Marcia Soares Pinheiro - Oswaldo Cruz...
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Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Fernandes Figueira
Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher
MASTITE PUERPERAL E SEUS
CONDICIONANTES NA NUTRIZ PORTADORA
DE Staphylococcus aureus
Marcia Soares Pinheiro
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2008
2
MASTITE PUERPERAL E SEUS
CONDICIONANTES NA NUTRIZ PORTADORA
DE Staphylococcus aureus
Marc ia Soares P inhe i ro
Tese apresentada a Pós-Graduação
em Saúde da Criança e da Mulher
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Doutor em
Ciências.
Orientador: Dr. Franz Reis Novak
Co-orientadora: Dra. Kátia Silveira da Silva
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2008
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Fernandes Figueira
Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher
3
Dedico este estudo
aos meus filhos Maíra e Eduardo,
ao meu esposo Marcus Vinícius,
a minha mãe Dolores e ao meu pai Moacyr (in memorian).
4
AGRADECIMENTOS
Serei eternamente grata
A todas as mulheres que aceitaram participar deste estudo e, que
mesmo em momentos de dor e fragilidade, deixaram florescer o espírito de
colaboração.
Ao meu orientador Dr. Franz Reis Novak que demonstrou confiança
em meu trabalho, respeitando nossas diferenças e minhas dificuldades. Que
possamos, a partir deste trabalho, desenvolver novas formas de
contribuição a uma grande paixão em comum – a Microbiologia!
Ao Dr. João Aprígio Guerra de Almeida que me possibilitou
estabelecer um novo olhar sobre a Ciência e me permitiu crescer e melhorar
como pessoa. Quanto exemplo de dedicação, profissionalismo e garra!
Carregarei comigo a semente plantada.
A minha co-orientadora Dra. Kátia Silveira da Silva pelo conhecimento
transmitido e pela capacidade de compreensão.
Aos profissionais do Banco de Leite Humano e do Laboratório de
Controle de Qualidade em Alimentos do Instituto Fernandes Figueira - Um
beijo no coração de todos! Um especial para a funcionária Elaine.
A equipe do Laboratório Silo Controle de Qualidade em Alimentos e
Produtos que fez das suas instalações uma extensão desta tese permitindo
a realização da parte experimental – Dra. Maria Lúcia, Marly, Eliane, Mércia,
5
Maria do Socorro, Maria Edith, Carlos Eduardo, Vítor e Davi - grandes e
queridos amigos!
Ao Sr. Ted Wilson de Castro Soares – sinônimo de generosidade e
afeto. Suas palavras me guiaram pelo caminho de encontro a Deus.
Caminho que não seria percorrido sem sua ajuda. Deus te abençoe!
As minha querida amiga da Bem Alimentar: Marcia Meyer pela
sensibilidade e compreensão durante minha ausência.
A FAPERJ – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de
Janeiro pelo apoio financeiro ao projeto.
6
ÍNDICE DE TABELAS Página
Tabela 1: Estudos epidemiológicos relacionados à mastite. 50
Tabela 2: Motivos das perdas e exclusões durante o processo de seleção da população de estudo. 84
Tabela 3: Contagem do Número de Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de LHO das lactantes com mastite puerperal (grupo caso). 86
Tabela 4: Contagem do Número de Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de LHO das lactantes sem mastite puerperal (grupo controle). 87
Tabela 5: Culturas positivas para S. aureus em LHO e nos sítios de colonização nos grupos caso e controle. 89
Tabela 6: Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de S. aureus isolados no grupo caso (n=266). 91
Tabela 7: Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de S. aureus isolados no grupo controle (n=98). 92
Tabela 8: Percentual de resistência de S. aureus isolados de LHO nos grupos caso e controle. 95
Tabela 9: Percentual de resistência de S. aureus isolados das narinas nos grupos caso e controle. 95
Tabela 10: Percentual de resistência de S. aureus isolados de orofaringe nos grupos caso e controle. 95
Tabela 11: Percentual de resistência de S. aureus isolados das mãos nos grupos caso e controle. 95
Tabela 12: Percentual de resistência de S. aureus isolados das axilas nos grupos caso e controle. 96
7
Tabela 13: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: faixa etária, raça e estado civil nos grupos caso e controle. 103
Tabela 14: Distribuição das características da população materna, referentes às variáveis: renda familiar, jornada de trabalho e escolaridade nos grupos caso e controle. 104
Tabela 15: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: paridade, tipo e local do parto e presença de BLH nos grupos caso e controle. 106
Tabela 16: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: tempo de permanência do filho e da mãe no Hospital nos grupos caso e controle. 107
Tabela 17: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: tabagismo e uso de bebida alcoólica nos grupos caso e controle. 108
Tabela 18: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: apoio nas tarefas domésticas, número de crianças que vivem com a lactante e hábito de cochilar durante o dia nos grupos caso e controle. 108
Tabela 19: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: tempo de amamentação, freqüência e duração das mamadas nos grupos caso e controle. 110
Tabela 20: Distribuição das características da população materna, referentes às variáveis: uso de mamadeira e alternância da mama a cada mamada nos grupos caso e controle. 111
Tabela 21: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis relacionadas às condutas de higiene e proteção das mamas adotadas durante a amamentação nos grupos caso e controle. 112
Tabela 22: Distribuição das características da população materna referentes às variáveis: presença de fissuras mamilares, uso de pomadas e história anterior de mastite nos grupos
113
8
caso e controle.
Tabela 23: Distribuição da localização da mastite nas lactantes do grupo caso (n=44). 115
Tabela 24: Distribuição dos sintomas locais e sistêmicos verificados nas lactantes do grupo caso (n=44). 115
Tabela 25: Condutas adotadas após o início dos sintomas de mastite pelas lactantes do grupo caso (n = 44). 117
9
ÍNDICE DE GRÁFICOS Páginas
Gráfico 1: Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de S. aureus
isolados no grupo caso (%). 92 Gráfico 2: Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de S. aureus
isolados no grupo controle (%). 93 Gráfico 3: Percentual de resistência e resistência intermediária aos
antimicrobianos de S. aureus isolados no grupo caso e controle (%). 94
Gráfico 4: Distribuição de S. aureus resistentes a meticilina de acordo
com o teste de difusão em ágar para oxacilina e cefoxitina no grupo caso. 98
Gráfico 5: Distribuição de S. aureus resistentes a meticilina de acordo
com o teste de difusão em Agar para oxacilina e cefoxitina no grupo controle. 98
10
ÍNDICE DE FIGURAS Páginas
Figura 1: Diagrama do Alvéolo Mamário - (a) alvéolo mamário; (d) ducto
alveolar; (cp) célula plasmática. Adaptado de Neville, 2002. _____ 23
Figura 2: Esquema das vias de secreção do leite humano através do
epitélio mamário. Adaptado de Shennan e Peaker, 2000. 27
Figura 3: Fatores predisponentes da mastite. Adaptado de Michie,
Lockie e Lynn, 2003. 42
Figura 4: Desenho de estudo caso-controle. Adaptado de Epidemiologia
Teoria e Prática, Pereira, 1995. 64
11
ÍNDICE DE QUADROS Páginas
Quadro I: Espécies de microrganismos encontradas na microbiota.
comensal do LH. Adaptado de Heikkilã e Saris (2003). 33
Quadro II: Vantagens e limitações do estudo caso – controle.
Adaptado de Pereira (1995) e Medronho (2004). 65
Quadro III: Classificação das intercorrências mamárias segundo o
critério de Thomsen, Hansen & Møller (1983).__ 69
12
MASTITE PUERPERAL E SEUS CONDICIONANTES
NA NUTRIZ PORTADORA DE Staphylococcus aureus
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre o
estado de portador de Staphylococcus aureus e a ocorrência de mastite
puerperal em lactantes assistidas no Banco de Leite Humano do Instituto
Fernandes Figueira. O desenho do estudo empregado foi do tipo caso-
controle, sendo selecionados dois grupos de mulheres: 44 mulheres
diagnosticadas com mastite associada a S.aureus (grupo caso) e 88
mulheres sem a doença (grupo controle). Foi analisada, em ambos os
grupos, a diferença entre as proporções observadas para as variáveis
relacionadas às características sócio-demográficas, culturais e condutas
durante a amamentação. Para a confirmação da mastite por S. aureus,
amostras de leite humano ordenhado foram cultivadas em Agar Baird-Parker
a 37 0C por 48 horas. Paralelamente, para a caracterização do estado de
portadora, swabs das narinas, orofaringe, mãos e axilas foram cultivados em
caldo de enriquecimento não seletivo a 37 ºC por 24 horas, e
posteriormente, em Agar Manitol Salgado a 37 0C por 48 horas. As colônias
isoladas foram identificadas através de testes bioquímicos convencionais:
coloração de Gram, catalase, DNAse e coagulase. A obtenção dos dados
sobre as características sócio-demográficas, culturais e condutas de
amamentação foi realizada por meio de entrevista e aplicação de
questionário estruturado com perguntas fechadas. Um total de 699 culturas
de S. aureus foram isoladas e caracterizadas quanto ao perfil de
13
sensibilidade a 14 antimicrobianos através da técnica de difusão em Agar.
As lactantes do grupo caso apresentaram um percentual (36/44, 81,8%) de
colonização significativamente maior (p < 0,05) que as lactantes do grupo
controle (45/88, 51,1%), sendo a narina o principal sítio de colonização em
ambos os grupos. No grupo caso, 79,8% das lactantes apresentaram o
microrganismo em dois ou mais sítios simultaneamente. Oitenta e sete por
cento das cepas em ambos os grupos foram resistentes à penicilina, e 100%
foram sensíveis a vancomicina. Com relação aos demais antimicrobianos
analisados, foi observado um maior percentual de resistência entre as cepas
isoladas do grupo caso, com exceção para cloranfenicol e mupirocina. No
grupo caso, 155 (59,3%) cepas e, no grupo controle, 36 (36,7%) cepas
apresentaram resistência a pelo menos dois antimicrobianos. A presença de
Staphylococcus aureus meticilina resistentes (MRSA) foi observada em
ambos os grupos, 11,3% (grupo caso) e 7,1% (grupo controle). Entre as
estirpes MRSA isoladas, algumas apresentaram resistência somente para β-
lactâmicos, característica de MRSA adquirido na comunidade (CA-MRSA).
As diferenças observadas nos dois grupos para as variáveis - faixa etária,
escolaridade, tempo de amamentação, freqüência da mamada, presença de
fissuras mamilares e uso de pomadas - foram estatisticamente significativas
(p < 0,05).
Palavras-chave: mastite; Staphylococcus aureus; Banco de Leite
Humano
14
PUERPERAL MASTITIS AND ITS CONDITIONERS
IN THE LACTATING MOTHERS CARRIAGE OF Staphylococcus aureus.
ABSTRACT
The present study aims to investigate the association between
carriage of Staphylococcus aureus and the occurrence of puerperal mastitis
in lactating mothers attended by the Human Milk Bank, at the Instituto
Fernandes Figueira, in Rio de Janeiro City. The design of the study
employed here within was a case-control study, and two groups of women
were selected: 44 women diagnosed with mastitis associated with S. aureus
(case group) and 88 women without this disease (control group). In both
groups, it was analysed a certain difference among the proportions observed
for the variables related to social-demographic and cultural characteristics
and to sets of behaviour during breastfeeding practices. For the
confirmation of the mastitis due to S. aureus, samples of expressed human
milk were cultivated in Agar Baird-Parker to 37ºC for 48 hours long. In
parallel with that, for the characterization of the maternal carriage of S.
aureus status, swabs taken from nostrils, pharynx, hands and axillae were
cultivated in a non-selective enrichment broth to 37ºC for 24 hours long, and,
later on, in Mannitol Salt Agar plates to 37ºC for 48 hours. The colonies
isolated were identified using the following conventional biochemical tests:
Gram-staining, production of catalase, DNase and coagulase. The attainment
of data about the social-demographic, cultural characteristics and about the
sets of behaviour during breastfeeding practices was carried out by means of
interviews and questionnaires structured with closed questions. A total
15
number of 699 cultures of S. aureus were isolated and characterized
regarding their susceptibility profile to 14 antimicrobials by a disc-diffusion
method. The lactating mothers of the case group presented a percentage
(36/44, 81, 8%) of colonization significantly higher (p<0, 05) than the lactating
mothers of the control group (45/88, 51,1%), being the nostril the main site of
colonization in both groups analysed. In the case group, 79,8% of the
lactating mothers presented the micro-organism in two or more sites,
simultaneously. Eighty-seven percent of the analysed strains, in both
groups, were resistant to penicillin, and 100% were sensitive to vancomycin.
In relation to the other antimicrobials analysed, it was observed a higher
percentage of resistance among the analysed strains of the case group, with
exception for chloramphenicol and mupirocin. Within the case group, 155
(59,3%) strains, and, within the control group, 36 (36,7%) strains
presented resistance to at least two antimicrobials. The presence of
methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) was observed in both
groups: 11,3% (case group) and 7,1% (control group). Among the MRSA
strains, some presented resistance only to β-lactams, a characteristic of
community-acquired methicillin-resistant S. aureus (CA-MRSA). The
differences observed in both groups for the variables - age group, schooling,
time and frequency of breastfeeding, presence of nipple cracks and use of
ointments - were statistically significant (p < 0,05).
Key-words: mastitis; Staphylococcus aureus; Human Milk Bank.
16
SUMÁRIO Páginas
INDICE DE TABELAS vi
ÌNDICE DE GRÁFICOS ix
ÍNDICE DE FIGURAS x
ÍNDICE DE QUADROS xi
RESUMO xii
ABSTRACT xiv
1. INTRODUÇÃO 18
2. REFERENCIAL TEÓRICO 22 2.1 Anatomia e fisiologia da glândula mamária lactante 23
2.2 O puerpério 30
2.3 Fatores de proteção do leite humano 30
2.4 Ecologia microbiana do leite humano 31
2.5 Mastite puerperal 35
2.6 Fatores predisponentes 39
2.7 Microrganismos associados à mastite puerperal 42
2.8 Colonização por Staphylococcus aureus e Infecção 43
3. OBJETIVOS 58 3.1 Objetivo Geral 58
3.2 Objetivos Específicos 58
3.3 Objetivos Operacionais 59
4. HIPÓTESES DO ESTUDO 60
5. MATERIAL E MÉTODOS 62 5.1 Local do estudo 62
5.2 Desenho do estudo 63
5.3 Determinação do tamanho da amostra 66
5.4 População de referência 66
5.5 Processo de seleção dos casos 68
5.6 Processo de seleção dos controles 70
5.7 Validação do instrumento 71
17
5.8 Aspectos éticos 71
5.9 Avaliação clínica das lactantes e coleta de amostras para 72
análise laboratorial
5.9.1 Procedimentos de higienização e paramentação das 73
lactantes (pré-coleta)
5.9.2 Procedimentos para a coleta do LH 73
5.9.3 Procedimentos para coleta de espécimes a partir dos sítios 73
anatômicos
5.10 Coleta de dados sócio-demográficos, condições de saúde e 74
condutas de amamentação
5.11 Isolamento de Staphylococcus aureus 79
5.12 Manutenção das culturas 80
5.13 Identificação das estirpes 80
5.13.1 Morfologia celular 81
5.13.2 Teste para pesquisa da enzima catalase 81
5.13.3 Teste para pesquisa da enzima coagulase 81
5.14 Teste de sensibilidade aos antimicrobianos 82
5.15 Análise dos resultados 83
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 84
7. CONCLUSÃO 119 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 121 9. APÊNDICES
I - QUESTIONÁRIO PARA A COLETA DE DADOS 135
II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 138
10. ANEXOS
I - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/IFF 141
11. GLOSSÁRIO 142
18
1 - INTRODUÇÃO
O interesse pessoal pelo estudo surgiu a partir de reflexões e
questionamentos sobre minha formação tecnicista e expectativas
profissionais que, durante anos, atendeu às minhas atividades na área de
bacteriologia aplicada. Contudo, as atividades acadêmicas, como docente e
pesquisadora, em diferentes áreas biomédicas como: Biologia, Medicina,
Farmácia, Odontologia, Enfermagem e Nutrição, levaram-me a contestações
a cerca do conhecimento científico e sua correlação com as mudanças do
mundo.
Acreditando que esta correlação fosse regida por princípios e leis
jamais vivenciados em minha trajetória profissional, visualizei que durante a
busca deste entendimento, poderia conquistar novas oportunidades de
contribuição à Ciência, através da interlocução entre a Microbiologia e a
Saúde Pública. Definiu-se assim, o objeto de estudo desta Tese – mastite
associada a Staphylococcus aureus.
A mastite puerperal é, por definição, uma intercorrência infecciosa
aguda que acomete mulheres no período lactacional. Apresenta-se
clinicamente caracterizada por sintomas locais que se iniciam como uma
celulite do tecido conjuntivo acompanhada por edema, dor e rubor; e
sintomas sistêmicos, como: febre, mal-estar, astenia, calafrios e prostração,
podendo evoluir para abscesso e/ou septicemia (Costa e Rocha, 2000;
OMS, 2000; Santos-Júnior e Barros, 2000).
19
Desde o início da década de 1940, a ocorrência da mastite em
diferentes países tem sido caracterizada por níveis bastante variados. De um
modo amplo, a doença é classificada como de baixa incidência, estando esta
classificação fundamentada no referencial científico, até o momento baseado
em estudos observacionais descritivos e coortes prospectivas. Nestes
estudos, entretanto, o diagnóstico na maioria das vezes se fundamentou em
achados clínicos, na coleta de dados por telefone, em consultas a
prontuários e na aplicação de questionários, estruturando-se principalmente
na caracterização dos fatores predisponentes da doença (Foxman, Schwartz
e Looman, 1994; Osterman e Rahm, 2000; Salles et al., 2000; Foxman et al.,
2002; Wambach, 2003). Com menor freqüência, as pesquisas têm sido
voltadas para o diagnóstico laboratorial através de análises microbiológicas
do leite de mulheres acometidas.
Nas últimas décadas, esforços significativos têm sido realizados para
o incentivo à amamentação em todo o mundo (WHO, 1990). Nos Estados
Unidos, na década de 1990, o aumento de mulheres deixando os hospitais
amamentando seus filhos, alcançou taxas acima de 60% (Ryan, 1997), e
conseqüentemente, um dos efeitos paralelos, deste aumento na incidência
da amamentação, tem sido o aumento de casos de mastite lactacional
(Lawrence e Lawrence, 1999). Embora a literatura médica esteja apoiada
neste argumento, os poucos trabalhos publicados nos últimos 20 anos têm
apresentado muitas contradições (Lawrence, 2002).
O conhecimento disponível sobre a etiologia da mastite puerperal,
revela que várias espécies de microrganismos podem estar associadas à
20
doença, destacando-se Staphylococcus aureus como a espécie responsável
pela maioria dos casos (Pereira et al., 1995; Osterman e Rahm, 2000; Salles
et al., 2000; Amir, 2002).
Muitas divergências têm sido observadas no que se refere aos
mecanismos de transmissão e prevenção da mastite puerperal
estafilocócica, não só por S. aureus ser de ampla disseminação na natureza,
como também, por ser um constituinte da microbiota normal de portadores
assintomáticos. Pelo fato de acometer mães lactantes principalmente nas
primeiras semanas de lactação, a doença pode ser epidemiologicamente
caracterizada como uma infecção de origem comunitária ou hospitalar,
endógena ou exógena, transmitida por contaminação cruzada a partir da
microbiota da mãe lactante, da cavidade oral do lactente, do ambiente e da
microbiota dos profissionais da área de saúde.
A literatura científica, ao longo das últimas décadas, fundamentou o
conhecimento sobre a biologia, os mecanismos de transmissão, os fatores
de virulência, a patogenia, o tratamento e a profilaxia nas principais
enfermidades associadas a S. aureus, entre as quais, a mastite. Com a
utilização de técnicas de biologia molecular, as rotas de transmissão entre
mãe-filho e profissionais de saúde têm sido investigadas através da
confirmação da presença de cepas bacterianas na cavidade oral e nasal de
lactentes, no leite materno e nas mamas de nutrizes, com e sem quadro de
mastite estafilocócica (Kawada et al., 2003; Gastelum et al., 2005).
Baseado nos aspectos expostos, a busca de uma maior compreensão
sobre a aquisição e o desenvolvimento da mastite puerperal justifica-se
21
como ferramenta para a conquista de novos conhecimentos em assistência
e, conseqüentemente, para a Saúde Pública.
Os programas de promoção e incentivo ao aleitamento materno,
desenvolvido pelos Bancos de Leite Humano (BLH), incluem os serviços de
assistência a puérpera, dentre os quais o diagnóstico e tratamento das
complicações referentes à mama puerperal e o encaminhamento dos casos
mais graves. Destaca-se a importância da capacitação dos profissionais de
saúde na orientação da puérpera, frente aos obstáculos observados durante
a amamentação, objetivando a detecção dos fatores predisponentes e a
prevenção da ocorrência de mastite puerperal. Portanto, cada atendimento
deve ser avaliado quanto ao potencial de ocorrência de infecções e sua
prevenção.
Neste contexto, pretendo a partir das informações originadas neste
trabalho, possibilitar o aprimoramento das ações de prevenção e tratamento
desta enfermidade, contribuindo para a manutenção da saúde da mama
lactante e, conseqüentemente, do recém-nascido.
22
2 - REFERENCIAL TEÓRICO
A revisão bibliográfica foi realizada visando à fundamentação do
conhecimento científico sobre a mastite puerperal sendo delineada a partir
dos seguintes temas:
Aleitamento materno: aspectos anatômicos e fisiológicos da mama
lactante, ecologia microbiana do leite humano e seus fatores de proteção.
Mastite puerperal: definição, fatores predisponentes, epidemiologia,
fisiopatologia, agente etiológico e tratamento.
Padrão de colonização por S. aureus: principais sítios de colonização,
relação com infecção, epidemiologia, fatores de virulência e perfil de
sensibilidade aos antimicrobianos.
A partir da consulta à base de dados da PubMed ⁄ Ovid, utilizando os
seguintes descritores: “mastitis”, “Staphylococcus aureus” e “carriers”, e
estabelecendo como critérios limites, a pesquisa em humanos, foram
identificadas 1947 referências sobre o tema mastite, sendo 415 sobre
mastite puerperal. Posteriormente, foram utilizados filtros e obtidos nos
últimos dez anos, os seguintes documentos:
Staphylococcus aureus and mastitis: 117 referências, sendo 08 revisões;
Staphylococcus aureus and carriers: 295 referências, sendo 03 revisões,
Community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus: 379
referências sendo 12 revisões.
23
2.1 - Anatomia e fisiologia da glândula mamária lactante
A glândula mamária é formada por uma rede ramificada de ductos,
constituídos por células epiteliais, cujas extremidades se organizam como
aglomerados de estruturas lóbulos-alveolares - sítios da secreção láctea
(Figura 1). Cada alvéolo apresenta-se delimitado por uma única camada de
células epiteliais secretoras, polarizadas, envolvidas por células mio-
epiteliais e um tecido conectivo vascularizado que contém adipócitos e
fibroblastos (Neville, 2001).
Figura 1: Diagrama do Alvéolo Mamário - (a) alvéolo mamário;
d) ducto alveolar; (cp) célula plasmática. Adaptado de Neville, 2001.
A ejeção do leite do interior dos alvéolos e ductos requer a contração
das células mioepiteliais, que são estimuladas pela ocitocina liberada pela
hipófise posterior, como parte do reflexo neuroendócrino, induzido pela
sucção do lactente (Worthington-Roberts, 1988; Mcmanaman e Neville,
2003).
Arteríola
Capilares
Vênula
Células mioepiteliais Leite
Adipócitos
cp
D
A
24
O citoplasma da célula alveolar é constituído por numerosas
mitocôndrias e uma ampla rede de retículo endoplasmático. O aparelho de
Golgi é bem desenvolvido e várias vesículas secretoras contendo micelas de
caseína estão localizadas na região apical (Mcmanaman e Neville, 2003).
As células epiteliais apresentam-se conectadas umas as outras
através de um complexo apical juncional constituído por elementos de
aderência (tight-junctions) que controlam a exportação paracelular de
substâncias entre a rede vascular e o compartimento lácteo durante a
lactação (Nguyen e Neville, 1998). A parte basal se conecta às células
mioepiteliais e à membrana basal que separa o compartimento epitelial do
estroma e sistema vascular.
Na espécie humana, como em outras espécies de mamíferos, a
formação e o desenvolvimento da glândula mamária se iniciam na fase pré-
puberal e se estendem no decorrer da puberdade, alcançando o
desenvolvimento funcional e estrutural completo somente no momento da
gravidez e da lactação, que representa a etapa final do seu ciclo reprodutivo.
Portanto, para a maioria das espécies de mamíferos, a incapacidade de
estabelecer a lactação significa o fracasso da reprodução (Mamede, Kulay-
Júnior e Guariento, 2001).
O desenvolvimento da glândula mamária compreende cinco estágios:
período embrionário e fetal, puberdade, gestação, lactação e involução
(Neville, 2001). Durante a gravidez, a glândula mamária constituída
inicialmente por uma árvore ductal simples, sofre várias modificações
25
transformando-se em um órgão exócrino, altamente eficiente constituído por
uma ampla estrutura lobular-alveolar (Mcmanaman e Neville, 2003).
Estas transformações são reguladas por hormônios e envolve
mudanças tanto na composição celular da glândula mamária quanto nas
propriedades estruturais, celulares e bioquímicas das células alveolares,
tornando possível a produção eficiente de leite (Mcmanaman e Neville,
2003).
Embora o crescimento e o desenvolvimento mamários ocorram
rapidamente, durante a gravidez, uma proliferação adicional das células
parenquimatosas é observada logo no pós-parto em resposta ao estímulo
dos elevados títulos de prolactina (Worthington-Roberts, 1988).
A diferenciação secretora da glândula mamária (lactogênese) se
inicia, na maioria das espécies, por volta da metade da gravidez, sendo
dividida de acordo com as diferenças na composição da secreção mamária,
expressão de genes e propriedades estruturais e funcionais das células
alveolares, em duas fases: iniciação e ativação (Neville, McFadden e
Forsyth, 2002).
A fase de iniciação (anteriormente denominada lactogênese I) é
caracterizada pela expressão de genes responsáveis pela síntese de
proteínas e enzimas biossintéticas do leite e pelo acúmulo de gotículas de
lipídeos. Nesta fase, a capacidade secretora das células alveolares é restrita
a um número reduzido de unidades dotadas de um mecanismo de secreção
não totalmente desenvolvido (Neville, 2001; Mcmanaman e Neville, 2003).
26
O produto secretado, denominado colostro, já pode ser extraído da
mama (Kulski e Hartmann, 1981) e contém relativamente altas
concentrações de sódio, cloreto, substâncias protetoras (imunoglobulinas e
lactoferrinas) e baixas concentrações de lactose (Allen et al.,1991).
A secreção abundante de leite ocorre na fase de ativação ou
diferenciação (anteriormente denominada lactogênese II) que em humanos
é observada nos quatro primeiros dias após o parto. Esta fase se caracteriza
pela expressão homogênea de genes que codificam a síntese de proteínas
nas células alveolares (Robinson et al.,1995), indução de genes adicionais
para a síntese de proteínas e enzimas biossintéticas, expansão de
mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso, maturação do aparelho de
Golgi e fechamento dos complexos juncionais (tight-junctions) (Nguyen,
Parlow e Neville, 2001; Neville, McFadden e Forsyth, 2002).
Estas alterações se refletem numa modificação intensa da
composição de solutos e no aumento do volume de leite secretado,
indicando uma maturação coordenada dos mecanismos de secreção e
alterações nas vias de transporte.
Existem cinco vias principais de secreção através do epitélio mamário,
quatro transcelulares e uma paracelular, representadas esquematicamente
na Figura 2. As mudanças na composição do leite refletem uma seqüência
de atividades relativas à síntese de solutos e vias de transporte.
27
MEMBRANA BASAL
Figura 2: Esquema das vias de secreção de leite humano através do epitélio mamário. (Adaptado de Shennan e Peaker, 2000).
(1) Via membrana: as substâncias atravessam as células da membrana apical (e
para aquelas originárias da corrente sanguínea, a membrana basal): água, uréia,
glicose, Na+, K+ e Cl-;
(2) Via Complexo de Golgi: os produtos são transportados ou seqüestrados pelas
vesículas de Golgi e excretados no leite por exocitose;
(3) Via lipídica: os glóbulos de gordura são extrudados no ápice das células
secretoras envoltas por membrana; podendo ocorrer a inclusão de algum
citoplasma, gordura do leite, hormônios, drogas lipossolúveis, alguns fatores de
crescimento e lectina;
LIPÍDEOS
PROTEÍNAS
MICROVILOSIDADES
COMPLEXO JUNCIONAL
MITOCÔNDRIAS
RIBOSSOMAS LIVRES
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO RUGOSO
HEMIDESMOSSOMA CÉLULA MIOEPITELIAL
GLÓBULO
FRAGMENTO LUMEN
NÚCLEO
2
1
3
5
28
(4) Transcitose: transporte vesicular envolvendo várias organelas e em alguns
casos envolvendo também a extrusão pela via 2 - imunoglobulinas durante a
formação do colostro, transferrina e prolactina;
(5) Via paracelular: passagem direta do fluído intersticial para o leite.
No curso da fase de ativação da lactação são observadas três etapas
de alterações temporariamente distintas na composição do leite: (1)
imediatamente após o parto até 72 horas: caracterizada pela diminuição na
concentração de sódio, cloretos e aumento da concentração de lactose
(Neville, Morton e Uemura, 2001); (2) durante as primeiras 48 horas após o
parto: caracterizada pelo aumento na concentração de IgA secretora e
lactoferrina e subseqüente decréscimo no oitavo dia pós-parto, em
conseqüência da diluição causada pelo aumento do volume de leite
secretado (Mcmanaman e Neville, 2003) e (3) iniciada cerca de 36 horas
após o parto: relacionada com o aumento massivo do volume de leite e dos
níveis de quase todos os constituintes do leite maduro - lactose, proteínas,
lipídeos, cálcio, sódio, magnésio, potássio, citrato, glicose e fosfato
(Mcmanaman e Neville, 2003).
A concentração de oligossacarídeos, grupo de açúcares complexos
com atividade protetora contra vários agentes infecciosos, encontra-se
elevada em torno do quarto dia sofrendo um decréscimo significante em
torno do trigésimo dia (Newburg, 1996).
O início e a manutenção da lactação compreendem um complexo
processo neuroendócrino. Na gravidez, vários hormônios em conjunto
realizam a preparação da mama para a lactação, dentre os quais se destaca
29
a prolactina, de efeito lactotrófico, cuja ação durante a gravidez se mantém
bloqueada pela alta concentração de estrogênios, progesterona e hormônio
lactogênico placentário (Newburg, 1996).
Após o parto, a queda nos níveis de estrogênio e progesterona induz
um desbloqueio da glândula mamária, ocorrendo a ação da prolactina sobre
as células alveolares e conseqüente secreção láctea (Mamede, Kulay-Júnior
e Guariento, 2001). Este fato, associado à sucção mamária, estimula a
lactação através do reflexo de secreção da prolactina e decréscimo da
dopamina. Por outro lado, a manutenção da secreção do leite (galactopoese)
está sob a regulação de outros fatores galactocinéticos provenientes da
hipófise anterior (hormônio do crescimento, ACTH), tireóide (tireotoxina) e
hipófise posterior (ocitocina) em resposta a sucção mamária intermitente
(Worthington-Roberts, 1988; Mamede, Kulay-Júnior e Guariento, 2001).
Abaixo da aréola e do mamilo, encontram-se as terminações nervosas
sensitivas que despertam o reflexo neuro-hormonal responsável pela
produção de ocitocina (Mamede, Kulay-Júnior e Guariento, 2001). A
ocitocina atua sobre as células mioepiteliais ao redor dos alvéolos,
promovendo sua contração e conseqüente liberação do leite para fora dos
alvéolos e canais (ejeção do leite) (Worthington-Roberts, 1988).
Freqüentemente, o reflexo de liberação da ocitocina torna-se
condicionado podendo ser estimulado em situações como o choro da criança
e a preparação do recém-nascido para a mamada, ou ser inibido pelo
estresse ou medo (Mamede, Kulay-Júnior e Guariento, 2001).
30
2.2 – O puerpério
Conceitua-se puerpério como o período do ciclo gravídico em que as
modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no
organismo da mulher retomam à situação do estado pré-gravídico. Inicia-se
1 a 2 horas após a saída da placenta e tem seu término imprevisto, pois
enquanto a mulher estiver amamentando ela estará sofrendo modificações
da gestação – lactância (Costa e Rocha, 2003).
Segundo Vokaer (1955), o tempo de duração normal do puerpério é
de 6 a 8 semanas que se sucedem ao parto, dividido nos seguintes estágios:
pós-parto imediato - do 1º ao 10º dia após a parturição; pós-parto tardio - do
10º ao 45º dia após a parturição e pós-parto remoto - além do 45º dia após
a parturição.
2.3 - Fatores de proteção do leite humano (LH)
Com relação às características de proteção, observa-se que o
complexo imune do LH é constituído por fatores antimicrobianos,
antiinflamatórios e imunomoduladores. Dentre os principais componentes de
defesa destacam-se: as imunoglobulinas, a lactoferrina, a lisozima, as
proteinases, o complemento (C’3 e C’4), as mucinas, osoligossacarídeos e
os lipídeos. Os componentes celulares em maior concentração são os
macrófagos, seguidos por linfócitos e granulócitos neutrófilos (Baró et al.,
2001; Hamosh, 2001; Vinagre e Diniz, 2002).
Os fatores antiinflamatórios incluem os nutrientes clássicos, bem
como os antimicrobianos, antioxidantes, enzimas que degradam mediadores
31
inflamatórios, fatores de crescimento epitelial (fator de crescimento do
epitélio, lactoferrina, cortisol e poliaminas) e agentes de proteção celular
(prostaglandinas). A presença de agentes moduladores, como os fatores
ativadores de colônias de leucócitos e de citocinas apresentam ações
diferenciadas no desenvolvimento da função do sistema imune (Baró et al.,
2001; Hamosh, 2001; Vinagre e Diniz, 2002).
Inicialmente a secreção lática, produzida pós-apojadura, é rica em
células da linhagem branca com uma grande capacidade de fagocitar os
contaminantes, além dos elevados níveis de fatores de proteção,
destacando-se o antiestafilococo (ácidos carboxílicos livres). Ao analisar os
benefícios que os fatores de proteção do LH fornecem ao lactente, Almeida
(1998), destaca também, sua importância para a mama lactante como
determinante do estabelecimento de um ecossistema microbiano protetor.
As principais intercorrências da mama puerperal têm como ponto
comum o acúmulo de leite no interior dos ductos, podendo ocasionar desde
um leve intumescimento mamário até o desenvolvimento de mastites. Nas
situações de retenção do leite no interior das mamas, várias alterações são
observadas visando à inibição dos contaminantes secundários, tais como:
aumento da viscosidade da secreção lática, diminuição da concentração de
lactose, aumento de cloretos no leite e o aumento do teor de lipídeos do leite
de final de mamada (Almeida e Novak, 2002).
2.4 - Ecologia microbiana do LH
A microbiota do LH pode ser classificada em saprófita e patogênica.
Segundo Bjorksten e colaboradores (1980), as bactérias encontradas no
32
leite recentemente coletado, têm origem na pele e na microbiota dos ductos
dos mamilos. Esta afirmação se fundamentou na detecção através da
análise microbiológica de microrganismos semelhantes na microbiota do LH,
coletado por meio de bombas elétricas, e a microbiota presente nos mamilos
de doadoras.
Os microrganismos que compõem a microbiota normal do LH
desempenham importante papel na proteção da mama lactante (Robinson et
al., 1995). Diante desta perspectiva de proteção, um importante aspecto a
ser considerado refere-se à origem destes microrganismos. Quanto à
origem, os microrganismos podem ser classificados em contaminantes
primários, englobando aqueles que passam diretamente da corrente
sanguínea para o leite; e secundários, referindo-se àqueles que se originam
dos mamilos, utensílios, frascos, meio ambiente, etc. (Almeida e Novak,
2002).
A identificação de espécies de microrganismos pertencentes à
microbiota do LH foi estudada por Heikkilã e Saris (2003) em leite humano
ordenhado (LHO) de 40 mães saudáveis. Neste estudo foram obtidas 509
culturas, identificadas por métodos moleculares, levando a caracterização da
composição desta microbiota comensal, como descrito no Quadro I,
apresentado na página 33. Além da caracterização da microbiota do LH, os
autores analisaram a atividade inibitória das espécies que compõem esta
microbiota sobre culturas de S. aureus, com a finalidade de demonstrar sua
função protetora sobre a mama lactante.
33
Os resultados obtidos pelos autores indicaram que a microbiota do
LH cru é composta, principalmente, por espécies de Staphylococcus spp.,
Streptococcus spp., Bactérias láticas e Enterococcus spp. Dentre estas,
100% dos Lactobacillus spp. e 100% dos Enterococcus spp, apresentaram
efeito inibidor sobre S. aureus. Isto revela o potencial terapêutico destes
microrganismos na prevenção de infecções neonatais e da mama materna
(Heikkilã e Saris, 2003).
Gênero Espécies % de isolamento
Staphylococcus spp.
S. aureus, S. capitis,
S. epidermidis,S. hominis,
S. lugdunensis
64%
Streptococcus spp.
S. agalactiae, S. mitis,
S. oralis,
S. parasanguis, S. salivarius
30 %
Bactérias láticas
Lactobacillus rahmnosus,
L. crispatus, Lactococcus lactis,
Leuconostoc mesenteroides
12,5 %
Enterococcus spp. E. faecalis 4,3 %
Outros Actinomyces odontolyticus,
Rothia mucilaginosus, leveduras 0,2 %
Quadro I: Espécies de microrganismos encontradas na microbiota comensal do LH. Adaptado de Heikkilã e Saris (2003).
Estudos associados à identificação e caracterização das atividades
dos componentes bioativos do LH, têm enfocado a capacidade em
potencial, dos microrganismos constituintes da microbiota normal,
encontrados comumente no leite de mulheres sadias, em desempenhar
função bioterapêutica e de probiótico intestinal (Novak et al., 2001; Heikkilã e
Saris, 2003; Martín et al., 2004).
34
Atualmente, várias hipóteses têm sido apresentadas com o intuito de
justificar a ampla variabilidade de espécies presente no LH e suas vias de
aquisição, destacando-se a transmissão do lactente para a mãe por contato
direto durante a amamentação (Heikkilã e Saris, 2003) e até a contaminação
a partir do intestino materno (Heikkilã e Saris, 2003; Martín et al., 2004;
Perez, et al., 2007).
A transmissão de bactérias intestinais para o leite materno, através da
corrente sanguínea, foi verificada por Perez e colaboradores (2007) ao
detectar em amostras de LH e em células mononucleares do sangue
periférico materno, a presença de DNA bacteriano ribossomal de uma
grande biodiversidade de bactérias intestinais. Estes resultados sugerem
que estes componentes bacterianos derivados do intestino são
transportados para a mama lactante no interior de células mononucleares,
caracterizando esta via endógena de composição da microbiota do LH.
Com relação à microbiota patogênica contaminante detectada em
LHO, dados obtidos nos “Proceedings of Breast Milk and Special Care
Nurseries: Problems and Opportunities” (1997) indicaram a presença das
seguintes espécies associadas a infecções humanas: Acinetobacter spp.,
Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Klebsiella spp., Klebsiella oxytoca,
Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Serratia marcescens,
Staphylococcus epidermidis (coagulase-negativo), Staphylococcus aureus
resistente a meticilina (MRSA) e Salmonella kottbus.
Segundo Almeida, Novak e Sandoval (1998), a presença de bactérias
patogênicas no LH pode estar associada a doenças maternas ou, no que se
35
refere ao LHO, à falhas durante a manipulação do produto, assim como a
não observância das normas de higiene durante o seu processamento.
O isolamento de Staphylococcus spp. a partir de LH tem sido
destacado desde a década de 1970, quando as pesquisas de Welsh e May
(1979) indicaram sua presença em 24% de amostras de leite obtidas de
mães saudáveis.
No Brasil, Pereira e colaboradores (1995) demonstraram a presença
de S. aureus no leite de 19 mulheres: nove sadias e dez com sintomas de
mastite, sendo que em oito amostras foi detectada a produção de
enterotoxinas estafilocócicas. Em estudo posterior, Novak (1999) realizou a
análise de 500 amostras de LH coletadas em cinco diferentes cidades do
país (100 amostras por região geográfica), verificando que 171 (34,2%)
apresentavam S. aureus. Índices inferiores foram obtidos por Serafini e
colaboradores (2003) que verificaram a presença de S. aureus em 7,4% num
total de 194 amostras de LH cru obtidas em BLH situado na cidade de
Goiânia. As diferenças observadas entre estes resultados podem estar
associadas às metodologias empregadas para coleta e armazenamento das
amostras de LH, assim como, às técnicas empregadas para cultivo,
isolamento e identificação destes microrganismos.
2.5 - Mastite puerperal
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2000), a incidência
da mastite apresenta uma ampla variação, com percentuais situados entre 2
e 33% e média em torno de 10%.
36
A doença é conceituada como uma manifestação inflamatória da
mama, sendo denominada mastite lactacional ou puerperal quando
associada à lactação. Sua ocorrência é observada principalmente nas três
primeiras semanas após o parto, diminuindo a partir da terceira semana de
lactação e sendo pouco comum após a 12ª semana após o parto (OMS,
2000; Potter, 2005).
Para a sua classificação dois parâmetros devem ser considerados: a
localização e o padrão epidemiológico. Baseado em sua localização, a
mastite é classificada em: mastite superficial - quando acomete a pele;
mastite intramamária parenquimatosa - quando localizada no parênquima da
glândula mamária; e mastite intramamária intersticial - quando localizada no
tecido conectivo.
De acordo com o padrão epidemiológico, a mastite puerperal ocorrer
em duas formas: mastite epidêmica e mastite não epidêmica. A forma
epidêmica, atualmente rara, está associada à contaminação cruzada em
conseqüência da disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar.
Ocorre freqüentemente cerca de quatro dias pós-alta, sendo difícil distinguí-
la de ingurgitamento mamário (Sott-Conner e Schorr, 1995). Esta forma
ocorreu muito freqüentemente, entre as décadas de 1930 e 1960, nas salas
de parto de hospitais de países industrializados (Isbister, 1952, Gibberd,
1953; Wysham et al., 1957). A forma não epidêmica ocorre
esporadicamente, semanas após a alta.
No Tratado de Ginecologia da Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO (Costa e Rocha, 2000) as
37
mastites são classificadas em: mastite aguda e mastite crônica. As mastites
agudas (foco deste estudo) são definidas como processos infecciosos que
se instalam nos tecidos mamários na gravidez ou no puerpério
(principalmente a partir do 15º dia pós-parto), embora sejam observadas em
qualquer faixa etária e em todas as fases da vida da mulher.
Santos-Junior e Barros (2000) definem mastite como uma
intercorrência infecciosa aguda da mama que acomete mulheres com maior
freqüência no período lactacional, mais propriamente no período puerperal.
Inicialmente, caracterizada por uma celulite do tecido conjuntivo interlobular
ou uma adenite, acompanhada pelos sinais clássicos de inflamação: calor,
rubor, tumor e dor. Estes podem se apresentar localizados ou difusos,
geralmente localizados no quadrante inferior da mama. Pode-se observar
ainda, edema de pele, retração mamilar e até mudanças na coloração da
secreção láctea. Em fases mais avançadas da doença aparecem áreas de
flutuação múltiplas que correspondem a abscessos já constituídos, por
vezes com drenagem espontânea, podendo evoluir para úlceras ou perda de
tecidos mamários nas formas necrotizantes. Em casos mais graves, os
abscessos podem evoluir para quadro séptico ocasionando o
comprometimento do estado geral da nutriz (Costa e Rocha, 2000).
Segundo Barbosa-Cesnik, Schwartz e Foxman (2003), o diagnóstico
da mastite é realizado a partir da observação dos sinais e sintomas clínicos
compatíveis com uma inflamação: dor local, calafrios, mialgia, febre, edema
unilateral e eritema circunscrito. O endurecimento de parte da mama,
associado a dor, pode ser sugestivo de obstrução dos lóbulos mamários,
38
observando-se, por vezes, hiperemia, turgor e calor na região acima da área
de endurecimento.
No ciclo gravídico-puerperal existem três vias de penetração de
microrganismos na mama, capazes de contribuir para o desenvolvimento da
mastite: através de fissuras mamilares (via linfática), através dos ductos
lactíferos (via canalicular) ou por via hematogênica (Santos-Júnior e Barros,
2000).
� O aparecimento de fissuras pode proporcionar a infecção dos vasos
linfáticos, principalmente os superficiais, durante a primeira semana,
podendo ser resolutiva ou evoluir para uma infecção do tecido
mamário intersticial.
� A abertura dos ductos lactíferos no mamilo, pode também, servir de
porta de entrada para microrganismos, produzindo uma galactoforite,
que consequentemente poderá evoluir para uma infecção dos ácinos
glandulares. Nesta situação, se estabelece um quadro de mastite
intramamária parenquimatosa pelo comprometimento do parênquima
da glândula mamária.
� A terceira forma de contaminação, via hematogênica, é pouco
freqüente e se origina a partir da presença do agente infeccioso na
corrente sanguínea e alterações nos mecanismos de defesa
maternos.
39
Sendo por vezes pouco esclarecida, outras fontes de contaminação
podem estar associadas, tais como aquelas associadas à fatores ambientais
(Barros, 1993; Lawrence, 1999).
2.6 - Fatores predisponentes
A maioria dos estudos clássicos, sobre a caracterização dos fatores
condicionantes da mastite no puerpério, foram desenvolvidos e
fundamentados em diferentes modelos epidemiológicos. Nestes estudos, os
procedimentos para a seleção de mulheres com mastite, se basearam na
busca de informações retrospectivas, na percepção da lactante ou no
diagnóstico clínico. A não realização do diagnóstico laboratorial, através do
cultivo do LHO, visando a confirmação da infecção, foi destacada por
Thomsen, Hansen e MØller (1983) como um problema para o diagnóstico
definitivo da mastite. Segundo estes pesquisadores, as diversas
manifestações clínicas das doenças da glândula mamária no período
lactacional, dificilmente serão corretamente diagnosticadas sem o suporte
laboratorial.
Na busca para um maior esclarecimento sobre os mecanismos de
aquisição e desenvolvimento da mastite purperal, os estudos de Foxman,
Schwartz e Looman (1994), visaram obter informações sobre as práticas de
amamentação empregadas durante a primeira semana após o parto, e
serviram de base para uma maior compreensão sobre a doença. Ficou
caracterizado que a mastite se manifestava, mais freqüentemente, durante a
sexta semana após o parto (média: 5-218 dias) sendo os sintomas mais
40
comuns a sensibilidade na mama (94%), o mal-estar (75%) e o calor local
(75%).
A partir destas informações, vários outros estudos foram realizados
objetivando a caracterização dos fatores de risco (predisponentes) para o
desenvolvimento da mastite.
Vogel, Hutchison e Mitchell (1999), em uma coorte, com 350
mulheres, acompanhadas por um ano após o parto, utilizando como
instrumento questionários com perguntas fechadas e abertas verificaram a
partir de dados obtidos de 94 mulheres que completaram a pesquisa,
ausência de associação entre mastite e as variáveis demográficas, assim
como, com a posição da mamada, a disponibilidade de cochilos diários e o
auxílio nas tarefas domésticas.
Resultados semelhantes foram obtidos por Kinlay O’Connell e Kinlay
(2001), que em estudo de coorte prospectivo envolvendo 1075 mulheres não
observou associação entre variáveis demográficas, a posição da mamada e
outros aspectos relacionados ao estado psicológico da mãe. Entre os fatores
predisponentes os autores destacaram o uso de cremes, história prévia de
mastite, fissuras e bloqueio ductal.
Segundo Santos-Júnior e Barros (2000), a mastite no ciclo gravídico-
puerperal pode estar relacionada com a inexperiência de cuidados, técnicas
de enfermagem impróprias, fadiga, estresse, condições de higiene
inadequadas, trauma sobre a mama, mamilos planos ou ingurgitados e
situações que favoreçam a estase láctea.
41
Foxman e colaboradores (2002), em estudo de coorte prospectivo
estudaram as características e o comportamento de 946 nutrizes durante as
12 primeiras semanas pós-parto. O diagnóstico da doença foi realizado por
contato telefônico entre profissionais de saúde e as lactantes. Foi relatada
uma associação entre a mastite e a presença de fissuras nos mamilos na
mesma semana da infecção, o uso de pomadas antifúngicas, episódio de
mastite em lactação anterior e o aumento na freqüência das mamadas,
sendo a doença mais freqüente em mulheres com elevada produção de leite.
Nenhuma correlação foi encontrada com: variáveis sócio-demográficas,
variáveis geográficas, condutas de amamentação, falta de cochilo diário e o
aumento da responsabilidade nas tarefas de casa. Estes resultados foram
posteriormente comentados por Lawrence (2002), destacando que o
procedimento empregado para o diagnóstico, relato pessoal por telefone,
necessitaria de validação.
A publicação da Organização Mundial da Saúde (2000), intitulada
“Causas e Manejo da Mastite Lactacional”, destaca que as duas causas
principais de mastite são: a estase do leite e a infecção. Ressalta que,
qualquer fator que predisponha à estagnação do leite no interior das mamas,
como por exemplo: a produção excessiva de leite, o esvaziamento
incompleto da mama, a diminuição do número de mamadas, as falhas no
procedimento de sucção do bebê e os longos intervalos entre as mamadas,
são predisponentes para o desenvolvimento da mastite. Aponta como
fatores de risco para a doença: uso de chupetas e mamadeiras, fissuras
mamilares, episódio anterior de mastite, primiparidade, fadiga da mãe e
trabalho fora do lar.
Em revisão sistemática da literatura, Michie, Lockie e Lynn (2003)
apresentam uma visão ampla sobre os fa
Estas observações foram
Figura 3, a partir da qual
doença.
Figura 3:
Para uma ampla visão sobre o tema, os principais estudos
epidemiológicos relacionados à mastite e seus fatores condicionantes foram
agrupados na Tabela 1
desenho de estudo, a população estudada, o processo de
dados, a doença e os resultados finais
2.7 - Microrganismos associados à mastite puerperal
Várias espécies de microrganismos podem estar associadas à mastite
puerperal e abscesso mamário, prevalecendo
Em revisão sistemática da literatura, Michie, Lockie e Lynn (2003)
apresentam uma visão ampla sobre os fatores determinantes da mastite.
Estas observações foram compiladas e apresentam-se esquematizadas na
da qual se evidencia a característica multifatorial da
Figura 3: Fatores predisponentes da mastite. Adaptado de Michie, Lockie e Lynn, 2003.
Para uma ampla visão sobre o tema, os principais estudos
epidemiológicos relacionados à mastite e seus fatores condicionantes foram
1 (página 49), destacando-se os seus objetivos, o
estudo, a população estudada, o processo de obtenção de
dados, a doença e os resultados finais.
Microrganismos associados à mastite puerperal
Várias espécies de microrganismos podem estar associadas à mastite
puerperal e abscesso mamário, prevalecendo S. aureus como o princip
42
Em revisão sistemática da literatura, Michie, Lockie e Lynn (2003)
tores determinantes da mastite.
esquematizadas na
se evidencia a característica multifatorial da
astite.
Para uma ampla visão sobre o tema, os principais estudos
epidemiológicos relacionados à mastite e seus fatores condicionantes foram
seus objetivos, o
obtenção de
Várias espécies de microrganismos podem estar associadas à mastite
como o principal
43
agente etiológico (Pereira et al., 1995; Osterman e Rahm, 2000; Salles et al.,
2000; Amir, 2002). As complicações locais e sistêmicas da mastite puerperal
se agravam principalmente quando associada a S. aureus resistente a
meticilina (MRSA) ou estirpes produtoras de toxinas, como a da síndrome do
choque tóxico (Fujiwara e Endo, 2001).
Outros microrganismos, menos freqüentemente isolados, incluem:
Staphylococcus coagulase-negativo, Streptococcus β-hemolítico dos grupos
A (Osterman e Rahm, 2000) e do grupo B (Thomsen, Espersen e Maigaard,
1984), Enterococcus spp., (Osterman & Rahm, 2000), Escherichia coli
(Thomsen, Espersen e Maigaard, 1984), Bacteroides spp. (Hager,1998),
Corynebacterium kroppenstedti, Corynebacterium amycolatum,
Corynebacterium striatum (Stone, Gillett & Burge, 1997), Corynebacterium
tuberculostearicum (Paviour et al., 2002; Taylor et al., 2003;) e
Propionibacterium avidum (Werno et al., 2004). Candida sp. e
Cryptococcus neoformans têm sido identificados como agentes etiológicos
de mastite fúngica e parasitária (Schouten et al., 2002).
Mycobacterium tuberculosis constituí uma causa rara de mastite,
estando associado a 1% dos casos em regiões onde a tuberculose é
endêmica (Al Marri, Almosleh e Almoslmani, 2000; Hernández, Gutiérrez e
González, 2002; Khanna et al., 2002; Bodur et al., 2003)
2.8 - Colonização por S. aureus e infecção
S. aureus apresenta-se amplamente distribuído na natureza, estando
adaptado à sobrevivência em diversos sítios do corpo humano, como as
narinas, a pele, a orofaringe, os cabelos e os tratos digestivo e geniturinário.
Dentre estes sítios, as narinas anteriores constituem o reservatório primário
44
do microrganismo sendo a colonização nasal considerada determinante para
o aumento das taxas de colonização em sítios extra nasais do ser humano.
A presença deste microrganismo na mucosa nasa, tem sido apontada como
o maior fator de risco para o desenvolvimento de infecções adquiridas na
comunidade e infecções nosocomiais (Corbella et al., 1997;Wertheim, et al.,
2005).
A ligação epidemiológica entre carreadores nasais e infecções
estafilocócicas, em grupos específicos de pacientes, tem sido bem
documentada (Yu, et al., 1986; Jacobson, Gellerman e Chambers, 1988;
Wenzel e Perl, 1995;, Kluytmans, Van Belkum e Verbrugh, 1997; Al-Wali et
al., 1998) , mas pouco se conhece acerca desta correlação em infecções
cutâneas (Toshkova et al., 2001).
A relação causal entre carreadores nasais de S. aureus e infecções
estafilocócicas, tem sido embasada no fato de estirpes isoladas das narinas
e estirpes infectantes dividirem o mesmo fagotipo ou genótipo. Em adição, a
descolonização nasal temporária em portadores nasais, através de drogas
anti-estafilocócicas, previne a infecção (Kluytmans e Wertheim, 2005).
Na prática clínica, a associação entre mastite recorrente e o estado de
portador nasal de S. aureus entre nutrizes e lactentes tem sido sugerida
(Amir, 2002). A escassez de pesquisas sobre o possível papel de lactantes
portadoras nasais de S. aureus no desenvolvimento da mastite apontam a
necessidade de informações que embasem as evidencias desta associação.
Um estudo de caso, realizado em mãe de quádruplos, verificou a
presença de S. aureus MRSA no leite materno de uma mãe com sintomas
45
de mastite, tendo sido o microrganismo isolado, também, em culturas de
material obtido a partir das narinas da mãe e dos filhos (Gastelum et al.,
2005).
Amir, Garland e Lumley (2006) objetivando a busca de associação
entre o estado de portador nasal de S. aureus em lactantes e a mastite,
evidenciou somente uma associação entre a colonização nasal dos
lactentes, a presença de traumatismos mamilares e o desenvolvimento da
infecção materna.
A detecção de portadores nasais em indivíduos saudáveis tem sido
pesquisada através de estudos transversais (Gould & McKillop, 1954;
Rountree, 1956;, Millian, et al., 1960; Leedom, et al., 1965; Noble,
Valkenburg, Wolters, 1967; Paul, Lamikanra, Aderibgibe, 1982; Hu et al.,
1995), revelando que as taxas de colonização nasal variam entre 20 e 44%.
Modelos longitudinais de estudo têm indicado que, o padrão de colonização
difere de indivíduo para indivíduo, apresentando variações ao longo do
tempo. Estes dados serviram de base para a definição de três padrões de
colonização: carreador persistente, carreador intermitente e não carreador
(Gould & McKillop, 1954; Goslings, Buchli, 1958; Maxwell et al., 1969;
Armstrong-Esther, 1976; Hoffler, Bulanda, Heczko, Pulverer,1978; Hu et al.,
1995; Riewerts et al., 1995).
Os carreadores intermitentes apresentam taxas de colonização
variando entre 20 e 75%, enquanto 5 a 50% nunca serão colonizados por S.
aureus em suas narinas. Os carreadores persistentes apresentam taxas de
colonização nasal entre 10 e 35%, são mais comuns em crianças do que em
46
adultos, embora muitas pessoas mudem seu padrão de colonização entre 10
e 20 anos de idade (Armstrong-Esther, 1976). O número de colônias na
narina anterior é significantemente maior em carreadores persistentes que
em carreadores intermitentes (White, 1961; Nouwen et. al., 2004). Além
disso, os carreadores persistentes são frequentemente colonizados por
somente uma única estirpe de S. aureus, por longo período de tempo,
enquanto nos carreadores intermitentes é encontrada uma grande variedade
de estirpes (Gould, McKillop, 1954; Hu et al., 1995; Riewert et al., 1995; Van
Belkun et. al., 1997; Vandenbergh et al., 1999).
Segundo Vandenbergh e colaboradores (1999), a falta de
consistência na definição destes padrões de colonização têm resultado em
dados conflitantes e de expressiva variabilidade, o que poderia estar
associado às características das populações estudadas, a amostragem e as
técnicas de cultivo aplicadas. Segundo Nouwen e colaboradores (2004), são
necessárias pelo menos duas culturas quantitativas de “swabs” nasais para
a caracterização adequada de carreadores nasais e sete culturas
quantitativas de “swabs” nasais para a diferenciação entre não carreadores e
carreadores intermitentes.
A presença nas mãos e em outras superfícies têm sido apontadas
como resultante de vínculo epidemiológico decorrente da disseminação a
partir dos sítios de colonização primária (Munch-Petersen, 1961; Williams,
1963; Cardoso, Teixeira e Gontijo Filho, 1988; Raddi, Leite e Mendonça,
1988).
47
De acordo com Peacock, de Silva e Lowy (2001), a colonização nasal
por S. aureus está relacionada tanto a presença de fatores determinantes do
hospedeiro quanto a fatores do microrganismo. Os fatores do hospedeiro
provavelmente determinam o status de carreador e não carreador, além de
definir se o carreador nasal é persistente ou intermitente.
A variabilidade fenotípica das estirpes são determinadas por
características genéticas do hospedeiro, relacionadas ao número ou
natureza dos receptores nas narinas responsáveis pela aderência
bacteriana; à resposta imunológica responsável pela erradicação ou
tolerância à S. aureus e à presença de componentes solúveis com ação anti-
estafilocócica na secreção nasal. Os fatores bacterianos definem qual
estirpe irá colonizar determinado hospedeiro. A influência dos fatores
bacterianos se baseia nos mecanismos de competição bacteriana e de
aderência, através da expressão de adesinas, cápsula e formação de
biofilme.
Elevados níveis de colonização têm sido detectados em grupos
particulares de indivíduos, destacando-se os profissionais das unidades de
saúde, nos quais a freqüência de portadores nasais pode chegar a 80%
(Williams, 1963; Oliveira-Santos e Tanaka, 1990; Tally, 1994). Esta elevada
taxa está relacionada, provavelmente, à alta rotatividade de pessoas
infectadas por uma grande variedade de patógenos neste ambiente,
associada à facilidade de disseminação de S. aureus entre os indivíduos.
Esta facilidade constitui um importante problema clínico e epidemiológico,
48
especialmente pela ocorrência de S. aureus resistente a meticilina (MRSA) e
estirpes multirresistentes (Novak, 1999).
Nas últimas décadas, S. aureus tem se apresentado como um dos
agentes mais comuns de infecção comunitária e hospitalar, e sua
capacidade em adquirir resistência aos antimicrobianos fazem deste
microrganismo, uma das principais causas de mortalidade, principalmente
entre pacientes hospitalizados e crianças (CDC, 1997a; CDC, 1997b; Herold
et al., 1998, CDC, 1999).
A capacidade de S. aureus em causar doenças vem sendo
relacionada a vários fatores de virulência, que lhe confere rápida capacidade
de colonização, invasão, sobrevivência e multiplicação, em diferentes sítios
do hospedeiro, destacando-se: as enzimas extracelulares - coagulase,
catalase, estafiloquinase, hialuronidase e nucleases; as toxinas citolíticas -
alfa, beta, gama, delta e leucocidina; as toxinas esfoliativas A e B, as quais
estão associadas à síndrome da pele escaldada, e a uma variedade de
toxinas pirogênicas (PTs) imunoreguladoras - toxina da síndrome do choque
tóxico (TSST-1) e enterotoxinas estafilocócicas (Kloos e Bannerman, 1995).
Destacam-se também outros fatores como: hidrofobicidade, presença
de microcápsula, produção de autolisinas, peptideoglicano, ácido teicóico,
proteínas de ligação à fibronectinas A e B, mucopolissacarídeo extracelular
amorfo (slime), capacidade de resistir às altas concentrações de sais e
lipídios e proteína A (Baird-Parker, 1990; Miyazaki, 1996).
S. aureus está associado às infecções, que variam desde as
superficiais, como: abscessos, celulite e furunculose, até enfermidades mais
49
graves como: artrite, meningite, osteomielite, endocardite, septicemia e
pneumonia. Cepas produtoras de exotoxinas podem estar associadas a
quadros de toxemias, como as síndromes do choque tóxico e da pele
escaldada e a intoxicação alimentar (Kloos e Bannerman, 1995).
A disseminação de MRSA e de estirpes resistentes à maioria dos
antimicrobianos existentes tornou-se um grave problema de saúde pública
em vários países, registrando-se vários surtos em hospitais de médio e
grande porte (Mulligan et al., 1993). Conseqüentemente, a vancomicina
tornou-se o antimicrobiano de escolha no tratamento de infecções severas
por S. aureus.
O primeiro caso de infecção por S. aureus com reduzida sensibilidade
a vancomicina (Vancomycin Intermediate S. aureus - VISA, concentração
mínima inibitória [CMI] = 8µg/mL) foi documentado no Japão (CDC, 1997a;
Hiramatsu et al., 1997). Posteriormente, estirpes resistentes a meticilina e
com reduzida sensibilidade a vancomicina e a outros glicopeptídeos foram
isoladas em Michigan e Nova Jersey (CDC, 1997b).
A partir das informações disponíveis na literatura científica,
destacadas no texto acima, projetam-se inúmeras questões, algumas das
quais ainda não esclarecidas, mas que sem dúvida, estruturam a trajetória
para uma maior compreensão sobre esta enfermidade em nutrizes. Seria
esta uma infecção de origem endógena e/ou exógena? Existe associação
entre o estado de portador e o desenvolvimento da mastite por S. aureus?
50
Tabela 1: Estudos epidemiológicos relacionados à mastite
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Amir LH,
Garland
SM,
Lumley
J.
BMC
Family
Practice
2006;
7:57
Investigar o papel
da colonização
nasal materna por
S. aureus e o
desenvolvimento
da mastite
Estudo caso-
controle em 2
Hospitais
Maternidade de
Malbourn (Austrália)
100
mulheres
com mastite
(grupo
caso) e
99
mulheres
sem mastite
(grupo
controle)
Entrevista com
questionários
padronizados e
Exame clínico
Coleta de "swab"
nasal da mãe e
criança
Coleta de amostra de
leite
D: mastite
E: Colonização
nasal por S. aureus
na mãe e filho
Presença de
fissuras mamilares,
primiparidade,
idade,escolaridade,u
so de lanolina,
história prévia de
mastite, candidíase,
tabagismo, anemia,
higiene das mamas,
ingurgitamento,
bloqueio ductal,
condutas de
amamentação
Associação
positiva entre
mastite e fissura
mamilar, uso de
lanolina e
colonização nasal
dos lactentes
Não houve
associação com
colonização nasal
da lactante e
paridade.
51
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Wambach
KA.
J Hum
Lact
2003;19
(1):24-34
Descrever o curso
da mastite
identificando as
práticas de
amamentação e
fatores
predisponentes;
Descrever a
eficiência do
autocuidado e
tratamento clínico
Conhecer a
incidência dos
sintomas da
mastite recorrente
e suas
complicações
Estudo descritivo
prospectivo
englobando:
5 consultórios de
ginecologia e
obstetrícia de uma
área urbana do
meio-oeste dos
EUA;1 consultório
privado (Consultor
Internacional em
Amamentação)
2 Hospitais filiados
ao anterior;
2 enfermeiras
parteiras
(certificadas)
31
mulheres
com
diagnóstico
de mastite,
acompanha
das durante
6 semanas
pós-
diagnóstico
Entrevista por
telefone (1ª
entrevista) e
acompanhamento
com ligações diárias
até o 7º dia após o
início dos sintomas.
Entrevistas de
seguimento foram
realizadas durante a
2ª e 6ª semanas após
o episódio (questões
abertas)
Questionário BES
(Breastfeeding
Experience Scale)
D: mastite
E: fatores
demográficos:
idade, situação
conjugal,
escolaridade, raça,
paridade, tipo de
parto, experiência
de amamentação,
freqüência e
duração da
mamada, história
prévia, fissura,
ingurgitamento,
fadiga, tensão,
suplementação com
fórmulas
Principais
sintomas: calor,
febre, mal-estar,
calafrios, rubor.
Associação com
fissuras,
rachaduras, uso de
cremes, história
prévia de mastite
Freqüência da
mastite: 9,5%
52
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Sales AN, Vieira
GO, Moura MSQ,
Almeida SPTMA
e Vieira T V.
Revista Bras Gin
Obstet 2000; 22
(10): 627- 32.
Conhecer as
características
clínicas e
bacteriológicas da
mastite,
classificação e
tratamento
Estudo descritivo
realizado no Banco
de Leite Humano e
no Centro de
Referência para o
Incentivo ao
Aleitamento Materno
do Hospital Clériston
Andrade
dez/1996 a jan/1998
Medidas de
Freqüência
70 mulheres com
diagnóstico de
mastite atendidas
no Hospital
Entrevista com
questionários
padronizados
Exame clínico
Cultura
bacteriológica da
secreção de
abscesso e
antibiograma
D: mastite e abscesso
E: Idade,
escolaridade, renda
familiar, trabalho fora
do lar, auxilio nas
tarefas domésticas, nº
de consultas no pré-
natal, tipo de
aleitamento,
ingurgitamento,
fissura, orientação
sobre ordenha, tipo
de mamilo
Fatores
predisponentes:
baixa
escolaridade,
baixa renda
familiar, fadiga,
estresse,
ansiedade,
primiparidade,
ingurgitamento e
fissuras
53
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Foxman et al.
Am J
Epidemiol
2002; 55 (2):
103-13
Descrever a
incidência da
mastite, o
tratamento e a
associação entre
mastite,
comportamento e
características da
nutriz
Estudo
Observacional
Prospectivo: Coorte
Hospital Maternidade
em Michigan e
Empresa com
programa de
Incentivo a
Amamentação em
Nebraska
840 lactantes
acompanhadas
durante 12
semanas
Entrevistas por telefone
na 3ª, 6ª, 9ª e 12ª
semanas pós-parto ou
até interrupção da
amamentação
Questionário sobre
condutas durante a
amamentação,
tabagismo, alcoolismo,
depressão, doenças
associadas, condição
social
D: Mastite
E: Mastite anterior,
fissuras,ingurgitamento,
uso de cremes, tempo
de amamentação, uso de
bombas, idade, raça,
estado civil, trabalho
fora do lar, escolaridade,
renda familiar, paridade,
apoio no lar, tabagismo,
etilismo, depressão,
hábitos de higiene, uso
de mamadeira, posição
de amamentação
Incidência de
mastite: 9,5%
Associação
positiva entre
mastite e
história de
mastite
anterior,
fissura, uso de
creme, tempo
de
amamentação e
uso de bombas
54
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Osterman KL,
Rahm V A.
J Hum Lact 2000
16(4): 297-302
Comparar
marcadores
bioquímicos,
sinais clínicos,
tratamento e
resultados entre
dois grupos de
mulheres
classificados em
A: mastite
associada a
bactérias da
microbiota
normal da pele e
B: mastite
associada a
bactérias
potencialmente
patogênicas.
Estudo prospectivo
mulheres atendidas no
serviço de amamentação
do Setor de Obstetrícia do
Hospital de Hodiksvall
(Suweden).
Teste t de Student para
comparação de médias
entre variáveis de
distribuição normal.
Mann-Whitney U Test para
comparação das medianas
entre as variáveis de
distribuição não-normal.
Qui-quadrado para
comparação entre as
variáveis primiparidade e
proporção de crianças <2
anos.
Grupo A: 45
mulheres
Grupo B: 16
mulheres
Análise Bacteriológica
do leite coletado por
expressão manual,
Testes bioquímicos
sanguíneos
(concentração sérica
CRP mg/L;
hemoglobina g/L,
contagem de
leucócitos células x
109/L).
Dados demográficos
(não informada a
fonte)
D: Mastite,
Concentração
sérica CRP,
contagem de
leucócitos,
Concentração
de hemoglobina
E: Idade,
paridade, idade
do filho no início
dos sintomas,
fissuras,
S aureus foi a
espécie patogênica
mais freqüentemente
isolada (81%)
A concentração de
CRP não pode ser
usada como
indicador de mastite
com rico de
complicação.
Forte associação
entre a presença de
fissuras e mastite.
Sinais e sintomas
locais e sistêmicos
mais evidentes nas
mastites associadas
a espécies
patogênicas.
55
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Kinlay JR,
O’Connell DL,
Kinlay S.
Aust N Z J
Public Health
2000; 25:115-
20
Identificar fatores de
risco para o
desenvolvimento da
mastite
Coorte
Prospectiva
2 Hospitais com
serviços de
obstetrícia em
Newcastle
1075 mulheres
que declaravam
a intenção de
amamentar
Questionário 1: após o
parto – características
demográficas, história
prévia de mastite e
paridade
Questionário 2: enviado
pelo correio na 3a, 8a e
26a semanas pós-parto –
problemas com a mama,
práticas de
amamentação
Questionário 3: sobre
mastite durante 6 meses
do seguimento em caso
de suspeita de mastite
D: Mastite
E: Características
demográficas e
práticas de
amamentação
Freqüência; 20%
Fatores de risco: história anterior de mastite, bloqueio ductal, fissuras no mamilo, uso de cremes
56
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Vogel A,
Hutchinson L,
Mitchell EA.
Birth 1999;
26(4): 218-25
Investigar a
freqüência e
fatores de risco da
mastite lactacional
Coorte Prospectivo
Hospital de Auckland
- New Zealand
Regressão logística
multivariada
350 mulheres
acompanhadas
por 12 meses
1ª Entrevista: iniciada
no pós-parto no
Hospital ou na
residência até a 4ª
semana.
Entrevistas por
telefone realizadas 1,
2, 3, 6, 9 e 12 meses
no pós-parto
D: mastite
E: aspectos
demográficos,
plano de
amamentação,
problemas na
amamentação
Ausência de
associação
(associação
negativa) com as
variáveis
demográficas,
paridade,
tabagismo, auxílio
nas tarefas diárias,
descanso.
Associação positiva
com fissuras e
tempo da mamada.
Freqüência: 17,4%
57
Autor Objetivos Desenho População Método de Obtenção
dos Dados
Desfechos e
Exposições Resultados
Kinlay J R,
O’ Connell
DL, Kinlay S.
M J A 1998;
169: 310-12
Estimar a
incidência da
mastite em
lactantes nos
primeiros seis
meses pós-parto;
Descrever o tipo
de serviço
médico utilizado
e o tratamento
empregado
Coorte realizada
em um Hospital
Universitário e um
Hospital Privado,
localizado em
Lower Hunter
Region.
Análise descritiva:
Média, Desvio
Padrão e
porcentagem
Diferenças entre
os grupos: Qui-
quadrado e test T
1075
mulheres,
que estavam
amamentando
um único
filho.
Questionário 1
administrado logo após o
parto – características
demográficas, história
prévia de mastite e
paridade
Questionário 2 enviado
pelo correio aos 3, 8 e 26
semanas pós-parto –
problemas com a mama,
práticas de amamentação
Questionário 3 – sobre
mastite durante 6 meses
do seguimento em caso
de suspeita de mastite
D: Mastite
E: Características
demográficas e
práticas de
amamentação
233 mulheres
retornaram o
questionário destas 219
tiveram mastite pelos
critérios adotados.
Incidência: 205 (95% CI,
18%-22%);
75% dos casos
ocorreram na 7ª semana
pós-parto
73% recorreram a um
especialista;
87% realizaram
antibioticoterapia por um
período inferior a 10
dias.
58
3 - OBJETIVOS
3.1 - Objetivo Geral
Investigar a existência de uma correlação entre as proporções de
portadoras de S. aureus nas narinas, orofaringe, mãos e axilas e das
características sócio-demográficas, culturais e condutas de amamentação em
lactantes com e sem mastite puerperal estafilocócica.
3.2 - Objetivos Específicos
1- Descrever a freqüência de S. aureus no leite humano ordenhado de
lactantes com e sem mastite puerperal, atendidas no BLH do Instituto
Fernandes Figueira/FIOCRUZ.
2- Descrever a freqüência de S. aureus nas narinas, orofaringe, mãos e
axilas de lactantes com e sem mastite puerperal, atendidas no BLH do
Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ.
3- Determinar o perfil de sensibilidade das estirpes de S. aureus isoladas
frente a 14 (catorze) antimicrobianos: oxacilina; penicilina, eritromicina,
clindamicina, cloranfenicol, ciprofloxacina, tetraciclina, gentamicina,
sulfametoxazol-trimetoprim, cefepima, vancomicina, rifampicina,
mupirocina e cefoxitina.
59
4- Descrever a freqüência de S. aureus resistentes a meticilina (MRSA)
e a mupirocina no leite humano ordenhado, narinas, orofaringe, mãos e
axilas de lactantes com e sem mastite puerperal, atendidas no BLH do
Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ.
5- Correlacionar as cepas isoladas a partir de amostras de leite e/ou
secreção e aquelas obtidas a partir dos sítios anatômicos pesquisados,
através do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos.
6- Descrever e correlacionar as freqüências das características sócio-
demográficas, culturais e condutas de amamentação em lactantes com e
sem mastite puerperal por S. aureus.
3.3 - Objetivos Operacionais
1- Isolar e identificar estirpes de S. aureus em amostras de leite e/ou
secreção das mamas de lactantes, visando a confirmação da mastite
puerperal estafilocócica através do diagnóstico laboratorial.
2- Isolar e identificar estirpes de S. aureus a partir das narinas,
orofaringe, axilas e mãos de lactantes, visando à caracterização de
portadoras do microrganismo nos sítios anatômicos estudados.
3- Isolar e identificar estirpes de S. aureus resistentes a meticilina
(MRSA) e a mupirocina.
60
4 - HIPÓTESES DO ESTUDO
Em função do exposto anteriormente e fundamentada no referencial
teórico, foram elaboradas hipóteses relacionadas às associações entre a
mastite puerperal estafilocócica e as variáveis: colonização por S.aureus,
características sócio-demográficas, culturais e condutas de amamentação.
H1: a proporção de lactantes portadoras de S.aureus com mastite puerperal
estafilocócica é maior do que a proporção de lactantes portadoras de S. aureus
sem mastite puerperal estafilocócica.
H0: a proporção de lactantes portadoras de S.aureus com mastite puerperal
estafilocócica é menor ou igual à proporção de lactantes portadoras de S.
aureus sem mastite puerperal estafilocócica.
H1: a proporção de fatores predisponentes associados às características sócio-
demográficas, culturais e condutas de amamentação em lactantes com mastite
puerperal estafilocócica é maior do que a proporção de fatores predisponentes
associados às características sócio-demográficas, culturais e condutas de
amamentação em lactantes sem mastite puerperal estafilocócica.
H0: a proporção de fatores predisponentes associados às características sócio-
demográficas, culturais e condutas de amamentação em lactantes com mastite
puerperal estafilocócica é menor ou igual a proporção de fatores
61
predisponentes associados às características sócio-demográficas, culturais e
condutas de amamentação em lactantes sem mastite puerperal estafilocócica.
H1: a proporção de estirpes de S. aureus com o mesmo perfil de sensibilidade
aos antimicrobianos isoladas a partir dos sítios anatômicos e do LHO de
lactantes com mastite puerperal estafilocócica é maior do que a proporção de
estirpes de S. aureus com o mesmo perfil de sensibilidade aos antimicrobianos
isoladas a partir dos sítios anatômicos e do LHO de lactantes com mastite
puerperal estafilocócica.
H0: a proporção de estirpes de S. aureus com o mesmo perfil de sensibilidade
aos antimicrobianos isoladas a partir dos sítios anatômicos e do LHO de
lactantes com mastite puerperal estafilocócica é menor ou igual a proporção de
estirpes de S. aureus com o mesmo perfil de sensibilidade aos antimicrobianos
isoladas a partir dos sítios anatômicos e do LHO de lactantes sem mastite
puerperal estafilocócica.
62
5 - MATERI AIS E MÉTODOS
5.1 - Local do estudo: Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes
Figueira/ Fiocruz (BLH/IFF).
O estudo foi realizado no BLH/IFF, localizado na cidade do Rio de
Janeiro. Implantado em outubro de 1943, como o 10 Banco de Leite Humano
no Brasil, passou a condição de Centro de Referência Nacional em 1987,
instituindo-se como órgão responsável pela Coordenação da Rede Brasileira
de Bancos de Leite Humano (Rede/BLH) em nosso país.
O BLH/IFF, desde 1996 vem se consolidando como Centro de
Referência Nacional e Internacional fundamentado na experiência de
implantação do modelo brasileiro em outros países, como: Venezuela, Uruguai,
Argentina, Equador e Cuba.
O BLH/IFF atua na promoção, proteção e apoio a amamentação
mediante o atendimento direto a população, na geração de conhecimento
científico e tecnológico. Além de prestar atendimento as gestantes e puérperas
acompanhadas na própria Instituição, durante o pré-natal e no pós-parto.
Recebe gestantes e puérperas encaminhadas pela rede de atenção básica do
município do Rio de Janeiro e outras regiões metropolitanas do Estado do Rio
de Janeiro que buscam orientação e assistência às intercorrências mamárias
durante o período de amamentação.
63
5.2 - Desenho do estudo
Entre agosto de 2005 e agosto de 2007 foi realizado um estudo
epidemiológico analítico, longitudinal, de base hospitalar, do tipo caso-controle,
em uma amostra representativa de mulheres lactantes assistidas no BLH/IFF
(população base de estudo) que se encontravam no período puerperal.
A escolha deste modelo de investigação epidemiológica teve como
objetivo estabelecer inferências a respeito de associações entre duas ou mais
variáveis, especialmente associações de exposição e efeito, portanto
associações causais entre as características pessoais, hábitos ou aspectos
biológicos e o desenvolvimento da mastite por S. aureus (doença/desfecho)
durante o período puerperal.
Cronologicamente, a identificação da doença constituiu o ponto inicial do
estudo, a partir do qual, retrospectivamente, foram buscados os fatores de risco
suspeitos que pudessem ser imputados como causais.
Definiu-se como exposição principal de interesse (variável independente)
a colonização por S.aureus na narina, mão, orofaringe e axila, mensurada
através de exames laboratoriais realizados no Laboratório de Controle de
Qualidade do BLH/IFF. Neste trabalho foram definidas cinco categorias de
colonização: portador nasal, portador oral, portador na axila, portador na mão e
não portador
A variável dependente mastite por S. aureus (doença) foi mensurada
através do diagnostico clínico e de exames laboratoriais microbiológicos do
LHO, também realizados no Laboratório de Controle de Qualidade do BLH/IFF.
64
O delineamento do estudo, esquematicamente representado na Figura
4, iniciou-se com a seleção de dois grupos de mulheres a partir de uma
população base de estudo: um grupo de mulheres diagnosticadas com mastite
associada a S. aureus (grupo caso) e outro grupo de mulheres sem a doença
(grupo controle).
Figura 4: Desenho de estudo caso-controle. Adaptado de Epidemiologia Teoria e Prática, Pereira, 1995.
A obtenção de dados sobre a exposição prévia das mulheres aos fatores
de risco foi realizada através da coleta de informações utilizando-se dois
instrumentos: entrevista com questionário e exames laboratoriais para
detecção de S. aureus. Desta forma, a investigação partiu do desfecho/efeito
(mastite estafilocócica) para chegar as causas (fatores de exposição).
Segundo Hulley e colaboradores (2003), uma das principais vantagens
do estudo caso-controle é o grande número de informações que podem ser
Formação dos grupos pela
constatação da presença
ou não da doença
Mensuração da
exposição
Análise dos Dados:
Comparação das
proporções de expostos
nos dois grupos.
Cálculo da Odds Ratio
Expostos
Não Expostos
Expostos
Não Expostos
Doentes
Grupo de Casos
Não Doentes
Grupo de Controles
a
b
c
d
População
65
fornecidas a partir de um numero relativamente pequeno de sujeitos. Em
adição, a abordagem retrospectiva destes estudos, e o seu potencial para
estudar um grande número de variáveis preditoras, o torna útil para a geração
de hipóteses sobre as causas de uma doença.
Outras vantagens e limitações, dos estudos caso-controle, estão
descritas no Quadro II.
VANTAGENS LIMITAÇÕES
Baixo custo
Na maioria das situações, somente os casos novos
devem ser incluídos na investigação (evitar o viés de
prevalência) dificultando alcançar o tamanho da
amostra desejado
Não há necessidade de
acompanhamento dos participantes
Dificuldade na seleção dos controles que devem ser
representativos da população que deu origem aos
casos “viés de seleção”
É prático na investigação da etiologia
de doenças raras
Falta de comparabilidade entre as características
dos casos e controles
São de curta duração, pois não há
necessidade de se esperar pelo
desenvolvimento da doença a medida
que os indivíduos são selecionados
com base no estágio da doença
Os dados de exposição no passado podem ser
incompletos ou falhos, quando baseados na
memória das pessoas “viés de informação”
Permite a utilização de exames e/ou
testes laboratoriais para a identificação
da exposição
Os dados de exposição podem ser viciados: os
casos têm melhor noção de suas possíveis causas
“viés de ruminação”
Dificuldade em realizar o estudo ou interpretar os
resultados quando a exposição é rara
Não é possível obter estimativas de incidência da
doença
Quadro II: Vantagens e limitações do estudo caso – controle. Adaptado de Pereira (1995) e Medronho ( 2004).
66
5.3 - Determinação do tamanho da amostra
A estimativa de mulheres com mastite puerperal foi calculada a partir do
levantamento das fichas de atendimento das lactantes assistidas no BLH/IFF
durante janeiro de 2005 a julho de 2005, resultando numa prevalência de 5%
(estimada).
Cabe ressaltar que o diagnóstico era realizado tendo como base as
características clínicas, não sendo realizado o diagnóstico laboratorial para a
identificação das espécies microbianas associadas.
Foi estimada uma prevalência de 30% de portadoras de S. aureus no
grupo controle e uma razão de chances (OR) de 3:1, nível de significância (α)
de 5% e um poder de 80%, tendo como referência os dados da literatura (Ellis
et al., 2004; Kazakova et al., 2005). Através destes parâmetros foi determinado
que devessem ser selecionados 44 casos e 88 controles
Para a construção do Banco de Dados, cálculo do tamanho da amostra
e análise estatística foi utilizado o software EPI-INFO 2002.
5.4 - População de referência
A população alvo, da qual foi retirada a amostra, foi constituída por
mulheres assistidas no BLH/IFF, durante o pós-parto, em consultas de
orientação sobre amamentação, problemas clínicos com as mamas,
puericultura e ordenha. Dentre as pacientes assistidas encontravam-se:
67
� Mulheres com parto realizado no IFF cujo filho se encontrava internado
que recorriam ao setor para ordenha;
� Mulheres com parto realizado no IFF com queixa de dificuldade de
amamentação;
� Mulheres com parto realizado no IFF com infecção na mama;
� Mulheres com parto realizado no IFF que levavam seu filho a consulta
de puericultura;
� Mulheres com parto realizado na Rede Hospitalar Pública (externas)
com infecção na mama;
� Mulheres com parto realizado na Rede Hospitalar Pública (externas)
com queixa de dificuldade de amamentação;
� Mulheres com parto realizado na Rede Hospitalar Pública (externas)
cujo filho se encontrava internado;
� Mulheres com parto realizado na Rede Hospitalar Particular (externas)
com infecção na mama;
� Mulheres com parto realizado na Rede Hospitalar Particular (externas)
com queixa de dificuldade de amamentação;
� Mulheres com parto realizado na Rede Hospitalar Particular (externas)
cujo filho se encontrava internado;
68
5.5 - Processo de seleção dos casos
A amostra do grupo caso foi composta por mulheres com diagnóstico de
mastite puerperal infecciosa intramamária ou mastite lactacional infecciosa
superficial. A seleção prévia foi realizada no momento do atendimento, tendo
como base a avaliação clínica realizada por profissionais do BLH/IFF.
Segundo as ações de rotina dos profissionais de assistência do setor, o
diagnóstico clínico é efetuado através da anamnese e do exame físico. De
acordo com a conceituação de mastite aguda apresentada no Tratado de
Ginecologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia - FEBRASGO (Costa e Rocha, 2000) a doença é caracterizada por
mastalgia aguda e intensa, unilateral, calor local, hiperemia, aumento do
volume mamário, febre elevada, sinais físicos de tumoração com
características inflamatórias, geralmente localizada nos quadrantes inferiores
da mama. Em fases mais avançadas da doença são observadas áreas de
flutuação múltiplas que correspondem a abscessos caracterizados por pontos
dolorosos e endurecidos com calor e vermelhidão, podendo sofrer drenagem
espontânea.
A inclusão definitiva no grupo caso, ocorreu após a análise
microbiológica para a detecção de S. aureus e determinação do numero de
unidades formadoras de colônias/mL (UFC/mL) no LHO coletado no momento
do atendimento.
69
O padrão de classificação do tipo de intercorrência mamária empregado
para o diagnóstico de mastite infecciosa (Grupo 3) seguiu as orientações de
Thomsen, Hansen & Møller (1983) apresentadas no Quadro III.
Foram classificadas como grupo caso as lactantes que apresentaram no
LH níveis de S. aureus acima de 103 UFC/mL, não sendo realizada a contagem
de leucócitos nas amostras de LHO coletadas.
GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3
< 106 leucócitos/mL
< 103 bactérias/mL
>106 leucócitos/mL
< 103 bactérias/mL
>106 leucócitos/mL
> 103 bactérias/mL
Baixa produção láctea
Intumescimento
Aumento da severidade
dos sintomas:
Intumescimento,
vermelhidão, calor
Aumento da severidade
dos sintomas:
Intumescimento,
vermelhidão, calor, dor
Duração
aproximadamente 2 dias
Duração
aproximadamente 5 dias Duração maior que 5 dias
Cura sem uso de
medicação
Cura sem uso de
medicação
Cura com uso de
medicação
Ocorrência durante a 1a
semana da lactação
Ocorrência na 1a semana
da lactação ou após
Ocorrência na 1a semana
da lactação ou após
ESTASE LÁCTEA
INFLAMAÇÃO DA
GLÂNDULA MAMÁRIA
MASTITE NÃO
INFECCIOSA
MASTITE INFECCIOSA
Quadro III: Classificação das intercorrências mamárias. segundo o critério de
Thomsen, Hansen & Møller (1983).
70
A utilização de antimicrobianos, até duas semanas precedentes ao
período da pesquisa, foi definido como critério de exclusão para o grupo de
casos, devido a grande probabilidade de esta conduta contribuir para a
diminuição do número de células bacterianas no leite, o que implicaria na
redução da probabilidade de recuperação de S. aureus e a caracterização do
quadro de mastite infecciosa. Lactantes cujo filho tivesse ido a óbito,
estivessem internados ou por algum outro motivo não estivessem
amamentando ao seio, também foram excluídas.
5.6 - Processo de seleção dos controles
A seleção de controles foi realizada após o início da seleção dos casos
sendo que alguns controles foram selecionados após a totalização das 44
mulheres do grupo caso.
Para cada caso foram escolhidos dois controles pré-selecionados entre
as lactantes assistidas no BLH/IFF durante o pós-parto sem sinais ou sintomas
de mastite infecciosa ao exame físico.
A inclusão definitiva no grupo controle ocorreu após a análise
microbiológica para a detecção de S. aureus e determinação do numero de
unidades formadoras de colônias/mL (UFC/mL) no LHO, coletado no momento
do atendimento. Foram classificadas como grupo controle as lactantes que
apresentaram no LHO níveis de S. aureus inferiores a 103 UFC/mL.
A utilização de qualquer antimicrobiano, até duas semanas precedentes
ao período da pesquisa, foi definido como critério de exclusão, assim como
71
aquelas que o filho tivesse ido a óbito ou por alguma razão não estivessem
amamentando.
5.7 - Validação do instrumento
Para um melhor conhecimento do contexto de realização da pesquisa e
aprimoramento do questionário (Apêndice II) foi realizado, dois meses antes do
início da seleção dos grupos, um estudo piloto. Um total de 5 profissionais
representados por enfermeiras, auxiliares de enfermagem e residentes do
BLH/IFF responsáveis pelo atendimento as lactantes, participaram desta etapa,
Posteriormente, foi possível validar o instrumento para a coleta de dados
e avaliar sua aceitação principalmente com relação ao tempo de aplicação o
que poderia tornar esta etapa cansativa e desinteressante para as lactantes.
5.8 - Aspectos éticos
O projeto foi elaborado com base na Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde – MS e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
IFF/FIOCRUZ.
Foram prestados esclarecimentos sobre a importância e os objetivos da
pesquisa, dos procedimentos de coleta das amostras para análise laboratorial e
sobre o conteúdo da entrevista. Foi informado a cada participante o direito de
receber respostas ou esclarecimentos sobre os procedimentos, benefícios e
outros assuntos relacionados à pesquisa, tendo cada uma a liberdade para se
recusar a participar assim como, para retirar seu consentimento a qualquer
momento sem risco de sofrer penalidades, prejuízos ou perdas de qualquer
benefício adquirido ou interferência no seu atendimento nesta instituição.
72
As coletas de amostras de LH, dos "swabs" para a pesquisa de
portadoras e a entrevista foram realizadas após a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido apresentado às participantes (Apêndice II).
As lactantes com complicações advindas da mastite e que foram
encaminhadas ao Departamento de Ginecologia da Instituição para intervenção
cirúrgica só foram entrevistadas 24 horas após a realização dos procedimentos
de intervenção.
Também foi informado à cada participante sobre o caráter confidencial
das informações relacionadas aos resultados dos seus exames e a identidade
das participantes. Os dados obtidos foram registrados com acesso limitado
apenas àqueles diretamente envolvidos na pesquisa.
5.9 - Avaliação clínica das lactantes e coleta de amostras para análise
laboratorial
Após sua chegada ao BLH/IFF e preenchimento da ficha de
identificação, cada lactante foi encaminhada ao consultório médico ou a sala de
ordenha para atendimento pela equipe de saúde composta por enfermeiras,
auxiliares de enfermagem e residentes, sendo avaliadas clinicamente por estes
profissionais através da anamnese e do exame físico. Coube a estes
profissionais a coleta do leite por ordenha manual ou com o uso de bombas
manuais ou elétricas. As entrevistas e coleta das amostras a partir do sítio de
colonização para a detecção de portadoras de S. aureus foi realizada pela
responsável pela pesquisa.
73
Os espécimes para análise microbiológica foram obtidos a partir de
amostras de LHO e de 4 sítios anatômicos: narinas anteriores, orofaringe,
mãos e axilas.
5.9.1- Procedimentos de higienização e paramentação das lactantes
(pré-coleta):
As lactantes selecionadas foram encaminhadas à sala de higienização
sendo orientadas de acordo com as normas e rotinas adotadas como diretrizes
operacionais estabelecidas pelo Ministério de Saúde (Brasil, 1993) as quais
são semelhantes ao que é recomendado pela Associação Americana de
Bancos de Leite Humano (Arnold e Tully, 1998).
5.9.2 - Procedimentos para a coleta do LH
A coleta do LHO, das lactantes selecionadas, foi realizada na sala de
ordenha localizada no próprio BLH/IFF. Um volume de 2,0 mL de LH foi
ordenhado por expressão manual ou com auxílio de bombas esterilizadas
manuais ou elétricas e transferidos para tubos de ensaio esterilizados, que
foram acondicionados em caixas isotérmicas e transportados imediatamente ao
Laboratório para processamento e análise microbiológica.
5.9.3 - Procedimentos para coleta de espécimes a partir dos sítios
anatômicos:
Para a coleta das amostras foram utilizados "swabs" descartáveis
estéreis umedecidos em solução salina estéril (NaCl 0,85%, p/v).
74
Procedimentos:
• Espécimes das mãos – A mão da lactante para a coleta de amostras
foi escolhida a partir da observação de sua mão dominante, ou
melhor, de sua habilidade no uso das mãos (direita ou esquerda)
sendo escolhido lado dominante.
O “swab” era deslocado do punho até a extremidade de cada um dos
dedos, três vezes (ida e volta). Terminados estes movimentos,
contornou-se ao redor da mão, partindo do mesmo ponto do punho,
passando por entre os dedos e retornando ao ponto de partida.
• Espécimes da narina anterior: O “swab” foi introduzido em ambas
as narinas anteriores e friccionado suavemente, na parede interna,
com movimentos rotatórios (5 vezes).
• Espécimes de orofaringe: O “swab” foi introduzido na cavidade bucal
da paciente e, com o uso de abaixador de língua, sendo friccionado
em ambos os lados da parede da faringe e na superfície das
amídalas.
• Espécimes de axilas: O “swab” foi friccionado suavemente em toda a
extensão da axila através de movimentos de ida e volta.
5.10 - Coleta de dados sócio-demográficos, condições de saúde e
conduta de amamentação
As lactantes selecionadas para o estudo foram entrevistadas objetivando
a coleta de informações sobre as características demográficas, sócio-
econômicas, condições de saúde e aspectos referentes aos procedimentos de
amamentação.
75
Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário de perguntas
fechadas dividido em duas partes: Grupo I – elaborado com perguntas
referentes aos aspectos demográficos, econômicos, sociais e culturais; Grupo
II – elaborado com perguntas referentes aos aspectos biológicos e
comportamentais da lactante durante a amamentação (Apêndice I).
As variáveis externas, avaliadas no Grupo I e que poderiam influenciar
sobre a associação principal (exposição-doença), foram assim categorizadas:
Idade: em anos
Raça: foi utilizado o critério de autodenominação da cor da pele em
opções fechadas: branco, negro, pardo e outro;
Estado civil: em união, solteira, separada e outro;
Escolaridade: de acordo com o grau escolar cursado em – fundamental
completo, fundamental incompleto, ensino médio incompleto, ensino
médio completo, ensino superior completo, ensino superior incompleto,
pós-graduação completo e pós-graduação incompleto;
Jornada de trabalho fora do lar: considerou-se o tempo em horas de
ocupação profissional – 20 horas (meio expediente), 40 horas
(expediente integral), acima de 40 horas e sem ocupação profissional
fora do lar (mulheres que não trabalham fora do lar);
Renda familiar: foram contabilizadas todas as formas de obtenção de
recursos financeiros, sendo consideradas as formas informais ou de
empregos temporários nos últimos seis meses de todos os membros da
família que participassem do orçamento familiar (seis categorias em
número de salários-mínimos);
76
Paridade: foi considerado o número de partos pelo número de filhos
nascidos vivos ou mortos;
Gestações: número de vezes que a mulher engravidou independente da
gravidez ter sido completada e seu filho ter nascido vivo ou morto;
Tipo de parto: três categorias - parto normal, cesariana ou fórceps
Local do parto: foram consideradas duas categorias de rede de
atendimento à saúde: pública e privada, independente se a rede pública
era municipal , estadual ou federal;
Presença de BLH: sim ou não;
Tempo de permanência no hospital: em dias, sendo considerado o
tempo que a mãe e a criança permaneceu no hospital incluindo o dia de
entrada até o dia de alta;
Total de crianças que vive com a mãe: número de crianças que vivem
junto com a família independente de ser filho natural, mas que esteja
sob a responsabilidade da lactante;
Tabagismo e etilismo: foram categorizadas em grupos: fumantes/não
fumantes, bebem/não bebem, sendo classificadas nos grupos de não
fumantes e não bebem tanto aquelas que não tinham o hábito quanto as
que o interromperam durante a gravidez;
Estresse: foram consideradas duas variáveis para avaliar o estado de
cansaço da lactante através do apoio para realização das tarefas
domesticas (sim/não) e a disponibilidade de descansar durante o dia
com cochilos diários (sim/não);
77
Uso de medicamentos: refere-se ao uso de medicamentos nas duas
semanas precedentes a entrevista – analgésicos, vitaminas, antibiótico,
antifúngico.
As variáveis investigadas no grupo II do questionário, relacionadas as
características de saúde da lactante e procedimentos durante a amamentação
foram assim categorizadas:
Estado clínico: ausência de sinais e sintomas de mastite, abscesso,
celulite e ingurgitamento;
Localização e região afetada: foi considerada, a localização dos sinais e
sintomas de mastite, nas lactantes com quadro clínico de infecção
mamária: mama direita, mama esquerda e bilateral sendo verificada a
região afetada: quadrante superior externo, quadrante superior interno,
quadrante inferior externo e quadrante inferior interno;
Sintomas locais: categorias - dor, calor, edema e vermelhidão; o
sintoma dor quando relatado foi relacionado ao ato de amamentação 3
categorias – quando amamenta, quando não amamenta e o tempo todo;
Sintomas sistêmicos: refere-se aos sintomas relatados pela lactante nas
últimas 48 horas anterior a entrevista, categorizados em - náuseas,
vômitos, dor muscular, calafrio, cefaléia, fadiga e febre;
Presença de fissuras ou rachaduras no mamilo: sim/não;
Uso de pomadas:sim/não e qual? _____________________________
História anterior de mastite: considerado o relato de acometimento pela
doença durante a amamentação de outros filhos ou mesmo da criança
em atual processo de amamentação – sim/não ou nunca amamentou;
78
Freqüência de mamada: número de mamadas realizadas no período de
24 horas - <6, 7-9, >10 e sem padrão para as lactantes que não
conseguiram estabelecer uma rotina de mamada;
Duração da mamada: em minutos - <10, 11-20, 21-30, >30 e sem
padrão para as lactantes que não conseguiram estabelecer uma rotina
de mamada;
Uso de mamadeira: para mulheres que além de estarem amamentando
ao peito faziam complementação com leite artificial
Alternância no uso da mama durante as mamadas: foi considerada a
mama escolhida a cada nova mamada para avaliação do padrão de
esvaziamento do seio – não/sim
Realização de ordenha: considerado a realização de ordenha para
esvaziamento da mama e o tipo de mecanismo empregado – sim/não,
em caso afirmativo: com as mãos, bomba manual ou bomba elétrica;
Higiene da mama: considerado o uso de produtos e materiais durante o
período anterior e posterior ao ato de amamentação – sim (realiza) ou
não (não realiza) e em caso afirmativo os produtos e materiais
empregados pela lactante
Protetor de seio: avaliada a utilização de protetores de seio
comercializados para esta finalidade ou outros alternativos durante o
período em que a lactante não está amamentando – concha, protetor
absorvente, fralda ou não utiliza
Condutas adotadas durante o período de amamentação: parou de usar a
mama afetada, parou de amamentar, amamenta com a mama afetada
primeiro (em caso de mastite), aumentou o nº de mamadas, diminuiu o
79
nº de mamadas, uso de compressa quente, uso de compressa fria,; uso
de casca de fruta ou nenhuma modificação nos hábitos de
amamentação;
Tipo e número de posições usadas durante a amamentação: (credle,
austra-
liana, deitada e futebol)
5.11 - Isolamento de S. aureus
Os "swabs" referentes aos espécimes obtidos a partir das narinas
anteriores, orofaringe, axilas e mãos foram inoculados individualmente em BHI
(Brain Heart Infusion; Oxoid) e incubados a 370C por 48 horas visando à
recuperação das células de S. aureus (enriquecimento não-seletivo).
Após incubação, uma alçada do crescimento bacteriano foi semeada por
esgotamento na superfície de placas contendo Agar Manitol Salgado (AMS-
Oxoid) e incubadas a 370 C por 48 horas.
Para o isolamento de S. aureus a partir dos espécimes de LHO, uma
alíquota de 0,1 mL do LHO e de suas diluições apropriadas foram semeadas
por meio de distensão, na superfície de placas contendo Agar Baird-Parker
(ABP-Oxoid) , com auxílio de alça de Drigalski e incubadas a 350C por 24 a 48
horas.
A partir do crescimento nas placas de Agar Manitol Salgado,
correspondente a cada sítio anatômico investigado, foram selecionadas cinco
colônias com características de S. aureus, ou seja, com um diâmetro maior ou
igual a 1,0 mm, amareladas e/ou com halo amarelo circundante (Koneman et
al., 1994).
80
A partir do crescimento observado nas placas de Agar Baird-Parker
foram selecionadas cinco colônias com características de S. aureus, isto é:
coloração negra brilhante, forma arredondada, convexa, com bordos
irregulares, circundadas por um halo transparente, contrastando com o meio
originalmente opaco (ABNT, 1991; Speck, 1992).
Cada colônia selecionada foi semeada individualmente pela técnica de
estrias compostas, em placas contendo Ágar Nutriente (“Nutrient Agar" – BBL)
e incubada a 370C por 24 horas, para a confirmação da pureza das culturas e
continuidade dos testes.
5.12 - Manutenção das culturas de S. aureus
Todas as estirpes isoladas foram cultivadas em TSB (“Trypticase Soy
Broth”; Oxoid), e após crescimento a 35°C por 18 horas, foi adicionado glicerol
estéril (concentração final de 12% em NaCl 0,85%). Cada estirpe foi mantida
em duplicata a -20°C, até o momento da identificação.
5.13 - Identificação das estirpes
Para a identificação de S. aureus foram empregados testes fenotípicos
de acordo com os critérios estabelecidos por Mac Faddin (1980). Durante esta
etapa de identificação foram utilizadas, como controle de qualidade dos meios
de cultura e reagentes empregados. cepas padrão provenientes da “American
Type Culture Collection”: S. aureus ATCC-25923, S. epidermidis ATCC-12228
e Enterococcus faecalis ATCC-19433, obtidas junto ao Instituto Nacional de
Controle de Qualidade da FIOCRUZ (INCQS/FIOCRUZ),
81
5.13.1 Morfologia celular
A morfologia foi observada a partir de um crescimento recente (máximo
de 24 horas) em Agar Nutriente através de esfregaços em lâminas de
microscopia corados pelo método de Gram. Foram caracterizadas como
estafilococos as culturas constituídas por cocos, agrupados em arranjos
irregulares característicos, corados em roxo (Gram positivo).
5.13.2 Teste para pesquisa da enzima catalase
A pesquisa da produção da enzima catalase foi realizada através de
teste em lâmina, nas culturas identificadas como cocos em arranjos irregulares,
Gram positivos. Para tal, foi depositada sobre uma lâmina de microscopia, uma
gota da suspensão bacteriana homogênea, sobre a qual foi adicionada uma
gota de solução de peróxido de hidrogênio a 3% (v/v). A formação de bolhas de
O2 indicou teste positivo (Mac Faddin, 1980).
5.13.3 Teste para pesquisa da enzima coagulase
Para a detecção da atividade da enzima coagulase pelas culturas
catalase positivas, foi utilizado um crescimento obtido em BHI, incubado a
35°C, por 24 horas. Uma alíquota de 0,2 mL de cada cultura foi adicionada de
0,5 mL de plasma de coelho, acrescido de etileno-diamina-tetra-acetato (EDTA
a 1%; p/v) e diluído a 1:5 em solução salina (0,85% de NaCl em água; p/v).
Paralelamente, foram inoculados 0,2 mL de BHI num tubo contendo
plasma de coelho com EDTA, diluído 1/5 em salina, como controle negativo da
reação. O controle positivo foi obtido utilizando-se uma cepa padrão de S.
82
aureus (ATCC 25923). Durante a incubação a 35°C, os tubos foram
observados quanto à formação de coágulo a cada 1 hora até a 8ª hora e
finalmente após 24 horas. Os tubos que apresentarem formação de coágulo
foram considerados positivos, de acordo com Sperber e Tatin (1975).
5.14 - Teste de sensibilidade aos antimicrobianos:
Os testes de sensibilidade a drogas foram realizados pela técnica de
difusão em meio sólido com discos impregnados com antimicrobianos, usando
os procedimentos padronizados pelo Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI, 2006). As cepas de S. aureus isoladas, foram cultivadas em 3
mL de TSB por 18 horas a 35°C. A partir dessa cultura, um inóculo com
densidade semelhante a do tubo 0,5 da escala de McFarland (107 – 108
UFC/mL), foi espalhado com auxílio de um "swab" estéril na superfície de
placas contendo Agar Mueller-Hinton (Merck).
Discos contendo antimicrobianos foram aplicados sobre a superfície
semeada e as placas foram incubadas por 18 horas a 35°C para aferição dos
halos de inibição de crescimento. Os seguintes antimicrobianos foram
testados: oxacilina 1µg; penicilina 10U, clindamicina 2 µg; cloranfenicol 30 µg;
ciprofloxacina 5 µg; eritromicina 15 µg; tetraciclina, 30 µg; rifampicina, 5 µg
cefepima, 30 µg; gentamicina 10 µg, sulfametoxazol 23,75 µg - trimetoprim 1.25
µg; vancomicina 30 µg, fabricados pela Laborclin e mupirocina 5 µg (Cefar). A
cepa de S. aureus ATCC 25923 foi utilizada como controle dos testes.
Para a confirmação da resistência a meticilina foram utilizados discos de
cefoxitina 30 µg (Cefar) segundo as orientações do (CLSI, 2006).
83
5.15 - Análise dos resultados
Os dados obtidos a partir da aplicação do questionário foram analisados
para a caracterização da amostra de lactantes selecionadas nos dois grupos
utilizando-se o cálculo de freqüências para cada variável estudada.
A avaliação do papel do acaso se fundamentou em testes de
significância estatística (determinação de valor p). O valor p estima
quantitativamente a probabilidade dos resultados observados entre os grupos
caso e controle deverem-se apenas ao acaso e não às variáveis analisadas.
Foram considerados como significantes valores iguais ou menores de 5% (p ≤
0.5), isto significa, no máximo, cinco chances em cem de um resultado ter
ocorrido por acaso.
Deste modo, foi avaliada a correlação entre as proporções de cada
variável estudada e as proporções observadas entre portadoras de S. aureus
nas lactantes com e sem mastite através do valor p a um nível de significância
de 95%. Os cálculos foram realizados a partir das informações cadastradas no
banco de dados do EpiInfo 2002.
As diferenças entre o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos das
cepas isoladas foram comparadas através da determinação do percentual de
resistência de cada droga nos dois grupos.
84
6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o processo inicial de recrutamento das lactantes, para entrevista
e coleta de material para análise microbiológica, um total de 157 mulheres foi
selecionado, sendo 66 lactantes pertencentes ao grupo caso e 91 ao grupo
controle. Após serem aplicados os critérios de inclusão e exclusão
especificados, e atingido o tamanho amostral calculado, a composição final da
amostra de estudo ficou caracterizada por 44 lactantes incluídas no grupo caso
e 88 lactantes incluídas no grupo controle. Para um maior conhecimento deste
processo de formação da população de estudo, as razões de exclusões e
perdas de pacientes foram descritas na Tabela 2.
Tabela 2: Motivos das exclusões e perdas durante o processo de seleção da
população de estudo.
Motivo de Exclusão Grupo caso
n = 66 (%)
Grupo Controle
n = 91 (%)
Diagnóstico clínico de mastite associado ao diagnóstico laboratorial de mastite por Staphylococcus coagulase negativa
12 (18,2) -
Não preencheu o questionário 01 (1,5) 01 (1,1)
Ausência de crescimento nas placas de Baird-Parker
07 (10,6) -
Perda da amostra de "swab" 01 (1,5) -
Criança foi a óbito (inibição da lactação) - 01 (1,1) Criança internada (não estava mamando ao seio)
- 01 (1,1)
Uso de antibiótico 01 (1,5) -
Amostra final de estudo 44 (66,7) 88 (96,7)
85
Ao observarmos os dois principais motivos de exclusão das pacientes ,
pré-selecionadas para o grupo caso, após a anamnese e o diagnóstico clínico,
pela equipe de assistência do BLH/IFF, concluímos que em 19 dos 66 casos
(28,8%) a doença não estava associados a S. aureus. Do total de exclusões,
12 (18,2%) foram identificadas como mastite puerperal por estafilococos
coagulase negativa e 07 (10,6%) apresentaram cultura negativa para
S. aureus. Atribui-se o não crescimento bacteriano, à presença de outras
espécies microbianas que não poderiam ser isoladas em função da
metodologia empregada, uma vez que o meio de cultura - Agar Baird-Parker,
utilizado para contagem de bactérias no LHO é específico para o isolamento de
estafilococos.
Embora várias espécies de microrganismos possam estar associadas à
mastite, é consenso que S.aureus constitui o principal agente etiológico da
infecção (Pereira et al., 1995; Osterman e Rahm, 2000; Salles et al., 2000;
Amir, 2002). A elevada incidência desta espécie frente aos demais
microrganismos norteou, ao longo do tempo, os profissionais de saúde para a
adoção do tratamento empírico e práticas de assistência as puérperas, com
sintomas de mastite, baseadas principalmente senão, unicamente, no
diagnóstico clínico.
Segundo Thomsen, Hansen e Møller (1983) é impossível assegurar,
somente a partir dos sinais clínicos, se há ou não infecção, uma vez que os
sintomas inflamatórios ocorrem freqüentemente nas mamas durante a primeira
semana do período lactacional o que dificulta o diagnóstico clínico preciso da
mastite infecciosa.
86
Os resultados obtidos na contagem do número de unidades formadoras
de colônias por mililitro do LHO (UFC/mL) de lactantes com e sem mastite
estão representados respectivamente, nas Tabelas 3 e 4.
Tabela 3: Contagem do Número de Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de LHO das lactantes com mastite puerperal (grupo caso).
AMOSTRA PACIENTE n0 UFC ⁄ mL
01 04 1,8 x 105
02 07 1,3 x 104 03 09 2,2 x 105 04 10 1,0 x 104 05 11 7,3 x 105 06 12 5,2 x 104 07 14 2,8 x 104 08 15 1,3 x 104 09 16 3,0 x 105 10 18 1,2 x 106 11 19 1,1 x 105 12 20 7,0 x 105 13 21 7,6 x 104 14 22 5,0 x 104 15 24 1,3 x 104 16 26 1,4 x 105 17 27 5,5 x 104 18 28 4,0 x 104 19 29 1,3 x 103 20 31 2,3 x 103 21 32 3,0 x 104 22 35 2,3 x 105 23 36 1,9 x 105 24 37 3,8 x 104 25 38 5,0 x 104 26 39 3,3 x 105 27 40 2,9 x 108 28 41 1,4 x 104 29 42 1,2 x 103 30 43 5,6 x 104 31 45 9,9 x 103
87
32 46 2,3 x 105 33 47 1,1 x 104 34 49 1,5 x 103 35 51 4,5 x 103 36 52 1,6 x 104 37 53 2,9 x 105 38 54 4,4 x 103 39 55 4,4 x 103 40 56 1,2 x 103 41 57 3,4 x 103 42 63 5,7 x 105 43 68 1,9 x 103 44 64 4,5 x 105
Tabela 4: Contagem do Número de Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de LHO das lactantes sem mastite puerperal (grupo controle).
AMOSTRA PACIENTE n0 UFC ⁄ ML
01 01 7,0 x 102
02 06 2,0 x 102 03 08 2,2 x 101 04 11 1,0 x 102 05 20 5,0 x 101 06 24 1,0 x 101 07 26 8,4 x 101 08 30 1,3 x 102 09 55 3,0 x 101 10 56 1,2 x 102 11 58 1,1 x 101 12 78 1,0 x 101 13 85 8,0 x 101
Os níveis de contaminação por S. aureus nas amostras de LHO
pertencentes ao grupo caso variaram entre 103 e 108 UFC/mL. Observou-se
que 95,5% (42/44) das amostras de leite apresentaram contagens variando de
103 a 105 UFC/mL. Em apenas 4,5% (02/44) das amostras de LH, as contagens
88
foram superiores a 106 UFC/mL. Um total de 25% (11/44) das amostras de
LHO de lactantes com mastite apresentaram contagens >103 e <104 UFC/mL,
indicando que seriam aceitas pelos critérios bacteriológicos recomendáveis
para LHO não pasteurizado, empregados nos EUA (Arnold & Tully, 1998). No
grupo controle, em 14,8% das amostras de LHO foi detectada a presença de
S. aureus com níveis de contaminação variando entre 101 a 102 UFC/mL.
Os percentuais de isolamento obtidos em LHO de mulheres sem mastite
(14,8%) diferem dos encontrados por Novak (1999), 34,2%, ao analisar 500
amostras de LHO provenientes de cinco regiões geográficas brasileiras.
Nossos dados confirmam os de Carneiro, Queiroz e Merchior (2004) que
detectaram a presença de S aureus em 13,0 % de um total de 54 amostras de
LHO.
Para a caracterização das portadoras de S. aureus , consideramos como
positivas aquelas onde tenha sido detectada a presença do microrganismo em
pelo menos um dos sítios avaliados A freqüência de portadores de S. aureus
no grupo caso foi de 36 em 44 lactantes (81,8%), enquanto no grupo controle
foi de 45 em 88 lactantes (51,1%). A diferença entre os dois grupos foi
estatisticamente significante (p<0,05).
Se considerarmos a presença do microrganismo nas mãos e axilas,
como resultante da disseminação a partir dos sítios de colonização primária
(narina e orofaringe), como sugerem alguns autores (Munch-Petersen, 1961;
Williams, 1963; Cardoso, Teixeira e Gontijo Filho, 1988; Raddi, Leite e
Mendonça, 1988), os resultados não sofrerão alteração significativa: 35 em 44
(79,5%) no grupo caso e 38 em 88 (43,2%) no grupo controle (p<0,05).
89
A freqüência de isolamento, a partir de cada sítio, indicou que o principal
sítio de colonização em ambos os grupos foi à narina; seguida da orofaringe e
mão (Tabela 5). No grupo caso, 77,8% (28/36) das lactantes apresentaram o
microrganismo em dois ou mais sítios simultaneamente.
Tabela 5: Culturas positivas para S. aureus em LHO e nos sítios de colonização nos grupos caso e controle.
.
O estado de portador de S. aureus em mulheres lactantes e sua
associação com o desenvolvimento de mastite tem sido sugerido por vários
autores (Amir, L. 2002; Foxman, et al., 2002;). O isolamento de S. aureus
(MRSA) na narina e em LHO de uma lactante com mastite, e
concomitantemente, na narina de seus três filhos e no sangue do quarto filho
que foi a óbito, levantou fortes evidências sobre a rota de transmissão da
mastite.
Em revisão da literatura, encontrou-se um único trabalho (Amir, Garland
e Lumley, 2006) sobre o tema, no qual os autores realizaram um estudo caso
SITIO DE COLONIZAÇÃO
GRUPO CASO
n (44) %
GRUPO CONTROLE
n (88) % p-valor
LHO 44 100 13 14,8 < 0,005
NARINA 30 68,2 22 25,0 < 0,005
OROFARINGE 17 37,2 17 19,3 < 0,005
MÃO 15 34,0 17 19,3 < 0,005
AXILA 10 22,7 04 4,5 < 0,005
90
controle com a finalidade de verificar o papel da colonização materna por
S. aureus e o desenvolvimento da mastite. Ao contrário dos nossos resultados,
não foi verificada diferença estatisticamente significativa entre a colonização
nasal de lactantes e o desenvolvimento da doença. Por outro lado, uma forte
associação foi observada entre a colonização nasal dos lactentes de mães do
grupo caso em relação ao grupo controle.
Algumas considerações deverão ser feitas sobre a pesquisa de Amir,
Garland e Lumley (2006). S. aureus foi isolado na narina de 43% das mulheres
com mastite e 46% das mulheres sem mastite. Além de não se observar
referência ao uso de enriquecimento não seletivo na etapa de cultivo dos
“swabs”, o meio de cultura empregado, Agar Manitol Salgado, não é indicado
para o isolamento deste microrganismo a partir de amostras de alimentos, mas
sim, para a pesquisa de portadores, o que não se aplicaria a pesquisa deste
microrganismo no leite.
Nesta Tese, a pesquisa de portadores de S. aureus foi realizada também
com “swabs” umedecidos, contudo para aumentar a probabilidade de
isolamento do microrganismo, todos os “swabs” foram submetidos a um pré-
enriquecimento não seletivo em BHI por 24 horas a 35ºC, antes de serem
semeados em Agar Manitol Salgado. Este procedimento, segundo Parras e
colaboradores (1995), aumenta em cerca de 50% a capacidade de detecção de
S. aureus em portadores saudáveis.
Para Lawrence e Lawrence (2005) e Barbosa-Cesnik, Schwartz e
Foxman (2003) a colonização dos mamilos pode ser determinada antes da
lactante deixar o hospital ou a partir da colonização nasal ou da pele.
91
A partir das amostras de LHO e dos “swabs” de narina, orofaringe, mãos
e axilas, obtidos em ambos os grupos, considerando-se as placas que
apresentaram crescimento bacteriano, foi isolado um total de 1.490 colônias
típicas de S. aureus. Após a realização dos testes convencionais de
identificação fenotípica, foi obtida uma coleção de 699 culturas de S. aureus.
Todas as 699 culturas isoladas foram avaliadas através da técnica de
difusão em ágar para a caracterização do perfil de sensibilidade aos 14
antimicrobianos selecionados. Considerando os resultados observados neste
teste e o sítio de origem das amostras foram caracterizadas 364 cepas de
S. aureus, sendo 266 cepas pertencentes ao grupo caso (Tabela 6) e 98 cepas
do grupo controle (Tabela 7).
Tabela 6 : Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de S. aureus isolados no grupo caso (n=266).
Perfil de
sensibilidadea
Antimicrobianos b
OXA PEN ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET MUP CFO
S 223 34 100 229 236 266 206 257 241 151 257 216 256 236
R 43 232 63 17 30 0 39 8 9 59 9 44 10 30
I 0 0 103 20 0 0 21 1 16 56 0 6 0 0
a S = sensível R = resistente I = intermediária
bCLI,Clindamicina (2µg); MUP, Mupirocina (5µg); VAN, Vancomicina (30µg); SUT, Sulfametoxazol
(23,75µg)-trimetoprim (1,25µg); CIP, Ciprofloxacina (5µg); CLO, Cloranfenicol (30µg); GEN, Gentamicina (10µg); OXA, Oxacilina (1µg); PEN, Penicilina (10U); TET, Tetraciclina (30µg), ERI, Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
Tabela 7: Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de controle (n=98).
a,b idem a Tabela 6,
O total de cepas de
sensibilidade aos antimicrobianos
resistência às drogas entre as cepas isoladas
sítios de colonização de um
Os Gráficos 1 e 2
observados nos grupos caso e controle, respectivamente.
Gráfico 1: Perfil de sensibilidade
no grupo caso (%)
aCLI,Clindamicina (2µg); MUP, Mupiroc
(23,75µg)-trimetoprim (1,25µg); CIP, Ciprofloxacina (5(10µg); OXA, Oxacilina (1µg); PRIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
0
20
40
60
80
100
OXA PEN ERI CLI
Perfil de
sensibilidadea
OXA PEN
S 84 12
R 14 86
I 0 0
Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de S. aureus
cepas de S. aureus caracterizadas através do perfil de
sensibilidade aos antimicrobianos (n = 364) indicou uma ampla variação
entre as cepas isoladas, tanto a partir de LHO quanto dos
de uma mesma lactante.
ráficos 1 e 2 representam os percentuais de sensibilidade
observados nos grupos caso e controle, respectivamente.
Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos* de S. aureus
g); MUP, Mupirocina (5µg); VAN, Vancomicina (30µg); SUg); CIP, Ciprofloxacina (5µg); CLO, Cloranfenicol (30µg); G
g); PEN, Penicilina (10U); TET, Tetraciclina (30µg), ERI, Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET
Antimicrobianosb
ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN
59 93 94 98 82 90 97 92
17 5 4 0 9 8 1 4
22 0 0 0 7 0 0 2
92
S. aureus isolados no grupo
através do perfil de
uma ampla variação de
tanto a partir de LHO quanto dos
representam os percentuais de sensibilidade
S. aureus isolados
UT, Sulfametoxazol µg); GEN, Gentamicina
, ERI, Eritromicina (15µg);
TET MUP CFO
S
R
I
GEN RIF TET MUP CFO
94 92 90 91
2 6 8 7
2 0 0 0
Gráfico 2: Perfil de sensibilidade aos antimicrobianosno grupo controle (%).
aCLI,Clindamicina (2µg); MUP, Mupiroc
(23,75µg)-trimetoprim (1,25µGentamicina (10µg); OXA, Oxacilina Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
Cerca de 87% das cepas
penicilina e 100% foram sensíveis a v
antimicrobianos analisados foi observado um maior percentual de resistência
entre as cepas isoladas do grupo caso, com exceção para cloranfenicol e
mupirocina, quando comparado ao grupo controle, dentre os quais
destacam: sulfametoxazol
Estas diferenças ficam mais evidentes se associarmos as cepas com
perfil intermediário de sensibilidade, uma vez que na prática clínica
se este resultado como indicativo de re
No grupo caso, 155 (59,3%) cepas apresentaram resistência à pelo
menos dois antimicrobianos e duas foram
antimicrobianos testados. No grupo controle, 36 (36,7%) cepas apresentaram
Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos* de S. aureus
no grupo controle (%).
g); MUP, Mupirocina (5µg); VAN, Vancomicina (30µg); SUT, Sulfametoxazol trimetoprim (1,25µg); CIP, Ciprofloxacina (5µg); CLO, Cloranfenicol (30
, Oxacilina (1µg); PEN, Penicilina (10U); TET, Tetraciclina (30Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
Cerca de 87% das cepas, em ambos os grupos, foram resistentes à
penicilina e 100% foram sensíveis a vancomicina. Com relação aos demais
antimicrobianos analisados foi observado um maior percentual de resistência
entre as cepas isoladas do grupo caso, com exceção para cloranfenicol e
mupirocina, quando comparado ao grupo controle, dentre os quais
: sulfametoxazol-trimetoprim, cefepima, gentamicina e tetraciclina.
Estas diferenças ficam mais evidentes se associarmos as cepas com
perfil intermediário de sensibilidade, uma vez que na prática clínica
se este resultado como indicativo de resistência (Gráfico 3).
No grupo caso, 155 (59,3%) cepas apresentaram resistência à pelo
menos dois antimicrobianos e duas foram resistentes a oito dos catorze
antimicrobianos testados. No grupo controle, 36 (36,7%) cepas apresentaram
93
S. aureus isolados
T, Sulfametoxazol O, Cloranfenicol (30µg); GEN,
, Tetraciclina (30µg), ERI, Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
foram resistentes à
ancomicina. Com relação aos demais
antimicrobianos analisados foi observado um maior percentual de resistência
entre as cepas isoladas do grupo caso, com exceção para cloranfenicol e
mupirocina, quando comparado ao grupo controle, dentre os quais se
trimetoprim, cefepima, gentamicina e tetraciclina.
Estas diferenças ficam mais evidentes se associarmos as cepas com
perfil intermediário de sensibilidade, uma vez que na prática clínica, considera-
No grupo caso, 155 (59,3%) cepas apresentaram resistência à pelo
resistentes a oito dos catorze
antimicrobianos testados. No grupo controle, 36 (36,7%) cepas apresentaram
resistência a pelo menos dois antimicrobianos e duas foram resistente
antimicrobianos simultaneamente
Gráfico 3: Percentualantimicrobianos de S. aureus
aCLI,Clindamicina (2µg);
Sulfametoxazol (23,75µg)-trimetoprim (1,25(30µg); GEN, Gentamicina (10(30µg), ERI, Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
Nossos resultados diferem dos dados de Carneiro e colaboradores
(2004), que verificaram elevados níveis de resistência para penicilina (100%),
cloranfenicol (100%), gentamicina (85,7%) e ofloxacin
isolados de LHO obtidos
destacar que, nesta pesquisa somente sete cepas de
avaliadas, tendo sido isoladas de am
de saúde da lactante.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
os dois antimicrobianos e duas foram resistente
neamente.
Percentual de resistência e resistência intermediária aos S. aureus isolados no grupo caso e controle (%).
g); MUP, Mupirocina (5µg); VAN, Vancomicina (30trimetoprim (1,25µg); CIP, Ciprofloxacina (5µg); CLO, Cloranfenicol
N, Gentamicina (10µg); OXA, Oxacilina (1µg); PEN, Penicilina (10U); TETritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima
Nossos resultados diferem dos dados de Carneiro e colaboradores
que verificaram elevados níveis de resistência para penicilina (100%),
%), gentamicina (85,7%) e ofloxacina (85,7%) em
s de um Hospital Universitário no Rio de Janeiro. Cabe
nesta pesquisa somente sete cepas de S. aureus
tendo sido isoladas de amostras de LHO sem referência ao estado
94
os dois antimicrobianos e duas foram resistentes a oito
esistência e resistência intermediária aos isolados no grupo caso e controle (%).
, Vancomicina (30µg); SUT, O, Cloranfenicol
EN, Penicilina (10U); TET, Tetraciclina ritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima
Nossos resultados diferem dos dados de Carneiro e colaboradores
que verificaram elevados níveis de resistência para penicilina (100%),
(85,7%) em S. aureus
de um Hospital Universitário no Rio de Janeiro. Cabe
S. aureus foram
ncia ao estado
CASO
CONTROLE
95
Nesta Tese, optamos pelo estudo do perfil de sensibilidade aos
antimicrobianos como marcador epidemiológico, a fim de estabelecer para
cada grupo estudado, uma correlação entre as cepas isoladas do LHO e os
outros sítios de colonização de S.aureus (Tabelas 8, 9, 10, 11 e12). Embora
esta metodologia tivesse sido empregada, ressalta-se a necessidade da
realização de testes moleculares para a caracterização mais precisa destas
correlações.
Tabela 8: Percentual de resistência de S. aureus isolados de LHO nos grupos caso e controle.
Antimicrobianosa
Grupos OXA PEN ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET MUP CFO
CASO (n = 94) 5,3 31,2 6,4 1,5 4,9 - 4,5 1,5 1,5 7,9 1,1 5,3 1,9 3,4
CONTROLE
(n = 18) 4,1 18,4 5,1 2,0 2,0 - 1,0 1,0 - 2,0 - 3,1 3,1 2,0
aCLI,Clindamicina (2µg); MUP, Mupirocina (5µg); VAN, Vancomicina (30µg); SUT, Sulfametoxazol
(23,75µg)-trimetoprim (1,25µg); CIP, Ciprofloxacina (5µg); CLO, Cloranfenicol (30µg); GEN, Gentamicina (10µg); OXA, Oxacilina (1µg); PEN, Penicilina (10U); TET, Tetraciclina (30µg), ERI, Eritromicina (15µg); RIF, Rifampicina (5µg); CFO, Cefoxitina (30µg); CPM, Cefepima (30µg).
Tabela 9: Percentual de resistência de S. aureus isolados das narinas nos grupos caso e controle
Antimicrobianosa
Grupos OXA PEN ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET MUP CFO
CASO (n = 74)
4,5 23,7 7,5 1,9 3,0 - 4,5 1,1 0,8 7,1 1,1 5,3 0,8 3,8
CONTROLE (n = 22)
6,1 27,6 2,0 1,0 2,0 - 3,1 2,0 - - 1,0 1,0 - 4,1
* idem Tabela 8
96
Tabela 10: Percentual de resistência de S. aureus isolados de orofaringe nos grupos caso e controle.
Antimicrobianosa
Grupos OXA PEN ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET MUP CFO
CASO (n = 40)
3,4 13,5 4,9 1,5 1,9 - 2,6 0,4 0,4 1,5 0,8 3,4 0,8 3,0
CONTROLE (n = 22)
2,0 18,4 5,1 - - - 4,1 2,0 1,0 2,0 1,0 - 1,0 1,0
* idem Tabela 8
Tabela 11: Percentual de resistência de S. aureus isolados das mãos nos grupos caso e controle.
Antimicrobianosa
Grupo OXA PEN ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET MUP CFO
CASO
(n = 33)
3,0 10,9 2,6 0,8 0,8 - 3,0 - 0,8 4,5 0,4 0,8 0,4 1,1
CONTROLE (n = 24)
2,0 20,4 5,1 1,0 - - 1,0 3,1 - - - 2,0 3,1 -
* idem Tabela 8
Tabela 12: Percentual de resistência de S. aureus isolados das axilas nos grupos caso e controle.
Antimicrobianosa
Grupo OXA PEN ERI CLI SUT VAN CPM CLO CIP GEN RIF TET MUP CFO
CASO (n = 25)
0,0 7,9 2,3 0,8 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0 1,1 0,0 1,9 0,0 0,0
CONTROLE (n = 4)
0,0 3,1 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0
* idem Tabela 8
97
Com exceção do perfil de sensibilidade para vancomicina, foi observado
no grupo caso que todas as cepas isoladas a partir do leite, narinas e
orofaringe apresentaram resistência a pelo menos um antimicrobiano.
Detectou-se também, um maior índice de resistência no grupo controle apenas
para as cepas isoladas de orofaringe. Provavelmente, estes resultados sejam
justificados pela presença de pressões seletivas devido ao uso de
antimicrobianos cuja ação na cavidade oral seja maior do que em outros sítios.
O amplo perfil de resistência observado deve ser considerado como foco
de atenção na prevenção de infecções estafilocócicas, principalmente se
considerarmos a imaturidade imunológica da população que receberá o LH.
Especial atenção deve ser dada, quanto ao papel da lactante na propagação
da colonização e infecção por Staphylococcus aureus multirresistentes
(MRSA).
Neste estudo, a detecção de MRSA foi realizada de acordo com as
instruções do CLSI (2006) empregando-se discos de oxacilina (1µg), sendo o
teste de confirmação realizado com discos de cefoxitina . Os resultados obtidos
em ambos os testes estão representados nos Gráficos 4 e 5.
Não foram isolados MRSA nas axilas em ambos os grupos e nas mãos
do grupo controle. O principal sítio de colonização por MRSA foi a narina, tanto
no grupo caso quanto no grupo controle. Estes dados merecem atenção, por se
constituir um sítio de colonização primária a partir do qual outros locais são
contaminados.
Gráfico 4: Distribuição de com o teste de difusão em caso.
caso oxa: cepas resistentes a oxacilina (1µg) caso fox: cepas resistentes a cefoxitina (30µg)
Gráfico 5: Distribuição de com o teste de difusão em Agar para oxacilina e cefoxitinacontrole.
controle oxa: cepas resistentes a oxacilina (1µg) controle fox: cepas resistentes a cefoxitina (30µg)
0
1
2
3
4
5
6
leite naso
Distribuição de S. aureus resistentes a meticilina de accom o teste de difusão em ágar para oxacilina e cefoxitina
caso oxa: cepas resistentes a oxacilina (1µg) cepas resistentes a cefoxitina (30µg)
Distribuição de S. aureus resistentes a meticilina de acordo com o teste de difusão em Agar para oxacilina e cefoxitina
cepas resistentes a oxacilina (1µg) fox: cepas resistentes a cefoxitina (30µg)
naso oro mão axila
CASO OXA
CASO FOX
98
resistentes a meticilina de acordo para oxacilina e cefoxitina no grupo
resistentes a meticilina de acordo com o teste de difusão em Agar para oxacilina e cefoxitina no grupo
CASO OXA
CASO FOX
99
Segundo Novak e colaboradores (2000), o isolamento de bactérias
multirresistentes, a partir de LHO, pode estar associado aos longos períodos
de hospitalização e ao uso abusivo de antimicrobianos. Destacam os autores,
que no Brasil, particularmente, o elevado número de cesarianas constituí um
importante fator predisponente à colonização da gestante por microrganismos
oportunistas.
Especial interesse tem sido mostrado, para um novo padrão de
sensibilidade apresentado por cepas de S. aureus resistentes a meticilina, mas
sensíveis a outras drogas não β-lactâmicas, denominados community-acquire
S. aureus (CA-MRSA) (Millar, et al. 2007). Entre as cepas de MRSA isoladas
neste trabalho, foi observada a presença de várias com este padrão de
sensibilidade tanto no grupo caso quanto no grupo controle.
A transmissão hospitalar de CA-MRSA, entre mulheres no período pós-
parto, foi descrita por Saiman e colaboradores (2003), em Hospital de Nova
York. incluindo quatro casos de mastite e três de abscesso de mama. Embora
a rota de transmissão não tivesse sido esclarecida, foi verificada a presença do
microrganismo em profissional do setor e na vagina de mulheres assistidas
durante o período de estudo. A partir da revisão bibliográfica realizada nesta
Tese, a única referência disponível sobre a transmissão de CA-MRSA, através
do LH, refere-se a um estudo de caso, onde o microrganismo foi isolado
concomitantemente, no leite e nas narinas da mãe e no sangue e narina do
filho que foi a óbito por septicemia causada pelo mesmo microrganismo
(Gastelum, et al. 2005).
100
É consenso que a terapêutica precoce é fundamental para evitar
complicações e possibilitar o tratamento sem internações, sendo a escolha do
antimicrobiano mais adequado ao agente etiológico, determinada através do
diagnóstico bacteriológico e testes de sensibilidade.
A conduta para o diagnóstico da mastite é usualmente orientada a partir
da anamnese e o exame físico que se baseiam na busca do detalhamento da
história clínica, visando a investigação da presença de fatores de risco
predisponentes e a observação dos sinais e sintomas sugestivos de infecção.
Embora a antibioticoterapia esteja indicada quando a contagem de
células e a cultura bacteriana indicarem infecção, quando não se dispõe do
diagnóstico laboratorial preciso e sabendo-se da urgência em instalar a
terapêutica, orienta-se como conduta a prescrição de antibióticos com atividade
sobre S. aureus produtor de β-lactamase. São recomendadas as penicilinas
penicilinases-resistentes ou cefalosporinas, destinada não somente aos
estafilococos como também, aos estreptococos (Amir, Harris e Andriske, 1999;
Costa e Rocha, 2000; Marchant, 2002).
Atualmente, na prática clínica utiliza-se como primeira escolha, a
dicloxacilina 500 mg, por via oral, de seis em seis horas, durante sete a dez
dias. Como segunda escolha, sugere-se as cefalosporinas de primeira geração
como a cefalexina 250 – 500 mg, quatro vezes ao dia, ou ainda a clindamicina,
300 mg quatro vezes ao dia. (Ripley, 1999; Santos-Júnior e Barros, 2000).
A dicloxacilina, droga não disponível em nosso meio, além dos
problemas do seu uso em pacientes alérgicos, apresenta hepatotoxicidade,
101
sendo contra-indicada para pacientes com insuficiência renal. Daí a
preferência, em nosso meio, pela cefalexina ou amoxicilina associada ao
ácido clavulônico, para tratamento em ambulatório e oxacilina em casos de uso
hospitalar.
O uso da cefalexina em nosso meio tem sido a primeira opção no
tratamento da mastite, não só pela ampla disponibilidade e baixo custo deste
medicamento, como também, pela eficácia clinica observada em 91% dos
tratamentos da celulite. Contudo, segundo as recomendações de Madaras-
Kelly e colaboradores (2004), especial atenção deve ser dada, quanto ao uso
de cefalexina para pacientes em tratamento com omeprazol e ranitidina, em
virtude da possibilidade de interação entre estas drogas e as alterações
farmacocinéticas deste antimicrobiano.
Em lactantes alérgicas às penicilinas, uma alternativa incluí a
eritromicina / 250-500 mg / quatro vezes ao dia, mas seu uso é limitado uma
vez que S. aureus tem desenvolvido resistência a este antimicrobiano (Ripley,
1999). Neste trabalho o percentual de resistência a eritromicina no grupo caso
foi de 62,4%.
Nos casos mais graves, se prescreve oxacilina de 500 mg, de seis em
seis horas, com cefoxitina 1g de oito em oito horas endovenosa (EV), e se
fornece uma cobertura antibiótica para estafilococos, gram-negativos, aeróbios
e anaeróbios (Barros, 1993). Mesmo que a antibioticoterapia seja instalada
precocemente, ainda assim, até 11% das mastites evoluem para abscesso
(Santos-Júnior e Barros, 2000). O percentual de resistência a oxacilina
observado nesta Tese, considerando-se todas as estirpes isoladas de lactantes
102
do grupo caso, foi de 16,2%, sendo que somente 11,2% foram confirmadas
pela sensibilidade a cefoxitina.
Em relação ao tratamento de suporte, antes de iniciar a
antibioticoterapia, recomenda-se: o esvaziamento da mama através da
continuidade da amamentação, massagens locais, ordenha manual ou ordenha
mecânica (quatro a seis vezes ao dia), com o objetivo de prevenir o
ingurgitamento mamário, assim como, reduzir o risco de formação de
abscessos.
Paralelamente, é indicada a retirada do leite da mama afetada por
ordenha para cultura e teste de sensibilidade aos antimicrobianos. Embora os
procedimentos de diagnóstico bacteriológico não sejam utilizados normalmente
na prática, em nosso meio, os resultados destas culturas fornecem informações
substanciais aos pacientes que não responderem à terapêutica inicial como
também, informação para o acompanhamento de infecções nosocomiais
(Ripley , 1999).
Medidas coadjuvantes como o uso de sutiãs, compressas frias e
tratamento cirúrgico, podem ser utilizadas. Se a dor for tolerada, a
amamentação na mama afetada deve ser continuada, pois promove a dilatação
dos vasos sanguíneos e a limpeza dos ductos lactíferos de material infectado,
devendo a mãe ser orientada que esta conduta não será prejudicial ao seu filho
(Ripley , 1999).
Os dados obtidos durante a entrevista encontram-se representados nas
Tabelas 13 a 24. Foi calculada a freqüência e os percentuais para as variáveis
103
referentes aos aspectos socio-demográficos, culturais e condutas adotadas
durante a amamentação.
Tabela 13: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: faixa etária, raça e estado civil, nos grupos caso e controle.
Variáveis Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite
n % p-valor
Faixa Etária (anos)
≤ 19
20 a 29
30 a 39
≥ 40
10
22
9
0
24,4
53,6
22,0
0
18
28
37
05
20,4
31,8
42,1
5,7
0,027
Total 41 100 88 100
Raça
Branca
Negra
Parda
Total
31
7
6
44
70,5
15,9
13,6
100
52
11
25
88
58,4
13,5
28,1
100
0,170
Estado Civil
em união
solteira
outro
Total
33
11
0
44
75,0
25,0
0
100
66
20
2
88
75,0
22,7
2,3
100
0,580
Foram observadas diferenças significativas entre lactantes com e sem
mastite para as variáveis: faixa etária, escolaridade, tempo de amamentação,
freqüência da mamada, presença de fissuras mamilares e uso de pomadas
(p<0,05).
104
Com relação à faixa etária, alguns trabalhos da literatura destacam que
a mastite é menos freqüente em mulheres muito jovens. Segundo Micchie e
colaboradores (2003), em estudo retrospectivo, cerca de 80 % dos casos de
mastite ocorreram em mulheres abaixo de 30 anos. De acordo com dados da
OMS (2000), uma maior probabilidade em desenvolver mastite tem sido
observada em mulheres com idade abaixo de 21 anos e acima de 35 anos. Em
nosso estudo 53,6 % das mulheres incluídas no grupo caso encontravam-se
na faixa etária de 20 a 29 anos.
Nenhuma diferença significativa foi observada com relação as variáveis
renda familiar e tempo de jornada de trabalho (p>0,05). Quanto à escolaridade,
foi observado um nível de instrução mais elevado entre as mulheres do grupo
caso (p<0,05), como apresentado na Tabela 14.
Tabela 14: Distribuição das características da população materna, referentes as variáveis: renda familiar, jornada de trabalho e escolaridade nos grupos caso e controle.
Variáveis Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite
n % p-valor
Renda Familiar
Até 1 SM
2 SM
3 SM
4 SM
5 SM
>5 SM
Total
3
10
10
5
6
9
43
6,9
23,3
23,3
11,6
14,0
20,9
100
11
19
14
7
15
22
88
12,5
21,6
15,9
8,0
17,0
25,0
100
0,770
105
Jornada de trabalho
Até 20 horas
Até 40 horas
> 40 horas
Não trabalha
Total
3
14
2
25
44
6,8
31,8
4,5
56,8
100
2
31
7
48
88
2,2
34,8
7,9
55,1
100
0,530
Escolaridade
Fund. incompleto
Fund. completo
Médio
Superior
Total
1
22
15
6
44
2,3
50,0
34,0
13,6
100
18
25
29
16
88
20,5
28,4
33
18,2
100
0,011
Pesquisadores vêm associando esta variável com o desenvolvimento da
mastite. Salles e colaboradores (2000) verificaram que a baixa escolaridade
seria um fator predisponente para a mastite e abscessos. Por outro lado,
nossos resultados confirmam as observações de Kinlay-Júnior e colaboradores
(2001) que, em um estudo de coorte retrospectiva, verificou uma maior
proporção de mulheres com mastite com nível de instrução mais elevado.
Apesar da maior escolaridade entre as mulheres deste grupo, acredita-se que o
desenvolvimento da mastite esteja associado às falhas na orientação sobre os
procedimentos corretos de amamentação.
De fato, na Tabela 15 é observada uma diferença significativa (p<0,05)
entre a proporção da presença de BLH nas Instituições de Saúde utilizadas
pelas lactantes do grupo caso em relação ao grupo controle. Embora a Rede
Pública de Saúde tenha sido o principal local de parto, em ambos os grupos,
evidencia-se uma proporção significativamente maior de ocorrência de mastite
106
em lactantes atendidas em Instituições sem BLH, podendo este fato estar
associado à fragilidade destes serviços no que tange ao acompanhamento da
puérpera no pós-alta.
Tabela 15: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: paridade, tipo e local do parto e presença de BLH nos grupos caso e controle.
Variáveis Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite n %
p-valor
Paridade
Primipara
Multípara
Total
29
15
44
65,9
34,1
100
59
29
88
66,3
33,7
100
0,89
Tipo de Parto
Normal
Cesariana
Total
25
19
44
56,8
43,2
100
45
43
88
51,1
48,9
100
0,53
Local do Parto
Rede Pública
Rede Privada
Total
32
08
40
80,0
20,0
100
65
22
87
74,7
25,3
100
0,51
Presença de BLH
sim
não
Total
21
19
40
52,5
47,5
100
70
17
87
80,5
19,5
100
0,001
Ao contrário dos resultados disponíveis em várias pesquisas sobre os
fatores de risco para a mastite, não observamos diferença significativa (p>0,05)
entre as mulheres do grupo caso e do grupo controle quanto à paridade
(Tabela 15).
107
Nenhuma diferença significativa foi detectada com relação ao tempo de
permanência da mãe ou da criança no ambiente hospitalar (Tabela 16),
tabagismo e etilismo (Tabela 17), auxílio na realização de tarefas domésticas,
descanso durante o dia e número de crianças que vive com a mãe (Tabela 18).
Tabela 16: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: tempo de permanência do filho e da mãe no Hospital nos grupos caso e controle (%).
Variáveis (dias) Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite n %
p-valor
Tempo de
permanência do
filho no hospital
2
3
4
≥ 5
Total
23
15
3
3
44
52,3
34,1
6,8
6,8
100
39
25
11
13
88
44,3
28,4
12,5
14,8
100
0,37
Tempo de
permanência da
mãe no hospital
2
3
4
≥ 5
Total
22
14
3
5
44
50,0
31,8
6,8
11,4
100
34
25
09
21
88
38,6
28,4
10,2
23,8
100
0,29
108
Tabela 17: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: tabagismo e uso de bebida alcoólica nos grupos caso e controle (%).
Variáveis
Mulheres com
mastite
n %
Mulheres sem
mastite
n %
p-valor
Consumo de bebida
alcoólica
sim
não
Total
3
41
44
6,8
93,2
100
7
81
88
7,9
92,1
100
0,82
Tabagismo
sim
não
Total
2
42
44
4,5
95,5
100
9
79
88
10,2
89,8
100
0,26
Tabela 18: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: apoio nas tarefas domésticas, número de crianças que vivem com a lactante e hábito de cochilar durante o dia nos grupos caso e controle.
Variáveis
Mulheres com
mastite
n %
Mulheres sem
mastite
n %
p-valor
Apoio nas tarefas
domésticas
sim
não
Total
30
14
44
68,2
31,8
100
59
29
88
67,0
33,0
100
0,89
Tira cochilo durante o
dia
sim
não
Total
19
22
41
46,3
53,7
100
49
35
84
58,3
41,7
100
0,21
109
Número de crianças
que vivem com a mãe
1
2
3
≥ 4
Total
27
11
3
3
44
61,4
25,0
6,8
6,8
100
54
26
4
4
88
60,9
29,9
4,6
4,6
100
0,54
Embora alguns estudos destaquem uma relação entre a fadiga e o
estresse, como fator de risco para a mastite, as metodologias empregadas para
detecção do nível de estresse necessitam de validação (OMS, 2000). As
variáveis estudadas nesta tese, não comportam todos os itens para a
caracterização do estresse nas lactantes analisadas. Contudo, pela experiência
vivida durante as entrevistas junto às pacientes é importante ressaltar a
importância de estudos nesta área.
Os dados referentes ao tempo de amamentação, número de mamadas
ao dia (freqüência de mamadas) e tempo de duração de cada mamada, estão
registrados na Tabela 19.
Diferenças significativas foram observadas quanto ao tempo de
amamentação e a freqüência de mamadas durante o dia (p < 0,05). No grupo
caso, aproximadamente 70% das mulheres encontravam-se entre o 11º e o 30º
dia de amamentação, enquanto no grupo controle a maioria (43,1%) das
mulheres estavam com menos de 10 dias de pós-parto.
Nossos dados estão de acordo com a definição presente no Tratado de
Ginecologia e Obstetrícia da Frebasgo (Costa e Rocha, 2000), que classifica as
110
intercorrências mamárias observadas a partir do 15º dia pós-parto como
mastite aguda (foco do presente estudo).
Com relação a freqüência da mamada, ou seja, número de vezes ao dia
em que o seio é oferecido ao lactente, destaca-se que muitas mulheres não
souberam definir esta periodicidade. Esta ausência de padrão estabelecido foi
identificada como livre demanda, onde a lactante oferecia o seio sempre que
fosse solicitada pelo lactente.
Tabela 19: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: tempo de amamentação, freqüência e duração das mamadas nos grupos caso e controle (%).
Variáveis Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite n %
p-valor
Tempo de amamentação ≤ 10 dias 11 a 20 dias 21 a 30 dias 31 a 40 dias 41 a 50 dias 51 a 60 dias 61 a 90 dias Total
6 15,0 8 20,0
14 35,0 4 10,0 4 10,0 1 2,3
3 7,5 44 100
37 42,1 23 26,1 16 18,2 3 3,4 4 4,4 3 3,4 2 2,2
88 100
0,018
Freqüência da mamada (número de mamadas/dia) < 6 7-9 10 Sem padrão Total
5 11,4 16 36,4 13 29,5 10 22,7 44 100
2 2,3 24 27,3 18 20,4 44 50,0 88 100
0,008
Tempo de duração de cada mamada (minutos) < 10 11-30 > 30 Sem padrão Total
2 4,5 33 52,3 12 27,3 7 15,9 44 100
3 3,4 39 43,8 16 18,0 30 34,8 88 100
0,164
111
Foi observado que o número de mamadas diárias era bem menor entre
as mulheres com mastite, enquanto que a livre demanda foi identificada com
uma freqüência duas vezes maior em lactantes sem mastite. Estes resultados
corroboram as orientações associadas quanto à prevenção da mastite
puerperal que indicam o esvaziamento da mama como uma das medidas a
serem adotadas para se evitar o acúmulo de leite e, conseqüentemente o
ingurgitamento mamário, importante fator de risco para a mastite.
Nas Tabelas 20 e 21, estão apresentados os resultados referentes ao uso
de mamadeira, alternância da mama durante a amamentação, higiene da mama
e uso de protetores mamilares.
Tabela 20: Distribuição das características da população materna, referentes as
variáveis: uso de mamadeira e alternância da mama a cada mamada nos grupos
caso e controle.
Variáveis Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite n %
p-valor
Uso de mamadeira Sim Não Total
9 20,5 35 79,5 44 100
11 12,4 77 87,6 88 100
0,23
Inicia a mamada sempre com a mesma mama Sim Não Total
5 11,6 38 88,4 44 100
4 4,5 84 95,5 88 100
0,13
112
Tabela 21: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis relacionadas as condutas de higiene e proteção da mama adotadas durante a amamentação nos grupos caso e controle.
Variáveis Mulheres com
mastite n %
Mulheres sem mastite
n % p-valor
Lava os mamilos
antes de amamentar
Sim
Não
Total
Após amamentar
Sim
Não
Total
14 31,8
30 68,2
44 100
1 2,3
43 97,7
44 100
16 18,2
72 81,8
88 100
8 9,1
80 90,9
88 100
0,78
0,14
Utiliza protetor de seio
Sim
Não
Total
Qual?
Absorvente
Concha
Fralda
Total
24 54,5
20 45,5
44 100
13 54,2
3 12,5
8 33,3
24 100
44 50,0
44 50,0
88 100
21 47,7
5 11,4
18 40,9
44 100
0,62
As diferenças observadas entre os grupos caso e controle, com relação
ao uso de mamadeira, alternância da mama durante a amamentação, higiene da
mama e uso de protetores mamilares, não foram significativas (p>0,05). Estes
resultados diferem dos encontrados por Kinlay, O’Connell e Kinlay (2001) e
Barbosa-Cesnik, Schwartz e Foxman (2003) que, respectivamente, em uma
coorte prospectiva e um estudo caso-controle apontam a conduta de iniciar as
113
mamadas com alternância das mamas como um fator predisponente para a
mastite.
As freqüências obtidas para as variáveis presença de fissuras ou
traumas mamilares, uso de pomadas locais e história prévia de mastite, estão
representadas na Tabela 22. Foram detectadas diferenças significativas
(p<0,05) entre os dois grupos para as variáveis: presença de fissuras e uso de
pomadas no mamilo, ou seja, mulheres com mastite apresentaram uma maior
freqüência de fissuras mamilares e faziam uso de pomadas nos mamilos.
Tabela 22: Distribuição das características da população materna referentes as variáveis: presença de fissuras mamilares, uso de pomadas e história anterior de mastite nos grupos caso e controle.
Variáveis Mulheres
com mastite n %
Mulheres sem mastite
n % p-valor
Presença de fissuras no
mamilo
Sim
Não
Total
Uso de pomada local
Sim
Não
Total
34 77,3
10 22,7
44 100
21 47,7
23 52,3
44 100
19 21,6
69 78,4
88 100
11 12,6
76 87,4
87 100
0,0001
0,0001
História anterior de
mastite
Sim
Não
Nunca amamentou
05 11,9
11 26,2
26 61,9
04 4,9
24 29,3
54 65,9
0,36
114
Estes resultados confirmam os dados da literatura (Foxman, et al., 1994
Vogel, Hutchison e Mitchell, 1999; Kinlay, O’Connell e Kinlay, 2001; Foxman,
et al., 2002; Sales, et al., 2003; Wambach, 2003) que apontam a presença de
fissuras mamilares, como um dos mais freqüentes fatores de risco para a
mastite puerperal.
O uso de pomadas locais, conduta adotada como tratamento de fissuras
mamilares, embora tenha sido mais freqüente entre as mulheres do grupo
caso, está diretamente relacionado à presença deste sintoma influenciando os
resultados aqui observados.
Segundo Fetherston (1998), o uso de cremes ou pomadas pode reduzir
a dor nos mamilos, e consequentemente, evitar a rejeição da mãe no que se
refere à amamentação. Contudo devem ser enfatizados o correto
posicionamento e pega do bebê como medidas de prevenção, ao invés do
tratamento sintomático.
Para melhor compreender as características relacionadas à localização,
os sintomas locais e sistêmicos e as condutas adotadas pelas lactantes com
diagnóstico clínico de mastite, as informações foram obtidas foram agrupadas
nas Tabelas 23, 24 e 25.
115
Tabela 23 : Distribuição da localização da mastite nas lactantes do grupo caso (n=44)
Variáveis
N= 43 Mulheres com
mastite %
Bilateral
Mama direita
Mama esquerda
Quadrante Superior Externo
Quadrante Superior Interno
Quadrante Inferior Externo
Quadrante Inferior Interno
08
17
18
25
13
06
05
18,6
39,5
41,9
58,1
30,2
13,9
11,6
Tabela 24 : Distribuição dos sintomas locais e sistêmicos verificados nas lactantes do grupo caso (n=44)
Variáveis n Mulheres com mastite
%
Sintomas Locais
Dor
Calor
Edema
Rubor
Ausentes
38
33
21
31
06
86,4
75,0
47,7
70,5
2,3
Sintomas Sistêmicos
Náuseas
Vômitos
Dor muscular
Calafrios
Cefaléia
Fadiga
Febre
Ausentes
09
02
32
25
30
22
40
01
20,5
4,5
72,7
56,8
68,2
50,0
90,9
2,3
116
Entre as 44 mulheres selecionadas no grupo caso, 43 apresentaram
sintomas clássicos de reação inflamatória aguda (dor, calor, edema e rubor) e
somente uma lactante não apresentou sintomas locais e sistêmicos, tendo sido
inserida neste grupo devido à contagem de S. aureus no LHO ter sido elevada.
A maioria dos casos de mastite neste grupo foi unilateral 35/43 (81,4%)
não se observando diferença significativa entre o local de ocorrência , mama
esquerda ou direita. Por outro lado, na maioria dos casos os sintomas locais
foram mais freqüentes no quadrante superior 38/43 (88,3%). A mastite bilateral
foi detectada em 08/43 (18,6%) dos casos. Nossos resultados confirmam os
dados da literatura no que se refere a definição de mastite quanto a
unilateralidade, mas por outro lado discordam quanto a localização já que
alguns autores apontam o quadrante inferior como o principal local de
manifestação dos sintomas.
Quanto aos sintomas sistêmicos, a maioria das lactantes apresentaram
pelo menos mais de dois sintomas clínicos característicos, destacando-se a
febre, a dor muscular e a cefaléia como os mais freqüentes na população
estudada.
Os resultados obtidos quanto a conduta adotada pela lactante com
mastite após o aparecimento dos sintomas estão representados na Tabela 25.
117
Tabela 25 : Condutas adotadas após o início dos sintomas de mastite pelas lactantes do grupo caso (n = 44)
Variáveis
n Mulheres com
mastite %
Parou de usar a mama afetada
Parou de amamentar
Usa a mama afetada primeiro
Aumentou o no de mamadas
Diminuiu o nº de mamadas
Compressa quente
Compressa gelada
Casca de fruta
07
02
01
0
08
18
08
08
15,9
4,5
2,3
0
18,2
40,9
18,2
18,2
A principal conduta adotada foi o uso de compressas quentes 18/44
(40,8%). Segundo as informações obtidas durante a entrevista, destacam-se:
parar de usar a mama afetada, diminuir o nº de mamadas, parar de
amamentar, usar compressa quente e usar cascas de frutas como práticas
inadequadas de tratamento, capazes de promover uma exacerbação dos
sintomas locais. A diminuição do número de mamadas, a paralisação da
amamentação ou do uso da mama afetada são procedimentos que estimulam a
estase láctea fator predisponente da mastite.
Segundo Fetherston (1998) o fator protetor mais comum na prevenção
da mastite é o aumento na freqüência de mamadas. Quanto maior a freqüência
de mamadas ao dia mais facilmente ocorrerá o esvaziamento da mama
promovendo conseqüentemente uma diminuição da pressão intramamária e a
redução da chance do ocorrer ingurgitamento pela drenagem dos ductos
bloqueados. O uso de compressas quentes estimula a produção láctea e o
118
acúmulo de leite no interior da mama. O uso de cascas de frutas promove a
contaminação dos mamilos e até mesmo o desenvolvimento de reações
alérgicas agravando os sintomas locais. Segundo declarações das lactantes
entrevistadas, muitas delas declararam utilizar estas condutas por orientação
do médico, profissional de enfermagem ou aconselhamento por membro da
família.
Estes resultados indicam uma preocupante falha no que se refere a
orientação das lactantes durante o pré-natal e frente aos problemas
decorrentes da amamentação e indicam a necessidade de capacitação dos
profissionais de saúde que desempenham papel fundamental na adoção e
manutenção da amamentação em nosso meio.
Destacamos que a mastite puerperal é uma doença condicionada não
somente por fatores biológicos, não sendo possível somente explicá-la como
resultado de um relacionamento de causas e efeitos , mas compreendê-la
como decorrência de outros fatos: culturais, econômicos, políticos,
educacionais, sociais, demográficos e psíquicos.
119
7 - CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos conclui-se que:
Existe uma forte correlação entre a mastite puerperal por S. aureus e a
colonização de lactantes por este microrganismo.
A elevada freqüência de S. aureus no leite humano ordenhado das lactantes
com diagnóstico clínico de mastite puerperal confirmam esta espécie como o
principal agente etiológico da doença.
A confirmação da doença através do diagnóstico laboratorial constitui uma
importante ferramenta na confirmação do agente etiológico contribuindo assim
para a adoção de um tratamento eficaz no combate à mastite.
Os principais sítios de colonização foram as narinas e a orofaringe e as
elevadas taxas de isolamento de S. aureus observadas confirmam que a
metodologia empregada mostrou grande sensibilidade na caracterização do
estado de portador.
Através da determinação do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos
destaca-se a presença de cepas com elevadas taxas de resistência. As
120
evidências de cepas S. aureus adquirido na comunidade apontam para a
necessidade da adoção de medidas de higiene durante a amamentação e
programas de orientação as lactantes quanto ao risco de transmissão deste
microrganismo.
121
8 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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134
APÊNDICES
135
Apêndice 1
QUESTIONÁRIO PARA A COLETA DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS, FISIOLÓGICOS E
RELACIONADOS À AMAMENTAÇÃO.
NOME: ENDEREÇO: TELEFONE: DATA DE NASCIMENTO: DATA DO PARTO:
GRUPO I: 1- Idade: _____ ANOS 2- Raça: 1-Branca 2- Negra 3- Parda 4- Outra 3- Estado Civil: 1- Em União 2-Solteira 3-Separada 4-Outro 4- Escolaridade: 1- 10 Grau incompleto 2- 10 Grau completo 3- 20 Grau incompleto 4- 20 Grau completo 5- Superior incompleto 6- Superior completo 7- Pós-graduação incompleto 8- Pós-graduação completo 5-Horas de trabalho fora do lar quando grávida: 1- < 20 2- 40 3- > 40 4- NT 6- Renda Familiar (S.M.): 1- < 1 2- 1 3- 2 . 4- 3 . 5- 4 6- 5 7- 5 a 10 8 - > 10 7- Total de partos: ___________ 8- Total de Gestações: _________ 9- Tipo de Parto (último): 1- normal 2- Cesariana 3- Forceps 10 - Local do Parto: 1- Rede Privada 2- Rede Pública 11- Possui Banco de Leite: Sim Não 12- tempo de Amamentação: _______ dias 13- Tempo de permanência da mãe no hospital: _______ dias 14- Tempo de permanência da criança no hospital: _______ dias 15- Recém-nascido (sexo): 1- masculino 2 - feminino 16 – Peso do recém-nascido ao nascer: ____________ g 17- Total de crianças que vive com a mãe: 18- Fumante: Sim Não Freqüência: ____________________________ 19- Uso de Bebida Alcoólica: Sim Não Freqüência: ____________________________ 20- Recebe auxílio nas tarefas domésticas? Sim Não
DATA: _____/_____/__________ PACIENTE N0 _______
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21- Tira cochilo durante o dia? Sim Não 22- Uso de medicamentos? 1- anti-inflamatório 2- analgésico 3- vitaminas 4- antibiótico 5- anti-fúngico 6- outro 7- NÃO GRUPO II: 1- Clínica: 1- Mastite 2- Abscesso 3- Celulite 4- ingurgitamento 5 - Ausente
6- Outro Qual? ____________________ 2- Localização: 1- mama direita 2- mama esquerda 3- bilateral 3- Região afetada: 1- quadrante superior externo 2- quadrante superior interno 3- quadrante inferior externo 4- quadrante inferior interno 4- Sintomas locais: 1 - dor 2 - calor 3 - edema 4 - rubor 5- Alguma mama doeu na semana anterior á mastite? Sim Não 6-Dor: 1- Quando amamenta 2- Quando não amamenta 3- O tempo todo 4- Ausente 7- Sintomas Sistêmicos: 1- náuseas 2 - vômitos 3 - dor muscular 4 – calafrio 5 – cefaléia 6- fadiga 7- febre 8- Presença de Fissuras mamilares ou feridas:Sim Não 9- Uso de pomadas local: Sim Não 10- História anterior de mastite? 1 - Sim 2 - Não 3- Nunca amamentou 11- Freqüência de mamada (vezes/dia): 1- < 6 2- 7 – 9 3 – 10 4- Sem padrão 12- Duração da mamada (minutos): 1- <10 2- 11 - 20 3- 21 – 30 4 - >30 5- Sem padrão 13- Intervalo entre as mamadas? _________ horas 14- Uso de Mamadeira: Sim Não 15- Inicia a mamada sempre com a mesma mama? Sim Não 16- Ordenha: 1- bomba elétrica 2- bomba manual 3- Com as mãos 4- Não realiza 17- Lava os mamilos antes da amamentação? Sim Não Com que? _________________ 18- Lava os mamilos após a amamentação? Sim Não Com que? _________________ 19- Utiliza protetor de seio? 1- Não 2- concha 3- absorvente 4- fralda 20- Condutas adotadas: 1- parou de usar a mama afetada 2- parou de amamentar 3- amamenta com a mama afetada primeiro 4- aumentou o n0 de mamadas 5- diminuiu o n0 de mamadas 6-compressa quente 7- compressa gelada 8- Casca de fruta 9- Outro 10 - Nenhuma 21- Posições empregadas durante a amamentação: 1 2 3 4 5
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Grupo III - RESULTADOS 1- Presença de S.aureus no leite: SIM NÃO 2- Presença de S.aureus nas mãos: SIM NÃO 3- Presença de S.aureus nas narinas: SIM NÃO 4-Presença de S.aureus na axila: SIM NÃO 5-Presença de S.aureus na orofaringe: SIM NÃO
1
3
2
4
1
5 4
3 2
138
Apêndice 2
Registro:_______
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
MASTITE PUERPERAL E SEUS CONDICIONANTES
NA NUTRIZ PORTADORA DE Staphylococcus aureus
Prezada Paciente,
Você está sendo convidada para participar de uma pesquisa que incluí a coleta não invasiva de materiais clínicos.
1- A pesquisa tem como objetivo principal detectar a presença da bactéria S. aureus em suas mãos, axilas, narinas anteriores, faringe e leite. Este microrganismo constitui-se num dos principais agentes relacionados com infecção da mama no puerpério (mastite).
2- Caso concorde em participar do estudo, será coletada uma amostra de seu leite por expressão da mama, além de material de suas mãos, axilas, narinas anteriores e faringe; através da fricção de um swab (espécie de cotonete esterilizado) sobre a superfície destas regiões. Estes procedimentos não causarão dor e nem trarão riscos à sua saúde.
3- Inicialmente coletaremos seus dados pessoais e informações sobre os procedimentos utilizados durante a amamentação, através de um questionário que será aplicado pela responsável da pesquisa. Daremos as explicações que se fizerem necessárias sobre o trabalho e os procedimentos empregados e, logo após, realizaremos as coletas dos materiais clínicos.
4- Você receberá respostas ou esclarecimentos a qualquer dúvida sobre os procedimentos, benefícios e outros assuntos relacionados à pesquisa bem como a ausência de riscos.
5- Não há despesa pessoal para o participante em qualquer fase da pesquisa.Também não há compensação financeira relacionada a sua participação.
6- Será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com os resultados de seus exames. Os resultados obtidos serão utilizados somente para fins dessa pesquisa específica e posteriormente publicados em revistas científicas, sem que a sua identidade ou de qualquer outra participante seja revelada.
Durante todas as etapas do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis para esclarecimento de eventuais dúvidas.O principal investigador é a Ms. Márcia Soares Pinheiro e pode ser encontrada no Laboratório de Controle de Qualidade do Instituto Fernandes Figueira – Avenida Rui Barbosa 716, Flamengo (telefone 2553-0052, ramal 5509) ou pelo telefone 99677528. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Fernandes Figueira (CEP-IFF), pelo telefone 2553-0052 ramal 5127 ou pelo e-mail: [email protected].
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Eu, ________________________________________________________, fui informada dos objetivos especificados acima e da justificativa deste trabalho, de forma clara e detalhada. Recebi informações específicas sobre cada procedimento no qual estarei envolvida. Todas as minhas dúvidas foram respondidas com clareza e sei que poderei solicitar novos esclarecimentos a qualquer momento. Além disso, sei que novas informações obtidas durante o estudo me serão fornecidas e que terei liberdade de retirar meu consentimento de participação a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.
__________________________________
Data ____/ ____/______
Assinatura do paciente / Representante Legal
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre e
esclarecido desta paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
__________________________________
Data ____/ ____/______
Assinatura do responsável pelo estudo
140
GLOSSÁRIO
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GLOSSÁRIO
Com o objetivo de padronizar a terminologia usada nesta Tese, sem se
aprofundar em questões conceituais, optou-se por anexar este glossário. Embora
alguns dos termos aqui incluídos possam ser encontrados com significados
diferentes, as definições apresentadas são as mais freqüentemente aplicadas no
contexto do estudo (adaptado de: Glossário de epidemiologia, de E. A. Waldman e
S. L. D. Gotlieb, Informe Epidemiológico do SUS. 7: 5-27, 1992).
• Amostra Representativa: Amostra que se assemelha à população original
ou à população de referência sob todos os aspectos.
• Associação: Relação estatística entre dois ou mais eventos, características
ou outras variáveis.
• Colonização: Propagação de um microrganismo na superfície ou no
organismo de um hospedeiro, sem causar agressão celular.
• Coorte: Grupo bem definido de pessoas que possuem uma experiência ou
exposição em comum, sendo acompanhado para que se identifique a
incidência de novas doenças ou eventos.
• Demográfico: Estudo de populações, com referência a fatores como
tamanho, estrutura de idade, densidade, fecundidade, mortalidade,
crescimento e variáveis sociais e econômicas.
• Erro Tipo-I: rejeitar a hiptótese nula quando esta é verdadeira.
• Erro Tipo-II: aceitar a hiptótese nula quando esta é falsa.
• Estudo analítico: Estudo comparativo realizado com o objetivo de identificar
e quantificar associações, testar hipóteses e identificar causas.
• Estudo caso-controle: Comparação entre um grupo de doentes (casos) e
um grupo de pessoas não doentes (controles). O objetivo é verificar se os
142
casos diferem significativamente dos controles, em relação à exposição a um
dado fator de risco.
• Estudo de coorte: Visa verificar se indivíduos expostos ao fator de risco
desenvolvem a doença em questão, em maior ou menor proporção, do que
um grupo de indivíduos não expostos.
• Estudo longitudinal: Nome genérico que em epidemiologia é empregado
para designar o estudo de coorte, nos seus aspectos prospectivos e
retrospectivos.
• Estudo observacional: Estudo, levantamento ou investigação feitos por meio
da observação das pessoas e onde nenhuma intervenção, ou pelo menos
nenhuma intervenção sob controle do investigador, é implementada no
mesmo período.
• Estudo transversal: Pesquisa ou levantamento que estuda pessoas de uma
população definida em um determinado ponto do tempo. Os estudos
transversais normalmente fornecem dados de prevalência, mas, se forem
repetidos, podem também servir para estimar incidência.
• Exposição: Freqüência com que determinado grupo de indivíduos é exposto
à fonte do agravo em estudo.
• Fator de risco: Termo usado pelo menos de duas maneiras diferentes: 1)
uma característica, variável ou exposição associada a um aumento na
probabilidade de que um evento específico ocorra, como um aumento na
freqüência de uma doença; 2) uma característica, variável ou exposição que
realmente aumente a probabilidade de que um evento específico ocorra,
sendo, portanto, aceita como causal;
• Fonte de infecção: Pessoa, animal, objeto ou substância a partir da qual o
agente é transmitido para o hospedeiro.
• Freqüência (ocorrência): Descreve
atributo ou evento identificado na população, sem fazer distinção entre
incidência ou prevalência.
• Grupo controle: Grupo de pessoas utilizadas para fins de comparação que
não apresentem uma determinada doença ou prob
sido expostas à doença, intervenção, procedimento ou outra variável que
esteja sendo estudada.
• Grupo exposto: Grupo de indivíduos com contato com determinado fator
relacionado ao agravo à saúde que está sendo focalizado.
• Hipótese alternativa:
hiptótese nula seja rejeitada.
• Hipótese nula: hipótese que é colocada a prova em teste de hipótese. Em
geral indica uma igualdade a ser contestada.
• Nível de Significância (
A significância estatística é expressa pelo nível d
• Odds ratio: chance de se observar casos expostos ao fator de risco sobre a
chance de se observar controles expostos ao fator de risco. Se a exposição
ao fator de risco for a mesma para casos e controles o
Também é chamado de
• Poder do teste: probabilidade de rejeitar a
e indica a probabilidade de decisão correta baseada na
Geralmente é interpretado como a chance de detectar uma real diferença
entre as médias ou proporções. Por exemplo, um poder de 80% significa que,
se de fato houver alguma diferença, haverá uma probabilidade de 80% de
detectá-la.
• Portador intermitente (ou carreador intermitente):
um agente etiológico durant
ncia): Descreve a freqüência de uma doença ou de outro
atributo ou evento identificado na população, sem fazer distinção entre
incidência ou prevalência.
Grupo de pessoas utilizadas para fins de comparação que
não apresentem uma determinada doença ou problema, ou que não tenham
sido expostas à doença, intervenção, procedimento ou outra variável que
esteja sendo estudada.
Grupo de indivíduos com contato com determinado fator
relacionado ao agravo à saúde que está sendo focalizado.
lternativa: hipótese que será considerada como aceitável, caso a
seja rejeitada.
hipótese que é colocada a prova em teste de hipótese. Em
ral indica uma igualdade a ser contestada.
Nível de Significância ( ): indica a probabilidade de cometer um
A significância estatística é expressa pelo nível descritivo (p-value
chance de se observar casos expostos ao fator de risco sobre a
chance de se observar controles expostos ao fator de risco. Se a exposição
ao fator de risco for a mesma para casos e controles o odds ratio
Também é chamado de razão de chances.
probabilidade de rejeitar a hipótese nula quando esta é falsa
e indica a probabilidade de decisão correta baseada na hipótese alternativa
Geralmente é interpretado como a chance de detectar uma real diferença
ntre as médias ou proporções. Por exemplo, um poder de 80% significa que,
se de fato houver alguma diferença, haverá uma probabilidade de 80% de
Portador intermitente (ou carreador intermitente): Portador
um agente etiológico durante pouco tempo;
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a freqüência de uma doença ou de outro
atributo ou evento identificado na população, sem fazer distinção entre
Grupo de pessoas utilizadas para fins de comparação que
lema, ou que não tenham
sido expostas à doença, intervenção, procedimento ou outra variável que
Grupo de indivíduos com contato com determinado fator
hipótese que será considerada como aceitável, caso a
hipótese que é colocada a prova em teste de hipótese. Em
indica a probabilidade de cometer um erro tipo-I.
value).
chance de se observar casos expostos ao fator de risco sobre a
chance de se observar controles expostos ao fator de risco. Se a exposição
odds ratio vale 1.
quando esta é falsa
hipótese alternativa.
Geralmente é interpretado como a chance de detectar uma real diferença
ntre as médias ou proporções. Por exemplo, um poder de 80% significa que,
se de fato houver alguma diferença, haverá uma probabilidade de 80% de
Portador que alberga
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• Portador persistente (ou carreador persistente): Portador que alberga um
agente etiológico por um longo período.
• P-valor: corresponde ao menor nível de significância que pode ser assumido
para rejeitar a hipótese nula. Dizemos que há significância estatística quando
o p-valor é menor que o nível de significância adotado (p<0,05). A letra p é
uma expressão da probabilidade de que uma associação ou observação
possa ter acontecido por acaso.
• Variável dependente: Por definição, são expressas pelas medidas de
ocorrência de doença.
• Variável independente: Corresponde à medida do suposto fator de risco,
geralmente designada por medida de exposição.