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MAPEAMENTO DE PESQUISAS SOBRE ENSINO SECUNDÁRIO EM MATOGROSSO (DÉCADAS 1930-1940)
Eglem de Oliveira Passone Rodrigues21
Universidade Federal da Grande DouradosKênia Hilda Moreira22
Universidade Federal da Grande DouradosAgência financiadora: CAPES
Resumo: O objetivo do trabalho consiste em apresentar um mapeamento da produçãoacadêmica sobre o ensino secundário em Mato Grosso entre as décadas de 1930 e 1940,correspondendo à Era Vargas. Foi selecionado como meio de busca: o Banco de Teses eDissertações da CAPES; entre os anais de eventos da área: os três últimos anais da ReuniãoAnual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd Nacional34ª à 36ª); e os cinco últimos Anais do Congresso Brasileiro de História da Educação (CBHEIII ao VII); o último Anais do Congresso Ibero-americano de História da Educação (CIHELAXI); os dois últimos do Congresso Luso-brasileiro de História da Educação (COLUBHE IX eX); os Anais do I e II Encontro de História da Educação do Centro-Oeste (EHECO); e os doisúltimos Encontros de Pesquisa em Educação da ANPEd Centro-Oeste (XI e XII). Tambémforam analisadas as publicações das revistas: Cadernos de História da Educação (CHE) de2002 até 2014, além da Revista Brasileira de Educação (RBHE) com publicações de 2001 à2015. O resultado do balanço permitiu uma análise quanti-qualitativa. Foram localizados 370trabalhos que abordam Mato Grosso em suas pesquisas, dentre os quais 46 mencionam oensino secundário entre as décadas de 1930 e 1940 em Mato Grosso Uno. Conclui-se que háuma escassez de trabalhos que tratam da temática, ao considerar que o “Ensino Secundário” ea “Era Vargas” são apenas tangenciados em grande parte das obras localizadas.
Palavras-chave: Mapeamento. Ensino secundário. Mato Grosso na Era Vargas.
IntroduçãoO ensino público e particular do Estado compreende:
O superior [...]O secundário – Liceu Cuiabano equiparado ao Ginásio Pedro 2º; Liceu Salesiano
São Gonçalo, sob inspeção preliminar e Escola Normal “Pedro Celestino” nestaCapital; Ginásio “Maria Leite”, equiparado ao Ginásio Pedro 2º; Escola Normal
“Joaquim Murtinho”; Estadual e Escola Normal “Dom Bosco” das filhas de Maria
21Mestrado em andamento, Programa de Pós-graduação em Educação na Universidade Federal da Grande Dourados (PPGE/UFGD). E-mail:[email protected]
22Docente da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federalda Grande Dourados. E-mail: [email protected]
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Auxiliadora, da congregação Salesiana, sob fiscalização estadual, na cidade deCampo Grande.
O profissional [...] A instrução e ministrada [...]
(MATO GROSSO, 1937, ...)O presente texto objetiva responder sobre a produção acadêmica no e sobre Mato
Grosso, especificamente no que diz respeito à educação secundária entre as décadas de 1930 e
1940, com ênfase para a Era Vargas. De acordo com a epígrafe acima, extraída da Mensagem
do Interventor Federal do Estado de Mato Grosso, Capitão Manoel Ary da Silva Pires, de 13
de junho de 1937, o ensino escolarizado em Mato Grosso Uno23 abrangia, em 1937, a
instrução primária, o profissional, o secundário e o superior. Ao secundário cabia a formação
nos liceus, ginásios e escola normal, na capital Cuiabá e em Campo Grande.
Durante a Era Vargas o ensino secundário passou por mudanças significativas,
instituindo um sistema educacional de nível nacional, ao contrário dos anos iniciais da
República, onde os esforços foram direcionados para o ensino primário, o que justifica o
recorte temporal. Além disso, apesar da educação no governo Vargas apresentar ampla
investigação, conforme balanços de Warde (1984) e Catani e Faria Filho (2002)24, o estado de
Mato Grosso Uno ainda é carente de pesquisas sobre o período.
Para a realização do presente mapeamento, selecionamos como locais de busca, em
âmbito nacional: o Banco de Teses e Dissertações da CAPES 25; entre os anais de eventos da
área: os três últimos Anais da Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação disponíveis online 26 (ANPEd Nacional, 34ª em 2011; 35ª em 2012; e
23Mato Grosso uno ou antigo, corresponde ao estado de Mato Grosso antes da divisão em dois estados, com a criação de Mato Grosso do Sul (MS), em 1977.
24A educação na Era Vargas é um tema bastante investigado, como afirmam os balanços feitos por Warde (1984), ao analisar as teses e dissertações defendidas em educação entre 1970 e 1984 e concluir que a periodização adotada na maioria dos trabalhos dizia respeito à “Revolução de 1930”, entendida como fato inaugural de um novo ciclo histórico no Brasil; Catani e Faria Filho (2002), ao analisarem os trabalhos apresentados no Grupo de Trabalho (GT) de História da Educação na Anped entre 1984 a 2000, afirmaram que 72% das pesquisas investigaram o período entre 1850 e 1950.
25Disponível em: http://bancodeteses.capes.gov.br Acesso em: 16 de fev 2015.
26Disponível em: http://www.anped.org.br/anped/biblioteca-anped/anais Acesso em: 18 de mar 2015.
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36ª em 2013) e os cinco últimos Anais do Congresso Brasileiro de História da Educação 27 (III
CBHE em 2004; IV em 2006; V e 2008; VI em 2011; VII em 2013). Enquanto o banco de
teses permite um panorama das pesquisas concluídas, em nível de mestrado e doutorado no
país, os anais do CBHE evidenciam as produções específicas da história da educação, também
em nível nacional.
No quesito publicações nacionais, analisamos também as publicações de 2002 à 2014
da Revista Cadernos de História da Educação28 (CHE) e a Revista Brasileira de Educação29
(RBHE) com publicações do ano 2001 até 2015.
Em âmbito internacional selecionamos dois eventos da área de história da educação: o
último Anais do Congresso Ibero-americano de História da Educação (CIHELA, XI, na
cidade do México, em 2014), considerando que o penúltimo apresentou um tema muito
fechado em torno do ensino superior, e os dois últimos do Congresso Luso-brasileiro de
História da Educação (COLUBHE, IX, em Lisboa, em 2012; e X, em Curitiba, em 2014),
ambos com um número expressivo de brasileiros.
Em âmbito regional selecionamos: os Anais do I (em Cuiabá, em 2011) e II (em
Dourados, em 2013) Encontro de História da Educação do Centro-Oeste (EHECO); e os três
últimos Encontros de Pesquisa em Educação da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação do Centro-Oeste (ANPEd Centro-Oeste, XI em 2012; e XII em 2014).
Como descritores de busca utilizamos os termos “ensino secundário”, “Mato Grosso”
e “Era Vargas (1930-1940)”. Consideramos a presença desses descritores no título, palavras-
chave e resumos.
Sobre a periodização, consideramos todos os trabalhos que apresentaram como recorte
temporal algum dos anos entre as décadas de 1930 a 1940.
É pertinente observar as variações da terminologia ensino secundário nesse balanço,
podendo se apresentar como “ensino médio”, “ensino técnico”, “ensino comercial” e
27Disponível em: http://sbhe.org.br/ Acesso em:11 de fev 2015.
28Disponível em http://www.seer.ufu.br/index.php/che/issue/archive. Acesso em: 20 de mai. 2015.
29Disponível http://www.rbhe.sbhe.org.br/index.php/rbhe/issue/archive. Acesso em: 22 de mai. 2015.
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similares. O que nos leva a questionar sobre quais níveis de ensino e quais cursos eram
considerados como “ensino secundário” em Mato Grosso na Era Vargas.
Nas duas mensagens de governadores de Mato Grosso à Assembleia Legislativa
durante a Era Vargas, datadas de 1930 e 1937, presentes no Arquivo Público de Mato Grosso e
disponíveis no Acervo Digital30 do Grupo de Pesquisas História da Educação e Memória
(GEM), encontramos esclarecimentos para esta questão.
Em mensagem à Assembleia Legislativa, de 13 de maio de 1930, tratando da Instrução
Pública no estado, o governador de Mato Grosso, Dr. Annibal Toledo afirma que naquele
momento o estado era dotado dos ensinos primário e secundário. E o ensino secundário em
1930 era ministrado oficialmente por três estabelecimentos: o Liceu Cuiabano, equiparado ao
Colégio Pedro II, com 50 anos; a Escola Normal da Capital, instalado no Palácio da Instrução,
junto ao Liceu, ao curso complementar a escola modelo “Barão de Melgaço”; e a Escola
Normal de Campo Grande, instalada neste ano (MATO GROSSO, Mensagem ..., 1930).
Compreende-se, portanto, que o ensino secundário tinha duração de seis anos e conferia o
grau de bacharel em Ciências e Letras, como proposto pela reforma Rocha Vaz31, estabelecida
em 1925; e à Escola Normal, de formação de professores.
O Cap. Manoel Ary da Silva Pires, na mensagem citada como epígrafe, afirma que
neste ano o ensino público e particular em Mato Grosso compreendia o ensino superior, o
secundário, o profissional, e a instrução primária (MATO GROSSO, Mensagem ..., 1937).
Nota-se que o ensino profissional era separado do ensino secundário, no entanto, a Escola
Normal, de formação de professores, continua como parte integrante do ensino secundário. O
ensino profissional era formado pela Escola de Aprendizes Artificies e pelo Colégio “São
Gonçalo”, em Cuiabá, abrangendo os cursos de marcenaria, ferraria, alfaiataria, sapataria,
selaria, tipografia e encadernação.
No entanto, como sabemos, a partir da instalação do Estado Novo neste mesmo ano, o
interventor do Estado, Julio Strübing Müller apresentou uma reforma eliminando as Escolas
30Disponível em: http://gem.ufmt.br/gem/FrmAcervoGEM.aspx Acesso em: 25 jan. 2015.
31João Luiz Alves foi ministro da Justiça e Negócios Interiores e do Supremo Tribunal Federal. Rocha Vaz, foi professor da Faculdade de Medicina, e um dos membros do grupo que elaborou o anteprojeto do decreto federal além de dirigir a execução da reforma.
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Normais e incorporando a formação de professores aos Liceus. Com o Decreto n. 112 de 1937
a formação de professores passou a ser feita “depois do curso secundário, em um ano de
estudos especializados, em organização anexa ao Liceu Cuiabano.”32. A partir de 1939 essa
reforma também se efetivou na Escola Normal de Campo Grande33. Nesse sentido, “os
quadros de pessoal dos cursos especializados para professor (curso de formação do
magistério) foram unificados com os do Liceu Cuiabano e Liceu Campograndense”. (MATO
GROSSO, Regulamento ..., 1942, p. 4).
Feitas essas considerações, localizamos 370 trabalhos que abordam Mato Grosso em
suas pesquisas, dos quais 46 mencionam o ensino secundário durante a Era Vargas (1930-
1940) no estado de Mato Grosso. A seguir, apresentamos uma análise quantitativa e uma
qualitativa da produção localizada.
1 Análise quantitativa
Apresentamos nesse tópico uma análise quantitativa das produções localizadas, com
destaque para a quantidade de ocorrências por evento; a localização geográfica e institucional
das produções; e por fim, a recorrência de autores.
Como já afirmamos, nossos procedimentos de busca permitiram localizar 46 trabalhos
que abordam o ensino secundário em Mato Grosso na Era Vargas (1930-1940), seja no título,
palavras-chave ou resumo. Cabe destacar que entre os periódicos analisados, não foi
encontrada nenhuma referência.
Foram analisadas as publicações da Revista Cadernos de História da Educação (CHE),
entre 2002 a 2014, disponíveis online, com publicação anual entre 2002 e 2008, e semestral a
partir de 2009. O mapeamento apontou que durante todo o período (2002-2014) a revista
CHE contou com 312 publicações, das quais, seis artigos contemplavam o estado de Mato
Grosso, mas nenhum abarcou o ensino secundário durante a Era Vargas (1930-1940). Dos seis
trabalhos, cinco são escritos por pesquisadores de Universidades da região de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul.
32Antes de responsabilidade da Escola Normal Pedro Celestino, a formação do professor primário em Cuiabá passou a ser feita no curso especializado para professores no Liceu Cuiabano (Decreto n.º 112, de 29/12/1937).
33Em 1939 a Escola Normal Estadual de Campo Grande passou a funcionar anexa ao Liceu Campo-grandense (Decreto n.º 229, de 27/12/1938).
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A Revista Brasileira de História da Educação (RBHE), semestral de 2001 à 2006,
trimestral de 2007 até agora, conta com 282 publicações, das quais três mencionam Mato
Grosso, mas nenhum trabalho contemplou o ensino secundário durante a Era Vargas (1930-
1940) no estado de Mato Grosso.
O Apêndice A, apresenta o corpus de análise desse balanço, destacando a autoria, o
título da obra, a instituição de origem de produção e a materialização da publicação do
trabalho, caracterizado como formato. Os 46 trabalhos localizados foram encontrados nas
seguintes quantidades por evento:
Uma dissertação em 2011 e duas em 2012, totalizando três dissertações de Mestrado
Acadêmico no Banco de Teses da CAPES. Nenhuma ocorrência para tese de doutorado; Nenhum trabalho na ANPEd Nacional (34ª em 2011; 35ª em 2012; e 36ª em 2013); Um no III CBHE (2004), um no IV CBHE (2006), dois no V CBHE (2008), zero no VI
CBHE (2011) e três no VII CBHE (2013) totalizando sete trabalhos; Quatro no XI CIHELA(2014); Oito no IX COLUBHE (2012) e quatro no X CLOUBHE (2014), totalizando 12
trabalhos; Sete no I EHECO (2011) e seis no II EHECO (2013), totalizando em 13 trabalhos; quatro na XI ANPEd Centro-Oeste (2012) e três na XII ANPEd Centro-Oeste (2014),
totalizando sete trabalhos. Nenhuma ocorrência para os periódicos CHE e RBHE, como já afirmamos.
Tais constatações permitem evidenciar que trata-se de uma temática recente, tendo em
vista que a primeira dissertação data de 2011, mas oscila em quantidade, dependendo do
evento. O VII CBHE realizado em Cuiabá foi o que apresentou o maior número de trabalhos,
talvez em virtude da localização. No entanto, o IX COLUBHE em Lisboa-PT apresentou o
dobro de trabalhos apresentados no X COLUBHE em Curitiba, no Paraná-BR. Outra
curiosidade é que o IX COLUBHE em Lisboa-PT publicou mais trabalhos que qualquer
evento nacional, inclusive os regionais.
Destacamos a ausência de publicações sobre a temática na ANPEd Nacional,
considerada o maior evento de educação no país, bem como a ausência de artigos nos
periódicos da área e de um trabalho em nível de doutorado.
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3X COLUBHE 1
Elizabeth Figueiredo de Sá UFMT
XI CIHELA 1
3IX COLUBHE 1XII ANPEd Centro-Oeste 1
Fabiany de Cássia Tavares Silva UFMS
VCBHE 1
3IX COLUBHE 1X COLUBHE 1
Fernando Vendrame Menezes UFMS
X COLUBHE 1
3
XI ANPEd Centro-Oeste 1
Dissertação Mestrado 1
Regina Tereza Cestari de Oliveira UCDB
I EHECO 1
3
IV CBHE 1
VII CBHE 1
Fernanda Ros Ortiz UFMS
II EHECO 1
2IX COLUBHE 1
Jacira Helena do Valle Pereira Assis UFMS II EHECO 1
2X COLUBHE 1
Maria Cecilia Serafim Silva UFMS XI CIHELA 1
2XII ANPEd CentroOeste 1
Patricia Menegheti UFMS
I EHECO 1
2XI ANPEd Centro-Oeste 1
Solange Andrade UFMS IX COLUBHE 1
2XI ANPEd Centro-Oeste 1
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Com base no quadro 1, julgamos pertinente compreender a formação e os grupos de
pesquisa e/ou linhas do programa a que pertencem as autoras com maior recorrência34.
Eurize Caldas Pessanha, licenciada em Letras e Pedagogia pela Faculdade de Filosofia
de Campos, mestre em Educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ), doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é
professora titular da UFMS na Graduação e no Programa de Pós-Graduação. Coordena o
Grupo de Pesquisa Observatório de Cultura Escolar (Diretório de Grupos de Pesquisa/CNPq)
e a Linha de Pesquisa Escola, Cultura e Disciplinas Escolares. Desenvolve os Projetos de
pesquisa: Observatório de Cultura Escolar: suportes materiais como indícios da vitória da
34Os dados citados correspondem a Plataforma Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/ Acesso em: 07 abri de 2015.
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cultura científica sobre a cultura humanista no ensino secundário no Brasil (1920 - 1970) com
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq; e Ensino Secundário no Sul de Mato Grosso
(século XX), financiado pelo PROCAD/Casadinho CNPq.
Stella Sanches de Oliveira Silva tem graduação em História pela Universidade do
Sagrado Coração (USC), especialização em História Social (USC), mestrado e doutorado em
Educação (UFMS). Atualmente desenvolve pesquisa de Pós-doutorado em Educação pela
UFMS e membro do Grupo de pesquisa Observatório de Cultura Escolar.
Wanderlice da Silva Assis é graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal
de Goiás, especialização em Administração pela Universidade para o Desenvolvimento da
Região e do Pantanal (Uniderp) e Orientação Pedagógica em Educação à Distância (UFMS),
mestre em Educação (UFMS). Atualmente é docente no curso de Biblioteconomia no Instituto
de Ensino Superior da Fundação Lowtons de Educação e Cultura (FUNLEC), bibliotecária na
Biblioteca Central da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, doutoranda em Educação
(UFMS), membro do Grupo de pesquisa Observatório de Cultura Escolar.
É notável a presença da UFMS, considerando que das três autoras com cinco
trabalhos, todas são da UFMS e pertencentes ao Grupo de pesquisa Observatório de Cultura
Escolar, considerando autor e co-autor.
2 Análise qualitativa
O presente tópico expõe uma análise qualitativa e busca responder sobre o referencial
teórico, os procedimentos metodológicos e as questões de pesquisas nas investigações
localizadas.
No que se refere à temporalidade abarcada nas produções, dos 46 trabalhos
localizados, dois, apesar de terminarem seu recorte em 1930 nada mencionam sobre o período
Varguista. Outros tantos foram selecionados como parte deste mapeamento pela indução de
que a abordagem do tema abrangesse o período, mesmo não tendo anunciado seu recorte
temporal, e outros ainda, abarcam apenas os anos finais, incluindo uma temporalidade que vai
além da Era Vargas. Desse modo, entre as 46 obras que selecionamos como corpus desse
mapeamento, apenas 10 incluem como recorte temporal toda a Era Vargas (1930-1940), mas
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nenhum se limita a esse recorte. Apenas um trabalho apresenta o recorte temporal delimitado
na Era Vargas, contudo, restrito ao Estado Novo (1937-1940).
Dentre os trabalhos mapeados, houve uma pluralidade notável de diferentes cursos e
níveis de ensino que abrangiam o ensino secundário na Era Vargas, à saber: Escola Normal de
Cuiabá; Escola Liceu Cuiabano (mencionada em três trabalhos distintos); Escola Normal
Joaquim Murtinho; Escola Industrial de Cuiabá; Colégio Maria Constança de Barros
Machado (mencionado em dois trabalhos distintos); Colégio Salesiano de Santa Teresa
(Corumbá); Colégio Imaculada Conceição em Corumbá; Liceu Campo-Grandense
(mencionado em três trabalhos distintos); Ginásio Osvaldo Cruz; Ginásio Estadual Campo-
Grandense (mencionado em dois trabalhos); Ginásio Municipal Dom Bosco (mencionado em
dois trabalhos); Ensino Profissional; Ensino de 2º grau profissionalizante; Educação
Secundária Científica.
O presente balanço abrangeu, portanto, para além do denominado ensino secundário,
que incluía o Ensino Normal de formação de professores e o ensino profissionalizante.
Quanto ao referencial teórico, o balanço evidenciou que grande parte faz uso das
noções de “cultura escolar”, “representações” e “práticas curriculares”, advindas da influência
da Nova História Cultural na produção da História da Educação no Brasil. No entanto,
percebe-se também um viés de análise que considera a perspectiva marxista, especialmente
entre os trabalhos produzidos pela UFMS.
Os teóricos de maior ocorrência foram, Roger Chartier (1990); Pierre Bourdieu (1989,
2007); Le Goff (1997). Houve menção à Rosa (1990); Halbwachs (1990); Boto (2011);
Brandão (2004); Saviani, dentre outros.
No que se refere às fontes utilizadas nas pesquisas, originam-se, em sua maioria, de
arquivos púbicos históricos onde estão depositados acervos diversos, bem como os arquivos
escolares. A história oral também esteve presente em alguns trabalhos.
Contudo, destaca-se a ausência ou superficialidade com que se apresenta os
procedimentos metodológicos em alguns dos trabalhos localizados, talvez por tratar-se, em
sua maioria, de trabalhos publicados em anais de eventos, correspondendo a parte de uma
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III EHECO – Catalão‐GO, Agosto de 2015
pesquisa maior. Seja qual for a justificativa, essa ausência ou superficialidade prejudica a
análise do texto publicado.
No entanto, temos que reconhecer que a análise das produções aqui apresentadas na
forma de mapeamento, foi feita com base na leitura dos resumos. Em alguns casos foi feita a
leitura integral da obra localizada. Sobre a produção de um “estado da arte” a partir da leitura
dos resumos, nos apoiamos em Ferreira (2002, p. 268) ao afirmar que
pode-se estabelecer a partir de uma certa ordenação de resumos uma rede formada
por diferentes elos ligados a partir do mesmo suporte material que os abriga, pela
opção teórica manifesta, pelo tema que anuncia, pelo objetivo explicitado da
pesquisa, pelo procedimento metodológico adotado pelo pesquisador. Um conjunto
de resumos organizados em torno de uma determinada área do conhecimento [...]
pode nos contar uma História de sua produção acadêmica. Mas, é necessário pensar
que nesta História foram considerados alguns aspectos dessa produção e que nela há
certas limitações. (Grifo no original).
Considerando as limitações desse “estado da arte”, limitamos igualmente nossa
capacidade de análise crítica do referencial teórico-metodológico das obras localizadas.
Considerações Finais
O presente mapeamento evidencia que, apesar do extenso trabalho de busca,
ampliando e variando ao máximo possível as fontes de busca, são reduzidas as produções
acadêmicas sobre o ensino secundário na Era Vargas em Mato Grosso Uno. Esperamos que
este balanço estimule novas pesquisas sobre a temática e que futuramente se possa afirmar ter
alcançado uma densidade de produções, em diferentes instituições de pesquisa, tanto em Mato
Grosso como em Mato Grosso do Sul. Ousamos questionar sobre o des(interesse) dos
programas de pós-graduação em educação em torno do ensino secundário, uma vez que outros
balanços permitem afirmar a superioridade do número de trabalhos em torno da educação
infantil/escolas primárias em detrimento da educação secundária.
Referências
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1930: alunos, professores, inspetores
UFMS X COLUBHE(2014)
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Fonte: Elaborado pelas autoras.88
III EHECO – Catalão‐GO, Agosto de 2015