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Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A. APLICAÇÃO DE NITRATO E CLORETO DE POTÁSSIO VIA FOLIAR EM CITROS, PARA A MELHORIA DA PRODUTIVIDADE E DA QUALIDADE DOS FRUTOS Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo - 13.278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 09 de março de 2009 Mário Antonio Marin Prof. Ms. Arlindo Sara Netto Prof. Esp. Isac Silveira Batista Junior Curso: Ciências Biológicas CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA CAMPUS LEME ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. Trabalho apresentado no 8º. Congresso Nacional de Iniciação Científica – CONIC – SEMESP em novembro de 2008. Trabalho apresentado no Encontro Interno de Iniciação Científica do Centro Universitário Anhanguera – Campus Leme. Trabalho premiado com o 3º. lugar na área de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde no 2º. Seminário da Produção Docente e Discente da Anhanguera Educacional em dezembro de 2008. RESUMO O trabalho sobre a influência do nitrato e do cloreto de potássio, aplicado via foliar em citros, visando à melhoria da produtividade e da qualidade do fruto, tem por objetivo estudar se a aplicação foliar de potássio tem influência no desenvolvimento dos frutos de laranja Pêra e se o íon acompanhante do potássio (cloreto ou nitrato) pode interferir na absorção de tal elemento de forma positiva ou negativa, visando determinar qual "sal" é mais apropriado para esse objetivo, pois esse é um método já utilizado por vários citricultores, mas sem saber se ele realmente é eficaz para aumentar o tamanho da fruta levando-a a um preço de comercialização melhor, agregando valor ao produto do agricultor. A metodologia proposta foi de duas aplicações foliares em uma área de laranja Pêra parcelado por delineamento experimental de blocos ao acaso, com três tratamentos contendo cada um 7 repetições com 4 plantas. As amostras foram aferidas com uso de paquímetro. Na primeira frutificação foi verificado que o Cloreto de K apresentou melhor resultado que o Nitrato de K e este melhor que a Testemunha e na segunda frutificação O Nitrato de K demonstrou uma ligeira desvantagem em relação a Testemunha e o Cloreto de K uma ligeira vantagem em relação a mesma, mas as diferenças foram insignificantes ficando abaixo de 5%. Palavras-Chave: nutrição; foliar; potássio; citros. ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008

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Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A.

APLICAÇÃO DE NITRATO E CLORETO DE POTÁSSIO VIA FOLIAR EM CITROS, PARA A MELHORIA DA PRODUTIVIDADE E DA QUALIDADE DOS FRUTOS

Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo - 13.278-181

[email protected] [email protected]

Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e

Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 09 de março de 2009

Mário Antonio Marin Prof. Ms. Arlindo Sara Netto Prof. Esp. Isac Silveira Batista Junior Curso: Ciências Biológicas CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA – CAMPUS LEME ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.

Trabalho apresentado no 8º. Congresso Nacional de Iniciação Científica – CONIC – SEMESP em novembro de 2008.

Trabalho apresentado no Encontro Interno de Iniciação Científica do Centro Universitário Anhanguera – Campus Leme.

Trabalho premiado com o 3º. lugar na área de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde no 2º. Seminário da Produção Docente e Discente da Anhanguera Educacional em dezembro de 2008.

RESUMO

O trabalho sobre a influência do nitrato e do cloreto de potássio, aplicado via foliar em citros, visando à melhoria da produtividade e da qualidade do fruto, tem por objetivo estudar se a aplicação foliar de potássio tem influência no desenvolvimento dos frutos de laranja Pêra e se o íon acompanhante do potássio (cloreto ou nitrato) pode interferir na absorção de tal elemento de forma positiva ou negativa, visando determinar qual "sal" é mais apropriado para esse objetivo, pois esse é um método já utilizado por vários citricultores, mas sem saber se ele realmente é eficaz para aumentar o tamanho da fruta levando-a a um preço de comercialização melhor, agregando valor ao produto do agricultor. A metodologia proposta foi de duas aplicações foliares em uma área de laranja Pêra parcelado por delineamento experimental de blocos ao acaso, com três tratamentos contendo cada um 7 repetições com 4 plantas. As amostras foram aferidas com uso de paquímetro. Na primeira frutificação foi verificado que o Cloreto de K apresentou melhor resultado que o Nitrato de K e este melhor que a Testemunha e na segunda frutificação O Nitrato de K demonstrou uma ligeira desvantagem em relação a Testemunha e o Cloreto de K uma ligeira vantagem em relação a mesma, mas as diferenças foram insignificantes ficando abaixo de 5%.

Palavras-Chave: nutrição; foliar; potássio; citros.

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008

216 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

1. INTRODUÇÃO

Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gênero Citrus. São originários

principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo

áreas da Austrália e África.

Atualmente no Brasil, a produção de citros ocorre principalmente no estado de

São Paulo, onde encontram-se cerca de 85% da produção nacional de laranjas ( 14,8

milhões t; 700 mil ha.); outros estados como Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná e Rio

Grande do Sul também contribuem para a produção brasileira de laranja. A produção

mundial de laranja é de aproximadamente 102 milhões t por ano; 7,3 milhões de ha. que

superam grande parte outras frutíferas tropicais e subtropicais como banana, maçã, pêra,

pêssego e mamão, (Boletim Técnico 200 (IAC)-2005).

A principal variedade cultivada no Brasil é a laranja Pêra [Citrus sinensis (L.)

Osbeck], pois seus frutos apresentam excelentes qualidades para os mercados internos e

externos de fruta fresca e para a industrialização. Participava com cerca de 38% de plantas

(POMPEU JUNIOR, 2001) que estava estimado em 209 milhões de plantas (BOTEON,

1999).

Nos últimos anos com a instabilidade dos preços pago pelas indústrias os

produtores de laranja tem buscado técnicas que aumente a renda, uma opção e o aumento,

propriamente dito, da produtividade, uma outra seria a produção de fruta fresca para o

mercado interno e externo, visto que esses mercados costumam remunerar o produtor pela

qualidade do produto, podendo chegar a valores 100% superiores aos pagos pela

indústria.

Para se obter uma melhor produtividade e melhor qualidade de frutos é

necessária uma adubação adequada dos nutrientes, dentre os nutrientes, o potássio parece

ser o de maior influência, concorrendo positivamente no peso e tamanho fruto, conteúdo e

qualidade do suco, além da aparência externa dos mesmos (KOO, 1984; KOO, 1988).

Os frutos cítricos são classificados como hesperídios, um tipo de baga, formada

pelo exocarpo ou flavedo (parte externa, visível), pelo mesocarpo ou albedo (tecido

normalmente branco, esponjoso) e pelo endocarpo (gomos ou segmentos). A casca

propriamente dita é formada pelo exocarpo e pelo endocarpo. Nos frutos imaturos, o

flavedo contém cloroplastos e cerca de 20 a 40 estômatos funcionais por mm², o que lhes

conferem certa capacidade fotossintética, podendo satisfazer pequena parte das suas

necessidades de carboidratos, durante as primeiras fases do seu desenvolvimento.

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Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

O crescimento dos frutos é do tipo sigmoidal simples, crescendo todas as partes

do fruto até a maturação, mas com taxas diferenciadas (BAIN, 1958). O crescimento pode

ser dividido em três fases, embora não sejam possíveis distinguir claramente o término de

uma fase e o início da subseqüente.

Na fase I, o aumento em tamanho dos frutos é pequeno, restrito á casca, mas a

atividade metabólica é intensa, especialmente a divisão celular. É nessa fase que se

formam, praticamente, todas as células do fruto, fato de extrema importância, já que o seu

tamanho final é o resultado da expansão dessas células (DAVIES; ALBRIGO, 1994). Essa

fase dura de 1,0 a 1,5 mês após a antese, podendo ir até o período de queda fisiológica dos

frutos (“queda de junho”no hemisfério norte, ou “queda de novembro no hemisfério sul”).

Na fase II, há rápido aumento do teor de sólidos solúveis totais (SST), durante

essa fase o volume pode aumentar até mil vezes. A sua duração pode durar de 2 a 10

meses, dependendo da espécie, temperatura da região (AGUSTÍ, 2000). À medida que

absorve água as vesículas de suco crescem progressivamente, ocupando as cavidades dos

lóculos, enquanto o albedo se torna mais fino. O volume de suco alcança o máximo no

final dessa fase.

A fase III é a de maturação dos frutos, na qual praticamente não há crescimento

do endocarpo. No entanto ocorrem inúmeras transformações no fruto, entretanto, três são

fundamentais e características: aumento do conteúdo de SST (principalmente açúcares e

compostos nitrogenados); redução da acidez total (AT) do suco e pigmentação da casca, a

qual se torna laranja, amarela ou permanece verde, dependendo da espécie e das

condições climáticas (REUTHER, 1977).

O vingamento floral, o pegamento do fruto e o seu posterior desenvolvimento

dependem de características genéticas, do tipo de inflorescência, do número de flores e de

frutos, de fatores climáticos, dos tratos culturais, da disponibilidade de carboidratos e

hormônios etc. Por isso o controle do número e do tamanho dos frutos é complexo, pois é

função de inúmeros fatores que atuam simultaneamente ou não interagem entre si

(TALÓN et al., 1998).

O crescimento do fruto depende, basicamente, da disponibilidade de água,

minerais, carboidratos e hormônios (MOSS et al., 1972).

A nutrição de plantas é um tema relevante desde o início dos cultivos, quando já

se procurava identificar fatores de crescimento vegetativo e criar estratégias para

aperfeiçoar a produção agrícola (ARNON; STOUT, 1938).

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Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

Cerca de 95% da matéria seca da biomassa total das plantas é formada por

compostos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O) fixados através da fotossíntese.

Os nutrientes minerais, absorvidos pelas raízes e, em menor proporção, pelas

folhas, representam os outros 5% da biomassa e cuja ausência ou deficiência, durante o

ciclo da cultura, resultam em injúria, desenvolvimento anormal ou morte da planta, isso se

deve ao fato de tais elementos participarem diretamente no metabolismo vegetal como

componentes estruturais ou co-fatores de reações bioquímicas (BRYAN, 1957).

O potássio influencia diretamente na acidez, tamanho, cor da casca e espessura da

casca do fruto (GUAGGIO et al., 2002; MATTOS JUNIOR et al., 2004).

Lavon et al. (1995) avaliou o efeito das deficiências de K, Mg e Ca sobre a

produção de carboidratos em citros. Embora não se tenha identificado uma via metabólica

específica, a deficiência de K provocou redução significativa no conteúdo de amido e no

acúmulo de açúcares solúveis que poderia estar relacionado à necessidade de manutenção

do potencial osmótico e pressão de turgor das células da planta. Já o suprimento excessivo

de K aos citros pode causar desbalanço nutricional e prejuízos à produção de frutos.

A absorção de íons e moléculas pelas folhas é restrita graças à presença da

cutícula, uma camada externa de células da parede da epiderme coberta por camadas de

ceras compostas por álcoois de cadeia longa, cetonas e ésteres de ácidos graxos, que, em

folhas maduras de citros, é considerada espessa com cerca de 4 µm (LEECE, 1976).

As células da folha, da mesma forma que as das raízes, absorvem os elementos

minerais do apoplasma e da membrana plasmática, estando sujeitas aos mesmos efeitos de

fatores externos como concentração do nutriente, valência do íon, temperatura, e internos,

como atividade metabólica.

Pulverizações foliares podem suprir rapidamente certos nutrientes minerais. Esse

efeito, contudo, é temporário, e vários problemas podem diminuir a eficiência da sua

aplicação em vista de: í) baixas taxas de penetração, principalmente em folhas de cutículas

espessas como as dos citros, ii) escorrimento de superfícies hidrofóbicas, iii) lavagem da

folha pela chuva, iv) rápida secagem da solução pulverizada, v) redistribuição limitada de

nutrientes com baixa mobilidade no floema (Ca, B, Mn e Zn), do local de aplicação para

outras partes da planta, e vi) quantidade limitada de macronutrientes que pode ser

suprida em uma aplicação foliar em razão do risco de injúrias por sanidade

(MARSCHNER, 1995).

Algumas propriedades físico-químicas dos íons, como o diâmetro e valência,

influenciam a taxa de absorção na membrana plasmática (MARSCHNER, 1995).

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Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

O presente trabalho visa identificar qual dos íons, nitrato ou cloreto, tem maior

influencia positiva na absorção foliar do K em citros, na variedade Pêra.

2. OBJETIVO

Esse trabalho teve por objetivo estudar a influência do K e a eficiência de diferentes fontes

desse elemento, como o Nitrato de Potássio (KNO3 = 12% de N e 43% de K) e o Cloreto de

Potássio branco (KCL = 60% de K), aplicado via foliar na produção e na qualidade do fruto

de laranja doce, variedade Pêra.

Visando o aumento do fruto e consecutivamente a produtividade e a qualidade

do mesmo, agregando valor ao produto, melhorando a lucratividade do produtor rural.

3. METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em pomar de Pêra [Citrus sinensis (L.) Osbeck], sobre porta

enxerto de limão Cravo [Citrus limonia Osbeck], com uma população de 448 plantas, de 09

anos, no sítio Santo Antônio, município de Araras - SP, à 22°15’8875” de latitude,

47°20’9420” de longitude e 685m de altitude, em solo do tipo Latossolo Vermelho Escuro,

com espaçamento entre plantas de 6m entre ruas e 4m entre plantas (416 plantas/ha.) com

histórico de produtividade de 2 caixas de 40,8 Kg/pl (34 t/fruta/ha.) com destino

comercial da produção para mercado de fruta fresca.

Foi realizada uma análise do solo, de 00-20cm de profundidade, coletando 20 sub-

amostras, percorrendo o talhão em zig-zag, para se formar uma amostra composta e

representativa do talhão, na faixa de adubação e uma análise foliar coletando o terceiro par

de folhas em ramos com frutos novos, no terço médio das plantas nos lados das mesmas

correspondentes aos quatros pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) percorrendo o talhão

em zig-zag escolhendo as plantas de forma aleatória, coletando 4 folhas da cada planta

totalizando 100 folhas no talhão (Boletim Técnico 100, IAC, 1997), para obtermos

informações relevantes sobre o estado nutricional das plantas a serem estudadas.

Essas amostras foram coletadas dia 05/03/08 e analisadas (análise pelo

laboratório da UFSCAR em Araras - SP) 13/03/08.

Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso, 3 tratamentos,

contendo cada um 7 repetições com 4 plantas (BANZATO et al., 1989).

Os tratamentos foram definidos como: 1) testemunha o qual não receberá

nenhuma aplicação foliar de nenhuma fonte de Potássio; 2) tratamento com Nitrato de K a

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Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

0,75% de concentração, pulverizando dois lados da planta, com volume de calda de

6,0l/pl, com duas aplicações sendo a 1° no dia 25 de março de 2008 e a 2° no dia 11 de abril

2008; 3) tratamento com Cloreto de K a 0,5375% de concentração, para que assim tenhamos

a mesma quantidade de potássio, pulverizando os dois lados da planta, com volume de

calda de 6,0l/pl, com duas aplicações seguindo a mesma data de aplicação do tratamento

2.

As aplicações foliares foram feitas com um pulverizador tratorizado do tipo

“pistola”.

Durante a condução do trabalho foram feitas avaliações mensais do diâmetro

transversal dos frutos (“linha equatorial do fruto”), com um paquímetro, para medirmos o

crescimento dos mesmos até a colheita. Foram medidos 8 frutos/pl, escolhidos de forma

aleatória, no terço médio, na parte externa das plantas, ao redor das mesmas seguindo a

orientação dos pontos cardeais, foram medidos 4 frutos provenientes da primeira florada

(agosto – setembro de 2007) e 4 frutos da segunda florada (novembro – dezembro de 2007),

para que assim possamos identificar se há ou não uma fase de crescimento do fruto

adequada a receber essa aplicação. As aferições iniciaram dia 05/03/08 e foram repetidas a

cada dia 30 de todos os meses até a primeira colheita em julho do ano corrente, o mesmo

procedimento será realizado na segunda frutificação. Os tratos culturais como capina

mecanizada, aplicações de defensivos para diferentes pragas e doenças assim como

calagem e adubação foram as mesmas e aplicadas na mesma época sendo definidas

conforme a necessidade das mesmas.

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Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

4. DESENVOLVIMENTO

Os resultados para a primeira frutificação (Foto 1) podem ser visualizados na Tabela 1.

Fonte: Arquivo do autor

Foto 1. 1ª. frutificação.

CV< 7,0%

Na primeira frutificação foi verificado que o Cloreto de K apresentou melhor

resultado que o Nitrato de K e este melhor que a Testemunha.

Acreditamos que esse fato esteja ligado ao íon acompanhante (ver Tabela 2), pois

pelo menor peso molecular do cloreto isso pode ter facilitado e aumentado a absorção do

K (MARSCHNER, 1995) e por estar envolvido na osmose e no equilíbrio iônico, assim

como o Potássio.

Tabela 2. Características e função do íon e do nutriente mineral. Íon Massa

atômica Função do mineral

Cl- 35 envolvido na osmose e no equilíbrio iônico, provavelmente essencial nas reações fotossintéticas que produzem oxigênio.

NO3- 65 --- MINERAL --- --- N 14 componente de aminoácidos, proteínas, nucleotídeos, ácidos

nucléicos, clorofilas e coenzimas. K 39 envolvida na osmose e no equilíbrio iônico, controle estomático;

ativador de muitas enzimas Fonte: Adaptado de RAVEN, 2007.

Tabela 1. Evolução do diâmetro transversal dos frutos da 1ª. florada. Data de aferição

Tratamento 5/3/08 12/4/08 17/5/08 21/6/08 CRESC. T. CRESC. (%) Testemunha 5,894 6,603 6,993 7,07 1,176 (%) 12,02% 5,9 1,1 19,95 Nitrato de k 5,836 6,686 7,066 7,1 1,264 (%) 14,56 5,68 0,48 21,65 Cloreto de k 5,756 6,663 7,111 7,13 1,374 (%) 15,75 6,72 0,26 23,87

222 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

Os resultados para a segunda frutificação (Foto 2) podem ser visualizados na

Tabela 3.

Fonte: Arquivo do autor.

Foto 2. 2ª. Frutificação.

Tabela 3. Evolução do diâmetro transversal dos frutos da 2ª. florada. Data de aferição

Trat. 5/3/08 12/4/08 17/5/08 21/6/08 19/7/08 24/8/08 27/9/08 25/10/08 Total (%) Test. 2,817 4,181 5,008 5,643 5,875 6,3 6,506 6,668 3,851 (%) 48,42 19,77 12,67 4,11 7,23 3,26 2,49 236,7 Kno3 2,834 4,346 5,214 5,696 6,012 6,276 6,434 6,629 3,795 (%) 53,35 19,97 9,24 5,54 4,39 2,51 3,03 233,9 Kcl 2,766 4,188 5,148 5,629 6,005 6,286 6,453 6,68 3,914 (%) 51,4 22,92 9,34 6,67 4,67 2,65 3,51 241,5

CV< 10,0%

Como vimos na Tabela 3, o Nitrato de K demonstrou uma ligeira desvantagem

em relação a Testemunha e o Cloreto de K uma ligeira vantagem em relação a mesma, mas

as diferenças foram insignificantes ficando abaixo de 5%.

Um fato que chamou a atenção foi que após as intervenções foliares o Nitrato de

K deu um incremento no crescimento do fruto muito significativo, o Cloreto de K também,

mas ficando abaixo de 5% em relação a Testemunha. Esse fato deve estar ligado ao estádio

fenológico dos frutos e pelo estado nutricional do pomar, onde as plantas se encontravam

deficientes em Nitrogênio (ver Tabelas 4 e 5), pois frutos menos desenvolvidos (nesse caso

2,5 vezes menor que o seu tamanho final) eles apresentam uma atividade fotossintética e

celular intenção, como já vimos na introdução desse trabalho. Pelo fruto estar passando

por divisões celulares há necessidade de sintetizar aminoácidos e proteínas e como vimos

na Tabela 3 o nitrogênio é um dos principais componentes dessas moléculas e por o

Nitrato de K também conter nitrogênio (KNO3 = 12%N e 43%K) isso pode ter lhe

conferido essa vantagem inicial que não se manteve, provavelmente, por ser uma

quantidade pequena e de aplicação localizada.

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Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

No decorrer do trabalho, mês após mês, essas diferenças foram diminuindo e no

caso do Nitrato de K se inverteu ficando com o menor crescimento, mas é importante

salientar que as diferenças foram tão pequenas que devemos considerar que os três

tratamentos se igualaram já a partir do quinto mês após as aplicações foliares.

Acreditamos que os frutos se igualaram no decorrer do trabalho em função do

pomar em questão apresentar níveis altos de Potássio, tanto na planta como no solo (ver

tabelas 04, 05, 06 e 07), sendo assim com o passar do tempo com um grande fornecimento

de K para todos os tratamentos as diferenças obtidas logo, após as intervenções foliares,

foram anuladas.

Para melhor compreensão é importante analisarmos as frutificações

separadamente, visto que os frutos estavam em estádios fenológicos distintos (como

podemos ver nas Fotos 1 e 2) e provavelmente por essa razão obtivemos resultados

diferentes para a primeira e para a segunda frutificação.

Tabela 4. Análise química das plantas. N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

g/Kg mg/Kg 20 1,7 17,1 17,5 1,7 2,7 65 100 252 20 50

Fonte: Laboratório de Análise Química de Solo e Planta - UFSCAR - Araras – SP.

Tabela 5. Faixas de interpretação de resultado de análise de folha de citros. Nutriente Baixo Adequado Excessivo

g/Kg N <22 23 - 29 >30 P <1,1 1,2 - 1,6 >2,0 K <9 10,0 - 15,0 >20 Ca <35 35 - 45 >50 Mg <2,4 2,5 - 4,0 >5,0 S <1,9 2,0 - 3,0 >5,0 mg/Kg B <35 36 - 100 > 150 Cu <4,0 4,1 - 10,0 >15,0 Fé <49 50 - 120 >200 Mn <34 35 - 50 >100 Zn <34 35 - 50 >100 Mo <0,09 0,1 - 1,0 >2,0

Fonte: MATTOS JUNIOR, 2008.

Tabela 6. Análise química do solo. P

(resina) M.O pH K Ca Mg H+Al Al SB CTC V S B Cu Fe Mn Zn

mg/dm3

g/ dm3 CaCL2 mmolc/dm3 mg/Kg

18 22 5,2 5 26 12 31 2 43 74 58 11 0,38 3,5 20 54 1,2 Fonte: Laboratório de Análise Química de Solo e Planta - UFSCAR -Araras – SP.

224 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos

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Tabela 7. Faixas de interpretação de resultado de análise do solo. Teor K Ca Mg P S

mmolc/dm3 mg/dm3 Muito Baixo 0,0 - 0,7 0 -5 Baixo 0,8 - 1,5 0 - 3 0 - 4 6 - 12,0 0 - 4 Médio 1,6 - 3,0 4 -7,0 5 - 8,0 13 - 30 5 - 10,0 Alto 3,1 - 6,0 >7 >8 31 - 60 >10 Muito Alto >6,0 >60 Acidez pH (CaCl2) SB V (%) Muito Alta até 4,3 Muito Alta 0-25 Alta 4,4-5,0 Alta 26-50 Média 5,1-5,5 Média 51-70 Baixa 5,6-6,0 Baixa 71-90 Muito Baixa >6,0 Muito Baixa >90

Fonte: Boletim Técnico, 100, IAC, 1997.

Os resultados obtidos para o Nitrato de K são concordantes com Vichiato, Amaral

e Souza Sobrinho (1994), em seu trabalho utilizando esse material em citros.

Mesmo o Cloreto de K se mostrando, nesse caso, uma fonte de K eficiente para

promover o aumento do fruto, no estádio de 2/3 do seu tamanho final, esse aumento não

foi suficiente para mudar a classificação comercial do fruto (ver Tabela 8).

Tabela 8. Classificação comercial de laranja.

Fonte: NASCIMENTO, 2008.

5. RESULTADOS

O Cloreto de Potássio mostrou ser uma fonte mais eficiente, do que o Nitrato de Potássio,

para promover o aumento do diâmetro transversal do fruto de laranja Pêra no terço final

do seu desenvolvimento, no entanto não foi suficiente para alterar a classificação comercial

do mesmo, em condições de solo e planta com grandes quantidades desse nutriente

mineral.

Mário Antonio Marinm, Arlindo Sara Netto, Isac Silveira Batista Junior 225

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O potássio é um mineral importante para o desenvolvimento e qualidade dos frutos.

Seriam interessantes mais pesquisas sobre o assunto, principalmente a repetição

desse trabalho em áreas deficientes em K, onde provavelmente o efeito benéfico e positivo

desse mineral seria acentuado.

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226 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226

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