Marcelo Pereira Opinião “O governo não agiu bem …entupir suas artérias. E eu não sabia do...

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O massacre que provocou a morte de 50 pessoas, em duas mesquitas na Nova Zelândia, atraiu a atenção do mundo. Em meio à tragédia, a lideran- ça da primeira-ministra Jacin- da Ardern chamou muito a atenção. Em 1º de agosto de 2017, Ja- cinda Ardern foi alçada à posi- ção de líder do Partido Traba- lhista para enfrentar, nas ur- nas, o primeiro-ministro Bill English do Partido Nacional, quando o governo conserva- dor estava há nove anos no po- der. Faltavam apenas sete se- manas para as eleições gerais de 23 de setembro. Em impres- sionante reviravolta das inten- ções de voto nas pesquisas eleitorais, o governo foi derro- tado. Jacinda Ardern, de 37 anos, assumiu como primeira- ministra, em governo de coali- zão com o Partido Verde e com o partido nacionalista (New Zeland First), em 26 de outubro. Jacinda Ardern tor- nou-se a terceira mulher e a pessoa mais jovem, em 150 anos, a tomar posse como che- fe de governo da Nova Zelân- dia. Em seu discurso de posse, Jacinda Ardern prometeu um governo ativo, focado, empáti- co e forte. Jovem e bonita, ela chamou muito a atenção da mídia. Após ficar grávida do companheiro, ela deu entrevis- tas dizendo que ficaria no car- go e usufruiria do direito a seis semanas de licença mater- nidade. Em sua turnê pela Eu- ropa, em abril do ano passa- do, Jacinda Ardern ganhou destaque da mídia quando se encontrou com o presidente francês Emannuel Macron e com o primeiro-ministro cana- dense Justin Trudeau, ambos em Paris, e com a chanceler alemã Angela Merkel, em Ber- lim. O nascimento do bebê ocorreu em junho. Posterior- mente, em setembro, ela não teve dúvida em comparecer com a filha de três meses nos braços, no plenário da Assem- bleia Geral da ONU, porque es- tava em período de amamen- tação. Num mundo voltado para as aparências e pela fugaz cele- bridade, o momento da verda- de aparecia em breve para mostrar se era real sua visão de um mundo melhor e, as- sim, o que poderíamos espe- rar de uma liderança no sécu- lo 21. Em dezembro do ano passa- do, uma turista britânica de 22 anos foi assassinada em Au- ckland, ao norte da capital Wellington. A primeira-minis- tra causou forte impressão quando convocou uma coleti- va de imprensa e, quase às lá- grimas, afirmou que o país pe- dia desculpas aos pais da víti- ma por não ter garantido a se- gurança dela e colocava as au- toridades policiais à disposi- ção da família. O pior ainda estava por vir e aconteceu na sexta-feira 15 de março, em Christchurch, ao sul da capital Wellington. Diante do atentado terrorista com dezenas de vítimas, Jacin- da Ardern comunicou-se rapi- damente e imediatamente, dando todas as informações disponíveis. Ela vocalizou o choque e a tristeza, deu voz ao inexplicável em palavras: “eles estão em nós”. A Nova Zelândia tem sido escolhida por imigrantes por sua segu- rança. Não há lugar para ódio ou racismo. O país representa a diversidade, a bondade, a compaixão e outros valores que são compartilhados pela população. Refúgio para aque- les que precisam dele. Valores que não podem ser abalados por assassinos. Estes escolhe- ram atacar a Nova Zelândia, mas o país os rejeita e os con- dena. Diante de terríveis circuns- tâncias, a primeira-ministra reagiu convocando coletiva de imprensa e fez seu discurso de liderança sobre “o dia mais sombrio da Nova Zelândia”, na capital do país. A compos- tura, o tom de voz e a roupa de luto estavam devidamente apropriados para a ocasião. Havia clareza de sua posição e compaixão em seus olhos. Pro- meteu imediato pagamento dos custos dos funerais e aju- da financeira aos familiares e às vítimas feridas. Posterior- mente, ela dirigiu-se a Chris- tchurch, onde compareceu às cerimônias de homenagem às vítimas com véu islâmico, em respeito aos muçulmanos. En- controu-se também com lide- ranças de todos os partidos po- líticos do país e não apenas do seu próprio partido. O efeito imediato da tragé- dia será a discussão sobre o controle de armas na Nova Ze- lândia a fim de mudar a legis- lação, como fizeram Canadá (14 mulheres mortas no mas- sacre feminicida ocorrido em Montreal, em Quebec, em 1989), Austrália (35 mortes na carnificina ocorrida em Port Arthur, na Tasmânia, em 1996) e Grã-Bretanha (16 crianças e um professor mor- tos no massacre ocorrido em Dunblane, na Escócia, em 1996). A liderança deve estar conectada com a realidade. Não pode perder a oportuni- dade de enfrentá-la em seus piores momentos. A primeira- ministra deixou claro que tem a visão de um mundo melhor. A jornada de transformação di- gital definirá os líderes do futu- ro e as empresas mais competi- tivas sempre serão as princi- pais criadoras de tendências. Nesse sentido, em um mundo cada vez mais globalizado, orga- nizações de todos os setores precisam de estruturas direcio- nadas para os objetivos de ne- gócios que mensurem a evolu- ção digital. Uma possibilidade é definir etapas que revelem essa transi- ção e façam a transformação por meio da análise de dados com oferta de soluções que em- basem a tomada de decisões nas operações mais importan- tes. Na região de Campinas, que se destaca por organiza- ções que estão direcionando seus negócios para aspectos de consumo, varejo, setor automo- tivo e agronegócio, a transfor- mação digital só tem a contri- buir. No varejo, por exemplo, em- bora a região projete a criação de quase 5 mil empregos tem- porários para atividades relacio- nadas à Páscoa neste ano, a As- sociação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) revela que a expectativa de faturamento na região é baixa em 2019. A as- sociação também destaca redu- ção no nível de confiança na atividade industrial e comer- cial, com índices de crescimen- to de janeiro e fevereiro abaixo do esperado. Ainda assim, 2019 tem tudo para ser lembrado pe- la transformação inteligente do varejo e este é o melhor mo- mento para os varejistas incor- porarem as principais tendên- cias de mercado. Como os con- sumidores estão buscando ex- periências e reformulando com- portamentos, os empresários precisam repensar modelos de negócios e entregarem um va- lor diferenciado. Com novos formatos e muita análise de da- dos é que as empresas vão se di- ferenciar da concorrência e se- rem mais assertivas na comuni- cação com seus clientes alvos. O setor automotivo, por sua vez, atravessa o momento de maior transformação da sua história desde a criação do au- tomóvel. Basta ver o futuro que se desenha com robotização crescente, veículos autônomos, redução do consumo com veí- culos elétricos e híbridos e o compartilhamento de carros. Quem imaginaria que um auto- móvel poderia ser considerado um meio de pagamento e tives- se aplicações para os pedágios, que podem ser utilizadas para pagar estacionamentos, com- bustíveis e até algumas cadeias de restaurantes. Nesse setor, há ainda uma imensa quantidade de informações que um auto- móvel gera sobre o perfil de seus ocupantes que hoje não estão sendo totalmente aprovei- tadas. No agronegócio, outro setor de extrema importância na re- gião de Campinas, a Agricultu- ra 4.0 está relacionada à auto- matização de processos e análi- se de dados em larga escala pa- ra atingir os seguintes objeti- vos: aumento da produtivida- de; eficiência no uso de insu- mos; redução de custos; segu- rança; e diminuição de impac- tos ambientais. A aplicação de tecnologias no negócio também deve estar associada ao desenvolvimento de modelos mentais que trans- formem a forma como pode- mos atingir melhores resulta- dos, fator muitas vezes esqueci- do, mas diretamente associado aos casos de sucesso.A jornada de transformação digital faz as empresas melhorarem a execu- ção de suas operações fomen- tando a disrupção e alavancan- do negócios. Em nossa região, um dos mais importantes po- los de desenvolvimento econô- mico, tecnológico e de inova- ção do País, empresas de con- sumo, varejo, setor automotivo e agronegócio, entre outras, es- tão investindo na tecnologia co- mo forma de oferecer soluções completas, otimizar operações, mitigar riscos e atingir melho- res resultados de forma alinha- da com o Projeto Transforma- ção Digital de Campinas. Por todas as razões apresentadas, a ampliação do mapeamento do ecossistema de inovação e em- preendedorismo só tem a con- tribuir para tornar as empresas da região ainda mais competiti- vas e inovadoras. Opinião O lixo das casas, os buracos nas ruas, os desesperos dos abandonados pelas enchen- tes, as dores dos doentes do Mário Gatti, o medo dos ban- didos e policiais se enfrentan- do no limite da lei, nada mais é maior que a minha vontade de largar tudo, chu- tar o balde, e pegar um ôni- bus qualquer para qualquer lugar. Minha Princesa, minha ci- dade, venho andando pelas suas veias, ruas e avenidas, e a imundice está a céu aberto. Há uma esclerose política a entupir suas artérias. E eu não sabia do quão estúpido poderia ser o poder executi- vo, alimentado, também, pe- lo legislativo e judiciário. O lixo das casas se amon- toam por todos os cantos de seu corpo, minha Princesa. E venho fazendo um gesto inú- til de não jogar bituca de ci- garro no chão e catar papéis e latinhas nas vielas por on- de caminho, em nome da mi- nha alma andarilha e necessi- tada de banhá-la com esses pequenos gestos. Tenho tanto amor por vo- cê, minha Princesa, que ele quase não cabe em mim. E quanta beleza são os seus ca- belos de folhas e flores, as pe- nugens de seus braços e ven- tre, ao amacio dos jardins de rosas, margaridas e gerânios. É tanta beleza a sua pele que ando aos cuidados pisando as suas calçadas, beijando com os meus olhos cada pe- dra portuguesa, cada parale- lepípedo, beijando pelas es- quinas seu corpo moreno de asfalto. Minha Campinas, minha Princesa, nada tenho além de mim senão seus olhos abertos em imenso azul; e quanto me doe vê-los chorar águas nervosas ao lado de vendavais, destelhando casas e esperanças. Fique em mim, minha Princesa, ao lado do meu om- bro caipira, desterrado que fui da minha terra, da minha terra Atibaia. E além dos meus ombros ofereço, tam- bém, os caminhos das mi- nhas veias e a minha boca de beijos, boca de lobo, para as suas águas necessitadas de caminho, rumo ao Atibaia. E faço uma prece de silên- cio. Há uma certa preguiça chegando e a vontade é ficar apenas quieto no meu canto outonal, sem rede, sem amo- lações de palavras e música. Silêncio apenas. Façam o barulho que qui- serem, mas, por favor, não atrapalhem o sossego. Miro longe e não vejo pés; lá está o cume da Mantiqueira; do ou- tro lado, o verde da Serra do Japi; Paranapiacaba não vejo porque as nuvens estão re- pousando de tão cansadas das velhas e milenares águas do mar, lá longe, gestando surpresas em suas profunde- zas de sal e mistério. Só desejo falar com as plantas da varanda, na ma- nhã abortada de luz, mas ple- na de cheiros de café e pão fresco. A companheira arran- jou um bebedouro de plásti- co para servir um beija-flor que surgiu assim do nada, forte como um nadador do canal da Mancha, escalando seis andares em uma só voa- da. Gostaria que o pequeno Ícaro aparecesse para uma longa e boa conversa sobre mamutes e dinossauros pas- tando em coxos de cristal, que ele ficasse para o almoço e, se quisesse, também para o jantar. Por isso, por favor, façam silêncio agora, nessa hora da tarde que o amigo Jo- ta Toledo costumava descan- sar seus sonhos em eterna noite cósmica - e agora ao la- do da sua eterna Diane. Um ramo de avenca nas- ceu e é possível a visita das ci- ganas mariposas ao evento, trazendo um guache de brisa bordada em asas negras de tão azuis. De quem será o cão que late tão triste em al- gum apartamento do prédio vizinho, que ninguém socor- re, que nem liga, cadê os bombeiros para o resgate, quero sirenes e luzes piscan- do; agora, sim, quero baru- lho, muito barulho! E quanto desleixo, meu Deus!, e pen- sar que o animal ainda aba- nará o rabo para o dono, lam- ber-lhe as mãos, oferecer amizade e se deixar afagar; quanto perdão, meu Deus! quanto perdão! Busquei um pouco de si- lêncio nas ruas e a matriz do Carmo, na hora que antece- de o Angelus, parecia o me- lhor lugar. Duas senhoras bem velhinhas rezavam algu- mas conversas entre si e aos santos dos nichos. É estra- nho vê-los, os santos, nesta época de quaresma, assim descobertos, sem direito ao descanso dos apelos, ao cho- rar escondido sob panos ro- xos, que os santos também choram, minha gente piedo- sa!; façam silêncio, por favor, em suas preces, e agradeçam por estar ainda em condi- ções de pedir o que não são capazes de retribuir. Bom dia. TRANSFORMAÇÃO DIGITAL Quaresmando Campinas mais inovadora Coordenação: Marcelo Pereira [email protected] Edição: Maria José Basso [email protected] zeza amaral Liderança no século 21 LUIZ ROBERTO DA COSTA JÚNIOR ■■ Luiz Roberto da Costa Júnior é mestre em ciência política. Trabalha como servidor público na Cidade Judiciária, em Campinas JEAN PARASKEVOPOULOS NETO E FERNANDO AGUIRRE imagem do dia ■■ Zeza Amaral é jornalista, escritor e músico POLÍTICA INTERNACIONAL ■■ Jean Paraskevopoulos Neto é sócio-líder do escritório de Campinas da KPMG no Brasil e Fernando Aguirre é sócio de Mercados Regionais da KPMG no Brasil “O governo não agiu bem ao pedir que isso fosse comemorado. 31 de março foi um golpe” João Doria, ao lamentar a forma como o governo Bolsonaro abordou o aniversário de 55 anos do fato histórico FEDERICO PARRA/AFP Munidos de baldes e galões, moradores de Caracas fazem fila para conseguir água em meio à crise de desabastecimento [email protected] [email protected] A2 CORREIO POPULAR A2 Campinas, quinta-feira, 4 de abril de 2019

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O massacre que provocou amorte de 50 pessoas, em duasmesquitas na Nova Zelândia,atraiu a atenção do mundo.Em meio à tragédia, a lideran-ça da primeira-ministra Jacin-da Ardern chamou muito aatenção.

Em 1º de agosto de 2017, Ja-cinda Ardern foi alçada à posi-ção de líder do Partido Traba-lhista para enfrentar, nas ur-nas, o primeiro-ministro BillEnglish do Partido Nacional,quando o governo conserva-dor estava há nove anos no po-der. Faltavam apenas sete se-manas para as eleições geraisde 23 de setembro. Em impres-sionante reviravolta das inten-ções de voto nas pesquisaseleitorais, o governo foi derro-tado. Jacinda Ardern, de 37anos, assumiu como primeira-ministra, em governo de coali-zão com o Partido Verde ecom o partido nacionalista(New Zeland First), em 26 deoutubro. Jacinda Ardern tor-nou-se a terceira mulher e apessoa mais jovem, em 150anos, a tomar posse como che-fe de governo da Nova Zelân-dia.

Em seu discurso de posse,Jacinda Ardern prometeu umgoverno ativo, focado, empáti-co e forte. Jovem e bonita, elachamou muito a atenção damídia. Após ficar grávida docompanheiro, ela deu entrevis-tas dizendo que ficaria no car-go e usufruiria do direito aseis semanas de licença mater-nidade. Em sua turnê pela Eu-ropa, em abril do ano passa-

do, Jacinda Ardern ganhoudestaque da mídia quando seencontrou com o presidentefrancês Emannuel Macron ecom o primeiro-ministro cana-dense Justin Trudeau, ambosem Paris, e com a chanceleralemã Angela Merkel, em Ber-lim. O nascimento do bebêocorreu em junho. Posterior-mente, em setembro, ela nãoteve dúvida em comparecercom a filha de três meses nosbraços, no plenário da Assem-bleia Geral da ONU, porque es-tava em período de amamen-tação.

Num mundo voltado paraas aparências e pela fugaz cele-bridade, o momento da verda-de aparecia em breve paramostrar se era real sua visãode um mundo melhor e, as-sim, o que poderíamos espe-rar de uma liderança no sécu-lo 21.

Em dezembro do ano passa-do, uma turista britânica de22 anos foi assassinada em Au-ckland, ao norte da capitalWellington. A primeira-minis-tra causou forte impressãoquando convocou uma coleti-

va de imprensa e, quase às lá-grimas, afirmou que o país pe-dia desculpas aos pais da víti-ma por não ter garantido a se-gurança dela e colocava as au-toridades policiais à disposi-ção da família.

O pior ainda estava por vire aconteceu na sexta-feira 15de março, em Christchurch,ao sul da capital Wellington.Diante do atentado terroristacom dezenas de vítimas, Jacin-da Ardern comunicou-se rapi-damente e imediatamente,dando todas as informaçõesdisponíveis. Ela vocalizou ochoque e a tristeza, deu vozao inexplicável em palavras:“eles estão em nós”. A NovaZelândia tem sido escolhidapor imigrantes por sua segu-rança. Não há lugar para ódioou racismo. O país representaa diversidade, a bondade, acompaixão e outros valoresque são compartilhados pelapopulação. Refúgio para aque-les que precisam dele. Valoresque não podem ser abaladospor assassinos. Estes escolhe-ram atacar a Nova Zelândia,mas o país os rejeita e os con-

dena.Diante de terríveis circuns-

tâncias, a primeira-ministrareagiu convocando coletiva deimprensa e fez seu discursode liderança sobre “o dia maissombrio da Nova Zelândia”,na capital do país. A compos-tura, o tom de voz e a roupade luto estavam devidamenteapropriados para a ocasião.Havia clareza de sua posição ecompaixão em seus olhos. Pro-meteu imediato pagamentodos custos dos funerais e aju-da financeira aos familiares eàs vítimas feridas. Posterior-mente, ela dirigiu-se a Chris-tchurch, onde compareceu àscerimônias de homenagem àsvítimas com véu islâmico, emrespeito aos muçulmanos. En-controu-se também com lide-ranças de todos os partidos po-líticos do país e não apenas doseu próprio partido.

O efeito imediato da tragé-dia será a discussão sobre ocontrole de armas na Nova Ze-lândia a fim de mudar a legis-lação, como fizeram Canadá(14 mulheres mortas no mas-sacre feminicida ocorrido emMontreal, em Quebec, em1989), Austrália (35 mortes nacarnificina ocorrida em PortArthur, na Tasmânia, em1996) e Grã-Bretanha (16crianças e um professor mor-tos no massacre ocorrido emDunblane, na Escócia, em1996). A liderança deve estarconectada com a realidade.Não pode perder a oportuni-dade de enfrentá-la em seuspiores momentos. A primeira-ministra deixou claro que tema visão de um mundo melhor.

A jornada de transformação di-gital definirá os líderes do futu-ro e as empresas mais competi-tivas sempre serão as princi-pais criadoras de tendências.Nesse sentido, em um mundocada vez mais globalizado, orga-nizações de todos os setoresprecisam de estruturas direcio-nadas para os objetivos de ne-gócios que mensurem a evolu-ção digital.

Uma possibilidade é definiretapas que revelem essa transi-ção e façam a transformação

por meio da análise de dadoscom oferta de soluções que em-basem a tomada de decisõesnas operações mais importan-tes. Na região de Campinas,que se destaca por organiza-ções que estão direcionandoseus negócios para aspectos deconsumo, varejo, setor automo-tivo e agronegócio, a transfor-mação digital só tem a contri-buir.

No varejo, por exemplo, em-bora a região projete a criaçãode quase 5 mil empregos tem-porários para atividades relacio-nadas à Páscoa neste ano, a As-sociação Comercial e Industrialde Campinas (ACIC) revela quea expectativa de faturamentona região é baixa em 2019. A as-

sociação também destaca redu-ção no nível de confiança naatividade industrial e comer-cial, com índices de crescimen-to de janeiro e fevereiro abaixodo esperado. Ainda assim, 2019tem tudo para ser lembrado pe-la transformação inteligente dovarejo e este é o melhor mo-mento para os varejistas incor-porarem as principais tendên-cias de mercado. Como os con-sumidores estão buscando ex-periências e reformulando com-portamentos, os empresáriosprecisam repensar modelos denegócios e entregarem um va-lor diferenciado. Com novosformatos e muita análise de da-dos é que as empresas vão se di-ferenciar da concorrência e se-

rem mais assertivas na comuni-cação com seus clientes alvos.

O setor automotivo, por suavez, atravessa o momento demaior transformação da suahistória desde a criação do au-tomóvel. Basta ver o futuro quese desenha com robotizaçãocrescente, veículos autônomos,redução do consumo com veí-culos elétricos e híbridos e ocompartilhamento de carros.Quem imaginaria que um auto-móvel poderia ser consideradoum meio de pagamento e tives-se aplicações para os pedágios,que podem ser utilizadas parapagar estacionamentos, com-bustíveis e até algumas cadeiasde restaurantes. Nesse setor, háainda uma imensa quantidade

de informações que um auto-móvel gera sobre o perfil deseus ocupantes que hoje nãoestão sendo totalmente aprovei-tadas.

No agronegócio, outro setorde extrema importância na re-gião de Campinas, a Agricultu-ra 4.0 está relacionada à auto-matização de processos e análi-se de dados em larga escala pa-ra atingir os seguintes objeti-vos: aumento da produtivida-de; eficiência no uso de insu-mos; redução de custos; segu-rança; e diminuição de impac-tos ambientais.

A aplicação de tecnologiasno negócio também deve estarassociada ao desenvolvimentode modelos mentais que trans-formem a forma como pode-mos atingir melhores resulta-dos, fator muitas vezes esqueci-do, mas diretamente associadoaos casos de sucesso.A jornadade transformação digital faz asempresas melhorarem a execu-

ção de suas operações fomen-tando a disrupção e alavancan-do negócios. Em nossa região,um dos mais importantes po-los de desenvolvimento econô-mico, tecnológico e de inova-ção do País, empresas de con-sumo, varejo, setor automotivoe agronegócio, entre outras, es-tão investindo na tecnologia co-mo forma de oferecer soluçõescompletas, otimizar operações,mitigar riscos e atingir melho-res resultados de forma alinha-da com o Projeto Transforma-ção Digital de Campinas. Portodas as razões apresentadas, aampliação do mapeamento doecossistema de inovação e em-preendedorismo só tem a con-tribuir para tornar as empresasda região ainda mais competiti-vas e inovadoras.

Opinião

O lixo das casas, os buracosnas ruas, os desesperos dosabandonados pelas enchen-tes, as dores dos doentes doMário Gatti, o medo dos ban-didos e policiais se enfrentan-do no limite da lei, nadamais é maior que a minhavontade de largar tudo, chu-tar o balde, e pegar um ôni-bus qualquer para qualquerlugar.

Minha Princesa, minha ci-dade, venho andando pelassuas veias, ruas e avenidas, ea imundice está a céu aberto.Há uma esclerose política aentupir suas artérias. E eunão sabia do quão estúpidopoderia ser o poder executi-vo, alimentado, também, pe-lo legislativo e judiciário.

O lixo das casas se amon-toam por todos os cantos deseu corpo, minha Princesa. Evenho fazendo um gesto inú-til de não jogar bituca de ci-garro no chão e catar papéise latinhas nas vielas por on-de caminho, em nome da mi-nha alma andarilha e necessi-tada de banhá-la com essespequenos gestos.

Tenho tanto amor por vo-cê, minha Princesa, que elequase não cabe em mim. Equanta beleza são os seus ca-belos de folhas e flores, as pe-nugens de seus braços e ven-tre, ao amacio dos jardins derosas, margaridas e gerânios.É tanta beleza a sua pele queando aos cuidados pisandoas suas calçadas, beijandocom os meus olhos cada pe-dra portuguesa, cada parale-lepípedo, beijando pelas es-quinas seu corpo moreno deasfalto.

Minha Campinas, minhaPrincesa, nada tenho alémde mim senão seus olhosabertos em imenso azul; equanto me doe vê-los choraráguas nervosas ao lado devendavais, destelhando casase esperanças.

Fique em mim, minhaPrincesa, ao lado do meu om-bro caipira, desterrado quefui da minha terra, da minhaterra Atibaia. E além dosmeus ombros ofereço, tam-bém, os caminhos das mi-nhas veias e a minha boca debeijos, boca de lobo, para assuas águas necessitadas decaminho, rumo ao Atibaia.

E faço uma prece de silên-cio. Há uma certa preguiçachegando e a vontade é ficarapenas quieto no meu cantooutonal, sem rede, sem amo-lações de palavras e música.Silêncio apenas.

Façam o barulho que qui-serem, mas, por favor, nãoatrapalhem o sossego. Mirolonge e não vejo pés; lá está o

cume da Mantiqueira; do ou-tro lado, o verde da Serra doJapi; Paranapiacaba não vejoporque as nuvens estão re-pousando de tão cansadasdas velhas e milenares águasdo mar, lá longe, gestandosurpresas em suas profunde-zas de sal e mistério.

Só desejo falar com asplantas da varanda, na ma-nhã abortada de luz, mas ple-na de cheiros de café e pãofresco. A companheira arran-jou um bebedouro de plásti-co para servir um beija-florque surgiu assim do nada,forte como um nadador docanal da Mancha, escalandoseis andares em uma só voa-da. Gostaria que o pequenoÍcaro aparecesse para umalonga e boa conversa sobremamutes e dinossauros pas-tando em coxos de cristal,que ele ficasse para o almoçoe, se quisesse, também parao jantar. Por isso, por favor,façam silêncio agora, nessahora da tarde que o amigo Jo-ta Toledo costumava descan-sar seus sonhos em eternanoite cósmica - e agora ao la-do da sua eterna Diane.

Um ramo de avenca nas-ceu e é possível a visita das ci-ganas mariposas ao evento,trazendo um guache de brisabordada em asas negras detão azuis. De quem será ocão que late tão triste em al-gum apartamento do prédiovizinho, que ninguém socor-re, que nem liga, cadê osbombeiros para o resgate,quero sirenes e luzes piscan-do; agora, sim, quero baru-lho, muito barulho! E quantodesleixo, meu Deus!, e pen-sar que o animal ainda aba-nará o rabo para o dono, lam-ber-lhe as mãos, ofereceramizade e se deixar afagar;quanto perdão, meu Deus!quanto perdão!

Busquei um pouco de si-lêncio nas ruas e a matriz doCarmo, na hora que antece-de o Angelus, parecia o me-lhor lugar. Duas senhorasbem velhinhas rezavam algu-mas conversas entre si e aossantos dos nichos. É estra-nho vê-los, os santos, nestaépoca de quaresma, assimdescobertos, sem direito aodescanso dos apelos, ao cho-rar escondido sob panos ro-xos, que os santos tambémchoram, minha gente piedo-sa!; façam silêncio, por favor,em suas preces, e agradeçampor estar ainda em condi-ções de pedir o que não sãocapazes de retribuir.

Bom dia.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Quaresmando

Campinas mais inovadora

Coordenação: Marcelo Pereira [email protected] Edição: Maria José Basso [email protected]

zeza amaral

Liderança no século 21LUIZ ROBERTODA COSTA JÚNIOR

� � Luiz Roberto da Costa Júnior é mestre emciência política. Trabalha como servidorpúblico na Cidade Judiciária, em Campinas

JEAN PARASKEVOPOULOSNETO EFERNANDO AGUIRRE

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� � Zeza Amaral é jornalista, escritor emúsico

POLÍTICA INTERNACIONAL

� � Jean Paraskevopoulos Neto é sócio-líderdo escritório de Campinas da KPMG no Brasile Fernando Aguirre é sócio de MercadosRegionais da KPMG no Brasil

“O governo não agiu bem ao pedir que isso fossecomemorado. 31 de março foi um golpe”João Doria, ao lamentar a forma como o governo Bolsonaro abordou o aniversário de 55 anos do fato histórico

FEDERICO PARRA/AFP Munidos de baldes e galões, moradores de Caracas fazem fila para conseguir água em meio à crise de desabastecimento

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A2 CORREIO POPULARA2Campinas, quinta-feira, 4 de abril de 2019