MASTITE IMPORTANCIA E DIAGNOSTICO ATRAVES DE...

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE Cleovani Rossi Javorski Giovane Alves da Luz Mastite Importância e Diagnóstico através de cultura e antibiograma do leite Cascavel - PR 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

Cleovani Rossi Javorski Giovane Alves da Luz

Mastite Importância e Diagnóstico através de cultura e antibiograma do leite

Cascavel - PR 2011

Cleovani Rossi Javorski Giovane Alves da Luz

Mastite Importância e Diagnóstico através de cultura e antibiograma do leite

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista, no Curso de Especialização em Produção de Leite da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador Prof. M. Sc. Sérgio J. M. Bronze

Cascavel - PR 2011

RESUMO

Com o aumento da produção leiteira no Brasil e em investimentos nas tecnologias para tecnificar a produção leiteria, é importante conhecer e aplicar ferramentas que venham prevenir fatores que possam aumentar os custos de produção, por exemplo, na cadeia produtiva do leite os custos com tratamentos de casos de mastite são altos, existe também os prejuízos com a diminuição na produção animal durante o restante da lactação, e dependendo da gravidade da lesão o animal pode perder o quarto mamário acometido pelo quadro de mastite. Para evitar casos de mastite crônica, é preciso conhecer o agente causador e sua resistência aos antibióticos, nesse contexto, é necessário fazer cultura e antibiograma de amostras de leite, pois assim é possível instituir o tratamento de forma adequada, evitando causar resistência dos microorganismos e levar a quadros de mastite crônica. Neste trabalho foi realizado um total de 11 amostras de leite coletadas para posterior análise no laboratório, foi observado presença de Streptococcus spp., Staphilococcus aureus e Corinebacterium spp. na maioria das amostras analisadas. Palavras-chave: Mastite, cultura e antibiograma do leite, qualidade do leite.

SUMARIO

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................06 LISTA DE TABELAS...................................................................................................07 LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................08 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................09 2 OBJETIVO..................................................................................................................10 3 MASTITE....................................................................................................................11 3.1 Revisão de literatura..................................................................................................11 3.2 Classificação..............................................................................................................12 3.2.1 Mastite clínica.........................................................................................................13 3.2.2 Mastite subclínica...................................................................................................14 3.2.3 Mastite contagiosa..................................................................................................15 3.2.4 Mastite ambiental...................................................................................................16 3.2.5 Mastite causada por agentes incomuns...................................................................19 3.2.6 Sintomatologia e diagnóstico..................................................................................19 3.2.7 Tratamento..............................................................................................................21 3.2.8 Prevenção................................................................................................................24 4 CULTURA E ANTIBIOGRAMA.............................................................................27 5 CONCLUSÃO……………………………………………………………………….31 6 REFERÊNCIAS..........................................................................................................32

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Parte do resultado da cultura e antibiograma de uma amostra de leite, onde foi isolado Escherichia coli e Serratia, mostrando o quadro de resistência aos antibióticos......................................................................................................................28 FIGURA 2 – Úbere de vaca com mastite. Observar área com alteração na coloração. Observar secreção, coloração alterada (sanguinolenta)..................................................30 FIGURA 3 – Placa com cultura de amostra de leite, e placa com antibiograma...........31

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Principais características da mastite contagiosa e ambiental...................18 TABELA 2 – Microorganismos isolados em amostras de leite......................................28 TABELA 3 – Resultado de cultura e antibiograma de 11 amostras de leite coletadas de animais que apresentavam sinais clínicos de mastite......................................................29

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LISTA DE ABREVIATURAS

CCS – Contagem de Células Somáticas

CMT – California Mastits Test

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil é responsável por 4,5% da produção mundial de leite o que o coloca na

quinta posição quanto à produção deste produto. Em 2006, a produção total de leite cru,

resfriado ou não adquirido (inspecionado) foi de 16,67 bilhões de litros e até 2008

houve acréscimo de 13,56%, chegando a 19,28 bilhões de litros. A região sudeste do

Brasil respondeu por 42,55% da produção e foi seguida pela região sul, com 30,21% da

produção nacional. Em seqüência estavam as regiões centro-oeste (15,42%) nordeste

(6,20%) e norte (5,60%) (IBGE, 2008).

As condições de clima fazem com que a produção tenha características conforme

a região, existindo assim diversos modelos de produção, com diferentes graus de

especialização, desde propriedades de subsistência que utilizam técnicas rudimentares e

atingem até 10 litros/animal, até propriedades que utilizam tecnologias avançadas e

superam os 50 litros/animal diários. O setor pecuário leiteiro da região Sul apresenta-se

em constante evolução com investimentos dos proprietários em genética, nutrição e

tecnologias. Com isso, a região apresenta índices superiores à média nacional tanto em

crescimento da produção como também na produtividade (IBGE, 2008).

Em relação à produção leiteira na região sul do país, o estado de Santa Catarina

apresenta a maior produtividade por vaca, com média de produção de 2.321 litros de

leite/ano. O Rio Grande do Sul e o Paraná também apresentam alta produtividade, se

destacando em relação aos demais estados brasileiros (IBGE, 2008).

Segundo dados do IBGE, em 2007, o Paraná possuía rebanho de 1.352.291

vacas sendo ordenhadas com produtividade média de 1.997 litros de leite/vaca/ano.

Comparado aos demais estados, o Paraná alcançou o 3º lugar no ranking nacional com

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produção de 2,7 bilhões de litros, o que representou 10,33% da produção nacional e

produtividade 62% acima da média brasileira. O grande desenvolvimento da

bovinocultura leiteira no Paraná é conseqüência de programas de melhoramento

genético, estratégias de controle sanitário, melhorias no manejo, adequação na

alimentação dos animais, profissionais treinados e a profissionalização dos produtores,

aliado ao forte aspecto sócio-econômico que o leite representa ao estado.

2. OBJETIVO

Este trabalho teve por objetivo, fazer uma revisão sobre a classificação,

diagnóstico e tratamento de casos de mastite, dando ênfase a realização de cultura e

antibiograma do leite, para averiguar casos de resistência a antibióticos utilizados

nos tratamentos. Através das análises de cultura, foi feito a identificação dos

principais agentes causadores de mastite em animais identificados com

sintomatologia clínica.

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3 MASTITE

3.1 REVISÃO DE LITERATURA

A mastite bovina é uma das principais doenças que acomete o rebanho leiteiro,

sendo responsável por grandes perdas em produtividade animal, consequentemente

gerando perdas econômicas significativas, principalmente se considerarmos o somatório

das perdas, que são desde a diminuição da produção e qualidade do leite, descarte do

leite contaminado, custo com tratamento, descarte e reposição do plantel. Não existe

uma propriedade leiteira que possa ser considerada livre de mastite, mas existe formas

de manter níveis mínimos de acometimento, através de boas práticas de manejo

sanitário do rebanho e criteriosa higienização da ordenha (LÉVESQUE, 1996;

SANTOS, 2000).

A mastite é a inflamação da glândula mamária, podendo ser causada por diversas

bactérias patogênicas, fungos, algas, protozoários, além de agentes físicos e químicos,

traumas mecânicos e problemas metabólicos. É uma enfermidade considerada complexa

e na maioria dos casos envolve a interação do animal com o ambiente e os

microorganismos. As alterações patológicas no úbere são variáveis e podem levar à

diminuição ou até mesmo à perda total da capacidade secretora da glândula,

dependendo principalmente dos agentes envolvidos e da resistência individual dos

animais. Além do aumento do número de células, a mastite provoca alterações nos

principais componentes macro (gordura, proteína e lactose) e microconstituintes

(minerais) do leite. Essa mudança na composição do leite é causada pela alteração da

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permeabilidade dos capilares sangüíneos, pela redução da capacidade de síntese das

células secretoras e pela extensão da superfície do tecido mamário atingido pela reação

inflamatória (SANTOS, 2000; RIBEIRO et al., 2003; RODRIGUES, 2006).

Segundo RADOSTITS (2002), a infecção da glândula ocorre geralmente através

do canal do teto, com desenvolvimento complexo, mas que pode ser explicado através

da caracterização de três estágios: invasão, infecção e inflamação. A invasão ocorre

quando os patógenos passam do meio externo para o interior do canal do teto. Na

infecção ocorre a rápida multiplicação dos microorganismos e estes invadem o tecido

mamário, ocorrendo a infecção do tecido glandular. No estágio da inflamação, a mastite

se estabelece com variados graus de anormalidade do úbere, podendo ter efeitos

sistêmicos resultante da ação dos mediadores inflamatórios.

3.2 CLASSIFICAÇÃO

A mastite pode ser classificada de duas maneiras: conforme a manifestação

classifica-se em clínica ou subclínica; conforme os patógenos envolvidos classifica-se

em mastite contagiosa ou ambiental (SANTOS, 2000).

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3.2.1 MASTITE CLÍNICA

A mastite clínica ocorre quando estão presentes sinais evidentes, podendo ser

aumento de temperatura, edema, dor e endurecimento da glândula mamária afetada,

presença de grumos, secreção purolenta, sangue ou qualquer outra alteração das

características do leite (SANTOS, 2000).

O diagnóstico da mastite clínica pode ser realizado através da sintomatologia,

avaliando os sinais clínicos como dor, rubor, alteração da consistência do tecido

mamário ou presença de nódulos, edema do quarto afetado ou até mesmo do úbere todo.

O teste da caneca de fundo preto pode ser usado como auxiliar no diagnóstico, é de fácil

realização e deve ser feito sempre antes da ordenha. Neste exame, retiram-se de três a

quatro jatos de leite diretamente na superfície escura da caneca para melhor

visualização, onde é possível avaliar a presença de grumos, secreção purolenta, sangue

ou leite aquoso. Os quartos clinicamente acometidos podem não recuperar

completamente a produção de leite nas lactações subseqüentes (SANTOS, 2000;

RADOSTITS et al., 2002).

Quando à manifestação clínica da mastite, esta pode ser classificada em: mastite

catarral, podendo apresentar casos agudos ou crônicos, caracterizada por alterações no

aspecto do leite como, por exemplo, a presença de grumos; mastite apostematosa,

geralmente casos crônicos, caracterizada pela transformação do leite em secreção

purolenta; mastite flegmonosa, sempre com casos agudos, caracterizada por intensa

sintomatologia sistêmica e transformação do leite em secreção sero-sanguinolenta

(GREGORY et al., 2001).

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3.2.2 MASTITE SUBCLÍNICA

A mastite subclínica tem como característica não apresentar sinais clínicos no

animal, e sim, causar alterações na composição do leite, por exemplo, o aumento na

contagem de células somáticas (CCS). As células somáticas do leite são constituídas por

vários tipos celulares, tais como neutrófilos, macrófagos, linfócitos e células epiteliais.

Algumas bactérias liberam subprodutos metabólicos, enterotoxinas ou componentes da

parede celular. Esses fatores servem como quimiotáxicos para os leucócitos levando à

migração destes para o tecido alveolar; Quando a inflamação persiste, o tecido mamário

sofre grande lesão resultando na diminuição da produção de leite e há aumento na CCS

como conseqüência da diapedese prolongada e lesão do tecido glandular. Esta forma de

apresentação é mais prejudicial devido à falta de sinais aparentes na glândula mamária e

no animal, o que gera dificuldade e demora na detecção da afecção, consequentemente

ocasionando maiores prejuízos pela freqüência e persistência do problema (SANTOS,

2000; RODRIGUES, 2006).

Casos de mastite subclínica resultam em grandes perdas na produtividade.

Segundo RADOSTITS et al., (2002), a maioria das estimativas indica que, em média,

um quarto acometido resulta em 30% de redução em sua produtividade, e uma vaca

acometida perde 15% da sua produção na lactação. Os prejuízos podem ser expressos

pela diminuição na produção, na alteração dos componentes que interferem no processo

de fabricação dos subprodutos lácteos, taxas de descarte e reposição de animais e

tratamentos de vacas acometidas.

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3.2.3 MASTITE CONTAGIOSA

A mastite contagiosa caracteriza-se por apresentar baixa incidência de casos

clínicos e alta incidência de casos subclínicos. É causada por patógenos cujo habitat

preferencial é o interior da glândula mamária e superfície da pele dos tetos. A

transmissão se dá principalmente pela colonização da pele dos tetos, e ocorre durante a

ordenha através das mãos do ordenhador, pano/esponja contaminados e utilizados para

secagem dos tetos em várias vacas, presença de leite residual nas teteiras e

equipamentos de ordenha inadequados (SANTOS, 2000; RADOSTITS et al., 2002).

Segundo RADOSTITS (2002), um dos patógenos mais comumente encontrado é

o Staphylococcus aureus, microorganismo gram-positivo que geralmente coloniza o

canal do teto, interior da glândula ou a pele do teto; tem grande capacidade de invasão

se instalando em partes profundas da glândula, pode fixar-se às células epiteliais e

produzir toxinas, estabelecendo o foco de infecção e até necrose do estroma e

parênquima mamário, levando à formação de tecido fibroso. Isso forma “bolsões” de

bactérias que impedem o acesso dos antibióticos. Geralmente, infecções causadas por S.

aureus são casos subclínicos, de longa duração, tem baixa taxa de cura e tendência a

cronificar, ocorrendo grande aumento na CCS. Outro agente é o Streptococcus

agalactie, bactéria gram-positiva, encontrada principalmente no interior da glândula

mamária e em superfícies contaminadas com leite. Sua transmissão ocorre

principalmente durante a ordenha e esse agente também tem capacidade de fixar-se nas

células epiteliais, porém o quadro inflamatório é brando, ocorre forte edema, rubor ou

endurecimento da glândula (SANTOS, 2002; HIRSH et al., 2003).

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O Mycoplasma bovis pode estar envolvido em casos mais raros, causando surtos

de mastite clínica que não respondem à terapia e são difíceis de controlar.

Caracteristicamente, a mastite clínica afeta mais de um quarto. Provoca queda brusca na

produção, o leite torna-se espesso e entremeado com uma secreção aquosa que pode

progredir para exsudato purolento. Apresenta pouco ou nenhum sinal sistêmico e a

disseminação entre os animais está diretamente relacionada a práticas sanitárias e

manejo inadequados (RADOSTITS et al., 2002; HIRSH et al., 2003).

3.2.4 MASTITE AMBIENTAL

A mastite ambiental é causada por agentes que vivem no ambiente, em locais

que apresentam esterco, urina, barro e camas orgânicas. Caracteriza-se por alta

incidência de forma clínica e de curta duração, frequentemente de modo agudo. A

invasão da glândula mamária ocorre principalmente entre as ordenhas, durante o

período seco, e pode ocorrer em novilhas na fase pré-parto. Os agentes causadores

podem ser divididos em dois grupos: coliformes (Escherichia coli, Klebsiela spp. e

Enterobacter spp.), que são bactérias Gram-negativas, geralmente causam mastite

clínica de forma hiperaguda grave. São mais freqüentes durante as duas semanas iniciais

do período seco e duas semanas antes do parto; geralmente os casos são de curta

duração, casos crônicos são raros e podem ocorrer surtos de mastite causada por

coliformes principalmente quando ocorre alterações no manejo do ambiente. O segundo

grupo envolve as infecções estreptocócicas, causadas por várias espécies diferentes, as

mais importantes e de maior prevalência são: Streptococcus uberis e Streptococcus

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dysgalactie, bactérias Gram-positivas. Estes agentes estão presentes no ambiente e na

pele das tetas; proliferam-se nos ductos e alvéolos provocando inflamação aguda, que

pode cronificar e causar substituição de tecido secretor por tecido conjuntivo fibroso,

resultando em perda do quarto mamário (SANTOS, 2000; RADOSTITS et al., 2002;

HIRSH et al., 2003).

Na mastite ambiental hiperaguda causada por coliformes, o animal apresenta

sinais de toxemia grave com febre, calafrios, taquicardia, diarréia e fraqueza muscular.

O animal pode ficar em decúbito, pois esses sinais ocorrem provavelmente devido à

absorção de grandes quantidades de endotoxinas; pode apresentar aumento de

temperatura no quarto afetado, secreção variando de aquosa à serosa com pequenos

grumos e pode ou não estar edemaciado. A vaca pode morrer em poucos dias. Nos casos

em que a vaca acometida sobrevive aos efeitos sistêmicos das endotoxinas, o quarto

mamário atingido geralmente retorna à produção parcial na mesma lactação e até a total

na lactação seguinte, contudo, em casos hiperagudos graves, a produção subseqüente é

inadequada e geralmente as vacas são descartadas (RADOSTITS et al., 2002).

A Tabela 1 faz uma comparação de forma resumida entre mastite contagiosa e

mastite ambiental.

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TABELA 1 – Principais características da mastite contagiosa e ambiental

Mastite contagiosa Mastite ambiental AGENTES AGENTES COLIFORMES Streptococcus agalactiae Escherichia coli Staphilococcus aureus Klebsiela pneumoniae Klebsiela oxytoca Enterobacter aerogenes AMBIENTAIS Streptococcus ubers S.bovis S.dysgalactiae Enterococcus faecium Enterococcus faecalis FONTE PRIMÁRIA FONTE PRIMÁRIA Úbere de vacas infectadas O ambiente da vaca FORMA DE DISSEMINAÇÃO FORMA DE DISSEMINAÇÃO De quartos infectados para sadios no momento da ordenha

Exposição da vaca a ambientes altamente contaminados ou equipamentos de ordenha com funcionamento inadequado

INDICADORES DO PROBLEMA INDICADORES DO PROBLEMA CCS do tanque acima de 300.000 Alta taxa de mastite clínica, Freqüentes surtos de mastite clínica, geralmente nas mesmas vacas.

frequentemente no inicio da lactação mais de 15% das vacas no período de calor.

Cultura do leite resulta em S. agalactiae e S. aureus.

A CCS pode ser menor que 300.000

Fonte: SANTOS, 2000.

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3.2.5 MASTITE CAUSADA POR AGENTES INCOMUNS

Muitos outros agentes infecciosos podem causar mastite grave, sendo casos

esporádicos que acometem apenas uma ou poucas vacas no rebanho. Desses

microorganismos, podem ser citados o Arcanobacterium (Actinomyces) pyogenes,

Nocardia asteroides, N. brasiliensis e N. farcinica, Haemophilus somnus, Pasteurella

multocida, P. haemolytica, Campylobacter jejuni, Mycobacterium bovis e Bacillus

cereus. Podem ocorrer casos de mastite causada por bactérias anaeróbicas, geralmente

associadas a outras bactérias facultativas, por exemplo, Peptococcus indolicus,

Bacteróides melaninogenicus, Eubacterium combesii, Clostridium sporogenes e

Fusobacterium necrophorum. As infecções fúngicas são provocadas por Trichosporon

spp., Aspergillus sp., em casos de leveduras, as principais são Cândida spp.,

Cryptococcus neoformans, Sacharomyces spp. E Toluropsis spp. Podem ocorrer ainda,

casos de mastite por algas, onde os principais agentes são Prototheca trispora e P.

zopfii (SANTOS, 2000; RADOSTITS et al., 2002).

3.2.6 SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO

A diferenciação clínica da mastite é difícil devido a variedade de

microorganismos causadores e sinais que podem ser causados por mais de um patógeno.

Cada tipo de mastite apresenta sua sintomatologia, sendo esta seguida apenas como guia

para diagnóstico, pois todos os patógenos podem causar as formas clínica e subclínica,

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aguda ou crônica, tornando-se de difícil diferenciação. Na maioria dos casos, é

necessário estabelecer o tratamento sem o auxílio de cultura e antibiograma para isolar o

agente e identificar o princípio ativo adequado para o tratamento ser eficaz. Os sinais

clínicos presentes na mastite são as anormalidades da secreção láctea, alteração no

tamanho, consistência e temperatura da glândula mamária, podendo ocorrer também

reação sistêmica (SANTOS, 2000; RADOSTITS et al., 2002).

As alterações no leite podem ser visualizadas utilizando o teste da caneca de

fundo preto, o que facilita a visualização da presença de coágulos, grumos e secreção

purolenta; alterações na coloração como leite aquoso ou sanguinolento também são

visíveis. Através da palpação e inspeção pode-se avaliar anormalidades de tamanho e

consistência do quarto afetado, formação de fibrose, edema e atrofia do tecido mamário.

Em casos com sinais sistêmicos, o animal pode apresentar febre, toxemia, taquicardia,

estase ruminal, depressão, decúbito e anorexia. A gravidade desses sinais depende dos

patógenos envolvidos e da resistência do animal (RADOSTITS et al., 2002).

O desafio no rebanho é identificar os animais acometidos. O diagnóstico direto

da mastite é feito com o isolamento e identificação de bactérias presentes no leite, e o

indireto com a determinação de alterações na composição do leite. Os testes indiretos

(CMT, Teste da caneca de fundo preto) são capazes de identificar a mastite, estimam a

prevalência da infecção e a gravidade da doença. A mastite subclínica é diagnosticada

através da CCS e cultura bacteriana no leite do tanque, o exame microbiológico

determina os patógenos da mastite e o plano de ação recomendado. Em casos

individuais pode ser feito o California Mastitis Test - CMT (o reagente age rompendo a

membrana das células presentes na amostra de leite e liberam o material nucléico

(DNA), tornando a mistura altamente viscosa e a coloração púrpura do reagente ficará

mais acentuada na homogeneização com o leite mastítico devido ao pH alcalino); a

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cultura do leite e sensibilidade dos microorganismos aos antimicrobianos também pode

ser usada, auxiliando na escolha do tratamento (SANTOS, 2000).

3.2.7 TRATAMENTO

Segundo RADOSTITS (2002), o tratamento das diferentes formas de mastite é

complexo devido à grande variedade de microorganismos causadores e requer

protocolos terapêuticos específicos dependendo da forma de apresentação da mastite. A

terapia antimicrobiana parenteral deve ser considerada em casos com comprometimento

sistêmico, principalmente em casos clínicos agudos, e deve ser utilizada como objetivo

de auxiliar as defesas específicas e inespecíficas do animal na eliminação dos

microorganismos invasores, para evitar bacteremia e septicemia. As doses padronizadas

de antimicrobianos geralmente podem controlar a reação sistêmica, porém dificilmente

haverá cura microbiológica da glândula acometida, uma vez que há relativa má difusão

do antibiótico do sangue para o leite. Por isso é importante associar o tratamento

parenteral com o tratamento intramamário.

A antibioticoterapia em vacas em lactação reduz o número de microorganismos

patogênicos no leite após o tratamento, aumenta o número de quartos que retornam a

normalidade em mais curto espaço de tempo e aumenta o número de quartos sadios,

determinando um maior retorno econômico ao proprietário e também auxiliando para

melhorar a qualidade do leite. Os principais princípios ativos utilizados para tratamento

de casos de mastites são: ampicilina, bacitracina, cefalosporinas, cloranfenicol,

clortetraciclina, cloxacilina, dihidroestreptomicina, eritromicina, estreptomicina,

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nafcilina, neomicina, novobiocina, nistanina, oleanfomicina, oxitetraciclina, penicilina,

polimixina B, sulfadimidina, e tetraciclina. O uso indiscriminado de antibióticos, a

utilização de tratamento tópico em infecções sistêmicas, dosagens incorretas e a não

determinação dos níveis de sensibilidade dos agentes etiológicos aos antimicrobianos

são os principais fatores para a resistência bacteriana (FAO/OMS, 1988-1991).

Quando a infecção se estabelece, existem quatro formas de eliminação: a cura

espontânea, o descarte, o tratamento durante a lactação e a terapia da vaca seca. Porém,

a cura espontânea não pode ainda ser considerada como um sistema de tratamento da

doença e, portanto é considerada pouco eficaz. As vacas que tenham sido tratadas várias

vezes em uma única lactação devem ser consideradas para descarte, porque, além de

não serem lucrativas (em razão dos custos de tratamento e dos prejuízos causados pelo

descarte de leite), podem ser fonte de infecção para outros animais devido à cronicidade

da afecção. Deve-se estabelecer um programa de prevenção e controle, associado ao

descarte de vacas velhas com infecções crônicas (SMITH, 2000; RADOSTIS et al.,

2002; RODRIGUES, 2006).

Segundo SMITH (2000), o tratamento com antimicrobianos deve ser

selecionado com base em testes de sensibilidade, pois o medicamento não age da

mesma forma contra todos os microorganismos. Um dos principais problemas no

tratamento da mastite é a resistência dos microorganismos, como conseqüência do uso

indiscriminado e inadequado dos medicamentos. Existem fatores inerentes aos

microorganismos, como a capacidade de algumas bactérias em sobreviver

intracelularmente (por exemplo, Staphylococcus sp), onde geralmente o antimicrobiano

não atinge a concentração bactericida ou bacteriostática adequada. Alguns

microorganismos têm capacidade de produzirem reação tecidual intensa, como as

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afecções causadas por Actinomyces pyogenes, formando abscessos que dificultam o

acesso do antimicrobiano ao foco.

Vacina

Quando uma bactéria consegue ultrapassar a barreira primária de defesa do teto,

as células de defesa presentes no leite iniciam uma resposta na tentativa de eliminar a

bactéria invasora. Os mecanismos de defesa da glândula mamária contra essas infecções

podem ser divididos em dois grupos. O primeiro grupo é a imunidade natural que é

predominante no inicio da infecção, sendo constituída pela barreira física do esfíncter

do teto e pelas células do sistema de defesa presentes na glândula mamária. O segundo

grupo é a imunidade adquirida (aumento de resistência), que reconhece a presença de

bactérias e por meio de anticorpos e células do sistema de defesa iniciam uma resposta

de proteção à glândula mamária (SANTOS, 2000; RADOSTITS, 2002; RODRIGUES,

2006).

Uma estratégia importante para controle de mastite é o aumento da resistência da

vaca contra os agentes causadores de mastite através da vacinação. Dois grupos de

vacinas contra a mastite vêm sendo intensamente estudados, a vacina contra mastite

contagiosa e a vacina contra mastite ambiental. Até o momento, as vacinas estudadas

apresentam sucesso na redução da duração e severidade nos novos casos de mastite e

aumento na taxa de cura espontânea (a capacidade que a vaca tem de se recuperar

sozinha de uma infecção estabelecida) (RODRIGUES, 2006).

Não existe vacina capaz de prevenir ou impedir a entrada de microorganismos

patogênicos pelo orifício do teto, em resumo, a ação da vacina será de ativar a resposta

imunológica do animal, reduzindo novos casos e casos crônicos. Por isso é fundamental

a associação da vacinação, seja contra patógenos contagiosos ou ambientais, a um

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adequado programa de controle e prevenção de mastite, objetivando sucesso na saúde e

produtividade do rebanho. É importante também que o produtor consulte o médico

veterinário responsável pela propriedade antes de decidir pela vacinação, para que esse

profissional possa adequar o protocolo de vacinação às condições do rebanho

(RODRIGUES, 2006).

3.2.8 PREVENÇÃO

Os métodos de controle da mastite contagiosa e ambiental são baseados em três

princípios básicos: a diminuição da exposição dos tetos aos patógenos, aumento da

resistência imunológica da vaca e antibioticoterapia (SANTOS 2000).

Segundo RODRIGUES (2006), o manejo correto da ordenha é um dos principais

fatores de manejo na prevenção de mastite. A desinfecção correta dos tetos e limpeza

das teteiras são alguns fatores que podem interferir no maior ou menor risco de

contaminação do leite por microorganismos. O estímulo (massagem) nos tetos antes da

ordenha é fundamental para a ocorrência de liberação de ocitocina pela hipófise,

hormônio responsável pela contração das células mioepiteliais e conseqüentemente a

descida do leite. A retirada dos três ou quatro primeiros jatos para realização do teste da

caneca telada ou de fundo preto tem o objetivo de diagnosticar a mastite clínica,

estimular a descida do leite e, conseqüentemente, os primeiros jatos são os que

apresentam maior concentração microbiana.

O manejo de prevenção é realizado dentro e fora da sala de ordenha. O maior

objetivo da sala de ordenha é retirar a produção e manter os tetos limpos e secos, antes e

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após a ordenha. A rotina diária de atividades e o correto manejo de ordenha são as

principais medidas preventivas de controle de mastite. A execução de uma seqüência

lógica de tarefas durante a ordenha, proporciona vários outros benefícios. Um adequado

manejo (higiene, procedimentos e equipamentos corretos) pode diminuir o número de

animais acometidos por mastite clínica e subclínica, reduzir a taxa de novas infecções,

melhorar a CCS (contagem de células somáticas) do rebanho e a qualidade do leite

produzido, isto trará benefícios diretos aos produtores de leite, indústrias e

consumidores. É importante que o leite dos animais que estão em tratamento, seja

descartado, respeitando o período de carência conforme recomendação do princípio

ativo utilizado (SANTOS, 2000).

SANTOS (2000) recomenda a seguinte rotina básica e higiênica de ordenha:

retirar os primeiros jatos (teste da caneca de fundo preto); lavar os tetos com água

corrente (somente quando os tetos estiverem bastante sujos); fazer a imersão dos tetos

em solução desinfetante (pré-dipping); secar completamente com papel toalha

descartável; colocar as teteiras; retirar as teteiras após cessar o fluxo de leite; fazer a

imersão dos tetos em solução desinfetante (pós-dipping); oferecimento da ração na sala

de alimentação após a ordenha, para que os animais permaneçam em pé o tempo

necessário para fechar o esfíncter do canal do teto, pois logo após a ordenha o esfíncter

permanece relaxado, favorecendo a invasão de microorganismos principalmente se o

animal deitar em local com sujidades; é de grande importância também, a ordem da

ordenha, as vacas acometidas por mastite devem ser ordenhadas após as sadias, ao final

da ordenha, para evitar contaminação e disseminação de microorganismos.

A prática de lavagem dos tetos é questionada e é indicada somente em casos

onde existam placas de sujeiras visíveis, como lama ou fezes. Quando se faz essa

prática, normalmente molha-se também o úbere do animal, fazendo com que escorra

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sujeiras até a entrada do teto, tornando uma fonte de infecção. Fazer a imersão dos tetos

em solução (pré-dipping) determina uma redução de até 50% na taxa de novas infecções

da glândula mamária causadas por patógenos ambientais. É importante fazer a imersão

completa do teto e a secagem deve ser feita após 30 segundos da aplicação do

desinfetante, pois esse é o tempo de ação da maioria dos produtos. Uma das práticas

mais importante de controle de novas infecções intramamárias é a desinfecção dos tetos

ao final da ordenha (SANTOS, 2000; RADOSTITS et al., 2002; RODRIGUES, 2006).

A transmissão de agentes patogênicos para a glândula mamária é muito comum

no início e no final do período seco. Esta transmissão ocorre principalmente durante as

três primeiras semanas deste período, e nos dez dias anteriores ao parto. Um dos

principais fatores predisponentes é a permanência do canal do teto aberto após a

secagem por um período maior do que se acreditava. Uma opção é o uso do selante

interno de tetos, que deve ser aplicado em vacas leiteiras no momento da secagem, para

selagem do canal do teto, em um mecanismo que mimetiza o mecanismo fisiológico de

fechamento deste canal, criando então um tampão, bloqueando o canal do teto e

impedindo assim a entrada de microrganismos na glândula mamária durante o período

seco, auxiliando o controle da mastite. Não se constitui em um tratamento de infecções

pré-existentes, nem trata infecções novas, sua ação é puramente mecânica, não tendo

efeito terapêutico. Pode ser utilizado como tratamento alternativo ao uso de antibióticos,

preconizando a profilaxia da mastite de uma maneira mais natural, evitando o uso

desnecessário de antibióticos e o conseqüente desenvolvimento de resistência

(CARNEIRO, 2006).

27

4 CULTURA E ANTIBIOGRAMA

Durante o período de setembro e outubro, foram realizadas coletas de amostras

de leite, oriundos de animais com sinais clínicos de mastite, para realização de cultura e

antibiograma. As coletas foram feitas conforme acompanhamento de casos clínicos

realizados na propriedade da Extação Experimental Profº Dr. Antonio Carlos dos Santos

Pessoa, Linha Guará, situada no Município de Marechal Cândido Rondo, dando maior

importância aos animais com histórico de mastite em lactações anteriores ou casos de

mastite já tratados e sem obter resposta ao tratamento. As amostras foram coletadas na

propriedade, acondicionadas adequadamente em refrigeração e encaminhadas ao

Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Paraná – Campus Palotina.

Ao se fazer o isolamento do microorganismo envolvido nos casos de mastite, pode-se

instituir tratamento específico, conhecendo a sensibilidade e prevenindo casos de

resistência, levando a cronicidade da afecção, este seria um procedimento ideal, sempre

que depois de realizado tratamento e não se obteve resposta positiva.

Foram realizadas coletas de 11 amostras e realizado cultura e antibiograma. A

Tabela 2 demonstra os patógenos isolados.

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TABELA 2 – Microorganismos isolados em amostras de leite.

Microorganismo Nº de amostras em que foi isolado Streptococcus spp 8 Staphylococcus aureus 4 Corinebacterium spp 4 Klebsiela spp 1 Escherichia coli 1 Serratia spp 1

Através do antibiograma é possível avaliar a sensibilidade do agente causador da

mastite, proporcionando bases para o tratamento adequado e prevenindo a resistência e

cronicidade da afecção. Analisando os antibiogramas realizados, pode-se concluir que o

tratamento deve ser feito conforme condições da propriedade e deve-se buscar

informações sobre os tratamentos que já foram realizados na propriedade a fim de não

repetir o mesmo medicamento.

FIGURA 1 – Parte do resultado da cultura e antibiograma de uma amostra de leite, onde foi isolado Escherichi coli e Serratia, mostrando o quadro de resistência aos antibióticos.

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TABELA 3 – Resultado de cultura e antibiograma de 11 amostras de leite coletadas de animais que apresentavam sinais clínicos de mastite.

ANTIBIOGRAMA AMOSTRA

MICROORGANISMO

AP CEF LIS GN NO TT SUT OXC ENR AMC DUL

01 Streptococcus spp S S S S I S S S S S

02 Streptococcus spp S S S R I S S S S S

03 Streptococcus spp S S S R I S S S S S

04 Streptococcus spp S S S R I S S S S S

05 Streptococcus spp S S R R I R R S S S

06 Staphylococcus aureus; Streptococcus spp;

Corynebacterium spp

S R

S S

S R

S S

S S

R S

S S

S S

S S

S S

07 Staphylococcus aureus; Klebsiela spp;

Corynebacterium spp

S R

S R

S R

S S

S S

R R

S R

S S

S S

S S

08 Staphylococcus aureus; Streptococcus spp;

Corynebacterium spp

S R

S S

S R

S S

S S

R S

S S

S S

S S

S S

09 Staphylococcus spp; Corynebacterium bovis

S S S S S S S S S S

10 Streptococcus spp S R R R R S S S S S

11 Escherichia coli; Serratia spp

R R

S R

R R

S R

S I

I I

S S

S S

S S

S S

Conforme cinco amostras coletas, onde foi isolado Streptococcus spp. na cultura,

o uso de gentamicina deve ser evitado pois antibiograma demonstrou resistência

(círculo em vermelho na tabela 3), pode ser usado enrofloxacina, ou a associação de

ampicilina com colistina, conforme sensibilidade demonstrada no antibiograma.

Nas amostras 05 e 10 (círculo em verde na tabela 3), foi coletado leite de

animais com casos crônicos de mastite, onde esses animais haviam sido tratados com

antibioticoterapia intramamária e não obteve resposta positiva aos tratamentos. Na

amostra de número 09, foi instituído tratamento ao animal após avaliação feita pelo

Médico Veterinário, mas também sem obter resposta ao tratamento, no antibiograma e

visível a sensibilidade dos microorganismos.

30

Pode-se concluir através da cultura e antibiograma (Figura 2), que muitos dos

microorganismos isolados de casos crônicos demonstraram resistência aos princípios

ativos mais usados na região, e também na propriedade, isso demonstra a importância

em realizar o tratamento de forma adequada, e sempre que possível realizar a cultura e

antibiograma para assegurar correto tratamento.

FIGURA 1 – Úbere de vaca com mastite. Observar delimitação do quarto acometido com alteração na coloração do tecido. Observar secreção, coloração alterada (sanguinolenta).

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FIGURA 2 - Placa com cultura de amostra de leite, e placa com antibiograma.

.

6 CONCLUSÃO

Como conclusão, pode ser citado a grande importância da identificação dos

patógenos, pois assim será possível instituir tratamento com protocolo específico,

respeitando dosagens e o período de carência referente a cada princípio ativo utilizado.

As medidas de controle e prevenção, incluindo ambiente, sanidade animal e

manejo de ordenha devem ter atenção especial dos produtores de leite, por serem

medidas que reduzem os casos de mastite e conseqüentemente reduzem os custos com

tratamentos e descartes de animais crônicos. É importante também realizar o tratamento

de vacas no período seco, sempre que necessário, pois isso pode solucionar casos de

mastite que foram medicadas durante a lactação e tornaram-se crônicas. O descarte de

animais crônicos e com idade avançada, deve ser realizado após criteriosa avaliação do

animal, com o objetivo de minimizar contaminações entre os animais, disseminação de

patógenos e manter a qualidade do leite.

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7 REFERÊNCIAS

ANDREWS, A. H.; BLOWER, R. W.; BOYD H.; EDDY R. G. Medicina bovina. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2008. CARNEIRO, D. M. V. F.; Efeito do uso de um selante interno de tetos na profilaxia de novas infecções intramamárias durante o período seco e no pós-parto. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 23/09/2011. GREGORY, L.; BIRGEL, E. H.; HOEDEMAKER, M.; GRUNERT, E. Mastite dos bovinos: histórico de suas formas clínicas I History of mastitis clinical classification I Rev. educ. cont. CRMV-SP I Continuous Education Journal CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo 3, p. 31 - 38, 2001. HIRSH, D. C.; ZEE, Y. C. Microbiologia veterinária . 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, www.ibge.gov.br. Acesso em 05/09/2011. LÉVESQUE, P.; Magazine Milk Quality . 2ª ed. Quebec, Canadá, 1996. RADOSTITS, O. M.; GAY, C. C.; BLOOD, D. C. et al. Clínica veterinária – Um tratado de doenças dos bovines, ovinos, suínos, caprinos e eqüinos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. RIBEIRO, M. E. R.; PETRINI, L. A. Relação entre mastite clínica, subclínica infecciosa e não infecciosa em unidades de produção leiteiras na região sul do Rio Grande do Sul. R. bras. Agrociência, v. 9, n. 3, p.287-290, jul-set, 2003. RODRIGUES, MYRTHA SILVA RODRIGUES. Revisão de literatura sobre qualidade do leite incluindo IN 51 e Mastite Bovina. Mineiros - GO, 14 de dezembro de 2006. Disponível em http://www.pubvet.com.br. Acesso em 21/10/2011. SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F.; Qualidade do leite e controle da mastite. São Paulo: Lemos, 2000. SMITH, B. P. Medicina interna de grandes animais. 3ª ed. Barueri, SP: Manole, 2006. TEIXEIRA, PAULO et al. Prevenção de mamites em explorações de bovinos leiteiros. Disponível em http://www.pubvet.com.br/materiais/Simoes151.pdf. Acesso em 19/09/2011.