........................................................76

Figura 4.15 – Identificação dos postos de trabalho da célula modelo.......................77

Figura 4.16 – Identificação das peças lado-linha na célula modelo..........................77

Figura 4.17 – Quadro de inconvenientes de qualidade na célula modelo.................78

Figura 4.18 – Quadro de produção horária na célula modelo...................................79

Figura 4.19 – Ferramentas de Logísticas implantadas na célula modelo..................81

Figura 4.20 – Cartão Kanban.....................................................................................82

Figura 4.21 – Rota para o sistema Kanban na Unidade Carroceria..........................83

Figura 4.22 – Almoxarifado do sistema Kanban na Unidade Carroceria...................84

Figura 4.23 – Sistema de rebocador para vasilhames de 1500L e 2000L.................85

Figura 4.24 – Sistema Just in Time na célula sob estudo..........................................86

Figura 4.25 – Lay-out da célula modelo após a implantação das ferramentas ligadas

a Manufatura Enxuta..................................................................................................88

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LISTA DE QUADROS

Quadro 4.1 – Entradas do Processo de montagem dos subconjuntos Chassis........59

Quadro 4.2 – Necessidades, visão, objetivos e metas da célula modelo..................68

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LISTA DE ABREVIATURAS

WCM – World Class Manufacturing.

MPT – Manutenção Produtiva Total.

TPM – Total Productive Maintenance.

NVAA – Not Value Added Active.

FIFO – First In First Out.

POP – Procedimentos Operacionais Padronizados

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GLOSSÁRIO

Manufatura Enxuta – Também conhecido como Sistema Toyota de Produção ou

Lean Manufacturing é o conjunto de ferramentas e metodologias que visam a

redução de perdas e desperdícios existentes no sistema de produção, sem a

redução do nível de serviços prestados proporcionando também maior flexibilidade

da capacidade produtiva das organizações industriais.

Aletas – Pedaço de chapa cuja a principal função é proporcionar a união de distintos

subgrupos soldados.

Chassi – Subconjunto soldado que corresponde a parte inferior do automóvel, a

base de toda a carroceria.

Grafatura – Dispositivo de produção que permite por meio da dobra de aletas a

união de principais partes da carroceria, sendo elas o teto, o chassi e as laterais.

Mascherone – Dispositivo de produção que recebe o conjunto montado da grafatura

e aplica pontos de solda com a finalidade de garantir a geometria da carroceria

montada.

Rumorosidade – Ruído provocado por falhas na montagem do veículo e que

causam insatisfação do cliente final.

Radar Chat – Diagrama esquemático cuja principal finalidade é relacionar as

diversas competências e habilidades de pessoas integrantes de um time de trabalho

específico.

FIFO – First in, First out, se trata de uma ferramenta logística de simples aplicação

com o principio da primeira peça na área se trata da primeira peça a ser utilizada, é

de suma importância para evitar peças obsoletas no processo produtivo.

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Minuterias – Peças necessárias a montagem dos subconjuntos soldados que

possuem pequeno volume e peso, em geral são escolhidas para serem abastecidas

por meio da ferramenta logística do kanban.

Rebocador – Carrinho projetado e construído para realizar o abastecimento de

peças de maior volume e peso, para as quais o sistema kanban não se mostra viável

na unidade carroceria.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................17

1.1 Apresentação do Tema ................................................................................17

1.2 Objetivo Geral ...............................................................................................19

1.3 Objetivos Específicos ..................................................................................19

1.4 Justificativa do Tema ...................................................................................20

1.5 Delimitação do Estudo.................................................................................21

1.6 Estruturação do Estudo ...............................................................................21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................23

2.1 Mecanismos de Produção ...........................................................................23

2.2 Evolução dos Sistemas de Produção.........................................................25

2.3 Lean Manufacturing......................................................................................27

2.4 Ferramentas para Implantação da Manufatura Enxuta .............................31

2.4.1 Just In Time...................................................................................................31

2.4.2 Kanban ..........................................................................................................32

2.4.3 Kaizen............................................................................................................33

2.4.4 Logística Lean ..............................................................................................34

2.4.5 Sistema de Troca Rápida de Ferramentas .................................................36

2.4.6 Manutenção Preventiva Total ......................................................................37

2.4.7 Produção Nivelada – Heijunka. ...................................................................39

2.4.8 Metodologia 5’S ............................................................................................40

2.5 Autonomação................................................................................................41

2.5.1 Andon ............................................................................................................43

2.5.2 Poka – Yoke ..................................................................................................44

2.5.3 Controle Visual .............................................................................................45

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2.5.4 Trabalho Padronizado ..................................................................................46

3 METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................48

3.1 Problema .......................................................................................................48

3.2 Pesquisa e Metodologia...............................................................................48

3.3 Etapas da Pesquisa......................................................................................50

4 ESTUDO DE CASO – APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS LIAGADAS A MANUFATURA ENXUTA .........................................................................................52

4.1 Descrição das Atividades da Indústria Automobilística ...........................52

4.1.1 Processo Produtivo da Indústria Automobilística.....................................53

4.2 Descrição das Atividades da Unidade Carroceria .....................................55

4.2.1 Processo Produtivo da Unidade Carrocerias.............................................56

4.3 Seleção da Amostra .....................................................................................58

4.4 Fase Exploratória..........................................................................................60

4.4.1 Aspecto Visual do Posto de Trabalho ........................................................60

4.4.2 Aspectos de Segurança do Posto de Trabalho .........................................61

4.4.3 Programação da Produção ..........................................................................62

4.4.4 Aspectos dos Dispositivos de Produção ...................................................62

4.4.5 Aspectos de Abastecimento da Célula de Produção ................................63

4.5 Análise das Condições Iniciais da Célula Modelo. ....................................64

4.6 Oportunidades de Melhoria para a Célula Modelo.....................................66

4.7 Coletas de Dados da Célula Modelo. ..........................................................67

4.8 Plano de Ação para a Célula Modelo. .........................................................69

4.8.1 Organização do Posto de Trabalho da Célula Modelo ..............................69

4.8.2 Eliminação das Principais Fontes de Sujeira.............................................72

4.8.3 Condições de Segurança / Ergonomia da Célula Produtiva. ....................73

4.8.4 Operações sem Valor Agregado na Célula Produtiva. ..............................74

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4.8.5 Gestão Visual na Célula Modelo..................................................................75

4.8.6 Operações Logísticas na Célula Modelo. ...................................................79

4.8.6.1 Sistema de Abastecimento Kanban. .......................................................81

4.8.6.2 Sistema de Abastecimento por meio do Rebocador. ............................84

4.9 Resultados Obtidos na Célula Modelo. ......................................................87

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................89

6 BIBLIOGRAFIA..............................................................................................93

7 REFERÊNCIAS..............................................................................................96

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho se propõe apresentar o objeto de pesquisa

escolhido para a monografia do curso de Especialização em Gestão de

Processos Industriais de Fabricação pela Pontifícia Universidade Católica

PUC-MG no Instituto de Educação Continuada IEC em parceria com o Centro

de Competências FIAT sobre o tema: “Manufatura Enxuta: Aplicação de

Conceitos em uma Célula Produtiva de uma Unidade de Carrocerias de

uma Indústria Automobilística”.

A escolha do tema foi motivada a partir de observações das práticas do

sistema produtivo em uma célula produtiva de uma Unidade de Carrocerias de

uma Indústria Automobilística, visando redução de custos sem redução do

nível de serviço prestado.

A maioria das organizações tem buscado este tipo de atuação da área

produtiva seguindo o modelo enxuto proposto pelo Sistema Toyota de

Fabricação, também conhecido como manufatura enxuta.

O termo enxuto, como tradução de “lean”, surgiu na literatura de

negócios para adjetivar o Sistema Toyota de fabricação.

Tal sistema era considerado “lean” por uma série de razões que

possuem como principal objetivo produzir reduzindo os custos oriundos da

existência das perdas e dos desperdícios sem redução do nível de serviço e

qualidade prestado durante o processo de fabricação.

1.1 Apresentação do Tema

É constante a busca da fidelidade dos antigos clientes e a conquista de

novos clientes, que permite a sobrevivência das grandes empresas no contexto

atual de produção, devido principalmente à existência de um mercado

altamente competitivo, globalizado e muito mais acessível a todos.

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É por esse motivo que as organizações, sejam de grande porte ou até

mesmo pequenas e médias empresas, devem buscar a garantia da satisfação

total de seus clientes, sobretudo porque eles estão cada vez mais exigentes,

no que diz respeito à qualidade e ao preço pago pelos produtos e / ou serviços

adquiridos.

É também o mercado que na maioria dos casos determina o preço de

venda de um produto ou serviço, promovendo conseqüentemente o lucro das

organizações.

A comprovação deste fato é muito simples. Considerando que o conceito

de Lucro é igual ao preço de venda menos o custo (Lucro = Valor de venda-

Custo).

Levando em consideração que, uma vez que o preço de venda é

determinado pelo mercado, e a demanda solicita sempre uma constante

redução de valores de venda, logo, para se obter a elevação dos valores de

lucros finais para as empresas e garantir a sua sobrevivência, as mesmas se

vêem obrigadas a sempre reduzir os custos de fabricação dos produtos/

serviços comercializados.

Para alcançar este objetivo de constante redução de custos a maioria

das organizações busca sempre a racionalização e a otimização de todas as

atividades que não agregam valor no decorrer do processo produtivo, os

chamados desperdícios e perdas.

A meta é a redução contínua dos desperdícios e perdas, até a

eliminação deste tipo de atividade sem valor agregado, minimizando assim os

custos de produção, e conseqüentemente aumentando a produtividade e os

lucros das empresas.

É nesse contexto que a filosofia da Manufatura Enxuta também

conhecido como Lean Manufacturing ou Sistema Toyota de Produção, surge

como uma importante ferramenta metodológica para as organizações, pois tem

como principal objetivo a constante redução de desperdício e perdas no

processo produtivo, ao mesmo tempo em que aumenta a flexibilidade da

produção, garantindo o mesmo nível de atendimento dos produtos e serviços,

como por exemplo, qualidade e tempo de atendimento do cliente final.

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O sistema de manufatura enxuta possibilita às organizações atender de

maneira competitiva as necessidades de cada cliente, reduzindo

principalmente os custos do processo produtivo.

O tema deste trabalho é a implantação das ferramentas contempladas

na metodologia da Manufatura Enxuta em uma célula de produção de uma

unidade de carrocerias de uma indústria do setor automobilístico. A

implantação de tal sistema de produção constitui um importante fator de

sucesso e fortalecimento, frente à concorrência atual, proporcionando

principalmente flexibilidade e redução de custos as organizações industriais.

1.2 Objetivo Geral

O presente estudo de caso tem por principal finalidade abordar de forma

teórica os conceitos de manufatura enxuta e as suas principais ferramentas

metodológicas além de contextualizar a prática de novos conceitos produtivos

baseados em um processo cada vez mais condizente com os sistemas de

produção atuais.

Tais ações visam reduzir os custos de produção mantendo ou evoluindo

os indicadores de nível de serviço ao cliente, o que, atualmente, torna-se

fundamental em um processo produtivo com objetivos de redução de perdas e

desperdícios.

1.3 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

• Demonstrar que a aplicação da ferramenta 5`S pode

proporcionar uma melhor organização dos postos de trabalho,

bem como facilitar a redução de perdas existentes na célula

produtiva;

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20

• Possibilitar um acréscimo da eficiência da célula de produção

por meio do emprego de metodologias que propiciem a

redução de atividades que não agregam valor ao produto final;

• Apresentar a aplicação de um sistema de abastecimento de

peças lado-linha programado e padronizado, por meio das

ferramentas logísticas do Kanban e do Just-in-Time, que pode

vir a permitir a redução de perdas e desperdícios no processo

produtivo.

1.4 Justificativa do Tema

O presente estudo será elaborado na aplicação de ferramentas e

conceitos ligados à metodologia da manufatura enxuta em uma célula

produtiva responsável pela fabricação de uma importante peça (chassi) de um

modelo de automóvel popular, a escolha desta célula se deu por alguns

motivos.

Um dos principais motivos é a existência de diversas perdas e

constantes paradas na montagem desse subconjunto, ocasionadas

especialmente por falta de matéria-prima ou por paradas na linha relacionadas

às necessidades de manutenção, além de outras fontes de desperdício. Essas

paradas na produção têm como principal conseqüência, atrasos na linha de

montagem final das carrocerias e na entrega de pedidos ao cliente final.

E também, pelo fato de que a organização industrial visa atualizar seu

sistema produtivo e intensificar a busca por melhorias contínuas para o produto

final, a empresa planeja a implantação das metodologias ligada à manufatura

enxuta denominado World Class Manufacturing (WCM) em todas as plantas

industriais do grupo, mas para o presente trabalho serão acompanhadas as

atividades relacionadas à fábrica localizada em Betim, Minas Gerais.

Portanto, este estudo além de acompanhar a implantação de

metodologias ligadas ao sistema de manufatura enxuta, e propor soluções na

tentativa de reduzir as perdas e desperdícios existentes na célula produtiva, vai

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21

permitir a elaboração do padrão de operação, sendo esta a célula de produção

piloto de implantação, na unidade de carrocerias, a ser expandido

posteriormente nas demais células da unidade produtiva.

1.5 Delimitação do Estudo

O estudo deste trabalho se limita à implantação de metodologias ligadas

à manufatura enxuta para obter melhorias em uma célula de produção, a célula

de montagem dos subconjuntos de chassi de um veículo popular. Envolvendo

todas as atividades necessárias a montagem deste conjunto, desde o

abastecimento da matéria-prima até a sua entrega ao cliente final, que no caso

é um cliente interno da empresa, a linha de montagem de carrocerias de um

veículo popular.

Todas as melhorias a serem apresentadas serão baseadas nas

necessidades da organização, que tem como principal objetivo reduzir as

perdas e desperdícios existentes na célula e das paradas no cliente interno,

decorrentes da falta dos subconjuntos montados.

1.6 Estruturação do Estudo

A elaboração da monografia é baseada na definição dos conceitos de

sistemas de produção, bem como os conceitos de manufatura enxuta e de

várias ferramentas ligadas ao Lean Manufacturing em processos de fabricação,

com atenção especial aos processos de fabricação de automóveis pelas

montadoras.

Também será avaliado o processo da implantação do conceito de

Manufatura Enxuta em uma Unidade de Carroceria de uma Empresa

Automobilística.

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22

No primeiro capítulo são apresentados os objetivos geral e específico, a

justificativa do trabalho, bem como a delimitação e a estrutura aplicada no

estudo.

O segundo capítulo contempla a revisão bibliográfica acerca do tema

Manufatura Enxuta, com o intuito de buscar informações necessárias para o

correto entendimento do sistema de Manufatura Enxuta e ser usado como base

para aplicação prática do estudo.

O terceiro capítulo define o tipo de pesquisa aplicada neste estudo, bem

como suas fases.

No quarto capítulo, encontra-se o estudo de caso, com um detalhamento

da situação atual e a descrição das etapas da aplicação das ferramentas

ligadas à manufatura enxuta na célula produtiva sob estudo e os benefícios

para a organização industrial.

E o quinto capítulo apresenta as conclusões e considerações finais, bem

como recomendações para futuras expansões da metodologia para as demais

células produtivas da fábrica, e para finalizar o presente trabalho serão

apresentadas as referências bibliográficas utilizadas na pesquisa.

O presente trabalho será desenvolvido a partir da seleção dos pontos e

bibliografias consideradas importantes e a dissertação sobre o projeto de

melhoria em uma célula produtiva a partir da aplicação das ferramentas ligadas

ao sistema de manufatura enxuta.

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23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Mecanismos de Produção

O cenário da produção automobilística no país, assim como no âmbito

mundial, é dotado de ampla competitividade entre os grupos concorrentes.

Denominam-se grupos os conglomerados que formam as montadoras de

veículos automotores, já que, analisando a quantidade de investimentos

necessários para que esse negócio progrida, tal setor é comumente

caracterizado por grandes grupos que detém grandes quantias de capital.

Como os investimentos nesse setor para inovação de produtos

demandam altas cifras tem-se um paradoxo quando se pensa que a própria

inovação de produtos é a força que move esse mercado. Essa situação é

citada por Ohno (1997).

“As inovações são as características típicas dessa classe de oligopólio, que amplia suas vendas e participação, através da introdução de inovações técnicas (produtos e tecnologia), pois segundo uma visão neoschumpteriana o elemento propulsor dessas grandes empresas do setor de automóveis é a inovação, uma vez que uma das facetas para se enfrentar a concorrência, ao contrário do que seria caso houvesse concorrência via preços, caracterizando na verdade uma situação de não concorrência, portanto prejudicial a todas elas.”

Os altos investimentos necessários ao desenvolvimento dos produtos

desse setor se aliam à forma de produção ideal para o ramo automotivo,

formando mais uma equação de difícil balanceamento.

A produção em massa, utilizando linhas de produção, comumente

utilizados no setor automobilístico, tem como desafio interligar vários

componentes e subsistemas formando uma rede de produção, conforme é

apresentado na figura 2.1.

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24

Figura 2.1 – Mecanismos e processos de produção.

Fonte: Minoru, 2006 – pg 9.

Ohno (1997) ainda cita:

“Nesse esquema, os ganhos competitivos gerados envolvem não apenas a redução do custo e o aumento da performance dos componentes, mas também o aumento da variabilidade do mix de produtos gerados, devido à possibilidade de ampliação e diversificação da linha de produtos e de incorporação de inovações incrementais, a partir de mudanças nos componentes integrados através de uma “arquitetura modular”.

Considerando o citado, sabe-se que o aumento da variabilidade de mix

de produtos é inevitável dado o mercado competitivo que se estabeleceu no

meio automotivo. Entretanto, a redução de custos faz-se necessária em todos

os sentidos, tanto na cadeia produtiva quanto na renovação de mix e produtos,

sendo esse último pouco tangível pela competitividade do mercado. Resta ao

conglomerado criar alternativas para que se reduzam custos sem perder

posição no mercado.

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Tal fato é conseguido quando as empresas começam a repensar os

meios de produção, balizando suas técnicas de abastecimento e tratamento

dos componentes e subsistemas de produção em uma forma de produzir que

gere menos custo.

Tal forma de produção pode ser entendida como uma produção enxuta,

e esse termo, além de se referir ao novo tratamento dos custos, perdas e

desperdícios, também remete à forma de produção e abastecimento do

sistema de produção, conforme será detalhado nos tópicos seguintes.

2.2 Evolução dos Sistemas de Produção

Nos Estados Unidos, após o fim da Guerra Civil e antes do inicio do

século XX, a indústria expandiu aceleradamente e essa expansão motivou as

discussões acerca do aumento da produtividade e conseqüentemente, da

eficiência produtiva.

Frederick Winslow Taylor foi um dos observadores da relação entre os

operários e as relações desses com as tarefas que desenvolviam, bem como a

relação das empresas com essas tarefas e processos produtivos e a geração

de lucros advinda da relação entre produtividade e custos e produção. Taylor

defendia a produtividade com qualidade, padronizando os métodos de trabalho

e especializando a mão-de-obra diretamente envolvida no processo.

Em 1903, Taylor apresentou um estudo no qual, segundo Maximiano

(1995), dizia:

“O objetivo de uma boa administração era pagar salários altos e ter baixos custos de produção. Com esse objetivo, a administração deveria aplicar métodos de pesquisa para determinar a melhor maneira de executar tarefas. Os empregados deveriam ser cientificamente selecionados e treinados, para que as pessoas e tarefas fossem compatíveis. Deveria também, haver uma atmosfera de intima e cordial de cooperação entre a administração e os trabalhadores, garantindo um ambiente psicológico favorável á aplicação desses princípios.”

A consolidação dos princípios de Taylor na produção em série foi

concebida, em 1910, por Henry Ford, a fim de proporcionar a montagem do

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automóvel Ford T. Isso foi realizado através do alinhamento de todas as

máquinas, o que definiu uma seqüência no processo de montagem do produto.

A linha de montagem também foi equipada com dispositivos e calibres, o que

garantia a padronização dos processos e, principalmente, a facilidade de

operação dos mesmos por vários operários.

Nas linhas de montagem, através da concepção de Henry Ford, os

veículos a serem produzidos eram colocados em esteiras rolantes e cada

operário era responsável por um tipo específico de operação ou uma etapa da

produção. Mesmo que esse modelo necessitasse de grandes instalações e

altos investimentos, a produção em série permite produzir uma grande

quantidade de produtos em um intervalo de tempo razoavelmente pequeno,

isso significa dizer, por exemplo, que na década de 1920, Henry Ford produziu

cerca de 2 milhões de carros por ano.

Dado as tecnologias disponíveis na época e a velocidade de evolução

das mesmas, o mérito da produção em série não pode ser reduzido ao se

considerar que os modelos produzidos por Ford eram padronizados em

diversos aspectos, como desenho do produto e até mesmo na única cor de

pintura utilizada nos automóveis.

Após o modelo de Ford, a indústria automobilística ainda contou com

uma importante contribuição em sua evolução. Após o término da Segunda

Guerra Mundial, o Japão se viu em uma situação em que era necessária

alteração em sua forma de produção para que sua indústria conseguisse

sobreviver no mercado pós-guerra.

As condições econômicas do país, abaladas no pós-guerra, motivaram a

Toyota a definir um sistema de produção que culminasse em produtos de

qualidade a um baixo custo de fabricação.

A partir dessas premissas e sob a responsabilidade de Eiji Toyoda,

membro da família proprietária da Toyota, e Taiicho Ohno, chefe de

engenharia, surge o Sistema Toyota de Produção que constitui em uma série

de inovações que proporcionaram ao mesmo tempo continuidade do fluxo no

processo e variedade na oferta de produtos.

Page 26: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

27

Aliado ao aumento da eficiência de produção pela eliminação de

desperdícios e perdas esse modelo de produção cria uma lacuna à frente do

modelo de produção de Ford, e permitiu a industria automobilística japonesa

não só sobreviver após os impactos da guerra mas gerar um crescimento nos

anos entre 1975 e 1977, nos quais a Toyota, diferentemente de outras

empresas no país, apresentou expressivo crescimento.

2.3 Lean Manufacturing

Esse crescimento da Toyota ocorreu em uma época em que a crise do

petróleo afetava empresas e governos do mundo inteiro. Com isso as atenções

voltaram-se a esse sistema de produção, que apresenta as seguintes

diferenças ou evoluções ao ser comparado com o modelo produtivo de Ford:

• Custos de produção muito baixos, ainda que comparados aos

baixos custos de Ford;

• Pessoas valorizadas em contraposição ao conceito de

pessoas descartáveis;

• Qualidade como parte do processo e não com o sentido

apenas de inspeção;

• Tecnologia flexível;

• Produtos customizáveis e com alta variedade;

• Programação de produção baseada na demanda e não em

previsão de vendas.

Aliado a esses conceitos, Moraes e Sahb (2004) definem lean:

“O conceito da filosofia lean parte do principio de que há desperdício em todos os lugares em uma organização e ele surge como um antídoto para se fazer cada vez mais com cada vez menos, e sempre com o objetivo de oferecer aos clientes o que eles realmente desejam no tempo que necessitarem. O objetivo é tornar as empresas mais flexíveis e capazes de responder efetivamente às necessidades dos clientes e ainda conseguir desenvolver, produzir e distribuir produtos com menos esforço humano, espaço, recursos, tempo e despesas globais.”

Page 27: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

28

É importante salientar que o a produção enxuta definida pelo Modelo

Toyota vai além de um conceito de produção. É algo que está inserido no

ambiente produtivo de forma natural e não como uma regra imposta pelos

dirigentes produtivos.

Esse é um dos motivos pelos quais a metodologia funciona no Sistema

Toyota de Produção, visto que muito dos princípios utilizados é parte integrante

da cultura japonesa e os colaboradores executam no âmbito profissional

atitudes que lhe são costumeiras em casa ou na comunidade da qual fazem

parte.

Alguns desses princípios são citados ainda por Moraes e Sahb (2004):

• Especificar Valor: com a eliminação dos desperdícios buscar

criar valor, mas o valor definido pelo cliente, e não pela

engenharia ou os diretores da empresa. A fábrica precisa

especificar o valor para cada produto sob a visão do cliente;

• Cadeia de Valor: todas as atividades que são necessárias

para a transformação de um produto devem ser mapeadas.

Este mapeamento inclui todas as atividades, e é nele que se

percebe as atividades que realmente criam valor, as que não

criam valor, mas são necessárias, e as que além de não

criarem valor, não são necessárias, portanto devem ser

eliminadas;

• Produção Puxada: buscar a substituição da produção

empurrada, que produz sob previsões de vendas, gerando

excessos de produção e estoques, pela produção puxada. Na

produção puxada somente é produzido o que realmente o

cliente necessita, no momento exato da necessidade. Isso

pode ser alcançado através do uso de supermercados

(kanban) que permitem que o cliente puxe o produto no

momento de sua necessidade;

• Fluxo Contínuo: é necessário fazer com que as atividades

que criam valor fluam continuadamente e de maneira estável.

Page 28: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

29

O objetivo é o lote unitário, onde for possível, com a

eliminação as interrupções, dos movimentos desnecessários e

de filas na produção;

• Perfeição: buscar a perfeição significa que as empresas

nunca devem parar, devem buscar sempre a melhoria

contínua dos processos produtivos. Há sempre o que ser

melhorado, e esta é uma atividade que deve ser executada

constantemente por qualquer organização industrial.

Nota-se que tais conceitos são de extrema importância para que

quaisquer empresas, não somente as organizações do setor automobilístico,

atinjam a excelência em seu método de produção e, como citado

anteriormente, isso é mais fácil de ser atingido se parte do método e

ferramentas implantadas já fizerem parte da cultura dos funcionários.

Outro importante conceito para se eliminar o desperdício e as perdas, é

a necessidade de entender adequadamente a sua definição. No processo

industrial pode-se defini-lo como tudo aquilo que não agrega valor aos produtos

e / ou serviços finais, e o cliente não está disposto a pagar por eles, por isso

todo desperdício e perda devem ser reduzidos, ou para alguns casos até ser

eliminado do processo industrial buscando sempre promover a melhoria

contínua da unidade fabril (Minoru, 2006).

Minoru (2006), ainda afirma que existem sete tipos de desperdícios e

perdas, sendo eles:

• Superprodução: produzir além do que se precisa gerando

grandes estoques, aumentando o custo do processo produtivo

e conseqüentemente do armazenamento dos produtos

acabados, isto significa capital da empresa parado;

• Espera: as esperas são na maioria das vezes, decorrentes da

falta de materiais para serem processados ou da

impossibilidade do processo seguinte de absorver todo o

estoque da etapa anterior, assim podem causar a ociosidade

de algumas operações e super saturação de outras. Outra

Page 29: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

30

possível causa de espera além da falta da matéria-prima é

pelo falta de meios de transporte de peças ou permissão para

a movimentação de um posto de trabalho para outro;

• Transporte: o deslocamento do produto e / ou matéria-prima,

não gera nenhuma criação de valor para o produto acabado, e

ainda sistemas inadequados de transporte que podem não ser

suficientes para atender a demanda requerida pelo fluxo do

processo produtivo ou ainda danificar as peças, causando a

necessidade de retrabalho das mesmas;

• Estoque: o estoque requer investimento para realizar o

armazenamento do produto acabado de maneira adequada,

muitos produtos quando ficam por muito tempo em estoques,

podem se deteriorar gerando a necessidade de realizar

retrabalho ou ainda serem considerados obsoletados e não

atenderem mais ao cliente final;

• Processamento: algumas operações realizadas no processo

produtivo são desnecessárias e conseqüentemente não

agregam valor ao produto acabado, assim o cliente final não

tem interesse em pagar por elas, gerando custos

desnecessários para a organização;

• Movimentação: este item está diretamente associado aos

esforços desnecessários realizados pelos operadores de

produção, ocasionado por métodos e meios inadequados

existentes no processo produtivo. Os movimentos

desnecessários podem ocasionar refugos e retrabalhos, além

de comprometer até a saúde do trabalhador, em alguns casos

específicos;

• Defeitos: ocasionam grandes desperdícios de material e mão-

de-obra. Os refugos geram custos e perdas de tempo para a

empresa durante os retrabalhos necessários para a

recuperação das peças defeituosas.

Page 30: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

31

É na cultura dos funcionários e na forma e agir dos mesmos que está

concentrada a grande chave para o sucesso produtivo da Toyota, o que aqui

se chama de Ideal Toyota.

Os princípios do Ideal Toyota passam por itens que podem ser descritos

por livre de defeitos, cada pedido é único no lote de produção, pode ser

produzido sob demanda de acordo com a versão solicitada pelo cliente, pode

ser entregue imediatamente, pode ser produzido sem desperdício de materiais

ou energia e em um ambiente de trabalho que não traga riscos físicos,

emocionais ou profissionais para todos os colaboradores envolvidos no

processo produtivo.

O Ideal Toyota está acessível a todas as empresas e não defende nada

de complexo ou que não seja de fácil entendimento, porém condições e

ambiente de trabalho favoráveis e ferramentas adequadas são fundamentais

para que os colaboradores desempenhem suas atividades nesses moldes e

produzam os resultados esperados pela empresa.

2.4 Ferramentas para Implantação da Manufatura Enxuta

As ferramentas utilizadas pelo Sistema Toyota de Produção buscam

atingir a melhoria de qualidade dos produtos com redução de custos prazo.

Essas ferramentas bem como suas descrições são citadas a seguir:

2.4.1 Just In Time

O termo significa “no momento certo”, ou seja, na hora em que for

necessário. O termo pode ser analisado tanto no âmbito de linha de produção

onde, nesse caso, evita-se o estoque de materiais, já que esse significa perda

de capital e de espaço físico nas instalações fabris.

Page 31: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

32

As matérias-primas são entregues ao processo de produção somente no

momento em que são requeridas e isso auxilia em ganhos com economia de

estoque e, conseqüentemente, perda de matéria-prima por obsolescência do

produto final ou danos causados pelo armazenamento ou movimentação. Outra

forma de entender o termo se diz ao processo produtivo e sua demanda pelo

cliente final. Nesse caso fala-se em produzir de acordo com a demanda do

cliente, não gerando assim estoque de produtos acabados que, nesse caso,

possui um valor agregado ainda maior do que a matéria-prima ou os insumos

utilizados no processo produtivo.

Almeida e Rosa (2007) definem o conceito a partir de dois anseios,

simplicidade e redução de desperdício:

“A simplicidade pode ser percebida, na utilização de técnicas de controle de produção somente mediante requisição imediata. A técnica Kanban é um exemplo e possibilita o acionamento da ordem uma vez emitida pela operação imediatamente posterior. E quanto à redução de desperdícios, esta se dá essencialmente pela redução do fluxo de materiais na linha de produção e nos estoques de matérias-primas, semi-acabados e produtos finais.”

De acordo com o citado, pode-se entender resumidamente o conceito

Just in Time como o atendimento das necessidades reais dos clientes, sejam

eles internos ou externos.

2.4.2 Kanban

Para que o controle de estoque citado pelo Just in Time funcione

perfeitamente pode-se fazer uso de ferramentas para que os materiais estejam

disponíveis no processo produtivo no momento certo. Uma dessas ferramentas

é o Kanban, um dos meios pelo qual o Sistema Toyota de Produção flui

suavemente.

A tradução do termo, que tem origem japonesa, significa cartão e de fato

se baseia no controle de estoques ao lado da linha de produção através de

cartões utilizados pelos operadores para sinalizarem suas condições de

Page 32: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

33

estoque e solicitar novos materiais quando necessário. È um sistema simples

que independe de controle externos e / ou meios computacionais de gestão.

O funcionamento do sistema Kanban é feito a partir de um local de

armazenamento com uma quantidade pré-estabelecida de cada item produzido

por uma célula de produção, que irá produzir somente quando for necessário

repor essa quantidade.

O processo subseqüente retira do local de armazenamento os itens

necessários à sua demanda, e então sinaliza com um cartão, a necessidade de

reposição do item, iniciando a produção pelo processo que irá repor tal item.

(Moura, 1989).

O Kanban faz com que os próprios operadores controlem seus níveis e

estoque e sejam responsáveis por decisões relativas ao processo produtivo,

melhorando não somente os níveis de estoque mas o processo produtivo em

si, através de novas idéias e modificações no processo obtidas por quem faz

parte do próprio processo produtivo, ou seja, o chão de fábrica é responsável

pelo seu próprio aumento de capacidade e melhoria de seu processo.

Percebe-se então que o Kanban é essencial para se atingir o Sistema

Toyota de Produção através da aplicação do Just in Time, já que reduz o

tempo de espera, diminui os níveis de estoque e evita a superprodução. Tais

melhorias contribuem para melhoria da produtividade e interliga todos os

processos em um fluxo continuo e nivelado.

2.4.3 Kaizen

A filosofia Kaizen tem como conceito o melhoramento continuo de

processos. Isso se dá principalmente através de práticas simples com intuito de

melhorar os processos do dia-a-dia, ou seja, o conjunto de mínimas melhorias

traz conseqüentemente a melhoria de todo o processo produtivo.

O mecanismo de aplicação do Kaizen passa por ferramentas de

identificação de causas de problemas a fim de propor mudanças que sejam

soluções para que tal erro não retorne a acontecer no processo bem como

Page 33: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

34

identificação de processos que podem receber alguma mudança de modo a

incrementar a capacidade produtiva.

Ferramentas de análise de custo e benefícios também são integradas à

filosofia, fazendo com que sejam concebidas além de idéias boas, idéias que

sejam viáveis ao negócio da companhia.

De acordo com os valores relacionados ao custo, e a complexidade do

problema tratado, podemos classificar os projetos kaizen da seguinte forma:

• Quick Kaizen: se trata de pequenas melhorias realizadas na

área produtiva, com projetos de curta duração (por volta de 30

dias) com custo de implantação reduzido e pouca

complexidade técnica;

• Major Kaizen: são melhorias realizadas no processo produtivo

de complexidade técnica de ordem mediana, exigindo um

maior tempo para realização do projeto, aproximadamente 90

dias, um maior time de trabalho e conseqüentemente maior

custo de implantação;

• Advanced kaizen: são grandes projetos de grande

complexidade técnica, assim demandam maiores times de

trabalho e conseqüentemente maiores custos e prazos (acima

de 120 dias) para implantação dos projetos.

2.4.4 Logística Lean

Os conceitos de produção enxuta aplicados à logística são aqui

entendidos pelo termo logística lean. O objetivo do conceito é fazer fluir de

maneira continua o fluxo de informações e o fluxo de materiais.

O fluxo de informação é definido pelas informações de produção para o

gerenciamento do fluxo de materiais. Esse, por sua vez, corresponde ao

caminho e a movimentação dos materiais desde o seu recebimento até o uso,

incluindo a alocação desses dentro da unidade fabril e principalmente ao lado

Page 34: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

35

da linha de produção bem como a forma de repor unidades que já foram

utilizadas.

O objetivo da logística enxuta é melhorar os processos logísticos a fim

de reduzir os custos com o transporte de materiais bem como armazenamento

dos mesmos. Quando se reflete que o armazenamento de materiais para

posterior utilização implica em uma reserva de capital da empresa que poderia

estar sendo empregada em outras atividades, caso esses materiais em

estoque surgissem no processo produtivo somente no momento em que se

fazem necessários.

Como em muitas atividades, até mesmo pelo fluxo do transporte de

materiais não conseguir acompanhar o fluxo produtivo, faz-se necessário o

acúmulo de matéria-prima em estoque para que o processo produtivo não fique

extremamente dependente do fluxo logístico, isso evita que algum imprevisto

afete a produção, que é o fator primordial em uma manufatura. O balanço ideal

entre o acúmulo de matéria-prima e o fluxo produtivo é função de uma logística

enxuta de acordo com os princípios da manufatura enxuta.

O transporte de materiais tanto para dentro da planta produtiva quanto

para a linha de produção também é ponto de atenção aos responsáveis pela

logística. Minimizar a movimentação de materiais atendendo aos objetivos de

produção significa reduzir custos logísticos, o que é de grande interesse para a

organização, principalmente quando se sabe que esses custos não são

percebidos pelo cliente e portanto não agregam valor ao produto que o mesmo

irá adquirir.

O transporte do produto acabado também é subjetivo à percepção do

cliente e deve ser tratado pela organização como um custo logístico e que, por

assim ser, é passível de reduções em seu custo. Um exemplo a ser citado

dentro desse contexto é o mercado automobilístico.

Os clientes que compram um automóvel conhecem até o custo de se

transportar o veiculo desde a fábrica até o ponto de venda, muitas montadoras

detalham esse custo no custo total da aquisição do comprador, porém é raro

que esse mesmo comprador perceba que o processo produtivo daquele veiculo

envolveu movimentações de matérias-primas entre fornecedores e montadora

Page 35: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

36

e mais raro ainda é perceber que dentro da própria montadora faz-se

necessário transporte de vários materiais para atender ao processo produtivo.

Em vista desse cenário não é de se estranhar se aquilo que não é

percebido pelo comprador não é valorizado pelo mesmo, que não aceitaria

pagar por algo que não faz parte de sua percepção de valor.

Uma forma de consolidação e associação dos conceitos da logística

lean é feita por Drohomeretski e Mânica (2007):

“A busca constante pela redução de custos nas organizações tem impactado diretamente na foram como as operações logísticas são realizadas. Visto que a logística tem se apresentado não somente como uma atividade necessária, mas também como uma função essencial no ambiente competitivo atual.

Verifica-se que para ter o material certo, no custo certo, na quantidade certa e na hora exata dentro da cadeia de suprimentos, faz-se necessário avaliar a forma em que as operações logísticas são realizadas, procurando eliminar os desperdícios e melhorando continuamente as operações.

Fica claro que a utilização do pensamento enxuto na logística permite que a organização reduza os custos logísticos sem impactar diretamente na redução do nível de serviço logístico ao cliente, constituindo assim a logística enxuta. Torna-se evidente a necessidade da integração da logística com as outras áreas da organização, tal como a integração entre os participantes da cadeia de suprimentos para que o custo total seja minimizado.

Para isso, ter informação rápida e com qualidade, manter em estoque somente o necessário através do ressuprimento enxuto, reorganizar o sistema de movimentações de materiais, buscar alternativas de distribuição de menor custo através da distribuição Just in Time e dentro do horário determinado, entre outras, são ações necessárias para que a logística torne-se enxuta.”

2.4.5 Sistema de Troca Rápida de Ferramentas

De acordo com Shingo (1996), o Sistema Toyota de Produção enfatiza

repetitivamente a necessidade de eliminar a perda da superprodução e

somente a utilização de produção com pequenos lotes, como a melhor forma

de lidar com demandas de alta diversidade e pequeno volume. Para isso a

adoção de setups rápidos ou sistemas de troca rápida de ferramentas, se torna

Page 36: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

37

de suma importância para as organizações que buscam adotar o sistema de

Manufatura Enxuta.

Os sistemas de troca rápida de ferramentas são duplamente efetivos

uma vez que também permitem uma resposta rápida do sistema produtivo

frente às constantes mudanças de demanda impostas pelo cliente final.

Shingo (1996) formulou a hipótese que qualquer setup poderia ser

executado com menos de 10 minutos, sistema que posteriormente foi adotado

pela Toyota, como um dos elementos principais do seu sistema de produção.

Portanto o sistema de troca rápida de ferramentas é uma metodologia

que visa à redução do tempo de setup dos dispositivos de produção,

considerando como meta um tempo menor que dez minutos, e tendo como

principal objetivo tornar o sistema produtivo mais flexível às variações de

demanda existente no mercado.

2.4.6 Manutenção Preventiva Total

De acordo com Shingo (1996), a manutenção preventiva total tem como

objetivo o atingir a máxima eficiência dos dispositivos e equipamentos de

produção, maximizando sua vida útil e reduzindo ao máximo as perdas por

quebras nos mesmos. Para que isso seja possível, todos os colaboradores da

célula produtiva são envolvidos no processo de manutenções preventivas e

manutenções planejadas conseqüentemente reduzindo as quebras dos

dispositivos e equipamentos de produção, conforme Reinaldo Moura (1989):

“A Manutenção Produtiva Total (MPT) visa a maximização da efetividade do equipamento durante a vida inteira dele. A MPT envolve todos, em todos os departamentos e em todos os níveis; ela motiva as pessoas para a manutenção da fábrica através das atividades voluntárias e em pequenos grupos e envolve elementos básicos, como o desenvolvimento de um sistema de manutenção, o ensino sobre organização básica, a habilidade para resolver problemas e as atividades para chegar a zero quebra de máquinas”.

Para a plena aplicação da manutenção produtiva total, são utilizadas

duas técnicas principais: a manutenção autônoma, realizada pelo operador de

Page 37: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

38

produção, e a manutenção planejada realizada pelo mantenedor da célula

produtiva.

A manutenção autônoma propõe que o próprio operador de produção

cuide de sua máquina e equipamentos, assim cada um é responsável por

executar e controlar suas atividades.

Este processo requer a capacitação dos operadores e o

desenvolvimento de algumas habilidades. Ela pode ser alcançada com a

utilização de sete passos, que são eles (Shingo 1996):

• Limpeza,

• Eliminação das fontes de sujeiras,

• Criação de normas de limpeza,

• Inspeção e atividades para manutenção das máquinas;

• Inspeção geral e inspeção autônoma;

• Padronização;

• Gerenciamento autônomo do dispositivo.

A manutenção planejada, ou manutenção profissional busca estabelecer

um plano de manutenção preventiva, a fim de evitar as paradas dos

dispositivos e equipamentos devido às quebras, falhas de manutenção e

também a fim de proporcionar um maior desempenho efetivo dos dispositivos

de produção.

A manutenção profissional não apenas planeja o calendário e técnicas

de manutenção, mas também estabelece os métodos para manter o

funcionamento dos equipamentos e dispositivos de produção.

Portanto a técnica MPT busca eliminar as perdas e desperdícios

existentes no processo produtivo, bem como estabelecer um fluxo contínuo

entre os processos, reduzindo as paradas por quebra de máquinas e

equipamentos ligados a produção.

Page 38: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

39

2.4.7 Produção Nivelada – Heijunka.

De acordo com Minoru (2006), o Sistema Toyota de Produção, exige

produção nivelada e os menores lotes possíveis, com o objetivo principal de

aumentar a flexibilidade do sistema produtivo.

Minoru (2006), afirma que a definição mais simples de Heijunka é

produção nivelada, que significa, a utilização de recursos ao longo do tempo de

maneira uniforme. De maneira simples, o Heijunka busca a produção de todos

os itens dentro de um intervalo de tempo, para isso, quanto menores os lotes

de produção, melhor.

Mas para que a prática do nivelamento da produção seja alcançada com

sucesso, é importante incentivar a adoção de pedidos regulares dos clientes e

da cadeia de fornecedores, aumentarem a freqüência das entregas de

matérias-primas e principalmente tornar os processos produtivos mais flexíveis

e reduzir o tempo de troca rápida de ferramentas.

Um conceito essencial para o nivelamento da produção é o Takt Time,

que é a taxa de demanda dos clientes, ou seja, de quanto em quanto tempo,

existe a demanda de um produto.

Por exemplo, se existe a demanda de 320 peças por dia e a fábrica

trabalha 960 minutos no dia, o Takt Time é de 3 minutos. Isto quer dizer que a

cada 3 minutos um produto é vendido, e, portanto a cada 3 minutos um produto

deve ser fabricado. Se a produção for mais lenta que o Takt Time não

conseguirá atender a demanda, porém se a produção for mais rápida que o

Takt Time haverá produção em excesso, gerando desperdícios no processo

produtivo.

Diante de todos esses conceitos pode-se afirmar que o nivelamento da

produção possibilita a redução dos estoques e aumenta a flexibilidade da

organização, possibilitando uma resposta mais rápida ao cliente final, inclusive

diante de mudanças repentinas na demanda.

Page 39: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

40

2.4.8 Metodologia 5’S

Trata-se de uma das principais ferramentas da manufatura enxuta que

se aplicada de maneira adequada proporciona diversos postos de trabalho com

o mínimo de desperdícios e perdas, e conseqüentemente facilita uma melhor

Gestão Visual do processo produtivo.

A metodologia tem esse nome porque é baseada em cinco palavras

japonesas que iniciam com a letra S. Tais palavras constituem os cincos

passos necessários à implantação da metodologia, sendo elas:

• SEIRI (Separar): este primeiro passo da metodologia consiste

em separar e descartar todo o material o que não é necessário

ao posto de trabalho, a fim de liberar mais espaço e melhorar

a organização do local e racionalizar o uso de materiais e

equipamentos, reduzindo os desperdícios, as perdas e

conseqüentemente os custos;

• SEITON (Organizar): o segundo passo de aplicação da

metodologia corresponde à organização e a identificação de

tudo que foi selecionado como necessário ao posto de

trabalho, isso proporciona uma redução no tempo e do custo,

através de um melhor controle adequado de todo o material;

• SEISO (Limpar): o terceiro passo de aplicação da

metodologia determina a padronização da limpeza e a

atividade de manter limpo o posto de trabalho. Este passo

facilita o descobrimento de fontes de sujeira e perdas, de

posse das informações dos principais problemas, proporciona

a célula produtiva à redução das mesmas, uma vez que as

áreas ficam limpas e organizadas, tornando tais fontes

visíveis;

• SEIKETSU (Padronizar): o quarto passo da ferramenta 5’S

determina padronização e elaboração de procedimentos para

manter os três primeiros passos, anteriormente citados.

Page 40: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

41

• SHITSUKE (Disciplina): o quinto passo da metodologia

corresponde à auto-avaliação de todo o trabalho realizado nos

quatro itens anteriormente citados, proporcionando a

verificação da implantação da ferramenta e sugere melhorias

dos padrões estabelecidos nos passos de 1 a 4.

Estes cinco passos são uma importante ferramenta que visa

principalmente à mudança de hábitos e conseqüentemente uma mudança

cultural das pessoas ligadas ao processo produtivo, buscando sempre

melhorias constantes no posto de trabalho expandindo a metodologia por toda

a organização industrial.

2.5 Autonomação

A Autonomação, também conhecida por Jidoka ou automação com um

toque humano, se trata de uma das bases da filosofia da manufatura enxuta e

significa basicamente, transferir inteligência humana para as máquinas, para

que elas possam detectar problemas e anormalidades de qualidade, com o

propósito de parar a linha de produção evitando as perdas por refugos e

retrabalhos de peças. A figura 2.2 apresenta um exemplo de Jidoka.

Figura 2.2 – Exemplo de Jidoka.

Fonte: Kosaka, Lean Institute Brasil, 2007.

Page 41: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

42

De acordo com Ohno (1997) a idéia da autonomação surgiu com a

criação de uma máquina de tear auto-ativada, por Sakichi Toyoda, fundador da

Toyota Motor Company. Na época em que trabalhava na Toyota Spinning &

Weaving, ele detectou um problema muito grave no tear automático, pois ele

continuava funcionado mesmo com um fio rompido e assim uma grande

quantidade de tecido defeituoso era fabricado, se não houvesse um operador

vigiando a máquina durante todo o seu funcionamento, para desligá-la caso

houvesse algum problema.

Esta pessoa não podia fazer mais nada a não ser vigiar a máquina. Para

resolver este problema, e reduzir as perdas na linha de produção, em 1924, ele

criou um dispositivo que parava o tear instantaneamente caso o fio se

rompesse ou chegasse ao fim. Assim possibilitou a liberação do operador do

tear que ficava apenas como vigia da máquina, então ele poderia ficar

cuidando de várias máquinas ou ainda executar outras operações, pois o

mesmo só seria necessário quando houvesse a parada da máquina de tear.

Minoru (2006) afirma que a Autonomação é um dos meios para atingir a

redução do custo de mão-de-obra e garantir a qualidade total do produto

produzido.

Hoje este conceito foi expandido e não é válido somente para as

máquinas, mas também para os operários. Portanto, quando a atividade não

envolve máquinas, como em uma linha de montagem, o operário deve ter

autonomia para paralisar a produção, caso detecte algum problema

relacionado à qualidade do produto, possibilitando a redução de perdas por

retrabalho de peças.

Pode-se perceber que entre as principais vantagens que a organização

industrial alcança através da implantação desta ferramenta, está o

comprometimento com a qualidade dentro do processo produtivo, não

passando para o processo seguinte, peças defeituosas, e também o respeito e

a valorização dos operários.

A autonomação possibilitou assim a flexibilização da mão-de-obra,

surgindo o operário multifuncional, que pode atender a várias máquinas em

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43

uma mesma célula produtiva, melhorando a qualidade do produto e a eficiência

da fábrica.

Pode-se concluir, portanto que, Jidoka, em termos mais amplos, é um

conceito de exposição de problemas e tomadas de ações corretivas

autonomamente. Para realizar isso efetivamente, existem outros mecanismos

que podemos utilizar para desenvolver um sistema eficaz em uma organização

fabril (Shingo, 1996).

Estes mecanismos que Shingo citou são: Andon, Poka-yoke, Controle

Visual e Trabalho Padronizado, ferramentas que auxiliam a empresa na

implantação da metodologia da Autonomação.

2.5.1 Andon

Shingo (1996) afirma que Andon significa lanterna em japonês. E como

uma lanterna, que tem como principal função dirigir as pessoas permitindo que

elas possam caminhar no escuro, Andon ajuda a expor condições anormais

ligadas a qualidade em todos os processos da fábrica.

Em outras palavras, Andon faz com que as condições anormais e os

problemas principalmente relacionados à qualidade se tornem suficientemente

óbvios para chamar a atenção das pessoas.

De uma maneira bem simples, Andon é um painel indicador com

lâmpadas instaladas em um local bem visível, que podem ser acionadas com

cordões ou botões, proporcionando o controle e posteriormente uma indicação

problemas de qualidade e paradas nos dispositivos, equipamentos e linhas de

montagem.

É um sistema que funciona como um semáforo de trânsito e pode ser

acionado automaticamente por um dispositivo instalado em uma máquina ou

pelo próprio operador.

Quando as condições estão normais à luz verde fica acessa, quando se

percebe algum problema que se não resolvido vai parar a produção, acende-se

a luz amarela, que significa que o operador está solicitando ajuda. Por fim, a

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luz vermelha é acionada, quando o problema não é resolvido e a linha pára

(Ohno, 1997).

Nota-se que esta é uma ferramenta essencial para garantir o perfeito

fluxo da produção, garantido a qualidade e a solução rápida dos problemas que

podem ocorrer na linha de produção.

2.5.2 Poka – Yoke

Poka-Yoke é uma palavra japonesa que significa, à prova de erros. É

usada para denominar dispositivos e equipamentos de produção munidos de

mecanismos simples, que são instalados nas mesmas, dentro dos postos de

trabalho, para se prevenir descuidos e erros operacionais, mesmo que haja a

insistência dos colaboradores em se fazer algum procedimento inadequado

(Ohno, 1997).

O método do Poka-Yoke pode ser usado em operações manuais que

requerem muita atenção do operador, em casos que possa haver o mau

posicionamento das peças, quando ajustes são necessários, e em uma

infinidade de outros casos.

O Poka-Yoke pode usado de duas maneiras (Shingo, 1996):

• Método de Controle: que quando ativado pára a linha de

produção ou o dispositivo de produção, impedindo a

continuação da produção de maneira inadequada.

• Método de Advertência: que quando ativado apenas soa um

alarme ou acende uma luz para sinalizar o problema, cabendo

ao operário parar a produção, ou fazer o procedimento de

maneira adequada.

Portanto o Poka-Yoke de controle é o mais seguro, pois impede a

produção de itens defeituosos, e deve ser aplicado onde a freqüência de falhas

operacionais é muito grande e a dificuldade de correção ou reparação de

peças acabadas também é maior.

Page 44: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

45

Pode-se perceber que a grande vantagem do Poka-Yoke é a

possibilidade de inspecionar 100% das peças produzidas, garantindo a

qualidade total do processo produtivo.

2.5.3 Controle Visual

Conforme já mencionado anteriormente a Autonomação significa parar a

linha ou os dispositivos de produção sempre que houver alguma situação

anormal, que possa gerar peças defeituosas e conseqüentemente perdas com

retrabalhos das peças acabadas.

Este conceito não surge apenas com o objetivo de parada de produção,

como o Andon e o Poka-Yoke, mas também para desenvolver um sistema de

controle autônomo do processo produtivo, exigindo sempre menos do sistema

de supervisão da fábrica.

Para que propiciar esta autonomia, a ferramenta Controle Visual, ou

ainda Gestão Visual, é utilizada em diversas organizações industriais (Ohno,

1996).

Esta gestão envolve a exposição com total visibilidade de diversos itens,

como:

• Identificação de ferramentas e materiais;

• Indicadores de desempenho e objetivos do processo

produtivo;

• Quadro de melhorias do processo produtivo;

• Fotos de vários pontos da unidade fabril que representem

bons exemplos de organização e limpeza;

• O quadro de metas de produção.

É importante ressaltar que o quadro de metas de produção deve ser

constantemente atualizado, detectando e relatando todos os problemas

ocorridos durante a produção e conseqüentemente facilitando a identificação

das piores perdas existente no posto de trabalho (Shingo, 1996).

Page 45: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

46

Todo o sistema de gestão por meio do controle visual funciona como um

sistema de monitoramento e feedback do processo produtivo, com o principal

propósito de todos os colaboradores, envolvidos de maneira direta ou indireta

na produção, buscarem o mesmo objetivo e com um maior comprometimento a

redução efetiva das perdas e desperdícios existentes.

2.5.4 Trabalho Padronizado

Para que todos os colaboradores envolvidos possam interpretar com

clareza o que é realmente um problema na produção, é necessário que haja a

definição adequada do parâmetro de trabalho a ser seguido. Para isso pode-se

utilizar a ferramenta conhecida como POP – Procedimento Operacional

Padronizado.

Estes procedimentos são métodos específicos para cada posto de

trabalho da planta industrial, tratam-se basicamente de uma folha de papel que

contêm no mínimo as informações de Takt Time, e a correta seqüência de

atividades a serem executadas pelos operadores de produção.

Segundo Taiich Ohno (1997), os elementos a se considerar no trabalho

padrão são:

• Operário (mão-de-obra);

• Máquina;

• Materiais;

• Método.

Se caso não houver a combinação efetiva e adequada destes quatro

fatores os operadores de produção podem se sentir alienados e incapacitados

de produzir com eficácia.

Os padrões não devem ser estabelecidos em conjunto por um time de

trabalho composto de integrantes responsáveis pelos quatro itens citados

anteriormente.

Page 46: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

47

Somente quando o sistema da planta industrial é considerado como um

todo, que os padrões para cada departamento de produção tornam-se livres de

perdas por retrabalhos de produtos acabados e com maior flexibilidade de

produção.

Percebe-se que o trabalho padronizado é de suma importância para a

sustentação da produtividade, da qualidade e principalmente da estabilidade

processo produtivo, características essenciais para efetuar uma produção de

acordo com as características da manufatura enxuta.

Page 47: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

48

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Problema

Todo trabalho de pesquisa se inicia com um questionamento, ou seja,

um levantamento de um problema e conseqüentemente uma série de

propostas de soluções.

A definição que melhor se adequa a um problema neste caso é: questão

não resolvida e que é objeto de discussão durante o todo o trabalho da

Monografia, em qualquer domínio do conhecimento (Gil, 2002).

No caso deste trabalho de pesquisa o problema que estimulou o

presente estudo foi: Como proceder para melhorar o fluxo entre os

processos produtivos em uma Unidade de Carrocerias a fim de evitar a

falta de matéria-prima e constantes paradas na linha de montagem do

chassi de um veículo popular?

3.2 Pesquisa e Metodologia

Um trabalho pesquisa científica pode ser definido como um

procedimento racional e sistemático, cujo objetivo é proporcionar respostas a

uma série de problemas propostos. É comumente utilizado quando não se tem

informação suficiente para responder aos problemas inicialmente levantados.

O trabalho de pesquisa é desenvolvido com o agrupamento dos

conhecimentos disponíveis, utilizando métodos, técnicas e procedimentos

científicos (Gil, 2002).

Este trabalho de Monografia foi realizado por motivos de ordem prática.

Segundo Gil (2002), tais tipos de pesquisas científicas surgem da vontade de

se fazer algo de maneira mais eficiente e eficaz.

Page 48: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

49

Quanto à natureza, a presente pesquisa, pode ser tratada como um

resumo do tema proposto, pois se trata de uma pesquisa fundamentada em

trabalhos mais avançados, publicados por autoridades no assunto.

Para este tipo de trabalhos de pesquisas é necessário, a análise e a

interpretação de fatos e de idéias, bem como a utilização de uma série de

ferramentas ligadas a metodologia adequada e enfoque no tema de um ponto

de vista original (Andrade, 2001).

Já, segundo o ponto de vista dos objetivos gerais, este trabalho de

pesquisa pode ser classificado como uma pesquisa exploratória, que é o

primeiro passo para todo trabalho científico. As finalidades da pesquisa

exploratória, são principalmente quando o trabalho possui função bibliográfica,

ou seja, proporcionar maiores informações sobre um determinado assunto,

facilitar a delimitação do tema e definir objetivos de uma pesquisa (Andrade,

2001).

A classificação deste trabalho de Monografia como pesquisa exploratória

é fundamental para estabelecimento do seu marco teórico, que possibilita uma

aproximação conceitual. Porém para analisar os fatos do ponto de vista

empírico, e confrontar a visão teórica com os dados da realidade, é necessário

traçar um modelo conceitual e operativo do trabalho de pesquisa (Gil, 2002).

Assim, quanto aos procedimentos técnicos utilizados neste trabalho de

pesquisa, ele pode ser é classificado como pesquisa-ação.

Segundo Barros e Lehfeld apoud Thiollent (1985), os trabalhos de

pesquisa-ação são um tipo de pesquisa social, com base empírica que é

concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os

participantes da situação ou do problema estão envolvidos de modo

cooperativo ou participativo.

Neste trabalho cientifico, o pesquisador não permanece só no nível de

levantamento dos problemas, ele procura desencadear ações e avaliá-las em

conjuntos com os envolvidos no caso (Barros e Lehfeld 2000).

Pode-se classificar este trabalho de pesquisa como exploratório e

pesquisa-ação, pois se tem na primeira fase um levantamento teórico

Page 49: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

50

bibliográfico, que fornece importantes informações técnicas para a definição

dos problemas e propostas de soluções, a fim de resolver o problema

inicialmente proposto.

Já na segunda fase, existe a participação direta da equipe de trabalho,

tanto no levantamento de dados e aplicação dos objetivos traçados, bem como,

na análise dos resultados alcançados diante das soluções propostas.

3.3 Etapas da Pesquisa

As etapas de um trabalho de pesquisa-ação são bastante flexíveis, pois

envolvem a participação e ação de pesquisadores e demais grupos

interessados no processo alvo de estudo, portanto constantemente, é possível

haver mudanças nas fases da pesquisa.

Assim, segundo Gil (2002), é difícil ordenar o planejamento de um

trabalho de pesquisa, segundo uma ordem temporal, porém podem-se citar

algumas fases que fazem parte da pesquisa-ação, e são elas:

• Fase exploratória: implica no reconhecimento visual do local

onde será realizado o estudo, consulta de documentos e

discussões iniciais com os envolvidos no processo produtivo.

• Formulação do problema: formular o problema com precisão.

• Construção das hipóteses: as hipóteses são proposições

testáveis que podem ser a solução do problema. Essas

hipóteses devem ser claras e concisas.

• Realização de seminário: o seminário envolve todos os

pesquisadores e grupos de trabalho interessados no estudo, o

principal objetivo é recolher propostas dos participantes. Desta

discussão são elaboradas as diretrizes de pesquisa e ação.

• Seleção da amostra: determinar os elementos que serão

pesquisados.

Page 50: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

51

• Coleta de dados: pode ser por entrevista, observação ou

levantamento de dados em documentos ou arquivos do

processo produtivo.

• Análise e interpretação dos dados: esta análise pode partir

de discussões ou da simples observação dos dados

levantados.

• Elaboração do plano de ação: planejamento da ação

destinada a solução do problema proposto.

• Divulgação dos resultados: esta fase pode ser confundida

com a anterior, porém esta informação pode ser divulgada

externamente, por diversos meios a todos os grupos

envolvidos no trabalho realizado.

No decorrer deste trabalho estas fases serão todas detalhadas, porém

provavelmente não serão relatadas na ordem aqui colocada.

Page 51: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

52

4 ESTUDO DE CASO – APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS LIAGADAS A

MANUFATURA ENXUTA

4.1 Descrição das Atividades da Indústria Automobilística

A organização na qual será realizada a parte prática deste trabalho de

monografia, possui extremo compromisso com a comunidade na qual está

inserida. Trata-se de uma planta industrial está instalada em Betim, região

metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, desde 1976, a fábrica opera

atualmente em três turnos com ritmo de produção diária superior a 3.000

carros.

A planta industrial possui as principais características:

• Data de construção: 1973;

• Data de inauguração: 9 de julho de 1976;

• Primeiro veículo produzido: Fiat 147;

• Área total: 2.250.000 m²;

• Área construída: 613.800 m².

A organização prega a constante adoção de práticas de gestão que

propicie a organização se colocar como sinônimo de excelência e orgulho entre

seus clientes, acionistas, empregados e que permita a mesma a se manter

como líder do segmento, em um mercado cada vez exigente e competitivo.

Em seus Princípios e Valores, a empresa adota coerência,

transparência, ética e exigência em todos os seus processos, fazendo da

constante busca de sempre fazer o melhor, preocupando-se constantemente

com o cliente, a razão da existência de qualquer negócio, e com toda a

sociedade.

Assim a indústria automobilística em questão, gera as condições ideais

para proporcionar o ambiente necessário para a implantação das ferramentas

ligadas a metodologia da manufatura enxuta.

Page 52: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

53

4.1.1 Processo Produtivo da Indústria Automobilística

A Indústria Automobilística sob estudo, tem como principal objetivo e

missão, segundo Fiat Auto (2008):

“Desenvolver, produzir e comercializar carros e serviços que as pessoas prefiram comprar e tenham orgulho de possuir, garantindo a criação de valor e a sustentabilidade do negócio”.

A organização também possui a seguinte visão, conforme Fiat Auto

(2008):

“Estar entre os principais players do mercado e ser referência de excelência em produtos e serviços automobilísticos”.

O processo produtivo da indústria automobilística se divide em cinco

principais processos produtivos, segundo Fiat Auto (2008):

Prensas

Na unidade operativa prensas é responsável por recortar, furar e dobrar

as chapas de aço até chegar à peça desejada. Ao todo estão em

funcionamento atualmente 17 linhas de prensas médias e grandes.

Assim, as chapas de aço são transformadas em peças para a carroceria

do automóvel. As chapas de aço chegam em bobinas e / ou chapas já cortadas

e tratadas quimicamente.

Funilaria

As peças estampadas no processo anterior são soldadas na unidade

funilaria e a carroceria começa então a tomar forma.

O objetivo da unidade operativa funilaria é proporcionar a união de

peças de aços estampadas através da passagem de corrente elétrica utilizando

pinças e transformadores de solda.

Page 53: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

54

Durante o processo da unidade operativa funilaria cada carroceria

recebe entre 3,8 mil e 4,5 mil pontos de soldas, dependendo do modelo, que

depois passa por um processo de revisão para ser encaminhado para o

processo de pintura.

Também por respeito ao seu cliente, por dez anos a Fiat produz e

armazena peças de reposição para veículos que já saíram de linha – por lei,

devem ser mantidas e fornecidas ao consumidor por um período mínimo de

cinco anos.

Pintura

O processo da unidade operativa pintura é o cerne da durabilidade e

embelezamento da carroceria de um automóvel, elo da estética e da qualidade.

Seus processos de tratamento da carroceria são usados para proteção

contra corrosão e resistência a intempéries, cujos materiais previamente

qualificados em exaustivos ensaios em laboratório resultam na cobertura das

chapas internas e, externamente, na formação de película de cor final, síntese

da excelência de proteção e aparência do produto.

Montagem Final

No galpão da unidade operativa montagem final é feita a finalização do

veículo, após a saída das operações do processo de pintura. Nessa etapa, o

carro recebe os acabamentos externos e internos, como estofado, bancos,

vidros, painéis, luzes, motor, suspensão, parte elétrica e outros componentes

de finalização.

Durante as etapas do processo, o veículo recebe acabamentos internos

e externos. As portas, retiradas no início do processo, são novamente

acopladas ao carro, que segue para a revisão final, quando são realizadas as

diagnoses elétricas e a convergência das rodas (teste de trepidação).

Pista de Testes

Para garantir a segurança e a qualidade dos veículos Fiat, 100% dos

carros que saem da linha montagem passam pela pista de testes.

Page 54: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

55

Tal pista tem 3,8 mil metros de extensão e é divida em seis trechos de

maior e menor velocidade, onde são efetuados diferentes tipos de avaliações:

• Testes de rumorosidade: aqui os veículos são submetidos a

diferentes tipos de piso;

• Testes de impermeabilidade: feitos na cabine hídrica;

• Testes de cambio e transmissão: todas as trocas de

marchas são testadas em condições adversas;

• Testes de frenagem: também realizado em diversas

situações.

Nessa pista, os veículos passam ainda por muitos outros testes, que

submetem o carro a possíveis situações reais. A pista apresenta duas curvas

parabólicas com uma inclinação de 30°, onde os carros passam a velocidades

entre 70 km/h e 110 km/h.

Além dos carros 0km que saem diretamente da montagem final, é

possível ver também veículos com placas azuis ou carros especiais, dirigidos

por pilotos da engenharia, submetidos muitas vezes a altas velocidades e

condições extremas.

Conhecendo o processo macro da planta industrial, vamos detalhar o

processo no qual vai ser realizado o estudo para a confecção do presente

trabalho de monografia.

4.2 Descrição das Atividades da Unidade Carroceria

A Unidade Carroceria de uma Indústria Automobilística, também é

conhecida como Unidade Operativa Funilaria. Tal unidade tem como principal

objetivo e missão, segundo Santos (2008):

“Produzir carrocerias e conjuntos soldados com qualidade, atendendo aos programas produtivos estabelecidos, respeitando os custos de produção definidos, de acordo com os procedimentos de segurança e legislação ambiental vigentes, proporcionando a melhoria contínua do processo produtivo”.

Page 55: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

56

Dentro da unidade fabril, a unidade carroceria possui uma área ocupada

de aproximadamente 40.000 m², uma população de aproximadamente 1.300

colaboradores, trabalhando em três turnos de produção.

Conforme mencionado anteriormente o objetivo da unidade carroceria é

proporcionar a união de peças de aços estampadas através da passagem de

corrente elétrica utilizando pinças e transformadores de solda.

4.2.1 Processo Produtivo da Unidade Carrocerias

O processo produtivo da unidade carrocerias é sub dividido em partes,

segundo Santos (2008) denominado por:

Montagem de Sub Conjuntos Soldados:

É o processo de união de peças estampadas que posteriormente são

unidos em dispositivos independentes, dando origem a partes da carroceria

completa para o envio para o processo de pintura.

Tais partes denominadas como:

• Grupo anterior;

• Chassis;

• Laterais;

• Teto;

Montagem da Carroceria:

Os subgrupos soldados (laterais, chassis, teto) montados são unidos

pelos processos de Grafatura / Mascherone, que são a dobra de aletas e

aplicação de solda a ponto.

Este processo é responsável pela garantia da geometria necessária à

carroceria no processo produtivo.

Page 56: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

57

Soldagem nas Linhas de Complementação de Solda

Após o processo de Grafatura / Mascherone que dá origem a carroceria,

a mesma é enviada para a linha de complementação de solda, onde são

aplicados pontos de solda com a finalidade de garantir a rigidez estrutural de

todo o conjunto soldado.

Montagem das Partes Móveis

É o processo de união de peças estampadas que posteriormente são

unidos em dispositivos independentes, dando origem às partes móveis da

carroceria, sendo elas:

• Portas laterais;

• Portas traseiras;

• Pára-lamas;

• Capô;

Montagem das Partes Móveis sob a Carroceria

Consiste no carregamento das partes móveis sobre a carroceria com

auxílio de gabaritos específicos. Esta etapa do processo produtivo garante o

alinhamento das partes móveis com a carroceria, tal alinhamento é conhecido

como Jogo / Perfil.

Liberação e Revisão de Carrocerias

Consiste na aplicação de óleo especifico sobre toda a superfície externa

da carroceria com o principal objetivo de identificar possíveis desvios estéticos,

bem como realizar as devidas correções, caso seja necessário.

Após este processo, as carrocerias acabadas e liberadas são

encaminhadas para o processo de Pintura.

Page 57: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

58

4.3 Seleção da Amostra

No decorrer do processo produtivo da unidade carrocerias, possuem

diversas células produtivas que montam subconjuntos utilizados na montagem

de carrocerias durante o processo de Grafatura / Mascherone, ou seja,

operações que permitem a união dos chassis, laterais e teto.

Foi realizado o levantamento das células produtivas que apresentavam

as maiores perdas dentro da unidade carroceria. Tais células seriam os locais

determinados para o início da implantação da metodologia e ferramentas

ligadas a Manufatura Enxuta.

A célula produtiva escolhida para o desenvolvimento deste trabalho de

Monografia foi à célula responsável pela montagem do chassi de um veículo

popular, com alta produção diária.

Tais processos produtivos podem ser visualizados no mapa das

operações da montagem de carrocerias, conforme demonstrado Figura 4.1.

Figura 4.1 – Mapa de operações na montagem de carrocerias.

Fonte: Santos, 2008.

Page 58: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

59

Todos os subconjuntos soldados são montados em células específicas

de trabalho, para cada conjunto. O chassi é a parte inferior da carroceria,

responsável pela a sustentação de peças do veículo automotor.

As entradas e fornecedores do processo produtivo dentro da planta

industrial podem ser visualizados no Quadro 4.1 – Entradas do Processo de

montagem dos subconjuntos de Chassis.

Fornecedor Entradas

Gestão de Materiais Funilaria (GMF)

Matéria Primas neccárias a montagem do subconjunto soldado.

Engenharia do ProdutoEstrutura e especificações técnicas

do produto

Engenharia de Produção Funilaria (EPF)

Meios de Produção, Ciclos de Fabricação, Tempo padrão para a

execução das operações produtivas.

Manutenção (COMAU)Manutenção dos meios de produção

existentes na célula produtiva.

ProduçãoGestão da Mão-de-Obra e

desenvolvimento das habilidades e competências dos colaboradores.

Qualidade IndustrialMeios de Controle para a sistema de

Qualidade

Quadro 4.1 – Entradas do Processo de montagem dos subconjuntos Chassis.

Fonte: Santos, 2008 e Fiat Auto, 2008.

A missão da célula produtiva é a montagem dos subconjuntos soldados

de acordo com as especificações de projeto, atendendo aos objetivos de

produção e qualidade estabelecidos pela unidade carrocerias.

As especificações de projeto são divulgadas nos ciclos de produção, as

quais todos os operadores de produção têm acesso na linha produção.

Na célula produtiva sob estudo, trabalham cerca de trinta e três

operadores de produção por turno produtivo, atualmente a unidade carrocerias

trabalha em três turnos de produção, contemplando às 24 horas / dia.

Page 59: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

60

4.4 Fase Exploratória

Para o início do projeto foi necessário o levantamento de todas as

características da célula produtiva escolhida para o estudo. Com o objetivo de

traçar o melhor caminho e as melhores práticas a fim de promover as

mudanças necessárias para a implantação das ferramentas ligadas à

manufatura enxuta, e conseqüentemente entender o motivo das excessivas

paradas da produção e dos desperdícios existentes na célula produtiva.

A metodologia aplicada para a execução do levantamento foi a

observação de todo o processo produtivo da célula de produção e a pesquisa

entre todos os colaboradores que direta ou indiretamente fazem parte do

processo produtivo da célula de fabricação de chassis.

Os pontos observados foram:

4.4.1 Aspecto Visual do Posto de Trabalho

A organização do posto de trabalho onde são montados todos os

subconjuntos integrantes de um chassi de um veículo popular que apresenta

muitas inadequações relacionadas ao abastecimento de peças que ocorre sem

qualquer padronização.

A disposição do lay-out da área da célula produtiva dificulta o acesso da

manutenção corretiva para intervenções que se fazem necessárias. A figura

4.2 apresenta a organização da área sob estudo.

Page 60: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

61

Figura 4.2 – Aspecto visual da célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.4.2 Aspectos de Segurança do Posto de Trabalho

A ausência de uma organização do posto de trabalho da área sob

estudo, compromete também alguns aspetos relacionados a segurança dos

colaboradores envolvidos direta ou indiretamente nas operações da montagem

do conjunto soldado.

A figura 4.3 apresenta um aspecto relacionado a segurança da

realização das operações na área sob estudo.

Figura 4.3 – Aspecto de segurança da célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Page 61: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

62

4.4.3 Programação da Produção

Tem-se um sistema de programação da produção existente na unidade

carrocerias, o qual é levado ao conhecimento dos colaboradores envolvidos de

maneira direta (operadores de produção) e indireta (operador logístico e

manutenção) com as operações de montagem dos conjuntos soldados.

Notou-se também que a programação diária da linha de montagem de

carrocerias sofre constantes mudanças, devido à falta de matérias-primas da

própria unidade carrocerias ou das demais unidades operativas existentes na

fábrica. Também é importante ressaltar a existência de mudanças de

programação diária devido a quebras de máquinas existentes na linha de

montagem de carrocerias. Tais eventos acarretam à célula produtiva sob

estudo, o problema de excesso (formação de estoques de conjuntos acabados)

ou ainda falta de peças para a produção da carroceria para o processo de

pintura.

4.4.4 Aspectos dos Dispositivos de Produção

Os dispositivos de produção que fazem parte da célula sob estudo,

apresentam alguns aspectos importantes como, por exemplo, pontos de difícil

acesso nos mesmos para limpeza realizada pelos colaboradores e manutenção

profissional quando se faz necessário.

Na área sob estudo, não percebemos a aplicação da manutenção

realizada por colaboradores, ou seja, não temos a realização de manutenção

autônoma. E a manutenção profissional ocorre somente de maneira corretiva,

ou seja, apenas quando ocorre a parada do maquinário durante a produção

dos conjuntos soldados.

A figura 4.4 apresenta um dispositivo com uma área de difícil acesso,

muitas conexões, mangueiras e grupos metálicos que dificultam a realização

de manutenção e limpeza durante o processo produtivo.

Page 62: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

63

Figura 4.4 – Dispositivo com área de difícil acesso na célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.4.5 Aspectos de Abastecimento da Célula de Produção

Não existe um sistema criterioso para o abastecimento de peças lado-

linha na célula sob estudo para a realização do trabalho de monografia. Devido

ao fato de não haver padronização do abastecimento de peças, ocorre perdas

de produção por falta de abastecimento.

Não foi evidenciada na célula produtiva a utilização de ferramentas de

operação logística como kanban e Just in Time. A figura 4.5 apresenta a

condição do abastecimento realizado na área modelo.

Page 63: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

64

Figura 4.5 – Abastecimento de peças na célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.5 Análise das Condições Iniciais da Célula Modelo.

Após o levantamento das observações citadas anteriormente, é

importante ressaltar que, o levantamento das mesmas se deu por meio da

utilização do check list de auditoria do posto de trabalho, utilizado na unidade

carroceria.

De posse das informações obtidas, elas foram analisadas pela equipe

de trabalho e operadores que trabalham na montagem dos conjuntos soldados,

chegando a algumas conclusões que revelaram os principais problemas da

célula do chassi de um veículo popular com alta produção diária.

Diante do cenário obtido na célula modelo, ressaltamos que as

constantes perdas na linha de montagem de chassi eram sempre justificadas,

seja por falha ou quebra dos dispositivos de produção, seja por falta de

abastecimento adequado na célula produtiva.

Durante a produção na célula sob estudo não foi percebido a utilização

de ferramentas ligadas à logística lean ou a manufatura enxuta.

Page 64: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

65

Não há um nivelamento da produção, os clientes internos e

conseqüentemente os clientes finais, nem sempre tem os produtos que precisa

na hora e na quantidade necessária.

Percebeu-se também a existência de pelo menos cinco dos sete tipos de

desperdícios, podendo-se citar:

• Superprodução: conforme já foi citado no levantamento;

• Tempo de espera: quando o subconjunto é montado sem

necessidade e fica na fila esperando para ser utilizado;

• Transporte: é maior, devido ao fluxo existente na célula

modelo;

• Estoque: gerado pela superprodução ou pelo super

dimensionamento da quantidade de peças lado-linha;

• Movimentação: devido à necessidade do operador se

deslocar para buscar matéria prima ou subconjuntos

montados.

Diante dessas conclusões, o próximo passo consiste na definição da

padronização do trabalho e das ferramentas ligadas à metodologia a ser

aplicada para a implantação da Manufatura Enxuta na célula sob estudo.

A figura 4.6 apresenta o lay-out da célula produtiva, antes da

implantação da manufatura enxuta.

Page 65: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

66

Figura 4.6 – Lay-out atual da célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.6 Oportunidades de Melhoria para a Célula Modelo.

Após uma análise preliminar na situação atual da célula sob estudo,

percebeu-se a necessidade da aplicação das ferramentas ligadas à

metodologia da Manufatura Enxuta na célula da montagem e soldagem do

chassi de um veiculo popular.

A utilização da metodologia de Manufatura Enxuta é muito importante a

fim de possibilitar a redução dos maiores desperdícios existentes na célula

produtiva sob estudo. Para isso várias melhorias terão de ser implantadas,

através da utilização de algumas das ferramentas da Manufatura Enxuta

citadas no capítulo 2 deste trabalho de monografia.

As oportunidades de melhorias identificadas para a implantação na

célula modelo são as seguintes:

• Padronização das formas de trabalho: a fim de diminuir as

variabilidades existentes na área, de tornar conhecidos os

problemas de qualidade dos subconjuntos soldados;

Page 66: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

67

• Aplicação do Just-in-Time no processo para o abastecimento de

peças específicas na célula sob estudo: para eliminar a super

produção e estoques de peças lado-linha;

• Implantação do sistema Kanban de peças especificas de menor

peso e volume (minuterias) na célula modelo: para a criação de

um fluxo contínuo entre o processo produtivo e a eliminação das

paradas por falta de abastecimento de peças pequenas;

• Utilização de um abastecimento de peças lado-linha de maneira

mais ergonômica, a fim de proporcionar melhorias ergonômicas

nos postos de trabalho da célula sob estudo;

• Aplicação das ferramentas de manutenção autônoma e

profissional (MPT), proporcionando a redução das perdas por

paradas dos dispositivos na célula produtiva;

• Criar padrões de abastecimento para a célula produtiva: para

estabelecer vasilhames específicos, meios adequados para o

abastecimento das peças lado-linha;

• Aplicação da metodologia 5´S: para proporcionar a melhor

organização e utilização do espaço físico da célula produtiva,

além de permitir a utilização de gestões à vista na área;

• Reduzir o número de operações sem valor agregado (NVAA) nas

operações de montagem e soldagem dos conjuntos soldados.

4.7 Coletas de Dados da Célula Modelo.

Após o levantamento das principais características da célula, foi feito o

levantamento dos dados necessários ao projeto, para a implementação das

ferramentas de Manufatura Enxuta na área sob estudo.

Primeiramente foram identificadas as principais causas de perdas e

desperdícios na célula produtiva, as principais paradas e quebras dos

dispositivos de produção, os principais problemas de qualidade, as operações

realizadas durante a montagem dos conjuntos soldados que não agregam

Page 67: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

68

valor, como por exemplo: andar, esperar, entre outros e por fim a

disponibilidade das máquinas de produção para o processamento do produto

para o próximo cliente interno.

Todos esses dados iniciais foram coletados pelo time de trabalho da

célula produtiva, através da utilização do check list da organização do posto de

trabalho e serão utilizados como ponto de partida para todo o projeto de

implantação das ferramentas ligadas ao sistema de Manufatura Enxuta na

célula sob análise para o trabalho de monografia.

O primeiro passo a ser executado visando promover a implantação das

ferramentas ligadas a Manufatura Enxuta é definir as necessidades, a visão, os

objetivos e as metas para a célula modelo, conforme mostrado no quadro 4.2.

REDUÇÃO DO CUSTO DE TRANSFORMAÇÃO, PADRONIZAÇÃO DAS ATIVIDADES, IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS DE ERGONOMIA E SEGURANÇA PARA GARANTIR O ALCANÇE DO PADRÃO REQUERIDO DE QUALIDADE NO PROCESSO E NO PRODUTO

DIFUNDIR CULTURA DA UTILIZAÇÃO CORRETA E RACIONAL DOS FATORES DE PRODUÇÃO: MEIOS, MÃO DE OBRA, MAQUINÁRIO, MATERIAIS E ENERGIA ENTRE OUTROS

COM FOCO NA EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE DO SISTEMA E DA MOTIVAÇÃO DAS PESSOAS NA BUSCA PELOS RESULTADOS ESPERADOS.

MELHORAR LAY-OUT E A LOGISTICA DA UNIDADE DIMINUINDO NVAA, REDUZINDO AS PERDAS E PROMOVENDO MELHORIA CONTÍNUA NA CÉLULA MODELO.

PROMOVER A EXPANSÃO DA METODOLOGIA DA MANUFATURA ENXUTA, MELHORANDO AS CONDIÇÕES ERGONOMICAS, REDUZINDO AS PERDAS DE NVAA, RETRABALHO E

DESSATURAÇÃO ATÉ DEZEMBRO DE 2008.

NECESSIDADES

VISÃO

OBJETIVOS

METAS

Quadro 4.2 – Necessidades, visão, objetivos e metas da célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

De posse de tais informações, das condições da área modelo e dos

objetivos a serem alcançados, foi realizado uma série de treinamentos a

respeito das ferramentas do Sistema Lean, buscando desenvolver as

competências do time de trabalho. A figura 4.7 apresenta o Radar Chat do time

de trabalho da célula modelo.

Page 68: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

69

Figura 4.7 – Desenvolvimento do time de trabalho da célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.8 Plano de Ação para a Célula Modelo.

4.8.1 Organização do Posto de Trabalho da Célula Modelo

O primeiro passo é promover a organização do posto de trabalho,

proporcionado através da utilização da metodologia 5’S.

Em um primeiro momento foi realizado o treinamento dos colaboradores

que trabalham diretamente na célula modelo.

Page 69: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

70

Figura 4.8 – Treinamento da metodologia 5’S.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Após o treinamento dos colaboradores, foram aplicados os sensos da

metodologia,sendo estes:

• Utilização: manter na célula modelo somente o material

realmente necessário para a realização das atividades de

montagem e soldagem das peças;

• Organização: organizar todo o material realmente necessário,

proporcionando uma melhor organização do posto de trabalho da

célula sob estudo;

• Limpeza: depois de ter somente o material necessário totalmente

organizado, é realizado a limpeza de todo os postos de trabalho

da célula produtiva;

• Asseio: estabelecer rotinas para limpeza e ações nos postos de

trabalho. Estabelecer cronogramas para limpeza com datas e

procedimentos de como realizar as atividades em toda a célula

produtiva;

• Autodisciplina: é não permitir que os resultados obtidos nos

quatro primeiros sensos sejam perdidos ao longo do tempo em

toda a célula modelo.

Page 70: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

71

A metodologia 5’S proporciona a célula sob estudo a permanência de

somente os objetos realmente necessários para realizar as operações para a

montagem dos conjuntos soldados.

Para a implantação dos primeiros sensos de organização e utilização foi

realizado um bota fora, onde foram eliminados aproximadamente 235 Kg de

material desnecessário na célula modelo.

Periodicamente, é realizado bota fora na célula modelo para

proporcionar a manutenção da metodologia na célula modelo.

A figura 4.9 ilustra a aplicação da ferramenta do bota fora na célula sob

estudo.

Figura 4.9 – Aplicação da ferramenta Bota Fora na célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Para a manutenção da utilização da metodologia 5’S, são realizadas

auditorias mensais para a comprovação das corretas aplicações da ferramenta,

conforme é apresentado na figura 4.10.

Page 71: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

72

Figura 4.10 – Sistema de Auditoria da metodologia 5’S na célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.8.2 Eliminação das Principais Fontes de Sujeira.

Após a primeira organização do posto de trabalho proporcionado pela

ferramenta 5’S, é necessário identificar as potenciais fontes de sujeira

existentes e proporcionar sua redução ou até mesmo a sua eliminação.

Tal estudo é muito importante para proporcionar uma melhor

manutenção autônoma e profissional, que são à base da ferramenta da TPM,

na célula sob estudo.

Os principais equipamentos da célula sob estudo passaram por

melhorias visando minimizar as fontes de sujeira, e facilitar o ciclo de limpeza,

inspeção e reaperto realizado pelos operadores de produção durante o

trabalho diário na área modelo.

A figura 4.11 apresenta exemplos de redução de fontes de sujeira nos

dispositivos da célula modelo.

Page 72: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

73

Figura 4.11 – Eliminação das Fontes de Sujeira nos dispositivos da Célula

Modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.8.3 Condições de Segurança / Ergonomia da Célula Produtiva.

Uma vez desenvolvendo e aplicando as ferramentas da metodologia 5’S

e na procura de diversas alternativas para a redução das fontes de sujeira e

locais de difícil acesso existentes na célula produtiva com o principal objetivo

de facilitar as atividades de limpeza e manutenção realizadas nos

equipamentos, uma nova frente de trabalho se iniciou na célula sob estudo.

Tal frente de trabalho busca as melhorias nas condições de segurança e

ergonomia para a realização das operações de montagem dos subconjuntos

soldados, na célula sob estudo.

Várias condições inseguras existentes na célula produtiva foram

eliminadas, foi realizada a demarcação adequada dos equipamentos de

produção e equipamentos de combate a incêndio existente.

Outra melhoria implantada na área forma a colocação de talhas para

reduzir o esforço para o manuseio de cargas necessário para a montagem do

subconjunto soldado.

Page 73: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

74

No total foram duas talhas colocadas na célula produtiva, tais melhorias

na área modelo permitiu aos colaboradores diretos da área, a realização das

suas atividades de maneira mais segura, com o menor esforço físico possível.

A figura 4.12 apresenta as melhorias ergonômicas e de segurança

realizadas na área modelo.

Figura 4.12 – Melhorias de Segurança e Ergonomia realizadas na Célula

Modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.8.4 Operações sem Valor Agregado na Célula Produtiva.

Após proporcionar restaurar os padrões, proporcionando aos

colaboradores e aos dispositivos da célula sob estudo melhores condições de

trabalho. Toda a equipe entra em uma nova frente de trabalho que é a análise

das atividades que não agregam valor à montagem do subconjunto soldado.

Page 74: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

75

As atividades sem valor agregados, mais conhecidas como NVAA (Not

Value Added Activity) são atividades que necessitam ser executadas, por

exemplo, andar, esperar, ou seja, qualquer movimentação desnecessária

mesmo que sejam previstas no ciclo produtivo, porém não agregam valor ao

subconjunto soldado. É uma grande perda em qualquer processo produtivo e

motivo de melhoria em dispositivos, bem como em toda a maneira de executar

as operações do processo de produção.

A figura 4.13 apresenta exemplos de atividades que não agregam valor

no processo produtivo da unidade carrocerias.

Figura 4.13 – Exemplos de Atividades sem Valor Agregado (NVAA).

Fonte: Fiat Auto, 2007.

O time conseguiu reduzir em aproximadamente em 30% a quantidade

de operações que não agregavam valor a montagem e soldagem do subgrupo

soldado.

4.8.5 Gestão Visual na Célula Modelo.

A gestão visual é uma ferramenta muito importante na célula sob estudo,

uma vez que permite a todos os colaboradores envolvidos no processo

Tentativa de inserção Tentativa de montar Tentativa de apertar Tentativa de encaixe

andar transportar esperar virar

girar

Tentativa de conexão elétrica

Page 75: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

76

produtivo o acompanhamento das atividades de implantação das ferramentas

relacionadas à Manufatura Enxuta.

Todos os passos de implantação da metodologia da manufatura enxuta

são apresentados aos colaboradores diretos e indiretos através da gestão a

vista da área modelo. São apresentadas as condições iniciais, o time de

trabalho, detalhes importantes do trabalho realizado e seu estágio atual da

implantação da metodologia.

A figura 4.14 a seguir apresenta a gestão à vista da área sob estudo.

Figura 4.14 – Gestão a vista da célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Foram realizadas as identificações de todos os postos de trabalho da

célula modelo, é importante ressaltar que esta identificação contempla o nome

da operação, seu número conforme ciclo produtivo determinados pela

Engenharia de Produção, bem como os equipamentos de proteção individuais

(EPI’s) para execução das atividades no mesmo.

A figura 4.15.apresenta um exemplo de identificação utilizada nos

postos de trabalho implantados na célula sob estudo.

Page 76: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

77

Figura 4.15 – Identificação dos postos de trabalho da célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Todas as peças utilizadas na célula produtiva que são oriundas de

fornecedores sejam eles internos ou externos também foram devidamente

identificadas na célula produtiva, proporcionando melhor organização e

facilitando o abastecimento da área pelo operador logístico.

A figura 4.16 apresenta a identificação das peças consideradas matéria-

prima da célula sob estudo.

Figura 4.16 – Identificação das peças lado-linha na célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Foi implantada na célula sob estudo a gestão visual de problemas de

qualidade que aparecem nos principais indicadores da unidade carroceria. É de

suma importância que os colaboradores que estão diretamente envolvidos no

processo produtivo, saibam as falhas ocorridas no processo e que

conseqüentemente causam impactos nos objetivos de qualidade da área em

questão.

Page 77: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

78

A figura 4.17 apresenta o quadro de inconvenientes de qualidades

evidenciados nos indicadores de qualidade.

Figura 4.17 – Quadro de inconvenientes de qualidade na célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Por fim, foi implantado na célula modelo a gestão da produção horária,

onde são registradas todas as ocorrências que podem impactar em perdas na

quantidade de peças produzidas na célula modelo. Somente de posse das

informações precisas das principais causas de perdas da produção, o time de

trabalho pode tomar as decisões mais acertadas visando a redução e / ou

eliminação das causas das mesmas.

A figura 4.18 apresenta o quadro de produção implantado na célula sob

estudo.

Page 78: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

79

Figura 4.18 – Quadro de produção horária na célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.8.6 Operações Logísticas na Célula Modelo.

Para dar continuidade na redução das operações realizadas na célula

modelo e que não agregam valor à montagem do subconjunto soldado, foi

realizado um estudo na parte relacionada ao abastecimento de peças lado

linha.

O time de trabalho percebeu que não havia a padronização para a

realização do abastecimento de peças na célula modelo. É importante ressaltar

que não era utilizada nenhuma ferramenta ligada à logística enxuta para

realizar o procedimento de abastecimento de peças lado-linha na célula sob

estudo.

A Unidade Carroceria realiza o abastecimento de peças, sejam elas

oriundas de fornecedores internos, ou de uma extensa cadeia de fornecedores

externos, através de uma parceira com um operador logístico e somente com a

inclusão do mesmo no time de trabalho, foi possível desenvolver novas

maneiras de abastecimento de peças e adequar a célula modelo para os

moldes da logística enxuta.

Page 79: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

80

É importante ressaltar que na célula sob estudo não era utilizada

nenhuma ferramenta ligada à prática da logística lean, como, por exemplo:

kanban, Just in Time, FIFO, entre outras. Tal situação proporcionava uma

grande fonte de desperdícios e perdas na área sob estudo, principalmente

quanto ao aspecto de quantidade de estoques de peças em todas as etapas do

processo.

Visando reduzir as perdas com o grande estoque de peças na área e

conseqüentemente melhorar a organização dos postos de trabalho da célula

sob estudo, várias ferramentas foram implantadas. Sendo elas:

• Realização do estudo da quantidade de peças (matéria prima)

lado-linha para verificar a real necessidade de abastecimento da

célula sob estudo;

• Realizado estudo a respeito da organização do lay-out da célula

modelo e conseqüentemente, padronização das formas de

abastecimento de peças na célula sob estudo;

• As peças (matéria prima) de pequeno tamanho e consideradas

leves, também denominadas como minuterias, que eram levadas

em caçambas foram substituídas por gravitacionais e caixas

plásticas, utilizando da ferramenta de logística proporcionando um

abastecimento mais adequado o sistema kanban para alimentar a

célula modelo;

• O abastecimento das caçambas de 1500l e 2000l será levado

para o lado-linha por meio de rebocador, não mais por meio de

empilhadeira, proporcionando a célula modelo uma condição de

maior seguranças aos colaboradores diretamente envolvidos com

as operações de montagem / soldagem dos subconjuntos. Outra

novidade deste sistema são os suportes colocados na área que

são mais ergonômicos, facilitando o abastecimento realizado pelo

operador de produção;

• O abastecimento do subconjunto soldado denominado “grupo

anterior”, por meio de rebocador elétrico sem geração de

estoques lado-linha utilizando a ferramenta de logística lean o

Page 80: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

81

conceito do Just in Time, não realizando mais o abastecimento

por meio de empilhadeiras. Tal ferramenta também proporcionou

a área maiores condições de segurança durante a execução das

operações de soldagem dos subconjuntos.

A figura 4.19 a seguir apresenta as novas formas de abastecimento

implementadas na célula sob estudo, que posteriormente serão expandidas

para as demais células produtivas da unidade carrocerias.

Figura 4.19 – Ferramentas de Logísticas implantadas na célula modelo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

4.8.6.1 Sistema de Abastecimento Kanban.

As peças, matéria-prima, de pequeno volume e peso passaram a ser

abastecida na célula modelo, conforme a ferramenta de logística conhecida

como Kanban.

Page 81: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

82

O time de trabalho ligado à implantação das ferramentas relacionadas a

logística enxuta, realizou um estudo detalhado a respeito de quais peças se

encaixariam no sistema Kanban, ou seja, todas as peças de pequeno volume e

peso da célula sob estudo.

Após a determinação de quais peças se encaixariam no sistema

Kanban, foi criado um cartão para identificar a necessidade de realizar o

abastecimento das peças na célula sob estudo. A figura 4.20 apresenta o

cartão desenvolvido para solicitar o abastecimento das peças do Sistema

Kanban.

Figura 4.20 – Cartão Kanban.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Foi também elaborada pelo time de trabalho, toda uma logística a ser

executada pelo operador logístico para o abastecimento das áreas na unidade

carroceria a fim de evitar perdas ocasionadas pela falta de abastecimento de

peças lado-linha.

A figura 4.21 apresenta a rota Kanban a ser utilizada pelo operador

logístico durante os turnos de produção. Tal rota foi pré-definida pelo time de

trabalho e o operador logístico que abastece a célula sob estudo.

Page 82: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

83

Figura 4.21 – Rota para o sistema Kanban na unidade carroceria.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Também foi desenvolvida uma área específica para a preparação dos

rebocadores que realizam o abastecimento das peças no sistema kanban, da

célula sob estudo. Esta área, bem como os colaboradores envolvidos é

responsável pelo monitoramento das fichas e o abastecimento das peças lado-

linha na célula modelo.

A figura 4.22 apresenta o almoxarifado kanban criado para abastecer as

áreas modelo da unidade carroceria.

Page 83: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

84

Figura 4.22 – Almoxarifado do sistema Kanban na unidade carroceria.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Para as demais peças com maior peso e volume, necessária para a

montagem dos subconjuntos soldados montados na célula modelo, adotou-se

o sistema de abastecimento denominado rebocador, que será mais detalhado a

seguir.

4.8.6.2 Sistema de Abastecimento por meio do Rebocador.

Para as peças com maior peso e volume, o abastecimento se dará por

meio de caçambas e tubulares, utilizando o rebocador, a redução da utilização

das empilhadeiras na unidade carroceria proporciona melhores condições de

segurança para todos os colaboradores envolvidos em todo o processo

produtivo.

O time de trabalho em conjunto com o departamento de Medicina e

Engenharia da Segurança do Trabalho, desenvolveram um carrinho específico

para os vasilhames de 1500l e 2000l existente na célula sob estudo.

Page 84: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

85

A figura 4.23 apresenta o modelo de abastecimento desenvolvido para a

célula sob estudo contemplando os vasilhames de 1500L e 2000L.

Figura 4.23 – Sistema de rebocador para vasilhames de 1500l e 2000l.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Utilizando o mesmo sistema de rebocadores, foi implantado na célula

sob estudo o abastecimento do conjunto soldado denominado grupo anterior,

utilizando a ferramenta Just in Time. A utilização desta ferramenta

proporcionou à célula modelo:

• Redução dos estoques de conjuntos no lado-linha;

• Melhor organização do posto de trabalho;

• Maior condição de segurança para os colaboradores envolvidos

no processo produtivo;

• Utilização de mais ferramentas ligadas a logística lean, como por

exemplo FIFO (First in first out).

Page 85: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

86

A figura 4.24 apresenta a utilização da ferramenta logística do Just in

Time na célula sob estudo.

Figura 4.24 – Sistema Just in Time na célula sob estudo.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

O novo sistema de abastecimento utilizando o Just in Time,

proporcionou que somente o abastecimento se daria com três grupos soldados

no lado linha, que proporcionou a otimização dos estoques de toda área sob

estudo.

A aplicação das ferramentas ligadas à logística lean permitiu ganhos

com perdas existentes do excedente de peças utilizadas no lado-linha, bem

como nas atividades que não agregam valor ao produto como, por exemplo,

buscar peças (caminhar).

É importante ressaltar que a utilização das ferramentas ligadas à

logística enxuta, foi de fundamental importância para o bom desenvolvimento

dos trabalhos que proporcionaram a implantação do conceito de Manufatura

Enxuta na célula sob estudo, pois atua diretamente na organização dos postos

de trabalho, facilita a aplicação de outras ferramentas como, por exemplo, a

metodologia 5’S.

Page 86: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

87

4.9 Resultados Obtidos na Célula Modelo.

Toda a evolução da implantação das ferramentas ligadas a manufatura

enxuta na célula do chassi de um veículo popular, é sempre atualizado na

gestão a vista da área modelo, proporcionando maior envolvimento e

participação dos colaboradores envolvidos direta ou indiretamente no processo

produtivo.

Os resultados alcançados pelo time de trabalho foram:

• Expansão da utilização das ferramentas ligadas a manufatura

enxuta;

• Melhor organização do lay-out da área, bem como dos postos de

trabalho de toda a célula modelo;

• Melhoria das condições de ergonomia na execução das

operações de montagem e soldagem dos subconjuntos;

• Redução das movimentações que não agregam valor (NVAA) em

aproximadamente 30%;

• Redução dos retrabalhos relacionados a problemas de qualidade

em aproximadamente 35%;

• Redução da dessaturação da linha de chassis em

aproximadamente 35%.

A figura 4.25 apresenta o lay-out da célula sob estudo após a

implantação das ferramentas ligadas a manufatura enxuta.

Page 87: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

88

Figura 4.25 – Lay-out da célula modelo após a implantação das ferramentas

ligadas a Manufatura Enxuta.

Fonte: Fiat Auto, 2008.

Page 88: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

89

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Ao final da elaboração deste trabalho de monografia ficou claro que as

ferramentas utilizadas para a implantação da Manufatura Enxuta, são

realmente metodologias muito valiosas e importantes para qualquer

organização que se preocupa em atender de maneira eficiente e eficaz seus

clientes, desde os clientes internos até os clientes finais (produto acabado).

A revisão bibliográfica proporcionou o conhecimento e entendimento de

todas as principais ferramentas que viabilizaram a implantação do Lean

Manufacturing ou Sistema Toyota de Produção em célula modelo de produção

de chassis de um veículo automotor de grande produção diária.

É importante ressaltar que a célula modelo é apenas um primeiro passo

para verificar as principais dificuldades da implantação das ferramentas ligadas

a Manufatura Enxuta que proporcionam uma padronização para uma posterior

expansão das mesmas para as demais células do sistema produtivo de toda a

unidade carrocerias.

No decorrer da revisão bibliográfica, foi possível também realizar a

correta identificação das principais ferramentas ligadas ao Sistema Toyota de

Produção que são realmente aplicáveis na célula modelo sob estudo.

As melhorias propostas foram resultado do intenso trabalho de grupo de

pessoas altamente comprometidos e coesos contando com a participação de

diversos colaboradores envolvidos de maneira direta e indireta no processo

produtivo de montagem do subgrupo soldado, chassi de um veículo popular.

As principais dificuldades encontradas foram:

• A falta de padronização nos postos de trabalho da célula

produtiva;

• A falta de padronização do controle dos registros das paradas de

produção que ocorriam na célula modelo;

• A falta de padronização na realização do abastecimento na célula

modelo.

Page 89: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

90

Assim, não foi possível no primeiro momento, mensurar adequadamente

o tamanho das perdas e desperdícios existentes, porém com os relatos dos

colaboradores diretamente envolvidos no processo de produção da montagem

dos chassis, ficou evidenciado que as mesmas eram significativas gerando

uma grande dificuldade enfrentada por toda a unidade carrocerias. Daí a

necessidade de um melhor entendimento e estudo das perdas e desperdícios

existentes e posteriormente reduzir e, em alguns casos, até eliminar os

mesmos.

O desenvolvimento da pesquisa proporcionou à célula modelo de

produção estudada, a célula de produção do chassi de um veículo popular,

inúmeros benefícios, que se estenderam às suas células fornecedoras e

clientes internos, bem como no melhor atendimento do cliente final.

Entre os principais benefícios alcançados pode-se enumerar:

• Expansão da utilização das ferramentas ligadas a manufatura

enxuta;

• Melhora significativa na organização do lay-out da área, bem

como de todos os postos de trabalho de toda a célula modelo;

• Melhoria das condições de ergonomia na execução das

operações de montagem e soldagem dos subconjuntos na célula

modelo;

• Redução das movimentações que não agregam valor (NVAA) em

aproximadamente 30% na célula modelo;

• Redução dos retrabalhos relacionados a problemas de qualidade

em aproximadamente 35% nos subconjuntos montados na célula

modelo;

• Redução da dessaturação da área sob estudo em

aproximadamente 35%.

Ficou evidenciado também que os objetivos propostos no início do

trabalho foram alcançados com êxito, conforme apresentado anteriormente no

item 4.8 e 4.9.

Page 90: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

91

Diante dos benefícios alcançados na implantação das ferramentas

ligadas a manufatura enxuta, é de suma importância identificar as

oportunidades de melhorias em outras células produtivas da unidade

carrocerias por meio de um estudo criterioso, com definição de times de

trabalho, treinamento de pessoas e posteriormente a expansão das

ferramentas ligadas ao Sistema Toyota de produção.

É importante ressaltar que as expansões da implantação das

ferramentas relacionadas à manufatura enxuta se dariam de acordo com as

perdas e desperdícios identificadas em cada célula produtiva da unidade

levando em consideração as que apresentarem as maiores criticidades com

relação às perdas existentes.

Visando uma melhor otimização de todo o processo produtivo da

Unidade Carroceria, recomenda-se:

• Expandir a aplicação das ferramentas ligadas à manufatura

enxuta na maior parte das células produtivas da unidade

produtiva;

• Padronizar a maneira de executar as operações em todos os

postos de trabalho, em todos os turnos de produção;

• Aplicar o Just in Time para abastecimento de mais peças no

processo produtivo, bem como a ampliação do abastecimento de

peças lado-linha através do sistema Kanban;

• Verificar e padronizar a quantidade de peças no lado-linha das

células produtivas, a fim de reduzir o volume de estoques

existentes na unidade carrocerias;

• Criar times de trabalho visando a redução das principais perdas

em cada célula produtiva, redução de parada de maquinário,

operações que não geram valor agregado, entre outras perdas

existentes no decorrer do processo produtivo;

• Expandir a aplicação da ferramenta 5’S a fim de proporcionar

uma maior organização dos postos de trabalho, bem como

expandir a utilização da gestão visual em demais células

produtivas na Unidade Carroceria;

Page 91: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

92

• Estimular e ampliar a participação de outros times de trabalho já

existente na unidade carroceria, como por exemplo o Time de

Ergonomia, proporcionando a ampliação das melhorias ligadas a

execução das atividades de montagem / soldagem de subgrupos

nas células produtivas;

• Abastecimento programado e padronizado: através do

estabelecimento das rotas de abastecimento a serem cumpridas

pelo operador logístico.

Somente através da busca da melhoria contínua dos processos

produtivos e da correta aplicação das ferramentas ligadas a Manufatura Enxuta

e Logística Enxuta, é possível tornar mais eficiente o processo produtivo e

aumentar significativamente a capacidade das organizações de atender melhor

as expectativas dos clientes, em um mercado cada vez mais exigente, com

menor custo de produção possível.

Page 92: Manufatura Enxuta - Aplicação de Conceitos Em Uma Unidade de Carrocerias de Uma Industria Automobilística

93

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