MARION VAZ - perse.com.br · Ela virava de um lado para outro, encharcando de lágrimas a fronha do...
Transcript of MARION VAZ - perse.com.br · Ela virava de um lado para outro, encharcando de lágrimas a fronha do...
2
Sobre a autora
Marion Vaz nasceu em 1962. Formada em
Administração de Empresas. A paixão pelos livros levou
a autora a escrever romances e outras obras. Atualmente
mora no Rio de Janeiro e administra o site Point do
Escritor para auxiliar os novos talentos da literatura
brasileira.
Point do Escritor http://pointdoescritor.webnode.com/
No site você vai encontrar artigos, sugestões, links e
diversos assuntos que o estimularão a continuar a
escrever e publicar suas obras.
Sugestões, críticas e comentários sobre o conteúdo:
Direitos Autorais
Esta obra está registrada no Escritório de Registros
Autorais. Rio de Janeiro/RJ
2013
É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo
desta obra.
3
Esta obra é dedicada as minhas filhas
Flavianne, Fernanda e Gabrielle,
Às minhas sobrinhas Natália e Juliana,
Anna Carolina, Giselle e Roberta.
4
Quando a luz no fim do túnel está tão longe e os passos
tão lentos, que à medida que nos aproximamos da saída...
A luz parece cada vez mais distante...
5
O pai saiu do quarto da filha, pegou a Bíblia e foi
para o carro. Cristinne olhou da janela do quarto e viu a
mãe entrar no carro também. Moacyr fechou a porta do
automóvel, deu a volta e sentou no volante. O portão
automático abriu e eles saíram. Da onde estava podia ver
o carro seguir pela estrada até que os galhos das árvores
tampassem a visão. Ela fechou a janela e as cortinas, foi
direto para o banheiro e procurou o frasco com os
remédios que tencionava tomar. E trouxe o vidrinho com
ela para a cama e ficou alguns minutos passando-o de
uma mão para outra.
Cristinne esperou até que Célia entrasse no quarto
com um copo de leite e falasse sem para como sempre
fazia. A bandeja ficou perto da cama, quando a
empregada saiu. O pequeno gravador estava sobre a
cama, mas havia um lençol sobre ele. A moça tinha
ligado o aparelho algum tempo atrás, mas sem a intenção
de ouvi-lo. Cristinne abriu o frasco e pegou algumas
pílulas, ela elevou a mão até a boca e com a outra
segurava o copo de leite morno. De repente...
- Crac!!
Ela se assustou com o barulho do gravador, a fita
tinha terminado de passar e o aparelhou desligou-se
automaticamente. Algumas pílulas caíram sobre o lençol
junto com umas gotas de leite. Cristinne limpou a boca
ainda tentando segurar o restante dos comprimidos,
remexeu o lençol e pegou o pequeno gravador. Ela ficou
curiosa, colocou o fone no ouvido e religou o aparelho.
Pensou em ouvi-lo enquanto os remédios fizessem o
efeito desejado. No entanto, o que ouviu deixou Cristinne
estarrecida. A moça abandonou os comprimidos sobre a
cama e um mar de lágrimas caiu dos olhos.
6
- Jesus te ama de uma maneira que você não pode
imaginar. Disse o pregador iniciando a mensagem.
A moça deixou o copo escorregar de sua mão e o
líquido sujou o chão e o tapete próximo à cama. Ela
colocou a cabeça no travesseiro e ficou ouvindo o
restante da mensagem. Não conseguia desgrudar do
gravador. Ela chorava a cada instante que o pregador
falava. “Ele e só Ele tem poder para mudar o rumo da tua
vida, deixa Jesus entrar no teu coração...”
Ela virava de um lado para outro, encharcando de
lágrimas a fronha do travesseiro. Quando a mensagem
terminou, ela virou a fita e ouviu outra mensagem.
Aquela voz insistia em falar com ela, dos seus
medos, dos seus anseios, dos seus segredos. “Como
poderia voltar a ser o que era?” perguntava em soluços. A
voz respondia: “Jesus morreu na cruz pra te salvar, ele
perdoa todos os teus pecados”. “Como pode amar alguém
como eu” perguntava em seu coração. “Você é preciosa
para o Senhor, diga para ele, eu preciso de ti” “Eu preciso
de ti, Senhor” sussurrou a moça. Ela orou a Deus e pediu
perdão do suicídio que havia planejado e chorou muito na
presença do Senhor. Não podia crer que seu coração a
tinha levado a tal extremo. Em meio às lágrimas,
Cristinne sentiu uma leve brisa passar no interior do
quarto... E seu coração se aquietou...
7
Dias antes...
O sol penetrou no quarto pela brecha da cortina. O
pequeno raio colorido pousou sobre o rosto de Cristinne.
Ela tentou afugentá-lo cobrindo-se com a colcha rosa que
ganhou da mãe no último aniversário. A porta do quarto
abriu-se devagarzinho e dona Célia entrou com a bandeja
de café. Ela insistiu que a moça levantasse e que aquela
não era mais hora de estar na cama. Cristinne tirou a
colcha do rosto e contemplou a mulher que zanzava pelo
quarto. Ela abria as janelas, arrumava as roupas que
estavam jogadas aqui e ali e tagarelava sem parar.
Há anos trabalhava naquela casa, praticamente viu
Cristinne crescer. A moça começou a rir do modo como
ela falava. Tinha um sotaque nortista e gesticulava
engraçado. Cristinne levantou-se e comeu um pedaço do
bolo.
- Hum! Bom! Elogiou e provou mais um pedaço.
- Precisa se alimentar direito. Na minha terra...
Ela vai começar a falar tudo de novo! Pensou a
moça e seguiu para o banheiro completando as frases da
história que já sabia de cor: as moças comem aipim, leite
fresco, lá, lá, lá...
Cristinne entrou no Box e ligou o chuveiro, a água
fria deslizou pelo seu corpo, fazendo-o arrepiar de frio.
Ela terminou o banho, vestiu um roupão e voltou para a
cama. Célia já havia terminado o serviço e levado a roupa
para lavar. A moça olhou pela janela, mas não viu a
beleza do dia, nem sentiu o calor do sol ou prestou
atenção no canto dos pássaros. Todos os dias eram assim
comuns, vazios e sem graça.
8
Olhou em volta, tudo em seu devido lugar, os
perfumes na penteadeira sem espelho, os livros da
faculdade amontoados num canto, algumas roupas fora
do armário, quem se importa? Pensou. A bandeja ficou
intacta até a hora do almoço, quando Célia voltou com
outra, contendo arroz, feijão, um pedaço de carne e um
copo de suco.
- Coma menina, por favor! Implorou a mulher.
Cristinne sorriu e remexeu no prato. Um pouco de
suco amenizou a sede e confortou o estômago. Depois
disto a moça acomodou-se na cama e dormiu. As
lembranças do passado vieram atormentá-la de novo,
uma confusão de gentes, vozes, rostos que apareciam e
sorriam rostos que choravam e gritos, correria, sangue...
Ela acordou assustada, gritando. A mãe veio em seu
socorro. Abraçou a filha e consolou-a enquanto a moça
chorava e gritava:
- Eu não tive culpa! Eu não tive culpa!
A ferida no pescoço tentava cicatrizar, mas todas as
vezes que tinha pesadelo, Cristinne enfiava a unha no
pescoço e arranhava-o até o sangue escorrer pelo ombro,
sujando toda a roupa. Irmã Vilma tentava segurar o braço
da moça para impedi-la, gritava, chorava, mas não
adiantava. Quando conseguiam domina-la já era tarde, a
ferida aberta, exposta, sangrava. Quando estava bem
Cristinne colocava o cabelo cumprido na frente do
pescoço, tentando esconder a ferida. Era ainda pior
quando o cabelo grudava no ferimento e depois tinham
que tentar tirá-lo.
- Ela parece que está se castigando! Disse Vilma ao
marido, quando se preparava para dormir. A mãe não
esconde seus sentimentos e chora. Uma dor no peito, uma
9
angustia! “Até quando meu Deus, até quando...” Orou em
soluços.
Pastor Jonas abraçou-a e tentando confortar a
esposa. Os dois ficam ali, parados, no meio do quarto do
casal. Ele sente a mesma angustia e a mesma tristeza,
mas não pode demonstrar. Precisava ser mais forte.
Alguém precisa. Pensou. A esposa adormeceu e Jonas
resolve ir até o quarto da filha. Cristinne também estava
dormindo, o pai olha em volta e se desaponta com a
bagunça do quarto.
Lembrou-se da menina ainda pequena, que todas as
noites, corria em sua direção para abraçá-lo, dos olhos
brilhantes, um azul tão belo quanto o céu. Se pudesse
voltar ao passado, se pudesse protegê-la. Mas não pode.
A moça se remexeu na cama, o pai se aproximou e
sentou-se na beira da cama. Ele ora, em silêncio, pede a
Deus que liberte a filha de tanto sofrimento. Pede uma
boa noite de sono e um futuro feliz. Cristinne vira para o
outro lado e dorme. Agora um sono mais tranquilo. O pai
resolveu voltar para o seu quarto, mas não conseguiu
dormir, os problemas da igreja lhe vieram à mente.
“Preciso de ajuda, Senhor.” Ora novamente.
Naquela mesma semana Cristinne entra escondido
no quanto da mãe, vai até o toalete e vasculha as gavetas.
Ela encontra um frasco de remédios, esconde-o na roupa
e volta para o quarto. Era quinta-feira, os pais certamente
iriam à igreja. A casa ficaria em silêncio e era tudo o que
ela precisava. Cristinne escondeu o frasco onde ninguém
pudesse encontrar e fechou a porta do quarto.
Ainda eram duas horas da tarde quando ela desceu
as escadas em direção à sala de estar. Uma sala ampla,
10
com um grande tapete vinho. Um conjunto de sofás
estofados dividia a sala de jantar. Do lado esquerdo
ficava o escritório do pai e caminhando para a direita
estava a cozinha, onde Célia fazia um saboroso bolo. Era
uma boa casa com um lindo jardim na frente e garagens
para dois carros. O motorista do pai aguardava do lado de
fora. Ele limpava o carro a ponto de poder se ver no capô.
Um portão de ferro guardava a casa.
Cristinne parou na porta da cozinha, Célia ouvia
um pequeno gravador e sorria. Tinha se convertido ao
evangelho depois que começou a trabalhar na casa do
pastor Jonas. Ela viu a moça parada e correu para falar
com ela. Célia tirou o fone do ouvido e deixou o gravador
em cima da mesa.
- Minha menina, está com fome? Vou preparar um suco
geladinho pra você. Precisa se alimentar.
A moça ficou quieta, esperando a empregada
colocar em pedaço de bolo num prato e um copo de suco
de laranja diante dela. Experimentou. Gostou. E comeu
tudo. Célia sorria feliz com a decisão da menina em
comer algo mais consistente. Cristinne andava muito
angustiada, quase não falava, não sorria. Ás vezes ficava
uma hora ou duas sentada no sofá da sala, mergulhada em
seus pensamentos. A mãe olhava-a de longe, ela
comparava a foto em suas mãos com aquela moça triste
no sofá. Colocou o porta-retratos em cima da mesinha e
caminhou na direção ao sofá. Vilma queria ajudar a filha,
sentir sua dor, chorava em silêncio porque não podia
fazer nada. Irmã Vilma chegou perto dela e acariciou o
rosto da filha.
- Precisa se arrumar um pouco querida. Disse ajeitando o
cabelo da moça e tentando penteá-lo com os dedos. Quer
11
comprar uma roupinha nova, podemos ir num shopping.
Que tal? Perguntou tentando anima-la um pouco.
Cristinne continuou em silêncio, com os olhos
fixos no dedo anular onde estava a aliança. Um silêncio
que agredia a mãe.
- Suas amigas da igreja estão perguntando por você, estão
com saudades. Disse ela limpando o rosto da moça, para
melhorar a aparência. Cristinne não queria fazer a mãe
sofrer tanto, mas a vida não tinha lhe dado outra opção.
Vilma sentiu as lágrimas nos olhos e resolveu sair dali
para o quarto. Cristinne olhou para a mulher que subia as
escadas enxugando o rosto com uma das mãos e sentiu o
quanto a tinha magoado.
- Isso tem que parar – Ouviu a mãe murmurar.
- Isso tem que parar. Pensou Cristinne.
* * *
No dia seguinte, a empregada observava a moça
comendo e deixando cair alguns pedaços de bolo em
cima da mesa, na roupa, no chão. Mas pelo menos comia
alguma coisa.
- Desculpe! Sussurrou.
- Isso é bobagem querida eu vou buscar uma vassoura e
limpo tudo. Célia saiu e Cristinne parou de comer. O
pequeno gravador a sua frente, chamou a sua atenção.
Ainda estava ligado e Cristinne segurou-o colocando o
fone no ouvido. Ela não prestou muita atenção no que
ouvia, mas levou o aparelho para o quarto. Célia voltou e
limpou toda a sujeira, só mais tarde é que daria falta do
seu gravador.
Cristinne tirou o fone do ouvido e deixou o objeto
sobre a cama. O gravador ainda ligado fazia um
12
barulhinho estranho. Pastor Jonas bateu na porta e abriu-a
devagar, a filha estava sentada na cama observando o
gravador, mexendo nas teclas, completamente alheia a
presença do pai. Ele acariciou-lhe os cabelos e falou que
precisava ir à igreja, era culto de santa ceia e ele não
podia faltar. A moça meneou a cabeça concordando.
Jonas era o pastor presidente de uma das maiores
igrejas da região. Um lindo templo, situado na esquina da
Rua Malta com a Avenida Lemos, o prédio era bem largo
e tinha quatro andares. No primeiro andar ficava a
garagem, com vagas específicas. Nenhum automóvel
podia ficar estacionado na rua, eles eram direcionados as
vagas no pátio externo. No segundo andar, salas amplas
para reuniões, a biblioteca e a nave do templo que tinha
dois corredores centrais e um conjunto de cadeiras
estofadas. Nas janelas, vidro fumê e um ar condicionado
central que deixava o ambiente bem agradável. No
terceiro andar estavam salas de escola dominical,
gabinete pastoral e outros dois para o presidente da
mocidade e vice-presidentes de departamentos.
O quarto andar era usado para ensaios dos diversos
grupos musicais. Ali ficava o refeitório, uma cozinha
bem ampla e mesas individuais e a mesa para a diretoria
da igreja. A cozinha servia almoço, café e todo tipo de
salgados e doces, sorvetes e sobremesas em geral. Cada
membro tinha um cartão, um ticket de refeição. O
pagamento era feito na última semana de cada mês e o
cartão era renovado. Tudo muito bem padronizado e
havia garçons para servir as mesas e um serviço
terceirizado de limpeza. Cada andar tinha pelo menos
quatro banheiros, fora os que ficavam nas salas da
diretoria.
13
Nos dias de culto a igreja ficava repleta de irmãos e
os visitantes. Era muita gente andando de um lado para
outro. Conversando nos corredores, ou sentados dentro
do Templo, nas reuniões de oração e nos ensaios antes de
cada culto. Um sistema interno de som anunciava o inicio
do culto e convidava as pessoas a entrarem e se
acomodarem.
A maioria dos membros da igreja era de pessoas de
classe alta, que contribuíam fielmente para manter aquele
padrão na igreja. No entanto, o padrão espiritual da
mocidade havia caído muito. Os jovens não tinham muita
comunhão com o Senhor, eram negligentes com a Palavra
de Deus e não frequentavam as reuniões de oração. As
conversas eram sempre as mesmas, o último jogo, a
faculdade, as brincadeiras, ou qualquer outra banalidade.
Eram filhinhos de papais ricos e isto era o bastante.
Pastor Jonas não se deu conta até que um deles o
desacatou na frente de um amigo. O pastor chamou o pai
do rapaz e de repente ele virou um anjo. O homem pediu
desculpas pelo filho, mas não tomou nenhuma
providencia em relação ao acontecido. Pastor Jonas ficou
ali, parado, em silêncio, de mãos atadas. Ele orou ao
Senhor e pediu uma solução, precisava de ajuda e era isso
algo urgente.
O pai saiu do quarto da filha, pegou a Bíblia e foi
para o carro. Cristinne olhou da janela do quarto e viu a
mãe entrar no carro com o pai. Moacyr fechou a porta do
automóvel, deu a volta e sentou no volante. O portão
automático abriu e eles saíram. Da onde estava podia ver
o carro seguir pela estrada até que os galhos das árvores
tapassem a visão. Ela fechou a janela e as cortinas, foi
direto para o banheiro e procurou o frasco com os
14
remédios que tencionava tomar. E trouxe o vidrinho com
ela para a cama e ficou alguns minutos passando-o de
uma mão para outra.
Ela esperou até que Célia entrasse no quarto com
um copo de leite e falasse sem para como sempre fazia. A
bandeja ficou perto da cama, quando a empregada saiu. O
pequeno gravador estava sobre a cama, mas havia um
lençol sobre ele. A moça tinha ligado o aparelho algum
tempo atrás, mas sem a intenção de ouvi-lo. Cristinne
abriu o frasco e pegou algumas pílulas e levou a mão até
a boca e com a outra segurava o copo de leite morno. De
repente...
- Crac!!
Cristinne se assustou com o barulho do gravador, a
fita tinha terminado de passar e o aparelhou desligou-se
automaticamente. Algumas pílulas caíram sobre o lençol
junto com umas gotas de leite. Cristinne limpou a boca
ainda tentando segurar o restante dos comprimidos,
remexeu o lençol e pegou o pequeno gravador.
A moça ficou curiosa, colocou o fone no ouvido e
religou o aparelho. Pensou em ouvi-lo enquanto os
remédios fariam o efeito desejado. No entanto, o que
ouviu deixou Cristinne estarrecida. A moça deixou os
comprimidos sobre a cama e um mar de lágrimas caiu
dos olhos.
- Jesus te ama de uma maneira que você não pode
imaginar. Disse o pregador iniciando a mensagem.
Cristinne deixou o copo escorregar de sua mão e o
líquido sujou o chão e o tapete próximo à cama. A moça
colocou a cabeça no travesseiro e ficou ouvindo o
15
restante da mensagem. Não conseguia desgrudar do
gravador. Ela chorava a cada instante que o pregador
falava. “Ele e só Ele tem poder para mudar o rumo da tua
vida, deixa Jesus entrar no teu coração...”
Ela virava de um lado para outro, encharcando de
lágrimas a fronha do travesseiro. Quando a mensagem
terminou, ela virou a fita e ouviu outra mensagem.
Aquela voz insistia em falar com ela, dos seus medos,
dos seus anseios, dos seus segredos. “Como poderia
voltar a ser o que era?” perguntava em soluços. A voz
respondia: “Jesus morreu na cruz pra te salvar, ele perdoa
todos os teus pecados”. “Como pode amar alguém como
eu” perguntava em seu coração. “Você é preciosa para o
Senhor, diga para ele, eu preciso de ti” “Eu preciso de ti,
Senhor” sussurrou. Ela orou a Deus e pediu perdão do
suicídio que havia planejado. A moça chorou muito na
presença do Senhor, não podia crer que seu coração a
tinha levado a tal extremo. Em meio às lágrimas,
Cristinne sentiu uma leve brisa passar no interior do
quarto e seu coração se aquietou.
Cristinne estava tão cansada, que deixou o corpo
escorregar na cama e repousar sobre os lenços. Ela
fechou os olhos e adormeceu ouvindo a mensagem. O
pregador fez uma oração e ela dormiu tranquila aquela
noite. Os pais chegaram da igreja, abriram à porta, mas
como o quarto estava escuro só viram a moça deitada na
cama, dormindo. Eles fecharam a porta do quarto dela e
foram descansar. Exatamente como ela previu que
aconteceria.
Na manhã seguinte, Célia entrou no quarto
trazendo uma bandeja de café, leite e biscoitos. Ela viu o
copo quebrado no chão e algumas pílulas no chão.