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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO MESTRADO EM CIÊNCIAS NUTRICIONAIS MARINA AUGUSTA CIRINO RUOCCO Concentração de zinco e selênio em pacientes críticos segundo estratificação de gravidade Araraquara 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

MESTRADO EM CIÊNCIAS NUTRICIONAIS

MARINA AUGUSTA CIRINO RUOCCO

Concentração de zinco e selênio em pacientes críticos segundo

estratificação de gravidade

Araraquara

2015

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MARINA AUGUSTA CIRINO RUOCCO

Concentração de zinco e selênio em pacientes críticos segundo

estratificação de gravidade

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

graduação em Alimentos e Nutrição da Faculdade

de Ciências Farmacêuticas da Universidade

Estadual Paulista – UNESP para obtenção do título

de Mestre em Ciências Nutricionais.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Marliere Navarro

Araraquara

2015

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Dedicatória

À Deus, por transformar meus sonhos em realidade.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Aos meus irmãos, Lico e Ana Maria, que sempre me apoiaram e

torceram pelo meu sucesso.

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Agradecimentos

Em especial ao prof. Dr. Anderson Marliere Navarro, meu orientador, que participou

desde a graduação da minha formação profissional, pela confiança, ensinamentos e por

ser incentivador na realização deste trabalho.

À Dra. Evelin Drociunas Pacheco Cechinatti, pelo apoio, amizade, ensinamentos e

paciência para esclarecimento de todas as dúvidas durante a realização da pesquisa.

À técnica de laboratório Paula Payão Ovídio pelas orientações desde a compra do

material até as análises realizadas no Laboratório de Nutrição e Metabolismo da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

À pós-graduanda Livia Fernandes de Lima pelos ensinamentos na fase inicial do projeto

relacionados aos métodos de coleta, processamento e armazenamento das amostras.

À mestranda Lígia Moriguchi Watanabe pelos ensinamentos, paciência e contribuição

na prática laboratorial.

À doutoranda Érika Grasiela M Menezes Barbosa, pela paciência, disponibilidade,

ensinamentos, correções e sugestões.

À técnica Renata Cristina Lataro pela disponibilidade e ajuda durante manejo das

amostras no Laboratório de Bioquímica Nutricional e Minerais.

Ao prof Dr. Fernando Barbosa Junior e a técnica Vanessa C. de Oliveira Souza pela

realização das análises no Laboratório de Toxicologia e Essencialidade de Metais da

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto.

À UNESP, pela oportunidade de subir mais um degrau na minha carreira.

Aos professores, que participaram da banca de qualificação, que trouxeram novas

inquietudes e agregaram conhecimento.

Ao estatístico Geraldo Cássio dos Reis, à profa Gleici da Silva Castro Perdoná e à

mestranda Bárbara Beltrame Bettim pelo auxílio nas análises estatísticas.

À profa Juliana Alvares Duarte Bonini Campos pelo auxílio na idealização da pesquisa

além das inúmeras contribuições na banca de qualificação.

A todos os pacientes internados na UTI do HEAB e seus familiares que autorizaram a

participação neste trabalho e possibilitam a realização do mesmo.

À equipe de nutricionistas do HEAB por compreenderam minhas “ausências” no

trabalho para realização do mestrado.

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A toda equipe do laboratório de Análises Clínicas da UNESP, coordenada pelo Prof.

Paulo Inácio Costa, pela autorização para utilizar o espaço físico, pelo

compartilhamento de equipamentos e bancadas para que as amostras pudessem ser

separadas e armazenadas.

À toda equipe de enfermagem da UTI, pelo auxílio em todo período de coleta das

amostras, por toda atenção, paciência e disponibilidade.

Ao corpo docente da pós-graduação em Alimentos e Nutrição por compartilhar

conhecimento.

À sessão de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição por todas as orientações e

paciência para responder todas as dúvidas.

À direção do HEAB, em nome do Dr. Tales e Mário pela liberação para realização do

mestrado e junto à Comissão de Análises de Projetos Científicos pela autorização para

realizar a pesquisa na instituição.

Às amigas da pós-graduação, em especial, Jéssika, Renata e Claúdia que mesmo

distantes, estiveram presente em alguma etapa da pesquisa compartilhando angustias,

mas principalmente agregando conhecimento e sugestões ao trabalho.

À minha amiga Maria Cecília de Freitas Ferreira pelas inúmeras contribuições

emocionais e intelectuais durante a realização do mestrado e pela paciência.

Aos meus amigos (não nomearei para não esquecer ninguém!), por entenderem a

necessidade de estar mais distante neste momento.

À todos os colegas da pós-graduação, os quais em algum momento durante o período de

aulas estiveram presentes e sempre trouxeram alguma contribuição.

E a todos que direto ou indiretamente fizeram parte deste sonho.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMIB Associação de Medicina Intensiva Brasileira

APACHE Acute Physiology and Chronic Health Evaluation

AUC Area Under Curve

CID Classificação Internacional de Doenças

CSA Fórmula para América Central e Sul

EDTA Ácido etinodiaminotetraacético

G Fórmula Geral

GPx Enzima glutationa peroxidase

GSHPx-1 Glutationa peroxidase 1

HEAB Hospital Estadual Américo Brasiliense

HIV Vírus da Inunodeficiência

IC Intervalo de confiança

CCI Coeficiente de Correlação Intraclasse

IMC Índice de massa corporal

MPM Mortality Probability Model

mRNA Ácido ribonucleic mensageiro

NYHA IV Falência cardíaca grave, classe funcional IV

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Pan-americana de Saúde

PCR Proteína C-reativa

RDA Recommended Dietary Allowance

ROC Receiver Operating Characteristic

ROS Espécies reativas de oxigênio

SAPS Simplified Acute Physiology Score

Se Selênio

SePP Selenoproteína P

SIRS Síndrome da resposta inflamatória sistêmica

SMR Standardized mortality rates

SOFA Sepsis Related Organ Failure Assessment

TMR Taxa de mortalidade padronizada

UL Tolerable Upper Intake Level

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UTI Unidade de Terapia Intensiva

Zn Zinco

WHO World Health Organization

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RESUMO

RUOCCO, M.A.C. Concentração de Zinco e Selênio em pacientes críticos segundo

estratificação de gravidade. 2015. 76f. Departamento de Alimentos e Nutrição,

Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho”, Araraquara, 2015.

O escore Simplified Acute Physiology Score III (SAPS III) é um instrumento

utilizado para estimar a taxa de mortalidade hospitalar e predizer a gravidade dos

pacientes, mais recentemente utilizado. Novos estudos com pacientes críticos têm

associado o uso dos escores de gravidade com a avaliação das concentrações de zinco

(Zn) e selênio (Se), já que esta interfere na concentração destes micronutrientes. O

presente trabalho teve por objetivo estratificar os pacientes segundo a gravidade e

analisar as concentrações de zinco e selênio no plasma, eritrócitos e urina. Trata-se de

um estudo misto (observacional e transversal), realizado na Unidade de Terapia

Intensiva (UTI) do Hospital Estadual Américo Brasiliense/SP. Os dados foram

coletados na primeira hora antes ou após internação na UTI para preenchimento do

escore. Posteriormente, avaliou-se os micronutrientes de 95 pacientes em grupos

separados de acordo com a gravidade e diagnóstico de sepse. Os resultados

evidenciaram que o escore SAPS III possui adequada calibração e discriminação para a

população estudada e o ponto de corte que melhor discriminou sobreviventes de não

sobreviventes foi de 63,5 pontos. Quanto às análises das concentrações plasmáticas de

Zn e Se, se mostraram menores que os valores de referências para ambos os

micronutrientes (55,07±26,1 µg/dL e 14,55±4,64μg/L, respectivamente) e maiores que a

referência para Zn urinário (2522,02±2340,46μg/24 horas). A concentração média de Se

plasmático foi significativamente menor nos pacientes com maior gravidade, o que não

foi observado para o Zn (p=0,921). Os resultados de albumina (r= -0,2628, p=0,0105) e

PCR (r=0,3965, p<0,0001) correlacionaram-se com o escore de gravidade SAPS III.

Concluiu-se que as alterações nas concentrações de Zn e Se plasmático são frequentes

em pacientes críticos e relacionadas à gravidade apenas para o Se.

Palavras-chaves: terapia intensiva, zinco, selênio, SAPS III

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ABSTRACT

RUOCCO. M. A. C. Concentrations of Zinc and Selenium in critical patients according

to severity stratification. 2015. 76f. Department of Foods and Nutrition, Faculty of

Pharmacy, UNESP, Araraquara, 2015.

The Simplified Acute Physiology Score III (SAPS III) score is one of the scoring

systems that estimates the rate of hospital mortality and predicts the severity of the

patient, most recently used. News studies of critical ill patients have associated the use

of the scoring systems to the evaluation of zinc (Zn) and selenium (Se) concentrations,

as the severity of the patient interfere in the concentration of these micronutrients. Thus,

this study presented a proposed stratify critically ill according to severity and analyzing

the concentrations of zinc and selenium in plasma, erythrocytes, and urine. This was a

mixed study, accomplished in the Intensive Care Unit (ICU) of the Hospital Estadual

Américo Brasiliense/SP. Data were collected in the first hour before or after ICU

hospitalization to fill score. Subsequently, 95 patients were evaluated for micronutrient

analysis in groups identified by the severity and diagnosis of sepsis. The results showed

that the SAPS III score has adequate calibration and discrimination for the population

studied and the cut-off point that better discriminated survivors from non-survivors was

63.5 points. As regards the analysis of plasma concentrations, Zn and Se were lower

than the reference values for both micronutrients (55.07±26.10mg / dl and

14.55±4.64mg/L, respectively) and higher the reference urinary Zn

(2522.02±2340.46μg/24hours). The average plasma concentration of Se was

significantly lower in patients with greater severity, which was not seen for Zn

(p=0.921). The results albumin (r= -0.2628, p=0.0105) and CRP (r=0.3965, p<0.0001)

correlated with the SAPS III severity score. It was concluded that changes in the

concentrations of Zn and Se in plasma are common in critically ill patients and related

to the severity for the Se.

Keywords: intensive care, zinc, selenium, severity score, SAPS III

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

1.0 Introdução .................................................................................................................. 13

2.0 Hipótese ..................................................................................................................... 15

3.0 Objetivos .................................................................................................................... 15

3.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 15

3.2. Objetivos Específicos ........................................................................................... 15

4.0 Revisão da Literatura ................................................................................................ 16

4.1.Escores de gravidade ............................................................................................ 16

4.2. Zinco e Selênio .................................................................................................... 19

4.3. Zinco e Selênio no paciente crítico ..................................................................... 24

Referências ...................................................................................................................... 26

CAPÍTULO II

Artigo 1: “Capacidade discriminante do escore SAPS III em uma unidade de terapia

intensiva brasileira”.

Resumo ...........................................................................................................................34

1.0 Introdução .................................................................................................................35

2.0 Materiais e métodos ..................................................................................................36

2.1 Delineamento do estudo .......................................................................................36

2.2 Estudo de calibração .............................................................................................38

2.3 Análise estatística .................................................................................................38

2.4 Aspectos éticos ....................................................................................................38

3.0 Resultados .................................................................................................................39

3.1 Validação do escore...............................................................................................40

4.0 Discussão ..................................................................................................................43

5.0 Conclusão .................................................................................................................45

Agradecimento ................................................................................................................45

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Referências ....................................................................................................................46

CAPÍTULO III

Artigo 2: “Deficiência de zinco e selênio em pacientes críticos segundo estratificação de

gravidade”

Resumo ...........................................................................................................................50

1.0 Introdução .................................................................................................................51

2.0 Casuística e métodos ................................................................................................52

2. 1Avaliação antropométrica ............................................................................53

2.2 Escore de Gravidade .....................................................................................53

2.3 Parâmetros bioquímicos ...............................................................................55

2.4 Material biológico .........................................................................................55

2.4.1 Coleta e processamento das amostras ............................................55

2.5 Dosagem dos minerais ..................................................................................56

2.6 Análise estatística .........................................................................................56

2.7 Aspectos éticos .............................................................................................56

3.0 Resultados .................................................................................................................57

4.0 Discussão ..................................................................................................................60

5.0 Conclusão .................................................................................................................63

Agradecimentos ..............................................................................................................63

Referências .....................................................................................................................64

ANEXOS

Anexo 1 Escore SAPS III:...............................................................................................69

Anexo 2 e 2.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .........................................70

Anexo 3 : Parecer do Comitê de Ética ...........................................................................74

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Capítulo I

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1.0 Introdução

Doente crítico é aquele que, por disfunção ou falência profunda de um ou mais

órgãos/sistemas, apresenta sua sobrevivência dependente de meios avançados de

monitorização e terapêutica (WAYDHAYS, 1999). A unidade de terapia intensiva

(UTI), considerada local de alta complexidade no hospital, tem por objetivo o

atendimento a pacientes graves ou de risco, potencialmente recuperáveis, em sistema de

vigilância continua (JUNCAL et al., 2011).

Ao longo dos anos, foram desenvolvidos sistemas de pontuação amplamente

aplicados nas UTIs, chamados de índices prognósticos ou de gravidade, cujo objetivo

básico é a descrição quantitativa do grau de disfunção orgânica do paciente. Por meio de

uma linguagem uniforme, eles auxiliam no melhor atendimento ao paciente, uma vez

que colaboram para a correta estratificação destes, de acordo com a gravidade da doença

e de seu prognóstico, facilitam o acompanhamento da evolução e resposta do paciente à

terapêutica instituída, comparam a evolução de pacientes semelhantes submetidos a

tratamentos diversos, a mortalidade observada e esperada, o desempenho de UTIs

diversas, além de avaliar de modo indireto o custo/benefício de determinados

procedimentos para pacientes em várias etapas da doença (LIVIANU et al., 1999).

Entre os índices utilizados, o Simplified Acute Physiology Score (SAPS) foi

desenvolvido e validado em 1984 usando 13 variáveis ponderadas e idade para prever o

risco de óbito em pacientes da UTI. Em 1993, Le Gall e colaboradores usaram análise

de regressão logística para desenvolver o SAPS II, que inclui 17 variáveis (VINCENT;

MORENO, 2010). Em 2005, foi construído o SAPS III a partir de um banco de dados

de 16.784 pacientes de 35 países, no período de outubro a dezembro de 2002, e tem sido

atualmente recomendado para uso nas UTIs brasileiras (AMIB, 2009). Este índice

avalia a presença de patologias preexistentes a internação e as mesmas variáveis

analisadas no SAPS II (LE GALL; LEMESHOW; SAULNIER, 1993). Entre as

inovações que esse novo índice traz está a presença de equações personalizadas, além de

uma equação global padrão para diferentes partes do mundo, entre elas a América

Central e do Sul (ALVES et al., 2009). A validação do escore SAPS III no Brasil, e em

particular, a equação customizada para países da América Central e Sul (CSA)

apresentou boa discriminação (AUC=0,84) e calibração (X2=10,47e p=0,234) para

pacientes críticos com câncer (SOARES; SALLUH, 2006) e também para pacientes

cirúrgicos (AUC=0,86; X2=12,68 e p=0,126) (SILVA JR, 2010).

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O desempenho dos escores de gravidade deteriora-se quando os modelos são

aplicados em uma nova população (BECK et al., 2003; KHWANNIMIT and GEATER,

2007) e por isso, é necessário validá-lo na população em que será utilizado.

O doente crítico é caracterizado por hiperinflamação, disfunção da imunidade

celular, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e falências múltiplas dos órgãos

(GALLEY, 2011). Os estudos sugerem que os baixos níveis de oligoelementos e

vitaminas são associados com maior risco de morte, síndrome da resposta inflamatória

sistêmica (SIRS) e maior estresse oxidativo (MANZANARES et al., 2012). O foco de

pesquisas em nutrição do paciente crítico tem sido o efeito de micronutrientes

específicos para atenuar a resposta inflamatória e melhorar a função imunológica. Os

micronutrientes mais estudados são arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3, zinco e

selênio (JACOBS et al., 2004).

O zinco (Zn) e o selênio (Se) desempenham importantes funções na regulação

imunológica (FRAKER et al., 2000). As concentrações destes micronutrientes em

circulação diminuem significativamente após trauma grave, cirurgia, sepse e resposta

inflamatória sistêmica grave, permanecendo baixa por vários dias e semanas (BERGER

et al., 1998; HEYLAND et al., 2006). BERGER et al. (2007) alertam que esta redução

nas concentrações de micronutrientes pode esgotar antioxidantes circulantes levando a

uma elevação das espécies reativas de oxigênio (ROS) exacerbando a gravidade da

doença. Outros autores também têm sugerido que a diminuição de concentrações

plasmáticas destes micronutrientes está associada com a gravidade do doente crítico

(GOODE et al., 1995; METNITZ et al., 1999; RINALDI; LANDUCCI; GAUDIO,

2009).

Apesar de bem documentada a associação dos baixos níveis de Zn e Se em

pacientes críticos, estudos que avaliam a concentração destes micronutrientes segundo

gravidade pelo critério de SAPS III são escassos.

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2.0 Hipótese

Quanto maior a gravidade do paciente na internação, menores os níveis de Zn e

Se sérico, urinário e eritrocitário.

3.0 Objetivos

3.1 Objetivo geral

Verificar as concentrações de Zn e Se de pacientes críticos classificados segundo

sua gravidade clínica pelos critérios do escore SAPS III.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar a capacidade discriminante e a confiabilidade do escore SAPS III para

população de estudo e estimar seu ponto de corte ótimo para classificação da

gravidade do paciente;

Determinar as concentrações de Zn e Se no plasma, eritrócitos e urina.

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4.0 Revisão da Literatura

4.1 Escores de gravidade

As unidades de terapia intensiva (UTIs) são áreas críticas destinadas à internação

de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua,

materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

De acordo com a Portaria n.º 1101/GM - 12 de junho de 2002, elaborada pelo

Ministério da Saúde, com o propósito de estabelecer os parâmetros de cobertura

assistencial, dentre os itens abordados, destaca-se a necessidade de leitos hospitalares,

em relação a leitos de UTI, é determinado que o número desses leitos deva corresponder

de 4 a 10% do total de leitos hospitalares, o que corresponde de 1 a 3 leitos de UTI para

cada 10 mil habitantes. De acordo com dados de 2010 do levantamento realizado pela

Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) a média é de 1,3 leitos de UTI por

10 mil habitantes no Brasil.

Óbitos pós alta da UTI surgem principalmente como resultado da resolução

incompleta da condição primária ou desenvolvimento de novas complicações. A

capacidade de identificar pacientes que irão sobreviver dos que têm maior probabilidade

de morte permite a adoção de estratégias mais conservadoras em relação à alta, baseadas

na observação clínica (SILVESTRE; COELHO; POVOA, 2010).

Ao longo das ultimas três décadas, surgiram alguns sistemas de pontuação, os

quais foram introduzidos nos cuidados intensivos, os chamados índices prognósticos,

que utilizam parâmetros clínicos e laboratoriais, tendo como objetivo básico a descrição

quantitativa do grau de disfunção orgânica de pacientes gravemente enfermos, além de

predizer a mortalidade, avaliar o uso de recursos hospitalares, a eficácia dos cuidados

intensivos, estratificarem os pacientes em estudos clínicos e auxiliar nas decisões

terapêuticas e éticas (KNAUS et al.,1985).

Os sistemas de escore de gravidade são chaves para conhecer a efetividade do

cuidado intensivo, porque eles não apenas produzem estimativas da mortalidade

hospitalar, mas são também usados para comparação de unidades (LE GALL, 2005).

Os três escores mais amplamente utilizados são Acute Physiology and Chronic

Health Evaluation (APACHE), Simplified Acute Physiology Score (SAPS), Mortality

Probability Model (MPM), porém também existem outros como o Sepsis Related Organ

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Failure Assessment (SOFA). Suas primeiras versões foram desenvolvidas na década de

80, sendo alguns anos mais tarde atualizados.

Um dos primeiros índices padronizados foi o APACHE, publicado em 1981,

desenvolvido para estratificar o risco de morte hospitalar na população crítica.

Posteriormente, em 1985, as variáveis utilizadas e padronizadas no APACHE (1981)

foram reduzidas, criando assim o APACHE II (NOGUEIRA et al., 2007)

O APACHE II é ferramenta utilizada e testada internacionalmente há vários anos

e foi apresentado pelo Ministério da Saúde Brasileiro como escore a ser usado para

análise da gravidade dos pacientes adultos, admitidos em UTIs, conforme Portaria 3432,

de 12 de agosto de 1998. Este escore utiliza para sua classificação os piores valores

registrados nas primeiras 24h após a admissão na UTI. O resultado varia em uma escala

de 0 a 71 pontos: quanto mais alto for este valor, maior será o risco de mortalidade

(KNAUS et al., 1985; NOGUEIRA et al., 2007). Seu emprego em pacientes cirúrgicos e

de trauma tem sido controverso (HWANG et al., 2012).

Outro índice muito utilizado é o SAPS, cuja principal proposta quando criado,

em 1984, foi de simplificar o APACHE mantendo seu valor preditivo eficaz. O mais

recente validado é o SAPS III, no qual os dados avaliados são os da primeira hora da

admissão na UTI, o que permite inferir o estado clínico dos pacientes sem interferências

das medidas instituídas. Esta maior vantagem pode justificar a superioridade sobre

outros escores prognósticos (SILVA JUNIOR et al., 2010). Além disso, foi

desenvolvido em uma população heterogênea de vários países da Europa, Américas

Norte, Sul e Central e Austrália, o que pode ter contribuído para melhorar a sua validade

externa (MORENO et al., 2005), esta iniciativa foi aprovada pela Sociedade Europeia

de Medicina Intensiva.

O SAPS III é composto de 20 diferentes variáveis facilmente mensuráveis,

divididas em três partes: variáveis demográficas (idade, tempo de internação,

localização intra hospitalar antes admissão UTI, uso de drogas vasoativas,

comorbidades), motivos de admissão na UTI (Motivo admissão UTI de acordo com os

considerados pelo escore, admissão planejada/não planejada, procedimento cirúrgico e

sítio, infecção na admissão e local) e variáveis fisiológicas (escala de Glasgow,

frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, temperatura, bilirrubina, creatinina,

leucócitos, plaquetas, pH gasometria e oxigenação sanguínea). Para cada uma das

variáveis analisadas confere-se um peso, conforme a gravidade do distúrbio fisiológico.

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Na teoria, o menor valor atribuído pelo escore é 16 e o maior é 217 pontos (SILVA

JUNIOR et al., 2010).

No manuscrito original, Moreno e colaboradores, 2005 relatam boa

discriminação (AUC=0,848) e satisfatória calibração (χ2=10,56; p=0,39) para o modelo

global, mas encontraram boa discriminação (AUC=0,861) e má calibração

(χ2=56,45; p<0,001) para a fórmula da América Central e Sul. De modo geral o SAPS

III apresenta boa discriminação e pobre calibração (LEE et al., 2014).

O SOFA, índice prognóstico também bastante utilizado, descreve

quantitativamente o grau de disfunção orgânica ao longo do tempo e avalia morbidade

em pacientes críticos sépticos. Todavia, estudos de metanálise sugerem seu uso em

pacientes sem sepse (DOERR et al., 2011). Este índice é obtido por meio de um

esquema de pontuação e deve ser calculado 24h após admissão na UTI e a cada 48h

durante a internação.

Os escores para disfunção de múltiplos órgãos como SOFA devem ser utilizados

para complementar os modelos prognósticos gerais e não substituí-los.

A performance dos escores de gravidade deteriora-se quando os modelos são

aplicados em uma nova população (BECK et al., 2003; KHWANNIMIT; GEATER,

2007). Há muitas razões possíveis para esta diminuição da performance, como as

variações de casos, qualidade do cuidado e novas opções de tratamento que alterarão o

desfecho dos pacientes. Assim, os velhos escores que foram desenvolvidos décadas

atrás podem tornar-se desatualizados (KHWANNIMIT; BHURAYANONTACHAI,

2010).

A escolha do escore deve ser baseada nas características da unidade quando

aplicada em UTIs gerais. Antes dos escores prognósticos poderem ser largamente

adotados, eles precisam ser validados, isto é, seu desempenho precisa ser avaliado em

população diferente daquela que o seu desenvolvimento foi baseado (ALTMAN et al.,

2009).

Até 1988, esses índices prognósticos eram largamente utilizados nas UTIs

brasileiras, sem, no entanto, serem validados quanto às diferenças morfofisiológicas

existentes entre a população do Brasil e a dos Estados Unidos e da Europa, onde foram

desenvolvidos. Posteriormente, diversos estudos foram realizados para validação do

escore e comparação do melhor instrumento e dos resultados com o observado (FEIJÓ,

et al., 2006; SAKR et al., 2008.; MACCARIELLO et al., 2010; SOARES et al., 2010;

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HISSA; HISSA; ARAUJO, 2013). Em um estudo realizado em UTIs brasileiras

(NASSAR, JR et al., 2012), avaliando os modelos mais recentes (APACHE IV, SAPS

III), foram considerados clinicamente úteis, apesar de não mostrar um excelente

desempenho estatístico nesta amostra.

A aplicação do modelo SAPS III em pacientes cirúrgicos, além de pacientes

oncológicos, foi validada para população brasileira (SILVA JUNIOR, et al., 2010;

SOARES; SALLUH, 2006).

No Brasil, o SAPS III tem sido recomendado como o escore de gravidade

preferencial pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) desde 2009.

Dados de aproximadamente 200.000 pacientes, que foram admitidos durante 2013 em

428 UTIs (1/3 do total de leitos UTI do Brasil), indicam uma razão de mortalidade

padronizada de 1.03 (IC 1.01-1.05) usando a equação customizada para países do

Caribe e América do Sul no escore SAPS III (SALLUH; SOARES, 2014).

A classificação da gravidade do paciente crítico, que é caracterizado por

hiperinflamação, disfunção imune celular, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e

falência de múltiplos órgãos (GALLEY, 2011) auxilia na análise do nível dos

micronutrientes, visto que estes pacientes possuem alterações multifatoriais.

4.2 Zinco e Selênio

O zinco é considerado, depois do ferro, o segundo elemento-traço mais

abundante no corpo humano, apesar de ser necessário em miligramas para cumprir sua

função orgânica. No sangue, cerca de 80% do Zn estão presentes nos eritrócitos e 16%

no plasma, ligados principalmente à albumina. A concentração no plasma está ao redor

de 100μg/dL e o intervalo de normalizada considera de 70-150μg/dL. Não há “estoque”

de zinco no sentido convencional (YUYAMA et al., 2007).

As principais funções do Zn são realizadas ao nível intracelular. O Zn é parte de

cerca de 120 metaloenzimas importantes e sua homeostase deve estar presente para a

função normal do sistema imunitário, respostas de estresse oxidativo, controle da

glicose, da função cognitiva, funções estruturais e cicatrização de feridas (HEYLAND

et al., 2008). A regulação da homeostase do Zn em todo o corpo é rigorosamente

controlada por absorção intestinal, excreção renal e intestinal (KING; SHAMES;

WOODHOUSE, 2000).

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Hoje também se aborda na literatura as propriedades antioxidantes do Zn, porém

não como um fator que interage com espécies oxidantes, e sim atuando de forma

indireta. Seus efeitos são, possivelmente, por ligar-se a sítios nas membranas que seriam

ocupadas por metais com potencial de redução, diminuindo a formação de radicais

hidroxilas ou mesmo “sequestrando” radicais livres através das metalotioneínas, por

induzir a produção dessa proteína nos órgãos (POWELL, 2000).

A absorção do Zn ocorre principalmente no segmento proximal do intestino

delgado, provavelmente devido à maior concentração de Zn encontrada neste local

(YUYAMA et al., 2007).

O transporte desse mineral, do lúmen intestinal ao interior dos enterócitos e

então para a circulação sanguínea, envolve um processo de transporte paracelular e

outro mediado por carreadores. Diversos transportadores têm sido isolados

(COZZOLINO, 1997).

A quantidade de zinco ligada aos aminoácidos (3%) constitui a parte filtrada nos

glomérulos e pode ser perdida na urina. Pâncreas, rins e baço tem alta taxa de turnover

de Zn (meia vida de 12,5 dias), ao contrário de cérebro e ossos, cuja taxa de renovação é

muito menor (meia vida de 300 dias). A principal forma de eliminação do Zn corporal é

pelas fezes; mesmo após longo período de dieta sem este elemento, as perdas endógenas

intestinais podem variar de 0,5 a 5mg/d. Aproximadamente 0,7mg de Zn/d é perdida na

urina de indivíduos saudáveis. A inanição e o catabolismo muscular aumentam as

perdas de Zn na urina e nas fezes. Outras perdas podem ocorrer pela descamação

epitelial, pelo cabelo e no ciclo menstrual. No início da resposta ao estresse, os rins

aumentam a excreção de elementos traço.

Os parâmetros bioquímicos sensíveis para a avaliação do estado nutricional dos

indivíduos em relação ao Zn não são suficientemente validados para permitir seu uso

como um critério diagnóstico em pesquisas epidemiológicas. Em casos de deficiência

grave de Zn, há redução da concentração deste elemento no plasma/soro, nas células

sanguíneas, nos cabelos e na urina (YUYAMA et al., 2007).

O ponto de corte geralmente utilizado para avaliar o risco da deficiência de Zn

no plasma e no soro é menor que 70μg/dL, aproximadamente, 2 desvios padrão abaixo

do valor considerado normal para o homem adulto (GIBSON, 1990).

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A determinação de Zn no plasma/soro é uma opção, mas muitos fatores podem

alterar suas concentrações como, por exemplo, variações dependentes da ingestão desse

mineral durante o dia (MASON, 2004).

No caso de dosagem de urina, deve-se verificar o uso de medicamentos e a

presença de doenças. Em indivíduos hospitalizados, o tratamento medicamentoso pode

agravar a deficiência pela interação de alguns medicamentos com o zinco, podendo

ocorrer interações químicas e/ou físicas que alterem o processo de absorção do mineral,

seja por diminuição, aumento ou lentidão da absorção (BIANCHI, 1998).

O quadro 1 mostra os medicamentos que interferem no metabolismo do Zn.

Quadro 1. Medicamentos que interferem no metabolismo do Zinco.

Classificação Princípio ativo Medicamento Interação com Zinco*

Anti-hpertensivo Captopril Capoten Excreção urinária

Antiinflamatório/

Imunossupressor

Corticosteróides Decadron Excreção urinária e

Sangue

Anti-hiperlipidemico-

Antidiarreico

Colestiramina Questran Light Absorção

Antibiótico Tetraciclina Doxiciclina Vibramicina Absorção

Antianêmico Gluconato Ferroso,

Sulfato Ferroso e outros

sais ferrosos

Ferrin Absorção

Quelante de

fosfato/Antiácido

Carbonato de Cálcio Calsan Absorção

Antihipertensivo/

Diurético

Hidroclorotiazida Clorana Excreção urinária

Anti-retroviral Zidovudina Retrovir Sangue

Anti-reumático Oebucukanuba Cuprimine Excreção urinária

Fonte: MARTINS; MOREIRA; PIEROSAN, 2003.

*Internação referente ao mineral

Os níveis de normalidade de excreção de Zn urinário são entre 300 e 600μg por

dia. Deve-se dosar em urina 24h para eliminar a variação diária e pode-se calcular a

razão com a creatinina. Pequenas quantidades de Zn diariamente excretadas na urina

podem aumentar com o catabolismo dos tecidos (ROSA et al., 2007).

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Outro indicador que tem sido utilizado na avaliação nutricional deste mineral é o

Zn eritrocitário, porém por estas células apresentarem meia-vida de 120 dias, não

refletem o recente estoque de Zn do organismo. Além disso, o conteúdo de hemoglobina

nos eritrócitos, utilizado para expressar a quantidade de Zn, pode estar alterado na

presença de algumas doenças, gerando conclusões equivocadas (YUYAMA et al.,

2007). Os valores de zinco nos eritrócitos são baixos durante a infância

(18.7±6.1μg/g de hemoglobina) e aumentam ao longo dos anos, sendo os níveis em

adultos de 42.2±5.6 μg/g de hemoglobina (GIBSON, 1990).

Diversos são os fatores que podem levar à deficiência de Zn, entre os quais

consumo inadequado de alimentos considerados fonte desse mineral ou presença de

inibidores de sua absorção, nutrição parenteral total, desnutrição energético-proteica,

dietas hipocalóricas, alcoolismo, doenças que levam à síndrome da má absorção,

insuficiência renal crônica, doenças crônicas, queimaduras extensas, anemia falciforme,

gestação, lactação e uso de medicamentos específicos. Os pacientes que estão em risco

de deficiência de zinco, no momento da admissão hospitalar incluem pacientes idosos

de instituições de longa permanência e aqueles com perdas prolongadas

gastrointestinais. Pacientes que desenvolvem fístulas gastrointestinais, diarreia grave, a

síndrome do intestino curto e insuficiência pancreática também estão em risco de

desenvolver deficiência de zinco, assim como indivíduos com HIV, traumas e

malignidades (SRIRAM; LONCHYNA, 2009).

A suplementação com Zn pode ser considerada para populações específicas de

pacientes, tais como alcoólatras, queimados e pacientes de trauma, que são conhecidos

por terem perda de Zn acelerada ou deficiência crônica que pode levar à cura de feridas

prejudicada e infecção. Não existem estudos que sugerem que a suplementação de Zn

para todos os pacientes criticamente enfermos é benéfica, embora mais pesquisas

randomizadas necessitem ser realizadas (RECH et at., 2014).

Os sintomas de toxicidades/efeitos colaterais estão associados a sintomas

gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal (SRIRAM;

LONCHYNA, 2009).

Além do zinco, outro micronutriente essencial como antioxidante, imunológico e

com propriedades antiinflamatórias é o selênio (GEOGHEGAN et al., 2006).

Sua distribuição na natureza é heterogênea e seu consumo em dietas brasileiras

tem variado de 18 a 139μg/dia, podendo ser considerado de baixo a adequado,

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dependendo de cada região e da faixa etária considerada (GONZAGA, et al., 2007). As

principais fontes de Se alimentar são: castanhas-do-pará, frutos do mar, aves e carnes

vermelhas e arroz integral (USDA, 2012).

A recomendação diária (Recommended Dietary Allowance - RDA) de Se é de

55 µg/dia para homens e mulheres. Essa recomendação é aumentada para 60µg/dia para

as mulheres grávidas e 70 µg/dia durante a lactação. A ingestão máxima tolerável

(Tolerable Upper Intake Level - UL) de Se para adultos é de 400µg/dia (IOM, 2000).

O estoque corporal divide-se, didaticamente, em: na forma de selenometionina,

sobretudo nos músculos, esqueleto, eritrócitos, pâncreas, fígado, rins, cérebro, pele e

mucosa intestinal, esta reserva independe da necessidade de Se pelo organismo; na

forma de glutationa peroxidase 1 (GSHPx-1), na deficiência deste nutriente na dieta o

organismo reduz a concentração de mRNA e consequentemente, a síntese de glutationa

peroxidase; na forma de selenoproteína P (SePP) do plasma, extremamente sensível às

demandas corporais de Se (GONZAGA; MARTENS; COZZOLINO, 2007).

A absorção do Se ocorre no duodeno e jejuno proximal. Este é transportado no

sangue ligado às proteínas e 75% do Se da dieta é excretado na urina e o restante via

trato gastrointestinal (SRIRAN; LONCHYNA, 2009).

A intoxicação por Se pode apresentar-se através de manchas nas unhas, náuseas,

vômitos e diarreia. Já sua deficiência está relacionada com várias enfermidades, entre

elas doenças coronarianas, asma atópica, câncer, psoríase, aborto espontâneo, doença de

Keshan, doença de Kashin-Beck, infertilidade masculina e cretinismo mixedematoso

(ELLWANGER et. al., 2011).

Vários tecidos humanos, incluindo sangue total, plasma, soro ou eritrócitos,

urina, cabelos e unhas têm sido analisados quanto ao conteúdo de Se, como meio de se

avaliar o estado nutricional dos indivíduos em relação a este nutriente (ESTADOS

UNIDOS, INSTITUTE OF MEDICINE, 2001). O diagnostico da deficiência é

confirmado pela medição das concentrações de Se no soro ou plasma. Valores menores

que 50-70µg/L no plasma sugerem que a síntese de proteínas associadas ao Se não é

suficiente e que o suprimento de Se está limitado (IOM, 2000; COZZOLINO, 2012).

Uma metanálise mostrou que os níveis de soro e plasma são os marcadores mais

utilizados e razoavelmente precisos em relação ao estado de Se e os eritrócitos são

indicadores de longo prazo do estado nutricional (ASHTON et al., 2009).

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As taxas de excreção urinária de Se de 20 a 200µg/d não estão associadas à

problemas de deficiência e toxicidade (ALAEJOS; ROMERO, 1993), porém este marcador

é pouco utilizado.

4.3 Zinco e Selênio no paciente crítico

Doenças graves são caracterizadas por inflamação, estresse oxidativo e

disfunção imune. A inflamação conduz a alterações na integridade da mucosa intestinal,

o que diminui a absorção de nutrientes essenciais. A síndrome da resposta inflamatória

sistêmica (SIRS) está associada à redistribuição de vitaminas e elementos traços da

circulação sistêmica para os tecidos envolvidos na síntese de proteínas e proliferação de

célula imunológica (HAYES et al., 2011).

Além disso, a desnutrição é uma ocorrência comum em pacientes criticamente

doentes e é associado com drive ventilatório prejudicado, diminuição da função imune

e aumento das complicações infecciosas (HEYLAND et al., 2003).

A deficiencia de Zn e Se contribui para desregulação da função celular e

microcirculação que se manifesta no paciente crítico como hiperinflamação,

imunossupressão ou ambas. A resposta metabólica à própria lesão inclui alterações

fisiológicas na distribuição, uso e excreção dos elementos traços. Os radicais livres, as

citocinas e outros mediadores são responsáveis por muitas destas alterações. Como

consequência, niveis de oligoelementos circulantes podem ser rapidamente reduzidos na

doença crítica, alterando o valor mensurado ou a interpretação de biomarcadores

utilizados para muitos destes elementos em diferentes materiais biológicos.

As evidências atuais sugerem que baixos níveis de oligoelementos e vitaminas

estão associados com maior risco de morte, falência múltipla de órgãos, SIRS e estresse

oxidativo (MANZANARES et al., 2012).

Os paciente críticos têm concentrações baixas de Zn no soro como resultado da

redistrubição do compartimento vascular e aumento da excreção (CANDER et al.,

2011). O Zn é movido de áreas de reserva (músculos e pele) para tecidos com

proliferação celular rápida e síntese intensa de proteínas de fase aguda. Baixas

concentrações de zinco sérico estão associadas com a gravidade da doença (BERGER

et al., 2006). Os pacientes sépticos apresentam maior redução quando comparados a não

sépticos (CANDER et al., 2011).

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A deficiência de Zn leva à apoptose de linfócitos, provocando a perda de células

T e B imaturos, os quais predispõem a infecção (HEYLAND et al., 2008). A

cicatrização de feridas é também prejudicada por causa da regeneração da pele

inadequada e o controle da glicose também é comprometido.

Assim como o zinco, as concentrações de Se no plasma são significativamente

menores em pacientes críticos. Estas baixas concentrações se correlacionam diretamente

com a gravidade da doença e estão associados com morbi-mortalidade, mesmo em

pacientes que receberam algum aporte de selênio (ANGSTWURM; GAERTNER, 2006;

FORCEVILLE et al., 1998; MANZANARES et al., 2009). A correlação negativa com a

gravidade da doença é mais significativa com as concentrações da glutationa

peroxidase. A redução da concentração plasmática de Se no paciente crítico reflete a

redistribuição de selenoproteínas para os tecidos e aumento das perdas.

Nos últimos anos, a suplementação desses micronutrientes tem sido

explorada em doentes críticos.

As evidências mais recentes suportam o conceito de que farmaconutrição com

micronutrientes suplementados em altas doses, tais como Se, Zn e vitaminas

antioxidantes são capazes de diminuir infecções e reduzir mortalidade. O efeito do

tratamento pode ser maior nos pacientes mais gravemente doentes, mas a composição,

dose e duração terapêutica são fatores chaves que ainda precisam ser estabelecidos.

Melhores biomarcadores são necessários para direcionar a posologia adequada dos

micronutrientes aos pacientes críticos (MANZANERES et al., 2013).

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Capítulo II

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33

Capacidade discriminante do escore SAPS III em uma unidade de terapia

intensiva brasileira

Autores:

Marina Augusta Cirino Ruocco1,2

, Evelin Drociunas Pacheco Cechinatti2, Anderson

Marliere Navarro1,3

.

Afiliação:

1 Departamento de Alimentos e Nutrição – Faculdade de Ciências Farmacêuticas da

UNESP de Araraquara.

2 Hospital Estadual Américo Brasiliense /São Paulo.

3 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP/SP.

Autor Correspondente:

Marina Augusta Cirino Ruocco

Endereço: Avenida Bandeirantes, 3900. Monte Alegre, 14049-900. Ribeirão Preto, São

Paulo, Brasil.

Telefone-fax: (55) (16) 36022563

Email: [email protected]; [email protected]

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Resumo:

Objetivo: Avaliar a capacidadde discriminante do escore SAPS III em pacientes de uma

amostra regional no Brasil e obter um ponto de corte para classificação da gravidade.

Métodos: estudo observacional. Os dados foram coletados na primeira hora antes ou

após a internação na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Estadual Américo

Brasiliense entre abril e setembro de 2014. Aplicou-se o escore SAPS III e seu

desempenho foi avaliado pela sua capacidade discriminante, bem como pela taxa de

mortalidade padronizada. A probabilidade de mortalidade hospitalar foi calculada com

base na equação geral e personalizada para países da América Central e do Sul. Os

pacientes foram acompanhados até a alta hospitalar ou óbito.

Resultados: Participaram 140 pacientes. Houve maior prevalência de pacientes com 60

anos ou mais (61,43%), encaminhados das enfermarias (36,43%). A reprodutibilidade

intra e inter-observador para a aplicação do escore foram adequados (CCI=0,98 e 0,97,

respectivamente). O SAPS III apresentou boa discriminação (AUROC=0,83, IC95%=

75,6%-89,7%) e calibração (p>0,05), com ponto de corte de 63,5 pontos para a

classificação da gravidade. A taxa de mortalidade padrão foi superestimada na equação

personalizada (SMR=0,86, IC95%=0,71-1,01), enquanto na equação geral a mortalidade

estimada foi mais próxima à mortalidade observada (SMR=1,08, IC 95%=0,91-1,25).

Conclusão: O escore SAPS III apresenta adequada exatidão para a amostra, com ponto

de corte de 63,5 pontos. As equações geral e personalizada podem ser usadas para o

cálculo da taxa de mortalidade padronizada.

Palavras chaves: índice prognóstico, SAPS, cuidados intensivos, prognóstico,

mortalidade hospitalar, estudo de validação

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1.0 Introdução

A mortalidade hospitalar é um indicador de desempenho tradicional. A

utilização de dados de mortalidade como indicador de qualidade em hospitais foi

proposta há muitas décadas por Ernest Codman, 1916 e deve ser considerada uma

ferramenta útil que permite uma primeira detecção de problemas com a qualidade dos

cuidados prestados, possibilitando que processos de melhoria sejam instituídos

(TRAVASSOS; NORONHA; MARTINS, 1999).

Ao longo dos anos vários índices foram desenvolvidos e atualizados para

predizer a mortalidade hospitalar e o grau de disfunção orgânica (Figura 1). O Acute

Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE), o Simplified Acute Physiology

Score (SAPS) e o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment), são os três índices

mais utilizados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto.

Figura1: Linha do tempo representando as publicações e atualizações dos escores de

gravidade.

O SAPS III é um índice prognóstico com características únicas, como a coleta de

dados na primeira hora antes ou após internação na UTI e a disponibilidade de equações

personalizadas para cálculo do risco de mortalidade com base nas diferentes regiões

geográficas (STRAND et al., 2009). No Brasil, o SAPS III tem sido recomendado como

o escore de gravidade preferencial pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira

desde 2009.

Moreno et al, 2005 relatam no modelo original que o SAPS III apresentou a pior

calibração para a América Central e Sul, o índice foi calibrado com valor de 1,3, ou

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seja, a relação entre mortalidade observada e esperada é 1,3. Porém, quando aplicado

em estudos brasileiros apresentou bom poder discriminatório de mortalidade, além da

razão mais próxima entre mortalidade esperada e observada.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho do escore SAPS III em uma

amostra de pacientes críticos no Brasil para implantar sua utilização nesta unidade e

obter um ponto de corte para classificação da gravidade.

2.0 Materiais e Métodos

2.1 Delineamento do estudo

A amostra foi selecionada de maneira não-probabilística por conveniência e os

dados foram coletados na UTI do Hospital Estadual Américo Brasiliense/SP,

considerada uma unidade geral de nível secundário, composta por 10 leitos

individualizados. Os pacientes admitidos no período de abril a setembro de 2014 foram

incluídos no estudo considerando os critérios de exclusão, apresentados na figura 2.

.

Figura 2: Fluxograma descrevendo o processo de seleção dos pacientes a partir

dos critérios de exclusão.

Para estimar a gravidade dos pacientes utilizou-se o escore SAPS III, que

engloba dados demográficos, motivos de internação e fisiológicos (figura 3).

185 pacientes

170 pacientes

152 pacientes

158 pacientes

140 pacientes

153 pacientes

15 readmissão

5 transferências

1 menor que 18 anos

12 ainda internados

12 tempo menor que 12 horas de internação na UTI

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Figura 3: Variáveis consideradas para preenchimento do escore SAPS III.

Os dados foram obtidos na primeira hora antes ou após admissão na UTI. Nos

casos em que o paciente foi admitido sedado, utilizou-se a escala de Coma de Glasgow

(TEASDALE; JENNETT, 1974), que avalia o nível de consciência de um indivíduo.

Esta pontuação foi obtida antes da sedação ou a última informada pela equipe anterior à

admissão. Os dados laboratoriais foram obtidos em sistema informatizado da instituição

e, na ausência destes, foram utilizados valores de normalidade para o cálculo do escore,

conforme orientação da literatura (MORENO et al., 2005). Os pacientes foram

acompanhados até a alta hospitalar ou óbito.

A coleta dos dados foi realizada por dois examinadores e sua qualidade foi

checada pela pesquisadora antes de finalização do escore e a inconsistência destes foi

resolvida por consenso entre a pesquisadora e a médica responsável pela UTI, de acordo

com a descrição dos dados fornecidos no Eletronic Supplementary Material do SAPS

III (MORENO; METNITZ, 2014) O material foi consultado, principalmente, para

definição dos diagnósticos de comorbidades, motivo de internação na UTI e diagnóstico

de infecção.

A mortalidade predita foi calculada para a fórmula geral e para fórmula

personalizada para Américas Central e Sul (MORENO et al., 2005) e para avaliar a

qualidade da UTI foi utilizada a taxa de mortalidade padronizada (TMP ou SMR), que é

a razão entre a taxa de mortalidade observada em uma coorte de uma UTI pela taxa de

mortalidade média predita pelas equações (ZIMMERMAN; KRAMER, 2014).

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2.2 Estudo de calibração

Realizou-se estudo para calibração da pesquisadora e da médica coordenadora

da unidade, responsáveis pelo preenchimento do instrumento durante todo o período da

pesquisa.

O coeficiente de correlação intraclasse (CCI) foi utilizado para estimar a

reprodutibilidade intra e interexaminador do escore SAPS III. O escore foi calculado

por duas vezes, com um intervalo de 2 horas para cada preenchimento.

A reprodutibilidade intra-examinador do SAPS III foi de 0,98 (IC 95%=0,96-

0,99) e interexaminadores de 0,97 (IC 95%=0,96-0,98), apontando para um excelente

grau de concordância.

2.3 Análise estatística

As variáveis categóricas foram apresentadas em valores absolutos e porcentagem

e as variáveis contínuas em média e desvio-padrão.

A capacidade de discriminação, que tem o poder de distinguir pacientes que

foram a óbito dos que sobreviveram, foi avaliada utilizando a área da curva ROC

(Receiver Operating Characteristic).

O teste Hosmer-Lemeshow, que avalia a concordância entre o número observado

e esperado de sobreviventes e não sobreviventes (Ĉ-statistics) (LEMESHOW;

HOSMER, 1982), foi utilizado para verificar a calibração do modelo. Nesta análise

p>0,05 significa bom ajuste para o modelo.

O end-point utilizado foi o desfecho clínico, considerado padrão-ouro para

avaliação da mortalidade.

2.4 Aspectos éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – SMS/SP procotolo

074351/2013.

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3.0 Resultados

A amostra foi composta por 140 pacientes. Quanto à caracterização

demográfica, observou-se maior frequência de pacientes idosos (acima de 60 anos) em

relação às demais faixas etárias, com idade média de 61,82±16,47 anos.

A maioria dos pacientes era proveniente das enfermarias, sem ter realizado

procedimento cirúrgico, sendo, portanto, a admissão não programada na maioria dos

casos. A maior parte dos pacientes não apresentou motivo para internação descrito pelo

escore. O motivo de internação na UTI foi principalmente cardiológico seguido do

motivo neurológico. Entre os pacientes no momento da internação, 58,57%

apresentavam infecção, predominantemente respiratória. O tempo de internação na UTI

variou de 1 a 72 dias (média=7,34; desvio padrão=8,96 dias).

A Tabela 1 apresenta os dados das variáveis relacionadas no escore SAPS III.

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Tabela 1: Caracterização da amostra a partir das variáveis consideradas pelo escore

SAPS III. Hospital Estadual Américo Brasiliense - HEAB/SP, período de abril a

setembro de 2014.

Característica (n=140) n(%)

Gênero

Masculino

Feminino

75 (53,57)

65 (46,43)

Admissão UTI

Programada

Não programada

35 (25,00)

65 (75,00)

Procedência

Enfermarias

Centro Cirúrgico

Sala Estabilização Clínica

Outra UTI

51 (36,43)

46 (32,86)

42 (30,00)

1 (0,71)

Procedimento

Não cirúrgico

Eletivo

Emergência

94 (67,14)

40 (28,57)

6 (4,29)

Comorbidades - SAPS III

AIDS

Tratamento câncer

Metástase

Câncer hematológico

Cirrose

Falência cardíaca crônica, NYHA IV

Ausente

5 (3,57)

1 (0,71)

3 (2,14)

-

6 (4,29)

3 (2,14)

122 (87,14)

Motivo internação no SAPS III

Neurológico

Cardiológico

Digestivo

Hepático

27 (19,29)

35 (25,00)

1 (0,71)

-

Infecção respiratória 61 (43,57)

Infecção nosocomial 21 (15,00)

3.1 Validação do escore

Com relação ao SAPS III, o menor valor foi 21 e o maior 92 pontos. A

mortalidade hospitalar observada foi de 36,42%.

O ponto de corte que apresentou, simultaneamente, maior sensibilidade e

especificidade foi de 63,5, com área sob a curva de 0,83 (IC 95%=0,76-0,90),

apontando para uma boa capacidade discriminatória do SAPS III (Figura 4). Dos

pacientes com SAPS III maior que 63,5 pontos, 77,78% foram a óbito e daqueles com

escore menor ou igual a 63,5 pontos apenas 16,84% foram a óbito.

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Figura 4: Curva ROC do SAPS III na predição da mortalidade hospitalar e ponto de

corte. (Área sob a curva = 83%, p<0,001, IC95%=75,6-89,7%).

O valor médio do escore SAPS III foi de 56,85 pontos.

A mortalidade predita pela fórmula personalizada para América Central e Sul é

significativamente superior à probabilidade predita pela fórmula geral (p<0,001).

A mortalidade predita foi superestimada (SMR<1) na fórmula personalizada.

A Tabela 2 sintetiza os o desempenho do escore SAPS III e apresenta os

resultados da taxa de mortalidade.

Tabela 2: Desempenho do escore SAPS III para fórmula padrão (G) e fórmula

personalizada (CSA).

Escore

SAPS

III

Pontos

(média±DP)

Teste Hosmer-

Lemeshow

χ2 p value

Mortalidade

predita

(Média±DP)

SMR (IC 95%)

G 56,85±16,57 4,66 0,79 33,79±25,25b 1,08 (0,91-1,25)

CSA 56,85±16,57 4,30 0,84 42,37± 29,06a 0,86 (0,71-1,01)

SAPS: Simplified Acute Physiology score; DP: desvio padrão; SMR: Taxa de

mortalidade padronizada; IC: intervalo de confiança; G: geral; CSA: América Central e

Sul; letras diferentes p ≤ 0,05.

Sensibilidade: 68,6% Especificidade: 88,8% Ponto de corte: 63,5

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A calibração, avaliada pelo teste Ĉ de Hosmer-Lemeshow, foi satisfatória para

ambas as equações do SAPS III (Figura 5).

Figura 5: Curva de calibração com base no Hosmer-Lemeshow C test para SAPS

III geral (POG) e para América Norte e Sul (POAM), a linha vermelha e preta

representam a mortalidade esperada e observada, respectivamente, colunas representam

o número de pacientes em cada decil.

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4.0 Discussão

O presente estudo observou uma boa discriminação e adequada calibração do

escore para a amostra estudada.

De modo geral os estudos mostram que o SAPS III apresenta boa discriminação

e pobre calibração (SOARES et al., 2010; KHWANNIMIT; BHURAYANONTACHAI,

2010; POOLE et al., 2009; SAKR Y et al., 2008). Nassar et al., 2012 sugerem que o

padrão encontrado pode ser explicado pela diferença na população de estudo, na

variação de condutas médicas e no viés de tempo pelo intervalo entre o

desenvolvimento do escore e seu uso.

Esses estudos são importantes para refletir que, embora a última geração dos

escores de gravidades possa ser aplicada na maioria das UTIs, há, contudo, espaço para

melhorias, personalização ou atualização nas pontuações atuais (SALLUH; SOARES,

2014).

As características da coorte original do SAPS III incluíram pacientes com idade

média de 64 anos, 39,4% eram mulheres, 51,5% eram pacientes cirúrgicos e 64,4%

apresentavam admissão não planejada na UTI (METNITZ et al., 2005). A população

deste estudo se assemelha na média de idade e admissão não planejada, mas se

diferencia pela maioria dos pacientes ser proveniente das enfermarias e não ter realizado

procedimento cirúrgico. O motivo de admissão UTI ser cardiovascular se assemelha

com a coorte original. A população com características importantes semelhantes pode

justificar a obtenção da adequação calibração nesta amostra.

Uma particularidade importante deste escore são as equações personalizadas

calculadas para melhorar a precisão da estimativa para diferentes regiões do mundo.

Analisando a taxa de mortalidade padronizada (SMR) deste estudo observou-se

que esta se mostrou muito próxima à observada para fórmula geral e a fórmula

personalizada superestimou a taxa de mortalidade na população de estudo. Esses dados

se diferem dos apresentados no levantamento realizado no Brasil com pacientes

internados em 2013 onde a SMR é de 1,03 para fórmula personalizada para América

Central e Sul (SALLUH; SOARES, 2014), porém, em outros estudos brasileiros estes

resultados também foram observados.

Soares et al., 2006 observaram que a fórmula personalizada (CSA) apresentou

melhor desempenho e precisão na mortalidade hospitalar prevista, mesmo quando os

pacientes cirúrgicos foram excluídos. Alguns anos mais tarde (SOARES et al., 2010),

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este mesmo grupo realizou nova validação com resultados comparáveis. Estudos em

outras populações específicas contradizem (OLIVEIRA et al., 2013) e reforçam estes

achados (MACCARIELLO et al., 2010).

Em revisão realizada por Nassar Jr, 2014 foram encontrados estudos que

apresentaram uma superestimativa da mortalidade quando utilizada fórmula

personalizada, no entanto nenhum destes com população brasileira.

Encoraja-se o uso do SMR de maneira continuada na unidade para

acompanhamento das taxas, uma vez que frequentes mudanças nos cuidados e

tratamentos envolvem os pacientes críticos, além da influencia da disponibilidade de

recursos e cuidados pós-internação na UTI. O benchmarketing, interação entre as

unidades para troca de experiências, ajuda a identificar variações nos resultados clínicos

e mudanças nos padrões práticos ao longo dos anos (SIRIO et al., 1999).

O presente estudo, apesar de apresentar bom poder discriminatório e de

calibração, apresenta potenciais limitações. O tamanho da amostra deve ser levado em

consideração e o período de tempo de 6 meses foi escolhido para evitar mudanças nos

cuidados prestados. Sabe-se que a validação externa dos escores prognósticos para

pacientes críticos necessita de substancial tamanho da amostra (PEEK et al., 2007),

porém os métodos estatísticos utilizados para avaliar o desempenho do escore podem

favorecer os resultados encontrados neste estudo, já que o teste Hosmer-Lemeshow é

sensível ao tamanho da amostra e tende a mostrar melhor calibração em pequenas séries

(NASSAR JR et al., 2012; ZHU et al., 1996).

A falta de avaliação prévia pela unidade da qualidade do serviço prestado pode

prejudicar a interpretação do resultado encontrado, visto não haver valores de referência

prévios.

A coleta dos dados realizada por poucos observadores e com realização de

calibração prévia garante a qualidade dos dados coletados, sendo esta segura pela

confiabilidade das medidas.

Para avaliação da performance de uma UTI, quadro domínios são propostos:

resultados médicos, econômicos, éticos e psicossocial e resultados institucionais.

Destes, os dados de taxa de mortalidade ajustado à gravidade do pacientes, obtidos

pelos escores de gravidade, vão avaliar os resultados médicos (GARLAND, 2005).

Avaliar o desempenho de uma UTI exclusivamente baseado nos resultados médicos

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pode ser tendencioso, por isso outros métodos devem ser incluídos nesta análise como o

tempo de internação UTI e hospitalar.

O tempo médio de internação na UTI deste estudo foi de 7,34±8,96 dias,

considerando que alguns pacientes permaneceram longos períodos. Essa informação é

importante, pois períodos prolongados na UTI favorecem novas infecções e

complicações que resultam no óbito não esperado. A unidade de estudo está

implantando o plano terapêutico, que auxiliará no planejamento dos cuidados e previsão

de alta já no momento da internação. Segundo relatado pelo 2° Censo Brasileiro de

UTIs, o tempo médio de permanência dos pacientes nas UTIs brasileiras é de um a seis

dias e em UTI internacionais a média é de 5,3±2,6 dias de internação (ORLANDO;

MILANI, 2010).

5.0 Conclusões

Nesta UTI de média complexidade, o escore SAPS III apresentou boa calibração

e discriminação. O ponto de corte para classificação dos pacientes deve ser de 63,5

pontos, ou seja, paciente com escore maior que este valor apresenta maior gravidade.

Agradecimentos: Agradecemos à Diretoria e toda equipe da UTI do Hospital

Estadual Américo Brasiliense/SP pelo auxílio dos profissionais e autorização para

realização do estudo.

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Capítulo III

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Deficiência de Zinco e Selênio em pacientes críticos segundo estratificação

de gravidade.

Autores:

Marina Augusta Cirino Ruocco1,2

, Evelin Drociunas Pacheco Cechinatti2, Fernando

Barbosa Junior3, Anderson Marliere Navarro

1,4.

Afiliação:

1 Departamento de Alimentos e Nutrição – Faculdade de Ciências Farmacêuticas da

UNESP de Araraquara.

2 Hospital Estadual Américo Brasiliense /São Paulo.

3 Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP/SP.

4 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP/SP.

Autor Correspondente:

Marina Augusta Cirino Ruocco

Endereço: Avenida Bandeirantes, 3900. Monte Alegre, 14049-900. Ribeirão Preto, São

Paulo, Brasil.

Telefone-fax: (55) (16) 36022563

Email: [email protected]; [email protected]

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Resumo: É conhecido que as concentrações plasmáticas de zinco e selênio

podem diminuir em resposta à infecção ou outras formas de estresse, situações comuns

ao paciente crítico. Estudos recentes associam a gravidade clínica dada pelos escores de

gravidade com os resultados clínicos destes micronutrientes. O objetivo do presente

trabalho foi avaliar as concentrações de zinco (Zn) e selênio (Se) em diferentes

materiais biológicos e associá-los à gravidade clínica dada pelo escore SAPS III. Trata-

se de um estudo transversal, realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do

Hospital Estadual Américo Brasiliense/SP, com 95 pacientes estratificados pelo ponto

de corte do escore SAPS III (63,5 pontos) em menor e maior gravidade e pelo

diagnóstico de sepse. As análises das concentrações de Zn e Se foram realizadas no

plasma, eritrócito e urina. Os resultados mostram que as concentrações plasmáticas se

mostraram menores que os valores de referências para ambos os micronutrientes

(55,07±26,10µg/dL e 14,55±4,64μg/L, respectivamente) e maiores que a referência para

Zn urinário (2522,02 ±2340,46μg/24 horas). A concentração média de Se plasmático foi

significativamente menor nos pacientes com maior gravidade, o que não foi observado

para o Zn (p=0,921). As concentrações médias de selênio plasmático e eritrocitário

foram significativamente diferentes entre os grupos com diagnóstico de sepse, o que não

foi observado para as análises de Zn. Observou-se maior prevalência de pacientes

eutróficos, porém sem associação com a classificação do escore SAPS III (p=0,6796).

Os níveis de albumina (r=-0,2628, p=0,0105) e PCR (r=0,3965, p<0,0001)

correlacionaram-se com o escore de gravidade SAPS III. Conclui-se que as

concentrações plasmáticas de Zn e Se são baixas em pacientes críticos e relacionadas à

gravidade apenas para o Se.

Palavras-chave: Zinco, Selênio, SAPS III, paciente crítico

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1.0 Introdução

O zinco (Zn) é um elemento traço essencial à vida, sendo necessário para o

funcionamento de enzimas e o metabolismo de DNA e RNA. A homeostasia do zinco

deve estar presente para o funcionamento normal do sistema imunológico, das respostas

ao estresse oxidativo, do controle da glicose e da cicatrização de feridas (HEYLAND et

al., 2008).

Outro elemento traço essencial à saúde humana é o selênio (Se). Ele está

associado com uma variedade de funções fisiológicas como metabolismo do hormônio

da tireoide, reprodução, estresse oxidativo, mas principalmente com o sistema imune,

sob a forma de selenioproteínas. Em particular, o Se é um componente estrutural da

enzima glutationa peroxidase (GPx), e sua deficiência está associada com um aumento

na peroxidação de lípidios (HANDEL et al., 1995).

Estes elementos são micronutrientes que, juntamente com outros mantêm a

defesa antioxidante, a resposta imunológica e modulam a resposta inflamatória,

contudo, durante a doença crítica, especialmente a sepse grave, existe maior consumo

das substâncias antioxidantes, o que leva ao aumento de radicais livres de oxigênio,

produção de citocinas e disfunção orgânica. Em particular, zinco e selênio são cofatores

da glutationa peroxidase, que degrada os peróxidos prejudiciais e previne danos por

radicais livres (BERGER; CHIOLERO, 2007).

A importância do papel de micronutrientes em pacientes críticos é um fato bem

documentado (ORTIZ LEYBA et al., 2005; HEYLAND et al., 2005; MANZANARES

e HARDY, 2009; HEYLAND et al., 2008). As deficiências podem ocorrer devido à

inadequada ou inapropriada administração de micronutrientes durante a terapia

nutricional, em virtude do aumento das necessidades ou das perdas corporais (VREES;

ALBINA, 2000; SRIRAM; CUE, 2005), mas principalmente as baixas concentrações

plasmáticas podem resultar da redistribuição do zinco (SHANBHOGUE; PATERSON,

1990; GAETKE et al., 1997) e selênio (MAEHIRA et al., 2002; DEFI et al., 2011) no

compartimento celular.

No que se refere ao zinco, a avaliação do estado nutricional compreende

medidas de consumo alimentar, concentrações de zinco plasmático, eritrocitário,

urinário e indicadores funcionais, como a análise da atividade de metaloenzimas:

anidrase carbônica, fosfatase alcalina e carboxipeptidases (MARREIRO et al., 1998)

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mas estes marcadores oferecem dificuldades a serem consideradas e/ou interpretadas

(HAMBIDGE, 2000; PORTELA; WEISSTAUB, 2000). O Zn plasmático é o marcador

de estado nutricional mais utilizado e aceito atualmente apesar da fraca sensibilidade e

imperfeita especificidade (HAMBIDGE, 2003).

O estado nutricional de Se é comumente avaliado pela medida direta de sua

concentração no plasma ou indiretamente pela mensuração da atividade da glutationa

peroxidase no sangue total, eritrócitos e plasma. Há, no entanto, uma série de

desvantagens associadas a estes marcadores. Tem-se proposto que na presença da

resposta inflamatória sistêmica, o selênio eritrocitário é o marcador preferido de

avaliação do estoque de selênio, uma vez que não é afetado pela resposta aguda,

podendo ser utilizado para avaliar deficiência e, além disto, sua analise é tecnicamente

robusta (STEFANOWICZ et al., 2013).

O Se plasmático, embora geralmente não seja considerado um biomarcador ideal

de estado de Se é o mais amplamente utilizado na literatura. Devido às variações

consideráveis existentes nas concentrações de selênio em abrangência mundial, não há

parâmetros de referência aceitos de normalidade (THOMSON, 2004).

A partir destas análises as concentrações de Zn e Se podem ser correlacionadas

com resultados clínicos. Alguns estudos associam suas concentrações com os utilizados

escores de gravidade, instrumentos utilizados para predizer mortalidade. O Simplified

Acute Physiology Score III (SAPS III) é o escore mais atualizado e possui

características particulares, como a coleta de dados na primeira hora antes ou após

internação na UTI, além de equações personalizadas para as diferentes áreas geográficas

(STRAND et al., 2009), que tornam seu uso recomendado pela Associação de Medicina

Intensiva Brasileira.

Estudos reportando a avaliação de Zn e Se em pacientes críticos, associados com

o prognóstico determinado pelos escores de gravidade são escassos. Assim, o objetivo

do presente trabalho foi avaliar as concentrações de Zn e Se em diferentes materiais

biológicos e associá-los à gravidade clínica dada pelo escore SAPS III.

2.0 Casuística e Métodos

Trata-se de estudo observacional não analítico transversal. O estudo foi realizado

na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual Américo Brasiliense

(HEAB). Foram convidados a participar do estudo 185 pacientes internados no período

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de abril a setembro de 2014. Os convites para participação foram realizados aos

familiares/responsáveis pelo paciente no momento da internação que assinaram os

termos de consentimento livre e esclarecido.

Foram excluídos os pacientes menores de 18 anos, anúricos, com diagnóstico de

insuficiência renal crônica ou aguda em tratamento dialítico, diarreia crônica, em uso de

quelantes e diagnóstico de acrodermatite enteropática. Considerando os critérios de

exclusão, foram selecionados 95 pacientes (Figura 1).

Posteriormente, os pacientes foram divididos em grupos a partir do ponto de

corte obtido pelo escore do SAPS III e pelo diagnóstico de sepse. Para cada grupo de

pacientes foram avaliados as concentrações de zinco e selênio plasmático, eritrocitário e

urinário e os exames laboratoriais (uréia, creatinina sanguínea, PCR e albumina).

2.1 Avaliação antropométrica

Para mensuração do peso, utilizou-se balança eletrônica plataforma marca

Toledo®, capacidade 200Kg com precisão de 50g ou elevador elétrico Jack marca

Linak com dinamômetro da marca Filizola®, capacidade 250Kg. Em pacientes sem

possibilidade de aferir peso, realizou-se a estimativa do peso utilizando a metodologia

proposta por Chumlea, 1988. A altura foi aferida em estadiômetro acoplado à balança

da marca Toledo® ou estimado por meio das fórmulas de Chumlea simplificada (1985).

Para classificação do estado nutricional dos pacientes utilizou-se o índice de

massa corporal (IMC) segundo classificação proposta pela Organização Mundial de

Saúde (WHO) de 1997 para indivíduos adultos e Organização Pan-Americana de Saúde

(OPAS) de 2002 para os indivíduos idosos.

2.2 Escore de gravidade

O escore SAPS III foi escolhido por ser o recomendado pela Associação de

Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) desde 2009 para predizer a gravidade dos

pacientes internados na UTI e por ser a última atualização de tal instrumento. Este

escore apresenta em variáveis que contemplam as condições clínicas prévias a

admissão, idade, motivo de internação, presença de infecção e variáveis fisiológicas

(MORENO et al., 2005).

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Figura 1: Fluxograma de seleção dos pacientes para análise do perfil nutricional de

zinco e selênio considerando os critérios de exclusão.

170 pacientes

159 pacientes

126 pacientes

154 pacientes

115 pacientes

150 pacientes

24 Internações menor que 24 hs

11 Outras perdas

5 Transferências nas primeiras 24hs

4 Óbitos nas primeiras 24 hs

11 Tratamento dialítico - hemodiálise

112 pacientes

3 Perdas/amostra insuficiente

99 pacientes

97 pacientes

13 Diurese fralda

2 Uso de parenteral em síndrome intestino curto

95 pacientes

2 Sonda vesical de demora com irrigação

185 internações

15 Reinternações

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Os dados foram obtidos na primeira hora antes ou após admissão na UTI e o

escore preenchido de acordo com material disponível no Eletronic Supplementary

Material (MORENO; METNITZ, 2014). Os pacientes foram acompanhados até a alta

hospitalar ou óbito.A probabilidade de óbito dada pelo SAPS III foi calculada para a

fórmula geral e para a fórmula personalizada para Américas Central e Sul (MORENO;

METNITZ, 2014).

Em estudo prévio (RUOCCO, 2015), o escore SAPS III mostrou-se adequado a

esta população (AUROC=0,83, χ2=4,30, p=0,84) e obteve-se um ponto de corte de 63,5

pontos para classificação da gravidade. Este valor foi utilizado para estratificar os

pacientes em menor e maior gravidade.

2.3 Parâmetros bioquímicos

Os exames laboratoriais de admissão solicitados foram: hematológicos,

eletrolíticos, função renal, hepática, gasometria arterial, proteína C reativa (PCR),

proteínas totais e albumina realizados por kits Labtest®. Os valores de referência e a

metodologia de análise foram os padronizados pelo Laboratório de Análises Clínicas.

Para o estudo foram utilizados os marcadores: inflamatório - PCR, de função

renal, de defesa – leucócitos e de estado nutricional - albumina. O valor de normalidade

de leucócitos foi considerado de 4500 – 11000/µL, para albumina e PCR foram de 3,5 a

5,5g/dL e <6,0ml/L, respectivamente. Para função renal considerou-se uréia de 15 a

45ml/dL e creatinina de 0,5 a 1,2ml/dL.

2.4 Material Biológico

2.4.1 Coleta e processamento das amostras

Todo material utilizado durante o experimento foi desmineralizado em banho de

água deionizada com um Extran MA02 Merck®

(concentrado de tensoativos).

O sangue venoso foi coletado em tubos de polietileno “livres de metais”,

contendo EDTA (ácido etinodiaminotetraacético) da marca BD Vacutainer® de 6ml.

As amostras foram centrifugadas (3500rpm, 10 minutos) e o plasma extraído

com pipeta automática e armazenado em Eppendorfs® de polipropileno. Para obtenção

dos eritrócitos, o sangue foi lavado com solução salina a 0,9%, homogeneizado

lentamente por inversão e centrifugado (3500rpm por 10 minutos) por três vezes.

Descartou-se o sobrenadante em cada processo. As amostras foram armazenadas a

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-80°C pra análise posterior. Estes procedimentos foram realizados no Laboratório de

Análises Clínicas, instalado dentro da instituição de pesquisa.

As amostras de urina foram obtidas por coleta em 24 horas, diretamente dos

sacos coletores para pacientes com sonda vesical de demora e por coletores de diurese

descontaminados, se diurese espontânea. Posteriormente, a urina total foi mensurada em

uma proveta e armazenada uma alíquota a -20°C para análise posterior.

2.5 Dosagem dos minerais

A determinação da concentração dos minerais, no plasma, no eritrócito e urina,

foi realizada por meio do espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado,

equipado com uma célula de reação (DRC-ICP modelo ELAN DRC II, PERKIN

ELMER Sciex, Norwalk, CT, EUA), operando com argônio de alta pureza (99,999%,

Praxaair, Brasil). Cada amostra foi diluída em tubos Falcon® de polipropileno de 15mL

(BectonDickison) na proporção de 1:50 com uma solução contendo Triton X-100 0,01%

(v/v), HNO3 0,5% (v/v) e 10µg/L-1

Rh do padrão interno Rh. Os padrões de calibração

analíticos foram preparados numa concentração variando entre 0 e 50µg/L, no mesmo

diluente.

Estas análises foram realizadas no Laboratório de Toxicologia e Essencialidade

de Metais da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade

de São Paulo/SP e os resultados comparados com os valores de referência para cada

material biológico.

2.6 Análise Estatística

As comparações entre os grupos foram realizadas pelo teste de Mann-Whitney.

As correlações de idade e do SAPS III com as concentrações plasmáticas de Zn

e Se, albumina e PCR foram realizadas utilizando o Coeficiente de Spearman.

O teste de Qui-quadrado foi utilizado para avaliar a associação entre a gravidade

de acordo com o escore SAPS III e o diagnóstico nutricional.

O nível de significância adotado foi de 5%.

2.7 Aspectos éticos

A realização da pesquisa foi aprovada pela Unidade de Pesquisa Clínica do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de

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São Paulo protocolo n° 7230, pelo Comitê de Análise de Projetos Científicos do

Hospital Estadual de Américo Brasiliense/SP e pelo Comitê de Ética em Pesquisa –

SMS/SP protocolo 074351/2013.

3.0 Resultados

Um total de 95 pacientes foi selecionado. A tabela 1 apresenta os dados de

caracterização da amostra estudada.

Tabela 1: Caracterização dos pacientes. Hospital Estadual Américo Brasiliense -

HEAB/SP, abril a setembro de 2014.

Características (n=95) n (%) Média ± desvio-padrão

Idade (anos) 61,32±17,72

Gênero

Masculino

Feminino

50 (52,63)

45 (47,37)

Motivo internação (CID primário)

Respiratório

Pós-operatório

Cardiológico

Neurológico

Infeccioso

Digestório

49 (51,58)

23 (24,21)

7 (7,37)

8 (8,42)

7 (7,37)

1 (1,05)

Sepse ou choque séptico 29 (30,53)

Diagnóstico nutricional

Peso inadequado

Eutrofia

Excesso de peso

30 (31,58)

39 (41,05)

26 (27,37)

Tempo de internação prévia à UTI (dias) 5,32±12,72

Tempo de internação UTI (dias) 11,45±12,77

Desfecho clínico

Alta

Óbito

Transferência

Internado

49 (51,58)

42 (44,21)

3 (3,16)

1 (1,05)

SAPS III (pontos) 61,37±14,52

Valores expressos em n (%) ou média±desvio padrão. UTI: Unidade de Terapia Intensiva; CID:

Classificação Internacional de Doenças, SAPS III: Simplified Acute Physiology Score.

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Observou-se maior frequência de idosos, porém, a idade não esteve relacionada

com as concentrações plasmáticas dos minerais Zn (r=-0,0439, p=0,6722) e Se

(r=0,0406, p=0,6955).

O principal motivo de internação foi respiratório por quadro de insuficiência

respiratória aguda e pneumonia, além de 21,05% dos pacientes apresentaram

diagnóstico de sepse ou choque séptico.

O diagnóstico nutricional mais prevalente foi a eutrofia, sendo que não houve

associação entre diagnóstico nutricional e a classificação do escore SAPS III

(p=0,6796).

O valor médio do escore SAPS encontra-se próximo ao ponto de corte calculado

para esta população.

A Tabela 2 apresenta as concentrações médias de Zn e Se para os materiais

biológicos analisados e os valores de referência correspondentes.

Tabela 2: Determinação dos valores de zinco e selênio em todos os pacientes. Hospital

Estadual Américo Brasiliense - HEAB/SP, abril a setembro de 2014.

Material biológico (n=95) Média ± desvio-padrão Valores de Referências

Zn plasmático (µg/dL) 55,07±26,10 70-150

Zn eritrocitário (μg/mL) 10,89±2,57 10 – 14

Zn urinário (μg/24 horas) 2522,02±2340,46 300-600

Se plasmático (μg/L) 14,55±4,64 60 -120

Se eritrocitário (μg/L) 71,04±27,74 90-190

Se urinário (µg/ml) 0,03±0,04 0,026

Zn: zinco; Se: selênio

O zinco plasmático mostrou-se deficiente em 84,21% dos pacientes e 100%

destes, apresentaram concentração de selênio no plasma abaixo dos valores de

referência. Em relação aos eritrócitos, observou-se deficiência de selênio em 82,60%

dos pacientes.

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Na Tabela 3, para os grupos formados pela gravidade dada pelo escore SAPS III,

39 pacientes foram considerados de maior gravidade (>63,5 pontos), com concentrações

de Se plasmáticos significativamente menores, pior função renal (p<0,05) e valores

médios significativamente maiores de PCR.

Tabela 3: Comparação dos pacientes com escore SAPS III de acordo com a gravidade em

relação às concentrações dos minerais e exames laboratoriais. Hospital Estadual Américo

Brasiliense - HEAB/SP, abril a setembro de 2014.

SAPS III

Variáveis <63,5 (n=56) >63,5 (n=39) p-valor

Zn plasmático (µg/dL) 53,25±17,92 57,68±34,76 0,921

Zn eritrocitário (μg/mL) 10,54±2,24 11,42±2,95 0,132

Zn urinário (μg/24 horas) 2862,32±2803,97 2042,12±1352,57 0,134

Se plasmático (μg/L) 15,22±4,50 13,59±4,73 0,022

Se eritrocitário (μg/L) 71,11±27,45 70,93±28,57 0,750

Se urinário (µg/ml) 0,04±0,04 0,03±0,02 0,120

Leucócitos (µL) 25571,43±50399,50 24507,69±42466,42 0,727

Ureia (ml/dL) 52,39±39,23 73,44±31,37 <0,0001

Creatinina (ml/dL) 0,98±0,49 1,58±0,95 0,0002

PCR (ml/L) 69,79±56,55 102,55±49,34 0,008

Albumina (g/dL) 2,88±0,71 2,65±0,54 0,120

Teste de Man-Whitney, α=0,05. SAPS III: Simplified Acute Physiology Score; Zn: zinco; Se:

selênio; PCR: Proteína C-reativa.

Na Tabela 4, para os grupos formados pela presença ou ausência de sepse, 66

pacientes não tiveram este diagnóstico. As concentrações médias de selênio plasmático e

eritrocitário foram significativamente diferentes entre os grupos, além das concentrações

de uréia, PCR e albumina.

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Tabela 4: Comparação dos pacientes com diagnóstico de sepse ou não em relação às

concentrações dos minerais e exames laboratoriais. Hospital Estadual Américo Brasiliense

- HEAB/SP, abril a setembro de 2014.

Sepse

Variáveis Não (n=66) Sim (n=29) p-valor

Zn plasmático (µg/dL) 54,33±17,20 56,74±39,95 0,318

Zn eritrocitário (μg/mL) 11,07±2,27 10,46±3,15 0,466

Zn urinário (μg/24 horas) 2653,57±2666,18 2227,17±1347,50 0,863

Se plasmático (μg/L) 15,06±4,23 13,39±5,36 0,019

Se eritrocitário (μg/L) 72,89±26,42 66,75±30,67 0,048

Se urinário (µg/ml) 0,04±0,04 0,03±0,02 0,682

Leucócitos (µL) 29783,33±55710,88 14555,17±8124,77 0,900

Ureia (ml/dL) 53,86±33,63 77,34±41,22 0,001

Creatinina (ml/dL) 1,16±0,78 1,37±0,75 0,096

PCR (ml/L) 72,32±56,16 108,07±47,19 0,003

Albumina (g/dL) 2,93±0,68 2,44±0,42 0,0009

Teste de Man-Whitney, α=0,05. Zn: zinco; Se: selênio, PCR: Proteína C-reativa

Os níveis de albumina e PCR (r=0,3965, p<0,001) correlacionaram-se com o

escore de gravidade SAPS III, sendo a albumina de maneira inversa (r=-0,2628,

p=0,0105).

As concentrações de Se e Zn plasmático correlacionaram-se à albumina

(r=0,4135, p<0,0001 e r=0,2217, p=0,0317, respectivamente). As concentrações

plasmáticas de Se estão associadas inversamente com a PCR (r=-0,2866, p=0,0048), o

que não foi observado para a Zn (p>0,05).

4.0 Discussão

No presente estudo observaram-se baixas concentrações de Zn plasmático,

porém sem diferença significativa quando os pacientes foram analisados pela presença

de sepse, discordando do observado por Mertns et al. (2015), além de uma excreção

urinária elevada associada à resposta inflamatória inicial.

Em relação às concentrações plasmáticas de Se, todos os pacientes tiveram

valores abaixo do normal e significativamente menores em pacientes sépticos

convergindo com outros estudos (JANG et al., 2014; MERTNS et al., 2015).

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As concentrações médias eritrocitárias de Zn estavam dentro da normalidade e

de Se com valores reduzidos comparados aos valores de referências, porém, para os

eritrócitos ainda não há nenhuma unidade padronizada para expressão e conversão das

concentrações, o que impõe dificuldades na comparação de valores entre estudos, de

acordo com Gibson (2005). A dosagem de Se urinário em pacientes críticos raramente é

feita, visto que, existe uma grande variação em diferentes partes do mundo da ingestão

deste micronutriente (ALAEJOS; ROMERO, 1993).

Tem sido relatado que em pacientes infectados ou não infectados avaliados após

a admissão na UTI, as baixas concentrações de Zn e Se plasmático estão associadas com

alto escore de gravidade (BESECKER et al., 2011; FORCEVILLE et al., 1998). Este

estudo verificou em pacientes de maior gravidade classificados pelo escore SAPS III,

valores mais baixos apenas de Se plasmático.

Observou-se que apesar de não haver diferença significativa entre as

concentrações de albumina e gravidade clínica, esta se mostra com valores médios

abaixo da normalidade e significativamente menores em pacientes sépticos. Quanto à

PCR, observou-se que este marcador inflamatório é significativamente maior nos

pacientes com infecção e maior gravidade clínica.

Baixas concentrações de zinco têm sido relatadas em pacientes de UTI

(CANDER et al., 2011; DUNCAN et al., 2012a), bem como evidências suportam que

pacientes críticos também apresentam deficiência de selênio (SAKR et al., 2014;

HUANG et al., 2013).

É conhecido que a inflamação e a infecção estão associadas com a redução das

concentrações plasmáticas de zinco. O exato mecanismo pelo qual estes efeitos ocorrem

e o benefício/prejuízo desta resposta não são claros. Foi demonstrado que o zinco é

redistribuído a partir de tecidos, particularmente do fígado, onde este é necessário para a

síntese de proteínas de fase aguda (LIUZZI et al., 2005), neutralização de espécies

reativas de oxigênio e nitrogênio, e prevenção de invasão microbiana (KIM et al.,

2004).

Numa situação aguda, de severas deficiências dietéticas de zinco, a fração deste

mineral absorvido aumenta até próximo dos 100%, e a excreção por meio das fezes e

urina é praticamente inexistente (KING; SHAMES; WOODHOUSE, 2000). No entanto,

em numerosos estudos, a resposta inicial ao estresse resulta num aumento da excreção

urinária de zinco (BOOSALIS et al., 1988, 1991), independentemente da sua ingestão, o

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62

que implica que os mecanismos de homeostase de controle do zinco podem ser

prejudicados (MERTNS et al., 2015).

Um estudo recente em modelos experimentais também observou uma maior

excreção urinária de Zn no início da resposta inflamatória com declínio ao longo do

tempo (HOEGER et al., 2015).

Eritrócitos, plaquetas, linfócitos e neutrófilos são materiais biológicos que

refletem um estado nutricional de períodos mais longos, mas que também possuem

limitações, principalmente com relação às técnicas empregadas e os valores de

referência (COMINETTI; COZZOLINO, 2009).

A concentração de selênio em eritrócitos não é afectada pela resposta

inflamatória e pode, portanto, ser um marcardor mais sensível do estado de selênio na

presença de inflamação (STEFANOWICZ et al., 2013).

Porém, a escassez de padronização nos valores de referência para alguns

marcadores impõe dificuldades na comparação dos valores.

As concentrações plasmáticas de zinco na presença de hipoalbuminemia

devem ser interpretados com precaução (HAMBIDGE et al., 1987). Além disso,

Duncan et al. (2012b) recomendam que a interpretação clínica de micronutrientes

plasmáticos seja feita com o conhecimento da concentração da proteína C- reativa por

interferir nas concentrações plasmáticas de uma variedade de micronutrientes.

A associação das concentrações plasmáticas de Zn e Se com as concentrações de

PCR e albumina já foram avaliadas em estudos recentes, sugerindo que um paciente

com baixa concentração plasmática de zinco ou selênio, que possui concentrações de

concentração de albumina e PCR dentro dos limites normais, pode ser susceptível à

deficiência (GHASHUT et al., 2015). Este mesmo autor mostra que as concentrações

plasmáticas de zinco e selênio estavam associadas com a PCR e a albumina, fato

também observado para selênio neste estudo e apenas para albumina em relação ao

zinco.

Dentre as limitações do estudo, a obtenção da urina 24 horas exige cuidados para

se evitar perdas e coleta inadequada, este fato faz com que a mensuração da

concentração de Zn e Se urinário seja um parâmetro menos mensurado (MUCHOVÁ et

al., 2001). Mesmo em pacientes internados em UTI com presença de sacos coletores de

diurese ocorre dificuldade, pois esta coleta é realizada em cada plantão por diversos

técnicos de enfermagem e neste estudo havia o risco de contaminação se utilizado

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63

utensílios inadequados para desprezar a diurese no frasco coletor. Além disso, quando

corrigidos os valores de zinco e selênio para creatinina urinária por 24 horas, sugere-se

a ocorrência de uma redução na taxa de filtração urinária com a idade. O uso de

creatinina urinária como um parâmetro

permite a correção para a idade, sexo, estado nutricional e de hidratação

(SIENIAWSKA et al., 2012). Alguns autores recomendam esta correção, embora

não exista uma associação significativa com idade (KOMAROMY-HILLER, 2000).

Novos estudos analisam promissores biomarcadores como a selenoproteina-P

para o Se (ASHTON et al., 2009) e Hoeger et al. (2015) identificaram que o zinco

sérico livre e a capacidade de ligação do zinco são ferramentas promissoras para

diagnosticar estágios iniciais de sepse e elaborar estratégias de suplementação

controlada de zinco em pacientes sépticos.

No entanto, novas pesquisas são necessárias para avaliar potencias

biomarcadores, além de avaliar as limitações de sua aplicabilidade em diferentes

populações.

5.0 Conclusões

Alterações nas concentrações de Zn e Se plasmático são frequentes em pacientes

críticos, sendo independente da gravidade clínica e da presença de sepse para o zinco,

mas com efeito nas concentrações de selênio.

Agradecimentos: Agradecemos à Diretoria e toda equipe da UTI do Hospital Estadual

Américo Brasiliense/SP pela participação dos profissionais na coleta das amostras e

autorização para realização do estudo. À Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e

Assistência – FAEPA pelo auxilio financeiro. Ao Dr. Paulo Inácio Costa e toda equipe

do Laboratório de Análises Clínicas pela disponibilidade do laboratório para realização

do processamento e armazenamento das amostras e à mestranda Bárbara Beltrame

Bettim pelo auxílio nas análises estatísticas.

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Anexo 1: Escore SAPS III

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Anexo 02

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Estado nutricional de Zinco e Selênio em pacientes críticos

segundo estratificação de gravidade.

Meu nome é Marina Ruocco, sou nutricionista e responsável pela avaliação e adequação

das dietas dos pacientes internados nesta UTI. Realizarei um estudo com o objetivo de avaliar a

falta de zinco e selênio no sangue e urina dos pacientes internados e peço autorização para a

participação do seu familiar, já que este não se encontra em condições de decidir.

Se aceita à participação precisarei do seu consentimento para coleta de uma amostra de

sangue e urina do seu familiar no momento da internação na UTI deste hospital. Um

profissional da enfermagem irá coletar uma amostra de 5ml de sangue uma única vez e a urina

produzida durante um dia (24horas) será guardada para análise. O paciente poderá sentir alguma

dor no lugar da punção e/ou apresentar algum hematoma após o procedimento. Os materiais

utilizados (seringa e agulha) são descartáveis e estéreis. Para coleta de urina será solicitado que

o mesmo utilize recipiente específico se estiver condições clínicas ou será colhida pela sonda

vesical. Estes procedimentos são realizados de rotina na UTI.

Com a amostra de sangue e urina serão realizados exames, em tubos sem a identificação do

nome, apenas com códigos para identificação, para verificar se existe falta de Zinco e Selênio e

isto será associado à gravidade da doença apresentada, medida por um indicador chamado SAPS

3. Estes nutrientes são importantes para proteção do organismo e em pouca quantidade podem

levar ao aumento de radicais livres que causam danos nas células.

É possível obter informações sobre os procedimentos e benefícios relacionados ao estudo,

em qualquer momento da pesquisa, além de acesso aos resultados das análises realizados. Assim

como a saída da pesquisa é livre em qualquer momento ou a recusa em participar, sem que haja

prejuízo no atendimento.

Não haverá nenhuma despesa ou recompensa financeira para com a participação na

pesquisa.

Caso o senhor tenha alguma dúvida em relação à pesquisa, você poderá entrar em contato

com Anderson ou Marina.

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Declaro que, após esclarecimento pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado,

e autorizo a participação do meu familiar neste Protocolo de Pesquisa.

Américo Brasiliense, ________ de _____________________ de __________.

_______________________________ ____________________________

Assinatura do responsável Assinatura do pesquisador

pelo sujeito da pesquisa (carimbo ou nome legível)

Pesquisadores envolvidos:

Marina Augusta Cirino Ruocco – Mestranda em Alimentos e Nutrição pela Universidade

Estadual Paulista/Araraquara-SP, Nutricionista do Hospital Estadual Américo Brasiliense

(HEAB).

Fone: Cel (16) 991685425 ou (16) 33937858 – setor nutrição HEAB

E-mail: [email protected]

Prof Anderson Marliere Navarro

Departamento de Clínica Médica – FMRP - USP

Av. Bandeirantes, 3900 - Monte Alegre – Ribeirão Preto

Fone: (16) 3602 3097, Cel. (16) 99770 2920

E-mail: [email protected]

Para qualquer questão, dúvida, esclarecimento, reclamação ou denúncia sobre aspectos

éticos dessa pesquisa, favor entrar em contato com: Comitê de Ética em Pesquisas -

telefone (16) 3602-2228 OU [email protected]/33972464

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Anexo 02.1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Estado nutricional de Zinco e Selênio em pacientes críticos

segundo estratificação de gravidade.

Meu nome é Marina Ruocco, sou nutricionista e responsável pela avaliação e adequação

das dietas dos pacientes internados nesta UTI. Estou convidando-o a participar do estudo que

irei realizar, com o objetivo de avaliar a falta de zinco e selênio no sangue e urina dos pacientes

internados.

Se o senhor(a) aceitar participar precisarei do seu consentimento e de uma amostra de

sangue e urina que serão coletados no momento da internação na UTI deste hospital. Um

profissional da enfermagem irá coletar uma amostra de 5ml de sangue uma única vez e a urina

produzida durante um dia (24horas) será guardada para análise. O senhor(a) poderá sentir

alguma dor no lugar da punção e/ou apresentar algum hematoma após o procedimento. Os

materiais utilizados (seringa e agulha) são descartáveis e estéreis. Para coleta de urina será

utilizado recipiente específico caso esteja em condições clínicas ou será colhida pela sonda

vesical. Estes procedimentos são realizados de rotina na UTI.

Com a amostra de sangue e urina serão realizados exames, em tubos sem a identificação do

nome, apenas com códigos para identificação, para verificar se existe falta de Zinco e Selênio e

isto será associado à gravidade da doença apresentada, medida por um indicador chamado SAPS

3. Estes nutrientes são importantes para proteção do organismo e em pouca quantidade podem

levar ao aumento de radicais livres que causam danos nas células.

O senhor(a) terá informações sobre os procedimentos e benefícios relacionados ao estudo,

em qualquer momento da pesquisa, além de acesso aos resultados das análises realizados.

O senhor(a) tem a liberdade de abandonar a pesquisa em qualquer momento ou se recusar

a participar, sem que haja prejuízo no atendimento.

Não haverá nenhuma despesa ou recompensa financeira para o senhor/familiar na

participação na pesquisa.

Caso o senhor tenha alguma dúvida em relação à pesquisa, você poderá entrar em contato

com Anderson ou Marina.

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Declaro que, após esclarecimento pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado,

aceito participar do presente Protocolo de Pesquisa.

Américo Brasiliense, ________ de _____________________ de __________.

_______________________________ ____________________________

Assinatura do sujeito da pesquisa Assinatura do pesquisador

(carimbo ou nome legível)

Pesquisadores envolvidos:

Marina Augusta Cirino Ruocco – Mestranda em Alimentos e Nutrição pela Universidade

Estadual Paulista/Araraquara-SP, Nutricionista do Hospital Estadual Américo Brasiliense

(HEAB).

Fone: Cel (16) 991685425 ou (16) 33937858 – setor nutrição HEAB

E-mail: [email protected]

Prof Anderson Marliere Navarro

Departamento de Clínica Médica – FMRP - USP

Av. Bandeirantes, 3900 - Monte Alegre – Ribeirão Preto

Fone: (16) 3602 3097, Cel. (16) 99770 2920

E-mail: [email protected]

Para qualquer questão, dúvida, esclarecimento, reclamação ou denúncia sobre aspectos

éticos dessa pesquisa, favor entrar em contato com: Comitê de Ética em Pesquisas -

telefone (16) 3602-2228 OU [email protected]/33972464

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Anexo 3: Parecer do Comitê de Ética

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