Mapeamento do uso e ocupação do solo Assentamento Rural - Marabá

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E REGIONAL FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ CURSO DE AGRONOMIA Fernando Alves Barros Firmino MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DA ÁREA ATINGIDA DIRETAMENTE PELA UHE MARABÁ: O CASO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO MÃE MARIA, BOM JESUS DO TOCANTINS, PARÁ, BRASIL. Marabá 2015

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Mapeamento utilizando técnicas de SIG - classificação não supervisionada

Transcript of Mapeamento do uso e ocupação do solo Assentamento Rural - Marabá

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PAR

    INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRRIO E REGIONAL

    FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS DE MARAB

    CURSO DE AGRONOMIA

    Fernando Alves Barros Firmino

    MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DA REA

    ATINGIDA DIRETAMENTE PELA UHE MARAB: O CASO DO

    PROJETO DE ASSENTAMENTO ME MARIA, BOM JESUS DO

    TOCANTINS, PAR, BRASIL.

    Marab

    2015

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PAR

    INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRRIO E REGIONAL

    FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS DE MARAB

    CURSO DE AGRONOMIA

    Fernando Alves Barros Firmino

    MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DA REA

    ATINGIDA DIRETAMENTE PELA UHE MARAB: O CASO DO

    PROJETO DE ASSENTAMENTO ME MARIA, BOM JESUS DO

    TOCANTINS, PAR, BRASIL.

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado ao Curso de Agronomia do

    Instituto em Estudos e Desenvolvimento

    Agrrio e Regional da Universidade Federal

    do Sul e Sudeste do Par, como requisito

    para obteno do grau de Engenheiro

    Agrnomo.

    Orientador: Prof. Dr. Leonardo Felipe

    Brasil (UNIFESSPA)

    Marab

    2015

  • Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)

    Biblioteca II da UNIFESSPA. CAMAR, Marab, PA

    Firmino, Fernando Alves Barros

    Mapeamento do uso e cobertura do solo da rea atingida diretamente

    pela UHE Marab: o caso do projeto de assentamento Me Maria, Bom

    Jesus do Tocantins, Par, Brasil / Fernando Alves Barros Firmino;

    orientador, Leonardo Felipe Brasil. 2015.

    Trabalho de Concluso de Curso (Graduao) - Universidade Federal

    do Sul e Sudeste do Par, Campus Universitrio de Marab, Instituto de

    Estudos em Desenvolvimento Agrrio e Regional, Faculdade de Cincias

    Agrrias de Marab, Curso de Agronomia, Marab, 2015.

    1. Mapeamento do solo Bom Jesus do Tocantins (PA). 2. Levantamentos do solo. 3. Impacto ambiental - Avaliao. 4. Usinas

    hidreltricas. 5. Sensoriamento remoto. 6. LANDSAT (Satlites). I.

    Brasil, Leonardo Felipe, orient. II. Ttulo.

    CDD: 23. ed.: 631.47098115

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PAR

    INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRRIO E REGIONAL

    FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS DE MARAB

    CURSO DE AGRONOMIA

    Fernando Alves Barros Firmino

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado ao Curso de Agronomia do

    Campus Universitrio de Marab, da

    Universidade Federal do Sul e Sudeste do

    Par, como requisito para obteno do grau

    de Engenheiro Agrnomo.

    Orientador: Prof. Dr. Leonardo Felipe

    Brasil

    Data da defesa: 24/02/2015

    Conceito: BOM Banca Examinadora:

    ___________________________________

    Prof. Dr. Leonardo Felipe Brasil

    (Orientador/FAGEO-IGE /UNIFESSPA)

    ___________________________________

    Prof. Dr. Jos Anchieta de Arajo

    (Examinador/FCAM/UNIFESSPA)

    ___________________________________

    Prof. Dr. Eduardo Lucas Terra Peixoto

    (Examinador/FCAM/ UNIFESSPA)

    Marab

    2015

  • A minha amada me, Luzinete. Pelo amor

    e carinho que sempre teve com todos os

    seus filhos,

    DEDICO.

  • AGRADECIMENTOS

    A realizao desse trabalho s foi possvel graas colaborao direta ou indireta de

    muitas pessoas. Manifesto minha gratido a todas elas e de forma particular:

    Primeiramente agradeo a Deus que me iluminou e me deu sabedoria para alcanar esta

    conquista, perante todos os desafios que passei.

    minha me, Luzinete Barros, por ser essa mulher batalhadora que tanto admiro, que me

    apoia e me incentiva a seguir em frente e no desistir dos meus sonhos.

    Aos meus irmos, Fbio e Francisco, por estarem sempre juntos da minha me nos

    momentos que ela mais precisa.

    Ao meu pai, Jos Firmino, que, apesar de sua ndole muito forte, nunca deixou de cuidar e

    amar seus filhos.

    minha namorada, Lorrana Campos, que sempre esteve do meu lado, e que foi

    companheira de todas as formas na minha vida e graduao.

    Aos meus amigos Renato Moura e Lazaro Lacerda pela ajuda e por tantos bons momentos

    passados durante minha vida acadmica. A vocs o meu grande abrao e muito obrigado

    pelo companheirismo, pelas conversas, pelas risadas e desabafos.

    Ao meu orientador, Leonardo, por ter acreditado na minha capacidade.

    A todos os professores da UNIFESSPA e da UFPA de Altamira-PA, que de uma forma ou

    outra contriburam para a minha formao profissional e me deixaram tantos ensinamentos.

    Enfim, a todos aqueles que de uma forma ou outra contriburam para que eu chegasse at

    aqui.

    Meu muito obrigado!

  • RESUMO

    O Projeto de Aproveitamento Hidreltrico Marab (AHE Marab), que ser construdo a 4 km da ponte rodoferroviria do Tocantins, na altura da Vila de Esprito Santo, inundar uma rea de 660 km para alm da calha atual do Rio Tocantins. O seu reservatrio ir atingir ribeirinhos, indgenas, pescadores e agricultores familiares de assentamentos rurais da regio. Diante desta premissa, procurou-se estudar os impactos causados pela construo da Usina Hidreltrica de Marab sobre a rea do Projeto de Assentamento Me Maria, situada no municpio de Bom Jesus do Tocantins, Par. Para isso, foi realizado o mapeamento do uso e cobertura do solo, a fim de identificar os possveis danos que a implantao do Projeto ocasionar no local. O objetivo principal deste trabalho, portanto, foi elaborar um mapa temtico expondo as classes de uso e cobertura do solo predominantes no assentamento e que estaro sujeitas a inundao pelo reservatrio da Usina Hidreltrica de Marab. Para tanto, foi proposto uma metodologia de classificao no supervisionada da imagem do satlite Landsat-8, com data de passagem em novembro de 2014, utilizando ferramentas e recursos de geoprocessamento e sensoriamento remoto. Como efeito comparativo da classificao, utilizou-se a base vetorial do uso e cobertura do solo da Amaznia Legal disponibilizada pelo Projeto TerraClass. O produto final da classificao possibilitou conjeturar o total de rea, bem como suas respectivas classes, que ficaro submersas aps a construo da usina. Esse trabalho comprovou que a utilizao de tcnicas de geoprocessamento, sensoriamento remoto e imagens de satlite, mostrou serem ferramentas que contribuem de forma significativa para obteno de dados fidedignos sobre uma extensa rea de estudo. PALAVRAS-CHAVE: Geoprocessamento, Sensoriamento Remoto, Landsat, UHE Marab, PA Me Maria.

  • ABSTRACT

    The Hydroelectric Project Marab (HPP Marab), which will be built 4 km of road

    and railway bridge of Tocantins, at the time of the Town of Esprito Santo, flood an

    area of 660 square kilometers beyond the current channel of the River Tocantins.

    Your tank will reach riparian, indigenous people, fishermen and farmers of rural

    settlements in the region. Given this premise, we tried to study the impacts caused

    by the construction of HPP on the Marab area of Settlement Me Maria Project,

    located in Bom Jesus do Tocantins, Par. For this, we carried out the mapping of

    land use and land cover in order to identify the possible damage that will result in

    the implementation of the project on site. The main objective of this study therefore

    was to develop a thematic map outlining the use of classes and land cover

    prevalent in the settlement and will be subject to flooding by HPP Marab

    reservoir. Therefore, we propose an unsupervised classification methodology of

    the Landsat-8 satellite, dated passage in November 2014, using tools and GIS and

    remote sensing resources. For comparison purposes of classification, we used the

    vector base use and land cover in the Legal Amazon provided by TerraClass

    Project. The final product classification enabled guess the total area as well as

    their respective classes, which will be submerged after the construction of the

    plant. This work demonstrated that the use of geoprocessing techniques, remote

    sensing and satellite images showed are tools that contribute significantly to

    obtaining reliable data on an extensive area of study.

    KEYWORDS: Geoprocessing, Remote Sensing, Landsat, UHE Marab, PA Me Maria.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Mapa de Localizao do PA Me Maria e seus respectivos limites e confrontaes. ................................................................................................................ 16 Figura 2 - Mapa dos rios (Me Maria, Fleixeira e Tocantins) e crregos (Fleixerinha, Bacabalzinho, BacabaI Grande, Ribeirozinho) que cortam o PA Me Maria. ......................................................................................................................... 19 Figura 3 - Grade de cenas do satlite Landsat. Destaque para a localizao da rbita e do ponto da imagem utilizada (rbita223/ponto 64). ....................... 26 Figura 4 - Fluxograma ilustrativo das principais etapas desenvolvidas no trabalho. Fonte: Elaborao do autor ...................................................................... 29 Figura 5 - Esquema da Fuso da imagem Landsat-8 no Spectral Transformer. ............................................................................................................................................. 31

    Figura 6 - Recorte da rea do assentamento de acordo com as imagens de satlite Landsat dos anos de 2012 e 2014. .............................................................. 33 Figura 7 - Uso e cobertura do solo de acordo com a classificao do Projeto TerraClass/2012 na rea do PA Me Maria. ............................................................. 37 Figura 8 - Grfico das classes de uso e cobertura do solo do PA Me Maria, de acordo com os dados do TerraClass - 2012. ..................................................... 38 Figura 9 - Uso e Cobertura do Solo do PA Me Maria, 2014. .............................. 39 Figura 10 - Grfico da distribuio percentual das classes de uso e ocupao do solo atual. ................................................................................................ 41 Figura 11 - rea inundada pelo reservatrio da UHE Marab. ........................... 43 Figura 12 - Distribuio percentual da rea inundada pelo reservatrio no PA Me Maria. ......................................................................................................................... 44

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Cores adotadas pelo Projeto TerraClass para definir cada classe de uso e cobertura do solo..................................................................................36 Tabela 2- rea das classes de uso e cobertura do solo de acordo com o Projeto TerraClass. .........................................................................................................38 Tabela 3 - rea das classes de uso e cobertura do solo do ano de 2014........40 Tabela 4 - rea inundada pelo reservatrio da UHE Marab no PA Me Maria. ..............................................................................................................................................44

  • SUMRIO

    1. INTRODUO .............................................................................................................. 12

    2. HIPTESE .................................................................................................................... 13

    3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 13

    3.1. GERAL ........................................................................................................................ 13

    3.2. ESPECFICOS .......................................................................................................... 14

    4. REFERNCIAL TERICO ......................................................................................... 14

    5. REA DO ESTUDO .................................................................................................... 15

    5.1. LOCALIZAO ......................................................................................................... 15

    5.2. HISTRICO ............................................................................................................... 16

    5.3. ASPECTO FSICO-CLIMTICO ............................................................................. 17

    5.3.1. SOLOS E VEGETAO ...................................................................................... 17

    5.3.2. RELEVO E ALTITUDE .......................................................................................... 18

    5.3.3. RECURSOS HDRICOS ....................................................................................... 18

    5.3.4. CLIMA E UMIDADE RELATIVA DO AR ............................................................ 19

    5.3.5. TEMPERATURA DO AR ...................................................................................... 20

    5.4. ASPECTOS ESTRUTURAIS .................................................................................. 20

    5.4.1. INFRA-ESTRUTURA PRODUTIVA .................................................................... 20

    5.4.2. INFRA-ESTRUTURA SOCIAL ............................................................................ 21

    6. MATERIAIS ................................................................................................................... 24

    6.1. MATERIAL BIBLIOGRFICO E CARTOGRFICO ............................................ 24

    6.2. EQUIPAMENTOS E SOFTWARES ....................................................................... 28

    7. MTODO ....................................................................................................................... 29

    8. RESULTADOS E DISCUSSES .............................................................................. 37

    8.1. MAPEAMENTO E QUANTIFICAO DO USO E COBERTURA DO SOLO

    DO PA ME MARIA DE ACORDO COM O PROJETO TERRACLASS ................. 37

    8.2. MAPEAMENTO E QUANTIFICAO DO USO E COBERTURA DO SOLO

    DO PA ME MARIA DE ACORDO COM CLASSIFICAO NO-

    SUPERVISIONADA DA IMAGEM LANDSAT-8 DO ANO DE 2014 ......................... 39

    8.3. MAPEAMENTO E QUANTIFICAO DO USO E COBERTURA DO SOLO

    DO PA ME MARIA QUE SER INUNDADA PELO RESERVATRIO DA UHE

    MARAB ............................................................................................................................ 42

    9. CONCLUSES ............................................................................................................ 45

    10. REFERNCIA BIBLIOGRFICA. .......................................................................... 46

  • 12

    1. INTRODUO

    O Projeto de Aproveitamento Hidreltrico Marab (AHE Marab), tambm

    chamado de Barragem ou Usina Marab, ser construdo a 4 km da ponte

    rodoferroviria do Tocantins, na altura da Vila de Esprito Santo. Seu custo inicial

    est estimado em R$ 12 bilhes, com um prazo de construo mdio de oito

    anos.

    A capacidade de produo do empreendimento ser de 1.850 megawatts

    (MW), com energia firme de 1.020 megawatts (MW), quantidade necessria para

    atender o consumo de energia eltrica residencial de 20 milhes de brasileiro ou

    5,4 milhes de moradias (ELETRONORTE, 2012). No mbito local, a usina

    contribuir no fornecimento de energia para o polo minero-metalrgico da regio,

    setor que mais impulsiona a economia do sul e sudeste paraense.

    O reservatrio da barragem Marab ter uma rea de 1.014 km e o seu

    lago inundar uma rea de 660 km para alm da atual calha dos rios Tocantins e

    Araguaia. Municpios de trs estados tero suas terras diretamente atingidas,

    sendo eles: Marab, So Joo do Araguaia, Bom Jesus do Tocantins, Brejo

    Grande do Araguaia e Palestina do Par (Estado do Par); Anans, Esperantina,

    Araguatins, Buriti do Tocantins e So Sebastio do Tocantins (Estado do

    Tocantins); e So Pedro da gua Branca e Vila Nova dos Martrios (Estado do

    Maranho). (ELETRONORTE, 2012).

    Alm disso, o empreendimento ir atingir Indgenas, quebradeiras de coco

    babau, pescadores, assentados, ribeirinhos, moradores de povoados e cidades,

    atingindo mais de 10 mil famlias, cerca de 40 mil pessoas. (ELETRONORTE,

    2012).

    Trazendo para a realidade, somente no Projeto de Assentamento Me

    Maria so encontradas mais de 70 famlias que sobrevivem diretamente com o

    que se produzido nos lotes do assentamento (COPSERVIOS, 2002). Essa

    situao promove certo desconforto entre as famlias, uma vez que as incertezas

    sobre o seu futuro ronda suas propriedades.

    Diante do exposto, procurou-se estudar os possveis impactos causados

    pela construo da Usina Hidreltrica de Marab sobre a rea do Projeto de

    Assentamento Me Maria, situada no municpio de Bom Jesus do Tocantins,

  • 13

    Par. Para isso, realizaram-se mapeamentos de uso e cobertura do solo da rea

    em questo, utilizando tcnicas e ferramentas de SIG (Sistema.de Informao

    Geogrfica).

    O objetivo principal deste trabalho foi elaborar um mapa temtico a partir

    da classificao no-supervisionada da imagem do satlite Landsat-8 com data

    de passagem em novembro de 2014, utilizando ferramentas e recursos de

    geoprocessamento. Para efeito comparativo da classificao, utilizou-se a base

    vetorial do uso e cobertura do solo da Amaznia Legal disponibilizada pelo

    Projeto TerraClass. O produto final da classificao possibilitou calcular o total de

    rea, bem como suas respectivas classes, que ficaro submersas aps a

    construo da usina.

    Os resultados foram extrados atravs da manipulao de imagens dos

    satlites Landsat-8 e Landsat-5 com abrangncia do municpio de Marab,

    referente rbita/ponto 223/64 e dados cartogrficos contendo informaes

    bsicas da referente rea de estudo.

    2. HIPTESE

    Com base nas informaes disponibilizadas, a hiptese gerada para este

    estudo de que toda forma de uso e cobertura vegetal do solo presente no PA

    Me Maria ser atingida, direta ou indiretamente pelo reservatrio a ser formado

    pela construo da Usina Hidreltrica de Marab, atingido assim, muitos de seus

    assentados.

    3. OBJETIVOS

    3.1. GERAL

    Baseado nessa hiptese, o objetivo principal deste trabalho foi elaborar um

    mapa temtico a partir da classificao no-supervisionada da imagem de satlite

    Landsat-8 do ano de 2014, afim de conjeturar a rea que ser inundada pelo

    reservatrio da Usina Hidreltrica de Marab dentro do Projeto de Assentamento

    Me Maria.

  • 14

    3.2. ESPECFICOS

    O presente trabalho teve como objetivos especficos mapear o uso e

    cobertura do solo da rea do assentamento para o ano de 2014, realizando uma

    interpretao visual de imagens de satlite para caracterizar os tipos de classes

    presentes no assentamento.

    Buscando obter um melhor desempenho e fidelidade dos mapas, utilizou-

    se a base cartogrfica do uso e cobertura do solo da Amaznia Legal

    disponibilizadas pelo Projeto TerraClass-2012, a efeito de comparao entres as

    classes identificadas pela classificao no supervisionada da imagem do satlite

    Landsat-8.

    4. REFERNCIAL TERICO

    Para a implantao de grandes empreendimentos, como o caso da UHE

    Marab, a legislao brasileira exige que sejam elaborados estudos e anlises de

    seus impactos no ambiente, a curto, mdio e longo prazo (CONAMA, 1982).

    Esses estudos demandam de tecnologias que auxiliem na melhor interpretao

    do meio ambiente, que reduzam tempo e corte gastos, uma vez que esses

    projetos cobrem uma rea bastante extensa, necessitando de procedimentos

    mais automticos para a interpretao da paisagem.

    Dentro desta perspectiva, a utilizao de imagens produzidas por sensores

    remotos para o mapeamento e monitoramento da superfcie terrestre passou a ter

    fundamental importncia, principalmente nas ltimas dcadas, pelo

    desenvolvimento de tcnicas e programas de computador que permitiram a

    anlise e manipulao digital destes produtos (COUTINHO, 1997).

    Nesse contexto, Rodrigues et al. (2014) buscou comparar as tcnicas de

    mapeamento do uso e ocupao do solo na bacia hidrogrfica do Ribeiro

    Paraso localizado no municpio de So Manuel SP confrontando mtodos de

    classificao supervisionada MAXVER e no supervisionada CLUSTER realizada

    em imagem do sensor TM (Thematic Mapper) do satlite Landsat-5 na

    combinao Falsa cor.

  • 15

    Os resultados do estudo dos autores anteriormente elucidados mostraram

    que a classificao supervisionada MAXVER seria a mais indicada para se

    realizar anlise do uso da terra por meio de classificao digital, devido sua maior

    capacidade de acurcia em relao classificao no-supervisionada

    CLUSTER. Porm, a tcnica de classificao no-supervisionada pode ser uma

    alternativa interessante quando no se possui informaes sobre a rea de

    interesse ou at mesmo quando no pode ser definida visualmente pelo analista.

    5. REA DO ESTUDO

    5.1. LOCALIZAO

    O projeto de assentamento Me Maria foi criado em 09 de dezembro de

    1999, no municpio de Bom Jesus do Tocantins, regio Sudeste do Par, a

    aproximadamente 606 km da capital do estado. Com uma rea de 3.288,63

    hectares, est situado entre as coordenadas geogrficas de latitude, -052522 e

    -052835 e longitude -489902 e -488785, com os seguintes limites e

    confrontaes: ao norte a Estrada de Ferro Carajs (EFC) e a aldeia Me Maria

    dos ndios Gavies; ao sul o Rio Tocantins; a leste o Projetos Estaduais de

    Assentamento Sustentveis (PEAS) Bacabal Grande; e a oeste o Rio Fleixeira e a

    Vila Esprito Santo. A distncia at a sede municipal de 80 km (Bom Jesus do

    Tocantins) e 20 km da cidade de Marab (Figura 1).

  • 16

    Figura 1 - Mapa de Localizao do PA Me Maria e seus respectivos limites e

    confrontaes.

    5.2. HISTRICO

    Segundo informaes de alguns trabalhadores rurais, o PA Me Maria era

    um castanhal pertencente ao Dr. Joo Queiroz, residente em Marab. O

    encarregado da ento fazenda era o Sr. Anbal. Criava-se pouco gado, sendo o

    principal produto a castanha-do-par. Esta fazenda pertencia ao municpio de So

    Joo do Araguaia, porm, com a emancipao de Bom Jesus do Tocantins, a

    rea ficou nos limites deste ltimo.

    Em 1982 algumas famlias entraram em uma rea da unio vizinha ao

    castanhal. Com isso, quatro famlias advindas do bairro So Flix, cidade de

    Marab (Raimundo Jos Ferreira, Jacu, Raimundo Feitosa e Joo Luiz) entraram

    nesta rea atraindo mais famlias. Em 1984, definitivamente a rea foi ocupada.

    No houve conflitos entre os agricultores e o fazendeiro. Voluntariamente as

    famlias, em maioria oriundas do Par, estabeleceram seus lotes. A negociao

  • 17

    quanto desapropriao e a criao do assentamento se deu diretamente com o

    INCRA, com maior nfase atravs da associao criada em 31 de outubro de

    1999 com o apoio direto da Federao dos Trabalhadores na Agricultura do

    estado do Par (FETAGRI). No houve nenhum envolvimento do fazendeiro

    nestas questes. Neste mesmo ano, 1999, uns nmeros expressivos de

    trabalhadores participaram do acampamento promovido pela FETAGRI, em frente

    ao INCRA, o qual deu impulso para a desapropriao do imvel. A criao

    definitiva do assentamento foi concluda em 09 de dezembro de 1999. Nos anos

    sucessivos a associao tem participado dos acampamentos promovidos e

    coordenados pela FETAGRI. Hoje so 76 famlias assentadas. (COPSERVIOS,

    2002)

    5.3. ASPECTO FSICO-CLIMTICO

    5.3.1. SOLOS E VEGETAO

    Baseado nas suas experincias, os agricultores do assentamento

    caracterizam os solos em trs estgios: Argissolo (Podzlico) vermelho amarelo,

    Argissolo (Podzlico) vermelho escuro, latossolo vermelho (COPSERVIOS,

    2002). Porm, de acordo com Zoneamento Ecolgico Econmico (ZEE) as

    classes de solos predominantes na rea onde o PA est localizado o Latossolo

    amarelo distrfico.

    No inicio do processo de ocupao, segundo informaes dos agricultores,

    existia em torno de 80% desta rea em floresta nativa. Com o passar do tempo a

    floresta diminuiu, hoje so 30%.

    Esta realidade deve-se a introduo da roa e pastagem. Hoje os

    agricultores acreditam que no devem continuar desmatando de maneira

    desordenada.

    A vegetao que abrange a rea do assentamento se caracteriza por

    floresta tropical mida. De um aspecto geral de forma uniforme, apresentando

    uma substituio da vegetao por pastagem.

    Como sabemos, na maioria dos PAs, os recursos florestais no esto

    tendo um manejo adequado, quase no existem essncias florestais e atividades

  • 18

    como a caa e a pesca. Portanto, as essncias florestais encontradas no PA Me

    Maria so as seguintes: castanheiros, marup, copaba, que so comercializados

    para os madeireiros e tirado lenha para o uso domstico.

    Quanto s atividades de caa e pesca, essas so praticadas

    eventualmente. As pescas so realizadas nos igaraps e os nicos peixes ainda

    encontrados so mandi e piau. As caas como a cotia, a paca, o tatu e o veado,

    so utilizados na alimentao dos assentados, j que representa uma fonte rica

    em protenas.

    5.3.2. RELEVO E ALTITUDE

    Em relao ao relevo existente no assentamento, podemos salientar que a

    rea caracterizada plana. Sendo que os agricultores fazem uso com o plantio de

    roa, capim e cultura permanente.

    5.3.3. RECURSOS HDRICOS

    Cerca de 40% dos lotes possui gua permanente o fato de que o rio

    Tocantins faz limites com muitos lotes e bastante utilizado pelas famlias. Dentro

    da rea do assentamento passa o rio bacabalzinho, alm de quatro igaraps.

    A capacidade de abastecimento de gua razovel, levando em conta a

    existncia dos rios na rea e pouca descaracterizao devido a grande existncia

    de mata. Com isso facilita o volume de gua nos igaraps no prejudicando o

    lenol fretico. Todos os igaraps existentes vo de inverno a vero. Sendo til a

    sustentao dos animais e das famlias dos agricultores (figura 02).

  • 19

    Figura 2 - Mapa dos rios (Me Maria, Fleixeira e Tocantins) e crregos (Fleixerinha,

    Bacabalzinho, BacabaI Grande, Ribeirozinho) que cortam o PA Me Maria.

    5.3.4. CLIMA E UMIDADE RELATIVA DO AR

    Segundo a classificao de Kppen, o clima da regio o tropical mido,

    do tipo Am, no limite de transio para o Aw, sendo que no inverno seco. A

    precipitao pluviomtrica varivel, estando o ndice pluviomtrico anual em

    torno de 2.000 mm, a exemplo do que ocorre em toda regio Amaznica. O

    perodo chuvoso vai de Novembro a Abril segundo os agricultores.

    A umidade relativa do ar varia entre 80%, enquanto os valores mdios

    variam entre 75% no ms de julho e 90% no ms de abril.

  • 20

    5.3.5. TEMPERATURA DO AR

    A mdia anual da temperatura fica em tomo de 25 C, enquanto que as

    mdias mensais variam entre 23 C no ms de julho e 27 C no ms de outubro.

    As temperaturas externas e mximas exibem mdias anuais em torno de 31 C e

    33 C.

    5.4. ASPECTOS ESTRUTURAIS

    5.4.1. INFRA-ESTRUTURA PRODUTIVA

    5.4.1.1. Prdios e Instalaes

    As infraestruturas existentes nos lotes do PA Me Maria esto relacionadas

    s diversas atividades produtivas dos agricultores. Elas so, na sua maioria,

    provenientes de recursos dos prprios agricultores e uma pequena quantidade

    dos crditos liberados conforme descrimina o quadro abaixo (Quadro 01).

    Quadro 1 - Instalaes existentes no assentamento.

    Instalaes Caractersticas Quantidade

    Casa Alvenaria 15

    Casa Palha 15

    Casa Madeira 16

    Casa Taipa Coberta Com Cavaco 20

    Poo Manual 50

    Curral Madeira 06

    Cerca Arame Liso/ Farpado 60 Km

    Represa Manual 06

    Fonte: Pesquisa de Campo - COPSERVICOS (2002).

    5.4.1.2. Instalaes Coletivas

    No projeto de assentamento no existe instalaes coletivas de produo,

    armazenamento ou beneficiamento, assim como mquinas e equipamentos.

  • 21

    5.4.1.3. Equipamentos

    As mquinas, equipamentos e ferramentas individuais encontradas nos

    lotes so: moto serra, bomba d'gua, enxada, machado, faco, arreio, carro de

    mo, bicicleta, carroa, cangalha, etc.

    5.4.1.4. Crditos

    No projeto de assentamento Me Maria, foram liberados os crditos FNO,

    APOIO (aquisio de infra-estruturas, instalaes e compra de mquinas e

    ferramentas) e o crdito habitao. Lembrando que apenas 34 casas foram

    construdas (Quadro 02).

    Quadro 2 - Crditos Liberados no PA Me Maria.

    Crditos Ano de Liberao N de Beneficirios Valor Individual

    FNO ESPECIAL 1995 26 7.500,00

    Apoio 2000 40 1.400,00

    Apoio 2001 29 1.400,00

    habitao 2001 51 2.500,00

    Fonte: INCRA/SIPRA 2002.

    5.4.2. INFRA-ESTRUTURA SOCIAL

    5.4.2.1. Vila

    O PA Me Maria tem uma rea de patrimnio coletivo de 15 hectares, na

    qual esto localizadas as duas vilas existentes do PA. A vila de Bacabalzinho,

    composta por 04 casas tem um total de 10 hectares e a vila de Bacabal grande,

    com 12 casas, tem 05 hectares.

    A maioria das casas existentes nas Agrovilas, bem como nos lotes so

    construdas de madeira ou de taipa e variam entre 2 x 5 m. a 4 x 8 m.

    O PA tambm composto com varias outras infra-estruturas (Quadro 03):

  • 22

    Quadro 3 - Infra-estruturas do PA Me Maria.

    Infra - Estrutura Quantidade Caractersticas

    Casas 16 Madeira/Taipa

    Comrcio 1 Madeira

    Bares 1 Madeira

    Campo De Futebol 2 Gramnea Nativa

    Igreja Catlica 2 Alvenaria/Madeira

    Igreja Evang. Assembleia de Deus 1 Madeira

    Escola/Ensino Fundamental 4 Alvenaria/Madeira

    Posto De Sade 1 Alvenaria

    Fonte: Pesquisa De Campo - COPSERVICOS (2002).

    5.4.2.2. Escola

    As escolas situadas no PA Me Maria esto localizadas duas no

    Bacabalzinho e duas na regio do Bacabal grande (Quadro 04).

    Quadro 4 - Escolas Localizadas no P A Me Maria.

    Escolas rea

    Metros

    N. De

    Salas Caract.

    N. De

    Prof.

    N. De

    Alunos

    Escola Do Bacabal 5X5 01 Madeira 01 22

    Escola Duque De Caxias 6X10 02 Alvenaria 02 68

    Esc. Municipal Campo Verde 6X6 01 Alvenaria 01 l3

    Esc. Anexo Santa Maria 6X6 01 Madeira 01 40

    Total - 05 - 05 143

    Fonte: Secretaria Municipal de Educao de Marab - 2001

    Todas estas escolas so de ensino fundamental e funcionam em dois

    horrios em regime multiseriado. Os servios extras como: fazer a merenda e

    manuteno da escola so executados voluntariamente pelos pais dos alunos.

    5.4.2.3. Posto De Sade

    No PA existe um posto de sade, que fica localizado na regio do Bacabal

    grande. O posto construdo de alvenaria, com piso de cermica e dividido em

    quatro salas, com banheiro interno. Ele foi construdo pela prefeitura municipal de

    Bom Jesus do Tocantins no ano de 2000, e se encontra em timo estado de

  • 23

    conservao. Atualmente encontra-se abandonado devido a falta de remdios,

    equipamento hospitalar e de funcionrios.

    5.4.2.4. Campo

    No PA existem dois campos de futebol. Um de 40x60m e fica localizado na

    regio do Bacabalzinho, o outro com 60x90m e fica localizado no Bacabal

    Grande.

    5.4.2.5. Estradas

    Nas dependncias do PA no existem estradas ou vicinais. Apenas um

    ramal madeireiro que foi construdo em 1989 atravs da troca de madeira entre os

    agricultores e algumas serrarias de Marab. Com o trmino do ciclo madeireiro o

    PA ficou abandonado e atualmente a nica estrada existente se encontra em

    pssimas condies, onde s possvel o acesso no vero, mesmo assim, com

    muita dificuldade. O mesmo acontece com as pontes existentes dentro do PA,

    sendo quase impossvel o trfego. Durante o inverno o acesso atravs de barco

    pelo rio Tocantins.

    Em 2000 a associao conseguiu do INCRA 10 km de estradas, mas a

    prefeitura municipal emperrou e no mas quis construir nos valores firmados no

    convnio INCRA/CAIXA ECONMICA/PREFEITURA. Somente no final de 2001,

    atravs de muita persistncia dos agricultores, a prefeitura resolveu prosseguir as

    obras, mas com novos valores e quilometragens. Os 10 km caram para 7,5 km

    sem dar qualquer explicao para os assentados, a prefeitura retirou as mquinas

    que haviam iniciado a construo de 02 km. Atualmente os agricultores esto sem

    saber a real situao dos 7,5 km de estradas que deveriam beneficiar uma parte

    do assentamento.

  • 24

    6. MATERIAIS

    Para que fosse possvel chegar aos resultados do trabalho, foram

    realizadas consultas bibliogrficas, adquirido material cartogrfico e utilizados

    equipamentos e softwares que auxiliaram na execuo do projeto.

    6.1. MATERIAL BIBLIOGRFICO E CARTOGRFICO

    A primeira etapa consistiu na aquisio de material bibliogrfico,

    levantando informaes sobre a Hidreltrica de Marab e o Projeto de

    Assentamento Me Maria, consultando instituies e sites especializados.

    Instituies como: INCRA (Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria),

    ELETRONORTE (Centrais Eltricas do Norte do Brasil S/A), SEMA/PA

    (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e IBAMA (Instituto

    Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis) foram por

    vezes visitadas para obter dados sobre os alvos do estudo.

    Os materiais norteadores deste estudo foram: uma cartilha contendo

    perguntas e respostas sobre os estudos da Barragem Marab e uma cartilha

    contendo os estudos de viabilidade tcnica, econmica e socioambiental do

    Aproveitamento Hidreltrico de Marab, ambas disponibilizadas pela Eletronorte.

    O INCRA, rgo responsvel pela formulao e execuo da poltica fundiria

    nacional, contribui para a pesquisa disponibilizando o Diagnstico e Plano de

    Desenvolvimento Sustentvel do Projeto de Assentamento Me Maria, elaborado

    juntamente com a Cooperativa de Prestao de Servios (COPSERVIOS), no

    ano de 2012.

    Na segunda etapa do trabalho objetivou-se realizar o levantamento dos

    dados necessrios para auxiliar na compreenso dos elementos visveis na

    paisagem estudada, com a finalidade de produzir um mapa temtico da regio.

    Os dados cartogrficos utilizados foram os seguintes:

    Arquivos vetoriais de limites das unidades da federao, limites

    municipais, sedes municipais, grade das cenas do satlite Landsat,

    assentamentos federais, estaduais e rea da terra indgena disponveis

  • 25

    na escala 1:250.000, utilizados para elaborar os mapas de localizao

    apresentados neste trabalho, disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE);

    Folha SB.22-X-D Marab como base das informaes cartogrficas -

    rede hidrogrfica, ferrovia, cidades e coordenadas geogrficas e UTM,

    disponibilizados pela base de dados da SEMA/PA atravs do ZEE

    (Zoneamento Ecolgico-Econmico), na escala 1:250.000;

    Mapa do uso e cobertura da terra disponibilizado pela base de dados do

    INPE e EMBRAPA atravs do Projeto TerraClass, na escala 1:100.000;

    Informaes cartogrficas da rea do reservatrio da UHE Marab

    cota 96, disponibilizados pela ELETRONORTE;

    1 cena do satlite Landsat-8 com abrangncia do municpio de Marab,

    referente rbita/ponto 223/64, bandas 6, 5, 4, com data de passagem

    em 19/11/2014, coordenadas: -05.78511,-48.81906. Imagem adquirida

    gratuitamente atravs do site da instituio United States Geological

    Survey (USGS), em dezembro de 2014.

    1 cena do satlite Landsat-5 com abrangncia do municpio de Marab,

    referente rbita/ponto 223/64, bandas 5, 4, 3, com data de passagem

    em 07/08/2011, coordenadas: -6.69002, -49.50260. Imagem adquirida

    gratuitamente atravs do site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

    Espaciais), em janeiro de 2015. (Figura 3)

  • 26

    Figura 3 - Grade de cenas do satlite Landsat. Destaque para a localizao da rbita e do

    ponto da imagem utilizada (rbita223/ponto 64).

    6.1.1. CARACTERSTICAS DO SATLITE LANDSAT 8

    A escolha de imagens do satlite Landsat-8 levou em considerao sua

    distribuio gratuita pelo United States Geological Survey (USGS), a grande

    quantidade de cenas captadas por dia (cerca de 400), disponibilizando um acervo

    bem amplo de imagens, sua riqueza espectral e a ampla abrangncia de cada

    cena.

    O Landsat-8 (tambm chamado de Landsat Data Continuity Mission ) um

    satlite americano de observao da terra. o oitavo da srie de satlites do

    Programa Landsat e o stimo a alcanar com sucesso a rbita terrestre.

  • 27

    A plataforma Landsat-8 opera com dois instrumentos imageadores:

    Operacional Terra Imager (OLI) e Thermal Infrared Sensor (TIRS). Os produtos

    OLI consistem de nove bandas multiespectrais (coloridas) com resoluo espacial

    de 30 metros (bandas de 1 a 7 e 9). A banda 8 do instrumento OLI a

    pancromtica, possuindo resoluo espacial de 15 metros. Esses produtos so

    entregues em 16 bits com um formato de imagem em GeoTIFF. A fuso das

    bandas pode produzir uma imagem colorida com 15 metros de resoluo.

    No quadro 05 so apresentadas algumas caractersticas do satlite

    Landsat-8:

    Quadro 5 - Caractersticas do satlite Landsat-8

    Informao do Satlite

    Landsat 8 Caracterstica

    rbita Circular, Heliosncrone, Descendente, 98,2 de

    Inclinao, Perodo de 99 minutos, Altitude de 705 Km.

    Horrio de Imageamento 10 h 00 min AM.

    Bandas do Sensor Pancromtico P&B: Banda 8; Multiespectral: Bandas 1-7

    e 9; Termal: Bandas 10-11.

    Resoluo Espacial Pancromtico P&B: 15,0 m (bandas 8); Multiespectral:

    30,0 m (banda 1-7 e 9); Termal: 100,0 m (bandas 10-11).

    Sensibilidade Espectral

    Pancromtico: 500-680 nm (Banda8); Multiespectral:

    430-450 nm (Banda1), 450-510 nm (Banda2), 530-

    590nm (Banda3), 640-690 nm (Banda4 Vermelho), 850-

    880 nm (Banda5 Infravermelho prximo), 1570-1650 nm

    (Banda6 SWIR1), 2110-2290 nm (Banda7 SWIR2),

    1360-1380 nm (Banda9 Cirrus); Termal: 10600-11190

    nm (Banda10 TIRS1), 11500-12510 nm (Banda11

    TIRS2).

    Resoluo Radiomtrica -

    Quantificao

    16 bits por pxel, podendo ser reamostrado a 8 bits a

    pedido do cliente.

    Tamanho de Cena Bsica 185,0 x 185,0 km, recortes menores feitos sob medida.

    Largura de Faixa Imageada 185 km.

    Frequncia de Revisita Aproximadamente 16 dias, dependendo da latitude.

    Preciso de Localizao

    12 m nas bandas 1-2-3-4-5-6-7-8-9 e 41 m nas bandas

    10 e 11 de erro circular em 90% dos casos, sem uso de

    pontos de controle.

    Fonte: USGS, 2014.

  • 28

    6.2. EQUIPAMENTOS E SOFTWARES

    Uma das propostas deste trabalho foi utilizar (sempre que possvel)

    softwares abertos e livres, tendo que os mesmos contribuem para reduzir custos e

    garantem um ambiente digital mais seguro.

    Os equipamentos e softwares que serviram como suporte para o

    desenvolvimento da pesquisa, foram:

    Equipamentos:

    - Notebook modelo CCE, processador Intel Core2 Duo CPU T6500,

    2.10GHz, 4.0GB de memria RAM e 500GB de espao de armazenamento;

    - Impressora HP LaserJet P2050 Series.

    Softwares:

    - Windows 7;

    - Microsoft Office 2010;

    - QGIS 2.4.0. Chugiak: um Sistema de Informao Geogrfica (SIG) Livre

    licenciado sob a GNU General Public License, criado para visualizar, processar

    e analisar dados espaciais, permitindo criar mapas e dados estatsticos;

    - ArcGIS 9.3: Desenvolvido pela Environmental Systems Research

    Institute, ESRI - uma ferramenta do Geoprocessamento que possibilita ligar

    informaes a uma posio geogrfica permitindo visualizar e analisar dados,

    criar mapas, integrar informaes e visualizar.

    - Spectral Transformer: Aplicativo Livre desenvolvido pela empresa

    GeoSage para processos de Realce e Fuso de Imagens Landsat-8;

    - Global Mapper: uma plataforma de processamento voltado para atender

    diversas demandas de Geoprocessamento.

  • 29

    7. MTODO

    Para este trabalho foi adotada a metodologia ilustrada na figura 04.

    Figura 4 - Fluxograma ilustrativo das principais etapas desenvolvidas no trabalho.

    Fonte: Elaborao do autor

    O primeiro passo para realizao deste trabalho foi a aquisio das

    imagens de satlite e as bases cartogrficas com rea de abrangncia sobre a

    regio estudada. As imagens do satlite Landsat-8 e Landsat-5 utilizadas no

    estudo so disponibilizadas, respectivamente, pela United States Geological

  • 30

    Survey (USGS) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A imagem

    do satlite Landsat-8 foi captada na data de 19/11/2014, e a cena do satlite

    Landsat-5 em 07/08/2011. A escolha da imagem do Landsat-8 foi definida pela

    pouca presena de nuvens sobre a rea do assentamento e por ter sido a mais

    atual no momento da coleta de dados. J a imagem do Landsat-5 foi escolhida

    como critrio de comparao com o mapa temtico gerado pelo Projeto

    TerraClass. As bases cartogrficas citadas nos materiais foram disponibilizadas

    pelo IBGE, SEMA/PA, INPE/EMBRAPA e ELETRONORTE.

    Com o auxlio do software Spectral Transformer, foi realizado o

    empilhamento das bandas 6 (ondas curtas de infravermelho), 5 (infravermelho

    prximo) e 4 (vermelho) do Landsat-8, com resoluo espacial de 30 metros, e a

    banda 8 (pancromtica), com 15 metros de resoluo espacial, sendo

    processada, posteriormente, a fuso da imagem com a aplicao de realce

    (Figura 05). Esse procedimento usado como um meio de combinar imagens de

    diferentes sensores, com diferentes resolues espaciais. Tcnica esta que tem

    como objetivo aumentar a resoluo espacial das imagens multiespectrais de

    baixa resoluo espacial, utilizando-se de uma imagem de alta resoluo

    espacial, tal como a banda pancromtica que atualmente diversos sensores

    possuem, ou ento usando uma imagem de radar (MENESES, 2012). Obtendo

    uma melhor resoluo espacial em cores e mais ntida, foi possvel interpretar

    melhor os produtos visuais da imagem.

  • 31

    Figura 5 - Esquema da Fuso da imagem Landsat-8 no Spectral Transformer.

    A escolha desta composio (RGB 654), justificou-se por ser a mais

    adequada para caracterizao visual entre feies de vegetao, corpos dgua e

    solo descoberto, visto que a contraposio entre as bandas 4 e 5 permitem a

    separao entre estratos de vegetao (arbrea e rasteira) bem como os limites e

    margem de corpos dgua, assim como a banda 6 permite visualizar diversos

    tipos de solos (PAULA, et al, 2012) (Quadro 06).

    Quadro 6 - Caractersticas dos sensores presentes no Landsat 8: Sensor OLI (Operacional Terra Imager) e TIRS (Thermal Infrared Sensor).

    Banda Comprimento

    de onda til para o mapeamento

    Banda 1 - aerosol costeira 0,43-0,45 Costeira e estudos de aerossis

    Band 2 - azul 0,45-0,51

    Mapeamento batimtrico, solo

    distintiva da vegetao decdua e

    de vegetao de conferas.

    Band 3 - verde ,53-0,59

    Enfatiza vegetao de pico, o que

    til para a avaliao do vigor das

    plantas.

  • 32

    Banda 4 - vermelho 0,64-0,67 Discrimina encostas de vegetao

    Banda 5 - infravermelho

    prximo (NIR) 085. 0,88-

    Enfatiza teor de biomassa e linhas

    costeiras.

    Banda 6 - de ondas curtas de

    infravermelho (SWIR) 1 1,57-1,65

    Discrimina o contedo de umidade

    do solo e da vegetao; penetra

    nuvens finas.

    Banda 7 - de ondas curtas de

    infravermelho (SWIR) 2 2,11-2,29

    Melhorou o contedo do solo e da

    vegetao e penetrao nuvem

    fina umidade.

    Banda 8 - Panchromatic 0,50-0,68 Resoluo de 15 metros, definio

    de imagem mais ntida.

    Banda 9 - Cirrus 1.36 -1.38 Melhoria da deteco de

    contaminao nuvem cirrus.

    Banda 10 - TIRS 1 10,60-11,19

    Resoluo de 100 metros,

    mapeamento trmico e estimou a

    umidade do solo.

    Banda 11 - TIRS 2 11,5-12,51

    Resoluo de 100 metros,

    mapeamento trmico melhorado e

    estimou a umidade do solo.

    Fonte: USGS, 2014.

    Esse processo foi utilizado para a imagem do Landsat-8, uma vez que o

    Landsat-5 TM (Thematic Mapper) operou com apenas 7 bandas nas regies do

    visvel, infravermelho prximo, mdio e termal. Para a fuso das imagens do

    Landsat-5 TM foi usada a ferramenta Mosaico do software QGis.

    De acordo com a USGS (2013), as imagens do satlite Landsat-8 so

    ortorretificadas, ou seja, foram submetidas a correo geomtrica. Porm, foi

    percebido que a imagem do satlite Landsat-5 apresentou uma pequena distoro

    geomtrica, portanto, fez-se necessrio realizar o georreferenciamento da

    imagem. Para isso foram utilizadas bases cartogrficas (IBGE, 2010) que

    serviram como ponto de referencia para auxiliar no correto georreferenciamento

    da imagem. As imagens foram georreferenciadas na Projeo Universal

    Transversa de Mercator (UTM), Zona: 22 Sul, Datum WSG 84.

    Com as imagens devidamente combinadas e tendo seus registros

    cartogrficos conferidos (georreferenciados), foi ento realizada a delimitao da

    rea de estudo em questo. Com um recorte da rea do PA Me Maria extrada

    pelo arquivo shapefile dos assentamentos federais da base de dados do IBGE,

  • 33

    pode-se ento realizar o procedimento de classificao da imagem Landsat-8

    (Figura 06).

    Figura 6 - Recorte da rea do assentamento de acordo com as imagens de satlite Landsat

    dos anos de 2012 e 2014.

    O mtodo de classificao utilizado neste trabalho foi o procedimento de

    classificao no-supervisionada. Essa tcnica foi adotada pelo fato de que se

    desejou fazer uma classificao exploratria da imagem, a ttulo de comparar e

    associar os possveis alvos classificados com as classes do TerraClass, uma vez

    que no foi possvel realizar um levantamento de campo afim de comparar as

    classes com as coletas de campo.

    Para realizar a classificao utilizou-se a ferramenta Spatial Analyst Tools

    > Multivariate > Iso Cluster e Maximum Likelihood Classification localizada no

    ArcToolBox do ArcGIS 9.3. Aps a realizao da classificao no-

    supervisionada, a identificao das classes foi feita atravs da comparao com a

    fonte cartogrfica extrada da base vetorial estabelecida pelo Projeto Terraclass

  • 34

    2012. Posteriormente, os polgonos foram transformados em arquivo do tipo vetor

    (shapefile) e suas reas calculadas atravs da extenso XTools Pro do ArcGIS

    9.3.

    A seguir so apresentadas as classes de uso e cobertura do solo definidas

    pelo Projeto TerraClass 2012, bem como a caracterizao de cada uma (Quadro

    07):

    Quadro 7 - Caracterizao das classes de uso e cobertura do solo identificadas no Projeto TerraClass 2012.

    Classes de uso e cobertura do solo

    Caractersticas

    Floresta

    rea de floresta primria, da Amaznia Legal no alterada, com formao de dossel contnuo, composta por espcies nativas e com padres fitofisionmicos prximos aos climxicos. Compem esta categoria, diferentes formaes florestais, tais como, floresta ripria ou ciliar e floresta de terra firme, entre outras.

    Hidrografia Verticalmente representado por rios, lagos e represas, com presena mandatria de corpos de gua com 100% de cobertura.

    Vegetao Secundria

    reas que, aps a supresso total da vegetao florestal, encontram-se em processo avanado de regenerao da vegetao arbustiva e/ou arbrea ou que foram utilizadas para a prtica de silvicultura ou agricultura permanente com uso de espcies nativas ou exticas.

    No Floresta

    Vegetao pertencente a diferentes fitofisionomias de vegetao no florestal, tais como Savana Arbrea-Arbustiva (Cerrado), Savana Gramneo- Lenhosa (Campo Limpo de Cerrado ), Lavrados, Campinarana Etc.

    Desmatamento em 2008 Mapeamento das reas desflorestadas em 2008

    Agricultura Anual

    reas extensas com predomnio de culturas de ciclo anual, sobretudo de gros, com emprego de padres tecnolgicos elevados, tais como uso de sementes certificadas, insumos, defensivos e mecanizao, entre outros.

    Mosaico de ocupaes reas representadas por uma associao de diversas modalidades de uso da terra e que devido resoluo

  • 35

    espacial das imagens de satlite no possvel uma discriminao entre seus componentes. Nesta classe, a agricultura familiar realizada de forma conjugada ao subsistema de pastagens para criao tradicional de gado.

    Pasto Limpo reas de pastagem em processo produtivo com predomnio de vegetao herbcea, e cobertura de espcies de gramneas entre 90 e 100%.

    Pasto Sujo

    reas de pastagem em processo produtivo com predomnio da vegetao herbcea e cobertura de espcies de gramneas entre 50 e 80%, associado presena de vegetao arbustiva esparsa com cobertura entre 20 e 50%.

    Regenerao com Pasto

    reas que, aps o corte raso da vegetao natural e o desenvolvimento de alguma atividade agropastoril, encontram-se no incio do processo de regenerao da vegetao nativa, apresentando dominncia de espcies arbustivas e pioneiras arbreas. reas caracterizadas pela alta diversidade de espcies vegetais.

    Pasto com solo Exposto reas que, aps o corte raso da floresta e o desenvolvimento de alguma atividade agropastoril, apresentam uma cobertura de pelo menos 50% de solo exposto.

    Minerao reas de extrao mineral com a presena de clareiras e solos expostos, envolvendo desflorestamentos nas proximidades de guas superficiais.

    rea Urbana

    Manchas urbanas decorrentes da concentrao populacional formadora de lugarejos, vilas ou cidades que apresentam infraestrutura diferenciada da rea rural apresentando adensamento de arruamentos, casas, prdios e outros equipamentos pblicos.

    Outros

    reas que no se enquadram nas chaves de classificao e apresentam padro de cobertura diferenciada de todas as classes do projeto, tais como afloramentos rochosos, praias fluviais, bancos de areia entre outros.

    rea no Observada reas que tiveram sua interpretao impossibilitada pela presena de nuvens ou sombra de nuvens, no momento de passagem para aquisio de imagens de satlite, alm das reas recentemente queimadas.

    Fonte: TerraClass, 2012.

  • 36

    Para a definio das cores de identificao das classes tambm foi

    adotado os parmetros definidos pelo TerraClass. Na tabela 01 encontram-se

    listadas cada uma delas:

    Tabela 1 - Cores adotadas pelo Projeto TerraClass para definir cada classe de uso e cobertura do solo.

    A partir de ento, o agrupamento das classes gerou o mapa de uso e

    cobertura do solo do PA Me Maria do ano de 2014, servindo como efeito de

    comparao da evoluo de cada classe do uso e cobertura do solo dos anos de

    2012 (mapa do TerraClass) e 2014 (mapa atual).

    Por fim, foi inserida a base vetorial do reservatrio da UHE Marab cota

    96, a fim de sobrep-las sobre as imagens de satlite e as camadas atuais de uso

    e cobertura do solo do assentamento. Esse processo teve como propsito

    quantificar a rea do assentamento que ser alagada pelo empreendimento e

    calcular as perdas de cada classe avaliada no trabalho.

    Por fim, foram ento elaboradas planilhas no Microsoft Excel, com dados

    referentes s classes e reas do uso e cobertura do solo do assentamento. Os

    produtos cartogrficos e os resultados quantitativos produzidos foram analisados

    e comparados com as informaes das referencias utilizadas a fim de gerar as

    discusses apresentadas neste trabalho.

    Fonte: Projeto TerraClass, 2012.

  • 37

    8. RESULTADOS E DISCUSSES

    O presente trabalho contou com um aporte metodolgico capaz de

    espacializar as informaes geogrficas em mapas temticos da rea em estudo.

    Estes mapas contriburam para entender as mudanas que possivelmente iro

    ocorrer na rea do assentamento Me Maria com a implantao da UHE de

    Marab.

    8.1. MAPEAMENTO E QUANTIFICAO DO USO E COBERTURA DO SOLO

    DO PA ME MARIA DE ACORDO COM O PROJETO TERRACLASS

    Na figura 07 apresentado o mapa de uso e cobertura do solo do PA Me

    Maria de acordo com o Projeto TerraClass 2012. Este mapa mostra a distribuio

    espacial das classes de uso e cobertura da terra na escala cartogrfica de

    1:100.000.

    Figura 7 - Uso e cobertura do solo de acordo com a classificao do Projeto

    TerraClass/2012 na rea do PA Me Maria.

  • 38

    Na Tabela 02 so apresentados os dados quantitativos e suas respectivas

    porcentagens para cada classe obtida atravs da base vetorial do Projeto

    TerraClass 2012.

    Tabela 2- rea das classes de uso e cobertura do solo de acordo com o Projeto TerraClass.

    Neste ano, o PA Me Maria apresentou uma rea classificada de Floresta

    de 21,94%, Pasto limpo de 21,06%, Pasto sujo de 3,23%, Regenerao com

    pasto de 16,15% e Vegetao secundria de 33,69%. (Figura 08)

    Figura 8 - Grfico das classes de uso e cobertura do solo do PA Me Maria, de acordo com

    os dados do TerraClass - 2012.

    rea noobservada

    FlorestaMosaico deocupaes

    Outros Pasto limpo Pasto sujoRegenerao

    com pastoVegetaosecundria

    % 2.62 21.94 0.77 0.55 21.06 3.23 16.15 33.69

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    %

    DISTRIBUIO PERCENTUAL DAS CLASSES TERRACLASS - 2012

    Classes rea (ha) %

    rea no observada 86.16881 2.62

    Floresta 721.40762 21.94

    Mosaico de ocupaes 25.298505 0.77

    Outros 18.088618 0.55

    Pasto limpo 692.56895 21.06

    Pasto sujo 106.21257 3.23

    Regenerao com pasto 530.96814 16.15

    Vegetao secundria 1107.9221 33.69

    Total 3288.6353 100.00

  • 39

    O mapa de uso e cobertura do solo do PA Me Maria gerado pelo Projeto

    TerraClass 2012 serviu no apenas como fonte de referncia para a elaborao

    do mapa atual de uso e cobertura do solo, mas tambm como um dado oficial

    capaz de garantir a fidelidade dos resultados obtidos neste trabalho.

    8.2. MAPEAMENTO E QUANTIFICAO DO USO E COBERTURA DO SOLO

    DO PA ME MARIA DE ACORDO COM CLASSIFICAO NO-

    SUPERVISIONADA DA IMAGEM LANDSAT-8 DO ANO DE 2014

    O mapa de uso e cobertura do solo do PA Me Maria elaborado de acordo

    com a classificao no-supervisionada da imagem de satlite Landsat-8

    apresentado na Figura 09. Este mapa exibe a distribuio espacial das classes de

    uso do solo e cobertura da terra na escala cartogrfica de 1:100.000.

    Figura 9 - Uso e Cobertura do Solo do PA Me Maria, 2014.

  • 40

    Na Tabela 03 so apresentados os dados quantitativos e suas respectivas

    porcentagens para cada classe de uso e cobertura do solo obtida atravs da

    classificao no-supervisionada.

    Tabela 3 - rea das classes de uso e cobertura do solo do ano de 2014.

    Classes rea (ha) %

    Floresta 963.05053 29.28

    Pasto 813.02039 24.72

    Regenerao com pasto 863.3337 26.25

    Solo exposto 142.41457 4.33

    Vegetao secundria 506.81616 15.41

    Total de rea 3288.6353 100.00

    O sistema de classificao utilizado teve como referncia as classes do

    Projeto TerraClass, porm no pde ser exatamente o mesmo, sofrendo uma

    adaptao de acordo com as peculiaridades ambientais e produtivas da regio.

    Diante desta premissa, decidiu-se agrupar neste trabalho as classes de pasto

    limpo e pasto sujo em apenas uma classe de pasto, o que facilitou a interpretao

    da imagem. Alm disso, houve uma adaptao na nomenclatura da classe Pasto

    com Solo Exposto, passando a ser definida na classificao atual apenas de

    Solo Exposto, tendo em vista que as amostras dessa classe no compreendiam

    nenhum vestgio de pastagem.

    As informaes de rea no observada, Mosaico de ocupaes e a

    classe Outros, outrora presente na classificao do TerraClass, no foram

    espacializadas no mapa temtico atual (2014) em funo da pequena rea de

    ocorrncia. A classe rea no observada, por exemplo, se fez presente no mapa

    do TerraClass devido a presena de nuvens que impediram a correta observao

    da rea no momento da passagem do satlite, fato que no se repetiu na cena

    adquirida atravs do Landsat-8 do ms de novembro. Por essas razes tcnicas,

    essas classes no foram includas, embora tenham sido caracterizadas pelo

    mapa do TerraClass.

    Para o ano de 2014, a classificao no-supervisionada indicou uma rea

    de Floresta de 29,28%, Pasto de 24,72%, Regenerao com pasto de 26,25%,

    Solo exposto de 4,33% e Vegetao secundria de 15,41%, conforme a figura 10.

  • 41

    Figura 10 - Grfico da distribuio percentual das classes de uso e ocupao do solo atual.

    Percebe-se que a rea de floresta (29,28%) se manteve praticamente a

    mesma em relao a pesquisa de campo realizada pela COPSERVIOS (2002),

    indicado naquele estudo que a rea de floresta ocupava cerca de 30% do

    assentamento. Essa informao demonstra a conscincia que os agricultores

    tiveram sobre a importncia ambiental e ecolgica de continuar mantendo a

    floresta em p, onde a mesma desempenha papel imprescindvel na manuteno

    de servios ecolgicos, tais como, garantir a qualidade do solo, dos recursos

    hdricos presentes nos lotes e proteger a biodiversidade local. Outro fato

    importante da manuteno da floresta naquela rea est relacionado diretamente

    com sua localizao, pois o assentamento est situado as margens do Rio

    Tocantins, portanto, garantir que a floresta continue em p contribuir para evitar

    eroses e assoreamentos.

    Outro fator associado com a preservao da floresta coincide com o fato de

    que neste assentamento existem vrias famlias que desenvolve atividades

    relacionadas com o extrativismo. Essas famlias realizam a coleta de frutos, tais

    como: castanha-do-par, aa, bacaba e cupuau; e praticam a caa e pesca para

    o consumo familiar. (COPSERVIOS, 2002)

    Observa-se tambm que a rea de pasto (24,72%) e regenerao com

    pasto (26,25%) representam mais da metade da forma de ocupao humana no

    Floresta PastoRegenerao

    com pastoSolo exposto

    Vegetaosecundria

    % 29.28 24.72 26.25 4.33 15.41

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35%

    DISTRIBUO PERCENTUAL DAS CLASSES ATUAIS - 2014

  • 42

    assentamento, totalizando uma rea com cerca de 1.676,35 ha. Este fato

    demonstra a tradio histrica ligada a pecuarizao na regio.

    As reas ocupadas por pasto so destinadas criao de rebanho bovino,

    composto em quase sua totalidade por animais da raa Nelore e gado mestio.

    (COPSERVIOS, 2002).

    No assentamento no foram identificadas reas de monocultura, culturas

    irrigadas e de reflorestamento comercial. A rea de solo exposto (4,33%), porm,

    pode ser um indicativo que essa pequena ocorrncia tenha sido utilizada para o

    preparo do solo, uma vez que a imagem foi capturada no ms de novembro,

    perodo utilizado pelos agricultores para realizar o preparo do solo e instalar,

    posteriormente, culturas de ciclos curtos, como: o milho, o arroz, o feijo e a

    mandioca. Os agricultores que realizam essa atividade utilizam os produtos para

    comercializao, garantindo assim uma fonte de renda, alm de ser utilizados no

    consumo familiar (COPSERVIOS, 2002).

    A vegetao secundria do assentamento, no diferente do que ocorre na

    Amaznia, tambm fruto da ao antrpica. Essa classe popularmente

    denominada de capoeira (uso agrcola) ou juquira (pecuria), sendo as principais

    fontes de converso das florestas amaznicas em capoeiras a agricultura familiar,

    as pastagens e a explorao madeireira (INPE, 2000).

    8.3. MAPEAMENTO E QUANTIFICAO DO USO E COBERTURA DO SOLO

    DO PA ME MARIA QUE SER INUNDADA PELO RESERVATRIO DA UHE

    MARAB

    A carta imagem do PA Me Maria e seu entorno, apresentada na figura 11,

    mostra as reas rurais que sero inundadas permanentemente pelo reservatrio

    do AHE Marab na cota 96 metros.

  • 43

    Figura 11 - rea inundada pelo reservatrio da UHE Marab.

    Inerente a esse fato, esto associados vrios problemas de cunho

    ambiental e social, uma vez que a rea a ser inundada pelo reservatrio ser de

    610 km para alm da calha atual do rio Tocantins, afetando populaes atingidas

    diretamente atravs do alagamento de suas propriedades, casas, reas

    produtivas e at cidades (ELETRONORTE, 2012). Existem tambm os impactos

    indiretos como perdas de laos comunitrios, separao de comunidades e

    famlias e inundao de locais sagrados para comunidades indgenas e

    tradicionais.

    No PA Me Maria, a rea a ser inundada pelo reservatrio corresponder

    um total de 1.982,2633 ha, o equivalente a 60,28% da rea total do

    assentamento, sendo que destes, 26,63% so reas de floresta, 21,67% de

    pasto, 29,33% rea de regenerao com pasto e 3,97% de solo exposto,

    conforme apresentado na tabela 04.

  • 44

    Tabela 4 - rea inundada pelo reservatrio da UHE Marab no PA Me Maria.

    Classes rea alagada (ha)

    %

    Floresta 527.87914 26.63

    Pasto 429.51105 21.67

    Regenerao com pasto 581.48588 29.33

    Solo exposto 78.625211 3.97

    Vegetao secundria 364.76205 18.40

    Total de rea alagada 1982.2633 100.00

    Comparando com a atual situao do uso e cobertura do solo, foi possvel

    constatar que todas as classes sofrero intensa alterao na sua paisagem, tendo

    mais da metade de suas reas atingidas pelo empreendimento (Figura 12). Essa

    transformao acarretar vrias perdas de cunho ambiental, social e econmico

    para todos os agricultores assentados.

    Portanto, as informaes obtidas corroboraram com a hiptese deste

    estudo, podendo afirmar que a rea do assentamento ter sim, mais da metade

    de suas terras inundadas.

    Figura 12 - Distribuio percentual da rea inundada pelo reservatrio no PA Me Maria.

    Floresta PastoRegenerao

    com pastoSolo exposto

    Vegetaosecundria

    rea inundada (%) 54.81 52.83 67.35 55.21 71.97

    rea preservada (%) 45.19 47.17 32.65 44.79 28.03

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    %

    DISTRIBUO PERCENTUAL DA REA DE INUNDAO

  • 45

    9. CONCLUSES

    A utilizao de tcnicas de geoprocessamento contribuiu bastante para que

    fosse possvel realizar a identificao das classes de uso e cobertura do solo do

    Projeto de Assentamento Me Maria. A utilizao das bases cartogrficas

    disponibilizadas pelo Projeto TerraClass possibilitou comparar ambos os mapas,

    afim de garantir uma melhor definio das classes do assentamento e garantir

    uma maior lealdade dos dados.

    Neste estudo, o uso da imagem do satlite Landsat-5 e Landsat-8, atravs

    dos sensores Thematic Mapper (TM) e Operacional Terra Imager (OLI),

    respectivamente, possibilitou uma tima visualizao da dinmica do uso e

    cobertura do solo da rea. A partir das anlises das cenas dos satlites, pode-se

    afirmar que as imagens contriburam de forma eficaz para a melhor identificao

    das classes, podendo ser grandes ferramentas aliadas aos estudos de reas

    ambientais.

    Para tanto, fica sugerido para os prximos mapeamentos, um

    procedimento no adotado neste estudo que seria de suma importncia para

    garantir um maior grau de fidelidade ao trabalho. Um simples levantamento de

    campo poderia complementar a pesquisa a fim de comparar as classes

    identificadas na classificao no-supervisionada com possveis amostras

    coletadas em campo. Isso contribuiria ainda mais para que os mapas possam

    chegar a um grau maior de confiabilidade.

    Para finalizar, considerando que as obras da UHE de Marab sejam

    autorizadas, a vida dos pequenos agricultores familiares do assentamento Me

    Maria ser profundamente modificada. Agricultores que hoje vivem do

    extrativismo, da pecuria e da agricultura de subsistncia tero que buscar novas

    alternativas para sobreviverem, uma vez que mais da metade da rea do

    assentamento ser inundado pelo reservatrio da UHE Marab, sendo esse o

    maior desafio dos agricultores familiares desse assentamento.

  • 46

    10. REFERNCIA BIBLIOGRFICA.

    ALMEIDA, Alfredo W. B. de; et al. Boletim Informativo Nova Cartografia Social da

    Amaznia: O direito de dizer no construo da hidreltrica de marab.

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    Acessado

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  • 47

    (orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata Atlntica do Sul da Bahia. Publicao

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    Cear. 2012. 4 p.

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    Obteno das imagens Landsat: Acessado em 02

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    Temporais MODIS no Intermdio da RPPN Serra do Tombador e o Parque

    Nacional Chapada dos Veadeiros - GO. Monografia de final de curso,

    Universidade de Braslia, Instituto de Cincias Humanas, Departamento de

    Geografia, DF, 2013.