Março 2009

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1 CIDADE, Março de 2009

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios,

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Março, 2009 Número 35

www.revistacidade.com.br

Capa: Mãos em macacão. Foto da Agência Petrobras de Notícias

Joia AbandonadaPrefeitura de São Pedro não

cumpre compromisso de conservar o monumento

Andinho no Comando

Prefeito de Arraial do Cabo convoca primeira coletiva de imprensa

Emoção na LagoaVem aí a XXVIII Transararuama

Alerj tem caras novas

PETRODEPENDÊNCIACrise internacional antecipa a discussão sobre a dependência dos municípios quanto aos repasses dos royalties de petróleo

Enfrentando o drama da

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44

2342

C A PA

Panorama ............................... 9

Ângela Barroso ..................15

NutriçãoAzeite de Oliva ........................17

Viagem mais cara ............ 20

Toni Garrido faz apresentação em Cabo Frio ............................. 22

Asaerla e Crea têm novos presidentes ........................ 24

Investindo na transformação social ..... 35

Bateras Velejam em Búzios ................................... 38

Presidente Lula visita Cabo Frio ..............................40

Colégio Rui Barbosa promove aula na rua ........43

Livros .....................................47

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ENTREVISTA P a u l o C é s a r d a G u i a A l m e i d a

Tomás Baggio

médico Paulo César da Guia Al-meida foi o primeiro cabo-friense a assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados, como suplente, em 2007. Fruto de um acordo em que saiu do PTB, por onde

havia sido candidato em 2006 recebendo 35 mil votos (mesma votação que teve como candidato a prefeito de Cabo Frio em 2004, fi cando em segundo lugar com 43,22% dos votos), para entrar no PR e ocupar a vaga de Sandro Matos, que se afastou antes do período eleitoral de 2008 para organizar o partido no estado do Rio. Cumpriu 121 dias de mandato até sair para ser novamente candidato a prefeito de Cabo Frio. Mas em outubro do ano passado, teve uma grande surpresa: seus votos caíram vertiginosamente para pouco mais de 7.798, deixando-o na terceira colocação com 8,12% dos votos. De volta à Câmara Federal (Sandro Matos foi eleito prefeito de São João de Meriti), Paulo César tem um problema para resolver: o PTB, seu antigo partido, o acusa de infi delidade partidária e está pedindo a sua cadeira. Nesta entrevista, Paulo César explica o teor de seu principal projeto de lei, que pretende destinar 10% das receitas dos royalties do pe-tróleo para aplicação exclusiva no meio ambiente, fala sobre uma possível aliança entre ele e o segundo colocado na corrida à prefeitura de Cabo Frio, o deputado estadual Alair Corrêa (PMDB), e dá uma declaração polêmica ao falar sobre o resultado das eleições do ano passado em Cabo Frio.“Houve manipulação do sistema. Isso (o resultado) foi fruto do trabalho de um hacker pago a preço de ouro”.

O grande atrativo, o grande fator econômico dessa região toda é o turismo. Porque as pessoas não vão aí para ver prédios na beira da praia, mas sim pelo meio ambiente, pelas belezas naturais. Se um dia não tivermos mais isso, a região vai virar um grande deserto e não vai atrair mais ninguém

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PAULO CÉSAR DA GUIA ALMEIDADeputado Federal

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P a u l o C é s a r d a G u i a A l m e i d aENTREVISTA

Pode ser até que alguns governantes não tenham interesse no projeto, porque têm uma visão um pouco distorcida do meio ambiente, acham que só devem dar prioridade a outras secretarias, como obras, e esquecem do meio ambiente.

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O senhor elaborou um projeto que obrigaria a aplicação de 10% do repasse dos royalties do petróleo na preservação do meio ambiente. Há condições dele ser aprovado?

Dei entrada nesse projeto em setem-bro de 2007 e acabei de desarquivá-lo, uma vez que no período em que estive ausente o projeto ficou engavetado. Acho que ele tem condições de passar pelas comissões e ser aprovado. O pro-jeto não precisaria ir a plenário, basta ser aprovado nas três comissões (Cons-tituição e Justiça, Minas e Energia e Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio) e, depois, seria levado a votação no Senado para, só então, receber a sanção presidencial. Pode ser até que alguns governantes não tenham interesse no projeto, porque têm uma visão um pouco distorcida do meio ambiente, acham que só devem dar prioridade a outras secretarias, como obras, e esquecem do meio ambiente. Mas esse projeto poderia ser, por exem-plo, a salvação da Lagoa de Araruama. Seria essencial para toda a região da Baixada Litorânea. Se, por exemplo, os técnicos disserem que a salvação da la-goa seria a construção de um emissário submarino, esse dinheiro poderia arcar com isso. Porque criar a lei? Porque quando se trata de meio ambiente, se deixar por conta de alguns governantes, vai fi car sempre em segundo plano, e vão usar o dinheiro dos royalties em prol de outras causas que acham que politicamente é mais importante. Mais eles não sabem a importância para a vida que tem a questão ambiental. Sem contar que o grande atrativo, o grande fator econômico dessa região toda é o turismo. Porque as pessoas não vão aí para ver prédios na beira da praia, mas vão pelo meio ambiente, pelas belezas naturais. Se um dia não tivermos mais isso, a região vai virar um grande de-serto e não vai atrair mais ninguém. Então, nada melhor do que uma lei para obrigar esse repasse.

A diminuição do repasse dos royalties para as prefeituras, por conta da queda no preço do barril do petróleo, não

atrapalha essa reserva de verba para um único setor?

Eu acho que não. Porque aí vai ser mais um argumento que eles vão usar. Se deixar, sempre vai ter um argumento. É um setor só, mas que tem a ver com pelo menos três ou quatro setores dife-rentes, que são a economia, a saúde da população, o saneamento básico, a água potável, a infraestrutura turística...

destino, e não na origem. Os estados que são banhados pelo litoral não têm culpa de serem banhados pelo litoral. E o royaltie não é premio, é compen-sação, porque é o nosso meio ambiente é que está sofrendo. Não é para um estado como o Mato Grosso ou o Acre receberem royalties, porque não estão tendo ônus nenhum com a retirada do petróleo. E o royaltie incide sobre diversos recursos naturais, não só no petróleo. Tem no minério de ferro do Pará, nas minas de alumínio, e isso nós não recebemos porque não produ-zimos. Cada um deve ficar com o seu recurso, igual aquela música “cada um no seu quadrado”.

Como o senhor vê a presença de um deputado da nossa região, o Bernardo Ariston, na presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara? No que o senhor pode ajudá-lo?

É de extrema importância. Uma pes-soa ligada ao estado, à região, e temos que pensar para frente, ampliando, au-mentando a visibilidade da nossa região e estado. Ele é da bancada federal do Rio e, por isso, podemos ter uma ajuda mútua na questão do nosso projeto, para que o presidente da comissão, com a bancada do Rio, faça um lobby com os outros deputados para convencê-los da importância desse projeto.

No ano passado, durante a campanha eleitoral, o senhor se colocou contrário à construção de Club Med em Cabo Frio, cujas obras estão prestes a ser iniciadas. Existe a possibilidade de reverter o processo? Qual a sua posição atual sobre o assunto?

A minha posição continua a mesma. A solução para o desemprego em Cabo Frio não é a construção do Club Med, porque, apesar deles dizerem que não haverá devastação, estamos falando de 4,7 milhões de m². Trata-se do Club Med e mais três resorts, além de 1.200 lotes. Podem até não cortar nenhuma árvore, mas e os dejetos, a questão do esgoto, vai pra onde? Como vão fazer com isso? Não vejo isso com bons olhos e vou levar esse assunto para a frente

Como o senhor vê essas discussões sobre uma possível redistribuição dos royalties para outros estados brasileiros, proposta pelo senador Aloízio Mercadante (PT/SP)?

Bom, é uma proposta de muito mau gosto. E toda a bancada do Rio, prefeitos, Câmaras Municipais, o governador, devem criar uma grande frente para que esse projeto não passe. Seria um baque muito grande para o

O royaltie não é premio, é compensação, porque é o nosso meio ambiente é que está sofrendo.

estado do Rio. Poderíamos propor ao senador que o ICMS do estado de São Paulo não fosse cobrado lá, e sim no município que enviou a gasolina pra lá, porque os combustíveis são explorados na nossa região, refinados no nosso estado, só que o ICMS é cobrado no

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parlamentar ambientalista, porque para mim é um crime ambiental o que vão fazer nas dunas do Peró. Eles só estão visualizando o lucro, querem ganhar dinheiro. E vão fazer com a Praia do Peró o que foi feito em quase todo o município de Búzios, onde a população não tem acesso às praias. Além de que o Club Med está fechando as portas em vários outros lugares.

Que outros projetos o senhor tirou da gaveta desde a sua volta à Câmara dos Deputados?

Tenho um projeto para aumentar os recursos do Fundo de Participação dos Municípios para os municípios produ-tores de biocombustível.

Qual a sua avaliação sobre o processo eleitoral em Cabo Frio?

Até hoje, passados cinco meses, a minha avaliação é que eu nunca vi uma eleição tão diferente e atípica. Sempre participei de eleições desde garoto, desde (os prefeitos) Antonio Castro, Hermes Barcellos, Timinho, Zé Bonifá-cio, Alair, Ivo Saldanha, Zé Bonifácio, Alair, e nunca vi nada parecido. No dia do pleito, a questão da compra de votos, da boca de urna, o policiamento fechan-do os olhos, fazendo vista grosssa. Um clima de muita traição, o governo com a máquina na mão, reprimindo os ad-versários. Até antes da eleição já estava complicado em termos de justiça. Quem pautou as eleições de Cabo Frio foi a Justiça. Meus dois principais adver-sários entraram num clima de guerra, antidemocrático. Foi uma eleição feia, sem comemoração, até hoje as pesso-as consideram que ninguém foi com aquele prazer de votar, até hoje o povo se questiona quem será o prefeito, se haverá outra eleição.

A que o senhor atribui a queda de 35 mil votos, em 2004 e 2006, para pouco mais de 7 mil votos no ano passado?

Atribuo a uma fraude eleitoral e ao dinheiro público que foi gasto com compra de votos, cestas básicas, mate-rial de construção, tudo com dinheiro público, afi nal de contas, que eu saiba

nenhum candidato ganhou na Mega-Sena.

Quando o senhor fala em “fraude eleitoral”, o que quer dizer?

Manipulação no sistema de votação, na urna. Isso (o resultado) foi o trabalho de um hacker pago a preço de ouro.

Qual a sua opinião sobre a disputa pós-eleitoral entre o primeiro colocado, Marcos Mendes, e o segundo, Alair Corrêa?

Isso é mais um reflexo do ano eleitoral conturbado que nós tivemos,

Não vejo isso com bons olhos e vou levar esse assunto (Implantação do Club Med em Cabo Frio) para a frente parlamentar ambientalista, porque para mim é um crime ambiental o que vão fazer nas dunas do Peró.

pois continuamos com liminar aqui e ali, processos, e o Tribunal Regional está demorando, na minha opinião, para concluir e decidir. Se for um ou se for outro, que a Justiça decida logo. Porque as pessoas pensam que tem um prefeito no gabinete e a cidade está

normal, mas não está, porque os for-necedores não recebem, há uma grande desconfi ança, um clima ruim para a governabilidade.

O senhor acredita em uma nova eleição?Acredito. Acho que tem pelo menos

60% de chances de haver uma nova eleição.

O que pensa para o seu futuro político?Por enquanto estou pensando em

2010, mobilizando o meu pessoal para a eleição de deputado.

O senhor admitiu no ano passado, em entrevista a CIDADE que houve uma aliança informal nas eleições de 2006 e entre a sua candidatura a deputado federal e a candidatura de Alair Corrêa a deputado estadual. Acha que ela pode se repetir?

Olha, como você disse, foi uma aliança informal mesmo, porque foi o povo de Cabo Frio que fez essa alian-ça. O povo de Cabo Frio sempre quis votar em Alair e em Paulo César, e teve essa oportunidade em 2006. Foi uma dobradinha ofi ciosa, feita pelo povo, e quando é feita pelo povo a tendência é dar certo. Nunca sentamos para combi-nar nada, mas deu certo mesmo assim. Eu acho que isso pode se repetir, mas vamos esperar as coisas acontecerem. Vejo com bons olhos que a cidade possa eleger dois fi lhos, um para a Assembléia e outro para a Câmara Federal. Eu não teria o menor constrangimento de sentar com Alair para discutir o melhor para Cabo Frio.

Eu não teria o menor constrangimento de sentar com Alair para discutir o melhor para Cabo Frio.

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M E I O A M B I E N T E

Transformada em APA (Área de Proteção Permanente) em 1998, pela lei 086/98, a extensão de 141.825,72 metros quadrados, compreendendo as praias da Azeda e Azedinha, em Búzios, foi declarada de utilidade pública, para efeito de desapropriação, pelo prefeito Mirinho Braga e poderá se tranformar no primeiro Parque Municipal. O decreto número 33, assinado no dia 12 de fevereiro, proíbe de imediato quaisquer ações no local, garantindo a preservação de uma região de grande interesse ambiental, científi co e social.A área, que pertenceu a Luiz Honold Reis e sua esposa Giselle Lise Zucco Reis, francesa, falecida em 2001, tem motivado a cobiça do setor imobiliário ao longo do tempo, com a apresentação de grandes projetos de ocupação para o local, sendo o último deles, a implantação de um complexo hoteleiro do grupo Oriente Express (Copacabana Palace), atual proprietário. Niete Martinez

Azeda respira

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Atletas de nível internacional se reuniram no mês passado na Praia do Abricó, em Rio das Ostras para a primeira edição do Torneio Verão de Futvôlei. Entre os destaques estava o atleta Anderson Alves, campeão da Copa do Mundo de Futvôlei do ano passado, além de Pará, campeão mundial em 2002 e 2007, Léo Tubarão, atual primeiro colocado do ranking internacional e jogadores experientes como Cabeção(RJ), Maradona(Manaus), Leandro e Bebeça. A competição contou com 16 duplas. Os vencedores foram Anderson Alves e Papel, do Rio de Janeiro. Em segundo lugar fi cou a dupla riostrense David e Geovani.

Futvôlei em Rio das Ostras

O núcleo regional de Macaé da Associação dos Engenheiros e Profi ssionais da Petrobras (Aepet-Macaé) deu posse, no mês passado, à nova diretoria e ao Conselho Fiscal para o triênio 2009/2011. O presidente José Carlos Lima de Almeida foi reconduzido ao cargo. No Conselho Fiscal, foram nomeados Eric Malm, Odílio Henrique Zaidan, Otávio Lamas de Farias e João Antenor Prats Xavier.

Diretoria reeleita

Consórcio regional de saúdeDepois de muito deba-

te sobre a necessidade de integração regional na área de saúde, nove municípios formaram, no mês passado, o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada Litorânea (Cisbali). Araruama, Saqua-rema, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, Rio das Ostras, Cabo Frio e Casimiro de Abreu fi rmaram um protocolo de intenções e pretendem integrar o trata-mento de seus pacientes.

A formação do consórcio foi uma das metas elabo-radas pelo Conselho dos Secretários de Saúde da Bai-xada Litorânea, que sofreu mudanças em sua diretoria. A vice-presidência, que até o mês passado pertencia a Cabo Frio, agora está sob o comando de Arraial do Cabo,

através do secretário Marcelo Paiva Paes.

“Temos um hospital com 80 leitos, sendo 25 em fun-cionamento. Com o consór-cio, poderemos utilizar os 80 leitos para atender toda a região”, explicou ele, que pretende montar na cidade um centro para tratamento de queimados e uma unidade de dermatologia de alta com-plexidade.

De acordo com o se-cretário de Saúde de Cabo Frio, Roberto Pillar, uma das propostas é que o hospital estadual de Araruama passe a ser administrado pelo con-sórcio.

“Se o consórcio conseguir aliviar Cabo Frio do trata-mento de pacientes de outros municípios, principalmente na maternidade, ele será mui-to importante”, considerou.

ANP fi scalizaA Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fez marcação cerrada, em fevereiro, aos postos revendedores de combustíveis e de gás de botijão (GLP) de Araruama, Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Iguaba, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia. Dos 72 postos fi scalizados, oito foram autuados por motivos diversos e 15 foram interditados.

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E N G E N H A R I AC O M B U S T Í V E I S

S A Ú D E

E S P O R T E

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P a n o r a m a

A 3a edição do Prêmio Brasil de Meio Ambiente, criado pela CBM - Companhia Brasileira de Multimídia, realizou a entrega dos prêmios aos vencedores e homenageados em 12 categorias do ano de 2008, no dia 22 de janeiro com festa para 500 convidados no MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Dentre os homenageados, o empresário Paulo Pizão, da Servec Ecologia, mereceu um Destaque Especial pelo trabalho “Gestão Ambiental do Complexo Reserva do Peró”, considerado um exemplo de desenvolvimento sustentável.O prêmio, que possui co-realização da Gazeta Mercantil e Casa Brasil, é destinado a personalidades e instituições privadas e públicas, de diversos setores da sociedade e da economia, que se destaquem na área ambiental.

Prêmio Brasil de Meio Ambiente

Carta de Desenvolvimento

Cerca de 50 atletas de 15 países reuniram-se em Búzios para participar do Sul Americano de Windsurf /2009, que aconteceu de 3 a 8 março na praia de Manguinhos. Entre os destaques, três medalhistas olímpicos de Pequim 2008, Julien Bontemps da França, Shaha Zubari de Israel e Bryony Shaw da Inglaterra. Presentes também, a líder do Ranking Mundial Marina Alabau e a campeã da Europa Blanca Manchon, e os campeões da Semana de Vela de Miami 2009, o holandês Dorian Van Rijsselberge e o espanhol Ivan Pastor.

Prefeitos de seis municípios (Búzios, Araruama, Arraial do Cabo, Iguaba Grande, Maricá, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia) reuniram-se no gabinete do prefeito de Cabo Frio Marcos Mendes onde assinaram Carta de Desenvolvimento. O docu-menta exalta a potencialidade auto-sustentável da região para enfrentar a crise; pede a revitalização da Lagoa de Araruama, a inclusão da região no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o apoio para a construção do Centro de Convenções de Cabo Frio. O documento foi entregue ao presidente Lula.

D E S E N V O L V I M E N T O

V E L A

Os melhores do mundo em Búzios

P R E M I A Ç Ã O

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E C O N O M I A

No dia 20 de fevereiro, véspera de carnaval, a Companhia Nacional de Álcalis realizou assembleia para eleger a nova diretoria, dando continuidade a gestão dos trabalhadores decidida pela Justiça após a falência da empresa. Para o cargo de presidente, foi reconduzido por unanimidade Thiago Brasil, que respondia interinamente desde o ano passado devido a problemas com a primeira diretoria eleita.Apesar da unanimidade na assembleia, a vitória de Thiago e seu companheiro de chapa, Alcione Sampaio, não foi tão simples. Com três chapas concorrentes, a briga no momento da votação foi pelo quórum de 1/3 exigido pelo estatuto (no caso da Álcalis, 188 trabalhadores), que esteve ameaçado durante boa parte daquela manhã. A reunião só foi iniciada após esse número ser atingido e, com isso, os concorrentes, ao perceberem que seriam facilmente derrotados, saíram do local.Em sua gestão, Thiago implantou uma espécie de socialismo na empresa, igualando o salário de diretores, operários e profi ssionais liberais. Todos recebem a quantia de R$ 500 e, embora saibam ser pequena, ninguém reclama, pois o objetivo é a retomada dos trabalhos em sua plenitude, o que oferecerá um pagamento mais adequado.No momento, a diretoria da empresa investe em alternativas para movimentar a antiga fábrica, como a manutenção de equipamentos off-shore, que funciona na sede do Porto do Forno, e na chegada de uma fábrica de tintas. Os trabalhos com a barrilha, principal produto da Álcalis, vêm sendo retomado lentamente. O prefeito de Arraial do Cabo, Wanderson de Brito, o Andinho, apoia os trabalhadores e já contratou alguns serviços da empresa em sua gestão.

Álcalis elege nova diretoria

ÁLCALISFalência e equipamentos sucateados

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O destino das cerca de 15 mil toneladas de lixo produzidas pela população do Estado do Rio foi discutido no dia 11 de março, durante o seminário Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, na UERJ ( Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Voltado para técnicos e dirigentes das 92 prefeituras do Estado e para as institui-ções parceiras da secretaria do Ambiente, o seminário apresentou palestras técnicas com a participação de especialistas dos Ministérios do Meio Ambiente e das Cida-des, SEA ( Secretaria de Estado do Ambiente), AGENERSA (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro) e UERJ.

O Plano Estadual de Gestão de Resíduos prevê a elaboração de diagnósti-cos e estudos de regionalização que irão propor as melhores alternativas para a formação de consórcios intermunicipaiscom o objetivo de facilitar a adminis-tração dos resíduos, apoio para a implantação de novos aterros sanitários e para projetos de coleta seletiva.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia realizou em Búzios nos dias 20 e 21 de março, simpósio nacional para discutir a importância do diagnóstico precoce e o tratamento adequa-do para a hipertensão arterial. Especialistas de todo o país reunidos no Hotel Atlântico traçaram metas e discutiram ações conjuntas com o objetivo de alertar a população sobre a importância desses procedimentos. Antes do início do simpósio os organizadores realizaram uma caminhada, com o objetivo de chamar a atenção para o problema que hoje atinge 30% da população adulta mundial.

Seminário discute lixo

M E I O A M B I E N T E S A Ú D E

Búzios sedia encontro nacional sobre hipertensão arterial

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P a n o r a m a

E R R A T A C A R N A V A L

T R Â N S I T O

V E L A

S E R V I Ç O P Ú B L I C OO Canal Itajuru e a Praia do Forte, em

Cabo Frio, estiveram em festa no último fi m de semana de fevereiro, por conta da realização da primeira Barqueata Solidária na cidade, em que a renda das inscrições foi destinada à ins-tituições fi lantrópicas. Organizado pela Tropic, o evento reuniu barcos enfeitados e animados, chamando a atenção de turistas e moradores da cidade.

“Hoje ainda existem poucas atrações nas águas cabofrienses, e a Barqueata pode se transformar num novo produto turístico e de lazer”, afi rma Maria Inês Oliveros, organiza-dora do evento.

Barqueata da Solidariedade

Weber, e não SastreNa edição de fevereiro de CIDADE, na matéria “Na trilha de Brigitte”, um anexo da matéria de capa, “Mistura de Verão”, o nome do presidente da Associação de Hotéis de Búzios foi trocado. O entrevistado se chama Thomas Weber, e não Thomas Sastre, como foi publicado.

O arquiteto Chico Sales passa a colaborar com a prefeitura de Búzios, fazendo uma ponte entre as secretarias de Obras e Planejamento. Chico tem especial interesse por Planejamento Estratégico, tendo se dedicado ao assunto em diversas ocasiões, como na formulação do Plano Estratégico de Búzios e do primeiro Plano Diretor da cidade.

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Tudo como dantes no quartel de Abrantes

A Escola de Vela de Rio das Ostras abriu inscrições para cursos regulares. Os interessados devem procurar a secretaria de Esporte e Lazer para fazer a matrícula.É necessário ser morador, ter acima de 10 anos e possuir noções de natação.

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Falar da calamidade em que se transfor-ma o trânsito de Cabo Frio durante o verão é “chover no molhado”, como diz o dito popular. Todos os anos, as cenas de engarrafamentos e desorientação dos motoristas se repetem. Este ano foi igual, mas com um ingridente a mais: a colaboração da prefeitura. No dia da tradi-cional saída do bloco Costa Azul, a Guarda Municipal não fechou com antecendência as ruas do percurso do bloco, causando um dos piores engarrafentos da temporada.

SECRETÁRIO de Ordem Pública, Gilson da Costa (camiza azul na foto ao lado), estava no local mas não conseguiu impedir o engarrafamento

Chico colabora

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P a t r i m ô n i o

JOIA Abandonada

Renato SilveiraFotos PapiPress

isitar a Casa da Flor, patrimônio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac) desde 1983, construída em

1912 por Gabriel Joaquim dos Santos, um artista visionário descendente de escravos, é uma experiência estimulante para os olhos e triste para a alma. Estimulante, porque a beleza imaginada por Gabriel está lá, com todos os seus caquinhos trans-formados em fl or enfeitando as paredes de uma casa feita à base de barro. Mas triste, porque o abandono por parte da sociedade

e autoridades está colocando a estrutura de uma das mais belas obras de arte do Estado do Rio de Janeiro em risco.

Para o visitante a experiência começa ao tentar descobrir o endereço. Situada na Estrada dos Passageiros, entre os bairros Vinhateiro e São João, na periferia de São Pedro da Aldeia, não há nenhuma placa indi-cativa sobre sua localização nas imediações. O acesso, tanto por um bairro como pelo ou-tro, é péssimo, apesar do calçamento recém-construído e já batizado pelos moradores de “asfalto R$ 1,99”, por ter começado a desmanchar antes mesmo da inauguração. Apenas na porta da Casa da Flor, fi nalmente é possível encontrar uma placa.

Acesso precárioSe para quem conhece a região, a che-

gada é complicada, imagina para turistas estrangeiros como o professor, doutor em investigação pedagógica, da Universidade Autônoma de Barcelona (cidade espanhola conhecida pela arquitetura de Antônio Gaudí, cuja obra é sempre citada compa-rativamente com a Casa da Flor) Carlos Obando, que encontrou sérias difi culdades para chegar ao local.

“O acesso à Casa da Flor é muito complicado e difícil. Se um habitante local não te leva, eu duvido que se possa chegar sozinho. Eu fui porque pessoas que vivem ali me convidaram, e ainda assim acho que

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Rachaduras, cupins e perda dos elementos de decoração

são alguns dos problemas que

exigem cuidado imediato

houve difi culdade para encontrar o cami-nho. Não vi uma única placa ou aviso que indicasse em qual direção estava a Casa da Flor. O que é um desperdício pois o turista sempre quer estar bem informado sobre os lugares que visita”, queixou-se

A comparação com a obra de Gaudí encontrou eco na mente de Carlos, que embora tenha considerado a parte artística da casa bem conservada, assustou-se com as infi ltrações que ameaçam a estrutura.

“Eu venho de Barcelona, Espanha, e esta casa me lembrou imediatamente o grande arquiteto catalão Antonio Gaudí. Evidentemente que as construções de Gau-dí são monumentais, e a Casa da Flor não: mas seu trabalho artístico e a similaridade de técnicas que imitam formas da nature-za com incrustações nas paredes, como conchas e fi guras marítimas ou peças da região, guardam uma similaridade artística muito interessante com Gaudi. Quanto à casa em si, me pareceu com algumas infi ltrações na parede. Eu acho que é um monumento que valeria a pena potenciali-zar e mostrar de uma forma mais intensa como rota turística”, sugeriu.

Estrutura comprometidaO artista plástico Léo de Saules, res-

taurador de obras importantes como o Convento Nossa Senhora dos Anjos, em Cabo Frio, convidado por CIDADE a uma visita à casa, concorda com Carlos quanto a boa conservação da parte artística, mas fi cou assustado com as enormes rachaduras nas paredes e muros. Para ele, se nada for feito, a Casa da Flor se transformará em ruínas num prazo de dez anos.

“A perda da parte artística já começa a acontecer, com alguns cacos se soltando da parede, mas o estado geral de preser-vação do original é bom, em torno de 90%. Porém, a parte estrutural está muito ameaçada. São enormes as rachaduras provocadas pela exposição da casa ao sol e à chuva. Seria necessária a vistoria de um engenheiro para que se fi zesse um projeto para evitar essa tragédia e, paralelamente a isso, imaginar uma forma de cobertura para que essa jóia não continuasse exposta ao tempo”, afi rmou.

Município prioriza teatroA Secretaria de Cultura aldeense, sob

direção de um governo recém-empossado em janeiro, tem planos para a casa, mas ainda está tomando pé da situação. De acordo com a secretária Dulce Menezes,

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LEO SAULES Imaginar uma forma de cobertura para que essa jóia não continuasse exposta ao tempo

CARLOS OBANDO Um monumento que valeria a pena potencializar e mostrar de uma forma mais intensa como rota turística

Adornos começam a perder elementos

Materias expostos ao sol e a chuva estão em processo de deterioração

P a t r i m ô n i o

uma parte de sua equipe já visitou o local e começa a elaborar um projeto de pre-servação.

“Assumimos em janeiro e encontramos um teatro já inaugurado, porém sem a obra ter sido totalmente concluída. Priorizamos essa tarefa e, ao mesmo tempo, temos de trabalhar o carnaval. Mas minha equipe já visitou a Casa da Flor, da qual faço parte da Sociedade de Amigos (hoje, Instituto Casa da Flor) e estamos elaborando um projeto para a recuperação”, informou.

A presidente do Instituto, professora Amélia Zaluar, uma das primeiras persona-lidades a se interessar pela obra de Gabriel, diz estar ciente dos problemas pelo qual a casa vem passando, tendo já enviado o restaurador Raimundo Rodrigues para uma visita ao local.

“Estamos atentos às mudanças que estão ocorrendo no imóvel. Qualquer obra tem que ser feita com a aprovação do Inepac e com o trabalho do mesmo restau-rador, Raimundo Rodrigues, que esteve lá recentemente para verifi car os problemas que surgiram”, afi rmou.

O diretor do Inepac, Marcus Monteiro, diz que a responsabilidade pela conser-vação do monumento é da prefeitura. “O imóvel é da família, mas a gestão é da pre-feitura, que assumiu uma séria de respon-sabilidades. Mas, a última vez que estive com a Amélia Zaluar ela estava reclamando que a prefeitura não estava pagando nem a conta de luz. Um patrimônio como esse, que nâo é caro manter, algo em torno de R$ 1.000,00 por mês, mas nem isso a prefei-tura deu. Assim fi ca muito didifi cil manter esse patrimônio”, lamenta o diretor.

Marcus explica que o Instituto pode ajudar no desolvolvimento de projetos e ajudar na captação de recursos. “A própria secretaria de Cultura, de quem o Inepac é parte integrante, pode enquadrar na Lei de Incentivodo ICMS projetos para restau-ração da Casa”, explica, ressaltando que “não tem aparecido projetos para a Casa da Flor”.

O responsável pela conservação do patrimônio, sobrinho neto de Gabriel, Valdevir Soares dos Santos, está assusta-do com o que vem acontecendo à obra de seu tio. Recebendo um salário mínimo da prefeitura de São Pedro para servir de guia às visitas, que pagam R$ 1 para ajudar na manutenção, ele reivindica a construção de uma proteção para a casa, tirando-a da chuva e do sol.

“Alguma coisa nesse sentido tem de

ser feita. A construção é de barro, assim como a casa onde meu tio morava antes de vir para cá, que hoje é ruína. Estamos com várias rachaduras nas paredes e tem uma que já ameaça cair. Os cacos de algumas paredes estão soltando. É necessário que alguém olhe por isso. Recebemos visitas de todas as partes e gente conhecida e famosa, como o escritor Ariano Suassuna, que chega às lágrimas quando vê essa obra. Mas, continuamos aguardando alguma providência”, afi rmou, esperançoso.

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15CIDADE, Março de 2009

Mas é carnaval Não me diga mais quem é você Amanhã, tudo volta ao normal Deixe a festa acabar Deixe o barco correr(Chico Buarque)

Ligia Azevedo e Françoise Nys

Cassandra Ja-mes e Vanessa Lan-do

Tif Nys

Márcia Ribeiro

Gisela e Tho-mas Werber

Carlos Christian e Carla Rocha.

Bals Masqués

[email protected]

1Gilberto Taleno e Carlos Eduardo

Farias em tarde de feijoada supimpa para comemorar o aniversário do professor Renato Xavier

Eduardo e sua mãe Maria, na festa á fantasia que aconteceu para comemorar o aniversário do Herman Dieleman

O jornalista mineiro José Lopes e sua esposa Ana, foram hóspedes da também mineiríssima Maria Elvira Salles Ferreira em sua casa na Ferra-dura.

Eduardo Borgerth e sua amada Pamela.

Final de tarde irretocável na Ferra-dura. Maria Elvira recebendo as ami-gas para almoço só com comidinhas mineiras. Eta, trem bom!

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C a r t a s

www.revistacidade.com.brMarço, 2009

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

COMPREI A REVISTA CIDADE EM Ca bo Frio e gostei muito. Quero parabe-nizar a equipe pelo ótimo trabalho. As matérias são muito boas e as fotografi as de muito boa qualidade. Muito me im-pressionou a fotografi a do pescador com os peixes em redor da canoa. Lastimável para uma região que quer atrair o turista. Outra coisa que vi foi a materia Mistura de Verão, que também achei muito bem feita. O turismo nessa região me parece ainda não receber a atenção adequada. A falta de cuidado com o meio ambiente se refl etirá em perdas econômicas para região a médio prazo. Não devemos nos esquecer que a sustentabilidade reflete um desenvolvi-mento econômico efi caz, socialmente justo, contínuo e sem prejuízo ambiental - isto é, ecologicamente ponderado. Neste sentido, a vinculação entre turismo e sustentabilidade é essencial e complementar. São poucas as regiões que possuam a diversidade am-biental e geográfi ca, numa confi guração tão harmoniosa como na Região dos Lagos; Mas é pela carência de infraestrutura que a região perde a possibilidade de fi gurar entre os principais destinos turísticos do mundo. Desejo sucesso contínuo e deixo meu abraço.Oscar Jorge Migliani (Engenheiro Civil - Araçatuba/SP)

SIRVO-ME DESTE CONTATO COM A revista CIDADE, que conheci na casa de uma prima e “roubei” um exemplar, para externar minha contrariedade com o que vi em Búzios. Fomos eu, minha mulher e fi lhas, a Búzios para uma pequena tempo-rada de férias. A linda vila que conheci no passado não existe mais! A sujeira tomou conta das praias e os camelôs invadiram a praia de Geribá. Tinha de tudo para vender, parecendo mais um mercado livre do que uma praia. Nem de longe parece a Búzios dos anos 70, quando só tinha charme, tran-quilidade e gente bonita andando por lá. Uma pena e uma grande decepção.José Aureliano (Advogado - São José do Rio Preto/SP)

PRIMEIRAMENTE CUMPRIMENTO OS jornalistas e fotógrafos da revista CIDADE pelo ótimo trabalho. Passei 20 dias de férias com a minha família em Cabo Frio. Comprei a revista numa banca do centro e gostei muito. Aqui não temos uma revista assim. Achei muito interessante também ver como a região está atrasada na questão da recicla-gem. A gente não tem as praias maravilhosas e uma revista bonita assim, mas já fazemos alguma reciclagem por aqui.É pena, pois essa região é a coisa mais linda que existe no mundo, e deveria haver mais preocupação com o lixo e o esgoto, que também não tem atenção. Parabéns e sigam em frente, sucesso.João Victor (Engenheiro - Betim/MG)

FUI PASSAR UNS DIAS NA REGIÃO E uma amiga me deu a revista para eu trazer para a minha cidade. As praias daí são muito bonitas e os passeios de barco são deslumbrantes em Arraial do Cabo. Uma beleza que sugiro que vocês coloquem na revista é a gruta azul. Parabéns pela revista e pelos lugares todos maravilhosos. A única coisa que atrapalhou um pouco foi a chuva, que não parava nem um minuto, mas mesmo assim deu para curtir muito.Mirna Freixo (Estudante - Contagem/MG)

SOU POETISA E GOSTARIA DE MAN-dar poesias e pensamentos que possam enriquecer a revista. Caso queiram receber fi carei feliz, caso não queiram fi carei feliz do mesmo jeito pelo contato.Antônia Auxiliadora Nantes - Cabo Frio/RJ

SOU MORADORA DE IGUABA GRANDE e vi a revista CIDADE aqui na Câmara Mu-nicipal com a materia da lagoa azul. Vocês precisam ver como está agora. A água está totalmente escura e teve uma grande morte de peixes em toda a lagoa. Além de ter peixe morto, tudo começa a feder logo em seguida com o sol que apodrece os peixes. Um fedor só de ponta a ponta da lagoa.Jussara Leite Ramos (Comerciante- Iguaba grande/RJ)

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected] ResponsávelNiete [email protected] de ReportagemTomás [email protected] AraújoJuliana VieiraLéo BorgesMarcelle ReidRebeca Bruno BordaloRenato SilveiraViviane RochaFotografi asFlávio BordaloFlávio PettinichiMariana RicciPapiPressRicardo MannaTatiana GrynbergSérgio QuissakColunistasAngela BarrosoErnesto LindgrenDanuza LimaOctavio PerellóProdução Gráfi caAlexandre da [email protected]ãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.ADistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Campos, Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

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17CIDADE, Março de 2009

N U T R I Ç Ã O

DANUZA LIMA é [email protected]

Azeitede Oliva

o Brasil não existe a tradição do consumo de azeite de oliva e por isso há muita desinformação a

respeito das possibilidades de seu uso na culinária e dos benefícios à saúde. Além de reduzir o colesterol, o azeite ajuda a prevenir doenças cardiovas-culares por conter alto teor de ácidos monoinsaturados. O azeite de oliva é também uma fonte rica em vitamina E, um antioxidante que retarda o processo de envelhecimento celular. Possui efei-tos positivos contra a arteriosclerose, facilita a digestão, acelera as funções metabólicas, produz efeito protetor e tônico da epiderme, entre outros.

Com relação ao modo de preparo dos alimentos sabe-se que o uso de azeite de oliva na culinária é muito amplo, passando por diferentes técni-cas. Na Espanha e nos países mediter-râneos, é pratica comum a utilização do azeite frio ou aquecido em todas as preparações.

Quando óleos são aquecidos ou oxi-dados, suas moléculas de ácidos graxos se soltam e se degradam em substâncias químicas indesejáveis, como os radi-cais livres. A temperatura crítica em que isso ocorre recebe o nome de ponto de fumaça e ela varia muito de acordo com o grau de refi namento, da varieda-de de sementes utilizadas como matéria prima e até do clima em que cresceu. Sabe-se que azeites de boa procedência tem esse ponto alto o que o qualifi ca para ser utilizado em refogados desde que em fogo moderado.

Lembre-se sempre de verifi car a data de fabricação do azeite porque di-ferentemente do vinho, o azeite quanto mais novo melhor. A embalagem tam-bém é importante, que deve ser opaca, evitando a passagem da luz.

Como todas as gorduras, o azeite é uma boa fonte de energia, fornecendo por cada grama nove kilocalorias. Apesar das suas excelentes qualidades nutritivas e sabor inigualável, o azeite deve ser consumido com moderação com o objetivo de prevenir a obesi-dade.

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18 CIDADE, Março de 2009

CONSTRUIR, REFORMAR E DECORAR Sem um especialista não dá!

Certifi que-se: Foi uma parceria unindo a ideia que nós tínhamos com o profi ssionalismo de poder contar com um arquiteto para orientar a compra e a obra. Nós levamos a ideia e eles organizaram.Quando surgiu a oportunidade de uma parceria integral comprando tudo num único lugar com a vantagem de ter um arquiteto para orientar todos os detalhes e ainda por cima ter materiais de qualidade, não pensamos duas vezes para fechar

rejuízo, esse é o único destino ao qual você che-gará. Ao iniciar um proje-

to de reforma ou construção, procure orientação de um engenheiro ou arquiteto, cer-tifi que-se de estar contratando um profissional qualificado com referências. Quando da

aquisição de materiais para sua construção não caia na “arma-dilha do barato”, afi nal produ-tos com qualidade duvidosa poderão lhe causar prejuízos ainda maiores. Home Centers oferecem atendimento técnico e com especifi cação, ou seja, você irá comprar produtos

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Certifi que-se que a logística de sua obra está de acordo com a realidade do projeto, faça seu planejamento junto com seu vendedor consultor, a cada fase de sua obra ele saberá defi nir qual a necessidade de compra na quele momento, evitando assim desper-dícios ou despesas extras.

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P

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revestimentos “EXTRAS” (certifi cados); Compras a vista tem um desconto substancial; Disponibilidade de estoque; Facilidade no pagamento; Prazo de entrega; E, é lógico, um bom atendimento;

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Papi

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19CIDADE, Março de 2009

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20 CIDADE, Março de 2009

evereiro começou com uma despesa a mais para quem trafega pela BR-101. Uma viagem de Campos dos Goytacazes para o Rio de Janeiro, agora, passa a ser dividida por cin-

co praças de pedágio, três delas em pleno funcionamento. Duas estão no território de Campos (Km 40 e Km 123), uma em São Gonçalo (Km 299), outra em Casimiro de Abreu (km 192) e mais uma em Rio Bonito (Km 252). A novidade divide opiniões, gera discussões e dúvidas.

Uma Comissão Especial para acompa-nhar o processo foi criada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). No dia 12 de fevereiro, a primei-ra de uma série de audiências públicas aconteceu na Câmara Municipal campista. A cidade foi escolhida por ter sediado o início da cobrança dos pedágios. Os re-presentantes da Autopista Fluminense e da Agência Nacional de Transporte Terrestre

Juliana Vieira

Viagem mais cara

(ANTT), não compareceram à audiência.Um dia depois da avaliação sobre o

início da cobrança de pedágio, a estrada não suportou a chuva, o asfalto cedeu e milhares de motoristas se viram obrigados a trafegar pela Via Lagos para continuar a viagem. O fato lembra o transtorno vivido em novembro de 2005, quando o atual pre-sidente da Comissão Especial da Alerj para o assunto, deputado estadual Glauco Lopes (PSDB), recolheu assinaturas no manifesto “Redução Já”, em apoio ao seu projeto de lei que defendia a redução temporária do valor do pedágio na via, único acesso à Região dos Lagos após a queda da ponte na BR-101 no município de Silva Jardim.

Na época, além de aumentar o percurso em 34 km, o desvio da rota tradicional doía no bolso dos motoristas que tinham a Via Lagos como única alternativa. Novamente uma forte chuva foi a causa da interdição da principal estrada do Estado. Mais uma vez os motoristas tiveram que transitar na Via Lagos.

Via Lagos, o pedágio mais caro do Estado

Com apenas 56 quilômetros de exten-são, a Via Lagos tem o mais caro pedágio do estado do Rio. A tarifa cobrada para carros de passeio é de R$ 8,90 nos dias úteis e R$ 13,60 nos fi ns de semana ou feriados. Em todo Estado do Rio existem atualmente 23 estradas pedagiadas. Até julho, as praças de Rio Bonito e Casimi-ro de Abreu na BR-101 também estarão funcionando.

Segundo a ANTT, o valor do pedágio pode sofrer alterações. Ele pode aumentar ou diminuir a qualquer momento confor-me as regras de Revisão de Tarifa ou pelo Reajustamento Anual da Tarifa.

Pedágio divide cidade em trêsAutoridades do Norte Fluminense de-

clararam apoio ao trabalho da Comissão Especial da Alerj. Queixas, dúvidas e su-gestões já foram enumeradas por prefeitos

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21CIDADE, Março de 2009

e vereadores que representam municípios que estão ou serão atingidos pela cobrança de pedágio.

“Nunca fomos ouvidos durante esta concessão”, afi rmou o presidente da Câ-mara de Vereadores de Conceição de Ma-cabu, Marlon Abreu Gomes (PT), durante audiência pública. A cidade, segundo ele, será dividida em três devido as praças de pedágio.

Sem respostasProcurada por CIDADE, a Autopista

Fluminense limitou-se a enviar dados refe-rentes ao processo de concessão, deixando as demais perguntas sem resposta.

Por e-mail, a Autopista informou que assinou o contrato de concessão da BR-101 em 14 de fevereiro de 2008. De acordo com o contrato, os seis primeiros meses (até 14 de agosto) foram dedicados aos chamados trabalhos iniciais, o que incluía melhoria da pavimentação das pistas, iluminação, dispositivos de segurança, sinalizações vertical e horizontal, conforme estabelece o Programa de Exploração Rodoviária (PER), defi nido pela ANTT.

A Autopista Fluminense é, hoje, a maior companhia do setor de concessões rodoviá-rias do país em quilômetros administrados,

controla nove concessionárias e administra 3.226 quilômetros de rodovias e está pre-sente também nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

A Autopista esclarece que as obras realizadas seguem cronograma defi nido no contrato de concessão, e que as praças de pedágio começaram a realizar a cobrança porque a concessionária teria cumprido todas as exigências contratuais.

Número das mortesDe acordo com José Maurício Rocha,

representante da Polícia Rodoviária Fede-ral (PRF), uma novidade com a concessão é que agora a remoção das vítimas de acidentes e dos animais na BR-101 são de responsabilidade da Autopista, e não mais da PRF.

“Não observei diminuição, nem au-mento do número de acidentes”, afi rmou.

Segundo Luiz José de Souza, presiden-te do Pró-Vida, a BR-101 é uma situação grave de saúde pública. Um levantamento descobriu que 400 mortes acontecem todos os anos no trecho que liga Niterói à divisa com o Espírito Santo (próximo a Campos).

“Este é o trecho que mais mata”, diag-nosticou.

MARCELO CALDEIRA Eu queria saber por que estamos pagando esse pedágio

Papi

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SURPRESA

O técnico em informática Marcelo Caldeira levou um susto no dia 12 de fevereiro, quando foi obrigado a parar no pedágio da Autopista Fluminnese e pagar um pedágio adicional de R$ 2,50. “Isso é um assalto? perguntei para a moça do guichê”, conta Marcelo.

Uma viagem da Região dos Lagos ao Rio de Janeiro, distante 180 km, que em dias úteis custava R$ 21,60 (Via-Lagos R$ 17,80 ida e volta, e Ponte R$ 3,80 apenas volta), passa agora a custar R$24,10. Nos fi nais de semana, com a tarifa diferenciada da ViaLagos, o desembolso passa a ser de R$ 33,50, apenas em pedágios.

“Eu queria saber por que estamos pagando esse pedágio. Não vi obra ne-nhuma no trecho depois da Via Lagos, além da praça do pedágio. Minha su-gestão é que quem venha da Região dos Lagos seja liberado desse pagamento apresentando o ticket da Via Lagos”, acrescenta Marcelo.

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22 CIDADE, Março de 2009

Teatro Municipal de Cabo Frio foi pura agitação na noite quarta-feira, 11 de março. Música e ação social foram destaques no palco. Os convi-

dados chegaram para assistir aos shows de Thalma de Freitas e Toni Garrido munidos de livros que foram doados à Biblioteca Municipal de Cabo Frio, Professor Walter Nogueira. Mais de 150 livros foram arre-cadados e doados para enriquecer o acervo da Biblioteca.

Autoridades, empresários e a imprensa local se fi zeram presentes. A atriz e cantora foi Thalma de Freitas, abriu o espetáculo se apresentando ao lado do pai, maestro Laércio de Freitas.

Toni Garrido, que inicia uma em nova fase seguindo carreira solo, subiu ao pal-co com sua nova banda composta de sete músicos e sacudiu o público. A animação foi tanta que os convidados dispensaram as cadeiras preferindo fi car de pé para cantar e dançar com o artista.

No camarim, após o show, Toni Garrido recebeu algumas autoridades municipais, entre elas a vice-prefeita de Cabo Frio, Delma Jardim e o coordenador de cultura do município, Guilherme Guaral. “Não dá para a gente pontuar o nosso trabalho só pelo social, mas é muito bom poder juntar as duas coisas” declarou.

Show de caráter sociocultural empolgou a plateia formada apenas por convidados, que doaram livros para Biblioteca Municipal

Toni Garrido sacode Cabo Frio

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iana

Ric

ciEntretenimento

Rebeca Bruno Bordalo

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23CIDADE, Março de 2009

ANDINHO no comando

ARRAIAL DO CABO

prefeito cabista e o vice, Reginaldo Mendes Leite (PT), falaram sobre as difi culdades encontradas no início do mandato e listaram as prioridades

para o primeiro ano da nova gestão.Andinho não poupou críticas ao seu

antecessor, o ex-prefeito Henrique Sérgio Melman (PDT), que, segundo o atual pre-feito, deixou quase R$ 150 milhões em dívidas, além de uma estrutura sucateada na administração municipal.

“Um governo que se declarava com-petente e honesto foi, na verdade, um governo podre. Nossa população empo-breceu, a educação piorou, a saúde foi simplesmente cruel, a cidade estava cheia de lixo, a prefeitura estava abandonada”, atacou Andinho.

Os números apresentados pelo prefeito são assustadores. De acordo com ele, Ar-raial tem dívidas de R$ 8,2 milhões com o INSS; R$ 1 milhão com o FGTS; R$ 18,9

milhões com a Ampla e R$ 75 milhões com o Ibama (segundo Andinho, Arraial tem a segunda maior dívida com Ibama no estado do Rio, fruto de multas que não foram pagas ou negociadas, perdendo apenas para a Petrobras). Entre as autar-quias da prefeitura, os cálculos indicam uma dívida de R$ 5,3 milhões por parte do Instituto de Previdência Cabista (IPC) e de R$ 40 milhões por parte da Ecatur, que realiza trabalhos de limpeza urbana e obras públicas.

“Vamos buscar os meios legais de penalizá-los. Isso não vai fi car impune”, garantiu o prefeito.

Ele acredita no Consórcio Intermu-nicipal de Saúde da Baixada Litorânea (Cisbali) como solução para os problemas encontrados no setor mais crítico da admi-nistração cabista.

“A integração na área de saúde é imprescindível. Nesse pouco tempo de mandato, já fizemos parceria com os municípios vizinhos e operamos dois pa-

cientes de Rio das Ostras com médicos de Armação dos Búzios, aqui nas instalções do Hospital Geral”, afi rmou.

Por ter o menor Índice de Desenvol-vimento Humano (IDH) no estado do Rio de Janeiro, Arraial tem a previsão de rece-ber recursos da ordem de R$ 23 milhões provenientes do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

“Mesmo sabendo da existência desses recursos, o governo anterior não fez nada porque não tinha competência nem para elaborar um projeto. Estamos trabalhando nisso e, em breve, vamos trazer o dinheiro do PAC para Arraial”, garantiu Andinho.

De acordo com o vice, a prioridade entre as obras com o dinheiro do PAC será impregar R$ 7,5 milhões no saneamento de água e esgoto nos distritos de Monte Alto, Figueira e Pernambuca. Ele também está viajando periodicamente a Brasília para negociar as dívidas da prefeitura, em busca da certidão negativa necessária para a cap-tação de recursos do governo federal.

A imprensa da Região dos Lagos compareceu em peso à primeira entrevista coletiva do prefeito de Arraial do Cabo, Wanderson Cardoso de Britto, o Andinho (PMDB), concedida aos 40 dias do início de seu governo.

Texto e fotos Tomás Baggio

ANDINHO COM O VICE REGINALDODívidas e poucos

recursos

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24 CIDADE, Março de 2009

Asaerla e Crea têm novos presidentes

começo de ano foi bastante movi-mentado para arquitetos e engenhei-ros do Estado do Rio de Janeiro. Na capital, o Conselho Regional

de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ), segundo maior do país, o novo presidente Agostinho Guerreiro, eleito em dezembro do ano passado, iniciou as ativi-dades prometendo contenção de despesas e aproximação com as entidades de classe (veja entrevista ao lado). No interior, a Associação dos Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla) empossou o novo presidente Humberto Quintanilha. A mudança na diretoria da Asaerla foi causada pelo afastamento, por motivos de saúde, do ex-presidente José Arthur de Almeida Lima.

Uma das metas do novo presidente da Asaerla é designar os engenheiros Elídio Lopes Mesquita e Juarez Lopes como conselheiros no Crea-RJ. Eles deverão

Viviane Rocha apreciar assuntos inerentes à verifi cação, fi scalização, aperfeiçoamento do exer-cício profissional e a valorização das profi ssões. Compete a eles fazer cumprir a legislação federal, as resoluções, as de-cisões normativas, as decisões plenárias baixadas pelo Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), os atos normativos e os atos administra-tivos baixados pelo Crea. O exercício da função de conselheiro regional é gratuito e honorífi co.

Antigas questões, novas saídasPara o novo presidente da Asaerla, as

questões mais polêmicas como a multi-plicação das obras irregulares na cidade, a construção do Clube Med no Peró e o tratamento a tempo seco do esgoto depo-sitado na Lagoa de Araruama merecem mais atenção tanto da Associação quanto dos consórcios e das prefeituras da Região dos Lagos. Segundo ele, as construções irregulares não param de ser espalhar pela região.

“Não dá para ter dois pesos e duas medidas. Se não pode, não pode. Vamos continuar fazendo denúncias e tentando interagir com a Câmara Municipal e a prefeitura, trabalhando em parceria e atendendo às reivindicações profi ssionais”, enfatizou.

Para ele, uma das saídas apontadas seria a inclusão da mais-valia (sobretaxa por ter feito obras sem a licença e fora das normas) no Código de Obras.

“As leis complementares estão sendo elaboradas agora. Esperamos que o novo Código de Obras, estabelecido pelo Plano Diretor, seja normalizado e a mais-valia seja incluída. É claro que, como profi s-sionais e técnicos, nossa obrigação será sempre apontar quaisquer irregularidades, mas precisamos que a prefeitura se faça presente, fi scalizando e colocando em prática as medidas cabíveis. Contamos também com a ajuda da população, que pode e deve contribuir denunciando”, afi rmou.

Já a chegada do Club Méd em Cabo

AGOSTINHO GUERREIRO presidente do Crea-RJ

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HUMBERTO QUINTANILHA presidente da Asaerla

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25CIDADE, Março de 2009

Frio, que deverá ocupar 4,6 milhões de metros quadrados dentro da área de pro-teção ambiental (APA) do Pau-Brasil, causa preocupação quanto aos possíveis danos ao meio ambiente, principalmente à vegetação nativa.

“Na verdade, minha maior preocupação é o loteamento que virá junto com o Club Med. Não é apenas a construção do resort na área, mas sim os 500 lotes de restinga que serão urbanizados. Em parte, acredito que esse projeto é benéfi co para a cidade por causa da geração de empregos e por lançar Cabo Frio na mídia internacional. Mas é preciso fazer um negócio conscien-te”, opinou Agostinho Guerreiro.

Saneamento de esgoto a tempo seco

Humberto Quintanilha acredita que a alternativa mais viável para a despoluição da Lagoa de Araruama continua sendo o saneamento de esgoto em tempo seco, chamado assim por funcionar apenas em dias em que não ocorrem chuvas. Além de custar menos aos cofres públicos, seria a

opção com efeitos mais imediatos, já que a construção de rede convencional (sepa-rativa de rede de esgoto e de rede pluvial) custaria muito mais e levaria mais tempo.

“Não me interessa pensar na lagoa daqui a dez anos apenas. Precisamos pen-sar nela agora. O lançamento de esgotos domésticos e industriais, fertilizantes agrícolas e a urbanização acelerada das cidades pioram esse processo, revelando o desequilíbrio ecológico”, disse.

Para ele, uma das soluções seria a mudança do contrato de concessão da Prolagos, que deveria dar um outro destino às águas pluviais e ao esgoto.

“É preciso garantir que as estações de tratamento de esgotos existentes passem a executar o tratamento terciário, ou seja, um tratamento efi ciente para os esgotos sanitários; controlar a drenagem urbana; implantar as redes separadoras para coleta dos esgotos sanitários; e mudar o atual des-tino do despejo das estações de tratamento de esgotos, estudando a possibilidade de construção de um emissário submarino”, concluiu.

Quais são as principais metas para esse novo mandato?Trabalhar com transparência e democracia, que foram os lemas da campanha. Uma das questões mais importantes nesta nova gestão é o fortalecimento das entidades de arquitetura, engenharia e agronomia, como sindicatos, associações e clubes de níves superior e técnico ligadas ao Crea e que estão espalhadas pelo estado do Rio de Janeiro. Outra proposta mais emergencial é fazer um “saneamento” no Crea. Havia problemas muito sérios na administração. Estamos nos organizando para fazer uma contenção de despesas sem prejudicar os profi ssionais e as empresas.

Como o senhor pretende administrar a rela-ção com todos os profi ssionais?Vamos trabalhar para infl uenciar a mídia nacional positivamente. Como em nossa legislação ainda existem pontos que pre-cisam ser atualizados, vamos inserir, junto ao colégio de presidentes (dos quais fazem parte presidentes do Crea e do Confea), mudanças de alcance nacional.

Agostinho Guerreiro presidente do Crea/RJ

Quais são as questões internas mais impor-tantes que precisam de uma solução a curto prazo?O Crea trabalha com recursos públicos, o que signifi ca que a gestão precisa ser extremamente transparente. Precisamos também de pessoas experientes e com currículos comprovados. As pessoas que ocupam cargos de confi ança precisam ser capazes e os nossos funcionários de aten-dimento têm de estar capacitados para um serviço mais ágil. Vamos investir bastante em capacitação.

Qual é a sua opinião sobre a construção do resort Club Med em Cabo Frio?Acredito que todo tipo de construção em áreas ambientais precisa estar em har-monia com as prefeituras, a sociedade e o Inea (Instituto Estadual do Ambiente). Precisa haver, sim, troca de opiniões e um bom nível de entendimento entre as partes, para que a sociedade, o município e o estado fi quem tranquilos em relação à preservação do meio ambiente. Além disso, é necessário elaborar um bom estudo de impacto ambiental e o seu respectivo re-latório EIA/RIMA. Uma construção desta magnitude só vale a pena se a sustentabili-dade for levada a sério. Muitos problemas ambientais acontecem pela desatenção a essa questão.

Entrevista

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PETRODEPENDÊ NQuando um indivíduo se torna dependente químico, seu organismo passa a requerer a ministração regular e muitas vezes crescente de determinada substância. A ausência dessa substância pode causar perturbação. É assim, por exemplo, com os viciados em cocaína ou crack.Você deve estranhar que uma reportagem sobre economia comece com algumas considerações desse tipo, comuns às publicações médicas. Mas, se a tal “substância” forem os royalties pagos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aos municípios produtores da Bacia de Campos, a explicação faz todo o sentido. Este seleto grupo — formado por Campos, Macaé, Cabo Frio, Rio das Ostras, Quissamã, Casimiro de Abreu, Armação de Búzios, São João da Barra e Carapebus — tornou-se tão profundamente dependente da indenização paga mensalmente pela ANP que qualquer mudança mais signifi cativa no cálculo dos valores chega a causar convulsão nas prefeituras. Foi exatamente o que aconteceu em janeiro, quando o repasse sofreu uma redução de 30% em relação a dezembro de 2008.

Gustavo Araújo

Enfrentando o drama da

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s royalties são calculados com ba se na produção de petróleo e gás natural e no preço do barril de petróleo no mercado internacional. A distribuição é feita de acordo

com critérios geográfi cos estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), levando-se em conta a proximidade com os campos produtores de óleo e gás, a extensão do litoral de cada município e a existência de instalações da Petrobras em seu território. Os nove muni-cípios produtores ocupam posição privile-giada, uma vez que estão em frente à maior província petrolífera do Brasil, responsável por 82% da produção nacional de petróleo. Juntos, no ano passado, eles receberam R$ 1,6 bilhão em royalties da ANP. Isso sem falar na participação especial, com-pensação extraordinária paga sobre a produção de petróleo e gás nos campos de grande volume de produção: R$ 1,1 bilhão. Para se ter uma noção do impacto, o orçamento da Prefeitura de Campos, que era de R$ 37 milhões em 1994, saltou para R$ 1,456 bilhão em 2008 - 40 vezes maior. Inchaço semelhante foi registrado nos municípios vizinhos. Mesmo descon-tando a infl ação do período, trata-se de uma bolada sem precedentes na história do país, que vem despertando a cobiça de milhares de municípios que não têm este privilégio e tentam, no tapetão, mudar as leis que versam sobre a distribuição dos royalties.

Assim como os altos valores da in-denização, chama a atenção o grau de dependência que as prefeituras destes nove municípios desenvolveram em relação aos royalties. Em média, a indenização pela exploração de petróleo representa 75% dos orçamentos municipais. Com a Petrobras produzindo mais a cada ano e o preço do barril atingindo níveis estratosféricos nos últimos anos, até agora os administrado-res viveram num mar de rosas, vendo o dinheiro jorrar. Este quadro começou a

mudar com a crise norte-americana, que, num efeito-dominó, abalou os mercados de todo o mundo e trouxe recessão até às economias mais sólidas, como Japão e Alemanha. Com o consumo em queda, grandes indústrias demitindo ou fechando as portas e o setor automobilístico anun-ciando cortes vultosos, o preço do barril de petróleo despencou de US$ 150 para me-nos de US$ 40. E analistas internacionais acreditam que difi cilmente o preço voltará ao que era antes.

Apertando os cintos A crise começou a ser percebida pelos

municípios produtores da Bacia de Campos no último bimestre de 2008. Em janeiro, quando os novos prefeitos tomaram posse, receberam uma ducha de água fria: o repas-se dos royalties foi 30% menor em relação ao mês anterior e 50% menor que em se-tembro de 2008. Atordoados, os gestores estão revendo seus orçamentos, anuncian-do redução nos cronogramas de obras e, em alguns casos, demitindo pessoal. “O que me chama a atenção é que as elites desses municípios deixassem a região depender tanto do petróleo quanto a Venezuela de Hugo Chávez. Estamos lidando com uma commodity política e volátil”, analisa o economista Ranulfo Vidigal, ex-presidente da Fundação Centro de Informações de Dados do Rio de Janeiro (Cide) e atual gerente do Centro de Informação e Dados de Campos (Cidac). Em sua opinião, os municípios produtores terão de tomar decisões importantes daqui para frente, como enxugar a máquina administrativa, se quiserem manter sua rotina administrativa sem ferir os limites impostos pela lei de Responsabilidade Fiscal.

É o que propõe, por exemplo, a Prefei-tura de Cabo Frio. Cerca de 2 mil contratos, 20% da folha de pagamento, não foram renovados na virada de ano. “O governo, hoje, está arrumando a casa, porque o tempo das vacas gordas já se encerrou. Então, a gente não pode gastar mais do que tem porque senão não haverá parcela de royalties que vai chegar e suprir”, comenta o secretário de Governo, Alfredo Barreto, lembrando que o município recebeu, em janeiro, R$ 4 milhões a menos que no mês anterior. A curto prazo, esta foi a solução

Prefeitos dos municípios produtores de petróleo sofrem com a queda dos royalties e se preparam para um futuro sem eles

ROBERTO MORAES, ex-diretor do Cefet/Campos

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encontrada pela administração pública para não prejudicar serviços essenciais, como segurança, limpeza pública e assistência social.

O sinal amarelo da crise também acen-deu em Macaé. O orçamento da prefeitura para 2009, de R$ 1,076 bilhão, será revisto e deve encolher 40%. O município, onde estão concentradas as operações da Petro-bras na Bacia de Campos, é o mais atrelado à cadeia produtiva de petróleo e gás, pois sedia mais de duas mil empresas prestado-ras de serviço. Uma crise neste setor, além dos royalties, leva para baixo a estimativa de arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) e até do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). “Antes, a de-pendência de Macaé da arrecadação dos royalties era maior, o repasse da Agência Nacional do Petróleo era responsável por 60% do orçamento. Hoje, a dependência caiu e a arrecadação de próprios soma 60%, mas os royalties são fundamentais para a realização de obras e serviços”, afi rma o prefeito Riverton Mussi.

Na Prefeitura de Quissamã, o corte no orçamento será de 25%. Prevendo uma queda ainda maior no repasse, o prefeito Armando Carneiro mandou rever os con-tratos e cortar gastos com pessoal. Segundo ele, o choque de gestão visa antecipar problemas futuros que o município poderá ter com a queda de receita e busca garantir os serviços essenciais e a rede de proteção social. “Vamos manter nossa educação e saúde de qualidade e garantir todos os benefícios sociais existentes”.

Mesmo a ensolarada Búzios, repleta de turistas, começou o ano sob pressão. A primeira medida anunciada pelo prefeito Mirinho Braga foi reduzir de 700 para 273 o número de cargos em comissão, gerando uma economia de 30% no primeiro mês de governo. A nova ordem na administração buziana é diminuir despesas e compensar a redução no repasse dos royalties de outras formas, como a revisão do cadastro da dívi-da ativa, a cobrança de taxas de publicidade e o combate à sonegação fi scal. Em outras palavras, Mirinho quer aumentar a receita própria, uma preocupação que, nos tempos de vacas gordas, foi deixada de lado pelos governantes dos municípios produtores da Bacia de Campos.

Maior cidade do interior do estado e principal beneficiária dos royalties, Campos é o claro exemplo do descaso em relação à arrecadação própria. O dinheiro arrecadado em casa, com impostos como o IPTU e o ISS, hoje representa apenas 20% da receita do município. Com o

P-52Plataforma em opreção na Bacia de Campos

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or çamento de 2009 reduzido em 30%, a prefeita Rosinha Garotinho suspendeu o pagamento a fornecedores por um prazo de 180 dias, determinou uma auditoria em todas as contas e pediu ao secretário de Finanças, Francisco Esquef, que faça um levantamento das dívidas da prefeitura. A economia chegou à rotina administrativa: com a redução no consumo de combustível da frota ofi cial, estão sendo economizados 14 mil litros por dia. Serão menos R$ 4 milhões ao fi nal de um ano.

Partilha contestadaAo que tudo indica, a tempestade está

apenas no início. Ainda que a crise mun-dial tenha curta duração, os produtores de petróleo terão pela frente uma dura batalha que começa a ser travada no Con-gresso Nacional. Tramita em Brasília um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de autoria do senador Aloísio Mercadante (PT-SP) que propõe uma redistribuição dos royalties do petróleo ao estado do Rio de Janeiro - em especial aos nove produtores. Na Câmara dos Deputados, a briga promete ser ainda mais acirrada: foi criada a Frente Nacional Municipalista, defensora da tese de que o petróleo é um patrimônio de todo o Brasil, e não apenas de um grupo de municípios. A Frente já conta com o apoio de 190 parlamentares. Alarmados, os prefeitos fluminenses - organizados através da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) - mobi-lizam esforços no sentido de impedir uma mudança nas regras. A justifi cativa é que a indústria do petróleo, além do desenvolvi-mento econômico, trouxe vários problemas com ela, como o inchaço populacional. O crescimento urbano exagerado é sentido com mais intensidade em Rio das Ostras, cuja população, na última década, vem aumentando a uma taxa de 10% ao ano - a mais elevada do estado do Rio. No Censo de 2000 do IBGE, eram 42 mil habitantes. Pela estimativa de 2008, a cidade ultrapassa a marca de 90 mil moradores. Atualmente, mais de 70% da economia riostrense está ligada diretamente ao repasse mensal da ANP. “Podemos sofrer mais por conta des-sa dependência, por isso teremos que ser mais criteriosos em nossos investimentos, priorizando saúde e educação”, pondera o prefeito Carlos Augusto Balthazar.

Os defensores da redistribuição dos royalties se baseiam num argumento de peso: com tanto dinheiro entrando em caixa desde 1997, quando começaram a vigorar os atuais critérios da ANP para o cálculo da compensação, os governos dos

municípios produtores não conseguiram resolver problemas básicos da população, como moradia, saneamento, transporte de qualidade e saúde efi ciente. Crescimento, só mesmo da folha salarial das prefeituras, que contrataram como nunca. “Os resul-tados sugerem que, apesar das vantagens orçamentárias desses municípios, a lógica da alocação dos recursos não tem pro-duzido justiça social por meio do acesso igualitário aos sistemas de saúde, habitação e particularmente de educação. Não parece fazer parte da agenda dos gestores desses recursos, por um lado, investir na quali-dade da população com vistas a preparar pessoal qualifi cado para assumir a oferta de trabalho regional em torno da indústria do petróleo no futuro”, citam os profes-sores Elzira Lúcia de Oliveira e Gustavo Henrique Naves Givisiez, da Universidade Candido Mendes, num estudo publicado no boletim Petróleo, Royalties & Região, especializado em análise da economia regional.

“Na maioria dos casos, o dinheiro dos royalties tem feito mais mal do que bem.

BARRA DO FURADO (Quissamã)Alternativa à espera de investimento

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É mais ou menos como o caso do sujeito que ganha na loteria e gasta como se não houvesse amanhã”, compara o professor Roberto Moraes, ex-diretor do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Campos, mantenedor de um debate per-manente sobre desenvolvimento regional em seu blog na internet. Em sua opinião, os prefeitos dos municípios produtores estão diante de uma encruzilhada e, neces-sariamente, terão de refl etir sobre o melhor caminho a tomar - de preferência, unindo esforços. “A crise atual é uma ótima opor-tunidade de os gestores imaginarem como será quando não houver mais petróleo, ou quando acontecer uma mudança mais sig-nifi cativa nos critérios de distribuição dos royalties”, observa Moraes, sugerindo que os governantes ouçam mais a população antes de decidir onde e quanto investir.

Atrair investimentosO momento, concordam os especialis-

tas, é de voltar as atenções para o potencial econômico da região. Autor de um estudo sobre o desenvolvimento do Norte Flu-minense, o economista Ranulfo Vidigal aponta quatro eixos de potenciais investi-mentos. O primeiro abrange o litoral norte. Ali está localizada a Barra do Furado, um balneário no litoral de Quissamã onde um estaleiro e um porto offshore pretendem se instalar. O início das obras depende de uma parceria que está sendo costurada entre as prefeituras de Campos e Quissamã, com a participação dos governos federal e estadu-al. A um custo estimado em R$ 50 milhões, será necessário dragar o Canal das Flechas, por onde passarão os navios.

O segundo eixo está entre Campos e o Açu, no litoral de São João da Barra, onde o grupo LLX, do empresário Eike Batista, está construindo um porto para exporta-ção de minério de ferro, que chegará ao litoral através de um mineroduto com 525 quilômetros de extensão - investimento de US$ 3,5 bilhões. A LLX estima que a infra-estrutura do local também atrairá empresas interessadas em movimentar carga geral em contêineres, produtos siderúrgicos, granéis líquidos e carvão.

Após a privatização da BR-101 e sua duplicação em vias de sair do papel, a ligação rodoviária entre o Rio e o Norte Fluminense é apontada por Ranulfo como o terceiro grande eixo de desenvolvimento. Segundo ele, a proximidade com a capital fl uminense, terceiro maior centro consu-midor do país, favorecerá o surgimento de empresas ao longo da estrada. Poderão ser benefi ciados municípios como Carape-

CENTRO DE CONVENÇÕES (Cabo Frio)Aposta no turismo de negócios para movimentar a economia

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bus e Quissamã, que criaram suas Zonas Especiais de Negócios (ZEN) e oferecem às empresas que ali se instalarem vários incentivos fi scais, como a cessão do terreno e a redução no ICMS de 18% para 2%.

O quarto eixo liga Campos a Vitória (ES), um mercado consumidor em franca expansão devido ao incremento da ativi-dade portuária. Duas empresas de grande porte já estão instaladas neste trecho - a multinacional alemã Schultz, líder mundial no suprimento de conexões tubulares para as indústrias naval, offshore, petroquímica e siderúrgica; e a usina Canabrava, que a partir de julho deste ano produzirá 20% de todo o álcool carburante consumido no estado do Rio de Janeiro.

Além destes quatro eixos, Ranulfo cita outras alternativas, como o investimento em agricultura irrigada, a produção de etanol tendo como matéria-prima a cana-de-açúcar, o apoio à produção leiteira, o incremento da atividade pesqueira, a produção de olerícolas e o plantio de eu-calipto. São maneiras de gerar emprego e fortalecer a economia dos municípios através da geração de impostos municipais. “Existem várias iniciativas que podem ser tomadas por governos e lideranças locais para promover o desenvolvimento susten-tável. Os desafi os são consideráveis e a competitividade entre as regiões depende da capacidade dos setores de mobilizar os recursos oferecidos pelos territórios em nível regional. Cabe defi nir uma agenda de desenvolvimento para a região que contemple tanto as fl utuações quanto a

possibilidade de esgotamento da principal fonte de receitas dos municípios a médio prazo”, pondera o economista, numa men-ção ao petróleo.

Uma boa aposta na geração de renda na região surgiu há seis anos. Trata-se do Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam). Criado pelo então prefeito Arnaldo Viana, o fundo tem como objetivo principal fomentar o desenvolvimento do município através do fi nanciamento de projetos que gerem emprego e renda. Os recursos provêm de uma poupança forma-da pelo dinheiro dos royalties. Ao todo, o

turais, o turismo é apontado como outro potencial gigantesco a ser explorado. Trata-se da segunda indústria mais rendosa do mundo - atrás apenas da petrolífera - e, em muitos países, representa a principal fonte de renda. O turismo, inclusive, transformou-se na grande mola propulsora de negócios nos Emirados Árabes Unidos, uma das regiões com maiores reservas de petróleo do mundo. Numa estreita faixa entre o deserto e o Golfo Pérsico, na cidade de Dubai, estão surgindo empreendimentos dignos de fi gurar nos Contos das Mil e Uma Noites, como o maior shopping center do mundo, o maior arranha-céu e o único hotel sete estrelas de que se tem notícia. O “jeitinho árabe” deu tão certo que a cidade, com cerca de 1 milhão de habitantes, já recebe cerca de 6 milhões de visitantes por ano - mais do que o Brasil inteiro recebeu em 2008. Se está funcionando lá, por que não aqui? “Precisamos pensar a região como um todo para torná-la o maior e melhor destino turístico do país”, opina o prefeito de Cabo Frio, Marquinho Mendes. Segundo ele, a solução está nas Parcerias Público Privadas (PPPs), a partir da união das prefeituras e os recursos do setor em-presarial. Marquinho cita como exemplo a construção de um centro de convenções no município, capaz de atrair um segmento em franca ascensão: o turismo de negócios. Traz dividendos, não polui e, ao contrário do petróleo, não tem prazo para acabar.

O professor Roberto Moraes vai além. Em sua opinião, os gestores dos municípios produtores de petróleo deveriam abrir mão de tomar decisões individuais e promover

um debate mais amplo, na forma de orçamentos participativos. Uma ex-periência neste sentido foi idealizada pela ONG Cidade 21. A entidade propõe que se selecione um determinado bairro da cidade e, durante um ano, seus moradores se-jam permanentemente consultados sobre onde

e como investir uma fatia do orçamento municipal que seja proporcional à sua popu-lação. “Isso estimularia uma consciência so-cial e cidadã de fi scalizar onde o governante está aplicando o dinheiro”, explica Moraes, observando que, a partir do momento em que o cidadão se sentir parte integrante do processo, também haverá menos críticas sobre o mau uso dos royalties, ao passo que os prefeitos terão maior respaldo na luta pelo benefício.

Cabe defi nir uma agenda de desenvolvimento para a região que contemple tanto as fl utuações quanto a possibilidade de esgotamento da principal fonte de receitas dos municípios a médio prazo

BACIA DE CAMPOS responsável por 82% da produção nacional de petróleo

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Ranulfo Vidigal, economista

Fundecam destinou R$ 220 milhões a 70 empresas, que já geraram mais de cinco mil empregos diretos e reforçaram a arre-cadação própria do município. Do total de projetos benefi ciados, 75% são de negócios locais, embora a maioria dos investidores sejam de outras cidades. Outro dado im-portante: 40% dos projetos aprovados pelo conselho gestor do fundo são destinados a pequenos investidores.

Numa região com tantas belezas na-

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Investindo na transformação social

promessa é destinar ainda mais re-cursos no decorrer deste ano. E este pensamento positivo contagia crian-ças, jovens e adultos que participam

de iniciativas como o Programa de Criança, o Jovem Aprendiz, o Bazar Social, o Pro-grama de Leitura, o Programa Mosaico, o Coral e a Camerata Petrobras.

Descobrindo talentosMarlon Pereira da Silva, de 12 anos,

Muito além de solidariedade, os 14 municípios da Bacia de Campos - região de maior atividade da Petrobras - aproveitam as oportunidades oferecidas pelos projetos de responsabilidade social da companhia, que no ano passado investiu cerca de R$ 8,2 milhões na área.

Marcelle Reid / Fotos Ricardo Manna

faz parte do Programa de Criança de Campos dos Goytacazes, que desde 2004 vem atendendo a meninos e meninas de sete a 14 anos, em situação de alto risco social. “Minha vida mudou muito desde que comecei a fazer parte do projeto, que me ajudou em casa, na escola e também no relacionamento com as pessoas”, conta o adolescente que também sonha em ser bailarino.

De acordo com a mãe de Marlon, Cláu-

dia Márcia de Souza, o talento para a dança foi descoberto durante as atividades do programa, que além de ofi cinas esportivas e culturais, ainda oferece orientação psico-pedagógica, assistência médica e odontoló-gica. “Quando meu fi lho recebeu o convite para dançar, nem pensou no preconceito e eu acredito que ele tenha um grande futuro pela frente”, comenta Cláudia, orgulhosa das mudanças no comportamento do fi lho, que apresentou melhoras no desempenho

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Parceria da Petrobras com o Sest/Senat atende a dezenas de crianças em Campos

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escolar e, segundo ela, passou a ser uma criança mais responsável.

Na avaliação da coordenadora de Pla-nejamento e Gestão da área de Comunica-ção da Petrobras na Bacia de Campos, Ro-sidea Viana, o Programa conseguiu romper os muros do Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) de Campos - um dos polos do projeto, este que vem mobilizando 14 escolas públicas da cidade. “O trabalho que realizamos tem essa característica de abrir novos horizontes para as crianças, que passam a viver uma nova realidade, cheia de oportunidades”, afi rma.

Participação da famíliaEm Campos, a parceria com o Sest/Se-

nat vem contribuindo muito para o sucesso do programa, que ainda oferece para os pais ou responsáveis cursos de capacitação (60 horas) em diversas áreas, variando con-forme a necessidade dos envolvidos. “Fiz um curso e depois ainda tive a oportunida-de de ser instrutora de Desenhos Artísticos em Unhas e isso me abriu muitas portas de trabalho, aumentando também a minha renda”, contou Cláudia (mãe de Marlon),

que além manicure é dona de um salão de beleza.

De acordo com o coordena-dor de Promoção Social da insti-tuição no município, Osmar Pitta Correa, tudo o que o Programa de Criança prometeu, foi entre-gue: “O projeto foi sempre mais além. O próprio atendimento aos pais é uma prova disso”, desta-cou. São exemplos de cursos já realizados: auxiliar de salão de beleza, escovista, manicure e pedicure, garçom e garçonete, porteiro, frentista, informática, serigrafi a, entre outros.

Sonhos do pescadorEm São Francisco de Itabapoana - uma

das comunidades pesqueiras onde a Pe-trobras atua - Vanice Ferreira Santos e seu marido, Sebastião Francisco, contam com o Programa Mosaico Mar para ajudar nas despesas dos seus três fi lhos e da casa. Ela explica que, antes, nas épocas do defeso, sua família passava por muitas necessi-dades. “A gente passava fome e sempre contava com a ajuda dos outros, mas agora,

regularizados, temos direito ao seguro de-semprego, que mudou muito a nossa vida”, fala com alegria a pescadora.

Assim como Vanice muitos outros pescadores participam do Mosaico, que em sua fase piloto contemplou ainda as co-munidades de Macaé e de Arraial do Cabo. Em 2008, o Programa também se expandiu

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Cláudia participou de um curso e depois se tornou instrutora, enquanto o fi lho aprendeu a dançar

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e atualmente atende a 14 municípios da área de abrangência da Bacia de Campos. “Neste projeto, a Petrobras atua com o objetivo de ser um grande articulador dos interesses das comunidades pesqueiras. O Mosaico não é assistencialista e tem como fi losofi a construir alternativas para melhorar a qualidade de vida do pescador”, informa o biólogo Wanderson de Sousa, integrante da equipe do Mosaico.

Ainda segundo ele, o programa priori-za, no biênio 2008-2009, a regularização profi ssional e a capacitação dos pesca-dores através de ações como a Delegacia Itinerante (Marinha), o Mutirão de Docu-mentação Civil, Cursos de Carteira POP (habilitação da Marinha para condução de embarcações), Seap Itinerante (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca), entre outras iniciativas. Só em 2008, o Mosaico Mar colaborou para a emissão de 179 car-teiras POP e para a formação de 257 pesca-dores no curso de Segurança ao Mar.

Também na busca pelo fortalecimento da pesca, a Petrobras vem atuando em São Francisco em conjunto com as universida-des e a Colônia de Pescadores Z-01, que atualmente conta com 1.500 associados. “É visível a falta de políticas públicas para o setor, pois há um desconhecimento muito grande dele. Por isso, estamos trabalhando no gerenciamento pesqueiro para levantar-mos dados sobre o que se pesca e quanto e aonde se pesca”, informa Wanderson.

Artesanato: uma alternativa de renda

A artesã e tesoureira da Colônia Z-01, Diviane Santos, conta que a comunidade de pesca de São Francisco também se des-taca pelo artesanato, com a confecção de vários produtos, como bijuterias, enfeites e acessórios feitos com conchas e escamas de peixe. Segundo ela, mais uma iniciativa da Petrobras - neste caso o Bazar Social - con-tribuiu para a geração de renda nas famílias de pescadores. “O projeto nos possibilitou transporte, alimentação e ainda facilitou muito a articulação com as empresas. Hoje as oportunidades aparecem e nós sabemos aproveitar. Isso muda o nosso presente”, revela a artesã.

Realizado desde 2006 e de forma itine-rante a partir de 2007, o programa prevê o incentivo à produção e à comercialização de produtos também nas instalações da Petrobras e em diversos eventos na Bacia de Campos. De acordo com a Petrobras, em 2008 foram realizadas 12 edições do Bazar, gerando uma renda bruta de R$ 33,5 mil para as artesãs.

Curso de dança faz para do Programa de Criança da Petrobras

Reforço escolar faz parte das atividades que as crianças participam

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costumada a receber a elite da vela, Búzios vê nascer uma nova Classe de barcos em suas águas: a batera.

Ela mesma, a tradicional batera usada pelos pescadores, agora customizada e transformada em barco a vela, com direito a fl otilha e disputa de campeo-nato. E tudo isso dentro do Iate Clube de Armação dos Búzios (ICAB), verdadeiro templo da vela na região, berço e refúgio de campeões e seus veleiros.

Jhony de Souza, gerente de náutica do ICAB, conta que a inovação foi trazida no ano de 1996 pelo baiano Joel Damasceno. “Quando o Joel chegou aqui ele viu que tinha muita batera de pescador. Botou vela numa e começou a velejar. A primeira vela dele, eu troquei por uma pipa d’água”, lembra.

A novidade agradou em cheio e Jhony, então, fez o seu próprio barco. Passaram a ser duas bateras no mar de Búzios, uma velejando nos Ossos com Jhony, enquanto Joel velejava com a outra em Manguinhos.

A consagração porém, chegou apenas em 2007 durante a tradicional e concorri-da Regata de Veleiros Clássicos, quando

surgiu a oportunidade de participar da uma regata ofi cial. Velejando junto com barcos campeões as bateras entraram para a histó-ria e ganharam o respeito dos críticos.

“A partir daí, aqueles que não davam importância para o barco, achando que ele não velejava, passaram a se interessar pela batera”, diz Jhony que, junto com Joel, resolveu criar uma fl otilha. Hoje são sete navegando, e mais uma acaba de chegar. Todas padronizadas e com nomes femini-nos por exigência da fl otilha (Habilidosa, Graciosa, Jeitosa, Sacurita, Atrevida, Mo-leca e Bandida.)

“Dizem que velejar é esporte para rico. Com a batera nós quebramos isso.

Você pega um barco de pesca faz umas modifi cações, se possível usando sucata de outros barcos e, assim, é possível ter um barco à vela por um custo bem baixo. Uma batera, hoje, custa em torno de 7, 8 mil Reais. Um Dingue pode custar de14 a 15 mil”, explica Jhony.

Este ano, pela segunda vez, o ICAB promove a Taça da Amizade das Bateras. A competição teve início em janeiro e promove regatas mensais até dezem-bro. E, em novembro, mais uma vez as bateras voltam a competir na Regata de Veleiros Clássicos. Desta vez serão oito na raia, se até lá não surgir mais nenhu-ma. Niete Martinez

Bateras Velejam em Búzios

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O empresário Ivair Terra é um vitorioso. Nascido em São Pedro da Aldeia e herdeiro de sali-nas, vislumbrou ainda jovem as oportunidades que chegariam com o crescimento da região. Preocupado com o futuro do sal e vendo o ritmo de constru-ções aumentar vertiginosamente, abandonou o ramo de seu pai e, em 1976, criou a Madeireira Ita, líder absoluta do setor na Região dos Lagos. “Começamos com uma sala e um caminhão velho”, relembra o patriarca da família Terra.Casado com Maria Cláudia Rosa de Andrade, Ivair tem cinco fi lhos (os gêmeos Cláudio e Ivair; o do meio, Alexandre; e o caçula, Eduardo, mais conhecido como Dado, que hoje adminstra a Ma-deireira Ita, e dez netos.

Apesar de ainda es-tar se acostumando com a nova rotina de viagens e pas-sarelas, a faixa de Miss Cabo Frio caiu muito bem na no-vata Sofi a Busin. A cabo-friense de 24 anos foi coroada no mês passado, e vai representar a cidade no concurso Miss Rio de Janeiro, no dia 28 deste mês. Filha da empresária Lídia Busin, Sofia cursa o quinto perío-do de administração de empresas numa universidade local e ajuda a gerir as quatro lojas de roupas da família, três em Cabo Frio e uma no Rio de Janeiro.“Entrei de brincadeira (no concurso) e acabou dando certo”, diverte-se a universitária. “Já tinha trabalhando como modelo fotográfi ca na época que morei no Rio, mas acabei largando para me dedicar aos negócios da família. Mas concurso mesmo, foi a primeira vez que participei”, contou Sofi a. Antes do concurso estadual, ela vai passar por uma semana de preparação na capital carioca com as outras candidatas.

BELEZA CABO-FRIENSE

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Um atacante cabo-friense vem fazendo muito sucesso nos juniores do Santos. Andrezinho, fi lho do ex-jogador Lenílson, que atuou na Cabofriense. Com cinco gols na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2009, o atleta surge como uma das grandes promessas das divisões de base santista. André chegou ao Santos após o Campeonato Carioca de 2008. Nos juniores do Tricolor de Cabo Frio, foi vice-artilheiro da competição com 12 gols. Daí surgiu o interesse do clube paulista. Após passar nos testes do clube, André foi o goleador da equipe na conquista do título Paulista Sub-20, com 11 gols.Com apenas 18 anos, o jogador espera continuar brilhando para que em breve possa estar no time profi ssional do peixe. “Estou muito feliz no Santos, está sendo bom para mim Vou buscando meu espaço aos poucos, para, quem sabe, jogar no profi ssional. Ganhando títulos na base, fi camos mais próximos do profi ssional”, diz Andrezinho, que foi para o Santos numa parceria com a Cabofriense, que tem parte dos seus direitos. Léo Borges

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Festa para Lula em Cab o

Presidente visita a cidade pela segunda vez em pouco mais de um ano, faz discurso descontraído e reforça a importância da região para o cenário político nacional

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b o Frio

NA PRIMEIRA FILA, da direita para a esquerda: a reitora do IFF-Lagos, Cibele Botelho (de vermelho), o prefeito de Cabo Frio, Marcos da Rocha Mendes, o presidente Lula (ao microfone), o governador Sérgio Cabral (de camisa azul, atrás do presidente) e o ministro da Educação Fernando Haddad (de terno preto).

m discurso cheio de brincadeiras marcou a segunda visita do presi-dente da República, Luis Inácio Lula da Silva, a Cabo Frio em pouco mais

de um ano. Acompanhado do ministro da Educação, Fernando Haddad, do chefe da Secretaria de Comunicação Social, mi-nistro Franklin Martins, e do governador Sérgio Cabral, o presidente comandou a inauguração simultânea de três unidades do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF). Além da unidade de Cabo Frio, Lula inaugurou, por videoconferência, as unidades de Volta Redonda e Duque de Caxias.

A presença do chefe de Estado atraiu para Cabo Frio uma caravana de nada menos do que 17 prefeitos das Baixadas Litorânea e Fluminense, cinco deputados federais, dois deputados estaduais, quatro secretários do governo do Estado e o vice-governador Luiz Fernando Pezão. A cerimônia teve início com as palavras do prefeito de Cabo Frio, Marcos da Rocha Mendes, que ressaltou o esforço feito pelo município para receber a escola federal.

“Pegamos esse prédio do Centrinho jogado às traças e aqui fi zemos a nossa primeira escola profi ssionalizante. Mas sempre sonhamos em ter um Cefet porque é uma escola com um alcance social tre-mendo, é um transfomador de vidas e de famílias. Agredecemos muito ao presidente por mais essa conquista”, discursou.

O ministro da Educação, por sua vez, explicou que a mudança do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) em Insti-tuto tem uma característica básica: a con-comitância de cursos técnicos e superiores. No IFF de Cabo Frio, por exemplo, além dos cursos técnicos de nível médio em ele-troeletrônica, guia de turismo, hospedagem e petróleo e gás, está em atividade o curso superior de licenciatura em física, uma das disciplinas mais carentes de professor nas salas de aula da região.

“Essas inaugurações fazem parte de um vigoroso projeto de expansão da rede técnica federal. Vamos inaugurar esse instituto em todas as cidades polo do país, com cursos técnicos e superiores. Até o ano que vem vamos abrir 354 unidades”, informou Haddad.

“O mais importante é que os cursos

oferecidos dialogam com a realidade e a vocação de cada região. Isso é importante porque 76% dos jovens que se formam nas escolas técnicas acabam trabalhando a menos de 50 km da escola que o formou. Ou seja, o aluno se forma e fi ca na região”, completou o ministro.

Em seguida, o governador Sérgio Cabral lembrou das “picuinhas políticas do passado” na relação entre os governos estadual e federal, provocando o isolamen-to político do estado do Rio. Cabral, um dos maiores aliados do presidente Lula, também fez grandes elogios ao ministro da Educação.

“Há muitas décadas não temos um ministro da Educação como o Fernando Haddad. Posso dizer que desde Gustavo Capanema não vejo um ministro como ele. É um orgulho contar com a sua parceria, ministro”, discursou o governador.

Muito festejado pelo público, o presi-dente Lula falou de futebol, atacou as elites e soltou frases como: “eu acho que a gente podia levar uma escola técnica lá pro Vasco da Gama pra ver se ajuda o meu amigo Roberto Dinamite”. Em outro momento, Lula confundiu o nome da rainha da Ingla-terra: “olha, vocês podem pegar uma escola dessas aqui e levar para a rainha Margareth da Inglaterra que ela vai achar fantástico” (a rainha da Inglaterra se chama Elizabeth II). E continuou:

“Foi justamente o presidente que não teve oportunidade de estudar que mais está construindo escolas no Brasil. Sabe porque? Porque eu conheço a necessida-de do nosso povo, sei o que as pessoas pobres precisam. Eu já sofri preconceito de todos os tipos porque eu não sabia me expressar. Antes eu falava ‘menas laran-ja’, agora falo até en passant”, brincou novamente.

O forte esquema da segurança presi-dencial fez com que Lula fi casse menos de dez minutos após o término da cerimônia, diferentemente da primeira vez em que ele esteve em Cabo Frio no exercício do mandato, em outubro de 2007, para a reinauguração do Aeroporto Internacional cabofriense. Na ocasição, ele recebeu po-líticos e lideranças comunitárias.

O IFF-Lagos fi ca na estrada Cabo Frio - Búzios e já conta com cerca de 200 alunos. A expectativa é que 700 estudantes estejam matriculados até o fi m deste ano.

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Tomás Baggio

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42 CIDADE, Março de 2009

resultado das eleições municipais, em outubro passado, refletiu em mudanças na Assembléia Legislativa

do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Após recesso, os 70 deputados estaduais vol-taram ao trabalho no mês passado, cinco deles assumindo as vagas de parlamentares

Saída de deputados que viraram prefeitos, vices ou secretários municipais provocou a entrada de cinco novos parlamentares neste ano. A Assembléia voltou ao trabalho no mês passado e, logo nos primeiros dias, reelegeu o presidente Jorge Picciani (PMDB), que fi cará mais dois anos no cargo.

que foram eleitos ou assumiram cargos em prefeituras. Dentre as novidades estão os deputados Ademir Melo (PSDB), que fi cou com a vaga do também tucano José Camilo Zito (ambos do PSDB), eleito prefeito de Duque de Caxias; a volta de Caetano Ama-do (PL) no lugar de Alcides Rolim (PT), hoje prefeito de Belford Roxo; e a entrada de Marcos Soares na vaga de Sheila Gama

(ambos do PDT), eleita vice-prefeita de Nova Iguaçu.

Já os deputados Pedro Paulo (PSDB) e Iranildo Campos (PTB), que também dei-xaram a Alerj, hoje ocupam vagas nas pre-feituras do Rio de Janeiro e de São João de Meriti, respectivamente. Na vaga de Pedro Paulo, chefe da Casa Civil carioca, entrou Alice Tamborindeguy (PSDB), também de

Plenário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro

Juliana Vieira

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ALERJ tem caras novas

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43CIDADE, Março de 2009

nsatisfeitos com o secretário de Edu-cação de Cabo Frio, Paulo Massa, alunos, professores e pais de alunos

do colégio municipal Rui Barbosa orga-nizaram uma manifestação diferente no mês passado. Foram à praça Tiradentes, em frente à sede do governo, e ali mes-mo tiveram as aulas do dia. A pendenga começou após uma ordem do secretário de mudanças na grade curricular do colégio.

“Como não temos espaço no colégio e nossos alunos fazem a educação física na Associação Atlética Cabo-friense, sempre fi zemos essa aula no contraturno, ou seja, se o aluno estuda de manhã, faz a educação física à tarde. Isso faz com que tenhamos uma grade completa dentro da escola e mais duas aulas no contraturno, somando 32 tempos, enquanto as outras escolas têm 30 tempos por semana. Para botar a educação física no turno normal, como o secretário quer, teríamos que tirar uma aula de fi losofi a e outra de sociologia, mas ninguém na escola está

a favor disso”, explicou a diretora da instituição, Denize Alvarenga.

“É a primeira vez que eu vejo os alunos pedindo mais aulas e o governo dizendo que não”, completou ela.

No dia da manifestação, uma comis-são de alunos e professores foi recebida pelo prefeito Marcos Mendes e pelos secretários de Governo, Alfredo Barreto, e Desenvolvimento Humano, Carlos Vic-tor Mendes. O prefeito minimizou o ato promovido pelos estudantes e disse que a questão seria “facilmente resolvida”.

O Rui Barbosa tem um longo histó-rico de lutas no movimento estudantil, e, atualmente, tem o único grêmio em atividade em Cabo Frio. Na época das Diretas Já e do Fora Collor, os alunos do Rui foram os principais responsáveis pela mobilização na cidade. A última manifestação havia sido há dois anos, quando os alunos protestaram contra o uniforme que possuia a logomarca do atual governo cabo-friense, em vez do brasão municipal.

Colégio Rui Barbosa promove aula na rua

I

volta à Alerj. No lugar de Iranildo Campos, nomeado secretário de Saúde meritiense, está Raleigh Ramalho (PTB).

Só nos 10 primeiros dias de trabalho, os deputados estaduais apresentaram 42 novos projetos de lei, oito indicações legislativas, 83 indicações simples e três projetos de resolução. Vinte e duas leis foram sancionadas pelo governador Sér-gio Cabral. A Assembléia também sediou a cerimônia de entrega dos cheques de R$ 1 milhão para cada um dos 20 muni-cípios castigados pelas fortes chuvas do início do ano.

Alair e Sabino também voltamRepresentantes da Região dos Lagos,

os deputados Alair Corrêa (PMDB) e Alcebíades Sabino (PSC) voltaram ao trabalho depois do resultado negativo nas urnas em Cabo Frio e Rio das Ostras, respectivamente. Alair apresentou um projeto de lei e Sabino participou das reuniões e audiências públicas da Co-missão Especial que avalia o processo de concessão da BR 101.

O projeto apresentado pelo cabo-friense Alair Corrêa propõe a obrigação “a todos os hospitais e maternidades do Estado do Rio de Janeiro a criarem, em suas dependências, um núcleo de registro civil de pessoas naturais - RCPN, para o atendimento as famílias de crianças recém-nascidas”.

“A Certidão de Nascimento é a primeira garantia de cidadania e direitos de todos os brasileiros”, diz Alair na justifi cativa do seu projeto. Por falta de quórum o projeto de resolução nº 741 do ex-prefeito de Cabo Frio não havia sido votado até o fechamento desta edição.

Outro projeto de Alair é homenagear, com a Medalha Tiradentes - maior honraria da Alerj - o empresário Osaná Sócrates de Araújo Almeida.

ReeleiçãoPor 67 votos a favor e dois contra, a

Assembléia Legislativa do Rio recondu-ziu, no dia 2 de fevereiro, pela quarta vez consecutiva, o deputado Jorge Picciani (PMDB) à presidência da Casa. Picciani encabeçava a chapa única denominada “Transparência e Democracia” e exercerá o cargo por mais dois anos.

Apenas os deputados Alessandro Mo-lon (PT) e Marcelo Freixo (PSOL) votaram contrários a permanência de Picciani na presidência da Alerj.

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Alunos do Colégio Rui Barbosa protestam em frente à prefeitura de Cabo Frio

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XXVIII TransararuamaAno após ano, velejadores de diversas cidades continuam disputando a regata mais emocionante da Região dos Lagos

Largada de Cabo Frio (2008)

competição náutica mais famosa da Região dos Lagos entra na 28ª edição reunindo esportistas, aman-tes da vela e iniciantes em uma

emocionante confraternização disfarçada de disputa. Cerca de 100 embarcações são esperadas para a regata Transararuama deste ano, que será realizada no dia 4 de abril e cujo período de pré-inscrições já está aberto.

Organizada pelo Camping Clube do Brasil (CCB) há 27 anos, a regata, que vai de Cabo Frio a Araruama, cruzando toda a extensão da Lagoa de Araruama, já foi reconhecida pela Federação Internacional de Vela como uma das mais importantes disputas da classe Lazer em todo o mun-do (outras classes também participam). Nomes famosos do esporte, como o iatista Lars Grael, não deixam dúvidas quanto à importância do evento.

“É uma regata maravilhosa. Eu parti-cipei em duas ocasiões, em 1989 e 1990, se não me engano. É um evento que me-rece todo o apoio e prestígio. Meu irmão Torben foi patrocinado pelo CCB no fi nal dos anos 80 e isso foi muito importante para ele”, declarou o atleta medalha de bronze nas olimpíadas de Seul (1988) e Atlanta (1996).

De acordo com o secretárioadminis-trativo do CCB, Wiliam Tadeu, a regata deste ano terá um percurso reduzido por conta de um embróglio jurídico com a prefeitura de Araruama. Em vez dos 48km de sempre, a Trasararuama terá 35km de extensão.

“A largada é dada em frente à nossa sede de Cabo Frio, na direção do Anjo Caído, no Canal Itajuru, e a chegada, que era em frente à nossa sede de Araruama, dessa vez passou para o Clube Náutico da

mesma cidade. Tivemos um problema no ano passado com a prefeitura de Ararua-ma, porque eles desapropriaram o nosso terreno de uma forma arbitrária para fazer uma estação de tratamento de esgoto e simplesmente destruíram o camping. Nós conseguimos a posse do terreno de volta na justiça, mas o local está sem condições de receber o evento”, explicou.

O percurso total da regata, no entanto, é feito apenas pelos atletas da classe Lazer. Os atletas das classes Europa, Dingue, Prancha a Vela, Pinguim, Day Sailer e Hobby Cat 14 e 16 saem da direção da Base Aero-Naval de São Pedro da Aldeia, enquanto os atletas da categoria Optimist, voltada para crianças e iniciantes, saem da enseada da Praia da Barbuda, já em Araruama.

Com a diminuição do trajeto, haverá apenas dois pontos de apoio na regata deste ano, ao contrário dos quatro pontos colo-cados em anos anteriores. Para o suporte aos atletas, haverá sete barcos de apoio (dois da Marinha), além de cinco viaturas e um caminhão que farão o acompanha-mento por terra. O evento conta com o apoio da Base Aero-Naval, do Grêmio de Vela Casa da Praia, do Clube Náutico de Araruama e da Capitania dos Portos de Cabo Frio. A pré-inscrição pode ser feita pelo email [email protected], ou pelo telefone (21) 2532-0203, até a véspera do evento. A inscrição fi nal será no dia da regata, mediante o pagamento da taxa de R$ 25.

E s p o r t e

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uando Ana Maria Braga expressou seu sentimento dizendo que teria sido melhor que o ex-marido da atriz

Suzana Vieira deixasse de existir, na ver-dade expressou o sentimento que se tem com relação a um lorpa. “Deixar de exis-tir” não signifi cou desejar que morresse, mas que se encontrasse um lugar onde pudesse passar seus dias sem a possibili-dade de cometer lorpices. O castelo que um deputado federal mandou construir é ideal. Lorpa-mór seria seu gerente, porteiro, carregador de mala, cozinheiro, camareiro e lavador de prato. Na Região dos Lagos o leitor tem sentimento idên-tico sobre um bando de lorpas. Os há de sobra e além deles deve-se conviver com os idealizadores do que se chama Consórcio Lagos São João e que este colunista vem, há anos, denunciando não ter legitimidade. A Constituição federal exige uma consulta prévia, mediante ple-biscito, às populações interessadas nesse tipo de associação. Isso nunca aconteceu. Poucos anos atrás seus membros foram procurar o deputado Fernando Gabeira para que se empenhasse em conseguir 75 milhões de reais para a construção de redes independentes para água pluvial e esgoto. Hoje dizem que seriam neces-sários mais de um bilhão. De onde saiu esse valor? Consideram-nos paspalhos, mas não se pode fi car surpreso quando as coisas envolvem apenas chefes e nenhum índio. Há lorpas que estão destruindo as

estruturas internas, e suas organizações espontâneas, das cidades da Região, sem noção do que signifi ca uma cidade. Há o que incomoda expondo sua lorpice promovendo reunião ruidosa e histérica madrugada adentro. Há os promotores da lorpice batizada de Cabofolia que, pre-tensiosamente, se anuncia ter condições de competir com eventos promovidos em Salvador ou atrativo necessário e suficiente para atrair turista que de-sembarcaria no semiaeroporto semi-internacional em Cabo Frio. E há o que defende o direito de alguém se comportar como um lorpa, como se lorpice fosse assegurada pela Constituição, como o de ir-e-vir. Deveria ser o motorista do ônibus que conduziria todos os lorpas para o Castelo.

Há outro uso para o Castelo dos Lorpas. Abrir-se-ia uma concorrência para que fosse transportado e instalado em Cabo Frio. Ficaria mais barato do que construir o Centro de Convenções anunciado. O risco seriam as lorpices que seriam inseridas no edital. Pensariam em tudo, até na cor do caminhão, a tinta devendo satisfazer requisitos de com-posição química que só o pré-escolhido vencedor conseguiria importar de algum lugar.

Por tudo o que acontece, particular-mente na política, mude-se o nome do município para Lorpatown. A verdade é uma e uma só: a laguna em Cabo Frio é irrecuperável, a desorganização urbana se agrava e as favelas vêm ai. Agora é tarde e Ignês é morta.

Castelo dos LorpasErnesto Lindgren (*)

P o n t o d e V i s t a

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

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Ernesto Galiotto é empresário

A r t i g o

Neide Delorme

A Casa do Pintor

requento Cabo Frio desde meus dez anos de idade, sou do tempo da sandália de couro do Malaquias que

tinha uma costura inteira no peito do pé e quanto mais velha mais gostosa de usar. Das boates no Palace na beira da praia e dos coqueirais na lagoa. Mas o que eu guardava na memória datava exatamente da primeira vez que visitei a cidade.

Com tantas belezas o que fi cou na minha memória foi uma casa caindo aos pedaços, daquelas bem antigas com suas janelas pequenas e uma porta no meio. A casa estava em ruínas e tinha um tronco, talvez de eucalipto, servindo de apoio para que não desabasse. Aquele pedaço de pau atravessado do chão à fachada da casa nunca me saiu da cabeça. Cheguei a sonhar com ela algumas vezes.

Passaram-se os anos e por algum tempo aquela imagem saiu dos meus sonhos. Eles passaram a ser sonhos de adolescente e como eu sonhava.

Não sei precisar quando voltei a Cabo Frio, só sei que a casa em que eu me hospedava fi cava ali no canal, perto da Moringa. Eu e minha irmã estávamos apaixonadas por uma casa que surgiu na rua, cheia de quadros e com um pintor que olhava da janela. Fechávamos nossas mãos em concha para olharmos através do vidro da sala. Às vezes encontráva-mos a sala com pessoas conversando e saíamos correndo como se todos vies-sem atrás de nós. Não sei o que dava na gente e dizíamos: - Vamos olhar a casa do pintor?

Há poucos anos atrás a imagem da casa apoiada pelo tronco voltou a minha cabeça, insisti com meu marido que ele deveria saber onde era, mas nem ele que é um grande saudosista e tem Cabo Frio antigo na memória soube me dizer.

De repente recebo um FOLDER para visitação do museu Carlos Scliar e o que vejo? A casa em ruína de meus sonhos. Era a casa linda do pintor que chegou aqui no início dos anos 60, arrancou aquele pedaço de tronco, reformou, co-locou portas de veneziana de correr nos

armários da cozinha. Que luxo! A cara dos anos 60.

Peguei a minha irmã e corri para lá. A visita era agendada e agendei.

Meu coração acelerou quando entrei. Eu estava vendo por dentro o que por tantas vezes via através do vidro e fi quei sabendo que uma daquelas pessoas que na minha imaginação poderia correr atrás de mim era Jorge Amado, minha grande paixão. Não me contive quando olhei pela mesma janela que tantas vezes vi o pintor, a do andar de cima. Pedi licença e contei minha experiência para todos que faziam a visitação.

Pela primeira vez pensei que se não tivesse corrido, talvez ele tivesse me convidado para entrar e eu não teria sonhado com aquela casa em ruínas por mais de 40 anos. Talvez ele me ensinasse sua técnica. Talvez me apresentasse a Jorge Amado. Talvez me deixasse abrir sua porta de correr e pegar um enlatado no seu armário da cozinha.

Carlos Scliar fez parte da minha vida, dos meus sonhos e me deu uma das maio-res emoções da vida.

Acho que foi bom eu correr...e se ele não gostasse de mim?

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Estátua de Scliar em frente à casa onde morou, em Cabo Frio

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Livros

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Octavio Perelló

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Na história universal, meio século é sempre um período de tempo considerável, porque sua matéria passa sem ces-sar; contudo, há sempre algo que se destaca. Na história da literatura, no entanto, o mesmo período de tempo não costuma signifi car nada, porque coisa alguma aconteceu: as tentativas canhestras não impor-tam. Portanto, continua-se na mesma situação em se estava cinqüenta anos antes.

(Schopenhauer em A Arte de Escrever, L&PM Pocket, 2007, 169 pá-ginas).

PÉROLAS DAS ESTANTES

O LADRAO DA ÁGUAAs Aventuras do Historiador Aélio Espartano no Império Romano

(Record, 1ª. Edição, 2009, 378 páginas), de Ben Pastor. Mistério, aventura, história e fi cção. No auge do Império Romano, em 304 d.C., Aélio Espartano, ofi cial e historiador na corte de Diocleciano, ocupa seus dias escrevendo a biografi a dos antigos governantes romanos. Desvendar o mistério da morte de Antínoo, amante do imperador Adriano, é o foco do trabalho do biógrafo. As evidências indicam que o jovem não se afogou nas águas do Nilo. Em busca da verdade, Aélio procura encontrar o túmulo de Antínoo, que pode guardar pistas para uma conspiração contra Roma. Em sua árdua tarefa o ofi cial partirá para o Egito, ajudado por um soldado cego. E assim segue essa trama de contornos históricos e fi ccionais imperdíveis.

VIDA SOCIAL NO BRASIL NOS MEADOS DO SÉCULO XIX

(Global Editora, 2009, 160 pági-nas), de Gilberto Freyre.Neste livro o jovem Freyre já sinalizava as idéias principais que comporiam ‘Ca-sa-grande & senzala’ e suas refl exões pos-

teriores, como a predominância do patriarcalismo tanto em áreas rurais quanto urbanas, o alto grau de mis-cigenação da população brasileira, a forte presença da Igreja Católica no cotidiano e a concentração do poder político e econômico nas mãos de uma elite. Outros temas como a culinária, o vestuário e as condições de saúde e de higiene do povo brasileiro estão pre-sentes. Para elaborar a reconstituição histórica da vida social no Brasil nos meados do século XIX, o autor utilizou os livros de viajantes estrangeiros que estiveram no país durante o período, anúncios de jornais da época e arqui-vos pessoais de famílias tradicionais do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Bahia.

AGRESTES (Alfaguara Brasil, 1ª. Edição, 2009, 200 páginas), de João Cabral de Melo Neto. Os temas comuns na obra do autor são revisitados neste livro, notadamente os abordados em seu livro anterior, Museu de Tudo. João Cabral fala de Recife e Per-nambuco, misturados com certa nostalgia e com suas lembranças de infância; faz descrições da Espanha e, sobretudo, de Sevilha. Autores como Henry James, Muri-lo Mendes e Paul Valéry, e suas impressões como embaixador na África e na América Latina estão fortemente presentes; e, fi nal-mente, compõe poemas ligados à morte, muitas vezes com certa ironia melancólica que lhe é característica.

MEU DESTINO É SER ONÇA (Record, 1ª. Edição, 2008, 272 pági-nas), de Alberto Mussa. Após estudar os fragmentos de registros feitos pelo frade André Thevet sobre a cultura indígena durante a ocupação da Baía de Guanabara, em 1550, e compará-los com as demais fontes dos séculos XVI e XVII, o autor reconstituiu o que teria sido o texto original de uma nar-rativa mitológica dos índios tupinambás do Rio de Janeiro.

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P a u l o C o t i a sO P I N I Ã O

Integração Regionalivemos na atualidade diante dos desdobramentos de uma das maio-res crises mundiais, que ao prometer

deixar marcas e lições duradouras, nos move para a retomada de um interessante e urgente debate em torno da integração regional. Temos, é bem verdade, uma considerável assimetria em termos de riquezas em que pese os royalties como diferencial. Pensar de forma integrada é a tradução política para algo que a popu-lação vem fazendo faz tempo.

São muitos os que se deslocam de suas cidades de origem em busca de trabalho, educação, saúde e lazer. Ora, transformar tudo isso em um conjunto planificado de ações públicas parece ser o caminho não só mais adequado, como um dos poucos que se apresentam. Inclusive, já passou da hora dos prefeitos da região e seus respectivos se-cretários congregarem esforços num fórum permanente. Por exemplo, em termos de educação poderíamos racionalizar o en-sino técnico, criando e consolidando pó-los em nossas cidades que se dediquem a especialidades distintas, formando mão de obra qualitativa e de forma pública e gratuita. O mesmo podemos dizer da tão sonhada universidade pública para a região, cuja divisão do campus possi-bilitasse a existência de especialidades universitárias em diferentes cidades, por exemplo.

Em se tratando de saúde, nada me-lhor do que se planejar de forma coletiva a expansão da cobertura do Programa Saúde da Família, de forma a gerar também um banco de dados regional sobre as principais doenças que nos afl igem, apontado os caminhos os quais devemos seguir não só para o tratamento, mas especialmente para a prevenção. O mesmo podemos dizer da construção de hospitais de referência no atendimento à essas patologias, pulverizando a deman-da. A farmácia popular e as unidades móveis de emergência completariam esse cenário.

Mas ao falarmos de saúde e educa-ção, não podemos nos esquecer que o

combate a ocupação desordenada se faz urgente. Ela passa por um complexo con-junto de fatores. Dentre eles poderíamos avançar numa espécie de plano diretor unifi cado, que estabelecesse os critérios, ao menos os mais amplos e que sirvam de referência para a localidade poste-riormente, de ocupação e uso do solo. Não adianta conter a favelização em uma cidade e ver explodir o crescimen-to delas ali, logo ao lado. O combate à pobreza, se for pensado a sério, não pode prescindir das garantias habitacionais e sociais, especialmente o emprego. O tom dos palanques vencedores das últimas eleições foram quase uníssonos em se propor a criar espaços industriais, seja

na forma de condomí-nios ou parques. Por-que indústria? Porque em termos clássicos sempre emprega uma considerável quantida-de de pessoas. Pensar essa alternativa de for-ma integrada poderia,

ao estabelecer qual o tipo de indústria que se quer instalar, analisar todos os elos da cadeia produtiva, atraindo ao seu entorno novas unidades que forneçam os insumos ou que sejam parte importante da cadeia. E o incremento dessa ativida-de vai gerar o meio circulante que aquece o comércio e a prestação de serviços.

O mesmo pode e deve ser aplicado ao turismo, com incetivos aos roteiros integrados que explorem não só as belezas naturais como também nossos bens culturais. Poderíamos consorciar a cultura com a abertura e incentivo a festivais, museus e espaços culturais (que falta faz uma concha acústica na região...). Falar em turismo de qualidade sem atrair esses turistas com eventos e uma rede hotelei-ra compatível é nada mais do que sofi smar.

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Não adianta conter a favelização em uma cidade e ver explodir o crescimento delas ali, logo ao lado.

Paulo Cotias é professor universitário

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R E S U M O

Queijos Finos no PortinhoOs apreciadores de queijos fi nos já podem encontrar toda a linha dos premiados produtos da bacia leiteira de Cruzília/MG, em Cabo Frio. Christina Bandeira inaugurou no Condomínio Casagrande, no Portinho, um bistrô especializado. Aberto desde agosto de 2008, o Planeta Orgânico, que vende também produtos naturais, tem como ponto forte a venda de queijos fi nos, tipo exportação.Crhistina explica que preferiu trabalhar com produtos premiados e com tradição de qualidade para criar um diferencial. “Não são produtos que se encontre em supermercado, alguns tipos podem custar mais de R$ 60,00 o quilo”, diz, destacando os premiados Azul de Minas, Dagano e as mussarelas temperadas e defumadas em sua linha de produtos. “E mais um bom provolone e um parmesão, que não podem faltar nunca”, complementa.

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Descarte de lâmpadas fl uorescentes Estabelecimentos comerciais que vendem lâmpadas fl uorescentes serão obrigados a ter recipientes para sua coleta, quando descartadas ou inutilizadas. Minuta de decreto com esse objetivo foi enviada pela secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos ao governador Sérgio Cabral. O documento regulamenta a lei nº 5.131 de 14 de novembro de 2007 que estabelece normas para o descarte desse produto. O Brasil consome 100 milhões de lâmpadas fl uorescentes por ano e apenas 6% passam por algum processo de reciclagem. Os dados são da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM).

No dia 25 de janeiro o empresário e ambientalista Ernesto Galiotto fotografou, e distribui para a imprensa, imagens mostrando os primeiros sinais de instabilidade na encosta

Foto de 25 de janeiro Foto de 25 de fevereiro

Fotos Ernesto Galiotto

Nova diretoria do Sindicato dos Jornalistas toma posseA nova diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais do Estado do Rio de Janeiro tomou posse na noite do dia 11 de fevereiro, no auditório da OAB-Niterói. Ernesto Viana foi reeleito para o triênio 2009- 2011 e pela primeira vez o sindicato terá representantes de diversas cidades do interior. Na Região dos Lagos, a jornalista Telma Flora continua como delegada sindical.

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a Ariston assume Comissão de Minas e EnergiaO deputado estadual Bernardo Ariston (PMDB/RJ) passa a comandar a Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal. A Comissão é de vital importância para a região, maior produtora de petróleo do país, no momento em que são discutidos novos critérios de distribuição de royalties para os municípios.

do km 24 da estrada Serra-Mar. Um mês depois, a natureza completa o seu trabalho e toneladas de terra soterram uma extensão de quase 1 kilômetro da via pública.

Estrada Serra-Mar, Km 24

Prefeitura de Búzios lança blog de notíciasA nova equipe de Comunicação da prefeitura de Búzios, que tem Alan Câmara no comando, vem se destacando e inovando. O grupo conta com jornalistas experientes, como Maria Fernanda Quintela (ex-“Primeira Hora”), Alexandra Oliveira, Elízio Figueiredo (Ênfase), e do respeitado fotógrafo Sérgio Quissak. Além de um forte esquema de distribuição de releases a equipe mantém no ar um blog (www.comunicabuzios.wordpress.com) onde são postadas diariamente as notícia, fotos, eventos e outras informações sobre a cidade. O acesso é livre, e também permite que o cidadão dê sua opinião sobre as notícias publicadas.

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Galeria

Fotos de Flávio Pettinichi

ROGÉRIO BEDIM nasceu em Arraial do Cabo no ano de 1965, onde mora. Autodidata, possui uma obra variada que abrange pinturas a óleo, aquarelas, esculturas, cerâmicas, tapeçaria e gravuras. Participa de exposições individuais e coletivas no Estado do Rio de Janeiro e também no exterior.

Série TURURIS - Tinta de Genipapo - Óxido de Titânio – e ex-votos sobre entre casca de Tururis - 2008 – 0,60 x 0,80 cm

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