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183 ORNITOLOGIA NEOTROPICAL 19 (Suppl.): 183–196, 2008 © The Neotropical Ornithological Society MAPEAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO E CONSERVAÇÃO DO CHAUÁ (AMAZONA RHODOCORYTHA) NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL Louri Klemann Júnior 1,3 , Pedro Scherer Neto 2 , Tiago Venâncio Monteiro 1 , Fernando Matsuno Ramos 1 , & Rodrigo de Almeida 1 1 Instituto de Pesquisa e Conservação da Natureza – Idéia Ambiental, Rua Euclides Bandeira, 1635, Bairro Centro Cívico, Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Museu de História Natural “Capão da Imbuia”, Rua Benedito Conceição, 407, Capão da Imbuia, Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]. Abstract. – Mapping the distribution and conservation of the Red-browed Parrot (Amazona rhodocorytha) in the Espírito Santo State, Brazil. – The Red-browed Parrot (Amazona rhodocorytha), an endemic species of the Tropical Atlantic Coastal forest of southeastern Brazil, is globally threatened and listed as endangered by BirdLife International, the World Conservation Union, and the Ministry of Envi- ronment of Brazil. The available information on this species is from old papers and regional bird invento- ries. Our research goals were to establish distribution, relative abundance and habitat conditions of the species in the state of Espírito Santo. We produced maps with 331 records of the species from our own field work and another 869 records from information provided by local people. Our maps also show the vegetation type, climate, elevation, remaining forest areas and forest patches with conservation priority. The data suggest that the species is associated with high forests in regions with altitudes below 300 m. We found the species in habitats ranging from well preserved areas, such as “Reserva Biológica de Sooretama”, to disturbed areas, such as papaya (Carica papaya, Caricaceae) plantations and fields with sparse trees. The number of Red-browed Parrots encountered during this study was 2295 individuals. The major threat to the species in the study area is apparently illegal trade. As many individuals were seen as pets among local people, as well as in the Reintroduction Center of Wild Animals (CEREIAS). Resumo. – O Chauá (Amazona rhodocorytha), espécie endêmica da Floresta Atlântica do sudeste do Brasil, é globalmente ameaçada e citada como “em perigo” pelo BirdLife International, World Conservation Union, e pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro. Todas as informações disponíveis sobre a espécie são provenientes de literatura antiga e trabalhos não específicos de inventários avifaunísticos. Esta pesquisa teve como objetivo conhecer a distribuição, abundância relativa e condições de habitat do Chauá no Estado do Espírito Santo. Foram obtidos 331 registros da espécie e 869 informações de ocorrência coleta- das com a população local, foi mapeada a cobertura vegetal da área de estudo, feita sua classificação altitu- dinal e selecionados regiões e remanescentes florestais prioritários para conservação. Os dados obtidos mostram padrões de distribuição relacionados à vegetação e relevo, indicando uma associação da espécie a florestas altas em regiões com altitudes inferiores a 300 m. A espécie foi registrada tanto em áreas protegi- das e bem conservadas (Reserva Biológica de Sooretama) como em outras bastante alteradas, como ______________ 3 Autor correspondente: Louri Klemann Júnior, Rua Euclides Bandeira 1635, Bairro Centro Cívico, Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]

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ORNITOLOGIA NEOTROPICAL 19 (Suppl.): 183–196, 2008© The Neotropical Ornithological Society

MAPEAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO E CONSERVAÇÃO DO CHAUÁ (AMAZONA RHODOCORYTHA) NO ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO, BRASIL

Louri Klemann Júnior1,3, Pedro Scherer Neto2, Tiago Venâncio Monteiro1, Fernando Matsuno Ramos1, & Rodrigo de Almeida1

1Instituto de Pesquisa e Conservação da Natureza – Idéia Ambiental, Rua Euclides Bandeira, 1635, Bairro Centro Cívico, Curitiba, Paraná, Brasil.

E-mail: [email protected] de História Natural “Capão da Imbuia”, Rua Benedito Conceição, 407, Capão da

Imbuia, Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected].

Abstract. – Mapping the distribution and conservation of the Red-browed Parrot (Amazonarhodocorytha) in the Espírito Santo State, Brazil. – The Red-browed Parrot (Amazona rhodocorytha), anendemic species of the Tropical Atlantic Coastal forest of southeastern Brazil, is globally threatened andlisted as endangered by BirdLife International, the World Conservation Union, and the Ministry of Envi-ronment of Brazil. The available information on this species is from old papers and regional bird invento-ries. Our research goals were to establish distribution, relative abundance and habitat conditions of thespecies in the state of Espírito Santo. We produced maps with 331 records of the species from our ownfield work and another 869 records from information provided by local people. Our maps also show thevegetation type, climate, elevation, remaining forest areas and forest patches with conservation priority.The data suggest that the species is associated with high forests in regions with altitudes below 300 m. Wefound the species in habitats ranging from well preserved areas, such as “Reserva Biológica de Sooretama”,to disturbed areas, such as papaya (Carica papaya, Caricaceae) plantations and fields with sparse trees. Thenumber of Red-browed Parrots encountered during this study was 2295 individuals. The major threat tothe species in the study area is apparently illegal trade. As many individuals were seen as pets among localpeople, as well as in the Reintroduction Center of Wild Animals (CEREIAS).

Resumo. – O Chauá (Amazona rhodocorytha), espécie endêmica da Floresta Atlântica do sudeste do Brasil, églobalmente ameaçada e citada como “em perigo” pelo BirdLife International, World ConservationUnion, e pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro. Todas as informações disponíveis sobre a espéciesão provenientes de literatura antiga e trabalhos não específicos de inventários avifaunísticos. Esta pesquisateve como objetivo conhecer a distribuição, abundância relativa e condições de habitat do Chauá noEstado do Espírito Santo. Foram obtidos 331 registros da espécie e 869 informações de ocorrência coleta-das com a população local, foi mapeada a cobertura vegetal da área de estudo, feita sua classificação altitu-dinal e selecionados regiões e remanescentes florestais prioritários para conservação. Os dados obtidosmostram padrões de distribuição relacionados à vegetação e relevo, indicando uma associação da espécie aflorestas altas em regiões com altitudes inferiores a 300 m. A espécie foi registrada tanto em áreas protegi-das e bem conservadas (Reserva Biológica de Sooretama) como em outras bastante alteradas, como______________3Autor correspondente: Louri Klemann Júnior, Rua Euclides Bandeira 1635, Bairro Centro Cívico, Curitiba,Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]

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plantações de mamão (Carica papaya, Caricaceae) e campos com árvores esparsas. O número de Chauáscontados durante a realização das atividades de campo no estado do Espírito Santo foi de 2295 indivíduos.Foi também observado que o tráfico de animais silvestres atua de forma intensa sobre as populações destepapagaio em toda área de estudo, sendo que muitos indivíduos foram vistos com moradores locais, bemcomo no Centro de Reintrodução de Animais Selvagens (CEREIAS). Aceitado 26 do Outubro de 2007.

Key words: Amazona rhodocorytha, Red-browed Parrot, relative abundance, habitat conditions,conservation, Espírito Santo, Brazil.

INTRODUÇÃO

O Brasil figura entre os países que abrangema maior diversidade biológica do planeta.Além de deter 33% do que resta das florestastropicais, possui a maior diversidade de peixesNeotropicais, 22% dos felídeos e o maiornúmero de espécies de palmeiras, primatas epsitacídeos (Milano 2002). Já em 1500 estariqueza em psitacídeos no Brasil era ple-namente evidenciada, sendo este país desig-nado como “Terra dos Papagaios” (Sick1997).

A ordem Psittaciformes se encontra entreas mais ameaçadas da classe Aves (Bird LifeInternational 2000). Das 332 espécies dafamília Psittacidae reconhecidas, 80 corremrisco de extinção, sendo que 36 estão próxi-mas a esta condição (Collar 1997, Juniper &Parr 1998). O principal fator para o declíniode muitos psitacídeos é a perda de habitat,além de outras causas como a introdução deespécies predadoras ou competidoras, endo-gamia e outros processos relacionados aotamanho populacional reduzido, entre outrosfatores importantes estão a perseguiçãohumana para o comércio e arte plumária indí-gena, caça e coleta de ovos e filhotes e ainda adestruição das espécies de árvores utilizadaspara ninho (Snyder et al. 1987, Juniper & Par1998).

O Chauá (Amazona rhodocorytha) ocorrenas florestas do Brasil oriental, habitante damata alta, tanto na Serra do Mar e regiõesaltas do interior (leste de Minas Gerais), comona baixada litorânea, ocorrendo originalmentede Alagoas ao Rio de Janeiro (Sick 1997, Fig.

1). Em Sick e Teixeira (1979) é feita referênciaa esta espécie, listando-a como não rara, masem sensível decréscimo populacional, princi-palmente pela destruição ambiental generali-zada e empobrecimento ainda maior deformações secundárias, alertando para a pos-sibilidade desta ave integrar uma lista de espé-cies ameaçadas num futuro não muitodistante. Esta espécie, endêmica do Brasil,é hoje citada como “em perigo” pelo BirdLifeInternational (BirdLife International 2003),pela World Conservation Union (IUCN2006), e pelo Ministério do Meio Ambiente(MMA). Encontra-se ainda incluída no apên-dice I da Convenção Internacional Sobreo Comércio de Fauna e Flora Silvestres(CITES).

Atualmente, a espécie possui registrospara o sudeste da Bahia, Espírito Santo,Minas Gerais e Rio de Janeiro, sendo que suapopulação foi estimada em 845 aves em 1999(BirdLife International 2000). Não é feitonenhum registro da população disjunta de SãoMiguel dos Campos (Al) desde a metade dadécada de 1980 (BirdLife International 2003).

A Floresta Atlântica encontra-se extrema-mente degradada em toda a extensão de ocor-rência do Chauá, pois o processo decolonização do território brasileiro começouocupando-a e nos seus solos instalaram-se asduas monoculturas mais significativas da vidaeconômica do Brasil, a cana-de-açúcar (Saccha-rum spp., Poaceae) e o café (Coffea spp., Rubia-ceae) (Sick & Teixeira 1979). A faixa litorâneafoi a primeira a industrializar-se e é a maispopulosa do país. Esta condição desordenadade ocupação e exploração do ambiente, asso-

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DISTRIBUÇÃO DO CHAUÁ (AMAZONA RHODOCORYTHA) NO BRASIL

ciada à alta pressão de caça para o trafico naci-onal e internacional de animais silvestres e aausência de informações básicas e de estudosdirecionados à espécie, evidenciam a impor-tância de pesquisas sobre o Chauá. Destaforma realizamos um levantamento de ocor-rência deste papagaio no Espírito Santo,devido a localização central deste estado emrelação a área total de distribuição da espécie,buscando a obtenção de três informaçõesessenciais: distribuição, abundância e condi-ções de habitat, além da identificação de regi-

ões e remanescentes florestais prioritáriospara conservação.

MÉTODOS

Esta pesquisa foi conduzida em duas etapas,realizadas paralelamente: laboratorial e campo.Durante a etapa laboratorial foram obtidosmapas e imagens de satélite com resolução de15 e 30 m (Landsat 5 e 7), dos anos de 20012002 e 2003, de toda a área de estudo, divi-dindo-a em duas porções: sul e norte, acima e

FIG. 1. Distribuição original do Chauá (Amazona rhodocorytha) adaptado de Sigrist (2006) e área de estudoda pesquisa realizada no estado do Espírito Santo entre 2004 e 2006.

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abaixo do Rio Doce. A pesquisa, em ambas asetapas, iniciou-se, na porção sul, em Agostode 2004 se estendendo até Julho de 2005 e naporção norte em Setembro de 2005 atéAgosto de 2006.

Dentro desta divisão foram delimitados22 sítios amostrais (11 em cada porção) comtamanhos variáveis entre 1771 km2 e 2378km2, cobrindo uma área total de 45 960 km2.Foram produzidos mapas temáticos de cadasítio utilizando o programa ArcView e desta-cando-se áreas de remanescentes florestais,rios, cidades, estradas principais e secundárias,além de classificações de relevo segundomapeamento da Empresa Capixaba de Pes-quisa Agropecuária (EMCAPA). Os remanes-centes florestais, identificados através da

interpretação das imagens de satélite, foramdelimitados gerando uma base de dados sobrea cobertura vegetal do estado do EspíritoSanto. Foram incluídos nesta base, remanes-centes em todos os estágios sucessionais(inicial, médio e avançado) devido à impossi-bilidade de diferenciação pelo tipo de imagemde satélite utilizada. Após a conclusão de cadaexpedição a campo todos os dados obtidos(informações e registros) foram processadosem laboratório criando-se um banco dedados, em conjunto com o mapeamento reali-zado, em forma de SIG (Sistema de Informa-ções Geográficas).

A etapa de campo consistiu na realizaçãode 22 expedições mensais, por uma equipe deduas a três pessoas, com duração de cinco

TABELA 1. Abundância relativa do Chauá (Amazona rhodocorytha), número de indivíduos contados,número de registros, horas de observação e registros e informações sobre danos a plantações por sítioamostral durante a pesquisa, no estado do Espírito Santo, entre 2004 e 2006.

Sítio Mês/Ano No. de individuos

No. de registros

Horas de observação

Abundância (individuos/h)

Registro de danos à

plantações

Informações de danos a plantaçõoes

01020304050607080910111213141516171819202122

10/200411/200412/200401/200502/200503/200504/200505/200506/200506/200507/200510/200511/200512/200501/200602/220603/200604/200605/200606/220608/200608/2006

0878308200742023703131420718269217261446222454194159

120619021522164222718260518145382627

32,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,532,5

0,252,400,922,52

02,280,627,290,090,400,436,375,602,126,680,804,431,910,6813,975,974,89

NãoNãoNãoNãoNãoNãoNãoNãoNãoNãoNãoNãoSimNãoSimNãoSimNãoNãoSimSimSim

NãoSimNãoNãoNãoNãoSimSimNãoSimNãoSimNãoNãoSimNãoNãoNãoNãoNãoNãoNão

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DISTRIBUÇÃO DO CHAUÁ (AMAZONA RHODOCORYTHA) NO BRASIL

dias cada. Os sítios amostrais foram percorri-dos com a mesma intensidade, independente-mente de fatores altitudinais ou vegetacionais,através de estradas e trilhas já existentesdurante 13 h por dia utilizando-se veículo (4 x4), totalizando 23 000 km rodados e 1430 h deesforço amostral. Os períodos consideradospara verificação da ocorrência da espécie seestendiam, aproximadamente, das 05:30 atéas 09:00 h e das 15:30 até às 18:30 h, devidoà diminuição da atividade dos papagaios,

fora destes horários (LKJ & PSN observ.pess.). Esta verificação foi feita, em toda aárea de estudo, durante os deslocamentosnos sítios amostrais nos períodos acimadeterminados, percorrendo aproximadamen-te 460 km por sítio em 32,5 h de esforçoamostral.

Foi utilizada uma adaptação do método de“taxa de encontro” por (trajeto (Nunes &Betini 2002). A “taxa de encontro” é ampla-mente utilizada em levantamentos de comuni-

FIG. 2. Mapa da área de estudo mostrando a classificação da abundância relativa (0, de 0 a 1, de 1 a 2e maior de 2) em cada sito amostral durante a realização da pesquisa no estado do Espírito Santo entre2004 e 2006.

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dades de aves brasileiras Willis 1979, Willis &Oniki 1981, Pizo et al. 1995, Galetti 1997),principalmente em amostragens rápidas devárias localidades (Willis & Oniki 1981) e osíndices que podem ser obtidos não requeremnúmero mínimo de contatos com a espéciealvo (Nunes & Betini 2002). O método con-sistiu em percorrer estradas com veículo erealizar paradas e/ou curtas caminhadas, porperíodos de tempo variáveis, em áreas previa-mente selecionadas através do mapeamentode remanescentes florestais ou de informa-ções obtidas por entrevistas com moradoresda região. As análises locais foram feitas deduas formas, dependendo da situação da áreaescolhida: uma estacionária, quando esta apre-sentava pontos que permitiam sua amplavisualização e, ao contrário, de forma dinâ-mica, deslocando-se por estradas ou trilhas,

coletando dados na medida em que se fosseregistrando a espécie ao longo do trajeto per-corrido.

Os registros foram realizados a partir decontatos visuais e auditivos, por um observa-dor fixo ou durante os deslocamentos deautomóvel ou por caminhamento, sendo reali-zada uma contagem do número de indivíduosem cada registro. As distâncias consideradaspara estes contatos são ilimitadas e aves pou-sadas ou em sobrevôo foram contabilizadas,evitando dupla contagem dos mesmos indiví-duos. Esta técnica resulta num índice deabundância relativa do número de indivíduosregistrados, pelo total de horas de campo(Nunes & Betini 2002). Foram anotadas ascoordenadas geográficas e altitude dos pontosonde a espécie foi registrada utilizando-se umGPS.

TABELA 2. Porcentagem de registros obtidos, indivíduos contados, informações coletadas e de área poraltitude em cada porção do estado do Espírito Santo durante a realização da pesquisa, entre 2004 e 2006.

Porção Altitude (m) Registros obtidos (%)

Indivíduos contados (%)

Informações coletadas (%)

Área (%)

Sul

Norte

< 300300–700> 700< 300

300–700> 700

88759910

94429820

761599460

5329189190

TABELA 3. Área total do estado, área de remanescentes florestais e de remanescentes em áreas protegi-das, número de fragmentos e áreas protegidas por altitude, no estado do Espírito Santo, obtidos em mape-amento realizado entre 2004 a 2006.

Altitude (m) Área de remanescentes

florestais (km2)

No. de fragmentos

Área de remanescentes

em áreas protegidas

(km2)

No. de áreas protegidas

Área total de remanescentes

(km2)

Área total do estado (km2)

> 700300–700< 300Total

1,6262,5343,6877,847

1,8574,35011,08017,287

29487676

1,057

01020710

1,9202,6214,3638,904

4,2108,71133,03945,960

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DISTRIBUÇÃO DO CHAUÁ (AMAZONA RHODOCORYTHA) NO BRASIL

Durante as expedições foram realizadasentrevistas com moradores dos sítios amos-trais buscando-se obter informações sobre aocorrência de papagaios, sendo registradosdados como número de indivíduos avistados,presença de ninhos e fontes de alimento.Quando estas informações foram obtidasquestionou-se sobre a coloração da cabeçados animais avistados, buscando-se assim aconfirmação da espécie alvo da pesquisa. Bus-cou-se entrevistar uma pessoa a cada 25 km2

nos sítios amostrais, sendo realizadas, aproxi-madamente, 80 entrevistas por sítio. Sempreque encontrados papagaios em cativeiroforam anotadas as coordenadas geográficasdo local e informações dos proprietários arespeito da idade e procedência dos exempla-res. Durante a etapa de campo da pesquisaforam realizadas duas visitas ao Centro deReintrodução de Animais Selvagens(CEREIAS), em Janeiro de 2005 e Fevereirode 2006, sendo feita uma contagem donúmero de exemplares do Chauá lá deposita-dos.

Foi determinado o estágio sucessional dosremanescentes florestais onde a espécie foiobservada utilizando-se os critérios da resolu-ção CONAMA 1/1994: estágio inicial, combaixa diversidade biológica, indivíduos arbó-reo-arbustivos até 8 m, pouca serrapilheira eepifitismo vascular; estágio médio, apresen-tando aumento na diversidade biológica,altura até 12 m, lianas lenhosas e maior quan-tidade de epífitas vasculares; e estágio avan-çado, com alta diversidade biológica, altoepifismo vascular e árvores com alturas supe-riores a 10 m.

Foram consideradas como regiões priori-tárias para conservação aquelas que apresenta-ram maior número de registros e deindivíduos do Chauá e, nestas regiões, foramselecionados os remanescentes com mais de10 indivíduos, área superior a 40 ha e estágiosucessional médio ou avançado.

Para testar a existência de diferenças no

número de registros e de indivíduos contadospor classes de altitude (< 300 m e > 300 m),utilizou-se o teste t assumindo variâncias desi-guais, para comparar a média de registros e deindivíduos por registro. Foram utilizados ape-nas os dados coletados na porção sul do localde estudo por esta apresentar 53% de sua áreaem altitudes inferiores a 300 m e 47% acimade 300 m, enquanto na parte norte ,o percen-tual é muito desigual para estas classes de alti-tude. Houve uma dedicação de tempo depesquisa de respectivamente, 336 e 379 h paraas duas classes em questão.

RESULTADOS

Abundância geral. Durante a pesquisa emcampo foram obtidas 869 informações sobrea ocorrência da espécie e 331 registros ondeforam contados 2295 indivíduos por contatosvisuais e auditivos. A abundância relativamédia do Chauá foi de 3,24 indivíduos/h deobservação e a abundância relativa para cadasítio amostral variou de 0 a 13,97 (Tabela 1)(Fig. 2).

O Chauá foi o papagaio mais comum naárea de estudo tendo sido registrado em 21dos 22 sítios amostrais. Outras espécies regis-tradas foram o Papagaio-de-peito-roxo (Ama-zona vinacea, 2 sítios ), o Papagaio-moleiro (A.farinosa, 12) e o Curica (A. amazonica, 13) ocor-rendo em simpatria com o Chauá no Estadodo Espírito Santo.

Foram registrados 664 exemplares emcativeiro, sendo 640 no Centro de Reintrodu-ção de Animais Selvagens (CEREIAS) e 24em 10 diferentes sítios amostrais. O local deorigem destes indivíduos não pode ser deter-minado.

Altitude. Em altitudes menores foi obtido omaior número de registros, indivíduos conta-dos e informações de ocorrência do Chauá(Tabela 2). A porção sul da área de estudomostrou uma maior média de registros em

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altitudes inferiores a 300 m (10,33 ± 2,60; n =93) em relação a altitudes superiores a 300 m(3,00 ± 3,90; n = 12; t = 2, 3; gl = 9,75; p <0,05) e uma maior média de indivíduos porregistro em altitudes inferiores a 300 m (5,67± 0,58; n = 93) em relação a altitudes superio-res a 300 m (2,58 ± 1,63; n = 12; t = 4,1; gl =71,3; p < 0,05).

Remanescentes florestais. Os dados obtidos como mapeamento dos remanescentes florestais

da área de estudo (Tabela 3) mostraramque as regiões com altitudes superiores a700 m, entre 300 e 700 m e inferiores a300 m apresentam, respectivamente, 45%,30% e 13% de suas áreas ocupadas por rema-nescentes, indicando a grande perda de hábi-tat principalmente nas terras baixas. Apenas15% dos fragmentos mapeados são áreasprotegidas em altitudes superiores a 700 m,3% entre 300 e 700 m e 15% abaixo dos300 m.

FIG. 3. Mapa da área de estudo mostrando remanescentes florestais identificados (todos os estágios suces-sionais), regiões prioritárias e remanescentes mais significativos para conservação do Chauá (Amazonarhodocorytha) no estado do Espírito Santo entre 2004 e 2006.

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DISTRIBUÇÃO DO CHAUÁ (AMAZONA RHODOCORYTHA) NO BRASIL

Observou-se que a espécie ocorre emremanescentes florestais de diferentes tama-nhos e estágios sucessionais, todavia o maiornúmero de registros e indivíduos foi encon-trado nas proximidades de remanescentesacima de 40 ha e em estágio sucessionalmédio ou avançado. Observou-se também autilização de áreas bastante degradadas, comoterrenos abertos com árvores esparsas, e espe-cialmente grandes cultivos de espécies frutífe-ras e pomares em pequenas propriedadesrurais, sugerindo que o Chauá não é restrito aambientes florestais.

No sítio amostral 08 os papagaios foramencontrados em grande número em remanes-centes (aproximadamente 100 ha) ilhados emmeio a grandes reflorestamentos com eucalip-to (Eucalyptus spp., Myrtaceae) Também foramobtidas informações da população local, emoutros sítios amostrais, sobre a utilização des-tes reflorestamentos como dormitórios coleti-vos em determinadas épocas do ano.

Observações de forrageamento. Durante as expedi-ções a campo foram observados vários indiví-duos alimentando-se em árvores comomangueiras (Mangifera indica, Anacardiaceae),cajueiros (Anacardium occidentale, Anacardia-ceae), jaqueiras (Artocarpus beterophyllus, Mora-ceae) e mamão (Carica papaya, Caricaceae), etambém foram obtidas informações de mora-dores locais sobre a utilização de outras espé-cies, como carambola (Averrhoa carambola,Oxalidaceae), maracujá (Passiflora edulis, Passi-floraceae), acerola (Malpighia spp., Malpighia-ceae), cajá (Spondias mombin, Anacardiaceae),jambo (Syzygium spp., Myrtaceae), cacau (Theo-broma cacao, Sterculiaceae), banana (Musa para-disíaca, Musaceae), flores de Eucalyptus spp. eaté café, como fontes alimentares.

Nos sítios amostrais 07, 08, 12 e 15 foramobtidas informações sobre grandes perdascausadas pelos papagaios em plantaçõescomerciais de mamão e maracujá, sendo feitareferência à espécie como “praga” (Tabela 1).

No sítio amostral 10 a população local relataque os papagaios fazem grandes estragos nasplantações de café, aparecendo em grandenúmero durante a época da colheita (Junho).Nos sítios amostrais 13, 15, 17 20, 21 e 22foram registrados grandes bandos do Chauá(alguns com aproximadamente 100 indiví-duos) vindo alimentar-se em plantações demamão.

Regiões prioritárias para conservação. As regiõesconsideradas prioritárias para conservação doChauá compreendem suas principais áreas deocorrência e caracterizam-se por um alto graude fragmentação da vegetação. Foram selecio-nadas duas regiões, com área total de 16 606km2 e abrangendo 36% da área de estudo, enestas foram determinados 176 remanescen-tes florestais prioritários, somando 509 km2,e cinco áreas protegidas relevantes para aconservação da espécie, totalizando 608 km2

(Fig. 3).

DISCUSSÃO

Abundância geral. O número de indivíduosregistrados em campo durante esta pesquisa éconsideravelmente superior (272%) à popula-ção total estimada para a espécie por Martus-celli (1999). Este dado, obtido em uma regiãoque representa apenas uma fração (aproxima-damente 20%) de toda a área de distribuiçãocitada para a espécie, vem confirmar a falta depesquisas direcionadas a este papagaio edemonstrar a falta de dados seguros sobresuas populações.

O alto número de papagaios encontradosem cativeiro, representando 27,9% do total deindivíduos contados para área de estudo,demonstra a forte pressão exercida pelos trafi-cantes sobre as populações desta espécie depapagaio.

Altitude. Segundo Sick (1997), a espécie ocorretanto na Serra do Mar e regiões altas do inte-

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rior, como na baixada litorânea e, segundoSigrist (2006), a espécie ocorre abaixo dos 200m. Em listas vermelhas de espécies ameaça-das (BirdLife International 2000), o Chauá écitado como ocorrendo primariamente emterras baixas, podendo alguns indivíduos,serem encontrados, sazonalmente, em altitu-des superiores a 1000 m. Todos os dadossobre ocorrência e altitude obtidas duranteesta pesquisa indicam que a espécie ocorre,

preferencialmente, em regiões com altitudesinferiores a 300 m, porém podendo ser regis-trada, com menor freqüência e em menornúmero, até 900 m. Nos sítios amostraislitorâneos, todos os registros do Chauáforam feitos a mais de 4 km do oceano, emsua grande maioria em distâncias supe-riores a 7 km, indicando um padrão de distri-buição associado, também, à tipologia vegeta-cional.

FIG. 4. Mapa com divisão altimétrica da área de estudo, mostrando informações e registros de ocorrênciado Chauá (Amazona rhodocorytha) obtidos durante a pesquisa, no estado do Espírito Santo, entre 2004 e2006.

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Foram feitos apenas cinco registros daespécie em regiões com altitudes superiores a700 m (menos de 2% do total) e 10 em altitu-des entre 300 e 700 m (3% do total).Segundoalgumas informações obtidas em áreas comaltitudes superiores a 300 m, os papagaiosapenas passam em pequeno número em vôoalto por estas regiões, especialmente durante aprimavera e verão, em rota de deslocamentoentre as terras baixas do estado. Algumasinformações sugerem que esporadicamenteindivíduos pousam na vegetação localizada naporção mais alta dos morros, possivelmenteutilizando estes pontos para descanso duranteo deslocamento.

Analisando as abundâncias por sítio amos-tral nota-se que os sítios com maior abundân-cia estão, principalmente, em áreas comaltitudes inferiores a 300 m, enquanto os combaixa abundância abrangem, em sua maiorparte, regiões superiores a 300 m.

O sítio amostral 01, apesar de sua quasetotalidade estar em planície, apresentou baixaabundância relativa, podendo este fato estarassociado à presença de poucos remanescen-tes florestais em sua área, sendo esta utilizadapara grandes cultivos de cana-de-açúcar. Já ossítios amostrais que apresentam alta abundân-cia relativa e também estão inteiramente inse-rido em regiões com baixas altitudes, podemter esta abundância associada, além do fatoraltitudinal, a existência de alguns remanescen-tes florestais de grande porte e de plantaçõesde mamão, cacau, maracujá, e eucalipto, quesão frequentemente utilizadas pela espécie.

Sobrepondo os dados coletados sobre aocorrência do Chauá com dados altimétricosdo estado do Espírito Santo confirma-se arelação inversa entre altitude versus abundân-cia relativa, número de registros, informaçõese indivíduos (Fig. 4).

Remanescentes florestais. A área de estudo apre-senta alto grau de alteração antrópica, tendosido a cobertura vegetal substituída gradual-

mente desde o início da colonização do Brasil.Através de uma análise dos remanescentesflorestais no estado nota-se que as regiõesmais alteradas se encontram em altitudes maisbaixas, inferiores a 300 m, e com relevomenos acidentado. Esta situação está, prova-velmente, associada a maior facilidade naexploração e colonização destas regiões,tendo sua vegetação sido mais facilmenteexplorada e substituída pelas monoculturasque ali se instalaram e dominaram o estado noinício de sua colonização.

Já, nas áreas montanhosas da porção sulda área de estudo, encontram-se os maioresremanescentes florestais, com áreas de matamais contínuas, porém estas não são utilizadasfrequentemente pela espécie por sua localiza-ção em grandes altitudes. Observando omaior nível de degradação em áreas com alti-tudes baixas e tendo-se em vista que o maiornúmero de registros e indivíduos foi feito nes-tas mesmas regiões, fica evidente a situação deameaça em que a espécie se encontra pelaperda de habitat em grande escala.

A maioria dos registros do Chauá foi reali-zada nas proximidades de remanescentes flo-restais de grande porte, porém a espécietambém foi registrada em áreas desfloresta-das, com poucos fragmentos, e utilizandoplantações de espécies frutíferas e monocultu-ras para sua alimentação. Todavia, apesar douso destas áreas alteradas, a supressão dosremanescentes florestais ainda existentes é umfator de risco para a conservação da espécieem longo prazo.

Observações de forrageamento. A característica deadaptação deste papagaio utilizando, além dosremanescentes florestais, áreas onde a vegeta-ção original foi totalmente modificada, podeapresentar-se como fator favorável à suasobrevivência, permitindo a sua existência emáreas antropizadas. Por outro lado, a utilizaçãode plantações pode colocar em risco as popu-lações do Chauá que delas se alimentam, prin-

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cipalmente, pela contaminação por biocidase pela caça exercida por proprietáriosrurais como forma de controle desta “praga”.A ação dos biocidas não é específica e é resi-dual, podendo durar até dezenas de anos ecausar, além da morte, problemas reproduti-vos (Gonzaga 1982).

As espécies vegetais cultivadas, principal-mente mamão e maracujá, têm grande impor-tância na dieta dos papagaios, podendo servir,em determinadas épocas do ano, como fontesprincipais de alimento, especialmente em regi-ões desflorestadas (LKJ observ. pess.). Umavez que grande parte do hábitat utilizado pelaespécie encontra-se alterado, as populaçõesdo Chauá passaram a buscar em plantações epomares novas fontes alimentares.

Outra situação favorável às popula-ções desta espécie e observada na área deestudo são plantações de cacau feitas man-tendo-se o dossel florestal, chamadas cabru-cas. Nestas áreas, onde foi retirado apenas osub-bosque da floresta, espécies que utilizame forrageiam no dossel florestal ainda encon-tram ambiente para alimentação, descanso ereprodução. As cabrucas apresentam-se aindamais relevantes por estarem localizadas emregiões com baixas altitudes e, geralmente,marginais aos rios, correspondendo às princi-pais áreas de ocorrência da espécie.

Regiões prioritárias para conservação. Na porção aonorte do Rio Doce, caracterizada em suaquase totalidade por baixas altitudes, podemser encontradas grandes áreas protegidas, querepresentam os únicos remanescentes flores-tais significativos da região. Dentre elas pode-mos citar, como importantes pelo tamanho epresença do Chauá, a Reserva Biológica deSooretama, a Reserva Natural da CompanhiaVale do Rio Doce, a Reserva Biológica Cór-rego do Veado, a Floresta Nacional do RioPreto e a Reserva Biológica Córrego Grande.

Na região sul do estado, em áreas comaltitudes inferiores a 300 m que correspon-

dem à planície litorânea e vales dos grandesrios, podem ser encontrados remanescentesflorestais significativos para conservação doChauá na porção inferior do Rio Doce (muni-cípio de Linhares) e nos municípios de Pre-sidente Kennedy e Itapemirim, em proprieda-des particulares. Apenas uma Unidade deConservação protege parte destes remanes-centes, a Floresta Nacional de Goytacazes emLinhares.

Nas regiões selecionadas como prioritá-rias para conservação, apesar da identificaçãode remanescentes florestais significativos,todos devem ser considerados como impor-tantes para a conservação da espécie. Estesfragmentos também são de grande relevânciapara a conservação de outras espécies endê-micas da floresta atlântica como o Fura-mato(Pyrrhura cruentata), a Tiriba-de-orelha-branca(Pyrrhura leucotis), o Apuim-de-cauda-amarela(Touit surdus) entre outras, sendo a preserva-ção destas áreas de extrema importância paraa fauna e flora locais.

Vantagens da metodologia. A metodologia utili-zada foi concebida para que os objetivos destapesquisa fossem atingidos da forma mais efi-ciente, rápida e com menor custo. Destaforma foram integradas atividades de geopro-cessamento, com pesquisas de campo direcio-nadas à busca da espécie em questão.

Durante a etapa laboratorial pôde ser feitauma pré-avaliação das condições do ambienteatravés do reconhecimento, por imagens desatélite, das áreas a serem amostradas. Istofacilitou a realização das expedições, especial-mente pelo mapeamento ter sido realiza-do imediatamente antes destas. Em campo ométodo empregado permitiu que no mo-mento da obtenção dos registros fosse feitauma contagem dos indivíduos, além de obser-vações quanto às condições de habitat. Permi-tiu também que, fora das horas de maioratividade dos papagaios, continuassem sendorealizadas observações sobre a condição geral

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do ambiente, identificadas ameaças e obtidasinformações, de terceiros, sobre a espécie.

A situação da área de estudo, bem servidade estradas e com grande número de proprie-dades e trabalhadores rurais, contribuiu paraque o método tenha sido empregado demaneira efetiva, cobrindo grandes áreas empouco tempo. Desta forma as entrevistas commoradores locais se mostraram eficientes, tra-zendo bons resultados, sendo facilitadas pelagrande receptividade da população e devido àespécie estudada ser carismática e facilmentediferenciada de outras do gênero Amazona.

A possibilidade de pesquisar a área deestudo em um curto espaço de tempo pelaprodução de mapas regionais contendo osremanescentes florestais e as estradas deacessso, aliado ao esforço diário de investiga-ções, à localização da população remanes-cente do Chauá e à geração de um banco dedados com a real distribuição em parte de suaárea total de ocorrência, foram as principaisvantagens da aplicação deste método. Istoresultou na obtenção de dados que facilitamfuturas ações de manejo in situ para uma efe-tiva proteção deste papagaio por iniciativasparticulares e dos governos federal, estadual emunicipal.

AGRADECIMENTOS

Aos patrocinadores Strunden Papageien Stif-tung/Zoologische Geselischaft für Arten –und Populationsschutz e.V. (SPS/ZGAP); ePrograma de Espécies Ameaçadas - FundaçãoBiodiversitas - Cepan - CEPF. Aos estagiáriosAlexsander Briatori de Moura e Jordana JorgeDino. Aos colaboradores Luciano Pohl,Marco Aurélio da Silva, Raphael Eduardo Fer-nandes Santos e Eduardo Weffort Patrial. ADonald Brightsmith, André Magnani Xavierde Lima e dois revisores anônimos pelassugestões e revisão do manuscrito. Ao apoiodo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),

de Onildo Marini Filho e de Yara de MeloBarros.

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