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    Coleco

    O Gestor

    rea da Produo

    CADERNO N. 3 - GESTO DA MANUTENO

    Julho de 1994

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    NDICE

    INTRODUO COLECO

    CAPTULO I - OBJECTO E IMPORTNCIA DA MANUTENO

    1. Misso e Objecto2. Objectivos da Manuteno3. Importncia da Manuteno4. Manuteno e Qualidade5. Manuteno e Ambiente6. Manuteno e Poupana Energtica7. Manuteno e Higiene, Sade e Segurana

    CAPTULO II - CONCEITOS DE MANUTENO

    1. Evoluo histrica2. Formas de Manuteno3. Comportamento dos Materiais4. Padres de Avaria5. Manuteno e Processo Produtivo6. Nveis de Manuteno7. Fiabilidade8. Mantenibilidade9. Disponibilidade

    CAPTULO III - GESTO ADMINISTRATIVA DESTOCKS

    1. Introduo2. Participao de Avarias3. Diagnstico e Reparao da Avaria4. Registos Histricos

    CAPTULO IV - MANUTENO PROGRAMADA

    1. Introduo2. Desenvolvimento do Programa de Manuteno

    3. Tarefas de Manuteno Preventiva

    CAPTULO V - MANUTENO CONDICIONADA

    1. Introduo2. Tcnicas de Manuteno Predictiva3. Programa de Manuteno Predictiva

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    CAPTULO VI - ESTRUTURA DE MANUTENO

    1. A Posio da Manuteno na Empresa

    2. Factores que determinam a Organizao da Manuteno3. Organizao por Operaes4. Organizao por Zona5. Organizao por Oficinas6. Funes da Manuteno

    CAPTULO VII - RECURSOS HUMANOS

    1. Quadro de Pessoal2. Chefias

    3. Formao

    CAPTULO VIII - INFRAESTRUTURAS E RECURSOS MATERIAIS

    1. Instalaes2. Materiais e Produtos3. Ferramentas e Equipamentos4. Transportes

    CAPTULO IX - PLANEAMENTO E CONTROLO DE MANUTENO

    1. Introduo2. O Processo de Planeamento em Manuteno3. Planificao de Manuteno4. Planeamento de Manuteno. Ordens de Trabalho5. Preparao e Lanamento de Trabalhos6. Controlo de Manuteno. Registos de Manuteno

    CAPTULO X - ENGENHARIA E QUALIDADE

    1. Engenharia e Qualidade em Manuteno2. A Manuteno Comea na Compra

    3. A Documentao Tcnica

    CAPTULO XI - POLTICA DE MANUTENO

    1. Estratgia de Empresa e Estratgia de Manuteno2. Objectivos da Manuteno3. Poltica de Manuteno

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    CAPTULO XII - ECONOMIA DE MANUTENO

    1. Introduo

    2. Resultados Econmicos da Manuteno3. Proveitos de Manuteno4. Custos de No-Manuteno5. Custos de Manuteno6. Custo por Ciclo de Vida

    CAPTULO XIII - CONTROLO DE GESTO DA MANUTENO1. Indicadores de Gesto2. Quadro de Bordo

    CAPTULO XIV - SUBCONTRATAO

    1. Introduo2. A Deciso de Subcontratar3. O Que Pode Ser Subcontratado4. Contratos de Manuteno5. Seleco dos Subcontratantes6. Administrao dos Contratos

    CAPTULO XV - SUBCONTRATAO

    1. Introduo2. O Uso de Computadores em Manuteno3. Definio das Necessidades de Informao4. Seleco de um Sistema de Informao para Gesto da Manuteno

    BIBLIOGRAFIA

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    INTRODUO COLECO

    A organizao cientfica do trabalho tem por base, como todos sabemos, a

    distribuio de funes (tarefas) e o estabelecimento dos respectivos interfacespor

    forma a se assegurarem os padres de produtividade, economia e sucesso pretendidos.

    O eco desta atitude organizacional ao nvel da gesto das grandes (e muitas mdias)

    empresas industriais fez desenvolver as tcnicas de gesto por disciplinas, criando

    reflexos culturais e psicolgicos conducentes especializao por reas bem definidas.

    Como todos sabemos, neste tipo de empresas, a estrutura orgnica (conjunto dos

    rgos da empresa) funciona em sobreposio com a estrutura funcional, ou seja, a

    produo um departamento e tem um responsvel que a gere, os aprovisionamentos a

    mesma coisa, a manuteno tambm e o mesmo se passa com outras reas prximas

    ou afastadas da produo industrial.

    Este tipo de estrutura sistmica no , necessariamente, aplicvel maioria das PME

    industriais e, ao contrrio do que muitos pensam, no o apenas por impossibilidade

    econmica de suportar os encargos inerentes a to elevado nmero de gestores, mas

    sim porque tal no adequado prpria cultura das PME. Na verdade a sua dimenso

    no ocuparia, em tempo, esses responsveis e isso tanto mais real quanto maiselevado for o nvel tecnolgico da empresa e dos meios tcnicos de apoio de que

    dispe. A contrapartida desta realidade reside na necessidade que existe de que os

    gestores da PME tenham competncia alargada, abrangendo reas com afinidade.

    Esta realidade , afinal, muita antiga: hoje consciencializa-se melhor e faz-nos meditar e

    rever a crtica algo depreciativa tanta vez feita ao "antigo patro" da pequena indstria

    que desempenhava ele prprio as funes de director da produo, da manuteno, dos

    aprovisionamentos, da qualidade, do pessoal, das vendas, e at da tesouraria, deixandoo resto ao chefe do escritrio e a alguns encarregados.

    Hoje, perante um mercado bastante mais competitivo e uma tecnologia muito mais

    avanada, existem meios de apoio gesto mais eficazes e um nvel cultural mais

    elevado por parte dos empresrios e dos seus quadros, permitindo-lhes agir num

    espectro bastante mais amplo, sem prejuzo da qualidade ou profundidade com que os

    assuntos so tratados. Diramos mesmo que esta polivalncia aplicada sobre a

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    pluridisciplinaridade da rea produtiva at veio facilitar as actividades de coordenao e

    permitir a realizao, quase intuitiva, de uma gesto integrada.

    A Coleco de CADERNOS de que o presente faz parte visa responder em simultneo

    a duas questes aparentemente antagnicas:

    Por um lado abordar com suficiente profundidade tcnica as disciplinas que em

    conceito "latu" constituem a rea da Produo de uma Empresa Industrial, de

    qualquer dimenso;

    Por outro realar as interactividades integrantes dos respectivos sistemas, que nas

    PME industriais assumem importncia decisiva para quem tem por funo geri-las de

    forma eficaz.

    A presente coleco tem tudo isto em conta e, sem confundir matrias e tcnicas (que

    de facto so distintas), procura fornecer aos gestores da rea produtiva das PME

    industriais de hoje uma "ferramenta" de trabalho para os ajudar na resoluo dos

    problemas do seu quotidiano.

    Os CADERNOS que constituem esta COLECO tm, individualmente, o seu interesse

    especfico, mas, pelas razes j expostas, no seu conjunto que eles vo constituir oapoio desejado para os gestores industriais das PME.

    Trata-se de uma obra do Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e ao

    Investimento - IAPMEI - que contou, para a executar, com colaborao de uma equipa

    de consultores tcnicos coordenados pela IBER, Projectos e Consultoria de Gesto e

    Organizao, L.da.. constituda pelos seguintes CADERNOS:

    CADERNO N. 1 - GESTO DA PRODUO NAS PME

    CADERNO N. 2 - GESTO DOS APROVISIONAMENTOS

    CADERNO N. 3 - GESTO DA MANUTENO

    CADERNO N. 4 - GESTO DA QUALIDADE

    CADERNO N. 5 - SEGURANA INDUSTRIAL

    CADERNO N. 6 - A ENERGIA NAS PME INDUSTRIAIS

    CADERNO N. 7 - MEIO AMBIENTE E IMPACTE AMBIENTAL

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    CADERNO N. 8 - GESTO DE TRANSPORTES

    O conjunto destes Cadernos constitui um verdadeiro MANUAL DO GESTOR DA

    PRODUO NAS PME. A execuo desta COLECO foi precedida de um inquritobaseado em entrevistas suportadas por questionrios elaborados pelos diferentes

    autores, visando conhecer em profundidade o universo das PME industriais portuguesas.

    Esse estudo teve a colaborao da ESEO, Estudos de Mercado, L.da. e serviu de base

    objectivao da matria exposta. Alguns dos autores fazem referncia directa aos

    resultados obtidos, para os quais se chama a ateno do leitor, permitindo-lhe conhecer

    (um pouco) aquilo que vulgarmente se designa por "estado da arte".

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    CAPTULO I

    OBJECTO E IMPORTNCIA DA MANUTENO

    1. MISSO E OBJECTO

    Todos os equipamentos, sistemas e instalaes, sejam eles mecnicos,

    elctricos, electrnicos, hidrulicos ou pneumticos, esto sujeitos a ver

    degradadas as suas condies normais de operacionalidade, com o decorrer do

    tempo, em consequncia do uso e at por causas fortuitas. misso da

    Manuteno repor essa operacionalidade em nveis correctos.

    Para cumprir a sua misso, a Manuteno recorre a um conjunto diversificado de

    tarefas seleccionadas e programadas de acordo com as caractersticas e

    utilizao do seu objecto e os padres de servio que lhe foram fixados. Essas

    tarefas so, por exemplo, a lubrificao, a limpeza, o ensaio, a reparao, a

    substituio, a modificao, a inspeco, a calibrao, a reviso geral ou o

    controlo de condio.

    Em termos temporais, a tendncia no sentido de a aco da Manuteno se

    exercer no apenas durante a fase de operao do seu objecto, mas ao longo de

    todo o seu ciclo de vida, desde a concepo ou especificao, at ao seu abate

    ou desactivao.

    Podem ser objecto de aco da Manuteno no s as mquinas e equipamentos

    industriais, mas tambm ferramentas especiais, equipamentos de ensaio,

    instalaes de energia, gases e fluidos, redes de comunicaes, veculos,

    edifcios e logradouros, etc. Numa perspectiva mais alargada, a Manuteno pode

    incluir funes de limpeza e segurana.

    2. OBJECTIVOS DA MANUTENO

    A Manuteno tem de estar subordinada a objectivos claramente definidos e

    coerentes com os objectivos globais da empresa. De facto, a aco da

    Manuteno pode desenvolver-se segundo linhas de fora divergentes, para

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    as quais essencial determinar a resultante que melhor serve os interesses do

    negcio:

    - Segurana: a segurana (das pessoas, dos equipamentos, da comunidade,

    dos utentes) deve ser uma referncia omnipresente e inegocivel.

    - Qualidade: um dos objectivos da Manuteno conseguir o melhor

    rendimentos das mquinas, um mnimo de defeitos de produo, melhores

    condies de higiene, melhor tratamento do ambiente.

    - Custo: a Manuteno procura as solues que minimizem os custos globais

    do produto considerando, portanto, a par dos custos prprios de

    produo, os custos provocados pela manuteno ou pela no-manuteno.

    - Disponibilidade: pretende-se da Manuteno que disponibilize os

    equipamentos para operao o mximo de tempo possvel, reduzindo ao

    mnimo possvel tanto as imobilizaes programadas como as paragens por

    avaria e contribuindo, assim, para assegurar a regularidade da produo e o

    cumprimento dos prazos planeados.

    , obviamente, impossvel optimizar todos estes factores em simultneo.

    responsabilidade da gesto da Manuteno encontrar o compromisso mais

    satisfatrio compatvel com os objectivos da empresa e pautar por ele as suas

    decises futuras.

    Se se quisesse exprimir agora, de um forma mais completa, a misso da

    Manuteno, poderamos dizer que a Manuteno um conjunto integrado de

    actividades que se desenvolve em todo o ciclo de vida de um equipamento,

    sistema ou instalao e que visa manter ou repor a sua operacionalidade

    nas melhores condies de qualidade, custo e disponibilidade, com total

    segurana.

    3. IMPORTNCIA DA MANUTENO

    A importncia da Manuteno determinada pelas razes que a justificam. Faz-

    -se manuteno por trs ordens de razes:

    - Econmicas - Para obter o mximo rendimento dos investimentos feitos eminstalaes e equipamentos, prolongando ao mximo a sua vida til e

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    mantendo-os em operao o mximo de tempo possvel; para reduzir ao

    mnimo os desperdcios, rejeies e reclamaes de produtos; para apoiar o

    esforo de vendas da empresa evitando atrasos ou disrupes da produo;

    para reduzir os custos dos consumos em energia e fluidos; para conseguir o

    melhor aproveitamento dos recursos humanos da empresa.

    - Legais - A legislao obriga a prevenir situaes que possam constituir factor

    de insegurana (risco de acidente, individual ou colectivo), de incmodo (rudo,

    fumos, cheiros), de poluio (emisses gasosas, descargas lquidas, resduos

    slidos) ou de insalubridade (temperatura, humidade). Algumas actividades

    econmicas so abrangidas por legislao especial cuja aplicao verificada

    por organismos prprios.

    - Sociais - Os grupos sociais afectados pela operao dos equipamentos ou

    instalaes podem exercer presses para que sejam reduzidos ou anulados os

    efeitos incmodos ou nocivos dessa operao. Mesmo que no haja uma

    imposio legal, a preservao da imagem da empresa pode justificar a

    adopo de medidas de manuteno adequadas.

    4. MANUTENO E QUALIDADE

    A crescente integrao na legislao portuguesa de normas comunitrias de

    qualidade e, sobretudo, o julgamento de consumidores cada vez mais exigentes,

    requerem uma especial ateno para com a qualidade do produto acabado e tudo

    o que a possa prejudicar. A Manuteno pode intervir na conservao ou melhoria

    de qualidade do produto atravs de :

    - verificao peridica de tolerncias e folgas de mecanismos susceptveis de

    degradao;

    - garantia de boa operao de mecanismos de regulao e controlo;

    - calibrao programada de todos os instrumentos de indicao e medida por

    comparao com padres devidamente aferidos;

    - criao de condies ambientais adequadas boa operao dos

    equipamentos e boa conservao dos produtos;

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    5. MANUTENO E AMBIENTE

    Est tambm a ser produzida legislao regulamentadora de emisses gasosas,

    efluentes lquidos e resduos slidos. Quer as emisses poluentes sejam

    consequncia de degradao ou desafinao das mquinas, quer o sejam deinadequao ou insuficincia dos equipamentos, normal caber Manuteno

    toda a aco neste domnio, designadamente:

    - construo ou ligao a estaes de tratamento de guas residuais;

    - estudo, instalao, divulgao e gesto dos processos de recolha e envio para

    destino adequado dos resduos industriais poluentes;

    - prticas de manuteno tendentes a reduzir o risco de fugas contaminantes ede emisses poluentes.

    6. MANUTENO E POUPANA ENERGTICA

    No domnio da gesto eficiente da energia, cabe tambm Manuteno um papel

    significativo, quer apoiando a seleco de solues mais econmicas, quer

    prevenindo, detectando e corrigindo todas as situaes que representem

    desperdcio de energia como, por exemplo:

    - fugas em condutas de vapor, gua, ar comprimido, gases e outros fludos;

    - iluminao excessiva, desnecessria ou inadequada;

    - aquecimento ou climatizao inadequados ou desregulados;

    - isolamentos deficientes ou inexistentes;

    - consumos excessivos de combustveis, energia ou lubrificantes por

    equipamentos desafinados, com folgas, descomandados, etc. .

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    7. MANUTENO E HIGIENE, SADE E SEGURANA

    A legislao nacional e comunitria rigorosa no que respeita proteco da

    sade, higiene e segurana dos trabalhadores. Para l das preocupaes decarcter social est tambm aqui subjacente o conceito de que uma empresa que

    se subtrai s suas obrigaes neste domnio est a conseguir custos de produo

    mais baixos em violao das regras da concorrncia leal.

    Compete Manuteno, nesta matria, criar condies para deteco e

    correco atempada de todas as situaes potencialmente violadoras das

    disposies legais, de forma a evitar que atinjam propores muito mais onerosas

    ou mesmo incontrolveis.

    Cabe tambm Manuteno a responsabilidade de criar condies adequadas de

    limpeza, temperatura e humidade nos locais de trabalho, potenciadoras de maior

    produtividade do trabalho e maior longevidade dos equipamentos.

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    CAPTULO II

    CONCEITOS E FORMAS DE MANUTENO

    1. EVOLUO HISTRICA

    A Histria da Manuteno longa, mas os seus desenvolvimentos mais

    relevantes ocorreram todos na segunda metade do nosso sculo. possvel

    balizar a evoluo da Manuteno nas seguintes etapas:

    Etapa 1: Reparar a Avaria - Se considerarmos que, desde sempre, o Homem

    ter procurado reparar os utenslios que lhe tinham custado um

    investimento em trabalho e materiais, podemos dizer que a manuteno

    to antiga como o engenho humano.

    O termo "manuteno", na sua verso inglesa, registado pelos

    dicionrios desde o sc. XVI com o significado de "acto de manter

    reparado". No entanto, s pela terceira dcada do sc. XX que se

    comea a sentir a necessidade de autonomizar a funo manuteno,atribuindo a sua responsabilidade a equipas especificamente

    constitudas para o efeito.

    Nesta primeira etapa a preocupao dominante , portanto, a

    recuperao do investimento feito nos bens de equipamento atravs da

    restaurao da sua operacionalidade. O protagonista desta etapa foi,

    fundamentalmente, o operador.

    Etapa 2: Evitar a Avaria - O grande esforo de produo associado 2 Guerra

    Mundial e recuperao econmica do ps-guerra impuseram s linhas

    de produo ritmos de trabalho incompatveis com as demoradas

    paragens para reparao de avarias.

    Houve ento necessidade de organizar a manuteno de forma a

    intervencionar as mquinas durante os tempos mortos da produo

    mas com uma eficcia que reduzisse ao mnimo as paragens por avaria

    em plena laborao. Surge assim a manuteno planeada como aindahoje se pratica.

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    A preocupao dominante, nesta etapa, era a disponibilidade dos

    equipamentos. O seu protagonista passa a ser o especialista de

    manuteno.

    Etapa 3: Adivinhar a Avaria - O enorme avano tecnolgico registado desde a

    dcada de 60, traduzido na generalizao do uso do computador, no

    maior domnio dos processos de fabrico e no melhor conhecimento dos

    materiais, permitiu lanar novas formas de manuteno em que se

    procura, mesma, evitar a avaria, mas intervindo no equipamento de

    forma "cirrgica", isto , de forma localizada, quando os sistemas de

    diagnstico indicam que a avaria est eminente, em vez da interveno

    sistemtica e peridica caracterstica da etapa anterior.

    A manuteno est agora mais orientada para controlar que para

    intervir. O seu protagonismo transfere-se para o engenheiro de

    manuteno.

    Etapa 4: O fim da manuteno? - De modo nenhum. Pelo menos num futuro

    prximo. Mas, seguramente, menos manuteno. J possvel, hoje

    em dia, conseguir melhorias de fiabilidade de tal ordem que h

    equipamentos que atravessam toda a sua vida til sem sofrer umanica avaria. A integrao em larga escala, na electrnica, tornou

    obsoleta a reparao a nvel de componente, generalizando o conceito

    do mdulo descartvel sendo, muitas vezes, a prpria mquina que

    assinala o mdulo deficiente a necessitar de substituio. Mesmo no

    domnio da mecnica h progressos notveis, com a introduo de

    novos materiais sintticos, como os compsitos, que permitem fazer

    elementos estruturais to resistentes como o ao, mas mais leves e

    imunes corroso, ou o "teflon" que permite fazer rolamentos auto-lubrificantes, eliminando uma das tradicionais dores de cabea dos

    responsveis pela manuteno. Em muitos casos tem sido possvel

    substituir mecanismos extremamente sensveis por mdulos

    electrnicos sem uma nica pea mvel: so bem conhecidos os casos

    dos relgios e dos instrumentos digitais mas aconteceu tambm, por

    exemplo, com os giroscpios dos avies.

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    O protagonismo da manuteno est agora a transferir-se para o fabricante

    dos bens de equipamento: cada vez mais a manuteno nasce com o

    equipamento.

    Ser que isto indicia o fim da necessidade de manuteno? Evidentementeque no! Em primeiro lugar, porque continuam a coexistir equipamentos - e,

    dentro do mesmo equipamento, componentes - com tecnologias diferentes e.

    portanto, com diferentes requisitos de manuteno. E, depois, porque os

    processos produtivos so muito variados e cada um tem um tipo de

    manuteno mais adequado. Por isso, no s necessria manuteno,

    como preciso que ela se ajuste perfeitamente diversidade de situaes

    existentes na empresa: tecnologia dos equipamentos, tipo de produo,

    regime de laborao e, at, qualificao do pessoal.

    2. FORMAS DE MANUTENO

    A forma de manuteno mais antiga a que consiste em deixar operar o

    equipamento at ocorrncia de uma avaria para ento proceder sua

    reparao. a manuteno designada por resolutiva, curativa ou correctiva.

    Por reagir ao acontecimento depois da sua ocorrncia diz-se que uma

    manuteno de tipo reactivo.

    Esta tcnica de manuteno ser sempre usada, pelo menos em situaes em

    que no haja meios para prevenir a ocorrncia da avaria, como , por exemplo, o

    caso da maior parte dos equipamentos electrnicos. Tem o inconveniente de

    exigir a formao de stocks apreciveis de peas de reserva, de obrigar ao

    recurso frequente a trabalho extraordinrio, de no permitir o planeamento da

    imobilizao das mquinas e de alongar os tempos de paragem. Para

    minimizar estes inconvenientes necessrio dispor de bons meios decomunicao, equipas bem treinadas e bom apoio tcnico e logstico. Uma

    vantagem deste tipo de manuteno eliminar o risco de introduo de avarias

    que sempre existe quando se intervenciona um equipamento que est

    operacional.

    Progressivamente tm vindo a ser introduzidas outras tcnicas de manuteno

    que, por agirem antes da ocorrncia da avaria, so designadas porproactivas.

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    Um tipo de manuteno proactivo a manuteno preventiva que consiste na

    execuo planeada, com periodicidades fixadas, de tarefas de manuteno como

    a lubrificao, a regulao, a substituio ou a reviso geral.

    Esta manuteno, que visa reduzir o risco de ocorrncia de avarias, adequadapara rgos, equipamentos ou sistemas que exibam um padro de

    comportamento com certa regularidade, que permita estimar com algum rigor

    quando as suas caractersticas se vo degradar abaixo dos nveis mnimos

    aceitveis. As vantagens deste tipo de manuteno decorrem, essencialmente, do

    facto de ser planeada. Permite, por isso, uma reduo do trabalho extraordinrio,

    do tempo de imobilizao de stockse do nmero de paragens no planeadas. Os

    seus inconvenientes so: a reduo da vida til das peas ao substitu-las antes

    de avariarem; a incapacidade de prever a ocorrncia da avaria; e o risco de

    introduzir danos em equipamentos operativos ao intervencion-los.

    Outra forma de manuteno proactiva a manuteno predictiva ou

    condicionada, na qual as tarefas de manuteno no esto previamente

    planeadas, antes o so em resultado da anlise continuada da condio dos

    sistemas ou equipamentos.

    Esta forma de manuteno adequada para equipamentos cuja avaria possa ser

    prevista atravs de uma degradao de caractersticas susceptvel de ser

    detectada por medio, observao ou anlise. Entre as tcnicas utilizadas pela

    manuteno predictiva incluem-se a anlise de vibraes, a

    termografia, a anlise de leos de lubrificao, a anlise de limalhas, a

    inspeco visual, a inspeco por ultra-sons, a inspeco radiogrfica, etc. .

    As vantagens deste tipo de manuteno decorrem da sua capacidade de melhor

    detectar quando e onde necessria a interveno da manuteno, permitindo

    aproveitar ao mximo a vida til do material, e reduzir, em consequncia, a

    necessidade de peas de reserva. Permite tambm reduzir o nmero de avarias

    imprevistas, com consequente maior disponibilidade do material, e facilitar o

    diagnstico da avaria, com consequente reduo do tempo de paragem. O

    principal inconveniente o de no se poder aplicar a todos os equipamentos e

    sistemas. Alm disso, o equipamento de apoio caro e requer tcnicos

    qualificados para interpretar correctamente os dados observados.

    Uma terceira forma de manuteno proactiva a manuteno de

    melhoramento. A sua necessidade decorre do facto de as outras formas demanuteno, por mais intensa que seja a sua aplicao, no poderem conferir

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    aos equipamentos mais fiabilidade que a que inerente ao seu projecto de

    construo. A nica forma de melhorar a sua resistncia avaria , portanto,

    modificar as suas caractersticas iniciais, por reconstruo total ou parcial, ou por

    modificao, substituio ou adio de partes, seja por recomendao do

    fabricante ou por deciso do utilizador, para corrigir defeito ou omisses deorigem ou para melhorar as suas caractersticas.

    Podemos esquematizar assim as diferentes formas de manuteno:

    3. COMPORTAMENTO DOS MATERIAIS

    A definio das aces de manuteno mais adequadas passa pelo

    conhecimento do comportamento dos materiais em operao. Para identificar as

    melhores solues correctivas importante conhecer os tipos e modos de avaria

    caractersticos de cada material, equipamento ou sistema, determinar a origemdas avarias e ento estabelecer as medidas correctivas apropriadas.

    As avarias, definidas como a alterao ou interrupo da capacidade de um bem

    desempenhar a funo para que foi criado, podem ser classificadas nos seguintes

    tipos:

    (a) quanto a velocidade de propagao: explosivas ou por degradao;

    (b) quanto ao grau de importncia: parciais (provocam alterao dofuncionamento) ou totais (provocam interrupo do funcionamento);

    MANUTENO

    REACTIVAPROACTIVA

    RESOLUTIVA

    PLANEADA(DIFERIDA)

    NO PLANEADA(EMERGNCIA)

    PREVENTIVA PREDICTIVA DEMELHORAMENTO

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    (c) quanto ao perodo de apario: precoces, aleatrias ou de uso;

    (d) quanto frequncia de ocorrncia: intermitentes ou sistemticas (ligadas

    de forma segura a uma causa que s pode ser eliminada por modificao do

    projecto, do modo de fabrico, do modo de utilizao, da documentao ou de

    outros factores apropriados);

    (e) quanto s causas: intrnsecas ou primrias (imputveis a defeitos prprios

    do equipamento), extrnsecas (imputveis a condies fora dos limites de

    especificao do equipamento) ou secundrias (induzidas por avarias de

    equipamentos associados);

    (f) quanto gravidade das consequncias: menores, maiores ou crticas.

    As avarias so tornadas visveis pelos seus efeitos. Os diferentes modos de

    avaria esto relacionados com o processo de degradao do material, com a

    tecnologia utilizada e com as condies de utilizao. Alguns exemplos de modos

    de avaria:

    (a) avarias associadas a defeitos de material ou de fabrico: chochos de

    fundio, tenses internas na laminagem, sobreaquecimento na

    soldadura, choques na montagem de rolamentos, etc.;

    (b) avarias associadas ao funcionamento de rgo mecnicos: choques,

    sobrecargas (provocando deformao ou ruptura), fadiga (esforos

    alternados provocando ruptura), fadiga trmica (originando dilatao,

    deformao plstica, queimaduras ou fuso), desgaste em consequncia de

    atrito, abraso,eroso, corroso;

    (c) avarias em equipamentos elctricos e electrnicos: interrupo de ligaes

    elctricas, quebra de soldaduras, colagem ou desgaste de contactos,ruptura de componentes, etc.;

    (d) avarias devidas a condies ambientais: corroso electroqumica (afecta

    metais em ambiente aquoso), corroso atmosfrica (em que a humidade

    atmosfrica o electrlito), corroso galvnica (entre dois metais em

    contacto), corroso qumica (por contacto com produtos corrosivos),

    corroso elctrica (por efeito de correntes de fuga devidas a m ligao

    terra ou cargas electrostticas), corroso bacteriana (devida a

    microorganismos habitando o meio lquido em contacto com o equipamento),

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    corroso de contacto (em peas em contacto sujeitas a vibrao), corroso

    de cavitao (em materiais em contacto com lquidos turbulentos.

    Perante uma situao em que se conhece o tipo e modo de avaria, procurar-

    -se- identificar a sua causa e desenvolver o conjunto de aces correctivasadequado. Estas podem ir desde uma reformulao do programa de

    manuteno, a alteraes do modo de operao, formao dos operadores,

    reviso da documentao tcnica, modificao ou reconstruo do

    equipamento, uso de materiais ou tecnologias de fabrico diferentes, etc. .

    4. PADRES DE AVARIA

    Uma anlise da frequncia com que ocorrem as avarias de um tipo de

    componente, rgo ou equipamento, ao longo da sua operao, permite traar o

    seu padro de avaria.

    A taxa de avarias pode ser definida por:

    Nmero de avariasZ(t) = -------------------------------------

    Tempo de utilizao

    A representao grfica de Z(t) permite visualizar o padro de avaria do

    equipamento.

    Padro Geral - Um padro como o do Grfico 2.1, conhecido como "curva da

    banheira", uma boa representao da distribuio de avarias de uma larga

    gama de equipamentos.

    Neste grfico distinguem-se trs regies:

    - uma regio com elevado nmero de avarias, coincidente com as primeiras

    horas de operao, devidas a deficincias de fabrico, problemas de

    transporte ou instalao, ou inexperincia do operador. designada por

    perodo da mortalidade infantil. o perodo em que, nos equipamentos

    mecnicos, se faz a rodagem e nos equipamentos electrnicos se faz uma

    pr-seleco de componentes deficientes.

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    - uma segunda regio, com distribuio de avarias sensivelmente uniforme ao

    longo do tempo, corresponde fase da maturidade. o perodo de maior

    rendimento do equipamento. A taxa de avarias praticamente constante, as

    avarias so aleatrias e no h, geralmente, degradao prvia visvel.

    - a terceira regio assinala o aproximar do fim da vida do equipamento. H um

    aumento do nmero de avarias medida que cresce o nmero de horas de

    operao. a fase do envelhecimento. A degradao acelerada at

    atingir o ponto em que o equipamento j no cumpre o fim para que foi

    construdo. Ocorre ento o abate, a reconstruo ou a reconverso. Os

    critrios a utilizar nesta deciso so tanto tcnicos como econmicos.

    Grfico 2.1 - Distribuio de Avarias

    Padro Geral

    Tempo de Uso

    Alguns equipamentos, mais homogneos na sua tecnologia, apresentam padres

    de avaria mais caractersticos.

    Padro A - Os equipamentos electrnicos tendem a exibir um padro de avaria

    semelhante ao do Grfico 2.2, que caracterstico dos componentes electrnicos.

    Este padro revela uma mortalidade infantil muito elevada e uma quase ausncia

    de envelhecimento. Em equipamentos que exibem este padro de avaria no se

    pode fazer manuteno preventiva. Um perodo inicial de "rodagem",

    eventualmente feito pelo prprio fabricante, pode atenuar o impacto da

    mortalidade infantil. Depois, apenas h necessidade de acompanhar a condio

    Mortalidade infantil Envelhecimento

    Taxa

    de

    av

    arias

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    do equipamento, geralmente por mtodos estatsticos, para detectar eventuais

    alteraes de comportamento que justifiquem introduo de modificaes.

    Grfico 2.2 Distribuio de AvariasPadro A: Transistor

    Tempo de Uso

    Padro B - Este padro, representado no Grfico 2.3, caracterstico dos

    equipamentos mecnicos, com partes mveis, sujeitas a desgaste com o uso.

    Grfico 2.3 Distribuio de AvariasPadro B: Rolamento

    Tempo de Uso

    Taxa

    de

    av

    arias

    Taxa

    de

    av

    arias

    Taxa

    de

    av

    arias

    Taxa

    de

    av

    arias

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    Este padro revela uma fase de envelhecimento muito ntida, tornando os

    equipamentos que o exibem claramente elegveis para um programa de

    manuteno preventiva que prolongue a fase de maturidade, adiando o incio doenvelhecimento.

    Padro C - O Grfico 2.4 ilustra o comportamento de componentes e

    equipamentos que tm falhas fatais muito concentradas no tempo sem serem

    precedidas de degradao significativa. Um bom exemplo o das lmpadas

    elctricas.

    Grfico 2.4 Distribuio de AvariasPadro C: Lmpada Elctrica

    Tempo de Uso

    Para o material que exibe este comportamento a soluo mais adequada pode

    ser a substituio sistemtica ao aproximar-se o perodo previsvel do fim de vida.

    Padro D - O padro ilustrado no Grfico 2.5 corresponde a equipamentos que

    pouco se degradam com o tempo, no tm avarias caractersticas, mas que esto

    sujeitos a danos ou falhas em consequncia da operao, os quais podem

    ocorrer em qualquer altura.

    Estamos tambm perante equipamentos aos quais no so aplicveis programas

    de manuteno preventiva, mas que podem ser objecto de manuteno

    predictiva.

    Taxa

    de

    avarias

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    Grfico 2.5 Distribuio de AvariasPadro D: Avaria Aleatria

    Tempo de Uso

    5. MANUTENO E PROCESSO PRODUTIVO

    Na seleco do tipo de manuteno a adoptar h tambm que considerar a

    especificidade do processo produtivo.

    Atendendo s caractersticas do fluxo produtivo podemos identificar os seguintes

    tipos de situaes:

    (a) Produo em contnuo - Neste processo o fluxo produtivo ininterrupto o

    que significa que uma disrupo em qualquer ponto da linha de produo

    implica uma paragem do processo. Nestas condies indispensvel um

    bom programa de manuteno preventiva, perfeitamente articulado com o

    plano de produo, que aproveite as paragens planeadas para fazer as

    intervenes de manuteno. Com o processo a decorrer possvel aplicar

    as tcnicas da manuteno predictiva.

    (b) Produo por sries - Este processo tem quebras entre grupos de produo

    que podem permitir a criao de stocks. Em cada grupo de produo pode

    haver vrias mquinas de cada tipo. Pode, assim, escolher-se o tipo de

    manuteno que seja mais econmico que pode at ser a manuteno

    resolutiva.

    (c) Produo por unidade - So processos de grande complexidade em que se

    exige que os equipamentos, no momento da sua entrada em operao,

    Tax

    a

    de

    avarias

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    estejam perfeitamente ajustados e aptos a trabalhar sem quebras. A sua

    manuteno tem que ser bem cuidada e planeada.

    Uma outra determinante do tipo de manuteno a tecnologia dos equipamentos.

    Equipamentos com tecnologia clssica no permitiro mais que manuteno

    resolutiva e algumas tarefas simples de manuteno preventiva.

    Equipamentos de tecnologia avanada permitiro programas completos de

    manuteno preventiva e mesmo de manuteno predictiva.

    6. NVEIS DE MANUTENO

    As normas francesas identificam os seguintes cinco nveis de manuteno:

    1 nvel: regulaes simples, previstas pelo fabricante, por meio de rgos

    acessveis sem necessidade de desmontagem ou abertura do

    equipamento, ou troca de elementos consumveis (lmpadas, fusveis,

    etc.) acessveis em completa segurana. Este nvel pode ser

    executado pelo operador, no local, com recurso a ferramenta de uso

    geral e com o apoio das instrues de operao. A necessidade de

    material de consumo reduzida.

    2 nvel: resoluo de avarias por troca de elementos previstos para esse efeito

    e operaes menores de manuteno preventiva tais como

    lubrificao ou controlo de funcionamento. Este tipo de interveno

    efectuado por um tcnico habilitado, no local, com ferramentas

    portteis definidas nas instrues de manuteno e a ajuda dessas

    mesmas instrues. As peas de substituio podem ser encontradas

    em local prximo sem demora.

    3 nvel: identificao e diagnstico de avarias, reparao por troca de

    componentes ou de elementos funcionais, reparaes mecnicas

    menores, e todas as operaes correntes de manuteno preventiva.

    Este trabalho deve ser realizado por tcnico especializado, no local ou

    nas instalaes de manuteno, com a ajuda de equipamento previsto

    nas instrues de manuteno, mais aparelhos de medida e regulao

    e, eventualmente, bancos de ensaio. Utiliza a documentaonecessria e peas aprovisionadas para o efeito.

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    4 nvel: todos os trabalhos importantes de manuteno correctiva ou

    preventiva com excepo da renovao e reconstruo. Este nvel

    compreende tambm a regulao dos aparelhos de medida utilizados

    para a manuteno e, eventualmente, a verificao de padres pororganismos especializados. Para este trabalho , geralmente,

    requerida uma equipa completa enquadrada por um tcnico muito

    especializado, numa oficina especializada dotada com equipamento

    de ensaio e controlo especfico.

    5 nvel: trabalhos de renovao, reconstruo ou reparaes importantes,

    confiados a uma oficina central ou a uma unidade exterior. A

    execuo est a cargo de uma equipa completa e polivalenteutilizando meios prximos dos do construtor.

    7. FIABILIDADE

    H trs indicadores em Manuteno que permitem acompanhar a forma como os

    equipamentos esto a cumprir a misso para que foram construdos: a fiabilidade,

    a mantenibilidade e a disponibilidade.

    A fiabilidade a capacidade de um equipamento se manter conforme sua

    especificao de origem durante a sua vida.

    Designa-se por fiabilidade intrnseca a que inerente a um equipamento, que

    s depende da sua qualidade e que varia apenas com a idade e com factores

    externos fora da interveno humana (humidade, temperatura, vibraes, etc.). A

    fiabilidade extrnseca a que resulta das condies de operao, da qualidade

    da manuteno e, de uma forma geral, de aces resultantes da interveno

    humana.

    A fiabilidade de um equipamento reparvel pode ser medida pela taxa de avarias

    Z (t) ou pelo tempo mdio entre avarias MTBF (Mean Time Between Failures):

    Tempo de FuncionamentoMTBF =

    Nmero de Avarias

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    Para equipamentos no reparveis, em vez do MTBF usa-se o MTTF (Mean Time

    to Failure) ou vida mdia.

    O projectista e o construtor do equipamento preocupam-se em determinar a sua

    fiabilidade previsional ou terica. Esta calculada a partir da fiabilidade,conhecida ou estimada, dos seus componentes e da forma como esto

    associados.

    Ao utilizador interessa mais a fiabilidade operacional ou real, calculada a partir

    da distribuio das avarias efectivamente ocorridas em operao normal.

    A distribuio de avarias de um equipamento, ou famlia de equipamentos

    idnticos, ao longo da sua vida, pode ser representada por vrias leis de

    probabilidades, tanto discretas (binomial e Poisson), como contnuas (Weibull,exponencial, normal e lognormal).

    Das distribuies discretas, a binomial mais adequada para a interpretao de

    ensaios, enquanto a de Poisson descreve bem fenmenos raros como acidentes,

    avarias ou defeitos de fabrico.

    De entre as distribuies contnuas, a de Weibull particularmente bem adaptada

    ao estudo estatstico de avarias. A taxa de avarias nesta distribuio, ou seja a

    probabilidade de ocorrncia de uma avaria entre o instante t e t + t :

    - 1 t -

    Z (t) =

    O parmetro define a forma da curva. Na "curva da banheira", a zona

    correspondente mortalidade infantil descrita por Z (t) com < 1, zona da

    maturidade corresponde = 1 e o envelhecimento descrito por > 1. Osparmetros e determinam, respectivamente, a localizao da curva (no

    eixo dos tempos) e a sua escala.

    A distribuio exponencial aplicvel ao perodo da taxa de avarias constante. A

    distribuio normal aplica-se a duraes de vida concentradas em torno de um

    valor central. A distribuio lognormal descreve melhor o comportamento de

    certos semicondutores em que o logaritmo da durao de vida que segue a

    distribuio normal.

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    O conhecimento do perfil de avaria de um equipamento permite determinar o

    programa de manuteno mais adequado para repor a sua fiabilidade em

    valores prximos dos de origem. No entanto, nenhuma forma de manuteno

    curativa, preventiva ou condicionada, pode dar a um equipamento uma

    fiabilidade melhor que a que inerente ao seu projecto. Para tal necessriorecorrer manuteno de melhoramento.

    Em programas de manuteno centrados na fiabilidade (RCM - Reliability

    Centred Maintenance) feito um clculo regular da fiabilidade operacional de

    cada equipamento ou famlia de equipamentos anlogos e comparado o valor

    com limites de controlo, superior e inferior, previamente fixados. S a

    ultrapassagem dos limites obriga, neste caso, a analisar detalhadamente a

    situao, o que pode conduzir a uma reviso do programa de manuteno, auma alterao dos mtodos operativos, introduo de modificaes no

    equipamento, etc. .

    8. MANTENIBILIDADE

    A mantenibilidade o conjunto de caractersticas do equipamento que determina

    a maior ou menor facilidade com que pode ser feita a sua manuteno. Uma

    medida da mantenibilidade o tempo de imobilizao para manuteno, o qual

    traduz, no s o tempo de execuo das operaes de manuteno, como

    tambm o tempo que o equipamento est imobilizado espera de materiais, de

    pesquisas de avarias, de ensaios, etc. .

    A mantenibilidade pode ser melhorada de diversas formas:

    (a) reduzindo o tempo necessrio deteco das avarias, pela incorporao no

    equipamento de instrumentos de medida ou de indicao ou meios manuais

    ou automticos auxiliares de diagnstico;

    (b) reduzindo o tempo de localizao das avarias, no s atravs da

    incorporao dos meios de apoio ao diagnstico j referidos, como tambm

    tornando acessveis pontos de teste e medida e fornecendo boa

    documentao de apoio;

    (c) reduzindo o tempo necessrio reparao, atravs da racionalizao do

    acesso aos componentes substituveis, da facilidade de montagem e

    desmontagem de peas e rgos, da intermutabilidade de componentes;

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    (d) reduzindo o tempo de verificao das aces de manuteno, permitindo o

    recurso a ensaios em operao e divulgando mtodos e valores de ensaio e

    controlo.

    9. DISPONIBILIDADE

    A disponibilidade definida como a aptido de um equipamento para se

    encontrar em estado de funcionar nas condies requeridas.

    A disponibilidade de um equipamento condicionada pela frequncia de

    ocorrncia de avarias, pela durao das reparaes, pelo tempo gasto em

    manuteno preventiva, etc. .

    Para melhor entender a forma de calcular a disponibilidade necessrio

    classificar os diferentes tempos como so entendidos em manuteno, para o que

    se seguir a classificao das normas francesas:

    TEMPO TOTAL - Perodo de referncia

    TEMPO NECESSRIO - Utilizador requer equipamentodisponvel para operao

    TEMPO EFECTIVO DE - Equipamento est apto a operar DISPONIBILIDADE (pode incluir manuteno que

    no cause indisponibilidade)

    TEMPO DE - Equipamento a operar FUNCIONAMENTO

    TEMPO DE ESPERA - Equipamento no solicitado

    TEMPO EFECTIVO DE - Equipamento inapto para operar INDISPONIBILIDADE

    TEMPO PRPRIO DE - Equipamento indisponvel

    INDISPONIBILIDADE por avaria ou manutenoTEMPO DE INDISPONIB. - Equip. inoperativo por

    POR CAUSAS EXTERNAS falta de energia, mode obra, etc.

    TEMPO NO NECESSRIO - O utilizador no requer que oequipamento esteja operativo

    TEMPO POTENCIAL DE - Equipamento est disponvel DISPONIBILIDADE

    TEMPO POTENCIAL DE - Equipamento no est apto a INDISPONIBILIDADE operar por qualquer causa

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    Nestas condies, a disponibilidade dada por:

    Tempo Efectivo de Disponibilidade

    D = Tempo Necessrio

    Na perspectiva do construtor do equipamento, o que interessa a

    disponibilidade intrnseca, que consequncia da fiabilidade e da

    mantenibilidade inerentes ao equipamento:

    MTBFDi =

    MTBF + MTTR

    onde MTTR (Mean Time to Repair) o tempo mdio de imobilizao para

    interveno de manuteno.

    No entanto, na ptica do utilizador, o que interessa a disponibilidade

    operacional em que. aos factores que intervm na disponibilidade intrnseca, so

    adicionados os constrangimentos de ordem logstica (MTL):

    MTBFDo =

    MTBF + MTTR + MTL

    A taxa de avarias depende da tecnologia de base, das condies de utilizao e

    do tipo de manuteno aplicado. A taxa de reparao depende tambm da

    tecnologia de base, e ainda da poltica de manuteno e da logstica de

    manuteno.

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    CAPTULO III

    ANLISE E RESOLUO DE AVARIAS

    1. INTRODUO

    Por ser a soluo economicamente mais apropriada, por ser a mais ajustada ao

    processo produtivo, por ser a nica compatvel com a tecnologia utilizada, por ser

    um complemento de outras tcnicas de manuteno ou apenas como soluo de

    recurso, a manuteno resolutiva ainda hoje largamente utilizada.

    De qualquer forma, e como temos referido, a manuteno resolutiva, desde que

    conscientemente assumida, uma forma de manuteno com estatuto idntico

    ao das restantes e at, porventura, mais exigente em termos de capacidade dos

    tcnicos de manuteno.

    2. PARTICIPAO DE AVARIAS

    As avarias podem ser detectadas, fundamentalmente, de duas maneiras:

    - pelo operador ou utilizador do equipamento ou instalao;

    - pelo tcnico de manuteno no decurso de uma operao de manuteno

    planeada.

    Em qualquer dos casos importante organizar o processo de resposta

    participao da avaria de modo a dar a mxima satisfao ao utente do

    equipamento com o mais eficiente aproveitamento dos recursos do departamento

    de manuteno.

    O tratamento das participaes de avaria pode ser esquematizado nas seguintes

    fases:

    (1) Recepo da participao da avaria;

    (2) Atribuio de prioridade reparao;

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    (3) Elaborao de oramento da reparao;

    (4) Emisso da ordem de reparao;

    (5) Diagnstico da avaria;

    (6) Execuo da reparao;

    (7) Elaborao do relatrio da reparao;

    (8) Registo histrico de avarias;

    (9) Processamento de custos;

    Se no forem estabelecidas algumas regras quanto elaborao e recepo das

    participaes de avarias, facilmente se instala a confuso, a ineficincia e a

    insatisfao.

    Para isso, deve ser estabelecido que s so aceites participaes feitas por um

    responsvel do sector onde se encontra o equipamento (o bom senso

    determinar quais as situaes de perigo eminente em que esta regra pode ser

    violada). A participao deve identificar claramente o equipamento avariado

    (atravs do respectivo cdigo, se o tiver), o local onde se encontra instalado, os

    sintomas da avaria e possveis sugestes quanto sua causa e um parecer sobre

    a urgncia da reparao.

    A recepo dos pedidos de reparao deve estar o mais possvel centralizada

    num ponto onde esteja sempre um responsvel ou, na sua ausncia, um

    atendedor automtico de chamadas. O dia e hora da recepo do pedido sero

    registados no impresso em que foi feita a participao ou a sua transcrio, caso

    a comunicao tenha sido telefnica.

    O elemento do departamento de manuteno responsvel pelo processamento

    dos pedidos de reparao de avarias proceder ento atribuio de um grau de

    prioridade ao pedido. Um bom mtodo consiste em atribuir uma prioridade ao

    tipo de avaria (prioridade 5 para uma avaria que imobilize o equipamento ou

    represente perigo eminente para pessoas ou bens; prioridade 1 para um avaria

    sem consequncias no curto prazo) e uma prioridade funo do equipamento

    (prioridade 5 para um equipamento que paralise produo ou afecte a segurana;

    prioridade 1 para equipamentos sem impacto na produo). A prioridade atribuda

    ao pedido ser o produto das duas variando, portanto, de 1 a 25. De acordo com

    as caractersticas especficas de cada empresa sero construdas as escalas de

    prioridades mais apropriadas.

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    Depois de ordenados os pedidos de reparao por prioridades, ser feito o seu

    oramento: estimativa de mo de obra necessria, custo dos materiais previsto

    (se houver elementos suficientes) e tempo previsto de imobilizao do equipa-

    mento.

    Segue-se a emisso da ordem de reparao que deve referenciar o nmero do

    pedido de reparao, identificar os tcnicos destacados para efectuar o trabalho,

    mencionar as estimativas de mo de obra, materiais e imobilizao do

    equipamento, e assinalar eventuais requisitos especiais em ferramentas,

    equipamentos de ensaio, etc. .

    3. DIAGNSTICO E REPARAO DA AVARIA

    Uma vez na presena do equipamento avariado, o tcnico de manuteno

    proceder ao diagnstico da avaria. Em algumas situaes, em que os danos

    so evidentes, o diagnstico pode ser simples, mas avarias intermitentes ou

    defeitos ocultos podem ser muito difceis de isolar. Enquanto num sistema

    mecnico o tempo de interveno pode ser da ordem de 10% para deteco da

    avaria e 90% para reparao, num sistema electrnico a relao pode ser

    precisamente a inversa.

    Daqui se v a importncia de o tcnico de manuteno se munir previamente de

    todos os possveis meios de apoio ao diagnstico: documentao tcnica com

    esquemas elctricos, diagramas, rvores de pesquisa de avarias; registo histrico

    de avarias do equipamento; aparelhos de medida e ensaio.

    Se a mquina dispuser de sistemas de auto-diagnstico incorporados devem,

    evidentemente, ser usados em toda a extenso possvel. Alguns destes sistemas

    registam os sintomas anteriores, os quais devem ser identificados e

    correlacionados para apoio ao diagnstico.

    Os factores mais importantes para uma eficaz deteco de avarias so, claro

    est, a formao, experincia e competncia do tcnico. Mas h alguns aspectos

    comportamentais que importa ter em conta, por mais competente que seja o

    tcnico de manuteno:

    - no pode confundir a causa com o efeito, o defeito com o sintoma;

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    - tem que evitar ideias preconcebidas que podem, inconscientemente, fazer

    negligenciar pistas importantes;

    - deve ser metdico e sistemtico na sua anlise; no se pode apoiar s na

    intuio;

    - deve ser cuidadoso com as evidncias demasiado bvias;

    - no pode confiar exclusivamente na memria: deve consultar a documentao

    tcnica apropriada;

    Uma vez isolada a avaria, procede sua reparao. Nesta altura torna-se

    evidente a importncia de ter o material necessrio (peas de substituio,

    produtos e materiais de consumo, ferramentas, equipamentos de ensaio)rapidamente acessvel e de poder contar com uma oficina de apoio para efectuar

    pequenas reparaes ou manufacturas de momento.

    Segue-se uma fase de ajustes e ensaios e o trabalho do tcnico de manuteno

    conclui-se com a elaborao de um relatrio da reparao onde referencia o

    equipamento intervencionado e regista as deficincias encontradas, o trabalho

    efectuado, o tempo gasto e o material consumido. Deve ainda anotar qualquer

    factor que tenha perturbado o eficiente desempenho do seu trabalho e eventuais

    recomendaes sobre trabalhos adicionais ou complementares a programar para

    uma futura oportunidade.

    4. REGISTOS HISTRICOS

    Cada equipamento deve ter o seu registo histrico no qual constem, alm da sua

    identificao e localizao, todas as intervenes de manuteno, resolutiva,

    preventiva ou de melhoramento.

    Dele constaro, nomeadamente, a data de cada participao de avaria, a

    descrio da avaria e da respectiva aco correctiva, a identificao dos

    componentes substitudos, a mo-de-obra gasta e o tempo de paragem do

    equipamento, e os custos da reparao, em mo-de-obra e materiais.

    As modificaes ou reconstrues tambm sero aqui registadas, com indicao

    da data, do trabalho realizado, dos componentes afectados, etc. .

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    Finalmente, para completar a histria do equipamento, so registadas na sua

    ficha todas as intervenes de manuteno preventiva, com indicao da data e

    da tarefa de manuteno que foi efectuada.

    Este registo essencial no s para apoio pesquisa de avarias, como vimos,mas tambm para habilitar a tomar decises de carcter econmico como, por

    exemplo, a oportunidade ptima de proceder substituio do equipamento por

    se ter tornado antieconmica a sua manuteno.

    O ficheiro histrico pode ser explorado, designadamente, para:

    (a) Fiabilidade - Determinao das leis de fiabilidade, perfil de avaria, taxa de

    avaria, etc. .

    (b) Disponibilidade - Determinao da disponibilidade mdia do equipamento.

    (c) Mtodos - Determinao de pontos fracos do equipamento (para

    melhoramento) e de avarias mais frequentes (para melhor preparao de

    materiais, documentao e mo-de-obra).

    (d) Gesto de stocks - Determinao dos consumos habituais de peas e

    mdulos.

    (e) Gesto de manuteno - Determinao de custos por equipamento, por

    oficina, por tipo de avaria, por tipo de interveno, etc. . Construo do

    quadro de bordo.

    Para explorao do ficheiro histrico so utilizados diversos modelos

    matemticos, normalmente suportados em computador. Os mais correntes so:

    (a) Leis de Paretto - Para seleco das avarias mais relevantes. O processo

    comea com a classificao das avarias por motivo e por natureza. Segue-se

    a sua quantificao (por exemplo associando a cada uma o respectivo tempo

    de imobilizao) e ordenao por peso decrescente das avarias por natureza

    e por motivo. A aplicao de uma anlise ABC permite identificar as avarias

    sobre as quais deve incidir anlise mais detalhada.

    (b) Teste de Spearman - um teste de correlao que permite determinar se h

    correlao significativa entre avarias e suas causas.

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    (c) Leis de desgaste - A determinao do perfil, de desgaste de rgos ou

    componentes, em funo do tempo de utilizao, permite identificar a forma

    de manuteno mais adequada e o tempo mais indicado para efectuar a

    interveno.

    (d) Leis de fiabilidade - Determina-se o tipo de lei que rege a distribuio de

    avarias do equipamento ou famlia de equipamentos. A partir daqui possvel

    fazer uma determinao probabilstica do comportamento futuro do

    equipamento.

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    CAPTULO IV

    MANUTENO PROGRAMADA

    1. INTRODUO

    Depois de se ter abordado, na seco anterior, a reparao de avarias, ou seja a

    manuteno curativa, e reservando-se para a seco seguinte o tratamento da

    manuteno condicionada, seria lgico que se abordasse agora o tema da

    manuteno preventiva. Porqu ento este ttulo de Manuteno Programada?

    Essencialmente porque entendemos que todas as aces de manuteno sedevem articular no seio de um programa de manuteno global que inclui tanto

    tarefas de manuteno preventiva como tarefas de manuteno condicionada. Ao

    tratar em conjunto a manuteno preventiva e a manuteno programada

    enfatiza-se a necessidade de usar a manuteno preventiva de uma forma

    programada e integrada e no como um somatrio de tarefas avulsas e

    desconexas.

    A manuteno preventiva, consistindo na realizao peridica e sistemtica de

    intervenes fsicas sobre o equipamento com o objectivo de minimizar o risco de

    ocorrncia de avarias graves, particularmente adequada para os componentes,

    rgos ou sistemas que tm um padro de avaria do tipo do representado no

    Grfico 2.3, em que possvel estabelecer, por projecto ou por mtodos

    estatsticos, um tempo de utilizao do equipamento a partir do qual, com forte

    probabilidade, a sua operacionalidade se degrada para alm de limites aceitveis.

    Em relao manuteno resolutiva ou curativa, a manuteno preventiva

    apresenta as seguintes vantagens:

    - prolonga a vida til dos equipamentos evitando a ocorrncia de avarias

    graves;

    - aumenta a disponibilidade dos equipamentos para operao porque reduz

    a taxa de paragens por avaria;

    - melhora o aproveitamento da mo de obra de manuteno porque permite

    efectuar um planeamento da sua utilizao;

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    - melhora as relaes com a produo porque as paragens das mquinas

    podem ser (dentro de certos limites) programadas respeitando as

    convenincias da produo;

    - melhora a produtividade dos tcnicos da manuteno porque as tarefasso repetitivas, permitindo aprender com a experincia, e previsveis,

    permitindo formao planeada;

    - reduz a necessidade de imobilizar material em stock porque se pode

    conjugar a sua compra com a data prevista para a sua utilizao;

    - reduz a necessidade de manter equipamentos de reserva para entrar em

    substituio dos avariados;

    - aumenta a segurana dos operadores e do equipamento.

    No entanto, porque a manuteno preventiva se faz, como se disse, de forma

    peridica e sistemtica, independentemente da condio do material, apresenta

    alguns inconvenientes em relao manuteno condicionada:

    - ao intervencionar os equipamentos h sempre o risco de introduzir avarias,

    por acidente ou negligncia;

    - ao substituir peas antigas por novas h sempre o risco de que estas

    apresentem defeitos de origem susceptveis de afectar a operao;

    - ao substituir as peas antes do termo da sua vida til perde-se tempo de vida

    que representa desperdcio de material.

    Cada forma de manuteno tem as suas vantagens e os seus inconvenientes.

    Algumas formas de manuteno no so aplicveis a determinado tipo deequipamentos, no so compatveis com o tipo de processo produtivo da empresa

    ou no so justificveis do ponto de vista econmico. , por isso, necessrio

    estabelecer um programa de manuteno que tenha em perfeita conta as

    caractersticas de cada componente e do seu impacto no processo produtivo e

    estabelea a forma de manuteno que mais se lhe adequa. Com frequncia

    cada vez maior, a manuteno considerada no prprio projecto do equipamento,

    pelo que o seu fabricante apresenta j, muitas vezes, um programa

    recomendado.

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    2. TAREFAS DE MANUTENO PREVENTIVA

    As principais tarefas de manuteno preventiva so:

    (a) Lubrificao - Consiste na introduo de lquidos ou massa lubrificantes emlocais apropriados dos equipamentos - pontos de lubrificao - com o

    objectivo de separar peas mveis em contacto evitando o seu desgaste,

    reduzir o calor gerado pelo atrito, remover contaminantes e materiais resul-

    tantes do desgaste das peas e proteger contra corroso.

    O programa de lubrificao deve ter em conta a identificao do

    equipamento, a localizao dos pontos de lubrificao (em desenho ou

    fotografia, de preferncia), a escolha do lubrificante, o mtodo de aplicao, a

    periodicidade da lubrificao, eventuais necessidades de acessos e quem

    responsvel pela execuo do trabalho.

    As informaes iniciais para o estabelecimento do programa de lubrificao

    podem ser originadas no fabricante do equipamento, no distribuidor de

    lubrificantes ou noutro operador, mas devem ser sempre ajustadas em

    funo da experincia prpria. As vivncias do operador da mquina, do lubri-

    ficador e do tcnico de manuteno so essenciais para o contnuo

    aperfeioamento do programa.

    Apesar de ser uma operao relativamente simples, a lubrificao exige

    grande sentido de responsabilidade do seu executante, bom domnio da

    tcnica e um constante estado de alerta para todo e qualquer indcio

    significativo que surja no decorrer do seu trabalho.

    A lubrificao est geralmente associada a outras tarefas, como a limpeza

    ou mudana de filtros, a mudana do leo, etc. . Pode tambm ser

    complementada com tcnicas de manuteno condicionada como a anlisede leos e a anlise de limalhas. conveniente manter um registo dos

    consumos de lubrificante em cada ponto de lubrificao e analis-lo para

    detectar eventuais anormalidades de consumo.

    (b) Outros Servios - So operaes simples, como limpezas, abastecimento de

    fludos, etc., que por alguma razo devam figurar no programa de

    manuteno.

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    (c) Inspeco Visual Simples - Esta tarefa pressupe que o tcnico de

    manuteno utiliza essencialmente os seus sentidos (e, sobretudo, o seu

    conhecimento e experincia), sem necessidade de recurso a equipamentos

    adicionais que no sejam, eventualmente, escadas ou plataformas, para

    detectar sinais evidentes de danificao ou mau estado geral. No ter queabrir quaisquer acessos que requeiram ferramentas especiais. o tipo de

    inspeco que pode ser feito numa ronda programada para cobrir em

    sequncia todos os aspectos relevantes de uma instalao industrial.

    (d) Inspeco Visual Completa - Este tipo de inspeco j pode requerer a

    abertura de acessos para permitir uma inspeco mais detalhada,

    eventualmente com recurso a lanternas, espelhos ou lupas, com a finalidade

    de detectar vestgios de fugas de lquidos, falta de limpeza, corroso, frac-turas, m fixao, aperto insuficiente, deformao, sobreaquecimento, etc. .

    aplicvel a elementos estruturais, condutas, tubagens, cablagens,

    equipamentos elctricos, fichas, tomadas, rgos de transmisso e outros.

    Uma inspeco visual efectuada por um elemento experiente um elemento

    essencial de qualquer programa de manuteno pois permite, de uma forma

    expedita, detectar problemas que muitas vezes escapariam a outro tipo de

    aces de manuteno.

    (e) Ensaio Operacional - Consiste em verificar a condio de funcionamento de

    um equipamento, em regime normal, sem recurso a equipamento adicional

    de ensaio ou medida. o tipo de ensaio que normalmente requerido na

    sequncia da reparao de uma avaria, mas pode ser usado na pesquisa de

    avarias ou como procedimento regular de manuteno preventiva, em

    particular no caso de equipamentos que desempenham funes ocultas

    (estas so funes que, ou no esto normalmente activas e no h

    indicao de ocorrncia de avaria a no ser quando a funo requerida -

    exemplo: grupo gerador de emergncia -, ou esto normalmente activas mas

    a sua eventual avaria passa despercebida ao operador - exemplo: sistema de

    deteco de incndio).

    (f) Ensaio Funcional - um ensaio completo em que se procura simular

    diferentes regimes e situaes de funcionamento do equipamento ou

    sistema, para determinar se os seus parmetros de operao se encontram

    dentro dos limites correctos. Requer, normalmente, o recurso a equipamentos

    externos de ensaio e medida. A excedncia dos valores limite admissveis

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    pode ser sintoma de existncia de microavarias que requeiram aco

    correctiva antes de evolurem para uma avaria grave.

    (g) Ensaio Oficinal - semelhante a um ensaio funcional, mas pressupe a

    desmontagem do componente do equipamento ou sistema em que seencontra instalado e o seu envio a uma oficina para ser ensaiado em banco.

    (h) Ajuste - uma tarefa que consiste na reposio do valor nominal de uma

    caracterstica fsica do equipamento (binrio de aperto, fora de uma mola,

    folga entre superfcies, etc.). sempre precedida de uma verificao que

    mede o valor do parmetro que afere a caracterstica e determina a

    necessidade de proceder ao ajuste consoante estejam ou no excedidas as

    tolerncias definidas para o parmetro.

    (i) Abate - Consiste na remoo da parte ou componente e seu abate. Aplica-se

    a componentes sujeitos a avarias do tipo "explosivo" e no reparveis

    (exemplo: lmpada elctrica) ou componentes com vida limitada e cuja

    condio no detectvel por ensaio (exemplo: extintor de incndio). Para

    ser eficaz a tarefa deve ser executada antes da previsvel ocorrncia da

    avaria.

    (j) Reviso Parcial - Consiste na desmontagem, verificao, limpeza,

    substituio de peas, ajuste, montagem e ensaio de parte de um

    equipamento ou sistema. A parte do equipamento ou sistema a ser sujeita a

    reviso pode ser determinada por um programa que prev a execuo de

    sucessivas revises parciais, desfasadas no tempo, at cobrir todo o

    equipamento, ou pode resultar das indicaes de ensaios ou outros mtodos

    de manuteno condicionada ou de diagnstico que a localizaram uma

    avaria real ou potencial.

    (l) Reviso Geral - Consiste na desmontagem completa de um equipamento,

    verificao, limpeza e substituio - onde necessrio - de peas, montagem e

    ensaio. uma aco de manuteno adequada para equipamentos ou

    componentes sujeitos a desgaste progressivo com a operao e com um

    nmero limitado de modos de avaria.

    Estas so, como se disse, as principais tarefas de manuteno preventiva. As

    caractersticas especficas de um dado equipamento ou sistema podem

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    aconselhar a definio de outras tarefas ou conjuntos de tarefas que devero ser

    acrescentadas a estas.

    3. DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA DE MANUTENO

    O esquema proposto para desenvolvimento de um programa de manuteno

    segue uma metodologia de anlise "de cima para baixo", isto , do mais geral

    para o mais particular, em aprofundamentos sucessivos e envolvendo vrias

    etapas, que se pode esquematizar deste modo:

    No muito provvel que uma empresa que no tenha qualquer programa de

    manuteno desenvolva e implemente de imediato um programa que cubra a

    totalidade das suas instalaes e equipamentos. Poder haver constrangimentos

    de ordem tcnica, econmica ou mesmo cultural que recomendem uma imple-

    mentao parcelada e progressiva. Em qualquer caso, recomenda-se vivamente a

    INSTALAES SISTEMAS EQUIPAMENTOS

    INVENTRIO

    SISTEMATIZAO ECODIFICAO

    APLICAO

    ATRIBUIO DEPERIODICIDADES

    IDENTIFICAO DEMEIOS

    SELECO DE ITENSSIGNIFICATIVOS

    SELECO DE TAREFASDE MANUTENO

    EXPERINCIA

    FABRICANTES

    OUTROSOPERADORES

    HUMANOS:NMEROQUALIFICAO

    MATERIAIS:PEASPRODUTOSFERRAMENTASEQUIPAMENTOS

    DOCUMENTAIS:MANUAISESQUEMASDESENHOS

    LOGSTICOS:ACESSOSENERGIA

    FLUDOS

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    utilizao da metodologia descrita, ainda que a inteno seja a de cobrir apenas

    uma seco fabril, uma linha de produo ou at mesmo um s equipamento. A

    vantagem deste tipo de aproximao que, com muita facilidade, se alarga o

    mbito do programa ou se procede sua reviso.

    Detalhemos ento cada uma das fases do desenvolvimento do programa de

    manuteno.

    (1) Inventrio - A primeira etapa na elaborao do programa de manuteno a

    inventariao de todos os edifcios, instalaes, mquinas e equipamentos

    que devem ter controlo, de manuteno. Para cada um deve ser aberta uma

    ficha, ou um registo no sistema informatizado de gesto de manuteno, se

    houver um. A informao a registar , tipicamente:

    - nmero de cdigo

    - designao

    - fabricante

    - modelo ou tipo

    - nmero de srie

    - data de compra e nmero do respectivo processo

    - preo de compra

    - caractersticas principais- dimenses e peso

    - localizao

    - identificao dos subconjuntos ou componentes substituveis em linha

    - condies particulares de operao

    - outras anotaes

    Este o registo para efeitos de inventrio. Complementarmente a este viro a ser

    criados registos para todas as aces de manuteno efectuadas no

    equipamento e para as operaes contabilsticas sobre ele lanadas.

    (2) Sistematizao e Codificao - Esta segunda etapa importante para a

    organizao do processo de manuteno pois permite, de forma sistemtica,

    abranger todos os itens susceptveis de ser integrados no programa de

    manuteno, sem risco de omisses ou duplicaes. Para isso, feita uma

    listagem de todos os itens partindo do mais geral - a totalidade da unidade

    produtiva, ou as vrias unidades produtivas da empresa - para o mais

    particular - o menor subconjunto ou componente susceptvel de ser

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    substitudo em linha - em subdivises sucessivas por localizao, funo ou

    caractersticas tcnicas. A cada item atribudo um nmero de cdigo

    construdo pelo mesmo processo .

    Uma forma de sistematizao possvel a seguinte:

    - A unidade industrial dividida em seces, atribuindo-se um nmero a

    cada uma, sem omitir as reas comuns e de apoio.

    - Em cada seco feita uma decomposio que cobre todos os

    equipamentos e sistemas nela existentes como, por exemplo, sistema

    elctrico, sistema de climatizao, sistema de gua e despejos, estrutura

    e revestimentos, mquinas ferramentas, etc. .

    - Dentro da linha de mquinas ferramentas poderemos considerar

    diferentes tipos de mquinas e, dentro de cada tipo, ordenar

    sequencialmente as vrias mquinas existentes. Se cada mquina tiver

    subconjuntos ou componentes substituveis em linha devero ser tambm

    listados.

    - Repete-se este procedimento at ter coberto a totalidade das instalaes,

    sistemas, equipamentos, subconjuntos e componentes.

    - medida que se vai elaborando a listagem vai-se construindo o cdigo de

    cada item que pode ter uma estrutura como esta:

    0 4 1 3 0 5 0 2 0 6

    Seco de maquinagem

    Mquinas ferramentas

    Fresadoras

    Fresadora n 2

    Motor elctrico

    Um aspecto interessante deste mtodo que permite trabalhar em todo o detalhe

    apenas uma determinada seco onde, por exemplo, se decidiu iniciar a aplicao do

    programa de manuteno. Quando se decidir alargar o programa a outras seces faz-

    -se, s nessa altura, a respectiva anlise de detalhe mantendo sempre, todavia, a

    perspectiva do estado de desenvolvimento do programa.

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    (3) Seleco de Itens Significativos para Manuteno - Nem todos os itens

    que foram listados e codificados como se referiu tm a mesma relevncia do

    ponto de vista de manuteno. Devem ser considerados significativos do

    ponto de vista de manuteno todos os itens cuja avaria:

    - possa afectar a segurana de pessoas ou bens, ou

    - tenha um impacto econmico ou operacional significativo, ou

    - no seja detectvel durante a operao normal (avaria oculta)

    Estes itens so identificados na lista anteriormente elaborada com o cdigo

    ISM.

    (4) Seleco de Tarefas de Manuteno - Para todos os itens identificados com

    o cdigo ISM h agora que definir uma ou mais tarefas de manuteno, de

    entre as listadas em 4.2 para a manuteno preventiva, ou em 5.2 para a

    manuteno predictiva. Neste ponto e nos seguintes, as recomendaes

    podem partir dos fabricantes ou de outros operadores, mas a experincia

    prpria essencial para ir melhorando a adequao do programa de

    manuteno.

    No entanto importante ter presente que s faz sentido estabelecer uma

    tarefa de manuteno se ela for eficaz para resolver o problema que levou classificao do item como significativo para manuteno (isto , garantir a

    segurana, melhorar a economia, assegurar a disponibilidade para operao

    ou confirmar a existncia de uma funo oculta).

    (5) Atribuio de Periodicidade - Uma vez identificada a tarefa de manuteno,

    a etapa seguinte atribuir-lhe uma periodicidade que pode ser expressa em

    tempo calendrio (dias, semanas, meses, anos), em horas de operao, em

    ciclos de operao, etc. conveniente que a cada periodicidade seja

    associada uma certa tolerncia que d margem para se poder agrupar

    tarefas afins. Tal como os outros elementos do programa de manuteno a

    periodicidade pode - e deve - ser revista em funo da experincia que se

    for reunindo.

    (6) Identificao de Meios - Para a execuo das tarefas de manuteno

    constantes do programa necessrio dispor de meios humanos, materiais,

    documentais e logsticos. A enumerao desses meios, pelo menos dos mais

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    especficos, no programa de manuteno facilita o posterior planeamento dos

    trabalhos.

    Os meios a identificar so: nmero e qualificao dos tcnicos de

    manuteno; peas, produtos, ferramentas ou equipamentos de ensaio;manuais, esquemas e desenhos; meios especiais de acesso; energia

    elctrica, hidrulica, pneumtica.

    Depois de concludas estas etapas, resta proceder aplicao do programa e

    aproveitar a experincia para ir procedendo aos ajustes que se revelem

    necessrios.

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    CAPTULO V

    MANUTENO CONDICIONADA

    1. INTRODUO

    Sempre que seja possvel predizer a ocorrncia de uma avaria pela deteriorao

    do valor de algum parmetro indicativo da condio de uma mquina ou sistema,

    e se isso puder ser feito com tempo suficiente para se poder planear uma inter-

    veno correctiva, ento estamos perante uma situao em que a manuteno

    predictiva ou condicionada aplicvel.

    Entre as tcnicas usadas em manuteno predictiva, algumas das quais so

    descritas em maior detalhe mais adiante, incluem-se: anlise de vibraes,

    termografia, anlise de leos de lubrificao, anlise de partculas, ferrografia,

    inspeco por ultrasons, inspeco radiogrfica, etc. .

    A manuteno predictiva no substitui integralmente os mtodos mais tradicionais

    de manuteno resolutiva e manuteno preventiva. Pode, no entanto, ser um

    complemento muito poderoso quando integrada num programa global de

    manuteno.

    A manuteno predictiva apresenta as seguintes vantagens:

    - menor nmero e gravidade de avarias - Como a condio das mquinas

    vigiada regularmente, possvel intervir antes de se verificarem avarias

    graves.

    - menor tempo de imobilizao para reparao - A anlise da condio da

    mquina permite, frequentemente, identificar os componentes responsveis

    pela avaria, reduzindo drasticamente o tempo dedicado ao diagnstico.

    - custos de manuteno mais baixos - Como consequncia lgica dos dois

    pontos anteriores, h menor dispndio tanto em materiais como em mo de

    obra.

    - menos material em stock - Em vez de manter material em stock espera da

    ocorrncia da avaria, possvel agora planear a sua encomenda para qual aentrega coincida com a data planeada para a interveno.

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    - maior durao dos equipamentos - Estando menos sujeitos a avarias

    graves, e sendo submetidos a manuteno preventiva com prazos e eficcia

    aferidos pelo programa de controlo de condio, os equipamentos vem a sua

    durao significativamente aumentada.

    - maior disponibilidade dos equipamentos - Como o nmero de intervenes

    de manuteno obrigando a paragem do equipamento menor, e a

    oportunidade das paragens pode ser conciliada com as convenincias da

    produo, os equipamentos ficam mais tempo disponveis para o seu fim

    primrio.

    - maior segurana - A possibilidade de detectar a tempo deterioraes de

    condio susceptveis de conduzir a avarias catastrficas permite tomar asmedidas adequadas para evitar a sua ocorrncia, anulando assim possveis

    efeitos nefastos sobre pessoas e bens.

    2. TCNICAS DE MANUTENO PREDICTIVA

    O sucesso de um programa de manuteno predictiva passa pela seleco de um

    conjunto de tcnicas que, complementando-se, retrate o mais fielmente possvel a

    condio dos equipamentos. As tcnicas mais correntemente utilizadas so as

    seguintes:

    (a) Anlise de vibraes - Esta tcnica, que a mais divulgada, assenta no

    conhecimento de que a vibrao (ou rudo) de um rgo mecnico em

    movimento caracterstico da sua condio. assim que uma pessoa

    experiente se apercebe de que uma mquina est com problemas quando

    tem um "trabalhar" diferente, isto , quando h uma alterao em intensidade

    e/ou frequncia no som normalmente emitido pela mquina. No entanto,

    como o ouvido humano no tem sensibilidade para detectar as pequenas

    variaes que indiciam o aparecimento dos defeitos, de modo a permitir uma

    interveno antes que eles se agravem, h que utilizar detectores

    apropriados para medir as vibraes.

    Nas configuraes mais simples estes detectores, ou sensores, so portteis

    e so levados pelo operador a cada mquina, a intervalos determinados, para

    efectuar as medies apropriadas, sendo os valores anotados para posterioranlise. No outro extremo, h configuraes em que os sensores esto

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    permanentemente instalados nas mquinas e as suas leituras so

    automaticamente transmitidas a um computador que as regista, analisa,

    compara com os valores de referncia e lana o alarme se os limites

    admissveis forem excedidos. Entre os dois extremos possvel encontrar

    solues no muito dispendiosas e extremamente eficazes.

    A tcnica de anlise de vibraes aplicvel a, virtualmente, qualquer tipo de

    mquina e usada com muita frequncia em motores, geradores, turbinas,

    compressores, bombas, etc. possvel definir trs nveis de profundidade na

    anlise de vibraes:

    - Anlise em banda larga: medida a intensidade das vibraes numa

    gama larga de frequncias. A ultrapassagem dos limites de controlopermite determinar a degradao do estado geral da mquina;

    - Anlise em banda estreita: medida a intensidade das vibraes em

    bandas de frequncia estreitas, cada uma delas caracterstica de um

    rgo ou componente. A excedncia do limite de controlo numa

    determinada banda permite identificar o rgo ou componente que se est

    a degradar.

    - Anlise de assinatura: feito um registo grfico da intensidade de

    vibrao em funo da frequncia. Por comparao com um registo da

    mquina em nova (a "assinatura") possvel determinar a existncia de

    falhas em progresso e a sua localizao.

    (b) Termografia - Esta tcnica baseia-se na propriedade que todos os corpos

    tm de emitir radiaes cuja intensidade e frequncia ("cor") so funo da

    sua temperatura. Assim, medindo a intensidade da radiao na gama dos

    infra-vermelhos, possvel detectar variaes anormais na temperatura do

    corpo.

    So susceptveis de ser detectadas por esta tcnica todas as avarias que

    sejam precedidas de um aumento ou abaixamento significativo de

    temperatura como, por exemplo, as que ocorrem em motores elctricos,

    transformadores, quadros de distribuio e outros equipamentos elctricos

    em sobrecarga ou curto circuito; instalaes e equipamentos de aquecimento,

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    refrigerao ou permuta de calor sujeitos a sobrepresso, com fugas ou com

    deficincia de isolamento; rgos mecnicos sujeitos a atrito anormal por

    deficincia de lubrificao.

    Tal como nas outras tcnicas de manuteno predictiva, o resultado dasmedies efectuadas tem que ser comparado com um padro para se concluir

    da existncia de defeito e da sua potencial gravidade. , por isso, necessrio

    que as observaes sejam efectuadas em condies que no introduzam per-

    turbaes nas leituras (ventos ou correntes de ar, poeiras ou vapor de gua no

    ambiente, fontes de calor ou frio externas, etc.) e os resultados sejam

    analisados por pessoas experientes.

    Consoante o tipo de aplicao pretendido podem ser usados aparelhos mais

    simples, como os termmetros de infravermelhos ou os rastreadores lineares,que medem a temperatura num ponto ou ao longo de uma linha, ou aparelhos

    mais sofisticados que, semelhana de uma cmara de vdeo, traam a

    imagem trmica de um equipamento, uma conduta, uma parede, etc., num

    tempo mnimo.

    (c) Tribologia - Significando, etimologicamente, a "cincia do atrito" a tribologia

    estuda o comportamento dos rgo mecnicos sujeitos a atrito de rotao,

    seu desgaste e forma de o evitar.

    Trs tcnicas do domnio da tribologia so particularmente interessantes:

    - Anlise de leos de lubrificao: consiste na medio das caractersticas

    fsicas e qumicas dos leos bem como na deteco da eventual presena de

    contaminantes lquidos (gua, combustvel) ou slidos (limalhas). O objectivo

    desta anlise , primariamente, ajudar a definir o programa de lubrificao

    mais adequado ao equipamento, tanto no que respeita seleco do

    lubrificante, como no que concerne aos intervalos das lubrificaes;

    acessoriamente, a anlise pode revelar a presena de contaminantes

    indiciando o surgimento de uma avaria.

    - Anlise de limalhas: consiste na determinao da forma, dimenso,

    quantidade e composio qumica das limalhas presentes no leo de

    lubrificao e resultantes de desgaste em peas do equipamento. A forma e

    composio qumica das limalhas podem indicar o rgo de onde so

    provenientes; a dimenso e quantidade, assim como a sua variao entre duas

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    colheitas consecutivas, indicam a gravidade da avaria e o seu ritmo de

    progresso.

    - Ferrografia: tambm um mtodo de anlise de partculas s que, em vez de

    a sua recolha ser feita com uma amostra de leo de lubrificao, elas soseparadas por campos magnticos, normalmente por bujes magnticos que

    so intercalados nos circuitos hidrulicos. Por isso, um mtodo que s

    aplicvel a partculas de materiais ferrosos.

    Uma precauo a ter para garantir o xito destas tcnicas a de escolher o local

    adequado para efectuar a colheita das amostras: o ideal um ponto na linha de

    retorno, antes de qualquer filtro - que, ao reter as partculas falseava os re-

    sultados por defeito - mas que no seja um ponto de dreno - onde a acumulaode impurezas falsearia os resultados por excesso.

    (d) Inspeco ultra-snica - Esta tcnica baseia-se na deteco de sons

    transmitidos atravs dos equipamentos ou estruturas. Difere da anlise de

    vibraes porque aqui os sons se situam para alm da gama audvel, no

    domnio dos ultra-sons.

    Esta tcnica pode ter duas aplicaes distintas. Numa aplicao, destinada a

    detectar fugas em condutas, percorre-se com o sensor a conduta em busca de

    altas frequncias caractersticas da passagens de fludos atravs de uma

    passagem apertada, como seria o caso da fuga. Noutra aplicao, destinada a

    detectar fracturas internas, chochos de fundio, etc., aplicado de um dos lados

    da superfcie um gerador de ultra-sons e do outro lado um sensor, procurando-se

    irregularidades internas que perturbem a normal transmisso do som.

    (e) Outras tcnicas - Outras tcnicas de ensaios no destrutivos, com

    aplicaes mais restritas, podem ser utilizadas para detectar em tempo til o

    estgio inicial de uma avaria numa mquina ou numa estrutura. So utilizadas

    com este fim, nomeadamente, as inspeces radiogrficas, as emisses

    acsticas, os lquidos penetrantes, as correntes residuais ("eddy-currents"),

    as partculas magnticas e a gamagrafia.

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    3. PROGRAMA DE MANUTENO PREDICTIVA

    O estabelecimento de um programa de manuteno predictiva desenvolve-se nas

    seguintes fases:

    (a) Seleco das instalaes e equipamentos - Pode pretender-se cobrir toda

    a rea fabril com um programa deste tipo. O mais natural ser comear por

    seleccionar um conjunto de equipamentos e instalaes que, por serem vitais

    para o processo produtivo ou por terem componentes de custo muito elevado,

    se pretende manter em operao o maior tempo possvel, eliminando

    paragens programadas para substituio de componentes que no esto

    avariados ou evitando paragens provocadas por avarias evitveis.

    (b) Seleco das tcnicas - Como vimos, cada tcnica vocacionada para uma

    determinada gama de aplicaes. No , todavia, vivel que uma pequena ou

    mdia indstria utilize toda a gama de tcnicas de manuteno preventiva.

    Por isso, recomendvel seleccionar uma como principal e, na medida do

    possvel, utilizar algumas outras como complementares. Numa instalao

    com grande nmero de equipamentos elctricos pode ser adequado escolher

    a termografia como tcnica de base. J se recomendar preferencialmente a

    anlise de vibraes para fbricas com predominncia de equipamentos

    mecnicos.

    (c) Definio do programa - Uma vez identificadas as mquinas e escolhidas as

    tcnicas, h agora que definir em que pontos vo ser tomados os registos e

    com que periodicidade. Estas definies so ajustveis em funo da

    experincia que for sendo reunida.

    (d) Definio dos padres - Uma caracterstica comum a todos os processos de

    manuteno predictiva que no h valores absolutos. Para cada parmetro,

    medido em cada ponto, h um valor de referncia (a linha de base) e limites

    de alerta. essa referncia que necessrio estabelecer. Isto pode ser feito

    a partir de elementos fornecidos pelo fabricante dos equipamentos ou por

    experincia adquirida na empresa, quando tem instalado um programa de

    manuteno preventiva e pretende transitar para um de manuteno

    predictiva.

    (e) Colheita de dados - A colheita de dados pode ser feita por operadores que

    se deslocam at aos equipamentos, nas oportunidades determinadas pelo

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    programa, e fazem o registo dos parmetros especificados. Tambm pode

    ser feita automaticamente por sensores integrados nas mquinas e transmi-

    tidas directamente ao computador.

    (f) Anlise de Dados - Dado o grande volume de informao a tratar poucoadequado que o tratamento dos dados seja feito manualmente. Em alguns

    casos um computador pessoal com um programa de clculo relativamente

    simples ser uma soluo satisfatria. Noutras situaes ser necessrio

    recorrer a solues informticas mais potentes e especializadas. Qualquer

    que seja a forma como se assegure esta funo ela deve assegurar um

    registo histrico dos dados referentes a cada ponto de anlise de cada

    equipamento, a construo de um grfico de tendncia e a emisso de um

    alerta quando forem excedidos os limites de controlo.

    (g) Anlise e Correco das Avarias - Perante um alerta emitido pelo sistema

    de manuteno predictiva h que decidir se ele suficiente para caracterizar

    a avaria ou se necessrio complet-lo com outros meios auxiliares de diag-

    nstico, eventualmente repetindo a mesma tcnica com intervalos mais

    curtos ou usando outras tcnicas. So ento programadas as aces

    necessrias que podero culminar com a paragem do equipamento para

    reparao no momento que, sendo compatvel com a progresso da avaria

    dentro dos limites de segurana, mais convenha produo (Grfico 5.1).

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    Grfico 5.1 Grfico de Controlo

    Tempo

    Tempo

    Este programa pode ser totalmente executado pela prpria empresa, mas mais

    natural que haja que recor