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MARIANA EPISCOPAL Imagine um evento de grandes proporções, capaz de promover o drástico desenvolvimento de uma cidade. Imaginou? Você pensou em que? Um “chute”: na Copa do Mundo de Futebol?! Da mesma forma que um acontecimento como este modifica o cotidiano das cidades em que é realizado (com a construção de prédios, realização de benfeitorias urbanas etc.), também Mariana protagonizou um fato histórico que alterou de forma significativa sua existência social. Assim, em 1745, ocorreu a criação do primeiro bispado mineiro, que teve por sede justamente esta cidade. Aliás, a fundação deste bispado foi a motivação para a elevação de Mariana à categoria jurídico-administrativa de “cidade”, pois antes ela portava o simples status de “vila”, com o nome de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo. A chegada do primeiro bispo, D. Frei Manoel da Cruz, em 15 de outubro de 1748, tornou Mariana, portanto, uma cidade episcopal. Mas o quê é uma “cidade episcopal”? Para tentarmos responder a esta pergunta, teremos de recuar até o período comumente conhecido como “medieval” ou “Idade Média”, que se estende ao longo de mil anos, entre os séculos V e XV. Durante esta época da história ocidental, mas sobretudo a partir do século XII, embora grande parte da população vivesse no campo, algumas cidades destacaram-se como pólos econômicos (concentravam atividades comerciais e artesanais), políticos (nelas residiam os monarcas dos frágeis reinos existentes) ou religiosos. Neste último caso, enquadravam-se as cidades que foram escolhidas para sediar um bispado ou diocese, tornando-se o núcleo geográfico da autoridade de um bispo, então simbolizada pela edificação de uma catedral. Veja só o que o historiador Georges Duby comenta acerca das cidades episcopais: A catedral é, por definição, a igreja do bispo. Desde os primórdios da cristianização, há um bispo em cada cidade. A catedral é, pois, uma igreja urbana. A arte das catedrais significa acima de tudo, na Europa, o despertar das cidades. [...] Os burgueses, com efeito, não nãovam na catedral apenas para rezar. Era ali que se reuniam suas confrarias e toda a comuna para suas assembléias civis. A catedral era a casa do povo. Do povo citadino. DUBY, Georges. A Europa na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 59. Logo, residir em uma cidade episcopal era habitar em um lugar muito importante, onde a vida não parava de fervilhar. E porque Mariana tornou-se uma cidade episcopal? A importância adquirida pela Capitania das Minas Gerais devido à exploração do ouro e dos diamantes não apenas favoreceu sua separação do território de São Paulo em 1720, como também fez com que a Coroa Portuguesa, em comum acordo com a Igreja Católica, buscasse cuidar mais de perto da moral e dos bons costumes dos seus fiéis. O objetivo desta medida era o de evitar, ou menos minimizar, as muitas desordens, sedições e crimes que eram cometidos na região, como também o desvio do ouro, que era bem

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MARIANA EPISCOPAL Imagine um evento de grandes proporções, capaz de promover o drástico desenvolvimento de uma cidade. Imaginou? Você pensou em que?

Um “chute”: na Copa do Mundo de Futebol?! Da mesma forma que um acontecimento como este modifica o cotidiano das cidades em que é realizado (com a construção de prédios, realização de benfeitorias urbanas etc.), também Mariana protagonizou um fato histórico que alterou de forma significativa sua existência social.

Assim, em 1745, ocorreu a criação do primeiro bispado mineiro, que teve por sede justamente esta cidade. Aliás, a fundação deste bispado foi a motivação para a elevação de Mariana à categoria jurídico-administrativa de “cidade”, pois antes ela portava o simples status de “vila”, com o nome de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo. A chegada do primeiro bispo, D. Frei Manoel da Cruz, em 15 de outubro de 1748, tornou Mariana, portanto, uma cidade episcopal. Mas o quê é uma “cidade episcopal”?

Para tentarmos responder a esta pergunta, teremos de recuar até o período comumente conhecido como “medieval” ou “Idade Média”, que se estende ao longo de mil anos, entre os séculos V e XV. Durante esta época da história ocidental, mas sobretudo a partir do século XII, embora grande parte da população vivesse no campo, algumas cidades destacaram-se como pólos econômicos (concentravam atividades comerciais e artesanais), políticos (nelas residiam os monarcas dos frágeis reinos existentes) ou religiosos. Neste último caso, enquadravam-se as cidades que foram escolhidas para sediar um bispado ou diocese, tornando-se o núcleo geográfico da autoridade de um bispo, então simbolizada pela edificação de uma catedral. Veja só o que o historiador Georges Duby comenta acerca das cidades episcopais:

A catedral é, por definição, a igreja do bispo. Desde os primórdios da cristianização, há um bispo em cada cidade. A catedral é, pois, uma igreja urbana. A arte das catedrais significa acima de tudo, na Europa, o despertar das cidades. [...] Os burgueses, com efeito, não nãovam na catedral apenas para rezar. Era ali que se reuniam suas confrarias e toda a comuna para suas assembléias civis. A catedral era a casa do povo. Do povo citadino.

DUBY, Georges. A Europa na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 59.

Logo, residir em uma cidade episcopal era habitar em um lugar muito importante, onde a vida não parava de fervilhar. E porque Mariana tornou-se uma cidade episcopal? A importância adquirida pela Capitania das Minas Gerais devido à exploração do ouro e dos diamantes não apenas favoreceu sua separação do território de São Paulo em 1720, como também fez com que a Coroa Portuguesa, em comum acordo com a Igreja Católica, buscasse cuidar mais de perto da moral e dos bons costumes dos seus fiéis. O objetivo desta medida era o de evitar, ou menos minimizar, as muitas desordens, sedições e crimes que eram cometidos na região, como também o desvio do ouro, que era bem expressivo... A condição de cidade episcopal acarretou muitas mudanças para Mariana, algumas das quais serão reconstituídas nas próximas páginas deste segundo volume do Álbum Ilustrado.

Até hoje, nós podemos identificar várias dessas transformações, expressas nas sacadas do casario, nas torres das igrejas, na riqueza artística das obras esculpidas nos espaços públicos e de culto desta cidade. Você já parou para observar o requinte envolvido em sua produção e a sutil mensagem de poder que elas transmitem? Algumas desses obras é a sua preferida? Sim, porque Mariana episcopal não é uma representação urbana restrita apenas aos grupos católicos. Ela é um patrimônio de todos aqueles que se encantam com os mistérios escondidos nas ruas e nas memórias da cidade em que moram. Vamos redescobri-los?

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O maior em notoriedade, o primeiro na Ordem

Veio da terra maranhense:Sofreu na viagem muitos incômodos

E até mesmo adoeceu.Inaugurou o seu pastoreio

Trazido em carro triunfal pela cidadeEnfeitada de rosas e grinalda

E animada com cantos e danças populares.

Com sua Cruz, esparziu luzes por toda a parte;

Com carinho, ajeitou para sempre um abrigo

Para os meninos embatinadosNas margens históricas e floridas do

Carmo.Aprimorou com a arte a Igreja Catedral

Que encarregou de ressoar os salmos sagrados

A cidade se fez a primeiraPela feliz presença do Bispo Emanuel.

Pe. Pedro Sarneel, 1748.Poesia originalmente escrita em latim

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1. “Com carinho, ajeitou para sempre um abrigopara os meninos embatinados [...]”

Fig. 1 - Retrato de D. Frei Manoel da Cruz, sem data precisa. Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz – Mariana

Fig. 2 - Bico de pena retratando Dom Frei Manoel da Cruz, autoria de Nöbauer, data. Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz - Mariana

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Fig. 3 - Seminário Nossa Senhora da Boa Morte. Biblioteca Mário de Andrade, pintura de Burmeister (obra desaparecida), http://www.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/secretarias/cultura/bma/obras_desaparecidas/

Fig. 4 - Órgão Arp Schnitger, presente de D. João V a D. Frei Manoel da Cruz. Catedral Nossa Senhora da Assunção. www.bid.mg.gov.br

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Fig. 5 – Cálice, século XVIII (tirar o preto) http://www.tratosculturais.com.br/qf/TeCer/museus/arte_sacra/area.htm

Fig 7 – Imagem do senhor dos Passos, levada na procissão de Sexta-Feira Santa, século XVIII. Igreja de xxxx Cachoeira do Campo, distrito de Mariana - MG

Fig. 6 – Terço, século XVIII Museu Arquidiocesano de Arte Sacra Mariana - MG

Fig. 8 – Oratório, com imagem de Nossa Senhora xxxxxx, século XVIII. Museu do Oratório Ouro Preto - MG

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UMA LEITURA DA HISTÓRIA 

 

Em 1745, a Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo, que surgira como um pequeno arraial havia apenas pouco mais de quatro décadas, foi escolhida pela Metrópole portuguesa para sediar o novo bispado de Minas Gerais, criado neste mesmo ano. Ora, segundo os preceitos da época, um bispo não deveria residir em uma “vila” e, por isto, o povoado foi elevado pelo rei D. João V à dignidade de cidade, com o nome de Mariana, em homenagem à sua esposa, a rainha D. Maria Ana d’Áustria. E como toda cidade-sede de um bispado possui uma catedral, a capela de Nossa Senhora da Conceição, localizada bem no meio do núcleo urbano de Mariana, tornou-se a nova Sé, mas com outra invocação, bem ao gosto da família real portuguesa: Nossa Senhora da Assunção.

Mas quem seria o novo bispo de Mariana? A escolha do rei recaiu sobre a figura de D. Frei Manoel da Cruz, português, monge da Ordem de Cister, que desde 1739 já vivia no Brasil, pois tinha assumido o cargo de bispo da diocese do Maranhão. Aliás, até a instauração do sistema republicano no Brasil, em 1889, Estado português e Igreja Católica estavam vinculados pelo regime do Padroado, e por isso era o rei, e não o papa, quem primeiramente indicava o sacerdote a ser sagrado bispo. Para vir de sua antiga diocese até Mariana, o bispo empreendeu uma difícil e perigosa viagem pelo interior da Colônia, atravessando montanhas e rios, que demorou quatorze meses para ser concluída. Assim, apenas em outubro de 1748, este religioso conseguiu chegar à nova cidade. Sua presença foi celebrada com grandes festas, as quais incluíram desfiles de carros enfeitados com símbolos mitológicos e cristãos, procissões e fogos de artifícios, além das missas solenes. Tais celebrações, de tão pomposas, ficaram conhecidas até em Lisboa, estando descritas numa obra denominada “Áureo Trono Episcopal”.

A gestão de D. Frei Manoel da Cruz no bispado Mariana trouxe significativas mudanças à vida social e religiosa dos moradores, tais como: a fundação, em 1750, do Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, uma das mais importantes instituições de ensino da região; a criação de novas paróquias, o que possibilitou o reconhecimento civil (batismos, casamentos, óbitos) da população que vivia isolada nas mais distantes localidades; o incremento artístico-cultural, com edificação de novas igrejas matrizes e capelas, com celebrações litúrgicas melhor organizadas, que contavam, inclusive, com a utilização um órgão alemão doado para a Catedral.

Além disso, o bispo buscou organizar as práticas religiosas dos fiéis de acordo com as normas do Concílio de Trento. Assim, foram mantidas antigas formas de piedade, como a devoção aos santos, a realização de promessas, a oferta de ex-votos, a ocorrência de romarias e procissões (estas geralmente encabeçadas pelas irmandades). E como não mencionar as devoções promovidas no espaço doméstico? Afinal, em muitas casas, ao entardecer, era rezado o terço, ou mesmo o rosário, com a família e seus agregados reunidos em torno de um oratório. Em paralelo, D. Frei Manoel da Cruz incentivou o recurso aos sacramentos e à oração mais interiorizada, defendidos pela Reforma católica. Nem sempre os esforços do bispo tiveram êxito – quem já não ouviu falar, por exemplo, da utilização das imagens sacras para fins nada piedosos, como o desvio do ouro, os chamados “santos do pau-oco”? Mas, apesar de todos os problemas enfrentados, pode-se afirmar que entre 1748-1764, período em que D. Frei Manoel da Cruz esteve à frente da Igreja em Mariana, a Igreja conseguiu definir melhor a sua identidade e o seu papel na sociedade mineira.

Desta maneira, em Mariana Episcopal, homens e mulheres, religiosos e leigos, acreditavam profundamente no poder do sobrenatural, na intervenção divina em seu cotidiano e na história dos povos. Tornar-se sede de um bispado significou, para eles, bem mais do que uma valorização política, em função da maior proximidade com o poder civil e eclesiástico – implicou em participar mais diretamente desta presença sagrada no mundo.

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ROTEIRO DE ATIVIDADES1. Você conhece o significado de todas as palavras lidas no texto da página anterior? Não hesite em dar uma olhadinha no dicionário em caso de alguma dúvida! É importante que você repita esta prática todas as vezes que encontrar palavras, termos e expressões que lhe são desconhecidos nos demais textos deste volume do Álbum Ilustrado de Mariana. Assim, em pouco tempo seu vocabulário será ampliado!

2. Observe atentamente as Figuras1 e 2, relativas à pessoa de D. Frei Manoel da Cruz. Após debater com um de seus colegas de turma, indique:a) Dois elementos iconográficos que permitem identificar essas imagens com o cargo eclesiástico de “bispo” católico._____________________________________________________________________________________________________________________b) Uma associação entre os elementos listados acima e o poder exercido pelo bispo ou pela instituição católica de maneira geral no século XVIII.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________c) Uma diferença entre as duas Figuras, que demonstre como as linguagens utilizadas pelos artistas (pintura e desenho a bico de pena...) podem destacar ou encobrir um aspecto da realidade histórica e, em decorrência, da interpretação que tecemos sobre ela._____________________________________________________________________________________________________________________

3. As Figuras 3 e 4 expressam duas transformações promovidas na vida letrada e artística de Mariana, ocorridas em função da vinda de D. Frei Manoel da Cruz. Com base no que você já conhece sobre a cidade de Mariana, complete a tabela abaixo:

4.Após observar as Figuras 5, 6, 7, e 8, descreva, em relação às práticas religiosas representadas por tais imagens:a)Uma permanência:____________________________________________________________________________________________________b)Uma mudança:_______________________________________________________________________________________________________

Seminário Nossa Senhora da Boa Morte Catedral Nossa Senhora da Assunção

Usos sociais no século XVIII:

Usos sociais na atualidade:

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2. Com sua cruz, espargiu luzes por toda cidade [...]Nas margens históricas e floridas do Carmo

Fig. 9 – Palácio episcopal, vista dos fundos, século XIX Imagem integrante do relatório sobre a Chácara da Olaria, 2006. Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz

Fig. 11 – Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz, vista de frente bp0.blogger.com/.../s400/Museu+da+Música2.jpg

Fig. 12 – Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz, vista dos fundos www.jornalaldrava.com.br/images/gif/palacio.gif

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Fig. 13 - Dar um jeito de distribuir as imagens pela folha.

http://www.eesc.usp.br/nomads/SAP5846/mono_Ana.htm

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Fig. 14- Interior casa setecentista mineira, século XVIII

Museu da Inconfidência – Ouro Preto Tirar a frase “Revista Museu”

Fig. 16- Cadeira de Costura, século XVIII Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro - RJ

Fig. 17 - Ferro de Passar, século XVIIi Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro - RJ

Fig. 15 - Interior casa setecentista mineira, século XVIII Museu da Inconfidência – Ouro Preto Tirar a frase “Revista Museu” http://www.revistamuseu.com.br/emfoco/emfoco.asp?

id=3350

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UMA LEITURA DA HISTÓRIA

A presença de D. Frei Manoel da Cruz na cidade de Mariana provocou várias mudanças, entre as quais a criação de um palácio episcopal,

em 1753. Bem, não se tratava propriamente de um “palácio”, dadas as precárias condições de urbanismo com que a cidade ainda convivia. Mas

que era um casario e tanto, isto era! Até esta data, o bispo residira em uma casa alugada, perto da Catedral, mas empenhara-se em adquirir uma

residência em condições mais apropriadas ao exercício de sua função episcopal: o novo prédio deveria atender tanto às necessidades da vida

privada de seus moradores, como às exigências do governo religioso da diocese. Assim, após algumas reformas, a Chácara da Olaria foi

transformada em “Palácio do Bispo”, exercendo esta função até 1927. Hoje em dia, este mesmo prédio abriga o Centro Cultural que leva o nome

do primeiro prelado de Mariana, em uma homenagem a D. Frei Manoel da Cruz.

Mas como o bispo conseguiu comprar a Chácara? Com os parcos recursos enviados pela Coroa é que não seria. A saída encontrada por D.

Frei Manoel da Cruz foi outra, e inesperada: a Chácara foi doada à diocese por um de seus fiéis, José Torres Quintanilha, que em troca pediu que

fossem rezadas, pelos sacerdotes que cuidavam do Seminário, três missas semanais em sua memória.

Mas não bastava edificar ou adquirir uma casa. Os habitantes mais abastados do local buscavam aproximar suas residências aos padrões

arquitetônicos elitizados, vigentes nas principais cidades da América Portuguesa, como Salvador e Rio de Janeiro. A extração do ouro dos “sertões

das Gerais”, já famosa no Reino e na Colônia, facilitou a introdução dessas inovações nas fachadas e estruturas dos edifícios (públicos, religiosos

e particulares), os quais se tornaram maiores e mais suntuosos. Paralelamente, também o interior das casas dos grupos sociais mais favorecidos

passou a exibir mobília e objetos caros e sofisticados. Assim, a vida privada dos homens e mulheres de Mariana no século XVIII tornou-se um

indicativo de sua condição social.

Mas no cotidiano doméstico, outras tantas distinções ocorriam. Os homens livres podiam circular sem restrições pela casa, pois numa

sociedade de cultura patriarcal, a autoridade era associada à figura masculina. Já as mulheres concentravam-se em áreas mais restritas, como os

quartos ou alcovas (cômodos sem janelas) e os lugares onde os alimentos eram preparados. Além disso, as residências coloniais apontam para um

aspecto bastante interessante: raramente eram vistos objetos de uso exclusivamente masculino no espaço privado, enquanto aqueles empregados

pelas mulheres eram bem mais visíveis, tais como a roca, o ferro etc. Verifica-se, assim, que a casa colonial também expressava relações de poder

entre os gêneros.

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ROTEIRO DE ATIVIDADES

1. Observe as Figuras 14, 15, 16 e 17. Você consegue descrever o seu uso por gênero (emprego por homens, mulheres ou ambos) de dois objetos contidos em tais imagens?

a) No século XVIII:_______________________________________________________________________________

b) Na atualidade:_________________________________________________________________________________

2. Veja que interessante o processo de transformação arquitetônica ocorrido na cidade de Mariana, conforme indicado pela Figura 18! Vamos promover a uma pesquisa histórica sobre essas mudanças? Para isto, você vai precisar:

Formar um grupo de pesquisa: nenhum conhecimento é obtido individualmente, há sempre o envolvimento de várias pessoas ou instituições. Além disso, é muito mais produtivo e interessante trabalhar em equipe!

Formular uma problemática: não basta escolher o assunto, é preciso fazer uma pergunta interessante sobre ele, que torne o conhecimento histórico uma espécie de “descoberta do sentido da vida”.

Selecionar fontes históricas: afinal, como reconstituir a experiência ocorrida, se não houver registros sobre ela? Sugestão: vamos trabalhar com história oral? Você pode entrevistar pessoas cujas famílias tenham vivido por gerações

e gerações na cidade de Mariana, perguntando a elas sobre objetos que ouviram seus pais e avós comentarem, ou mesmo que tenham sido guardados no “baú” da família.

Bibliografia de apoio: INCLUIR INDICAÇÃO DE LIVRO Consultar uma bibliografia de apoio, contendo artigos e capítulos de livros, escritos por historiadores e estudiosos

de áreas afins, sobre o tema.Após entrecruzar todos esses elementos, você, junto com seu grupo, é então desafiado a redigir sua resposta à

problemática inicial. E que tal apresentar esta conclusão aos demais colegas da turma, sob a forma de seminário ou outra atividade similar?

3. Observe as Figuras 9, 10, 11 e 12, que retratam o Palácio Episcopal, verificando que este prédio, no passado, exerceu uma função social e, atualmente, exerce tarefas distintas. Isto também ocorreu com outros prédios da cidade de Mariana, já existentes no século em que viveu D. Frei Manoel da Cruz. Selecione duas construções com mais de 200 anos situadas em Marianas e, a seguir, indique sua função social na época em que foi construída e as atividades nelas exercidas no período contemporâneo.

a)______________________________________________________________________________________________

b)______________________________________________________________________________________________

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RELATÓRIO DE PESQUISA  Formulação da problemática:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Fontes selecionadas:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Bibliografia de apoio:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Conclusão elaborada pelo grupo:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Registro iconográfico da pesquisa (fotos dos integrantes do grupo em processo de pesquisa, dos entrevistados etc.)

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3. Aprimorou com arte a Igreja CatedralQue encarregou de ressoar os salmos sagrados

Fig. 18 - Catedral Nossa Senhora da AssunçãoMariana - MG

Fig. 19 e 20 - Resplendor e sacraMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra, Mariana – MG

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Fig 21 – Moeda de ouro no valor de 4.000 réis, circulante em Minas Colonial. www.bcb.gov.br/htms/album/13.jpg

Fig. 22 - Alambique de cobre para fazer cachaça. Do século XVIIIMuseu de Artes e Ofícios – Belo Horizonte

Fig. 23 - Conjunto de medidas de capacidadeMuseu Histórico Nacional

Fig. 24 - Fig. Instrumentos odontológicos. Pelicanos, Fórceps e Cinzel.

Museu Histórico Nacional

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Fig. 25- Bateia, século XVIII. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro – RJ.

Fig. 27 - Lavagem do ouro no Itacolomi. Litografia aquarelada, Rugendas, início século XIX. br.geocities.com/historiamais/rugendas. jpg

Fig. 26 - Máquina de moer e separar areias auríferas, 1812 Arquivo Nacional. Rio de Janeiro - RJ

www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/brasil

Fig. 28 – Mineração no Ribeirão do Carmo Fotografia, Século XX http://www.idasbrasil.com.br/minapassagem/histórico.htm

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UMA LEITURA DA HISTÓRIA

Já foi possível refletir como a chegada do bispo D. Frei Manoel da Cruz à Mariana, em 1748, afetou bastante a vida de seus moradores. E uma dessas mudanças foi o crescimento da prática de ofícios, isto é, de atividades artesanais e manufatureiras, algumas das quais voltadas para o embelezamento arquitetônico da cidade. Com a criação do bispado, tanto os dirigentes eclesiásticos como as irmandades mais poderosas consideraram indispensável adornar, de forma mais ostensiva, o interior e o exterior dos locais de culto sagrado. Afinal, tais lugares eram uma expressão simbólica de sua própria importância social e política na região. Destaque especial foi conferido à Catedral Nossa Senhora da Assunção: logo após chegar à cidade, o bispo mandou assentar as janelas, rebocar, caiar, retelhar e acrescentar o forro; edificou a capela-mor, o coro e a sacristia dos cônegos, além de ornamentar o prédio com pinturas, isto sem contar colocação dos sinos, erguidos em uma das torres do edifício. E isto entre outras coisas...

Assim, clérigos e associações religiosas leigas passaram a contratar artífices (ainda não havia a identidade social do “artista”, distinta do “técnico” ou do “mestre de obras”) para ornamentar várias igrejas, que desde então portaram pinturas e esculturas de grande beleza. Em paralelo, houve também um maior cuidado e requinte na edificação dos sobrados: um exemplo é o uso mais difundido da pedra-sabão. Mas, as mesmas sacadas e colunas que destacavam a força dos poderosos, indicavam também a importância da atuação de ex-escravos (também chamados “forros”, em função da carta de alforria por eles obtida) e escravos, os quais, junto com os homens nascidos livres, foram os produtores de tão belas obras de artesanato e manufatura que, atualmente, fazem a cidade de Mariana ser admirada no restante do país como “patrimônio nacional”.

Mas a instauração do bispado também dinamizou outras atividades na cidade de Mariana e seu entorno, como o comércio de gêneros alimentícios (grãos, farinha, queijo etc.). Tal prática exigia o recurso a instrumentos de pesos e medidas, os quais, inclusive, eram freqüentemente adulterados, numa busca de lucros sempre maiores... Ao mesmo tempo, ofícios até então inexistentes começaram a aparecer no local, como os de barbeiro-dentista, tecelão, ourives etc.

Tal incremento artístico, social e econômico só foi possível porque a cidade de Mariana, como grande parte da região mineira, era responsável por uma extração significativa de metais e pedras preciosas, que a tornaram bastante conhecida em toda a América Portuguesa e na Europa. A retirada do ouro, prática mais recorrente em Mariana, era uma atividade geralmente realizada por escravos, mas que também contava com o esforço de trabalhadores livres. A obtenção do ouro poderia ocorrer através de sua separação do cascalho dos rios (o ouro de “aluvião”), com uso de batéias; ou ele poderia ser retirado das montanhas, cuja terra era dividida em lavras, com o emprego de dragas.

O ouro era o padrão monetário mais utilizado (e desejado) como forma de pagamento de todos esses negócios; ele circulava, portanto, de uma forma ou de outra, na vida de todos, pobres e ricos, homens e mulheres, livres e escravos. Mas é claro que esta circulação diferia bastante segundo a condição de vida da pessoa! Em paralelo, a destinação do ouro para a promoção de ofícios artísticos ou para aquisição de bens de consumo cotidiano é um importante indicativo de como, para a sociedade da época, as dimensões religiosa e econômica não poderiam ser facilmente separadas da existência social em Mariana no século XVIII.

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ROTEIRO DE ATIVIDADES1. Observe atentamente as Figuras 21, 22 e 23 e, em seguida, indique:a) Um elemento de permanência entre as práticas comerciais existentes em Mariana episcopal e nesta cidade nos dias de hoje.________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________b) Dois elementos de diferença entre essas mesmas práticas, sendo um relacionado aos produtos e outro às profissões.________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

2. Antes da chegada do bispo à cidade de Mariana, o ouro já era explorado e utilizado como padrão monetário. A partir da chegada do bispo, continuou a ocorrer tal exploração. Após analisar as Figuras 25, 26, 27 e 28, aponte uma transformação da experiência histórica em relação à:

a) Mão de obra:__________________________________________________________________________________________________b) Tecnologia:____________________________________________________________________________________________________

Existe algum aspecto que você considera não ter passado por algum tipo de mudança histórica significativa? Qual?________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

3. Com a chegada do primeiro prelado à Mariana, ocorreu uma valorização das atividades realizadas pelos artífices, fossem de caráter artesanal ou manufatureiro. Dê uma olhadinha nas Figuras 19 e 20 e, logo depois, tente responder:

a) A que grupos sociais pertenciam a maior parte desses artífices?________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________b) Como os artífices eram vistos pela sociedade de seu tempo (gozavam de prestígio, eram discriminados, obtinham remuneração expressiva

pelo seu trabalho ou eram mal pagos...) ?________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________c) Como os artífices e artistas são vistos pela sociedade brasileira contemporânea?________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

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4. A Cidade se fez a primeira, pela feliz presença do Bispo Emanuel

• Fig. 29 - Copiar o prospecto da cidade de Mariana, observado do morro do Seminário, de José Joaquim Viegas de Meneses, 1809.

• No livro Visitas pastorais de D. Frei José da Santíssima Trindade, p. 339 e 342. (Vou escolher o que for melhor).

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Fig. 30 - Rua ________________________________Mariana - MGAcervo particular de ......

Fig. 31- Rua _______________________Mariana – MG

Acervo particular de ......

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Fig. 32 - Obs. Tirar uma foto mais legalAcervo particular de....

Fig. 34- ChafarizMariana - MGhttp://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Mariana/port/casario.asp

Fig. 33 - PelourinhoAchar uma foto mais legal na internet

Fig. 35- PistolaMuseu Histórico Nacional, Rio de Janeiro - RJ

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UMA LEITURA DA HISTÓRIAO primeiro núcleo de povoamento da antiga Vila de Nossa Senhora do Carmo, depois a cidade de Mariana, foi estabelecido onde situa-se

atualmente o bairro da Prainha de Santo Antônio. Em função da criação do bispado e da elevação desta Vila à condição de cidade, a Coroa Portuguesa adquiriu as terras onde hoje se localiza o chamado “centro histórico”. O objetivo da Metrópole era o de implementar um projeto de urbanização associado a um modelo hierárquico de ordem social: as ruas retas, cruzadas em forma de grade, transmitiam a idéia de uma cidade submetida a uma lógica racional e a um poder efetivo.

Porém... Nos arredores da cidade, junto às áreas de mineração, pequenos povoados continuaram a surgir de forma desordenada. E mesmo no centro urbano, não era fácil para as autoridades estabelecerem o controle que tanto desejavam: com a circulação de metais preciosos, a região atraiu muitas pessoas, que circulavam em Mariana nos mais diversos horários, das mais diferentes maneiras, com os interesses bastante específicos. A cidade passou a conhecer um ritmo de vida que seria considerado frenético apenas poucos anos antes pelos moradores locais - até um relógio foi instalado na Catedral! Além disso, pessoas circulavam pelas ruas utilizando os mais variados meios de transporte, desde o andar a pé até os coches (estes reservados aos representantes do poder público e religioso, e ainda assim em ocasiões muito especiais). As mais diversas montarias percorriam as vielas de pedra (e, em sua maioria, de terra), com paradas estratégicas nos chafarizes espalhados pela cidade.

Tal movimentação também girava em tono da aquisição de vários bens de consumo, ampliando-se o número de lojas (localizadas na área central da cidade), vendas e tabernas (estas espalhadas nos morros). Estes dois últimos estabelecimentos, todavia, eram vistos sob suspeita pelo governo local: por venderem bebidas e mantimentos aos escravos empregados na mineração, foram acusados de, com isto, desviarem o ouro, tão cobiçado pela Coroa. A repressão também não poupava as negras de tabuleiro, acusadas deste e de outros crimes.

Logo, nem tudo era tranqüilo na vida urbana de Mariana. Os furtos eram constantes, numa cidade em que todas as transações eram pagas em ouro; em paralelo, a prostituição e mesmo o estupro eram práticas cotidianas. A violência era tamanha que a Metrópole determinou, várias vezes, que os homens residentes na cidade somente andassem armados nas ruas. Enfim, as desigualdades e os conflitos travados entre os estamentos sociais de Mariana encontravam no cenário urbano um campo privilegiado para sua expressão, tornando este espaço um símbolo do desafio do “viver em Colônia”.

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ROTEIRO DE ATIVIDADES1. As Figuras 30 e 31 representam ruas de Mariana, pelas quais você muito possivelmente já transitou. Observe-as e responda:

a) Você consegue identificar o nome dessas ruas? Escreva-os nas lacunas inseridas das legendas.b) Você saberia dizer o nome que estas mesmas ruas tiveram na época de D. Frei Manoel da Cruz? Você pode entrevistar um pesquisador das Ciências Humanas do ICHS, da Casa Setecentista ou de outra instituição cultural de Mariana para obter esta informação, escreveendo-a no espaço abaixo:_____________________________________________________________________________________________________________________

c) Reflita com seu colega um motivo para a mudança dos nomes das ruas.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. As Figuras 33 e 34 representam lugares freqüentados e objetos utilizados pela população marianense, os quais poderiam suscitar, direta ou indiretamente, embates sociais. Com auxílio de bibliografia, complete o quadro abaixo:

3. A Figura 35 fornece uma indicação acerca da violência e da repressão que permeavam o cotidiano dos moradores da cidade de Mariana. Debata com seu colega e indique:a) Dois crimes que seriam, possivelmente, alguns dos mais cometidos em Mariana Colonial, e suas respectivas motivações.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Dois crimes que têm apresentando índice de crescimento em Mariana contemporânea.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Usos sociais Embates sociais

Chafariz

Pelourinho

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TRANSFORMANDO A VIDAMariana Episcopal pode ser conhecida sob muitas perspectivas ou pontos de vista. Ela pode ser percorrida, por exemplo, a partir dos

lugares em que os bispos do período colonial exerciam sua autoridade, como o palácio e a catedral. Mas a cidade também pode ser mais conhecida com base nas construções que sustentaram a fé da população humilde, como capelas, cruzeiros... E que tal a Mariana artística, embelezada por tantos artífices extraordinários? Dê uma olhadinha nas dicas de visitação abaixo e organize um passeio com sua turma! Lembre-se: na maioria destas instituições, estudantes de escolas públicas têm direito à entrada gratuita!

Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção   Acervo: Altares que registram as quatro fases da arte barroca e cripta dos Bispos.Funcionamento: terça a domingo, das 8h às 18h.Telefone: (31) 3557 - 1216

Ingresso: R$ 2,00Concerto do Órgão Arp Schnitger: sextas-feiras às 11 h. e domingos às 12h15..

Ingresso para o concerto: R$ 12,00Fig. 38 - Colocar imagem, procurar na internet

Museu da Música Funciona no prédio do antigo Palácio dos Bispos Acervo: obras da música religiosa brasileira dos séculos XVII a XX; Memorial em homenagem ao 4º arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida Funcionamento: terça a domingo, das 8h30 às 11h30 - 13h30 às 18h.Telefone: (31) 3557 - 1237

Fig. 39 - Colocar imagem, procurar na internet

Museu Arquidiocesano de Arte Sacra Acervo: prédio do final do século XVIII, obras do Aleijadinho e Francisco Xavier de Brito; objetos de prata e ouro.

Funcionamento: terça à sexta, das 8h30 às 12h - 13h30 às 17h. Finais de semana e feriados, das 8h30 às 14h. Telefone: (31) 3557 – 2516

Ingresso: R$ 5,00.Fig. 40 - Colocar imagem, procurar na internet

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BIBLIOGRAFIALISTAGEM DE 10 OBRAS SOBRE O TEMA

  

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TalheresPrata portuguesa, século XVIII. Museu Histórico Nacional

Farinheira Prata portuguesa; século XVIII. Originalmente, as farinheiras eram objetos simples como cuias de coco e tigelas de barro. A introdução da prata, nos séculos XVIII e XIX, para a confecção destes utensílios gerou uma produção de peças extremamente elaboradas. Museu Histórico Nacional

Terrina Origem francesa, século XVIII. Serviço Pingo de Ouro ou Paço da Cidade.Museu Histórico Nacional

Travessas Século XVIII. Conhecidas como "louças de Macau". Museu Histórico Nacional

Ferro de PassarSéculo XVIII, feito de madeira e bronze. Museu Histórico Nacional

CofreEm ferro e madeira, século XVIII. Utilizado para guardar valores. Museu Histórico Nacional

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Cadeira de Costura Composição: madeira e couro; século XVIII; x . Museu Histórico Nacional

Cômoda-Papeleira Composição: madeira e metal; século XVIII; x . Móvel híbrido, cumpria as funções de guarda de vestuário e de escrivaninha. Museu Histórico Nacional

Preguiceiro Composição: madeira e couro; século XVIII; x x . Observações: em meio à sociedade escravocrata, o preguiceiro reflete a ociosidade de alguns grandes senhores. Colocado nas salas, destinava-se à sesta após a refeição, cujo hábito, legado ibérico, se coadunava com as nossas estruturas sociais e com o clima.Museu Histórico Nacional

LeitoComposição: madeira e tecido; século XVIII; x x . Nas alcovas da antiga tradição arquitetônica ou nos quartos das residências, o leito ocupa lugar de destaque - simples catres ou elaboradas estruturas ornamentais, as camas marcavam nascimento e morte do indivíduo e o acolhiam durante a convalescença. Museu Histórico Nacional

Banco Composição: madeira e tecido; século XVIII; x . Observações: assentos para todos os fins são o resultado da crescente especialização do mobiliário. Cadeiras de salão, de canto, de costura, representam um interessante panorama de diversidade de usos e, relacionados com eles, dos acabamentos. Museu Histórico Nacional

Mesa de Centro Composição: madeira e metal; século XVII; x . Observações: as mesas de centro altas definiam e marcavam o eixo das antigas salas de visita. Enquanto se aguardava pela futura especialização de ambientes e de móveis, as mesas serviam a usos múltiplos, desde escrever até o consumo de uma refeição. Museu Histórico Nacional

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www.eesc.usp.br/nomads/SAP5846/mono_Ana.htmwww.eesc.usp.br/nomads/SAP5846/mono_Ana.htmwww.eesc.usp.br/nomads/SAP5846/mono_Ana.htm

Casa do Bispo (atual Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz) Sobrado de Mariana

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TelhaEm cerâmica, séculos XVII/XVIII. Região dos Sete Povos das Missões. Pertence ao acervo do Museu das Missões, localizado no Rio Grande do Sul.Museu Histórico Nacional.

FrontãoEm pedra, fazia parte da Igreja de Santo Inácio, inaugurada pelos padres jesuítas em 1588, no Morro do Castelo, no Rio de Janeiro, e demolida por ocasião do desmonte daquele morro, em 1922.Museu Histórico Nacional.

CachorroFragmento arquitetônico, século XVII, parte da Igreja da Matriz de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul. Em arquitetura, o termo cachorro designa a peça que sustenta ou aparenta sustentar o beiral de telhados ou sacadas.Museu Histórico Nacional.

BrasãoPedra, século XVIII.Brasão eclesiástico do frei Antônio do Desterro, responsável pela edificação do convento da Ajuda, primeiro convento feminino no Brasil, situado onde hoje se encontra a Cinelândia e demolido em 1911.Museu Histórico Nacional.

Grade de cadeiaGradil de ferro, do século XVIII, retirado da Cadeia Velha, onde Tiradentes esteve preso. O prédio foi demolido e o local hoje abriga a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Museu Histórico Nacional.

Cadeirinha Composição: madeira, tecido, couro e vidro ; século XVIII; x x . Observações: também conhecida como serpentina, denominação derivada da configuração de suas extremidades, que possuem a forma de cabeças de serpentes. Originárias do Oriente - Índia e China - as cadeirinhas serviam ao transporte de fidalgos e homens do governo; depois seu uso vulgarizou-se para os demais civis.Museu Histórico Nacional.

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MontariaEstribos. Composição: bronze, madeira, prata, ouro e ferro; séculos XVIII e XIX. Observações: usados em cada lado da sela para o cavaleiro firmar o pé ao subir na montaria Do início da colonização até princípios do século XX, os cavalos e mulas foram os principais meios de transporte entre as cidades, seus arredores e o interior, em função das precárias condições dos caminhos e estradas. Sua longa utilização correspondeu à existência de manufaturas e selarias dedicadas à fabricação de arreios e artefatos de montaria. Museu Histórico Nacional.

Espada Composição: aço; prata e ouro; primeira metade do século XVIII; Portugal; compr.: . Observações: na Europa do século XVIII, havia uma tendência, no sentido da redução do tamanho das espadas, devido à sua virtual substituição pelas armas de fogo. Na península Ibérica e em algumas outras áreas da Europa, as espadas, contudo, ainda mantiveram as antigas formas e funções, uma vez que os soldados destas regiões ainda lutavam com armas brancas. Esta espada de luxo é um exemplo. Museu Histórico Nacional.

PistolaComposição: aço, madeira, latão e prata; segunda metade do século XVIII; Norte da África; compr.: 497mm. Observações: arma de pederneira (estilo francês), com decorações mouriscas. Museu Histórico Nacional.

Jardins e pomares (na antiga Casa do Bispo) Pelourinho Chafariz

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Catedral Nossa Senhora da Assunção

Mariana Ruas de Mariana

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Conjunto de medidas de capacidadeOrigem portuguesa, século XVIII. Brasão real de Portugal gravado na tampa. Contém sete medidasMuseu Histórico Nacional

Instrumentos OdontológicosPelicanos, Fórceps e Cinzel. Composição: madeira e metal; século XVIII. Observações: embora durante muito tempo tenha se acreditado que pertenceram a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, esta atribuição não pode ser comprovada. Os pelicanos, utilizados desde o século XVI até o início do XIX, são precursores dos fórceps. Museu Histórico Nacional

F lautaInstrumento de sopro do século XVIII. Faz parte da coleção Miguel Calmon. Museu Histórico Nacional

Roca Composição: madeira (castanheiro); século XVIII; Brasil; x x . Observações : a roca, proveniente da Bretanha onde é famosa a indústria de fiação, foi utilizada no Brasil nas cidades do interior e fazendas. Nestas plantava-se o algodão, fazia-se o fio e tecia. Museu Histórico Nacional

Cabo de Agulha de Crochê Composição: marfim; século XVIII. De origem francesa, pertence à coleção Miguel Calmon. Museu Histórico Nacional

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Alambique de cobre para fazer cachaça. Do século XVIIIMuseu de Artes e Ofícios – Belo Horizonte

Candeeiro de ferro batido do século XVIII. Tinha design arrojado para a épocaMuseu de Artes e Ofícios – Belo Horizonte

Formas de queixo. Século XVIII.Museu de Artes e Ofícios – Belo Horizonte

Ouro quintadoMuseu Histórico Nacional

Bateia Composição: madeira. Brasil, século XVIII. Proveniente da região das Minas Gerais, provavelmente Mariana e Ouro Preto. Objeto utilizado pelos garimpeiros livres ou escravos no trabalho da mineração. Servia para separar o ouro aluvião da areia que eram retirados dos leitos dos rios. Museu Histórico Nacional

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Ourivesaria e prataria Sendo o ouro um bem da Coroa portuguesa, de circulação controlada, a prata transformou-se no metal permitido e utilizado na ornamentação, tanto das igrejas quanto das residências. Imagem de cálice.Museu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

Resplendor

Museu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

Par de lanternas processionais Lanternas processionais, também chamadas de tocheirosEssas peças continham uma vela ou pavio destinada a iluminar imagens reverenciadas durante a procissão, na Bahia. CrucifixoMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

Sacra As sacras são placas móveis em metal e figuravam sempre em número de três sobre os altares. Os altares gravados nas peças auxiliam os oficiantes nas celebrações das missas. A disposição das mesmas, uma ao centro ladeada pelas demais, obedece ao que deverá ser recitado nos momentos determinados pela liturgia. Museu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

Tronco e viramundo Composição: ferro e madeira; séculos XVIII e XIX. Tronco e viramundo para aprisionamento de mais de um escravo simultaneamente. No tronco, os escravos ficavam presos pela cabeça e pelos pulsos. No viramundo, o aprisionamento era feito pelos tornozelos. Museu Histórico Nacional

Conjunto de instrumentos de tortura O viramundo exposto era destinado a aprisionar um escravo pelos pulsos e tornozelos. Os outros objetos são: libambo, cinto de ferro, palmatória, mordaça, gargalheiras, algema com cadeado e ferros de marcar. Museu Histórico Nacional

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Bico de pena retratando Dom Frei Manoel da Cruz, da autoria de Nöbauer.Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz - Mariana Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz - Mariana

Trono episcopal, proveniente do Maranhão, que veio junto com o 1º Bispo de Mariana, em 1748.Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz

Livro de cantochão de Dom Frei Manoel da Cruz, datado de 1747.Centro Cultural D. Frei Manoel da Cruz - Mariana

Órgão Arp Schnitger, presente de Dom João V a Dom Frei Manoel da Cruz (1753). Pontifical dado por D. João V a D. Frei Manoel da CruzMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

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Santo do Pau-OcoMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

Santo do Pau-OcoMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

Ex-voto Santa Ifigênia, 1756óleo sobre papel

Oratório Museu do Oratório – Ouro Preto

Nossa Senhora dos Anjos. Madeira policromada. Proveniente da Igreja de Santo Antônio, Santa BárbaraMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra – Mariana

Retábulo com a primeira N. Sª da Conceição que chegou para sercultuada na região, séc. XVIIIMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra – Mariana

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Museu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana Forro da Igreja de São José, em Ouro Preto (MG).Óleo sobre madeira, séc. XVIIIMuseu Arquidiocesano de Arte Sacra - Mariana

ProcissõesImagem do distrito de Cachoeira do Campo

Seminário Nossa Senhora da Boa MorteCapela