Mapeamento geologico folha Irauçuba

115
1 RESUMO A porção noroeste do Estado do Ceará compreende os Domínios Médio Coreaú e Ceará Central, local deste estágio, da Província Borborema. A disciplina Estágio de Campo 2 teve como sede a cidade de Taperuaba. Porém, a área de trabalho abrangeu até a cidade de Aracatiaçú, localizado a noroeste da sede. Foram divididas nove equipes para a realização do mapeamento geológico na escala de semidetalhe 1:25.000 com o objetivo de avançar em relação ao conhecimento geológico desta região. A subárea I compreende rochas pertencentes tanto do Complexo Ceará quanto do Complexo Tamboril Santa-Quitéria, ambos pertencentes ao Domínio Ceará Central. No Complexo Ceará foram identificados os seguintes litotipos: cianita-granada-biotita gnaisse, granada-biotita gnaisse, biotita gnaisse, cianita- muscovita gnaisse, ocorrendo delgadas lentes de flogopita mármore, tremolita- escapolita mármore e granada anfibolito, esses litotipos estão intercalados e concordantes entre si. Enquanto que no Complexo Tamboril Santa-Quitéria foram identificados os seguintes litotipos: hornblenda-biotita gnaisse, granada-biotita-hornblenda gnaisse, ocorrendo lentes de gnaisses calciossilicático. Esses litotipos estão fortemente migmatizados. Ainda neste complexo, ocorrem metamicrosienogranito com foliação incipiente. As estruturas planares da subárea, em geral, apresentam direções NE- SW com concentração da lineação de estiramento mineral a SE. Essas rochas foram submetidas a elevada pressão e temperatura, chegando a fácies anfibolito alto, assim indicado pela paragênese.

description

Próximo a cidade de umirim!

Transcript of Mapeamento geologico folha Irauçuba

Page 1: Mapeamento geologico folha Irauçuba

1

RESUMO

A porção noroeste do Estado do Ceará compreende os Domínios Médio

Coreaú e Ceará Central, local deste estágio, da Província Borborema. A

disciplina Estágio de Campo 2 teve como sede a cidade de Taperuaba. Porém,

a área de trabalho abrangeu até a cidade de Aracatiaçú, localizado a noroeste

da sede. Foram divididas nove equipes para a realização do mapeamento

geológico na escala de semidetalhe – 1:25.000 – com o objetivo de avançar em

relação ao conhecimento geológico desta região.

A subárea I compreende rochas pertencentes tanto do Complexo Ceará

quanto do Complexo Tamboril Santa-Quitéria, ambos pertencentes ao Domínio

Ceará Central. No Complexo Ceará foram identificados os seguintes litotipos:

cianita-granada-biotita gnaisse, granada-biotita gnaisse, biotita gnaisse, cianita-

muscovita gnaisse, ocorrendo delgadas lentes de flogopita mármore, tremolita-

escapolita mármore e granada anfibolito, esses litotipos estão intercalados e

concordantes entre si.

Enquanto que no Complexo Tamboril Santa-Quitéria foram identificados

os seguintes litotipos: hornblenda-biotita gnaisse, granada-biotita-hornblenda

gnaisse, ocorrendo lentes de gnaisses calciossilicático. Esses litotipos estão

fortemente migmatizados. Ainda neste complexo, ocorrem

metamicrosienogranito com foliação incipiente.

As estruturas planares da subárea, em geral, apresentam direções NE-

SW com concentração da lineação de estiramento mineral a SE. Essas rochas

foram submetidas a elevada pressão e temperatura, chegando a fácies

anfibolito alto, assim indicado pela paragênese.

Page 2: Mapeamento geologico folha Irauçuba

2

ABSTRACT

The northwestern portion of the Ceará State includes the Middle Coreau

and Central Ceará Domain, where this fieldwork was realized, in Borborema

Province. The fieldwork of the course Stage of Field Two was localized in

Taperuaba city. However, the area of the work also covered Aracatiaçu,

northwestern of the Taperuaba city. Nine Work teams were divided carry out

geological mapping in semi-detail scale - 1:25,000 – aiming at the advancement

of geological Knowledge of this region.

The rocks belonging to subarea I are included in the Ceará Complex and

the Tamboril Santa-Quitéria Complex both belonging to the Central Ceará

Domain. In Ceará Complex were identified the following lithotypes: Kyanite

garnet biotite gneiss, garnet biotite gneiss, biotite gneiss, Kyanite muscovite

quartizite, thin lenses of phlogopite marble, tremolit scapolite marble and

garnet , these rock types are interspersed and concordant with each other.

In the Tamboril Santa-Quitéria Complex the following rock types were

identified: hornblende biotite gneiss, garnet biotite hornblende gneiss, gneisses

containing calc-silicate lenses. These rock types are strongly migmatized in this

Complex, also occurs metasienogranite with incipient foliation.

The planar structures of the subarea generally presents the directions

NE-SW with concentration of the stretching mineral lineation in SE. These rocks

were submitted facies, as indicated by the paragenesis.

Page 3: Mapeamento geologico folha Irauçuba

3

Sumário RESUMO ........................................................................................................................................ 1

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 10

1.1- Apresentação ................................................................................................................... 10

1.2- Objetivo ............................................................................................................................ 10

1.3- Metodologia e Atividades do Trabalho ............................................................................ 11

1.4 – Localização e acesso da área de Estudo ......................................................................... 13

2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ...................................................................................................... 15

2.1- Clima ................................................................................................................................ 15

2.2- Vegetação ........................................................................................................................ 15

2.3- Hidrografia ....................................................................................................................... 15

2.4- Geomorfologia ................................................................................................................. 16

3- ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DO DISTRITO DE TAPERUABA E ARACATIAÇU. .................... 17

4 – GEOLOGIA REGIONAL DA PROVÍNCIA BORBOREMA ............................................................. 18

4.1 Generalidades ................................................................................................................... 18

4.2 – Domínios Estruturais ...................................................................................................... 19

4.2.1 – Domínio Médio Coreaú - DMC ................................................................................ 20

4.2.2 – Domínio Ceará Central - DCC................................................................................... 20

4.2.3 – Domínio Rio Grande Do Norte - DRGN .................................................................... 21

4.2.4 – Zona Transversal - ZT ............................................................................................... 21

4.2.5 – Domínio Sul - DS ...................................................................................................... 22

5- CONTEXTO GEOLÓGICO-REGIONAL DA ÁREA DO PROJETO TAPERUABA ............................... 23

5.1- Litoestratigrafia ................................................................................................................ 23

5.1.1- Bloco Tróia–Pedra Branca (Arqueano) ...................................................................... 23

5.1.2- Complexo Ceará (Paleoproterozóico) ....................................................................... 23

5.1.3- Complexo Tamboril-Santa Quitéria (Neoproterozóico) ............................................ 24

5.1.4- Suíte Granítica Mucambo-Meruoca (Cambriano) ..................................................... 25

5.1.5- Granodiorito Anil ....................................................................................................... 25

5.1.6- Serra do Barriga ........................................................................................................ 26

5.1.7- Granito Pajé .............................................................................................................. 26

5.1.8 - Quaternário .............................................................................................................. 27

Page 4: Mapeamento geologico folha Irauçuba

4

5.2- Magmatismo .................................................................................................................... 27

5.3- Metamorfismo ................................................................................................................. 30

5.4- Arcabouço Tectono-Estrutural do Domínio Ceará Central .............................................. 31

5.5- Evolução ........................................................................................................................... 33

6.1- Geomorfologia ................................................................................................................. 36

7- LITOESTRATIGRAFIA ................................................................................................................ 39

Unidade A (PPcc) ..................................................................................................................... 40

Biotita gnaisse ........................................................................................................... 41

Granada biotita gnaisse ........................................................................................... 43

Unidade B (PPci) ...................................................................................................................... 44

Cianita granada biotita gnaisse .............................................................................. 45

Cianita muscovita quartzito ..................................................................................... 47

Tremolita escapolita mármore ................................................................................ 50

Granada anfibolito .................................................................................................... 52

Gnaisses calciossilicaticos ...................................................................................... 54

Unidade C(NP(PP)ts) ................................................................................................................ 55

Hornblenda biotita gnaisse...................................................................................... 55

Granada biotita hornblenda gnaisse ...................................................................... 57

Gnaisses calciossilicáticos ...................................................................................... 60

Unidade D(NP) ......................................................................................................................... 62

Metasienogranito ...................................................................................................... 62

Rochas não mapeáveis ............................................................................................................ 65

Metadiabásio ............................................................................................................. 65

8- CORRELAÇÕES LITOESTRATIGRÁFICAS .................................................................................... 67

9- GEOLOGIA ESTRUTURAL ......................................................................................................... 68

9.1- Regimes dúcteis ............................................................................................................. 69

Foliações ............................................................................................................................ 69

Lineações ........................................................................................................................... 73

Dobras ................................................................................................................................ 77

9.2- Regimes rúpteis............................................................................................................. 79

Fraturas .............................................................................................................................. 79

Veios .................................................................................................................................... 81

9.3- Domínios estruturais ..................................................................................................... 82

Page 5: Mapeamento geologico folha Irauçuba

5

Domínio I (D1) ..................................................................................................................... 83

Domínio II (D2) .................................................................................................................... 83

Discussões ........................................................................................................................... 86

9.4- Microestruturas ............................................................................................................... 87

10- MAGMATISMO ...................................................................................................................... 90

11- METAMORFISMO .................................................................................................................. 94

Discussões ........................................................................................................................ 98

12- EVOLUÇÃO .......................................................................................................................... 101

13- CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................... 107

14- BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 109

15- ANEXOS

ANEXO I: MAPA GEOLOGICO

ANEXO II: MAPA DE AMOSTRAGEM

ANEXO III: MAPA ESTRUTURAL

ANEXO IV: FICHA PETROGRÁFICA

ANEXO V: TABELA DE AFLORAMENTOS

ANEXO VI: TABELA DE DADOS ESTRUTURAIS

Page 6: Mapeamento geologico folha Irauçuba

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Imagem de localização do projeto Taperuba-Aracatiaçu, mostrando seus

acessos e principais rodovias, com destaque para subárea I. ......................................... 14

Figura 2- Divisão dos domínios da PB segundo BRITO NEVES et al. (2001) .

Modificado de SANTOS et al. (2004). ................................................................................... 19

Figura 3- Reconstrução do supercontinente paleoproterozóico "Atlantica", mostrando

os limites atuais da África e América do Sul. N= Domínio Tectônico Norte, Provncia

Borborema; A = cráton Amazônico; WA – cráton Oeste Africano; SL - cráton São Luis;

SF - crá cráton São Francisco; CK = cráton Congo/Kasai; e RP = cráton Rio de Plata.

Depósitos flúvio-deltáicos de 2.0 em preto. Fonte: FETTER et al. (2000) modificado de

ROGERS (1996). ...................................................................................................................... 34

Figura 4- Duas principais unidades pertencentes ao projeto Taperuaba- Aracatiaçu. Os

morros residuais representados por serras e serrotes e a superfície sertaneja. ........... 37

Figura 5- Duas unidades geomorfológicas da subárea I, destacando A- Serrote do

Escalvado e B- Superfície Sertaneja. .................................................................................... 38

Figura 6- Depósitos aluvionares ao longo do Rio Pajé, na porção nordeste da subárea

I. .................................................................................................................................................. 39

Figura 7- Relação de contato entre as rochas supracrustais. A- Quartzitos, B-

Paragnaisses, encontrados ao longo da drenagem na CE-253 no ponto (PTA-I-18). .. 40

Figura 8- A) Afloramento tipo lajedo, localizado na porção oeste da subárea I,

mostrando o bandamento gnaissico característico do litotipo e o veio de quartzo

discordante em relação à foliação. B) Detalhe da amostra do muscovita-biotita gnaisse

(PTA-I-01). ................................................................................................................................. 43

Figura 9- A) Afloramento de blocos do cianita-granada-biotita gnaisse, localizado na

porção oeste da subárea ao longo da CE-253. B) Amostra litotipo descrito (PTA-I-30).

C) Detalhe do cristal de cianita. ............................................................................................. 45

Figura 10- Fotomicrografias do cianita-granada-biotita-gnaisse A) aspecto geral da

lâmina com destaque para os cristais de cianita com baixa cor de interferência e a

propriedade isotrópica dos cristais granadas. B) aspecto da lâmina á luz natural. ...... 47

Figura 11- Afloramento corte de estrada demostrando o aspecto geral do cianita

muscovita quartzito ao longo da CE-253, localizado na porção oeste da subárea, no

ponto PTA-I-06. ......................................................................................................................... 47

Figura 12- A)Afloramento de blocos do flogopita mármore, localizado na parte oeste da

subárea. B) Amostra do litotipo, PTA-I-08. ........................................................................... 49

Figura 13- A) Fotomicrográfia do flogopita mármore (PTA-I-08). A) aspecto geral da

lâmina mostrando os contatos irregulares, por vezes suturados entre os cristais de

carbonato, destaque também para os cristais de flogopita e escapolita; B) cristais de

carbonatos for ortemente deformados; Fg-Flogopita, Scp- Escapolita. ......................... 50

Figura 14- A) Afloramento de blocos do Tremolita flogopita marmóre localizado na

porção central da subárea. B) Amostra do litotipo PTA-I-48. ............................................ 50

Figura 15- Fotomicrográfia do Tremolita-flogopita Mármore (PTA-48). A) aspecto geral

da lâmina mostrando a textura granoblástica. B) contatos irregulares entre os cristais

Page 7: Mapeamento geologico folha Irauçuba

7

de carbonatos fortemente deformados, destaque para o cristal de escapolita; Spc-

Escapolita. ................................................................................................................................. 52

Figura 16- A) Afloramento do granada anfibolito, na porção centro leste da subárea,

estava associado aos biotitas gnaisses ocorrendo intercalado aos mesmos. B)

Amostra do granada anfibolito (PTA-I-55-B). ....................................................................... 53

Figura 17- Fotomicrográfia do granada anfibolito. A) textura nematoblástica formada

pelos cristais de hornblenda e diposídio. B)aspecto textural com nicóis cruzados. ...... 54

Figura 18- A)- Afloramento tipo lajedo do hornblenda biotita gnaisse, localizado na

porção nordeste da subárea (PTA-I-88). B) e C)- Detalhe do bandamento gnáissico. 56

Figura 19- Fotomicrográfia do hornblenda-biotita gnaisse (PTA-I-88). A) textura

granoblástica com leve bandamento evidenciado pelo cristais de biotita levemente

orientados; B) destaque para os cristais de biotita e Hornblenda a luz natural; Bt-

Biotita, Pgl- Plagioclásio, Qtz-Quartzo, Anf- Anfibólio. ....................................................... 57

Figura 20- Fotomicrográfia do granada-biotita-hornblenda gnaisse. A) aspecto textural

da lâmina; B) a luz natural com detaque para os cristais de granada; Gnd- Granada.

(PTA-II-11-a) ............................................................................................................................. 60

Figura 21- A) Afloramento tipo lajedo das rochas claciossilicáticas, em geral essas

rochas eram encontradas como blocos. B)- Amostra do gnaisse calciossilicático,

observa-se alternância de bandas máficas e outras mais esverdeadas (PTA-I-83). .... 61

Figura 22- Fotomicrográfia do Gnaisse Calciossílicatico (PTA-I-83). A) textura

nematoblástica definida pelos cristais de Hornblenda e diopsídio; B) destaque para os

cristais de escapolita; Spc- Escapolita. ................................................................................. 62

Figura 23- A) Afloramento tipo lajedo do metamicrosienogranito localizado ao longo do

Rio pajé na porção oeste da subárea. B) Detalhe mostrando a composição

dominantemente composta por minerais felsicos e da foliação formada. C) Amostra do

litotipo (PTA-I-54). .................................................................................................................... 63

Figura 24- Fotomicrográfia do metasienogranito. A) textura Hipidiomórfica

característica formado pelos cristais de plagioclásio, quartzo; B) aspecto a luz natural

mostrando a composição predominantemente félsica desse litotipo; Plg- Plagioclásio,

Qtz- Quartzo, Mc- Muscovita. ................................................................................................. 65

Figura 25- Amostra do dique de metadiabásio que ocorre na porção sudeste da

subarea. ..................................................................................................................................... 65

Figura 26- Fotomicrográfia do metadiabásio (PTA-I-63).A) textura intergranular. B) a

luz natural com destaque para os cristais de minerais opacos em forma acicular . ...... 66

Figura 27- Depósitos coluvianares recentes. A) em superfície aplainada; B) ao longo

dos leitos de drenagem; C) ao longo do rio Pajé. ............................................................... 67

Figura 28- A) Foliação no Granada-Biotita Gnaisse do tipo espaçada composicional de

bandamento gnáissico (PTA-I-01) com atitude 46°/104° Az, mergulhando para o

quadrante SE; B) Foliação do tipo disjuntiva milonítica grossa (PTA-I-03). .................. 70

Figura 29- A) Diagrama de pólos da foliação do bandamento gnáissico do Complexo

Ceará, na porção oeste da subárea B) plano da foliação C) guirlanda gerada pelo

espalhamento dos pólos da foliação indicando possível dobra cilíndrica. ...................... 71

Figura 30- Modelo de Wise et al. (1984) relacionando a taxa de deformação das

rochas com as taxas de recuperação dos elementos. Em detalhe (retângulo vermelho),

o tipo de milonito descrito na subárea I. ............................................................................... 72

Page 8: Mapeamento geologico folha Irauçuba

8

Figura 31- Foliação milonítica em Muscovita-biotita gnaisse milonitizado, destacando

a cinemática do feldspato amendoado com movimentação sinistral (PTA-I-03). .......... 72

Figura 32- Foliação do tipo S-C ocorrendo em Biotita-muscovita gnaisse, no Complexo

Ceará. (A) Vista geral do afloramento de ocorrência desse tipo de foliação (PTA-I-55),

(B) Imagem de detalhe do ponto de ocorrência das foliações S-C e (C) Desenho

esquemático exaltando as foliações S-C presente na subárea I. ................................... 73

Figura 33- Lineação de estiramento contidas nos gnaisses da subárea. A seta

vermelha indica a lineação que apresenta atitude de 28/105° (PTA-I-85). ..................... 75

Figura 34- -A) Diagrama de pólos de lineação exibindo uma concentração a SE, B)

Diagrama mostrando a relação foliação e lineação na porção oeste da subárea. O

valor do rake (α) medido entre o plano médio (vermelho) da foliação (35°/110°Az) e a

lineação (azul) foi de aproximadamente 88°. A seta indica a posição média da lineação

implicando em cavalgamento frontal (cisalhamento puro coaxial), com transporte de

ESE-WNW e (C) elipsóide representa esquematicamente a deformação, o

posicionamento dos eixos de estiramento (X) e encurtamento (Z) envolvidos no

processo de deformação dos gnaisses e quartzitos do Complexo Ceará. ..................... 75

Figura 35- A) Diagrama de pólos de lineação observados em gnaisses do Complexo

Tamboril-Santa Quitéria indicando, assim, concentração a NE, B) O valor do rake (α)

medido entre o plano médio (vermelho) da foliação (33°/88°Az) e a lineação (contorno

de pólos em azul) foi de aproximadamente 75°. A seta indica a posição média da

lineação implicando em cavalgamento frontal (cisalhamento puro coaxial), com

transporte de ENE-WSW. C) O elipsóide representa esquematicamente a deformação,

o posicionamento dos eixos de estiramento (X/δ3) e encurtamento (Z/δ1) envolvidos

no processo de deformação dos gnaisses. .......................................................................... 76

Figura 36- Bandas de cisalhamento com descontinuidade indicando movimento dextral

do corpo rochoso (PTA-I-88). ................................................................................................. 77

Figura 37- Diagrama utilizado para classificação do estilo de dobra da subárea por

meio de projeção estereográfica (modificado de Layshon & Lisle, 1996). ...................... 78

Figura 38- Ilustrações dos tipos de dobras ocorrentes na subárea I. (A) dobra

parasítica em “Z”, (B) dobra intrafoliais em bandamento gnáissico, no Complexo

Ceará, ......................................................................................................................................... 79

Figura 39- -(A) Mapa de fusão Geocover e DEM com a localização das subáreas I e

IV, (B) representação esquemática do encurvamento das camadas por ação da zona

de cisalhamento transcorrente sinistral e (C) Elipsóide de deformação. ........................ 79

Figura 40- Fraturas descritas na subárea I. A esquerda, fraturas entrecruzando-se e

originando pares cisalhante em Biotita gnaisse de direções em torno 215 Az e 290 Az.

A direita, no mesmo caso da imagem a esquerda, fraturas formandos pares cisalhante

e e apresentando direções variando de 310 Az e 265 Az. ................................................ 80

Figura 41- Rosacéas de família de fraturas. (A) rosácea indicando a direção

preferencial NW-SE das fraturas na porção oeste da subárea e; (B) rosácea indicando

a direção preferencial NEE-SWW das famílias de fraturas da porção leste. .................. 80

Figura 42- Veios localizados na subárea I. A) Veios de quartzos cortando

obandamento gnáissico (PTA-I-01). B) Veios de quartzo feldspáticos cortando

migmatitos (PTA-I-58) e C) veios de quartzo cortando migmatitos. ................................. 82

Figura 43- Mapa de domínios estruturais da subárea I. ............................................................. 85

Page 9: Mapeamento geologico folha Irauçuba

9

Figura 44- Bloco diagrama para observação dos indicadores cinemáticos da subárea.

A direção NE-SW corresponde as foliações, no qual representa geometricamente o

plano XY do elipsóide de deformação e a direção SE representa a orientação do eixo

X do elipsóide de deformação, ou seja, o eixo de estiramento. Sendo assim, a direção

do transporte tectônico inferido a partir da orientação da lineação de estiramento foi,

aproximadamente, ESE-WNW, no qual a movimentação das massas se deu de ESE

para WNW. ................................................................................................................................ 87

Figura 45- A) Contato suturados entre cristais de carbonatos, cristais não chegaram ao

estágio de equilíbrio ; B) e C) Contatos retos e pontos tríplices, textura granoblástica

poligonal, cristais aproximaram-se de um equilíbrio termodinâmico; D) e E) Subgrãos

de quartzo, relacionados a recuperação da estrutura cristalina do mineral; F) Extinção

ondulante, resultado da deformação na rede cristalina do mineral. ................................. 89

Figura 46- A) e B) Grãos deformados de carbonatos e micas, microestruturas de

aspecto mais dúctil relacionados a deformação; C) e D) Estiramento e fraturamento de

cristais de anfibólio e biotita, microestruturas de caráter rúptil, formadas após a

formação do mineral. ............................................................................................................... 90

Figura 47- A) textura estromática observado no hornblenda-biotita gnaisse na porção

leste da subárea; B) textura nebulítica comum nos diatexitos na subárea I. ................ 96

Figura 48- Diagrama P-T mostrando o campo das várias fácies metamórficas. Fonte:

SPEAR (1993). ....................................................................................................................... 100

Figura 49- Representação esquemática em blocos diagrama da evolução para a subárea I. No

primeiro momento ocorre em margem continental passiva no inicio do processo de

compressão, sedimentos carbonáticos e siliciclásticos são depositados. No segundo momento

tem-se o .................................................................................................................................... 105

Figura 50- Imagem representando a fase colisional com desenvolvimento do arco magmático

de Santa Quitéria e a formação dos gnaisses ortoderivados do Complexo Tamboril-Santa

Quitéria; ocorre a intrusão pós-tectônica. Em destaque para os plutons graníticos sintectonicos

................................................................................................................................................... 106

Page 10: Mapeamento geologico folha Irauçuba

10

1. INTRODUÇÃO

1.1- Apresentação

Este relatório apresenta os resultados obtidos no mapeamento geológico

realizado no Projeto Taperuaba-Aracatiaçu-CE/2011, vinculado a disciplina

Estágio de Campo II ofertada pela Faculdade de Geologia do Instituto de

Geociências da Universidade Federal do Pará, no primeiro semestre de 2011,

sob a coordenação geral do Prof. Dr. Francisco de Assis Matos de Abreu.

O texto apresenta e faz um apanhado sobre o conhecimento geológico

da Província Borborema (Almeida et. al. 1977) com ênfase no Domínio Ceará

Central (Brito Neves et. al. 2000), onde a área do Projeto Taperuaba-

Aracatiaçu-CE/2011 está inserida. As informações apresentadas nesse

relatório têm por base pesquisas bibliográficas que destacaram os aspectos

socioeconômicos, fisiográficos, geomorfológicos e o contexto geológico do

Domínio Ceará Central . O relatório apresenta essencialmente o resultado da

análise e interpretação dos padrões de drenagem e relevo referentes à subárea

I, a partir de dados obtidos por meio de fotografias aéreas com escala 1:25.000

e imagens de sensores remotos. Além dos dados de levantamento de campo,

destacando os diferentes litotipos, dados petrográficos, análise das feições

estruturais e discursões sobre condições de magmatismo e metamorfismo. A

interpretação de todos estes dados permite a interpretação de uma proposta de

evolução para a subárea I do Projeto Taperuaba-Aracatiaçu – 2011.

1.2- Objetivo

Este relatório tem como principal objetivo a elaboração de uma carta

geológica, na escala de 1:25.000, da área localizada nas folhas Taperuaba

(SB. 24-V-B-II) e Santa Quitéria (SB.24-V-B-I), Irauçuba (SA. 24-Y-D-V) e

Sobral (SA. 24-Y-D-IV), promovendo assim o treinamento de forma sistemática

o tem treinamento usando tecnicas de mapeamento e interpretações

geológicas com base em aspectos petrográficos, estruturais, litoestratigráficos

e geomorfológicos em terrenos de média a alta complexidade geológica,

Page 11: Mapeamento geologico folha Irauçuba

11

reunindo, dessa forma, todos os conhecimentos adquiridos em várias

disciplinas ao longo do curso de geologia.

1.3- Metodologia e Atividades do Trabalho

O mapeamento geológico do Projeto Taperuaba-Aracatiaçu teve como

principais atividades e metodologias o levantamento bibliográfico dos trabalhos

publicados sobre a geologia da Província Borborema, trabalho de campo,

análises laboratoriais e aplicação em diagramas geoquímicos, de classificação

de rocha, estruturais e específicos, além da confecção de mapas de diferentes

temáticas.

No levantamento bibliográfico foram consultados diversos relatórios,

teses e artigos científicos que abordam a região a ser estudada. Outra

importante atividade envolveu pesquisas e apresentações de seminários

levantando temas como: litoestratigrafia, metamorfismo, magmatismo,

geocronologia, geologia econômica e geologia estrutural da Província

Borborema e bem como as propostas de evolução geológica para essa região.

Essas atividades resultaram a confecção de mapas e um relatório preliminar.

A área do projeto foi dividida em nove subáreas, no qual este relatório

corresponde à geologia da subárea I. Cada equipe produziu mapas de

drenagem, relevo, alinhamentos estruturais, logística e geológico. Os mapas

foram produzidos com base na análise e interpretação dos elementos

fisiográficos e fotolitológicos, a partir de fotografias aéreas monocromáticas em

escala de 1:25.000, com a utilização de estereoscópios (de bolso e de

espelhos). A fotoanálise e fotointerpretação seguiram a metodologia proposta

por Soares & Fiori (1976).

A disciplina tem como área alvo uma porção no noroeste do Estado do

Ceará, cabendo a equipe I o detalhamento em semi-detalhe (1:25000) da

subárea I com uma área com cerca de 99km2 enfatizando os aspectos

litológicos, estruturais, geocronológicos, potenciais metalogenéticos, aspectos

fisiográficos, geomorfológicos além da proposta evolutiva desta subárea.

Page 12: Mapeamento geologico folha Irauçuba

12

A realização dos trabalhos de campo envolveram o manuseio de bússola

e GPS, localização e plotagem dos afloramentos no mapa base de trabalho e a

descrição dos litotipos encontrados na subárea. Ao final do trabalho de campo

foi elaborado um mapa geológico integrado, na escala 1:25.000, onde todas as

equipes do Projeto Santa Taperuaba-Aracatiaçu apresentaram os aspectos

geológicos da sua subárea, visando mostrar um panorama geológico da área

do estágio. O mapeamento foi realizado a partir de seções pré-estabelecidas,

onde as relações de campo foram importantes para sua construção. Em geral,

as seções cortavam transversamente as estruturas planares e as unidades

estabelecidas no mapa base.

Com o comprimento da fase de campo, teve inicio a elaboração de um

relatório contendo informações sobre as características gerais e específicas

dos litotipos presentes em cada unidade litoestratigráfica, o comportamento

estrutural e as condições de metamorfismo e magmatismo da subárea

estudada, tendo em anexo a lista dos afloramentos estudados, planilha de

atitudes das estruturas planares e lineares medidas, a compilação da

caderneta de campo.

Os estudos laboratoriais envolveram, fundamentalmente, a análise

petrográfica de doze lâminas delgadas selecionadas dos diferentes litotipos

presentes na área, baseando-se na descrição e classificação de rochas a partir

dos conceitos e princípios de YARDLEY (1995), YARDLEY (2004),

PASSCHIER & TROUW (1996), STRECKEISEN (1973), SPRY (1969) e

MACKENZIE et al. (1982). O estudo envolveu a caracterização das texturas e

microestruturas, o conteúdo mineralógico e as relações de equilíbrio entre as

fases minerais, no caso das rochas metamórficas. Enfoque particular foi dado à

definição dos protólitos e definição das condições e processos metamórficos e

magmáticos.

A etapa final de trabalhos consistiu no refinamento e tratamento dos

dados geológicos e estruturais presentes no mapa, elaboração de um mapa

geomorfológico e a realização de estudos laboratoriais, que resultaram na

confecção do presente relatório.

Page 13: Mapeamento geologico folha Irauçuba

13

1.4 – Localização e acesso da área de Estudo

A área de estudo do Projeto Taperuaba localiza-se na Região Nordeste

do Brasil, noroeste do Estado do Ceará e distante 68 km de Sobral e 235 km

de Fortaleza, com sede no distrito de Taperuaba encontra-se nos domínios das

Folhas Taperuaba (SB.24-V-B-II) e Santa Quitéria (SB.24-V-B-I) Irauçuba (SA.

24-Y-D-V) e Sobral (SA. 24-Y-D-IV). A área geral do estágio foi dividida em

nove subáreas, sendo a subárea I compreendida em um quadrado com

dimensões de aproximadamente 100km², limitada pelas coordenadas

apresentadas, encontra-se nos domínios da Folha Sobral (SB.24-V-D-IV),

estando entre as coordenadas em UTM: Latitudes 9567114 – 9576114 e

longitudes 370383 – 381385.

O acesso ao distrito de Taperuaba (CE) pode ser feito por meio

rodoviário. Saindo de Belém capital do Estado do Pará, pela BR- 316, o trajeto

segue pela mesma rodovia passando pelas cidades de Santa Inês, Caxias no

estado do Maranhão e Teresina, capital do estado do Piauí. A partir desse

ponto, o trajeto segue pela rodovia BR-343 até cidade de Piripiri, no estado do

Piauí, segue-se pela BR-222 até o município de Sobral, no estado do Ceará, e

posteriormente até a cidade de Forquilha (Figura 1). Partindo deste ponto,

segue-se pela CE-362 até a cidade de Taperuaba, base do mapeamento. O

acesso dentro da área de trabalho é realizado principalmente pelas rodovias

CE-253 e estradas vicinais.

Page 14: Mapeamento geologico folha Irauçuba

14

Figura 1- Imagem de localização do projeto Taperuba-Aracatiaçu, mostrando seus

acessos e principais rodovias, com destaque para subárea I.

Page 15: Mapeamento geologico folha Irauçuba

15

2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

2.1- Clima

O Ceará tem 93% de seu território encravado na região do semi-árido

nordestino, que o torna vulnerável a ocorrência de seca, um dos obstáculos

para o desenvolvimento regional dada a irregularidade e escassez de

precipitações pluviométricas, que oscilam entre 500 a 850 mm. O Clima

predominante no Estado é o tropical quente semi-árido, ocorrendo em uma

extensão de 101.001km², o que representa 67,87% da área do Estado, o que

engloba o território de 98 diferentes municípios. Ou seja, 53,26% dos

municípios cearense encontram-se sob a influência do clima acima citado.

(IPECE 2007).

2.2- Vegetação

A vegetação que predomina no Estado do Ceará é a Caatinga, típica do

semi-árido, existindo também outras como as Matas Úmidas, as Matas Secas,

a Mata Ciliar, a Vegetação de Tabuleiros e Complexo Vegetacional da zona

litorânea. O Ceará possui 5.000.000 ha de área de proteção ambiental,

administrada pelos governos federal, estadual e municipal, além de áreas

particulares. Nos locais mais áridos, são abundantes os faveleiros e, nas

margens dos rios, a associação é menos xerófita. Existem também outras

espécies de cobertura vegetal como as Matas Úmidas, as Matas Secas, a Mata

Ciliar, a Vegetação de Tabuleiros e Complexo Vegetacional da zona litorânea

(IPECE, 2007).

2.3- Hidrografia

O Estado é composto por 11 bacias hidrográficas, sendo estas formadas

pelos rios Acaraú, Banabuiú, Coreaú, Jaguaribe, Parnaíba, Salgado, Cocó e

Ceará.

O principal rio do Ceará é o Jaguaribe, cuja bacia drena todo o sul, o

centro e o leste do estado. O norte é banhado por pequenos rios

independentes, entre os quais o Coreaú, o Acaraú e o Aracatiaçu. Entre os

açudes construídos no estado, os maiores são os de Orós, no Jaguaribe, e de

Page 16: Mapeamento geologico folha Irauçuba

16

Banabuiú, no rio do mesmo nome. A capacidade de armazenamento de água

atinge 7,8 bilhões de metros cúbicos, mas a utilização dos açudes na irrigação

ainda é reduzida. (IPECE 2007).

Segundo Lopes 1998, o Estado do Ceara esta dividido por elevações

que se constituem divisores de agua. Os cursos d’agua possuem caráter

tipicamente torrencial e temporário. Os níveis mais altos das aguas são

atingidos entre marco e maio, coincidindo com a época de maior pluviosidade.

2.4- Geomorfologia

As grandes unidades geomorfológicas da porção noroeste da Província

Borborema estão individualizadas nas formas de relevo e seu posicionamento

altimétrico relativo, bem como características da geologia, vegetação e dos

solos. Tendo por base esses critérios, a região foi dividida em quatro unidades:

Planície Litorânea, Superfície Sertaneja, Planalto de Ibiapaba e Planalto

Residual (MOREIRA & GATTO, 1981). Destas quatro unidades, apenas a

superfície sertaneja e o planalto residual ocorrem na área de estudo do Projeto

Taperuaba - Aracatiaçu.

A Planície Litorânea representa toda a parte litorânea do Ceará,

estendendo-se até aos litorais do Maranhão e do Piauí. É basicamente formada

por planícies flúvio-marinhas e dunas eólicas dispostas sobre uma faixa

praticamente continua de mais de 2 Km de largura.

A Superfície Sertaneja apresenta a maior unidade no que diz respeito a

extensão; sendo também a unidade mais baixa de relevo (cotas médias de

190m e máximas de 330m). Subdivide-se em duas sub-unidades : área

conservada dominantemente plana e área dissecada levemente dissecada e um

pouco mais elevada que a anterior.

O Planalto de Ibiapaba é representada pela borda leste da Bacia do

Parnaíba (Serra da Ibiapaba) com altitudes de 700m e formas arredondadas e

aplainadas, localmente angulosas e com vertentes retilíneas côncavo-convexas

e côncavas.

Page 17: Mapeamento geologico folha Irauçuba

17

Os Planaltos Residuais São subdivididos em dois subdomínios: um com

altitudes superiores a 700m (Serra da Meruoca, Serra do Pajé e Serra da

Barriga); e um com altitudes menores que variam de 300m a 700m (Serra do

carnutim e Serra do Penanduba).

3- ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DO DISTRITO DE TAPERUABA E

ARACATIAÇU.

Taperuaba é um distrito do município de Sobral e possui cerca de

4º39’15” de latitude sul e 39º13’25” de longitude oeste, e esta localizado na

região centro-norte do estado e distante 68 Km de Sobral e 235 Km de

Fortaleza.

O distrito de Taperuaba limita-se ao norte com os municípios de

Massapê, Santana do Acaraú e Meruoca, ao sul com Santa Quitéria, Groaíras

e Cariré, a leste com Itapipoca, Irauçuba e Canindé, e a oeste com os

municípios de Coreaú, Mucambo e Alcântara.

Taperuaba possui infra-estrutura de energia elétrica urbana e rural,

serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário, coleta diária de

lixo, sistema telefônico DDD, postos de gasolina, hospital com equipe médica

permanente, vários sítios arqueológicos com pinturas rupestres, além da oferta

de Ecoturismo e esportes radicais, destacando-se o Olho D’água do Pagé,

Pedra das Andorinhas, Bico do Papagaio, Pedra do Sino, entre outros.

O distrito de Aracatiaçu faz parte do município de Sobral, situado na

região noroeste do estado do Ceará, a 65km a leste de Sobral e 230 km

de Fortaleza. O distrito almeja emancipação, unindo-se ao distrito de Patos e

de Caracará, para formar o município de Aracatiaçu. As principais atrações

turísticas são Açude Santo Antônio, Santuário Nossa Senhora de Fátima, Igreja

matriz, Olho D'Água do Pajé entre outras.

Page 18: Mapeamento geologico folha Irauçuba

18

4 – GEOLOGIA REGIONAL DA PROVÍNCIA BORBOREMA

4.1 Generalidades

O conceito de Província Borborema foi introduzido por ALMEIDA et al

(1977),para a porção nordeste da Plataforma Sul – Americana, representando

uma área onde foi efetiva a atuação de fenômenos termais, tectônicos,

magmáticos no Neoproterozóico.

De acordo com BRITO NEVES& VAN SCHMUS (2001), esta província

cobre uma área de mais de 450.000km² que se encontra na região nordeste do

território brasileiro, abrangendo os estados do Maranhão, Piauí, Ceará,

Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco e Norte da Bahia. É em sua maior

parte formada por um embasamento cristalino, apresentando, contudo,

importantes sequências sedimentares de cobertura. De seus limites geológicos,

o único relativamente bem definido, isso inclui geologia e geofísica, é o limite

sudeste, com a Província São Francisco. O limite sudoeste com o Cráton do

São Francisco, ainda puramente conjectural, e demanda ainda de um

expressivo contingente de dados geológicos e geofísicos para uma delimitação

mais segura. A bacia do Parnaíba, a oeste, e a Província Costeira encobrem

claramente extensões dessa entidade, haja vista que elas recobrem muitas

vezes diagonalmente a projeção de suas linhas estruturais. E assim sendo, a

extensão atribuída a província é de caráter mais geográfico que geológico.

Segundo MABESSONE (2002), a província Borborema começou a se

forma a partir da junção de diversos terrenos que se originaram talvez já no

Arqueano, mas com certeza durante o Paleoproterozóico, é um retalho de

terrenos de diferentes litotipos, separados por falhas e lineamentos

importantes. Constitui a parte mais ocidental, em território brasileiro, de uma

unidade geotectônica bem maior que compreende os crátons Oeste-Africano,

Amazônico e São Francisco - Congo, sendo representado na África pelas

províncias Oeste-Nigeriana, Leste- Nigeriano, Camarões e possivelmente

Touareg.

Page 19: Mapeamento geologico folha Irauçuba

19

4.2 – Domínios Estruturais

A Província Borborema foi dividida em cinco domínios geotectônicos:

Domínio Médio Coreaú, Ceará Central, Rio Grande do Norte, Zona de Domínio

Transversal e o Domínio Sul (Figura 2), essa divisão foi baseada em uma

ampla revisão de artigos anteriores acrescido de novos dados sobre aspectos

geológicos, a disposição dos extensos lineamentos transcorrentes e

informações geocronológicas segundo BRITO NEVES et al. (2000).

Figura 2- Divisão dos domínios da PB segundo BRITO NEVES et al. (2001) . Modificado

de SANTOS et al. (2004).

Page 20: Mapeamento geologico folha Irauçuba

20

4.2.1 – Domínio Médio Coreaú - DMC

Este domínio está inserido na porção noroeste do estado do Ceará e

nordeste do estado do Piauí. O DMC é delimitado a noroeste pela borda

retrabalhada do Cráton São Luís e a sudeste pelo Lineamento Transbrasiliano.

Este domínio apresenta o embasamento gnáissico-migmatítico do Complexo

Granja, rochas supracrustais dos grupos Martinópole e São Joaquim,

seqüências metassedimentares dos grupos Ubajara e Jaibaras, o Batólito

Santa Quitéria, as Suítes Parapuí e Mucambo – Meruoca e a Formação

Aprazível.

4.2.2 – Domínio Ceará Central - DCC

Limita-se a norte pela Província Costeira e pela zona de cisalhamento

Sobral-Pedro II, que o separa do DMC. A oeste limita-se pela Província

Sedimentar do Parnaíba e ao sul pelo lineamento Senador Pompeu. (BIZZI et

al. 2003)

As principais unidades estratigráficas que o compõem são o Bloco Tróia-

Pedra Branca, que constitui gnaisses paleoproterozóicos com núcleos

arqueanos (Maciço Tróia-Tauá). Este bloco é constituído por três unidades

litoestratigráficas componentes do Complexo Cruzeta (BRITO NEVES et al.,

2000).

O embasamento do Domínio Ceará Central consiste de gnaisses

ortoderivados de rochas graníticas-granodioríticas, paragnaisses e migmatitos

do Complexo Ceará com idades pelo método U-Pb de aproximadamente 2,1

Ga (FETTER, 1999).

Na maior parte da área do DCC temos sequências de rochas

metassedimentares proterozóicas que compreendem o Complexo Ceará,

Unidade Acopiara, Grupo Novo Oriente e Unidade Choró (BIZZI et al., 2003). O

Complexo Ceará é formado por paragnaisses, ortognaisses e xistos, mostrando

por vezes variáveis graus de migmatização, oriundos da colagem

Transamazônica (FETTER et al., 2000).

Page 21: Mapeamento geologico folha Irauçuba

21

O DCC apresenta em sua cobertura uma sequência de supracrustais

neoproterozóicas (quartzitos, pelitos, unidades carbonáticas menores),

remanescentes de cinturões de dobramentos. Este conjunto apresenta-se

cortado por plútons alcalinos e cálcio-alcalinos, gerados durante o evento

Brasiliano, formando complexos graníticos-migmatíticos. O mais expressivo

destes é o Maciço de Santa Quitéria (BRITO NEVES, 2000), recentemente

interpretado como um grande arco magmático continental de idade

neoproterozóica (FETTER, 1999, FETTER et al., 2003). Outros importantes

registros de granitoides neoproterozóicos a cambrianos que também merecem

ser destacados são o batólito Quixadá e Quixeramobim e diversos stocks pos-

orogënicos como os da Serra do Barriga e Serra do Pajé.

4.2.3 – Domínio Rio Grande Do Norte - DRGN

Este domínio compõe-se das faixas Orós- Jaguaribe e Seridó, e dos

Terrenos Rio Piranhas, São José do Campestre e Granjeiro. Está localizado

entre os lineamentos Senador Pompeu e Patos.

O embasamento é formado por um arcabouço litotectônico

transamazônico, que inclui alguns núcleos arqueanos. Dentre esses núcleos

destaca-se o Maciço São José do Campestre, que constitui o mais antigo

fragmento de crosta continental reconhecido na América do Sul (3,4 a 3,5 Ga;

DANTAS et al., 2004)

A unidade mais antiga corresponde a este último e é composta por

ortognaisses TTG e migmatitos de idade arqueana (3,25 e 3,08 Ga; U-Pb em

zircão), com núcleos de metatonalito Bom Jesus de 3,41 Ga e dados isotópicos

de Sm-Nd indicando fonte com mais de 3,5 Ga, sugerindo uma derivação

crustal (DANTAS, 1997).

4.2.4 – Zona Transversal - ZT

A Zona Transversal compreende um segmento crustal de direção E-W,

limitado a norte e a oeste pelo Lineamento Patos e a sul pelo Lineamento

Pernambuco. É composta, de NW a SE, pela Faixa Cachoeirinha e pelos

terrenos Alto Pajeú, Alto Moxotó e Rio Capibaribe. A ZT configura-se,

Page 22: Mapeamento geologico folha Irauçuba

22

estruturalmente, como um sistema anastomosado de zonas de cisalhamneto

transcorrentes dextrais de direção E-W e preferencialmente sinistrais de

direção NE-SW. (BIZZI et al., 2003). Este domínio constitui área-tipo para a

caracterização da orogenia Cariris Velhos (0,95 a 1,0 Ga; BRITO NEVES et al.

1995, VAN SCHMUSet al. 1995, KOZUCHet al. 1997).

O Terreno Alto Pajeú, é limitado pela Zona de cisalhamento Serra do

Caboclo, a noroeste, e a sudeste pela nappe Serra de Jebitacá. É constituído

de ortognáisses e rochas supracrustais diversas, o Terreno Alto Moxotó, é

predominantemente formado por exposições de embasamento

paleoproterozóico e plútons brasilianos, e o Terreno Rio Capiberibe é

representado diferentes sequências de rochas supracrustais neoproterozóicas

e grandes plútons brasilianos (BRITO NEVES et al., 2001).

A faixa Piancó Alto Brígida é também chamada de Cinturão de

Dobramento Piancó Alto Brígida, que corresponde a um cinturão

neoproterozóico tardio, constituindo-se de ritmitos, psamitos e pelitos,

intercalados com rochas vulcânicas máficas e félsicas. Observa-se

metamorfismo de baixo grau e também um abundante plutonismo na forma de

stocks e plútons, podendo-se haver uma continuidade nas sequências

neoproterozóicas (Rio Preto, Sergipana) para o domínio sul (BRITO NEVES et

al., 2000).

4.2.5 – Domínio Sul - DS

Situado entre o Lineamento Pernambuco e a porção norte do cráton São

Francisco- Congo, o DS é formado os terrenos mesoproterozóicos

Pernambuco–Alagoas, Paulistana–Monte Orebe e Canindé–Marancó, e as

faixas neoproterozóicas Riacho do Pontal e Sergipana (BIZZI et al., 2003).

Estendendo-se para a África na direção leste, com o Cinturão África Central-

Oubanguides, ao norte do Cráton do Congo. (BRITO NEVESet al., 2000).

É formado por rochas metamórficas de alto grau no embasamento

cratônico e por rochas supracrustais do Supergrupo São Francisco-Banbuí,

localizados ao Sul dos cinturões Sergipano e Rio Preto. Possui ainda

sequências distais vulcano-sedimentares, plutônicas e sequências de mar

Page 23: Mapeamento geologico folha Irauçuba

23

profundo, além de possível associação com rochas de arco magmático

neoproterozóico (BRITO NEVES et al., 2000).

O DS inclui partes marginais cratônicas e partes internas desses

cinturões, consistindo de rochas metamórficas de alto grau retrabalhadas e

definidas como a extensão do embasamento cratônico.

5- CONTEXTO GEOLÓGICO-REGIONAL DA ÁREA DO PROJETO

TAPERUABA

5.1- Litoestratigrafia

A litoestratigrafia da Província Borborema, de modo geral, está

compartimentada nos domínios estruturais. Entretanto nesse trabalho serão

abordados apenas as unidades pertencentes ao Domínio Ceará Central.

5.1.1- Bloco Tróia–Pedra Branca (Arqueano)

Foi denominado inicialmente por BRITO NEVES (1975) de Bloco Tróia-

Tauá, porém também é denominado Bloco Tróia- Pedra Branca. O Bloco Tróia

– Pedra Branca representa terrenos arqueanos , granito-greenstones e granito-

gnássico, envolvidos na colagem orogênica paleoproterozóica( BIZZI et al.

2003). Esse bloco é constituído por três unidades litoestratigráficas

componentes do Complexo Cruzeta, definido por OLIVEIRA& CAVALACANTE

(1993): Unidade Tróia, Unidade Pedra Branca e Unidade Mombaça.

5.1.2- Complexo Ceará (Paleoproterozóico)

Segundo BIZZI et al. (2003), o Complexo Ceará pode ser dividido em

quatro unidades: Canindé, Independência, Quixeramobim e Arneiroz.

A unidade Canindé apresenta variação composicional de gnaisses,

algumas vezes esses gnaisses apresentam-se milonitizados, com deferentes

graus distintos de metamorfismo e migmatização, essa unidade pode

apresentar também rochas metabásicas, metaultramáficas, metacalcários,

quartzitos, calcissilicáticas, anfibolitos e formações ferríferas ferro-

Page 24: Mapeamento geologico folha Irauçuba

24

manganesíferas). (FETTER 1999) obteve, através de dados geocronológicos

U-Pb em zircão, idade de 2,14 a 2,10 Ga.

A Unidade Independência de acordo com BIZZI et al. (2003), a unidade

independência é constituída por paragnaisses e micaxistos aluminosos (em

parte migmatíticos), metacalcários, rochas calcissilicáticas e, em menor

quantidade por anfibolitos. A Unidade Quixeramobim,Segundo (FETTER,

1999) datações radiométricas pelo método U-Pb em zircão indicam uma idade

de 1,8 Ga. Esta unidade é constituída principalmente por paragnaisses e

micaxistos aluminosos, calcissilicáticas e quartzitos. A Unidade Ameiroz

apresenta paragnaisses diversos, em parte migmatizados e micaxistos.

5.1.3- Complexo Tamboril-Santa Quitéria (Neoproterozóico)

O Complexo Tamboril Santa-Quitéria foi alvo de datações por FETTER

et. al (1999, 2003) onde obteve a idade mais velha U-Pb em zircão das rochas

vulcânicas que flanqueiam o batólito é 665 Ma. O Complexo Santa Quitéria é

constituído por rochas plutônicas de composição tonalítica a granítica,

normalmente gnaissificadas e/ou migmatizadas. Raros plutons graníticos foram

preservados da deformação-metamorfismo, como é o caso da suíte granítica

de Uruburetama. Bordejando o complexo, principalmente em sua margem

leste, ocorrem diversas unidades de rochas paraderivadas, representadas por

biotita gnaisses, quartzitos, xistos, rochas calciossilicáticas, mármores e

migmatitos.

Segundo ZINCONE et al. (2009) este complexo descreve uma

sequência de rochas metassedimentares de alta pressão constituída por

sillimanita mais ou menos cianita-granada gnaisses com lentes de quartzitos,

rochas calcissilicáticas e mármores, na porção noroeste do arco magmático de

Santa Quitéria. Ocorrem paragêneses reliquiares de metamorfismo em fácies

eclogito e raros piroxenitos.

Através do método U-Pb em zircão de rochas vulcânicas que flanqueiam

o batólito obteve-se a idade mais antiga do Complexo Tamboril-Santa Quitéria

(665 Ma). Porém, datações em plútons mais deformados deram idades de 637

Page 25: Mapeamento geologico folha Irauçuba

25

Ma a 614 Ma, com possível continuação do magmatismo até 591 Ma. Idades

de Sm-Nd estão entre 0,8 a 0,9 Ga, com assinaturas isotópicas de Nd que

indicam uma mistura entre magmas juvenis neoproterozóicos e gnaisses

circunvizinhos paleoproterozóicos (FETTER et al., 2003).

5.1.4- Suíte Granítica Mucambo-Meruoca (Cambriano)

Esta suíte é constituida por granitóides apresenta-se situada entre os

dominios tanto no DMC como no DCC. Abrange os corpos graníticos, a

exemplo do granito do Anil, e Serra do Barriga e o granito do Pajé no DCC, e

os situados no DMC, que dão nome à suíte. Os granitos do Mucambo e

Meruoca estão localizados dentro do grábenJaibaras, nas imediações do

lineamento Transbrasiliano, e cortam as sequências metassedimentares dos

grupos Ubajara e Jaibaras, além de rochas do embasamento. Em relação aos

estudos geocronologicos o Granito Meruoca apresenta idades de Rb-Sr de 520

± 6 Ma (SIAL, 1989), e o Granito Mucambo tem idades de U-Pb de 532 ± 6 Ma

e Ar-Ar de 527 ± 3 Ma (FETTER, 1999).

5.1.5- Granodiorito Anil

De acordo com GORAYEB et al. (1994), este extenso corpo aflora à 40

Km SSW de Sobral, nos municípios de Varjota, Reriutaba, Delmiro Gouveia,

Amanaiara, Cariré e Macaraú, na forma de um batólito de forma elíptica

alongado na direção NNE – SSW, largura máxima de 11 Km e com 35 Km de

comprimento. Este plúton apresenta composição granodiorítica com variações

para monzogranitos. Está encaixado numa seqüência de alto grau

metamórfico, compreendendo paragnaisses aluminosos com silimanita, rochas

cálcisilicáticas, granulitos e granitóides além de milonitos. O contato com os

gnaisses é brusco, com presença de enclaves máficos nas bordas da intrusão

e localmente há veios graníticos e diques a partir do seu flanco leste Datações

pelo método Rb-Sr revelaram idade de 587 ± 19 M.a, (GORAYEB & LAFON,

1995), pertencendo assim á Suíte Meruoca conforme proposto pelos autores.

Page 26: Mapeamento geologico folha Irauçuba

26

5.1.6- Serra do Barriga

O stock granítico Serra do Barriga, responsável pela serra homônima,

está localizado no município de Sobral, porção NNW do Estado do Ceará. Com

área de 30 km²,apresenta forma arredondada, estruturação anelar, contendo

na porção central dois picos justapostos que se destacam na topografia,

respectivamente com cotas de 662 m e 730 m, controlados por dois sistemas

principais de fraturas N30W/90 e N70E/80.

O corpo granítico Serra do Barriga é de caráter polintrusivo, do tipo

circunscrito, com discretas estruturas de fluxo magmático e xenolíticas

praticamente restritas às bordas do maciço. Seu arcabouço litológico está

representado um sienogranitoinequigranular a megaporfirítico de granulação

média a grossa e de coloração predominantemente rosada, contendo

internamente corpos semi-anelares, mais ou menos contínuos, de biotita

monzogranitoporfirítico róseo acinzentado e de duas variedades de

sienogranitos inequigranulares de granulações média a grossa de coloração

branca a branco acinzentada, bem como de raros veios aplíticos e

pegmatóides próximos dos contatos coma as rochas encaixantes. (MATOS et

al.2007).

5.1.7- Granito Pajé

O granito de Pajé abrange uma área de aproximadamente 25 km de

comprimento por cerca de 7,6 km de largura, trata-se de uma área de

dimensões batólicas, perfazendo uma área de 190 km²,, situado a

aproximadamente 18 km ao norte da cidade de Santa Quitéria, na região

noroeste do Ceará. Possui formato de “8”, sendo esta resultante de

deslocamentos sinistrais associados á Zona de cisalhamento do Rio Groaíras

que o divide quase ao meio. Mostra-se intrusivo na sequência de gnaisses e

migmatitos do Complexo Tamboril- Santa Quitéria, apresentando contatos

irregulares. Nesse corpo são observados enclaves microgranulares, enclaves

de rochas calcissilicáticas, diques sinplutônicos de composição diorítica, diques

de albita granito e de subvulcânicas de composição tonalítica. O granito Pajé

possui isócronas de 537±21 Ma, correlacionando-se assim temporal,

Page 27: Mapeamento geologico folha Irauçuba

27

petrografica e estruturalmente com, por exemplo, os granitos Meruoca,

Mucambo e Serra do Barriga.(ABREU et al. 1991).

5.1.8 - Quaternário

As coberturas cenozoicas presentes na região noroeste do Ceará são

caracterizadas por aluviões, coluvios e dunas, que são formados a partir de

material detrítico de várias litologias, apresentando-se inconsolidados. Os

aluviões são representados em geral por areia fina a grossa, variando até

tonalidades escuras, podendo ocorrer localmente cascalhos grosseiros e

argilas com matéria orgânica em decomposição (NASCIMENTO et al., 1981).

5.2- Magmatismo

O magmatismo da Província Borborema é caracterizado principalmente

pelo desenvolvimento de um plutonismo granítico desencadeado no final do

Ciclo Brasiliano, que gerou grande quantidade de complexos batólíticos e

intrusões menores; no início do Paleozoico, no fechamento do ciclo,

desenvolveram-se intrusões de pequena profundidade e corpos filonianos,

além de um vulcanismo presente nas sequencias de coberturas. Na Província

Borborema registra-se eventos magmáticos antigos relacionados à fusão

parcial de material máfico-ultramáfico de origem mantélica. Os plútons

relacionados a essa fusão parcial foram posteriormente retrabalhados pelo

evento Transamazônico (2,2 a 1,9 Ga), dando origem a ortognaisses e

migmatitos dos embasamentos dos diversos terrenos da Província Borborema

(BRITO NEVES et al., 2000).

Estudos recentes tem posto em evidencia em um magmatismo de

natureza máfico-ultramáfica, provavelmente tão importante para os primeiros

estágios da evolução crustal da província, quanto o plutonismo granítico para o

Ciclo Brasiliano.

A individualização de amplos maciços migmatíticos com herança máfica

e ultramáfica e a presença de fragmentos xenolíticos até em grande escala, em

toda a extensão da província comprovam a ampla distribuição desse

magmatismo em épocas pré-brasilianas.

Page 28: Mapeamento geologico folha Irauçuba

28

O magmatismo máfico-ultrmáfico comprova o caráter policíclico desse

magmatismo, Como na região de Tauá (CE), onde ocorre um maciço diorítico

de grandes dimensões, com diferenciados gabróides locais e migmatitos, as

representantes supracrustais são derrames, sills e intrusões de formas e

dimensões variadas.

A composição cálcio-alcalina das áreas arqueanas podem representar

testemunhos do processo de formação da crosta siálica mais antiga, a qual

teria evoluído através de eventos sucessivos de acreção vertical de materiais.

(ABREU, 1990).

A suíte Parapuí compreende um conjunto complexo de rochas

vulcânicas, em que se encontram derrames, rochas piroclásticas e sub-

vulcânicas, essas ultimas representadas por sills e diques, é uma manifestação

magmática que acontece após os processos de deformação de caráter

regional para a área. (GORAYEB, 1988 in ABREU, 1990).

No Domínio Ceará Central a ocorrência do Batólito Santa Quitéria

fundamenta o desenvolvimento de um grande arco magmático continental, com

as sequências back e fore arco representadas pelos grupos Indepêndencia e

Martinópole, a partir de dados litológicos e geocronológicos de acordo com

FETTER et al.(2003).

Observações realizadas no Batólito Santa Quitéria distinguiram quatro

tipos granitóides principais no desenvolvimento de um arco magmático. O

primeiro é dito Pré-colisional, constituído por rochas dioríticas a granodioríticas

(alto teor de Mg, Ca e baixo K) representam a fase mais primitiva do arco

magmático continental, as litologias constituintes foram fortemente deformadas,

metamorfizadas para o fácies anfibolito parcialmente fundidos durantes

estágios mais tardios de desenvolvimento, estão agora representados por

xistos, gnaisses e variedade de migmatitos. O segundo tipo granitóide consiste

de migmatitos róseos a cinzas com estruturas “nebulíticas” e “homofânicas”.

Representam o mais alto grau de fusão de Suíte diorítica a granodioríticapré-

colisional e contem largos enclaves de gnaisse diorítico e anfibolítico, estas

rochas são ricas em quartzo e de composição granodiorítica a granítica, em

Page 29: Mapeamento geologico folha Irauçuba

29

afloramentos são caracterizados por manchas difusas cinzas ou avermelhadas,

grãos de tamanhos variados e contendo quartzo, apesar de tudo fases

leucocráticas são predominantes. Estas duas litologias são características de

arcos magmáticos precoces em termo de composição, estrutura e evolução.

O terceiro grupo é composto de granitóides pouco deformados, de

composição granodiorítica a monzograníticas, megaporfiríticos e cinzas,

localmente essas rochas contem variáveis porcentagens de quartzo e enclaves

dioríticos, sem maiores sinais de interação magmática, representando ruptura

por diques sinplutônicos. Esta seção é interpretada como um granito

posicionado numa fase em conexão com um regime tensional durante o

desenvolvimento de arco, este grupo é menos abundante que outras

associações ígneas neste complexo. O quarto grupo representa o final do

desenvolvimento do arco é formado por granitoides megaporfiríticos e

subordinadamente equigranular (alto K e baixo Ca), dominantemente

monzogranítico a álcali feldspato granítico. Mineralogicamente este grupo

compreende plútons de biotita-hornblenda, cálcico-alcalino e álcali-cálcico.

Assim sendo este grupo representa a participação gradual de material

crustal, principalmente através da fusão dos dois primeiros grupos. As

variações mineralógicas, texturais e estruturais de corpo para corpo nestas

quatro suítes sugerem a existência de vários pulsos magmáticos em estágios

tardios de desenvolvimento de arco magmático.

Na Unidade Canindé, distingue-se uma massa de gabro, leuco-gabro e

troctolito encaixadas em anfibolitos, gnaisses, quartzitos, mármores, cálcio-

silicáticas e ultramáficas.

No Sistema Seridó, encontra-se pequenos corpos ultramáficos, alguns

de caráter intrusivo outros de natureza tabular.

O Maciço Rio Piranhas possui plútons granodioríticos alongados de

proveniência máfica, transformados por anatexia em granitos equigranulares.

Os terrenos inter-maciços são caracterizados por pequenos plútons

homogêneos e de estruturação vertical. Na região de Seridó além dos batólitos

Page 30: Mapeamento geologico folha Irauçuba

30

associados a exposições do embasamento, predominam leucogranitos grossos

ou porfiríticos e granodioritos-monzogranitos com enclaves dioríticos e

gabróicos, além de hololeucogranitos e granitos pegmatóides.

5.3- Metamorfismo

Segundo GORAYEB et al. (1988), as rochas da região noroeste do

Ceará sofreram metamorfismo de caráter regional sob gradientes variados de

temperatura e pressão, resultando em condições de baixo a alto grau

metamórfico.

O Domínio Ceara Central possui um embasamento, policíclico, com

idades variando entre o Arqueano e o Paleoproterozóico, é constituído

predominantemente por ortognaissesmetamorfisados em condições de fácies

anfibolito alto com frequente migmatização, com supracrustais diversas

subordinadas, além de núcleos localizados de terrenos greenstone-gnáissicos,

classificados em grande parte como suítes TTG (CABY& ARTHAUD, 1986).

Sobre parte do embasamento ocorrem seqüênciassupracrustais monocíclicas,

de idade provável meso ou neoproterozóica (ARTHAUD et al., 2004;

SANTOSet al., 2004).

No Domínio Ceará Central, onde foram descritas unidades litológicas de

idade variando entre o Arqueano e o Neoproterozóico, destaca-se conjunto de

rochas granítico-gnáissico-migmatíticas, denominado Complexo Santa Quitéria.

O complexo é considerado por vários autores como produto de metamorfismo

sincolisional de arco magmático continental edificado na margem ativa de

oceano pretérito, cujo fechamento ocorreu durante o Ciclo Brasiliano, há ca.

600 M.

O Complexo Santa Quitéria é constituído por rochas plutônicas de

composição tonalítica a granítica, normalmente gnaissificadas e/ou

migmatizadas. Raros plutons graníticos foram preservados da deformação-

metamorfismo, como é o caso da suíte granítica de Uruburetama. Bordejando o

complexo, principalmente em sua margem leste, ocorrem diversas unidades de

rochas paraderivadas, representadas por biotita gnaisses, quartzitos, xistos,

rochas calciossilicáticas, mármores e migmatitos.

Page 31: Mapeamento geologico folha Irauçuba

31

O Complexo Ceará é composto por rochas paraderivadas

metamorfisadas em alto grau e comumente migmatisadas (ARTHAUD et al.,

1998) e por ortognaisses metamorfisados em condições de fácies anfibolito,

comumente migmatisados, e rochas supracrustais diversas, cujo metamorfismo

ocorreu durante os eventos Transamazônico e Brasiliano (FETTER et al.,

2000). Segundo GARCIA & ARTHAUD (2004), os plútons alcalinos e cálcio-

alcalinos, gerados durante o Brasiliano, que cortam o Complexo Ceará estão

comumente deformados e metamorfisados.

5.4- Arcabouço Tectono-Estrutural do Domínio Ceará Central

A Província Borborema começou a se formar a partir da junção de

diversos terrenos, Crátons São Luís – Oeste Africano e São Francisco –

Congo, que se originaram talvez já no Arqueano provavelmente durante o

Paleoproterozóico, segundo MABESSONE (2002). Segundo ARTHAUD et al.,

2004, a Província adquiriu sua fisionomia atual de mosaico de domínios

justapostos ao longo de mega zonas de cisalhamento, em uma amalgamação

de escala continental. Esta Província apresenta falhamentos principais como,

Lineamento Patos (E-W) no qual correspondendo a uma falha direcional com

rejeito a direita; Lineamento de Tauá (N-NW) com rejeito direcional à esquerda

e o Lineamento Senador Pompeu (NE) apresentando rejeito direcional à direita.

Sendo assim, estas direções de falhamento seriam a resultante do esforço

principal de direção NE-SW, que varia a medida que se aproxima do

Lineamento de Patos (MELO et al,1978).

Toda a história tectono-estrutural desta província poderia ser explicada

através de um stress principal com orientação NE-SW, por meio do qual,

através deste, resultaria em mais três componentes. Essas três componentes

mencionadas seriam representadas pelas seguintes direções de falhamentos

principais: Lineamento de Patos (E-W) correspondendo a uma falha direcional

com rejeito a direita; Lineamento de Tauá (N-NW) com rejeito direcional à

esquerda e o Lineamento Senador Pompeu (NE) com rejeito direcional à

direita. Estas direções de falhamentos seriam a resultante do esforço principal

de direção NE-SW, que varia a medida que se aproxima do Lineamento de

Patos (MELO et al,1978).

Page 32: Mapeamento geologico folha Irauçuba

32

A região noroeste da província é influenciada principalmente por uma

tectônica transcorrente dextral generalizada de direção NE, de natureza dúctil e

de movimento de massa de NE para SW, e esse movimento teria ocorrido em

dois momentos distintos. O primeiro momento em condições de regime

compressivo gerando cavalgamento e colocando rochas de idades diferentes e

graus metamórficos distintos lado a lado. O outro momento é relacionado a

movimentos dextrais oriundos de esforços transtensivos, que representam os

últimos estágios da colisão de continentes no Brasiliano. (Abreu

&Gorayeb1992).

A Zona de Falhamentos Sobral-Pedro II possui um trend NE – SW que

delimita em dois domínios a unidade tectônica chamada por ABREUet al.

(1988) de Cinturão de Cisalhamento Noroeste do Ceará: os domínios Ceará

Central à sudeste e do Médio Coreaú, à noroeste. Esses domínios são

marcados por características estruturais bem distintas: o bloco Médio Coreaú é

formado por blocos elevados e abaixados (horsts e grabens) datados do

Paleoproterozóico enquanto que o domínio à sudeste é uma região bem menos

estruturada. O Domínio Ceará Central, localizado na parte setentrional da

Província Borborema e situado entre a Zona de Cisalhamento Senador –

Pompeu e o Lineamento Transbrasiliano, é caracterizado por intensa tectônica

tangencial de idade Neoproterozóica (ARTHAUD et al., 2004).

O arranjo estrutural do Arco Magmático Continental de Santa Quitéria,

localizado á sudeste do Lineamento Transbrasiliano dentro do Domínio Ceará

Central é caracterizado por foliação de baixo ângulo com caimento para leste

ou oeste nas bordas e distribuição mais aleatória no centro do corpo. Por outro

lado, a lineação de estiramento mineral exibe trend E - W e indicadores

cinemáticos indicam vergência para leste na borda leste e uma vergência oeste

para a borda oeste. Nesta borda, a compressão para oeste é seguida de uma

fase extensional para leste em condições mais rasas (SANTOS et al., 2004).

Na parte norte do Complexo Santa Quitéria, entre os municípios de

Santa Quitéria, Varjota e Forquilha, há um sistema de nappes com transporte

tectônico para NW. Nesta área destacam-se duas zonas transcorrentes

Page 33: Mapeamento geologico folha Irauçuba

33

sinistrais, representada pela Zona de Cisalhamento Varjota, de direção N – S

em regime dúctil e pela Falha do Rio Groaíras, com direção NW – Se em

regime rúptil (TEIXEIRA & DANTAS, 2006).

5.5- Evolução

O conceito de Província Borborema foi introduzido em 1977, por

ALMEIDA et al., para a porção leste da região nordeste da Plataforma Sul –

americana, representando uma área onde foi efetiva a atuação de fenômenos

termais, tectônicos, magmáticos no Neoproterozóico. A província Borborema

começou a se forma a partir da junção de diversos terrenos que se originaram

talvez já no Arqueano, mas com certeza durante o Paleoproterozóico. É um

retalho de terrenos de diferentes litotipos, separados por falhas e lineamentos

importantes. Constitui a parte mais ocidental, em território brasileiro, de uma

unidade geotectônica bem maior que compreende os crátons Oeste-Africano,

Amazônico e São Francisco - Congo, sendo representada na África pelas

províncias Oeste-Nigeriana, Leste- Nigeriana, Camarões e possivelmente

Touareg. (ALMEIDA et al, 1977).

A Província Borborema se formou a partir da amalgamação de terrenos

originados no Arqueano e Paleoproterozóico, entre 2,3 e 1,9 Ga,

aproximadamente (MABESSONE, 2002). Estes terrenos juntaram-se entre

aproximadamente 2,38 e 1,98 Ga, durante o Sideriano, Riaciano e Orosiriano

Inferior do Paleoproterozóico, e foram amalgamados aos crátons Oeste

Africano, Amazônico e São Francisco-Congo, para formar o supercontinente

Atlântica (ROGERS, 1996; FETTER et al., 2000; NEVES, 2001 in

MABESSONE, 2002) (Figura 3).

Page 34: Mapeamento geologico folha Irauçuba

34

Figura 3- Reconstrução do supercontinente paleoproterozóico "Atlantica", mostrando os

limites atuais da África e América do Sul. N= Domínio Tectônico Norte, Provncia

Borborema; A = cráton Amazônico; WA – cráton Oeste Africano; SL - cráton São Luis; SF

- crá cráton São Francisco; CK = cráton Congo/Kasai; e RP = cráton Rio de Plata.

Depósitos flúvio-deltáicos de 2.0 em preto. Fonte: FETTER et al. (2000) modificado de

ROGERS (1996).

No Paleoproterozóico, o embasamento da província foi formado,

iniciando-se no Sideriano, com a ocorrência de um evento acrescionário

(Complexo Granja) com idade U-Pb de 2.35 Ga (SANTOS, 1999 in BIZZI et al.,

2003).

A fase pós-amalgamação da Província Borborema ocorreu no fim do

Paleoproterozóico, no Orosiriano Superior, e a maior parte do

Mesoproterozóico parece ter sido épocas de eventos intraplacas (BRITO

NEVES, 2001). Nas margens ativas desenvolveram-se bacias sedimentares,

consolidadas após o processo de amalgamação.

O evento Transamazônico segundo BRITO NEVES et al. (2001), pode

ser dividido em duas fases: uma mais velha de gênese crustal (2,2 a 2,1 G.a) e

uma fase posterior de deformação e metamorfismo ( entre 2,1 a 2,0 G.a)

As bacias sedimentares das margens ativas formadas na colagem da

Província Borborema com os crátons citados são representados pelas faixas

Page 35: Mapeamento geologico folha Irauçuba

35

móveis do Médio Coreaú, Araguaia, Riacho do Pontal e Sergipe

(MABESSONE, 2002).

O final do Mesoproterozóico até o início do Neoproterozóico foi marcado

pela provável desagregação do supercontinente Atlântica e posterior formação

de outro supercontinente denominadoRodínia (HOFFMAN, 1991 in

MABESSONE, 2002). A orogenia envolvida na evolução dessas massas

continentais é chamada Grenville. Na Província Borborema esta orogenia é

chamada de ciclo Cariris-Velhos.

O Cariris-Velhos é um importante evento acrescionário e colisional na

parte central da Província Borborema, iniciado no Mesoproterozóico Superior

(1,1 G.a – período Esteniano), até o início do Neoproterozóico (950 M.a –

período Toniano) com a subducção e desenvolvimento de arcos magmáticos,

seguidos de processo colisional amplo de caráter regional. Este evento

orogenético é considerado de menor expressão territorial se comparado aos

eventos Paleoproterozóico e Neoproterozóico.

De acordo com BRITO NEVES (2001), o Neoproterozóico é uma época

de grande atividade tectônica na Província Borborema, com uma suposta

desarticulação do supercontinente Atlântica e posterior formação de outro

supercontinente (HOFFMAN 1991 apud MABESSONE 2002). Durante o

Neoproterozóico os dois ciclos orogenéticos reconhecidos, Cariris Velhos e

Brasiliano, afetaram profundamente a Província Borborema, tanto nas bacias

marginais, como nas intracratônicas ou intracontinentais. Entre os ciclos o

Brasiliano é o mais forte e com maiores repercussões. No período Toniano,

entre 0,98 e 0,88 G.a, formou-se o riftintracontinental Seridó. O período

seguinte (Criogeniano Inferior, entre 0,88 a 0,78 G.a) foi marcado por glaciação

(MABESSONE, 2002).

Durante o Criogeniano Superior e Vendiano (0,78 a 0,57 G.a) o Ciclo

Brasiliano afetou quase a totalidade da província, em um processo de

intensificação de eventos tectônicos na Província Borborema, retrabalhando a

maior parte das litologias. No Domínio Médio Coreaú originou-se uma bacia de

margem passiva correspondente à Faixa Martinópole-Ubajara, e no Domínio

Ceará Central originou-se uma sinéclise que abrigou o Grupo Independência

(MABESSONE, 2002).

Page 36: Mapeamento geologico folha Irauçuba

36

Com a atenuação do tectonismo Brasiliano, a Província Borborema

passou por uma fase de transição, com condições pós-orogenéticas, que

resultou na formação dos riftes molássicos o Gráben Jaibaras foi formado no

final do Neoproterozóico. Com a atuação dos processos de subsidência,

depositaram-se a Formação Massapê, seguida da Formação Pacujá, e quase

contemporânea a esta ocorreram as manifestações magmáticas vulcânicas da

Suíte Parapuí. A formação deste gráben resultou em estiramento e

adelgaçamento da crosta, favorecendo a colocação de plútons intrusivos como

o Meruoca. As últimas movimentações ao longo das principais zonas de

fraqueza favoreceram a deposição dos sedimentos da Formação Aprazível

(ABREUet al, 1993).

O fim do Neoproterozóico é marcado por uma glaciação que se

manifesta através do Grupo Serra Grande, neste momento da história tectônica

a Província Borborema está inserida no supercontinente Gondwana.

(QUADROS & ABREU, 2005).

A conhecida reativação wealdeniana esta relacionada com a orogênese

Alpina, que terminou na desagregação do continente Gondwana,

individualizando assim a Província tectônica Borborema dentro do território

brasileiro.

6- GEOLOGIA DA SUBAREA I

6.1- Geomorfologia

As grandes unidades geomorfológicas da porção noroeste da Província

Borborema estão individualizadas nas formas de relevo, posicionamento

altimétrico relativo, bem como características da geologia, vegetação e dos

solos. Neste contexto, tendo por base esses critérios, segundo MOREIRA &

GATTO (1981), a geomorfologia da subárea I está em inserida em duas

grandes unidades: Superfície Sertaneja e Planalto Residual. A figura 4 mostra

as principais unidades geomorfológicas presentes no projeto Taperuaba-

Aracatiaçu.

Page 37: Mapeamento geologico folha Irauçuba

37

Figura 4- Duas principais unidades pertencentes ao projeto Taperuaba- Aracatiaçu. Os

morros residuais representados por serras e serrotes e a superfície sertaneja.

A Superfície Sertaneja apresenta a maior unidade no que diz respeito à

extensão; sendo também a unidade mais baixa de relevo (cotas médias de

190m e máximas de 330m), na subárea I ocupa cerca de 90% da área

apresentando topografia plana e levemente ondulada na porção leste, e outras

vezes fortemente ondulada na porção oeste, devido a sua forte estruturação.

Os Planaltos Residuais localizam-se principalmente na porção oeste da

subárea representando cerca de 10% da área total. Os serrotes do Escalvado,

Comprido, Juá, Cachoeira e Lambedor dos Corneiros são os que definem essa

unidade, sendo o serrote do Escalvado o de maior destaque com cota máxima

de aproximadamente 300 metros. São caracterizados por apresentarem em sua

base intercalações de quartzitos e gnaisses. Essa unidade assume um padrão

de orientação na direção NNE-SSW seguindo o principal trend regional. A

figura 5 mostra as principais unidades da subárea I, destacando o serrote do

Escalvado.

Page 38: Mapeamento geologico folha Irauçuba

38

Figura 5- Duas unidades geomorfológicas da subárea I, destacando A- Serrote do

Escalvado e B- Superfície Sertaneja.

A rede de drenagem da subárea I reflete o padrão estrutural regional com

direção preferencial NNW-SSE e secundariamente NE-SW, considerando as

informações de campo e da análise de fotos e imagens de diferentes sensores.

Pode-se dizer que se trata de uma área fortemente estruturada devido os

alinhamentos e as formas anômalas. Apresenta densidade média a alta,

angularidade média, refletindo baixa permeabilidade típica de rochas cristalinas

(SOARES & FIORI, 1976). Sendo formada pelo rio Pajé e pelos riachos do

Escalvado e do Logradouro, ainda contendo açudes de médio a grande porte,

tendo como exemplo o açude Logradouro, localizado na porção leste da

subárea. O rio Pajé apresenta-se de 1ª ordem, enquanto que os riachos

apresentam-se de 2ª ordem. Depósitos aluvionares são encontrados em rios e

riachos (figura 3), geralmente compostos por areia e cascalhos.

Page 39: Mapeamento geologico folha Irauçuba

39

Figura 6- Depósitos aluvionares ao longo do Rio Pajé, na porção nordeste da subárea I.

7- LITOESTRATIGRAFIA

Na subárea I foram definidas quatrounidades litoestratigráficas, descritas

a seguir de acordo com a ordem estratigráfica seguindo da mais antiga pra a

mais nova. Foram descritas rochas metamórficas e ígneas. Dentre as rochas

metamórficas foram encontrados uma sequencia de rochas supracrustais

formados por quartzitos, mármores e gnaisses, migmatizados e por vezes

milonitizados. Ocorriam, também, rochas calssilicáticas, anfibolitos e

ortognaisses associados. As rochas ígneas são representadas por corpos

graníticos, de composição sienogranitica e apresentando uma foliação

incipiente. Foi registrado também a ocorrência de um dique de composição

máfica.

Os conjuntos de rochas, acima citados, apresentavam-se cobertos por

material sedimentar equivalente à unidade E, as rochas enquadradas dentro do

grupo de rochas metamórficas são apresentadas nas unidades A, B e C

respectivamente. A ocorrência granítica exposta na subárea I é representada

pela unidade D. Sendo assim a proposta de empilhamento estratigráfico das

unidades é mostrada na tabela 1.

Page 40: Mapeamento geologico folha Irauçuba

40

A relação de contato entre as rochas da subárea seguiam um mesmo

padrão. Estes contatos ocorriam na maioria das vezes concordantes, devido as

diferentes rochas apresentarem o plano de foliação paralelo ao mesmo (figura

7). Entretanto o contato entre as unidades B e C é observado uma mudança no

sentido das foliações definindo um novo trend estrutural.

Figura 7- Relação de contato entre as rochas supracrustais. A- Quartzitos, B-

Paragnaisses, encontrados ao longo da drenagem na CE-253 no ponto (PTA-I-18).

Unidade A (PPcc)

Esta unidade ocupa em torno de 30% da área mapeada da subárea,

sendo representada por uma faixa de rochas ortoderivadas. Seus principais

afloramentos ocorriam na forma de lajedos, muito embora apresenta poucos

afloramentos do tipo corte de estrada e blocos rolados. Constitui-se de um

conjunto de litotipos de rochas ortoderivadas associadas com corpos

anfibolíticos e esta localizada na porção central da subárea I formando uma

grande faixa na parte central do mapa.

Os principais litotipos que qualificam esta unidade foram classificados de

acordo com a composição mineralógica e estruturas de campo. Esses litotipos

são formados por uma sequência de rochas ortoderivadas bastante

Page 41: Mapeamento geologico folha Irauçuba

41

estruturadas, com bandamento composicional típico em bandas félsicas e

máficas. Toda a unidade encontra-se migmatizada, sendo em alguns pontos

esse fator mais evidente, texturas migmatiticas como schlieren e estromáticas

foram observadas em campo.

Observou-se nas rochas dessa unidade uma forte estruturação,

evidenciada pelo bandamento composicional e pela foliação, com trend

principal NE-SW, com ângulo de mergulho entre 20° a 35° para SE.

Observa-se também, grande quantidade de veios pegmatóides

compostos basicamente por feldspato potássico, quartzo, granada e que se

mostram ora concordantes, ora discordantes à foliação. Nesta unidade ainda

que localmente, feições de milonitização também são encontradas. Os

principais litotipos que compõem essa unidade são biotita gnaisse e granada

biotita gnaisse.

Biotita gnaisse

Este litotipo ocorre na porção oeste da subárea I, são afloramentos do

tipo lajedos estão localizados ao longo da CE-253 nos pontos e seus

afloramentos mais representativos estão localizados PTA-I-18 e PTA-I-24.

Apresentam granulação média a grossa e coloração cinza clara (figura).

São compostas mineralogicamente por quartzo, plagioclásio, muscovita, álcali

feldspato e biotita. Observa-se um bandamento composicional típico,

evidenciado pela alternância de bandas félsicas e máficas (figura 8)

Rocha de coloração constituído por plagioclásio(40%), k-feldspato

(20%), quartzo (30%), biotita (10%). A rocha encontra-se bastante

intemperizada.

Rocha de granulação grossa, mostrando bandamento gnáissico,

evidenciado por bandas félsicas (quartzo e feldspatos) e máficas (lamelas de

biotita). As lamelas de biotita encontram-se orientadas, caracterizando textura

lepidoblástica nas bandas máficas, perfazendo uma foliação. Em relação às

bandas félsicas estas demonstram textura granoblástica. Estruturalmente

apresenta bandas de foliação milonítica, caracterizadas por intenso

Page 42: Mapeamento geologico folha Irauçuba

42

quebramento/recristalização dos cristais de quartzo, plagioclásio e biotita. A

rocha é composta por quartzo, plagioclásio, álcali-feldspato e biotita como

minerais principais, e apatita, zircão e titanita como minerais acessórios.

O quartzo possui teor modal de aproximadamente 20% e aparece como

cristais anédricos, mostrando contatos irregulares, com tamanhos que variam

de submilimétrico a 5,0 mm. Mostra extinção ondulante moderada e ocorre

preferencialmente como sub-grãos recristalizados, com contatos irregulares

(denteados), por vezes orientados concordantemente com a foliação.

O plagioclásio é do tipo Andesina (An=35), ocupando proporção modal

de aproximadamente 35%. Ocorre sob a forma de cristais prismáticos,

subédricos a anédricos, mostrando maclamentos albita e albita-periclina,

ambos deformados (interrompidos e encurvados), com tamanhos que variam

entre 3,0 mm e 1,2 cm. Os contatos com os demais minerais são geralmente

irregulares, ocorrendo também contatos retos com as lamelas de biotita.

Encontra-se levemente alterado para sericita. Alguns cristais mostram feições

de recristalização e antipertita em forma de retalho.

O álcali-feldspato é do tipo microclina e ocorre como cristais subédricos,

com maclamento xadrez-difuso, com teor modal menor que 1%. Seus contatos

são do tipo irregular, ocorrendo alojado nos interstícios dos demais grãos.

Mostra tamanho médio de 0,3 mm.

As lamelas de biotita são subédricas, com terminações serrilhadas e

contatos paralelos com os demais minerais, ocupando proporção modal

aproximada de 40 a 45%, ocorrendo na forma de finos agregados. Apresenta

pleocroísmo forte que varia de marrom-alaranjado nos eixos Z e Y e creme-

pálido no eixo X. Estas lamelas encontram-se deformadas, mostrando feições

como seguimentação, “kink bands” e também extinção ondulante, o que indica

cristalização sob a atuação de esforços tectônicos. Nas bordas de alguns

cristais ocorre transformação da biotita marrom para uma biotita de cor verde.

Os minerais acessórios são representados por apatita, zircão e titanita. A

apatita é a mais abundante e ocorre como cristais prismáticos, alongados,

subédricos a euédricos. O zircão é incolor, prismático, subédrico a euédrico,

com terminações bipiramidais. A titanita é anédrica e de cor marrom. Estes

minerais ocupam proporção modal não maior que 2% e ocorrem

Page 43: Mapeamento geologico folha Irauçuba

43

preferencialmente em associação com as bandas máficas de biotita. A

associação em campo e descrição de laminas permitiu concluir que trata-se de

um protólito ígneo de composição tonalítica.

Figura 8- A) Afloramento tipo lajedo, localizado na porção oeste da subárea I, mostrando

o bandamento gnaissico característico do litotipo e o veio de quartzo discordante em

relação à foliação. B) Detalhe da amostra do muscovita-biotita gnaisse (PTA-I-01).

Granada biotita gnaisse

Este litotipo ocorre na porção centro leste da subárea I, são

afloramentos do tipo lajedos estão localizados ao longo da CE-253 nos pontos

PTA-I-32, PTA-I-37, PTA-I-44 e PTA-I-51

Apresentam granulação média a grossa e coloração cinza clara (figura).

São compostas mineralogicamente por quartzo, plagioclásio, granada, álcali

feldspato e biotita. Observa-se um bandamento composicional típico,

evidenciado pela alternância de bandas félsicas e máficas. Encontram-se

muitas das vezes migmatizados, apresentando texturas migmatíticas

estromáticas e schlieren.

Rocha de coloração constituído por plagioclásio(40%), k-feldspato

(20%), quartzo (25%), biotita (10%) e granada (5%).

Page 44: Mapeamento geologico folha Irauçuba

44

Unidade B (PPci)

Esta unidade ocupa aproximadamente metade da área mapeada,

representando cerca de 45% da subárea, tal unidade é constituida por ampla

faixa de diferentes litotipos associados. Seus principais afloramentos ocorriam

na forma de lajedos, muito embora apresenta poucos afloramentos do tipo

corte de estrada e blocos rolados. Constitui-se de um conjunto de litotipos de

rochas paraderivadas, diretamente associadas. No mapa essa unidade

apresenta-se em longas faixas de paragnaisses intercalados com quartzitos

esta localizada na porção oeste da subárea I estendendo-se até a porção

central

Os principais litotipos que qualificam esta unidade foram classificados de

acordo com a composição mineralógica e estruturas de campo. Esses litotipos

são formados por uma sequência de rochas supracrustais, onde se enquadram

paragnaisses bastante estruturados, com bandamento composicional típico em

bandas félsicas e máficas, além de quartzitos impuros, mármores impuros e

anfibolitos. As relações de contato entre tais litotipos definem um contexto

geológico para esta unidade, esse contexto, pode ser observado nas

intercalações dos paragnaisses com quartzitos onde as foliações apresentam-

se de concordantes formando no mapa feições alongados com direção N/S,

isso acorre devido a forte estruturação imposta à unidade, no qual, defini um

conjunto de cristas marcante na subárea. Toda a unidade encontra-se

migmatizada, sendo em alguns pontos esse fator mais evidente, feições

migmatiticas como schlieren foram observadas em campo.

Observou-se nas rochas dessa unidade uma forte estruturação,

evidenciada pelo bandamento composicional e pela foliação, com trend

principal NE-SW, com ângulo de mergulho entre 20° a 35° para SE.

Observa-se também, grande quantidade de veios pegmatóides

compostos basicamente por feldspato potássico, quartzo, granada e que se

mostram ora concordantes, ora discordantes à foliação. Nesta unidade ainda

que localmente, feições de milonitização também são encontradas no limite

oeste da subárea. Os principais litotipos são descritos a seguir:

Page 45: Mapeamento geologico folha Irauçuba

45

Cianita granada biotita gnaisse

Este litotipo ocorre em grande expressão na subárea I, associado aos

quartzitos, seus principais afloramentos ocorrem na parte oeste da subárea nos

pontos PTA-I-02, PTA-I-30 e PTA-I-35. A rocha apresenta granulação grossa,

coloração cinza escuro, sua composição mineralógica é representada

predominantemente por quartzo, plagioclásio, biotita, granada, cianita e como

minerias acessórios apresenta apatita.

Estruturalmente a rocha apresenta bandamento gnáissico com bandas

milimétricas de cor cinza escura composta por minerais máficos e as bandas

claras de minerais félsicos (figura 9).

Figura 9- A) Afloramento de blocos do cianita-granada-biotita gnaisse, localizado na

porção oeste da subárea ao longo da CE-253. B) Amostra litotipo descrito (PTA-I-30). C)

Detalhe do cristal de cianita.

Page 46: Mapeamento geologico folha Irauçuba

46

Rocha metamórfica de granulação média, apresentando textura principal

granoblástica, localmente ocorre textura porfiroblástica e poiquiloblástica.

Mineralógicamente a rocha é composta essencialmete por quartzo,

plagioclásio, granada, cianita, biotita e como minerias acessórios apresenta

apatita (figura 10).

O quartzo ocupa uma proporção de aproximandamente 30% da rocha.

Apresenta-se anédrico com extinção ondulante, com dimensão entre 0.3cm e

0.6cm apresenta sinais de recristalização, divididos em subgrãos (recovery),

observa-se também que os contatos são suturados e os cristais apresentam

zoneamento.

O plagioclásio é subédrico, com dimensões entre 0.4cm e 0.8cm,

apresenta maclamento plossintético e ocupa uma proporção em torno de 40%.

Observa-se intercrescimento pertítico e seus cristais apresentam-se

transformando para argilo minerais e sericita, observa-se microfraturas

preenchidas por muscovita e carbonato.

A biotita é subédrica fortemente pleocróica, onde Z=Y= creme

amarelado e X=marrom escuro. Apresenta-se na forma de finas palhetas bem

desenvolvidas, com orientação preferencial. Seus contatos laterais são retos.,

porém muitas vezes apresentam-se serrilhados.

A granada apresenta-se incolor, relevo alto e seus cristais possuem

dimensões em torno de 0.8 cm, podendo alcançar até 1.0 cm. Observam-se

cristais de biotita, quartzo e plagioclásio inclusos, caracterizando uma textura

poiquilitica.

A cianita é incolor, subédrica com dimensões entre 0.4 e 0.9cm,

apresenta extinção inclinada,seus cristais possuem dimensões entre 0.5 e 0.8

cm. Nota-se que os cristais de cianita apresenta contatos irregulares com os

cristais de biotitas e plagioclásio.

Em relação aos minerais acessórios nota-se a presença de titanita com

relevo alto e cor marrom e apatita incolor subédrica inclusas em cristais de

biotita.

Page 47: Mapeamento geologico folha Irauçuba

47

Figura 10- Fotomicrografias do cianita-granada-biotita-gnaisse A) aspecto geral da

lâmina com destaque para os cristais de cianita com baixa cor de interferência e a

propriedade isotrópica dos cristais granadas. B) aspecto da lâmina á luz natural.

Cianita muscovita quartzito

Os quartizitos ocorrem com grande expressão na subárea I, estão

sempre associados aos paragnaisses, seus principais aforamentos estão

localizados na parte oeste da subárea nos pontos PTA-I-06, PTA-I-95. Trata-se

uma rocha de cor cinza clara e granulação grossa, sendo composta

mineralogicamente por quartzo e muscovita (figura 11).

Figura 11- Afloramento corte de estrada demostrando o aspecto geral do cianita

muscovita quartzito ao longo da CE-253, localizado na porção oeste da subárea, no

ponto PTA-I-06.

Page 48: Mapeamento geologico folha Irauçuba

48

Microscopicamente trata-se de uma rocha de granulação média a grosa,

apresentando textura principal granoblástica, e localmente lepidoblástica. Sua

composição é essencialmente composta por quartzo, muscovita, plagioclásio e

feldspato alcalino. As principais fases varietais identificadas foram muscovita e

biotita. A fase acessória é representada pelos cristais de zircão.

Secundariamente a rocha é contituída por sericita e argilo mineral.

O quartzo é a fase dominante (aproximadamente 80%) de forma

anédrica, com extinção ondulante, apresentando dimensão variando entre 5mm

e 20 mm, alguns cristais apresentam contato suturado e poligonais.

Os cristais de Muscovita são subédricos orientados com tamanho

variando entre 4mm e 15mm (aproximadamente 5%), apresenta extinção reta-

picotada, alguns cristais de cianita estão incluso na muscovita.

A biotita apresenta extinção reta-picotada; apresentando porção modal

de aproximadamente 3%; com pleocroísmo forte, de coloração, no eixo de

maior absorção, marrom escuro e, no eixo de menor absorção, amarelo pálido.

O Plagioclásio apresenta cristais subédricos, com tamanho variando

entre 6mm e 10mm, com proporção modal em torno de 3% e apresenta-se

transformando para sericita e argilo mineral.

A Cianita apresenta incolor é subédrica, com tamanho variando entre

5mm e 6mm, com proporção modal em torno de 3%, com pleocroísmo fraco e

extinção enclinada, pro vezes apresentando na borda de alteração composta

por muscovita.

Em relação aos minerais acessórios ocorrem cristais de zircão zonados

incluso na muscovita.

Flogopita mármore

Este litotipo apresenta-se de forma restrita, seu único afloramento é o

ponto (PTA-I-08) localizado na porção oeste da subárea I devido a sua pouca

expressão não é mapeável na escala de trabalho. Essa rocha apresenta uma

coloração branca e ocorre próximo ao Granadas-Biotitas Gnaisse (figura 12).

Page 49: Mapeamento geologico folha Irauçuba

49

Figura 12- A)Afloramento de blocos do flogopita mármore, localizado na parte oeste da

subárea. B) Amostra do litotipo, PTA-I-08.

Trata-se de uma rocha de granulação média a grossa, variando de

dimensão e textura granoblástica. Sua mineralógia é essencialmente

constituída por carbonato. Os minerais acessórios são representados por

opaco e flogopita (figura 13).

O carbonato apresenta-se anédrico, com clivagem perfeita, seus cristais

variam de tamanho em torno de 1,0 a 15 mm apresentando contatos são

irregulares e suturados. Possui fortes sinais de deformação e

Os cristais de Flogopita são subédricos, com dimensões média de 1,5

mm, seus contatos laterais são retos e pontas serrilhadas. É incolor por vezes,

com leve pleocroísmo, apresenta birrefringência de 0,33 e sinal de elongação

positivo.

Page 50: Mapeamento geologico folha Irauçuba

50

Figura 13- A) Fotomicrográfia do flogopita mármore (PTA-I-08). A) aspecto geral da

lâmina mostrando os contatos irregulares, por vezes suturados entre os cristais de

carbonato, destaque também para os cristais de flogopita e escapolita; B) cristais de

carbonatos for ortemente deformados; Fg-Flogopita, Scp- Escapolita.

Tremolita escapolita mármore

Localizado na porção centra da subárea I este litotipo ocorre em um

único afloramento e devido a sua pouca expressividade não é mapeável na

escala de trabalho adotada para o projeto. Esse afloramento é encontrado no

ponto (PTA-I-48) ao longo da CE-253 (figura 14), e ocorre próximo dos

Granadas-Biotitas Gnaisses e Quartzitos, essa rocha possui uma coloração

cinza claro, onde sua composição é predominantemente composta por

carbonato, flogopita e anfibólio.

Figura 14- A) Afloramento de blocos do Tremolita flogopita marmóre localizado na

porção central da subárea. B) Amostra do litotipo PTA-I-48.

Microscopicamente trata-se de uma rocha de granulação variando de

média a grossa, apresentando uma textura granoblástica característica. É

composta essencialmente por carbonato, quartzo, plagioclásio, ortoclásio,

Page 51: Mapeamento geologico folha Irauçuba

51

tremolita, flogopita e escapolita. Os minerais acessórios identificados foram

titanita opaco e que ocorrem dispersos na rocha (figura 15).

O carbonato apresenta-se subédrico a anédrico, variando de 1,0 a

15mm. Seus contatos são retos, irregulares apresentando contatos poligonais

tríplices quando estão em contato com outros cristais de carbonato.

O quartzo é anédrico, a maioria dos cristais exibem o processo de

recristalização, aparecimento de subgrãos e apresenta predominantemente

contatos irregulares, por vezes suturados.

O plagioclásio é anédrico com dimensões variando de 1 a 4mm,

apresenta cristais com maclamento polissintético. Seus contatos com critais de

carbonato são suturados. O Ortoclásio é anédrico com dimensões variando de

1 a 6 mm. Exibe intercrescimento pertitico apresentando contatos suturados.

O anfibólio é do tipo tremolita, seus cristais são subédricos, com

dimensões variando de 3 a 5mm. Apresenta-se incolor, e possui um relevo

moderado.

Os cristais de Flogopita são subédricos, com fraco pleocroismo e com

dimensões média de 1 mm, seus contatos laterais são retos e pontas

serrilhadas.

A escapolita apresenta-se incolor, com boa clivagem e contatos

irregulares. Nota-se ainda inclusões de plagioclásio, que são resíduos da

reação para formação de escapolita.

Page 52: Mapeamento geologico folha Irauçuba

52

Com relação aos minerais acessórios esta rocha possui titanita que

apresentam-se de cor neutra a luz natural, relevo alto, subédrico e com bordas

retas.

Figura 15- Fotomicrográfia do Tremolita-flogopita Mármore (PTA-48). A) aspecto geral da

lâmina mostrando a textura granoblástica. B) contatos irregulares entre os cristais de

carbonatos fortemente deformados, destaque para o cristal de escapolita; Spc-

Escapolita.

Granada anfibolito

Este litotipo ocorre de forma restrita na subárea, seu principal

afloramento esta localizado na porção leste, no ponto PTA-I-55-B, ocorre

associado aos granada biotita gnaisse. A rocha apresenta uma cor cinza

escuro, granulação média. Sua composição mineralógica é predominantemente

composta por plagioclásio, anfibólio e biotita. Estruturalmente a rocha

apresenta alternância de banda milimétricas claras e escuras ( figura 16).

Page 53: Mapeamento geologico folha Irauçuba

53

Figura 16- A) Afloramento do granada anfibolito, na porção centro leste da subárea,

estava associado aos biotitas gnaisses ocorrendo intercalado aos mesmos. B) Amostra

do granada anfibolito (PTA-I-55-B).

Rocha metamórfica de granulação média com textura dominantemente

nematoblastica (figura 17B), e localmente granoblastica, formada pela

alternância de bandas félsicas e máficas. As bandas félsicas são formadas por

plagioclásio e quartzo; as bandas máficas são formadas por minerais

ferromagnesianos (hornblenda e diopsídio). Esta rocha é composta

essencialmente por hornblenda, plagioclásio, quartzo e diopsídio. Os minerais

acessórios são compostos por zircão, titanita e opacos.

A Hornblenda é o mineral dominante na lamina, ocupa 50% da rocha. Os

cristais são primáticos, subédricos a anédricos, com tamanho variando de 0,2 a

6mm. Apresenta pleocroísmo de verde claro a amarelo pálido. Os contatos

intercristalinos ora são suturados, ora são retilíneos.

O plagioclásio é um dos minerais dominante na lamina, apresenta uma

proporção modal de 30%, seus cristais são subédricos, com dimensões

variando entre 2 a 6 mm, encontram-se transformando para argilo minerais e

sericita. Apresenta contatos irregulares muitas vezes suturados e serrilhados.

São comuns inclusões de quartzo.

Page 54: Mapeamento geologico folha Irauçuba

54

O quartzo possui uma proporção modal de 10%, apresenta extinção

ondulante, seus cristais são subedricos a anédricos e possuem feições de

recristalização, apresentam-se levemente orientados e apresentando contatos

do tipo côncavo-convexo entre eles e suturados.

O diopsidio apresenta-se em menor proporção na lamina com proporção

modal de 10%, é incolor e seus cristais apresenta um relevo alto. É formado

por cristais anédricos a subédricos de hábito prismático, chegando a

apresentar tamanho de 2mm.

Em relação aos minerais acessórios a Titanita ocorre como principal

mineral acessório.

Figura 17- Fotomicrográfia do granada anfibolito. A) textura nematoblástica formada

pelos cristais de hornblenda e diposídio. B)aspecto textural com nicóis cruzados.

Gnaisses calcissilicaticos

As rochas calcissilicáticas encontradas nessa unidade estão localizadas

na porção noroeste, ocorre como grandes lentes concordantes com a foliação e

são caracterizadas por granulação variando de média á grossa, apresentando

uma coloração cinza esverdeada e bandas de composição quartzo-felspaticas

de coloração mais clara. Essas rochas são encontradas associadas nessa

unidade aos gnaisses paraderivados e quartzito. Seus principais afloramentos

são como blocos rolados e estão dispostos nos pontos PTA-I-36.

Page 55: Mapeamento geologico folha Irauçuba

55

Unidade C(NP(PP)ts)

Esta unidade ocupa cerca de 25% da subárea e esta localizado na

porção leste. É representada por diferentes litotipos associados e constitui-se

de um conjunto de rochas ortoderivadas, representados pelos anfibólio-biotitas

gnaisses, por rochas paraderivadas, como os granadas-biotitas ganisses e a

ocorrência de rochas calcissilicaticas . Seus principais afloramentos são do tipo

lajedos (figura 18 A) localizados a margem da CE-253 e nas porções nordeste

e sudeste da subárea. Esta unidade apresenta-se fortemente migmatizada,

ondes as porções anatéticas são bem mais perceptíveis. Estruturas como

schliere pode ser encontrada em seus afloramentos.

As rochas de composição máficas ocorrem como lentes nessa unidade.

A presença de veios pegmatoides, por vezes concordantes outras vezes

discordantes e diques de composição máfica também caracterizam esta grande

unidade. A natureza do contato com o a unidade A, foi inferida em meios aos

dados de campo coletados, onde se observa uma discordância em relação às

foliações, nesta unidade as foliações seguem um trend principal para NW/SE

com mergulho entre 20-35º para NE. Essa unidade agrupa um conjunto de

rochas, representadas pelo ortoderivadas representada pelo litotipo hornblenda

biotita ganisse granada biotita horblenda gnaisses, e ainda presença de veios

pegmatoides com composição predominantemente composta por quartzo e

feldspato.

Hornblenda biotita gnaisse

Este litotipo é bastante representativo na subárea, seus principais

afloramentos são do tipo lajedo e estão localizados na porção e sudeste e

noroeste da subárea, nos pontos PTA-I-88, PTA-I-76 e PTA-I-82. A rocha

apresenta uma estrutura bandada e feições de migamtização. Sua composição

é essencialmente composta por Plagiocásio, K-feldspato, Quartzo e minerais

máficos (Biotita e Hornblenda). Esse litotipo encontra-se fortemente

estruturadas, essas rochas apresentam-se foliadas (figura 18 B e C). Ocorrem

ainda, com freqüência, mobilizados de composição hololeucocrática definida

Page 56: Mapeamento geologico folha Irauçuba

56

por feldspatos, quartzo e granada, evidenciando provavelmente registros de

migmatização.

Trata-se de uma rocha metamórfica de composição granítica de

granulação grossa, leucocratica e holocristalina composta essencialmente por

plagioclásio, quartzo, ortoclásio, biotita e hornblenda. Os minerais acessórios

são compostos por apatita, zircão e minerais opacos.

Figura 18- A)- Afloramento tipo lajedo do hornblenda biotita gnaisse, localizado na

porção nordeste da subárea (PTA-I-88). B) e C)- Detalhe do bandamento gnáissico.

O plagioclásio apresenta uma proporção de 40%. É representado por

cristais anédricos a subédricos com hábito prismático, Altera para sericita e

argilominerais (Figura 19 A).

O quartzo ocupa uma proporção de aproximandamente 35% da rocha.

Apresenta-se anédrico com extinção ondulante, uma estrutura em recovery

apresentando sinais de recristalização, contatos suturados e zoneamento.

Page 57: Mapeamento geologico folha Irauçuba

57

O ortoclásio ocorre com um a proporção modal em torno de 10%

encontra-se anédrico a subédrico com hábito prismático, com tamanho

variando de 0,2 a 1 cm. Apresenta intercrescimento gráfico e altera para

argilominerais.

A biotita ocorre com proporção de aproximadamente 5 % apresenta-se

na cor marron, com pleocroísmo marrom a creme pálido. Ocorre de forma

lamelar, seus cristais são subedricos, com dimensões de 0.1cm a 0.4cm.

A hornblenda ocorre em proporções menores em torno de 5% apresenta

cor verde clara. Os cristais são primáticos, subédricos a anédricos, com

tamanho variando de 0,2 a 0.5cm. Apresenta pleocroísmo de verde claro a

amarelo pálido (figura 19 B).

Zircão e minerais opacos ocorrem como minerais acessórios ocorrem

em uma proporção em torno de 5%.

Figura 19- Fotomicrográfia do hornblenda-biotita gnaisse (PTA-I-88). A) textura

granoblástica com leve bandamento evidenciado pelo cristais de biotita levemente

orientados; B) destaque para os cristais de biotita e Hornblenda a luz natural; Bt-Biotita,

Pgl- Plagioclásio, Qtz-Quartzo, Anf- Anfibólio.

Granada biotita hornblenda gnaisse

Este conjunto litológico está concentrado exclusivamente na porção

extremo leste da subárea em afloramentos de blocos rolados e lajedos. As

melhores exposições situam-se ao longo da estrada estadual CE-253 na região

Page 58: Mapeamento geologico folha Irauçuba

58

de limite com a subárea II. Os pontos mais representativos são PTA-I-94 e

PTA-I-95.

Esses gnaisses apresentam granulação média, coloração cinza escuro

com variações de tonalidades mais claras e mais escuras. Sua composição

mineralógica é dada por plagioclásio, quartzo, anfibólio, biotita e granada.

Caracterizam-se por um bandamento composicional marcante, com alternância

de bandas félsicas (quartzo e feldspato) e bandas máficas (anfibólio, biotita e

granada). Nesse conjunto litológico é marcante a ocorrência de porfiroblastos

centimétricos de granada.

Fortemente estruturadas, essas rochas apresentam-se foliadas e com

lineações de estiramento mineral presentes nos planos da foliação. Ocorrem

ainda, com freqüência, mobilizados de composição hololeucocrática definida

por feldspatos, quartzo e granada, evidenciando provavelmente registros de

migmatização

Microscopicamente observa-se predominantemente textura

granoblástica com contatos bem definidos, não obstante apresenta também

texturas nematoblástica e lepidoblástica definidas, respectivamente, pela

orientação dos cristais de anfibólio e das lamelas de biotita (figura 20 A).

A rocha é constituída essencialmente por quartzo, plagioclásio,

hornblenda, biotita e granada. As fases acessórias são representadas por

tremolita-actinolita, apatita e minerais opacos, enquanto que as fases

secundárias compreendem sericita, epidoto e biotita.

O plagioclásio do tipo Andesina (An45) tem proporção modal de 35% da

rocha, forma cristais subédricos a anédricos com tamanho variando de

submilimétricos a 2 mm. Apresentam maclamentos dos tipos albita, albita-

periclina e albita-carlsbad com indícios de deformação em algumas maclas. Em

casos específicos, são encontrados cristais com maclamento secundário

oblíquo ao primário, dando aspecto de maclamento xadrez. Seus contatos com

os demais cristais variam de suturados a irregulares e por vezes poligonais.

Alguns cristais exibem intenso fraturamento, possibilitando o preenchimento de

Page 59: Mapeamento geologico folha Irauçuba

59

outras fases minerais nos interstícios, tais como epidoto e sericita. Altera

comumente para sericita e raramente para epidoto, seguindo a zona de

deformação evidenciada em lâmina, indicando processos tardios de

metamorfismo.

A hornblenda representa proporção modal de 30% da rocha, ocorre em

cristais prismáticos subédricos a euédricos com tamanho em torno de 1,2-1,6

mm, alguns deles com maclamento simples. Apresenta forte pleocroísmo,

variando de amarelo pálido a verde escuro e ângulo de extinção igual a 17°.

Alguns cristais exibem inclusões aleatórias de apatita e plagioclásio. Estão

dispostos seguindo orientação preferencial e associados às finas lamelas de

biotita com as quais mostra, normalmente, contatos retos. Pontualmente há

transformação desse mineral para um anfibólio formado em baixas

temperaturas, possivelmente pertencente à série tremolita-actinolita, que forma

um agregado de pequenos cristais prismáticos em contato irregular com a

biotita.

O quartzo representa proporção modal de 20% da rocha, ocorrendo sob

duas maneiras distintas. Qz1 apresenta-se de forma anédrica com tamanho em

torno de 0,4-1,2 mm. Geralmente é policristalino, onde seus contatos são

suturados, em geral irregulares. Qz2 está presente na forma de cristais

subédricos com contatos retos e suturados, forte extinção ondulante e estirado.

A biotita compreende cerca de 5% da rocha, forma cristais subédricos e

apresenta contatos laterais retos, terminações serrilhadas, e forte pleocroísmo,

variando de marrom avermelhado (Z=Y) a creme amarelado (X). Ocorre em

finas lamelas associadas aos níves ricos em hornblenda, acompanhando a

orientação preferencial destes.

Os cristais de granada ocorrem dispersos na rocha, perfazendo cerca de

5% da proporção modal da rocha. Apresentam-se bastante fraturados, com

coloração rosada e associados a cristais de hornblenda e com inclusões de

quartzo (figura 20 B).

Page 60: Mapeamento geologico folha Irauçuba

60

Os minerais opacos são encontrados sob formas anédricas e

subédricas, comumente associados aos níveis de anfibólio e biotita, variando

em tamanho entre 0,7 mm e 1 mm. A apatita geralmente está sob a forma de

cristais subédricos e aciculares e ocorre normalmente como inclusões em

cristais de plagioclásio. Estes minerais acessórios ocupam cerca de 5% da

proporção modal deste litotipo.

Figura 20- Fotomicrográfia do granada-biotita-hornblenda gnaisse. A) aspecto textural da

lâmina; B) a luz natural com detaque para os cristais de granada; Gnd- Granada. (PTA-II-

11-a)

Gnaisses calciossilicáticos

As rochas calcissilicáticas encontradas na subárea I estão localizadas na

porção central, formando grandes enclaves concordantes com a foliação são

caracterizadas por granulação variando de média á grossa, apresentando uma

coloração cinza esverdeada e bandas de composição quartzo-felspaticas de

coloração mais clara (figura 21 B). Essas rochas são encontradas e estão

associadas ao metasienogranito e aos ortoganaisses, seus principais

afloramentos são como blocos rolados e poucos afloramentos em lajedos

foram observados (figura 21 A) e estão dispostos nos pontos PTA-I-77-b, PTA-

I-83.

Page 61: Mapeamento geologico folha Irauçuba

61

Figura 21- A) Afloramento tipo lajedo das rochas claciossilicáticas, em geral essas

rochas eram encontradas como blocos. B)- Amostra do gnaisse calciossilicático,

observa-se alternância de bandas máficas e outras mais esverdeadas (PTA-I-83).

Microscopicamente a rocha apresenta textura nematoblástica,

poiquiloblástica e localmente granoblástica. (Figura 22 A), com

granulação média, sendo composta essencialmente por anfibólio

(hornblenda), piroxênio (diopsídio) e plagioclásio. Como minerais

secundários ocorrem carbonato e epidoto e como acessórios: titanita e

minerais opacos.

O plagioclásio (labradorita 37,5) é um dos minerais dominante na lamina,

apresenta uma proporção modal em torno de 35%, possui maclamento

polissintético e apresenta-se transformando para sericita e epidoto.

O diopsídio apresenta-se em menor proporção na lamina com proporção

modal de 30%, é verde claro e seus cristais apresenta um relevo alto. É

formado por cristais anédricos a subédricos de hábito prismático, chegando a

apresentar tamanho de 0.9cm.

A Hornblenda ocupa 20% da rocha. Os cristais são primáticos,

subédricos a anédricos, com tamanho variando de 0.2cm a 0.8cm. Apresenta

pleocroísmo de verde claro a amarelo pálido. Os contatos intercristalinos ora

são suturados, ora são retilíneos.

O quartzo possui uma proporção modal de 10%, apresenta extinção

ondulante, seus cristais são subedricos a anédricos e possuem feições de

recristalização, apresentam-se levemente orientados e apresentando contatos

do tipo côncavo-convexo entre eles.

Page 62: Mapeamento geologico folha Irauçuba

62

Em relação aos minerais acessórios apresenta uma proporção modal em

torno de 2% e seus principais são titanita e opaco.

A escapolita apresenta-se em menor com proporção modal em torno de

3%. É incolor possui relevo alto, seus cristais são subédricos (figura 22 B). O

carbonato encontra-se entre os cristais maiores de hornblenda e plagioclásio,

aparecendo também como alteração deste último.

Figura 22- Fotomicrográfia do Gnaisse Calciossílicatico (PTA-I-83). A) textura

nematoblástica definida pelos cristais de Hornblenda e diopsídio; B) destaque para os

cristais de escapolita; Spc- Escapolita.

Unidade D(NP)

Esta unidade apresenta-se de forma restrita na subárea I, trata-se da

única ocorrência granítica na subárea. Este corpo granítico ocorre na porção

leste da subárea, seu único afloramento esta as margens do rio Pajé ao longo

da CE-253, no ponto PTA-I-54, sua dimensão esta em torno de 50 a 100

metros, ou seja, mapeável na escala de trabalho. Essa rocha assim coma as

demais rochas de composição graniticas ocorrem associado às rochas

calcissilicaticas.

Metasienogranito

O metamicrosienogranito ocorre na porção leste da subárea, seu único

afloramento esta as margens do rio Pajé ao longo da CE-253, no ponto PTA-I-

Page 63: Mapeamento geologico folha Irauçuba

63

54, sua dimensão esta em torno de 50 a 100 metros, ou seja, mapeável na

escala de trabalho. Essa rocha assim coma as demais rochas de composição

graniticas ocorrem associado às rochas calcissilicaticas. Sua composição e

predominantemente composta por K-feldspato e quartzo, com pouca proporção

de minerais máficos, tratando-se de uma rocha de composição

predominantemente hololeucocrática, composta essencialmente por minerais

félsicos. Em relação aos aspectos estruturais em escala de afloramento o

metasienogranito apresenta uma forte foliação (figura 23 A) com sentido para

NE. Entretanto essa foliação não era tão evidente quando analisadas em

aspecto macroscópico (figura 23 B e C) e microscópico.

Figura 23- A) Afloramento tipo lajedo do metasienogranito localizado ao longo do Rio

pajé na porção oeste da subárea. B) Detalhe mostrando a composição dominantemente

composta por minerais felsicos e da foliação formada. C) Amostra do litotipo (PTA-I-54).

Microscopicamente trata-se de uma rocha faneritica, hololeucocrática,

inequigranular de granulação média a grossa, com textura granular

hipidiomórfica (figura 24 A). É constituída por microclina, quartzo, ortoclásio,

Page 64: Mapeamento geologico folha Irauçuba

64

plagioclásio. A biotita , muscovita Titanita, zircão e minerais opacos ocorrem

como acessórios.

Os feldspatos potássicos (ortoclásio e microclina) perfazem

aproximadamente 60% da rocha.

O ortoclásio possui uma proporção modal em torno de 40%encontra-se

anédrico a subédrico com hábito prismático, com tamanho variando de 0,2 a

0.8 cm. Apresenta intercrescimento gráfico e a formação de uma textura

micropertitica e encontra-se alterando para argilominerais e sericita.

A microclína perfaz em torno de 20% da rocha, formado por cristais

anédricos a subédricos com hábito prismático. Seus cristais possuem

dimensões de aproximadamente entre 0.2 cm a 0.8 cm. Apresenta maclamento

xadrez e encontra-se alterando para argilominerais.

O quartzo ocupa uma proporção de aproximandamente 25% da

rocha.possui dimensões em torno de 0.3 mm. Apresenta-se anédrico com

extinção ondulante, apresentando sinais de recristalização e a formação se

subgrãos. Apesenta contatos suturados.

O plagioclásio apresenta uma proporção de em torno de 10%. É

representado por cristais anédricos a subédricos com hábito prismático e

apresentando maclamento polissitético. Altera para sericita e argilominerais.

A biotita ocorre em pequenas proporções em torno de 3% e apresenta

alteração para clorita. Ocorrem como acessórios em uma proporção de 2%

ainda minerais opacos, zircão, muscovita e titanita.

Page 65: Mapeamento geologico folha Irauçuba

65

Figura 24- Fotomicrográfia do metasienogranito. A) textura Hipidiomórfica característica

formado pelos cristais de plagioclásio, quartzo; B) aspecto a luz natural mostrando a

composição predominantemente félsica desse litotipo; Plg- Plagioclásio, Qtz- Quartzo,

Mc- Muscovita.

Rochas não mapeáveis

Metadiabásio

Este litotipo ocorre de forma restrita na subárea, aflora na porção

sudeste da subárea, no ponto PTA-I-63. Trata-se de uma rocha de granulação

média com uma coloração escura com tonalidades esverdeada (figura 25) e

ocorre próximo aos ortognaisses.

Figura 25- Amostra do dique de metadiabásio que ocorre na porção sudeste da subarea.

Microscopicamente trata-se de uma rocha de granulação média, com

textura intergranular (figura 26 A), é composta essencialmente por plagioclásio,

Page 66: Mapeamento geologico folha Irauçuba

66

diopsidio e em menor proporção quartzo. Em relação aos minerais acessórios

apresenta minerais opacos.

O plagioclásio e o mineral mais abundante nessa rocha, apresenta uma

proporção modal em torno de 60%. Apresenta alteração para argilo minerais,

sericita e epidoto.

O diopsidio é segundo mineral mais abundante na rocha. Possui uma

cor verde clara, relevo moderado, apresenta um pleocroísmo variando de verde

claro a um amarelo pálido. Sua proporção modal esta em torno de 35%.

Figura 26- Fotomicrográfia do metadiabásio (PTA-I-63).A) textura intergranular. B) a luz

natural com destaque para os cristais de minerais opacos em forma acicular .

Unidade E (Qc)

Esta unidade perfaz 5% da subárea, sendo composta por sedimentos

quaternários representados pelos depósitos coluvionares recentes, nas

porções oeste e centro oeste da subárea (figura 27 A, B, e C). É constituída de

cascalhos, seixos e blocos de fragmentos de rochas como quartzitos,

calcissilicáticas, gnaisses, e também fragmentos de veios pegmatóides. Essa

unidade é mais comumente encontrada ao longo das drenagens.

Page 67: Mapeamento geologico folha Irauçuba

67

Figura 27- Depósitos coluvianares recentes. A) em superfície aplainada; B) ao longo dos

leitos de drenagem; C) ao longo do rio Pajé.

8- CORRELAÇÕES LITOESTRATIGRÁFICAS

As unidades litoestratigraficas nomeadas informalmente de A, B, C, D e E

mapeadas na subárea I, podem ser correlacionáveis ao Complexo Ceará,

Complexo Tamboril Santa Quitéria, Granitos diversos e depósitos quaternários,

respectivamente ( tabela 1).

Page 68: Mapeamento geologico folha Irauçuba

68

Tabela 1- Coluna litoestratigráfica estabelecida para as unidades da subárea I

9- GEOLOGIA ESTRUTURAL

O arcabouço estrutural da subárea I apresenta feições tectônicas de

regimes dúcteis e rúpteis. Em regime dúctil são comumente observadas

foliações, de bandamento gnáissico, milonítica e do tipo S-C; lineação de

estiramento mineral; bandas de cisalhamento e dobras. E em regime rúptil as

estruturas observadas foram apenas fraturas e veios.

Apenas estruturas secundárias ocorrem nesta subárea, caracterizadas

por processos metamórficos. Enquanto que as estruturas primárias não

ocorrem, haja vista que essas estruturas são caracterizadas por acamamentos

Page 69: Mapeamento geologico folha Irauçuba

69

com estratificações plano-paralela, cruzada tabular e acanalada, e marcas

onduladas.

9.1- REGIMES DÚCTEIS

Foliações

Foliação é um termo usado para descrever diferentes tipos de estruturas

planares penetrativas presentes nas rochas (PASSCHIER & TROUW, 1996).

Este autor define a foliação por variação espacial na granulometria dos

minerais constituintes da rocha, pela orientação preferencial de minerais

alongados, placosos ou agregados minerais, por descontinuidades planares

como microfraturas ou, ainda, pela combinação desses elementos. A foliação

pode ser classificada morfologicamente (tabela 2) de acordo com a

característica de seus domínios (espaçado ou contínuo), pelo modo como os

minerais planares se arranjam mutuamente e por sua composição (TWISS &

MOORES, 1992).

De acordo com Park (1989), foliação é uma série de novas superfícies

planares produzidas em uma rocha, como resultado da deformação.

Tabela 2- Classificação morfológica de foliações em rochas deformadas (modificada de Twiss e

Moores, 1992). Em destaque (retângulo vermelho) os tipos de foliações observadas na subárea I.

Page 70: Mapeamento geologico folha Irauçuba

70

Na subárea a foliação ocorre em todos litotipos do Complexo Ceará,

localizado na porção oeste. Esta estrutura planar ocorre principalmente nos

gnaisses. As foliações foram classificadas de acordo com a classificação

morfológica de foliações de Twiss & Moores (1992). Sendo assim, as foliações

observadas foram do tipo espaçada composicional (bandamento gnáissico)

As foliações foram classificadas de acordo com a classificação

morfológica de foliações de Twiss & Moores (1992). Sendo assim, as foliações

observadas foram do tipo espaçada composicional (bandamento gnáissico)

(figura 28 A) e disjuntivas (foliação milonítica grossa) (figura 28 B).

Figura 28- A) Foliação no Granada-Biotita Gnaisse do tipo espaçada composicional de

bandamento gnáissico (PTA-I-01) com atitude 46°/104° Az, mergulhando para o

quadrante SE; B) Foliação do tipo disjuntiva milonítica grossa (PTA-I-03).

Na subárea a foliação ocorre em todos litotipos do Complexo Ceará,

localizado na porção oeste. Esta estrutura planar ocorre principalmente nos

gnaisses, ocorrendo, também em quartzitos. A foliação do tipo bandamento

gnáissico é dominante na porção centro-oeste da subárea I, esta ocorre

concordante com os quartzitos. Sendo caracterizadas pela alternância de

bandas milimétrica a centimétrica composicionais félsicas e máficas. A banda

félsica é composta, principalmente, por quartzo e feldspatos, enquanto que, a

banda máfica é composta, principalmente, por biotita e anfibólio. Formados por

segregação metamórfica. A foliação orienta-se preferencialmente na direção

NNE-SSW com valor de mergulho de aproximadamente 30° e sentido do

Page 71: Mapeamento geologico folha Irauçuba

71

mergulho para o quadrante SE (figura 29), indicando um comportamento de um

“máximo” no quadrante NW. O diagrama de pólos indica uma possível dobra

cilíndrica, pois os pólos se distribuem formando arco, assim, formando

guirlanda com eixo de dobra de atitude em torno de 35°/110° Az.

Figura 29- A) Diagrama de pólos da foliação do bandamento gnáissico do Complexo

Ceará, na porção oeste da subárea B) plano da foliação C) guirlanda gerada pelo

espalhamento dos pólos da foliação indicando possível dobra cilíndrica.

Segundo Trouw et al. (2010), milonito é uma rocha de qualquer

composição, usualmente associado com zonas de cisalhamento, com uma

estrutura específica indicativa de deformação dúctil mais intensa do que as

rochas adjacentes. Essa estrutura pode ser mais especificada pela presença

de uma forte estrutura SL, a presença de uma relativa matriz com granulação

fina com porfiroclasto (ausente em ultramilonitos) e a frequente ocorrência,

especialmente em milonitos de baixo grau, de estruturas assimétricas como

bandas de cisalhamento S/C ou C’, mineral fish, foliação oblíqua, etc. A rocha

milonítica com foliação do tipo disjuntiva milonítica grossa foi classificada de

acordo com o modelo de Wise et al (1984) (figura 30). Sendo assim, o

Muscovita biotita gnaisse milonitizado é classificado como protomilonito. De

acordo com Wise et al. (1984), o protomilonito é caracterizado por apresentar

foliação incipiente e megacristais que compreendem mais de 50% da rocha. A

indicação do movimento rotacional do mineral amendoado do feldspato foi

baseada na observação down the view, no qual utiliza como referência o

movimento do eixo de rotação, sendo assim, indicando um movimento

cinemático sinistral (figura 31).

Page 72: Mapeamento geologico folha Irauçuba

72

Figura 30- Modelo de Wise et al. (1984) relacionando a taxa de deformação das rochas

com as taxas de recuperação dos elementos. Em detalhe (retângulo vermelho), o tipo de

milonito descrito na subárea I.

Figura 31- Foliação milonítica em Muscovita-biotita gnaisse milonitizado, destacando a

cinemática do feldspato amendoado com movimentação sinistral (PTA-I-03).

Segundo Allmendinger (1999), foliações S-C correspondem a

duas estruturas planares conjugadas, formadas quase sempre

simultaneamente, que ocorre no interior de zonas de cisalhamento dúcteis. A

foliação S pode ser preexistente (p. ex., uma xistosidade ou gnaissosidade) ou

formada no estagio ainterior no processo de deformação, enquanto que, a

Page 73: Mapeamento geologico folha Irauçuba

73

foliação C é do tipo milonítico e corresponde a um plano de movimentação ou

de cisalhamento (HASUI & COSTA, 1991).

Na subárea, a foliação do tipo S-C ocorre nos gnaisses localizados na

porção centro-oeste, no Complexo Ceará. Ocorre o truncamento da foliação

preexistente (foliação S) por outra foliação secundária (foliação C) (figura 32),

possivelmente gerada por fluxo plástico oriundo do cisalhamento não-coaxial.

Figura 32- Foliação do tipo S-C ocorrendo em Biotita-muscovita gnaisse, no Complexo

Ceará. (A) Vista geral do afloramento de ocorrência desse tipo de foliação (PTA-I-55), (B)

Imagem de detalhe do ponto de ocorrência das foliações S-C e (C) Desenho esquemático

exaltando as foliações S-C presente na subárea I.

Lineações

Lineações correspondem a estruturas lineares que ocorrem

penetrativamente nas rochas, sob escala mesoscópica. Hasui & Costa (1991)

definiram as lineações em dois tipos: a de estiramento mineral e a mineral. A

lineação de estiramento é caracterizada pela elongação de minerais e

agregados minerais em virtude da deformação cisalhante, sendo representada

por grãos de quartzo, feldspato e boudins. A lineação mineral pode ser

caracterizada pela elongação de minerais formados por recristalização

metamórfica. Sendo assim, a estrutura encontrada na subárea é do tipo

lineação de estiramento.

A classificação das estruturas lineares presente na subárea também foi

definida de acordo com o modelo de classificação morfológico sugerida por

Twiss & Moores (1992) (tabela 3).

Page 74: Mapeamento geologico folha Irauçuba

74

Tabela 3- Tabela de classificação morfológica para as lineações (modificado de Twiss e

Moores, 1992). Destaque para indicação (retângulo vermelho) do tipo de foliação

ocorrente na subárea.

A lineação de estiramento mineral foi observada, em escala

mesoscópica, em gnaisses do Complexo Ceará, na porção centro-oeste e, na

porção leste, no Complexo Tamboril-Santa Quitéria. Estas estruturas estão

contidas nos planos de foliação do tipo bandamento gnáissico (figura 33).

Ambos os litotipos apresentam grãos de quartzo e feldspatos alongados e

orientados. As lineações de estiramento mineral em gnaisses do Complexo

Ceará concentram-se preferencialmente SE, com mergulho em torno de

30°(figura 34 A).

As lineações são importantes para caracterizar direções de fluxo ou de

movimentação no corpo rochoso na subárea, pois se desenvolvem nos planos

que limitam as massas rochosas em movimento, apresentando inclinações

variando de acordo com as atitudes das foliações desenvolvidas. A relação

lineação e foliação podem indicar movimentos frontais, obliquos e laterais,

conforme o ângulo formado entre a foliação e a lineação (rake). Nos gnaisses e

quartzitos do Complexo Ceará foi medido rake de alto valor, em torno de 88º

Page 75: Mapeamento geologico folha Irauçuba

75

(figura 34 B), portanto, caracterizando movimentos frontais. Enquanto que os

gnaisses do Complexo Tamboril Santa-Quitéria apresentam rake altos de

aproximadamente 75° (figura 35 C), portanto, indicando um movimento frontal.

Figura 33- Lineação de estiramento contidas nos gnaisses da subárea. A seta vermelha

indica a lineação que apresenta atitude de 28/105° (PTA-I-85).

Figura 34- -A) Diagrama de pólos de lineação exibindo uma concentração a SE, B)

Diagrama mostrando a relação foliação e lineação na porção oeste da subárea. O valor

do rake (α) medido entre o plano médio (vermelho) da foliação (35°/110°Az) e a lineação

(azul) foi de aproximadamente 88°. A seta indica a posição média da lineação implicando

em cavalgamento frontal (cisalhamento puro coaxial), com transporte de ESE-WNW e (C)

elipsóide representa esquematicamente a deformação, o posicionamento dos eixos de

estiramento (X) e encurtamento (Z) envolvidos no processo de deformação dos gnaisses

e quartzitos do Complexo Ceará.

Page 76: Mapeamento geologico folha Irauçuba

76

Figura 35- A) Diagrama de pólos de lineação observados em gnaisses do Complexo

Tamboril-Santa Quitéria indicando, assim, concentração a NE, B) O valor do rake (α)

medido entre o plano médio (vermelho) da foliação (33°/88°Az) e a lineação (contorno de

pólos em azul) foi de aproximadamente 75°. A seta indica a posição média da lineação

implicando em cavalgamento frontal (cisalhamento puro coaxial), com transporte de

ENE-WSW. C) O elipsóide representa esquematicamente a deformação, o

posicionamento dos eixos de estiramento (X/δ3) e encurtamento (Z/δ1) envolvidos no

processo de deformação dos gnaisses.

Bandas de Cisalhamento

Para Hasui & Costa (1991), o termo cisalhamento refere-se à tensão

(componente de cisalhamento), à deformação (cisalhamento coaxial e não-

coaxial) e ao deslocamento de blocos (cisalhamento). Em relação a bandas de

cisalhamento, o mesmo autor, as classifica de acordo com a escala. Pode ser

observada microscópicamente, em amostra de mão e pequenos afloramentos.

Provocam deslocamentos na estruturação das rochas e dão indicações da

movimentação na área. Este tipo de estrutura ocorre em Biotita gnaisse

migmatizado localizados na porção leste da subárea. De acordo com a

classificação das Zonas de Cisalhamento de Ramsay (1980), pode-se

classificar a bandas de cisalhamento ocorrentes na subárea de zonas de

cisalhamento rúptil-dúctil (figura 36). Pois as bandas apresentam deformações

dúcteis, porém, apresentam descontinuidades, com movimentação dextral do

corpo rochoso.

Page 77: Mapeamento geologico folha Irauçuba

77

Figura 36- Bandas de cisalhamento com descontinuidade indicando movimento dextral

do corpo rochoso (PTA-I-88).

Dobras

Representam flexuras de qualquer elemento geológico planar ou tabular,

como por exemplo; acamamento, foliação, bandamento composicional ou

metamórfico, camada, dique etc. Geradas por cisalhamento puro, cisalhamento

simples ou ambas simultaneamente no caso de deformação

transpressiva/transtensiva. Segundo Fleuty (1964), as dobras podem ser

classificadas, de acordo com a abertura, em suave (gentle), abertas (open),

fechadas (close), apertadas (tight), isoclinais (isoclinal), e flabeliformes

(elásticas). A abertura da dobra pode ser classificada por meio da projeção

estereográfica, como foi proposto por Leyshon e Lisle (1996) (figura 37).

Page 78: Mapeamento geologico folha Irauçuba

78

Figura 37- Diagrama utilizado para classificação do estilo de dobra da subárea por meio

de projeção estereográfica (modificado de Layshon & Lisle, 1996).

Na subárea foram identificadas dobras assimétricas cilíndricas,

parasíticas em “Z” (figura 38 A) e dobras intrafoliais (figura 38 B). No entanto,

as duas últimas foram classificadas por meio do espalhamento de pólos das

atitudes da foliação de bandamento gnáissico plotados no estereograma, como

discutido no tópico de foliações

Na escala de mapa é possível observar nas subáreas I e IV (figura 39 A)

uma dobra de arrasto resultando no encurvamento das camadas influenciado

por uma zona de cisalhamento transcorrente sinistral (figura 39 B).

Page 79: Mapeamento geologico folha Irauçuba

79

Figura 38- Ilustrações dos tipos de dobras ocorrentes na subárea I. (A) dobra parasítica

em “Z”, (B) dobra intrafoliais em bandamento gnáissico, no Complexo Ceará,

Figura 39- -(A) Mapa de fusão Geocover e DEM com a localização das subáreas I e IV, (B)

representação esquemática do encurvamento das camadas por ação da zona de

cisalhamento transcorrente sinistral e (C) Elipsóide de deformação.

9.2- REGIMES RÚPTEIS

Fraturas

As fraturas podem ser classificadas como descontinuidades planares

originadas por deformação coaxial rúptil. Ocorrem por toda a subárea I

Page 80: Mapeamento geologico folha Irauçuba

80

apresentando um padrão de espaçamento entre si. Muitas fraturas se

entrecruzam em um padrão de par cisalhante (figura 40). Na porção oeste da

subárea ocorre um intenso fraturamento na direção NW-SE (figura 40 A) e na

porção leste (figura 40 B), com direção de fraturamento NEE-SWW.

Figura 40- Fraturas descritas na subárea I. A esquerda, fraturas entrecruzando-se e

originando pares cisalhante em Biotita gnaisse de direções em torno 215 Az e 290 Az. A

direita, no mesmo caso da imagem a esquerda, fraturas formandos pares cisalhante e e

apresentando direções variando de 310 Az e 265 Az.

Figura 41- Rosacéas de família de fraturas. (A) rosácea indicando a direção preferencial

NW-SE das fraturas na porção oeste da subárea e; (B) rosácea indicando a direção

preferencial NEE-SWW das famílias de fraturas da porção leste.

Page 81: Mapeamento geologico folha Irauçuba

81

Veios

Os veios são muito comuns dentro da subárea I, possuindo dimensões

variando de centimétricas a métricas, de composição, por vezes, quartzosa

e/ou quartzo feldspática (figura 42 A e B). Ocorre associados às

descontinuidades, tanto de forma concordante, como discordante a foliação, às

vezes entrecruzando-se, o que configura mais de uma geração para a gênese

dos mesmos. Os veios caracterizam um evento posterior a formação dos

corpos, pois corta as estruturas neles presentes. Apresentam direções

preferenciais NE-SW, NNE-SSW e NW-SE. Os veios concordantes podem ter

sido posicionados como mobilizados sin-deformação/metamorfismo. São

fusões parciais que se colocam nas posições trativas dos elipsóides, estando

ligados os eixos de maior estiramento (figura 42 C). Nesses casos em geral

tem foliação concordantes com as rochas onde estão encaixados.

A colocação destes veios em direções preferenciais pode facilitar o

fraturamento nas direções de descontinuidade litológica, devido estes

apresentarem diferentes características mecânicas em relação à rocha

encaixante.

Page 82: Mapeamento geologico folha Irauçuba

82

Figura 42- Veios localizados na subárea I. A) Veios de quartzos cortando obandamento

gnáissico (PTA-I-01). B) Veios de quartzo feldspáticos cortando migmatitos (PTA-I-58) e

C) veios de quartzo cortando migmatitos.

9.3- DOMÍNIOS ESTRUTURAIS

Os Domínios Estruturais tem como objetivo analisar separadamente o

comportamento das estruturas e a natureza dos eventos deformacionais

atuantes nesta subárea. A partir de critérios litológicos e estruturais, como

foliações e lineações, a subárea foi dividida em três domínios litoestruturais.

Um mapa de domínios estruturais foi confeccionado para a subárea I a partir

dos dados coletados no campo (figura 43).

Page 83: Mapeamento geologico folha Irauçuba

83

DOMÍNIO I (D1)

O D1 compreende cerca de 80% da subárea I, e é caracterizado por

estruturas planares e lineares encontradas em rochas metamórficas

paraderivadas do Complexo Ceará.

As foliações deste domínio estrutural são representadas por estruturas

de bandamentos gnáissicos, no qual o acamamento está paralelo a direção da

foliação. As direções preferenciais dessas foliações concentram-se em um

trend NE-SW, intensidade de mergulho entre 25° e 35° e com sentido de

mergulho (ou caimento) para o quadrante SE. Elementos texturais e estruturais

obtidos por meio da foto interpretação apresentam, também, um trend NE-SW

na porção oeste da subárea.

A partir das atitudes das feições planares retiradas no campo foram

plotadas em um estereograma com o objetivo de obter-se informações de

dobras e trend direcional. Com isso, este domínio estrutural apresenta um

trend NE-SW.

A lineação mineral está representada pela orientação mineralógica de

quartzo e feldspato. Os dados das atitudes de feições lineares foram projetados

em um estereograma, apresentando orientação preferencial NW-SE,

intensidade de mergulho 25° e 35° e com concentração SE. A relação entre

foliação e lineação, mostra uma tendência de alto valor em termos de rake, de

aproximadamente 88°.

DOMÍNIO II (D2)

O D2 compreende cerca de 20% da subárea I, e é caracterizado por

estruturas planares e lineares encontradas em rochas metamórficas

ortognaisses e paragnaisses associados às feições de migmatização.

As foliações deste domínio estrutural são representadas por estruturas

de bandamentos gnáissicos. As direções preferenciais dessas foliações

concentram-se em um trend NW-SE, as quais possuem intensidade de

mergulho entre 30 e 40° e com sentido de mergulho (ou caimento) para o

quadrante NE. A lineação mineral está representada pela orientação

Page 84: Mapeamento geologico folha Irauçuba

84

mineralógica de quartzo e feldspato. Os dados das atitudes de feições lineares

foram projetados em um estereograma, apresentando orientação preferencial

WNW-ESE, por vezes W-E, intensidade de mergulho 25° e 35° e com

concentração ESE. A relação entre foliação e lineação, mostra uma tendência

de alto valor em termos de rake, de aproximadamente 75°. Elementos texturais

e estruturais obtidos por meio da foto interpretação apresentam um trend NW-

SE na porção leste da subárea.

Page 85: Mapeamento geologico folha Irauçuba

85

Figura 43- Mapa de domínios estruturais da subárea I.

Page 86: Mapeamento geologico folha Irauçuba

86

DISCUSSÕES

Um quadro tectono-estrutural da subárea I pode ser confeccionado por

meio da análise do comportamento das feições planares e lineares, assim,

relacionado com os indicadores cinemáticos em mesoescala. Indicando um

desenvolvimento, durante o regime deformacional, de estruturas dúcteis como

foliações (bandamento gnáissico e milonítica), lineação de estiramento mineral,

dobras e bandas de cisalhamentos. As estruturas rúpteis estão representadas

principalmente por fraturas e veios. Podendo, dentro de hipóteses, indicarem

dois eventos tectônicos de escala continental atuantes nesta subárea.

O primeiro evento de deformação foi responsável pela formação do

bandamento gnáissico, originado, possivelmente, por regime de cisalhamento

dúctil coaxial, tendo atuação do componente de cisalhamento puro. O

bandamento gnáissico foi formado em elevadas condições de pressão e

temperatura, apresentando feição planar dúctil indicando direção NE-SW, com

intensidade de mergulho em torno de 35°.

Possivelmente o cisalhamento puro foi responsável pela formação da

estrutura linear, no qual forma ângulo com o plano de foliação (rake) de

aproximadamente 88°, concluindo, assim, um transporte frontal dos corpos

rochosos nesta fase. A direção do transporte tectônico inferido a partir da

orientação da lineação de estiramento foi, aproximadamente, ESE-WNW, no

qual a movimentação das massas se deu de ESE para WNW. Sendo assim, a

direção NE-SW, que correspondem as foliações da subárea representa

geometricamente o plano XY do elipsóide de deformação e a direção SE

representa a orientação do eixo X do elipsóide de deformação, ou seja, o eixo

de estiramento (figura 44).

Page 87: Mapeamento geologico folha Irauçuba

87

Figura 44- Bloco diagrama para observação dos indicadores cinemáticos da subárea. A

direção NE-SW corresponde as foliações, no qual representa geometricamente o plano

XY do elipsóide de deformação e a direção SE representa a orientação do eixo X do

elipsóide de deformação, ou seja, o eixo de estiramento. Sendo assim, a direção do

transporte tectônico inferido a partir da orientação da lineação de estiramento foi,

aproximadamente, ESE-WNW, no qual a movimentação das massas se deu de ESE para

WNW.

Caracterizando a segunda fase deformacional, tem-se a formação de

bandas de cisalhamento e foliações do tipo S-C com cinemática dextral e

dobras parasíticas em “Z”.

Os processos de migmatização das rochas pretéritas decorrentes na

subárea podem ser relacionados ao evento posterior.

Por fim, a formação de estruturas rúpteis, como fraturas e veios, marcam

a última fase deformacional decorrente na suabárea. Podendo correlacionar

essas estruturas (fraturas e veios) de caráter ruptil de nível crustal raso,

podendo, ainda, representar reativação de estruturas pré-existentes.

9.4- MICROESTRUTURAS

Aspectos deformacionais são perceptíveis também em escala

microscópica. Deste modo a análise de microestruturas constitui importante

informação para o entendimento da evolução crustal da subárea.

Page 88: Mapeamento geologico folha Irauçuba

88

As principais microestruturas observadas nas rochas da subárea I foram:

contatos irregulares (interlobados e suturados), pontos tríplice, grãos

deformados, extinção ondulante, formação de subgrãos, estiramento mineral e

microfraturamento.(figura 45 e 46).

A recristalização é um dos principais mecanismos atuantes durante a

deformação para a formação de microestruturas.

Com relação à geometria dos cristais, notaram-se contatos fortemente

irregulares (interlobados e serrilhados) entre os cristais de carbonato e quartzo,

além de contatos retos e pontos tríplices que se encontram em ângulos de

aproximadamente 120º, entre cristais de quartzo, anfibólios e outros minerais

caracterizando o arranjo poligonal, esse arranjo reflete um estado de equilíbrio

termodinâmico que o agregado alcançou.

Durante o processo de migração de discordâncias formam-se

sucessivas gerações de microestruturas como extinção ondulante e a formação

de subgrãos, identificadas sob luz polarizada. Estes fenômenos estão

relacionados à recuperação do retículo cristalino permitindo a continuação da

deformação do cristal.

Microestuturas pré-tectonicas, formadas após a formação do mineral e

durante deformação, foram também observadas; grãos deformados e

estiramento mineral denotam transformações de cartácter mais dúctil, estas

feições foram comumente observados em cristais de micas, carbonatos e

anfibólios. As transformações em caráter rúptil são expostas na forma de grãos

fraturados, que podem ser desenvolvidos ao longo de planos de fraqueza,

como as clivagens.

Page 89: Mapeamento geologico folha Irauçuba

89

Figura 45- A) Contato suturados entre cristais de carbonatos, cristais não chegaram ao estágio de equilíbrio ; B) e C) Contatos retos e pontos

tríplices, textura granoblástica poligonal, cristais aproximaram-se de um equilíbrio termodinâmico; D) e E) Subgrãos de quartzo, relacionados a

recuperação da estrutura cristalina do mineral; F) Extinção ondulante, resultado da deformação na rede cristalina do mineral.

Page 90: Mapeamento geologico folha Irauçuba

90

Figura 46- A) e B) Grãos deformados de carbonatos e micas, microestruturas de aspecto mais

dúctil relacionados a deformação; C) e D) Estiramento e fraturamento de cristais de anfibólio e

biotita, microestruturas de caráter rúptil, formadas após a formação do mineral.

10- MAGMATISMO

Os eventos magmáticos que afetaram a Província Borborema datam do

final do Arqueano até o início do Fanerozóico. O fim do Arqueano e início do

Proterozóico são caracterizados pela formação de suítes TTG por processos

de subducção e fusão crustal, com a acresção de vários arcos de ilhas e

protocontinentes. No Mesoproterozóico e Neoproterozóico, com os eventos

orogenéticos Cariris Velhos e Brasiliano, o magmatismo é predominantemente

granítico(BRITO NEVES et al., 2000).

Todo o Domínio Ceará Central encontra-se intensamente afetado pelo

evento tectono-termal neoproterozóico conhecido como orogênese Brasiliana,

que integrou o sistema de orógenos formadores da Província Borborema

(CAMPOS NETO et al. 2004). Dessa forma a partir dos estudos realizados,

Page 91: Mapeamento geologico folha Irauçuba

91

podem-se identificar na subárea diferentes eventos magmáticos relacionados a

momentos distintos da evolução geológica do Domínio Ceará Central. Na

subárea I pode-se identificar diferentes pulsos magmáticos representados

pelos magmatismo magnesiano, magmatismo cálcio-alcalino, e magmatismo

basáltico toleítico continental.

As ocorrências magmáticas existentes na subárea I são, de modo geral,

atribuídas a diferentes momentos na evolução geológica do Domínio Ceará

Central da Província Borborema. Nesse contexto regional, o magmatismo está

relacionado principalmente a processos tectono-termais, provavelmente

decorrentes do evento de subducção que provocou o surgimento do arco

magmático, representado pelo Complexo Tamboril-Santa Quitéria, segundo

Fetter et al. (2003). Porém anterior a esse grande evento magmático é

observado na subárea I um magmatismo relacionado aos protolitos dos

gnaisses ortoderivados do Complexo Ceará caracterizando ocorrência de um

magmatismo granítico durante o Paleoproterozóico, ligado ao evento

Transamazônico, gerando magmas de composição cálcio-alcalina.

Durante o paleoproteorozóico ocorre um intenso magmatismo

relacionado à orogênese riaciana (evento Transamazônico), esse grande

evento de caráter regional corresponde à origem granitoides gerados a partir

de fusão parcial de material máfico e ultramáfico derivado do manto. Essas

rochas foram posteriormente retrabalhadas, gerando os ortognaisses e

migmatitos do Complexo Ceará (FETTER et al., 2000).

Segundo Fetter (1999), os ortognaisses granítico-granodioríticos do

complexo Ceará foram formados e metamorfizados no Paleoproterozóico

(idade U-Pb entre 2,15 e 2,10 Ga). De acordo com Hackspacher et al. (1988),

estes ortognaisses são definidos como núcleos arqueanos retrabalhados

durante a aglutinação ou choque destes núcleos no Paleoproterozóico. Ainda

relacionado ao magmatismo paleoproterozoico, tem-se as lentes de anfibolitos

que ocorrem como enclaves nos gnaisses, as quais podem ter se formado a

partir de protólitos ígneos máficos, derivados do grande volume de diques

máficos intrudidos entre 2,4 e 2,0 Ga na formação do continente.

Page 92: Mapeamento geologico folha Irauçuba

92

Outros produtos magmáticos que podem estar relacionados ao

Paleoproterozóico são feições neossomáticas, que ocorrem como mobilizados

de composição quartzo-feldspáticos resultantes da migmatização (fusão

parcial) dos gnaisses do Complexo Ceará.

O plutonismo neoproterozóico representa um dos mais importantes

eventos magmáticos do Domínio Ceará Central e corresponde ao

desenvolvimento do Arco Magmático Continental de Santa-Quitéria, durante a

chamada orogênese Brasiliana.

O Complexo Tamboril-Santa Quitéria é constituído por um conjunto

anátético/ígneo formado por diatexitos e metatexitos provenientes da fusão

parcial de rochas em grande parte supracrustais, preservando enclaves de

rochas calciossilicáticas e anfibolitos (ARTHAUD et al., 2007)

Acerca dos protólitos do conjunto litológico migmatizado formado por

hornblenda-biotita gnaisse, granada-biotita-hornblenda gnaisse foi possível

fazer interpretação com o auxílio dos dados petrográficos em conjunto com

literatura, classificando como sendo pertencente a uma suíte composta por

rochas graníticas tipo I (diorítica a granodiorítica), formadas por um magma

magnesiano com alto Ca e baixo K, típico de ambiente precolisional.

Essas rochas graníticas, posteriormente passaram por fortes processos

deformacionais, metamórficos e anatéticos, originando os ortognaisses e os

migmatitos, estromático, dobrado, Flebítico, Schlieren, Nebulítico e Schollen,

dentre essas estruturas migmatíticas as estruturas em Schlieren, Nebulítico e

estromático são mais frequentemente encontradas ao longo da subárea. Assim

sendo, esse magmatismo magnesiano é do tipo précolisional e representa a

parte mais primitiva do arco magmático.

Em relação aos plutons graníticos tem-se a colocação de

metasienogranito, que de acordo com os dados de campo são corpos

alongados, concordantes com a foliação dos ortognaisses, com preservação de

estruturas reliquiares do protólito, possuem pouca deformação e foram

formados através da fusão parcial da crosta pelo desenvolvimento do Arco de

Magmático de Santa Quitéria. Petrograficamente são caracterizados por

Page 93: Mapeamento geologico folha Irauçuba

93

granulação média, textura ígnea granular hipidiomórfica preservada, além de

feições de deformação como: forte extinção ondulante do quartzo e leve

orientação de minerais máficos.

O magamatismo relacionado a esse pluton granítico na subárea I é de

natureza cálcio-alcalina, é típico de terrenos metamórficos regionais que se

desenvolveram em grau suficientemente elevado para iniciar fusões parciais,

ou seja, ocorrem em zonas de subducção relacionados a arcos magmáticos.

Fetter et.al (2003), relaciona os granitos do Complexo Tamboril-Santa Quitéria

com o início do magmatismo associado ao funcionamento de um arco

magmático continental, marcando assim o início da colisão.

Nesse contexto, de acordo com a classificação de granitoides proposto

por Fetter et al. (2003) para as diversas fases de formação do arco magmático

de Santa Quitéria o metasienogranítico disposto na subárea I pode ser

correlacionado ao segundo grupo de granitoides, ou segundo estágio, que

consiste em metagranitos cor de rosa cinzentos evoluídos, com estruturas

nebulíticas, representam um grau mais elevado de remoção precolisional

diorítica, e contêm localmente enclaves grandes de gnaisses e de anfibolitos

dioríticos, estas rochas são ricas em quartzo e são granodioritícas a graníticas

na composição. Relacionam-se, segundo o autor, ao magmatismo inicial do

arco, no que se referem à composição, estruturas e evolução, sendo, portanto

de natureza sinorogênica.

Na subárea também são encontrados mobilizados de material quartzo-

feldspático, que provavelmente foram formados a grandes profundidades e são

resultados do metamorfismo, pois os mesmos são colocados seguindo a

orientação da foliação. Ocorrem também veios pegmatóides (quartzo + K-

feldspato + plagioclásio) discordantes à foliação, que representam um evento

posterior à formação do Complexo Tamboril-Santa Quitéria. Esses veios

provavelmente estão relacionados ao fim do Ciclo Brasiliano, podem está

associados a magmas de composição cálcio – alcalina resultante da ação de

pluntos pós- orogênicos, nesse caso na subárea I esse magmatismo pode

estar relacionado ao granito do Pajé.

Page 94: Mapeamento geologico folha Irauçuba

94

O ultimo evento magmático da subárea é representado pelo

magmatismo basáltico toleítico continental, representado por diques de

diabásio, formados em um ambiente subvulcânico. Este evento magmático

pode está associado a uma tectônica extensional ocorrida no fanerozóico onde

a crosta continental sofreu um processo riftiamento durante a abertura do

Atlântico, dessa forma correlacionando esse evento magmático com as

Formações Mosquito e Sardinhas de idade Mesozóica da Bacia do Parnaíba.

11- METAMORFISMO

Com base nos dados petrográficos e de campo foi possível fazer um

sequenciamento de eventos metamórficos bem como a definição de

paragêneses, fácies em um âmbito regional, assim como a analise de

microestruturas a determinação de condições de temperatura e pressão

quando da formação dos litotipos para que se tenha um melhor entendimento

de eventos tectono- metamórficos ocorridos na área.

A subárea I é composta predominantremente por rochas metamórficas,

em sua maioria são paragnaisses, ortognaisses e localmente ocorrem gnaisses

calcissilicáticos e anfibolitos.

No mapeamento da subárea I, foram identificadas paragêneses e

texturas metamórficas, estruturas de deformação de caráter dúctil (foliações,

lineações, dobras e bandas de cisalhamento) e com um caráter dominante

feições de migmatização.

Com base nos dados de campo e posteriormente das analises

petrograficas foi possível fazer um ordenamento e sequenciamento de eventos

metamórficos. Foram analisadas doze lâminas delgadas de rochas

metamórficas de afloramentos do Complexo Ceará e Tamboril-Santa Quitéria.

Dessa forma, as análises petrográficas possibilitaram a identificação de

paragêneses minerais e a definição de condições metamórficas com

estimativas de pressão, temperatura e do ambiente de formação dessas rochas

Page 95: Mapeamento geologico folha Irauçuba

95

em caráter regional, contribuindo assim para a classificação em fácies

metamórficas, de acordo com YARDLEY (2004).

O primeiro evento metamórfico atuante na subárea I é representado pelo

metamorfismo regional sob condições da fácies anfibolito alto. Esse evento é

marcado pelo bandamento gnáissico, foliação milonítica, lineação de

estiramento mineral e estruturas migmatíticas encontradas ao longo da

subárea. A textura mais marcante nos gnaisses do Complexo Ceará é o

bandamento gnáissico, representado pela alternância de bandas

granoblásticas, de composição quartzo-feldspática e comumente ocorre textura

granoblástica poligonal. Além disso, feições de recristalização dinâmica como

redução de borda de limite de grãos e subgrãos também ocorrem localmente.

Segundo Yardley (1989), migmatitos em geral são rochas características

de cinturões metamórficos de alto grau. Porém a fusão de rochas pode ocorrer

em condições de menor temperatura, dependendo da pressão de vapor d’água.

Minerais hidratados, como anfibólios e micas, além de plagioclásio e quartzo,

que segundo Winkler (1976) são minerais típicos da fácies anfibolito,

proporcionam um aumento na taxa de fusão das rochas a qual pertencem.

Com relação às feições e texturas migmatíticas foram encontradas na

subárea I texturas como a textura estromática e nebulítica (figura A e B) 47 .

Essas estruturas se tornam mais atuantes na parte oeste da subárea, onde

predomina mais fase neossomática( diatexito) e a ocorrência de texturas

nebuliticas e em schlieren. Na parte leste da área essas feições não são tão

frequentes porem ocorrem metatexitos com textura estromática.

Page 96: Mapeamento geologico folha Irauçuba

96

Figura 47- A) textura estromática observado no hornblenda-biotita gnaisse na porção

leste da subárea; B) textura nebulítica comum nos diatexitos na subárea I.

Entretanto algumas feições relacionadas à percolação de fluidos foram

identificadas como a presença de minerais que não têm relação com a

paragênese metamórfica da rocha, por exemplo o epidoto,. Este mineral pode

ser formado durante a entrada de fluidos na rocha, ocorrida durante eventos

regionais, provavelmente após a última orogenia Brasiliana e posterior ao

metamorfismo dessas rochas.

O segundo evento metamórfico pode ser caracterizado pela presença de

feiçoes pegmatóides em afloramentos onde a existência de porções dos

neossomas e paleossomas são visíveis, bem como as feições nebulíticas, uma

vez que estes podem ser interpretados como fusão parcial de rochas, dando

origem ao complexo migmatítico da região.

A partir disso as paragêneses das rochas analisadas apresentam como

minerais índices de metamorfismo: granada, biotita, hornblenda, diopsídio,

cianita, epidoto e feldspato potássico.

A paragênese do granada-biotita gnaisse é caracterizada principalmente

pela presença da granada e muscovita. Segundo YARDLEY (1989), a granada

aparece em um amplo espectro composicional de rochas, sendo mais

comumente associada a pelitos verdadeiros, em que se formam notáveis

porfiroblastos de granada. O crescimento deste mineral provavelmente se deu

pela seguinte reação:

clorita + muscovita granada + biotita+ quartzo + H2O

Page 97: Mapeamento geologico folha Irauçuba

97

Além da granada outro mineral bem importante nesta rocha é o

ortoclásio. A principal reação em que ocorre a formação do ortoclásio é através

da seguinte reação:

KAl2Si3O10(OH)2 + SiO2 KAlSi2O8 + Al2SiO5 + H2O

muscovita quartzo K-feldspato cianita

A paragênese do cianita-muscovita quartzito é caracterizada por

composição quartzo-feldspática com muscovita evidenciando o metamorfismo

de arenitos impuros. Apesar de ocorrer localmente, este litotipo contribui com a

hipótese de uma influência sedimentar na geração dos protólitos das rochas

metamorfisadas encontradas atualmente na subárea.

A paregênese do tremolita/actnolita flogopita mármore é caracterizada

por composição predominantemente de carbonatos, entretanto a presença de

minerais como flogopita, escapolita caracterizam um mármore de composição

impura.

A paragênese do anfibolito consiste da associação entre diopsídeo,

hornblenda e plagioclásio (não foi possível tirar composição, em virtude de

estar intensamente sericitizado), definindo temperatura que pode variar de

moderada a alta na fácies anfibolito. Para essa rocha existem as possibilidades

de protólito ígneo máfico, calcário margoso ou até mesmo calcário dolomítico

impuro. Os anfibolitos encontram-se associados a rochas calcissilicáticas,

sendo possível associar a um protólito de origem sedimentar (calcário). A partir

disso isso é provável que sejam “para-anfibolitos”, derivados do metamorfismo

de calcário margoso.

Portanto, as associações mineralógicas das rochas paraderivadas

definem pressões moderadas e temperaturas que variam de altas a moderadas

na fácies anfibolito. Além disso, os aspectos texturais e microestruturais

também forneceram dados importantes com relação ao metamorfismo e

deformação impostos a essas rochas.

As rochas metamórficas que se enquadram no segundo evento são

correspondentes ao Tamboril Santa Quitéria. Esta unidade na subárea I

Page 98: Mapeamento geologico folha Irauçuba

98

apresenta-se em tres litotipos principais, o granada- biotita ganisse

migmatizado e o Hornblenda- biotita gnaisse migmatizado de caráter para e

ortoderivado respectivamente. Além da ocorrência de rochas calcissilicáticas.

A paragênse do hornblenda-biotita gnaisse é caracterizada pela

associação:

anfibólio + biotita + quartzo + microclina + plagioclásio

A determinação das condições de formação dessa rocha é dificultada

pela ausência de minerais índices, porém através do contexto geológico e

relações mineralógicas atribui-se á fácies anfibolito. Esta rocha preserva

feições reliquiares de rochas ígneas como intecrescimento micropertítico

tornando coerente a interpretação de que seu protólito é ígneo, mas

especificamente granítico.

A paragênese das rochas claciossilicaticas é marcada pela presença de

diopsídio e hornblenda associada com plagioclásio cálcico, no qual sugere que

o metamorfismo ocorreu nos domínios da fácies anfibolito. A composição

dominantemente cálcica dos minerais dá indicações de um protólito também

bastante cálcico, provavelmente uma rocha sedimentar carbonática de

ambiente plataformal.devido à presença de fases minerais como o diopsídio e a

escapolita.

DISCUSSÕES

Na literatura são descritos dois eventos termo-tectônicos que afetaram a

área em que está inserido o Projeto Taperuaba-Aracatiaçu: o Transamazônico

(2,2 – 2,05 Ga) e o Brasiliano (0,7-0,5 Ga). Assim, torna-se difícil a distinção

dos produtos metamórficos associados a cada um dos eventos. Algumas

tentativas de correlação a partir de observações na subárea I serão feitas a

seguir.

Com base na composição mineralógica dos granada-muscovita-biotita

gnaisses e muscovita quartzito, apontam-se paraderivação com protólitos

Page 99: Mapeamento geologico folha Irauçuba

99

psamo-pelíticos para tais rochas, e para as rochas calcissilicáticas seria um

protólito sedimentar carbonático. As proporções entre alguns minerais ( grande

quantidade de granada, por exemplo), além da presença de outros minerais

indicativos como cianita, silimanita, dentre outros, são indicativos de o protólito

ser de origem de rocha com composição pelitíca verdadeira. Os gnaisses e os

quartzitos foram classificados como parte de uma sequência paraderivada,

através de análise macroscópica, microscópica bem como suas relações de

campo. Estes gnaisses estão sempre associados ás rochas calcissilicáticas e

aos quartzitos.

Sobre os enclaves máficos (Granada-anfibolito) é difícil estabelecer a

rocha originária, pois podem indicar tanto protólito ígneo (rochas máficas),

quanto sedimentar (calcários dolomíticos, calcários impuros e margosos.

Page 100: Mapeamento geologico folha Irauçuba

100

Figura 48- Diagrama P-T mostrando o campo das várias fácies metamórficas. Fonte:

SPEAR (1993).

Segundo BIZZI et al. (2003), todos esses protólitos sedimentares

formavam seqüências supracrustais típicas de ambiente plataformal de

margem passiva, que foram posteriormente submetidos a ambientes

relacionados a formação dos primeiros arcos magmáticos do sistema de

orógenos do Paleoproterozóico.

Portanto, as associações mineralógicas das rochas paraderivadas

definem pressões moderadas e temperaturas que variam de altas a moderadas

na fácies anfibolito, a presença de minerais como cianita e granada reforçam

as condições de temperatura e pressão, estabelecendo assim os intervalos de

500° a 650° C e de 4 a 8 kbar expressas na subárea (figura 48). Além disso, os

Page 101: Mapeamento geologico folha Irauçuba

101

aspectos texturais e microestruturais também forneceram dados importantes

com relação ao metamorfismo e deformação impostos a essas rochas.

Segundo ARTHAUD (2007) o Complexo Tamboril-Santa Quitéria é um

grande complexo ígneo anatético, que inclui faixas finas, de baixo ângulo de

rochas metassedimentares além de milonitos de alta temperatura. Grandes

volumes de magmas foram intrudidos neste complexo, seja em forma de veios,

diques ou plútons. Este complexo intrudiu rochas supracrustais que foram

preservadas somente como pequenos restitos e enclaves de rochas

calciossilicáticas, além de anfibolitos provavelmente derivados de basaltos.

12- EVOLUÇÃO

A subárea I e predominantemente composta por um conjunto de rochas

metamórficas fortemente deformadas e estruturadas com a presença e

bandamentos gnáissicos, fortes feições migmatíticas e localmente foliações

miloniticas. Esse conjunto de rochas é representado por paragnaisses,

quartzitos, mármores, rochas calciossilicáticas, anfibolitos e ortognaisses que

compõem o complexo Ceará na subárea I. Os ortognaisses de composição

granodioritícas com feições migmatíticas e a ocorrência granítica constituem o

Complexo Tamboril Santa Quitéria nesta subárea.

Dessa forma com base na análise dos dados litológicos, estruturais,

magmáticos e metamórficos foi possível estabelecer uma sequência evolutiva

dos eventos ocorridos na porção noroeste da província Borborema e mais

precisamente no Domínio Ceará Central. Neste contexto a proposta evolutiva

para subárea I baseia-se no conjunto de informações obtidas acerca do

mapeamento realizado nesta subárea, correlacionada assim aos grandes

eventos de caráter regional já descrito na literatura para esta província, como

os ciclos Transamazônico e Brasiliano.

Inicialmente ocorreu um vulcanismo máfico gerado por fusões totais e

parciais do manto no Arqueano, no qual gerou os protólitos para as suítes

Page 102: Mapeamento geologico folha Irauçuba

102

TTG’s (tonalito, trondjemito e granodiorito) que originaram os primeiros núcleos

ou blocos crustais que formavam a Província Borborema.

No Paleoproterozóico, onde foi formado grande parte do embasamento

da Província Borborema, um evento regional de caráter transpressivo ocorreu

entre 2,2 a 2,05 Ga, conhecido como evento Transamazônico, relacionado a

orgênese riaciana no qual foi responsável pelo espessamento crustal,

resultando em um metamorfismo de um pacote composto por rochas máficas e

ultramáficas, pacote sedimentar das bacias de fore arco e back arco, pelas

suítes TTG, além de sedimentos de plataformas continentais

As rochas pertencentes a esse evento na subárea I são representadas

por rochas metamóricas ortoderivadas e paraderivadas. O contexto geológico

observado na subárea I se adequa as suítes TTG, além de sedimentos de

plataformas continentais , como é visto nas sequências de paragnaisses,

rochas calcissilicática, anfibolitos e ortognaisses .

Neste contexto as rochas paraderivadas provavelmente se formaram em

um ambiente de margem passiva onde depositaram sedimentos siliciclásticos e

carbonáticos, possivelmente em plataformas continentais onde foram

submetidos a metamorfismo na fácies anfibolito no Paleoproterozóico.

A sequência paraderivada (composta por cianita-granada-biotita gnaisse,

biotita gnaisse, gnaisses calciossilicáticos e mármores) pode ser

correlacionada aos gnaisses, que foram metamorfizados no Paleoproterozóico

(idade U-Pb entre 2,15 – 2,1 Ga, segundo Fetter, 1999). Quando a crosta

oceânica foi consumida, o processo evoluiu para o estágio de aglutinação das

massas continentais que culminou na amalgamação de núcleos arqueanos e

espessamento crustal formando o supercontinente Atlântica (FETTER et al.,

2000). Essa almagação provavelmente gerou os ortognaisses pertencentes ao

complexo Ceará que compõem a subárea I.

Esse evento é marcado pela deformação mais antiga e apresenta

natureza predominantemente dúctil, da qual é resultante uma foliação do tipo

bandamento gnáissico encontrado principalmente nos biotita gnaisses e

cianita-granada biotita gnaisses, adicionado a isso feições de migmatização

Page 103: Mapeamento geologico folha Irauçuba

103

ocorrem de forma proeminente em toda subárea. Nos planos dessa foliação é

impressa uma lineação, em geral de estiramento mineral, que mostram rakes

de aproximadamente 90º, indicando uma possível movimentação de natureza

frontal, com o transporte das massas de ESE para WNW.

Dessa forma, é possível propor que o metamorfismo esta associado à

atuação de eventos tectônicos ocorridos em escala regional e que

concomitantemente com a deformação exposta nas rochas pertencentes ao

Complexo Ceará, podemos propor condições de fácies anfibolito de alto grau

para esse metamorfismo e que essas rochas formaram-se sob condições de

fácies anfibolito médio a alto, em condições de pressão moderadas e

temperaturas moderadas a altas (550°-700°C, 4-7 Kb e profundidade de 10 a

30 km). Com a progressão desse metamorfismo, ocorreu a migmatização

dessas rochas com a formação de porções neossomáticas de composição

quartzo-feldspática, injetados nas rochas adjacentes aproveitando seus planos

de foliação.

Os estágios finais da orogenia riaciana correspondente ao evento

Transamazônico são caracterizados por uma deformação de caráter

transcorrente-transpressiva resultantes da atuação de componentes de

cisalhamento simples (não coaxial) e cinemática sinistral, que milonitizaram as

rochas próximas, principalmente na porção oeste da área. A intensa

migmatização da área pode também estar relacionada a esse estágio.

No Neoproterozóico, com o desenvolvimento do Arco Continental de

Santa Quitéria, formaram-se os gnaisses ortoderivados do complexo Tamboril-

Santa Quitéria, associados com migmatitos e granitóides diversos. Os

migmatitos evoluídos observados na subárea, são correlacionáveis ao segundo

tipo de granitóides classificado por Fetter et al. (2003).

O final deste ciclo termo-tectônico é marcado por esforço de natureza

extensional, com fraturamento tardio, colocação de pequenos plutons

graníticos tardi-tectônicos, pós-tectônicos (granito isotrópico) esse tipo não

ocorre na subárea I, e diques de diabásio.

Page 104: Mapeamento geologico folha Irauçuba

104

A presença de veios pegmatóides discordantes das rochas presentes na

subárea ocorre relacionada à colocação de corpos anorogênicos incluídos no

Complexo Tamboril-Santa Quitéria, próximos a área. Esses veios

provavelmente estão relacionados ao fim do Ciclo Brasiliano, podem está

associados ação de pluntos pós- orogênicos, nesse caso na subárea I esse

evento pode estar relacionado ao granito do Pajé.

Page 105: Mapeamento geologico folha Irauçuba

105

Figura 49- Representação esquemática em blocos diagrama da sequencia evolutiva do

paleoproterozóico proposta para a subárea I. No primeiro momento ocorre em margem continental

passiva no inicio do processo de compressão, sedimentos carbonáticos e siliciclásticos são

depositados. No segundo momento ocorre a formação de dobras, com movimentação em planos

preferenciais. No terceiro momento tem-se a intercalação do litotipos, mostrando o contexto

geológico exposto na subárea.

Page 106: Mapeamento geologico folha Irauçuba

106

Figura 50- Imagem representando a fase colisional do desenvolvimento do arco magmático de Santa Quitéria e a formação dos gnaisses ortoderivados do Complexo Tamboril-Santa Quitéria; e a intrusões de plutons sintectônicos e pós-tectônicos. Em destaque para os plutons graníticos sintectonicos

Page 107: Mapeamento geologico folha Irauçuba

107

13- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A geomorfologia da subárea I está em inserida em duas grandes

unidades, a Superfície Sertaneja, distribuída ao longo da subárea e Planaltos

Residuais, representado principalmente pelo serrote do Escalvado.

As rochas identificadas na subárea I consistem de rochas metamórficas

para derivadas, como cianita granada biotita ganisse, ganisses calcissilicáticos,

anfibolitos, quartzitos e mármores, e rochas ortoderivadas, tais como biotita

gnaisse e granada biotita gnaisse, que podem ser correlacionadas ao

Complexo Cearás .Ainda, tem-se ocorrência de hornblenda biotita gnaisse,

granada biotita hornblenda gnaisse e metasienogranito, que podem estar

associados ao Complexo Tamboril-Santa Quitéria.

As rochas do Complexo Ceará perfazem cerca de75% da subárea e

localizam-se na porção oeste da subárea, foi possível correlacionar essa

rochas as duas grandes unidades que compõem esse complexo,

individualizando em unidade Independência perfazendo cerca de 45% da

subárea e unidade Canindé com cerca de 30% da subárea. Enquanto que as

rochas do Complexo Tamboril-Santa Quitéria perfazem cerca de 25% da

subárea e localizam-se nas porções leste .

A subárea I foi envolvida por dois eventos termo-tectônico que são

reconhecidos a partir de arranjos estruturais, denominados de Orogênese

Transamazônica de idade Paleoproterozóica e Orogênese Brasiliana de idade

Neoproterozóica.

O evento Transamazônico é marcado pela orogênese riaciana, que foi

responsável pela formação e pelo metamorfismo das rochas do Complexo

Ceará, sendo este metamorfismo atuante em condições de fácies anfibolito

médio a alto, gerando localmente feições de migmatização.

O evento Brasiliano foi responsável pela formação do Arco magmático

de Santa Quitéria e consequentemente das rochas que compõem o Complexo

Tamboril-Santa Quitéria em condições de temperatura e pressão da fácies

anfibolito médio a alto. As rochas provenientes do evento Brasiliano

experimentaram vários estágios de deformação associados ao metamorfismo,

Page 108: Mapeamento geologico folha Irauçuba

108

proporcionando movimentação transpressiva das massas, no sentido de ESE

para WNW.

Neste contexto, pode-se resumi a evolução geológica da subárea I, onde

teve inicio a partir de uma bacia sedimentar de margem continental passiva, a

qual foi metamorfisada durante o evento Transamazônico. Já no

Neoproterozóico o evento Brasiliano proporcionou o espessamento crustal

seguido de anatexia, consequente geração de mobilizados graníticos

sincrônicos a processos metamórficos representados pelos granitóides

foliados.

Por fim, a ultima fase é representado pelos depósitos quaternários onde

se tem a atuação de intemperismo físico proporcionando a exposição e a

desagregação das rochas mapeadas, atingindo a configuração atual exposta

na subárea I.

Page 109: Mapeamento geologico folha Irauçuba

109

14- BIBLIOGRAFIA

ABREU, F. A. M.; GAMA JR, T. G.; GORAYEB, P. S. S.; HASUI, Y. 1988. O

Cinturão de Cisalhamento Noroeste do Ceará In: Cong. Latino

Americano de Geologia, 7. Belém. Anais. Belém, SBG. v. 1. p. 20-34.

ABREU, F. A. M.; GORAYEB, P. S. S.; HASUI, Y 1993. Grábens

copaleozóicos do oeste cearense - Considerações sobre as

sequências litoestratigráficas. In: Simp. Geol. Nordeste, 15.

Natal, 1993. Atas ...Natal, Bol. Soc. Bras. Geol. Nuc. Nordeste. v. 13. p.

29 - 31.

ABREU, F. A. M.; LAFON, J. M. 1991. Granulitos transamazônicos no

Cinturão de Cisalhamento Noroeste do Ceará. In: Simp. Geol.

Nordeste, 14. Recife, 1991. Atas ... Recife, ... Bol. Soc. Bras. Geol. Nuc.

Nordeste. v. 12. p. 229 - 231.

ALMEIDA, F. F. M., HASUI, Y., BRITO NEVES, B. B., FUCK, R. A. 1977.

Províncias estruturais brasileiras. In: SBG/NE, Simp. Geol. NE.

ARTHAUD, M. H. 2007. Evolução neoproterozóica do Grupo Ceará

(Domínio Ceará Central, Nordeste do Brasil): da sedimentação à

colisão continental brasiliana. Brasília.132p. Tese. Instituto de

Geociências, Universidade de Brasília.

ARTHAUD, M. H.; FUCK, R. A; PARENTE, Clóvis Vaz; Almeida, A. R.; Silva

Filho, W. F.; DANTAS, E. L. Funcionamento em regime frágil das

zonas de cisalhamento dúctil no final do Ciclo Brasiliano: exemplo

do Ceará Central e do Noroeste do Ceará; Anais XLII Congresso

Brasileiro de Geologia; 2004. Araxá- MG; Brasil.

Page 110: Mapeamento geologico folha Irauçuba

110

ARTHAUD, M.H.; VASCONCELOS, A. M.; OLIVEIRA, F.V.C. 1998. As

seqüências metassedimentares do Ceará Central. In: Congresso

Brasileiro de Geologia, 40, Belo Horizonte, Anais, p. 16.

BIZZI, L. A.; SCHOBBENHAUS, C.; GONÇALVES, J. H.; BEARS, F. J.;

DELGADO, I. M.; ABRAM, M. B.; LEÃO NETO, R.; MATOS, G. M. M.;

SANTOS, J. O. S. (Coords.). 2003. Geologia, Tectônica e Recursos

Minerais do Brasil: Sistema de Informações Geográficas. Companhia

de Pesquisa de Recursos Minerais, Brasília.

BRITO NEVES B. B.; VAN SCHMUS, W. R.; FETTER, A. H. 2001. Noroeste

da África–Nordeste do Brasil (Província Borborema): Ensaio

comparativo e problemas de correlação. Revista do Instituto de

Geociências. USP Sér. Cient., São Paulo, v.1, p.59-78.

BRITO NEVES, B. B. 1975. Regionalização Geotectônica do Pré-Cambriano

nordestino. São Paulo, Universidade de São Paulo. Instituto de

Geociências. 198p. Tese (Doutorado em Geologia). Curso de Pós-

Graduação do Instituto de Geociências da Univ. de São Paulo, USP.

BRITO NEVES, B. B. 2001. Decálogo para a tectônica dos continentes. In: 8

Simp. Nac. Estud. Tect., 2 Internat. Symp. Tectonics Braz. Geol. Soc.,

Recife (PE), Anais (res. Expand.): 17-19.

BRITO NEVES, B. B.; DOS SANTOS, E. J.; VAN SCHMUS, W. R. 2000.

Tectonic History of the Borborema Province, Northeastern Brazil. In

CORDANI, U. G.; MILANI E. J.; THOMAZ FILHO,A.; CAMPOS, D. A.

Tectonic Evolution of South America. 31st International Geological

Congress, Rio de Janeiro, 151-182 p.

BRITO NEVES, B. B; VAN SCHMUS, W. R., SANTOS, E.J. dos, NETO, M. C.

CAMPOS & KOZUCH, M. 1995 - O Evento Cariris Velhos na Província

Borborema: Integração de dados, implicações e perspectivas. Revista

Brasileira de Geociências 25(4): 279-296.

Page 111: Mapeamento geologico folha Irauçuba

111

BRITO NEVES, B.B.; DOS SANTOS, E.J.; VAN SCHMUS. 2000- Tectonic

History of the Borborema Province, Northeastern Brazil, In CORDANI,

U.G; MILANI E.J.; THOMAZ FILHO,A.; CAMPOS, D.A. - Tectonic

Evolution of South America - 31st international geological congress,

Rio de Janeiro, 151-182 p.

CABY, R.; ARTHAUD, M. H.1986. Major precambrian nappes of the

Brazilian belt, Ceará, Northest Brazil. Geology.14 : 871 - 874.

CAVALCANTE, J. C.; VASCONCELOS, A. M.; GOMES, F. E. M. 2003. Mapa

Geológico do Estado do Ceará. In: Atlas digital de Geologia e Recursos

Minerais do Ceará. Geologia, Recursos Minerais, Geoquímica, Geofísica,

Geomorfologia. Sistema de Informações Geográficas-SIG. Mapas na

escala 1:500.000. MME-CPRM (Serviço Geológico do Brasil).

DANTAS, E.L. 1997. Geocronologia U/Pb e Sm/Nd de Terrenos Arqueanos

e Paleoproterozóicos do Maciço Caldas Brandão, NE Brasil. Thesis,

Universidade Estadual Paulista-UNESP, Rio claro-SP, 201p.

(Unpublished).

FETTER, A. H. 1999. U-Pb and Sm-Nd geochronological constraints on the

crustal framework and geologic history of Ceará State, NW

Borborema Province, NE Brazil: Implications for the assembly of

Gondwana. Dissertação de Doutorado, Department of Geology, The

University of Kansas, Lawrence, Kansas, USA, 164 p.

FETTER, A. H.; DOS SANTOS, T. J. S.; VAN SCHIMUS, W. R.;

HACKSPACHER, P. C.; BRITO NEVES, B. B.; ARTHAUD, M. H.;

NOGUEIRA NETO, J. A. A.; WERNICK, E. 2003. Evidence for

Neoproterozoic Continental Arc Magmatism in the Santa Quitéria

Batholith of Ceará State, NW Borborema Province, NE Brazil:

Implications for the Assembly of West Gondwana. Gondwana

Research, v. 6, no 2, p. 265-273.

Page 112: Mapeamento geologico folha Irauçuba

112

FETTER, A. H.; VAN SCHMUS, W. R.; DOS SANTOS, T. J. S.; NOGUEIRA

NETO, J. A.; ARTHAUD, M. H. 2000. U/Pb and Sm/Nd

Geochronological Constraints on the crustal evolution and basement

architecture of Ceará State, NW Borborema Province, NE Brazil:

Implications for the existence of the paleoproterozoic supercontinent

“Atlantica”. Rev. Bras. Geoc. 30(1): 102-106.

GARCIA, M.G.M. & ARTHAUD, M.H. 2004 - Caracterização de trajetórias P-T

em nappes brasilianas: região de Boa Viagem/Madalena – Ceará

Central (NE Brasil). Revista de Geologia, Vol. 17, nº 2, 173-191

GORAYEB, P. S. S.; ABREU, F. A. M. 1991. O Granito do Pajé NW do Ceará:

caracterização geológica. In: Simp. Geol. Nordeste, 14. Recife. Atas.

Recife, ... Bol. Soc. Bras. Geol. Nuc. Nordeste. v. 12. p. 182-184.

GORAYEB, P. S. S.; ABREU, F. A. M.; MOURA, C. A. V. 1988. Relações

estratigráficas entre o granito Meruoca e a sequência Ubajara -

Jaibaras. In: Cong. Bras. Geol., 35. Belém. Anais. Belém, SBG. v. 6.

p. 2678 - 2688.

GORAYEB, P. S. S.; LAFON, J. M. 1995. Geocronologia Rb-Sr do

Granodiorito Anil-Ce. In: 16 Simpósio de Geologia do Nordeste. Recife.

Atas 16 Simp. Geol. NE. Recife: SBG. V.1.p.274-276.

GORAYEB, P. S. S.; LEMOS, R. L.; ABREU, F. A. M. 1994. O granodiorito

Anil: caracterização geológica e petrográfica. In: Cong. Bras. Geol.;

38. Camboriú. Bol. Res. Exp. Camboriú, SBG. v. 1. p.156-158.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistíca. DISPONÍVEL EM:

HTTP://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil. ACESSO EM 05 DE JUNHO

2011.

MABESSONE, J. M. 2002. História Geológica da Província Borborema (NE–

Brasil). Revista de Geologia, v.15, p. 119-129.

Page 113: Mapeamento geologico folha Irauçuba

113

MATTOS, I. C.; ARTUR, A. C.; ARTHAUD, M. H.; NOGUEIRA NETO, J. A.

2007. Geologia e Geocronologia do Stock Granítico Serra do Barriga

Sobral/CE. In: XXII Simpósio de Geologia do Nordeste, 2007, Natal.

Boletim de Resumos do XXII Simpósio de Geologia do Nordeste. Natal -

RN: SBG - Núcleo Nordeste. v. 1. p. 176-176.

MELO, Z.F. 1978. Evoluções Finais do Ciclo Geotectônico Brasiliano no

Nordeste Oriental. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 30,

Recife, SBG. V.6, p. 2438-2450.

MOREIRA, M. M. M. A. & GATTO, L. G. S. 1981. Geologia, geomorfologia,

pedologia, vegetação e uso potencial da terra. In: BRASIL. Projeto

RADAM. Geomorfologia da folha SA-24 Fortaleza. Rio de janeiro,

MME?DNPM. Cap 1, p. 23 – 212.

NASCIMENTO, D. A.; GAVA, A. 1979. Novas condições sobre a

estratigrafia da Bacia Jaibaras. In: Simp. Geol. Nordeste, 09. Natal.

Atas. Natal, Bol. Soc. Bras. Geol. Nuc. Nordeste. v. 7. p. 14-29.

NASCIMENTO, D. A.; GAVA, A; PIRES, J.; TEIXEIRA, W. 1981. Geologia da

folha SA. 24 - Fortaleza. Projeto Radam Brasil. Rio de Janeiro.

DNPM. 21 : 23 - 212.

NOGUEIRA NETO, J. A. 2000. Evolução Geodinâmica das Faixas

Granulíticas de Granja e Cariré, Extremo Noroeste da Província

Borborema. Doutorado em Geologia Regional. Universidade Estadual

Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.

OLIVEIRA, J. F. de; CAVALCANTE, J. C. (org.). 1993. Levantamentos

Geológicos Básicos do Brasil; carta geológica, carta

metalogenética/previsional – escala 1: 100.000 (Folha SB.24-V-D-V;

Mombaça) estado do Ceará. Brasília, DNPM/CPRM.195 p. il.

PRADO, F. S.; MENDONÇA, J. C. G. S.; MORAES, J. B. A.; MEDEIROS, M.

F.; ASSUNÇÃO, P. R. S.; ANDRADE, V. A.; MEDEIROS, R. P.

1979. Projeto Martinópole. DNPM/CPRM. Relatório final. v. 5.

Page 114: Mapeamento geologico folha Irauçuba

114

QUADROS, M. L. E. S.; ABREU, F. A. M. 1995. Bacia de Jaibaras - NW do

Ceará : considerações sobre a evolução tectono - sedimentar. In:

Simp. Nac. Est. Tectônicos, 5. Gramado, 1995. Bol. Res.

Exp.Gramado, SBG. p. 307 - 309.

ROGERS, J. W. W. 1996. A history of continents in the past three billion

years. Journ. Geol., 104: 91-107.

SANTOS, E. J. & BRITO NEVES, B. B. 1984. Província Borborema. In: O Pré

Cambriano do Brasil, Eds. ALMEIDA, F. F. M. E HASUI, Y., p.121-186.

Edgard Bluncher Ltda.

SANTOS, E. J. & MEDEIROS, V. C. 1997. Constraints from granitic

plutonism on proterozoic crustal growth of the Zona Transversal

Domain, Borborema Province, NE Brazil. In: ISGAM, 2, Extended

Abstracts, p.237-239.

SANTOS, T. J. S. 1999. Evolução tectônica e geocronológica do extremo

Noroeste da Província Borborema. Universidade Estadual de São

Paulo, Rio Claro-SP. Tese de Doutorado.

SANTOS, T. J. S., DANTAS, E. L., ARTHAUD, M., FUCK, R. , PIMENTEL M.

M., FETTER, A. H. 2004. Evidências de Crosta Juvenil

Neoproterozóica no Ceará. XLII congresso Brasileiro de Geologia; BR;

Português; ; Meio digital.

SANTOS, T. J. S.; FETTER, A. H.; HACKSPACHER, P. C.; VAN SCHMUS, W.

R.; NOGUEIRA NETO, J. A. 2008. Neoproterozoic tectonic and

magmatic episodes in the NW sector of Borborema Province, NE

Brazil, during assembly of Western Gondwana. J. S. Am Earth Sci

25:271-284.

SIAL, A. N.1989. Petrologia, Geoquímica de elementos maiores, trações,

Terras raras e isótopos (Sr, O, H, S) nos batólitos Meruoca e

Mocambo, Ceará, Nordeste do Brasil. Universidade Federal de

Pernambuco. Tese. Departamento de Geologia, Recife, 284p.

Page 115: Mapeamento geologico folha Irauçuba

115

SOARES, P. C. & FIORI, A. P. 1976. Lógica e sistemática na análise e

interpretação de fotografias aéreas em geologia. Notícia

Geomorfológica. Campinas.

TEXEIRA, M. L. A. T. & DANTAS, E. L. 2006. Geologia, aerogeofísica e

geologia isotópica do limite norte do Complexo Tamboril-Santa

Quitéria-CE (Província Borborema). In. XLIII Cong. Brasileiro de

Geologia. Anais do XLIII Cong. Brasileiro de Geologia, Aracaju. pág. 23.

YARDLEY, B. W. D. 2004. Introdução à Petrologia Metamórfica. Tradução

de Reinhardt Adolfo Fuck. 2ª Ed. Revista. Edunb, p. 434.

YARDLEY, B. W. D.; An introduction to Metamorphic Petrology, Longman

Earth. Science Series, 1989.

ZIRCONE, S.; SANTOS, T. J. S.; WERNICK, E. 2009. Mármores e Gonditos

de alta pressão da região De Forquilha, Domínio Ceará Central,

Província Borborema. In: XX Simpósio de Geologia do Nordeste,

Fortaleza.

WINKLER, H. G. F., 1976. Petrogenesis of metamorphic rocks, 3rd ed.

Springer, Berlin, 320 pp.

WISE, D.U.; DUNN, D.E.;ENGELDER, J.T.; GEISER, P.A.; HATCHER, R.D.;

KISH, S.A.; ODOM, A.L. and SCHAMEL,S. 1984. Fault - Related rocks:

Suggestions for terminology: Geology, V.12, p.391-394.