Mapeamento Ergonomico Dos Eletricistas Da Companhia Paranaense de Energia Eletrica Copel No Setor de...

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FACULDADE ASSIS GURGACZ -FAG LENIR TOPANOTTI MAPEAMENTO ERGONÔMICO DOS ELETRICISTAS DA COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA – COPEL NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DA AGCEL - AGÊNCIA DE CASCAVEL CASCAVEL 2005

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FACULDADE ASSIS GURGACZ -FAG

LENIR TOPANOTTI

MAPEAMENTO ERGONÔMICO DOS ELETRICISTAS DA COMPANHIAPARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA – COPEL NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO

DA AGCEL - AGÊNCIA DE CASCAVEL

CASCAVEL2005

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LENIR TOPANOTTI

MAPEAMENTO ERGONÔMICO DOS ELETRICISTAS DA COMPANHIAPARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA – COPEL NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO

DA AGCEL - AGÊNCIA DE CASCAVEL

Trabalho de conclusão de cursoapresentado como requisito parcial paraobtenção do titulo de Bacharel emFisioterapia pela FAG - FaculdadeAssis Gurgacz em Cascavel.Orientação Prof. Msc. José MohamudVilagra

CASCAVEL2005

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LENIR TOPANOTTI

MAPEAMENTO ERGONÔMICO DOS ELETRICISTAS DA COMPANHIAPARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA – COPEL NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO

DA AGCEL - AGÊNCIA DE CASCAVEL

Trabalho apresentado a Banca Avaliadora como requisito para obtenção do titulo de Bacharel em

Fisioterapia pela FAG - Faculdade Assis Gurgacz em Cascavel.

BANCA AVALIADORA

__________________________________________Prof. Msc. José Mohamud Vilagra

Orientador – FAG

________________________________________Profª. Msc. Helenara Salvati Bertolossi Moreira

Avaliador – FAG

_____________________________________Prof. Esp. Alexandre Badke

Avaliador - FAG

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar esta oportunidade, fica o meu singelo agradecimento pela mão

amiga.

Ao orientador, Professor Msc. José Mohamud Vilagra por ter acreditado nesse trabalho e

transmitir seus conhecimentos. Sabe-se que a cada período de mestre há sempre uma conquista

particular, e é nesta conquista que espero ter contribuído com sua responsabilidade de servir.

A Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL, na pessoa de Leonete Topanoti,

Iloir Corrêa Junior (Juninho), Eletricistas e demais funcionários do setor de Distribuição, pela

cooperação e pela pronta colaboração no desenvolvimento do projeto Energia e Saúde.

A minha amiga Vanessa Pastro Mater Lange, pelo companheirismo, que por muitas vezes

batalhamos lado a lado, muitas lutas empreendemos juntas e muitas nos aguardam ainda.

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Se não houver frutos,

valeu a beleza das flores.

Se não houver flores,

valeu a sombra das folhas.

Se não houver folhas,

valeu a intenção da semente.

Henfil

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RESUMO

Este trabalho teve origem da parceria estabelecida entre a Companhia Paranaense de EnergiaElétrica – COPEL e a Faculdade Assis Gurgacz - FAG, com o projeto Energia e Saúde sendo,desenvolvido no setor de Distribuição da AGCEL - Agência de Cascavel. O objetivo inicial dapesquisa foi o mapeamento das condições de trabalho dos eletricistas na realização das suasatividades. A amostra foi composta por 20 eletricistas, totalizando 100% dos profissionaisatuantes no período de junho a dezembro de 2003. Sendo fatores de exclusão os profissionaisafastados das atividades laborais. Realizou-se a análise ergonômica do trabalho, sendo utilizadosos seguintes instrumentos: acompanhamentos in loco na área urbana, rural, no período diurno,noturno, em plantões, feriados e finais de semana, em situações climáticas boas e adversas, comobservação da atividade. A coleta de dados deu-se através da aplicação do questionárioestruturado, composto por questões abertas e fechadas, fotografias e pesagens dos equipamentosde trabalhos. Através da abordagem foram identificados os itens de maior demanda física e osprincipais fatores de riscos aos quais os eletricistas estão expostos na realização da sua função.Após análise dos dados, verificou-se a exigência de movimentos repetitivos nas atividadesdesenvolvidas em solo, necessidade de adoção de posturas inadequadas para exercer trabalhos emescaladas a poste, com uma sobrecarga física decorrente do peso dos materiais utilizados.Também foi possível a constatação da relação entre dor e tempo de serviço, pois, de acordo comos resultados, os primeiros sintomas de dor e desconforto começam a aparecer antes dos 10 anosde trabalho com 25% dos trabalhadores, ficando evidente depois deste período acometendo 100%dos profissionais com mais de 10 anos na função. Portanto, os resultados permitiram concluir queos eletricistas no desenvolvimento de suas atividades necessitam adotar posturas inadequadas quepromovem constrangimentos e que favorecem o desenvolvimento de doenças ocupacionais,principalmente, aquelas associadas à coluna vertebral e membros superiores.

Palavras-chave: Ergonomia, eletricista, postura.

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ABSTRACT

This work has its origin in the partnership established among the Companhia Paranaense deEnergia Eletrica – COPEL and the Faculdade Assis Gurgacz – FAG, with the Energy and healthproject being developed in the sector of distribution of the AGCEL – Agency of Cascavel. Theinitial goal of the research was the maping of the working conditions of the electricians in theperformance of their activities. The sample was composed of 20 electricians, totalizing 100% ofthe professionals performing in the period from June to December 2003. being exclusion factorsthe professionals away from the labor activities. It was held an ergonomic analysis of the work,being used the following instruments: in loco escorts in the urban, rural areas at day and nightperiod in on duty, holidays and weekend in good or bad climate situations, with activityobservation the data collection was held through the application of a structured questionnaire,composed of open and close questions, photographs and weighing of the working equipment.Through the approach were identified the items of higher physical demand and the main riskfactors on which the electricians are exposed in the performance of their function. After analysisof the data, it was verified the demand of repetitive moves in the activities performed on ground,need for adoption of inadequate postures to perform tasks in climbing on lamp posts, with aphysical overload due the weight of the material used. It was also possible the verification of therelation between pain and working time, thus according to the results the first symptoms of painand uneasiness start to appear before 10 years of work with 25% of the workers, becomingevident after this period affecting 100% of the professionals with more than 10 years of function.Therefore the results allowed the conclusion that the electricians in the performance of theiractivity need to adopt inadequate posture that promote embarrassment and favor the development of occupational disease, mainly that ones associated to the spinal column and higherlimbs.

Keywords: Ergonomic, electrician, posture

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Idade x Tempo de serviço........................................................................................ 36

Gráfico 2: Tempo de serviço x dor........................................................................................... 37

Gráfico 3: Topografia da dor.................................................................................................... 38

Gráfico 4: Dores têm relação com trabalho x Surgimento da dor............................................ 39

Gráfico 5: Houve afastamento x Sentia dor ou desconforto...................................................... 43

Gráfico 6: Afastamentos............................................................................................................ 44

Figura 1: Eletricista no poste................................................................................................... 40

Figura 2: Eletricista no poste................................................................................................... 41

Figura 3: Eletricista.................................................................................................................. 42

Figura 4: Medidor de energia trabalho noturno...................................................................... 45

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 12

1.1 HISTÓRIA DA ERGONOMIA ............................................................................... 12

1.1.1 Ergonomia no Brasil .............................................................................................. 13

1.2 DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA............................................................................. 14

1.3 ÁREAS DE APLICAÇÃO DA ERGONOMIA NO TRABALHO ......................... 15

1.4 CARGA DE TRABALHO ....................................................................................... 16

1.5 POSTURAS DE TRABALHO................................................................................. 17

1.5.1 Postura estática ...................................................................................................... 18

1.6 DOENÇA OCUPACIONAL.................................................................................... 19

1.6.1 Etiologia dos DORTs. .......................................................................................... 22

1.6.2 Estágios da DORT ................................................................................................. 23

1.6.3 Principais situações de sobrecarga para membros superiores no trabalho ............ 25

1.7 FATORES DE RISCO ............................................................................................. 26

1.8 RELAÇÃO DAS PATOLOGIAS COM O TRABALHO ....................................... 28

1.9 NORMAS REGULAMENTADORAS .................................................................... 28

1.10 MÉTODOS DE ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHADOR .................. 29

1.11 ELETRICISTA ....................................................................................................... 30

2 METODOLOGIA...................................................................................................... 33

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 35

3.1 RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS ................................................................ 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 48

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 50

APÊNDICE A – Questionário........................................................................................ 55

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INTRODUÇÃO

Devido à importância da energia elétrica para nossa sociedade, a função distribuição que

é responsável pela confiabilidade de fornecimento de energia elétrica e pela disponibilidade dos

equipamentos, é fundamental para uma concessionária de energia. A qualidade deste serviço, não

depende apenas de equipamentos e métodos, mas também do elemento humano.

O trabalho no setor elétrico é uma atividade que exige muita concentração dos

profissionais atuantes. Trabalham constantemente com riscos de acidentes e uma sobrecarga

física considerável, que torna o eletricista susceptível a desenvolver distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho. Esses profissionais precisam estar bem física e psicologicamente, pois,

exercem atividades, no dia a dia, com grande exigência física muitas vezes agravada por

condições de intempéries, em função do número de ocorrências emergenciais (atendimento ao

consumidor sem luz).

Procurando aprofundar um pouco mais neste contexto é que se propôs estudar sobre a

questão. Buscou-se, portanto, apresentar dados estatísticos das incidências de sintomatologia

dolorosa dos profissionais do setor elétrico da COPEL, na AGCEL – Agência de Cascavel em

seus locais de trabalho, observando-os nas suas atividades rotineiras. Contudo, não havia na

empresa nenhum estudo ergonômico com os eletricistas do setor de Distribuição da AGCEL -

Agência de Cascavel e também são poucos os dados que se conseguem na literatura acerca do

assunto.

O objetivo deste trabalho é identificar as principais causas da redução da capacidade de

trabalho, levantar os fatores e/ou agentes capazes de acarretar riscos ocupacionais, observar as

principais dificuldades encontradas nas posturas necessárias das atividades que levam a uma

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sobrecarga física e identificar as principais inadequações com o ferramental individual ou

coletivo.

Por tratar-se de uma atividade essencial para o bem estar da sociedade e de uma

profissão com altos índices de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, é de extrema

importância e merecedor de grande atenção o estudo e caracterização do perfil do profissional da

COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica, no setor de Distribuição da AGCEL –

Agência de Cascavel, com o mapeamento ergonômico das principais posturas de

constrangimentos, para que se possa orienta-los com recomendações ergonômicas de maneira a

prevenir ou minimizar os distúrbios posturais osteomusculares decorrentes do trabalho e

promover melhorias nas condições de vida e saúde dos trabalhadores.

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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 HISTÓRIA DA ERGONOMIA

A origem e a evolução da ergonomia estão relacionadas às transformações

socioeconômicas e, sobretudo, tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. Da

produção artesanal a automação, informatização e robótica, da relação direta com os meios de

trabalho e com as pessoas nas relações virtuais, a interação do ser humano com seu trabalho tem

sofrido mudanças profundas (RIO & PIRES, 2001). No final do século XVIII, com a Revolução

Industrial houve uma verdadeira modificação da forma de execução do trabalho. Produzir mais e

mais, a qualquer custo. Sendo que o trabalhador era quem pagava o alto preço desse regime

desumano, pois as fábricas priorizavam a alta produtividade e a nova forma de trabalho, que

passava de artesanal para mecanizada, enaltecia a máquina, sendo o homem tratado como mera

mão-de-obra, facilmente substituível, e o ambiente de trabalho a que ficavam expostos não

oferecia menores condições de segurança e higiene (MORAES & NASCIMENTO 2002).

Segundo Iida (1990), com a eclosão da II Guerra Mundial (1939-1945), foram utilizados

conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis para construir instrumentos bélicos

relativamente complexos como submarino, tanques, radares e aviões. Estes exigiam habilidades

do operador, em condições ambientais bastante desfavoráveis e tensas, no campo de batalha. Os

erros e acidentes, muitos com conseqüências fatais, eram freqüentes. Tudo isso fez redobrar o

esforço da pesquisa para adaptar esses instrumentos bélicos as características e capacidades do

operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os acidentes.

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Para Moraes & Nascimento (2002), a ergonomia tem aplicação desde as épocas mais

remotas da história da humanidade. De forma quase intuitiva e graças a nossa crescente

capacidade de raciocínio e desenvolvimento intelectual, podemos constatar registros pré-

históricos de ferramentas que sofreram adaptações para um resultado mais apropriado de sua

utilização.

1.1.1 Ergonomia no Brasil

O Brasil é considerado como País de industrialização tardia. Efetivamente, nossa base

econômica era a agropecuária até 1936, quando a mudança para o estado novo de Getúlio Vargas

definiu a prioridade para a industrialização. Outro salto ocorreu em 1956, com o franco

investimento industrial em nosso País. Atualmente encontramos em nosso País tantas atividades

econômicas, mercados globalizados, transferência rápida de recursos e difusão acelerada de

meios de comunicação fazem com que hoje, o que se passa em países mais desenvolvidos, esteja

rapidamente disponível para a nossa realidade (COUTO, 2002).

No ano de 1970, a ergonomia começou a ganhar espaço no Brasil. Em 1975,

apareceram os primeiros postos informatizados. Em 1980, com a intensidade desse tipo de

trabalho, houve necessidade de atuação de profissionais com conhecimento de ergonomia para

solucionarem situações existentes nos ambientes de trabalho que estavam desencadeando

alterações osteomusculares nos digitadores. Em 1990, a ergonomia estabeleceu-se a plenitude no

Brasil, com atuação nas mais diversas áreas de trabalho (MORAES & NASCIMENTO, 2000).

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1.2 DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA

A ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do

trabalho, bem como a antropometria e a sociedade no trabalho. O objetivo prático da ergonomia é

a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio

ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia

uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (GRANDJEAN, 1998).

A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem uma

acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados

para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre

o homem e seu trabalho. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos

organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados

desejados (IIDA, 1990). Couto (2002), define ergonomia em 5 palavras: adaptação do trabalho às

pessoas. Em mais palavras: pode ser como o trabalho interprofissional que, baseado num

conjunto de ciências e tecnologias, procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de

trabalho de forma confortável e produtiva, basicamente procurando adaptar o trabalho as pessoas.

Para a Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, ergonomia é a disciplina

cientifica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos a outros elementos de

um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam

otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas. A ergonomia visa adequar

sistemas de trabalho as características das pessoas que nele operam.

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1.3 ÁREAS DE APLICAÇÃO DA ERGONOMIA NO TRABALHO

A ergonomia está presente em todos os ramos da atividade humana: numa aeronave, num

ônibus, no automóvel, no lar, mas é no trabalho que se encontra a sua maior aplicação (COUTO,

2002). Portanto, segue abaixo algumas das áreas de aplicação da ergonomia.

Ergonomia de correção: para Iida (1990), a ergonomia de correção é aplicada em

situações reais, já existentes, para resolver problemas que se refletem na segurança, na fadiga

excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da produção.

Ergonomia de concepção: ocorre quando a contribuição ergonômica se faz durante a

fase inicial de projeto do produto, da máquina ou do ambiente. Esta é a melhor situação, pois as

alternativas poderão ser amplamente examinadas, mais também, exige maior conhecimento e

experiência, por que as decisões são tomadas em cima de situações hipotéticas (IIDA, 1990;

DELIBERATO, 2002).

Ergonomia de conscientização: para Iida (1990), em muitas vezes os problemas

ergonômicos não são completamente solucionados, nem na fase de concepção e nem na fase de

correção. Novos problemas poderão surgir a qualquer tempo, devido ao desgaste natural das

máquinas e equipamentos, as modificações introduzidas pelos serviços de manutenção. É

importante conscientizar os trabalhadores através de cursos de treinamento e freqüentes

reciclagens, ensinando-o a trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de risco que

podem surgir a qualquer momento, no ambiente de trabalho.

Ergonomia participativa: é estimulada pela presença de um comitê interno de

ergonomia, que englobe representantes da empresa e dos funcionários, utiliza ferramentas da

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ergonomia de conscientização para que haja o pleno usufruto do projeto ergonômico, seja esse

implementado pela ergonomia de concepção ou de correção (DELIBERATO, 2002).

1.4 CARGA DE TRABALHO

Laville (1977), define carga de trabalho como uma medida quantitativa ou qualitativa do

nível de atividade do operador, necessária a realização de um trabalho, isto é, a carga de

trabalho deve ser distinguida das exigências e constrangimentos da tarefa, da quantidade e

qualidade do trabalho e das limitações impostas.

De acordo com Rio & Pires (2001), a carga de trabalho representa a quantidade de

exigência que são impostas sobre as pessoas, a partir da realização do seu trabalho. Essa carga é

constituída por um conjunto de exigências que atua como um todo que pode ser subdividida em

alguns tipos específicos sendo a carga cognitiva deriva da necessidade de utilização de funções

cognitivas como a memória, atenção e pensamento. A carga músculo esquelética é função das

exigências sobre o sistema músculo esquelético. Apesar de o corpo reagir como um todo aos

estímulos, certos segmentos são mais diretamente exigidos durante as atividades.

A carga de trabalho representa o nível de atividade física e psíquica exigido das pessoas

na execução das suas atividades. Pode ser dividida em carga externa e carga interna. A carga

externa é denominada em ergonomia como contrainte e representa impactos que vêm do meio

externo do indivíduo. Esses impactos são divididos genericamente em físicos e mentais. Os

físicos incluem os campos dos agentes propriamente físicos e dos agentes químicos e biológicos.

A carga interna constitui-se no efeito da contrainte sobre as características individuais de cada

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pessoa, ou seja, as reações internas decorrentes da contrainte, sendo de grande variabilidade a

singularidade (BARBOSA, 2002).

1.5 POSTURAS DE TRABALHO

Postura é um termo geral definido como uma posição ou atitude do corpo no espaço, não

apenas na posição ereta. É a disposição relativa das partes do corpo para uma atividade

específica, uma maneira característica de sustentar o próprio corpo (KISNER & COLBY, 1998).

Não existe uma postura correta para todas as pessoas. Somos seres biologicamente

diferentes, sendo assim, a postura mais adequada varia de uma pessoa para outra. Pode-se então

dizer, que a melhor postura que deve ser adotada por um indivíduo é aquela que preenche todas

as necessidades mecânicas do seu corpo e também que possibilite o indivíduo manter uma

posição ereta com o mínimo esforço muscular. Uma postura que o ajude a opor-se contra as

forças externas, que lhe dê equilíbrio na realização do movimento e que lute contra a ação da

gravidade. Já ao contrário da boa postura, ocorre quando um indivíduo se posiciona fora dos

padrões da linha de gravidade e permanece por um longo período em postura inadequada. Dessa

forma, seu corpo estará submetido a uma sobrecarga mecânica onde esta, poderá ocasionar num

futuro próximo, síndromes dolorosas devido alterações dos padrões musculoesqueléticos,

favorecendo o surgimento e levando as doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho – DORT.

(IIDA, 1990).

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1.5.1 Postura estática

O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos, para

manter uma determinada posição. É uma posição altamente fatigante porque exige muito trabalho

estático da musculatura envolvida para manter essa posição (IIDA, 1990). Para Moraes &

Nascimento (2000), o trabalho estático exige contração constante de grupos musculares durante a

manutenção da postura, levando a um débito circulatório pelo aumento da pressão interna, o que

provoca uma diminuição do calibre do capilar, conseqüentemente o sangue deixa de circular nos

músculos contraídos, levando a fadiga mais rapidamente.

Para Grandjean & Kroemer (2005), existem dois tipos de trabalho musculares: o trabalho

dinâmico (movimento) caracterizado pela alternância de contração e extensão, portanto, por

tensão e relaxamento. Há mudança no comprimento do músculo, geralmente de forma rítmica; e

o trabalho estático, caracterizado por um estado de contração prolongada da musculatura, o que

geralmente implica um trabalho de manutenção de postura.

O trabalho dinâmico é menos fatigante, pois as contrações são alternadas com o

relaxamento muscular, o que favorece o funcionamento da bomba muscular ativando a circulação

nos capilares, isto quer dizer que os músculos passam receber mais oxigênio, aumentando sua

resistência à fadiga. O conhecimento sobre as duas formas de trabalho muscular citadas é de

grande importância para evitarmos conseqüências do tipo: fadiga, desconforto, estresse,

acidentes, lesões musculares, lesões articulares, alterações circulatórias, lesões tendinosas, lesões

na coluna vertebral e baixa produtividade (MORAES & NASCIMENTO, 2000).

Ranney (2000), relata que em muitos estudos, os esforços estáticos, posturas contraídas e

estáticas têm sido associados a algias, fadiga, distúrbios musculares. Uma parte importante da

análise de tarefas é identificar a presença de posturas estáticas. Trabalhar com os braços sem

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apoio, em frente ao corpo, provoca carga estática nos tecidos da região escapular/cervical. Isto

provavelmente agravará quaisquer distúrbios existentes nos ombros e pescoço.

1.6 DOENÇA OCUPACIONAL

Doença ocupacional pode ser definido como distúrbios osteomusculares relacionados ao

trabalho, que formam um conjunto de danos ou agravos que incidem sobre a saúde do

trabalhador, causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presente nos locais de

trabalho. É uma doença do trabalho desenvolvida pelo exercício de atividade específica que

consta em relação oficial do INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social (MORAES &

NASCIMENTO, 2000; Barbosa, 2002).

Doenças ocupacionais podem ser definidas como qualquer manifestação mórbida que

surge em decorrência das atividades ocupacionais de um indivíduo. Estas doenças podem ser de

uma conseqüência direta das atividades profissionais, como podem ser de conseqüências

indiretas piorando uma patologia pré-existente nos indivíduos, impedindo sua capacidade

produtiva (GENOVESE apud VILAGRA, 2002).

DORTs (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho), é definida como

transtornos funcionais, transtornos mecânicos e lesões de músculos e/ ou tendões e/ ou de fáscias

e/ ou de nervos e/ ou de bolsas articulares nos membros superiores ocasionados pela utilização,

biomecanicamente incorreta, que resultam em dor, fadiga, queda da performance no trabalho,

incapacidade temporária e, conforme o caso, podem evoluir para uma síndrome dolorosa crônica,

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nesta fase agravada por todos os fatores psíquicos (inerentes ao trabalho ou não) capazes de

reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do indivíduo (COUTO apud BARBOSA, 2002).

Os distúrbios musculoesqueléticos ocupacionais têm sido apontados na literatura há muito

tempo. O professor italiano Bernardino Ramazzini, considerado pai da medicina ocupacional,

forneceu a primeira contribuição histórica, em 1713, com o livro “De Morbis Artificum

Diatriba”, fundamentado em 54 profissões de sua época. Esse trabalho, ele não só identificou os

distúrbios, mas também traçou uma causa ocupacional. Ele acreditava que as lesões encontradas

em escreventes eram causadas pelo uso repetitivo das mãos, pela posição das cadeiras e pelo

trabalho mental excessivo. Relatou que os escreventes trabalhavam com uma característica, a

insatisfação e um esforço mental contínuo (MARTINS, 2001).

Após a Revolução Industrial, com o surgimento das máquinas e atividades cada vez

mais especificas, exigindo grande esforço físico e mental, a incidência do DORT se fez maior,

pois as pessoas não tinham tempo para adaptar seu organismo a tal desenvolvimento. E a situação

tomou rumos realmente alarmantes após a revolução eletrônica, que passou a exigir das pessoas

horas a fio trabalhando. Tendo em vista que o corpo humano não foi criado para permanecer por

longo período em uma mesma postura, é justificável o número cada vez maior de queixas de

tensões e dores nas costas, membros superiores enfim, um desconforto a agredir o corpo como

um todo (MORAES & NASCIMENTO, 2000).

As lesões por esforços repetitivos começaram a ser descritos no Brasil em meados de

1984 e de 1985, com alta incidência de ocorrências entre trabalhadores de empresas públicas e

privadas; na época chamou-se a atenção do impacto da velocidade de trabalho e dos incentivos à

produção existente nessas empresas, com pagamento de adicionais de produtividade e de

privilégios para quem trabalhasse mais, se dispusesse a fazer horas-extras e a dobrar turnos. Com

a concomitância do pouco conhecimento profissional sobre o assunto, os primeiros casos de

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tendinites, tenosinovites, epicondilites e síndrome do túnel do carpo ou foram mal conduzidos

sob o ponto de vista médico ou os trabalhadores retornaram às mesmas condições que

precipitaram as lesões com recidivas e agravamentos, começaram então a ser relatados os

primeiros casos graves, com o despertar da atenção para fatos até então desconhecidos em nosso

meio, de incapacidade para o trabalho decorrente de tendinite; nessa ocasião, coincidente com o

fenômeno na Austrália, começou-se a utilizar o termo LER (lesões por esforços repetitivos)

quando começam a ser descritos os primeiros casos em digitadores. O tema é abordado pela

primeira vez por Mendes Ribeiro em 1986 no I encontro estadual de saúde dos profissionais de

processamento de dados do Rio Grande do sul (PRZYSIEZNY, 1998; COUTO, 1998).

Os distúrbios músculoesqueléticos de membros superiores (conhecidos no Brasil como

DORT – sigla de distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho e em geral no mundo

como WRMD – Work Related Musculoskeletal Disorders) constituem-se o principal problema de

natureza ergonômica nos tempos atuais em todo mundo (COUTO, 2002).

Brasil (2002), as doenças do trabalho referem-se a um conjunto de danos ou agravos que

incidem sobre a saúde dos trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de

risco presentes nos locais de trabalho. Os sintomas manifestam-se de forma lenta, insidiosa,

podendo levar anos para manifestar. Também são consideradas as doenças provenientes de

contaminação acidental no exercício do trabalho e as doenças endêmicas quando contraídas por

exposição ou contato direto, determinado pela natureza do trabalho realizado.

O Diário Oficial da União, em 11 de julho de 1997, justifica que o termo DORT foi criado

para identificar um conjunto de doenças que são inflamações não infecciosas e provocadas por

atividades profissionais que exigem do trabalhador movimentos manuais repetitivos, continuados,

rápidos, podendo ser, vigoroso e combinados a um ambiente de trabalho ergonomicamente

inadequado (DELIBERATO, 2002).

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22

1.6.1 Etiologia dos DORTs.

Quando um trabalhador apresenta uma lesão por sobrecarga biomecânica ocupacional, os

fatores etiológicos estão relacionados à organização do trabalho e envolvem principalmente:

equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados, desrespeito aos

posicionamentos, angulações e distâncias dos mesmos, técnicas incorretas para execução de

tarefas, posturas indevidas de trabalho, excesso de jornada de trabalho, falta de intervalos no

trabalho, excesso de força empregada para realização de tarefas, sobrecarga biomecânica estática,

sobrecarga biomecânica dinâmica, uso de instrumentos com transmissão excessiva de vibração,

temperatura, ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho (MARTINS, 2001).

Para Barbosa (2002), o conhecimento do processo etiológico é de extrema importância e

merecedor de grande atenção, visto que, de nada adianta fazer abordagem preventiva daquilo que

não se conhece. Segundo o autor as principais causas do DORTs são:

Repetitividade: quanto mais repetitivo o movimento durante o desenvolvimento da

atividade, maior será a probabilidade de aparecimento dos distúrbios. Outro fator relacionado é o

fator tempo, pois a freqüência (número de ocorrência por segundo) alta aumenta em muito o

risco; quanto maior o tempo de exposição à repetitividade, maior a possibilidade de aparecimento

dos distúrbios.

Força excessiva: a força necessária à realização das tarefas agrava o desgaste

físico, quanto maior a força exercida, maior será o risco.

Posturas inadequadas: estas impõem esforços adicionais desequilibrados e

inesperados, podendo atingir a coluna vertebral e as extremidades superiores. As posturas

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inadequadas podem levar a fadiga muscular pela manutenção prolongada de contrações

musculares estáticas.

Compressão e vibração mecânica: a compressão mecânica de regiões, como por

exemplo a região da palma das mãos por chaves de parafuso, ou região do punho pelo canto vivo

de mesas, são especialmente danosas aos tecidos envolvidos.

Predisposição: a capacidade aumentada de uma pessoa de contrair determinada

doença, tem sido considerada, em virtude de que, é muito comum encontrarmos trabalhadores em

um mesmo setor, com postos de trabalhos idênticos, nível sócio-econômico parecido e um deles

desenvolver o DORT e o outro nada sentir.

Para Martins (2001), toda postura inadequada que exige esforço gera dores intensas,

sendo que o indivíduo pode começar queixando-se de formigamento, adormecimento, câimbras,

dor (local ou irradiada) para um ou ambos os membros. A má postura pode até causar graves

compressões na coluna desencadeando paralisia.

1.6.2 Estágios da DORT

O Ministério da Previdência Social, através da Norma Técnica para avaliação da

incapacidade (1993), fixa como estágios evolutivos da DORT (COUTO 1998). Os graus de

comprometimento dos DORT/LER são os seguintes:

Grau I: Sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor espontânea, às vezes em

pontadas, sem irradiação nítida, de caráter ocasional durante a jornada de trabalho sem interferir

na produtividade. A dor é, em geral, leve e fugaz, e melhora com o repouso. Os sinais clínicos

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estão ausentes. A dor pode manifestar-se durante o exame clínico, quando da compressão da

massa muscular envolvida. O prognóstico de tratamento é bom.

Grau II: a dor é mais persistente, mais localizada e mais intensa, e aparece durante a

jornada de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho de atividades, mas

afeta o rendimento nos períodos de exacerbação. É mais localizada e pode vir acompanhada de

formigamento e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade. A dor pode não melhorar com o

repouso e a recuperação é mais demorada. De um modo geral os sinais clínicos continuam

ausentes. Podem ocorrer, por vezes, pequena nodulação e dor ao apalpar o músculo envolvido.

Grau III: a dor é ainda persistente, mais forte e com irradiação mais definida. Aparecem

mais vezes fora da jornada de trabalho, especialmente à noite. Há alguma perda da força

muscular. Devido a estes fatores ocorre a sensível queda de produtividade, quando não a

impossibilidade de executar a função e as atividades domésticas. O repouso em geral só atenua a

intensidade da dor, nem sempre fazendo-a desaparecer por completo. Os sinais clínicos estão

presentes. O inchaço é freqüente, assim como a transpiração e a alteração da sensibilidade.

Apalpar ou movimentar o local afetado causa dor forte. O retorno ao trabalho nessa fase é

problemático e o prognóstico é reservado.

Grau IV: a dor é forte e contínua, por vezes insuportável, acentuando-se com os

movimentos, estendendo-se a todo membro afetado, levando a intenso sofrimento. A dor persiste

até mesmo quando o membro é imobilizado. A perda de força e controle dos movimentos são

constantes. O inchaço é também persistente e podem aparecer deformidades. As atrofias,

principalmente dos dedos, são comuns em função do desuso. A capacidade de trabalho é anulada

e a invalidez se caracteriza pela impossibilidade de um trabalho produtivo regular. As atividades

cotidianas são muito prejudicadas. Neste estágio são comuns as alterações psicológicas, com

quadros de depressão, ansiedade e angústia. O prognóstico é sombrio.

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25

Brasil (1993), esta classificação em estágios evolutivos constitui uma referência

importante para a demarcação dos graus de incapacidade e concessão do respectivo auxílio-

acidente ou de aposentadoria por invalidez, de acordo com as normas técnicas sobre LER/DORT.

1.6.3 Principais situações de sobrecarga para membros superiores no trabalho

Couto (2002), cita as principais situações de sobrecarga para os membros superiores no

trabalho, que são:

Alta repetitividade dos movimentos: é o principal fator na origem dos distúrbios dos

membros superiores, mais existem outros fatores como força excessiva e postura incorreta;

Força física com os membros superiores: críticos são os esforços de pinça, bem como os

esforços de compressão palmar, pois nesses casos ocorre sobrecarga mecânica sobre a base da

mão, onde termina o nervo mediano;

Posturas inadequadas diversas como: postura estática, pescoço excessivamente em

extensão, pescoço excessivamente fletido, pescoço torcido, abdução de ombro, desvio ulnar

punho (associado a força), flexão de punho, extensão de punho;

Vibração ocasionada por ferramentas motorizadas: especialmente críticas são aquelas

ferramentas que geram alto nível de aceleração, alto nível de velocidade de vibração;

Compressão mecânica das delicadas estruturas: trabalhar com cotovelo apoiado sobre

estruturas duras pode ocasionar compressão do nervo ulnar;

Fatores da organização do trabalho ocasionam sobrecarga: as horas extras, dobra de

turnos, trabalhos aos sábados, domingos e feriados e demais formas de desorganização do

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trabalho costuma causar sobrecarga e serem fatores desencadeantes de alta incidência de

distúrbio;

Fatores psicossociais que acarretam tensão: a pressão excessiva sobre os trabalhadores e

outros fatores psicossociais faz com que o trabalhador fique tenso.

1.7 FATORES DE RISCO

O termo refere-se a probabilidade de um evento indesejado ocorrer. Vitta (1999), define

fatores de risco como qualquer atributo, experiência ou exposição a situações que aumentem a

probabilidade de ocorrência de uma disfunção ou desarranjo. Nesse sentido, Andrade (2000),

atribui os fatores de riscos ocupacionais mais freqüentes a postura de trabalho inadequada por

tempo prolongado, movimentos repetitivos, vibratórios, contínuos e cumulativos; instrumentos

inadequados, compressão mecânica excessiva da base das mãos e do punho e a quantidade de

serviços em seqüência, que necessitam do mesmo tipo de procedimento. Vários são os fatores de

riscos presentes nas jornadas de trabalhos do profissional, Ranney (2000), relaciona alguns

fatores de risco presentes no trabalho e as respectivas alterações posturais decorrentes destes.

Destacam-se entre os fatores identificados pelo autor o exercício de força com postura

inadequada, vibração da mão e braço e contração muscular estática.

Couto (1998), cita como fatores biomecânicos mais importantes no surgimento da LER o

emprego de força, a repetitividade, as posturas incorretas no trabalho e a compressão mecânica de

estruturas, principalmente se associados à inexistência ou insuficiência de pausas para a

recuperação dos tecidos. Além dos fatores biomecânicos entre outros, sobressai-se como um

complicador constante em empresas com elevado número de LER, a tensão excessiva, seja

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decorrente de fatores pessoais, de contexto, de relacionamento humano ou de natureza

organizacional.

Para Deliberato, (2002), os fatores de risco não são independentes. Na prática, há a

interação de fatores nos locais de trabalho. Na caracterização da exposição aos fatores de risco,

alguns elementos são importantes, dentre eles: a região anatômica exposta aos fatores de riscos;

a intensidade dos fatores de risco; a organização temporal da atividade (a duração do ciclo de

trabalho, a distribuição das pausas ou a estrutura dos horários); o tempo de exposição aos fatores

de risco.

Brasil (1997), os riscos presentes nos locais de trabalho são classificados em:

Agentes físicos: que são ruídos, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação,

umidade, pressões anormais, radiação;

Agentes químicos: substâncias químicas tóxicas, presentes nos ambientes de trabalho

nas formas de gases, fumo, nevoa, neblina e/ou poeira;

Agentes biológicos: bactérias, fungos, parasitas e vírus;

Organização do trabalho: divisão do trabalho, pressão da chefia por produtividade ou

disciplina, ritmo acelerado, repetitividade de movimento, jornada de trabalho extenso, trabalho

noturno ou em turnos, levantamento manual de peso, postura e posições inadequadas.

Segundo Ranney (2000), para alguns tecidos e distúrbios, há evidências de que a exposições

ocupacionais associam-se ao desenvolvimento da lesão e o risco relativo de algumas delas é alto.

Tem-se comprovado verdadeiro em caso de tendinite do ombro e punho/mão, lombalgias, síndrome

do túnel do carpo, síndrome hipotênar, e tensão cervical. Têm sido propostos os mecanismos

biológicos plausíveis, pelos quais esses fatores de risco resultam em distúrbios do sistema

osteomuscular.

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28

1.8 RELAÇÃO DAS PATOLOGIAS COM O TRABALHO

De acordo com Baú (2002), além da pré-disposição, o hábito de manter posturas extremas

e sua freqüência durante o trabalho, levam o indivíduo a desenvolver certas patologias

musculoesqueléticas, entre elas:

Ombros elevados e/ou abduzidos acima de 45 graus;

Braços acima do nível dos ombros;

Antebraços fletidos sobre os braços acompanhado de posição supina dos antebraços;

Extensão de punho;

Desvio do punho na direção ulnar;

Braços sem sustentação.

1.9 NORMAS REGULAMENTADORAS

O conjunto de normas regulamentadoras (NRs), foi consolidado pela portaria 3.124 de 8

de junho de 1978. Além da Constituição Federal, outras normatizações legais têm sido usadas

com o objetivo de criar ferramentas jurídicas de proteção a saúde dos trabalhadores. Muitas

dessas normatizações surgiram a partir de pesquisas científicas de órgão governamentais e não

governamentais, nacionais e estrangeiros (DELIBERATO, 2002).

Para Barbosa (2002), as normas regulamentadoras significaram um grande passo no

sentido de regulamentar alguns parâmetros na saúde do trabalhador, seja do ponto de vista do

próprio trabalhador ou da empresa.

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A sexta NR, estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação

de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos

trabalhadores de forma direta ou indiretamente que interajam em instalações elétricas e serviços

com eletricidade. Para os fins de aplicação desta NR, considera-se Equipamento de Proteção

Individual, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à

proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho aplicada às fases de

geração, transmissão, distribuição e consumo de energia, manutenção das instalações elétricas e

quaisquer trabalhos realizados nas suas normas (BRASIL, 2004).

A décima norma regulamentadora é Instalações e Serviços em Eletricidade, estabelece as

condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que trabalham em

instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo execução, manutenção, instalação, assim

como a segurança do usuário em qualquer fase de geração, transmissão, distribuição e consumo

de energia elétrica (ROCHA, 2005; BRASIL, 2004).

A décima sétima norma regulamentadora é, sem sombra de dúvida, a norteadora de todo o

trabalho ligado a atividade de avaliação ergonômica dos postos de trabalho, onde visa estabelecer

parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente (BARBOSA, 2002; DELIBERATO, 2002; BRASIL,1990).

1.10 MÉTODOS DE ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHADOR

Muitos métodos podem ser utilizados para mensurar os tipos de tarefas, repetitividade,

posturas de maiores constrangimentos e sobrecargas, que podem ser:

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Método M.R.I. (Método de Registro a Intervalos): trata de uma técnica de sistematização

de registro das informações captadas mediante ao uso de observação sistemática da realização da

atividade. Esta técnica é desenvolvida através do apontamento dos eventos relacionados à tarefa

executada, em uma planilha onde os espaços de tempo são pré-determinados, e ao final de cada

um destes intervalos às ocorrências e as não ocorrências dos eventos em observação, são

apontados, somados e quantificados. (FAGUNDES, 1999).

Método NIOSH (National Institute For Occupational Safety And Health): é utilizado

como critério para levantamento manual de cargas. Análise a freqüência, peso, excentricidade,

distância de levantamento, altura entre outras e permite determinar cada situação de trabalho a

carga limite recomendada (BAÚ, 2002).

Método RULA (Rapid Upper Limb Assessmet): foi desenvolvido por Mc Atamney e

Corlet, no ano de 1993, a fim de proporcionar uma rápida avaliação dos constrangimentos

posturais e sobrecarga, principalmente da coluna cervical, tronco e membros superiores,

relacionados à posição adotada pelo trabalhador e sobrecarga postural desencadeada pela

realização da tarefa e adaptações do trabalhador a esta. (MCATAMNEY & CORLET, 1993)

Método OWAS (Ovako Ou Steel): é um método prático para identificar e avaliar posturas

de trabalhos desfavoráveis (BAÚ, 2002).

1.11 ELETRICISTA

O trabalho do eletricista consiste em realizar manutenções preventivas e corretivas na rede

elétrica, ampliar ramais de distribuição, ligar e desligar ramais de energia, puxar ramal, registrar a

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relação de materiais e equipamentos implicados para realização das atividades, via autotracking

(sistema de controle via satélite instalado no veículo) entre outras. Geralmente trabalham em

duplas e utilizam fuscas, caminhonetes, toyotas, equipados com escadas, ferramentas na qual

utilizam nas atividades diárias e os materiais de segurança individual e coletivo. Suas atividades

são realizadas em linhas de distribuição desenergizadas ou energizada. Há também a necessidade

de ficarem sempre de “sobre-aviso” para quando ocorrer uma emergência, o eletricista possa

atender prontamente a chamada da empresa (GUIMARÃES et al, 2002).

A função do eletricista no setor de Distribuição, é executar vistorias, ligações e

desligamentos em entradas de serviços, recuperação e manutenção de redes elétricas,

desligamentos programados de emergência, executar manutenções, manobras e inspeções em

redes urbanas, rurais e substações de distribuição energizada ou não, executar medições de

tensões e corrente em circuitos de alta e baixa tensão, efetuar leituras de medidores de grandes

consumidores, efetuar vistoria e leitura de equipamentos especiais e de substações, prestar

orientações quanto a correções de anomalias apuradas, desmatar trechos, podas e cortar árvores,

dirigir veículo, transportando pessoal e/ou materiais e equipamentos, bem como operações com

manobras de alimentadores em redes elétricas (RONCOLATO et al., 2002; BRASIL, 2002;

SOUZA, 1996; OLIVEIRA et. al., 2002).

Para que um eletricista esteja apto para atuar é preciso fazer um curso de formação básica

de: eletricista de distribuição, com ênfase em segurança do trabalho, resgate estrutural e

comportamental. É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às condições de

eletricista e receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e

autorizado a desenvolver as atividades, de forma a garantir a segurança e a saúde dos

trabalhadores (BRASIL, 2004).

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Com os avanços, a ergonomia no Brasil vem ganhando cada vez mais espaço quer no

setor industrial ou de serviços. No setor de serviços de alto risco/perigo, no entanto, são poucos

os estudos disponíveis na literatura. A área de fornecimento de energia elétrica é um exemplo.

Pela revisão os estudos tendem a se concentrar em tópicos correlatos a ergonomia, tais como

normas regulamentadoras. O trabalho com eletricidade é de alto risco para os eletricistas, um a

vez que é vulnerável a ocorrência de acidentes fatais, e é um desafio para os ergonomistas, já que

o produto com que se lida é inodoro e invisível. Além do risco devido à elevada classe de tensão,

a gravidade e a probabilidade das lesões e/ou acidentes é ampliada por fatores ambientais, local

(zona rural ou urbana), condições dos equipamentos, fatores afetivo-emocionais, nível de

capacitação dos funcionários e comportamento da população usuária (GUIMARÃES et al.,

2002).

O profissional eletricista é autorizado a intervir em instalações elétricas, somente após

participar de um treinamento específico sobre os riscos da energia elétrica e as principais medidas

de prevenção de acidentes em instalações elétricas. Segundo a norma regulamentadora Nº 10,

deve-se realizar treinamento de reciclagem bienal, sempre que ocorrer troca de função ou

mudança de empresa, retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a

três meses. Antes de entrar em vigor esta norma que trata especificamente de segurança em

instalações e serviços em eletricidade realizava-se curso de reciclagem com período maior que 2

anos, porém depois da vigência desta norma começou-se a realizar com tempo menor, isto é, a

cada 2 anos o eletricista de distribuição é obrigado a participar de curso de reciclagem. Por ser

uma profissão vulnerável aos riscos de acidentes é importante o cumprimento desta norma que

veio para contribuir com o trabalho destes profissionais (BRASIL, 2004).

Para Bodão (2003), ser eletricista da COPEL é servir de elo entre a empresa e seus

consumidores, e cumprir uma rotina de trabalho cheia de responsabilidades.

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2 METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido por 6 acadêmicos e um orientador do curso de Fisioterapia

da FAG - Faculdade Assis Gurgacz, integrantes do projeto Energia e Saúde em convênio

FAG/COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica. A pesquisa foi desenvolvida com

eletricistas do setor de Distribuição da COPEL, na AGCEL - Agência de Cascavel em suas

atividades diárias. A amostra foi composta por 20 eletricistas que estavam atuando no período

de junho a dezembro de 2003, totalizando 100% do efetivo. Os eletricistas afastados não

compuseram a presente amostra, todos os participantes da pesquisa eram do sexo masculino.

Para fins metodológicos e práticos, dividiu-se a pesquisa em etapas, sendo assim

desenvolvida.

A princípio fez-se uma reunião com gerente, coordenador e técnico de segurança do

setor, na AGCEL e com os representantes da FAG, em junho, quando foram expostas as tarefas

realizadas pelos eletricistas, como eles as fazem e quais os principais problemas e dificuldades

encontradas com os materiais. Tratou-se também da forma como a pesquisa desenvolver-se-ia e

foi apresentado o plano de atividades a serem desenvolvidas com os profissionais.

Na etapa seguinte foram iniciados os acompanhamentos individuais dos eletricistas na

realização das suas mais variadas atividades. Após os acompanhamentos, in loco, na área rural e

urbana, tanto no período diurno quanto no noturno, em plantões, feriados, finais de semanas, em

situações climáticas boas e adversas, deu-se a elaboração de um questionário estruturado e

composto por questões abertas e fechadas, adaptado (Couto, 2002), abordando características

sociodemográficas, queixas de dor e desconforto e dificuldades no manuseio do ferramental. Os

dados foram coletados pelos 6 pesquisadores, distribuídos em 2 horas semanais cada um. No

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questionário foram abordadas as dificuldades encontradas nos ferramentais individual e coletivo

que os eletricistas utilizam diariamente em seus trabalhos como: bota, capacete, uniforme, luvas,

óculos e cinta. Foram entrevistados todos os eletricistas que estavam atuando no período de

desenvolvimento da pesquisa.

Na seqüência das etapas, foi realizada a pesagem dos materiais apontados pelos

eletricistas, como sendo de difícil manuseio; para tal utilizou-se um dinamômetro com

capacidade de 50 Kgf da marca Crown. Os materiais pesados foram: conjunto de aterramento

AT, escada extensível, escada singela, espora para poste de concreto B, tesourão para corte de

cabo, dispositivo de abertura de chave com carga, vara de manobra, cinturão e talabarte sem

material e cinturão e talabarte com material.

Numa etapa seguinte foram coletadas imagens fotográficas dos trabalhadores atuando na

zona urbana e na zona rural, realizando suas atividades de trabalho mais corriqueiras como:

escalada a poste, fechamento e abertura de chave, ligação de consumidores, entre outros. Para

isso foram utilizadas duas máquinas fotográficas digitais da marca Sony; DSC-P32 com 3.2 mega

pixels e a segunda de modelo DSC-P51 com 2.0 mega pixels. Essas fotos serviram de registro das

posturas adotadas pelos trabalhadores.

Não foram analisadas ou mensuradas temperaturas externas, situações de intempéries,

exames específicos de sobrecarga física, exames psíquicos, métodos específicos para mensurar

carga e, mensuração fisiológica em laboratório de cinesioterapia e cardiologia.

Depois de ter realizado a pesquisa, os dados foram tabulados através dos programas

Microsoft Word-Excel 2000, seguidos de análise dos resultados.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho foi desenvolvido na COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica,

no setor de Distribuição da AGCEL – Agência de Cascavel, sendo realizado com 20 funcionários

no período de junho a dezembro de 2003, totalizando 100% dos eletricistas atuantes no setor,

todos do sexo masculino, com idade média de 40 anos. No entanto, 55% dos pesquisados têm

mais de 10 anos na função.

Os resultados de maior relevância obtidos pela aplicação do questionário e

acompanhamentos das atividades in loco serão apresentados e discutidos na seguinte ordem: 1-

sociodemográficos; 2-Topografia da dor; 3-Relação do surgimento da dor com o trabalho; 4-

Afastamentos e queixas de dor; 5-Afastamentos.

No gráfico 1 está apresentada a relação da idade e tempo de trabalho na empresa, em que

pôde-se observar que 10% do total da amostra têm até 5 anos de empresa, desses, 50% têm idade

até 40 anos e outros 50% com idade superior a 40 anos; 35% dos entrevistados têm até 10 anos de

empresa, desses, 86% têm até 40 anos e 14% superior a 40 anos; 55% do total da amostragem

têm mais de 10 anos de empresa, sendo, 27% com idade até 40 anos e 73% superior a 40 anos.

Fazendo um estudo comparativo, esses dados (gráfico 1) não coincidem com os eletricistas de

outra concessionária de energia elétrica, pois, 37,4% dos pesquisados exercem a função a menos

de 5 anos, representando o maior índice de trabalhadores na atividade (BOURGUIGNON et al.,

2001). Considerando ainda, em outro estudo realizado com profissionais de energia elétrica, 70%

da população pesquisada se encontra na faixa etária de 20 a 27 anos, e com tempo de serviço

menor que 5 anos (GUIMARÃES et al., 2002). Este estudo foi realizado com eletricistas de linha

padrão (distribuição) e com linha viva. Em ambos não há correlação semelhante ao encontrado na

AGCEL.

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5%

30%

15%

5% 5%

40%

até 5 anos de empresa de 6 a 10 anos deempresa

acima de 10 anos deempresa

De 21 a 40 anos de idade Acima de 40 anos de idade

Gráfico 1: Idade x Tempo de serviçoFonte: Autora

Quando analisadas as queixas de dor, constatou-se que 80% do total de participantes

relataram algum tipo de desconforto ou queixa referente às atividades diárias e apenas 20% não

relataram queixa alguma (gráfico 2). Esses dados divergem dos obtidos por Souza (1996), em um

trabalho realizado com os eletricistas da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, quando

constatou que somente 21% dos eletricistas apresentavam sintomatologia dolorosa.

Dos 80% que relataram dor e desconforto musculoesquelética, 55% exercem a função de

eletricista há mais de 10 anos e 25% têm menos de 10 anos na função. Do total da amostra,

observou-se que 20% não relataram dores (gráfico 2) e estão na atividade há menos de 10 anos.

Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram uma incidência de dor com maior percentual

do que a verificada por Cockell et al. (2002). Em estudo realizado por ele sobre desenvolvimento

de sintomatologia dolorosa em atividade de manuseio de carga, verificou-se que 65% dos

pesquisados relataram dores musculoesquelética, e estão atuando há menos de 5 anos na atividade.

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37

Os resultados da pesquisa apontam que os primeiros sintomas de dor e desconforto

começam a aparecer antes dos 10 anos de trabalho. Cerca de 25% desses trabalhadores apresentam

os sintomas. Após esse período chega acometer 100% dos profissionais com mais de 10 anos na

função (gráfico 2). Sendo portanto, estabelecida à relação entre o tempo de trabalho e a ocorrência

de sintomatologia dolorosa entre os eletricistas do setor. Barbosa (2002), considera que quanto

maior o tempo de exposição com repetitividade, maior à possibilidade de aparecimento de

distúrbios osteomusculares. E para Ranney (2000), no trabalho, o sistema osteomuscular sofre

atuação de uma ampla variedade de fatores. Dependendo da força e duração, esses fatores podem

levar as alterações na saúde do trabalhador.

15%

30%

10%

20%

25%

5%

20%

10%

20%

25%

10% 10%

0% 0% 0%

Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos De 16 a 20 anos Acima de 20anos

Total de trabalhadores Com dor Sem dorGráfico 2: Tempo serviço x dorFonte: Autora

O mapeamento da dor e desconforto, revelou as regiões do corpo com maior

acometimento (gráfico 3). Encontrou-se a seguinte distribuição topográfica: braços 32%, ombros

24%, coluna 12%, pernas 12%, punho 4% e outros com 16%. Esses dados são semelhantes aos

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encontrado por Miyamoto et al. (1999), em trabalho realizado com profissionais do centro de

operações da SERCOMTEL S. A., que encontrou queixas de dor e/ou desconforto em 77% dos

pesquisados, sendo que desses, 64% atribuíram as dores em regiões de pescoço e ombro

respectivamente.

Em outro trabalho realizado pela Universidade de Illinois, em cerca da metade dos casos

de LER/DORT, os sintomas iniciais foram dor regional nos membros superiores e/ou pescoço,

área dos trapézios e região cervical, propagando-se para outras regiões do corpo, incluindo a

região lombar e os membros inferiores, após vários meses. Ainda para o autor, cerca de 25% tem

história prévia de dor musculoesquelética crônica, principalmente no pescoço e braços

(DELIBERATO, 2002). Os resultados são semelhantes aos encontrados nos eletricistas da

AGCEL, encontrando-se alto índice de dor e desconforto, sobretudo nos membros superiores e

coluna (gráfico 3).

De acordo com os resultados obtidos tendo em vista a relação de trabalho com surgimento

de dor (gráfico 4), pôde-se averiguar que 80% dos pesquisados estavam atuando em suas

24%

32%12%

12%

16% 4%

PunhoOmbrosBraçosPernasColunaOutros

Gráfico 3: Topografia da dorFonte: Autora

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39

atividades com dores e, apenas 20% não as sentiam. Do total dos eletricistas pesquisados, 50%

relatam que a dor inicia-se durante o trabalho. 20% sentem-na o dia todo e 10% relatam o início

das dores após o trabalho (gráfico 4). Esses resultados são semelhantes aos encontrados na

pesquisa realizada com os eletricistas da CEMIG em que 44,4% dos pesquisados relataram que

sentiam dores durante o trabalho (SOUZA, 1996). Ainda em outro trabalho que foi desenvolvido

por Miyamoto et al. (1999), na SERCONTEL, no setor de operações de teleatendimento, foi

constatado que mais da metade dos pesquisados relataram dores durante o trabalho.

10%

50%

20%20%

Não sentemdor

Dor após otrabalho

Dor durante otrabalho

Dor o diatodo

Sem dor Com dor

Gráfico 4 : Dores têm relação com trabalho x Surgimento de dorFonte: Autora

Verificou-se a freqüência de adoção de posturas de constrangimentos na realização das

atividades, pelos eletricistas do setor de Distribuição da AGCEL, sendo constatado através dos

acompanhamentos in loco e das imagens fotográficas que a profissão de eletricista é vulnerável a

desenvolver sintomatologia dolorosa, desencadeada por constantes repetições de movimentos,

manutenção de posturas inadequadas e posturas estáticas com contração isométrica (figura 1). A

simples tarefa de escalar um poste repetidas vezes, carregando equipamentos de proteção

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individual e ferramentas de trabalho, representa um esforço físico considerável para o eletricista,

acarretando esses distúrbios. Isto é confirmado em um estudo em que, os resultados indicam

relação positiva entre força isométrica e desordens afetando pescoço e membros superiores nos

trabalhadores em posturas estáticas (SANDE & COURY, 1998). Quando discorrem sobre o

assunto, Grandjean (1998); Chaffin et al (2001), relatam que as forças estáticas, que são usadas

para manter o corpo em determinadas posições são muito mais solicitadas do que as forças

dinâmicas. Durante uma posição estática mais de 50% dos músculos do corpo são contraídos para

manter a pessoa nesta postura contra as forças gravitacionais. Ainda para os autores, do ponto de

vista fisiológico e ortopédico, recomenda-se a alternância entre a posição sentada e em pé como

solução para que seja evitada a sobrecarga muscular e fadiga dos segmentos envolvidos na

manutenção postural, permitindo a alternância entre esforço e alívio.

Tesourão = 4Kg

Cinturão + talabarte= 2,5Kg

Balde de lona + materiais= 3,5Kg

Figura 1: Eletricista no posteFonte: Autora

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41

O eletricista para executar algumas atividades em cima de um poste, necessita de

equipamentos para desenvolver seus trabalhos como: espora de concreto nos pés, vara de manobra

e dispositivo de abertura de chave, carregando em média 13kg de apetrechos e equipamentos, sem

contar com os outros materiais de utilidade (figura 2). Isso representa um esforço físico

considerável com variação nas posturas de rotação e extensão de tronco, gerando uma sobrecarga

sobre as vértebras, e ainda com os membros inferiores em extensão. Pôde-se contudo, evidenciar

que o ritmo de trabalho intenso, com exigência de movimentos repetitivos, uso de equipamentos

pesados, certamente colaboram com o aumento dos casos de sintomatologia dolorosa no

profissional atuante.

Gráfico 2: Eletricista no posteFonte: Autora

Espora Poste Concreto B= 2,5Kg (opar)

Vara de manobra = 8Kg

Dispositivo de aberturade chave = 3Kg

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Além disso, em muitos casos para se chegar ao poste necessita-se carregar uma escada

singela que pesa 12 Kg ou uma escada extensível pesando 26 Kg (figura 3) em dias de sol.

Quando ocorrem chuvas, o peso do equipamento aumenta, já que a escada extensível é de

madeira, ficando encharcada e bem mais pesada, aumentando a sobrecarga. Estes fatores, quando

analisados do ponto de vista fisiológico e biomecânico, determinam a sobrecarga física que

favorece o surgimento dos distúrbios ocupacionais (RANNEY, 2000; CHAFFIN et al.2001).

Figura 3: EletricistaFonte: Autora

Outro dado relevante foi que 80% dos entrevistados confirmaram já terem se afastado do

trabalho por algum motivo relacionado a este, e 20% não tiveram afastamento (gráfico 5). Sendo os

maiores índices de afastamento com os profissionais que atuam há mais de 10 anos na mesma

atividade (gráfico 2 e 5). E quando perguntados, se na atividade anterior a esta sentiam dor ou

desconforto, 80% não relataram sentir qualquer sintoma de dor ou desconforto, e outros 20% já

apresentavam algum tipo de sintomatologia dolorosa. Nesse sentido pôde-se confirmar a existência

Escada Extensível= 26 kg

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da relação da dor com a atividade que leva ao afastamento do eletricista e a dor ou desconforto

anterior a esta atividade, fato também abordado por Betiol & Tonelli (2002), em seu trabalho com

profissionais que exercem atividades externas e semelhantes aos eletricistas, todavia são fatores

agravantes dos afastamentos: sobrecarga física, o risco de acidente de trabalho e situações

climáticas de intempéries, entre outros.

80%

20%20%

80%

Houve afastamento nestafunção

Sentia dor ou desconforto antesdesta atividade

Sim Não

Gráfico 5: Houve afastamento x Sentia dor ou desconfortoFonte: Autora

Outro fator de risco, inerente à atividade, e enfatizado por Sato (2005), é a de que a rede

desenergizada, a qual estes profissionais trabalham, na maioria das vezes, é mais perigosa, pois

na linha desenergizada o trabalhador vai se acostumando com a situação e quando ocorre

energizamento acidental, se o eletricista não utilizou todos os recursos de segurança, o acidente

acontece. A energia elétrica é rápida e muito forte quando em alta tensão. Os seus efeitos sobre o

corpo humano são graves, com perda de membros, queimaduras de até terceiro grau ou mesmo a

morte. Ainda para o autor a melhor forma de proteção é usar os equipamentos de segurança e

seguir os procedimentos definidos conforme estabelece as normas regulamentadoras (NR6;

NR10; NR17). Andrade (2000), salienta que os fatores de riscos ocupacionais mais freqüentes

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são estabelecidos por manutenção de postura inadequada por tempo prolongado, movimentos

repetitivos, vibratórios, contínuos e cumulativos, instrumentos inadequados, compressão

mecânica excessiva e, a quantidade de serviços em seqüência, que necessitam do mesmo tipo de

procedimento.

Um dado relevante que confirma esta pesquisa foi levantado com todos os funcionários da

COPEL, na Regional Oeste – Cascavel, onde são apontados os números de afastamentos do dois

últimos anos (2003 e 2004). O setor de Distribuição da AGCEL é o mais crítico com 15,9% em

2003 e 16,6% em 2004. (gráfico 6) Esses valores podem ser atribuídos em sua maioria aos

profissionais que trabalham constantemente com riscos a sua volta, quer na rede elétrica, nas

estradas, nas ruas, dirigindo seus veículos de trabalho e também em áreas rurais, ou ainda

atuando em serviços pesados, em cima de árvores, postes, ou qualquer outro local de difícil

acesso.

16,60%

14,50%

15,20%

15,90%

105 funcionários afastadosem 2003

118 funcionários afastados em2004

%de

afas

tam

ento

AGCEL Tele atendimento

Gráfico 6: AfastamentosFonte: COPEL- Regional Oeste

Estes profissionais atuam em algumas atividades com linhas de distribuição energizadas,

em situações de risco e sobrecarga. Quando ocorrem situações climáticas adversas, o fator se

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agrava em função do número de ocorrências emergenciais, que leva o profissional atuar em finais

de semanas, feriados e sobretudo à noite (figura 4). Por conseguinte, no período noturno o serviço é

realizado com maior grau de dificuldade, pois quando está em falta de iluminação fornecida pela

empresa responsável, as atividades são realizadas com lanternas ou mesmo pela iluminação

fornecida e adaptada no próprio veículo, o que leva a uma sobrecarga nas atividades e aumenta o

risco de acidentes.

Figura 4: Medidor de energia, trabalho noturnoFonte: Autora

É de relevância ressaltar que a dor é a principal causa de redução de capacidade de

trabalho entre a população de trabalhadores, que é citado por Valadares et al. (2002), em um

estudo com bancários, comerciários, teleatendentes e outras categorias não especificadas, em que

o sintoma foi referido por quase 100% dos participantes da pesquisa. Esses dados somam-se aos

encontrados em várias pesquisas, tendo a alta incidência desse problema para as empresas

representa enorme impacto socioeconômico, devido às influências negativas na qualidade de vida

Page 47: Mapeamento Ergonomico Dos Eletricistas Da Companhia Paranaense de Energia Eletrica Copel No Setor de Distribuicao Da Agcel Agencia de Cascavel

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dos funcionários e aos altos custos gerados com assistência médica, dias de afastamentos, e

treinamentos de novos funcionários (COCKELL et. al., 2002).

O custo social de uma doença que se instala precocemente durante a idade produtiva,

acarreta prejuízo para o trabalhador, para empresa e também para a sociedade. Neste contexto estão

incluída a família e todas as relações sociais que envolvem, um indivíduo nessa situação. Prestes

(2003), enfatiza a importância da manutenção de uma boa qualidade de vida e a consciência de que,

economicamente a prevenção é mais vantajosa. Trabalhadores, empresários e profissionais da área

de saúde, buscam meios preventivos para completa redução de males como DORT/LER, o estresse,

sedentarismo, má postura, entre outros. A empresa que mantém um funcionário afastado tem

aumento nas despesas, quando comparado com um trabalhador com boa saúde e atuante, isso é

confirmado por Marchi (1995) apud Martins (2001), salienta que, em 1985 gastava-se anualmente

412 dólares com a saúde de cada funcionário brasileiro. Dez anos depois, este custo aumentou para

936 dólares e a estimativa para o ano de 2000 girou em torno de 1.850 dólares por empregado

afastado. Ainda para o autor, os benefícios de gerenciar e manter o funcionário aparentemente

saudável, é por iniciativa dos empresários, patrões, governo, entre outros.

3.1 RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS

Com este trabalho foi possível identificar nas atividades dos eletricistas fatores que estão

envolvidos no surgimento de constrangimento e da sintomatologia dolorosa, para isto é

importante algumas recomendações ergonômicas julgando que num futuro possam ocorrer

mudanças no trabalho e que vários itens podem ser melhorados, atenuando os problemas

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encontrados e proporcionando maior conforto e uma melhor qualidade de vida a esses eletricistas.

Segue abaixo algumas sugestões de melhorias:

Implantação do serviço de Fisioterapia do trabalho na empresa;

Palestras – visando melhorar qualidade de vida e a produtividade dos funcionários;

Avaliação do condicionamento físico cardiovascular em um laboratório específico;

Orientações durante as pausas de trabalhos;

Sistematização das atividades dos trabalhadores nos postos de trabalho;

Adequação ergonômica dos postos e ferramentas de trabalho;

Condicionamento físico mínimo para atividade já que há uma grande exigência dos

membros superiores;

Mensurar com métodos específicos para sobrecarga utilizando NIOSH, M.R.I., e RULA;

Na aquisição de novas ferramentas solicitar, avaliação de um comitê de ergonomia;

Conscientizar e capacitar a correta utilização dos equipamentos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste trabalho possibilitou o reconhecimento dos principais fatores

que influenciam na atividade dos eletricistas.

Observou-se que os problemas encontrados, do ponto de vista da saúde do trabalhador,

são graves, pois de acordo com os resultados obtidos na pesquisa, 80% dos profissionais

apresentam sintomatologia dolorosa na execução das atividades. Membros superiores e coluna

aparecem com maiores índices de constrangimentos. Evidenciou-se a relação entre dor e tempo

de serviço. A vista disso, os resultados da pesquisa apontam que os primeiros sintomas de dor e

desconforto começaram aparecer antes dos 10 anos de trabalho, em 25% dos trabalhadores.

Ficando evidente depois deste período acometendo 100% dos profissionais com mais de 10 anos

na função.

Verificou-se também a diversidade de tarefas com grande exigência física, tendo

influências de variáveis climáticas. Aliado a isso, observou-se posturas inadequadas,

repetitividade de movimentos, peso elevado dos equipamentos e dificuldades em seu manuseio.

Esses dados obtidos com a pesquisa, confirmam a necessidade de intervenção ergonômica junto

aos profissionais da COPEL do setor de Distribuição da AGCEL – Agência de Cascavel.

A abordagem deste estudo, permitiu identificar os itens de maior demanda física e os

principais fatores de risco aos quais os eletricistas estão expostos na atividade, porém, encontrou-

se dificuldade para comparar os dados obtidos com outros trabalhos semelhantes, haja vista que a

literatura ainda está muito escassa nessa área e com trabalhos abordando o tema.

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Dessa forma, este trabalho poderá contribuir para uma análise ergonômica mais eficaz, no

sentido de prevenir os constrangimentos e reduzir o afastamento ou, até mesmo, a incapacidade

momentânea para o trabalho.

Cada vez mais a prevenção vem tomando lugar na vida das pessoas e das empresas, que

sentem a necessidade da informação e da conscientização em busca de qualidade de vida. A

Fisioterapia é com certeza um contribuidor nesse processo tão antigo, mas ao mesmo tempo tão

atual, que é a prevenção e vem ao encontro para amenizar graves distúrbios.

Trabalhos futuros poderão ser realizados com novos levantamentos de dados, com

mensurações específicas de sobrecarga física, exames psíquicos e ainda mensurações fisiológicas

em laboratórios de cinesioterapia e cardiologia. Agregado a isso poderá também contribui na

prevenção de riscos comumente constatados e já descritos para que sejam controlados.

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APÊNDICE A – Questionário

Data:____/____/____

Nome:____________________________ Data de Nasc:____/____/____ Idade:______anos.

Sexo: Fem ( ) Masc ( ) Mão dominante Destro ( ) Canhoto ( )

Setor:__________________________________Função:________________________________

Horário Trabalho: das___:_____hs as___:_____ Tempo de Serviço:____________anos.

Altura:___________Peso:_____ Kg. Ganho de peso nos últimos 2 anos__________Kg.

Cirtometria abdômen:___________________ tórax:____________________________

1. Pratica alguma atividade física? ( ) sim ( ) não

2. Qual a freqüência semanal?

( ) de vez em quando ( )1vez ( )2 vezes ( )3 vezes ( )mais de três vezes

3. Já houve afastamento? ( ) sim ( ) não

4. Tempo afastado:___________________ Motivo__________________________

5. Tem faltado ao trabalho? ( ) sim ( ) não Motivo?_________________________________

6. Tem algum problema de saúde? ( ) sim ( ) não Qual?________________________ Há

quanto tempo tem este problema? dias( ) semanas( ) meses( ) anos( ) Quantos:___

7. Já realizou algum tratamento para este problema? ( ) sim ( ) não

8. Qual(s) tratamento(s)_____________________________________________________

9. A recuperação foi total: ( ) sim ( ) não

10. Atualmente sente dores no corpo? ( ) Sim ( )Não

Onde? ( ) Mãos ( ) Punho ( ) Ombros ( ) Braços ( ) Pernas ( ) Joelhos

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( ) Coluna ( ) Pescoço ( ) Cabeça ( ) Outros Cite:_____________________

11. As dores costumam surgir:

( )Durante o sono ( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho ( )O dia todo.

12. As dores têm relação com o trabalho? ( ) sim ( ) não Qual?____________________

13. Qual era o seu trabalho anterior a este?_______________________________________

14. Sentia dor ou desconforto? ( ) sim ( ) não

15. Você atualmente ou nos últimos anos trabalha ou já trabalhou em mais de um lugar ao mesmo

tempo (dupla jornada) ( )sim ( )não Há quanto tempo?_______________

16. Tem dificuldades com os equipamentos de segurança? ( ) sim ( ) não

17. Quais equipamentos, por que?

( )Bota ( ) peso

( ) transporte

( ) tempo de uso

( ) postura para uso

( ) formato

( ) luva ( ) peso

( ) transporte

( ) tempo de uso

( ) postura para uso

( ) formato

( ) capacete ( ) peso

( ) transporte

( ) tempo de uso

( ) postura para uso

( ) formato

( ) óculos ( ) peso

( ) transporte

( ) tempo de uso

( ) postura para uso

( ) formato

( ) uniforme ( ) peso

( ) transporte

( ) tempo de uso

( ) postura para uso

( ) formato

( ) cinta ( ) peso

( ) transporte

( ) tempo de uso

( ) postura para uso

( ) formato