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Maraísa M. Cherobim
BELA VISTA: CENTRO CULTURAL E BIBLIOTECA MUNICIPAL EM
PIACATU - SP
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2017
Maraísa M. Cherobim
BELA VISTA: CENTRO CULTURAL E BIBLIOTECA MUNICIPAL EM
PIACATU - SP
Trabalho Final de Graduação – TFG, apresentado como pré-
requisito para a obtenção de grau de Bacharel em Arquitetura e
Urbanismo, pelo Centro Universitário Toledo, sob a orientação
da Professora Mestre Ana Paula Cabral Sader.
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2017
Maraísa M. Cherobim
BELA VISTA: CENTRO CULTURAL E BIBLIOTECA MUNICIPAL EM
PIACATU - SP
BANCA EXAMINADORA
_________________
Prof. Mestre Ana Paula Cabral Sader - Orientadora
Centro Universitário Toledo
_________________
Prof. Esp. Sérgio Balassoni
Centro Universitário Toledo
_________________
Arquiteta Silvana Sônego de Oliveira
Arquiteta e Urbanista
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2017
DEDICATÓRIA
Dedico a todos que, direta ou indiretamente me transmitiram forças, me apoiaram e
torceram pela conclusão deste curso.
A todos os meus professores, que me transmitiram conhecimentos durante esta
caminhada.
Aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado e em especial à minha família,
que sempre esteve ao meu lado incentivando minhas conquistas e fazendo tudo o que estava
ao alcance para que meu objetivo traçado fosse realizado.
Também em especial ao meu noivo, pelo carinho, amor, cuidado e, principalmente,
apoio e paciência durante todo o percurso, apesar de todas as mudanças, dificuldades e
adaptações que tivemos que enfrentar para que eu pudesse chegar até a conclusão do curso.
AGRADECIMENTOS
É com muita alegria que, após longos cinco anos posso agradecer!
Agradeço, antes de tudo, a Deus, porque sem sua vontade não teria chegado até aqui.
Por ter me dado saúde e força sempre para realizar meus sonhos, inclusive este, me munindo
de coragem e fé para superar todas as dificuldades que tive ao longo deste trajeto e deste
trabalho, sempre alimentando minha vontade e me dando garra para não desistir.
Não posso deixar de agradecer a todos da minha família (pais, irmã, cunhado, tias...),
por estarem sempre ao meu lado e acreditarem na minha capacidade. Meu muito obrigada
especialmente aos meus pais, a quem sou grata por toda educação que recebi e por apoiarem
minhas escolhas sempre sonhando comigo, fazendo o possível e até o impossível para me
ajudar em todos os momentos da minha vida.
Agradeço imensamente ao meu noivo, por estar ao meu lado durante os cinco anos,
sempre tendo paciência nos momentos de ansiedade e estresse que enfrentei, me incentivando
o tempo todo, dando carinho, atenção, apoio e amor. Principalmente o agradeço por não me
deixar desistir deste sonho nos meus momentos de fraqueza, apesar dele também sofrer com a
distância imensa que nos pegou de surpresa quando eu estava no fim do terceiro ano do curso.
Eu quis desistir inúmeras vezes, pensei em transferir o curso outras tantas vezes nos meus
momentos de “crise” e ele estava sempre tentando me acalmar, me voltar ao meu caminho e
ao meu ponto de equilíbrio para realizar meu sonho de me formar e ser uma arquiteta e
urbanista.
Também gostaria de agradecer aos amigos que fiz durante essa caminhada, pessoas
com quem pude compartilhar momentos, experiências, trocar conhecimentos e, sobretudo, me
divertir e rir todas as noites! Fiz amigos especiais que admiro muito e que com certeza levarei
por toda vida.
Agradeço por todos os professores que transmitiram seu conhecimento no decorrer
desses anos, sempre visando o crescimento de todos os alunos, buscando da melhor maneira
suprir todas as dúvidas e ensinar de forma simples, prática e clara. Em especial meu
agradecimento à brilhante coordenadora do curso, Ana Paula, pela organização, carinho e
estímulo de amor à profissão que transmite à toda “família arquitetura”. Sinto-me honrada por
tê-la como minha orientadora neste trabalho final de graduação, pois a admiro muito como
docente e pessoa.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo a elaboração de um projeto de arquitetura de caráter
público para o município de Piacatu, interior de São Paulo, que seja capaz de atender às
necessidades culturais da população. O tema é a criação de uma Biblioteca Municipal e de um
Centro Cultural, com áreas de convívio coletivo. Para isso, uma série de requisitos e diretrizes
foram levadas em consideração desde a escolha do tema e do terreno adequado para a
proposta da edificação, como por exemplo, construções existentes na área, gabarito de altura,
condicionantes de conforto, as atividades a serem desenvolvidas pelo projeto, etc.
O projeto foi pensado com base em edificações existentes (projetos de referência)
relacionados à cultura de maneira geral, considerando suas formas, materialidade, programa
de necessidades, público atingido, etc. Tudo isso auxiliou na criação do projeto com o
propósito de que ele atenda à demanda do município com qualidade.
A finalidade desse projeto é contribuir e acrescentar qualidade intelectual e cultural
para os moradores, que não tem mais uma Biblioteca Municipal e nem recebem
encorajamento sobre leitura, como também não possuem um local adequado e orientado
apenas às atividades culturais. Outro objetivo é que a área torne-se um agradável espaço de
convívio coletivo.
O objetivo da biblioteca é que ela seja um centro de referência intelectual e capaz de
proporcionar a todos os cidadãos, igualmente, o desenvolvimento cultural através do
encorajamento à busca de informações em todos os níveis, de modo que a leitura seja vista
como forma de inclusão e também de transformação social. O Centro Cultural terá como
finalidade produzir e pensar a cultura, o que fará dele um local de ação cultural e
informacional, podendo gerar para a população muito conhecimento. Logo, o projeto como
um todo será um espaço para todos e dará à Piacatu uma nova possibilidade de crescimento
social, intelectual e cultural.
Para uma melhor compreensão do tema, este trabalho abordará a questão da finalidade
dos espaços públicos, das praças públicas e também do centro cultural, com o objetivo de
destacar que eles estão relacionados às necessidades e atividades humanas, tais como:
comunicação, contemplação, cultura, educação e recreação. Com isso, pretende-se mostrar
que as cidades necessitam ter espaços públicos funcionais, que permitam à população
satisfazer suas necessidades e garantir a acessibilidade a todos.
Palavras-Chaves: Biblioteca; Centro Cultural; Espaços Públicos; Piacatu.
ABSTRACT
This work aims the elaboration of a public architecture project for the municipality of
Piacatu, in the interior of São Paulo, which is capable of meeting the cultural needs of the
population. The theme is the creation of a Municipal Library and a Cultural Center, with areas
of collective living. For this, a series of requirements and guidelines were taken into account
since the choice of theme and suitable terrain for the proposal of the building, such as existing
buildings in the area, height jig, comfort conditions, activities to be developed by the project,
etc.
The project was conceived with a foundation of existing buildings (reference projects)
related to culture in general, considering their forms, materiality, needs program, public
reached, etc. All of this helped to support the creation of the project with the purpose that it
meets the demand of the municipality with quality.
The purpose of this project is to contribute and add intellectual and cultural quality to
the residents, who no longer have a Municipal Library in the city and neither receive stimulus
on the subject of reading, nor do they have a suitable place only to cultural activities. Another
objective is that the area become a pleasant space for collective living.
The aim of the library is that it be a center of intellectual reference and capable of
providing all citizens, equally, the cultural development by stimulating the search for
information at all levels, so that reading is seen as a way of inclusion and also social
transformation. The Cultural Center will aim to produce and think about culture, which will
make it a local of cultural and informational action, and can generate a lot of knowledge for
the population. Therefore, the whole project will be a space for all and will give to Piacatu a
new possibility of social, intellectual and cultural growth.
For a better understanding of the theme, this work will focus on the question of the
finality of the public spaces, public squares and also the cultural center, aiming to highlight
that they are related to human needs and activities, such as: communication, contemplation,
culture, education and leisure. Thereby, we intend to show that the cities need to have
functional public spaces that enable their population to meet their needs and accessibility to
all.
Keywords: Library; Cultural Center; Public Spaces; Piacatu.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cidade de Piacatu-SP ....................................................................................... 20
Figura 2 – Terreno para Implantação do Projeto ............................................................... 21
Figura 3 – Mapa de Cheios e Vazios ................................................................................. 22
Figura 4 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo ................................................................... 24
Figura 5 – Mapa de Gabarito de Altura ............................................................................. 25
Figura 6 – Mapa de Sistema Viário e Fluxos .................................................................... 27
Figura 7 – Mapa de Visadas .............................................................................................. 29
Figura 8 – Mapa de Vegetação .......................................................................................... 31
Figura 9 – Oiti .................................................................................................................... 32
Figura 10 – Corte da Topografia do terreno ...................................................................... 34
Figura 11– Corte da Topografia do terreno ....................................................................... 35
Figura 12 – Mapa de Topografia ....................................................................................... 36
Figura 13 – Imagem Ventos Dominantes .......................................................................... 37
Figura 15 – Vista da Rua 23 de Maio ................................................................................ 40
Figura 16 - Corte Transversal ............................................................................................ 43
Figura 17 – Biblioteca Brasiliana ...................................................................................... 47
Figura 18 – Vista de três, dos quatro lados do anel central, onde fica o acervo da Brasiliana
Guita e José Mindlin ................................................................................................... 47
Figura 19 – A grande esplanada central ............................................................................. 48
Figura 20 – Biblioteca São Paulo ...................................................................................... 51
Figura 21 – Biblioteca São Paulo ...................................................................................... 52
Figura 22 – Planta Pavimento Térreo ................................................................................ 53
Figura 23 – Planta Pavimento Superior ............................................................................. 54
Figura 24 – Planta de Setorização Pav. Térreo – Biblioteca ............................................. 59
Figura 25 – Planta de Setorização Pav. Superior – Biblioteca .......................................... 60
Figura 26 – Planta de Setorização Pav. Térreo –Centro Cultural ...................................... 61
Figura 27 – Planta de Setorização Pav. Superior –Centro Cultural ................................... 62
Figura 28 – Organograma do projeto ................................................................................. 63
Figura 29 – Fluxograma do projeto ................................................................................... 64
Figura 30 – Implantação .................................................................................................... 66
Figura 31 – Telha Sanduíche ............................................................................................. 69
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela de Dimensionamento da Biblioteca ..................................................... 56
Tabela 2 – Tabela de Dimensionamento do Centro Cultural ............................................ 58
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 13
1.1. Espaços Públicos ................................................................................................. 13
1.2. Praças Públicas.................................................................................................... 14
1.3. Centros Culturais ................................................................................................ 15
II – PIACATU: ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS .................................... 17
2.1. Histórico .............................................................................................................. 17
2.2. Formação Administrativa .................................................................................... 18
2.3. Atividades Econômicas ....................................................................................... 18
III – RECORTE ESPACIAL ......................................................................................... 20
3.1. Cheios e Vazios .................................................................................................. 21
3.2. Uso e Ocupação do Solo ..................................................................................... 22
3.3. Gabarito de Altura ............................................................................................... 24
3.4. Sistema Viário ..................................................................................................... 25
3.5. Visadas ................................................................................................................ 27
3.6. Vegetação ............................................................................................................ 30
3.7. Topografia ........................................................................................................... 32
3.8. Orientação solar e ventos dominantes ................................................................. 36
IV. REFERÊNCIAS PROJETUAIS .............................................................................. 39
4.1. Centro Cultural São Paulo – SP .......................................................................... 39
4.2. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – São Paulo – SP ............................ 44
4.3. Biblioteca de São Paulo – Parque da Juventude ................................................. 48
V. PROJETO ................................................................................................................... 55
5.1. Programa de Necessidades .................................................................................. 55
5.2. Organograma ....................................................................................................... 63
5.3. Fluxograma ......................................................................................................... 63
5.4. Conceito e Partido Arquitetônico........................................................................ 64
5.5. Implantação ......................................................................................................... 65
5.6. Técnicas construtivas e materiais ........................................................................ 66
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 70
REFERÊNCIAS............................................................................................................... 71
ANEXOS...........................................................................................................................74
11
INTRODUÇÃO
O presente Trabalho Final de Graduação (TFG) tem como tema o projeto de um
Centro Cultural e de uma Biblioteca Municipal no município de Piacatu –SP. Ele foi
escolhido porque a Biblioteca Municipal da cidade foi completamente abandonada e,
consequentemente, fechada. Antes de tal fato ela possuía um local próprio para seu
funcionamento, no centro da cidade, ao lado da Prefeitura Municipal, onde permaneceu
durante anos. Porém foi realocada recentemente para uma sala muito pequena na antiga
rodoviária do município (conhecida como rodoviária velha) para que seu prédio fosse
utilizado pela Prefeitura Municipal de Piacatu para outros fins. A Biblioteca não recebia
qualquer tipo de investimento há tempos, não tinha material suficiente ou novo, atual e
abrangente. O local para onde ela foi transferida era muito pequeno, numa rua movimentada,
com fluxo de carros, motos e caminhões constante, já que é uma rua que liga a cidade de
Piacatu à cidade de Rinópolis. Além disso, a maioria da população não tinha conhecimento
sequer de onde estava a biblioteca, não existindo, portanto, qualquer tipo de incentivo para a
população utilizá-la. E então, após essa realocação ela logo foi fechada e a cidade perdeu sua
única Biblioteca Municipal.
No município existe a Biblioteca da Escola Estadual – que atende a escola municipal e
estadual do município – porém não é aberta para empréstimos de livros para toda a população,
mas apenas para os alunos. Ela não é muito grande e também não conta com material diverso
(leituras para lazer de diferentes estilos, livros adequados para estudantes de graduação e
demais pesquisas em geral) e isso limita o público que a biblioteca alcança.
O Centro Cultural, que também consta no programa do projeto a ser realizado,
justifica-se, pois na cidade não existe um local único e apropriado para todas as atividades
culturais que lá ocorrem. Sendo assim, sua criação estimulará atividades culturais, artísticas e
educativas, podendo, então, aumentar seu alcance de público e variedade de aulas, além de
contar com espaço para áreas de exposições. A cidade precisa e merece um centro cultural
com uma biblioteca pública moderna, com outros estímulos ao conhecimento como webteca
para ser capaz de oferecer diferentes tipos de informação para todas as pessoas, sendo um
projeto, portanto, capaz de abrigar as transformações cada vez mais frequentes (como o alto
uso da internet) e atender, assim, à demanda atual e futura. O projeto da Biblioteca Municipal
e do Centro Cultural como equipamentos públicos visará atender a todas as parcelas da
população do município, contribuindo também para aplacar a segregação social que existe por
12
conta das diferenças socioeconômicas, étnicas e de crenças. Logo, será capaz de proporcionar
um maior desenvolvimento cultural, um conhecimento com mais qualidade, estimulando
algumas vertentes artísticas e também o lazer e o entretenimento.
Objetivo Geral
Devolver à cidade algo que nunca deveria ter sido tirado dela: a Biblioteca Municipal,
e também criar algo novo voltado à cultura, como um Cento Cultural, com a presença de um
espaço aberto de uso comum para estimular outras atividades (como exposições e leituras ao
ar livre, por exemplo) para as pessoas da cidade. Dessa maneira o projeto proporcionará à
população o acesso a uma biblioteca pública multidisciplinar e moderna e a um centro cultural
que proponham um novo espaço de lazer e entretenimento, com o objetivo de estimular e
facilitar a aprendizagem, atendendo a todos os habitantes da cidade, sem distinção de etnia,
idade ou classe social.
Objetivos Específicos
- Criar um Centro Cultural e uma Biblioteca Municipal com uma área destinada
também a salas de informática para leitura online, pesquisas e salas de estudos. Além disso,
contar com áreas públicas externas para integrar as pessoas e os dois edifícios.
- Integrar o projeto com o seu entorno, para que a população tenha uma área da cidade
voltada ao uso público que estimule a frequência e o convívio da população em atividades
diversas.
- Criar uma biblioteca que seja um grande centro de referência cultural e capaz de
proporcionar a todos os cidadãos de maneira igualitária o desenvolvimento cultural através do
estímulo à busca de informação em todos os níveis, de modo que a leitura seja vista como
forma de inclusão e também transformação social.
- Criar um espaço de lazer comunitário e entretenimento, já que o Centro Cultural tem
como objetivo construir laços com a comunidade e seus eventos locais.
- Atender a todos os habitantes da cidade, sem distinção de etnia, idade, localização ou
classe social.
13
I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Espaços Públicos
Toda sociedade se delimita em um espaço. Essa é uma premissa fundamental das
sociedades humanas. Os primeiros ajuntamentos ao redor dos rios, as primeiras cidades,
formadas em prol da convivência, das trocas e da segurança, toda sociedade humana, incluídas
aí os nômades, tem uma relação intrínseca com o espaço que habitam. Mesmo na sociedade
atual, onde as conexões virtuais ocupam muitos lugares antes destinados as trocas presenciais,
ainda assim o espaço de vivências continua a ser um fator importante na vida das pessoas.
Não por menos, o Filósofo e antropólogo Marc Augé, ao definir o que chama de Não-
lugares (AUGE, 2005) não deixa de reconhecer a característica e a importância dos espaços de
passagem, com os quais os indivíduos vão desenvolver relações efêmeras, mas significativas.
Assim, os espaços são definidos muito menos por sua natureza (montanha, rio,
planície) do que pelo seu uso (fazenda, casa, escola, hotel, etc.) de modo que, para o
antropólogo, é o homem quem faz de um espaço, um lugar ou um não-lugar.
É pela relação desenvolvida pelas sociedades que se determina o que será considerado
espaço público – em que transitam muitas pessoas – ou espaço privado, cujo acesso, uso e
permanência são restritos.
A rua, por exemplo, define bem o que se entende por espaço público, tal como a praça,
o pátio, os parques e outros dispositivos urbanos (MENDONÇA 2007).
A função de um espaço público é definida pelo papel cotidiano que este tende a
desempenhar, por isso, todo espaço público está sujeito a transformações decorrentes do uso
que se faz dele.
Quando, porém, pensamos no Poder Público como responsável pela manutenção e
gerenciamento do espaço público, temos em mente a função deste de promover o uso dos
espaços públicos e de prover aos cidadãos o acesso a lugares de convivência, trocas e, no caso
deste trabalho, da Cultura.
Assim, a gestão de espaços como centros culturais, museus, bibliotecas, etc. tem no
poder público o principal responsável pelo incentivo a essas atividades.
Da mesma forma que é o uso dos espaços que define sua característica, a presença de
um espaço destinado a um fim pode fomentar e incentivar uma prática específica. Um estádio
de futebol, por exemplo, permite o florescimento de um time desse esporte.
14
Espaços públicos de convivência e de fomento a cultura, por sua vez, irão fornecer a
possibilidade do desenvolvimento de bens culturais e da produção de conhecimento, além de
possibilitarem trocas importantes para o bem-estar da sociedade.
Nesse aspecto, dois espaços merecem especial atenção: as praças públicas e os centros
culturais. Enquanto as primeiras são responsáveis pela promoção do convívio social, as
segundas têm o potencial de incentivar a produção de bens culturais numa comunidade, como
veremos.
1.2. Praças Públicas
As praças são um espaço de convivência por excelência. Como apontam Vieiro e
Barbosa Filo (2009, p.1) “Esse espaço, existente há milênios, utilizado por civilizações de
distintas maneiras, nunca deixou de exercer a sua mais importante função: a de integração e
sociabilidade”.
As praças se diferenciam das vias e ruas por não serem apenas lugares de passagem,
antes, são espaços públicos que possuíram diversas funções ao longo dos tempos. Era nas
praças que se concretizavam boa parte das atividades da vida civil de um povo, desde
casamento até execuções (VIEIRO, BARBOSA FILHO, 2009).
As praças também foram importantes locais de desenvolvimento, onde o comércio
ainda hoje se reúne, como é o caso dos calçadões espalhados por muitas cidades. Na cidade de
Araçatuba, por exemplo, era na praça central, chamada de Praça do Boi, que se realizavam
vendas de gado e muitos negócios eram fechados. A exemplo do que ocorre em São Paulo,
também em Araçatuba as ruas da região central irradiam a partir da praça, mostrando a
importância desse espaço público para a comunidade.
As praças são o melhor exemplo de como acontece o fenômeno da apropriação dos
espaços públicos.
Em linhas gerais, a apropriação é o ato de tornar próprio, pessoal. Não se trata, porém,
de converter um espaço privado. A apropriação a qual nos referimos aqui é o processo no qual
a população – ou parte dela – define tal espaço para um uso próprio (MENDONÇA, 2007). De
acordo com Mendonça (2007, p. 297), “Estas apropriações, em muitos casos, inesperadas,
constituem-se, já, de fato, em reestruturações do espaço, como elementos explícitos da
possibilidade de flexibilidade de uso”.
15
A cidade tem nas praças o principal exemplo do fenômeno da apropriação, uma vez
que este é um espaço versátil que possibilita aos cidadãos diversas atividades. Ainda de
acordo com Mendonça (2007, p. 299):
Praças são espaços livres públicos, com função de convívio social, inseridos na
malha urbana como elemento organizador da circulação e de amenização pública,
com área equivalente à da quadra, geralmente contendo expressiva cobertura vegetal,
mobiliário lúdico, canteiros e bancos.
No entanto, muitas cidades tem relegado as praças a equipamento de menor
importância, enquanto para outras cidades as praças tem tido sua função ampliada, como é o
caso das academias ao ar livre que incentivam a prática de atividade física em praça pública.
No tocante à cultura, portanto, as praças exercem um duplo papel: o de espaço público
de sociabilização e o de espaço possibilitador de trocas culturais, por promover o contato entre
as pessoas.
A praça também é o espaço de comunicação social, seja por seu caráter de meio de
passagem ou pela centralidade que ocupam na maioria das cidades.
A implantação de novos espaços de convivência no modelo de praças possibilita a
ebulição da cultura a partir do incentivo ao contato social.
1.3. Centros Culturais
Se as praças são espaços de excelência para a livre apropriação do espaço público, por
sua polivalência, os centros culturais, a exemplo de estádios, teatros, entre outros, já possuem
uma função definida, e atuam como promotores de cultura.
Historicamente, os centros culturais têm sua origem em um modelo de complexo
cultural que remonta à Antiguidade Clássica, e que tem na Biblioteca de Alexandria (ou
Museu de Alexandria, como propõem alguns autores) seu expoente mais conhecido. Os
centros culturais da atualidade seriam contemporâneos e significariam, assim, uma retomada
destes antigos modelos.
Para entendermos o que representa o centro cultural, precisamos nos referir ao termo
“ação cultural”, que, conforme Coelho (1997), no Dicionário Crítico de Política Cultural,
pode ser descrito como o “processo de criação ou organização das condições necessárias para
que as pessoas e grupos inventem seus próprios fins no universo da cultura” (COELHO, 1997,
p.33). O centro cultural, portanto, é o espaço onde floresce a ação cultural, que, segundo
Teixeira Coelho (1997) pode ser de dois tipos: voltado à promoção e propaganda institucional
16
ou de um produto ou serviço, ou ainda a criação de elementos culturais, ou ação cultural
propriamente dita, que, segundo o autor, se propõe a:
“fazer a ponte entre as pessoas e a obra de cultura ou arte para que, dessa obra,
possam as pessoas retirar aquilo que lhes permitirá participar do universo cultural
como um todo e aproximarem-se umas das outras por meio da invenção de objetivos
comuns” (COELHO, 1997, p.33).
Nesse sentido, a ação cultural apresenta-se como o contrário da fabricação ou da
animação cultural, pois não é um programa de materialização de objetivos previamente
determinados, e tampouco um programa de lazer que visa reforçar o consumo.
Nesse sentido, os Centros culturais se estabelecem como espaços que conservam e
difundem as artes e os elementos da cultura e apresentam através de obras e momentos, o
fruto da produção humana. Nesse sentido, os centros culturais se aproximam das praças onde,
através do contato interpessoal e social, são produzidos bens culturais.
Assim, nos centros culturais, o cidadão entra em contato com as manifestações
artísticas, bem como aprender a partir desse contato, de forma que se pode dizer que centros
culturais também são centros de difusão do conhecimento e de aprendizado.
A presente proposta visa criar e implantar um Centro cultural na cidade de Piacatu,
interior do Estado de São Paulo, que, além da função de difusão cultural, possa servir de
ambiente de trocas e convivência, a exemplo do que foi visto em relação às praças públicas.
17
II – PIACATU: ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS
2.1. Histórico
De acordo com dados do IBGE (2017), a colonização da região deu-se no início do
século XX, a partir do loteamento de grandes fazendas, quando as Ferrovias Paulista e
Noroeste, prolongaram seus trilhos em direção às barrancas do rio Paraná. Esse momento
possibilitou a fundação de Bilac, município próximo, cujas terras foram loteadas pela
“Companhia Brazil Plantation Sindical”, em 1917.
O desenvolvimento das atividades agrícolas em Bilac atraiu para a região muitas
famílias que, aos poucos, fundaram vários povoados. Um destes núcleos, de nome Bela Vista,
foi fundado entre 1920 e 1930, por Antônio e Afonso Vendrame, Luiz Stevanelli, João Gobbi,
Antônio Marchi, Ângelo Folini e Vicente Rodrigues Goulart, em área adquirida da
Companhia de Terras Norte do Paraná, responsável pela execução do loteamento de suas
terras e pela formulação de sua planta.
O café e outras culturas possibilitaram o desenvolvimento da povoação que, em 30 de
Novembro de 1944, foi elevado a Distrito de Paz do município de Bilac, recebendo sua
denominação atual e de origem indígena, Piacatu. Mais tarde, a pecuária tornou-se uma forte
base socioeconômica que, ao lado do algodão e café, foi fator de desenvolvimento para se
tornar um município autônomo, em 30 de Dezembro de 1953, cujo gentílico atribuído aos
cidadãos é piacatuense.
De acordo com dados do site da Prefeitura Municipal do município, Piacatu é um
nome em linguagem indígena Tupi Guarani que quer dizer “Ver Bem’’ ou “Coração Bom’’,
através da junção dos termos py'a ("ver ou coração") e katu ("bom ou bem"). Os índios tupis
acreditavam que o fígado era a sede das emoções. Portanto, uma tradução mais
contemporânea poderia ser "coração bom", no sentido de o coração ser considerado,
simbolicamente e atualmente, a sede das emoções.
Piacatu é atualmente um pequeno município brasileiro do interior paulista, que possui
cerca de 5.846 habitantes de acordo com a estimativa para 2017 do último censo IBGE de
2010. Sua área de unidade territorial 2016 é de 232,488 km², também de acordo com o IBGE
de 2016.
18
A cidade tem economia baseada principalmente na agropecuária e faz aniversário em
08 de Novembro, data escolhida em plebiscito realizado na década de 1953. Sua localização
exata é: Latitude: 21º35’32” Sul; Longitude: 50º35’57” Oeste. Está distante da Capital
Paulista cerca de 560 quilômetros por rodovia e tem como municípios limítrofes, ao Norte -
Gabriel Monteiro a 8km, ao Sul - Rinópolis a 22km, ao Leste - Santópolis do Aguapeí a
12km, à Oeste - Guararapes a 65km, a Nordeste – Clementina a 22km, à Sudeste - Iacri à
aproximadamente 40km e à Sudoeste, com o município de Salmourão à aproximadamente
45km. O município está localizado na Zona Psicográfica de Marília (região administrativa de
Araçatuba), e quanto à hidrografia, pertence à Bacia do Aguapeí e Peixe e os rios que fazem
divisas com outros municípios são: Rio Aguapeí (Rio Feio) – Rinópolis; Rio Ribeirão do
Lontra – Santópolis do Aguapeí, Córrego do Jangadão – Guararapes e Córrego Barreiro –
Gabriel Monteiro. Todos estes dados estão disponíveis no site da Prefeitura Municipal de
Piacatu.
2.2. Formação Administrativa
Segundo dados do IBGE (2017), o Distrito foi criado com a denominação de Piacatu
pelo decreto-lei estadual nº 14334, de 30-11- 1944, com terras desmembradas do distrito sede
do município de Birigui e do distrito sede de Bilac. Subordinado ao município de Bilac. Em
divisão territorial datada de I-VII-1950, o distrito de Piacatu figura no município de Bilac. Foi
elevado à categoria de município com a denominação de Piacatu, pela lei estadual nº 2456, de
30-12-1953, desmembrado do município de Bilac. Sede no antigo distrito de Piacatu.
Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1955. Em divisão territorial datada de 1-VII-
1960, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial
datada de 2009.
2.3. Atividades Econômicas
Conforme o site oficial da Prefeitura Municipal, a economia de Piacatu é baseada na
agropecuária, com destaque para a produção de milho, cana-de-açúcar, tomate, café,
pimentão, abóbora, berinjela e quiabo, sendo que em 2002, a cidade foi eleita a maior
produtora de quiabo do estado de São Paulo.
19
O site oficial da Prefeitura também mostra que na pecuária, a criação de gado bovino
cria, recria e engorda. O gado de leite é destaque e para desenvolver novas técnicas foi criado
o “Dia de Campo”, evento que tem como objetivo a busca de mecanismos de
desenvolvimento auto sustentável, melhoria na qualidade de vida e responsabilidade com as
gerações futuras para os produtores.
Ainda com base em dados do site da Prefeitura Municipal, a piscicultura comercial
iniciou-se em 1996. Nesse ano, um grupo de aproximadamente dez produtores rurais solicitou
e conseguiu, através da prefeitura municipal de Piacatu, o empréstimo de uma máquina do
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) da região, que foi utilizada na construção
de viveiros, escavados para piscicultura. Na verdade, essa máquina estava quebrada e, através
de um acordo estabelecido, esses produtores pagaram o conserto e puderam utilizá-la na
construção dos viveiros. Também houve o apoio da CATI, através da Casa da Agricultura de
Piacatu na elaboração dos projetos técnicos.
20
III – RECORTE ESPACIAL
O projeto será implantado na cidade de Piacatu – SP, em um terreno que ocupa uma
quadra toda, localizado na Rua Antônio Vendrame, que tem como paralela a Rua Domingos
Vidal, fazendo cruzamento com a Avenida dos Lavradores e Avenida Vendrame.
A escolha deste terreno deu-se por ter uma boa localização na cidade, por estar em
uma área próxima a praças - uma voltada a locais para atividades físicas, com aparelhos fixos
de academia ao ar livre, quadra de areia e campo gramado de futebol; e outra com quiosques
com bancos, onde ocorre a cada 15 dias a Feira Comunitária do município, que conta com
produtos à venda feitos por pessoas da cidade, música e diversão para crianças como cama-
elástica e trenzinho. Nessa praça também acontecem eventos diversos, como shows em datas
comemorativas. Também em seu entorno existe o Teatro Municipal que foi inaugurado no
primeiro semestre de 2017.
Abaixo, as imagens do Google Earth 2017 editadas mostram onde o terreno se
encontra na cidade (Figura 1) e o terreno com um “zoom”, mostrando a nomeação das ruas
(Figura 2).
Figura 1 – Cidade de Piacatu-SP
Fonte: Google Earth (2017) – Editado pela autora, 2017.
21
Figura 2 – Terreno para Implantação do Projeto
Fonte: Google Earth (2017) – Editado pela autora, 2017.
A seguir, serão analisados os mapas desenvolvidos para o estudo do entorno da área
escolhida. Cada um dos mapas contribui para um maior conhecimento acerca do local, a fim de
melhorar a qualidade do projeto arquitetônico do Centro Cultural e da Biblioteca Municipal. A
compreensão e estudo de caso do entorno são importantes já que demonstram a existência de
problemas no local que possam interferir no desenvolvimento do projeto.
3.1. Cheios e Vazios
Este mapa mostra que a área de estudo é, em sua totalidade, “cheia”, ou seja, com
predomínio de áreas construídas em seus lotes, e que próximo ao terreno existem alguns
terrenos vazios, os quais podem ser utilizados para fins comerciais ou de serviços de apoio ao
projeto Bela Vista (Figura 3).
22
Figura 3 – Mapa de Cheios e Vazios
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
3.2. Uso e Ocupação do Solo
De acordo com o mapa de uso e ocupação do solo (Figura 4) é possível perceber que a
área analisada tem predomínio de áreas residenciais, com áreas comerciais mais predominantes
um pouco distante já do local da proposta, na Avenida principal que corta a cidade, Avenida Dr.
José Benetti. Quanto a áreas institucionais presentes, também não estão muito próximas ao
local. Já a área industrial encontra-se apenas em dois lotes, também um pouco distantes da área
escolhida.
O principal uso existente, que foi fator delimitador para a escolha do terreno é a
presença de praças e áreas verdes nas quadras ao lado do local, pois elas contam com áreas de
academia ao ar livre, quadras de areia e minicampo de futebol na quadra ao lado esquerdo do
23
terreno, e também com uma praça (Praça Padre João) em outra quadra, a qual possui quiosques
e ocorrem alguns eventos culturais da cidade.
Além disso, atravessando a Rua dos Lavradores onde o terreno se encontra existe a
trilha ecológica Bela Vista Fortunato Vendrame, que conta com aproximadamente 3 km de
trilha em meio à pequena área de mata nativa existente (APP – Área de Preservação
Permanente), com passagem do córrego Bela Vista, cuja nascente se dá do outro lado da
cidade. Em alguns lugares da trilha são colocados restos de frutas doados por moradores da
cidade para atrair e alimentar pássaros, que embelezam ainda mais o local. A trilha é
altamente frequentada aos domingos pela população piacatuense que desejam dar uma volta
ao ar livre e também é muito usada como cenário fotográfico de casais apaixonados para
“books” de fotos românticas de noivado ou casamento por sua grande beleza natural e rústica,
que deixam as fotos com uma beleza diferente e admirável. Sendo assim, o projeto buscará
integrar a trilha ao Centro Cultural e à Biblioteca Municipal, para que a população possa
também desfrutar da natureza existente.
24
Figura 4 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
3.3. Gabarito de Altura
O gabarito de altura é uma das limitações ao direito de construir e visa,
especificamente, estabelecer a verticalização máxima de edificações. Tal limitação pode ser
definida diretamente no Plano Diretor, ou como é mais comum, nos Códigos que
regulamentam este e sempre deve ser combinada com o coeficiente de aproveitamento básico
e máximo para melhor proteger o interesse da coletividade. Porém, devido ao baixo número
de habitantes da cidade, ela não possui a quantidade mínima para possuir um plano diretor.
De acordo com o mapa de gabarito de altura feito (Figura 5), predomina na região de
estudo pavimentos térreos, com alguns lotes com dois pavimentos não muito próximos ao
terreno e apenas dois lotes (também não muito próximos) com três pavimentos; pois, de modo
25
geral, a cidade é composta em sua maioria apenas por pavimentos térreos, por ser uma cidade
pequena e de interior.
Para o projeto o intuito é que ele tenha dois pavimentos, de modo que ele se destaque
na área escolhida e chame a atenção da população, despertando o desejo de conhecê-lo e,
consequentemente, frequentá-lo.
Figura 5 – Mapa de Gabarito de Altura
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
3.4. Sistema Viário
Piacatu é uma cidade calma, com sistema viário mostrado na Figura 6, sendo o fluxo
mais intenso apenas nas suas vias principais, que são: a Avenida Dr. José Benetti e a Rua
Felipe dos Santos, pois são as vias que cortam a cidade, dando acesso à sua saída para pistas
que levam, então, a outras cidades.
26
Suas vias secundárias, ou seja, que contam com médio fluxo são as duas avenidas
paralelas à avenida principal da cidade (Avenida Tiradentes e Avenida Zualdo Paganini) e
também as duas ruas abaixo da rua principal (Rua Alexandre Fleming e Rua Ângelo Folini).
As demais vias da cidade são caraterizadas como vias de baixo fluxo, logo, a área
escolhida para o projeto encontra-se numa área de baixo fluxo. Além disso, por conta da
cidade ser pequena, não possui semáforos e todas as suas vias são de mão dupla. Sendo assim,
não será necessário alterar nada no sistema viário existente para a criação do projeto.
27
Figura 6 – Mapa de Sistema Viário e Fluxos
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
3.5. Visadas
Quanto aos locais relevantes e importantes que estão próximos do terreno da proposta
encontram-se, como pode ser visto na Figura 7, o Fundo Social de Solidariedade (14), o
28
Centro Educacional (17) e a Praça Padre João Humberto José Sluysmans (18), todos com
características educacionais e/ou culturais. A presença desses locais foi também muito
importante para a escolha do terreno para a proposta de projeto.
29
Figura 7 – Mapa de Visadas
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
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3.6. Vegetação
Piacatu possui árvores plantadas nas calçadas por toda cidade, a grande maioria da
espécie Oiti (Figura 9), sendo ela a vegetação predominante não apenas por todo município,
mas também no entorno do terreno escolhido. Além disso, próximo ao terreno existe a
vegetação da Trilha Ecológica, que é uma mata nativa e possui diversas espécies de árvores.
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Figura 8 – Mapa de Vegetação
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
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Figura 9 – Oiti
Fonte: Google Imagens (2017) – Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=oiti&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwisjPOD3Z3XAhWBTJAK
HT1-BgUQ_AUICigB&biw=1366&bih=637#imgrc=Jz33e3V_WLr8gM:
3.7. Topografia
Segundo dados do site da Prefeitura Municipal de Piacatu, a topografia da cidade é
classificada como plana e ligeiramente ondulada.
Porém, quanto à topografia do terreno escolhido para a proposta do projeto, ela não é
original da cidade, pois há muitos anos atrás essa área era um “brejo”, por conta do córrego
Bela Vista que passava naquela área.
De acordo com a entrevista feita com Paulo César Navacchio, 52 anos, nascido em
Piacatu e prefeito do munícipio de 1997 a 2000, “O córrego era estreito, era mal cuidado, era
uma quiçaça em volta dele e ele tinha uma vazão que não suportava a água que descia da
cidade, por ser o lugar mais baixo da cidade. O fluxo de água quando chovia transbordava e ia
para dentro das casas. Além disso, cheirava mal, porque era o córrego, na época, que recebia
todo o esgoto da cidade”.
Perguntado também sobre qual era a relação do córrego quando era aberto com a
cidade e as pessoas, e também das pessoas com ele, o ex-prefeito Paulo respondeu: “A relação
das pessoas com o córrego era de pavor, porque quando chovia, além de inundar as casas,
corria o risco de desbarrancar, abrir mais a vazão e as pessoas tinham muito medo. Com isso,
nas campanhas, todo mundo que visitava essas pessoas, imploravam para os prefeitos
33
tomarem providências; e assim foi feito. As pessoas não cuidavam e não davam nenhuma
importância à ele; o que elas queriam era que os prefeitos resolvessem aquela situação.”
Atualmente, passa abaixo do terreno a canalização do córrego Bela Vista, cuja
nascente é do outro lado da cidade. O córrego tem uma vasão baixa e tem, aproximadamente,
13 km de extensão, dos quais apenas 600 metros encontra-se canalizado no entorno do local
da proposta. Ele reaparece “aberto”, ou seja, em seu estado natural na Trilha Ecológica, ainda
com baixo fluxo, que vai aumentando ao longo de seu percurso.
Conforme informações obtidas também na entrevista com Paulo César Navacchio,
“São 600 metros de canalização no perímetro urbano. Levaram cinco mandatos para serem
concluídos, desde o ano de 1990 e foi concluído nos anos de 2012/2013. Iniciou no mandato
do Garrutti, depois do Devanil, do Paulo, Garrutti novamente e terminou no mandato do
Bonfim”. Além disso, ele informou que: “Os recursos sempre foram do Governo Estadual e
também do Governo Federal. Foram gastos, aproximadamente, no trecho da parte urbana em
torno de um milhão de reais”.
E quando questionado sobre a relação entre córrego x cidade e população córrego,
ainda concluiu dizendo que: “Graças a Deus, por essas cinco administrações, isso foi
resolvido. E hoje as pessoas gozam de lazer, de beleza da cidade... Hoje se tornou um dos
pontos mais bonitos da cidade e por isso nós temos que agradecer a todos que se empenharam
para essa grande conclusão. Não perdemos nada com a canalização do córrego, só ganhamos.
A população e a cidade ganharam com isso. E todos os projetos que foram feitos para a
canalização, todos tiveram o acompanhamento da CETESB e todos os órgãos competentes,
sendo aprovado em todos os órgãos. Então, nós fizemos tudo dentro da lei, e tudo com
recursos do Governo Estadual e Federal. Se assim não fosse, esses recursos não teriam sido
liberados para esse feito”.
Sendo assim, com base nas informações obtidas, “descanalizar” o trecho do córrego
que passa no terreno da proposta torna-se inviável, pois foi feito através de um alto
investimento, de acordo com os órgãos competentes, e, principalmente, com o pedido e apoio
da população. Logo, seria difícil uma possível aprovação da prefeitura para um projeto que
reabrisse o córrego, mesmo que em um pequeno trecho, já que foi uma ação que levou cinco
mandatos diferentes de prefeitos para ser concluída.
Além disso, não há nenhuma lei ou “ordem” que obrigue a abertura do córrego
novamente. E a construção do projeto desejado pode ser feita desde que a fundação do projeto
não seja colocada por onde passa a tubulação dessa canalização. Outros motivos que
34
justificam a não abertura do córrego (além dos motivos passados pela entrevista) é que a
construção não irá suprimir vegetação nativa, não estará aterrando curso d´água e não irá,
também, desviar curso d´água, ou seja, não estará impactando de nenhuma maneira no local
ou no meio ambiente. Portanto, se não estiver impactando o local, não há nada que proíba ou
“barre” o projeto a ser executado.
Deste modo, o terreno escolhido para a proposta não sofrerá alterações, mantendo
também a topografia existente atualmente, e para isso serão utilizado pilotis. Como o córrego
Bela Vista está canalizado e passando pelo terreno da área do projeto, isso influenciou na
forma (volumetria) que o projeto terá, onde serão implantadas as edificações e também na
localização dos pilotis.
O terreno, como já visto, encontra-se em uma parte mais baixa da cidade (baixada), é
predominantemente plano, com um desnível suave (Figura 12), ou seja, que vai diminuindo
gradativamente, como pode ser visto através dos cortes tirados do Google Earth Pro (Figuras
10 e 11).
Figura 10 – Corte da Topografia do terreno
Fonte: Google Earth Pro, 2017.
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Figura 11– Corte da Topografia do terreno
Fonte: Google Earth Pro, 2017.
36
Figura 12 – Mapa de Topografia
Fonte: Prefeitura Municipal de Piacatu (2017) – Editado pela autora, 2017.
3.8. Orientação solar e ventos dominantes
De maneira geral, quanto à orientação solar nas construções, para quem vive no
Hemisfério Sul, a face norte é a que recebe a maior parte da insolação diária, a face leste
recebe o sol da manhã, a oeste recebe o sol da tarde e a face sul é a que recebe menos sol.
O projeto arquitetônico deve se adaptar para tirar vantagem das posições mais
privilegiadas em relação ao sol. Portanto, o sol auxiliou para definir a disposição dos
ambientes, das aberturas, dos elementos de proteção solar propostos, como os brises e as
marquises.
O clima de Piacatu, conforme o site da Prefeitura Municipal é quente com inverno
seco; a temperatura é quente e bastante úmida, a qual varia entre 17 e 33 graus, sendo a média
37
anual de 30° C. De acordo com o site Climatempo, a direção dos ventos dominantes de
Piacatu é ESE – Leste Sudeste, como será mostrado na figura 13.
Com base nos dados obtidos a análise feita mostra que os ventos dominantes que vem
do Leste-Sudeste “chegam” no terreno pela Av. Vendrame, ou seja, este lado do terreno é o
que recebe maior fluxo de vento. Quanto à orientação solar, é possível saber que a Rua
Domingos Vidal e essa fachada do terreno pertencente a ela recebem o sol mais forte e
constante, ou seja, Norte; enquanto a fachada do terreno voltada para a Rua Antônio
Vendrame recebe pouco sol por estar ao Sul. A fachada que recebe o sol Leste (predominância
no período da manhã) é a parte do terreno voltada para a Av. Vendrame e a que recebe o sol
poente, à Oeste (com predominância na parte da tarde) é a fachada do terreno voltada à Av.
dos Lavradores, como pode ser visto na figura 14.
O projeto foi pensado de modo que as duas construções tenham dois pavimentos,
sendo as coberturas dos dois pavimentos térreos destinadas à serem um terraço, os quais terão
um vista para o Leste e o outro vista para o Oeste, com o objetivo da população poder ir até
esses terraços apreciar o nascer e o pôr do Sol.
Figura 13 – Imagem Ventos Dominantes
Fonte: Disponível em: https://www.climatempo.com.br/vento/cidade/2451/piacatu-sp
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Figura 14 – Mapa de Orientação Solar e Ventos Dominantes
Fonte: Google Earth Pro (2017) – Editado pela autora, 2017.
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IV. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Para o desenvolvimento do projeto foram escolhidos como base três referências, o
Centro Cultural São Paulo (CCSP), a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na USP –
São Paulo e a Biblioteca São Paulo localizada no Parque da Juventude, também em São
Paulo.
4.1. Centro Cultural São Paulo – SP
Ficha Técnica:
- Arquitetos: Eurico Prado Lopes e Luiz Telles
- Localização: Rua Vergueiro, 1.000 – Paraíso, São Paulo – SP, Brasil.
- Arquitetos Responsáveis: Eurico Prado Lopes e Luiz Telles
- Área Construída: 46.500 m²
- Ano do projeto: 1979
- Inauguração: 13 de maio de 1982
O Centro Cultural São Paulo, de acordo com seu site oficial é “fruto das
desapropriações ocasionadas pela construção do metrô”. Foi pensado, após o Projeto
Vergueiro (que tinha como objetivo promover a urbanização do local, construção de um
complexo de escritórios, hotéis, um shopping center e uma grande biblioteca pública), para ser
uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade. Porém, no decorrer da formulação do projeto
sofreu diversas alterações acerca de seu programa de necessidades, o que o fez o Centro
Cultural ser um dos espaços multidisciplinares mais importantes de São Paulo, além de
também um dos projetos culturais mais relevantes da capital paulista, por ter se transformado
em um espaço de exposições culturais grátis ou de baixo custo que é muito frequentado.
O projeto foi pensado pelos arquitetos Luiz Beneditino Telles e Eurico Prado Lopes
em 1975, sendo formulado e construído durante os anos da ditadura militar, tendo sido
inaugurado no ano de 1982. Hoje ele é considerado um projeto cultural bem-sucedido, pois é
um espaço democrático, um exemplo de urbanidade e diversidade que se constitui como
passagem e ponto de encontro para uma variada gama de pessoas diariamente, de idades,
classes sociais e interesses diversos.
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Sua localização é privilegiada, estando situado entre a Rua Vergueiro e a Avenida 23
de Maio, no bairro Paraíso, em terreno cedido para a prefeitura. Encontra-se, portanto, em
duas conhecidas e importantes vias de ligação da cidade e próximo das estações do metrô
(Vergueiro e Paraíso), além da facilidade de acesso ao transporte público coletivo nas vias.
O lote público possui cerca de 22 mil metros quadrados, sendo 300m de comprimento
por 70m de largura, possuindo 10m de desnível. O Paraíso é um bairro nobre de São Paulo e
está localizado em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada de Espigão da Paulista.
Além disso, é uma das regiões mais desenvolvidas da capital paulista, pois abriga o trecho
inicial da Avenida Paulista, entre a Praça Osvaldo Cruz e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio,
sendo também, conforme o site wikipedia “o logradouro mais importante da cidade e centro
financeiro do país”. É também um centro de cultura, onde situam-se, além do Centro Cultural
São Paulo, a Casa das Rosas e o Itaú Cultural e possui ainda diversos centros de saúde, como
o hospital Oswaldo Cruz, e estabelecimentos educacionais como o campus da Unip.
Quanto à volumetria, o projeto se integra à paisagem de São Paulo e se impõe
visualmente pela sua implantação, não devido à sua materialidade, pois sua estrutura de
concreto combinado com o aço é absorvida tranquilamente pelo transeunte que passa ao nível
da Rua Vergueiro, até porque esta fachada é recuada da via de pedestre (respeitando-o),
horizontal e com vegetação. E em relação ao nível da Avenida 23 de Maio, o edifício é quase
imperceptível, a não ser pela estrutura metálica que avança sobre a calçada, como se ele
reproduzisse uma possível paisagem de encosta, de modo que da rua se vê um prédio-
vegetação, como pode ser visto na figura 16, abaixo:
Figura 15 – Vista da Rua 23 de Maio
Fonte: Disponível em: https://teoriacritica13ufu.wordpress.com/2010/12/17/centro-cultural-sao-paulo-ccsp/
O projeto “não pode ser entendido como uma volumetria pura, pois possui uma grande
escala, sendo um monumento que se ergue na cidade”, segundo o site Teoria Crítica. Outro
41
ponto analisado é que a edificação do prédio respeitou a topografia do local, além de não
obedecer a padrões pré-estabelecidos. A edificação foi projetada com o intuito de facilitar o
encontro do usuário com o que o Centro Cultural iria oferecer, através de múltiplas entradas e
caminhos e dimensões amplas. Caracterizou-se, portanto (diferente da biblioteca Mario de
Andrade), como um espaço de liberdade, de livre entrada, quase que como uma continuação
do espaço da cidade, onde o usuário não é coagido a utilizar o espaço de certa maneira, como
disse o arquiteto Luiz Telles: “o que queríamos era a redução dos controles. Lutávamos pela
liberdade, que quase não tinha sobrado nesse país. / Queríamos uma arquitetura que permitisse
que os transeuntes, de repente, se perdessem e caíssem aqui dentro, sem porta principal, sem
saguões incríveis e nem amedrontamentos… Era como se a gente pudesse pegar na mão dessa
pessoa acanhada, e falar: vem e usa o que é seu. Inclusive porque você paga, você tem todo o
direito, é público”.
Para aproveitar a topografia do terreno e enaltecer a sua condição de margem, os
arquitetos desenharam uma obra essencialmente horizontal, onde os 46.500 m² de área
construída se distribuem por apenas quatro pavimentos, o que criou um grande contraste com
a paisagem urbana verticalizada dos arredores.
Em relação à materialidade, a técnica construtiva é de estrutura mista, onde o concreto
e o aço foram utilizados em toda construção. Essas estruturas mistas fizeram com que os
conceitos de execução tradicionais fossem modificados, trazendo, portanto, novas técnicas
muito específicas, num processo que beirou o artesanal. Com o objetivo de quebrar a rigidez
desses dois materiais o projeto possui imensos espaços vazados e envidraçados, os quais
permitem a entrada de luz natural e convidam o usuário para dentro do edifício entre cheios e
vazios. Além do que, o acabamento é a própria estrutura aparente, com fechamentos de vidro
e cobertura acrílica. Outra observação importante é que a vegetação original das residências
que existiam no local foram preservadas e mantidas no centro do projeto, formando um jardim
de 700 m². A outra atração do projeto é a grande laje jardim, pois ela é um espaço para
contemplação da cidade de São Paulo e proporciona no entorno urbano um respiro, contando
ainda com o cultivo de hortas comunitárias. De acordo com o arquiteto Luiz Telles: “manter a
área verde entre os dois volumes principais permitiu uma espécie de respiro no percurso pelo
interior da obra. A copa das árvores evita também que o conjunto se revele logo de cara”.
Sendo assim, é possível caracterizar a arquitetura do Centro Cultural São Paulo como
brutalista e estruturalista, porque ela privilegia as características dos materiais por si só, para
realizar divisões espaciais e também dar estrutura, sempre aproveitando a própria qualidade
42
dos materiais empregados. De modo a ilustrar essa característica pode citar-se: as paredes
inclinadas da biblioteca que são feitas de tijolos expostos, as colunas de vigas colossais que
aparecem por toda a edificação e também a rampa minimalista bifurcada no meio, a qual
unifica visualmente os dois andares de museu e o piso de biblioteca pela abertura igual entre
os três andares, que é ampla.
A “política do livre acesso” implantada no projeto do Centro Cultural São Paulo partiu
da ideia de permitir que o espaço seja usado pelos usuários sem qualquer tipo de restrição, o
que reflete em ambientes amplos, abertos, quase sem paredes e nenhuma divisória. E essa
proposta projetual do “livre acesso” englobou um conceito novo para a época de efetivação do
projeto. O fato de privilegiar a circulação livre e a utilização modular do espaço faz com que o
projeto se aproxime mais de um conjunto de praças.
As diferentes entradas e não apenas uma única entrada principal são responsáveis pelo
fato de não ser possível medir os andares em subsolo, térreo, primeiro, segundo, etc, já que
todas as entradas se encontram na mesma calçada e dão acesso a diferentes pisos da
construção, o que caracteriza a divisão dos espaços não por andares, mas por seu uso.
De acordo com o site Archdaily, o acesso ao projeto possui uma “boa permeabilidade
desde a rua, com quatro entradas de pedestres que podem ser feitas pela Rua Vergueiro” ou
pela própria estação do metrô Vergueiro, sendo que em ambos os casos o usuário entra em um
espaço coberto, aberto e livre. Já para acessar a Biblioteca precisa-se atravessar um grande
pátio e então entrar no subsolo, que é onde ela se encontra. Logo, a acessibilidade do terreno é
notável, já que se conecta à Estação Vergueiro da Linha Azul do metrô e se encontra próximo
à Avenida Paulista, que possui um alto fluxo de pedestres.
Apesar dos quatro pavimentos que foram possíveis após a retirada de terra, a
volumetria vista através da Rua Vergueiro é baixa e discreta, evidenciando somente a
cobertura principal, cujo balanço projeta-se sobre o passeio público em alguns pontos. Desde
a Avenida 23 de maio, 15 metros abaixo, vê-se, sobretudo, a viga de borda da cobertura. A
estrutura adequou-se ao talude, demandando a construção de uma cortina de concreto
atirantado contra placas de ancoragem, bastante visíveis na biblioteca.
Em relação às paredes externas voltadas para a Avenida 23 de Maio, também em
concreto, o que se nota é que elas são bastante espessas (grossas), para funcionar como uma
barreira sonora por causa dos transtornos causados pelo alto tráfego de veículos motorizados.
Quanto ao sistema estrutural do projeto ele é metálico, de modo que a cobertura é composta
de vigas de aço e concreto intercaladas com material translúcido em formato de abóboda,
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tornando-se uma estrutura leve e rígida que possibilita a iluminação natural e sustentação às
rampas de circulação/acesso (cujos esforços estão divididos entre tirantes e pilares) e as vigas
do piso superior. Entre as vigas e os pilares de concreto não existe uma distinção clara, pois
eles se tornam uma única estrutura devido ao seu desenho curvo de linha contínua.
Longitudinalmente, todo projeto do Centro Cultural São Paulo é percorrido por uma
“rua interna” que possui 300 metros de comprimento, a qual tem como objetivo distribuir
todos os fluxos e circulações. Todas as divisórias transversais são transparentes,
proporcionando uma visão total e também integração entre todos os programas e o jardim
interno.
Figura 16 - Corte Transversal
Fonte: Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-
paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles
Por fim, segundo o arquiteto Luiz Telles:
“os militares não perceberam absolutamente o sentido de liberdade que existia nos
espaços propostos. Eles não perceberam, eles foram atrás de teatro, de cinema, de
fotografia, da imprensa… Ainda bem, porque senão provavelmente existiriam só
colunatas, trancafiações e grades”.
O projeto do Centro Cultural São Paulo foi escolhido como referência devido à sua
materialidade mista, mas principalmente pelo uso do concreto armado aparente. Outro fator
determinante é o de seu espaço ser caracterizado pela arquitetura do encontro, das diversas
passagens, as quais dão liberdade aos cidadãos para permear pela edificação e também para
usá-la como desejarem, ou seja, usar o local para usos diversos, tais como: estudar, ler,
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dançar, encontrar amigos ou até mesmo descansar. Deste modo, facilita-se muito o encontro
do usuário com o que é oferecido. E estes objetivos serão buscados no projeto do Centro
Cultural e da Biblioteca Municipal, afim de que seja um projeto que, como o Centro Cultural
São Paulo, seja marcado pela integração e multidisciplinaridade, privilegiando as dimensões
amplas e as múltiplas entradas e caminhos.
4.2. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – São Paulo – SP
Ficha Técnica:
- Arquitetos: Rodrigo Mindlin Loeb, Eduardo de Almeida
- Cálculo Estrutural de Concreto e Metálica: Heloísa Maringoni
- Localização: Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, USP, São Paulo, Brasil.
- Área do Terreno: 25 mil m²
- Área Construída: 21.950 m²
- Ano do projeto: 2013
A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin é um órgão da Pró-Reitoria de Cultura e
Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP). Como consta no site da ups, ela
“encontra-se instalada em um dos blocos recentemente inaugurado no coração da Cidade
Universitária, USP, em São Paulo”. A biblioteca foi criada em janeiro de 2005, com projeto
desenvolvido pelos escritórios de Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, com a
assessoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Porém, foi no final de 1999 que
José Mindlin pediu para seu neto Rodrigo Mindlin Loeb e seu amigo Eduardo de Almeida
para criar o projeto que abrigaria sua rara coleção de livros. Mindlin faleceu aos 95 anos, em
fevereiro de 2010 e a obra da biblioteca avançava, vencendo obstáculos. O neto Rodrigo
Mindlin lembra que: “durante toda a concepção foi levado em consideração o gosto de meu
avô, apesar de ele não interferir nesta parte. Mas eu sabia do que ele gostaria. A concepção
dos mezaninos é um exemplo. Além de uma das estantes de dentro do acervo que é vermelha
como era na biblioteca da casa dele”.
Para a criação do projeto, que possui 21.950 m², seus autores se inspiraram em
bibliotecas conceituadas de outros países, como a Beinecke Rare Book & Manuscript Library
(Biblioteca Beinecke de Manuscritos e Livros Raros), da Universidade de Yale, nos Estados
Unidos, e a Biblioteca Sainte-Geneviève, de Paris, na França. Já a Library of Congress
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(Biblioteca do Congresso), de Washington, foi consultada para definir diretrizes de
conservação das obras.
Por conter livros de mais de 500 anos, que eram relíquias, o projeto teve como foco a
guarda e a manutenção adequada das obras, e, por isso, contou com aplicações de conceitos
bioclimáticos que contribuem com a eficiência energética, assegurando a proteção e também a
manutenção adequada das obras raras. Sendo assim, o isolamento e a proteção térmica foram
essenciais, e os quatro mil metros quadrados de áreas de acervo contam, além do sistema de
ar-condicionado e controle de umidade, com sistema de sprinkler pré action, detecção, e
monitoramento por câmeras e sensores. De acordo com o próprio Rodrigo Mindlin Loeb:
“queríamos construir uma obra pública que fosse referência de qualidade e tínhamos a
preocupação da perenidade. Há livros de mais de 500 anos que devem permanecer lá por
outros 500, então o prédio também precisava ser durável”.
Para alcançar estabilidade térmica foram usadas paredes de concreto maciço e
aparente. A transparência que cria a relação de interior e exterior é presente através dos vidros,
que sempre possuem filtro ultravioleta e um forro que permite passar apenas 10% de entrada
de luz. Há uma sequência de proteções para barrar a entrada de luz, como Rodrigo Mindlin
Loeb explica: “A transparência está presente para criar uma relação interior e exterior, mas
sempre com os filtros de luminosidade. Há uma sequência de proteções para barrar a entrada
de luz”, afirma. A primeira camada de proteção é o vidro que faz mediação exterior e interior
com filtro, depois tem os elementos de sombreamento como as brises e as chapas de alumínio
perfuradas. Em seguida, há um espaço vazio de 80 centímetros, e uma nova camada de vidro e
caixilhos. Só então, há áreas de trabalho, também criando proteção de luminosidade para o
acervo no centro”.
De acordo com o site oficial da Biblioteca, a única edificação abriga ainda o Instituto
de Estudos Brasileiros (IEB), a Livraria da Edusp e o Auditório István Jancsó (com
capacidade para 300 pessoas), e conta com salas de aula e salas de exposição. O complexo
conta também com cafeteria no mezzanino da Livraria da Edusp. Sendo assim, com o seu
expressivo conjunto de livros e manuscritos, a brasiliana reunida por Guita e José Mindlin é
considerada a mais importante coleção do gênero formada por particulares. São 32,2 mil
títulos que correspondem a 60 mil volumes aproximadamente. O espaço no qual os livros
estão dispostos permite que o acervo seja avistado de qualquer lugar do edifício, pois ele está
localizado em uma espécie de anel central de quatro lados.
46
Quanto ao projeto, apenas o pavimento térreo é aberto ao público. Uma esplanada livre
– uma espécie de praça coberta – conectada com rampas cobertas, mas abertas nas laterais
articula-se com a cafeteria e o auditório para 300 pessoas, e também se conectam a um espaço
fechado e coberto com a mesma iluminação que leva aos blocos onde estão os acervos. Além
disso, o projeto conta com elementos sustentáveis, já que a estrutura da edificação prioriza a
entrada de luz natural, o que promove economia de energia, como também o fato de possuir
células fotoelétricas instaladas para a captação da energia solar, uma das melhores formas de
produção de energia limpa. O primeiro pavimento possui áreas fechadas de acervo e trabalho
de pesquisa; no segundo pavimento estão as áreas de administração e também a área
acadêmica Já na ala sul do projeto encontram-se as salas de consulta nas duas extremidades, e,
na norte, há uma sala de exposição permanente. O subsolo é fechado ao público e conta com
pátios ingleses de iluminação natural com áreas de trabalho e pesquisa.
O site oficial da Biblioteca afirma que: “a biblioteca, conforme o regimento, tem o
compromisso de conservar, divulgar e facilitar o acesso de estudantes, pesquisadores e do
público em geral ao acervo, e promover a disseminação de estudos de assuntos brasileiros por
meio de programas e projetos específicos. Neste sentido, ela tem atuado como um centro
interdisciplinar de documentação, pesquisa e difusão científica de estudos brasileiros, da
cultura do livro, da tecnologia da informação e das humanidades digitais, tornando um órgão
de integração de diversas iniciativas acadêmicas, de interesse inter-setorial e transdisciplinar”.
Outra informação retirada do site oficial é que: “além dos recursos orçamentários da
USP, a construção do edifício contou com o apoio do Ministério da Cultura, da Fundação
Lampadia, do Programa de Ação (Proac) da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de
São Paulo, do Senador Eduardo M. Suplicy e do BNDES, e com o patrocínio (por meio da Lei
Rouanet) da Petrobras, CBMM, CSN, Fundação Telefônica, Suzano Papel e Celulose,
Fundação Votorantim, Grupo Santander, Natura, CPFL, Cosan e Raizen. O Gerenciamento da
obra foi de responsabilidade da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), em
parceria com a Superintendência do Espaço Físico (SEF) da USP”.
Com relação à escolha da Biblioteca Brasiliana como projeto de referência o que mais
se destaca é o fato de todo o seu acervo estar ao alcance do público, para manuseá-lo
livremente, ao concreto e o vidro como materialidade e também o sistema de quebra sóis
(brises) presentes nas fachadas ensolaradas.
47
Figura 17 – Biblioteca Brasiliana
Fonte: Disponível em:
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/slideshow/newslideshow.aspx?idproject=227&index=0
Figura 18 – Vista de três, dos quatro lados do anel central, onde fica o acervo da
Brasiliana Guita e José Mindlin
Fonte: Disponível em:
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/slideshow/newslideshow.aspx?idproject=227&index=0
48
Figura 19 – A grande esplanada central
Fonte: Disponível em:
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/slideshow/newslideshow.aspx?idproject=227&index=0
4.3. Biblioteca de São Paulo – Parque da Juventude
Ficha Técnica:
- Arquitetos: Escritório Aflalo & Gasperini
- Projeto Paisagístico: Rosa Grena Kliass
- Projeto de Interiores: Dante Della Mana
- Localização: Avenida Cruzeiro do Sul, 2630 – Carandiru, São Paulo, Brasil
- Área do Terreno: 232.933 m²
- Área Construída: 4.257 m²
- Ano do projeto: 2010
De acordo com o site oficial da Biblioteca de São Paulo (BSP), ela foi
inaugurada em 8 de fevereiro de 2010 e faz parte do conjunto de iniciativas da Secretaria de
Estado da Cultura para incentivar e promover o gosto pela leitura. Ela é considerada a
principal biblioteca do Estado de São Paulo e é organizada como se fosse uma livraria, com o
objetivo de atrair também o público não leitor, de modo a estimular a leitura e fazer com que
as pessoas descubram o prazer de ler.
49
O projeto de autoria do escritório Aflalo & Gasperini tem como ponto forte seu novo
conceito de uso e de quebra de paradigma, que se dá por rejeitar a ideia comum de biblioteca
ser como um ambiente fechado, intimidador e escuro. O arquiteto Roberto Aflalo afirma que:
“este e um projeto-piloto que poderá ser replicado em outras cidades do Estado”. Depois o
projeto passou a ser coordenado pela equipe da arquiteta paisagista Rosa Grena Kliass por ter
passado a possuir um caráter mais paisagístico do que arquitetônico após a redução de sua
área.
O projeto da Biblioteca está localizado no Parque da Juventude, na zona norte, o qual
surgiu através de uma grande revitalização urbana da cidade de São Paulo, pois onde hoje é o
Parque da Juventude era antes o Complexo Presidiário do Carandiru. O Parque foi concebido
com a finalidade de ser um espaço público arrojado e com um projeto de inclusão social
inovador por meio da leitura, além de reintegrar essa área à cidade e à população do bairro
através de um uso pacífico e agradável do local, com espaços para contemplar a paz e o bom
convívio com os homens e com a natureza, local esse que antes era fortemente marcado por
violência, gerar horror e mortes. Sendo assim, a quadra que era cercada e fechada pelos altos
muros da penitenciária ganhou um belíssimo parque, repleto de calçadas largas e cujo acesso
principal é totalmente aberto ao público, convidando-o a um passeio.
A área ocupada pelo Parque é de 232 mil m² e ele foi dividido em três partes: parque
esportivo, parque central e parque institucional. Os três setores são interligados pela “alameda
central” que corta toda a extensão do parque. Quanto ao prédio da biblioteca, ele está
localizado na parte institucional do parque, em um terreno de 3.502,25 m² com área
construída de 4.257 m², a qual se distribui de modo a dar atenção às crianças, jovens, adultos,
idosos e pessoas com deficiência e terá enfoque por ser um dos projetos de referência por ter
como fundamento apresentar a leitura como uma atividade prazerosa, que é o que o projeto
para o município de Piacatu também busca.
O Parque Institucional tem acesso direto pela estação Carandiru do metrô e é feito
através de uma grande praça em meio aos três edifícios existentes nessa área do projeto, onde
há uma marquise que liga o passeio público ao acesso dos edifícios. Já o acesso à biblioteca se
dá pela Avenida Cruzeiro do Sul e pela Avenida General Ataliba Leonel e é uma área de
potencial urbano e ambiental valiosa. A edificação da área institucional conta com uma ampla
área e tem seu volume definido por suas duas fachadas assimétricas. Caracteriza-se como um
edifício horizontal que se destaca por painéis de cor vermelha.
50
Quanto à estrutura da edificação, como consta no site da Biblioteca São Paulo, “foi
pensada para oferecer conforto, autonomia e atenção ao elemento que é tido como central da
biblioteca: o usuário”. O programa de necessidades da biblioteca é constituído por pavimento
térreo (figura 23) e superior (figura 24), sendo o térreo divido em alas para três faixas etárias:
de zero a três anos, de quatro a 11 anos e de 12 a 17 anos, composto por hall de entrada,
recepção, acervo, guarda volumes, terminal de "autoatendimento", auditório e módulos de
leitura para crianças e adolescentes, enquanto que no pavimento superior está a área de
acervo, espaços de leitura com um módulo restrito para adultos, áreas multimídia, além de
contar com mobiliários especiais como mesas para deficientes visuais e mesas ergonômicas
para deficientes físicos, pisos táteis, corrimão com duas alturas, inscrições em Braile, rampas
de acesso e soleiras adequadas foram implantados atendendo a todas às normas de
acessibilidade. No pavimento superior também estão os terraços, os quais se direcionam para
as fachadas leste e oeste. Onde se encontra um índice maior de insolação são cobertos por
pérgulas fabricadas com laminados de eucalipto de reflorestamento e policarbonato (conforme
os dados do site oficial da Biblioteca), a fim de proporcionar um conforto maior para a área de
estar livre que contempla todo o seu entorno do parque. Em relação às demais fachadas (Norte
e Sul), ambas são compostas por placas de concreto pré-moldadas com um acabamento
texturizado colorido, de modo que criam um destaque maior entre os três edifícios que
existem no Parque da Juventude (esportivo, central e institucional). Outro ponto interessante
observado é que a edificação possui uma área ampla com iluminação zenital, o que garante
uma grande flexibilidade de layout interno.
Ainda com dados do site oficial da Biblioteca de São Paulo, pode se afirmar que a
estrutura é formada por 20 pilares espaçados a cada 10 metros e 10 vigas cada uma com 15
metros de vão. Além disso, foi utilizada laje alveolar no mezanino e nos balcões no piso
superior. Parte da cobertura é revestida com forro metálico, e sua forma ondulada permite a
entrada de luz pelos caixilhos instalados no alto do edifício.
De acordo com o site oficial da Biblioteca de São Paulo (BSP), ela custou cerca de R$
12,5 milhões (R$ 10 milhões do Estado e R$ 2,5 milhões do Ministério da Cultura). E, para
atrair seus futuros usuários, não investiu apenas no acervo de 30 mil livros, mas também em
outras mídias, como CDs, DVDs, internet, televisão e jogos eletrônicos. O projeto centrou
esforços na decoração do prédio, na oferta de tecnologia e em uma estrutura completamente
acessível e preparada para atender pessoas com necessidades especiais. Ele foi premiado na
Bienal Internacional de Quito em 2004 e também recebeu o prêmio internacional de
51
arquitetura paisagística Primer, o que fez com que se tornasse rapidamente um dos motivos de
orgulho da população da Zona Norte da cidade de São Paulo.
A Biblioteca de São Paulo foi escolhida como projeto de referência por ser um
exemplo de como uma biblioteca deve ser no mundo atual: repleta de livros de diversos
conhecimentos e acessível a todos. Outra razão é por seu projeto ser extremamente funcional,
pela maneira como o espaço foi aproveitado, contando com layout bem resolvido e atraente,
além de deixar todo o seu acervo ao alcance do público, que pode manuseá-lo livremente. Ou
seja, sua estrutura que acomoda uma planta livre, formada por espaços amplos com grande
flexibilidade de layout. Outro ponto relevante é o pé direito alto, o uso dos pilares gerando
vãos livres, o uso da luz natural, assim como de materiais de fácil acesso e também por sua
organização, que visa sempre o conforto e bem estar dos usuários.
Os terraços do pavimento superior voltados para as fachadas leste e oeste também fez
com que o projeto se destacasse para referência, já que o projeto pretendido também terá
terraços voltados para estas fachadas, porém os terraços estarão na cobertura dos pavimentos
térreos, com a função de garantir espaços agradáveis para área de estar e contemplação. Todos
esses fatores são importantes, inspiradores e desperta nas pessoas o desejo de aproveitar novos
espaços. Assim, será capaz de levar toda a cidade para permear e usufruir de espaços de
educação e cultura.
Figura 20 – Biblioteca São Paulo
Fonte: Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-38052/biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-
arquitetos/574512b3e58ece678300002e-biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-arquitetos-foto
52
Figura 21 – Biblioteca São Paulo
Fonte: Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-38052/biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-
arquitetos/574513fce58eceb63f00010f-biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-arquitetos-foto
53
Figura 22 – Planta Pavimento Térreo
Fonte: Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-38052/biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-
arquitetos/5745128ee58ece678300002d
54
Figura 23 – Planta Pavimento Superior
Fonte: Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-38052/biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-
arquitetos/57451275e58ece678300002c-biblioteca-sao-paulo-aflalo-e-gasperini-arquitetos-planta-baixa
55
V. PROJETO
5.1. Programa de Necessidades
O programa de necessidades foi pensado para atender ao tema do projeto e,
principalmente, toda a população do município, sem qualquer tipo de distinção, pois se
caracteriza como um projeto público. Ele conta com dois blocos, ambos com dois pavimentos,
o Centro Cultural e a Biblioteca Municipal.
A Biblioteca Municipal atenderá a comunidade em geral e também as escolas
Municipais e a Escola Estadual. Será uma biblioteca com acessibilidade, de acordo com a
norma de acessibilidade, NBR 9050, com volumetria simples, composta por formas retas.
No pavimento térreo da biblioteca encontra-se a área de serviços, com recepção,
administração, depósito, copa, áreas de circulação (incluindo escadas e elevadores) e
banheiros. Também estão lá os guarda volumes, o acervo da biblioteca, a gibiteca, a biblioteca
infantil e a sala de leitura online (com computadores para acesso a livros online, internet para
estudar, fazer trabalhos de pesquisas, onde todos os computadores possuirão fones de ouvido
para possibilitar que os usuários possam assistir a vídeos, etc). Já no pavimento superior, que
é menor, estão as salas de estudos em grupo e individual, e as duas salas para encontros de
aulas na biblioteca, que também são salas multiuso.
O Centro Cultural tem volumetria igual à Biblioteca, de modo que os projetos se
integrem, se harmonizem, e, principalmente, se completem. O pavimento térreo é marcado
pela recepção, administração, depósito, copa, áreas de circulação (também com escadas e
elevadores) e banheiros. A área de exposições, também no térreo, foi planejada de forma
ampla para que ocorra qualquer tipo de exposições, de modo que possam ser utilizadas
paredes moduláveis para configurar o ambiente de acordo com o que cada exposição precisar.
Além disso, possui ainda uma sala multiuso, com o intuito de suprir qualquer tipo de
necessidade. Quanto ao pavimento superior, foi pensado para receber os usuários para as
atividades (aulas) que serão oferecidas pelo Centro Cultural, como pintura, dança e música.
As Tabelas 1 e 2 mostram a tabela de dimensionamento aproximado da biblioteca e do
centro cultural, respectivamente:
56
Tabela 1 – Tabela de Dimensionamento da Biblioteca
DIMENSIONAMENTO - BIBLIOTECA
Ambientes
Quantidade
Área Unitária
Área Total
Observação
Recepção 1 80 m² 80 m² -
Administração
1
12 m²
12 m²
Área restrita aos
funcionários.
Copa
1
15 m²
15 m²
Área restrita aos
funcionários.
Depósito
1
14 m²
14 m²
Área restrita aos
funcionários.
Wc funcionários
1 feminino e 1
masculino
Área restrita aos
funcionários.
Acervo -
Biblioteca
Municipal
1
230 m²
230 m²
Inclui área de
acervo, mesas para
estudo/leitura,
balcão de
empréstimos.
Biblioteca Infantil
1
190 m²
190 m²
Inclui área de
acervo, mesas para
estudo/leitura,
balcão de
empréstimos e área
para contar estórias.
Gibiteca
1
110 m²
110 m²
Inclui área de
acervo de gibis e
mesas para leitura.
Sala de Leitura
Online
1
75 m²
75 m²
Local com
computadores para
leitura digital,
estudos e pesquisas
online.
Wc para o
público
4 (2 femininos e
2 masculinos)
40 m² cada
sexo - Pav.
Térreo
30 m² cada
sexo - Pav.
superior
80 m² - Pav.
Térro
60 m² - Pav.
Superior
Um bloco de
sanitários feminino
e masculino em
cada pavimento.
Sala de estudos
Coletivo/
Multiuso
2
70 m²
140 m²
A sala pode ser
usada para estudos
em grupo ou
qualquer outra
57
finalidade
necessária.
Sala de estudos
Individual 1 50 m² 50 m² -
Sala para
encontros de
aulas/ Multiuso
2
60 m²
120 m²
Salas para que possa
haver encontros de
aulas das escolas na
biblioteca para
incentivar a leitura.
Podem ser
utilizadas para outra
finalidade se
necessário. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
58
Tabela 2 – Tabela de Dimensionamento do Centro Cultural
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Para um melhor entendimento do projeto foram feitas as plantas de setorização, que
dividem as áreas de acordo com seus usos, como mostram as Figuras 26, 27, 28 e 29.
DIMENSIONAMENTO – CENTRO CULTURAL
Ambientes
Quantidade
Área Unitária
Área Total
Observação
Recepção 1 80 m² 80 m² -
Administração
1
12 m²
12 m²
Área restrita aos
funcionários.
Copa
1
15 m²
15 m²
Área restrita aos
funcionários.
Depósito
1
14 m²
14 m²
Área restrita aos
funcionários.
Wc
funcionários
1 feminino e 1
masculino
Área restrita aos
funcionários.
Área de
Exposições 1 560 m² 560 m²
Espaço que pode
ser modulado para
atender ao tipo de
exposição
necessária.
Sala Multiuso 1 160 m² 160 m² Sala disponível
para usos diversos.
Wc para o
público
4 (2 femininos
e 2 masculinos)
40 m² cada
sexo - Pav.
Térreo
30 m² cada
sexo - Pav.
superior
80 m² - Pav.
Térro
60 m² - Pav.
Superior
Um bloco de
sanitários feminino
e masculino em
cada pavimento.
Salas de Música
2
1 de 70 m² e
outra de 50 m²
120 m²
Salas para atender a
aulas de música.
Salas de Dança
2
1 de 60 m² e
outra de 70 m²
130 m²
Salas para atender a
aulas de dança.
Sala de Pintura
1
60 m²
60 m²
Sala para atender a
aulas de desenho e
pintura em telas,
faixas, painéis, etc.
59
Figura 24 – Planta de Setorização Pav. Térreo – Biblioteca
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
60
Figura 25 – Planta de Setorização Pav. Superior – Biblioteca
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
61
Figura 26 – Planta de Setorização Pav. Térreo –Centro Cultural
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
62
Figura 27 – Planta de Setorização Pav. Superior –Centro Cultural
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
63
5.2. Organograma
Figura 28 – Organograma do projeto
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.3. Fluxograma
Em relação ao fluxograma (Figura 31), o projeto buscou fazer com que o espaço
público fosse convidativo ao público, a fim de que as pessoas passassem pelo local, chegando
ao local do projeto de forma simples e natural. O pátio central tem a finalidade de conectar,
através de seus caminhos, uma edificação à outra, mas não apenas isso, pois esse espaço foi
projetado para ser um ponto de encontro e convívio, como uma praça; e além disso, ser um
local visivelmente agradável.
64
Figura 29 – Fluxograma do projeto
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.4. Conceito e Partido Arquitetônico
O conceito do projeto é a relação homem x natureza. A interferência do homem na
natureza é indispensável para a continuidade do funcionamento da sociedade, mas por outro
lado, é preciso lembrar que a natureza e seus recursos são esgotáveis e que necessita de
respeito e cuidados especiais. Logo, a natureza está no homem e o homem está na natureza, e,
por isso, o homem deve cuidar e valorizar a natureza, buscando que ela se integre à sua vida,
também em suas construções. Por isso, o conceito foi escolhido a fim de que o projeto se
integre com o entorno e, principalmente, à Trilha Ecológica que se encontra ao lado.
O partido arquitetônico do projeto baseia-se na permeabilidade, pois permear quer
dizer atravessar, penetrar, fazer passar pelo meio. E para isso, serão utilizados pilotis (pilares
em concreto armado aparente que sustentam uma construção) para sustentar parte do
pavimento superior de ambas as edificações. Os pilotis são característicos da arquitetura
modernista brasileira e são muito importantes pois através deles é possível obter um vão livre
no nível térreo, caracterizando um espaço público em contraposição ao espaço verticalizado, e
65
dessa forma, é possível obter espaços de convivência e circulação, protegidos do sol e da
chuva.
O uso dos pilotis para sustentar parte do pavimento superior deixará vãos livres no
térreo que reforçarão o ato de permear entre a área do projeto e a trilha. Logo, o ato de
caminhar pelo projeto e do projeto para a trilha integram ambos, reforçando a relação do
homem com a natureza.
Quanto à volumetria, o projeto visou formas retas e volumetria simples, sendo os
pavimentos (térreo e superior) retangulares. Ambas as edificações têm a mesma volumetria
para se complementarem, suprindo as necessidades do programa com qualidade.
5.5. Implantação
O projeto foi implantado no terreno com o objetivo de melhor aproveitar a área, dando
ao lote um uso e à população um espaço público agradável para desfrutar. Para isso, levou-se
em conta fatores como: direção dos ventos dominantes, orientação solar, a presença do
córrego Bela Vista canalizado que passa sob o terreno, e a existência da Trilha Ecológica na
quadra ao lado, que busca estimular a conexão entre homem x natureza. Todos esses motivos
tiveram grande importância para a elaboração não apenas da implantação, mas do projeto
como um todo.
A Figura 32 mostra a implantação do projeto, onde é possível perceber que as
edificações foram projetadas para não atingir a tubulação da canalização, por saber que não
seria possível fazer fundações adequadas. Também indica as áreas designadas aos caminhos e
convívio entre as pessoas, através do uso de bancos que têm a função não apenas de descanso,
mas também de ponto de encontro.
Os espelhos d’água compõem a implantação do projeto, deixando o local mais bonito e
interessante, além de auxiliar a refrescar o microclima local.
A implantação teve como finalidade tornar aquele espaço público prazeroso, de modo
que os transeuntes caminhem por suas áreas e adentrem às edificações, desfrutando dos
espaços pensados para convívio e também para estimular a interligação do projeto com a
Trilha Ecológica, transitando de um local para o outro como se eles fossem apenas um.
66
Figura 30 – Implantação
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.6. Técnicas construtivas e materiais
Com relação aos materiais e técnicas construtivas, é importante dizer que ele deverá
ser construído com fundações adequadas, de acordo com a NBR 6122 – Projeto e execução de
fundações, com sistema de alvenaria tradicional, composto por tijolos, vigas, pilares e lajes.
O exterior de todas as edificações será de concreto aparente moldado in loco, visto que
a combinação de areia, pedra, água e cimento que o formam é capaz de dar versatilidade e
beleza pela sua forma simples, sendo escolhido para marcar os diferentes planos e volumes
através de uma dinâmica formal atraente. A sobriedade da cor cinza imprime uma
67
modernidade, como também combina com outros materiais, como o vidro. Uma de suas
vantagens é que dispensa o desenvolvimento de outras partes da obra, como por exemplo,
chapisco, emboço e reboco, evitando o gasto com revestimentos. O concreto aparente destaca-
se por apresentar manutenção simples e prática, e para que sua durabilidade seja maior é
necessária a aplicação periódica de verniz ou silicone/resina, já que precisa de proteção por ser
um material poroso.
Aliado ao concreto aparente, para compor suas fachadas têm se ainda paredes de vidro,
que se encontram formando o “L” voltadas para o centro do projeto, ou seja, para sua área de
ligação e convívio entre as edificações. Essas paredes foram pensadas para integrar o projeto
em relação interior x exterior e aumentar a incidência de luz natural no interior. Para que
possam cumprir com seus objetivos, serão protegidas por marquises e o tipo de vidro a ser
usado é o tipo refletivo, pois auxilia no conforto térmico ao controlar a relação de transmissão
e reflexão de luz solar e de calor, sendo capaz de reduzir, de acordo com dados de seus
fabricantes, até 80% da passagem de calor por raios solares para o interior dos ambientes,
garantindo um eficiente isolamento térmico.
Outros materiais presentes no projeto buscam melhorar seu conforto térmico, como o
uso de brises de estrutura metálica em fachadas com maior incidência solar (norte e oeste) e as
telhas metálicas sanduíche termoacústicas duplas, que não apenas contribuem para o conforto
térmico, mas também acústico.
As telhas sanduíches duplas são compostas por duas chapas metálicas (aço
galvanizado ou galvalume) e por um material isolante em seu interior, o EPS (Poliestireno
Expandido) ou PUR (Poliuretano) (Figura 33), que também é responsável por proporcionar a
redução dos ruídos externos. Outras vantagens: não absorvem água e possuem ação retardante
na ação de chamas. No projeto serão utilizadas nas coberturas dos pavimentos superiores e
apenas na cobertura dos banheiros (com janela zenital do tipo lanternins), no pavimento
térreo, em todos com a inclinação mínima, que é de 5%, pois o restante do pavimento térreo
terá laje impermeabilizada para comportar os terraços, que foram definidos nas fachadas leste
e oeste, para contemplação do nascer e do pôr do sol.
Com relação aos brises ou quebra-sóis, como o próprio nome já diz, são utilizados
com a finalidade de barrar a incidência da radiação solar antes dela atingir a fachada e o
ambiente interno, o que contribui, portanto, para reduzir o calor que recebem. Comparados a
outros tipos de proteção solar, oferecem iluminação natural adequada, ventilação, visibilidade,
economia de energia e melhor controle dos ganhos térmicos. No projeto, eles foram
68
projetados para a biblioteca e para o centro cultural. Na biblioteca necessitam ser colocados
no pavimento térreo, na fachada oeste, que abriga as áreas de serviços administrativos e uma
janela da biblioteca infantil. No pavimento superior serão necessários nas fachadas norte e
oeste, nas janelas dos banheiros e das salas para encontro de aulas e multiuso,
respectivamente. Para a edificação do centro cultural serão empregados na fachada norte do
pavimento térreo, que possui janelas da área de exposições, dos banheiros e uma janela da sala
multiuso. No pavimento superior serão necessários na fachada oeste, nas janelas de uma sala
de dança e das duas salas de música.
De acordo com o uso da carta solar e do transferidor foi determinado o uso desses
brises para as estações mais quentes do ano (primavera e verão). Isso foi essencial para saber
que os brises para atender a essas necessidades devem ser do tipo vertical nas fachadas oeste e
horizontal nas fachadas norte.
O design exclusivo pensado para os brises do projeto surgiu através da forma do
espelho d'água que o projeto possui. Quanto ao material, são brises metálicos de alumínio,
pois são bastante leves (o que diminui a carga da estrutura e alivia a carga nas fundações), de
fácil limpeza e não exigem manutenção constante como a madeira, por exemplo. Além disso,
o metal é 100% reciclável e as estruturas podem ser desmontadas e reaproveitadas com menor
geração de rejeitos.
Outro material que se destaca é o uso de pisos intertravados de concreto na área
exterior do projeto. Foram escolhidos por serem resistentes, capazes de alcançar um
acabamento agradável e ser adequado para áreas que vão sofrer tráfego intenso de pedestres.
Além disso, por serem assentados sobre areia, os pisos intertravados não impermeabilizam o
solo, permitindo que as águas das chuvas passem e, consequentemente, diminui os riscos de
alagamentos e enchentes. Outra vantagem é que eles reduzem significativamente a absorção
de calor, ou seja, evitam que o solo fique muito quente, contribuindo, assim, para o conforto
térmico.
Por possuírem diversos modelos, cores, formas e dimensões é capaz de oferecer um
design exclusivo a cada local utilizado. No projeto serão utilizados pisos intertravados de três
cores (azul, cinza e cor de tijolo), de modo a “demarcar” os caminhos para os pedestres. As
cores foram escolhidas de modo que se harmonizem e combinem entre elas e também com as
edificações. A cor azul foi escolhida, em especial, para demarcar o caminho onde a
canalização do córrego Bela Vista passa, com o intuito de demonstrar respeito por ele e
também para que a população veja e saiba onde ele está passando, para não esquecê-lo.
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É importante esclarecer que todos os materiais e técnicas presumem para um melhor
conforto térmico e uma maior qualidade do projeto, de modo que seja capaz de serem
construções adequadas e que necessitem menos do uso de ar-condicionado, o que contribui
para a redução de energia gasta e para economia financeira.
Figura 31 – Telha Sanduíche
Fonte: Disponível em:
https://www.hometeka.com.br/aprenda/o-que-e-telha-termoacustica-sanduiche/
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os espaços públicos são caracterizados por serem de uso comum, acessível a todos.
Sendo assim, a cidade pode ser entendida como um local de encontros e relações, onde o
espaço público é responsável por desenvolver atividades coletivas, de convívio e trocas entre
os cidadãos de diferentes grupos que compõem a heterogenia da sociedade urbana.
A proposta aqui apresentada visa dar um novo espaço público ao município de Piacatu,
onde a biblioteca e o centro cultural serão um espaço capaz de englobar atividades para o
desenvolvimento intelectual e cultural de todos os cidadãos, sem discriminar seus usuários,
aumentando as possibilidades de universalizar seus usos.
Para que o espaço seja ocupado com qualidade pela população, a implantação do
projeto promove o livre acesso de todas as pessoas, buscando convidá-las a caminhar e estar
no espaço público. Outra característica proposta é de tornar o local responsável por um
ambiente agradável, confortável, repleto de atividades que estimulem a comunicação e a
cultura. Ambas edificações precisam oferecer um atendimento de qualidade em um espaço
com condições físicas adequadas e atividades adequadas às necessidades da população da
cidade de Piacatu.
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ANEXOS