MARÇO 2018 MAIS DADOS PARA O PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE 99 _0.pdf · É a oferta de uma...

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4 MARÇO 2018 INTRODUÇÃO As inovações tecnológicas estão otimizando a relação dos passageiros com os motoristas, e as plataformas digitais de transporte individual geram milhões de dados de mobilidade urbana que podem ajudar no melhor funcionamento das cidades. A tecnologia afeta o transporte urbano desde que as cidades existem. Há algumas décadas, bondes puxados por animais foram substituídos por VLT; carros tradicionais estão sendo transformados em autônomos e bicicletas são cada vez mais assistidas por eletricidade. Alguns avanços são motivados pela necessidade de um transporte mais eficiente - como bicicletas e veículos compartilhados -, enquanto outros são importados de outros setores - como as baterias e a eletri- cidade utilizadas para substituir combustíveis fósseis. Ainda que a mudança seja ininterrupta, há coisas que continuam como eram há um século: pessoas a pé e de bicicleta são a maioria nas ruas. Na América Latina, por exemplo, os meios de transporte não motorizados representam em torno de 30%. INFORMAÇÕES DAS CORRIDAS DE APLICATIVOS AJUDAM OS GESTORES PÚBLICOS A MELHORAR NOSSAS CIDADES MAIS DADOS PARA O PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE © Shutterstock.com Veículo Leve sobre os Trilhos na cidade do Rio de Janeiro CARROS PARTICULARES E TRANSPORTE PÚBLICO SÃO COMPLEMENTARES A área de Política Pública e Pesquisa da 99 encontrou evidências de complementaridade entre o transporte público e a 99. No Rio de Janeiro, 24,3% das viagens da 99 se originaram ou destinaram a estações do Metrô, BRT e Balsas. Em São Paulo, são 13,2%, considerando- se o Metrô, a CPTM e terminais de ônibus. Em ambas, essas viagens atingem seu pico de destino logo pela manhã e, de origem, no final da tarde - isto é, há uma forte evidência de que os paulistanos e cariocas já estão resolvendo o problema da primeira e da última milha ao utilizar a 99 para chegar ou sair de estações de transporte público estrutural. CONCLUSÃO Para a maioria das cidades com infraestrutura consolidada ou não, o aumento do espaço viário para acomodar o maior uso do carro não é uma opção. A otimização do uso eficiente do espaço viário existente é, portanto, um princípio fundamental para tornar o trans- porte competitivo. O modelo de mobilidade urbana das plataformas de transporte individual oferece aos cidadãos a flexibilidade de viagem e a conveniência do carro privado, sem suas externalidades negativas, como o congestio- namento, as emissões de poluente e os requisitos de estacionamento, com desperdício de espaço urbano. É a oferta de uma combinação integrada de serviços de mobilidade urbana sustentável que mais efetivamente desafia a flexibilidade e a conveniência do carro particular e gera dados reais das demandas de mobilidade. Inovações não só podem aumentar o bem-estar dos usuários de um sistema, mas também transbordam e causam novidades em outros setores. De maneira seme- lhante, governos e autoridades de trânsito e transporte devem utilizar cada vez mais inteligência de dados para ações de planejamento e avaliação. A riqueza dos dados gerados em cada uma das viagens realizadas nas plataformas é insumo fundamental para o planejamento moderno de redes e políticas públicas de mobilidade. Firmando parcerias com outras organizações, os novos atores têm um papel de protagonismo na sociedade, de maneira a tornar o transporte mais rápido, barato e seguro. DADOS DA 99 PODEM SALVAR VIDAS Diante da realidade de que os incidentes de trânsito são a maior causa mortis de jovens no mundo, a 99 também firmou uma parceria com a Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito (BIGRS), que, em um acordo de cooperação técnica com a Prefeitura de São Paulo, busca aumentar a segurança viária com ações urbanísticas e de inteligência de dados. Os chamados da 99 durante madrugadas de finais de semana e outros horários tradicionalmente recreativos serão utilizados em São Paulo para mitigar os riscos de acidentes causados por motoristas embriagados - partindo-se do princípio de que onde há muitas pessoas escolhendo beber e não dirigir também há indivíduos que irão dirigir alcoolizados. Análises preditivas sobre os dados da 99 permitirão maior eficiência de ações de comunicação e fiscalização. Informações das corridas da madrugada auxiliam a mitigar os riscos de acidentes. © Everaldo Coelho LEIA MAIS NOS ESTUDOS DA 99 NO MEDIUM medium.com/para-onde-vamos 1

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MARÇO 2018

INTRODUÇÃO

As inovações tecnológicas estão

otimizando a relação dos passageiros

com os motoristas, e as plataformas

digitais de transporte individual geram

milhões de dados de mobilidade

urbana que podem ajudar no melhor

funcionamento das cidades.

A tecnologia afeta o transporte urbano desde que as cidades

existem. Há algumas décadas, bondes puxados por animais

foram substituídos por VLT; carros tradicionais estão sendo

transformados em autônomos e bicicletas são cada vez mais

assistidas por eletricidade. Alguns avanços são motivados

pela necessidade de um transporte mais efi ciente - como

bicicletas e veículos compartilhados -, enquanto outros são

importados de outros setores - como as baterias e a eletri-

cidade utilizadas para substituir combustíveis fósseis. Ainda

que a mudança seja ininterrupta, há coisas que continuam

como eram há um século: pessoas a pé e de bicicleta são a

maioria nas ruas. Na América Latina, por exemplo, os meios

de transporte não motorizados representam em torno de

30%.

INFORMAÇÕES DAS CORRIDAS DE APLICATIVOS AJUDAM OS GESTORES PÚBLICOS A MELHORAR NOSSAS CIDADES

MAIS DADOS PARA O PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE

© Shutterstock.com

Veículo Leve sobre os Trilhos na cidade do Rio de Janeiro CARROS PARTICULARES E TRANSPORTE

PÚBLICO SÃO COMPLEMENTARES

A área de Política Pública e Pesquisa da 99 encontrou

evidências de complementaridade entre o transporte

público e a 99. No Rio de Janeiro, 24,3% das viagens da

99 se originaram ou destinaram a estações do Metrô,

BRT e Balsas. Em São Paulo, são 13,2%, considerando-

se o Metrô, a CPTM e terminais de ônibus. Em ambas,

essas viagens atingem seu pico de destino logo pela

manhã e, de origem, no fi nal da tarde - isto é, há uma

forte evidência de que os paulistanos e cariocas já

estão resolvendo o problema da primeira e da última

milha ao utilizar a 99 para chegar ou sair de estações

de transporte público estrutural.

CONCLUSÃO

Para a maioria das cidades com infraestrutura consolidada

ou não, o aumento do espaço viário para acomodar o maior

uso do carro não é uma opção.

A otimização do uso efi ciente do espaço viário existente

é, portanto, um princípio fundamental para tornar o trans-

porte competitivo. O modelo de mobilidade urbana das

plataformas de transporte individual oferece aos cidadãos

a fl exibilidade de viagem e a conveniência do carro privado,

sem suas externalidades negativas, como o congestio-

namento, as emissões de poluente e os requisitos de

estacionamento, com desperdício de espaço urbano.

É a oferta de uma combinação integrada de serviços de

mobilidade urbana sustentável que mais efetivamente

desafi a a fl exibilidade e a conveniência do carro particular

e gera dados reais das demandas de mobilidade.

Inovações não só podem aumentar o bem-estar dos

usuários de um sistema, mas também transbordam e

causam novidades em outros setores. De maneira seme-

lhante, governos e autoridades de trânsito e transporte

devem utilizar cada vez mais inteligência de dados para

ações de planejamento e avaliação.

A riqueza dos dados gerados em cada uma das viagens

realizadas nas plataformas é insumo fundamental para o

planejamento moderno de redes e políticas públicas de

mobilidade.

Firmando parcerias com outras organizações, os novos

atores têm um papel de protagonismo na sociedade, de

maneira a tornar o transporte mais rápido, barato e seguro.

DADOS DA 99 PODEM SALVAR VIDAS

Diante da realidade de que os incidentes de trânsito são

a maior causa mortis de jovens no mundo, a 99 também

fi rmou uma parceria com a Iniciativa Bloomberg para

Segurança Global no Trânsito (BIGRS), que, em um

acordo de cooperação técnica com a Prefeitura de São

Paulo, busca aumentar a segurança viária com ações

urbanísticas e de inteligência de dados. Os chamados

da 99 durante madrugadas de fi nais de semana e outros

horários tradicionalmente recreativos serão utilizados

em São Paulo para mitigar os riscos de acidentes

causados por motoristas embriagados - partindo-se do

princípio de que onde há muitas pessoas escolhendo

beber e não dirigir também há indivíduos que irão dirigir

alcoolizados. Análises preditivas sobre os dados da 99

permitirão maior efi ciência de ações de comunicação

e fi scalização.

Informações das corridas da madrugada auxiliam a mitigar os riscos

de acidentes.

© Everaldo Coelho

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É inegável, porém, que em tempos de digitalização, avanços

em energia verde e o surgimento de novos atores, o setor de

transportes vem sofrendo transformações de uma maneira

cada vez mais veloz. Novos modais surgiram, assim como

novas formas de acesso àqueles já existentes. A variedade

de combinações e a oferta de lugares vêm aumentando. Ao

mesmo tempo, a demanda por viagens é cada vez maior e,

consequentemente, as cidades precisam de uma infraestru-

tura maior e/ou mais efi ciente.

NOVOS HÁBITOS DE TRANSPORTE E MAIS

DADOS

Neste contexto há oportunidades e desafi os. Por exem-

plo, aplicativos de ride-hailing - como a 99 - criam novos

hábitos de transporte na vida de seus usuários cotidianos

ou esporádicos.

Os dados gerados e agregados, por sua vez, se tratados

com inteligência, são uma fonte riquíssima de informação

que, a cada dia, se torna mais necessária para o planeja-

mento de trânsito e transporte. Inicia-se, então, uma nova

maneira de planejar a mobilidade com dados antes não

imaginados. Há chances de aumento de efi ciência e equi-

dade no transporte urbano a partir de novas formas de

transporte geradas pela tecnologia.

MAIS INFORMAÇÕES, MELHORES DECISÕES

Antes de observarmos padrões complexos de deslocamen-

tos urbanos, na 99 buscamos entender como as pessoas

tomam suas decisões. Indivíduos, basicamente, decidem o

que fazer com base em percepções, características emo-

cionais, preferências, comparações e outras atitudes. Em

geral, nesse complexo processo cognitivo, as decisões

de curto-prazo são infl uenciadas pelas de longo-prazo,

mas também retroalimentam as preferências individuais

e alteram as decisões futuras. Há, porém, um elemento

chave nesse encadeamento: a informação disponível, que

subsidia tanto a escolha momentânea como infl uencia a

escolha futura.

Esse processo decisório se aplica, por exemplo, sobre

temas urbanos: a localização da residência e do trabalho

de um indivíduo afetam sua decisão sobre ter ou não um

carro. Por sua vez, ter um automóvel disponível na garagem

infl uencia a decisão sobre fazer ou não um deslocamento.

© Shutterstock.com

Taxistas atendem à alta demanda de passageiros da Avenida Paulista

CARROS PARTICULARES AUMENTAM

DEMANDA POR TÁXI

A 99 oferece na mesma plataforma uma intermediação

entre passageiros e dois tipos de motoristas - de carros

particulares (99Pop peer-to-peer, P2P) ou os tradicionais

táxis e observamos que o uso de 99Táxi aumenta nas

cidades onde o 99Pop foi lançado. Naturalmente, esse

aumento pode ser causado pelo “efeito novidade”

do lançamento. No entanto, observamos que esse

aumento é maior com o passar do tempo: essa deve ser

uma evidência de que apresentar o custo da viagem de

99Táxi ou 99Pop, lado a lado, faz com que os usuários

decidam pela categoria que lhes é mais interessante.

Tais comparações seriam difi cilmente computáveis na

ausência de uma tecnologia avançada, como ocorria há

pouco tempo.

A distância até a estação de metrô mais próxima impacta

na decisão do momento certo para se sair de casa.Tudo

isso culmina no modal escolhido para se fazer uma viagem.

Adicione-se a esse processo um meio de transporte com-

pletamente novo, como a 99, e as preferências do indivíduo

se alteram. Se puder usar um carro como um serviço sob

demanda, uma pessoa pode escolher não possuir mais um

veículo - e, assim, não demandar mais lotes de garagem.

Não possuir um carro deve fazer com que indivíduos optem

pelo transporte público e por modais ativos mais frequen-

temente - o que pode levar a uma preferência maior por

residências ao redor do transporte estrutural, tornando as

cidades mais sustentáveis. Os benefícios sociais se tornam

ainda mais concretos quando pensamos que essa pessoa

sequer tem a possibilidade de beber e dirigir. •

© Cacá Ferraz

Vista aérea da ponte Octávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada)

DADOS DA 99 AJUDAM A CALIBRAR

EFICIÊNCIA DE SEMÁFOROS

Ciente de que as autoridades de trânsito e transporte

sempre se desdobraram para obter dados que lhes

permitissem um planejamento mais efetivo, a 99 fi rmou

uma parceria com a Empresa Pública de Transporte e

Circulação de Porto Alegre (EPTC) para fornecer, com

base nos dados gerados pelas viagens na plataforma,

um dashboard que informará a velocidade média

nas vias da cidade em qualquer intervalo de tempo.

Ainda que a intenção inicial da EPTC seja a calibração

dos semáforos da cidade, o dashboard vem sendo

construído de maneira a suportar outros tipos de dados,

como a velocidade e a localização dos ônibus. Assim,

será possível, por exemplo, comparar a velocidade

média do transporte individual e do coletivo, abrindo-

se uma janela de oportunidade para ajustes dos dois

lados. Posteriormente, será possível também observar

quais as vias da cidade nas quais os motoristas

mais ultrapassam a velocidade máxima permitida,

possibilitando uma fi scalização mais efi ciente. Em São

José dos Campos, a 99 fi rmou parceria com a Secretaria

de Mobilidade Urbana e fornecerá dados agregados de

viagens. Com dados precisos e atualizados de matrizes

de origem e destino que podem ser formuladas em

diferentes janelas horárias, os planejadores da cidade

pretendem, por exemplo, incrementar linhas de ônibus.

USAR APLICATIVOS DE TRANSPORTE

INDIVIDUAL É MAIS BARATO QUE TER

CARRO PRÓPRIO

Além dos ganhos de curto-prazo, a existência de uma

opção confi ável como a 99 pode motivar decisões

mais acertadas de longo-prazo. Com base nos dados

da Pesquisa de Mobilidade Urbana de 2012 do Metrô

de São Paulo, conduzimos algumas simulações e

estimamos que há 1,38 milhão de pessoas na Região

Metropolitana de São Paulo que poderiam vender

seus carros, usar o 99Pop para seus deslocamentos

cotidianos e, assim, economizar, em média, 3 mil reais

por ano. Além de uma economia de 4,4 bilhões de

Reais, isso signifi caria menos demanda por garagens e

áreas de estacionamento, uma alteração fundamental à

sustentabilidade urbana futura.

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