Propostas e realizações de Chico Macena 13097 para vereador em São Mateus
MAPEAMENTO E ANALISE HIDROGRÁFICA DA CARTA...
Transcript of MAPEAMENTO E ANALISE HIDROGRÁFICA DA CARTA...
MAPEAMENTO E ANALISE HIDROGRÁFICA DA CARTA TOPOGRÁFICA
DO BAIRRO DOS FRANÇAS-PR
MAPPING AND ANALYSIS OF CHART RIVER SURVEYING THE BAIRRO DO
FRANÇA-PR
Bruno Godoi de Almeida1 Karine Bueno Vargas2
1. INTRODUÇÃO
No presente artigo será relatada a pesquisa de iniciação cientifica, a qual
consistiu em mapeamento hidrográfico e análise da rede de drenagem da carta
topográfica do Bairro do França-PR, na escala 1:50.000. O mapeamento do estudo dará
ênfase as redes de drenagem e suas possíveis anomalias.
Essas anomalias podem ser consideradas como anormalidades na drenagem,
como um desvio brusco nos cursos fluviais, feições de alinhamento de meandro, terraço
fluviais assimétricos, entre outras feições que indicam algum controle tectônico, são
normalmente referidos na literatura geomorfológica com feições de anomalias locais de
drenagem (GOTIJO, 1999 apud VARGAS, 2012).
Como citado acima, ainda podem indicar controle tectônico, o que está
relacionado diretamente com as morfoestruturas regionais. As anomalias de drenagem
são importantes indicadores para a análise estrutural, fornecendo subsídios à
identificação de fatores de origem tectônicos, e podem indicar zonas de soerguimento,
subsidência, basculamento ou simplesmente de rochas mais resistentes a erosão
(SUMMERFIELD,1991 apud VARGAS, 2012).
Estudos desta natureza são importantes, pois os mesmos colaboram para uma
análise com acuidade visual para questões anômalas dentro do contexto geomorfológico
1Graduando do curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina. email:[email protected] 2 Professora Colaboradora da Universidade Estadual de Londrina. email: [email protected]
fluvial. A área de estudo encontra-se na transição do Segundo para o Terceiro Planalto
Paranaense (MAACK, 2012), e é uma área que carece de maiores pesquisas sobre sua
evolução geomorfológica. Devido a isso a presente pesquisa poderá possibilitar maiores
compreensões da paisagem, além de despertar possíveis interesses de estudos futuros
sobre as dinâmicas geomorfológicas regionais.
Em relação à área de estudo, abrange a carta topográfica (SG-22-V-B-III-2) do
Bairro do França (figura 1) localizada na mesorregião Cento Ocidental Paranaense
segundo o (IPARDES, 2012), na área rural do município de Ortigueira-PR, cortado pela
Serra do Cadeado, denominação regional da Serra Geral, uma barreira física que
prolonga-se do nordeste do Rio Grande do Sul, até a Região Central de São Paulo.
Figura 1: Carta topográfica de Bairro do França, escala 1:50.000.
Fonte: COPEL/IBGE (1992)
Esta localidade encontra-se dentre duas importantes bacias de drenagem
paranaense a do rio Tibagi e Ivaí. A bacia do rio Tibagi possui 24.911,85km² nascendo
entre os municípios de Ponta Grossa e Palmeira, com seu curso principal nascendo na
Serra das Almas no segundo Planalto Paranaense a aproximadamente 1.100 metros
acima do nível do mar. A bacia do rio Ivaí, tem uma área abrangente de 36.646,36km²,
tendo seu canal principal nascendo próximo do limite entre o segundo e terceiro
Planalto Paranaense, esta segunda abrangendo a maior parte de nossa área de analise.
Sua morfoestrutura corresponde ao Segundo Planalto Paranaense segundo dados da
(MINEROPAR, 2012).
A figura a seguir (Figura 2), representa o perímetro urbano do distrito do Bairro
dos Franças, o qual está encravado sobre um relevo dissecado e ricos em redes de
drenagens.
Figura 2: Vista área da área urbana do Bairro dos Franças-PR.
Fonte: Wikimapia.org. Acessado: (28/02/2014).
Se tratando do modelado do relevo, sua subunidade morfoescultural corresponde
ao Planalto de Ortigueira, situada no Segundo Planalto Paranaense como já
mencionado, apresentando dissecações altas e ocupando uma área de 1.861,29 km.
A persistente subsidência na área de formação da bacia, embora de caráter
oscilatório, possibilitou a acumulação de grande espessura de sedimentos, lavas
basálticas e siltes de diabásio, ultrapassando 5.000 metros na porção mais profunda.
(MINEROPAR, 2014). A geologia da área corresponde a Formação Serra Geral
(Basaltos), Formação Butucatu/Piramboia (arenitos) e Formação Rio do Rasto (arenitos,
siltitos e argilitos).
Portanto, o objetivo desta pesquisa se deu na análise e mapeamento da rede
hidrográfica do Bairro do França-PR, afim de compreender o seu significado
hidrográfico e geomorfológico.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Os procedimentos metodológicos iniciaram-se a partir dos levantamentos
bibliográficos a cerca da temática estudada, utilizando obras de autores especializados
na temática. Posteriormente houve a delimitação da área de estudo, sendo extraída e
digitalizada a rede hidrográfica da carta topográfica do Bairro dos França, pelo software
Corel Draw X5, sendo gerados produtos cartográficos, como mapa hidrográfico e de
anomalias. Para a análise hidrográfica também utilizou outras bases cartográficas
disponíveis como imagem do Google Earth. Além disso, foram realizados excursões a
campo para reconhecimento da área (Figura 3).
Figura 3: Trabalho de campo na região estudada.
Fonte: Bruno Godoi, 08/10/2013.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para discutirmos sobre a análise da rede hidrográfica do Bairro dos França, é
necessário abordar uma questão. O rio Ivaí, é um rio desajustado? As investigações
apontam que sim. Um rio que em longo de suas extensões possui desajustes fluviais,
que são zonas com ocorrência de pequenos desajustes fluviais, anomalias mais singelas,
são presentes ao longo de toda a bacia do rio Ivaí [...] Os níveis de base representados
pelos saltos e cachoeiras ocorrem por meio de diferença de rochas, onde camadas de
rochas mais resistentes sobrepostas a rochas mais friáveis propiciam esse
desenvolvimento. No caso do rio Ivaí, uma camada de rocha de diabásio justaposta a
lamitos arenosos da formação Teresina (FUJITA, 2009).
Observando e analisando o recorte espacial (figura 4), ou seja, a bacia
hidrográfica do Bairro dos França, que corresponde uma região hidrológica que pode
ser definida como uma área de superfície terrestre que drena água, sedimentos e
materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto de um canal
fluvial. (COELHO NETO, 2007), apud (MACHADO & TORRES, 2012).
Figura 4: Mapa Hidrográfico do Bairro dos França.
Para MACENA (2002), a bacia hidrográfica corresponde à área drenada por um
rio e sua rede de afluentes. [...] Os limites entre elas se encontram nas partes mais altas
do relevo e são denominados de divisores de água, uma vez que estes orientam a direção
do escoamento. Notamos que existe presença de anomalias, se tratando do sentido ao
qual os canais estão sistematizados em meio ao espaço hídrico.
Analisando a hidrografia da área, podemos observar que se trata de uma
drenagem endorréica, possuindo drenagem que não escoam diretamente no mar,
desembocando em lagos ou dissipando-se nas áreas do deserto, ou perdendo-se nas
depressões cársticas CRHISTOFOLETTI (1981).
Esse escoamento interno faz conjuntura aos padrões de drenagem da bacia em
analise, que por sua vez seria como os canais se organizam, uma vez que padrões de
drenagem são definidos como o arranjamento espacial dos cursos fluviais, que podem
ser influenciados em sua atividade morfológica pela natureza e disposição das camadas
rochosas, pela resistência litológica variável, pelas diferenças da declividade e pela
evolução geomorfológica da região. (CRHISTOFOLETTI, 1981).
Quanto aos padrões de drenagem da área de estudo, observa-se e existência da rede
de drenagem dendrítica, que tem sua formação por canais que se distribuem em vários
sentidos da bacia de drenagem, em uma melhor definição a drenagem dendritica,
também é designada como arborescente, porque seu desenvolvimento assemelha-se à
configuração de uma árvore.
Utilizando-se dessa imagem, a corrente principal corresponde ao tronco da
árvore, os tributários aos seus ramos e as correntes de menor categoria aos ramos e
folhas. As correntes tributárias se unem formando ângulos agudos de graduação variada,
mas sem chegar nunca a ângulo reto. A presença de ângulos retos, no padrão dendrítico,
constitui anomalia, ou seja, a corrente principal é o canal principal, e os ramos aos
canais secundários, já os subafluentes são representados pela analogia de Christofoletti
(1980), como “raminhos e folhas.”
E se tratando de anomalias de drenagem, verificamos na área a predominância de
três padrões, sendo as curvaturas anômalas, os seguimentos retilíneos e as drenagens
radiais (Figura 5).
Figura 5: Mapa de anomalias de drenagem do Bairro dos Franças-PR
No que tange as curvaturas de anomalia, (Howard, 1967) apud (Vargas, 2012),
expõe que feições deste tipo estão relacionadas ao controle estrutural e podem ser
indicativos de movimentação tectônica recente ou inversão de relevo. Curvas e voltas
podem ser consideradas anômalas quando estão transversais ao canal, provocando
desvios e curvas ao redor das feições ou bloqueio nos tributários, que são refletidos para
uma drenagem vizinha ocorrendo o abandono de canais.
O padrão de drenagem dendrítico se forma na presença de rochas que oferecem
resistência uniforme na horizontal, no entanto, quando tendem a caracterizar outros
padrões de drenagem, como o radial anelar, pode estar ocorrendo uma anomalia, pois
significa uma mudança no comportamento do canal, o terreno pode ter sofrido um
soerguimento ou um abatimento local (VARGAS, 2012).
A mais expressiva mudança nos padrões de drenagem ocorrida dentro do recorte
espacial estudado, sem duvida foram os três grandes segmentos retilíneos encontrados
na direção NW/SE, alterando bruscamente os canais fluviais. Para (BEZERRA, 2003)
apud (VARGAS, 2012), essas feições são importantes indicadores de controle
estrutural, já que estão associadas a zonas de fraturas. Segundo o autor, o agrupamento
desses lineamentos constitui um alinhamento de drenagem e é mais importante se
associado à outras feições anômalas como assimetria de bacia, formação de terraços em
apenas uma margem ou mudanças bruscas no padrão ou na direção do canal.
Os seguimentos retilíneos são muito evidentes na área de analise, ocorrendo em
três grandes faixas, que acabam cortando o recorte espacial da Bacia Hidrográfica do
Bairro dos França, no sentido NW/SE. Essas intervenções modificam a organização dos
canais de drenagem, que passam a formar ângulos retos, e em certos casos apresentam
drenagem paralela. É assim designada quando os cursos d’água, sobre uma área
considerável ou em numerosos exemplos sucessivos, escoam quase paralelamente uns
aos outros. [...] Localiza-se em áreas onde existem controles estruturais que motivam a
ocorrência de espaçamento regular, quase paralelo, das correntes fluviais. Caracteriza-se
assim, por uma série de cursos d’água que ocorrem paralelamente entre si, em uma
extensão relativamente grande, típicos de regiões regularmente inclinadas e de grande
extensão (CRISTOPHOLETTI, 1980) apud (MACHADO E TORRES, 2012).
Esses controles estruturais derivam da presença de diques de diabásio, que são
intrusões que sobressaem na paisagem, e a rede de drenagem se adaptou a elas, dando o
formato retilíneo acompanhando o seu alinhamento. Na Região Norte do Paraná é
frequente ocorrer soleiras na interface das Formações rio do Rastro-Pirambóia e/ou
soleira de diabásio intrudindo derrames basálticos; em particular, rocha basáltica de
granulação grossa é comum no contato inferior dos derrames e pode ter sido cristalizada
como corpo intrusivo (NEGRI et al; 2014).
Em outra analise, notamos a presença de drenagem retangular, o que caracteriza
as diversas mudanças nos padrões de drenagem devido às anomalias existentes. Em que
segundo (CRISTOFOLETTI, 1981), drenagem retangular, é uma modificação da
drenagem em treliça, caracterizando pelo aspecto ortogonal devida as bruscas alterações
retangulares no curso das correntes fluviais, tanto nas principais quanto nas tributarias.
Essa configuração é consequência da influencia exercida por falhas ou pelo sistema de
juntas ou de diaclases. Em determinadas ocasiões, a presença desse padrão esta
relacionada à composição diferente das camadas horizontais ou hortoclinais.
(CRISTOPHOLETTI, 1981).
4. Conclusões
Contudo, é nítido dentro do recorte espacial estudado, as modificação nos
padrões de drenagem devido a anomalias que ocorrem no terreno, controladas sobretudo
pelas estruturas geológicos, sendo uma região de grande complexidade.
Ainda dentro dessa temática, Cassetti (2005) ressalta que para maior
entendimento dos padrões de drenagens, podemos aplicar índices morfométricos. Esses
índices correspondem às informações métricas importantes, apoiadas em cartas
topográficas ou outras formas de levantamento. Geralmente as informações métricas são
intrínsecas aos sinais ou símbolos para a representação das formas do relevo, a exemplo
de extensão de terraços ou escarpas erosivas, declividade de vertentes, dentre
outras.Desta forma a pesquisa pode ser continuada e muito tente a compreender sobre a
rede de drenagem, por meio da utilização da morfometria como ferramenta de
compreensão, proporcionando o estudo continuado da evolução da paisagem.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRHISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo, Edgar Blucher, 2ª edição, 1980. p. 65-125. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia Fluvial, vol I- O canal Fluvial, São Paulo, Editora Edgar Blucher LTDA, 1981. FUJITA, R. H. O perfil longitudinal do rio Ivaí e sua relação com a dinâmica de fluxos. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2009. MORAIS, N. B; PIMENTA, M. L. F; SLOVINSCKI, N. C. A Bacia Hidrográfica como recorte espacial para gestão sócio-ambiental e a epistemologia dos conceitos norteadores: Natureza e Território. Encontro Nacional de geógrafo. Porto Alegre, 2010. VARGAS, K. B. Caracterização Morfoestrutural da bacia hidrográfica do ribeirão Água das Antas. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2012. MACENA, A. C. Hidrografia e Oceanografia Continental. UNESPAR- Universidade Estadual do Paraná, 2002. GUERRA, A.J.T, CUNHA, S.B. GEOMORFOLOGIA, Uma Atuação De Base e Conceitos. 5ª Edição, Editora Bertrand Brasil, 2003. MACHADO, P.J, TORRES, F.T.P. Introdução à Hidrografia.Cengage Learning Ediçoes, Publicado na 12 de março de 2012. MINEROPAR. Geologia do Paraná. Disponível em: <http://www.mineropar.pr.gov.br> Acessado em 12/06/14. IPARDES,Instituto Paranaense de Desenvolvimento. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br>Acessado em 12/06/14. MAACK, R. Notas preliminares sobre clima, solos e vegetação do Estado do Paraná. Curitiba. REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V.2, N.4, pag.487 – 497 2012. Arquivos de Biologia e Tecnologia, v. 2, p. 102-200, 1948. NERRI, F.A. et. AL. Diques e soleiras da Formação Serra Geral, Na Região SW Do Estado De São Paulo.Instituto de Geociências da USP e Instituto Geológico- Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, S/d.