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  • CARLOS ALBERTO RICHAGovernador do Estado do Paran

    NORBERTO ANACLETO ORTIGARASecretrio de Estado da Agriculturae do Abastecimento

    INSTITUTO AGRONMICO DO PARAN - IAPAR

    FLORINDO DALBERTODiretor-Presidente

    TIAGO PELLINIDiretor de Pesquisa

    ALTAIR SEBASTIO DORIGODiretor de Administrao e Finanas

    ADELAR ANTONIO MOTTERDiretor de Gesto de Pessoas

    JOS ANTNIO TADEU FELISMINODiretor de Inovao e Transferncia de Tecnologia

    Capa Maracuja - 25-01-15.indd 2 27/01/2015 00:37:20

  • INSTITUTO AGRONMICO DO PARANLondrina

    2015

    BOLETIM TCNICO N 83JANEIRO/2015

    ISSN 0100-3054

    Sergio Luiz Colucci de Carvalho

    Neusa Maria Colauto Stenzel

    Pedro Antonio Martins Auler

    MARACUJ-AMARELOMARACUJ-AMARELORECOMENDAES TCNICAS PARA CULTIVO NO PARAN

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  • Comit Editorial (intErino)Tiago PelliniJos Antnio Tadeu FelisminoEdmilson Gonales Liberallisson NriEditor ExECutivolisson NrirEvisoCarla M. P. MachadodiagramaoNelson M. JniorCapaTer Marquesdistribuiorea de Difuso de Tecnologia - [email protected] | (43) 3376-2373tiragEm: 1.300 exemplares

    Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial, desde que citada a fonte. proibida a reproduo total desta obra.

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil2015

    INSTITUTO AGRONMICO DO PARAN

    Carvalho, Sergio Luiz Colucci de.Maracuj-amarelo : recomendaes tcnicas para cultivo no Paran / Sergio Luiz Colucci de Carvalho, Neusa Maria Colauto Stenzel, Pedro Antonio Martins Auler. Londrina : IAPAR, 2015.54 p. : il. ; 22 cm. (Boletim Tcnico ; n. 83)

    Inclui bibliografia.ISSN 0100-3054

    1. Maracuj Cultivo Paran. 2. Maracuj Doenas e pragas Paran. I. Stenzel, Neusa Maria Colauto. II. Auler, Pedro Antonio Martins. III. Instituto Agronmico do Paran. IV. Ttulo. V. Srie.

    CDU 634.776.3(816.2)

    C331m

    Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)

    Crdito das imagEnsSergio Luiz Colucci de CarvalhoFigs. 4, 5, 7, 8, 10a, 14, 15, 16, 17a, 17b, 23a, 23b, 26, 27 e 29Pedro Antonio Martins AulerFigs. 21 e 30Jos Raimundo de SFigs. 6a, 12, 19a e 19bEdino Ferreira da SilvaFigs. 2a, 2b, 2c, 2d, 3a, 3b, 6b, 9, 10b, 10c, 11, 13, 18a, 18b, 20, 22a, 22b, 24a, 24b, 25, 28a, 28b e capaWilian da Silva RicceFig. 1Ter MarquesFigs. 5, 8 e 29

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  • AUTORES

    Sergio Luiz Colucci de CarvalhoEngenheiro-agrnomo

    PhD em Fenologia de PlantasPesquisador da rea de Fitotecnia

    IAPAR [email protected]

    Neusa Maria Colauto StenzelEngenheira-agrnoma

    Doutora em AgronomiaPesquisadora da rea de Fitotecnia

    IAPAR [email protected]

    Pedro Antonio Martins Auler

    Engenheiro-agrnomoDoutor em Agronomia

    Pesquisador da rea de FitotecniaIAPAR [email protected]

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  • APRESENTAOO maracuj-amarelo cultivado em todo territrio brasilei-ro. Apesar de ser uma planta nativa, somente na dcada de 1970 os estudos com esta fruteira foram intensificados, propiciando maior divulgao e segurana para a implantao de pomares comerciais e avanos na industrializao da polpa para confec-o de refrescos e confeitos. Quando da implantao do Insti-tuto Agronmico do Paran (IAPAR), praticamente no havia pomares comerciais de maracuj no Estado. O IAPAR, ento, ini-ciou trabalhos com esta fruta no ano de 1976, com os primeiros pomares implantados na regio Norte e litoral do Estado. Pos-teriormente, os estudos foram estendidos para praticamente todas as regies aptas ao seu cultivo no Paran.Por se tratar de fruteira de ciclo relativamente rpido e demandar prticas especializadas de cultivo, o maracujazeiro adaptou-se bem em pequenas propriedades, sendo hoje impor-tante fator de renda para muitos agricultores familiares, com importncia significativa na base da economia de alguns muni-cpios do litoral e da regio central do Paran. Com a expanso da cultura, surgiram novos desafios. Houve maior ocorrncia de pragas e doenas, problemas de conduo de pomares, nutrio de plantas e entraves de ordem econmica, dentre outros.

    Esta publicao fruto da experincia acumulada do IAPAR envolvendo pesquisadores e tcnicos de diversas especialidades para definir tecnologias apropriadas a cada uma das situaes enfrentadas pelo bravo homem do campo. Espera-se que esta obra contribua para a consolidao do agronegcio do maracuj, princi-palmente para o pequeno agricultor.A todos aqueles pesquisadores, tcnicos, extensionistas, agricultores, industriais e instituies de financiamento e pes-quisas que de alguma forma contriburam para que esta publica-o se tornasse realidade, nosso reconhecimento.

    Os autores.

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  • SUMRIO

    INTRODUO ......................................................................9

    ATRIBUTOS DA FRUTA .........................................................9

    ZONEAMENTO DA CULTURA .............................................10

    CULTIVARES .......................................................................11

    PROPAGAO ...................................................................12

    Obteno e Armazenamento de Sementes ..............12

    Formao de Mudas .................................................14

    IMPLANTAO DO POMAR ..............................................17

    Escolha do Local ........................................................17

    Quebra-vento ............................................................17

    Correo do Solo.......................................................17

    Preparo do Solo ........................................................18

    Preparo das Covas ....................................................19

    Sistemas de Conduo ..............................................19

    Espaamento e Densidade ........................................23

    Plantio .......................................................................23

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  • TUTORAMENTO, DESBROTA E CONDUO ......................25

    PODA .................................................................................25

    FLORESCIMENTO E POLINIZAO ....................................27

    FATORES QUE INFLUENCIAM A FRUTIFICAO ................28

    ADUBAO .......................................................................29

    MANEJO DO MATO E CULTIVO INTERCALAR ....................30

    PRINCIPAIS DOENAS .......................................................32

    Doenas da Parte Area Causadas por Bactrias e Fungos..............................................32

    Bacteriose ........................................................32

    Antracnose .......................................................33

    Verrugose .........................................................33

    Manejo das doenas da parte area ................35

    Viroses ......................................................................35

    Vrus do endurecimento dos frutos do maracujazeiro ..............................................35

    Vrus da pinta verde (PGSV) .............................37

    Doenas Fngicas de Solo .........................................38

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  • Murcha ou fusariose (Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae) e podrido do colo (Phytophthora cinnamomi) ..............................38

    PRINCIPAIS PRAGAS ..........................................................39

    Lagartas (Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae) .........................................39

    Lagarta-dos-frutos ....................................................39

    Percevejos (Diactor bilineatus, Holymenia clavigera e Leptoglossus gonagra) .........40

    Coleobroca (Philonis passiflorae) ..............................41

    Moscas-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitits capitata) ....................................................41

    Mosca-do-boto-floral (Protearomyia sp.) ...............41

    caro Vermelho (Tetranychus spp.) ..........................41

    Abelhas .....................................................................43

    Besouros ...................................................................43

    Outras Pragas ............................................................45

    EQUIPAMENTOS PARA PULVERIZAO DE AGROQUMICOS ..........................................................45

    CICLO E PRODUO ..........................................................46

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  • COLHEITA E COMERCIALIZAO .......................................47

    CUSTOS E RECEITA .............................................................49

    REFERNCIAS ....................................................................51

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  • 9MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    INTRODUOOriginrio da Amrica tropical, o maracuj-amarelo ou mara-cuj-azedo (Passiflora edulis Sims) o mais cultivado e comerciali-zado no Brasil, sendo seus frutos utilizados, principalmente, para a produo de suco.A explorao econmica do maracujazeiro no Brasil, e tambm no Paran, tem experimentado oscilaes na rea de plantio devido ocorrncia de doenas e preos de mercado, fatores determinan-tes para a deciso de se cultivar essa fruteira, que apresenta ciclo de produo relativamente curto e boa rentabilidade por rea, consti-tuindo uma importante alternativa de renda, principalmente para os pequenos agricultores. Por ser espcie de clima tropical e subtropi-cal, o maracuj-amarelo adapta-se bem s regies livres de geadas severas, havendo, no Paran, extensas reas aptas ao seu cultivo.No Brasil, o plantio comercial teve incio nos anos 1970 e, no Estado do Paran, no final da mesma dcada. Sua expanso e comer-cializao ocorreram no incio da dcada de 1980, principalmente na regio litornea do Estado, onde, ainda hoje, a cultura represen-ta importante fonte de renda. Atualmente, a explorao do maracu-j est distribuda em diferentes regies do Paran.ATRIBUTOS DA FRUTACom sabor especial, o suco do maracuj est entre os mais apreciados pelos consumidores e sua polpa, tambm, amplamen-te empregada no preparo de doces, geleias, nctares, refrescos, sor-vetes e outros produtos culinrios.A cor amarela ou alaranjada intensa do seu suco deve-se aos pigmentos carotenoides, que so precursores de vitamina A e atuam como antioxidantes na preveno de doenas e processos de envelhecimento. A polpa tambm fonte de vitaminas do complexo B, vitamina C e minerais.

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  • 10 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    A casca rica em fibras solveis, principalmente pectina, cuja utilizao na forma de farinha pode auxiliar na reduo do coleste-rol e da glicose no sangue e em dietas de emagrecimento.As sementes so consideradas boas fontes de cidos graxos essenciais e possuem propriedade vermfuga, com possibilidade de uso na alimentao, cosmticos e frmacos.A substncia denominada maracujina ou passiflorina, presente principalmente nas folhas do maracuj, tem propriedade sedativa e amplamente empregada como calmante natural.

    ZONEAMENTO DA CULTURAAs condies de relevo e a posio geogrfica do Paran con-dicionam climas distintos para o cultivo do maracuj. Assim, reco-menda-se seu cultivo em reas abaixo de 700 m, localizadas ao norte do Estado, no litoral, no Vale do Ribeira e em regies com temperaturas mais elevadas e baixo risco de geada.De acordo com o zoneamento agrcola definido pelo Minist-

    rio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA), apenas as regies destacadas em verde e amarelo so consideradas aptas ao cultivo do maracuj no Paran (Figura 1). Os perodos de plantio nessas regies foram determinados em funo do risco de ocorrn-cia de geada. Para regies com risco inferior a 20%, o plantio indi-cado para o perodo de agosto a maro (rea verde do mapa) e, para aquelas com risco entre 20% e 40%, o plantio indicado para os meses de agosto a outubro (rea amarela do mapa)1.Informaes sobre a relao de municpios recomendados para o plantio de maracuj no Paran, assim como sobre os demais cri-trios adotados na definio do zoneamento agrcola dessa cultura, podem ser obtidas na Portaria do MAPA n. 122, de 20/04/2011.1Informaes complementares sobre poca de plantio esto detalhadas em Plantio (p. 23) e Ciclo e Produo (p. 46).

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  • 11MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Figura 1. Zoneamento agrcola da cultura do maracuj-amarelo no Paran.CULTIVARESExistem diversas cultivares de maracuj-amarelo registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do MAPA, mantidas por instituies pblicas ou privadas, algumas com maior aptido para a agroindstria e outras para o mercado in natura2. Informaes sobre as caractersticas agronmicas de cada cultivar devem ser obtidas diretamente com os mantenedores das mesmas. importante que a indicao de determinada cultivar ou sele-o seja sempre antecedida de avaliaes prvias do seu comporta-mento agronmico na regio em que ser cultivada.2Informaes disponveis em: www.agricultura.gov.br/vegetal/registros-autorizacoes/registro/registro-nacional-cultivares

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  • 12 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    PROPAGAOObteno e Armazenamento de SementesA propagao do maracuj-amarelo em escala comercial feita por meio de sementes. Cada fruto contm, em mdia, 350 semen-tes, sendo que 1 grama contm aproximadamente 45 delas.Viveiros comerciais devem, obrigatoriamente, adquirir semen-tes de instituies que detm o registro ou a manuteno da culti-var. Para a produo de mudas com a finalidade de uso prprio, as sementes devem, preferencialmente, ser adquiridas de instituies mantenedoras de registro da cultivar. Porm, tambm possvel obt-las no prprio pomar, quando o mesmo apresenta boas condi-es fitossanitrias. Nesse caso, devem ser selecionadas plantas pro-dutivas, vigorosas, sadias e com as caractersticas da cultivar.Para a obteno das sementes, deve-se selecionar frutos gran-des, de colorao amarelo-canrio, ovalados, com casca lisa e sem manchas. As sementes devem ser retiradas de, no mnimo, 20 fru-tos de diferentes plantas e misturadas. Antes da extrao, deve-se fazer a assepsia dos frutos, lavando-os em uma soluo contendo 1 litro de gua sanitria dissolvido em 10 litros de gua, por cin-co minutos. Em seguida, aps os frutos serem cortados e a polpa retirada, deve-se colocar as sementes em um recipiente de vidro ou saco plstico, para fermentar, por um perodo de 3-5 dias, o que facilita a separao das sementes da polpa (Figura 2a, b). Na sequncia, as sementes devem ser colocadas em uma peneira, lava-das em gua corrente e secas sombra por aproximadamente 48 horas, em camadas finas, sobre folhas de papel (Figuras 2c, d).

    As sementes podem ser semeadas em seguida ou ficar armaze-nadas em sacos plsticos fechados, em cmara fria, temperatura de 5-8oC, por at um ano, sem perda significativa da germinao.4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 12 01/02/2015 18:36:57

  • 13MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Figura 2. Etapas de extrao das sementes de maracuj. a) frutos selecionados; b) fermentao da polpa em saco plsti-co fechado; c) lavagem das sementes em gua corrente; d) secagem das sementes.

    a b

    c d

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  • 14 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Formao de MudasDependendo da poca de plantio, o preparo da muda apresen-ta tempo de formao e cuidados diferenciados, principalmente em funo de diferenas na temperatura ambiente. Assim, mudas para plantio no final do inverno ou no incio da primavera devem ser formadas em ambiente protegido do frio e semeadas com a maior antecedncia da data prevista para o plantio, pois podem levar at 90 dias para atingir o desenvolvimento adequado para o plantio. J as mudas para plantio no vero podem ser preparadas com menor antecedncia, pois atingem desenvolvimento adequa-do em 45-60 dias (Tabela 1).Os viveiros de produo de mudas devem ser protegidos com tela antiafdeos, que impede a entrada de pulges, e as mudas devem ser produzidas meia sombra (50% de sombreamento), em local com quebra-vento previamente estabelecido, livres da ocor-rncia de geada e distantes de pomares de maracujazeiro.

    Em regies com ocorrncia de viroses ou maior risco de gea-da, possvel o emprego de mudas mais desenvolvidas, com at 100 cm de altura, as quais devero ser plantadas desde meados de agosto at setembro, em cultivo mais adensado, para produo de um nico ciclo. Nesse caso, as mudas devem ser produzidas em recipientes com maior volume de substrato.Tabela 1. Tempo para germinao das sementes e formao das mudas de maracuj-amarelo, de acordo com a poca de plantio.Fase Plantio de vero Plantio de invernoTempo a partir da semeadura (dias)Incio da germinao 10-15 15-20Muda pronta 45-60 75-90

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  • 15MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    As mudas podem ser preparadas em saco plstico preto (9,0 cm x 18,0 cm) ou tubete (3,5 cm x 14,0 cm) (Figura 3). Para a produo de mudas mais desenvolvidas, recomenda-se a utili-zao de sacos plsticos de 15 cm x 25 cm, com volume de apro-ximadamente 1,0-1,5 kg de substrato. Para enchimento dos reci-pientes utilizados na produo das mudas podem ser utilizados dois tipos de substrato:1. Substrato base de terra: consiste em trs partes de terra para uma de esterco de curral curado. Para cada metro cbico da mistura, adiciona-se 1,0 kg de susperfosfato simples e 2,0 kg de calcrio dolomtico. Um metro cbico permite encher 2.400 sacos (9,0 cm x 18,0 cm). Para elimi-nar patgenos, aps o preparo o substrato deve ser sub-metido a tratamento por calor (vapor) ou solarizao;2. Substrato comercial: produto normalmente preparado base de casca de madeira, que tem a vantagem de ser esterilizado. encontrado nas opes fertilizado ou no. Caso no seja fertilizado, deve ser previamente preparado com adubos minerais e orgnicos apropriados. Uma op-o a incorporao, na dose de 5,0 g/L, de fertilizante de liberao gradual da frmula 19-6-10. Para a formao de mudas em tubetes, recomenda-se somente o substrato comercial, especialmente para produo contnua e em grande escala.Em ambos os sistemas de produo de mudas, as sementes, em

    nmero de duas a trs, devem ser colocadas a aproximadamente 1 cm de profundidade. Quando as plntulas estiverem com 3-5 cm de altura, deve-se realizar o desbaste, deixando somente a mais vigorosa, cortando o caule das outras rente ao substrato, para no danificar o sistema radicular da remanescente.

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  • 16 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 3. Mudas de maracuj-amarelo produzidas em saco plstico (a) e em tubete (b).

    Deficincias de nitrognio e fsforo podero ser corrigidas com a aplicao de ureia a 0,5% e de fosfato monoamnico (MAP) a 1,0%, diludos em gua e aplicados com regador. Para prevenir doenas, as mudas devem ser pulverizadas com calda bordalesa (0,6%) a cada 15 dias. Periodicamente, devem ser feitas inspees no viveiro para verificar a ocorrncia de pragas e doenas, e uma vez constatado o ataque, deve-se fazer a aplicao de inseticidas ou fungicidas especficos. As mudas esto prontas para o plantio quan-do alcanam 15-20 cm de altura (Figura 3).

    a b

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  • 17MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    IMPLANTAO DO POMAREscolha do LocalAo escolher o local para implantao do pomar, deve-se dar preferncia s reas planas, com proteo natural de ventos fortes, e evitar aquelas com histrico de doenas no cultivo de maracuj. Tambm devem ser evitadas reas sujeitas a geadas, como baixadas e com face sul, com solos mal drenados e declividade acentuada, e reas prximas de cultivos nos quais so utilizados herbicidas que apresentem risco de deriva, principalmente 2,4-D.Quebra-ventoNas condies climticas do Paran, recomenda-se a utilizao de quebra-vento para minimizar a ao do vento e suas consequn-cias, principalmente sobre a sanidade dos pomares. No havendo dis-ponibilidade de rea com quebra-vento pr-estabelecido, sua implan-tao deve ser realizada com pelo menos seis meses de antecedncia, de forma a oferecer proteo s mudas no momento em que forem plantadas, mantendo-se distncia mnima de cinco metros da linha de plantio do maracujazeiro. O capim-elefante, cv. Cameroon (Figura 4), tem sido bastante utilizado e apresentado bons resultados.Correo do Solo

    O uso de corretivos deve ser definido com base no resultado da anlise qumica do solo, coletado, preferencialmente, em duas pro-fundidades (0-20 cm e 20-40 cm). Quando a saturao por bases (V%) na camada de 0-20 cm for inferior a 60%, deve-se realizar cala-gem para elev-la a 70%. De acordo com o resultado da anlise qu-mica, deve-se optar por calcrio dolomtico ou calctico ou a compo-sio de ambos, visando manter o equilbrio entre clcio e magnsio no solo. Na camada de 20-40 cm, a presena de teores elevados de alumnio (saturao acima de 50%) e/ou muito baixos de clcio indi-cam que o uso do gesso deve ser considerado, nesse caso aplicado associado calagem. Os corretivos devem ser aplicados em rea total antes do preparo do solo, no mnimo trs meses antes do plantio.

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  • 18 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 4. Cultivo de maracuj-amarelo protegido com quebra-vento de capim-elefante, cv. Cameroon.Preparo do Solo

    Dependendo das condies qumicas e fsicas do solo, seu pre-paro poder ser em rea total ou mnimo, utilizando-se arao (20 cm de profundidade) e gradagem. No havendo restries qu-micas (teor elevado de alumnio e/ou baixa saturao por bases) e fsicas (presena de compactao), o preparo poder ocorrer em faixas, nas quais se revolve o solo apenas nas linhas de plantio, mantendo-se as entrelinhas vegetadas. Em reas que j apresen-tam condies adequadas de fertilidade e sem problema de com-pactao, no necessrio revolver nem mesmo as linhas de plan-tio, fazendo-se, nesse caso, apenas um bom preparo da cova.O preparo mnimo recomendado, especialmente, para solos arenosos, como os originrios do Arenito Caiu (Regio Noroeste do Paran), e tambm para reas com declividade mais acentua-

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  • 19MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    da, como as do Vale do Ribeira, cujas condies so mais suscet-veis eroso.Preparo das CovasA forma mais prtica e econmica de preparar as covas abrir com sulcador, em toda a extenso da linha de plantio, sulcos com 30-50 cm de profundidade. Aps a marcao dos pontos de plantio no sulco, deve-se aplicar e misturar os adubos com a terra e fechar as covas, aguardando o plantio das mudas. As covas tambm podem ser abertas individualmente, com a dimenso mnima de 30 cm de profundidade e 40 cm de largura. Na sua adubao, deve-se utilizar 200-400 g de superfosfato simples (de acordo com o teor de fsfo-ro no solo), 250 g de calcrio dolomtico e 40 g de cloreto de pots-sio. importante utilizar tambm adubo orgnico, cuja quantida-de vai depender da fonte utilizada. No caso de esterco de bovino, deve-se utilizar em torno de 10 litros por cova, e de esterco de gali-nha ou cama de frango, em torno de 5 litros por cova.As covas devem ser preparadas pelo menos 20 dias antes do plantio das mudas, sendo importante que as mesmas recebam chuva ou sejam molhadas aps o fechamento, possibilitando o assentamento da terra e a fermentao do adubo orgnico, caso este ainda no esteja bem curado.Sistemas de ConduoO maracujazeiro necessita de conduo por ser uma planta trepadeira e de crescimento rpido. O sistema de espaldeira ver-tical com um fio de arame o mais utilizado, por ser mais barato e facilitar a polinizao manual e os tratos culturais e fitossanit-rios (Figuras 5 e 6). O fio de arame liso deve passar pelos furos dos palanques a 1,90 m do solo e ser esticado com catraca. Os palan-ques das cabeceiras devem ter, aproximadamente, 3,0 m de altura

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  • 20 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    e 0,20 m de dimetro e os intermedirios 2,50 m de altura e 0,12 m de dimetro, distanciados, no mximo, 12,0 m entre si. A cada 6,0 m necessrio utilizar palanques de apoio, como estacas de bam-bu gigante ou palanques de madeira. Tutores de bambu tambm podem ser utilizados como apoio e linhas muito extensas (mxi-mo de 80,0 m) devem ser evitadas, pois dificultam o manejo das plantas e o escoamento da produo.Sempre que possvel, a instalao da espaldeira deve seguir a orientao leste-oeste, que permite insolao mais homognea dos dois lados da planta e evita a queimadura de frutos pela expo-sio frontal ao sol (Figura 7).Outro sistema de conduo em latada ou caramancho (Figura 8), cuja utilizao tem sido mais frequente em regies com alta populao de agentes polinizadores naturais, como o litoral paranaense. Nessa regio, esse sistema utilizado em sucesso cultura do chuchu.

    12,0 m

    1,0

    m

    1,9

    m

    6,0 m

    0,5 m

    Solo

    Palanque intermedirioPalanque de apoio

    Tutor < 0,12 mCatraca

    Palanque de cabeceira

    0,12 m0,20 m

    Figura 5. Esquema do sistema de conduo em espaldeira para mara-cuj-amarelo (a) e opes para instalao do palanque de cabeceira (b).

    a

    b

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 20 01/02/2015 18:37:01

  • 21MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Figura 6. Maracuj-amarelo conduzido em espaldeira, com um fio de arame, em fase inicial de formao do pomar (a) e em produ-o (b).

    a

    b

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 21 01/02/2015 18:37:01

  • 22 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 7. Dano em fruto de maracuj-amarelo causado pela exposio ao sol.

    2,0

    m

    4,0-6,0 m

    4,0-6,

    0 m

    Figura 8. Esquema do sistema de conduo em latada para mara- cuj-amarelo.4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 22 01/02/2015 18:37:02

  • 23MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    No Norte do Paran, alguns produtores utilizam o sistema em latada na combinao de uva e maracuj, no qual este cultiva-do por uma safra, durante o perodo de formao dos porta-enxer-tos da uva; porm, se sua rentabilidade estiver alta e o pomar apre-sentar boas condies fitossanitrias, atrasa-se a enxertia da uva, deixando o maracuj produzir por mais uma safra. Embora apresente maior produtividade do que outros sis-temas de conduo e menor custo com controle do mato, o sistema em latada tem como desvantagens: maior custo de instalao; difi-culdade de polinizao; maior incidncia de doenas, diminuindo a longevidade do pomar; maior dificuldade no tratamento fitossa-nitrio; e, maior dificuldade na colheita dos frutos, que ficam pre-sos entre os ramos.

    Portanto, em reas com histrico de doenas fngicas e bac-terianas, como tambm em regies onde h necessidade de poli-nizao manual, imprescindvel que o sistema de conduo seja em espaldeira.Espaamento e DensidadeEntre plantas, na linha de plantio, recomenda-se o espaamen-to de 2,0-3,0 m. Nas entrelinhas, deve-se utilizar o espaamento de 2,5-3,0 m quando a pulverizao feita com pulverizador (atomi-zador) costal, podendo chegar a 4,0 m quando se utiliza trator asso-ciado a outros implementos. No menor espaamento (2,0 m x 2,5 m) a densidade de 2.000 plantas por hectare e no maior (3,0 m x 4,0 m) de 833 plantas por hectare. Contudo, o mais utilizado o de 3,0 m x 3,0 m, cuja densidade de 1.111 plantas por hectare.PlantioNas regies de menor risco climtico do Paran (ver Figura 1), o maracujazeiro pode ser plantado no perodo de agosto a maro. Entretanto, nessas regies, a maior eficincia econmica do pomar obtida com o plantio realizado nos meses de janeiro a maro (plan-

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 23 01/02/2015 18:37:02

  • 24 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    tio de vero) ou em agosto/setembro (plantio de inverno). Embo-ra indicado no zoneamento agrcola, o plantio de outubro a janeiro no adequado, por no permitir produo economicamente vi-vel de frutos no primeiro ciclo de cultivo, com aumento dos custos e baixa produtividade. Por sua vez, em regies com maior risco de geada (ver Figura 1), o plantio deve se restringir apenas aos meses de agosto/setembro.Nos meses de abril a julho, o plantio no recomendado, pois nesse perodo, que coincide com o outono/inverno, a planta apre-senta baixo desenvolvimento vegetativo e fica suscetvel a fatores adversos como ventos frios e geadas3.Antes do plantio, as mudas devem ser expostas ao sol aos pou-cos, para aclimatao. No momento do plantio (Figura 9), deve-se retirar a muda da embalagem e aps isso, para facilitar a irrigao at garantir o pegamento das mudas, recomenda-se o coroamento das covas.

    Figura 9. Muda de maracuj-amarelo com a embalagem removida antes do plantio.3Informaes adicionais sobre a poca de plantio encontram-se em Ciclo e Produo (p. 46).

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 24 01/02/2015 18:37:03

  • 25MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    TUTORAMENTO, DESBROTA E CONDUOO caule principal do maracujazeiro necessita ser conduzi-do em haste nica, por meio de desbrotas dos ramos laterais, at alcanar o fio de arame. Na conduo, utiliza-se um tutor, que pode ser um barbante fixado no cho e no fio de arame (Figura 10a) ou uma estaca de bambu, na qual o caule, medida que cres-ce, vai sendo amarrado com fita plstica ou barbante (Figura 10b). Ao amarrar o caule do maracujazeiro na estaca de bambu, o lao deve ser preparado no formato do nmero oito (Figura 10c), para evitar o seu estrangulamento.

    Ao atingir o fio de arame, o caule principal deve ser conduzido para um dos lados, deixando-se uma brotao que ser conduzida para o lado oposto (Figura 11a). A conduo desses ramos deve ser feita pelo enrolamento dos mesmos no fio de arame (Figura 11b). Os ramos no devem ser amarrados, pois isso compromete o seu desenvolvimento. Nessa fase, importante que a operao seja rea-lizada com frequncia de 2-3 vezes por semana.

    Cabe ressaltar que, como medida preventiva ocorrncia de doenas, o desponte de ramos, utilizado na formao inicial do maracujazeiro, no mais recomendado.Depois que atinge o fio de arame, do caule ou haste principal originam-se os ramos secundrios que, por sua vez, do origem aos ramos tercirios. Com o crescimento desses ramos formada a cor-tina de ramos (ver Figura 6b), onde ocorre a produo de frutos.

    PODAA poda de produo no aconselhada, por favorecer a entra-da de doenas e o declnio da planta. Recomenda-se a poda de lim-peza, que deve ser realizada no incio da primavera e consiste em eliminar os ramos secos, doentes e os prximos ao solo.4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 25 01/02/2015 18:37:03

  • 26 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 10. Conduo do caule principal do maracuj-amarelo em has-

    te nica, em tutor de barbante (a), em tutor de bambu (b) e detalhe de como deve ser amarrado o barbante no bambu (c).

    Figura 11. Conduo dos ramos secundrios do maracuj-amarelo

    quando atingem o fio de arame (a) e detalhe do enrolamento do ramo no fio (b).

    a b c

    a b

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 26 01/02/2015 18:37:04

  • 27MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    FLORESCIMENTO E POLINIZAOO maracuj-amarelo floresce sob influncia de dias longos,

    necessitando, no mnimo, de 11 horas de luz por dia. Sua flor abre no incio da tarde e fecha na noite do mesmo dia, no abrindo novamen-te. A mamangava (Xylocopa spp.) o principal agente polinizador (Figura 12). As flores de uma mesma planta so auto-incompatveis e a autofecundao raramente ocorre, motivo pelo qual a polinizao deve ser cruzada com o plen de flores de outras plantas de maracu-j do pomar. No horrio em que as flores esto abertas, no mnimo 70% delas devem ser fecundadas naturalmente, possibilitando, per-centual equivalente de frutificao. Na ausncia ou baixa populao de mamangavas, deve-se recorrer polinizao manual, que reali-zada mediante a transferncia do plen, que est presente nas cinco anteras, para a parte superior dos trs estigmas da flor, utilizando-se os dedos (Figura 13). Para maior eficcia na fecundao da flor e con-sequente frutificao, a polinizao manual dever ser executada a partir de uma hora aps a plena abertura das flores.

    Figura 12. Mamangavas polinizando a flor do maracuj-amarelo.

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 27 01/02/2015 18:37:04

  • 28 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 13. Polinizao manual da flor do maracuj-amarelo, mostrando o momento em que os dedos tocam os estigmas da flor para transferir o plen.

    FATORES QUE INFLUENCIAM A FRUTIFICAOPomares de maracuj-amarelo com bom nvel de florescimento podem, em determinadas circunstncias, apresentar baixa produo

    de frutos. Alm da auto-incompatibilidade entre flores de uma mes-ma planta, outros fatores podem prejudicar a frutificao, como:

    Chuva: a chuva umedece os gros de plen, que se rom-pem, prejudicando a fecundao da flor e, consequente-mente, diminuindo a frutificao;

    Temperatura: temperaturas elevadas, em torno de 35oC, durante o perodo de florescimento podem causar o abor-tamento do boto floral;

    Seca: perodos de seca prolongada podem causar queda do boto floral;

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 28 01/02/2015 18:37:04

  • 29MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Agente polinizador: ausncia ou baixa populao de ma-mangavas diminui a frutificao;

    Abelhas melferas: as abelhas so prejudiciais ao maracu-j, pois removem o gro de plen e o nctar antes mesmo da flor se abrir, deixando-as menos atrativas para as ma-mangavas;

    Horrio das pulverizaes: pulverizaes no perodo em que as flores esto abertas afetam a frutificao, pois diminuem a ao das mamangavas e prejudicam a viabilidade dos gros de plen, que se rompem ao se umedecer com a gua;

    Outros fatores: doenas, pragas, deficincias nutricionais e tipo de flor tambm podem afetar a frutificao.

    ADUBAOConsiderando-se um solo de fertilidade mdia, sero apre-sentadas sugestes de adubao para o perodo de formao das plantas (Tabela 2) e produo dos frutos (Tabela 3). O responsvel tcnico poder ajustar as adubaes de acordo com o resultado da anlise do solo, a produo esperada, o desenvolvimento vegetativo das plantas e o adubo disponvel.Tabela 2. Adubao de formao para o maracujazeiro, de acordo com a fase de desenvolvimento da planta, em um solo de fertilida-de mdia.Fase de desenvolvimento N K2O

    (g/planta)Incio da brotao da muda 12 -Haste principal com 2,0 m 18 -Formao dos ramos secundrios 25 25Formao dos ramos tercirios 30 30

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 29 01/02/2015 18:37:04

  • 30 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Tabela 3. Adubao de produo para o maracujazeiro, de acordo com a produtividade esperada em um solo de fertilidade mdia.Produtividade esperada (t/ha)

    N P2O5 K2O(g/planta)Inferior a 20 50 20 100De 20 a 30 70 25 150Superior a 30 90 30 180

    A aplicao de adubo na fase de formao deve ser realizada em crculo ao redor da planta, cujo dimetro da faixa de aplicao deve ir aumentando gradativamente de 20 cm at 50 cm, respecti-vamente da fase inicial de brotao da muda at o incio da emisso dos ramos tercirios.As adubaes de produo tambm devem ser realizadas em crculo ao redor da planta, numa faixa de aplicao com 60-80 cm de dimetro. A quantidade de adubo anual deve ser parcelada em 3-4 aplicaes. Um reforo com adubao orgnica poder ser rea-lizado em cobertura durante o primeiro fluxo de florada. Os adubos, minerais ou orgnicos no devem tocar o tronco da planta.Para plantios em sequeiro, as adubaes devem ser realiza-das nos perodos de maior disponibilidade de gua no solo, ou seja, no perodo de maior ocorrncia de chuvas (de setembro a maro), poca que coincide tambm com temperaturas mais elevadas, as quais favorecem o crescimento da planta.A adubao com micronutrientes recomendada quando da constatao de carncias na planta. O adubo a ser utilizado e as doses devem ser indicados pelo responsvel tcnico.MANEJO DO MATO E CULTIVO INTERCALARAs plantas de maracuj devem ser mantidas livres da concor-rncia de mato num raio de 50 cm a partir do caule. No restante da

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 30 01/02/2015 18:37:04

  • 31MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    rea, deve-se manter o solo com cobertura vegetal espontnea, que deve ser roada, principalmente nas pocas mais secas do ano e em eventuais perodos de estiagem durante a estao das chuvas, para evitar a concorrncia por gua. O material roado das entrelinhas pode ser deslocado para as linhas de plantio para a formao de cobertura morta. Pode-se utilizar, tambm, o plantio de legumino-sas e gramneas como cobertura vegetal no manejo das entrelinhas.O uso de coberturas vegetais nas entrelinhas (Figura 14) aumen-ta a infiltrao de gua no solo, reduz a eroso, melhora a fertilidade e auxilia no manejo fitossanitrio do pomar. J a cobertura morta na linha de plantio, alm de tambm contribuir para essas melhorias, reduz a incidncia do mato e preserva a umidade do solo.Durante a fase de formao das plantas de maracuj, pode-se ainda utilizar o cultivo intercalar nas entrelinhas com plantas de baixo porte, como arroz (Figura 15).

    Figura 14. Pomar de maracuj-amarelo mantido com cobertura vegetal espontnea aps a roagem.4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 31 01/02/2015 18:37:05

  • 32 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 15. Pomar de maracuj-amarelo mantido com cultivo intercalar de arroz durante a fase de formao das plantas, em Guara - PR.PRINCIPAIS DOENASDoenas da Parte Area Causadas por Bactrias e FungosBacterioseA bacteriose causada pela bactria Xanthomonas axonopodis pv. Passiflorae, que provoca leses severas nas folhas (Figura 16). Tem como consequncia a intensa desfolha e a seca dos ramos a par-tir das pontas, podendo causar a morte de toda a planta. A dissemina-o dessa bactria se d pelo vento, chuva, mudas, sementes, caixas de colheita, ferramentas e pelo homem. No Paran, essa doena tem sido um dos principais fatores limitantes para o desenvolvimento da cultura, cujos prejuzos podem causar perda total do pomar, sendo fundamental seguir criteriosamente as medidas de manejo preconi-zadas (ver Manejo das doenas da parte area, p. 35).

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 32 01/02/2015 18:37:05

  • 33MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Figura 16. Sintomas de bacteriose em folhas de maracuj-amarelo.AntracnoseDoena causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides (Glomerella cingulata), que ocorre em condies de elevada umi-dade e temperatura e de baixa luminosidade e ventilao. Causa danos em toda a parte area da planta, podendo provocar desfolha, seca de ponteiros e ramos, queda de botes florais e leses nos fru-tos, depreciando-os para o comrcio (Figura 17).VerrugoseDoena causada pelo fungo Cladosporium herbarum, manifes-ta-se em todos os rgos da planta, principalmente em condies de umidade elevada e temperatura amena. Porm, em perodos mais quentes, sua ocorrncia predominante em botes florais, cau-sando sua queda e consequente diminuio da frutificao. Quan-do ocorre nos frutos, causa leses e/ou deformidades, deixando-os imprprios para o comrcio (Figura 18).

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 33 01/02/2015 18:37:05

  • 34 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 17. Sintomas de antracnose em folha (a) e em fruto (b) de mara- cuj-amarelo.

    Figura 18. Sintomas de verrugose em boto floral (a) e em fruto (b) de maracuj-amarelo.

    a b

    a b

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 34 01/02/2015 18:37:06

  • 35MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Manejo das doenas da parte areaO manejo de doenas causadas por bactrias e fungos da parte area da planta deve ser realizado preventivamente, utilizando-se calda bordalesa (0,6%) semanalmente, no perodo chuvoso, ou quinzenalmente, em perodos mais secos. A adubao deve ser equilibrada, evitando-se o excesso de nitrognio. No recomenda-da a irrigao por asperso e a utilizao de presso excessivamen-te alta nas pulverizaes. As plantas devero ser inspecionadas fre-quentemente e no aparecimento dos primeiros sintomas deve-se intensificar o controle, eliminando-se e incinerando-se as partes afetadas e as folhas cadas no solo para, posteriormente, aplicar fungicidas e bactericidas.O quebra-vento muito importante na preveno da bacte-riose, por isso deve estar formado antes do plantio das mudas de maracuj. Outras medidas preventivas tambm devem ser realiza-das para evitar essa doena como, por exemplo, o controle da entra-da de pessoas no pomar e a desinfeco, com bactericida, das mos, calados e caixas de colheita. importante destacar, tambm, que a entrada da doena em uma regio pode ocorrer por sementes ou mudas contaminadas e que em reas de ocorrncia de bacteriose, a polinizao manual pode contribuir para sua disseminao.VirosesVrus do endurecimento dos frutos do maracujazeiroEssa doena causada pelo vrus Cowpea aphid-borne mosaic vrus (CABMV), que transmitido por pulges e tem potencial des-trutivo muito grande, a ponto de inviabilizar o cultivo do maracuj em muitas regies. No Paran, embora haja registro de sua ocorrn-cia desde 1981, apenas recentemente essa doena tem se alastra-do com maior intensidade, provocando srios prejuzos em vrios polos de produo.Os principais sintomas so o crescimento retardado da plan-ta e o encurtamento dos entrens, que diminuem sua vida til.

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  • 36 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Os sintomas nas folhas so os de mosaico comum, s vezes com enrugamento, deformaes e bolhas. Os frutos apresentam endure-cimento, deformao e diminuio de tamanho, ficando imprprios para comercializao (Figura 19).

    Figura 19. Sintomas do vrus do endurecimento dos frutos em folhas (a) e em fruto (b) de maracuj-amarelo.Todos esses sintomas podem ocorrer em maior ou menor intensidade, dependendo da estirpe do vrus. Para diminuir sua incidncia e disseminao, as seguintes medidas devem ser crite-riosamente adotadas:

    Utilizar mudas sadias, procedentes de viveiros registra-dos, protegidos com tela antiafdeos e situados distantes de reas de plantio;

    No adquirir mudas procedentes de regies onde h ocor-rncia da doena;

    Antes do plantio, eliminar pomares velhos e abandona-dos, utilizar quebra-ventos e plantar o novo pomar em local isolado;

    a b

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  • 37MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Inspecionar diariamente os pomares e eliminar as plantas com sintomas da doena. Essa medida fundamental para que a doena no se alastre em poucos meses e atinja to-das as plantas do pomar; Erradicar os pomares logo aps o primeiro ou segundo ci-clo, dependendo da estratgia de manejo adotada e do grau de erradicao ou de plantas doentes ao trmino do ciclo; Em regies com ocorrncia endmica da doena, deve-se adotar o cultivo de apenas um ciclo, erradicando o pomar 20-30 dias antes (vazio sanitrio) do novo plantio (agos-

    to/setembro);

    No utilizar em plantas sadias os mesmos instrumentos de poda e desbrota utilizados em plantas com sintomas da doena; No realizar a desbrota com as unhas, quando h suspeita de doena no pomar; Manter as entrelinhas do pomar permanentemente vegeta-das e roadas, preferencialmente com gramneas. No cultivar nas entrelinhas e nas adjacncias do po-mar plantas hospedeiras do vrus como feijo, crotalria, amendoim, mucuna, ervilha e soja. Plantas que favorecem a reproduo de pulges tambm devem ser evitadas, as-sim como espcies silvestres de maracuj.

    Vrus da pinta verde (PGSV)Essa doena causada pelo vrus Passion green spot virus (PGSV), que transmitido pelo caro Brevipalpus phoenicis, cujos sintomas so manchas verdes em frutos maduros, folhas velhas clo-rticas e leses nos ramos. Os frutos com sintomas ficam deprecia-dos para comercializao (Figura 20). Sua maior incidncia verifi-

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 37 01/02/2015 18:37:07

  • 38 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    cada em perodos com temperaturas altas e umidade relativa baixa. A doena controlada por meio de pulverizaes com acaricidas, visando o controle do caro transmissor da doena.

    Figura 20. Sintoma do vrus da pinta verde em fruto de maracuj-amarelo.Doenas Fngicas de Solo

    Murcha ou fusariose (Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae) e podrido do colo (Phytophthora cinnamomi)So doenas que causam a morte das plantas, porm, no Para-n, so raros os casos constatados.

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 38 01/02/2015 18:37:07

  • 39MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    PRINCIPAIS PRAGASLagartas (Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae)As lagartas reduzem a rea foliar da planta e podem causar prejuzos na produo. Ocorrem principalmente na formao das mudas e em plantas novas. Em viveiro, o controle pode ser feito por catao manual e destruio das lagartas ou com inseticida espec-fico, se o ataque for severo. No pomar, o controle deve ser realizado com inseticida especfico aps a constatao de vrios focos com a presena da lagarta (Figura 21).

    Figura 21. Lagarta-da-folha (Dione juno juno).Lagarta-dos-frutosCausa danos e infeco nos frutos, provocando seu apodreci-mento e queda (Figura 22). Recomenda-se o controle cultural, que realizado com a catao dos frutos infestados, seguida da des-truio por incinerao ou pela deposio desses frutos em vala no cho coberta com tela mosquiteiro, para permitir apenas a sada de parasitoides.

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 39 01/02/2015 18:37:07

  • 40 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 22. Lagarta-do-fruto (a) e danos causados em maracuj-amarelo (b).

    Percevejos (Diactor bilineatus, Holymenia clavigera e Leptoglossus gonagra)

    So insetos sugadores, que atacam os botes florais e os fru-tos para se alimentar da seiva da planta. Nos frutos novos, provo-cam murcha e queda precoce; nos frutos desenvolvidos, causam murcha, deformaes e pontuaes tpicas escurecidas sob a casca (Figura 23).O controle pode ser feito aplicando-se preventivamente, nas linhas externas do plantio, uma soluo inseticida com NaCl (sal de cozinha) a 0,5%. O uso de armadilhas com frascos contendo essa soluo tambm medida auxiliar no controle. Ainda assim, se constatada alta populao da praga, devem ser feitas pulveriza-es nas plantas em linhas alternadas com a mesma soluo. Reco-menda-se, tambm, eliminar plantas hospedeiras, como o melo--de-so-caetano, das proximidades do pomar.

    a b

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 40 01/02/2015 18:37:07

  • 41MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Coleobroca (Philonis passiflorae)Desenvolve-se nos ramos do maracujazeiro (Figura 24), onde forma suas pupas e se transforma em adulto. Constri gale-rias longitudinais nos ramos que, posteriormente, secam. Quan-do ocorre no tronco principal, provoca a morte da planta. Devi-do ao difcil controle, recomenda-se a poda e a incinerao dos ramos infestados.Moscas-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitits capitata)A mosca perfura os frutos para postura e as larvas se desen-volvem no seu interior, causando murcha e queda dos mesmos, tor-nando-os imprprios para o consumo. O controle cultural reali-zado com a catao dos frutos infestados e sua deposio em vala no cho coberta com tela mosquiteiro para permitir apenas a sa-da de parasitoides. O controle tambm pode ser realizado com armadilhas do tipo frasco caa-mosca, contendo um atrativo ali-mentar como melao de cana-de-acar (70 ml/L de gua), a-car cristal ou mascavo (50 g/L de gua) ou suco de fruta madura (250 ml/L de gua).

    Mosca-do-boto-floral (Protearomyia sp.)Causa a queda dos botes florais pela destruio da sua base interna, na qual se observam pequenas larvas (Figura 25). O controle dessa praga o mesmo recomendado para o das moscas-das-frutas.caro Vermelho (Tetranychus spp.)Esses caros se estabelecem na face inferior das folhas, na qual fazem raspagem que, consequentemente, descolorem a parte supe-rior, ocasionando reduo da fotossntese e desfolha. O controle deve ser feito com acaricida especfico.

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 41 01/02/2015 18:37:08

  • 42 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 23. Percevejo (Leptoglossus sp.) e sintomas das picadas sob a casca

    (a) e fruto de maracuj-amarelo j danificado (b).

    Figura 24. Dano causado pela coleobroca (Philonis passiflorae) em ramos de maracuj-amarelo.

    a b

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  • 43MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Figura 25. Dano causado pela larva da mosca-do-boto-floral.

    AbelhasA abelha irapu ou abelha cachorro (Trigona spinipes) praga espordica. Perfura a base do boto floral e, s vezes, o nectrio, provocando sua queda.A abelha melfera (Apis mellifera) coleta plen e nctar da flor antes mesmo da sua abertura, reduzindo a atrao das mamangavas. Isso prejudica a polinizao, pois diminui a frutificao (Figura 26). A polinizao manual uma prtica recomendvel quando a populao de abelhas melferas alta. Para a coleta do plen a ser utilizado na polinizao, deve-se ensacar, pela manh, botes florais de diferentes plantas, que se abriro no perodo da tarde do mesmo dia.BesourosVrias espcies de besouros atacam o maracujazeiro. A espcie Astylus variegatus a mais comum e causa danos em flores, dimi-nuindo a frutificao da planta. O seu controle feito com o uso de inseticida (Figura 27).

    4 Livro_Maracuja Amarelo - 21-01-15.indb 43 01/02/2015 18:37:09

  • 44 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Figura 26. Coleta de plen e nctar por abelhas melferas em flor de ma- racuj-amarelo.

    Figura 27. Flor de maracuj-amarelo atacada por besouros (Astylus variegatus).

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  • 45MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    Outras PragasAlm das pragas j citadas, tm-se observado a ocorrncia espordica de tripes, formigas, cupins, nematoides e outros caros causadores de danos em plantas de maracuj-amarelo.

    EQUIPAMENTOS PARA PULVERIZAO DE AGROQUMICOSO pulverizador costal manual (Figura 28a) deve ser utilizado somente na produo de mudas e nos pomares em formao. Para pomares em produo, recomenda-se a utilizao de pulverizador costal motorizado (Figura 28b), conjunto de motobomba estacion-ria, pulverizador tratorizado com mangueira ou turbo-atomizador.

    Figura 28. Pulverizadores costal manual (a) e motorizado (b), que podem

    ser utilizados no tratamento fitossanitrio do maracuj- -amarelo.

    a b

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  • 46 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    TRATAMENTO FITOSSANITRIO

    No perodo de florao, todas as pulverizaes devem ser efetuadas at s 10 horas da manh ou noite; Utilizar somente agrotxicos cadastrados na SEAB/DEFIS e liberados para a cultura do maracujazeiro.

    Consultar o Ncleo Regional da SEAB ou o endereo eletrnico www.seab.pr.gov.br; Respeitar o perodo de carncia de cada agroqumico utilizado; Utilizar a dose recomendada pelo fabricante; Utilizar volume de calda que assegure cobertura total da parte area da planta; Utilizar equipamento adequado, bem regulado e com segurana no trabalho.

    CICLO E PRODUOO maracuj-amarelo inicia sua produo aos 5-11 meses de idade, dependendo da poca de plantio. Para pomares implanta-dos no final do inverno e comeo da primavera (agosto/setembro), a colheita, denominada safrinha, ocorre de fevereiro a julho do ano seguinte, prolongando-se por aproximadamente 5-6 meses no pri-meiro ciclo de produo. Para o plantio realizado no vero (janeiro a maro), a colheita, denominada safra, ocorre a partir de dezembro do mesmo ano at julho do ano seguinte, prolongando-se por apro-ximadamente 8 meses no primeiro ciclo de produo (Figura 29).No segundo ciclo, independentemente da poca de plantio, inverno ou vero, a colheita ocorrer de dezembro a julho. Portan-to, no perodo de agosto a novembro no h produo de frutos de maracuj no Paran, correspondendo ao perodo de entressafra, quando os preos so mais elevados, justamente pela reduo da

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  • 47MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    oferta de frutos. Em regies mais quentes e com menor latitude do Estado, como a Regio Noroeste, a produo de frutos pode ter in-cio em novembro. O ciclo do maracuj equivale ao tempo de cultivo da primeira e/ou da segunda safra, dificilmente indo alm, devido ocorrncia de doenas que levam ao declnio do pomar.

    Figura 29. Ciclo do maracuj-amarelo no Estado do Paran, de acordo com a poca de plantio.A produtividade do maracuj-amarelo pode variar em funo do material gentico utilizado, tratos culturais, espaamento e sis-tema de conduo, sendo a primeira safra tambm influenciada pela poca de plantio. No Paran, em condies de sequeiro, no primeiro ciclo, a produo mdia do plantio de inverno (safrinha) tem sido de aproximadamente 20 t/ha e a do plantio de vero (safra) de aproxi-madamente 35 t/ha. No segundo ciclo, a produo mdia tem sido de 33 t/ha no plantio de inverno e de 23 t/ha no plantio de vero.

    COLHEITA E COMERCIALIZAOOs frutos do maracuj-amarelo atingem a maturao aproxi-madamente 60 dias aps o florescimento (fecundao), quando a

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  • 48 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    temperatura est elevada. Para os perodos de temperatura amena, a maturao pode ocorrer em at 80 dias aps a fecundao. Para frutos destinados indstria, o ponto de colheita determinado quando ocorre a queda dos frutos no cho, os quais devem ser cole-tados de dois em dois dias nos picos de produo. Frutos comercia-lizados in natura so colhidos preferencialmente na planta, quando apresentam colorao verde-amarelada, utilizando-se uma tesoura e mantendo-se o pednculo no fruto.

    Os frutos destinados s indstrias extratoras de suco e merca-dos populares (sacoles) so, geralmente, embalados em sacos de polietileno e a cotao do preo fixada por peso. Na comercializa-o para consumo in natura, a embalagem utilizada tem sido a caixa plstica de colheita e a caixa de papelo, que apresenta as dimen-ses de 50 cm de comprimento, 32 cm de largura e 24 cm de altura e contm um rtulo com informaes referentes origem, data da embalagem, peso lquido e tamanho dos frutos (Figura 30), que so classificados do menor para o maior tamanho em tipo 1A, 2A, 3A, 4A e Super.

    Figura 30. Frutos de maracuj-amarelo comercializados em caixas de papelo classificados como tipo 3A, na CEASA de Londrina - PR.

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  • 49MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    CUSTOS E RECEITAOs custos para implantao e manejo de um pomar de maracu-j-amarelo so muito variveis e dependem das condies e recur-sos de cada produtor, como a disponibilidade de madeira para a instalao das espaldeiras, mo de obra, custos das mudas, tipo e forma de preparo do solo. No Quadro 1 apresentada uma estimati-va de ndices tcnicos para a implantao e conduo de um hectare de pomar, cujo preparo do solo foi estimado para rea total. Cada produtor dever fazer a adequao da tabela sua realidade. Acon-selha-se acrescentar uma reserva tcnica de at 10% do valor obti-do, para eventuais gastos.Pomares bem conduzidos podem produzir de 30 t/ha a 60 t/ha de frutos, na safrinha e na safra, respectivamente. Os preos de ven-

    da so definidos pelo mercado comprador e variam conforme a loca-lizao da propriedade (distncia do mercado comprador), tipo de mercado (in natura ou indstria), qualidade e apresentao do pro-duto, poca de produo, entre outros. Portanto, a receita deve ser calculada com base nas informaes do mercado e ir variar para cada produtor.

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  • 50 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    Quadro 1. ndices tcnicos estimados para 1 ha de maracuj-amarelo, no espaamento de 3 m x 3 m (1.111 plantas/ha).

    Especificao Unidade 1 ciclo 2 cicloQuantidade Quantidade

    Implantao

    Arao H/M1 2 0Gradagem H/M 1 0Calagem H/M 0,5 0Sulcamento H/M 0,5 0Preparo da cova D/H2 5 0Plantio e replantio D/H 4 0Sistema de sustentao D/H 15,0 0Mudas Unidade 1.200 0Esterco (20 litros x 1.111 covas) m3 22 0

    Insumos

    Calcrio Tonelada 2 0Adubos kg 1.200 500Palanque interno UN 300 0Palanque externo UN 66 0Arame liso n. 12 ou 14 Rolo 4 0Catraca Unidade 66 0Bambu (tutor) Unidade 1.200 0Caixas de colheita Unidade 50 0Conduo/Poda D/H 15 0Pulverizao manual D/H 6 10Pulverizao mecanizada H/M 6 10Roagem D/H 8 10

    Man

    ejo

    Adubao D/H 3 3Capina D/H 10 0Polinizao D/H 50 50Colheita D/H 30 501H/M: Hora/mquina; 2 D/H: Dia/homem

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  • 51MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    REFERNCIASBARBOSA, C. J.; STENZEL, N. M. C. Identificao do vrus do endu-recimento dos frutos em maracujazeiros cultivados no norte do Paran. Pesquisa Agropecuria Tropical, v. 29, n. 2, p. 1-3, 1999. BERNACCI, L. C.; SCOTT, M. D. S.; JUNQUEIRA, N. T. V.; PASSOS, I. R. S.; MELETTI, L. M. M. Passiflora edulis Sims: the correct taxonomic way to cite the yellow passion fruit (and of others colors). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 2, p. 566-576, Junho 2008. BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA). Zoneamento agrcola do maracuj no Paran, Portaria 122 de 20/04/2011. Disponvel em: http://www.agricultura.gov.br/politica-agricola/zoneamento-agricola/portarias-segmenta-das-por-uf. Acesso em: 19/01/2015.

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  • 52 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    CAVICHIOLI, J. C.; MELETI, L. M. M.; NARITA, N. Novas tcnicas recomendadas no manejo de doenas do maracujazeiro. Pesqui-sa & Tecnologia, v. 11, n. 1, Jan-Jun, 2014. Disponvel em: www.aptaregional.sp.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=1516&Itemid=284. Acesso em: 20/01/2015.

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  • 53MARACUJ-AMARELO: recomendaes tcnicas para cultivo no Paran

    NARITA, N.; YUKI, V. A.; NARITA, H. H.; HIRATA, A. C. S. Maracuj amarelo: tecnologia visando a convivncia com o vrus do endure-cimento dos frutos. Pesquisa & Tecnologia, v. 9, n. 1, Janeiro/Junho, 2012. Disponvel em: http://www.aptare-gional.sp.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=1179&Itemid=284. Acesso em: 20/01/2015.

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  • 54 Instituto Agronmico do Paran IAPAR

    VIANA, C. A. S.; PIRES, M. C.; PEIXOTO, J. R.; JUNQUEIRA, N. T. V.; BLUM, L. E. B. Resistncia parcial de gentipos de maracuj-azedo virose do endurecimento do fruto (Cowpea aphid-borne mosaic virus CABMV). Bioscience Journal, v. 30, supl. 1, p. 338-345, June 14. ZACCHEO, P. V. C.; AGUIAR, R. S.; STENZEL, N. M. C.; NEVES, C. S. V. J. Tamanho de recipientes e tempo de formao de mudas no desenvolvimento e produo de maracujazeiro-amarelo. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 35, n. 2, p. 603-607, Junho 2013. ZERAIK, M. L.; PEREIRA, C. A. M.; ZUIN, V. G.; YARIWAKE, J. H. Maracuj: um alimento funcional? Revista Brasileira de Farma-cognosia, v. 20, n. 3, p. 459-471, Junho/Julho, 2010.

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  • CARLOS ALBERTO RICHAGovernador do Estado do Paran

    NORBERTO ANACLETO ORTIGARASecretrio de Estado da Agriculturae do Abastecimento

    INSTITUTO AGRONMICO DO PARAN - IAPAR

    FLORINDO DALBERTODiretor-Presidente

    TIAGO PELLINIDiretor de Pesquisa

    ALTAIR SEBASTIO DORIGODiretor de Administrao e Finanas

    ADELAR ANTONIO MOTTERDiretor de Gesto de Pessoas

    JOS ANTNIO TADEU FELISMINODiretor de Inovao e Transferncia de Tecnologia

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  • MARACUJ-AMARELOMARACUJ-AMARELORECOMENDAES TCNICAS PARA CULTIVO NO PARAN

    Sergio Luiz Colucci de CarvalhoNeusa Maria Colauto StenzelPedro Antonio Martins Auler

    O cultivo de maracuj-amarelo (Passiflora edulis) uma importante alternativa de renda para pequenos agricultores de algumas regies do Estado do Paran. Visando contribuir para o desenvolvimento dessa atividade, esta publicao apresenta as principais recomendaes para a sua produo nas condies de solo e clima do Estado: regies indicadas para cultivo, formao de mudas, sistemas de sustentao, implantao do pomar, conduo das plantas, manejo de pragas e doenas, adubao, colheita, comercializao e custos de produo, dentre outras.

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