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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Mapeamento de Sensibilidade Ambiental para Bacias Hidrográficas: o uso da Lógica e Inferência Difusa para a Elaboração e Síntese dos Critérios de Análise Sandra Greice Hess Espindola Itajaí, Junho, 2012.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Mapeamento de Sensibilidade Ambiental para

Bacias Hidrográficas: o uso da Lógica e

Inferência Difusa para a Elaboração e Síntese

dos Critérios de Análise

Sandra Greice Hess Espindola

Itajaí, Junho, 2012.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Mapeamento de Sensibilidade Ambiental para

Bacias Hidrográficas: o uso da Lógica e

Inferência Difusa para a Elaboração e Síntese

dos Critérios de Análise

Sandra Greice Hess Espindola

Dissertação apresentada à Universidade do

Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para

obtenção do grau de Mestre em Ciência e

Tecnologia Ambiental.

Orientador: Rafael Medeiros Sperb

Itajaí, Junho, 2012

Dedico esta conquista para aqueles a

quem também dedico minha vida. Aos

meus amores, João Carlos e Lara.

AGRADECIMENTOS

Começo agradecendo aquele a quem dedico o título de “melhor professor do

mundo”, meu orientador e amigo Dr. Rafael Medeiros Sperb. Com ele aprendi tanto

que não tenho como descrever. Agradeço por ter compartilhado comigo seu incrível

talento, me ensinado a simplificar o difícil, minimizar as dificuldades e sorrir para as

adversidades, comportamentos que são capazes de modificar o resultado de

qualquer projeto, seja ele acadêmico ou pessoal. Obrigada professor Rafael!!!

Agradeço também aos professores Drs. Antônio Carlos Beaumord (Tú), João

Thadeu de Menezes e Jarbas Bonetti Filho pelas importantes considerações

realizadas na avaliação deste trabalho. Ao professor “Tú” agradeço também pelas

“injeções de ânimo”.

Aos amigos do G10 agradeço pela ótima convivência e por todo o auxílio. Agradeço

a Rafaela por sua eficiência e amizade e, ao Alencar, pelo auxílio no

desenvolvimento do trabalho.

Finalmente agradeço a minha família por serem tão especiais e tornarem minha vida

tão cheia de encanto. Agradeço ao João Carlos por ter caminhado junto comigo

nesta etapa, sempre procurando ser paciente e ajudando no que fosse preciso.

Obrigada Deus!!!

ii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. I

SUMÁRIO ................................................................................................................... II

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. IV

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... VII

RESUMO ................................................................................................................. VIII

ABSTRACT ............................................................................................................... IX

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

OBJETIVOS ............................................................................................................... 3

OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 3

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 4

CONCEITOS E DEFINIÇÕES .......................................................................................... 4

Bacia Hidrográfica ............................................................................................... 4

Mapeamento de sensibilidade ambiental ............................................................ 5

LÓGICA DIFUSA .......................................................................................................... 8

Conjuntos difusos ................................................................................................ 8

Variáveis linguísticas ......................................................................................... 11

Controle Difuso .................................................................................................. 12

MAPEAMENTO DIFUSO .............................................................................................. 15

Aplicação de lógica difusa em análise geoespacial ........................................... 17

Mapa de percepção ambiental .......................................................................... 23

MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 26

SIMULADOR............................................................................................................. 26

Características do Simulador ............................................................................ 28

iii

ESTUDO DE CASO.................................................................................................... 32

Área de Estudo .................................................................................................. 34

Enfoque Difuso .................................................................................................. 35

Inferência Difusa ............................................................................................... 45

Enfoque Tradicional .......................................................................................... 48

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 49

AVALIAÇÃO VISUAL DOS RESULTADOS ........................................................................ 49

ANÁLISE COMPARATIVA ............................................................................................ 54

CONCLUSÕES ........................................................................................................ 61

RECOMENDAÇÕES ................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 64

APÊNDICE ............................................................................................................... 72

ANEXO ..................................................................................................................... 77

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação da densidade populacional através da (a) lógica clássica,

suas (b) interfaces de incerteza e (c) Lógica Difusa. Fonte: Sperb (2002). ................ 9

Figura 2 - Formatos mais comuns para a representação de conjuntos difusos. Fonte:

Sperb (2002). ............................................................................................................ 12

Figura 3 - Representação esquemática de um sistema de controle difuso. ............. 13

Figura 4 - Processo de inferência difusa. Fonte: Carvalho, 2001. ............................ 14

Figura 5 - Defuzzificação através do método do centróide. Fonte: Carvalho, 2001. 15

Figura 6 - Exemplo real de transição entre distintas Zona Tipo. ............................... 16

Figura 7 - Exemplo representação de transição entre distintas Zona Tipo (praia e

restinga) por meio de conjuntos difusos. .................................................................. 17

Figura 8. Mapa convencional de solos e mapa digital de solos gerado sob influência

difusa da região de Mucugê, BA (Fonte: Nolasco-Carvalho et al., 2009). ................ 18

Figura 9 - Metodologia utilizada na conversão dos dados de solo em conjuntos

difusos, utilizando função de pertinência linear (Fonte: Barreto-Neto & Souza Filho,

2008). ....................................................................................................................... 19

Figura 10 - Metodologia de Reshmidevi et al. (2009). Fonte: Reshmidevi et al.

(2009), tradução livre. ............................................................................................... 22

Figura 11 - Exemplo de aplicação de MBAD em uso e ocupação do solo. Fonte:

Sperb, 2002. ............................................................................................................. 25

Figura 12 - Interface do Simulador (Adaptado de Sperb, 2002). .............................. 27

Figura 13 – Exemplo de fuzzificação realizada célula a célula: (a) parâmetro de

entrada declividade; (b) matriz correspondente a uma pequena área; (c) conjuntos

difusos: Baixa, Média e Alta declividade; (d) pertinência da declividade 25% aos

conjuntos difusos. ..................................................................................................... 29

Figura 14 – Exemplo de Inferência Difusa. (a) Regras de Inferência; (b) Conjuntos

Difusos associados ao parâmetro de entrada; (c) Conjuntos Difusos de saída; (d)

Defuzzificação. ......................................................................................................... 30

v

Figura 15 - Sintaxe do script de configuração .......................................................... 31

Figura 16 - Fluxograma Metodológico ...................................................................... 33

Figura 17 - Localização do município de Rio dos Cedros, SC.................................. 34

Figura 18 - Critérios de análise da sensibilidade ambiental ..................................... 36

Figura 19 - Mapa de declividade .............................................................................. 37

Figura 20 - Representação booleana das classes de sensibilidade para o critério

declividade ................................................................................................................ 38

Figura 21 - Conjuntos difusos e respectivos termos lingüísticos associados à

Declividade ............................................................................................................... 38

Figura 22 - Conjuntos difusos para as APPs de 30 metros ...................................... 40

Figura 23 - Conjuntos difusos para as APPs de 50 metros ...................................... 40

Figura 24 - Classes de solo. ..................................................................................... 41

Figura 25 - Conjunto difuso associado a borda de transição das classes de solos .. 42

Figura 26 - Atrativos Turísticos ................................................................................. 43

Figura 27 - Distância dos Atrativos Turísticos .......................................................... 44

Figura 28 - Conjuntos difusos associados a influência do Atrativo Turístico à

sensibilidade das áreas ............................................................................................ 44

Figura 29 - Conjuntos difusos de saída .................................................................... 45

Figura 30 - Exemplo de cruzamento entre os critérios de análise ............................ 46

Figura 31 - Sintaxe das regras ................................................................................. 46

Figura 32 - Resultado exportado do Simulador no formato ASCII ............................ 47

Figura 33 - Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso ............................................... 47

Figura 34 - Mapa de sensibilidade ambiental tradicional .......................................... 48

Figura 35 - (A) Distância das nascentes; (B) Distância dos Atrativos Turísticos; (C)

Declividade; (D) Distância dos rios; (E) Tipo de solo (para este exemplo toda a

região possui solo de alta sensibilidade); (F) Mapa de Sensibilidade Ambiental

Difuso. ...................................................................................................................... 51

vi

Figura 36 - (A) Distância das nascentes; (B) Distância dos Atrativos Turísticos; (C)

Declividade; (D) Distância dos rios; (E) Tipo de solo (transição entre solos com

diferentes níveis de sensibilidade); (F) Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso. ... 52

Figura 37 - (A) Distância das nascentes; (B) Distância dos Atrativos Turísticos; (C)

Declividade; (D) Distância dos rios; (E) Tipo de solo (transição entre solos com

diferentes níveis de sensibilidade); (F) Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso. Os

pontos azuis representam as nascentes descritas na Tabela 5. .............................. 53

Figura 38 - Mapa de Sensibilidade Ambiental elaborado através da Lógica Clássica e

Difusa. ...................................................................................................................... 54

Figura 39 - Índice de Sensibilidade pelos métodos tradicional e difuso. .................. 55

Figura 40 – Demonstrativo dos critérios e síntese para os mapas de sensibilidade

ambiental e difuso .................................................................................................... 57

Figura 41 - MSAD em classes de sensibilidade ....................................................... 58

Figura 42 - Mapa de Sensibilidade Ambiental Tradicional e Difuso em classes de

sensibilidade ............................................................................................................. 59

Figura 43 - Visualização 3D do MSAD. .................................................................... 60

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Ferramentas disponíveis para aplicação da lógica difusa em análise

geoespacial .............................................................................................................. 23

Tabela 2 - Classes de declividade ............................................................................ 37

Tabela 3 - Tipos de solo presentes na área de estudo e respectivos valores de

sensibilidade ............................................................................................................. 41

Tabela 4 – Escala de sensibilidade segundo método tradicional ............................. 48

Tabela 5 - Comparação de resultado entre duas áreas de nascente. ...................... 53

Tabela 6 - Percentual da área nas classes de sensibilidade para os mapas de

sensibilidade tradicional (MSAT) e difuso (MSAD). .................................................. 59

viii

RESUMO

Este estudo visou levantar e avaliar as metodologias e tecnologias disponíveis para

a elaboração de mapeamentos temáticos com base em Lógica Difusa, bem como

avaliar a viabilidade de uso da Inferência Difusa na geração de índices de

sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas. A lógica difusa permite a

aplicação do conceito de transição gradual entre distintos conjuntos ou, no caso de

análise geoespacial, feições geográficas. Neste último caso, a caracterização da

transição gradual entre feições possibilita análises e mapeamentos mais fidedignos

ao que se encontra no meio ambiente, principalmente quando comparados às

análises clássicas baseadas na transição abruta (Lógica Clássica) das feições.

Complementarmente, a Lógica e a Inferência Difusa fazem uso de termos

linguísticos, permitindo a codificação de regras de tratamento da informação de

forma simples e textual, como por exemplo: se a declividade é alta e a área é de

preservação permanente, então, a área é muito sensível. Para testar a Inferência

Difusa na geração de mapas temáticos de sensibilidade ambiental, utilizou-se um

estudo de caso no município de Rio dos Cedros – SC. Área previamente mapeada

segundo a Lógica Clássica. Os testes foram realizados com o emprego do software

ArcGIS 9.3® e do Simulador para Agentes Inteligentes Difusos*. No SIG os critérios

para geração dos índices de sensibilidade ambiental foram preparados para o

simulador, sendo eles: áreas de APP de rio e nascentes, declividade, tipos de solo e

atrativos turísticos. Estes mapas foram inseridos no simulador para a “fuzzificação”

dos critérios segundo conjuntos difusos próprios, a formulação das regras e a

inferência propriamente dita. Os resultados, após análise em SIG, demonstram que

a inferência difusa apresenta valores de índices de sensibilidade ambiental mais

realistas que a geração de índices baseados em lógica clássica, atestando

positivamente sobre a viabilidade de seu emprego na síntese de cartas temáticas.

Característica derivada da agregação de áreas de transição entre feições e do

emprego de termos linguísticos na formulação dos conjuntos e regras difusas.

Palavras-chaves: Mapeamento temático, Mapeamento de risco, Gestão Ambiental.

* Software desenvolvido pelo laboratório de computação Aplicada da Univali.

ix

ABSTRACT

This study sought to assess and evaluate the methodologies and technologies

available for producing thematic maps based on Fuzzy Logic, and to evaluate the

viability of using Fuzzy Inference System in the generation of environmental

sensitivity indices for watersheds. Fuzzy logic enables the application of the concept

of gradual transition between different sets or, in the case of geospatial analysis,

between geographical features. In the latter case, the characterization of gradual

transition between features enables analyses and mappings that are more faithful to

what is actually found in the environment, especially when compared to classical

analyses based on abrupt transition (Classical Logic) between features. In addition,

Logic and Fuzzy Inference make use of linguistic terms, enabling the encoding rules

for processing information in a simple and textual way, as presented in the following

example: if the slope is high and the area is a permanent preservation area, then the

area is very sensitive. To test the Fuzzy Inference System in the generation of

thematic mapping of environmental sensitivity, a study case was developed in the

municipality of Rio dos Cedros – SC. This area was first mapped according to

Classical Logic. The tests were performed with ArcGIS 9.3® and the Fuzzy Intelligent

Agents Simulator *. In GIS, the criteria for generating environmental sensitivity

indexes were pre-processed for the Simulator, namely: APP areas in rivers and

spring waters, slopes, soil types, and tourist attractions. These maps were fed into in

the Simulator for "fuzzification" of the criteria, by fuzzy sets themselves, the

formulation of rules and the actual inference. The results, following GIS analysis,

demonstrate that fuzzy inference provides index values of environmental sensitivity

that are richer than those generated based on classical logic, proving is feasibility for

use in the synthesis of thematic maps. This characteristic is derived from the

aggregation of transition areas between features, and use of linguistic terms in the

formulation of sets and fuzzy rules.

Keywords: Thematic Mapping, Risk Mapping, Environmental Management.

* Software developed by the Laboratory of Applied Computing, Univali.

1

INTRODUÇÃO

O uso inadequado do espaço é um dos principais motivos dos desastres naturais

que ocorreram nos últimos anos. Não somente a ocupação humana em áreas

inseguras é a causa de tais desastres, mas também áreas que são desestabilizadas

por seu uso inadequado ou pelo uso inadequado de regiões adjacentes.

Um dos instrumentos de gestão da Política nacional de Recursos hídricos (Brasil,

1997) determina a bacia hidrográfica como unidade de planejamento para

implantação de projetos governamentais. Isto significa um avanço na gestão do

espaço, já que o planejamento passa a ser estudado para uma área com limite

geográfico e não político. Em uma bacia hidrográfica, os processos ambientais são

interligados, consequentemente, o fato de uma pequena área ser considerada pouco

sensível, não significa que continuará sendo se as áreas pouco sensíveis a qual é

interligada vierem a ser desestabilizadas. Para que áreas sensíveis ou

potencialmente sensíveis deixem de ser ocupadas, é necessário um planejamento e

uma gestão territorial baseadas no conhecimento e no diagnóstico da área que se

pretende utilizar.

Para se obter uma leitura integrada dos diversos aspectos que caracterizam uma

região, conta-se com os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), que permitem

realizar a sistematização de dados e distintas análises geoespaciais, como a de

sensibilidade de um ambiente. No entanto, os métodos amplamente difundidos para

elaboração de mapas temáticos e análises geoespaciais, empregam a

representação de categorias associadas ao tema de uso em áreas claramente

delineadas. Ou seja, com limites definidos dentro da lógica clássica (booleana): os

elementos, fenômenos ou processos pertencem ou não pertencem a uma

determinada área. Nesta abordagem o espaço geográfico é tratado como um

mosaico de descontinuidade que, raramente, representa com fidedignidade o

ambiente natural, impossibilitando um melhor entendimento das interações ocorridas

no meio ambiente. Em 1986, Burrough já defendia a ideia de que os fenômenos

ambientais são pobremente capturados e manipulados pelos métodos de SIG

usando simplesmente a lógica clássica.

2

Assim, a aplicação de técnicas de como redes neurais (Vahidnia et al., 2010; Tien

Bui et al., 2011; Park et al., 2012) e inferência difusa vem recebendo crescente

atenção pelo meio acadêmico como novas técnicas de análise geoespacial.

De maneira simples, pode-se destacar que o principal avanço que a lógica difusa

trouxe para a análise geoespacial, diz respeito ao tratamento das áreas de incerteza.

A impossibilidade de se mapear adequadamente a transição entre um ambiente de

duna e restinga simplesmente com uma linha, é um exemplo de problema no qual a

abordagem difusa é imprescindível. Este tipo de questão é tratado dentro da lógica

difusa pelas funções de pertinência. Em um conjunto difuso, a pertinência ou não de

um determinado elemento é representada por uma transição gradual, que varia de 0

a 1, tal característica permite que o espaço geográfico seja representado de maneira

contínua, permitindo, por exemplo, que a transição entre a duna e a restinga seja

incluída no mapeamento.

Não somente as funções de pertinência, mas também a utilização de termos

linguísticos e regras de inferência, que aproximam o cálculo computacional ao

raciocínio humano, trazem a perspectiva de que a abordagem difusa representa o

caminho para uma modelagem mais coerente com o ambiente natural.

Em face a esta breve contextualização, propõem-se as seguintes perguntas de

pesquisa:

− Como são geradas as cartas temáticas difusas e quais os instrumentos disponíveis para gerá-las?

− Dentre os critérios que compõe o índice de sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas, quais apresentam um caráter difuso?

− É possível empregar o mapeamento temático e a inferência difusa no mapeamento de sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas?

3

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar o emprego de Lógica e Inferência Difusa para geração de índices de

sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas.

Objetivos Específicos

− Levantar as ferramentas disponíveis para realizar inferência geoespacial

difusa;

− Avaliar a potencialidade da inferência difusa na elaboração de cartas síntese;

− Identificar os critérios de mapeamento de sensibilidade ambiental para bacias

hidrográficas com potencial representação difusa (cartas temáticas difusas); e

− Avaliar o emprego do mapeamento temático e da inferência difusa no

mapeamento de sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas.

4

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Conceitos e definições

Bacia Hidrográfica

A bacia hidrográfica pode ser definida como uma área de captação natural da água

precipitada, delimitada pela topografia, composta por superfícies vertentes e uma

rede de drenagem formada por cursos de água que resulta em uma única saída, o

exutório (Polette et al., 2000; Silveira, 2001). Possui características ecológicas,

geomorfológicas e sociais integradoras, que possibilitam uma abordagem holística e

participativa, envolvendo estudos interdisciplinares para o estabelecimento de

práticas com vistas ao bom desenvolvimento. Fato relatado por Attanasio (2004) ao

considerar as bacias hidrográficas de pequeno porte como sendo a unidade ideal de

planejamento para compatibilizar a preservação dos recursos naturais com as

atividades dos usuários da bacia.

O manejo adequado das bacias hidrográficas é fundamental para garantir a

disponibilidade das águas, bem como a qualidade do solo. Contudo, a ocupação das

bacias ocorreu, e vem ocorrendo, com pouco ou nenhum planejamento, visando o

máximo benefício da população em detrimento da garantia da manutenção de sua

qualidade. Mais recentemente, o crescimento demográfico e a expansão fundiária

com o consequente aumento dos usos da água, num eminente cenário de escassez,

levaram a população a preocupar-se com a preservação da natureza e com o

manejo dos recursos hídricos (Tucci, 2001). Um estudo realizado pela World

Meteorological Organization mostrou que o consumo de água aumentou mais de

seis vezes entre 1900 e 1995 - mais do que o dobro da taxa de crescimento da

população, o que mostra que além do crescimento populacional, outros fatores,

como o aumento da qualidade de vida, contribuem para uma crescente demanda

hídrica (WMO, 1997 apud Freitas et al., 2001).

Tal situação, delineada pela questão do equilíbrio entre o desenvolvimento

socioeconômico e a preservação ambiental passa a ser, então, um desafio para a

humanidade que constata que as intervenções ambientais devem ser tratadas de

forma holística, de modo que todos os elementos e suas interações no meio estejam

5

contemplados (Bragagnolo & Pan, 2000). Para bacias hidrográficas, essas relações

são facilmente identificadas, pois existe uma interdependência entre áreas vizinhas,

principalmente devido ao fluxo de água e aos materiais que são carreados (Tricart,

1977).

A gestão de bacias hidrográficas é fundamental para garantir que o recurso hídrico,

em termos de disponibilidade, possa atender a múltiplos usos como: a função

ecossistêmica, o abastecimento urbano, a dessedentação de animais, o uso

agrícola, o potencial hidrelétrico, dentre outros. Assim, é fundamental que a gestão

seja realizada sistematicamente a fim de que a demanda pelo recurso não supere a

oferta do mesmo. De acordo com Lanna (2000) o gerenciamento de recursos

hídricos pode ser traduzido como um instrumento orientador para as ações do poder

público e da sociedade no controle do uso dos recursos naturais, econômicos e

socioculturais.

Foi essa necessidade de gerenciamento dos recursos hídricos que despontou para a

tendência de se adotar a bacia hidrográfica como a unidade ideal de planejamento e

intervenção, devido ao papel integrador exercido pelas águas (Lanna, 2000),

anteriormente citado. Em termos de legislação federal, essa tendência foi

apresentada nas recomendações feitas pela Associação Brasileira de Recursos

Hídricos (ABRH) na Carta de Foz de Iguaçú (1989), em que, entre outras questões,

pronunciava a bacia hidrográfica como unidade de gestão. Tal recomendação foi

acolhida mais tarde no texto da lei 9.433 de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a

Política e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e adotou

como um de seus fundamentos que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para

implementação de tal política (Muñoz, 2000). Desta forma, a lei rompeu com os

tradicionais limites físico-político dos estados, integrando os poderes municipais,

estaduais e federal (Assis, 1998 apud Guivant, 2003), sendo ainda a primeira lei no

país com uma abordagem participativa, em que a gestão descentralizada permite a

participação dos usuários e das comunidades.

Mapeamento de sensibilidade ambiental

O mapa de sensibilidade ambiental é uma ferramenta que permite uma visão

integrada das condições ambientais de uma região. Em outras palavras é a

representação de várias camadas temáticas em uma única (BGS, 2008). Uma das

6

principais características dos mapas de sensibilidade ambiental é sua capacidade de

relacionar a sensibilidade de uma área em relação a um tipo de estresse (Buckley,

1982). De fato, existem diversas aplicações para os mapas de sensibilidade

ambiental (BGS, 2008). Encontram-se difundidos avaliando a sensibilidade de uma

área quanto ao derrame de óleo, em questões relativas ao ordenamento territorial, a

exploração mineral, dentre outras formas de desenvolvimento.

Avaliando o contexto histórico verifica-se que uma das bases metodológicas do

mapeamento de sensibilidade ambiental está no conceito da ecodinâmica. Este

conceito foi trazido em 1977 por Jean Tricart, e é baseado no instrumento lógico de

sistema, enfocando as relações mútuas entre os diversos componentes da dinâmica

e os fluxos de energia/matéria no meio ambiente. Com uma metodologia apoiada no

balanço morfogênese/pedogênese, distingue os meios morfodinâmicos como

estáveis, intermediários ou fortemente instáveis (Tricart, 1977). Esta metodologia

passou a ser uma linha metodológica básica no que tange aos aspectos de

sensibilidade ambiental, sendo muito utilizada como ferramenta no processo de

zoneamento de bacias hidrográficas (Crepani et al., 1996; Ross, 1996; Becker &

Egler, 1997).

Fernandes (2008) realizou um estudo de avaliação ambiental integrada na bacia

hidrográfica do rio Benedito (SC), proposto para auxiliar no processo de

licenciamento das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). O autor realizou uma

avaliação integrada para identificar as áreas que seriam menos impactadas no caso

da construção de uma PCH. Este exemplo ilustra a consideração de critérios não

apenas morfodinâmicos nos mapeamentos de sensibilidade. Unidades de

conservação, corredores ecológicos, reservas indígenas, áreas de interesse turístico

e paisagístico, parâmetros de qualidade da água, dentro outros, acrescentam

atributos ambientais e socioeconômicos na determinação da sensibilidade ambiental.

Neste caso, contudo, existe uma orientação clara ao empreendimento a ser

estabelecido.

Na mesma linha encontram-se os trabalhos de Hodge & Gilson (2002) e Sugumaran

et al. (2004). No entanto, diferentemente dos trabalhos associados a implantação de

PCH’s, estes autores tratam a sensibilidade ambiental de forma generalizada, o que

permite o emprego da metodologia em diferentes situações. Ou ainda, como uma

referência ao planejamento sem restrição a um escopo ou ramo de atividade

7

específica. Tal enfoque torna o mapeamento de sensibilidade ambiental uma

ferramenta de gestão de bacias hidrográficas, possibilitando que sejam definidas as

aptidões de cada área com base em critérios mais compreensivos.

Espindola (2009) levantou as metodologias existentes para a elaboração do mapa

se sensibilidade ambiental, com destaque à aplicação em bacias hidrográficas - ou

seja, baseou-se no levantamento dos critérios utilizados/aplicáveis às bacias

hidrográficas de pequeno porte, e na adaptação de tais critérios por meio de um

estudo de caso para o município de Rio dos Cedros, SC. Sua pesquisa demonstrou

que este assunto possui limitado referencial teórico no que se refere a aplicações em

bacias hidrográficas, estando o volume de trabalhos disponíveis grandemente

associados a critérios apenas morfodinâmicos para determinação dos índices. A

partir do levantamento das metodologias que abordaram o tema, foi elaborado um

elenco de critérios com potencial aplicabilidade para o Estado de Santa Catarina.

Sobre esse elenco, foi realizada a seleção dos critérios para o desenvolvimento do

estudo de caso, baseando-se principalmente na disponibilidade de dados. O estudo

de caso revelou que, quando se trabalha com critérios múltiplos, qualquer estudo de

sensibilidade ambiental pode ser adaptado, permitindo inclusive o enfoque orientado

às características, percepções e necessidades da sociedade local. A autora destaca

que, se por um lado existem referências que permitem a inclusão de novos critérios

na elaboração do mapa de sensibilidade ambiental para Bacias Hidrográficas, por

outro, a disponibilidade de dados é um fator limitante. Isto tanto em relação à

disponibilidade propriamente dita, quanto à escala apropriada ao estudo. Tal

evidência pôde ser obtida através do estudo de caso, o qual considerou-se como um

reflexo da realidade catarinense, e por extensão brasileira.

Com outro foco de atuação, mas com uma metodologia bastante difundida na área

de mapeamento de sensibilidade ambiental, estão os mapas de sensibilidade litoral

ao derramamento de óleo. No Brasil, este índice é conhecido como Índice de

Sensibilidade do Litoral (ISL), instrumento pelo qual é empregado como fonte de

informação na confecção das Cartas de Sensibilidade Ambiental ao derramamento

de óleo - Cartas SAO (MMA/SQA, 2004). Ademais, estas cartas são recursos iniciais

de informação ao planejamento de contingência e para a implementação de ações

de resposta em caso de acidentes com óleo, admitindo assim a localização dos

ambientes com necessidade de proteção, como também as áreas já manifestadas

8

pelo derrame, garantindo desta forma o deslocamento adequado das possíveis

soluções e a movimentação correta dos grupos de limpeza e contenção.

Lógica difusa

A lógica difusa ou lógica fuzzy, no termo em inglês, trabalha com a concepção das

incertezas associadas aos fenômenos. Por muito tempo o mundo científico evitou

este tipo de abordagem, considerando que todas as manifestações incertas

(imprecisas, vagas, inconsistentes, etc.) não se tratavam de algo científico. A partir

de meados da década de 60, com a introdução da teoria dos conjuntos difusos por

Zadeh (1965), este paradigma começou a ser alterado. Atualmente a incerteza é

considerada essencial e de grande utilidade científica, podendo-se dizer que quanto

maior a complexidade do problema, maior a superioridade dos métodos difusos (Klir

& Yuan, 1995).

A lógica difusa é uma generalização da lógica clássica (Booleana) diferenciando-se

por englobar o conceito de verdade parcial – valores de verdade entre

“completamente verdade” e “completamente falso”, pensada por Lotfi Zadeh (1965)

como um meio de modelar a incerteza e a imprecisão da linguagem natural. Assim, a

lógica difusa é resultado da dificuldade de representação de muitas características

do mundo real de acordo com a lógica clássica. Nela, uma afirmação não tem de ser

verdadeira ou falsa. No entanto, é importante notar que um sistema baseado na

lógica difusa pode representar completamente um sistema clássico, quer dizer, os

valores verdadeiro e falso também podem ser assumidos. Por exemplo, apesar da

afirmação “um indivíduo é masculino” poder ser facilmente inferida como verdadeira

ou falsa, a inferência da afirmação “um indivíduo é magro” já não é tão óbvia. E são

essas situações práticas, reais, que demonstram a grande utilidade da lógica difusa,

já que a tentativa de forçar uma lógica rígida em situações que não o são, tende a

criar vários problemas de representação e análise (Carvalho, 2001).

Conjuntos difusos

Na teoria clássica dos conjuntos, um conjunto é formado por elementos que dividem

propriedades comuns. Em outras palavras, se é um conjunto e é um elemento,

então pertence a ( ), se e somente se satisfazer todos os requisitos de

9

pertinência de , do contrário . A função que define um conjunto rígido atribui

sempre o valor “1” ou o valor “0” a cada elemento do universo de discurso. Assim, ou

o elemento pertence ou não pertence a esse conjunto (Barreto-Neto & Souza Filho,

2008).

Na teoria dos conjuntos difusos é proposta a utilização de graus de pertinência no

intervalo [0, 1], possibilitando a representação de uma transição gradual entre os

conjuntos. Com esta nova abordagem, um elemento pode pertencer, não pertencer

ou pertencer até certo grau a determinado conjunto, passando esse elemento a

fazer mais (valores próximos de 1) ou menos (valores próximos de 0) parte desse

conjunto (Carvalho, 2001).

A teoria dos conjuntos difusos pode ser mais bem compreendida com o exemplo da

Figura 1, onde em (a) a densidade populacional é representada por três conjuntos

clássicos, sejam eles esparsamente povoados, mediamente povoados e altamente

povoados, definidos pelas seguintes expressões matemáticas (Sperb, 2002):

{ }20 ≤≤= xxEp ,

{ }502 ≤<= xxMp ,

{ }15050 ≤<= xxAp ,

Em que:

Ep = Esparsamente Povoado

Mp = Medianamente Povoado

Ap = Altamente Povoado

1

0 2 50 150

Per

tinên

cia

Esp

ars

amen

te P

ovoa

do

Densidade (Habitantes/km )2

Med

iam

ente

Pov

oado

Alta

men

te P

ovoa

do

1

0 2 50 150

Interface de Incerteza

1

0 2 50 150

Lógica Difusa

Gra

us d

e P

ertin

ênci

a

Esp

ars

amen

te P

ovoa

do

Med

iam

ente

Pov

oado

Alta

men

te P

ovoa

do

Esp

ars

amen

te P

ovoa

do

Med

iam

ente

Pov

oado

Alta

men

te P

ovoa

do

(a) (b) (c)Lógica Clássica

Figura 1 - Representação da densidade populacional através da (a) lógica clássica, suas (b)

interfaces de incerteza e (c) Lógica Difusa. Fonte: Sperb (2002).

10

Em (b) encontra-se marcada a interface de incerteza, a qual é gerada por questões

do tipo: por que o valor 1,99 de densidade populacional é classificado como

esparsamente povoado, enquanto 2,01 é classificado como mediamente povoado?

A classificação segundo limites rígidos é responsável, em parte, pela incerteza

associada à própria classificação, e ao contexto linguístico ao qual ela se refere.

Para o exemplo apresentado, a percepção humana indica que 1,99 e 2,01 são

valores bastante próximos para pertencerem a conjuntos distintos. Considerando

que o ser humano possui intuitivamente a percepção de transição gradual entre

conjuntos, torna-se fácil compreender e aplicá-los em situações reais. Na teoria dos

conjuntos difusos, esses valores têm diferentes graus de pertinência (µ) em relação

aos dois conjuntos que possuem interface entre si (c) e que podem ser

representados pelas das seguintes funções de pertinência:

]1,0[: →Xµ

>

≤<−

=

150

15114/)15(

11

xpara

xparax

xpara

Epµ

>

≤<−

<<−

≤≤

=

690

694019/)68(

20119/)1(

40201

xpara

xparax

xparax

xpara

Mpµ

<

≤<−

=

400

694029/)40(

691

xpara

xparax

xpara

Apµ

Em que:

µ = Grau de pertinência para conjunto X

µEp = Grau de pertinência para Ep

µMp = Grau de pertinência para conjunto Mp

µAp = Grau de pertinência para conjunto Ap

11

Este exemplo ilustra que os intervalos dos conjuntos difusos não são tão específicos

quanto os intervalos dos conjuntos ordinários, mas que esta falta especificidade gera

resultados mais realistas. Ou seja, os resultados são menos específicos, mas em

contrapartida são muito mais próximos do real (Klir & Yuan, 1995).

Variáveis linguísticas

O ser humano tem uma incrível capacidade de simplificar a realidade de acordo com

suas necessidades e contexto. Tal característica é oriunda de um processo

denominado raciocínio aproximado (Sperb, 2002). É este tipo de raciocínio que o

permite manipular, representar e gerenciar dados vagos e cheios de incerteza, como

os termos utilizados na linguagem natural (ex. “alto”, “bom”, “denso”, “pobre”), de

forma muito eficiente (Barreto-Neto & Souza Filho, 2008). Sabendo que os conjuntos

difusos fornecem uma maneira de manipular informações vagas e imprecisas, fica

perceptível sua possibilidade de associação às variáveis linguísticas. Desta forma,

uma variável linguística é uma variável difusa ao se considerar a faixa dos possíveis

valores que pode assumir em determinado contexto (Araujo, 2009).

Tal associação pode ser facilmente aplicada à noção de graus de pertinência dos

conjuntos difusos. Estando esses conjuntos representando termos linguísticos, pode-

se, então, transferir a noção de graus de pertinência para graus de verdade em

relação ao significado do termo. Ou seja, uma variável como “baixa temperatura”

pode apresentar diferentes graus de verdade para diferentes indivíduos ou para

diferentes regiões. No entanto, tal variação ocorre dentro de certos limites, que

podem ser identificados e acomodados num único conjunto. O fato é que mesmo

assim, o termo “baixa temperatura”, por exemplo, representa um valor aceito por

todos (Sperb, 2002).

A acomodação de valores dentro de cada conjunto é descrita por intermédio de

conjuntos difusos, que podem assumir diferentes formas (Figura 2). Dependendo do

contexto da aplicação, uma ou outra forma é vista como mais apropriada. No

entanto, a maioria das aplicações não é muito sensível a esta variação de forma,

sendo as formas mais simples, triangular e trapezoidal, as mais aplicadas (Klir &

Yuan, 1995). Carvalho (2001) ressalta que a utilização de conjuntos difusos

triangulares permite um grande equilíbrio na elaboração de regras, uma maior

velocidade de computação e principalmente uma conversão numérico-linguística

12

sem erro de construção, questão a ser mais bem entendida no próximo item que

trata sobre inferência difusa.

1

0

Triangular Trapezoidal Sino Senoidal

Figura 2 - Formatos mais comuns para a representação de conjuntos difusos. Fonte: Sperb

(2002).

Dado que independentemente da forma de representação da função de pertinência,

costuma-se associar um termo linguístico qualitativo a um conjunto difuso (por

exemplo, Quente, Rápido, etc.), é comum utilizar a expressão “termo linguístico”

para referir um conjunto difuso. Chama-se ainda “variável difusa” a variável que esta

sendo definida por termos linguísticos. Por exemplo, na afirmação “A temperatura

esta quente”, temperatura será uma variável difusa, e quente um termo linguístico

definido por uma determinada função de pertinência (Carvalho, 2001).

O potencial da aplicação de conjuntos difusos para a representação matemática de

variáveis linguísticas consiste numa das propriedades mais importantes da teoria

dos conjuntos difusos, possibilitando o desenvolvimento de modelos humanamente

compreensíveis (Sperb, 2002). Esta característica possibilita aproximar a decisão

computacional da decisão humana, isto é, fazer com que uma máquina apresente

soluções “abstratas”, do tipo “mais ou menos”, “talvez sim”, dentre muitas outras

possibilidades. Assim é possível que um modelo traga solução para aquelas

questões em que uma resposta “sim” ou “não” pode ser insuficiente, ou, até mesmo

incorreta (Nakajima et al., 2003).

Controle Difuso

Um sistema de controle consiste em um mecanismo de percepção do estado de um

objeto qualquer sob controle, seguido do processamento dessa informação segundo

regras previamente estabelecidas (Turchin et al., 1996). Em um sistema de controle

13

difuso (Figura 3) essa modelagem do conhecimento é realizada com base em regras

difusas.

Saída

Entrada

Deffuzzificação

Fuzzificação

Máquina de Inferência difusa

Barra de regras difusas

Figura 3 - Representação esquemática de um sistema de controle difuso.

Base de Regras

A base de regras expressa o conhecimento de operação do controle, conhecimento

comumente oriundo das convicções de um especialista, sob uma forma que pode

ser muito próxima da linguagem natural (Carvalho, 2001; Sperb, 2002). Ou seja, com

base no conhecimento, as regras são construídas com premissas associadas às

variáveis de entrada (antecedentes), e às conclusões de saída (consequentes). As

regras podem ser interpretadas sob duas formas distintas:

a) Se (condição difusa), então (ação rígida)

b) Se (condição difusa), então (ação difusa)

Na primeira forma, se a condição difusa tiver um grau de pertinência diferente de

zero, por menor que seja, a ação é executada. Na segunda forma, a ação será

executada, mas com um grau de ativação dependente da condição (Carvalho,

2001).

O processo de inferência pode ser composto de várias regras que serão

processadas paralelamente, porém com uma única resposta lógica como resultado

da soma das conclusões de cada regra. Cada regra pode, ainda, ser processada

com diferentes pesos, conferindo maior ou menor importância à mesma. Essas

características permitem a utilização de regras simples que, combinadas,

representam um padrão complexo de controle (Gulley & Jang, 1995; Carvalho, 2001;

Aimax, 2001 apud Sperb, 2002).

14

Inferência Difusa

A inferência de uma base de regras difusas consiste na aplicação do seguinte

processo a cada uma das regras:

Considerando que as regras estejam escritas na forma mais utilizada em sistemas

difusos, i.e., aquela em que todos os antecedentes e todos os consequentes são

difusos, determina-se primeiro o grau de pertinência do antecedente, e depois se

executam os consequentes de acordo com esse grau de pertinência.

Por exemplo:

Se (Declividade é Baixa), então (Sensibilidade Baixa)

Se a declividade tiver um grau de pertinência de 0,75 no conjunto difuso “Baixa”,

então o valor de saída deverá ser o que é obtido com um grau de pertinência 0,75

no conjunto “Sensibilidade Baixa”. Quando existem vários antecedentes,

combinados através de operadores difusos (“e”/ “ou”), então o valor transferido para

o conjunto de saída é o grau de pertinência obtido pela aplicação do operador entre

os antecedentes. A Figura 4 exemplifica o processo de inferência difusa, através de

uma regra constituída por dois antecedentes combinados através do operador “e”.

No exemplo o conjunto de saída é obtido pela aplicação do método maxmin.

Figura 4 - Processo de inferência difusa. Fonte: Carvalho, 2001.

Existem diversos métodos para transformar o conjunto difuso de saída em um valor

não difuso, em outras palavras, realizar a conversão linguístico-numérica

(defuzzificação). O método mais comum é o do centróide, que consiste em

determinar o centro de massa do conjunto difuso de saída, obtendo-se o valor não

difuso de saída a partir da projeção desse ponto sobre o eixo suporte (Sperb, 2002).

15

Figura 5 - Defuzzificação através do método do centróide. Fonte: Carvalho, 2001.

Mapeamento difuso

Tradicionalmente, a representação de elementos da paisagem tais como solos,

geologia, vegetação e uso da terra, são delimitados cartograficamente, em mapas

bidimensionais, por polígonos. Ou seja, esses elementos são representados como

objetos exatos ou geo-objetos. Essa forma de representação, de transição abrupta

entre geo-objetos, deve ser considerada como uma aproximação e uma

simplificação de um padrão de variação bem mais complexo, uma vez que os

elementos da paisagem não possuem limites precisos e abruptos. Tal negligência

(ou talvez incapacidade) em relação à realidade, impossibilita um melhor

entendimento das interações ocorridas no meio ambiente (Burrough, 1996 apud

Barreto-Neto & Souza Filho, 2008).

As limitações descritas acima são decorrentes da incapacidade da Lógica Clássica,

abordagem utilizada tradicionalmente, em trabalhar com a variabilidade do espaço.

Consequentemente, o espaço geográfico é tratado como um mosaico de

descontinuidade que, raramente, representa os objetos geográficos, e por extensão

os fenômenos e processos naturais. A representação clássica é sim suficiente para

boa parte dos casos de elaboração de novas informações, no entanto, há situações

em que se faz necessário o uso de valores intermediários (Bolfe et al., 2001).

No mapeamento difuso, a pertinência ou não de um determinado elemento é

representada por uma transição gradual, denominada função de pertinência “fuzzy”,

que varia de 0 a 1. Tal característica permite que o espaço geográfico seja

representado de maneira contínua.

16

Um exemplo real de transição contínua no espaço é fornecido por uma praia (Figura

6), que apresenta uma transição gradual entre distintas zonas tipo1. Partindo-se da

sua zona central onde o ambiente possui todas as características que o definem

como tal, tem-se a alteração destas em direção a periferia. Considerando ainda a

existência de uma outra zona tipo de área de restinga, limítrofe a zona de praia, o

mesmo fenômeno ocorrerá a partir de sua zona central, sendo as características

perdidas de acordo com a sobreposição de suas áreas limítrofes.

Restinga

Praia

Área de transição

Figura 6 - Exemplo real de transição entre distintas Zona Tipo.

Esta área de sobreposição, que não é uma área tipo de nenhuma das duas zonas

(duna e restinga), caracteriza-se pela mistura de características entre as duas

(Figura 7). Esta transição, em termos cartográficos, representa uma área de

incerteza, pois as características entre as duas zonas tipo encontram-se nela

presente, variando de acordo com a proximidade de uma ou de outra zona tipo. Esta

transição em termos linguísticos poderá ser abrupta, quando ela corresponder a uma

transição booleana, ou assumir valores tais quais “muito abrupta’, “gradual” e

“suave”, por exemplo.

1 Zonas em que as características da categoria atingem a máxima pertinência.

17

Praia

Figura 7 - Exemplo representação de transição entre distintas Zona Tipo (praia e restinga) por

meio de conjuntos difusos.

Trabalhos sobre mapeamentos temáticos recentes trataram dos problemas oriundos

da desconsideração de áreas de transição entre distintas categorias empregando a

Lógica Difusa proposta por Zadeh em 1965. Com significativos resultados, seu uso

vem despontando como uma solução para o tratamento das incertezas associadas

aos distintos critérios booleanos de mapeamento temático. Tal abordagem possibilita

uma maior compreensão dos elementos e processos naturais, permitindo que as

incertezas que podem contribuir para o sucesso de planejamentos e da própria

gestão sejam reduzidas.

Aplicação de lógica difusa em análise geoespacial

O uso da lógica difusa na análise geoespacial, e por consequência, no mapeamento

temático, vem crescendo desde os anos oitenta (Robinson & Strahler, 1984;

Burrough, 1986). Burrough (1986) apontou que os fenômenos ambientais são

pobremente capturados e manipulados pelos métodos de SIG usando simplesmente

a lógica booleana. Destaca que os dados do ambiente natural muitas vezes são

difusos, e que os cientistas por muitos anos já utilizavam termos imprecisos, tais

como “moderadamente bem drenado” ou “íngreme”, ainda que fossem forçados pela

lógica tradicional a definir estes termos dentro de intervalos rígidos.

No que concerne ao escopo de aplicação em mapeamento de sensibilidade

ambiental para bacias hidrográficas, são de interesse os trabalhos associados ao

emprego da Lógica Difusa em mapeamentos temáticos de uso do solo, classes de

solo, geologia, declividade, área de proteção ambiental, legislação, dentre outros de

menor interesse, e ainda os trabalhos que utilizam a inferência difusa para gerar

mapas síntese.

18

Dentre as áreas acima indicadas, o mapeamento de solos é o tema que tem se

destacado no desenvolvimento de metodologias baseadas na Lógica Difusa para

sua elaboração (Zhu et al., 1196; Lark & Bolam, 1997; MacBratney & Odeah, 1997).

Nolasco-Carvalho et al. (2009) apresentam um método que constitui na definição da

classe de solo a partir da atribuição da pertinência que cada classe de vegetação,

geologia, declividade e altitude possui para cada uma das classes de solo,

pertinência esta definida por um especialista em solos. A combinação dos diferentes

critérios, com seus distintos graus de pertinência, são empregados para definir o tipo

de solo. Neste caso, incluindo a expressão geoespacial de cada critério. Como

resultado, os autores verificaram que a modelagem por lógica difusa permitiu

apontar as incertezas e transições da cobertura pedológica da área de estudo,

gerando um mapa digital de solo que, quando comparado com o mapa convencional

da área, mostrou menor generalização (Figura 8).

Figura 8. Mapa convencional de solos e mapa digital de solos gerado sob influência difusa da

região de Mucugê, BA (Fonte: Nolasco-Carvalho et al., 2009).

19

O mesmo enfoque foi adotado por Borges & Silva (2009). Porém, neste estudo, a

pertinência dos critérios é feita a partir da análise de uma região vizinha à área de

estudo em que o tipo de solo é conhecido. Para tanto, foi gerada uma estatística

para cada classe de solos associada especificamente a um determinado critério,

sendo repetido o processo para todos os critérios envolvidos. Os autores justificam

que a utilização da lógica difusa se deve a possibilidade da criação de zonas de

transição, e concluem que a metodologia empregada foi de grande relevância, ao

permitir uma análise integrada dos critérios na realização da modelagem para

obtenção do mapa de solos.

Barreto-Neto & Souza Filho (2008) apresentam uma metodologia baseada na lógica

difusa para codificar as incertezas que existem nas bordas das classes de solo e uso

da terra, de mapas produzidos a partir da lógica booleana. O método computacional

desenvolvido consiste na transformação dos mapas booleanos em um conjunto de

números difusos. As bordas difusas são geradas pela atribuição de valores entre 0 e

1 aos dados de entrada, com base nas funções de pertinência (Figura 9). Para o

mapa de solos, a espessura da borda difusa é definida com base em dados de

campo ou, de forma mais simples, pela escala cartográfica do mapa analógico.

Figura 9 - Metodologia utilizada na conversão dos dados de solo em conjuntos difusos,

utilizando função de pertinência linear (Fonte: Barreto-Neto & Souza Filho, 2008).

Na análise dos resultados, os autores destacam que os dados observados em

campo apresentaram uma correlação muito mais forte com os mapas com bordas

20

difusas, gerados com a rotina computacional desenvolvida, do que com os mesmos

mapas na forma de bordas fixas (bordas booleanas). Assim concluem que a

incorporação da lógica difusa permite uma interpretação dos dados de forma mais

condizente com a realidade dos fenômenos ambientais, reduzindo a perda de

informações por sua capacidade de obtenção de graus de pertinência para cada

classe.

Uma linha importante que incorpora a lógica difusa em análise geoespacial, diz

respeito a elaboração de mapas de vulnerabilidade a deslizamentos. Os

deslizamentos de terra representam um dos desastres naturais que mais causam

danos à população. Assim, mapear as áreas de risco significa obter uma ferramenta

poderosa para uma gestão que vise reduzir tais danos. No entanto, devido a

natureza complexa dos deslizamentos, não é uma tarefa fácil produzir um mapa de

áreas vulneráveis que seja fidedigno.

De acordo com Pradham (2010), os deslizamentos de terra envolvem processos de

incerteza e muita imprecisão, não podendo ser descritos em termos quantitativos

exatos. Desde o início da década de 90 muitos modelos matemáticos foram

desenvolvidos e aplicados para o mapeamento de risco de deslizamento, entretanto,

dentre muitas abordagens, a lógica difusa é a que melhor descreve a importância de

cada critério e sua relação com os demais. Os modelos baseados em lógica difusa

são capazes de identificar os critérios que afetam diretamente os deslizamentos e

também de compreender as inter-relações que existem entre os critérios (Pradham,

2010).

Recentemente, diversos trabalhos na área de mapeamentos de risco a

deslizamentos tem incorporado a abordagem da lógica difusa (Champatiray et al.,

2007; Lee, 2007; Pradhan et al., 2009; :Gorsevski & Jankowski, 2010; Pradhan &

Pirastech, 2010; Pradhan, 2010; Ilanloo, 2011). Pradhan (2010) utilizou um sistema

de informação geográfica, baseado em lógica difusa para produzir mapas de áreas

suscetíveis a deslizamentos, em três áreas testes na Malásia. Primeiramente foi

realizado um inventário sobre ocorrências de deslizamentos anteriores nas áreas de

estudo, utilizando tanto pesquisas de campo, quanto estudos de aerofotos. Com um

total de 12 critérios, modelos de suscetibilidade a deslizamentos foram

desenvolvidos dentro da abordagem da lógica difusa. Utilizando relações difusas, o

cruzamento dos mapas dos critérios com os dados do inventário, permitiu a

21

verificação da pertinência que as classes de cada critério possuem para os

deslizamentos, possibilitando a criação dos mapas de suscetibilidade. O

desempenho do modelo foi avaliado com base nas verificações de campo dos locais

de deslizamentos, nas três áreas de estudo, e a validação dos resultados foi feita a

partir da técnica curva ROC (receiver-operating characteristics). Os resultados

indicaram que os locais onde ocorreram deslizamentos de terra encontram-se nas

zonas mapeadas como muito alta e alta suscetibilidade. Isto mostra que a

abordagem de relações por lógica difusa traz resultados satisfatórios, identificando

corretamente as áreas mais suscetíveis.

Ainda no contexto dos mapas síntese, Reshmidevi et al. (2009), desenvolveu um

modelo de sistema de inferência difuso baseado em regras, para uso integrado a um

sistema de informação geográfica (ERDAS IP 9.1), com o objetivo de avaliar a

aptidão agrícola do terreno na sub-bacia hidrográfica de Gandheshwari, em West

Bengal (India). No estudo foi considerado tanto o potencial da terra, quanto o

potencial da água superficial. Os autores destacam que quando um grande número

de atributos está envolvido em um processo de decisão, sua representação e

agregação, assim como a elaboração das regras, tornam-se um trabalho difícil.

Desta forma, propuseram a classificação dos atributos em diferentes grupos

estimando índices de aptidão intermediários. Para tanto, dois métodos de agregação

foram testados e comparados, o método de Yager e a agregação linear ponderada,

sendo que o método de Yager foi considerado mais apropriado. Após a classificação

dos atributos e geração dos índices intermediários, a base de regras é então

desenvolvida. A Figura 10 apresenta o esquema metodológico que é composto de

cinco etapas: fuzzificação dos atributos, geração do índice intermediário de aptidão

da terra, formação das regras, e defuzzificação para encontrar o índice de aptidão

crispy.

22

Figura 10 - Metodologia de Reshmidevi et al. (2009). Fonte: Reshmidevi et al. (2009), tradução

livre.

Os atributos de entrada são preparados no formato matricial em ambiente SIG

(ERDAS IP) e a saída é gerada no formato de mapa temático mostrando a aptidão

de cada célula (20m x 20m) para a cultura selecionada. Os autores concluíram que o

método é eficiente para lidar com grande número de atributos, e na avaliação da

aptidão da terra em bacias hidrográficas agrícolas.

A aplicação da lógica difusa é muito ampla, e uma infinidade de trabalhos

desenvolvidos nas mais diversas áreas tem demonstrado isso. Em análise

geoespacial poderiam ser citados ainda trabalhos nas áreas de: mapeamento de

riscos (Malinowska, 2011), vulnerabilidade das águas subterrâneas (Dixon, 2005;

Gemitzi, et al., 2006), fragilidade ambiental (Donha et al., 2006; Calijuri et al., 2007;

Stolle, 2009), monitoramento da salinidade do solo (Giordano & Liersch, 2011;

Metternicht, 2011), dentre outros.

23

Ferramentas

São poucos os sistemas de informação geográfica que possuem uma ferramenta de

análise difusa e, segundo Robinson (2003), o custo de desenvolvimento e

implementação é a principal causa disto. O software IDRISI é uma exceção,

apresentando esta ferramenta desde os anos 90. Em 2010, o módulo de análise

difusa foi uma das novidades do ArcGIS 10. Yanar & Akyurek (2006) salientam que

muitas das ferramentas disponíveis não são genéricas, sendo desenvolvidas para

trabalhar com problemas específicos. Nota-se que os cientistas tem feito uso

conjunto de ferramentas para o desenvolvimento de seus trabalhos. A Tabela 1 traz

o levantamento das ferramentas utilizadas nos trabalhos de análise geoespacial.

Tabela 1- Ferramentas disponíveis para aplicação da lógica difusa em análise geoespacial

REFERÊNCIA APLICAÇÃO FERRAMENTAS

Jasiewicz (2011)Ferramenta fuzzy capaz de trabalhar

com grande volume de dados

Modelo para uso integrado ao

GRASS

Gorsevski & Jankowski (2010) Mapa de risco à deslizamentos IDRISI

Pradhan (2010) Mapa de risco à deslizamentos ARC/INFO GIS; MATLAB

Nolasco-Carvalho et al. (2009) Mapeamento de solos ArcSDM2 (ArcGIS)

Borges & Silva (2009) Mapeamento de solos SIG Bahia

Stolle et al. (2009)Mapeamento de fragilidade

ambientalNetWeaver; EMDS (ArcGIS)

Reshmidevi et al. (2009) Análise de aptidão agrícolaModelo para uso integrado ao

ERDAS IP 9.1

Barreto-Neto & Souza-Filho (2008)Codificação de incerteza nas bordas

de mapas de solo e uso da terra Linguagem PCRaster

Calijuri et al. (2007)Mapeamento de fragilidade

ambientalIDRISI

Donha et al. (2006)Mapeamento de fragilidade

ambientalIDRISI

Yanar & Akyürek (2006) Fuzzy Cell; ArcMap

Dixon (2005) Mapa de vulnerabilidade de Aqüífero GRASS GIS

Sperb (2002)Análise de cenários de ocupação de

zonas costeirasSimulador

Mapa de percepção ambiental

A metodologia para elaboração de mapas de percepção ambiental, desenvolvida por

Sperb (2002), inaugurou uma linha de pesquisa desconhecida e inexplorada, na qual

a utilização da Inferência Difusa torna possível o desenvolvimento de sínteses de

informações do espaço geográfico por meio da incorporação de termos linguísticos e

elaboração de regras compatíveis ao raciocínio humano.

24

Em seu trabalho Sperb (2002) propôs um modelo de simulação baseado em agentes

para a análise de cenários de ocupação de zonas costeiras, a partir da modelagem

da percepção espacial desses agentes, construída através de Lógica Difusa. O

autor, no exemplo de sua tese (Figura 11), desenvolve as simulações através de

cinco etapas: (1) as referências espaciais (atributos) são transformadas em valores

numéricos de uma matriz espacial (layer2) para cada atributo considerado no

modelo, denominado mapa de percepção do agente (e.g. centro e praia); (2) são

codificadas regras (de inferência) que irão determinar o comportamento do agente.

O mecanismo de inferência, a partir destas regras, dá origem ao mapa mental do

agente; (3) o mapa mental, resultado síntese dos passos anteriores, determina o

campo perceptivo para a ação do agente. A visualização do mapa permite entender

a percepção e o comportamento do agente por intermédio de um conjunto de cores3

que discrimina o local de maior ou menor preferência do agente; (4) no decorrer da

simulação, o agente buscará o valor ideal em seu universo; (5) atingido o ideal, o

agente tende a estabilizar, ocupando o espaço de acordo com suas necessidades4.

A implementação do modelo para uma determinada área ocorre com o auxilio de um

sistema de informação geográfica (SIG). Este permite o registro da informação

espacial, seu tratamento e análise. Este tratamento da informação espacial conduz à

formação das matrizes espaciais (layers) utilizadas pelo modelo. A percepção dos

agentes é originada do mapa mental criado pelas matrizes e regras atribuídas para o

seu comportamento. O número de matrizes e agentes incorporados ao modelo se dá

em função dos elementos que se pretende modelar/simular. O resultado da

simulação permite uma análise comparativa entre o comportamento abstraído, e a

informação real.

2 A designação da palavra layer na Língua Inglesa para camada, sendo esta de informação ou matriz

numérica para a percepção do agente (ou agentes).

3 O número de cores, 256, é relativo á percepção do olho humano.

4 Detalhes sobre o funcionamento do MBAD (modelo baseado em agentes difusos) podem ser

obtidos no trabalho de Sperb (2002).

25

5. Distribuição (estabilização)

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1,0 1,0 1,0 1,1 1,2

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1,2 1,2 1,2 1,3 1,4

1,3 1,3 1,3 1,4 1,5

1,4 1,4 1,4 1,5 1,6

1,0 1,0 1,0 1,1 1,2

1,1 1,1 1,1 1,2 1,3

1,2 1,2 1,2 1,3 1,4

1,3 1,3 1,3 1,4 1,5

1,4 1,4 1,4 1,5 1,6

T1 T2 T3 T4

Agente Vizinhança Célula eleita

1. Matrizes de percepção (atributos espaciais definidos pela análise espacial)

2. Inferência difusa (comportamento codificado)

3. Mapa mental (síntese da preferência)

4. Simulação (busca da agenda)

Figura 11 - Exemplo de aplicação de MBAD em uso e ocupação do solo. Fonte: Sperb, 2002.

O modelo proposto por Sperb (2002) foi adotado por Guerreiro (2003) que explorou

o emprego da técnica de mapas mentais e questionários com base na premissa de

que o conhecimento da percepção e do comportamento humano são importantes

para o entendimento de seus valores, e que estes podem influenciar no uso e

ocupação do espaço. O trabalho foi de caráter exploratório e qualitativo, e associou

a investigação em cognição ambiental com inteligência artificial na caracterização do

perfil de grupos de usuários da praia Brava, Itajaí – SC, Brasil. Os resultados obtidos

demonstraram a viabilidade deste tipo de abordagem, abrindo novas perspectivas

para exploração do comportamento humano e seu emprego em planejamento e

gestão ambiental.

26

MATERIAIS E MÉTODOS

Neste item serão apresentados os instrumentos e os métodos empregados no

desenvolvimento deste trabalho. A descrição dos procedimentos e a aplicabilidade

dos itens metodológicos encontra-se apresentada no subitem denominado Estudo

de Caso.

O emprego da inferência difusa para tratamento dos dados geoespaciais e geração

do mapa de sensibilidade é realizada com a ferramenta desenvolvida por Sperb

(2002) para simulação baseada em agentes inteligentes difusos. Parte dos

procedimentos empregados no simulador consiste na preparação do “mapa mental”

dos agentes inteligentes difusos. Analogamente, o mapa de sensibilidade ambiental

empregará os mesmos procedimentos utilizados pelo autor para produzir o “mapa

mental”, quais sejam:

• Definição dos atributos e critérios geoespaciais a serem utilizados na elaboração do mapa mental. No caso deste trabalho, os temas empregados na geração do Índice de Sensibilidade Ambiental (ISA);

• Fuzzificação dos parâmetros, compreendendo os conjuntos difusos associados a cada parâmetro;

• Criação de regras de inferência difusa, cuja função maior consiste na associação dos conjuntos de cada parâmetro;

• Inferência difusa, que corresponde à análise geoespacial que resultará no mapa síntese; e

• Defuzzificação, que consiste na transformação da síntese difusa em um valor não difuso. Ou seja, no mapa de sensibilidade ambiental (MSA) contendo classes de sensibilidade ambiental.

Simulador

O simulador para agentes inteligentes difusos foi desenvolvido em linguagem C++,

com interface shell. Ou seja, sua configuração é realizada através de scripts, sendo

a interface gráfica disponibilizada apenas para visualização das cartas temáticas

fuzzificadas e do mapa síntese, resultante da inferência, conforme ilustrado na

Figura 12.

27

Figura 12 - Interface do Simulador (Adaptado de Sperb, 2002).

Valores numéricos da matriz

Seleção de matrizes

Palheta de cores

Posição e valor do cursor na matriz

Cor na posição do cursor

Espectro da palheta de cores

Controle do Simulador

Matriz selecionada para display

28

Características do Simulador

- Dados de Entrada: Por dados de entrada se entende os parâmetros a serem

empregados na geração do MSA, como por exemplo, declividade. Não há restrição à

tipo de parâmetro, bem como limite de parâmetros de entrada.

Em termos práticos, o simulador permite a incorporação de “n” matrizes de

parâmetros, que devem conter o mesmo número de linhas e colunas, e estar no

formato ASCII, com a extensão “map”. Essas matrizes representam os parâmetros a

serem empregados na análise geoespacial.

Antes da entrada dos dados no simulador, as cartas temáticas referentes aos

atributos geoespaciais devem ser preparadas em um sistema de informações

geográficas. No caso deste trabalho, o ArcGIS 9.3. Essa preparação consiste nos

tratamentos cotidianos para elaboração de cartas temáticas, porém com a conversão

destas em formato matricial para carga no simulador. Ainda como parte deste

preparo, devem ser observadas peculiaridades específicas para a fuzzificação de

cada tema. Um exemplo disto é o preparo do parâmetro solo, que requer o

agrupamento dos tipos de solo em categorias de sensibilidade expressas através de

termos linguísticos (e.g baixa, média e alta), bem como o delineamento das

interfaces destes agrupamentos, conforme explicado no subitem Estudo de Caso.

- Fuzzificação: A fuzzificação consiste na transformação de um valor de entrada

não difuso para um valor difuso, associado aos devidos conjuntos. Os valores são

obtidos e fuzzificados, célula a célula, para cada matriz de entrada, sendo

determinado o grau de pertinência para um ou mais conjuntos difusos, conforme

ilustrado na Figura 13.

Parte desta atividade consiste em identificar, junto à especialistas, os conjuntos

difusos relacionados a cada parâmetro de entrada. Principalmente, os intervalos de

valores possíveis. O emprego de perguntas do tipo “o que é uma baixa ou alta

declividade” é um exemplo prático de como devem ser criados os conjuntos. Um

aspecto importante a ser observado é o potencial emprego de termos linguísticos em

sua definição, conforme exemplificado anteriormente.

29

Figura 13 – Exemplo de fuzzificação realizada célula a célula: (a) parâmetro de entrada

declividade; (b) matriz correspondente a uma pequena área; (c) conjuntos difusos: Baixa,

Média e Alta declividade; (d) pertinência da declividade 25% aos conjuntos difusos.

- Regras de Inferência Difusa: A elaboração das regras de inferência nada mais é

do que a codificação dos procedimentos de classificação ou síntese empregados

pelo(s) especialista(s) em sua(s) análises geoespaciais. Em realidade, esta atividade

é conduzida juntamente com a determinação dos conjuntos difusos, e emprega, da

mesma forma, termos linguísticos em sua formulação. Um exemplo, a título de

ilustração, pode ser visto abaixo:

Se declividade é baixa e o solo é tipo pouco frágil, então a sensibilidade é baixa

Os parâmetros de entrada, neste exemplo, são “declividade” e “solo”. “Sensibilidade”

é o parâmetro de saída, ou síntese. “Baixa” e “pouco frágil” são conjuntos difusos

associados aos parâmetros. Nesta etapa são definidos, ainda, os conjuntos de

saída, associados à sensibilidade.

30

- Inferência Difusa: Consiste na aplicação propriamente dita das regras. Uma

característica da inferência difusa, de grande importância para a análise

geoespacial, é que as regras são tratadas paralelamente, sendo o resultado, de fato,

a síntese das regras disparadas, com os devidos graus de pertinência. A Figura 14

traz o exemplo da modelagem da sensibilidade ambiental com base na declividade

do terreno. Nele são utilizadas três regras simples, porém com uma única resposta

lógica resultante da soma das conclusões de cada regra. É importante destacar,

ainda, que a inferência difusa é realizada célula a célula, com os valores dos

parâmetros fuzzificados.

Figura 14 – Exemplo de Inferência Difusa. (a) Regras de Inferência; (b) Conjuntos Difusos

associados ao parâmetro de entrada; (c) Conjuntos Difusos de saída; (d) Defuzzificação.

- Defuzzificação: O resultado da inferência difusa é uma figura que se refere à

síntese das regras disparadas, com os devidos graus de pertinência, conforme

ilustrado acima. Para extrair um número não difuso, o qual será associado a cada

célula da matriz, utiliza-se um método de defuzzificação. Dentre os diversos métodos

para transformar o conjunto difuso de saída em um valor não difuso, o mais comum

é o do centróide. Ele consiste em determinar o centro de massa do conjunto difuso

de saída, em um valor não difuso, a partir da projeção desse ponto sobre o eixo

suporte do conjunto. Este valor será o valor da sensibilidade ambiental daquela

célula da matriz, conforme exemplificado na Figura 14 (d).

- Saída: Originalmente, o simulador não possuía uma ferramenta de exportação do

“mapa mental” dos agentes para um SIG, não permitindo que o resultado da

inferência difusa pudesse ser avaliado, retrabalhado e preparado para distribuição.

Assim, foi adicionada uma nova funcionalidade ao simulador que permite a

exportação do resultado em formato ASCII, que pode ser lido pelo ArcGIS 9.3.

31

Script de Configuração

O script de configuração para o simulador é um arquivo do tipo ASCII, empregado

para configurar os elementos que compõem o Projeto (parâmetros de entrada,

conjuntos difusos e regras de inferência). A Figura 15 apresenta como o script é

estruturado.

Figura 15 - Sintaxe do script de configuração

Nos “dados de entrada” é definido o grid do projeto, que nada mais é do que o

número de linhas e colunas da matriz. O grid é definido uma única vez, pois todos os

Entrada dos critérios de

análise (parâmetros de

entrada)

Conjuntos difusos associados

aos critérios de análise

Conjuntos difusos de

saída

Regras inferência

32

parâmetros de entrada devem estar representados por matrizes de mesma

dimensão. Deve-se observar que o Simulador trabalha com linhas e colunas e não

com coordenadas geográficas, assim para que cada linha e coluna dos diferentes

parâmetros representem a mesma posição geográfica, deve-se adotar para todos os

parâmetros a mesma extensão da área de estudo e, ainda, o mesmo tamanho de

célula (mesma resolução geoespacial).

Ainda nos “dados de entrada” são definidas as layers, ou camadas de informação,

cada qual associada a um parâmetro de entrada diferente. Na layer são definidos os

campos range, que corresponde ao intervalo de valores do parâmetro, e data,

responsável pelo link com a matriz que representa o parâmetro. Para tanto, as

matrizes devem estar salvas no mesmo diretório do script.

Na parte do script que trata dos conjuntos difusos, no campo input encontram-se

definidos os conjuntos associados aos parâmetros de entrada, e no campo output,

os conjuntos associados à saída, ou seja, os conjuntos associados ao ISA. Por fim

encontram-se as regras de inferência, conforme sintaxe ilustrada anteriormente.

Estudo de Caso

O estudo de caso serviu para avaliar o emprego do mapeamento temático e

inferência difusa no mapeamento de sensibilidade ambiental, assim como validar o

uso conjunto das ferramentas ArcGIS e Simulador (Sperb, 2002) na realização de

inferência geoespacial difusa. Neste contexto, é importante compreender o enfoque

dado na construção das regras que viabilizam, em última análise, o tratamento

difuso das características ambientais. Em realidade, essas características nada mais

são do que os atributos geoespaciais escolhidos pelo especialista para identificar as

áreas com maior ou menor grau de sensibilidade ambiental. Alguns exemplos de

atributos geoespaciais comumente empregados são: declividade, tipo de solo, uso

do solo, etc. Considerado individualmente, cada atributo possui, potencialmente,

uma série de critérios de análise definidos igualmente pelo especialista. Essa

afirmativa talvez fique mais clara através de um exemplo. Para o atributo

geoespacial “tipo de solo” os seguintes critérios podem ser aplicados (referência na

Tabela 3):

− Cambissolo e Glei Pouco Húmico são solos de alta sensibilidade;

33

− Podzólico Vermelho-Amarelo é um solo de média sensibilidade; e

− Terra Bruna Estruturada é um solo de baixa sensibilidade.

O emprego dos termos linguísticos alta, média e baixa sensibilidade por si garantem

a aproximação difusa ao problema. Contudo, há de se considerar a necessidade de

transformá-los em parâmetros a serem utilizados na inferência difusa. Ou seja, os

critérios tornar-se-ão parâmetros computacionais dotados de regras para a execução

da inferência difusa. Este processo encontra-se ilustrado no item “Atributo – Critério -

Parâmetro” deste capítulo.

Em termos práticos, o estudo de caso desenvolvido segue o fluxograma apresentado

na Figura 16, abrangendo as seguintes etapas: (a) preparação dos critérios de

análise no ArcGIS 9.3; (b) Elaboração dos conjuntos difusos e das regras

(parâmetros); (c) Edição do script de configuração; (d) Inferência Difusa realizada no

Simulador; (e) execução da avaliação final do mapa síntese (mapa de sensibilidade

ambiental - MSA); e (d) comparação do MSA difuso com o MSA tradicional no

ArcGIS 9.3.

Figura 16 - Fluxograma Metodológico

34

Área de Estudo

O município de Rio dos Cedros (Figura 17) está localizado no contexto da Bacia

Hidrográfica do Rio Itajaí, mais especificamente na região do Médio Vale, distando

pouco mais de 30 km de Blumenau, principal município da bacia. Apresenta como

limites ao norte os municípios de Rio Negrinho e Corupá. Ao leste os municípios de

Jaraguá do Sul e Pomerode. Ao sul o município de Timbó e a oeste os municípios de

Benedito Novo e Doutor Pedrinho.

Rio dos Cedros é o maior município em extensão territorial dentre os nove

municípios que formam a região metropolitana de Blumenau. A área total do

município é de 556 Km2, sendo 18 Km2 de área urbana e 538 km2 de área rural

(FECAM, 2005). De acordo com o IBGE a população, no ano de 2010, era de 10.284

habitantes. O município possui um dos maiores atrativos turísticos do Estado devido

à diversidade de ambientes naturais e a riqueza de sua colonização européia.

Figura 17 - Localização do município de Rio dos Cedros, SC

35

Com relação a seus atrativos naturais, a região dos lagos, nas margens de duas

represas formadas para a geração de energia elétrica, ganha a cada dia mais

notoriedade. Em meio a altitudes que variam 75 a 1.020 metros, em todo o

município, o Lago Rio Bonito está a 600 metros de altitude e possui 9 km de

comprimento, enquanto o Lago Pinhal possui 14 km de extensão e está localizado a

800 metros de altitude.

Atualmente, Rio dos Cedros tem sua economia voltada para a agricultura, pecuária e

turismo ecológico e rural, sendo a atividade turística considerada como estratégica

pelo Poder Público Municipal.

A escolha do município de Rio dos Cedros (SC) como área de estudo para este

trabalho deve-se a disponibilidade de dados pretéritos, os quais foram desenvolvidos

pelos Laboratórios de Computação Aplicada, Geoprocessamento e Microbiologia

Aplicada, ambos da UNIVALI, para a elaboração do Plano Diretor municipal, através

do Convênio UNIVALI/CNPq n° 501693/2005-0 (2008). Este mesmo município foi

utilizado no estudo de caso desenvolvido no trabalho de Espindola (2009).

Enfoque Difuso

Atributo – Critério - Parâmetro

Foram elencados quatro atributos geoespaciais para a análise da sensibilidade

ambiental: declividade, tipo de solo, APP de rio e nascentes, e atrativos turísticos.

Tais atributos são oriundos do trabalho desenvolvido por Espindola (2009), que

identificou os tipos de dados ambientais e socioeconômicos utilizados na análise de

sensibilidade ambiental (Anexo A). A escolha dos atributos se deve ao caráter difuso

que apresentam em sua expressão geográfica e por serem de natureza distinta.

Cada atributo exigiu um tratamento específico para a incorporação da lógica difusa,

o que permitiu abordar o tema de maneira mais ampla. A Figura 18 apresenta um

diagrama com os critérios de análise elencados a partir dos atributos geoespaciais.

36

Figura 18 - Critérios de análise da sensibilidade ambiental

Estabelecidos os critérios, uma etapa importante refere-se à definição dos conjuntos

difusos. Ou seja, a identificação das variáveis linguísticas associadas aos critérios.

Tal identificação, idealmente, deve ser realizada com base na percepção de um

especialista. Entretanto, para efeito de teste, as variáveis linguísticas foram definidas

a partir de valores já consagrados pela literatura. Os conjuntos difusos foram

definidos nos formatos mais comumente utilizados, triangular e trapezoidal.

Para aplicação da metodologia, os critérios devem estar representados em planos

de informações do tipo matricial (raster), com uma distribuição contínua de dados. O

tamanho definido para a célula da matriz foi baseado em uma fórmula empírica que

sugere como resolução espacial mínima razoável, a aplicação da regra de que o

tamanho da célula deve ser igual ao valor do denominador da escala dividido por

2000 (Cunha & Guerra, 1994). Usando esta fórmula empírica para a escala de

trabalho de 1:50.000, adotada para a área de estudo, o tamanho de célula seria 25

metros. No entanto, considerando as medidas legais de áreas de preservação

permanente (Lei Federal 7.803/89) adotou-se 10 metros como tamanho de célula

ideal. Ou seja, mais detalhado que o proposto por Cunha & Guerra (1994). Isto

permitiu a melhor visualização dos parâmetros no MSA.

Os itens a seguir descrevem como cada atributo geoespacial foi preparado antes de

ser importado no Simulador.

a) Declividade

O mapa de declividade foi gerado com o método de interpolação Vizinhos Naturais a

partir das curvas de nível (equidistância de 20 metros) disponibilizadas pela

37

CIRAM/EPAGRI em escala 1:50.000. A Figura 19 traz o mapa de declividade da

área de estudo.

Figura 19 - Mapa de declividade

Os conjuntos difusos para o critério declividade foram elaborados com base nas

classes de sensibilidade definidas por Ross (1996) (Tabela 2) cuja representação

através da lógica booleana é apresentada na Figura 20.

Tabela 2 - Classes de declividade

CLASSES DECLIVIDADE

Muito Fraca até 6%

Fraca de 6 a 12%

Média de 12 a 20%

Forte de 20 a 30%

Muito Forte acima de 30%

Fonte: Ross, 1996.

38

0

1

Pe

rtin

ên

cia

Declividade (%)

Mu

ito

Fra

ca

Frac

a

dia

Fort

e

Mu

ito

Fort

e

6 12 20 30...0

Figura 20 - Representação booleana das classes de sensibilidade para o critério declividade

Na Figura 21 estão apresentados os conjuntos difusos preparados para o estudo de

caso. As áreas de incerteza foram definidas considerando 2% acima e abaixo do

limite da classe booleana.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Gra

us

de

Pe

rtin

ên

cia

Declividade (%)

Muito Fraca

Fraca

Média

Forte

Muito Forte

Sensibilidade

0 4 6 8 10 12 14 18 20 22 28 30 32...

Figura 21 - Conjuntos difusos e respectivos termos lingüísticos associados à Declividade

b) Áreas de Preservação Permanente – Rios e Nascentes

Para os planos de informações referentes às APPs de rios e nascentes, foi utilizada

a base de hidrografia do município disponibilizada pela CIRAM/EPAGRI em escala

1:50.000, e ainda o mapeamento dos corpos d’água previamente preparado em

função do Plano Diretor do município de Rio dos Cedros.

39

Para determinar a hierarquia de drenagem dos rios, o que possibilitou a identificação

das nascentes, foi utilizado o Hydroflow, que é um aplicativo Open Source

desenvolvido pelo LABGIS (Lab. de Geoprocessamento do Departamento de

Geologia Aplicada da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro).

Os parâmetros de entrada que representam os critérios de análise APP de rios e

APP de nascentes e corpos d’água são, simplesmente, dois arquivos matriciais, um

com a distância dos rios e outro com a distância dos corpos d’água e nascentes.

Tais arquivos representam a distância que cada área encontra-se do rio, corpo

d’água ou nascente mais próxima.

Para a delimitação dos conjuntos difusos das Áreas de Preservação Permanente

dos rios e nascentes tomou-se por referência o Código Florestal Brasileiro (Lei

Federal 7.803/89) que determina:

− APP de cursos de água com até 10 (dez) metros de largura: 30 (trinta) metros a partir de cada margem;

− APP de espelhos de água, compostas por rios com mais de 10 (dez) metros de largura e reservatórios: 50 (cinquenta) metros a partir de cada margem;

− APP de nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;

Com base na legislação citada acima, foram definidas as variáveis linguísticas

associadas ao atributo APP, quais sejam: Legal, Muito Influente, Influente e Sem

Influência. A Figura 22 apresenta os conjuntos difusos associados as APPs de rio, e

a Figura 23 os conjuntos das APPs de espelhos d’água e nascentes.

40

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 30 60 90 120 150 180 210

Graus de Pertinência

Distância do rio (m)

Legal

Muito Influente

Influente

Sem Influência

...

Classificação da Área

Figura 22 - Conjuntos difusos para as APPs de 30 metros

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350

Graus de Pertinência

Distância de nascentes e espelhos d'água (m)

Legal

Muito Influente

Influente

Sem Influência

...

Classificação da Área

Figura 23 - Conjuntos difusos para as APPs de 50 metros

c) Tipos de Solo

A Figura 24 apresenta os tipos de solo presentes na área de estudo (Embrapa-

solos).

41

Figura 24 - Classes de solo.

As classes de solo foram divididas em categorias de sensibilidade ambiental: solos

com baixa, média e alta sensibilidade ambiental. O enquadramento do solo nas

diferentes categorias foi realizado com base nos valores atribuídos por Ross (1996)

(Tabela 3).

Tabela 3 - Tipos de solo presentes na área de estudo e respectivos valores de sensibilidade

TIPO DE SOLO SENSIBILIDADE

CAMBISSOLO ALTA

GLEI POUCO HÚMICO ALTA

PDZOLICO VERMELHO-AMARELO MÉDIA

TERRA BRUNA ESTRUTURADA BAIXA

No ArcGIS as classes de solo foram selecionadas de acordo com sua categoria de

sensibilidade, sendo gerada uma borda para representar a incerteza existente na

transição entre essas classes. Neste estudo foi adotada como borda a distância de

42

100m dos limites das classes, valor baseado no estudo de Barreto-Neto & Souza

Filho (2008).

O objetivo é ter um arquivo matricial para cada categoria de solo, em que os valores

0 (zero) da matriz representam as áreas dentro do limite da classe e uma variação

de 0 a 100m representam a borda.

Para os tipos de solo, os conjuntos difusos referem-se a incerteza de classificar a

região de transição entre uma classe e outra, ou seja, a borda. Assim foi utilizada a

proximidade da borda na definição de pertinência a classe em estudo (Figura 25).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 20 40 60 80 100

Gra

us

de

Pe

rtin

ên

cia

Distância da borda (m)

Transição da Classe

Figura 25 - Conjunto difuso associado a borda de transição das classes de solos

d) Atrativos Turísticos

O mapa de atrativos turísticos (Figura 26) é resultado de um levantamento realizado

por equipe técnica da UNIVALI para o Plano Diretor de Rio dos Cedros, com base no

relatório preliminar entregue pelo curso de Turismo do Centro Universitário

Associação educacional Leonardo da Vinci (UNIASSELVI) à Prefeitura Municipal. Os

atrativos foram visitados para coleta de sua posição geográfica, bem como para

preenchimento de um formulário com informações sobre o local e registro fotográfico

(CNPq, 2008).

43

Figura 26 - Atrativos Turísticos

No SIG foi preparado um arquivo matricial que define a proximidade das áreas ao

ponto turístico mais próximo (Figura 27), de modo semelhante ao empregado no

limite das classes de solo.

Os atrativos turísticos ressaltam o potencial turístico da bacia. Este potencial torna a

bacia mais sensível tanto pela pressão que pode vir a ser exercida devido ao fluxo

de pessoas, quanto pela necessidade de se manter a área conservada para que ela

não perca tal potencial. Os conjuntos difusos para este critério foram definidos de

acordo com a proximidade da região ao atrativo turístico. Vale lembrar que segundo

o enfoque deste trabalho não houve um estudo prévio para determinar a área de

impacto ao redor dos pontos turísticos, sendo os valores empregados neste estudo

definidos apenas para verificação da viabilidade do uso de inferência difusa em

mapeamentos temáticos. Ou seja, a distância foi arbitrada aleatoriamente. Os

termos linguísticos adotados representam a influência que determinada região tem

sobre o atrativo (Figura 28).

44

Figura 27 - Distância dos Atrativos Turísticos

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 200 400 600 800 1000

Graus de Pertinência

Distância do Atrativo Turístico (m)

Forte Influência

Média Influência

Baixa Influência

Sem Influência

Figura 28 - Conjuntos difusos associados a influência do Atrativo Turístico à sensibilidade das

áreas

45

d) Índices de Sensibilidade Ambiental

Os Índices de Sensibilidade Ambiental representam o conjunto de saída da

Inferência Difusa. Os valores da reta suporte dos conjuntos difusos foram arbitrados

entre 0 e 450, sendo os conjuntos definidos neste intervalo. Cabe notar que

poderiam ser empregados quaisquer intervalos desde que os conjuntos referentes

aos termos linguísticos fossem devidamente expressos neste intervalo. Ou seja, não

há relação entre a reta suporte dos conjuntos difusos de saída e os intervalos

adotados nos conjuntos de entrada. Assim a sensibilidade foi dividida em cinco

classes, dentro de um intervalo de valores que facilitou a visualização dos resultados

no simulador (Figura 29).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Graus de Pertinência

Índices de Sensibilidade

Muito Baixa

Baixa

Média

Alta

Muito Alta

Sensibilidade Ambiental

Figura 29 - Conjuntos difusos de saída

Inferência Difusa

Regras de Inferência

As regras utilizam os critérios e as variáveis linguísticas anteriormente definidas.

Mais uma vez reforça-se a ideia que a sua definição foi feita em caráter de teste, ou

seja, não foi embasada em um estudo criterioso. Algo que por si só, daria um

trabalho específico.

A elaboração das regras é baseada no cruzamento entre os critérios com seus

respectivos termos linguísticos, tal combinação pode ser melhor compreendida

através do exemplo da Figura 30, na qual se apresenta o cruzamento entre os

critérios Declividade e APP.

46

Variável Linguística

Declividade Dentro Muito Próximo Próximo Distante

Muito Baixa Sensibilidade Muito Alta Sensibilidade Média Sensibilidade Baixa Sensibilidade Baixíssima

Baixa Sensibilidade Muito Alta Sensibilidade Média Sensibilidade Baixa Sensibilidade Baixa

Média Sensibilidade Muito Alta Sensibilidade Alta Sensibilidade Média Sensibilidade Média

Alta Sensibilidade Muito Alta Sensibilidade Muito Alta Sensibilidade Alta Sensibilidade Alta

Área de Preservação Permanente - Mata Ciliar

Figura 30 - Exemplo de cruzamento entre os critérios de análise

Realizados todos os cruzamentos possíveis, as regras foram editadas de acordo

com a sintaxe adotada pelo script de configuração do Simulador (Figura 31).

if ((Declividade IS Muito Baixa) AND (APP IS Área Legal)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

if ((Declividade IS Muito Baixa) AND (APP IS Muito Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Média

if ((Declividade IS Muito Baixa) AND (APP IS Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Baixa

if ((Declividade IS Muito Baixa) AND (APP IS Sem Influência)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Baixa

if ((Declividade IS Baixa) AND (APP IS Área Legal)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

if ((Declividade IS Baixa) AND (APP IS Muito Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Média

if ((Declividade IS Baixa) AND (APP IS Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Baixa

if ((Declividade IS Baixa) AND (APP IS Sem Influência)) OUTPUT = Sensibilidade Baixa

if ((Declividade IS Média) AND (APP IS Área Legal)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

if ((Declividade IS Média) AND (APP IS Muito Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Alta

if ((Declividade IS Média) AND (APP IS Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Média

if ((Declividade IS Média) AND (APP IS Sem Influência)) OUTPUT = Sensibilidade Média

if ((Declividade IS Alta) AND (APP IS Área Legal)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

if ((Declividade IS Alta) AND (APP IS Muito Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

if ((Declividade IS Alta) AND (APP IS Influente)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

if ((Declividade IS Alta) AND (APP IS Sem Influência)) OUTPUT = Sensibilidade Muito Alta

Premissa Conclusão

Figura 31 - Sintaxe das regras

O resultado da inferência difusa pode ser exportado do simulador em formato ASCII,

conforme ilustrado na Figura 32, abaixo. É importante notar que as dimensões

originais das matrizes de entrada, referentes aos temas contendo os atributos

geoespaciais, são mantidas (ncols e nrows no cabeçalho do arquivo ASCII). Este

arquivo contém, ainda, a coordenada da primeira célula da matriz para efeito de

georreferenciamento. Finalmente, o tamanho da célula permite a definição da

resolução espacial do resultado alcançado.

47

Figura 32 - Resultado exportado do Simulador no formato ASCII

Com base nos dados exportados, é possível realizar a importação para um SIG.

Neste trabalho foi utilizado o ArcGIS 9.3 como plataforma para visualização e análise

dos resultados alcançados. A Figura 33 apresenta o mapa de sensibilidade

ambiental difuso resultante da defuzzificação.

Figura 33 - Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso

48

Enfoque Tradicional

Com o intuito de compará-lo ao mapa de sensibilidade ambiental difuso (MSAD), foi

elaborado um mapa de sensibilidade ambiental com base na lógica booleana

(MSAT) (Figura 34). Para tanto foram utilizados os mesmos critérios adotados na

elaboração do mapa difuso, realizando uma adaptação da metodologia de Crepani

et al. (1996) que é um método de análise tradicional.

Para cada classe dos critérios são estabelecidos valores hierárquicos de 1 a 3 e a

síntese se dá pela sobreposição dos planos de informações e a extração da média

aritmética dos valores. Dentro da escala de sensibilidade as áreas podem ser

classificadas conforme apresentado abaixo:

Tabela 4 – Escala de sensibilidade segundo método tradicional

Grau de Sensibilidade Intervalo de Classe

Muito alta 2,6 – 3,0

Alta 2,2 – 2,6

Média 1,8 – 2,2

Baixa 1,4 – 1,8

Muito baixa 1,0 – 1,4

Figura 34 - Mapa de sensibilidade ambiental tradicional

49

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme apresentado na metodologia, a avaliação do resultado da aplicação de

inferência difusa no mapeamento de sensibilidade ambiental foi realizada,

primeiramente, com base na verificação visual do resultado em ambiente SIG,

seguido da comparação com um mapa produzido através do método tradicional de

sobreposição. Neste método, destaca-se o enfoque booleano (crispy) como

contrapartida ao enfoque difuso.

Avaliação visual dos resultados

A verificação visual consistiu em uma análise de coerência entre o mapa de

sensibilidade ambiental difuso (MSAD) e os critérios de análise. Tal análise parte do

entendimento das especificações de cada critério, bem como do tratamento difuso

incorporado a eles. Vale destacar que os mapas temáticos utilizados para a análise

foram originalmente desenvolvidos dentro da lógica booleana, tendo sido adaptados

para utilização sobre o enfoque difuso.

O atributo “Tipo de Solo” representa um elemento da paisagem que varia

continuamente no espaço e que apresenta uma complexa transição entre seus

diferentes tipos. No entanto, tradicionalmente, sua representação cartográfica é feita

como se houvesse uma transição abrupta entre um tipo de solo e outro (Figura 24).

Tal simplificação não permite que sejam identificadas as áreas onde existe a

incerteza em se enquadrar a área como uma ou outra categoria e,

consequentemente, a avaliação da sensibilidade ambiental fica comprometida.

Assim, as áreas incertas, neste tipo de atributo, são constituídas principalmente

pelas regiões de borda. Ou seja, onde ocorre a transição de um tipo de solo para

outro. O enquadramento das classes de solo por nível de sensibilidade e a atribuição

de uma zona de incerteza na transição destas classes permitiu resgatar, ainda que

em parte, a natureza difusa desconsiderada no mapeamento tradicional.

Já o atributo “Áreas de Preservação Permanente”, por apresentar uma delimitação

geoespacial exata, pode ser perfeitamente mapeado dentro da lógica clássica. No

entanto, esta delimitação exata pode se tornar um obstáculo ao se utilizar a APP

como critério de análise de sensibilidade ambiental. Utilizando como exemplo uma

APP de mata ciliar com 30 metros, é questionável definir que a esta distância do rio

50

tem-se uma região ambientalmente sensível, e a 30,1 metros esta já não seja mais.

De fato, a região a 30,1 metros do rio exerce a mesma função ecossistêmica

daquela 0,1 metros mais próxima. Parece óbvio que esta função ecossistêmica

diminua à medida que aumenta a distância do rio, mas não de maneira tão

(novamente dizendo) abrupta. Tal conceito ou ideia é empregado por ecólogos e

gestores ambientais como “zona de amortecimento” em unidades de conservação, e

deve ser assim considerada em termos de análise de sensibilidade ambiental. O

enfoque difuso adotado neste trabalho permitiu a consideração deste atributo de

forma real. Ou seja, com sua sensibilidade reduzindo à medida que se distancia dos

rios e das nascentes.

Para o atributo “Declividade” ser utilizado como critério de análise, o emprego da

Lógica Difusa torna-se essencial. Com ela a análise não fica comprometida em

intervalos com limites abruptos de classe (Tabela 2).

O atributo “Atrativos Turísticos” possui uma representação geoespacial pontual. E,

novamente, a incorporação da Lógica Difusa passa a ser necessária quando este

vem a ser utilizado como critério de análise. As áreas próximas a pontos turísticos

são consideradas mais sensíveis. A utilização da Lógica Difusa permite o mesmo

enfoque empregado no atributo “Áreas de Preservação Permanente”. É importante

destacar que mesmo as áreas que não sofrem nenhuma influência de um atrativo

turístico, devem estar representadas nos conjuntos difusos (Figura 28), para que

tenham um peso no momento da inferência. Esta especificação deve ser observada

também para a distância das APPs.

Na verificação visual foi possível avaliar que o MSAD teve resultados coerentes com

as regras. A Figura 35, abaixo, destaca os critérios e a sensibilidade ambiental para

algumas áreas do mapa. Nela é possível perceber a influência dos critérios no

resultado. Importante notar que na metodologia adotada neste trabalho não são

definidos pesos para os critérios. Os pesos são empregados para dar maior ou

menor importância para determinado critério. No entanto, avaliando a Figura, é

possível verificar que o critério “distância do Atrativo Turístico” teve menor influência

(peso) no resultado do que o critério “distância da nascente (APP)”. Esta questão é

resultado das regras de inferência. Nas regras está definida a preponderância de

cada critério ao resultado. Por exemplo, se forem elaboradas duas regras conforme

51

as apresentadas abaixo, automaticamente estar-se-ia conferindo um peso maior ao

critério “Distância da Nascente”.

(1) Se distância do atrativo turístico é 0 (zero), então a sensibilidade é alta

(2) Se distância da nascente é 0 (zero), então a sensibilidade é muito alta

Figura 35 - (A) Distância das nascentes; (B) Distância dos Atrativos Turísticos; (C) Declividade;

(D) Distância dos rios; (E) Tipo de solo (para este exemplo toda a região possui solo de alta

sensibilidade); (F) Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso.

No exemplo da Figura 36 é demonstrada uma região onde há a transição entre solos

com diferentes níveis de sensibilidade. No mapeamento tradicional essa transição

tenderia a ficar bem marcada, porém no MSAD o que se tem é uma variação suave,

similar ao que ocorre no ambiente natural.

52

Figura 36 - (A) Distância das nascentes; (B) Distância dos Atrativos Turísticos; (C) Declividade;

(D) Distância dos rios; (E) Tipo de solo (transição entre solos com diferentes níveis de

sensibilidade); (F) Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso.

Mesmo áreas com características ambientais bastante similares resultaram em

níveis de sensibilidade diferentes, demonstrando que as regras são sensíveis às

pequenas variações de valores dos critérios de análise. Na tabela abaixo estão

descritos os valores de célula de duas áreas de nascentes que apresentaram níveis

de sensibilidade diferentes (Figura 37). O fato de se tratar de uma área de nascente,

por si só, já caracterizaria a região como área sensível. No entanto, os demais

critérios envolvidos são capazes de alterar o nível de sensibilidade.

53

Tabela 5 - Comparação de resultado entre duas áreas de nascente.

ISA APP5

50m

APP

30m

Sensibilidade

do Solo

Declividade Atr.Turístico

(distância)

Nascente 1 292 0 0 0 (Média) 25% 549m

Nascente 2 235 0 0 0 (Média) 10% 819m

Figura 37 - (A) Distância das nascentes; (B) Distância dos Atrativos Turísticos; (C) Declividade;

(D) Distância dos rios; (E) Tipo de solo (transição entre solos com diferentes níveis de

sensibilidade); (F) Mapa de Sensibilidade Ambiental Difuso. Os pontos azuis representam as

nascentes descritas na Tabela 5.

5 O valor 0 (zero) significa que esta célula está a 0 metros da nascente.

54

Análise comparativa

O mapeamento com base na lógica clássica representa a paisagem de maneira

limitada. Nele, cada local pode pertencer a apenas uma categoria, e é esta

característica que faz com que se tenha uma análise insatisfatória. Principalmente,

por se tratar de um mapa síntese. Ou seja, como um mapa que advém de outros

mapas, o mapa de sensibilidade acaba por ter grande perda de informação quando

elaborado pela lógica clássica.

Na Figura 38 é possível comparar o resultado dos dois métodos. As diferenças

observadas são resultado tanto do tratamento dos atributos e critérios, quanto da

formulação do índice de sensibilidade. Para uma melhor compreensão, a área em

destaque na figura foi detalhada Figura 40, onde estão representados os critérios e a

formulação do mapa síntese.

Figura 38 - Mapa de Sensibilidade Ambiental elaborado através da Lógica Clássica e Difusa.

Uma das principais diferenças é a maneira como os critérios são representados. No

mapa tradicional as classes são obrigatoriamente discretas, enquanto que, no mapa

difuso as classes possuem limites de transição gradual. Na figura, ao se comparar o

mapa de declividade utilizado nas duas análises, é possível compreender como esta

55

classificação funciona. No mapa tradicional, a declividade é classificada em

intervalos abruptos e então é atribuído um valor de sensibilidade para cada classe.

Desta forma, durante a análise, a declividade de 6% passa a ser igual a declividade

12% e diferente da declividade 5,99%, por exemplo (Tabela 2). No mapeamento

difuso não existe esta generalização e perda de informação, nele os valores são

tratados pelo seu valor real, pois, a classificação dos conjuntos respeita a transição

gradual das classes.

Para os critérios APP e Atrativos turísticos, no mapa tradicional, existe apenas a

classificação “pertence” e “não pertence”. Assim para o exemplo dos atrativos

turísticos tudo o que esta a até 200 metros deste é considerado sensível e o que

está fora não. No mapa difuso além de toda a área ser considerada na análise, o

valor 200m, por exemplo, é tratado com uma sensibilidade diferente do valor 190m,

pois embora sejam valores próximos, os conjuntos difusos são capazes de

diferenciá-los. O impacto disto pode ser claramente visualizado nos resultados, onde

o MSA Tradicional apresentou uma mudança brusca de sensibilidade na área em

torno do atrativo turístico.

Quanto ao índice, no mapa tradicional este advém de uma equação (média dos

valores atribuídos aos critérios), enquanto que no mapa difuso o índice é o resultado

das regras de inferência (Figura 39).

Figura 39 - Índice de Sensibilidade pelos métodos tradicional e difuso.

Em ambos os casos existe a dependência de um especialista atribuir os valores aos

critérios, seja em valores numéricos ou em termos linguísticos. É fato que para um

56

ser humano a atribuição de termos linguísticos é mais simples e intuitiva do que a

atribuição de um valor numérico, quer dizer, é mais fácil identificar que, por exemplo,

a “declividade 8%” é “mais ou menos baixa” do que atribuir um valor absoluto a esta

declividade, como por exemplo “índice 1.5”. Sendo assim, o que se observa é que

embora a Lógica Difusa seja mais complexa, ela torna a análise menos subjetiva e

com um resultado mais simples e compreensível, já que no mapa difuso o

computador fez o cálculo (inferência) de modo próximo ao raciocínio humano (Yanar

& Akyurek, 2006).

Ademais, como pôde ser observado nas Figuras, no mapeamento tradicional as

mudanças dos níveis de sensibilidade acompanham o próprio enfoque clássico, ou

seja, são muito bruscas e não refletem de maneira coerente ao mundo real, no qual

a grande maioria dos atributos geoespaciais variam de modo gradual.

57

Figura 40 – Demonstrativo dos critérios e síntese para os mapas de sensibilidade ambiental e difuso

58

Um ponto importante se trata do possível enquadramento do MSAD em classes de

sensibilidade (Figura 41). Esta classificação reduz a riqueza de informação do mapa,

no entanto pode ser necessária dependendo do objetivo final de apresentação, ou

mesmo da limitada capacidade do ser humano em lidar com distribuição contínua de

valores. Ação que normalmente requer um procedimento subjetivo de avaliação e

subsequente classificação deste intervalo contínuo em níveis de importância.

Figura 41 - MSAD em classes de sensibilidade

O que se destaca é a diferença entre as duas metodologias mesmo quando o MSAD

está representado por classes (Figura 42). Os resultados mostraram que no mapa

tradicional a maior parte da área foi classificada como sendo de “baixa sensibilidade”

enquanto que no mapa difuso a classificação predominante foi de “média

sensibilidade” (Tabela 6).

Tendo em vista que os dois mapas foram elaborados com mesmo enfoque, esta

diferença pode ser resultante dos aspectos discutidos anteriormente, quais sejam:

subjetividade na atribuição de valor no mapa tradicional, que poderia não estar

59

correspondendo a real intenção do especialista e; síntese de resultado propriamente

dita.

Tabela 6 - Percentual da área nas classes de sensibilidade para os mapas de sensibilidade

tradicional (MSAT) e difuso (MSAD).

MSAT MSAD

CLASSE DE SENSIBILIDADE % %

Muito Alta 0 0

Alta 4 13

Média 7 69

Baixa 55 17

Muito Baixa 34 1

Figura 42 - Mapa de Sensibilidade Ambiental Tradicional e Difuso em classes de sensibilidade

É importante notar que um MSAD também pode apresentar uma transição abrupta

entre duas regiões, no entanto isso só ocorrerá quando de fato esta transição estiver

ocorrendo no ambiente natural. A transição entre um costão rochoso e o ambiente

terrestre é um exemplo de transição abrupta que ocorre naturalmente. De fato em

um mapa difuso é possível “enxergar” informações que não se consegue extrair de

um mapa tradicional. Quer dizer, é possível “acreditar” que uma transição abrupta

em um MSAD representa a realidade do ambiente, enquanto que no mapa

tradicional uma transição abrupta geralmente é o resultado de uma generalização.

A Figura 43 apresenta a visualização 3D do MSAD em que é possível observar a

transição gradual de sensibilidade e, também, áreas onde a transição é mais

abrupta. Nota-se que a riqueza de informação está na não generalização dos índices

60

de sensibilidade, com a qual não seria possível distinguir a diferença real entre as

áreas.

Figura 43 - Visualização 3D do MSAD.

Em contrapartida ao método tradicional, que já possui uma metodologia

estabelecida, o uso da lógica e inferência difusa para a elaboração de mapas

síntese é um método a ser “explorado”, necessitando de estudos mais detalhados

para a construção dos conjuntos difusos e das regras. Da mesma forma, é

necessário que se altere o modo tradicional de construção de cartas temáticas, que

é baseado em lógica clássica. Apesar destas condições, o desenvolvimento deste

trabalho comprovou a viabilidade do emprego de lógica difusa para o mapeamento

de sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas.

61

CONCLUSÕES

Com o desenvolvimento do trabalho foi possível perceber que a superioridade da

lógica difusa, em relação ao método tradicional, é resultado do uso combinado das

funções de pertinência, da possibilidade da utilização de termos linguísticos

(raciocínio aproximado) e ainda da inferência difusa (processamento paralelo –

síntese). Tais características possibilitam uma maior compreensão dos elementos e

processos naturais, permitindo que as incertezas que podem contribuir para o

sucesso de planejamentos e da própria gestão sejam reduzidas.

Tal superioridade é ainda mais evidente ao se pensar em um mapa de sensibilidade

ambiental. Por se tratar de um mapa síntese, a qualidade do mapa de sensibilidade

depende da qualidade dos mapas temáticos que o compõe e ainda do método de

síntese utilizado. Em relação a isto, foi possível observar que mesmo os critérios que

não são de natureza difusa, por apresentarem limites bem definidos, como é o caso

das áreas de preservação permanente e dos atrativos turísticos, quando tratados

como critério de análise, exigem, invariavelmente, a abordagem difusa.

Não fez parte do escopo do trabalho um estudo mais detalhado para definição dos

conjuntos e das regras, no entanto os resultados foram condizentes com o

esperado, reflexo da facilidade da utilização de termos linguísticos. O teste deixa

uma lacuna, também, no que se refere à construção dos mapas de entrada de

dados, usualmente construídos com emprego da lógica clássica. É evidente, através

da metodologia para mapeamento difuso, a influência do pensamento tradicional do

mapeamento temático. Ou seja, a apresentação de atributos discretamente

representados nos mapas. Desconsiderando questões de escala, há a necessidade

de se alterar o pensamento para a representação contínua dos fenômenos

geoespaciais a priori de qualquer análise. No estudo de caso o mapeamento

temático empregado na inferência difusa foi uma adaptação do mapeamento

discreto para atender a necessidade de criação de classes de parâmetros de forma

a acomodar a transição gradual entre estas. Possivelmente, o emprego de cartas

temáticas elaboradas sob o enfoque contínuo venha a afetar, sobremaneira, os

resultados do emprego de lógica difusa para geração de índices de sensibilidade

ambiental, tanto para bacias hidrográficas, como para qualquer outra unidade ou

problema a ser abordado.

62

No que se refere a ferramenta empregada para inferência difusa neste trabalho, há

de se considerar os aspectos tecnológicos de sua implementação e funcionamento.

Por exemplo, apenas duas formas de representação de classes de conjuntos difusos

encontram-se disponíveis (triangular e trapezoidal). Assim torna-se essencial avaliar

tanto o emprego de outras formas, bem como se a ferramenta não é limitada à visão

de seu desenvolvedor. Ou seja, é aconselhável que se realize testes com outras

ferramentas disponíveis. Contudo, o emprego desta única ferramenta não

desacredita a viabilidade do emprego de inferência difusa em mapeamentos

temáticos, com ênfase na geração de cartas temáticas síntese, como o são os

mapas de sensibilidade ambiental.

Finalmente, é possível afirmar que o emprego de Lógica e, principalmente da

Inferência Difusa, são viáveis, para não dizer desejáveis, para geração de índices de

sensibilidade ambiental para bacias hidrográficas.

63

RECOMENDAÇÕES

8.

Por se tratar de um estudo exploratório e orientado eminentemente à avaliação da

viabilidade de emprego da inferência difusa para o mapeamento de sensibilidade

ambiental, diversos aspectos não foram exaustivamente abordados. Tais aspectos

devem ser considerados como balizas para o desenvolvimento de futuros trabalhos

e, evidentemente, para a evolução e consolidação da metodologia ora proposta e

avaliada. São eles:

− Proposição e avaliação de (novos?) critérios pertinentes à elaboração de mapas de sensibilidade ambiental difusos para bacias hidrográficas;

− Proposição de métodos para elaboração de mapeamento difuso dos atributos empregados na inferência difusa (mapas temáticos difusos);

− Evoluir o método de inferência difusa geoespacial, com destaque aos seguintes itens:

o Proposição dos conjuntos difusos conforme atributos e critérios;

o Como elaborar as regras de inferência difusa, destacando a possibilidade de existirem distintas tipologias de regras; e

o Proposição de um método para interpretação dos resultados, de modo a validar o mapeamento gerado.

− Explorar a viabilidade de emprego da inferência difusa geoespacial em outros mapas síntese, como por exemplo, fragmentação e riqueza de habitats.

64

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72

APÊNDICE

A – Regras de Inferência utilizadas no estudo de caso:

ns sensibilidade muito baixa db dentro da borda

sb sensibilidade baixa le legal

sm sensibilidade média m_infl muito influente

as sensibilidade alta infl influente

sma sensibilidade muito alta s_infl sem influência

mfr muito fraca fi forte influência

fr fraca mi média influência

m média bi baixa influência

fo forte si sem influência

mfo muito forte

Legenda

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_30m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_30m IS m_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_30m IS infl )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_30m IS s_infl )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_30m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_30m IS m_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_30m IS infl )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_30m IS s_infl )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_30m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_30m IS m_infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_30m IS infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_30m IS s_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_30m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_30m IS m_infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_30m IS infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_30m IS s_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_30m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_30m IS m_infl )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_30m IS infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_30m IS s_infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_50m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_50m IS m_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_50m IS infl )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS mfr ) AND ( APP_50m IS s_infl )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_50m IS le )) OUTPUT = sma

73

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_50m IS m_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_50m IS infl )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS fr ) AND ( APP_50m IS s_infl )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_50m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_50m IS m_infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_50m IS infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS m ) AND ( APP_50m IS s_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_50m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_50m IS m_infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_50m IS infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( APP_50m IS s_infl )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_50m IS le )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_50m IS m_infl )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_50m IS infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfo ) AND ( APP_50m IS s_infl )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS fr ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fr ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS fr ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS fr ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS m ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS m ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS m ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS m ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fo ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fo ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fr ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS m ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

74

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fr ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS m ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS fo ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS fr ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( Declividade IS m ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fo ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Declividade IS mfr ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS fr ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

if (( Declividade IS m ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS fo ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Declividade IS mfo ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sb

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sb

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sb

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = ns

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = ns

if (( APP_50m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS le ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = as

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = as

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = as

75

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = sb

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = sb

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS fi )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS mi )) OUTPUT = sb

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS bi )) OUTPUT = ns

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Atrat_turisticos IS si )) OUTPUT = ns

if (( APP_30m IS le ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS le ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS le ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( APP_30m IS le ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_30m IS m_infl ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_30m IS infl ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

if (( APP_30m IS s_infl ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

if (( APP_50m IS le ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS le ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS le ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( APP_50m IS le ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sma

if (( APP_50m IS m_infl ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( APP_50m IS infl ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

if (( APP_50m IS s_infl ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

if (( Atrat_turisticos IS fi ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

76

if (( Atrat_turisticos IS mi ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Atrat_turisticos IS bi ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS si ) AND ( Solo_muito_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS fi ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = as

if (( Atrat_turisticos IS mi ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS bi ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS si ) AND ( Solo_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS fi ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS mi ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS bi ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( Atrat_turisticos IS si ) AND ( Solo_med_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( Atrat_turisticos IS fi ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sm

if (( Atrat_turisticos IS mi ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( Atrat_turisticos IS bi ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = sb

if (( Atrat_turisticos IS si ) AND ( Solo_pouco_sensivel IS db )) OUTPUT = ns

77

ANEXO

A - Listagem dos critérios desenvolvida por Espindola (2009) com referência as fontes

metodológicas, onde R corresponde a Metodologia de Ross (1996); B a metodologia de Basso et al.

(2000); H&G a metodologia de Hodge & Gilson (2002); C,V,F a metodologia de Cardoso,

Vasconcelos & Ferreira (2004); S,M,D a metodologia de Sugumaram, Meyer & Davis (2004); T&B a

metodologia de Tobish & Barnwell (2005) e M a metodologia de Mello (2008).

CRITÉRIOSAPLICÁVEIS PARA O ESTADO DE SANTA CATARINA R B R&G C;V;F S;M;D T&B M

Porção da área da bacia com declividade maior do que 15% X

Porção da área da bacia com declividade entre 7% a 15% X X

Classes de declividade X X X

Potencial de erosão relativa medido pelo fator K em análises de solo X

Porção da área da bacia que é designada como cárstica nas pesquisas de solo X

Pedologia X X X

Áreas florestadas X X

Uso do Solo X X X X

Capacidade do uso do solo X

Geologia X X X

Parques e Áreas Protegidas X

Hierarquia Fluviaal X

Porção arborizada de um buffer de 50m em volta de rios X X

Porção arborizada de um buffer de 30m em volta de rios X

Mata Ciliar X

Zonas úmidas X X

Porção do trecho do rio designado como área de banho ou atividades de recreação X

Áreas vazias dentro de um buffer de 100 metros das principais estradas X

Distância de Rodovias X

Espaços naturais abertos X

Porção da área da bacia para recarga de água subterrânea X

Vulnerabilidade do Aqüifero X

Abundância relativa de espécies ameaçadas X

Áreas designadas como susceptíveis a enchentes centenárias X X

Saúde biológica relativa aos rios X

Climatologia X

Índice de analfabetismo X

Índice de moradia X

Índice de empregos X

Índice de idosos X

NÃO APLICÁVEIS PARA O ESTADO DE SANTA CATARINA R B R&G C;V;F S;M;D T&B M

Áreas vazias dentro de um buffer de 100 metros das principais estradas e principais ferrovias

X

Porção do trecho do rio que corre através ou dentro de um buffer de 50 metros de uma área de recreação

X X

BSOD - Base de dados de observação da biodiversidade de espécies X

Corredores ecológicos para espécies significativas X

Número de hectáres de cada tipo de hábitat dentro dos parques do município de Anchorage

X

Rios classificados como hábitat para espécies anadromas X

METODOLOGIAS