MARIANA GUARÁ ROCHA COELHO
Transcript of MARIANA GUARÁ ROCHA COELHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
MARIANA GUARÁ ROCHA COELHO
PATROCÍNIO DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS:
UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA REPUTAÇÃO DA FIFA E DA
IMAGEM DA COPA DO MUNDO DA FIFA 2014 NA PERCEPÇÃO DO
VALOR DA MARCA DO PATROCINADOR
RIO DE JANEIRO – BRASIL
2015
MARIANA GUARÁ ROCHA COELHO
PATROCÍNIO DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS:
UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA REPUTAÇÃO DA FIFA E DA
IMAGEM DA COPA DO MUNDO DA FIFA 2014 NA PERCEPÇÃO DO
VALOR DA MARCA DO PATROCINADOR
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Administração, Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração.
Orientador: Prof. Victor Manoel Cunha de Almeida,
D.Sc.
Rio de Janeiro – Brasil
2015
Mariana Guará Rocha Coelho
PATROCÍNIO DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS:
UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA REPUTAÇÃO DA FIFA E DA
IMAGEM DA COPA DO MUNDO DA FIFA 2014 NA PERCEPÇÃO DO
VALOR DA MARCA DO PATROCINADOR
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Administração, Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração (M.Sc.).
Aprovada em:
_______________________________________________________
Profa. Victor Manoel Cunha de Almeida, D. Sc. - Orientador
(COPPEAD/UFRJ)
_______________________________________________________
Prof. Roberta Dias Campos, D.Sc
(COPPEAD/UFRJ)
_______________________________________________________
Prof. Ricardo Teixeira Veiga, D. Sc
(UFMG)
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pelo dom da vida e saúde que tive para chegar até
aqui, fechando este ciclo importante da minha vida. Agradeço também a Ele por ter nascido
nesta minha família, por ter meus pais, Glória e Francisco, e meu irmão, Pedro, que me
apoiaram plenamente ao longo deste mestrado.
Agradeço aos amigos e colegas Ana Lopes, André Brandt Oliveira, Antônio Marques
Neto, Bruna Cunha, Carla Reis Baptista, Diego Gonzalez, Felipe Baran Pedras, Felipe Mayer
Gonçalves, Felipe Turl, Kateline Daltoé, Leandro Hanada, Max Borges, Pedro Santiago
Rodrigues, Rachel Lino, Raoni Bacelar, Renata Rimes Almeida, Thaís Wanderley e Thiago
Costa pela contribuição com a coleta de dados para este projeto; e Juan María López-
Quiñones, Luis Higgins e Matt Schafer pela tradução de escalas. A colaboração deles foi de
valor inestimável para mim.
Agradeço à Flávia Freitas e João Guilherme Amorim que, além de contribuírem
ativamente com a coleta de dados, estiveram muito presentes em todo o processo da
dissertação, pela disponibilidade, pelo apoio constante e pela paciência para sempre me ouvir
e aconselhar.
Agradeço aos professores Ricardo Veiga e Roberta Campos, que participaram da
banca que avaliou este trabalho, pela atenção dada na sua revisão e pelas valiosas
contribuições oferecidas.
Finalmente, agradeço ao meu estimado orientador, Victor Almeida, por ter sido um
orientador dedicado e comprometido, por ter me desafiado e ensinado tanto, por ter
contribuído imensamente com o meu desenvolvimento acadêmico e profissional.
RESUMO
Coelho, Mariana Guará Rocha. Patrocínio de Megaeventos Esportivos: um estudo sobre a
influência da Reputação da FIFA e da Imagem da Copa do Mundo da FIFA 2014 na
percepção do Valor da Marca do Patrocinador. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado
em Administração) – Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, COPPEAD,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.
Este estudo investigou a influência da reputação da entidade organizadora de megaeventos
esportivos na imagem do megaevento e no valor da marca dos patrocinadores, além da
influência mediadora da percepção de congruência entre patrocinador e megaevento sobre a
relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca do patrocinador. O estudo contribui
para a literatura de marketing esportivo, utilizando como principal referencial teórico a
Associative Network Theory (Collins & Loftus, 1975) e a Schema Theory (Axelrod, 1973). As
questões de pesquisa foram desdobradas em sete hipóteses substantivas que contemplaram a
verificação da relação entre a reputação da FIFA, a imagem da Copa do Mundo da FIFA
2014, o valor da marca dos patrocinadores Coca-Cola e Adidas, e a congruência entre o
megaevento e os patrocinadores. O estudo foi conduzido durante a Copa do Mundo da FIFA
2014, no Rio de Janeiro. Foi realizado uma survey, coletando amostras não-probabilísticas
compostas por brasileiros e estrangeiros que participaram da Copa do Mundo da FIFA 2014
como espectadores no estádio do Maracanã ou na FIFA Fan Fest. Foram coletados 469
questionários válidos no entorno do Estádio do Maracanã e 1.973 na FIFA Fan Fest. A análise
dos dados das duas amostras foi realizada separadamente utilizando Análise Fatorial
Exploratória e Análise Fatorial Confirmatória, tendo sido verificadas a confiabilidade e a
validade convergente e discriminante dos construtos. Para testar as hipóteses substantivas, foi
utilizada a técnica de Modelagem de Equações Estruturais com o uso das técnicas MLE e
ADF. Foi também realizada a técnica proposta por Baron e Kenny (1986) e o teste de Sobel
(1982) para suportar o efeito mediador da percepção de congruência. Os resultados empíricos
sugerem que a reputação da FIFA influencia a imagem da Copa do Mundo da FIFA, mas
pode não influenciar diretamente o valor da marca dos patrocinadores. Além disso, foram
suportadas as hipóteses de que a percepção de congruência entre megaevento e patrocinador
exerce um efeito mediador parcial ou total na relação entre a imagem do megaevento e o valor
da marca do patrocinador.
Palavras chaves: PATROCÍNIO ESPORTIVO MEGAEVENTO REPUTAÇÃO SURVEY.
ABSTRACT
Coelho, Mariana Guará Rocha. Sports Mega-Events Sponsorship: a study on the influence of
FIFA's Reputation and 2014 FIFA World Cup’s Image in the perception of Sponsor's Brand
Equity. Rio de Janeiro, 2015. MBA Dissertation – Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em
Administração, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.
This study investigated the influence of the reputation of the organizing body on the image of
the sports mega-event, and on the mega-event sponsors’ consumer-based brand equity.
Additionally, it investigated the mediating influence of the perception of fit between sponsor
and mega-event on the relationship between mega-event image and sponsor’s brand equity.
This study contributes to the sports marketing literature, using the Associative Network
Theory (Collins & Loftus, 1975) and the Schema Theory (Axelrod, 1973) as its main
theoretical references. The research questions were deployed into seven substantive
hypotheses contemplating the relationship between FIFA’s reputation, the image of the 2014
FIFA World Cup, two of the event sponsors’ - Coca-Cola and Adidas - brand equity, and the
perception of fit between the 2014 FIFA World Cup and these sponsors. The study was
carried out during the 2014 FIFA World Cup in Rio de Janeiro. A survey of Brazilians and
foreigners, who attended the 2014 FIFA World Cup at Maracana stadium or at FIFA Fan Fest
located at Copacabana Beach, was conducted, and two non-probability samples were
collected. 469 valid questionnaires were collected in the vicinity of the Maracana Stadium and
1973 were collected at the FIFA Fan Fest. Data analyses of the two samples were performed
separately using Exploratory Factor Analysis and Confirmatory Factor Analysis, verifying the
reliability, the convergent validity, and discriminant validity of the constructs. To test the
substantive hypotheses, Structural Equation Modeling was used with the MLE and ADF
techniques. In order to test the mediating effect of the perception of fit, mediating tests were
also performed with the technique proposed by Baron and Kenny (1986) and Sobel (1982).
The empirical results suggest that FIFA’s reputation influences the image of the FIFA World
Cup, but may not directly influence the sponsors’ consumer-based brand equity. In addition,
the hypothesis that the perception of fit between mega-event and sponsor plays a full or partial
mediating effect on the relationship between the image of the mega-event and sponsor's brand
equity was supported.
Keywords: SPORTS SPONSORSHIP MEGA-EVENTS REPUTATION SURVEY.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo Conceitual.................................................................................................. 74
Figura 2 - Distribuição da idade por gênero (Maracanã) ........................................................ 99
Figura 3 - Distribuição de idade por local de residência (Maracanã)...................................... 99
Figura 4 - Distribuição do posicionamento de desaprovação da realização do megaevento no
Brasil por idade e local de residência (Maracanã) ................................................................. 100
Figura 5 - Médias dos itens da escala RQ por gênero (Maracanã) ........................................ 111
Figura 6 - Médias dos itens da escala RQ por local de residência (Maracanã) ..................... 112
Figura 7 - Médias dos itens da escala RQ para aqueles que aprovam a realização da Copa do
Mundo da FIFA no Brasil e para aqueles que não aprovam (Maracanã) ............................... 112
Figura 8 - Modelo de Mensuração (Maracanã) ..................................................................... 113
Figura 9 - Modelo de Mensuração Reespecificado (Maracanã) ............................................ 114
Figura 10 - Modelo Estrutural (Maracanã) ............................................................................ 117
Figura 11 - Distribuição da idade por gênero (Fan Fest) ...................................................... 124
Figura 12 - Distribuição de idade por local de residência (Fan Fest) .................................... 124
Figura 13 - Distribuição do posicionamento de desaprovação da realização do megaevento no
Brasil por idade e local de residência (Fan Fest) .................................................................... 125
Figura 14 - Médias dos itens da escala RQ por gênero (Fan Fest) ........................................ 136
Figura 15 - Médias dos itens da escala EI por local de residência (Fan Fest) ....................... 137
Figura 16 - Médias dos itens da escala RQ por local de residência (Fan Fest) ..................... 137
Figura 17 - Médias dos itens da escala RQ para aqueles que aprovam a realização da Copa do
Mundo da FIFA no Brasil e para aqueles que não aprovam (Fan Fest) ................................. 138
Figura 18 - Modelo de Mensuração (Fan Fest) ..................................................................... 139
Figura 19 - Modelo de Mensuração Reespecificado (Fan Fest) ............................................ 140
Figura 20 - Modelo Estrutural (Fan Fest) .............................................................................. 143
Figura 21 - Calendário da coleta de dados ............................................................................ 193
Figura 22 - Questionário em português - Página 1 de 2 ........................................................ 194
Figura 23 - Questionário em português - Página 2 de 2 ........................................................ 195
Figura 24 - Cartão utilizado na entrevista em português (anverso e verso) .......................... 196
Figura 25 - Questionário em inglês - Página 1 de 2 .............................................................. 197
Figura 26 - Questionário em inglês - Página 2 de 2 .............................................................. 198
Figura 27 - Cartão utilizado na entrevista em inglês (anverso e verso) ................................ 199
Figura 28 - Questionário em espanhol - Página 1 de 2.......................................................... 200
Figura 29 - Questionário em espanhol - Página 2 de 2 ......................................................... 201
Figura 30 - Cartão utilizado na entrevista em espanhol (anverso e verso) ........................... 202
Figura 31 - Histograma EI_EB1 (Maracanã) ........................................................................ 204
Figura 32 - Histograma EI_EB2 (Maracanã) ........................................................................ 204
Figura 33 - Histograma EI_EB3 (Maracanã) ........................................................................ 204
Figura 34 - Histograma EI_EB4 (Maracanã) ........................................................................ 204
Figura 35 - Histograma EI_EB5 (Maracanã) ........................................................................ 204
Figura 36 - Histograma EI_EB6 (Maracanã) ........................................................................ 204
Figura 37 - Histograma OBE_c1 (Maracanã) ....................................................................... 205
Figura 38 - Histograma OBE_c2 (Maracanã) ....................................................................... 205
Figura 39 - Histograma OBE_c3 (Maracanã) ................................................................... 205
Figura 40 - Histograma OBE_c4 (Maracanã) ....................................................................... 205
Figura 41 - Histograma OBE_a1 (Maracanã) ....................................................................... 205
Figura 42 - Histograma OBE_a2 (Maracanã) ....................................................................... 205
Figura 43 - Histograma OBE_a3 (Maracanã) ....................................................................... 206
Figura 44 - Histograma OBE_a4 (Maracanã) ....................................................................... 206
Figura 45 - Histograma FIT_c1 (Maracanã) ......................................................................... 206
Figura 46 - Histograma FIT_c2 (Maracanã) ......................................................................... 206
Figura 47 - Histograma FIT_c3 (Maracanã) ......................................................................... 206
Figura 48 - Histograma FIT_c4 (Maracanã) ......................................................................... 206
Figura 49 - Histograma FIT_c5 (Maracanã) ......................................................................... 207
Figura 50 - Histograma FIT_a1 (Maracanã) ......................................................................... 207
Figura 51 - Histograma FIT_a2 (Maracanã) ......................................................................... 207
Figura 52 - Histograma FIT_a3 (Maracanã) ......................................................................... 207
Figura 53 - Histograma FIT_a4 (Maracanã) ......................................................................... 207
Figura 54 - Histograma FIT_a5 (Maracanã) ......................................................................... 207
Figura 55 - Histograma RQ_EA1 (Maracanã) ...................................................................... 208
Figura 56 - Histograma RQ_EA2 (Maracanã) ...................................................................... 208
Figura 57 - Histograma RQ_EA3 (Maracanã) ...................................................................... 208
Figura 58 - Histograma EI_EB1 (Fan Fest) .......................................................................... 211
Figura 59 - Histograma EI_EB2 (Fan Fest) .......................................................................... 211
Figura 60 - Histograma EI_EB3 (Fan Fest) .......................................................................... 211
Figura 61 - Histograma EI_EB4 (Fan Fest) .......................................................................... 211
Figura 62 - Histograma EI_EB5 (Fan Fest) .......................................................................... 211
Figura 63 - Histograma EI_EB6 (Fan Fest) .......................................................................... 211
Figura 64 - Histograma OBE_c1 (Fan Fest) ......................................................................... 212
Figura 65 - Histograma OBE_c2 (Fan Fest) ......................................................................... 212
Figura 66 - Histograma OBE_c3 (Fan Fest) ......................................................................... 212
Figura 67 - Histograma OBE_c4 (Fan Fest) ......................................................................... 212
Figura 68 - Histograma OBE_a1 (Fan Fest) ......................................................................... 212
Figura 69 - Histograma OBE_a2 (Fan Fest) ......................................................................... 212
Figura 70 - Histograma OBE_a3 (Fan Fest) ......................................................................... 213
Figura 71 - Histograma OBE_a4 (Fan Fest) ......................................................................... 213
Figura 72 - Histograma FIT_c1 (Fan Fest) ........................................................................... 213
Figura 73 - Histograma FIT_c2 (Fan Fest) ........................................................................... 213
Figura 74 - Histograma FIT_c3 (Fan Fest) ........................................................................... 213
Figura 75 - Histograma FIT_c4 (Fan Fest) ........................................................................... 213
Figura 76 - Histograma FIT_c5 (Fan Fest) ........................................................................... 214
Figura 77 - Histograma FIT_a1 (Fan Fest) ........................................................................... 214
Figura 78 - Histograma FIT_a2 (Fan Fest) ........................................................................... 214
Figura 79 - Histograma FIT_a3 (Fan Fest) ........................................................................... 214
Figura 80 - Histograma FIT_a4 (Fan Fest) ........................................................................... 214
Figura 81 - Histograma FIT_a5 (Fan Fest) ........................................................................... 214
Figura 82 - Histograma RQ_EA1 (Fan Fest) ........................................................................ 215
Figura 83 - Histograma RQ_EA2 (Fan Fest) ........................................................................ 215
Figura 84 - Histograma RQ_EA3 (Fan Fest) ........................................................................ 215
Figura 85 - Empresas patrocinadoras da Copa do Mundo da FIFA 2014 por cota ............... 217
Figura 86 - Antilogos dos patrocinadores da FIFA ............................................................... 217
Figura 87 - Logos da Copa do Mundo da FIFA .................................................................... 219
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Mix de Marketing Corporativo .............................................................................. 30
Tabela 2 - Categorias de marketing de emboscada ................................................................. 53
Tabela 3 - Correspondência entre as variáveis e os itens do questionário .............................. 96
Tabela 4 - Perfil da Amostra (Maracanã) ................................................................................ 97
Tabela 5 - Análise Fatorial Exploratória I (Maracanã) ......................................................... 101
Tabela 6 - Análise Fatorial Exploratória II (Maracanã) ........................................................ 106
Tabela 7 - Matriz de Correlação (Maracanã) ........................................................................ 108
Tabela 8 - Diferença de médias entre grupos (Maracanã) .................................................... 110
Tabela 9 - Indicadores de Ajuste do Modelo ........................................................................ 115
Tabela 10 - Análise Fatorial Confirmatória (Maracanã) ....................................................... 116
Tabela 11 - Indicadores de Ajuste do Modelo Estrutural (Maracanã) .................................. 118
Tabela 12 - Teste das Hipóteses H1, H2 e H3 (Maracanã) ................................................... 119
Tabela 13 - Teste de Mediação (Maracanã) .......................................................................... 120
Tabela 14 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Coca-Cola (Maracanã) ......... 121
Tabela 15 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Adidas (Maracanã) ............... 122
Tabela 16 - Perfil da Amostra (Fan Fest) .............................................................................. 123
Tabela 17 - Análise Fatorial Exploratória I (Fan Fest) ......................................................... 126
Tabela 18 - Análise Fatorial Exploratória II (Fan Fest) ........................................................ 131
Tabela 19 - Matriz de Correlação (Fan Fest) ........................................................................ 133
Tabela 20 - Diferença de médias entre grupos (Fan Fest) .................................................... 135
Tabela 21 - Indicadores de Ajuste do Modelo (Fan Fest) ..................................................... 140
Tabela 22 - Análise Fatorial Confirmatória (Fan Fest) ......................................................... 142
Tabela 23 - Indicadores de Ajuste do Modelo Estrutural (Fan Fest) .................................... 144
Tabela 24 - Teste das Hipóteses H1, H2 e H3 (Fan Fest) ..................................................... 145
Tabela 25 - Teste de Mediação (Fan Fest) ............................................................................ 146
Tabela 26 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Coca-Cola (Fan Fest) ............ 147
Tabela 27 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Adidas (Fan Fest) ................. 148
Tabela 28 - Síntese dos Resultados das Hipóteses de Pesquisa ............................................ 149
Tabela 29 - Lista de sedes dos Jogos Olímpicos de Verão ................................................... 185
Tabela 30 - Lista de sedes da Copa do Mundo da FIFA ....................................................... 186
Tabela 31 - Adaptação dos itens das escalas em inglês ........................................................ 187
Tabela 32 - Tradução reversa dos itens das escalas para português ..................................... 189
Tabela 33 - Tradução reversa dos itens das escalas para o espanhol..................................... 191
Tabela 34 - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Maracanã) ....... 203
Tabela 35 - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Fan Fest) ......... 209
Tabela 36 - Atualizações da definição de marketing da AMA .............................................. 218
Tabela 37 - Escala Reputation Quotient (RQ), de Fombrun, Gardberg, & Sever (2000) ..... 220
Tabela 38 - Escala Event Image (EI), por Nadeau, O'Reilly, & Heslop (2011) ................... 221
Tabela 39 - Escala Sponsor-Event Fit (FIT) por Speed & Thompson (2000) ....................... 222
Tabela 40 - Escala Overall Brand Equity (OBE) por Yoo & Donthu (2001) ....................... 222
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADF Asymptotic Distribuition Free
AFC Análise Fatorial Confirmatória
AFE Análise Fatorial Exploratória
AMA American Marketing Association
BIE Bureau International des Expositions
CBBE Consumer- Based Brand Equity
CEO Chief Executive Officer
CFI Comparative Fit Index
Coca Coca-Cola
COI Comitê Olímpico Internacional ou Olympic International Committee
CR Construct Reliability
EI Event Image
FBI Federal Bureau of Investigation
FIFA Fédération Internationale de Football Association
FIT Sponsor-Event Fit
FMAC Fortune’s Most Admired Companies
GFI Goodness of Fit
IGC Independent Governance Committee
KMO Kaiser-Meyer-Olkin
MBE Multidimensional Brand Equity
ML Maximum Likelihood
MSA Measure of Sample Adequacy
OBE Overall Brand Equity
RMSEA Root Mean Square Error of Approximation
RQ Reputation Quotient
SEM Structural Equations Modeling ou Modelagem de Equações Estruturais
TOP The Olympic Partner
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 23
1.1 Origem e Importância do Estudo............................................................................ 23
1.2 Relevância Acadêmica ............................................................................................. 25
1.3 Relevância Gerencial ................................................................................................ 26
1.4 Estrutura do Estudo ................................................................................................. 28
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 29
2.1 Marketing corporativo ............................................................................................. 29
2.1.1 Reputação corporativa ......................................................................................... 31
2.1.2 Mensuração de reputação corporativa ................................................................. 33
2.2 Megaeventos .............................................................................................................. 36
2.2.1 Megaeventos esportivos ...................................................................................... 37
2.2.2 Imagem do megaevento ...................................................................................... 40
2.2.3 Mensuração da imagem do megaevento esportivo ............................................. 43
2.3 Patrocínio .................................................................................................................. 45
2.3.1 Patrocínio esportivo ............................................................................................. 49
2.3.2 Patrocínio de megaeventos esportivos ................................................................ 50
2.3.3 Valor da marca do patrocinador na perspectiva do consumidor ......................... 54
2.4 Congruência .............................................................................................................. 60
2.4.1 Associative Network Theory e Schema Theory ................................................... 61
2.4.2 Congruência entre o Patrocinador e a Propriedade ............................................. 63
2.4.3 Mensuração de Congruência entre Patrocinador e Propriedade .......................... 65
3 HIPÓTESES DE PESQUISA E MODELO CONCEITUAL ...................................... 69
3.1 Hipóteses substantivas ............................................................................................. 69
3.1.1 A influência da reputação do organizador de megaeventos esportivos na imagem
do megaevento ................... ............................................................................................ 69
3.1.2 A influência da reputação do organizador de megaeventos esportivos no valor da
marca do patrocinador ..................................................................................................... 70
3.1.3 A influência da imagem do megaevento no valor da marca do patrocinador ..... 71
3.1.4 A influência da congruência na relação entre imagem do evento e valor da marca
do patrocinador ............................................................................................................... 72
3.2 Modelo Conceitual .................................................................................................... 73
4 MÉTODO ........................................................................................................................ 75
4.1 Problema de pesquisa .............................................................................................. 75
4.2 Objetivos do estudo .................................................................................................. 76
4.2.1 Questões específicas do estudo ........................................................................... 76
4.2.2 Escopo do estudo ................................................................................................ 76
4.3 Natureza do estudo .................................................................................................. 79
4.3.1 Técnica de pesquisa ............................................................................................ 80
4.3.2 Unidade de análise .............................................................................................. 80
4.4 Operacionalização das variáveis ............................................................................. 80
4.4.1 Variáveis relativas à reputação da entidade organizadora do megaevento
esportivo ......................................................................................................................... 81
4.4.2 Variáveis relativas à imagem do megaevento esportivo ..................................... 81
4.4.3 Variáveis relativas à congruência entre patrocinador e propriedade
patrocinada....... ............................................................................................................... 82
4.4.4 Variáveis relativas ao valor da marca do patrocinador ....................................... 82
4.5 População e amostra ................................................................................................ 82
4.6 Instrumento de coleta de dados .............................................................................. 84
4.6.1 Tradução reversa das escalas .............................................................................. 85
4.6.2 Pré-teste dos questionários ................................................................................. 85
4.6.3 Modificações em decorrência do pré-teste dos questionários ............................ 86
4.6.4 Versão final do questionário ............................................................................... 86
4.7 Coleta dos dados ....................................................................................................... 87
4.7.1 Coleta de dados no entorno do Maracanã ........................................................... 87
4.7.2 Coleta de dados na FIFA Fan Fest ...................................................................... 88
4.8 Preparação dos dados .............................................................................................. 89
4.9 Análise dos dados ..................................................................................................... 89
4.9.1 Análise de características gerais da amostra ....................................................... 90
4.9.2 Análise Descritiva ............................................................................................... 90
4.9.3 Análise Fatorial Exploratória .............................................................................. 90
4.9.4 Análise Fatorial Confirmatória (AFC) ................................................................ 91
4.9.5 Teste das Hipóteses Substantivas ....................................................................... 93
5 RESULTADOS ............................................................................................................... 95
5.1 Correspondência entre as variáveis e os itens do questionário ........................... 95
5.2 Análises dos dados coletados no entorno do Estádio do Maracanã ..................... 97
5.2.1 Características da amostra ................................................................................... 97
5.2.2 Análise Fatorial Exploratória ............................................................................ 100
5.2.3 Diferença de médias .......................................................................................... 109
5.2.4 Análise Fatorial Confirmatória .......................................................................... 112
5.2.5 Teste das Hipóteses Substantivas ...................................................................... 117
5.3 Análises do dados coletados na FIFA Fan Fest ................................................... 122
5.3.1 Características da amostra ................................................................................. 122
5.3.2 Análise Fatorial Exploratória ............................................................................ 125
5.3.3 Diferença de médias .......................................................................................... 134
5.3.4 Análise Fatorial Confirmatória .......................................................................... 138
5.3.5 Teste das Hipóteses Substantivas ...................................................................... 143
5.4 Síntese dos resultados ............................................................................................. 148
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 151
6.1 Sumário Executivo ................................................................................................. 151
6.2 Implicações Teóricas .............................................................................................. 152
6.2.1 Questão 1: A reputação do organizador do megaevento esportivo influencia a
imagem do megaevento? ............................................................................................... 152
6.2.2 Questão 2: A reputação do organizador do megaevento esportivo influencia o
valor da marca do patrocinador? ................................................................................... 154
6.2.3 Questão 3: A imagem do megaevento esportivo influencia o valor da marca do
patrocinador? ................................................................................................................. 155
6.2.4 Questão 4: A percepção de congruência entre patrocinador e megaevento
patrocinado exerce efeito mediador na relação entre a imagem do evento e o valor da
marca do patrocinador? ................................................................................................. 156
6.2.5 Questão ex post: O gênero e o local de residência exercem influência na
percepção da reputação da FIFA e na imagem do evento? ........................................... 159
6.3 Implicações Gerenciais........................................................................................... 159
6.3.1 Para patrocinadores ........................................................................................... 159
6.3.2 Para entidades organizadoras de megaeventos .................................................. 160
6.4 Limitações ............................................................................................................... 161
6.4.1 Limitações relacionadas ao modelo conceitual ................................................. 161
6.4.2 Limitações relacionadas às escalas utilizadas ................................................... 162
6.4.3 Limitações relacionadas à coleta de dados e à amostra .................................... 162
6.4.4 Limitações relacionadas ao modelo estrutural .................................................. 163
6.5 Sugestões para Estudos Futuros ........................................................................... 163
6.5.1 Replicação do modelo em outros contextos ..................................................... 163
6.5.2 Inclusão de outros antecedentes para a imagem do evento .............................. 163
6.5.3 Busca por escalas mais breves e mais robustas ................................................ 164
6.5.4 Investigação do efeito moderador de variáveis demográficas .......................... 164
6.5.5 Investigação das relações subjacentes à percepção de congruência ................. 164
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 165
APÊNDICES......................................................................................................................... 185
Apêndice A - Lista de sedes dos Jogos Olímpicos de Verão ...................................... 185
Apêndice B - Lista de sedes da Copa do Mundo da FIFA ........................................ 186
Apêndice C - Adaptação dos itens das escalas ........................................................... 187
Apêndice D - Calendário da coleta de dados .............................................................. 193
Apêndice E - Questionários .......................................................................................... 194
Apêndice F - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra
(Maracanã) .................................................................................................................... 203
Apêndice G - Histogramas da Amostra (Maracanã) ................................................. 204
Apêndice H - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Fan
Fest) ................................................................................................................................ 209
Apêndice I - Histogramas da Amostra (Fan Fest) ..................................................... 211
ANEXOS ............................................................................................................................... 217
Anexo A - Logos dos patrocinadores da Copa do Mundo da FIFA 2014 ................ 217
Anexo B - Antilogos dos patrocinadores da FIFA ..................................................... 217
Anexo C - Definições de marketing da AMA ............................................................. 218
Anexo D - Logos da Copa do Mundo da FIFA ........................................................... 219
Anexo E - Escala Reputation Quotient (RQ) ............................................................... 220
Anexo F - Escala Event Image (EI), ............................................................................ 221
Anexo G - Escala Sponsor-Event Fit (FIT) ................................................................. 222
Anexo H - Escala Overall Brand Equity (OBE) .......................................................... 222
23
1 INTRODUÇÃO
Nesta seção serão apresentados a origem e importância do estudo, a relevância
acadêmica, a relevância gerencial e a estrutura do estudo.
1.1 Origem e Importância do Estudo
O futebol é o esporte mais popular do planeta e a Fédération Internationale de
Football Association, ou simplesmente FIFA, é a entidade diretora do futebol mundial. A
FIFA é uma organização sem fins lucrativos que tem 209 países e territórios como membros.
Sua missão é desenvolver o esporte, sensibilizar o mundo e construir um futuro melhor
através do futebol. A organização persegue seus objetivos através de atividades relacionadas à
direção e ao apoio a associações de futebol, futsal e futebol de areia, tanto masculino quanto
feminino, ao controle das regras do esporte, à promoção de programas sociais e à organização
de competições internacionais. Tal configuração coloca a FIFA como um monopólio
internacional do esporte mais popular do mundo. Com isso, a organização possui uma vasta
lista de stakeholders que vai desde as associações continentais e nacionais de futebol até os
fãs de futebol em todo o mundo, passando por governos, empresas de mídia e empresas
patrocinadoras, sendo as últimas duas partes, suas grandes financiadoras (FIFA, 2015).
A principal competição internacional da FIFA e sua maior fonte de renda (FIFA,
2015) é também o maior evento internacional de esporte único: a Copa do Mundo da FIFA.
Em termos de impacto mundial, a Copa do Mundo é apenas comparável aos Jogos Olímpicos
de Verão (Horne, 2015). Sendo organizado a cada quatro anos desde 1930, com interrupção
apenas durante a Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo da FIFA teve, em 2014, sua
vigésima edição, sendo realizada no Brasil (Fact Sheet - FIFA Host Countries Overview,
n.d.).
No ciclo 2011-2014, a receita da FIFA foi de 5,7 bilhões de dólares, sendo 90% deste
valor vindo de atividades relacionadas aos seus eventos internacionais como a Copa do
Mundo da FIFA 2014 e a Copa das Confederações 2013, evento considerado teste para o
primeiro. Da receita de 5,1 bilhões provenientes de eventos internacionais, 47%
correspondem a direitos de transmissão para a Copa do Mundo da FIFA 2014 e 31%
correspondem a diretos de marketing ou patrocínio do mesmo evento. Assim, da receita
proveniente de eventos neste ciclo, 78% são oriundos de atividades relacionadas a transmissão
24
e patrocínio da Copa do Mundo da FIFA 2014, montante equivalente a 70% da receita total da
organização no período (FIFA, 2015).
A Copa do Mundo da FIFA 2014 foi a segunda a ser sediada no Brasil. A primeira vez
que o país sediou o megaevento foi em 1950, em sua quarta edição. A Copa do Mundo da
FIFA 1950 foi a maior em número de espectadores em estádios dentre as sete primeiras
edições da competição, com público presente geral no torneio superior a 1 milhão de pessoas
(FIFA World Cup competition records, 2010).
O futebol é o esporte mais praticado e mais assistido no Brasil (DaMatta, Cohen, &
Almeida, 2010). A popularidade do futebol e a conexão do esporte com a identidade brasileira
podem estar associadas ao êxito do país nas Copas do Mundo da FIFA. O Brasil foi o
primeiro país a conquistar o tricampeonato e, posteriormente, o tetracampeonato e é o único
com cinco títulos da Copa do Mundo da FIFA (FIFA World Cup Finals - All Editions, 2010).
Além disso, o país é considerado um celeiro de atletas do mais alto nível do futebol como
Pelé e Ronaldo. Com tamanho destaque, a Copa do Mundo da FIFA tornou-se uma
oportunidade quadrienal para celebrar o orgulho brasileiro.
Apesar da histórica e profunda relação do Brasil com o futebol e seu maior evento
mundial, o país viu acontecer, às vésperas da Copa das Confederações 2013, uma série de
manifestações que culminaram em atos em 130 cidades com a participação de mais de 1,4
milhão de pessoas no dia 20 de junho de 2013 (Moreno, 2013). O movimento, que começou
com clamores por melhorias no transporte público, expandiu-se para englobar reivindicações
difusas que cobravam combate a corrupção nos diferentes níveis de governo, melhor uso do
dinheiro público, melhorias nos sistemas públicos de saúde e educação entre outras causas.
Destacou-se, porém, de forma surpreendente, o questionamento da realização da Copa do
Mundo da FIFA no Brasil, da condução da organização do evento e da própria reputação da
FIFA. Tornou-se evidente para a sociedade que a aprovação à realização da Copa do Mundo
da FIFA no Brasil estava longe de ser uma unanimidade e que a reputação da própria FIFA
estava sendo questionada, juntamente à do governo brasileiro naquele momento (Fonseca,
2013).
Um debate em torno da importância do futebol, do seu maior evento mundial e da
entidade guardiã do esporte para o Brasil surgiu com proporções sem precedentes, tornando
25
oportuna a investigação sobre o impacto da reputação da FIFA na imagem do evento e no
valor da marca dos patrocinadores.
1.2 Relevância Acadêmica
Nos últimos anos, megaeventos esportivos foram tema de pesquisas em diferentes
áreas de conhecimento. Alguns autores exploraram questões como o impacto social, cultural e
econômico dos megaeventos no âmbito local, da sociedade anfitriã, e no âmbito global
(Horne, 2015; Horne & Manzenreiter, 2006; Kaplanidou, et al., 2013; Kesenne, 2012; Roche,
2000). Alguns abordaram questões relativas à ética e à governança das entidades
organizadoras (Lenskyj, 2000; Pielke Jr., 2013). Outros investigaram o potencial benefício de
imagem que uma associação com megaeventos pode trazer para países, cidades e empresas
privadas (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013; Nadeau, O'Reilly, & Heslop,
2011; Nadeau, O'Reilly, & Heslop, 2013; Nufer & Bühler, 2010; Séguin & O’Reilly, 2008;
Walker, et al., 2013; Weszka, 2011; Woisetschläger & Michaelis, 2012).
Especificamente na área de marketing, pesquisas sobre os efeitos da associação de
empresas privadas com megaeventos esportivos, através de patrocínio, têm especial
relevância. Megaeventos, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo da FIFA, são
considerados opções singulares para empresas que buscam estratégias de patrocínio global,
pois oferecem possibilidade de associação de marcas com o esporte e com uma propriedade
de grande visibilidade, com a qual o público se importa profundamente (Madrigal, Bee, &
LaBarge, 2005).
Apesar da ascensão de uma lógica de marketing corporativo em que empresas
percebem a importância cada vez maior da manutenção de boas relações e boa reputação
diante de um grupo mais amplo de stakeholders (Balmer, 2011) e de autores apontarem para
questionamentos acerca da reputação das organizações proprietárias de megaeventos
esportivos (Horne & Manzenreiter, 2006; Kesenne, 2012; Pielke Jr., 2013), a reputação destas
organizações não tem sido amplamente investigada em estudos empíricos no âmbito do
patrocínio.
A percepção do organizador do megaevento esportivo como uma entidade socialmente
responsável e o impacto desta percepção na imagem do evento foi investigada na perspectiva
do visitante, em um estudo realizado durante a Copa do Mundo da FIFA 2010, porém sem
26
contemplar a perspectiva dos residentes do país anfitrião nem os possíveis impactos no valor
da marca dos patrocinadores envolvidos no evento (Walker, Hall, Todd, & Kent, 2011).
Aparentemente, este estudo é único em sua investigação da percepção da reputação da FIFA
como influência sobre a imagem da Copa do Mundo da FIFA. Esta é uma relação importante,
que, assim como a relação entre a reputação da FIFA e o valor da marca dos patrocinadores, é
muito discutida conceitualmente, porém pouco investigada empiricamente.
A investigação do impacto de temas adversos na avaliação do evento esportivo e do
patrocinador é um caminho relevante para pesquisas que venham a esclarecer sobre a
existência de uma conexão cognitiva nestas avaliações (Close & Lacey, 2013).
Desta forma, a contribuição acadêmica deste estudo reside na ampliação do
conhecimento sobre o patrocínio esportivo no contexto dos megaeventos, mais
especificamente investigando: (a) se a reputação da entidade organizadora do megaevento
esportivo tem impacto no valor da marca do patrocinador e na imagem do megaevento
esportivo; (b) se a imagem do megaevento influencia o valor da marca do patrocinador; (c) se
a percepção de congruência entre o megaevento e o patrocinador exerce efeito mediador na
relação entre imagem do megaevento e valor da marca do patrocinador.
1.3 Relevância Gerencial
Ao optar por patrocinar um megaevento esportivo, grandes empresas multinacionais
buscam aproximar-se dos fãs do esporte. Cifras cada vez maiores são investidas neste tipo de
plataforma de marketing a cada ciclo de 4 anos de patrocínio (FIFA, 2015; International
Olympic Committee, 2014).
No período de 2011 a 2014, a FIFA arrecadou 1,3 bilhões de dólares dos
patrocinadores da Copa do Mundo da FIFA 2014. A organização divide suas cotas de
patrocínio em 3 níveis. Os patrocinadores classificados na cota FIFA Partners investem em
média 29 milhões de dólares por ano do ciclo, somando um total de 177 milhões de dólares
por ano e 708 milhões de dólares no ciclo. São seis as empresas que adquiriram esta cota (ver
Anexo A). As oito empresas que participam da cota intermediária, FIFA World Cup Sponsors,
pagam em média 16 milhões de dólares por ano, cada, pelas propriedades de patrocínio
associadas. São 131 milhões de dólares anuais provenientes desta cota. Finalmente, os
patrocinadores da cota National Supporters investem juntos cerca de 120 milhões de dólares
27
ao longo do ciclo (Dunbar, 2014). Além destes valores, as empresas tipicamente investem
valores equivalentes ou superiores na ativação do patrocínio (O'Reilly & Lafrance Horning,
2013).
A FIFA tem sido criticada falta de transparência e prestação de contas há muitos anos
(Pielke Jr., 2013), devido a forma como respondeu publicamente às diversas acusações de
corrupção das quais foi alvo nos anos 2000 (AE, 2011; Colon, 2013; Hughes, 2006; Newell,
Watt, Duffin, Bryant, & Good, 2014; Fifa corruption timeline: The events that led up to the
resignation of president Sepp Blatter, 2015; Thesbjerg, 2007; Warshaw, 2011).
A pressão por mudanças na gestão do futebol por parte da sociedade civil, da mídia, de
acadêmicos e políticos é tida como uma força de poder limitado (Hoy, 2013). Como
organização não governamental internacional e sem fins lucrativos, a FIFA está fora do
alcance da maior parte dos mecanismos formais de prestação de contas utilizados para muitas
organizações internacionais. As exceções são as suas responsabilidades perante a lei suíça,
associadas ao seu contrato social, e perante seus patrocinadores, que buscam parceria com a
FIFA em troca de associação de imagem e benefícios comerciais (Pielke Jr., 2013). Segundo
Mark Pieth, ex-presidente do Comitê Independente de Governança da FIFA, patrocinadores
podem pressionar a organização com maior efeito, já que seus nomes podem ser
negativamente impactados se associados com a agitação em torno das denúncias feitas sobre a
FIFA (Hoy, 2013).
Patrocinadores da FIFA têm emitido comunicados oficiais a respeito da tensão
causada por acusações de corrupção na organização esportiva ao longo destes anos, porém,
tipicamente, o tom desses comunicados não vai além de declarações de confiança na
autorregulação da FIFA para o esclarecimento do problema (Hart, 2011; Joseph, 2014), com
algumas exceções de cobranças mais incisivas (Emirates statement on FIFA raises questions,
2011; Coke adds to FIFA pressure, 2014).
Em maio de 2015, um inquérito realizado pela Agência Federal de Investigação do
governo dos EUA (Federal Bureau of Investigation – FBI) levou à prisão de sete dirigentes
da FIFA sob acusações de fraude, extorsão e lavagem de dinheiro (Fifa corruption inquiries:
Officials arrested in Zurich, 2015; Colon, 2015; Gibson & Gayle, 2015). Em meio à crise, o
presidente da FIFA, Joseph Blatter renunciou ao cargo, depois de 17 anos à frente da
instituição (Blatter, 2015; Sepp Blatter's reign at FIFA, 2015). Como consequência disso, a
28
mídia voltou-se para os patrocinadores com questionamentos sobre seu posicionamento
(Branson, 2015; Crunch time for FIFA sponsors?, 2015; Pilon, 2015; Roberts D. , 2015;
Vranica, Mickle, & Robinson, 2015).
Além da cobrança da mídia, os patrocinadores da FIFA também têm sido pressionados
por manifestações populares de críticas à organização. Imagens modificadas de logomarcas e
campanhas de patrocinadores foram divulgadas na internet como uma forma de protesto
contra as condições de trabalho às quais estariam sendo submetidos operários das obras de
infraestrutura para o Copa do Mundo da FIFA de 2022, no Catar (ver Anexo B). Logos das
marcas Coca-Cola, Adidas, Visa, McDonald’s, Sony e KIA tiveram seus desenhos alterados
para incorporar elementos gráficos que representam chicotes, algemas e até tumbas e
apareceram acompanhados da frase como “patrocinador orgulhoso das violações de direitos
humanos no Catar” (Lafloufa, 2015).
Faz-se relevante estudar um movimento de ataque à organização gestora do evento ou
de desaprovação do evento, uma vez que a reputação desta organização e a imagem do evento
podem impactar negativamente a marca patrocinadora, acarretando em um desgaste desta
marca, ao invés de agregar valor.
1.4 Estrutura do Estudo
Este projeto está organizado em sete capítulos. No primeiro capítulo são apresentadas
a introdução, a relevância acadêmica e a relevância gerencial do tema proposto. Em seguida,
no capítulo dois é apresentada uma revisão da literatura acadêmica relacionada à reputação,
megaeventos, patrocínio, valor da marca e congruência. No capítulo três é apresentada a
formulação das hipóteses do presente estudo, bem como o seu modelo conceitual. No capítulo
quatro são apresentados o objetivo de estudo, as principais questões de pesquisa e o método
de pesquisa utilizado. O capítulo cinco apresenta os resultados. O capítulo seis apresenta a
conclusão, as implicações teóricas e gerenciais do presente estudo, suas limitações e
recomendações para estudos futuros. Finalmente, no capítulo sete estão as referências
bibliográficas e, ao seu final são apresentados os apêndices e anexos do estudo.
29
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo apresenta o referencial teórico sobre reputação corporativa,
megaeventos, patrocínio, valor da marca na perspectiva do consumidor e congruência, que são
os pilares conceituais do presente estudo.
2.1 Marketing corporativo
Definições de marketing têm sido atualizadas ao longo da história da disciplina
acompanhando o desenvolvimento do mercado e das relações nele existentes. Nas décadas de
1950 e 1960, quando o marketing começou a ser mais amplamente estudado e adotado como
filosofia ou orientação estratégica nas empresas, as definições de marketing mostravam
grande foco nas necessidades dos clientes e nos produtos e, posteriormente, nos serviços que
poderiam satisfazer tais necessidades (Balmer, 2011; Balmer & Greyser, 2006).
Em 1985, a definição de marketing da Associação Americana de Marketing (AMA –
American Marketing Association) realçava a satisfação dos objetivos dos indivíduos e das
empresas (ver Anexo C) (Helmig & Thaler, 2010). Quase 20 anos mais tarde, em 2004, a
associação divulgou uma nova definição declarando a importância da obtenção de benefícios
para a organização e seus stakeholders. Outra atualização em 2007 manteve uma visão mais
abrangente das preocupações do marketing (Balmer, 2011). Segundo esta atualização,
reafirmada em julho de 2013, as organizações devem gerar valor para consumidores, clientes,
parceiros e sociedade em geral por meio das suas atividades de marketing (American
Marketing Association, 2013). Tal evolução indica a ampliação do conceito de marketing, de
uma lógica de produtos e serviços para clientes, para uma lógica corporativa de geração de
valor e relacionamento com uma gama mais ampla de stakeholders (Balmer, 2011; Helmig &
Thaler, 2010).
O surgimento de uma lógica corporativa de marketing acompanha as mudanças nas
relações de poder no mercado, partindo da supremacia das corporações em direção a um
maior equilíbrio entre corporações e clientes, até um estado de maior poder para os clientes e,
finalmente, até um estado de maior poder para clientes e outras partes interessadas na
sociedade. A lógica corporativa do marketing parte da percepção de gestores da importância
de garantir que suas organizações sejam confiáveis, que suas marcas sejam admiradas e seu
desenvolvimento sustentável. Esta abordagem pode ser vista como uma importante fonte de
30
diferenciação, mas em muitos casos é mais do que isso. Uma orientação para marketing
corporativo pode ser fonte de relevância no mercado, capaz de assegurar a sobrevivência e a
lucratividade. Proporciona ainda o acesso aos mercados, que exigem cada vez mais uma
postura ética e socialmente responsável por parte das organizações. É uma lógica que amplia
o escopo do marketing, sem desconsiderar a importância da lógica do marketing de produtos e
serviços, para levar em conta questões de responsabilidade social e ética na sua forma de
operar, observando a importância de todos os stakeholders (Balmer, 2011).
O marketing corporativo está, portanto, ligado ao estabelecimento de relações
multilaterais mutuamente benéficas com clientes e outros stakeholders, tais como
funcionários, acionistas, fornecedores, governos, comunidades e outros. É uma filosofia
aplicável a todas as organizações, independente de porte e modo de operação. Desta forma, o
balanceamento da atenção às necessidades dos diversos grupos de stakeholders dependerá do
contexto e da identidade da organização (Balmer, 2011).
Balmer (2011) postula que o marketing corporativo possui oito dimensões,
tradicionalmente estudadas em disciplinas distintas. Estas dimensões, apresentadas na Tabela
1, oferecem lentes através das quais podemos compreender diferentes aspectos das
organizações.
Tabela 1 - Mix de Marketing Corporativo Dimensões Descrição
Identidade corporativa Características que distinguem a instituição das outras, incluindo ativos
tangíveis e intangíveis, sua história, filosofia, estrutura, atividades etc.
Comunicação corporativa
Articulação da filosofia de marketing da corporação através da comunicação
institucional e da comunicação da marca corporativa. Em seu sentido mais
amplo; também considera os efeitos de comunicação do comportamento da
gestão, de seus funcionários e produtos.
Clientes e stakeholders Uma orientação para marketing corporativo considera preocupações éticas e
sociais, além da atenção às necessidades dos clientes.
Identidade de marca
corporativa
As promessas e expectativas associadas ao nome ou símbolo da marca
corporativa.
Cultura corporativa
Incorporação da orientação para clientes, stakeholders, responsabilidade social e
ética, difundida entre os membros da organização. Está associada a história,
herança, valores e crenças da organização.
Contexto
Consideração do ambiente político, econômico, social, tecnológico, ético e legal
e de identidades supra e subordinadas (país de origem, indústria, fornecedores,
marcas de subsidiárias, marcas de produtos e serviços, etc).
Gestão de marketing
corporativo
A filosofia de marketing corporativo deve fazer parte da cultura organizacional,
com todos os funcionários responsáveis por esta orientação. Porém, os
guardiões do marketing corporativo são seus gestores sênior.
Reputação e imagem
corporativa As percepções de clientes e stakeholders a respeito de uma organização.
Fonte: Adaptado de Balmer, 2011; Balmer & Greyser, 2006.
31
Percepções de clientes e de um grupo mais amplo de stakeholders a respeito de uma
organização são, portanto, parte integrante do mix de marketing corporativo e elemento chave
para a gestão de marketing conforme sua lógica atual (Balmer, 2011).
2.1.1 Reputação corporativa
A reputação corporativa é um construto estudado por diversas áreas de conhecimento,
como Comportamento Organizacional, Marketing, Sociologia, Comunicação Social,
Publicidade, Relações Públicas, Economia e Contabilidade (Brown, Dacin, Pratt, & Whetten,
2006; Chun, 2005; Fombrun, Gardberg, & Sever, 2000).
O interesse interdisciplinar pelo construto acabou por gerar uma terminologia difusa,
na qual a reputação corporativa e outros construtos associados a ela são apresentados de
formas variadas. Vários pesquisadores têm se dedicado a esclarecer a conceituação de
reputação e de outros conceitos relacionados tais como imagem e identidade corporativas
(Brown, Dacin, Pratt, & Whetten, 2006; Chun, 2005; Clardy, 2012; Walker K. , 2010). Tal
esclarecimento, bem como a discussão sobre meios de mensurar a reputação corporativa,
torna-se fundamental para que pesquisadores possam testar empiricamente as relações entre a
reputação corporativa e diferentes variáveis de desempenho das organizações (Chun, 2005;
Walker K. , 2010).
A partir de uma ampla revisão de literatura, Walker (2010) identificou cinco atributos
relacionados à definição de reputação corporativa: (a) ela é baseada em percepções; (b) é uma
percepção agregada de todos os stakeholders, internos e externos, mas referente a um aspecto
específico da organização; (c) é comparativa; (d) pode ser positiva ou negativa; e (e) é estável
ou duradoura. O autor propôs então a seguinte definição de reputação: “a representação da
percepção agregada e relativamente estável das ações passadas e da perspectiva futura de uma
organização, sobre um aspecto específico, em comparação com algum padrão” (Walker K. ,
2010, p. 370).
Reputação corporativa também pode ser definida como um “construto guarda-chuva
referente às impressões cumulativas de stakeholders internos e externos” (Chun, 2005, p.
105), que podem ser baseadas em considerável experiência, ou seja, é o que todos os
stakeholders relevantes acreditam que a corporação realmente é e as associações que fazem
dela. Assim, pode-se considerar que a reputação é um construto coletivo e multidimensional,
uma visão agregada de muitos indivíduos, uma “avaliação coletiva da habilidade de uma
32
companhia de gerar resultados valiosos para um grupo representativo de stakeholders”
(Fombrun, Gardberg, & Sever, 2000, p. 243), ou ainda “crenças sobre ações passadas e
futuras de uma companhia que moldam a forma como seus stakeholders interagem com ela”
(Ponzi, Fombrun, & Gardberg, 2011, p. 30).
Como se trata de uma visão agregada de indivíduos e de diferentes grupos de
stakeholders, uma organização não tem apenas uma reputação, mas várias, de acordo com o
tópico e a parte interessada (Lewellyn, 2002).
Neste contexto, imagem e identidade corporativas podem ser vistas como os dois
elementos-chave da reputação corporativa, sendo que a imagem é referente à visão externa
(clientes, fornecedores, credores, mídia, comunidades) e identidade referente à visão interna
(gestores e funcionários em geral). Reputação, imagem e identidade são três construtos que
estão inter-relacionados e impactam outros construtos (Chun, 2005).
A incongruência entre a imagem e a identidade pode ser indesejável. Uma percepção
negativa da empresa por parte de seus funcionários pode impactar negativamente uma
percepção antes positiva por parte de stakeholders externos, especialmente em casos de
organizações onde a interação entre as duas partes é intensa, como acontece com empresas de
serviços. Assim, gestores devem buscar alinhar a visão externa da corporação com a visão
interna, mudar a identidade para influenciar a imagem. Podem ser promovidas ações para
desenvolver a imagem junto aos stakeholders externos e a identidade junto aos stakeholders
internos com o objetivo de gerenciar a reputação corporativa, porém as duas atividades podem
exigir diferentes focos. Além disso, é importante destacar que stakeholders externos podem
desenvolver a percepção da imagem de uma empresa com a qual tiveram pouca experiência, a
partir de um trabalho de gestão de imagem e comunicação da organização. A imagem é mais
manejável do que a reputação (Chun, 2005).
A força e homogeneidade das percepções sobre uma corporação dentro de um grupo
fortalecem a reputação. Opiniões muito divergentes resultariam, portanto, na dificuldade de
formação de uma reputação corporativa clara. As percepções de um indivíduo sobre uma
organização são formadas não só pela observação direta das ações empreendidas pela
organização, mas também pela comunicação e transmissão de impressões e opiniões, por
exemplo, entre membros de sua rede social (Sjovall & Talk, 2004).
33
Outra abordagem define reputação corporativa como “o conjunto das associações que
os indivíduos fora da organização acreditam ser centrais, duradouras e distintas para a
organização” (Brown, Dacin, Pratt, & Whetten, 2006, p. 104). A imagem também é um
construto relacionado ao stakeholder externo, uma vez que trata das associações que a
organização deseja criar na mente deste público. Porém, a reputação trata do que o
stakeholder externo de fato percebe a respeito da organização. Esta percepção da organização
por parte do stakeholder externo é influenciada por diferentes fatores externos, alguns, muitas
vezes, fora do alcance da organização. Como resultado, a reputação corporativa não pode ser
totalmente controlada pela organização, que tem poder sobre apenas um fator influenciador da
reputação: a comunicação da imagem pretendida (Brown, Dacin, Pratt, & Whetten, 2006).
Pode-se ainda definir reputação organizacional como “um conjunto de cognições com
base em crenças, julgamentos e atitudes na mente do público em geral, ou em vários
subgrupos específicos dele” (Clardy, 2012, p. 300). Cognições estas que são derivadas de
experiência direta ou indireta com a organização, ou seja, consumo de produto, atendimento
de funcionários, comunicação oficial da empresa e comunicação de outras fontes. Nesse caso,
por se tratar de um público externo à organização, a reputação organizacional não seria
formada diretamente pelas cognições daqueles que gerenciam ou trabalham para a
organização em questão (Clardy, 2012).
Outra definição alinhada à ideia de que reputação está relacionada ao público externo
sugere que a reputação “refere-se a percepções ou julgamentos dos clientes de uma
organização e de outros grupos de stakeholders sobre a marca corporativa” (Balmer &
Greyser, 2006, p. 736). As percepções latentes sobre uma organização afetam o
comportamento do público diante dela e variam entre grupos (Balmer & Greyser, 2006).
2.1.2 Mensuração de reputação corporativa
A variedade de entendimentos sobre reputação corporativa apresentada na literatura
acarreta em uma dispersão de diferentes métodos para a medição desde construto (Chun,
2005; Clardy, 2012; Schwaiger, 2004).
A mídia de negócios é fonte de uma série de rankings de reputação corporativa e seus
métodos de mensuração tornaram-se referência para muitos estudos empíricos, apesar do
interesse por este construto em várias áreas de conhecimento na academia. Periódicos como
Fortune, Manager Magazine, Management Today, Asian Business, Far Eastern Economic
34
Review, Financial Times, Industry Week, Clarin, Carta Capital, Datops e Business World
produzem listas anuais de empresas admiradas e respeitadas em diversos países e no âmbito
global (Chun, 2005; Fombrun, Gardberg, & Sever, 2000; Ponzi, Fombrun, & Gardberg,
2011). O método de mensuração da revista Fortune, desenvolvido para a elaboração da sua
lista de empresas mais admiradas foi identificado por Walker (2010), em sua revisão
sistêmica da literatura, como o método mais recorrente, tendo sido utilizado em quase 40% de
sua amostra.
De uma forma geral, estas publicações realizam surveys com um grupo limitado de
stakeholders que corresponde a grandes executivos e analistas de negócios. São investigadas
suas percepções de empresas de grande porte com capital aberto e dentro de um grupo
específico de indústrias sobre itens primordialmente relacionados a desempenho financeiro e
gestão, eventualmente contemplando também itens relacionados à responsabilidade social e
ética (Chun, 2005; Fombrun, Gardberg, & Sever, 2000).
Diante deste quadro, alguns pesquisadores identificaram a necessidade de desenvolver
uma escala capaz de capturar percepções de múltiplos grupos de stakeholders, podendo ser
aplicada em consumidores, funcionários e gestores entre outros, e que considerasse a
multidimensionalidade do construto (Fombrun, Gardberg, & Sever, 2000). Considerando que
os conceitos de reputação, em grande parte, sugerem a composição da perspectiva interna e
externa à companhia, uma ferramenta de mensuração abrangente deve ter aplicabilidade nas
duas esferas (Davies, Chun, da Silva, & Roper, 2001).
Neste contexto, além de escalas especificamente desenvolvidas para a mensuração de
reputação corporativa, Clardy (2012) constatou em sua revisão de literatura, abordagens de
mensuração de reputação que utilizaram métricas desenvolvidas para a mensuração de outros
construtos como personalidade corporativa, conhecimento sobre a marca e ágio financeiro.
Fombrun, Gardberg e Sever (2000) criaram uma escala multi-stakeholder conhecida
como Reputation Quotient (RQ). A escala é composta de 20 itens, baseados em 6 dimensões
de reputação corporativa: apelo emocional, produtos e serviços, visão e liderança, ambiente de
trabalho, responsabilidade social e ambiental e performance financeira. Os autores sugerem
que a reputação é formada por dois fatores, um deles é o apelo emocional e o outro é o apelo
racional ou cognitivo, composto pelas últimas cinco dimensões (Fombrun, Gardberg, &
Sever, 2000). A RQ tem sido utilizada no estudo da reputação relativa de corporações (Chun,
35
2005), inclusive em pesquisas de mercado utilizadas pelo público gerencial (Ponzi, Fombrun,
& Gardberg, 2011).
Um estudo qualitativo realizado em sete países analisou a equivalência do construto e
da escala RQ entre as diferentes culturas. A análise dos grupos de foco realizados na
Austrália, Bélgica, Grécia, Holanda, Itália e Reino Unido, além dos EUA, país onde a escala
foi originalmente desenvolvida, sugere que a reputação corporativa é um construto transversal
entre as culturas. Além disso, a maior parte dos itens foi considerada relevante pelos
participantes dos grupos em todos os países. Foi encontrada uma exceção para questões
relacionadas à lucratividade e competitividade, que não tiveram relevância em países com
corporações sem fins lucrativos, estatais e em contextos de monopólio, o que sugere a
necessidade de revisão ou adaptação da escala para a mensuração de reputação nesta
conjuntura. A RQ também foi considerada relativamente abrangente. Dois grupos sugeriram a
inclusão de novos itens na escala, relacionados ao carisma do CEO, ao país de origem da
corporação e ao comportamento da corporação em momento de crise. Considerando que estas
sugestões foram pontuais, a decisão de não inclusão dos itens parece razoável. Apesar deste
tipo de estudo não possibilitar generalizações, a consistência dos resultados encontrados
sugere uma indicação preliminar da equivalência do instrumento nos países participantes
(Gardberg, 2006).
Como ferramenta para mensuração de reputação no meio acadêmico, a RQ foi testada
em diferentes contextos como o tailandês (Pratoom, 2010) e o brasileiro (Torres, Gonçalves,
Gosling, & Veiga, 2011).
Caruana e Chircop (2000), Helm (2005), Schwaiger (2004), Walsh & Beatty (2007) e
Walsh, Beatty & Shiu (2009), entre outros, também desenvolveram escalas para mensuração
de reputação corporativa, partindo de investigação bibliográfica e estudos qualitativos,
contudo, considerando diferentes definições de reputação e diferentes contextos.
Observando a demanda por uma escala de reputação corporativa mais curta e
simplificada, que facilitasse a coleta de dados evitando redundância e a fadiga e desistência do
entrevistado, e que permitisse a inclusão de outros construtos no questionário, Ponzi,
Fombrun e Gardberg (2011) desenvolveram uma escala de reputação corporativa baseada
apenas no apelo emocional do construto. A nova escala, batizada de RepTrack Pulse,
compreende apenas os itens de apelo emocional da escala RQ e um item que faz referência à
36
percepção geral de reputação. O desenvolvimento da escala levou em consideração a
necessidade de sua aplicabilidade com diversos grupos de stakeholders em diversas culturas, e
utilizou testes de escala em 17 países.
Uma vez que se faz impraticável medir a percepção de todos os stakeholders de uma
organização na busca de uma percepção agregada sobre um aspecto específico da corporação.
Ao especificar que grupo de stakeholders e que questões estão sendo avaliadas, é possível
delimitar se o estudo trata de identidade, imagem ou reputação, evidenciar diferenças na
percepção de diferentes grupos e ajudar a resolver questões de incongruência na formação de
uma percepção agregada (Walker K. , 2010).
2.2 Megaeventos
Megaeventos podem ser definidos como “eventos de grande escala cultural (incluindo
comerciais e desportivos), que têm um caráter dramático, apelo popular de massa e
importância internacional" (Roche, 2000, p. 1). Megaeventos também podem ser definidos
como “eventos de grande escala, marcados por publicidade global, que atraem substancial
visitação internacional e estão associados a impactos econômicos, sociais ou ambientais de
grande escala” (Jago, Dwyer, Lipman, van Lill, & Vorster, 2010, p. 222), ou ainda, “ocasiões
itinerantes de duração fixa que atraem um grande número de visitantes, têm um grande
alcance midiático, implicam em grandes custos, e exercem um grande impacto sobre o
ambiente construído e a população” (Müller, 2015, p. 12).
Os Jogos Olímpicos de Verão, as Expos1 e as Copas do Mundo da FIFA constituem
exemplos de megaeventos citados de forma recorrente, tanto na literatura acadêmica, quanto
na literatura gerencial (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013). Outros eventos,
sobretudo de grandes competições esportivas de esporte único como a UEFA Euro (conhecida
também como Euro Copa), a Copa do Mundo da União de Rugby, a Copa Ryder de Golf, a
final Superbowl do campeonato de futebol americano e a Copa do Mundo de Cricket, entre
outros, também são citados na literatura (Horne, 2015; Maenning & Zimbalist, 2012). Porém,
1 Os termos “Feira”, “Exibição”, “Exposição” e “Expo”, seguidos dos termos “Mundial” e “Internacional”,
foram utilizados como nomenclatura para este tipo de evento ao longo da história. A primeira edição reconhecida
foi chamada de Grande Exibição (Great Exhibition) e ocorreu em Londres, no Reino Unido, em 1851
(Luscombe, 2013). Devido à falta de consenso e organização unificada no passado, o número registrado de
eventos desde tipo varia de acordo com a fonte. O megaevento da categoria, atualmente intitulado de World
Expo, ou apenas como Expo, é organizado com a regulamentação de um órgão intergovernamental internacional,
o Bureau International des Expositions (BIE). A Expo é realizada a cada cinco anos e tem duração de seis meses
(BIE, 2015).
37
apesar de alguns destes eventos possuirem vasta audiência em determinadas regiões do
mundo, em muitos casos, ainda apresentam uma base de fãs relativamente limitada, o que
torna sua classificação como megaeventos questionável (Horne, 2015).
Os megaeventos apresentam duas características importantes: trazem impactos
significativos para sua cidade-sede, país ou região e atraem grande atenção da mídia (Horne &
Manzenreiter, 2006). Desta forma, um megaevento sem cobertura da mídia ampla e global
seria uma contradição. Sob esta perspectiva, a Expo não poderia ser classificada como
megaevento, ainda que continue a ser muito procurada por visitantes e cidades candidatas a
sediá-la (Horne, 2015).
Tendo a atração da mídia como uma de suas características principais, os megaeventos
são capazes de transmitir mensagens promocionais para bilhões de pessoas através da
televisão e outros meios de comunicação (Roberts K. , 2004), podendo servir ao propósito de
manifestar ou comunicar uma versão “oficial” de cultura pública, uma vez que tipicamente
são organizados por uma combinação de governos nacionais e organizações internacionais
não governamentais (Roche, 2000).
Embora as definições de megaeventos tipicamente não impliquem em uma temática
específica, ou seja, contemplam tanto os eventos esportivos quanto os não-esportivos (Heslop,
Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013; Jago, Dwyer, Lipman, van Lill, & Vorster, 2010;
Müller, 2015; Roche, 2000), desde a década de 1980, os megaeventos esportivos têm se
tornado um “sinônimo” para esta categoria de eventos (Lenskyj, 2014).
2.2.1 Megaeventos esportivos
Especificamente no caso de megaeventos esportivos, o escopo, o alcance e o apelo dos
esportes envolvidos na competição também são fatores relevantes para a classificação de um
megaevento, pois estão diretamente relacionados à audiência de mídia. No entanto, como a
medição de audiência não é totalmente confiável, outros indicadores, como impactos na
infraestrutura do anfitrião, também devem ser considerados (Horne, 2015).
Horne (2015) propõe que sejam considerados como megaeventos principais somente
os Jogos Olímpicos de Verão e a Copa do Mundo da FIFA. Em um patamar inferior estariam
a Euro Copa, os Jogos Olímpicos de Inverno, os Jogos da Comunidade Britânica e os Jogos
Pan-americanos, como megaeventos de segundo nível.
38
A consideração dos Jogos Olímpicos de Verão e da Copa do Mundo da FIFA em um
patamar superior aos demais eventos pode ser constatada na influência que seus
organizadores, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a FIFA, exercem sobre a
coordenação do calendário de eventos esportivos. Como os Jogos Olímpicos de Verão e a
Copa do Mundo da FIFA acontecem a cada quatro anos cada um, de forma intercalada,
eventos como os Jogos Olímpicos de Inverno e o Campeonato da Confederação Asiática de
Futebol alteraram seus ciclos para evitar congestionamento e aumentar seu potencial
comercial (Horne, 2015).
Na evolução histórica dos megaeventos esportivos até o formato atual, os Jogos
Olímpicos de Los Angeles representam um marco por seu recorde em número de participantes
e por seu considerável sucesso econômico, depois de edições financeiramente desastrosas
(Lenskyj, 2014). Nas décadas seguintes, tanto os Jogos Olímpicos quanto a Copa do Mundo
da FIFA passaram por uma grande expansão, atraindo mais público e envolvendo mais
agentes em um âmbito global (Roberts K. , 2004). Os Jogos Olímpicos de Los Angeles,
realizados em 1984, foram transmitidos para 156 países e tiveram uma audiência estimada de
2,5 bilhões de expectadores (International Olympic Committee, 2008). Os Jogos Olímpicos
Londres 2012, 28 anos mais tarde, tiveram transmissão para 220 países e territórios e um
alcance global estimado em 3,6 bilhões de pessoas (International Olympic Committee, 2012).
A partir da década de 1980, a expansão dos megaeventos esportivos tem ocorrido
principalmente em virtude de três motivos. Em primeiro lugar, o avanço da tecnologia de
comunicação forneceu acesso ao conteúdo dos megaeventos a bilhões de pessoas no mundo
inteiro, criando uma grande audiência global. Esse público atraiu o interesse e investimentos
de empresas e da mídia, em busca do direito de associar-se ao evento como parceiro oficial e
de transmitir o evento com exclusividade, respectivamente. O modelo de parceria de negócios
entre entidade esportiva organizadora, patrocinadores e mídia se desenvolveu neste período
alavancando as cifras movimentadas nestes eventos. Finalmente, o crescimento dos
megaeventos no período se deve também ao maior interesse de cidades e países em sediar as
competições, visando uma oportunidade de atrair negócios e reposicionar a imagem do local
diante do público global (Horne, 2015; Horne & Manzenreiter, 2006).
A escolha das sedes dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo da FIFA acontece por
meio de uma concorrência pública, feita com muitos anos de antecedência, em que cidades e
países apresentam aos órgãos responsáveis projetos nos quais já investiram milhões no
39
desenvolvimento (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013). Durante o século XX, a
distribuição geográfica das edições dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo da FIFA teve
uma maior concentração na Europa e na América do Norte (ver Apêndices A e B). O século
XXI tem apresentado uma tendência de concessão destes eventos a sedes fora deste eixo, em
países considerados economias emergentes como China, África do Sul, Brasil, Rússia e Catar
(Horne, 2015).
A possibilidade de associar a marca da sede à marca de um evento de grande
visibilidade e forte reputação, reposicionar a imagem da sede, fomentar o turismo, atrair
investimentos externos e novos negócios e alavancar projetos de infraestrutura têm atraído
países de economias emergentes (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013; Horne,
2015), pois são propostas alinhadas a estratégias de desenvolvimento baseado no consumo.
Porém, além da possibilidade de adquirir benefícios econômicos, sediar um megaevento
também exerce um efeito simbólico de demonstração de um status de relevância no cenário
político-econômico global, antes exclusividade de potências europeias e norte-americanas
(Horne, 2015).
Contudo, um megaevento esportivo exige um grande investimento das sociedades que
os sediam e há controvérsia quanto aos reais benefícios que uma cidade ou país pode obter ao
sediar um megaevento internacional. Estudos apontam uma tendência à superestimação dos
possíveis benefícios econômicos e sociais que um megaevento pode gerar (Horne &
Manzenreiter, 2006; Kesenne, 2012).
Os debates públicos acerca dos impactos dos megaeventos esportivos para as sedes
tratam, especialmente, da distribuição dos custos de oportunidade e dos benefícios de se
sediar este tipo de evento (Horne & Manzenreiter, 2006). Os megaeventos esportivos
movimentam a economia, porém podem resultar em ganhos para alguns stakeholders e perdas
para outros, especialmente o governo e, consequentemente, o contribuinte. Enquanto o
organizador do megaevento arrecada receitas de bilheteria, direitos de transmissão e
patrocínio, em muitos casos, o anfitrião opera com orçamento deficitário e tem como legado
instalações esportivas que são custosas para manter e gerir lucrativamente (Kesenne, 2012).
Outros resultados negativos apontados são o aumento da desigualdade social e a deformação
da governança democrática, já que as autoridades locais são subjugadas, durante todo o ciclo
de preparação e execução do evento, pelo poder dos órgãos organizadores que, através de suas
40
exigências, atuam em prol do interesse de seus fluxos comerciais globais em detrimento das
comunidades locais (Horne, 2015; Horne & Manzenreiter, 2006; Kesenne, 2012).
Desta forma, ficam sob questionamento as atitudes dos governos que sediam os
eventos – e pagam um alto custo por este direito – e também das entidades esportivas
organizadoras, que poderiam subsidiar o governo anfitrião ou, ao menos, pagar impostos, ao
invés de exigir sua isenção (Kesenne, 2012).
2.2.2 Imagem do megaevento
Na área de marketing, até a metade da década de 1990, os estudos sobre eventos
abordaram com maior interesse as questões relacionadas à visibilidade das marcas associadas
aos eventos através de patrocínio, enquanto menos atenção foi dada para as questões
relacionadas à imagem dos eventos (Gwinner K. , 1997).
Uma vez que eventos podem ser considerados produtos, com marcas construídas a
partir do uso de estratégias de comunicação (Kaplanidou & Vogt, 2006; Madrigal, Bee, &
LaBarge, 2005), alguns autores tem tratado a imagem de um evento de forma equivalente à
imagem de uma marca (Grohs, Wagner, & Vsetecka, 2004; Kaplanidou & Vogt, 2006), que
pode ser definida como “percepções sobre a marca como refletida pelas associações de marca
guardadas na mente do consumidor” (Keller, 1993, p. 3). Essas associações de marca podem
ser de natureza primária, ou seja, atributos, crenças e atitudes relacionadas diretamente àquela
marca, ou secundárias, transferidas da conexão da marca com outra entidade na mente do
consumidor. As associações secundárias da marca são associações primárias desta outra
entidade a ela relacionada. Podem ser atributos vinculados à companhia produtora da marca,
ao país de origem, a um canal de distribuição, a uma celebridade endossante ou a um evento
(Keller, 1993).
As marcas dos megaeventos esportivos estão fortemente ancoradas na mente dos
consumidores (Weszka, 2011) e o COI é o detentor da marca mais antiga e de maior prestígio
dentre os megaeventos (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013). Os cinco anéis
olímpicos, criados em 1913, constituem um dos símbolos mais conhecidos no mundo,
figuram na bandeira olímpica durante o evento desde os Jogos Olímpicos realizados na
Antuérpia, em 1920, e estão presentes nos emblemas de todas as edições do evento desde a
década de 1930 (International Olympic Committee, 2013; The Olympic Museum, 2007). Em
2012, a marca dos Jogos Olímpicos foi apontada como a segunda marca mais valiosa do
41
mundo, superando as marcas de seus patrocinadores (Brand Finance, 2012). O COI reconhece
a importância de preservar o valor da marca olímpica e de assegurar o uso apropriado da
mesma por seus parceiros oficiais. A associação não autorizada à marca olímpica é
considerada como uma prática de ambush marketing ou marketing de emboscada, que diminui
a atratividade e consequentemente o valor dos investimentos em patrocínio oficial do
megaevento. Há uma grande preocupação do COI na proteção de seus patrocinadores visando
à viabilidade do evento no futuro (International Olympic Committee, 2012).
Um cuidado similar é tomado com a marca da Copa do Mundo da FIFA. Esta, porém,
apresentou um processo de consolidação mais tardio. Apesar da construção de fortes
associações do evento nas mentes de sua base de fãs ao longo de sua história, a marca da
Copa do Mundo não foi retratada de forma consistente por décadas. No período entre 1930 e
1966 a principal ferramenta de comunicação visual eram os pôsteres, que normalmente
traziam o nome do evento no idioma do anfitrião, sem nenhum elemento visual unificador,
com exceção de uma bola (ver Anexo 4). A partir de 1970, os primeiros logos do evento
apresentaram um pouco mais de integração ao utilizarem o padrão na apresentação do nome
do país anfitrião ao lado do ano do evento, acompanhados pela bola de futebol. O termo
“World Cup” foi utilizado pela primeira vez apenas em 1994. A representação do evento de
forma inconsistente nos materiais de divulgação da Copa do Mundo limitava seu potencial de
marketing (Weszka, 2011).
No começo do século XXI, a FIFA realizou um trabalho de branding com o objetivo
de padronizar e fortalecer sua marca corporativa e a marca de seu principal produto. O evento
passou a utilizar a marca registrada “FIFA World Cup” podendo ser precedido do ano de
realização do evento e seguido do nome do país sede, conforme em “2014 FIFA World Cup
Brazil”2. Além da padronização da parte textual, desde 2002, todas as logos do evento
apresentam a imagem da taça da Copa do Mundo representada de alguma forma. Este maior
controle com o uso da marca da Copa do Mundo torna a marca mais atraente para fãs, países
interessados em associar-se a Copa do Mundo como anfitriões (Weszka, 2011).
Os eventos buscam comunicar uma imagem de marca específica para seus públicos
(Kaplanidou & Vogt, 2006), todavia, por se tratar de interpretações ou percepções, a imagem
do evento tende a ser diferente entre diferentes grupos de consumidores. Assim, uma imagem
2 A FIFA registra o nome de seus eventos em inglês, espanhol, francês e alemão, além do idioma do país-sede.
Além do nome dos eventos, são registrados também termos correlatos como “FIFA Fan Fest” e as formas
corretas de referência à taça, por exemplo (FIFA, 2011).
42
reflete percepções gerais e subjetivas de um dado segmento do mercado sobre o evento
(Gwinner K. , 1997).
A imagem do evento esportivo pode ser definida como o conjunto de “representações
mentais que os participantes dos eventos têm sobre a organização, o ambiente, a atividade
física, a socialização, a realização e envolvimento emocional com o evento” (Kaplanidou &
Vogt, 2006, p. 5), ou ainda como “a interpretação acumulada de significados e associações
atribuídos aos eventos pelos consumidores” (Gwinner K. , 1997, p. 147).
Gwinner (1997) propôs que a imagem do evento é formada por três dimensões: (a)
tipo do evento, que pode ser esportivo, musical, artístico, profissional, entre outros; (b)
características do evento, como porte, nível de profissionalismo dos seus participantes, a
história do evento, o local ou os locais onde se realiza e a natureza do patrocínio; e (c) fatores
pessoais, significados atribuídos ao evento, força destes significados e o envolvimento do
indivíduo com o evento.
O estudo sobre aspectos da imagem de um evento é relevante para as áreas de
marketing e turismo, pois a imagem de um evento pode ser transferida para outra entidade
quando a relação entre evento e esta entidade é amplamente comunicada, como acontece com
cidades-sede (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013) e patrocinadores (Gwinner K.
, 1997; Gwinner & Eaton, 1999; Nadeau, O'Reilly, & Heslop, 2013). O processo de
transferência da imagem de um evento é está relacionado à transferência das associações que
compõe esta imagem (Gwinner K. , 1997).
A transferência da imagem, ou associações, da cidade-sede ou do patrocinador para o
megaevento também é possível (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013) ainda que
improvável (Gwinner & Eaton, 1999). A possibilidade da influência da imagem do
patrocinador na formação da imagem do evento é mais comum quando o evento é pequeno e
desconhecido (Walker, Hall, Todd, & Kent, 2011), mas ainda neste contexto há estudos que
suportam apenas a influência da imagem do evento sobre a imagem do destino (Kaplanidou &
Vogt, 2007).
No caso de megaeventos, como o foco do público está no evento, o evento é
conhecido e as informações de outras associações são periféricas, a imagem do evento é mais
saliente. Esse processo de transferência de imagem do evento para a marca a ele associada
pode ser moderado pela percepção de congruência entre a imagem do evento e a imagem do
43
patrocinador ou da cidade ou país anfitrião (Gwinner & Eaton, 1999; Heslop, Nadeau,
O'Reilly, & Armenakyan, 2013). Além disso, a frequência do evento, o destaque e nível de
exclusividade dados ao patrocinador e o nível de envolvimento que os consumidores têm com
o produto ou serviço do patrocinador também podem influenciar esta transferência (Gwinner
K. , 1997).
A imagem do megaevento é forte e estável (Grohs, Wagner, & Vsetecka, 2004), mas
está sujeita a mudança ao longo do tempo quando as expectativas dos stakeholders são
superadas ou quando não são atendidas. Diversos fatores podem provocar mudanças na
imagem do evento como, por exemplo, a atratividade do evento em si, escândalos
relacionados a dopping ou política (Woisetschläger & Michaelis, 2012).
2.2.3 Mensuração da imagem do megaevento esportivo
A literatura apresenta diferentes métodos para a mensuração de imagem de eventos
esportivos, baseados em escalas que refletem uma abordagem quantitativa (Hallmann,
Kaplanidou, & Breuer, 2010). Alguns estudos utilizam escalas de personalidade de marca –
adjetivos relativos à personalidade – para medir a imagem de um evento e compará-la à
imagem do patrocinador como forma de avaliar a transferência de imagem (Ferrand & Pages,
1999; Gwinner & Eaton, 1999). Porém este tipo de abordagem limita o conceito de imagem
do evento à personalidade do evento (Kaplanidou & Vogt, 2006). Uma escala de
personalidade do evento foi desenvolvida especificamente para a mensuração deste construto
(Lee & Cho, 2012).
Uma estrutura similar de avaliação da imagem do evento e avaliação de imagem da
marca patrocinadora para comparação e avaliação da transferência de imagem, pode ser
encontrada em pesquisas que selecionaram itens em estudos prévios sobre imagem de
esportes e imagem de marca (Grohs & Reisinger, 2014; Grohs, Wagner, & Vsetecka, 2004).
Segundo Grohs & Reisinger (2014), este tipo de mensuração deve utilizar itens específicos,
escolhidos de acordo com cada patrocinador que terá sua imagem comparada à do evento
patrocinado.
Uma escala atitudinal de diferencial semântico foi desenvolvida com itens escolhidos
a partir de grupos de foco, para medir a imagem de um evento de ciclismo com a
característica específica de contar com muitos participantes ativos, atletas amadores, inclusive
44
turistas (Kaplanidou & Vogt, 2007). A escala também foi utilizada em um estudo sobre a
imagem de uma maratona (Koo, Byon, & Baker III, 2014).
Duas escalas de imagem de marca foram adaptadas para mensurar a imagem de
corridas de Fórmula 1, entre o público alemão, como uma variável em um estudo sobre o
patrocínio de equipes do esporte (Woisetschläger, 2007). Esta escala foi adaptada em um
estudo posterior, realizado também no contexto alemão, que investigou a influência da
congruência percebida em um patrocínio da Copa do Mundo da FIFA 2006. Os itens refletem
o quanto os indivíduos são favoráveis ao evento, de uma forma geral. Porém, a incapacidade
da escala utilizada em capturar a imagem do evento de uma forma ampla e multidimensional é
apontada como uma limitação do estudo (Woisetschläger & Michaelis, 2012).
Outra abordagem, suportada no fato de que megaeventos são atrações turísticas, utiliza
escalas desenvolvidas para mensurar a imagem de destinos (Heslop, Nadeau, O'Reilly, &
Armenakyan, 2013; Nadeau, O'Reilly, & Heslop, 2011; Nadeau, O'Reilly, & Heslop, 2013;
Walker, et al., 2013).
Nadeau, O’Reilly & Heslop (2011) mensuraram a imagem dos Jogos Olímpicos
Beijing 2008, por meio de uma escala multidimensional adaptada de um estudo sobre a
imagem de um país como destino por Nadeau, Heslop, O’Reilly & Luk (2008). A escala
apresenta três grupos de itens relacionados a crenças baseadas em experiência, logística ou
serviço, e segurança, além de itens que buscam medir a avaliação geral.
Posteriormente, com uma escala unidimensional, também derivada do estudo sobre
imagem do país como destino, foi realizado um estudo que analisou a influência das imagens
do país e do evento na avaliação da imagem do patrocinador, na perspectiva de turistas
presentes em Beijing 2008 (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013).
Walker et al. (2013) mediram a imagem do megaevento através de um item de
avaliação global, proveniente de escala de imagem de destino (Baloglu & McCleary, 1999),
durante a Copa do Mundo da FIFA 2010, em nove cidades da África do Sul. O estudo
analisou a influência da familiaridade de turistas com o programa social “Win in Africa, With
Africa” e sua percepção da FIFA como uma organização socialmente responsável na imagem
do evento. As limitações do estudo apontam, porém, que o construto poderia ser beneficiado
pelo uso de uma escala multi-itens (Walker, et al., 2013).
45
2.3 Patrocínio
Mediante mudanças de comportamento e estilo de vida e o desenvolvimento de meios
que permitem que o consumidor evite mensagens de marketing, o mercado percebeu a
necessidade de levar marcas até os consumidores de forma integrada a uma experiência
atraente para o consumidor. Neste contexto, ferramentas de marketing não tradicionais, ou
ferramentas de marketing indireto, como marketing viral, de burburinho, de guerrilha,
ambiente e product placement têm se desenvolvido e ganhado relevância nas últimas décadas.
Entretanto, o patrocínio é a ferramenta que conquistou maior destaque e participação nos
orçamentos de marketing indireto (Cornwell T. B., 2008).
O patrocínio passou a atrair cada vez mais investimentos a partir da década de 1980. A
sua atratividade estava relacionada a um momento em que se buscava uma ferramenta mais
eficiente e menos custosa que a publicidade tradicional e com capacidade de ser adequada a
estratégias no âmbito local, regional e nacional (Meenaghan J. , 1983), podendo ainda atingir
um escola global (Meenaghan T. , 1991; Meenaghan T. , 1994). O excesso de mensagens
concorrentes e a regulamentação na publicidade tradicional também contribuíram com este
crescimento (Walliser, 2003).
Os investimentos em contratos de patrocínio, que não ultrapassavam 1 bilhão de
dólares anuais em todo o mundo no começo da década de 1980, ultrapassaram os 20 bilhões
de dólares na virada do século e atingiram a marca de 55 bilhões em 2014 (IEG, 2005; IEG,
2015; Dolphin, 2003). Ao longo deste período, o patrocínio se desenvolveu e passou por
mudanças, afastando-se de uma abordagem filantrópica para assumir uma abordagem
estratégica de investimentos em esportes, artes e causas, com o objetivo de alcançar objetivos
corporativos, como um componente da comunicação corporativa integrada (Cornwell T. B.,
2008; Dolphin, 2003).
Desde 1982, a consultoria International Events Group (IEG) define patrocínio como
“um pagamento em dinheiro e/ou em bens ou serviços feito a uma propriedade em troca de
acesso ao potencial comercial explorável associado a esta propriedade”, onde propriedade
refere-se a “uma entidade comercialmente explorável e única, tipicamente em esportes, artes,
eventos, entretenimento ou causas” (IEG Lexicon and Glossary, n.d.). No contexto de
patrocínio, propriedade é um termo abrangente que pode fazer referência a uma organização,
46
evento, equipe, obra, ideia, pessoa, etc. com o qual a empresa patrocinadora deseja associar-se
(Farrelly, Quester, & Greyser, 2005; Nickell, Cornwell, & Johnston, 2011).
Além da definição proposta pela IEG, outras foram apresentadas por acadêmicos
(Nickell, Cornwell, & Johnston, 2011). Assim, patrocínio pode ser definido como “a
prestação de assistência financeira, ou em forma de bens ou serviços, a uma atividade por uma
organização comercial com a finalidade de atingir objetivos comerciais” (Meenaghan J. ,
1983, p. 9); “a destinação de recursos – dinheiro, pessoas, equipamentos – por uma
organização diretamente para um evento ou atividade em troca de uma associação direta com
este evento ou atividade” (Sandler & Shani, 1989, p. 10); “o apoio financeiro dado por uma
organização externa para uma atividade de lazer ou esportiva, dado com um objetivo
comercial em mente, ao menos com a intenção de criar boa vontade e boas relações públicas”
(Dolphin, 1999, p. 83) ou ainda “a aquisição do direito de afiliar-se ou associar-se diretamente
a um produto ou evento como o objeto de obter benefícios relacionados a esta afiliação ou
associação” (Mullin, Hardy, & Sutton, 2007, p. 315).
A troca de benefícios entre patrocinador e entidade patrocinada é um ponto comum
entre as definições de patrocínio. Na perspectiva do patrocinador, em muitos casos, este
benefício está principalmente relacionado à associação com a propriedade (Nickell, Cornwell,
& Johnston, 2011). Na literatura, são citados diversos objetivos visados pelos patrocinadores.
Os principais, porém, são o aumento de visibilidade para a marca e a melhora da imagem da
marca, benefícios vinculados à associação do patrocinador com a propriedade. Outros
objetivos também são citados, variando conforme indústria e tamanho da empresa
patrocinadora, entre outros fatores (Walliser, 2003). A alteração de percepções do público e
criação de maior afinidade com a marca, a melhora da reputação corporativa e dos
relacionamentos com parceiros comerciais e a motivação do público interno são alguns
exemplos (Dolphin, 2003).
O patrocínio, ou um portfolio corporativo de patrocínios, podem ser utilizados como
uma plataforma estratégica de marca, através da qual a empresa patrocinadora perseguirá
diferentes objetivos simultaneamente. Os direitos adquiridos através do seu contrato de
patrocínio podem proporcionar oportunidades para a exposição da marca do patrocinador
junto à propriedade e para o desenvolvimento de experiências de marca em torno do tema do
patrocínio, voltadas para diversos grupos de stakeholders da organização como, por exemplo,
consumidores finais, parceiros comerciais e funcionários. A utilização estratégica do
47
patrocínio como plataforma de marca sugere a integração de recursos do mix promocional
como relações públicas, promoções de vendas e publicidade para ativar e potencializar os
direitos do patrocínio (Cliffea & Motion, 2005).
Em comparação ao que acontece na publicidade tradicional, onde a mensagem do
anunciante pode ser transmitida com clareza e destaque, o patrocínio pode ser considerado
como uma mídia enfraquecida. Portanto, o patrocínio requer promoção específica, sem a qual
pode se restringir à exposição da marca e à menção do patrocinador em eventos (Cornwell T.
B., 2008).
A noção de “marketing ligado ao patrocínio”, conceituada como “a orquestração e
implementação de atividades de marketing com o objetivo de construir e comunicar a
associação de um patrocínio” (Cornwell T. B., 1995, p. 15), está vinculada a ideia de que,
para que a taxa paga pelo patrocinador ao patrocinado seja considerada como um
investimento válido, o patrocínio deve, necessariamente, envolver duas atividades principais.
A primeira é a troca entre patrocinador e patrocinado propriamente dita, onde o primeiro
obtém o direito de associar-se com a atividade patrocinada, enquanto o segundo recebe um
pagamento. A segunda é a promoção da associação por parte do patrocinador (Cornwell &
Maignan, 1998).
O termo “ativação de patrocínio” tem sido utilizado para designar o investimento e as
atividades adicionais realizadas em um patrocínio além das taxas iniciais necessárias para
remunerar a parte patrocinada. A gama de táticas de ativação que uma empresa patrocinadora
pode adotar é ampla e é necessário que o seu planejamento seja realizado de forma integrada
ao plano de comunicação (O'Reilly & Lafrance Horning, 2013). Exemplos de táticas de
ativação são: publicidade de massa em televisão, rádio, mídia impressa e páginas da internet,
exposição da marca em espaços da parte patrocinada como estádios e uniformes esportivos,
arenas de shows e painéis de imprensa, comunicação interna, relacionamento com clientes
corporativos, hospitalidade, eventos, promoções em pontos de venda, concursos culturais,
relações públicas, merchandising, uso de produtos, lançamentos de produtos, entre outros
(Nufer & Bühler, 2010; O'Reilly & Lafrance Horning, 2013).
De acordo com alguns autores, seria necessário investir pelo menos o mesmo valor do
contrato de patrocínio em ações de ativação para alcançar os benefícios esperados com o
patrocínio. Não há um consenso da academia ou no mercado quanto à razão ideal entre o
48
volume de investimento em ativação e o volume de investimento realizado na obtenção do
patrocínio. Um estudo exploratório sobre as práticas de ativação recomenda que um intervalo
variando da razão de 1:1 até 7:1 (ativação:contrato) seria adequado e que o valor a ser
investido para cada patrocínio deve ser avaliado de forma individualizada (O'Reilly &
Lafrance Horning, 2013).
Ainda que o investimento em ativação seja tido como fundamental para o atingimento
dos objetivos do patrocínio, um grande volume de investimento e de ações não é suficiente. A
qualidade do plano de ativação e sua adequação ao patrocínio são ainda mais importantes. Um
plano de ativação desenvolvido estrategicamente precisa ser congruente com a relação
estabelecida no patrocínio e apresentar total integração entre a comunicação de marketing da
empresa e as táticas de ativação escolhidas para atingir o público-alvo (O'Reilly & Lafrance
Horning, 2013).
O patrocínio bem administrado e ativado pode representar uma vantagem competitiva
sustentável para as empresas, proporcionando diferenciação e agregando valor à marca
(Dolphin, 2003). Porém, esse tipo de resultado tipicamente só pode ser obtido no longo prazo
(Amis, Pant, & Slack, 1997), quando é utilizado como uma plataforma estratégica de marca, e
não como um recurso de comunicação de curto prazo (Cliffea & Motion, 2005).
Ao longo das décadas de desenvolvimento do patrocínio, o ambiente de patrocínio
passou por muitas mudanças. Apesar da regulamentação e do elevado número de mensagens
publicitárias disputando a atenção dos consumidores nos meios de comunicação publicitária
tradicionais terem ajudado a alavancar o patrocínio como ferramenta de comunicação no
passado, atualmente o ambiente de patrocínio enfrenta os mesmos desafios (Walliser, 2003).
O marketing de emboscada realizado por empresas concorrentes dos patrocinadores oficiais
contribui para o aumento do volume de informações promocionais neste ambiente (Chadwick
& Burton, 2011). Além disso, um estudo recente apontou o crescimento do número de marcas
oficialmente associadas a grandes propriedades de patrocínio como uma ameaça. Porém,
tanto o marketing de emboscada quanto o aumento da procura por associação oficial
demostram o valor percebido da associação com propriedades de grande visibilidade, como
megaeventos esportivos, através de patrocínio (Séguin & O’Reilly, 2008).
Ainda que o patrocínio possa ser direcionado a atividades em diferentes áreas como
esportes, entretenimento, artes e causas sociais, o principal destino dos investimentos em
49
patrocínio em todo o mundo é a área de esportes, que recebe mais de 65% dos investimentos
(IEG, 2015).
2.3.1 Patrocínio esportivo
Por sua popularidade em todo o mundo, o esporte proporciona, através do patrocínio,
uma oportunidade singular de gerar exposição para uma marca e estabelecer uma relação
positiva entre esta marca e diferentes tipos de propriedade, com possibilidade de transferência
de atributos e outras associações da propriedade esportiva para a marca do patrocinador. Além
disso, proporciona ao patrocinador acesso a uma base de fãs com a qual sua marca pode
estabelecer relacionamento por meio de diferentes programas de ativação (Davis & Hilbert,
2013). Portanto, o principal objetivo do patrocínio esportivo é o uso da imagem da
propriedade para atingir visibilidade e melhora da imagem da marca do patrocinador visando
influenciar percepções de consumidores finais e parceiros comerciais, entre outros
stakeholders, podendo buscar inclusive influenciar intenções de compra (Farrelly, Quester, &
Burton, 2006).
Cada tipo de propriedade pode oferecer diferentes tipos de benefícios aos seus
patrocinadores, tanto que algumas empresas estão envolvidas em patrocínios com várias
propriedades simultaneamente. Pode-se considerar cinco tipos de propriedades esportivas: (a)
patrocínio de equipes esportivas; (b) patrocínio individual de atletas e endosso de celebridades
esportivas; (c) patrocínio de organizações ou entidades esportivas; (d) patrocínio de eventos
esportivos; (e) patrocínio de instalações esportivas ou concessão de direitos de nomeação
(Davis & Hilbert, 2013).
O licenciamento também é citado como patrocínio por alguns autores (Fullerton &
Merz, 2008), porém trata-se de uma relação especial em que uma propriedade cede direitos de
uso da marca a um patrocinador ou fornecedor para fins de comercialização de produtos ou
serviços. Exemplos de licenciamento são o caso da Panini, a empresa criadora dos álbuns de
figurinhas da FIFA, e o caso da Eletronic Arts, desenvolvedora dos jogos eletrônicos que
levam a marca da entidade. Ambos Panini e Eletronic Arts são colaboradores de marca da
FIFA, mas não são patrocinadores (Davies & Hilbert, 2013).
A escolha da propriedade pode estar associada à identidade corporativa, tal como
expressada na declaração de missão da corporação. Patrocínios a equipes podem estar
relacionados a uma forte política de endomarketing e a um maior foco social, enquanto
50
patrocínios individuais de atletas de alto desempenho podem ser associados a empresas com
maior foco financeiro (Cunningham, Cornwell, & Coote, 2009). Porém, a abordagem de
portfolio, com a inclusão de uma variedade de propriedades, pode ser defendida com base na
maior abrangência de objetivos que uma organização pode alcançar através da plataforma de
patrocínio e por sua maior flexibilidade diante de mudanças de direção estratégica (Cliffea &
Motion, 2005).
No caso do patrocínio de eventos esportivos, as propriedades vão desde eventos de
pequeno porte, onde o potencial expectador não conhece a marca do evento e um grande
patrocinador pode representar uma chancela de qualidade para o mesmo, até acordos com
megaeventos com marcas amplamente reconhecidas pelo público (Walker, Hall, Todd, &
Kent, 2011).
2.3.2 Patrocínio de megaeventos esportivos
O aumento do interesse por empresas no patrocínio de megaeventos esportivos, tais
como a Copa do Mundo da FIFA e os Jogos Olímpicos, aconteceu não apenas pelo aumento
de sua audiência, mas também graças ao potencial de comunicação global desses eventos,
inclusive superando barreiras culturais e linguísticas. Em um momento em que empresas
multinacionais buscavam meios de globalizar seus mercados e ofertas, os megaeventos
esportivos ofereceram uma plataforma de comunicação atraente (Meenaghan T. , 1991).
Empresas patrocinadoras buscam aproveitar o vínculo feito com o megaevento através do
contrato de patrocínio em um contexto atraente como o contexto esportivo na tentativa de
transferir uma imagem positiva do evento para a marca (Nufer & Bühler, 2010).
Os organizadores dos megaeventos esportivos financiam seus eventos mediante a
venda de patrocínio, de direitos de transmissão e do licenciamento de produtos oficiais. A
venda de patrocínio é a segunda maior fonte de renda dessas organizações, sendo superada
apenas pela venda de direitos de transmissão (FIFA, 2015; IOC Final Report 2009-2012,
2013). Ambos FIFA e COI desenvolveram seus programas de patrocínios na década de 1980,
incluindo o conceito de exclusividade de categoria e diferentes pacotes de direitos comerciais
nos contratos de patrocínio das organizações e dos seus megaeventos (Chadwick & Burton,
2011).
O programa de patrocínio olímpico é dividido em duas categorias principais. A
primeira é conhecida como A Parceria Olímpica, ou The Olympic Partner (TOP) e consiste
51
em empresas associadas ao COI em um âmbito global, sendo consideradas também parceiras
dos Jogos Olímpicos de Inverno e de Verão no ciclo de quatro anos do contrato, além de
parceiras das equipes olímpicas participantes dos dois eventos. A segunda categoria é a de
parcerias domésticas, negociadas diretamente com o Comitê Organizador dos Jogos
Olímpicos de Inverno ou de Verão, e corresponde a uma única edição do megaevento no
ciclo. Estas parcerias domésticas, por sua vez, podem ser divididas em subcategorias, nas
quais as empresas associadas recebem o direito de utilizar as denominações “Patrocinador”,
“Fornecedor” e “Provedor de serviços” Oficial dos Jogos Olímpicos (International Olympic
Committee, 2014).
O número de empresas associadas ao COI e aos Jogos Olímpicos através de
patrocínios varia a cada ciclo. Historicamente o número de participantes do TOP tem variado
de 9 a 11 empresas por ciclo, enquanto que as parcerias domésticas tipicamente contam com
algumas dezenas de empresas, já tendo alcançado mais de 100 empresas nos Jogos Olímpicos
Atlanta 1996 (International Olympic Committee, 2014).
O sistema de patrocínio da FIFA, conforme sua última atualização em 2013, é
composto por 3 categorias principais. A categoria máxima de associação corporativa à FIFA é
conhecida como Parceiros da FIFA, ou FIFA Partners, e é composta por 6 a 8 empresas
ligadas à FIFA e a todos os seus eventos, incluindo, mas não se restringindo à Copa do
Mundo da FIFA e a Copa das Confederações, em um ciclo de quatro anos, no âmbito global.
A segunda categoria, conhecida como Patrocinadores da Copa do Mundo da FIFA, também é
composta por 6 a 8 empresas, porém com direitos de associação apenas à Copa do Mundo da
FIFA e à Copa das Confederações, no âmbito global, durante o ciclo de quatro anos. Por fim,
a terceira categoria, diz respeito a “apoiadores regionais”, um grupo de até 20 empresas com
direitos de associação à Copa do Mundo da FIFA em mercados nacionais previamente
estabelecidos (FIFA World Cup Sponsorship Strategy, n.d.).
O estabelecimento destes programas foi importante para o crescimento dos valores dos
contratos de patrocínio de megaeventos esportivos, garantindo uma importante fonte de renda
para seus organizadores e permitindo a expansão dos megaeventos e, ao mesmo tempo,
proporcionando proteção aos direitos dos patrocinadores (Chadwick & Burton, 2011).
O programa TOP e o programa de parcerias domésticas contribuíram com 2,8 bilhões
de dólares para a receita do marketing olímpico no ciclo 2009-2012, o equivalente a 34% da
52
receita total de 8 bilhões de dólares. O programa TOP participou com 12% desta receita,
enquanto as parcerias domésticas contribuíram com 23%. Os direitos de transmissão
renderam 3,8 bilhões, o equivalente a 48% da receita do marketing olímpico (International
Olympic Committee, 2014).
No ciclo 2011-2014, a receita da FIFA foi de 5,7 bilhões de dólares, sendo 90% deste
valor vindo de atividades relacionadas aos seus eventos internacionais como a Copa do
Mundo da FIFA 2014 e a Copa das Confederações 2013. O patrocínio da Copa do Mundo da
FIFA 2014 foi responsável por 27% da receita de 5,1 bilhões de dólares provenientes de
eventos. Parceiros da FIFA, Patrocinadores da Copa do Mundo da FIFA e apoiadores
regionais contribuíram com 14%, 10% e 3% da receita proveniente de eventos,
respectivamente. A receita proveniente dos direitos de transmissão da Copa do Mundo da
FIFA 2014 foi de 2,4 bilhões de dólares, o equivalente a 47% da receita proveniente de
eventos (FIFA, 2013; FIFA, 2015).
Simultaneamente ao desenvolvimento dos programas de patrocínio de megaeventos
esportivos, desenvolveu-se a atratividade do marketing de emboscada neste contexto
(Chadwick & Burton, 2011; Séguin & O’Reilly, 2008). O marketing de emboscada pode ser
definido como “uma forma de marketing associativo que é planejado por uma organização
para capitalizar conhecimento da marca, atenção, boa vontade e outros benefícios gerados por
uma associação com um evento ou propriedade, mesmo não possuindo uma conexão direta ou
oficial com este evento ou propriedade” (Chadwick & Burton, 2011, p. 714), ou a associação
a uma propriedade de patrocínio sem a contribuição financeira exigida para assegurar esta
associação de forma oficial (Chadwick & Burton, 2011).
O marketing de emboscada representa uma ameaça ao investimento feito pelo
patrocinador oficial, pois pode confundir os consumidores e tornar o ambiente do patrocínio
poluído com um excesso de mensagens conflitantes, dificultando a lembrança de sua marca e
sua identificação como patrocinador. É possível, porém, observar diferentes abordagens para
o marketing de emboscada no contexto de megaeventos esportivos. As atividades de
emboscada direta buscam uma associação intencional com o evento através de uma referencia
explicita a ele; atividades de emboscada indiretas sugerem uma conexão entre a marca e a
propriedade, sem expressar uma ligação direta; enquanto o marketing de emboscada acidental
se refere a uma associação deduzida entre marca e propriedade sem que a marca estabeleça
53
uma conexão intencional. A Tabela 2 apresenta exemplos de atividades das diferentes
categorias de marketing de emboscada (Chadwick & Burton, 2011).
Tabela 2 - Categorias de marketing de emboscada
Categorias Exemplo de atividades
Direto
Distribuição de brindes relacionados ao evento para o seu público, a criação de
peças de publicidade fazendo referência ao evento através de um atleta
participante ou até mesmo utilizando propriedade intelectual da propriedade sem
autorização.
Indireto Divulgação de peças de comunicação referentes ao tema do evento, e não a ele
diretamente, no período de sua realização.
Acidental Identificação de uma marca fornecedora de material esportivo de uma equipe ou
atleta como patrocinadora do evento.
Fonte: Adaptado de Chadwick & Burton, 2011.
O COI e a FIFA empregam medidas de proteção contra o marketing de emboscada,
com o objetivo de proteger seus patrocinadores e parceiros oficiais. Para isso, envolvem os
governos anfitriões exigindo a implementação de uma legislação antiemboscada como pré-
requisito para receber os megaeventos. Ainda que alguns ambientes, como a televisão e os
espaços físicos no entorno das instalações esportivas dos eventos, sejam passíveis de maior
controle e proteção contra o marketing de emboscada, o surgimento de novas mídias e
tecnologias faz possível que o marketing de emboscada continue crescendo (Chadwick &
Burton, 2011).
A confusão de mensagens de marca causada pelo marketing de emboscada pode
prejudicar o resultado esperados pelos patrocinadores oficiais, pois pode afetar o
reconhecimento e a lembrança das marcas patrocinadoras e a transferência de imagem
(Chadwick & Burton, 2011). Porém, o marketing de emboscada não é a única fonte de
confusão de mensagens comerciais. Um estudo também apontou o excesso de marcas
oficialmente associadas aos megaeventos esportivos como crítico, especialmente no caso dos
Jogos Olímpicos. O direito do uso de marcas e associação oficial nos programas de
comunicação das dezenas de empresas parceiras e patrocinadoras do movimento olímpico em
seus diferentes níveis dificulta o destaque buscado pelas marcas, exigindo investimentos cada
vez maiores em ativação para conseguir utilizar o patrocínio como fonte de diferenciação
(Séguin & O’Reilly, 2008).
54
2.3.3 Valor da marca do patrocinador na perspectiva do consumidor
Há uma forte relação entre o conceito de valor da marca na perspectiva do consumidor
e o conceito de patrocínio, já que dentre tantos objetivos de patrocínio citados na literatura, os
principais são o aumento dos índices de conhecimento da marca e a melhoria da imagem da
marca (Cornwell & Maigan, 1998; Walliser, 2003), que são dimensões do valor da marca na
perspectiva do consumidor (Aaker, 1998; Keller, 1993).
2.3.3.1 Valor da marca na perspectiva do consumidor
A literatura acerca do valor de uma marca é ampla, porém fragmentada.
Primeiramente, o valor da marca pode ser avaliado através de duas perspectivas principais: a
financeira, que tem como objetivo a mensuração de um valor para fins de contabilidade e
transações corporativas como fusões e aquisições; e a estratégica, que tem como objetivo a
mensuração do valor da marca na perspectiva do consumidor (Christodoulides & de
Chernatony, 2010; Oliveira & Luce, 2012).
A perspectiva dos consumidores e a resposta dos consumidores às ofertas da marca
impactam diretamente a sua receita e participação de mercado, consequentemente gerando um
valor de marca para a companhia. Portanto, o valor da marca na perspectiva do consumidor,
ou consumer-based brand equity (CBBE) é antecedente do valor financeiro da marca, que é o
valor da marca na perspectiva da firma, ou firm-based brand equity (Christodoulides & de
Chernatony, 2010; Oliveira & Luce, 2012).
O CBBE pode ser construído a partir de esforços de marketing relacionados à marca,
da experiência direta com a marca e outras fontes de informação não-oficiais sobre a marca,
como o boca-a-boca (Raggio & Leone, 2007). Algumas atividades relacionadas à gestão do
marketing são capazes de construir valor de marca no longo prazo, como investimentos em
publicidade, posicionamento de preço elevado adequado, distribuição intensiva em pontos de
venda com boa imagem, por exemplo. Por outro lado, atividades como o uso frequente de
promoções de preço podem erodir o valor da marca (Yoo, Donthu, & Lee, 2000). Por se tratar
de um investimento de longo prazo, a gestão de marca voltada para a construção de CBBE
pode representar um ponto de tensão em empresas voltadas para a apresentação de resultados
para o mercado no curto prazo (Aaker, 1998).
O conceito do CBBE originou-se em duas correntes de pesquisa principais, sendo
predominante a corrente provinda das teorias da psicologia cognitiva, que enfoca na estrutura
55
da memória do consumidor. Dentro desta corrente, há diferentes propostas de definições de
CBBE, todavia todas operacionalizam o CBBE como um construto multidimensional que
representa o valor agregado ao produto pela marca (Christodoulides & de Chernatony, 2010).
O CBBE pode ser definido como “um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu
nome e seu símbolo que se somam ou se subtraem do valor proporcionado por um produto ou
serviço para uma empresa e/ou clientes da empresa” (Aaker, 1998, p. 16), ou como “o efeito
diferencial do conhecimento sobre a marca (brand knowledge) na resposta do consumidor aos
esforços de marketing da empresa” (Keller, 1993, p. 8), ou ainda como “a percepção ou o
desejo de que uma empresa atenda uma promessa de benefícios” (Raggio & Leone, 2007, p.
385). Quando um consumidor responde de forma diferente aos mesmos atributos de produto e
aos mesmos elementos do mix de marketing, o efeito diferencial pode ser atribuído ao valor
da marca, resultado do investimento em marketing daquela empresa ao longo do tempo (Yoo
& Donthu, 2001).
Existe também a visão de que o CBBE se estende à perspectiva de não-consumidores,
que podem em um dado momento estar fora do público-alvo de uma marca, mas são capazes
de avaliar e atribuir valor superior à seus produtos ou serviços pela percepção que possuem
dela. Esta visão permite relacionar o CBBE a potencial fluxo de receita futuro, ou seja, indica
que não-consumidores atuais podem atribuir um alto valor para uma marca e converterem-se
em consumidores no futuro, ou por entrarem no público-alvo visado pela marca, ou por serem
potenciais consumidores de extensões desta marca (Raggio & Leone, 2007).
Uma marca pode ter uma valência positiva ou negativa na perspectiva do consumidor.
Se o valor de uma marca for positivo na perspectiva do consumidor, o conhecimento que ele
tem sobre a marca – incluindo o conhecimento da marca (brand awareness) e as associações
que com a marca faz – terá um efeito positivo na forma como ele reagirá a elementos do
composto de marketing da empresa. Ou seja, a resposta será mais favorável para aquela marca
do que seria para os mesmos elementos de composto de marketing de outra marca na mesma
categoria (Keller, 1993).
Assim como não há uma única definição de CBBE que seja amplamente aceita,
tampouco há um consenso quanto à sua composição enquanto construto multidimensional
(Christodoulides & de Chernatony, 2010; Oliveira & Luce, 2012). As principais proposições
teóricas acerca desta questão são da década de 1990 e sugerem que o CBBE pode ser
56
composto por conhecimento da marca, imagem ou associações da marca (Aaker, 1998; Keller,
1993), percepção de qualidade e lealdade à marca (Aaker, 1998).
O conhecimento da marca está relacionado à capacidade do indivíduo de reconhecer a
marca, ou seja, de notar já ter visto a marca ou já ter ouvido falar dela quando diante do seu
nome ou símbolo (brand recognition) e à capacidade do indivíduo de lembrar-se da marca e
responder o seu nome quando lhe é apresentada alguma dica que remeta a ela (brand recall)
(Aaker, 1998; Keller, 1993). Estes estágios de conhecimento da marca podem ser
considerados como parte de um contínuo que vai do reconhecimento à lembrança da marca e,
posteriormente, ao top of mind, quando a marca está à frente das outras na memória do
consumidor (Aaker, 1998).
A imagem da marca é composta pelas associações mentais que o indivíduo faz com
esta marca (Aaker, 1998; Keller, 1993). Tais associações podem ser atributos – relacionados
ou não ao produto ou serviço ofertado pela marca – , benefícios funcionais, de experiência e
simbólicos ou atitudes gerais sobre a marca. Essas associações podem ou não ser favoráveis,
fortes e únicas. A marca cujo público possui associações únicas, favoráveis e fortemente
guardadas na memória tem um alto valor (Keller, 1993), ao contrário do que acontece com
marcas com imagens difusas, cujos consumidores não possuem muitas associações
compartilhadas (Aaker, 1998).
A percepção de qualidade é reconhecimento da qualidade geral ou até da superioridade
de um produto ou serviço em relação aos seus concorrentes por parte do consumidor sendo,
portanto, individual, subjetiva e intangível. A percepção de qualidade gera valor para a marca
por frequentemente representar a razão de compra, por possibilitar a cobrança de um preço
premium e a obtenção maiores lucros e por gerar interesse do canal de distribuição e
oportunidades para extensões de marca (Aaker, 1998).
A lealdade ou fidelidade à marca é uma dimensão do CBBE relacionada à
familiaridade, experiência de uso e satisfação. A fidelidade representa uma barreira a novos
concorrentes, pois o custo de obtenção de um cliente fiel à outra marca é alto, mais alto do
que o custo da manutenção de clientes. Além disso, a fidelidade à marca a protege de uma
conjuntura de guerra de preço, corrobora a cobrança de um preço premium e resguarda
provisoriamente a marca da ameaça representada por inovações de marcas concorrentes
(Aaker, 1998).
57
As conceituações e dimensões de CBBE propostas por Aaker (1998) e Keller (1993)
destacam-se como ponto de partida para estudos posteriores de diversos autores que buscaram
aprofundar o entendimento do construto por meio do desenvolvimento de escalas que
suportassem empiricamente suas dimensões (Buil, Chernatony, & Martínez, 2008;
Netemeyer, et al., 2004; Pappu, Quester, & Cooksey, 2005; Yoo & Donthu, 2001; Yoo,
Donthu, & Lee, 2000). Enquanto alguns autores conseguiram suportar a existência de quatro
dimensões componentes do valor da marca (Buil, Martínez, & Chernatony, 2013; Pappu,
Quester, & Cooksey, 2005), outros suportaram o modelo proposto por Aaker (1998)
parcialmente, reduzindo a composição de CBBE ao considerar conhecimento e imagem da
marca como uma única dimensão (Washburn & Plank, 2002; Yoo & Donthu, 2001; Yoo,
Donthu, & Lee, 2000).
Contudo, há diferentes formas de medir CBBE empiricamente e verificar as relações
existentes entre o CBBE e outros construtos. É possível conceber ainda que determinadas
categorias de produto ou serviço podem apresentar dimensões específicas de CBBE
(Christodoulides & de Chernatony, 2010).
Pesquisadores também têm investigado a relação deste construto com outros
construtos de interesse como, por exemplo, a reputação. Um estudo apontou que a percepção
que os consumidores constroem de uma empresa ao longo do tempo, com base em sua
experiência com a marca e outras fontes de informação, pode aumentar o valor que eles
atribuem à sua marca (Torres, Gonçalves, Gosling, & Veiga, 2011).
Muitos estudos que analisam os antecedentes do CBBE, não buscam evidencias
empíricas da sua influência na resposta do consumidor à marca. Porém é possível verificar
empiricamente as consequências do CBBE. Um estudo demonstrou que há uma dependência
da predisposição a pagar um preço premium em relação à percepção geral de valor da marca
na perspectiva do consumidor. A atitude diante de possíveis extensões de marca também
depende positivamente do CBBE. O CBBE também influencia índices de preferência pela
marca e intenção de compra (Buil, Martínez, & Chernatony, 2013).
No entanto, Raggio & Leone (2007) ressaltam que é importante distinguir os efeitos
do CBBE da existência de CBBE e observar que medidas de resposta à marca não capturam
completamente o CBBE. O CBBE influencia a resposta do consumidor à marca se sua
58
promessa for saliente para este consumidor, atuando como um moderador do impacto das
ofertas de marketing na atitude e no comportamento do consumidor (Raggio & Leone, 2007).
2.3.3.2 Mensuração do valor da marca na perspectiva do consumidor
Muitas empresas de consultoria possuem metodologias proprietárias para a
mensuração do valor da marca. Pesquisadores acadêmicos também têm buscado desenvolver
e aprimorar instrumentos para medir o CBBE. Contudo, ainda não há uma escala universal
para mensurar o valor da marca na perspectiva do consumidor (Christodoulides & de
Chernatony, 2010).
É possível mensurar o valor da marca de forma direta ou indireta. A abordagem direta
de medição avalia o diferencial do conhecimento sobre a marca nas respostas do consumidor
para estímulos do composto de marketing da marca, separando o valor da marca do valor do
produto. A abordagem indireta mede o CBBE a partir das suas dimensões (Christodoulides &
de Chernatony, 2010). As duas abordagens são complementares. A abordagem direta indica a
natureza positiva ou negativa do efeito diferencial da marca na resposta do consumidor para
os esforços de marketing da empresa, enquanto a indireta aponta que dimensões estão atuando
sobre esta resposta (Keller, 1993).
Como não existe um consenso teórico quanto às dimensões que constituem o CBBE,
diferentes estudos desenvolveram escalas para a medição indireta do CBBE, buscando
evidências empíricas para as dimensões do construto, em especial as propostas por Aaker
(1998) e Keller (1993) na década de 1990 (Buil, Chernatony, & Martínez, 2008; Netemeyer,
et al., 2004; Pappu, Quester, & Cooksey, 2005; Yoo & Donthu, 2001; Yoo, Donthu, & Lee,
2000). As escalas propostas suportaram a multidimensionalidade do CBBE e foram,
posteriormente, testadas por outros autores em diferentes contextos (Chen & Green, 2011;
Gil, Andrés, & Salinas, 2007; Jung & Sung, 2008; Villarejo-Ramos & Sánchez-Franco, 2005;
Washburn & Plank, 2002; Woisetschläger, 2007), inclusive no Brasil (Burlamaqui &
Barbosa, 2006; Costa & Almeida, 2012; Torres, Gonçalves, Gosling, & Veiga, 2011; Vargas
Neto & Luce, 2006).
A escala multidimensional proposta por Yoo e Donthu (2001), conhecida como ou
multidimensional brand equity (MBE), tornou-se um dos instrumentos de medida de CBBE
mais utilizados na academia (Christodoulides & de Chernatony, 2010). O estudo de
elaboração da escala suporta a influência da percepção de qualidade e da lealdade à marca no
59
CBBE, conforme apontado por Aaker (1998). Porém, por falta de validade discriminante entre
as dimensões conhecimento da marca e imagem da marca, os autores propõem que elas sejam
agregadas em um único construto. Com isso, as proposições teóricas de Aaker (1998) e Keller
(1993) são apenas parcialmente validadas (Yoo & Donthu, 2001; Yoo, Donthu, & Lee, 2000).
O modelo de três dimensões proposto e testado por Yoo e Donthu (2001) – qualidade
percebida, lealdade e conhecimento sobre a marca ou conhecimento da marca/imagem da
marca – foi validado em estudo posterior independente por Washburn e Plank (2002).
Contudo, a não diferenciação entre conhecimento da marca e associação da marca, construtos
claramente distintos em seus conceitos, é apontada como a maior limitação da escala e sugere
a necessidade de maior investigação (Washburn & Plank, 2002).
Um estudo posterior propôs o desenvolvimento de uma escala universal para o CBBE,
por meio da adição de itens relacionados à personalidade da marca em busca de uma melhor
distinção entre conhecimento da marca e associações ou imagem de marca, suportando o
modelo de 4 dimensões de CBBE de Aaker (1998). Com o maior detalhamento de tipos de
associação de marca, o estudo alcançou a distinção esperada entre conhecimento da marca e
associações de marca (Pappu, Quester, & Cooksey, 2005). Contudo, a utilização de um e de
dois itens para medir conhecimento e lealdade à marca respectivamente, representa uma séria
limitação do modelo, já que análise fatorial confirmatória requer a utilização de pelo menos
três itens por construto (Christodoulides & de Chernatony, 2010). Ainda assim, a escala é
considerada um avanço na medição de CBBE e foi testada por Chen e Green (2011) em
estudo posterior em diferentes contextos.
Em 2008, um novo estudo propôs a integração de itens usados por Yoo e Donthu
(2001), Netemeyer, et al. (2004) e Pappu, Quester e Cooksey (2005) em uma escala
multidimensional para medir o CBBE em uma pesquisa conduzida na Espanha e no Reino
Unido, reafirmando a característica transversal do construto (Buil, Chernatony, & Martínez,
2008).
Além de proporcionar um ponto de partida para o desenvolvimento de ferramentas
multidimensionais para mensuração de CBBE em diversos estudos, outro importante
resultado dos estudos de Yoo & Donthu (2001) foi a proposta de uma escala direta para a
medição do CBBE, a escala de valor geral da marca, ou overall brand equity (OBE).
60
A escala OBE mede o valor incremental atribuído a um produto por sua marca quando
comparado a um produto igual mas sem marca (Buil, Martínez, & Chernatony, 2013).
Inicialmente desenvolvida para validar os resultados da MBE e utilizada de forma
complementar à escala multidimensional em diversos estudos (Gil, Andrés, & Salinas, 2007;
Jung & Sung, 2008), a OBE também tem sido utilizada de forma independente em inúmeras
pesquisas (Delgado-Ballester & Hernández-Espallardo, 2008; Delgado-Ballester & Munuera-
Alemán, 2005; Ruiz, Gremler, & Washburn, 2008; Wang, Cheng, Purwanto, & Erimurti,
2011; Woisetschläger, 2007).
No Brasil, além da utilização conjunta à MBE (Burlamaqui & Barbosa, 2006; Costa &
Almeida, 2012; Torres, Gonçalves, Gosling, & Veiga, 2011; Vargas Neto & Luce, 2006), a
OBE também foi testada e utilizada de forma independente em um estudo que analisou o
efeito do patrocínio simultâneo a times rivais no CBBE no patrocinador. (Amorim &
Almeida, 2015).
2.4 Congruência
O conceito de congruência tem sido discutido na literatura de publicidade e marketing
desde a década de 1980, ainda que não possua nomenclatura nem definição únicas e
amplamente aceitas3. As discussões teóricas acerca deste conceito estão relacionadas à ideia
de que as pessoas desenvolvem a percepção de que certas coisas combinam entre si, enquanto
outras destoam, e isto influencia a resposta delas aos estímulos provenientes de estratégias de
marketing que utilizam extensões de marca, endosso de celebridade, co-branding, product
placement e patrocínio (Fleck & Quester, 2007).
Os estudos sobre o impacto da percepção de congruência nos resultados de patrocínio
levam em conta os mecanismos psicológicos subjacentes à resposta do público ao patrocínio
(Deitz, Myers, & Stafford, 2012). Duas teorias oriundas da Psicologia Cognitiva fornecem as
bases para os principais estudos relativos à congruência: Associative Network Theory e
Schema Theory (Drengner, Jahn, & Zanger, 2011).
3 Após realizarem uma ampla revisão da literatura de marketing e publicidade sobre congruência, Fleck e
Quester (2007) identificaram o uso dos termos congruência, encaixe (fit), similaridade, tipicidade, match up e
relevância (relevance) de forma alternada.
61
2.4.1 Associative Network Theory e Schema Theory
Da mesma forma em que experiências e avaliações passadas contribuem para a criação
de esquemas que serão úteis em avaliações futuras (Drengner, Jahn, & Zanger, 2011),
experiências também ocasionam mais associações com maior força de conexão na rede
associativa (Cornwell T. B., 2008).
De acordo com a Associative Network Theory, a memória de um indivíduo está
organizada de tal forma que pedaços de informação estão totalmente interconectados, como os
nós de uma rede. Cada pedaço de informação está ligado, com força de conexão variável, a
vários outros pedaços de informação relacionados. A força das conexões entre os nós varia em
função da importância daquela ligação para a compreensão de um conceito. Por exemplo, a
informação “máquina” é um nó na rede semântica que está conectado a outros nós referentes a
“carro”, “direção”, a noção sobre “o que fazer quando se avista um sinal vermelho”, entre
outros (Collins & Loftus, 1975).
A busca por informação na memória atravessa essa rede de informações a partir de um
impulso inicial, de nó em nó, em um processo chamado ativação, que perde força
gradativamente. A ativação é espalhada do primeiro nó, ou primeiro estímulo, para os nós
diretamente conectados a ele e, em seguida, para os nós diretamente conectados a estes
(Collins & Loftus, 1975).
O conhecimento sobre uma marca é um nó na rede semântica, conectado a diversas
associações presentes em outros nós, dentre as quais uma pode ser um patrocínio (Keller,
1993). Uma relação de patrocínio congruente apresenta uma conexão forte na memória entre
o patrocinador e o evento (ou outra propriedade), além de um grande número de conexões
indiretas entre eles. Em outras palavras, além da forte conexão direta entre a informação
“marca” e a informação “evento”, a marca está conectada a outras associações, como por
exemplo, “juventude”, que também podem estar conectadas diretamente ao evento (Cornwell,
Humphreys, Maguire, Weeks, & Tellegen, 2006). A presença de tantas associações comuns
na rede de informações da memória ajuda a explicar porque relações de patrocínio percebidas
como congruentes estão positivamente associadas à maior lembrança e o reconhecimento da
marca (Koo, Quarterman, & Flynn, 2006). Relações de patrocínio consideradas incongruentes
são caracterizados por associações fracas ou quase inexistentes entre patrocinador e
propriedade, o que torna a sua lembrança de difícil acesso na memória (Cornwell,
Humphreys, Maguire, Weeks, & Tellegen, 2006).
62
Compreender a interação entre conexão da marca patrocinadora com a propriedade
patrocinada e outras informações ligadas a esta conexão é importante para o patrocínio, pois
esta interação pode carregar a marca com vários possíveis nós de informação, como uniforme
do time, cronômetro, placar, etc. Porém, frequentemente, esta interação não determina como a
conexão é feita de forma significativa (Cornwell T. B., 2008).
Alguns conceitos podem funcionar como mediadores naturais fortes, facilitando a
ativação da memória e lembrança da associação entre patrocinador e propriedade. Porém,
quando não houver um conceito naturalmente ligando as partes envolvidas na relação de
patrocínio, a marca patrocinadora pode reforçar conceitos plausíveis que possam fazer parte
da rede de associações das duas partes de forma implícita. Sem um mediador natural forte e
sem um reforço de um conceito implícito comum à rede de patrocinador e patrocinado, um
concorrente do patrocinador pode ser associado à propriedade por meio de uma associação
fraca existente entre eles (Cornwell T. B., 2008).
Similarmente, a Schema Theory também prevê informações interconectadas na
memória humana. As informações são guardadas dentro de esquemas compostos por
suposições preexistentes sobre a forma como o mundo funciona (Singer, 1968). Quando um
indivíduo recebe uma informação nova, para processá-la e compreendê-la, ele tenta encaixar
esta nova informação dentro de um padrão criado na sua memória a partir de informações e
interpretações passadas. Para fazer este encaixe, o indivíduo pode realizar inferências e até
distorções da informação recebida. Porém, se a nova informação for facilmente associada ao
esquema preexistente, se tiver um alto grau de similaridade com o esquema, ela será mais
prontamente interpretada e acessada (Axelrod, 1973).
Ao invés de tentar lembrar a avaliação específica já feita sobre determinado
patrocinador em relação a determinado evento, o indivíduo usa um esquema para acessar
associações preexistentes na memória para o tipo de evento e classificar esta nova relação de
patrocínio (Gwinner & Eaton, 1999). Quando o conhecimento que o indivíduo guarda na
memória a respeito de um tipo de evento ou, em outras palavras, quando o seu esquema para
aquele tipo de evento é consistente com o conhecimento que ele guarda da marca há uma
percepção de congruência. O patrocínio de um evento esportivo por parte da Nike e a
organização de um treinamento em segurança na direção por parte da Mercedes Benz podem
ser facilmente encaixados em esquemas preexistentes baseados em experiências e avaliações
passadas sobre as ambas as partes da relação e, portanto, são considerados congruentes. Trata-
63
se de relações esperadas, mais fáceis de processar e de reter na memória (Drengner, Jahn, &
Zanger, 2011).
2.4.2 Congruência entre o Patrocinador e a Propriedade
Especificamente no campo de pesquisas sobre patrocínio, a investigação da influência
da percepção de congruência entre patrocinador e propriedade na resposta dos consumidores a
esta relação inclui, por exemplo, estudos sobre o patrocínio de causas (Rifon, Choi, Trimble,
& Li, 2004), equipes esportivas (Amorim & Almeida, 2015), programas esportivos
universitários (Deitz, Myers, & Stafford, 2012) e eventos (Close & Lacey, 2013; Cornwell T.
B., 1995; Cornwell, Humphreys, Maguire, Weeks, & Tellegen, 2006; Drengner, Jahn, &
Zanger, 2011; Fleck & Quester, 2007; Gwinner & Bennett, 2008; Gwinner & Eaton, 1999;
Johar & Pham, 1999), sendo o último caso o mais analisado (Deitz, Myers, & Stafford, 2012).
Percepções individuais de congruência diante de determinado estímulo podem variar
consideravelmente entre consumidores em função da experiência e envolvimento do
indivíduo com o patrocinador ou evento (Deitz, Myers, & Stafford, 2012).
Além disso, percepções de congruência podem ser baseadas em funcionalidade ou em
imagem. A congruência é baseada em funcionalidade quando a atividade do patrocinador está
relacionada à produção de algo necessário para o desempenho da propriedade patrocinada,
como acontece no caso de uma empresa que produz óleo lubrificante para motores ao
patrocinar uma corrida automobilística, por exemplo. Por outro lado, a congruência é baseada
em imagem quando a imagem do patrocinador é relacionada à imagem do evento (Gwinner &
Eaton, 1999; Gwinner K. , 1997).
Estudos que utilizam apenas a funcionalidade como base para a percepção de
congruência são predominantes na literatura (Rifon, Choi, Trimble, & Li, 2004), porém
muitos autores têm adotado a abordagem de Gwinner (1997) e considerado, também, a
congruência baseada em imagem (Cornwell, Humphreys, Maguire, Weeks, & Tellegen, 2006;
Deitz, Myers, & Stafford, 2012; Fleck & Quester, 2007; Gwinner & Bennett, 2008; Gwinner
& Eaton, 1999; Speed & Thompson, 2000).
Outra abordagem defende que as bases que influenciam a percepção de congruência
entre um par de patrocinador e propriedade são a relevância e expectativa desta parceria.
Assim, uma parceria entre patrocinador e propriedade é considerada congruente se ela é
relevante para o negócio de ambas as partes e se ela for esperada, seja por motivos funcionais
64
ou por uma conexão histórica, como acontece no caso da relação entre a Coca-Cola e os Jogos
Olímpicos (Fleck & Quester, 2007).
A atribuição de motivos do patrocinador e sinceridade do patrocinador pode estar
relacionada à percepção de congruência e aos resultados de patrocínio. Alguns autores
sugerem que um pequeno grau de incongruência poderia indicar intenções filantrópicas por
parte do patrocinador, em oposição a intenções puramente comerciais, contribuindo para uma
atitude mais positiva em relação ao patrocinador (Speed & Thompson, 2000). Por outro lado,
outros verificaram que a identificação do consumidor com o evento pode influenciar a
atribuição de motivos do patrocinador positivamente e levar a maior percepção de
congruência e melhores respostas ao patrocínio (Deitz, Myers, & Stafford, 2012; Gwinner &
Bennett, 2008).
A atribuição de motivos positivos para o patrocinador pode ser reforçada por ações de
comunicação, assim a ativação do patrocínio poderia ser usada para evidenciar a lógica
subjacente à conexão entre o patrocinador e propriedade seja evidenciada, especialmente se
ela não é obvia (Close & Lacey, 2013; Cornwell, Humphreys, Maguire, Weeks, & Tellegen,
2006; Deitz, Myers, & Stafford, 2012).
O número de patrocinadores de uma propriedade pode diluir a percepção de
congruência por parte de seu público (Deitz, Myers, & Stafford, 2012; Gwinner & Eaton,
1999; Gwinner K. , 1997). Para oferecer melhores condições de parceria para os
patrocinadores, os detentores de propriedades devem buscar controlar a quantidade de marcas
associadas, além de protegê-los de uma possível competição com empresas engajadas em
ações de marketing de emboscada (Deitz, Myers, & Stafford, 2012).
Fleck e Quester (2007) constataram que a congruência pode ser explicada pela
relevância e expectativa. A expectativa pode constituir um indício da efetividade de
patrocínios com níveis moderados de congruência. Como o centro da atenção do consumidor
está na propriedade esportiva, para que a comunicação do patrocínio seja percebida é
necessário que ela desperte um pouco de surpresa e que não seja totalmente esperada, caso
contrário poderá passar despercebida. Para atingir um nível ótimo de impacto, o patrocinador
deve surpreender com uma associação relevante ou significativa (Fleck & Quester, 2007).
A percepção de congruência ou similaridade exerce uma influencia moderadora sobre
a transferência de imagem entre evento e patrocinador, tanto no caso da congruência com base
65
em funcionalidade quanto no caso da congruência com base em imagem (Gwinner & Eaton,
1999). Um estudo posterior verificou os efeitos da percepção de congruência entre evento e
patrocinador sobre cognição, afetividade e comportamento do consumidor. Os resultados
indicam que consumidores que tem uma percepção de alta congruência entre evento e
patrocinador apresentam respostas cognitivas e afetivas mais positivas do que os
consumidores que apresentam uma baixa percepção de congruência. Além disso,
consumidores com alta percepção de congruência aparentaram ter um maior índice de
reconhecimento e uma atitude mais favorável em relação aos patrocinadores (Koo,
Quarterman, & Flynn, 2006).
2.4.3 Mensuração de Congruência entre Patrocinador e Propriedade
Muitos estudos empíricos já estabeleceram a importância da percepção de congruência
entre patrocinador e evento para a produção de respostas favoráveis. Porém, muitos deles o
fizeram sem mensurar a percepção de congruência, apenas estabelecendo uma dicotomia entre
patrocinador com alto nível de congruência e patrocinador com baixo nível de congruência
com base em funcionalidade para realizar comparações de resultados. Nestes estudos, a
congruência foi tratada como uma condição e não como uma variável focal (Deitz, Myers, &
Stafford, 2012).
Um exemplo deles é o estudo de Rifon, Choi, Trimble e Li (2004) que mediu o efeito
da congruência na atitude do consumidor diante do patrocinador de uma causa relacionada à
saúde. Seus resultados apontaram que a percepção de credibilidade do patrocinador cresceu na
condição de congruência e diminuiu na condição de incongruência. Além disso, os resultados
suportam o papel mediador das atribuições do consumidor sobre o efeito da congruência na
criação na percepção de credibilidade e atitude diante do patrocinador (Rifon, Choi, Trimble,
& Li, 2004). Contudo, este tipo de pesquisa não leva em consideração diferentes níveis e
fontes de congruência (Fleck & Quester, 2007). Ao buscar comprovação empírica de que um
patrocínio incongruente pode levar a atribuição negativa aos motivos dos patrocinadores,
ignora a possibilidade de uma percepção de congruência por parte do público baseada em
imagem (Deitz, Myers, & Stafford, 2012).
Outros estudos buscaram medir a força relativa das associações mentais que os
consumidores estabelecem entre a marca patrocinadora e a propriedade patrocinada (Speed &
Thompson, 2000; Deitz, Myers, & Stafford, 2012; Gwinner & Bennett, 2008). Esta
abordagem permite o desenvolvimento de conceptualizações de congruência com mais
66
nuances e permite maior entendimento dos fatores individuais e de contexto que influenciam a
percepção de congruência (Deitz, Myers, & Stafford, 2012).
Nesta linha, Speed e Thompson (2000) desenvolveram uma escala de 5 itens que
fazem referência a noções abstratas de congruência como similaridade, conexão lógica e
combinação. Os autores modelam a percepção de congruência entre patrocinador e evento
patrocinado como um construto único podendo indicar a atitude do entrevistado para com o
par evento e patrocinador, e o grau em que a dupla é percebida como bem adaptado ou com
bom ajuste. Foi encontrada uma interação positiva entre congruência e gosto pessoal, o que
sugere que consumidores que tem um forte gosto pessoal por um evento irá responder de
forma mais positiva que um consumidor médio quando o patrocinador for capaz de
demonstrar congruência. Os resultados sugerem que a resposta ao patrocínio é afetada pela
atitude do consumidor diante do patrocinador, diante do evento e sua percepção de
congruência entre os dois (Speed & Thompson, 2000).
A escala de Speed e Thompson (2000) foi testada por outros autores em diferentes
contextos (Deitz, Myers, & Stafford, 2012; Close & Lacey, 2013; Olson, 2011; Grohs &
Reisinger, 2014), inclusive no Brasil (Amorim & Almeida, 2015). Resultados de um estudo
que investigou a congruência entre um programa esportivo universitário e o patrocinador
indicaram que a percepção de congruência, independente da sua origem funcional ou
simbólica, levou a respostas mais favoráveis ao patrocínio, mediando a relação entre
atribuições dos motivos do patrocinador e resposta ao patrocínio. O modelo destaca o papel
central da percepção de congruência como influenciador das respostas ao patrocínio (Deitz,
Myers, & Stafford, 2012).
Outro estudo, que utilizou a mesma escala, constatou que a percepção de congruência
entre o patrocinador e o evento tem um papel importante na avaliação do patrocinador pelos
expectadores do evento. Os resultados indicaram que a percepção de congruência exerce um
efeito moderador entre conhecimento do produto e percepção de responsabilidade social e
comprometimento com a marca, entre percepção de responsabilidade social e
comprometimento com a marca, intenção de compra e entre comprometimento com a marca e
intenção de compra. As percepções positivas do patrocinador são elevadas quando há uma
percepção de congruência. A congruência, no entanto, não afeta a imagem do evento, segundo
os autores (Close & Lacey, 2013).
67
Olson (2011) realizou um estudo comparativo com o objetivo de avaliar se escalas
desenvolvidas e frequentemente utilizadas no contexto do patrocínio esportivo possuem
validade em outros contextos. A escala de congruência de Speed e Thompson (2000) foi
utilizada para constatar o papel da congruência como preditora significativa da percepção de
sinceridade e atitudes positivas para o patrocínio tanto no contexto de eventos esportivos
quanto no contexto de eventos culturais (Olson, 2011).
No Brasil, a escala de Speed e Thompson (2000) foi utilizada em um estudo que
investigou os efeitos do patrocínio simultâneo de times rivais. Os autores encontraram uma
relação de mediação parcial entre a identificação dos torcedores com seus times e o valor da
marca dos patrocinadores (Amorim & Almeida, 2015).
68
69
3 HIPÓTESES DE PESQUISA E MODELO CONCEITUAL
Neste capítulo serão apresentadas as hipóteses substantivas do estudo e o modelo
conceitual.
3.1 Hipóteses substantivas
São quatro as hipóteses substantivas do estudo, conforme descrito a seguir
3.1.1 A influência da reputação do organizador de megaeventos esportivos na imagem do
megaevento
A evolução do conceito de marketing indica uma expectativa do mercado de que as
organizações devem considerar uma gama ampla de stakeholders, além dos seus
consumidores e fornecedores diretos (Balmer, 2011; Helmig & Thaler, 2010). O cuidado da
organização com as múltiplas relações que mantem com diferentes grupos de stakeholders
pode constituir um fator de diferenciação, refletindo na percepção de relevância e
legitimidade da organização pelo lado das partes interessadas (Balmer, 2011) e,
consequentemente, influenciando o comportamento diante da organização. A reputação
corporativa refere-se justamente a essas percepções, associações e julgamentos dos
stakeholders sobre a marca corporativa (Balmer & Greyser, 2006).
Em meio a este cenário, entidades organizadoras de megaeventos esportivos têm sido
criticadas pela forma como conduzem suas atividades, privilegiando interesses comerciais
globais em detrimento de comunidades locais (Horne & Manzenreiter, 2006). A FIFA, por
exemplo, tem sido criticada por diversos grupos de stakeholders por sua falta de transparência
e responsabilidade final (Pielke Jr., 2013).
O megaevento esportivo pode ser visto como um produto de marca valiosa, com a qual
muitas empresas privadas querem se unir em busca da obtenção de visibilidade e da
transferência de associações secundárias (Madrigal, Bee, & LaBarge, 2005). Contudo, se a
organização dona desta marca pode transferir associações secundárias para a marca do seu
produto (Raggio & Leone, 2007) e é possível estabelecer um vínculo direto entre o
megaevento e a entidade organizadora e proprietária da marca, até pela presença do nome da
entidade na marca do produto (Weszka, 2011), o megaevento esportivo também pode ter sua
imagem de marca carregada de associações referentes à entidade proprietária de sua marca.
70
Considerando que a reputação é composta por percepções, julgamentos e associações
agregadas e relativamente estáveis das ações passadas e da perspectiva futura de uma
organização sobre um aspecto específico (Walker K. , 2010), formulou-se a primeira hipótese
de pesquisa, que busca investigar se essas percepções e associações, que compõe a reputação,
são transferidas da entidade organizadora de megaevento esportivo para a imagem do seu
principal produto:
H1: A reputação positiva (negativa) do organizador do megaevento influencia
positivamente (negativamente) a percepção da imagem do megaevento.
3.1.2 A influência da reputação do organizador de megaeventos esportivos no valor da
marca do patrocinador
Ao buscar um vínculo com uma propriedade esportiva, patrocinadores buscam
alcançar primordialmente, entre vários objetivos possíveis, uma maior visibilidade para suas
marcas e a transferência de associações positivas da propriedade para as suas marcas
(Walliser, 2003). A melhora da reputação corporativa do patrocinador também é citada na
literatura como um dos objetivos do patrocínio, o que reforça a importância destas
associações (Dolphin, 2003). Maior visibilidade e associações positivas podem contribuir para
o valor de uma marca na perspectiva do consumidor (Buil, Martínez, & Chernatony, 2013).
Contudo, ao vincular-se com uma propriedade esportiva como um megaevento, o
patrocinador vincula-se também à entidade organizadora do megaevento esportivo. Este
vínculo pode ser inclusive evidenciado pelo título recebido pelo patrocinador entre seus
direitos assegurados no contrato. No caso das maiores cotas de patrocínio da Copa do Mundo
da FIFA, por exemplo, os patrocinadores são chamados de “Parceiros da FIFA” (FIFA World
Cup Sponsorship Strategy, n.d.). Além disso, os patrocinadores estão entre os maiores
financiadores dos megaeventos esportivos e, por consequência, das entidades organizadoras
(FIFA, 2015; IOC Final Report 2009-2012, 2013), o que poderia lhe conferir poder na relação
com a entidade organizadora, fato explorado por artigos acadêmicos e jornalísticos (Hoy,
2013; Pielke Jr., 2013).
Assim, diante da relação estabelecida entre patrocinadores e as entidades
organizadoras de megaeventos esportivos e da possibilidade de transferência de associações
sugerida pela literatura, formulou-se a segunda hipótese de pesquisa:
71
H2: A reputação positiva (negativa) do organizador do megaevento influencia
positivamente (negativamente) a percepção do valor da marca do patrocinador
do megaevento.
3.1.3 A influência da imagem do megaevento no valor da marca do patrocinador
O principal objetivo do patrocínio esportivo é o uso da imagem da propriedade para
atrair benefícios para a marca do patrocinador em termos de visibilidade e imagem (Farrelly,
Quester, & Burton, 2006). Dentro deste contexto, megaeventos esportivos representam opções
singulares para empresas que buscam estratégias de patrocínio global, pois oferecem alta
visibilidade e a possibilidade da ligar a imagem de suas marcas ao esporte e a uma
propriedade esportiva popular, que tem a capacidade de transpor barreiras linguísticas e
culturais (Madrigal, Bee, & LaBarge, 2005).
A visibilidade conquistada com a adoção de uma parceria com uma propriedade, como
um megaevento esportivo, pode contribuir com o conhecimento da marca, ou à facilidade dos
indivíduos lembrarem e reconhecerem a marca. Já os benefícios de imagem que este tipo de
patrocínio pode proporcionar estão relacionados à potencial transferência de associações
positivas que constituem a imagem do evento para a imagem do patrocinador (Aaker, 1998;
Keller, 1993).
Muitos estudos já realizados no âmbito do patrocínio esportivo utilizaram
conhecimento da marca e imagem da marca como variáveis dependentes (Walliser, 2003),
inclusive utilizando megaeventos como lócus de pesquisa: a lembrança e o reconhecimento da
marca do patrocinador já foram estudados enquanto variáveis dependentes de estudo sobre o
patrocínio de megaeventos esportivos no contexto da Copa do Mundo da FIFA 2002 (Koo,
Quarterman, & Jackson, 2006) e a imagem do patrocinador foi utilizada como variável
dependente de um estudo sobre a imagem da Copa do Mundo da FIFA 2006 (Woisetschläger
& Michaelis, 2012) e dos Jogos Olímpicos Beijing 2008 (Nadeau, O'Reilly, & Heslop, 2013).
Maior conhecimento da marca e melhor imagem da marca estão relacionados a um
incremento no valor da marca na perspectiva do consumidor, segundo muitos dos estudos
teóricos (Christodoulides & de Chernatony, 2010) e empíricos (Buil, Chernatony, &
Martínez, 2008; Pappu, Quester, & Cooksey, 2005; Yoo & Donthu, 2001) sobre este conceito.
Assim, pode-se considerar o aumento do valor da marca do patrocinador como um resultado
perseguido por muitas, se não todas, empresas que investem neste tipo de estratégia. Portanto,
72
o valor da marca do patrocinador na perspectiva do consumidor também já foi utilizado em
estudos empíricos como variável dependente representando uma forma de avaliação dos
resultados do patrocínio (Amorim & Almeida, 2015; Wang, Cheng, Purwanto, & Erimurti,
2011).
Com base no exposto, pode-se sugerir uma influência da imagem do megaevento
esportivo no valor da marca do patrocinador na perspectiva do consumidor. Assim formulou-
se a terceira hipótese de pesquisa:
H3: A imagem positiva (negativa) do megaevento influencia positivamente
(negativamente) a percepção do valor da marca do patrocinador do megaevento.
3.1.4 A influência da congruência na relação entre imagem do evento e valor da marca do
patrocinador
Diversos estudos avaliaram os efeitos da percepção de congruência na resposta ao
patrocínio, verificando sua influência sobre resultados como melhor imagem e
reconhecimento (Koo, Quarterman, & Flynn, 2006), melhor atitude em relação ao
patrocinador (Gwinner & Bennett, 2008; Speed & Thompson, 2000) e intenção de compra de
produtos do patrocinador (Close & Lacey, 2013).
A relevância da percepção de congruência no contexto do patrocínio é explicada por
processos de funcionamento da memória humana segundo a Teoria do Esquema (Axelrod,
1973) e a Teoria da Rede Associativa (Collins & Loftus, 1975). As explicações das teorias
para a importância da congruência dizem que uma relação de patrocínio percebida como
congruente está de acordo com esquemas de informações montados na memória com base em
experiências e avaliações passadas, por isso, faz sentido e é mais rapidamente interpretada e
lembrada (Deitz, Myers, & Stafford, 2012). Além disso, quando há uma relação de patrocínio
congruente, as informações sobre patrocinador e propriedade estão conectadas na memória
por várias associações comuns. São associações que fazem parte da rede de associações tanto
do patrocinador quanto da propriedade, e que estão conectadas entre si. Portanto, para que
uma informação sobre a propriedade seja acessada, a ativação da memória percorrerá várias
associações conectadas à propriedade que podem também conectá-la ao patrocinador
(Cornwell T. B., 2008).
73
Em consonância com as teorias sobre o funcionamento da memória, o estabelecimento
e a ativação de uma relação de patrocínio congruente podem fortalecer as associações entre
patrocinador e propriedade e, consequentemente, facilitar a transferência de associações e
imagem (Cornwell T. B., 2008). Além disso, a congruência pode contribuir para o
reconhecimento da marca como patrocinadora, o que influencia respostas cognitivas e afetivas
mais positivas ao patrocinador (Koo, Quarterman, & Flynn, 2006).
Independente da sua origem funcional ou simbólica, foi observado que a percepção de
congruência pode levar a resultados de patrocínio mais favoráveis, influenciando relações
como uma variável mediadora entre atribuições dos motivos do patrocinador e respostas ao
patrocínio (Deitz, Myers, & Stafford, 2012), entre identificação com a propriedade e a atitude
perante o patrocinador (Gwinner & Bennett, 2008) e entre identificação com a propriedade e o
valor da marca do patrocinador (Amorim & Almeida, 2015), entre outras.
Desta forma, estabelece-se pela literatura que: (a) os principais objetivos do patrocínio
citados na literatura são o aumento dos índices de conhecimento da marca e a melhoria da
imagem da marca (Cornwell & Maigan, 1998; Walliser, 2003), e que estes efeitos estão
relacionados ao valor da marca do patrocinador na perspectiva do consumidor (Aaker, 1998;
Keller, 1993); (b) a percepção de congruência entre patrocinador e propriedade podem
contribuir com o reconhecimento do patrocinador (Koo, Quarterman, & Flynn, 2006) e com a
transferência de associações positivas da propriedade para o patrocinador (Cornwell T. B.,
2008); e (c) a percepção de congruência pode atuar como mediadora na relação entre
antecedentes dos resultados do patrocínio e seus efeitos (Amorim & Almeida, 2015). Assim, é
possível estabelecer uma analogia entre a influência da percepção de congruência na relação
entre a imagem de um megaevento e o valor da marca do patrocinador. Assim formulou-se a
quarta hipótese de pesquisa:
H4: A percepção de congruência entre o megaevento e o patrocinador exerce efeito
mediador na relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca do
patrocinador.
3.2 Modelo Conceitual
O modelo conceitual contendo todas as relações descritas entre as variáveis do
presente estudo encontra-se na Figura 1.
74
Figura 1 - Modelo Conceitual
75
4 MÉTODO
Este capítulo apresenta o método e o detalhamentos dos procedimentos que foram
utilizados para a realização deste estudo. Nas primeiras seções são apresentados o problema
de pesquisa, as lacunas identificadas na literatura e os objetivos de estudo, com definição de
suas questões específicas e a delimitação do escopo. Em seguida, é apresentada a natureza do
estudo, considerando seu cenário e a técnica escolhida. Posteriormente são abordados a
operacionalização das variáveis e os procedimentos de coleta de dados e, por fim, são
descritas as técnicas utilizadas para a análise dos dados.
4.1 Problema de pesquisa
O presente estudo pretende contribuir para ampliar a compreensão sobre fatores que
podem impactar o valor da marca do patrocinador de um megaevento esportivo, como a
reputação do organizador do megaevento e a imagem do megaevento. Além disso, o estudo
pretende verificar se a congruência entre megaevento e patrocinador exerce um efeito
mediador na relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca do patrocinador.
A literatura de marketing, patrocínio e megaeventos apresenta estudos sobre temas
diversos como a sociologia dos megaeventos (Horne, 2015; Horne & Manzenreiter, 2006), a
influência da reputação da entidade organizadora de megaeventos esportivos na imagem do
megaevento (Walker, et al., 2013), as transferências de imagem que envolvem a imagem do
megaevento esportivo (Heslop, Nadeau, O'Reilly, & Armenakyan, 2013; Nadeau, O'Reilly, &
Heslop, 2011; Nadeau, O'Reilly, & Heslop, 2013), o impacto do patrocínio esportivo no valor
da marca do patrocinador (Amorim & Almeida, 2015) e a influência da percepção de
congruência nos resultados do patrocínio (Grohs, Wagner, & Vsetecka, 2004; Koo,
Quarterman, & Flynn, 2006; Speed & Thompson, 2000).
No entanto, embora alguns estudos proponham um questionamento a respeito da
reputação das entidades organizadoras dos megaeventos esportivos, a influência desta
reputação na imagem do megaevento e no valor da marca dos patrocinadores não foi
investigada em estudos empíricos. O presente estudo torna-se oportuno por preencher esta
lacuna. Adicionalmente, são raros os estudos que contemplam os efeitos da congruência entre
o megaevento e o patrocinador, não tendo sido localizados artigos que investiguem os efeitos
76
de mediação da congruência na relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca dos
patrocinadores.
4.2 Objetivos do estudo
Os objetivos gerais do presente estudo foram formulados da seguinte forma:
Investigar se e em que medida (a) a reputação da entidade organizadora do
megaevento esportivo influencia o valor da marca do patrocinador e a imagem do
megaevento esportivo; (b) a imagem do megaevento influencia o valor da marca do
patrocinador; (c) a percepção de congruência entre o megaevento e o patrocinador
exerce efeito mediador na relação entre imagem do megaevento e valor da marca do
patrocinador, considerando uma rede nomológica envolvendo reputação, valor da
marca, imagem do evento e congruência.
Este objetivo geral foi traduzido em quatro questões específicas de estudo, que são
apresentadas a seguir.
4.2.1 Questões específicas do estudo
Questão 1: A reputação do organizador do megaevento esportivo influencia a imagem do
megaevento?
Questão 2: A reputação do organizador do megaevento esportivo influencia o valor da marca
do patrocinador?
Questão 3: A imagem do megaevento esportivo influencia o valor da marca do patrocinador?
Questão 4: A percepção de congruência entre patrocinador e megaevento patrocinado exerce
um efeito mediador na relação entre a imagem do evento e o valor da marca do
patrocinador?
4.2.2 Escopo do estudo
Nesta sessão são apresentadas as delimitações do escopo do estudo. Para definir as
fronteiras do estudo, foram consideradas as seguintes restrições:
Primeiramente, decidiu-se estudar a influência da reputação da FIFA na imagem da
Copa do Mundo da FIFA 2014 e de dois de seus patrocinadores, Coca-Cola e Adidas. A Copa
77
do Mundo da FIFA é o maior evento de esporte único do mundo, com grande de impacto e
visibilidade global.
Em segundo lugar, foi feita a opção por analisar a perspectiva de espectadores
presenciais do megaevento, de ambos os gêneros, sejam eles residentes do país anfitrião ou
turistas internacionais, que estivessem participando da Copa do Mundo da FIFA 2014 no
Estádio do Maracanã ou na FIFA Fan Fest no Rio de Janeiro, dois espaços sob a organização
oficial da entidade que é proprietária do megaevento. Diante da diversidade de nacionalidades
presentes nos dois locais, optou-se por realizar entrevistas em três idiomas: português, inglês
e espanhol.
Finalmente, foi feita a opção de não considerar outros antecedentes do valor da marca
do patrocinador no contexto do patrocínio esportivo além da a reputação do organizador do
megaevento esportivo, a imagem do megaevento e a percepção de congruência entre
patrocinador e propriedade patrocinada, sendo os dois últimos citados os mais presentes na
literatura. Decidiu-se também não considerar outras variáveis demográficas que não o gênero
e o país de residência.
4.2.2.1 Sobre a Copa do Mundo da FIFA 2014 na cidade do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro foi uma das 12 cidades-sede da Copa do Mundo da FIFA 2014, tendo
recebido 7 jogos no Estádio do Maracanã. Alemães, argentinos, belgas, bósnios, chilenos,
colombianos, equatorianos, espanhóis, franceses, russos e uruguaios viram suas seleções
atuarem no estádio durante a competição (2014 FIFA World Cup Brazil Matches, n.d.)
compondo, ao lado de brasileiros e mais tantas outras nacionalidades, um público total de
519.153 pessoas, o equivalente a um público médio de 74.164 pessoas por partida (Carpes,
2014).
Além dos jogos oficiais disputados no Maracanã, o Rio de Janeiro também sediou uma
edição da FIFA Fan Fest durante a Copa do Mundo da FIFA 2014 (Carpes, 2014). A FIFA
Fan Fest é um evento de exibição pública de jogos da Copa do Mundo da FIFA e faz parte do
programa da entidade para o megaevento desde 2006, quando foi realizada oficialmente pela
primeira vez, na Alemanha (Becker, Kautsky, & Widholm, 2014).
Durante a preparação para a Copa do Mundo da FIFA 2010, a FIFA definiu o conceito
da FIFA Fan Fest como sendo um evento voltado para mais do que apenas a transmissão de
78
jogos do torneio, proporcionando uma experiência única para os fãs de futebol, em um
ambiente seguro, de entrada franca, com o mesmo look and feel do ambiente do estádio. A
FIFA Fan Fest contempla a transmissão de todos os jogos do torneio em telas gigantes de alta
qualidade e oferece diferentes opções de entretenimento nos intervalos (FIFA Fan Fest™ goes
global for the first time, 2009). Em 2010, além de realizar edições da FIFA Fan Fest em todas
as cidades-sede dos jogos na África do Sul, a FIFA organizou também edições especiais em
mais cinco cidades ao redor do mundo: Berlim, Cidade do México, Paris, Rio de Janeiro,
Roma e Sydney (FIFA Fan Fests attract the masses, 2010).
Segundo Becker, Kautsky e Widholm (2014), a FIFA Fan Fest herdou características
do estádio de futebol contemporâneo, unindo audiência do jogo de futebol a outras atividades
comerciais, aproximando o espectador da mídia, que transmite e capta conteúdo no local, e de
outras corporações globais. Trata-se de uma estratégia da FIFA de proporcionar uma
experiência de marca consistente em várias plataformas. Ainda que não possa ser considerada
uma substituta da experiência do estádio, a FIFA Fan Fest representa uma nova experiência
com a marca da Copa do Mundo da FIFA e é, para muitos espectadores, a única oportunidade
de assistir a um jogo em uma experiência de arena, que mimetiza o estádio.
Em 2014, as doze cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo da FIFA no Brasil
sediaram edições da FIFA Fan Fest, proporcionando oportunidade para a participação de mais
de 5 milhões de pessoas e uma plataforma para que empresas parceiras da FIFA pudessem
criar engajamento através de táticas de ativação (FIFA Brazil Marketing Highlights - FIFA
Fan Fest, n.d.).
No Rio de Janeiro, a FIFA Fan Fest, cuja estrutura foi montada nas areias da Praia de
Copacabana, recebeu mais de 800.000 pessoas. Ao longo de 25 dias de evento, aberta 12
horas por dia e transmitindo jogos realizados no Maracanã e em todos os outros estádios da
Copa do Mundo da FIFA, a FIFA Fan Fest totalizou 300 horas de entretenimento entre a
transmissão da partida e outras atrações. Com capacidade para 20.000 pessoas
simultaneamente, o recorde de público diário foi de pouco mais de 55 mil pessoas, no dia 5 de
julho, quando as partidas Argentina versus Bélgica e Holanda versus Costa Rica foram
exibidas (Carpes, 2014; FIFA Brazil Marketing Highlights - FIFA Fan Fest, n.d.).
79
4.2.2.2 Sobre as empresas patrocinadoras
A Coca-Cola é uma empresa considerada referência no mercado de patrocínio (Setting
The Standard: Coca-Cola’s New Approach To Sponsorship, 2008) e tem um longo histórico
de associação a megaeventos esportivos. A marca é a mais antiga parceira do COI, sendo
patrocinadora dos Jogos Olímpicos desde 1928 e participante do programa TOP (The Olympic
Partners) desde sua primeira edição na década de 1980 (International Olympic Committee,
2014).
A relação da Coca-Cola com a Copa do Mundo da FIFA também tem décadas de
história. A marca é anunciada nos estádios da Copa do Mundo da FIFA desde 1950 e é
patrocinadora oficial da competição desde 1978, ocupando atualmente um posto na categoria
mais elevada de patrocínio, a Parceiros da FIFA (FIFA Partners - Coca-Cola, n.d.). Além
disso, a empresa apresenta um vasto portfolio de patrocínios contendo acordos com
propriedades relacionadas a esporte, entretenimento e causas (FAQs The Coca-Cola
Company, n.d.).
Também ocupando uma posição na categoria Parceiros da FIFA, a Adidas foi
escolhida para análise neste estudo por ser patrocinadora e fornecedora de materiais
esportivos para megaeventos esportivos. Portanto, de acordo com a literatura, pode-se dizer
que a Adidas apresenta congruência funcional e mais evidente com este tipo de propriedade
(Pappu & Cornwell, 2014).
O portfólio de patrocínios da Adidas é voltado exclusivamente para o esporte. A marca
patrocina atletas, equipes e diferentes eventos esportivos (Corporate, n.d.). Em 2012, a Adidas
participou do programa de patrocínio aos Jogos Olímpicos Londres 2012 por meio de uma
parceria doméstica no Reino Unido, pela qual foi intitulada Parceira Olímpica Londres 2012
(International Olympic Committee, 2012). Sua parceria com a FIFA, contudo, possui maior
visibilidade por participar do programa global de patrocínio. A marca alemã é patrocinadora e
fornecedora das bolas da Copa do Mundo da FIFA desde 1970. Além de associar-se ao
evento, a Adidas também patrocina diversas outras propriedades esportivas presentes no
torneio, como atletas e seleções, além de patrocinar outros eventos da FIFA (FIFA Partners -
adidas, n.d.).
4.3 Natureza do estudo
80
Este estudo utilizou o método comparativo causal, por ser caracterizado como uma
investigação empírica sistemática na qual os pesquisadores não têm o controle das variáveis
independentes, seja por serem inerentemente não manipuláveis, seja por já terem ocorrido.
Neste método, as relações entre as variáveis são inferidas, independente da variação
simultânea das variáveis dependentes e independentes (Kerlinger, 1973).
4.3.1 Técnica de pesquisa
A técnica de survey foi a técnica de pesquisa utilizada, por meio de perguntas fechadas
avaliadas pelos respondentes. Além disso, foram incluídas duas perguntas exploratórias
abertas ao final do questionário.
4.3.2 Unidade de análise
O que se investigou neste estudo foi a percepção individual dos espectadores
presenciais do megaevento sobre a reputação do organizador do megaevento, a imagem do
megaevento, a percepção de congruência entre o megaevento e o patrocinador e o valor da
marca do patrocinador. Portanto, a unidade de análise é o indivíduo.
4.4 Operacionalização das variáveis
O modelo conceitual proposto neste estudo é composto por dois tipos de variáveis:
variáveis exógenas e variáveis endógenas.
A variável exógena do estudo é a reputação da entidade organizadora do megaevento
esportivo e as variáveis endógenas são a imagem do megaevento esportivo, a percepção de
congruência entre megaevento e patrocinador e o valor da marca do patrocinador. A variável
mediadora é a percepção de congruência entre megaevento e patrocinador, e a variável
dependente, que se deseja explicar, é o valor da marca do patrocinador.
Foram operacionalizados quatro construtos: (a) reputação, (b) imagem do evento, (c)
congruência, (d) valor da marca do patrocinador. A operacionalização das variáveis foi
realizada privilegiando a utilização de escalas pré-existentes e previamente testadas no
contexto esportivo e no Brasil. Todos os itens das escalas utilizadas foram mensurados por
meio de escalas tipo Likert de sete pontos.
81
4.4.1 Variáveis relativas à reputação da entidade organizadora do megaevento esportivo
Para operacionalizar a reputação corporativa do organizador do megaevento esportivo,
foi utilizada a escala Reputation Quotient (RQ), desenvolvida por Fombrum, Gardberg e
Server (2000). Diante de um cenário de pesquisa sobre reputação que apresenta diferentes
abordagens para a mensuração do construto (Chun, 2005; Clardy, 2012; Schwaiger, 2004),
optou-se pela RQ por ser uma das escalas mais utilizadas, especialmente no estudo da
reputação relativa de empresas (Chun, 2005). Uma versão da escala RQ foi utilizada no Brasil
por Torres, Gonçalves, Gosling e Veiga (2011).
Algumas adaptações foram necessárias. Originalmente composta por 20 itens,
agrupados em 6 dimensões, a escala foi reduzida para contemplar apenas as dimensões
aplicáveis a uma organização não-governamental, sem fins lucrativos. A necessidade de tal
adaptação já havia sido sinalizada por Gardberg (2006). Desta forma, foram utilizadas
excluídas as dimensões “produtos e serviços” e “desempenho financeiro”, e mantidas as
dimensões “apelo emocional”, “visão e liderança”, “ambiente de trabalho” e
“responsabilidade socioambiental” da escala original, totalizando 12 itens (ver Anexo E). A
escala foi adaptada para português e espanhol mediante processo de tradução reversa (ver
Apêndice C).
4.4.2 Variáveis relativas à imagem do megaevento esportivo
Na literatura sobre megaeventos, muitos estudos utilizaram escalas desenvolvidas
exclusivamente para medir a imagem de eventos específicos em relação a determinados
patrocinadores, com o objetivo de mensurar a transferência de imagem. Não foi encontrada
uma escala amplamente utilizada para medir a imagem do megaevento esportivo no âmbito no
patrocínio. Assim, a imagem do megaevento foi operacionalizada por meio de uma escala
utilizada em um estudo que mediu a imagem dos Jogos Olímpicos Beijing 2008 (Event Image
– EI) na perspectiva de turistas, criada por Nadeau, O’Reilly e Heslop (2011). Trata-se de
uma escala multidimensional, que acessa a imagem do evento por meio de três dimensões,
que os autores classificam como crenças de experiência, crenças de logística e crenças a
respeito de segurança (ver Anexo F). A escala foi adaptada para português e espanhol
mediante processo de tradução reversa dos itens (ver Apêndice C).
82
4.4.3 Variáveis relativas à congruência entre patrocinador e propriedade patrocinada
Para operacionalizar o construto congruência percebida entre a marca do patrocinador
e a propriedade patrocinada foi utilizada a escala Sponsor-Event Fit (FIT), de cinco itens,
idealizada por Speed e Thompson (2000) por já ter sido testada em diversos outros estudos no
contexto do patrocínio esportivo (Deitz, Myers, & Stafford, 2012; Close & Lacey, 2013;
Olson, 2011; Grohs & Reisinger, 2014), inclusive no Brasil (Amorim & Almeida, 2015). Seus
itens fazem referência a noções abstratas de congruência como a conexão lógica entre evento
e patrocinador (ver Anexo G)
Como esta escala já havia sido traduzida para o português por Amorim e Almeida
(2015), foi necessário realizar a tradução apenas para o idioma espanhol, por meio do
processo de tradução reversa. A formulação dos itens utilizados no questionário em português
considerou a tradução previamente existente e uma adaptação para o contexto do presente
estudo (ver Apêndice C).
4.4.4 Variáveis relativas ao valor da marca do patrocinador
O construto valor da marca do patrocinador na perspectiva do consumidor foi
operacionalizado mediante a utilização da escala Overall Brand Equity (OBE), de Yoo e
Donthu (2001), de quatro itens, que foi bastante utilizada para medir o valor da marca de
empresas (ver Anexo H). Esta escala já foi utilizada previamente em diferentes contextos e
países (Delgado-Ballester & Hernández-Espallardo, 2008; Delgado-Ballester & Munuera-
Alemán, 2005; Ruiz, Gremler, & Washburn, 2008; Wang, Cheng, Purwanto, & Erimurti,
2011; Woisetschläger, 2007), mesmo no Brasil (Amorim & Almeida, 2015; Torres,
Gonçalves, Gosling, & Veiga, 2011; Vargas Neto & Luce, 2006), sendo alguns destes estudos
no contexto do patrocínio esportivo.
Da mesma forma como realizado com a escala Sponsor-Event Fit, a escala OBE
passou apenas pelo processo de tradução reversa para o idioma espanhol. A formulação dos
itens utilizados no questionário em português considerou a tradução de Vargas Neto e Luce
(2006), conforme pode ser observado no Apêndice C.
4.5 População e amostra
83
A população-alvo do estudo, ou o conjunto de todos os elementos que compartilham
características comuns no contexto desde problema de pesquisa (Malhotra, 2006), é composta
pelos espectadores presenciais da Copa do Mundo da FIFA 2014, nos eventos oficiais da
FIFA no país anfitrião.
Foi coletada uma amostra de espectadores presenciais no entorno do Estádio do
Maracanã e no interior da arena da FIFA Fan Fest na Praia de Copacabana, ambos na cidade
do Rio de Janeiro. A escolha da cidade deu-se por ser uma das duas cidades-sede que recebeu
o maior número de jogos, sediando um total de sete partidas do torneio, e por conveniência no
recrutamento de entrevistadores.
Muitos estudos verificados para a realização desta pesquisa utilizaram uma amostras
compostas exclusivamente por estudantes ou turistas. Porém, considerando a popularidade do
futebol e da Copa do Mundo da FIFA em todo o mundo, entre os mais variados perfis
demográficos, e o desejo de entrevistar espectadores com características distintas, optou-se
por entrevistar uma amostra abrangente, contemplando espectadores de diferentes
nacionalidades, residentes em países diversos, de distintos níveis econômicos, graus de
instrução e faixas etárias, mantendo-se apenas a exigência de que fossem maiores de 18 anos
e fluentes em português, inglês ou espanhol. Optou-se por estabelecer a idade mínima de
dezoito anos porque se considera que o indivíduo com essa idade já seja, ou esteja em vias de
ser economicamente ativo.
Optou-se pela técnica de amostragem por quotas de gênero e residência no Brasil ou
exterior. O tamanho da amostra foi dimensionado em 500 observações para a coleta realizada
no entorno do Maracanã e para 2.000 para a coleta realizada na FIFA Fan Fest, número
suficiente para que os dados fossem analisados, considerando as técnicas usadas e o número
de parâmetros estimados.
Foram utilizadas algumas questões de filtro na amostra: (a) fluência em algum dos
idiomas dos questionários, (b) idade, (c) nacionalidade, (d) país de residência, e (e) posse do
ingresso para o jogo. A fluência nos idiomas do questionário e a posse do ingresso eram
verificadas pelo entrevistador durante a abordagem. As questões referentes a nacionalidade e
país de residência não foram utilizadas como filtro durante todo o processo da coleta de
dados, apenas na fase final. Após a eliminação do Brasil na competição, na etapa semifinal,
decidiu-se que não seriam mais feitas entrevistas com brasileiros. País de residência (Brasil ou
84
exterior) também foi usado como filtro na fase final da coleta, com o objetivo de atingir maior
equilíbrio na amostra.
4.6 Instrumento de coleta de dados
O questionário idealizado para a coleta de dados do presente estudo foi desenvolvido
para uma coleta assistida, em que o entrevistador indaga os entrevistados oralmente e registra
suas respostas no questionário, e contemplou sete blocos de informações. No primeiro bloco,
são apresentadas algumas perguntas de filtro e perguntas referentes a informações
demográficas.
No segundo bloco são apresentados os catorze itens referentes à imagem do evento. No
terceiro bloco são apresentados os quatro itens referentes ao valor da marca dos
patrocinadores, que são repetidos para a investigação da avaliação de duas marcas. No quarto
bloco são apresentados os cinco itens referentes à percepção de congruência entre os
patrocinadores e o megaevento, também duplicados para contemplar duas marcas. O quinto
bloco apresenta os doze itens referentes à reputação do organizador do megaevento. No sexto
bloco é apresentada a primeira questão aberta do questionário, referente à entidade
organizadora do megaevento: “Por favor, diga a primeira palavra que vem a sua mente
quando você pensa na FIFA.”. Finalmente, o sétimo bloco apresenta uma última questão
aberta à respeito do megaevento “Você considera que foi uma boa decisão realizar a Copa do
Mundo no Brasil? Por que?”.
Para auxiliar os respondentes nas respostas às questões fechadas, foi elaborado um
cartão de respostas com uma escala Likert de sete pontos apresentada visualmente. O anverso
do cartão resposta, concebido para o segundo bloco do questionário, para a resposta de itens
referentes à imagem do megaevento, apresenta uma gradação em termos de atitude, que vai de
1, totalmente negativo, a 7, totalmente positivo. O verso do cartão, concebido para o terceiro,
quarto e quinto blocos do questionários, relacionados ao valor da marca do patrocinador, à
percepção de congruência e à reputação da entidade organizadora, apresenta uma gradação em
termos de concordância, que vai de 1, discordo totalmente, a 7, concordo totalmente.
Para cada idioma utilizado foram criadas duas versões do questionário: uma
começando com as escalas OBE e FIT pela marca Coca-Cola e outra pela marca Adidas. Essa
opção foi feita porque as respostas a respeito de um dos patrocinadores poderiam gerar um
85
viés nas respostas em relação ao outro. Considerando que foram geradas versões do
questionário em três idiomas diferentes e que cada uma delas tinha duas versões – versão C,
para iniciar com Coca-Cola, e versão A, para começar com Adidas – foram geradas seis
versões do questionário no total.
4.6.1 Tradução reversa das escalas
O presente estudo priorizou o emprego de escalas pré-existentes e previamente
testadas no contexto das pesquisas em patrocínio esportivo no Brasil. Contudo, não foram
encontrados estudos que tivessem utilizado a escala de imagem do evento neste contexto.
Ainda que uma versão da escala RQ tenha sido utilizada no país (Torres, Gonçalves, Gosling,
& Veiga, 2011), a formulação original dos itens em inglês desta versão não foi encontrada.
Por isso, optou-se pela utilização da escala publicada por Fombrum, Gardberg e Server
(2000). Assim, foi necessário traduzir estas duas escalas para o português, além de traduzir as
quatro escalas para o espanhol.
Foi utilizado o processo de tradução reversa, ou seja, foi realizada a tradução dos itens
do idioma original para o idioma de destino por uma pessoa e, em seguida, outra pessoa
realizou uma nova tradução do idioma de destino para o idioma original. A tradução não deve
ser apenas literal. É preciso manter o sentido interpretativo dos itens. Ao final do processo, o
resultado da última tradução, ou da tradução reversa, é comparado com a escala original, afim
de evidenciar possíveis erros de tradução e interpretação (Malhotra, 2006). O Apêndice C
apresenta os resultados obtidos em cada etapa do processo de adaptação e tradução reversa
das escalas.
4.6.2 Pré-teste dos questionários
Foi realizada uma onda de pré-testes a fim de verificar o correto entendimento dos
itens e funcionamento da estrutura do instrumento de coleta de dados. Dez pessoas de
gêneros, idades e nacionalidades diferentes foram entrevistadas nesta fase.
A duração da aplicação do questionário no pré-teste foi de aproximadamente dez
minutos. Foram analisados pontos de dificuldade expressados verbalmente ou por meio de
linguagem não verbal como expressões faciais de dúvida e pausas prolongadas. Além disso,
ao final do pré-teste, os entrevistados foram indagados sobre a clareza do questionário,
86
críticas e sugestões quanto ao entendimento dos itens. As observações resultantes da onda de
pré-teste foram úteis para a correção e adaptação de alguns itens.
4.6.3 Modificações em decorrência do pré-teste dos questionários
A avaliação da estrutura do questionário no pré-teste, considerando a ordem em que as
escalas forma abordadas, foi positiva. Contudo, foi observada a necessidade de alteração na
estrutura das frases de alguns itens e a troca de algumas palavras.
Na escala RQ, em sua versão nos três idiomas, a estrutura das frases correspondentes
aos três primeiros itens foi alterada, de forma a começar com a palavra “FIFA”. Além disso, a
palavra “empresa” (company / empresa) foi substituída por “instituição” (institution /
institución) em três outros itens.
A escala EI passou por modificação de termos nos questionários dos três idiomas,
principalmente o espanhol. Algumas das adaptações foram necessárias devido ao enunciado e
a proposta de significado atribuído aos números da escala Likert. Em inglês, foram trocados
os termos “memorability” por “memories”, e “for the family” por “family friendly”. Em
português, “memorável” foi substituído por “lembranças” e “facilidade de comparecer” por
“facilidade de estar presente”. Em espanhol, “memorable” foi substituído por “recuerdos”,
“facilidad de encontrar algo de interés” por “facilidad para encontrar actividades de
interés”, “facilidad de locomoción” por “facilidad de transporte y movimiento", “facilidad de
comparecer” por “facilidad de asistencia" e, finalmente, “para toda la família” por “carácter
familiar del evento”.
Para as escalas FIT e OBE praticamente não houve alterações, como pode ser
observado no Apêndice C.
4.6.4 Versão final do questionário
A impressão dos questionários foi feita de forma a contemplar 50% de entrevistas em
português, 25% em inglês e 25% em espanhol. Além disso, metade dos questionários
impressos em cada idioma era referente à versão C, com blocos 3 e 4 iniciando pela marca
Coca-Cola, e metade era referente à versão A, iniciando por Adidas. Os questionários foram
impressos em 2 páginas (anverso e verso) e em folhas de papel de cores diferentes para
facilitar o trabalho da equipe de entrevistadores ao verificar o idioma a ser utilizado na
87
entrevista. Exemplos do questionário nos três idiomas, bem como os cartões de resposta
correspondentes, são apresentados no Apêndice D.
Ao longo do processo de coleta, foi impressa também uma edição compacta de cada
uma das seis versões do questionário, excluindo as orientações aos entrevistadores, e
ocupando apenas 1 página. Esta edição contribuiu para facilitar o trabalho dos entrevistadores
e reduzir a taxa de desistência dos entrevistados no momento em que a folha era virada na
edição completa impressa inicialmente.
4.7 Coleta dos dados
A coleta de dados foi conduzida em dois locais distintos. A operação da atividade de
coleta de dados de cada localidade é descrita nesta seção e seu calendário pode ser visto no
Apêndice E.
4.7.1 Coleta de dados no entorno do Maracanã
A coleta de dados no entorno do Maracanã foi realizada nas sete datas em que o
estádio recebeu jogos da Copa do Mundo da FIFA 2014, com inicio até 4h antes do horário da
partida e término 1h antes do início da partida. A equipe de entrevistadores que trabalhou
nesta coleta foi composta principalmente de alunos e ex-alunos do Mestrado em
Administração de Empresas do Instituto COPPEAD – UFRJ, atuando como voluntários para a
realização da pesquisa, com a participação eventual de alunos de graduação de três cursos da
UFRJ. O tamanho da equipe era de sete entrevistadores, em média, por data de coleta.
Devido a restrições de segurança no entorno do Maracanã após a invasão do estádio
por torcedores chilenos na segunda data desta coleta, em três das sete datas da sua
programação, a abordagem aos entrevistados foi realizada nas ruas de acesso e em bares
próximos ao estádio. Nas demais datas, correspondentes aos dois primeiros e dois últimos
jogos, a equipe pode posicionar-se no entorno direto do estádio, próximo às filas para os
portões, na saída da estação Maracanã do Metrô e em outros locais de grande circulação.
Foi feita a opção por abordar os entrevistados de forma aleatória, no entanto, não foi
possível assegurar o pleno caráter probabilístico. Durante a abordagem, os entrevistadores
certificavam-se de que os abordados eram de fato portadores de ingresso a caminho do
estádio.
88
Como a equipe de coleta era composta por voluntários e a escala dependia de sua
disponibilidade, o tamanho da equipe de entrevistadores variou de 4 a 16 pessoas e o número
de questionários coletados por dia variou de 23 a 178. No total, foram coletados 471
questionários.
Sabe-se que o resultado esportivo dos times é capaz de influenciar a atitude e o
comportamento dos fãs. Com objetivo de evitar um viés significativo, foi tomada a decisão de
entrevistar apenas estrangeiros após a eliminação do Brasil na fase semifinal.
4.7.2 Coleta de dados na FIFA Fan Fest
A coleta de dados na FIFA Fan Fest no Rio de Janeiro foi realizada em onze datas ao
longo da Copa do Mundo da FIFA no Brasil, da primeira fase até a disputa do 3º lugar. A
programação desta coleta de dados foi feita de tal forma em que ela não acontecia em dias de
jogos no Maracanã, apenas quando eram transmitidas partidas que estavam acontecendo em
outras cidades-sede do evento.
A equipe de entrevistadores que trabalhou nesta coleta foi composta por alunos de
graduação de três cursos da UFRJ: Comunicação Social, Defesa e Gestão Estratégica
Internacional e Educação Física. Os entrevistadores foram selecionados através de entrevistas
e treinados para a função. O tamanho da equipe de coleta na FIFA Fan Fest era de dez
entrevistadores por dia, em média, acompanhados de uma coordenadora. A média de
questionários coletados por dia foi de 182, totalizando 2.002 questionários coletados.
Da mesma forma como ocorreu na coleta de dados realizada no entorno do Maracanã,
foi feita a opção por abordar os entrevistados de forma aleatória, apenas certificando-se de
que atendiam aos pré-requisitos da pesquisa. Desta forma, não foi possível assegurar o pleno
caráter probabilístico. Além disso, nesta coleta também foi seguida a decisão por não
entrevistar brasileiros após a eliminação do Brasil do campeonato na fase semifinal.
A cada data da programação, era feito um trabalho de coleta de seis horas, das 11h00
às 17h00. Esta decisão levou em conta o melhor aproveitamento da luz natural e de melhor
ambiente para a realização da coleta, já que bebidas alcoólicas eram servidas no local o que
poderia prejudicar a qualidade das entrevistas no final do dia. A equipe posicionou-se
principalmente na área inicial do espaço, por ser mais distante do palco, dos telões e dos
89
principais autofalantes da FIFA Fan Fest. Assim, posicionavam-se mais distantes do barulho e
dos espectadores mais atentos aos jogos e shows.
Devido ao horário escolhido para a realização da atividade de coleta de dados,
algumas entrevistas foram realizadas em horários de intervalos de jogos, enquanto atrações
musicais apresentavam-se no palco da arena montada para o evento, enquanto outras
entrevistas aconteciam durante os jogos. Foi tomado o cuidado de abordar apenas potenciais
entrevistados que não estivessem atentos aos jogos. Como o espaço era amplo e dispunha de
opções de atração além do jogo, como por exemplo, bares e stands de marcas parceiras da
FIFA e da FIFA Fan Fest, era possível identificar pessoas livres facilmente. Alguns destes
entrevistados podiam estar presentes a espera do jogo seguinte, ou divertindo-se após assistir
um jogo da sua seleção, ou até mesmo disfrutando do ambiente sem qualquer atenção ao
torneio.
4.8 Preparação dos dados
Durante o processo de tabulação dos dados, algumas variáveis exigiram um cuidado
especial. As questões referentes às escalas OBE e FIT, que foram utilizadas duas vezes cada
uma devido à investigação das duas marcas patrocinadoras, apresentavam posicionamento
distinto nas duas versões do questionário (versão C e versão A, para cada idioma), porém
conservando a numeração correta para itens referentes à Coca-Cola e para itens referentes à
Adidas.
A preparação dos dados também levou em conta a transformação de duas perguntas
abertas, as referentes a nacionalidade e país de residência, em duas variáveis dicotômicas:
brasileiros e estrangeiros, e residentes no Brasil e residentes no exterior.
4.9 Análise dos dados
Foram coletados 471 questionários no entorno do Maracanã e 2.002 questionários na
FIFA Fan Fest. Após a finalização da coleta, os dados foram lançados em planilhas Excel e
verificados para a identificação de erros sistemáticos de preenchimento, o que levou à
exclusão de 2 questionários referentes à coleta do Maracanã e 29 referentes à coleta do FIFA
Fan Fest.
90
Todas as análises foram conduzidas separadamente para cada uma das amostras,
utilizando primeiramente os dados coletados no Maracanã e, posteriormente, os dados
coletados na FIFA Fan Fest. Para realizar a análise exploratória dos dados, uni e multivariada,
foi utilizado o software SPSS versão 21. Para a validação das escalas e teste das hipóteses do
estudo foi utilizado o software AMOS versão 21.
4.9.1 Análise de características gerais da amostra
Inicialmente foi realizada uma análise de características gerais da amostra, afim de
verificar sua composição em termos de gênero, nacionalidade e país de residência, além da
familiaridade dos entrevistados com megaeventos e atitude de apoio a realização da Copa do
Mundo 2014 no Brasil.
4.9.2 Análise Descritiva
Foram realizadas análises uni e multivariadas, mediante a avaliação das frequências,
médias e desvios padrão de cada variável individualmente. Também foi utilizado o teste “t”
de diferença de médias com base na amostra total de cada local de coleta e, também, com base
em grupos formados por gênero (masculino ou feminino) e país de residência (Brasil ou
exterior). Algumas análises também levaram em consideração a distribuição etária da
amostra. Finalmente, foram realizadas análise de diferenças pareadas de médias para os itens
dos construtos de valor da marca do patrocinador e percepção de congruência, para as marcas
Coca-Cola e Adidas, nas duas amostras.
4.9.3 Análise Fatorial Exploratória
A Análise Fatorial Exploratória (AFE) é uma técnica utilizada para analisar a
correlação entre as variáveis correspondentes aos itens de um questionário quantitativo, sem
que o pesquisador defina como estas variáveis devem se relacionar. A AFE distingue grupos
de variáveis altamente correlacionadas, chamados de fatores, que devem supostamente
corresponder às dimensões do estudo (Hair, Black, Babin, & Anderson, 2010).
A primeira rodada de AFE realizada neste estudo teve o intuito de verificar a estrutura
subjacente dos dados. O método utilizado foi o de Fatoração de Eixos Principais, com
extração com base no autovalor. A Fatoração de Eixos Principais analisa apenas a variância
comum ao extrair a estrutura fatorial e é a técnica mais frequentemente utilizada quando a
91
finalidade da AFE é explorar a estrutura fatorial subjacente aos dados. (Hair, Black, Babin, &
Anderson, 2010). Partindo do princípio de que os construtos apresentariam correlações entre
si, conforme sugerido pela literatura, foi utilizada a rotação Direct Oblimin, que ajusta a
extração da estrutura fatorial subjacente aos dados considerando a covariância entre os
construtos. Foram observado dois indicadores para avaliar a adequação da AFE: Kaiser-
Meyer-Olkin (KMO), que deve apresentar um valor > 0,5, e o Índice de Esfericidade de
Bartlett, para o qual espera-se um p-valor inferior a 0,05.
O indicador Alfa de Cronbach foi avaliado para verificar preliminarmente a
confiabilidade dos construtos. O Alfa de Cronbach é um indicador muito utilizado em estudos
acadêmicos pois sugere a consistência interna de cada escala. O valor esperado para que uma
escala seja considerada consistente deve ser 0,70. Porém escalas de muitos itens podem
apresentar valores de Alfa de Cronbach artificialmente inflados, o que exige interpretação na
leitura do índice (Hair, Black, Babin, & Anderson, 2010). Também foi avaliada a
comunalidade, ou a variância total que o item compartilha com os demais itens da análise,
medindo o quanto da variância de um item está sendo utilizada na solução fatorial. Para
comunidade, são esperados valores superiores a 0,50.
Finalmente, foi montada uma matriz de correlação das variáveis selecionadas. Esta
matriz permitiu uma análise preliminar da validade convergente e discriminante dos
construtos. Foi utilizada a Matriz de Correlação de Postos de Spearman, adequada a estudos
usam escalas do tipo Likert, por basear o cálculo da correlação em técnica não-paramétrica. A
validade convergente das escalas foi analisada pela observação dos coeficientes de correlação
entre os itens de uma mesma escala, que devem apresentar valores tipicamente superiores a
0,50. A validade discriminante, por sua vez, depende que os coeficientes de correlação entre
itens fora da escala sejam tipicamente inferiores a 0,30.
4.9.4 Análise Fatorial Confirmatória (AFC)
Após a análise dos dados com a AFE, que não considera o modelo pré-estabelecido de
relações entre os construtos, foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Para
escolher a técnica adequada e iniciar a AFC, foi realizada uma verificação da normalidade
múltipla das variáveis. Esta verificação foi realizada através dos indicadores Curtose item-a-
item e Curtose Multivariada, obtidos no AMOS. Um C.R. superior a 5,0 indica a não-
normalidade dos dados, desaconselhando o uso da técnica Maximum Likelihood (ML), que é a
92
mais utilizada, porém exige distribuição multinormal dos dados (Byrne, 2010). Utilizou-se
então a técnica Asymptotically Distribution Free (ADF) que é robusta à não normalidade para
a análise da amostra coletada na FIFA Fan Fest. Esta técnica, no entanto, requer amostras
grandes, motivo pelo qual optou-se pelo uso da técnica ML para a análise da amostra coletada
no Maracanã, que não contemplava um número de casos suficientes para a técnica ADF.
Apesar da sensibilidade à não normalidade, a técnica ML continua sendo a mais usada e tem
se provado robusta à violação do pressuposto da multinormalidade (Hair, Black, Babin, &
Anderson, 2010).
O modelo de mensuração do presente estudo foi especificado e avaliado em termos de
qualidade de ajuste por meio da análise dos indicadores Qui-quadrado (χ2), Qui-quadrado
normado (χ2/gl), o Goodness of Fit (GFI) e o Comparative Fit Index (CFI) e o RMSEA.
O Qui-quadrado é um dos indicadores absolutos mais utilizados na análise de
qualidade do modelo. Em geral, considera-se que um χ2 não significativo é indicativo de um
bom ajuste de modelo. Contudo, ressalta-se que o χ2 é afetado negativamente pelo número de
observações, parâmetros estimados e correlações entre as variáveis do modelo, de forma que,
para amostras superiores a 400 casos, dificilmente o p-valor do χ2 será não significativo. Desta
forma, torna-se necessário avaliar outros indicadores, como o Qui-quadrado normado, uma
relativização do χ2 por graus de liberdade. O χ2
/gl menor que 0,30 é tipicamente considerado
um bom indicador de ajuste, porém sem que haja um consenso. Alguns autores consideram
que χ2/gl < 0,50 é satisfatório enquanto indicador de bom ajuste de modelo (Hair, Black,
Babin, & Anderson, 2010). Portanto, considerar outros indicadores torna-se imprescindível.
O indicador GFI sugere a qualidade do modelo. Para ser considerado um modelo de
bom ajuste, o parâmetro esperado é de GFI > 0,90. Também é esperado valor superior a 0,90
no indicador CFI para a implicação de qualidade na avaliação do modelo de mensuração. O
CFI é um indicador incremental, que compara o modelo de mensuração proposto pelo
pesquisador a um modelo nulo, portanto penalizando o modelo especificado pelo número de
parâmetros estimados.
O RMSEA é a raiz quadrada do erro médio de aproximação, constituindo uma medida
absoluta baseada na não centralidade dos parâmetros. O valor de referência para atestar um
bom ajuste de modelo é de RMSEA < 0,05. O PCLOSE é um indicador que realiza um teste
unicaudal da hipótese nula de que o RMSEA é igual a 0,05, portanto, indica a qualidade do
93
RMSEA obtido na AFC do modelo. Tipicamente, um PCLOSE > 0,50 é considerado como
evidência da qualidade do indicador.
Uma vez analisados todas os indicadores supracitados, o modelo de mensuração foi
reespecificado de forma a contemplar uma correlação entre os termos de erros das variáveis
das escalas FIT e OBE, em decorrência da repetição das mesmas para as duas marcas. Os
indicadores do modelo reespecificado foram comparados aos do modelo de mensuração
original, evidenciando uma melhora em diversos parâmetros.
Após a reespecificação do modelo de mensuração, foram avaliados os coeficientes
padronizados dos itens de cada um dos construtos. A confiabilidade dos construtos do modelo
foi verificada por meio do indicador Construct Reliability (CR), que consiste no quadrado do
somatório dos coeficientes padronizados dividido pelo mesmo valor somado aos erros destes
coeficientes. O limite esperado para que o indicador sugira a confiabilidade dos construtos é
CR > 0,70 (Hair, Black, Babin, & Anderson, 2010).
Também foram avaliadas a Variância Média Extraída (AVE), a validade convergente e
a validade discriminante dos construtos. A AVE é calculada pelo somatório dos quadrados
dos coeficientes padronizados dividido pelo número de variáveis do construto. Um valor de
AVE > 0,50 sugere validade convergente adequada. A validade convergente também é
avaliada pela observação dos coeficientes padronizados de todos os itens que compõe o
construto, que devem ser superiores a 0,60. A validade discriminante é analisada pela
observação dos coeficientes de correlação entre os construtos, que não deve superar 0,85, e
dos quadrados dos coeficientes de correlação entre os construtos, que não deve superar a AVE
de cada par de construtos.
4.9.5 Teste das Hipóteses Substantivas
O teste das hipóteses substantivas do estudo foi realizado com a técnica de
Modelagem de Equações Estruturais (Structural Equations Modeling, SEM). Tendo em vista
a utilização do método comparativo causal, com um modelo conceitual que propõe a
investigação das relações entre quatro construtos, a SEM se adequa à necessidades de análise
pois utiliza uma série de equações de regressão múltipla separadas e independentes de
maneira simultânea. Assim, é possível estimar as relações de dependência múltipla inter-
relacionadas e as variáveis latentes, evidenciando o erro de mensuração no processo de
estimação. Desta forma, é possível avaliar em que medida as variáveis observáveis não
94
representam perfeitamente as variáveis latentes consideradas no modelo, considerando o erro
no cálculo destas variáveis (Hair, Black, Babin, & Anderson, 2010).
Por meio da SEM, foram avaliados os coeficientes dos paths, caminhos estruturais
hipotetizados no modelo conceitual. Por meio da avaliação da significância e sinal dos
coeficientes padronizados dos paths foram testadas as hipóteses H1, H2 e H3. Considerou-se
um p-valor < 0,05 como critério para suportar as hipóteses (Hair, Black, Babin, & Anderson,
2010). Foram também calculados os efeitos diretos, indiretos e totais compondo a variância
explicada da variável dependente do estudo, o valor da marca do patrocinador.
Por fim, para verificar se a hipótese H4 poderia ser suportada, foi realizado um teste
de mediação, seguindo o método de Quatro Passos de Baron e Kenny (1986), seguido pelo
Teste de Sobel (1982). O método de Quatro Passos requer o isolamento das variáveis
potencialmente envolvidas em uma relação de mediação no modelo. Desta forma, é avaliada a
influência da variável preditora diretamente sobre a variável resultante, depois é avaliada a
influência da variável preditora diretamente na variável mediadora e, posteriormente, são
analisadas as influências da variável preditora e mediadora na variável resultante, excluindo-
se a relação direta entre preditora e mediadora. Finalmente é testado o efeito da influência da
variável mediadora na relação entre a variável preditora e a variável resultante. Caso apenas
os três primeiros passos apresentem resultado significativos, há um indicativo de mediação
parcial. Se todos os passos apresentarem resultados significativo, há um indicativo de
mediação total.
95
5 RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados de pesquisa, separados por local de
coleta. Para cada um dos bancos de dados obtidos – Maracanã e FIFA Fan Fest – é
inicialmente feita a caracterização da amostra, evidenciando sua composição e a
representatividade de cada quota estudada. Na sequência, encontram-se os resultados da
Análise Fatorial Exploratória. São apresentados resultados de estatísticas descritivas
verificados por testes de diferença de médias entre os grupos gênero e local de residência
(Brasil ou exterior). Em seguida são apresentados resultados da Análise Fatorial
Confirmatória. Finalmente, são apresentados os Testes de Hipóteses do estudo, assim como os
Testes de Mediação. Antes disto, contudo, faz-se necessário apresentar a correspondência
entre as variáveis e os itens do questionário, válida para a análise de ambas as amostras.
5.1 Correspondência entre as variáveis e os itens do questionário
A Tabela 3 apresenta a descrição de cada item conforme utilizado no questionário em
português, com seu número no questionário e a variável referente a ele na análise de dados.
Assim, com o conhecimento das referências das variáveis relacionadas aos itens do
questionário, torna-se possível observar os resultados das variáveis nas análises subsequentes,
facilitando a compreensão do estudo.
96
Tabela 3 - Correspondência entre as variáveis e os itens do questionário
Variável Item
Question. Descrição do item no questionário em português
EI_EB1 9 Lembranças.
EI_EB2 10 Originalidade da experiência.
EI_EB3 11 Culturalmente interessante.
EI_EB4 12 Instalações atrativas.
EI_EB5 13 Variedade de atividades.
EI_EB6 14 Entretenimento/vida noturna.
EI_LB1 15 Facilidade de encontrar algo de interesse.
EI_LB2 16 Qualidade do serviço.
EI_LB3 17 Facilidade de locomoção.
EI_LB4 18 Facilidade de estar presente.
EI_SB1 19 Segurança.
EI_SB2 20 Para toda a família.
EI_SB3 21 Pacífico.
EI_Sat 22 Satisfação geral.
OBE_c1 23 Vale a pena comprar Coca(a)
, mesmo quando o produto é igual ao das outras marcas.
OBE_c2 24 Mesmo que outras marcas tenham as mesmas características, eu prefiro comprar Coca.
OBE_c3 25 Mesmo que haja outra marca tão boa quanto Coca, eu ainda prefiro comprar Coca.
OBE_c4 26 Se outra marca não apresenta nenhuma diferença, parece mais inteligente comprar Coca.
OBE_a1 27 Vale a pena comprar Adidas, mesmo quando o produto é igual ao das outras marcas.
OBE_a2 28 Mesmo que outras marcas tenham as mesmas características, eu prefiro comprar Adidas.
OBE_a3 29 Mesmo que haja outra marca tão boa quanto Adidas, eu ainda prefiro comprar Adidas.
OBE_a4 30 Se outra marca não apresenta nenhuma diferença, parece mais inteligente comprar Adidas.
FIT_c1 31 Há uma ligação lógica entre Copa do Mundo e Coca-Cola.
FIT_c2 32 A imagem da Copa do Mundo e a imagem da Coca-Cola são compatíveis.
FIT_c3 33 A Copa do Mundo e a Coca-Cola combinam bem juntas.
FIT_c4 34 A Copa do Mundo e a Coca-Cola defendem os mesmos ideais.
FIT_c5 35 Para mim, faz sentido que a Coca-Cola patrocine a Copa do Mundo.
FIT_a1 36 Há uma ligação lógica entre Copa do Mundo e Adidas.
FIT_a2 37 A imagem da Copa do Mundo e a imagem da Adidas são compatíveis.
FIT_a3 38 A Copa do Mundo e a Adidas combinam bem juntas.
FIT_a4 39 A Copa do Mundo e a Adidas defendem os mesmos ideais.
FIT_a5 40 Para mim, faz sentido que a Adidas patrocine a Copa do Mundo.
RQ_EA1 41 A FIFA desperta sentimentos positivos.
RQ_EA2 42 A FIFA é merecedora de admiração e respeito.
RQ_EA3 43 A FIFA é digna de confiança.
RQ_VL1 44 A FIFA tem excelente liderança.
RQ_VL2 45 A FIFA tem uma visão clara para o futuro.
RQ_VL3 46 A FIFA reconhece e aproveita as oportunidades de mercado.
RQ_WE1 47 A FIFA é bem administrada.
RQ_WE2 48 A FIFA parece ser uma boa instituição para se trabalhar.
RQ_WE3 49 A FIFA é uma instituição que parece ter bons funcionários.
RQ_SR1 50 A FIFA apoia boas causas.
RQ_SR2 51 A FIFA é uma instituição ambientalmente responsável.
RQ_SR3 52 A FIFA mantém um alto padrão na forma como ele trata as pessoas.
Nota: a Refere-se à Coca-Cola. No questionário e nas entrevistas utiliza-se sempre o termo completo.
97
5.2 Análises dos dados coletados no entorno do Estádio do Maracanã
A seção 5.2 detalha os resultados obtidos por meio das análises realizadas com os
dados coletados no entorno do Estádio do Maracanã.
5.2.1 Características da amostra
Foram coletados 471 questionários, sendo que, deste total, 2 foram descartados por
apresentarem erros de preenchimento ou itens em branco, resultando na amostra final, com
469 questionários válidos. Foram utilizados os critérios de gênero, país de residência,
experiência como espectador presencial de megaeventos esportivos e atitude de aprovação à
realização da Copa do Mundo da FIFA 2014 no Brasil para traçar um perfil da amostra. Os
detalhamentos são apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 - Perfil da Amostra (Maracanã)
Geral Residentes no Brasil Residentes no Exterior
Variável F F% F F% F F%
Entrevistados 469 100% 258 55,0% 211 45,0%
Masculino 295 62,9% 156 60,5% 139 65,9%
Feminino 174 37,1% 102 39,5% 72 34,1%
Brasileiros 247 52,7% 246 95,3% 1 0,5%
Estrangeiros 222 47,3% 12 4,7% 210 99,5%
Presença em edições anteriores da
Copa do Mundo da FIFA 59 12,6% 15 5,8% 44 20,9%
Presença em edições anteriores
dos Jogos Olímpicos 48 10,2% 28 10,9% 20 9,5%
Aprovação do Brasil como sede da
Copa do Mundo da FIFA 380 81,0% 195 75,6% 185 87,7%
Questionários em Português 251 53,5% 246 95,3% 5 2,3%
Questionários em Inglês 98 20,9% 3 1,2% 95 43,2%
Questionários em Espanhol 120 25,6% 9 3,5% 120 54,5%
Havia sido estabelecido o objetivo de formar quotas de entrevistados equilibradas em
termos de gênero e país de residência (Brasil ou exterior). Contudo, dos 469 questionários
válidos, houve uma maior incidência de respondentes do sexo masculino, correspondente a
62,9% da amostra total, sendo 60,5% do grupo de residentes no Brasil e 65,9% do grupo de
turistas internacionais. Considerando a maior popularidade do futebol entre o público
masculino, apesar da indisponibilidade de dados oficiais que confirmem a frequência destes
públicos no Estádio do Maracanã durante a Copa do Mundo da FIFA 2014, é possível
98
considerar este desequilíbrio no tamanho das quotas como um reflexo da sua frequência real
no evento.
A distribuição das entrevistas por idioma foi bastante equilibrada, conforme
objetivado neste estudo, o que se refletiu na proporção entre nacionalidades, considerando
apenas dois grupos, de brasileiros ou estrangeiros, e na proporção entre de residentes no
Brasil e turistas internacionais. O grupo de residentes no Brasil representa 55% da amostra
total e, conforme esperado, é composto principalmente por brasileiros, que representam
95,3% do grupo. Já o grupo de turistas internacionais é composto por 99,5% de estrangeiros.
Uma lista completa com as nacionalidades e países de residência dos entrevistados para esta
amostra é apresentada no Apêndice F.
A segmentação da amostra total por quotas a divide em 156 homens residentes no
Brasil (33% da amostra total), 102 mulheres residentes no Brasil (22%), 139 turistas
internacionais do sexo masculino (30%) e 72 turistas internacionais do sexo feminino (15%).
Nesta etapa foi possível constatar que 20,9% dos entrevistados residentes no exterior
já participaram de alguma edição da Copa do Mundo da FIFA, tendo familiaridade com a
experiência de espectador presencial do megaevento. Entre os residentes no Brasil, apenas
5,8% haviam tido esta experiência.
A participação dos residentes no Brasil foi maior quando considerada a experiência
direta com os Jogos Olímpicos, provavelmente porque muitos consideraram os Jogos
Panamericanos Rio 2007 em suas respostas. Assim, 10,9% dos residentes no Brasil
responderam já ter participado como espectadores presenciais de uma edição dos Jogos
Olímpicos de Verão ou Inverno, enquanto apenas 9,5% dos turistas internacionais teve esta
experiência.
A idade mínima encontrada na amostra é de 18 anos e a máxima é de 78 anos. A
amostra está concentrada na faixa entre 25 e 35 anos. A distribuição de idade da amostra por
gênero pode ser observada no gráfico representado na Figura 2 e a distribuição por local de
residência, considerando os grupos “residentes no Brasil” e “turistas internacionais” encontra-
se no gráfico representado na Figura 3.
99
Figura 2 - Distribuição da idade por gênero (Maracanã)
Figura 3 - Distribuição de idade por local de residência (Maracanã)
Quanto à atitude de aprovação ou reprovação da realização da Copa do Mundo da
FIFA 2014 no Brasil, é possível observar uma postura mais crítica por parte dos residentes no
país. A aprovação da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo da FIFA 2014 foi maior
entre os residentes no exterior, com 87,7% de respostas favoráveis dentro deste grupo,
100
enquanto entre os residentes no Brasil, a aprovação foi menor e equivalente a 75,6% do
grupo. O gráfico apresentado na Figura 4 explicita a distribuição desta resposta entre
residentes no Brasil e turistas estrangeiros por idade.
Figura 4 - Distribuição do posicionamento de desaprovação da realização do megaevento no
Brasil por idade e local de residência (Maracanã)
5.2.2 Análise Fatorial Exploratória
As quatro escalas utilizadas neste estudo – Event Image (EI), Overall Brand Equity
(OBE), Sponsor-Event Fit (FIT) e Reputation Quotient (RQ), sendo OBE e FIT aplicadas
duas vezes – foram submetidas à Análise Fatorial Exploratória por meio do método de
extração pelo autovalor (Eigenvalue). Foi utilizada a técnica de Fatoração dos Eixos
Principais, com Rotação Oblimin. A matriz gerada pela análise (Pattern Matrix) tem seus
resultados principais evidenciados na Tabela 5.
101
Tabela 5 - Análise Fatorial Exploratória I (Maracanã)
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem do Evento Valor da Marca Congruência Reputação da FIFA
Item Emocional Logística Segurança Coca-Cola Adidas Coca-Cola Adidas Emocional Visão e
Liderança
Ambiente de
Trabalho
Responsabilidade
Socioambiental
EI_EB1 ,522
EI_EB2 ,451a
EI_EB3 ,624
EI_EB4 ,413a
EI_EB5 ,612
EI_EB6 ,658
EI_LB1(b;d)
,533 -,235a
EI_LB2 -,404a
EI_LB3 -,685
EI_LB4 -,536
EI_SB1 -,459a
EI_SB2 -,560
EI_SB3 -,842
EI_Sat(c)
102
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem do Evento Valor da Marca Congruência Reputação da FIFA
Item Emocional Logística Segurança Coca-Cola Adidas Coca-Cola Adidas Emocional Visão e
Liderança
Ambiente de
Trabalho
Responsabilidade
Socioambiental
OBE_c1 -,773
OBE_c2 -,939
OBE_c3 -,954
OBE_c4 -,837
OBE_a1 ,779
OBE_a2 ,913
OBE_a3 ,855
OBE_a4 ,806
FIT_c1 -,778
FIT_c2 -,835
FIT_c3 -,880
FIT_c4 -,642
FIT_c5 -,765
FIT_a1 ,743
FIT_a2 ,767
FIT_a3 ,873
FIT_a4 ,631
FIT_a5 ,729
103
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem do Evento Valor da Marca Congruência Reputação da FIFA
Item Emocional Logística Segurança Coca-Cola Adidas Coca-Cola Adidas Emocional Visão e
Liderança
Ambiente de
Trabalho
Responsabilidade
Socioambiental
RQ_EA1 ,857
RQ_EA2 ,939
RQ_EA3 ,898
RQ_VL1(d)
,615
RQ_VL2(b;d)
,478a ,343
a
RQ_VL3(d)
,509
RQ_WE1 ,602
RQ_WE2 ,624
RQ_WE3 ,567
RQ_SR1d ,611
RQ_SR2d ,532
RQ_SR3d ,544
Nota: a fator de carga < 0,5; b cross-loading; c diluição; d montou em outro fator
104
De acordo com a literatura acerca das escalas utilizadas, era esperada a formação de 11
fatores na AFE: 3 fatores referentes à escala EI (crenças de experiência, crenças de logística,
que inclui o item referente à satisfação geral, aqui separado com o código EI_Sat, e crenças de
segurança), 4 fatores referentes à escala RQ (apelo emocional, visão e liderança, ambiente de
trabalho e responsabilidade socioambiental), 2 fatores referentes à escala OBE, sendo um para
itens relacionados à avaliação da Coca-Cola e outro para itens relacionados à avaliação da
Adidas, e 2 fatores referentes à escala FIT, sendo um para cada marca. Contudo, apenas 9
fatores foram formados, com variância explicada acumulada entre os fatores de 67,4%.
O indicador KMO desta AFE foi igual a 0,883 (dentro da faixa sugerida que é 0,50 <
KMO < 1,00) e o p-valor do Índice de Esfericidade de Bartlett foi igual a 0,000 (também
dentro do valor esperado que é p-valor < 0,05), sugerindo que a análise fatorial ao conjunto de
dados é satisfatória.
O critério utilizado para a validação do carregamento dos itens nas escalas esperadas
foi o fator de carga maior que 0,50. Na escala EI, os itens referentes à dimensão crenças de
experiência (Experiential Beliefs – EB) montaram em um único fator, como esperado, ainda
que os itens EI_EB2 e EI_EB4 tenham apresentado fatores de carga baixos, inferiores a 0,50.
Os itens esperados para a dimensão crenças logísticas (Logistic Beliefs – LB) não montaram
totalmente em um único fator. O item EI_LB1 carregou junto a itens da dimensão EB,
caracterizando cross-loading. O fator de carga do item EI_LB1 no fator no qual os demais
itens esperados para esta dimensão foram carregados foi igual a -0,235, inferior ao limite
estabelecido de 0,50. Da mesma forma, o fator do item EI_LB2 também ficou abaixo do
limite, com seu maior fator de carga igual a -0,404, carregando na dimensão LB. Os itens
esperados para a dimensão crenças de segurança (Security Beliefs – SB) carregaram em um
único fator, porém, um de seus 3 itens, o item EI_SB1, apresentou valor inferior ao limite de
0,50. O item referente à satisfação geral, que segundo os autores da escala pertence à
dimensão LB, nomeado aqui como EI_Sat, não apresentou nenhum fator de carga acima de
0,50, mas apresentou fatores de carga entre 0,20 e 0,40 nos três fatores correspondentes a esta
escala. Desta forma, consideramos que o item foi completamente diluído.
Os itens esperados para as escalas OBE referente a Coca-Cola, OBE referente a
Adidas, FIT referente a Coca-Cola e FIT referente a Adidas carregaram em 4 fatores
conforme esperado. Todos os itens apresentaram fator de carga superior a 0,630.
105
Na escala RQ, onde eram esperadas 4 dimensões, formaram-se apenas 2. Os itens
esperados para a dimensão apelo emocional (Emotional Appeal – EA) carregaram em um
único fator, com fatores de carga superiores a 0,850. Os itens esperados para a dimensão visão
e liderança (Vision and Leadership – VL), no entanto, formaram em 2 fatores: os itens
RQ_VL1 e RQ_VL2 montaram junto à dimensão EA com fatores de carga 0,615 e 0,478,
respectivamente. O segundo maior fator do item RQ_VL2 montou junto à dimensão ambiente
de trabalho (Workplace Environment – WE), assim como o item RQ_VL3, com fatores 0,343
e 0,509, respectivamente. Desta forma, não foi formado um fator para a dimensão VL,
conforme era esperado pela indicação da literatura. Os itens esperados para a dimensão WE
montaram em um único fator, com cargas superiores à 0,567. Finalmente, os itens esperados
para a dimensão responsabilidade socioambiental (Social and Environmental Responsibility –
SR) montaram todos junto ao fator correspondente aos itens da dimensão EA, com cargas
superiores à 0,532.
Com base nestas análises, pode-se concluir que as escalas EI e RQ não apresentaram,
neste estudo, a distinção de dimensões esperada. Diante disto, optou-se por descartar as
dimensões que apresentaram quantidade relevante de itens com cargas abaixo de 0,50, com
cross-loading ou com efeito de diluição, preservando todos os itens das dimensões que
apresentaram os melhores indicadores. Desta forma, apenas as dimensões referentes aos itens
de avaliação emocional e de experiência (EI_EB e RQ_EA), conforme a literatura, passaram a
ser utilizados neste estudo para representar os construtos imagem do evento e reputação,
respectivamente. No que diz respeito à mensuração do construto Reputação, a decisão de
utilizar apenas os itens da dimensão RQ_EA está em consonância com Ponzi, Fombrun e
Gardberg (2011) que sugeriram a utilização da escala RepTrak Pulse, que consiste nos três
itens da dimensão RQ_EA e um item overall “A (Companhia) tem uma boa reputação geral”.
Foi realizada uma nova AFE, apenas com os itens das dimensões selecionadas na
etapa anterior. O índice KMO apresentado foi 0,844 e o p-valor do Índice de Esfericidade de
Bartlett foi igual a 0,000, indicando que a análise fatorial ao conjunto de dados é satisfatória.
Conforme esperado, foram apresentados 6 fatores: um para a escala EI, referente a
dimensão Experiential Beliefs, um para a escala OBE aplicada à Coca-Cola e outro aplicado à
Adidas, um para a escala FIT para cada marca investigada, e, por último, um para a escala
RQ, referente à dimensão Emotional Appeal. Os fatores de carga de todos os itens utilizados
nesta AFE foram superiores a 0,50. Na escala EI, os fatores de carga foram os mais baixos e
106
ficaram entre 0,566, o mais baixo, referente ao item EI_EB6 e 0,638. Nas demais escalas os
fatores de carga foram superiores a 0,605. A variância total explicada melhorou para 70,8%.
Os resultados estão apresentados na Tabela 6.
Tabela 6 - Análise Fatorial Exploratória II (Maracanã)
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem
do Evento
Valor da Marca Congruência Reputação
da FIFA
Coca Adidas Coca Adidas
Item α = ,779 α = ,938 α = ,915 α = ,903 α = ,873 α = ,922 M.S.A. Comun.
EI_EB1 ,595 ,815 ,357a
EI_EB2 ,601 ,838 ,372a
EI_EB3 ,638 ,831 ,418a
EI_EB4 ,601 ,826 ,387a
EI_EB5 ,651 ,797 ,439a
EI_EB6 ,566 ,781 ,316a
OBE_c1 ,787 ,923 ,677
OBE_c2 ,951 ,851 ,908
OBE_c3 ,965 ,843 ,919
OBE_c4 ,831 ,862 ,704
OBE_a1 ,752 ,871 ,634
OBE_a2 ,910 ,847 ,824
OBE_a3 ,879 ,811 ,776
OBE_a4 ,832 ,812 ,712
FIT_c1 ,770 ,905 ,593
FIT_c2 ,862 ,875 ,716
FIT_c3 ,906 ,877 ,831
FIT_c4 ,653 ,876 ,539
FIT_c5 ,779 ,857 ,642
FIT_a1 ,762 ,886 ,602
FIT_a2 ,774 ,816 ,584
FIT_a3 ,880 ,841 ,787
FIT_a4 ,605 ,832 ,439a
FIT_a5 ,734 ,816 ,562
RQ_EA1 -,854 ,786 ,742
RQ_EA2 -,973 ,722 ,936
RQ_EA3 -,844 ,819 ,739
Variância
explicada 10,5% 5,9% 11,3% 26,9% 8,6% 7,6%
Nota: a comunalidade < 0,5
107
Além de verificar os fatores de carga, foram observados também outros indicadores
para confirmar a adequação da AFE, a confiabilidade e a validade dos construtos. Foram
avaliados os índices MSA para todos os itens. Para este índice, espera-se valores maiores que
0,50, o que indica a adequação da AFE. O MSA de todos os itens foi superior a 0,722.
Também foi examinado o Alfa de Cronbach para verificar a confiabilidade dos construtos. O
valor de referência é α > 0,70. Na análise, o Alfa de todos os construtos foi superior a 0,779.
Por fim, foi verificada a comunalidade, índice para o qual espera-se valores superiores
a 0,50. Todos os itens da escala EI apresentaram índices de comunalidade inferiores ao
esperado, entre 0,316 e 0,439. Isto significa que a variância total que os itens desta escala
compartilham com os demais itens da análise é baixo. Além dos itens da escala EI, um item
da escala FIT, referente à marca Adidas (FIT_a4) também apresentou comunalidade abaixo
do esperado, equivalente a 0,439.
A validade convergente e discriminante dos construtos foi verificada preliminarmente
por meio da análise da Matriz de Correlação (Tabela 7). A validade convergente das escalas
foi analisada pela observação dos coeficientes de correlação entre os itens de uma mesma
escala, que devem apresentar valores superiores a 0,30. Apenas coeficientes de correlação
entre itens da escala EI apresentaram valores inferiores a 0,30. Já excluídos os coeficientes de
correlação de um item com ele mesmo, dos demais 15 coeficientes, 5 coeficientes foram
inferiores ao valor de referência. Dois deles relacionados ao item EI_EB5 e três relacionados
ao item EI_EB6. Os coeficientes de correlação entre os itens das demais escalas apresentaram
valores dentro do esperado o que sugere a validade convergente destas escalas.
A validade discriminante foi analisada pela observação dos coeficientes de correlação
entre itens de escalas diferentes. Era esperado que estes coeficientes fossem inferiores a 0,30.
Contudo, todos os itens da escala FIT_c, referente à congruência da marca Coca-Cola com a
Copa do Mundo da FIFA, apresentaram coeficientes altos de correlação com os itens da
escala OBE_c, referente ao valor da marca Coca-Cola. A correlação entre esses itens era
esperada uma vez que o modelo hipotetisa a relação entre a congruência e o valor da marca. O
mesmo ocorreu com os construtos respectivos da marca Adidas.
108
Tabela 7 - Matriz de Correlação (Maracanã)
Item Média DP
Correlações (Rho de Spearman)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
1 EI_EB1 6,04 1,023 1,000
2 EI_EB2 5,89 1,096
,415 1,000
3 EI_EB3 5,93 1,190
,355 ,371 1,000
4 EI_EB4 5,36 1,207
,350 ,342 ,350 1,000
5 EI_EB5 5,01 1,283
,274a ,292a ,395 ,442 1,000
6 EI_EB6 5,55 1,247
,282a ,281a ,316 ,250a ,448 1,000
7 OBE_c1 4,55 2,020
,128 ,067 ,094 ,087 ,114 ,102 1,000
8 OBE_c2 4,60 2,058
,071 ,053 ,065 ,085 ,113 ,072 ,816 1,000
9 OBE_c3 4,49 2,140
,085 ,059 ,056 ,096 ,125 ,078 ,776 ,907 1,000
10 OBE_c4 4,41 2,138
,047 ,026 ,076 ,085 ,148 ,052 ,676 ,782 ,832 1,000
11 OBE_a1 4,45 1,731
,037 ,087 ,108 ,058 ,087 ,064 ,252 ,241 ,209 ,202 1,000
12 OBE_a2 4,31 1,774
,004 ,026 ,037 ,075 ,077 ,093 ,223 ,244 ,222 ,220 ,764 1,000
13 OBE_a3 4,12 1,770
,027 ,022 -,020 ,100 ,112 ,112 ,153 ,187 ,218 ,187 ,641 ,772 1,000
14 OBE_a4 4,22 1,848
,038 ,018 ,019 ,089 ,154 ,089 ,157 ,179 ,221 ,313 ,635 ,721 ,778 1,000
15 FIT_c1 4,54 2,036 ,105 ,044 ,068 ,167 ,160 ,118 ,363b ,379b ,356b ,311b ,183 ,218 ,192 ,164 1,000
16 FIT_c2 4,47 1,936 ,081 ,067 ,082 ,109 ,105 ,025 ,403b ,429b ,425b ,387b ,193 ,219 ,172 ,137 ,689 1,000
17 FIT_c3 4,82 1,861 ,135 ,110 ,124 ,119 ,122 ,136 ,475b ,485b ,481b ,431b ,201 ,214 ,159 ,147 ,698 ,778 1,000
18 FIT_c4 3,97 1,848 ,149 ,097 ,084 ,126 ,142 ,085 ,381b ,411b ,437b ,387b ,165 ,164 ,182 ,159 ,536 ,594 ,635 1,000
19 FIT_c5 4,87 1,909 ,170 ,068 ,086 ,070 ,038 ,062 ,413b ,437b ,421b ,374b ,146 ,136 ,084 ,078 ,570 ,638 ,738 ,609 1,000
20 FIT_a1 5,30 1,690 ,095 ,103 ,112 ,105 ,031 ,076 ,256 ,233 ,230 ,182 ,285 ,281 ,251 ,260 ,233 ,195 ,210 ,144 ,186 1,000
21 FIT_a2 4,99 1,737 ,089 ,109 ,086 ,088 ,026 ,072 ,219 ,200 ,201 ,148 ,273 ,234 ,208 ,200 ,154 ,261 ,206 ,139 ,163 ,669 1,000
22 FIT_a3 5,50 1,490 ,128 ,162 ,181 ,091 ,100 ,146 ,237 ,181 ,206 ,152 ,333b ,311b ,300b ,291 ,203 ,209 ,277 ,163 ,236 ,661 ,701 1,000
23 FIT_a4 4,62 1,632 ,150 ,142 ,082 ,131 ,133 ,109 ,177 ,144 ,187 ,143 ,251 ,223 ,221 ,267 ,155 ,201 ,214 ,377 ,205 ,410 ,466 ,540 1,000
24 FIT_a5 5,49 1,642 ,179 ,142 ,112 ,056 ,040 ,111 ,259 ,199 ,202 ,150 ,272 ,258 ,233 ,204 ,192 ,241 ,247 ,147 ,363b ,603 ,572 ,687 ,494 1,000
25 RQ_EA1 3,55 1,950 ,035 ,133 ,136 ,167 ,123 ,083 ,185 ,190 ,181 ,146 ,153 ,119 ,170 ,165 ,200 ,163 ,214 ,234 ,157 ,151 ,115 ,139 ,172 ,119 1,000
26 RQ_EA2 3,36 1,925 ,056 ,079 ,118 ,156 ,143 ,063 ,171 ,164 ,171 ,135 ,140 ,140 ,212 ,169 ,237 ,185 ,221 ,220 ,152 ,133 ,136 ,109 ,150 ,115 ,839 1,000
27 RQ_EA3 2,93 1,873 ,025 ,074 ,137 ,183 ,197 ,048 ,174 ,164 ,174 ,167 ,141 ,127 ,197 ,162 ,200 ,186 ,220 ,251 ,135 ,077 ,054 ,040 ,147 ,078 ,728 ,819 1,000
Notas: a Correlação < 0,30 entre itens da mesma escala ; b Correlação > 0,30 entre itens de escalas distintas
109
De uma maneira geral, os dados verificados apontam para uma adequada utilização da
AFE, com construtos consistentemente mensurados pelos itens propostos, com limitações
observadas à escala que mede a imagem do evento, especialmente relacionada ao item
EI_EB6 referente à avaliação de “entretenimento e vida noturna”.
5.2.3 Diferença de médias
Uma vez definidos os itens que seriam utilizados na análise do presente estudo, foram
realizadas algumas análises univariadas no SPSS. Foram extraídas as frequências, médias e
desvios padrão de cada variável individualmente. Também foi utilizado o teste “t” de
diferença das médias para as variáveis com base na amostra total coletada no entorno do
Maracanã e, também, com base em grupos formados por gênero (masculino ou feminino) e
local de residência (Brasil ou exterior). Esta etapa permitiu avaliar características gerais da
amostra.
De uma forma geral, ao analisar as médias é possível observar que as maiores médias
são referentes aos itens da escala EI, que mede a imagem da Copa do Mundo da FIFA 2014,
enquanto as médias mais baixas são relativas aos itens da escala RQ, que mede a reputação da
FIFA, apresentando valores inferiores a 4, e portanto, refletindo avaliações negativas, em
todos os itens. As diferenças estatisticamente significativas entre os gêneros, os locais de
residência e as faixas etárias estão destacadas na Tabela 8.
110
Tabela 8 - Diferença de médias entre grupos (Maracanã)
Diferença de média entre grupos: gênero e país de residência (Brasil ou exterior)
Gênero Local de Residência
Média Teste T Média Teste T
Item Méd. DP Masc. Fem. T p-valor Resid. Turista t p-valor
EI_EB1 6,041 1,023 6,051 6,023 ,284 ,776 5,981 6,114 -1,403 ,161
EI_EB2 5,889 1,096 5,885 5,897 -,113 ,910 5,884 5,896 -,118 ,906
EI_EB3 5,934 1,190 5,851 6,075 -1,974 ,049 5,880 6,000 -1,088 ,277
EI_EB4 5,360 1,207 5,288 5,483 -1,690 ,092 5,233 5,517 -2,550 ,011
EI_EB5 5,011 1,283 4,895 5,207 -2,558 ,011 4,733 5,351 -5,339 ,000
EI_EB6 5,550 1,247 5,563 5,529 ,285 ,776 5,438 5,687 -2,161 ,031
OBE_c1 4,554 2,020 4,600 4,477 ,637 ,525 4,752 4,313 2,353 ,019
OBE_c2 4,601 2,058 4,593 4,615 -,110 ,912 4,702 4,479 1,167 ,244
OBE_c3 4,490 2,140 4,437 4,580 -,700 ,485 4,578 4,384 ,975 ,330
OBE_c4 4,412 2,138 4,366 4,489 -,598 ,550 4,469 4,341 ,643 ,520
OBE_a1 4,454 1,731 4,492 4,391 ,608 ,543 4,667 4,194 2,921 ,004
OBE_a2 4,311 1,774 4,420 4,126 1,737 ,083 4,403 4,199 1,240 ,216
OBE_a3 4,117 1,770 4,197 3,983 1,265 ,207 4,016 4,242 -1,378 ,169
OBE_a4 4,220 1,848 4,278 4,121 ,911 ,363 4,178 4,270 -,535 ,593
FIT_c1 4,535 2,036 4,559 4,494 ,334 ,739 4,333 4,782 -2,386 ,017
FIT_c2 4,467 1,936 4,400 4,580 -,975 ,330 4,550 4,365 1,032 ,303
FIT_c3 4,819 1,861 4,817 4,822 -,027 ,978 4,853 4,777 ,436 ,663
FIT_c4 3,968 1,848 3,932 4,029 -,546 ,585 3,926 4,019 -,539 ,590
FIT_c5 4,868 1,909 4,888 4,833 ,300 ,764 4,930 4,791 ,783 ,434
FIT_a1 5,301 1,690 5,393 5,144 1,547 ,123 5,353 5,237 ,738 ,461
FIT_a2 4,987 1,737 5,058 4,868 1,144 ,253 5,337 4,559 4,945 ,000
FIT_a3 5,503 1,490 5,576 5,379 1,384 ,167 5,636 5,341 2,137 ,033
FIT_a4 4,618 1,632 4,515 4,793 -1,785 ,075 4,717 4,498 1,450 ,148
FIT_a5 5,490 1,642 5,478 5,511 -,213 ,831 5,651 5,294 2,356 ,019
RQ_EA1 3,548 1,950 3,369 3,851 -2,596 ,010 3,345 3,796 -2,479 ,014
RQ_EA2 3,356 1,925 3,214 3,598 -2,096 ,037 3,074 3,701 -3,507 ,001
RQ_EA3 2,930 1,873 2,695 3,328 -3,577 ,000 2,686 3,227 -3,091 ,002
Notas: Diferenças significativas realçadas em negrito.
111
Observando as diferenças de médias por gêneros, percebe-se que mulheres atribuíram
notas superiores às notas atribuídas pelos homens na avaliação da imagem do evento nos itens
“culturalmente interessante” (EI_EB3) e “variedade de atividades” (EI_EB5). Além disso, as
mulheres também atribuíram notas superiores aos homens na avaliação da reputação da FIFA,
nos três itens que compõe a escala, conforme ilustrado no gráfico da Figura 5.
Figura 5 - Médias dos itens da escala RQ por gênero (Maracanã)
As diferenças de média entre residentes no Brasil e turistas internacionais apontam que
os turistas internacionais avaliaram a Copa do Mundo da FIFA 2014 de maneira mais positiva
no item “variedade de atividades” (EI_EB5). Porém, na avaliação de valor da marca da
Adidas e percepção de congruência entre o megaevento e a Adidas, os turistas foram mais
críticos que os residentes no Brasil com médias significativamente mais baixas nos itens
“Vale a pena comprar Adidas, mesmo quando o produto é igual ao das outras marcas”
(OBE_a1) e “Há uma ligação lógica entre Copa do Mundo e Adidas” (FIT_a2).
Na avaliação da reputação da FIFA, os residentes no Brasil foram significativamente
mais críticos do que os residentes no exterior na avaliação dos itens “A FIFA é merecedora de
admiração e respeito” (RQ_EA2) e “A FIFA é digna de confiança” (RQ_EA3), conforme
ilustrado no gráfico da Figura 6.
1
2
3
4
5
6
7
RQ_EA1 RQ_EA2 RQ_EA3
Masc. Fem.
112
Figura 6 - Médias dos itens da escala RQ por local de residência (Maracanã)
Além da comparação de médias entre grupos de gênero e país de residência, foi
avaliada a diferença de médias dos itens da escala RQ por grupo de acordo com a aprovação
ou não aprovação da decisão de realizar a Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Conforme
ilustrado no gráfico da Figura 7, as médias das respostas daqueles que não aprovam a
realização da Copa do Mundo da FIFA 2014 no Brasil são mais baixas para a avaliação da
reputação da FIFA nos três itens.
Figura 7 - Médias dos itens da escala RQ para aqueles que aprovam a realização da Copa do
Mundo da FIFA no Brasil e para aqueles que não aprovam (Maracanã)
5.2.4 Análise Fatorial Confirmatória
Para validar o modelo de mensuração foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória
(AFC). Para decidir a técnica de estimação a ser utilizada, foram gerados histogramas de
todas as variáveis (ver Apêndice G) e realizada uma análise dos indicadores Curtose item-a-
item e Curtose multivariada. O C.R. obtido na análise foi igual a 55,2, o que não permitiu
1
2
3
4
5
6
7
RQ_EA1 RQ_EA2 RQ_EA3
Resid. Turista
RQ_EA1 RQ_EA2 RQ_EA3
Aprova 3,7 3,5 3,1
Não aprova 2,9 2,7 2,3
1
2
3
4
5
6
7
113
suportar a multinormalidade dos dados. Desta forma, a técnica ADF seria indicada para a
realização da AFC, porém, devido ao tamanho da amostra, optou-se por utilizar a técnica ML.
O número de parâmetros estimados foi de 69, o que significa que, com uma amostra
de 469 casos, há 6,8 casos por parâmetro. Tendo em vista que o recomendado para a
utilização da técnica ML é que a amostra apresente 5 a 10 casos por parâmetro, considerou-se
a técnica adequada, apesar de não constatada a multinormalidade dos dados. O modelo de
mensuração foi especificado conforme ilustrado na Figura 8.
Figura 8 - Modelo de Mensuração (Maracanã)
Foram analisados os indicadores de ajuste Qui-quadrado, Qui-quadrado normado, GFI,
CFI, RMSEA e PCLOSE. Quatro dos indicadores analisados apresentaram valores fora dos
parâmetros esperados para a constatação de um bom ajuste de modelo. Para atestar a
qualidade do modelo, espera-se um p-valor não significativo, e o p-valor encontrado na AFC
114
foi significativo. O valor esperado para o indicador GFI é maior do que 0,90, e o GFI foi igual
a 0,874. O RMSEA foi igual a 0,063, mas seu valor de referência é < 0,05. Finalmente, o
PCLOSE foi igual a 0,000, mas espera-se um parâmetro > 0,5 (ver Tabela 9).
O modelo foi então reespecificado com a inclusão da correlação entre os erros dos
itens da escala OBE_c com seus itens pareados na escala OBE_a e da escala FIT_c com seus
itens pareados na escala FIT_a. O modelo reespecificado está ilustrado na Figura 9. Ainda
que esteja-se investigando duas marcas diferentes, os erros dos itens das escalas OBE e FIT
estão correlacionados devido à repetição das escalas no questionário.
Figura 9 - Modelo de Mensuração Reespecificado (Maracanã)
Os indicadores de ajuste do modelo reespecificado foram superiores aos do modelo de
mensuração original, mantendo-se apenas o p-valor do modelo reespecificado fora dos limites
esperados, como pode ser observado na Tabela 9. Todavia, o p-valor do χ2 é sensível ao
115
tamanho da amostra e ao número de parâmetros estimados (Hair, Black, Babin, & Anderson,
2010). Por este motivo, esses indicadores devem ser considerados em conjunto com os demais
indicadores de ajuste. Assim, conclui-se que o modelo com erros correlacionados é o que
mostra melhor ajuste à estrutura subjacente dos dados.
Tabela 9 - Indicadores de Ajuste do Modelo
Indicadores de Ajuste χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo de Mensuração 879,644 0,000a 2,847 0,874
a 0,931 0,063
a 0,000
a
Modelo Reespecificado 587,272 0,000a 1,958 0,913 0,965 0,045 0,926
limites sugeridos < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
Nota: a Parâmetro fora dos limites esperados.
A confiabilidade dos construtos do modelo foi verificada por meio do indicador
Construct Reliability (CR). Todos os construtos do modelo apresentaram valores superiores a
0,781, o que sugere a confiabilidade dos construtos.
Os coeficientes padronizados dos itens de cada escala do modelo de mensuração,
gerados pela AFC (Tabela 10), foram analisados para verificar a validade convergente.
Espera-se que os coeficientes apresentem valores superiores a 0,60. Três itens da escala EI
apresentaram valores inferiores a este limite: EI_EB1, EI_EB2 e EI_EB3. As demais escalas
apresentaram validade convergente satisfatória. A Variância Média Extraída (AVE) maior que
0,50 sugere convergência adequada para todas as escalas, exceto EI, que apresentou valor
inferior ao limite mínimo sugerido: 0,373.
Foi então analisada a validade discriminante, mediante a observação dos coeficientes
de correlação entre os construtos (ver parte superior à diagonal na Tabela 10), que não
superam o limite de 0,85. Adicionalmente verifica-se que o quadrado da correlação entre os
construtos é sempre inferior ao AVE de cada construto, suportando portanto a validade
discriminante.
116
Tabela 10 - Análise Fatorial Confirmatória (Maracanã)
Análise Fatorial Confirmatória | ML - Maximum Likelihood
Imagem
do Evento
Valor da Marca Congruência Reputação
da FIFA Coca Adidas Coca Adidas
Item CR = ,781 CR = ,941 CR = ,915 CR = ,903 CR = ,877 CR = ,924
EI_EB1 ,586a
EI_EB2 ,599a
EI_EB3 ,648
EI_EB4 ,628
EI_EB5 ,644
EI_EB6 ,555a
OBE_c1 ,828
OBE_c2 ,951
OBE_c3 ,951
OBE_c4 ,839
OBE_a1 ,813
OBE_a2 ,900
OBE_a3 ,877
OBE_a4 ,826
FIT_c1 ,765
FIT_c2 ,837
FIT_c3 ,917
FIT_c4 ,713
FIT_c5 ,793
FIT_a1 ,772
FIT_a2 ,767
FIT_a3 ,881
FIT_a4 ,661
FIT_a5 ,742
RQ_EA1 ,863
RQ_EA2 ,969
RQ_EA3 ,851
Imagem do Evento ,373b ,144 ,107 ,222 ,198 ,225
Valor da Marca Coca ,021 ,800 ,282 ,544 ,244 ,196
Valor da Marca Adidas ,011 ,080 ,731 ,222 ,394 ,197
Congruência Coca ,049 ,296 ,049 ,653 ,315 ,254
Congruência Adidas ,039 ,060 ,155 ,099 ,590 ,164
Reputação da FIFA ,051 ,038 ,039 ,065 ,027 ,803
Notas: a Coeficiente padronizado < 0,6; b Variância média extraída < 0,5; Número em negrito na diagonal denotam a
Variância Média Extraída; Números abaixo da diagonal denotam o quadrado das correlações entre construtos; Números
acima da diagonal denotam as correlações entre construtos
117
5.2.5 Teste das Hipóteses Substantivas
O teste das hipóteses do estudo foi realizado com a técnica de Modelagem de
Equações Estruturais (Structural Equations Modeling, SEM), que estima os caminhos
estruturais hipotetizados no modelo conceitual. O Modelo Estrutural é apresentado na Figura
10.
Figura 10 - Modelo Estrutural (Maracanã)
Os indicadores de ajuste do Modelo Estrutural ficaram dentro dos limites esperados,
com exceção do p-valor, conforme pode ser observado na Tabela 11. Desta forma pode-se
concluir que o modelo apresenta bom ajuste às variáveis.
118
Tabela 11 - Indicadores de Ajuste do Modelo Estrutural (Maracanã)
Indicadores de Ajuste χ2 p-valor χ
2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Estrutural 657,767 0,000a 2,15 0,905 0,958 0,050 0,547
limites sugeridos < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
Nota: a Parâmetro fora dos limites esperados.
O teste das hipóteses substantivas foi realizado por meio da análise da significância e
relevância dos paths entre os construtos Reputação, Imagem do Evento e Valor da Marca do
Patrocinador para a verificação das hipóteses H1, H2 e H3. Foram considerados os
coeficientes padronizados, o CR e o p-valor. Foi considerado um p-valor menor do que 0,05
como critério para suportar as hipóteses (Hair, Black, Babin, & Anderson, 2010). Os
resultados deste teste estão detalhados na Tabela 12.
A variância explicada das variáveis latentes endógenas foi mais baixa para a Imagem
do Evento, que teve apenas 6% do construto explicado no modelo. O Valor da Marca da
Coca-Cola teve variância explicada de 29,2% e, o da Adidas, 16,6%.
Os paths analisados entre as variáveis latentes Reputação, Imagem do Evento e Valor
da Marca do patrocinador foram significativos para a relação entre a Reputação e a Imagem
do Evento e para a Reputação e o Valor da Marca Adidas. Com isso, as hipóteses H1 e H2b
são suportadas. As influências diretas da Reputação e da Imagem do Evento no Valor da
Marca Coca-Cola não foram suportadas, bem como a influência direta entre Imagem do
Evento e o Valor da Marca Adidas.
119
Tabela 12 - Teste das Hipóteses H1, H2 e H3 (Maracanã)
Hipóteses Caminho Relação
hipotetizada
Coeficiente
padronizado C.R. p-valor Resultado
H1 Imagem do Evento ← Reputação da FIFA ( + ) 0,245 4,447 *** Suportada
H2a Valor da Marca Coca Cola ← Reputação da FIFA ( + ) 0,070 1,592 0,111 Não Suportada
H2b Valor da Marca Adidas ← Reputação da FIFA ( + ) 0,143 2,951 *** Suportada
H3a Valor da Marca Coca Cola ← Imagem do Evento ( + ) 0,016 0,321 0,748 Não Suportada
H3b Valor da Marca Adidas ← Imagem do Evento ( + ) 0,007 0,133 0,895 Não Suportada
Imagem do Evento 0,060 a
Valor da Marca Coca Cola 0,292 a
Valor da Marca Adidas 0,166 a
Notas: *** p < 0,01; ** p < 0,05; a (R2) - variância explicada da variável latente.
120
O teste da hipótese H4 foi realizado pelo método dos Quatro Passos (Baron & Kenny,
1986) e pelo teste de Sobel (Sobel, 1982). Os resultados desta análise estão descritos na
Tabela 13.
Tabela 13 - Teste de Mediação (Maracanã)
Rótulo Passos Variáveis
Coeficientes
não
padronizados
Erro
Padronizado P-Valor
Teste de
Sobel (z)
Coca-Cola
Passo 1
3.893 ***
Dependente OBE - - -
Independente EI 0,457 0,163 0,005
Passo 2
Dependente FIT - - -
Independente EI 0,612 0,146 ***
Passos 3 e 4
Dependente OBE - - -
Mediador FIT 0,620 0,059 ***
Independente EI 0,090 0,142 0,525
Adidas
Passo 1
3.373 ***
Dependente OBE - - -
Independente EI 0,299 0,140 0,032
Passo 2
Dependente FIT - - -
Independente EI 0,467 0,123 ***
Passos 3 e 4
Dependente OBE - - -
Mediador FIT 0,448 0,061 ***
Independente EI 0,095 0,132 0,471
Nota. *** Significativo ao nível .001
Os resultados da análise da marca Coca-Cola e da marca Adidas são similares. O
primeiro passo demonstra, como visto no teste das hipóteses H3a e H3b, que a relação direta
da variável latente Imagem do Evento com a variável Valor da Marca Coca-Cola e Valor da
Marca Adidas não é significativa. O passo 2 mostra que a relação direta entre a variável
latente Imagem do Evento com a variável latente Congruência entre o megaevento e a Coca-
Cola e Congruência entre o megaevento e a Adidas é significativa. Por fim, os passos 3 e 4
suportam o efeito mediador da variável Congruência na relação de influência da Imagem do
Evento sobre o Valor das duas marcas, indicando uma mediação total. Por fim, o teste de
121
Sobel também suporta a significância do efeito indireto da Imagem do Evento no valor da
marca dos patrocinadores.
Finalmente, a influência da reputação da FIFA foi examinada de forma a se determinar
os efeitos direto, indireto e totais no valor da marca dos patrocinadores (ver Tabela 14 e
Tabela 15).
Conforme já demonstrado, a reputação da FIFA não exerce efeito direto significativo
(coeficiente padronizado = 0,070; p-valor = 0,111) no valor da marca Coca-Cola. O efeito
indireto (coeficiente padronizado = 0,037) também não apresenta significância. Pode-se
concluir, portanto, que a reputação da FIFA não afeta o valor da marca Coca-Cola.
A variância explicada do valor da marca Coca-Cola (29,1%) decorre principalmente
do efeito direto da percepção de congruência entre Coca-Cola e a Copa do Mundo da FIFA
(coeficiente padronizado = 0,526; p-valor < 0,01) e do efeito indireto da imagem do evento
(coeficiente padronizado = 0,133).
Tabela 14 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Coca-Cola (Maracanã)
Estimativas Padronizadas
Efeitos Totais, Diretos e Indiretos no
Valor da Marca Coca-Cola
Reputação da
FIFA
Imagem do
Evento
Congruência
Valor da
Marca
ED - Efeito Direto ,070 ,016 ,526
EI - Efeito Indireto ,037 ,133 -
ET - Efeito Total ,107 ,149 ,526
(ED)2 ,005 ,000 ,277 ,282
(EI)2 ,001 ,018 - ,019
(ET)2 ,011 ,022 ,277 ,310
Variância Explicada (a)
,291
Nota: (a) Squared Multiple Correlation | [ Σ(ET)2 - Σ(EI)2 ]
A reputação da FIFA exerce efeito direto significativo (coeficiente padronizado =
0,143; p-valor < 0,01) no valor da marca Adidas. Todavia, o efeito indireto (coeficiente
padronizado = 0,022) não apresenta significância.
A variância explicada da marca Adidas (16,6%) decorre, além do efeito direto da
reputação da FIFA, principalmente do efeito direto da percepção de congruência entre Adida
122
e a Copa do Mundo da FIFA (coeficiente padronizado = 0,372; p-valor < 0,01) e do efeito
indireto da imagem do evento (coeficiente padronizado = 0,084).
Tabela 15 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Adidas (Maracanã)
Estimativas Padronizadas
Efeitos Totais, Diretos e Indiretos
no Valor da Marca Adidas
Reputação
da FIFA
Imagem do
Evento
Congruência
Valor da
Marca
ED - Efeito Direto ,143 ,007 ,372
EI - Efeito Indireto ,022 ,084 -
ET - Efeito Total ,165 ,091 ,372
(ED)2 ,020 ,000 ,138 ,159
(EI)2 ,000 ,007 - ,008
(ET)2 ,027 ,008 ,138 ,174
Variância Explicada (a)
,166
Nota: (a) Squared Multiple Correlation | [ Σ(ET)2 - Σ(EI)2 ]
5.3 Análises do dados coletados na FIFA Fan Fest
A seção 5.3 detalha os resultados obtidos por meio das análises realizadas com os
dados coletados na FIFA Fan Fest.
5.3.1 Características da amostra
Foram coletados 2.002 questionários, sendo que, deste total, 29 foram descartados por
apresentarem erros de preenchimento ou itens em branco, resultando em uma amostra com
1.973 questionários válidos. Destes, 523 são homens residentes no Brasil (26% da amostra
total), 548 mulheres residentes no Brasil (28%), 492 são homens residentes no exterior (25%)
e 410 mulheres residentes no exterior (21%), o que denota uma amostra com equilíbrio
satisfatório entre as quotas. A Tabela 16 apresenta dados que permitem a análise do perfil da
amostra em termos de gênero, país de residência, experiência como espectador presencial de
megaeventos esportivos e atitude de aprovação à realização da Copa do Mundo da FIFA 2014
no Brasil.
123
Tabela 16 - Perfil da Amostra (Fan Fest)
Geral Residentes no Brasil Residentes no Exterior
Variável F F% F F% F F%
Entrevistados 1973 100% 1071 54,3% 902 45,7%
Masculino 1015 51,4% 523 48,8% 492 54,5%
Feminino 958 48,6% 548 51,2% 410 45,5%
Brasileiros 1017 51,5% 1005 93,8% 12 1,3%
Estrangeiros 956 48,5% 66 6,2% 890 98,7%
Presença em edições anteriores da
Copa do Mundo da FIFA 167 8,5% 22 2,1% 145 16,1%
Presença em edições anteriores
dos Jogos Olímpicos 251 12,7% 123 11,5% 128 14,2%
Aprovação do Brasil como sede da
Copa do Mundo da FIFA 1539 78,0% 722 67,4% 817 90,6%
Questionários em Português 1025 52,0% 1011 94,4% 14 1,6%
Questionários em Inglês 513 26,0% 27 2,5% 486 53,9%
Questionários em Espanhol 435 22,0% 33 3,1% 402 44,6%
O grupo de residentes no Brasil representa 54,3% da amostra total e, conforme
esperado, é composto principalmente por brasileiros, que representam 93,8% do grupo. Já o
grupo de residentes no exterior é composto por 98,7% de estrangeiros. Uma lista completa
com as nacionalidades e países de residência dos entrevistados para esta amostra é
apresentada no Apêndice G.
Nesta etapa foi possível constatar que 16,1% dos entrevistados residentes no exterior
já participaram de alguma edição da Copa do Mundo da FIFA, tendo familiaridade com a
experiência de espectador presencial do megaevento. Entre os residentes no Brasil, apenas
2,1% haviam tido esta experiência.
A participação dos residentes no Brasil foi maior quando considerada a experiência
direta com os Jogos Olímpicos, provavelmente porque muitos consideraram os Jogos
Panamericanos Rio 2007 em suas respostas. Assim, 11,5% dos residentes no Brasil
responderam já ter participado como espectadores presenciais de uma edição dos Jogos
Olímpicos. Dentre os residentes no exterior, 14,2% afirmaram ter esta experiência com os
Jogos Olímpicos de Verão ou Inverno.
A idade mínima encontrada na amostra é de 18 anos e a máxima é de 80 anos. A
amostra está concentrada na faixa entre 18 e 30 anos. A distribuição de idade da amostra por
gênero pode ser observada no gráfico da Figura 11.
124
Figura 11 - Distribuição da idade por gênero (Fan Fest)
Quando observada a distribuição de idade para residentes no Brasil e turistas
internacionais (Figura 12), é possível notar que os turistas internacionais concentram-se em
torno dos 30 anos. Na amostra de residentes no Brasil há uma grande quantidade de
entrevistados na faixa dos 18 a 20 anos.
Figura 12 - Distribuição de idade por local de residência (Fan Fest)
125
Quanto à atitude de aprovação ou reprovação da realização da Copa do Mundo da
FIFA 2014 no Brasil, é possível observar uma postura mais crítica por parte dos residentes no
país. A aprovação da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo da FIFA 2014 foi maior
entre os residentes no exterior, com 90,6% de respostas favoráveis dentro deste grupo,
enquanto entre os residentes no Brasil a aprovação foi menor e equivalente a 67,4% do grupo.
A Figura 13 apresenta a distribuição da resposta “Não” para a pergunta “Você considera que
foi uma boa decisão realizar a Copa do Mundo no Brasil?”, entre os grupos “residentes no
Brasil” e “turistas internacionais”, por idade.
Figura 13 - Distribuição do posicionamento de desaprovação da realização do megaevento no
Brasil por idade e local de residência (Fan Fest)
5.3.2 Análise Fatorial Exploratória
Os mesmos procedimentos de Análise Fatorial Exploratória (AFE) realizados no item
5.2.2 foram repetidos para verificar o banco de dados coletados na FIFA Fan Fest.
Primeiramente, as quatro escalas utilizadas no questionário, contemplando um total de 44
itens, foram submetidas à AFE por meio do método de extração pelo autovalor (Eigenvalue).
Foi utilizada a técnica de Fatoração dos Eixos Principais, com Rotação Oblimin. A matriz
gerada pela análise (Pattern Matrix) tem seus resultados principais evidenciados na Tabela
17.
126
Tabela 17 - Análise Fatorial Exploratória I (Fan Fest)
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem do Evento Valor da Marca Congruência Reputação da FIFA
Item Emocional Logística Segurança Coca-Cola Adidas Coca-Cola Adidas Emocional Visão e
Liderança
Ambiente
de Trabalho
Responsabilidade
Socioambiental
EI_EB1 ,627
EI_EB2 ,642
EI_EB3 ,590
EI_EB4 ,489a
EI_EB5 ,556
EI_EB6 ,540
EI_LB1(b;d)
,564 ,220a
EI_LB2 ,398a
EI_LB3 ,820
EI_LB4 ,564
EI_SB1 ,591
EI_SB2 ,666
EI_SB3 ,764
EI_Sat(c)
127
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem do Evento Valor da Marca Congruência Reputação da FIFA
Item Emocional Logística Segurança Coca-Cola Adidas Coca-Cola Adidas Emocional Visão e
Liderança
Ambiente
de Trabalho
Responsabilidade
Socioambiental
OBE_c1 -,848
OBE_c2 -,948
OBE_c3 -,914
OBE_c4 -,811
OBE_a1 -,808
OBE_a2 -,921
OBE_a3 -,882
OBE_a4 -,815
FIT_c1 -,780
FIT_c2 -,885
FIT_c3 -,893
FIT_c4 -,716
FIT_c5 -,720
FIT_a1 -,719
FIT_a2 -,807
FIT_a3 -,911
FIT_a4 -,608
FIT_a5 -,710
128
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem do Evento Valor da Marca Congruência Reputação da FIFA
Item Emocional Logística Segurança Coca-Cola Adidas Coca-Cola Adidas Emocional Visão e
Liderança
Ambiente
de Trabalho
Responsabilidade
Socioambiental
RQ_EA1 ,849
RQ_EA2 ,962
RQ_EA3 ,852
RQ_VL1(d)
,519
RQ_VL2(b;d)
,369a ,425
a
RQ_VL3(d)
,531
RQ_WE1 ,614
RQ_WE2 ,562
RQ_WE3 ,528
RQ_SR1d ,596
RQ_SR2d ,549
RQ_SR3d ,584
Nota: a fator de carga < 0,5;
b cross-loading;
c diluição;
d montou em outro fator
129
O indicador KMO desta AFE foi igual a 0,926 (dentro da faixa sugerida que é 0,50 <
KMO < 1,00) e o p-valor do Índice de Esfericidade de Bartlett foi igual a 0,000 (também
dentro do valor esperado que é < 0,05), sugerindo que a análise fatorial ao conjunto de dados
é satisfatória.
A análise da matriz gerada indica que, ao invés da formação de onze fatores, conforme
indicado pela literatura acerca das escalas utilizadas, nove fatores foram formados nesta
análise, com variância explicada de 68,5%.
O critério para a validação do carregamento dos itens nas escalas esperadas foi o fator
de carga maior que 0,50. Na escala EI, os itens referentes à dimensão EB montaram em um
único fator, como esperado. Porém, os fatores de carga apresentados foram baixos, todos
menores que 0,65, com o item EI_EB4 apresentando fator de carga inferior ao limite mínimo
estipulado. Os itens esperados para a dimensão LB não montaram totalmente em um único
fator. O item EI_LB1 carregou junto a itens da dimensão EB com fator igual a 0,564,
caracterizando cross-loading. Os demais itens da dimensão LB carregaram em um fator no
qual EI_LB1 apresentou fator de carga 0,220. O item EI_LB2 também ficou abaixo do limite
neste fator, mas apresentou nele o seu maior fator de carga, equivalente a 0,398. Os itens
esperados para a dimensão SB carregaram em um único fator, com fatores de carga entre
0,591 e 0,764. O item referente à satisfação geral, que segundo os autores da escala pertence à
dimensão LB, nomeado aqui como EI_Sat, não apresentou nenhum fator de carga acima de
0,50, mas apresentou fatores de carga entre 0,15 e 0,40 nos três fatores correspondentes a esta
escala. Desta forma, consideramos que o item foi completamente diluído.
Os itens das escalas referentes ao valor da marca do patrocinador Coca-Cola (OBE_c),
valor da marca do patrocinador Adidas (OBE_a), congruência da Coca-Cola com o evento
(FIT_c) e congruência da Adidas com o evento (FIT_a) apresentaram fatores de carga acima
de -0,608, montados em quatro fatores, correspondendo adequadamente aos quatro construtos.
A escala RQ, composta inicialmente neste estudo por 4 dimensões, conforme indicado
pela literatura, apresentou apenas 2 fatores nesta AFE. Os três itens da dimensão EA
carregaram em um só fator com cargas acima de 0,849. Contudo, os três itens da dimensão SR
montaram no mesmo fator, com fatores de carga entre 0,549 e 0,596. Os três itens da
dimensão WE também montaram em um único fator, com fatores de carga entre 0,528 e
0,614. Já os itens da dimensão VL foram divididos em fatores diferentes. O item RQ_VL1
130
carregou no mesmo fator que os itens da escala EA e SR, com valor de carga 0,519; enquanto
os itens RQ_VL2 e RQ_VL3 carregaram junto aos três itens da dimensão WE, com fatores
0,425 e 0,531, respectivamente.
Os resultados desta AFE indicam que não houve a distinção de dimensões esperadas
para as escalas EI e RQ, da mesma forma como foi observado na AFE inicial realizada com a
amostra coletada no Maracanã. Com isso, optou-se por desconsiderar as dimensões EI_LB,
EI_SB, RQ_VL, RQ_WE e RQ_SR, por apresentarem inconsistências. Desta forma, seguiu-
se a análise apenas com as dimensões referentes aos itens de avaliação de experiência e apelo
emocional (EI_EB e RQ_EA) para representar os construtos imagem do evento e reputação.
Foi realizada uma nova AFE, apenas com os itens das dimensões selecionadas na
etapa anterior. O índice KMO apresentado foi 0,893 e o p-valor do Índice de Esfericidade de
Bartlett foi igual a 0,000 (p-valor < 0,05), indicando que a análise fatorial aos dados é
satisfatória. A variância explicada dos itens foi elevada de 68,5% para 71,6%.
Foram apresentados 6 fatores, conforme esperado: um para a escala EI, referente a
dimensão Experiential Beliefs, um para a escala OBE aplicada à Coca-Cola e outro aplicado à
Adidas, um para a escala FIT para cada marca investigada, e, por último, um para a escala
RQ, referente à dimensão Emotional Appeal. Todos os fatores de carga dos itens desta AFE
foram superiores a 0,50. Na escala EI, os fatores de carga foram os mais baixos e ficaram
entre 0,544, referente ao item EI_EB6, e 0,680. Nas demais escalas os fatores de carga foram
superiores a 0,700, com exceção do item FIT_a4 que apresentou valor 0,599. Os resultados
estão apresentados na Tabela 18.
131
Tabela 18 - Análise Fatorial Exploratória II (Fan Fest)
Fatoração de Eixos Principais - Rotação Oblimin
Imagem
do
Evento
Valor da Marca Congruência Reputação
da FIFA
Coca Adidas Coca Adidas
Item α = ,795 α = ,940 α = ,922 α = ,905 α = ,880 α = ,923 M.S.A. Comun.
EI_EB1 ,624 ,823 ,370a
EI_EB2 ,680 ,846 ,454a
EI_EB3 ,611 ,913 ,392a
EI_EB4 ,614 ,887 ,439a
EI_EB5 ,651 ,866 ,486a
EI_EB6 ,544 ,897 ,296a
OBE_c1 -,850 ,914 ,735
OBE_c2 -,951 ,874 ,886
OBE_c3 -,916 ,896 ,854
OBE_c4 -,810 ,926 ,725
OBE_a1 ,804 ,913 ,695
OBE_a2 ,918 ,885 ,837
OBE_a3 ,881 ,907 ,779
OBE_a4 ,818 ,919 ,690
FIT_c1 ,783 ,924 ,621
FIT_c2 ,889 ,890 ,755
FIT_c3 ,891 ,911 ,801
FIT_c4 ,724 ,908 ,573
FIT_c5 ,708 ,901 ,569
FIT_a1 ,727 ,921 ,550
FIT_a2 ,807 ,896 ,678
FIT_a3 ,926 ,888 ,801
FIT_a4 ,599 ,908 ,498a
FIT_a5 ,723 ,879 ,529
RQ_EA1 -,857 ,866 ,738
RQ_EA2 -,957 ,805 ,911
RQ_EA3 -,867 ,865 ,761
Variância
explicada 9,2% 10,8% 8,1% 30,9% 5,3% 7,3%
Nota: a comunalidade < 0,5
Além de verificar os fatores de carga, também foram examinados outros indicadores
para confirmar a adequação da AFE, a confiabilidade e a validade dos construtos. Foram
avaliados os índices MSA para todos os itens. O MSA de todos os itens foi superior a 0,805, o
132
que indica a adequação da AFE, pois o valor de referência para este índice é > 0,50. Também
foi examinado o Alfa de Cronbach. Espera-se valores de Alfa maiores que 0,70 para verificar
a confiabilidade dos construtos.. Na análise, o Alfa de todos os construtos foi superior a
0,795.
Por fim, foi verificada a comunalidade, índice para o qual espera-se valores superiores
a 0,50. Assim como foi observado na AFE realizada com os dados coletados no entorno do
Maracanã, todos os itens da escala EI apresentaram índices de comunalidade inferiores a 0,50,
na faixa entre 0,296 e 0,486, o que indica que a variância total dos itens desta escala
compartilham com os demais itens da análise é baixo. Além dos itens da escala EI, o item
FIT_a4, da escala que mede a congruência percebida entre a Adidas e a Copa do Mundo da
FIFA, também apresentou índice de comunalidade abaixo do valor de referência, porém muito
próximo a ele, igual a 0,498.
A validade convergente e discriminante dos construtos foi verificada preliminarmente
por meio da análise da Matriz de Correlação (Tabela 19). A validade convergente das escalas
foi analisada pela observação dos coeficientes de correlação entre os itens de uma mesma
escala, que devem apresentar valores superiores a 0,30. Apenas um coeficientes de correlação
entre itens apresentou valore inferiores a 0,30: o coeficiente de correlação entre o item
EI_EB6 e EI_EB1, com coeficiente de correlação igual a 0,276. Todos os outros coeficientes
de correlação entre as variáveis analisadas apresentaram valores dentro do esperado o que
sugere a validade convergente das escalas.
A validade discriminante foi analisada pela observação dos coeficientes de correlação
entre itens de escalas diferentes. Era esperado que estes coeficientes fossem inferiores a 0,30.
Contudo, diversos coeficientes de correlação entre os itens da escala OBE_c, OBE_a, FIT_c e
FIT_a superaram 0,30. A maior parte dos casos refere-se à correlação entre itens de escalas
diferentes, mas relacionadas à mesma marca, conforme observado também na Tabela 7.
Porém, nesta análise foram observados coeficientes de correlação entre itens da escala OBE_a
com itens da escala OBE_c e entre itens da escala FIT_a com itens da escala FIT_c,
evidenciando correlações espúrias.
133
Tabela 19 - Matriz de Correlação (Fan Fest)
Item Média DP
Correlações (Rho de Spearman)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
1 EI_EB1 5,90 1,045 1,000
2 EI_EB2 5,73 1,116
,533 1,000
3 EI_EB3 5,92 1,172
,395 ,432 1,000
4 EI_EB4 5,46 1,217
,317 ,371 ,350 1,000
5 EI_EB5 5,27 1,245
,301 ,369 ,373 ,565 1,000
6 EI_EB6 5,59 1,279
,276a ,312 ,319 ,326 ,438 1,000
7 OBE_c1 4,53 2,027
,119 ,137 ,084 ,182 ,162 ,058 1,000
8 OBE_c2 4,63 2,051
,115 ,125 ,099 ,171 ,143 ,069 ,828 1,000
9 OBE_c3 4,50 2,075
,107 ,123 ,121 ,201 ,166 ,083 ,772 ,866 1,000
10 OBE_c4 4,43 2,068
,132 ,166 ,119 ,191 ,178 ,114 ,723 ,780 ,809 1,000
11 OBE_a1 4,37 1,749
,089 ,110 ,145 ,188 ,232 ,106 ,298 ,274 ,295 ,279 1,000
12 OBE_a2 4,26 1,803
,113 ,153 ,176 ,208 ,270 ,133 ,257 ,291 ,311b ,296 ,777 1,000
13 OBE_a3 4,09 1,803
,104 ,133 ,161 ,206 ,231 ,131 ,241 ,280 ,318b ,310b ,701 ,795 1,000
14 OBE_a4 4,26 1,826
,081 ,113 ,163 ,196 ,243 ,115 ,240 ,264 ,311b ,364b ,670 ,720 ,744 1,000
15 FIT_c1 4,56 2,003 ,105 ,122 ,141 ,193 ,189 ,121 ,359b ,366b ,357b ,355b ,253 ,251 ,234 ,250 1,000
16 FIT_c2 4,40 1,934 ,075 ,113 ,143 ,211 ,189 ,123 ,364b ,368b ,370b ,366b ,249 ,230 ,221 ,252 ,726 1,000
17 FIT_c3 4,66 1,921 ,082 ,119 ,148 ,222 ,198 ,126 ,413b ,430b ,429b ,416b ,225 ,224 ,233 ,254 ,687 ,774 1,000
18 FIT_c4 4,01 1,899 ,024 ,068 ,100 ,195 ,140 ,089 ,327b ,342b ,359b ,355b ,213 ,217 ,220 ,234 ,544 ,634 ,659 1,000
19 FIT_c5 4,74 1,964 ,079 ,111 ,145 ,178 ,162 ,123 ,366b ,375b ,374b ,371b ,205 ,207 ,199 ,213 ,581 ,601 ,699 ,603 1,000
20 FIT_a1 5,26 1,689 ,133 ,153 ,211 ,167 ,203 ,159 ,155 ,166 ,177 ,166 ,329b ,345b ,322b ,299 ,287 ,247 ,244 ,182 ,239 1,000
21 FIT_a2 4,93 1,698 ,133 ,135 ,170 ,176 ,209 ,160 ,161 ,165 ,187 ,179 ,371b ,356b ,343b ,336b ,271 ,364b ,289 ,264 ,258 ,650 1,000
22 FIT_a3 5,39 1,539 ,164 ,187 ,200 ,207 ,223 ,188 ,191 ,194 ,216 ,205 ,365b ,356b ,339b ,330b ,237 ,285 ,310b ,236 ,282 ,671 ,735 1,000
23 FIT_a4 4,71 1,673 ,124 ,157 ,171 ,194 ,233 ,179 ,177 ,185 ,214 ,207 ,329b ,329b ,339b ,347b ,261 ,297 ,303b ,432b ,283 ,461 ,567 ,575 1,000
24 FIT_a5 5,54 1,569 ,141 ,172 ,204 ,167 ,180 ,182 ,157 ,161 ,181 ,181 ,302b ,303b ,285 ,275 ,207 ,230 ,255 ,214 ,388b ,552 ,559 ,671 ,551 1,000
25 RQ_EA1 3,96 1,927 ,136 ,166 ,152 ,240 ,203 ,077 ,217 ,219 ,228 ,221 ,228 ,201 ,203 ,204 ,253 ,235 ,285 ,229 ,217 ,169 ,180 ,157 ,232 ,153 1,000
26 RQ_EA2 3,70 1,927 ,121 ,167 ,155 ,262 ,236 ,097 ,212 ,236 ,240 ,240 ,228 ,234 ,241 ,236 ,262 ,243 ,297 ,265 ,243 ,167 ,183 ,166 ,262 ,156 ,825 1,000
27 RQ_EA3 3,27 1,873 ,077 ,150 ,120 ,255 ,231 ,069 ,211 ,208 ,230 ,222 ,235 ,225 ,238 ,238 ,227 ,235 ,278 ,255 ,209 ,153 ,199 ,165 ,259 ,144 ,749 ,832 1,000
Notas: a Correlação < 0,30 entre itens da mesma escala ; b Correlação > 0,30 entre itens de escalas distintas
134
De uma maneira geral, os dados verificados apontam para uma adequada utilização da
AFE, com construtos consistentemente mensurados pelos itens propostos, com limitações
observadas à escala EI, que mede a imagem do evento e, especialmente ao item EI_EB6.
5.3.3 Diferença de médias
Considerando apenas os itens selecionados para análise por meio das verificações
feitas na etapa de AFE, foram realizadas análises univariadas no SPSS, com a extração das
frequências, médias e desvios padrão de cada variável. Também foi utilizado o teste “t” de
diferença das médias para as variáveis com base na amostra total coletada na FIFA Fan Fest e,
também, com base em grupos formados por gênero e país de residência (Brasil ou exterior).
De uma forma geral, as médias mais elevadas foram apresentadas pelos itens
referentes à mensuração da imagem da Copa do Mundo da FIFA 2014, enquanto as mais
baixas foram apresentadas pelos itens referentes à mensuração da reputação da FIFA. As
médias abaixo de 4, que é o ponto neutro da escala Likert utilizada, refletem uma avaliação
negativa da reputação da FIFA. As diferenças estatisticamente significativas entre as quotas
foram destacadas na Tabela 20.
135
Tabela 20 - Diferença de médias entre grupos (Fan Fest)
Gênero Local de Residência
Média Teste T Média Teste T
Item Méd. DP Masc. Fem. t p-valor Resid. Turista T p-valor
EI_EB1 5,897 1,045 5,933 5,859 1,571 ,116 5,662 6,176 -11,494 ,000
EI_EB2 5,732 1,116 5,743 5,721 ,429 ,668 5,488 6,022 -11,095 ,000
EI_EB3 5,916 1,172 5,881 5,954 -1,392 ,164 5,802 6,052 -4,814 ,000
EI_EB4 5,464 1,217 5,395 5,538 -2,610 ,009 5,313 5,644 -6,168 ,000
EI_EB5 5,275 1,245 5,221 5,332 -1,985 ,047 5,136 5,439 -5,485 ,000
EI_EB6 5,595 1,279 5,597 5,592 ,090 ,928 5,442 5,776 -5,899 ,000
OBE_c1 4,528 2,027 4,507 4,550 -,468 ,640 4,570 4,478 1,012 ,312
OBE_c2 4,633 2,051 4,631 4,636 -,056 ,955 4,633 4,633 ,000 1,000
OBE_c3 4,495 2,075 4,479 4,513 -,361 ,718 4,459 4,538 -,840 ,401
OBE_c4 4,425 2,068 4,390 4,462 -,776 ,438 4,389 4,468 -,846 ,397
OBE_a1 4,373 1,749 4,441 4,300 1,807 ,071 4,499 4,223 3,499 ,000
OBE_a2 4,256 1,803 4,389 4,115 3,396 ,001 4,257 4,255 ,022 ,983
OBE_a3 4,092 1,803 4,199 3,978 2,733 ,006 4,058 4,132 -,909 ,364
OBE_a4 4,259 1,826 4,371 4,140 2,825 ,005 4,312 4,196 1,411 ,158
FIT_c1 4,563 2,003 4,531 4,596 -,720 ,471 4,584 4,538 ,507 ,612
FIT_c2 4,397 1,934 4,331 4,467 -1,557 ,120 4,534 4,234 3,465 ,001
FIT_c3 4,662 1,921 4,601 4,728 -1,463 ,144 4,719 4,595 1,424 ,155
FIT_c4 4,008 1,899 3,994 4,022 -,325 ,745 4,031 3,980 ,591 ,554
FIT_c5 4,738 1,964 4,682 4,797 -1,309 ,191 4,758 4,714 ,498 ,619
FIT_a1 5,258 1,689 5,275 5,240 ,457 ,648 5,204 5,323 -1,571 ,116
FIT_a2 4,932 1,698 4,932 4,932 -,002 ,999 5,117 4,713 5,298 ,000
FIT_a3 5,385 1,539 5,403 5,366 ,527 ,598 5,385 5,386 -,016 ,987
FIT_a4 4,711 1,673 4,671 4,753 -1,086 ,278 4,633 4,803 -2,257 ,024
FIT_a5 5,535 1,569 5,577 5,491 1,227 ,220 5,500 5,578 -1,111 ,267
RQ_EA1 3,960 1,927 3,838 4,090 -2,902 ,004 3,833 4,112 -3,213 ,001
RQ_EA2 3,700 1,927 3,548 3,862 -3,634 ,000 3,523 3,911 -4,483 ,000
RQ_EA3 3,265 1,873 3,059 3,483 -5,060 ,000 3,178 3,368 -2,236 ,025
Notas: Diferenças significativas realçadas em negrito.
136
Ao observar as diferenças de médias entre gêneros, pode-se notar que a imagem do
evento é avaliada de forma mais positiva pelas mulheres em dois itens: “instalações atrativas”
(EI_EB4) e “variedade de atividades” (EI_EB5). Nos demais itens, as médias das respostas de
homens e mulheres não apresentaram diferença significativa.
As avaliações do valor da marca dos patrocinadores apresentam diferenças de médias
significativas em alguns itens se comparadas por gênero. O valor da marca Adidas foi
avaliado mais positivamente por homens do que por mulheres em 3 itens (OBE_a2, OBE_a3,
OBE_a4). No entanto, não há diferença significativas entre as médias atribuídas por homens e
mulheres na avaliação do valor da marca Coca-Cola.
Os homens foram mais críticos ao avaliarem a reputação da FIFA. A diferença das
médias por gênero foi significativa para os três itens da escala RQ, com as médias da quota
feminina apresentando valores maiores, conforme apresentado no gráfico da Figura 14.
Figura 14 - Médias dos itens da escala RQ por gênero (Fan Fest)
Ao desconsiderar as quotas de gênero e analisar a diferença de médias por país de
residência, é possível notar que os turistas internacionais tem uma avaliação
significativamente mais positiva da imagem da Copa do Mundo da FIFA 2014 do que os
residentes no Brasil em todos os itens, conforme apresentado no gráfico da Figura 15.
1
2
3
4
5
6
7
RQ_EA1 RQ_EA2 RQ_EA3
Masc. Fem.
137
Figura 15 - Médias dos itens da escala EI por local de residência (Fan Fest)
Em relação à avaliação do valor da marca dos patrocinadores, os residentes no Brasil
apresentaram uma média superior aos turistas internacionais no item “Vale a pena comprar
Adidas, mesmo quando o produto é igual ao das outras marcas” (OBE_a1). Os residentes no
Brasil também apresentaram média maior que os turistas internacionais no item “A imagem
da Copa do Mundo e a imagem da Adidas são compatíveis” (FIT_a2), referente à percepção
de congruência entre Adidas e a Copa do Mundo da FIFA, e no item FIT_c2, que é o seu
equivalente para a marca Coca-Cola.
Finalmente, para os itens da escala RQ, as médias dos turistas internacionais foram
superiores às dos residentes do Brasil em dois itens: “A FIFA desperta sentimentos positivos”
(RQ_EA1) e “A FIFA é merecedora de admiração e respeito” (RQ_EA2). A diferença de
médias para os itens desta escala estão ilustradas no gráfico da Figura 16.
Figura 16 - Médias dos itens da escala RQ por local de residência (Fan Fest)
Além da análise de diferenças de média por gênero e país de residência, foi feita a
comparação das médias dos itens da escala RQ na perspectiva dos entrevistados que se
1
2
3
4
5
6
7
EI_EB1 EI_EB2 EI_EB3 EI_EB4 EI_EB5 EI_EB6
Resid. Turista
1
2
3
4
5
6
7
RQ_EA1 RQ_EA2 RQ_EA3
Resid. Turista
138
manifestaram contrários à realização da Copa do Mundo da FIFA no Brasil e daqueles que se
manifestaram favoráveis à realização do megaevento no país (Figura 17). O grupo que ter
sido uma boa decisão realizar a Copa do Mundo da FIFA no Brasil apresentou uma avaliação
mais positiva da reputação da FIFA em relação àqueles que não apoiaram a realização do
evento no país.
Figura 17 - Médias dos itens da escala RQ para aqueles que aprovam a realização da Copa do
Mundo da FIFA no Brasil e para aqueles que não aprovam (Fan Fest)
5.3.4 Análise Fatorial Confirmatória
Para validar o modelo de mensuração foi realizada uma AFC. Para decidir a técnica de
estimação a ser utilizada, foram gerados histogramas de todas as variáveis (ver Apêndice I) e
realizada uma análise dos indicadores Curtose item-a-item e Curtose multivariada. O C.R.
obtido na análise foi igual a 147,9, o que não permitiu suportar a multinormalidade dos dados.
Tendo em vista este resultado e considerando uma amostra de 1.793 casos, optou-se utilizar a
técnica ADF.
O modelo de mensuração foi especificado conforme ilustrado na Figura 18.
RQ_EA1 RQ_EA2 RQ_EA3
Aprova 4,2 3,9 3,4
Não aprova 3,3 2,9 2,7
1
2
3
4
5
6
7
139
Figura 18 - Modelo de Mensuração (Fan Fest)
Os indicadores de ajuste obtidos foram: Qui-quadrado igual a 1.391,63, p-valor igual a
0,00, Qui-quadrado normado igual a 4,504, GFI igual a 0,881, CFI igual a 0,823, RMSEA
igual a 0,042 e PCLOSE igual a 1,000. Tendo em vista os parâmetros estabelecidos para que
o modelo seja considerado bem ajustado, os indicadores p-valor, χ2/gl, GFI e CFI ficaram
foram dos limites sugeridos (ver Tabela 21). Desta forma, tem-se que o modelo não apresenta
bom ajuste.
O modelo de mensuração foi reespecificado para incluir a correlação entre os erros das
escalas OBE_c com seus itens pareados na escala OBE_a e da escala FIT_c com seus itens
pareados na escala FIT_a, devido à repetição dos itens no questionário. O modelo
reespecificado está ilustrado na Figura 19.
140
Figura 19 - Modelo de Mensuração Reespecificado (Fan Fest)
Os indicadores de ajuste do modelo de mensuração original e do modelo
reespecificado são detalhados na Tabela 21.
Tabela 21 - Indicadores de Ajuste do Modelo (Fan Fest)
Indicadores de Ajuste χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo de Mensuração 1391,628 0,000a 4,504
a 0,881
a 0,823
a 0,042 1,000
Modelo Reespecificado 1043,577 0,000a 3,479
a 0,911 0,878
a 0,035 1,000
limites sugeridos < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
Nota: a Parâmetro fora dos limites esperados.
141
Pode-se notar que os indicadores de ajuste do modelo reespecificado são superiores
aos do modelo original, tendo atingido os limites sugeridos ou aproximando-se deles. Além
do p-valor do χ2, os indicadores χ2/gl e CFI permaneceram fora do parâmetro esperado para
suportar um bom ajuste de dados. No entanto, a simulação da exclusão de itens da escala EI
não impactou o modelo positivamente de forma significativa. Assim, optou-se por seguir com
o modelo conforme reespecificado e apresentado na Figura 19.
A confiabilidade dos construtos e a validade convergente e discriminante das escalas
foram ponderadas por meio dos dados gerados pela AFC, apresentados na Tabela 22.
A confiabilidade dos construtos foi verificada com a avaliação do indicador CR. O
menor CR apresentado, referente à Imagem do Evento, foi igual a 0,842, o que sugere a
confiabilidade de todos os construtos do modelo.
Os coeficientes padronizados de cada escala do modelo de mensuração foram
analisados para verificar a validade convergente. Espera-se que os coeficientes apresentem
valores superiores a 0,60. Apenas o item EI_EB6 apresentou coeficiente padronizado inferior
a este limite, o que sugere uma validade convergente satisfatória para as demais escalas. A
Variância Média Extraída (AVE) maior que 0,50 sugere convergência adequada para todas as
escalas, exceto EI, que apresentou AVE = 0,473.
Foi então analisada a validade discriminante, mediante a observação dos coeficientes
de correlação entre os construtos, que não supera 0,85. Além disso, verifica-se que o
quadrados dos coeficientes de correlação entre os construtos é sempre inferior à AVE de cada
construto, suportando portanto a validade discriminante.
142
Tabela 22 - Análise Fatorial Confirmatória (Fan Fest)
Análise Fatorial Confirmatória | ADF - Asymptotically Distribution-Free
Imagem
do Evento
Valor da Marca Congruência Reputação
da FIFA Coca Adidas Coca Adidas
Item CR = ,842 CR = ,954 CR = ,928 CR = ,926 CR = ,906 CR = ,925
EI_EB1 ,699
EI_EB2 ,729
EI_EB3 ,660
EI_EB4 ,715
EI_EB5 ,752
EI_EB6 ,552a
OBE_c1 ,880
OBE_c2 ,953
OBE_c3 ,939
OBE_c4 ,891
OBE_a1 ,842
OBE_a2 ,921
OBE_a3 ,899
OBE_a4 ,832
FIT_c1 ,810
FIT_c2 ,887
FIT_c3 ,921
FIT_c4 ,783
FIT_c5 ,820
FIT_a1 ,782
FIT_a2 ,852
FIT_a3 ,902
FIT_a4 ,760
FIT_a5 ,753
RQ_EA1 ,869
RQ_EA2 ,952
RQ_EA3 ,869
Imagem do Evento ,473b ,274 ,345 ,247 ,371 ,332
Valor da Marca Coca ,075 ,840 ,400 ,558 ,303 ,259
Valor da Marca Adidas ,119 ,160 ,764 ,328 ,525 ,264
Congruência Coca ,061 ,311 ,108 ,715 ,476 ,320
Congruência Adidas ,138 ,092 ,276 ,227 ,659 ,284
Reputação da FIFA ,110 ,067 ,070 ,102 ,081 ,806
Notas: a Coeficiente padronizado < 0,6; b Variância média extraída < 0,5; Número em negrito na diagonal denotam a
Variância Média Extraída; Números abaixo da diagonal denotam o quadrado das correlações entre construtos; Números
acima da diagonal denotam as correlações entre construtos
143
5.3.5 Teste das Hipóteses Substantivas
O teste das hipóteses do estudo foi realizado com a técnica de Modelagem de
Equações Estruturais (Structural Equations Modeling, SEM), que estima os caminhos
estruturais hipotetizados no modelo conceitual. O Modelo Estrutural é apresentado na Figura
20.
Figura 20 - Modelo Estrutural (Fan Fest)
Os indicadores de ajuste do Modelo Estrutural ficaram fora dos limites esperados, com
exceção do χ2, do RMSEA e do PCLOSE, conforme pode ser observado na Tabela 23.
144
Tabela 23 - Indicadores de Ajuste do Modelo Estrutural (Fan Fest)
Indicadores de Ajuste χ2 p-valor χ
2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo de Mensuração 1368,476 0,000a 4,472
a 0,883
a 0,826
a 0,042 1,000
limites sugeridos < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
Nota: a Parâmetro fora dos limites esperados.
O teste das hipóteses substantivas foi realizado por meio da análise de significância e
relevância dos paths entre os construtos Reputação, Imagem do Evento, Valor da Marca do
Patrocinador para a verificação das hipóteses H1, H2 e H3. Foram considerados os
coeficientes padronizados, o CR e o p-valor. Foi considerado um p-valor menor do que 0,05
como critério para suportar as hipóteses (Hair, Black, Babin, & Anderson, 2010). Os
resultados deste teste estão detalhados na Tabela 24.
A variância explicada das variáveis latentes endógenas foi igual a 16,1% para a
Imagem do Evento, 31,0% para o Valor da Marca Coca-Cola e 29,3% para o Valor da Marca
Adidas.
Os paths analisados entre as variáveis latentes Reputação, Imagem do Evento e Valor
da Marca do patrocinador foram significativos para a relação entre a Reputação e a Imagem
do Evento, entre a Imagem do Evento e o Valor da Marca Coca-Cola e entre a Imagem do
Evento e o Valor da Marca Adidas. Com isso, as hipóteses H1, H3a e H3b são suportadas. A
influência direta da Reputação no Valor da Marca do patrocinador não foi suportada para
Coca-Cola, nem para a Adidas.
145
Tabela 24 - Teste das Hipóteses H1, H2 e H3 (Fan Fest)
Hipóteses Caminho Relação
hipotetizada
Coeficiente
padronizado C.R. p-valor Resultado
H1 Imagem do Evento ← Reputação da FIFA ( + ) 0,402 16,022 *** Suportada
H2a Valor da Marca Coca Cola ← Reputação da FIFA ( + ) 0,018 0,797 0,426 Não Suportada
H2b Valor da Marca Adidas ← Reputação da FIFA ( + ) 0,013 0,514 0,607 Não Suportada
H3a Valor da Marca Coca Cola ← Imagem do Evento ( + ) 0,186 6,807 *** Suportada
H3b Valor da Marca Adidas ← Imagem do Evento ( + ) 0,278 8,020 *** Suportada
Imagem do Evento 0,161 a
Valor da Marca Coca Cola 0,310 a
Valor da Marca Adidas 0,293 a
Notas: *** p < 0,01; ** p < 0,05; a (R2) - variância explicada da variável latente.
146
O método dos Quatro Passos (Baron & Kenny, 1986) e o teste de Sobel (Sobel, 1982)
forma realizados para verificar o efeito mediador da variável latente Congruência. Os
resultados desta análise estão descritos na Tabela 25.
Tabela 25 - Teste de Mediação (Fan Fest)
Rótulo Passos Variáveis
Coeficientes
não
padronizados
Erro
Padronizado P-Valor
Teste de
Sobel (z)
Coca-Cola
Passo 1
8,324 ***
Dependente OBE - - -
Independente EI 0,869 0,084 ***
Passo 2 Dependente FIT - - -
Independente EI 0,686 0,073 ***
Passos 3 e 4 Dependente OBE - - -
Mediador FIT 0,538 0,030 ***
Independente EI 0,457 0,066 ***
Adidas
Passo 1
7,839 ***
Dependente OBE - - -
Independente EI 0,964 0,078 ***
Passo 2 Dependente FIT - - -
Independente EI 0,819 0,068 ***
Passos 3 e 4 Dependente OBE - - -
Mediador FIT 0,413 0,040 ***
Independente EI 0,541 0,069 ***
Nota. *** Significativo ao nível .001
Os resultados da análise da marca Coca-Cola e da marca Adidas são similares. O
primeiro passo demonstra, como visto no teste das hipóteses H3a e H3b, que a relação direta
entre a variável latente Imagem do Evento com a variável Valor da Marca Coca-Cola e Valor
da Marca Adidas é significativa. O passo 2 mostra que a relação direta entre a variável latente
Imagem do Evento com a variável latente Congruência entre o megaevento e a Coca-Cola e
Congruência entre o megaevento e a Adidas é significativa. Por fim, os passos 3 e 4 suportam
o efeito mediador da variável Congruência na relação de influência da Imagem do Evento
sobre o Valor das duas marcas, indicando uma mediação parcial. Por fim, o teste de Sobel
147
também suporta a significância do efeito indireto da Imagem do Evento no valor da marca dos
patrocinadores.
Finalmente, a influência da reputação da FIFA foi examinada de forma a se determinar
os efeitos direto, indireto e totais no valor da marca dos patrocinadores (ver Tabela 26 e
Tabela 27).
Conforme já demonstrado, a reputação da FIFA não exerce efeito direto significativo
(coeficiente padronizado = 0,018; p-valor = 0,426) no valor da marca Coca-Cola. O efeito
indireto (coeficiente padronizado = 0,139), no entanto, é significativo.
A variância explicada do valor da marca Coca-Cola (31,0%) decorre, portanto, do
efeito direto da percepção de congruência entre Coca-Cola e a Copa do Mundo da FIFA
(coeficiente padronizado = 0,459; p-valor < 0,01), do efeito direto da imagem do evento
(coeficiente padronizado = 0,186) e do efeito indireto da reputação da FIFA (coeficiente
padronizado = 0,139).
Tabela 26 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Coca-Cola (Fan Fest)
Estimativas Padronizadas
Efeitos Totais, Diretos e Indiretos
no Valor da Marca Coca Cola
Reputação
da FIFA
Imagem do
Evento
Congruência
Valor da
Marca
ED - Efeito Direto ,018 ,186 ,459
EI - Efeito Indireto ,139 ,159 -
ET - Efeito Total ,157 ,345 ,459
(ED)2 ,000 ,035 ,211 ,246
(EI)2 ,019 ,025 - ,045
(ET)2 ,025 ,119 ,211 ,354
Variância Explicada (a)
,310
Nota: (a) Squared Multiple Correlation | [ Σ(ET)2 - Σ(EI)2 ]
Nesta análise foi verificado que a reputação da FIFA também não exerce efeito direto
significativo (coeficiente padronizado = 0,013; p-valor = 0,607) no valor da marca Adidas.
Porém, o efeito indireto (coeficiente padronizado = 0,181) é significativo.
148
Assim, a variância explicada da marca Adidas (29,3%) decorre do efeito direto da
percepção de congruência entre Adidas e a Copa do Mundo da FIFA (coeficiente padronizado
= 0,340; p-valor < 0,01), do efeito direto da imagem do evento (coeficiente padronizado =
0,278), do efeito indireto da imagem do evento (coeficiente padronizado = 0,172) e do efeito
indireto da reputação da FIFA (coeficiente padronizado = 0,181).
Tabela 27 - Efeitos sobre o Valor da Marca do Patrocinador Adidas (Fan Fest)
Estimativas Padronizadas
Efeitos Totais, Diretos e Indiretos
no Valor da Marca Adidas
Reputação
da FIFA
Imagem do
Evento
Congruência
Valor da
Marca
ED - Efeito Direto ,013 ,278 ,340
EI - Efeito Indireto ,181 ,172 -
ET - Efeito Total ,193 ,450 ,340
(ED)2 ,000 ,077 ,116 ,193
(EI)2 ,033 ,030 - ,062
(ET)2 ,037 ,203 ,116 ,355
Variância Explicada (a)
,293
Nota: (a) Squared Multiple Correlation | [ Σ(ET)2 - Σ(EI)2 ]
5.4 Síntese dos resultados
Nesta seção é apresentado um resumo dos resultados. A Tabela 28 apresenta uma
síntese dos resultados empíricos das hipóteses substantivas do estudo.
149
Tabela 28 - Síntese dos Resultados das Hipóteses de Pesquisa
Hipóteses Caminho Relação
hipotetizada Maracanã FIFA Fan Fest
H1 Imagem do Evento ← Reputação da FIFA ( + ) Suportada Suportada
H2a Valor da Marca Coca Cola ← Reputação da FIFA ( + ) Não Suportada Não Suportada
H2b Valor da Marca Adidas ← Reputação da FIFA ( + ) Suportada Não Suportada
H3a Valor da Marca Coca Cola ← Imagem do Evento ( + ) Não Suportada Suportada
H3b Valor da Marca Adidas ← Imagem do Evento ( + ) Não Suportada Suportada
H4a Valor da Marca Coca-Cola ← Congruência entre Coca-Cola e Evento ← Imagem do Evento ( + ) Suportada Suportada
H4b Valor da Marca Adidas ← Congruência entre Adidas e Evento ← Imagem do Evento ( + ) Suportada Suportada
150
151
6 CONCLUSÕES
Este capítulo é dividido em cinco seções. A primeira apresenta o sumário do estudo. A
segunda seção apresenta as respostas às questões de pesquisa, com foco nas implicações
teóricas dos resultados do estudo. A terceira seção apresenta as implicações gerenciais. A
quarta seção apresenta as limitações do presente estudo e, por fim, a quinta seção apresenta
sugestões para estudos futuros.
6.1 Sumário Executivo
Este estudo investigou a influência da reputação da entidade organizadora de
megaeventos esportivos na imagem do megaevento e no valor da marca dos patrocinadores,
além da influência mediadora da percepção de congruência entre patrocinador e megaevento
sobre a relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca do patrocinador. O estudo
contribui para a literatura de marketing esportivo, utilizando como principal referencial
teórico a Associative Network Theory (Collins & Loftus, 1975) e a Schema Theory (Axelrod,
1973). As questões de pesquisa foram desdobradas em sete hipóteses substantivas que
contemplaram a verificação da relação entre a reputação da FIFA, a imagem da Copa do
Mundo da FIFA 2014, o valor da marca de dois patrocinadores, Coca-Cola e Adidas, e a
congruência entre o megaevento e os patrocinadores.
O estudo foi conduzido durante a Copa do Mundo da FIFA 2014, no Rio de Janeiro,
onde foram realizados sete jogos do torneio e onde foi sediada uma edição da FIFA Fan Fest.
Foi realizado uma survey, coletando amostras não-probabilísticas, compostas por brasileiros e
estrangeiros, residentes no Brasil e turistas internacionais, que participaram da Copa do
Mundo da FIFA 2014 como espectadores presenciais no estádio do Maracanã ou na FIFA Fan
Fest, resultando em duas amostras distintas. Ao todo, foram coletados 469 questionários
válidos no entorno do Estádio do Maracanã em dias de jogos, e 1.973 questionários válidos na
FIFA Fan Fest.
A análise dos dados foi realizada utilizando Análise Fatorial Exploratória (AFE) e
Análise Fatorial Confirmatória (AFC), tendo sido verificadas a confiabilidade e a validade
convergente e discriminante dos construtos. Para testar as hipóteses substantivas, foi utilizada
a técnica de Modelagem de Equações Estruturais (SEM) com o uso da técnica MLE para a
amostra coletada no entorno do Estádio e com a técnica ADF para a amostra coletada na FIFA
152
Fan Fest. Foi também realizada a técnica proposta por Baron e Kenny (1986) e o teste de
Sobel (1982) para suportar o efeito mediador da percepção de congruência entre patrocinador
e megaevento na relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca do patrocinador.
Como resultado, na amostra coletada no Estádio do Maracanã, foi possível suportar
quatro das sete hipóteses de pesquisa. Os resultados empíricos sugerem que a reputação do
organizador do megaevento influencia a imagem do evento, mas pode não influenciar
diretamente o valor da marca do patrocinador. Além disso, foram suportadas as hipóteses de
que a percepção de congruência entre megaevento e patrocinador exerce um efeito mediador
total na relação entre a imagem do megaevento e o valor da marca do patrocinador.
Na amostra coletada na FIFA Fan Fest, também foi suportada a hipótese de que a
reputação do organizador do megaevento influencia a imagem do megaevento. Neste caso,
não foi verificada a influência direta da reputação do organizador do megaevento no valor da
marca dos seus patrocinadores. Porém, neste cenário, a imagem do evento influenciou
diretamente o valor da marca dos patrocinadores. Tendo em vista que o efeito mediador
também foi suportado, conclui-se que a mediação da percepção de congruência entre
megaevento e patrocinador foi parcial.
6.2 Implicações Teóricas
Nesta seção são apresentadas as contribuições acadêmicas do estudo, na forma de
respostas às perguntas de pesquisa.
6.2.1 Questão 1: A reputação do organizador do megaevento esportivo influencia a imagem
do megaevento?
Os resultados obtidos permitem responder positivamente à primeira questão,
suportando o efeito direto da influência da reputação da entidade organizadora do megaevento
esportivo na imagem do megaevento. A variância explicada da imagem da Copa do Mundo da
FIFA é 6% para a amostra do Maracanã, e 16% para a amostra da FIFA Fan Fest.
Este resultado está em consonância com o único estudo empírico encontrado na
literatura que relaciona percepções sobre a FIFA e a imagem da Copa do Mundo da FIFA. Os
resultados observados por Walker, et al. (2013), em investigação conduzida durante a Copa
153
do Mundo da FIFA 2010, realizada na África do Sul, sugerem que a percepção da FIFA como
uma organização socialmente responsável influencia a imagem do megaevento.
Uma vez que a reputação é composta por um conjunto de associações, crenças e
julgamentos feitos a respeito de uma organização (Brown, Dacin, Pratt, & Whetten, 2006;
Clardy, 2012), que afetam o comportamento dos indivíduos (Balmer & Greyser, 2006), pode-
se dizer que as associações primárias referentes à reputação corporativa da FIFA podem ser
transferidas para o seu principal produto e tornarem-se associações secundárias da Copa do
Mundo da FIFA, influenciando a sua imagem.
A transferência de associações tem constituído objeto de estudos no âmbito do
patrocínio (Cornwell, Weeks, & Roy, 2005; Grohs & Reisinger, 2014; Grohs, Wagner, &
Vsetecka, 2004; Gwinner K. , 1997; Gwinner, Larson, & Swanson, 2009), porém esta relação
entre a organização proprietária de megaeventos esportivos e a imagem do megaevento é
praticamente inexplorada por estudos empíricos. Por isso, este achado do presente estudo
significa um avanço do conhecimento da área.
A literatura acadêmica acerca de reputação apresenta uma falta de consenso quanto à
definição dos conceitos de imagem, identidade e reputação corporativa (Brown, Dacin, Pratt,
& Whetten, 2006; Chun, 2005; Clardy, 2012; Walker K. , 2010). Para alguns autores, a
reputação é referente à avaliação agregada de stakeholders internos e externos (Chun, 2005;
Fombrun, Gardberg, & Sever, 2000; Walker K. , 2010), para outros, porém, trata-se de uma
visão referente ao público externo ou a vários subgrupos deles (Brown, Dacin, Pratt, &
Whetten, 2006; Clardy, 2012). A abordagem deste estudo reconhece que pode haver
diferentes percepções da reputação de uma organização, para distintas dimensões, de acordo
com a percepção de distintos grupos de stakeholders, o que está em linha com o sugerido por
Lewellyn (2002). Portanto é importante destacar que o presente estudo investigou a reputação
da FIFA na dimensão de apelo emocional, na percepção dos participantes do megaevento
enquanto espectadores presenciais no estádio e na FIFA Fan Fest.
De acordo com Sjovall e Talk (2004), a força e homogeneidade das percepções sobre
uma corporação dentro de um grupo fortalecem a reputação. Opiniões muito divergentes
resultariam, portanto, na dificuldade de formação de uma reputação corporativa clara. No
entanto, o que se verificou foi um padrão de médias similar para a avaliação da reputação da
FIFA, entre os entrevistados no Maracanã e na FIFA Fan Fest. Observa-se portanto uma
154
homogeneidade entre as amostras, apesar de certa heterogeneidade dentro de cada amostra,
uma vez que foram observadas diferenças na percepção da reputação da FIFA, mais
especificamente entre local de residência e gêneros. Os residentes no Brasil apresentaram uma
avaliação mais crítica, assim como os homens em relação às mulheres.
Deve-se destacar que a experiência das pessoas presentes na Copa do Mundo da FIFA
no estádio é diferente da experiência vivida pelos espectadores presentes na FIFA Fan Fest,
como foi constatado por Becker, Kautsky e Widholm (2014). Todavia, no presente estudo a
percepção da imagem do megaevento, mensurada por uma escala que reflete crenças ligadas à
experiência, não difere entre as amostras do Maracanã e da FIFA Fan Fest. Assim, pode-se
especular que as iniciativas da FIFA para oferecer uma experiência consistente em todas as
instâncias do megaevento foram bem sucedidas, o que pode ser corroborado pelo alto grau de
avaliação de ambos os eventos, respondendo às críticas dos autores mencionados.
6.2.2 Questão 2: A reputação do organizador do megaevento esportivo influencia o valor da
marca do patrocinador?
Os resultados do presente estudo sugerem que a reputação da FIFA não influencia
diretamente o valor da marca Coca-Cola na perspectiva dos entrevistados no Maracanã, nem
na perspectiva dos entrevistados na FIFA Fan Fest. Percebe-se todavia um efeito indireto
equivalente a 2%, especificamente para a amostra da FIFA Fan Fest. Os resultados para a
marca Adidas, porém, foram um pouco diferentes. A influência direta da reputação da FIFA
no valor da marca Adidas foi suportada na análise dos dados coletados no Maracanã (2%).
Além disso, o valor da marca Adidas também recebeu influência indireta da reputação da
FIFA na amostra da FIFA Fan Fest (3%). Apesar da observação destes efeitos diretos e
indiretos com significância estatística, pode-se afirmar que a reputação da FIFA não exerce
influência prática no valor da marca dos dois patrocinadores.
Ainda que a conexão entre valor da marca, credibilidade corporativa e reputação não
esteja clara para alguns segmentos da academia (Chun, 2005), um estudo empírico realizado
no Brasil já suportou a influência da reputação de uma empresa no valor da sua marca
(Torres, Gonçalves, Gosling, & Veiga, 2011). Porém, a relação investigada neste estudo
refere-se a reputação de uma organização (FIFA) com o valor da marca de outras
organizações (Coca-Cola e Adidas), configurando uma situação distinta.
155
O valor da marca pode ser construído a partir dos esforços de marketing da empresa,
da experiência direta com a marca e de outras fontes de informação sobre a marca fora da
companhia (Raggio & Leone, 2007). Sabe-se que a construção do valor da marca ocorre no
longo prazo (Aaker, 1998; Dolphin, 2003) e que empresas como Coca-Cola e Adidas
investem há muitos anos em estratégias de construção de marca, inclusive por meio de
patrocínio (Corporate, n.d.; FAQs The Coca-Cola Company, n.d.). Em consequência disso,
pode-se aceitar que os dois patrocinadores têm valor de marca na perspectiva do consumidor
bem consolidado, que protegem a marca de certas influências adversas.
No presente estudo, constatou-se que o valor da marca Coca-Cola é ligeiramente
superior ao valor da marca Adidas, tanto nos dados coletados no entorno do Maracanã, quanto
nos coletados na FIFA Fan Fest. Porém, no caso dos dados obtidos no entorno do estádio, não
se pode afirmar que exista uma diferença estatística significativa.
6.2.3 Questão 3: A imagem do megaevento esportivo influencia o valor da marca do
patrocinador?
Os resultados do presente estudo não permitem responder de forma afirmativa a essa
questão uma vez que os efeitos totais da imagem do megaevento esportivo no valor da marca
dos patrocinadores não são relevantes no caso da amostra coletada no Maracanã, embora
sejam relevantes na amostra da FIFA Fan Fest. A investigação da influência direta da imagem
do evento no valor da marca dos patrocinadores apresentou resultados diferentes nas análises
das duas amostras, pois este efeito só foi verificado na análise dos dados obtidos na coleta da
FIFA Fan Fest. Para os entrevistados no Maracanã, a imagem do evento não influenciou o
valor da marca dos patrocinadores de forma direta.
A influência da imagem da propriedade esportiva no valor da marca do patrocinador e
em outras variáveis relacionadas à resultados de patrocínio possui suporte em diversos
estudos que indicam que o patrocínio esportivo pode representar uma vantagem competitiva
sustentável, proporcionando diferenciação e agregando valor à marca do patrocinador (Amis,
Pant, & Slack, 1997; Cliffea & Motion, 2005; Dolphin, 2003). No entanto, não foram
encontrados estudos empíricos que relacionassem a imagem do evento ao valor da marca do
patrocinador.
Alguns estudos investigaram a influência direta da imagem do evento na imagem do
patrocinador (Grohs & Reisinger, 2014; Grohs, Wagner, & Vsetecka, 2004; Nadeau, O'Reilly,
156
& Heslop, 2013). Nadeau, O’Reilly e Heslop (2013) e Grohs, Wagner e Vsetecka (2004)
suportaram a influência direta da imagem dos Jogos Olímpicos Beijing 2008 e do
Campeonato Mundial de Ski Alpino, respectivamente, na imagem dos patrocinadores destes
eventos. No entanto, esses estudos não investigaram uma possível influência da percepção de
congruência entre evento e patrocinador em seus resultados. Mais recentemente, Grohs e
Reisinger (2014) constataram o efeito da influência direta da imagem do evento e da
congruência sobre a imagem do patrocinador, todavia, modelaram esses construtos como
variáveis independentes, sem considerar a possibilidade de uma interação entre elas. Seus
resultados ofereceram suporte para a significância das duas relações. No entanto, ficou
evidente que a influência da congruência na imagem do evento foi substancialmente superior
à influência da imagem do evento.
No presente estudo, quando se investiga o primeiro passo da verificação do efeito de
mediação da congruência, constata-se uma alta correlação entre a imagem do evento e o valor
da marca do patrocinador para as duas marcas em ambas as amostras. Todavia, quando a
congruência é modelada como mediadora entre esses construtos, a influência direta da
imagem do evento é reduzida substancialmente, chegando a ser não significativa na amostra
do Maracanã para ambas as marcas. Essa é uma contribuição relevante do presente estudo,
pois demonstra claramente o papel mediador da congruência.
6.2.4 Questão 4: A percepção de congruência entre patrocinador e megaevento patrocinado
exerce efeito mediador na relação entre a imagem do evento e o valor da marca do
patrocinador?
Pode-se dizer que a resposta para a quarta questão de pesquisa é sim. Os resultados
sugerem que a congruência exerce um efeito mediador importante na relação entre a imagem
do evento e o valor da marca dos dois patrocinadores. A mediação foi observada nas análises
dos dados coletados no Maracanã e na FIFA Fan Fest e, em ambas as análises, a congruência
foi a variável latente que mais explicou a variância do valor da marca dos patrocinadores.
A mediação foi parcial no caso da FIFA Fan Fest e total no caso do Maracanã. Ou
seja, a imagem do evento não exerceu efeito direto no valor da marca do patrocinador na
perspectiva dos entrevistados no Maracanã, exerceu apenas um efeito indireto, totalmente
mediado pela percepção de congruência.
157
Este resultado fornece novas evidências empíricas da influência da percepção de
congruência entre patrocinador e propriedade no sucesso de uma estratégia de patrocínio e
está alinhado a uma série de estudos que destacam a importância deste construto. A percepção
de congruência entre o patrocinador e a propriedade patrocinada pode influenciar, por
exemplo, a imagem e reconhecimento da marca do patrocinador (Grohs, Wagner, & Vsetecka,
2004; Gwinner, Larson, & Swanson, 2009; Koo, Quarterman, & Flynn, 2006), a atitude em
relação ao patrocinador (Gwinner & Bennett, 2008; Speed & Thompson, 2000), atratividade
da marca (Woisetschläger, Eiting, Haselhoff, & Michaelis, 2010) e a intenção de compra de
produtos do patrocinador (Close & Lacey, 2013).
Os resultados do presente estudo oferecem suporte empírico para a tese de Gwinner e
Eaton (1999) de que a congruência entre patrocinador e propriedade pode ser percebida tanto
em virtude da funcionalidade, quanto em virtude de um alinhamento simbólico de imagens.
Pode-se dizer que a percepção de congruência entre Adidas e a Copa do Mundo da FIFA tem
base em funcionalidade, pois a empresa é a fornecedora de material esportivo do evento,
desenvolvendo desde a bola do torneio até uniformes dos árbitros, dos gandulas e dos
voluntários que trabalham no estádio e na FIFA Fan Fest. Já a percepção de congruência entre
a Coca-Cola e a Copa do Mundo da FIFA é baseada no alinhamento simbólico das imagens.
Utilizando-se das explicações oferecidas pela Associative Network Theory (Collins & Loftus,
1975) e pela Schema Theory (Axelrod, 1973) sobre o funcionamento da memória humana, é
possível explicar como a percepção de congruência com base em imagem entre a Coca-Cola e
a Copa do Mundo da FIFA é estabelecida. As pessoas percebem essa congruência pela
longevidade da parceria, por associarem a Coca-Cola a momentos de lazer, ou por outros
motivos que possam permitir a conexão entre a informação Coca-Cola e a informação Copa
do Mundo da FIFA em uma rede de informações associadas ou em um esquema estabelecido
na memória por experiências e julgamentos prévios sobre as duas partes. Por exemplo, se
assumirmos (a) que o ato de beber “Coca-Cola” está associado a momentos de lazer e (b) que
assistir a um jogo da Copa do Mundo da FIFA também está associado a um momento de
lazer, então o nó da rede associativa referente à Coca-Cola está conectado ao nó da rede
associativa referente à Copa do Mundo da FIFA.
Quando são analisadas as médias das avaliações conferidas pelos entrevistados à
congruência entre o megaevento e cada um dos patrocinadores, por meio de um teste para
amostras pareadas, constata-se que há diferença significativa entre as médias para todos os
158
itens que medem a congruência, sendo que as médias relativas à Adidas são superiores às
relativas à Coca-Cola. Em outras palavras, os resultados indicam que a congruência baseada
em funcionalidade é mais saliente que a congruência baseada em alinhamento simbólico de
imagens. Este comportamento é similar tanto nos dados coletados no entorno do Maracanã,
quanto na FIFA Fan Fest.
No entanto, pode-se observar que o efeito da congruência na variância explicada da
marca no presente estudo é maior para a Coca-Cola em ambas as amostras. Uma possível
explicação para isso pode residir no fato de que a Adidas tem concorrentes diretos
relacionados ao evento, um caso de marketing de emboscada não proposital (Chadwick &
Burton, 2011). Empresas como Nike e Puma também disputam visibilidade com a Adidas no
evento, pois patrocinam seleções e atletas que estão presentes na competição, o que pode
confundir o espectador.
Resta ainda discutir as razões subjacentes ao fato de que o efeito mediador é parcial
para a amostra da FIFA Fan Fest e total para a amostra do Maracanã. Pode-se imaginar que
este resultado seja decorrente de fatores relacionados ao momento da coleta de dados
realizada no Maracanã e na FIFA Fan Fest. Enquanto a pesquisa realizada no entorno do
Maracanã teve dados coletados antes do jogo e a realizada na FIFA Fan Fest teve dados
coletados ao longo de seis horas por data de coleta, incluindo períodos antes, durante e após
diversos jogos, é possível que os entrevistados no entorno do estádio tenham sido menos
expostos às marcas patrocinadoras no momento da entrevista.
Outra possibilidade está relacionada à ativação do patrocínio. A literatura ressalta a
importância da ativação estratégica do patrocínio como um investimento fundamental para a
construção e comunicação da associação de um patrocínio, contribuindo com o
reconhecimento do patrocínio (Cornwell & Maignan, 1998; O'Reilly & Lafrance Horning,
2013), e com o reforço da lógica subjacente à conexão entre patrocinador e propriedade
(Close & Lacey, 2013; Cornwell, Humphreys, Maguire, Weeks, & Tellegen, 2006; Deitz,
Myers, & Stafford, 2012). A FIFA Fan Fest proporciona mais espaço e mais tempo para que
os visitantes possam interagir com as marcas parceiras através da exposição das marcas e de
atividades a elas relacionadas em stands dos patrocinadores e em stands da FIFA dispostos no
local. Consequentemente, é possível supor que a ativação do patrocínio é mais incisiva no
ambiente da FIFA Fan Fest do que no entorno do estádio, antes dos jogos.
159
6.2.5 Questão ex post: O gênero e o local de residência exercem influência na percepção da
reputação da FIFA e na imagem do evento?
Tendo em vista que informações provenientes da imprensa e de boca-a-boca podem
influenciar as percepções de um indivíduo a respeito de uma organização, impactando assim
na sua avaliação da reputação corporativa (Sjovall & Talk, 2004), decidiu-se investigar a
possível existência de diferenças de médias entre o grupo de “residentes no Brasil” e o grupo
de “turistas internacionais”. Optou-se por utilizar a variável país de residência ao invés de
nacionalidade uma vez que um estrangeiro residente no Brasil pode ser influenciado por
informações mais salientes neste ambiente e possuir uma percepção diferente de outros
estrangeiros. Constatou-se que os residentes no Brasil foram mais críticos do que residentes
no exterior na avaliação da imagem do evento e da reputação da FIFA, o que se reflete na
diferença de médias verificada para a maior parte dos itens dos dois construtos tanto nos
dados coletados do Maracanã quanto nos da FIFA Fan Fest. Este resultado é coerente com
estudos sobre megaeventos realizados nas áreas de Economia e Sociologia que investigam os
impactos dos megaeventos nas sociedades anfitriãs, mais especificamente sobre os legados
negativos de um megaevento para a sede (Horne, 2015; Horne & Manzenreiter, 2006;
Kesenne, 2012).
Quando analisadas as diferenças de médias por gênero, observa-se que o grupo
composto por homens também apresentou avaliações um pouco mais críticas quanto à
imagem do evento e à reputação da FIFA do que o grupo composto pelas mulheres. Talvez
isso possa estar relacionado à uma maior proximidade deste público com o universo do
futebol e, consequentemente, com uma maior busca e troca de informações a respeito da FIFA
e da Copa do Mundo. Diferenças de gênero em relação à busca de informações sobre esportes
foram constatadas por Fink, Trail e Anderson (2002).
6.3 Implicações Gerenciais
Os resultados deste estudo apresentam uma série de implicações para os profissionais
que trabalham com o marketing esportivo.
6.3.1 Para patrocinadores
Nos últimos anos, os escândalos de corrupção envolvendo a FIFA e a ocorrência de
manifestações populares contra a entidade e a Copa do Mundo da FIFA, colocaram em
160
evidência um possível efeito nocivo da associação com a FIFA no valor da marca dos
patrocinadores. Contudo, os resultados do presente estudo indicam que o impacto direto e
indireto da reputação da FIFA no valor da marca dos patrocinadores apresenta baixa
relevância prática, pelo menos na perspectiva dos espectadores presenciais do evento. Apesar
da avaliação negativa da reputação da FIFA por parte dos entrevistados, faz-se relevante notar
que essa avaliação crítica não influenciou negativamente a percepção do grupo acerca do
valor da marca dos patrocinadores.
Outra reflexão proporcionada pelos resultados deste estudo refere-se ao suporte à
relevância da congruência. A percepção de congruência entre a Copa do Mundo da FIFA e os
dois patrocinadores mostrou-se como a influência mais proeminente no valor da marca do
patrocinador, em todas as análises realizadas com a marca Coca-Cola e com a marca Adidas.
A partir desta constatação, pode-se sugerir que as empresas patrocinadoras valorizem a
conexão com o megaevento, ou seja, entre a Copa do Mundo da FIFA e a sua marca,
reforçando essa associação na mente dos consumidores por meio de ações de ativação e a
manutenção de patrocínios de longo prazo.
Enquanto a avaliação da imagem do megaevento for positiva e a congruência entre o
patrocinador e o megaevento for percebida, as marcas das empresas patrocinadoras podem ser
beneficiadas com a parceria. De toda forma, pode ser interessante explorar a conexão da
marca patrocinadora com o megaevento e com o esporte e, ao mesmo tempo, retirar o
destaque dado à conexão da marca patrocinadora com a FIFA, evidenciada, por exemplo, pela
alcunha dada aos principais patrocinadores, chamados de “Parceiros da FIFA”.
6.3.2 Para entidades organizadoras de megaeventos
Para os profissionais de marketing ligados às entidades organizadoras de megaeventos
esportivos, a principal reflexão proporcionada pelos resultados deste estudo é referente à
influência observada da reputação da FIFA na imagem da Copa do Mundo da FIFA. Apesar
de sabermos que a imagem da Copa do Mundo da FIFA é composta por muitas outras
associações, é importante reconhecer o efeito direto da reputação da organização na imagem
do seu principal produto.
Os resultados do presente estudo apontam para uma avaliação negativa da
organização, com base no apelo emocional da entidade. Isso aconteceu em uma investigação
realizada durante a Copa do Mundo da FIFA, em um momento em que os entrevistados
161
estavam prestes a entrar no estádio do Maracanã ou estavam no ambiente da FIFA Fan Fest,
ou seja, a investigação do apelo emocional da FIFA foi realizada em um momento de alegria e
de festa. Fosse esta pesquisa realizada em meio às manifestações contra a FIFA, criticando a
realização da Copa do Mundo no Brasil ou diante das recentes prisões de dirigentes da FIFA
decorrentes de investigações de corrupção conduzidas pelo FBI, pode-se supor que os
resultados seriam ainda mais negativos.
A Copa do Mundo da FIFA tem uma imagem forte e positiva na mente dos
espectadores presenciais do megaevento, portanto, a associação com este evento pode
proporcionar benefícios para os patrocinadores. Todavia, a constatação de que a imagem do
megaevento está sendo afetada pela reputação da FIFA apresenta um ponto de atenção para os
profissionais de marketing da organização. Ainda que a imagem de um megaevento seja
relativamente estável, ela pode melhorar quando expectativas são superadas ou se deteriorar
diante de circunstâncias adversas.
6.4 Limitações
O presente estudo apresenta limitações decorrentes das opções metodológicas
utilizadas, mais especificamente relativas: (a) ao modelo conceitual; (b) à operacionalização
das escalas; (c) à amostra e coleta de dados; e (d) ao método de análise.
6.4.1 Limitações relacionadas ao modelo conceitual
O modelo considerou a reputação da entidade organizadora do megaevento, a imagem
do megaevento e a percepção de congruência entre megaevento e patrocinador como
antecedentes do valor da marca do patrocinador. Contudo, sabe-se que este modelo não
contempla todas as variáveis que têm influência sobre o valor da marca do patrocinador no
contexto do patrocínio de megaeventos esportivos. Variáveis como a atitude prévia do
espectador em relação ao patrocinador (Koo, Quarterman, & Flynn, 2006), e o nível de
ativação do patrocínio (O'Reilly & Lafrance Horning, 2013) são exemplos de variáveis não
comtempladas. Portanto, caso incluídas no estudo, outras variáveis exógenas poderiam
interagir com as variáveis utilizadas, interferindo nas relações propostas pelo modelo.
Além disso, a utilização do modelo está limitada à sua aplicação em estudos que
relacionem megaeventos com patrocinadores detentores de marcas de bens de consumo
162
globais. Os resultados do presente estudo não podem ser generalizados para contextos onde há
uma assimetria na força da marca do patrocinador e do megaevento.
6.4.2 Limitações relacionadas às escalas utilizadas
Apesar de priorizar a utilização de escalas amplamente testadas na academia, inclusive
no contexto brasileiro, não foram encontradas escalas de imagem do evento que atendessem a
este critério e às necessidades do estudo. As análises revelaram fragilidades psicométricas na
escala utilizada para mensurar a reputação e a imagem do evento em ambas as coletas de
dados realizadas neste estudo.
Além disso, o processo de tradução reversa apresenta limitações. Considera-se que é
quase impossível desenvolver uma tradução perfeita, pois alguns itens podem apresentar
diferenças de interpretação em diferentes culturas. Assim, a tradução de uma escala do idioma
original para um outro idioma, visando a sua aplicação em uma cultura diferente da cultura
em que foi desenvolvida, pode representar uma limitação. Considerando que os questionários
do presente estudo foram respondidos por pessoas de mais de 60 nacionalidades, residentes
nos mais diversos países, esta limitação não pode ser ignorada.
6.4.3 Limitações relacionadas à coleta de dados e à amostra
O estudo utilizou amostragem aleatória de espectadores presenciais do megaevento
esportivo em dois locais completamente distintos para a sua coleta de dados, com perfis de
amostra diferentes, sobretudo no caso do grupo composto por residentes no Brasil no entorno
do Maracanã e na FIFA Fan Fest. Assim, os resultados das análises de cada amostra
apresentam algumas divergências e só poderiam ser generalizados para a população estudada.
Sugere-se assim cuidado ao extrapolar os resultados do presente estudo para outros
megaeventos realizados em outros países.
A reputação também refere-se a percepção de um grupo específico de stakeholders. É
possível que a avaliação de pessoas que decidiram não ir ao estádio ou à FIFA Fan Fest seja
diferente. Porém, esta investigação não foi realizada no presente estudo.
Como a coleta de dados foi assistida, ou seja, realizada por meio de entrevistas
conduzidas oralmente por um grupo de pessoas, mesmo que treinadas para a tarefa, implica na
possibilidade de ocorrência de viés causado pelo entrevistador e representa outra limitação do
163
presente estudo. É preciso reconhecer a influência da variabilidade das características pessoais
de cada entrevistador nas respostas dos entrevistados (Malhotra, 2006).
6.4.4 Limitações relacionadas ao modelo estrutural
A Modelagem de Equações Estruturais foi o método escolhido para testar as hipóteses
substantivas do estudo. Esta opção foi feita devido à possibilidade de explorar uma série de
relações de dependência múltipla inter-relacionadas e estimar variáveis latentes. Essa técnica
pressupõe a multinormalidade dos dados, que não foi suportada no presente estudo. Esta
restrição foi contornada utilizando a técnica ADF para a análise dos dados coletados na FIFA
Fan Fest, contudo, não pode ser contornada para a amostra coletada no entorno do Estádio,
que apresenta um número inferior de casos, inviabilizando a utilização da ADF.
Outra alternativa para mitigar os eventuais problemas derivados da inexistência de
multinormalidade seria o uso da técnica PLS com bootstrapping. Nesse caso, uma possível
dificuldade a ser enfrentada é a representatividade da amostra, exigida pelo processo de
bootstrapping.
6.5 Sugestões para Estudos Futuros
Esta seção apresenta sugestões para estudos futuros.
6.5.1 Replicação do modelo em outros contextos
O modelo conceitual proposto neste estudo poderia ser testado em outros megaeventos
esportivos, como os Jogos Olímpicos Rio 2016, ou até mesmo em eventos esportivos de
menor porte em que a reputação do organizador possa representar uma ameaça à imagem do
evento e à marca dos patrocinadores, contanto que haja simetria da força entre as marcas do
evento e do patrocinador. Além disso, é recomendável a replicação do modelo proposto para
que se possa aprofundar o conhecimento sobre os efeitos mediadores da percepção de
congruência na relação entre a imagem do evento e o valor da marca dos patrocinadores,
tendo em vista que a literatura sobre patrocínio de eventos raramente contempla este efeito.
6.5.2 Inclusão de outros antecedentes para a imagem do evento
Considerando a baixa variância explicada e a baixa variância média extraída para o
construto imagem do evento, sugere-se que estudos futuros avancem no desenvolvimento ou
164
melhoria de uma escala que possa medir a imagem de um megaevento tanto na perspectiva de
residentes no país anfitrião quanto na de turistas internacionais. Adicionalmente, sugere-se
uma investigação mais aprofundada a respeito de outras variáveis latentes que possam
influenciar a imagem do evento.
6.5.3 Busca por escalas mais breves e mais robustas
As escalas utilizadas para mensurar Reputação Corporativa e Imagem do Evento no
presente estudo são escalas multidimensionais e extensas, compostas por 12 e 14 itens,
respectivamente. Ao realizar uma Análise Fatorial Exploratória, verificou-se que ambas as
escalas apresentaram fragilidades psicométricas. Assim, recomenda-se que estudos futuros
utilizem ou desenvolvam escalas mais robustas e mais curtas para mensurar estes construtos.
6.5.4 Investigação do efeito moderador de variáveis demográficas
O presente estudo utilizou algumas variáveis demográficas para realizar análises que
pudessem elucidar características da amostra e possíveis diferenças nas avaliações feitas por
homens e mulheres e por residentes no Brasil e turistas internacionais. Estudo futuros
poderiam investigar a eventual existência de um efeito moderador de variáveis como gênero,
país de residência e faixa etária sobre as relações hipotetizadas.
6.5.5 Investigação das relações subjacentes à percepção de congruência
Considerando a importância da percepção de congruência entre patrocinador e
propriedade verificada neste estudo, sugere-se a realização de um estudo qualitativo para
aprofundar o mapa simbólico das marcas Coca-Cola e Adidas e evidenciar as relações
subjacentes à percepção de congruência entre estas marcas e a Copa do Mundo da FIFA.
165
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2014 FIFA World Cup Brazil - Marketing Highlights. (n.d). Acesso em 1 de Julho de 2015,
disponível em FIFA: http://www.fifa.com/marketinghighlights/brazil2014/index.htm
2014 FIFA World Cup Brazil Matches. (n.d.). Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em
FIFA: http://www.fifa.com/worldcup/archive/brazil2014/matches/index.html
Aaker, D. A. (1996). Measuring Brand Equity Across Products and Markets. California
Management Review, pp. 102-120.
Aaker, D. A. (1998). Marcas - Brand Equity: gerenciando o valor da marca. São Paulo:
Elsevier.
About FIFA. (s.d.). Acesso em 24 de Julho de 2014, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/about-fifa/who-we-are/explore-fifa.html
AE. (2011). Secretário da Fifa acusa Catar de ter "comprado" Copa 2022. Acesso em 10 de
outubro de 2014, disponível em iG:
http://esporte.ig.com.br/futebol/secretario+da+fifa+acusa+catar+de+ter+comprado+copa+202
2/n1596988419155.html
Alvad, S., & Bang, S. (2012). Public pressure is needed to continue reform process in FIFA.
Acesso em 8 de outubro de 2014, disponível em Play the game:
http://www.playthegame.org/news/news-articles/2012/public-pressure-is-needed-to-continue-
reform-process-in-fifa/
American Marketing Association. (2013). Definition of marketing. Acesso em 7 de outubro de
2014, disponível em AMA: https://www.ama.org/AboutAMA/Pages/Definition-of-
Marketing.aspx
Amis, J., Pant, N., & Slack, T. (1997). Achieving a Sustainable Competitive Advantage: A
Resource-Based View of Sport Sponsorship. Journal of Sport Management, pp. 80-96.
Amorim, J. G., & Almeida, V. M. (2015). The Effect of Simultaneous Sponsorship of Rival
Football Teams. Brazilian Administration Review, pp. 63-87.
Após escândalo, Fifa cria comitê jurídico independente. (2006). Acesso em 18 de setembro
de 2014, disponível em Terra:
http://esportes.terra.com.br/futebol/copa2006/interna/0,,OI969259-EI5485,00-
Apos+escandalo+Fifa+cria+comite+juridico+independente.html
Axelrod, R. (1973). Schema Theory: An Information Processing Model of Perception and
Cognition. The American Political Science Review, pp. 1248-1266.
166
Balmer, J. M. (2011). Corporate marketing myopia and the inexorable rise of a corporate
marketing logic. European Journal of Marketing, pp. 1329-1352.
Balmer, J. M. (Março de 2006). Comprehending Corporate Marketing and the Corporate
Marketing Mix, working paper. Bradford University School of Management.
Balmer, J. M., & Greyser, S. A. (2006). Corporate Marketing: Integrating corporate identity,
corporate branding, corporate communications, corporate image and corporate reputation.
European Journal of Marketing, pp. 730-741.
Baloglu, S., & McCleary, K. W. (1999). A model of destination image formation. Annals of
Tourism Research, pp. 869-897.
Baron, R. M., & Kenny, D. A. (1986). The Moderator-Mediator Variable Distinction in Social
Psychological Research: Conceptual, Strategic, and Statistical Considerations. Journal of
Pe~nality and Social Psychology, pp. 1173-1182.
Becker, K., Kautsky, R., & Widholm, A. (2014). Watching Football in the Fan Park:
Mediatization, Spectatorship and Fan Identity. In: L. Duits, K. Zwaan, & S. Reijnders, The
Ashgate Research Companion to Fan Cultures (pp. 275-288). Burlington: Ashgate.
BIE. (02 de Julho de 2015). Our History. Fonte: Official Site of the Bureau International des
Expositions: http://www.bie-paris.org/site/en/bie/our-history
Blatter, S. (2015). Sepp Blatter resigns as Fifa president – full statement. Acesso em 10 de
Julho de 2015, disponível em The Guardian:
http://www.theguardian.com/football/2015/jun/02/sepp-blatter-fifa-resignation-statement-full-
text
Bloomberg. (5 de Dezembro de 2014). Copa do Mundo do Brasil impulsiona patrocínios das
Olimpíadas do Rio para US$ 1 bilhão. Acesso em 20 de Fevereiro de 2015, disponível em
InfoMoney com Bloomberg:
http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/3732943/copa-mundo-brasil-
impulsiona-patrocinios-das-olimpiadas-rio-para-bilhao
Boykoff, J. (2014). Celebration Capitalism and the Olympic Games. New York: Routledge.
Brand Finance. (2012). Brand Finance Plc values The Olympics ‘Brand’ at USD $47.6
billion. Acesso em 24 de fevereiro de 2015, disponível em Brand Finance:
http://www.brandfinance.com/news/press_releases/brand-finance-plc-values-the-olympics-
brand-at-usd-47.6-billion
Branson, R. (2015). Why it’s time for FIFA to reinvent itself. Acesso em 10 de Julho de 2015,
disponível em Virgin: http://www.virgin.com/richard-branson/why-its-time-for-fifa-to-
reinvent-itself
167
Bromley, D. (2002). Comparing Corporate Reputations: League Tables, Quotients,
Benchmarks, or Case Studies? Corporate Reputation Review, pp. 35-50.
Brown, T. J., Dacin, P. A., Pratt, M. G., & Whetten, D. A. (2006). Identity, Intended Image,
Constructed Image and Reputation: An Interdisciplinary Framework and Suggested
Terminology. Journal of the Academy of Marketing Science , pp. 99-106.
Buil, I., Chernatony, L. d., & Martínez, E. (2008). A cross-national validation of the
consumer-based brand equity scale. Journal of Product & Brand Management, pp. 384-392.
Buil, I., Martínez, E., & Chernatony, L. d. (2013). The influence of brand equity on consumer
responses. Journal of Consumer Marketing, pp. 62-74.
Burlamaqui, P., & Barbosa, E. (2006). A sensibilidade ao preço de venda versus Brand Equity
em mercados de produto de alto giro.
Burton, R. (2013). Investigating Olympic Sponsorship: A Contemporary Review of Selected
Activation and Achievement. In: S. Frawley, & D. Adair, Managing the Olympics (pp. 165-
181). New York: Palgrava Macmillan.
Byrne, B. (2010). Structural Equations Modeling with AMOS. Nova York: Routledge.
Carpes, G. (15 de Julho de 2014). Copa trouxe ao Rio 886 mil turistas e movimentou R$ 4,4
bilhões. Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em Portal da Copa:
http://copa2014.gov.br/pt-br/noticia/copa-trouxe-ao-rio-886-mil-turistas-e-movimentou-de-r-
44-bilhoes
Caruana, A., & Chircop, S. (2000). Measuring Corporate Reputation: A Case Example.
Corporate Reputation Review, pp. 43-57.
Chadwick, S., & Burton, N. (2011). The Evolving Sophistication of Ambush Marketing: A
Typology of Strategies. Thunderbird International Business Review, pp. 709-719.
Chen, H.-C., & Green, R. D. (2011). Brand equity, marketing strategy, and consumer income:
A hypermarket study. Journal of Management and Marketing Research.
Christodoulides, G., & de Chernatony, L. (2010). Consumer-based brand equity
conceptualisation and measurement - A literature review. International Journal of Market
Research, pp. 43-66.
Chun, R. (2005). Corporate reputation: Meaning and measurement. International Journal of
Management Reviews, pp. 91-109.
Clardy, A. (2012). Organizational Reputation: Issues in Conceptualization and Measurement.
Corporate Reputation Review, pp. 285-303.
168
Cliffea, S. J., & Motion, J. (2005). Building contemporary brands: a sponsorship-based
strategy. Journal of Business Research, pp. 1068-1077.
Close, A. G., & Lacey, R. (2013). Fit Matters? Asymmetrical Impact for Effectiveness on
Sponsors and Event Marketers. Sport Marketing Quarterly, pp. 71-82.
Coke adds to FIFA pressure. (2014). Acesso em 30 de Novembro de 2014, disponível em
Warc: http://www.warc.com/LatestNews/News/EmailNews.news?ID=33928
Collins, A. M., & Loftus, E. F. (1975). A Spreading Activation Theory of Semantic
Processing. Psychological Review, pp. 407-428.
Colon, L. (2013). Fifa confirma propina no caso ISL, e Havelange renuncia ao cargo na
entidade. Acesso em 18 de setembro de 2014, disponível em Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2013/04/1271015-fifa-aponta-propina-para-teixeira-
havelange-e-leoz-mas-livra-blatter.shtml
Colon, L. (2015). Marin, ex-presidente da CBF, é detido na Suíça acusado de corrupção.
Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível em Folha de S. Paulo:
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2015/05/1634207-ex-presidente-da-cbf-e-outros-6-
cartolas-sao-detidos-por-corrupcao-na-suica.shtml
Conway, R. (2013). Fifa ignoring key ideas for internal reform, says adviser. Acesso em 8 de
outubro de 2014, disponível em BBC: http://www.bbc.com/sport/0/football/21944765
Cornwell, B., & Maigan, I. (1998). An International Review of Sponsorship Research.
Journal of Advertising, pp. 1-21.
Cornwell, T. B. (1995). Sponsorship-Linked Marketing Developmente. Sport Marketing
Quarterly, p. 13.
Cornwell, T. B. (2008). State of the art and science in sponsorship-linked marketing. Journal
of Advertising, pp. 41-55.
Cornwell, T. B., Humphreys, M. S., Maguire, A. M., Weeks, C. S., & Tellegen, C. L. (2006).
Sponsorship-Linked Marketing: The Role of Articulation in Memory. Journal of Consumer
Research, pp. 312-321.
Cornwell, T. B., Weeks, C. S., & Roy, D. P. (2005). Sponsorship-Linked Marketing: Opening
the Black Box. Journal of Advertising, pp. 21-42.
Corporate. (n.d.). Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em adidas:
https://www.adidas.com/com/pages/help/corporate/
169
Costa, L. S., & Almeida, V. M. (2012). Valor da Marca: Teste empírico da importância das
dimensões formadoras do Valor da Marca na perspectiva do consumidor no contexto
brasileiro. Revista Brasileira de Marketing, pp. 43-68.
Crunch time for FIFA sponsors? (2015). Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível em IMR
Sports Marketing: http://www.imrpublications.com/commentdetails.aspx?nid=63
Cunningham, S., Cornwell, T. B., & Coote, L. V. (2009). Expressing Identity and Shaping
Image: The Relationship Between Corporate Mission and Corporate Sponsorship. Journal of
Sport Management, pp. 65-86.
DaMatta, R., Cohen, P. F., & Almeida, A. C. (2010). Lance Imperdível!: Um retrato do
esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Lance!
Davies, G., Chun, R., da Silva, R. V., & Roper, S. (2001). The personification metaphor as a
measurement approach for corporate reputation. Corporate Reputation Review, pp. 113-127.
Davies, J. A. (2012). The Olympic Games Effect - How Sports Marketing Builds Strong
Brands. Singapore: Wiley.
Davies, J. A., & Hilbert, J. Z. (2013). Licensing and merchandising. In: J. A. Davies, & J. Z.
Hilbert, Sports Marketing: Creating Long Term Value (pp. 351-373). Northampton: Edward
Elgar Pub.
Davis, J. A., & Hilbert, J. Z. (2013). Sponsorship and event management. In: J. A. Davis, & J.
Z. Hilbert, Sports Marketing: Creating Long Term Value (pp. 337-358). Northampton:
Edward Elgar Pub.
Deitz, G. D., Myers, S. W., & Stafford, M. R. (2012). Understanding Consumer Response to
Sponsorship Information: A Resource-Matching Approach. Psychology and Marketing, pp.
226–239.
Delgado-Ballester, E., & Hernández-Espallardo, M. (2008). Building online brands through
brand alliances in internet. European Journal of Marketing, pp. 954-976.
Delgado-Ballester, E., & Munuera-Alemán, J. L. (2005). Does brand trust matter to brand
equity? Journal of Product & Brand Management, pp. 187-196.
Dolphin, R. R. (1999). The fundamentals of Corporate Communication. Oxford: Butterworth-
Heinemann/CIM.
Dolphin, R. R. (2003). Sponsorship: perspectives on its strategic role. Corporate
Communications, pp. 173-186.
170
Dovas. (Junho de 2015). People Make Anti-Logos To Urge Sponsors To Withdraw From
Qatar 2022 World Cup. Acesso em 15 de Julho de 2015, disponível em Bored Banda:
http://www.boredpanda.com/qatar-2022-world-cup-human-rights-sponsor-anti-advertisement/
Drengner, J., Jahn, S., & Zanger, C. (2011). Measuring Event-Brand Congruence. Event
Management, pp. 25-36.
Dunbar, G. (2014). Record World Cup numbers game for FIFA and Brazil. Acesso em 24 de
Julho de 2014, disponível em AP: http://bigstory.ap.org/article/record-world-cup-numbers-
game-fifa-and-brazil
Emirates statement on FIFA raises questions. (2011). Acesso em 10 de Julho de 2015,
disponível em IMR Sports Marketing:
http://www.imrpublications.com/commentdetails.aspx?nid=37
Evolution of the FIFA World Cup Logo. (07 de Julho de 2015). Fonte: Buddha Brand
Consultants: http://www.buddhabrandconsultants.com/blog/evolution-of-the-fifa-world-cup-
logo/
Fact Sheet - FIFA Host Countries Overview. (n.d.). Acesso em 5 de Julho de 2015, disponível
em FIFA: http://www.fifa.com/mm/document/fifafacts/mencompovw/51/99/03/133485-
factsheet-fifahostcountriesoverview1930-2022.pdf
FAQs The Coca-Cola Company. (n.d.). Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em Coca-
Cola Company: http://www.coca-colacompany.com/contact-us/faqs
Farrelly, F., Quester, P., & Burton, R. (2006). Changes in sponsorship value: Compentencies
and capabilities of sucessfull sponsorship relations. Industrial Marketing Management, pp.
1016-1026.
Farrelly, F., Quester, P., & Greyser, S. A. (2005). Defending the Co-Branding Benefits of
Sponsorship B2B Partnerships: The Case of Ambush Marketing. Journal of Advertising
Research, pp. 339-348.
Farrerlly, F., Quester, P., & Burton, R. (1997). Integrating sports sponsorship into the
corporate marketing function: an international comparative study. International Marketing
Review, pp. 170-182.
Ferrand, A., & Pages, M. (1999). Image management in sport organizations: the creation of
value. European Journal of Marketing, pp. 387-401.
Ferrand, A., Chappelet, J.-L., & Séguin, B. (2012). Olympic Marketing. New York:
Routledge.
FIFA Associations. (n.d.). Acesso em 24 de Julho de 2014, disponível em FIFA:
http://pt.fifa.com/aboutfifa/organisation/associations.html
171
FIFA Brazil Marketing Highlights - FIFA Fan Fest. (n.d.). Acesso em 1 de Julho de 2015,
disponível em FIFA: http://www.fifa.com/marketinghighlights/brazil2014/Marketing-
Highlights/FIFA-Marketing/FIFA-Fan-Fest/index.htm
Fifa corruption inquiries: Officials arrested in Zurich. (2015). Acesso em 10 de Julho de
2015, disponível em BBC: http://www.bbc.com/news/world-europe-32895048
Fifa corruption timeline: The events that led up to the resignation of president Sepp Blatter.
(2015). Acesso em 30 de junho de 2015, disponível em The Independent:
http://www.independent.co.uk/sport/football/international/fifa-corruption-timeline-the-events-
that-led-up-to-the-resignation-of-president-sepp-blatter-10294646.html
FIFA Fan Experience at the Fan Fest Rio de Janeiro. (17 de Junho de 2014). Acesso em 1 de
setembro de 2014, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/worldcup/news/y=2014/m=6/news=fifa-fan-experience-at-the-fan-fest-
rio-de-janeiro-2373889.html
FIFA Fan Fests attract the masses. (12 de Junho de 2010). Acesso em 1 de Julho de 2015,
disponível em FIFA: http://www.fifa.com/worldcup/news/y=2010/m=6/news=fifa-fan-fests-
attract-the-masses-1241524.html
FIFA Fan Fest™ goes global for the first time. (2009). Acesso em 1 de Julho de 2015,
disponível em FIFA: http://www.fifa.com/worldcup/news/y=2009/m=11/news=fifa-fan-
festtm-goes-global-for-the-first-time-1137509.html
FIFA must continue reform, says IGC report. (2014). Acesso em 8 de outubro de 2014,
disponível em Play the Game: http://www.playthegame.org/news/news-articles/2014/fifa-
must-continue-reform,-says-igc-report/
FIFA Partners - adidas. (n.d.). Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/about-fifa/marketing/sponsorship/partners/adidas.html
FIFA Partners - Coca-Cola. (n.d.). Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/about-fifa/marketing/sponsorship/partners/coca-cola.html
FIFA World Cup competition records. (2010). Acesso em 24 de Julho de 2014, disponível em
FIFA: http://www.fifa.com/mm/document/fifafacts/mencompwc/51/97/30/fs-301_01a_fwc-
stats.pdf
FIFA World Cup Finals - All Editions. (2010). Acesso em 23 de Julho de 2014, disponível em
FIFA: http://www.fifa.com/tournaments/archive/worldcup/
FIFA World Cup Sponsorship Strategy. (n.d.). Acesso em 19 de Julho de 2015, disponível em
FIFA: http://www.fifa.com/about-fifa/marketing/sponsorship/index.html
172
FIFA. (2007). FIFA – OUR COMMITMENT. Fédération Internationale de Football
Association, Zurique.
FIFA. (2011). FIFA event titles. Acesso em 7 de Julho de 2015, disponível em FIFA.com:
http://www.fifa.com/mm/document/affederation/marketing/51/54/90/fifaeventtitles_05052011
_fifaapproved.pdf
FIFA. (2014). Financial Report 2013. Fédération Internationale de Football Association,
Zurique.
FIFA. (29 de Maio de 2015). FIFA Financial Report 2014. Fonte: FIFA:
http://www.fifa.com/mm/document/affederation/administration/02/56/80/39/fr2014weben_ne
utral.pdf
FIFA. (30 de Maio de 2013). FIFA Financial Report 2012. Acesso em 25 de Fevereiro de
2015, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/mm/document/affederation/administration/02/03/94/62/fr12_en.pdf
Filo, K. R., Funk, D. C., O'Brien, D., Dwyer, L., & Fredline, L. (2008). It's really not about
the bike: Exploring attraction and attachment to the events of the Lance Armstrong
Foundation. Journal of Sport Management, pp. 501-525.
Final report of the Independent Governance Committee available for download . (2014).
Acesso em 8 de outubro de 2014, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/aboutfifa/organisation/footballgovernance/news/newsid=2322854
Fink, J. S., Trail, G. T., & Anderson, D. F. (2002). An Examination of Team Identification:
Which Motives are Most Salient to its Existance? International Sports Journal, pp. 195-207.
Fleck, N. D., & Quester, P. (2007). Birds of a Feather Flock Toguether... Definition, Role and
Measure of Congruence: An Application to Sponsorship. Psychology & Marketing, pp. 975-
1000.
Fombrun, C. J., Gardberg, N. A., & Sever, J. M. (2000). The Reputation Quotient: A multi-
stakeholder measure of corporate reputation. The Journal of Brand Management, pp. 241-
255.
Fonseca, P. (2013). Imaginava-se tudo na Copa, menos os protestos. Acesso em 24 de Julho
de 2014, disponível em Reuters:
http://br.reuters.com/article/sportsNews/idBRSPE95K06B20130621
Fullerton, S., & Merz, G. R. (2008). The Four Domains of Sports Marketing: A Conceptual
Framework. Sports Marketing Quarterly, pp. 90-108.
173
Gardberg, N. A. (2006). Reputatie, Reputation, Réputation, Reputazione, Ruf: A cross-
cultural Qualitative Analysis of Construct and Instrument Equivalence. Corporate Reputation
Review, pp. 39-61.
Gibson, O. (2013). Anti-bribery expert resigns in frustration at lack of Fifa progress. Acesso
em 8 de outubro de 2014, disponível em The Guardian:
http://www.theguardian.com/football/2013/apr/22/anti-bribery-resigns-fifa
Gibson, O., & Gayle, D. (2015). Fifa officials arrested on corruption charges as World Cup
inquiry launched. Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível em The Guardian:
http://www.theguardian.com/football/2015/may/27/several-top-fifa-officials-arrested
Gil, R. B., Andrés, E. F., & Salinas, E. M. (2007). Family as a source of consumer-based
brand equity. Journal of Product & Brand Management, pp. 188-199.
Grohs, R., & Reisinger, H. (2014). Sponsorship effects on brand image: The role of exposure
and activity involvement. Journal of Business Research, pp. 1018–1025.
Grohs, R., Wagner, U., & Vsetecka, S. (2004). Assessing the effectiveness of sport-
sponsorships - an empirical examination. Schmalenbach Business Review, pp. 119-138.
Gwinner, K. (1997). A model of image creation and image transfer in event sponsorship.
International Marketing Review, pp. 145-158.
Gwinner, K. P., Larson, B. V., & Swanson, S. R. (2009). Image transfer in corporate event
sponsorship: assessing the impact of team identification and event-sponsor fit. International
Journal of Management and Marketing Research, pp. 1-15.
Gwinner, K., & Bennett, G. (2008). The Impact of Brand Cohesiveness and Sport
Identification on Brand Fit in a Sponsorship Context. Journal of Sport Management, pp. 410-
426.
Gwinner, K., & Eaton, J. (1999). Building Brand Image Through Event Sponsorship: The
Role of Image Transfer. Journal of Advertising, pp. 47-57.
Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2010). Multivariate Data Analysis
(7a ed.). Upper Saddle River: Prentice Hall.
Hallmann, K., Kaplanidou, K., & Breuer, C. (2010). Event image perceptions among active
and passive sports tourists at marathon races. International Journal of Sports Marketing &
Sponsorship, pp. 37-52.
Hanai, T. (26 de Dezembro de 2013). Patrocínio esportivo no Brasil movimenta R$ 665
milhões. Acesso em 20 de Fevereiro de 2015, disponível em Exame:
http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/patrocinio-esportivo-no-brasil-movimenta-r-665-
milhoes
174
Hart, S. (2011). Fifa crisis prompts key sponsor Emirates to express disappointment with
continuing controversy. Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível em Telegraph:
http://www.telegraph.co.uk/sport/football/international/8547594/Fifa-crisis-prompts-key-
sponsor-Emirates-to-express-disappointment-with-continuing-
controversy.html#disqus_thread
Helm, S. (2005). Designing a Formative Measure for Corporate Reputation. Corporate
Reputation Review, pp. 95-109.
Helm, S. (2007). One reputation or many?: Comparing stakeholders' perceptions of corporate
reputation. Corporate Communications: An International Journal, pp. 238-254.
Helmig, B., & Thaler, J. (2010). Nonprofit Marketing. In: R. Taylor, Third Sector Research
(pp. 151-169). Springer.
Heslop, L., Nadeau, J., O'Reilly, N., & Armenakyan, A. (2013). Mega-event and Country Co-
branding: Image Shifts, Transfers and Reputational Impacts. Corporate Reputation Review,
pp. 7-33.
Horne, J. (2015). Assessing the sociology of sport: On sports mega-events and capitalist
modernity. International Review for the Sociology of Sports, pp. 466-471.
Horne, J., & Manzenreiter, W. (2006). An introduction to the sociology of sports mega-
events. In: J. Horne, & W. Manzenreiter (Eds.), Sports Mega-Events: Social Scientific
Analyses of a Global Phenomenon (1a Edição ed., pp. 1-24). Wiley-Blackwell.
Hoy, M. (2013). FIFA Reform – is it producing results? Acesso em 8 de outubro de 2014,
disponível em Play the Game: http://www.playthegame.org/news/news-articles/2013/fifa-
reform-%E2%80%93-is-it-producing-results-%281%29/
Hughes, R. (2006). FIFA clears Warner in ticket scam. Acesso em 10 de outubro de 2014,
disponível em NY Times: http://www.nytimes.com/2006/12/06/sports/06iht-
warner.3807592.html?_r=0
IEG Lexicon and Glossary. (n.d.). Acesso em 9 de Abril de 2015, disponível em IEG:
http://www.sponsorship.com/Resources/IEG-Lexicon-and-Glossary.aspx
IEG. (26 de Dezembro de 2005). ’06 Outlook: Sponsorship Growth Back To Double Digits.
Acesso em 25 de Fevereiro de 2015, disponível em IEG:
http://www.sponsorship.com/IEGSR/2005/12/26/-06-Outlook--Sponsorship-Growth-Back-
To-Double-Dig.aspx
IEG. (6 de Janeiro de 2015). New Year To Be One Of Growth And Challenges for
Sponsorship Industry. Acesso em 20 de Fevereiro de 2015, disponível em IEG:
www.sponsorship.com/iegsr/2015/01/06/New-Year-To-Be-One-Of-Growth-And-Challenges-
for-Sp.aspx
175
International Olympic Committee. (05 de Julho de 2015). Olympic Games. Fonte:
Olympic.org: http://www.olympic.org/olympic-games
International Olympic Committee. (2008). 100 years of Olympic Marketing. Acesso em 24 de
Fevereiro de 2015, disponível em Olympic: http://www.olympic.org/content/the-
ioc/commissions/marketing/evolution-of-marketing/
International Olympic Committee. (2012). Marketing Report - London 2012. Acesso em 25
de Fevereiro de 2015, disponível em Official website of the Olympic Movement:
http://www.olympic.org/Documents/IOC_Marketing/London_2012/LR_IOC_MarketingRepo
rt_medium_res1.pdf
International Olympic Committee. (2012). Marketing Report - London 2012. Acesso em 25
de Fevereiro de 2015, disponível em Official website of the Olympic Movement:
http://www.olympic.org/Documents/IOC_Marketing/London_2012/LR_IOC_MarketingRepo
rt_medium_res1.pdf
International Olympic Committee. (2013). Fact Sheet - The Games of the Olympiad. Acesso
em 7 de Julho de 2015, disponível em Official website of the Olympic Movement:
http://www.olympic.org/Documents/Reference_documents_Factsheets/The_Olympic_Summe
r_Games.pdf
International Olympic Committee. (2014). 2014 Marketing Fact File. Lausanne, Switzerland:
International Olympic Committee.
IOC Final Report 2009-2012. (9 de Setembro de 2013). Acesso em 25 de Fevereiro de 2015,
disponível em IOC:
http://www.olympic.org/Documents/IOC_Interim_and_Final_Reports/IOC_Final_Report_20
09-2012_ENG.pdf
Ioschpe, E. B. (2005). 3o Setor: Desenvolvimento Social Sustentado (3a Edição ed.). São
Paulo: Paz e Terra.
Jago, L., Dwyer, L., Lipman, G., van Lill, D., & Vorster, S. (2010). Optimising the potential
of mega-events: an overview. International Journal of Event and Festival Management.
Johar, G. V., & Pham, M. T. (1999). Relatedness, Prominence, and Constructive Sponsor
Identification. Journal of Marketing Research, pp. 299-312.
Joseph, S. (2014). FIFA sponsors break silence over Qatar World Cup row. Acesso em 3 de
Novembro de 2014, disponível em Marketing Week:
http://www.marketingweek.com/2014/06/09/fifa-sponsors-break-silence-over-qatar-world-
cup-row/
176
Jung, J., & Sung, E. (2008). Consumer-based brand equity: Comparisons among Americans
and South Koreans in the USA and South Koreans in Korea. Journal of Fashion Marketing
and Management: An International Journal, pp. 24-35.
Kaplanidou, K., & Vogt, C. (2006). Do sport tourism events have a brand image?
Proceedings of the 2006 Northeastern Recreation Research Symposium.
Kaplanidou, K., & Vogt, C. (2007). The Interrelationship between Sport Event and
Destination Image and Sport Tourists’ Behaviours. Journal of Sport & Tourism, pp. 183-206.
Kaplanidou, K., Karadakis, K., Gibson, H., Thapa, B., Walker, M., Geldenhuys, S., &
Coetzee, W. (2013). Quality of Life, Event Impacts, and Mega-Event Support among South
African Residents before and after the 2010 FIFA World Cup. Journal of Travel Research,
pp. 631-645.
Keller, K. L. (1993). Conceptualizing, Measuring, and Managing Customer-Based Brand
Equity. Journal of Marketing, pp. 1-22.
Kerlinger, F. (1973). Foundation of Behavioral Research. Nova York: Holt, Rinehart and
Winston Inc.
Kesenne, S. (2012). The economic impact, costs and benefits of the FIFA World Cup and the
Olympic Games: who wins, who loses? In: W. Maennig, & A. Zimbalist, International
Handbook on the Economics of Mega Sporting Events. ?: Edward Elgar Pub.
Koo, G.-Y., Quarterman, J., & Flynn, L. (2006). Effect of Perceived Sport Event and Sponsor
Image Fit on Consumer's Cognition, Affect, and Behavioral Intentions. Sport Marketing
Quarterly, pp. 80-90.
Koo, G.-Y., Quarterman, J., & Jackson, E. N. (2006). The effect of perceived image fit on
brand awareness: 2002 Korea-Japan World Cup. International Journal of Sports Marketing
and Sponsorship, pp. 180-191.
Koo, S. K., Byon, K., & Baker III, T. (2014). Integrating Event Image, Satisfaction, and
Behavioral Intention: Small-Scale Marathon Event. Sport Marketing Quarterly, pp. 127-137.
Lafloufa, J. (2015). Logos de patrocinadores da Copa do Mundo são alterados em protesto
contra abusos no Catar. Acesso em 28 de Maio de 2015, disponível em B9:
http://www.b9.com.br/58068/advertising/logos-de-patrocinadores-da-copa-do-mundo-sao-
alterados-em-protesto-contra-abusos-no-catar/
Lee, H.-S., & Cho, C.-H. (2012). Sporting event personality: scale development and
sponsorship implications. International Journal of Sports Marketing and Sponsorship, pp. 51-
68.
177
Lee, M.-S., Sandler, D., & Shani, D. (1997). Attitudinal constructs towards sponsorship: Scale
development using three global sporting events. International Marketing Review, pp. 159-
169.
Leiva, J. G., & Cosenza, B. (Janeiro de 2015). Patrocínio Esportivo e Top of Mind 2014.
Acesso em 20 de Fevereiro de 2015, disponível em Trevisan Escola de Negócios:
http://www.trevisan.edu.br/gestaoesporte/703/pesquisa
Lennell, W., & Boissoneau, R. (1996). Using causal-comparative and correlational designs in
conducing market research. Services Marketing Quarterly, pp. 59-69.
Lenskyj, H. J. (2000). Inside the Olympic industry: power, politics, and activism. New York:
SUNY Press.
Lenskyj, H. J. (2014). Sport mega-events and leisure studies. Leisure Studies.
Lewellyn, P. G. (2002). Corporate Reputation - Focusing the Zeitgeist. Business & Society,
pp. 446-455.
Luscombe, J. (2013). World Expos and global power relations. In: U. Merkel, Power, Politics
and International Events: Socio-cultural Analyses of Festivals and Spectacles (pp. 67-84). ?:
Routledge.
Madrigal, R., Bee, C., & LaBarge, M. (2005). Using the Olympics and FIFA World Cup to
Enhance Global Brand Equity. In: J. A. Cornwell, Global Sport Sponsorship (pp. 179-190).
Oxford: Berg.
Maenning, W., & Zimbalist, A. (2012). What is a sporting mega-event? In: W. Maenning, &
A. Zimbalist, International Handbook on the Economics of Mega Sporting Events (pp. 9-14).
?
Maille, V., & Fleck, N. (2011). Perceived Congruence and Incongruence: Toward a
Clarification of the Concept, its Formation and Measure. Recherche et Applications en
Marketing, pp. 77-113.
Malhotra, N. (2006). Pesquisa de Marketing. Porto Alegre: Bookman.
McDaniel, S. R. (1999). An investigation of match-up effects in sport sponsorship
advertising: the implications of consumer advertising schemas. Psychology & Marketing, pp.
163-184.
Meenaghan, J. (1983). Commercial Sponsorship. European Journal of Marketing, pp. 5-69.
Meenaghan, T. (1991). Sponsorship - Legitimising the Medium. European Journal of
Marketing, pp. 5-10.
178
Meenaghan, T. (1991). The Sole of Sponsorship in the Marketing Communications Mix.
International Journal of Advertising.
Meenaghan, T. (1994). Point of View: Ambush Marketing: Immoral or Imaginative Practice?
Journal of Advertising Research, pp. 77-88.
Meenaghan, T. (1996). Ambush Marketing - A Threat to Corporate Sponsorship. Sloan
Management Review, pp. 103-113.
Money, K., & Hillenbrand, C. (2006). Using Reputation measurement to create value: An
analyses and integration of existing measures. Corporate Communications: An International
Journal, pp. 1-12.
Moreno, A. C. (2013). Resultados das manifestações de junho. Acesso em 24 de Julho de
2014, disponível em G1: http://g1.globo.com/brasil/linha-tempo-manifestacoes-2013/platb/
Morgan, M. J., & Summers, J. (2005). Sports Marketing. Southbank, AU: Thomson.
Müller, M. (2015). What makes an event a mega-event? Definitions and Sizes. Leisure
Studies, pp. 1-16.
Mullin, B. J., Hardy, S., & Sutton, W. A. (2007). Sport Marketing. Human Kinetics.
Nadeau, J., Heslop, L., O'Reilly, N., & Luk, P. (2008). Destination in a Country Context.
Annals of Tourism Research, pp. 84-106.
Nadeau, J., O'Reilly, N., & Heslop, L. (2011). China's Olympic destination: tourist
evaluations of China and the Games. International Journal of Culture, Tourism and
Hospitality Research, pp. 235-246.
Nadeau, J., O'Reilly, N., & Heslop, L. (2013). Linking place, mega-event and sponsorship
evaluations. Journal of Product & Brand Management, pp. 129-141.
Netemeyer, R. G., Krishnan, B., Pullig, C., Wang, G., Yagci, M., Dean, D., . . . Wirth, F.
(2004). Developing and validating measures of facets of customer-based brand equity.
Journal of Business Research, pp. 209-224.
Newell, C., Watt, H., Duffin, C., Bryant, B., & Good, A. (2014). Qatar World Cup 2022
investigation: former Fifa vice-president Jack Warner and family paid millions. Acesso em 8
de outubro de 2014, disponível em The Telegraph:
http://www.telegraph.co.uk/sport/football/world-cup/10704290/Qatar-World-Cup-2022-
investigation-former-Fifa-vice-president-Jack-Warner-and-family-paid-millions.html
Nickell, D., Cornwell, T. B., & Johnston, W. J. (2011). Sponsorship-linked marketing: a set of
research propositions. Journal of Business and Industrial Marketing, pp. 577-589.
179
Nogueira, C., & Bertoldo, S. (26 de Abril de 2009). Crise invade a praia do esporte. O Globo,
p. 36.
Nufer, G., & Bühler, A. (2010). How effective is the sponsorship of global sports events? A
comparison of the FIFA World Cups in 2006 and 1998. International Journal of Sports
Marketing and Sponsorship, pp. 303-319.
Oliveira, M. O., & Luce, F. B. (2012). Reflections about Brand Equity, Brand Value and their
Consequences. V Encontro de Marketing da Anpad, (pp. 1-16). Curitiba.
Olson, E. L. (2011). Does sponsorship work in the same way in different sponsorship
contexts? European Journal of Marketing, pp. 180-199.
O'Reilly, N., & Lafrance Horning, D. (2013). Leveraging sponsorship: The activation ratio.
Sport Management Review, pp. 424-437.
Pappu, R., & Cornwell, T. B. (2014). Corporate sponsorship as an image platform:
understanding the roles of relationship fit and sponsor-sponsee similarity. Journal of the
Academy of Marketing Science, pp. 490-510.
Pappu, R., Quester, P. G., & Cooksey, R. W. (2005). Consumer-based brand equity:
improving the measurement - empirical evidence. Journal of Product & Brand Management,
pp. 143-154.
Peppers, D., & Rogers, M. (2014). AMA redefine o Marketing - o que importa é o cliente.
Acesso em 8 de outubro de 2014, disponível em Administradores:
http://www.administradores.com.br/noticias /negocios/ama-redefine-o-marketing-o-que-
importa-e-o-cliente/2181/
Pielke Jr., R. (2013). How can FIFA be held accountable? Sport Management Review, pp.
255-267.
Pieth, M. (2011). Governing FIFA: Concept paper and report. Acesso em 8 de outubro de
2014, disponível em FIFA:
http://www.fifa.com/mm/document/affederation/footballgovernance/01/54/99/69/fifagutachte
n-en.pdf
Pilon, M. (2015). Sponsoring FIFA Corruption. Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível
em The New Yorker: http://www.newyorker.com/news/sporting-scene/sponsoring-fifa-
corruption
Ponzi, L. J., Fombrun, C. J., & Gardberg, N. A. (2011). RepTrak ™ Pulse: Conceptualizing
and Validating a Short-Form Measure of Corporate Reputation. Corporate Reputation
Review, pp. 15-35.
180
Pratoom, K. (2010). Validating the Reputation Quotient Scale: Human Resourse Management
Perspective. International Business Management, pp. 243-249.
Raggio, R. D., & Leone, R. P. (2007). The theoretical separation of brand equity and brand
value: Managerial implications for strategic planning. Journal of Brand Management, pp.
380-395.
Ramiro, D. (25 de Abril de 2007). O Pan como vitrine [versão eletrônica]. Acesso em 26 de
Abril de 2001, disponível em IstoÉ Dinheiro:
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/2574_O+PAN+ COMO+VITRINE
Rifon, N. J., Choi, S. M., Trimble, C. S., & Li, H. (2004). Congruence effects in sponsorship -
The mediating role of Sponsor Credibility and Consumer Attributions of Sponsor Motive.
Journal of Advertising, pp. 29-42.
Roberts, D. (2015). The pressure on FIFA sponsors is mounting. Acesso em 10 de Julho de
2015, disponível em Fortune: http://fortune.com/2015/05/29/fifa-sponsors-pressure-
corruption-scandal/
Roberts, K. (2004). The Leisure Industries. Londres: Palgrave Macmillan.
Roche, M. (2000). Mega-events and Modernity: Olympics and Expos in the Growth of Global
Culture. Londres: Routledge.
Rosa, B. (17 de Outubro de 2009). Salto olímpico na publicidade. O Globo, 17.
Ruiz, D. M., Gremler, D. D., & Washburn, J. H. (2008). Service value revisited: Specifying a
higher-order, formative measure. Journal of Business Research, pp. 1278–1291.
Sandler, D., & Shani, D. (1989). Olympic Sponsorship vs. "Ambush" Marketing: who gets the
gold? Journal of Advertising Research, pp. 9-14.
Schissel, L. (2012). Rio 2016: Mega-event Urban Planning Politics and Anti-Olympics
Protest. Lambert.
Schwaiger, M. (2004). Components and parameters of corporate reputation - an empirical
study. Schmalenbach Business Review, pp. 46-71.
Séguin, B., & O’Reilly, N. J. (2008). The Olympic brand, ambush marketing and clutter. Int.
J. Sport Management and Marketing, pp. 62–84.
Sepp Blatter's reign at FIFA. (2015). Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível em The
Economist: http://www.economist.com/blogs/gametheory/2015/06/timeline
181
Setting The Standard: Coca-Cola’s New Approach To Sponsorship. (7 de Abril de 2008).
Acesso em 1 de Julho de 2015, disponível em IEGSR:
http://www.sponsorship.com/iegsr/2008/04/07/Setting-The-Standard--Coca-Cola-s-New-
Approach-To-.aspx
Singer, J. E. (1968). Consistency as a Stimulus Process Mechanism. In: R. P. Abelson, E.
Aronson, W. McGuire, T. Newcomb, M. Rosenberg, & P. Tannenbaum, Theories of
Cognitive Consistency: A Sourcebook. Chicago: Randy McNally.
Sjovall, A. M., & Talk, A. C. (2004). From Actions to Impressions: Cognitive Attribution
Theory and the Formation of Corporate Reputation. Corporate Reputation Review, pp. 269-
281.
Smith, C. (2014). The Biggest Sponsors Of Brazil's 2014 World Cup Spend Big To Engage
With Fans. Acesso em 25 de Julho de 2014, disponível em Forbes:
http://www.forbes.com/sites/chrissmith/2014/06/12/the-biggest-sponsors-of-brazils-2014-
world-cup/
Sobel, M. E. (1982). Asymptotic Confidence Intervals for Indirect Effects in Structural
Equation Models. Sociological Methodology, pp. 290-312.
Speed, R., & Thompson, P. (2000). Determinants of Sports Sponsorship Response. Journal of
the Academy of Marketing Science, pp. 226-238.
The Olympic Museum. (2007). The Olympic Symbols. Acesso em 7 de Julho de 2015,
disponível em The Olympic Museum:
http://www.olympic.org/Documents/Reports/EN/en_report_1303.pdf
Thesbjerg, M. V. (2007). FIFA fines Jack Warner’s son for touting World Cup tickets. Acesso
em 10 de outubro de 2014, disponível em Play the Game:
http://www.playthegame.org/news/news-articles/2007/fifa-fines-jack-warner%E2%80%99s-
son-for-touting-world-cup-tickets/
Torres, D. F., Gonçalves, C. A., Gosling, M., & Veiga, R. T. (2011). Modelo de avaliação da
relação entre a reputação e o valor da marca: um estudo no setor automotivo. Revista
Eletrônica de Gestão Organizacional, pp. 57-85.
Urde, M., & Greyser, S. A. (2014). The Noble Prize: A 'Heritage-based' Brand-oriented
Network [Working Paper No. 15-010]. Harvard Business School.
Vargas Neto, A., & Luce, F. B. (2006). Mensuração de brand equity baseado no consumidor:
avaliação de escala multidimensional. Anais do EMA – Encontro de Marketing da ANPAD.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
182
Vargas, A. N., & Luce, F. B. (2006). Mensuração de brand equity baseado no consumidor:
avaliação de escala multidimensional. Anais do EMA – Encontro de Marketing da ANPAD.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Vergara, S. C. (2004). Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração (5a ed.). São
Paulo: Atlas S.A.
Villarejo-Ramos, A. F., & Sánchez-Franco, M. J. (2005). The impact of marketing
communication and price promotion on brand equity. Journal of Brand Management, pp.
431-444.
Vranica, S., Mickle, T., & Robinson, J. (2015). FIFA Corruption Scandal Pressures Soccer
Governing Body’s Sponsors. Acesso em 10 de Julho de 2015, disponível em The Wall Street
Journal: http://www.wsj.com/articles/scandal-in-world-soccer-pressures-sponsors-
1432861411
Walker, K. (2010). A Systematic Review of the Corporate Reputation Literature: Definition,
Measurement, and Theory. Corporate Reputation Review, pp. 357-387.
Walker, M., Hall, T., Todd, S. Y., & Kent, A. (2011). Does Your Sponsorship Affect My
Perception of the Event? The Role of Event Sponsorship as Signals. Sport Marketing
Quarterly, pp. 138-147.
Walker, M., Kaplanidou, K., Gibson, H., Thapa, B., Geldenhuys, S., & Coetzee, W. (2013).
"Win in Africa, With Africa": Social responsibility, event image, and destination benefits.
The case of the 2010 FIFA World Cup in South Africa. Tourism Management, pp. 80-90.
Walliser, B. (2003). An international review of sponsorship research: extension and update.
International Journal of Advertising, pp. 5-40.
Walsh, G., & Beatty, S. E. (2007). Customer-based corporate reputation of a service firm:
scale development and validation. Journal of the Academy of Marketing Science, pp. 127–
143.
Walsh, G., Beatty, S., & Shiu, E. (2009). The customer-based corporate reputation scale:
Replication and short form. Journal of Business Research, pp. 924-930.
Wang, M. C.-H., Cheng, J. M.-S., Purwanto, B. M., & Erimurti, K. (2011). The determinants
of the sports team sponsor’s brand equity. International Journal of Market Research, pp. 811-
829.
Warshaw, A. (2011). Warner in new World Cup ticket scandal. Acesso em 8 de outubro de
2014, disponível em The Independent: http://www.independent.co.uk/sport/football/news-
and-comment/warner-in-new-world-cup-ticket-scandal-2260714.html
183
Washburn, J. H., & Plank, R. E. (2002). Measuring Brand Equtiy: An Evaluation of a
Consumer-Based Brand Equity Scale. Journal of Marketing Theory and Practice, pp. 46-61.
Weszka, P. (2011). FIFA World Cup Brand Elements and Local Inspirations. Sport Marketing
Quarterly, pp. 174-184.
Woisetschläger, D. M. (2007). Team-Sponsorship in the Formula One - Does it affect Brand
Perceptions? An Empirical Assessment in the German Car Market. Advances in Consumer
Research, pp. 616-623.
Woisetschläger, D. M., & Michaelis, M. (2012). Sponsorship congruence and brand image -
A pre-post event analysis. European Journal of Marketing, pp. 509-523.
Woisetschläger, D. M., Eiting, A., Haselhoff, V. J., & Michaelis, M. (2010). Determinants
and consequences of sponsorship fit: A study of fan perceptions. Journal of Sponsorship, pp.
169-180.
Wrage, A. (2013). FIFA's Rotten Reform Record. Acesso em 8 de outubro de 2014, disponível
em Forbes: http://www.forbes.com/sites/alexandrawrage/2013/04/23/fifas-reform-record/
Yoo, B., & Donthu, N. (2001). Developing and validating a multidimensional consumer-
based brand equity scale. Journal of Business Research, pp. 1-14.
Yoo, B., Donthu, N., & Lee, S. (2000). An examination of selected marketing mix elements
and brand equity. Academy of Marketing Science, pp. 195-211.
184
185
APÊNDICES
Apêndice A - Lista de sedes dos Jogos Olímpicos de Verão
Tabela 29 - Lista de sedes dos Jogos Olímpicos de Verão
Ano Sede Continente
1896 Atenas – Grécia Europa
1900 Paris – França Europa
1904 Saint Louis – EUA América do Norte
1908 Londres – Inglaterra Europa
1912 Estocolmo – Suécia Europa
1920 Antuérpia – Bélgica Europa
1924 Paris – França Europa
1928 Amsterdã – Holanda Europa
1932 Los Angeles – EUA América do Norte
1936 Berlim – Alemanha Europa
1948 Londres – Inglaterra Europa
1952 Helsínque – Finlândia Europa
1956 Melbourne – Austrália Oceania
1960 Roma – Itália Europa
1964 Tóquio – Japão Ásia
1968 Cidade do México – México América do Norte
1972 Munique – Alemanha Europa
1976 Montreal – Canadá América do Norte
1980 Moscou – Rússia Europa
1984 Los Angeles – EUA América do Norte
1988 Seoul - Coréia do Sul Ásia
1992 Barcelona – Espanha Europa
1996 Atlanta – EUA América do Norte
2000 Sydney – Austrália Oceania
2004 Atenas – Grécia Europa
2008 Pequim – China Ásia
2012 Londres – Inglaterra Europa
2016 Rio de Janeiro – Brasil América do Sul
2020 Tóquio – Japão Ásia
Fonte: International Olympic Committee (2015).
186
Apêndice B - Lista de sedes da Copa do Mundo da FIFA
Tabela 30 - Lista de sedes da Copa do Mundo da FIFA
Ano Sede Continente
1930 Uruguai América do Sul
1934 Itália Europa
1938 França Europa
1950 Brasil América do Sul
1954 Suíça Europa
1958 Suécia Europa
1962 Chile América do Sul
1966 Inglaterra Europa
1970 México América do Norte
1974 Alemanha Ocidental Europa
1978 Argentina América do Sul
1982 Espanha Europa
1986 México América do Norte
1990 Itália Europa
1994 EUA América do Norte
1998 França Europa
2002 Coréia do Sul/Japão Ásia
2006 Alemanha Europa
2010 África do Sul África
2014 Brasil América do Sul
2018 Rússia Europa
2022 Catar Ásia
Fonte: FIFA (n.d.).
187
Apêndice C - Adaptação dos itens das escalas
Tabela 31 - Adaptação dos itens das escalas em inglês
Escalas Formulação original dos itens Adaptação dos itens para o presente estudo Formulação final após pré-teste
Escala EI
Memorability. Memorability. Memories.
Originality of experience. Originality of experience. Originality of experience.
Culturally interesting. Culturally interesting. Culturally interesting.
Attractive facilities. Attractive facilities. Attractive facilities.
Variety of activities. Variety of activities. Variety of activities.
Entertainment/nightlife. Entertainment/nightlife. Entertainment/nightlife.
Ease of finding something of interest. Ease of finding something of interest. Ease of finding something of interest.
Quality of service. Quality of service. Quality of service.
Ease of getting around. Ease of getting around. Ease of getting around.
Ease of attending. Ease of attending. Ease of attending.
Safety. Safety. Safety.
For the family. For the family. Family friendly.
Peaceful. Peaceful. Peaceful.
Overall satisfaction. Overall satisfaction. Overall satisfaction.
Escala FIT
There is a logical connection between the event and the sponsor. There is a logical connection between the World Cup and
(BRAND).
There is a logical connection between the World Cup and
(BRAND).
The image of the event and the image of the sponsor are similar. The image of the World Cup and the image of (BRAND) are similar.
The image of the World Cup and the image of (BRAND) are similar.
The sponsor and the event fit together well. (BRAND) and the World Cup fit together well. (BRAND) and the World Cup fit together well.
The company and the event stand for similar things. (BRAND) and the World Cup stand for similar things. (BRAND) and the World Cup stand for similar things.
It makes sense to me that this company sponsors this event. It makes sense to me that (BRAND) sponsors this World Cup. It makes sense to me that (BRAND) sponsors this World Cup.
188
Escalas Formulação original dos itens Adaptação dos itens para o presente estudo Formulação final após pré-teste
Escala OBE
It makes sense to buy X instead of any other brand, even if they
are the same.
It makes sense to buy (BRAND) instead of any other brand, even
if they are the same.
It makes sense to buy (BRAND) instead of any other brand, even
if they are the same.
Even if another brand has the same features as X, I would prefer to buy X.
Even if another brand has the same features as (BRAND), I would prefer to buy (BRAND).
Even if another brand has the same features as (BRAND), I would prefer to buy (BRAND).
If there is another brand as good as X, I prefer to buy X. If there is another brand as good as (BRAND), I prefer to buy
(BRAND).
If there is another brand as good as (BRAND), I prefer to buy
(BRAND).
If another brand is not different from X in any way, it seems
smarter to purchase X.
If another brand is not different from (BRAND) in any way, it
seems smarter to purchase (BRAND).
If another brand is not different from (BRAND) in any way, it
seems smarter to purchase (BRAND).
Escala RQ
I have a good feeling about the company. I have a good feeling about FIFA. FIFA awakens positive feelings.
I admire and respect the company. I admire and respect FIFA. FIFA is worthy of admiration and respect.
I trust this company. I trust FIFA. FIFA is trustworthy.
Has excellent leadership. FIFA has excellent leadership. FIFA has excellent leadership.
Has a clear vision for its future. FIFA has a clear vision for its future. FIFA has a clear vision for its future.
Recognizes and takes advantages of market opportunities. FIFA recognizes and takes advantages of market opportunities. FIFA recognizes and takes advantages of market opportunities.
Is well managed. FIFA is well managed. FIFA is well managed.
Looks like a good company to work for. FIFA looks like a good company to work for. FIFA looks like a good institution to work for.
Looks like a company that would have good employees. FIFA looks like a company that would have good employees. FIFA looks like an institution that would have good employees.
Supports good causes. FIFA supports good causes. FIFA supports good causes.
Is an environmentally responsible company FIFA is an environmentally responsible company FIFA is an environmentally responsible institution.
Maintains a high standard in the way it treats people. FIFA maintains a high standard in the way it treats people. FIFA maintains a high standard in the way it treats people.
189
Tabela 32 - Tradução reversa dos itens das escalas para português
Escalas Tradução do inglês para o português Tradução reversa do português para o inglês Formulação final após pré-teste
Escala EI
Memorável. Memorable. Lembranças.
Originalidade da experiência. Originality of the Experience. Originalidade da experiência.
Culturalmente interessante. Culturally interesting. Culturalmente interessante.
Instalações atrativas. Attractive facilities. Instalações atrativas.
Variedade de atividades. Variety of activities. Variedade de atividades.
Entretenimento/vida noturna. Night life. Entretenimento/vida noturna.
Facilidade de encontrar algo de interesse. Ease of finding points of interest/activities. Facilidade de encontrar algo de interesse.
Qualidade do serviço. Quality of services. Qualidade do serviço.
Facilidade de locomoção. Ease of transportation. Facilidade de locomoção.
Facilidade de comparecer. Ease of attending events. Facilidade de estar presente.
Segurança. Security/safety. Segurança.
Para toda a família. Suitable for the whole Family/Family friendly. Para toda a família.
Pacífico. Peaceful/relaxing. Pacífico.
Satisfação geral. General satisfaction. Satisfação geral.
Escala FIT de
Speed &
Thompson (2000) -
Adaptação da
tradução de Amorim e
Almeida
(2015)
Há uma ligação lógica entre Copa do Mundo e (MARCA). Há uma ligação lógica entre Copa do Mundo e (MARCA).
A imagem da Copa do Mundo e a imagem da (MARCA) são compatíveis.
A imagem da Copa do Mundo e a imagem da (MARCA) são compatíveis.
A Copa do Mundo e a (MARCA) combinam bem juntas. A Copa do Mundo e a (MARCA) combinam bem juntas.
A Copa do Mundo e a (MARCA) defendem os mesmos ideais. A Copa do Mundo e a (MARCA) defendem os mesmos ideais.
Para mim, faz sentido que a (MARCA) patrocine a Copa do
Mundo.
Para mim, faz sentido que a (MARCA) patrocine a Copa do
Mundo.
190
Escalas Tradução do inglês para o português Tradução reversa do português para o inglês Formulação final após pré-teste
Escala OBE de
Yoo e Donthu (2001) -
Adaptação da
tradução de Neto e Luce
(2006).
Vale a pena comprar a marca, mesmo quando é igual às outras. Vale a pena comprar (MARCA), mesmo quando o produto é igual ao das outras marcas.
Mesmo que outra marca tenha as mesmas características, eu
prefiro comprar a marca.
Mesmo que outras marcas tenham as mesmas características, eu
prefiro comprar (MARCA).
Mesmo que haja outra marca tão boa quanto, eu prefiro comprar
a marca.
Mesmo que haja outra marca tão boa quanto (MARCA), eu ainda
prefiro comprar (MARCA).
Se outra marca não é diferente de nenhuma maneira, parece mais
inteligente comprar a marca.
Se outra marca não apresenta nenhuma diferença, parece mais
inteligente comprar (MARCA).
Escala RQ
Eu tenho um bom sentimento com relação à FIFA. I have a good feeling about FIFA. A FIFA desperta sentimentos positivos.
Eu admiro e respeito a FIFA. I admire and respect FIFA. A FIFA é merecedora de admiração e respeito.
Eu confio na FIFA. I trust FIFA. A FIFA é digna de confiança.
A FIFA tem excelente liderança. FIFA has excellent leadership. A FIFA tem excelente liderança.
A FIFA tem uma visão clara para o futuro. FIFA has a clear vision for the future. A FIFA tem uma visão clara para o futuro.
A FIFA reconhece e aproveita vantagens das oportunidades de
mercado.
FIFA recognizes and takes advantage of opportunities of the
market. A FIFA reconhece e aproveita as oportunidades de mercado.
A FIFA é bem administrada. FIFA is well run/administered/governed. A FIFA é bem administrada.
A FIFA parece ser uma boa empresa para se trabalhar. FIFA seems to be a good company at which to work. A FIFA parece ser uma boa instituição para se trabalhar.
A FIFA parece com uma empresa que teria bons funcionários. FIFA seems to be a company that would have good employees. A FIFA é uma instituição que parece ter bons funcionários.
A FIFA apoia boas causas. FIFA supports good causes. A FIFA apóia boas causas.
A FIFA é uma instituição ambientalmente responsável. FIFA is an environmentally responsible institution. A FIFA é uma instituição ambientalmente responsável.
FIFA mantém um alto padrão na forma como ele trata as pessoas.
FIFA maintains a high standard in its treatment of people. A FIFA mantém um alto padrão na forma como ele trata as pessoas.
191
Tabela 33 - Tradução reversa dos itens das escalas para o espanhol
Escalas Tradução do inglês para o espanhol Tradução reversa do espanhol para o inglês Formulação final após pré-teste
Escala EI
Memorable. Memorable Recuerdos.
Originalidad de la experiencia. Originality of the experience Originalidad de la experiencia.
Culturalmente interesante. Culturally compelling Culturalmente interesante.
Atractivo de las instalaciones. Attractiveness of the facilities Atractivo de las instalaciones.
Variedad de actividades. Activities variety Variedad de actividades.
Entretenimiento/vida nocturna. Entertainment and night life Entretenimiento/vida nocturna.
Facilidad de encontrar algo de interés. Availability/easiness to find interesting activities Facilidad para encontrar actividades de interés.
Calidad de servicio. Services quality Calidad de servicio.
Facilidad de locomoción. Ability to move from one place to another Facilidad de transporte y movimiento.
Facilidad de comparecer. Ability to assist the football games in terms of mobility Facilidad de asistencia.
Seguridad. Security perception Seguridad.
Para toda la familia. Family nature of the event Carácter familiar del evento.
Pacífico. Pacific environment Pacífico.
Satisfacción general. General satisfaction on the event Satisfacción general.
Escala FIT
Hay una conexión lógica entre la Copa del Mundo y (MARCA). There is a logic connection between the World Cup and
(BRAND). Hay una conexión lógica entre la Copa del Mundo y (MARCA).
La imagen de la Copa del Mundo y la imagen de (MARCA) son similares.
Both the image of the World Cup and (BRAND) are similar. La imagen de la Copa del Mundo y la imagen de (MARCA) son similares.
(MARCA) combina bien con la Copa del Mundo. (BRAND) fits well with the World Cup. (MARCA) combina bien con la Copa del Mundo.
(MARCA) y la Copa del Mundo defienden los mismos ideales. (BRAND) and the World Cup strive/defend for the same ideals. (MARCA) y la Copa del Mundo defienden los mismos ideales.
Tiene sentido para mí que (MARCA) patrocine esta Copa del
Mundo. It makes sense to me that (BRAND) sponsors the World Cup.
Tiene sentido para mí que (MARCA) patrocine esta Copa del
Mundo.
192
Escalas Tradução do inglês para o espanhol Tradução reversa do espanhol para o inglês Formulação final após pré-teste
Escala OBE
Tiene sentido comprar (MARCA) en lugar de cualquier otra
marca, incluso si son lo mismo.
It makes sense to purchase (BRAND) instead of another brand,
even if they are both the same.
Tiene sentido comprar (MARCA) en lugar de cualquier otra
marca, incluso si son lo mismo.
Incluso si otra marca tiene las mismas características que
(MARCA), yo preferiría comprar (MARCA).
Even if the product of another brand has the same features of
(BRAND), I would rather buy (BRAND).
Incluso si otra marca tiene las mismas características que
(MARCA), yo preferiría comprar (MARCA).
Si hay otra marca tan buena como (MARCA), prefiero comprar
(MARCA).
If there is a brand as good as (BRAND), I would rather
purchase (BRAND).
Si hay otra marca tan buena como (MARCA), prefiero comprar
(MARCA).
Si otra marca no es diferente de (MARCA) en cualquier forma,
me parece más inteligente comprar (MARCA).
If another brand is not different in any way to (BRAND), for me
the (BRAND) brand is still an intelligent purchase.
Si otra marca no es diferente de (MARCA) en cualquier forma,
me parece más inteligente comprar (MARCA).
Escala RQ
Yo tengo un buen presentimiento sobre la FIFA. I have a good feeling about FIFA. La FIFA despierta sentimientos positivos.
Yo admiro y respeto a la FIFA. I admire and respect FIFA. La FIFA merece admiración y respeto.
Yo confío en la FIFA. I trust FIFA. La FIFA es digna de confianza.
La FIFA tiene un excelente liderazgo. FIFA holds a strong leadership. La FIFA tiene un excelente liderazgo.
La FIFA tiene una visión clara de su futuro. FIFA has a clear vision of the future. La FIFA tiene una visión clara de su futuro.
La FIFA reconoce y toma ventajas de las oportunidades del
mercado.
FIFA recognizes and takes advantage of the opportunities the
market presents.
La FIFA reconoce y toma ventajas de las oportunidades del
mercado.
La FIFA es muy bien administrada. FIFA is a well managed institution. La FIFA es una institución muy bien administrada.
La FIFA parece una buena empresa para trabajar. FIFA seems a good company to get a job. La FIFA parece una buena institución para trabajar.
La FIFA se parece a una empresa que tendría buenos empleados.
FIFA looks like a company with good employees. La FIFA se parece a una institución que tendría buenos empleados.
La FIFA apoya buenas causas. FIFA supports noble causes. La FIFA apoya buenas causas.
La FIFA es una empresa ambientalmente responsable. FIFA is an environmentally responsible institution. La FIFA es una institución ecológicamente responsable.
La FIFA mantiene un alto estándar en la forma en la que trata
a las personas. FIFA holds high standards in terms of the way it treats people.
La FIFA mantiene un alto estándar en la forma en la que trata
a las personas.
193
Apêndice D - Calendário da coleta de dados
domingo segunda terça quarta quinta sexta sábado
8/6 9/6 10/6 11/6 12/6 13/6 14/6
17h BRA x CRO (SP) 13h MEX x CAM (RN) 13h COL x GRE (MG)
16h E(SP) x HOL (BA) 16h URU x CRI (CE)
18h CHI x AUS (MT) 18h ING x ITA (AM)
22h CMA x JAP (PE)
15/6 16/6 17/6 18/6 19/6 20/6 21/6 13h SUI x EQU (DF) 13h ALE x POR (BA) 13h BEL x ALG (MG) 13h AUS x HOL (RS) 13h COL x CMA (DF) 13h ITA x CRI (PE) 13h ARG x IRA (MG)
16h FRA x HON (RS) 16h IRA x NIG (PR) 16h BRA x MEX (CE) 16h E(SP) x CHI (RJ) 16h URU x ING (SP) 16h SUI x FRA (BA) 16h ALE x GAN (CE)
19h ARG x BOS (RJ) 19h GAN x EUA (RN) 18h RUS x CSU (MT) 18h CAM x CRO (AM) 19h JAP x GRE (RN) 19h HON x EQU (PR) 18h NIG x BOS (MT)
Coleta Maracanã 1 Coleta Maracanã 2 Coleta Fan Fest 1 Coleta Fan Fest 2 22/6 23/6 24/6 25/6 26/6 27/6 28/6
13h BEL x RUS (RJ) 13h AUS x E(SP) (PR) 13h CRI x ING (MG) 13h BOS x IRA (BA) 13h POR x GAN (DF)
Oitavas de final:
16h CSU x ALG (RS) 13h HOL x CHI (SP) 13h ITA x URU (RN) 13h NIG x ARG (RS) 13h EUA x ALE (PE) 13h BRA x CHI (MG)
18h EUA x POR (AM) 17h CAM x BRA (DF) 16h JAP x COL (MT) 16h HON x SUI (AM) 17h ALG x RUS (PR) 17h COL x URU (RJ)
17h CRO x MEX (PE) 17h GRE x CMF (CE) 17h EQU x FRA (RJ) 17h CSU x BEL (SP)
Coleta Maracanã 3 Coleta Fan Fest 3 Coleta Fan Fest 4 Coleta Maracanã 4 Coleta Fan Fest 5 Coleta Maracanã 5 29/6 30/6 1/7 2/7 3/7 4/7 5/7
Oitavas de final: Oitavas de final: Oitavas de final: Quartas de final: Quartas de final: 13h HOL x MEX (CE) 13h FRA x NIG (DF) 13h ARG x SUI (SP) 13h FRA x ALE (RJ) 13h ARG x BEL (DF)
17h CRI x GRE (PE) 17h ALE x ALG (RS) 17h BEL x EUA (BA) 17h BRA x COL (CE) 17h HOL x CRI (BA)
Coleta Fan Fest 6 Coleta Fan Fest 7 Coleta Fan Fest 8 Coleta Maracanã 6 Coleta Fan Fest 9 6/7 7/7 8/7 9/7 10/7 11/7 12/7
Semifinal: Semifinal: Disputa do 3o lugar:
17h BRA x ALE (MG) 17h HOL x ARG (SP) 17h BRA x HOL (DF)
Coleta Fan Fest 10 Coleta Fan Fest 11 13/7 14/7 15/7 16/7 17/7 18/7 19/7
Final
16h ALE x ARG (RJ)
Coleta Maracanã 7
Figura 21 - Calendário da coleta de dados
194
Apêndice E - Questionários
Figura 22 - Questionário em português - Página 1 de 2
195
Figura 23 - Questionário em português - Página 2 de 2
196
Figura 24 - Cartão utilizado na entrevista em português (anverso e verso)
197
Figura 25 - Questionário em inglês - Página 1 de 2
198
Figura 26 - Questionário em inglês - Página 2 de 2
199
Figura 27 - Cartão utilizado na entrevista em inglês (anverso e verso)
200
Figura 28 - Questionário em espanhol - Página 1 de 2
201
Figura 29 - Questionário em espanhol - Página 2 de 2
202
Figura 30 - Cartão utilizado na entrevista em espanhol (anverso e verso)
203
Apêndice F - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Maracanã)
Tabela 34 - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Maracanã)
Nacionalidade Residência
País F % F %
Alemanha 33 7,0% 29 6,2%
Argentina 30 6,4% 27 5,8%
Austrália 4 0,9% 4 0,9%
Bélgica 9 1,9% 6 1,3%
Bósnia 1 0,2% 0 0,0%
Brasil 247 52,7% 258 55,0%
Canadá 5 1,1% 5 1,1%
Chile 20 4,3% 19 4,1%
Colômbia 12 2,6% 7 1,5%
Equador 27 5,8% 24 5,1%
Espanha 6 1,3% 5 1,1%
EUA 21 4,5% 32 6,8%
França 8 1,7% 7 1,5%
Guatemala 1 0,2% 2 0,4%
Holanda 0 0,0% 1 0,2%
Hong Kong 1 0,2% 2 0,4%
Índia 2 0,4% 2 0,4%
Indonésia 1 0,2% 1 0,2%
Inglaterra 6 1,3% 6 1,3%
Irlanda 1 0,2% 0 0,0%
Israel 1 0,2% 1 0,2%
Itália 0 0,0% 1 0,2%
Malásia 1 0,2% 1 0,2%
Marrocos 1 0,2% 0 0,0%
México 6 1,3% 5 1,1%
País de Gales 1 0,2% 1 0,2%
Panamá 1 0,2% 1 0,2%
Paraguai 2 0,4% 2 0,4%
Peru 6 1,3% 6 1,3%
Porto Rico 1 0,2% 1 0,2%
Portugal 1 0,2% 0 0,0%
República Dominicana 2 0,4% 2 0,4%
Rússia 2 0,4% 2 0,4%
Suécia 1 0,2% 1 0,2%
Suíça 0 0,0% 1 0,2%
Tailândia 1 0,2% 1 0,2%
Taiwan 1 0,2% 1 0,2%
Uganda 1 0,2% 0 0,0%
Uruguai 1 0,2% 0 0,0%
Venezuela 4 0,9% 4 0,9%
Vietnã 0 0,0% 1 0,2%
Total 469 100,0% 469 100,0%
204
Apêndice G - Histogramas da Amostra (Maracanã)
Figura 31 - Histograma EI_EB1 (Maracanã)
Figura 32 - Histograma EI_EB2 (Maracanã)
Figura 33 - Histograma EI_EB3 (Maracanã) Figura 34 - Histograma EI_EB4 (Maracanã)
Figura 35 - Histograma EI_EB5 (Maracanã)
Figura 36 - Histograma EI_EB6 (Maracanã)
205
Figura 37 - Histograma OBE_c1 (Maracanã)
Figura 38 - Histograma OBE_c2 (Maracanã)
Figura 39 - Histograma OBE_c3 (Maracanã)
Figura 40 - Histograma OBE_c4 (Maracanã)
Figura 41 - Histograma OBE_a1 (Maracanã)
Figura 42 - Histograma OBE_a2 (Maracanã)
206
Figura 43 - Histograma OBE_a3 (Maracanã)
Figura 44 - Histograma OBE_a4 (Maracanã)
Figura 45 - Histograma FIT_c1 (Maracanã)
Figura 46 - Histograma FIT_c2 (Maracanã)
Figura 47 - Histograma FIT_c3 (Maracanã)
Figura 48 - Histograma FIT_c4 (Maracanã)
207
Figura 49 - Histograma FIT_c5 (Maracanã)
Figura 50 - Histograma FIT_a1 (Maracanã)
Figura 51 - Histograma FIT_a2 (Maracanã)
Figura 52 - Histograma FIT_a3 (Maracanã)
Figura 53 - Histograma FIT_a4 (Maracanã)
Figura 54 - Histograma FIT_a5 (Maracanã)
208
Figura 55 - Histograma RQ_EA1 (Maracanã)
Figura 56 - Histograma RQ_EA2 (Maracanã)
Figura 57 - Histograma RQ_EA3 (Maracanã)
209
Apêndice H - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Fan Fest)
Tabela 35 - Frequência de nacionalidade e país de residência na Amostra (Fan Fest)
Nacionalidade Residência
País F % F %
África do Sul 5 0,3% 5 0,3%
Alemanha 38 1,9% 30 1,5%
Angola 1 0,1% 1 0,1%
Argentina 162 8,2% 143 7,2%
Austrália 36 1,8% 41 2,1%
Áustria 2 0,1% 3 0,2%
Bélgica 16 0,8% 17 0,9%
Bielorrússia 0 0,0% 1 0,1%
Bolívia 10 0,5% 9 0,5%
Brasil 1017 51,5% 1071 54,3%
Canadá 17 0,9% 20 1,0%
Chile 33 1,7% 30 1,5%
China 7 0,4% 4 0,2%
Colômbia 73 3,7% 59 3,0%
Congo 1 0,1% 0 0,0%
Coréia do Sul 4 0,2% 4 0,2%
Costa do Marfim 2 0,1% 0 0,0%
Costa Rica 3 0,2% 3 0,2%
Croácia 1 0,1% 1 0,1%
Cuba 3 0,2% 0 0,0%
Dinamarca 5 0,3% 6 0,3%
El Salvador 1 0,1% 1 0,1%
Emirados Árabes Unidos 0 0,0% 5 0,3%
Equador 20 1,0% 14 0,7%
Escócia 5 0,3% 6 0,3%
Espanha 5 0,3% 4 0,2%
Etiópia 1 0,1% 0 0,0%
EUA 148 7,5% 187 9,5%
Filipinas 1 0,1% 0 0,0%
Finlândia 1 0,1% 1 0,1%
França 32 1,6% 26 1,3%
Grécia 2 0,1% 1 0,1%
Guatemala 3 0,2% 2 0,1%
Holanda 26 1,3% 20 1,0%
Hong Kong 1 0,1% 4 0,2%
Ilhas Cayman 1 0,1% 1 0,1%
Índia 7 0,4% 2 0,1%
Inglaterra 55 2,8% 49 2,5%
Irã 3 0,2% 2 0,1%
210
Nacionalidade Residência
País F % F %
Irlanda 3 0,2% 1 0,1%
Israel 5 0,3% 5 0,3%
Itália 8 0,4% 5 0,3%
Japão 5 0,3% 6 0,3%
Malásia 5 0,3% 2 0,1%
Marrocos 1 0,1% 1 0,1%
Mauritânia 1 0,1% 1 0,1%
México 83 4,2% 70 3,5%
Nigéria 4 0,2% 2 0,1%
Noruega 18 0,9% 20 1,0%
Nova Zelândia 2 0,1% 1 0,1%
País de Gales 1 0,1% 0 0,0%
Palestina 1 0,1% 0 0,0%
Panamá 2 0,1% 2 0,1%
Paquistão 2 0,1% 1 0,1%
Paraguai 1 0,1% 1 0,1%
Peru 19 1,0% 14 0,7%
Polônia 3 0,2% 1 0,1%
Porto Rico 1 0,1% 0 0,0%
Portugal 0 0,0% 2 0,1%
Reino Unido 9 0,5% 9 0,5%
Rússia 3 0,2% 2 0,1%
Sérvia 3 0,2% 1 0,1%
Singapura 3 0,2% 4 0,2%
Suécia 6 0,3% 7 0,4%
Suíça 11 0,6% 14 0,7%
Tailândia 2 0,1% 2 0,1%
Tasmânia 0 0,0% 1 0,1%
Trinidad e Tobago 1 0,1% 1 0,1%
Uruguai 9 0,5% 10 0,5%
Venezuela 12 0,6% 14 0,7%
Vietnã 1 0,1% 0 0,0%
Total 1973 100,0% 1973 100,0%
211
Apêndice I - Histogramas da Amostra (Fan Fest)
Figura 58 - Histograma EI_EB1 (Fan Fest)
Figura 59 - Histograma EI_EB2 (Fan Fest)
Figura 60 - Histograma EI_EB3 (Fan Fest)
Figura 61 - Histograma EI_EB4 (Fan Fest)
Figura 62 - Histograma EI_EB5 (Fan Fest)
Figura 63 - Histograma EI_EB6 (Fan Fest)
212
Figura 64 - Histograma OBE_c1 (Fan Fest)
Figura 65 - Histograma OBE_c2 (Fan Fest)
Figura 66 - Histograma OBE_c3 (Fan Fest)
Figura 67 - Histograma OBE_c4 (Fan Fest)
Figura 68 - Histograma OBE_a1 (Fan Fest)
Figura 69 - Histograma OBE_a2 (Fan Fest)
213
Figura 70 - Histograma OBE_a3 (Fan Fest)
Figura 71 - Histograma OBE_a4 (Fan Fest)
Figura 72 - Histograma FIT_c1 (Fan Fest)
Figura 73 - Histograma FIT_c2 (Fan Fest)
Figura 74 - Histograma FIT_c3 (Fan Fest)
Figura 75 - Histograma FIT_c4 (Fan Fest)
214
Figura 76 - Histograma FIT_c5 (Fan Fest)
Figura 77 - Histograma FIT_a1 (Fan Fest)
Figura 78 - Histograma FIT_a2 (Fan Fest)
Figura 79 - Histograma FIT_a3 (Fan Fest)
Figura 80 - Histograma FIT_a4 (Fan Fest)
Figura 81 - Histograma FIT_a5 (Fan Fest)
215
Figura 82 - Histograma RQ_EA1 (Fan Fest)
Figura 83 - Histograma RQ_EA2 (Fan Fest)
Figura 84 - Histograma RQ_EA3 (Fan Fest)
216
217
ANEXOS
Anexo A - Logos dos patrocinadores da Copa do Mundo da FIFA 2014
Figura 85 - Empresas patrocinadoras da Copa do Mundo da FIFA 2014 por cota
Fonte: 2014 FIFA World Cup Brazil - Marketing Highlights (n.d)
Anexo B – Antilogos dos patrocinadores da FIFA
Figura 86 - Antilogos dos patrocinadores da FIFA
Fonte: Adaptado de Dovas (2015)
218
Anexo C - Definições de marketing da AMA
Tabela 36 - Atualizações da definição de marketing da AMA
Ano Definição
1935 “Marketing is the performance of business activities that direct the flow of goods
and services from producers to consumers.”
1985
“Marketing is the process of planning and executing the conception, pricing,
promotion, and distribution of ideas, goods, and services to create exchanges that
satisfy individual and organizational goals.”
2004
“Marketing is an organizational function and a set of processes for creating,
communicating, and delivering value to customers and for managing customer
relationships in ways that benefit the organization and its stakeholders.”
2007
“Marketing is the activity, set of institutions, and processes for creating,
communicating, delivering, and exchanging offerings that have value for customers,
clients, partners, and society at large.”
2013
“Marketing is the activity, set of institutions, and processes for creating,
communicating, delivering, and exchanging offerings that have value for customers,
clients, partners, and society at large.”
Fonte: American Marketing Association (2013); Helmig & Thaler, (2010).
219
Anexo D - Logos da Copa do Mundo da FIFA
Figura 87 - Logos da Copa do Mundo da FIFA
Fonte: Evolution of the FIFA World Cup Logo (2015)
220
Anexo E - Escala Reputation Quotient (RQ)
Tabela 37 - Escala Reputation Quotient (RQ), de Fombrun, Gardberg, & Sever (2000)
Dimensões Itens no idioma original
Apelo Emocional
I have a good feeling about the company.
I admire and respect the company.
I trust this company.
Produtos e Serviços(a)
Stands behind its products and services.
Develops innovative products and services.
Offers high quality produtcs and services.
Offers products and services that are good value for the money.
Visão e Liderança
Has excellent leadership.
Has a clear vision for its future.
Recognizes and takes advantages of market opportunities.
Ambiente de Trabalho
Is well managed.
Looks like a good company to work for.
Looks like a company that would have good employees.
Responsabilidade socioambiental
Supports good causes.
Is an environmentally responsible company
Maintains a high standard in the way it treats people.
Desempenho Financeiro(a)
Has a strong record of profitability.
Looks like a low risk investment.
Tends to outperform its competitors.
Looks loke a company with strong prospects for future growth.
Nota: a Dimensões não utilizadas no presente estudo.
221
Anexo F - Escala Event Image (EI),
Tabela 38 - Escala Event Image (EI), por Nadeau, O'Reilly, & Heslop (2011)
Dimensões Itens no idioma original
Crenças de Experiência
Memorability
Originality of experience
Culturally interesting
Attractive facilities
Variety of activities
Entertainment/nightlife
Crenças de Logística
Overall satisfaction2
Ease of finding something of interest
Quality of service
Ease of getting around
Ease of attending
Crenças de Segurança
Safety
For the family
Peaceful
Avaliação(a)
Rating compared with other events
Attractive
Overall rating
Likeability
Proud to visit
Worthy
Value for money
Intenções(a)
Willingness to watch on TV
Willingness to recommend to friends
Willingness to read about
Willingness to travel
Knowledge of the Olympic Games
Nota: a Dimensões não utilizadas no presente estudo;
2 Ordem alterada.
222
Anexo G - Escala Sponsor-Event Fit (FIT)
Tabela 39 - Escala Sponsor-Event Fit (FIT) por Speed & Thompson (2000)
Itens no idioma original
There is a logical connection between the event and the sponsor.
The image of the event and the image of the sponsor are similar.
The sponsor and the event fit together well.
The company and the event stand for similar things.
It makes sense to me that this company sponsors this event.
Anexo H - Escala Overall Brand Equity (OBE)
Tabela 40 - Escala Overall Brand Equity (OBE) por Yoo & Donthu (2001)
Itens no idioma original
It makes sense to buy X instead of any other brand, even if they are the same.
Even if another brand has the same features as X, I would prefer to buy X.
If there is another brand as good as X, I prefer to buy X.
If another brand is not different from X in any way, it seems smarter to purchase X.