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INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING E DESEMPENHO OPERACIONAL: UM ESTUDO EM EMPRESAS DO SETOR METAL MECÂNICO RIO DE JANEIRO 2012

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INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

MARIANA MIGUENS ITAJAHY

ESTRATÉGIA DE OFFSHORING E DESEMPENHO OPERACIONAL: UM ESTUDO EM

EMPRESAS DO SETOR METAL MECÂNICO

RIO DE JANEIRO

2012

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MARIANA MIGUENS ITAJAHY

ESTRATÉGIA DE OFFSHORING E DESEMPENHO OPERACIONAL: um estudo em

empresas do setor metal mecânico

ORIENTADORA: REBECCA ARKADER

Rio de Janeiro

2012

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Administração,

Instituto COPPEAD de Administração,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Administração

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Itajahy, Mariana Miguens.

Estratégia de offshoring e desempenho operacional: um estudo em empresas

do setor metal mecânico / Mariana Miguens Itajahy - Rio de janeiro, 2012.

81f.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Instituto COPPEAD de Administração,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.

Orientadora: Rebecca Arkader.

1. Estratégia empresarial. 2. Administração – Teses. I. Arkader, Rebecca

(Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de

Administração. III. Título.

CDD 658.4012

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RESUMO

ITAJAHY, Mariana Miguens. Estratégia de Offshoring e desempenho operacional: um estudo

no setor metal mecânico. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) -

Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.

Estudos recentes têm destacado a crescente busca pelas empresas de vantagens

competitivas através de estratégias de offshoring, ou seja, da realocação de atividades de

manufatura de seus países de origem para o exterior. Nesse contexto, a presente dissertação

buscou investigar a relação entre a adoção dessa estratégia e o desempenho operacional, bem

como os principais motivos que levam as empresas a praticarem o offshoring. Pesquisou-se,

ainda, a existência de diferenças entre empresas de países avançados e emergentes quanto ao

impacto sobre o desempenho operacional e as motivações para a adoção da estratégia de

offshoring.

A pesquisa foi baseada nos dados coletados para a base da quinta rodada da pesquisa

IMSS (International Manufacturing Strategy Survey), que tem por objetivo coletar dados

sobre estratégia, práticas e desempenho em manufatura de empresas do setor metal mecânico

em todo o mundo. Os resultados mostraram que o offshoring não parece contribuir para um

desempenho operacional superior. Constatou-se ainda que a disponibilidade de mão-de-obra

de baixo custo foi a motivação mais relevante para a adoção do offshoring. Além disso, a

comparação entre empresas de países emergentes e avançados revelou que as primeiras

apresentam desempenho operacional superior ao adotarem o offshoring; no entanto, não se

observou diferença entre as empresas dos dois grupos de países no que diz respeito às

motivações.

Palavras-chave: Estratégia de offshoring. Desempenho operacional. Motivação. Indústria

Metal-Mecânica.

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ABSTRACT

ITAJAHY, Mariana Miguens. Estratégia de Offshoring e desempenho operacional: um estudo

no setor metal mecânico. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) -

Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.

Recent studies have highlighted the growing demand for competitive advantages

through offshoring strategy, this means the relocation of manufacturing activities to outside of

their home countries. In this context, this paper aimed to investigate the relationship between

the adoption of this strategy and operational performance, as well as the main reasons that

lead companies to practice offshoring. Additionally, it aimed to verify the existence of

differences between advanced and emerging countries about the impact on the operational

performance and the motivations for adopting the offshoring strategy.

The research made use of data collected for the fifth edition of IMSS (International

Manufacturing Strategy Survey), which objective is collect data about practices, strategies and

performance in the metal products and machinery industry in several countries. Results show

that the offshoring strategy does not seem to contribute to a better operational performance. It

was further observed that the availability of low cost labor was the most important motivation

for the adoption of offshoring. Moreover, the comparison between companies from emerging

and advanced countries revealed that emerging countries have a better operational

performance when they adopt offshoring. However the study did not show difference between

these groups of countries regarding their motivations.

Keywords: Offshoring strategy. Operational performance. Motivation.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Objetivos de desempenho ..................................................................................... 18

Quadro 2 – Escolha estratégica: localização e controle ........................................................... 25

Quadro 3 - Atributos dos destinos para offshoring ................................................................... 38

Quadro 4 – Variáveis para avaliar desempenho operacional ................................................... 46

Quadro 5 – Escala de desempenho ........................................................................................... 48

Quadro 6 - Pergunta para identificar empresas que adotam estratégia de offshoring .............. 49

Quadro 7 - Itens para identificar as motivações para offshoring .............................................. 50

Quadro 8 – Descrição dos códigos ISIC ................................................................................... 51

Quadro 9 – Observações da base de dados por país e por adoção do offshoring ..................... 52

Quadro 10 – Total de países emergentes e avançados ............................................................. 52

Quadro 11 – Matriz de correlação ............................................................................................ 55

Quadro 12 – Resultado da análise fatorial exploratória ........................................................... 57

Quadro 14 – Indicadores de Ajuste .......................................................................................... 59

Quadro 15 – Estatísticas descritivas do desempenho operacional da amostra ......................... 60

Quadro 16 – Estatísticas descritivas de desempenho operacional ............................................ 61

Quadro 17 – Resultado teste t - Hipótese H1 ........................................................................... 61

Quadro 18 – Desempenho operacional de empresas que fazem offshoring por categoria de

país ............................................................................................................................................ 63

Quadro 19 - Resultado teste t - Hipótese H2 ............................................................................ 64

Quadro 20 – Nível de importância das motivações para adoção da estratégia de offshoring .. 65

Quadro 21 – Teste da diferença das médias das motivações .................................................... 66

Quadro 22 – Ranking das motivações para o offshoring .......................................................... 68

Quadro 23 – Importância da motivação para empresas de países avançados e emergentes .... 69

Quadro 24 – Diferença na motivação por categoria de país de origem das empresas ............. 70

Quadro 25 – Motivação das empresas de países emergentes ................................................... 71

Quadro 26 – Resumo dos resultados das hipóteses da pesquisa .............................................. 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Hierarquia de estratégia........................................................................................... 16

Figura 2 – Categorias de Decisões Estratégicas em Operações ............................................... 19

Figura 3 - Modelo explicativo da configuração internacional das atividades de manufatura .. 32

Figura 4 - Matriz de papéis estratégicos de fábricas estrangeiras ............................................ 34

Figura 5 – Categoria das empresas de acordo com o código ISIC ........................................... 53

Figura 6 – Modelo proposto para escala de desempenho operacional ..................................... 58

Figura 7 – Modelo de desempenho operacional ....................................................................... 59

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1.1 Objetivo ......................................................................................................................... 11

1.2 Relevância do Estudo .................................................................................................... 11

1.3 International Manufacturing Strategy Survey ............................................................... 13

2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 15

2.1 Estratégia de Operações................................................................................................. 15

2.1.1 O conceito de Estratégia de Operações ...................................................................... 15

2.1.2 As prioridades competitivas ....................................................................................... 17

2.1.3 Estratégia de Operações e Desempenho .................................................................... 19

2.1.4 Tipos de Estratégias de Operações ............................................................................ 22

2.2 Estratégia de Offshoring ................................................................................................ 24

2.2.1 Conceito de offshoring ............................................................................................... 24

2.2.2 Motivações para adoção da estratégia de offshoring ................................................. 26

2.2.1 Elementos da estratégia de operações internacionais ................................................ 28

2.2.1.1 Coordenação ....................................................................................................... 29

2.2.1.2 Configuração ...................................................................................................... 31

2.2.1.3 Papéis estratégicos das unidades no exterior ...................................................... 32

2.2.2 Localização ................................................................................................................ 35

2.2.3 Desvantagens e riscos da adoção da Estratégia de offshoring ................................... 39

2.2.3.1 Desvantagens de custos ...................................................................................... 39

2.2.3.2 Desvantagens de coordenação e operacionais .................................................... 40

2.2.3.3 Desvantagens de comunicação e diferença cultural ........................................... 40

2.2.3.4 Desvantagens de realocação para países emergentes ......................................... 41

2.2.3.5 Riscos ................................................................................................................. 41

2.2.4 Estratégia de offshoring e desempenho...................................................................... 43

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 44

3.1 Perguntas da pesquisa .................................................................................................... 44

3.2 Questionário e operacionalização das variáveis ............................................................ 45

3.3 Amostra ......................................................................................................................... 51

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................. 54

4.1 Análise do desempenho operacional ............................................................................. 54

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4.1.1 Análise da relação entre offshoring e desempenho operacional – hipótese H1 ......... 60

4.1.2 Diferença no desempenho entre empresas de países avançados e emergentes –

hipótese H2 ........................................................................................................................... 63

4.2 Análise das motivações para a estratégia de offshoring ................................................ 65

4.2.1 Análise da diferença de motivação para o offshoring entre empresas de países

avançados e emergentes – hipótese H3 ................................................................................. 69

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 73

5.1 Resumo .......................................................................................................................... 73

5.2 Conclusões ..................................................................................................................... 74

5.3 Limitações ..................................................................................................................... 75

5.4 Sugestões para estudos futuros ...................................................................................... 76

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 77

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1. Introdução

Este capítulo faz uma introdução à pesquisa. Apresentando os objetivos do estudo, a

relevância do assunto e a base de dados a ser utilizada.

1.1 Objetivo

O objetivo principal desta pesquisa foi investigar a relação entre a adoção da estratégia de

offshoring e o desempenho operacional de empresas do setor metal mecânico.

Adicionalmente, foram investigados os principais motivos que levam as empresas a adotarem

essa estratégia. Pretendeu-se ainda fazer uma comparação entre empresas de países avançados

e de emergentes quanto à relação entre estratégia de offshoring e o desempenho operacional,

bem como das motivações para adoção dessa estratégia. Mais detalhadamente, os objetivos

foram:

1- Investigar se a estratégia de offshoring se traduz em um melhor desempenho

operacional para as empresas do setor;

2- Investigar se há diferenças entre impacto do offshoring sobre o desempenho de

empresas de países avançados e aquele de empresas de países emergentes;

3- Identificar as principais motivações para a adoção da estratégia de offshoring;

4- Investigar se há diferença entres as principais motivações para a adoção da estratégia

de offshoring para empresas de países avançados e de países emergentes.

1.2 Relevância do Estudo

O interesse pela estratégia de operações surgiu com o trabalho seminal de Skinner (1969),

que apontou a importância da função manufatura e sua relação com as demais áreas, bem

como com o planejamento estratégico das empresas. Desde então, uma vasta literatura sobre o

tema tem sido desenvolvida (Corrêa e Corrêa, 2011).

Na era da globalização, poucos itens são produzidos inteiramente em um mesmo local

(Kumar et al., 2009a). Na última década, foi possível notar um deslocamento das cadeias de

suprimentos para o exterior (Hulsmann et al., 2008). Para Javalgi et al. (2009), houve um

aumento na interdependência das economias mundiais, gerando maior pressão para que as

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empresas maximizem produtividade e lucro. Nesse cenário, para sobreviverem nos mercados

doméstico e internacional, as empresas vêm buscando oportunidades através de práticas de

offshoring.

O offshoring, antes adotado apenas em atividades operacionais e com foco em redução de

custos, agora o é também em atividades estratégicas. Assim, esta onda de opção pelo

offshoring tem implicação significativa para as redes globais das empresas (Contractor et al.

2010). A estratégia de offshoring tem crescido em ritmo exponencial, e a tendência é que seja

estendida a todas as funções de negócios (Duke/Booz Allen, 2006).

A realocação das atividades em outros países tem sido possível, principalmente, graças

aos avanços na tecnologia da informação e comunicação (McKinsey Global Institute, 2005).

Para Zaheer e Manrakhan (2001), a evolução da tecnologia que permite o acesso remoto

eletrônico (REA) facilitou a expansão das empresas para vários países, tendo em vista a

redução dos custos com coordenação e conexão. Os mesmos autores destacaram que, em

algumas situações, é necessária a presença física da empresa em outro país, como por

exemplo, no desenvolvimento de conhecimento e oferta de serviço pós-venda.

No entanto, nas empresas de manufatura, a adoção da estratégia de offshoring foi menos

facilitada pelo avanço da tecnologia de comunicação do que na indústria de serviços. Isso se

deve ao fato de que, mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, fábricas

ainda precisam considerar os custos de transporte dos insumos e do produto final (McKinsey

Global Institute, 2005).

Além da tecnologia de informação, é possível citar outros fatores que facilitaram a

expansão das empresas para além das fronteiras nacionais. Estes seriam os avanços no

transporte e a redução de barreiras comerciais (Hulsmann et al,. 2008). Para Farrell (2006), a

existência de oportunidades para a desagregação das atividades da cadeia de valor, aliada à

diferença entre os fatores de produção de diversos países, levou as empresas a utilizarem a

estratégia de offshoring.

Segundo Prasad e Babbar (2000), a realocação das operações de países avançados para

países emergentes pode ser uma estratégia ganha-ganha. O primeiro grupo de países se

beneficiaria com acesso a recursos, conhecimento e novos mercados, enquanto o segundo

seria favorecido com investimentos, infraestrutura e melhora na economia.

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Muitas empresas que construíram uma rede mundial alcançaram uma posição

privilegiada ao se beneficiarem das estratégias de aquisição e da realocação de recursos e

processos da cadeia de suprimentos em outros países (Couke e Sleuwaegen, 2008). No

entanto, devido ao aumento da complexidade das cadeias, a execução da estratégia de

offshoring é difícil (Kotabe e Mudambi, 2009), o que pode levar a uma redução do

desempenho (Prasad e Babbar, 2000).

Devido ao crescimento da estratégia de offshoring, é importante analisar suas implicações

para as atividades econômicas. Uma grande parte da literatura é dedicada ao impacto do

offshoring nos salários e na mão de obra do mercado. No entanto, poucos estudos verificam o

impacto do offshoring em alguns indicadores de desempenho da empresa (Jabbour, 2010).

Assim, este estudo parte da oportunidade de utilizar uma grande base internacional de

dados, como adiante descrita, para testar o relacionamento entre offshoring e desempenho

operacional, bem como para identificar as motivações que levam empresas industriais a adotá-

lo. Adicionalmente, busca contribuir para o conhecimento da área investigando a existência

de diferenças entre empresas de países avançados e países emergentes nas questões estudadas.

1.3 International Manufacturing Strategy Survey

O presente estudo é baseado na quinta rodada do International Manufacturing Strategy

Survey (IMSS), realizada em 2009/2010. O IMSS é uma rede internacional de pesquisa com o

objetivo de coletar dados sobre estratégia, práticas e desempenho em manufatura de empresas

do setor metal mecânico. A rede conta com uma equipe responsável pertencente a uma

universidade em cada país participante; no caso do Brasil, esta equipe, desde o início da rede,

pertence aos quadros do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do

Rio de Janeiro.

O questionário do IMSS contém aproximadamente 300 variáveis relacionadas a

características e estratégias do negócio, áreas de decisão da estratégia de operações,

programas de produção utilizados, desempenho e planos para o futuro. A primeira pesquisa

foi feita pela rede em 1992 e, desde então, vem sendo realizada com intervalos aproximados

de quatro anos, tempo necessário para a avaliação de resultados gerados pela introdução de

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novas estratégias e práticas. A quinta edição da pesquisa teve a participação de mais de 20

universidades e atuou em 20 países, contando com respostas de 719 empresas de manufatura.

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2. Revisão de Literatura

Este capítulo apresenta a revisão de literatura divida em duas seções. Inicialmente são

revistos os principais conceitos de estratégia de operações com o intuito de contextualizar o

offshoring e mostrar como as decisões de operações podem levar a essa estratégia. A segunda

parte apresenta uma revisão de assuntos relacionados à estratégia de offshoring.

2.1 Estratégia de Operações

Nesta seção o conceito de estratégia de operações é apresentado, bem como as

prioridades competitivas e as principais decisões a serem tomadas nesta área. Adicionalmente,

são apresentadas algumas pesquisas que, utilizando dados de outras rodadas do IMSS,

estudaram a relação entre estratégia de operações e desempenho.

2.1.1 O conceito de Estratégia de Operações

Na literatura existem diversas definições de estratégia. Para Chandler (1962), o termo

pode ser definido como a determinação dos objetivos de longo prazo de uma empresa e a

adoção de ações adequadas para atingir esses objetivos.

Wheelwright (1984) identificou três níveis hierárquicos de estratégia dentro de uma

empresa:

1. Estratégia corporativa, que é a definição do negócio em que a empresa vai participar;

2. Estratégia do negócio, que define como a empresa vai competir;

3. Estratégia funcional, que define como a função vai contribuir para o negócio.

Para o autor, a estratégia de operações está no nível funcional, que é representado por um

conjunto de atividades para dar suporte à estratégia corporativa. A figura a seguir ilustra os

níveis hierárquicos da estratégia.

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Figura 1 – Hierarquia de estratégia

Fonte: Wheelwright (1984, p.83)

O conceito de Estratégia de Operações surgiu com Skinner (1969). Para o autor,

estratégia de operações tem a ver com a exploração das propriedades da função de operações

para ganhar competitividade e garantir sobrevivência, lucro e crescimento. Além disso, o

autor observou a importância da visão de mercado nas operações, ressaltando a importância

da conexão entre estratégia corporativa, que colocaria requisitos sobre as operações, e a

função de operações, que deveria ser planejada de acordo com os mesmos.

No estudo de Gagnon (1999), o autor afirma que a gestão da estratégia estava se

deslocando de uma visão baseada no mercado para outra baseada em recursos (RBV,

resource-based view). No primeiro enfoque a estratégia de operações é vista como um sistema

que se ajusta para seguir as regras de competição ditadas pelo mercado. Já a visão baseada em

recursos sugere que seria mais vantajoso focar em desenvolver e alavancar recursos

operacionais exclusivos, podendo mudar as regras de competição.

Para Slack e Lewis (2009), como existem diversas definições de estratégia, é difícil

definir o que é estratégia de operações. Porém os autores destacam quatro perspectivas que,

juntas, formam a estratégia de operações e conciliam a visão de mercado com a visão baseada

em recursos. São elas:

• De cima para baixo: a estratégia deve interpretar o nível mais alto da organização;

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• De baixo para cima: a estratégia é montada por melhorias cumulativas obtidas em

experiências cotidianas;

• Requisitos de mercado: a estratégia deve atender ao mercado no qual a organização

está inserida;

• Recursos de Operações: a estratégia de operações deve dar competência à empresa

para atuar no mercado escolhido.

Assim, estratégia de operações pode ser definida como “o padrão geral das decisões que

determinam as competências em longo prazo e suas contribuições para a estratégia global, de

qualquer tipo de operação, através da conciliação dos requisitos de mercado com os requisitos

de operações.” (Slack e Lewis, 2009, p. 46).

Dessa forma, para atingir os requisitos de mercado, devem ser estabelecidos objetivos de

desempenho adequados. E, para garantir a competência de sua operação, a empresa deve

tomar decisões para alocar os recursos das operações adequadamente.

O estudo de estratégia de operações pode ser dividido em dois conjuntos de questões: o

processo, que aborda procedimentos para desenvolver a estratégia, e o conteúdo, que trata das

decisões de longo prazo e pode ser dividido em dois subgrupos: objetivos de produção e áreas

de decisão (Leong et al., 1990).

2.1.2 As prioridades competitivas

As prioridades competitivas são direcionadores essenciais para gestores e pesquisadores

da área de operações, uma vez que enfatizam o desenvolvimento de certas capacitações que

podem melhorar a posição competitiva da organização no mercado (Boyer e Lewis, 2002).

Para Slack e Lewis (2009), existem variações nos grupos de possíveis objetivos de

desempenho. Os autores destacaram os cinco objetivos a seguir:

Qualidade

Velocidade

Confiabilidade

Flexibilidade

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Custo

Os objetivos de desempenho da função operações deveriam fornecer vantagem

competitiva (Slack e Lewis, 2009), como ilustrado abaixo:

Quadro 1 - Objetivos de desempenho

Fonte: Slack e Lewis (2001, p. 46)

Segundo Wheelwright (1984), cada empresa deveria focar em cada um desses objetivos

em grau diferente, pois é difícil conseguir um bom desempenho em todos os quesitos

simultaneamente. Selecionando os objetivos de desempenho, a empresa poderia determinar

como vai se posicionar em relação a seus concorrentes, em termos de vantagem competitiva.

Para ajudar a empresa a priorizar os objetivos a serem perseguidos, Hill (1989) introduziu

o conceito de critérios qualificadores e ganhadores de pedido. Critérios qualificadores são

aqueles básicos, que determinam se o produto pode ser considerado para o cliente como uma

opção de compra ou não. Portanto, as operações devem ser capazes de fornecer os níveis

qualificadores para a empresa se manter no mercado. Critérios ganhadores de pedido são

fatores-chave para a competitividade e para os clientes realizarem a compra; bom

desempenho nesses critérios pode resultar em mais pedidos e mais negócios para a empresa.

As prioridades competitivas apontam alguns objetivos que a função de operações deve

atingir, e o alcance desses objetivos envolve algumas decisões. Skinner (1969) apontou as

principais decisões de manufatura que as empresas devem tomar: planta e equipamento,

planejamento e controle de produção, desenho e engenharia de produto, organização e

gerência e trabalho pessoal.

Qualidade Fazer Certo

Rapidez Fazer Rápido

Confiabilidade Fazer em Tempo

Flexibilidade Ser capaz de mudar

Custo Fazer mais Barato

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Segundo Hayes e Wheelwright (1984), as decisões da função de operações podem ser

divididas em dois grupos: decisões estruturais e infraestruturais. As decisões estruturais são

caracterizadas por seus impactos de longo prazo e pela tendência de requererem altos

investimentos de capital, enquanto as decisões infraestruturais se relacionam com aspectos de

natureza tática.

Para Hayes e Wheelwright (1984), são necessários recursos e tempo até que todas as

decisões operacionais estejam alinhadas entre si e para que reflitam a estratégia do negócio.

Segundo Leong et al. (1990), a eficácia da operação estaria diretamente relacionada com o

grau de integração entre as prioridades competitivas e as decisões estratégicas de operações.

A figura a seguir ilustra essa relação.

Figura 2 – Categorias de Decisões Estratégicas em Operações

Fonte: Boyer e Lewis (2002, p.10)

2.1.3 Estratégia de Operações e Desempenho

Muitos estudos empíricos apontaram que estratégias de manufatura bem formuladas,

alinhadas com a estratégia de negócios, podem resultar em desempenhos melhores (Rho et al,.

2001).

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Para Machuca et al. (2010), uma maneira muito utilizada de medir o impacto da

estratégia de manufatura sobre a competitividade é através da comparação entre alguns

medidores de desempenho da empresa e da concorrência, sejam eles financeiros (como

retorno sobre os ativos, retorno sobre os investimentos, retorno sobre o patrimônio) ou

operacionais (qualidade, custo). No entanto, o uso de medidas financeiras pode ser

inadequado, pois plantas de manufatura não controlam diretamente esses indicadores e, na

maioria das vezes, são apenas centros de custos e não possuem registros contábeis específicos

(Machuca et al., 2010).

Em seu estudo, Machuca et al., 2010 investigaram o impacto de práticas de manufatura e

de tecnologia no desempenho operacional das empresas. Os autores utilizaram como

indicadores de desempenho as prioridades competitivas utilizadas com mais frequência em

estratégia de operações. Estes indicadores podem ser medidos sob duas perspectivas: interna e

externa. A interna representa medidas que são úteis para o controle e gestão interna do

processo, enquanto a externa engloba a perspectiva do cliente. São eles (Machuca et al., 2010,

p. 2):

Custo: para muitos autores custo é a medida mais importante de desempenho

operacional.

Qualidade: mesmo sendo um termo amplo, em operações a medida mais influente de

qualidade é a conformidade, que significa capacidade do processo para produzir produtos de

acordo com especificações previamente estabelecidas.

Entrega: as duas medidas básicas de entrega são confiabilidade e velocidade.

Flexibilidade: as medidas de flexibilidade mais influentes na área de operações são a

capacidade de mudar o volume de produção e o mix de produtos.

No estudo de Vereecke e Muylle (2006), os autores investigaram o impacto entre

colaboração na cadeia de suprimentos e melhoria de desempenho, utilizando dados da terceira

rodada do IMSS. O questionário continha variáveis que identificavam explicitamente as

práticas de colaboração e, para identificar o grau de colaboração, foi aplicada uma análise

fatorial. Após identificar o grau de colaboração, a melhoria no desempenho foi medida através

de dezessete variáveis, que representavam as áreas custo, qualidade, flexibilidade, entrega,

compras e time-to- market. Através de uma análise fatorial, foi possível identificar como cada

uma das dezessete variáveis de desempenho afeta cada dimensão desempenho. Por fim, para

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analisar se a colaboração impacta a melhora do desempenho, foi feita uma análise utilizando

correlação de Pearson. O resultado do estudo não suportou a hipótese de que existe correlação

positiva entre colaboração na cadeia de suprimentos e melhoria de desempenho.

No estudo de Demeter (2003), utilizando dados da segunda rodada do IMSS, a autora

investigou se a adoção de uma estratégia de operações influenciaria o desempenho do

negócio. Para investigar a existência de uma estratégia de operações, a autora utilizou uma

variável de inconsistência, definida medindo a diferença absoluta entre as prioridades

competitivas e a importância do desempenho em operações. Empresas com variáveis de

inconsistência com valores menores foram consideradas como tendo uma estratégia formal de

operações. Para medir o desempenho, foram utilizadas as dimensões de retorno sobre as

vendas, giro de estoque e market share doméstico. Para testar a diferença do desempenho

entre os dois grupos (com e sem estratégia de operações), foi feita uma análise de variância.

Segundo os resultados obtidos no estudo, empresas que possuem uma estratégia formal de

operações tinham desempenho de retorno sobre as vendas superior.

Sun e Hong (2002) estudaram o impacto do alinhamento entre a estratégia de operações e

a estratégia de negócios sobre o desempenho das empresas, além da contribuição do

desempenho das operações para o desempenho empresarial, com os dados da segunda rodada

do IMSS. Para fazer as análises, os autores utilizaram perguntas do questionário que mediam

se a estratégia de negócios era traduzida em estratégia de manufatura, e se a estratégia de

manufatura influenciava a formulação da estratégia de negócios. Em relação ao desempenho,

os parâmetros utilizados foram lucratividade, market share, pontualidade na entrega, giro de

estoque, pontualidade na produção, melhoria de qualidade e redução de custo. Os autores

utilizaram a análise de variância ANOVA para testar o impacto do alinhamento da estratégia

de operações com a estratégia de negócios no desempenho do negócio. Segundo o resultado

da pesquisa, empresas com estratégias mais alinhadas teriam desempenho superior.

No estudo de Rho et al. (2001), os autores investigaram a importância da consistência

entre as estratégias de operações e as práticas utilizadas para a obtenção de melhores

desempenhos. Para operacionalizar o estudo, os autores definiram uma variável gap, similar à

variável de inconsistência proposta por Demeter (2003), para medir a diferença entre as

variáveis de orientação estratégica e as práticas de operações utilizadas pela empresa, e

verificar se eram consistentes ou não. As variáveis gap que apresentassem menores valores

indicariam que as práticas e estratégias estariam alinhadas. Com base na variável gap, no

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retorno sobre as vendas e no giro de estoque, a amostra foi divida em dois grupos: um de alto

e um de baixo desempenho. Em seguida, os autores analisaram se existiria diferença entre o

desempenho nas dimensões de custo, qualidade, flexibilidade, entrega e serviço nos dois

grupos. O resultado mostrou que, em relação ao retorno sobre as vendas, o grupo de alto

desempenho apresentou um resultado superior, exceto para entrega. Já em relação ao giro de

estoque, nenhuma diferença foi encontrada entre os dois grupos. Os autores fizeram então

uma análise discriminante onde as variáveis independentes eram a variável gap, estratégia e

as práticas adotadas. Esta análise foi feita com o objetivo de identificar qual variável mais

contribui na diferenciação entre os grupos de desempenho alto e baixo. O resultado mostrou

que a entrega foi a única variável que diferenciou os dois grupos. Por fim, os autores fizeram

uma analise discriminante para identificar a diferença entre três países, Coréia, Estados

Unidos e Japão. Na amostra da Coréia e dos Estados Unidos a variável gap foi a mais

importante. Já a amostra japonesa não apontou nenhuma variável como diferencial, sugerindo

que a consistência entre práticas e estratégias de manufatura é menos importante para o

desempenho dessas empresas.

2.1.4 Tipos de Estratégias de Operações

Segundo Lowson (2003), existem diversos tipos de estratégia de operações e cada

empresa pode adotar mais de uma estratégia ao mesmo tempo. Em sua revisão de literatura, o

autor aponta as seguintes estratégias de operações (Lowson, 2003, p.83):

Resposta rápida

Resposta eficiente do consumidor

Competição baseada no tempo

Estratégia de rede de suprimento

Just in time

Estoque gerido pelo fornecedor

Agilidade no sistema de fornecimento e produção

Organização e logística virtual

Terceirização estratégica

Produção enxuta

Postergação estratégica

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Estratégia Logística

Compras estratégicas e gestão de materiais

Planejamento colaborativo, previsão e ressuprimento

Melhoria contínua

No entanto, o que Lowson (2003) considera como estratégia de operações seria para

alguns autores técnicas e ferramentas gerenciais. Para Slack e Lewis (2009, pg. 344), algumas

práticas citadas anteriormente são genéricas e amplamente aplicáveis; no entanto, a essência

de uma estratégia de operações é ser individual e específica de cada empresa. Para os autores,

elas poderiam ser consideradas como parte da estratégia, já que a escolha de qual prática

utilizar seria uma decisão estratégica.

Segundo Albuquerque e Silva (2002), essas práticas podem conduzir as organizações à

maximização da eficiência de seus recursos e eficácia de seus processos. Porém, além de não

oferecerem posição diferenciada em relação à concorrência, podem ser facilmente imitadas,

ao contrário da estratégia, que deveria proporcionar uma posição única.

Retomando as decisões fundamentais de estratégia de operações apresentadas

anteriormente, uma das decisões estruturais diz respeito à rede de suprimentos. Essa área

envolve a decisão de quais das atividades devem ser realizadas internamente, quais devem ser

contratadas e que tipo de acordo de fornecimento deve existir. Além disso, envolve a decisão

de localização das atividades (Slack e Lewis, 2009). Com base nessas decisões, uma possível

estratégia para a rede de suprimentos é a estratégia de offshoring.

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2.2 Estratégia de Offshoring

Esta seção da revisão de literatura contempla as principais questões da estratégia de

offshoring. Inicialmente será apresentado seu conceito. Em seguida, são revistas as

motivações e elementos do offshoring, bem como aspectos relacionados a escolha da

localização, desvantagens e riscos desta estratégia. Por fim, são apresentados outros estudos

que investigaram a relação entre offshoring e desempenho.

2.2.1 Conceito de offshoring

O Offshoring é um dos aspectos mais discutidos da globalização (Mudambi, 2007). No

entanto, mesmo utilizado com frequência, seu conceito não é claramente entendido. Segundo

Jahns et. al (2006), a resposta para a pergunta “O que é offshoring?” pode ter muitas

respostas. O termo pode significar alguma coisa “fora do primeiro mundo” ou fora do

continente do país de origem (Lowson 2001), ou alguma coisa em lugares remotos ou fora da

fronteira do país (Shamis et al., 2005). Outra definição conceitua offshoring como a

realocação de processos do negócio de um país para outro (Mudambi, 2007).

Segundo Contractor et al. (2010), o offshoring, num sentido mais amplo, seria a

construção de uma rede global cujos objetivos estratégicos focariam em sua eficiência e

coerência, indo além do abastecimento ao mercado local. Para os mesmos autores, a cadeia de

valor das empresas poderia ser desmembrada em partes menores e, para cada uma delas, seria

necessária a decisão sobre sua localização.

Segundo Jahns et al. (2006), a estratégia de offshoring pode ser classificada em três tipos

diferentes: o offshoring cativo, o offshoring por terceirização e o offshoring de centro de

desenvolvimento.

Algumas empresas decidem produzir no exterior através da instalação de uma subsidiária,

permanecendo com o controle das atividades e, ao mesmo tempo, aproveitando as vantagens

do local. Este modelo se caracteriza como offshoring cativo.

Por outro lado, o offshoring por terceirização (offshoring outsourcing) se caracteriza pela

delegação de funções ou decisões internas para um terceiro mais especializado e localizado

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em algum país do exterior. Para a adoção deste modelo seria necessário o aperfeiçoamento de

algumas práticas, como gestão de contratos e relacionamento com os prestadores de serviço.

O último tipo de offshoring, o offshoring de centro de desenvolvimento, refere-se à

formação de joint ventures. Neste modelo, a empresa transfere algumas atividades para

terceiros, mas permanece com alto nível de controle das atividades em comparação ao modelo

de offshoring terceirizado.

Existem duas decisões fundamentais na questão do offshoring, o controle ou propriedade

dos ativos e a localização geográfica. Para Kotabe e Mudambi (2009), sob o ponto de vista de

localização, as empresas podem produzir bens e serviços no país local (onshoring) ou em

algum país no exterior (offshoring). Para ambas as localizações, a empresa pode optar pela

produção intrafirma ou por fornecedores independentes, resultando em quatro estratégias de

aquisição possíveis, como ilustradas no quadro a seguir.

Quadro 2 – Escolha estratégica: localização e controle

Fonte: Kotabe e Mudambi (2009, p.122)

Para Contractor et al. (2010), seria impossível apontar uma determinada combinação de

controle e localização geográfica como sendo a mais adequada. Esta decisão depende das

características da empresa, do mercado e do produto. Por exemplo, uma terceirização

doméstica, mesmo sendo mais cara, poderia ser mais interessante do que uma terceirização no

exterior para empresas que possuem flexibilidade e velocidade como prioridade competitiva.

A literatura em geral aponta que a decisão de controle deveria preceder a decisão de

localização (Graf e Mudambi, 2005; Hatonen e Eriksson, 2009). Para Graf e Mudambi (2005),

primeiro as empresas deveriam decidir a estratégia de aquisição, se o processo será feito pela

própria empresa ou se será terceirizado. Caso a empresa decida terceirizar, deveria selecionar

o fornecedor e estabelecer o tipo de relação mais conveniente para o negócio. E, por último, a

País local Offshore

Controle estratégico Produção internaProdução interna no

país localOffshore cativo

TerceirizaçãoProdução no país local

por terceirização

Offshore por

terceirização

Localização geográfica estratégica

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empresa deveria decidir a localização da operação. No entanto, Mudambi e Venzin (2010)

consideram que a integração dessas decisões poderia resultar em melhorias significativas no

desempenho das empresas.

Segundo Mudambi e Venzin (2010), as decisões de controle de localização do offshoring

não são estáticas e deveriam ser revistas com frequência. Por isso, as empresas deveriam

adaptar sua estratégia e decisões, de acordo com as mudanças no panorama do mercado e nas

condições da firma.

2.2.2 Motivações para adoção da estratégia de offshoring

Dunning (1993, p.67) apontou algumas motivações genéricas que poderiam levar as

empresas a internacionalizarem suas operações, com destaque para as quatro apresentadas a

seguir.

1-Busca por recursos naturais: as empresas investem em países estrangeiros para adquirir

recursos específicos a custo mais baixo e de melhor qualidade.

Segundo o autor, existem três grupos de recursos mais procurados. O primeiro é

representado pelos recursos físicos, como minerais, matérias-primas em geral e produtos

agrícolas. O segundo grupo é representado pelos recursos humanos não qualificados,

motivados e de baixo custo. O terceiro grupo seria o conhecimento tecnológico, competências

organizacionais e conhecimentos de gestão ou marketing.

2- Busca por mercado: as empresas investem em uma região particular para fornecer bens

e serviços na mesma área ou em áreas adjacentes.

Para o autor, existem quatro razões principais para as empresas buscarem novos

mercados. A primeira razão seria para acompanhar o principal cliente ou fornecedor. A

segunda seria para aprendizagem do local, como mercado e cultura. A terceira seria para

minimização dos custos de transferência. Por fim, a quarta razão seria uma estratégia de

marketing, com o objetivo de estabelecer uma unidade física nos principais mercados.

3- Busca por eficiência: as empresas investem em outros países como forma de

racionalizar a estrutura existente, obtendo ganhos com a governança comum de atividades

geograficamente dispersas.

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Para o autor, existem dois motivos de busca por eficiência. O primeiro seria planejado

para se obter vantagem com as diferenças de disponibilidade e custo de recursos nos

diferentes países. O segundo seria planejado para se obter vantagem com economia de escala

e de escopo.

4- Busca por ativos estratégicos: as empresas promovem os objetivos da estratégia de

longo prazo adquirindo ativos de corporações de outros países.

O mesmo autor destaca diversos motivos para as empresas buscarem ativos estratégicos.

Entre eles estão a compra de:

Outras empresas, para evitar que o concorrente o faça e para diversificar o portfólio de

produtos;

Fornecedores, para desabastecer os concorrentes;

Distribuidores, para ter melhor acesso ao mercado.

Assim, o principal objetivo das estratégias de offshoring seria combinar as competências

internas com as vantagens comparativas de diversas localizações geográficas para criar

vantagem competitiva (Mudambi, 2008).

Para Contractor et al. (2010), muitos autores e gestores apontam a redução de custos

como a principal motivação para a adoção da estratégia de offshoring. No entanto,

recentemente, dois outros motivadores ganharam importância. O primeiro é o acesso ao

conhecimento, já que muitas empresas não possuem internamente todo o conhecimento

necessário para serem competitivas nas áreas de pesquisa, de produção e de marketing. O

segundo motivador é o melhor entendimento dos mercados estrangeiros, proporcionado pela

realocação das operações.

Roza et al. (2011), classificaram as motivações internas da firma em três grupos. O

primeiro, explicado pela teoria do custo de transação, seria a motivação pela redução de custo.

O segundo grupo de motivações, explicado pela visão baseada em recursos, seria a busca por

recursos, como conhecimento e tecnologia. Por fim, haveria motivos empresariais, como

busca por novas oportunidades e crescimento.

Para Hutzschenreuter et al. (2011), além dos internos, existem alguns fatores externos

que influenciam a estratégia de offshoring. Entre estes estão a inovação tecnológica e o

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ambiente específico do país no exterior, que, somados às motivações internas, funcionariam

como incentivos para a realocação das atividades para outro país.

Segundo Ferdows (1997), entre os benefícios esperados com a adoção da estratégia de

offshoring, alguns seriam tangíveis e fáceis de mensurar, enquanto outros seriam intangíveis e

difíceis de mensurar. O autor pondera que seria difícil argumentar contra objetivos tangíveis

imediatos em prol de objetivos intangíveis no futuro.

Em uma escala proposta por Ferdows (1997), os benefícios são classificados da seguinte

maneira:

Benefícios tangíveis: redução de custo direto e indireto, redução de custo de capital,

redução de taxas, redução de custos logísticos, superação de barreiras tarifárias.

Benefícios intangíveis: oferta de melhor serviço ao cliente, diversificação do risco,

construção de fornecedores alternativos, antecipação em relação a potenciais competidores,

aprendizado com fornecedores locais, aprendizado com clientes estrangeiros, aprendizado

com competidores, aprendizado com centros de pesquisa do exterior, atração de talentos

globalmente.

Segundo Nachum (2005), a compreensão dos motivos que levam as empresas a se

internacionalizarem através da estratégia de offshoring é essencial. Diferentes motivações

para deslocar as atividades para o exterior país exigem estratégias distintas.

2.2.1 Elementos da estratégia de operações internacionais

Mcgrath e Bequillard (1989) identificaram três grupos de decisões que deveriam ser

tomadas na estratégia de operações internacionais.

1- O papel da operação internacional dentro de toda a estratégia de negócios: a

internacionalização das operações pode contribuir para o alcance dos objetivos estratégicos da

empresa. O papel estratégico das operações deve ser incluso no planejamento da estratégia

corporativa.

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2- Decisões de posicionamento estratégico (configuração): esse grupo de decisões

envolve quantidade, tamanho e localização das plantas, além de designar produtos e

submontagens para unidades especificas.

3- Requisitos infraestruturais (coordenação): essas decisões dizem respeito aos

mecanismos necessários para a coordenação e administração das atividades produtivas

internacionais.

Segundo Mefford e Bruun (1998), a empresa deveria considerar algumas decisões

estratégicas importantes relacionadas ao desenho do sistema de produção, que deveriam ser

tomadas levando em consideração a intenção estratégica da planta. São elas: estratégia da

planta, rede de produção, desenvolvimento de novos produtos e melhoria contínua das

operações.

Além das decisões estratégicas apresentadas, relacionadas ao offshoring, também existem

algumas decisões operacionais que precisariam ser tomadas. Segundo Kumar et al. (2009a),

após as decisões de nível estratégico, ou seja, decidir o que será deslocado para o exterior,

quando e aonde, os gestores deveriam tomar as decisões de nível operacional, determinando

como será o processo de distribuição do trabalho e garantindo a integração das atividades

distribuídas a fim de não comprometer a produção.

Segundo o relatório Duke/Booz Allen, publicado em 2006, tendo em vista que a gestão

das questões de nível operacional pode determinar o sucesso ou fracasso de uma operação, a

preocupação dos gestores com a eficiência operacional, perda de controle de gestão, qualidade

do serviço e segurança de informação na adoção da estratégia de offshoring teve crescimento

significativo nos anos anteriores.

2.2.1.1 Coordenação

Coordenação é a maneira como as atividades realizadas em diferentes países serão

integradas a fim de alcançar os objetivos estratégicos da empresa (Porter, 1986). McGrath and

Bequillard (1989) propõem algumas questões relacionadas à coordenação (ou infraestrutura)

para uma estratégia de operações internacionais. Essas questões foram agrupadas por

Meijboom e Voss (1997, p. 792) em três tópicos:

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1- Gestão de suprimentos e demanda internacional: o processo completo de pedido,

incluindo reposição de estoque e decisões de produção, pode ser realizado em esfera

internacional, então, o serviço ao cliente, a capacidade utilizada e o estoque devem ser

balanceados internacionalmente. Como isso deve ser gerenciado? Como programar os pedidos

dos consumidores com necessidade em múltiplas unidades internacionais?

2- Aquisição global versus local: os insumos das fábricas, bens manufaturados e matérias

primas podem ser adquiridos no exterior ou no país de origem. Como são os trade offs entre

aquisição local e global? Como deve ser realizada a aquisição internacional, centralizada ou

por unidades especializadas?

3- Decomposição da estratégia de operações: a estratégia de operações internacional deve

ser quebrada e traduzida em objetivos específicos de cada fábrica. Quais aspectos de

manufatura precisam ser padronizados entre as plantas internacionais? O que é necessário

para manter consistência entre a estratégia de operações como um todo? Como o

desenvolvimento e a introdução de produto devem ser organizados em base mundial?

Monczka e Trent (1992, p.16) apontaram seis requisitos que poderiam garantir a

coordenação e integração da rede de suprimentos global. Esses requisitos, apresentados a

seguir, são: (1) sistema de informação global, (2) mecanismos de coordenação, (3) suporte na

coordenação da estratégia, (4) avaliação de desempenho dos fornecedores, (5) pessoal

capacitado e (6) comprometimento dos executivos.

O uso de um sistema de informação global seria capaz de fornecer e detectar necessidades

das unidades de negócio ao redor do mundo. O sistema deveria ter as seguintes características:

código comum entre as unidades de negócio, histórico de quantidade comprada por produto e

unidade, informação de previsão das necessidades de itens, histórico de preço, instruções

especiais de embalagem e rotulagem para cada localidade, monitoramento de desempenho de

fornecedores. No entanto, para instalar um sistema de informação dessa magnitude, a empresa

poderia enfrentar algumas barreiras, como altíssimo investimento e diferença tecnológica

entre os países das diversas unidades de negócio.

Outro requisito são alguns mecanismos de coordenação. A empresa deveria organizar

reuniões periódicas para promover a integração de gestores e a discussão de novas ideias, bem

como para revisar o status do processo. Além disso, deve-se ter um suporte na coordenação

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da estratégia, ou seja, designar uma pessoa para garantir a comunicação entre as unidades de

negócio.

O quarto requisito é avaliação de desempenho dos fornecedores, para garantir que estes

estão oferecendo o mesmo nível de serviço para todas as unidades. O quinto é ter pessoal

capacitado, com habilidade de gestão de riscos, e conhecimento de cultura e política dos

países em que operam. E, por fim, comprometimento dos executivos. Os executivos podem

fornecer uma perspectiva global, necessária para coordenação e integração dos processos.

2.2.1.2 Configuração

Configuração está relacionada com a alocação de tarefas entre as unidades pelo mundo,

ou seja, onde e em quantos lugares cada atividade é realizada (Porter, 1986). Dubois et al.

(1993) criaram um modelo identificando os principais fatores de influência na configuração

das atividades produtivas.

A figura a seguir identifica os principais elementos dos ambientes interno e externo que

influenciam a estratégia de operações da firma e, consequentemente, suas decisões de

configuração. Os fatores internos propostos pelo modelo são prioridades competitivas e

experiência internacional. Já a estrutura e as características do negócio, junto com as variáveis

ambientais, representam os fatores externos na formação da configuração internacional de

operações.

.

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Figura 3 - Modelo explicativo da configuração internacional das atividades de manufatura

Fonte: Dubois et al. (1993, p.309)

2.2.1.3 Papéis estratégicos das unidades no exterior

Dentro da estratégia de produção cada unidade possui um papel diferente e, portanto,

contribui de maneira distinta para os objetivos do negócio (Altmann e Fleury, 2004). Ferdows

(1997) propôs seis papéis estratégicos que as unidades internacionais das empresas que

decidem adotar o offshoring cativo poderiam assumir. Os seis papéis surgem da combinação

entre a razão estratégica para se estabelecer uma unidade produtiva em algum país do exterior

e do nível de atividades técnicas desenvolvidas pelas unidades. Como ilustrado na figura a

seguir, a razão estratégica é dividida em três categorias: acesso a fatores de produção de baixo

custo, acesso a recursos tecnológicos locais e proximidade de mercado. Já o nível de

atividades técnicas exercidas nas plantas é classificado como alto e baixo. Os papéis são:

Fábrica offshore: o objetivo desta fábrica é aproveitar os baixos custos de produção do

local em que é instalada. O investimento em recursos técnicos e gerenciais é o mínimo

necessário para gestão da produção. Sua responsabilidade é limitada à produção de itens e não

é esperada inovação.

Fábrica de aquisição (Source factory): este tipo de fábrica também é estabelecido para se

ter acesso a baixo custo de produção. Porém, possui recursos e competência para desenvolver

processos ou produtos. Os gestores locais possuem mais autonomia no planejamento de

Características específicas da

empresa

•Prioridades competitivas

•Experiência internacional

Estrutura e características da

indústria

•Ciclo do produto e do processo

•Tecnologia

•Proximidade do mercado

•Considerações Logísticas

Estratégia de operações

•Estratégia doméstica

•Estratégia internacional

Opções de configuração de

operações

•Foco no país de origem

•Foco regional

•Foco regional/global

•Foco global coordenado

Variáveis ambientais

•Político-legal

•Economia

•Educação

•Sóciocultural

•Acordos internacionais

Efeito moderador

Visão afetada

por

Efeito moderador

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produção, mudança de processo, logística de distribuição, customização de produtos e

compras.

Fábrica para servir (Server factory): esta fábrica abastece a demanda específica nacional

ou de mercados regionais. Normalmente proporciona à empresa a possibilidade de superar

elevadas barreiras tarifárias, flutuação cambial ou custos logísticos. A autonomia da

administração para modificar produtos ou processos é limitada.

Fábrica para contribuir (Contributor factory): este tipo de fábrica serve ao mercado local.

Assume responsabilidade por customização de produtos, melhoria de processos, modificação

no produto ou desenvolvimento de produto e desenvolvimento de fornecedores.

Outpost factory: o principal objetivo desta fábrica é coletar informação de fornecedores,

competidores, laboratórios de pesquisa e consumidores do local. Pode ter um papel

secundário, e também funcionar como uma fábrica para servir ou como uma fábrica offshore.

Fábrica líder (Lead factory): este tipo de fábrica possui habilidade e conhecimento para

criar novos produtos, processos e tecnologias para toda a empresa. É voltada para a inovação,

e seus gestores possuem elevado grau de autonomia.

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Figura 4 - Matriz de papéis estratégicos de fábricas estrangeiras

Fonte: Ferdows (1997, p.77)

Mudanças na estratégia global da empresa e no ambiente em que ela está inserida podem

fazer com que seja necessária a atualização do papel das unidades; por isso, o papel

estratégico de cada planta deve ser revisto com frequência. De acordo com as necessidades,

uma unidade pode passar a ter um papel mais ou menos complexo dentro da organização. A

mudança do papel estratégico pode ser feita com o ajuste da capacidade técnica da unidade

(Ferdows, 1997).

Posteriormente, Bartlett e Ghoshal (2002, p.121) propuseram um modelo com quatro

papéis estratégicos que as unidades localizadas nos diversos países poderiam assumir. Os

papéis surgem da combinação de duas dimensões. A primeira é a competência de cada

unidade (produção, marketing ou tecnologia, por exemplo). Já a segunda dimensão está

relacionada com a importância do ambiente em que a unidade do exterior está inserida para a

estratégia global da empresa. Os papéis são:

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Líder estratégica (strategic leader): esta unidade deveria possuir alta competência interna

e liberdade de desenvolver e implementar estratégias. Além disso, deve estar localizada em

um mercado estratégico para a empresa.

Colaboradora (contributor): esta unidade se localiza em mercado que não tem

importância para a estratégia global da empresa, porém possui alto nível de recursos e

capacidades para desenvolver novas estratégias.

Implementadora (implementer): esta unidade não atua em mercados relevantes para a

empresa e não possui alto nível de recursos e capacidade. No entanto, apropria-se de

economias de escala e escopo.

Buraco Negro (black hole): esta unidade atua em mercado considerado de grande

importância para a matriz, porém não possui os recursos e as capacidades para desenvolver e

implementar estratégias.

Segundo Vereecke e Dierdonck (2002), este modelo se compara com aquele proposto por

Ferdows (1997), no sentido de diferenciar as unidades produtivas com base no nível de

competência e na vantagem da localização, que seria o elemento do ambiente em que a planta

opera. No entanto, este modelo engloba toda a cadeia de valor, enquanto que o modelo de

Ferdows (1997) pode ser considerado exclusivo para as unidades de manufatura.

2.2.2 Localização

Segundo MacCarthy e Attirawong (2003), uma das escolhas relevantes no offshoring

cativo é a de localização das plantas de produção. A localização ideal poderia oferecer

vantagem competitiva e contribuir com o sucesso da empresa.

Na escolha da localização, as empresas deveriam avaliar as necessidades de uma

operação de offshoring em várias dimensões (como nível da mão de obra e infraestrutura) e

entender como cada país no exterior poderia suprir essas necessidades (Jense e Pendersen,

2011; Farrell, 2006; MacCarthy e Attirawong, 2003). Segundo MacCarthy e Attirawong

(2003), elementos de custos, infraestrutura, mão-de-obra, governamentais, políticos e

econômicos seriam os fatores mais importantes para essa decisão.

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Farrell (2006, p. 88) detalha alguns desses elementos, além de acrescentar disponibilidade

de recursos, perfil de risco e potencial de mercado como fatores a serem considerados. São

eles:

1-Custos:

• Mão de Obra: média salarial de trabalhadores qualificados e gestores.

• Infraestrutura: custo da rede de telecomunicação e acesso a internet.

• Imobiliário: custo de um escritório.

• Taxas corporativas: custo de taxas e, reciprocamente, de incentivos para o

investimento no local.

2- Disponibilidade de Recursos:

• Profissionais: tamanho da força de trabalho com o perfil necessário.

• Tamanho do setor: porcentagem do setor no total de exportações, volume de dólar.

• Fornecedores: fornecedores locais de funções do negócio como tecnologia da

informação.

3- Ambiente:

• Apoio do governo: política de investimento estrangeiro, leis trabalhistas e nível de

corrupção.

• Ambiente de negócios: compatibilidade com a cultura e ética de negócios.

• Ambiente de moradia: qualidade de vida, taxa de criminalidade e doenças.

• Acessibilidade: tempo de viagem, frequência de vôos, e fuso horário.

4- Potencial do mercado:

• Atratividade do mercado local: PIB e taxa de crescimento.

• Acesso a mercados próximos: no próprio país e em regiões próximas.

5- Perfil de risco:

• Eventos destrutivos: risco de greve de funcionários, instabilidade política e desastre

natural.

• Segurança: risco de segurança pessoal, fraudes, crimes e terrorismo.

• Riscos de regulamentação: quadro jurídico, eficiência legal.

• Riscos macroeconômicos: custo da inflação, variação cambial.

• Propriedade Intelectual: regime de proteção da propriedade intelectual.

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6- Qualidade de infraestrutura:

• Tecnologia da informação: manutenção, velocidade e conectividade.

• Imóveis: disponibilidade e qualidade.

• Transporte: qualidade de rodovias e ferrovias.

O Instituto Global da McKinsey, empresa global de consultoria estratégica, apresentou

uma abordagem para auxiliar as empresas na comparação de potenciais localidades para a

instalação de uma unidade offshore. Nesta visão, o importante seria possuir dados para

entender as forças e fraquezas de cada localidade. A abordagem consiste em:

1- Elaborar uma lista de possíveis localidades: de acordo com a intenção da empresa, uma

lista de localidades que atendam a suas necessidades deve ser elaborada.

2- Definir um critério de decisão: é possível destacar custo total da operação,

disponibilidade de recursos, potencial do mercado, riscos, qualidade da infraestrutura e da

moradia no local como fatores utilizados com mais frequência como critério de decisão.

3- Coletar dados de cada localidade: alguns dados serão qualitativos e outros

quantitativos. Para cada localização, os gestores deveriam atribuir uma pontuação em cada

fator.

4- Atribuir mais peso aos critérios mais importante para a empresa: cada fator deve

receber um peso relacionado com a sua importância para a estratégia da empresa.

5- Fazer um ranking de atratividade: com esta classificação, é possível identificar duas ou

três cidades que se mais adequam aos objetivos da empresa.

6- Avaliar a dinâmica da força de trabalho: o último passo é verificar a sustentabilidade

dos recursos humanos.

Segundo Farrell (2006), apesar de ser uma abordagem eficiente, algumas empresas não a

utilizam, pois baseiam sua escolha nas experiências prévias de outras empresas que adotaram

a estratégia de offshoring.

Jense e Pendersen (2011) agruparam os atributos relevantes de algumas localizações em

quatro categorias: custo, capital humano, ambiente de negócios e distância entre as

localizações onshore e offshore. O quadro a seguir fornece uma visão geral dos atributos de

Page 37: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

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países em algumas regiões e, ao mesmo tempo, destaca algumas diferenças entre essas

localizações.

Quadro 3 - Atributos dos destinos para offshoring

Fonte: Jense e Pendersen (2011, p. 356)

Segundo Farrell (2006), com a abertura dos mercados de países emergentes, incluindo as

principais economias em desenvolvimento, o assim chamado grupo BRIC (Brasil, Rússia,

Índia e China), as empresas passaram a ter mais opções de escolha para a localização de suas

atividades offshore do que tinham há alguns anos atrás. No entanto, segundo Jense e

Pendersen (2011), mesmo com diversas localidades potenciais, as empresas parecem preferir

alguns países a outros. A China, por exemplo, é um local escolhido por diversas empresas

para operações de offshoring cativo. Para os autores, a decisão de muitas empresas de

instalarem suas atividades em determinado país ao mesmo tempo poderia causar problemas,

esgotando ou congestionando recursos como mão de obra e infraestrutura.

Atributos Oeste Europeu

(baseline)

Centro e Leste

Europeu

América do

Norte Ásia

Custos

Mão de Obra Alto Baixo/médio Alta Baixo

Infraestrutura Alto Médio Alta Médio/alto

Taxas Alto Médio Alta Médio

Capital Humano

Educação Boa Médio Boa Médio

Disponibilidade Médio/baixa Médio/baixa Médio/baixa Alto

Ambiente de negócios

Infraestrutura Boa Médio Boa Médio/baixa

Regulamentação Boa Médio Boa Pobre

Contexto Industrial Boa Médio Boa Médio

Risco do país Baixo Baixo Baixo Médio/alto

Distância

Geográfica Baixa Baixa Alta Alta

Língua Média Alta Baixa Alta

Cultural Média Alta Baixa Alta

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39

2.2.3 Desvantagens e riscos da adoção da Estratégia de offshoring

Alguns especialistas sugerem que a cadeia de suprimentos global é mais difícil de gerir

do que a cadeia de suprimentos doméstica (Wood et al, 2002; MacCarthy e Attirawong,

2003), e que a estratégia de offshoring nem sempre leva aos resultados esperados (Kinkel e

Maloca, 2009).

2.2.3.1 Desvantagens de custos

Ao adotar a estratégia de offshoring, a empresa precisa lidar com alguns custos adicionais

(Grossman e Helpman, 2001; Margulius, 2005; Stringfellow et al., 2008; Jabbour, 2010;

Contractor et al., 2010). E, na maioria dos casos, a estimação prévia desses custos não seria

uma tarefa fácil (Bock, 2008).

Para Grossman e Helpman (2001), quando as atividades sequenciais de uma empresa são

realizadas em plantas no exterior ou por tereceiros, os custos de coordenação tendem a

aumentar. Um dos motivos seria a necessidade de formação de uma equipe gerencial focada

em tentar alcançar uma coordenação eficiente (Santos e Eisenhardt, 2005). Além disso, as

empresas teriam que arcar com custos de viagem, já que alguns gestores teriam que viajar

para o exterior para acompanhar a operação (Metters, 2008). Para Kinkel e Maloca (2009), o

custo de coordenação é um dos principais problemas enfrentados pelas empresas que adotam

o offshoring.

Além disso, cada atividade realocada implicaria uma busca por fornecedores no país no

exterior que, devido à falta de familiaridade, tenderia a ser mais custosa quando comparada

àquela por fornecedores domésticos (Grossman e Helpman, 2001). A falta de conhecimento

do local implicaria custos de aprendizagem do ambiente, da cultura e de hábitos de trabalho

(Contractor et al., 2010). Jabbour (2010) acrescenta o custo de adaptação à diferença de

idioma e sistema legal.

Os custos logísticos de cadeias de suprimentos em que os elos estão separados por

grandes distâncias tenderiam a ser elevados e a impactar o custo total das cadeias globais

(Zeng e Rosetti, 2003; Meixell e Gargeya, 2005).

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40

Nos casos de offshoring cativo, os custos fixos aumentariam devido à abertura de nova

planta (Jabbour, 2010). Consequentemente, segundo Margulius (2005), este tipo de offshoring

requereria um volume de negócios mínimo para cobrir os custos e tornar a estratégia

vantajosa. Além disso, se o mercado for dinâmico e exigir modificações constantes, o

offshoring cativo poderia não se pagar no longo prazo (Grimp e Kaiser, 2010).

2.2.3.2 Desvantagens de coordenação e operacionais

Devido à dispersão de uma cadeia de suprimentos global, sua coordenação pode ser

complexa. Para Margulius (2005) e Kinkel e Maloca (2009), as empresas precisariam de um

tempo para ganhar habilidade na gerência da operação offshore. Esse tempo tenderia a ser

subestimado pelas empresas (Kinkel e Maloca, 2009). A integração das decisões na cadeia

global também poderia ser afetada pelas grandes distâncias, já que integração exige

coordenação (Meixell e Gargeya, 2005).

Um dos principais problemas operacionais decorrentes da complexidade da estratégia de

offshoring estaria relacionado à logística e gestão de estoques (Kotabe e Mudambi, 2009).

Para Fredriksson e Jonsson (2009), a grande distância geográfica aumentaria o tempo da

entrega, a demanda não atendida e o estoque extra, além de diminuir a confiabilidade da

entrega. Kinkel e Maloca (2009) apontaram a capacidade de entrega como um dos problemas

mais frequentes entre as empresas de offshoring nos últimos anos.

2.2.3.3 Desvantagens de comunicação e diferença cultural

A distância geográfica entre as unidades das empresas pode causar impactos negativos na

comunicação. Os gestores poderiam ter dificuldades para acompanhar o desempenho e

informações das atividades diretamente, sendo necessário tempo para coleta, organização e

comunicação dos dados. Além disso, “questões rotineiras que poderiam ser resolvidas de

forma rápida e sutil, podem levar mais tempo para serem resolvidas, pois exigem

comunicação de longa distância” (Kumar et al, 2009a p. 654).

Diferenças de cultura, língua, práticas de negócios poderiam diminuir a eficácia da

estratégia de offshoring (Meixxell e Gargeya, 2005; Kumar et al., 2009a; Lampel e Bhalla,

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41

2011). Segundo Kumar et al. (2009a), os funcionários podem não ter conhecimento do

ambiente em que aqueles de unidades exterior vivem, causando dificuldade no entendimento

comum do trabalho.

2.2.3.4 Desvantagens de realocação para países emergentes

Meixell e Gargeya (2005) destacam algumas dificuldades que as empresas poderiam

enfrentar ao realocar suas atividades para países emergentes. Segundo os autores, possíveis

deficiências de infraestrutura, transporte e telecomunicação, assim como baixa

disponibilidade de fornecedores e tecnologia, oferecem desafios que normalmente não seriam

encontrados em países avançados.

Além disso, segundo Gray et al.(2011), as dificuldades encontradas devido às diferenças

culturais, como idioma e forma de trabalhar, tendem a serem maiores entre países avançados e

países emergentes.

2.2.3.5 Riscos

Segundo Meixell e Gargeya (2005), as cadeias de suprimentos globais possuem riscos

diferenciados quando comparadas às cadeias domésticas. Ghoshal (1987, apud Manuj e

Mentzer, 2008 p.198) sugeriu quatro categorias de riscos nas cadeias de suprimentos globais.

São eles:

Riscos macroeconômicos: são associados com mudanças na moeda, preços e salários.

Risco político: é associado com ações inesperadas do governo.

Risco competitivo: é associado com incerteza das atividades dos competidores no

mercado externo.

Risco de recursos: é associado com diferenças inesperadas nas necessidades de

recursos em mercados estrangeiros

No estudo de Manuj e Mentzer (2008, p.198), os autores destacaram alguns eventos de

risco que seriam mais relevantes para os gestores: moeda, variabilidade do tempo de

transporte, previsão, qualidade, segurança, interrupção do negócio, propriedade de estoque,

cultura, flutuação do preço do petróleo e riscos e eventos que afetam fornecedores e clientes.

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Metters (2008, p. 205) destacou outros riscos aos quais as empresas que adotam a

estratégia de offshoring estariam sujeitas:

1- Necessidade de comunicação: a comunicação é essencial para que o trabalho seja

executado corretamente. Além da dificuldade de interpretação da mensagem, o fuso horário

entre matriz e planta no exterior pode prejudicar a comunicação.

2- Viés Cultural: a tolerância dos clientes para o offshoring é uma questão importante, já

que pode haver reações xenofóbicas a produtos fabricados em determinados lugares. Por

exemplo, a China frequentemente é associada a produtos de má qualidade.

3- Risco país: se a relação entre os países onshore e offshore não for boa, os governos

podem impor restrições, o que poderia levar ao desligamento das operações no país

estrangeiro. O autor também inclui nesta categoria os riscos devido à diferença de qualidade

de infraestrutura entre os países. Além disso, as empresas deveriam desenvolver planos de

contingência baseados nas ameaças específicas de cada local, como possibilidade de desastre

natural.

Gray et al. (2011) acrescentaram os riscos de qualidade para as empresas que adotam a

estratégia de offshoring. Os autores explicam o risco de qualidade pela diferença cultural, que

prejudicaria a transferência de conhecimento da matriz para a planta do exterior. Segundo

Kinkel e Maloca (2009), problemas de qualidade seriam fatores decisivos para grande parte

das indústrias que decidiram abandonar a estratégia de offshoring e voltar a produzir no país

de origem.

Para Kumar et al. (2009b, p.446), os riscos associados com o offshoring podem ser

divididos em duas áreas de competência, entrega e transformação. A competência de entrega

envolve principalmente o risco operacional, que está associado com possíveis desvios na

execução dos processos, como qualidade, custo e velocidade. Por sua vez, o risco operacional

pode ser quebrado em três riscos, de pessoal, tecnologia e processo. O risco de pessoal está

relacionado com a alta taxa de rotatividade, que seria comum na estratégia de offshoring, e

com o nível dos trabalhadores. Já o risco tecnológico está associado com possíveis falhas na

comunicação entre as unidades. Por fim, o risco de processo está associado com variações na

medida para avaliar eficiência e eficácia de um processo.

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43

2.2.4 Estratégia de offshoring e desempenho

A literatura em geral aponta que a estratégia de offshoring leva as empresas a terem um

melhor desempenho (Rothenberg et al. (2008); Prezas et al. (2010); Wang et al. (2011)). Para

Prezas et al. (2010), o crescimento da adoção desta estratégia nos últimos anos pode ser um

indicativo de que empresas que optaram pelo offshoring estejam obtendo benefícios.

No entanto, mesmo os resultados obtidos com a estratégia de offshoring sendo melhores

do que os obtidos quando os produtos eram feitos ou adquiridos localmente, algumas

empresas não conseguiram atingir o beneficio esperado (A.T Kearney, 2007; Wang et al.,

2011). Segundo estudo da empresa A.T Kearney, realizado em 2007, 60% das empresas não

conseguiram atingir o desempenho esperado em capacidade, flexibilidade, nível de serviço,

maturidade do processo e receita, e 34% não conseguiram a economia de custos esperada.

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44

3. Metodologia

Com base na revisão de literatura, este capítulo apresentará as perguntas de pesquisa e

hipóteses propostas, bem como a metodologia de pesquisa, questionário utilizado e as

ferramentas utilizadas para a análise de dados.

3.1 Perguntas da pesquisa

De acordo com os objetivos propostos as seguintes perguntas de pesquisa foram

formuladas:

Relação entre offshoring e desempenho operacional

1- A estratégia de offshoring se traduz em um melhor desempenho operacional para as

empresas?

A literatura em geral aponta que a estratégia de offshoring leva as empresas a terem um

melhor desempenho (Rothenberg et al., 2008; Paiva e Vieira, 2009; Prezas et al., 2010; Wang

et al., 2011). Por esta razão, as seguintes hipóteses foram formuladas.

H1: A estratégia de offshoring aumenta o desempenho operacional das empresas.

H1a: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em custos.

H1b: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em qualidade.

H1c: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em entrega.

H1d: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em flexibilidade.

2- Há diferença entre o impacto do offshoring sobre o desempenho operacional de

empresas de países avançados e aquelas de países emergentes?

H2: O impacto da estratégia de offshoring no desempenho operacional de empresas de

países avançados é diferente daquele em empresas de países emergentes.

Principais motivações para a adoção da estratégia de offshoring.

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1- Quais são as principais motivações para adoção da estratégia de offshoring?

2- Há diferença entre as principais motivações para empresas de países avançados e de

países emergentes?

H3: Existe diferença entre as principais motivações para adoção de offshoring por

empresas de países avançados e de países emergentes.

3.2 Questionário e operacionalização das variáveis

Para atender aos objetivos propostos, o presente estudo utilizou quatro perguntas do

questionário da pesquisa IMSS. O questionário completo tem aproximadamente 54 questões

divididas em três seções. A primeira seção contempla a descrição, estratégia e desempenho da

unidade de negócio. A segunda diz respeito à descrição, estratégia e desempenho das

atividades predominantes da fábrica. Por fim, a última seção trata de práticas atuais de

manufatura e cadeia de suprimentos e programas de melhoria passados.

Nesta pesquisa foram consideradas apenas empresas que adotam o offshoring cativo.

Como definido na revisão de literatura, empresas que adotam o offshoring cativo produzem

bens ou serviços em algum país no exterior e optam pela produção intra-firma, mantendo o

controle das operações (Kotabe e Mudambi, 2009).

Inicialmente o estudo teve o objetivo de investigar a relação entre a estratégia de

offshoring e o desempenho operacional das empresas. O questionário IMSS utiliza os itens

apresentados no quadro 4 para avaliar o desempenho operacional, através da seguinte

pergunta:

“Como o seu desempenho operacional tem se modificado ao longo dos últimos três

anos?”

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Quadro 4 – Variáveis para avaliar desempenho operacional

Cada variável foi medida em uma escala Likert de cinco pontos, onde 1 indicava um

desempenho pior e 5 um desempenho melhor.

Para definir a escala para medir o desempenho operacional utilizou-se a análise fatorial

exploratória (AFE). A AFE é uma análise de redução de dimensão, que obtém fatores que

descrevem os dados em um número menor de conceitos do que as variáveis individuais

originais (Hair, 2005).

Como abordado na revisão de literatura, as dimensões mais utilizadas para avaliar

desempenho operacional são custo, entrega, qualidade e flexibilidade. Portanto, eram

esperados quatro fatores como resultados da AFE. No entanto, conforme será mostrado no

capítulo de apresentação dos resultados, a AFE não apresentou o resultado esperado.

Utilizou-se então a análise fatorial confirmatória (AFC). Na AFC a estrutura dos dados já

é conhecida, com base em suporte teórico ou em pesquisas anteriores. Dessa forma, o

pesquisador define quais variáveis definem cada fator e espera que a AFC confirme a

estrutura proposta (Hair, 2005).

Em comparação a três anos atrás, o indicadorpiorou mais

de 5%

ficou no

mesmo nível -

5% - +55

melhorou

5%-15%

melhorou

15%-25%

melhorou

mais do que

25%

Conformidade na fabricação 1 2 3 4 5

Qualidade e confiabilidade do produto 1 2 3 4 5

Capacidade de customizar produtos 1 2 3 4 5

Flexibilidade de volume 1 2 3 4 5

Flexibilidade de mix 1 2 3 4 5

Tempo para lançamento de novos produtos no mercado 1 2 3 4 5

Serviço e assistência ao cliente 1 2 3 4 5

Rapidez de entrega 1 2 3 4 5

Confiabilidade de entrega 1 2 3 4 5

Custo unitário de fabricação 1 2 3 4 5

Lead time de fabricação 1 2 3 4 5

Lead time de compras 1 2 3 4 5

Produtividade da mão-de-obra 1 2 3 4 5

Giro de estoques 1 2 3 4 5

Utilização de capacidade 1 2 3 4 5

Custos indiretos de fabricação 1 2 3 4 5

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Nesta pesquisa, o modelo de mensuração da escala foi especificado baseado no estudo de

Silveira e Souza (2010), que utilizaram variáveis do questionário do IMSS correspondentes a

variáveis de uma escala proposta por Ward et al. (1998). Essas variáveis são apresentadas no

quadro 5.

Para avaliar o modelo, considerou-se um conjunto de indicadores de ajuste, incluindo

qui-quadrado, qui-quadrado/gl, GFI (goodness-of-fit), RMSEA, CFI (Comparative fit índex) e

PCLOSE. Em seguida, utilizando o Modification Index, foi feita uma análise crítica das

variáveis e refinamento do modelo. Dessa forma, algumas variáveis foram eliminadas e o

modelo reespecificado para obter indicadores de ajuste satisfatórios.

Após definir-se o modelo final, fez-se uso do método da Escala Somada para calcular os

escores de cada fator. De acordo com esse método, o escore do fator é obtido através da média

dos escores das variáveis originais (Hair, 2005).

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Quadro 5 – Escala de desempenho

Fonte: Adaptado de Silveira e Souza (2010), p.1231

Ward et al. 1998 IMSS IV ( Silveira e Souza, 2010)

Custo de produção Custos indiretos de fabricação

Custo Custo unitário de fabricação

Produtividade da mão de obra Produtividade da mão-de-obra

Produtividade

Redução de estoque Giro de estoque

Utilização da capacidade Utilização de capacidade

Alto desempenho do produto Qualidade e confiabilidade do produto

Alta durabilidade do produto

Alta confiança do produto

Conformidade com as especificações

do produtoConformidade na fabricação

Facilidade de serviço do produto Serviço e assistência ao cliente

Agilidade para resolver reclamações

de clientes

Entrega no prazo Confiabilidade de entrega

Entrega pontual

Redução do lead time de produção Lead time de fabricação

Tempo de ciclo de produção Lead time de compras

Entrega rápida Rapidez de entrega

Variedade de características ou

opções de produtosFlexibilidade de mix

Alteração do desenho na produção Capacidade de customizar produtos

Novos produtos em produção

rapidamente

Tempo para lançamento de novos

produtos no mercado

Rápido ajuste da capacidade Flexibilidade de volume

Cu

sto

Qu

ali

da

de

En

treg

aF

lex

ibil

ida

de

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49

Em seguida, as empresas foram segmentadas em dois grupos, as que fazem offshoring e

as que não adotam essa estratégia. Para fazer essa divisão, duas perguntas do questionário

foram utilizadas:

1- “Onde são compradas matérias-primas, peças/componentes, submontagens/sistemas e

onde são fabricados e vendidos os produtos/serviços acabados resultantes da atividade

predominante de sua fábrica (as respostas devem somar 100%).”

O quadro seguinte apresenta o item do questionário correspondente a essa pergunta.

Quadro 6 - Pergunta para identificar empresas que adotam estratégia de offshoring

2- “Já se transferiu para ou estabeleceu fora do Brasil parte das suas próprias atividades

de produção?”

Para identificar as empresas que adotam offshoring, foram consideradas aquelas com

porcentagem de fabricação no país menor que 100% e que responderam sim à segunda

pergunta.

Foram então calculadas as estatísticas descritivas das quatro dimensões de desempenho

para os dois grupos de empresas e a hipótese H1 foi testada utilizando o teste t para amostras

independentes. O teste t independente é um teste paramétrico, aplicado quando se pretende

comparar as médias de dois grupos.

Em seguida, as empresas que adotam offshoring foram segmentadas em dois grupos: as

de países emergentes e de países avançados. Para fazer a divisão de países utilizou-se a

classificação do FMI (Fundo Monetário Internacional), publicada em 2011, que categoriza os

países em três grupos de acordo com dados financeiros e econômicos. Esses grupos são:

avançados, em desenvolvimento emergente e em desenvolvimento de baixa renda.

Compras Fabricação Vendas

No país _______ % _______ % _______ %

No continente _______ % _______ % _______ %

Fora do continente _______ % _______ % _______ %

Total 100% 100% 100%

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50

As estatísticas descritivas dos dois grupos foram calculadas, e a hipótese H2 foi testada

através do teste t para amostras independentes.

Esta pesquisa também teve por objetivo investigar as principais motivações para o

offshoring. Para essa análise, foram utilizadas nove variáveis do questionário, apresentadas no

quadro a seguir. Os respondentes deveriam avaliar a motivação para o offshoring no próprio

continente e em outro continente, ambos utilizando uma escala Likert de cinco pontos, onde 1

representava nenhuma importância e 5 muita importância.

Quadro 7 - Itens para identificar as motivações para offshoring

Para cada motivação, as importâncias atribuídas ao offshoring no continente e fora do

continente foram somadas. Dessa forma, uma nova variável foi criada, podendo assumir

valores de 2 a 10. Em seguida, as estatísticas descritivas foram calculadas e foi feito um teste t

pareado. O teste t pareado é utilizado para comparar médias da mesma amostra. Assim, foi

criado um ranking das principais motivações.

Por fim, para verificar existência de diferença entre as motivações de empresas de países

avançados e de países emergentes, as empresas foram divididas em dois grupos de acordo

Proximidade aos fornecedores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Disponibilidade de mão-de-obra de baixo

custo1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia de baixo custo1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Disponibilidade de capacitação e know-

how1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Acesso a transporte e instalações

logísticas1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Proximidade aos clientes 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Fatores políticos e sociais (p.ex.

vantagens fiscais, regulação)1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Competição (p.ex. para estar próximo aos

concorrentes ou para impedi-los de se 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Imagem da empresa (p.ex. “Made in” …,

aceitação social, reputação)1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

MotivosNa mesmo continente Fora do continente

Nenhuma - Alta Nenhuma - Alta

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com a classificação de seu país. As estatísticas descritivas foram calculadas e a hipótese H3

foi testada utilizando o teste t para amostras independentes.

3.3 Amostra

Esta pesquisa utiliza a base de dados da quinta rodada do IMSS, realizada em 2009/2010.

O IMSS é uma rede internacional de pesquisa sobre estratégia de manufatura, cadeia de

suprimentos, práticas e desempenho, aplicado a empresas do setor metal mecânico nas

categorias ISIC 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34 e 35.

O ISIC é uma classificação internacional, que categoriza as empresas com base em sua

atividade econômica principal. O quadro a seguir descreve cada categoria ISIC do setor metal

mecânico.

Quadro 8 – Descrição dos códigos ISIC

A base de dados do IMSS V é composta por 725 empresas, porém algumas não

forneceram resposta completa nas questões que definiram a adoção do offshoring. Dessa

forma, foram consideradas 407 respostas, de 14 países avançados e seis países emergentes. A

distribuição da amostra em termos de país e de adoção do offshoring está apresentada no

quadro a seguir.

Código

ISICDescrição

28 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos

29 Fabricação de máquinas e equipamentos não classificados em outro código

30 Fabricação de máquinas para escritório, contabilidade e informática

31 Fabricação de máquinas e aparelhos elétricos não classificados em outro código

32 Fabricação de equipamentos e aparelhos de rádio, televisão e comunicação

33 Fabricação de instrumentos médicos, de precisão e ópticos, cronômetros e relógios

34 Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias

35 Fabricação de outros equipamentos de transporte

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Quadro 9 – Observações da base de dados por país e por adoção do offshoring

O quadro dez apresenta um resumo do quadro anterior, mostrando a porcentagem de

empresas dos países emergentes e avançados que fazem e que não fazem offshoring.

Quadro 10 – Total de empresas de países emergentes e avançados

Classificação PaísAdotam

offshoring

Não adotam

offshoring

Alemanha 12 9

Bélgica 12 10

Canadá 0 8

Coreia 7 23

Dinamarca 10 3

Espanha 6 15

EUA 11 21

Holanda 0 1

Irlanda 1 2

Itália 15 24

Japão 13 7

Portugal 1 5

Suíça 6 11

Taiwan 11 13

Brasil 5 0

China 3 38

Estônia 2 15

Hungria 3 50

México 1 9

Romênia 4 20

Total 123 284

Av

an

ça

do

sE

merg

en

tes

N %

Países emergentes

Fazem offshoring 18 12

Não fazem offshoring 132 88

Total 150 100

Países avançados

Fazem offshoring 105 41

Não fazem offshoring 152 59

Total 257 100

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53

Em relação à categoria ISIC, a figura a seguir mostra que a maioria das empresas da base

de dados pertence às categorias 28 e 29.

Figura 5 – Categoria das empresas de acordo com o código ISIC

35%

26%

2%

13%

6%

6% 7% 5%

Código ISIC 28 – Produtos de metal, exceto máquinas e

equipamentos

29 – Máquinas e equipamentos não classificados

em outro código

30 – Máquinas para escritório, contabilidade e

informática

31 - Máquinas e aparelhos elétricos não

classificados em outro código

32 - Equipamentos e aparelhos de rádio,

televisão e comunicação

33 - Instrumentos médicos, de precisão e ópticos,

cronômetros e relógios

34 – Veículos automotores, reboques e

carrocerias

35 - Fabricação de outros equipamentos de

transporte

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54

4. Apresentação e análise dos resultados

Nesta seção são apresentados os resultados do estudo. Inicialmente apresenta-se o

resultado da escala de desempenho operacional. Depois, os resultados das hipóteses H1 e H2,

referentes ao desempenho, com suas respectivas estatísticas descritivas e teste de hipóteses.

Em seguida, é apresentado o resultado das principais motivações para o offshoring, incluindo

as estatísticas descritivas e teste de diferença de médias. Por fim, apresenta-se o resultado da

hipótese H3, referente às motivações, com a mesma estrutura do resultado das hipóteses

anteriores.

4.1 Análise do desempenho operacional

O objetivo desta seção é testar o impacto da estratégia de offshoring no desempenho

operacional das empresas da amostra em termos de custo, qualidade, flexibilidade e entrega,

bem como se há diferença nesse impacto em empresas de países avançados e países

emergentes.

Para mensurar a escala de desempenho operacional, a amostra foi reduzida para 600, já

que algumas empresas não responderam completamente à pergunta utilizada. Inicialmente foi

feita uma busca por casos anômalos e três observações foram retiradas da amostra, reduzindo

o número de respostas para 597.

Em seguida foi feita a análise fatorial exploratória, esperando-se chegar a quatro fatores,

que correspondem às dimensões de desempenho operacional mais utilizadas na literatura:

custo, qualidade, flexibilidade e entrega. O quadro a seguir mostra as correlações, média e

desvio padrão das variáveis. A observação do quadro revela que as correlações são superiores

a 0,3, sugerindo que o uso da análise fatorial é apropriado (Hair, 2005).

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55

Quadro 11 – Matriz de correlação

Desempenho de … ATRIBUTO … nos últimos 3 anos Média D.P. B10aa B10ba B10ha B10ka B10oa B10pa B10qa B10ra B10ia B10ja B10ma B10na B10ca B10da B10ea B10fa

B10aa ... Conformidade na fabricação ... 3,15 ,92 1,00

B10ba ... Qualidade e confiabilidade do produto ... 3,20 ,92 ,68 1,00

B10ha ... Serviço e assistência ao cliente ... 3,08 ,96 ,42 ,44 1,00

B10ka ... Custo unitário de fabricação ... 2,87 ,93 ,38 ,43 ,37 1,00

B10oa ... Produtividade da mão-de-obra ... 3,08 ,88 ,46 ,44 ,37 ,53 1,00

B10pa ... Giro de estoques ... 2,93 ,94 ,36 ,38 ,43 ,43 ,50 1,00

B10qa ... Utilização de capacidade ... 2,90 1,10 ,40 ,36 ,37 ,43 ,52 ,46 1,00

B10ra ... Custos indiretos de fabricação ... 2,65 ,90 ,39 ,40 ,37 ,54 ,46 ,49 ,54 1,00

B10ia ... Rapidez de entrega ... 3,20 ,93 ,44 ,46 ,48 ,42 ,51 ,43 ,46 ,36 1,00

B10ja ... Confiabilidade de entrega ... 3,25 ,98 ,48 ,53 ,49 ,53 ,49 ,44 ,45 ,34 ,65 1,00

B10ma ... Lead time de fabricação ... 3,01 ,89 ,38 ,39 ,41 ,48 ,53 ,47 ,44 ,42 ,55 ,53 1,00

B10na ... Lead time de compras ... 2,72 ,84 ,38 ,42 ,40 ,47 ,48 ,39 ,41 ,47 ,48 ,43 ,57 1,00

B10ca ... Capacidade de customizar produtos ... 3,08 ,98 ,38 ,42 ,52 ,35 ,35 ,29 ,34 ,34 ,47 ,40 ,36 ,38 1,00

B10da ... Flexibilidade de volume ... 3,39 ,99 ,43 ,42 ,42 ,36 ,44 ,39 ,42 ,34 ,49 ,45 ,43 ,35 ,44 1,00

B10ea ... Flexibilidade de mix ... 3,27 1,01 ,42 ,43 ,44 ,36 ,47 ,40 ,42 ,35 ,50 ,44 ,47 ,39 ,48 ,68 1,00

B10fa ... Tempo para lançamento de novos produtos no mercado ... 2,99 ,95 ,34 ,40 ,45 ,35 ,38 ,42 ,43 ,36 ,50 ,42 ,43 ,46 ,38 ,38 ,45 1,00

QU

ALI

DA

DE

CU

STO

SEN

TREG

AFL

EXIB

ILID

AD

E

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56

A análise fatorial exploratória foi realizada com o uso da técnica dos Componentes

Principais, utilizando-se tanto a rotação varimax quanto a rotação oblimin. O resultado das

análises é apresentado no quadro 12.

Primeiramente, foram avaliados os indicadores de adequação da utilização da análise

fatorial exploratória. O KMO resultado foi 0,939 e o indicador de esfericidade de Bartlett

4595,9 (p-valor = 0,000). Como o KMO foi superior a 0,5 e a significância do teste de Bartlett

igual a 0,000, pode-se afirmar que a análise fatorial é adequada para esse conjunto de dados.

A comunalidade das variáveis foi boa, com exceção de “Flexibilidade de mix” e “ Qualidade

e confiabilidade do produto”, que apresentaram esse indicador um pouco abaixo do limite

esperado (0,5).

Em seguida, verificou-se que a estrutura fatorial gerada pela análise apresentou dois

fatores e não quatro conforme o esperado. Além disso, as dimensões de desempenho não

ficaram bem definidas.

A análise com rotação oblimin mostrou ainda que a correlação entre os dois fatores

gerados foi 0,66, considerada alta. Esta correlação elevada entre os fatores pode ser uma

explicação para a formação de apenas dois construtos, diferentemente do que era esperado.

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57

Quadro 12 – Resultado da análise fatorial exploratória

1 2 1 2

Flexibilidade Flexibilidade de mix 0,478 0,728 0,253 0,794 -0,035

Flexibilidade Flexibilidade de volume 0,517 0,718 0,227 0,793 -0,062

Flexibilidade Capacidade de customizar produtos 0,521 0,704 0,161 0,805 -0,136

Qualidade Serviço e assistência ao cliente 0,567 0,659 0,277 0,696 0,028

Entrega Rapidez de entrega 0,595 0,646 0,412 0,617 0,202

Qualidade Qualidade e confiabilidade do produto 0,425 0,634 0,339 0,636 0,117

Entrega Confiabilidade de entrega 0,511 0,631 0,397 0,606 0,19

Qualidade Conformidade na fabricação 0,587 0,607 0,332 0,605 0,122

FlexibilidadeTempo de lançamento para novos

produtos0,556 0,504 0,413 0,439 0,272

Custos Custos indiretos de fabricação 0,575 0,163 0,772 -0,152 0,88

Custos Custo unitário de fabricação 0,548 0,235 0,721 -0,038 0,783

Custos Produtividade da mão de obra 0,518 0,369 0,67 0,153 0,655

Custos Giro de estoques 0,585 0,273 0,666 0,035 0,696

Custos Utilização de capacidade 0,518 0,332 0,646 0,118 0,643

Entrega Lead time de compras 0,527 0,346 0,631 0,142 0,618

Entrega Lead time de fabricação 0,622 0,419 0,61 0,244 0,556

Variância Explicada 47,046 7,015 47,046 7,015

Variância Total Explicada

Bartlett (sig)

KMO

Correlação

Varimax

0,939

4595,9 (0,000)

Oblimin

Dimensão na

literaturaVariável

Componente ComponenteComunalidade

54,06% 54,06%

- 0,66

Dessa forma, optou-se por fazer uma análise fatorial confirmatória. O modelo de

mensuração da escala foi especificado no AMOS e avaliado de acordo com os indicadores de

ajuste. O modelo proposto inicialmente está ilustrado a seguir.

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58

Figura 6 – Modelo proposto para escala de desempenho operacional

Para avaliar o modelo considerou-se um conjunto de indicadores de ajuste, incluindo qui-

quadrado, qui-quadrado/gl, GFI (goodness-of-fit), RMSEA, CFI (Comparative fit índex) e

PCLOSE.

Após o refinamento do modelo utilizando o Modification Index, algumas variáveis foram

eliminadas e o modelo foi reespecificado, conforme ilustrado na figura 8.

Qualidade

B10aa ea1

1

B10ba eb1

Custos

B10ka ek1

1

B10oa eo1

B10pa ep1

B10ra er1

Entrega

B10na en

B10ma em

1

1

B10ia ei11

Flexibilidade

B10ea ee

B10da ed

B10ca ec

1

1

11

B10ha eh1

B10qa eq1

B10ja ej1

B10fa ef1

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O quadro 14 mostra todos os indicadores do modelo bem como os limites esperados.

Analisando-se o quadro é possível observar que todos os indicadores estão no limite, exceto o

p-valor. No entanto, esse indicador é afetado negativamente e dificilmente será significativo

para amostras grandes (Hair, 2005). Sendo assim, o modelo foi considerado com bons

indicadores.

Quadro 13 – Indicadores de Ajuste

Figura 7 – Modelo de desempenho operacional

pvalor Qui-quadrado/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo 0,01 1,613 0,973 0,955 0,032 0,982

Limite

Esperado> 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

Indicadores de ajuste

Qui-quadrado = 61,279

gl = 38

pvalor = ,010

Qui-quadrado/gl = 1,613

GFI = ,973

CFI = ,955

RMSEA = ,032 (,016; ,046)

PCLOSE = ,982

Qualidade

,66

B10aa ea,81

,70

B10ba eb,84

Custos

,54

B10ka ek,73

,61

B10oa eo,78

,45

B10pa ep,67

,54

B10ra er

,73

Entrega

,53

B10na en

,59

B10ma em

,73

,77

,53

B10ia ei,73

Flexibilidade,72

B10ea ee

,64

B10da ed

,85

,80

,69

,88

,73

,67

,69

,61

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60

4.1.1 Análise da relação entre offshoring e desempenho operacional – hipótese H1

As hipóteses referentes ao impacto da adoção da estratégia de offshoring no desempenho

operacional são:

H1: A estratégia de offshoring aumenta o desempenho operacional das empresas.

H1a: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em custos.

H1b: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em entrega.

H1c: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em flexibilidade.

H1d: Empresas que adotam offshoring apresentam melhor desempenho em qualidade.

O quadro a seguir apresenta as estatísticas descritivas das variáveis de desempenho

operacional da amostra completa.

Quadro 14 – Estatísticas descritivas do desempenho operacional da amostra

O quadro 16 apresenta uma comparação das estatísticas descritivas das dimensões de

desempenho operacional de empresas que adotam e que não adotam offshoring.

Dimensão Média MedianaDesvio

Padrão

Custos

Custo unitário de fabricação 2,86 3 0,93

Produtividade da mão de obra 3,08 3 0,89

Giro de Estoques 2,93 3 0,94

Entrega

Rapidez de entrega 3,2 3 0,94

Lead time de fabricação 3,01 3 0,89

Lead time de compras 2,72 3 0,85

Flexibilidade

Flexibilidade de volume 3,39 3 0,99

Flexibilidade de mix 3,27 3 1,01

Qualidade

Conformidade na fabricação 3,15 3 0,93

Qualidade e confiabilidade do produto 3,2 3 0,92

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61

Quadro 15 – Estatísticas descritivas de desempenho operacional

Para testar a hipótese H1, utilizou-se o teste t para amostras independentes. O quadro 17

mostra o resultado desse teste para as hipóteses H1a, H1b, H1c e H1d. A análise do quadro

mostra o p-valor de cada teste em destaque. É possível observar que eles foram,

respectivamente, 0,281; 0,694; 0,364 e 0,573, portanto superiores a 0,05. Assim, aceita-se a

hipótese nula a um nível de significância de 5%. Dessa forma, as hipóteses H1a, H1b, H1c e

H1d não foram suportadas.

Quadro 16 – Resultado teste t - Hipótese H1

Estratégia N MédiaDesvio

Padrão

Erro médio

padrão

Não faz offshoring 238 2,85 0,71 0,05

Faz offshoring 104 2,94 0,69 0,07

Não faz offshoring 238 2,86 0,77 0,05

Faz offshoring 104 2,9 0,77 0,08

Não faz offshoring 238 3,2 0,86 0,06

Faz offshoring 104 3,29 0,81 0,08

Não faz offshoring 238 3,15 0,86 0,06

Faz offshoring 104 3,21 0,77 0,08

Custos

Entrega

Flexibilidade

Qualidade

F Sig. t df Sig. (2-tailed)

Diferença

média

Diferença

erro padrão Menor Maior

Assumindo

variâncias iguais

1,912 ,168 -1,079 340,00 ,281 -,08981 ,08324 -,25355 ,07392

Não assumindo

variâncias iguais

-1,090 201,34 ,277 -,08981 ,08236 -,25221 ,07258

Assumindo

variâncias iguais

,000 ,999 -,394 340,00 ,694 -,03559 ,09038 -,21337 ,14218

Não assumindo

variâncias iguais

-,393 195,76 ,695 -,03559 ,09050 -,21408 ,14289

Assumindo

variâncias iguais

,248 ,619 -,909 340,00 ,364 -,09039 ,09947 -,28604 ,10526

Não assumindo

variâncias iguais

-,928 206,49 ,354 -,09039 ,09737 -,28235 ,10157

Assumindo

variâncias iguais

,959 ,328 -,565 340,00 ,573 -,05547 ,09821 -,24865 ,13771

Não assumindo

variâncias iguais

-,589 216,69 ,557 -,05547 ,09424 -,24122 ,13028

Custos

Entrega

Flexibilidade

Qualidade

Igualdade de

VariânciaTeste t para igualdade de médias

Intervalo de

confiança de 95%

para a diferença

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62

Assim podemos concluir que a adoção da estratégia de offshoring não impactou o

desempenho operacional das empresas, ou seja, que não existe diferença significativa entre o

desempenho das empresas que fazem e que não fazem offshoring.

Uma possível explicação para esse grupo de empresas não ter apresentado um

desempenho superior é que uma rede de suprimentos global é mais complexa e mais difícil de

gerir (Wood et al, 2002; MacCarthy e Attirawong, 2003) e que por isso nem sempre leva aos

resultados esperados (Kinkel e Maloca, 2009).

Em relação à dimensão custo, a literatura aponta que quando as empresas decidem

produzir em mais de um local, precisam lidar com custos adicionais (Grossman e Helpman,

2001; Margulius, 2005; Stringfellow et al., 2008; Jabbour, 2010; Contractor et al., 2010), por

exemplo, custo de coordenação, custo de treinamento, custo de adaptação ao novo local,

custos logísticos, além do aumento no custo fixo devido à nova instalação. Dessa forma,

mesmo que as empresas busquem países que ofereçam recursos a um custo inferior, o

beneficio pode não ser percebido devido a esses custos adicionais.

Em relação à entrega, esta poderia ficar comprometida principalmente devido às

distâncias geográficas, que além de aumentar o tempo de entrega diminui sua confiabilidade

(Fredriksson e Jonsson, 2009). No entanto, uma das principais razões para a adoção do

offshoring é a proximidade ao cliente (conforme resultado a ser apresentado na próxima

seção), o que seria um facilitador para se manter bom desempenho nessa dimensão.

Para Gray et al. (2011), ao se adotar o offshoring existe o risco da perda de qualidade pois

a transferência de conhecimento entre a matriz e a unidade no exterior poderia ser prejudicada

pela distância e diferenças entre os países. No entanto, nesta pesquisa, as empresas que

adotam essa estratégia apresentaram o mesmo desempenho que aquelas que não adotam. Esse

resultado poderia estar relacionado ao offshoring cativo, já que o controle total da operação

poderia auxiliar na troca de conhecimento e implementação das estratégias de qualidade.

Já a dimensão flexibilidade foi medida em termos de volume e mix. Essas variáveis de

desempenho dependem das características dos processos e sistemas produtivos. Dessa forma,

as empresas podem instalar a nova planta com o nível de flexibilidade desejado, mantendo o

mesmo nível da unidade do país de origem ou não.

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63

4.1.2 Diferença no desempenho entre empresas de países avançados e emergentes –

hipótese H2

Para verificar a existência de diferença entre o impacto da estratégia de offshoring sobre o

desempenho de empresas de países avançados e países emergentes, a hipótese dois foi

formulada:

H2: O impacto da estratégia de offshoring no desempenho operacional de empresas de

países avançados é diferente daquele em empresas de países emergentes.

O quadro a seguir apresenta as estatísticas descritivas do desempenho operacional das

empresas que fazem offshoring pertencentes aos dois grupos de países. Analisando-se o

quadro, é possível observar que as empresas de países emergentes apresentam média superior

em todas as dimensões de desempenho.

Quadro 17 – Desempenho operacional de empresas que fazem offshoring por categoria de país

Para testar a hipótese H2, utilizou-se o teste t para amostras independentes. O quadro 17

mostra que o p-valor do teste para as quatro dimensões foi inferior a 0,05, indicando diferença

significativa entre as médias. Portanto, a hipótese H2 foi suportada.

Categoria

do paísN Média

Desvio

Padrão

Média erro

padrão

Emergente 15 3,37 0,85 0,22

Avançado 89 2,87 0,64 0,07

Emergente 15 3,47 0,79 0,2

Avançado 89 2,8 0,73 0,08

Emergente 15 3,87 0,9 0,23

Avançado 89 3,2 0,76 0,08

Emergente 15 3,9 0,66 0,17

Avançado 89 3,09 0,73 0,08

Custos

Entrega

Flexibilidade

Qualidade

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64

Quadro 18 - Resultado teste t - Hipótese H2

Assim podemos concluir que a estratégia de offshoring possui um impacto maior no

desempenho operacional de empresas de países emergentes do que no daquelas de países

avançados. Este resultado poderia ser explicado pelas dificuldades encontradas devido às

diferenças culturais, como idioma e forma de trabalhar, que tenderiam a ser maiores entre

países avançados e emergentes (Gray et al., 2011).

Além disso, países emergentes oferecem dificuldades que normalmente não seriam

encontradas em países avançados, como deficiências de infraestrutura e transporte e baixa

disponibilidade de fornecedores (Meixell e Gargeya, 2005). Como na maioria dos casos a

realocação da atividade é para um país emergente, as empresas de países avançados

enfrentariam mais dificuldades.

Adicionalmente, é importante ressaltar que países emergentes crescem em um ritmo mais

acelerado que países avançados e a tendência é que as empresas acompanhem esse

desenvolvimento. Assim podem ter ocorrido mudanças significativas nas empresas como um

todo, incluindo o desempenho.

F Sig. t df

Sig.

(2-tailed)

Diferença

média

Diferença

erro padrão Menor Maior

Assumindo igualdade

de variância2,181 ,143 2,661 102 ,009 ,50150 ,18843 ,12774 ,87525

Não assumindo

igualdade de variância2,183 16,808 ,044 ,50150 ,22974 ,01637 ,98663

Assumindo igualdade

de variância,019 ,891 3,220 102 ,002 ,66330 ,20596 ,25477 1,07182

Não assumindo

igualdade de variância3,041 18,253 ,007 ,66330 ,21809 ,20556 1,12103

Assumindo igualdade

de variância1,191 ,278 3,057 102 ,003 ,66816 ,21859 ,23460 1,10173

Não assumindo

igualdade de variância2,721 17,576 ,014 ,66816 ,24557 ,15135 1,18497

Assumindo igualdade

de variância,017 ,897 4,012 102 ,000 ,81011 ,20192 ,40961 1,21061

Não assumindo

igualdade de variância4,325 20,284 ,000 ,81011 ,18731 ,41974 1,20048

Custos

Entrega

Flexibilidade

Qualidade

Teste de Levene para

igualdade de variância

Teste t para igualdade de médias

95% de intervalo

de confiança para

a diferença

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65

4.2 Análise das motivações para a estratégia de offshoring

O objetivo desta seção é investigar os principais motivos que levam as empresas a

adotarem a estratégia de offshoring, testando a hipótese H3, que verifica se existem diferenças

na importância das motivações para o offshoring para empresas em países avançados e países

emergentes.

Para esta análise, a amostra foi reduzida para 65 observações, pois algumas empresas

forneceram resposta incompleta na questão sobre a importância dos motivos para o

estabelecimento de atividades de produção fora do país.

O quadro 20 mostra as estatísticas descritivas da importância das motivações para o

offshoring.

Quadro 19 – Nível de importância das motivações para adoção da estratégia de offshoring

Para verificar se existem diferenças significativas entre as médias das motivações, foi

feito um teste t pareado. O quadro 21 mostra o resultado desse teste. Os pares que

apresentaram um p-valor menor ou igual a 0,05 estão destacados no quadro e podem ser

considerados significativamente diferentes.

Motivação Média MedianaDesvio

Padrão

Disponibilidade de mão de obra de baixo custo 6,58 6 1,84

Proximidade aos clientes 6,22 6 2,52

Disponibilidade de materiais e/ou fontes de

energia de baixo custo5,65 6 2,1

Disponibilidade de capacitação e know-how 5,23 6 2,35

Fatores políticos e sociais (p.ex. vantagens

fiscais, regulação)5,12 5 2,27

Acesso a transporte e instalações logísticas 5 5 2,51

Proximidade aos fornecedores 4,92 5 2,34

Imagem da empresa (p.ex. “Made in” …,

aceitação social, reputação)4,8 5 2,22

Competição (p.ex. para estar próximo aos

concorrentes ou para impedi-los de se

estabelecerem na região)

4,69 4 2,26

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66

Quadro 20 – Teste da diferença das médias das motivações

Menor Maior

Proximidade aos fornecedores -

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo

Proximidade aos fornecedores -

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo

Proximidade aos fornecedores -

Disponibilidade de capacitação e Know

how

Proximidade aos fornecedores -

Acesso a transporte e instalações

logísticas

Proximidade aos fornecedores -

Proximidade aos clientes

Proximidade aos fornecedores -

Fatores políticos e sociais

Proximidade aos fornecedores -

Competição

Proximidade aos fornecedores -

Imagem da empresa

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Disponibilidade de materiais e/ou

fontes de energia a baixo custo

0,938 1,713 0,212 0,514 1,363 4,417 64 0,000

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Disponibilidade de capacitação e

Know how

1,354 2,407 0,299 0,757 1,95 4,534 64 0,000

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Acesso a transporte e instalações

logísticas

1,585 2,449 0,304 0,978 2,191 5,217 64 0,000

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Proximidade aos clientes0,369 2,547 0,316 -0,262 1 1,169 64 0,247

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Fatores políticos e sociais1,462 1,969 0,244 0,974 1,949 5,984 64 0,000

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Competição1,892 2,265 0,281 1,331 2,453 6,737 64 0,000

Disponibilidade de mão de obra de baixo

custo - Imagem da empresa1,785 2,414 0,299 1,186 2,383 5,96 64 0,000

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo -

Disponibilidade de capacitação e Know

how

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo -

Acesso a transporte e instalações

logísticas

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo -

Proximidade aos clientes

Sig.

(2-tailed)

Diferença dos pares

t dfMédia

Desvio

padrão

Erro

padrão

Intervalo de confiança

de 95% da diferença

1,662 2,109 0,262 -2,184 -1,139 -6,353 64 0,000

-0,723 2,058 0,255 -1,233 -0,213 -2,833 64 0,006

-0,308 2,091 0,259 -0,826 0,21 -1,186 64 0,240

-0,077 2,071 0,257 -0,59 0,436 -0,299 64 0,766

-1,292 2,548 0,316 -1,924 -0,661 -4,089 64 0,000

-0,2 1,962 0,243 -0,686 0,286 -0,822 64 0,414

0,231 2,127 0,264 -0,296 0,758 0,875 64 0,385

0,123 2,095 0,26 -0,396 0,642 0,474 64 0,637

0,415 2,249 0,279 -0,142 0,973 1,489 64 0,141

0,646 2,308 0,286 0,074 1,218 2,257 64 0,027

-0,569 2,64 0,327 -1,223 0,085 -1,739 64 0,087

Page 66: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

67

O quadro 22 mostra esse resultado de uma maneira simplificada. No quadro, as nove

motivações foram listadas e as barras da coluna “Ranking” indicam as motivações que foram

consideradas com a mesma importância, ou seja, que as médias não apresentaram diferença

significativa.

O quadro mostra que “Disponibilidade de mão de obra de baixo custo” e “Proximidade

aos clientes” são as motivações mais relevantes e possuem o mesmo nível de importância. Em

seguida, aparece “Disponibilidade de materiais e/ou fontes de energia de baixo custo”, com a

mesma importância que “Disponibilidade de capacitação e know-how”. Por fim, as demais

motivações apresentaram o mesmo nível de importância.

Menor Maior

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo -

Fatores políticos e sociais

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo -

Competição

Disponibilidade de materiais e/ou fontes

de energia a baixo custo -

Imagem da empresa

Disponibilidade de capacitação e Know

how - Acesso a transporte e instalações

logísticas

0,231 1,783 0,221 -0,211 0,673 1,043 64 0,301

Disponibilidade de capacitação e Know

how - Proximidade aos clientes-0,985 2,815 0,349 -1,682 -0,287 -2,82 64 0,006

Disponibilidade de capacitação e Know

how - Fatores políticos e sociais0,108 2,062 0,256 -0,403 0,619 0,421 64 0,675

Disponibilidade de capacitação e Know

how - Competição0,538 2,352 0,292 -0,044 1,121 1,845 64 0,070

Disponibilidade de capacitação e Know

how - Imagem da empresa0,431 2 0,248 -0,065 0,926 1,737 64 0,087

Proximidade aos clientes -

Fatores políticos e sociais

Proximidade aos clientes -

Competição

Proximidade aos clientes -

Imagem da empresa

Fatores políticos e sociais -

Competição

Fatores políticos e sociais -

Imagem da empresa

Competição -

Imagem da empresa

Diferença dos pares

t df

Sig.

(2-tailed)Média

Desvio

padrão

Erro

padrão

Intervalo de confiança

de 95% da diferença

0,523 1,921 0,238 0,047 0,999 2,195 64 0,032

0,954 2,05 0,254 0,446 1,462 3,752 64 0,000

0,846 2,3 0,285 0,276 1,416 2,966 64 0,004

1,092 2,441 0,303 0,487 1,697 3,607 64 0,001

1,523 2,265 0,281 0,962 2,084 5,422 64 0,000

1,415 2,657 0,33 0,757 2,074 4,295 64 0,000

0,431 1,854 0,23 -0,029 0,89 1,873 64 0,066

0,323 1,993 0,247 -0,171 0,817 1,307 64 0,196

-0,108 1,929 0,239 -0,586 0,37 -0,45 64 0,654

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68

Quadro 21 – Ranking das motivações para o offshoring

Este resultado vai ao encontro da literatura mais recente sobre offshoring. Estudos mais

antigos apontavam a redução de custos como motivação principal para o offshoring (Ferdows,

1997; Contractor et al., 2010, Roza et al. 2011). Contractor et al. (2010), porém, observaram

que a redução de custos seria o motivo mais importante, mas que recentemente outros

motivadores ganharam importância, entre eles o melhor entendimento dos mercados

estrangeiros. Este último poderia ser proporcionado pela proximidade aos clientes.

As motivações encontradas como mais importantes nesta pesquisa também foram citadas

por Dunning (1993). O autor apontou quatro motivações principais para o offshoring. As

motivações encontradas nesta pesquisa estão de acordo com esse estudo, já que a busca por

mão de obra a baixo custo estaria na dimensão de busca por recursos naturais (segundo a

classificação de Dunning, 1993) e a proximidade ao cliente estaria na dimensão de busca por

mercado.

Essas três razões para a estratégia de offshoring também estão coerentes com a tipologia

de papéis das unidades do exterior proposta por Ferdows (1997). Segundo o autor, as plantas

seriam localizadas fora do país por três razões estratégicas: fatores de produção a baixo custo,

proximidade ao mercado e acesso a recursos.

Motivação Média

Disponibilidade de mão de obra de baixo custo 6,58

Proximidade aos clientes 6,22

Disponibilidade de materiais e/ou fontes de energia de baixo custo 5,65

Disponibilidade de capacitação e know-how 5,23

Fatores políticos e sociais 5,12

Acesso a transporte e instalações logísticas 5

Proximidade aos fornecedores 4,92

Imagem da empresa 4,8

Competição 4,69

Ranking

Page 68: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

69

4.2.1 Análise da diferença de motivação para o offshoring entre empresas de países

avançados e emergentes – hipótese H3

Para verificar a existência de diferença entre as motivações das empresas de países

avançados e países emergentes, a seguinte hipótese foi proposta:

H3: Existem diferenças entre as principais motivações para adoção de offshoring por

empresas de países avançados e de países emergentes.

O quadro 23 mostra as estatísticas descritivas das motivações para empresas nos dois

grupos de países.

Quadro 22 – Importância da motivação para empresas de países avançados e emergentes

N Média

Desvio

Padrão

Avançado 57 4,81 2,38

Emergente 8 5,75 1,98

Avançado 57 6,56 1,84

Emergente 8 6,75 1,91

Avançado 57 5,54 2,13

Emergente 8 6,38 1,85

Avançado 57 5,25 2,3

Emergente 8 5,13 2,85

Avançado 57 4,88 2,46

Emergente 8 5,88 2,9

Avançado 57 6,07 2,53

Emergente 8 7,25 2,31

Avançado 57 5 2,28

Emergente 8 6 2,2

Avançado 57 4,6 2,28

Emergente 8 5,38 2,07

Avançado 57 4,75 2,17

Emergente 8 5,13 2,64

Proximidade aos clientes

Fatores políticos e sociais

Competição

Imagem da empresa

Categoria do país

Proximidade aos fornecedores

Disponibilidade de mão-de-obra

de baixo custo

Disponibilidade de materiais e/ou

fontes de energia de baixo custo

Disponibilidade de capacitação e

know-how

Acesso a transporte e instalações

logísticas

Page 69: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

70

Para testar a hipótese H3, utilizou-se o teste t para amostras independentes. O quadro 24

mostra que não existem diferenças significativas entre as médias de cada motivação para as

empresas dos dois grupos de países. Assim, a hipótese H3 não foi suportada.

Quadro 23 – Diferença na motivação por categoria de país de origem das empresas

Dessa forma, podemos concluir que não existem diferenças nas motivações para o

offshoring entre empresas de países avançados e emergentes. No entanto, este resultado

precisa ser visto com cautela, já que o número de empresas de países emergentes na amostra

foi muito pequeno (apenas oito).

Menor Maior

Assumindo

variânvias iguais

,833 ,365 -1,068 63 ,289 -,943 ,883 -2,707 ,821

Não assumindo

variâncias iguais

-1,227 10,065 ,248 -,943 ,768 -2,653 ,767

Assumindo

variânvias iguais

,013 ,910 -,270 63 ,788 -,189 ,698 -1,584 1,207

Não assumindo

variâncias iguais

-,263 8,931 ,799 -,189 ,718 -1,814 1,437

Assumindo

variânvias iguais

,129 ,720 -1,048 63 ,299 -,831 ,793 -2,416 ,754

Não assumindo

variâncias iguais

-1,168 9,816 ,270 -,831 ,711 -2,420 ,758

Assumindo

variânvias iguais

,938 ,336 ,135 63 ,893 ,121 ,894 -1,666 1,908

Não assumindo

variâncias iguais

,115 8,331 ,912 ,121 1,053 -2,291 2,532

Assumindo

variânvias iguais

,442 ,508 -1,053 63 ,296 -,998 ,948 -2,892 ,896

Não assumindo

variâncias iguais

-,928 8,471 ,379 -,998 1,076 -3,455 1,459

Assumindo

variânvias iguais

,070 ,792 -1,245 63 ,218 -1,180 ,948 -3,074 ,715

Não assumindo

variâncias iguais

-1,334 9,521 ,213 -1,180 ,884 -3,164 ,804

Assumindo

variânvias iguais

,401 ,529 -1,168 63 ,247 -1,000 ,856 -2,711 ,711

Não assumindo

variâncias iguais

-1,197 9,226 ,261 -1,000 ,835 -2,883 ,883

Assumindo

variânvias iguais

1,027 ,315 -,913 63 ,365 -,779 ,853 -2,483 ,926

Não assumindo

variâncias iguais

-,985 9,569 ,349 -,779 ,790 -2,551 ,994

Assumindo

variânvias iguais

,380 ,540 -,440 63 ,661 -,371 ,842 -2,053 1,312

Não assumindo

variâncias iguais

-,379 8,383 ,714 -,371 ,978 -2,607 1,866

Acesso a transporte e

instalações logísticas

Proximidade aos

clientes

Fatores políticos

Competição

Imagem da empresa

Disponibilidade de

capacitação e know-

how

Teste de Levene para

igualdade de variânciaTeste t para igualdade de médias

F Sig. t dfSig.

(2-tailed)

Diferença

de média

Diferenç

a erro

padrão

95% de intervalo de

confiança para

diferença

Proximidade aos

fornecedores

Disponibilidade de

mão de obra de baixo

custo

Disponibilidade de

materiais e/ou fontes

de energia de baixo

custo

Page 70: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

71

Contudo, devido ao número reduzido de observações de empresas de países emergentes,

foi possível fazer uma análise da motivação país a país para esses casos. O quadro 25

apresenta os resultados.

A análise do quadro mostra que “Disponibilidade de mão-de-obra de baixo custo”

aparece como motivação mais importante apenas para empresas da Estônia e Hungria. Além

disso, o outro item relacionado a custo (Disponibilidade de materiais e/ou fontes de energia de

baixo custo) foi considerado como muito importante apenas para empresas da Hungria.

As motivações por “acesso a transporte e instalações logísticas”, “fatores políticos e

sociais” e “competição” foram tão citadas quanto “disponibilidade de mão-de-obra de baixo

custo”.

Por outro lado, “Proximidade aos clientes” é considerada a motivação com maior

importância para empresas de todos os países emergentes, exceto a Hungria.

Quadro 24 – Motivação das empresas de países emergentes

O quadro a seguir apresenta um resumo do resultado das hipóteses desta pesquisa.

Motivação China Estônia Hungria México Romênia

Proximidade aos fornecedores 4 5 6 8 8

Disponibilidade de mão-de-obra de baixo custo 5 6 9 8 6

Disponibilidade de materiais e/ou fontes de energia de baixo custo 5 5 9 8 5

Disponibilidade de capacitação e know-how 6 2 2 9 8

Acesso a transporte e instalações logísticas 7 4 2 9 8

Proximidade aos clientes 7 6 6 9 10

Fatores políticos e sociais 6 6 5 9 6

Competição 5 6 4 9 4

Imagem da empresa 6 2 3 9 8

Page 71: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

72

Quadro 25 – Resumo dos resultados das hipóteses da pesquisa

Hipótese Aceita/Rejeitada Conclusão

H1a Rejeitada A estratégia de offshoring não contribui para um desempenho superior em custos

H1b RejeitadaA estratégia de offshoring não contribui para um desempenho superior em

qualidade

H1c Rejeitada A estratégia de offshoring não contribui para um desempenho superior em entrega

H1d RejeitadaA estratégia de offshoring não contribui para um desempenho superior em

flexibilidade

H2 AceitaA estratégia de offshoring tem impacto maior no desempenho operacional de

empresas de países emergentes do que daquelas de países avançados

H3 RejeitadaNão existem diferenças na importância das motivações para o offshoring entre

empresas de países avançados e emergentes

Page 72: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

73

5. Conclusão

5.1 Resumo

Estudos recentes têm destacado a crescente busca pelas empresas de vantagens

competitivas através de estratégias de offshoring, ou seja, da realocação de atividades de

manufatura de seus países de origem para o exterior. Nesse contexto, a presente dissertação

buscou investigar a relação entre a adoção dessa estratégia e o desempenho operacional, bem

como os principais motivos que levam as empresas a praticarem o offshoring. Pesquisou-se,

ainda, a existência de diferenças entre empresas de países avançados e emergentes quanto ao

impacto sobre o desempenho operacional e as motivações para a adoção da estratégia de

offshoring. Buscou-se, portanto, resposta às seguintes perguntas:

1. A estratégia de offshoring se traduz em um melhor desempenho operacional para as

empresas?

2. Há diferença entre o impacto do offshoring sobre o desempenho de empresas de países

avançados e daquelas de países emergentes?

3. Quais são as principais motivações para adoção da estratégia de offshoring?

4. Há diferença entre as principais motivações para empresas de países avançados e de

países emergentes?

Para isso, utilizou-se o banco de dados obtido na quinta rodada da pesquisa IMSS

(International Manufacturing Strategy Survey), uma rede internacional de pesquisa que tem

por objetivo coletar dados sobre estratégia, práticas e desempenho em manufatura de

empresas do setor metal mecânico em todo o mundo.

Os resultados revelaram que a estratégia de offshoring não contribuiu para um

desempenho operacional superior das empresas desta amostra. Em relação às motivações para

essa estratégia, disponibilidade de mão de obra de baixo custo e proximidade aos clientes

foram apontadas como as mais importantes..

No que diz respeito à comparação entre empresas de países emergentes e países

avançados, a pesquisa mostrou que empresas de países emergentes que adotam o offshoring

possuem desempenho operacional superior ao daquelas em países avançados com a mesma

estratégia. No entanto, em relação às motivações, o estudo não apontou diferença entre os dois

grupos de países.

Page 73: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

74

5.2 Conclusões

Este estudo contribui para o conhecimento sobre a estratégia de offshoring na indústria

metal mecânica. Essa estratégia ganhou importância nos últimos anos, sendo adotada não

apenas para funções operacionais, mas também para funções estratégicas e prestação de

serviços.

Com o crescente número de empresas adotantes, a ideia geral é que essa estratégia

contribui para um desempenho superior. No relatório publicado pela empresa A.T Kearney

(2007), apesar de nenhuma empresa estudada ter atingido seus objetivos, o desempenho

melhorou quando começaram a adotar o offshoring.

No entanto, o resultado deste estudo não mostrou diferença no resultado de empresas que

fazem e que não fazem offshoring. Todavia, isso não quer dizer que o offshoring não tenha

impacto positivo no desempenho. Alguns autores apontam que uma rede de suprimentos

global é complexa de gerir, sendo preciso alto nível de coordenação entre as unidades. Além

disso, a diferença cultural entre países, como forma de trabalhar e idioma, pode impactar no

sucesso da implementação da estratégia. Sendo assim, as empresas poderiam levar um tempo

até se adaptarem às novas condições e conseguirem um nível de coordenação e integração que

garanta o sucesso das operações. Neste trabalho, não havia dados que indicassem há quanto

tempo as empresas fazem offshoring e, portanto, se já tiveram tempo suficiente para se

ajustarem à nova configuração. É possível que as empresas estudadas sejam adotantes

recentes dessa estratégia e, por isso, não conseguiram ainda obter impactos positivos no

desempenho operacional.

Adicionalmente, as empresas estudadas fazem offshoring cativo, permanecendo com

controle total das operações. Talvez na adoção de outro tipo de offshoring, como o por

terceirização ou de centro de desenvolvimento, seria mais fácil atingir o resultado esperado,

pois a empresa contaria com parcerias locais que poderiam ajudar na adaptação.

Ainda em relação ao desempenho operacional, é importante ressaltar que cada empresa

possui seus próprios objetivos de desempenho. Por isso, nem sempre todas as dimensões de

desempenho sofreriam impacto positivo com a adoção de uma estratégia. Por exemplo, para

empresas que possuem velocidade como prioridade competitiva, seria mais interessante

produzir no próprio país, mesmo que seja a um custo mais elevado (Contractor et al., 2010).

Page 74: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

75

Em relação à comparação das empresas de países avançados com aquelas de emergentes,

o estudo mostrou que o desempenho nas últimas foi superior. É importante ressaltar que

países emergentes estão em desenvolvimento, e a tendência é que as empresas tenham

incrementos no desempenho maiores do que os que se verificam em empresas com origem em

ambientes mais estáveis e com tradição na atividade manufatureira.

Outra questão estudada neste trabalho foi as principais motivações para a adoção da

estratégia de offshoring. O estudo mostrou que disponibilidade de mão de obra a baixo custo

foi considerada mais relevante. Este resultado corrobora outros estudos que apontam redução

de custos, de maneira geral, como principal razão para o offshoring.

Adicionalmente, a motivação de proximidade aos clientes se mostrou com a mesma

importância que a citada acima. No entanto, este também poderia ser um indicativo de

redução de custos, já que proximidade ao cliente pode minimizar os custos de transferência.

Outro indicativo dessa motivação seria aprendizagem do mercado (Dunning, 1993).

Na comparação da importância das motivações entre as empresas dos dois grupos de

países, o estudo não revelou diferenças significativas. No entanto, esse resultado precisa ser

visto com cautela devido ao número reduzido de empresas de países emergentes na análise.

Porém, uma análise detalhada das empresas de países emergentes mostrou que esses, em

sua maioria, apontaram proximidade aos clientes como motivação mais importante. Já os itens

de redução de custos não se mostraram tão relevantes para esse grupo de países.

5.3 Limitações

Nesta pesquisa, para mensurar a escala de desempenho, a alta correlação entre as

variáveis inviabilizou a realização da análise fatorial exploratória, que seria mais adequada.

O modelo final utilizado para medir o desempenho operacional das empresas considerou

apenas flexibilidade de volume e flexibilidade de mix. No entanto, segundo Slack e Lewis

(2009), flexibilidade de entrega também seria um dos tipos principais de flexibilidade em

operações.

Page 75: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

76

Adicionalmente, o número de respostas incompletas na amostra foi muito alto. A base de

dados contém 725 observações, porém para realizar as análises propostas nesse estudo o

número precisou ser muito reduzido, devido à grande quantidade de respostas incompletas.

A análise das motivações para a adoção da estratégia de offshoring foi a mais impactada

por essa redução na amostra, já que restaram apenas oito respondentes de países emergentes.

Dessa forma, a comparação das motivações entre empresas de países emergentes e avançados

precisa ser vista com cautela.

5.4 Sugestões para estudos futuros

Nesta pesquisa não foi possível identificar há quanto tempo as empresas que fazem

offshoring estão adotando essa estratégia. Estudos futuros poderiam incluir essa consideração

para avaliar o desempenho.

Este estudo investigou o desempenho e as motivações para a estratégia de offshoring de

forma independente, ou seja, não analisou se as empresas atingiram seu objetivo. Outros

estudos poderiam investigar o impacto dessa estratégia no desempenho desejado.

Esta pesquisa foi com base nas empresas do setor metal-mecânico. Empresas de outros

setores podem possuir características de motivação para a estratégia de offshoring diferentes

das consideradas neste estudo. Por isso, sugere-se que as perguntas de pesquisa sejam

replicadas para outras indústrias.

Page 76: MARIANA MIGUENS ITAJAHY ESTRATÉGIA DE OFFSHORING … · 3.3 Amostra ... mesmo com uma comunicação de qualidade e com baixo custo, ... diferença entre os fatores de produção

77

6. Referências Bibliográficas

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Operations Strategy. Production and Operations Management, v.11, n.1, p.9-20, 2002.

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