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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Thaynã Aguiar Barros Mastigação: avaliação com dois diferentes instrumentos Mestrado em Fonoaudiologia São Paulo 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Thaynã Aguiar Barros

Mastigação: avaliação com dois diferentes

instrumentos

Mestrado em Fonoaudiologia

São Paulo 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Thaynã Aguiar Barros

Mastigação: avaliação com dois diferentes

instrumentos

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Estudos de Pós-graduados em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como exigência parcial para obtenção do titulo de MESTRE em Fonoaudiologia sob orientação da Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva.

São Paulo 2016

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BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Maria e Décio, por me

proporcionarem asas para voar, me ensinando a vencer desafios e tornando

meus sonhos em realidade.

Às minhas mães, “Neiguinha” e Socorro, por todo

acolhimento, apoio constante e demonstração do verdadeiro significado de

união e família. Amo muito vocês!

Aos meus tios Diana e Klauss por me transformarem

em uma pessoa “cosmopolita, além de todo carinho, receptividade e apoio nas

maiores decisões.

Ao meu irmão, cunhada e sobrinha pelo carinho e

compreensão na ausência.

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AGRADECIMENTO

À CNPq, pela bolsa concedida como estímulo a esta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva,

agradeço por guiar-me firmemente ,e por toda atenção e compreensão durante

a realização desta pesquisa. As lições que aprendi com você foram além do

profissional.

Às Professoras Dra. Léslie Piccolotto Ferreira, Dra. Adriana Rahal

Rebouças de Carvalho e Dra. Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini, pelo

compartilhamento de seus conhecimentos valiosos e pelas contribuições no

exame de qualificação.

Aos colegas e professores do Programa de Estudos e Pós-Graduados

em Fonoaudiologia, pela parceria e contribuições durante as discussões e

encontros dentro e fora da sala de aula.

Aos colegas do grupo Laborvox, com os quais compartilhei momentos

importantes e aprendi muito.

À Virgínia Rita Pini, secretária do Programa de Estudos Pós-Graduados

em Fonoaudiologia da PUC-SP, pela colaboração e palavras de carinho e

incentivo, sempre. Uma querida.

À Stela Verzinhasse Peres, pela disponibilidade, paciência e

profissionalismo no tratamento estatístico dos achados do estudo.

À Maria Fernanda Prado Bittencourt, pela atenção e paciência sempre

que precisei.

Com muito carinho...

A todos os amigos e familiares que vibraram, oraram e contribuíram para

a realização desse sonho, minha eterna gratidão.

Às Fofoletes, Adriana Borges, Samylla Santa Maria e Tatiane Ichitane

por toda paciência em ouvir e compartilhar seus conhecimentos, mesmo

quando eu não conseguia compreender. Ao querido Guilherme Zaramella, por

toda alegria e conhecimento compartilhado.

Ao meu namorado, Newton Miyazaki, pelo cuidado, carinho, amor e

compreensão nessa reta final.

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À Família Birigui 33/51, pelo companheirismo, cumplicidade, por me

ouvirem, suportarem e transmitirem tranquilidade nos momentos difíceis da

elaboração desse trabalho.

À Elaine Soares, pela escuta, disponibilidade, direcionamento, clareza,

segurança e leveza nesta caminhada.

Às pessoas que aceitaram participar da pesquisa, sem as quais o estudo

não poderia ser realizado.

Por fim, a todas as outras que aqui não descrevo, mas sabem do meu

carinho e gratidão.

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RESUMO

Barros, TA. Mastigação: avaliação com dois diferentes instrumentos. Tese (mestrado). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016. INTRODUÇÃO: a mastigação é considerada uma das funções mais importantes do sistema estomatognático. Raramente os pacientes chegam ao fonoaudiólogo com queixas referentes à mastigação, e é por meio de uma avaliação criteriosa que se chega a um diagnóstico preciso. Na avaliação da mastigação temos que considerar várias etapas, como apreensão do alimento durante a mastigação do bolo alimentar, o fechamento labial, a movimentação vertical e lateral da mandíbula, o ritmo, a velocidade, entre outros aspectos, principalmente a característica do alimento utilizado na avaliação. No campo da motricidade orofacial existem vários instrumentos de avaliação, mas dois deles se destacam por serem muito utilizados na clínica e nas pesquisas. OBJETIVO: comparar os achados da avaliação da mastigação em um grupo de adolescentes segundo o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandidos (AMIOFE-E) e o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial – Marchesan, Barretin-Félix, Genaro, Rehder (MBGR). MÉTODO: a amostra foi composta por 46 adolescentes, 30 do sexo feminino e 16 do masculino, na faixa etária entre 11 e 16 anos, com média de idade de 14,8 anos. Foram utilizados, dos instrumentos AMIOFE-E e MBGR, apenas a parte referente à mastigação. Para o primeiro, o alimento utilizado foi o biscoito wafer, e para o segundo, o pão francês. Também para cada instrumento foram comparados os tempos de mastigação. Os dados coletados dos dois instrumentos foram submetidos à análise estatística comparativa. RESULTADOS: os instrumentos mostram-se similares para avaliar a mastigação, embora tenham pontuações invertidas em relação à normalidade. No item outros, que no AMIOFE-E correspondia a movimentos incoordenados de mandíbula, movimentos da cabeça ou de outras partes do corpo, postura inadequada, escape de alimento, no MBGR correspondeu a fechamento labial, velocidade, mastigação ruidosa, contrações musculares não esperadas os resultados apresentaram significância estatística. Os dados também, se mostraram diferentes em relação ao tempo de mastigação. A mastigação com o pão francês levou praticamente o dobro do tempo na comparação com o biscoito wafer. CONCLUSÃO: na comparação da mastigação do grupo de adolescentes estudado segundo os instrumentos AMIOFE-E e do MBGR responderam de forma similar nos aspectos referentes à mordida e ao tipo e modo, mas foram diferentes em relação aos outros aspectos da mastigação como postura, movimentos da mandíbula, escape de alimento, fechamento labial, velocidade, presença de ruído, contração muscular e tempo. Na comparação, o pão francês levou praticamente o dobro do tempo do biscoito wafer, embora não tenha modificado o padrão da mordida e nem o tipo e modo de mastigação de maneira geral segundo os dois protocolos de avaliação.

DESCRITORES: Avaliação; Mastigação; Métodos de avaliação.

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ABSTRACT

Barros,TA. Mastication: evaluation using two diferente tools. [Masters’ Dissertation]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016. Introduction: Chewing is considered one of the most important functions in the Stomatognathic System. Patients rarely come to a speech language pathologist with chewing-related complains and through a detailed evaluation it is possible to have a precise diagnosis. In the chewing evaluation we have to acknowledge several steps such as: food grasping, mouth closure while chewing bolus, vertical and lateral jaw movements, rhythm, speed, among other aspects, especially the kind of food used in evaluation. In the orofacial motricity field there are various assessment tools, however two of them emerge for being used frequently in therapy and in researches. Purpose: to compare the chewing evaluation findings in a teenager group according to the Expanded protocol of orofacial myofunctional evaluation (OMES-E) protocol and the Orofacial myofunctional evaluation – Marchesan, Barretin-Felix, Genaro, Rehder (MBGR). Methods: the sample was composed of 46 teenagers, 30 female and 16 male, between 11 and 16 years old, and the average age was 14.8 years. The assessment tools were used only the part referring to chewing. A wafer cookie was used for the OMES-E protocol and a roll was chosen for the MBGR. Moreover, the chewing times were analyzed for each assessment tool. The collected data from both evaluation tools were submitted to the comparative statistical analysis. Results: the evaluation tools have been shown similar to assess chewing, although they had inverted punctuations comparing to the normal parameters. The item “others” on the OMES-E corresponded to the uncoordinated jaw movements, head movements or movements from other parts of the body, inadequate posture, and food escape. On the MBGR this same item corresponded to lips closure, speed, noisy chewing, and non-intended muscular contractions; and those results showed a statistical significance. The data has also shown differences related to chewing time. Chewing a roll took almost double the time comparing to a wafer cookie. Conclusion: comparing the chewing of the teenage group studied according to the OMES-E and the MBGR, in the aspects such as bite, and type and way, they responded similarly, although they responded differently in other chewing aspects such as: posture, jaw movements, food escape, lips closure, speed, noise, muscular contraction, and time. In comparison, the roll took almost double the time comparing to the wafer cookie although it did not change the biting pattern or the type and way of chewing overall according to both evaluation protocols.

Keywords: Evaluaton; Evoliation Methods; Mastication.

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SUMÁRIO

1.Introdução...................................................................................................... 12

2. Objetivo ..........................................................................................................15

3. Revisão de literatura ......................................................................................16

4. Método............................................................................................................25

4.1. Preceitos éticos..........................................................................................25

4.2. Seleção da amostra...................................................................................25

4.3. Instrumentos e materiais............................................................................26

4.4. Procedimentos...........................................................................................26

4.5. Análise dos dados......................................................................................28

5. Resultados......................................................................................................30

6. Discussão........................................................................................................33

7. Conclusão.......................................................................................................39

8. Referências bibliográficas...............................................................................40

9. Anexos............................................................................................................43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição da pontuação dos escores totais, da mordida, do tipo e

modo do item outros..........................................................................................30

Tabela 2 – Comparação dos escores totais da mordida, do tipo e modo do item

outros.................................................................................................................31

Tabela 3– Nível de concordância entre o escore total dos valores encontrados

nos instrumentos..............................................................................................31

Tabela 4– Descrição dos tempos de mastigação.............................................32

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1. Introdução

Ao se analisar a motricidade orofacial na clínica fonoaudiológica, é raro

recebermos pacientes com queixa referente à mastigação. É mais frequente que

a queixa esteja relacionada a questões como dificuldades de respiração nasal,

deglutição, musculatura e/ou posicionamento da língua, dos lábios, entre outras.

É no momento da anamneses, complementada por um exame criterioso, que

costumam se revelar.

Vale ressaltar que a mastigação é uma função vital e, por essa razão,

sempre irá acontecer independentemente da alteração que possa existir.

Adaptações ocorrem para que a alimentação possa sobrevir. O sistema

estomatognático é o que mais se modifica durante o processo de vida e,

certamente, a infância não é o momento em que essas alterações acontecem

(Duarte, Whitaker, 2014).

As pessoas podem, em diferentes momentos e etapas da vida, passar a

mastigar unilateralmente em decorrência, por exemplo, de uma cárie, de uma

ausência dentária, de aparelho ortodôntico, de uma prótese mal adaptada e/ou de

interferências de oclusão traumáticas (Bianchini, 1998). Dessa forma, ao avaliar a

mastigação de uma pessoa, deve-se considerar todos os aspectos pontuados

acima, sejam esses uma condição estrutural ou uma situação temporária (Duarte,

Whitaker, 2014). Outros aspectos que devem ser levados em consideração são

estomatites, amigdalites e gengivites, uma vez que podem interferir na

mastigação e nas preferências alimentares (Duarte, Ferreira, 2001).

Ao se considerar a necessidade da precisão na avaliação da mastigação,

sugere-se que uma filmadora esteja posicionada em um tripé, sempre na mesma

distância de uma cadeira sem apoio para os braços na qual o sujeito avaliado

deverá estar sentado com apoio plantar de modo a não restringir seus

movimentos (Whitaker et al, 2009).

Para Bianchini (1998; 2000) é fundamental para a análise da mastigação

de um indivíduo o conhecimento das características do alimento utilizado. Em um

processo de avaliação, padronizar os alimentos e uniformizar o exame possibilita

a obtenção de dados mais confiáveis, uma vez que a mastigação se modifica de

acordo com o alimento. Whitaker et al (2009) pontuam também aspectos

fundamentais no processo de avaliação da mastigação, como o vedamento labial

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e a utilização do mecanismo dos bucinadores, além do padrão unilateral ou

bilateral e da possibilidade de realização bilateral alternada. Os autores ressaltam

também a importância do ritmo e da amplitude dos movimentos mandibulares.

Com uma avaliação criteriosa, teremos um diagnóstico fonoaudiológico

preciso e consequentemente condutas terapêuticas adequadas para cada caso. A

quantificação de dados da avaliação contribui para maior credibilidade no

diagnóstico e possibilita a comparação ao longo do tratamento e entre os casos

atendidos (Folha, 2010). O objetivo da avaliação é conhecer os processos

utilizados pelo sujeito e auxiliá-lo na eliminação do sintoma, assim como na

reconstrução de uma saúde geral em equilíbrio (Bianchini, 1998).

A Fonoaudiologia, de acordo com as necessidades, tem caminhado para a

prática baseada em evidências na perspectiva de se consolidar como ciência. Por

essa razão, é recomendada no processo de avaliação a utilização de protocolos

validados (Magnani, 2014). Esse provavelmente é um dos motivos que justifica o

aumento do número de instrumentos de avaliação nas mais diversas áreas de

atuação.

Bianchini (1998) destaca a falta de prática dos fonoaudiólogos em utilizar

protocolos comuns nas avaliações. O uso de instrumentos tem se tornado

gradativamente uma necessidade para uma produção científica de qualidade,

assim como para a criação de denominadores comuns. Existe uma busca dos

profissionais e pesquisadores na utilização de instrumentos padronizados e

validados que possibilitem quantificar os achados e permitir a comparação dos

resultados entre os achados clínicos e das pesquisas.

Atualmente, três protocolos de avaliação miofuncional orofacial estão

validados e publicados. São esses: o “The Nordic Orofacial Test-Screening –

NOT-S” (2002), o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores –

AMIOFE (2008), validado para crianças, e o protocolo de Avaliação Miofuncional

Orofacial com Escores Ampliados - AMIOFE-A (2010).

Na clinica fonoaudiológica brasileira os dois instrumentos de avaliação que

se destacam são: o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores –

AMIOFE (Felício, Ferreira, 2008) e o Protocolo de Avaliação Miofuncional

Orofacial – Protocolo Marchesan, Barretin-Félix, Genaro, Rehder- MBGR

(Genaro et al, 2009). Dessa forma optou-se nesse estudo pela utilização desses

dois protocolos para avaliar a mastigação em um mesmo grupo de adolescentes

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com dois tipos de alimentos diferentes, com a hipótese de que diferenças

pudessem ser encontradas.

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2. Objetivo

Comparar os achados da avaliação da mastigação em um grupo de

adolescentes com a utilização dos Protocolos de Avaliação Miofuncional Orofacial

com Escores Expandidos (AMIOFE-E) e de Avaliação Miofuncional Orofacial -

Marchesan, Barretin-Félix, Genaro, Rehder (MBGR).

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3. Revisão de Literatura

Bianchini (1998) destacou que a mastigação pode ser aprendida a partir do

momento em que existe um aumento do espaço intraoral, propiciado pelo

crescimento craniofacial, para possibilitar o movimento das estruturas envolvidas.

Essa função é o processo inicial do processo, que se inicia na boca, tem como

objetivo a fragmentação dos alimentos em partículas menores que serão

misturadas e ligadas pela ação da saliva. A autora pontua, também, que afecções

bucais frequentes como estomatites, amigdalites, gengivites e outras são

importantes indicativos de interferências na mastigação e preferências

mastigatórias. Essas situações podem levar à redução do número de ciclos

mastigatórios. Destaca a importância da avaliação que consta de duas partes:

averiguar as estruturas e análise funcional. O exame estático deve ser realizado

para as associações com as alterações nas funções, como possíveis fatores

etiológicos. A análise funcional se inicia na anamnese e análise da mastigação,

que é realizada com utilização do alimento e antes da oferta do mesmo. A autora

afirma que a escolha do tipo depende da familiaridade do examinador com o

mesmo.

Neste mesmo estudo as pesquisadoras citaram que a bolacha e o biscoito

são bastante utilizados para a análise da mastigação, e são alimentos que

dificultam a observação e a relação de causa e efeito, o que provavelmente está

relacionado ao fato de ser um alimento bastante seco e se espalhar pela boca

com extrema facilidade, levando, em alguns casos, a observações enganosas de

acúmulo de resíduos ou a necessidade excessiva de movimentação lingual para o

recolhimento desse alimento. A autora descreveu a utilização de maçã ou pão

simples na sua avaliação, entretanto, qualquer alimento poderá ser utilizado

desde que se tenha conhecimento sobre suas características. O tipo de alimento

direciona a força, frequência e intensidade do ciclo mastigatório.

Motta (2004) referiu que a mastigação é uma função do sistema

estomatognático essencial à prevenção de distúrbios miofuncionais orofaciais e

cervicais. Uma mastigação cuidadosa é importante para o processo digestivo

mesmo que as digestões dos alimentos modernos requeiram pouca trituração. Os

pedaços de alimentos grandes apresentam menor superfície para a ação das

enzimas. A própria mastigação resulta em estimulação da secreção de saliva e do

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suco gástrico, e o tamanho das partículas influencia sobre o tempo de

permanência do alimento no estômago, sendo que as maiores prolongam o

período digestivo. Ressaltou que a mastigação realizada de boca entreaberta

acontece provavelmente por não existirem condições de respiração nasal e

resulta frequentemente em movimentos verticais de mandíbula.

Natalini (2004) descreveu que, ao considerar a importância da mastigação,

o trabalho deve ter um olhar diferenciado. A autora pontuou que, na atuação

clinica com a mastigação, deve-se levar em conta as condições anatômicas e

funcionais de cada sujeito. Sabe-se que a função mastigatória não pode ser

considerada isoladamente, uma vez que essa função corre o risco de sofrer

modificações por diversos fatores, como: alterações de oclusão e/ou ausência

dentária, modo respiratório, entre outros.

Felício et al (2007) compararam sujeitos com disfunção temporomandibular

(DTM) a um grupo controle quanto à mastigação e analisou as variáveis

relacionadas. Participaram deste estudo 20 sujeitos com DTM e 10 sujeitos do

grupo controle, ambos selecionados de acordo com uma anamnese um exame

clínico. Os sujeitos responderam a um questionário sobre sinais e sintomas

relacionados à DTM, e em seguida foram atribuídos escores de zero (ausência de

dor) a sete (dor muito intensa) para intensidade da dor. A mastigação foi avaliada

com uma bolacha recheada nos seguintes parâmetros: tempo para ingerir,

número de golpes mastigatórios e tipo mastigatório, unilateral ou bilateral. Como

resultado, foi possível observar que a maioria dos sujeitos do grupo controle

apresentou tipo mastigatório bilateral, enquanto que, no grupo com DTM, houve

tendência ao tipo mastigatório unilateral. O tempo de mastigação, o número de

golpes mastigatórios e a severidade da DTM. Os pesquisadores concluíram que

houve diferença entre os grupos estudados nas médias dos escores do tipo

mastigatório entre o grupo com DTM e o controle.

Felício e Ferreira (2008) desenvolveram o Protocolo de Avaliação

Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE) que foi validado com crianças na

faixa etária de 6 a 12 anos. Foram avaliadas 80 crianças com e sem distúrbio

miofuncional orofacial. A avaliação foi realizada com o protocolo elaborado, com

os itens de aparência e postura assim como mobilidade dos lábios, língua,

mandíbula e bochechas e funções de deglutição mastigação e respiração. Cada

item recebeu um escore de acordo com a avaliação do examinador, sendo que 3

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corresponde à normal, 2 à habilidade insuficiente e 1 à ausência de habilidade ou

realização. Para a função de deglutição foram avaliados o padrão de língua e de

lábios, e para a mastigação foi observada mastigação habitual com bolacha,

classificada quanto ao tipo: bilateral alternada, simultânea, preferência, e/ou

unilateral crônica. A validação foi calculada segundo um protocolo tradicional de

avaliação miofuncional utilizado como referência. Os resultados mostraram que o

instrumento válido foi confiável para avaliação miofuncional orofacial e pode ser

aplicado de forma concisa e sem necessidade de qualquer tipo de equipamento,

além de permitir a gradação específica de um distúrbio miofuncional.

Whitaker et al (2009) elaboraram um protocolo de avaliação clínica da

função mastigatória. Os pesquisadores prepararam um questionário a ser

respondido por fonoaudiólogos de diferentes regiões do Brasil por meio eletrônico,

a fim de obter dados sobre a avaliação da função mastigatória realizada pelos

profissionais. Esse questionário apresentava questões que envolviam dados da

história clínica, aspectos morfológicos do sistema estomatognático, assim como a

avaliação da função mastigatória propriamente dita. De um total de 370 enviados,

70 foram preenchidos e devolvidos. Após análise dos questionários recebidos e

da literatura consultada, foi proposto um novo instrumento de avaliação que

contemplasse os seguintes aspectos: alimentos testados, quantidade, preensão,

movimento mandibular, lado inicial da função, tipo mastigatório, participação da

musculatura perioral, postura dos lábios, presença de tremor, contração de

masseteres, coordenação dos movimentos, escape anterior de alimento,

amassamento com a língua, movimento de cabeça, local de trituração do

alimento, respiração durante a mastigação, ruído na ATM (articulação

temporomandibular), tempo mastigatório, número de ciclos mastigatórios,

formação do bolo, presença de tosse ou engasgo e dor durante a mastigação,

além do teste de eficiência mastigatória. Em relação ao tempo mastigatório, o

tempo médio encontrado na amostra estudada foi de 15 segundos para o biscoito

wafer e de 26 segundos para o mini pão francês. Quanto aos alimentos testados,

sugere-se que a avaliação da mastigação seja realizada com pão francês devido

ao baixo custo e fácil aceitação entre os pacientes.

Genaro et al (2009) apresentaram um protocolo específico e detalhado da

área de motricidade orofacial (MO) com escores, intitulado Protocolo MBGR

desenvolvido por Marchesan, Berrentin-Felix, Genaro e Rehder, que permite ao

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fonoaudiólogo avaliar, diagnosticar e estabelecer prognóstico em MO. Com base

nos protocolos utilizados na área, foi elaborado um novo protocolo que continha

escores e que foi aplicado em sujeitos normais e em pacientes, em cinco fases

distintas durante dois anos. O MBGR possui uma anamnese e um exame. Nesse

protocolo também foi proposta uma documentação que envolve fotografias e

filmagem para posterior análise. Contém um resumo dos aspectos avaliados e os

escores esperados e alcançados. Os autores afirmaram que o protocolo foi

elaborado para que o maior número de dados fosse coletado para facilitar o

diagnóstico das alterações. Apesar de ser extenso, é de fácil aplicação e mantém

o mesmo padrão dos protocolos de motricidade existentes.

A mastigação de acordo com Tessitore e Cattoni (2009) é uma das funções

mais importantes para o desenvolvimento harmônico do sistema estomatognático,

pois quando realizada bilateral e alternadamente, promove o contato simultâneo

de trabalho e balanceio e deslizamentos mandibulares adequados. Os autores

descrevem as fases da mastigação como incisão, trituração e pulverização e

afirmam que sua eficiência depende da área que reduz o alimento a um

determinado tamanho. O tamanho de bolo alimentar influencia a forma da

mastigação, tendo a sensibilidade da mucosa oral que permite a verificação da

consistência do alimento e a redução do tamanho das partículas durante a

trituração, papel importante na função mastigatória.

Segundo os mesmos autores, o padrão de mastigação bilateral alternada,

com lábios ocluídos, é apontado como o ideal durante a mastigação. Esse

padrão depende da presença de dentes, do equilíbrio oclusal, da ausência de

interferências dentais ou contatos prematuros, da estabilidade e do bom

funcionamento da articulação temporomandibular (ATM) e da maturação

neuromuscular. As alterações da mastigação podem ser várias e por motivos

diversos, podemos citar como exemplos: mastigação unilateral, falta de

vedamento labial, presença de ruídos, participação da musculatura periorbircular,

contração do músculo mentual, movimentação mandibular limitada, entre outros

(Tessitore, Cattoni, 2009).

O Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escore Expandido –

(AMIOFE-E) de Felício (2010) é um instrumento para avaliação clínica das

estruturas orofaciais composto por três etapas: aparência e condição;

postural/posição; mobilidade e funções. Na primeira etapa, avalia-se os aspectos

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relacionados à análise facial, aparência das bochechas, relação

mandíbula/maxila, lábios, músculo mentual, língua e aspectos do palato duro. Na

segunda, relacionada à mobilidade, destaca-se o desempenho dos movimentos

labiais, da língua, mandíbula e bochechas. A terceira etapa compreende as

funções: respiração, mordida, mastigação e deglutição. Esse protocolo, assim

como o anterior, também contém uma escala numérica com escores.

No ano seguinte Felício et al (2010) descreveram e analisaram a validação

do conteúdo e dos critérios contidos no protocolo de avaliação miofuncional

orofacial com escores ampliados, denominado AMIOFE-E. A partir do protocolo

AMIOFE foram ampliadas as escalas numéricas e os itens avaliados. A validade

de critério do AMIOFE-A foi analisada por validade concorrente com o AMIOFE. A

amostra foi composta de imagens registradas em vídeo de 50 crianças, 25

meninas e 25 meninos, aleatoriamente selecionados. Três fonoaudiólogas com

experiência na aplicação dos protocolos realizaram as avaliações. A validade de

critério do AMIOFE-A foi constatada pela correlação significante com o AMIOFE.

Os autores puderam concluir que o protocolo AMIOFE-A foi válido e confiável

para a avaliação miofuncional orofacial e possui valores bons no que concerne à

sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e negativos.

Medeiros (2011) analisou a validade de critério e de criação, e a

confiabilidade intra e entre – examinadores, assim como valores de sensibilidade,

especificidade, valores preditivos e prevalência do AMIOFE para jovens e adultos.

Participaram 50 sujeitos com disfunção temporomandibular (DTM) e 30 sujeitos

sem DTM. A validade de critério do protocolo AMIOFE foi analisada pela

comparação com o protocolo The Nordic Orofacial Test-Screening (NOT-S). Para

tanto, os dados da avaliação miofuncional orofacial dos dez sujeitos com DTM

que receberam terapia miofuncional orofacial foram comparados na fase

diagnóstica e na fase final após 120 dias de tratamento. Dois examinadores,

fonoaudiólogos devidamente treinados e calibrados, realizaram as avaliações. A

validade do AMIOFE foi demonstrada pela capacidade de reflexão das condições

miofuncionais orofaciais normais e alteradas pelas diferenças observadas entre

os escores entre os grupos, nos itens aparência/postura, mobilidade e nas

funções de mastigação e deglutição. O AMIOFE foi capaz de mensurar as

mudanças ocorridas entre o tratamento proposto. De acordo com os resultados,

concluiu-se que o protocolo AMIOFE é válido, confiável e proporciona um

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diagnóstico com boa margem de acertos, tanto para os casos positivos como

negativos. Sua aplicação clínica e em pesquisas é viável devido à própria

construção do protocolo que fornece a indicação do escore a ser atribuído, com

base na descrição semântica que o acompanha.

No trabalho de Berlese et al (2012) o objetivo foi relacionar a atividade

elétrica dos músculos masseteres e temporais com as características

miofuncionais das funções mastigação e deglutição de crianças e adolescentes

obesos. Participaram 28 sujeitos, 13 meninos e 15 meninas, com idades entre 8 a

16 anos sendo avaliadas as características miofuncionais de acordo com o

AMIOFE. Para prova de mastigação, foi utilizado o biscoito recheado. Como

resultado, foi possível observar que a maioria apresentou mastigação bilateral

alternada. Entre os resultados obtidos, independentemente das características

miofuncionais na população estudada, existiu semelhança durante a mastigação e

deglutição na atividade dos músculos masseter e temporal.

Neu et al (2013) estudaram as funções de mastigação, deglutição e

respiração em 52 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de 5 a 8 anos. Foi

utilizado um questionário para obter informações do tipo e tempo de

amamentação, além da respiração das crianças. Todas as crianças foram

avaliadas segundo o AMIOFE-E, que na mastigação utilizou o pão francês. Em

relação ao resultado da mastigação foram encontrados 53,85% da amostra com

alteração na função, sem associação entre as variáveis de tempo e tipo de

aleitamento com respiração e deglutição.

O estudo de Trevisan et al (2013) investigou a influência da postura

habitual da cabeça, da posição mandibular e do osso hioide na atividade dos

músculos supra e infra-hióideos durante deglutição de diferentes consistências de

alimentos. Participaram 16 mulheres com idade 19 e 35 anos, sem alterações

miofuncionais de deglutição, todas avaliadas por meio do AMIOFE com critério de

inclusão de apresentar um bom desempenho no protocolo. Em um dos resultados

foi verificado se a hiperextensão da cabeça repercutia na menor atividade dos

músculos supra-hióideos no repouso e dos músculos infra-hióideos na deglutição.

A consistência do alimento influenciou na atividade elétrica dos músculos com

maior recrutamento muscular na deglutição do alimento sólido.

Barbosa et al (2013) avaliaram a associação entre condição bucal,

desempenho mastigatório e qualidade de vida na saúde oral em crianças entre 8

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e 12 anos de idade. Foram avaliados 150 sujeitos com base na capacidade

mastigatória de pulverizar um alimento. Utilizaram um questionário de percepções

para criança, considerando os seguintes itens: sintomas orais, limitações

funcionais, bem-estar emocional e bem-estar social. O cubo mastigável do teste é

denominado Optocal. Os indivíduos receberam 17 cubos, que foram mastigados

por 20 ciclos mastigatórios, e foram monitorados visualmente por um

examinador. As partículas fragmentadas foram então expelidas da cavidade oral

em recipientes. O teste de mascar foi repetido duas vezes com um intervalo de

cinco minutos. No entanto, os achados sugeriram que o tempo permitido para

reduzir os alimentos pareceu um fator mais influente na percepção do que a sua

capacidade de triturar esse material em tamanhos menores. Além disso, a

subjetividade para o domínio funcional e a natureza artificial do material teste

mastigável podem ter influenciado a sensibilidade do teste.

Navarro et al (2013) buscaram investigar as possíveis alterações de fala,

da mastigação e da deglutição em usuários de aparelhos ortodônticos com

recursos intraorais fixos no palato. Foram avaliados 28 sujeitos de ambos os

sexos, na faixa etária de 10 a 24 anos, em tratamento em um centro de

reabilitação estética orofacial, antes da colocação do aparelho e após 30 dias de

uso de aparelho ortodôntico fixo. O exame fonoaudiológico foi composto pela

avaliação da mastigação, da deglutição e da fala de acordo com o protocolo

MBGR. O alimento utilizado foi um biscoito wafer em porções de tamanho

padronizado. A escolha do alimento teve como critérios o baixo custo, fácil

aceitação entre os sujeitos, maior tempo de conservação e constância de suas

propriedades. Foram consideradas alterações todas as características presentes

nas funções observadas que não correspondem ao padrão de normalidade. Na

mastigação, as alterações observadas foram o não vedamento labial, a presença

de contração excessiva da musculatura periorbicular, mastigação bilateral

simultânea ou unilateral, amassamento com a língua, número de ciclos

mastigatórios reduzidos. Como resultados, os autores observaram que a maior

parte dos sujeitos avaliados não apresentou nenhuma alteração de deglutição e

mastigação após 30 dias de uso do recurso intraoral.

De Abreu et al (2014) tiveram como objetivo avaliar e correlacionar

eficiência mastigatória e força de mordida em indivíduos adultos de ambos os

sexos com oclusão normal. O estudo foi desenvolvido em um centro de pesquisa

Page 23: Mastigação: avaliação com dois diferentes instrumentos · essa razão, é recomendada no processo de avaliação a utilização de protocolos validados (Magnani, 2014). Esse provavelmente

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universitária. Participaram 55 adultos com oclusão normal. Os pesquisadores

desenvolveram um dispositivo para determinar a eficiência mastigatória (EM), que

consiste em uma cápsula inquebrável de pérolas de 1 mm que incorporam fucsina

na sua composição, um corante liberado em quantidades proporcionais à

mastigação das cápsulas. Todos os indivíduos mastigaram quatro cápsulas

durante 15 ciclos mastigatórios, com um intervalo de 3 minutos entre elas. Neste

estudo foi possível observar que a eficiência mastigatória foi maior em mulheres

do que em homens, e a força de mordida máxima foi maior em homens quando

comparados com mulheres.

Segundo Duarte e Whitaker (2014) a mastigação envolve o processo de

morder e triturar o alimento e faz parte de um processo fisiológico e complexo,

que envolve atividade neuromuscular e digestiva. Descrevem também que o

processo de mastigação está divido em: mordida, trituração, transporte e

deglutição. O ciclo mastigatório pode ter duração e ritmos diferentes, dependendo

do tipo de alimento usado. Levando em consideração que a mastigação é um ato

automático e quase inconsciente, independentemente das alterações que tenha, o

ser humano adapta-se a algum desequilíbrio se necessário para alimentação e

sobrevivência. A mastigação é a função do sistema estomatognático que mais se

modifica durante toda a vida, não sendo na infância o único momento que as

alterações ocorrem. As pessoas, em diferentes idades, podem passar a mastigar

unilateralmente devido à uma cárie ou perda dentaria, ou mudar o padrão devido

ao uso de um aparelho ortodôntico, próteses mal adaptadas ou ainda uma

interferência de oclusão traumática. Existe, também, uma grande variação na

duração e frequência dos ciclos mastigatórios, essa relacionada com o tipo e

consistência do alimento. Portanto não pode ser estabelecido um referencial

como ideal ao número de ciclos mastigatórios (frequência), pois além da

dependência do alimento, existe a relação direta com a qualidade neuromuscular

e com o tipo facial.

Para Berretin-Felix et al (2014) a mastigação é a fase inicial do processo de

alimentação pela trituração e preparo do alimento para a deglutição. Relatam que

nessa fase se revelam o prazer da alimentação, condições musculares e

estruturais fundamentais para uma mastigação adequada como: presença dos

dentes posteriores, oclusão, integridade da articulação temporomandibular e

equilíbrio muscular. Suas alterações são frequentes, porém as adaptações

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funcionais são ainda mais comuns na busca de manter a função mastigatória,

mesmo que em condições desfavoráveis.

No estudo de Baldrighi et al (2015) o objetivo foi descrever o perfil

miofuncional orofacial de crianças atendidas no ambulatório odontopediátrico de

um hospital universitário para futuras propostas de atuação interdisciplinar. A

amostra foi composta por 109 crianças de ambos os gêneros, na faixa etária de

zero a 12 anos, que foram avaliadas por meio do MBGR com a finalidade de

triagem. Na avaliação da função mastigatória, foi utilizado o biscoito wafer. Como

resultado, foi observado que a maioria das crianças apresentou algum distúrbio

orofacial com maior prevalência nas alterações do modo respiratório e na

mastigação. Em relação à mastigação, foi verificado movimento vertical de

mandíbula, mastigação unilateral e manutenção dos lábios abertos.

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4. Método

4.1. Preceitos éticos

O projeto dessa pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) sob nº

40939414.6.0000.5482 (anexo 1). Todos os pais e/ou responsáveis dos

adolescentes sujeitos voluntários assinaram o Termo de Assentimento Livre e

Esclarecido (anexo 2).

Trata-se de um estudo experimental, com uma abordagem

quanti/qualitativa.

4.2. Seleção da amostra

Foram convidados para participar do estudo 57 adolescentes, mas

segundo as possibilidades de aceite e os critérios de exclusão, a amostra foi

finalizada com 46 adolescentes. Destes, 30 eram do sexo feminino e 16 do

masculino, na faixa etária entre 11 e 16 anos, com média de idade de 14,8 anos.

Para compor a amostra foram realizados convites por meio verbal e por e-

mail para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão

(IFMA) e para o Centro de Ensino Governador Edison Lobão (CEGEL), ambos

localizados na cidade de São Luís no estado do Maranhão. Nessas duas

instituições a pesquisadora tem contato com coordenadoras da escola,

professoras e colegas fonoaudiólogas.

Os fatores de exclusão abaixo foram investigados por meio de

questionamentos aos pais e/ou responsáveis e aos próprios adolescentes, com

exceção do item 5, que passou pela triagem descrita abaixo.

1) Possuir doença neurológica e/ou muscular;

2) Quadro ou transtorno psiquiátrico;

3) Presença de afta bucal que pudesse atrapalhar a mobilidade dos

lábios e da língua e, consequentemente, a mastigação;

4) Ter realizado manutenção do aparelho ortodôntico na véspera ou até

cinco dias antes do dia da coleta de dados;

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5) Ter alterações oclusais como: mordida aberta anterior, mordida

cruzada unilateral e classe 3 (aspectos avaliados pela pesquisadora

segundo descrição abaixo);

6) Não estar em bom estado geral de saúde e/ou não ter dormido bem

no dia da coleta de dados;

7) Ter tomado algum tipo de medicação, como antialérgico ou relaxante

muscular na véspera do dia da coleta de dados.

Para conferência dos fatores do item 5 foi realizada uma triagem por meio

de fotos: da face de frente e de perfil do lado direito e esquerdo da face; da

arcada dentária (com o auxilio de um espaçador bucal) de gente e das laterais.

4.3. Instrumentos e materiais

A triagem foi realizada por meio da utilização de uma câmera Samsung

Smart ST200F e um tripé da marca Vivitar VIV VPT-1250 para as fotografias,

lanterna da marca Vonder e matérias descartáveis como: afastadores bucais,

luvas, espátulas de madeira e lenços de papel.

Os materiais utilizados para a avaliação da mastigação foram: Protocolo de

Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandidos - AMIOFE-E (anexo 3)

e o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial – Protocolo Marchesan,

Barretin-Félix, Genaro, Rehder – MBGR (anexo 4). Em ambos os protocolos,

foram utilizados somente os itens referentes à mastigação, grifados em cinza no

anexo. Também foram utilizados materiais descartáveis: luvas e lenços de papel,

além de um cronômetro da marca Vollo, pão francês sempre comprado uma hora

antes da avaliação (MBGR) e biscoito wafer da marca Bauducco (AMIOFE-E).

Para o registro das filmagens foram utilizados a mesma câmera e tripés da

triagem.

4.4. Procedimentos

No inicio do procedimento foi explicado ao voluntário que a avaliação

duraria em média de 15 a 20 minutos. Foi realizado um estudo piloto para testar

as provas e o tempo de cada um dos instrumentos. Primeiramente era checado o

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estado de saúde do participante para confirmar a possibilidade de participação no

estudo. Quando estava tudo de acordo após a checagem dos fatores de exclusão,

o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (anexo 2) era assinado pelos pais

e/ou responsável com o aceite do adolescente, e na sequência era iniciado o

procedimento da coleta.

Durante todos os procedimentos o adolescente permaneceu sentado em

uma cadeira confortável e sem apoio para os braços. A escolha do protocolo que

serviu de base para cada avaliação deu-se por meio de sorteio. O intervalo entre

as avaliações foi de cinco minutos, todas as avaliações da mastigação foram

filmadas com a câmera posicionada no tripé à frente do sujeito a uma distância de

um metro e enquadramento dos ombros para cima.

A avaliação da mastigação segundo o AMIOFE-E (anexo 3) teve as

seguintes instruções dadas aos voluntários: “Você dará cinco mordidas no

biscoito wafer (você pode comer quantos biscoitos quiser), tente morder mais ou

menos do mesmo tamanho. Não pode usar as mãos para cortar. Os três primeiros

pedaços você morde, mastiga e engole normalmente. O quarto pedaço você

morde e mastiga apenas do lado direito e o quinto você morde e mastiga apenas

do lado esquerdo”.

Para a avaliação da mastigação conforme o protocolo MBGR (anexo 4) a

ordem dada pela pesquisadora foi a seguinte: “Você dará cinco mordidas no pão

francês, tente morder mais ou menos do mesmo tamanho. Não pode usar as

mãos para cortar. Em cada mordida eu falarei como deve ser, a primeira e a

segunda você morde, mastiga e engole normalmente. A quarta você morde e

mastiga apenas do lado direito e a quinta você morde e mastiga apenas do lado

esquerdo”. No momento da terceira mordida a avaliadora solicita que a

mastigação aconteça só do lado direito, na quarta só do lado esquerdo e na

quinta como o habitual novamente. Todos os itens avaliados foram anotados no

momento da aplicação de cada instrumento de avaliação usado e a prova de

mastigação registrada com filmagem.

Todos os itens avaliados foram anotados no protocolo no momento da

aplicação em cada instrumento e depois a filmagem foi utilizada para esclarecer

dúvidas, rever itens. Vale esclarecer que o preenchimento do instrumento foi feito

durante a avaliação e não via filmagem.

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Nos protocolos AMIOFE-E (anexo 3) e MBGR (anexo 4) o valor do escore

em relação à normalidade, por exemplo, são opostos. No AMIOFE, quanto maior

o número, mais perto da normalidade; no MBGR o zero representa normalidade.

O total do item mastigação do AMIOFE – E é 22 indicando normal e 6 alterado e

do MBGR é 0 normal e 15 alterado. Foram criados para esse trabalho três itens, o

primeiro denominado mordida (ou incisão como acontece no MBGR) com escore

de 4 normal e 1 alterado no AMIOFE-E e de 0 normal e 2 alterado no MBGR. O

segundo item foi chamado de tipo e modo e abrangeu trituração, movimentação e

preferência de lado no AMIOFE-E com pontuação de 10 para normal e 1 para

alterado . No MBGR, nesse item, os aspectos avaliados foram trituração (dentes

posteriores, anteriores; eficiente/ineficiente) e padrão mastigatório (bilateral

alternado, bilateral simultâneo ou unilateral crônico) com escore de 0 para normal

e 6 para alterado. O terceiro item denominado outros foi criado para contemplar

aspectos diferentes entre os dois instrumentos. No AMIOFE-E abrange

movimentos incoordenados de mandíbula, da cabeça ou de outras partes do

corpo, postura inadequada, escape de alimento com escore de 8 para normal e

de 4 para alterado. No MBGR temos fechamento labial, velocidade, presença de

ruído, contrações musculares não esperadas com pontuação 0 para normal e 7

para alterado.

O tempo das mordidas não é medido no AMIOFE e no MBGR. Sugere-se

que se meça três tempos de mordida de mastigação habitual e ao final seja tirada

a média desses valores. Mesmo que essa medição só esteja em um dos

protocolos e apenas dessa única forma, ao considerar a experiência clínica

optamos por fazer a medição de cinco mordidas, três da forma habitual e depois

uma de cada lado. A comparação das mastigações habituais com uma

mastigação unilateral pode trazer informações bem relevantes no momento da

avalição.

4.5. Análise dos dados

Foi realizada a análise descritiva dos dados por meio de frequências

absolutas e relativas, medidas de tendência central (média e mediana) e

dispersão (desvio-padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo) dos

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achados dos dois instrumentos na Tabela 1 e na Tabela 4 dos tempos das

mordidas, também dos dois instrumentos.

Os escores foram submetidos à verificação da normalidade pelo teste de

Komolgorov-Smirnov e como estes não apresentaram distribuição normal foi

utilizado o teste não paramétrico de correlação de Spearman (r). Entre os escores

gerados pelos instrumentos r = 0,10 até 0,39 (fraco); r = 0,40 até 0,69

(moderado); r = 0,70 até 1 (forte), (Dancey e Reidy, 2005), Tabela 2.

Na Tabela 3 aplicou-se o teste de Kappa para verificar a concordância

entre os instrumentos, Kappa< 0,40 fraca; Kappa entre 0,40 e 0,75 intermediária;

Kappa> 0,75 forte, (Landis e Koch, 1977). A classificação normal e alterada foi

dada pelo valor mediano de cada escore.

Para significância estatística foi assumido um nível descritivo de 5%

(p<0,05). Os dados foram digitados em Excel e analisados pelo programa SPSS

versão 22.0 para Windows.

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5. Resultados

Fizeram parte deste estudo 46 adolescentes, 65,2% (n=30) do gênero

feminino e 34,8% (n=16) do masculino. A média de idade foi de 14,8 anos

(dp=1,8), mediana 15,9 anos, com variação entre 11,1 a 16,5 anos.

A Tabela 1 apresenta a distribuição da pontuação dos escores: total,

mordida, tipo/modo e outros da mastigação dos sujeitos da amostra segundo os

protocolos AMIOFE-E e MBGR. Observa-se que a média do escore total para o

instrumento AMIOFE-E foi de 14,5 pontos, com desvio padrão (dp) de 2,1,

mediana 14, mínimo de 11 e máximo de 20 pontos. Em relação ao MBGR, a

média foi de 1,8 segundos (dp=1,6), mediana de 1 e variação entre 0 e 5 pontos.

Vale destacar que os escores apresentam sentidos opostos na pontuação.

Tabela 1 – Distribuição da pontuação dos escores totais, da mordida do tipo e

modo e do item outros, relativos à mastigação dos sujeitos da amostra segundo

os protocolos AMIOFE-E e MBGR.

Protocolo Média (dp) CV Mediana Mínimo Máximo

AMIOFE_E

Escore total 14,5 (2,1) 14,5% 14 11 20

Escore mordida 3,7 (0,5) 13,5% 4 3 4

Escore tipo/modo 5,3 (1,8) 34,0% 4 4 10

Escore outros 5,5 (0,8) 14,5% 6 4 6

MBGR

Escore total 1,8 (1,6) 88,9% 1 0 5

Escore mordida 0 0 -- 0 0 0

Escore tipo/modo 0,5 (0,7) 140,0% 0 0 3

Escore outros 1,2 (1,3) 108,3% 1 0 4

CV= coeficiente de variação.

A Tabela 2 contém os dados relativos à comparação entre os escores total,

mordida, tipo/modo e outros do item mastigação dos protocolos AMIOFE-E e

MBGR. O teste de correlação de Spearman (r) demonstrou que não houve

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correlação entre os escores totais dos instrumentos. Destaca-se que o escore

outros apresentou correlação negativa estatisticamente significativa (r= -0,45;

p=0,002), isto é, os instrumentos mostram-se similares para avaliar a mastigação.

Tabela 2 – Comparação dos escores totais, da mordida, do tipo e modo e do item

outros, relativo à mastigação dos sujeitos segundo os protocolos AMIOFE-E e

MBGR segundo a Correlação de Spearman (r).

AMIOFE-E versus MGBR N r p

Escore total 46 -0,08 0,597

Escore mordida -- -- --

Escore tipo/modo 46 0,29 0,052

Escore outros 46 -0,45 0,002

Na Tabela 3, encontram-se os resultados da análise do coeficiente de

Kappa para verificação do nível de concordância entre os valores encontrados no

escore total do item mastigação de cada protocolo. A análise foi aplicada somente

para o escore total e não se observou concordância entre as medidas

(Kappa=0,11; p= 0,397). Pelo cálculo da porcentagem de concordância verificou-

se que esta foi de 25,9%.

Tabela 3 – Nível de concordância entre o escore total dos protocolos MBGR e

AMIOFE segundo o teste de Kappa

Protocolos AMIOFE-E escore total

Alterado Normal Total

MBGR escore total n (%) N (%) n (%)

Alterado 7 (15,2) 15 (32,6) 22 (47,8)

Normal 5 (19,9) 19 (41,3) 24 (52,2)

Total 12 (26,1) 34 (73,9) 46 (100,0)

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Para avaliar o tempo de mastigação, os alunos foram submetidos a dois

tipos de alimentos conforme a recomendação dos protocolos AMIOFE-E e MBGR.

A Tabela 4 contém a média, desvio padrão (dp), coeficiente de variação

(CV), mediana, mínimo e máximo da primeira, segunda, terceira mordida, média

das mordidas, assim como também do lado direito e esquerdo de ambos os

protocolos. Verifica-se que a média para a mastigação da wafer, pelo instrumento

AMIOFE-E, foi de 10 segundos (dp=3), mediana 10, mínimo de 6 e máximo de 19

segundos. Quanto ao MBGR, que faz uso do pão para avaliar a mastigação, a

média foi de 21 segundos (dp=8), mediana de 20, com valor mínimo e máximo de

8 e 55 segundos, respectivamente. Pelo coeficiente de variação (CV), verifica-se

que a distribuição dos dados não se mostrou homogênea (CV> 25,0%) para todas

as variáveis analisadas.

Tabela 4 – Descrição dos tempos (em segundos) de mastigação para a primeira,

segunda, terceira, para a média e para cada um dos lados segundo os protocolos

AMIOFE-E (biscoito wafer) e MBGR (pão francês).

Protocolo média (dp) CV mediana mínimo máximo

AMIOFE_E (wafer)

1ª mordida 11 (3) 27,3% 11 5 21

2ª mordida 11 (3) 27,3% 10 6 20

3ª mordida 10 (3) 30,0% 9 4 18

Média das mordidas 10 (3) 30,0% 10 6 19

Lado direito 10 (3) 30,0% 10 5 19

Lado esquerdo 10 (3) 30,0% 10 5 17

MBGR (pão)

1ª mordida 21 (8) 38,1% 20 9 53

2ª mordida 20 (8) 40,0% 19 7 56

3ª mordida 20 (8) 40,0% 19 8 54

Média das mordidas 21 (8) 38,1% 20 8 54

Lado direito 19 (7) 36,8% 18 8 53

Lado esquerdo 20 (7) 35,0% 19 7 55

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6. Discussão

O objetivo deste estudo foi comparar os achados da avaliação da

mastigação por meio de dois instrumentos distintos. A amostra foi composta por

46 adolescentes na faixa etária entre 11 e 16 anos de ambos os gêneros. A

amostra teve prevalência do gênero feminino, com 65,2% (30), e 34,8% (16)

corresponde ao gênero masculino. Essa ocorrência deve-se à maior dificuldade

de conseguir a participação voluntária dos meninos. Mesmo com detalhamento

dos procedimentos e do tempo da pesquisa, de apenas 15 minutos, a

disponibilidade dos meninos foi menor.

Bianchini (1998; 2000) relatou que, para a avaliação da mastigação, é

necessário o conhecimento das características do alimento que será usado. Essa

padronização possibilita a uniformização do exame e dados mais fidedignos, uma

vez que a mastigação se modifica bastante de acordo com o alimento utilizado.

Por essa razão optou-se, nesse estudo, por dois alimentos bem conhecidos pelas

pesquisadoras na pratica clinica: o biscoito wafer e o pão francês. Observa-se

que, na literatura, não existe padrão em relação ao uso de alimento. Em relação

ao instrumento, encontramos pesquisas que usaram o biscoito wafer com o

AMIOFE-E - Berlese et al 2012, Felício et al 2007 - e com o MBGR - Baldrighi et al

2015 e Navarro et al 2013 - e com pão francês com o AMIOFE-E - Neu et al 2013.

A maioria dos estudos sugere, para a avaliação da mastigação no

AMIOFE-E, biscoito recheado. Por isso este estudo optou pelo biscoito tipo wafer

(Berlese et al, 2012; Felício et al 2007), e pão francês, indicado e usado pelas

autoras do MBGR (Genaro et al, 2009). A escolha do alimento no momento da

avaliação da mastigação é algo fundamental. Alguns estudos propõem diferentes

consistências. No instrumento AMIOFE alguns alimentos citados foram: biscoito

recheado de chocolate (Berlese et al, 2012; Felício et al 2007) e pão francês (Neu

et al, 2013) e para o MBGR os alimentos foram: bolacha do tipo wafer (Baldrighi

et al, 2015; Navarro et al 2013).

Whitaker et al (2009) sugerem que a avaliação da mastigação seja

realizada com dois alimentos diferentes de acordo com a escolha do investigador.

Como sugestão temos o pão francês ou biscoito do tipo wafer, pois o primeiro

apresenta baixo custo e fácil aceitação entre os sujeitos, e o segundo apresenta

possibilidade de conservação por tempo maior sem alteração de suas

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propriedades, além de ter sido utilizado como instrumento de avaliação especifico

para seu estudo.

Tessitore e Cattoni (2010) descreveram a importância do desenvolvimento

harmônico do sistema estomatognático, pois quando a mastigação é realizada

bilateral e alternadamente promove o contato simultâneo de trabalho e balanceio

e deslizamentos mandibulares adequados. Segundo as autoras, o tamanho do

bolo alimentar também influencia na mastigação, tendo a sensibilidade da mucosa

oral papel importante na função mastigatória por permitir a verificação da

consistência do alimento e a redução do tamanho das partículas durante a

trituração.

Além da escolha do alimento, outros pontos devem ser considerados

durante a avaliação da mastigação (Whitaker et al 2009; Bianchini, 1998; Navarro

et al, 2013; Duarte e Whitaker, 2014) sugerem observar o vedamento labial e

utilização do mecanismo dos bucinadores, padrão unilateral ou bilateral e

possibilidade de realização bilateral alternada, ritmo e amplitude dos movimentos

mandibulares na verificação da mastigação. Descreveram também que o

processo de mastigação está divido em mordida, trituração, transporte e

deglutição. O ciclo mastigatório pode ter duração e ritmos diferentes de acordo

com o tipo de alimento. De acordo com Duarte e Whitaker (2014) pessoas em

diferentes idades podem passar a mastigar unilateralmente em decorrência de

alterações. O ser humano, independente das alterações que tenha, adapta-se a

esse desequilíbrio para conseguir se alimentar e sobreviver.

O ciclo mastigatório não pode estabelecer um referencial como ideal ao

número de ciclos (frequência), pois além da dependência do tipo alimento, existe

a relação direta com a qualidade neuromuscular e com o tipo facial. Levando isso

em consideração, é importante reconhecer quando a mastigação está alterada ou

adaptada a uma condição estrutural ou situação temporária (Duarte e Whitaker,

2014).

Felício (2009) descreveu que somente a partir do conhecimento das

funções musculares, durante a fisiologia mastigatória, é possível compreender o

que é denominado como comportamentos anormais, e, principalmente, definir

medidas preventivas, metas e condutas terapêuticas.

Bianchini (1998) destacou a falta de prática dos fonoaudiólogos brasileiros

na utilização de protocolos comuns nas avaliações. O uso de instrumentos tem se

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tornado gradativamente uma necessidade para uma produção científica de

qualidade, assim como para criação de denominadores comuns. Existe uma

busca dos profissionais e pesquisadores pela utilização de instrumentos

padronizados e validados que possibilitem quantificar os achados e permitir a

comparação dos resultados entre os achados clínicos e das pesquisas. No campo

da motricidade orofacial no Brasil, os dois instrumentos de avaliação que se

destacam são: o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores –

AMIOFE (Felício, 2008) e o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial –

Protocolo Marchesan, Barretin-Félix, Genaro, Rehder- MBGR (Genaro et al,

2009). Por esse motivo, estes instrumentos foram utilizados neste estudo.

É interessante considerar que, para avaliar a mastigação de um indivíduo,

vários critérios devem ser considerados, como, estado de conservação dos

dentes, condição da respiração nasal, oclusão dentária, articulação

temporomandibular (ATM), entre outros (Bianchini, 1998; Felício et al 2007;

Felício e Ferreira 2008; Whitaker et al 2009; Medeiros 2011).

Foram considerados para o presente estudo os seguintes critérios de

exclusão: possuir doença neurológica e/ou muscular; quadro ou transtorno

psiquiátrico que possa influenciar na condição muscular; presença de afta bucal

que pudesse atrapalhar a mobilidade dos lábios e da língua e,

consequentemente, a mastigação ao dar os comandos.

Bianchini (1998) relatam em um estudo que outros aspectos devem ser

considerados, como estomatites, amigdalites, e gengivites, que podem interferir

na mastigação e nas preferências alimentares.

Em relação aos resultados na Tabela 1 pode-se observar que os escores

dos instrumentos apresentam sentidos opostos. Para o AMIOFE- E quanto melhor

o desempenho maior o valor e para o MBGR quanto melhor o desempenho menor

o valor. Nenhum dos sujeitos apresentou a pontuação máxima nos instrumentos,

o que vai de acordo com estudo realizado por Folha (2010), que também

encontrou que indivíduos saudáveis não apresentaram pontuação dentro do

padrão de normalidade no instrumento utilizado.

Na Tabela 2, a comparação entre os escores do protocolo, mesmo que

estes tenham apresentado pontuação oposta às respostas, demonstrou

semelhanças para os escores mordida e tipo/modo com a utilização de correlação

negativa. Foi utilizado o teste da correlação de Spearman (r), que demonstrou a

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ausência de correlação entre os escores totais devido à constituição diferente de

cada instrumento, assim como à grandezas e valores diferentes para cada prova.

No item mordida, o AMIOFE-E considera o dente utilizado para incisão: se a

mordida foi realizada em dentes incisivos, caninos-pré-molares, molares ou se

não ocorreu; o MBGR, considera como incisão a realização dessa função em

região anterior ou lateral.

No item tipo/modo o AMIOFE-E classifica a preferência mastigatória: se foi

bilateral, unilateral, anterior, ou se não realiza a função; o MBGR, em qual dente

foi realizada a trituração (dentes posteriores, anteriores; eficiente/ineficiente) e

padrão mastigatório (bilateral alternado, bilateral simultâneo ou unilateral crônico).

Sendo assim, o AMIOFE-E para mordida foi mais detalhista, enquanto o MBGR

apresentou mais itens para análise no item tipo/modo. Concordam com os

achados acima Tessitore e Cattoni (2010), que descreveram que o tamanho do

bolo alimentar influencia na mastigação, e a sensibilidade da mucosa oral permite

a verificação da consistência do alimento e a redução do tamanho das partículas

durante a trituração. Em outro estudo Navarro et al (2013), nos seus achados as

alterações observadas para mastigação, foram o não vedamento labial, a

presença de contração excessiva da musculatura periorbicular, mastigação

bilateral simultânea ou unilateral, amassamento com a língua e número de ciclos

mastigatórios reduzidos.

O item outros foi o único dos três itens que apresentou relevância

estatística, no protocolo AMIOFE-E que correspondia a movimentos

incoordenados de mandíbula, da cabeça ou de outras partes do corpo, postura

inadequada, escape de alimento e, no protocolo MBGR que correspondia ao

fechamento labial, velocidade, presença de ruído, e contrações musculares não

esperadas. Podemos verificar que nesse item os dois protocolos se diferenciam

bastante, nenhum dos aspectos é comum entre os dois, esse pode ser um dos

motivos que justifique o fato desse item ter se diferenciado dos outros dois.

Complementando, foi utilizada na Tabela 3 a análise do coeficiente de

Kappa para o escore total e não se observou concordância entre as medidas

(Kappa=0,11; p= 0,397). Pelo cálculo da porcentagem de concordância, verificou-

se que esta foi de 25,9%. Esse resultado pode ser justificado novamente pela

diferença de constituição dos instrumentos na apresentação dos itens e da

pontuação, por isso a comparação não foi plausível.

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A Tabela 4 apresenta os tempos da mastigação para os dois tipos de

alimentos avaliados: biscoito wafer (AMIOFE-E) e o pão francês (MBGR). Os

comandos para a realização das provas foram: realizar cinco mordidas no biscoito

ou pão e tentar morder mais ou menos do mesmo tamanho, sem utilizar as mãos

para cortar, sendo que as três primeiras mordidas seriam para mastigar e engolir

da forma habitual e as duas últimas, uma do lado direito e outra do esquerdo.

Como esclarecido no método, essa medida comparativa entre a mastigação e o

lado esquerdo e direto não está presente em nenhum dos dois protocolos e foi

pela experiência clinica dos pesquisadores que quisemos colocar. Vale pontuar

nessa discussão que, em uma avaliação de mastigação, é necessário que o

fonoaudiólogo conheça bem o alimento que escolha para utilizar, faça uma

avaliação prévia em toda musculatura orofacial, use um bom equipamento para

registro (fotografias e filmagem), saiba cuidar da postura do paciente durante a

avaliação e, na prova, preste atenção no tamanho das mordidas e avalie as cinco,

três habituais e uma de cada lado para comparar.

Os resultados foram diferentes, provavelmente em decorrência da

consistência dos alimentos. A mastigação com o pão francês levou praticamente

o dobro do tempo na comparação do biscoito wafer, que teve média de 10

segundos com desvio padrão de 3, enquanto o pão francês teve média de 21

segundos com desvio padrão de 10. Vale ressaltar que, no estudo realizado por

Whitaker et al (2009), que também utilizou os dois alimentos, foi encontrada a

média de tempo mastigatório para o biscoito wafer de 11,17 segundos com desvio

padrão de 1,78 e para uma porção de pão francês, de 12,79 segundos com

desvio padrão de 2,6 valores próximos aos encontrados no presente estudo.

Vale ressaltar que nas três primeiras tabelas, os dois instrumentos

apresentaram resultados similares para avaliar a mastigação, mesmo com

alimentos diferentes. Na Tabela 2, no item outros, encontramos diferenças

estatisticamente significantes. Como pontuamos acima, esse item é o que

apresenta maior diferença nos aspectos de um instrumento para o outro.

O AMIOFE-E detalha mais itens relacionados a movimentos (movimentos

incoordenados de mandíbula, movimentos da cabeça ou de outras partes do

corpo, postura alterada), enquanto o MBGR concentra esses itens em contrações

musculares não esperadas. Outros itens para discussão são o escape de

alimento e fechamento labial, termos diferentes porém relacionados. Felício

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(2010) descreveu ser fundamental o vedamento anterior da cavidade oral, sendo

uma ação própria dos lábios para evitar o escape extraoral de alimento. O MBGR

ainda analisa velocidade da mastigação, que é considerada apenas no final pelo

AMIOFE-E, e como valor total a presença de mastigação ruidosa. Para o item

outros, o AMIOFE-E e o MBGR apresentam itens diferentes, no entanto

importantes e complementares. Como sugestão, o ideal seria unir as informações

presentes nos dois instrumentos de modo a completar a avaliação.

Vale ressaltar que um viés de nosso estudo, ao comparar instrumentos

com escores, deve-se ao recorte em apenas um item dos instrumentos, no caso a

mastigação. Os dois instrumentos têm escores para padrão de normalidade e de

alteração baseados na aplicação do total do protocolo. Outro ponto é que muitos

aspectos têm interdependência. Sendo assim, o fato de termos nos pautado

exclusivamente na mastigação pode ser considerado uma falha metodológica em

relação ao resultado estatístico.

De qualquer forma, a presente pesquisa abre caminhos para o incentivo no

rigor da utilização de instrumentos de avaliação. Pontua com clareza que, antes

de iniciarmos uma avaliação de mastigação, a condição de saúde do individuo

deve ser definida por meio de uma anamnese bem direcionada, de uma avaliação

precisa da sua musculatura e das estruturas orofaciais e da escolha do alimento a

ser utilizado. Dessa forma, é possível realizar uma avaliação da mastigação

adequada com o instrumento da nossa escolha.

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7. Conclusão

Ao comparar os achados da avaliação da mastigação no grupo de

adolescentes estudados por meio dos instrumentos AMIOFE-E e do MBGR, foi

possível observar que no item mordida e no tipo/modo os instrumentos

apresentaram respostas semelhantes sem diferença significante, mesmo com

pontuação oposta para padrão de normalidade e com a utilização de alimentos

diferentes. Em contrapartida, foi encontrada significância estatística no item

outros, que apresentava maior diferença nos aspectos dos protocolos. No

AMIOFE-E, esse item avaliou movimentos incoordenados de mandíbula, de

cabeça e de outras partes do corpo, postura inadequada, escape de alimento e no

MBGR fechamento labial, velocidade, presença de ruído ruidosa, contrações

musculares. Em relação ao tempo de mastigação, o pão francês usado no MBGR

levou, em média, praticamente o dobro do tempo para ser mastigado quando

comparado ao biscoito wafer utilizado no AMIOFE-E.

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8. Referências bibliograficas Abreu RA, Pereira MD, Furtado F, Prado GP, Mestriner WJ. Ferreira LM.

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Neu AP, Silva AMT, Mezzomo CL, Busanello-Stella AR, Moraes AB. Relação

entre o tempo e o tipo de amamentação e as funções do sistema estomatognático. Rev. CEFAC. 2013;15(2):420-6.

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Anexo 1- Aprovação da Ética

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Anexo 2 – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃOPAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM FONOAUDIOLOGIA

Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

1. 2. Dados sobre a pesquisa e pesquisador

Título da pesquisa de mestrado: Mastigação: comparação de diferentes instrumentos

de avaliação.

Pesquisador: Thaynã Aguiar Barros

Orientador: Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva

Declaro que eu, Thaynã Aguiar Barros, portadora do CPF 600.068.823-74, RG

56.287.252-8 SSP/SP, estabelecida à Rua Apeninos, no 990, apto 51, CEP: 04104-020, Paraíso,

São Paulo-SP, telefones (11) 96081-7885, pesquisadora nessa instituição, agradeço a sua

colaboração voluntária para participar do estudo. Esse projeto de pesquisa foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) sob nº

40939414.6.0000.5482. Trata-se de um estudo/ experimental, com uma abordagem

quanti/qualitativa.

3. Avaliação do risco da pesquisa: sem risco.

4. Objetivo do estudo

Comparar os achados da avaliação da mastigação em um grupo de adolescentes com a

utilização dos Protocolos de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandidos (AMIOFE-

E) e de Avaliação Miofuncional Orofacial -Marchesan, Barretin-Félix, Genaro, Rehder (MBGR).

.

5. Registro das explicações realizadas pelo pesquisador ao meu filho (a) sujeito voluntário:

A coleta de dados leva em média 15 minutos, serão feitas perguntas sobre sua saúde e seu

estado físico. Em seguida serão registradas imagens fotográficas de frente, perfil direito e

esquerdo, cabeça elevada. Logo após será solicitada uma prova que será a mastigação. Essa

será filmada e você terá que mastigar biscoito tipo wafer e pão francês. Vale ressaltar que a

filmagem será vista e analisada somente pela pesquisadora como fim de pesquisa, esse material

registrado de forma alguma será divulgado.

6. Esclarecimentos dados pelo pesquisador sobre as garantias do sujeito da pesquisa

Foi esclarecido pela pesquisadora que não há risco na pesquisa e que se o voluntário sentir

qualquer tipo de desconforto durante as provas poderá interromper sua participação a qualquer

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momento. Foi esclarecido que a participação do meu filho (a) é voluntaria e sem nenhum tipo de

benefício e/ou retorno financeiro direto.

Com a assinatura desse termo de assentimento os pais e/ou responsáveis do adolescente

autorizaram a participação na pesquisa e teve inicio da coleta dos dados.

Foi esclarecido que o adolescente podia, no momento que desejasse, obter qualquer outro tipo de

informação ou esclarecimento sobre os procedimentos realizados, bem como retirar seu

consentimento e desistir da sua participação sem qualquer consequência.

Reforço que terá garantia de sigilo das informações e preservação da sua identidade e o filme só

será usado exclusivamente para fins acadêmicos. Uma cópia deste termo de consentimento ficará

com vocês.

Agradecemos muito a participação e disponibilidade.

7. Informações dos responsáveis pela pesquisa para o caso da necessidade de contato:

De acordo com a resolução do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa nº 40939414.6.0000.5482 o

pesquisador é a pessoa responsável pela coordenação e realização da pesquisa e pela

integridade e bem-estar dos indivíduos da pesquisa. Thaynã Aguiar Barros, telefones (11) 96081-

7885.

São Luis,

_______________________________________

Pais e/ou responsáveis

________________________________________

Thaynã Aguiar Barros Pesquisador

________________________________________

Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva

Orientador

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ANEXO 3 - Recorte – PROTOCOLO DE AVALIAÇAO MIOFUNCIONAL

OROFACIAL COM ESCORES EXPANDIDOS (AMIOFE - E)

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCORES EXPANDIDO (AMIOFE-E)

Data da Avaliação:______/______/______ DN:______/______/______.....Idade:______

Nome:_________________________________________________________________________________

Endereço:_______________________________________________________________________________

Cidade:_________________________________________

Telefone:______________________________________

Queixa:_________________________________________________________________________________

INÍCIO DO PROBLEMA:___________________________________________________________________

Mastigação Escores

Bilateral Alternada (50%/50% até 40%/60%) (10)

Simultânea (vertical) (8)

Unilateral Preferencial –grau 1 – (61% a 77%) (6)

Preferencial –grau 2 – (78% a 94%) (4)

Crônica (95% a 100%) (2)

Lado da preferência Direito Esquerdo

Anterior (Frontal) (2)

Não realiza a função Não tritura (1)

Resultado do sujeito avaliado

Outros comportamentos e sinais de alteração Escores

Presente Ausente

Movimentos incoordenados da mandíbula (1) (2)

Movimentação da cabeça ou outras partes do corpo (1) (2)

Postura alterada (cabeça ou outras partes do corpo) (1) (2)

Escape de alimento (1) (2)

Resultado do sujeito avaliado

Resultado Total da Mastigação

Tempo gasto para ingerir o alimento =

Alimento utilizado =

Mastigação - Mordida Escores

Incisivos Normal (4)

Caninos-pré-molares (3)

Molares (2)

Não Morde (1)

Resultado do sujeito avaliado

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ANEXO 4 – Recorte - AVALIAÇAO MIOFUNCIONAL OROFACIAL – MBGR

EExxaammee MMiiooffuunncciioonnaall OOrrooffaacciiaall -- MMBBGGRR

MMaarrcchheessaann IIQQ,, BBeerrrreettiinn--FFeelliixx GG,, GGeennaarroo KKFF,, RReehhddeerr MMII

Nome:__________________________________________________________No_____________

Data do exame: ___ / ___ / ___ Idade: ___ anos e ___ meses DN: ___ / ___ / ___

MMaassttiiggaaççããoo [[ ]] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 10)

Se alterada, esta é de origem [ ] funcional [ ] estrutural [ ] DTM [ ] outra ______________________

Mastigação Habitual (utilizar sempre o mesmo alimento)

Incisão: (0) anterior (1) lateral (1) outra ______________________________

Trituração: (0) dentes posteriores (1) dentes anteriores (1) com a língua

(0) eficiente (1) ineficiente

Número de

ciclos:(via filmagem)

direita: 1a porção: _____ 2

a porção: _____ 3

a porção: _____

esquerda: 1a porção: _____

direita/esquerda 1a porção: _____

2a porção: _____

2a porção: _____

3a porção: _____

3a porção: _____

total: 1a porção: _____

2a porção: _____ 3

a porção: _____

Padrão mastigatório: (0) bilateral alternado

(0) unilateral preferencial: _____

(1) bilateral simultâneo

(2) unilateral crônico: _____

Fechamento labial: (0) sistemático (1) assistemático (2) ausente

Velocidade: (0) adequada (1) aumentada (1) diminuída

Mastigação ruidosa: (0) não (1) sim

Contrações musculares não esperadas: (0) ausente (1) presentes (descrever): _________________________

Tempo mastigatório (utilizar porções de tamanho padronizado e do mesmo alimento)

1a porção: ____ segundos 2

a porção: ____ segundos 3

a porção: ____ segundos Média: ____ segundos

Observação:

_________________________________________________________________________________