Mar e literatura

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O protópo de todas as epopeias marímas Odisseia O poema épico Odisseia”, da autoria de Homero, relata o re- gresso de Ulisses, o herói singular da Guerra de Troia e prota- gonista que deu nome à obra. Ulisses passou no mar todo o po de aventuras e a todas conseguiu sobreviver, mesmo às mais diceis. Superou, as- sim, a sua condição humana, imortalizando-se.

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O protótipo de todas as epopeias marítimas

Odisseia

O poema épico “Odisseia”, da autoria de Homero, relata o re-

gresso de Ulisses, o herói singular da Guerra de Troia e prota-

gonista que deu nome à obra.

Ulisses passou no mar todo o tipo de aventuras e a todas

conseguiu sobreviver, mesmo às mais difíceis. Superou, as-

sim, a sua condição humana, imortalizando-se.

O Mar na Poesia a navegar pelos séculos!

“Ao longo dos séculos, os poetas portugueses cantaram o mar.

Muitos mares: o mar afável das praias e dos banhistas, o mar

duro da faina dos pescadores, ou ainda esse mar que levou os

navegadores quinhentistas à descoberta de um novo mundo.”

Luís Miguel de Queirós, 3-10-2012

A poesia portuguesa é uma praia constantemente batida pelas

ondas do mar. Desde os primeiros trovadores galaico-portugue-

ses, até aos poetas dos nossos dias.

Poesia Trovadoresca– Idade Média

“Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?

e ai Deus, se verrá cedo?

Ondas do mar levado,

se vistes meu amado?

e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amigo,

o por que eu sospiro?

e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amado,

o por que hei gram coidado?

e ai Deus, se verrá cedo?”

Martin Codax

Há setecentos anos, o trovador Martim Codax perguntava, as-

sumindo a voz de uma donzela, pelo seu amigo, nome que na

época significava namorado.

O facto de não ter notícias suas e de não saber a data do seu

regresso é, neste poema, um motivo de ansiedade.

Século XVI

Os Lusíadas- A tempestade

Canto VI, estâncias 70 a 93

Camões, expoente máximo do renascimento português, imor-

taliza na epopeia “Os Lusíadas” a viagem marítima de Lisboa à

Índia com todos os perigos, privações, medos, que os portugue-

ses tiveram de superar para alcançarem o seu sonho. Nenhuma

força superior, divindade ou não, foi capaz de os dissuadir do

seu propósito. Enfrentaram o Gigante Adamastor, o Mostrengo,

monstro voador, violentas tempestades, trágicos naufrágios.

Deus espelhou o céu no mar e este é fonte de glória, mas é também

fonte de todos os perigos.

“Deus ao mar o perigo e o abismo deu/ Mas nele é que espelhou o

céu”

Fernando Pessoa

Século XVIII

“A História Trágico-Marítima”

Publicada por Bernardo Gomes de Brito, no século XVIII, esta

obra retrata com grande

pormenor e realismo o lado

menos glorioso das viagens

marítimas. Muitos navega-

dores jazem no fundo do

mar, vítimas da fome, da do-

ença e dos naufrágios terrí-

veis que sofreram. Os relatos

de naufrágios são inúmeros

e foram tornado públicos pe-

los sobreviventes que conse-

guiram escapar com vida.

“Cinco dias depois da largada mudou o vento de maneira súbi-

ta, tornando-se tão contrário e de tal violência que trataram de

alijar fazenda ao mar, por isso que a nau lhes mareava mal, pe-

la muita carga com que dali partira. Pela tarde piorou ainda, e o

casco abriu água. (…)”

História Trágico-Marítima, adaptado por António Sérgio

Século XX

Fernando Pessoa, grande vulto da literatura universal, traduz

no seu poema “Mar Português” o muito sofrimento que a con-

quista e posse dos mares causou aos portugueses. Para que o

mar fosse nosso, muitas mães choraram, muitos filhos rezaram

em vão, muitas noivas ficaram por casar. Todavia, segundo o

poeta, tudo valeu a pena, porque o sonho era grande.

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso ó mar !

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

(…)

Mensagem, Fernando Pessoa

Século XX

Sophia de Mello Breyner Andersen

Esta poetisa sempre viu no mar uma inesgotável fonte de inspi-

ração. Segundo as suas próprias palavras, o mar foi sempre a

sua “musa inspiradora”, daí que figure em muitas das sua

obras, quer em prosa quer em poesia.

“Tu nunca foste ao fundo do mar e não

sabes como lá é tudo bonito.”

A Menina do Mar, Sophia M. Breyner Andersen

“Mar, metade da minha alma é feita de maresia

Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,

Que há no vasto clamor da maré cheia,

Que nunca nenhum bem me satisfez.

E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia …”

Sophia de Mello Breyner Andersen

Século XXI

O mar está obsessivamente presente em inúmeros poetas con-

temporâneos e Ruy Belo não é exceção.

“Morte ao meio-dia”

O meu país é o que o mar não quer

é o pescador cuspido à praia à luz do dia

pois a areia cresceu e a gente em vão requer

curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia.

Ruy Belo

Trabalho elaborado pelos alunos, Ângela Gonçalves, Carla Nunes, João Vieira, Margarida

Miranda, Vera Abreu, do 10ºLH2