Marquito VisualizaBus v4
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO CENTRO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE DESENHO INDUSTRIAL
MARCOS VINCIUS FORECCHI ACCIOLY
VisualizaBus: um sistema de informao ambiente para horrio de nibus municipal na cidade de Vitria
VITRIA 2014
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MARCOS VINICIUS FORECCHI ACCIOLY
VisualizaBus: um sistema de informao ambiente para horrio de nibus municipal na cidade de Vitria
Trabalho de Concluso de Curso
apresentado ao Departamento de Desenho
Industrial do Centro de Artes da
Universidade Federal do Esprito Santo
como requisito parcial para obteno do
grau de Bacharel em Desenho Industrial -
Habilitao em Comunicao Visual.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Pinheiro
Rodrigues
VITRIA 2014
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MARCOS VINICIUS FORECCHI ACCIOLY
VisualizaBus: um sistema de informao ambiente para horrio de
nibus municipal na cidade de Vitria
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
ao Departamento de Desenho Industrial do
Centro de Artes da Universidade Federal do
Esprito Santo como requisito parcial para
obteno do grau de Bacharel em Desenho
Industrial - Habilitao em Comunicao Visual.
Aprovado em 17 de Abril de 2014.
COMISSO EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Mauro Pinheiro Rodrigues
Universidade Federal do Esprito Santo
Orientador
__________________________________
Prof. Ms. Ricardo Esteves Gomes
Universidade Federal do Esprito Santo
__________________________________
Elton Vincius Silva
Instituto Federal do Esprito Santo
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Agradecimentos / Dedicatria
minha me Rbia Helena que, com muito esforo, viu-me sair da Engenharia
Eltrica rumo ao Design e conseguiu conviver com isso com um sorriso no rosto.
minha esposa Karol que me aguentou usando muitas e muitas vezes este projeto
como desculpa para algo.
Aos amigos da Engenharia, do Design e de fora da Ufes que me deram foras para
enfrentar o novo vestibular e o novo curso.
Aos colegas de Ufes Salim Suhet Mussi, Antonio Henrique Steinkopf Nascimento e
Rmulo Vitoi, que dotados de imensa boa vontade auxiliaram para que esse projeto
fosse realizado.
Ao Mauro, por ser um timo orientador e um parceiro no mundo dos artefatos
computacionais.
A Deus, por ser fonte inesgotvel de fora de vida.
A todos: obrigado de corao. Este projeto um pouco de cada um.
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Resumo
Utiliza o conceito de Sistemas de Informao Ambiente a fim de construir um artefato
eletrnico para visualizao dos horrios de linha de nibus especfica da cidade de
Vitria, Esprito Santo, atravs da utilizao dos dados do sistema Pontual, da
Prefeitua Municipal de Vitria (PMV). Aborda em profundidade as tecnologias
empregadas no desenvolvimento dos Intelligent Transportation Systems (ITS,
Sistemas Inteligentes de Transporte) no Brasil e no exterior, com especial ateno
aos sistemas de Automatic Vehicle Location (AVL, Localizao Automtica de
Veculos) atravs de Global Positioning System (GPS, Sistema de Posicionamento
Global). Demonstra projetos de informao ambiente semelhantes e conceitua o
momento que vivemos relativamente ao acmulo de informaes computacionais e
ao estresse que pode ser gerado a partir desse acmulo, apoiando-se na informao
ambiente como uma sada para essa problemtica. Descreve as etapas de projeto
de Design necessrias para o desenvolvimento e explica de forma completa os
componentes necessrios para a construo do artefato proposto. Alm disso,
demonstra a utilizao do artefato durante quinze dias no Laboratrio de Design
Instrucional (LDI) da Universidade Federal do Esprito Santo (Ufes), propondo
exploraes futuras para a tecnologia e o sistema de informao dos horrios de
nibus. Os resultados demonstram que os sistemas de informao ambiente, ainda
pouco explorados no Brasil, so fundamentais para a integrao de informaes
complexas em artefatos de simples utilizao diria, evitando a sobrecarga de
informao normalmente associada a dispositivos computacionais. Conclui-se
tambm que, especialmente no caso do transporte pblico em Vitria, grande o
benefcio percebido na utilizao do artefato.
Palavras-chave: Design. Sistemas de informao ambiente. Transporte pblico.
Arduino.
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Abstract
Utilizes the concept of Ambient Information Systems in order to build an electronic
artifact for the visualization of bus arrival times for a specific bus in the city of Vitria,
Esprito Santo State, by using the data provided by the Pontual system from
Prefeitura Municipal de Vitria (PMV, Vitria City Hall). Discusses in depth the
technologies employed in the development of Intelligent Transportation Systems
(ITS) in Brazil and abroad, with special attention to the Automatic Vehicle Location
(AVL) systems based on Global Positioning System (GPS). Demonstrates similar
projects in ambient information and conceptualizes the times we live in in relation to
the accumulation of computational information and the stress that can be generated
from this buildup, relying on ambient information systems as a way out of this
problem. Describes the steps of project design needed for the development and fully
explains the necessary components for the construction of the artifact. Furthermore,
it demonstrates the use of the artifact for two weeks at the Laboratrio de Design
Instrucional (LDI, Laboratory of Instructional Design) of the Universidade Federal do
Esprito Santo (Ufes, Federal University of Esprito Santo), proposing future
explorations for the technology and information of bus schedules system. The results
demonstrate that ambient information systems, yet little explored in Brazil, are
fundamental for the integration of complex information into simple artifacts for daily
use, avoiding information overload normally associated with computing devices. We
conclude that, especially in the case of public transport in Vitria, there is a great
perceived benefit associated with using the artifact.
Keywords: Design. Ambient Information Systems. Public transportation. Arduino.
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Lista de imagens
Figura 1: Sistema Countdown em Londres. .............................................................. 14
Figura 2: Diversos mecanismos envolvidos em um ITS ............................................ 18
Figura 3: Mecanismos principais e opcionais de um sistema de AVL ....................... 19
Figura 4: Mdulo integrado dos nibus do transporte de Vitria ............................... 23
Figura 5: Benefcios de uma API para o Sistema Pontual ......................................... 26
Figura 6: LiveWire (Dangling String) ......................................................................... 33
Figura 7:AmbientUmbrella avisa quando vai chover ................................................. 33
Figura 8: Localizao do artefato e do ponto de parada nmero 6166 ..................... 36
Figura 9: Carro de ferrovia do Ambient Trolley .......................................................... 38
Figura 10: Viso geral do AmbientTrolley ................................................................. 38
Figura 11: Viso geral do BusMobile ......................................................................... 39
Figura 12: Viso geral do Datafountain ..................................................................... 40
Figura 13: As esferas de cores .................................................................................. 42
Figura 14: Legenda de cores das esferas ................................................................. 42
Figura 15: Rolos giratrios de linha e tempo ............................................................. 43
Figura 16: Funcionamento interno do sistema mecnico dos rolos ........................... 44
Figura 17: Vista lateral dos rolos ............................................................................... 45
Figura 18: Simulao de chegada em escala............................................................ 46
Figura 19: Etapas gerais para o funcionamento do VisualizaBus ............................. 48
Figura 20: Ciclo de funcionamento do Artefato ......................................................... 51
Figura 21: Etapas de obteno dos dados do PontoVitria PMV .............................. 52
Figura 22: As partes integrantes do VisualizaBus ..................................................... 54
Figura 23: Arduino Duemilanove com processador ATMega328 .............................. 56
Figura 24: Motor de passo STP-42D221-03 .............................................................. 56
Figura 25: Placa controladora com Ponte H L298N .................................................. 57
Figura 26: Shield Ethernet para Arduino ................................................................... 58
Figura 27: Boto de incio e fim de curso .................................................................. 59
Figura 28: Estrutura fsica do artefato VisualizaBus .................................................. 60
Figura 29: Estrutura visual do VisualizaBus, com os componentes eletrnicos
completamente cobertos ........................................................................................... 62
Figura 30: Artefato instalado no Laboratrio de Design Instrucional (LDI) ................ 64
Figura 31: Viso geral do VisualizaBus no local de instalao.................................. 65
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Sumrio
Introduo ................................................................................................................. 10
Objetivos ................................................................................................................ 11
Justificativa ............................................................................................................ 11
Captulo 1: Sistemas de visualizao de horrios de nibus: no exterior, no Brasil e
na cidade de Vitria ................................................................................................... 12
1.1 Sistemas Inteligentes de Transporte (ITS) e de Localizao Automtica de
Veculos (AVL) ....................................................................................................... 12
1.2 Os recursos complementares aos sistemas de localizao de veculos.......... 15
1.3 Vantagens percebidas no uso de localizao automtica de veculos ............ 19
1.4 O sistema de informao de transporte pblico em Vitria, Esprito Santo ..... 21
Captulo 2: Sistemas de informao ambiente .......................................................... 28
2.1 Sistemas de informao e design de interao ............................................... 29
2.2 Sistemas de informao ambiente, calm technology e pervasividade
computacional ........................................................................................................ 31
Captulo 3: Um sistema de informao ambiente para os horrios de nibus de
Vitria: construindo um artefato ................................................................................. 34
3.1 Definio do problema ..................................................................................... 35
3.1.1 Definio de pblico alvo .......................................................................... 35
3.1.2 Delimitao do contexto do projeto ........................................................... 35
3.2 Levantamento de dados .................................................................................. 36
3.2.1 Anlise de similares .................................................................................. 36
3.3 Gerao de alternativas e escolha de partido projetual ................................... 41
3.3.1 Esferas de cores ....................................................................................... 41
3.3.2 Rolos giratrios de linha e tempo .............................................................. 42
3.3.3 Simulao de chegada em escala ............................................................ 45
3.4 Desenvolvimento do prottipo ......................................................................... 46
3.4.1 Cdigos PHP e Servio Web de consulta a horrios ................................ 51
3.4.2 Estrutura fsica e eletrnica de movimentao do artefato ........................ 52
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9
3.4.3 Estrutura visual de informao no artefato ................................................ 61
3.4.4 Conexo do artefato Internet e funcionamento automtico .................... 62
3.5 Disponibilizao para utilizao e testes no Laboratrio de Design Instrucional
............................................................................................................................... 62
Captulo 4: Resultados e discusso .......................................................................... 66
4.1 Dificuldades tcnicas e curiosidades ............................................................... 67
4.2 Possibilidades para uma nova verso ............................................................. 68
Captulo 5: Consideraes finais ............................................................................... 70
ANEXO I .................................................................................................................... 73
ANEXO II ................................................................................................................... 75
ANEXO III .................................................................................................................. 82
Referncias ............................................................................................................... 83
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10
Introduo
A utilizao de tecnologias de comunicao e informao (TIC) cada vez mais
frequente e o interesse pelo uso dessas tecnologias no monitoramento e
fornecimento de servios de transporte pblico evidente em diversas partes do
mundo (TCRP, 2003; TCRP, 2008; ANTP, 2012a; TANG; THAKURIAH, 2012). Esta
utilizao tem suas causas tanto na necessidade de fornecer um transporte mais
confivel e tecnologicamente atualizado quanto na inteno de fornecer melhores
informaes para os usurios do sistema de transporte, auxiliando-os e diminuindo
seu desconforto. Conforme cita Travassos em revista da Associao Nacional de
Transportes Pblicos (ANTP):
A falta de informaes sobre o sistema um elemento constante nos relatos
[...] Para a estudante francesa, a incerteza e a imprevisibilidade dos horrios
dos nibus foram os elementos mais negativos nas primeiras semanas em
Recife. Segundo ela, atualmente tudo muito rpido e urgente, e a
sensao de perda de tempo esperando os nibus muito desagradvel
(TRAVASSOS, 2012, p. 99)
No entanto, a utilizao de cada vez mais informao no sistema de transporte,
quando associada s Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC), precisa ser
planejada para que no gere uma sobrecarga de informaes para quem as
recebe. Nesse sentido, vale lembrar as exploraes de Weiser e Brown (1996), que
j na dcada de 90 discorrem exatamente sobre o momento de tecnologia em que
vivemos: os computadores se tornam to comuns e presentes em nossas vidas que
passam a demandar nossa ateno o tempo todo, gerando dificuldade e uma certa
ansiedade com este processo (RICHTEL, 2010). Para que os computadores sejam
realmente efetivos em seu processo de infiltrao em nossa realidade atual, eles
precisam ser cada vez mais invisveis. Para que isso seja possvel, a tecnologia
precisa operar na periferia da nossa ateno. Rodrigues (2011) faz uma anlise de
diversos sistemas que se utilizam destas noes para sua construo e prov uma
extensa bibliografia sobre os mecanismos atencionais. O autor conclui que a
referncia de Mark Weiser a tecnologias que operam na periferia da ateno tem
relao com processos que demandem menor esforo cognitivo para sua utilizao,
o que nos revela um panorama at ento pouco explorado. Grande parte dos
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11
objetos eletrnicos que utilizamos demandam muito de nossa ateno para serem
operados e a quantidade de informao disponvel cada vez maior (RICHTEL,
2010; RODRIGUES, 2011, p.13; HEMP, 2009, p.3).
Neste trabalho, intencionou-se explorar as opes de menor esforo cognitivo para
utilizao de artefatos eletrnicos, focando em uma rea promissora devido sua
complexidade informacional: o transporte pblico. Ao longo do desenvolvimento
desse projeto, pudemos buscar maiores informaes sobre o transporte pblico via
nibus no Brasil e na cidade de Vitria.
Objetivos
O objetivo geral deste projeto desenvolver um sistema de visualizao de horrios
de nibus para ambiente interno, atualizado automaticamente atravs da Internet.
Quanto aos objetivos especficos, desejamos:
1. Produzir um mecanismo de informao ambiente de horrios de nibus que
funcione ininterruptamente e que possibilite a checagem da proximidade
temporal de nibus;
2. Levantar percepes dos alunos de graduao sobre o mecanismo produzido
quanto a sua clareza, assertividade e benefcio percebido para suas rotinas;
3. Difundir o campo da informao ambiente aplicando seus conceitos ao
transporte pblico.
Justificativa
At o momento atual, no Brasil, o campo da informao ambiente praticamente
inexplorado. Com este projeto, pretende-se pr em prtica o uso de tecnologias de
informao ambiente, a fim de comprovar que possvel construir um artefato que
funcione na periferia da ateno e que gere informaes de interesse para os
usurios do transporte pblico de Vitria, sem demandar interao direta.
Intenciona-se, por fim, observar o uso deste artefato construdo, recolhendo
informaes a respeito desse processo. Dessa maneira acredita-se contribuir para
difuso deste tipo de aplicao tecnolgica, alm de verificar sua possvel
contribuio para a rotina daqueles que utilizam nibus como meio de transporte.
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12
Captulo 1: Sistemas de visualizao de horrios de nibus: no
exterior, no Brasil e na cidade de Vitria
1.1 Sistemas Inteligentes de Transporte (ITS) e de Localizao Automtica de Veculos (AVL)
Ao longo da ltima dcada, a mobilidade urbana tem recebido especial destaque dos
gestores pblicos, devido a inmeros fatores associados ao deslocamento nas
grandes cidades. De acordo com a ANTP (2012b, p.5), o transporte coletivo foi
responsvel, em 2011, por 17,7 bilhes de viagens nas cidades com mais de 60 mil
habitantes. Para atender a essa demanda, o Brasil conta hoje com uma frota de
mais de 33 milhes de veculos no transporte pblico coletivo, empregando mais de
800 mil profissionais. Nas cidades com mais de 1 milho de habitantes, a
participao do transporte pblico apresenta-se em torno de 36% e elemento-
chave para o deslocamento de cidados pelo municpio.
Em paralelo a isso, nas ltimas trs dcadas passamos por um inegvel processo
de massificao das tecnologias de comunicao e informao, a partir dos avanos
em eletrnica e na miniaturizao de componentes eletrnicos. Em conjunto com a
evoluo das tecnologias de microeletrnica, os Intelligent Transport Systems (ITS,
Sistemas de Transporte Inteligentes) acompanharam esse desenvolvimento e
passaram ser aplicados em um amplo espectro de sistemas de transporte, provendo
diferentes servios aos usurios desses sistemas, especialmente aqueles
relacionados ao transporte pblico. Os ITS podem ser definidos como sistemas de
transporte que se utilizam de tecnologias de informtica, telecomunicaes e
controle automtico, de forma a melhorar seu desempenho e produtividade
(AQUINO; AQUINO; PEREIRA, 2001, p.33). Representando uma convergncia entre
softwares, aparelhos eletrnicos e comunicao sem fio utilizados no transporte,
podem ainda ser aplicados para proporcionar melhorias em segurana, mobilidade e
disponibilizao da informao (idem).
Presentes desde 1964 e tendo seu incio na cidade de Hamburgo, Alemanha, os
sistemas de Automatic Vehicle Location (AVL, Localizao Automtica de Veculos)
fazem parte do campo de estudo dos ITS. Tanto o Canad quanto os pases
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13
europeus tm mais tradio na implantao de sistemas deste tipo do que os
Estados Unidos da Amrica (TCRP, 2003, p.8), apesar destes sistemas estarem
presentes hoje em larga escala no territrio dos EUA. O pioneirismo destes pases
na implantao de sistemas dessa natureza se deve ao fato de que sua utilizao
completamente dependente dos avanos em tecnologia da informao,
especialmente nas suas relaes com a eletrnica e transmisso de dados, e da
aplicao dessas tecnologias na gesto pblica. Tendo ocorrido mais cedo e com
maior velocidade nos pases citados, o avano tecnolgico viabilizou a
automatizao de processos e informaes do transporte pblico nesses pases.
Os sistemas de AVL tm sido implementados em larga escala desde a dcada de
90, com rpido crescimento nos anos 2000. A agncia norteamericana de
transporte, o United States Department of Transportation (US DOT) possui um
programa de pesquisa regular sobre implantao de ITS em 78 reas metropolitanas
dos Estados Unidos, chamado ITS Infrasctructure Deployment. Na pesquisa
realizada em 2004 (TCRP, 2008, p. 9), os dados indicam que 54% do total de
veculos das 220 agncias pesquisadas j contavam com sistemas de AVL
implementados. Pesquisas similares no Reino Unido publicadas em 2006 indicaram
que mais de 16 mil rotas fixas de nibus na Inglaterra, Esccia e Pas de Gales j
estavam equipadas com sistemas de AVL (42% do total de nibus da Gr-Bretanha)
(idem, p.9).
J no Brasil, verifica-se que o uso de AVL e em geral ITS ainda tmido, apesar de
algumas experincias de rede de trfego misto de mdia escala em Uberlndia, Santos,
Fortaleza e Vitria, alm de uma rede de grande porte, na cidade de So Paulo. Em
comparao com outros pases estamos ainda na retaguarda da utilizao desse tipo de
sistema inteligente e integrado (ANTP, 2012a, p. 123).
Algumas caractersticas interessantes deste tipo de sistema, levantadas no ano de
2003 pelo Transit Cooperative Research Program (TCRP, Programa Cooperativo de
Pesquisa de Trnsito) incluem a utilizao de luzes do tipo Light Emiting Diode
(LED, Diodos Emissores de Luz) e de telas do tipo Liquid Crystal Display (LCD,
Telas de Cristal Lquido) como as principais maneiras de disponibilizao da
informaes sobre o transporte pblico nos pontos de parada. Essas placas
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eletrnicas, denominadas Dynamic Message Sign (DMS, Painis de Mensagens
Dinmicas), podem informar sobre o horrio de chegada do prximo nibus ao ponto
de parada ou de alguns dos prximos nibus, sobre a localizao dos nibus em
uma malha pr-estabelecida, sobre a data e a hora atuais, sobre o nmero da rota e
o destino final dos veculos e sobre problemas ou outras informaes relevantes
para o servio (TCRP, 2003, p.8). A Figura 1 mostra um display luminoso de LED
utilizado na cidade de Londres, que traz informaes sobre o tempo at a chegada
dos prximos quatro nibus ao ponto de parada, contendo ainda o nmero e o nome
da linha.
Figura 1: Sistema Countdown em Londres. Fonte: Transport For London (2013)
Neste trabalho estamos interessados justamente nesta caracterstica dos ITS: a
utilizao de mecanismos de localizao automtica de veculos a fim de informar a
populao sobre os horrios que os nibus iro passar em determinados pontos de
parada.
A seguir, descrevemos as tecnologias envolvidas na implantao desses sistemas e
-
15
que possibilitaram maior controle sobre o transporte pblico, dinamizando suas
atividades e informaes no Brasil e no exterior.
1.2 Os recursos complementares aos sistemas de localizao de
veculos
Os veculos podem ser localizados de diferentes maneiras: via Global Positioning
System (GPS, Sistema de Posicionamento Global) ou Differential Global Positioning
System (DGPS, Sistema de Posicionamento Global Diferencial), que possui maior
preciso; via comunicao entre transponders eletrnicos na pista (laos indutivos) e
identificadores eletrnicos que fazem parte do veculo (tags); via comunicao entre
identificadores eletrnicos nos veculos (tags) e torres receptoras distribudas ao
longo da cidade (TCRP, 2003, p.8). Neste trabalho iremos nos limitar aos sistemas
de localizao GPS, j que o barateamento dessa tecnologia levou sua adoo em
massa a partir dos anos 1990 e, hoje, praticamente no h cidades que relatam o
uso de outra tecnologia para localizao dos veculos (TCRP, 2003, p.9). No Brasil,
o GPS a nica tecnologia de localizao utilizada dentre as cidades pesquisadas
(ANTP, 2008; MAGALHES, 2008).
Enquanto nos anos 70 e 80 a gerao contempornea de sistemas com tecnologia
AVL (localizao automtica) nos Estados Unidos se utilizava da comunicao via
torres receptoras ou signposts, j nos anos 1990 as agncias de transporte
iniciaram a adoo do GPS, j que esse sistema entrou completamente em
operao pblica no ano de 1995 (TCRP, 2008, p.6). O conhecimento mais
especializado sobre a superfcie e a forma do planeta Terra tornou possvel a
localizao geogrfica precisa de elementos posicionados no globo. Tanto a
geodsia rea da matemtica para medir e localizar pontos sobre o planeta ,
quanto a fotogrametria cincia que produz medidas atravs de fotografias,
normalmente areas e a topografia cincia que oferece tcnicas para determinar
a rea de regies tm contribudo grandemente para a compreenso e realizao
de clculos muito precisos para esta determinao de posicionamento sobre a Terra.
Assim, exploraes militares nas ltimas duas dcadas levaram aplicao civil do
programa espacial NAVSTAR (Navigation Satellite with Timing and Ranging),
proporcionando o desenvolvimento do Sistema de Posicionamento Global, o GPS
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16
(SILVA, 2010). De acordo com Silva (2010), o GPS, usando uma constelao de
satlites artificiais, em nmero de 24, pode gerar uma posio na terra com uma
preciso at menor que 1 cm para as coordenadas geogrficas. Ainda de acordo
com o autor, o sistema GPS, iniciado em 1973, foi projetado pelo Departamento de
Defesa dos Estados Unidos para fornecer uma posio precisa e instantnea, alm
da velocidade deste ponto sobre a superfcie da Terra (ou bem prximo a ele). O
sistema GPS ajudou a resolver a limitao de manuteno imposta pelo sistema de
torres receptoras, j que a manuteno destas torres complexa e realizada ao
longo da cidade, enquanto o sistema GPS depende somente de equipamento
adicionado ao veculo (TCRP, 2008). Com isso, a adoo de sistemas AVL
baseados em GPS caminhou rapidamente na ltima dcada. A cidade de Londres,
pioneira no uso de tecnologias de localizao de veculos, recentemente adotou
tambm o GPS como tecnologia alternativa e para aumento da preciso de seus
sistemas de torres de posio (TCRP, 2003).
Alm do sistema central de localizao dos veculos, geralmente significando a
utilizao da tecnologia GPS, diversas outras funcionalidades esto disponveis nos
sistemas de AVL que complementam as informaes de localizao e a
automatizao de processos nos veculos. Entre essas funcionalidades, podemos
citar (TCRP, 2008):
Utilizao de sensores como giroscpio, bssola e reconhecimento eletrnico
de quilometragem (odmetro), para complementao direta do sistema de
localizao;
Envio e recebimento de mensagens de texto entre o veculo e a central;
Ponto nico de identificao (logon) no terminal de operao;
Anncios automticos de prximo ponto no interior do veculo quando este
se aproxima do ponto de parada;
Troca automtica do contedo dos letreiros eletrnicos ao final de cada viagem;
Automatic Passenger Counting (APC, Contagem Automtica de Passageiros)
que sobem ou descem do veculo em cada ponto de parada;
Habilidade de monitorar o estado mecnico dos veculos atravs de sensores
especficos, gravando esta informao no prprio veculo ou transmitindo os
dados para a central;
Sistema de alarme invisvel para envio de mensagem de emergncia,
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17
algumas vezes at mesmo com microfones escondidos para monitoramento
de udio diretamente da central;
Wireless Local Area Networks (WLAN, Redes Locais Sem Fio) em garagens e
locais de armazenamento dos veculos para atualizao em massa dos dados
do veculo durante seu tempo ocioso, tanto para recolher as informaes
acumuladas nas viagens quanto para atualizar os sistemas do nibus com
novos parmetros e novas configuraes;
Utilizao de algoritmos para predio de localizao em tempo real,
provendo esses horrios e outros avisos de servio para o pblico utilizando
vrios mtodos, incluindo painis dinmicos de mensagens (DMS) em pontos
de parada especficos, informaes por telefone e websites;
Envio das informaes de localizao para melhoria do sistema Transit Signal
Priority (TSP, Sistema de Priorizao de Semforos) baseado no fluxo de
veculos e nas necessidades do trnsito.
Assim, podemos compreender que a posio geoespacial do veculo apenas uma
das dimenses desse complexo sistema AVL e que a informao ao usurio uma
importante parte deste tipo de tecnologia.
A Figura 2 mostra diagrama publicado pela ANTP que sinaliza alguns elementos
presentes em sistemas desenvolvidos para levar informao aos usurios do
transporte. Estes sistemas so formados por
[...] elementos que levam a uma informao ao usurio confivel e
qualificada durante a viagem e que servem de suporte aos outros
mecanismos, inclusive aquele que no seja em tempo real. Os sistemas de
cadastro, despacho, planejamento, gesto de frota, telecomunicaes e
segurana da informao so elementos crticos e que constituem parte da
infraestrutura necessria para garantia de uma informao segura e precisa
ao usurio. (ANTP, 2012a, p. 124)
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18
Figura 2: Diversos mecanismos envolvidos em um ITS Fonte: ANTP (2012a, p. 124)
A Figura 3, presente em relatrio da TCRP, mostra os componentes centrais e
perifricos de um sistema de AVL.
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19
Figura 3: Mecanismos principais e opcionais de um sistema de AVL Fonte: TCRP (2008, p. 7)
1.3 Vantagens percebidas no uso de localizao automtica de veculos
Do ponto de vista da informao ao usurio, a ANTP (2012a, p.124) destaca que
[...] um dos elementos-chave de um sistema de informao ao usurio moderno a
garantia da sincronicidade desta informao com o que est realmente ocorrendo no
terreno e durante a operao. Um dos pontos-chave para tal funcionalidade so os
sistemas de telecomunicaes e de gesto de rede [...]. Por essa razo, o
investimento na estrutura de informtica essencial para a garantia do bom
funcionamento desse tipo de sistema, o que pode gerar um alto custo de
implantao e manuteno ou sistemas pouco confiveis caso se opte por uma
estrutura fora do rgo de controle (ANTP, 2012a, p.124).
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20
H impactos positivos na utilizao de sistemas de informao ao usurio, que tido
como extremamente exigente quanto qualidade da informao. No entanto,
enquanto as falhas no provimento da informao tm impacto bastante negativo, a
disponibilizao de informao inclusive atrai novos usurios que passam a confiar
mais no servio quando as informaes sobre ele so mais abundantes ao menos
o que ocorre internacionalmente, j que no h estudos relevantes no Brasil a
esse respeito (ANTP, 2012a, p.129).
Londres uma cidade com transporte pblico em nvel avanado. Alm de fornecer
servios bem-estruturados de transporte em si, as informaes ao usurio do
sistema so abundantes e relevantes: indicao de prxima parada dentro de
nibus, metrs e trens, inclusive com aviso sonoro alm do visual - mensagem
falada; horrio aproximado de chegada atravs de placas eletrnicas nos pontos de
parada, de Short Message Service (SMS, Servio de Mensagens Curtas) - o usurio
envia uma mensagem pelo telefone celular e o sistema responde dizendo a hora de
chegada, de ligao automtica - o usurio telefona para um nmero gratuito e um
sistema informatizado disponibiliza o horrio de chegada dos prximos nibus.
De acordo com estudo publicado pela TCRP (2003) h benefcio real devido
implantao de sistemas que informam os usurios sobre o tempo de espera nos
pontos de parada. Os benefcios apontados pela TCRP no deixam dvidas sobre a
eficcia da implantao desse tipo de sistema na percepo geral dos usurios:
Usurios tm a percepo que o tempo de espera menor em pontos de
parada que possuem informao em tempo-real e, por isso, a espera mais
tolervel;
Usurios so estimulados a usar o transporte pblico mais frequentemente;
Pode-se esperar aumento tanto do nmero de usurios do sistema quanto do
lucro;
Essas iniciativas poderiam resultar em mudana modal para o transporte
pblico (diminuio no uso de outros meios de transporte para utilizao do
coletivo).
De acordo com a TCRP, aps a pesquisa, em 2003, as agncias que j haviam
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21
implantado sistemas desse tipo relataram diversos benefcios e os dois principais
foram uma melhoria no servio ao usurio e um aumento na satisfao dos usurios.
Na pesquisa, responderam aos questionrios agncias de transporte dos Estados
Unidos da Amrica, Itlia, Reino Unido, Finlndia, Irlanda e Taiwan (TCRP, 2003, p.
37).
Apesar de exemplos patentes nos pases da Europa, sia e Amrica do Norte, no
Brasil, [...] a utilizao de sistemas de informao ao usurio baseados em
tecnologias de automao e enquadrados no universo do ITS (Intelligent
Transportation Systems) [...] somente tomou impulso no transporte pblico brasileiro
na ltima dcada [...] (ANTP, 2012a, p. 124). Apesar de muitas cidades j contarem
com algumas informaes sobre o transporte, especialmente aquelas de tipo
esttico como a disponibilizao de itinerrios e de informaes sobre bilhetagem
eletrnica, muito incipiente o uso de tecnologias voltadas para a ubiquidade da
informao e, especialmente, a disponibilidade dessa informao em tempo real ou
prximo do real.
No Brasil, quanto ao tempo de cada viagem, a mdia de 41 minutos nos
municpios com mais de 1 milho de habitantes, chegando a 21 minutos nos
municpios que possuem entre 60 mil e 100 mil habitantes (ANTP, 2012b). Ou seja,
se o passageiro esperar por 20 minutos no ponto de parada em uma cidade com
mais de 1 milho de habitantes, seu tempo total de viagem passa para uma hora,
sendo a espera metade do tempo que ele gasta efetivamente do ponto de subida ao
ponto de descida. Em uma cidade menor o tempo de espera acaba sendo igual ao
tempo de viagem, no exemplo citado, gastando-se o dobro do tempo necessrio ao
utilizar o transporte pblico. Nesse sentido, um servio de informao de horrios
eficiente e disponvel em larga escala para os usurios pode ser extremamente til:
alm de tornar a espera mais tolervel, o passageiro pode inclusive decidir por no
esperar ou se programar melhor para utilizar o tempo que esperaria no ponto,
realizando outras atividades e encaminhando-se ao ponto somente quando a hora
de chegada do nibus se aproxima.
1.4 O sistema de informao de transporte pblico em Vitria, Esprito
Santo
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22
De acordo com a Secretaria de Transportes, Trnsito e Infraestrutura Urbana da
Prefeitura de Vitria (SETRAN, 2012), cerca de 120 mil pessoas, em um universo de
330 mil habitantes, utilizam o sistema de transporte coletivo municipal por dia, sendo
este o nico meio de transporte pblico no municpio. S em dezembro de 2010,
mais de 3,5 milhes de usurios utilizaram a frota de nibus de Vitria. Para uma
parcela considervel da populao, no h alternativa de deslocamento na cidade a
no ser o nibus municipal, e a espera pela chegada do transporte no ponto faz
parte de sua rotina diria. Vitria conta com 56 linhas de nibus distribudas em 342
veculos, que possuem idade mdia de 4,5 anos.
Em 2009, todos os nibus do sistema de transporte coletivo de Vitria foram
modernizados com aparelhos de localizao via GPS e tambm de transmisso de
informaes via tecnologia General Packet Radio Service (GPRS, Servio de Rdio
de Pacote Geral), conhecido comumente como Internet mvel, que aumenta as
velocidades de transmisso de dados via redes de celular do tipo Global System for
Mobile Communications (GSM, Sistema Global para Comunicaes Mveis). A
tecnologia de GPS proporciona a localizao com altssima preciso e os dados so
transmitidos central via redes de celular atravs do GPRS. Inicialmente, a
implantao do projeto de localizao automtica visou a melhoria do controle do
transporte e da gesto do sistema, especialmente quanto ao cumprimento do quadro
de horrios pelas empresas concessionrias e quanto deteco de desvios de rota
pelos motoristas.
Cumpre destacar que a Prefeitura de Vitria disponibiliza um sistema que permite o
acesso aos dados sobre o tempo de chegada dos nibus aos pontos de parada: o
PontoVitria1, divulgado pela primeira vez em 19 de maro de 2009. Importante
observar o tom ctico da enquete apresentada aos leitores do portal Gazeta Online
(2009), maior portal de notcias do Estado do Esprito Santo, na data da divulgao
da primeira notcia sobre a disponibilizao da tecnologia: Voc acredita no
funcionamento desse sistema?. Mesmo tendo a primeira divulgao em 2009, o
sistema s foi efetivamente disponibilizado para a populao em novembro do ano
seguinte. O custo do software implantado foi de R$ 1,2 milho (GAZETA ONLINE,
1 http://vitoria.es.gov.br/pontovitoria
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23
2009). No se sabe se este custo inclui alguma implantao de infraestrutura ou
est relacionado somente ao software disponibilizado.
De acordo com a Setran (2013), "O servio disponibiliza ao cidado melhor controle
sobre os horrios das linhas de nibus que utiliza diariamente em cada ponto da
cidade, permitindo ao usurio seguir para o ponto de parada restando poucos
minutos para o embarque. Dessa forma, o Ponto Vitria proporciona mais conforto e
segurana aos cidados [...]". J o portal GazetaOnline (2010) inicia a matria
questionando "Sabe aqueles minutos preciosos que cada cidado perde no ponto de
nibus espera do transporte coletivo? A partir de hoje, eles podero ser
economizados".
O sistema Ponto Vitria depende do correto funcionamento do mdulo de
transmisso de localizao do veculo, composto de GPS e transmitido via GPRS
(SETRAN, 2013). Esse mdulo est presente em todos os nibus da frota a fim de
tornar possvel a localizao automtica dos veculos. A Figura 4 mostra o mdulo
de transmisso que est atualmente instalado nos coletivos de Vitria.
Figura 4: Mdulo integrado dos nibus do transporte de Vitria Fonte: SANTOS (2011, p.358)
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24
A exemplo de outras cidades do Brasil e do exterior, o sistema de AVL para a cidade
de Vitria foi projetado, primariamente, para monitoramento e controle da frota, dos
funcionrios e dos horrios a serem cumpridos pelas empresas prestadoras do
servio, como forma institucional de controle para o pblico interno de gestores e
administradores do transporte no municpio, sem abertura das informaes para os
usurios externos, ou seja, os cidados que utilizam o servio. O Gazeta Online
(2010) afirma que "O novo servio um subproduto do sistema de monitoramento
de linhas de nibus implantado pela Setran, no fim de 2008 [...]". Em comunicao
tcnica na ANTP, Santos deixa claro os propsitos iniciais do Sistema Pontual, como
denominado o sistema AVL de Vitria:
Com os relatrios dirios do Sistema, torna-se fcil determinao de
pontos crticos do itinerrio, reas de maior utilizao dos nibus e
desempenho das linhas, bem como informaes referentes utilizao dos
veculos no dia-a-dia, como velocidade mdia por trecho, tempo ocioso, ou
seja, tempo em que o nibus fica com o motor ligado sem se deslocar,
freadas bruscas, velocidades excessivas, violao de itinerrio, formao de
comboio, atrasos de viagens, entre outros (SANTOS, 2011, p.356)
Enquanto na cidade de Vitria ainda conta-se apenas com a utilizao atravs do
sistema projetado pela Setran e disponibilizado em endereo virtual 2 (SETRAN,
2013), muitas cidades avanaram fortemente na disponibilizao das informaes
de localizao dos veculos. A consulta aos horrios, em outras localidades ao redor
do mundo, alcana outros meios e, portanto, est acessvel para uma parcela maior
da populao. Alm da disponibilizao em um endereo virtual atravs de um site
na Internet, h tambm a possibilidade de consultar os horrios via mensagens de
texto (SMS), via ligao telefnica gratuita, via aplicativos para telefones celulares,
via painis de mensagem varivel alocados nos pontos de nibus e nos terminais
rodovirios. Alm do acesso pelo computador, em Vitria foi disponibilizado apenas
um totem contendo uma tela de consulta para os horrios, localizado dentro do
prdio da Prefeitura Municipal (GAZETA ONLINE, 2010).
Atualmente, prtica comum que empresas com grandes volumes de dados
2 http://vitoria.es.gov.br/pontovitoria
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25
disponibilizem acesso a esses dados atravs do que conhecido como Aplication
Programming Interface (API, Interface de Programao de Aplicativos). Atravs de
uma API, um programador independente, ou seja, externo organizao que detm
os dados, pode confeccionar programas que se utilizam dos dados disponibilizados
pela empresa, manipulando-os da forma que desejar.
Atravs da utilizao de API, empresas abrem seus dados de forma segura e se
aproveitam de todo o potencial de criao de desenvolvedores e designers
independentes. Disponibilizar as informaes de horrios de nibus obtidas atravs
de sistemas AVL uma forma interessante de obter uma comunidade de
desenvolvimento de aplicativos e solues sem direcionar recursos especficos para
tal. A cidade de Londres, por exemplo, disponibiliza diversas APIs para seu sistema
AVL atravs de um portal especializado3, permitindo que os dados sejam utilizados
para diversas aplicaes, beneficiando assim os usurios sem interveno direta do
governo da cidade na criao desses subprodutos. O governo fornece os dados de
forma consistente e o cidado beneficiado pelo trabalho de outros cidados. A
Figura 1 demonstra de forma simplificada como diversos dispositivos poderiam
acessar os dados do Sistema Pontual atravs da utilizao de uma API pblica.
3 http://www.tfl.gov.uk/businessandpartners/syndication/default.aspx
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Figura 5: Benefcios de uma API para o Sistema Pontual Fonte: Elaborada pelo autor
Vale destacar que, mesmo que seja compreensvel que o primeiro esforo vise a
melhoria do sistema de controle do transporte, conforme afirmado anteriormente,
aps quatro anos desde a implantao do sistema na cidade de Vitria ainda temos
pouca evoluo quanto sua disponibilizao para a populao que est na rua.
Assim, para suprir essa limitao e tendo-se em vista que a Prefeitura no
disponibiliza acesso padronizado para os dados atravs de API, diversos
desenvolvedores utilizam-se de outras maneiras para obter as informaes e
transform-las, criando aplicativos que sejam de fcil utilizao e que disponibilizem
os horrios atravs do telefone celular, ampliando um pouco mais o acesso da
populao.
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, alguns aplicativos no-oficiais e
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27
solues de software foram desenvolvidos utilizando-se dos mesmos dados
apresentados pela Prefeitura de Vitria em seu sistema PontoVitria.
1. Website NoPonto4
2. Aplicativo para Android Ponto Vitria5
3. Aplicativo para Android Buzzo Vitria6
4. VixBus: rob de resposta automtica para Twitter7
Atualmente, a Prefeitura de Vitria oferece apenas o acesso atravs do site na
Internet. Este site exige um computador ou outro dispositivo que possua navegador
de Internet habilitado a visualizar as informaes. Como essas informaes
encontram-se disponveis em um site na Internet so, portanto, de difcil acesso
populao que encontra-se na rua, sem meios de consulta rede mundial. Alm
disso, um sistema como o oferecido demanda a ateno direta de qualquer um que
o utilize, j que acessado atravs do computador. Na maioria dos casos,
necessrio: sentar ao computador, abrir o navegador da Internet, digitar o endereo
para navegar at ele, buscar o ponto desejado e escolher a linha desejada para,
enfim, aps todas estas etapas, visualizar os horrios disponibilizados.
Neste captulo estabelecemos o avano global na ltima dcada dos sistemas de
transporte inteligentes e das tecnologias de localizao automtica de veculos.
Alm disso, destacamos que, comparado a outros pases, o Brasil ainda encontra-se
na retaguarda desses avanos e que a cidade de Vitria, merecendo destaque no
territrio nacional, tem sua frota completa monitorada desde 2008. Mesmo assim,
frisamos que necessrio avanar nas maneiras de disponibilizao das
informaes para a populao e identificamos que a utilizao de uma API pblica
seria ideal neste caso. No prximo captulo abordaremos tecnologias e formas de
disponibilizao de dados bastante diferentes das maneiras tradicionais,
aproveitando-nos dos avanos da tecnologia computacional eletrnica para o projeto
de dispositivos cada vez mais fceis de usar.
4 http://www.metzen.com.br/noponto. Servio atualmente fora de funcionamento. 5 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.ufes.inf.ravitoi.pontovitoria 6 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.buzzao.pmv. O aplicativo Buzzo Vitria foi
noticiado pelo portal Gazeta Online, conforme a matria a seguir: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/07/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1304237-previsao-de-chegada-do-onibus-pelo-celular.html 7 https://twitter.com/VixBus. Atualmente fora de funcionamento.
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Captulo 2: Sistemas de informao ambiente
No final do sculo XX e incio do sculo XXI observamos de perto a rpida ascenso
dos computadores, permeando as mais diversas atividades humanas e
transformando nossas relaes. A Internet vem sendo construda de forma a estar
presente em todas as nossas atividades:
A Internet vem sendo chamada a realizar cada vez mais tarefas - do acesso
eletrnico a bancos ao monitoramento de tsunamis. Se a Internet pudesse
desejar qualquer presente para seu aniversrio de 40 anos, provavelmente
pediria para ser mais poderosa, conectada e intuitiva - respondendo s
nossas necessidades em casa, no trabalho ou na rua. 8 (European
Comission, 2014, traduo nossa)
Inserida em nossas vidas de diversas maneiras, a tecnologia computacional hoje em
dia no se resume mais aos computadores conforme eram conhecidos na dcada
de 80. Apesar de o Personal Computer (PC, computador pessoal) ser o maior
expoente desse universo ainda hoje, a miniaturizao dos componentes eletrnicos
tornou possvel uma gama completamente nova de objetos eletrnico-
computacionais, que cada vez mais inserem-se em nossas atividades cotidianas
sem serem notados. Essa pervasividade computacional caracterstica do momento
tecnolgico em que vivemos traz consigo um desafio que diz respeito ao estresse
informacional. Essa uma questo preocupante, sendo objeto de estudo de
diversas rea cientficas ao redor do mundo. Em artigo publicado no New York
Times sobre o assunto, Nora Volkow, uma das mais notveis cientistas
especializadas no crebro humano, diz que a tecnologia tal qual temos hoje est
reorganizando as ligaes neuronais dos nossos crebros. Adam Gazzaley,
neurocientista da Universidade da Califrnia, So Francisco, afirma categoricamente
que j sabemos que h consequncias claras da superexposio do crebro a esse
ambiente de alta densidade informacional. Devido a esse fluxo fragmentado de
informaes, muitas pessoas tem dificuldade de focar a ateno e de se concentrar
em situaes comuns do dia-a-dia (RICHTEL, 2010). Mais adiante neste captulo
8 The Internet is called on to perform increasingly many tasks - from online banking to tsunami
monitoring. If the Internet could wish for anything on its 40th birthday, it would probably ask to be more powerful, connected and intuitive responding to our needs at home, work or on the go. Disponvel em: .
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29
abordaremos como os sistemas de informao ambiente podem amenizar o
estresse relacionado com essa sobrecarga informacional. Partindo do design de
interao, demonstraremos como podemos projetar de forma a contribuir para um
uso mais calmo da tecnologia computacional.
2.1 Sistemas de informao e design de interao
A evoluo e crescente disponibilidade dos PCs abriu caminho para o surgimento de
uma nova rea de produo para os designers que, pelas caractersticas especficas
que apresenta, ficou conhecida como design de interao. O Design , no senso
comum, frequentemente vinculado somente camada esttica e de apresentao
de um artefato ou sistema visual, apesar de poder desempenhar papis ainda mais
estruturais que esse.
[...] com a evoluo natural dessa rea de atuao, o papel dos designers
no se limitou interface grfica. Dar uma aparncia agradvel aos
sistemas projetados pelos engenheiros de software no era o suficiente
para torn-los mais amigveis e fceis de usar. A atuao dos designers
deveria ir alm da chamada camada de apresentao, envolvendo-se no
projeto do software desde suas etapas iniciais. Alm da apresentao das
informaes, da diagramao dos dados em uma superfcie, de definio de
famlias tipogrficas e padres cromticos questes sensveis no campo
da comunicao visual os designers passaram a pensar a organizao
das informaes em um nvel mais profundo, elaborando a categorizao de
dados, a taxionomia dos termos utilizados nos programas, preocupando-se
tambm com as respostas do sistema aos inputs dos usurios. Tratava-se
no mais de pensar a interface, mas de pensar toda a interao com o
sistema, inputs e outputs possveis, o que veio a ser chamado de design da
interao. (Rodrigues, 2011, p. 83)
Assim, com a introduo de objetos conectados Internet capazes de interagir com
o usurio de maneiras nunca antes experimentadas, temos como que ampliada essa
funo do designer na construo da interao desses usurios com os dispositivos
atuais. E est no cerne dessa atividade transformar as tarefas mais simples do dia-
a-dia ao adicionar uma camada informacional a elas, nessa nova era da computao
pervasiva. Greenfield (2006) fornece-nos o exemplo da banheira de hidromassagem
produzida pela empresa brasileira IHOUSE que, repleta de sensores e inteligncia,
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30
permite que, distncia, o usurio ajuste temperatura da gua, programe o nvel de
massagem, ajuste leos e espumas de banho, cores e intensidade das luzes e ainda
seja avisado, por telefone, que seu banho est a sua espera em casa assim que
chegar do trabalho. E isso tudo projetado e comercialmente operante no ano de
2006. De l pra c muito mudou e a quantidade de dispositivos conectados cresceu
conforme j era esperado: at 2018 estima-se que o nmero de objetos desse tipo
conectados seja igual soma de todos os smartphones, PCs, televisores e tablets
juntos, ultrapassando a marca de 9 bilhes de dispositivos9. Uma das primeiras
questes que nos vem mente est relacionada sobrecarga de informao: ser
possvel lidar com tanta informao de uma s vez nossa volta?
Pesquisas recentes sugerem que o crescente volume de informao
disponvel e a interrupo provocada por isso no trabalho das pessoas
pode afetar no somente o bem-estar pessoal mas tambm as tomadas de
deciso, a inovao e a produtividade. Em um estudo, por exemplo,
pessoas levaram em torno de 25 minutos para retornar a uma tarefa aps a
interrupo causada por um e-mail. Essa uma pssima notcia tanto para
os indivduos quanto para suas organizaes10 (HEMP, 2009, p.3, traduo
nossa)
Por isso, em meio enxurrada atual de telefones celulares, tablets, televisores com
acesso Internet e etc., h um tipo de computao mais sutil que vem surgindo: a
computao ambiente 11 . Esse tipo de computao atual insere-se no ambiente,
mesclando o computador aos objetos do dia-a-dia e adicionando a eles uma camada
completamente diferente: a da informao computacional. Tanto recolhendo quanto
fornecendo dados, os sistemas de informao ambiente so feitos para no invadir
nossas rotinas e para fornecer informao til enquanto se mesclam suavemente ao
nosso entorno. Essas tecnologias de informao ambiente so pensadas para
9 http://www.businessinsider.com/growth-in-the-internet-of-things-2013-10 10 Current research suggests that the surging volume of available informationand its interruption of peoples workcan adversely affect not only personal well-being but also decision making, innovation, and productivity. In one study, for example, people took an average of nearly 25 minutes to return to a work task after an e-mail interruption. Thats bad news for both individuals and their organizations. 11 No escopo deste trabalho estabelecer uma diferenciao formal entre computao pervasiva,
ubiquidade computacional, Internet das coisas e etc., mas fazer uso desses conceitos a fim de esclarecer e definir os sistemas de informao ambiente. Rodrigues (2011) estabelece muito claramente as distines entre esses conceitos e sugerimos sua publicao como referncia para o aprofundamento no assunto.
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31
serem minimamente percebidas fora do nosso foco direto de ateno, ou seja, so
projetadas para funcionar em conjunto com todas as nossas outras atividades
(Rodrigues, 2011). Certamente essa maneira de projetar objetos de forma no-
invasiva muito til em uma era de estresse causado por excesso de informao.
2.2 Sistemas de informao ambiente, calm technology e pervasividade
computacional
Fazendo parte do conceito maior de computao ubqua 12 , os sistemas de
informao ambiente so maneiras de, especialmente, explorar o problema da
sobrecarga de informao. necessrio atentar para o fato que lidamos com uma
quantidade muito maior de informao em atividades fora do computador do que
atravs dele e, mesmo assim, ele nos parece mais complexo e cansativo muitas
vezes.
[...] H mais informao disponvel para ns durante uma caminhada em um
bosque do que em qualquer sistema computacional, entretanto as pessoas
acham uma volta no bosque algo relaxante enquanto computadores so
frustrantes. Mquinas que encaixam no ambiente humano, ao invs de
forar humanos a entrar no seu ambiente, iro fazer com que usar um
computador seja to agradvel quanto uma caminhada no bosque. 13
(WEISER, 1991, p. 104, traduo nossa).
Por essa razo, em uma era de sobrecarga de informao computacional,
importante entender que a tecnologia deve avanar para que se assemelhe mais
caminhada no bosque exemplificada por Weiser, gerando menos estresse para sua
utilizao diria. claro que devemos entender que no somente o fator
tecnolgico que determina o estresse relacionado ao uso de determinada tecnologia
e ateno que dispensamos a ela. Conforme afirma Rodrigues (2011), elucidando
12 Ubiquidade computacional, computao ubqua ou simplesmente ubicomp so conceitos das
cincias da computao introduzidos por Mark Weiser na dcada de 80 e referem-se a uma presena invisvel dos computadores em nosso meio, assim como a presena da escrita atualmente. como se as tecnologias computacionais, dentro desse conceito de ubiquidade, fossem mais percebidas quando esto ausentes do que quando esto presentes (RODRIGUES, 2011, p. 15). 13 There is more information available at our fingertips during a walk in the woods than in any computer system, yet people find a walk among trees relaxing and computers frustrating. Machines that fit the human environment, instead of forcing humans to enter theirs, will make using a computer as refreshing as taking a walk in the woods.
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32
sobre este processo
[...] A ateno deve ser entendida como um continuum entre processos
automticos (que demandam menos recursos cognitivos e aumentam a
possibilidade de realizao de atividades simultneas) e processos
voluntrios (que demandam mais recursos cognitivos e em geral ocorrem de
forma serial, reduzindo a possibilidade de envolvimento com atividades
paralelas). A maneira como esses processos atuam varia em funo do
contexto, da situao que motiva a captura da ateno, sofrendo tambm
influncia da memria, do conhecimento acumulado atravs de experincias
anteriores. (Rodrigues, 2011, p. 122)
Sistemas de informao ambiente podem ser formados de artefatos extremamente
simples. Talvez o primeiro desses artefatos de que se tem notcia conhecido como
Dangling String e consiste em um fio conectado a um motor no teto de uma sala.
Pensado primariamente como uma instalao artstica pela artista Natalie
Jeremijenko, o LiveWire, como tambm conhecido, denota a quantidade de trfego
de rede de determinado local no centro de pesquisa da Xerox em Palo Alto (Xerox
PARC), local onde foi instalado: quanto mais trfego na rede, mais rpido o motor
gira, girando tambm o fio plstico amarrado a ele. Esse giro, quando em
velocidades mais altas, produz zumbidos caractersticos que permitem ter uma
noo do trfego na rede sem nem ao menos olhar para o artefato (Rodrigues, 2011,
p. 123).
Um exemplo mais recente e completamente cotidiano do uso da informao
ambiente o AmbientUmbrella. Ao mesmo tempo que executa as funes de um
guarda-chuva comum, o AmbienteUmbrella pode conectar-se a um servio de
previso do tempo na Internet e acender uma luz azul quando h previso de chuva,
informando com antecipao quando necessrio lev-lo para a rua. A Figura 6 e a
Figura 7 demonstram os dois artefatos. Na seo 3.3 abordamos outros exemplos
de sistemas de informao ambiente.
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Figura 6: LiveWire (Dangling String) Fonte: Rodrigues (2011, p.124)
Figura 7: AmbientUmbrella avisa quando vai chover Fonte: Rodrigues (2011, p.134)
Neste captulo observamos como o avano das tecnologias computacionais tem
permitido cada vez mais a criao de sistemas de informao ambiente, conectados
a informaes antes ocultas atravs dessas tecnologias. Vimos tambm que um dos
propsitos fundamentais desses sistemas diminuir a tenso gerada com a
sobrecarga de informaes do mundo atual, gerando um uso mais calmo da
tecnologia. No captulo a seguir abordaremos a construo de um artefato que leva
em considerao esses conceitos ao levar os horrios de nibus para uma interface
fsica com a utilizao de tecnologias eletrnicas.
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Captulo 3: Um sistema de informao ambiente para os horrios
de nibus de Vitria: construindo um artefato
Apesar dos avanos dos ltimos anos, a utilizao de sistemas inteligentes para o
transporte pblico ainda pouco explorada no Brasil. Mesmo assim, a adoo
desses sistemas, especialmente quanto localizao automtica de veculos, tem
crescido e medida que a tecnologia para informar o usurio torna-se mais
presente, cada vez mais possvel fornecer os horrios de nibus aos cidados a
fim de minimizar sua ansiedade durante a espera do coletivo. Por isso, a fim de
justamente minimizar essa ansiedade, importante ser cautelosos a fim de no
sobrecarregar as pessoas com sistemas que sobrecarreguem os usurios de
informao e que gerem cada vez mais estresse por necessitarem de sua ateno
direta e focada. Atravs da aplicao dos conceitos dos sistemas de informao
ambiente podemos disponibilizar as informaes de forma mais calma, trazendo o
conforto da informao sem forar uma interao estressante.
Pretendeu-se, como concluso deste projeto, construir um dispositivo informacional
a ser disponibilizado no ambiente de forma contnua, operando de forma a
evidenciar o tempo de chegada de determinada linha de nibus a um ponto de
parada especfico e comportando-se em conformidade com os princpios dos
sistemas de informao ambiente.
Para a construo e desenvolvimento do artefato aplicou-se uma metodologia de
projeto em design derivada a partir de Brdek (2006) e Lbach (2001). Ambos
exploram etapas similares para os projetos de design, que podemos sintetizar da
seguinte forma: definio do problema, levantamento de dados, gerao de
alternativas de projeto, escolha de uma (ou mais) ideias a se projetar, prottipo e
testes. Lbach (2001) aprofunda-se na execuo do projeto atravs da produo
industrial propriamente dita e da especificao detalhada de todos os itens de
fabricao do artefato. Entretanto, este no o escopo deste trabalho de graduao,
que se dar por finalizado com a construo de prottipo funcional que possibilite a
realizao de testes. Esteticamente, o prottipo simula visualmente uma possvel
verso do produto final atravs da utilizao de materiais artesanais, mas seu
funcionamento real (no simulado). A seguir apresentamos as etapas
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35
desenvolvidas para a construo do artefato em questo.
3.1 Definio do problema
3.1.1 Definio de pblico alvo
Embora, em tese, um artefato desta natureza seja aplicvel a diversos pblicos
diferentes, para fins de recorte definiu-se como pblico alvo os alunos de graduao
frequentadores da Ufes que utilizam o transporte pblico de Vitria. Este recorte se
faz necessrio devido natureza tecnolgica do artefato, que exige conexo
contnua com a Internet e com a rede de alimentao de energia eltrica. Alm
disso, esse pblico de fcil acesso e cooperao dentro da Universidade Federal
do Esprito Santo (Ufes). Por essa razo, em acordo com o Laboratrio de Design
Instrucional (LDI), o artefato construdo foi testado por vinte dias no Ncleo de
Ensino Aberto e Distncia (Ne@ad), onde est localizado o laboratrio. O LDI
conta com treze alunos-bolsistas que puderam estar em contato com o projeto
durante este tempo.
3.1.2 Delimitao do contexto do projeto
O projeto se limita visualizao dos horrios de nibus do transporte municipal de
Vitria, Esprito Santo. Para o contexto deste projeto, devido sua natureza, foi
selecionada uma linha de nibus e um ponto de parada. A linha selecionada
inicialmente foi a de nmero 0214 Bento Ferreira / Goiabeiras (via Shopping) e o
ponto de parada escolhido foi o de nmero 616614, localizado em frente ao Teatro
Universitrio do Campus Goiabeiras da Ufes, na Avenida Fernando Ferrari. A Figura
8 mostra em um mapa o local de disponibilizao do dispositivo e o local do ponto
de parada a que ele se refere. A distncia entre o local de instalao do dispositivo e
o ponto de parada de aproximadamente 150 metros.
Durante a etapa de testes decidiu-se mudar temporariamente a linha monitorada
para que outras pessoas, com outros destinos, pudessem tambm se utilizar do
recurso, enriquecendo os testes. Este foi um pedido feito pela equipe do laboratrio
que estava utilizando o artefato. Por esta razo, em dias especficos, acordados com
14 Essa numerao a forma apresentada pela PMV para identificar os pontos de parada. Todos os
nmeros esto disponveis em
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a equipe que estava utilizando, o servio foi ajustado para operar com as linhas
0161 Mrio Cyprestes / Jardim Camburi (via Marupe) e 0121 Mrio Cyprestes /
Jardim Camburi (via Reta da Penha).
Figura 8: Localizao do artefato e do ponto de parada nmero 6166 Fonte: Elaborada pelo autor
3.2 Levantamento de dados
3.2.1 Anlise de similares
Ao longo deste trabalho foram observados diversos sistemas de informao
ambiente, mesmo que no possussem relao direta com o transporte pblico. Esta
anlise permitiu considerar tanto o contexto das informaes sobre o transporte
quanto o das informaes no ambiente com base computacional. A seguir,
destacamos duas solues de informao ambiente que tem funo anloga do
VisualizaBus, relacionadas ao transporte, e uma soluo muito diferenciada para
informaes financeiras, exemplificando seus contextos de uso.
3.2.1.1 Ambient Trolley
O projeto Ambient Trolley muito semelhante ao projeto desenvolvido por ns.
Apesar de diferir tecnicamente em diversos aspectos, sua representao tambm
realizada atravs de um pequeno artefato que se movimenta em uma base pr-
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37
configurada, proporcionando uma noo temporal a respeito da chegada do prximo
veculo a um ponto de parada especfico, tendo seu tempo indicado por pequenos
marcadores textuais. Tratamos do Ambient Trolley, em primeiro lugar, por se tratar
do projeto mais semelhante encontrado entre as referncias pesquisadas.
Desenvolvido pelos integrantes do Information Interfaces Lab (Laboratrio de
Interfaces de Informao) da Georgia Institute of Technology (Georgia Tech, Instituto
de Tecnologia da Georgia), o sistema de informao ambiente auxilia os integrantes
do laboratrio na previso dos horrios do bonde que faz o transporte entre o
laboratrio, a estao de metr e outros pontos dentro da universidade.
No relato de sua experincia, os membros responsveis pelo Ambient Trolley
descrevem a dificuldade de mover o artefato com preciso, fazendo-se necessrio o
uso de botes de incio e fim de curso, maneira que tambm utilizamos no nosso
projeto (seo 3.4.2.6). Uma diferena crucial entre o projeto que propusemos e o
Ambient Trolley, no entanto, que no caso deste ltimo necessria a utilizao de
um computador para processamento, enquanto no nosso somente utilizamos o
Arduino15 e um shield de conexo Internet (os shields so abordados com mais
profundidade na seo 3.4.2). No projeto AmbientTrolley, a comunicao realizada
entre o pequeno trem, uma placa controladora Phidgets16 e um computador pessoal
(PC) que, [...] em intervalos regulares, [...] retorna uma pgina Web simples
contendo horrios estimados de chegada baseados em informaes de GPS
fornecidas pelo NextBus17 [...]18 (STASKO et al., 2007, traduo nossa). Essa uma
caracterstica importante em sistemas de visualizao ambiente. Quanto mais
invisvel o computador em si puder ser, melhor. Ou seja, quanto menos um sistema
de informao ambiente for parecido com um computador comum, mais integrado
15 O Arduino , de forma elementar, um placa de circuito eletrnico programvel a partir de um
computador. Uma vez programado, o Arduino opera os comandos de forma independente, sendo capaz de receber informaes de sensores (como temperatura, luminosidade, presso e etc.) e controlar dispositivos eletroeletrnicos (como motores, luzes, caixas de som e etc.). Abordaremos o Arduino em profundidade mais adiante neste trabalho. 16 http://www.phidgets.com/ 17 O NextBus um servio de localizao dos veculos operados pela San Francisco Municipal
Transportation Agency - SFMTA (Agncia de Transporte Municipal de So Francisco), localizada na Califrnia, EUA. Disponvel em http://www.nextbus.com. 18 At regular intervals, the application retrieves a simple web page containing estimated arrival times
based on GPS data provided by NextBus
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ele aparentar estar com o ambiente. A ideia que sistemas desse tipo se
aproximem na forma de um objeto ou sistema informacional qualquer, mesclando-se
no ambiente. Isso significa que cabos e tudo que possa remeter a um computador
de uso comum deve estar o mais camuflado possvel e o computador pessoal
comum deve ser evitado a todo custo, abrindo espao para computadores menores
e mais invisveis. Como podemos ver, no caso do Ambient Trolley, os fios de
conexo ao computador so bastante visveis, apesar de o PC estar camuflado.
Figura 9: Carro de ferrovia do Ambient Trolley Fonte: Pgina do projeto AmbientTrolley na Web19
Figura 10: Viso geral do AmbientTrolley Fonte: STASKO (2007)
19 Disponvel em: http://www.cc.gatech.edu/gvu/ii/trolley/, acesso em 10 mar. 2014
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3.2.1.2 BusMobile
Seguindo a mesma linha de aplicao relacionada ao transporte pblico, o projeto
BusMobile uma iniciativa do Intel Research Berkeley20, e disponibiliza os horrios
para seis linhas de nibus distintas. O dispositivo composto de seis plaquetas que
contm a referncia do nibus e, atravs de pequenos motores adaptados no topo, a
estrutura movimenta as plaquetas, movendo-as de baixo para cima. Quanto mais
alta est a plaqueta, mais prximo o nibus est de chegar. As plaquetas so
movidas independentemente. A Figura 11 demonstra a instalao do dispositivo e as
plaquetas em utilizao.
Este artefato se destaca por apresentar seis linhas diferentes para o mesmo ponto
de parada, utilizando seis marcadores independentes. No entanto, um usurio que o
utiliza pela primeira vez precisa de algum tempo de aprendizado para compreender
seu funcionamento, devido abstrao que o objeto proporciona. Na Figura 11
observa-se, no quadro branco, que h explicaes sobre o funcionamento do
artefato.
Figura 11: Viso geral do BusMobile Fonte: MANKOFF & DEY (2003)
20 O Intel Research Berkeley fazia parte de uma rede de laboratrios de pesquisa patrocinados pela
gigante da computao Intel Corporation. Os ltimos laboratrios foram fechados em 2011, incluindo o Intel Research Berkeley. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Intel_Research_Lablets
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3.2.1.3 Datafountain: cotaes financeiras com colunas dgua
O projeto DataFountain21 foi escolhido para figurar aqui por sua simplicidade externa
e por estar muito bem alinhado s caractersticas dos sistemas de informao
ambiente. Conectado s cotaes da bolsa de valores, o dispositivo utiliza colunas
de gua, em forma de chafariz, para demonstrar a relao entre as cotaes do
Euro, do Dlar e do Yen. A complexidade envolvida na produo de uma instalao
como essa foi completamente abstrada com a utilizao de gua para
disponibilizao das informaes. O resultado final representado somente pela
comparao entre as alturas das colunas de gua, que oferecem um panorama da
situao atual entre as trs moedas. A DataFountain um exemplo claro de
utilizao de um objeto extremamente comum para disponibilizao informaes
complexas. A Figura 12 mostra o dispositivo em funcionamento.
Figura 12: Viso geral do Datafountain Fonte: Pgina do projeto DataFountain na Web21
21 Disponvel em: Acesso em 01 mar. 2014.
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3.3 Gerao de alternativas e escolha de partido projetual
A fim de gerar alternativas, partiu-se das informaes recolhidas para o desenho de
possibilidades de projeto. Em um primeiro momento no houve preocupao com a
adequao especfica das alternativas quanto ao contexto, criando-se diversas
variaes que inclusive no se limitaram a uma linha especfica como a 0214
Bento Ferreira / Goiabeiras (via Shopping). Em um segundo momento fez-se uma
crtica a cada alternativa gerada, verificando tanto sua viabilidade tcnica quanto
adequao aos requisitos do projeto a adequao aos sistemas de informao
ambiente e a situao de uso pretendida, que a utilizao interna em um
ambiente de escritrio.
A seguir temos ilustraes do processo criativo de trs alternativas para o sistema
informacional, com breve explicao de cada uma, destacando aspectos positivos e
negativos de cada ideia gerada.
3.3.1 Esferas de cores
As esferas de cores utilizam a luz como fator primrio de indicao da proximidade
dos nibus. De acordo com uma escala de cores e intensidades, os usurios seriam
informados dos horrios aproximados para os nibus pr-configurados.
De acordo com o exemplo da Figura 13, o prximo nibus da linha 0214 demoraria
ainda mais de vinte minutos para chegar; o da linha 0161 entre dez e vinte minutos e
o prximo da linha 0121 estaria a menos de dez minutos da sua chegada.
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Figura 13: As esferas de cores Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 14: Legenda de cores das esferas Fonte: Elaborada pelo autor
As esferas de cores, apesar de funcionais, possuem alguns problemas. O primeiro
deles de natureza tcnica: mostradores luminosos no so claramente visveis
durante o dia e necessitaramos de lmpadas de alta potncia para cada uma das
linhas de nibus. Alm disso, qualquer abstrao dessa natureza, mesmo quando
acompanhada de legenda, necessita de um certo tempo de leitura e aprendizado
para ser compreendida. Como buscvamos um sistema mais intuitivo, esta ideia
ficou em segundo plano. No entanto, relativamente complexidade de
implementao, esta uma ideia muito simples e com implementao bastante
rpida.
3.3.2 Rolos giratrios de linha e tempo
Os rolos giratrios de linha e tempo representam um aparato mecnico composto
por dois rolos impressos com todas as linhas e todos os horrios possveis para o
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ponto determinado. Dois motores, um para cada rolo, so responsveis pela
movimentao. Assim que o artefato recebe as informaes, os motores atuam para
posicionar a linha e o tempo estimado de forma correta, informando o tempo para a
chegada do nibus. A Figura 15 demonstra como poderia ser esse artefato. A Figura
16 mostra-o internamente, deixando evidente como funcionam o desenrolar e
enrolar dos rolos impressos.
Figura 15: Rolos giratrios de linha e tempo Fonte: Elaborada pelo autor
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Figura 16: Funcionamento interno do sistema mecnico dos rolos Fonte: Elaborada pelo autor
Mesmo que a informao seja muito clara e que um artefato como esse possibilite a
visualizao de diversas linhas diferentes, ainda assim necessrio que o usurio
leia tanto a linha quanto o tempo restante, exigindo ateno direta (para a leitura) e
distanciando-se dos fundamentos da informao ambiente. De forma simples, este
dispositivo uma tela analgica: ao invs de pixels como em uma tela eletrnica,
temos papis impressos que se alternam, mudando a informao de acordo com a
necessidade. A vantagem bvia deste artefato que deixamos de depender de uma
tela luminosa, que usualmente apresenta problemas de luminosidade e de
angulao para visualizao.
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Figura 17: Vista lateral dos rolos Fonte: Elaborada pelo autor
3.3.3 Simulao de chegada em escala
Nesta alternativa temos a opo mais mecnica possvel: uma miniatura de nibus
move-se sobre um trilho pr-determinado e quanto mais prximo o pequeno nibus
se encontra do zero (denotado pelo tringulo vermelho esquerda do nmero 05
na Figura 18), mais prximo o nibus est de chegar ao ponto configurado.
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Figura 18: Simulao de chegada em escala Fonte: Elaborada pelo autor
Uma desvantagem ntida desta opo que ela permite monitorar somente uma
linha por vez. Mesmo assim, esta a opo que apresenta a informao de forma a
demandar menos interpretao. O movimento do pequeno nibus como que simula
o movimento do nibus real e a aproximao de um denota a aproximao do outro.
A relao de interpretao da informao bastante direta e de apreenso rpida:
basta uma rpida olhada para compreender o estado atual do sistema. Alm disso,
a informao textual sobre o tempo apenas complementar: mesmo que os
nmeros da escala de tempo fossem suprimidos seria possvel compreender o
tempo restante a partir da experincia de uso continuado do objeto, aprendendo-se
com o tempo quanto cada distncia representa no tempo de chegada do nibus ao
ponto real.
Esta foi a ideia adotada para a construo do dispositivo. Alm das vantagens
informacionais que apresentamos anteriormente, devemos destacar que tnhamos
disposio os componentes eletrnicos e eletromecnicos necessrios para
produo deste artefato e esse fato tambm influenciou diretamente na escolha
dessa ideia.
3.4 Desenvolvimento do prottipo
Apresentamos a seguir o desenvolvimento do dispositivo de informao ambiente
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para informar os horrios de uma linha de nibus municipal de Vitria, relativo ao
ponto 6166, conforme descrito anteriormente. Chamaremos este sistema de
informao de VisualizaBus.
Aps analisar uma srie de sistemas de informao ambiente, Rodrigues (2011,
p.182) enumera uma lista de caractersticas que podem influenciar o envolvimento
de nossa ateno no uso desses sistemas e em ltima instncia, na eficincia deles
em nos comunicar algo. Baseando-nos na classificao apresentada pelo autor,
podemos enquadrar o artefato nas seguintes caractersticas:
1. A complexidade das informaes exibidas baixa;
2. H poucos detalhes e variaes possveis para as informaes apresentadas,
j que somente temos a posio e a luz indicadora mudando de estado ao
longo do funcionamento;
3. As informaes so claramente visveis, j que a escala do objeto atende ao
seu contexto de utilizao e sua movimentao pode ser observada com
clareza em um escritrio ou sala;
4. A movimentao do artefato est diretamente ligada movimentao do
nibus real na via, possibilitando uma associao de fcil acepo com a
realidade;
5. O nvel de engajamento do usurio para utilizar o sistema extremamente
baixo: como o artefato est sempre em funcionamento, seu uso se d apenas
recolhendo a informao, ou seja, olhando pra ele.
Do ponto de vista do design de interao e do projeto do artefato como um sistema
de informao ambiente, podemos destacar que o dispositivo est adequado aos
conceitos que permeiam o campo. Elaborando a ideia inicial, chegamos a um
artefato que alia simplicidade de utilizao e complexidade de funcionamento, ou
seja, conseguimos aliar uma informao de alta relevncia a um sistema de
visualizao extremamente intuitivo.
J do ponto de vista tcnico, o funcionamento de um artefato computacional como o
VisualizaBus depende de diversos fatores tecnolgicos, distribudos em nveis de
complexidade distintos. Conforme j definido, parte dos avanos das tecnologias de
transportes inteligentes diz respeito localizao e monitoramento da frota de
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veculos de uma determinada instituio. No caso do transporte pblico, a
geolocalizao via GPS a forma mais comum de obter a posio geogrfica de
determinado veculo de forma constante. O VisualizaBus se aproveita dessa
tecnologia, j presente em todos os veculos que realizam o transporte municipal na
cidade de Vitria, interceptando os dados utilizados pelo sistema PontoVitria da
Prefeitura Municipal e utilizando-os para movimentar o artefato de acordo. A seguir,
tentamos ilustrar como se d esse processo em termos simples, definindo a
macroarquitetura do projeto na Figura 19.
Figura 19: Etapas gerais para o funcionamento do VisualizaBus Fonte: Elaborada pelo autor
O conhecimento j acumulado com a construo do VixBus (ACCIOLY et al, 2012),
que informava os horrios de nibus a partir do Twitter, fez com que o tempo gasto
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para implementao da etapa de obteno dos horrios fosse mnimo. Quando
desenvolvemos o VixBus, foi necessrio compreender a lgica envolvida em um
servio como esse, bem como interpretar e filtrar os dados disponibilizados pelo
sistema PontoVitria PMV. Dessa maneira, ao produzir o VisualizaBus j
possuamos conhecimento para resolver a parte do problema relacionada
obteno e filtragem dos dados. A experincia com o VixBus tambm nos tornou
cientes de que o sistema PontoVitria PMV transmitia dados com boa confiabilidade,
j que utilizamos o VixBus com sucesso no passado.
Mesmo assim, quando tentamos obter os dados do PontoVitria PMV nos
deparamos com dificuldades tcnicas. Aparentemente a Prefeitura Municipal de
Vitria (PMV) havia dificultado o acesso aos dados, o que tornou nossa utilizao
invivel. Neste perodo, conhecemos o aplicativo para o sistema de telefones
Android chamado Ponto Vitria, mesmo nome utilizado pela PMV. O aplicativo
havia sido desenvolvido pelo Sr. Rmulo Vitoi e estava funcionando normalmente
mesmo aps as modificaes implementadas pela PMV, ou seja, no foi impactado
pelo bloqueio aos dados.
A partir da observao do aplicativo PontoVitria22, desenvolvido pelo Sr. Rmulo
Vitoi sem qualquer ligao formal com a Geocontrol23 ou a Prefeitura, resolvemos
entrar em contato com o desenvolvedor a fim de verificar a possibilidade de
utilizao das informaes de seu aplicativo. Aps breves conversas via e-mail, nas
quais o Sr. Vitoi foi extremamente solcito, obtivemos acesso ao servio que ele
mesmo utiliza para o seu aplicativo. Apesar de homnimo do servio fornecido pela
PMV, reforamos que este aplicativo no possui relao oficial alguma com a PMV.
Para aumentar a clareza, denominaremos o servio da PMV por PontoVitria PMV e
o servio fornecido pelo Sr. Romulo Vitoi por PontoVitria Rmulo Vitoi.
A fim de esclarecer as diferentes partes componentes deste projeto, poderamos
22 Disponvel em:
Acesso em 01 mar. 2014. 23 A Geocontrol uma empresa brasileira especializada em criao, desenvolvimento e produo de
tecnologias para gesto das reas de Segurana Pblica, Mobilidade Urbana, Gesto Compartilhada de Cidades, Controle de Frota e Defesa Nacional. a empresa responsvel pelo desenvolvimento do sistema Pontual. Para mais informaes, acessar
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dividir o VisualizaBus em 2 partes: interface fsica e servidor de dados. A interface
fsica composta, por um lado, pela carcaa de papel, madeira, acrlico e outros
materiais, incluindo o nibus-maquete e, por outro, pelo circuito formado pelo
Arduino e outros componentes responsveis pelo controle da posio dos elementos
fsicos visveis. O servidor de dados quem fornece as informaes ao Arduino,
atravs da Internet, a fim de que este ltimo possa movimentar os elementos fsicos
de acordo com os dados reais do sistema de transporte da PMV. Nas sees
seguintes abordaremos esse processo em profundidade e destacaremos cada um
dos componentes envolvidos neste sistema.
Devido especificidade do projeto, algumas premissas foram decididas para
disponibilizao dos dados necessrios, conforme a lista a seguir:
1. O servio web VisualizaBus, que consultado pelo artefato, est disponvel
no endereo da Internet http://marcosaccioly.com.br/apps/v214.php;
2. Esse servio obtm os dados do PontoVitria Rmulo Vitoi que obtm os
dados, por sua vez, do servio PontoVitria PMV (ver Figura 20). O
VisualizaBus filtra os dados e disponibiliza um arquivo em formato XML24 no
formato disposto no ANEXO III, que contm a previso para o prximo nibus
do ponto configurado;
3. O ponto pr-configurado o de nmero 6166;
4. A linha pr-configurada a de nmero 0214 Bento Ferreira / Goiabeiras (via
Shopping);
5. Somente h movimento do artefato quando o tempo de chegada do nibus ao
ponto configurado est entre um minuto e sessenta minutos. Qualquer tempo
maior que sessenta minutos faz com que o nibus-maquete se conserve
parado na posio inicial.
A ordem dos eventos que torna possvel o funcionamento do artefato a seguinte:
1. O Arduino conecta-se ao servio VisualizaBus via Hyper Text Transfer
Protocol (HTTP, Protocolo de Transferncia de Hipertexto) e requisita o tempo
para o prximo nibus configurado para o ponto de parada especificado;
24 XML: eXtensible Markup Language. um formato estruturado de arquivo que possui elementos
com hierarquia, marcadores de incio e fim das informaes e atributos. O HTML (utilizado para as pginas da Internet) um tipo de XML.
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2. O VisualizaBus requisita as previses do ponto ao servio PontoVitria
Rmulo Vitoi;
3. O servio PontoVitria Rmulo Vitoi requisita as previses ao servio
PontoVitria PMV;
4. O servio VisualizaBus filtra as previses recebidas, baseando-se no
algoritmo descrito no ANEXO I, gerando um resultado que demanda
pouqussimo processamento da parte de quem o recebe (neste caso, o
Arduino);
5. O servio VisualizaBus devolve o resultado via HTTP para o Arduino;
6. O Arduino processa o valor recebido atravs do cdigo descrito no ANEXO II
e converte-o em um nmero de giros do motor;
7. O artefato movimenta o nibus-maquete para a posio correspondente ao
tempo recebido ou para a posio inicial, no caso de no haver previso ou
de haver algum problema de conexo.
A Figura 20