já não dura uma vidaAo escolher um aparelho, deveríamos ter acesso a informação sobre a sua esperança média de vida e facilidade de reparação. Nem sempre os modelos mais caros são melhores

onge vão os tempos em que os eletrodomésticos, sobretudo os de grandes dimensões, duravam uma vida inteira. Era a contar

com isso que se faziam mealheiros, por vezes ainda durante o enxoval, para investir (sim, era um verdadeiro investimento!) em algo que facilitasse a vida à futura dona de casa. “Comprei a minha máquina de lavar roupa quando me casei. Já lá vão quase 20 anos, e está como nova.” Comentários orgulhosos como este são raros nos dias que correm. E as queixas sucedem-se quando um novo aparelho, suposto companheiro de uma vida, cedo acusa cansaço e há que trocá-lo por outro mais sofisticado. Mas, regra geral, nem de perto nem de longe, com a mesma qualidade do original. Hoje, a tecnologia evolui com maior rapidez, mas isso não faz com que a esperança média de vida dos aparelhos aumente. Bem pelo contrário. Como já alertámos na PROTESTE de outubro de 2014, muitos equipamentos, como os eletrodomésticos, parecem ser feitos para durar apenas alguns anos. Aquilo a que se chama obsolescência programada.Atualmente, há dois requisitos fundamentais a ter em conta para avaliar a qualidade do produto que vai comprar. Se a durabilidade da máquina é, talvez, o

que primeiro salta à vista, a reparabilidade é tanto ou mais importante. Foram estes dois critérios que analisámos para lhe fornecer informações sobre ambos. As notícias, de um modo geral, não são boas e servem de alerta para que os fabricantes tenham uma visão de longo prazo no que diz respeito à conceção dos aparelhos.

Mais caro nem sempre é melhorEm relação à durabilidade das máquinas de lavar roupa, uma das principais conclusões a tirar após falar com os fabricantes é que quanto mais caro for o aparelho, melhor (pelo menos é o que algumas marcas nos querem fazer crer).Esta teoria está bem patente na resposta da Hotpoint/Ariston, quando perguntámos se as suas máquinas foram feitas para durar dez anos. Recebemos um claro “não”. Já a Candy, a Samsung e a Bosch garantem que os seus equipamentos estão programados para uma vida útil de pelo menos 10 anos. E a Miele assegura 15.Estes dados são confirmados por alguns centros de reparação: ao comprar uma máquina por 600 ou mais euros, a sua esperança média de vida tende a aumentar. No entanto, nem sempre as mais caras garantem maior durabilidade.Infelizmente, não nos foi possível fazer um teste completo (avaliar o desgaste durante 10 anos). Da análise que fizemos ao estado dos componentes concluímos que, em geral, a qualidade das marcas mais caras,

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Máquina de lavar COMO TESTÁMOS

Escolhemos 12 marcas (24 modelos, entre os mais baratos e os mais caros) existentes nos países que participaram no teste (Portugal, Espanha, Itália e Bélgica). Focámo-nos na centrifugação, uma função que causa grande desgaste na suspensão da máquina. Programámos as máquinas para enxaguar e centrifugar 2500 vezes, o que corresponde a cinco lavagens semanais durante 10 anos.

FACILIDADE DE REPARAÇÃO Uma organização europeia de reparação de eletrodomésticos criou uma norma específica que permite avaliar a facilidade em repá-los. Baseámo-nos nessa norma para o teste. Os critérios para uma boa reparação assentam em três grupos: rapidez na deteção da origem do problema, construção mecânica do aparelho e disponibilidade de peças para substituição, e cooperação com empresas reparadoras independentes dos fabricantes.

Muitos danos dão-se na centrifugação

L

O recurso a tecnologiamais avançada aumenta a esperança média de vida dos eletrodomésticos

Duração dos eletrodomésticos

Ao escolher um aparelho, deveríamos ter acesso a informação sobre a sua esperança média de vida e facilidade de reparação. Nem sempre os modelos mais caros são melhores

Correia de transmissãoA correia de transmissão do motor apresentou importantes sinais de desgaste em nove das 24 máquinas que testámos.

MangueiraEm cinco máquinas que analisámos, a mangueira encontrava-se desgastada devido à fricção durante as lavagens.

Borracha vedanteA borracha do óculo da porta ficou mais frágil em metade dos aparelhos (12), tendo mesmo rasgado em alguns. Este problema leva ao vazamento da água.

FerrugemQuatro aparelhos tinham sinais de ferrugem, devido ao uso de materiais de baixa qualidade ou por terem sido armazenados em fracas condições.

Problemas identificados após 2500 ciclos de centrifugação Das borrachas à boca da máquina e às entranhas do eletrodoméstico, foram

várias as anomalias encontradas durante a realização do teste. Em alguns aparelhos foi encontrada ferrugem. O uso de materiais de baixa qualidade

e o fraco armazenamento terá estado na origem deste problema

Duração dos eletrodomésticos

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como a Miele, é superior à das mais baratas, como a Beko. Já dentro da mesma marca, a qualidade não se mede pelo preço. As peças de um modelo de gama baixa têm qualidade comparável às peças de um modelo topo de gama. Com exceção da Bosch e da Siemens, verificámos esta tendência em todas as marcas estudadas.Assim, ao pagar mais pelo seu novo eletrodoméstico, não espere adquirir um melhor, mas sim um com tecnologia mais avançada (e não necessariamente melhor) ou com mais programas que poderá nem utilizar. Por vezes, os modelos caros têm até uma durabilidade inferior à dos que

Peças: o melhor orçamentoAjudamos a decidir quando reparar ou chamar um profissional. O intervalo de preços das peças dentro da marca e entre os fabricantes é muito variável. Veja aqui alguns exemplos.

Que os eletrodomésticos avariam, todos sabemos. E que, muitas vezes, têm arranjo, também. No entanto,

nos dias que correm, graças à evolução tecnológica, é possível prever o tempo de duração de aparelhos como a máquina de lavar roupa. É, por isso, desejável que as marcas forneçam essa informação ao consumidor. Com a variedade de componentes que há, é imperativo pôr fim ao uso de materiais de má qualidade na construção das máquinas. O aparecimento precoce de ferrugem é inadmissível em aparelhos que custam cen-

tenas de euros. É também importante conseguir reparar peças mais sensíveis ao desgaste, sem ter de substituir componentes maiores, como rolamentos de esferas ou o tambor da má-quina. Os produtores têm apostado nos modelos de maior capacidade (10 a 15 kg) e mais velocidade de centrifugação, caracte-rísticas nem sempre úteis na maioria dos lares, já que as famílias são pouco numero-sas e a roupa é lavada em ciclos diferentes. Mas, ao fazer esta aposta, há que garantir que a resistência da máquina se adequa a estas condições de uso bem mais exigentes.

Consumidores exigem

ficam mais em conta. Por exemplo, na Candy, Hotpoint e LG encontrámos mais sinais de desgaste no modelo caro. Uma explicação possível é o facto de os materiais mais sensíveis à centrifugação, como os amortecedores, serem semelhantes aos dos modelos baratos. É natural um maior desgaste nas máquinas com rotações mais elevadas e cargas maiores, à partida, as mais caras.

Reparação às vezes é impossívelAntes do suspiro final, qualquer equipamento precisa de manutenção e, em princípio, de uma ou outra reparação. Ora, é precisamente na reparabilidade que as máquinas mais modernas e ditas “amigas do ambiente” ficam aquém das expectativas. A frase “fica mais caro o arranjo do que comprar uma máquina nova” já foi certamente ouvida por muitos consumidores. Além disso, por vezes, não há no mercado peças para substituir as que ficam danificadas.Uma boa reparação, com desmontagem fácil, peças pequenas em vez de conjuntos inseparáveis, e o uso de peças padrão (não específicas para cada aparelho) não depende, mais uma vez, do preço do eletrodoméstico. Por exemplo, uma das máquinas de lavar mais baratas (uma Samsung de 250 euros) é mais fácil de reparar do que modelos que custam até oito vezes mais.E, se alguns componentes eletrónicos sensíveis ao calor se desgastam rapidamente, mas são fáceis de substituir, há partes mecânicas que estão cada vez mais integradas, dificultando a substituição. Os rolamentos de esferas, por exemplo, estão integrados em 15 das 24 máquinas testadas. Nestes casos, a reparação poderá ser mais cara do que comprar um aparelho novo.Outro problema na hora de mandar reparar é o monopólio dos fabricantes. À exceção da Whirlpool, as marcas não dão informação às oficinas independentes com vista a capacitá-las para fazer reparações. Os fabricantes desculpam-se com a necessidade de manter em segredo a construção das suas máquinas e de garantir uma boa reparação. Justificações à parte, o cliente precisa de soluções. E, muitas vezes, a única que há é comprar uma máquina nova para substituir outra praticamente nova. ¬

Nos últimos anos,os fabricantes apostam mais na eficiência energéticados aparelhos, e descuram a durabilidade

O Modelo mais barato da Samsung tem muitas peças fixadas com sistema clip, o que facilita a remoção e a reparação

Hotpoint e Indesit têm a mangueira de água e a gaveta do detergente integradas. Para trocar uma, tem de trocar outra e encarece

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Muito bomBomMédioMedíocreMau

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